APOSTILA
1.- Introdução
Generalidades
REINO EUMYCOTA
(De Hoog et al 2000)
Divisões
Procedimento da coleta
Raspar a lesão com bisturi, cureta esterilizada ou com lâminas de vidro previamente
flambadas. Nas lesões sugestivas de dermatofitose, a coleta deve ser feita nas bordas da
lesão, já que este é o sitio ativo da infecção.
Quando o raspado da lesão não pode ser realizado, pode-se optar por métodos tais
como o de Porto (só para pitiríase versicolor) que consiste em utilizar uma fita adesiva
transparente (Durex) que é pressionada sobre a lesão, removida e fixada sobre uma lâmina
ou a utilização de um tapetinho estéril de aproximadamente 4 cm que e pressionado sobre a
lesão, embrulhado e transportado ao laboratório (Mariat & Tapia, 1966). As desvantagens
são a falta do cultivo ao empregar a técnica de Porto e do exame direto, quando se usa o
tapetinho.
E.- Mucosas.
i- Mucosa oral.
As amostras devem ser obtidas por raspado da superfície epitelial acometida,
empregando espátula ou bisturi rombo esterilizado. Na candidíase oral em que se verificam
placas esbranquiçadas, o material pode ser colhido com “swab” estéril, ou alça de platina,
colocar em tubo esterilizado contendo solução salina.
v- Mucosa perianal.
Pode apresentar lesões esbranquiçadas ou ulceradas de aspecto granulomatosos. As
amostras são obtidas por raspado com bisturi rombo estéril ou “swab”
• Micoses subcutanêas
i- Escarro.
Amostras de escarro são coletadas após prévia lavagem bucal preferentemente em
jejum. O material deverá conter escarro profundo, livre de saliva e será colhido em frasco
estéril de boca larga. No caso dos pacientes que não expectoram facilmente, podem ser
usadas nebulização, com solução salina hipertônica.
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B.- Biópsia.
Devem ser obtidas amostras representativas da patologia suspeita. O material deve
ser dividido em dois frascos estéreis diferentes, um contendo formol ao 0.4% e outro
contendo solução salina, destinados ao exame histopatológico e micológico,
respectivamente.
E.- Sangue
Realizar assepsia do sitio escolhido para puncionar com álcool 70 % esperar 5
segundos e aplicar solução de Iodo-povidine a 10%, coletar de 8 a 10 ml de sangue venoso
(adultos) e de 1 a 3 ml (crianças), para cada frasco coletado. Terminada a punção retirar a
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agulha trocando-a por uma nova, inocular o sangue no frasco enviando de imediato ao
laboratório.
Número e intervalo das amostras:
-Suspeita de septicemia: colher duas amostras de sangue de diferentes locais com intervalo
de uma hora.
-Febre de origem desconhecida: colher duas amostras com intervalo de uma hora. Se forem
negativos, após 24 a 36 h, colher as outras duas amostras com intervalo de 1 hora.
F.-Urina
A assepsia com água e sabão da região genital deve ser rigorosa pudendo após lavar
com povidine, enxugar com água estéril e secar com gaze estéril. (sexo masculino retrair o
prepúcio e lavar a zona do glande e meato urinário)
Coletar 10 ml de urina do segundo jato urinário (sexo feminino afastando os grandes
lábios) em frasco esterilizado.
Crianças: Fazer assepsia rigorosa dos genitais e região perianal com água e sabão,
colocar o coletor urinário adequado segundo sexo, uma vez obtida a amostra mandar o
coletor fechado ao laboratório. (o coletor deverá ser trocado a cada 30-40 minutos caso a
criança não tenha urinado)
Paciente com sonda vesical de permanência: Desprezar a urina remanescente na
sonda vesical permitindo a descida desta para a bolsa coletora, pinçar a sonda vesical 20 cm
de distal a proximal logo que a urina fresca se acumule. Prévia assepsia com álcool 70 %,
coletar 10 ml da amostra puncionando no lugar do dispositivo para coleta de urina, e
depositar em tubo esterilizado adequadamente fechado e transportar ao laboratório. (no
caso da sonda urinária não apresentar dispositivo para coleta de urina é recomendável
desligar a sonda vesical do sistema de drenagem e obter amostra de urina mediante gota a
gota diretamente no frasco estéril. Todo o procedimento deverá ser realizado respeitando as
normas de assepsia).
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G.- Fezes.
Aproximadamente 20g de fezes recém emitidas devem ser coletadas em frasco
esterilizado e enviadas rapidamente ao laboratório. Para cultivo de vigilância, utiliza-se
“swab” anal.
Técnica:
Colocar parte do material biológico a ser estudado sobre lâmina limpa, adicionar
uma a duas gotas de KOH a 20%, cobrir com lamínula e flambar ligeiramente.
As lâminas previamente marcadas serão colocadas em câmara úmida, “overnight” a
4 °C e posteriormente se realizará a segunda observação microscópica.
Nunca se deve pressionar a lamínula com os dedos, uma vez que os ácidos graxos
naturais da pele dificultam a observação. Quando a amostra é muito espessa é aconselhável
pressionar a lamínula com uma pinça ou outro objeto. O fungo pode ser então liberado do
material biológico, o que permite sua visualização.
A adição de tinta Parker (Quink) azul permanente ou tinta Scheaffer 22 ao KOH,
permite melhor visualização e contraste dos fungos em especial das células de Malassezia
furfur que se tingem mais intensamente do que outras estruturas fúngicas.
Outras substâncias tais como goma de Berlesse, DMSO e Chloroblack E podem ser
empregadas na visualização do fungo a partir do material biológico.
Para verificação da presença de cápsula, devem-se fazer preparações do material
clínico com tinta da China, diluída 1:1 em água destilada ou salina esterilizada.
Técnica:
A semeadura está na dependência do tipo de amostra e da suspeita clínica. Pêlos,
escamas de pele ou de unhas, serão semeadas em 6 a 8 picadas com alça em L sobre ágar
inclinado em tubo. Fluidos biológicos como LCR, lavado brônquico, etc., serão
centrifugados a 3000 rpm. por 5 minutos e semeados com pipeta Pasteur estéril ou pipeta
graduada sobre ágar inclinado. Material de biopsia deve ser fragmentado e semeado
fazendo picadas na superfície do ágar. Amostras de hemoculturas serão semeadas
acrescentando 0,5 ml do caldo na superfície do meio.
A adequada coleta e transporte de material biológico são essenciais para se obter o
diagnóstico micológico preciso.
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Micoses Amostra clínica Exame Microscópico Direto Meio de CulturaAgentes T°e tempo de
etiológicos incubação
Pitiriase Escamas de Pele Células leveduriformes esféricas Ágar bile de boi Malassezia furfur 37°C durante
Versicolor ovaladas com ou sem brotamento adicionado de azeite de 7 dias
e filamentos curtos septados. oliva
Tinha negra Escamas de Pele Hifas escuras septadas, Sabouraud-dextrose Hortae werneckii 25°C durante
irregulares. ágar**; Lactrimel ágar** 20 dias
Piedra negra Cabelo Nódulos marron - escuros, Sabouraud-dextrose Piedraia hortae 25°C durante
formados por artroconídios ágar**. 30 dias.
escuros; ascos com 2 a 8
ascosporos típicos
Piedra branca Pêlos região Nódulos claros, formados por Sabouraud-dextrose Trichosporon spp 25°C durante
genitais, axilares, artroconidós claros e blastocon. ágar**; Lactrimel ágar** 7 dias
etc.
Dermatofitose Cabelo com raíz Artroconídios refringentes Sabouraud-dextrose Microsporum spp, 25°C durante
do couro ectothrix, endothrix ou ágar**; Lactrimel Trichophyton spp. 15 a 30 dias
cabeludo ectoendothrix. Parasitismo fávico ágar**. Mycosel
Onicomicose borda Escamas lâmina Células leveduriformes e/ou Sabouraud-dextrose Candida albicans, 25°C durante
livre fina e de borda interna da unha e pseudohifas ágar**; Lactrimel Candida spp. 7 a 15 dias
periungueal do arco ágar**
(candidíase) periungueal
Cromomicose Crostas, secreção Estruturas globosas de cor Sabouraud-dextrose Phialophora spp, 25°C durante
ou pus. marrom, de parede grossa, ágar**; Lactrimel Cladosporium spp, 20 dias
septada em dois planos ágar** Rhinocladiella spp.
(corpos escleróticos) ou talo Fonsecaea spp.
moriforme.
Esporotricose Secreção ou pus Leveduras alongadas como Sabouraud-dextrose Sporothrix schenckii 25°C e 37 °C
charuto, o observadas ágar**; Lactrimel durante 20
raramente. ágar**. dias
Eumicetoma Secreção ou pus Grânulos parasitários Sabouraud-dextrose Madurella spp (grãos 25°C durante
formados por aglomeração ágar**; Lactrimel escuros), 20 dias
de hifas claras ou escuras ágar**. Pseudallescheria
boydii (grãos claros),
Acremonium spp, P.
romeroi
Rinosporidiose Descarga nasal Esférulas até 350 paredes Rhinosporidium
ou tecido do espessas em diversos graus seeberi
pólipo de maturação
Lobomicose Material de lesão Células leveduriformes Glenosporella loboi,
queloides e tamanho uniforme 9-10 um. Loboa loboi, P. loboi
tumores Uma ponte tubular une uma
célula a outra
Feohifomicose Secreção ou pus Hifas escuras septadas, Sabouraud-dextrose Phialophora spp, 25°C durante
elementos leveduriformes, ágar**; Lactrimel Cladosporium spp., 20 dias
sem corpos escleróticos ágar** Fonsecaea spp.,
Wangiella spp.
Zigomicose Nódulos Hifas largas não septadas Sabouraud-dextrose Conidiobolus
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Candidíase Raspado mucosa, Células leveduriformes ou Sabouraud-dextrose Candida albicans, 37°C durante
biopsia, escarro, pseudohifas ágar*; Lactrimel Candida spp. 15 dias
etc. ágar**.
Otomicose Pseudomembran Filamentos com ou sem Sabouraud-dextrose Aspergillus niger, A. 25°C durante
a com pontos de cabeças aspergilares ou ágar**; Lactrimel Fumigatus, Aspergillus 15 dias
cores ou massa células leveduriformes e ágar**. spp, Candida albicans,
em migalha de pseudohifas etc..
pão
* Meio adicionado de Cicloheximida e cloranfenicol.; ** Meio adicionado de cloranfenicol
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MICOSES
MICOSES MICOSES
MICOSES MICOSES
MICOSES MICOSES
MICOSES SISTÊMICAS:
SISTÊMICAS:
SUPERFICIAIS:
SUPERFICIAIS: CUTÂNEAS:
CUTÂNEAS: SUBCUTÂNEAS:
SUBCUTÂNEAS: PARACOCCIDIOIDOMICOSE
PARACOCCIDIOIDOMICOSE
PITIRIASES
PITIRIASES DERMATOFITOSE
DERMATOFITOSE ESPOROTRICOSE
ESPOROTRICOSE BLASTOMICOSE
BLASTOMICOSE
VERSICOLOR
VERSICOLOR SS CROMOBLASTOMICOSE HISTOPLASMOSE
HISTOPLASMOSE
CROMOBLASTOMICOSE
TINHA
TINHA NEGRA
NEGRA CANDIDIASES MICETOMAS COCCIDIOIDOMICOSE
CANDIDIASES MICETOMAS COCCIDIOIDOMICOSE
PIEDRA
PIEDRA NEGRA
NEGRA
PIEDRA
RINOSPORIDIOSE
RINOSPORIDIOSE
PIEDRA BRANCA
BRANCA
ENTOMOFTOROMICOSE
ENTOMOFTOROMICOSE
MICOSE
MICOSE DO
DO JORGE
JORGE
LOBO
LOBO
MICOSES
MICOSES
OPORTUNÍSTICAS:
OPORTUNÍSTICAS:
ZIGOMICOSES
ZIGOMICOSES
HIALOHIFOMICOSE
HIALOHIFOMICOSE
FEOHIFOMICOSE
FEOHIFOMICOSE
CANDIDIASE
CANDIDIASE
CRIPTOCOCOSE
CRIPTOCOCOSE
ASPERGILOSE
ASPERGILOSE
PNEUMOCISTOSE
PNEUMOCISTOSE
LEVEDUROSES
LEVEDUROSES
Micoses superficiais
Os agentes de micoses superficiais, formam um grupo heterogêneo de fungos que
não sensibilizam o indivíduo, não provocam reações alérgicas a distancia como os agentes
de micoses cutâneas.
Malassezia furfur, Hortae werneckii, Trichosporon spp., Piedraia hortae são os
fungos envolvidos nessas micoses.
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Hortae werneckii - agente da tinha negra, lesão que se caracteriza pela formação de
mancha pouca descamativas de coloração castanha a preta, principalmente nas palmas das
mãos. Essas lesões vão aumentando de tamanho, durante meses ou anos.
Piedraia hortae - produz piedra negra, que consiste em nódulos duros, pretos e
firmes em torno dos cabelos.
Micoses cutâneas
Agrupam as dermatofitoses e as candidíase cutâneas. Os agentes das micoses
cutâneas atacam a epidermes e as camadas mais profundas da córnea, chegando a produzir
granulomas, se localizando na pele, pêlos, unhas e mucosas.
Os dermatófitos são fungos relacionados entre si que invadem a queratina morta.
Pertencem aos gêneros Microsporum, Epidermophyton e Trichophyton. As espécies
geofílicas vivem principalmente no solo; as zoofílicas, em animais; as antropofílicas, nos
seres humanos.
Esses fungos infectam locais específicos do corpo, que servem de base para o
diagnóstico clínico. A localização da dermatofitose pode ajudar na identificação preliminar
do fungo.
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Trichophyton tonsurans - causa tinha do couro cabeludo, tinha capilar com pontos
pretos e às vezes dermatofitose do corpo, dos pés e das unhas.
Trichophyton verrucosum - dermatofitose do couro cabeludo, da barba ou do corpo,
geralmente adquirida por contato com o gado infectado.
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Candidíases
São causadas primordialmente por C. albicans, embora outras espécies de Candida
estejam se tornando cada vez mais importantes como agentes etiológicos. A C. albicans
existe como normal no trato gastrointestinal, na área vulvovaginal, na pele e fezes. Em
casos de comprometimento imunológico e conseqüente queda da resistência causados por
AIDS, neoplasias, lúpus eritematoso, tuberculose ou terapias com esteróides ou agentes
citotóxicos, as leveduras podem proliferar e causar auto-infecções.
As candidíases atingem principalmente as mucosas, exemplo candidíase oral.
broncopulmonar, vulvovaginal; candidíase mucocutânea crônica, cutânea, ungueal, etc. são
algumas das manifestações que podem ocorrer.
Micoses subcutâneas
Os agentes de micoses subcutâneas, tem habitat no solo. Podem ocorrer micoses
subcutâneas quando há traumatismo por espinhos ou outro tipo de vegetação ou materiais
contaminados por fungos. Os organismos alojam-se na pele e passam a produzir infecção
localizada na pele e no tecido subcutâneo e às vezes nos linfonodos da região. Raramente a
infecção se se dissemina. As lesões subcutâneas caracterizam-se pela cronicidade de áreas
duras, nodulosas, crostosas e ulceradas. Que não cicatrizam e periodicamente produzem
exsudação. Os membros inferiores, sobretudo os pés, são muitas vezes comprometidos,
visto que seu contato com espinhos e outros vegetais é mais freqüente.
Micetomas – O micetoma geralmente se restringe aos pés, mas pode ser visto em
outras regiões como mãos e nádegas.
Os nódulos, que periodicamente exsudam um líquido oleoso contem grãos que podem ser
brancos, amarelos, vermelhos ou pretos. Aos poucos as lesões comprometem toda a perna.
A infecção causada pelos fungos superiores (micetoma eumicótico) produz lesões
fistulosas, com pouca dor ou destruição óssea, enquanto a causada por bactérias
fungiformes (micetoma actinomicótico) apresenta lesões tumorosas cônicas semelhantes às
erupções de acne, com grande exsudação e comprometimento ósseo com dor.
Principais agentes de micetoma eumicótico: Scedosporium apiospermum,
Acremonium falciforme, Acremonium recifei, Exophiala jeanselmei, Madurella
mycetomatis, Madurella grisea.
Principais agentes de micetoma actinomicótico: Nocardia asteroides, Nocardia
brasiliensis, Nocardia otitidiscavarium, Actinomadura madurae, Actinomadura pelletierii,
Streptomyces somaliensis, Actinomyces israelii e Actinomyces bovis.
Doença de Jorge Lobo – dermatose que provoca lesões tipo quelóides com ausência
de comprometimento visceral, ausência de adenopatia satélite, longa evolução do processo.
Nem sempre as lesões cutâneas assumem aspecto puramente queloidiano ao lado e lesões
papulosas, nodulares, verrucosas, e tuberosas podem ocorrer.
Agente etiológico, Lacazia loboi (Loboa loboi) ainda não cultivado.
Micoses sistêmicas
Os fungos que causam micoses sistêmicas vivem em forma sapróbia no solo.
Alguns animais de vida silvestre são reservatórios importantes. Os indivíduos podem
desenvolver a doença principalmente por inalação de propágulos.
Todos os agentes de micoses profundas apresentam dimorfismo térmico. Na
natureza e nos cultivos a 25°C, formam colônias filamentosas com reprodução assexuada.
Nos tecidos e cultivos a 37°C eles apresentam sua forma leveduriforme.
Estes fungos são taxonomicamente heterogêneos: Histoplasma capsulatum,
Paracoccidioides brasiliensis, Blastomyces dermatitidis, Coccidioides immitis.
Coccidioides immitis – Por inalação dos conídios após 14 dias, 60% dos pacientes
apresentam infecção respiratória assintomática. O restante 40% apresenta sintomas da
doença respiratória gripal leve ou raramente grave. Complicações pulmonares, na forma de
cavidades ou de pneumonia ocorrem em 5%. Pode ocorrer disseminação por via
hematogênica dos pulmões para os ossos, as articulações, a pele, os tecidos subcutâneos,
etc.
Micoses oportunísticas
A maioria dos fungos que produzem micoses oportunísticas são saprófitos do meio
ambiente, de crescimento rápido, normalmente inalado. Esses organismos geralmente não
são patogênicos, mais atuam como patógenos oportunistas. O indivíduo que apresenta
algum tipo de depressão imunitária em decorrência de doença ou em especial, do uso de
medicamentos imunossupressores, antibioticoterapia por longo tempo, pode ser alvo de
infecções oportunísticas.
Leveduroses por:
Técnica de esgarçamento:
Utilizada para identificação micromorfológica de fungos filamentosos. Com alça de
platina em L, retirar um fragmento da colônia, colocar em lâmina com una gota de
lactofenol azul de algodão e com auxilio de agulhas esgarçar bem. Cobrir com lamínula,
comprimir levemente e observar ao microscópio com aumento 10X ou 40X.
Cultivo em lâmina.
Nesta técnica as estruturas permanecem devem permanecer íntegras e o meio
utilizado pode ser Sabouraud dextrose ágar, batata ágar, lactrimel ágar ou V8.
Esterilizar placas de Petri com uma lâmina no interior, papel de filtro e lamínula.
Colocar o meio de ágar em placa. Deixar solidificar.
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Lamínula
Com a alça em L, destacar porções bem pequenas da colônia do bolor, crescida no ágar e
colocar nos quatro lados do pedaço de ágar.
Lâmina suporte
Umedecer com 4 ml
de água esterilizada
Àgar batata
Lâmina para
microcultivo
Para montar, retirar a lamínula com pinça estéril. Fixar o fungo na lamínula
colocando 1 a 2 gotas de álcool e esperar secar. Montar essa lamínula em uma lâmina
limpa, com uma gota de lactofenol azul-algodão.
A lamínula pode ser vedada com esmalte de unha ou Etellan para conservar por
mais tempo.
Pode, também, ser montada a lâmina do microcultivo, retirando-se o pedaço de
ágar, fixando com álcool e colocando uma lamínula limpa, com uma gota de Lactofenol
azul-algodão.
a) Colônias leveduriformes
b) Colônias filamentosas
l - ISOLAMENTO
1 - Princípio:
Freqüentemente as leveduras crescem com bactérias em cultura, ou pode haver o
desenvolvimento de mais de uma espécie de levedura no mesmo cultivo. Para a correta
identificação das leveduras é essencial utilizar culturas puras. O primeiro passo portanto,
consiste na purificação dos cultivos.
2 - Material utilizado:
- água destilada esterilizado
- alça de platina
- cultivo de levedura a ser identificada
- placas de Sabouraud dextrose ágar com cloranfenicol
3 - Técnica:
Preparar uma suspensão da colônia em água destilada esterilizada de acordo com o
no 3 da escala de MacFarland. Com o auxílio de uma alça de platina semear em estrias em
placa de Sabouraud dextrose ágar com cloranfenicol.
Incubar a 37°C por 48 horas. A cultura isolada será utilizada para as provas de
identificação.
OBS: Quando não houver crescimento ideal nesta temperatura, proceder o
isolamento em outra placa e incubar à temperatura ambiente.
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1 - Princípio:
Esta é uma prova presuntiva para Candida albicans. O tubo germinativo é formado
dentro de 2 horas por C. albicans, mas outras espécies, como Candida tropicalis podem
produzi-lo após 3 horas. Aproximadamente 95% das amostras de C. albicans são positivas.
O tubo germinativo difere da pseudo-hifa por não ser septado, apresentar paredes
paralelas e não possuir constrição na sua extremidade “abaulada”.
2 - Material utilizado:
- 0,5 mL de soro humano, de cavalo, de carneiro, etc.
- pipetas Pasteur
- lâminas
- lamínulas
3 - Técnica:
Semear cultivo de 24-48 horas, em tubo contendo 0,5 mL de soro. Incubar a 37°C
durante duas horas. Adicionar uma gota da suspensão com pipeta Pasteur em lâmina e
cobrir com lamínula. Examinar ao microscópio com objetivas de 10 x e 40x.
1 - Princípio:
Observar a existência ou não de filamentação, a produção de clamidoconídios,
blastoconídios e de artroconídios, assim como a disposição destes elementos no micélio. C.
albicans produz clamidoconídios arredondados em posição intercalar ou terminal em
relação à pseudohifa. De modo geral, a maioria das espécies do gênero Candida formam
pseudohifas bem desenvolvidas. Já as leveduras dos gêneros Torulopsis, Rhodotorula e
Cryptococcus não produzem pseudohifas. Algumas leveduras ascosporadas apresentam
pseudohifas rudimentares ou não as formam. A presença de artroconídios é sugestiva de
Geotrichum spp. ou Trichosporon spp, este último associado a blastoconídios.
2 - Material utilizado:
- Cultivos de 24-48 horas
- Ágar fubá
- Placas de Petri (90x15 mm)
- Alça de platina com extremidade retilínea
- Lamínulas esterilizadas
3 - Técnica:
Fundir o meio de ágar fubá e verter sobre placa de Petri. Após a solidificação, com
o auxílio de uma alça de platina, fazer 3 estrias finas, paralelas na superfície da placa e
cobrir com lamínula esterilizada. Incubar a 25°C, durante 48-96 horas. Examinar ao
microscópio, com objetivas de 10 x e 40x.
4 - Observação ao Microscópio:
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1- Princípio
O teste de assimilação indica a habilidade de uma levedura para utilizar um
composto na presença de oxigênio. Cada espécie possui seu padrão próprio de assimilação.
Essas provas são muito sensíveis e úteis para a identificação das leveduras. Estão
condicionados a fatores de permeabilidade, sistemas enzimáticos que catalisam a
degradação dos hidratos de carbono e ao sistema redutase que intervêm na redução do
nitrato.
2- Material utilizado
- Cultivo de 24-48 horas
- Meio C
- Meio N
- Placas de Petri 150 x15 mm esterilizadas
- Placas de Petri 90 x 15 mm esterilizadas
- Fontes de carbono (dextrose, maltose, sacarose, galactose, lactose, trealose,
melibiose, L-arabinose, celobiose, xilose, rafinose, dulcitol, ramnose, inulina,
inositol)
- Fontes de nitrogênio (peptona e KNO3)
3- Técnica
Preparar suspensão da levedura ajustando a turbidez de acordo com o padrão 5 da
escala de MacFarland. Fundir os meios C e N e estabilizá-los em banho Maria a 50°C
durante a realização da prova. Para verificar a assimilação de fontes de carbono, misturar 2
mL da suspensão com 40 mL do meio C e verter em placa de Petri de 150 x 15 mm. Para
observar a assimilação de fontes de nitrogênio, misturar 1 ml da suspensão com 20 ml do
meio N, e verter em placa de Petri de 90 x 15 mm. Após a solidificação dos meios,
distribuir equidistantemente as fontes de carbono (meio C) ou nitrogênio (meio N) sobre o
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ágar. Incubar a 30°C durante 24-48 horas. Realizar leitura e observar surgimento de halo de
crescimento na área correspondente a cada fonte.
4- Leitura
Gli Gal Mal Sac Lac Raf Tre Mel Ram Dul Ino Cel Inu Man Xil KN Pep
O3
1- Princípio
A habilidade de uma levedura para fermentar um determinado açúcar dependerá da
presença ou ausência de um sistema de transporte que permitirá a absorção do açúcar a
baixas tensões de O2 e da presença de um sistema enzimático que atuará na degradação
glicolítica do açúcar com a formação de etanol e anidrido carbônico. A fermentação
positiva ou negativa de um determinado açúcar é um dado complementar para diferenciar
as espécies.
2- Material
- Cultivos de 24-48 horas
- Água destilada esterilizada (4ml)
- Meio de cultivo para a fermentação de açúcares: dextrose, maltose, sacarose,
lactose, galactose, e trealose
- Bateria de meios para fermentação (tubos de rosca com tubos de Durhan)
- Pipeta automática calibrada para 200 microlitros
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3. Técnica
Preparar uma suspensão de leveduras (turbidez de acordo com o padrão 5 da escala
de MacFarland). Inocular 200µl da suspensão em tubos de ensaio contendo os respectivos
carboidratos. Incubar a 37°C por 24-72 horas. Realizar leitura observando a produção de
ácido (mudança de cor do meio) e gás (formação de bolha no interior do tubo de Durhan).
A observação da prova é válida até 20 dias após a realização da mesma.
4- Leitura
VI - Produção de Urease
1- Princípio
É prova complementar de grande utilidade para confirmar a identificação de
algumas leveduras. Por exemplo, Cryptococcus spp., Trichosporon spp. e Rhodotorula spp.
O dermatófito T. mentagrophytes são urease positivos.
2- Material
-Cultivo de 24-48 horas
-Meio de uréia de Christensen
3- Técnica
Semear cultivos de 24-48 horas na superfície do meio de uréia de Christensen.
Incubar à temperatura de 30°C durante 24-48 horas e observar a viragem do indicador.
4- Leitura
Vermelho = positivo
Amarelo = negativo
II - Produção de Cápsula
1- Princípio
A formação de cápsula é observada em espécies de Cryptococcus, embora possa
ocorrer em outras espécies de leveduras. A observação de cápsula no exame direto de uma
levedura necessita complementação posterior da identificação através de outras técnicas
(prova da urease, cultivo em meio niger, auxanograma, etc.).
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2- Material
-Cultivo da levedura-problema
-Lâmina
-Lamínula
-Água destilada esterilizada
-Tinta da China
3- Técnica
Após homogeneizar a levedura com uma gota de água destilada e uma gota de tinta
da China sobre uma lâmina, sobrepor uma lamínula e observar ao microscópio.
4- Leitura
As preparações positivas irão mostrar a presença de uma área clara, a cápsula, em
torno da célula leveduriforme, sobre um fundo negro.
1- Princípio
Quando Cryptococcus neoformans é semeado num meio contendo extrato de
semente de niger, girassol ou alpiste, as colônias tornam-se negras ou marrons devido a
atividade de fenol oxidase da levedura. Colônias de outras leveduras, incluindo outras
espécies de Cryptococcus irão manter sua cor original. Esse meio deve ser utilizado na
triagem para isolamento de C. neoformans.
2- Material
-Meio de ágar-niger
-Alça de platina
-Cultivo da levedura-problema
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3- Técnica
Semear a levedura-problema em placa contendo meio de ágar-niger, pelo método do
esgotamento. Observar o crescimento da levedura na placa incubada a 37oC.
4- Leitura
A colônia de C. neoformans apresenta coloração marrom ou negra.
1- Princípio
Algumas espécies de leveduras formam ascos, que alojam esporos sexuados, as
ascosporas. A observação dessas estruturas é importante para a identificação da levedura.
Para estimular a produção de ascosporas é necessário cultivar o isolado em meios especiais
2- Material
-Cultivo da levedura-problema
-Placa contendo meio de Gesso, ou V-8.
-Alça de platina
-Bateria de Ziehl Nielsen
-Lâmina
3- Técnica
Semear a levedura-problema em meio de apropriado e incubar a 37°C ou à
temperatura ambiente, de acordo com a exigência do isolado. Após 5-7 dias, realizar
esfregaço em lâmina, corar pela técnica de Ziehl Nielsen e observar ao microscópio com
objetiva de 100 x.
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4- Leitura
Examinar a forma e tamanho dos ascos e ascosporas e o número de ascosporas em
cada asco.
Hifa: Estruturas tubulares, constituídas de talo filamentoso (Segundo a cor, podem ser
classificadas como hialina ou demácea)
Ellis D.H. Clinical Mycology. The human opportunistic Mycoses. P. Fazer Inc. Guillinham
Printers Pty. Ltd. Australia 1994.
Philadelphia, 3 er ed 1988.
Lacaz C.Z.; Porto E.; Martin J. C. Micología Médica: Fungos, actinomicetos e algas de
interese médico 7 de. São Paulo: Sarvier, 1984.
Richardson M.D. & Warnock D.W. Fungal Infection. Diagnosis and managment.
Autores
Agenor Messias Junior
Arnaldo Lopes Colombo
Eugenio Reyes Arenas
Olga Fischman Gompertz
Patrício Godoy Martinez
Victor Silva Vargas
Colaboradores
Cledja Soares deAmorim
Edméa Helena de Oliveira
Fabiane Camargo G. Nunes
Leila Paula de Almeida
Luis Zaror Cornejo
Marly Forjaz
Zelinda Maria Nakagawa