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Promoção e prevenção à saúde mental nas instituições – Solange Bertozi

1ª AULA
Bem-vindas e Bem-vindos à disciplina Promoção e prevenção da saúde mental nas
instituições!

Nesta aula, vamos iniciar o conteúdo conceituando saúde e doença.


Desejo bons estudos, pesquisem, vejam os filmes indicados, leiam, anotem suas dúvidas
para os nossos encontros e se desejarem ou precisarem, entrem em contato via quadro de avisos
na nossa plataforma Unigran EaD.

Grande abraço,

Profa. Solange Bertozi

AFINAL, O QUE É SAÚDE, E O QUE É DOENÇA?


Para começar, o que é saúde? O que é doença, afinal? Em geral, quando se pensa em doença, é
comum enumerar dezenas de nomes de patologias conhecidas, para quem estuda na área da saúde,
pensar logo no CID (Código Internacional de Doenças). É importante, contudo, considerar as reflexões
contemporâneas, situar o campo da doença ou do adoecimento não apenas na dimensão do diagnóstico,
refletir sobre a vida de cada indivíduo, bem como, da relação estabelecida entre ele e a sociedade em
que vive.

Objetivos da Aprendizagem

Após o estudo deste tópico, o(a) aluno (a) poderá:


- Compreender conceitos de saúde e doença;
- Refletir sobre o conceito de saúde-doença na contemporaneidade;
- Refletir sobre saúde-doença e saúde mental.

Seções de Estudo

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Promoção e prevenção à saúde mental nas instituições – Solange Bertozi

Seção 1 – Conceitos de saúde e doença


Seção 2 – Saúde/doença e ambiente urbano
Seção 3 – Saúde mental.

Seção de estudo 1 – Conceitos de saúde e doença

A evolução histórica das concepções sobre saúde e doença deu origem a modelos
específicos de atenção à saúde, Morais (2005) apresenta três visões principais de saúde a partir
do século XX: o conceito médico; o conceito da Organização Mundial de Saúde (OMS) e o
conceito ecológico.
O paradigma da medicina tradicional traz o conceito de modelo biomédico, sob a
influência do modelo cartesiano, tal visão considera a cisão entre corpo e mente, e define como
saúde a ausência da doença (do diagnóstico de uma patologia). A doença é entendida, nesse
modelo, como mau funcionamento dos mecanismos biológicos, com apresentação de sinais e
sintomas (no corpo). A medicina, mediante esta visão, realiza intervenções químicas, no corpo,
sobressaindo o aspecto orgânico, mesmo havendo outros aspectos presentes no processo de
adoecimento (MORAIS, 2005).
Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), esse conceito biomédico foi ampliado,
em relação ao processo saúde/doença, pois trouxe a percepção de que as relações com as áreas
sociais e psíquicas interferem no mesmo. Sendo assim, o processo saúde/doença deixa de ter
caráter estritamente causal, a intervenção que busca a compreensão e a cura do fenômeno
adoecer deve também extrapolar o aspecto físico ou químico. A Organização Mundial de Saúde
(OMS) define saúde como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não
somente ausência de afecções e enfermidades” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2020). Surge daí
uma visão complexa, sistêmica de saúde, pode-se dizer holística de saúde, relacionando-a ao
ambiente do sujeito, seu bem estar e qualidade de vida. Entretanto, essa visão evidencia um
caráter subjetivo, e que por isso, recebe críticas (SEGRE; FERRAZ, 1997).
Para Rezende (1989), essa visão não considera a troca, muitas vezes conflituosa,
existente entre o ser humano e o seu meio ambiente, além da postura humana ativa e dialética
frente aos antagonismos sociais. Este conceito que se pretende integral sugeriria um estado de
perfeição completa, o que é inatingível, irreal ao ser humano, daí surgem os questionamentos.

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Pode-se considerar ainda a definição da OMS vaga e ampla, trazendo dificuldades para
ser objetivada e colocada em prática, e ainda, não se define com facilidade a ideia de bem-estar
(é subjetivo, pode mudar de uma cultura para outra). Segre e Ferraz (1997), neste ponto,
apontam que "perfeição" e "bem-estar", como expressões, não existem por si mesmas,
necessitam de uma descrição dentro de um contexto que lhes atribua sentido, dependem ainda
da linguagem e da experiência singular do indivíduo. Desse modo, bem-estar, felicidade ou
perfeição ocorrem para um sujeito que, dentro de suas crenças e valores, dá sentido a tal uso
como expressões positivas, desejadas.
A perspectiva ecológica, visão da psicologia ambiental, orienta que o processo
saúde/doença deve considerar a historicidade, multidimensionalidade e a processualidade, ou
seja, uma complexa inter-relação entre o sujeito e seu ambiente, história e processos de vida,
um movimento sempre em andamento, em processo. A historicidade é o que diz respeito à
influência do contexto sociocultural sobre a definição de práticas ditas saudáveis ou não. A
integralidade ou multidimensionalidade, por sua vez, refere-se à consideração da saúde e da
doença a partir de aspectos psicológicos, sociais e espirituais, além dos biológicos já destacados
pela visão médica tradicional (MORAIS et al, 2012).
Desse modo, a saúde deixa de ser vista como ausência de doença, ao mesmo tempo em
que a compreensão da doença também não fica restrita à alteração/desequilíbrio biológico. Por
fim, a processualidade diz respeito à consideração da saúde e da doença como partes de um
mesmo continuum e não como estado absoluto e estático, independentes um do outro
(MORAIS, 2005).
Pode-se trazer ainda o que a Terapia Cognitivo-comportamental traz sobre os esquemas
e crenças, como estes influenciam nas emoções e comportamentos (WRIGHT; BASCO;
THASE, 2008; YOUNG; KLOSKO; WEISHAAR, 2008). “Nesse sentido, na literatura há uma
tendência à realização de pesquisas sobre as visões das pessoas, dos mais variados contextos, a
respeito das noções de saúde e doença” (BORUCHOVITCH & MEDNICK, 2002 apud
MORAIS et al, 2012, p. 371).

Em 1977, George Engel, um psiquiatra americano, falecido em 1999, publica The


need for a new medical model: a challenge for biomedicine, como resultado de estudos
e pesquisas realizadas com pacientes. Neste artigo, destaca as insuficiências do
modelo biomédico e defende a necessidade de outra forma de compreensão
dos fenômenos relacionados à saúde e ao adoecimento, que deveriam ser
compreendidos como produto da interação de reações celulares, teciduais, orgânicas,

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mas, também, interpessoais e ambientais (ANDERSON; RODRIGUES, 2016, p.


246).

Essa compreensão ampla do ser humano atualmente ainda apresenta relevância, a visão
do homem biopsicossocial é atualmente a mais utilizada, mostrando-se coerente com o homem
contemporâneo, cujos fatores de adoecimento são multideterminados, não estão restritos ao
campo biológico apenas. A psicologia, por seu turno, busca olhar cada vez mais a
individualidade e a subjetividade em interação com o âmbito social/ambiental. No entanto, é
um desafio aos profissionais abordar cada indivíduo nesse leque amplo de pontos determinantes
ou influenciadores do adoecimento.

Seção de estudo 2 – Saúde/doença e ambiente urbano

Diante dessa discussão, da ampliação do conceito de saúde/doença proposto pela OMS


podem-se refletir outras questões. Primeiro, que é bastante complexo abarcar uma visão
sistêmica do sujeito, que poderia considerar desde os primórdios da vida, ainda no ventre da
mãe, até suas vivências atuais, passando pelos ambientes em que vive, suas experiências e
relações intra e inter-pessoais. Neste sentido

Um dos maiores desafios do campo da Saúde na atualidade é avançar dos aspectos


teóricos para a aplicação concreta da visão ampliada sobre os determinantes do
processo saúde-doença na construção de práticas de cuidado integrais, de alcance
universal e com a participação de vários setores da sociedade. O campo da Promoção
da Saúde pode contribuir para aprofundar a compreensão sobre a complexidade de
preservar os potenciais de saúde de indivíduos e grupos sociais, superando a
perspectiva puramente preventiva e curativa. Para tanto, é fundamental o maior
conhecimento de seus conceitos, dilemas, limitações e potenciais [...] (PEREIRA;
OLIVEIRA, 2014, p. 06).

Há estudos atualmente, por exemplo, que relacionam os quocientes de saúde e estilo de


vida urbano, nas grandes cidades. Levando em conta que a doença é multifatorial,
multideterminada e causada, vários campos de estudos olham para o homem contemporâneo
buscando sua melhor compreensão.
Uma área que vem se debruçando sobre o tema é a de estudos em urbanismo, por
exemplo, sabe-se que planejamento urbano e transporte impactam na saúde das pessoas.
Grosso modo, atualmente se discute, por exemplo, o que é adoecimento para a pessoa
que vive no espaço urbano de grandes cidades; um indivíduo pode não ter um diagnóstico de
doença crônica, hipertensão ou diabetes, por exemplo, mas é submetido diariamente a uma
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rotina pouco indicada – horas de transporte no trajeto de casa ao trabalho e vice-versa, por
exemplo, em tempos considerados não produtivos, que além de serem gastos em
deslocamentos, geralmente em veículos automotivos, são tempos não utilizados, por exemplo,
para o lazer ou o exercício físico, sendo considerados assim, tempos “não ativos”. O estudo
realizado por Sá, Parra e Monteiro (2015) avaliou o potencial impacto de cenários de transporte
e planejamento urbano na RMSP (Região Metropolitana de São Paulo) sobre a prática da
atividade física, e foi publicado numa revista científica internacional de medicina preventiva.
Os pesquisadores avaliaram, por exemplo, a troca de trajetos feitos de carro por
caminhadas. Segundo o estudo, o tempo médio de trajeto em veículos para o morador da Região
Metropolitana de São Paulo seria de 86,4 minutos, destes, 19,4 minutos são chamados ativos, e
67 minutos, não ativos (SÁ; PARRA; MONTEIRO, 2015). Caminhar a pé e demorar mais teria
um impacto positivo na saúde das pessoas, porém, a lógica de produção, dos horários de
trabalho faz com que as pessoas obedeçam a uma rotina que não necessariamente favorece sua
saúde. Um estudo realizado em Porto Alegre – RS, pesquisou a relação entre mobilidade urbana
e saúde pública. Este estudo, como o anterior, reforça que o estilo de vida urbano, produtivo
das grandes cidades impacta na saúde geral das pessoas:

Esse predomínio das viagens motorizadas combinado com o aumento das distâncias
a serem percorridas diariamente nas cidades é insustentável e gera problemas de
diversas ordens, desde os congestionamentos que implicam perdas econômicas, até os
prejuízos à própria saúde física e mental dos habitantes das cidades. Estes incluem
tanto os danos imediatos e visíveis como lesões e óbitos em sinistros – associados a
pesados custos ao sistema de saúde: para as cidades brasileiras, o total foi de
aproximadamente 115 bilhões de reais em 2018 (ANTP, 2020) – quanto à mortalidade
e à morbidade causada pelas Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT). DCNTs
são condições que se desenvolvem ao longo da vida a partir da interação de fatores
genéticos com a exposição à poluição, a condições climáticas extremas e ao ruído e
da adoção de hábitos nocivos associados à vida na cidade como o sedentarismo e a
má alimentação (NIEUWENHUIJSEN, 2020; SALGADO et al., 2020), incluindo
obesidade, diabetes, hipertensão arterial, doenças respiratórias, depressão e alguns
tipos de câncer (ROSA et al, 2022, p. 81).

Além disso, pode-se refletir sobre outros impactos sobre o sujeito contemporâneo, por
exemplo, além de não utilizar as horas de trajeto de modo ativo com lazer ou exercícios físicos,
por exemplo, pode não conseguir ainda realizar refeições adequadas distribuídas em intervalos
saudáveis, além de estar submetido aos ruídos e poluição. Ao longo de meses e anos, todo esse
conjunto de fatores impacta em sua qualidade de vida e bem estar, fazendo-o sentir-se adoecido.
Deste modo, ao que sugerem estudos como os de Sá, Parra e Monteiro (2015) e Rosa et al
(2022), a proposição da OMS de pensar o processo saúde-doença a partir de fatores variados,
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que não apenas o sintoma propriamente, mostra-se adequada, ou ao menos, coerente, a visão de
homem biopsicossocial, que considera aspectos psicológicos e sociais (relação com o
ambiente), além dos biológicos já destacados pela visão médica tradicional.
Por isso, ao orientar um paciente, algumas vezes a melhoria de sua saúde depende de
alterações no ambiente e nas relações vividas quando estas se tornam patológicas ou
patologizantes, algumas vezes pode significar mudar-se até mesmo de emprego, de cidade, e
por aí vai.

Seção de estudo 3 – Saúde mental

Dentre as questões que permeiam a psicologia em saúde, a saúde mental tem importante
lugar. A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que não existe definição "oficial" de
saúde mental. Para a OMS, saúde mental está relacionada à saúde global do sujeito. Estaria
próxima de “[...] um estado de bem-estar no qual um indivíduo percebe suas próprias
habilidades, pode lidar com os estresses cotidianos, pode trabalhar produtivamente e é capaz de
contribuir para sua comunidade” (OMS apud GAINO et al, 2018, p. 110).

Diferenças culturais, julgamentos subjetivos, e teorias relacionadas concorrentes


afetam o modo como a "saúde mental" é definida. Saúde mental é um termo usado
para descrever o nível de qualidade de vida cognitiva ou emocional. A saúde mental
pode incluir a capacidade de um indivíduo de apreciar a vida e procurar um equilíbrio
entre as atividades e os esforços para atingir a resiliência psicológica. Admite-se,
entretanto, que o conceito de Saúde Mental é mais amplo que a ausência de transtornos
mentais (WHO, 2001).

Consideram-se dois paradigmas para a compreensão da saúde mental e do trabalho que


se pretende realizar:
Frente ao exposto, entende-se que há dois paradigmas principais para discussão dos
conceitos de saúde e saúde mental, ou seja, o paradigma biomédico e o da produção
social de saúde. No primeiro, o foco é exclusivamente na doença e em suas
manifestações, a loucura como sendo essencialmente o objeto de estudo da psiquiatria.
No segundo, a saúde é mais complexa que as manifestações das doenças e inclui
aspectos sociais, econômicos, culturais e ambientais. Neste paradigma, loucura é
muito mais que um diagnóstico psiquiátrico, pois os pacientes com um transtorno
psiquiátrico podem ter qualidade de vida, participar da comunidade, trabalhar e
desenvolver seus potenciais. O Sistema Único de Saúde brasileiro adota um conceito
ampliado de saúde e inclui em suas prioridades o cuidado à saúde mental (GAINO et
al, 2018, p. 110).

O segundo paradigma mais se aproxima daquele da OMS e também da visão


biopsicossocial de homem, considerando-se a relação saúde-doença mais complexa, incluindo
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as relações ambientais, o biológico, e o psicológico nas determinações de estados de


adoecimento. Sobre saúde mental, de forma geral, podem-se considerar ainda:

1. Saúde Mental é o equilíbrio emocional entre o patrimônio interno e as exigências


ou vivências externas. É a capacidade de administrar a própria vida e as suas emoções
dentro de um amplo espectro de variações sem, contudo, perder o valor do real e do
precioso. É ser capaz de ser sujeito de suas próprias ações sem perder a noção de
tempo e espaço. É buscar viver a vida na sua plenitude máxima, respeitando o legal e
o outro. 2. Saúde Mental é estar de bem consigo e com os outros. Aceitar as exigências
da vida. Saber lidar com as boas emoções e também com as desagradáveis:
alegria/tristeza; coragem/medo; amor/ódio; serenidade/raiva; ciúmes; culpa;
frustrações. Reconhecer seus limites e buscar ajuda, quando necessário (ARAÚJO;
LOYOLA, 2014, p. 16).

É relevante ainda considerar os itens abaixo:

3. Os seguintes itens foram identificados como critérios de saúde mental: a. Atitudes


positivas em relação a si próprio; b. Crescimento, desenvolvimento e autorrealização;
c. Integração e resposta emocional; d. Autonomia e autodeterminação; e. Percepção
apurada da realidade; f. Domínio ambiental e competência social (ARAÚJO;
LOYOLA, 2014, p. 16).

Para Dalgalarrondo (2008), o conceito de normalidade em psicopatologia também


implica a própria definição do que é saúde mental. Deste modo, a depender da perspectiva
teórica, pode-se assumir uma visão puramente médica, contrapondo-se normal (saudável) e
patológico, na chamada normalidade operacional:

Trata-se de um critério assumidamente arbitrário, com finalidades pragmáticas


explícitas. Define-se, a priori, o que é normal e o que é patológico e busca-se trabalhar
operacionalmente com esses conceitos, aceitando as consequências de tal definição
prévia (DALGALARRONDO, 2008, p. 34)

Outra visão que se destacou aqui, mais próxima da visão biopsicossocial, é a chamada
normalidade com liberdade:

Alguns autores de orientação fenomenológica e existencial propõem conceituar a


doença mental como perda da liberdade existencial (p. ex., Henri Ey). Dessa forma, a
saúde mental se vincularia às possibilidades de transitar com arbitrário, com graus
distintos de liberdade o mundo e sobre o próprio destino. A doença mental é
constrangimento do ser, é fechamento, fossilização das possibilidades existenciais.
Dentro desse espírito,o psiquiatra gaúcho Cyro Martins (1981) afirmava que a saúde
mental poderia ser vista, até certo ponto, como a possibilidade de dispor de “senso de
realidade, senso de humor e de um sentido poético perante a vida”, atributos estes que
permitiriam ao indivíduo “relativizar” os sofrimentos e as limitações inerentes à
condição humana e, assim, desfrutar do resquício de liberdade e prazer que a
existência oferece(DALGALARRONDO, 2008, p. 33-34)

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Assim, pode-se concluir que a questão da saúde mental deve ser estudada amplamente,
e que sua melhor compreensão poderá impactar em ações efetivas para a prevenção e promoção
dela.

ATENÇÃO
!

Retomando a aula
Chegamos, assim, ao final da aula 1. Vamos agora retomar os conteúdos?

SEÇÃO 1 – CONCEITO DE SAÚDE E DOENÇA


Definir saúde e doença depende da visão de mundo com que se pretende trabalhar, além
disso, a definição de saúde e doença é fortemente influenciada por questões culturais. Uma
visão mais tradicional nos diz que doença é a presença de sintomas e diagnósticos. Ao propor
uma visão do homem como biopsicossocial, e reconhecendo que o adoecimento tem causas
múltiplas, o conceito de saúde da OMS amplia essa visão, desse modo, a saúde deixa de ser
vista como ausência de doença, ao mesmo tempo em que a compreensão da doença também
não fica restrita à alteração/desequilíbrio biológico. Deste modo, é importante refletir sobre o
processo saúde/doença levando em conta fatores não apenas biológicos, mas também sociais
(ambientais, de relações no ambiente vivido) e psicológicos, buscando compreender o sujeito
em sua constituição complexa, e não apenas seu aparelho biológico, o corpo.

SEÇÃO 2 – SAÚDE/DOENÇA E AMBIENTE URBANO


Atualmente se pesquisa sobre a relação entre adoecimento e a vida no espaço urbano de
grandes cidades. Neste contexto, um indivíduo pode não ter um diagnóstico de doença crônica,
hipertensão ou diabetes, por exemplo, mas é submetido diariamente a uma rotina pouco salutar
– horas de transporte no trajeto de casa ao trabalho e vice-versa, por exemplo, em tempos
considerados não ativos, que além de serem gastos em deslocamentos, geralmente em veículos
automotivos, são tempos não utilizados, por exemplo, para o lazer ou o exercício físico, sendo
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considerados assim, tempos “não ativos”. Nestes casos, o adoecimento é favorecido pela
interação do sujeito com o ambiente: Algumas doenças podem se desenvolver ao longo da vida
a partir da interação de fatores genéticos com a exposição à poluição, a condições climáticas
extremas e ao ruído, da prática de hábitos nocivos como o sedentarismo e a má alimentação,
daí podem resultar obesidade, diabetes, hipertensão arterial, doenças respiratórias, depressão e
alguns tipos de câncer. Ou seja, o adoecimento está bastante relacionado ao estilo de vida, o
fator ambiental torna-se crucial no surgimento da doença.

SEÇÃO 3 – SAÚDE MENTAL


Dentre as questões que permeiam a psicologia em saúde, a saúde mental tem importante
lugar. A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que não existe definição "oficial" de
saúde mental. Para a OMS, saúde mental está relacionada à saúde global do sujeito. Estaria
próxima de “[...] um estado de bem-estar no qual um indivíduo percebe suas próprias
habilidades, pode lidar com os estresses cotidianos, pode trabalhar produtivamente e é capaz de
contribuir para sua comunidade” (OMS apud GAINO et al, 2018, p. 110). A saúde mental está
relacionada à saúde de modo geral, mas alguns itens podem ser considerados sobre este aspecto:
A) Atitudes positivas em relação a si próprio; B) Crescimento, desenvolvimento e
autorrealização; C) Integração e resposta emocional; D) Autonomia e autodeterminação; E)
Percepção apurada da realidade; F) Domínio ambiental e competência social. Está relacionada
ao domínio das próprias emoções, ao enfrentamento sadio dos problemas e dificuldades,
manutenção de boas relações humanas.

Sugestões de leituras, sites e filmes


Leituras:

Baixe a cartilha: Atenção primária, promoção da saúde e o Sistema Único de Saúde: um


diálogo. São Paulo: Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo, 2014. Disponível
em: <
http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/documentacao_e_divulgacao/doc_biblioteca/bibli_
servicos_produtos/BibliotecaDigital/BibDigitalLivros/TodosOsLivros/Atencao-primaria-
promocao-da-saude-e-o-SUS.pdf>.

Baixe e leia: RELATÓRIO MUNDIAL DA SAÚDE. Saúde mental: nova concepção,


nova esperança. WHO, 2001. Versão traduzida. Portugal: Moinho Velho – Loja de Edição,
Lda, 2002. Disponível em: <

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https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/42390/WHR_2001_por.pdf;jsessionid=6DB
C19CC327707CB35A6E3752D3BFE26?sequence=4

Baixe e leia: PROMOÇÃO DA SAÚDE MENTAL. IFNMG. Disponível em:


< http://ead.ifnmg.edu.br/uploads/documentos/ncXnxcstz4.pdf>

Sites:
CNS. O SUS. Disponível em: https://conselho.saude.gov.br/web_sus20anos/sus.html.. Acesso
em 01/11/22.

Filmes sugeridos:

Eles Não Usam Black-tie (1981). Direção de Leon Hirszman. Drama. 2h3min.
Central do Brasil (1998). Direção de Walter Salles. Drama/filme de estrada. 1h 55min.
Patch Adams: o amor é contagioso (1998). Direção de Tom Shadyac. Drama. 1h55min.
Bicho de sete cabeças (2000). Direção de Laís Bodanzky. Drama. 1h30min.
Para sempre Alice (2014). Direção Richard Glatzer e Wash Westmoreland. Drama.
1h41min.

Referências

ANDERSON, Maria Inez P.; RODRIGUES, Ricardo Donato. O paradigma da complexidade


e os conceitos da Medicina Integral: saúde, adoecimento e integralidade.
revista.hupe.uerj.br. v. 15, n. 3, jul-set/2016, p. 242/252. Disponível em:
https://bjhbs.hupe.uerj.br/WebRoot/pdf/623_pt.pdf. Acesso em 02/10/22.

ARAÚJO, Maircon Rasley Gonçalves e LOYOLA, Marajane Alencar. Promoção da Saúde


Mental. Curso Técnico em Agente Comunitário de Saúde. Instituto Federal do Norte de
Minas Gerais. Montes Claros, MG: IFNMG / Rede e-Tec Brasil, 2014.

BERTOLLI FILHO, Claudio. História da saúde pública no Brasil. 4. ed. São Paulo: Ática,
2008.

CNS. O SUS. Disponível em: https://conselho.saude.gov.br/web_sus20anos/sus.html.. Acesso


em 01/11/22.

COHN, Amélia et al. A saúde como direito e como serviço. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2010.

DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais


[recurso eletrônico] / 2. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre: Artmed, 2008.

GAINO, Loraine Vivian, SOUZA, Jacqueline de, CIRINEU, Cleber Tiago e TULIMOSKY,
Talissa Daniele (2018). O conceito de saúde mental para profissionais de saúde:
um estudo transversal e qualitativo. SMAD, Rev. Eletrônica Saúde Mental Álcool Drog.
2018 Abr.-Jun.;14(2): p. 108-116.
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LIMA, Nísia Trindade; SANTANA, José Paranaguá de e PAIVA, Carlos Henrique Assunção
(orgs.). Saúde coletiva a Abrasco em 35 anos de história. [online]. Rio de Janeiro: editora
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Publicado em 07/08/2020. Acesso em 06/11/22.

MORAIS, Camila Aquino; AMPARO, Deise Matos; FUKUDA, Cláudia Cristina; e BRASIL,
Katia Tarrouquella. Concepções de saúde e doença mental na perspectiva de jovens
brasileiros. Dossiê: Juventudes e vulnerabilidades: dilemas e propostas • Estud. psicol.
(Natal) 17 (3) • Dez 2012. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/epsic/a/h7Fgn3d7GPSP3jhJqptHsnB/?lang=pt. Acesso em 21/08/22.

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Universidade de São Paulo, 2014. Disponível em: <
http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/documentacao_e_divulgacao/doc_biblioteca/bibli_
servicos_produtos/BibliotecaDigital/BibDigitalLivros/TodosOsLivros/Atencao-primaria-
promocao-da-saude-e-o-SUS.pdf>. Acesso em 10/11/22.

REZENDE, A. L. M.. Saúde Dialética do pensar e do fazer. São Paulo: Cortez, 1989.

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Heleniza Ávila (2022). Mobilidade urbana e saúde pública: reflexões sobre o planejamento de
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https://revistas.planejamento.rs.gov.br/index.php/boletim-geografico-rs/article/view/4463>.
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SÁ, Thiago Hérick de, PARRA, Diana C. e MONTEIRO, Carlos Augusto. Impact of travel
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SEGRE, Marco e FERRAZ, Flávio Carvalho. O conceito de saúde. Rev. Saúde Pública, 31
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https://www.scielo.br/j/rsp/a/ztHNk9hRH3TJhh5fMgDFCFj/?format=pdf&lang=pt. Acesso
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WHO (OMS). RELATÓRIO MUNDIAL DA SAÚDE. Saúde mental: nova concepção,


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WRIGHT Jesse H., BASCO, Monica Ramirez e THASE, Michael E. e. Aprendendo a


terapia cognitivo comportamental. Porto Alegre: Artmed, 2008.

YOUNG, Jeffrey E., KLOSKO, Janet S., WEISHAAR, Marjorie E. Terapia do esquema.
Guia de técnicas cognitivo-comportamentais inovadoras. [Recurso Eletrônico]. Porto
Alegre: Artmed: 2008.

MINHAS ANOTAÇÕES

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