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HEMATOLOGIA

BÁSICA

Adriana Dalpicolli
Rodrigues
Hematopoese e órgãos
hematopoiéticos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Reconhecer o processo de hematopoese e suas características.


 Conceituar célula-tronco, identificando as fases e os fatores reguladores
da hematopoese.
 Identificar os órgãos hematopoiéticos primários e secundários.

Introdução
Conhecer a hematopoese é fundamental para que se possa compreender
o quanto é significativa a presença de determinadas células sanguíneas,
especialmente as imaturas, na circulação periférica, para a determinação
de um diagnóstico, prognóstico ou acompanhamento clínico. A formação,
o desenvolvimento e a maturação dos elementos figurados do sangue
(eritrócitos, leucócitos e plaquetas) ocorrem a partir desse processo, a
hematopoese, em órgãos hematopoiéticos. Um precursor celular comum
e indiferenciado é a célula-tronco hematopoiética, que é estimulada a se
renovar e/ou se diferenciar nas demais células sanguíneas de acordo com
as necessidades do organismo e com o auxílio de fatores reguladores
(como hormônios, interleucinas, citocinas). Esse processo inicia ainda na
fase embrionária e segue por toda a vida do indivíduo: o que muda são
os locais no organismo em que a hematopoese ocorre, sendo predomi-
nante na medula óssea.
Neste capítulo, você vai aprender aspectos gerais sobre os processos
que envolvem, interferem e regulam a hematopoese, além de conhecer
os órgãos hematopoiéticos.
2 Hematopoese e órgãos hematopoiéticos

Hematopoese e suas características


A hematopoese, também chamada de hematopoiese, hemopoese ou hemopoiese,
é o processo contínuo de formação e renovação dos elementos figurados do
sangue ao longo de toda a vida de um indivíduo e por meio de processos
mitóticos (divisão celular). A hematopoese tem início com a divisão de uma
célula-tronco hematopoiética em duas células; uma delas a substitui (autor-
renovação) e a outra se diferencia na célula que é necessária. Esse processo
mantém em equilíbrio a velocidade de produção das células do sangue e a sua
velocidade de utilização/destruição (demanda) pelo organismo. Em condições
normais, as velocidades devem ser iguais (HOFFBRAND; MOSS, 2018).
A hematopoese pode ser dividida em:

 Eritropoese: a primeira célula que pode ser identificada como série


vermelha é o pró-eritroblasto. A linhagem seguinte é do eritroblasto
basofílico (possui um núcleo grande, cora com corantes básicos e com
pouco acúmulo de hemoglobina). A cada divisão, o núcleo vai diminuindo
de tamanho e a célula é preenchida com hemoglobina; assim, temos o
eritroblasto policromatófilo, o eritroblasto, reticulócitos (ainda contêm
restos de núcleo) e o eritrócito maduro (célula sem núcleo ou restos nu-
cleares) (GUYTON; HALL, 2017). Observe esse processo na Figura 1.

Figura 1. Estágios da diferenciação das hemácias.


Fonte: Hoffbrand e Moss (2018, p. 14).
Hematopoese e órgãos hematopoiéticos 3

 Leucopoese: dividida em linhagem mielocítica — mielopoese, produção


de granulócitos (granulopoese) e monócitos — e linhagem linfocítica
— linfopoese, formação dos linfócitos. Ambas as linhagens iniciam
com uma célula comum, o blasto (mieloblasto e linfoblasto). Veja, no
esquema da Figura 2, as células imaturas envolvidas na mielopoese.

Figura 2. Estágios da diferenciação dos granulócitos e monócitos.


Fonte: Hoffbrand e Moss (2018, p. 89).

 Trombocitopoese (plaquetopoese) das plaquetas, que são fragmentos


dos megacariócitos (GUYTON; HALL, 2017).

As células mais numerosas são os eritrócitos (especializados no transporte de


gases sanguíneos — oxigênio e dióxido de carbono), seguidos pelas plaquetas,
responsáveis pela hemostasia (coagulação) e pelos leucócitos, que fazem parte da
defesa do organismo. Temos quatro tipos de fagócitos (neutrófilos, eosinófilos,
basófilos e monócitos) e linfócitos B (plasmócitos), envolvidos na produção de
anticorpos e linfócitos T (CD4 e CD8), relacionados à resposta imune e à prote-
ção contra vírus e demais partículas estranhas (HOFFBRAND; MOSS, 2018).
A cada dia são produzidos aproximadamente 1012 eritrócitos, 108 mega-
cariócitos e, consequentemente, 1011 plaquetas e 108 leucócitos por meio de
um processo complexo e finamente regulado na medula óssea. O aumento
no número de células depende da população de células hematopoiéticas e
da disponibilidade de progenitores, além de estímulos do organismo devido
4 Hematopoese e órgãos hematopoiéticos

a condições fisiológicas ou patológicas. Por exemplo, quando há sepse, os


leucócitos armazenados precisam chegar à circulação o mais rápido possível.
As vitaminas e os oligoelementos são indispensáveis à hematopoese, que
é afetada pela ausência ou diminuição deles (insuficiência na maturação da
eritopoese). A vitamina B12 e o ácido fólico, por exemplo, são necessários para
a síntese do DNA. A carência desses elementos acarreta diminuição de DNA e,
consequentemente, deficiência na divisão e na maturação nuclear. Nessas condi-
ções, as células passam por um processo de maturação rápido, sendo produzidos
eritrócitos maiores que o normal (macrocíticos) e com a membrana celular mais
frágil. São rompidas mais facilmente, de modo que apresentam um tempo de meia
vida mais curto (metade ou um terço da vida normal). Essa situação caracteriza
a anemia megaloblástica. O ferro é um elemento imprescindível para a síntese
da hemoglobina na eritropoese, sua deficiência pode provocar a produção de
eritrócitos microcíticos (células menores que as normais) e hipocrômicos (células
menos coradas que as normais), o que caracteriza a anemia ferropriva.
A renovação celular é elevada: ocorre, em média, a cada 120 dias na po-
pulação eritróide, 10 dias para as plaquetas e algumas horas (neutrófilos e
monócitos), dias (eosinófilos e basófilos) e de semanas a anos (linfócitos) para
os leucócitos. Os eritrócitos, conforme vão envelhecendo, sofrem alteração na
sua membrana plasmática (diminuição da flexibilidade), que se torna frágil.
Muitos se rompem, e isso pode ocorrer no baço. A hemoglobina liberada é
imediatamente fagocitada por macrófagos em muitas partes do organismo,
principalmente no fígado, no baço e na medula óssea. O ferro e a globina
são reutilizados no organismo. enquanto a porção porfirina é convertida em
bilirrubina no fígado e excretada. Já as plaquetas são fagocitadas pelos macró-
fagos e os leucócitos sofrem apoptose (morte celular programada) para serem
eliminados do organismo quando envelhecem ou para diminuir a população
de células necessárias em um processo de defesa do organismo.

Células-tronco e a hematopoese
Célula-tronco, do inglês stem cell, é uma célula primitiva que apresenta capacidade
de autorrenovação (autorregeneração) e diferenciação, podendo originar células
especializadas em diferentes categorias celulares do organismo, como, por exemplo:
células ósseas, musculares, da pele, do sangue, nervosas, entre outras (MCPHER-
SON; PINCUS, 2013; HOFFBRAND; MOSS, 2018). As células-tronco estão
presentes no embrião, quando são, então, designadas células-tronco embrionárias
(blastocisto), as quais podem diferenciar-se em qualquer tipo de tecido; e também
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podem ser encontradas em tecidos adultos, originando as células-tronco adultas,


com menor capacidade de diferenciação. No adulto, essas células localizam-se,
principalmente, no cordão umbilical e placentário, na medula óssea, no sangue
periférico, no fígado, nos rins e na primeira dentição (dente de “leite”).

A concentração de célula-tronco hematopoética é muito pequena no organismo e


corresponde a, aproximadamente, 0,01-0,05% no sangue periférico, menos de 1% na
medula óssea e 0,33-1,98% em sangue de cordão umbilical e placentário.

As células-tronco classificam-se em totipotentes, pluripotentes e multipoten-


tes. As totipotentes podem originar tanto um organismo totalmente funcional
quanto qualquer tipo celular do organismo (inclusive sistema nervoso) e cor-
respondem às células do embrião recém-formado. As pluripotentes são células
capazes de gerar qualquer tipo de tecido sem originar um organismo completo
(não podem gerar a placenta e outros tecidos de apoio ao feto); formam a massa
celular interna do blastocisto depois dos quatro dias de vida e participam da
formação de todos os tecidos do organismo. As multipotentes são um pouco mais
diferenciadas, estão presentes no indivíduo adulto e têm capacidade de originar
apenas um limitado número de tipos teciduais. Essas células são designadas
de acordo com o órgão de que derivam e podem originar apenas células desse
órgão, possibilitando a regeneração tecidual (SOUZA et al., 2003).
A hematopoese inicia-se com uma célula-tronco pluripotente, célula-tronco
hematopoiética que é uma célula multipotente e que, por divisão assimétrica, pode
tanto autorrenovar-se quanto dar origem às distintas linhagens celulares — ou
seja, em um transplante de medula óssea, elas podem repovoar uma medula
cujas células-tronco tenham sido eliminadas, como, por exemplo, em tratamento
quimioterápico (MCPHERSON; PINCUS, 2013; HOFFBRAND; MOSS, 2018).
Dentro da célula, os sinais transmitidos pelos fatores de crescimento ativam
fatores de transcrição específicos, como moléculas ligadoras de DNA que atuam
como principais interruptores a determinar o programa genético subsequente, que,
por sua vez, conduz ao desenvolvimento de diferentes linhagens celulares. Após
estímulo apropriado, as células-tronco hematopoiéticas originam um comparti-
mento de células já comprometidas com uma determinada linhagem hematoló-
gica, podendo dar origem tanto a progenitores mieloides quanto a linfoides. Os
progenitores mieloides comuns originam progenitores restritos às linhagens de
6 Hematopoese e órgãos hematopoiéticos

granulócitos/macrófagos e de megacariócitos/eritrócitos. Os progenitores linfoides


comuns dão origem aos linfócitos B, T e a células natural killer (NK). As células
formadoras de colônias (CFC), também chamadas de unidade formadora de
colônia, são as células reconhecidas morfologicamente como as precursoras
imediatas das diversas células maduras presentes no sangue periférico. Observe
o esquema apresentado na Figura 3 para entender melhor esse processo.

Figura 3. Esquema mostrando a célula-tronco pluripotente, hematopoiética, gerando


progenitores mielóide e linfoide até a célula final de cada linhagem (células maduras).
Fonte: Hoffbrande Moss (2018, p. 3).

Regulação da hematopoese e fatores


de crescimento hematopoiéticos
Autorrenovação, proliferação, diferenciação e homing (volta à medula óssea)
são fases da hematopoese reguladas por mecanismos que envolvem o micro-
ambiente da medula óssea e pelas próprias células hematopoéticas.
O microambiente medular favorável é fornecido pelas células do es-
troma que secretam a matriz extracelular e fatores de crescimento. A me-
dula óssea constitui-se em ambiente adequado para as células progenitoras
diferenciadas. Esse meio é composto por células do estroma e por uma rede
microvascular. No estroma, há células mesenquimais, adipócitos, fibroblas-
tos, osteoblastos, células endoteliais e macrófagos, que secretam moléculas
extracelulares (colágeno, glicoproteínas, glicosaminoglicanos) para formar
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uma matriz extracelular, além de secretarem vários fatores de crescimento


necessários à sobrevivência da célula-tronco. As células do estroma são as
principais fontes de fatores de crescimento, com exceção da eritropoetina,
90% da qual é sintetizado no rim, especialmente pela baixa concentração de
oxigênio no organismo, e da trombopoetina, sintetizada principalmente no
fígado (HOFFBRAND; MOSS, 2018). Devido a isso, pacientes com danos
ou doenças hepáticas podem ter redução no número de plaquetas circulantes.
Os fatores de crescimento hematopoéticos são hormônios glicoprotei-
cos que regulam a proliferação e a diferenciação das células progenitoras,
previnem apoptose e afetam a função das células sanguíneas maduras. Eles
podem agir no local em que são produzidos, por contato célula a célula ou
podem circular no plasma. Eles também podem ligar-se à matriz extracelular,
formando nichos aos quais células-tronco e progenitoras se aderem. Observe,
na Figura 4, alguns fatores e células de atuação.

Figura 4. Fatores de crescimento hematopoéticos.


Fonte: Hoffbrand e Moss (2018, p. 6).
8 Hematopoese e órgãos hematopoiéticos

A eritropoietina, de origem principalmente renal, é responsável pela


regulação da produção de eritrócitos. Qualquer condição que cause a di-
minuição da quantidade de oxigênio a ser transportado para os tecidos
provoca formação desse hormônio em questão de minutos, atingindo sua
produção máxima em 24 horas, para que seja aumentada a produção de
eritrócitos. Já a trombopoetina tem papel na regulação da produção e da
diferenciação de megacariócitos que se fragmentam na medula óssea e dão
origem às plaquetas.
As citocinas são polipeptídeos ou glicoproteínas produzidas por di-
versos tipos celulares e capazes de modular a resposta celular de diversas
células, incluindo dela própria. Podem ser divididas em: interleucinas ou
interleuquinas (IL), fatores estimuladores de colônias (CSF) (estimulam
a produção ou maturação específica de determinada linhagem), fator de
necrose tumoral (TNF) (têm capacidade de provocar apoptose e possuem
ações pró-inflamatórias), interferons (IFN) (interferem na replicação de
microrganismos e estimulam a atividade de defesa do organismo) e fatores
de crescimento (TGF) (controlam a divisão celular). Sua classificação pode
estar relacionada com sua forma estrutural ou função. As interleucinas são
proteínas produzidas, principalmente, por leucócitos (principalmente por
linfócitos T, macrófagos e eosinófilos) com diferentes funções, sendo que
a maioria está envolvida na ativação ou supressão do sistema imune e na
indução de divisão de outras células. Veja, no Quadro 1, a fonte, a célula-alvo
e os efeitos de algumas citocinas.

Quadro 1. Fontes, célula alvo e efeitos dos fatores de crescimento hematopoéticos

Fator de
crescimento Fontes Célula-alvo Efeitos

IL-2 Linfócito T Linfócitos T e B Fator de crescimento


da célula T
IL-3 Linfócito T Células hematopoi- Fator de crescimento
éticas percursoras hematopoiético
IL-5 Linfócito T, Eosinófilos Crescimento de
mastócitos eosinófilos e fator de
diferenciação

(Continua)
Hematopoese e órgãos hematopoiéticos 9

(Continuação)

Quadro 1. Fontes, célula alvo e efeitos dos fatores de crescimento hematopoéticos

Fator de
crescimento Fontes Célula-alvo Efeitos

IL-9 Células TH2 Mastócitos e proge- Hematopoese e


nitores eritróides desenvolvimento de
células T
IL-12 Macrófagos e Células T e NK Indução de IFN-y e
células B imunidade mediada
por células
Eritropoetina Rins e fígado Progenitores eritrói- Fator de crescimento
(EPO) des e precursores dos eritrócitos
dos eritrócitos no es-
tágio de reticulócitos
Trombopoe- Rins e fígado Progenitores de Estimula a produção
tina (TPO) megacariócitos e a diferenciação de
megacariócitos
IFN-y Linfócitos T, Células T e B Imunomoduladores,
células NK antiproliferativos e
antivirais
G-CSF Células do es- Progenitores Hematopoese pre-
troma, macrófa- granulocíticos e coce, produção e fun-
gos e monócitos granulócitos ção dos granulócitos

Órgãos hematopoiéticos
Os órgãos e tecidos hematopoiéticos variam entre as fases da hematopoese
ao longo da vida de um indivíduo. Existem três períodos hematopoéticos:

 Período intrauterino ou embrionário: no início do primeiro mês da


vida pré-natal, as primeiras células do sangue surgem externamente ao
embrião no mesênquima do saco vitelino (vesícula vitelínica) — local
transitório da hematopoese. As células são eritroblastos primitivos,
grandes e megaloblásticos, formados no meio intravascular, com núcleo.
 Período hepatoesplênico ou fetal: na sexta semana de gestação, a hema-
topoese inicia no fígado (maior órgão hematopoético nas fases inicial e
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intermediária do feto). Os eritroblastos definitivos, que se transformam


em eritrócitos anucleados, são formados extravascularmente e ocorrem,
em menor grau, a granulopoiese e a megacariopoese. Até 6 e 7 meses de
vida fetal, o fígado e o baço são os principais órgãos hematopoéticos e
continuam a produzir céulas até cerca de 2 semanas após o nascimento. Os
linfonodos (gânglios linfáticos) exercem papel minoritário na hematopoese
durante essa fase. A placenta também contribui para hematopoese fetal.
 Período medular fetal, infância e vida adulta: na segunda metade da
vida fetal, 6 a 7 meses, a medula óssea inicia a produção celular de modo
progressivo e, no fígado, esse processo é diminuído. A hematopoese,
após o nascimento para produção de eritrócitos, granulócitos e plaquetas,
passa a ocorrer apenas na medula óssea, ou seja, é extravascular. As
células em desenvolvimento situam-se fora dos seios da medula, as
maduras são liberadas nos espaços sinusais, na microcirculação medular
e, a partir daí, na circulação geral.
 Nessa fase, todo espaço da medula está ocupado por medula hematopoé-
tica ativa, também chamada de medula vermelha, até aproximadamente
5 anos de idade. Conforme o crescimento vai ocorrendo (fase de lactação),
o espaço medular se amplia e apenas uma parte mantém a hematopoese, o
restante é preenchido por células adiposas. Na infância, os ossos achatados
e longos, como o crânio, as vértebras, o fêmur, continuam sendo locais
de formação celular sanguínea. No adulto, a medula hematopoiética é
confinada ao esqueleto central e às extremidades proximais do fêmur
e do úmero. A medula vermelha é substituída pela medula amarela ou
gordurosa e assim segue por toda a vida do indivíduo. Mesmo em regiões
hematopoéticas, cerca de 50% da medula é composta por gordura. Em
casos de necessidade, a medula amarela é substituída novamente pela
vermelha por meio de estímulos intensos e contínuos. O fígado e o baço
também podem retornar seu papel hematopoético quando preciso. Hepa-
toesplenomegalia (fígado e baço aumentam de tamanho nessa situação)
pode significar hematopoiese extramedular e ocorrer, por exemplo, em
doenças hemolíticas ou talassemias. Quando, na medula, não há mais
proliferação celular, denomina-se medula cinzenta (MCPHERSON;
PINCUS, 2013; HOFFBRAND; MOSS, 2018).

Os eritrócitos, ao longo da vida, em condições normais, são formados apenas


na medula óssea, assim como os granulócitos e os monócitos. Os granulócitos
são armazenados na medula até serem necessários no sistema circulatório. Cerca
de três vezes o equivalente de granulócitos circulantes no sangue periférico são
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armazenados na medula óssea. Linfócitos T e linfócitos B são produzidos e


armazenados nos órgãos linfoides, incluindo os linfonodos, baço, timo, tonsilas
e diversas concentrações de tecido linfoide em outras áreas do organismo, es-
pecialmente na medula óssea e nas placas de Peyer abaixo do epitélio na parede
intestinal. Os megacariócitos também são formados na medula óssea e ali se
fragmentam, e os fragmentos (plaquetas) passam para o sangue.
Desse modo, a medula óssea é considerada um órgão hematopoético pri-
mário, e os demais órgãos citados são órgãos hematopoéticos secundários.
Quando se fala em órgãos linfóides primários, considera-se a medula óssea
e o timo. Os linfócitos B são produzidos na medula e nos órgãos linfoides
secundários (OLS) (baço, linfonodos, tonsilas, intestino); já os linfócitos T
são produzidos no timo e nos OLS.

1. A hematopoese é o processo de b) Período embrionário: medula


formação das células sanguíneas que óssea; período fetal: saco vitelino;
inicia a partir de uma célula-tronco. período após o nascimento até o
Nesse sentido, é correto afirmar que envelhecimento: fêmur.
a célula-tronco hematopoética é c) Período embrionário: saco
uma célula: vitelino; período fetal: órgãos do
a) totipotente. sistema linfático; período após
b) pluripotente. o nascimento até o envelheci-
c) multipotente. mento: fígado, baço, todos os
d) totipotente, pluripotente e mul- ossos do corpo humano.
tipotente. d) Período embrionário: saco vitelino
e) totipotente e pluripotente. e medula óssea; período fetal:
2. Os órgãos hematopoéticos são fígado, baço; período após o nas-
aqueles que têm a capacidade de cimento até o envelhecimento:
produzir, desenvolver ou maturar as ossos longos do corpo humano.
células sanguíneas. Assinale a alter- e) Período embrionário: medula
nativa que contém apenas locais do óssea; período fetal: fígado,
organismo que apresentam ou apre- baço, linfonodos; período após
sentaram essa capacidade em algum o nascimento até o envelheci-
momento da vida de um indivíduo mento: ossos curtos do corpo
em condições normais de saúde. humano.
a) Período embrionário: saco vitelino; 3. A hematopoese mantém em equilí-
período fetal: fígado, baço, linfo- brio a velocidade de produção dos
nodos; período após o nascimento elementos figurados do sangue
até o envelhecimento: vértebras. e a sua velocidade de utilização
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ou destruição pelo organismo. b) Em casos de septicemia, citocinas


Em relação ao tempo médio de são ativadas para aumentar a
vida de uma célula sanguínea produção de eritroblastos.
em condições normais, é correto c) Em casos de hipóxia, a trombo-
afirmar que: poetina estimula a produção de
a) pode ser de horas, como as plaquetas.
plaquetas, ou de anos, como os d) Em casos de hemorragia, a eritro-
leucócitos; já as hemácias têm poietina estimula a produção de
tempo de vida de alguns dias. megacariócitos.
b) hemácias são as células que e) Em casos de hipóxia ou hemor-
possuem o tempo de meia vida ragia, a eritropoietina estimula a
mais longo quando comparadas produção de eritrócitos.
às demais células sanguíneas. 5. Células progenitoras são aquelas
c) plaquetas são as células que que têm a capacidade de originar
possuem o tempo de vida mais uma nova linhagem de células. Em
curto quando comparadas ao das relação à produção de elementos
demais células sanguíneas. figurados do sangue, assinale a
d) linfócitos são as células que pos- alternativa correta.
suem o tempo de vida mais vari- a) Os progenitores mieloides
ável, podendo ser até de anos: as comuns originam progenitores
hemácias vivem em torno de 4 restritos às linhagens de granuló-
meses e as plaquetas, um pouco citos e linfócitos.
mais que 1 semana. b) Os progenitores linfoides comuns
e) quando as células imaturas de dão origem a progenitores de gra-
qualquer linhagem surgem no nulócitos, monócitos e linfócitos.
sangue periférico, o tempo de c) Os progenitores linfoides comuns
vida dessas células é de apenas originam progenitores restritos
algumas horas. às linhagens de granulócitos/
4. No organismo humano, existem macrófagos e de megacariócitos/
vários hormônios e proteínas eritrócitos.
responsáveis pela regulação da d) Os progenitores mieloides
produção dos elementos figurados comuns originam progenitores
do sangue. Com base nos fatores restritos às linhagens de granuló-
hematopoéticos, assinale a alterna- citos/macrófagos e de megacari-
tiva correta. ócitos/eritrócitos.
a) Em casos de septicemia e e) Os progenitores mieloides
hipóxia, as interleucinas são libe- comuns originam progenitores
radas para estimular a produção restritos às linhagens de linfócitos
de plaquetas e leucócitos. B, T e células natural killer.
Hematopoese e órgãos hematopoiéticos 13

GUYTON, J. E.; HALL, A. C. Tratado de fisiologia médica. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017.
HOFFBRAND, A. V.; MOSS, P. A. H. Fundamentos em Hematologia de Hoffbrand. 7. ed.
Porto Alegre: Artmed, 2018.
MCPHERSON, R. A.; PINCUS, R. M. (Ed.). Diagnósticos Clínicos e Tratamento por Métodos
Laboratoriais de Henry. 21. ed. Barueri: Monole, 2013.
SOUZA, V. F. et al. Células-tronco: uma breve revisão. Revista Ciências Médicas e Biológicas,
Salvador, v. 2, n. 2, p. 251-256, jul./dez. 2003. Disponível em: <https://rigs.ufba.br/index.
php/cmbio/article/view/4292/3154>. Acesso em: 10 nov. 2018.
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