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Fundamentos Históricos da Enfermagem- aula 3e 4

Profª Me. Cyana Albuquerque- UNIP

Evolução do Cuidado no Brasil

A saúde no Brasil praticamente inexistiu nos tempos de colônia. O modelo


exploratório nem pensava em assistência de saúde.

O pajé, com suas ervas e santos, e os boticários, que viajavam pelo Brasil
Colônia, eram as únicas formas de assistência à saúde. Para se ter uma ideia, em
1789, havia no Rio de Janeiro apenas quatro médicos.

O primeiro hospital do Brasil é a Santa Casa de Santos, do Estado de São Paulo,


que foi inaugurado
em 1° de novembro de 1543. A construção teve início em 1542, por iniciativa do
português Braz Cubas,
líder do povoado do porto de São Vicente, posteriormente Vila de Santos, com o
auxílio dos próprios
moradores da região.

A assistência hospitalar à população brasileira, desde o início da colonização,


era oferecida basicamente pelas Santas Casas e pela filantropia em geral.

Os hospitais militares surgiram no país a partir do século XVIII, ocupando os edifícios


dos jesuítas recém-expulsos do país e oferecendo assistência somente aos soldados e
componentes das tropas.

Até o fnal do século XIX, o principal problema de saúde eram as pestes,


principalmente varíola e febre amarela. A organização dos serviços era precária
e os conhecimentos científcos estavam baseados
nas concepções miasmáticas das doenças.

Para combater as doenças e proteger a população, as ações


públicas se preocupavam com o espaço urbano e com a circulação do ar e da água.

Os indigentes e os pobres eram assistidos em instituições filantrópicas ligadas à


Igreja Católica ou em entidades ligadas às colônias de imigrantes (árabes,
italianos, judeus, alemães, franceses).

O restante da população procurava ou um médico particular ou outros profissionais,


como cirurgiões, barbeiros, sangradores, curandeiros, parteiros e curiosos.

Com a chegada da família real portuguesa em 1808, as necessidades da corte


forçaram a criação das duas primeiras escolas de medicina do país: o Colégio

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Médico-Cirúrgico no Real Hospital Militar da Cidade de Salvador e a Escola de
Cirurgia do Rio de Janeiro. E foram estas as únicas medidas governamentais até
a República.

Em 1860, as rivalidades entre Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai, causadas


pelos desentendimentos quanto às fronteiras entre os países, a liberdade de
navegação dos rios platinos, as disputas pelo poder por parte das facções locais e
rivalidades históricas de mais de três séculos, são motivos do começo do maior
conflito armado ocorrido na América do Sul, a Guerra do Paraguai (1864-1870).

É na Guerra do Paraguai que surge Ana Justina Ferreira Neri, nascida na Vila
Nossa Senhora do Rosário do Porto de Cachoeira do Paraguaçu (Cachoeira,
Bahia), em 13 de dezembro de 1814. Viúva
do capitão-de-fragata Isidoro Antônio Neri.

Ana Nery viu seus familiares mais próximos serem convocados para a Guerra do
Paraguai e solicitou ao presidente da Província da Bahia poder acompanhar os
filhos e o irmão, ou pelo menos prestar serviços voluntários nos hospitais do Rio
Grande do Sul. Ana Nery tinha conhecimentos sobre ervas e tratamentos de
saúde empíricos. Embarcou, em Salvador, com a tropa do 10º Batalhão de
Voluntários da Pátria em agosto de 1865, na qualidade de enfermeira.

Ana Nery serviu como voluntária na Guerra do Paraguai (1864-1870), como


auxiliar do corpo de saúde do
Exército brasileiro. Durante toda a Guerra do Paraguai, prestou serviços nos
hospitais militares de Salto,
Corrientes (Argentina), Humaitá e Assunção (Paraguai), bem como nos hospitais
da frente de operações.
Viu morrer na luta um de seus filhos e um sobrinho. Ana era rica, estudada, culta
e poliglota, severa e
disciplinadora.

Durante a guerra, Ana Neri enfrentou o caos da saúde no país com doenças
comuns da época, como
a cólera, febre tifoide, disenteria, malária e varíola. Transformou a realidade
sanitária local, impondo
condições mínimas de higiene para que doenças não se alastrassem e feridas
fossem tratadas.

É considerada a primeira pessoa não religiosa a dedicar-se aos cuidados com a saúde de
uma comunidade
ou população e a primeira enfermeira do Brasil. O governo imperial conferiu-lhe a
Medalha Geral de
Campanha e a Medalha Humanitária de primeira classe.

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Durante a guerra, Ana Neri enfrentou o caos da saúde no país com doenças
comuns da época, como
a cólera, febre tifoide, disenteria, malária e varíola. Transformou a realidade
sanitária local, impondo
condições mínimas de higiene para que doenças não se alastrassem e feridas
fossem tratadas.

É considerada a primeira pessoa não religiosa a dedicar-se aos cuidados com a


saúde de uma comunidade
ou população e a primeira enfermeira do Brasil. Naquelas condições difíceis,
organizou os hospitais de campanha, e a primeira enfermaria foi montada em sua
própria casa, em Assunção, e às suas expensas.

Faleceu no Rio de Janeiro, em 1880, aos 66 anos de idade.

Desenvolvimento da Saúde no Brasil

Evolução do Cuidado no Brasil

No Brasil, em 1892, foram criados os primeiros laboratórios bacteriológicos, que


tinham o intuito
de gerar melhores condições sanitárias para as cidades urbanas.

Com o surgimento de epidemia de


várias doenças, o então presidente da República Rodrigues Alves nomeia como
diretor do Departamento
Federal de Saúde Pública o Dr. Oswaldo Cruz, que implantou medidas de
desinfecção sanitária.

Oswaldo Cruz, convocou 1.500 pessoas para ações que invadiam as casas e
queimavam roupas e colchões. Sem nenhum tipo de ação educativa, a população
foi ficando cada vez mais indignada. E o auge do conflito foi a instituição de
uma vacinação anti-varíola.

A população saiu às ruas e iniciou a Revolta da Vacina (em novembro de 1904).


Oswaldo Cruz acabou afastado. Apesar do fim conflituoso, o sanitarista
conseguiu resolver parte dos problemas e colher informações que ajudaram seu
sucessor, Carlos Chagas, a estruturar uma campanha rotineira e ação e educação
sanitária.

No ano de 1920, foram criados órgãos especializados no combate a doenças


como tuberculose, lepra e DST.
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As enfermeiras visitadoras não recebiam capacitação específca e eram muito mal
recebidas pela população. Ao longo dos quatro anos do projeto, muitas desistiram,
inclusive, da procura pela formação de Enfermagem.

A atuação do Estado na oferta de assistência médica à população, principalmente


a hospitalar, até a
década de 1920 era quase inexistente.

A exceção foram os estabelecimentos de assistência aos “alienados”,


que do total de 32 existentes no país em 1912, 16 eram mantidos pelo governo federal,
estadual ou
municipal.

A assistência médica no Distrito Federal, então Rio de Janeiro, e nas outras


cidades do país
era praticamente privada, seja filantrópica, com alguns subsídios do estado, ou
lucrativa.

A filantropia surgiu na capital do império na segunda metade do século XIX e


tentava oferecer à população abastada atendimento diferenciado, vista a
precariedade dos leitos filantrópicos e escassez de leitos e enfermarias
particulares nas Santas Casas.

A população da cidade do Rio de Janeiro no final do século XIX contava com


menos de 25 estabelecimentos gratuitos e com quase 40 casas de saúde com fins
lucrativos, que eventualmente praticavam gratuidade.

Nilo Peçanha, então governador do estado do Rio de Janeiro, com o objetivo de


diagnosticar, prevenir
e combater as endemias, organizou a primeira Comissão da Fundação
Rockefeller (FR), que chegou ao
Brasil em 1915, com a presença de Wickliffe Rose, diretor da International
Health Commission.

Em 1916, passou a se chamar International Health Board (IHB) e que


desempenhou papel de destaque na condução das atividades da Rockefeller no
Brasil. A Missão Médica da Rockefeller chegou ao Rio de Janeiro em setembro
de 1916.

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