Você está na página 1de 19

•  As interacções entre a Saúde e a Doença

A história natural da doença refere-se a uma descrição da progressão ininterrupta de


uma doença em um indivíduo desde o momento da exposição aos agentes causais até a
recuperação ou a morte.
De acordo com (FOUCAULT, 1963, P.47).
A história da saúde e da doença é, desde os tempos mais longínquos, uma de
construções de significações sobre a natureza, as funções e a estrutura do corpo e ainda
sobre as relações corpo-espírito e pessoa-ambiente.
Fundamentos sobre a interação de Saúde e a doença ; Duas concepções têm marcado o
percurso da medicina (Myers e Benson,1992). A concepção fisiológica, iniciada por
Hipócrates, explica as origens das doenças a partir de um desequilíbrio entre as forças da
natureza que estão dentro e fora da pessoa; centra-se no paciente, como um todo, e no
seu ambiente, evitando ligar a doença a perturbações de órgãos corporais particulares.
Cont.

•A concepção ontológica, por seu lado, defende que as doenças são "entidades" exteriores ao organismo, que o

invadem para se localizarem em várias das suas partes; e  tem estado frequentemente ligada a uma forma de

medicina que dirige os seus esforços na classificação dos processos de doença, na elaboração de um diagnóstico

exacto, procurando identificar os órgãos corporais que estão perturbados e que provocam os sintomas.

•Na medicina da Mesopotâmia e do Egipto Antigo eram conotadas com processos mágico-religiosos ou com

castigos resultantes de pecados cometidos pelos pacientes (Dubos,1980).

•A concepção ontológica tem estado frequentemente ligada a uma forma de medicina que dirige os seus esforços

na classificação dos processos de doença, na elaboração de um diagnóstico exacto, procurando identificar os

órgãos corporais que estão perturbados e que provocam os sintomas.



Primeira revolução da saúde;

• Na revolução industrial no século XVIII teve consequências para a saúde, grandes


epidemias decorrentes das mudanças sociais e das alterações do sistema de produção.
Grande quantidade de pessoas migravam e aglomeravam-se nas grandes cidades,
com fracas condições de salubridade e habitabilidade, facilitadoras da difusão de
micro-organismos causadores de grande morbilidade e mortalidade.

• A tuberculose foi uma das doenças mais conhecidas da época e a que mais vítimas
provocou, tendo-se verificado o mesmo padrão de mortalidade elevada para outras
doenças infecciosas, tais como: a pneumonia, o sarampo, a gripe, a escarlatina, a
difteria e a varíola (entre outras).
• A primeira revolução da saúde foi um dos ramos do modelo biomédico que conduziu
ao desenvolvimento das modernas medidas de saúde pública (Bolander,1998).

• As medidas foram essenciais para as mudanças dos padrões de saúde e doença do


mundo desenvolvido de então, e foram suficientes até meados do presente século.  
Cont.
• Com a primeira Revolução Pensava se que, os problemas de saúde estariam resolvidos,
no entanto nos; meados do século XX, surge nova epidemia: uma epidemia
comportamental (McIntyre,1994). Constatou-se que, nos países desenvolvidos, as doenças
que mais contribuíam para a mortalidade eram doenças com etiologia comportamental.

Foi quando surgiu a Segunda revolução da saúde: foi utilizado por Richmond, em 1979, no
seu relatório sobre a saúde dos americanos, e propõe-se qualificar as mudanças cuja
implementação é necessária para responder ás novas exigências de saúde.

• Foi afirmado que o desenvolvimento do modelo biomédico se centrara na doença, que a


primeira revolução da saúde se centrara na prevenção da doença, e que a segunda
revolução da saúde se centra na saúde.
• a) centrar-se na saúde ao invés de na doença;
• b) preconizar o retorno a uma perspectiva ecológica.
Cont

• A Organização Mundial da Saúde na declaração de Alma-Ata, em 1978. foram


divulgados e implementados documentos que diziam "Metas da Saúde para Todos",
com edição original de 1984 e tradução portuguesa do Ministério da Saúde, de 1986. e ,
salientam-se dois conceitos centrais, específicos e inovadores: "promoção da saúde" e
"estilo de vida".

• O processo saúde-doença é uma expressão usada para fazer referência a todas as


variáveis que envolvem a saúde e a doença de um indivíduo ou população e considera
que ambas estão interligadas e são consequência dos mesmos factores.
No cõ es Gera is da I ntera çã o entre a s aúde e a do ença

O ser humano é um ser em constante interação com o seu entorno. Isto é,


o comportamento humano não pode ser analisado de forma individual a não ser pela
interação com seu entorno, ou seja, é importante saber o seu local de nascimento, sua
família, posição social, cultura e relações sociais.

Esta interação mostra a relação de causa e efeito existente entre o ambiente e a


pessoa não de maneira determinante, pois a liberdade é sempre importante quando se
apresenta de modo influente, ou seja, é uma variante para compreender a história
pessoal de um ser humano e seu modo de sentir as coisas.

Além disso, interagir com os outros mostra também as habilidades sociais necessárias
para construir laços de amizade. É graças ao dar e receber que se estabelecem laços
de afecto com o próximo e que são muito importantes para criar vínculos verdadeiros.
Quando falta feedback em uma relação, ou melhor, falta interação, geralmente
acontece um distanciamento e esfriamento da relação.
Cont.
• Actualmente não só é possível interagir com os outros de forma presencial em
uma conversa cara a cara, como também existe a possibilidade da interação de
forma online através do computador e das redes sociais que mostram uma nova
realidade de comunicação humana.

• Na verdade, interação significa comunicação, ou seja, expressar algo concreto


seja através de uma palavra ou da linguagem corporal. Por exemplo, através de
um abraço é possível interagir com um amigo e assim expressar uma mensagem
de carinho e afecto.
• As pessoas não só interagem com os outros, mas também consigo mesmas através
do pensamento que cada ser humano estabelece um diálogo próprio. Através do
pensamento negativo pode boicotar seu potencial, em compensação, através do
pensamento positivo pode elevar sua capacidade de desenvolvimento.
Cont.
• O ser humano interage com o mundo através de sua própria marca pessoal. Dito de forma
metafórica, plantar no mundo a semente da bondade e da esperança é a melhor marca pessoal
para tirar alegria de onde há tristeza.

• As pessoas interagem com o meio ambiente porque todo ser humano é social por natureza, ou
seja, isso não pode ser entendido do ponto de vista isolado, mas o amor e a amizade reforçam
as relações positivas.

• Se a saúde resulta do equilíbrio dinâmico entre o organismo e o ambiente, com a iminência


das alterações climáticas, a crise ecológica irá repercutir-se inevitavelmente numa crise na
saúde: “O conceito ecológico de saúde pressupõe harmonia e compatibilidade entre o
organismo e o ambiente” (Hanari, 1999: 92).

• Segundo dados da Comissão Europeia, a interação entre ambiente e saúde é mais íntima do
que comummente se pensa, estima-se que 20% das doenças nos países industrializados se
devem a factores ambientais, como seja o produtos   químicos a que estamos expostos no ar,
na água e na comida. 
Qual a relação entre a saúde e a doença?
A noção de saúde/doença vigentes está essencialmente pautada no modelo biomédico,
que traz em seu interior, o entendimento de saúde, como ausência de doença, excluindo a
dinâmica social e subjetiva do sujeito, o que culmina em um reducionismo biológico.
"Essa redução exclui do escopo de considerações sobre o processo saúde/doença,
factores sociais ou individuais, ditos "subjetivos", com implicações para todas as
intervenções da saúde" (CAMARGO JR., 2007, P.69).

A saúde, resulta da relação entre um homem, historicamente localizado, com uma função
específica no sistema de produção, e a sua inserção num meio natural e social, que molda
sua atitude face aos sinais de alterações que lhe são dados perceber.

A natureza social da doença não se verificaria no caso clínico, mas na especificidade do


processo de adoecer e morrer dos diferentes grupos humanos, ou seja, na análise das
condições coletivas de vida
Cont.

• A promoção de saúde passa pela capacitação dos indivíduos para o controlo e melhoria da sua saúde. 

• Para alcançar um estado de completo desenvolvimento físico, mental e bem-estar social, um indivíduo
ou grupo deve ser capaz de identificar e realizar aspirações, satisfazer necessidades e interagir com o
ambiente.

• A promoção da saúde não é apenas responsabilidade do Sector de Saúde, mas antes pressupõe estilos de


vida saudáveis que contribuam para o bem-estar de forma generalizada(Organização Mundial de
Saúde, 1986). O ser humano é social por natureza, ou seja, as pessoas desfrutam de programas em
grupo.

• As reuniões sociais enriquecem a agenda pessoal do ser humano através de eventos de vários tipos:
eventos formais de contexto profissional (congressos de universidade, oficinas de leitura, cursos),
eventos sociais de caráter pessoal que mostram algum tipo de celebração (casamentos, batizados,
comunhões, comemorações de natal, festas de aniversário), eventos sociais de caráter mais descontraído
do dia a dia
• (ir ao cinema com os amigos, organizar um jantar especial numa sexta à noite), entre outros.
Cont.
• O envelhecimento da população mundial tem levado a maior prevalência das condições
crônicas de saúde e, consequentemente, ao crescimento no consumo de medicamentos.

• Essa multiplicidade de doenças e de medicamentos utilizados pelos idosos aumenta a


dificuldade em compreender ou administrar prescrições(2-3). Por isso, os índices de
morbimortalidade relacionada aos medicamentos têm crescido, com impacto direto nos
sistemas de saúde de todo o mundo.

• O uso de medicamentos impõe uma maior interação dos idosos com os familiares e
profissionais de saúde.

• Entretanto, ainda é fato a existência de difícil interação entre pacientes e profissionais de


saúde, gerando consequências diretas nos
seus cuidados, especialmente no uso dos medicamento
Cont.

• Ferla, Oliveira e Lemos (2011), consideram que, com essa mudança


na forma de olhar o doente e seu corpo, a possibilidade de cuidar
levando em consideração a totalidade do sujeito se desfaz, além disso;

• A integralidade do corpo se desfez, transformada pelo olhar clínico


que desvela, particulariza e nomeia uma infinidade de tecidos, órgãos
e mecanismos de interelação entre eles, inaugurando uma paradoxal
"superfície interna" do organismo, perceptível por códigos e signos
específicos.
Diferença entre a Saúde e a Doença
• Saúde e Doença descrita por Canguilhem (1943[2006]), entende-se que, estar saudável
seria poder desobedecer, produzir ou acompanhar uma transformação, adoecer e poder
sair do estado patológico, mas, isso implica estar directamente com a forma pela qual o
indivíduo interage com a vida.

• Essa interação se dá desde a infância, e para uma compreensão mais ampliada do


indivíduo, às questões culturais e socioeconômicas devem ser levadas em consideração,
pois a influência desses contextos implicará diretamente na compreensão do processo de
adoecimento que o indivíduo venha a sofrer, já que o limiar entre saúde e doença é algo
singular;

• O autor Canguilhem (1943[2006]) defende a ideia de que:


Deve-se recorrer aos "modos de vida", como critério para a normatividade. Para Isso deve-se
ultrapassar as concepção do corpo anátomo-fisiológico como objceto ingênuo da prática
médica, principiando a identificar nesse corpo outras ordens de determinações. (ingênuo,
aquele que é inocente, sincero, simples. adjetivo Inocente; que não demonstra malícia; que
age com inocência)
Cont.
• Ser doente é, realmente, para o homem, viver uma vida diferente, mesmo no
sentido biológico da palavra. A doença é uma forma diferente de vida.
• É de um modo bastante artificial, parece que dispersamos a doença em sintomas ou
a abstraímos de suas complicações.
• A saúde tem como factores determinantes e condicionantes, entre outros, a
alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a
renda, a educação, o transporte, o lazer, o acesso a bens e serviços essenciais; os
níveis de saúde da população expressam a organização social e econômica do país.
(BRASIL, 2004, ART. 3)
• A concepção ampliada de saúde e a compreensão de que, acções realizadas por
outros setores têm efeito sobre a saúde individual e coletiva deram origem a outras
perspectivas de promoção e cuidado à saúde
Cont.
• O Sistema Único de Saúde verifica que: as acções voltadas para o diagnóstico e tratamento
das doenças são apenas duas das suas actividades. Inclusão social, promoção de equidade
ou de visibilidade e cidadania também são consideradas ações de saúde.

• O entendimento da saúde, como um dispositivo social relativamente autônomo em relação à


idéia de doença, e as repercussões que este novo entendimento traz para a vida social e
para as práticas cotidianas em geral, assim como para os serviços de saúde em particular,
abre novas possibilidades na concepção do processo saúde e doença.

• Os determinantes Sociais da Saúde (DSS) são fatores sociais, econômicos, culturais,


étnicos, psicológicos e comportamentais que influenciam a ocorrência de problemas
de saúde e seus fatores de risco na população” (PELLEGRINI, 2012, p.04/10/2013)
Cont.
• Determinantes sociais da saúde são as condições econômicas e sociais que afectam a
saúde. Virtualmente todas as doenças mais comuns são primariamente determinados por
uma série de factores socioeconômicos que aumentam ou diminuem o risco de contrair tal
doença, em particular, doença cardiovascular e diabetes tipo .

• Os factores que podem afectar a saúde do individuo .Meio físico e social inclui todos
os fatores que afectam a vida dos indivíduos, positiva ou negativamente, muitos dos quais
não estão sob seu controle imediato ou direto. A saúde dos indivíduos e da colectividade
também depende do acesso a serviços de saúde de qualidade.

• Os fatores associados ao aumento do risco de se desenvolver uma doença são


denominados factores de risco. Um mesmo factor pode ser de risco para várias doenças, por
exemplo, o tabagismo, é um factor de risco para diversos tipos de câncer assim como para
doenças cardiovasculares e respiratórias.21/10/2015
Considerações Gerais
• Para que seja possível envelhecer com saúde tornam-se necessárias acções de promoção da
saúde e de prevenção da doença ao longo de todo o ciclo de vida dos indivíduos, que abordem
questões como a má-nutrição, o exercício físico, o consumo de álcool, drogas e tabaco, os riscos
ambientais, os acidentes rodoviários e domésticos.

•  A melhoria da saúde das crianças, dos adultos em idade activa e dos idosos contribuirá para o
desenvolvimento de uma população saudável e produtiva, e apoiará o envelhecimento com
saúde, agora e no futuro.

• Do mesmo modo, ao tomar medidas de promoção de estilos de vida saudáveis, de redução de


comportamentos nocivos e de prevenção e tratamento de doenças específicas, incluindo as
doenças genéticas, contribuir-se-á para favorecer o envelhecimento saudável. Importa promover
activamente a medicina geriátrica, dando particular atenção à prestação de cuidados
individualizados.

• Os cuidados paliativos e uma melhor compreensão das doenças neuro-degenerativas, como a


Cont .
• A questão “Poderá o mundo ser saudável?” não encontra resposta simples. Se
concertássemos todos os recursos e esforços para superar a pobreza, seríamos
ainda assolados por doenças infecciosas e não transmissíveis, embora a níveis
mais diminutos.

• Não devemos deixar de ter como objectivo a saúde para todos, mas é certo que
tal exigirá um compromisso e investimento no conhecimento científico para a
criação de um novo conceito de “saúde ideal”.
• 
• Se nos esforçarmos por integrar a saúde em todos os sectores da sociedade e em
gerar o mesmo nível de entusiasmo que se sente com o crescimento económico,
poderemos enfim desenvolver um novo conceito de saúde (Ratzan et al., 2000:
44).
• Obrigada

Você também pode gostar