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Políticas de Saúde

Aula 1: História da Saúde


no Brasil

Prof. Me. David Silva dos Reis


A história da saúde mundial teve sua evolução marcada por
inúmeras transformações conceituais, políticas, sociais, econômicas e
culturais. No Brasil não foi diferente, várias lutas foram traçadas por
movimentos idealistas até iniciar a construção da saúde coletiva,
fruto da necessidade de uma remodelagem dos conhecimentos e
práticas que integram o valor fundamental da condição humana
estabelecendo a saúde como direito universal.
Conceito de SAÚDE?

“Saúde é uma disposição de completo bem-estar


físico, mental e social, com ausência total de qualquer
doença” – ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE,
2006.

“Saúde é um estado de razoável harmonia entre o


sujeito e sua própria realidade” - Segre e Ferraz, 1997.

“Saúde é fator essencial para o desenvolvimento


humano” - Czeresnia e Freitas, 2009.
Saúde Pública: “A arte e a ciência de
Saúde: Conforme o Art. 196 da prevenir a doença e a incapacidade,
Saúde Coletiva: “A Saúde Coletiva
Constituição Federal aduz que: “A prolongar a vida e promover a
pode ser considerada como um
saúde é direito de todos e dever saúde física e mental mediante os
campo de conhecimento de
do Estado, garantido mediante esforços organizados da
natureza interdisciplinar cujas
políticas sociais e econômicas que comunidade”. A Organização
disciplinas básicas são a
visem à redução do risco de Mundial de Saúde reconhece como
epidemiologia, o
doença e de outros agravos e ao conceito de “Saúde Pública” “a
planejamento/administração de
acesso universal e igualitário às ciência e a arte de promover,
saúde e as ciências sociais em
ações e serviços para sua proteger e recuperar a saúde, por
saúde” (PAIM; ALMEIDA FILHO,
promoção, proteção e meio de medidas de alcance
2000, p. 63).
recuperação”. coletivo e de motivação da
população” (WHO, 1991, p. 32).
Para falar de SAÚDE no Brasil, é preciso olhar para a jornada histórica
até a criação do SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)

Com uma sinalização tendenciosa a um olhar


mais para a especificidade, a medicina
realizou vasta exploração da terapia antibiótica
direcionando para a clínica individualizada.
No entanto, essa movimentação torna-se
tangível somente nos anos 70, com a
implementação de um projeto denominado
“Preventista”, que se embasava num trabalho
profilático da instalação de futuras doenças no
âmbito social com uma visão sobre a
coletividade com a prática de uma Medicina
Social, e desenvolve robustez como Saúde
Coletiva em 1980 (NUNES, 1994).
SAÚDE x DOENÇA

As doenças que não pudessem ser explicadas ou


entendidas como resultado direto das atividades
do cotidiano, eram explicadas pela ação do
sobrenatural de deuses ou demônios ou espíritos
malignos mobilizados por um inimigo.

COSMOGONIA: corpo de doutrinas,


princípios (religiosos, míticos ou
científicos) que se ocupa em explicar a
origem, o princípio do universo –
COSMOGÊNESE.
SAÚDE x DOENÇA

Vínculos desenvolvidos entre o curandeiro e o doente são fundamentais no


processo de cura.

É fundamental que se
reconheça e respeite a
expressão dessas crenças e
práticas na sociedade,
viabilizando um encontro de
saberes que possa conferir
maior efetividade às ações de
promoção, prevenção e
cuidado, realizadas pelos
serviços de saúde.
ASPECTOS
HISTÓRICOS E
EVOLUÇÃO DO
SISTEMA DE
SAÚDE NO BRASIL
A SAÚDE PÚBLICA PÓS
DESCOBRIMENTO
INCREMENTOS NA SAÚDE APÓS
A VINDA DA FAMÍLIA REAL
• O mau controle de doenças levou à condições
endêmicas e epidêmicas destas, com raros médicos
atuando para o controle;
• Ameaça aos empreendimentos comerciais;
• Crise demográfica e abalo à economia da colônia
(SARAMPO);
• Após este episódio as epidemias tiveram atenção
especial (para evitar maiores prejuízos econômicos e
políticos);
• Ações implantadas: • proteção e saneamento das
cidades;
• controle e observação das
doenças e doentes
(quarentena).

• Criação das Faculdades de Medicina de Salvador e Rio


de Janeiro (fluxo maior de navios e escravos).
PRIMEIROS PASSOS DA SAÚDE PÚBLICA
COM O ADVENTO DA REPÚBLICA

• Período marcado pelo domínio e consolidação


econômica da burguesia cafeeira;
• Industrialização das cidades, a imigração e o êxodo
rural forçaram o estado a melhorar os atendimentos
de saúde;
• Normatização médica: medicina no modelo europeu;
• Construção de hospitais públicos para atender
doenças consideradas nocivas: doenças mentais,
tuberculose e hanseníase;
O surgimento da saúde coletiva passou por três momentos históricos: movimento
preventivista (1950), medicina social (1970) e saúde coletiva (1980). E, para entendermos
o primeiro momento, chamado de “movimento preventivista” é necessário que
recordemos a trajetória das doenças até chegar à descoberta das vacinas e medicamentos.

VEJA O QUADRO 2 - DATAS E FATOS


QUE MARCARAM A TRAJETÓRIA
DAS VACINAS
REVOLUÇÃO BACTERIOLÓGICA

O que se pensava: A etiologia das doenças infecciosas foram atribuídas a uma bactéria e nada mais.

Os conceitos até então utilizados para explicar as causas das doenças na espécie humana foram
deixados de lado, isto é, a relação entre ser humano e meio ambiente deixou de apresentar a
importância que vinha assumindo.

Deixou-se a velha tradição da escola hipocrática,


quanto à influência do meio físico sobre o homem e
sobre as doenças que o afligem, foi relegada a um
simples capítulo da história da medicina. Assim,
nasce a denominada era bacteriológica ou
Pasteoriana.

Louis Pasteur
REVOLUÇÃO BACTERIOLÓGICA

Com a era bacteriológica, a teoria da UNICAUSALIDADE teve sua grande época.


Esta teoria baseava-se no conceito de que uma vez identificados os agentes vivos
específicos de doenças, os chamados agentes etiológicos e os seus meios de
transmissão, os problemas de prevenção e cura das doenças correspondentes
estariam resolvidos, esquecendo-se dos demais determinantes causais relacionados
ao hospedeiro e ao ambiente.

Entre as décadas de 1930 e 1950 iniciou a crise da teoria da UNICAUSALIDADE


e começa a prevalecer o conceito de MULTICAUSALIDADE. Esta considera que
a doença é um processo que ocorre por múltiplas causas. Estas causas podem ser
agentes ou determinantes de doenças de caráter físicos, químicos, biológicos,
ambientais, sociais, econômicos, psicológicos e culturais. Cuja presença ou
ausência possa, mediante ação efetiva sobre um hospedeiro suscetível, constituir
estímulo para iniciar ou perpetuar um processo de doença e, com isso, afetar a
frequência com que uma patologia ocorre numa população
MOVIMENTO PREVENTIVISTA

O movimento preventivista surge com a pretensão


de instaurar a compreensão sobre os cuidados com
a higiene, os custos da atenção médica, já com o
pensamento de dar responsabilidade ao Estado e
reavaliar as práticas e educação médicas (AROUCA,
1975).

O contexto da Medicina e Discurso Preventivista se


dá pelo fato das massas de trabalhadores das
indústrias necessitarem de maior aporte de ações
que minimizem as doenças, evitando faltas e
prejuízos nas grandes indústrias.

Nos anos 70, com a mudança dos padrões de saúde


do movimento preventivista, ocorre a superação da
biologização, forçando os profissionais a estarem
preparados para assistir a uma nova saúde pautada
na prevenção da saúde da sociedade como um todo
(CARVALHO, 2005).
MOVIMENTO PREVENTIVISTA

Quase no mesmo período de tempo, no Brasil, assim como o movimento Preventivista que dá origem à
Medicina Preventivista, e acompanhando os movimentos internacionais, surge a idealização de uma
Medicina Comunitária para assistir comunidades de baixa renda, populações menos favorecidas, como
também a assistência ao público idoso, que por estar fora de mercado de trabalho ficava desprovido
dos serviços
de saúde.

Bases da Atenção
Primária à Saúde –
Relatório de
Bertand Dawson,
1920
PREVENÇÃO

Baseia-se no conhecimento da história natural para evitar o progresso da doença,


exige uma ação antecipada, ou seja, as ações preventivas podem ser definidas como
intervenções orientadas, reduzindo a incidência e prevalência das doenças
(CZERESNIA; FREITAS, 2009).

• Prevenção primária: medidas inespecíficas ou de promoção ou de proteção e ações


dirigidas a grupos amplos, tomando antes de uma doença se estabelecer e possuem
um caráter educativo maior do que os outros níveis;
• Prevenção secundária: recuperação da saúde, ocorre após a identificação de fatores
de risco e busca evitar que o problema se torne crônico, por meio de diagnóstico e
intervenção precoces;
• Prevenção terciária: reabilitação, o mais específico de todos os níveis e busca
reabilitar ou minimizar os efeitos de uma doença já instalada.
MEDICINA SOCIAL

O IDEÁRIO centralizado na corporação médica ou marcado pelas


relações entre o home e suas condições de vida, impulsionaram a
formulação da Medicina Social.

OPAS - “o campo de práticas e conhecimentos relacionados com a


saúde como sua preocupação principal e estudar a sociedade,
analisar as formas correntes de interpretação dos problemas de
saúde e da prática médica” (NUNES, 1994, p. 6).

O termo Medicina Social teve início por volta de 1848, onde a preocupação era com a análise dos
problemas sociais associados à saúde, prevenção de doenças, politização da área médica e a interação de
uma organização coletiva (DONNANGELO; PEREIRA, 1976).

Se a Medicina existe realmente para realizar suas grandes tarefas, deve intervir na vida política e social,
deve apontar para os obstáculos que impedem o funcionamento normal do processo vital e efetuar seu
afastamento.
MEDICINA SOCIAL

- Produção de técnicas médicas


e de objetivação da saúde;

- Surgimento da medicina
moderna (científica);

- Especificidades de
saber/poder sobre os corpos e
sobre a vida
MEDICINA SOCIAL

http://eportafoliosamanthafouc.bl
ogspot.com/2015/05/medicina-
social.html
METAS PARA A PRÓXIMA AULA

• Assistir o vídeo: POLÍTICAS DE SAÚDE NO


BRASIL: UM SÉCULO DE LUTA PELO DIREITO
À SAÚDE;

• Leitura do artigo: HISTÓRIA DA SAÚDE NO


BRASIL: DOS PRIMÓRDIOS AO SURGIMENTO
DO SUS;

• Fazer no caderno “LINHA DO TEMPO DA


HISTÓRIA DA SAÚDE NO BRASIL”, com base
no artigo e no vídeo.

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