Você está na página 1de 8

Artigo Inédito

Modificação do Aparelho Pendulum/Pend-X.


Descrição do Aparelho e Técnica de Construção
Pendulum/Pend-X Appliance Modification. Its Description and
Construction Techniques

Resumo Introdução
O presente artigo tem por finalidade O diagnóstico da má-oclusão de Clas-
apresentar uma modificação na constru- se II, constitui-se em um elemento de vi-
ção do aparelho Pendulum/Pend-x visan- tal importância em função do plano de
do facilitar o mecanismo de ativação e tratamento e da mecânica que deve ser
Renato Rodrigues
reativação das molas para distalização dos preconizada. Os avanços recentes nos
de Almeida molares superiores. A grande vantagem materiais ortodônticos, bem como as al-
verificada com esta modificação encontra- terações nos conceitos de tratamento
se relacionada à possibilidade de remoção têm revelado uma diminuição
das molas intrabucais e posterior ativação significante das extrações dentárias em
fora da cavidade bucal. No aparelho casos com discrepâncias suaves ou mo-
Pendulum original, realizam-se as ativa- deradas. Quando a Classe II encontra-se
ções intrabucalmente com o emprego de relacionada com fatores dentários, asso-
dois alicates simultaneamente, sendo de ciada à protrusão da maxila, tornam-se
difícil execução, em função do acesso re- necessários para seu tratamento, extra-
duzido, acarretando em lesões na mucosa ções dentárias ou distalização dos mo-
da região do palato mole e falta de con- lares superiores.
trole do movimento dos molares. Deste A Classe II representa cerca de 42% dos
modo, deve-se remover o aparelho e jovens na faixa etária entre 7 a 11 anos,
reativá-lo fora da cavidade bucal, e en- segundo SILVA FILHO et al.20. Observa-se
tão, fixá-lo novamente, implicando no esta alta prevalência nos levantamentos
aumento do tempo de atividade clínica. epidemiológicos das más-oclusões, o que
Assim, no aparelho modificado, as molas explica o interesse dos pesquisadores no
são reativadas extrabucalmente, permitin- seu estudo e nas tentativas de elaborar
do uma avaliação mais precisa das dobras formas mais adequadas de tratamento.
de pré-ativação, proporcionando um me- A grande controvérsia relaciona-se
lhor controle durante a distalização dos com a definição da participação dos com-
molares. ponentes esqueléticos e dentários

Renato Rodrigues de Almeida A


Marcio Rodrigues de Almeida B
Acácio Fuziy C
José Fernando Castanha Henriques D

A
Professor Doutor da Disciplina de Ortodontia da Faculdade de Odontologia de Bauru-USP; Professor Responsável
Unitermos: pela Disciplina de Ortodontia em nível de graduação e Coordenador do Curso de Pós-graduação (Especialização)
Tratamento da da Faculdade de Odontologia de Lins - UNIMEP e Professor Titular de Ortodontia da UNICID.
Classe II; B
Especialista, Mestre e Doutorando em Ortodontia pela Faculdade de Odontologia de Bauru-USP e Professor da
Distalização dos Disciplina de Ortodontia ao nível de Graduação e Especialização da Faculdade de Odontologia de Lins - UNIMEP.
molares superiores;
C
Especialista, Mestre em Ortodontia pela Faculdade Odontologia de Araraquara-UNESP e Doutorando pela
Faculdade de Odontologia de Bauru-USP..
Aparelho Pendulum- D
Professor Titular e coordenador do curso de Doutorado da Disciplina de Ortodontia da Faculdade de Odontologia
Pend-X. de Bauru - USP.

Rev Dental Press Ortodon Ortop Facial - v.4, n.6, p.12-19 - nov./dez. - 1999 12
envolvidos nessa má-oclusão. Em periores para uma relação molar e de Revisão da Literatura
1980, MOYERS et al.17, identificaram incisivos normais, sem alterar a rela- Em 1980, MOYERS et al.17 com-
dentro de uma amostra de Classe II, ção esquelética favorável, a dimensão provaram que “Classe II” é uma desig-
levando-se em consideração o plano vertical ou deslocar o arco inferior. nação altamente subjetiva e propuse-
horizontal, seis subgrupos reconheci- Nestes casos está indicado o movimen- ram um diagnóstico diferencial levan-
dos pelas letras A, B, C, D, E e F os to distal dos molares superiores que do-se em consideração os planos hori-
quais foram chamados de tipos. En- pode ser alcançado com a utilização da zontal e vertical. No plano horizontal,
tre esses, quatro são verdadeiras tração extrabucal e aparelhos removí- seis subgrupos foram reconhecidos e
síndromes de Classe II (B,C, D e E), veis, de acordo com CETLIN, TEN identificados pelas letras A, B, C, D, E,
possuindo características esqueléticas HOEVE 5 (1983); JECKEL, RAKOSI 12 F e chamados de tipos. Entre esses,
e dentárias distintas, padrões (1991), porém, depende da cooperação quatro são síndromes de Classe II ver-
morfológicos e de crescimento indivi- dos pacientes quanto ao uso dos me- dadeiras (B, C, D e E), possuindo ca-
duais. O tipo F, o maior observado, canismos. Mais recentemente, moda- racterísticas dentárias e esqueléticas
apresenta menos características lidades de tratamento que não depen- distintas. O tipo F, o subgrupo de mai-
esqueléticas de Classe II; porém não dem desta cooperação têm sido apre- or freqüência, é menos definido, apre-
se enquadra na má-oclusão de Clas- sentadas, dentre as quais incluem os senta menos características de Classe
se I. E finalmente, o subgrupo tipo A magnetos (GIANELLY et al. 6, 1989; II esquelética; porém, claramente, não
sem características esqueléticas, ape- BONDEMARK, KUROL2, 1992) e as mo- é Classe I. No plano vertical foram
nas dentárias. las superelásticas de níquel-titânio identificados cinco tipos de Classe II (1,
A má-oclusão de Classe II, 1ª di- (GIANELLY, BEDNAR, DIETZ8, 1991; 2, 3, 4 e 5) e não tão facilmente dife-
visão, apresenta distintas etiologias, JONES, WHITE13, 1992). renciáveis quanto os tipos horizon-
e o prognóstico, bem como a forma Em 1992, HILGERS11 desenvolveu tais. Destacaram as vantagens do tra-
de tratamento varia em função do um novo tipo de aparelho com a fi- tamento ortodôntico ser realizado bus-
diagnóstico diferencial. Atualmente, nalidade de promover a distalização cando-se, especificamente, a correção
muitas estratégias de tratamento es- dos primeiros molares e/ou segundos dos componentes que apresentarem
tão disponíveis para obtenção da cor- molares superiores, em pacientes não alterações.
reção do relacionamento ântero-pos- colaboradores. O aparelho apresenta- Com a finalidade de verificar a taxa
terior, vertical e transversal da Clas- va um botão acrílico de Nance no pa- de distalização de molares superiores
se II. Entre essas, podem-se citar os lato para a ancoragem e molas cons- utilizando os magnetos, GIANELLY et
vários tipos de tração extrabucal, truídas com fio de titânio-molibdênio al.6, em 1988, encontraram uma mo-
expansores, ortopedia funcional dos (TMA) que produzem uma força leve vimentação de 0,75-1,0 milímetro por
maxilares, extrações dentárias e a e contínua sobre os molares. As mo- mês em pacientes com segundos mo-
combinação da cirurgia e ortodontia. las para a distalização dos molares de- lares presentes. Comentaram sobre o
Entretanto, ainda é comum encontrar vem ser pré-ativadas, de modo a man- risco do movimento mesial médio dos
entre os profissionais, aqueles que terem-se paralelas a rafe palatina me- pré-molares de um milímetro e, que
utilizam uma ou duas dessas opções, diana e perpendicular ao corpo do esta perda de ancoragem poderia ser
dependendo da preferência pessoal, aparelho. Durante a desativação das controlada com a associação dos elás-
experiência ou sucesso. Cada aborda- molas, poderão ocorrer tendências de ticos de Classe II com 200 gramas de
gem, porém, difere com relação ao cruzamentos dos molares, rotações e força durante o período noturno. Ci-
efeito sobre as diversas regiões inclinações das coroas. A grande fle- taram que alguns pacientes mostra-
craniofaciais, estimulando, inibindo xibilidade do fio “TMA” e a própria ram uma pequena inflamação na re-
ou redirecionando o crescimento dos conformação da mola dificultam a gião do palato que geralmente desa-
maxilares (McNAMARA Jr.16, 1981). realização, dos procedimentos intrabu- parece após uma semana da remoção
Assim, torna-se de fundamental im- cais de reativação e de ajustes como ten- do aparelho.
portância a correta elaboração do di- tativa de minimizar os movimentos in- Um ano após, GIANELLY;
agnóstico diferencial para a determina- desejáveis. VAITAS; THOMAS7 (1989) apresen-
ção dos componentes que encontram- Portanto, objetivou-se com o pre- taram a utilização dos magnetos para
se envolvidos na má-oclusão de Classe sente trabalho apresentar uma modifi- a distalização dos molares e citaram
II, para que o tratamento seja cação do aparelho Pendulum/Pend-X como vantagem deste sistema que a
direcionado segundo as necessidades com a incorporação de molas de dista- cooperação do paciente não era neces-
do caso em questão (MOYERS18, 1991). lização removíveis, visando facilitar a sária neste tipo de terapia. Utilizava
As más-oclusões do tipo A apresen- realização dos procedimentos de ativa- os magnetos juntamente com o botão
tadas por MOYERS17 et al. devem ser ção e reativação, bem como de ajustes palatino de Nance cimentado nos pri-
tratadas com a retração dos dentes su- durante a mecânica. meiros pré-molares. O corpo de acrílico

Rev Dental Press Ortodon Ortop Facial - v.4, n.6, p.12-19 - nov./dez. - 1999 13
estendia-se até a região dos incisivos de fio com helicóide soldada nas ban- do aparelho era estabilizada de várias
suportados por meio de um fio solda- das, um segmento de fio servindo formas. Originalmente fez-se por meio
do na região dos pré-molares. Solda- como apoio oclusal nos primeiros pré- de apoios oclusais colados nos mola-
vam-se extensões bilaterais de fio molares ou primeiros molares res decíduos ou nos primeiros e segun-
.045” com alças em suas extremidades decíduos, uma placa de resina acrílica dos pré-molares. Mais recentemente, o
na vestibular das bandas dos pré-mo- e um parafuso expansor. A extensão método mais estável de retenção do
lares e desta forma as alças aproxima- de fio com helicóide promoveria uma aparelho consiste em bandas nos pri-
vam-se dos tubos dos molares. Por rotação e distalização dos molares meiros pré-molares ou primeiros mo-
meio de um fio de ligadura .014”, ati- superiores aproveitando-se da anco- lares decíduos e grampos de apoios
vava-se este sistema da alça até o gan- ragem oferecida pela resina. O para- oclusais nos segundos pré-molares.
cho mesial dos magnetos. O botão fuso expansor produziria a disjunção Estas extensões poderiam ser removi-
palatino de Nance funcionava como palatina, sendo ativado um quarto de das durante o tratamento, para per-
mecanismo de ancoragem minimizan- volta por dia. Realizavam-se peque- mitir o deslocamento natural dos se-
do a força de reação mesial dos nos desgastes nas extremidades da gundos pré-molares para a distal. Ha-
magnetos. resina para se evitar a compressão na vendo a necessidade de expansão
As molas de níquel-titânio vem mucosa e o aparelho era cimentado transversal, adapta-se um parafuso
sendo extensamente utilizadas na nos molares e colado com adesivos expansor na região mediana do pala-
ortodontia contemporânea. Desta for- nos primeiros pré-molares. A pré-ati- to, transformando-se no aparelho de-
ma, GIANELLY, BEDNAR, DIETZ8, vação do aparelho consistia de três nominado Pend-X, que nada mais é do
em 1991 descreveram que as molas etapas: 1) girar as bandas dos mola- que uma modificação do aparelho ori-
superelásticas de 100 gramas pode- res distalmente por meio dos helicói- ginal. Recomendou que as pré-ativa-
riam ser utilizadas para a distaliza- des, aproximadamente duas vezes a ções fossem realizadas externamente,
ção dos molares superiores com pou- rotação necessária; 2) colocar uma de maneira que as molas se tornassem
ca ou nenhuma cooperação dos pa- dobra em direção lingual na porção paralelas à linha mediana, em casos
cientes, produzindo um movimento vertical do fio que estende-se do acrí- que necessitassem de grandes distali-
de 1 a 1,5mm por mês. Para o contro- lico e dirige-se para as bandas; 3) in- zações e depois eram cimentados nas
le da ancoragem utilizava um botão corporar uma dobra de segunda or- posições. Observou que a utilização do
acrílico de Nance cimentado nos pri- dem nos molares. Recomendou que os aparelho por um período de três a qua-
meiros pré-molares. Adaptavam-se as pacientes fossem avaliados a cada tro meses poderia proporcionar um
molas entre os primeiros pré-molares duas semanas e após a correção de- movimento distal de cinco milímetros.
e os primeiros molares e ativavam-se veria ser estabilizado por três meses. No mesmo ano,, LOCATELLI et
aproximadamente em oito a dez mi- Apoiando-se na filosofia de trata- al.14(1992) apresentaram o uso do fio
límetros. Como reforço de ancoragem mento sem extração e com mínima co- de níquel-titânio superelástico
ajustava-se uma mola verticalizadora laboração do paciente, HILGERS11, “NeoSentalloy” para o movimento
na ranhura vertical dos braquetes dos em 1992 descreveu um novo mecanis- distal dos molares. Utilizava-se um
primeiros pré-molares e inclinavam- mo para o tratamento da má-oclusão arco superior “NeoSentalloy” de 100
se as coroas destes dentes para a de Classe II. Este aparelho denominou- gramas, sendo demarcado em três pon-
distal. Os elásticos de Classe II deve- se de “Pendulum” e, consiste de um tos, um na distal dos braquetes dos
riam ser empregados quando os se- botão de resina acrílica no palato, que primeiros pré-molares, outro cinco a
gundos molares estivessem irrompi- serve como ancoragem e molas cons- sete milímetros da abertura anterior do
dos proporcionando um suporte para truídas com fio de titânio-molibdênio tubo molar, e finalmente entre os in-
a ancoragem. .032”, as quais se encaixam nos tubos cisivos laterais e caninos. Colocaram
Segundo HILGERS10, em 1991, linguais dos molares, exercendo forças ganchos prensáveis em cada um des-
as correções das más-oclusões de moderadas e contínuas. As molas eram tes pontos e em um gancho para elás-
Classe II geralmente requerem uma contorneadas para adaptação no pa- ticos de Classe II entre os incisivos la-
expansão da maxila. Introduziu um lato, e possuíam uma pequena alça terais e caninos. Inseria-se o fio com o
aparelho de expansão maxilar híbri- horizontal para facilitar os ajustes, um gancho contra o tubo dos molares e
do que apresentava como vantagens helicóide, e uma alça para a retenção contra os braquetes dos primeiros pré-
a possibilidade de se realizar a no corpo de resina. A denominação do molares, sendo que o excesso era
disjunção palatina e a correção da aparelho baseava-se na forma com defletido em direção gengival e os
relação oclusal de Classe II com a mí- que estas forças eram geradas, como molares receberiam uma força distal
nima cooperação do paciente. Este se fosse um pêndulo, partindo da li- de 100 gramas enquanto que uma
aparelho consistia de duas bandas nha média do palato em direção aos força de reação era dissipada nos
nos primeiros molares, uma extensão molares superiores. A porção anterior pré-molares, caninos e incisivos. Os

Rev Dental Press Ortodon Ortop Facial - v.4, n.6, p.12-19 - nov./dez. - 1999 14
autores comentaram que a distaliza- dos molares. Os apoios oclusais de- 45º no centro dos helicóides em rela-
ção dos primeiros molares era mais efi- veriam ser colados em todos os mola- ção ao plano sagital, resultando
ciente quando os segundos molares res decíduos na dentadura mista, en- numa força distal inicial de 200 a
ainda não se encontravam irrompidos, quanto que na permanente, os pri- 250g. em molares superiores de 13
e quando os segundos molares esta- meiros pré-molares deveriam ser pacientes com idade de 8 a 13 anos e
vam presentes nos arcos, notava-se bandados e os apoios colados nos se- cinco meses. Dependendo do movi-
maior perda de ancoragem. Rotineira- gundos pré-molares. mento requerido, a ativação era re-
mente recomendaram o emprego do fio Com o intento de estudar os efei- petida uma ou duas vezes
.018” X .025”, de 200 gramas associa- tos do aparelho de “Pendulum” na intrabucalmente. Os parafusos
do aos elásticos de Classe II. distalização dos molares superiores expansores eram ativados cada 3 ou
Discutindo os procedimentos de e os efeitos recíprocos nos pré-mola- 4 dias, durante 4 semanas. Foram
distalização dos molares, MARTINS, res e incisivos, GHOSH, NANDA9 avaliadas as telerradiografias em nor-
MELO, MARTINS15, em 1996, des- (1996) utilizaram telerradiografias ma lateral inicial e após a remoção
creveram os aparelhos de Pendulum em norma lateral nas fases inicial e dos aparelhos. Os resultados mostra-
e o Pend-X como originalmente apre- após a distalização bilateral com o ram que este aparelho movimentou
sentado por Hilgers, na Ortodontia aparelho de “Pendulum” para a cor- os molares distalmente sem causar a
contemporânea, para a correção das reção da relação molar de Classe II, abertura da mordida e com pouca per-
más-oclusões de Classe II e, introdu- em 41 indivíduos, sendo 26 do sexo da de ancoragem dos incisivos.
ziram algumas modificações que tor- feminino e 15 do masculino. Deter- Compilando os resultados do pri-
nam o aparelho mais eficiente. A ex- minaram as mudanças esqueléticas, meiro estudo, BYLOFF, DARENDELI-
tensão do apoio oclusal dos primei- dentárias e de tecido mole. A dista- LER, DARENDELILER4 (1997) mo-
ros pré-molares para os caninos, pos- lização média verificada foi de 3,37 dificaram o aparelho “Pendulum” in-
sibilita a movimentação dos pré-mo- milímetros, com uma inclinação corporando-se as dobras de verticali-
lares sem que se necessite remover o distal de 8,36º. O movimento mesial zação de 10º a 15º em relação ao pla-
aparelho, o qual se torna uma anco- recíproco dos primeiros pré-molares no sagital, durante a segunda fase de
ragem maxilar. Os autores sugeriram, foi de 2,55 milímetros, com uma in- tratamento, ou seja após o movimen-
por motivos de preservação de anco- clinação mesial de 1,29º. O movi- to distal das coroas dos molares. As
ragem, a utilização das molas de mento de intrusão dos primeiros mo- molas eram ativadas ligeiramente
titânio-molibdênio inicialmente nos lares foi de 0,1 milímetro contra 1,7 para manter as posições dos molares
segundos molares, seguidos da sua milímetro dos pré-molares. Verifica- e ao mesmo tempo promoverem uma
estabilização com fios de aço inoxi- ram também um aumento na distân- correção, inclinando as raízes dos mo-
dável para aumento da unidade de cia entre as cúspides dos primeiros lares distalmente. Concluíram que: 1)
ancoragem. A seguir, aos tubos dos molares de 1,40 milímetro. Os se- a introdução das dobras de verticali-
primeiros molares ajustavam-se as gundos molares foram distalizados zação resultou na redução da incli-
molas empregadas anteriormente nos 2,27 milímetros; sofreram uma incli- nação dos molares e o aumento de
segundos molares. nação distal de 11,99º e uma expan- 64,1% no tempo de tratamento; 2) os
Em 1996, SNODGRASS21 apre- são de 2,33 milímetros. O efeito da efeitos dos aparelhos não mudaram
sentou um aparelho disjuntor palati- distalização sobre os terceiros mola- significantemente com a incorpora-
no que incorpora os componentes de res era variável. A irrupção dos se- ção das dobras de verticalização, em-
rotação e distalização do aparelho de gundos molares superiores tinha um bora tenha sido observado uma mai-
“Pendulum”, e que poderia ser usado mínimo efeito sobre a distalização or perda de ancoragem dos incisivos;
na dentadura mista e permanente dos primeiros molares. A altura facial 3) não havia diferença na perda de
como um adjunto nos tratamentos ântero-inferior aumentou 2,79 milí- ancoragem em pacientes com ou sem
das más-oclusões de Classe II. O apa- metros. Concluíram que o aparelho a realização da expansão e 4) a posi-
relho consistia de um parafuso ex- Pendulum constitui um método efe- ção do segundo molar não influen-
pansor de 11 milímetros, apoios oclu- tivo e seguro para a distalização dos ciou na quantidade de movimento
sais e molas de titânio-molibdênio de molares superiores, de fácil constru- distal ou na perda de ancoragem dos
.032”. O parafuso expansor e as mo- ção, não depende da cooperação do pré-molares e incisivos.
las eram envolvidos pelo acrílico, pois paciente e necessita de uma única
o fio de titânio-molibdênio não são ativação das molas. Descrição dos Aparelhos
passíveis de soldagem. As molas eram Em 1997, BYLOFF; DARENDELI- Para facilitar o entendimento do
pré-ativadas oito a dez milímetros LER3 (1997) avaliaram os efeitos leitor, descreveremos os dois métodos
distalmente. Os parafusos expanso- esqueléticos e dentários do aparelho de construção dos aparelhos Pendu-
res eram soldados na região mesial “Pendulum”. As molas eram ativadas lum/Pendex original e modificado.

Rev Dental Press Ortodon Ortop Facial - v.4, n.6, p.12-19 - nov./dez. - 1999 15
1 - Construção do aparelho melhor adaptação no rebordo alveolar muito agudas, pois o fio TMA é mais sus-
Pendulum/Pend-X original do palato, FIG. 4. Com a mola posicio- ceptível a fraturas nos locais onde o fio
Inicialmente bandam-se os primei- nada faz-se uma marcação na altura recebe uma pressão muito grande.
ros molares permanentes superiores; da luz do tubo lingual e finaliza-se, Todos os elementos constituintes do
em seguida são soldados tubos lin- simplesmente com uma dobra ou for- aparelho são fixados em suas posições
guais da marca ORMCO (código 672- mando-se uma pequena alça para a corretas. Os helicóides devem ser pro-
3672 ) ou similar nacional MORELLI inserção no tubo lingual, FIG. 5. Esta tegidos com cera 7 ou pegajosa para se
(código T1L-08), FIG. 1. Após a cimen- extensão é que será inserida no tubo evitar a sua incorporação na resina
tação das bandas, obtém-se o modelo lingual, portanto, deveremos deixá-la acrílica, FIG. 6.
de trabalho, no qual será realizado a passiva, tanto no sentido vestíbulo-lin- Na seqüência constrói-se o botão
confecção do aparelho. gual quanto vertical, para se evitar a palatino de Nance que deverá englo-
A fase laboratorial principia-se ocorrência de movimentos indesejáveis bar todos os elementos do aparelho,
com a construção dos apoios oclusais; dos primeiros molares. FIG. 7.
utilizando-se o alicate 139, dobra-se Para a obtenção da mola do lado Após o acabamento e polimento do
a extremidade de um segmento de oposto repetem-se os procedimentos aparelho, as molas deverão ser
5cm de fio ortodôntico 0,9mm sobre anteriormente citados, porém, preocu- ativadas até que fiquem paralelas a
a ponta piramidal para obter uma pando-se em preservar a simetria com sutura palatina mediana, FIG. 8. Tam-
dobra que constituirá o apoio oclusal. a mola construída primeiramente. bém devem ser realizadas as dobras de
Estes apoios oclusais deverão ser Na construção das molas é funda- anti-inclinação, para se ter um con-
adaptados às cristas marginais mesial mental evitar a formação de dobras trole maior sobre a inclinação distal
do primeiro pré-molar e distal do se-
gundo pré-molar, FIG. 2. Ocasional-
mente o apoio mesial poderá ser
substituído por uma banda no primei-
ro pré-molar que proporcionará o su-
porte ao aparelho.
O passo subseqüente será a con-
fecção das molas distalizadoras com
fio de titânio-molibdênio (TMA) .032”.
Com o alicate 139, realiza-se inicial-
mente uma dobra em forma de gota
FIGURA 1 - Bandas nos 1os molares com FIGURA 2 - Apoios oclusais nos pré-mo-
que constituirá a parte de retenção da tubos linguais. lares.
mola.
Posteriormente, com o fio posicio-
nado paralelo à sutura palatina media-
na faz-se uma demarcação na região
do primeiro molar permanente, a partir
do qual será construído o helicóide que
deverá ter aproximadamente 5-6mm de
diâmetro.
O próximo passo consiste em cons-
truir uma alça de 3-4mm de largura, dis- FIGURA 3 - Confecção do helicóide e da FIGURA 4 - Contorneamento para adap-
tante 3mm do helicóide, cujo objetivo alça. tação da mola no palato.
é aumentar o comprimento de fio, re-
duzindo assim, a relação carga/
deflexão e aumentando a flexibilida-
de. Este procedimento facilita a inser-
ção da extensão final da mola no tubo
lingual, assim como também permite
pequenos ajustes verticais e transver-
sais durante a avaliação da pré-ativa-
ção da mola, FIG. 3.
Confeccionada a alça, toda exten- FIGURA 5 - Alça de inserção no tubo lin- FIGURA 6 - Fixação dos elementos cons-
são deverá ser recurvada para uma gual. tituintes do aparelho.

Rev Dental Press Ortodon Ortop Facial - v.4, n.6, p.12-19 - nov./dez. - 1999 16
das coroas dos molares que normal- intercuspidações destes elementos den- 2 - A modificação do aparelho
mente ocorrem durante a distalização tários, FIG. 10. Pendulum/ PEND-X
com estes mecanismos, FIG. 9. O apa- As ativações realizadas permane- Este aparelho apresenta caracterís-
relho ativado deve ser testado, verifi- cerão por um período de aproximada- ticas semelhantes ao aparelho Pendu-
cando-se se não ocorreu alguma dis- mente 4 meses e tenderão a levar os lum descrito inicialmente, sendo com-
torção nas molas e em seguida fixa-se primeiros molares para a relação de posto, basicamente de: 1) uma placa
com resina fotopolimerizável sobre os Classe I, e dependendo da Classe II ini- de resina acrílica, que fica em contato
apoios oclusais, nas cristas marginal cial poderá ser necessário as reativa- com o palato; 2) apoios oclusais; 3)
mesial do primeiro pré-molar e distal ções das molas e que deverão ser rea- molas distalizadoras removíveis; 4)
do segundo pré-molar, levantando-se lizadas intrabucalmente com o empre- tubos de fixação das molas distaliza-
a oclusão o que facilita a distalização go simultâneo de dois alicates, segun- doras, FIG. 12.
dos molares pelo alívio das do a FIG. 11. A alteração proposta, diz respeito as
molas distalizadoras que são removí-
veis e no aparelho original idealizado
por Hilgers FIG. 13 encontram-se fixa-
das na resina acrílica.
A construção do aparelho segue
todos os passos do aparelho conven-
cional, porém para a fixação das mo-
las, incorpora-se durante a acrilização
do aparelho, duas extensões de 10mm
FIGURA 7 - Construção do botão palati- FIGURA 8 - Ativação da mola. de tubos telescópicos de aço inoxidá-
no de Nance.
vel .049”X .033” da marca TECNIDENT
(Código TT-009) posicionados para-
lelos a sutura palatina mediana,
FIG. 14.
Ativa-se as molas extrabucalmen-
te e após à fixação do aparelho são
inseridas nos tubos telescópicos e pos-
teriormente nos tubos linguais dos pri-
meiros molares. Durante a execução
deste procedimento deve-se tomar o
FIGURA 9 - Dobra de anti-inclinação. FIGURA 10 - Fixação do aparelho.

A B
FIGURA 11 - Reativação da mola. FIGURA 12A, B - Aparelhos Pendulum/Pend-x convencional e modificado.

FIGURA 13 - Molas distalizadoras remo- FIGURA 14 - Visualização dos tubos te- FIGURAS 15 - Colocação do “fio de
víveis. lescópicos. cordonê” na mola.

Rev Dental Press Ortodon Ortop Facial - v.4, n.6, p.12-19 - nov./dez. - 1999 17
cuidado de amarrar um pedaço de “fio mole. No intuito de se evitar este risco disponíveis da Classe II dentária,
de cordonê” na mola, FIG. 15 para se remove-se o aparelho e faz-se a reati- destaca-se o aparelho Pendulum que
evitar acidentes de ingestão da mes- vação fora da cavidade bucal, e então, proporciona uma distalização rápi-
ma caso venha a se soltar do apare- posteriormente fixa-se novamente, im- da dos molares superiores em um pe-
lho. Esta precaução é importante, pois plicando no aumento do tempo de ati- ríodo de aproximadamente 4 a 5
há relatos na literatura mostrando a vidade clínica. Além disso, quando as meses, empregando-se uma única
possibilidade da ocorrência de deglu- reativações são realizadas intrabucal- ativação. Porém, há situações clíni-
tição de instrumentos utilizados em mente, pode-se incorporar distorções cas que podem exigir a necessidade
endodontia (limas e grampos de iso- nas molas que dificilmente serão no- de reativações, que devem ser reali-
lamento absoluto), ALEXANDER & tadas, o que resulta em movimentos zadas intrabucalmente, surgindo os
DEWLHOM1 , em 1971 e, mesmo cha- indesejáveis, tais como, expansão, con- problemas quanto a dificuldade ine-
ves ativadoras de parafusos expan- tração, rotações, extrusão e intrusão rente com a região do palato mole e
sores, NAZIF & READY19 (1983) em Or- dos molares. a possibilidade de ocorrência de mo-
todontia. No aparelho modificado, este pro- vimentos indesejáveis, devido as dis-
A remoção das molas durante as blema é facilmente sanado, pois as torções que podem ser incorporadas
ativações é considerada a principal molas são reativadas extrabucalmente, nas molas, durante a realização des-
vantagem desta modificação. No apa- propiciando uma avaliação mais preci- tes procedimentos. Deste modo, com
relho Pendulum original, realizam-se sa das dobras de pré-ativação, resultan- o aparelho Pendulum/Pend-X modi-
as reativações intrabucalmente com o do num melhor controle dos movimen- ficado as reativações são executadas
emprego de dois alicates simultanea- tos dos molares. extrabucalmente, propiciando um
mente, sendo de difícil execução, de- melhor controle nas ativações e nos
vido ao pequeno acesso acarretando Considerações Finais movimentos dos molares durante a
lesões na mucosa da região do palato Entre as formas de tratamento distalização.

Abstract
This paper aims to present a Pendulum appliance, simultaneously way in the modified apparatus the
modification in the Pendulum/Pend-X intrabuccaly activations are done with springs are activated extrabuccaly,
appliance construction in view of helping the use of two pliers. This is hard to allowing a more precise evaluation of
forward the springs’ activation and accomplish due to reduced access, preactivation bends and providing a
reactivation mechanics to distalize the provoking lesions in the vellum better control during molars
upper molars. Related to the possibility palatinum mucosa and lack of molars distalization.
of intrabuccal springs removal and movement control. Therefore, the
subsequent activation out of oral cavity appliance should be removed and Uniterms: Treatment of Class II;
can be found the greatest advantage seen reactivated out of oral cavity, and Maxillary molars distalization; Pen-
with this modification. In the original subsequently cemented again. It this dulum-Pend-X appliance

Rev Dental Press Ortodon Ortop Facial - v.4, n.6, p.12-19 - nov./dez. - 1999 18
Referência Bibliográfica 09 - GHOSH, J.; NANDA, R. S. Evaluation of 18 - MOYERS, R. E.; BOOKSTEIN, F. L.;
na intraoral maxillary molar HUNTER, W. S. Análise do esqueleto
01 - ALEXANDER, R. E.; DELHOM, J. J. distalization technique. Am J Orthod craniofacial : cefalometria. In:
Rubber dam clamp ingestion, an Dentofacial Orthop, v.110, p.639- MOYERS, R.E. Ortodontia. 4.ed. Rio
operative risk : report of case. JADA, 46, 1996. de Janeiro : Guanabara Koogan,
v.82, n.6, p.1387-89, 1971. 10 - HILGERS, J. J. A palatal expansion 1991, p.208-53. Cap.12
02 - BONDEMARK, L.; KUROL, J. appliance for non-compliance 19 - NAZIF, M. M.; READY, M. A. Accidental
Distalization of maxillary first and therapy. J Clin Orthod, v.25, n.8, swallowing of orthodontc expansion
second molars simultaneously with p.491-7, 1991. appliance keys: report of two cases. J
repelling magnets. Eur J Orthod, 11 - HILGERS, J. J. The Pendulum appliance Dent Child, v.50, p.126-27, 1983.
v.14, p.264-72, 1992. for class II non-compliance therapy. J 20 - SILVA FILHO, O. G.; FREITAS, S. F.;
03 - BYLOFF, F. K.; DARENDELILER, M. A. Clin Orthod, v.26, n.11, p.706-14, CAVASSAN, A. O. Prevalência de
Distal molar movement using the 1992. oclusão normal e má oclusão na
pendulum appliance. Part 1. Clinical 12 - JECKEL, N.; RAKOSI, T. Molar dentadura mista em escolares da
and radiological evaluation. Angle distalization by intraoral force cidade de Bauru (São Paulo). Rev
Orthod, v.67, n.4, p.249-60, 1997. application. Eur J Orthod, v.13, Assoc Paul Cir Dent, v.43, p.287-90,
04 - BYLOFF, F. K.; DARENDELILER, M. A.; p.43-6, 1991. 1989.
DARENDELILER, A. Distal molar 13 - JONES, R. D.; WHITE, M. J. Rapid class II 21 - SNODGRASS, D. J. A fixed appliance for
movement using the pendulum molar correction with an open coil maxillary expansion, molar rotation,
appliance. Part 2. The effects of jig. J Clin Orthod, v.26, p.661-4, and molar distalization. J Clin Orthod,
maxillary molar root uprighting 1992. v.30, n.3, p.156-9, 1996.
bends. Angle Orthod, v.67, n.4, 14 - LOCATELLI, R. et al. Molar distalization
p.261-70, 1997. with superelastic NiTi wire. J Clin
05 - CETLIN, N. M.; TEN HOEVE, A. Orthod, v.26, n.5, p.277-9, 1992.
Nonextraction treatment. J Clin 15 - MARTINS, J. C. R.; MELO, A. C. M.;
Orthod, v.17, p.396-413, 1983. MARTINS, L. P. “Pendex” modificado:
06 - GIANELLY, A. A. et al. Distalization of um novo aparelho para distalização
molars with repelling magnets. J Clin dos molares superiores no tratamen-
Orthod, v. 22, n.1, p.40-4, 1988. to da má oclusão de classe II. J Bras Endereço para correspondência
07 - GIANELLY, A. A.; VAITAS, A. S.; Ortod, v.1, n.4, p.37-43, 1996.
THOMAS, W. M. The use of magnets 16 - McNAMARA, JR., J. A. Components of A/C Prof. Dr. Renato Rodrigues de
to move molars distally. Am J class II malocclusion in children 8-10 Almeida
Orthod Dentofacial Orthop, v.96, years of age. Angle Orthod, v.51, Departamento de Odontopediatria e
n.2, p.161-67, 1989. p.177-202, 1981. Ortodontia
08 - GIANELLY, A. A.; BEDNAR, J.; DIETZ, 17 - MOYERS, R. E. et al. Differential Faculdade de Odontologia de Bauru –
V. Japanese NiTi coils used to diagnosis of class II malocclusions. FOB-USP
move molars distally. Am J Orthod Part 1. Facial types associated with Al. Octávio Pinheiro Brisolla, 9-75
Dentofacial Orthop, v.99, n.6, class II malocclusions. Am J Orthod, Vila Universitária-CEP: 17043-101
p.564-66, 1991. v.78, p.477-94, 1980. Bauru-SP

Rev Dental Press Ortodon Ortop Facial - v.4, n.6, p.12-19 - nov./dez. - 1999 19

Você também pode gostar