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Técnico em

Enfermagem
Módulo I
HISTÓRIA DA ENFERMAGEM, ÉTICA
E LEGISLAÇÃO
• Prof. Bárbara Carvalho
Evolução Histórica

Ø O cuidar de pessoas enfermas tem sido


observado como a essência da profissão de
enfermagem. No entanto o modo como esse
cuidado vem sendo exercido ao longo dos
anos exerce estreita relação com a história
da humanidade.

Ø Os povos desenvolveram sua arte de tratar


os doentes, baseados em seus
conhecimentos, crenças e costumes locais.
Com base nisto, se pode afirmar que o
hospital, antes do século XVIII, era uma
instituição de assistência aos pobres e
feridos em guerras.
Evolução Histórica

Ø Mas as transformações ocorridas ao longo do


tempo, além das descobertas científicas,
permitiram que os hospitais passassem a ser
concebidos como um espaço para cuidar,
tratar e curar os doentes. Tudo isto, se pode
dizer, graças às mudanças resultantes da
organização do trabalho de enfermagem.

Ø O dia 12 de maio é mundialmente


comemorado como o Dia Internacional da
Enfermeira. Era a da de nascimento de
Florence Nightingale, a figura mais marcante
da enfermagem mundial. Ela viveu até os 90
anos, sendo cultuada até os dias atuais, em
Londres, como uma das grandes heroínas
inglesas.
Evolução Histórica

 Florence, desde a infância, gostava de cuidar de animais e


crianças doentes, e se revelava uma revolucionária, não
aceitando o destino reservado às mulheres de sua época: casar e
ter filhos. Assim, aos 24 anos decidiu trabalhar em um hospital.

 No entanto, àquela época, os hospitais ingleses não ofereciam


condições recomendáveis de trabalho, dado que as pessoas que
prestavam algum tipo de cuidado ou assistência na área eram
religiosas católicas ou anglicanas, em sua maioria composta por
mulheres, sem preparo nem princípios morais, muitas vezes
atuando embriagadas, sendo, por isto, mal vistas pela sociedade.
Evolução Histórica

Ø Aos 31 anos Florence conseguiu autorização


dos pais para fazer estágios na Alemanha,
numa instituição de diaconisas, sob
orientação do Pastor Fliedner, onde
aprendeu a cuidar de doentes pobres.

Ø Sendo poliglota, Florence aproveitou sua


estada em um hospital de Paris, onde
conheceu, aprendeu e acompanhou por
vários meses o trabalho assistencial e
administrativo realizado pelas irmãs de
caridade de São Vicente Paulo.
Evolução Histórica

 Foi com elas que Florence aprendeu sobre regras, a cuidado com
os doentes, a fazer anotações, elaborar gráficos, listas de
atividades desenvolvidas, etc. Durante a Guerra de Crimeia, em
1854, Florence ofereceu seus serviços e partiu com outras 38
voluntárias de diferentes hospitais.

 Ao encontrar 4.000 feridos em imensos galpões, organizou a


lavanderia, a cozinha e todos os serviços necessários para o
cuidado dos feridos, conseguindo baixar a mortalidade de 40%
para 2%.
Evolução Histórica

Ø À noite, ela percorria os alojamentos


e corredores do hospital improvisado
com uma lamparina para poder ver
os pacientes, passando a ser
conhecida como a Dama da Lâmpada
– motivo pelo qual até hoje a
enfermagem é representada pela
lâmpada, símbolo da sentinela, de
vigília constante e do cuidado
contínuo do profissional que trabalha
junto aos doentes.
 Após a guerra da Criméia,
Florence publicou dois livros:
Notas Sobre Hospitais, em 1858,
e Notas Sobre Enfermagem, em
1859. Devido ao sucesso de sua
missão, recebeu homenagens do
povo e do governo, além de um
prêmio em dinheiro, utilizado
para a organização da primeira
escola de enfermagem dos
tempos modernos no Hospital
São Tomas, em Londres, tendo as
primeiras 15 alunas matriculadas
no ano seguinte.
Evolução Histórica

 A ideia de Florence era reformar a enfermagem não apenas na


Inglaterra, mas no mundo inteiro, a partir da seleção de
candidatas jovens, educadas e de elevada posição social. Este
rigor se dava pelo intuito de eliminar o baixo nível social
daquelas que, até então, presavam assistência aos pacientes em
hospitais.

 Apesar disto, o início foi de intensa luta, visto que poucos


entendiam a necessidade de se ter enfermeiras cultas e com
elevados dotes morais. E o mais grave: não se acreditava que
seriam necessários estudos e preparação especial para cuidar de
pessoas doentes.
Evolução Histórica

 Acredita-se que as experiências de Florence durante sua


passagem pela França, aquelas adquiridas com as regras das
irmãs de caridade, de São Vicente de Paulo, além da rígida
convivência com a disciplina militar, a influenciaram quanto à
concepção de um modelo militarizado de organização das
atividades de enfermagem.

 Algumas das enfermeiras diplomadas em sua escola trabalharam


na Europa, e outras forma para os EUA, Canadá, Nova Zelândia e
Austrália, o que permitiu a divulgação do sistema Nightingale em
todo o mundo, chegando, inclusive ao Brasil.
Evolução Histórica

 Este sistema tinha como pontos centrais:

a) As enfermeiras deveriam assumir a direção das escolas de


enfermagem, sendo as principais responsáveis pelo ensino
metódico da profissão;

b) Os critérios de conduta moral, intelectual, bem como de


aptidão, deveria ser usados na seleção das candidatas.
História da Enfermagem no Brasil

 “No Brasil, como em muitos outros países, durante um longo


período, as funções de enfermagem foram relegadas ao plano
doméstico ou religioso, sem nenhum caráter técnico ou
científico” .

 Os poucos hospitais que existiam àquela época, voltavam-se


para o atendimento das vítimas de epidemias, soldados feridos
em guerra e indigentes. Às parteiras cabia o atendimento às
mulheres grávidas e doentes.
História da Enfermagem no Brasil

Ø No início do século XIX, entre os


graves problemas de saúde
pública existentes no território
nacional, destacavam-se a falta
de saneamento das cidades, a
precariedade das habitações, a
necessidade de controle
sanitário dos portos e das
doenças epidêmicas, assim
como alguns problemas sociais
decorrentes da presença de
doentes mentais perambulando
pelas ruas .
História da Enfermagem no Brasil

 Nesse sentido, entre as múltiplas propostas de intervenção


sobre o espaço urbano com vistas ao saneamento, tem especial
importância a criação, no Rio de Janeiro, em 1824, de um
hospício, chamado posteriormente de Hospital Nacional de
Alienados. A criação deste pode ser considerada um marco
histórico que antecedeu à criação da primeira escola de
enfermagem no país.

 A Escola Profissional de Enfermeiros e Enfermeiras foi crida em


1890, por força de um decreto federal, no 791, que funcionava
dentro do Hospital Nacional de Alienados.
História da Enfermagem no Brasil

 Essa escola denominou-se, posteriormente, Escola de


Enfermagem Alfredo Pinto, que hoje pertence à Universidade
Federal do Rio de Janeiro (Unirio). Observa-se que a escola não
fora instalada nos moldes do sistema Nightingale, dado que sua
divulgação não havia chegado ainda Brasil.

 O primeiro curso de enfermagem seguindo os moldes


“nightingaleanos” surgiu em São Paulo, no ano de 1895, por
iniciativa de enfermeiras inglesas que praticavam também a
enfermagem domiciliar, que era muito importante na época,
tendo em vista que havia muita resistência à hospitalização,
especialmente no que diz respeito às camadas sociais elevadas.
História da Enfermagem no Brasil

 Por ser um grupo restrito, dirigido por pessoas ligadas à religião


presbiteriana, essa iniciativa não teve grandes repercussões. Em
1916, no Rio de Janeiro, durante a Primeira Guerra Mundial, a
Cruz Vermelha Brasileira criou sua escola de enfermagem, com o
objetivo de preparar voluntárias para o exercício da enfermagem
em frentes de batalha.

 O início da década de 1920 foi marcado pelas epidemias que


assolavam o País: tifo, cólera e febre amarela. Surgiu, então, o
Departamento Nacional de Saúde Pública, organizado pelo Dr.
Carlos Chagas.
História da Enfermagem no Brasil

 Com vistas a conter a epidemia de febre amarela, Carlos Chagas


promoveu a vinda de um grupo de enfermeiras norte-
americanas, tendo a colaboração da Fundação Rockfeller.

 Embora já funcionasse, há mais de vinte anos, uma escola


profissional e enfermeiros e enfermeiras, contando com a ajuda
do Departamento Nacional de Saúde Pública, criado por Chagas,
estas enfermeiras fundaram, então, em 1923 uma escola de
enfermagem, vinculada a este departamento, denominada
Escola de Enfermagem Anna Nery, que atualmente faz parte da
Unirio.

 Deste modo, as duas escolas passaram a coexistir de forma


totalmente independente.
Ana Justina Ferreira Neri

• Quem foi?
• O que fez?
• Qual o legado?
Introdução à Ética

 O ser humano age no mundo em que vivemos de acordo com


valores pré-estabelecidos. Isso significa que as coisas e as ações
realizadas podem ser hierarquizadas de acordo com as noções
de bem e de justo, compartilhadas por um grupo de peso.

 O homem é um ser que avalia sua conduta a partir de valores


morais, ou seja, a partir da moralidade que possui, portanto, o
homem é um ser moral.

 Embora os termos moral e ética, na maioria das vezes, sejam


usados como sinônimos, existe diferença entre os conceitos,
carecendo que se faça distinção entre eles. Mas o que é a
moral? E o que é a ética? E qual a diferença entre moral e ética?
Estes temas serão explorados a seguir.
Moral

 A palavra moral vem do latim moralis, morale e significa o que é


relativo aos “costumes”. É o conjunto de regras de conduta
admitidas em determinada época ou por um determinado grupo
de pessoas, com o objetivo fundamental de obter melhor reação
em sociedade.

 Como as comunidades humanas são distintas entre si, tanto no


espaço quanto no tempo, os valores podem ser distintos de uma
comunidade para outra, o que origina códigos morais diferentes.
Pode-se dizer, de modo simplificado, que o sujeito moral é
aquele que age bem ou mal, na medida em que acata ou
transgride as regras morais.
Ética

 A palavra ética vem do grego ethikos, e significa o que é relativo


ao “modo de ser”, “comportamento”. A ética está presente em
todas as raças. Ela é um conjunto de regras, princípios ou
maneira de pensar e expressar.

 É a parte da filosofia que se ocupa com a reflexão a respeito das


noções e princípios que fundamentam a vida moral. A ética é
uma disciplina teórica sobre uma prática humana.

 As reflexões éticas não se restringem apenas à busca de


conhecimento teórico sobre valores humanos, cuja origem e
desenvolvimento levantam questões de caráter sociológico,
antropológico, religioso e etc. A ética é uma filosofia prática,
sobre a prática humana.
Ética

 Pode-se afirmar que a Ética é um conjunto de valores morais e


princípios que norteiam a conduta humana na sociedade. A ética
contribui para que haja um equilíbrio e bom funcionamento
social, possibilitando que ninguém saia prejudicado. Neste
sentido, a ética, embora não possa ser confundida com as leis,
está relacionada com o sentimento de justiça social.

 A ética é construída por uma sociedade, com base nos valores


históricos e culturais. Do ponto de vista da Filosofia, a Ética é
uma ciência que estuda os valores e princípios morais de uma
sociedade e seus grupos.
Ética

 Cada sociedade e cada grupo possuem seus próprios códigos de


ética. Num país, por exemplo, sacrificar animais para pesquisa
científica pode ser ético, dentro dos princípios da bioética, que
rege as pesquisas biológicas. Entretanto, em outro país esta
atitude pode desrespeitar os princípios éticos estabelecidos.

 Além dos princípios gerais que norteiam o bom funcionamento


social, existe também a ética de determinados grupos ou locais
específicos. Neste sentido, citam-se: ética médica, ética de
trabalho, ética empresarial, ética educacional, ética nos
esportes, ética jornalística, ética na política, etc.

 Uma pessoa que não segue a ética da sociedade à qual pertence


é chamada de antiética, assim como o ato praticado.
Fundamentos da Ética

 Antes de tratar sobre qualquer elemento em que se fundamenta


a ética, é necessário entender o significado do termo. Este pode
ser definido como o resultado do julgamento da sociedade em
busca da normatização dos aspectos corretos, em resposta a
diversas questões humanas.

 Para que se inicie um julgamento, é necessário, antes de tudo,


que existam as questões. Para tratar destas questões, é
necessário um pensamento crítico e racional, a partir do qual se
estabelecerão os julgamentos, podendo, dar origem a novos
questionamentos.
Ética e Cidadania - Atitude Ética

 Ser Ético é agir corretamente sem prejudicar os outros. É


cumprir com os valores da sociedade em que se vive, mora,
trabalha, estuda etc.

 Ética é tudo que envolve integridade, é ser honesto em qualquer


situação, é ter coragem para assumir seus erros e decisões, ser
tolerante e flexível, é ser humilde.

 Todo ser ético reflete sobre suas ações, pensa se fez o bem ou o
mal para o seu próximo. É ter a consciência “limpa".
Principais Teorias Éticas

 Os conceitos éticos são extraídos da experiência e do


conhecimento da humanidade. Baseado nas lições de estudiosos
da ética, há algumas teorias a respeito da formação dos
conceitos éticos, os quais também se denominam como
preceitos, apresentados a seguir.
Quais as Principais Teorias Éticas?
• O relativismo moral?
O absolutismo moral ?
O utilitarismo?
O fundamentalismo?
A teoria kantiana?
A teoria contratualista?
Ética e Desenvolvimento Sustentável

 A definição mais aceita para desenvolvimento sustentável é o


desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração
atual, sem comprometer a capacidade de atender as
necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que
não esgota os recursos para o futuro.

 Essa definição surgiu na Comissão Mundial sobre Meio


Ambiente e Desenvolvimento, criada pelas Nações Unidas para
discutir e propor meios de harmonizar dois objetivos: o
desenvolvimento econômico e a conservação ambiental. O que
é preciso fazer para alcançar o desenvolvimento sustentável?
Ética e Desenvolvimento Sustentável

 Para ser alcançado, o desenvolvimento sustentável depende de


planejamento e do reconhecimento de que os recursos naturais
são finitos. Esse conceito representou uma nova forma de
desenvolvimento econômico, que leva em conta o meio
ambiente.

 Muitas vezes, desenvolvimento é confundido com crescimento


econômico, que depende do consumo crescente de energia e
recursos naturais. Esse tipo de desenvolvimento tende a ser
insustentável, pois leva ao esgotamento dos recursos naturais
dos quais a humanidade depende.
Ética e Desenvolvimento Sustentável

 Atividades econômicas podem ser encorajadas em detrimento


da base de recursos naturais dos países. Desses recursos
depende não só a existência humana e a diversidade biológica,
como o próprio crescimento econômico.

 O desenvolvimento sustentável sugere, de fato, qualidade em


vez de quantidade, com a redução do uso de matérias-primas e
produtos e o aumento da reutilização e da reciclagem.
Ética empresarial

 Ética empresarial é o comportamento da empresa - entidade


lucrativa - quando ela age em conformidade com os princípios
morais e as regras do bem proceder aceitas pela coletividade
(regras éticas). A atividade empresarial é eticamente fundada e
orientada, quando se cria emprego, se proporciona habitação,
alimentação, vestuário e educação, detendo os bens como quem
os administra. Para os cristãos, a ética empresarial é justiça e
obras de misericórdia.

 Para muitos outros será a lei natural que diz que ninguém pode
ser feliz / rico no meio de infelizes / pobres. A ética empresarial,
ainda, consiste na busca do interesse comum, ou seja, do
empresário, do consumidor e do trabalhador.
Valores éticos: interpretação

 Como interpretar os valores éticos? A interpretação de valores


éticos pode ser absoluta ou relativa. A primeira baseia-se na
premissa de que as normas de conduta são válidas em todas as
situações, e a segunda de que as normas dependem da situação.

 No que tange à ética relativa, os orientais entendem que os


indivíduos devem dedicar-se inteiramente à empresa, que
constitui uma família à qual pertence a vida dos trabalhadores.
Valores éticos: interpretação

 Já, para os ocidentais, o entendimento é de que há diferença


entre a vida pessoal e a vida profissional. Assim, encerrado o
horário normal do trabalho, o restante do tempo é do
trabalhador e não do patrão.

 Quanto à ética absoluta, parte-se do princípio de que


determinadas condutas são intrinsecamente erradas ou certas,
qualquer que seja a situação, e, dessa maneira, devem ser
apresentadas e difundidas como tal. Um problema sério da ética
absoluta é que a noção de certo e errado depende de opiniões.
Valores éticos: interpretação

 Como exemplo disto, os bancos suíços construíram uma


reputação de confiabilidade com base na preservação do sigilo
sobre suas contas secretas.

 Sob a perspectiva absoluta, para o banco, o correto é proteger a


identidade e o patrimônio do cliente. Durante muito tempo, os
bancos suíços foram admirados por essa ética, até ficar evidente
que os clientes nem sempre eram respeitáveis.
Valores éticos: interpretação

 Traficantes de drogas, ditadores e nazistas haviam escondido nas


famosas contas secretas muito dinheiro ganho de maneira ilícita.
Os bancos continuaram insistindo em sua política, enquanto
aumentavam as pressões internacionais, especialmente dos
países interessados em rastrear a lavagem de dinheiro das
drogas, ou recuperar o que havia sido roubado pelos ditadores e
nazistas.
Valores éticos: interpretação

 Para as autoridades destes países, a ética absoluta dizia que o


sigilo era intrinsecamente errado, uma vez que protegia dinheiro
obtido de forma desonesta.

 Finalmente, as autoridades suíças concordaram em revelar a


origem dos depósitos e iniciar negociações visando à devolução
do dinheiro para os seus donos.
Razões para a empresa ser ética

 A maioria dos autores que estudam a questão da ética


empresarial estabelece que o comportamento ético seja a única
maneira de obtenção de lucro com respaldo moral.

 A sociedade tem exigido que a empresa sempre puna pela ética


nas relações com seus clientes, fornecedores, competidores,
empregados, governo e público em geral.
Razões para a empresa ser ética

 O comportamento ético dentro e fora da empresa permite às


companhias inteligentes baratear os produtos, sem diminuir a
qualidade e nem baixar os salários, porque uma cultura ética
torna possível reduzir os custos de coordenação.

 Além dessas, outras razões podem ser invocadas como o não


pagamento de subornos, compensações indevidas etc. Agindo
eticamente, a empresa pode estabelecer normas de condutas
para seus dirigentes e empregados, exigindo que ajam com
lealdade e dedicação.
Razões para a empresa ser ética

 Os procedimentos éticos facilitam e solidificam os laços de


parceria empresarial, quer com clientes, quer com fornecedores,
quer, ainda, com sócios efetivos ou potenciais, Isso ocorre em
função do respeito que um agente ético gera em seus parceiros.

 A ética da empresa trata de mostrar, então, que optar por


valores que humanizam é o melhor para a empresa, entendida
como um grupo humano, e para a sociedade em que ela opera.
Razões para a empresa ser ética

 A atividade empresarial não é só para ganhar dinheiro. Uma


empresa é algo mais que um negócio: é antes de tudo um grupo
humano que persegue um projeto, necessitando de um líder
para levá-lo a cabo, e que precisa de um tempo para
desenvolver todas as suas potencialidades.

 Entende-se que a ética deve estar acima de tudo, e que a


empresa que age dentro dos postulados éticos aceitos pela
sociedade só tende a prosperar.
Ética profissional

 Um profissional deve saber diferenciar a Ética da moral e do


direito. A moral estabelece regras para garantir a ordem
independente de fronteiras geográficas. O direito estabelece as
regras de uma sociedade delimitada pelas fronteiras do Estado.

 As leis têm uma base territorial, valendo apenas para aquele


lugar. As normas jurídicas obrigam os cidadãos de forma
coercitiva, ou seja, independente da vontade pessoal. Já a
norma ética não obriga coativamente a pessoa que a
descumpre.
Ética profissional

 Pessoas afirmam que em alguns pontos elas podem gerar


conflitos. O desacato civil ocorre quando argumentos morais
impedem que uma pessoa acate certas leis. Às vezes as
propostas da ética podem parecer justas ou injustas. Ética é
diferente da moral e do direito, porque não estabelece regras
concretas.

 A Ética profissional se inicia com a reflexão. Quando se escolhe


uma profissão, passa-se a ter deveres profissionais obrigatórios.
Os jovens quando escolhem sua carreira, escolhem pelo
dinheiro e não pelos deveres e valores.
Ética profissional

 Ao completar a formação em nível superior, a pessoa faz um


juramento, que significa seu comprometimento profissional. Isso
caracteriza o aspecto moral da ética profissional. Mesmo que
não se exerça uma atividade dentro da área de interesse do
profissional, isto não o isenta dos deveres e obrigações que este
tem a cumprir.

 Ser um profissional ético nada mais é do que ser profissional


mesmo nos momentos mais inoportunos. Para ser uma pessoa
ética, devemos seguir um conjunto de valores. Ser ético é
proceder sem prejudicar os outros. Algumas das características
básicas de como ser um profissional ético é ser bom, correto,
justo e adequado.
Ética profissional

 Além de ser individual, qualquer decisão ética tem por trás


valores fundamentais, tais como:

a) ser honesto em qualquer situação - é a virtude dos negócios;


b) ter coragem para assumir as decisões - mesmo que seja
contra a opinião alheia;
c) ser tolerante e flexível - deve-se conhecer para depois julgar
as pessoas;
d) ser íntegro - agir de acordo com seus princípios; e,
e) ser humilde - só assim se consegue reconhecer o sucesso
individual.
Problemas Morais

 A ética não é algo superposto à conduta humana, dado que


todas as nossas atividades envolvem uma carga moral. O que
define a nossa realidade são as ideias sobre o bem e o mal, o
certo e o errado, o permitido e o proibido.
Problemas Morais

 Nas relações do dia a dia apresentam-se problemas do tipo:

• Deve-se sempre dizer a verdade ou existem ocasiões em que se


pode mentir?
• Será que é correto tomar tal atitude?
• Deve-se ajudar um amigo em perigo, mesmo correndo risco de
vida?
• Existe alguma ocasião em que seria correto atravessar um sinal
de trânsito vermelho?
• Os soldados que matam numa guerra, podem ser moralmente
condenados por seus crimes ou estão apenas cumprindo
ordens?
• Como tratar a questão do aborto?
• Como lidar com a eutanásia, com o assédio moral?
Problemas Morais

 Essas perguntas evocam problemas cujas soluções,


normalmente, não envolvem apenas a pessoa que os propõe,
mas também outras pessoas que poderão sofrer as
consequências das decisões e ações, consequências que
poderão muitas vezes afetar uma comunidade inteira.

Diante dos dilemas da vida, temos a tendência de conduzir


nossas ações de forma quase que instintiva, automática,
fazendo uso de alguma "fórmula" ou "receita" presente em
nosso meio social, de normas que julgamos mais
adequadas de serem cumpridas, por terem sido aceitas
intimamente e reconhecidas como válidas e obrigatórias.
(ALENCASTRO, 1997, p. 2)
Problemas Morais

Fazemos uso de normas, praticamos determinados atos e,


muitas vezes, nos servimos de determinados argumentos
para tomar decisões, justificar nossas ações e nos sentirmos
dentro da normalidade (ALENCASTRO, 1997, p. 2)

 As normas sobre as quais se fala têm relação com valores


morais. São os meios pelos quais os valores morais de um grupo
social são manifestos e acabam adquirindo um caráter
normativo e obrigatório.

 Quando os valores e costumes estabelecidos numa determinada


sociedade são bem aceitos, não há muita necessidade de
reflexão sobre eles.
Problemas Morais

 Mas, quando surgem questionamentos sobre a validade de


certos costumes ou valores consolidados pela prática, surge a
necessidade de fundamentá-los teoricamente, ou, para os que
discordam deles, criticá-los (ALENCASTRO, 1997).

 Para que se compreenda melhor acerca de alguns problemas


relativos à moral, que abrangem a área da saúde, aqui
especificamente a enfermagem, é necessário que se abordem os
conceitos da Bioética e seus principais temas: aborto, assédio
moral, eutanásia, Aids e as relações médico-paciente.
Bioética

 Schramm (2002) trata a Bioética como uma ética aplicada, que


visa “dar conta” dos conflitos e controvérsias morais implicados
pelas práticas no âmbito das Ciências da Vida e da Saúde, do
ponto de vista de algum sistema de valores (chamado também
de “ética”).

 Para o autor, ela se destina a resolver os conflitos éticos


concretos, aqueles que surgem das interações humanas em
sociedades.
Bioética

 A bioética tem uma tríplice função: a) enquanto função


descritiva, ela descreve e analisa os conflitos em pauta; em sua
função normativa, a bioética lida com os conflitos, no sentido de
abolir os comportamentos que podem ser considerados
reprováveis e de prescrever aqueles considerados corretos; e,
em sua função protetora, intuitivamente, ela ampara, dentro do
possível, todos os envolvidos em alguma disputa de interesses e
valores, priorizando os mais fracos, quando isto se fizer
necessário.
Bioética

 Mais claramente falando, a bioética é um conjunto de pesquisas,


discursos e práticas, cuja finalidade é esclarecer e resolver
questões éticas suscitadas pelos avanços e pela aplicação da
medicina e da biologia.

 Vários são os grupos, com interesses distintos, que debatem


sobre a bioética, tais como indústrias farmacêuticas,
laboratórios de biotecnologia, organizações ambientalistas,
associações de consumidores e entidades de classe.
Bioética

 Entre os temas mais abordados na bioética, observam-se o


aborto, a eutanásia, os transgênicos, a fertilização in vitro, a
clonagem e os testes com animais, além da relação médico-
paciente, assédio moral, as questões envolvendo os pacientes
com Aids, etc. As próximas seções tratarão sobre aborto,
eutanásia, relações médico-paciente, assédio moral e Aids.
Aborto

 Conforme afirmam Diniz e Almeida (1998), dentro da bioética o


tema aborto é aquele sobre o qual mais se tem escrito, debatido
e realizado congressos científicos e discussões públicas. No
entanto, pouco se caminhou nesta questão nos últimos anos.

 Para os autores, a maior dificuldade para um leigo no assunto


reside na literatura, pois fica difícil discernir sobre quais são os
argumentos filosóficos e científicos consistentes em meio a uma
infinidade de manipulações retóricas, o que dificulta apresentar
um panorama dos estudos bioéticos relativos ao tema.
Aborto

 Uma gama considerável de textos acadêmicos, políticos e


religiosos entram em cena e é uma difícil missão selecionar
dentre eles quais os mais significativos para se estabelecer um
debate frutífero.

 Neste sentido, abordar-se-á aqui:


a) a terminologia e os principais tipos de aborto;
b) dados sobre a legislação;
c) o aborto enquanto um problema ético.
Terminologia

 Diniz e Almeida (1998) advogam, ainda, que seria necessária


uma avaliação semântica dos conceitos utilizados pelos
pesquisadores que escrevem sobre o aborto, pelo fato de a
variedade conceitual ser proporcional ao impacto social causado
pela escolha de cada termo.

 Observa-se uma cadeia interminável de definições que geram


confusões semânticas para os pesquisadores interessados em se
aprofundar nesta temática. Os autores sugerem que se usem as
nomenclaturas mais próximas do discurso médico oficial, para
melhor entendimento do assunto.
Terminologia

 Assim sendo, eles apontam para quatro tipos de situação para o


aborto:

a) interrupção eugênica da gestação (IEG) – nestes casos,


interrompe-se a gestação por valores racistas, sexistas ou
étnicos. De uma forma geral, este tipo de aborto acontece
alheio à vontade da gestante, que é obrigada a praticar o
aborto;

b) interrupção terapêutica da gestação (ITG) – nos casos em


que se deve preservar a saúde da gestante. Dado o avanço da
medicina, estes casos são considerados raros hoje em dia;
Terminologia

 Assim sendo, eles apontam para quatro tipos de situação para o


aborto:

c) interrupção seletiva da gestação (ISG) – nos casos de


anomalias fetais. Nestes casos, justificam-se as solicitações de
aborto dada a incompatibilidade da vida extrauterina, como o
feto portador de anencefalia, por exemplo;

d) interrupção voluntária da gestação (IVG) – nos casos em que


a gestação é interrompida pela autonomia da gestante, como
uma gravidez indesejada, seja ela fruto ou não de um abuso
sexual.
Terminologia

 Observa-se que, exceto pela interrupção eugênica, as demais


levam em consideração a vontade da gestante (ou do casal) em
manter ou não a gravidez. Sobre estas formas também recaem
as maiores discussões bioéticas.

 A ITG e ISG se assemelham, especialmente em países onde a


legislação permite ambos os casos. No entanto, observa-se que
além dos limites gestacionais impostos de forma diferente para
cada caso, é importante salientar que no caso da ISG a saúde do
feto é a razão do aborto, e na ITG, privilegia-se a saúde materna.
Terminologia

 Outra dificuldade reside, de acordo com Diniz e Almeida (1998),


em nomear o resultado do aborto. Alguns autores chamam de
‘feto’, outros de ‘embrião’, outros ainda de ‘criança’, ‘não
nascido’, ‘pessoa’ ou ‘indivíduo’. Uns autores argumentam que
um feto de 12 semanas, por exemplo, pode sentir dor, enquanto
que estudos da neurofisio-embriologia negam esta tese.

 Estas controvérsias geram ainda mais dificuldade no


entendimento sobre o tema, uma vez que se mesclam
argumentos científicos e crenças morais como se fossem
receitas de bolo, afirmam os autores. E isto se observa tanto
entre os proponentes da questão quanto entre os seus
oponentes.
Legislação

 Um marco para a legislação e políticas nacionais e internacionais


acerca do aborto foi a Conferência Internacional sobre
População e Desenvolvimento, que ocorreu no Cairo, no ano de
1994. Antes deste evento, é sabido que o tema do aborto não
fazia parte da agenda de saúde pública de inúmeros países
(DINIZ e ALMEIDA, 1998).

 Um dos métodos para o controle de natalidade mais utilizado e


difundido desde o século XIX tem sido o aborto. Porém, é difícil
estimar um cálculo preciso para a taxa mundial de aborto, dado
que este é considerado crime em alguns países.
Legislação

 Ainda assim, as taxas mundiais de aborto são muitíssimo


elevadas, especialmente nos países da África e América Latina.
Em que pese a contestabilidade sobre o levantamento
demográfico acerca do número de abortos, o estudo das
legislações comparadas se apresenta mais confiável, segundo
Diniz e Almeida (1998).

 No ano de 1869 o Papa Pio IX declarou que a alma incorpora


quando da concepção. Assim, as leis vigentes naquele século
não permitiam qualquer forma de interrupção da gravidez. Entre
os anos de 1950 e 1985, quase todos os países desenvolvidos
liberalizaram as suas leis sobre o aborto por motivos de direitos
humanos e segurança.
Legislação

 E, desde, então da década de 1985 alguns países vêm


modificando a sua legislação, tornando-a mais aberta para a
prática. Em países onde o aborto ainda é ilegal, sente-se uma
forte influência de antigas leis coloniais, que muitas vezes não
refletem a opinião da população local.

 De acordo com levantamento feito em 2013, aproximadamente


25% da população mundial vivem em países com leis sobre o
aborto altamente restritivas, especialmente na América Latina,
África e Ásia. Em alguns países, como o Chile, as mulheres ainda
vão para a prisão por praticarem um aborto ilegal.
Legislação

 Alguns autores defendem a tese de que a legislação restritiva do


aborto viola os direitos humanos das mulheres, prescritos com
base na Conferência Internacional sobre a População e o
Desenvolvimento, na Quarta Conferência Mundial das Mulheres
em Pequim e na Declaração Universal dos Direitos.

 Atualmente, a legislação aponta para os seguintes casos:


a) para alguns países, o aborto é ilegal em todas as
circunstâncias ou é permitido apenas em caso de risco de vida
da mulher, como, por exemplo, no Brasil, Chile, República
Dominicana, Venezuela, México, Angola, Benin, Costa do
Marfim, Senegal, Egito, Líbano, Indonésia, Filipinas, Irlanda, etc.;
Legislação

 b) o aborto é permitido por lei, apenas em risco de vida ou para


proteger a saúde física da mulher, como no caso da Argentina,
Bolívia, Equador, República dos Camarões, Moçambique,
Marrocos, Tailândia, Polônia, etc.

 No Brasil, a legislação que trata do aborto foi criada na década


de 1940. Embora seja crime, poucos são os casos conhecidos de
pessoas que foram presas em virtude da prática ilegal do aborto.
Legislação

 Os artigos que tratam do aborto no Código Penal Brasileiro


(Dos Crimes Contra as Pessoas), Capítulo I são:

Aborto provocado pela gestante ou com seu


consentimento:
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir
que outrem lho provoque. Pena - detenção, de 1 (um)
a 3 (três) anos.
Aborto provocado por terceiro:
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da
gestante. Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos.
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da
gestante. Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
Legislação

 Os artigos que tratam do aborto no Código Penal Brasileiro


(Dos Crimes Contra as Pessoas), Capítulo I são:

Parágrafo único - Aplica-se a pena do artigo anterior,


se a gestante não é maior de 14 (quatorze) anos, ou é
alienada ou débil mental, ou se o consentimento é
obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência.
Forma qualificada:
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos
anteriores são aumentadas de um terço, se, em
consequência do aborto ou dos meios empregados
para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de
natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer
dessas causas, lhe sobrevém a morte.
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico.
Legislação

 Os artigos que tratam do aborto no Código Penal Brasileiro


(Dos Crimes Contra as Pessoas), Capítulo I são:

Aborto necessário:
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro:
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é
precedido de consentimento da gestante ou, quando
incapaz, de seu representante legal.
O aborto enquanto um problema ético

 As ciências da vida, tais como a biologia e a medicina criaram


uma série de dilemas éticos que são estudados pela filosofia.
Dentro da filosofia encontra-se a bioética, e dentro desta
encontra-se a médica ética, que trata de temas polêmicos tal
como o aborto.

 Como já citado aqui, este é um dos pontos mais difíceis da ética


médica, dado que envolve aspectos legais, religiosos, médicos,
socioculturais, políticos.
O aborto enquanto um problema ético

 A discussão acerca do tema se situa entre duas posições que se


opõem: de um lado, uma posição conservadora em favor da
vida, que defende o direito moral da vida do feto; de outro lado,
uma escolha libera, que entende a mulher em seu direito moral
de dispor sobre o próprio corpo.

 Não se pode deixar de ressaltar também as posições


intermediárias, como aquele que advoga ser errado o aborto,
mas que apoia a sua prática quando em casos específicos, tais
como o risco de morte para a mãe ou filho ou em casos de
estupro. Há também os que são totalmente contra, sobretudo
nos casos avançados da gestação.
O aborto enquanto um problema ético

 Em relação ao argumento de que o feto ou embrião tem direito


moral à vida, este se sobressai diante da escolha da mulher,
posto que a vida é um valor superior.

 A questão, então, recai sobre o fato de se considerar o feto


como uma pessoa. Enquanto pessoa, não há dúvidas de que ele
tem direito à vida, e neste sentido, o aborto é errado, se torna
um problema ético.

 Para aquecer o debate, observa-se a conceituação de John


Locke, que afirma que a pessoa é um ser inteligente, possuidor
de razão e capacidade de reflexão.
O aborto enquanto um problema ético

 Neste sentido, o feto não possui autoconsciência nem


capacidade de reflexão, portanto, não pode ser definido
enquanto pessoa. Ampliando ainda mais a polêmica, percebe-se
que, sendo assim, os pacientes em coma não teriam direito à
vida, nem mesmo os recém-nascidos, visto que ainda não
possuem a noção de self.

 Para tentar pôr fim à questão, a literatura muda a perspectiva,


conceituando o feto como um indivíduo em potencial e, em
razão disso, realizar um aborto seria privá-lo do direito à vida
futura.
O aborto enquanto um problema ético

 Por outro lado, a mulher possui direito sobre o seu corpo e,


assim sendo, pode decidir pela interrupção de uma gravides se
assim o desejar. Este argumento se fortalece quando atrelado
àquele que afirma que o embrião ainda não é um indivíduo com
as capacidades desenvolvidas, portanto, não haveria conflito de
interesses entre direitos da mulher e do feto.

 Ao se olhar por um prisma de uma gravidez indesejada, o aborto


se justificaria pela preservação futura do bem-estar do feto,
como argumentam alguns.
O aborto enquanto um problema ético

 O aborto fica mais evidente do ponto de vista de um problema


ético, quando há um conflito entre direitos e deveres morais.
Mas não há clareza qual obrigação ética gera o direito ao aborto,
muito menos quem é o titular deste direito ou dever.

 Diante de um diagnóstico antenatal, de ‘ter os filhos que se quer


e não os que não se quer’, como descreve a autora, levantam-se
dúvidas sobre as técnicas e sua utilização, custos envolvidos,
escolhas sociais e políticas aí implícitas em relação à autoridade
de jugar a qualidade da vida humana e quanto às relações
interpessoais.
O aborto enquanto um problema ético

 Tais questionamentos trazem dúvidas cada vez maiores e


alimentam o debate, tornando o aborto, de fato, um problema
ético de saúde pública.

 A questão não se encerra e os debates continuam, buscando


estabelecer, em definitivo, se o feto é uma pessoa, portanto,
possuidora de direito à vida, tendo este direito sobreposto à
vontade da mãe, que, por sua vez, tem o direito de dispor como
queira do seu corpo.

 Espera-se que esses debates permaneçam, se fundamentem


cada vez mais e que forneçam dados concretos para a
elaboração de leis sobre o aborto e para a criação de políticas
públicas que valorizem
Eutanásia

 De acordo com Urban (2010), a eutanásia é um tema polêmico,


caracteristicamente ambíguo, causando confusão entre
médicos, legisladores e cidadãos, especialmente no que diz
respeito ao Brasil.

 Por sua etimologia, cuja raiz é grega, eu-thanatos quer dizer boa
morte, ou seja, é a supressão piedosa da vida do paciente, no
que tange ao plano ético e prático.

 Entende-se, então, que a eutanásia é a ação ou omissão


realizada com o objetivo de suprimir a vida de um paciente, com
o intuito de lhe garantir o fim do sofrimento, seja ele físico ou
psíquico.
Eutanásia

 Diante do exposto, já se pode observar a primeira polêmica,


dado que a eutanásia não apenas consiste na ação, mas também
na omissão de algo que poderia salvar a vida de um paciente. E
o que fazer? Como atua a ética neste sentido? Como se
apresentam aqui os valores morais?

 Em alguns países, como na Holanda e na Bélgica, por exemplo, a


eutanásia é permitida, amparada, inclusive por lei. No estado de
Oregon, nos EUA, vigora desde 2006 e há propostas de lei em
outros estados.
Eutanásia

 A Holanda configura com o país onde a eutanásia é mais


conhecida e estudada, com cerca de 2.300 a 4.000 casos a cada
ano, de acordo com pesquisas, com a maioria acontecendo em
casa do paciente.

 No que diz respeito à opinião médica, muitos são os estudos


acerca do tema, porém de difícil compreensão, em virtude das
diferentes linguagens e metodologias utilizadas por eles. Os
dados quanto a este tema no Brasil também são muito
limitados.
Eutanásia

 Entre os oncologistas, por exemplo, não há um consenso de que


a eutanásia, uma vez legalizada, possa melhorar os cuidados no
final da vida. Um estudo feito pelos membros da Sociedade
Americana de Oncologia revelou que, em pacientes terminais,
com dor intratável, a eutanásia e suicídio assistido tiveram o
apoio de apenas 22,5% dos oncologistas.

 Eles consideram que se o paciente recebe cuidados paliativos de


forma adequada não suscita encerrar a sua vida.
Eutanásia

 Urban (2010) afirma que no Brasil são raros os pacientes que


desejariam praticar ou realizar a eutanásia, mesmo se esta fosse
permitida por lei.

 “Os conflitos relacionados a ela são geralmente resultantes de


interpretações errôneas sobre a situação real do paciente, pouca
atenção aos problemas físicos, emocionais ou espirituais do
mesmo e de seus familiares” (URBAN, 2010, p. 90).
Eutanásia

 Segundo o autor, os médicos que se opõem à eutanásia, embora


não neguem o valor intrínseco que a autonomia e o alívio do
sofrimento possuem, advogam que a cada direito se deva
empregar um dever, e que este se Urban (2010), que nenhuma
sociedade democrática existe sem levar em conta os critérios de
justiça, portanto não deve ser limitada a autonomia de cada
cidadão.

 No Brasil, uma vez permitida a eutanásia, os riscos seriam


maiores que os benefícios, uma vez que o acesso à saúde não é
igual para todos. Nem todo cidadão brasileiro consegue receber
os melhores tratamentos, seque os cuidados paliativos.
Eutanásia

 Outro agravante reside na falta de preparação dos profissionais


de saúde. “A formação médica brasileira não contempla os
elementos mais importantes envolvidos nas decisões sobre o
final da vida” (URBAN, 2010, p. 90).

 Outra questão ainda mais relevante é o fato de que as decisões


sobre a eutanásia poderiam levar em conta os aspectos
socioeconômicos, voltando-se para os pacientes que tenham o
custo elevado para o sistema único de saúde bem como para os
seus familiares.
Eutanásia

 Há ainda a questão da dificuldade em se realizar um controle


efetivo para que o processo pudesse ocorrer de acordo com os
ditames legais.

 Sabe-se que, muitas vezes, o sofrimento do paciente suscita dos


médicos e familiares muitas questões, que envolvem o afeto e
compaixão pela sua dor, mas também os aportes legais e o
direito de dispor da vida do outro.
Eutanásia

 Não se tem uma preparação neste sentido. O autor sugere que o


debate acerca deste tema, no Brasil, deva ser tratado no sentido
de redirecionar a formação médica, humanizando-a, levando o
profissional a entender o seu papel de cuidar, mais do que de
curar, e a buscar aprimorar os cuidados paliativos de modo a
alcançar todos os pacientes que dele necessitem.
Relação médico-paciente

 Em artigo publicado em 2007, o Doutor Cláudio Barsanti, diretor


de defesa profissional, da Sociedade de Pediatria de São Paulo,
afirmou que a medicina atual vem crescendo cada vez mais, ao
ponto de estar preparada para eliminar sofrimentos e salvar
vidas.

 Os avanços da ciência e da tecnologia têm permitido às pessoas


melhores condições de saúde mais longevidade. A cada
quinquênio o conhecimento médico vem e ampliando, trazendo
novas descobertas, com possibilidades de curas para muitas
doenças até então incuráveis.
Relação médico-paciente

 Apesar disto, segundo Barsanti (2007), a relação médico-


paciente continua carecendo de melhor tratamento. É sabido
que o sucesso do tratamento depende, sem dúvidas, da inter-
relação que se estabelece entre o médico e o seu paciente.

 O autor afirma que é preciso que haja confiança, reciprocidade,


compaixão, autoridade, sem que, para isso, haja submissão, de
ambas as partes, além do saber ouvir e atenção aos detalhes.
Relação médico-paciente

 O médico sabe que a sua terapêutica pode não trazer os efeitos


desejados, mas este não pode furtar ao paciente a informação
sobre todos os dados de sua doença, os tratamentos que serão
utilizados, as possíveis complicações, riscos, do início ao fim, e até
mesmo deixando claro que pode não haver evolução esperada.

 O autor advoga que os problemas na relação médico-paciente


poderiam ser minimizados se os serviços de saúde não
estivessem deteriorados, se houvesse melhores relações de
trabalho para os profissionais da saúde, se houvesse melhoria na
educação, desde o ensino médio, e se o nível socioeconômico
fosse mais equânime entre os pacientes. Cabe ao médico evitar
qualquer interferência na sua relação com o paciente.
Relação médico-paciente

 É importante elencar quais os direitos dos pacientes e quais


aqueles dos médicos . Observa-se, então, o que descrevem as
alíneas A e B e seus subitens:

a) direitos do paciente:

Abandono - após iniciado o tratamento, o médico não


pode abandonar o paciente, a não ser que tenham ocorrido
fatos que comprometam a relação médico-paciente e o
desempenho profissional. Deve estar assegurada a
continuidade na assistência prestada. Entretanto, no caso
de atendimento ambulatorial, sem caráter de urgência, o
médico pode se recusar a atender determinado paciente,
não se configurando omissão de socorro.
Relação médico-paciente

Acompanhante - o paciente tem o direito de ser


acompanhado por pessoa por ele indicada, em todos os
atos médicos por ele sofridos.

Alta - o médico pode, ou melhor, deve se negar a conceder


alta a paciente sob seus cuidados, quando considerar que
isso possa acarretar risco à integridade do mesmo. Quando
não incorrer em risco para o paciente, se este ou seus
familiares decidirem pela alta, sem parecer favorável do
médico, devem responsabilizar-se por escrito.
Relação médico-paciente

Anestesia - o paciente tem o direito de receber anestesia


em todas as situações indicadas, bem como, pode recusar
tratamentos dolorosos ou extraordinários para tentar
prolongar a vida.

Atendimento digno - o paciente tem direito a um


atendimento digno, atencioso e respeitoso, sendo
identificado e tratado pelo nome ou sobrenome.

Autonomia - consentir ou recusar, de forma livre,


voluntária e esclarecida, com adequada informação,
procedimentos diagnósticos ou terapêuticos a serem nele
realizados, desde que em posse da capacidade e
discernimento de escolha.
Relação médico-paciente

Criança - a criança, ao ser internada, terá em seu


prontuário a relação das pessoas que poderão acompanhá-
la integralmente durante o período de internação.

Exames - é vedada a realização de exames compulsórios,


sem autorização do paciente, como condição necessária
para internação hospitalar, exames pré-admissionais ou
periódicos e ainda em estabelecimentos prisionais e de
ensino.

Gravação - o paciente tem o direito de gravar a consulta,


caso tenha dificuldade em assimilar as informações
necessárias para seguir determinado tratamento.
Relação médico-paciente

Identificação - o paciente deve poder identificar as pessoas


responsáveis direta e indiretamente por sua assistência,
por meio de crachás visíveis, legíveis e que contenham o
nome completo, a função e o cargo do profissional, assim
como o nome da instituição.

Informação - o paciente deve receber informações claras,


objetivas e compreensíveis sobre todos os atos médicos e
de todos os riscos inerentes ao tratamento e possíveis
procedimentos invasivos.

Medicação - ter anotado no prontuário todas as


medicações, com dosagens utilizadas.
Relação médico-paciente

Morte - o paciente tem o direito de optar pelo local de


morte (conforme Lei Estadual válida para os hospitais do
Estado de São Paulo). É importante verificar a legislação
nos demais estados da Federação.

Pesquisa - ser prévia e expressamente informado, quando


o tratamento proposto for experimental ou fizer parte de
pesquisa, que deve seguir rigorosamente as normas
regulamentadoras de experimentos com seres humanos no
país e ser aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP)
do hospital ou instituição.
Relação médico-paciente

Prontuário - ter acesso, a qualquer momento, ao seu


prontuário médico, recebendo por escrito o diagnóstico e o
tratamento indicado, com a identificação do nome do
profissional e o número de registro no órgão de
regulamentação e controle da profissão.

Receituário - receber as receitas com o nome genérico dos


medicamentos prescritos, datilografadas ou em letra
legível, sem a utilização de códigos ou abreviaturas, com o
nome, assinatura do profissional e número de registro no
órgão de controle e regulamentação da profissão.
Relação médico-paciente

Recusa - o paciente pode desejar não ser informado do seu


estado de saúde, devendo indicar quem deva receber as
informações em seu lugar.

Respeito - ter asseguradas a satisfação de necessidades, a


integridade física, a privacidade, a individualidade, o
respeito aos valores éticos e culturais, a confidencialidade
de toda e qualquer informação pessoal, e a segurança do
procedimento; ter um local digno e adequado para o
atendimento; receber ou recusar assistência moral,
psicológica, social ou religiosa.
Relação médico-paciente

Sangue - conhecer a procedência do sangue e dos


hemoderivados e poder verificar, antes de recebê-los, os
carimbos que atestaram origem, sorologias efetuadas e
prazo de validade.

Segunda Opinião - direito de procurar uma segunda


opinião ou parecer de outro médico sobre o seu estado de
saúde.

Sigilo - ter resguardado o segredo sobre dados pessoais,


por meio da manutenção do sigilo profissional, desde que
não acarrete riscos a terceiros ou à saúde pública.
Relação médico-paciente

b) direitos do médico:

Exercer a Medicina sem ser discriminado por questões de


religião, raça, sexo, nacionalidade, cor, opção sexual, idade,
condição social, opinião política ou de qualquer outra
natureza.

Indicar o procedimento adequado ao paciente, observadas


as práticas reconhecidamente aceitas e respeitando as
normas legais vigentes no país.
Relação médico-paciente

Apontar falhas nos regulamentos e normas das instituições


em que trabalhe, quando as julgar indignas do exercício da
profissão ou prejudiciais ao paciente, devendo dirigir-se,
nesses casos, aos órgãos competentes e, obrigatoriamente,
à Comissão de Ética e ao Conselho Regional de Medicina de
sua jurisdição.

Recusar-se a exercer sua profissão em instituição pública ou


privada onde as condições de trabalho não sejam dignas ou
possam prejudicar o paciente.
Relação médico-paciente

Suspender suas atividades, individual ou coletivamente,


quando a instituição pública ou privada para a qual
trabalhe não oferecer condições mínimas para o exercício
profissional ou não o remunerar condignamente,
ressalvadas as situações de urgência e emergência,
devendo comunicar imediatamente sua decisão ao
Conselho Regional de Medicina.

Internar e assistir seus pacientes em hospitais privados com


ou sem caráter filantrópico, ainda que não faça parte do
seu corpo clínico, respeitadas as normas técnicas da
instituição.
Relação médico-paciente

Requerer desagravo público ao Conselho Regional de


Medicina, quando atingido no exercício de sua profissão.

Dedicar ao paciente, quando trabalhar com relação de


emprego, o tempo que sua experiência e capacidade
profissional recomendarem para o desempenho de sua
atividade, evitando que o acúmulo de encargos ou de
consultas prejudique o paciente.

Recusar a realização de atos médicos que, embora


permitidos por lei, sejam contrários aos ditames de sua
consciência.
Relação médico-paciente

 No que diz respeito à natureza jurídica da relação médico-


paciente, Barsanti (2007) afirma que apesar de não ser
agradável para a maioria dos médicos, a relação médico-
paciente, neste caso, assume contornos de relação de consumo,
passando, assim, a ser tutelado pelo Código de Defesa do
Consumidor (CDC).

 Em seus artigos 2º e 3º, percebe-se que o paciente se enquadra


no conceito de consumidor e, o médico, no de fornecedor de
serviços. Deste modo, uma vez firmado um negócio jurídico,
será contratual o vínculo entre o médico e o paciente.
Assédio moral

 Barreto (2000) afirma o assédio moral como um fenômeno


antigo, tanto quanto o trabalho, embora a reflexão e o debate
sobre o tema sejam recentes no Brasil.

 Apenas do ano 2000 para cá o assunto tem sido recorrente em


revistas, jornais, com discussão ampla nos movimentos sindicais,
na sociedade como um todo e no âmbito legislativo.

 E o que vem a ser, de fato, assédio moral? O mesmo autor


afirma se tratar da exposição dos trabalhadores a situações de
humilhações e constrangimentos, de modo repetitivo e
prolongado, durante a sua jornada de trabalho.
Assédio moral

 É mais comum que ocorram em relações hierárquicas


autoritárias e assimétricas, onde predominam condutas
negativas, relações desumanas e aéticas, vindas de um ou mais
chefes em direção a um ou mais subordinados.

 Geralmente, a vítima escolhida é isolada do grupo sem prévias


explicações, e passa a ser hostilizada, ridicularizada, inferiorizada
e desacreditada diante dos pares.

 O assédio moral constitui uma violência psicológica, podendo


causar danos à saúde física e mental do assediado, inclusive
daqueles que testemunham tais atos.
Assédio moral

 Ainda de acordo com Barreto (2000), a humilhação repetitiva, de


longa duração, interfere na vida do trabalhador de modo direto,
podendo comprometer a sua dignidade e suas relações afetivas
e sociais, ocasionando, muitas vezes, a incapacidade laborativa.

 Há registros de casos extremos, por exemplo, levando o


indivíduo à morte. Trata-se de um risco invisível, segundo o
autor, no entanto concreto, nas relações e condições de
trabalho.
Assédio moral

 A violência moral no trabalho vem sendo objeto de pesquisa


pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), que, em seu
levantamento, apontou diversos distúrbios de saúde mental
relativos ao tema em países como Finlândia, Alemanha, Reino
Unido, Polônia e Estados Unidos.

 De acordo com a OIT, as perspectivas não são boas para as


próximas duas décadas, visto que se prevê um ‘mal-estar na
globalização’, com predominância para as depressões, angústias
e demais danos psíquicos, todos relacionados às novas políticas
de gestão organização do trabalho.
Aids

 A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids) constituiu-se


em um dos grandes desafios enfrentados pela Medicina.
Espalhou-se no mundo todo com rapidez considerável, causando
a morte de muitas pessoas, de forma leta e sofrida. De acordo
com Rosenthal (2001), os profissionais de saúde não estavam
preparados para enfrentá-la e foram pegos de surpresa.

 A Aids tornou-se um evento tão sério, epidemicamente falando,


que saiu da esfera médica, para se tornar uma doença sob a
responsabilidade de toda sociedade, passando também a
envolver múltiplas disciplinas, passando por todos os campos da
ciência.
Aids

 Neste sentido, os profissionais, em todas as áreas, se viram


também instigados a fazer profundas reflexões no campo da
ética e dos direitos humanos, provocando debates e levando a
classe médica a se posicionar perante a sociedade. Até os dias
atuais, os profissionais de saúde continuam se deparando com
questões éticas, para as quais nem sempre encontram
respostas.

 Rosenthal (2001) afirma que o advento da Aids provocou o


aumento de posturas discriminatórias contra alguns grupos
sociais identificados como susceptíveis em maior grau à infecção
pelo HIV.
Aids

 Para o autor: “Na verdade, tais posturas traduzem a intolerância


experimentada em face de comportamentos que se consideram
indesejáveis. Em outras palavras, o que se deseja combater,
assim, não é a doença, mas o comportamento” (ROSENTHAL,
2001, p. 38).

 O autor preconiza, ainda, que os profissionais de saúde devem


ter, para com o paciente infectado pelo vírus da Aids, respeito e
consideração, de modo que se possa obter uma situação
favorável ao encaminhamento adequado das alternativas de
abordagem dos problemas advindos da doença. Além disso, é
imprescindível que o médico busque desprender-se de
quaisquer preconceitos que estejam vinculados à postura
profissional.
Aids

 E, neste sentido, a questão ética se apresenta em duas


vertentes:

[...] deve o médico ter presente a natureza da profissão e,


principalmente, a finalidade (Código de Ética Médica, Arts.
1º, 2º e 6º); deve o médico buscar a mais ampla
informação possível acerca daquilo que vai cuidar, não só
fundamentando cientificamente sua conduta, mas tendo
em vista também que o conhecimento é o caminho para a
eliminação do preconceito (Código de Ética Médica, Arts.
2º e 5º).
Aids

 Conforme preconiza Rosenthal (2001), a Medicina está a serviço


da saúde do ser humano e da coletividade, devendo ser exercida
isenta de discriminação de qualquer natureza. O alvo da atenção
do médico é o ser humano. Não se trata de um negócio, um
comércio.

 É em benefício deste ser humano que o médico deve agir, com


zelo e a com a melhor capacidade profissional, conforme rege o
Código de Ética Médica, em seus artigos 1º, 2º e 9º.
Aids

 O autor encerra a sua reflexão afirmando (2001, p. 39):

O médico não pode recusar-se a atender o portador da


doença sob alegação de risco profissional, ou de ser
infectado, porque a sua função é exatamente essa. O
mesmo ocorre com o pessoal da área médica e com o
hospital. Deve o médico guardar absoluto respeito pela
vida humana, atuando sempre em benefício do paciente.
Jamais utilizar conhecimentos para gerar sofrimento físico
ou moral, para o extermínio do ser humano, ou para
permitir acobertar tentativa contra a dignidade e a
integridade (Código de Ética Médica, art. 6°).
Ética Virtual

 A Internet está mudando o comportamento ético das empresas.


A Internet muda a velocidade dos acontecimentos, a forma de
remuneração dos funcionários e o ambiente de trabalho. Mas se
deve tomar cuidado com o uso que se faz dessa ferramenta no
ambiente de trabalho.

 Utilidades com bate-papo e sites de relacionamentos não


compreendem um comportamento profissional ético, exceto se
for para uso da empresa. Downloads e e-mails pessoais também
não devem ser acessados.

 Como afirma Robert Henry Srour: "difícil não é fazer o que é


certo, é descobrir o que é certo fazer".
Código de Ética Profissional
da Enfermagem
 De acordo com Jorge (2008), sempre que se fala em virtudes
profissionais, faz-se necessário mencionar a existência dos
códigos de ética profissional.

 As relações de valor entre o ideal moral e os mais variados


campos da conduta humana reúnem-se enquanto instrumento
regulador.

 Neste sentido, dá-se o código de ética, como uma espécie de


contrato de classe assumido pelos órgãos de fiscalização para o
exercício de cada profissão.
Código de Ética Profissional
da Enfermagem
 Ainda de acordo com a autora, o interesse no cumprimento do
referido código deve ser de todos. Embora seja utópico admitir
uniformidade de conduta, a disciplina, entretanto, deve ser um
contrato de atitudes, de deveres, de estados de consciência, que
deve formar um código de ética.

 Uma ordem deve existir para que se consiga eliminar conflitos e


especialmente evitar que se macule o bom nome e o conceito
social de uma categoria.
O Exercício da Enfermagem

 De acordo com Santos (2012), os profissionais Técnicos em


Enfermagem, com exercício regulamentado por lei, integram
uma equipe que desenvolve, sob a supervisão do Enfermeiro,
ações de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação
referenciadas nas necessidades de saúde individuais e coletivas,
determinadas pelo processo gerador de saúde e doença.
O Exercício da Enfermagem

 Suas atividades profissionais são desempenhadas em


instituições de saúde bem como em domicílios, sindicatos,
empresas, associações, escolas, lar de idosos e outros.

 Para atender às exigências educacionais demandadas pelo


mundo do trabalho, os profissionais Técnicos em Enfermagem
deverão receber uma formação ampla, sistêmica, constituída
por competências gerais e específicas que lhes permitam
acompanhar as transformações da Área (SANTOS, 2012).
Evolução Histórica da Legislação
Básica de Enfermagem
 É sabido que o mais antigo sistema de normas legais escritas no
mundo foi aquele estabelecido por Hamurabi, rei babilônico,
que viveu entre 1782 a.C. e 1750 a.C. É conhecido como código
de Hamurabi.

 É um texto considerado atual, embora tenha sido escrito há mais


de 2000 anos. Nele se observam o direito de propriedade, a
família, as sucessões e até a proteção do consumidor.

 No que diz respeito à enfermagem, o primeiro dispositivo legal


ocorreu com a Lei nº 775, de 6 de agosto de 1949, que, ao
dispor sobre o ensino da enfermagem, criou oficialmente o
curso auxiliar de enfermagem, em dezoito meses, aberto para
homens e mulheres.
Evolução Histórica da Legislação
Básica de Enfermagem
 De acordo com a Lei, a principal atividade desta categoria
deveria ser a de auxiliar o enfermeiro em suas atividades de
assistência curativa. Não previa, portanto, o trabalho do auxiliar
de enfermagem nos serviços de saúde pública (SANTOS, 2012).

 Em 1959, um estudo foi feito por lideranças ligadas à Associação


Brasileira de Enfermagem (ABEn) sobre a situação acima
descrita. Publicaram, então, um documento intitulado
Levantamento de Recursos e Necessidades de Enfermagem no
Brasil.
Evolução Histórica da Legislação
Básica de Enfermagem
 Tal documento, além das enormes diferenças existentes nos
currículos dos cursos de auxiliar de enfermagem em todo o País,
apontou para a insuficiência nos conteúdos das disciplinas, uma
vez que os auxiliares de enfermagem executavam atividades
mais complexas do que as previstas no ensino, e quase sempre
sem a devida supervisão ou orientação de um enfermeiro
(BRASIL, 2003).

 Ainda em Brasil (2003), observou-se que o estudo comprovou a


existência de elevado número de pessoas que realizavam
atividades de enfermagem sem o título ou preparo formal em
curso reconhecido.
Evolução Histórica da Legislação
Básica de Enfermagem
 Tal grupo era composto por atendentes de enfermagem que
atuavam nos serviços de saúde, e, embora constituíssem mais
da metade da força de trabalho nestes serviços, eram
marginalizados dentro da própria enfermagem.

 Estes profissionais eram preparados, muitas vezes, por


instituições hospitalares privadas ou filantrópicas, ou ainda por
meio de cursos não reconhecidos pela Secretaria de Educação.

 A Lei no 4.025/61, de Diretrizes e Bases da Educação Nacional


(LDB), foi de grande importância na regulamentação dos cursos
na área de enfermagem.
Evolução Histórica da Legislação
Básica de Enfermagem
 A partir dos dados obtidos no levantamento acima citado, a
ABEn fez diversas recomendações ao Ministério da Educação e
Cultura, que baixou, então, a Portaria 106/65 para fixar normas
reguladoras do curso de Auxiliar de Enfermagem.

 Porém, é importante salientar que, de acordo com esta portaria,


o currículo deveria ser desenvolvido em dois anos letivos,
incluindo cinco disciplinas de cultura geral.
Evolução Histórica da Legislação
Básica de Enfermagem
 No ano de 1967, os enfermeiros conseguiram a aprovação de
um curso intensivo de auxiliar de enfermagem, reduzindo o
currículo para onze meses letivos, tendo como requisito para o
ingresso o certificado de conclusão do curso ginasial,permitindo
aos alunos maior dedicação às matérias específicas de
enfermagem (BRASIL, 2003).

 A LDB, em vigor desde 1996, mudou a estrutura de cursos


técnicos de nível médio no País, passando a considerar o curso
de Enfermagem como uma qualificação e não mais como
habilitação, agora restrita ao técnico de enfermagem.
Negligência, Imprudência e Imperícia:
Cliente x Enfermagem
 De acordo com o Conselho Regional de Medicina do Estado de
São Paulo (Cremesp), em seu Capítulo I, das considerações sobre
a responsabilidade médica, a negligência evidencia-se pela falta
de cuidado ou de precaução com que se executam certos atos,
normalmente é algo que se deixa de fazer.

 A imprudência resulta da imprevisão do agente em relação às


consequências do ato ou ação. Age com imprudência o
profissional que tem atitudes precipitadas, sem ter cautela. A
imperícia, por sua vez, ocorre quando o profissional revela, em
sua atitude, falta ou deficiência de conhecimentos técnicos da
profissão. Ou seja, o despreparo prático.
Negligência, Imprudência e Imperícia:
Cliente x Enfermagem
 Este é um tema polêmico. Os erros dentro da área da saúde
deveriam ser exceções. Infelizmente, não é bem assim. O
profissional de saúde, ao exercer sua profissão, deve, em
obediência a princípios éticos norteadores de sua atividade,
zelar e trabalhar pelo perfeito desempenho ético da Medicina e
Enfermagem e pelo prestígio e bom conceito das respectivas
profissões.

 Nesse sentido, a falha médica (e da equipe de saúde) deve ser


vista como exceção, acontecimento isolado ou episódico, sendo
certo de que a responsabilidade do profissional pode gerar
efeitos nas esferas ética, cível e criminal.
Negligência, Imprudência e Imperícia:
Cliente x Enfermagem
 De acordo com o Conselho Regional de Enfermagem (Coren) e o
Conselho Regional de Medicina (CRM), ao profissional é vedado
praticar atos profissionais danosos ao paciente que possam ser
caracterizados como imperícia, imprudência ou negligência.
Essas modalidades de culpa podem ser aferidas pelos mesmos
conselhos como falta de ética, na Justiça Cível, para fins de
indenização, ou na Justiça Criminal para enquadrar a conduta a
um tipo penal. Porém é de responsabilidade total dos mesmos
evitar que tais atos aconteçam.
Clique para editar o estilo
do título mestre
Entidades Nacionais da Enfermagem

 A Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn) é o órgão de


representação mais antigo da enfermagem, fundado em agosto
de 1926. Naquela época, tinha como denominação Associação
Nacional de Enfermeiras Diplomadas Brasileiras.

 Em agosto de 1954 sofreu nova alteração em seu estatuto, que a


denominou da forma com a qual se conhece até os dias atuais. A
ABEn foi responsável pela criação de duas outras entidades: o
Conselho de Enfermagem e o Sindicato dos Enfermeiros.
Entidades Nacionais da Enfermagem

 A ABEn congrega enfermeiros, obstetrizes e técnicos de


enfermagem, embora seja facultativa a sua associação e tem
como finalidade promover o desenvolvimento de pesquisa,
intercâmbio com outras organizações nacionais e internacionais,
divulgar estudos e trabalhos de interesse para o
desenvolvimento técnico e científico da enfermagem. É
composta de várias diretorias e um conselho fiscal, com
mandato de 3 anos.
Entidades Nacionais da Enfermagem

 Com a proliferação de diferentes grupos e níveis educacionais,


os enfermeiros passaram a sentir a necessidade de ter a sua
profissão regulamentada. Neste sentido, a solução estava
voltada para a criação de um conselho.

 Assim posto, elaborou-se o primeiro anteprojeto do Conselho de


Enfermagem, no ano de 1945. A Lei no 5.905/73 criou o
Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), bem como seus
Conselhos Regionais de Enfermagem (Coren).
Entidades Nacionais da Enfermagem

 As entidades que disciplinam a profissão do enfermeiro são o


Conselho Federal de Enfermagem e Conselho Regional de
Enfermagem (Cofen e Coren, respectivamente). Enquanto
tribunal de ética, o conselho tem por função:

a) designar as pessoas com competência técnica e científica


para o exercício da profissão nas suas diferentes categorias;
b) impedir o exercício profissional de pessoas que não dispõem
das condições legais para o exercício;
c) avaliar o exercício legal da profissão relacionados às
competências; e,
d) aplicar a punição relacionada ao exercício irregular das suas
atividades.
Entidades Nacionais da Enfermagem

 Os conselhos profissionais, incluído o sistema COFEN‐CORENs,


poderão exercer a fiscalização das profissões, cobrar e executar
as contribuições anuais devidas por pessoas físicas ou jurídicas,
de todas as categorias de enfermagem e das instituições de
saúde que deixarem de pagar as respectivas taxas e anuidades.

 De acordo com Santos (2012), para que existisse um Conselho


na Enfermagem, não bastaram a vontade e a decisão de um
grupo de enfermeiros. Seria necessária a promulgação de uma
lei que dispusesse sobre a criação deste Conselho.
Entidades Nacionais da Enfermagem

 Só vinte e oito anos depois, esta lei, no 5.905, de 13/07/1973, se


tornou realidade, criando o Conselho Federal (Cofen) e os
Conselhos Regionais de Enfermagem (Corens). Esta lei garante a
abrangência estadual destes conselhos, incluindo todas as
categorias de enfermeiros regulados por lei.

 Santos (2012) afirma que, de 1975 a 1978, os Corens


provisionaram atendentes de enfermagem, visitadores
sanitários e instrumentadores cirúrgicos. A Federação dos
Profissionais de Enfermagem, junto com massagistas, duchistas
e empregados de hospitais e casas de saúde de São Paulo,
solicitaram ao Ministro do Trabalho que baixasse ato
determinando ao Cofen tornar insubsistentes as resoluções
referentes ao provisionamento, o que lhes fora concedido.
Entidades Nacionais da Enfermagem

 Em cumprimento ao parágrafo único do Art. 10 da lei no


5.905/73, o Cofen organizou, então, três quadros distintos para
fins de inscrição, sendo, o quadro I para os enfermeiros e
obstetrizes; o quadro II para técnicos de enfermagem; e o
quadro III para auxiliares de enfermagem, práticos de
enfermagem e parteiras práticas (SANTOS, 2012).

 De acordo com a Lei 2.604/55, o plenário do Cofen é composto


de nove membros efetivos e nove suplentes: enfermeiros e/ou
obstetrizes, enquanto que os Corens compõem seus plenários
entre 5 a 21 membros, sendo três quintos formados de
profissionais de enfermagem e dois quintos das demais
categorias reguladas em Lei.
Entidades Nacionais da Enfermagem

 Os membros efetivos e suplentes dos Corens são eleitos por


voto pessoal, secreto e obrigatório, em assembleia geral, de
acordo com o Art. 12. Cada categoria profissional vota na chapa
correspondente ao quadro a que pertence. O inscrito que deixar
de votar fica sujeito ao pagamento de multa correspondente ao
valor da anuidade.

 No caso do Cofen, os membros efetivos e suplentes são eleitos


para mandato de três anos, em escrutínio secreto de delegados
regionais ou eleitorais, como preconiza o Art. 6º da lei no
5.905/73 (SANTOS, 2012).
Entidades Nacionais da Enfermagem

 Os Conselhos atuam como poder executivo e também com


competência legislativa e judiciária. Competência legislativa,
quando baixam provimentos disciplinadores da profissão, que
têm força de lei sobre os que nele estão inscritos, ou por eles
provisionados.

 Judiciária, quando julgam em processo ético os profissionais que


transgridem as normas do Código de Ética dos Profissionais de
Enfermagem, constante da Resolução 15, de 1993, baixada pelo
Cofen. Conforme afirma Santos (2012), o Conselho é a única
entidade de classe onde a vinculação é compulsória, como
condição para o exercício da profissão. No Conselho não há
opção, pois a inscrição é obrigatória.
Entidades Nacionais da Enfermagem

 As associações profissionais e os sindicatos são órgãos de


finalidade econômica, de assistência, de defesa e representação
da classe. A associação profissional constitui normalmente uma
fase ou estágio necessário que precede a existência do
respectivo sindicato.

 O sindicalismo brasileiro adotou o sistema de unidade sindical,


isto é, dentro de uma área geográfica, também denominada
base territorial, e, para cada uma das categorias profissionais
(representadas pelos empregadores) que nele se encontram, só
pode haver um único sindicato.
Entidades Nacionais da Enfermagem

 Não há concorrência de outro. Por ser único, o sindicato possui


o privilégio legal da representação exclusiva e monopolista. A
base territorial de um sindicato pode ser distrital, municipal,
intermunicipal, estadual ou interestadual e, excepcionalmente,
nacional.

 É competência do Ministro do Trabalho delimitar a base


territorial no momento que outorga a carta sindical à associação
profissional que satisfizer aos requisitos exigidos pela
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Entidades Nacionais da Enfermagem

 A entidade sindical constitui reflexo da própria organização


política do País, que é uma federação de Estados. O Brasil
apresenta três níveis de organização política e administrativa, a
saber, em ordem crescente: o Município, o Estado e a União.

 Da mesma forma, a organização sindical normalmente apresenta


três níveis hierárquicos: o sindicato, de âmbito municipal; a
federação; de âmbito estadual; e a confederação, de âmbito
nacional.
Entidades Nacionais da Enfermagem

 Quanto maior base territorial de um sindicato, maior a


dificuldade para prestar aos associados os serviços a que está
obrigado por lei. Além disso, a situação e as condições
econômicas e de trabalho variam de um município para outro
dentro de um mesmo estado, dificultando a representação dos
interesses dos associados por um sindicato estadual.

 Para a existência de um sindicato, há necessidade prévia de


criação de associação profissional; para a existência da
federação, deve haver pelo menos cinco sindicatos; e, para a
existência de uma confederação, há necessidade de três
federações.
Entidades Nacionais da Enfermagem

 A criação de associação profissional também depende, como no


caso de associação cultural, de que um grupo de pessoas, com
interesses comuns, elabore um estatuto, preencha os demais
requisitos legais exigidos e solicite registro, dessa vez à Delegacia
Regional do Trabalho. A sindicalização é o ato pelo qual o
profissional, preenchendo os requisitos necessários, solicitando a
sua admissão no sindicato de sua categoria ou classe.

 Uma vez filiando-se de forma voluntária ao seu sindicato, o


indivíduo assume também o compromisso de pagar as
mensalidades ou anuidades exigidas pelo órgão. Se a sindicalização
é livre, também terá que ser livre a filiação das pessoas da mesma
categoria ou profissão à associação profissional.
Entidades Nacionais da Enfermagem

 Outra distinção importante é o voto nas eleições sindicais, que é


obrigatório a todos os sindicalizados, conforme previsto na CLT
(Art. 529).

 A diretoria e o Conselho Fiscal de sindicatos são eleitos pela


assembleia geral, enquanto que na associação profissional não
existe a obrigatoriedade aos associados de votar, cabendo à
entidade convocar eleições, pautando-se por seu próprio estatuto,
dado que a CLT só dispõe sobre eleições para os sindicatos.

 De acordo com Santos (2012), a lei que trata do exercício


profissional da enfermagem é de no 7.498, de 25 de junho de
1986, regulamentada pelo Decreto 94.406, de 08 de junho de
1987.
Atual Lei do Exercício Profissional
da Enfermagem
 Ela dispõe, em seu art. 1º, que “é livre o exercício da
enfermagem em todo o território nacional, observadas as
disposições legais desta lei”.

 Esta lei responde a duas questões muito importantes para a


enfermagem, de acordo com o autor:
a) em que consiste o exercício da enfermagem?
b) quem pode exercer legalmente a profissão de
enfermagem no País?

 Este Decreto também descreve as atividades privativas do


enfermeiro e aquelas que ele deve realizar como integrante da
equipe de saúde.
Atual Lei do Exercício Profissional
da Enfermagem
 Portanto, aquele que não possui um desses títulos não pode
exercer a enfermagem. Ainda conforme Santos (2012), em
virtude da carência de recursos humanos de nível médio nessa
área, entretanto, a Lei 7.498/96, no art. 23, permitiu que o
pessoal sem formação específica, como atendentes e agentes de
saúde, que se encontrava executando tarefas de enfermagem,
continuasse nessa atividade, desde que autorizado pelo
Conselho Federal de Enfermagem.

 Embora essa autorização devesse expirar em junho de 1996,


teve seu texto alterado pela Lei 8.967, de 28‐12‐1994,
assegurando aos atendentes de enfermagem admitidos antes da
sua vigência o exercício de atividades elementares de
enfermagem.
Atual Lei do Exercício Profissional
da Enfermagem
 Neste sentido, observa-se que não existe prazo legal que obrigue
as pessoas amparadas pela Lei 8.967/94 a buscar uma formação
específica.

 O Ministério da Saúde, preocupado com o problema, mediante


projeto de grande alcance social, como o Projeto de
Profissionalização dos Trabalhadores da Área de Enfermagem
(Profae), profissionalizou esses trabalhadores, atendentes de
enfermagem e outros agentes de saúde, reduzindo o percentual
de pessoas não qualificadas de 65% para 35% (SANTOS, 2012).
Atual Lei do Exercício Profissional
da Enfermagem
A titularidade constitui, pois, condição de capacidade
técnica para o exercício profissional em qualquer
profissão. Daí a importância que a lei confere à
qualificação ou ao título profissional de acordo com o
grau de preparo e formação. Por isso, na divisão do
trabalho de enfermagem, as atividades mais complexas
e de maior responsabilidade foram atribuídas aos
enfermeiros, profissionais de maior preparo acadêmico
(SANTOS, 2012, p. 03).
Atual Lei do Exercício Profissional
da Enfermagem
 Legalmente, o técnico de enfermagem exerce atividade de nível
médio, envolvendo orientação, intervenção mediante cuidados
prescritos pelos médicos, participação no planejamento da
assistência de enfermagem, cabendo-lhe especialmente
participar da programação da assistência de enfermagem, de
acordo com as seguintes ações:

a) executar ações assistenciais de enfermagem, exceto as


privativas do enfermeiro, observado o disposto no parágrafo
único do Art. 11º da lei no 7.498/96;
b) participar da orientação e supervisão do trabalho de
enfermagem em grau auxiliar; e,
c) participar da equipe de saúde.
• Art. 79 – A caracterização das infrações éticas e
disciplinares e a aplicação das respectivas penalidades
regem-se por este Código, sem prejuízo das sanções
Clique para editar o estilo previstas em outros dispositivos legais.
do título mestre • Art. 80 – Considera-se infração ética a ação, omissão ou
conivência que implique em desobediência e/ou
Capítulo VII inobservância às disposições do Código de Ética dos
Das Infrações e Penalidades Profissionais de Enfermagem.
• Art. 81 – Considera-se infração disciplinar a inobservância
das normas dos Conselhos Federal e Regionais de
Enfermagem.
• Art. 82 – Responde pela infração quem a cometer ou
concorrer para a sua prática, ou dela obtiver benefício,
quando cometida por outrem.
• Art. 83 – A gravidade da infração é caracterizada através da
análise dos fatos e causas do dano, suas conseqüências e
dos antecedentes do infrator.
• Art. 84 – A infração é apurada em processo instaurado e
conduzido nos termos deste Código.
• Art. 85 – As penalidades a serem impostas pelos
Conselhos Federal e Regionais de Enfermagem,
conforme o que determina o Art. 18, da Lei nº
5.905, de 12 de julho de 1973, são as seguintes:
I – Advertência verbal.
II – Multa.
III – Censura.
IV – Suspensão do exercício profissional.
V – Cassação do direito ao exercício profissional.
• Art. 88 – As infrações serão consideradas leves, graves ou gravíssimas,
conforme a natureza do ato e a circunstância de cada caso.
Parágrafo primeiro – São consideradas infrações leves as que ofendam a
integridade física, mental ou moral de qualquer pessoa, sem causar
debilidade.
Parágrafo segundo – São consideradas infrações graves as que provoquem
perigo de vida, debilidade temporária de membro, sentido ou função em
qualquer pessoa.
Parágrafo terceiro – São consideradas infrações gravíssimas as que
provoquem morte, deformidade permanente, perda ou inutilização de
membro, sentido, função ou ainda, dano moral irremediável em qualquer
pessoa.
• Art. 89 – São consideradas circunstâncias atenuantes:
I – Ter o infrator procurado, logo após a infração, por
sua espontânea vontade e com eficiência, evitar ou
minorar as conseqüências do seu ato.
II – Ter bons antecedentes profissionais.
III – Realizar atos sob coação e/ou intimidação.
IV – Realizar atos sob emprego real de força física.
V – Ter confessado espontaneamente a autoria da
infração
• Art. 90 – São consideradas circunstâncias agravantes:
I – Ser reincidente.
II – Causar danos irreparáveis.
III – Cometer infração dolosamente.
IV – Cometer infração por motivo fútil ou torpe.
V – Facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a
impunidade ou a vantagem de outra infração.
VI – Aproveitar-se da fragilidade da vítima.
VII – Cometer a infração com abuso de autoridade ou
violação do dever inerente ao cargo ou função.
VIII – Ter mais antecedentes pessoais e/ou
profissionais.
Direitos e Garantias Fundamentais
ao Homem
 De acordo com Mafra (2005, p. 01), “O reconhecimento dos
direitos fundamentais do homem é matéria recente em
enunciados explícitos. São prerrogativas que os indivíduos têm
em face do Estado Constitucional, onde o exercício dos poderes
soberanos não pode ignorar um limite para atividades, além do
qual se invade a esfera jurídica do cidadão”.

 Em eras passadas, os bens pertenciam a todos, conjuntamente.


Havia uma comunhão democrática de interesses. Não havia
poder dominante nem subordinação. O progresso, bem-vindo e
necessário, trouxe, em contrapartida, a propriedade privada e
com ela uma forma de subordinação, onde aquele que detém a
propriedade impõe seu domínio.
Direitos e Garantias Fundamentais
ao Homem
 Como afirma o autor, ao longo da evolução observaram-se
várias formas de declarações de direitos, mas com elas surgiram
também um movimento social em defesa da liberdade contra o
arbítrio e o poder. As revoluções históricas, então, buscaram
libertar o homem, a exemplo do pensamento iluminista da
França, no século XVIII, e a independência americana.

 A primeira declaração de direitos surgiu na Virgínia, de 12 de


junho de 1776, seguida por outros estados norte-americanos.
Em 1789 surgiu a “Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão”, advinda da Revolução Francesa, que influenciou
fortemente o desenvolvimento histórico do mundo
Direitos e Garantias Fundamentais
ao Homem
 A primeira Constituição no Brasil data de 1824. Desde então, em
todas as suas modificações, ela contempla a declaração dos
direitos dos brasileiros e dos estrangeiros residentes no País. De
acordo com Mafra (2005), não bastava a simples existência das
declarações de direitos, mas buscou-se, sobretudo, assegurar a
efetividade de tais direitos mediante recursos jurídicos.

 O cidadão tem seus direitos garantidos pela Constituição


Federal. Contudo, estes direitos são negados constantemente,
fazendo que a Lei Maior perca sua autoridade, assim como os
cidadãos perdem direitos e a esperança de melhoria da sua
condição de vida.
Direitos Fundamentais do Cidadão

 De acordo com Canotilho (1999 apud LORA, 2014), as


expressões ‘direitos do homem’ e ‘direitos fundamentais’ são
continuamente usadas como sinônimos. Porém, ambas se
distinguem em função de sua procedência e significado. Os
direitos do homem são aqueles válidos para todos os povos, em
todas as épocas.

 Quanto aos direitos fundamentais são aqueles garantidos


jurídica e institucionalmente. Ou seja, os direitos do homem são
inerentes à natureza humana e, neste sentido, seu caráter é
inviolável, intemporal e universal, enquanto os direitos
fundamentais são aqueles objetivamente vigentes em uma
ordem jurídica concreta.
Direitos Fundamentais do Cidadão

 São direitos derivados das aspirações sociais por igualdade e não


pregam a distinção de cor, raça, sexo ou ideologia política. Estes
direitos são extremamente necessários ao homem, para que
este possa viver com dignidade, em comunhão com a sociedade.

 Já por garantias fundamentais, segundo Mafra (2005), podem-se


entender os meios processuais disponíveis para fazer valer os
direitos fundamentais dos seres humanos presentes naquele em
cada país.
Características dos Direitos e
Garantias Fundamentais
 Os direitos e garantias fundamentais possuem características
que garantem a sua efetivação. Estas podem ser elencadas
como:

a) imprescritibilidade: garante que os direitos e garantias


fundamentais não se extinguem com o percurso de tempo;

b) inalienabilidade: impossibilita a transferência desses direitos,


seja de forma gratuita ou onerosa;

c) irrenunciabilidade: impossibilita a renúncia de tais direitos,


garantindo a preservação dos mesmos e impedindo a perca
deles de forma arbitraria. Como exemplo temos a proibição da
eutanásia e do aborto;
Características dos Direitos e
Garantias Fundamentais
d) inviolabilidade: garante o respeito aos direitos e garantias
fundamentais por parte de entidades e autoridades públicas,
sobre pena de sanções;

e) universalidade: caracteriza a abrangência total desses


direitos, englobando todas as pessoas sem qualquer forma de
distinção;

f) efetividade: prevê o empenho do poder público para a


efetivação de tais direitos, caracterizando a não satisfação
desses direitos com o simples objetivo abstrato;
Características dos Direitos e
Garantias Fundamentais
g) interdependência: toca a ligação existente entre todas estas
classes de direitos, pois todos eles contém basicamente a
mesma finalidade que é a dignidade da pessoa humana; e,

h) complementaridade: possibilita a interpretação dos direitos


e garantias fundamentais de maneira conjunta, pois todos
possuem a mesma finalidade criada pelo legislador
constituinte.
Direitos Fundamentais segundo a
Constituição Federal de 1988
 A Constituição Federal de 1988 se trata de uma Constituição
extremamente preocupada com o social, ou seja, com a
população de uma maneira geral.

 Os direitos fundamentais foram divididos em diversas áreas de


classificação, direitos individuais e coletivos, direitos sociais,
direitos de nacionalidade, direitos políticos e os direitos
relacionados à estruturação e organização dos partidos políticos,
a saber:

a) direitos individuais e coletivos: correspondem àqueles


direitos que são intimamente ligados à pessoa humana e sua
personalidade;
Direitos Fundamentais segundo a
Constituição Federal de 1988
b) direitos sociais: são aqueles direitos relacionados com
obrigatoriedade de determinados serviços por parte do Estado.
Sua principal função é zelar pela melhoria na qualidade de vida
das pessoas, buscando a igualdade entre os cidadãos, pois esta
constitui o pilar do Estado Democrático de Direito;

c) direitos de nacionalidade: todos os cidadãos brasileiros têm


um vínculo com o País, possibilitando as pessoas exigirem seus
direitos elencados na Constituição Federal perante o Estado;
Direitos Fundamentais segundo a
Constituição Federal de 1988
d) direitos políticos: é um conjunto de regras que tem a função de
disciplinar as formas de atuação da soberania popular. São direitos
que possibilitam as pessoas exigir liberdade de participação nos
negócios públicos dos Estados, para conferir os atributos da
cidadania, caracterizando um princípio democrático; e,

e) direitos relacionados à existência, organização e participação


em partidos políticos: os partidos políticos, são segundo a Lei
Maior, fundamentais para o exercício da democracia. Para
assegurar a igualdade entre as pessoas, se caracterizou a
liberdade de participação em partidos políticos, afirmando que
qualquer pessoa, desde que atenda aos critérios legais exigidos,
pode participar de qualquer partido político para democratizar o
sistema representativo.
Função dos direitos fundamentais

 Em relação à função dos direitos fundamentais, observam-se


duas óticas distintas: uma negativa e outra positiva. As negativas
podem ser caracterizadas como aquelas que proíbem a
participação de maneira indevida do Estado na vida particular das
pessoas, enquanto que, numa ótica positiva, pode-se afirmar que
é aquela possibilidade de exigência por parte da população para
que ocorra a efetivação de seus direitos constitucionalmente
protegidos, além da garantia de não agressão por parte dos
órgãos públicos.
As gerações dos direitos fundamentais

 Apesar de ter passado por várias gerações, os direitos


fundamentais ainda se encontram em evolução. Essas fases são
conhecidas como gerações dos direitos fundamentais. A primeira
dessas gerações se voltava exclusivamente para a questão dos
direitos do homem individual, com ideologia relacionada à
questão das liberdades.

 Como derivada desta, surge uma segunda geração, que se


portava de maneira distinta, visto que sua preocupação estava
mais relacionada aos interesses coletivos da sociedade. Essa
segunda geração veio complementar a geração anterior.
As gerações dos direitos fundamentais

 A preocupação com o social suscitou a criação de um grupo


de direitos mais voltados para a questão fraternal do
homem, derivando daí a criação do nome de geração dos
direitos fraternais. Essa geração se preocupava inteiramente
com a questão dos direitos de uma maneira generalizada.
Depois disto, surgiu a quarta geração, advinda da
necessidade de universalização dos direitos e garantias
fundamentais.

 Desta forma, a sociedade, de um modo geral, teria um


grupo de direitos exigidos e existentes em todo o mundo,
independente do país ou continente onde se encontre,
igualmente aos direitos relacionados na Declaração dos
Direitos Humanos.
Direitos Humanos

 A Declaração dos Direitos do Homem foi feita em 1948, e


constituiu um marco para toda a humanidade. É um
documento que reconhece todos os direitos e deveres,
designando à República a tarefa de proteger o cidadão,
tanto na sua pessoa como na sua família; propriedade e
trabalho.

 Tal acordo prega a igualdade entre todas as pessoas


habitantes deste planeta, sem qualquer forma de
discriminação.
Direitos Humanos

 Com este acordo surgiram inúmeras aspirações de uma nova


era na história da humanidade, pois se passou a valorizar a
natureza humana como um todo, sem restrições de
quaisquer gêneros.

 Entretanto, para que os Direitos Humanos tenham validade,


os países signatários devem seguir seus princípios nas suas
constituições, caso contrário, a declaração se tornará apenas
mais um texto utópico de igualdade.

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