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1ª AULA TEÓRICA DE ORTODONTIA I (17/09/2021)

Crescimento diferencial – os órgãos não crescem todos ao mesmo ritmo e ao mesmo tempo.
Valor para a relação overjet - overbite – 2-3 mm (2.5mm) isto é o normal num adulto, mas quando nascemos,
ainda sem dentes, já temos uma relação de overjet estabelecida que é de 6mm, porque a mandibula está recuada
em relação à maxila, isto acontece para que o estímulo da amamentação reponha a mandíbula no sítio, mais
anteriormente. Se formos ver no 2º mês de vida, já temos um overjet negativo, porque a mandíbula está à frente
da maxila, com amamentação, por volta dos 6-8 meses, a relação overjet – overbite, já está correta.
Posteriormente, quando se inicia a mudança dos dentes, e os inferiores estão a erupcionar, devido ao crescimento
da parte inferior, transforma o overjet em 0mm, considerado o topo a topo transitório, (falso prognatismo), não
necessita de tratamento, porque passados 4-6 meses quando erupcionam os incisivos superiores, há um
crescimento acentuado, transformando o overjet em 4-5 mm (pode ir até estes valores). Mais tarde há um
crescimento mandibular que anula esse crescimento sozinho.
TESTE: se o professor perguntar qual o valor normal da relação overjet-overbite temos de saber qual a idade.

Ortodontia deriva do grego:


Orto (Direito) + Odonto (Dente) 1839 – Le Foulon

Os dentes temporários são, segundo este conceito, direitos, porque são perpendiculares ao plano oclusal e às
tábuas ósseas. Mas dentes direitos não é aplicável quando estamos a falar de dentes permanentes.
O conceito de dentes direitos só é aplicável em dentes temporários porque os dentes não têm curva de Spee nem
curva de Wilson.

Ortodontia:
Colocação artificial dos dentes na sua posição correcta! (sendo que o correcto para cada dente não é o mesmo),
e tem de ser visto nos 3 planos no espaço.

Dentes alinhados é diferente de dentes na posição correta. Então é errado dizer que na ortodontia vamos colocar
nos dentes alinhados.

Sistemas artificiais de forças → COREÇÃO

Ortodontia Corretiva
(muitas vezes a ortodontia
• Fixos (colados nos dentes, que o paciente não pode tirar) corretiva só é requerida
porque já falharam outros dois
• Removíveis (o paciente pode tirar)

Pierre Fauchard (século XVIII, França): colocou o 1º Dispositivo identificável como aparelho ortodôntico.

Além da ortodontia correctiva existe mais tipos de ortodontia:


• Ortodontia Preventiva
• Ortodontia Intercetiva

Ortodontia Preventiva
É um tipo de ortodontia que não recorre a aparelhos. Tenta ajudar a natureza a colocar os dentes correctamente.
Destina-se a preservar o que em cada momento se considera normal (principal objetivo). Não é fácil reconhecer
a normalidade devido à continua variação do normal numa criança em crescimento e desenvolvimento.
É uma ortodontia que é efetuada sem resolução prévia, e isso passa por tomar decisões, oferecer recomendações
que simplesmente ajudam a natureza a colocar os dentes corretamente, preservando ou equilibrando o sistema
de forças do crescimento e desenvolvimento, sem recorrer a aparelhos.
Exemplos: ensinar a escovar os dentes, aplicação de flúor.

Ortodontia Intercetiva
Intercetar significa que nós vemos que há possibilidade de acontecer alguma coisa que não queremos e vamos
lá bloquear.
Para se intercetar é necessário que ocorram desvios reais ou potenciais do normal! Já recorre a aparelhos embora
estes sejam mais simples móveis ou fixos, muitas vezes de duração limitada, que são utilizados para cumprir o
objetivo da intercetiva que é parar os desvios potenciais ou reais do normal.
Desvio potencial – espaço que aparece logo após a extração do dente (devemos de montar um sistema que
impede a invasão do espaço)
Desvio real – quando o espaço já foi consumido em parte ou totalmente por outros dentes
Exemplos: colocação de um mantenedor de espaço para impedir que o espaço seja absorvido ou repor (Desvio
potencial) o dente na posição normal depois da invasão do espaço (Desvio real)

SUCÇÃO DIGITAL (exemplo)


Os hábitos de sucção digital podem ter efeitos muito significativos na morfologia e na funcionalidade do
aparelho estomatognático. (Alteram as arcadas em função do dedo, criam situações de inoclusão em sentido
vertical – mordidas abertas, pervertem o padrão de deglutição normal, criam uma hipertonicidade do lábio
inferior, lábio superior fica hipotónico, tornam-se respiradores bucais, problemas periodontais, infeções
recorrentes)
No dedo pode aparecer um calo; marca na unha do dedo; entortar o dedo; tornar o dedo de dimensões diferentes,
porque a força do osso dos dedos não é diferente da força do osso dos maxilares.

Consequências:
• Disfunção muscular e oclusal
• Dedos
• Risco de traumatismos (fratura, avulsão, perda)
• Estética facial

“Os hábitos de sucção digital representam uma situação anormal?” SIM OU NÃO?

12ª semana de gestação as crianças já têm o hábito de sucção, tratando-se de uma situação normal.
Há indivíduos que só começam a chupar no dedo passado minutos ou horas depois do nascimento, outros
passado dias ou meses e outros só passado anos.

Há diferentes formas de chupar no dedos: os entusiastas, chupar os dedos em gancho, chupar o dedo tipo biberão

Devemos ter os seguintes factores em atenção quando se analisa o hábito de sucção:


• Início
• Duração
• Frequência
• Intensidade
• Forma de sucção
• Atividade muscular (compensatória)
• Oclusão inicial
• Fatores de persistência
CONCLUSÃO: o conhecimento incompleto dos factos é de pouca ou nenhuma utilidade

Níveis de actuação do generalista:


1. Prevenção
A falta de alimentação pode levar a hábitos de sucção, assim como, a introdução da alimentação
semi-sólida, horários do aleitamento/refeições
2. Interceção
Quando começa a alterar a morfologia já se passa para a interceção
3. Corretiva limitada
Um médico dentista generalista pode realizar desde que tenha conhecimentos para tal, por ser
utilizada em situações mais simples.

Níveis de atuação do especialista:


1. Corretiva complexa
Quando chega a situações que não se teve possibilidade de intercetar, problemas de oclusão, problemas
musculares, problemas periodontais, etc. Realizado por um ortodontista especialista.
2. Corretiva de adultos
A face e a expressão mudam.

Uma ação terapêutica intercetiva praticada numa criança, por mais inofensiva que possa parecer, pode
comprometer gravemente o seu crescimento e desenvolvimento, se não for guiada por um conhecimento
completo da situação.

2ª AULA TEÓRICA DE ORTODONTIA I (24/09/2021)

Ortodontia – colocação dos dentes na posição correta (cada dente tem uma posição correta específica de acordo
com as curvas de compensação de Spee e de Wilson nos 3 planos do espaço)

Sucção digital – é típica até no útero (sucção para alimentar – reflexo dos pontos cardeais para toque no lábio
superior → indicador do reflexo de maturidade do sistema estomatognático à nascença; desimpedimento das
vias aéreas respiratórias)
→ Hábito persistente com o avançar da idade = NEFASTO
→ Hábito em bebé = NORMAL
Num individuo em:
CRESCIMENTO – aumento de células
DESENVOLVIMENTO – caminho para a maturidade
CRESCIMENTO DIFERENCIAL – crescimento dos diferentes tecidos não se processa em todos ao mesmo
tempo nem à mesma velocidade … a dinâmica é uma constante.

 Diastemas entre Incisivos superiores


Entre os 6-8 anos, dentes de tamanho de adulto numa face de criança parece anormal mas não o é.
Diastema aquando da erupção dos dentes definitivos (IC sup) (ligeira divergência dos longos eixos) pois a pré-
maxila neste momento cresce cerca de 90%
97% → 88% → 47% → 7 a 10%
Pode alterar para mesiodens, alterações ao nível do freio 97% → 88% (passado 1 ano): ILS fecham espaço ao
nascer e diminuem o diastema
Diastema nos 4 incisivos + distalização dos IL: fase do patinho feio
Caninos precisam dos incisivos laterais para serem guiados para a erupção e oclusão com os antagonistas. O
canino começa a fechar o espaço – se de um lado o espaço fechar e do outro lado não, então poderá haver algum
problema com o canino → A intervenção indevida gera graves consequências e situações clínicas ainda
mais difíceis de tratar → IATROGENIA

O que aconteceria com a colocação do aparelho…


 Tratamento intercetivo prolongado e complexo (2 a 3 anos)
 Reabsorção radicular dos Incisivos  perda dentária
 Desvios eruptivos  perda funcional e estética  Tratamento oclusal corretivo
 Cirurgia (tração)
 Degenerescência quistica (quistos dentígeros)
 Síndromes nevralgiformes
 Alteração estética

Marca proeminente, após incisão e levantamento do retalho, era um clássico ortodôntico


A criança de 8 anos perdeu as duas peças dentárias anteriores (equivalente à perda de um olho)

O conhecimento incompleto dos factos é de pouca ou nenhuma utilidade.


O maior inimigo do conhecimento não é a ignorância, é a ilusão do conhecimento.
Uma ação terapêutica intercetiva numa criança pode comprometer o seu crescimento e desenvolvimento se não
for guiada por um conhecimento completo da situação.
Posto isto, a abstenção exige maior profundidade de conhecimento.
Perdas funcionais e estéticas
A abstinência de qualquer ato terapêutico pode ser tão ou mais valiosa para salvaguardar o normal crescimento
e desenvolvimento da criança do que uma ação realmente efetiva e exige uma maior profundidade de
conhecimento da situação.
Abstenção é diferente de omissão.
Abstenção → não atuar pois estamos devidamente informados e conscientes
Omissão → não atuar pois não compreende o que se passa (negligência por falta de conhecimento)

ORTODONTIA  Ramo da medicina dentária que se ocupa do crescimento e desenvolvimento dento-maxilo-


facial normal ou alterado, bem como das suas relações somáticas, psíquicas e sociais; conhecimento
parcial/incompleto conduz a má atuação clínica.

Uma ação terapêutica interceptiva praticada numa criança, por mais inofensiva que possa parecer, pode
comprometer gravemente o seu crescimento e desenvolvimento, se não for guiada por um conhecimento
completo da situação.

Classe III: discrepância funcional em que a mandibula está protuída


Classe II: discrepância funcional em que mandibula está retruída
➔ A sua correção implica:  auto-estima,  oportunidades de trabalho,  qualidade e estilo de vida

Corrigir os dentes? Porquê?


A abstenção (diferente de omissão) é sinónimo de maturidade de conhecimento; Há alturas certas para cada
ramo da ortodontia; Para alcançar um bom diagnóstico é importante conhecer:
 Crescimento/desenvolvimento
 Normal/anormal de cada fase
1. Estética
 90% dos pacientes procuram tratamento ortodôntico por motivos estéticos, em norma, diastemas entre os
incisivos (situação normal que traduz fenómenos de crescimento e apinhamento) → é um termo muito subjetivo
(do grego: relativo à perceção dos sentidos) – os critérios para a estética são subjetivos  harmonia (do grego:
regularidade de forma e de simetria) – os critérios para a harmonia são objetivos
2. Preservar tecidos de suporte (durabilidade da dentição)
 Má oclusão – problemas periodontais – perda dentária
3. Estabilidade e função (durabilidade da dentição)
 Função alterada – dentes não ocupam a sua posição na arcada – prematuridades – instabilidade  retracção
óssea  retracção gengival (sensibilidade)
1 força oclusal em prematuridade tem a mesma força que aparelho ortodôntico
Posição correcta na arcada  ESTABILDADE
Durabilidade da dentição
Migração:
 Mesial/Anterior
 Consequência da resultantemuscular quando os dentes intercuspidam
 PM – migrações estranhas (centro de massa dentro do dente e não fora)
 Extruída/Extrusão
 Compensação do desgaste  deposição do cemento no ápex dentário
 Falta de antagonista
Ao fim de 10 anos, a arcada reduz 5mm, mas há espaço entre os dentes  migração mesial
4. Harmonia do sorriso e expressão facial (associado ao bel estar das pessoas)
 Deve-se olhar para toda a face e não só para os dentes
 A sociedade tende a rejeitar indivíduos com características menos abonatórias; as pessoas têm menos
possibilidades de trabalho – importante Social e psicologicamente.
 Adamandio (séc. V) – lábios para fora e caninos deslocados → pessoas com mau temperamento, gritadores,
abusadores e difamadores (sorriso transmite mensagem facial)
5. Função oclusal e proteção da ATM
 Preservar a articulação (guia C e I) impedindo o aparecimento de forças não naturais no SEG.
 Isto sim é ortodontia.
 Há relatos de suicídio por dor e complicações terríveis da ATM; ATM é a ultima estrutura a crescer (18 anos
nos rapazes, 16 anos nas raparigas) – ATM é muito tolerante porque só assume a forma final na época final do
crescimento e é nesta idade que surge a sintomatologia dolorosa da ATM.
Jovem do sexo masculino com 18 anos – caninos que erupcionam por volta dos 12 anos estão muito desgastados
– restrição mandibular sagital → DIAGNÓSTICO
 Só se vê o que se conhece!!

Ortodontia
A ortodontia é um dos melhores meios de resolver problemas estéticos e funcionais do complexo dento-maxilo-
facial… pode igualmente ser um dos meios potencialmente mais perigosos para os provocar quando mal
manipulada
Objetivos da ortodontia
➢ Conservar e ou melhorar a estética dentária da expressão facial
➢ Assegurar boa função oclusal e muscular
➢ Proteção periodontal e da ATM
➢ Contribuir para a estabilidade e longevidade do aparelho estomatognático
➢ Incrementar a autoestima e adaptação social do indivíduo
3ª AULA TEÓRICA DE ORTODONTIA I (01/10/2021)
Objetivos da ortodontia
➢ Conservar e ou melhorar a estética dentária da expressão facial
➢ Assegurar boa função oclusal e muscular
➢ Proteção periodontal e da ATM
➢ Contribuir para a estabilidade e longevidade do aparelho estomatognático
➢ Incrementar a autoestima e adaptação social do indivíduo

Que meios utilizamos?


➢ Ações clínicas preventivas e interceptivas
➢ Aparelhos removíveis/fixos
➢ Efeitos ortopédicos e cirúrgicos (quando os maxilares não estão na posição correta)
São meios para normalizar o desenvolvimento da arcada, podendo requerer-se diversas combinações.
Ortodontia preventiva
➢ Técnicas de escovagem de dentes
➢ Selamento de fissuras
➢ Restauração de dentes cariados (respeitando anatomia e dimensões)
➢ Administração de flúor (manter a normalidade das arcadas)
➢ Não usa aparelhos, só conhecimento
Ortodontia interceptiva
➢ Erupção dirigida/extracção programada
➢ Mantenedores de espaço (dentes perdidos precocemente)
➢ Desgastes seletivos (contactos prematuros que provocam compressão ou desvio)
➢ Extracção de restos radiculares decíduos que impedem a erupção dos permanentes
➢ Usa aparelhos simples
Aparelhos removíveis e fixos
➢ Podem ser combinados
➢ As vantagens/benefícios têm a ver com o movimento dentário
➢ Higienização é mais difícil e há maior desmineralização
➢ Discrepância dente-maxilar:
 Positiva  excesso de espaço
 Negativa  falta de espaço
Efeitos ortopédicos – Alteração de uma base óssea por ação mecânica
➢Visa modificar o osso; requer crescimento subjacente.
Classe III – desproporção sagital entre a maxila e a mandibula
Hipóteses etiológicas para classe III:
- maxila pequena
- mandibula grande
- ambas
➢ Podem obter-se por aparelhos removíveis, fixos e combinados
Os efeitos ortopédicos só podem ser produzidos quando há crescimento porque o
modifica e estimula
➢ Alteração da posição de uma base óssea por ação mecânica o meio do tratamento piora
o perfil, mas é o final que importa.
Compensação = tentativa neuromuscular de compensar a alteração
Descompensação = descompensar aquilo que a natureza compensou

Tratamento- máscara facial


 Hipoplasia maxilar
 Tem apoio frontal e no mento
 Provoca tração da maxila no sentido de a fazer avançar
 usa-se à noite (12-24H)
 Com estabilidade dificilmente se conseguem fazer modificações superiores a 1,5mm
 Ideia: deslocar a maxila no sentido anterior, mas requer crescimento das suturas
subjacentes → não pode ser feito em adulto – cirurgia maxilofacial
Efeitos cirúrgicos – alteração de uma base óssea por ação cirúrgica
Quando já não há crescimento e as bases ósseas são muito diferentes, então os efeitos
ortopédicos não vão adiantar; a solução passa pela cirurgia de alteração da posição da
base óssea

➢ Para casos de excessivo crescimento mandibular (classe III)


Nestes casos o lábio retroinclina os dentes (topo a topo) – usa-se a ortodontia fixa para
recolocar os dentes na posição correta; faz-se a cirurgia mandibular  ortodontia. Com
a retro-inclinação dos incisivos (uma compensação da natureza para a classe III), vamos
ter que descompensar e o aspeto durante o tratamento pode piorar.
Precisamos de dar espaço urgentemente → Extrações dirigidas ou programadas
Extração dos 4 caninos temporários (em ambos os maxilares)→concedemos espaço e os
dentes seguem o caminho para o local de menor pressão→atua a língua e o
lábio→movimento dá-se espontaneamente
Canino da maxila e o 1º PM da mandibula não vão ter espaço → extrair o 1º M
temporário
Por vezes temos de extrair os 1º PM definitivos

Objetivos da ortodontia (mover dentes) e ortopedia dento-facial (mover bases ósseas)


❖ Conservar e/ou melhorar a estética dentária e da expressão facial
❖ Assegurar uma boa função oclusal e muscular
❖ Proteção periodontal e da ATM
❖ Contribuir para a estabilidade e longevidade do aparelho estomatognático
❖ Incrementar a autoestima e a adaptação social do indivíduo

Qual a etiologia destas anomalias?


Salzman fez uma divisão académica destas; no entanto a etiologia é por norma multifatorial.

Genética Congénita (já nasce com o individuo,


(hereditárias) in útero. Ex: fenda no palato)

Crescimento/Desenvolvimento

Funcionais Ambientais (fatores introduzidos a


(afetam diretamente o partir do ambiente. Ex: sucção digital,
crescimento e o chupeta, cáries )
desenvolvimento. Ex:
persistência da
deglutição infantil
atípica. Até 1 ano e
meio (infantil) →
nervo facial, depois de
um ano e meio (adulto)
→ nervo trigémio. A
interposição da língua
entre os dentes afeta:
face, dentes, complexo
maxilo-mandibular)

A. Genética
➢ Combinação infeliz de genes (ex.: dentes do pai e maxila da mãe)
➢ São difíceis de interpretar: não há prevenção nem intercepção
➢ Tratamento em duas fases
➢ Gene autossómico dominante
 É o caso da classe III esquelética e alguma classes II divisão II
B. Congénita
➢ São defeitos do desenvolvimento (in útero)
➢ Ex.: fenda palatina (35% com relação genética) e labial
C. Funcionais
➢ Perturbação funcional que envolve vários grupos musculares, que perturbam o desenvolvimento ósseo;
músculo com mais rigidez que o osso.
➢ É o caso da respiração bucal e também da mordida aberta, que ocorre por persistência da deglutição infantil
(interfere com o normal crescimento das arcadas)
D. Ambientais
➢ É o caso da sucção digital (pressão que altera a normalidade)
➢ São factores externos que atingem o desenvolvimento das arcadas
➢ Os tratamentos ortodônticos são um efeito ambiental; são pressões que contrariam a anormalidade
Notas: As cartilagens são preparadas para suportar o peso, pelo que não têm inervação nem irrigação; é o no
osso intramembranoso que nos é possível introsuzir efeitos ortopédicos  o crescimento pode ser restringido
porque tem cartilagem no côndilo.

Até que idade se podem efetuar tratamentos ortodônticos?

Em qualquer momento da vida.


Condicionantes: fisiologia, idade do paciente ( idosos → turnover ósseo lento → tratamentos mais longos,
mais tempo de contenção, maior prevalência de doenças periodontais, forças têm de ser mais lentas → a idade
limita e condiciona o tratamento, mas não é uma contra-indicação!)

Resumo:
- Objetivos da ortodontia e ortopedia dento-facial
- Tipos básicos de aparelhos – conceito de aparelho móvel e fixo
- Efeitos ortopédicos e cirúrgicos
- Campos etiológicos básicos das anomalias – define interações
- Idade para tratamento ortodôntico
Diagnóstico

A normalidade tem de ser conhecida – é o essencial.


“ O conhecimento da normal é a base do diagnóstico”. É a atitude de comparação com o normal. Além disto,
o conhecimento do normal é a base da prevenção (condições de normalidade) e interceção (neutralizar situações
que desviam do normal).

Objetivos:
▪ Agir com oportunidade – tempo adequado para intervir, ver a melhor fase de intervir
▪ Atitudes clínicas ajustadas – meios desproporcionados lavam a equívocos
▪ Evitar iatrogenia – ações prejudiciais para o paciente
O diagnóstico é difícil de fazer em indivíduos que estão em desenvolvimento, no adulto varia pouco, na criança
o normal muda com muita rapidez.

“Na criança, o conceito de normal é uma verdade em constante mutação”. Na criança, a informação do
normal muda com muita rapidez. É necessário atender à variabilidade individual, por exemplo: a cronologia
eruptiva varia de indivíduo para indivíduo).

Recém-nascido
▪ Situação normal até 6 meses - distoclusão fisiológica (mandíbula para distal, recuada 5-6 mm face à maxila
; é a forma que a natureza arranjou para permitir a amamentação);
▪ A amamentação (natureza) estimula a mandíbula para trás, posicionando de forma correta a mandíbula para
não ficar com prognatismo mandibular;
▪ O biberão não permite o crescimento da mandíbula.

Criança
Anomalia classe II;
▪ Dentes afastados e pressão anormal, pode ter sido resultado de uma alimentação carente em alimentos duros,
não promovendo a estimulação mandibular.
▪ A falta de amamentação cria um grau aumentado de sensibilidade a anomalias e a sucção digital.
▪ A amamentação é um fator de prevenção da classe II e da sucção digital.

Sucesso do Tratamento Ortodôntico


(Ricketts)
Diagnóstico ..................................60%
Motivação ......................................30%
usar aparelho , elásticos, higiene
Mecânica ........................................10%
aparelhos
Causas do insucesso …
1- Sobrevalorização da oclusão
E. H. Angle (classifica as anomalias em apenas 4 anomalias)
Classe I
Classe II, div.1
Classe II, div. 2
Classe III
➔ Má, simplista, só classifica mediante o plano sagital e nunca sobre o vertical (ex: não classifica
mordida aberta)

2- Sobrevalorização da mecânica
Um diagnóstico simplista conduz a uma “ortodontia mecânica”
Diagnóstico ..................................20%
Motivação ......................................20%
Mecânica ........................................60%

➔ Tal traz uma tendência para a prescrição médica e o uso de múltiplos equipamentos → focados em
aspetos técnicos e económicos, ao invés do diagnóstico – prejudica os resultados e a qualidade dos
tratamentos (só privilegiam a “inteligência metálica” → problema grave)

Diagnóstico
70%
Simples
25%
Médios

Grau de dificuldade
da má oclusão 5%
Difíceis

Muitos casos que parecem simples não o são.

T. O. P.
Tratamento ortodôntico prévio

4ª AULA TEÓRICA DE ORTODONTIA I (08/10/2021)

Ortodontia Preventiva
5
Preservar o crescimento e desenvolvimento normais
Ortodontia Interceptiva
Redirecionar os desvios do normal
Quando já há um desvio do normal, exemplo: mordida cruzada (arcadas ficam estreitas ) / aberta (língua
interposta nos dentes para permitir a deglutição), projeção dentária – usar grelha lingual.
Ortodontia Corretiva
Tratar a má-oclusão declarada

Ortodontia Interceptiva e Corretiva


“A terapêutica preventiva/interceptiva, exige do profissional conhecimentos bastante profundos e amplos”.
Já o tratamento corretivo é ...
A experiência evidencia que aqueles profissionais que são iniciados diretamente em técnicas corretivas,
enfrentam grandes dificuldades na sua vida profissional!...
Prevenção
Interceção
Correção
Consoante a fase do problema é que vamos determinar que tratamento vamos adotar (ou preventivo ou
intercetivo).

Ortodontia Preventiva
O selamento de fissuras é algo de natureza preventiva, isto é, prevenir áreas que são + suscetíveis à cárie.
O 1º M permanente é o 1º dente a aparecer e o 1º a ser extraído, devido ao motivo de aparecerem cerca de 90%
cáries no sulco. Assim, o selamento de fissuras é uma ótima medida preventiva.
Além disto, o 1º M apresenta defeitos de fusão de esmalte microscópicos que favorecem o aparecimento de cárie
e a sua evolução rápida pelos canalículos dentinários.
É importante conservar 1º M!
O selamento de fissuras é relevante na ortodontia!
Imagens:
Temos presente uma situação de desvio do normal – falta de um dente (1º M decíduo) promove a migração
mesial do dente adjacente. 2º M temporários por si só não têm capacidade de migrar, mas em dentição mista
(após erupção do 1º M permanente) sofrem pressão dos permanentes para se moverem.
Quando as cáries progridem por perda de substância, então criados espaços para migrações dentárias (o mesmo
se sucede nas extrações). Assim, quando os dentes permanentes quiserem erupcionar não vão ter espaço.
Cáries e extrações prematuras – são fatores ambientais que podem causar dificuldades na erupção dos dentes
permanentes. Ou ainda uma outra situação de falta de espaço para erupção dentária, pode dever-se à diferença
existe ao nível do perímetro ósseo disponível e o perímetro para a colocação dos dentes na arcada =
Discrepância Dento-Maxilar (por fatores ambientais ou transmissão de genes). A mandíbula alarga, mas cresce
para trás, em forma de “V”.
Mas a falta de espaço nem sempre é sinal de extrações prematuras.
A restauração de um dente é uma medida de ortodontia preventiva, estabelecendo a dimensão M-D.

Ortodontia Interceptiva
Falta de espaço
Com a faltas de espaço a vítima é o último dente a erupcionar
• Canino na maxila
• 2º Pré-molar na mandíbula

2 vias → extrações por cárie = soluções de continuidade e deixam espaço vazio


→ hereditárias = pode herdar maxilares da mãe (pequenos) e dentes do pai (maiores) = azar

É no momento dos 6-8 anos na erupção dos incisivos que se pode diagnosticar clinicamente e sem grandes meios
a falta de espaço (com a avaliação clínica temos de perceber que se trata de falta de espaço severa)

Quando extraímos dentes e deixamos espaço


• Mantenedores de espaço Interceção fixa ou
• Recuperadores de espaço removível

Mantenedores / recuperadores de espaço


São dispositivos que permitem conservar espaço, de forma a não ser invadido, sobretudo na mandíbula. Podem
ser fixos ou móveis.
Face normalidade estabelecida intervimos com dispositivos ou aparelhos simples.
Se há perda dentária é coloca-se aparelho fixo/móvel para manter espaço (dentição permanente).
Muitas vezes, também são utilizados aparelhos móveis com parafuso aberto para permitir a recuperação do
espaço dentário.
Quando extraímos um dente estamos a fazer ortodontia preventiva, mas só se mantivermos o espaço mesio-
distal, pois é necessário preservar o espaço, através de aparelhos intercetivos - intercetar desvio já existente – já
houve perda de espaço

Se nada fizermos a situação vai piorar e gerar inevitavelmente um “acidente” que implica necessidade complexas
de tratamentos demorados (cuidado: aparelhos causam (micro)reabsorções radiculares)
Extrações como meio intercetivo
1. Extrações seriadas – extrações programadas
2. Extracção terapêutica – erupção dirigida

Extrações seriadas, programas, terapêuticas Gera sempre diminuição


Erupção dirigida da DVO

C temporário → 1º M temporário → 1º PM permanente fórmula ortodoxa


ATENÇÃO: tem de ser adaptada ao paciente

Se fizer extrações na mandíbula, também as tenho de efetuar na maxila, por uma questão de simetria.
Nota: Os últimos dentes a extrair são os Caninos.
Quando falta o 2º M decíduo ou qualquer outro temporário, extraído fora da época normal (cárie), é necessário
impedir a migração do 1º M permanente recorrendo a um mantenedor de espaço. Isto evitará a perda de 1 a
2mm, que significaria a vestibularização do canino.
Quando o espaço interproximal é ocupado, o resultado é apinhamento dentário, exemplo: caninos superiores
(dentição permanente tem áreas limitadas à erupção dentária) ou 2º PM inferiores.

ILS tamanho MD: 7 mm


Quando erupcionam os IC já cresceu 90%, logo, ficamos sem margem de espaço pois já só irá crescer 10%
COMO ATUAR?
Após o siso, os IL são os dentes que congenitamente têm mais alterações e ausências
Reconhecida a inevitabilidade das extrações
1. Verificar se o dente está presente através do RX – SEMPRE
2. Extrair os C temporários
Ao conceder este espaço a cavidade oral adapta-se
3. Extrair os 1os M temporários
Extrair só depois da formação dos 1/2 - 2/3 da raiz (1 ano a 1 ano e 1/2 após extrair os caninos)
4. Extrair os 1os PM permanentes SÓ se for necessário (fazer um bom ponto da situação)
Pode ser feita em 1 ou nas 2 arcadas, dependendo da relação molar existente

Correção → se os dentes permanentes estiveram mal inclinados e se ainda existir espaço vazio

Falência da Interceção

1ª Fase - extracção de dentes decíduos


(C e 1ºM )
6 – 7 anos
2ª fase - reavaliação
 1 Ano
É + fácil resolver o problema com extrações no momento próprio e de acordo com a sequência apropriada.
3ª fase – extração de dentes definitivos (1º PM) 11-12 anos

Exemplo 1
Quando não há espaço suficiente para erupcionarem IL, antes de extrair os caninos temporários verificamos 1º
se existem ou não IL. Se não tiver espaço por volta dos 6 anos, optar por extrair caninos temporários.
1 Ano – falta de espaço para erupção dos M permanentes vamos optar por extrair 4 PM, um de cada vez e à
medida que vamos extraindo a dentição fica + próxima da sua posição normal e diminui o risco de complicações
(reabsorções radiculares, problemas periodontais...)  basta um tratamento simples (+ fácil, menos risco -
extrações) para colocar a arcada corretamente.

Exemplo 2
1. Criança 7-8 anos
2. Erupcionado IC e IL inferiores
3. Falta de espaço para IL superiores
▪ 1º Verificar se IL estão presentes (ortopantomografia)
▪ não é necessário recorrer a aparelhos, basta só ter em conta o funcionamento / posicionamento da língua em
repouso (encostada nos Incisivos Inferiores)
▪ a língua funciona como um aparelho fantástico.

Exemplo 3
1. Criança com 8 anos
2. Grande falta de espaço na maxila
3. Apinhamento dos Incisivos Inferiores
4. Será que a língua chega ou haver necessidade de utilizar algum dispositivo?
▪ 1º Extracção de caninos temporários
▪ 2º Extracção 1º M temporário
▪ 3º Extracção 1º PM permanente colocação dentária correta por si só
Aos 12 anos, os PM ficaram com grande falta de espaço, mal orientados, originando mordida cruzada –
solucionar com aparelho ortodôntico.

Exemplo 4:
Mordida aberta
falta de espaço na maxila
ligeiro apinhamento na mandíbula
Tratamento:
extrações na altura certa!!!
Passado alguns anos, sem o uso de dispositivo, os dentes na mandíbula posicionaram-se corretamente.
“Ortodontia Interceptiva – os aparelhos não conseguem fazer movimentos feitos pela natureza sem correr
riscos”.
“Em algumas situações, o tratamento ortodôntico chega a ser evitado”.
Recorrer a extrações e não ao uso de aparelhos...

Exemplo 5:
Mordida aberta – com o uso de aparelho podemos fazer contensão para direita/esquerda, mas não impedimos os
dentes de subir na arcada.
Tratamento:
extracção de 2 dentes decíduos que funcionavam como suporte da mordida aberta
com ortodontia conseguimos evitar a cirurgia (só é feita a partir dos 18 anos).

Interceção com Aparelhos


Mordida Cruzada Anterior:
Como resultado de alterações na erupção ou cronológicas, um gérmen com orientação errada que leve a
consequências ao nível funcional. Exemplo: mandíbula bloqueada e maxila bloqueada reciprocamente -
problema funcional que afeta o normal crescimento e funcionamento.
Com aparelho simples (gancho de Adams e 2 molas), esta situação pode ficar resolvida em 2 meses.
Ou
uso de espátula “de ver gargantas” – várias vezes ao dia até ver TV; pedir ao paciente para fazer movimentos
nos dentes anteriores inferiores para impedir que ocorra a mordida cruzada.

Exemplo 1
1. uso de aparelho com grelha lingual há + de 2 anos – que só impedia a colocação da língua entre os dentes.
2. tratamento não solucionou problema, porque o acrílico não foi cortado, impedindo os dentes de descer.
Originou-se hipertrofia gengival e mordida aberta = iatrogenia.
3. É necessário usar bem os instrumentos!
Exemplo 2
1. criança de 7-8 anos
2. diastemas entre incisivos
Tratamento: colocação de 4 brackets nos incisivos.
Exemplo 3
Assimetria facial – que originou falta de dimensão transversal da maxila e alterações ósseas
- maxila + estreita que mandíbula
- as cúspides da maxila batem contra as cúspides da mandíbula e levam a um desvio funcional desta.
Tratamento:
- 1º Intercepção (dispositivo simples)
- 2º Devolver à maxila a sua dimensão, restabelecendo a oclusão
- 3º Acompanhar sempre o paciente

Quisto Dentígero
IL com inclinação para distal, aquando da erupção dos caninos estes dentes voltam à sua posição normal. Mas,
quando isto não acontece e o “canino não quer descer” ou então há alguma barreira física  Sinal de Quiteno
.
Desconfiar sempre das pequenas diferenças, como por exemplo: um IL direito corretamente posicionado e do
lado esquerdo um IL com um espaço  fazemos Rx para ver o que se passa e observamos um quisto dentígero.

Mordida aberta : anomalia em que o sentido vertical dos dentes não contactam – complexo e difícil de tratar e
estabilizar
• Fase ativa → correção
• Fase passiva → manter na posição
NOTA: problema de estabilidade (tendência de recidiva sistemática)
TIPOS DE MORDIDA ABERTA:
• Dento-alveolar : decorrente da chupeta (+ fácil)
• Estruturais : hiperdivergência óssea mandibular (+ difícil) → o pico de crescimento pubertário vai
agravar bastante
TRATAMENTO: ortodontia ou cirurgia ortognática (esta última só depois dos 18 anos)

Sobremordida vertical excessiva com desvio funcional OU de conveniência → desvio da linha média, queixo
para um lado e arco fácil (labial) assimétrico
• Interferência com C temporários (dentes temporários), desvia a mandibula, gera mordida cruzada
• Tratar com simetria
• Controlo de 6-8 meses

É melhor “construir” criança do que “consertar” adultos!...

5ª AULA TEÓRICA DE ORTODONTIA I (15/10/2021)


Movimento dentário
Osso e Dente: estruturas mais duras do corpo humano que consentem a plasticidade e a movimentação → o
dente permanece intacto e é o osso que te que tem de se readaptar (as células que formam e reabsorvem o osso
também são capazes de reabsorver o dente
− Osso : consente o movimento
− Dente
O movimento dentário induzido por aparelhos é muito menor que o movimento dentário induzido pela natureza.

Que estímulo?
Os dentes movem-se se alguma força lhes for aplicada.
1. Fisiológica
2. Traumática
3. Ortodôntica

A. Estímulo Fisiológico:
▪ Erupção (hereditariedade e ambiente hormonal) – movimento de grande amplitude
Traz o dente da base apical até à oclusão

▪ Mesialização (componente anterior de força) – normal em condições desejáveis


Quando encostamos os dentes para deglutir em posição de intercuspidação máxima 1000 vezes/dia
provoca uma força de contacto no sentido anterior devido à força muscular
Componente anterior da força = só em dentes já erupcionados e em oclusão  tendência ao deslizamento
mesial = só em dentes dentro do alvéolo

▪ Extrusão (tendência de compensação)


Empurra o dente para fora e podem interferir com a oclusão e, no caso dos sisos, até com a ATM

EXCEÇÃO: PM têm o centro de massa dentro de si mesmos pois estão verticais na arcada e tende a ir para trás

Hereditariedade está associada à cronologia eruptiva.


Estado hormonal, faz parte da maturação somática que está associada à erupção,
ex: hipotiroidismo – atrasa a erupção
Mesialização e extrusão: são condições subjacentes aos dentes e à forma de como se relacionam.

Fatores que tem haver com a maturação do indivíduo


Mesialização: é algo desejável e fisiológico e ajuda a manter a arcada em condições fisiológicas adequadas.
Componente anterior de força: é diferente de tendência ao deslizamento mesial (devido ao desgaste da arcada);
este componente tem haver com dentes erupcionados e já em oclusão, ou seja, quando estamos em
intercuspidação, a força é dissipada às fibras periodontais e ação muscular leva os componentes uns contra os
outros, se os dentes se tiverem de mover para algum lado será sempre para a frente, o vetor da força é anterior.

Tendência à mesialização: ocorre antes dos dentes erupcionarem, dentro do alvéolo.


Tendência ao deslizamento mesial: os dentes dentro dos processos alveolares já têm tendência a mesializar.

Extrusão: tendência de compensação, é levada a cabo pelo aumento do cimento no ápice radicular e ao fim de
alguns anos a coroa clínica aumenta – produzindo-se hipersensibilidade porque à exposição amelocementária.
Extrusão passiva: ocorre ao longo da vida, é destinada a compensar o desgaste oclusal que ocorre ao longo da
vida.
Quando temos soluções de continuidade com esta capacidade de invasão é um problema.

B. Ação Traumática
▪ Oclusal (forças ligeiras intermitentes) – gera recessão gengival
Geralmente intermitente, que só ocorrem quando os dentes entram em contacto, podem levar à perda de
dentes, retração gengival, reabsorção óssea no caso de por exemplo existir uma prematuridade.

▪ Acidental (forças intensas de curta duração) – podem causar fraturas, avulsões, intrusões...
Causa avulsões ( em caso de avulsão deve-se atuar rapidamente: após 30 min fora do alvéolo o
prognóstico não é favorável) → o sucesso da reimplantação depende do tempo de atuação.
COMO ATUAR EM CASO DE AVULSÃO?
Não lavar, não tocar nem raspar. Colocar em soro fisiológico, leite ou saliva

C. Ação Ortodôntica
▪ Contínuas (Ap. fixos - molas flexíveis de longa duração de ação)
▪ Intermitentes (Ap. móveis - molas rígidas de menos duração de ação)
▪ Funcionais (Ap. funcionais - tiram partido da força muscular)
Ex: uso de para-choques labial acoplado a bandas e que está afastado dos dentes, o lábio inferior fica
projetado e tende ele mesmo a aplicar nas bandas a força que vai levar ao movimento dentário –
aproveitamento da dinâmica da língua

Forças usadas em ortodontia:


Ortodônticas: movimentação de dentes por forças até 400g (normalmente abaixo dos 400g)
Ortopédicas: movimentação de bases ósseas por forças de 400 a 2000g (em regra não são ultrapassadas)

Força ortodôntica ideal:

20 a 26g/cm2 radicular = força de pressão capilar (Oppenheim e Shwarz)


Depende do estado periodontal do paciente
Ex: canino = 3cm2
75 a 100 g de força para o movimentar

8 cm2 3 cm2
Radiculares Radiculares
533 245 321 282 194 230
475 240 237 270 208 170

Conceito de ancoragem
Tenho de criar uma biomecânica de forças assimétricas controladas e contrariar a 3ª lei de Newton: Lei da Ação-
Reação
Máxima: não posso perder espaço
Média: posso perder algum espaço
Mínima: posso permitir que os dentes venham bastante

Força ortodôntica excessiva:


Consequências:
1. Reabsorção radicular
2. Fechamento extemporâneo do ápice – fator relevante
O dente só perde força eruptiva espontânea quando a superfície radicular se encerra (+/- 3 anos) → Tem
de se avaliar o encerramento do terço apical (ambiental) antes de palear extrações
3. Retração gengival – se as cargas são excessivas o osso vai-se perdendo e a gengiva forma bolsas
4. Reabsorção das cristas ósseas – septos desaparecem
5. Bolsas periodontais
6. Necrose pulpar
7. Ausência de movimento dentário
Ligamento periodontal: dissipa as cargas que dente recebe.

Tipos de Movimento Dentário:


a) Inclinação
b) Rotação
c) Translação / em corpo
d) Intrusão
e) Extrusão
f) Torque

Movimento Dentário

A. Movimento de inclinação
Pressão = gera reabsorção óssea
Tensão = gera aposição óssea
Pressão – provoca tensão no ligamento
Reabsorção óssea – acontece no osso

Eixo mecânico de rotação é o centro de massa do dente.


A matriz biológica está ao redor do dente e possui deferentes densidades.
O dente roda no centro ou eixo biológico de rotação (entre o terço médio e o terço apical) e NÃO no eixo
mecânico de rotação como seria fisicamente expectável – deve-se ap envelope dentário. Na verdade, após a força
ser aplicada ao dente há reabsorção e aposição em ambos os lados e NÃO reabsorção de um lado e aposição do
outro lado distinto.
Se não ocorressem estes 2 fenómenos (reabsorção e aposição) em ambos os lados, o dente soltar-se-ia do alvéolo.
Movimento típico dos aparelhos removíveis 1 ponto de aplicação - são muito limitados!

6ª AULA TEÓRICA DE ORTODONTIA I (22/10/2021)


B. Movimento de inclinação
Pressão = reabsorção óssea
Tensão = aposição óssea
Pressão – provoca tensão no ligamento
Reabsorção óssea – acontece no osso
♥ Eixo de rotação biológico 1/3 médio a 1/3 apical
♥ Coroa desloca-se para um lado e a raiz para o outro
♥ Movimento típico dos aparelhos removíveis 1 ponto de aplicação
B. Movimento de translação, em corpo ou gressão
♥ Coroa e raiz deslocam-se a mesma quantidade e paralelamente ao longo eixo
♥ O eixo de rotação biológico é transferido para o infinito

Força aplicada diretamente na coroa,


mas esta tem de ter pelo menos 2 pts
de aplicação – este movimento não é
exequível com aparelhos móveis

♥ Movimento típico dos aparelhos fixos 2 pontos de aplicação


♥ Somatório de pequenos movimentos pendulares (de inclinação)
♥ Arame de secção quadrangular e NÃO redonda
♥ É muito difícil realizar este movimento nos caninos → raiz é mais comprida, apéx do canino está entre
as corticais V e L espessas e trabeculadas e entre a cortical do seio maxilar e da abertura piriforme
♥ Neste caso fica numa posição paralela em relação à posição inicial

- +
+ -
+ -
C. Movimento de intrusão
♥ Dente posicionado ao longo do seu eixo para entrar dentro do alvéolo → a raiz tem de entrar em contacto
com todo o alvéolo, logo, é necessária  Osteólise generalizada na parede alveolar (assegurada pelos
osteoclastos – reabsorção óssea de toda a substância inorgânica – quer seja dente quer seja osso)
♥ Ap. removíveis perdem a retenção.
♥ Se o dente for intruído, o dente entra em contacto com as paredes alveolares lateralmente, reabsorção
lateral, chegada ao ápice.
♥ Retenção: através de dispositivos de retenção
♥ Ancoragem: move dentes à custa de outros dentes (envolve dentes apenas no movimento)
♥ Uma força tem uma reação equivalente e de sentido contrário, logo aparelhos removíveis têm ganchos
para reter o aparelho (dispositivos de retenção), e quando lhe é aplicada uma força em sentido de intrusão
tende a deslocar o aparelho, não deve, portanto, ser usada para provocar intrusão.
♥ Para provocar intrusão a força tem de ser aplicada ao longo do eixo do dente, e estas forças deverão ser
forças ligeiras (40 a 60g).
Este movimento foi por muito tempo considerado um movimento impossível.

Desmitificado por RICKETTS (arco base): arcos segmentares, que permite usar dentes posteriores como apoio
para mover outros. BIOMECÂNICA SEGMENTAR → bypass à curva de Spee
Ex: 160g dá para intruir os 4 incisivos, ou seja, forças leves. (20g por Incisivo inferior + 40g por Incisivo
superior)
Curva de Spee: zona central curva → dentes PM e M tendem a sair e I a entrar no alvéolo quando lhe é aplicada
um arame reto/contínuo
É mais fácil extrair o dente, só rompe as fibras (sair do alvéolo) do que recolocar, implica reabsorção óssea
(entrar no alvéolo)

Overbite aumentado (mordida profunda)  Restrição mandibular


É fulcral controlar a DVO e o overjet/overbite → é muito comum ter de fazer intrusão de I
O movimento de intrusão requer sobrecorreção pois temos de compensar os 30% de recidiva.

Movimento de extrusão
♥ É oposto à intrusão. Neste caso o dente é puxado para fora do alvéolo.
♥ Aposição generalizada na parede alveolar. É um movimento perigoso porque pode ser feito com uma
velocidade maior, que não permita o acompanhamento do feixe vasculo-nervoso.
Necrose do dente
♥ Movimento fácil de efectuar, favorável á tendência natural dos dentes e apenas requer a ruptura das fibras
do ligamento. → Mas arriscado de se fazer
♥ Há osteólise, mas comparada com os outros movimentos é muito pequeno.

Há rotura rápida das fibras do


ligamento periodontal

Ao longo do maior eixo do dente, mas no sentido da saída do alvéolo. Movimento envolvendo quando risco de
necrose pulpar! Se o processo alveolar não acompanha o movimento, o que vai acontecer é a raiz ficar à mostra.
Se o osso vem com o dente, a coroa fica com o mesmo tamanho; se vem só o dente, a coroa fica muito grande,
trazendo muitas desvantagens. Cuidado com o ritmo e a idade, pois enquanto ocorre crescimento activo, o
processo alveolar tem tendência a acompanhar o dente; mas no adulto, o processo alveolar não acompanha, e a
raiz fica exposta, mesmo num adulto jovem.

Intrusão/Extrusão (mais rápido, lei física da dinâmica)


Movimentos antagónicos.

♥ 3ª lei da Dinâmica de Newton – AÇÃO-REAÇÃO (uma ação tem uma reação igual no sentido contrário)
− Não há ações isoladas
− Quando promovemos a extrusão de um dente , promovemos a extrusão de outro dente.
Retrusão/Extrusão (3ª Lei de Newton)
♥ Movimento predominantemente extrusivo (nunca é um movimento puro)
♥ Movimento retrusivo com componente extrusivo (para baixo e para trás, é o que se pretende no caso de
mordida aberta)
Temos que fazer a movimentação de acordo com o tratamento que vai ser feito a seguir. (para quem vai compor
a estética, por exemplo)

Movimento envolvendo grande


risco de recidiva! Não são
movimentos exequíveis de
aparelhos removíveis. Com
excepção dos incisivos superiores,
nomeadamente os centrais.

Protusão – causa mordida aberta


Retrusão – causa afundamento da mordida.
Só nos movimentos de extrusão puros é que o osso pode ou não acompanhar o dente.
Usar acessórios elásticos para puxar os dentes do alvéolo. Os dentes baixam melhor nos adultos, porque assim
os dentes atingem o plano oclusal.

Movimento de rotação
♥ Osteólise generalizada na parede alveolar.
♥ Movimento típico dos aparelhos fixos (porque necessita de 2 pontos de aplicação).
♥ Movimento com grande risco de recidiva! → requer maior tempo de contenção. A recidiva é devido à
distorção das fibras gengivais, ou seja, a recidiva vem da gengiva → daí contenções demoradas.
♥ Fibras supra-alveolares têm uma tremenda resistência à fratura.
♥ Mais usado em dentes monorradiculares.
Fibrotomia – corte das fibras para evitar recidiva.
Osteólise considerada em todo o processo alveolar em mono, bi e plurirradiculares; a rotação provoca uma
osteólise completa. A osteólise recupera em 3 meses, ficando completa em volta do dente. Do ponto de vista
periodontal, as fibras rompem, mas em 5 dias recuperam. A gengiva segue o dente, a fibrotomia em torno do
dente é o suficiente para a gengiva voltar ao sítio. Os incisivos quando rodados ocupam menos espaço – são os
únicos, depois é ao contrário. O simples facto de inverter a rotação dá espaço – é o que mais recidiva, mesmo
que se vá buscar 2-3mm. Quanto maior o numero de raízes, maior a osteólise. A tendência de recidiva não tem
nada a ver com a osteólise (ao fim de 2-3 meses está tudo normalizado), mas com a distorção que ocorre ao nível
periodontal (não o ligamento, pois quando está em movimento activo, as fibras rompem e reorganizam-se em 5
dias) também não é, pois a gengiva é que tem mais influencia. Ex: tatuagem na gengiva. Segue o dente –
distorção ao nível periodontal, mas uma fibrotomia é suficiente para eliminar a tensão.

Fibras transeptais – ligam os dentes ao nível do colo, uns aos outros.


Reitan 1958 – fibrotomia (só 25% dos médicos dentistas as usa, devido ao risco de retracção gengival,
principalmente em vestibular. Pode ser feita antes da contensão) circunferencial supra-crestal (feita acima da
crista, impede a tendência de colapso, e em caso de não extracção pode inutilizar a correcção) – Edwards 1970
(bisturi com profundidade de 2mm em volta de todo o dente).
− Elimina a tendência da recidiva nas fibras transeptais no movimento de rotação (unem todos os dentes
entre si)
− Todavia não é um procedimento muito utilizado pelos clínicos pois há tendência de retração gengival
em vestibular após o ato clínico → Todavia, tal pode ser ultrapassada deixando de a fazer circunferencial
e fazendo apenas seção por bisturi em mesial e em distal do dente (proposto pelo professor)
A tensão imprimida aos dentes não rompe, não se reorganizando, porque não tem fibras elásticas. As fibras
oxitalâmicas predominam nas fibras transeptais e estas têm fibras elásticas. Cada vez que é estimulada a
movimentação do dente, estas vão fazer tensão, para tentar levar o dente para o mesmo sítio.
Não se pode sobrerrodar um dente sem causar distúrbios na oclusão, por causa dos antagonistas.

♥ Os dentes dos setores laterais rodados ocupam mais espaço. → a sua correção é um forma de arranjar espaço
na arcada . Requer 2 pontos de aplicação para a rotação do dente
♥ Os dentes dos setores anteriores rodados ocupam menos espaço. → a sua correção implica re-ordenamento
da arcada, senão vai haver muita tendência à recidiva para distorção das fibras transeptais.

Movimento de torque
♥ O eixo de rotação biológico é transferido para a coroa clínica → Movimento da raiz dentro do osso
♥ Tem o eixo de rotação na coroa! Movimento de inclinação em que a maior quantidade do movimento ocorre
na raiz.
♥ Queremos que a raiz se mova mais do que a coroa, ou seja, é basicamente o movimento de inclinação
invertido – este torque é muito difícil de executar
♥ Movimento típico dos aparelhos fixos (2 pontos de aplicação)
♥ É um movimento da raiz dentro do osso, logo, é pouco percetível pelo paciente – só altera a inclinação do
dente

Torque – dente
o Torque radiculo-vestibular → raiz vem para vestibular
o Torque radiculo-lingual → raiz vem para lingual
Torção – arame (algo aplicado no arame para obter o torque) → arame retangular

♥ Antigamente era necessária torção manual do arame para fazer o torque. Atualmente, já há arame pré-torcido
para fazer o torque.
♥ Há brackets que já trazem a informação do torque incluída. A altura da ranhura dos brackets é diferente,
dependendo dos dentes – brackets pré-torcados.
♥ Também há os brackets zero, que não têm torção e tem que ser dada ao arame.
O eixo de rotação biológico é transferido para a coroa clínica. Movimento feito à custa da raiz, corre o risco de
se aproximar demais da cortical vestibular ou lingual/palatina. Quando próximo das corticais, a raiz para alem
de ser uma área pouco irrigada tem muitos osteoclastos. Os movimentos que implicam osteólise considerada,
são movimentos com reabsorção considerada → é o movimento ilustrativo dos aparelhos fixos → manter a coroa
no mesmo sítio e grande amplitude do movimento da raiz → conseguido com 2 pontos de aplicação na coroa
(movimento de inclinação invertido, difícil de realizar/executar).
Ao contrário dos movimentos de inclinação (1/3 apical e 1/3 médio da raiz) este movimento exige osteólise
considerada, pois a raiz movimenta-se num todo. As corticais, histológicamente, são iguais ao osso medular,
mas diferentes da intensidade trabecular.

+ + = Torque – dente
(arame)

+ + = Torção – arame
(arame)

Torção no arame com uma determinada inclinação/graus – 20º, por exemplo. O arame ao ser forçado na ranhura
já vai fazer a inclinação, são os chamados brackets pré-torcados. Com arames redondos não há qualquer
movimentação, porque não dá para os 2 pontos. Triangular – melhor para afastar os 2 pontos de aplicação.

Há 2 categorias de brackets:
♠ Zero graus – inclinação neutra – com arame retangular: não ocorre nada, pois fica neutro, não ocorre
movimento de força
♠ Mas se se quer este movimento, é necessário torcer e angular o arame (ex: Incisivos Centrais Superiores, 22º
inclinação)
♠ Introduzir 22º ao bracket, já não é necessário torcer o arame, pois já efetua ao entrar no encaixe do bracket,
este está pré-torcado.
Remodelação óssea: (processo natural que vai continuamente substituir osso por outro, que ocorre quando o
dente é impulsionado para ocorrer movimento do dente)

Movimento dentário e a idade


Remodelação óssea
5 Anos …………………………250% (o osso é remodelado 2 vezes e meio por ano)
30 Anos ……………………….80%
50 Anos ………………………. 30%
75 Anos ………………………. 2%
♥ Forças mais leves e contínuas (mais favoráveis à remodelação óssea)

Com o aumento da idade as forças mais leves e contínuas (mais favoráveis, mais indutoras à remodelação óssea).
Quando ocorre uma fractura numa criança, esta é resolvida rapidamente, ao passe que no adulto demora muito.
Quanto mais avança a idade, a remodelação diminui, tendo que se usar forças mais leves e contínuas (aparelhos
fixos).
Os adultos estão cada vez mais a fazer tratamentos ortodônticos, daí termos que ter em conta a remodelação
óssea.

Alterações endócrinas pubertárias


∞ Alterações do metabolismo do cálcio (-)
∞ Alterações do reatividade celular (-)

Paciente em crescimento
O paciente adapta-se ao tratamento ortodôntico. → ideal manter a contenção até ao final do crescimento
Paciente adulto
O tratamento ortodôntico deve ser adaptado ao paciente. (por múltiplas razões)

Aumento da idade = diminuição do potencial celular (maior esforço periodontal requerido)


∞ Meios terapêuticos mais sofisticados
∞ Tratamento de compromisso (temos que nos adaptar ao crescimento)
∞ Tratamentos mais prolongados (de acordo com a remodelação óssea, que vai ter um ritmo mais pequeno)
∞ Estabilidade mais difícil
∞ Contenção mais prolongada (há alturas em que as contensões são permanentes, devendo informar o paciente,
chegando a não fazer o tratamento)
∞ Maior risco de lesões (reabsorção radicular é inevitável, nem que seja micro-absorção, mas há sempre. As
micro-absorções podem ser recuperadas. Por volta dos 30 anos há reabsorção radicular idiopática, ou seja,
ocorrem sem uma pessoa saber a causa (por ex: forças mal controladas) se o paciente já tiver predisposição para
isso, isto pode ser uma calamidade. Maior esforço periodontal, daí o maior risco de lesões).
Nos adultos além da perda sequencial de remodelação óssea, ainda temos mais recidiva e o processo é mais
lento.

7ª AULA TEÓRICA DE ORTODONTIA I (29/10/2021)

Movimento dentário – Tecidos envolvidos:


Quando uma força ortodôntica é aplicada à coroa de um dente, esta é transmitida para a raiz e em seguida para
o osso alveolar, através do ligamento periodontal (todavia não tem detetores de pressão), determinando
alterações adaptativas em todo o complexo dentoalveolar envolvido.
Estas alterações intermediárias de natureza celular e bioquímica que decorrem entre a aplicação de força e de
movimentação do dente, representam a interpretação biológica que os tecidos fazem da força aplicada, sendo o
seu conjunto designado por Transdução.

Eixo biológico de rotação

Eixo mecânico de rotação

+ -
+ -
+ -

Osso alveolar
Pressão = reabsorção óssea (-) (feita pelos osteoclastos)
Tensão = aposição óssea (+) (feita pelos osteoblastos)
Osteoblastos/osteócitos - osteoclastos

Segregam matriz óssea

• Osteoblastos – segregam osso


• Osteócitos – são osteoblastos (aprisionados envolvidos na matriz)
• Osteoclastos – reabsorvem osso

Conceito de remodelação óssea – as situações de aposição e reabsorção óssea dominantes verificadas na


ocorrência de movimento dentário ortodôntico representam exacerbações localizadas de um processo natural
existente, em que o osso é continuamente substituído, e que é conhecido como remodelação óssea. (equilíbrio
entre reabsorção e osteogénese).

1 Osteoclasto – 100 osteoblastos (sempre que a proporção se altera, temos ou mais aposição ou mais reabsorção)
Aquilo que os osteoblastos fazem, 1 só osteoclasto destrói.

Osteócito
Osteoblasto Osteócito (28000/mm3) (muito abundantes)

Osteogénese (7-10 dias) (formação óssea no local de aposição)


1ª Fase: formação da matriz orgânica (não é calcificada) → “osso” osteoide (mas não é osso)
2ª Fase: maturação da matriz orgânica (como não é mineralizada os clastos não conseguem reabsorvê-la)
(fosforilação – fosfatase alcalina)
3ª Fase: mineralização de matriz orgânica (aqui já há osso)
(precipitação)

• Osso imaturo → só passados 3-6 meses → osso maduro


Não é pelo osso que temos de prolongar o tempo da contenção (risco de recidiva). É sim devido às fibras
supralveolares transeptais – distorção gengival – que prolongamos a contenção (estas fibras gengivais demoram
a recuperar da distorção gengival)

Osteócito
Osteócito = regulador de calcemia
O osso osteóide não é reabsorvido porque os clastos não o reconhecem, porque este não é mineralizado.
Calcemia normal = 10mg% (± 0,3) (margem muito estreita, dá muitos problemas – ex: tetania)
(morte em tetania a 6,5%)

Interface osso/ Osteócito = 250 m2

• Mantêm o teor de cálcio no sangue


• São os osteócitos que vão atuar rapidamente retirar o cálcio do sangue e colocar no sangue.
• A mobilização do cálcio do osso para o sangue é reversível
• (a matéria orgânica proteica) → osteocalcina é preservada.

Osteoclasto
Osteoclasto – célula de origem hemática (os seu precursores são os Monócitos que podem diferenciar-se em
Macrófagos ou Clastos, conforme se se encontram em substrato não mineralizado ou mineralizado.)
∞ Duram de 40-45 dias de vida (curto ciclo de vida)
∞ Célula grande e multinucleada (mais de 100 núcleos – quimiotaxia)
∞ Mobilização do cálcio é irreversível – atuam e destroem também as proteínas orgânicas, para além de matéria
inorgânica.

Cimento
∞ Recobre a superfície radicular
∞ Pode ser reabsorvido durante o movimento dentário ortodôntico
∞ Forças exageradas – raízes curtas e/ou hipercimentose
∞ Aumenta a espessura do colo para o ápice; menos espesso no colo (aumenta a espessura do colo para o ápice)
∞ Erupção passiva (formação de cimento no apéx)
∞ A sua formação é mais lenta do que a do osso

NOTA: o plexo vascular está no meio do ligamento periodontal

O cimento não tem remodelação  O osso tem remodelação

Cimento
Cimentoblasto Cimentócito
(superfície do cimento) (interior do cimento) quando está envolvida a raiz
Existe na superfície da raiz com excepção de 2mm no colo do dente. Ocorre com muita frequência nesta zona a
reabsorção externa de natureza idiopática.

∞ Colo do dente (2mm) (não existe cimento) → erradamente designado cimento acelular! → só não tem
cimento à superfície mas tem em profundidade
∞ Cimentogénese: 60-70 dias
∞ 30 anos para formar 0,6mm de cimento! (10 vezes mais que osteogénese)

Parte vascular → amortecedor hidrodinâmico do dente


Quando o ligamento é comprimido, este vai amortecer a descarga de tensão. As cargas também são dissipadas
pelo osso. Todavia, o ligamento é o primeiro a amortecer.

Homens com arcadas supraciliares maiores do que as mulheres


Homens e mulheres das cavernas com arcadas supraciliares ainda maiores

Servem para dissipar cargas – até zonas bastante distantes → modificação da arquitetura facial

Aplicação de cargas em dentes cuja raiz ainda está em formação pode levar a: bainha de Hertwing fecha
indevidamente e causa perda de 1/3 da raiz e perda de 1/3 de amortecimento. Pode causar retração gengival.

∞ Cimentócito: 30-35 anos de vida (amplo ciclo de vida)

Ligamento periodontal
• Fibras colagéneas (não elásticas) tipo Sharpey (osso - periósseo)
• Onduladas e com diferentes orientações ao nível da raiz – esta ondulação parece dar movimento ao dente
quando este é estirado
• 50% do volume são vasos (amortecedor hidrodinâmico) movimento fisiológico
• 50% do volume são fibroblastos (origem dos osteoclastos)
• Movimento dentário = ruptura a meio do ligamento e nova fixação (5-7 dias) = movimento ortodôntico
• 28 dias para remodelação = movimento dentário
mm
Compressão

2º Período Hialinização
0,6
0,5 Reabsorção óssea
0,4 1º Período
0,3
0,2

Dias
5 10

A força mastigatória:
• TEM intensidade…
• NÃO TEM duração NEM frequência …
… para intruir o dente no osso, ainda que estes se movimentem como êmbolos
• Os pontos de contacto passam a superfícies de contacto por desgaste interproximal

Compressão: até 4-5 mm, o dente move-se


Hialinização: a partir daqui há células pressionadas no ligamento que necrosam e que ficam microscopicamente
com um aspeto hialino (demoram 5-10 dias – plateau sem movimento porque as células necrosadas têm de ser
eliminadas pelos macrófagos)
Reabsorção óssea: o osso move-se por cerca de 15 dias apenas após as células necrosadas terem sido eliminadas

Daí não se ativar de semana a semana nem de duas em duas semanas


• Pode haver necrose
• Senão vai haver reabsorção indireta que inviabiliza a vida celular e começa a haver reabsorção do
ligamento

Quando o dente não se move é porque a força está excessiva! Logo é necessário diminuir a força. Não se pode
acelerar o processo – ritmo biológico

Reabsorção direta → Força adequada


Reabsorção indireta → Força excessiva (movimento demora mais)

Reabsorção radicular
Força excessiva = lesão extensa = reabsorção substitutiva
Osteogénese: 7-10 dias Vs Cimentogénese: 60-70 dias

Problema não solucionável – força excessiva


Na superfície da raiz estão cimentoblastos (exceto nos primeiros 2mm). Na profundidade está o feixe vascular.
Em condições normais há proteção por estas duas estruturas.
Com pressão excessiva, os cimentoblastos morrem e são eliminados pelos macrófagos e o cimento fica exposto.
Os clastos chegam à zona radicular desprotegida e vão eliminar cimento, recrutando cada vez mais clastos
• Lesão extensa → reabsorção substitutiva (osso substitui a raiz – só coroa – dente caí)
• Anquilose (cimento e osso) → dente não se move mais (não tem ligamento)

Problema solucionável – força adequada no movimento ortodôntico


• Todavia, microreabsorções são resolvidas.

CONCLUSÃO:
A ortodontia baseia-se no tripé:
1. Remodelação óssea
2. Remodelação periodontal
3. Ausência de remodelação do cimento
8ª AULA DE ORTODONTIA I (05/11/2021)

Mantenedores de espaço
Análise clínica
Análise radiográfica
Análise da discrepância de modelos

• Idade
• Cronologia
• Avaliação de dentes remanescentes

Função dos Mantenedores de espaço

• Preserva o comprimento da arcada dentária, impedindo a movimentação dos


dentes adjacentes para o espaço edêntulo e consequentes erupções ectópicas,
impactações dos dentes definitivos, apinhamento dentário, mordidas cruzadas,
desvio da linha média dentária, alterações no overjet e overbite e na relação
molar… (manter relação oclusal normal/ortodontia preventiva).
• Utilizados na perda precoce de dentes temporários

Cronologia da Erupção dentária


Dentição temporária
Dentição permanente

Estimativa da Idade Esquelética e Idade dentária


Radiografia da mão e punho para avaliar a idade esquelética, comparando o grau de
ossificação dos ossos com um atlas de desenvolvimento da mão e do punho

Idade vertebrais, calculadas a partir da imagem das vértebras cervicais vistas numa
radiografia cefalométrica lateral
• Rx da mão e do pulso ou Telerradiografia
• Mapas
Desenvolvimento da Dentição
Dentição Temporária – Dentição Permanente

Entre as áreas: incisivos e primeiros molares fica uma parte da arcada dentária: A zona
de suporte

• Constituição: caninos e molares temporários


• Função: manter a mastigação e a engrenagem entre as arcadas dentárias nos três
planos do espaço

Dentição Temporária – Dentição Mista


Entre os seis e os nove anos
• Anterior: erupção dos incisivos: substituição de dentes
• Posterior: erupção dos primeiros molares – adição de dentes

A. Aos 3 anos há um plano distal terminal das duas arcadas


B. Com a evolução da dentição temporária surge um degrau mesial que vai criar
condições para a erupção do primeiro molar permanente
“Fase do patinho feio” – fase fisiológica – diastemas entre os incisivos e inclinação
dentária para distal
• Aparece 1 dente permanente → fase mista da dentição
• Na fase do patinho feio não se colocam aparelhos
• Dentição decídua = não tem curva de Spee, existe bruxismo
• Dentição permanente = tem curva de Spee
• Evitar a mesializaçao do 1º molar superior e do 1º molar inferior → engrenagem
inter-arcadas

Dentição em estado de maturação normal (entre os 5 e os 7 anos)


A oclusão dos primeiros molares:
a) Engrenagem imediata em cúspide/fissura
b) Engrenagem em cúspide/cúspide

A erupção dos primeiros molares permanentes ocorre numa grande parte dos
casos, em simultâneo com a mudança dos incisivos, embora também possa
acontecer antes ou depois da esfoliação dos incisivos
Fase transitória após erupção dos incisivos permanentes (variável)

No final da colocação dos incisivos existe uma


fase de relativa estabilidade (período variável)
iniciando-se depois a mudança da zona de suporte

Entre os nove e os doze anos (substituição dos


dentes da zona de suporte)

• O sexo feminino inicia a sua


mudança dos dentes mais cedo
• O canino maxilar surge 12 a
16 meses depois do canino
mandibular
• Os segundos pré-molares
superior e inferior erupcionam quase
em simultâneo
• Normalmente existe uma
relativa simetria entre cronologia da
erupção direita e esquerda

Mudança da zona de suporte


Sequência eruptiva mais frequente
• Arcada Maxilar: primeiro pré-molar, segundo pré-molar, canino (4,5,3)
• Arcada Mandibular: canino, primeiro pré-molar, segundo pré-molar (3,4,5)
Reabsorção radicular da zona de suporte
Diferença de tamanho entre permanentes e temporários
Arcada maxilar:
• Canino: + 1 mm
• Primeiro pré-molar: ≈ ao 1º molar temporário
• Segundo pré-molar < que o 2º molar temporário
Arcada mandibular:
• Canino: + 1 mm
• Primeiro pré-molar: ≈ ao 1º molar temporário (este
um pouco maior)
• Segundo pré-molar << que o 2º molar temporário

Diferença de tamanho
• Espaço remanescente da zona de suporte
• “lee way space”
• Espaço de deriva mesial
• Espaço de Nance
Por hemi-arcada
• Maxilar: sobra cerca de 1,7 mm
• Mandibular: sobram cerca de 3,4 mm

Espaço adicional para alinhar os incisivos


1. Ligeiro aumento da largura do arco ao nível dos caninos
2. Ligeiro posicionamento vestibular dos incisivos centrais e laterais
3. Deslocamento distal dos caninos permanentes quando os primeiros molares
decíduos são esfoliados

Os comprimentos de ambos os arcos (L), a distância de uma linha perpendicular da


superfície mesial dos primeiros molares, e a circunferência do arco (C), tendem a diminuir
durante a dentição mista
A. Aos 7-8 anos o ligeiro apinhamento nos incisivos inferiores é normal – já
erupcionam os primeiros molares permanentes e os incisivos, e os caninos e
molares decíduos estão presentes na arcada
B. Aos 10 anos a perda de dentes decíduos fornece o espaço adicional
C. Aos 14 anos o alinhamento foi obtido, mas a rotação dos incisivos não foi
corrigida espontaneamente

Espaço remanescente da zona de suporte evolução normal


• Arcada maxilar: mesialização do primeiro molar
• Arcada mandibular: mesializaçao do primeiro molar

➔ Engrenagem cúspide fissura dos primeiros molares


➔ Alinhamento de ligeiro apinhamento dos incisivos laterais maxilares

Aproveitamento ortodôntico do espaço remanescente da zona de suporte


• Arcada maxilar: impedir mesialização do primeiro molar
• Arcada mandibular: impedir mesializaçao do primeiro molar

➔ Engrenagem inter-arcadas
➔ Resolução de pequenas faltas de espaço
Segundo molar evolui em paralelo com a zona de suporte
O espaço começa a formar-se após a erupção do primeiro molar
• Por volta dos 9 anos tem a dimensão de meio molar
• Nalguns casos, o segundo molar não tem o espaço suficiente
para erupcionar, mas “consegue impulsionar” o primeiro molar e
aproveitar o espaço sobrante da zona de suporte para se colocar.
Nestes casos, é só nesta altura que se estabelece a engrenagem
completa dos primeiros molares.

Dentição Permanente

Postulados da OCLUSÃO NORMAL – ANGLE


1º - O primeiro molar superior é a chave da oclusão
2º - Relacionamento do primeiro molar superior com o inferior, de forma à sua cúspide
mésio-vestibular ocluísse no sulco vestibular do primeiro molar inferior
3º - Dentes posicionados sobre a linha de oclusão normal

Linha de oclusão superior passa pela fossa central


dos molares superiores e cíngulo dos caninos e
incisivos

Linha de oclusão inferior passa pelas cúspides


vestibulares e pelos bordos incisivos dos caninos e
incisivos
Fatores que influenciam a mudança de dentição
Todos os que interfiram com o crescimento somático
• Genéticos
• Epigenéticos
• Ambientais
• Gerais (nutrição, clima, etc.)
• Locais (infeção de dentes temporários, barreiras eruptivas, …)

Tratamentos na Dentição Mista


1. Perda dos dentes decíduos comprometem o comprimento do arco
2. O fecho do espaço devido à perda prematura dos dentes decíduos, porque o
comprimento do arco deve ser recuperado
3. Maus posicionamentos dos dentes que interferem no desenvolvimento normal da
função oclusal, causando padrões defeituosos de erupção ou de fecho mandibular
ou comprometendo a saúde dos dentes
4. Dentes supranumerários que podem causar má-oclusão
5. Mordidas cruzadas de dentes permanentes
6. Má-oclusões resultantes de hábitos deletérios
7. Oligodontia, se for preferível fechar o espaço, em vez de colocar próteses
8. Espaço localizado entre os incisivos centrais superiores para o qual a terapia
ortodôntica é indicada
9. Neutroclusão com extensa labioversão dos dentes antero-superiores
10. Classe II (distoclusões) do tipo funcional
11. Classe II (distoclusões) do tipo dentário
12. Classe II (distoclusões) do tipo esquelético, particularmente se o tratamento
difásico …
13. Supervisão dos problemas de espaço
Indicadores radiográficos de problemas ortodônticos futuros:
1. Padrão de reabsorção da dentição decídua
2. Ciclo de erupção da dentição permanente

Indicações dos mantenedores de espaço


Avaliação da perda de um dente decíduo
a) Alteração do equilíbrio: crescimento/expansão?
b) Adaptação das estruturas às novas condições de forma favorável?
c) Estímulo para a função anormal dos hábitos?
d) A oclusão será suficiente para evitar a migração dentária?
e) Diminuiu o tempo de erupção do dente permanente?
f) Se já existe má oclusão (CII, CIII) o espaço criado afetará a mesma?
g) Se é necessário um mantenedor de espaço, de que tipo?
Fatores a ter em consideração na escolha dos mantenedores de espaço a utilizar
g) Se é necessário um mantenedor de espaço, de que tipo?
• Perda dentária
• Idade do paciente
• Estado de saúde dos dentes restantes
• Tipo de oclusão
• Cooperação dos pacientes
• Habilidade manual do operador
• Preferências do operador

Causas da falta de espaço nas arcas


• Evolução filogenética
• Hereditariedade – discrepância dento-maxilar
• Ambientais – cáries, extrações

Discrepância Dento-maxilar
A solução para a DDM severa são extrações programadas!...

… Não “mantenedores de espaço”!...


Fatores Ambientais Locais
Os dentes têm tendência à migração mesial antes, durante e após a erupção! …

… Migração é facilitada por “soluções de continuidade” (hiatos) nas arcadas


Princípios a que devem obedecer os mantenedores de espaço
1. Preservar a dimensão mesio-distal do dente(s) perdido(s)
2. Evitar a extrusão dos dentes antagonistas
3. Simples e resistentes
4. Não exercer tensão excessiva sobre os restantes dentes
5. Facilmente higienizáveis
6. Não interferir com os normais processos de crescimento e desenvolvimento,
mastigação, fala e deglutição

Contra-indicações dos mantenedores de espaço


• Quando estiverem previstas extrações
• Quando houver agenesias
• Quando não houver osso alveolar a recobrir o dente substituto e o espaço for
suficiente
• Quando o espaço for superior ao necessário
• Microdontia
• Macrognatia
Classificação dos
mantenedores de espaço

Removiveis Fixos

- Próteses parciais
- Aparelhos removiveis com stops no fio
- Placa de Hawley
- Placas de Hawley com dente em
acrílico (mudar 1 vez por ano) Unilaterais Bilaterais
- Aparelho wraparound com dente em
acrílico (é funcional para ajudar a
mastigação)
- Mantenedores invisíveis

- Banda alça (com apoio oclusal) - Mantenedor Tubo/Conetor


- Coroa alça (com apoio oclusal) - Arco lingual - para mandibula
- Aparelho com guia de erupção distal - Botão de Nance (podem ser fixos ou
- Mantenedor reforçado com fibra de removiveis, acrílico - inflama o palato),
vidro Barra Transpalatina, Arco Transpalatino
- Simplle wire direct bonded (tem loop) - para maxila

Funcionais / Não funcionais


Mantenedores Fixos – Unilaterais
1. Banda Alça

A sua estrutura é baseada numa banda de metal, cimentada ao redor de um dos


dentes adjacentes ao espaço edêntulo na qual é soldada dois arames de aço
inoxidável, um em vestibular outro em lingual/palatino unidos e apoiados na face
distal do outro dente adjacente a esse espaço. Pode ter um apoio ocluso-mesial
para contrariar as forças da mastigação. Este aparelho não é funcional porque não
contribui para a mastigação nem previne a extrusão do dente antagonista.

Recuperadores fixos de espaço (quando o espaço já foi efetivamente perdido e vamos ter
de o recuperar)
Dentição definitiva
Brackets colocados na posição ideal

Brackets colocados não na posição ideal, mas como


ANCORAGEM para a movimentação do molar

I. Arco flexível continuo

II. Mola auxiliar


III. Mola em T – arame 017x025 aço (grau de angulação)

Contenção pós verticalização

9ª AULA TEÓRICA DE ORTODONTIA I (12/11/2021)

MOVIMENTO DENTÁRIO – MEDIADORES

Mediadores do movimento dentário:


∞ Prostaglandinas (E1 e E2)
∞ Oxigénio (O2)

∞ Paratormona (PTH)
∞ Corrente piezoelétrica (corrente gerada para deformação de um cristal = o osso tem
cristais de hidroxiapatite o cristal deforma após a pressão sobre o osso)
Corrente + : convexa
Corrente - : côncava
Gera reabsorção e aposição para retomar a forma original.

Transdução (24-48 H) – interpretação biológica da força que lhe é aplicada

Força

Pressão/Tensão
Activam fosfolipase
A2 e C (inibidas por
corticoides anti-
inflamatórios) Anóxia/Hipoxia (Hialinização)

Cicloxigenase Via glicolítica (via anaeróbia) (ác. Láctico + H+)


AINE’s
(AAS/indometacina)
Avaria bombas de iões da membrana celular (Ca2+ intracelular = lise)

Lise celular = ác. Araquidónico

Prostaglandinas E1 e E2 (potente ag, reabsorção óssea. Agente da dor) (processo


inflamatório) (angiogénese)

Osteoclastos

Explicação: Força →Pressão/Tensão → Há lise após a falta total (Axónia) de oxigénio. A via
respiratória passa para a via glicolítica (ácido láctico e iões H+) (hipoxia) e avaria as bombas de
iões e as células morrem também (Ca2+ intracelular = lise) → Membranas de fosfolípidos
morrem; os fosfolípidos clivados geram ácido araquidónico → Processo inflamatório:
fosfolipases A2 e C quebram cadeias de carbono e foram ácido araquidónico → Prostaglandinas
E1 e E2: potente agente de reabsorção óssea; agente da dor (processo inflamatório)
ANGIOGÉNESE → Osteoclastos (ALVO)

Mas os corticóides inibe, estas fosfolipases A2 e C. Os não esteróides vão atuar nas Cox
→ 2 formas de travar o processo inflamatório
SOLUÇÃO PARA ALIVIAR A DOR : paracetamol → alivia a dor e não interfere com
a movimentação dentária (analgésico mas não anti-inflamatório)
Pressão/Tensão
(15 min depois de aplicar a força)

Mastócitos (sofrem desgranulação, passados 15 minutos)

Aminas mucopolissacarídeos
Histamina (anti-his) (heparina)
Bradicinina (bromelaina)
Serotonina Retroalimentação

Prostaglandinas (E1 e E2)

Mútua potenciação (retroalimentação):


∞ + Síntese
∞ + Reabsorção óssea
∞ + Angiogénese (formação de vasos)
∞ + Dor
∞ + Permeabilidade vascular
Objetivo: ativar os osteoclastos → reabsorção que consinta movimento
Osteoclasto (ativação e diferenciação afetadas)
Os osteoclastos são o principal alvo para a transdução.
∞ Factores locais (pressão)
∞ Factores regionais (citocinas)
∞ Factores sistémicos (PTH (alterações hormonais), fármacos, doenças (afetam o
metabolismo do cálcio), etc)

Desenvolvimento da dentição (pós-natal)


Períodos críticos na evolução da dentição → crescimento + desenvolvimento →
sucessivos “normais” ao longo do tempo → aumenta a dificuldade de diagnóstico

I. Os primeiros meses de vida (0 – 6 meses)


II. A erupção dos dentes temporários (6 – 8 meses)
III. A erupção do primeiro grande molar (6 anos depois – 1º permanente a aparecer na
boca)
IV. A erupção dos incisivos permanentes (depois do 1º Molar definitivo)
V. A erupção dos sectores laterais (3 anos mais tarde → substituição dos caninos e molares
temporários pelos caninos e pré-molares definitivos – zona de suporte crítico pois há
aumento da possibilidade de existir falta de espaço)

NOTA: a oclusão avalia-se SEMPRE com o paciente sentado senão vai haver
prematuridades e a recidiva ortodôntica surge!

1. Nascimento – erupção dos incisivos (6-8 meses de duração) (pois os Ic


erupcionam ao 6-8 meses, logo até esta altura não é normal existirem dentes)

 Morfologia Facial
o Perfil convexo (mandibula retruída) dá aparência mais jovem
o Mandíbula em posição distal (3 correntes de hipóteses)
► Influencia traumática do nascimento? Não é justificável porque
acontece em cesariana
► Posição ventral do feto? Não é justificável porque a mandibula
iria para a frente (protrusão da mandíbula)
► Facilitar saída da cabeça? Improvável (Quando nascemos
temos cerca de 44 ossos na cabeça, estes vão-se fundindo com
a idade graças às suturas e os ossos ficam a metade e uns em
cima dos outros)
o Distoclusão do recém nascido
o Alteração da proporção da cabeça (até aos 4/5 anos porque cérebro e
abóbada craniana estão 90% completos aos 5 anos); ao nascimento 1/4
corpo é cabeça; idade adulta 1/8 corpo é cabeça
 CONCLUSÃO: Distoclusão do recém-nascido (é normal)

Desenvolvimento do aparelho estomatognático (mesmo com o auto controlo diminuído


o SEG está bastante desenvolvido) → viabilidade

 Sobrevivência
o Alimentação
o Liberdade das vias aéreas
 Posição postural de repouso (complexo pois exige intercepção de vários
músculos e um comando determinado. Os recém-nascidos conseguem com facilidade
obter esta posição, o que reforça a maturidade do SEG)
 Reflexos dos “pontos cardeais” (estimulação do lábio superior deve induzir a
procura de mamar)
o Ex: toque no lábio do bebé e ele procura o dedo para chuchar – reflexo
de sucção – muito importante
O aparelho estomatognático é o aparelho mais desenvolvido à nascença.
Durante muito tempo a criança só se consegue relacionar com o meio através da boca →
fase oral.

Alimentação
 Amamentação (2 fases) – Natural
o Sucção (exercício passivo- biberão)
o Pressão (exercício de esforço – avançar e recuar da mandíbula)
 Aleitamento (formação de uma câmara de vácuo) – Artificial
o Sucção (o facto de não ter a fase de pressão vai ter repercussões para a
criança)

Sucção
 Fechamento hermético anterior (pelos lábios à volta do mamilo)
 Fechamento hermético posterior (palato mole e dorso da língua em contacto)
 Abaixamento da mandíbula
 Abaixamento da língua ( músculo génio e hioglosso)

Objetivo: criar uma câmara de vácuo/de pressão negativa → câmara de sucção


As últimas fases são responsáveis pela formação de uma câmara de vácuo. Não há leite
na boca!

Pressão
Extremamente dinâmica
 Avanço e recuo da mandíbula (ainda não existe tubérculo articular) a olhar para a
mãe (AFETO) → fácil avançar e recuar a mandibula porque ainda não tem ATM
 Língua adota forma canalícular → já não há leite na boca
 Deglutição
o Cansaço do bebé evita sobrealimentação e obesidade
o Facilita a digestão (aumento do suco gástrico)
o Estimula o desenvolvimento do Aparelho estomatognático,
particularmente da mandíbula

A natureza não sabe da existência de biberões! Mas sabe que a fase de pressão estimula
o crescimento da mandíbula. Daí nascermos com a mandíbula retruída que depois avança.

Distoclusão do recém-nascido 

Distoclusão fisiológica do recém-nascido  (normal)


 Não é o mesmo que classe II (anormal)

O biberão só necessita da fase de sucção.


 Ausência de estímulo para o crescimento mandibular
 Sobrealimentação (pode levar à obesidade)
 Pode ser dado por outra pessoa (falta de afetividade com a mãe)
 Anomalias de Classe II e overjet aumentado (mais frequente em quem foi
alimentado só a biberão, a língua ocupa o lugar e faz com que ainda aumente mais o
overjet)
 Mecanismos musculares anormais na tentativa de compensar deglutição e
respiração anormal)
Falta de alimentação Falta de estímulo conduz a:
• Alterações no desenvolvimento
Dieta pouco fibrosa
→ Dentição temporária
→ Adolescente
→ Adulto

SEM TRATAMENTO AGRAVA SEMPRE!

Nº de deglutições por dia: 800 – 12

10ª AULA TEÓRICA DE ORTODONTIA I (19/11/2021)

Dispositivos anatómicos auxiliares da amamentação

Distoclusão fisiológica do Recém-nascido → compensada pela amamentação

Fase de Sucção Fase de Pressão


(esta é a fase que
efetivamente
modela em 6-8
meses a posição
da mandíbula

 Mais aparentes durante e antes da amamentação


 Desaparecem, em regra, em alguns meses ou até ao final do 1º ano de vida.

1. Pregas labiais: pregas dispostas em forma radial no vermelho dos lábios e


decrescendo em definição até à comissura. Permitem selar hermeticamente a boca em
torno do mamilo. Após amamentação notam-se muito. Pequenas almofadas, tem a ver
com a fase de sucção. Desaparecem no meio ano a um ano de vida.

2. Vilosidades dos lábios e mucosas: vilosidades de cerca de 1mm de altura na parte


interna dos lábios e espalhadas pelas mucosas. Tem a ver com a fase de sucção. Mamilo
não escapa e evita interrupções na amamentação.
3. Membrana gengival de Robin-Magigot: membrana eréctil muito vascularizada de
cerca de 1mm de altura, localizada nos bordos livres dos rebordos alveolares e
particularmente evidente nas áreas anteriores. Mais as pregas labiais fecham
hermeticamente a nível anterior. Freio que leva a um diastema se não migrar apicalmente,
aquando da erupção dos incisivos. Relacionada com a fase de pressão.

Freio labial superior em P → MIGRA → Freio labial superior em V

Quando não migra gera um diastema hereditário

Tem de ser Fibras têm de ser


+
excisada removidas para
evitar recidiva

4. Burletes/bossas e concavidades palatinas: 2 bossas de cada lado do palato,


definindo uma concavidade mediana. Destinam-se a fixar o mamilo para a fase de pressão
e tendem a desaparecer até ao fim do 1º ano.

5. Rugas palatinas transversais: divergindo ou não a partir da linha mediana. São mais
aparentes quer na criança ou adulto e destinam-se a fixar o mamilo na fase de pressão,
desaparecem ao fim de 1 ano de vida.

6. Panículo adiposo de Bichat: depósito de gordura plano ou arredondado, situado


entre os limites dos músculos bucinador e masseter. PERSISTE DURANTE TODA A
VIDA, mesmo em casos de inanição. Função: destina-se a impedir o colapso das
bochechas por ação da pressão atmosférica, quando na fase de sucção o ar é rarefeito no
interior da boca. (cor amarelada muito estranha, vê-se quando se faz cirurgia ortognática).
NOTA: 2 locais onde a gordura nunca pode ser mobilizada são as solas dos pés e panículo
adiposo de Bichat.

Formas de oclusão do recém-nascido

Distoclusão fisiológica do recém-nascido


- Distoclusão média = 6mm (pode variar entre 4-12mm, quando o bebé mal consegue
fechar a boca) → Discrepância sagital Em condições normais existe um degrau
nos recém-nascidos que é consequência da posição distal da mandíbula → forma um
degrau de 6 mm da distoclusão fisiológica (compensada em 6 meses)

6mm Maxila avançada


Mandíbula recuada

No pico de crescimento pubertário (12-18 anos) a mandíbula cresce em média 1mm/ano


(dobre da mandíbula) → em 6 anos = 6 mm

Relações da plataforma incisal (maxila) com o bordo incisal (mandíbula):

+ adequada
 Oclusão escalonada em degrau plana
+ favorável: plana → oferece menor
 Oclusão escalonada em degrau obliqua resistência ao avanço e recuo da
mandíbula)

 Oclusão em tampa de caixa → recuperação mandibular é mais difícil

 Oclusão progénica (prognatismo mandibular)


o Propriamente dita → mandíbula à frente da maxila
o Topo-a-topo → mandíbula e maxila topo a topo

Plataforma incisal inclinada → dentes verticalizam


Gérmen decíduo em lingual face ao temporário

Oclusão escalonada plana Oclusão escalonada obliqua

Oclusão em tampa de caixa

Os dentes vão-se
verticalizando

Oclusão progénica propriamente dita Oclusão progénica Topo-a-topo


Oclusão escalonada
 Bebes bem desenvolvidos
 Bom desenvolvimento mandibular com a amamentação
 Gérmenes bem posicionados
 Tendência á relação neutral (Classe I)
 Plana mais favorável que a obliqua pois oferecem menor resistência
A forma plana não tem restrição de avanço, e o avanço ocorre sem perda de contacto.
Tem uma posição mais correta dos gérmens na plataforma.
Na oblíqua a inclinação mão permite o avanço á medida que avança os dentes posteriores
perdem contacto.

Tampa de caixa (é o 1º indício para a Classe II, divisão 2)


 Bebes bem desenvolvidos
 Bloqueio do desenvolvimento mandibular
 Gérmen verticalizado (80º em vez de 120º) / retroinclinação
 Tendência à relação de Classe II dentária e esquelética
 Agravada por ausência de amamentação
 Leva a uma mordida profunda
 Hereditária, prevalente em anglo-saxões
→ Percursora da anomalia oclusal Classe II, divisão 2 (de natureza hereditária).
Aumenta processos alveolares, mordida profunda > 100%, lateral alterado, bloqueio
mandibular, mandibula recuada, bloqueio de desenvolvimento pode levar à perda de
dentes precoce DEFINITIVOS.

Oclusão progénica (prognatismo mandibular)


A oclusão progénica não é precursora da Classe III! Também de origem hereditária.
 Bebes pouco desenvolvidos à nascença
 Em pouco tempo pode transformar-se em qualquer outro tipo de oclusão na
contração do desenvolvimento até numa Classe III
 Variante topo-a-topo indica maior desenvolvimento do que variante
“propriamente dita”

Prognatismo do 2º mês fetal: na altura do nascimento existe já uma posição distal da


mandíbula, aos 6-8 meses já deve estar corrigida pela amamentação.

Maxila à frente e mandíbula atrás

Oclusão progénica é o atraso do


desenvolvimento dos maxilares que
se pode recuperar

Mandíbula à frente e maxila atrás

2º mês fetal

Distoclusão fisiológica
Nascimento

Posição normal

6 meses

Erupção dos dentes temporários


 Protuberância na região anterior (5-8 meses)
 A época de erupção depende de:
o Grau de desenvolvimento do gérmen á superfície se está + ou – desenvolvido
o Distancia do gérmen á superfície + próximo ou afastado
o Situação endógena (hormonal)
o Hereditariedade
o Estado geral do desenvolvimento
o Condições ambientais podem acelerar ou atrasar a erupção
• Doenças febris agudas, que aceleram a erupção
• Doenças crónicas – raquitismo, hipotiroidismos, que atrasam a
erupção

Posição pré-eruptiva dos incisivos:


(A) Escalão / Degrau: mais favorável ao desenvolvimento transversal
(B) Rotação: menos favorável ao desenvolvimento transversal da área anterior (maior
tendência a apinhamento em fase mista e na dentição permanente e não em decídua)
Rodando, uma vez que Reprodução da
ocupam menos espaço. posição que tinham
dentro do osso →
apinhamento.

Escalão Rotação

Posição relativa dos gérmens (temporários – permanentes)


 Temporário: por oclusal e lingual
 Transposição: troca de gérmens (Canino maxilar troca com Incisivo
Lateral maxilar → mais comum)

DIFERENTE…………..

Transposição semi-circular:
 Trajeto semicircular que os gérmens dos dentes temporários fazem por
lingual e em torno dos permanentes, para se lhe colocarem apicalmente ou entre as raízes
(molares temporários)
 Está concluído para todos os dentes aos 4 anos
 4 anos: PM entre raízes de M temporários entre ápices de I e C
o Gérmens permanentes ligeiramente em lingual → I
permanentes erupcionam ligeiramente por lingual com o
decíduo ainda lá → duplo dente
o Língua orienta os dentes incisivos na arca (alarmante, mas sem
significado)
 Incisivos e caninos: iniciam a transposição no período fetal (in útero) e ao
nascer já se encontram por lingual
 PM: só iniciam a transposição após o nascimento, até então estão por
oclusal (pode ser a causa de algumas agenesias) → 2º PM são os dentes que mais
costumam faltar

Implicações nos traumatismos dos incisivos:


 Até 3 ou 3 anos e meio: gérmen em lingual
 Aos 4 anos / depois dos 3 anos: transposição semicircular
 Luxação em sentido lingual é mais perigosa até aos 3 anos (porque há
possibilidade de atingir os permanentes)
 Intrusão é mais perigosa a partir dos 3 anos (porque pode afetar os dentes
temporários. Ex: modificar trajeto, inclusos)

Não afeta o permanente, pois o


gérmen está por trás. Só a partir
dos 3 anos é que já pode atingir,
uma vez que já esta mais junto.

11ª AULA TEÓRICA DE ORTODONTIA I (26/11/2021)

I e C: transposição no período fetal e ao nascimento já estão em lingual


PM: transposição só após o nascimento

Luxação lingual: + perigosa até aos 3 anos


Intrusão: + perigosa a partir dos 3 anos

Cronologia eruptiva

ICI → 1º dente decíduo a erupcionar


6 – 8 (janela de 2 meses)

2ºM → último dente decíduo a erupcionar


20 – 30 (janela de 10 meses)

Ic 6-8 meses
Ic 4º mês VIU

Il 8-12 meses
Il 4º mês VIU

Canino 16-20 meses Únicos com janelas


Canino 5º mês Janelas de 4 meses diferentes de 4 meses

1º Molar 12-16 meses


1º Molar 5º mês
2º Molar 20-30 meses (média 24 meses)
2º Molar 5º mês

Erupção do 1º Molar temporário = 1ª elevação fisiológica da dentição.


• 12 – 16 meses
• Aumento do 1/3 inferior da face
• Aumento da DVO
• Afastamento dos processos alveolares
• Overbite diminui

Dentição permanente tem limitação em termos de espaço, daí poder haver apinhamento.
1º M antes do C devido ao tipo de amamentação (poder de mastigação para a transição
exclusiva da amamentação para alimentação semi-sólida).

Entrada em oclusão do 1º
2ª elevação fisiológica da
grande molar / 1º molar
permanente = dentição

6 anos
↑ DVO

Entrada em oclusão do setor


3ª elevação fisiológica da
lateral + 2º molar permanente

Face aumenta 3,5 mm


= dentição

12 anos

Características da dentição recém colocada


1. Forma semicircular das arcadas
2. Ausência de espaços entre os dentes
3. Atrás da face distal do 2º Molar encontra-se a tuberosidade na maxila e o bordo
anterior do ramo montante na mandíbula
4. Os dentes superiores recobrem os inferiores
5. As faces distais do 2º Molar maxilar e mandibular estão no mesmo plano vertical
6. A engrenagem é de tipo agudo (sem desgastes)
7. Ausência da curva de Spee
8. Ausência da curva de Wilson

Período útil da dentição (3 a 6 anos)


A – Preparação para a colocação do 1º Grande Molar (distância MD 10 a 12 mm)
B – Preparação para a colocação dos incisivos

 Tem de haver adaptações que permitam a colocação de 1ºM permanente, C inf.,


ou seja, ….
 …. Aos 5 – 6 anos
 Tuberosidade maxilar para trás Formam-se os
 Bordo anterior do ramo montante mandibular para trás campos molares
 Diastemas inter-incisivos = para colocação de dentes permanentes que têm
↑ distância MD
 Alterações percetíveis aos 4/5 anos, ou seja, 1 ano antes da erupção das peças
dentárias supracitadas
o Se for aos 4 anos e não aos 5 anos → dentes maiores que a média, risco de
apinhamento
o Se não existirem diastemas → dentes permanentes muito pequenos, não
há grande exigência em termos de espaço

Na maioria dos casos verifica-se oclusão neutral!

Possíveis explicações:
1. Hipótese aritmética: espaço E de Nance (deriva, LeeWay space) → válvula de
espaço de segurança - 2,5 mm mandibula; 1,5 mm maxila
2. Convexidade face distal: 1º Molar temporário maxilar (espécie de boca na face
distal que empurra o Molar)
3. Ângulo distal-lingual: 2º Molar temporário maxilar (que empurra o Molar mais
para trás)
B – Preparação para a colocação dos incisivos
Incisivos:
 Permanentes maiores que os temporários (média de 6mm)
Área anterior tem que crescer (formação fisiológica de espaços – Blake, 1872 – Sinal de
Bogue)
Sinal de Bogue:
➢ Pode começar a aparecer aos 4 anos ou nem aparecer
➢ Maxila – crescimento sagital + transversal
➢ Mandíbula – principalmente transversal

Avanço da mandibula
 Maxila – crescimento sagital + transversal (frente e lados) consentido pelo
 Mandíbula – principalmente transversal (lados) alargamento da
maxila→degrau distal
 Única explicação: Prognatismo fisiológico muda para mesial →
(mesioclusão fisiológica de Zielinsky) ≠ Classe III neutral

 9/10 do crescimento da pré-maxila ocorre na altura da erupção dos incisivos


central superior → surto de crescimento
 A incompreensão dos fatores de crescimento da criança acaba por ser um
risco tremendo para erro médico em que se colocam ERRADAMENTE
disjuntores e/ou máscaras faciais
Esta situação é, na realidade, um prognatismo fisiológico que não requer
qualquer tratamento e que por si normaliza em 6 meses.

Mesioclusão fisiológica de Zielinsky


 Crescimento sagital da maxila
 Adaptação da ATM (muito incipiente e permissiva)
 Desgaste dos dentes temporários para contrariar a engrenagem do tipo agudo
(Desgaste do tipo policontacto deslizante)
o Dureza do esmalte
o Consistência da dieta – dura é o ideal (senão gera bruxismo funcional da
criança)
o Guias articulares dentárias
o Tipo muscular
▪ Potencia mastigatória
▪ Direcção da tracção muscular

 Senão não há crescimento da mandíbula

Bruxismo:
 Cêntrico:
o Não range, não faz deslizamento
o Apertar os dentes
o Forma de descarga de stress
 Excêntrico:
o Range
o Desliza
 Funcional:
o “A natureza a querer resolver um problema”
o As cúspides não desgastadas funcionam como prematuridades
o Resulta de uma propensão da mandíbula para avançar
o Não necessita tratamento a não ser colocar papel articular e com broca
adiamantada fazer desgastes
 Topo-a-topo dos incisivos: já ocorreu a mesioclusão de Zielinsky
 Art. De pol: contacto deslizante

12ª AULA TEÓRICA DE ORTODONTIA I (03/12/2021)

Mesioclusão fisiológica de Zielinsky = deslizamento mandibular em dentes


anteriores
Mandibula avança e cria condições para Molares entrarem em oclusão neutral, gerando
um topo a topo transitório nos Incisivos
 Crescimento sagital da maxila
 Adaptação da ATM
 Desgaste dos dentes temporários
o Dureza do esmalte
o Consistência da dieta
o Guias articulares dentárias
o Tipo muscular
• Potencia mastigatória
• Direção da tração muscular

Bruxismo: (ranger os dentes para tender a compensar a falta de desgaste das cúspides)
 Cêntrico:
o Não range, não faz deslizamento lateral
o Apertar os dentes
o Forma de descarga de stress
 Excêntrico:
o Range
o Desliza
 Funcional:
o “A natureza a querer resolver um problema”
o As cúspides não desgastadas funcionam como prematuridades
o Resulta de uma propensão da mandíbula para avançar
o Não necessita tratamento a não ser colocar papel articular e com broca
adiamantada fazer desgastes
 Topo-a-topo dos incisivos: já ocorreu a mesioclusão de
Zielinsky
 Art. De pol: contacto deslizante

Bruxismo das crianças ≠ Bruxismo dos adultos


(Compensatório) (Patológico)

Classe II Divisão 2 – oclusão em tampa de caixa foi a sua precursora


❖ Movimentos de charneira
❖ Não conseguem realizar a lateralidade

Tipos de mastigadores associados a tipos faciais:


Dolicofacial ≠ Braquifacial ≠ Mesofacial

- Face em que predomina - Face em que a


- Face em que
a profundidade altura é ≈
predomina a altura
quadrangular profundidade
- Tendência a
mordida aberta - Tendência a mordida
- M. temporal profunda
- M. masseter
Mastigador temporal (Dolicofacial):
♪ Pequenas massas musculares
♪ Fibras compridas (movimentos finos de velocidade e não de potência)
♪ Inserção longe dos dentes
♪ Inserção perto da ATM (pequenos movimentos de força)
♪ Movimento de charneira (só abertura e fecho) e débil estímulo funcional de
crescimento e desgaste dentária
♪ Tendência a anomalias de Classe II

Mastigador masseteriano (Braquifacial):


♪ M. masseter + m. pterigoideu interno
♪ Grandes massas musculares
♪ Fibras curtas (movimentos lentos e em força)
♪ Cruza a área molar → mais desfavorável ao deslizamento e desgaste das cúspides
♪ Inserção longe da ATM (alavanca de força)
♪ Forte estímulo funcional e de desgaste dentário e de desenvolvimento
♪ Tendência a anomalias de classe I
Braquifacial!
Nota: o crescimento do osso é comandado pelos músculos.

Características da dentição temporária no final do “período útil” – 6 anos


1. Forma NÃO semi-circular das arcadas (crescimento anterior e posterior)
2. Espaço entre dentes
3. Atrás da face distal do 2º Molar encontra-se o “campo molar do 1º grande Molar”
4. Degrau mesial em distal
5. Eventual situação de “topo-a-topo”
6. Atricção dentaria generalizada
7. A engrenagem é do tipo “policontacto deslizante”
8. Esboço das curvas de compensação (Spee e Wilson)

Nota: Hipóteses de Baume (Austíaco) para colocação do 1º GM em oclusão neutral (4) –


Não sai no teste!!!!

Etapas na mudança dos dentes:


1ª Etapa:
6-9 Anos: erupção molar e substituição dos incisivos
2ª Etapa:
9-12 Anos: substituição dos dentes de “sectores laterais” = zona de suporte
Caninos e molares temporários

1ª Etapa
Mudança dos incisivos:
❖ Ocorre em simultâneo ou pouco depois da erupção do 1º grande molar
❖ Erupção inicia-se quando 1/3 a ½ da raiz está formada
❖ Ocorre 1º na mandíbula e depois na maxila (3 meses)
❖ Incisivos centrais antes dos laterais
❖ Reabsorção intermitente dos temporários (fixação alterna com mobilidade –
anquilose)
❖ Rizálise inicia-se pelo lado do gérmen (Lingual) mas não necessariamente
❖ Gérmens dos permanentes situados junto ao ápice e por lingual (duplo dente)
❖ Os germens temporários também estão por lingual e apicalmente
❖ Agenesia do permanente não impede rizálise do temporário, mas esta é mais lenta
(permanência do temporário entre 5-15 anos por média = 10 anos) mais verdade
para caninos e molares
❖ Erupção dos incisivos centrais maxilares = 90% do crescimento da pré-maxila
(em sentido sagital, mas sobretudo transversal)
❖ Eixos longitudinais dos incisivos maxilares divergentes/ diastema mediano
❖ Os 2/3 coronais da raiz do permanente dependem de factores genéticos
❖ O 1/3 apical radicular depende de factores ambientais
Duplo dente: incisivos temporários não esfoliam e aparecem os definitivos ao mesmo
tempo. São situações inofensivas, só não é inofensivo quando o dente está cruzado.
Não é um duplo dente, é o trajeto eruptivo anormal dos ICS

1ª Etapa:
❖ 2 Áreas de erupção (molar e incisivos)
❖ Área intermédia (zona de suporte)
▪ Funções:
• Manter intercuspidaçao
• Assegurar a dimensão vertical de oclusão (DVO)
• Assegurar a mastigação
• Assegurar o desenvolvimento do arco alveolar
• Manter o espaço eruptivo dos permanentes – principal função
o É uma zona fundamental

2ª Etapa
• Substituição de caninos e molares temporários
• Espaço de deriva; espaço de E de Nance; Lerway Space (espaço extra de
segurança)

Erupção dos dentes dos sectores laterais


(zona de suporte)
Canino; 1º PM; 2º PM

Ou em simultâneo
Cronologia eruptiva:

10 anos 12 anos
Maxilar: 1º PM → canino 2º PM

9 anos 10 anos 12anos


Mandíbula: canino 1º PM 2º PM

Caninos superiores e 2º PM inferiores → perturbações eruptivas (últimos a erupcionar


são os mais afetados)
3ª Elevação fisiológica
Erupção dos sectores laterais e 2º grande Molar
8 Desenvolvimento dos gérmens
8 Erupção dos dentes em boa posição
8 Maior altura das coroas
Elevação média entre os 9-12 anos: 3,5mm em 3 anos

Leway Space:
2ª Etapa: substituição de caninos e Molares temporários
8 Espaço de deriva = espaço E de Nance = Leway Space:
o Maxila: 1,5mm (3mm dos 2 lados)
o Mandíbula: 2,5mm (5mm dos 2 lados)

8 Substituição do canino temporários – permanente = -1mm


o 1º M – 1ºPM = 0mm
o 2º M – 2º PM = + 1,5 – 2,5mm
(0,5 – 1,5) Devido ao défice do canino (-1mm)! De onde vem o resto do espaço?
É com o 2º M temporário que se cria a maioria do espaço (ele é o dente chave)

Leway Space é cedido pelo 2º Molar temporário


+
Crescimento local
8 Espaço pode ser invadido a partir da zona anterior
8 Espaço pode ser invadido a partir da zona posterior

A discrepância dentomaxilar (NEGATIA = falta de espaço) é frequentemente menor do


que o espaço deriva.
Ou seja, em imensos casos há espaço útil para aproveitamento = situações críticas em que
devemos atuar imediatamente.
Contratempos: molar microdôntico ou anómalo
Bloquear o 2º M temporário para não

13ª AULA TEÓRICA DE ORTODONTIA I (10/12/2021)


Mantenedores de espaço
Objetivo: preservar espaço

Causas da falta de espaço nas arcadas


• Evolução filogenéticas
 diminui o nº de dentes
 diminui maxilares por diminuição da estimulação mastigatória (alimentos
processados com menor consistência)
 a alimentação mudou (diminuiu a consistência) ao longo dos anos o último
dente de cada série de dentes tem maior probabilidade de ser perdido
• Hereditariedade
 discrepância dento-maxilar (micrognatia, macrodontia, cruzamento de
genomas diferentes)
 Solução: DDM severa trata-se com extrações programadas e não com
mantenedores de espaço.
 A face é zona mais dinâmica apresenta. Tendência aumenta de classe II
(defeito - mandibula pequena) do que de classe III (excesso - mandibula
grande) – o defeito predomina sobre o excesso
 Aumento da mobilidade social → aumento cruzamento entre diferentes
patrimónios genéticos (Norte: celtas, vizigodos; Sul: arábes) → aumento
de anomalias (tamanho, espaço, volume) devido ao aumento de
heterogeneidade de padrões genéticos que se cruzam
• Ambientais – hábitos de higiene, cáries, extrações

Caninos superiores e 2º PM inferiores → + afetados pela falta de espaço (últimos a


erupcionar)

Alterações no perfil + Desvio da linha média + Alterações do overjet/overbite

Mantenedores de espaço

Tipo Ação
• Fixos • Ativos (produz
• Removíveis movimento)
• Funcionais • Passivos
(aproveita espaço) (recuperadores)
Aproveita forças
musculares para o
movimento
▪ Movimentos de pequena amplitude apenas
Princípios a que devem obedecer os mantenedores de espaço (Graber)
1. Preservar a dimensão mesio-distal do dente(s) perdido(s)
2. Evitar a extrusão dos dentes antagonistas
3. Simples e resistente
4. Não exercer tensão excessiva sobre os restantes dentes
5. Facilmente higienizáveis
6. Não interferir com os normais processos de crescimento e
desenvolvimento, mastigação, fala e deglutição

Os mantenedores podem (só até à erupção do dente – transitória) incorporar dentes e


funcionar como prótese em caso de perda de muitos molares, por exemplo. → na verdade
são sistemas fixos que podem criar perturbações ao crescimento

Se tiver mesmo de ser usado:


▪ Em dentes permanentes, não em decíduos
▪ Sistema tubo e cursor
▪ Sistema banda e alça – só pode ser usado em dentes anteriores pois é onde não há
cargas mastigatórias (alça deve ter apoio na zona oclusal do dente que falta).
Quando perdeu 2º M temporário e o 1º M permanente há tendência ao
deslizamento mesial e até à perda de espaço logo:
 Mantenedor de espaço
 Banda ou coroa no 1º M temporário com extensão intra-alveolar para
impedir o deslizamento mesial – quando e muito profundo

Indicações dos mantenedores de espaço


✓ Quando um dente temporário é perdido extemporaneamente
✓ Quando o dente substituto não tem pelo menos 1/2 da raiz formada
✓ Perda do dente 1 ano ou mais antes da sua época normal de exfoliação (individual)

Contra-indicações dos mantenedores de espaço


 Quando estiverem previstas extrações
 Quando houver agenesias
 Quando não houver osso alveolar a recobrir o dente substituto e o espaço for
suficiente (dente já não está intra-ósseo, está somente submucoso)
 Quando o espaço for superior ao necessário
 Microdontia
 Macrodontia

Perante estas contra-indicações pode ser avaliada a necessidade de realizar extrações


seriadas/programadas.
Esta opção é tomada com base na avaliação clínica e não com base em exames
radiográficos.
Evidentemente que temos de fazer Rx para ver se estão ou não presentes todos os dentes
(procurar agenesias).
Teste:
40 perguntas (0,5 valores cada)
➔ 30 EM (4 hipóteses) – pelo menos 1 opção certa, mas pode estar mais que
uma – 1 errada anula 1 certa dentro da mesma pergunta – cada certa 0,125
valores
➔ 10 VF

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