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1- Qual o principal objetivo da declaração alma-ata?

A Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde concita à


ação internacional e nacional urgente e eficaz, para que os cuidados primários
de saúde sejam desenvolvidos e aplicados em todo o mundo e,
particularmente, nos países em desenvolvimento, num espírito de cooperação
técnica e em consonância com a nova ordem econômica internacional. Exorta
os governos, a OMS e o UNICEF, assim como outras organizações
internacionais, entidades multilaterais e bilaterais, organizações
governamentais, agências financeiras, todos os que trabalham no campo da
saúde e toda a comunidade mundial a apoiar um compromisso nacional e
internacional para com os cuidados primários de saúde e a canalizar maior
volume de apoio técnico e financeiro para esse fim, particularmente nos países
em desenvolvimento. A Conferência concita todos a colaborar para que os
cuidados primários de saúde sejam introduzidos, desenvolvidos e mantidos, de
acordo com a letra e espírito desta Declaração.

O principal objetivo da declaração alma-ata foi estabelecer a atenção primária


como estratégia a ser ofertada a toda a população, trazendo a ideia de ideia de
universalidade, propõe isso no contexto de um sistema de saúde. A noção de
sistema de saúde é articulada nesse encontro. Alma Ata defende um modelo
de integralidade, que abrange o conjunto das necessidades de saúde da
população. O documento fala em articulações intersetoriais, fortalecendo as
ideias de nutrição e alimentação, como também de participação comunitária
popular e de esforços de educação. Com a declaração Alma-Ata, objetiva-se,
portanto, empregar destaque e relevância a proposta de atenção primária, pois
explicita um modelo altamente abrangente, uma ideia de saúde para todos.

2- Segundo a OMS, qual a definição de saúde?

A OMS define que "saúde é o completo bem-estar físico, mental e social e não
a simples ausência de doença". No qual,
 o bem-estar físico: relaciona-se à ideia de que não há a saúde de
apenas um órgão ou sistema do corpo, mas sim de um todo, de modo
integral;
 o bem-estar mental: relacionado a um estado de equilíbrio,
entendimento e tolerância consigo mesmo e com os outros. Relaciona-
se a saber lidar e conduzir as diferentes emoções e
 o bem-estar social: refere-se aos ajustes das exigências do meio,
principalmente das condições socioeconômicas, local de moradia,
distribuição de renda e oportunidades oferecidas a cada pessoa.

3- Qual a definição de doença?


A doença não pode ser compreendida apenas por meio das medições
fisiopatológicas, pois quem estabelece o estado da doença é o sofrimento, a dor, o
prazer, enfim os valores e sentimentos expressos pelo corpo subjetivo que
adoece.

Complementando para fins de estudo.


A doença, nesse caso, pode ser considerada uma condição que provoca
distúrbios das funções físicas e mentais e que pode ser causada por fatores
exógenos, externos ao organismo, ou endógenos, internos ao próprio organismo.

“Para Evans & Stoddart (1990) a doença não é mais que um constructo que
guarda relação com o sofrimento, com o mal, mas não lhe corresponde
integralmente. Quadros clínicos semelhantes, ou seja, com os mesmos
parâmetros biológicos, prognóstico e implicações para o tratamento, podem afetar
pessoas diferentes de forma distinta, resultando em diferentes manifestações de
sintomas e desconforto, com comprometimento diferenciado de suas habilidades
de atuar em sociedade. O conhecimento clínico pretende balizar a aplicação
apropriada do conhecimento e da tecnologia, o que implica que seja formulado
nesses termos. No entanto, do ponto de vista do bem-estar individual e do
desempenho social, a percepção individual sobre a saúde é que conta (EVANS;
STODDART, 1990).” (OLIVEIRA; EGRY, 2000).

4- Explique sobre processo de saúde-doença.

Em síntese, pode-se dizer que ele representa o conjunto de relações e


variáveis que produzem e condicionam o estado de saúde e doença de uma
população, que varia nos diversos momentos históricos e do desenvolvimento
científico da humanidade.

Isso quer dizer que o processo de saúde-doença se configura como um


processo dinâmico, complexo e multidimensional por englobar dimensões
biológicas, psicológicas, socioculturais, econômicas, ambientais, políticas,
enfim, pode-se identificar uma complexa interrelação quando se trata de saúde
e doença de uma pessoa, de um grupo social ou de sociedades.

De acordo com esta visão, saúde e doença podem ser caracterizados como
componentes integrados de modo dinâmico nas condições concretas de vida
das pessoas e dos diversos grupos sociais.

Historicamente tanto o conceito de saúde vem sofrendo mudanças,por ter sido


definido como “estado de ausência de doenças”; foi redefinido em 1948, pela
Organização Mundial da Saúde (OMS), como “estado de completo bem-estar
físico, mental e social”, passando de uma visão mecânica da saúde para uma
visão abrangente e não estática do processo saúde-doença.
5- Diferencie teoria unicasual de teoria multicasual de doença.

Na teoria unicasual, considera como fator de surgimento de doenças, um único


agente etiológico (virus, bacteria, protozoários), estuda os fatores biológicos,
economicos, sociais e culturais do indivíduo, e com eles, pretende obter
possíveis motivação para o surgimento de alguma enfermidade.

A Teoria multicasual a causa da doença não é única mas no seu aparecimento


coexistem várias causas devidas a vários fatores causais. O controle destes
fatores é que favorece a não propagação da doença e constitui a base da
assistência. Estes fatores agem como somatória de causas, sem que sejam
atribuídos pesos a cada um deles e desta forma, a sociedade e a organização
social também constituem fatores causais, tanto quanto a constituição biológica
do homem, por exemplo. Uma variante deste modelo é a Teoria de Leavell e
Clark, também chamado Modelo da Tríade Ecológica, segundo o qual, as
causas se ordenam dentro de três conjuntos possíveis de fatores que intervêm
no aparecimento da doença, relacionados ao agente (causador da doença), ao
hospedeiro (homem) e ao meio ambiente (físico e social). O comportamento
anormal de um destes conjuntos de fatores pode ocasionar o desequilíbrio do
sistema e conseqüentemente o aparecimento da doença. Assim, a presença
de um ambiente desfavorável ocasiona transtornos no hospedeiro e ativação
do agente que até então pode ter permanecido inativo ou em estado de não
agressão, rompendo o equilíbrio. O perfil epidemiológico constitui o conjunto
das causas de doenças ou de mortes na população.

A teoria Unicausal, surge no final do século XIX com a premissa de cada doença
tem um agente específico para o agravo da doença. Os vírus e as bactérias
passaram a ser as únicas causas das doenças, substituindo as explicações
sobrenaturais A partir daí, foram estabelecidas estratégias de prevenção de
doenças, como quarentena e controle de animais. Porém, por ser uma teoria com
forte apelo biologicista e na prática médica, essa teoria não considerava os efeitos
sociais produzidos pelo sistema de exploração capitalista (condições
socioeconômicas e diferenças sanitárias por divisão social de classes) e
psicoemocionais. Ainda assim permitiu o sucesso na prevenção de diversas
doenças.

A teoria Muticausal foi ganhando o espaço na segunda metade do século XX,


pois, com a diminuição das doenças infecto-parasitárias e incremento das
doenças crônico-degenerativas, a teoria Unicausal já não explicava mais algumas
doenças como câncer, transtornos mentais e doenças cardiovasculares, por
exemplo. A teoria Multicausal defendia que as doenças eram causadas por
diversos fatores que se relacionavam passando também a considerar as
características individuais, comportamentais, fatores de risco, estilo de vida, entre
outras coisas, que influenciam no aparecimento das doenças.

6- Quais são as determinantes sociais da saúde?


Os Determinantes Sociais da Saúde (DSS) são os fatores sociais, econômicos,
culturais, étnicos/raciais, psicológicos e comportamentais que influenciam a
ocorrência de problemas de saúde e seus fatores de risco na população.

7- Qual o eixo norteador para o desenvolvimento das políticas públicas


no Brasil.

Necessidades da população

Preocupação inicial com a sanidade e higiene


Afastar o risco de disseminação de doenças
Relação direta com interesses econômicos
Saneamento dos Portos brasileiros

O eixo norteador para o desenvolvimento das políticas públicas de saúde foram as


epidemias que assolavam o país, principalmente varíola e febre amarela, e
ameaçavam o sistema econômico, uma vez que era considerado um risco
biológico comprar e receber produtos provenientes do Brasil.

Por outro lado, os imigrantes trouxeram consigo novos ideais políticos e sociais,
principalmente no que diz respeito à importância da união como forma de
assegurar benefícios fundamentais à vida, como o direito ao acesso à saúde, por
exemplo.

Assim, foram criados o Instituto Soroterápico Federal em 1900, a Diretoria Geral


de Saúde Pública em 1904 e mais tarde o Departamento Nacional de Saúde em
1920.

8- Qual a importância da Lei Eloy Chaves para o avanço da política


pública brasileira?

Data de 1923 a lei federal que fez dos ferroviários, no setor privado, os
precursores do direito a um pagamento mensal durante a velhice. Conhecida
como Lei Eloy Chaves, a norma é considerada a origem da Previdência Social. Foi
sobre esse alicerce que o sistema previdenciário cresceu até chegar ao modelo
atual, que paga aposentadorias, pensões e outros benefícios a 35 milhões de
brasileiros nos setores público e privado.

A Lei Eloy Chaves obrigou cada companhia ferroviária do país a criar uma caixa de
aposentadorias e pensões (CAP), departamento incumbido de recolher a contribuição do
patrão e a dos funcionários e pagar o benefício aos aposentados e pensionistas. No decorrer
de 1923, 27 empresas instituíram suas respectivas CAPs.

A Lei Eloy Chaves cria as Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAP). Em um


contexto de rápido processo de industrialização e acelerada urbanização, a lei
vem apenas conferir estatuto legal a iniciativas já existentes de organização dos
trabalhadores por fábricas, visando garantir pensão em caso de algum acidente ou
afastamento do trabalho por doença, e uma futura aposentadoria. Com as
"caixas", surgem as primeiras discussões sobre a necessidade de se atender a
demanda dos trabalhadores. Nascem nesse momento complexas relações entre
os setores público e privado que persistirão no futuro Sistema Único de Saúde.

Para a política pública brasileira, a Ley Eloi Chagas foi importante porque instituiu
a necessidade de se garantir a sobrevivência do trabalhador e seus dependentes
quando da perda ou redução de sua capacidade de trabalho, garantindo pensão
em caso de algum acidente ou afastamento do trabalho por doença e uma futura
aposentadoria. Através desta lei, considerada o “embrião” da Previdência Social
no país, era determinada a formação das Caixas de Aposentadoria e Pensão (ou
CAPs), que tinham um montante conjunto que garantisse, entre outras coisas, que
os trabalhadores tivessem acesso à saúde.

Inicialmente esta lei foi estabelecida para os ferroviários que, no setor privado,
eram a categoria trabalhadora mais vulnerável. Assim foram os precursores do
direito a um pagamento mensal durante a velhice.

9- O modelo assistencial privatista, era um modelo de saúde excludente,


por quê? Justifique sua resposta.

Sim, era um modelo excludende porque só dava direito à assistencia de saúde


apenas para os trabalhadores que tinham a carteira assinada e contribuiam
com parte do seu salário para tal benefício.

Ou seja, era uma prerrogativa dos trabalhadores que tinham carteira assinada e


não uma condição de cidadania.

A sua forma de organizar sua assistência a partir da demanda espontânea dos


usuários dos serviços de saúde, ou seja, reforçam a ideia de que somente
mediante o sofrimento ou presença de doença o sujeito deve buscar a atenção,
em ordem inversa, quem não sente a necessidade fica fora da cobertura das
ações preventivas. O modelo, portanto, somente organiza as ações de saúde para
uma dada oferta de atendimento, não se preocupando com a adstrição da
clientela, sem o compromisso em obter impactos sobre o nível de saúde da
população. Acrescido a isso, não existe preocupação com a organização e acesso
às ações e serviços de saúde, levando as instituições públicas a adotar o modelo
sanitarista como forma complementar para atender as demandas de cunho
coletivo, ou determinados agravos através de campanhas e acompanhamento de
moléstias infecto-contagiosas como a tuberculose entre outras.

O modelo Liberal Privatista, ou Médico Assistencial Privatista , teve início no Brasil


com o surgimento da Assistência Médica Previdenciária , na década de 20,
ligando-se à necessidade de assistência aos trabalhadores urbanos e industriais.
O importante já não era sanear os espaços, mas cuidar dos corpos dos
trabalhadores, mantendo sua capacidade produtiva. Expandiu-se a partir da
década de 40, dando início à compra de serviços privados. Esse formato serviu
como um embrião e um catalisador do modelo liberal privatista que se acentuou
após 1964 através da rede privada contratada, constituindo, na década de 90,
76% da oferta de leitos no país. Grande parte do financiamento para a expansão
do setor privado veio do setor público, em consonância com a política de
sustentação do capital, a partir do Estado. Esse modelo constituiu-se no modelo
neoliberal de organizar serviços, sendo hegemônico no país.

Neste modelo o Estado é financiador direto e indireto (renúncia fiscal), o setor


privado é prestador e o setor privado internacional é fornecedor de equipamentos
biomédicos. O Estado oferta políticas compensatórias, através de ações
simplificadas, para se legitimar.

10-Em que consiste o COAP e qual sua importância para a saúde do


Brasil?

O COAP - Contrato Organizativo da Ação Pública da Saúde - é um acordo de


colaboração firmado entre os entes federativos, no âmbito de uma Região de
Saúde, com o objetivo de organizar e integrar as ações e os serviços de saúde
na Região, para garantir a integralidade da assistência à saúde da população.

Sua importância reside no fato de ser um instrumento definidor de


responsabilidades pactuadas sobre a organização, execução de serviços,
financiamento e controle orçamentário e finalístico. Assim o COAP passa a ser um
elemento aglutinador das responsabilidades que traz segurança jurídica aos
contratados e sendo um grande contributo para a desjudicialização da saúde por
centrar-se fortemente no conceito de responsabilidade solidária no sentido
sistêmico e não em responsabilidades iguais entre entes desiguais, que
afugentam a verdadeira solidariedade sistêmica para dar ensejo a uma
individualização de compromissos incompatíveis entre as reais condições do ente
federativo e da essência sistêmica da saúde.

Neste sentido, o COAP é também importante instrumento de regionalização da


saúde com integração de serviços, governança regional, autoridade sanitária
regional e suas responsabilidades, planejamento e financiamento regional. Com
dimensões continentais e abrigando diferentes aspectos culturais, cada ente
federativo possui uma forma de enfrentar os desafios da saúde pública. Desta
forma a regionalização da saúde de forma sistêmica passa a ser uma busca, uma
vez que, não mais é possível continuar é o fracionamento do SUS, que nem
sempre se articula e nem sempre atua de maneira sistêmica.

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