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Profa. Dra.

Iahel Ferreira
iahelmanon@hotmail.com
Leucócitos
• Os glóbulos brancos, ou leucócitos, são responsáveis pela defesa
do organismo contra agentes agressores, tóxicos ou infecciosos,
como bactérias, fungos, vírus e parasitas.
• Existem, no sangue circulante, um número infinitamente menor
de leucócitos do que de hemácias, em torno de:

6.000 a 8.000 leucócitos em cada mililitro de sangue.


Leucócitos
• Os leucócitos podem ser divididos em dois grandes grupos: os
granulócitos, leucócitos que contêm granulações abundantes no
citoplasma, e os agranulócitos, leucócitos desprovidos de
granulações citoplasmáticas.
• Os granulócitos incluem três tipos de células: neutrófilos,
eosinófilos e basófilos.
• Os agranulócitos correspondem aos monócitos e os linfócitos.
.
Leucócitos - Leucocitopoese
• Os leucócitos se originam de uma célula-tronco hematopoética,
que dá origem aos hemocitoblastos, células responsáveis por
originar os glóbulos vermelhos, os glóbulos brancos e as plaquetas.
• As células-tronco formadoras de leucócitos estão presentes no
interior da medula óssea e nos tecidos linfoides (presentes no
baço, timo, gânglios linfáticos e placas de Peyer do intestino).
Leucócitos - Leucocitopoese
• Os granulócitos (neutrófilos, eosinófilos e basófilos) e monócitos
do sangue descendem do mesmo hemocitoblasto, na medula
óssea, que, em uma etapa inicial, se diferenciam em mieloblasto
(mielomonoblasto), o primeiro elemento da série granulocítica.
• Essa célula tem forma e núcleo redondos, cromatina delicada com
1 ou mais nucléolos.
• O citoplasma é escasso, basófilo e contém granulações grosseiras
denominadas primárias.
Leucócitos - Leucocitopoese
• Essas são granulações tóxicas, inespecíficas, que aparecem em
maior número e são constituídas de enzimas, entre elas a
mieloperoxidase é a mais importante, pois é um marcador
enzimático utilizado para diferenciar leucemias mieloides de
linfoides.
• Os mieloblastos têm capacidade de multiplicação, sofrem uma
divisão celular, originando duas células-filhas, os promielócitos.
Leucócitos - Leucocitopoese

•O é uma célula de tamanho grande, redonda, com

núcleo redondo apresentando nucléolos.

• O citoplasma é mais abundante do que o mieloblasto, é basófilo e

contém granulações primárias grosseiras.

• Os promielócitos também se dividem originando os mielócitos.


Leucócitos - Leucocitopoese
•O é uma célula um pouco menor, redonda, com núcleo

também redondo, com cromatina mais condensada que não

permite a visualização de nucléolos.

• O citoplasma é acidófilo, com granulações específicas.

• Essas células se dividem apenas uma vez, formando os

metamielócitos, mas são bastantes numerosas na medula óssea.


Leucócitos - Leucocitopoese
•O é ainda menor, redondo, com núcleo reniforme
(com reentrância) com cromatina grosseira, sem nucléolos.
• O citoplasma é acidófilo, abundante e possui apenas granulações
específicas. Normalmente não é capaz de se dividir, mas se
diferencia em bastonete.
•O é uma célula totalmente madura, com seu núcleo em
ferradura ou bastão, tem cromatina grosseira e citoplasma
acidófilo com granulações específicas. É encontrado no sangue
periférico na proporção de 5 a 6%.
Leucócitos - Leucocitopoese

•O , ou segmentado, ou polimorfonuclear, é formado a

partir da maturação do bastonete, quando o núcleo se segmenta,

pela constrição da cromatina nuclear, formando de 3 a 5 lóbulos.

• Não apresenta nucléolos e o citoplasma é semelhante ao

bastonete, só com granulações específicas.


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Leucócitos - Leucocitopoese
• As granulações específicas produzidas pelos mielócitos podem ser de três
tipos: neutrófilos, eosinófilos e basófilos, de acordo com a granulação
produzida.
• Essas granulações têm morfologia e funções diferentes.
• As granulações neutrófilas são numerosas e delicadas.
• As granulações eosinófilas coram-se em tom laranja pelos corantes ácidos,
pois são ricas em proteínas básicas.
• E as granulações basófilas também são grandes e pouco numeradas,
apresentando mucopolissacarídeos ácidos, por isso têm afinidade por
corantes básicos.
Leucócitos - Leucocitopoese
• Após liberação da medula óssea, os granulócitos permanecem somente de
6 a 10 horas na circulação antes de migrarem para os tecidos onde
desempenham sua função fagocítica.
• Nos tecidos, permanecem de 4 a 5 dias até serem destruídos durante ação
defensiva ou por senescência.
• Devido à vida curta dos leucócitos, existe na medula óssea uma “reserva
granulocítica medular”, um grande número de bastonetes e neutrófilos
segmentados, em torno de 10 a 15 vezes maior do que o número de
granulócitos circulantes no sangue periférico.
Leucócitos - Leucocitopoese
• Assim, a medula óssea em geral contém mais células mieloides do
que eritroides, na proporção de 2:1 a 12:1, predominando os
neutrófilos e metamielócitos.
• Os eosinófilos e os basófilos assemelham-se aos neutrófilos,
exceto pelos grânulos citoplasmáticos, que são bem maiores.
• Os eosinófilos coram-se em vermelho-alaranjado intenso e
raramente têm mais do que três lobos nucleares, enquanto que os
basófilos possuem numerosos grânulos citoplasmáticos escuros
encobrindo o núcleo.
Leucócitos - Leucocitopoese
• Os mielócitos, eosinófilos e mielócitos basófilos podem ser
identificados na medula, mas os estágios mais primitivos são
indistinguíveis dos precursores dos neutrófilos.
Leucócitos - Leucocitopoese

• O mieloblasto ou mielomonoblasto também pode se diferenciar


em monócitos, dependendo do estímulo químico.
• Para isso, essa célula precursora se divide em promonócito.
• O promonócito possui o mesmo tamanho do mielomonoblasto,
porém o núcleo é oval e possui mais citoplasma, o contorno
celular é irregular, com projeções delicadas e a cromatina celular é
mais condensada, mas ainda visualiza nucléolos.
Leucócitos - Leucocitopoese
• O monócito maduro é originado da maturação do promonócito,
apresentando o mesmo tamanho celular.
• O seu núcleo é irregular com chanfraduras (reentrância) marcadas e
citoplasma abundante, levemente basófilo, com contorno irregular e
cromatina delicada sem nucléolos visíveis.
• Os monócitos permanecem pouco tempo na medula óssea. Depois
de circularem por 20 a 40 horas, deixam o sangue para adentrar nos
tecidos, nos quais amadurecem e se transformam em macrófagos
que desempenham suas principais funções.
Leucócitos - Leucocitopoese
• Muitos fatores de crescimento estão envolvidos no processo de
maturação dos granulócitos e monócitos, incluindo a
interleuquina-1 (IL-1), IL-3, IL-5 (para eosinófilos), a IL-6, a IL-11 e
os fatores estimulantes de colônias granulocítico-macrofágicas
(GM-CSF), granulocíticas (G-CSF) e monocíticas (M-CSF).
• Os fatores de crescimento estimulam a proliferação e
diferenciação, bem como afetam a função das células maduras
(figura a seguir).
.
Leucócitos - Leucocitopoese
• O aumento da produção de granulócitos e monócitos que ocorre
como resposta a infecções é estimulado por endotoxina, IL-1 ou
fator de necrose tumoral (TNF), induzindo o aumento de produção
de fatores de crescimento (GM-CSF, G-CSF e M-CSF) pelas células
do estroma (local de abrigo da célula-tronco na medula óssea) e
linfócitos T (responsáveis pela resposta imune adquirida –
anticorpos).
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Leucócitos - Leucocitopoese
• Já os linfócitos são produzidos no tecido linfoide, que constitui a
estrutura básica do baço, do timo e dos gânglios linfáticos.
• As células-tronco sofrem algumas transformações que dão origem
aos linfoblastos.
• Essa célula é a forma mais da linhagem linfoide, é grande, tem
núcleo redondo, com cromatina frouxa, que ocupa toda a célula.
• O citoplasma é escasso, levemente basófilo sem granulações.
Leucócitos - Leucocitopoese
• A diferenciação do linfoblasto gera o prolinfócito, uma célula um
pouco maior que o linfócito maduro, com uma estrutura cromatínica
intermediária, não tão frouxa como o linfoblasto nem tão condensada
quanto o linfócito maduro, e o citoplasma mais abundante que o
linfoblasto.
• Essa célula pode adquirir formas diferentes, especialmente nos casos
de resposta linfocitária a agentes infecciosos virais, formando os
linfócitos atípicos, células linfoides grandes devido ao aumento do
volume citoplasmático.
Leucócitos - Leucocitopoese
• A maturação do prolinfócito origina o linfócito maduro, uma célula pequena,
com um núcleo muito grande em relação ao tamanho da célula (relação
núcleo/citoplasma grande), ou seja, pouco citoplasma.
• A cromatina nuclear é condensada, e não são observados nucléolos nem
granulações citoplasmáticas.
• A morfologia dos linfócitos pela microscopia óptica não permite diferenciá-
los em linfócitos B e T.
• Para isso, são necessários marcadores citoquímicos ou enzimáticos (figura a
seguir).
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Leucócitos - Função dos Leucócitos

• Os leucócitos funcionam como um exército de defesa do


organismo.
• Eles não apenas destroem os agentes invasores, mas são também
destruídos, nessa guerra defensiva, chamada inflamação.
• Durante o processo inflamatório, ocorre um aumento do fluxo
sanguíneo para o local da injúria ou da localização das bactérias
para que mais leucócitos cheguem ao local da infecção.
Leucócitos - Função dos Leucócitos
• Quando um agente estranho (bactérias, por exemplo) invade o
organismo, libera certas substâncias químicas.
• Os leucócitos são atraídos por essas substâncias e migram para o
local de onde elas provêm.
• Essa propriedade dos leucócitos é denominada quimiotaxia.
• Após a sinalização química, os leucócitos necessitam atravessar os
poros dos capilares, migrando para o local onde a sua função de
defesa será necessária.
Leucócitos - Função dos Leucócitos
• Essa propriedade de migrar através dos poros dos capilares é
chamada diapedese.
• Quando os leucócitos chegam ao agente estranho, ocorre o
processo de fagocitose e destruição do agente causador da
infecção.
• As células brancas do sangue têm um período de vida
relativamente curto, de poucos dias, sendo continuamente
produzidas e lançadas na circulação quando necessário.
Leucócitos - Função dos Leucócitos

• A maior parte dos leucócitos fica armazenada na medula óssea e


demais órgãos produtores; uma pequena parcela circula no sangue.
• O tempo de vida dos leucócitos no sangue circulante é curto,
geralmente de seis a oito horas.
• Quando migram para os tecidos, sua vida média é de dois a três dias.
• Todos os leucócitos atuam para destruir o agente invasor, mas com
algumas funções características de cada célula.
Leucócitos - Função dos Leucócitos

• Os neutrófilos são produzidos na medula óssea.


• Sua vida na medula óssea, no sangue periférico e nos tecidos é
curta, apenas algumas horas.
• Quando maduros, são lançados na corrente sanguínea e se
movem livremente entre o sangue e os tecidos do organismo.
• Nos tecidos, os neutrófilos exercem sua função primária de
englobar e digerir microrganismos (fagocitose).
Leucócitos - Função dos Leucócitos
• São as primeiras células a alcançar os focos de infecção, seguidos
pelos monócitos.
• Em geral, os neutrófilos têm a capacidade de fagocitar duas a
vinte bactérias, antes de ficarem inativos e serem fagocitados
pelos macrófagos dos tecidos.
• Os eosinófilos são também produzidos nos tecidos
hematopoéticos da medula óssea e constituem cerca de 2% de
todos os leucócitos do sangue circulante.
Leucócitos - Função dos Leucócitos
• A maior parte dos eosinófilos vive nos tecidos ao invés da corrente
sanguínea, principalmente na pele, pulmões e vias aéreas, locais
preferenciais para determinadas manifestações alérgicas, onde
atua.
• Além disso, os eosinófilos atuam na defesa contra parasitos e na
remoção de fibrina formada durante a inflamação.
• Os basófilos, como os demais granulócitos, são produzidos na
medula óssea a partir dos hemocitoblastos.
Leucócitos - Função dos Leucócitos
• São as células menos numerosas dentre os leucócitos,
correspondem a apenas 1% do seu total.
• Os basófilos possuem grânulos contendo heparina e histamina.
• Eles liberam heparina nas áreas de invasão do organismo, para
evitar a formação de coágulos e permitir a fácil migração dos
neutrófilos para a defesa contra a invasão.
• A liberação de histamina ocorre no local da inflamação, produz
vasodilatação e aumenta o diâmetro dos poros dos capilares,
facilitando a migração dos demais leucócitos.
Leucócitos - Função dos Leucócitos
• Os monócitos são produzidos na medula óssea em menor quantidade e
nos tecidos linfoides.
• Ao contrário dos demais tipos de leucócitos, as suas células circulantes
são consideradas imaturas.
• Ao deixar a corrente sanguínea, os monócitos alcançam os tecidos, onde
sofrem a fase final da sua maturação para originar os macrófagos.
• A célula dos macrófagos tem uma quantidade de estruturas contendo
enzimas (lisozimas) que favorecem a sua função de “digerir” os agentes
invasores.
Leucócitos - Função dos Leucócitos
• Embora os macrófagos se distribuam por todo o organismo, existe
maior concentração dessas células nos espaços sinusoides do
fígado, baço e pulmões.
• Os linfócitos são produzidos nos tecidos linfoides e, em menor
quantidade, nos tecidos hematopoéticos da medula óssea.
• Após o nascimento, a medula óssea e o timo são os órgãos
linfoides primários em que se desenvolvem os linfócitos.
Leucócitos - Função dos Leucócitos
• Os órgãos linfoides secundários, nos quais são geradas as

respostas imunológicas específicas, são os linfonodos, o baço e os

tecidos linfoides dos tratos digestivo e respiratório.

• São considerados os leucócitos mais complexos e atuam em

conjunto com o sistema imunológico, na resposta às invasões por

agentes estranhos, constituindo a base da imunidade adquirida.


Leucemias
• A principal doença que afeta o sistema leucocitário é denominada leucemia.
• As leucemias constituem um dos vários tipos de câncer das células
sanguíneas e podem ser definidas como síndromes proliferativas que
acometem a medula óssea e produzem multiplicação celular desordenada
ou anárquica, caracterizada pelo acúmulo de leucócitos malignos.
• As leucemias são doenças agressivas, nas quais a transformação maligna
ocorre em células-tronco da hematopoese, como resultado do acúmulo de
mutações genéticas nos genes celulares, resultando em: aumento da
velocidade de produção; diminuição da apoptose e bloqueio na
diferenciação celular.
Leucemias
• Os genes que estão envolvidos com o desenvolvimento de
tumores são os oncogenes e os genes supressores de tumores.
• Os proto-oncogenes controlam funções celulares importantes,
como a divisão celular, a maturação, e fazem a inibição do
desenvolvimento de tumores.
• Os proto-oncogenes controlam o crescimento celular normal, mas,
quando são alterados por mutações somáticas, amplificação do
DNA ou alterações cromossômicas, transformam-se em
oncogenes.
Leucemias
• As alterações cromossômicas são as principais causas das
neoplasias hematológicas, porque, no ponto em que ocorre a
quebra cromossômica, está um proto-oncogene.
• A translocação faz um rearranjo na sequência de bases
nitrogenadas, fazendo com que o gene (agora um oncogene) não
sintetize o mesmo produto gênico, e sim uma proteína modificada
(oncoproteína), que não terá a mesma função da original.
• Existem mais de 100 oncogenes descritos na literatura.
.
Leucemias
• Os genes supressores de tumor são genes que controlam o
crescimento celular.
• Quando sofrem mutações somáticas, acarretam a perda da função
gênica, causando descontrole da divisão celular.
• Eles agem como componentes dos mecanismos de controle que
regulam a passagem da célula da fase G1 do ciclo celular para a
fase S ou a passagem por meio da fase S para a fase G2 e a mitose.
Leucemias
• O gene supressor de tumor mais significativo em câncer humano é
o p53, que é inativado ou modificado em mais de 50% das
doenças malignas, incluindo tumores da hematopoese.
• A proliferação de células normais depende do balanço entre a
ação de proto-oncogenes e genes supressores de tumor.
• Na célula maligna, esse balanço é perturbado, levando à divisão
celular descontrolada (figura do próx. slide).
.
Classificação das Leucemias
• As leucemias são classificadas em quatro tipos, leucemias agudas
e crônicas, que por sua vez se dividem em linfoides ou mieloides.

aguda
mielóide
crônica
Leucemia
linfoblástica
aguda
linfo-(...)
linfocítica
crônica
Classificação das Leucemias
• Como vimos, as leucemias ocorrem devido à transformação

maligna que ocorre em células-tronco da hematopoese (aumento

da velocidade de produção, diminuição da apoptose e/ou

bloqueio na diferenciação celular).

• As leucemias agudas, em geral, são doenças agressivas, com

crescimento desordenado de forma muito rápida.


Classificação das Leucemias
• Causam um acúmulo de células hematopoéticas primitivas,
denominadas de blastos.
• As leucemias crônicas são distintas das leucemias agudas por
terem uma progressão mais lenta e produção de células mais
evoluídas na sua sequência de maturação (células mais
diferenciadas).
• As formas agudas das leucemias evoluem mais rapidamente e
costumam ser mais graves que as formas crônicas.
Classificação das Leucemias

• Nas leucemias, pode ocorrer uma mutação nas células


mielogênicas ou linfogênicas.
• As leucemias mieloides ocorrem a partir da reprodução
desordenada das células mieloides jovens na medula óssea.
• E as leucemias linfocíticas são causadas pela produção
desordenada de células linfoides, que surgem nos gânglios
linfáticos e em outros tecidos linfoides.
Classificação das Leucemias
• Independentemente do tipo de leucemia, os leucócitos

leucêmicos não desempenham as funções habituais do sistema de

defesa, como os leucócitos normais.

• Embora a leucometria demonstre valores elevados, os pacientes

leucêmicos têm maior suscetibilidade às infecções e outras

agressões.

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