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O LIVRO ENCANTADO

Contação de História
Autora: Thaís Falleiros

Dividido em 5 personagens para a Jacke. Cada cor, um ator-personagem:


amarelo: todos
Verde: palhaço
Azul:Buxa
Cor de rosa: flor
Cinza: cachorro
Vermelho: menino

Tralalá tralalá a história já vai começar. Tralalá, tralalá, a história já vai começar. Vamos
todos quietinhos ficar para a história escutar!
Era uma vez um Palhaço! Ué, mas um palhaço triste? Alguém aqui já viu um palhaço triste? Os
palhaços geralmente são muito divertidos.... Estranho, né? Mas, esse palhacinho nem sempre
foi triste. Na verdade, antes ele era bem feliz. O mais feliz do LIVRO ENCANTADO!
O palhaço da nossa história vivia dentro de um livro! O LIVRO ENCANTADO! Um livro em que
todos viviam e falavam de verdade! E esse livro existe. Está em algum lugar de uma biblioteca
de alguma escola, de alguma cidade.
Uma pirueta, duas piruetas, bravo, bravo!
Super piruetas, ultra piruetas, bravo, bravo!
Salta sobre a arquibancada e tomba de nariz
Que a moçada vai pedir bis! Que a moçada vai pedir bis!
O palhaço era muito feliz e fazia todos muito felizes também! Porque ele, com toda sua
graciosidade, com todo seu jeito engraçado, sempre fazia um show de “palhacisses”. Até que
um dia o rei, vendo que o palhaço era muito talentoso o convidou para fazer, todo domingo, um
show de verdade para todos que viviam no livro!
Até para as fadas! Até para os gnomos! Até para os bichos todos da floresta! Até para os ogros!
Até para as bruxas? Não! O Palhaço talentoso fazia um show para todos, menos para a bruxa do
livro. Pois ela não gostava de ver ninguém dando risada.
A bruxa se chamava Bruxa Dodoca! Mais conhecida como Bruxa Boboca!
Ela era muito má! Mas ao contrário das outras bruxas de outros livros, ela não tinha poderes
mágicos. Nem uma varinha de condão, nem uma vassoura voadora, nada!
O que fazia a bruxa ficar linda, jovem, forte, poderosa era a tristeza! E justamente por isso é que
a bruxa não gostava de ir ao show do palhaço. Cada vez que alguém lá no livro encantado ria...
A Bruxa boboca ficava velha, feia, a verruga do nariz crescia, sua aparência ficava medonha, sua
vitalidade desaparecia.
Então, cansada de ver aquele povo chato dando risada a torto e a direito, em todos os cantos do
livro encantado, A Bruxa teve uma ideia genial!
Ela foi um dia, escondida, disfarçada de velhinha, no show do palhaço. Ela ficou assistindo ao
show e vendo todas aquelas pessoas chatas rindo, sorrindo, dando gargalhadas. Aí no fim do
show a bruxa disfarçada de velhinha foi ao camarim do palhaço.
- Oi, lindo palhacinho. Parabéns pelo lindo show... Eu adorei!
- Muito obrigado, nobre senhora. Fico feliz em te ver tão feliz!
- Feliz eu? Ah eu estou muito feliz. Mal me aguento de tanta felicidade. Olha minha cara de
feliz... Pena, que as pessoas daqui do livro encantando não pensem a mesma coisa.
- Como assim?
- O senhor não sabe?
- Não. O que a senhora está querendo dizer?
- As pessoas vêm aqui no seu show, dão risada, mas é pura falsidade. Depois saem do show
falando: Que palhaço mais sem graça. Nós rimos só para não deixa-lo sem graça. Não podemos
fazer pirraça. O palhaço é um babaca. Sorte que o seu show é de graça, ai que sem graça, tudo
tudo de graça, graça, graça, graça.
Então o palhaço ficou contaminado pela maldade da bruxa. Ficou triste, muito triste. E a bruxa
saiu de lá forte, bonita, moça, mais viva que nunca.
E o palhaço? O palhaço ficou tão chateado que saiu apressado pela calada da noite. Mudo,
cabisbaixo, só pegou umas trouxinhas de roupas e saiu antes que pudessem encontrá-lo.
Uma pirueta, duas piruetas TÔ BRAVO, TÔ BRAVO
Super piruetas, ultra piruetas TÔ BRAVO, TÔ BRAVO
E foi o palhaço pela estrada a fora. Andou, andou, andou pela calada da noite escura. Até que
chegou numa praça, já no começo do dia. O sol já estava raiando, quando ele viu uma flor.
- Sou feliz, sou feliz, sou feliz, sou feliz. Lalalalá lalalá lalalá lalalá...
O palhaço, que tinha sido contaminado pela maldade da bruxa, ficou irritado.
- Por que você está tão feliz?
- Ué, eu sou linda, sou cheirosa, sou charmosa, todos me adoram, todos me veneram.
Mas o palhaço, que tinha sido contaminado pela maldade da bruxa boboca:
- Você? Feliz? Ué, você não tem motivos para se feliz. Você fica a vida toda aí plantada nesse
chão. Vendo o mesmo sol nascer, o mesmo sol crescer, o mesmo sol morrer. Às vezes vem
alguém e te tira daí, mas aí te planta num vaso e você fica vendo o sol pelo vidro de uma janela
sem graça. Ou pior ainda. Tem vezes que vem algum moço apaixonado e arranca a senhora daí
só para dar para a bela donzela e então a senhora morre.
A rosa foi contaminada pela tristeza do palhaço, que tinha sido contaminado pela maldade da
bruxa.
- Eu sou triste, eu sou triste, eu sou triste, eu sou triste, lalalá lalalá lululu lululu....
Tadinho do palhaço e da rosa! Mas nesse momento apareceu um cachorro. Que caminhava feliz
da vida.
- Au au au eu sou especial, auauau eu sou especial.
O palhaço, que já tinha sido contaminado pela maldade da bruxa, que já tinha contaminado a
flor, falou:
- Ué, seu cachorro, por que o senhor está tão feliz?
- Au au au eu sou especial, au au au au eu vou ganhar presente no Natal.
O palhaço... que já tinha sido contaminado pela maldade da bruxa, que já tinha contaminado a
flor... Falou:
- Você? Especial? Você é um bobo. Não percebe que você fica sozinho na sua casa o dia inteiro.
Sua dona trabalha, fica cansada, chega em casa e mal olha para a sua cara. Você, ansioso,
espera sentado olhando para a porta, balança o rabinho e ela nem tá ligada.
- Au au au au eu me dei mal...
E ficaram, o palhaço, a flor e o cachorro contaminados pela maldade da bruxa boboca.
Lá no palácio, neste momento, as pessoas já tinham percebido a ausência do palhaço. E foram
ficando tristes, tristes, todos muito tristes...
E a Bruxa forte, forte, cada vez mais forte.
Mas o que ninguém sabia, é que o que fazia o livro encantado existir era justamente a
Felicidade. E quando as pessoas ficaram todas tristes, o livro começou a desaparecer. E a bruxa,
fazendo todas essas maldades, fazendo intriga, fofoca, contando mentiras não sabia que estava
fazendo mal para si mesma, afinal o livro desaparecendo, desapareceriam todos do livro
encantando juntos, inclusive a Bruxa.
A sorte é que nesse momento, nesse exato momento tinha um menino na biblioteca da sua
escola. Ele estava escolhendo um livro para ler, quando de repente viu ao longe o LIVRO
ENCANTANDO. Pegou-o na mão e começou a ver o livro desaparecer entre seus dedos. Ele ficou
assustado, começou a folheá-lo rápido e entendeu que tudo isso estava acontecendo por causa
das maldades da bruxa. E começou a berrar:
- Palhaço, palhaço você pode me ouvir?
O palhaço ouviu uma voz que não sabia de onde vinha...
- Eu posso!
- O livro encantado só existe graças a Alegria do seu povo. É mentira da bruxa quando disse
todas aquelas bobagens. Flor, Flor a senhora é linda, iluminada. Musa inspiradoras dos poetas e
dos casais apaixonados. O que seria do amor sem a senhora? Cachorro, cachorro, o senhor é
lindo e tem todos os motivos para ser feliz. É tratado como filho, como parte integrante da
família. Seu palhaço, seu palhaço, o que seria do circo sem seu jeito engraçado, meu amigo.
Todos vocês são muito especiais. Fiquem felizes rapazes.
Todos do livro começaram a ouvir a voz do menino desesperado. O palhaço correu como num
passe de mágica até o palácio. Todos ficaram felizes, felizes, felizes e o livro então voltou a
existir.
O livro encantado voltou a existir pois a criança do coração puro trouxe novamente a alegria aos
corações, graças a mais pura verdade:
Todos nós somos especiais, cada um do seu jeitinho! O importante é nunca perder o sorriso no
rosto, a felicidade e o poder de ser criança em qualquer idade!
E assim a nossa história terminou chegou ao fim!
FIM!

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