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Francisco Benedito Kuchinski, nascido em 1946, em São Paulo – SP, graduado em 1972 em Ciências Biológicas pela
Universidade de Mogi das Cruzes (UMC), portador de três especializações em Ciências Morfológicas pelas Universidades:
de Brasília (UnB), de Mogi das Cruzes (UMC) e Brás Cubas (UBC). Doutor em Ciências (Histologia) pela Universidade
Mackenzie. Professor de Ciências Físicas e Biológicas do Ensino Fundamental e de Biologia do Ensino Médio, nas
escolas e colégios estaduais do governo do estado de São Paulo (1969/1978). No ambiente universitário, é coordenador
de cursos da área da saúde (UMC, Uniararas, Faculdades Integradas de Guarulhos) e como docente universitário, das
disciplinas de Citologia, Histologia e Embriologia, desde o ano de 1973. Professor titular das Faculdades de Guarulhos
(FG) (1980/2013). Professor assistente, adjunto e titular dos cursos de Medicina, Odontologia, Ciências Biológicas
e Ciências Biomédicas da UMC (1973/2003), professor assistente e titular dos cursos de Biologia, Biomédicas e
Odontologia da Uniararas (1975/1998), professor da Universidade São Judas Tadeu nos cursos de Ciências Biológicas
e Farmácia (1998/até a presente data), professor adjunto da Universidade Paulista – Unip, dos cursos de Odontologia,
Medicina Veterinária, Ciências Biológicas e Ciências Biomédicas (1980/até a presente data). Material didático publicado:
livro de Histologia Dental e Periodontal pela editora Graftipo, 8ª edição, 1998; Resumos e Apontamentos de Biologia
Marinha/Oceanografia, v. 1, 2, 3 e 4, pela editora Graftipo, 2001; Glossário de Enfermagem, Editora Graftipo, 1980;
Apontamentos de Citologia, Histologia e Embriologia/Laboratório, Editora Graftipo, 3ª edição, 1999; Resumos de
Embriologia Animal, no Professor Online do curso de Medicina Veterinária da UNIP. Resumos de Citologia, Histologia e
Embriologia e de Histologia Dental e Periodontal, no Professor Online do curso de Odontologia da UNIP.
160 p. il.
CDU 576.3
U507.07 – 20
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
permissão escrita da Universidade Paulista.
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Comissão editorial:
Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto
Revisão:
Virgínia Bilatto
Amanda Casale
Sumário
Citologia
APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................7
Unidade I
1 CÉLULAS EUCARIÓTICAS: MÉTODOS DE ESTUDO E CONSTITUIÇÃO QUÍMICA...........................9
2 CONSTITUIÇÃO QUÍMICA DA CÉLULA EUCARIÓTICA (CÉLULA TÍPICA)....................................... 36
3 MEMBRANA PLASMÁTICA............................................................................................................................ 40
3.1 Estrutura e constituição química................................................................................................... 40
3.2 Transportes (passagens) pela membrana plasmática............................................................. 43
3.3 Especializações da membrana plasmática.................................................................................. 49
4 ORGANELAS CITOPLASMÁTICAS................................................................................................................ 52
4.1 Retículo endoplasmático................................................................................................................... 52
4.2 Ribossomos.............................................................................................................................................. 54
4.3 Complexo de Golgi............................................................................................................................... 57
4.4 Lisossomos............................................................................................................................................... 58
4.5 Peroxissomos........................................................................................................................................... 61
4.6 Mitocôndrias........................................................................................................................................... 61
Unidade II
5 MICROFILAMENTOS, MICROTÚBULOS E FILAMENTOS INTERMEDIÁRIOS................................. 80
6 INCLUSÕES E PIGMENTOS CELULARES................................................................................................... 86
Unidade III
7 COMPONENTES DO NÚCLEO INTERFÁSICO........................................................................................... 94
8 MITOSE E MEIOSE...........................................................................................................................................108
APRESENTAÇÃO
A citologia, também denominada nos dias atuais de biologia celular, abrange o estudo
micromorfológico da estrutura dos seres vivos. Trata‑se de uma ciência básica, que fornece diversos
tipos de subsídios para outras ciências; portanto, é de suma importância.
Ao término deste estudo, você deverá caracterizar os diferentes tipos celulares constituintes do ser
humano, ter domínio dos processos citofisiológicos, reconhecer a importância da citologia para sua
formação profissional e utilizar diversos aprendizados que propiciem a atualização na disciplina com
reflexão ética, crítica e de aplicabilidade.
INTRODUÇÃO
Foi no século XIX que diversos pesquisadores iniciaram a descrição de conhecimentos sobre as
células (Teoria Celular) e, até a presente data, novas descobertas são realizadas e descritas sobre a
estrutura e função das células eucarióticas e procarióticas. O desenvolvimento científico em relação
à ciência química e bioquímica, nas formulações de reagentes químicos para elucidar estrutura e
funcionamento celular, foi e é preponderante, bem como novas tecnologias que a física desenvolveu,
como os microscópios eletrônicos.
Este material possui um texto didático dirigido primordialmente para fundamentação básica do
estudante, isto é, para proporcionar uso racional de horas de estudo, permanência mais constante dos
conhecimentos teóricos, facilidades nos conceitos citológicos. A organização deste conteúdo segue a
sequência didática dos livros tradicionais de citologia/biologia celular, com atualizações, referendada
com base nas normas da ABNT e com ênfase para o desenvolvimento de uma citologia educacional.
Nosso estudo tem início com a apresentação dos diferentes tipos de classificações celulares, suas
localizações e dimensões. Há um destaque especial para células-tronco. Em sequência, são apresentados
os procedimentos técnicos para observação da constituição química da célula, bem como de tipos
celulares e seus principais constituintes inorgânicos e orgânicos, além dos fundamentos básicos sobre
microscopia óptica. Depois, o estudo torna‑se específico sobre membrana plasmática, citoplasma,
organelas citoplasmáticas e núcleo, bem como sobre os processos de reprodução celular em células
somáticas e na elaboração dos gametas. Por fim, apresentaremos um atlas de citologia que possui
imagens de lâminas de citologia, com métodos citológicos e citoquímicos, o qual muito contribuirá para
a compreensão das estruturas celulares.
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CITOLOGIA
Unidade I
1 CÉLULAS EUCARIÓTICAS: MÉTODOS DE ESTUDO E CONSTITUIÇÃO QUÍMICA
A Citologia é a ciência que estuda células eucarióticas, que estruturam plantas e animais e
células procarióticas, que formam as bactérias. As células eucarióticas também são denominadas
de células típicas. Um organismo animal é constituído por diferentes sistemas, como o respiratório.
Sistemas são formados por órgãos, como o pulmão. Órgãos são formados por tecidos, como o tecido
epitelial das vias respiratórias. Tecidos são formados por células e por material extracelular fibrilar
e afibrilar. Células eucarióticas são formadas por três componentes básicos: membrana plasmática,
citoplasma e núcleo. No citoplasma, há inúmeras organelas citoplasmáticas, como as mitocôndrias,
e, no núcleo, há também elementos distintos, como o nucléolo e os cromossomos (Figura 1).
Sistema
golgiense
Núcleo
Centrossomo Nucléolo
Cromatina
Ribossomo
Mitocôndria
Retículo Membrana
endoplasmático plasmática
Citoesqueleto Lisossomo
Exemplo de aplicação
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Unidade I
Assim, a Citologia é a parte da Biologia que estuda células e seus componentes celulares e citoplasmáticos:
organelas, inclusões, pigmentos; além dos mecanismos de divisões – reprodução celular (mitose e meiose) –
processos de apoptose e necroses, diferenças entre células animais e vegetais, mecanismos de diferenciação
celular, comunicação celular, células‑tronco, entre muitos outros conteúdos desta ciência morfológica
microscópica, que comprova, já há alguns séculos, a importância das células na organização dos seres vivos.
É interessante ressaltar que a Biologia Molecular realiza estudos do DNA (ácido desoxirribonucleico), dos
diferentes tipos de RNAs (ácidos ribonucleicos), das proteínas e das enzimas envolvidas com as diferentes
reações químicas por que passam os ácidos nucleicos, como replicação, transcrição e tradução do DNA. Estuda
ainda os diferentes tipos de técnicas (PCR – reação de polimerase em cadeia, Wester Blot – para detectar
proteínas e enzimas; e RFLP – polimorfismo de comprimento de fragmentos de restrição para o sequenciamento
do DNA/sequenciamento de bandas no DNA), que envolvem estes ácidos e proteínas. Neste campo científico,
também é desenvolvido o manuseio correto de equipamentos (ferramentas, como a cuba de eletroforese,
termociclador, solventes estratores de ácidos nucleicos, primer/tipo de reagente), utilizados para tais estudos
envolvendo todos os componentes celulares e citoplasmáticos, com ênfase em elementos do núcleo celular.
A dedicação do estudante pela história da ciência Citologia trará aquisições de conhecimentos, como o
dado marcante, em 1838/1839, quando Schleiden e Schwann propuseram a Teoria Celular: “todos os seres
vivos são formados por células”. Procure saber sobre: Nehemias Grew e Marcelo Malpighi (1862), Rudolf
Virchow, Wilson, Brachet, entre outros. Paralelamente à história da Citologia, a história e a evolução dos
aparelhos denominados de microscópios também contribuíram e continuam contribuindo nas descobertas
dos componentes e do funcionamento celular (microscópios de Robert Hooke – 1665, de Leewenhoek –
1674). O microscópio de luz atual (microscópio óptico composto) e os microscópios especiais, como os
eletrônicos de transmissão e o de varredura, entre muitos outros tipos destes aparelhos ampliadores da
potencialidade sensorial humana (a visão), continuam contribuindo nas descobertas sobre a estrutura e o
funcionamento celular. O tamanho das células é diminuto, sabemos que um centímetro dividido por dez
é igual a um milímetro, e um milímetro dividido por mil será igual a um micrômetro. Células apresentam
tamanho na ordem de micrômetros. No final do século passado, pesquisadores propuseram mudanças em
relação à nomenclatura e à quantidade de reinos que agrupam todos os seres vivos formados ou não por
células (mais de dez reinos). Estabeleceram, ainda, o agrupamento dos reinos em nível ainda superior ao
reino, o que chamaram de “domínios” (Bacteria, Archeaea e Eukarya). Os organismos procariontes ficam
agrupados nos dois primeiros “domínios” citados e todos os organismos eucariontes no “domínio” Eukarya.
Como células são estruturas diminutas, é interessante que o estudante adapte a nomenclatura
de dimensões celulares, assim, quando da divisão de um micrômetro por mil, obtém‑se a unidade
nanométrica (um nanômetro). Apenas para concluir unidades de medidas, um nanômetro dividido por
dez é igual a um angstrom. Observe todas elas representadas a seguir:
1mm = 1cm/10
1µm = 1mm/1000
1nm = 1µm/1000
1Å = 1nm/10
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CITOLOGIA
Células lábeis: são células dotadas de ciclo vital curto, produzidas de forma contínua pelo organismo.
Fornecem e/ou produzem o crescimento e a renovação constante dos tecidos onde ocorrem, por exemplo,
as células epiteliais constituintes das mucosas intestinais, da mucosa gástrica, da epiderme (na pele) e
células sanguíneas, como os glóbulos brancos (leucócitos) e glóbulos vermelhos (hemácias/eritrócitos).
Células estáveis: são células dotadas de ciclo vital médio ou longo, podendo durar meses ou
anos, produzidas durante o período de crescimento do organismo (na vida intrauterina – períodos
embrionário e fetal, como também pós‑nascimento – até o início da vida adulta). Essas células só
voltam a ser formadas em condições excepcionais, como na regeneração de tecidos (uma fratura óssea,
por exemplo). São exemplos de células estáveis: célula óssea (osteoblasto), célula do fígado (hepatócito),
célula do pâncreas (acinosa pancreática), célula muscular lisa (fibra muscular lisa involuntária).
Células permanentes: são células de ciclo vital muito longo, coincidindo, geralmente, com o tempo
de vida do indivíduo, produzidas apenas durante os períodos embrionário e fetal e com desenvolvimento
após o nascimento. Quando da morte destes tipos celulares, não há reposição, algumas destas células
aumentam em volume (hipertrofia celular), acompanhando o crescimento do indivíduo. São exemplos
de células permanentes: células nervosas (neurônios), células musculares estriadas (fibras musculares
estriadas esqueléticas e cardíacas).
Células livres: apresentam autonomia, são isoladas, vivem nos ambientes líquidos (seres unicelulares
– protozoários), células sanguíneas (glóbulos vermelhos e brancos).
Células federadas: organizam‑se sob a forma de tecidos. Tornam‑se especializadas e perdem parte
de sua autonomia em favor do conjunto, passando a viver umas na dependência das outras. Apresentam
certa individualidade, estabelecem com as células vizinhas certas relações, trocam nutrientes entre si,
através dos líquidos intersticiais.
Células anastomosadas: são células fusionadas umas às outras, por meio de ligações citoplasmáticas,
são alguns exemplos: células mesenquimais indiferenciadas do tecido conjuntivo e células ósseas jovens
(osteoblastos).
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Unidade I
Sincícios: são células que apresentam vários núcleos mergulhados no citoplasma, com
ausência de individualidade celular, casos típicos ocorrem nas células musculares estriadas
esqueléticas (fibras musculares esqueléticas), nas células placentárias (sincíciotrofoblasto) e células
do tegumento da lombriga (Ascaris lumbricoides). Todos os exemplos dados surgem pela fusão de
células uninucleadas.
Plasmódios: originam‑se de células mononucleadas, que sofrem sucessivas divisões do núcleo sem
ocorrer divisão do citoplasma.
Células somáticas: são exemplos as células epiteliais (de origem dos três folhetos embrionários:
ectoderma, mesoderma e endoderma); as células conjuntivas (de origem mesenquimal – o
mesênquima origina‑se do mesoderma); as células musculares (de origem mesodérmica); e as
células nervosas (de origem ectodérmica). As células somáticas possuem 46 cromossomos ou 23
pares de cromossomos, isto é, são células diploides (2n), portanto, o genoma destas células é igual
a 46 cromossomos.
Células diploides: como (n) representa 23 cromossomos, estas células são portadoras de 46
cromossomos, sendo 23 cromossomos maternos e 23 cromossomos paternos; portanto, são assim
denominadas (2n). Também se pode afirmar tal expressão para um indivíduo que apresenta cariótipo
normal com 2n cromossomos (homem = 22 pares de cromossomos autossomos e 1 par de cromossomos
sexuais 22A + XY, e mulher 22A + XX).
Células haploides: como (n) representa 23 cromossomos, estas células são produzidas para
reprodução da espécie. Nos testículos o processo do ciclo meiótico (meiose) reduz o número de
cromossomos inicialmente, de 46 para 23 cromossomos no espermatozoide.
Em relação aos oócitos (ovócitos de 2ª ordem), uma menina, ao nascer, já é portadora destes em
seus folículos nos dois ovários, porém estas células ainda não terminaram o ciclo meiótico, e quando do
processo da ovulação, são eliminadas na fase da anáfase II da meiose (com 46 cromossomos). Se caso
ocorrer a fecundação, a penetração do espermatozoide no oócito faz com que ele termine sua meiose,
isto é, passa para a fase de telófase II, eliminando um corpúsculo polar (célula com núcleo portador de 23
cromossomos e com pequeníssima quantidade de citoplasma), e, desde a entrada do espermatozoide, tal
figura celular deixa de ser denominada de oócito e passa a ser denominada de óvulo. Portanto, a célula
com dois núcleos, cada um com 23 cromossomos é a célula óvulo. Após o encontro destes dois núcleos e
consequente pareamento cromossômico (anfimixia), forma‑se a célula ovo ou zigoto (100 micrômetros),
restabelecendo o genoma humano. Esta célula formada realizará a primeira divisão celular mitótica
(mitose) após trinta horas, formando duas células denominadas de blastômeros, as quais realizarão
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CITOLOGIA
suas mitoses sucessivamente, processo este que será descrito na ciência Embriologia, conhecido por
segmentação ou clivagem celular. Deve‑se registrar que as primeiras duzentas células deste processo de
clivagem no ser humano são consideradas células‑tronco embrionárias (aproximadamente quatro/
cinco dias após a fecundação).
Células vegetais: são células eucarióticas desprovidas de lisossomos e de centríolos, com a presença
de parede celulósica impregnada por lignina (polissacarídeo) e revestida por pectatos (polissacarídeo)
de cálcio e de magnésio, que constituem a lamela média. Possui um vacúolo grande que armazena
água e uma série de compostos orgânicos (ácido húmico e betalaínas, que é uma glicoproteína) e
inorgânicos, como cristais de cálcio (drusas) e de silício (ráfides). A membrana do vacúolo é denominada
de tonoplasto. Nas células vegetais providas de cloroplastos ocorre a fotossíntese, porém, nas células
desprovidas de cloroplastos, como as da raiz de um tronco do interior de um fruto e de uma semente,
não há síntese de glicose. O cloroplasto é uma organela de membrana dupla, portadora de ácido
desoxirribonucleico (DNA), na forma de um único cromossomo em formato de anel, semelhante ao
DNA bacteriano e da organela mitocôndria. Possui também ribossomos em seu estroma. Nas plantas
superiores (gimnospermas e angiospermas), os núcleos das células vegetais geralmente não possuem
nucléolos. Organelas como o retículo endoplasmático, Golgi e mitocôndrias se fazem presentes nas
células das plantas e a divisão celular ocorre do centro para a periferia, já nas células animais é ao
contrário (Figura 2).
Citoplasma Cloropasto
Lisossomo Ribossomo
Mitocôndria
Retículo
endoplasmático
Vacúolo
Núcleo
Membrana
nuclear
Poro
Parede
celular
Membrana
celular
Complexo
de Golgi
Observe a parede celular e vacúolo, componentes citoplasmáticas que não ocorrem em células
eucarióticas animais.
Quando de uma comparação entre células procarióticas (bactérias) com eucarióticas que
formam animais e vegetais, podem‑se resumir as seguintes características marcantes: o tamanho
é muito maior nas eucarióticas, chegam até a 40 µm, enquanto nas procarióticas esse está
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Unidade I
compreendido entre 0,5 até 5 µm, possuindo em sua parede celular polissacarídeos e aminoácidos,
pois, nas plantas há celulose, e nos fungos, a quitina. As células dos animais não apresentam tal
parede. O material genético (DNA) nos organismos procariontes mantém contato direto com o
citoplasma (há um nucleoide), enquanto nos eucariontes há um ou mais núcleos protegidos por
um envoltório, a membrana do núcleo. As organelas de membrana, como retículo endoplasmático,
Golgi, mitocôndrias e cloroplastos, só se fazem presentes nas células eucarióticas. Há ribossomos
em ambos os tipos celulares, porém muito pequenos nas bactérias. As estruturas respiratórias das
células procarióticas são representadas pela membrana e pelo citoplasma, já nas eucarióticas essa
representação é feita pelas mitocôndrias e também pelo citoplasma. A fotossíntese nas bactérias
ocorre por lamelas, enquanto nas células eucarióticas das plantas, pelos cloroplastos. A célula animal
eucariótica não realiza fotossíntese. Nas células bacterianas, especializações como os flagelos são
simples e não apresentam revestimento de membrana plasmática. Em células procarióticas, os
flagelos são estruturas representadas por um complexo citoesqueleto celular, e ainda são revestidos
por membrana plasmática (Figura 3).
Pili
Citoplasma
Novelo de
DNA (nucleoide)
Parede
celular Ribossomos
Cápsula
Membrana
citoplasmática
Flagelos
Os vírus são agregados de proteínas e ácidos nucleicos (DNA ou RNA, nunca os dois ácidos
se apresentam juntos num vírus). Bactérias e cianofíceas são maiores que os vírus, com
organização físico‑química bem mais complexa, porém são mais simples do que as células
eucarióticas (Figura 4).
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CITOLOGIA
As riquétsias situam‑se entre bactérias e vírus. Em relação aos tamanhos, podem‑se citar: vírus do
mosaico do tabaco de 150/180 até 3.000 angstrom; bactérias do tipo bacilo, de 0,5 até 3 micrômetros;
bactéria Escherichia coli, de 1 até 2 micrômetros; e célula glóbulo vermelho, de 7 micrômetros. A maioria
das células eucarióticas que constitui o ser humano fica compreendida entre 30 até 50 micrômetros,
na média 20 micrômetros. A célula vegetal em média possui cerca de 30 micrômetros. A organela
citoplasmática mitocôndria possui tamanho de 0,2 a 3 x 10 micrômetros, já os ribossomos, 250 angstrom,
e a molécula da hemoglobina (Hb), 64 x 55 x 50 angstrom.
Lembrete
A forma celular (morfologia) pode ser constante e/ou variável, dependendo de influências internas,
como rigidez da membrana, viscosidade ou tensão superficial do citoplasma; como também de externas,
como pressões das células vizinhas. Assim, podem‑se classificar morfologicamente as células em:
Células planas (pavimentosas) ou achatadas: são encontradas no tecido epitelial, juntas são
chamadas de epitélio pavimentoso. Essas células estão localizadas na camada mais superficial celular da
epiderme, abaixo da queratina, e, quando localizadas na camada mais interna dos vasos sanguíneos, são
denominadas de células endoteliais (endotélio).
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Unidade I
Células cúbicas: possuem três dimensões semelhantes, lembram um “dado”, localizadas, por
exemplo, na glândula endócrina tiroide.
Células esféricas: como os glóbulos brancos (leucócitos) do sangue, oócito. Os glóbulos vermelhos
são discos bicôncavos (células discoides).
Células estreladas: como os neurônios multipolares (células nervosas), essas células possuem
ramificações (os dendritos e o axônio).
Células fusiformes: são células afiladas nas extremidades, típicas fibras musculares lisas dos órgãos,
como estômago, intestino, útero, vagina, vasos sanguíneos.
Observação
Quando uma célula apresenta potencialidade, ou seja, é capaz de se diferenciar dando origem às
demais células do organismo, como musculares, ósseas, nervosas, entre outras, ela ainda não possui
especialização, ainda não se diferenciou. Todas as células não diferenciadas (células indiferenciadas) são
células‑tronco (CT) e na espécie humana essas células existem até o 5º dia após a fecundação, quando
há no máximo um número de 200 células, aproximadamente. Após trinta horas da fecundação, há 2
blastômeros, denominação dada às células provenientes da primeira divisão da célula ovo ou zigoto.
Depois do estágio de 9 células, os blastômeros mudam de forma e aderem firmemente uns aos outros,
formando uma bola compacta de células, é a fase de compactação, a qual irá possibilitar a formação de
uma massa de células mais internamente denominada de embrioblasto. Com 3 dias após a fecundação,
há um número de 12 até 16 células (blastômeros) que constituem a figura embriológica mórula.
Do quarto ao quinto dia, surgem 32, 64, 128 células. No quinto dia ocorre a chegada desta figura
embrionária no útero. Neste quinto dia, já há 256 células. No sexto dia, a figura embrionária se encontra
bem encostada/aderida na mucosa uterina e, no sétimo dia, a nidação já teve início (penetração do
blastocisto na mucosa uterina). Neste sétimo dia ocorre o surgimento do hipoblasto, que dará origem
ao primeiro folheto embrionário, o endoderma. No nono dia, o blastocisto está totalmente implantado
num local escolhido por ele mesmo. Essas células (200 células aproximadamente) são totipotentes, pois
são capazes de originar os 216 tecidos, inclusive os anexos embrionários: placenta, cordão umbilical,
âmnio e alantoide. A partir do 5º dia, as CT presentes no embrião serão praticamente as mesmas
encontradas no recém‑nascido e durante toda a sua vida (infância, puberdade, adulta e senil). O período
embrionário compreende um espaço de tempo: vai desde a fecundação até o final do 2º mês (oito
semanas aproximadamente), enquanto o período fetal inicia‑se a partir do 3º mês (9º semana) até
o nascimento, por volta da 38ª semana. A partir do 5º dia, as CT do embrião já são denominadas de
pluripotentes, uma vez que não originam a placenta e outros anexos embrionários.
A terapia com CT é a possibilidade do uso das CT, isto é, de empregá‑las como células em tecidos
lesados ou doentes, como nos casos de Alzheimer, Parkinson, doenças neuromusculares em geral,
diabetes, entre outras. O Brasil é pioneiro em terapia com CT de medula óssea. As terapias estão
relacionadas principalmente ao tratamento de cardiopatias: doenças coronárias, isquemias agudas e
infartos agudos e crônicos. Atualmente, as pesquisas avançam no tratamento para a cura da doença de
Chagas.
Células‑tronco embrionárias (CTE) ainda não são usadas em pacientes, apenas as da medula óssea
e as do cordão umbilical. As CTE não são reconhecidas pelo organismo que a recebeu, porque não
expressa compatibilidade e porque também não expressa incompatibilidade (há certas controvérsias dos
cientistas).
futuro bem próximo ser usadas na terapia de doenças genéticas, ao contrário do “autotransplante”, uma
vez que todas as células do corpo estão geneticamente afetadas. Assim, a Engenharia Genética traz
esperanças para pacientes com distrofia muscular (consulte o capítulo sobre citoesqueleto).
Na terapia com CT, o que importa é a sua capacidade de se fundir com a célula doente, construir
uma nova célula, reconstruir a função inicial da célula, sem o risco de ser reconhecida como corpo
estranho e sofrer rejeição. As células‑tronco embrionárias (CTE) carecem ainda de muita pesquisa. Por
serem indiferenciadas, são capazes de formar uma grande variedade de tipos de tumores. São tipos
de células‑tronco: CTE (altamente eficientes), CT do cordão umbilical (CTCU), que são moderamente
eficientes, e CT da medula óssea (CTMO), que são eficientes. As CTCU e as CTMO são pluripotentes,
como as existentes na pele e no couro cabeludo, cérebro, retina, músculo e no tecido adiposo. Os órgãos
citados a seguir são passíveis de reposição para CT: cérebro, pulmão, coração, fígado, rins, pâncreas,
ossos, músculos, vasos e, num futuro bem próximo, assim se espera, medula espinhal (medula nervosa).
As CTMO podem regenerar órgãos como o fígado e o coração (trabalhos já provam a regeneração).
As CTCU já são estocadas para tratamento de leucemia. Espera‑se, para um futuro bem próximo, o uso
de CTCU para tratamento de Parkinson e de Alzheimer. A lei brasileira permitiu o uso de CTE estocadas
há mais de três anos. Segundo pesquisadores, essas células já passaram da fase de serem colocadas no
útero. Se colocadas não vão originar a placenta (Lei de Biossegurança – março/2005).
Culturas de células e de tecidos são realizadas em um determinado meio nutritivo (meio de cultura)
apropriado, e assim as células se multiplicam (se reproduzem) e se mantêm vivas, indefinidamente.
Pergunta‑se: que tipo de vida existe nas células presentes nessas culturas de tecido? Resposta: são
células sadias de um indivíduo vivo e dotado/portador de um espírito ou alma. Essas células em meio de
cultura se mantêm vivas e ostentam um fenômeno biológico que dispensa a presença de um espírito/
alma? O indivíduo que doou às células para cultura de tecido pode até já estar morto, mas suas células
continuam vivas.
Muitas perguntas serão formuladas sobre o assunto, por exemplo: que tipo de vida há ou está
se desenvolvendo nesse embrião congelado? Há espírito ou alma no embrião congelado? O embrião
clonado e congelado é comparável a uma cultura de tecido? Os embriões congelados podem ou não ser
usados para o desenvolvimento de recursos capazes de curar doenças por meio da terapia celular (que é
a medicina regenerativa). É muito importante o avanço tecnológico, a evolução científica neste campo
científico.
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CITOLOGIA
A medicina regenerativa não defende a clonagem reprodutiva para formar seres humanos. Os EUA
proíbem a clonagem reprodutiva. O Reino Unido já aprovou o uso de CTE para terapia. O Brasil possui
resultados satisfatórios com o uso de CTMO e do cordão umbilical. Futuramente, serão divulgados os
primeiros ensaios com uso de CTE por países como Inglaterra, Israel e Austrália. A posição dos religiosos
é geral: proibição do uso de CTE e do processo de clonagem reprodutiva. Praticamente, todos sustentam
que a vida se manifesta pelas células e as células estão sob a regência de uma “alma”; portanto, o uso
de CTE é considerado um aborto por esses grupos.
Dentro de um contexto religioso, a origem da alma é explicada pelos estudiosos do livro Gênesis, o
primeiro da Bíblia, da seguinte maneira: a palavra é usada no original hebraico e relacionada à tarefa de
“criar do nada” (bara), referindo‑se à criação do universo, da vida e da alma a partir no “nada”. Segundo
muitos religiosos, a alma é criada por Deus.
Surgem divergências, como: quando e como se dá a criação da alma? A tentativa de resposta é dada
por 3 teorias conhecidas por: Teoria I – Teoria da Preexistência; Teoria II – Teoria do Criacionismo; e
Teoria III – Teoria da dualidade.
A Teoria da Preexistência postula que as almas preexistem no plano espiritual e sua união com o corpo
físico e posterior nascimento caracteriza a “reencarnação”. A Teoria do Criacionismo sustenta que Deus cria
a “alma” no momento da concepção ou do nascimento, ou em um ponto entre estes dois eventos. Uma vez
criada, é mantida no corpo físico. Essa teoria contesta a comprovada Teoria da Evolução (consulte textos sobre
o tema filosofia da ciência). A Teoria da Dualidade propõe que toda a raça humana foi criada em “Adão”. Assim,
Deus criou o Homem com a faculdade de transmitir aos seus descendentes não só o corpo físico, mas também
a “alma”. Após todas essas considerações, permanecem perguntas, tais como: o que é embrião? É possível a
vida nas células embrionárias sem a presença de uma “alma”? Nos embriões congelados, o que acontece
com a “alma”, se ela, realmente, estiver unida ao embrião? Qual a relação entre a vida celular embrionária,
se o embrião não for implantado em um útero, e a vida presente em uma cultura de células (de tecidos)?
Historicamente, será um erro ou um acerto permitir o uso terapêutico das células‑tronco embrionárias?
O processo de evolução por seleção natural foi proposta por Darwin e por Wallace (1823 – 1913), em
1858, tem como elemento essencial o tempo. Assim, uma parcela de uma população, ao sair de um ambiente
inicial, se mantém isolada da população de origem. Com o tempo, no novo ambiente, alguns caracteres
presentes nesse grupo, que permitem uma melhor adaptação ao novo ambiente, serão selecionados e haverá
vantagens para sobreviver e deixar descendentes; logo, vão dominar na população. A seleção natural age no
sentido de eliminar aquilo que não se adapta ao meio. Com o tempo e o isolamento, uma nova espécie irá
surgir no novo ambiente (é um processo dinâmico e pode levar milhões de anos). Isto explica a biodiversidade.
Hoje, o papel da Genética é, em particular da Genética Molecular, explicar o grau de parentesco entre as
espécies. Evolução é um processo que precisa de muito tempo para agir. A Teoria da Evolução é, sem dúvida,
uma teoria elaborada e a sua compreensão exige grande conhecimento de suas bases.
As espécies apresentam caracteres, variedades ou estados, genes que atuam no processo de seleção
natural. A molécula do DNA/ADN existe em todas as células. Nesta molécula do DNA, localizam‑se todas
as informações. Durante a meiose, no processo da permutação (crossing‑over), há recombinação das
informações que serão enviadas pelas células gaméticas (espermatozoide e oócito).
19
Unidade I
Durante a fecundação, ocorre uma soma dessas informações, restabelecendo‑se um novo DNA de
uma nova geração. A molécula de DNA humana, se estendida, daria mais de um metro de informação.
Sua constituição é representada por ácido fosfórico e bases nitrogenadas: adenina, guanina, timina e
citosina, açúcar (pentose) constituído por cinco carbonos, a desoxirribose e por pontes de hidrogênio. É
bom registrar que há outras teorias para a origem da nossa espécie e dos outros seres vivos.
Gotículas Gotículas
de proteína de lipídeo
Complexo
de Golgi
R. E. R.
Poro
nuclear
Nucléolo
Núcleo
Mitocôndria
Cristal
Matriz
citoplasmática
R. E. L.
Desmossomo
Polirribossomos
livres
Centríolo
Membrana basal
Lisossomo
20
CITOLOGIA
Saiba mais
<www.criogenesis.com.br/>.
Para o conhecimento das células eucarióticas, se faz necessário o uso de diferentes métodos de
estudo. Sabe‑se que os primeiros foram feitos com tecidos vivos, sem nenhum preparo. Nessas condições,
a observação dos componentes celulares era muito precária. Surgiu, então, o emprego de corantes que
pudessem tingir as várias partes celulares, de modo diverso e seletivo, oferecendo, assim, um bom
contraste entre elas. De início, empregaram-se corantes naturais, depois, as anilinas artificiais. Durante
este período, os microscópios também sofreram aprimoramentos. Um problema que os citologistas
enfrentavam era o da conservação e preparação do material que seria levado ao microscópio. Os tecidos
vivos, quando destacados/retirados de seus organismos de origem, degeneram rapidamente (sofrem
autólise). Devem, portanto, receber tratamento químico ou físico que garanta a sua conservação,
tratamento este denominado de fixação do material. Sabe‑se que os fixadores alteram a estrutura das
células, portanto, o que observamos no microscópio não é a célula tal como ela existe nos tecidos,
mas os citologistas têm conseguido extraordinários progressos, de modo que os agentes que hoje são
empregados alteram pouco a estrutura original da célula. São tipos de exames microscópicos:
Exame in vivo (exame imediato) a fresco: trata‑se de estudo de células vivas. Pode ser feito com
o emprego de corantes, utilizando‑se o microscópio de fase, ou ainda com emprego de corantes que
não causam a morte das células (coloração vital ou supravital), como o azul de metileno, o vermelho
neutro, o verde Janus e o azul de Trypan. O exame das células vivas é favorecido pelo cultivo de tecidos,
que consiste em manter tecidos vivos em líquidos nutritivos. Para esses estudos, há contribuição dos
micromanipuladores, que são aparelhos que permitem o delicado manuseio de estruturas microscópicas.
Exame post mortem (fixação): trata‑se do estudo de células mortas, fixadas e conservadas pelos
vários processos. A preparação de uma lâmina para estudo microscópico pela técnica de rotina (método
de coloração pela hematoxilina e eosina – H&E) compreende várias etapas que serão descritas a seguir:
— Biópsia – muito utilizada pela ciência Patologia. Normalmente retira‑se um fragmento de tecido
ou órgão do organismo vivo por meio de anestesia local.
— Necropsia ou autópsia – é mais utilizada pela Patologia. Aqui, o organismo já se encontra morto.
21
Unidade I
— Vivissecção – mais utilizada pela Histologia e Citologia. Consiste em retirar tecidos ou órgãos de
uma cobaia, rato e/ou outro animal a partir de um ato cirúrgico, seguindo um protocolo aprovado
pela Comissão de Ética da Instituição de Ensino.
A Citologia e a Histologia nem sempre se utilizam de material humano para estudo, aliás, em raras
ocasiões o material é humano. As razões para tais procedimentos são várias: difícil obtenção, nem
sempre é didático para estudos e, às vezes, o órgão é grande demais. Assim, os animais mais utilizados
são: ratos, coelho, gato, cão, porco, cabra, boi, macaco, dependendo do estudo, certas espécies de aves,
sapos, peixes e organismos invertebrados.
Exemplo de aplicação
As pesquisas de iniciação científica nas Instituições de Ensino Superior, que envolvem experimentos
com animais, são dependentes de aprovação do Comitê de Ética. Em substituição ao uso dos ratos,
cobaias, sapos, entre outros animais, experimentos estão sendo realizados com o peixe Zebra fihs –
Danio ratio. Pesquise sobre o assunto.
• Fixação do material
O material, uma vez coletado, é imediatamente lavado em água e introduzido no fixador. A fixação
visa à preparação da morfologia e da constituição química das células e tecidos. Uma vez mergulhado o
órgão no fixador, as células morrem imediatamente, evitando processos autolíticos. Agentes fixadores:
físicos (calor, frio) e químicos (formol, Bouin, Zenker). O calor é muito utilizado para a fixação de
preparações usadas principalmente pela Microbiologia e Hematologia. No processo do congelamento,
o metabolismo fica nulo, mas não fixa o material, pois uma vez passado o processo de congelamento o
órgão pode sofrer os processos autolíticos normais. Esse método é muito utilizado pela Histoquímica. Os
métodos químicos são os mais utilizados pela Citologia, Histologia e Embriologia. Existem muitos tipos
de soluções fixadoras. Os mais utilizados são: formol a 10%, líquido de Bouin, de Helly e de Zenker. É
muito comum o uso do líquido de Bouin.
Todo fixador endurece o material, assim, deixa‑se por volta de uma hora no fixador e em seguida
faz‑se o recorte do órgão, obtendo‑se uma “peça” ideal, da qual, posteriormente, serão tirados os cortes.
22
CITOLOGIA
Esses fragmentos devem continuar no fixador para uma perfeita fixação. O tempo mínimo ideal é de
mais ou menos 48 horas, variando de acordo com o tamanho da “peça”.
Não se deve deixar o material por muito tempo no fixador, mais ou menos por um mês, depois
disso, pode ficar muito endurecido e quebradiço, além de ter estruturas delicadas alteradas. O ideal é
armazenar o material em solução de álcool a 70%.
— A – fixar o material;
— B – evitar autólise;
— C – conservar o material;
Uma vez fixado o material, dele já podem ser obtidos os cortes, mas talvez apresente o inconveniente
de não ser bastante endurecido para que dele possam ser retirados os cortes. Um dos artifícios utilizados
neste caso é impregná‑lo com parafina, mas não podemos fazê‑lo diretamente, pois ele se encontra
hidratado.
• Desidratação do material
O material é desidratado com álcool, pois é solúvel na água e no xilol. Utiliza‑se uma bateria alcoólica
de concentrações crescentes.
Procedimento:
• Diafanização do material
Nesta etapa utiliza‑se xilol, que é ao mesmo tempo solvente do álcool absoluto e da parafina. Além
disso, o xilol clareia a peça, tornando‑a translúcida, pois dissolve os lipídeos.
— xilol I – 1 hora;
— xilol II – 1 hora;
• Impregnação do material
Nesta etapa o xilol será substituído pela parafina fundida a mais ou menos 60º C. Utiliza‑se
parafina histológica com preparação especial. Componentes para a preparação de 1,2 kg de parafina
histológica:
— ácido esteárico – 50 g;
Hoje, a parafina histológica presente no mercado pode ser utilizada de forma direta.
Procedimento: derrete‑se a parafina com a cera e, quando estiver quase fervendo, acrescentam‑se
ácido esteárico e, em seguida, a vaselina. Deixa‑se ferver cerca de uma hora. Filtra‑se na estufa.
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CITOLOGIA
— parafina I – 1 hora;
— parafina II – 1 hora;
Procura‑se evitar que a estufa fique muito tempo aberta, isso dificultará a perfeita impregnação.
Para inclusão ou emblocamento, utiliza‑se uma forminha de papel e/ou peças de alumínio
Procedimento: isto ocorre fora da estufa. Enche‑se uma forminha com a parafina líquida. Com uma
pinça aquecida, pega-se a peça e se a introduz no fundo da forminha. Quando a parafina começa a
se solidificar, acrescenta‑se água na cuba que contém a forminha. A inclusão é importante para dar
suporte ao material.
Aparamento do bloco de parafina: depois de sua solidificação, este é aparado com o auxílio de um
bisturi ou espátula aquecida. Costuma‑se grudar um suporte de madeira ao bloco para sua melhor
fixação no micrótomo.
Microtomia
Para a realização dessa etapa, utiliza‑se um aparelho chamado micrótomo, que tira finas fatias de
5 a 10 micrômetros do bloco de parafina. Antes de se iniciar esta etapa, devem‑se limpar com álcool
absoluto com o auxílio de uma gaze as lâminas que irão receber os cortes. As lâminas são colocadas
em um suporte de madeira. Em seguida, são albuminizadas para ajudar a aderência dos cortes. Outro
procedimento utilizado é o banho‑maria.
• Preparação da albumina:
— glicerina – 1 parte;
Durante a microtomia, obtém‑se uma fita de cortes. Estes cortes serão isolados com o auxílio
de um bisturi e de um pequeno pincel, cada corte é colocado na superfície liquida do banho‑maria
histológico que se encontra a uma temperatura de cerca de 45°C. No banho‑maria, o corte se
distende e é possível ser “pescado” pela lâmina. Estas lâminas, já com o corte, irão para a estufa
ou para a platina aquecedora a 60°C por alguns minutos, para derreter a parafina e haver a maior
distensão do corte. Estas lâminas serão guardadas em temperatura ambiente, longe da poeira,
aguardando a coloração.
25
Unidade I
— gelatina em pó – 5 g;
Estas serão coradas pela hematoxilina e pela eosina. Trata‑se de uma coloração bicrômica.
Atuação dos corantes: a hematoxilina é um corante básico e cora estruturas ácidas em azul ou roxo.
A hematoxilina é um corante vermelho escuro, e, quando uma estrutura uma vez corada apresenta cor
diferente do corante, diz‑se que essa estrutura exibe o fenômeno chamado metacromasia em relação a
esse corante. As estruturas ácidas que apresentam afinidade por corante básicos diz‑se que são basófilas.
A eosina é um corante ácido de cor vermelha e cora estruturas básicas, como o citoplasma e fibras
colágenas, em róseo. Essas estruturas são ditas acidófilas ou eosinófilas.
— hematoxilina – 5g;
Para preparar corantes ou outras soluções, deve‑se sempre usar um recipiente com o dobro do maior
volume encontrado (para 1 litro, usa‑se um recipiente com capacidade para 2 litros). Isto é necessário devido
às eventuais reações bruscas. Na preparação do corante, o recipiente será um balão de vidro de fundo chato
de 2 litros. Dissolvem‑se, em primeiro lugar, no balão, as 100g de alumem de potássio ou de amônio em 1 litro
de água destilada. Para maior rapidez, leva‑se tudo à chama de um bico de Bunsen. Logo a seguir, dissolve‑se,
em béquer de 100 ml, 5g de hematoxilina em 50 ml de álcool absoluto. Para a operação ser mais rápida,
aproveita‑se a temperatura da tela de amianto usada na etapa anterior. Depois de dissolvido o alúmen na
água e a hematoxilina no álcool, despeja‑se a hematoxilina dissolvida no balão com o alúmen, resultando em
alúmen + água + álcool absoluto e hematoxilina. Leva‑se tudo à chama por alguns minutos até começar a
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CITOLOGIA
ferver. A seguir, despejam‑se as 2,5 gramas de óxido de mercúrio no balão, aos poucos e com muito cuidado,
pois a reação pode ser muito violenta. Deixa‑se na chama por mais alguns minutos, até ferver. Rapidamente,
resfriamos o balão com o corante num balde com gelo, para que a mudança de temperatura seja bem rápida.
Depois que o corante esfriou, filtramos e, então, a hematoxilina de Harris está pronta para uso imediato.
— eosina – 10g;
Esses corantes são hidrossolúveis. Deve‑se lembrar de que as lâminas estão impregnadas de parafina.
Portanto, antes de se introduzirem as lâminas nos corantes, deve‑se desparafiná‑las e hidratá‑las.
Podem‑se realizar a desparafinação física na estufa e/ou a química, com o uso de bateria de xilol.
— xilol I – 5 minutos;
— xilol II – 5 minutos;
— álcool a 75 % – 5 minutos;
A lâmina já se encontra corada e pode até ser observada ao microscópio. A próxima etapa é a
montagem da lâmina.
Montagem da lâmina
Consiste em colar uma lamínula sobre o material para protegê‑lo. A resina utilizada, o bálsamo
do Canadá, não é hidrossolúvel, por essa razão, temos que desidratar as lâminas antes de se efetuar a
montagem.
• Procedimento:
— xilol I – 1 minuto;
— xilol II – 1 minut;o
— xilol montagem – a lâmina permanece aqui até a montagem. Depois de montada, deixa‑se ao
ambiente para secagem por 48 horas.
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CITOLOGIA
Lembrete
— A – dobras;
— B – pregas ou rugas;
— C – rupturas;
— E – sobrecoloração;
— F – bolhas de ar;
— G – emulsões;
— H – dentes de navalha;
— I – precipitados de corantes;
— J – outros.
A lâmina boa para estudos citológicos e histológicos é aquela que apresenta um menor número de
artefatos, o ideal é que não apresente nenhum artefato.
Existem outras técnicas histológicas, principalmente as técnicas tricrômicas, isto é, técnicas que
se utilizam de três corantes diferentes. Eis alguns tipos mais comuns: Tricrômico de Mallory, que
evidencia as fibras colágenas em azul, os núcleos em laranja e o tecido em tom arroxeado; Tricrômico
de Van Gieson, que evidencia fibras colágenas em vermelho, epitélios em amarelo e núcleos em preto;
Tricrômico de Masson, em que fibras colágenas aparecem em tom esverdeado, tecido muscular em
púrpura e núcleos em preto; Tricrômico de Nilceo Marques de Castro, com fibras colágenas em
azul intenso, núcleos em vermelho e tecido muscular arroxeado; Fucsina‑resorcina de Weigert, que
evidencia em púrpura as fibras elásticas; e impregnação argêntica, que evidencia fibras reticulares
em preto e as colágenas em marrom. Conforme o tipo de impregnação (métodos de Golgi, Cajal),
são evidenciadas células do tecido nervoso (neurônios e células gliais). Há também as impregnações
29
Unidade I
metálicas, que consistem em produzir sobre determinadas estruturas um delgado precipitado de metal
reduzido. O metal entra em contato com o tecido sob a forma de soluções salinas, como o nitrato
de prata. A redução ocorre, em parte, da própria ação redutora dos tecidos e, em parte, da ação de
substâncias redutoras utilizadas ou da própria luz. Os metais mais empregados são: a prata, o ouro e o
ósmio. Utilizam‑se as impregnações metálicas para se evidenciarem fibras nervosas, fibras reticulares
e organelas celulares. Já as técnicas histoquímicas são empregadas quando se deseja evidenciar a
presença de compostos químicos em células e tecidos. Existem técnicas para se detectarem lipídios,
proteínas, glucídios, ácidos nucleicos, enzimas etc. Os desenvolvimentos dessas técnicas já requerem um
laboratório bem equipado.
Observação
Desidratação
Objetivo
Retirada da água do material
+ / – 2h + / – 2h + / – 2h + / – 2h
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CITOLOGIA
Diafanização
Objetivo
Retirada de impurezas do material
Preparar o material para a impregnação
Baterial de xilol
+ / – 2h + / – 2h + / – 2h
Impregnação
Objetivo
Preencher o material com parafina
Preparar o material para microtomia
+ / – 2h + / – 2h + / – 2h
Figura 13 – Peças de alumínio para inclusão do material Figura 14 – Bloco de parafina com cinco órgãos
31
Unidade I
Desparafinização Reidratação
5’ 5’ 5’ 5’ 5’ 10’
2’ 10’ 2’ 1’ 5’ 5’ 5’ 5’ 5’
32
CITOLOGIA
O estudante deve guardar as seguintes informações: como o corante hematoxilina (H) é uma base,
os componentes ácidos da célula terão afinidades por ele, logo, o núcleo, como possui ácidos nucleicos,
terá tal afinidade. Nesta reação do núcleo com a hematoxilina, forma‑se um sal roxo mais água. Como o
núcleo é ácido e gosta de corante alcalino (base), afirma‑se que o núcleo apresenta basofilia celular. Já o
citoplasma (citossol) possui natureza química alcalina (é uma base), logo, possui afinidade pelo corante
eosina, o qual é um ácido, portanto, nesta reação de citoplasma com a eosina, forma‑se um sal róseo
mais água. Assim, o citoplasma apresenta acidofilia e/ou eosinofilia. A água formada pela reação de um
ácido com uma base e de uma base com um ácido será retirada na etapa da coloração (d) – desidratação.
Saiba mais
O microscópio óptico composto (MOC), ou microscópio de luz, é um aparelho que serve para auxiliar
a observação de objetos que não podem ser percebidos com a vista desarmada, dois pontos separados
33
Unidade I
por uma distância menor que 0,2mm parecem‑nos constituir um só ponto. Com o auxílio da lente,
torna‑se possível individualizar pontos muitos próximos (a isto chamamos poder de resolução da
lente/do microscópio). O sistema lâmina‑objeto‑lamínula é colocado sobre a perfuração da platina,
placa metálica, fixa ou móvel, circular ou quadrangular, de acordo com o tipo e marca do aparelho.
Geralmente, as lâminas citológicas/histológicas medem 76x26x1mm, e as lamínulas 10x17x0,1mm.
Ambas devem ser guardadas em álcool e lavadas em água, bicromato de potássio e ácido sulfúrico, na
proporção de 10:1:1 (é a solução sulfocrômica). O canhão é um tubo metálico, em cujas extremidades
estão montados dois sistemas de lentes: o sistema ocular, na extremidade superior, próximo ao olho do
observador; e o sistema objetivo, na outra extremidade; portanto, próximo ao objeto a ser examinado/
observado. O canhão, em geral, mede 16 a 17 cm. O aumento do objeto observado é obtido pelo produto
dos aumentos da ocular e das objetivas, assim, se a ocular for igual a 10x, e a objetiva, 4x, o aumento total
é de 40x (geralmente é o menor aumento dos microscópios de luz, pois os outros aumentos são: 100x,
400x e 1000x). Há microscópios com apenas uma ocular e outros com duas oculares, respectivamente,
monocular e binocular.
O sistema objetivo (a) consta de duas ou mais lentes superpostas. Para um dos sistemas objetivos
do microscópio (objetiva de imersão), em geral identificável por uma circunferência preta, interpõe‑se
entre a lamínula e a objetiva uma gota de óleo de cedro (óleo de imersão com índice de refração
1,575). Tal procedimento visa captar os feixes luminosos desviados quando se usam objetivas secas,
pelas superfícies da lâmina. Lembre‑se sempre de que a nitidez da imagem depende da objetiva, então,
a nitidez será máxima com grandes aumentos, objetivas de 100x de aumento e pequenas oculares.
O revólver localiza‑se na parte inferior do canhão, sua função é de cambiar (revolver) as objetivas
(é bom lembrar que se deve iniciar a observação utilizando‑se a objetiva de menor aumento). Há os
parafusos de focalização, o macrométrico (para a primeira focalização) e o micrométrico, este acha‑se
no centro do macrométrico (para a focalização com nitidez). Estes parafusos, para maior comodidade,
são monoaxiais. A platina é dotada de um sistema Charriot, que, além de prender a lâmina, move‑a nos
sentidos horizontais e verticais, como também de nônios para micrometria. O sistema condensador é
constituído por: condensador, diafragma e filtro. Há um parafuso para mover tal sistema, como peças
independentes de manuseio do diafragma. O condensador é um sistema de lentes, concentra os raios
luminosos para a objetiva. O diafragma tem a função de eliminar raios luminosos e deve ser utilizado
tanto aberto como fechado. Quanto maior for o aumento, maior a necessidade de raios luminosos.
O filtro filtra os raios luminosos. A lâmpada (fonte luminosa) localiza‑se no pé do microscópio. São
marcas de excelentes microscópios de luz (MOC): Zeiss, Nikon, Olympus, Carton, Wildieitz, entre outras.
Portanto, esse aparelho é constituído por peças ópticas (oculares, objetivas e condensador) e por peças
mecânicas (tubo ou canhão, revólver, platina, parafusos do sistema Charriot, do sistema condensador,
parafuso macro e micrométrico, base ou pé, platina ou mesa). Sobre a focalização, são suas etapas:
certificar‑se da voltagem, 110 volts ou 220 volts, antes de ligar a luz, iluminar o aparelho, abaixar a
platina, certificando‑se de que a objetiva inicial de trabalho é de menor aumento (4x), colocar a lâmina
sobre a platina, posicionando o material da lâmina no orifício da platina para que o feixe de luz o
atravesse. Em seguida, usar o parafuso macrométrico, erguendo a platina vagarosamente, até encontrar
a imagem desejada. Após tal encontro, manusear o parafuso micrométrico para ajuste perfeito (nitidez
total). Para mudar de aumento, isto é, para focalizar com aumento de 100x (ocular de 10x e objetiva de
10x), apenas revolva a objetiva de 4x, usando a de 10x, e mova apenas o parafuso micrométrico. Se for
necessário, realize ajuste no Charriot. Faça o mesmo procedimento para o aumento de 400x. Não mova
34
CITOLOGIA
mais o parafuso macrométrico. O microscópio deve ser transportado com as duas mãos, uma no estativo
ou braço e a outra na base ou pé.
DNA. Consiste na ligação entre duas moléculas, por exemplo, DNA com DNA e/ou RNA com RNA e até
RNA com DNA (o DNA possui cadeia dupla, porém é utilizada apenas uma única cadeia). O mRNA – RNA
mensageiro possui apenas uma única cadeia. Nesta ligação entre cadeias, uma deve reconhecer a outra
(através das bases nitrogenadas), constituindo novas cadeias duplas.
Sobre a interpretação de cortes em células e nos tecidos, durante a observação no MOC, deve‑se
“reconstruir mentalmente” a forma pela qual foi feito o corte, em três dimensões. Assim, imagine um
“pão de forma”. Há neste pão um maior eixo e um menor eixo, os cortes, secções neste pão, foram
realizado no menor eixo, logo, são ditos transversais. Já no pão utilizado para hot dog, a secção foi
realizada no maior eixo, logo, é dito longitudinal. Uma secção longitudinal num ovo cozido, que não
secciona a gema, apenas a clara, é dito longitudinal excêntrico e, se foi realizado bem perifericamente,
também não seccionando a gema, o corte é dito tangencial. As imagens observadas no MOC não são
em três dimensões, apenas em duas, portanto, cabe ao estudante realizar a construção da imagem em
três dimensões. Para não deixar dúvidas ao estudante, cabe realizar esses tipos de cortes em diversos
materiais, tais como: laranja ou limão, ovos cozidos, pecíolo da planta mamona – Ricinus comunis e no
fruto abacate, e reproduzi‑los com lápis preto num caderno de desenho.
O exercício descrito a seguir deverá enriquecer seus conhecimentos sobre processos de interpretação
de cortes: imagine uma célula com três mitocôndrias dispostas no citoplasma de formas diferentes. Uma
delas encontra‑se inclinada, a segunda, numa posição vertical e a terceira, na horizontal. Realizando
um corte, uma secção transversal na célula e consequentemente nestas três mitocôndrias, pergunta‑se:
como serão interpretados os cortes nas mitocôndrias? Resposta: na mitocôndria inclinada, a imagem
será de corte do tipo oblíquo (sempre revela estruturas elípticas – com pontas afiladas), na segunda
mitocôndria (“em pé”), a imagem será de corte transversal e, na terceira (deitada), a imagem será
de corte longitudinal. Portanto, uma secção transversal nunca vai seccionar todos os componentes
celulares transversalmente, pois estes apresentam localização diversa, forma irregular e posicionamento
complexo no citoplasma.
Protoplasma é a denominação dada para a matéria viva, enquanto paraplasma, para a matéria morta.
Na constituição química do protoplasma há componentes inorgânicos (água e sais minerais) e orgânicos
(os principais são: proteínas, hidratos de carbono, lipídios e ácidos nucleicos). Portanto, a matéria que
é formada por elementos químicos na forma pura e, combinada, constitui vários tipos de compostos
classificados em inorgânicos e orgânicos.
Compostos orgânicos proteínas: são compostos formados por aminoácidos, ora constituindo
células, ora armazenadas na célula como produto do metabolismo e/ou como produto de secreção celular
(saída de material da célula). Quando os constituintes das proteínas, os aminoácidos, formam cadeias de
médio peso molecular, temos os peptídeos e/ou quando de grande peso molecular, as proteínas. São
ditas proteínas simples quando na constituição só há aminoácidos. Quando as proteínas apresentarem
grupos prostéticos, como carboidratos (glicose) aderidos na proteína, são ditas proteínas conjugadas.
Pela união de dois aminoácidos (cada aminoácido é formado por três bases nitrogenadas; por exemplo,
CUG é o aminoácido valina, em que C é a base nitrogenada citosina, U é a uracil/uracila e G é a guanina),
forma‑se um dipeptídeo; pela união de três, um tripeptídeo; e pela união de vários, um polipeptídeo.
A união entre os aminoácidos é feita através de uma ligação química denominada peptídica, entre o
OH do grupo COOH de um aminoácido com o H+ do grupo NH2 do outro aminoácido; portanto, nesta
ligação, ocorre a formação de uma molécula de água.
As pentoses importantes são as encontradas nos ácidos nucleicos, ribose no DNA e desoxirribose
no DNA. Glicose, frutose, galactose são monossacarídeos; maltose e sacarose são dissacarídeos;
celulose, amido, glicogênio são polissacarídeos. Doces (açúcares) são apenas os mono e dissacarídeos,
polissacarídeos não são doces, são insolúveis (celulose) ou formam coloides (amido). É importante
ressaltar que os carboidratos são utilizados tanto como combustíveis como também para estruturações/
construções de estruturas celulares.
Lipídios/gorduras: estas substâncias resultam da reação entre um álcool (glicerol, álcool etílico,
entre outros,) e um ácido carboxílico (palmítico, esteárico, oleico). Nesta reação, além do lipídio, também
se forma água. Lipídios isolados apresentam‑se na forma de óleos (líquidos na temperatura ambiental)
ou ceras (sólido). Os triglicerídeos são lipídios formados pela ligação estérica de três ácidos graxos
(iguais ou diferentes) com uma molécula única de glicerol (álcool). São triglicerídeos: gorduras e óleos.
A concentração no sangue humano deve oscilar entre 40 e 150 mg/dl. As estruturas lipídicas celulares
são hidrofóbicas (possuem aversão à água).
Ácidos nucleicos: são encontrados no núcleo e no citoplasma. Esses ácidos formam cadeias de
nucleotídeos. São os principais exemplos: ácido desoxirribonucleico (DNA) e ácido ribonucleico (RNA). No
DNA ocorre tanto o armazenamento da “carga hereditária/material genético”, como também é o responsável
por transmitir essa “carga genética” para as células filhas. Cada nucleotídeo contém: um açúcar (pentose),
bases nitrogenadas púricas = adenina (A), guanina (G)) e pirimídicas = timina (T), citosina (C) e uracila (U),
além do fosfato. Portanto, o DNA possui: A + T + G + C + PO4 + desoxirribose, enquanto o RNA possui: A +
U + G + C + PO4 + ribose. O DNA comanda todo o funcionamento celular, transmite a informação genética
via cromossomos (herança) para as outras células. Localiza‑se no núcleo celular, na mitocôndria em células
animais e em cloroplastos nas células vegetais e em certos vírus (adenovírus). Possui forma de dupla hélice,
realiza replicação/duplicação no estágio S da interfase, é do tipo semiconservativa e dependente de enzimas
como a helicase e a DNA polimerase. Já o RNA possui cadeia simples, com funções bem conhecidas: há o
RNAr, que é o constituinte dos ribossomos livres ou aderidos no retículo endoplasmático; o RNAm ou mRNA,
que surge da transcrição do DNA pela ação da enzima RNA polimerase II (RNA mensageiro – é o códon); e o
RNAt (anticódon, RNA transportado, transporta aminoácidos do citoplasma para o ribossomo (RNAr).
Vitaminas: são substâncias orgânicas especiais que funcionam como coenzimas, ativando uma
grande quantidade de enzimas para o bom funcionamento do organismo, portanto, agem no metabolismo
geral, mantendo a homeostasia. As vitaminas são produzidas em algumas células vegetais e também em
alguns protozoários. Células animais não produzem vitaminas e estas nunca se constituem em fonte
de energia como também não desempenham funções estruturais. Avitaminose é o termo empregado
para indicar a deficiência de vitaminas no organismo, por exemplo, avitaminose “C” (causa distúrbio na
síntese da proteína colágeno, pelas células fibroblastos). A expressão provitamina é atribuída à substância
precursora de uma determinada vitamina; assim, o caroteno encontrado na cenoura é a provitamina
que irá se transformar em vitamina A (ácido retinoico). O esgosterol (provitamina D2), sob a ação dos
raios ultravioletas na pele, transforma‑se em calciferol, que já é a vitamina D (quando de procedência
38
CITOLOGIA
• Vitamina A: dose média diária para as mulheres é de 4.000 u.i (unidades internacionais) e, para
os homens, 5.000 u.i É encontrada no fígado, no rim, na gema de ovo e no espinafre. Este tipo
de vitamina é de fácil absorção, uma cenoura crua oferece 11.000 u.i Benefícios: A vitamina
A conserva a acuidade visual e fortalece as defesas naturais do organismo contra infecções,
porém, doses maciças (50.000 a 100.000 u.i), durante longo período, passa a ser tóxica, causando
náuseas e problemas articulares. Em relação ao betacaroteno, é comum em frutas, como pêssego,
e em hortaliças, como os brócolis. Quando transformado em vitamina A, melhora a visão e o
funcionamento do sistema imunológico. Ele também está associado à redução de riscos em certos
tipos de câncer. O betacaroteno é transformado pelo organismo quando for necessário.
• Vitamina B6: a dose diária para mulheres é de 1,6 mg (miligramas) e, para os homens, de 2
microgramas. A banana, abacate, grão‑de‑bico e batata estão todos na lista dos que contêm
vitamina B6. Pequenas quantidades estão presentes no espinafre, ervilha, noz e no germe de trigo.
A vitamina B6 ajuda o sistema imunológico e pode reduzir a dor em certos males, como síndrome
pós‑menstrual e síndrome do túnel carpal.
• Vitamina B12: a dose diária para mulheres e para homens é de 2 microgramas. Alimentos de origem
animal ou alimentos fermentados são as fontes naturais de vitamina B12. Carne bovina, fígado e
marisco enlatado contêm muita B12, a qual ajuda a manter e substituir as células do organismo,
inclusive as responsáveis pela imunidade a infecções e pela coagulação sanguínea.
• Vitamina C: a dose diária para homens e mulheres é de 60 mg. Frutas cítricas e couve‑de‑bruxelas
são vegetais ricos neste composto orgânico. A vitamina C pode reduzir certos danos celulares,
como em alguns tipos de câncer e, ainda, retardam o processo do envelhecimento. Existem
indícios de maior resistência aos resfriados.
• Vitamina D: a dose diária para mulheres e homens é de 200 u.i. Uma xícara de leite com vitamina
D oferece 100 u.i. Uma das fontes são as sardinhas em lata, que contêm 1.100 u.i em 98 mg.
A vitamina D também é considerada um agente anticancerígeno, além de estar diretamente
associada ao metabolismo dos ossos e do sistema imunológico.
• Vitamina E: a dose diária para mulheres é de 12 u.i., enquanto para os homens é de 15 u.i. As
melhores fontes naturais são: o germe de trigo e o óleo de girassol. Ela se encontra em menor
quantidade na pera e na ameixa seca. Grandes doses de vitaminas E, que é antioxidante, pode
proteger contra doenças cardíacas e certos tipos de câncer. Estudos mostram que ela também
pode ajudar a tratar a artrite e alguns males da pele.
• Ácido fólico: a dose diária recomendada para as mulheres é de 180 microgramas, já para os
homens é de 200 microgramas. Fígado e hortaliças de folhas verde‑escuro estão entre as melhores
39
Unidade I
fontes de ácido fólico, como também a levedura de cerveja. O ácido fólico regula a divisão das
células e pode ser capaz de reverter alguns tipos de lesões nos tecidos, relacionadas ao câncer. É
de suma importância para a formação e desenvolvimento do sistema nervoso.
• Niacina: a dose diária para mulheres é de15 mg e, para os homens é de 19 mg. A carne de galinha,
de salmão e a bovina são boas fontes de niacina. Em relação à niacina de origem vegetal, pode
ser encontrada na ervilha e na manteiga de amendoim. O organismo humano consegue segregar
niacina a partir da proteína contida nos ovos e no leite.
Exemplo de aplicação
No século passado, com o desenvolvimento da biotecnologia, foi possível isolar e detectar o DNA de
diversos organismos, tanto animais como vegetais.
Reflita sobre tal recurso como contribuição para diversas áreas científicas e pesquise ainda como tal
técnica é realizada.
3 MEMBRANA PLASMÁTICA
40
CITOLOGIA
demais membranas que formam as organelas citoplasmáticas portadoras de membrana, como o retículo
endoplasmático, é devida aos seus constituintes fosfolipídicos. Assim, as proteínas, como também
carboidratos presentes nesta membrana, desempenham funções como receptores de sinais químicos;
transportam íons e moléculas para os meios intra e extracelular; formam complexos de aderências entre
células; de aderências com moléculas extracelulares; e ainda comunicação com células adjacentes e
com o meio extracelular através das proteínas integrinas. Há proteínas que atravessam toda a espessura
da membrana, comunicando moléculas extracelulares com moléculas intracelulares, são as proteínas
transmembranas. A estrutura de bicamada de fosfolipídios (são moléculas anfipáticas) possui a cabeça
polar hidrofílica, a qual possui afinidade por água e repele lipídios, e a sua porção alongada, que é
hidrofóbica, de hidrocarbonetos, repele água e possui afinidade por lipídios (Figura 6).
Glicoproteína
Glicolipídio Glicocálix
Fosfolipídios
Proteína
intrínseca
Proteína
extrínseca
Citoplasma
Filamentos do
citoesqueleto
O modelo de mosaico fluido corresponde à disposição das proteínas nesta bicamada lipídica. Essas
proteínas são dinâmicas, porém muitas delas estão presas a outras moléculas do citoesqueleto celular,
o qual é formado também por proteínas. Quando há uma comparação entre a membrana plasmática e
a membrana das organelas de membrana, como as que formam o Golgi, entre outras, nestas, há uma
quantidade maior de enzimas (proteínas simples).
41
Unidade I
Todos os processos no interior das células envolvem moléculas hidrossolúveis; logo, a membrana deve
impedir a água e outras moléculas de fluírem descontroladamente para dentro ou para fora das células.
Assim, a membrana mantém a integridade das células, função diretamente ligada a sua composição de
fosfolipídeos (camada bimolecular = bicamada). Esses fosfolipídios são denominados de fosfatidilcolina,
esfingomielina, fosfotidilinositol, fosfatidilserina e fosfatidoletanolamina. Todos são neutros, exceto a
fosfatidilserina, que tem carga negativa.
São alguns dados relacionados com a membrana plasmática para a compreensão a seguir: bomba,
do latim bombus, ruído. Bomba de sódio é um mecanismo regulador dos íons sódio e potássio no
interior da célula (no meio intracelular). Difusão, do latim, derramamento. Diálise é uma difusão
simples. Diálise é dissolução, desmembramento. A diálise é dependente do tamanho das partículas (só
ocorre quando as partículas medirem menos de 0,001 de diâmetro do micrômetro). Na diálise passa o
soluto (fase dispersa), enquanto na osmose passa o solvente (fase dispersante). O transporte ativo é
um transporte termossensível. A energia usada é da degradação da glicose, pois a inibição da glicólise
bloqueia o transporte. Tipos de canais iônicos: dependente de ligante e dependente de voltagem.
Ionóforos são substâncias que aumentam a permeabilidade da membrana para determinados íons.
Venenos de abelhas, de cobras, de aranhas e diversas substâncias tóxicas, como solventes orgânicos,
mudam a viscosidade da membrana ou ainda eliminam ou modificam os fosfolipídios existentes
nela. As lipolipases rompem os ácidos graxos dos fosfolipídeos causando a quebra da membrana e,
consequentemente, a morte celular (necrose). Se fosse possível manusear a membrana plasmática com
os dedos, imagine, esta lembraria uma bexiga de aniversário murcha, pois possui grande elasticidade.
• barreira seletiva;
Pela membrana, há transportes, isto é, ocorrem passagens entre os meios intra e extracelular.
Esses transportes são assim classificados: passivo, quando há difusão de uma substância sem gasto de
energia; e ativo, quando há gasto energético. O transporte em massa (endocitose) pode ser de material
sólido (fagocitose) e de material líquido (pinicitose). O transporte passivo é a passagem de pequenas
moléculas e de íons, feitas a favor de um gradiente e sem gasto de energia, isto é, a passagem destas
moléculas e destes íons do lado de maior concentração para o lado de menor concentração, tendendo
a produzir um equilíbrio por um processo físico sem gasto energético. Já o transporte ativo é realizado
com ajuda das proteínas existentes na membrana, denominadas de proteínas transportadoras. Nesse
transporte de entrada ou de saída de material da célula, há gasto de energia proveniente da hidrólise de
42
CITOLOGIA
ATP (adenosina trifosfato ou trifosfato de adenosina). Aqui, o material/substância pode ser transportado
de um lado de menor concentração para o lado de maior concentração, isto é, contra o gradiente. Há
ainda outra maneira de transporte pela membrana, denominado de transporte facilitado. Esse tipo
também se encontra na dependência de proteínas existentes na membrana plasmática, porém sem
gasto de energia. É uma difusão que se processa a favor do gradiente, porém com velocidade maior
quando comparado com o transporte passivo por difusão simples.
A endocitose é um processo em que as células transferem para o seu interior moléculas grandes
e partículas (microrganismos), por meio da fagocitose e até da pinocitose, constituindo atividades
endocíticas, sendo que as atividades de transferir material do meio intra para o extracelular denomina‑se
atividade exocítica – exocitose. Há mais atividades de fagocitose do que de pinocitose.
As células se comunicam entre si por sinais químicos (moléculas sinalizadoras), visando a várias
atividades metabólicas. Há diversos tipos de sinalização. Na sinalização endócrina, as moléculas são
os hormônios, que são transportados pelo sangue e podem agir bem distantes dos locais onde foram
produzidos. Já na sinalização parácrina, as moléculas são produzidas, agem bem próximo ao local de
origem e são prontamente inativadas. Cabe registrar que estas duas formas de sinalizações dependem
de moléculas sinalizadoras e também dos receptores dessas moléculas, os quais se encontram tanto na
membrana plasmática como também nas organelas citoplasmáticas; portanto, o processo é altamente
seletivo. Outra maneira de sinalização é a do sistema nervoso, denominada de sinalização elétrica;
aqui, são gerados impulsos nervosos com alteração no potencial elétrico da membrana plasmática, pela
entrada de íons sódio e saída de íons potássio. Esse processo é muito rápido quando comparado com
processos de sinalizações químicas realizadas pelos hormônios, os quais são lentos.
Lembrete
O principal solvente encontrado na Natureza é a água, considerada como solvente universal, pois
é dispersante, dispersora, desfaz, dissolve os solutos. Portanto, a solução é constituída de um solvente
mais um soluto. Substâncias que são dissolvidas em água são denominadas hidrossolúveis, e as que
são dissolvidas em lipídios são lipossolúveis. Há concentrações ditas hipertônicas e hipotônicas,
43
Unidade I
respectivamente, com maior e menor concentração de soluto. Soluções isotônicas são as que apresentam
a mesma concentração de solutos. Em 2003, médicos americanos (MacKinnon e Agre) ganharam o
premio Nobel de Química, pois descobriram os canais existentes na membrana plasmática que controlam
o fluxo de água e de íons cálcio. Afirmam os pesquisadores que há, na membrana, canais específicos
para entrada e saída de água e de íons: cálcio, potássio, sódio, cloro, entre outros. Esses canais são
específicos, só reconhecem estes tipos de íons. A seguir, descreveremos o estudo dos diferentes tipos de
transportes pela membrana:
— Difusão facilitada: ocorre pelo mesmo mecanismo da difusão simples, isto é, obedecendo a um
gradiente de concentração. Nesse caso de transporte, temos a participação de uma proteína de
membrana que atua como proteína transportadora ou carreadora, denominada de permease.
Como exemplo de sustâncias que são transportadas por difusão facilitada, podem‑se citar a
glicose e os aminoácidos.
Tonoplasto
Parede celular
Plasmafema
Núcleo
Suco
vacuolar
Vacúolo
Núcleo Citoplasma
Célula túrgida
Estrutura da célula vegetal
Figura 22 Figura 23
44
CITOLOGIA
Núcleo Vacúolo
Célula murcha
Figura 24
Vaso
de barro Solução
Solução
P.O.
Membrana semipermeável
de Cu2[Fe(CN)6] H2O
Solvente
Figura 25
As figuras 22, 23, e 24 ilustram a célula vegetal. Na figura 23, a célula (o vacúolo) teve aumento de
volume, igualando a pressão osmótica com a da parede de celulose; já na figura 24, o vacúolo perdeu
água. Conclui‑se que, na figura 23, a célula foi colocada numa solução hipotônica e, na figura 24, numa
solução hipertônica. A figura 25 ilustra o processo da osmose (entrada e/ou saída de água (solvente)
pela membrana semipermeável.
Núcleo
PT DPD
PO
45
Unidade I
A membrana reage
contra a distensão
(M)
A água penetra na
célula por causa da
pressão osmótica do
suco vacuolar (PO) A água que penetrou Núcleo
na célula pressiona a
H2O membrana celulósica Vacúolo
(PT)
Citoplasma
Núcleo
Figura 27 Figura 28
As figuras 27, 28 e 29 resumem o processo da osmose (tipo de transporte passivo sem consumo –
gasto de ATP). Na figura 27, veem‑se explicações gerais (vide texto). Nesta figura, o núcleo encontra‑se
em vermelho e o vacúolo em azul. Já na figura 28, o núcleo encontra‑se em azul e o vacúolo em
vermelho, representando a célula em meio hipertônico.
A B C D
Figura 29
Exemplo de aplicação
Resposta: A é igual a D (célula colocada em meio hipotônico), B e C são células que foram colocadas
em soluções de concentrações distintas: a solução em (B) é menos concentrada que em (C), e/ou a
solução (C) é mais concentrada que a solução (B), onde foi colocada tal célula.
• Transporte ativo: requer consumo de energia que vem da quebra da molécula de ATP (adenosina
trifosfato ou trifosfato de adenosina), formando ADP (adenosina difosfato + fósforo). Ocorre
contra o gradiente de concentração; aqui, o transporte do soluto é do meio menos concentrado
para o meio mais concentrado.
A bomba de sódio (Na+) e potássio (K+) ocorre por transporte ativo. Na maioria das células, a
concentração de sódio (Na+) no meio extracelular é maior que no meio intracelular e a concentração de
46
CITOLOGIA
potássio (K+) no meio intracelular é maior que no meio extracelular. No mecanismo da bomba de (Na+)
e (K+), o transporte iônico ocorre através do canal iônico presente na proteína transmembrana e se dá
contra o gradiente de concentração, o sódio (Na+) sai da célula e o potássio (K+) entra na célula.
Solutos
ATP
ADP
Membrana
Passivo Ativo
Transporte
Figura 30
Água ∆t
Solução
hipotônica Solução
Açúcar hipertônica
Membrana semipermeável
Figura 31
As figuras 30 e 31 indicam transportes sem gasto de ATP (passivo), pois ocorre a favor do gradiente
de concentração; e com gasto de ATP (ativo), que ocorre contra o gradiente de concentração. No passivo,
o soluto passa da solução hipertônica para a hipotônica e, no ativo, o soluto passa da solução hipotônica
para a hipertônica. Na figura 31, o desenho da direita indica um maior volume de água em uma das
colunas. O que deve ter ocorrido?
47
Unidade I
Nesta solução, não entra e nem sai água da célula. Já na solução hipertônica, a hemácia perdeu água
para a solução (a água saiu da hemácia e foi para a solução, portanto, ocorreu osmose). Finalmente, na
solução hipotônica, entrou água na hemácia até um ponto onde há a quebra da hemácia. Tal técnica é
utilizada para estudo da membrana plasmática.
Endocitose é o nome dado para entradas de material na célula. Há três tipos de endocitose:
fagocitose, pinocitose e endocitose mediada por receptores. O processo de fagocitose ocorre quando
uma célula realiza o englobamento de partículas grandes ou elementos estranhos para a célula vindo
do meio extracelular (material sólido). O reconhecimento do que vai ser fagocitado é feito através
dos receptores de membrana presentes na célula fagocitária (células: macrófagos, certos tipos de
leucócitos e osteoclastos). Durante esse processo, ocorre a formação de projeções intracitoplasmáticas
da membrana, formando os pseudópodos, que passam a envolver o material a ser fagocitado. Neste
processo, participam os filamentos de actina do citoesqueleto celular, presentes no citoplasma e que são
os responsáveis pela invaginação da membrana na forma de “saco/vesícula”, caracterizando a fagocitose,
pois, quando a invaginação possuir forma de “tubo vesicular”, ocorrerá a pinocitose (ingestão de material
líquido). O processo da fagocitose é mais comum, pinocitose ocorre em poucas células. A partir do
englobamento, ocorre a formação de uma bolsa de membrana, contendo no seu interior o material
fagocitado, o qual não entra em contato com o citoplasma. Com a fusão dos lisossomos primários, surge
o vacúolo digestivo ou fagossomo. Os lisossomos lançam suas enzimas no interior do vacúolo digestivo
e passam a ser chamados de lisossomos secundários.
48
CITOLOGIA
Alimento Pseudópode
Fagossomo
Na figura anterior, observe o processo de invaginação da membrana, o qual é causado por elementos
do citoesqueleto (actina). Após o processo da fagocitose, entrarão em atividade os lisossomos.
No processo de pinocitose, o material a ser englobado pela célula corresponde a gotículas de líquidos
que, graças a projeções citoplasmáticas delgadas, são englobadas para formar bolsas ou vesículas
(pinossomo) contendo esse material no seu interior. Em algumas células, como no macrófago e nas células
endoteliais, dependendo do tamanho da projeção citoplasmática e da gota a ser absorvida (transportada),
ocorrem os eventos de micropinocitose e macropinocitose. Portanto, fagocitose e pinocitose constituem
processos de endocitose (Figura 33). A saída do material pela membrana (exocitose) pode ocorrer por
secreção (quando o material foi elaborado pela célula) e por clasmocitose (resíduos de processos de
endocitoses). Assim, à medida que a atuação dos lisossomos vai ocorrendo no interior da bolsa formada,
o material interiorizado vai sendo quebrado em partículas menores para ser utilizado no citoplasma ou,
então, para formar o corpo residual e ser eliminado da célula por clasmocitose.
Células epiteliais de revestimento interno, constituintes da mucosa intestinal (do duodeno), com
morfologia colunar, apresentam no polo apical prolongamentos citoplasmáticos recobertos pela
membrana plasmática, com função de aumentar a área de superfície celular. Essas expansões são
49
Unidade I
As junções comunicantes (ou gap), presentes nas células de quase todos os tecidos adjacentes,
apresentam tamanho na ordem de nanômetros (2nm). Essas membranas formam “canais” menores que
2nm de diâmetro, o que permite o trânsito de moléculas e íons entre duas células. Esses “canais” são
denominados de conéxons e são formados pela proteína conexina. As junções gap são importantes
no processo do desenvolvimento embrionário/fetal (nas células vegetais, as junções do tipo gap são
50
CITOLOGIA
Junção ocludente
Junção aderente
Desmossomos
Junção comunicante
51
Unidade I
Microvilosidades
Mitocôndria
Interdigitação
Mitocôndria Núcleo
Núcleo
Mitocôndria
Invaginações
Essas células epiteliais do TCP realizam absorção de 65% do filtrado; logo, devido à grande quantidade
de mitocôndrias, se conclui que há elevado gasto energético.
Saiba mais
Leia:
4 ORGANELAS CITOPLASMÁTICAS
Retículo endoplasmático (RE) granular, também denominado de rugoso (RER ou REG), assim como
o RE agranular ou liso (REL ou REAg), são organelas de membrana e estão localizadas no citoplasma,
o qual se localiza entre as organelas e inclusões citoplasmáticas, nos espaços intracelulares desta
matriz citoplasmática (citossol). Há uma rede constituída por filamentos de proteínas denominada de
“rede microtrabecular” que, provavelmente, possui função de posicionar as organelas e as inclusões
citoplasmáticas.
52
CITOLOGIA
Os retículos são organelas citoplasmáticas não perceptíveis na microscopia óptica, mesmo com
o aumento máximo de 1000x (microscopia de luz), pois seu tamanho (área) no citoplasma é de
aproximadamente 5 a 10 micrômetros. No RER, a sua constituição química é de natureza ácida, devido
à presença de ribossomos aderidos nessas membranas. Reage com corantes alcalinos (bases), sendo
denominada nesta microscopia de região basófila e/ou ergastoplasma, pois apresenta basofilia celular
(reage com corante básico, já que os ribossomos são constituídos de ácido ribonucleico – RNA).
Pode‑se também afirmar que a morfologia do RER lembra retículos (Figura 36), canais, sáculos,
que constituem uma rede no citoplasma. Esses canais e sáculos são formados por uma membrana
contínua e com forma achatada. Denomina‑se cisterna a porção interna destes canais e ou sáculos.
Todas as células que produzem proteínas apresentam o RER bem desenvolvido. Essas proteínas serão
exportadas da célula, isto é, a célula vai secretá‑las. São exemplos: célula acinosa pancreática que produz
o suco pancreático (proteína zimógeno ou zimogênio); e célula plasmócito, que produz as proteínas de
defesa de base humoral, os anticorpos (imunoglobulinas IGE). Nas cisternas também há enzimas (são
proteínas simples) que podem transformar as proteínas que serão exportadas, como a adição de açúcar
às proteínas que se inicia dentro destas cisternas. Ainda nas cisternas, são isoladas certas proteínas que
ficarão dentro do citoplasma, sendo, porém, portadoras de uma cápsula (envoltório membranoso) com
“passagem” para o Golgi. O RE do neurônio (célula nervosa) é denominado de Corpúsculo de Nissl.
O REAg e/ou REL consiste em túbulos anastomosados curtos, é desprovido de ribossomos e/ou de
poliribossomos e suas cisternas são tubulares. Já o REG possui os polirribossomos sintetizando proteínas
e injetando‑as nas cisternas. Possui fisiologia diversificada. São suas mais importantes funções: produz,
isto é, sintetiza os fosfolipídeos das membranas celulares e das organelas citoplasmáticas; apresenta
enzimas que agem na síntese de hormônios esteroides (por exemplo, nas células do córtex da suprarrenal);
e também apresenta enzimas que degradam hormônios e que neutralizam substâncias tóxicas como
álcool, barbitúricos (por exemplo, nas células hepáticas – fígado). São nomes destas enzimas: hidrolases,
metilases, glicose‑6‑fosfatase, ATPases, lipídio‑oxidases, entre outras. Este retículo também é um
armazenador de cálcio, função esta muito desenvolvida nas células denominadas de fibras musculares
estriadas esqueléticas. Nestas fibras, constitui‑se uma invaginação da membrana plasmática/sarcolema
denominada de sistema T, devido à semelhança com tal letra. Este sistema com duas cisternas do REL
formam uma tríade, vista no MET. Este retículo libera o cálcio para o citoplasma após estímulo dos
53
Unidade I
Envolutório nuclear
Ribossomo
Retículo
endoplasmático granuloso Retículo endoplasmático
não granuloso (liso)
Tal organela citoplasmática mantém contato com a membrana do núcleo (envoltório do núcleo) e
relaciona‑se com o processo da síntese de proteínas.
4.2 Ribossomos
Ribossomos possuem tamanho na ordem de 0,025 do micrômetro, invisíveis no MOC. São organelas
citoplasmáticas constituídas por ácido ribonucleico (RNA) e por proteínas (ácido ribonucleico ribossômico
– RNAr + proteínas). Um ribossomo é formado por duas subunidades, uma maior e outra menor, que
só se juntam quando o ribossomo vai sintetizar/produzir proteínas (cadeias de polipeptídeos). Essas
subunidades possuem densidades diferentes e ficam ligadas durante a síntese das proteínas pelos íons
magnésio. Portanto, o ribossomo não é constituído por membranas como os retículos e o complexo de
Golgi. O ribossomo traduz a sequência de codificação da proteína a partir de um códon/código,
que é o RNA mensageiro (mRNA ou RNAm). Pode‑se assim afirmar que os ribossomos são os executores
do material genético contido no DNA, expressando‑se na forma de diferentes tipos de proteínas. O
RNAm é produzido pela transcrição do DNA no núcleo, por ação da enzima RNApolimerase II. No MET,
aparecem como pontos de elétrons densos (manchas pretas/escuras). Os ribossomos “caminham/correm”
pelo mRNA quando livres no citoplasma, se fixam no mRNA pela subunidade menor e, quando presentes
nas membranas do RE, se fixam pela subunidade maior, constituindo assim o RER (Figura 36).
54
CITOLOGIA
Observação
Antibióticos agem nos ribossomos, que é o local da tradução do DNA e o local da produção – da
síntese da proteína. Os antibióticos agem principalmente sobre os ribossomos das bactérias. Também
há ações dos antibióticos sobre os ribossomos das células eucarióticas. São exemplos de antibióticos e
suas respectivas ações: cloranfenicol, que impede as ligações peptídicas; estreptomicina, que afeta o
início da tradução, logo, afeta a proteína; eritromicina, que impede a locomoção do RNAm (bloqueia a
translocação); tetraciclina, que impede acoplamentos das trincas no sítio A; quiromicina, que impede o
alongamento, isto é, o crescimento da proteína; e a Puromicina, que interrompe a síntese de proteína
agindo no sítio A. Certas bactérias podem ficar resistentes aos antibióticos por causa do uso incorreto de
desinfetantes (pequenas quantidades e/ou muito diluído). Pesquisas na Universidade Nacional da Irlanda,
em Galway, adicionaram doses crescentes de desinfetantes a culturas de Pseudomonas aeruginosa. Essa
bactéria causa infecção em pessoas quando o sistema imunológico estiver debilitado ou quando da
presença de certas doenças, como fibrose cística e diabetes. Descobriram que o processo contribuiu para
selecionar bactérias resistentes não apenas ao próprio desinfetante, mas também à ciprofloxacina,
um tipo de antibiótico muito usado. Os pesquisadores demonstraram que o desinfetante eliminou
microrganismos com estratégias menos eficientes para expelir os agentes microbicidas do seu interior;
também identificaram mutação no DNA, a qual proporcionava às bactérias uma maior resistência à
ciprofloxacina.
Em relação ao mecanismo da síntese de proteínas, este pode ser assim descrito: o DNA possui cadeia
dupla e suas bases nitrogenadas são: adenina, guanina, timina e citosina, respectivamente simbolizadas
pelas letras A, G, T e C. Essas bases encontram‑se sempre ligadas na molécula do DNA por pontes de
hidrogênio duplas e triplas, respectivamente, adenina com timina e guanina com citosina.
Como o DNA é portador de cadeia dupla, apenas uma cadeia e/ou uma sequência de bases de uma
dessas duas cadeias será utilizada para a produção do mRNA ou RNAm (RNA mensageiro), pela ação
da enzima RNA polimerase II. O mRNA é portador de uma cadeia simples. Esse processo de produção
do mRNA é denominado de transcrição do DNA. O mRNA é denominado de códon, pois possui uma
55
Unidade I
Os diferentes tipos de RNAs apresentam as seguintes bases nitrogenadas: adenina (A), guanina (G),
citosina (C) e uracila (U). Nenhum tipo de RNA possui a base nitrogenada timina (T). Em sua substituição,
há outra base nitrogenada denominada de uracila/uracil (U). Se o DNA transcrito apresentar a seguinte
sequência de bases nitrogenadas: ATGCTA, isto é, seis bases, o mRNA terá o seguinte códon: UACGAU.
O códon UACGAU se constituiu de forma complementar. No DNA havia a base adenina, porém no
RNA não há timina, e sim, uracila; logo, a base complementar é U. A base complementar da timina
é a adenina, daí a segunda letra do código ser A. Guanina possui sempre a complementar citosina e
vice‑versa. Como no DNA a terceira base era G, a complementar só pode ser C; assim, se a quarta base
no DNA é C, no mRNA vai ser G. No DNA a quinta base é T, logo, no mRNA vai ser A. Neste exemplo, a
última base no DNA é A, então no mRNA vai ser U, pois, como já descrito, no RNA não existe timina e
sim uracila. Portanto, o mRNA (o códon) será representado pela sequência: UACGAU.
Especificamente, cada sequência de três bases nitrogenadas (trinca) forma um nucleotídeo, isto é,
um códon. Cada trinca codifica um aminoácido específico. No exemplo dado, há duas trincas; logo,
há codificação de apenas dois aminoácidos. Há 64 trincas, sendo que algumas codificam processos de
iniciação e de término da síntese proteica. Na Natureza só há 20 aminoácidos; logo, conclui‑se que há
trincas diferentes que codificam o mesmo tipo de aminoácido.
56
CITOLOGIA
Observação
Na parte central, o Golgi adiciona resíduos nas proteínas, liga carboidratos (CHO) nas proteínas e liga
também CHO nos lipídeos, constituindo, respectivamente, glicoproteínas e glicolipídios.
57
Unidade I
Pode‑se ainda afirmar que o Golgi é uma organela citoplasmática portadora de membrana simples como o
RER, o REL, o lisossomo e o peroxissomo. Essas membranas formam, como já dito, sáculos golgigianos. O Golgi,
em certas células, pelo MET, é visto como conjunto de quatro a seis cisternas (sacos achatados) com forma de
U, localizado geralmente na porção apical das células, como já descrito, em células epiteliais secretoras.
São outras funções do Golgi: proteólise de peptídios na face CIS, seleção de substâncias secretadas
pela célula, transporte, armazenamento, conjugação, formação do acrossomo do espermatozoide
e, ainda, formação os lisossomos. Concluindo: o Golgi realiza processos de síntese (fabricações), de
modificações de material que adentra em suas vesículas e de emcaminhamento/tipo de despachante de
produtos celulares (como vesículas de secreção e os lisossomos).
Sáculos
Vesículas
As vesículas provenientes do retículo endoplasmático penetram em seu interior pela fase CIS, e as que
o deixam, pela fase trans. Essas vesículas que saem poderão ser secretadas pela célula ou permanecerão
no citoplasma, originando os lisossomos.
4.4 Lisossomos
São vesículas que guardam no seu interior proteínas simples (enzimas) hidrolíticas/hidrolases, como
as fosfatases. A função dos lisossomos é a digestão intracelular de macromoléculas. Essas moléculas
são hidrolisadas e também participam ativamente dos processos de endocitose (fagocitose, pinocitose e
endocitose por receptores). Essas enzimas agem em pH 5; portanto, em pH ácido.
Lisossomos são vesículas com tamanho médio entre 0,2 até 0,5 do micrômetro, visíveis na microscopia
óptica/microscopia de luz por técnicas citoquímicas/histoquímicas (técnica de Gomori para fosfatase
alcalina e técnica Holt para fosfatase ácida).
58
CITOLOGIA
A membrana do lisossomo é resistente à digestão hidrolítica, que ocorre no seu interior; além disso,
essa membrana possui uma bomba de H+,
Os lisossomos são encontrados nas células animais, vegetais e nos protozoários. Os lisossomos primários
são as vesículas com enzimas hidrolíticas (proteases, nucleases, glicosidases, lípases, fofolipases, entre outras).
Fagossomo é o vacúolo que vai sofrer ação da digestão (membrana plasmática + material fagocitado).
Assim, constitui uma vesícula proveniente do meio extracelular, o heterofagossomo (processo da
heterofagia). Denomina‑se corpo residual o resíduo que deverá ser eliminado pela célula, proveniente do
processo da digestão intracelular efetuada pelos lisossomos; tal eliminação é chamada de clasmocitose.
O pigmento de lipofucsina dos neurônios, resíduo que não consegue ser eliminado (digerido/lisado/
quebrado), vai se acumulando e acarretando danos ao neurônio, ou seja, ao sistema nervoso; portanto,
o neurônio não faz clasmocitose de lipofucsina.
Já o autofagossomo é o proveniente do meio intracelular, toda vez que uma organela citoplasmática
deixa de funcionar, membranas do REL realizam um processo de envelopamento e, a partir desta ação
citoplasmática, lisossomos primários atacam e constituem o autofagossomo.
Defeitos genéticos no DNA, isto é, nucleotídeos alterados e/ou ausentes, promovem alteração das
enzimas hidrolases. Se o códon – mRNA – codifica hidrolase alterada e/ou diferente ou, ainda, codifica
proteína produzida simples, essa hidrolase não realizará sua função corretamente. Trata‑se de uma
doença autossômica recessiva causada por um único gene (autossômica porque se relaciona com
os cromossomos autossomos e não com o par de cromossomos sexuais). Por exemplo, pode‑se ter o
armazenamento incorreto de glicogênio (falta de maltase ácida), caso da doença de Tay‑Sachs, que
causa degeneração nos neurônios, devido à falta da enzima que degrada um esfingolipídio, tipo de
ácido graxo + esfingosina. Outras doenças relacionadas a problemas de armazenamento (devido à falta
de enzimas): a) mucopolissacaridoses (os indivíduos terão problemas mentais, cegueira e nanismo); b)
síndrome de Hurler (indivíduo vive só até 10 anos – é uma herança autossômica recessiva); c) síndrome
de Hunter (indivíduo vive só até 20 anos – é uma herança sexual recessiva); d) doença de Pompe
(indivíduo vive até 6 anos, há aumento dos órgãos, ocorre a falta da enzima glicosidase, promovendo
o aumento do glicogênio no fígado, nos músculos e no miocárdio). Não há glicerol no esfingolipídio.
Exemplo de aplicação
Pesquise sobre a ação das células macrófagos. São células conjuntivas relacionadas com processos
de defesa em relação ao hematoma (área roxa observada na pele após traumatismo), posicionando as
organelas lisossomos.
59
Unidade I
O Prêmio Nobel de Química de 2004 foi dado para três pesquisadores que descobriram como as células
fazem para se livrar de proteínas indesejadas. O processo ocorre da seguinte maneira: a) as proteínas que
precisam ser eliminadas são etiquetadas com uma ou mais moléculas de ubiquitina (é um peptídeo
conhecido como selo de destruição ou beijo da morte) presas ao alvo; b) uma vez marcadas, as proteínas
indesejadas são levadas para estruturas citoplasmáticas “organelas” denominadas de proteassomas,
que funcionam como trituradores das proteínas e de outros compostos indesejados, gastando energia –
ATP, ao contrário dos lisossomos, que não consomem energia. Sabe‑se que a limpeza malfeita na célula
é prejudicial à célula (surgem doenças e reações imunológicas). Essas pesquisas tiveram início na década
de 1970, prolongando‑se pelos anos 1980. Os proteassomas não são estruturas vesiculares.
Já nos processos de necrose celular, os tipos de lesões podem ser reversíveis e irreversíveis; nesta
última, ocorre morte celular não fisiológica (não programada), as células liberam seus conteúdos
citoplasmáticos do núcleo para o meio e, desta maneira, morrem e causam a morte das células vizinhas.
Há, portanto, autólise. Suas causas são diversas, surge inflamação, pode ocorrer a parada de funções
orgânicas, como também do metabolismo. Os agentes causadores de necrose podem ser agrupados
em: físicos (traumatismos/ação mecânica, temperatura, radiação, megnetismo), químicos (álcool,
fenóis, detergentes, medicamentos/fármacos, entre muitos outros) e biológicos (vírus, bactérias, fungos,
parasitas). Esses agentes físicos, químicos e biológicos causam o comprometimento celular, por exemplo,
problemas na respiração celular (agem nas mitocôndrias) e no processo da síntese de proteínas (agem
no estágio G1 da interfase e nos ribossomos). São esses comprometimentos que causam a perda do
equilíbrio interno (a homeostasia). São alguns tipos de necrose: anêmica (devido à queda na taxa de
oxigenação), asséptica (sem infecção), avascular (devido à vascularização deficiente), central (devido à
60
CITOLOGIA
morte celular central e não periférica), caseificada (ocorre no pulmão e é típica quando da tuberculose),
hemostática/coagulação (típica do infarto agudo do miocárdio), liquefação (o protoplasma torna‑se
líquido), gordurosa (ocorre nas células adiposas/lipócitos, portanto, no tecido adiposo), isquêmica (devido
à queda de vascularização) e tubular (típica dos túbulos renais/néfron/rins). As alterações celulares que
podem ser descritas na necrose são: o núcleo possui redução de volume, fica hipercorado, a cromatina
se condensa e o DNA se fragmenta (picnose); a cromatina sofre em seguida dissolução e acaba sumindo
do interior do núcleo (cromatólise e/ou cariolise). O citoplasma torna‑se opaco, há desorganização total
do citoesqueleto, ocorre a condensação das organelas citoplasmáticas, a membrana plasmática pode
romper‑se e há intensa eosinofilia citoplasmática. Pesquisas recentes associam outras descrições em
relação à necrose: há alterações na bomba de sódio e potássio, crucial para lesão irreversível. Este fato
acarreta edema intracelular (aumento de líquido no citoplasma). O carboidrato glicogênio e o ácido
lático se acumulam e, em consequência, o pH diminui e lisossomos liberam enzimas hidrolíticas, as quais
causam a hidrólise das proteínas do citoplasma (autólise).
4.5 Peroxissomos
São organelas citoplasmáticas que também guardam enzimas em seu interior. Só são observadas por
técnicas especiais, pois ocupam área muito pequena no citoplasma, cerca de 0,2 até 0,5 micromêtros.
Sua função principal é a digestão oxidativa. As enzimas presentes nesta organela citoplasmática realizam
processos de oxidação de substâncias (há perda de elétrons, a expressão redução é o recebimento de
elétrons). Quando da oxidação de uma determinada substância, esta será destruída. No processo da
oxidação, os peroxissomos utilizam o oxigênio e produzem o peróxido de hidrogênio, o qual será destruído
de imediato pela ação da enzima catalase, processo que é realizado também pelos peroxissomos, pois a
substância peróxido é tóxica para a célula. Logo, conclui‑se que os peroxissomos realizam a produção e a
destruição de peróxidos. Os peroxissomos também realizam a oxidação de ácidos graxos. Ao oxidar ácidos
graxos, há liberação de energia existente no nutriente. Por oxidação, as células hepáticas (no fígado)
mantêm os níveis normais sanguíneos de lipídeos e do colesterol e, ainda, por reações de hidroxilação
(adição de OH‑) também em células hepáticas, promovem a produção de ácidos biliares. A origem mais
aceita dos peroxissomos é a partir de peroxissomos preexistentes ou que surgem ainda por fissão. Há
pesquisadores que associam sua origem a partir do REL. Antigamente, os peroxissomos eram conhecidos
por microcorpos.
Exemplo de aplicação
4.6 Mitocôndrias
As primeiras células eucarióticas eram anaeróbicas. Há 3,5 bilhões de anos, não existia oxigênio
na atmosfera; portanto, as bactérias existentes só faziam a glicólise anaeróbica, processo semelhante
à fermentação. Os tipos de células existentes produziam uma pequena quantidade de energia.
61
Unidade I
Provavelmente, num determinado momento, ocorreu a entrada de bactérias (células procarióticas) nas
células eucarióticas anaeróbicas. Houve um tipo de invasão ou foram fagocitadas por estas células,
desenvolvendo uma relação de simbiose (simbiótica) entre organismos diferentes. Por um lado,
estavam as bactérias que haviam desenvolvido a capacidade de utilizar o oxigênio (bactérias que se
tornariam mais tarde organelas citoplasmáticas – as mitocôndrias) e, por outro lado, estavam as células
eucarióticas anaeróbicas em processo de “evolução”. Assim, certas formas de bactérias – mitocôndrias
foram englobadas pelas células eucarióticas anaeróbicas, passando estas agora a serem denominadas
de células eucarióticas aeróbicas. Essa hipótese pode ser justificada e é aceita pelas seguintes razões: 1)
bactérias e mitocôndrias apresentam DNA circular; 2) DNA mitocondrial apresenta bases nitrogenadas
diferentes do DNA do núcleo das células e também não apresenta as proteínas histonas; 3) bactérias e
mitocôndrias apresentam RNAs semelhantes, os quais são diferentes dos RNAs das células eucarióticas;
4) DNA e RNA mitocondriais se assemelham ao DNA e RNA bacterianos. A partir da presença de
mitocôndrias no interior das células eucarióticas, estas passaram a ser aeróbicas e a produção de energia
aumentou, possibilitando todo o processo de sua evolução. Nas mitocôndrias há aproximadamente
700 proteínas diferentes. Cerca de 600 proteínas são provenientes dos ribossomos do citoplasma. As
mitocôndrias só produzem cerca de 5% de proteínas, oriundas, portanto, de seus ribossomos.
As mitocôndrias são encontradas nas células eucarióticas dos animais e dos vegetais, nas algas, nos
fungos e protozoários. Algas e plantas são organismos autótrofos. Animais, fungos, protozoários e certas
bactérias são heterótrofos. Os seres humanos apresentam mitocôndrias de origem apenas materna.
A palavra mitocôndria pode ser assim traduzida: mitos = filamentos e côndria = grãos. A expressão
condrioma é utilizada para designar o conjunto das mitocôndrias.
A morfologia (forma) das mitocôndrias pode ser: de grão, bastonete, filamento, arredondada
e esférica. A forma é dependente da pressão osmótica e do pH. As mitocôndrias mudam de forma
devido à concentração de proteínas e se localizam nas células, no citoplasma. Em células epiteliais, as
mitocôndrias, geralmente, estão localizadas no polo basal. Quando o pH for ácido, as mitocôndrias são
esféricas. Durante a mitose, cessam os movimentos das mitocôndrias. O tamanho das mitocôndrias é na
ordem de 0,2 micrômetro até 10 micrômetros em certos tipos filamentosos.
62
CITOLOGIA
Membrana externa
Membrana interna
Cristal mitocondrial
Observe suas membranas externa e interna, o espaço entre estas membranas e as cristas mitocôndrias
oriundas da membrana interna, pois a externa é lisa. A matriz mitocondrial corresponde às áreas claras
revestidas pela membrana interna, local que ocorre o ciclo de Krebs ou ciclo do ácido cítrico.
Estrutura Funções
Membrana externa é lisa. Síntese de lipídios e metabolismo dos ácidos graxos,
Apresenta enzimas (as porinas): ATP acil COA sintetase; permeável a pequenas moléculas, sais, açúcar, nucleotídeos.
citocromo B, NADH citocromo B redutase, fosfotidase A proteína porina é quem favorece o transporte. Apresenta
fosfatase, fofolipases. 50% de proteínas e 50% de lipídios
63
Unidade I
Oxidação é a perda de elétrons (há reações químicas com perda de elétrons). Há representações
de moléculas oxidadas, como: NAD e o FAD. Ao ganhar elétrons, a substância fica reduzida. NAD é
um transportador de hidrogênios denominado de nicotinamida adenina dinucleotídeo, e o FAD, que
também possui a mesma função, é a flavina adenina dinucleotídeo. Redução é o ganho de elétrons
(há reações químicas com ganho de elétrons). Representações de moléculas reduzidas: NADH2 e FADH2.
Coenzimas: são moléculas que ficam juntas das enzimas, aceleram reações químicas.
No ciclo de Krebs, quando ocorrer reações com a perda de gás carbônico, o processo é denominado
de descarboxilação e, quando ocorrer perda de hidrogênios, o processo é chamado de desidrogenação.
Em resumo, no ciclo de Krebs: 4 pares de átomos de hidrogênio são liberados; 3 pares de átomos de
hidrogênio vão reduzir o NAD em NADH = 3NADH2; 1 par de átomos de hidrogênio irá reduzir um FAD
em FADH2.
Forma‑se ATP a partir de ADP, por hidrólise de GTP (guanidina trifosfato). ATP é um nucleotídeo,
é uma molécula denominada de trifosfato de adenosina, é um transportador universal de energia
na célula. Apresenta ligações ricas em energia. É denominado de trifosfato por ter três fosfatos
de adenosina (base nitrogenada = adenina + açúcar = ribose). O ATP é a soma de um nucleosídeo
(adenina + açúcar) mais três fosfatos; portanto, torna‑se um nucleotídeo. O ADP é um nucleotídeo
com dois fosfatos, e o AMP, apenas de um fosfato. O ATP é um doador de energia nas diferentes
partes da célula. Resumidamente, o ATP fornece molécula de alta energia terminal, ficando na
forma de ADP. Mas pode voltar a ser ATP por ação dos produtores de energia, localizados na
membrana interna da mitocôndria. Essa volta, essa reconstrução/regeneração de ADP em ATP,
efetua‑se pela degradação da glicose e de ácidos graxos. Os ATPs se difundem por toda a célula.
Em resumo: denomina‑se adenosina o conjunto da base nitrogenada adenina (A) com o açúcar
ribose que possui cinco carbonos (pentose). Assim, A + ribose = adenosina, e quando a adenosina é
unida a três fosfatos, adenosina + P + P + P, torna‑se trifosfato de adenosina (ATP). Quando o ATP
perde um fosfato, forma‑se o ADP (ATP – P = ADP) e quando o ADP ganha um fosfato, forma‑se
novamente o ATP (ADP + P = ATP). Se o ADP perder outro fosfato (ADP – P= AMP), forma‑se o
monofosfato de adenosina (AMP). Portanto, AMP + P = ADP + P = ATP.
O ácido oxalacético inicia uma série de reações enzimáticas. Ao terminar essa série de reações
químicas, surge novamente o ácido oxalacético; portanto, este ácido é o substrato inicial e terminal.
64
CITOLOGIA
A beta‑oxidação dos ácidos graxos – o ácido graxo só é oxidado quando ativado pela combinação
com a coenzima A e quando penetra na matriz mitocondrial. A enzima carnitina é quem permite a
passagem pela membrana interna dos ácidos graxos. O processo de oxidação se desenvolve na matriz
em etapas sucessivas. Em cada etapa, o ácido graxo perde dois átomos de carbono – radical acetil:
CH3CO. São ácidos graxos: esteárico, palmítico, láurico, mirístico, oleico e araquidônico. As células não
conseguem utilizar diretamente os ácidos graxos (nem a glicose), então, usam a energia contida nessas
moléculas, transformando‑as para ATP.
A grande maioria das proteínas mitocondriais é codificada pelo DNA do núcleo da célula. Essas
proteínas passam para as mitocôndrias por transporte ativo.
Quanto maior o número de cristas, maior o metabolismo energético. A célula muscular cardíaca
possui mais mitocôndrias com cristas do que uma mitocôndria de célula óssea (osteócito).
Respiração celular – compreende três momentos: a glicólise no citoplasma; ciclo do ácido cítrico ou
ciclo de Krebs, na matriz mitocondrial; cadeia respiratória e fosforilação oxidativa na membrana interna
da mitocôndria. Assim, a respiração celular possui etapas no citoplasma (glicólise) e na mitocôndria (ciclo
de Krebs, cadeia respiratória e fosforilação oxidativa). A disciplina de Citologia não entrará nas discussões
de todas as reações químicas, esses assuntos serão tratados pela disciplina de Bioquímica. Assim sendo, as
mitocôndrias produzem energia (ATP) pela degradação da glicose e de ácidos graxos, catalizam a síntese
de ácidos graxos e de aminoácidos e dão início à síntese de hormônios esteroides. Isto é, na mitocôndria
inicia‑se essa síntese com a separação da cadeia lateral do colesterol, tipo de reação química catalisada por
enzimas da membrana interna da mitocôndria. Essa síntese hormonal continua no REL (Figuras 40, 41 e 42).
Lembrete
Etapa do ciclo de Krebs – cada piruvato na matriz mitocondrial reage com a coenzimaa, produzindo:
acetil COA, dióxido de carbono (CO2) e dois hidrogênios. Se chegarem à matriz mitocondrial ácidos graxos,
estes também sofrerão reações químicas e se transformarão em acetil COA. Este processo é denominado
de “beta‑oxidação”, processo que também ocorre nos peroxissomos. Pode‑se afirmar que o acetil COA é
o ativador para o ciclo de Krebs (o radical acetil é: CH3CO).
Resumindo o ciclo de Krebs e/ou ciclo do ácido cítrico: na matriz mitocondrial, o acetil COA reage
com o ácido oxalacético. Desta reação, forma‑se o ácido cítrico que, por sua vez, solta a COA e perde um
dióxido de carbono (CO2) e dois hidrogênios, se convertendo em ácido alfa – cetoglutárico. O acetil COA
possuía dois carbonos, enquanto o ácido oxalacético, quatro carbonos. Como ambos reagiram formando
o ácido cítrico, este possuirá seis carbonos. Com a perda de um carbono do ácido cítrico na forma de
dióxido de carbono, constituiu‑se outro ácido com cinco carbonos, denominado de alfa‑cetoglutárico.
Este ácido, após reações químicas, também perde um carbono na forma de dióxido de carbono, além
de dois hidrogênios, se convertendo em ácido succínico, o qual passa a ter quatro carbonos. Uma
vez formado o ácido succínico com quatro carbonos, com perda apenas de dois hidrogênios deste
ácido, forma‑se um novo ácido, o fumárico. Este, por sua vez, ganha água e perde dois hidrogênios,
constituindo um novo ácido, o málico, o qual apenas vai perder dois hidrogênios, transformando‑se
em ácido oxalacético. Este ácido, com quatro carbonos na matriz mitocondrial, reage novamente com
acetil‑coenzima A com dois carbonos, constituindo novamente o ácido cítrico com seis carbonos. É um
ciclo, o ciclo do ácido cítrico ou ciclo de Krebs. Os hidrogênios serão captados pelo NAD e transportados
para a membrana interna da mitocôndria.
Apenas os dois hidrogênios liberados quando da formação do ácido succínico serão transportados
pelo FAD (flavina adenina dinucleotídeo – FADH2). Os dióxidos de carbono produzidos serão eliminados
da célula e constituirão produtos finais da respiração.
No ciclo de Krebs há liberação de elétrons. Esses elétrons são transportados pelo NAD e pelo FAD
para uma cadeia respiratória. Nessa cadeia respiratória, há reações de oxirredução. Os elétrons se unem
aos prótons e ao oxigênio para formar água. A energia desse processo oxidativo é usada na fosforilação
oxidativa, isto é, para formar ATP a partir de ADP + fósforo inorgânico.
Tanto na glicólise como no ciclo de Krebs, quando o NAD e o FAD ficarem reduzidos, isto é, NADH
e FADH, haverá processos de reoxidação, e estes se tornarão oxidados novamente: NAD e FAD, pois os
elétrons foram transferidos para outro aceptor “pegador” de elétrons, mantendo um estado de equilíbrio.
Na formação do acetil coenzima A, afirma‑se que o processo é catalizado, quem age são as enzimas, no
caso, o piruvato desidrogenase. Neste processo, forma‑se também NADH, e o acetil se liga à coenzima A.
A coenzima A fica praticamente intacta, contribuindo para anexar um grupo acetil no ácido
oxalacético e para sintetizar o ácido cítrico.
Neste ciclo, algumas substâncias que se formam são desviadas para servir de matéria‑prima para
a síntese de outras substâncias orgânicas (é o processo de anabolismo): sínteses de aminoácidos, de
nucleotídeos e de gordura.
66
CITOLOGIA
As denominações com nome dos ácidos utilizadas no ciclo são substituídas pelas denominações
dos sais correspondentes: ácido málico, por malato e assim sucessivamente. Pois os ácidos são muito
instáveis e formam sais de imediato.
Membrana Membrana externa
interna
Grânulos
Matriz mitocondrial
Crista mitocondrial
Nessa organela citoplasmática, ocorre a produção da maior quantidade de ATP, pois também há
produção de ATP no citoplasma pela quebra da glicose (processo denominado de glicólise).
Glicose
Energia Energia
ADP
Trabalho
celular
Glicose
ATP
Neste processo, são elaborados como produto final, em relação às moléculas energéticas, apenas
dois trifosfatos de adenosina (ATP).
67
Unidade I
Glicose Ácido
acético
Coenzima-A
Ácido
pirúvico Acetil-CO-A
Composto
de 5-C
2H+
oxidativa ocorre na presença de oxigênio. Esse processo produz mais ATP do que o anaeróbico – a
glicólise. Vide mais informações na disciplina de Bioquímica.
A função da cadeia respiratória é formar ATPs, processo denominado de fosforilação oxidativa, assim:
• 1 molécula de NADH2 no início da cadeia respiratória vai produzir 3 ATP a partir de: NADH2 + l/2
O2 + 3 ADP + 3 PO4 = H2O + 3 ATP + NAD
• 1 molécula de FADH2 no início da cadeia respiratória vai produzir 2 ATP a partir de: FADH2 + ½ O2
+ 2 ADP + 2 PO4 = H2O + 2 ATP + FAD
• C6H12O6 possui seis carbonos, doze hidrogênios e seis oxigênios. O número atômico do carbono é
igual a 12, assim, 12 x 6 é igual a 72g; o número atômico do hidrogênio é igual a 1, assim, 1 x 12
é igual a 12g; o número atômico do oxigênio é igual a 16, assim, 16 x 6 é igual a 96g. A soma de
72g+12g+96g=180g de carboidrato (CHO).
Como explicar a diferença entre 690.000 – 380.000, que é de 310.000 k/cal? Essa perda ocorre na
forma de calor. Em resumo:
69
Unidade I
No ciclo de Krebs
2 ATP 2 ATP
Total de 38 ATP
Portanto, mitocôndrias são as organelas das células animais que transformam energia química com
o auxílio do oxigênio em ATP, isto é, a respiração celular (não confundir com respiração pulmonar). Já os
cloroplastos existentes na célula vegetal convertem a energia solar em energia química, processo este
denominado de fotossíntese, com produção de compostos orgânicos e liberação de oxigênio a partir de
dióxido de carbono mais água.
Saiba mais
70
CITOLOGIA
ATPs. Os gliceraldeídos originaram o ácido pirúvico. Na fermentação, a quebra da glicose (glicólise) irá
produzir 2 ATPs, pois 2 ATPs foram usados para iniciar o processo.
Fermentação alcoólica é realizada por leveduras (são fungos) e por bactérias, o açúcar origina álcool
etílico mais dióxido de carbono:
Fermentação lática é realizada por bactérias, o açúcar do leite origina o ácido lático:
Nas fibras musculares (células) estriadas esqueléticas dos mamíferos, também pode ocorrer esse tipo
de reação, produzindo o ácido lático, por falta de oxigenação correta (motivo da câimbra).
Fermentação acética é realizada por bactérias, o açúcar do vinho origina o ácido acético.
O OH
II I
C — OH CH3
Glicólise
C6H12O6 2 I +4H+ + 4e– → I + 2CO2
C=O CH3
I
C — H3 Álcool
etílico (etanol)
Ácido pirúvico
O O
II II
C — OH C — OH
Glicólise
C6H12O6 2 I +4H+ + 4e– 2 I
C=O H — C — OH
I I
C — H3 CH3
71
Unidade I
Resumo
72
CITOLOGIA
nutritivo: leite, ovos, feijão, soja, ervilha, amendoim, aveia, queijo, entre
muitos outros. A digestão, circulação e respiração são três funções
envolvidas diretamente no processo da nutrição. Assim, a nutrição não
depende apenas do sistema digestório. A digestão possui etapas que
envolvem fenômenos físicos, como mastigação, deglutição e peristaltismo,
e fenômenos químicos, caracterizados por reações químicas: insalivação,
quimificação e quilificação. A circulação garante a distribuição dos
nutrientes para todas as células e o transporte de resíduos até os órgãos
de excreção (rins e glândulas: sebáceas e sudoríparas). A maior parte dos
nutrientes (carboidratos, aminoácidos, minerais e vitaminas) é absorvida
no intestino. O processo da respiração (inspiração e expiração) é traduzido
pelo fenômeno fundamental denominado de respiração celular, que ocorre
dentro da célula, mais precisamente na mitocôndria, com produção de 36
moléculas de ATP. Nesta organela citoplasmática, ocorre a oxidação ou
queima dos nutrientes. É essa queima/oxidação que libera energia para
formação do (ATP), mais gás carbônico e água. Quando os nutrientes
apresentarem, por exemplo, nitrogênio (como os derivados das proteínas),
sua oxidação/queima dá origem à amônia, que é nociva ao organismo,
além de água e gás carbônico. O fígado capta a amônia e a combina com
o gás carbônico, produzindo a ureia, que será eliminada pelos rins. Isto
serve para dar uma ideia da organização de trabalho integrado realizado
pelas células: a homeostasia. Em resumo, os cinco grupos podem assim ser
definidos: a) proteínas (estruturam o corpo); b) glicídios ou carboidratos
(fornecem energia); c) lipídios (formam reserva de energia); d) vitaminas
(reguladores e protetores); e) água e sais minerais (a água compõe dois
terços do organismo, e os sais minerais são elementos constituintes
fundamentais para a homeostasia). São algumas fontes dos grupos de
nutrientes: proteínas (carne, aves, peixe, ovos, leite, queijo, soja, feijão,
lentilha, grão‑de‑bico, pinhão); glicídios cereais (arroz, trigo, aveia, milho)
e seus derivados (pão, massas, farinhas, mingaus, certas frutas como a
banana, raízes e tubérculos, como beterraba, mandioca, batata); lipídios (as
gorduras/óleos). Origem externa são os alimentos de origem animal (banha,
toicinho, manteiga) e de origem vegetal (óleo, azeite, abacate, amendoim
castanha, coco). Os lipídios de origem interna surgem do excesso de glicídios,
que ultrapassam a capacidade de armazenamento pelo fígado e, assim,
são transformados em gordura pelo próprio fígado. Vitaminas auxiliam as
enzimas aumentando a velocidade das reações químicas. As lipossolúveis
são as vitaminas A, D, E e K; e as hidrossolúveis são as vitaminas B e C.
Exemplos de sais minerais: cálcio e fósforo, que são encontrados no leite,
queijo, casca de ovo, castanha‑do‑pará e alimentos preparados com cal
(doce de abóbora); ferro, que é encontrado no fígado e rins, caldo de carne
e de galinha, feijão, lentilha, requeijão, carne, ovos, verduras de folhas
verde‑escuras; e o iodo, nos frutos do mar e no sal iodado. Finalmente,
estudos comprovam que os compostos orgânicos (proteínas) constituem
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Unidade I
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CITOLOGIA
Exercícios
Questão 1. (Enade 2011) Uma das funções essenciais da divisão celular em eucariotos complexos é a
de repor células que morrem. Nos seres humanos, bilhões de células morrem todos os dias e, basicamente,
a morte celular pode ocorrer por dois processos morfologicamente distintos: necrose e apoptose.
Considerando que a distinção entre eles é de especial importância no diagnóstico de doenças, avalie
as afirmações abaixo.
II – Como processos ativos, tanto a apoptose quanto a necrose requerem reservas de ATP.
III – Na necrose, ocorre extravasamento de substâncias contidas nas células, o que resulta em um
processo inflamatório.
A) I.
B) II.
C) I e III.
D) II e IV.
E) III e IV.
I – Afirmativa correta.
Justificativa: a figura a seguir ilustra o processo de apoptose. Durante esse processo há uma
retração da célula e condensação da cromatina junto à carioteca. Em seguida, a membrana
celular forma prolongamentos em forma de bolhas e ocorre fragmentação do núcleo. As bolhas
membranosas aumentam em quantidade e tamanho e se rompem, abrigando, em seu interior,
o conteúdo celular. Essas bolhas membranosas destacadas, contendo organelas e fragmentos
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Unidade I
nucleares, são denominadas corpos apoptóticos. Ao final do processo, os corpos apoptóticos são
fagocitados por macrófagos teciduais.
Célula em início Célula em fase final de
Célula pré-apoptótica de apoptose Bolhas de apoptose
membranosas
Corpos
apoptóticos
Fragmentos
nucleares
II – Afirmativa incorreta.
Justificativa: a apoptose é um processo ativo, uma vez que requer reservas de ATP em suas etapas
iniciais. No entanto, ao contrário do que diz a afirmativa, a necrose não é um processo ativo, pois é um
fenômeno degenerativo que se instala justamente quando há depleção total de ATP.
IV – Afirmativa incorreta.
Justificativa: durante a apoptose, ocorre a ativação de enzimas que, de fato, degradam o DNA nuclear
e as proteínas citoplasmáticas. Esse tipo de degradação não ocorre durante a necrose.
Questão 2. (Enade 2005) Uma cultura de células de levedura foi tratada durante 14 horas com
brometo de etídio. Essa substância inativou o DNA mitocondrial das células e, consequentemente, suas
mitocôndrias tornaram-se não-funcionais. Espera-se que as leveduras assim tratadas:
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CITOLOGIA
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