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SAÚDE PÚBLICA
CURITIBA
SUMÁRIO
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................................... 42
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1. BREVE HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL
CONCEITUAÇÃO:
Saúde pública é a arte e a ciência de prevenir doença, prolongar a vida, promover a saúde
e a eficiência física e mental mediante ações, a educação dos indivíduos nos princípios de
higiene pessoal, a organização de serviços médicos e de enfermagem para diagnóstico precoce
e pronto tratamento das doenças e o desenvolvimento de uma estrutura social que assegure a
cada indivíduo na sociedade um padrão de vida adequado à manutenção da saúde.
(ROSEMBERG, 2018)
INTRODUÇÃO:
Para o entendimento da crise do sistema de saúde pública no Brasil, traduzida por filas
frequentes, deficiência de leitos hospitalares, escassez de recursos, baixos valores pagos pelo
Sistema Único de Saúde (SUS), recrudescimento de diversas doenças transmissíveis e,
também, para o entendimento dos avanços na saúde, como a melhoria nos índices de
mortalidade e expectativa de vida, é importante o conhecimento dos determinantes históricos
que levaram à situação atual.
A evolução da história das políticas de saúde não pode ser dissociada da evolução
político-social e econômica da sociedade brasileira. Em nosso sistema capitalista, a saúde nunca
foi tratada como prioridade. Historicamente só recebeu atenção dos governantes quando as
grandes epidemias ameaçavam a economia do país.
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Por outro lado, a organização e a reivindicação dos trabalhadores levaram às conquistas
sociais do direito à saúde e à previdência, ainda que de maneira parcial.
As primeiras notícias que chegaram à Europa sobre o Brasil falavam das belezas de um
paraíso terrestre utópico, da inocente selvageria de seus habitantes e de um jardim tropical
idílico.
Diante destes relatos, inúmeras expedições zarparam do Velho Continente com todo tipo
de gente que sonhava com este mundo imaginário. Soldados aventureiros, mendigos, loucos,
bufarinheiros (vendedores ambulantes) tuberculosos e sifilíticos, entre outros, eram
impulsionados pela mesma obsessão: a riqueza, as montanhas de ouro, a felicidade suprema
que povoava a imaginação dos primeiros navegadores que aqui chegaram. (RIBEIRO, 1987)
Em 1500, o Brasil esbanjava beleza com suas matas virgens e seus índios robustos, ágeis
e saudáveis. Suas riquezas naturais davam a ideia de um verdadeiro Eldorado.
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Os colonizadores trouxeram com eles as doenças que os vitimavam intensamente, como
tuberculose, sarampo, malária, sífilis, gonorreia etc.
Um dos primeiros tuberculosos que por aqui aportou foi o jesuíta Manuel da Nóbrega que,
ao realizar sua missão evangelizadora, disseminou o Bacilo de Koch entre as populações
indígenas.
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Nos surtos epidêmicos, quase nada podia ser feito por médicos e curandeiros, que apenas
isolavam os doentes, deixando-os, muitas vezes, morrer à mingua.
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Diante da terrível realidade sanitária, o Conselho Ultramarino Português criou, no século
XVI, os cargos de físico-mor e cirurgião-mor. Entretanto muito poucos médicos cruzavam o
Atlântico, pois baixos salários, a pobreza da população e os perigos que enfrentariam não os
estimulavam. Além de que o povo tinha pavor aos tratamentos utilizados por eles, como as
sangrias e os purgativos, tão em voga na Europa, preferindo recorrer aos curandeiros, que
usavam ervas medicinais.
Em 1746, havia apenas seis médicos graduados na Europa para cobrir os estados de São
Paulo, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás.
A medicina praticada na Europa era quase inexistente no Brasil Colônia.
Não havia hospitais, a não ser as Santas Casas de Misericórdia e as enfermarias mantidas
pelos jesuítas.
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As Santas Casas, foram criadas em 1498, em Lisboa, pelo frei Miguel de Contreiras, com
o apoio da rainha D. Leonor de Lancaster. Alimentavam os famintos, assistiam os enfermos,
educavam os enjeitados e sepultavam os mortos. Aqui no Brasil, chegaram em 1539, a primeira
em Olinda, depois foram instaladas em Santos (1543), Vitória (1545), Salvador (1549), São Paulo
(1560), Rio de Janeiro (1582), João Pessoa (1602), Belém (1619) e São Luiz (1657).
A Santa Casa de Misericórdia de Curitiba, foi inaugurada em 1880, por D. Pedro II.
Em 1808, fugindo de Napoleão Bonaparte, Dom João VI chegou ao Brasil com toda a
Corte Portuguesa.
Até então não existia no Brasil faculdade de medicina, já que Portugal não permitia a
criação de faculdades em suas colônias.
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Em 18 de fevereiro de 1808, logo após sua chegada à Salvador (BA), cria a primeira
faculdade de medicina do Brasil, inaugurada com o nome de Escola de Cirurgia da Bahia.
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A vacina antivariólica, usada desde 1805, ganhou maior difusão. Dom João VI, por ter
perdido dois irmãos e um filho acometidos pela doença, criou em 1811, a Junta Vacínica da
Corte, para implementar a vacinação no país.
Em 1829, foi criada a Academia Nacional de Medicina com a finalidade de ser um órgão
consultor nas questões de saúde do país. Neste ano também se cria a Junta de Higiene Pública
para a fiscalização e controle de navios e portos, pois acreditava-se que a varíola era causada
por navios vindos do exterior.
Assim todas as embarcações que transportassem doentes passavam por uma quarentena
antes de aportar no Brasil.
Entre 1828 e 1840, o Rio de Janeiro foi assolado por várias epidemias de febre amarela,
febre tifoide, varíola e sarampo. Em 1849, uma epidemia de febre amarela mata mais de 4.000
pessoas.
Em 1850 o Governo Imperial solicitou à Academia de Medicina um plano para barrar a
febre amarela, sendo criado a Comissão Central de Saúde Pública, para dirigir as ações de
controle da saúde.
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Neste período a tuberculose chamou a atenção das autoridades públicas, mas nenhuma
ação concreta foi tomada para impedir sua disseminação.
Nesta época não se conhecia a etiologia das doenças infecciosas. Acreditava-se que
seriam causadas por vapores venenosos que se desprendiam do solo, pântanos ou esgotos, os
miasmas:
Quem pôs fim a teoria de que as doenças eram causadas por “miasmas” foi Pasteur:
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Os escravos trazidos da África, em péssimas condições nos navios, chegavam debilitados
ao Brasil e depois, ao enfrentarem baixos padrões socioeconômicos (alimentação deficiente e
trabalho excessivo), tornavam-se presas fáceis de diversas doenças infecciosas, sendo a
tuberculose a mãos prevalente.
Como a “peste branca” não era doença endêmica em seus países de origem, os negros
africanos não tinham resistência contra o bacilo.
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europeus, que chegavam para substituir o trabalho escravo, devido a Abolição da Escravidão em
13 de maio de 1888.
No começo do século XX foi iniciado o combate efetivo à febre amarela com Oswaldo
Cruz no Rio de Janeiro e Emílio Ribas em São Paulo.
O Governo Federal conseguiu conter o avanço da febre amarela, da varíola, da febre
tifoide. A tuberculose, apesar de reconhecida como uma das doenças de maior mortalidade, não
teve um tratamento específico.
Em 1900, é criada no Rio de Janeiro a Liga Brasileira contra a Tuberculose, ação esta
replicada em vários estados.
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A grande contribuição das ligas foi a de proporcionarem um diálogo eficaz com o Estado,
mostrando as causas sociais que geravam a doença e os altos custos para a implementação de
medidas de controle, evidenciando a necessidade de aporte financeiro estatal.
Teve destaque o trabalho hercúleo de Emílio Ribas, Oswaldo Cruz, Adolfo Lutz, Artur
Neiva, Vital Brasil, Carlos Chagas e o pioneirismo de Clemente Ferreira, com a criação da Liga
Paulista contra a Tuberculose.
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A Velha República (1889 – 1930) teve o poder centralizado nas oligarquias dos estados
mais ricos (São Paulo, Minas e Rio de Janeiro). A cafeicultura favoreceu a industrialização.
A elite paulista investiu vultosas verbas na saúde pública. O governo paulista criou vários
institutos de pesquisa (Butantã, Biológicos e Bacteriológico) articulados ao Serviço Sanitário.
Emílio Ribas, diretor do Serviço Sanitário, e seu auxiliar, Adolfo Lutz, se deixaram picar pelo
mosquito transmissor da febre amarela para contestar a teoria miasmática.
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No Rio de Janeiro, O Instituto Soroterápico de Manguinhos (Fundação Oswaldo Cruz),
criado em 1899, com o objetivo de produzir soros e vacinas.
No governo do presidente Rodrigues Alves, Oswaldo Cruz inicia seu trabalho para a
erradicação da febre amarela no Rio de Janeiro.
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Em 1904, uma lei federal instituiu a obrigatoriedade da vacinação contra a varíola em todo
o país. No Rio de Janeiro, surge um grande movimento contrário a esta medida que ficou
conhecido como a Revolta da Vacina.
Carlos Chagas sucedeu a Oswaldo Cruz e em 1020 cria a Diretoria Geral de Saúde
Pública. Ele também altera o modelo de ação de Oswaldo Cruz que passa de um modelo
baseado na força para um modelo baseado no esclarecimento por campanhas de propagandas
e educacionais.
Criou órgãos específicos para a luta contra a tuberculose, a lepra e doenças venéreas.
Deu enfoque às assistências hospitalar e infantil e à higiene industrial. Criou a Escola de
Enfermagem Anna Nery e o primeiro Curso de Higiene e Saúde Pública do Brasil.
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Com o controle das epidemias nas grandes cidades, a ação do governo deslocou-se para
o campo, visando as endemias rurais.
A SUCAM (Superintendência de Campanhas), combateu as endemias de transmissão
vetorial, tendo penetração rural em todos os estados. Desenvolveu quatro programas principais
de controle de doenças (chagas, malária, esquistossomose e febre amarela).
Não teve localidade, por mais remota, que não tenha sido periodicamente visitada por
guardas da SUCAM.
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Em 1923 foram instituídas as Caixas de Aposentadorias e Pensão (CAP), mas apenas o
operariado urbano foi contemplado.
A primeira CAP criada foi a dos ferroviários. Em 1930 o sistema possuía 47 caixas com
142.464 segurados ativos, 8.006 aposentados e 7.013 pensionistas.
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1.4 A SAÚDE PÚBLICA NA ERA VARGAS
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A constituição de 1934 concedeu garantias ao operariado, como assistência médica,
licença remunerada à gestante trabalhadora, jornada de trabalho de 8 horas e salário família.
Neste mesmo ano foi estabelecida a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT).
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Em 1966 foi criado o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) com a fusão dos
Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAP) e em 1978 é criado uma estrutura administrativa
própria dentro do INPS, o Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social
(INAMPS).
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A 8ª CNS representou o evento político-partidário mais importante da segunda metade do
século XX, onde foram lançadas as bases doutrinárias de um sistema público de saúde para o
Brasil. Trouxe um conceito mais amplo de saúde extrapolando a visão biologiscista, a saúde teria
de ser entendida como um direito de cidadania e obrigação do Estado. O sistema de saúde seria
pautado pelos princípios da universalidade, da integralidade, da equidade, da descentralização
e da participação efetiva da população.
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2.3 O TEXTO CONSTITUCIONAL
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas
sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao poder
público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo
sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou
jurídica de direito privado.
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e
hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes:
I – descentralização, com direção única em cada esfera de governo;
II – atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos
serviços assistenciais;
III – participação da comunidade.
§ 1o O sistema único de saúde será financiado, nos termos do art. 195, com recursos do
orçamento da seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
além de outras fontes.
§ 2o A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios aplicarão, anualmente, em
ações e serviços públicos de saúde recursos mínimos derivados da aplicação de percentuais
calculados sobre:
I – no caso da União, na forma definida nos termos da lei complementar prevista no § 3o;
II – no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a
que se refere o art. 155 e dos recursos de que tratam os arts. 157 e 159, inciso I, alínea “a”, e
inciso II, deduzidas as parcelas que forem transferidas aos respectivos Municípios;
III – no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos
a que se refere o art. 156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159, inciso I, alínea “b” e
§ 3o.
§ 3o Lei complementar, que será reavaliada pelo menos a cada cinco anos, estabelecerá:
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I – os percentuais de que trata o § 2o;
II – os critérios de rateio dos recursos da União vinculados à saúde destinados aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, e dos Estados destinados a seus respectivos
Municípios, objetivando a progressiva redução das disparidades regionais;
III – as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas com saúde nas esferas
federal, estadual, distrital e municipal;
IV – as normas de cálculo do montante a ser aplicado pela União.
§ 4o Os gestores locais do sistema único de saúde poderão admitir agentes comunitários
de saúde e agentes de combate às endemias por meio de processo seletivo público, de acordo
com a natureza e complexidade de suas atribuições e requisitos específicos para sua atuação.
§ 5o Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso salarial profissional nacional, as
diretrizes para os Planos de Carreira e a regulamentação das atividades de agente comunitário
de saúde e agente de combate às endemias, competindo à União, nos termos da lei, prestar
assistência financeira complementar aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, para o
cumprimento do referido piso salarial.
§ 6o Além das hipóteses previstas no § 1o do art. 41 e no § 4o do art. 169 da Constituição
Federal, o servidor que exerça funções equivalentes às de agente comunitário de saúde ou de
agente de combate às endemias poderá perder o cargo em caso de descumprimento dos
requisitos específicos, fixados em lei, para o seu exercício.
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Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da
lei:
I – controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde
e participar da produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e
outros insumos;
II – executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do
trabalhador;
III – ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde;
IV – participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico;
V – incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento científico e tecnológico;
VI – fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional,
bem como bebidas e águas para consumo humano;
VII – participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de
substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos;
VIII – colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.
O artigo 196 explicita que a saúde é direito de todos e dever do Estado, que deve garantir
o acesso universal e igualitário às ações e serviços para a sua promoção, proteção e
recuperação.
O artigo 197 define as ações e serviços de saúde como sendo de relevância pública.
O artigo 198 constitui o sistema único de saúde, referido como uma rede regionalizada e
hierarquizada de ações e serviços públicos de saúde, cuja organização deve pautar-se nas
diretrizes: descentralização, com direção em cada esfera do governo; atendimento integral, com
prioridade para as atividades preventivas e sem prejuízo para as atividades curativas; e
participação da comunidade. Define ainda que o financiamento do sistema de saúde brasileiro
será feito com recursos do orçamento da seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, além de outras fontes.
O artigo 199 mantém a assistência à saúde livre à iniciativa privada, explicitando, porém,
que as instituições privadas poderão participar do SUS de forma complementar, segundo
diretrizes do SUS e mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as
entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos;
O artigo 200 apresenta as competências do SUS, detalhando as suas atribuições.
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3 LEIS ORGÂNICAS DA SAÚDE
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Como previsto na Constituição Federal, a Lei 8.080/90 explicita que o SUS pode recorrer
à iniciativa privada (preferencialmente as entidades filantrópicas e sem fins lucrativos) quando a
disponibilidade de seus serviços for insuficiente para garantir o acesso a integralidade da
assistência aos cidadãos, desde que mantenham os seus princípios e mediante contrato de
direito público ou convênio.
3. Qual foi a primeira Conferência Nacional de Saúde aberta à sociedade e que resultou na implantação do
Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS), um convênio entre o INAMPS e os governos
estaduais, e que formou as bases para a seção “Da Saúde” da Constituição Brasileira de 5 de outubro de
1988?
5. Qual foi a principal mudança na concepção de saúde com a Constituição Federal de 1988?
6. Quem tinha direito a assistência médica garantida antes da implementação do SUS pela Constituição
Federal de 1988?
1. O sistema de saúde do Brasil é dito único, por que os princípios e diretrizes que regem a organização
dos serviços e ações de saúde devem ser os mesmos nas três esferas de governo (federal, estadual e municipal),
com comando único em cada nível de gestão.
2. O Sistema Único de Saúde (SUS) foi estabelecido formalmente a partir da Constituição Federal de 1988.
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PRINCÍPIOS DOUTRINÁRIOS E ORGANIZATIVOS DO SUS
Juntamente com o conceito ampliado de saúde, o SUS traz consigo dois outros conceitos
importantes: o de sistema e a ideia de unicidade. A ideia de sistema significa um conjunto de
várias instituições, dos três níveis de governo e do setor privado contratado e conveniado, que
interagem para um fim comum. Já na lógica de sistema público, os serviços contratados e
conveniados seguem os mesmos princípios e as mesmas normas do serviço público. Todos os
elementos que integram o sistema referem-se ao mesmo tempo às atividades de promoção,
proteção e recuperação da saúde.
Em todo o país, o SUS deve ter a mesma doutrina e a mesma forma de organização,
sendo que é definido como único na Constituição um conjunto de elementos doutrinários e de
organização do sistema de saúde, os princípios da universalização, da equidade, da
integralidade, da descentralização e da participação popular.
O SUS norteia-se por princípios doutrinários e organizativos, os princípios doutrinários
expressam as ideias filosóficas que permeiam a criação e implementação do SUS e personificam
o conceito ampliado de saúde e o direito à saúde. Já os princípios organizativos orientam o
funcionamento do sistema, de modo a contemplar os princípios doutrinários.
Podemos entender o SUS da seguinte maneira: um núcleo comum, que concentra os
princípios doutrinários, e uma forma e operacionalização, os princípios organizativos.
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PRINCÍPIOS DOUTRINÁRIOS
UNIVERSALIZAÇÃO:
EQÜIDADE:
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INTEGRALIDADE:
PRINCÍPIOS ORGANIZATIVOS
REGIONALIZAÇÃO E HIERARQUIZAÇÃO:
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DESCENTRALIZAÇÃO E COMANDO ÚNICO:
PARTICIPAÇÃO POPULAR:
A sociedade deve participar no dia-a-dia do sistema. Para isto, devem ser criados os
Conselhos e as Conferências de Saúde, que visam formular estratégias, controlar e avaliar a
execução da política de saúde. (MELDAU, 2018)
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EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO DO CONTEÚDO
1. Quais são os dois princípios que norteiam o Sistema Único de Saúde (SUS)?
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RESPOSTAS:
2. O princípio doutrinário do SUS expressa as ideias filosóficas que permeiam a sua criação e
implementação e personificam o conceito ampliado de saúde e o direito à saúde.
3. O princípio organizativo do SUS orienta o funcionamento do sistema, de modo a contemplar os
princípios doutrinários.
4. Os elementos doutrinários do SUS são: universalização, equidade, integralidade, descentralização e
participação popular.
5. O objetivo da universalização no SUS é garantir o direito de cidadania de todas as pessoas, cabendo
ao Estado assegurar este direito, garantindo que o acesso às ações e serviços seja direito de todas as pessoas,
independentemente de sexo, raça, ocupação, ou outras características sociais ou pessoais.
6. O objetivo da equidade no SUS é diminuir desigualdades. Apesar de todas as pessoas possuírem
direito aos serviços, as pessoas não são iguais e, por isso, têm necessidades distintas. Em outras palavras,
equidade significa tratar desigualmente os desiguais, investindo mais onde a carência é maior.
7. O objetivo da integralidade no SUS é considerar as pessoas como um todo, atendendo a todas as
suas necessidades. Para isso, é importante a integração de ações, incluindo a promoção da saúde, a
prevenção de doenças, o tratamento e a reabilitação. Juntamente, o princípio de integralidade pressupõe a
articulação da saúde com outras políticas públicas, para assegurar uma atuação intersetorial entre as
diferentes áreas que tenham repercussão na saúde e qualidade de vida dos indivíduos.
8. Os princípios organizativos do SUS são: regionalização e hierarquização, descentralização e
comando único e participação popular
9. O objetivo da regionalização e hierarquização é organizar os serviços em níveis crescentes de
complexidade, circunscritos a uma determinada área geográfica, planejados a partir de critérios
epidemiológicos, e com definição e conhecimento da população a ser atendida. A regionalização é um
processo de articulação entre os serviços que já existem, visando o comando unificado dos mesmos. Já a
hierarquização deve proceder à divisão de níveis de atenção e garantir formas de acesso a serviços que façam
parte da complexidade requerida pelo caso, nos limites dos recursos disponíveis numa dada região
10. O objetivo da descentralização e comando único é distribuir poder e responsabilidade entre os três
níveis de governo. Com relação à saúde, descentralização objetiva prestar serviços com maior qualidade e
garantir o controle e a fiscalização por parte dos cidadãos. Para que valha o princípio da descentralização,
existe a concepção constitucional do mando único, onde cada esfera de governo é autônoma e soberana nas
suas decisões e atividades, respeitando os princípios gerais e a participação da sociedade.
11. O objetivo da participação popular é garantir que a sociedade participe no dia-a-dia do sistema.
Para isto, devem ser criados os Conselhos e as Conferências de Saúde, que visam formular estratégias,
controlar e avaliar a execução da política de saúde.
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RESUMO DA ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DO SUS
O Sistema Único de Saúde - SUS - foi criado pela Constituição Federal de 1988 e
regulamentando pelas Leis nº 8080/90 (Lei Orgânica da Saúde) e nº 8142/90, com a finalidade
de alterar a situação de desigualdade na assistência à saúde da população, tornando obrigatório
o atendimento público a qualquer cidadão, sendo proibidas cobranças de dinheiro sob qualquer
pretexto.
Do SUS fazem parte os centro e postos de saúde, hospitais - incluindo os universitários,
laboratórios, hemocentros (bancos de sangue), além de fundações e institutos de pesquisa,
como a FIOCRUZ - Fundação Oswaldo Cruz e o Instituto Vital Brasil. Através do Sistema Único
de Saúde, todos os cidadãos têm direito a consultas, exames, internações e tratamentos nas
Unidades de Saúde vinculadas ao SUS, sejam públicas (da esfera municipal, estadual e federal),
ou privadas, contratas pelo gestor público de saúde.
O SUS é destinado a todos/as os/as cidadãos/ãs e é financiado com recursos arrecadados
através de impostos e contribuições sociais pagos pela população e compõem os recursos do
governo federal, estadual e municipal.
O Sistema Único de Saúde tem como meta tornar-se um importante mecanismo de
promoção da equidade no atendimento das necessidades de saúde da população, ofertando
serviços com qualidade adequados às necessidades, independente do poder aquisitivo do/a
cidadão/ã.
O SUS se propõe a promover a saúde, priorizando as ações preventivas, democratizando
as informações relevantes para que a população conheça seus direitos e os riscos à sua saúde.
O controle da ocorrência de doenças, seu aumento e propagação (Vigilância Epidemiológica)
são algumas das responsabilidades de atenção do SUS, assim como o controle da qualidade de
remédios, de exames, de alimentos, higiene e adequação de instalações que atendem ao
público, onde atua a Vigilância Sanitária.
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A celebração do contrato conforme as normas de direito público. A instituição privada
deverá estar de acordo com os princípios básicos e normas técnicas do SUS. A integração dos
serviços privados deverá se dar na mesma lógica do SUS em termos de posição definida na rede
regionalizada e hierarquizada dos serviços. Dentre os serviços privados, devem ter preferência
os serviços não lucrativos (hospitais Filantrópicos -Santas Casas), conforme determina a
Constituição.
Assim cada gestor deverá planejar primeiro o setor público e na sequência, complementar
a rede assistencial com o setor privado não lucrativo, com os mesmos conceitos de
regionalização, hierarquização e universalização.
Baseado nos preceitos Constitucionais, a construção do SUS se norteia em alguns
princípios doutrinários:
UNIVERSALIDADE
• Todas as pessoas têm direito ao atendimento independente de cor, raça, religião, local
de moradia, situação de emprego ou renda, etc. A saúde é direito de cidadania e dever dos
governos Municipal, Estadual e Federal.
• Deixam de existir com isto os/as "indigentes" que eram os/as brasileiros/as não
incluídos/as no mercado formal de trabalho.
INTEGRALIDADE
• As ações de saúde devem ser combinadas e voltadas ao mesmo tempo para prevenção
e a cura. Os serviços de saúde devem funcionar atendendo o indivíduo como um ser humano
integral submetido às mais diferentes situações de vida e trabalho, que o leva a adoecer e a
morrer. O indivíduo não deve ser visto como um amontoado de partes (coração, fígado, pulmões,
etc.) e solto no mundo.
• O indivíduo é um ser humano, social, cidadão/ã que biologicamente, psicologicamente,
e socialmente está sujeito riscos de vida. Desta forma o atendimento deve ser feito para a sua
saúde e não somente para as suas doenças. Isto exige que o atendimento deve ser feito também
para erradicar as causas e diminuir os riscos, além de tratar os danos.
• Ou seja, isto faz com que as ações de promoção (que envolve ações de em outras
áreas como habitação, meio ambiente, educação, etc.), com ações de prevenção (saneamento
básico, imunizações, ações coletivas e preventivas, vigilância à saúde e sanitária, etc.) e de
recuperação (atendimento médico, tratamento e reabilitação para os/as doentes).
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• Estas ações de promoção, proteção e de recuperação formam um todo indivisível que
não podem ser compartimentalizadas. As unidades prestadoras de serviço com seus diversos
graus de complexidade formam também um todo indivisível, configurando um sistema capaz de
prestar assistência integral.
PROMOÇÃO:
São ações que buscam eliminar ou controlar as causas das doenças e agravos, ou seja,
o que determina ou condiciona o aparecimento de casos. Estas ações estão relacionadas a
fatores biológicos (herança genética como câncer, hipertensão, etc.), psicológicos (estado
emocional) e sociais (condições de vida, como na desnutrição, etc.).
PROTEÇÃO:
São ações específicas para prevenir riscos e exposições às doenças, ou seja, para manter
o estado de saúde. Como por exemplo:
• as ações de tratamento da água para evitar a cólera e outras doenças;
• prevenção de complicação da gravidez, parto e do puerpério;
• imunizações
• prevenção de doenças transmitidas pelo sexo - DST e AIDS;
• prevenção da cárie dental;
• prevenção de doenças contraídas no trabalho;
• prevenção de câncer de mama, de próstata, de pulmão;
• controle da qualidade do sangue, etc.
RECUPERAÇÃO:
São as ações que evitam as mortes das pessoas doentes e as sequelas; são as ações
que já atuam sobre os danos. Por exemplo:
• atendimento médico ambulatorial básico e especializado;
• atendimento às urgências e emergências;
• atendimento odontológico;
• exames diagnósticos;
• internações hospitalares;
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REGIONALIZAÇÃO E HIERARQUIZAÇÃO
DESCENTRALIZAÇÃO
PARTICIPAÇÃO DA SOCIEDADE
É a garantia constitucional de que a população através de suas entidades representativas
poderá participar do processo de formulação das políticas de saúde e do controle de sua
execução, em todos os níveis desde o federal até o local.
Essa participação deve se dar nos conselhos de saúde, com representação paritária de
usuários/as, governo, profissionais de saúde e prestadores/as de serviços, com poder
deliberativo. As Conferências de Saúde nas três esferas de governo são as instâncias máximas
de deliberação, devendo ocorrer periodicamente e definir as prioridades e linhas de ação sobre
a saúde.
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REFERÊNCIAS
ALMEIDA FILHO, Naomar. Epidemiologia &. Saúde. 6. ed. Rio de Janeiro: MEDSI, 2003
BONITA, R. et al. Epidemiologia básica [tradução e revisão científica Juraci A. Cesar]. - 2.ed. -
São Paulo, Santos. 2010
BORGES, Ana Paula Abreu e COIMBRA, Angela Maria Castilho. Envelhecimento e Saúde da
Pessoa Idosa. Rio de Janeiro, RJ. Fundação Osvaldo Cruz. 2010
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