Bacteriologia

Características Gerais Plano de Divisão (arranjos)

• Unicelulares (uma única célula) e procariontes

(material gené5co não é envolto por uma
membrana nuclear especial;

• Maioria extracelulares (se mul5plicam fora das

células do hospedeiro), mas podem ser
intracelulares (se mul5plicam dentro das
células do hospedeiro);

• Tamanho varia entre 0,5 a 5 µm;

• Podem ser aeróbias (requer oxigênio para

crescer), e anaeróbias (aquelas que têm
dificuldade de viver ou crescer na presença de
oxigênio);
• Vivem em vários 5pos de ambiente;
• A maioria das bactérias encontradas na
natureza não é prejudicial aos humanos,
animais ou plantas – algumas bactérias
contribuem significa5vamente para a u5lização
de nutrientes no solo, na água e no trato
diges5vo de alimentos de animais. Entretanto,
as bactérias que causam doenças em animais
ou humanos são chamadas de bactérias
patogênicas.
• Podem produzir toxinas;
• Formas mais comuns da célula bacteriana: a)
cocos, b) bacilos, c) espirais.
® Forma das bactérias: cocos
Mais comuns:
• Diplococo – permanecem em pares após
divisão celular;
• Estreptococos – dividem e permanecem
ligados em forma de cadeia;
• Estafilococos – dividem em múltiplos planos e
formam cachos;
Menos comuns:
• Tétrades – dividem em dois planos e
permanecem em grupos de quatro;
• Sarcinas – dividem em 3 planos e permanecem
unidos em forma de cubo com 8 bactérias.
® Forma das bactérias: bacilos

Morfologia Bacteriana • Diplobacilos – aparecem em pares após a

divisão;
• Estreptobacilos – após a divisão ocorrem em
cadeias.

® Forma das bactérias: espirais

• Vibrião – bactérias que possuem uma

curvatura;
• Espirilo – bactéria com forma helicoidal e
rígida;
• Espiroqueta: bactérias de forma helicoidal e
flexível.
Anatomia Celular
• Membrana plasmática (citoplasmática): é uma
• Parede celular: A parede celular da célula
• Citoplasma: substância celular localizada no
interior da membrana plasmática. Cerca de
80% do citoplasma é composto de água,
contendo principalmente proteínas (enzimas),
carboidratos e muitos outros. O citoplasma é
espesso, aquoso, semitransparente e elástico.
Em células procariotas ausência de
citoesqueleto (série de fibras – pequenas vias e
cilindros – no citoplasma);
• Nucleoide: é a região de forma irregular dentro
da célula de um procariota que contenha a
totalidade ou a maior parte do material
genético. Normalmente contém uma única
molécula longa e contínua de DNA de dupla-
fita (cromossomo bacteriano) – essa é a
informação genética da célula, que carrega
todas as informações necessárias para as
estruturas e as funções celulares. Ao contrário
dos cromossomos das células eucarióticas, os
cromossomos bacterianos não são circundados
por um envelope nuclear (membrana). O
cromossomo se encontra disperso no
citoplasma e fixo na membrana plasmática.
• Plasmídeos: são pequenas moléculas de DNA
de dupla-fita, circulares. Essas moléculas são
elementos genéticos extracromossômicos; isto
é, elas não estão conectadas ao cromossomo
bacteriano principal e se replicam
independentemente do DNA cromossômico.
São genes acessórios, não essências para a
sobrevivência (genes de resistência
antimicrobiano, genes de virulência);
• Ribossomos: Todas as células eucarióticas e
procarióticas contêm ribossomos, onde ocorre
a síntese de proteínas. O citoplasma de uma
célula procariótica contém dezenas de
milhares de ribossomos, o que confere ao
citoplasma uma aparência nuclear.
estrutura fina, situada no interior da parede
celular, revestindo o citoplasma da célula. A
membrana plasmática dos procariotos consiste
principalmente em fosfolipídios, que são
substâncias químicas mais abundantes na
membrana, proteínas e estruturas como os
lipídeos;
bacteriana é uma estrutura complexa e
semirrígida responsável pela forma da célula.
Quase todos os procariotos possuem uma
parede celular que circunda a frágil membrana
plasmática e a protege, bem como ao interior
da célula, de alterações adversas no meio
externo. A principal função da parede celular é
prevenir a ruptura das células bacterianas
quando a pressão da água dentro da célula é
maior que a fora dela. Ela também ajuda a
manter a forma de uma bactéria e serve como
ponto de ancoragem para os flagelos.
A parede celular bacteriana é composta de
uma rede macromolecular, denominada
peptideoglicano, que está presente
isoladamente ou em combinação com outras
substâncias. O peptideoglicano consiste em um
dissacarídeo repetitivo ligado por
polipeptídeos para formar uma rede que
circunda e protege toda a célula. A porção
dissacarídica é composta por
monossacarídeos, denominados NAG, e NAM,
que estão relacionados à glicose.
Os vários componentes do peptideoglicano se
organizam, formando a parede celular.
Moléculas alternadas de NAM e NAG são
ligadas em filas de 10 a 65 açúcares para
formar um “esqueleto” de carboidratos. As
filas adjacentes são ligadas por polipeptídeos
(a porção peptídica do peptideoglicano).
Embora a estrutura da ligação polipeptídica
possa variar, ela sempre inclui cadeias laterais
de tetrapeptídeos, as quais consistem em
quatro aminoácidos ligados ao NAM no
esqueleto. Os aminoácidos ocorrem em um
padrão alternado de formas D e L. Esse padrão
é único, pois os aminoácidos encontrados em
outras proteínas exibem formas L. Cadeias
laterais paralelas de tetrapeptídeos podem ser
ligadas diretamente umas às outras ou unidas
por uma ponte cruzada peptídica, consistindo
em uma cadeia curta de aminoácidos.

Parede celular (GRAM-POSITIVA):

Na maioria das bactérias gram-positiva, a

parede celular consiste em muitas camadas de
peptideoglicano, formando uma estrutura
rígida e espessa. Em contrapartida, as paredes
celulares de gram-negativas contêm somente ® comparação (gram-negativa bactéria)
uma camada fina de peptideoglicano. O espaço
entre a parede celular e a membrana • Poucas camadas de peptideoglicano;
plasmática de uma bactéria gram-positiva é o • Membrana externa.
espaço periplasmático. Ele contém a camada
granular, a qual é composta de ácido ® comparação (gram-positiva bactéria)
lipoteicoico. Além disso, as paredes celulares
das bactérias gram-positivas contêm ácidos • Muitas camadas de peptideoglicano;
teicoicos, que consistem principalmente em • Ácidos teicóicos – especificidade antigênica.
um álcool (como o glicerol ou ribitol) e fosfato.
Paredes celulares álcool – ácido resistentes:

Assemelham-se a gram-positivas.

Essas bactérias contêm alta concentração (60%) de um

lipídeo céreo hidrofóbico em sua parede que previne a
entrada dos corantes, incluindo os utilizados na
coloração de Gram. O ácido micólico forma uma parede
externa a uma camada fina de peptideoglicano.

Bactérias acidorresistentes podem ser coradas com

Parede celular (GRAM-NEGATIVA): carbolfucsina, que penetra de forma mais eficiente nas
bactérias quando aquecida.
As paredes celulares das bactérias gram-
nega5vas consistem em uma ou poucas Coloração de gram:
camadas de pep5deoglicano e uma membrana
externa. O pep5deoglicano está ligado a
lipoproteínas na membrana externa e está
localizado no periplasma (fluido semelhante a
um gel no espaço periplasmá5co de bactérias
gram-nega5vas), a região entre a membrana
externa e a membrana plasmá5ca. As paredes
celulares gram-nega5vas não contêm ácidos
teicoicos.

A membrana externa da célula gram-nega5va

consiste em lipopolissacarídeos, lipoproteínas
e fosfolipídeos.
 • Cápsula:
É uma estrutura grande presente em algumas células
procariotas. É uma camada rígida com bordas bem
definidas, formada por uma série de polímeros
orgânicos. Se encontra presente somente em algumas
bactérias. Ela se deposita externa a membrana celular.
Geralmente contém glicoproteínas e um grande
número de polissacáridos diferentes. É considerada um
fator de virulência, pois aumenta a habilidade de uma
bactéria causar doença. Também protege a célula
bacteriana contra a
fagocitose/ação do complemento e, ainda, permite
adesão as superfícies.
É um fator que pode ser adquirido ou perdido por
mecanismos de modificação genética.
Importante – A sobrevivência da bactéria capsulada é
menor que a não encapsulada.
• Flagelo:
Algumas células procarióticas possuem flagelos, que são
longos apêndices filamentosos que permitem a
movimentação bacteriana. As bactérias que não
possuem flagelos são chamadas de atríquias.
Um flagelo é constituído de três porções básicas. A
longa região mais externa, o filamento, tem diâmetro
constante e contém a proteína globular flagelina. Na
maioria das bactérias, os filamentos não são cobertos
por uma membrana ou bainha, como nas células
eucarióticas. O filamento está aderido a um gancho
ligeiramente mais largo, consistindo em uma proteína
diferente. A terceira porção do flagelo é o corpo basal,
que ancora o flagelo à parede celular e à membrana
plasmática.
O corpo basal é composto de uma pequena haste
central inserida em uma série de anéis. As bactérias
gram-negativas contêm dois pares de anéis. Nas
bactérias gram-positivas, somente o par interno está
presente.
® Tipos de flagelo
• Monotríqueo: um único flagelo presente em
qualquer extremidade ou pólo da célula –
flagelo polar;
• Lofotríqueo: quando um grupo de flagelos está
presente em uma extremidade – flagelo polar;
• Anfitríqueo: um flagelo está presente em
ambos os pólos, ambas extremidades – flagelo
polar;
• Peritríquio: quando o flagelo está presente em
toda a superpcie da célula.
• Endoflagelos: Os endoflagelos ou filamentos
axiais são feixes de fibrilas que se originam das
extremidades celulares e fazem uma espiral em
torno da bactéria, porém não a cobre. Auxiliam
a mobilidade em meios viscosos como muco e
lamas. É também um movimento qpico das
espiroquetas.
• Fímbria:
Muitas bactérias gram-nega5vas contêm apêndices
semelhantes a pelos, que são mais curtas, retos e finos
que os flagelos. Essas estruturas, que consistem em uma
proteína, denominada pilina, distribuída de modo
helicoidal em torno de um eixo central, são divididas em
dois 5pos, pmbrias e pili, possuindo funções muito
diferentes.
As pmbrias podem ocorrer nos polos da célula
bacteriana ou podem estar homogeneamente
distribuídas em toda a superpcie da célula. Estão
envolvidas na formação de biofilmes e outros agregados
na superpcie de líquidos, vidros e pedras. As pmbrias
também auxiliam na adesão da bactéria às superpcies
epiteliais do corpo, realizando, assim, a colonização dos
tecidos do hospedeiro.
 • Pili:
Normalmente são mais longos que as pmbrias, e há
apenas um ou dois por célula. E, são menores que o
flagelo e maiores que as fimbrias. Os pili são
responsáveis pela formação da ponte citoplasmá5ca
que permite a transferência de informação gené5ca
durante o processo de conjugação. Além disso, estão
envolvidos na mo5lidade celular, auxiliando em funções
de ancoramento da bactéria ao seu meio.
• Esporos ou Endósporo:
Os endósporos, estruturas dormentes altamente
resistentes, são formados por algumas bactérias a fim de
assegurar a sua sobrevivência em condições ambientais
adversas.
Os únicos gêneros de bactérias patogênicas com
espécies capazes de formar endósporos são: Bacillus e
Clostridium.
A resistência dos endósporos é atribuída à sua estrutura
composta de camadas em estado desidratado, à
a5vidade metabólica mínima e elevada quan5dade de
ácido dipicolínico. Uma vez que endósporos são
estruturas termoestáveis, são necessários no mínimo 15
minutos de calor úmido a 121°C para sua ina5vação.
Fisiologia das Células Bacterianas
Fatores relacionados com o crescimento bacteriano:
• Temperatura;
• Nutrientes;
• pH;
• Pressão osmó5ca;
• Condições atmosféricas.
® Temperatura
A velocidade da maioria das reações químicas aumenta
à medida que a temperatura se eleva. As moléculas se
movem mais lentamente em baixas temperaturas do
que em altas temperaturas, e, assim, talvez não tenham
energia suficiente para causar uma reação química.
Psychrophile: 15°C
Mesophile: 25 – 40°C
Thermophile: 50 – 70°C
® pH
Em geral, as enzimas possuem um pH ó5mo, no qual
elas são mais a5vas. Acima ou abaixo, desse valor de pH,
a5vidade enzimá5ca e, portanto, a velocidade da reação
diminui.
Maioria das bactérias cresce na faixa neutra (6,5 – 7,5);
Acidófilas (< 4);
Limitante para o crescimento bacteriano.
® Pressão osmó5ca Replicação ou Reprodução Bacteriana
A pressão osmótica é a força com a qual a água se
Depende das condições ambientais naturais ou
move através da membrana citoplasmática de uma
artificiais = nutrientes, condições atmosféricas, água e
solução contendo baixa concentração de substâncias
pH, temperatura.
dissolvidas (solutos) para outra contendo alta
concentração de solutos. Quando as células
microbianas estão em meio aquoso, não devem existir Ocorre por um mecanismo que pode ser denominado
grandes diferenças na concentração de solutos dentro bipartição, divisão binária ou cissiparidade;
e fora da célula, ou as células poderiam desidratar-se
ou romper-se. Transmissão vertical de genes: a “célula mãe” origina
duas “células filhas” que serão geneticamente idênticas
Os fungos e os bolores são muito mais capazes que as (“clonagem”);
bactérias de crescer em materiais com baixa umidade
ou altas pressões osmóticas. Vantagem: ideal para causar infecção;

® Condições atmosféricas Desvantagem: não há recombinação genética e,

portanto, não há diversidade biológica entre as
Carboidrato ® respiração celular - fermentação espécies.

Aeróbia – Anaeróbica

Classificação dos Organismos Conforme o Tipo

de Respiração

• Aeróbio estrito: requer oxigênio para crescer;

• Aeróbio facultativo: cresce na
presença/ausência de oxigênio;
• Anaeróbio obrigatório: cresce na ausência de
oxigênio;
• Anaeróbio aerotolerante: tolera a presença de
oxigênio;
• Microaerófilo: cresce em baixas
concentrações de 02.
Recombinação Bacteriana

Pode acontecer principalmente por meio de 3

processos:

• Transformação;
• Transdução;
• Conjugação.

Transmissão horizontal de genes: não é uma forma de

reprodução, mas sim uma forma de ocorrer a
variabilidade genética.

Vantagem: diversidade biológica entre as espécies.

® Transformação
A transformação acontece quando há absorção de
fragmentos de DNA que estejam dispersos no
ambiente (provenientes de bactérias mortas e
decompostas).
Qualquer tipo de DNA bacteriano pode ser captado em
condições adequadas (até de espécies diferentes).
Neste caso há uma bactéria doadora e uma receptora:
a bactéria receptora transformada passa a apresentar a
nova característica.
® Transdução
É o processo de reprodução no qual o DNA bacteriano
é transferido de uma bactéria para outra por um vírus,
os chamados bacteriófagos.
® Conjugação
É a transferência de plasmídeos (moléculas de DNA
extra cromossomal) através do pili sexual de uma
bactéria para a outra.
O pili sexual é uma ponte citoplasmática, formada
através do prolongamento de uma fímbria, que
conecta uma bactéria a outra.
Mecanismo de Patogenicidade
Consistem na sequência de ações que provocam uma
doença.
® Fatores de Virulência
Estruturas, produtos ou estratégias bacterianas que
contribuem para que os microrganismos consigam se
instalar e estabelecer uma relação de parasitismo com
o hospedeiro.
• Adesinas:
Proteínas, glicoproteínas ou lipoproteínas
componentes do glicocálix ou de estruturas da parede
bacteriana que se ligam aos receptores da célula
eucariota.
• Biofilme:
Adesão (reversível): entre as células bacterianas e a
superpcie mediada pelo polissacarídeo extracelular.
Adesão irreversível: secreção de substâncias que
conferem adesão e formam a camada
que recobre o biofilme.
Microcolônias e biofilme maduro: envolto por diversas
substâncias e funciona como sistema de troca de
nutriente, oxigênio e metabólitos.
Em situações desfavoráveis poderá haver
desprendimento do biofilme (agregados ou células
individuais).
 • Invasina:

Proteínas de superfície expressas por bactérias capazes

de ligar aos receptores eucarióticos envolvidas em
adesão e invasão da célula- matriz e célula-célula.

Endotoxinas

Endotoxina: tóxina que é parte integrante da parede

celular de algumas bactérias e só́ é libertada após a
destruição da parede celular da bactéria.

Exotoxinas Endotoxinas
Bactérias vivas Lise bacteriana
Gram-positiva e negativa Gram-negativas
Proteínas com peso LPS contendo
molecular variado componente tóxico
Instável ao calor Estável ao colar
Sinais clínicos específicos Sinais clínicos
Internalização bacteriana: Mediado por invasinas que inespecíficos
são proteínas de superpcie expressas por bactérias Não pirogênica Pirogênica
capazes de ligar aos receptores eucarió5cos envolvidas Antigênica Fracamente antigênica
em adesão e invasão da célula- matriz e célula-célula.
Podendo também ser mediada por secreção.
• Sistema de secreção:
• Toxinas:
Sistema especializado no transporte e secreção de
Substâncias solúveis, usualmente de natureza proteica, fatores de virulência presentes no citoplasma
que alteram o metabolismo normal da célula ou tecido bacteriano na célula alvo ou no ambiente.
hospedeiro com efeitos deletérios nos mesmos.
• Mecanismo de resistência bacteriana a
an5microbianos:

Resistência intrínseca: natural, sem exposição prévia.

Resistência adquirida: mutações ou transferência

horizontal de genes (via plasmídeo ou bacteriófagos).

= Mecanismos: alteração da permeabilidade, alteração

do local de ação, bomba de efluxo e mecanismos
enzimá5cos.
Exotoxinas

Exotoxinas: substâncias tóxicas de natureza proteica

secretadas por bactérias em concentrações variadas
que possuem ação biológica definida.

- Grupo I: Modulam sinalização celular;

- Grupo II: Danificam a membrana citoplasmática;
- Grupo III: Atuam em alvos Intracelulares.