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O conceito da OMS, divulgado na carta de princípios de 7 de abril de

1948 (desde então o Dia Mundial da Saúde), implicando o reconhecimento do


direito à saúde e da obrigação do Estado na promoção e proteção da saúde, diz
que “Saúde é o estado do mais completo bem-estar físico, mental e social e não
apenas a ausência de enfermidade”. Este conceito refletia, de um lado, uma
aspiração nascida dos movimentos sociais do pós-guerra: o fim do colonialismo,
a ascensão do socialismo. Saúde deveria expressar o direito a uma vida plena,
sem privações. Um conceito útil para analisar os fatores que intervêm sobre a
saúde, e sobre os quais a saúde pública deve, por sua vez, intervir, é o de
campo da saúde (health field), formulado em 1974 por Marc Lalonde, titular
do Ministério da Saúde e do Bem-estar do Canadá - país que aplicava o modelo
médico inglês. De acordo com esse conceito, o campo da saúde abrange:
# a biologia humana, que compreende a herança genética e os
processos biológicos inerentes à vida, incluindo os fatores de
envelhecimento;
# o meio ambiente, que inclui o solo, a água, o ar, a moradia, o local de
trabalho;
# o estilo de vida, do qual resultam decisões que afetam a saúde:
fumar ou deixar de fumar, beber ou não, praticar ou não exercícios;
# a organização da assistência à saúde. A assistência médica, os
serviços ambulatoriais e hospitalares e os medicamentos são as
primeiras coisas em que muitas pessoas pensam quando se fala em
saúde. No entanto, esse é apenas um componente do campo da saúde,
e não necessariamente o mais importante; às vezes, é mais benéfico
para a saúde ter água potável e alimentos saudáveis do que dispor de
medicamentos. É melhor evitar o fumo do que submeter-se a
radiografias de pulmão todos os anos. É claro que essas coisas não
são excludentes, mas a escassez de recursos na área da saúde obriga,
muitas vezes, a selecionar prioridades.

Historial da doenca
da na Antiguidade, acreditava-se que asdoenças poderiam ser causadas por elementos natu-rais ou
sobrenaturais. Nesse período, a compreensãodas doenças era através da filosofia religiosa. Na me-
dicina hindu e chinesa, a doença é resultante dodesequilíbrio do organismo humano
(causasnaturalizadas). As causas eram relacionadas ao ambi-ente físico, aos astros, ao clima, aos
insetos e aos ani-mais. Para os gregos, fatores externos ocasionavam as
Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2009 jan/mar; 17(1):111-7. • p.113Backes MTS, Rosa LM,
Fernandes GCM, Becker SG, Meirelles BHS, Santos SMAArtigo de RevisãoReview
ArticleArtículo de RevisiónRecebido em: 06.11.2008 - Aprovado em: 18.12.2008doenças. Então,
para alcançar a harmonia perfeita docorpo humano deveriam ser consideradas as estaçõesdo ano, as
características do vento e da água. Inicia,nesse período, a idéia empírica do contágio6.Na Idade
Média, as causas das doenças retornamao caráter religioso. No entanto, no final desse período,com
as crescentes epidemias, retoma-se a idéia de con-tágio entre os homens, sendo as causas a
conjugaçãodos astros, o envenenamento das águas pelos leprosos,judeus ou por bruxarias. Ainda, no
Renascimento, osestudos empíricos originam a formação das ciências bá-sicas e com isto surge a
necessidade de descobrir a ori-gem das matérias que causavam os contágios. Assim,surge a teoria
miasmática6.Do fim do século XVIII ao início do século XX,a medicina social foi capaz de criar as
condições desalubridade adequadas à nova sociedade, e de abrirespaço para que a prática médica
individual viessegradativamente a ocupar o lugar central nas práticasde saúde7. No século XIX,
aparece a bacteriologia e aconcepção de que para cada doença há um agenteetiológico que poderia
ser combatido com produtosquímicos ou vacinas.e
Eduacacao ambiental e saude publica

Entre as dimensões da Educação Ambiental, estão suas contribuições para a promoção da


saúde pública, desde a prevenção de doenças, endemias e epidemias até as ações diretas de
intervenção em ambientes ou comunidades de risco quanto a diversos aspectos ambientais.
Esta área de ação conjunta entre a educação ambiental e a saúde pública está relacionada ao vínculo
social entre estes dois campos em que ambos estão para a sociedade como direitos coletivos, ao
mesmo tempo em que os impactos e transformações ambientais configuram-se como problemas que
se agravam nas agendas das gestões públicas em diferentes esferas administrativas. A Agenda 21,
documento resultante da Conferência da ONU Rio-92 estabelece uma relação direta entre a
qualidade ambiental, os processos educativos e a promoção da saúde pública.
As ações educativas de prevenção primária, em períodos pré patogênicos, sejam de doenças
específicas ou de condições gerais de higiene e cuidados com o ambiente são fundamentais para
estabelecer conexões nas ações individuais, comunitárias e dos serviços públicos de atenção
primária. Na mobilização das comunidades, nos planejamentos, nos diagnósticos socioambientais e
de prováveis endemias e/ou epidemias, nas análises e avaliações, a EA é uma ferramenta estratégica
com amplas possibilidades de usos e metodologias na promoção da saúde pública e de melhorias
em outros aspectos sociais e ambientais, inclusive utilizando-se de conhecimentos e práticas locais
para a sua realização.

Na realização dos diagnósticos socioambientais, é indispensável que se destaquem as questões


ambientais, sejam às famílias individualmente ou das comunidades. Aspectos como a origem e
qualidade da água, disposição e destino dos resíduos, coleta e tratamento dos esgotos, espaços
verdes e de lazer, economia e consumo familiar e relações socioculturais são fundamentais à
construção e intervenção eficaz dos projetos e ações de atenção primária à saúde. Na mobilização
individual ou comunitária também utilizam-se metodologias pedagógicas com base na EA,
aproveitando-se, por exemplo, de datas comemorativas e/ou eventos locais para a divulgação de
informações de interesse coletivo.
Na prevenção de doenças transmitidas por vetores como mosquitos, ratos e animais abandonados, a
educação ambiental é indispensável à responsabilidade e consciência coletiva, acondicionando-se e
dispondo-se adequadamente os resíduos para coleta, evitando-se o descarte de objetos como pneus e
outros que acumulam água em terrenos baldios ou locais inapropriados e inclusive exigindo dos
poderes públicos ações preventivas e saneadoras dos problemas identificados.

Referências:
GOMIDE, Márcia; SERRÃO, Mônica Armond. A Educação Ambiental e a Promoção da Saúde.
Disponível em: http://nesc.ufrj.br/cadernos/images/csc/2004_1/artigos/cad20041_gomide.pdf .
Acesso em: 09 ago.2016.
PEREIRA, Carlos Alexandre Rodrigues; MELO, Juliana Valério de; FERNANDES, André luís
Teixeira. A educação ambiental como estratégia da Atenção Primária à Saúde. Disponível em:
https://www.rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/293/477 . Acesso em: 09 ago. 2016.
VIEIRA, Ana Carolina Pires; Oliveira, Silmara Sartoreto. Educação Ambiental e Saúde Pública:
uma análise crítica da literatura. Disponível em:
https://www.seer.furg.br/ambeduc/article/view/1025 . Acesso em: 09 Ago. 2016.

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