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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS

DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM
ATENÇÃO À SAÚDE DO ADULTO

Processo cirúrgico: manejo de


enfermagem no período pré-operatório

Thamiris Ricci de Araújo Quintanilha


Setembro/2020
PERÍODO PERIOPERATÓRIO

Pré-operatório Transoperatório Pós-operatório

Decisão de realizar a Recepção no CC até a saída Admissão na SRPA e


intervenção até 24h ate da sala de operação termina com a avaliação de
antecede a cirurgia. acompanhamento na
enfermaria ou domicílio.

(BRUNNER ; SUDDARTH, 2012)


ATUAÇÃO DA ENFERMAGEM

Diminuir o risco cirúrgico, promover a recuperação e evitar


complicações no pós-operatório.

PREPARO DO PACIENTE

§ planejamento da assistência: necessidades


do paciente;
§ orientação;
§ preparo físico e emocional;
§ encaminhamento ao centro cirúrgico.
SISTEMATIZAÇÃO DE ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM
PERIOPERATÓRIO (SAEP)

Visita pré-
operatória de
enfermagem

Reformulação da Planejamento da
assistência a ser assistência
planejada perioperatória

Avaliação da
assistência (visita Implementação da
pós-operatória de assistência
enfermagem)

COFEN, 2009; CASTELLANOS; JOUGLAS, 1990; FONSECA, PENICHE, 2009; JOST; VIEGAS; CAREGNATO, 2018.
ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO PRÉ-ANESTÉSICO

Imagem: LOCKS, M.O.H. et al assistência de enfermagem segura e qualificada: avaliação do risco cirúrgico no cuidado perioperatório ao idoso. Cogitare Enferm, v. 21, n.3, p. 01-07, 2016.
CONSENTIMENTO INFORMADO

É uma decisão autônoma sobre sua anuência com o


procedimento cirúrgico.

Explicação clara das implicações da cirurgia:

• Informar os benefícios, alternativas, possíveis riscos, complicações;


• Incapacitação de algum membro e remoção de alguma parte do corpo;
• Expectativas em relação ao período pós-operatório e tardio.

Atenção: Procedimentos invasivos, procedimentos que exijam sedação ou


anestesia, procedimentos que impõem maior risco e procedimentos que envolvem
radiação.
(BRASIL, 2009; BRUNNER ; SUDDARTH, 2012)
CONDIÇÃO RESPIRATÓRIA

• Tabagistas: cessar de 4 a 8 semanas antes da cirurgia. Reduz


significantemente as complicações pulmonares e retardo na cicatrização.
• Infecção respiratória: cirurgia normalmente é adiada em casos eleHvos
• Planejamento para intervenções para melhorar a função respiratória
antes da cirurgia.

Imagem: Pixabay/mcmurryjulie

(BRASIL, 2009; BRUNNER ; SUDDARTH, 2012; SOUZA et al. 2019)


CONDIÇÃO CARDIOVASCULAR

• Assegurar que o sistema cardiovascular pode suportar as necessidades de


oxigênio, líquido no período perioperatório;
• Manutenção dos anti-hipertensivos: HAS deve ser otimizada antes da
cirurgia.
• Arritmias
• ECG pré-operatório

Imagem: Pixabay/openclipartvectors
(BRUNNER ; SUDDARTH, 2012; SOUZA et al. 2019)
ESTADO NUTRICIONAL E HÍDRICO

• Promoção da cicatrização
• Resistência à infecção: estado nutricional debilitado
• Determinar as necessidades nutricionais: medida do índice de massa
corporal e da circunferência abdominal
• Obesidade (índice de massa corporal ≥ 30 kg/m2): aumenta a
probabilidade de infecção.

Qualquer déficit nutricional deve ser corrigido antes para fornecer a


quanHdade adequada de proteínas para o reparo tecidual.

(BRUNNER ; SUDDARTH, 2012; SOUZA et al. 2019)


SAÚDE ORAL

• Condição da boca: presença de cárie, pode ser fonte para infecção pós-
operatória.

• Prótese dentária: podem se desalojar durante a intubação e obstruir via


aérea.

(BRUNNER ; SUDDARTH, 2012)


FUNÇÃO HEPÁTICA E RENAL

• Fígado é importante na biotransformação de compostos anestésicos.


• Rins: estão envolvidos na excreção de fármacos anestésicos e seus
metabólitos, portanto, a cirurgia é contraindicada se o paciente apresentar
nefrite aguda, Insuficiência Renal Aguda (IRA) com oligúria e anúria.
• A excreção de muitas drogas apresentam-se alterados em indivíduos com
IRC, desaconselha-se o uso de fármacos em altas dosagens; excretados
pelos rins ou nefrotóxicos.

(BRUNNER ; SUDDARTH, 2012; MEDEIROS et al. 2014)


FUNÇÃO ENDÓCRINA

§ Controle glicêmico perioperatório depende da duração da cirurgia, quanto o


procedimento é invasivo, tipo de técnica anestésica, tempo esperado para
retornar a ingestão oral e terapia antidiabética de rotina;

§ A hiperglicemia está associada a aumento de morbimortalidade


perioperatória por complicações microvasculares e infecção pós-operatória.

Imagem: Pixabay/ SinisaMaric

(BRUNNER ; SUDDARTH, 2012; SOUZA et al. 2019)


FUNÇÃO IMUNE

• Determinar a ocorrência de alergias.


• Identificar e documentar qualquer sensibilidade a medicamentos e
reações adversas pregressas com medicamentos, transfusões de
sangue, agentes de contraste, látex e produtos alimentícios.
• Fatores como estresse, dor ou dificuldade de comunicação podem
esconder fatos relevantes.

(MACHADO et al. 2011, BRUNNER ; SUDDARTH, 2012)


USO PRÉVIO DE MEDICAMENTOS

§ Qualquer medicamento deve ser registrado: fitoterápicos, anCdepressivos,


anCcoagulantes, anCplaquetários, etc.

(BRUNNER ; SUDDARTH, 2012; SOUZA et al. 2019)


FATORES PSICOSSOCIAIS

Estresse emocional: possíveis danos decorrentes da cirurgia, dor pós-operatória,


separação da família, dependência física e medo da morte;

ESTRATÉGIAS COGNITIVAS DE ENFRENTAMENTO

• Orientação sobre o ato anestésico e os cuidados perioperatórios


• Imaginação, distração, música...etc.
• Informação previa sobre a eventual necessidade de ventilador mecânico,
drenos e outros tipos de equipamentos ajuda a diminuir.

(BRUNNER ; SUDDARTH, 2012; SOUZA et al. 2019)


CRENÇAS CULTURAIS, ESPIRITUAIS E RELIGIOSAS

Fonte: AZAMBUJA; GARRAFA, 2010

(AZAMBUJA; GARRAFA, 2010)


ABUSO DE ÁLCOOL

§ O abuso de álcool, pela OMS, é definido como a ingestão de 36g de etanol


(3 bebidas padrão /dia);
§ Risco aumentado de sangramento perioperatório;
§ Redução do risco, é necessário um mínimo de abstinência de 4 semanas;
§ História de alcoolismo crônico: desnutrição e outros problemas sistêmicos
ou desequilíbrios metabólicos que aumentam o risco cirúrgico;
§ Está associada a uma taxa de mortalidade significativa quando ocorre no
período pós-operatório decorrente de arritmias cardíacas, miocardiopatias.

(SOUZA et al. 2019; BRUNNER ; SUDDARTH, 2012)


PREPARO PARA MANEJO DA DOR

IMOBILIZAÇÃO DO TÓRAX AO TOSSIR

Incline-se levemente para a frente a parCr da posição


sentada no leito, entrelace os dedos e coloque as mãos
sobre o futuro local da incisão para atuar como uma
imobilização de apoio ao tossir.

BRUNNER ; SUDDARTH, 2012


MANEJO DE NUTRIENTES E LÍQUIDOS

Jejum pré-operatório: aumenta a segurança no manejo de via aérea,


reduzindo o risco de regurgitação e aspiração pulmonar de conteúdo gástrico.

Fonte: Souza et al. 2019

SOUZA et al. 2019


INTERVENÇÕES PRÉ-OPERATÓRIO

PREPARO DO INTESTINO

Os enemas não são comumente prescritos no pré-operatório a menos que o paciente


seja submeHdo a uma cirurgia abdominal ou pélvica. Os objeHvos desse preparo
incluem a visualização saHsfatória do local cirúrgico, evitar traumas no intesHno,
prevenir contaminação.

BRUNNER ; SUDDARTH, 2012


PREPARO DA PELE- TRICOTOMIA

• A remoção dos pelos depende da quantidade, do local da incisão, do tipo de


procedimento.
• Se necessário, deve-se fazê-lo imediatamente antes da cirurgia, e fora da
sala de cirurgia e encaminhar para banho de aspersão.
• Uso de tricotomizadores elétricos (limpar o tricotomizador após cada uso, de
acordo com as instruções do fabricante). Lâminas está contraindicado
• O uso de cremes depilatórios tem causado reações adversas
• Novas evidências: não remoção, sempre que possível. Pesquisas adicionais
sobre quais pacientes podem se beneficiar da remoção dos pelos.

(ANVISA, 2017; AORN, 2019.)


PREPARO DA PELE – BANHO PRÉ-OPERATÓRIO

.
Redução das bactérias sem comprometer a integridade da pele

(FONTE: ANVISA, 2017)

(ANVISA, 2017)
INTERVENÇÕES PRÉ-OPERATÓRIO

CUIDADOS DURANTE O BANHO

— Incluir a higiene do couro cabeludo e o cuidado com as unhas; Imagem: http://plasticway.com.br/avental-


paciente-gr40.html

— Atenção especial à higiene da cabeça nas cirurgias cranio-encefálicas;

— Observar que o cabelo deve estar seco antes de ir para o bloco operatório;

— Enfatizar a importância da higiene oral; nos casos que houver previsão de


entubação orotraqueal fazer higiene oral com clorexidina 0,12%.
— Fornecer toalhas limpas ao paciente para o banho pré-operatório;

— troca de pijama/camisola, da roupa de cama ou da maca de transporte após o


banho.
(ANVISA, 2017)
EXAMES E NECESSIDADE DE TRANSFUSÃO SANGUÍNEA

• Déficits de coagulação conhecidos devem ser corrigidos antes da cirurgia;


• Exame de compaCbilidade: Cpagem sanguínea
• Previsão de transfusão sanguínea: comunicar antecipadamente com o banco
de sangue para assegurar a disponibilidade imediata de hemoderivados
compaeveis.

Imagem: Kshirl02, pixabay

(BRASIL, 2015)
ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAÇÃO PRÉ-ANESTÉSICA

SEDAÇÃO: possibilita o controle da ansiedade, com depressão mínima da


consciência, não afetando a capacidade do indivíduo de responder à
estimulação física e a comandos verbais e de respirar de forma automática e
independente. (GONÇALVES; CRUZ, 2009)

ATENÇÃO: Paciente no leito com grades de proteção; observar reação ao


medicamento; administrar de 15 a 20 minutos antes do CC.

PROFILAXIA ANTIBIÓTICA: há evidencias na prevenção da infecção do sítio


cirúrgico, quando usada apropriadamente, considerando a cirurgia e o tempo
de administração. *ex. vancomicina requer ajuste no tempo.

(BRASIL, 2009)
Monteiro E.L. et al. Cirurgias seguras: elaboração de um instrumento de enfermagem perioperatória. Rev. SOBECC, São Paulo, v. 19, n.2, p.: 99-109, 2014.
TRANSPORTE PARA A ÁREA CIRÚRGICA

• Transporte para a sala pré-cirúrgica cerca de 30 a 60 minutos antes da


anestesia
• Transporte com segurança: maca confortável; cobertores; grades elevadas;
• Monitorização se for necessário

Imagem: Pixabay/Ahmad Ardity

BRUNNER ; SUDDARTH, 2012


REFERÊNCIAS

AZAMBUJA, L.E.O et al. Testemunhas de jeová ante o uso de hemocomponentes e


hemoderivados. Rev Assoc Med Bras 2010; 56(6): 705-9.
BRUNNER E SUDDARTH. Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgica. 13 ed. Guanabara
Koogan, 2016.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção
Especializada e TemáHca. Guia para uso de hemocomponentes. 2. ed., 1. reimpr. – Brasília :
Ministério da Saúde, 2015.
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária Medidas de Prevenção de Infecção
Relacionada à Assistência à Saúde. Brasília: Anvisa, 2017.
CASTELLANOS BEP, JOUGLAS VMG. AssistÍncia de Enfermagem Perioperatória: um Modelo
Conceitual. Rev Esc Enferm USP. 1990;24(3):359-70
FONSECA, R.M.P; PENICHE, A.C.G. Enfermagem em centro cirúrgico: trinta anos após criação
do Sistema de Assistência de Enfermagem Perioperatória. Acta Paul Enferm, v.22, n.4, p. 428-
33, 2009.
REFERÊNCIAS

GONCALVES, R.D.R; CRUZ, A.A.V. Midazolam oral como medicação pré-anestésica em


blefaroplastias. Arq. Bras. Oftalmol, v. 72, n. 5, p. 665-668, 2009.
JOST, M.T.; VIEGAS, K.; CAREGNATO, R.C.A. Sistematização da assistência de enfermagem
perioperatória na segurança do paciente: revisão integrativa . REV. SOBECC, SÃO PAULO.
OUT./DEZ. 2018; 23(4): 218-225
LOCKS, M.O.H. et al assistência de enfermagem segura e qualificada: avaliação do risco
cirúrgico no cuidado perioperatório ao idoso. Cogitare Enferm, v. 21, n.3, p. 01-07, 2016.
Monteiro E.L. et al. Cirurgias seguras: elaboração de um instrumento de enfermagem
perioperatória. Rev. SOBECC, São Paulo, v. 19, n.2, p.: 99-109, 2014.
SOUSA, L.C.B. et al. Principais recomendações em cuidados pré-operatórios. Rev Med
UFC. v.59, n.1, p. 53-60, 2019
Obrigada!!!!
thamirisricci@yahoo.com.br

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