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CENTRO UNIVERSITÁRIO MAURÍCIO DE NASSAU

UNINASSAU
DISCIPLINA: ORTODONTIA/ 8º PERÍODO
PROFª JULIANA DIAS MARTINS

Princípios da movimentação dentária


ortodôntica

Recife
2020
A visão biomecânica do tratamento ortodôntico
propiciará o planejamento do melhor sistema de
forças a ser empregado, tanto no sentido da
forma de sua aplicação, como na quantificação
da carga, interpretando de que modo ocorre a
distribuição de pressões no ligamento
periodontal.
O conhecimento da biomecânica do
movimento dental promove maior
eficiência terapêutica, isto é, tratamentos
mais rápidos e indolores, com mínimos
danos aos dentes e tecidos de suporte,
mais econômico, com poucos efeitos
colaterais e, portanto, resultados mais
agradáveis e duradouros.
Os dentes humanos estão ligados aos
maxilares por uma articulação diversa de
todas encontradas no organismo, a
articulação alvéolo-dental. Essa junção é
promovida pelo periodonto de inserção,
representado por cemento, ligamento
periodontal e osso alveolar.
CEMENTO: não é vascularizado e consequentemente,
pouco modificado pelos estímulos da função mastigatória
ou por cargas de pressão e tensão. É a porção do
periodonto de inserção menos reativa às forças decorrentes
do tratamento ortodôntico

LIGAMENTO PERIODONTAL: ocupa o espaço de cerca


de 0,5mm entre a parede do alvéolo e o cemento e é o
responsável pela articulação dental. É constituído
principalmente por fibras colágenas inseridas de um lado no
cemento radicular e do outro no osso alveolar, sendo
entremeadas por vasos sanguíneos, elementos celulares,
terminações nervosas e fluido intersticial.
OSSO ALVEOLAR: pode ser dividido em duas partes:
porção fasciculada (lâmina dura), que reveste a superfície
interna do alvéolo e porção lamelar (osso esponjoso). A
porção fasciculada recebe, à semelhança do cemento, a
inserção das fibras periodontais.

O periodonto de inserção exerce


importante papel na estabilização do dente
durante os esforços funcionais!!!
Em A o dente se encontra em repouso e as fibras periodontais apresentam tônus normal. Sob
a ação de uma força de intrusão, que em geral dura menos de 1 segundo (B), as fibras
periodontais periféricas são distendidas, enquanto que as apicais são comprimidas. A ação
das fibras do ligamento + pressão hidráulica gerada pelo fluido intersticial devolvem o dente
à posição inicial assim que a carga é retirada (C).
Na figura A, o dente está em situação de repouso. Na figura B, inicia-se a força
ortodôntica (suave e contínua) e o dente desloca-se no interior do alvéolo,
entretanto este movimento é contido pelos ligamentos periodontais
(distendidos do lado esquerdo e comprimidos do lado direito) e pelo líquido
intersticial. Caso a força seja mantida (figura C), o dente se aproxima-se ainda
mais da parede alveolar, o que provoca um processo inflamatório periodontal.
As reações teciduais locais levarão à remodelação óssea do alvéolo e
consequente migração dental (figura D).
A movimentação ortodôntica
depende da capacidade das
células periodontais em
responder a estímulos
mecânicos, os quais geram
alterações teciduais que, em
conjunto com a ativação de
mediadores químicos,
resultam em remodelação
óssea.
A remodelação óssea pode ser explicada pela teoria de pressão-
tensão. Quando se aplica uma força sobre um dente, ele se desloca no
espaço do ligamento periodontal, produzindo áreas de pressão e tensão
no tecido conjuntivo periodontal.

No lado da pressão, onde a raiz dentária aproxima-se do alvéolo,


altera-se o fluxo sanguíneo e a resposta é a reabsorção óssea. No lado
da tensão, onde a raiz dentária afastou-se da superfície do osso
alveolar, ocorre a aposição óssea. Essas reações teciduais visam à
manutenção do espaço do ligamento periodontal.
No lado da pressão os osteoclastos são os responsáveis pela
reabsorção óssea. Já no lado da tensão os osteoblastos intensificam
seu trabalho de aposição óssea.
Para facilitar o entendimento de como ocorre a movimentação
ortodôntica, podemos dividir as reações fisiológicas decorrentes da
aplicação de forças suaves de acordo com o tempo:

- 1 segundo – pequena deflexão do processo alveolar;


- 1 a 2 segundos – compressão do tecido tissular do ligamento periodontal e
movimentação dentária na largura do ligamento periodontal;
- 3 a 5 segundos – compressão parcial dos vasos sanguíneos no lado da
pressão e dilatação no lado da tensão;
- Minutos – alteração no fluxo sanguíneo e na oxigenação do ligamento
periodontal;
- Horas – alterações metabólicas com início da diferenciação celular e do
ligamento periodontal;
- 2 dias – início da remodelação óssea e da movimentação dentária.
De modo geral a magnitude da força pode ser
classificada em: inócuas, leves e pesadas.
A maneira como a força sensibiliza o ligamento
periodontal depende da sua intensidade, mas
também do comprimento da raiz dentária, da
quantidade de suporte periodontal e do tipo de
movimentação dentária. A magnitude da força
define diferentes reações teciduais nos tecidos de
sustentação dentária.
1- Forças inócuas: forças cuja magnitude é tão pequena que
são incapazes de deflagrar qualquer movimentação ortodôntica.

2- Forças leves: força capaz de iniciar a movimentação


ortodôntica, conhecida como FORÇA ÓTIMA. Proporciona uma
movimentação dental rápida, com mínimo desconforto para o
paciente (duração de 1 a 3 dias) e sem dano tissular (perda óssea
ou reabsorção radicular excessiva).

3- Forças pesadas: força capaz de produzir muitas áreas de


HIALINIZAÇÃO na face de compressão do ligamento periodontal,
mantendo o dente imóvel por um longo período de tempo.
Aumentando a carga sobre o dente, observa-se
que em algumas áreas do ligamento periodontal
ocorre uma concentração de tensões, com
pressionamento excessivo dos tecidos
periodontais.
Nestas regiões , do lado da compressão
ligamentar, a circulação sanguínea se tornará lenta
ou quase nula, gerando degeneração ou necrose
estéril das fibras periodontais e conseqüente
anorexia celular. Este fenômeno é conhecido por
HIALINIZAÇÃO.
Caso a força seja mantida
por alguns dias, a área de
osso reabsorvido cresce
progressivamente
atingindo a cortical
alveolar, até que está
também seja retirada.
Neste momento o dente
desloca-se subitamente
para a nova posição, após
vários dias de estagnação.
1-DOR: persistente por vários dias,
com dificuldade de mastigação;
FORÇAS PESADAS SÃO 2- MOBILIDADE DENTAL: gerado pela
PATOLÓGICAS E PODEM movimentação repentina do dente;
OCASIONAR OS
SEGUINTES DISTÚRBIOS: 3-REAÇÕES PULPARES: em sua
maioria reversíveis;
4- ALTERAÇÕES RADICULARES:
reabsorção apical em torno e 1 a
2mm;
5- ALTERAÇÕES NA CRISTA ÓSSEA
ALVEOLAR: em geral abaixo de
0,5mm.
OBSERVAÇÃO:
O aparelho de disjunção palatina se vale de forças contínuas de alta intensidade
para provocar necrose estéril dos tecidos periodontais (hialinização). Com isso
os dentes não se movem e a força provoca a abertura da sutura palatina
mediana!!!
1- Força contínua: são provenientes do aparelho fixo e se
iniciam imediatamente após a ativação do mesmo, mantendo-
se com a mesma magnitude durante todo o período de ação.

2- Força contínua dissipante: mesma característica da força


contínua, porém a magnitude decai ao longo do período de
ativação. Esse tipo de força é o mais utilizado durante o
tratamento ortodôntico.

3-Força intermitente: são aplicadas por aparelhos removíveis.


Durante o período de ativação há momentos de ausência total
de magnitude e outros momentos com presença de aplicação
de força. Neste caso, as lesões teciduais são menores, já que
o periodonto possui longos períodos de recuperação.
Todo corpo tem um ponto conhecido como Centro de Massa. Este
ponto, como diz o próprio nome, é o ponto central da massa deste
objeto, quando livre de qualquer influência (Ex: livre da ação da
gravidade). No caso dos dentes, como os mesmos não estão
livres no espaço e sim rigidamente fixados em sua porção
radicular pelo periodonto, um ponto correspondente ao centro de
massa utilizado é o: CENTRO DE RESISTÊNCIA.
Burstone, com auxílio de imagens holográficas geradas
por raio laser afirmou que os centros de resistência dos
dentes unirradiculares e multirradiculares estão:
Sempre que a linha de ação de uma força passar sobre
o CENTRO DE RESISTÊNCIA de um corpo, este sofrerá
movimento paralelo ao longo eixo, chamado de
TRANSLAÇÃO.

Entretanto, em muitas situações, a linha de ação da


força passa distante do CENTRO DE RESISTÊNCIA e
sempre que isso ocorre, será gerada uma tendência de
rotação do corpo, também conhecida por MOMENTO.
Quanto mais
distante do centro
de resistência
e maior a
intensidade da
força, maior será a
magnitude
do MOMENTO de
rotação.
Durante o tratamento ortodôntico, os dentes podem desenhar os
seguintes movimentos:

- INCLINAÇÃO
- ANGULAÇÃO
- TRANSLAÇÃO
- ROTAÇÃO
- EXTRUSÃO
- INTRUSÃO
- TORQUE
MOVIMENTO DE INCLINAÇÃO:

É um movimento
facilmente obtido pelo
ortodontista. Quando se
aplica uma força simples
na coroa, o dente inclina-
se no sentido
vestibulolingual, alterando
a direção do seu longo
eixo.
MOVIMENTO DE ANGULAÇÃO:

É o movimento que
promove a mudança da
direção do longo eixo do
dente no sentido
mesiodistal.
MOVIMENTO DE TRANSLAÇÃO OU DE CORPO:

É o movimento dentário que ocorre sem alterar a direção


do longo eixo, com a coroa e a raiz deslocando-se na
mesma direção e na mesma magnitude.
MOVIMENTO DE ROTAÇÃO:

É o movimento de
rotação axial de um
dente em torno do seu
longo eixo, quando
visualizado por oclusal.

BINÁRIO
MOVIMENTO DE EXTRUSÃO:

É o movimento
dentário que acontece
em direção oclusal. É
um movimento simples,
uma vez que se
processa em direção
oposta à superfície
óssea.
MOVIMENTO DE INTRUSÃO:
Movimento inverso ao da extrusão, em direção ao ápice
dentário. É um dos movimentos mais difíceis de serem
alcançados pelo ortodontista, pois o dente é impulsionado
contra a superfície do osso alveolar.
MOVIMENTO DE TORQUE (TORÇÃO):

Movimento da raiz dentária. Esse movimento somente


pode ser realizado mediante o uso de aparelhos fixos com
fios retangulares.
REFERÊNCIAS

1- ORTODONTIA: DIAGNÓSTICO E PLANEJAMENTO


CLÍNICO. Flávio Vellini Ferreira

2- INTRODUÇÃO À ORTODONTIA: SÉRIE ABENO.


Guilherme Janson e Daniela Gamba Garib.

3- AULA
DÚVIDAS???

julianadiasmartins19@gmail.com

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