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O que é hipocromia e principais

causas
Marcela Lemos
Biomédica
Janeiro 2020
Hipocromia é um termo que significa que as hemácias possuem menos
quantidade de hemoglobina que o normal, sendo visualizadas no microscópio
com uma cor mais clara. No hemograma, a hipocromia é avaliada pelo índice
HCM, também chamado de Hemoglobina Corpuscular Média, que indica a
quantidade média de hemoglobina nas hemácias, sendo considerado normal o
valor de 26 a 34 pg ou de acordo com o laboratório em que o exame foi
realizado.
Apesar do HCM ser o indicativo de hipocromia, é importante que as hemácias
sejam avaliadas microscopicamente pois assim é possível verificar se há outras
alterações e indicar se a hipocromia é normal, discreta, moderada ou intensa. É
comum que a hipocromia seja acompanhada de microcitose, que é quando as
hemácias são menores do que o normal. Veja mais sobre a microcitose.

Como entender a hipocromia no


hemograma
No resultado do hemograma é possível que venha escrito que foi observada
hipocromia discreta, moderada ou intensa, e isso significa que após a leitura de
5 a 10 campos do do esfregaço sanguíneo, ou seja, após a observação no
microscópio de 5 a 10 regiões diferentes da amostra foram identificadas mais
ou menos hemácias hipocrômicas em relação às hemácias normais. De forma
geral, essas indicações podem representar:
 Hipocromia normal, quando são observadas 0 a 5 hemácias
hipocrômicas na observação em microscópio;
 Hipocromia discreta, quando são observadas 6 a 15 hemácias
hipocrômicas;
 Hipocromia moderada, quando são observadas 16 a 30
hipocrômicas;
 Hipocromia intensa, quando são visualizadas mais que 30
hemácias hipocrômicas.
De acordo com a quantidade de hemácias hipocrômicas o médico pode
verificar a possibilidade e gravidade da doença, sendo também importante
avaliar os outros parâmetros do hemograma. Saiba como interpretar o
hemograma.
Causas de hipocromia
A hipocromia é na maioria das vezes indicativa de anemia, no entanto o
diagnóstico só pode ser concluído após a avaliação dos outros índices do
hemograma e do resultado de outros exames que possam ter sido solicitados
pelo médico. As principais causas de hipocromia são:
1. Anemia por deficiência de ferro
A anemia por deficiência de ferro, também chamada de anemia ferropriva, é
uma das principais causas de hipocromia, isso porque o ferro é essencial para
formação da hemoglobina. Por isso, quando há menos ferro disponível, há
menor quantidade de formação de hemoglobina e menor concentração desse
componente nas hemácias, deixando-as mais claras.
No hemograma, além de hipocromia pode ser verificada microcitose, pois
devido à diminuição da quantidade de oxigênio sendo transportada pela
hemoglobina para os outros tecidos e órgãos, há produção de maior
quantidade de hemácias na tentativa de suprir a falta de oxigênio, sendo muitas
vezes essas hemácias menores do que o normal. Para confirmar esse tipo de
anemia são solicitados outros exames como dosagem de ferro sérico, ferritina
transferrina e saturação da transferrina.
A deficiência de ferro pode acontecer devido a questões nutricionais, em que a
pessoa possui uma alimentação pobre em ferro, como consequência de grande
fluxo menstrual, doenças inflamatórias intestinais ou devido à situações que
interferem na absorção do ferro, como doença celíaca e infecção
por Helicobacter pylori.
Devido à diminuição da quantidade de oxigênio circulante no organismo, é
comum que a pessoa sinta-se mais cansada, fraca e com sono excessivo, por
exemplo. Saiba reconhecer os sintomas de anemia ferropriva.
O que fazer: A partir do momento em que é verificado pelo médico que se trata
de uma anemia ferropriva, podem ser recomendados mais exames para
identificar a causa. De acordo com a causa, pode ser indicada alteração nos
hábitos alimentares, dando preferência a alimentos que contenham maior
quantidade de ferro, como carne vermelha e feijão, por exemplo, ou uso de
suplementos de ferro, que devem ser usados de acordo com a recomendação
do médico.
2. Talassemia
A talassemia é uma doença hematológica genética caracterizada por mutações
que resultam em alterações no processo da síntese de hemoglobina, levando
ao aparecimento de hemácias hipocrômicas, uma vez que há menor
quantidade de hemoglobina disponível circulante. Além disso, como
consequência da menor quantidade de oxigênio circulante, a medula óssea
passa a produzir mais hemácias na tentativa de aumentar a captação de
oxigênio, resultando também em microcitose.
De acordo com a cadeia da hemoglobina que teve alteração da síntese os
sintomas da talassemia podem ser mais ou menso graves, no entanto, de
forma geral, as pessoas com talassemia apresentam cansaço excessivo,
fraqueza, palidez e respiração curta e ofegante, por exemplo.
O que fazer: A talassemia é uma doença hereditária que não tem cura, mas
sim controle, e, por isso, o tratamento tem como objetivo aliviar os sintomas e
evitar a progressão da doença, além de promover a qualidade de vida e a
sensação de bem-estar. Normalmente, é recomendada mudança nos hábitos
alimentares, sendo importante que a pessoa seja acompanhada por um
nutricionista, além de realização de transfusões sanguíneas. Entenda como
deve ser o tratamento para talassemia.
3. Anemia sideroblástica
A anemia sideroblástica é caracterizada pela utilização inapropriada de ferro
para produção de hemoglobina, mesmo quando as quantidades de ferro no
organismo são normais, o que resulta na hipocromia. Por causa da utilização
inapropriada de ferro, há menor quantidade de hemoglobina e,
consequentemente, de oxigênio circulante, levando ao aparecimento de
sintomas típicos de anemia, como cansaço, fraqueza, tonturas e palidez.
Além da análise do hemograma, para confirmar o diagnóstico da anemia
sideroblástica é importante realizar a observação do sangue no microscópio
com o objetivo de identificar a presença de sideroblastos, que são estruturas
semelhantes em anel que podem aparecer dentro das hemácias devido ao
acúmulo de ferro nos eritroblastos, que são as hemácias jovens. Conheça mais
sobre a anemia sideroblástica.
O que fazer: O tratamento da anemia sideroblástica é feito de acordo com a
gravidade da doença, podendo ser recomendado pelo médico a suplementação
de vitamina B6 e ácido fólico e, nos casos mais graves, pode ser recomendada
a realização de transplante de medula óssea.

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