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HISTÓRIA DA ENFERMAGEM

Prof. Enf. Esp. Thatielle Gomes Martins


TÉCNICO DE ENFERMAGEM
Período Florence
• Florence Nightingale está para a Enfermagem,
como Hipócrates está para a Medicina. Teve uma
grande influência nas mudanças relativas à
importância dada à assepsia, aos cuidados de
higiene e à alimentação e conforto dos doentes,
como fatores imprescindíveis na manutenção da
saúde e prevenção de complicações. Mas até isto
acontecer muitas crises foram acontecendo.
• Nascida a 12 de maio de 1820, em Florença,
Itália, era filha de ingleses. Possuía inteligência
incomum, tenacidade de propósitos,
determinação e perseverança - o que lhe permitia
dialogar com políticos e oficiais do Exército,
fazendo prevalecer suas idéias. Dominava com
facilidade o inglês, o francês, o alemão, o
italiano, além do grego e latim.
• Quando Florence falou pela primeira vez aos seus pais que
queria ser enfermeira, eles a encararam boquiabertos. O
quê? A filha de uma das mais ricas famílias da Inglaterra
ingressar numa das mais baixas profissões? Ora, a
enfermagem nem chegava a ser profissão naquele tempo.
• Assim, quando comunicou aos pais a
sua decisão, "foi como se eu me
quisesse tornar numa criada de
cozinha". Não fora para tal carreira
que eles haviam educado a filha. O
pai de Florence, Sr. William Edward
Nightingale, tencionava fazer da sua
filha uma senhora da alta sociedade,
como a elegante mãe de Florence.
Esta menina era a mais linda e mais
bem-dotada de todas as filhas do
casal. ( Eram Florence e sua irmã
Phartenope)
• Os pais de Florence ensinaram a ela e sua irmã a terem um
profundo senso de responsabilidade social e grande
sensibilidade para com os menos favorecidos, fazendo com
que se interessassem pela melhoria das condições de vida e
pela educação das pessoas.

• Florence possuía uma vocação inata para cuidar de feridos e


doentes. Já em criança deixava frequentemente as
brincadeiras para consertar bonecas e pensar as feridas dos
animais domésticos de estimação e da gente do campo, em
Embley.

• No desejo de realizar-se como enfermeira, passa o inverno de


1844 em Roma, estudando as atividades das Irmandades
Católicas. Em 1849 faz uma viagem ao Egito e decide-se a
servir a Deus, trabalhando na Alemanha, entre as diaconisas.
• A GUERRA DA CRIMÉIA (1853 – 1856)

• Foi uma disputa entre a Rússia e as forças


aliadas da França, Inglaterra e Turquia, na
Península da Criméia, que se projetava no mar
Negro. A guerra aconteceu como reação às
pretensões expansionistas russas na região.
• Florence partiu para Scutari com 38 voluntárias entre
religiosas e leigas vindas de diferentes hospitais. Algumas
enfermeiras foram despedidas por incapacidade de
adaptação e principalmente por indisciplina. Florence e sua
equipe foram encarregadas de cuidar de mais de 1500
feridos que já estavam em Scutari. A mortalidade decresce
de 40% para 2%.

• Os soldados a amavam e a respeitavam pelo conforto que


lhes oferecia à frente de sua equipe de enfermeiras. Mas foi
pela ronda noturna que Florence se notabilizou.
• Depois que todos os profissionais já haviam se recolhido e os
pacientes estavam no silêncio e na escuridão, ela ia fazer sua
ronda solitária, empunhando uma pequena lâmpada para
clarear o caminho, e ver as condições dos pacientes.

• Os soldados fazem dela o seu anjo da guarda e ela será


imortalizada como a "Dama da Lâmpada" porque, de
lanterna na mão, percorre as enfermarias, atendendo os
doentes. Durante a guerra contrai tifo e ao retornar da
Criméia, em julho de 1856, leva uma vida de inválida.
• O trabalho que realizara durante a guerra teve um
impacto muito maior do que simplesmente a ação de
reorganizar a enfermagem e salvar vidas. Ela quebrara o
preconceito que existia em torno da participação da
mulher no exército e transformara a visão da sociedade
em relação à enfermagem e ao estabelecimento de uma
ocupação útil para a mulher.

• Dedica-se porém, com ardor, a trabalhos intelectuais.


Pelos trabalhos na Criméia, recebe um prêmio do
Governo Inglês e, graças a este prêmio, consegue iniciar
o que para ela é a única maneira de mudar os destinos da
Enfermagem - uma Escola de Enfermagem em 1859.
Primeiras Escolas de
Enfermagem
• Apesar das dificuldades que as pioneiras da
Enfermagem tiveram que enfrentar, devido à
incompreensão dos valores necessários ao
desempenho da profissão, as escolas se espalharam
pelo mundo, a partir da Inglaterra. Nos Estados
Unidos a primeira Escola foi criada em 1873. Em
1877 as primeiras enfermeiras diplomadas
começam a prestar serviços a domicílio em New
York.
• As escolas deveriam funcionar de acordo com a
filosofia da Escola Florence Nightingale, baseada
em quatro idéias-chave:

1- O treinamento de enfermeiras deveria ser


considerado tão importante quanto qualquer
outra forma de ensino e ser mantido pelo
dinheiro público.

2- As escolas de treinamento deveriam ter uma


estreita associação com os hospitais, mas
manter sua independência financeira e
administrativa.
• 3- Enfermeiras profissionais deveriam ser
responsáveis pelo ensino no lugar de pessoas
não envolvidas em Enfermagem.

• 4- As estudantes deveriam, durante o período


de treinamento, ter residência à disposição, que
lhes oferecesse ambiente confortável e
agradável, próximo ao hospital.
Sistema Nightingale de Ensino
• As escolas conseguiram sobreviver graças aos
pontos essenciais estabelecidos:

1º. Direção da escola por uma Enfermeira.

2º. Mais ensino metódico, em vez de apenas


ocasional.

3º. Seleção de candidatos do ponto de vista


físico, moral, intelectual e aptidão
profissional.
• Em resumo, pode-se afirmar que o grande legado de
Florence Nightingale para o mundo foi sua dedicação
à causa dos doentes e feridos, a transformação que
promoveu nos hospitais no intuito de priorizar a
saúde dos pacientes e o benefício daqueles que lhes
prestavam cuidados e não a estética arquitetônica.
• Florence pode ser considerada a primeira enfermeira
pesquisadora no mundo, por seus conhecimentos de
matemática e estatística.
História da Enfermagem no
Brasil
• A organização da Enfermagem na
Sociedade Brasileira começa no período
colonial e vai até o final do século
dezenove. A profissão surge como uma
simples prestação de cuidados aos doentes,
realizada por um grupo formado, na sua
maioria, por escravos, que nesta época
trabalhavam nos domicílios. Desde o
princípio da colonização foi incluída a
abertura das Casas de Misericórdia, que
tiveram origem em Portugal.
• A primeira Casa de Misericórdia foi fundada
na Vila de Santos, em 1543. Em seguida, ainda
no século XVI, surgiram as do Rio de Janeiro,
Vitória, Olinda e Ilhéus. Mais tarde Porto
Alegre e Curitiba, esta inaugurada em 1880,
com a presença de D. Pedro II e Dona Tereza
Cristina.
• No que diz respeito à saúde do povo brasileiro,
merece destaque o trabalho do Padre José de
Anchieta. Ele não se limitou ao ensino de
ciências e catequeses. Foi além. Atendia aos
necessitados, exercendo atividades de médico e
enfermeiro. Em seus escritos encontramos
estudos de valor sobre o Brasil, seus primitivos
habitantes, clima e as doenças mais comuns.
• Outra figura de destaque é
Frei Fabiano Cristo, que
durante 40 anos exerceu
atividades de enfermeiro
no Convento de Santo
Antônio do Rio de Janeiro
(Séc. XVIII).
• Os escravos tiveram papel relevante, pois auxiliavam os
religiosos no cuidado aos doentes. Em 1738, Romão de
Matos Duarte consegue fundar no Rio de Janeiro a Casa
dos Expostos. Somente em 1822, o Brasil tomou as
primeiras medidas de proteção à maternidade que se
conhecem na legislação mundial, graças a atuação de José
Bonifácio Andrada e Silva. A primeira sala de partos
funcionava na Casa dos Expostos em 1822.
• Em 1832 organizou-se o ensino médico e foi
criada a Faculdade de Medicina do Rio de
Janeiro. A escola de parteiras da Faculdade de
Medicina diplomou no ano seguinte a célebre
Madame Durocher, a primeira parteira formada
no Brasil.

• Na enfermagem brasileira do tempo do Império,


raros nomes se destacaram e, entre eles, merece
especial menção o de Anna Nery.
ANA NÉRI
• Aos 13 de dezembro de 1814, nasceu Ana Justina Ferreira, na
vila de Cachoeira do Paraguaçu, na Província da Bahia. Filha
de Luísa Maria das Virgens e José Ferreira de Jesus.

• Casou-se aos 23 anos de idade com Isidoro Antônio Néri,


capitão-de-fragata da Marinha.

• Devido a um infortúnio do destino, Isidoro morre a bordo do


brigue Três de Maio, no Maranhão, deixando-a viúva aos 29
anos de idade e com três filhos pequenos para educar:
Justiniano, Antônio Pedro e Isidoro Antônio Neri Filho.
Sozinha, ela forma os dois primeiros em medicina e, o último,
segue a carreira militar.
• Em 1865, com a formação da Tríplice Aliança
( Brasil, Argentina e Uruguai), o Brasil luta contra o
Paraguai (Guerra do Paraguai). Os filhos de Ana
Néri, um médico militar e um oficial do exército, são
convocados a servir a Pátria durante a Guerra, sob a
presidência de Solano Lopes. O mais jovem, aluno do
6º ano de Medicina, oferece seus serviços médicos
em prol dos brasileiros.

• Ana Néri não resiste à separação da família e escreve


ao Presidente da Província, colocando-se à disposição
de sua Pátria.
• Aos 51 anos de idade, ela viaja para o Rio Grande do
Sul, e lá aprende as primeiras noções de enfermagem
com as irmãs de caridade de São Vicente de Paulo.

• Em 13 de agosto de 1865 parte para os campos de


batalha, onde dois de seus irmãos também lutavam ( os
tenentes-coronéis Manuel Jerônimo e Joaquim
Maurício Ferreira). Improvisa hospitais e não mede
esforços no atendimento aos feridos.

• Ana tornou-se a primeira enfermeira do país. Possuía


grande coragem, desvelo, amor ao próximo e
conhecimentos de fitoterapia.
• Nos campos de batalha, a enfermeira perde um filho e um
sobrinho.

• Após cinco anos, retorna ao Brasil, com três pequenos órfãos


– filhos de soldados desaparecidos nos combates – e os educa
como se fossem seus filhos legítimos.

• D. Pedro II lhe concede uma medalha e uma pensão vitalícia,


para que as crianças pudessem ter uma boa qualidade de
vida.

• É acolhida com carinho e louvor, recebe uma coroa de ouro


cravejada de diamantes e Victor Meireles pinta sua imagem,
que é colocada no edifício do Paço Municipal.
• O governo imperial lhe concede medalhas humanitárias e
de campanha.

• Faleceu no Rio de Janeiro a 20 de maio de 1880 aos 66


anos de idade.

• A primeira Escola de Enfermagem fundada no Brasil


recebeu o seu nome.

• Em 1938, Getúlio Vargas, assinou o Decreto nº 2956, que


instituía o “Dia do Enfermeiro”, a ser celebrado a 12 de
maio, devendo nesta data ser prestadas homenagens
especiais à memória de Ana Neri, em todos os hospitais e
escolas de enfermagem do país.
• Ana Néri que, como Florence Nightingale,
rompeu com os preconceitos da época que faziam
da mulher prisioneira do lar.

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