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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...........................................................................................................................3

1 ANA NERI...............................................................................................................................4

1.1 BIOGRAFIA.....................................................................................................................4
1.2 O CUIDAR EM ENFERMAGEM...................................................................................5
2 FLORENCE NIGHTINGALE................................................................................................7

2.1 BIOGRAFIA.....................................................................................................................7
2.2 A PROFISSIONALIZAÇÃO DA ENFERMAGEM........................................................9
2.3 O CUIDAR EM ENFERMAGEM.................................................................................12
CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................................14

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................................15
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INTRODUÇÃO

Hoje em dia quando pensamos em enfermagem, logo nos vem à


cabeça, a arte do cuidar aliada a técnicas que nos permite decidir e executar
ações para o bem estar do cliente/paciente. Mas, quando isso tudo começou?
Onde aprendemos que é necessário não só dar remédios, mas zelar pelo bem
estar geral do paciente, desde as suas roupas até o ambiente onde ele
repousa? Bem isso tudo teve início com a missão bem cumprida de duas
mulheres que dedicaram suas vidas ao cuidar, e que não se abateram com a
falta de recursos de sua época. São elas: Ana Neri e Florence Nightingale,
pioneiras da enfermagem, a primeira no Brasil e a segunda no mundo, e é
sobre elas que iremos falar nesse trabalho, sobre suas lutas, suas dificuldades
e seus grandes feitos e descobertas que quebrou o paradigma existente que
tratava a enfermeira como mera “cuidadora”, contribuindo assim para alicerçar
as bases para o surgimento desta profissão tão importante para os dias atuais
a Enfermagem.
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1 ANA NERI

1.1 BIOGRAFIA

Aos 13 de dezembro de 1814, nasceu Ana Justina Ferreira, na


cidade de Cachoeira, na Vila de Cachoeira, de Paraguaçu, na Província da
Bahia. Era filha de José Ferreira de Jesus e de Luísa Maria das Virgens.
Casou-se aos 23 anos com o capitão de fragata, Isidoro Antonio Neri,
enviuvando-se aos trinta anos, devido a uma meningite cérebro-espinhal
fulminante, ficando com três filhos: Justiniano, Antônio Pedro e Isidoro Antonio
Neri Filho, sendo o primeiro e o último, oficiais do exército e o outro, médico.
Ao irromper a Guerra do Paraguai, (dezembro de 1864), seguiram
para o campo de luta dois de seus três filhos, seu irmão Major Maurício
Ferreira e sobrinhos. Não suportando a separação da família e no desejo de
ser útil à sua pátria, Ana Neri escreve uma carta ao Presidente da Província da
Bahia, Sr. Manuel Pinto de Souza Dantas, pedindo-lhe licença para
acompanha-los, na qualidade de enfermeira. Deferido o pedido, partiu de
salvador incorporada ao décimo batalhão de voluntários (agosto de 1865),
como enfermeira.
A prática de cuidar dos doentes ela adquiriu em Salvador, com as
irmãs da ordem de São Vicente de Paulo. Durante toda a campanha, prestou
serviços ininterruptos nos hospitais da frente de operações. Dentre as ações
desenvolvidas por Ana Neri, destacaram-se as noções de higiene, (corte de
cabelo e barbas), lavagem de roupas de cama e de roupas dos feridos, uso de
cal para evitar piolhos, assepsia corporal, (banhos diários), trouxe sol e luz e
implementou a higiene nas enfermarias , bem como alimentou os feridos.
Viu morrer na luta um de seus filhos, e terminada a guerra,
regressou a sua cidade natal, (em 1870), onde lhe foram prestadas grandes
homenagens, entre elas, condecorações com as medalhas de Prata
Humanitária e de Campanha, dadas pelo Governo Imperial. Recebe da mão do
Imperador Dom Pedro II, uma pensão vitalícia, com a qual educa quatro órfãos
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recolhidos no Paraguai. Tendo entrado na história como a nossa primeira


enfermeira voluntária, numa época em que ainda não havia profissionais nessa
área.
Pelos relevantes serviços prestados aos soldados brasileiros, Ana
Neri recebe da população do Rio de Janeiro calorosa manifestação de afeição:
uma chuva de pétalas de rosas e uma coroa de ouro cravejada de diamantes,
onde se lia gravado: “À heroína da caridade, as baianas agradecidas”. 
 A coroa encontra-se, hoje, no Museu do Estado da Bahia. Vítor
Meireles pinta o seu retrato em tamanho natural, o qual se encontra exposto na
sede da Cruz Vermelha Brasileira; e Ana ganha um álbum com a seguinte
dedicatória: “Tributo de admiração à caridosa baiana por damas patriotas”. 
Ana Neri chega à Bahia no dia 5 de julho de 1870, é condecorada
com as medalhas de Humaitá e de Campanha, e ocupa um lugar de honra da
Câmara Municipal de Salvador. Morre em 20 de maio de 1880, aos 66 anos.
Em sua homenagem foi denominada em 1923, Ana Neri, a Primeira Escola
Oficial Brasileira de Enfermagem Alto Padrão, dada pelo médico e professor
Carlos Chagas – diretor do Instituto Osvaldo Cruz. Em 1938, o Presidente
Getúlio Vargas, assina um decreto que instituiu o “Dia do Enfermeiro”, a ser
celebrado a 12 de maio, devendo ser prestadas nesta data, homenagens
especiais à Ana Neri, em todos os hospitais e escolas de enfermagem no país.
Em 2009, por intermédio da Lei nº 12.105, de 02 de dezembro de
2009, Ana Justina Ferreira Neri, entra para o livro de Heróis da Pátria,
depositado no Panteão da Liberdade e da Democracia, em Brasília – DF.

1.2 O CUIDAR EM ENFERMAGEM

A prática de cuidar dos doentes, Ana Neri adquiriu em Salvador, com


as irmãs da Ordem São Vicente de Paulo, considerado “O pai da caridade”,
pela Igreja Católica. Com as freiras vicentinas, aprendeu noções de higiene
pessoal, primeiros-socorros, aplicar injeções, controlar hemorragias, dissecar
feridas e fazer remédios caseiros, como um à base de pimentão amarelo,
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potente antiinflamatório. Porém, a habilidade ambulatorial que mais se revelaria


útil nos campos de batalha foi a cauterização, feita com uma lâmina quente
(geralmente facão), que salvaria muitas pernas, braços e vidas. Das vicentinas,
a dedicada aprendiz ganhou o título “Grande Irmã da Caridade Leiga”.
Dentre as ações desenvolvidas por Ana Neri nos hospitais militares
destacaram-se as noções de higiene (corte de cabelos e barbas), lavagem de
roupas de cama e roupas dos feridos, uso de cal para evitar piolhos, assepsia
corporal (banhos diários), trouxe sol e luz e implementou a higiene nas
enfermarias, bem como alimentou os feridos. Apesar da falta de higiene e de
materiais e excesso de doentes, Ana fez o que estava ao seu alcance para
oferecer o melhor cuidado possível aos doentes. Apesar das dificuldades Ana
criou grupos para a melhoria da enfermaria e é assim que tralhamos, com base
na organização e divisão de tarefas, facilitando o trabalho e melhorando a
qualidade da assistência da equipe de enfermagem.
Os princípios de assistência de enfermagem utilizados por Ana Neri
na época são os mesmos que buscamos utilizar nos dias de hoje, tendo
prioridade a humanização que é a sua principal característica, não deixando de
lado a higiene, o bem estar e a recuperação das necessidades básicas do
cliente. Ana se fundamentou na prática da higiene corporal e,
concomitantemente, do ambiente, buscando a promoção da saúde e prevenção
de infecções, como ocorre nos hospitais até os dias atuais, sendo uma das
principais funções da enfermagem. Além da higiene, ela executou tarefas
simples como abrir as janelas para a entrada de luz e ar puro trazendo
vitalidade aos clientes, tarefas de grande importância para a recuperação da
saúde. Os procedimentos técnicos simples usados por Ana Neri na época eram
rústicos se comparados com os procedimentos atuais, no entanto, foram
decisivos para acelerar a cura de uma infinidade de pacientes.
A humanização de Ana Neri foi um belo exemplo de amor e
dedicação pela profissão e pelo próximo, ela mostrou que não importa a
nacionalidade ou raça todos somos seres humanos. Para Ana Neri, não
importava se o ferido fosse amigo ou inimigo, todos eram homens e mereciam
cuidados.
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2 FLORENCE NIGHTINGALE

2.1 BIOGRAFIA

Florence Nightingale, nasceu a 12 de Maio de 1820, em Florença –


Itália e era a segunda filha de William Edward Nightingale (1794-1874) e
Frances Nightingale (1789-1880). Tal como a sua irmã mais velha, Parthenope,
recebeu o nome, em inglês, da cidade que a viu nascer. Pertencente a uma
família rica da alta sociedade britânica, Florence cresceu numa época de
intensas mudanças sociais, marcada pelas ideias liberais e reformistas. O seu
avô materno, William Smith, membro do Parlamento Inglês, foi um importante e
reconhecido promotor dos direitos dos dissidentes religiosos e abolição da
comercialização de escravos. Seu pai, William Nightingale, que havia estudado
na Universidade de Cambridge, notabilizou-se pelas ideias progressistas em
relação à melhoria da sociedade e educação da mulher, tendo-se empenhado
consideravelmente na educação das suas filhas, ato que na época era apenas
dedicado aos filhos varões.
A educação de Florence foi, por isso, vasta e abrangente, integrando
latim, grego, história, filosofia, matemática, línguas modernas e música,
veiculando-lhe uma amplitude de sabedoria bem patente na sua obra.
Com vários elementos da família ligados à política, Nightingale
desenvolveu naturalmente um profundo sentido de envolvimento com os
assuntos da sociedade, na sua época. De tal forma que a condição social
privilegiada não a impediu de procurar colocar em prática os seus
conhecimentos.
Logo na adolescência, ficou patente o conflito interno entre os
prazeres proporcionados pela intensa atividade social da família e o seu desejo
de atividade, empenhando-se em afastar o seu trilho do que considerava a
“vida comum” de uma mulher da alta sociedade. No desejo de realizar-se como
enfermeira, passa o inverno de 1844 em Roma, estudando as atividades das
Irmandades Católicas. Em 1849 faz uma viagem ao Egito e decide-se a servir a
Deus, trabalhando em Kaiserswert, Alemanha, entre as diaconisas.
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Decidida a seguir sua vocação, procura completar seus


conhecimentos que julga ainda insuficientes. Visita o Hospital de Dublin dirigido
pela Irmãs de Misericórdia, Ordem Católica de Enfermeiras, fundada 20 anos
antes. Conhece as Irmãs de Caridade de São Vicente de Paulo, na Maison de
la Providence em Paris.
Aos poucos vai se preparando para a sua grande missão. Em 1854,
a Inglaterra, a França e a Turquia declaram guerra à Rússia: é a Guerra da
Criméia. Os soldados acham-se no maior abandono. A mortalidade entre os
hospitalizados é de 40%. Florence partiu para Scutari com 38 voluntárias entre
religiosas e leigas vindas de diferentes hospitais. Algumas enfermeiras foram
despedidas por incapacidade de adaptação e principalmente por indisciplina. A
mortalidade decresce de 40% para 2%. Os soldados fazem dela o seu anjo da
guarda e ela será imortalizada como a "Dama da Lâmpada" porque, de
lanterna na mão, percorre as enfermarias, atendendo os doentes. Durante a
guerra contrai tifo e ao retornar da Criméia, em 1856, leva uma vida de inválida.
Dedica-se porém, com ardor, a trabalhos intelectuais. Pelos
trabalhos na Criméia, recebe um prêmio do Governo Inglês e, graças a este
prêmio, consegue iniciar o que para ela é a única maneira de mudar os
destinos da Enfermagem - uma Escola de Enfermagem em 1959.
Após a guerra, Florence fundou uma escola de Enfermagem no
Hospital Saint Thomas, que passou a servir de modelo para as demais escolas
que foram fundadas posteriormente. A disciplina rigorosa, do tipo militar, era
uma das características da escola nightingaleana, bem como a exigência de
qualidades morais das candidatas. O curso, de um ano de duração, consistia
em aulas diárias ministradas por médicos.
Florence morre em Londres, 13 de agosto de 1910, com noventa
anos de idade, deixando florescente o ensino de Enfermagem. Assim, a
Enfermagem surge não mais como uma atividade empírica, desvinculada do
saber especializado, mas como uma ocupação assalariada que vem atender a
necessidade de mão-de-obra nos hospitais, constituindo-se como uma prática
social institucionalizada e específica.
Ao longo da sua vida, Florence Nightingale escreveu entre 15 a 20
mil cartas a amigos e conhecidos distinguidos e redigiu cerca de 200 obras
repartidas entre livros, relatórios e panfletos, nos quais estão bem patentes as
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suas crenças, observações e desejos de mudança nos cuidados de saúde. Nas


suas primeiras cartas e notas, os propósitos da educação são constantemente
analisados, criticando a educação disponibilizada à mulher na época. No
entanto, só após os 31 anos de idade pode dar utilidade prática à sua bagagem
educacional. Mesmo depois dos oitenta anos de idade, continuou a trabalhar,
reunindo dados e escrevendo acerca de Enfermagem e cuidados de saúde.
A sua obra foi de tal forma revolucionária e avançada para a época,
que teve profundo impacto na saúde e na reorganização dos serviços de saúde
a nível mundial, sendo considerada, ainda hoje, pedra basilar da
profissionalização da Enfermagem.
Florence morre em Londres, 13 de agosto de 1910, com noventa
anos de idade, deixando florescente o ensino de Enfermagem. Assim, a
Enfermagem surge não mais como uma atividade empírica, desvinculada do
saber especializado, mas como uma ocupação assalariada que vem atender a
necessidade de mão-de-obra nos hospitais, constituindo-se como uma prática
social institucionalizada e específica. A família recusou o enterro na célebre
Abadia de Westminster (Westminster Abbey), sendo os seus restos mortais
depositados no cemitério da Igreja de St. Margaret em East Wellow,
Hampshire, na campa da família.

2.2 A PROFISSIONALIZAÇÃO DA ENFERMAGEM

A formação de enfermeiras já era um tema discutido antes mesmo


da Guerra da Criméia. Entre 1830 e 1840, estabeleceram-se irmandades que
se destinavam a formação de mulheres moralmente competentes para cuidar
dos pobres e dos doentes. Haviam as Matrons e as Nurses, porém
encontravam muitos problemas no desenvolvimento de suas atividades, por
conta do trabalho ser esporádico, desqualificado, mal remunerado e
socialmente desvalorizado, não havia especificidade técnica nem formação.
Por isso a mulheres que aceitavam esse trabalho eram na maioria das vezes
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analfabetas e de baixo extrato social, e consequentemente tinham um


comportamento reprovável como alcoolismo, falta de disciplina, absenteísmo,
roubos, etc. Por essa razão essa atividade passou a ser vista como indigna.
Frente a tais problemas,Nightingale criou um sistema baseado na formação, no
treino, na dedicação, na disciplina de ferro e na forte estratificação hierárquica,
segundo um modelo misto, conventual e militar.
Em 1859, iniciou negociações para estabelecer uma escola de
enfermagem no St Thomas’ Hospital, em Londres. A classe médica teceu,
imediatamente, forte oposição, pois considerava que as enfermeiras
necessitavam apenas de qualificações semelhantes às de empregadas
domésticas. Em 1860, foi fundada a Nithghtingale School for Nurses, anexa ao
St. Thomas’s Hospital, considerada a primeira escola profissional de
enfermagem em todo o mundo. O seu modelo viria a espalhar-se, rapidamente,
pelo resto da Grã-Bretanha e Império Britânico Neste período, Florence por
conta de sua doença herdada na guerra, não assumiu a direção da escola.
Florence também revelou não se considerar uma boa professora de
mulheres, julgando que os melhores professores seriam aqueles que
diariamente praticavam a sua atividade, junto dos doentes. Optou, assim, por
atribuir a direção da Escola a uma Enfermeira matrona em exercício. Nos
primeiros anos, a Escola Nightingale distinguiase por:

 Ser independente, mas fisicamente ligada ao hospital;


 Atribuir total autoridade à matrona do hospital sobre as
enfermeiras estagiárias;
 Disponibilizar “lar” para as estagiárias residirem;
 Ter como “professores” das estagiárias os funcionários do hospital
(Irmãs e médicos);
 Submeter as estagiárias à avaliação das Irmãs e matrona do
hospital;
 Atribuir um pequeno salário às estagiárias, durante a formação;
 Estabelecer um contrato com as estagiárias que as obrigava a,
depois da formação, aceitarem um lugar num hospital à escolha
do Nightingale’s Fund, sendo política desta Instituição enviar
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grupos de enfermeiras formadas para outros hospitais, com o


objetivo de divulgar o sistema de formação de Florence
Nightingale.

Esta organização apresentava, no entanto, algumas fragilidades,


nomeadamente: a confiança depositada na avaliação das irmãs, as quais não
possuíam formação; a não-aceitação da formação de enfermeiras, por parte
dos médicos; a utilização das estagiárias como um par de mãos extra e a
dificuldade em recrutar estagiárias com perfil adequado ao desenvolvimento da
escola de Nightingale acabou por ser um processo inconstante, sendo que,
apenas na segunda década e após a intervenção direta de Florence, houve
uma efetiva melhoria do sistema. Nesta época, escreveu dois dos seus mais
conhecidos livros: Notes on Matters Affecting the Health, Efficiency and
Hospital Administration of the British Army (1857); Notes on Nursing: What It Is
and What It Is Not (1860).
A fama e o reconhecimento da escola tornaram o recrutamento de
estagiárias um processo fácil, sendo as candidatas cada vez mais qualificadas.
As enfermeiras formadas começaram a constituir as suas próprias escolas,
emigrando para países como Austrália, Canadá, Índia, Alemanha, Finlândia,
Suécia e Estados Unidos da América.
A partir de 1872 até aos seus últimos dias, Florence manteve
contato próximo com o desenvolvimento da escola, enviando anualmente um
conjunto de conselhos práticos e morais para a sua melhoria e funcionamento.
Colocava a ênfase da aprendizagem no desenvolvimento de competências
práticas, demonstrando alguns pensamentos avançados para a época e
completamente atualizados nos dias de hoje (por exemplo, considerava que
havia necessidade de atualizar a formação entre cada 5 a 10 anos).
Já na fase final da sua vida, quando se começou a colocar a questão
do Registro de Enfermeiras (que em Portugal corresponde à Ordem dos
Enfermeiros), quase surpreendentemente, Florence assumiu-se contra,
considerando que este novo estatuto traria consigo a presunção e que seria
uma tentativa de replicar a trajetória profissional dos médicos.
Considerava que a responsabilidade da enfermeira pelo bem-estar
do doente estaria mais assegurada se a enfermeira considerasse o seu
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trabalho como uma vocação e chamamento superior, do que propriamente


como uma profissão À medida que a Enfermagem se tornava uma profissão
respeitável para as mulheres em todo o mundo, a lamparina de Florence
Nightingale tornou-se no emblema da profissão, simbolizando, por um lado, a
esperança transmitida aos feridos durante a Guerra da Crimeia e, por outro, a
aprendizagem na profissão.
Em 1934, foi criada a Fundação Internacional Florence Nightingale,
tendo, naturalmente, como símbolo a lamparina.

2.3 O CUIDAR EM ENFERMAGEM

Nightingale considerava a enfermagem como uma oportunidade


profissional, com um conteúdo específico por investigar. A sua concepção da
enfermagem incidia particularmente na prevenção e no doente, contrariando as
concepções de enfermagem da sua época, que valorizavam, acima de tudo, a
doença e o curar.
A mulher era vista como “naturalmente enfermeira”, como se pode
depreender pelas suas próprias palavras: “ Todas as mulheres (…) têm, em
algum período da sua vida, a responsabilidade pessoal pela saúde de alguém
(…) por outras palavras, toda a mulher é uma enfermeira.”
A sua teoria abrange três relações principais: ambiente com o
doente; enfermeira com o ambiente e enfermeira com o doente. Considera o
ambiente como o fator principal que atua sobre o doente para produzir um
estado de doença. A enfermeira deve, por isso, ser capaz de manipular o
ambiente em favor do doente, para que este tenha o mínimo dispêndio de
energia possível.
Na investigação dos pacientes, era definido dois comportamentos
essenciais para a enfermeira: um utilizando-se de perguntas relacionadas a
alimentação, qualidades do sono, dores, surgindo assim um check list; o
segundo comportamento era o uso da observação, relativa a todos os aspectos
de saúde física do paciente, correlacionando com o modelo ambientalista
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proposto Florence. Através da análise desses comportamentos seria possível


se traçar um diagnóstico de enfermagem, colaborando assim para uma melhor
terapêutica.
O planejamento se insere neste contexto como forma de identificar
as ações de enfermagem necessárias para manter o paciente da melhor
maneira possível. São ainda observados alguns aspectos psicológicos como a
distância da família e a perturbação do sono devido à iluminação e ruídos
excessivos.
Florence considerava que não lhe tinham ensinado a natureza da
doença, nem mesmo em Kaiserswerthmas que a tinha aprendido através da
experiência, observação e reflexão. Por isso se compreende que, podendo
organizar o ensino da Enfermagem, ela tivesse procurado replicar as condições
que, no seu entender, tinham proporcionado a sua aprendizagem dos fatos
relacionados com a doença.
A ênfase que Nightingale deu à higiene na Guerra da Crimeia (1854-
56) e a importância que atribuía ao papel da enfermeira na gestão do ambiente
revelam a singularidade do seu pensamento, quando comparada com os
restantes seguidores da Teoria Miasmática, em voga na época. Nightingale
acreditava que Deus criou as doenças para que o homem pudesse aprender as
suas causas através da observação e, desta forma, prevenir o seu
ressurgimento gerindo o ambiente. Consequentemente, acreditava que as
enfermeiras, assumindo as suas responsabilidades de manter a higiene, tinham
uma oportunidade única para o desenvolvimento espiritual, descobrindo a
natureza de Deus ao aprender as Suas “Leis da Saúde”
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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Estudando a historia da vida e os feitos dessas duas mulheres


revolucionárias podemos refletir que seus conceitos são ainda hoje utilizados e
que a ciência só veio a comprovar muitas de suas técnicas. Assim, a
Enfermagem surge não mais como uma atividade empírica, desvinculada do
saber especializado, mas como uma ocupação assalariada que vem atender a
necessidade de mão-de-obra nos hospitais, constituindo-se como uma prática
social institucionalizada e específica.
No geral, podemos observar a grande importância de Ana Neri
como precursora da enfermagem no Brasil através de seus feitos e sucessos
na guerra do Paraguai, abrindo um promissor caminho para a enfermagem e
sua valorização, bem como a importância de Florence, através de sua paixão
pela enfermagem , sempre em busca de novos conhecimentos, criando assim
um padrão mundial, utilizando suas teorias e práticas, absorvidas na guerra da
Criméia, e também na sua busca científica. O conhecimento mais empírico de
Ana Neri, e as reflexões científicas de Florence Nightingale nos deixam até os
dias de hoje um legado muito rico para a profissão e para a vida.
A enorme contribuição das duas enfermeiras na valorização do
profissional veio a fortificar a imagem da enfermagem na época, refletindo até
os dias atuais.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Título: ANA NERI


Endereço eletrônico: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ana_N%C3%A9ri
Acesso em: 30 de março de 2013

Título: ANA NERI (1814-1890)


Endereço eletrônico: http://mulher.terra.com.br/noticias/0,,OI908295-EI1377,00-
Ana+Neri.html
Acesso em: 30 de março de 2013

Título: ANA NERI – HISTÓRIA DA ENFERMAGEM – O FILME


Endereço eletrônico: http://www.youtube.com/watch?v=nQJD-SjwPBc
Acesso em: 30 de março de 2013

Título: FLORENCE NIGHTINGALE


Endereço eletrônico: http://pt.wikipedia.org/wiki/Florence_Nightingale
Acesso em: 30 de março de 2013

Título: FLORENCE NIGHTINGALE: SEU LEGADO CONTINUA


Endereço eletrônico: http://www.icrc.org/por/resources/documents/feature/florence-
nightingale-feature-110810.htm
Acesso em: 30 de março de 2013

Título: FLORENCE NIGHTINGALE


Endereço eletrônico: http://www.brasilescola.com/biografia/florence-
nightingale.htm
Acesso em: 30 de março de 2013

Título: FLORENCE NIGHTINGALE (ENFERMEIRA INGLESA) 1820 - 1910


Endereço eletrônico: http://www.netsaber.com.br/biografias/ver_biografia_c_2070.html
Acesso em: 30 de março de 2013
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Título: FLORENCE NIGHTINGALE “A LÂMPADA DA CARIDADE”


Endereço eletrônico: http://palavrastodaspalavras.wordpress.com/2012/06/09/florence-
nightingale-a-lampada-da-caridade-por-manoel-de-andrade-curitiba-pr/
Acesso em: 30 de março de 2013

Título: A ”DAMA DO LAMPIÃO” QUE ESTABELECEU AS BASES


MODERNAS DA ENFERMAGEM
Endereço eletrônico: http://www.slideshare.net/LauraBaldovino/florence-
nightingale-2827332
Acesso em: 30 de março de 2013

Título: FLORENCE NIGHTINGALE – A PRECURSORA DA ENFERMAGEM


Endereço eletrônico: http://amajobs.blogspot.com.br/2011/12/biografia-de-
florence-nightingale.html
Acesso em: 30 de março de 2013

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