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Introdução
Neste texto, você irá estudar os conceitos de saúde coletiva e saúde
pública. Às vezes, os termos são confundidos ou usados como sinôni-
mos, mas têm diferenças importantes.
A saúde pública estuda o adoecimento com base principalmente na
epidemiologia tradicional. Por sua vez, a saúde coletiva trabalha para
a qualidade de vida da população, considerando os determinantes
sociais na produção do processo saúde-doença.
A expressão saúde coletiva era utilizada desde a década de 1960 para se referir a pro-
blemas de saúde no nível populacional (OPS, 1976) e em documentos oficiais que
mencionavam uma dada matéria do currículo mínimo do curso médico, proposta
pela Reforma Universitária de 1968. Essa matéria incluía a epidemiologia, a estatística,
a organização e administração sanitária as ciências sociais, entre outras. Portanto, a
introdução desses conteúdos na graduação dos profissionais de saúde foi iniciativa
dos departamentos de Medicina Preventiva, junto a seus equivalentes nas escolas de
enfermagem, farmácia, veterinária, odontologia etc. Nos cursos de aperfeiçoamento
e especialização, essas disciplinas eram ministradas pelas escolas de saúde pública,
que passaram a contribuir para a constituição da área. No final da década de 1970,
a expressão saúde coletiva foi usada como título do primeiro encontro nacional de
cursos de pós-graduação existentes no Brasil, denominados Medicina Social, Medicina
Preventiva, Saúde Comunitária e saúde pública. Nessa oportunidade, foi proposta a
criação da Associação Brasileira de Pós-graduação em saúde coletiva (ABRASCO), cuja
formalização foi discutida em reuniões posteriores, sendo fundada em 1979 em Brasília.
rados humanos nos grandes centros urbanos, a mudança nos padrões demo-
gráficos do mercado de trabalho, a intensificação da conflitividade social e as
práticas de regulação desfechadas pelo Estado de Bem-estar Social, em sua
fraca versão local.
A filiação teórica e metodológica da saúde coletiva, no seu nascimento,
liga-se ao materialismo histórico e tinha como desafio principal integrar o
indivíduo aos processos coletivos.
A saúde coletiva se fundamenta na interdisciplinaridade como condição
necessária à produção de um conhecimento ampliado da saúde, em que se
fazem presentes os desafios de trabalhar com as dimensões qualitativas e
quantitativas, sincrônicas e diacrônicas, objetivas e subjetivas do processo
saúde-doença.
Mais recentemente, saúde coletiva foi definida como:
Referências
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Leituras recomendadas
LIMA, N. T. et al. (Org.). Saúde e Democracia: histórias e perspectivas do SUS. Rio de
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PAIM, J. S. Desafios para a saúde coletiva no século XXI. Salvador: EDUFBA, 2006.
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