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BÁSICA
Adriana Dalpicolli
Rodrigues
Composição do sangue:
elementos celulares
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Há muito tempo, a análise do sangue realizada em laboratórios de análises
clínicas é uma importante ferramenta para a avaliação da saúde de um
indivíduo e para a indicação de diagnósticos. Essa avaliação ocorre por
meio de análises de elementos específicos presentes na porção líquida ou
na porção celular do sangue, seja com o uso de metodologias manuais,
sistemas de análise semiautomatizados ou automatizados de grande
precisão.
Levando em consideração os elementos celulares, quando há alte-
rações qualitativas nas células, como na forma, na cor ou no tamanho,
inclusões, como presença de pontilhados ou grânulos, aumento ou
diminuição da quantidade de um determinado tipo celular ou de um
grupo de células, além da ausência ou presença de células imaturas,
permitem ao médico ou demais profissionais da saúde identificar quadros
fisiológicos ou patológicos, como diferentes tipos de anemia, talassemias,
processos infecciosos virais, bacterianos ou parasitários, problemas de
coagulação, desidratação, perda de sangue, entre outros, além de auxi-
liar no monitoramento de tratamentos e na evolução ou regressão de
determinados quadros clínicos.
2 Composição do sangue: elementos celulares
O sangue é cinco vezes mais espesso que a água, e isso se deve às interações entre
proteínas dissolvidas, aos elementos figurados e às moléculas de água presentes no
plasma. Quanto mais líquido estiver o sangue, ou seja, quanto maior for a relação plasma/
elementos celulares, mais chance de o indivíduo estar doente. Em casos de anemia
intensa, o número de células vermelhas diminui, sendo possível visualizar em tubos
de sangue de amostras centrifugadas, nas quais o conteúdo da parte líquida é maior
que a dos elementos celulares. Já em casos de desidratação, o paciente apresentará
um conteúdo plasmático menor do que um paciente em estado normal, sendo essa
diferença visível, também, em tubo de sangue após a centrifugação.
Eritrócitos
A maioria dos eritrócitos normais têm formato de disco bicôncavo e uma
minoria tem formato de “tigela”, com concavidade unilateral. O diâmetro
médio é de cerca de 7,5 µm. Essas células, quando maduras, não apresentam
núcleo celular e têm uma média de vida de 120 dias. Esse é o prazo em que
duram seus estoques energéticos e, assim, elas são recolhidas pelo sistema
retículo endotelial para degradação, sendo algumas partes reaproveitadas e
outras (como a bilirrubina) eliminadas. Ao analisar um esfregaço sanguíneo
corado no microscópio, é possível observar que os eritrócitos apresentam
contorno aproximadamente circular, mostrando apenas pequenas variações
quanto ao formato e moderadas variações quanto ao tamanho. É possível,
ainda, observar uma área central mais pálida, que ocupa cerca de um terço da
célula. A forma e a flexibilidade normais do eritrócito dependem da integridade
do citoesqueleto ao qual está ligada a membrana lipídica. Quando a célula
é normal quanto ao seu tamanho, a população eritrocitária é descrita como
normocítica, e quanto à sua coloração, como normocrômica, o que significa
que as células contêm quantidade normal de hemoglobina, corando-se, assim,
normalmente (BAIN, 2017).
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1. Hipocromia
2. Policromatofilia
(Continua)
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(Continuação)
3. Microcitose
4. Macrocitose
5. Anisocitose
6. Pecilocitose
7. Dacriócito
8. Eliptócitos
9. Estomatócitos
10. Acantócitos
(Continua)
Composição do sangue: elementos celulares 9
(Continuação)
11. Equinócitos
12. Esquizócitos
13. Esferócitos
14. Drepanócitos
10 Composição do sangue: elementos celulares
15. Pontilhado
basofílico
16. Howell-Jolly
17. Roleaux
18. Eritroblasto
(Continua)
Composição do sangue: elementos celulares 11
(Continuação)
19. Malária
(Plasmodium sp)
Leucócitos
Os leucócitos podem ser classificados em granulares (granulócitos), que são
os neutrófilos, eosinófilos, basófilos, ou em agranulares (agranulócitos), os
monócitos e os linfócitos. Os termos “granulócitos” e “agranulócitos” são
usados para indicar a presença ou a ausência de grânulos específicos a uma
dada linhagem celular.
Plaquetas
As plaquetas não têm núcleos, são fragmentos de citoplasma derivados de me-
gacariócitos da medula óssea que entram na circulação sanguínea. Exibem
forma arredondada ou oval, são pequenas, com diâmetro de 2 a 4 μm e,
normalmente, apresentam-se separadas umas das outras em análise de lâmina
corada porque a coleta de sangue é realizada com anticoagulante (EDTA).
Podem ser vistas agregadas em esfregaços sanguíneos em casos, por exem-
plo, de pacientes com número elevado de plaquetas ou coleta sanguínea difícil
ou prolongada. Em média, observa-se, no microscópio, uma plaqueta a cada
10-30 hemácias. As plaquetas contêm grânulos finos cor púrpura, que, usual-
mente, preenchem seu citoplasma. Podem ser observadas plaquetas maiores,
denominadas macroplaquetas, mas elas só são destacadas na liberação do
resultado se o número presente for significativo.
gases sanguíneos oriundos dos tecidos. Desse modo, transporta oxigênio (O2)
a partir do pulmão para os tecidos corporais, atua como tampão ácido-básico
do sangue e catalisa a reação entre o dióxido de carbono e a água (através
da anidrase carbônica), transportando o dióxido de carbono sob forma de
bicarbonato (HCO3-) dos tecidos para os pulmões.
Distúrbios dos eritrócitos podem ser frequentemente observados, sendo
classificados em congênitos ou adquiridos, de acordo com o mecanismo
causal, como insuficiência na produção dessa célula pela medula óssea ou
encurtamento da sua sobrevida, além de casos de perda de sangue ou, ainda,
devido a doença crônica. O paciente, em qualquer uma dessas situações,
normalmente, apresenta sintomatologia; entre as mais frequentes, destaca-
-se a fadiga decorrente da baixa oxigenação dos tecidos, fazendo com que
o médico solicite a realização de um hemograma. Nos casos de deficiência
nutricional de ferro, de ácido fólico e de algumas vitaminas, como a vitamina
B12, observa-se diminuição no número de eritrócitos e/ou alteração na sua
morfologia. Por exemplo, nos quadros de anemia como a ferropriva (defici-
ência de ferro), que é um dos mais comuns, observa-se a presença de células
microcíticas e hipocrômicas na microscopia, e, na anemia megaboblástica
(deficiência de B12 e ácido fólico), são visualizadas células macrocíticas.
Outras situações de diminuição no número de eritrócitos são, por exemplo,
a anemia falciforme, que apresenta os drepanócitos característicos dessa
patologia, e as talassemias, que também apresentam células microcíticas e
hipocrômicas, necessitando de outras avaliações para conclusão diagnóstica,
como a eletroforese de hemoglobina.
Como exemplos de quadros de aumento no número de eritrócitos, temos
o recém-nascido, que apresenta uma elevação numérica expressiva de células
vermelhas, o que ocorre em decorrência de a glicose ser metabolizada muito
rapidamente em neonatos, sendo necessárias a produção e a liberação maior
de eritrócitos pela medula óssea — além disso, logo após o nascimento, o
volume plasmático é menor. Os casos de patologias são menos frequentes e
destacam-se as policitemias (poliglobulia). Nessa situação, há o aumento do
número de eritrócitos na circulação, normalmente, com aumento simultâneo
de hemoglobina e hematócrito. O aumento dessas cifras hematimétricas pode
resultar de uma diminuição aguda (exemplo: desidratação) ou crônica (exemplo:
tabagismo) do volume plasmático. Como o tempo médio de vida do eritrócito
na circulação sanguínea é de 120 dias (esgotam os estoques energéticos) e
não temos reserva vascular aderida ao endotélio, não temos uma variação
numérica num curto período de tempo, a menos que o indivíduo tenha sofrido
uma perda sanguínea aguda ou transfusão.
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BAIN, B. J. Células sanguíneas: um guia prático. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
HALL, J. E. Guyton & Hall: tratado de fisiologia médica. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017.
MARTINI, F. H. et al. Anatomia e fisiologia humana: uma abordagem visual. 7. ed. São
Paulo: Pearson, 2015.
MCPHERSON, R. A.; PINCUS, R. M. Diagnósticos clínicos e tratamento por métodos labo-
ratoriais de Henry. 21. ed. São Paulo: Manole, 2012.
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