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I N S I G H T INTELIGÊNCIA

Chernoviz
e a medicina
no Império

FLAVIO COELHO EDLER


HISTORIADOR

MARIA REGINA COTRIM GUIMARÃES


MÉDICA

ANGIN
NGINAA NO PEITO – ANGINA NERVOSA, STRENALGIA, CATANHO
SUFFOCANTE. APERTO DOLOROSO DO PEITO QUE VEM POR ACESSOS –
ADMINISTRAR 10 A 15 GOTTAS DE ETHER SULFURICO EM MEIA XÍCARA
D’ÁGUA FRIA COM ASSUCAR, CHÁ DE FOLHAS DE LARANJEIRA OU DE HERVA
CIDREIRA. DAR A RESPIRAR ETHER, VINAGRE, CHLORIFORMIO. APPLICAR
SINAPISMOS NAS PERNAS E UM CATAPLASMA DE LINHAÇA MUITO QUENTE NAS
COSTAS; DAR UM CLYSTER D’ÁGUA MORNA COM 20 GOTTAS DE LAUDANO.
BANHO MORNO GERAL. CAUSTICO NO PEITO. CAFÉ. FUMIGAÇÕES COM
INFUSÃO DE ESTRAMONIO, MEIMENDRO, BELLADONA. PARA PREVENIR AS
CRISES COSTUMÃO EMPREGAR OS MEDICAMENTOS TÔNICOS 632. QUINA,
PREPARAÇÕES DE FERRO, BANHOS DE MAR. PURGANTES 629.

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U
m dos aspectos ainda mércio de obras de medicina para
pouco conhecido do leigos conquistara um mercado con-
processo de institucio- siderável2. Os livros de medicina auto-
nalização da cultura instrutivos satisfaziam, assim, os inte-
médica acadêmica no Brasil oitocen- resses dos donos de escravos, que pre-
tista refere-se ao papel desempenha- tendiam manter a saúde de sua força
do pelos compêndios de medicina po- de trabalho com o mínimo de despe-
pular. Muito mais que a educação sas, e os poucos letrados, que em va-
médica regular e o contato com os mé- riadas circunstâncias exerciam dife-
dicos, eles foram o principal instru- rentes ofícios de cura voltados para o
mento de penetração de saberes e enorme contingente de pobres desam-
práticas sancionados pelas instituições parados. Nesses dois casos, como ve-
médicas oficiais no quotidiano da remos adiante, os conhecimentos vei-
maioria daquela população. culados por tais manuais seriam re-
Para se compreender o alcance interpretados e mesclados com as tra-
deste tipo de difusão informal do sa- dições empíricas consolidadas pelas
ber médico acadêmico é preciso le- demais artes de cura, resultando num
var em conta a carência de médicos amálgama entre elementos de folk
nas vastas regiões rurais por onde se medicine e medicina acadêmica.

A
dispersava o grosso da população bra-
sileira. É sabido que, até finais do sé- o contrário do ocorrido nos
culo XIX, a reduzida corporação mé- Estados Unidos, onde esses
dica se concentrava na Corte do Rio manuais eram a expressão de
de Janeiro e em Salvador, com ex- um movimento de afirmação de se-
pressão secundária nas capitais de tores da medicina popular contra os
algumas províncias como Recife, Porto privilégios reivindicados pela profis-
Alegre, Ouro Preto e São Paulo1. Des- são médica3, no Brasil esse tipo de li-
de o fim da censura imposta aos li- teratura era produzida por médicos
vros pela Coroa portuguesa, houve com a chancela da Academia Impe-
um aumento substancial do número rial de Medicina (AIM). Lembremos
de livrarias e de impressoras e o co- que a organização profissional e re-

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gulamentação do ensino médico no tesanal pelas diferentes etnias que


Brasil, como atividade diversa da pra- aqui interagiam4.

C
ticada por barbeiros, sangradores, al-
gebristas, práticos curiosos, herbaris- ircunscrita aos centros urba-
tas, comadres e curandeiros, come- nos de apenas algumas pro-
çou apenas no início do século XIX, víncias, e relativamente cara,
motivada pela súbita fuga da Corte a assistência médica oficial era ina-
portuguesa, ameaçada pelas tropas cessível para quem se encontrava à
francesas, para a cidade do Rio de margem das confrarias religiosas ou
Janeiro. Naquela ocasião, o Príncipe das redes de clientelismo promovidas
Regente D. João inicia uma série de pelos membros da classe senhorial. Até
reformas de cunho liberal, criando 1841, ano em que foi publicada a
os primeiros estabelecimentos de ca- primeira edição do Formulário e Guia
ráter cultural. No tocante à medici- Médico de Pedro Luís Napoleão Cher-
na, instalou dois cursos de cirurgia e noviz (1812-1881), que obteve ime-
anatomia nos hospitais militares de diatamente imensa popularidade, os
Salvador e Rio de Janeiro (1808), pon- brasileiros pobres podiam recorrer a
do término à era dos físicos e cirur- quaisquer das variações polimorfas
giões formados na Europa. Iniciava- das tradições de cura e práticas arte-
se, assim, uma forte tradição clínica sanais que resultaram da longa ex-
marcada pela figura do médico-de- periência colonial, dentre as quais se
família que atuava, ora como clíni- achava o livro de William Buchan,
co, ora como cirurgião, ora como Domestic Medicine, de 1769, tradu-
conselheiro higienista. Embora a in- zido por Manoel Henriques de Paiva.
fluência francesa tenha marcado Não se sabe a repercussão alcançada
amplamente o saber e as instituições pelos compêndios de Jean-Baptista-
médicas oficiais da época, convém Alban Imbert, médico de Montpel-
não esquecer que o ambiente médi- lier e membro-titular da AIM, Ma-
co vigente era herdeiro de uma mul- nual do Fazendeiro ou tratado domés-
tiplicidade de práticas, conceitos e tico sobre as doenças dos negros
métodos reproduzidos de modo ar- (1834) e Guia Médico para as Mães

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de Família (1843), nem do sucesso


obtido pelo O Médico e o Cirurgião
da Roça ou Tratado completo de me-
dicina e cirurgia domésticas, adapta-
do à inteligência de todas as classes
do povo (1875) de Louis-Francois
Bonjean (1808-1892), nascido em
Chamberry, formado em Turim e
membro honorário da AIM5.
O certo é que Chernoviz, como
ficou conhecido, tornou-se um best-
seller, tendo alcançado dezenove edi-
ções até 1924. Um ano após o lança-
mento da primeira edição do Formu-
lário e Guia Médico (FGM), isto é, em
1842, aparecia a primeira das seis
edições de outro livro, o Dicionário dicina acadêmica de meados do sé-
de Medicina Popular e Ciências Aces- culo XIX; por outro lado, vamos deci-
sórias (DMPCA), desse polonês for- frar alguns dos significados que lhe
mado em Montpellier, que aqui vie- foram sendo agregados por setores das
ra, a exemplo de outros médicos es- culturas erudita e popular, no longo
trangeiros, para tentar a sorte. itinerário em que foi perdendo o con-

N
ceito de obra científica e ilustrada,
este artigo, pretendemos te- reverenciada pela República das Le-
cer alguns comentários so- tras, até o momento em que passou a
bre dois aspectos da obra do ser tomada como expressão de genu-
formidável médico polonês: por um ína crendice popular. Recorrendo à
lado, vamos avaliar seu escopo, en- literatura ficcional brasileira, crôni-
quanto empreendimento cultural, se- cas jornalísticas e relatos biográficos,
gundo a perspectiva do próprio au- faremos alguns apontamentos sobre
tor e seu grupo de referência, a me- a razão de tal metamorfose.

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Um médico na Em 1855, mudou-se definitivamente


República das Letras para Paris, de onde continuou a edi-
Piotr Czerniewicz nasceu em tar sua obra, sempre em português6.
Lukov, na Polônia, no dia 11 de se-
tembro de 1812. Em 1830, após par- O editor e sua obra
ticipar da malograda Revolta de No- Em seu monumental estudo sobre
vembro, quando os poloneses se su- a história do livro no Brasil, Hallewell
blevaram contra a ocupação russa, afirma que a iniciativa de publicar-
teve que se refugiar na França. Em se o DMPCA partira dos famosos edi-
Montpellier, onde obteria seu diplo- tores Eduardo e Henrique Laemmert,
ma de médico, criou a Organização que percebiam a boa acolhida que
de Democratas Poloneses, da qual foi teria um livro de medicina auto-ins-
presidente. Aparentemente, pouco trutivo. A confiança dos proprietários
antes de se formar, em 1837, aban- da famosa loja de livros da Rua da
donou as fileiras da organização, onde Quitanda era tal, que imprimiram
entrara com a patente de coronel do três mil exemplares, uma tiragem
exército polonês. Embarcou para o Rio quase sem precedentes na época,
de Janeiro em 1840 e nesse mesmo principalmente para uma obra em
ano passou a clinicar, após ter vali- dois volumes, ao custo de 9$000. O
dado seu diploma junto à Faculdade acerto do investimento pode ser me-
de Medicina do Rio de Janeiro. Ainda dido pela segunda edição, de 1851,
em 1840 tornou-se membro-titular ampliada para três volumes in quar-
da Academia Imperial de Medicina to (com 1.620 páginas e 5 pranchas
(AIM), com uma memória sobre O com ilustrações), ao preço de
uso do nitrato de prata nas doenças 15$0007. Entretanto, essa versão so-
das vias urinárias. O parecer positivo bre o faro empresarial dos Laemmert
foi elaborado por Faivre, membro ti- precisa ser revista, tendo em vista o
tular da AIM e médico oficial da em- relato do próprio Chernoviz contido
baixada francesa. Em 1844, casou- num conjunto de correspondências
se com Júlia Bernard, nascida no Rio pessoais que ele manteve com um
de Janeiro, com quem teria seis filhos. amigo após sua chegada ao Brasil.

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Graças a essas cartas8, depreende-se era mais fácil encontrar autores que
que a produção dos dois manuais, es- a escrevessem do que leitores. Ape-
critos por ele diretamente em portu- sar do forte obstáculo, assumiu o ris-
guês, já fazia parte de um antigo pla- co pela empreitada, arcando com os
no de carreira traçado ainda na Fran- custos. Vendeu todos os seus instru-
ça. Outras iniciativas semelhantes mentos cirúrgicos e contou com o
devem ser vistas como inscritas na auxílio financeiro de um médico
mesma estratégia de visibilidade e amigo. O sucesso alcançado foi es-
notoriedade: a redação de artigos trondoso, pois nos três primeiros dias
para a Revista Médica Fluminense; foram vendidos 300 exemplares.
sua eleição, cuidadosamente prepa- Além da impressão, o médico, que
rada, para membro da AIM; a parti- então contava com 30 anos, cuidou
cipação em almoços, bailes e saraus pessoalmente da distribuição, envian-
nas boas casas; a dedicatória ao Im- do exemplares para Bahia, Pernam-
perador Pedro II, impressa na primei- buco e Portugal10. Os Laemmert im-
ra página — o que lhe rendeu o co- primiram as três edições seguintes, as
biçado título de Cavaleiro da Ordem de 1846, 1852 e 1856, além das duas
de Cristo. primeiras impressões do DMPCA, em

D
1842 e 1851. Ao estabelecer-se em
e todos esses passos conca- Paris, em 1855, Chernoviz continuou
tenados, a edição do FGM editando seus manuais em sua pró-
foi o mais ousado e o que pria residência — Casa do Autor —
encontrou maior incompreensão da na rua Raynouard, atual Chernoviz,
parte justamente dos editores. Um, a em Passy.
quem Chernoviz propôs que com- Dividido em várias seções, o For-
prasse os originais, aconselhou-o a mulário e Guia Médico continha a
ocupar-se de seus clientes e esque- descrição dos medicamentos, suas
cer um trabalho que não teria saída. propriedades, suas doses, as moléstias
Outro, provavelmente Leuzinger ou em que deviam ser empregados; as
o próprio Eduardo Laemmert9, res- plantas medicinais indígenas, e as
pondeu-lhe que para obras que tais águas minerais do Brasil; a arte de

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formular, a escolha das melhores fór- piente, substância que serviria de veí-
mulas, além de muitas receitas úteis culo às outras três e, por fim, o inter-
nas artes e na economia doméstica. médio, que servia para tornar o me-
Ao lado dos medicamentos cha- dicamento miscível em água ou ou-
mados officinaes (xaropes, vinhos, tro excipiente. Assim, por exemplo,
extratos, tinturas, conservas, emplas- na Mistura Balsâmica de Fuller (co-
tos e ungüentos), cujas fórmulas acha- paíba: 2 onças; gemas de ovo: 2; xa-
vam-se nos códigos farmacêuticos rope de bálsamo de Tolu: 2 onças;
sancionados pelas leis e encontrados vinho branco: 6 onças).
já prontos nas boticas e cujo prestígio A copaíba seria a base, o xaro-
variava em cada época, os doentes pe, o corretivo, as gemas de ovo, o
também podiam dispor das receitas intermediário e o vinho branco, o
magistraes. Estas últimas eram prepa- excipiente .

E
radas de acordo com as fórmulas de
cada médico, segundo as necessida- m outra seção eram descritas
des específicas do paciente. Eram as formas farmacêuticas dos
poções, cozimentos, colírios, pílulas, medicamentos, então classifi-
emulsões, linimentos, cataplasmas... cados em bálsamos, cataplasmas, cáus-
Chernoviz propunha-se a reunir esse ticos, clisteres, elixires, emplastos,
amplo conjunto. Destarte, iniciava emulsões, espíritos, extratos, sangrias,
apresentando, pedagogicamente, al- sanguessugas, sinapismos, vesicató-
gumas considerações sobre a arte de rios e ventosas. Deste arsenal, utiliza-
formular. Distinguia, nas fórmulas, a do no período denominado de tera-
base , isto é, o agente principal do pêutica heróica pela historiografia
medicamento que conteria o princí- médica11, o FGM nos oferece uma de-
pio ativo; o adjuvante, que serviria talhada descrição. As informações téc-
para aumentar as propriedades ou nicas sobre sua variada composição,
virtudes da base; o corretivo, cuja fi- formas de emprego e de manutenção
nalidade era enfraquecer o sabor ou são verdadeiras relíquias sobre as ar-
o cheiro, podendo também reduzir a tes médicas da época. Folheando as
atividade ou a ação corrosiva; o exci- páginas desta seção, ficamos sabendo

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que as cataplasmas, medicamentos tinados a fazer vácuo na superfície


externos em forma de papas, eram da pele, com o fim de atrair sangue
geralmente elaboradas com farinha ao lugar em que se aplica, um reco-
de linhaça, féculas de batata ou mio- mendado era fabricado com chifre
lo de pão. Nos vesicatórios ou cáusti- perfurado no ápice, por cujo furo se
cos, aplicados como emplastos ou ca- operava com a boca a sucção do ar,
taplasmas em afecções gangrenosas sendo, em seguida, tapado com cera
ou mordedura de animais peçonhen- quando estivesse aderente à pele.
tos, visando produzir uma secreção Aplicadas com o mesmo fim que as
serosa e empolar a pele, além de sangrias, as sanguessugas, ou bichas,
mostarda e trovisco, empregava-se como eram popularmente conheci-
freqüentemente uma papa elabora- das, deviam ser aderidas a qualquer
da a partir da maceração de um pe- parte do corpo, à exceção das plantas
queno inseto, a cantárida. No DMP- dos pés e das palmas das mãos. Nas
CM, ficamos sabendo que dentre os mulheres recomendava-se não apli-
tipos de ventosas, pequenos vasos des- car nas partes visíveis do corpo (pes-
coço, parte superior do peito, ante-
braço e costas da mão). Os lugares
indicados eram as membranas mu-
cosas facilmente acessíveis como a
gengiva, a vagina e o colo do útero.
Uma sanguessuga vigorosa retirava
em torno de meia onça (15 grs.) de
sangue. Também em relação a essa
curiosa criatura, ficamos sabendo que
nem todas eram importadas da Euro-
pa, pois já havia lugares de criação
no Rio de Janeiro. As sanguessugas,
facilmente encontradas nas lojas dos
barbeiros, eram conservadas em va-
sos de vidro, contendo água até 2/3

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de sua capacidade e 3 litros serviam quanto a de sangrar, exigia que o pra-


para 30 delas, ou em caixas com bar- ticante soubesse diferenciar plena-
ro úmido. mente os purgantes, segundo sua in-

N
tensidade, entre a ampla variedade
outra classificação, os me- de substâncias laxantes, catárticas ou
dicamentos trazem refe- drásticas — estas últimas as mais in-
rência à sua ação terapêu- tensas.
tica. É de se notar, neste caso, que até Esta última classificação encontra-
a vitória da concepção ontológica da se na parte do formulário propria-
doença, isto é, aquela que associa o mente dito. Mas em que ele consiste?
ser doença à ação uma entidade es- Trata-se da descrição em ordem al-
pecífica, a medicina acadêmica ten- fabética, de todas as substâncias en-
dia a conceber a doença como mani- tão empregadas pela medicina aca-
festação de múltiplas circunstâncias, dêmica. Ao referir-se a cada medi-
de caráter externo (agentes físicos ou camento, Chernoviz indicava sua si-
químicos) ou interno (constituição fí- nonímia, a significação em francês, o
sica, temperamento, idade, sexo, ati- nome botânico em latim (se o medi-
vidade ocupacional). Nesse caso, os camento fosse uma planta), suas ca-
terapêuticos eram distinguidos entre racterísticas físicas, suas proprieda-
21 tipos, conforme sua ação específi- des, as moléstias em que deviam ser
ca voltada a restabelecer a harmonia empregadas, as doses e pesos usuais e
ou equilíbrio fisiológico: adstringen- os riscos de eventuais associações.
tes, antiperiódicos, antiphlogísticos,

U
antiescorbúticos, antissépticos, antis- ma seção aparentemente
pasmódicos, antissifilíticos, calmantes, inusitada para um guia
diaforéticos, diuréticos , eméticos , médico, mas que se coadu-
emolientes, estimulantes, febrífugos, na perfeitamente com o ideal ilumi-
narcóticos, purgativos, sudoríferos, nista e civilizatório de que se investia
tônicos, temperantes, vermífugos, e a elite médica, intitulava-se Receitas
vomitivos. A arte de purgar, tão com- Diversas. Reuniam-se, aqui, várias
plexa e tão amplamente empregada receitas “úteis nas artes e economia

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doméstica”, tais como: água-de-co- o pesado fardo da civilização, ele pre-


lônia, tintas de escrever, venenos para tendia, com sua obra, “difundir os
a destruição de animais daninhos... bons preceitos de saúde, precaver o
Eram fornecidas também as compo- público contra o charlatanismo, des-
sições de diversas preparações ven- truir os erros populares a respeito da
didas como segredo: pomadas de tin- medicina, inculcar o que se deve fa-
gir cabelos, água para tirar nódoas zer nos acidentes súbitos, e ensinar os
de tinta de escrever, e coisas que tais. tratamentos de várias moléstias que
Com igual intuito, no DMPCA apare- podiam ser realizados na ausência de
ce o desenho e a descrição completa um médico”. Constantemente revisto
de uma caixa de botica contendo o e ampliado, até a sexta e última edi-
que se considerava, então, como ma- ção de1890, o DMPCA não apenas se
terial terapêutico básico. apresenta como uma espécie de vade
mecum do saber médico estabeleci-
Inovação e do, como tem uma postura pioneira,
progresso científico sancionando algumas inovações pou-
Como notou uma historiadora, ha- co consensuais para a época. Assim,
via em Chernoviz uma preocupação antecipando-se à adoção do Sistema
constante com a atualização de seus Métrico Internacional (1875) pelo
manuais12. Assim, ao contrário do governo imperial, Chernoviz já intro-
anátema de repositório de crendices duzira na edição de 1862 a equiva-
populares, que lhe lançaram posteri- lência de pesos e medidas usados nas
ormente, as edições de seus livros farmácias do Brasil — libras, onças,
eram constantemente revistas e até oitavas, escrópulos, grãos — aos pe-
mesmo novas seções eram incorpo- sos decimais. Na edição de 1874, na
radas. Com o Dicionário de Medici- seção “Noções Preliminares”, apre-
na Popular e Ciências Acessórias, o senta uma tábua de conversão, acom-
autor se coloca decididamente do lado panhada da descrição de instrumen-
das luzes e sua ação pode ser enten- tos, como o areômetro, o densímetro
dida dentro do ideal pedagógico do e o termômetro médico (esse, verda-
iluminismo racionalista. Carregando deira revolução na classificação das

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No FGM, o zelo pela atualização


científica explica o enorme sucesso
alcançado entre os boticários. A ter-
ceira edição, de 1852, já recomen-
dava a retirada, nas receitas, das
abreviações e sinais referentes às do-
sagens, conforme regulamento da Jun-
ta Central de Higiene Pública, decre-
tado em 1851. Ao obrigar os faculta-
tivos a escreverem suas receitas por
extenso, em português, a autoridade
pública contribuía de certa forma
para apagar alguns traços simbólicos
que ainda ligavam os médicos oito-
centistas aos físicos fidalgos do século
XVIII, cuja erudição se media pelo
uso do latim e adoção de sinais alquí-
febres). Da mesma forma, foi um dos micos inacessíveis aos leigos.
primeiros autores a sancionar, já na A oitava edição de 1868 foi um
edição de 1878, no verbete opilação marco editorial, sendo também a pri-
ou hipoemia intertropical — o que meira a ser impressa em Paris por ti-
hoje conhecemos como ancilostomo- pógrafos portugueses sob inspeção do
se — a tese de sua etiologia parasitá- autor. Ela se antecipou à iniciativa da
ria. Opinião essa que permaneceu Junta de Higiene Pública ao adotar o
sub judice e contrariava a posição da novo código farmacêutico francês de
maioria dos membros das congrega- 1866. Outra novidade da mesma edi-
ções das faculdades de medicina, da ção foi a ampliação da descrição das
Academia Imperial de Medicina e plantas indígenas do Brasil, que nas
mesmo da Academia de Medicina de edições anteriores correspondia a
Paris – instituição médica mais pres- pouco mais de cinqüenta e nessa ex-
tigiosa da época. cedia a duzentas. A partir de então,

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além de suas próprias observações, Chernoviz — feito substantivo co-


feitas quando de sua estada no Rio de mum por antonomásia — era citado
Janeiro, Chernoviz passou a publicar como um livro obrigatório nas farmá-
os trabalhos dos naturalistas Auguste cias13.
Saint-Hilaire, Von Martius, Weddel e Antes de nos aventurarmos na de-
dos médicos e farmacêuticos brasi- cifração do enigma de sua metamor-
leiros Francisco Freire Allemão, Nico- fose, convém chamar a atenção para
lau Joaquim Moreira, Francisco da Sil- algo que, porventura, está deixando
va Castro, Joaquim Correia de Mello o leitor perplexo: temos nos referin-
e Theodoro Peckolt, dentre outros re- do indistintamente ora ao Formulário
n o m a d o s. ora ao Dicionário como “o” Cherno-

A
viz. Eis uma confusão insolúvel. Como
sexta e última edição do ficará claro em seguida, a impreci-
DMPCA, de 1890, aparecia são tornou-se difusa no espaço e no
alguns anos após a morte do tempo.
autor, sob a responsabilidade da li-
vraria e editora Roger e F. Chernoviz. Chernoviz, oráculo
Nela já se informava sobre os novos da medicina popular?
métodos de soroterapia, segundo as Qual a influência de Chernoviz na
teorias de Pasteur e de Roux. De acor- intimidade doméstica dos lares urba-
do com Carlos da Silva Araújo, na 16ª nos e rurais? Em que medida conta-
edição do FGM, datada de 1897, des- minou as referências simbólicas dos
crevia-se a técnica sobre “os raios X diferentes saberes de cura mantidos
ou as fotografias através dos corpos pela tradição oral? Como foi lido, in-
opacos.” O mesmo empenho em se- terpretado e apropriado por curiosos
guir as últimas novidades das ciên- e pelos porta-vozes das culturas su-
cias médicas foi perseguido até a úl- balternas? Respostas satisfatórias a
tima edição de 1924. Somente em estas perguntas ainda merecem uma
1926 aparecia a Farmacopéia Brasi- investigação aprofundada, mas ten-
leira, o que explica por que até essa taremos aqui uma primeira aproxi-
data, nos regulamentos sanitários, mação.

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Em princípios do século passado, cial ao próprio Chernoviz, são encon-


o famoso higienista e escritor Afrâ- tradas em muitos romances e crôni-
nio Peixoto, através de um persona- cas desde o século XIX. Em Dom Cas-
gem, afirmou que no Brasil havia murro, de Machado de Assis, o prota-
maior número de volumes do Cher- gonista recorda-se de como o agre-
noviz que da Bíblia espalhados pelo gado José Dias apareceu pela primeira
país14. Seu personagem, coronel João vez na fazenda de Itaguaí, “venden-
Batista Pinheiro, orgulhoso de seu do-se por médico homeopata.” Leva-
Chernoviz, repetia “Pedro Luiz Na- va consigo “um Manual e uma boti-
poleão Chernoviz! (...) convencido ca” e curou um feitor e uma escrava
que recitava um verso”, e bradava de umas “febres” que ali se instala-
“um homem destes é um benfeitor ram. Ao recusar um ordenado, dizia
da humanidade... ”. Em meados do que “era justo levar saúde à casa de
século, sua popularidade ainda seria sapé do pobre.”17
assombrosa na impressão do poeta (e No romance Inocência, Visconde
farmacêutico) Carlos Drummond de de Taunay constrói um personagem
Andrade. No poema Dr. Mágico ele que à semelhança de José Dias, re-
assevera: Dr. Pedro Luís Napoleão correria ao famoso manual como al-
Chernoviz/ Tem a maior clientela da ternativa ao distante, dispendioso e
cidade./ Não atende a domicílio/ longo curso de medicina. Cirino, ser-
Nem tem escritório./Ninguém lhe vê vente de botica numa localidade pe-
a cara./Misterioso doutor capa pre- quena onde “de simples boticário a
ta.../15. E, com saudades de seu tem- médico não há mais que um passo,”
po de ajudante de farmácia, Rubem foi, aos poucos “e com o tempo, cri-
Braga conclui que “ Chernoviz era ando tal ou qual prática de receitar
um sábio”16. e, agarrando-se a um Chernoviz, já
seboso de tanto uso, entrou a percor-

S
eria de tal monta a estima - rer, com alguns medicamentos no
do famoso manual? É possí- bolso e na mala da garupa, as vizi-
vel. As referências aos ma- nhanças da cidade à procura de
nuais de medicina popular, em espe- quem se utilizasse dos seus serviços”.

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Logo receberia o tratamento de dou- fazer mal. Custavam pouco, mas esse
tor. (...) “Toda a sua ciência assenta- pouco bastava para ir vivendo fol-
va alicerces no tal Chernoviz”.(...) gadamente, em meio à sua vasta
“Noite e dia o manuseava; noite e dia clientela.”
o consultava à sombra das árvores Nestes exemplos, o uso do ma-
ou junto ao leito dos enfermos”. De nual, embora transcendendo os li-
acordo com o narrador, apesar de mites da auto-ajuda e fazendo-se
conter “muitos erros, muita lacuna, instrumento de comércio, perma-
muita coisa inútil e até disparatada”, nece dentro do escopo imaginado
(...) “no interior do Brasil é obra que pelo autor. Como bem delimita seu
incontestavelmente presta bons ser- Bento , o exercício de sua arte res-
viços, e cujas indicações têm força tringia-se às doenças do mundo .
de evangelho”18. Mas não é difícil de imaginar as

O
apropriações heterodoxas que re-
utro personagem, o Bento do sultaram em combinações ecléticas
conto O lobisomem, de Ray- incorporando o receituário cientí-
mundo Magalhães19, retra- fico às concepções mágicas e ho-
ta bem o perfil semelhante. Além de listas presentes no saber médico
negociante de gêneros alimentícios, popular.
seu Bento “era muito entendido em O personagem de Taunay, por
assuntos de medicina caseira. Como exemplo, indiferente à fronteira tra-
na terra não havia médico nem bo- çada pelo médico polonês, transita
ticário, ele desempenhava o papel de impunemente entre a medicina eru-
curioso: com o auxílio do seu bojudo dita e o universo da magia, usando
Chernoviz, aconselhava remédios a como salvo-conduto justamente o
quantos recorriam à sua experiên- Chernoviz. Assim, “num dia de ca-
cia, e dizia-se que estava só para tra- pricho”, Cirino (...) “começou a vi-
tar das doenças do mundo... Jalapa ajar pelos sertões povoados a medi-
para estes, batata para aqueles ou- car, sangrar e retalhar, unindo a al-
tros, eram os seus remédios predile- guns conhecimentos de valor positi-
tos. Se não fizessem bem, não podiam vo, outros que a experiência lhe ia

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indicando ou que a voz do povo e a rir, lúgubre que é o epílogo”. (...)


superstição lhe ministravam ”. No “Quem aplica as mezinhas é o “cu-
poema de Drummond, supracitado, rador”, um Euzébio Macário de pé
outros versos revelam um desloca- no chão e cérebro trançado como
mento similar sofrido pelo Cherno- moita de taquaruçu. O veículo usual
viz, aqui subsumido ao campo se- das drogas é sempre a pinga – meio
mântico da medicina folclórica: honesto de render homenagem à
“Esse que cura todas as moléstias/ deusa Cachaça, divindade que en-
(De preferência as incuráveis)/ So- tre eles ainda não encontrou heréti-
corre os afogados/ Asfixiados / As- cos.”20
sombrados de raio/ Sem desprezar Despojado de seu fundamento ci-
defluxo, catapora, /Sapinho, pana- entífico e racionalista, o receituário
riz, cobreiro/ Bicho do pé, andaço, terapêutico é visto aqui, como inte-
carnegão.../”. Em Urupês, Monteiro grando aos sistemas mágicos e religi-
Lobato, ao retratar o Jeca — arqué- osos predominantes no universo po-
tipo da ignorância e preconceito do pular de cura.

P
habitante do mundo rural brasilei-
ro, cujo “mobiliário cerebral” repleto orém, autênticos persona-
de superstições, se constitui de um gens da História do Brasil,
banquinho de três pernas para re- líderes políticos, militares ou
ceber os hóspedes, pois “três pernas religiosos de expressão regional, tam-
permitem o equilíbrio; inútil, por- bém tiveram seu prestígio construí-
tanto, meter a quarta, o que ainda o do com o apoio do velho manual. José
obrigaria a nivelar o chão”, trata sua Joaquim Ferreira, fundador e patri-
medicina de “ritual bizantino”, “noi- arca da vila de Campo Grande, atual
te cerebral ”, da qual “ pirilampe- capital do Mato Grosso do Sul, era
jam-lhe apozemas, cerotos, arrobes mezinheiro, cujo preparo técnico
e eletuários escapos à sagacidade desenvolveu com o apoio de um
cômica de Mark Twain”, e compa- Chernoviz. Na verdade, até pouco
ra-a a um “ Chernoviz não escrito, antes de sua morte, em 1900, esse
monumento de galhofa onde não há mineiro de São João Del-Rey era

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também conhecido como exímio noviz na medicina brasileira, com


benzedor. Não poucas vezes as mães uma última consideração.

A
levavam seus bebês acometidos de
quebranto para serem por ele ben- lguns estudiosos da medicina
zidos21. O famoso líder messiânico imperial têm apresentado o
nordestino, padre Cícero, patriarca saber médico oficial e seus
de Juazeiro, fazia uso continuado do porta-vozes, em especial a Higiene e
Formulário e Guia Médico, no aten- os higienistas, como poderosos ins-
dimento dos milhares de analfabe- trumentos disciplinares empregados
tos que o procuravam se queixando na afirmação do poder centraliza-
de todo tipo de doenças22. De ex- dor do Estado em oposição às regras
pressão menor, mas igualmente pa- de sociabilidade vigentes no mundo
radigmático, é o caso de Ramiro Il- rural, onde imperava o patriarca no
defonso de Araújo Castro, personali- comando de grandes famílias, seus
dade importante na região de Ilhéus, agregados e dependentes24. Entretan-
em fins do século XIX. Tendo ape- to, face ao êxito editorial dessa me-
nas o primário, chegou a coronel- dicina de cabeceira parece-nos ne-
médico da Guarda Nacional, com o cessário assumir uma posição mais
direito de exercer o lugar de far- dialética. Afinal, o sinhozinho que
macêutico, praticando também a retorna à fazenda após anos de au-
medicina que aprendera de cor no sência, com seu anel de esmeralda e
Chernoviz23. o título de doutor teria mesmo afron-
Tal como encontramos na litera- tado o saber secular de sua mãe —
tura ficcional, a menção aos três cu- como afirma Gilberto Freire 25 —
riosos personagens e ao papel que usurpando-lhe o amplo domínio so-
exerceram como agentes populares bre a arte de curar? Não teria ele
de cura ratifica e amplia as descri- encontrado certa receptividade, com
ções dos usos que se fizeram dos li- seu saber parcialmente legitimado e
vros de medicina auto-instrutivos. Fi- reinterpretado à luz de uma medi-
nalizaremos estes breves comentá- cina doméstica contaminada de no-
rios sobre o papel da obra de Cher- ções acadêmicas?

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S
em dúvida, a recepção do o saber médico oficial. Enquanto os
Chernoviz na intimidade esculápios eram quase sempre ina-
dos lares urbanos e rurais cessíveis, e manipulavam um saber
revela algumas modalidades, nada hermético e estranho aos extratos po-
rígidas, de interpretação e utilização pulares, os curandeiros, por eles de-
do estimado manual. Diante da es- nunciados como charlatães, produ-
cassez da mão-de-obra escrava, ziram diversas sínteses, aproximan-
muitas sinhás e sinhôs de terras e de do sincreticamente elementos da me-
engenhos demonstraram uma genu- dicina científica à linguagem com-
ína preocupação com o cuidado da partilhada pelos diferentes grupos
escravaria capacitada para os pesa- subalternos. A constituição de um
dos serviços da lavoura, e credita- monopólio legítimo sobre o territó-
vam até uma certa nobreza e huma- rio da cura, teve, como visto aqui,
nização à prática de suas medicinas. mais percalços do que supõem os
Deste modo, embora tenham sido adeptos da tese de uma medicaliza-
concebidos como instrumento de fi- ção homogênea e ubíqua da socie-
lantropia leiga, por reformistas eu- dade brasileira.

O
ropeus impregnados dos ideais civi-
lizatórios, os manuais de medicina Chernoviz, na intimidade
popular terminavam por fortalecer dos lares urbanos e rurais,
os interesses bem entendidos dos es- ajudou a criar uma cultura
cravocratas26, ensinavam os senho- médica especial, à medida que con-
res a tratar as doenças dos escravos taminou as referências simbólicas dos
para aumentar o seu capital e res- diversos saberes de cura, até então
pondiam aos problemas graves de mantidos pela tradição oral. Foi lido,
saúde pública, que atingiam, tam- interpretado e apropriado por curio-
bém, a classe senhorial. sos de todos os tipos e pelos porta-vo-
É fácil imaginar, também, que os zes das culturas populares.
livros auto-instrutivos vieram a re-
email: edler@coc.fiocruz.br
forçar a legitimidade dos inúmeros
email: mregina@sky.com.br
agentes de cura que concorriam com

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NOTAS 13. ARAUJO, Carlos da Silva, op. cit. P. 235


1. PIMENTA, Tânia Salgado. Ofícios de Cura 14. PEIXOTO, Afrânio. Sinhazinha. In: ______.
no Brasil do começo do século XIX, dissertação Obras Completas. Rio de Janeiro: Editora Nova
de mestrado, FFCH, Unicamp, 1996. Aguilar.1962, ver também ARAUJO, Carlos da
Silva, op. cit. P. 234
2. HALLEWELL, Laurence. O livro no Brasil:
sua história, São Paulo, Edusp, 1985. p.167-8. 15. ANDRADE, Carlos Drummond de. Doutor
Mágico. In:______ Boitempo I. 6a ed. Rio de
3. STARR, Paul. La transformación social de la Janeiro: Record. 2001. Apud FUIGUEIREDO,
medicina en los Estados Unidos de América, Betânia, Gonçalves, op. cit, p.1
Biblioteca de la salud, México, Fondo de Cultura
Econônica, 1991.p 63-71 16 BRAGA, Rubem. Memórias de um ajudante
de farmácia. In:______ As Boas Coisas da Vida.
4. SANTOS FILHO, Lycurgo. História Geral da 6a ed. Rio de Janeiro: Record. 2003. p.20.
Medicina Brasileira, Segundo Volume, São
Paulo, HUCITEC, Edusp, 1991. 17. ASSIS, Machado de. Obras completas, Rio
de Janeiro, Nova Aguilar, 8ªed., 1992. p.814
5. SANTOS FILHO, op.cit. p. 436-42.
18. TAUNAY, Visconde de. Inocência, 19ª ed. ,
6. ARAUJO, Carlos da Silva. Fatos e personagens São Paulo, Ática, 1991cap. 1.
da história da medicina e da farmácia no Brasil,
Rio de Janeiro, Editora Continente, 1979. 19. MAGALHÃES, Raymundo. “O lobisomem”
p.229-31 in MONTEIRO, Jerônimo. Panorama do conto
Brasileiro, vol. 8, Ed. Civilização Brasileira,
7. HALLEWELL, Laurence. O livro no Brasil: 1959, p.34-51
sua história, São Paulo, Edusp, 1985. p.167-8
20. LOBATO, Monteiro. Urupês, São Paulo,
8. HERSON, Bella. Cristãos-novos e seus Brasiliense, 1972, p.151.
descendentes na medicina brasileira (1500-
1850), São Paulo, Edusp, 1996.p.388-408 21. MENDONÇA, Rubens de. História de Mato
Grosso, Cuiabá, IHGB, 1967.
9. GUIMARÃES, Maria Regina C. Civilizando
as artes de curar: Chernoviz e os manuais de 22. SOBREIRA, Azarias. O Patriarca de
medicina popular no Império, dissertação de Juazeiro, Petrópolis, Vozes, 1969, p. 174.
mestrado, Pós-graduação em História das
Ciências da Saúde, COC/FIOCRUZ, 2003. p. 23. BERBERT, José Augusto. “Poeta Amante
66. do Cinema”, A Tarde on line, 22/02/97.

10. HERSON, Bella, op. Cit. 405 24. MACHADO, Roberto et. al. Danação da
Norma: medicina social e constituição da
11. SAYDE, Jane D. Mediar, medicar, remediar. Psiquiatria no Brasil, Rio de Janeiro, Graal,
Terapêutica na medicina contemporânea: o 1979.
pensamento médico brasileiro, Rio de Janeiro,
Tese de Doutorado, IMS/Uerj, 1995. 25. Gilberto Freire – Sobrados e Mocambos.
Vol. 2, Rio de Janeiro, José Olympio, 5a Ed.
12. FIGUEIREDO, Betânia Gonçalves, “O 1977, p. 573.
doutor Capa Preta: Chernoviz e a medicina no
Brasil do século XIX”. Estudos, I(1) 95-109, 26. ALENCASTRO, Luís Felipe. Vida Privada e
Maio 2001. Ordem Privada no Império. In: NOVAIS_FA.
História da Vida Privada no Brasil. São Paulo:
Companhia das Letras. vol. 2: 67-78.1997.

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