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INTRODUÇÃO

Hoje em dia quando pensamos em enfermagem, logo nos vem à cabeça,


a arte do cuidar aliada a técnicas que nos permite decidir e executar ações para o
bem estar do cliente/paciente. Mas, quando isso tudo começou? Onde aprendemos
que é necessário não só dar remédios, mas zelar pelo bem estar geral do paciente,
desde as suas roupas até o ambiente onde ele repousa? Bem isso tudo teve início
com a missão bem cumprida de duas mulheres que dedicaram suas vidas ao cuidar,
e que não se abateram com a falta de recursos de sua época. São elas: Ana Nery e
Florence Nightingale, pioneiras da enfermagem, a primeira no Brasil e a segunda no
mundo, e é sobre elas que iremos falar nesse trabalho, sobre suas lutas, suas
dificuldades e seus grandes feitos e descobertas que quebrou o paradigma existente
que tratava a enfermeira como mera “cuidadora”, contribuindo assim para alicerçar
as bases para o surgimento desta profissão tão importante para os dias atuais a
Enfermagem.

1.1. BIOGRAFIA

Aos 13 de dezembro de 1814, nasceu Ana Justina Ferreira, na cidade de


Cachoeira, na Vila de Cachoeira, de Paraguaçu, na Província da Bahia. Era filha de
José Ferreira de Jesus e de Luísa Maria das Virgens. Casou-se aos 23 anos com o
capitão de fragata, Isidoro Antonio Nery, enviuvando-se aos trinta anos, devido a
uma meningite cérebro-espinhal fulminante, ficando com três filhos: Justiniano,
Antônio Pedro e Isidoro Antonio Nery Filho, sendo o primeiro e o último, oficiais do
exército e o outro, médico.
Ao irromper a Guerra do Paraguai, (dezembro de 1864), seguiram para o
campo de luta dois de seus três filhos, seu irmão Major Maurício Ferreira e
sobrinhos. Não suportando a separação da família e no desejo de ser útil à sua
pátria, Ana Nery escreve uma carta ao Presidente da Província da Bahia, Sr. Manuel
Pinto de Souza Dantas, pedindo-lhe licença para acompanha-los, na qualidade de
enfermeira. Deferido o pedido, partiu de salvador incorporada ao décimo batalhão de
voluntários (agosto de 1865), como enfermeira.
A prática de cuidar dos doentes ela adquiriu em Salvador, com as irmãs
da ordem de São Vicente de Paulo. Durante toda a campanha, prestou serviços
ininterruptos nos hospitais da frente de operações. Dentre as ações desenvolvidas
por Ana Nery, destacaram-se as noções de higiene, (corte de cabelo e barbas),
lavagem de roupas de cama e de roupas dos feridos, uso de cal para evitar piolhos,
assepsia corporal, ( banhos diários), trouxe sol e luz e implementou a higiene nas
enfermarias , bem como alimentou os feridos.
Viu morrer na luta um de seus filhos, e terminada a guerra, regressou a
sua cidade natal, (em 1870), onde lhe foram prestadas grandes homenagens, entre
elas, condecorações com as medalhas de Prata Humanitária e de Campanha, dadas
pelo Governo Imperial. Recebe da mão do Imperador Dom Pedro II, uma pensão
vitalícia, com a qual educa quatro órfãos recolhidos no Paraguai. Tendo entrado na
história como a nossa primeira enfermeira voluntária, numa época em que ainda não
havia profissionais nessa área.
Pelos relevantes serviços prestados aos soldados brasileiros, Ana Néri
recebe da população do Rio de Janeiro calorosa manifestação de afeição: uma
chuva de pétalas de rosas e uma coroa de ouro cravejada de diamantes, onde se lia
gravado: “À heroína da caridade, as baianas agradecidas”. 
 A coroa encontra-se, hoje, no Museu do Estado da Bahia. Vítor Meireles
pinta o seu retrato em tamanho natural, o qual se encontra exposto na sede da Cruz
Vermelha Brasileira; e Ana ganha um álbum com a seguinte dedicatória: “Tributo de
admiração à caridosa baiana por damas patriotas”. 
  Ana Néri chega à Bahia no dia 5 de julho de 1870, é condecorada com
as medalhas de Humaitá e de Campanha, e ocupa um lugar de honra da Câmara
Municipal de Salvador. Morre em 20 de maio de 1880, aos 66 anos. Em sua
homenagem foi denominada em 1923, Ana Nery, a Primeira Escola Oficial Brasileira
de Enfermagem Alto Padrão, dada pelo médico e professor Carlos Chagas – diretor
do Instituto Osvaldo Cruz. Em 1938, o Presidente Getúlio Vargas, assina um decreto
que instituiu o “Dia do Enfermeiro”, a ser celebrado a 12 de maio, devendo ser
prestadas nesta data, homenagens especiais à Ana Nery, em todos os hospitais e
escolas de enfermagem no país.
Em 2009, por intermédio da Lei nº 12.105, de 02 de dezembro de 2009,
Ana Justina Ferreira Nery, entra para o livro de Heróis da Pátria, depositado no
Panteão da Liberdade e da Democracia, em Brasília – DF.

1.2. O cuidar em Enfermagem

A prática de cuidar dos doentes, Ana Nery adquiriu em Salvador, com as


irmãs da Ordem São Vicente de Paulo, considerado “o pai da caridade”, pela Igreja
Católica. Com as freiras vicentinas, aprendeu noções de higiene pessoal, primeiros-
socorros, aplicar injeções, controlar hemorragias, dissecar feridas e fazer remédios
caseiros, como um à base de pimentão amarelo, potente antiinflamatório. Porém, a
habilidade ambulatorial que mais se revelaria útil nos campos de batalha foi a
cauterização, feita com uma lâmina quente (geralmente facão), que salvaria muitas
pernas, braços e vidas. Das vicentinas, a dedicada aprendiz ganhou o título “Grande
Irmã da Caridade Leiga”.
Dentre as ações desenvolvidas por Ana Nery nos hospitais militares
destacaram-se as noções de higiene (corte de cabelos e barbas), lavagem de
roupas de cama e roupas dos feridos, uso de cal para evitar piolhos, assepsia
corporal (banhos diários), trouxe sol e luz e implementou a higiene nas enfermarias,
bem como alimentou os feridos.
Apesar da falta de higiene e de materiais e excesso de doentes, Ana fez o
que estava ao seu alcance para oferecer o melhor cuidado possível aos doentes.
Apesar das dificuldades Ana criou grupos para a melhoria da enfermaria e é assim
que tralhamos, com base na organização e divisão de tarefas, facilitando o trabalho
e melhorando a qualidade da assistência da equipe de enfermagem.
Os princípios de assistência de enfermagem utilizados por Ana Nery na
época são os mesmos que buscamos utilizar nos dias de hoje, tendo prioridade a
humanização que é a sua principal característica, não deixando de lado a higiene, o
bem estar e a recuperação das necessidades básicas do cliente. Ana se
fundamentou na prática da higiene corporal e, concomitantemente, do ambiente,
buscando a promoção da saúde e prevenção de infecções, como ocorre nos
hospitais até os dias atuais, sendo uma das principais funções da enfermagem.
Além da higiene, ela executou tarefas simples como abrir as janelas para a entrada
de luz e ar puro trazendo vitalidade aos clientes, tarefas de grande importância para
a recuperação da saúde.
Os procedimentos técnicos simples e complexos usados por Ana Nery na
época eram rústicos se comparados com os procedimentos atuais.
A humanização de Ana Nery foi um belo exemplo de amor e dedicação
pela profissão e pelo próximo, ela mostrou que não importa a nacionalidade ou raça
todos somos seres humanos. Para Anna Nery, não importava se o ferido fosse
amigo ou inimigo, todos eram homens e mereciam cuidados.

2. FLORENCE NIGHTINGALE
2.1.BIOGRAFIA

Florence Nightingale, nasceu a 12 de Maio de 1820, em Florença – Itália


e era a segunda filha de William Edward Nightingale (1794-1874) e Frances
Nightingale (1789-1880). Tal como a sua irmã mais velha, Parthenope, recebeu o
nome, em inglês, da cidade que a viu nascer. Pertencente a uma família rica da alta
sociedade britânica, Florence cresceu numa época de intensas mudanças sociais,
marcada pelas ideias liberais e reformistas. O seu avô materno, William Smith,
membro do Parlamento Inglês, foi um importante e reconhecido promotor dos
direitos dos dissidentes religiosos e abolição da comercialização de escravos. Seu
pai, William Nightingale, que havia estudado na Universidade de Cambridge,
notabilizou-se pelas ideias progressistas em relação à melhoria da sociedade e
educação da mulher, tendo-se empenhado consideravelmente na educação das
suas filhas, ato que na época era apenas dedicado aos filhos varões.
A educação de Florence foi, por isso, vasta e abrangente, integrando
latim, grego, história, filosofia, matemática, línguas modernas e música, veiculando-
lhe uma amplitude de sabedoria bem patente na sua obra.
Com vários elementos da família ligados à política, Nightingale
desenvolveu naturalmente um profundo sentido de envolvimento com os assuntos
da sociedade, na sua época. De tal forma que a condição social privilegiada não a
impediu de procurar colocar em prática os seus conhecimentos.
Logo na adolescência, ficou patente o conflito interno entre os prazeres
proporcionados pela intensa atividade social da família e o seu desejo de atividade,
empenhando-se em afastar o seu trilho do que considerava a “vida comum” de uma
mulher da alta sociedade. No desejo de realizar-se como enfermeira, passa o
inverno de 1844 em Roma, estudando as atividades das Irmandades Católicas. Em
1849 faz uma viagem ao Egito e decide-se a servir a Deus, trabalhando em
Kaiserswert, Alemanha, entre as diaconisas.
Decidida a seguir sua vocação, procura completar seus conhecimentos
que julga ainda insuficientes. Visita o Hospital de Dublin dirigido pela Irmãs de
Misericórdia, Ordem Católica de Enfermeiras, fundada 20 anos antes. Conhece as
Irmãs de Caridade de São Vicente de Paulo, na Maison de la Providence em Paris.
Aos poucos vai se preparando para a sua grande missão. Em 1854, a
Inglaterra, a França e a Turquia declaram guerra à Rússia: é a Guerra da Criméia.
Os soldados acham-se no maior abandono. A mortalidade entre os hospitalizados é
de 40%. Florence partiu para Scutari com 38 voluntárias entre religiosas e leigas
vindas de diferentes hospitais. Algumas enfermeiras foram despedidas por
incapacidade de adaptação e principalmente por indisciplina. A mortalidade
decresce de 40% para 2%. Os soldados fazem dela o seu anjo da guarda e ela será
imortalizada como a "Dama da Lâmpada" porque, de lanterna na mão, percorre as
enfermarias, atendendo os doentes. Durante a guerra contrai tifo e ao retornar da
Criméia, em 1856, leva uma vida de inválida.
Dedica-se porém, com ardor, a trabalhos intelectuais. Pelos trabalhos na
Criméia, recebe um prêmio do Governo Inglês e, graças a este prêmio, consegue
iniciar o que para ela é a única maneira de mudar os destinos da Enfermagem - uma
Escola de Enfermagem em 1959.
Após a guerra, Florence fundou uma escola de Enfermagem no Hospital
Saint Thomas, que passou a servir de modelo para as demais escolas que foram
fundadas posteriormente. A disciplina rigorosa, do tipo militar, era uma das
características da escola nightingaleana, bem como a exigência de qualidades
morais das candidatas. O curso, de um ano de duração, consistia em aulas diárias
ministradas por médicos.
Florence morre em Londres, 13 de agosto de 1910, com noventa anos de
idade, deixando florescente o ensino de Enfermagem. Assim, a Enfermagem surge
não mais como uma atividade empírica, desvinculada do saber especializado, mas
como uma ocupação assalariada que vem atender a necessidade de mão-de-obra
nos hospitais, constituindo-se como uma prática social institucionalizada e
específica.
Ao longo da sua vida, Florence Nightingale escreveu entre 15 a 20 mil
cartas a amigos e conhecidos distinguidos e redigiu cerca de 200 obras repartidas
entre livros, relatórios e panfletos, nos quais estão bem patentes as suas crenças,
observações e desejos de mudança nos cuidados de saúde. Nas suas primeiras
cartas e notas, os propósitos da educação são constantemente analisados,
criticando a educação disponibilizada à mulher na época. No entanto, só após os 31
anos de idade pode dar utilidade prática à sua bagagem educacional. Mesmo depois
dos oitenta anos de idade, continuou a trabalhar, reunindo dados e escrevendo
acerca de Enfermagem e cuidados de saúde.
A sua obra foi de tal forma revolucionária e avançada para a época, que
teve profundo impacto na saúde e na reorganização dos serviços de saúde a nível
mundial, sendo considerada, ainda hoje, pedra basilar da profissionalização da
Enfermagem.
Florence morre em Londres, 13 de agosto de 1910, com noventa anos de
idade, deixando florescente o ensino de Enfermagem. Assim, a Enfermagem surge
não mais como uma atividade empírica, desvinculada do saber especializado, mas
como uma ocupação assalariada que vem atender a necessidade de mão-de-obra
nos hospitais, constituindo-se como uma prática social institucionalizada e
específica. A família recusou o enterro na célebre Abadia de Westminster
(Westminster Abbey), sendo os seus restos mortais depositados no cemitério da
Igreja de St. Margaret em East Wellow, Hampshire, na campa da família.

2.2.A profissionalização da Enfermagem

A formação de enfermeiras já era um tema discutido antes mesmo da


Guerra da Criméia.
Entre 1830 e 1840, estabeleceram-se irmandades que se destinavam a
formação de mulheres moralmente competentes para cuidar dos pobres e dos
doentes.
Haviam as matrons e as nurses, porém encontravam muitos problemas
no desenvolvimento de suas atividades, por conta do trabalho ser esporádico,
desqualificado, mal remunerado e socialmente desvalorizado, não havia
especificidade técnica nem formação.
Por isso a mulheres que aceitavam esse trabalho eram na maioria das
vezes analfabetas e de baixo extrato social, e consequentemente tinham um
comportamento reprovável como alcoolismo, falta de disciplina, absenteísmo,
roubos, etc. Por essa razão essa atividade passou a ser vista como indigna.
Frente a tais problemas,Nightingale criou um sistema baseado na
formação, no treino, na dedicação, na disciplina de ferro e na forte estratificação
hierárquica, segundo um modelo misto, conventual e militar.
Em 1859, iniciou negociações para estabelecer uma escola de
enfermagem no St Thomas’ Hospital, em Londres. A classe médica teceu,
imediatamente, forte oposição, pois considerava que as enfermeiras necessitavam
apenas de qualificações semelhantes às de empregadas domésticas.
Em 1860, foi fundada a Nithghtingale School for Nurses, anexa ao St.
Thomas’s Hospital, considerada a primeira escola profissional de enfermagem em
todo o mundo. O seu modelo viria a espalhar-se, rapidamente, pelo resto da Grã-
Bretanha e Império Britânico Neste período, Florence por conta de sua doença
herdada na guerra, não assumiu a direção da escola.
Florence também revelou não se considerar uma boa professora de
mulheres, julgando que os melhores professores seriam aqueles que diariamente
praticavam a sua atividade, junto dos doentes. Optou, assim, por atribuir a direção
da Escola a uma Enfermeira matrona em exercício.
Nos primeiros anos, a Escola Nightingale distinguiase por:
– ser independente, mas fisicamente ligada ao
hospital;
– atribuir total autoridade à matrona do hospital
sobre as enfermeiras estagiárias;
– disponibilizar “lar” para as estagiárias residirem;
– ter como “professores” das estagiárias os
funcionários do hospital (Irmãs e médicos);
– submeter as estagiárias à avaliação das Irmãs e
matrona do hospital;
– atribuir um pequeno salário às estagiárias, durante
a formação;
– estabelecer um contrato com as estagiárias que
as obrigava a, depois da formação, aceitarem um
lugar num hospital à escolha do Nightingale’s Fund,
sendo política desta Instituição enviar grupos de
enfermeiras formadas para outros hospitais, com
o objectivo de divulgar o sistema de formação de
Florence Nightingale.
Esta organização apresentava, no entanto, algumas
fragilidades, nomeadamente: a confiança depositada na
avaliação das Irmãs, as quais não possuíam formação;
a não-aceitação da formação de enfermeiras, por parte
dos médicos; a utilização das estagiárias como um par
de mãos extra e a dificuldade em recrutar estagiárias
com perfil adequado
O desenvolvimento da escola de Nightingale acabou
por ser um processo inconstante, sendo que, apenas
na segunda década e após a intervenção direta de
Florence, houve uma efetiva melhoria do sistema.
Nesta época, escreveu dois dos seus mais conhecidos
livros: Notes on Matters Affecting the Health,
Efficiency and Hospital Administration of the British
Army (1857); Notes on Nursing: What It Is and What
It Is Not (1860).
A fama e o reconhecimento da escola tornaram o recrutamento de
estagiárias um processo fácil, sendo as candidatas cada vez mais qualificadas. As
enfermeiras formadas começaram a constituir as suas próprias escolas, emigrando
para países como Austrália, Canadá, Índia, Alemanha, Finlândia, Suécia e Estados
Unidos da América.
A partir de 1872 até aos seus últimos dias , Florence manteve contato
próximo com o desenvolvimento da escola, enviando anualmente um conjunto de
conselhos práticos e morais para a sua melhoria e funcionamento. Colocava a
ênfase da aprendizagem no esenvolvimento de competências práticas,
demonstrando alguns pensamentos avançados para a época e completamente
atualizados nos dias de hoje (por exemplo, considerava que havia necessidade de
atualizar a formação entre cada 5 a 10 anos).
Já na fase final da sua vida, quando se começou a colocar a questão do
Registo de Enfermeiras (que em Portugal corresponde à Ordem dos Enfermeiros),
quase surpreendentemente, Florence assumiu-se contra, considerando que este
novo estatuto traria consigo a presunção e que seria uma tentativa de replicar a
trajetória profissional dos médicos.
Considerava que a responsabilidade da enfermeira pelo bem-estar do
doente estaria mais assegurada se a enfermeira considerasse o seu trabalho como
uma vocação e chamamento superior, do que propriamente como uma profissão À
medida que a Enfermagem se tornava uma profissão respeitável para as mulheres
em todo o mundo, a lamparina de Florence Nightingale tornou-se no emblema da
profissão, simbolizando, por um lado, a esperança transmitida aos feridos durante a
Guerra da Crimeia e, por outro, a aprendizagem na profissão.
Em 1934, foi criada a Fundação Internacional Florence Nightingale, tendo,
naturalmente, como símbolo a lamparina.

2.2. O cuidar em enfermagem

Nightingale considerava a enfermagem como uma oportunidade


profissional, com um conteúdo específico por investigar. A sua concepção da
enfermagem incidia particularmente na prevenção e no doente, contrariando as
concepções de enfermagem da sua época, que valorizavam, acima de tudo, a
doença e o curar.
A mulher era vista como “naturalmente enfermeira”, como se pode
depreender pelas suas próprias palavras: “ Todas as mulheres (…) têm, em algum
período da sua vida, a responsabilidade pessoal pela saúde de alguém (…) por
outras palavras, toda a mulher é uma enfermeira.”

A sua teoria abrange três relações principais: ambiente com o doente;


enfermeira com o ambiente e enfermeira com o doente. Considera o ambiente como
o fator principal que atua sobre o doente para produzir um estado de doença. A
enfermeira deve, por isso, ser capaz de manipular o ambiente em favor do doente,
para que este tenha o mínimo dispêndio de energia possível.
Na investigação dos pacientes, era defendido dois comportamentos
essenciais para a enfermeira: um utilizando-se de perguntas relacionadas a
alimentação, qualidades do sono, dores, surgindo assim um check list; o segundo
comportamento era o uso da observação, relativa a todos os aspectos de saúde
física do paciente, correlacionando com o modelo ambientalista proposto Florence.
Através da análise desses comportamentos seria possível se traçar um diagnóstico
de enfermagem, colaborando assim para uma melhor terapêutica.
O planejamento se insere neste contexto como forma de identificar as
ações de enfermagem necessárias para manter o paciente da melhor maneira
possível. São ainda observados alguns aspectos psicológicos como a distância da
família e a perturbação do sono devido a iluminação e ruídos excessivos.
Florence considerava que não lhe tinham ensinado a natureza da doença,
nem mesmo em Kaiserswerthmas que a tinha aprendido através da experiência,
observação e reflexão. Por isso se compreende que, podendo organizar o ensino da
Enfermagem, ela tivesse procurado replicar as condições que, no seu entender,
tinham proporcionado a sua aprendizagem dos factos relacionados com a doença.
A ênfase que Nightingale deu à higiene na Guerra da Crimeia (1854-56) e
a importância que atribuía ao papel da enfermeira na gestão do ambiente, revelam a
singularidade do seu pensamento, quando comparada com os restantes seguidores
da Teoria Miasmática, em voga na época. Nightingale acreditava que Deus criou as
doenças para que o homem pudesse aprender as suas causas através da
observação e, desta forma, prevenir o seu ressurgimento gerindo o ambiente.
Consequentemente, acreditava que as enfermeiras, assumindo as suas
responsabilidades de manter a higiene, tinham uma oportunidade única para o
desenvolvimento espiritual, descobrindo a natureza de Deus ao aprender as Suas
“Leis da Saúde”

CONCLUSÃO

Estudando a historia da vida e os feitos dessas duas mulheres


revolucionárias podemos refletir que seus conceitos são ainda hoje utilizados e que
a ciência só veio a comprovar muitas de suas técnicas. Assim, a Enfermagem surge
não mais como uma atividade empírica, desvinculada do saber especializado, mas
como uma ocupação assalariada que vem atender a necessidade de mão-de-obra
nos hospitais, constituindo-se como uma prática social institucionalizada e
específica.
No geral, podemos observar a grande importância de Anna Nery como
precursora da enfermagem no Brasil através de seus feitos e sucessos na guerra do
Paraguai, abrindo um promissor caminho para a enfermagem e sua valorização,
bem como a importância de Florence, através de sua paixão pela enfermagem ,
sempre em busca de novos conhecimentos, criando assim um padrão mundial,
utilizando suas teorias e práticas, absorvidas na guerra da Criméia, e também na
sua busca científica. O conhecimento mais empírico de Ana Nery, e as reflexões
científicas de Florence Nightingale nos deixam até os dias de hoje um legado muito
rico para a profissão e para a vida.
A enorme contribuição das duas enfermeiras na valorização do
profissional, veio a fortificar a imagem da enfermagem na época, refletindo até os
dias atuais.

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