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Rosângela Batista de Vasconcelos

Função Renal
Marcadores bioquímicos da função
renal

Gama, DF, 2022.


CENTRO UNIVERSITÁRIO APPARECIDO DOS SANTOS
- UNICEPLAC

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


V331f

Vasconcelos, Rosângela Batista de.

Função hepática: marcadores bioquímicos da função


hepática. Gama, DF: UNICEPLAC, 2022.

37 p.

1. Função renal. 2. Marcadores bioquímicos - Renal. 3.


Nutrição. I. Título.

CDU: 612.3
Estrutura anatômica
Funções dos rins
A unidade funcional do rim é o
néfron,
As funções dos rins incluem:
A regulação, o balanço de água,
Eletrólitos e equilíbrio ácido-
base
Excreção dos produtos do
metabolismo de proteínas e do
ácido nucleico, tais como ureia,
creatinina e ácido úrico.
Metabolismo ósseo
Atividade eritropoética
Controle da pressão arterial.
Biomarcadores
• biomarcadores são definidos como indicadores quantitativos de
processos biológicos ou patológicos empregados para fins de
diagnóstico ou de monitoração da terapêutica.
Doença renal crônica
• A doença renal crônica (DRC) é muito mais frequente do que se pensava
anteriormente
• 18% da população adulta dos Estados Unidos da América (EUA), ou seja, cerca de 28
milhões de indivíduos apresentam DRC nos seus diferentes estágios.  Estima-se que
no Brasil os números sejam semelhantes.
• É importante observar que a DRC frequentemente cursa silenciosamente até os seus
estágios mais avançados e, quando o paciente procura cuidados médicos, já apresenta
uma ou mais complicação e/ou comorbidade da doença.
• O diagnóstico da DRC, particularmente nos seus estágios iniciais, quando ela é
frequentemente assintomática, ficou enormemente facilitado pela proposta que se
baseia em alterações da taxa de filtração glomerular (TFG) e em marcadores de lesão
da estrutura renal
Taxa de Filtração glomerular

A TFG é definida como a capacidade renal de depurar uma substância a partir


do sangue e é expressa como o volume de plasma que pode ser
completamente depurado na unidade de tempo

Normalmente, o rim filtra 120 mL/min de sangue e o depura de produtos


finais do metabolismo protéico, enquanto previne a perda de solutos
específicos, proteína (particularmente a albumina) e os componentes
celulares encontrados no sangue
Taxa de Filtração glomerular

A TFG pode diminuir devido à redução do número de néfrons, como acontece na


DRC, ou por diminuição na TFG em cada néfron, como ocorre nas alterações
fisiológicas e farmacológicas da hemodinâmica glomerular.
O racional de se estagiar as doenças renais de acordo com a TFG baseia-se na
observação de que a ela diminui mesmo antes do início dos sintomas da DRC e
se correlaciona com a gravidade das doenças renais
Biomarcadores da Taxa de Filtração
Glomerular
A avaliação da função glomerular é fundamental no:
• diagnóstico e acompanhamento dos pacientes com DRC,
• na determinação de desfecho renal e cardiovascular,
• no diagnóstico e monitoramento dos pacientes com lesão renal
aguda,
• na adequação das doses dos medicamentos de eliminação renal
• e é um componente importante no processo decisório sobre o início
da terapia renal substitutiva (TRS).
Biomarcadores da Taxa de Filtração Glomerular

Na prática clínica, a avaliação da TFG é realizada empregando-


se substâncias de produção endógena e que são eliminadas
pelos rins.

•- URÉIA
•- CREATININA
Os aminoácidos provenientes do catabolismo proteico são desaminados com a
produção de amônia. Como esse composto é potencialmente tóxico, é
convertido em ureia (NH2-CO-NH2) no fígado, associado ao CO2.
A ureia constitui a maior parte do nitrogênio não proteico no sangue. Após a
síntese exclusivamente hepática, a ureia é transportada pelo plasma até os rins,
onde é filtrada pelos glomérulos
Biomarcadores da Taxa de Filtração
Glomerular - URÉIA
O isolamento da uréia em 1773 marcou o início dos esforços para quantificar
funcionalmente o rim.

1929, introduziu-se o conceito de depuração da uréia.

Apesar de ser muito utilizada por outras especialidades, a dosagem da uréia não é a
mais adequada como teste de função renal. Isso porquê...
• A uréia não é produzida constantemente durante o dia
• sua concentração sanguínea pode variar com a ingestão protéica, sangramento gastrintestinal e o uso
de alguns medicamentos.
• a produção de uréia pode diminuir na insuficiência hepática e a desnutrição.
• a uréia é parcialmente reabsorvida após o processo de filtração (40 a 50%)e, consequentemente, o
cálculo da sua depuração subestima a TFG...
valor normal de uréia varia de 20-40mg/dL.
Hiperurinemia

Enfermidades renais com diferentes tipos de lesões (glomerular, tubular, intersticial


ou vascular) causam o aumento dos teores de ureia plasmática. O uso da ureia como
indicador da função renal é limitado pela variedade nos resultados da função renal
causada por fatores não renais. Teores aumentados de ureia são de três tipos: pré-
renal, renal e pós-renal.
• Uremia pré-renal. É um distúrbio funcional resultante da perfusão inadequada dos rins e, portanto, da
filtração glomerular diminuída em presença de função renal normal. A uremia pré-renal é detectada pelo
aumentoda ureia plasmática sem a concomitante elevação da creatinina sanguínea
• Uremia renal. A filtração glomerular está diminuída, com retenção de ureia em consequência da
insuficiência renal aguda ou crônica resultante de lesões nos vasos sanguíneos renais, nos glomérulos, nos
túbulos ou no interstício. Essas agressões podem ser tóxicas, imunológicas, iatrogênicas ou idiopáticas
• Uremia pós-renal. Resulta da obstrução do trato urinário com a reabsorção da ureia pela circulação. Como
a obstrução uretral: (cálculos, coágulos, tumores de bexiga, hipertrofia prostática, compressões externas e
necrose papilar) e a obstrução na saída da bexiga: (bexiga neurogênica, hipertrofia prostática, carcinoma,
cálculos, coágulo e estenose uretral)
Biomarcadores da Taxa de Filtração Glomerular - Creatinina sérica

A creatinina é derivada principalmente do metabolismo da creatina muscular e a sua


produção é diretamente proporcional à massa muscular. Assim, é de se esperar que, em
geral, a produção de creatinina seja maior nos homens do que nas mulheres e nos
jovens comparados aos idosos

O uso da dosagem da creatinina sérica ou plasmática como método clínico de avaliação


da TFG baseia-se nas seguintes observações:

• primeira, a depuração da creatinina apresenta boa correlação com a determinação da TFG pela inulina.
• Segunda, a excreção da creatinina é relativamente constante durante o dia.
• Terceira, a determinação da creatinina sérica ou plasmática é relativamente simples, bem reproduzível e
realizada na grande maioria dos laboratórios de análises clínicas.
• Contudo, é importante reconhecer que a creatinina por si não é um bom marcador da TFG
Relação entre a depuração de creatinina
e a concentração plasmática de
creatinina. Como a depuração está
relacionada com a recíproca da
concentração plasmática, pode ocorrer
perda considerável da função renal sem
que a concentração plasmática de
creatinina se eleve acima da variação de
referência (sombreado).

https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788595151918/epub/OEBPS/Images/fig7-4.jpg
Progressão da doença renal crônica.
Curvas hipotéticas para mostrar (A) o
declínio da taxa de filtração
glomerular (TFG); (B) o aumento da
concentração plasmática de creatinina
e (C) a diminuição da concentração
plasmática recíproca de creatinina. As
linhas tracejadas mostram as
alterações que podem ser esperadas
se o declínio na função for acelerado
por qualquer razão

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epub/OEBPS/Images/fig7-5.jpg
https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788595150751/epub/OEBPS/Images/f15-02-9788535292749.jpg
Hipercreatinemia

Qualquer condição que reduza a taxa de filtração glomerular promove menor excreção
urinária de creatinina, com o consequente aumento em sua concentração plasmática
(JACOBS, 1996).

Valores aumentados indicam a deterioração da função renal, com o nível sérico geralmente
acompanhado, paralelamente, a gravidade da enfermidade. Por conseguinte, níveis dentro
de faixa não implicam necessariamente em função renal normal (MOTTA, 2009).
• Causas pré-renais. Aumentos significativos são comuns na necrose muscular esquelética ou atrofia, ou seja,
traumatismos, distrofias musculares progressivamente rápidas, poliomielite, esclerose, miastenia grave e fome. São
ainda encontrados como causas: insuficiência cardíaca congestiva, choque, depleção de sais e água associada ao
vômito, diarreia ou fístulas gastrointestinais, diabetes melito não controlado, uso excessivo de diuréticos, diabetes
insípido de sais, hipertiroidismo, acidose diabética e puerpério (MOTTA, 2009).
• Causas renais. Incluem lesão do glomérulo, dos túbulos, dos vasos sanguíneos, ou do tecido intersticial renal (MOTTA,
2009).
• Causas pós-renais. São frequentes na hipertrofia prostática, nas compressões extrínsecas dos ureteres, nos cálculos e
nas anormalidades congênitas que comprimem ou bloqueiam os ureteres.
Relação uréia : creatinina

A relação entre a uréia e a creatinina sanguínea pode ser útil particularmente


quando se avaliam pacientes com quedas abruptas da TFG. Em condições
normais, a relação uréia:creatinina é em média de 30, mas este valor aumentará
>40-50 quando, por exemplo, ocorrer contração do volume extracelular.

Entre os principais exemplos de relação uréia: creatinina >30, poderíamos citar:

• desidratação,
• insuficiência cardíaca congestiva,
• estados febris prolongados
• e uso inadequado de diureticoterapia venosa, condições relativamente frequentes na prática clínica
diária
Filtração glomerular estimada (TFGe)

As limitações do uso da creatinina sanguínea e de sua depuração


na avaliação clínica da função renal levaram vários autores a
propor diferentes fórmulas para a estimativa da FG. Até o
momento, pelo menos 46 fórmulas diferentes de estimativa da
TFG foram publicadas, abaixo seguem as mais utilizadas.
Cistatina

Durante décadas, as proteínas de baixo peso molecular, tais como


a ß2-microglobulina, a α1-microglobulina e a cistatina C, têm sido
consideradas como potenciais marcadores endógenos da TFG

Cistatina C um marcador de função glomerularcom maior


sensibilidade para detectar diminuições leves da TFG na DRC do
que a creatinina e outras moléculas de baixo peso molecular.
Conclusão

DRC é um problema de grande relevância clínica, cuja evolução depende da qualidade


do tratamento ofertado precocemente no curso da doença.
Um importante componente da nova definição da DRC, adotada em todo mundo,
baseia-se na determinação da TFG.
A recomendação atual para os programas de rastreio e acompanhamento clínico da DRC
é estimar a TFG através de equações que utilizam a creatinina.
Por outro lado, estudos mais recentes têm demonstrado ser a cistatina C um marcador
mais precoce do que a creatinina na identificação de pequenas diminuições da TFG.
PROTEINURIA E MICROALBUMINURIA
Na avaliaçao de outras funçoes dos rins, além da filtraçao glomerular, a pesquisa de proteinúria de um
modo geral e, em especial, de microalbuminúria traz muita informaçao e é um marcador precoce de lesao
renal, como, por exemplo, em fases incipientes de nefropatia diabética.

A pesquisa de proteína na urina é um exame de implicaçoes diagnósticas e também prognósticas. A


presença de proteinúria e de albuminúria indica presença de nefropatia, que pode evoluir para
insuficiência renal crônica.

Cerca de 20% a 40% dos indivíduos com diabetes tipo 1 e 2 irão desenvolver acometimento renal, com
albuminúria e também pela piora da depuração de creatinina  o que pode levar a eventos
cardiovasculares prematuros e morte ou a insuficiência renal crônica terminal com necessidade de terapia
renal de substituição.
Referências
• MARSHALL, William J. Bioquímica Clínica - Aspectos Clínicos e
Metabólicos. [Digite o Local da Editora]: Grupo GEN, 2016.
9788595151918. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595151918/.
Acesso em: 21 fev. 2022.
• MURPHY, Michael J. Bioquímica Clinica. [Digite o Local da Editora]:
Grupo GEN, 2019. 9788595150751. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595150751/.
Acesso em: 21 fev. 2022.
Obrigada!
rosangela.vasconcelos@uniceplac.e
du.br

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