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SAÚDE PÚBLICA

Deborah Teixeira
Conceitos de promoção da
saúde, prevenção de doenças
e reabilitação da saúde
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
„„ Definir os conceitos de promoção da saúde, prevenção de do-
enças e reabilitação da saúde.
„„ Verificar que a alimentação e a nutrição são importantes formas
de promover a saúde.
„„ Identificar as diferenças de saúde preventiva e curativa e ver como
esses conceitos (promoção, prevenção e reabilitação) podem ser
aplicados na prática assistencial de saúde.

Introdução
Neste texto, você estudará os conceitos de promoção da saúde, pre-
venção de doenças, reabilitação da saúde. Também identificará as
características que diferenciam saúde preventiva e saúde curativa.
Por muito tempo, as ações de saúde preventivas eram separadas das
curativas. Hoje, prevenção e cura andam de mãos dadas para a pro-
moção da saúde, a prevenção das doenças, o diagnóstico precoce e
o tratamento e a reabilitação da saúde, buscando a integralidade da
atenção à saúde.

Promoção da saúde
Historicamente, a atenção à saúde no Brasil foi desenhada com ênfase na
prestação de serviços médicos individuais, de enfoque curativo, a partir da
procura espontânea da população aos serviços de saúde.
O conceito abrangente de saúde, definido na Constituição de 1988, nor-
teou a mudança progressiva dos serviços. O modelo assistencial centrado na
doença e no atendimento evoluiu para um modelo de atenção integral à saúde,
com incorporação progressiva de ações de promoção e de proteção da saúde,
ao lado das medidas de recuperação.

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Para identificar e desenvolver os principais grupos de ações de promoção,


de proteção e de recuperação da saúde, é necessário conhecer as principais
características do perfil epidemiológico da população, não só em termos de
doenças mais frequentes, como também em termos das condições socioeco-
nômicas da comunidade, dos seus hábitos e estilos de vida, e de suas necessi-
dades de saúde, incluindo a infraestrutura de serviços disponíveis.

O conceito de promoção da saúde tem sido discutido por especialistas da área de


saúde pública desde Winslow, em 1920. Mais tarde, Henry Sigerist, em 1946, citou a pro-
moção da saúde entre as quatro funções da Medicina, sendo as outras três: prevenção
de doenças, tratamento dos doentes e reabilitação.

O movimento de promoção da saúde surgiu no Canadá, em 1974, por meio


da divulgação do documento conhecido como “Informe Lalonde”. Esse movi-
mento surgiu para reduzir os custos crescentes da assistência à saúde e ques-
tionar o modelo centrado no médico no manejo das doenças crônicas, pois
os resultados apresentados eram pouco significativos. Esse documento cana-
dense discutia o “campo da saúde” (quatro componentes da saúde: biologia
humana, ambiente natural e social, estilo de vida e organização dos serviços
de saúde), apresentava os determinantes de saúde e apontava que as ações
da área de saúde não eram exclusivas da Medicina. Se você falasse o termo
“promoção da saúde”, estava se referindo à necessidade de educar e fazer
reformas estruturais, com envolvimento de outros setores além da saúde, para
oferecer qualidade de vida à população. Esse Informe favoreceu a realização
da I Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde, em 1978,
em Alma-Ata, com grande repercussão em quase todos os sistemas de saúde
do mundo
Em 1986, ocorreu a I Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde,
que originou a Carta de Ottawa. De acordo com esse documento, promoção
da saúde é o nome dado ao processo de capacitação da comunidade para atuar
na melhoria de sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior partici-
pação no controle desse processo. Para atingir um estado de completo bem-
-estar físico, mental e social. [...] Nesse sentido, a saúde é um conceito posi-
tivo, que enfatiza os recursos sociais e pessoais, bem como as capacidades

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físicas. Assim, a promoção da saúde não é responsabilidade exclusiva do setor


saúde, e vai para além de um estilo de vida saudável, na direção de um bem-
-estar global.
Desenvolveu-se a ideia de que os aspectos socioculturais, econômicos e
ecológicos são tão importantes para a saúde quanto os aspectos biológicos,
e que saúde e doença decorrem das condições de vida como um todo. Temas
como a deterioração do meio ambiente, os modos de vida, as diferenças cul-
turais entre as nações e as classes sociais, e a educação para a saúde passam
a estar mais e mais presentes nos debates sobre as formas de se promover a
saúde.
A promoção da saúde não é mesma coisa que a prevenção, pois não tem o
foco na doença, mas sim na alteração dos determinantes de saúde. Nessa nova
visão, foram revalorizadas atividades promotoras de saúde, como o estabele-
cimento e o desenvolvimento de políticas sociais e ambientais e o combate às
desigualdades sociais. Cinco eixos que devem orientar as ações de promoção
da saúde:

„„ Reforço da ação comunitária/participação, fortalecendo os cidadãos e co-


munidades para que participem ativamente da organização do sistema de
saúde, ajudando a tomar decisões e definir metas e prioridades.
„„ Políticas públicas saudáveis que diminuam as desigualdades sociais por
meio de ações sobre os determinantes dos problemas de saúde.
„„ Desenvolvimento de habilidades pessoais, apoiando o desenvolvimento
pessoal por meio de educação, cultura e intensificação das habilidades
vitais.
„„ Criação de ambientes favoráveis, melhorando o meio ambiente, conser-
vando recursos naturais e fazendo o acompanhamento sistemático do im-
pacto que as mudanças no meio ambiente produzem sobre a saúde.
„„ Reorientação dos serviços de saúde, de modo a dar ênfase à saúde, atu-
ando de forma a atingir a integralidade do cuidado (a integralidade visa
garantir um cuidado que abranja a promoção, a prevenção, o tratamento
e a reabilitação com foco na pessoa, na família e na comunidade, e não
somente no corpo biológico).

Você percebe, assim, que o significado do termo Promoção da Saúde


foi modificado ao longo do tempo. Hoje, está associado a valores como
vida, saúde, solidariedade, equidade, democracia, cidadania, desenvolvi-
mento, participação e parceria. Relaciona-se também com a ideia de “res-

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ponsabilização múltipla”, pois envolve as ações do Estado (políticas públicas


saudáveis), dos indivíduos e coletividades (desenvolvimento de habilidades
pessoais e coletivas), do sistema de saúde (reorientação do sistema de saúde) e
das parcerias intersetoriais na definição de prioridades, planejamento e imple-
mentação de estratégias para promover saúde. Ainda, termos como empode-
ramento, autocuidado e capacitação (ou autocapacitação) vêm sendo cada vez
mais utilizados em promoção da saúde, já que envolvem o desenvolvimento
das habilidades individuais, permitindo a tomada de decisões favoráveis e a
participação no planejamento e execução de iniciativas, visando à qualidade
de vida e à saúde.
Entre as diversas áreas em que a promoção da Saúde deve atuar, estão
incluídas a atividade física, os hábitos de vida, a alimentação e a nutrição. A
promoção da saúde por meio da alimentação saudável é uma das mais impor-
tantes estratégias de saúde pública, com o objetivo de enfrentar os problemas
alimentares e nutricionais da população.
A alimentação equilibrada promove o bem-estar físico, mental e so-
cial dos indivíduos, garantindo, em condições normais de saúde, uma boa
qualidade de vida. As ações de promoção devem levar em conta que uma
alimentação saudável é aquela que oferece os nutrientes necessários à especi-
ficidade nutricional de cada faixa etária. Uma alimentação adequada atende
não apenas às necessidades nutricionais do indivíduo, mas também respeita
o seu contexto social e cultural, além de ser variada, segura, disponível e
atrativa.
As recomendações nutricionais atendem às necessidades da maioria dos
indivíduos em relação aos macro e micronutrientes, sendo diferentes con-
forme idade, sexo, grau de atividade física e diferentes situações de vida.

Prevenção de doenças
Você pode consultar o capítulo específico desta obra em que são explicadas
com detalhe as diferenças entre saúde pública e saúde coletiva. Embora carre-
guem aparente similaridade, os termos se referem a dois campos distintos: a
saúde pública está ligada ao setor governamental e voltada aos problemas de
saúde que atingem a população. A saúde coletiva diz respeito a um processo
mais amplo, de trabalho com foco na promoção da saúde, na prevenção de
riscos e agravos, na reorientação da assistência, na melhoria da qualidade de
vida, privilegiando relações entre as pessoas e instituições envolvidas no cui-

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dado à saúde da coletividade. Também é gerida e administrada pelo Estado. O


foco aqui será a saúde coletiva.
O conceito de prevenção faz parte de estrutura temporal linear que visa
impedir acontecimentos futuros indesejáveis. Prevenir é tomar todas as me-
didas para evitar o desenvolvimento de doenças ou estado patológico. As
ações preventivas são intervenções orientadas a evitar o surgimento de do-
enças específicas, reduzindo sua incidência e prevalência nas populações,
com base no conhecimento epidemiológico e de outros agravos específicos. A
prevenção abrange ações de detecção, controle e enfraquecimento dos fatores
de risco de enfermidades. O foco está na doença e nos mecanismos impli-
cados para atacá-la.
Os primeiros conceitos de promoção da saúde foram definidos pelos au-
tores Winslow, em 1920, e Sigerist, em 1946. Henry Sigerist definiu quatro ta-
refas essenciais da medicina: a promoção da saúde, a prevenção das doenças,
a recuperação e a reabilitação.
Em 1965, Leavell e Clark propuseram o modelo de História Natural
da Doença (HND), com a finalidade de explicar como se dá o processo de
adoecimento, propondo estratégias de prevenção voltadas para cada fase
da doença: pré-patogênese e patogênese. A pré-patogênese seria a fase pre-
cede a instalação da doença no organismo. Nela, acontece a interação entre
os agentes patogênicos, o ambiente e o suscetível (ser humano) que gera o
estímulo para o aparecimento da doença. A patogênese seria o período no
qual a doença já está instalada e as alterações no organismo são iniciadas.
Esse processo patológico resultar em cura, cronificação da doença, sequelas/
invalidez e morte. Esse período é dividido em: interação, alteração dos te-
cidos, sinais e sintomas, desfecho.
Essa classificação de HND perdura até hoje e guia os três níveis de ações
preventivas:

„„ Prevenção Primária: ações voltadas para atuar no controle dos fatores


pré-patogênicos, evitando o aparecimento do estímulo e, consequente-
mente, da doença. Inclui a promoção da saúde, a proteção inespecífica
(nutrição, água potável, saneamento) e a proteção específica dirigida a
determinada doença – por exemplo, imunização.
„„ Prevenção Secundária: o foco é o indivíduo que já adquiriu a doença e
precisa de ações que evitem o agravo ou a morte, como diagnóstico, trata-
mento precoce e limitação da invalidez.

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„„ Prevenção Terciária: consiste na prevenção ou melhora da incapacidade,


sendo a atividade de reabilitação seu principal trabalho.

Na prevenção primária, estão previstas as ações de proteção especí-


fica (imunização, educação para a saúde, controle de vetores, higiene) e
também a promoção da saúde, que é a melhoria das condições de vida. As
ações de prevenção secundária visam evitar piora da situação, como foco no
diagnóstico, no tratamento precoce e na limitação da invalidez. Na prevenção
terciária, a invalidez ou a cronicidade da doença já estão instalados, e é pre-
ciso reabilitar e reinserir o indivíduo na sociedade.

Exemplo

Se pensarmos em prevenção em diabetes, as ações educativas que orientam os


princípios de uma alimentação saudável, estimulam a atividade física e o controle dos
fatores de risco para a doença seriam a prevenção primária. A prevenção secundária
consistiria em realizar testes de glicemia periódicos e fazer acompanhamento com a
equipe multiprofissional na UBS, a fim de possibilitar a detecção precoce da doença e o
início rápido do tratamento adequado. Após a doença ser detectada, a pessoa deveria
continuar com o acompanhamento multiprofissional, com o intuito de evitar sequelas
comuns, como feridas nos pés e infarto agudo de miocárdio. Em caso de falha no tra-
tamento desse indivíduo, como a evolução de uma ferida no pé para amputação, a
equipe multiprofissional deve realizar a reabilitação e a reinserção social dessa pessoa,
capacitando-a novamente para a execução de suas atividades diárias e o trabalho. Esse
seria o papel da prevenção terciária.

O conceito de reabilitar inclui diagnóstico, intervenção precoce, uso adequado


de recursos tecnológicos, continuidade de atenção e diversidade de modalidades
de atendimentos visando à compensação da perda da funcionalidade do indi-
víduo, à melhoria ou manutenção da qualidade de vida e à inclusão social.
Recentemente, foi desenvolvido o conceito e a prática da prevenção quaternária
(ação de identificar e proteger pessoas sob risco de supermedicalização e
intervenção desnecessária e/ou iatrogênica). A prevenção quaternária deve per-
mear todas as práticas assistenciais de cuidado, promoção, educação e prevenção
de saúde. Talvez a abordagem e os valores hoje sintetizados nos termos promoção
da saúde, cuidado integral longitudinal e prevenção quaternária sejam os me-
lhores modos de expressão do que se admite como valores desejáveis a serem

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concretizados nas práticas dos médicos de família e comunidade e na Atenção


Primária à Saúde (APS).

Reabilitação da saúde
As ações de recuperação/reabilitação envolvem o diagnóstico e o tratamento
de doenças, acidentes e danos de toda natureza, a limitação da invalidez e a
reabilitação. Essas ações são exercidas pelos serviços públicos de saúde (am-
bulatoriais e hospitalares) e, de forma complementar, pelos serviços particu-
lares, contratados ou conveniados, que integram a rede do SUS, nos níveis fe-
deral, estadual e municipal, particularmente nos dois últimos, onde deve estar
concentrada a maior parte dessas atividades. As ações típicas são consultas
médicas e odontológicas, a vacinação, o atendimento de enfermagem, exames
diagnósticos e o tratamento, inclusive em regime de internação, em todos os
níveis de complexidade. A realização de todas essas ações para a população
deve corresponder às suas necessidades básicas, que transparecem tanto pela
demanda, como pelos estudos epidemiológicos e sociais de cada região, ser-
vindo como base para o planejamento da produção de serviços.
O tratamento deve ser prestado ao paciente portador de qualquer alteração
de sua saúde, devendo ser conduzido, desde o início, com a preocupação de
impedir o surgimento de eventuais incapacidades decorrentes das diferentes
doenças e danos.
A reabilitação consiste na recuperação parcial ou total das capacidades
no processo de doença e na reintegração do indivíduo ao seu ambiente so-
cial e à sua atividade profissional. Com essa finalidade, são utilizados os
serviços hospitalares e também os comunitários, para fins de reeducação e
treinamento, reemprego do reabilitado ou sua colocação seletiva, por meio
de programas específicos junto às indústrias e ao comércio, para a absorção
dessa mão de obra.
As ações de recuperação da saúde podem e devem ser planejadas, por
meio de estudos epidemiológicos, definição de cobertura e concentração das
ações ambulatoriais e hospitalares, aplicando-se parâmetros de atendimento.
No caso da atenção a grupos de risco, a previsão e o planejamento dessas
ações tornam-se conjugadas às ações de promoção e proteção da saúde.
A avaliação e a redução de riscos tanto pode ser realizada em uma abordagem
individual voltada para as pessoas de alto risco, como também em uma abordagem
populacional, para reduzir o risco geral do agravo quando este está distribuído
na população. Na abordagem populacional, a prevenção acontece de forma mais

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efetiva e sem os inconvenientes da abordagem de alto risco. A abordagem de


alto risco é considerada por alguns autores como inadequada do ponto de vista
comportamental e pouco eficaz, pois exige a mudança de hábitos em indivíduos
que estão inseridos em um meio social que desestimula essas mudanças, limitada
pela pouca habilidade em predizer o futuro dos indivíduos e desapontadora por
contribuir de forma pequena para o controle total das doenças.
Na área da prevenção, o rastreamento é uma atividade de diagnóstico pré-
sintomático, que deve ocorrer em meio a um amplo espectro de atividades de
cuidado, promoção e melhoria da saúde, muitas delas com alto poder de im-
pacto sobre a promoção da saúde e a prevenção de doenças. Apesar do relativo
pouco impacto epidemiológico da atenção à saúde individual em situações de
precariedade e desigualdade sanitária, você pode observar que os valores de
igualdade, democracia, justiça e solidariedade geram o direito universal ao
cuidado nos adoecimentos como direito de cidadania.
Claro que o rastreamento não deve ser a prioridade na organização dos cui-
dados profissionais dos médicos de família e comunidade na Atenção Primária à
Saúde (APS), mas sim um dos seus componentes, devido à sua alta complexidade,
dificuldade de avaliação e ao rigor ético inerente ao caráter de intervenção poten-
cialmente danosa em pessoas sadias. O sistema de saúde deve ser composto pelos
seguintes itens fundamentais: cuidado longitudinal aos adoecimentos de qualquer
natureza (acessível, personalizado, centrado na pessoa, voltado para a família e
a comunidade, interdisciplinar e de boa qualidade), promoção da saúde (nos seus
aspectos sociais, comunitários e individuais) e prevenção dos agravos à saúde,
todos permeados pelo espírito da prevenção quaternária e da promoção da saúde,
sendo o rastreamento o item final adicional.
Existem grupos populacionais que estão mais expostos a riscos para a
saúde, de acordo com os registros disponíveis de morbimortalidade, como,
por exemplo, crianças menores de 01 ano, gestantes, idosos, algumas catego-
rias de trabalhadores urbanos e rurais. A intensidade e a peculiaridade dessa
exposição ao risco variam bastante com os níveis sociais e características epi-
demiológicas de cada região, e muitas vezes, da microrregião. A exposição a
riscos pode também ser vista e entendida em função de cada doença, como
tuberculose, câncer, hanseníase, doenças cardiovasculares, Aids e outras.
Portanto, no planejamento da produção das ações de educação em saúde e
de vigilância epidemiológica, vigilância sanitária, controle de vetores e aten-
dimento ambulatorial e hospitalar, devem ser normatizados alguns procedi-
mentos a serem dirigidos especialmente a situações de risco, com a finalidade
de intensificar a promoção, proteção e recuperação da saúde.

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As Doenças Crônicas não Transmissíveis (cardiovasculares, câncer, diabetes, cirrose


hepática, pulmonares obstrutivas crônicas e transtornos mentais) constituem impor-
tantes problemas de saúde pública, cujos fatores de risco podem ser classificados em
três grupos: hereditários, socioeconômicos e comportamentais. Entre os três grupos
de fatores de risco, é de suma relevância a atuação sobre os comportamentais, ou seja,
sedentarismo, dieta, fumo e álcool, uma vez que são passíveis de prevenção.

Daí vem o conceito e prática dos programas de saúde, que são parte da pro-
dução geral das ações de saúde pelas instituições, unidades e profissionais da área.
Você percebe, assim, que os programas de saúde são eficientes para a população-
-alvo somente quando as normas nacionais e estaduais respeitam as condições
sociais, epidemiológicas, institucionais e culturais existentes ao nível regional ou
microrregional, passando por adaptações e até recriações nesses níveis.

1. Pensando no conceito de promoção à da saúde visa também ao empo-


saúde, assinale a alternativa CORRETA. deramento social coletivo e das
a) Ações que têm o objetivo de pessoas e serviços na intervenção
completo bem-estar físico, espiri- direcionada aos determinantes
tual, social e mental. sociais da doença.
b) Cabe ao Estado promover ações d) Processo de educação em massa
que visem à promoção da saúde da população para conseguir
da população. identificar os maus hábitos.
c) É por meio da promoção à saúde e) A contribuição da promoção da
e das demais ferramentas de saúde é para organizar as políticas
ações de saúde que o sistema de públicas de saúde de modo a
saúde é operacionalizado com a favorecer apenas as pessoas que
finalidade de alcançar a integra- buscam prevenir doenças, sem re-
lidade da atenção. A promoção lação com os determinantes sociais.

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2. Você sabe que fazem parte da prática que NÃO corresponde a uma ação da
das equipes de Atenção Primária saúde preventiva, e sim curativa.
(por exemplo, na estratégia saúde da a) Protocolo de atendimento à
família e Unidades Básicas de Saúde dengue – principalmente nos
Tradicionais) ações coletivas e indi- meses chuvosos.
viduais para prevenção de doenças. b) Avaliação cognitiva e de risco de
Assinale a alternativa CORRETA que queda anualmente dos idosos.
corresponde a essas ações. c) Grupos educativos de orientação
a) Campanhas Nacionais de Imu- nutricional para redução de risco
nização contra influenza, HPV e de obesidade e suas comorbi-
poliomielite. dades.
b) Orientação da população e veri- d) Protocolo de rastreamento e
ficação das condições das casas detecção precoce do câncer de
no que diz respeito à procura de mama.
possíveis focos para o mosquito e) Grupos educativos de risco de au-
transmissor da dengue: prato de tomedicação, cuidado com medi-
planta sem areia, pneus, garrafas camentos e armazenamento.
e caixas d’água destampadas, etc. 4. A palavra “prevenção” deriva do latim
c) Coleta de colpocitologia oncótica praeventionis, que é a ação de prevenir
(popularmente conhecido como advertindo. Ou seja, anteceder-se a
exame de Papanicolaou, que algo. Mas, no âmbito da saúde, o con-
visualiza o colo do útero e coleta ceito de prevenção é mais amplo e visa
material histológico para análise) a nortear também ações e operacio-
em todas as mulheres com idade nalizar o sistema. Sobre este conceito,
entre 25 e 64 anos que mantêm assinale a alternativa INCORRETA.
atividade sexual. a) As ações de prevenção primária
d) Busca ativa de sintomáticos res- acontecem antes do adoeci-
piratórios com coleta de escarro mento e visam à mudança dos
de todos os usuários do serviço hábitos e maior qualidade de
de saúde que estão com tosse há vida. Neste caso, ações como
mais de três semanas. orientação de alimentação,
e) Todas as alternativas estão corretas. higiene, sono e vacinação podem
3. Há cerca de 70 anos, as pessoas procu- ser exemplos bem definidos.
ravam o médico quando tinham uma b) Na prevenção secundária, as
dor, uma ferida, um sangramento, ações já preveem o aconteci-
enfim, apenas quando algo estava mento da doença, sendo defi-
errado. Era com base nessa procura nidas como diagnóstico e trata-
que os serviços de saúde organizavam mento precoce.
seus atendimentos. Ações preventivas c) As ações de prevenção terciária
eram poucas, como a vacinação em são de reabilitação, pois já existe a
massa. Hoje, você tem à disposição doença ou lesão instalada.
diversos protocolos de atendimento d) O conceito ampliado de pre-
que visam à prevenção como nortea- venção inclui todas as ações
dora das ações. Assinale a alternativa possíveis e aplicadas para impedir

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Conceitos de promoção da saúde, prevenção de doenças e reabilitação da saúde 143

o desenvolvimento de doenças e Imediatamente, foi encaminhada


agravos. para avaliação de curativo. Agora,
e) O sentido literal e único do G.A.C. tem consultas trimestrais e, se-
conceito é antecipar-se ao manalmente, retorna para reavaliação
desenvolvimento de um estado da sua ferida, que já está cicatrizando.
patológico. Assinale a opção INCORRETA com
5. G.A.C., 65 anos, sexo feminino, porta- relação às ações:
dora de diabetes, procura a Unidade a) O grupo educativo é uma ação
de Saúde Jardim das Oliveiras, todos de promoção da saúde.
os meses, para participar do grupo b) O acompanhamento trimestral
educativo sobre a doença. As ativi- (médico) e semanal (avaliação da
dades do grupo incluem uma roda lesão e realização do curativo) é
de conversa com o nutricionista, uma ação de reabilitação da saúde.
a enfermeira e o fisioterapeuta; c) Faz parte da prevenção primária
avaliação com inspeção e teste de do pé diabético a avaliação
sensibilidade dos pés; orientação sistemática dos usuários com
sobre os cuidados com os pés; por diabetes.
fim, os profissionais fazem uma d) A prevenção secundária do pé
receita saudável. Neste mês, G.A.C. diabético, neste caso, foi o diag-
foi ao grupo como de costume, mas, nóstico precoce da lesão.
ao tirar o sapato, a meia estava suja e) A ação imediata de encaminhar
de sangue. A enfermeira identificou para avaliação de curativo é classi-
uma lesão na região entre os dedos. ficada como ação curativa.

Leituras recomendadas

AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE SUPLEMENTAR. Manual técnico de promoção da saúde


e prevenção de riscos e doenças na saúde suplementar. 3. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro:
ANS, 2009. 244 p.

NORMAN, A. H.; TESSER, C. D. Rastreamento de doenças. In: GUSSO, G.; LOPES, J. M. C.


(Org.). Tratado de medicina de família e comunidade: princípios, formação e prática. Porto
Alegre: Artmed, 2012. v.1. p. 521-532.

SOLHA, R. K. T. Promoção da saúde e prevenção de doenças. In: SOLHA, R. K. T. Saúde


coletiva para iniciantes: políticas e práticas profissionais. 2. ed. São Paulo: Erica, 2014.
Ebook. p. 21-28.

<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/carta_ottawa.pdf.> Acesso em 08 de ju-


lho de 2016.

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