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Unidade 1 - Contextualizando as
políticas públicas em saúde no Brasil
GINEAD
Santos, Rosana Oliveira; Rezende, Hugo
SST Unidade 1 - Contextualizando as políticas públicas em
saúde no Brasil / Rosana Oliveira dos Santos
Hugo Rezende;
Ano: 2020
nº de p.: 17
Objetivo específico
• Propiciar um entendimento global sobre as políticas públicas na área de saú-
de e os principais desafios desse tema no Brasil.
Apresentando a Unidade
Bem-vindo, aluno(a)! Nesta unidade, abordaremos um tema importante para todos,
que é a saúde pública no Brasil. Vamos estudar sobre a história da saúde e a sua
evolução, juntamente com os conceitos de saúde e doença.
História da saúde
A história da saúde caminha junto com a história da medicina. Os primeiros
registros foram do médico grego Galeno, que documentou o conhecimento médico
da sua época. Para ele, a saúde era um equilíbrio entre as partes primárias do
corpo. Esse estudo do equilíbrio constituiu um tratado de anatomia considerado
um dos maiores da Grécia antiga, o qual foi utilizado por muito tempo na medicina
ocidental.
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Já na Idade Média, surgiu a teoria miasmática, que considerava como causa das
doenças fatores externos, como gases ou resíduos nocivos, que tinham sua origem
na atmosfera ou a partir do solo. Assim, segundo a teoria, essas substâncias eram
levadas pelo vento e chegavam até um indivíduo provocando a doença.
O cenário mudou no fim do século XVIII e início do século XX, quando a medicina
criou condições adequadas de salubridade para a sociedade, abrindo espaços
para a prática da medicina tradicional. Já no século XIX aparecem a bacteriologia
e a teoria de que para cada doença existe um agente que poderia ser combatido
com agentes químicos ou vacinas. A história da saúde e a medicina foram
influenciadas pelo empirismo, porém no século XIX a biologia científica se fortalece,
sem influência direta da filosofia, passando de ciência empírica para ciência
experimental.
Curiosidade
Bacteriologia é um ramo da ciência que pertence à biologia,
responsável por todos os estudos e pesquisas relacionados às
bactérias e suas propriedades.
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Figura 1.1: A medicina definiu o conceito de saúde de diversas formas ao longo da história
A saúde pode ser a capacidade que cada indivíduo tem de consumir e conduzir a
própria vida, é uma experiência de vida, vivenciada no próprio corpo e/ou mente.
De forma geral, a saúde se estabelece de maneira “silenciosa”, e nós conseguimos
identificá-la apenas quando adoecemos.
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Constata-se, então, que o processo de saúde-doença ocorre de maneira desigual
entre os indivíduos, independentemente da sua condição, sendo uma questão
ampla e totalmente subjetiva.
Atenção
O termo “biopsicossocial” é muito utilizado para definições no
contexto psicológico, quando referimos que devemos ter um
olhar amplo sobre o indivíduo, observar as diferentes áreas como
psicológicas, biológicas ou físicas, sociais, ambientais, familiares
e culturais.
Entendemos, então, que a saúde é identificada como uma questão integral, com
muitas pluralidades, marcando o sujeito como indivisível e completo. Não se está
agindo apenas sobre o indivíduo, mas sobre a relação, as ações que ele estabelece
consigo e com os outros. Não existe apenas uma definição para o conceito de
saúde, mas formas que o conceito vai assumindo de acordo com os campos que
ultrapassa.
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Figura 1.2: A saúde é um conceito com múltiplas interpretações
No enfoque psicológico, a saúde não age sobre o indivíduo, mas sim sobre suas
ações. Ao definir a saúde como uma questão integral, o intuito é agir sobre as
relações e ações que cada ser humano estabelece com ele e o seu meio social. O
foco da psicologia é afirmar que não existe uma definição rígida para o conceito
de saúde, mas formas diferentes que o conceito pode assumir nos diferentes
campos da vida. A compreensão é de que o sujeito não é apenas um ser biológico,
mas também psicológico, então os estudos desse campo estão voltados
para compreender os fenômenos psicológicos do ser humano que levaram ao
adoecimento.
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Para o enfoque psicológico ser trabalhado, é importante visualizar a grande
demanda dos possíveis temas que envolvem os indivíduos em todas as esferas
(sociais, físicas, comportamentais) e, assim, consolidar os marcos teóricos da
psicologia da saúde. É importante permitir que todo esse entendimento supere
a necessidade de focar nas direções intraindividuais, e assumir uma perspectiva
mais globalizante e dinâmica para compreender o processo saúde-doença como
histórico e multideterminado.
Podemos considerar também que não é apenas a ausência de doenças que leva
o indivíduo à total condição de bem-estar, mas também a capacidade de realizar
atividades cotidianas, a qualidade das relações, a autoavaliação, englobando
aspectos mentais, físicos e sociais que também contribuem muito para essa
sensação.
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saúde pública. Nesse contexto, foram realizados alguns trabalhos científicos que
revelaram a relação entre saúde e condições de vida.
Figura 1.3: Apenas no século XIX iniciaram-se esforços maiores para a saúde pública
No início do século XX, surgiu a proteção sanitária como política de governo. Foram
criadas três formas clássicas de prevenção: primária, secundária e terciária. A
forma primária trabalha com a eliminação das causas e condições de aparecimento
das doenças, agindo no ambiente. A secundária, ou prevenção específica,
busca impedir o aparecimento de determinada doença, por meio da vacinação,
campanhas, e controles de saúde. Já a forma terciária visa limitar a prevalência de
incapacidades crônicas ou recidivas.
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Saiba mais
Para saber mais sobre esse assunto, assista ao vídeo da Fundação
Oswaldo Cruz: “A história da saúde pública no Brasil – 500 anos
na busca de soluções”. Disponível em: <https://portal.fiocruz.br/
pt-br/content/video-historia-da-saude-publica-no-brasil-500-
anos-na-busca-de-solucoes>.
A política sanitária também obteve o seu espaço. O médico Emílio Marcondes Ribas
foi o condutor dessa visão, e o estado de São Paulo tornou-se um polo científico e
sanitário.
O ano de 1926 foi um marco na saúde pública brasileira, com os movimentos mais
intensificados pela população e também a publicação, pelo Instituto Oswaldo Cruz,
dos cadernos de viagem dos médicos Artur Neiva e Belisário Pena, que realizaram
um trabalho no interior dos estados do Nordeste e de Goiás. Essa viagem denunciou
as precárias condições de vida no interior do país, e o movimento sanitarista
passou a ser também o “saneamento dos sertões”. Essa missão impulsionou o
poder central dos estados da região Nordeste frente às políticas públicas de saúde.
Na década de 1930, um novo sistema voltado aos trabalhadores foi criado. Esse
sistema era o Instituto de Aposentadoria (IAPS), que tinha o objetivo de integrar as
categorias dos trabalhadores. Esse período foi marcado pela desigualdade, porque
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alguns movimentos trabalhistas exerciam mais força e poder sobre outros, e essa
pressão resultava em piores ou melhores serviços.
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Figura 1.4: Princípios fundamentais do SUS
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Esses impasses demonstram que os recursos destinados não acompanham o
crescimento da população, deixando de suprir as demandas dos cidadãos.
A condição de saúde para toda a população requer uma política que represente
a sociedade como um todo, sem responder somente a grupos específicos. Os
fundamentos da política nacional são:
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Políticas públicas e a política
O termo política possui vários significados, entre eles “arte ou ciência da
organização e administração de nações ou estados”. A definição de política pública
também é ampla, mas podemos conceituá-la como um campo específico da política
que avalia as ações governamentais sobre grandes questões públicas.
A política pública pode ser vista como a soma das atividades dos governos que
causam impacto diretamente na população devido a escolhas de cada governo.
Resumindo, a política pública tem como objetivo colocar as ações do governo em
prática e avaliar/analisar essas ações, propondo mudanças com foco prioritário no
bem-estar na população.
Vamos destacar as partes mais importantes dessas leis para maior entendimento
sobre a essência do Sistema Único de Saúde.
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• Artigo 198: as ações e serviços públicos de saúde integram uma rede re-
gionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de
acordo com as seguintes diretrizes: Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990.
• Art. 2º A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado
prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício.
• Art. 4º O conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por órgãos e ins-
tituições públicas federais, estaduais e municipais, da Administração direta
e indireta e das fundações mantidas pelo Poder Público, constitui o Sistema
Único de Saúde (SUS).
• Artigo 1°: O Sistema Único de Saúde (SUS), de que trata a Lei n° 8.080, de 19
de setembro de 1990, contará, em cada esfera de governo, sem prejuízo das
funções do Poder Legislativo, com as seguintes instâncias colegiadas:
I – a Conferência de Saúde;
II – e o Conselho de Saúde.
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§ 2° O Conselho de Saúde, em caráter permanente e deliberativo, órgão colegiado
composto por representantes do governo, prestadores de serviço, profissionais de
saúde e usuários, atua na formulação de estratégias e no controle da execução da
política de saúde na instância correspondente, inclusive nos aspectos econômicos
e financeiros, cujas decisões serão homologadas pelo chefe do poder legalmente
constituído em cada esfera do governo.
§ 3° O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional
de Secretários Municipais de Saúde (Conasems) terão representação no conselho
Nacional de Saúde.
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Referências
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. 16. ed.
Organização de Alexandre de Moraes. São Paulo: Atlas, 2000.
SOLHA, R. K. T. Saúde coletiva para iniciantes. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2014.
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