Você está na página 1de 12

Promoção e prevenção da saúde mental nas instituições –

Solange Bertozi

2ª AULA
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL
Desde o Brasil Colônia a saúde é uma questão relevante. Um território novo, tropical,
cheio de desafios, da vegetação aos povos nativos, vírus e bactérias nunca antes contatados, uma
ciência médica ainda em construção. Das primeiras vacinas, das primeiras doenças
conhecidas como a varíola, cólera, a febre amarela, peste bubônica, febre tifoide,
sarampo, rubéola, escarlatina, tuberculose, malária, disenteria e gripe até as dificuldades
em ter profissionais de saúde, a criação dos primeiros institutos de pesquisa em saúde, a
pandemia de meningite nos anos 70, até os primeiros atos de corrupção, a história da
saúde pública no Brasil tem muito a nos elucidar da situação atual.

Objetivos da Aprendizagem

Após o estudo deste tópico, o(a) aluno (a) poderá:


- Conhecer a história da saúde;
- Compreender a evolução da saúde pública no Brasil desde o período colonial;
- Refletir sobre as relações entre saúde, economia e sociedade.

Seções de Estudo

Seção 1 – Saúde e doença no Brasil do período colonial ao império;


Seção 2 – Saúde e doença no Brasil na república e período ditatorial;
Seção 3 – Saúde e doença: o SUS.

Seção de estudo 1 – Saúde e doença no Brasil do


período colonial ao império
1
Promoção e prevenção da saúde mental nas instituições –
Solange Bertozi

Neste estudo optou-se por uma apresentação da obra História da Saúde Pública no
Brasil, de Cláudio Bertolli Filho, sendo esta uma das obras de nossa bibliografia principal.
Assim, nos tópicos serão apresentados aspectos históricos da saúde no Brasil da colônia
à atualidade.
Após a descoberta do Brasil, em 1500, no dito período Colonial, houve o que se
chama de paradigma sanitário. No século XVII, o Brasil colônia era chamado de inferno,
onde era difícil sobreviver. Aqui, de tudo se morria, doenças não conhecidas, que
ceifavam vidas. “Os conflitos com os indígenas, as dificuldades materiais da vida na
região e sobretudo as múltiplas e frequentes enfermidades eram os principais obstáculos
para o estabelecimento dos colonizadores” (BERTOLLI FILHO, 2008, p. 05).
O Conselho Ultramarino português foi o órgão responsável pela administração das
colônias, e criou ainda no século XVI os cargos de físico-mor e cirurgião-mor. As pessoas
nesses cargos deveriam zelar pela saúde da população que vivia no solo colonial. Porém,
e não distante da realidade atual nos Estados brasileiros mais ermos, não raro os médicos
não queriam vir para cá, e já havia a questão dos baixos salários, da vida insalubre e dos
riscos que enfrentariam (BERTOLLI FILHO, 2008). “Em 1746, em todo o território dos
atuais estados de São Paulo, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, havia
apenas seis médicos graduados em universidades europeias” (BERTOLLI FILHO, 2008,
p. 06). Havia quem se socorresse com os curandeiros negros ou indígenas, os boticários
(farmacêuticos) encareciam seus serviços e não poderiam atender a todos.
Já no século XIX, com a vinda da família real, instituíram-se as primeiras escolas
de medicina,

Assim, por ordem real, foram fundadas as academias médico-cirúrgicas do Rio


de Janeiro (1813) e da Bahia (1815), logo transformadas nas duas primeiras
escolas de medicina do país. Em 1829, (por ordem de Dom Pedro I) e em
resposta ao pedido feito por membros da elite nacional, foi criada a Imperial
Academia de Medicina (BERTOLLI FILHO, 2008, p. 08).

Em se tratando de um território novo para o colonizador europeu e os escravos, e


sendo um ambiente tropical, hostil, as doenças eram motivo de pavor, eram conhecidas
doenças como a varíola, cólera e a febre amarela. Além dessas, sarampo, rubéola,
escarlatina, tuberculose, febre tifoide, malária, disenteria e gripe ceifaram vidas. Desse

2
Promoção e prevenção da saúde mental nas instituições –
Solange Bertozi

modo, era esperado pensar a doença do ponto de vista biomédico, buscando curar os
sintomas apresentados de forma agressiva no corpo. Mais tarde foi implantada uma
Inspetoria de Saúde dos Portos (1828), pois se entendeu que pessoas vindas de outras
partes do mundo traziam enfermidades, assim, navios com pessoas doentes ficavam em
quarentena perto da Baía de Guanabara (atualmente Rio de janeiro) (BERTOLLI FILHO,
2008). Desde o início do século XIX havia uma vacina contra a varíola. “Criada em 1796
pelo médico inglês Edward Jenner, era produzida com o pus retirado de bovinos
infectados pelo vírus da varíola” (BERTOLLI FILHO, 2008, p. 09).
Todas as pessoas morando no Brasil Imperial precisavam ser vacinadas, as
vacinas, assim, representaram um grande avanço no nascer das reflexões sobre
adoecimento e sociedade. Os curandeiros negros atendiam as populações mais pobres,
que com eles se socorriam, pois para os pobres, internação significava morte certa, nos
hospitais as alas eram compartilhadas, as condições sanitárias faziam piorar o quadro dos
que ali se encontravam. Em 1886, o Imperador brasileiro foi elogiado por ter doado uma
expressiva quantia à França, para que lá fosse montado um sofisticado laboratório de
pesquisas das doenças tidas como males típicos das regiões tropicais (BERTOLLI
FILHO, 2008).
Do ponto de vista econômico, o Império precisava não perder mão-de-obra, sendo
assim, uma das perspectivas abordadas foi justamente a da saúde coletiva, ou seja, da
manutenção das vidas produtivas. Por volta de 1890, implantaram-se os serviços
sanitários estaduais, o Brasil continuava assolado pela varíola, febre amarela, cólera,
peste bubônica e febre tifóide, que mataram milhares de pessoas (BERTOLLI FILHO,
2008).
Daí adiante os médicos higienistas ascenderam a cargos públicos importantes,

Os principais objetivos da atuação desses médicos eram a fiscalização sanitária


dos habitantes das cidades, a retificação dos rios que causavam enchentes, a
drenagem dos pântanos, a destruição dos viveiros de ratos e insetos
disseminadores de enfermidades e a reforma urbanística das grandes cidades.
Deveriam também divulgar as regras básicas de higiene e tornar obrigatório o
isolamento das pessoas atingidas por moléstias infecto-contagiosas e dos
pacientes considerados perigosos para a sociedade. Iniciava-se a era da
hospitalização compulsória das vítimas das doenças contagiosas e dos doentes
mentais (BERTOLLI FILHO, 2008, p. 14).

3
Promoção e prevenção da saúde mental nas instituições –
Solange Bertozi

Sobre a hospitalização compulsória (institucionalização), sobretudo dos ditos


loucos, e o início da medicina psiquiátrica, é importante conhecer sobre a “Nau dos
Loucos” e sua relação com a institucionalização dos ditos doentes mentais. A prática de
excluir os doentes mentais, os considerados loucos, é muito antiga no contexto mundial.
Ao final da Idade Média, loucura era sinônimo de desrazão, demência. Por muito tempo,
desde os tempos mais remotos, os ditos loucos eram isolados por suas famílias, nas ruas,
escorraçados, negados, tratava-se de uma vergonha ter um familiar não normativo
(RIBEIRO, PINTO, 2011).

Sobre a “Nau do Loucos”, que, para Foucault, encerra um sentido simbólico


e, ao mesmo tempo, descreve uma prática social real, Passos e Barboza
relatam que: as cidades querendo se ver livres de seus loucos,
embarcavam-nos, fazendo-os percorrer principalmente os rios do norte
e leste europeus, e, em cada localidade que aportavam, eram
reembarcados (RIBEIRO, PINTO, 2011, s/p).

Esse aspecto relacionado aos chamados loucos interessa por estar diretamente
relacionada à questão da saúde mental e de como se trataram, durante séculos, os
diferentes, excluídos, isolados, embarcados para o desconhecido, lançados ao próprio
azar.

Focault lê nesse gesto, que impinge ao louco uma condição de


prisioneiro da passagem – isto é, de passageiro eterno, sem destino
e de origem ignorada –, uma metáfora do modo ambíguo e prenhe de
significações como a loucura é percebida na Renascença (PASSOS;
BARBOZA, 2009, p. 48 apud RIBEIRO, PINTO, 2011).

Recentemente no Brasil se discutem a institucionalização dos pacientes


psiquiátricos, e o delineamento de novas práticas em saúde mental relativas a estes
pacientes, buscando-se o respeito à sua subjetividade, o alcance de sua autonomia o
quanto possível, a interlocução com seus desejos e participação nas decisões sobre suas
próprias vidas e histórias, tudo isso ainda no horizonte, como um desafio também para a
saúde pública, desde os tempos mais remotos, perpassando, no Brasil, da colônia aos dias
atuais.

Seção de estudo 2 – Saúde e doença no Brasil na


república e período ditatorial;
4
Promoção e prevenção da saúde mental nas instituições –
Solange Bertozi

Aos governos republicanos credita-se o nascimento de uma política de saúde


pública brasileira:

A ideia de que população constituía capital humano e a incorporação dos


novos conhecimentos clínicos e epidemiológicos às práticas de proteção da
saúde coletiva levaram os governos republicanos, pela primeira vez na história
do país, a elaborar minuciosos planos de combate às enfermidades que
reduziam a vida produtiva, ou útil, da população (BERTOLLI FILHO, 2008,
p. 14).

Daquele período permaneceram algumas das mais importantes instituições de pesquisa


em saúde do Brasil:

Para assegurar a eficiência das tarefas dos higienistas e dos fiscais sanitários,
o governo paulista organizou vários institutos de pesquisas, articulados à
estrutura do Serviço Sanitário. Em 1892 foram criados os laboratórios
acteriológico, Vacinogênico e de Análises Clínicas e Farmacêuticas.
Ampliados logo depois, transformaram-se, respectivamente nos institutos
Butantã, Biológico e Bacteriológico (este último mais tarde denominado
Instituto Adolfo Lutz) (BERTOLLI FILHO, 2008, p. 17).

Nos primeiros anos do Estado Novo, sob o governo de Getúlio Vargas, iniciou-se
uma política de educação em saúde, eram utilizados materiais educativos como cartazes,
elaborados pelo Ministério de Saúde e Educação e pelos serviços estaduais.
Principalmente se discutiam questões de higiene, mudando hábitos tradicionais anti-
higiênicos, que contribuíam para a disseminação de doenças, sobretudo as infecto-
contagiosas. Um dos temas já abordados era o alcoolismo, que influencia negativamente
na mão-de-obra. A preocupação principal seguia sendo a capacidade produtiva, que era
prejudicada pela população doente. É curioso citar ainda que o uso de cartazes educativos
alcançava menor população que o pretendido: outro inimigo poderoso era o analfabetismo
(BERTOLLI FILHO, 2008). Na Era Vargas diminuiu a incidência de doenças no Sul e
Sudeste do país, devido à política higienista, por outro lado,

[...] cresceram as chamadas doenças de massa (que atingem milhares, até


milhões de pessoas). Estabeleceu-se assim um quadro marcado por doenças
endêmicas, entre elas a esquistossomose, a Doença de Chagas, a tuberculose,
as doenças gastrointestinais, as doenças sexualmente transmissíveis e a
hanseníase. Apesar da expansão da cobertura médico-hospitalar aos
trabalhadores urbanos e das novas técnicas no controle das endemias (através
de um convênio firmado com a Fundação Rockefeller, norte-americana), o

5
Promoção e prevenção da saúde mental nas instituições –
Solange Bertozi
Brasil permanecia como um dos países mais enfermos do continente
(BERTOLLI FILHO, 2008, p. 37).

Em 1948 foi elaborado um plano chamado SALTE, que pretendia melhorar os


sistemas de saúde, alimentação, transporte e energia, que não chegou a ser executado de
modo eficiente. Em maio de 1953, no segundo período presidencial de Getúlio Vargas,
foi criado O Ministério da Saúde, após 7 anos de debates. Desde lá as verbas destinadas
eram irrisórias, já demonstrando o descaso dos governantes com a saúde da população
pobre (BERTOLLI FILHO, 2008).
As verbas destinadas à saúde cresceram um pouco, mediante as queixas
generalizadas, porém, com a ascensão da ditadura em 1964, elas voltaram a decrescer,
visto que a saúde da população não estava entre as prioridades do regime autoritário. Em
1971 veio uma forte epidemia de meningite, o governo escondeu informações, negando
as mortes em série, pelo fato de não saber o que fazer para enfrentar o problema. Em
1974, com o aumento de mortes pela doença, principalmente em São Paulo, Rio de
Janeiro, Porto Alegre e Belo Horizonte, o setor da saúde se mobilizou e finalmente o
governo viu-se obrigado a reconhecer a epidemia. Uma grande campanha de vacinação,
até 1977, finalmente conteve o avanço da doença. A ditadura manteve em sigilo o número
de mortos pela doença durante os anos de epidemia (BERTOLLI FILHO, 2008).
Em 1966 o governo criou o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), que
unificou os órgãos previdenciários que funcionaram a partir de 1930.

Os baixos preços pagos pelos serviços médico-hospitalares e a demora na


transferência das verbas do INPS para as entidades conveniadas determinaram
a fragilidade desse sistema de atendimento à população. Enquanto o governo
reduzia ou atrasava os recursos para a rede conveniada, hospitais e clínicas
aumentavam as fraudes para receber aquilo a que tinham direito, e muito mais
(BERTOLLI FILHO, 2008, p. 55).

A corrupção já dava o ar da graça, e algumas reflexões podem ser realizadas


quanto ao contexto de saúde no Brasil; que desde o Brasil Colônia o acesso aos cuidados
em saúde era dificultado aos mais pobres, que os curandeiros negros e indígenas
cuidavam de pessoas adoecidas de modo acessível. Quando houve a pandemia de
meningite durante a ditadura, a gravidade da situação foi encoberta até que os dados
falassem por si, mas a negação do governo atrasou os tratamentos e cuidados adequados,
de modo que vidas foram perdidas.

6
Promoção e prevenção da saúde mental nas instituições –
Solange Bertozi

A mercantilização dos serviços em saúde, a expansão das instituições privadas em


detrimento das públicas, e a corrupção no meio, onde se movimentam montantes
significativos de recursos financeiros já se mostrava ativa desde os tempos remotos do
Brasil.
Nos anos 90, os hospitais continuavam em situações precárias, com a gritante
diferença social que o caracteriza como país.

Cientes desses fatos e também do péssimo estado de saúde da população, os


profissionais do setor organizaram-se na defesa da profissão e dos direitos dos
pacientes. Disso resultou, ainda no final dos anos 70, o surgimento da
Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (Abrasco) e do
Centro Brasileiro de Estudos da Saúde (Cebes). A partir dessas associações,
desenvolveu-se o chamado Movimento Sanitarista que, ao incentivar as
discussões, buscou encontrar respostas para os dilemas da política de saúde
nacional. Um dos principais produtos desse movimento foi a elaboração de um
documento intitulado Pelo direito universal à saúde, que sublinha a
necessidade de o Estado se comprometer definitivamente com a assistência à
saúde da população (BERTOLLI FILHO, 2008, p. 63).

Para trazer para o contexto brasileiro atual, vale ressaltar que a Constituição
Federal de 1988 (CF/88) considera a saúde direito de todos e dever do Estado, e incluiu
a maior parte das propostas das organizações populares e de especialistas na área da
saúde, apesar do lobby dos empresários que lucravam com a falência da saúde pública
(BERTOLLI FILHO, 2008).
Foram propostos o SUDS e o SUS, o primeiro enfrentou problemas sem o apoio
das empresas de saúde, e por propor uma gestão dos municípios, uma vez que a ideia era
integrar os serviços de saúde públicos e particulares.

Em consequência, o Suds mantém-se atualmente apenas como um objetivo


futuro. De concreto houve a integração, mesmo que imperfeita, dos serviços
mantidos pelo Estado, sem a participação das empresas particulares. Surgiu
assim o Sistema Unificado de Saúde (SUS), encarregado de organizar, no
plano regional, as ações do Ministério da Saúde, do Inamps e dos serviços de
saúde estaduais e municipais (BERTOLLI FILHO, 2008, p. 64).
.
O SUS foi criado para garantir o direito trazido pela CF/88. O SUS está baseado
em três pilares, sendo 1) universalidade, 2) igualdade de acesso e 3) integralidade no
atendimento, sua criação foi uma importante conquista democrática. Antes da criação do
SUS apenas pessoas com vínculo formal de emprego ou que estavam vinculadas à
previdência social poderiam dispor dos serviços públicos de saúde (CNS. O SUS.).

7
Promoção e prevenção da saúde mental nas instituições –
Solange Bertozi

O princípio da igualdade de acesso defendido pelo SUS nos diz que todas as
pessoas devem ter acesso aos serviços de saúde de modo a atender efetivamente suas
necessidades na área. Outro conceito interessante de ser visto é o de equidade, ainda mais
num país onde as diferenças sociais são gritantes, as pessoas que tem acesso ao sistema
privado de saúde recebem atendimento bastante diferenciado dos que dependem do
sistema público, que apesar dos esforços da classe dos trabalhadores da saúde, ainda
carece de condições materiais, espaço físico, acesso a equipamentos e insumos, e ainda
assim, vem, a partir do SUS, realizando importantes cirurgias e atendimentos ao cidadão
carente. Ainda é necessário o engajamento e a participação da sociedade na busca da
equidade, de melhores condições de atendimento em saúde para todos.
A percepção da saúde como direito do cidadão deve ser orientada pela
participação das pessoas que carecem de atenção em saúde, é necessário reivindicar, os
segmentos menos favorecidos precisam reivindicar, pois se entende também, desde a
Constituição Federal, que é dever do Estado garantir de forma digna o acesso à saúde para
todos (COHN et al, 1991). Neste sentido, a psicologia social pode atuar provocando as
comunidades à reflexão e organização de seus pleitos.

ATENÇÃO
!

Retomando a aula
Chegamos, assim, ao final da aula 2. Vamos agora retomar os conteúdos?

SEÇÃO 1 – SAÚDE E DOENÇA NO BRASIL DO PERÍODO COLONIAL AO


IMPÉRIO
No Brasil colônia, em se tratando de um território novo para o colonizador
europeu e os escravos, e sendo um ambiente tropical, hostil, as doenças eram motivo de
pavor, eram conhecidas doenças como a varíola, cólera e a febre amarela. Já haviam

8
Promoção e prevenção da saúde mental nas instituições –
Solange Bertozi

dificuldades em trazer profissionais de saúde, a colônia era vista como local insalubre e
perigoso. Do ponto de vista econômico, o Império precisava não perder mão-de-obra,
sendo assim, uma das perspectivas abordadas foi justamente a da saúde coletiva, ou seja,
da manutenção das vidas produtivas. No Império os médicos higienistas ascenderam a
cargos públicos importantes, iniciava-se a era da hospitalização compulsória das vítimas
das doenças contagiosas e dos doentes mentais.

SEÇÃO 2 – SAÚDE E DOENÇA NO BRASIL NA REPÚBLICA E PERÍODO


DITATORIAL;
Foram criados os laboratórios acteriológico, Vacinogênico e de Análises Clínicas
e Farmacêuticas. Ampliados logo depois, transformaram-se, respectivamente nos
institutos Butantã, Biológico e Bacteriológico (este último mais tarde denominado
Instituto Adolfo Lutz), este último, até hoje importante centro de pesquisa nacional, onde
recentemente foram pesquisadas vacinas para a Covid-19.
Em 1971, no período ditatorial, veio uma forte epidemia de meningite, o governo
escondeu informações, negando as mortes em série, devido ao fato de não saber o que
fazer para enfrentar o problema. Em 1974, com o aumento de mortes pela doença,
principalmente em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Belo Horizonte, o setor da
saúde se mobilizou e finalmente o governo viu-se obrigado a reconhecer a epidemia. Uma
grande campanha de vacinação, até 1977, finalmente conteve o avanço da doença. A
ditadura manteve em sigilo o número de mortos pela doença durante os anos de epidemia.

SEÇÃO 3 – SAÚDE E DOENÇA: O SUS.


O SUS foi criado para garantir o direito trazido pela CF/88. O SUS está baseado
em três pilares, sendo 1) universalidade, 2) igualdade de acesso e 3) integralidade no
atendimento, sua criação foi uma importante conquista democrática. Antes da criação do
SUS apenas pessoas com vínculo formal de emprego ou que estavam vinculadas à
previdência social poderiam dispor dos serviços públicos de saúde (CNS. O SUS.). A
percepção da saúde como direito do cidadão deve ser orientada pela participação das
pessoas que carecem de atenção em saúde, é necessário reivindicar, os segmentos menos
favorecidos precisam reivindicar, pois se entende também, desde a Constituição Federal,
que é dever do Estado garantir de forma digna o acesso à saúde para todos (COHN et al,

9
Promoção e prevenção da saúde mental nas instituições –
Solange Bertozi

1991). Neste sentido, a psicologia social pode atuar provocando as comunidades à


reflexão e organização de seus pleitos.

LEITURAS:
Saúde e Doença no Brasil Colonial: Práticas de cura e uso de plantas medicinais no
Tratado Erário Mineral de Luís Gomes Ferreira (1735). Trabalho de conclusão de curso
de ISAAC FACCHINI BADINELLI. Disponível em:
https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/131711/TCC%20COMPLETO%
20ISAAC%20FACCHINI%20BADINELLI.pdf?sequence=1

Artigo: Jesuítas e medicina no Brasil colonial. Autora: Daniela Buono Calainho.


Disponível em:
https://www.scielo.br/j/tem/a/qXjqFSzvp6VymndWw4QtFKN/?lang=pt.

Artigo: Entrando na “Nau dos Loucos”, breve revisão da história da loucura e seus
desdobramentos. UniforMig-Centro Universitário de Formiga – MG. Conexão ciência
(Online) 6 (1), 84-95. RIBEIRO, Bruno Alvarenga e PINTO, Viviane Aparecida.
Disponível no material didático da disciplina.

SITES:
FUNASA: FUNDAÇÃO NACIONAL DA SAÚDE. <
http://www.funasa.gov.br/cronologia-historica-da-saude-publica>.

TV SENADO. A HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL. <


https://www12.senado.leg.br/tv/programas/cidadania-1/2022/09/a-historia-da-saude-
publica-no-brasil-da-independencia-a-criacao-do-sus>

PORTAL FIOCRUZ: História da saúde pública. < https://portal.fiocruz.br/tags/historia-


da-saude-publica> https://portal.fiocruz.br/tags/historia-da-saude-publica>

FILMES SUGERIDOS:
Hans Staden (1999). Direção: Luis Alberto Pereira. Aventura. Duração: 1h32min.
Desmundo (2002). Direção de Alain Fresnot. Drama. Duração: 1h41min.
Nise. O coração da Loucura (2015). Direção: Roberto Berliner. Docudrama. Duração:
1h46min.
Eu, Daniel Blake (2016). Direção: Ken Loach. Drama. Duração: 1h40min.
A história da saúde pública no Brasil: 500 anos na busca de soluções (2015).
Direção: Sylvia Jardim.Duração: 17 min. Disponível em:
<https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/16186>.

Referências

10
Promoção e prevenção da saúde mental nas instituições –
Solange Bertozi

BERTOLLI FILHO, Claudio. História da saúde pública no Brasil. 4. ed. São Paulo:
Ática, 2008.

CNS. O SUS. Disponível em: https://conselho.saude.gov.br/web_sus20anos/sus.html..


Acesso em 01/11/22.

COHN, Amélia et al. A saúde como direito e como serviço. 6. ed. São Paulo: Cortez,
2010.

RIBEIRO, Bruno Alvarenga e PINTO, Viviane Aparecida. Entrando na “Nau dos


Loucos”, breve revisão da história da loucura e seus desdobramentos. UniforMig-
Centro Universitário de Formiga – MG. Conexão ciência (Online) 6 (1), 84-95.
Disponível em: <
http://periodicos.uniformg.edu.br:21011/periodicos/index.php/testeconexaociencia/a
rticle/view/50/77> Acesso em 10/08/16.

MINHAS ANOTAÇÕES

_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________

11
Promoção e prevenção da saúde mental nas instituições –
Solange Bertozi

12

Você também pode gostar