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TÓPICO ESPECIAL
https://doi.org/10.1590/2177-6709.27.2.e22spe2
Ute E. M. SCHNEIDER-MOSER1,2,3
https://orcid.org/0000-0002-0460-6873
Lorenz MOSER1,2
https://orcid.org/0000-0001-6487-9251
Como citar: Schneider-Moser UEM, Moser L. Very early orthodontic treatment: when, why and how? Dental
Press J Orthod. 2022;27(2):e22spe2.
RESUMO
INTRODUÇÃO
A American Association of Orthodontists recomenda que crianças
tenham sua primeira consulta ortodôntica ao primeiro sinal de
um problema ortodôntico em desenvolvimento, sem ultrapassar
os sete anos de idade. As pesquisas têm demonstrado que certas
más oclusões podem se beneficiar de intervenções precoces, que
ajudam a reduzir a duração ou, até mesmo, evitam a necessidade
de um tratamento de maior complexidade e mais oneroso em um
estágio mais tardio — sem falar no efeito positivo na qualidade de
vida da criança, ao resolver problemas psicossociais relacionados à
má oclusão, como apontado por Artese1 em 2019.
Figura 1: Fotografias pré-tratamento, aos cinco anos de idade, evidenciam uma mordida
cruzada posterior no lado direito.
Figura 3: Boa estabilidade durante a fase de dentição mista, quatro anos após a ERM.
Figura 4: Boa estabilidade na dentição permanente aos 16 anos de idade, 8 anos após a ERM.
Figura 5: Paciente com seis anos de idade apresentando uma significativa má oclusão de
Classe III, com mordida cruzada anterior.
Figura 6: Após quatro semanas de ERM com uma ativação diária, uma máscara facial foi
utilizada 12 horas/dia por oito meses.
Figura 7: Após o tratamento interceptivo precoce de Classe III, não foi necessário qualquer
tratamento ortodôntico subsequente.
Figura 8: Paciente de cinco anos de idade, com mordida cruzada anterior e mordida pro-
funda devido ao crescimento facial de Classe III hipodivergente.
Figura 9: Tratamento precoce realizado apenas com dois elásticos de Classe III ( 20h/dia ) dos
segundos molares superiores decíduos até os caninos inferiores, por seis meses.
MÁ OCLUSÃO DE CLASSE II
Mesmo que as evidências sobre os benefícios do tratamento pre-
coce da má oclusão de Classe II sejam notáveis, parece haver uma
grande lacuna entre o conhecimento científico existente e sua
aplicação clínica. Apesar de inúmeros estudos bem executados
revelarem que a abordagem em duas fases não é mais efetiva
Figura 11: Paciente com sete anos de idade, apresentando mordida aberta dentária, com
atresia maxilar e retrusão mandibular, desencadeando uma relação oclusal de Classe II.
Figura 14: Paciente de oito anos de idade com má oclusão de Classe II completa, ausência
de selamento labial e toque dos incisivos inferiores no palato, que sofria bullying na escola.
Figura 15: Após a ERM, foi utilizado um ativador van Beek durante a noite e foram aplica-
dos elásticos de Classe II nos botões de resina colados, com uso diurno por 12 meses.
MORDIDA ABERTA
O tratamento ortodôntico precoce bem-sucedido das mordi-
das abertas depende predominantemente da sua etiologia70-72.
Bons resultados são alcançados se a etiologia principal da mor-
dida aberta for devida à atresia transversa da maxila e fatores
dentais causados por projeção lingual, incompetência labial ou
hábitos deletérios. Na presença de padrão de crescimento pre-
dominantemente dolicofacial, o tratamento precoce por meio
de ERM ou expansão lenta (Joho-plate) pode não ser efetivo
para controlar o crescimento maxilar para baixo e para a frente.
Se tal abordagem precoce for escolhida, a função respiratória
normal dever estar obrigatoriamente presente. Gracco et al.73
relataram a recidiva da mordida aberta quando o tratamento
Figura 18: Após nove meses de ERM para correção de mordida cruzada posterior unilateral
aos sete anos de idade, foi necessária terapia miofuncional concomitante para fechamento
da mordida por meio da eliminação da interposição lingual persistente.
Figura 20: Nove meses após a ERM e terapia com lip bumper, foram colados braquetes (3x3)
em ambas as arcadas, para alinhamento dos incisivos. Uma contenção lingual inferior (2x2) foi
colada após seis meses.
Figura 23: Após a extração de todos os caninos decíduos, a erupção dos primeiros pré-mo-
lares deve ser monitorada, sendo removidos imediatamente após sua erupção. A neces-
sidade de continuidade do tratamento ortodôntico deve ser reavaliada após a erupção
completa dos segundos molares.
CONCLUSÃO
O tratamento ortodôntico precoce (ou muito precoce) com apa-
relhos relativamente simples e baratos é uma modalidade efi-
ciente para uma variedade de más oclusões, como: mordidas
cruzadas posteriores, Classe III leves a moderadas com retru-
são maxilar, mordidas abertas dentárias e esqueléticas leves, e
Classe II severas associadas a alterações transversais ou verti-
cais. Esses tratamentos interceptivos devem ser encarados como
“intervenções de curto prazo” para redirecionar o crescimento
discrepante, em tratamentos com duração de 9 a 15 meses, sem
comprometer a colaboração da criança. Muito frequentemente,
esses tratamentos limitados podem reduzir a duração, o descon-
forto e os custos de uma segunda fase de tratamento corretivo
mais abrangente, com aparelho fixo ou com alinhadores, ou, no
melhor cenário, evitar a necessidade de uma segunda fase de
tratamento. No entanto, em pacientes com discrepâncias sig-
nificativas de tamanho dentário/comprimento das arcadas, em
vez de iniciar um tratamento precoce de expansão por meio da
ERM associada ao lip bumper inferior, o tradicional protocolo de
extrações seriadas não deve ser negligenciado, pois seus bene-
fícios para certos pacientes são inegáveis.
Escrita do artigo:
UEMSM
Ute E. M. Schneider Moser (UEMSM)
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