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Saúde Pública

SAÚDE PÚBLICA

MODULO I

1. Introdução a Saúde Pública

“Saúde: É o estado de completo bem-estar físico, mental e social e não


apenas a ausência de doença.” Tantas vezes citado, o conceito adotado pela
Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1948, longe de ser uma realidade,
simboliza um compromisso, um horizonte a ser perseguido. Remete à idéia de
uma “saúde ótima”, possivelmente inatingível e utópica já que a mudança, e
não a estabilidade, é predominante na vida. Saúde não é um “estado estável”,
que uma vez atingido possa ser mantido. A própria compreensão de saúde tem
também alto grau de subjetividade e determinação histórica, na medida em que
indivíduos e sociedades consideram ter mais ou menos saúde dependendo do
momento, do referencial e dos valores que atribuam a uma situação.

É um Direito universal e fundamental do ser humano, firmado na Declaração


Universal dos Direitos Humanos e assegurado pela Constituição Federal, que
estabelece a saúde como "direito de todos e dever do Estado, garantido
mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de
doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e aos
serviços para sua promoção, proteção e recuperação" (artigo 196). A atual
legislação brasileira amplia o conceito de saúde, considerando-a um resultado
de vários fatores determinantes e condicionantes, como alimentação, moradia,
saneamento básico, meio ambiente, trabalho, renda, educação, transporte,
lazer, acesso a bens e serviços essenciais.  Por isso, as gestões municipais do
SUS - em articulação com as demais esferas de governo - devem desenvolver
ações conjuntas com outros setores governamentais, como meio ambiente,
educação, urbanismo, dentre outros, que possam contribuir, direta ou
indiretamente, para a promoção de melhores condições de vida e de saúde
para a população.

No Brasil, na última década, vem se incorporando progressivamente à cultura e


à legislação a concepção de que saúde é direito de todos e dever do Estado.
Entretanto, as políticas públicas para o setor favorecem a cultura de que a
saúde se concretiza mediante o acesso a serviços, particularmente ao
tratamento médico. A implementação de modelos centrados em hospitais, em
consultas médicas e no incentivo ao consumo abusivo de medicamentos vem
resultando, historicamente, numa atenção à saúde baseada principalmente em
ações curativas, desencadeadas apenas quando uma doença já está instalada
e o indivíduo precisa de socorro. Um passo importante foi dado ao se
promulgar a Constituição de 1988, que prevê a implantação do Sistema Único
de Saúde — SUS. Conforme definido em lei, o SUS tem caráter público, é
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formado por uma rede de serviços regionalizada, hierarquizada e
descentralizada, com direção única em cada esfera de governo e sob controle
dos usuários por meio da participação popular nas Conferências e Conselhos
de Saúde. A concepção abrangente de saúde assumida no texto constitucional
aponta para “uma mudança progressiva dos serviços, passando de um modelo
assistencial, centrado na doença e baseado no atendimento a quem procura,
para um modelo de atenção integral à saúde, onde haja incorporação
progressiva de ações de promoção e de proteção, ao lado daquelas
propriamente ditas de recuperação”1 .

A Constituição legitima o direito de todos, sem qualquer discriminação, às


ações de saúde, assim como explicita o dever do poder público em prover
pleno gozo desse direito. Trata-se de uma formulação política e organizacional
para o reordenamento dos serviços e ações de saúde, baseada em princípios
doutrinários que dão valor legal ao exercício de uma prática de saúde ética,
que responda não a relações de mercado mas a direitos humanos: •
Universalidade: garantia de atenção à saúde a todo e qualquer cidadão. •
Eqüidade: direito ao atendimento adequado às necessidades de cada indivíduo
e coletividade. • Integralidade: a pessoa é um todo indivisível inserido numa
comunidade.

O SUS, na forma como é definido em lei, segue a mesma doutrina e os


mesmos princípios organizativos em todo o País, prevendo atividades de
promoção, proteção e recuperação da saúde. A promoção da saúde se faz por
meio da educação, da adoção de estilos de vida saudáveis, do
desenvolvimento de aptidões e capacidades individuais, da produção de um
ambiente saudável. Está estreitamente vinculada, portanto, à eficácia da
sociedade em garantir a implantação de políticas públicas voltadas para a
qualidade de vida e ao desenvolvimento da capacidade de analisar
criticamente a realidade e promover a transformação positiva dos fatores
determinantes da condição de saúde. Entre as ações de natureza
eminentemente protetoras da saúde, encontram-se as medidas de vigilância
epidemiológica (identificação, registro e controle da ocorrência de doenças),
vacinações, saneamento básico, vigilância sanitária de alimentos, do meio
ambiente e de medicamentos, adequação do ambiente de trabalho e
aconselhamentos específicos como os de cunho genético ou sexual. Protege-
se a saúde realizando exames médicos e odontológicos periódicos,
conhecendo a todo momento o estado de saúde da comunidade e
desencadeando oportunamente medidas dirigidas à prevenção e ao controle de
agravos à saúde mediante a identificação de riscos potenciais. As medidas
curativas e assistenciais, voltadas para a recuperação da saúde individual,
complementam a atenção integral à saúde.

No Brasil, a maior parte dos casos de doença e morte prematura tem, ainda
hoje, como causa direta, condições desfavoráveis de vida: convive-se com
taxas elevadas de desnutrição infantil e anemias e uma prevalência inaceitável
de hanseníase, doenças típicas de ausência de condições mínimas de
alimentação, saneamento e moradia para a vida humana. Uma realidade de
contrastes se espelha, paradoxalmente, na ocorrência de problemas de saúde
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característicos de países desenvolvidos: as doenças cardiovasculares vêm
ganhando crescente importância entre as causas de morte, associadas
principalmente ao estresse, à predisposição individual, a hábitos alimentares
impróprios, à vida sedentária e ao hábito de fumar. Este quadro sanitário
compõe o chamado “duplo perfil de morbimortalidade”, típico dos países
denominados em desenvolvimento: convivem hoje, no Brasil, doenças próprias
do Primeiro e do Terceiro Mundo.

Buscando o horizonte possível Uma concepção tão ampla de saúde pode levar
a crer que o desafio que se impõe é demasiadamente grande para ser
enfrentado ou demasiadamente caro para ser custeado. O relatório do Fundo
das Nações Unidas para a Infância (Unicef), “Situação Mundial da Infância —
1993”, combate com ênfase essa idéia. Demonstra que o atendimento de
necessidades humanas elementares — dentre as quais destacam-se
alimentação, habitação adequada, acesso à água limpa, aos cuidados
primários de saúde e à educação básica — é viável em uma década, a um
custo extra de US$ 25 bilhões anuais, em nível mundial. Cita, para fins de
comparação, que essa cifra é inferior ao gasto anual da população dos EUA
com o consumo de cerveja. O relatório reporta-se ao sucesso obtido no
cumprimento de metas, como a vacinação de 80% das crianças do mundo até
1990. Bangladesh, por exemplo, ampliou a cobertura vacinal de suas crianças
de 2 para 62% em apenas cinco anos, entre 1985 e 1990.

2. Síntese histórica da saúde da humanidade

2.1. As Concepções de Saúde na Antiguidade

No início das civilizações os povos possuíam como características a vida em


grupos, a busca por alimentos através da caça, da pesca e coleta de
suprimentos em diferentes locais, até quando as provisões fossem suficientes
para a sobrevivência. Mantinham a crença de que o sol, a chuva, o vento, o
trovão e o relâmpago eram espíritos que podiam sentir e agir com uma
finalidade sobre a vida dos homens. Desenvolveram crenças místico-religiosas
com a finalidade de explicar os mistérios da natureza, do nascimento, das
doenças e da morte. Os cuidados com a saúde tinham como objetivo a
sobrevivência e se desenvolviam na estrutura social de convivência e
socialização dentro da tribo e no espaço comunitário. A observação dos
animais e o caráter instintivo foram importantes para desenvolver noções sobre
saúde e sobrevivência. Com o desenvolvimento dos povos nômades e o
aumento dos grupos, ocorreu à diversificação em diferentes agrupamentos
habitando locais distintos, com mudanças nos hábitos na busca de sua
sobrevivência. As grandes civilizações que surgiram entre a Mesopotâmia e o
Egito, ou seja, os assírios, os egípcios, os caldeus, os hebreus e outros povos,
viam as doenças como ocasionadas por causas externas ao corpo do homem.
Muitas referências desses povos podem ser encontradas nos relatos bíblicos
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em passagens do Antigo Testamento, onde se evidenciam, principalmente,
noções de prevenção de saúde. Os egípcios consideravam a saúde como o
estado natural do ser humano e mantinham relação com as alterações
ocorridas com o Rio Nilo, razão de sua subsistência. Praticavam hábitos de
higiene, fazendo uso de banhos e acreditavam que alimentos bem ou mal
combinados podiam manter a saúde ou causar doenças. Os preceitos
religiosos do judaísmo expressam-se com frequência em leis dietéticas, que
figuram, em especial, nos cinco primeiros livros da Bíblia. Essas disposições
eram sistemas simbólicos, destinados a manter a coesão do grupo e a
diferenciação com outros grupos, mas podem ter funcionado na prevenção de
doenças, sobretudo de doenças transmissíveis. Entre as civilizações do Oriente
Médio, Índia e China, surgiu a civilização grega. Antes do surgimento da
filosofia, os gregos cultivaram a crença na mitologia, com várias divindades
relacionadas à saúde. Pode-se perceber a designação dos deuses por este
trecho de Castro (2006), sobre um relato da lenda que Esculápio, deus grego
da medicina, teve 3 filhas: Iaso, Panacéia e Hygéia. Iaso, a primeira filha, era a
deusa da recuperação, Panacéia, deusa da cura e Hygéia, a deusa da boa
saúde. O conceito de saúde encontra sua gênese na íntima relação entre
filosofia e medicina, na influência mútua entre ambos desde suas origens.
Assim o surgimento da medicina foi oriundo do conceito de phisis, da natureza
do cosmos e pelo sentido de totalidade, provenientes da filosofia pré-socrática
jônica. O pai da medicina ocidental, Hipócrates, identificou a saúde como fruto
do equilíbrio dos humores sendo a doença, por oposição, resultante do
desequilíbrio dos mesmos. Hipócrates postulou a existência de quatro fluidos
(humores) principais no corpo: bile amarela, bile negra, fleuma e sangue. O
método proposto por ele consistia no conhecimento da natureza humana e na
distinção da individualidade. A saúde era baseada no equilíbrio desses
elementos (elementos da natureza, da região, da organização social e dos
hábitos). Ele via o homem como uma unidade organizada e entendia a doença
como uma desorganização desse estado e o seu equilíbrio total resultaria na
saúde. A saúde, segundo Platão, consistia na descoberta da estrutura do corpo
(pelo médico) e da estrutura da alma (pelo filósofo), onde retiravam seus
conhecimentos para restituir ao doente o seu estado são. Assim como ao corpo
deve-se dar remédios e alimentos para restaurar-lhe a saúde e a força, à alma
é preciso infundir convicção, tornando-a virtuosa por meio de discursos e
argumentos legítimos. Galeno também teve destaque como grande divulgador
da medicina hipocrática, permanecendo a ideia de desequilíbrio no corpo. Ele
estabeleceu também a teoria das latitudes de saúde, que se divide em saúde,
estado neutro e má saúde. A ideia central de sua visão da fisiologia repousa no
fluxo permanente dos humores, o que estaria na dependência das influências
ambientais, do calor inato e da ingesta alimentar e sua justa proporção. Assim,
o seu diagnóstico era baseado no estado sadio do doente, seu temperamento,
regime de vida, alimentação, condições ambientais e a época do ano.

2.2. As Concepções Filosóficas de Saúde na Idade Média

A Idade Média compreende o período do século V ao XV depois de Cristo (476


a 1453 d.c.), sendo marcado pelo surgimento do Feudalismo. Nesta época, a
igreja católica também possuía muitas terras e servos, uma das razões pelas
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quais tinha tanto poder não somente econômico, mas também uma enorme
capacidade de persuasão das pessoas que vivenciaram esta época. O clero
possuía grande influência sobre a forma de pensar, sobre as atitudes, a arte e
a ciência, pois era vista como responsável pela proteção espiritual da
sociedade. O período medieval também é marcado pelas Cruzadas,
aumentando-se o número de pessoas acometidas por doenças como a lepra,
peste bubônica e outras doenças contagiosas. Isto, aliado ao fato de que a
medicina era realizada pelos padres e monges, a igreja incutiu na sociedade: o
pensamento de que a razão das doenças era o pecado, as quais eram vistas
como possessão demoníaca, feitiçaria ou mesmo uma forma de purificação dos
pecados. Desta forma, o único meio de alcançar a cura era a súplica por
perdão. Apesar de considerar que as doenças demonstravam uma alteração
dos humores, a causa da alteração era o pecado. Como a medicina não tinha
uma “cura” a oferecer, a igreja utilizou princípios do Antigo Testamento sobre
contágio para justificar tal situação. No entanto, ao final do século XII e início
do século XIII foram criadas as primeiras universidades, onde mestres e alunos
buscavam conhecer a origem dos fenômenos, como a saúde e a doença, pois
havia grande preocupação com o corpo neste período. Nesta época, se
destaca Pedro Hispano, um físico português, que no século XII escreveu o livro
Sobre a Conservação da Saúde (Liber de conservanda sanitate) após muitos
estudos acerca da interação do homem com a natureza e leituras sobre
medicina realizada na antiguidade, com forte influência dos filósofos do
Oriente. Os primeiros hospitais foram criados e dirigidos pela igreja católica,
não como um local para a busca da cura do corpo, mas muito mais para
conforto dos doentes, através dos ensinamentos religiosos.

2.3. As Concepções Filosóficas de Saúde na Modernidade

A Idade Moderna foi marcada sobretudo pela época do Renascimento,


movimento oposto à conduta dominante na Idade Média de acatamento
incontestável da autoridade magistral e o dogmatismo religioso-filosófico. O
Renascimento caracterizou-se pela eclosão de manifestações artísticas,
filosóficas e científicas do novo mundo urbano e burguês, entretanto, não
apresentou grandes avanços no conceito e nas práticas de saúde. Os países
do Novo Mundo e os europeus, não trocaram somente doenças, mas também
as experiências em relação às medidas de prevenção e promoção mais
relacionadas à conversão dos gentios à estilos de vida saudáveis. No campo
da saúde, passam a ser desenvolvidos estudos de anatomia, fisiologia e de
individualização da descrição das doenças, fundadas na observação clínica e
epidemiológica. A experiência acumulada pelos médicos forneceu elementos
para a especulação sobre a origem das epidemias e o fenômeno do
adoecimento humano. Nesta época, destacou-se, na medicina, Ambroise Paré
(1509-1564), considerado o pai da moderna anatomia, com avanços
importantes no campo cirúrgico, porém não dispensava a explicação de ordem
mágica religiosa quando não conseguia uma solução racional e verificação
comprobatória. Ainda no Renascimento, os estudos empíricos originariam a
formação das ciências básicas e com isto surge a necessidade de se descobrir
a origem das matérias que causavam os contágios. Surge, neste período, a
teoria miasmática que permanece hegemônica até o aparecimento da
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bacteriologia na segunda metade do século XIX, caracterizada por acreditar
que as condições sanitárias ruins criavam um estado atmosférico local,
responsável por causar as doenças infecciosas e os surtos epidêmicos. Nos
séculos XVII e XVIII, registraram-se avanços na medicina, especialmente na
saúde pública com o desenvolvimento do microscópio, assentando as bases da
bacteriologia e microbiologia. Durante todo o século XVIII, os estudos voltaram-
se para a compreensão do funcionamento do corpo humano, das alterações
anatômicas sofridas durante a doença e do estudo das causas que cede lugar
a prática clínica. Ao lado das condições objetivas de existência, o
desenvolvimento teórico das ciências sociais permitiu, no final do século XVIII,
a elaboração de uma teoria social da Medicina. O ambiente, origem de todas
as causas de doença, deixa, momentaneamente, de ser natural para revestir-
se do social. É nas condições de vida e trabalho do homem que as causas das
doenças deverão ser buscadas.

2.4. Concepções Filosóficas de Saúde na Contemporaneidade

A partir do século XIX, com a evolução da medicina, o avanço tecnológico, a


modernização e o acesso ampliado de informações através da mídia, a
população toma consciência da influência dos determinantes sociais na saúde,
onde também se estabelece, especialmente após a Segunda Guerra Mundial,
que os comportamentos humanos podem se apresentar como ameaça a saúde
de todos dentro da sociedade e consequentemente do Estado. Na concepção
proposta por Foucault em 1982, com a evolução do Estado, a saúde passa a
ter “valor” dentro da sociedade, vista também como forma comercial e como
fonte de poder e riqueza para o fortalecimento dos países. Consequência
dessa perspectiva, a medicina do século XIX se modifica, introduzindo o
controle dos corpos por meio da normatização dos espaços, dos processos e
dos indivíduos, necessários para a sustentação do capitalismo emergente,
sendo consolidada com estas características até os dias de hoje. Segundo
Canguilhem (2006), saúde implica poder adoecer e sair do estado patológico.
Em outras palavras, a saúde é entendida por referência à possibilidade de
enfrentar situações novas, pela margem de tolerância ou de segurança que
cada um possui para enfrentar e superar as infidelidades do meio, ou ainda um
guia regulador das possibilidades de reação. O mesmo autor afirma que a
saúde envolve muito mais que a possibilidade de viver em conformidade com o
meio externo, implica a capacidade de instituir novas normas. A Organização
Mundial da Saúde (OMS), no ano de 1947, apresentou um conceito que fazia
uma analogia, considerando o corpo humano uma máquina e a saúde o que
gerava o bom funcionamento dessa máquina. A saúde passa a ser de
responsabilidade coletiva e não individual, ou seja, o direito a saúde é também
obrigação do estado. Embora as definições de saúde venham se modificando
ao longo dos últimos anos, a mais conhecida é a proposta pela OMS como
sendo saúde “o estado de mais completo bem estar físico, mental e social, e
não apenas a ausência de enfermidade”. Essa nova definição ganhou uma
amplitude maior em 7 de abril de 1948 onde passou-se a ser comemorado o
Dia Mundial da Saúde . Aqui se faz necessário uma observação de que não se
trata de um conceito ideal, mas acabou ganhando elementos importantes para
sua ampliação e alcance da manutenção da saúde. Elementos estes que,
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posteriormente, serão oportunizados na promoção de saúde propostas pela
Carta de Ottawa. A amplitude do conceito da OMS acarretou muitas críticas, de
natureza técnica, política, libertária, permitindo abusos por parte do Estado,
que interviria na vida dos cidadãos sob o pretexto de promover a saúde. Em
decorrência da primeira objeção, surge o conceito de Christopher Borse, em
1977, onde trata a saúde como a ausência de doença. Caponi (1997) afirma
que embora o conceito de saúde da OMS comporte crítica, esta não deveria
incidir sobre seu caráter subjetivo, posto que a subjetividade é um elemento
inerente à definição de saúde-doença e, por ser dela inseparável, estará
presente seja em uma concepção restrita, seja em uma perspectiva ampliada
de saúde. Um marco importante para a saúde foi à inserção da promoção da
saúde, denominada assim, no início do século XX, por Henry Sigerist, que
concebeu as quatro funções da medicina: Promoção da Saúde, Prevenção das
Doenças, Tratamento dos Doentes e Reabilitação. Outra visão contra-
hegemônica de meados do século XX, apareceu nos trabalhos de dois outros
sanitaristas, Leavell e Clark, com o modelo explicativo da “história natural do
processo saúde-doença”, bem como diferenciaram a promoção da saúde da
prevenção de doença. Em 1974, foi formulado o Relatório Lalonde, proveniente
das observações realizadas pelo ministro canadense Marc Lalonde, que trouxe
contribuições relevantes para a construção do moderno conceito de promoção
da saúde, diferenciadas do de prevenção de doenças. De acordo com o
conceito proposto, o campo da saúde abrange a biologia humana, o meio
ambiente, o estilo de vida e a organização da assistência à saúde. Em resposta
as críticas referentes ao conceito de saúde proposto pela OMS foi realizado,
em Alma Ata em 1978, a Conferência Internacional de Assistência Primária a
Saúde, onde expressa a necessidade de ação urgente de todos os governos,
profissionais e comunidade para promover a saúde de todos os povos,
reafirmando o significado da saúde como um direito humano fundamental,
sendo uma das mais importantes metas sociais mundiais. A Conferência
enfatizou as enormes desigualdades na situação de saúde entre os países
desenvolvidos e subdesenvolvidos, destacou a responsabilidade
governamental na provisão da saúde e a importância da participação das
pessoas e comunidades no planejamento e implantação dos cuidados a saúde
(8,6) . Na VIII Conferência Nacional de Saúde (VIII CNS), realizada em Brasília
no ano de 1986, surgiu o conceito ampliado de saúde, produto de intensa
mobilização, que surgiu em diversos países da América Latina durante as
décadas de 1970 e 1980, como resposta aos regimes autoritários e à crise dos
sistemas públicos de saúde. Assim, a saúde é a resultante das condições de
alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte,
emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso aos serviços de
saúde, resultado das formas de organização social, de produção, as quais
podem gerar grandes desigualdades nos níveis de vida. Com a criação do
Sistema Único de Saúde (SUS), a saúde passa a ser reconhecida como um
direito de cidadania e dever do Estado. Baseado nos princípios da
universalidade, equidade e integralidade e nas diretrizes de descentralização,
regionalização e participação da comunidade, o SUS reafirma a saúde como
um valor e um direito humano fundamental, legitimado pela justiça social.
Posteriormente, houve a realização de diversas Conferências Internacionais e
Regionais de Promoção da Saúde com intuito de dar voz as discussões que
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permeiam a saúde e a vida dos povos, sensibilizando para a adequação das
diretrizes de acordo com as características locais. Aqui se destacam em ordem
cronológica as Conferências Internacionais de Promoção a Saúde: Declaração
de Ottawa em 1986; Declaração de Adelaide em 1988; Declaração de
Sundsvall em 1991; Declaração de Jacarta em 1997; Declaração do México em
2000; Declaração de Bangkok em 2005 e Declaração de Nairobi em 2009. As
cartas da Promoção da Saúde reúnem os documentos de referência
resultantes do processo de discussão e construção coletiva dos conceitos
fundamentais sobre o tema. A proposta de Promoção da Saúde concebe a
saúde como produção social e, desta forma, engloba um espaço de atuação
que extrapola o setor saúde, apontando para uma articulação com o conjunto
dos outros setores da gestão municipal.

MODULO II

3. Conferências e declarações internacionais

3.1. Promoção da saúde

É uma das estratégias de produção de saúde, um modo de pensar e de operar


que, articulado às demais estratégias e políticas do SUS, contribui para a
construção de ações que possibilitem responder às necessidades sociais em
saúde. "Produzir saúde por meio da perspectiva da promoção da saúde
significa comprometer-se com sujeitos e coletividades que expressem
crescente autonomia, crescente capacidade para gerenciar satisfatoriamente
os limites e os riscos impostos pela doença, pela constituição genética e pelo
contexto sócio-político-econômico-cultural, enfim pela vida". (CAPONI, 2003). A
Saúde definida como produção social de determinação múltipla, exigindo uma
estratégia que implica participação ativa de todos os sujeitos envolvidos em
sua produção (usuários, movimentos sociais, profissionais da saúde, gestores
do setor sanitário e de outros setores), na análise e na formulação de ações
que visem à melhoria da qualidade de vida. A promoção da Saúde coloca a
necessidade de que o processo de produção do conhecimento e das práticas,
no campo da Saúde, e, mais ainda, no campo das políticas públicas, faça-se
por meio da construção e da gestão compartilhada. Promover saúde é,
portanto, ampliar o entendimento do processo saúde/adoecimento, de modo
que se ultrapasse a tensão que coloca indivíduo e coletivo em antagonismo,
pela conjugação clínica e política, atenção e gestão. Na perspectiva da
promoção da saúde, a gestão sanitária envolve, fundamentalmente, o
estabelecimento de uma rede de compromissos e co-responsabilidades em
favor da vida e da criação das estratégias necessárias para que ela exista. A
um só tempo, comprometer-se e co-responsabilizar-se pelo viver e por suas

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condições são marcas e ações próprias da clínica, da política, da atenção e da
gestão, ratificando esses planos de atuação como indissociáveis.

3.2. Conferências Internacionais sobre Promoção da Saúde

São Movimentos que ocorrem periodicamente, deles participando setores


representativos de vários países, tais como OMS, OPAS e UNICEF, em defesa
da ampliação dos campos de ação em saúde e abordagens mais efetivas para
o real alcance dos objetivos traçados.

O objetivo principal dessas Conferências é promover o suporte das ideias e


medidas necessárias para as ações em saúde. O resultado da discussão
aberta e organizada em cada conferência é expresso através da elaboração
final de um documento em defesa da promoção da saúde, salientando o bem-
estar de todos os povos como requisito essencial para o desenvolvimento dos
países e, consequentemente, para a manutenção da paz mundial.

As principais conferências e movimentos que se seguiram foram assim


representados:

Canadá

Foi realizada em Ottawa, no Canadá, em novembro de 1986. O tema era


“Promoção da Saúde nos Países Industrializados”, em decorrência das
expectativas mundiais por uma saúde pública eficiente, focalizando em
especial as necessidades dos países industrializados, e estendendo tal
necessidade aos demais países.

Mediante os progressos alcançados após a Declaração de Alma-Ata para


a Atenção primária à saúde, o documento da OMS “As Metas da Saúde para
Todos” e o debate ocorrido na Assembléia Mundial da Saúde sobre as ações
intersetoriais necessárias, foi elaborada a Carta de Ottawa, que estabelecia
fatores de importância para o alcance de uma saúde para todos.

Austrália

Foi realizada em Adelaide, na Austrália, entre 5 e 9 de abril de 1988, e contou


com 220 participantes de 42 países. O tema central era “Promoção da Saúde e
Políticas Públicas Saudáveis”, ressaltando a importância das políticas voltadas
para a saúde, e as principais alternativas mantiveram a direção já estabelecida
nas Conferências de Alma-Ata e Ottawa.

As estratégias para a ação em prol de políticas públicas voltadas para a saúde


foram estabelecidas no documento denominado Declaração de Adelaide.

Suécia

Foi realizada em Sundsvall, na Suécia, entre 9 e 15 de junho de 1991, e contou


com 81 países. O tema era “Promoção da Saúde e Ambientes Favoráveis á
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Saúde”, com a conclamação de todos os povos do globo para o engajamento
na causa ecológica como fator de saúde, apontando para a situação de
milhões de pessoas que vivem em extrema pobreza, em ambientes
ameaçadores à saúde. Ressaltava, portanto, que o ambiente físico, social,
econômico ou político deveria ser cada vez mais propício à saúde.

A conferência elaborou, como documento final, a Declaração de Sundsvall, que


reconhecia a importância do papel de cada um na criação de ambientes
favoráveis e promotores de saúde.

Jacarta

Foi a primeira a ter lugar em um país em desenvolvimento e a incluir o setor


privado no apoio à promoção da saúde. Foi realizada em Jacarta, na Indonésia,
de 21 a 25 de julho de 1997, e o tema era “Promoção da Saúde no Século
XXI”.

Foi oferecida uma reflexão sobre os determinantes da saúde, na identificação


das direções e estratégias necessárias para enfrentar os desafios do século
XXI. Foi elaborada, nessa Conferência, a Declaração de Jacarta.

México

Foi realizada na Cidade do México, entre 5 e 9 de julho de 2000, e seu tema


era “Promoção da Saúde: Rumo a Maior Equidade”. Reconheceu a
responsabilidade dos governantes nas políticas de saúde, assim como a
necessidade do compartilhamento dessas estratégias entre todos os setores
sociais.

O documento proposto, a Declaração do México, constatou uma melhora


significativa do bem-estar social em muitos países do mundo, porém ressaltou
a persistência de problemas que exigiam solução urgente e, para tanto,
estabeleceu ações dirigidas à saúde, em especial à Saúde Pública.

Tailândia

Foi realizada em Bangkok, na Tailândia, de 5 a 11 de agosto de 2005. O tema


foi a “Promoção da Saúde num Mundo Globalizado”, com a elaboração
da Carta de Bangkok, que buscou identificar as acções, os compromissos e as
promessas necessárias para abordar os determinantes da saúde num mundo
globalizado, através da promoção da saúde.

A Carta de Bangkok se dirigiu a todas as organizações responsáveis pela


manutenção dos objetivos de saúde, e defendeu como requisito do
desenvolvimento global as políticas e alianças capazes de capacitar as
comunidades para a melhoria social, além de reafirmar os valores e estratégias
da Carta de Ottawa.

Colombia
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Foi realizada sob o patrocínio do Ministério da Saúde da Colômbia e
da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), em Santafé de Bogotá,
na Colômbia, de 9 a 12 de novembro de 1992. Contou com 550 representantes
de 21 países (Argentina, Bolívia, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica,
Cuba, Equador, El Salvador, Espanha, Guatemala, Honduras, México,
Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai e
Venezuela).

Entre tais representantes, estavam os Ministros da Saúde da Bolívia, Colômbia,


Equador e Nicarágua; os vice-ministros da Saúde de Cuba, Guatemala e
Panamá, e o prefeito de La Paz. Por parte da OPAS, compareceram o diretor
da Secretaria Sanitária Pan-Americana, os coordenadores dos programas
regionais de Promoção da Saúde, Saúde Ambiental, Serviços de Saúde e
Saúde Materno-Infantil, e consultores provenientes da sede central e das
representações dos países. Também participaram funcionários do setor saúde,
especialistas, pessoas vinculadas a processos de promoção social,
representantes de serviços de saúde e saneamento ambiental, de
organizações não-governamentais e associações comunitárias, docentes,
estudantes e profissionais da comunicação social. Seu tema foi o significado da
promoção da saúde na América Latina, para o qual foram apresentados
compromissos e estratégias relacionadas com o sucesso da saúde da
população da região. A conferência elaborou, finalmente, um documento,
a Declaração de Santafé de Bogotá.

Caribe

Entre 1 e 4 de junho de 1993, aconteceu em Porto de Espanha, Trinidad e


Tobago, a Primeira Conferência de Promoção da Saúde do Caribe, com a
participação de 125 pessoas do setor da saúde, além de representantes dos
setores sociais caribenhos.

Foi elaborada, a pedido da 13ª Reunião dos Ministros responsáveis pela saúde
da região, a Carta do Caribe para a Promoção da Saúde, seguindo as metas
das conferências anteriores, que defendiam a igualdade social e a atenção
primária em saúde como fatores de bem-estar social.

Brasil

Foi realizada em São Paulo, no Brasil, de 10 a 13 de novembro de 2002, tendo


como promotores a IUHPE, FSPUSP, OPAS e MS. Contou com 1.500
participantes, de 18 países: Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa
Rica, EUA, França, Honduras, Itália, México, Panamá, Paraguai, Porto Rico e
Uruguai. O tema da conferência, "Visão Crítica da Promoção da Saúde e
Educação para Saúde: Situação Atual e Perspectivas", teve como objetivo o
estímulo e o desenvolvimento de estratégias de promoção da qualidade de vida
e saúde e educação para a saúde na América Latina. Promoveu o debate
sobre princípios, estratégias e compromissos orientados para a universalidade
e a eqüidade no acesso aos direitos fundamentais e sociais da região.

11
Argentina

Foi realizada em Buenos Aires, na Argentina, promovida pelo Ministério de


Saúde do país, de 13 a 17 de agosto de 2007. Seu tema, “De Alma-Ata à
Declaração do Milênio; Conferência Internacional de Saúde para o
Desenvolvimento: Direitos, Fatos e Realidades”, buscou contribuir para a
concretização dos “Objetivos de Desenvolvimento do Milênio” previstos para
2015, ressaltando a importância da força de trabalho em saúde.

Os principais tópicos em discussão foram os “Cuidados primários e sistemas


de saúde no atual contexto global”, os “Recursos humanos para o novo
milênio” e a “Equidade na saúde e financiamento”.

MODULO III

4. Modelos de Sistemas de Saúde:

Modelos de atenção à saúde: Um dado modo de combinar técnicas e


tecnologias para intervir sobre problemas de saúde (danos e/ou riscos) e
atender às necessidades de saúde individuais e coletivas; maneira de
organizar os meios de trabalho (saberes e instrumentos) utilizados nas práticas
ou processos de trabalho em saúde. Ex, O modelo proposto pelo SUS
incorpora os princípios: do acesso universal, onde qualquer cidadão
brasileiro tem o direito de acessar serviços de saúde com qualidade; da
integralidade da assistência, ordenando o cuidado com a saúde nos níveis de
atenção básica, média e alta complexidade; de participação social em todos
os espaços de decisão e avaliação, inclusive do financiamento do SUS. 

4.1. Principais Modelos de Sistemas de Saúde:

Modelo Universalista: Este modelo é caracterizado por financiamento público


com recursos dos impostos e acesso universal aos serviços que são prestados
por fornecedores públicos; Os trabalhadores profissionais e não profissionais
dependem do Estado; Pode existir outras fontes de financiamento além dos
impostos, tais como pagamentos diretos de usuários e outros insumos. Porém,
a maior parte do financiamento e gestão é por conta do Estado.

Modelo do Seguro Social: O conceito de seguro social implica num seguro no


qual a participação é obrigatória. É o que ocorre com o sistema desenvolvido
na Alemanha. O financiamento é por aporte e contribuições dos empresários e
trabalhadores. Por definição, só cobrem os contribuintes e seu grupo familiar,
embora ultimamente exista uma tendência de universalização de cobertura.
Todas as obras sociais da Argentina são exemplos deste modelo.
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Modelo de Seguros Privados: Este modelo tem uma organização tipicamente
fragmentada, descentralizada e com escassa regulação pública , tendência que
está sendo mudada. A situação que mais se aproxima neste modelo é a dos
Estados Unidos, onde há mais de 1.500 seguros privados. Em comparação
com os outros modelos, este limita a ação do estado a uma escassa regulação.

Modelo Assistencialista: De forma inversa ao modelo Universalista a saúde


não é um direito do povo, mas sim uma obrigação dos cidadãos. O Estado só
daria assistência às pessoas incapazes de assumir a responsabilidade
individual de cuidar da saúde. As ações seriam direcionadas às pessoas mais
vulneráveis e carentes. Porém, as ações seriam limitadas qualitativa e
quantitativamente, pois do contrário, poderia contribuir para incentivar as
pessoas a não se responsabilizarem pela própria saúde.

MODULO IV

5. O Desenvolvimento das Políticas Públicas de Saúde no Brasil

Muito embora a história da Saúde Pública Brasileira tenha início em 1808, o


Ministério da Saúde só veio a ser instituído no dia 25 de julho de 1953, com a
Lei nº 1.920, que desdobrou o então Ministério da Educação e Saúde em dois
ministérios: Saúde e Educação e Cultura. A partir da sua criação, o Ministério
passou a encarregar-se, especificamente, das atividades até então de
responsabilidade do Departamento Nacional de Saúde, mantendo a mesma
estrutura que, na época, não era suficiente para dar ao órgão governamental o
perfil de Secretaria de Estado, apropriado para atender aos importantes
problemas da saúde pública existentes.  Na verdade, o Ministério limitava-se a
ação legal e a mera divisão das atividades de saúde e educação, antes
incorporadas num só ministério. Mesmo sendo a principal unidade
administrativa de ação sanitária direta do Governo, essa função continuava,
ainda, distribuída por vários ministérios e autarquias, com pulverização de
recursos financeiros e dispersão do pessoal técnico, ficando alguns vinculados
a órgãos de administração direta, outros às autarquias e fundações.

Três anos após a criação do Ministério, em 1956, surge o Departamento


Nacional de Endemias Rurais,  que tinha como finalidade organizar e executar
os serviços de investigação e de combate à malária, leishmaniose, doença de
Chagas, peste, brucelose, febre amarela e outras endemias existentes no país,
de acordo com as conveniências técnicas e administrativas.
O Instituto Oswaldo Cruz preservava sua condição de órgão de investigação,
pesquisa e produção de vacinas. A Escola Nacional de Saúde Pública
incumbia-se da formação e aperfeiçoamento de pessoal e o antigo Serviço
Especial de Saúde Pública atuava no campo da demonstração de técnicas
sanitárias e serviços de emergência a necessitarem de pronta mobilização,

13
sem prejuízo de sua ação executiva direta, no campo do saneamento e da
assistência médico-sanitária aos estados.
No início dos anos 60, a desigualdade social, marcada pela baixa renda per
capita e a alta concentração de riquezas, ganha dimensão no discurso dos
sanitaristas em torno das relações entre saúde e desenvolvimento. O
planejamento de metas de crescimento e de melhorias, conduziram o que
alguns pesquisadores intitularam como a grande panacéia dos anos 60 - o
planejamento global e o planejamento em saúde.   As propostas para adequar
os serviços de saúde pública à realidade diagnosticada pelos sanitaristas
desenvolvimentistas tiveram marcos importantes, como a formulação da
Política Nacional de Saúde na gestão do então ministro, Estácio Souto-Maior,
em 1961, com o objetivo de redefinir a identidade do Ministério da Saúde e
colocá-lo em sintonia com os avanços verificados na esfera econômico-social.
Outro marco da história da saúde no âmbito ministerial ocorreu em 1963, com a
realização da III Conferência Nacional da Saúde (CNS), convocada pelo
ministro Wilson Fadul, árduo defensor da tese de municipalização. A
Conferência propunha a reordenação dos serviços de assistência médico-
sanitária e alinhamentos gerais para determinar uma nova divisão das
atribuições e responsabilidades entre os níveis político-administrativos da
Federação visando, sobretudo, a municipalização.
Em 1964, os militares assumem o governo e Raymundo de Brito firma-se como
ministro da saúde e reitera o propósito de incorporar ao MS a assistência
médica da Previdência Social, dentro da proposta de fixar um Plano Nacional
de Saúde segundo as diretrizes da III Conferência Nacional de Saúde.
Com a implantação da Reforma Administrativa Federal, em 25 de fevereiro de
1967, ficou estabelecido que o Ministério da Saúde seria o responsável pela
formulação e coordenação da Política Nacional de Saúde, que até então não
havia saído do papel. Ficaram as seguintes áreas de competência: política
nacional de saúde; atividades médicas e paramédicas; ação preventiva em
geral, vigilância sanitária de fronteiras e de portos marítimos, fluviais e aéreos;
controle de drogas, medicamentos e alimentos e pesquisa médico-sanitária.
Ao longo destes quase cinqüenta anos de existência, o Ministério da Saúde
passou por diversas reformas na estrutura. Destaca-se a reforma de 1974, na
qual as Secretarias de Saúde e de Assistência Médica foram englobadas,
passando a constituir a Secretaria Nacional de Saúde, para reforçar o conceito
de que não existia dicotomia entre Saúde Pública e Assistência Médica. No
mesmo ano, a Superintendência de Campanhas de Saúde Pública - SUCAM -
passa à subordinação direta do Ministro do Estado, para possibilitar-lhe maior
flexibilidade técnica e administrativa, elevando-se a órgão de primeira linha.
Foram criadas as Coordenadorias de Saúde, compreendendo cinco regiões:
Amazônia, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste, ficando as Delegacias
Federais de Saúde compreendidas nessas áreas subordinadas às mesmas. As
Delegacias Federais de Saúde deixavam, assim, de integrar órgãos de primeira
linha. É criada também, a Coordenadoria de Comunicação Social como órgão
de assistência direta e imediata do Ministro de Estado e instituído o Conselho
de Prevenção Antitóxico, como órgão colegiado, diretamente subordinado  ao
Ministro de Estado.

14
Do final da década de 80 em diante, destaca-se a Constituição Federal de
1988, que determinou ser dever do Estado garantir saúde a toda a população
e, para tanto, criou o Sistema Único de Saúde. Em 1990, o Congresso Nacional
aprovou a Lei Orgânica da Saúde que detalha o funcionamento do Sistema.
 
Fonte: Ministério da Saúde

MODULO V

6.  Sistema Único de Saúde (SUS)

O Sistema Único de Saúde (SUS) é o conjunto de todas as ações e serviços de


saúde prestados por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e
municipais, da administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo
Poder Público.

Há um tempo atrás, a saúde era encarada apenas como a ausência de


doenças, o que nos legou um quadro repleto não só das próprias doenças,
como desigualdade, insatisfação dos usuário, exclusão, baixa qualidade e falta
de comprometimento profissional. No entanto, este conceito foi ampliado, ao
serem definidos os elementos condicionantes da saúde, que são:
• Meio físico (condições geográficas, água, alimentação, habitação, etc);
• Meio sócio-econômico e cultural (emprego, renda, educação, hábitos, etc);
• Garantia de acesso aos serviços de saúde responsáveis pela promoção,
proteção e recuperação da saúde.

Ou seja, de acordo com a nova concepção de saúde, compreende-se que “os


níveis de saúde da população expressam a organização social e econômica do
país".

As reinvidicações do movimento que recebeu o nome de “Movimento


Sanitarista” foram apresentadas na 8° Conferência Nacional de Saúde, em
1986. Sendo que mais tarde, na Constituição de 1988 foram definidas as ações
relativas ao SUS, sendo considerado de “relevância pública”, ou seja, é
atribuído ao Poder Público a regulamentação, a fiscalização e o controle das
ações e dos serviços de saúde, independente da execução direta do mesmo.

Juntamente com o conceito ampliado de saúde, o SUS traz consigo dois outros
conceitos importantes: o de sistema e a idéia de unicidade. A idéia de sistema
significa um conjunto de várias instituições, dos três níveis de governo e do
setor privado contratado e conveniado, que interagem para um fim comum. Já
na lógica de sistema público, os serviços contratados e conveniados seguem
os mesmos princípios e as mesmas normas do serviço público. Todos os
elementos que integram o sistema referem-se ao mesmo tempo às atividades
de promoção, proteção e recuperação da saúde.

15
Em todo o país, o SUS deve ter a mesma doutrina e a mesma forma de
organização, sendo que é definido como único na Constituição um conjunto de
elementos doutrinários e de organização do sistema de saúde, os princípios da
universalização, da eqüidade, da integralidade, da descentralização e da
participação popular.
Podemos entender o SUS da seguinte maneira: um núcleo comum, que
concentra os princípios doutrinários, e uma forma e operacionalização, os
princípios organizativos.

6.1. - Promoção da Saúde 

Primeira Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde,


organizada pela OMS em Alma-Ata, capital do Kazaquistão, setembro de 1978.
Reafirma o significado da saúde como um direito humano fundamental e uma
das mais importantes metas sociais mundiais.
A promoção e proteção da saúde dos povos é essencial para o contínuo
desenvolvimento econômico e social e, conseqüentemente, condição única
para a melhoria da qualidade de vida dos homens e para a paz mundial. O
apelo lançado em Alma-Ata foi um marco fundamental e representou o ponto
de partida para outras iniciativas.
 
A Carta de Ottawa, elaborada na Conferência do Canadá em 1986, listou
condições e recursos fundamentais, identificando campos de ação na
promoção da saúde e ressaltando a importância da eqüidade.

6.2. - Reforma Sanitária

O termo “Reforma Sanitária” foi usado pela primeira vez no Brasil em função


da reforma sanitária italiana.
 
A expressão ficou esquecida por um tempo até ser recuperada nos debates
prévios à 8ª Conferência Nacional de Saúde, quando foi usada para se referir
ao conjunto de idéias que se tinha em relação às mudanças e
transformações necessárias na área da saúde.
 
Essa mudança começou no final dos anos 60 e início dos 70.
 
De acordo com Sergio Arouca: “Está em curso uma reforma democrática não
anunciada ou alardeada na área da saúde. A Reforma Sanitária brasileira
nasceu na luta contra a ditadura, com o tema Saúde e Democracia,
e estruturou-se nas universidades, no movimento sindical, em
experiências regionais de organização de serviços. Esse movimento
social consolidou-se na 8ª Conferência Nacional de Saúde, em 1986, na
qual, pela primeira vez, mais de cinco mil representantes de todos os
seguimentos da sociedade civil discutiram um novo modelo de saúde
para o Brasil. O resultado foi garantir na Constituição, por meio de emenda
popular, que a saúde é um direito do cidadão e um dever do Estado.”

 
16
- 8a Conferência Nacional de Saúde
 
• Marco do Movimento Sanitário Brasileiro
• Reuniu mais de 5.000 pessoas na maior participação popular da história
dos movimentos sociais
• Definiu as estratégias a serem defendidas na Constituinte de 1988
• Conceito ampliado da saúde
• Reconhecimento da saúde como direito de cidadania e dever do Estado
• Defesa de um sistema único, de acesso universal, igualitário e
descentralizado de saúde
 
“Em seu sentido mais abrangente, a saúde é resultante das condições de
alimentação, habitação, educação, renda, meio-ambiente, trabalho, transporte,
emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso a serviços de
saúde. É, assim, antes de tudo, o resultado das formas de organização social
da produção, as quais podem gerar grandes desigualdades nos níveis de vida”
 
- 1988 – Constituição Federal e leis 8.080 e 8.142 de 1990
 
Saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido por políticas sociais e
econômicas
As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e
hierarquizada e constituem um sistema único.
 
- BRASIL, 1990. LEI 8.080, de 19 de setembro de 1990:
 
Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da
saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá
outras providências.
Brasília: Ministério da Saúde. Diário Oficial da União, 20/09/90. Brasília:
Imprensa Nacional.
 
- BRASIL, 1990, Lei 8.142, de 29 de dezembro de 1990:
 
Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de
Saúde – SUS – e sobre as transferências intergovernamentais de recursos
financeiros na área de saúde e outras providências.
Brasília: Ministério da Saúde. Diário Oficial da União, 30/12/90. Brasília:
Imprensa Nacional.
 
- Princípios do SUS
 
Baseado nos preceitos constitucionais, a construção do SUS norteia-se pelos
seguintes princípios doutrinários:
 
• UNIVERSALIDADE
• EQUIDADE
• INTEGRALIDADE
 
17
UNIVERSALIDADE

• Todos as pessoas tem direito ao atendimento independentemente de cor,


raça, religião, local de moradia, situação de emprego, renda, etc
• A saúde é direito de cidadania e dever dos governos municipal, estadual e
federal
 
EQUIDADE

• Todo cidadão é igual perante ao SUS e será atendido conforme suas


necessidades
• Deve-se considerar que em cada população existem grupos que vivem de
forma diferente, os serviços de saúde devem trabalhar de acordo com
cada necessidade.
• O SUS deve tratar desigualmente os desiguais
 
INTEGRALIDADE

• As ações devem ser combinadas e voltadas, ao mesmo tempo, para a


prevenção e a cura
• O atendimento deve ser feito para a saúde e não somente para a doença
• É preciso garantir acesso as ações de:

• Promoção:
Envolve ações também em outras áreas, como habitação, meio
ambiente, educação.

• Proteção:
Saneamento básico, imunizações, ações coletivas e preventivas,
vigilância à saúde e sanitária, etc...

• Recuperação:
Atendimento médico, odontológico, tratamento e reabilitação para os
doentes.

Os princípios que regem a organização do SUS são:


 
• REGIONALIZAÇÃO ou HIERARQUIZAÇÃO
• DESCENTRALIZAÇÃO ou MUNICIPALIZAÇÃO
• PARTICIPAÇÃO DOS CIDADÃOS
 
REGIONALIZAÇÃO ou HIERARQUIZAÇÃO
 
Território como unidade de trabalho
O acesso deve dar-se por intermédio dos serviços do nível primário de
atenção, este deve resolver os principais problemas de demanda
Os problemas mais complexos devem ser referenciados
 
18
 
DESCENTRALIZAÇÃO

Redistribuição de responsabilidades pelas ações e serviços de saúde entre


os vários níveis de governo

MUNICIPALIZAÇÃO

Ao município cabe a maior responsabilidade na implementação das ações


de saúde, diretamente voltadas para os seus cidadãos
 
PARTICIPAÇÃO DOS CIDADÃOS

Garantia constitucional de que a população poderá participar do processo de


formulação das políticas de saúde e de controle de sua execução em todos
os níveis, desde o federal até o local
Essa participação deve dar-se nos conselhos de saúde

MODULO VI

7. Conferências Nacionais de Saúde (CNS)

 As Conferências Nacionais de Saúde são espaços destinados a analisar os


avanços e retrocessos do SUS e a propor diretrizes para a formulação das
políticas de saúde. Elas contam com a participação de representantes de
diversos segmentos da sociedade e, atualmente, são realizadas a cada quatro
anos.

Conferências estaduais e municipais antecedem a Conferência Nacional e são


realizadas em todo o país. Elas tratam dos mesmos temas já previstos para a
etapa nacional e servem para discutir e aprovar propostas prévias que
contribuam com as políticas de saúde e que serão levadas, posteriormente,
para discussão mais ampla durante a Conferência Nacional.

7.1. 15ª Conferência Nacional de Saúde

Com o tema “Saúde pública de qualidade para cuidar bem das pessoas: direito
do povo brasileiro”, a 15ª Conferência Nacional de Saúde, foi realizada em
Brasília, entre os dias 1º e 4 de dezembro de 2015.

Foi um marco na história das conferências nacionais de saúde, tendo em vista


o momento delicado vivido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), diante da crise
econômica, política e fiscal que o país atravessava e que colocava em risco a
sustentabilidade do SUS. Teve como objetivos a mobilização da sociedade em
defesa do direito universal à saúde e do SUS; a ampliação do diálogo com a
sociedade e a representação de sujeitos e atores sociais políticos nas esferas
19
públicas de participação da saúde; a avaliação da situação de saúde da
população brasileira; a participação do processo de formulação do Plano
Plurianual (PPA) e do Plano Nacional de Saúde (PNS) e o debate das reformas
democráticas e populares do Estado.

As proposições foram organizadas em oito eixos temáticos: Direito à Saúde,


Garantia de Acesso e Atenção de Qualidade; Participação Social; Valorização
do Trabalho e da Educação em Saúde; Financiamento do SUS e Relação
Público‐Privado; Gestão do SUS e Modelos de Atenção à Saúde; Informação,
Educação e Política de Comunicação do SUS; Ciência, Tecnologia e Inovação
no SUS; Reformas Democráticas e Populares do Estado.

Após a realização das avaliações municipais e estaduais, o tema foi discutido


em plenária nacional e, posteriormente, aprovadas diretrizes, entre elas:

Direito à Saúde, Garantia de Acesso e Atenção de Qualidade: Ampliar e


qualificar o acesso aos serviços de saúde de qualidade, em tempo adequado,
com ênfase na humanização, equidade e no atendimento das necessidades de
saúde, aprimorando a política de atenção básica, especializada, ambulatorial e
hospitalar, e garantindo o acesso a medicamentos no âmbito do SUS.

Participação Social: Fortalecer as instâncias de controle social e garantir o


caráter deliberativo dos conselhos de saúde, ampliando os canais de interação
com o usuário, com garantia de transparência e participação cidadã.

Financiamento do SUS e Relação Público-Privado: Garantir o financiamento


estável e sustentável para o SUS, melhorando o padrão do gasto e qualificando
o financiamento tripartite e os processos de transferência de recursos.

Informação, Educação e Política de Comunicação do SUS: Fortalecer o


SUS como política pública, assegurando a democratização do acesso à
informação em saúde, facilitando a interação entre trabalhadoras(es),
usuárias(os) e gestoras(es)  nos níveis municipais, estaduais e federal,
promovendo a educação na perspectiva da construção coletiva e dialógica.

Ciência, Tecnologia e Inovação no SUS:Fortalecer o Complexo Industrial da


Saúde e promover o desenvolvimento da plataforma tecnológica do país,
visando fortalecer a Política Nacional de Medicamentos e de Assistência
Farmacêutica, impactar na redução do déficit da balança comercial brasileira
(com a importação de medicamentos) e na promoção e incorporação de novas
tecnologias pelo SUS e consolidar a soberania nacional por meio da expansão
da produção nacional de tecnologias estratégicas e da inovação em saúde.

Promover a Ciência, Tecnologia e Inovação para Fortalecimento do SUS.

7.2. 14ª Conferência Nacional de Saúde

A 14ª Conferência Nacional de Saúde, aconteceu entre os dias 30 de


novembro e 4 de dezembro de 2011em Brasília, sob o tema “Todos usam o
20
SUS! SUS na Seguridade Social, Política Pública e Patrimônio do Povo
Brasileiro”, mais de quatro mil participantes, entre delegados e convidados,
debateram o tema para contribuir na construção das políticas públicas na área
da saúde.

Estes representantes da sociedade e dos trabalhadores, prestadores e


gestores da saúde debruçaram-se sobre as 15 diretrizes e propostas
originárias dos municípios e estados em um processo ascendente que inovou o
sistema de controle social desenvolvido pelo SUS.

Após a votação, uma Carta da Conferência voltada à sociedade brasileira foi


apresentada aos participantes. Entre os aspectos tratados na Carta estão: a
valorização do trabalhador, o investimento em educação permanente, a
implantação e ampliação das Políticas de Promoção da Equidade, a aprovação
da Emenda Constitucional 29, a adoção da carga horária de 30 horas semanais
para enfermagem e para todas as categorias profissionais que compõem o
SUS, além de outros destaques.

7.3. 13ª Conferência Nacional de Saúde

A 13º Conferência Nacional de Saúde, realizada em novembro de 2007, em


Brasília (DF), teve como tema central “Saúde e Qualidade de Vida: Políticas de
Estado e Desenvolvimento”, com os seguintes eixos temáticos:

Desafios para a efetivação do direito humano à saúde no Século XXI: Estado,


Sociedade e Padrões de Desenvolvimento 
Políticas públicas para a saúde e qualidade de vida: o SUS na Seguridade
Social e o Pacto pela Saúde 
A participação da sociedade na efetivação do direito humano à saúde 

Cada um dos temas foi discutido em mesa-redonda e contou com a


participação de quatro expositores e um debatedor, que coordenou as
discussões entre delegados e convidados. A estrutura instalada para a 13ª
Conferência Nacional de Saúde mobilizou milhares de pessoas em todo o país.

7.4. 12ª Conferência Nacional de Saúde

A 12ª CNS ocorreu em um momento importante para a saúde pública


brasileira. Foi antecipada em um ano, para que suas propostas norteassem as
ações de governo no período de 2003-2007. Teve uma importante participação
da população, tanto nas etapas municipais, estaduais, quanto na nacional.
Com o objetivo principal de reafirmar o direito à saúde, os principais temas
foram divididos em eixos temáticos: direito à saúde; a seguridade social e a
saúde; a intersetorialidade das ações de saúde; as três esferas de governo e a
construção do SUS; a organização da atenção à saúde; controle social e
gestão participativa; o trabalho na saúde; ciência e tecnologia e a saúde; o
financiamento da saúde; e comunicação e informação em saúde.

21
7.5. 11ª Conferência Nacional de Saúde

A 11ª CNS, que ocorreu no ano 2000, destaca o processo de implementação


do SUS com as dificuldades e propostas para sua efetivação, afirmando que "a
efetivação do SUS só é possível com controle social" (Brasil, 2001), além disso,
foi a primeira conferência que apareceu o tema da humanização na atenção à
saúde.

7.6. 10ª Conferência Nacional de Saúde

Na 10ª CNS, o principal assunto abordado foi a questão da construção de


modelo de atenção à saúde. Nesse mesmo ano de 1996 foi criada a NOB 96 -
Norma de Operação Básica do SUS. Na 10ª CNS os mecanismos de
participação já estavam consolidados.

7.7. 9ª Conferência Nacional de Saúde

Em 1992, a 9ª CNS indicou o caminho da descentralização, municipalização e


participação social, descentralizando e democratizando o conhecimento. A
partir dessa conferência as administrações que se seguiram no Ministério da
Saúde atuaram na mesma direção, formulando soluções e adotando
providências sobre gestão municipal, criação de comissões intergestores
bipartite, em nível estadual, e tripartite, em nível federal.

7.8. 8ª Conferência Nacional de Saúde

A 8ª CNS foi o grande marco nas histórias das conferências de saúde no


Brasil. Foi a primeira vez que a população participou das discussões da
conferência. Suas propostas foram contempladas tanto no texto da
Constituição Federal/1988 como nas leis orgânicas da saúde, nº. 8.080/90 e nº.
8.142/90. Participaram dessa conferência mais de 4.000 delegados,
impulsionados pelo movimento da Reforma Sanitária, e propuseram a criação
de uma ação institucional correspondente ao conceito ampliado de saúde, que
envolve promoção, proteção e recuperação.

7.9. 7ª Conferência Nacional de Saúde

Em 1980, ocorreu a 7ª CNS ainda no período do regime militar. Os principais


temas debatidos eram relacionados à implantação e desenvolvimento do
Programa Nacional de Serviços Básicos de Saúde (Prev-saúde).

7.10. 6ª Conferência Nacional de Saúde

Controle das grandes endemias e interiorização dos serviços de saúde

7.11. 5ª Conferência Nacional de Saúde

22
A 5ª CNS teve como destaque a constituição do Sistema Nacional de Saúde e
a sua institucionalização, com a proposta de elaboração de uma política
nacional de saúde.

7.12. 4ª Conferência Nacional de Saúde

Recursos humanos para as atividades em saúde

7.13. 3ª Conferência Nacional de Saúde

A 3ª CNS ocorreu em 1963, 10 anos após a criação do Ministério da Saúde, e


representou a proposta inicial de descentralização na área de saúde. Além
disso, propôs que fossem definidas as atribuições dos governos federal,
estaduais e municipais no campo das atividades médico-sanitárias, para que,
inspirados nos pressupostos da reforma estudada, colocassem em prática a
descentralização executiva dos serviços, com a efetiva participação dos
municípios na solução dos problemas de saúde pública.

7.14. 2ª Conferência Nacional de Saúde

Durante a 1ª CNS definiu-se que as conferências ocorreriam anualmente ou,


pelo menos, de 2 em 2 anos, porém, por motivos diversos isso não foi possível
e a 2ª CNS ocorreu somente em 1950, e nela estabeleceu-se legislação
referente à higiene e segurança do trabalho e à prestação de assistência
médica e sanitária preventiva para trabalhadores e gestantes. Não há registros
formais sobre a 2ª Conferência Nacional de Saúde.

7.15. 1ª Conferência Nacional de Saúde

A 1ª Conferência Nacional de Saúde ocorreu em 1941, durante o governo de


Getúlio Vargas, sua concepção era curativa e não preventiva, com defesa
sanitária da população, assistência social aos indivíduos e às famílias, proteção
da maternidade, da infância e da adolescência. Suas finalidades foram:

a) Estudar as bases da organização de um programa nacional de saúde e de


um programa nacional de proteção da infância, síntese dos objetivos a serem
atingidos e dos meios a serem mobilizados, nesses dois terrenos do serviço
público nacional.
b) Estudar e definir o sistema de organização e de administração sanitárias e
assistenciais, nas órbitas estadual e municipal.
c) Considerar, de modo especial, as campanhas nacionais contra a lepra e
tuberculose, para o fim de serem assentadas medidas relativas à sua
coordenação e intensificação, e bem assim a situação das cidades e vilas de
todo o país quanto à montagem e funcionamento dos serviços de águas e
esgotos (Brasil, 1941).

Durante a 1ª CNS definiu-se que as conferências ocorreriam anualmente ou,


pelo menos, de 2 em 2 anos.

23
MODULO VII

8. Saúde da Família e Programa de Agentes Comunitários(PACS)

8.1. Programa de Agentes Comunitários(PACS)

Em 1991 é lançado o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) –


Família como unidade de ação programática.

Com os bons resultados do PACS, principalmente na redução dos índices de


mortalidade infantil, buscou-se uma ampliação e maior resolutividade das
ações e, a partir de 1994, começaram a ser formadas as primeiras equipes de
Saúde da Família.

8.2. Saúde da Família

Programa Saúde da Família foi introduzido, pelo Ministério da Saúde em 1994.


 
O Programa de Agentes Comunitários de Saúde é hoje considerado parte da
Saúde da Família.
 
Nos municípios onde há somente o PACS, este pode ser considerado um
programa de transição para a Saúde da Família.
 

24
No PACS, as ações dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) são
acompanhadas e orientadas por um enfermeiro/supervisor lotado em uma
unidade básica de saúde.

Os agentes comunitários de saúde podem ser encontrados em duas situações


distintas em relação à rede do SUS:
 
a) ligados a uma unidade básica de saúde ainda não organizada na lógica da
Saúde da Família;
b) ligados a uma unidade básica de Saúde da Família como membro da
equipe multiprofissional.
 
 
Atualmente, encontram-se em atividade no país 204 mil ACS, presentes tanto
em comunidades rurais e periferias urbanas quanto em municípios altamente
urbanizados e industrializados.

8.2.1. Princípios da Estratégia Saúde da Família

ADSCRIÇÃO DE CLIENTELA
Definição precisa do território de atuação
 
TERRITORIALIZAÇÃO
Mapeamento da área, compreendendo segmento populacional determinado
 
DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO DE SAÚDE DA POPULAÇÃO
Cadastramento das famílias e dos indivíduos, gerando dados que possibilitem
a análise da situação de saúde do território
 
PLANEJAMENTO BASEADO NA REALIDADE LOCAL
Programação das atividades segundo critérios de risco à saúde, priorizando
solução dos problemas

8.2.2. Características do Processo de Trabalho Saúde da Família

INTERDISCIPLINARIDADE
Trabalho interdisciplinar, integrando áreas técnicas  e profissionais de
diferentes formações
 
VINCULAÇÃO
Participação na dinâmica social das famílias assistidas  e da própria
comunidade
 
COMPETÊNCIA CULTURAL
Valorização dos diversos saberes e práticas na perspectiva de uma abordagem
integral e resolutiva, possibilitando a criação de vínculos de confiança com
ética, compromisso e respeito
 

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INTEGRALIDADE
Assistência integral, continua e organizada, à população adscrita, com garantia
de acesso a recursos complementares
 
PARTICIPAÇÃO SOCIAL
Participação da comunidade no planejamento, execução  e avaliação das
ações
 
INTERSETORIALIDADE
Trabalho intersetorial, integrando projetos sociais e setores afins, voltados para
a promoção da saúde
 
FORTALECIMENTO DA GESTÃO LOCAL
Apoio a estratégias de fortalecimento da gestão local.

8.2.3.  A Estratégia Saúde da Família - Trabalho em Equipe

A estratégia Saúde da Família supera a antiga proposição de caráter


exclusivamente centrado na doença, desenvolvendo-se por meio de práticas
gerenciais e sanitárias, democráticas e participativas, sob a forma de trabalho
em equipes, dirigidas às populações de territórios delimitados, pelos quais
assumem responsabilidade.

Os princípios fundamentais da atenção básica são:


 
- Integralidade
- Qualidade
- Eqüidade
- Participação social
 
Mediante a adstrição de clientela, as equipes Saúde da Família
estabelecem vínculo com a população, possibilitando o compromisso e a co-
responsabilidade destes profissionais com os usuários e a comunidade.

Seu desafio é o de ampliar suas fronteiras de atuação visando uma maior


resolubilidade da atenção, onde a Saúde da Família é compreendida como a
estratégia principal para mudança deste modelo, que deverá sempre se
integrar a todo o contexto de reorganização do sistema de saúde.
 
O Departamento de Atenção Básica (DAB), estrutura vinculada à Secretaria
de Atenção à Saúde, no Ministério da Saúde, tem a missão institucional de
operacionalizar essa política no âmbito da gestão federal do SUS.
 
A execução dessa política é compartilhada por estados, Distrito Federal e
municípios.
 
Ao DAB cabe, ainda, desenvolver mecanismos de controle e avaliação, prestar
cooperação técnica a estas instâncias de gestão na implementação e
organização da estratégia Saúde da Família e ações de atendimento básico
26
como o de Saúde Bucal, de Diabetes e Hipertensão, de Alimentação e
Nutrição, de Gestão e Estratégia e de Avaliação e Acompanhamento.
 
Estratégia de reorientação do modelo assistencial, operacionalizada
mediante a implantação de equipes multiprofissionais em unidades
básicas de saúde.
 
Estas equipes são responsáveis pelo acompanhamento de um número
definido de famílias, localizadas em uma área geográfica delimitada.
 
As equipes atuam com ações de promoção da saúde, prevenção, recuperação,
reabilitação de doenças e agravos mais freqüentes, e na manutenção da saúde
desta comunidade.
 
O trabalho de equipes da Saúde da Família é o elemento-chave para a busca
permanente de comunicação e troca de experiências e conhecimentos entre os
integrantes da equipe e desses com o saber popular do Agente Comunitário de
Saúde.
 
As equipes são compostas, no mínimo, por um médico de família, um
enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e 6 agentes comunitários de
saúde. Quando ampliada, conta ainda com a equipe de saúde bucal.
            
Cada equipe se responsabiliza pelo acompanhamento de, no máximo, 4 mil
habitantes, sendo a média recomendada de 3 mil habitantes de uma
determinada área, e estas passam a ter co-responsabilidade no cuidado à
saúde.
 
A atuação das equipes ocorre principalmente nas unidades básicas de
saúde, nas residências e na mobilização da comunidade, caracterizando-se:
como porta de entrada de um sistema hierarquizado e regionalizado de
saúde; por ter território definido, com uma população delimitada, sob a sua
responsabilidade; por intervir sobre os fatores de risco aos quais a comunidade
está exposta; por prestar assistência integral, permanente e de qualidade;
por realizar atividades de educação e promoção da saúde.

É importante ressaltar que: 

 O Modelo de Atenção à Saúde do Brasil é referência internacional.


 A Estratégia Saúde da Família como desenhada no caso Brasileiro é
destaque e modelo para outros países.
 A Atenção Básica em Saúde é a pauta política dos gestores públicos.
 A estratégia Saúde da Família está consolidada nos municípios
brasileiros.
 
Estudos acadêmicos em curso demonstram que a Saúde da Família no período
de 1992 a 2002 apresentam indicadores animadores como a redução da
mortalidade infantil.

27
 Pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde, em parceria com a
Universidade de São Paulo e Universidade de Nova York, demonstra
que a cada 10% de aumento de cobertura o índice de mortalidade
infantil cai em 4,6%.
 Aumento da satisfação dos usuários quanto ao atendimento recebido
resultado das mudanças das práticas das equipes de saúde.
 
A Saúde da Família constitui uma estratégia para a organização e
fortalecimento da Atenção Básica como o primeiro nível de atenção à saúde no
SUS.
 
Procura o fortalecimento da atenção por meio da ampliação do acesso, a
qualificação e reorientação das práticas de saúde embasadas na Promoção da
Saúde.

Responsabilidades da equipe do Programa Saúde da Família

 Conhecer a realidade das famílias pelas quais são responsáveis e


identificar os problemas de saúde mais comuns e situações de risco aos
quais a população está exposta;
 Executar, de acordo com a qualificação de cada profissional, os
procedimentos de vigilância à saúde e de vigilância epidemiológica, nos
diversos ciclos da vida;
 Garantir a continuidade do tratamento, pela adequada referência do caso;
 Prestar assistência integral, respondendo de forma contínua e racionalizada
à demanda, buscando contactos com indivíduos sadios ou doentes, visando
promover a saúde por meio da educação sanitária;
 Promover ações intersetoriais e parcerias com organizações formais e
informais existentes na comunidade para o enfrentamento conjunto dos
problemas;
 Discutir, de forma permanente, junto à equipe e à comunidade, o conceito
de cidadania, enfatizando os direitos de saúde e as bases legais que os
legitimam;
 Incentivar a formação e/ou participação ativa nos conselhos locais de saúde
e no Conselho Municipal de Saúde.
 
“A noção de consulta é superada por outra ação de maior amplitude, que passa
a ser concebida como cuidado, uma nova atitude frente aos processos de
saúde-doença da comunidade”
 
Composição Básica da equipe:
 
• Médico
• Enfermeiro
• Auxiliares de enfermagem
• Agentes comunitários de saúde
• Cirurgião-Dentista
• Auxiliar de Saúde Bucal e/ou
• Técnico de Saúde Bucal
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8.2.4. - NASF - Núcleo de Apoio à Saúde da Família

O NASF é uma estratégia inovadora que tem por objetivo apoiar, ampliar,
aperfeiçoar a atenção e a gestão da saúde na Atenção Básica/Saúde da
Família. Seus requisitos são, além do conhecimento técnico, a
responsabilidade por determinado número de Equipes de Saúde da Família e o
desenvolvimento de habilidades relacionadas ao paradigma da Saúde da
Família. 

Deve estar comprometido, também, com a promoção de mudanças na atitude e


na atuação dos profissionais da Saúde da Família e entre sua própria equipe –
NASF-, incluindo na atuação ações intersetoriais e interdisciplinares,
promoção, prevenção, reabilitação.

As áreas estratégicas para a realização das atividades do NASF são as


seguintes: atividades físicas/práticas corporais; práticas integrativas e
complementares; reabilitação; alimentação e nutrição; saúde mental; serviço
social; saúde da criança/do adolescentes e do jovem; saúde da mulher e
assistência farmacêutica.

Almeida (2009) também refere como ações a serem desenvolvidas pelo NASF:
proporcionar educação permanente em nutrição; contribuir para a ampliação e
valorização da utilização dos espaços públicos de convivência; implementar
ações em homeopatia e acupuntura para a melhoria da qualidade de vida;
promover ações multiprofissionais de reabilitação para reduzir a incapacidade e
deficiências, permitindo a inclusão social; atender usuários e familiares em
situação de risco psicossocial ou doença mental; criar estratégias para abordar
problemas vinculados à violência e ao abuso de álcool; e apoiar as Equipes de
Saúde da Família na abordagem e na atenção aos agravos severos ou
persistentes na saúde de crianças e mulheres, entre outras ações.

PORTARIA Nº 154, DE 24 DE JANEIRO DE 2008.


Cria os Núcleos de Apoio à Saúde da Família – NASF.
Orientações para a implantação dos núcleos.
 
Médicos (ginecologistas, pediatras e psiquiatras)
Profissionais de Educação Física
Nutricionistas
Acupunturistas
Homeopatas
Farmacêuticos
Assistentes sociais
Fisioterapeutas
Fonoaudiólogos
Pscólogos
Terapeutas ocupacionais

Estes profissionais atuam em parceria com as equipes do Saúde da Família.


29
  
RESPONSABILIDADES DAS ESFERAS GESTORAS EM ATENÇÃO BÁSICA

Federal
 Elaborar as diretrizes da política nacional de atenção básica
 Co-financiar o sistema de atenção básica
 Ordenar a formação de recursos humanos
 Propor mecanismos para a programação, controle, regulação e avaliação
da atenção básica
 Manter as bases de dados nacionais
 
Estadual
 Acompanhar a implantação e execução das ações de atenção básica em
seu território
 Regular as relações inter-municipais
 Coordenar a execução das políticas de qualificação de recursos humanos
em seu território
 Co-financiar as ações de atenção básica
 Auxiliar na execução das estratégias de avaliação da atenção básica em
seu território.
 
Municipal
 Definir e implantar o modelo de atenção básica em seu território
 Contratualizar o trabalho em atenção básica
 Manter a rede de unidades básicas de saúde em funcionamento (gestão e
gerência)
 Co-financiar as ações de atenção básica
 Alimentar os sistemas de informação
 Avaliar o desempenho das equipes de atenção básica sob sua supervisão.

MODULO VIII

9. PROGRAMAS DE SAÚDE NO BRASIL

Provab - Programa de Valorização dos Profissionais da Atenção Básica

O programa leva mais médicos para mais perto da população. Amplia a


assistência principalmente aos usuários do SUS que ainda têm dificuldades
para acessar serviços e profissionais de saúde. Com isso, as desigualdades
regionais relacionadas à presença e permanência de profissionais de saúde
são reduzidas.

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Academia da Saúde

Lançado em abril de 2011, o Programa Academia da Saúde estimula a criação


de espaços públicos adequados para a prática de atividade física e de lazer. O
objetivo é contribuir para a promoção da saúde da população.
Saúde da Família

O objetivo do Saúde da Família é atuar na manutenção da saúde e na


prevenção de doenças, alterando, assim, o modelo de saúde centrado em
hospitais. Criado em 1993, o programa já atende 103 milhões de pessoas.
Mais Médicos

O Programa Mais Médicos faz parte de um amplo pacto de melhorias no


atendimento aos usuários do SUS. Com a convocação de profissionais para
atuar na Atenção Básica de municípios com maior vulnerabilidade social e
DSEIs, o Governo Federal garante mais saúde para o brasileiro.
Melhor em Casa

Lançado em 8 de novembro de 2011, o programa amplia o atendimento


domiciliar aos brasileiros no Sistema Único de Saúde (SUS). O princípio é
oferecer, aos pacientes da rede pública de saúde, um serviço humanizado e
acolhedor.
Farmácia Popular

Programa criado pelo ministério para ampliar o acesso da população a


medicamentos essenciais, vendidos a preços mais baixos que os praticados no
mercado. São medicamentos contra diabetes e hipertensão, entre outros.
Cartão Nacional de Saúde

O Cartão Nacional de Saúde é um instrumento que possibilita a vinculação dos


procedimentos executados no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) ao
usuário, ao profissional que os realizou e também à unidade de saúde onde
foram realizados.
Pronto Atendimento

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As UPA 24h são estruturas de complexidade intermediária, entre as Unidades
Básicas de Saúde e as portas de urgência hospitalares, e, em conjunto com
estas, compõem uma rede organizada de Atenção às Urgências.
HumanizaSUS

A Política Nacional de Humanização aposta em estratégias construídas por


gestores, trabalhadores e usuários do SUS para qualificar a atenção e gestão
em saúde.
PNAN

A Política Nacional de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde tem o


propósito de garantir a qualidade dos alimentos disponíveis para consumo no
país, bem como de promover práticas alimentares saudáveis e prevenir e
controlar distúrbios nutricionais.
Doação de Órgãos

Conscientizar a população sobre a importância da doação de órgãos é uma


das ações do Ministério da Saúde. Participe desta mobilização e ajude pessoas
que aguardam uma nobre atitude de doação para sobreviver.
SAMU

Prestar socorro à população em casos de urgência é a finalidade do Serviço de


Atendimento Móvel de Urgência e Emergência, do Ministério da Saúde. O
socorro é feito após chamada para o telefone 192. A ligação é gratuita.
Controle do Câncer

Os sites do Controle do Câncer de Mama (www.inca.gov.br/mama) e do


Controle do Câncer do Colo do Útero (www.inca.gov.br/utero) oferecem aos
interessados no tema, especialmente gestores e profissionais de saúde,
subsídios para compreender, planejar e avaliar as ações de controle desses
cânceres, no contexto da atenção integral à saúde da mulher.
QualiSUS-Rede

O Projeto QualiSUS-Rede foi instituído como estratégia de apoio à organização


de redes de atenção à saúde. O objetivo é contribuir, no âmbito do SUS, para a
qualificação da atenção, gestão em saúde e gestão e desenvolvimento de
tecnologias, por meio da organização de redes regionais e temáticas de
atenção à saúde e da qualificação do cuidado em saúde.
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Controle do Tabagismo

O Instituto Nacional de Câncer (Inca) é o órgão do Ministério da Saúde


responsável por coordenar e executar o Programa de Controle do Tabagismo
no Brasil. O objetivo é prevenir doenças e reduzir a incidência do câncer e de
outras doenças relacionadas ao tabaco, por meio de ações que estimulem a
adoção de comportamentos e estilos de vida saudáveis.
Bancos de Leite Humano

A Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano, criada em 1998, pelo Ministério


da Saúde e pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), tem o objetivo de
promover a expansão quantitativa e qualitativa dos bancos de Leite Humano no
Brasil, mediante integração e construção de parcerias entre órgãos federais,
iniciativa privada e sociedade.

MODULO IX

10.  O Sistema de Saúde Suplementar no Brasil

No artigo 197 da Constituição Federal de 1988, são consideradas de


“relevância pública as ações e serviços de saúde, (...) devendo sua execução
ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou
jurídica de direito privado”. Esse mesmo artigo define que compete ao Poder
Público a “regulamentação, fiscalização e controle” da execução dos serviços
de saúde prestados, a despeito da natureza jurídica do prestador. O Artigo 199
reforça a ideia de que “a assistência à saúde é livre à iniciativa privada”,
ficando definida a forma como essa participação deverá ocorrer – “as
instituições privadas poderão participar de forma complementar do Sistema
Único de Saúde”.
 
A análise do texto constitucional permite entender algumas importantes
características observadas no Sistema Único de Saúde, na saúde suplementar
e nas suas redes de serviços:
» a rede de serviços de saúde do SUS resulta da incorporação das redes
estaduais e municipais à rede do extinto Inamps, com uma distribuição
geográfica de origem, definida pelo poder político de estados e municípios. O
texto constitucional, ao facultar a execução dos serviços de saúde em unidades
públicas ou privadas, possibilitou a manutenção dos contratos e convênios com
a rede privada do extinto Inamps, tal qual o período anterior à promulgação da
Constituição, ou mesmo a sua ampliação;

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» a manutenção do financiamento da rede privada conveniada, assim como o
faz com as unidades próprias, por meio da remuneração dos serviços
prestados à população;
» o conceito de participação complementar do setor privado ao SUS surgiu
relacionado à oferta de serviços de saúde;
» a liberdade da iniciativa privada de prestar assistência à saúde estabeleceu,
de forma direta, a interface entre essa rede privada e o SUS.
 
Tais análises demonstram a possibilidade da existência de hospitais e clínicas
privadas que, a despeito de serem conveniados com o SUS, prestam serviços
às operadoras de planos e seguros de saúde. Da mesma forma, observa-se a
existência de estabelecimentos públicos, especialmente hospitais de grande
porte, que prestam serviços às operadoras de planos e seguros de saúde.
Esses estabelecimentos, portanto, fazem parte tanto da rede SUS quanto da
rede de serviços que constitui a saúde suplementar, sugerindo uma duplicidade
de prestação de serviços de saúde.

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