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1 ao 5
Odontologia
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
38 pag.
Capítulo 1
Ortodontia é a ciência que tem por objetivo a prevenção e a correção da maloclusão dos dentes e
desarmonia dento faciais associadas.
Na busca da obtenção de tal objetivo, esta especialidade se preocupa de forma vital com o fenômeno
do crescimento e desenvolvimento facial e com os fatores que mantêm a perfeita correlação entre as áreas de
mudanças constantes de atividade tecidual dentro das estruturas que, em conjunto, formam o órgão da
mastigação.
Conseqüentemente, um operador neste campo, objetivando ser inteligente com propósitos nas suas
administrações, deve ser embasado na ciência biológica numa ampla visão do seu significado. Com tal
conhecimento fundamental sob o seu comando, ele estará apto a compreender e apreciar a importância dos
agentes que regulam o desdobramento natural das diversas partes deste complicado órgão e mantêm em
eficiência funcional durante o longo período transicional através do qual este passa antes de obter a
maturidade. Ele também deve ser conhecedor dos padrões funcionais deste órgão. Finalmente, é necessário
que ele seja bem informado acerca dos princípios da física e da mecânica e também exibir um grau pouco
usual de habilidade na manipulação técnica dos mecanismos ortodônticos.
A ciência é definida como “uma declaração exata e sistemática de conhecimento acerca de
determinado assunto ou grupo de assuntos”. Portanto, toda parcela de ciência deve ser construída sobre ou
envolvida em princípios básicos comprovados que se tornam à verdadeira fundação para que se possa erguer
uma estrutura tal que aquele campo em particular requeira. Então, nenhuma especialidade pode ser
classificada como uma verdadeira Ciência verdadeira até que tais princípios básicos sejam estabelecidos.
Foi a visão aguçada de Edward H. Angle que reconheceu tal necessidade no estudo das más-posições
dentárias, se o tratamento destas condições iria algum dia se tornar um procedimento científico. Estudos
comparativos de anatomia dentária de crânios humanos de desenvolvimento normal, revelam claramente que
havia um plano de arrumação fixo e fundamental para as unidades funcionais da dentição, e o Dr. Angle
aceitou e apresentou este padrão da natureza como um guia e uma lei a partir da qual se julgaria as más
posições dentárias e seria um ideal a se conseguir na correção de tais deformidades. Este então se tornou o
princípio básico da ciência da ortodontia e foi conhecido como oclusão normal dos dentes. Dr. Angle, na
sétima edição de “Maloclusão dos Dentes”, define oclusão normal como a “relação normal dos planos
inclinados oclusais dos dentes quando os maxilares estão fechados”.
Muitos anos se passaram desde que esta teoria básica foi avançada e o conceito de oclusão normal
dos dentes expandiu de forma tremenda. É sabido que quando o crescimento e o desenvolvimento seguem de
forma desimpedida, este arranjo ideal dos chamados planos inclinados oclusais é acompanhado por um
Quanto mais estudamos as estruturas do corpo humano, mais evidente nos parece que a natureza tem
um propósito na maneira como ordena a formação e estrutura dos tecidos. Os dentes ilustram admiravelmente
esta lei. Seu tamanho, forma, número, localização e componentes estruturais todos sugerem os ditados de seus
requerimentos funcionais. Os incisivos são dentes mordedores ou cortantes, formados precisamente para este
ato e colocados exatamente onde melhor podem ser usados. Os caninos são dentes para apreender, reter e
rasgar, pontiagudos para penetra na massa de tecido que deve perfurar. E providos de raízes largas e fortes
poderosamente suportadas por estruturas ósseas de modo que não possam ser deslocadas de sua posição sem
grande esforço e dificuldade. Os pré-molares são os membros triturantes e cominutivos do organismo,
situados onde podem ser os primeiros a atuar sobre a\s porções de alimento já divididas e rasgadas pelas
partes dentárias anteriores. E os molares são os agentes que moem, esmagam e liquidam, completando assim
o trabalho começado pelos pré-molares.
Quando analisamos a formação das superfícies oclusais dos dentes do ponto de vista fisiologico,
começamos a compreender exatamente porque existem as cúspides, cristas, sulcos e fossas formados nestas
áreas de contato proximal. A exigência da função tem ditado a existência destas características anatômicas.
Elas são propositais e estão perfeitamente adaptadas para o trabalho que lhes corresponde a realizar.
Nosso estudo prévio da relação anatômica destas superfícies nos tem ensinado que os vértices das
cúspides se correspondem durante a oclusão com as fossas situadas harmonicamente nos dentes antagônicos.
A interpretação fisiológica desta associação de estruturas indica uma ação comparável a de um pilão de massa
na qual as partículas de alimento se reduzem, os produtos desta função escapam através dos sulcos e fissuras
que irradiam desde estas fossas em varias direções. As cristas descendo desde os vértices das cúspides e
dividindo os planos inclinados, são as maquinas de corte e trituração do orgão.
No estudo da oclusão normal dos dentes nos capítulos anteriores nós consideramos as relações dos
dentes somente na posição de repouso. Em prótese se chama oclusão cêntrica. Considerando a fisiologia da
dentição devemos discutir a relação dos dentes e arcadas dentárias em função. Isto se denomina oclusão
dinâmica.
Ao mastigar os alimentos a mandíbula é primeiramente movida para baixo e para frente para permitir
que os incisivos se encontrem topo a topo com o propósito de morder. Quando eles se encontram dentro da
substancia alimentar, a mandíbula é fechada para que a superfície vestibular dos incisivos inferiores deslize
gengivalmente na superfície lingual dos incisivos superiores dando um efeito de cisalhamento.
O “TRITURADOR” DENTAL
Nos escritos do Dr. Angle há continuamente referência ao organismo da mastigação como o
“Triturador”. Esta comparação é muito apropriada, já que nas diversas funções dos dentes encontramos uma
similaridade com o trabalho efetuado pelas cúspides triturantes com o tempo. As partículas de alimentos,
cortadas ou rasgadas pelos incisivos e caninos, chegam aos premolares e molares pela ação dos músculos
bucinadores, e se põem em contato com as cúspides triturantes, que são as superfícies oclusais desses dentes,
pela ação muscular da língua, lábios e bochechas. Os poderosos músculos mastigatórios proporcionam a força
que é requerida para que o triturador comece a trabalhar e se mantenha em atividade. O movimento da
mandíbula é, por certo, ideal para o ato de triturar enquanto que os ossos basais com seus processos alveolares
e base óssea formam a base necessária para dar resistência estabilidade às cúspides.
Esta atividade funcional pode desenvolver-se e manter-se no mais alto grau de eficiência, somente
quando as unidades dentárias dos trituradores humanos estão em harmonia com a lei básica que vamos
considerar como o princípio básico da nossa ciência, o que é oclusão normal. Sem nenhuma falta de dente,
rotacionados, em posição axial anormal ou está mal alinhado, a relação normal das superfícies funcionais se
fazem impossível e portanto o corte, mordida, perfuração, trituração, etc.; que esta máquina há de realizar se
vem proporcionalmente afetada.
Iremos notar também nos próximos capítulos que este desequilíbrio da relação das superfícies
funcionais não é o único efeito nocivo causado pelos dentes que não estão dispostos de acordo com as leis da
Nós temos visto que a oclusão normal é moldada por certos fatores harmoniosos e definidos
propositalmente. Depois de estar então estabelecida, ela deve ser também sustentada por um grupo de fatores
inerentes e ambientais os quais trabalham em harmonia um com um outro e então garantem estabilidade dos
vários componentes desta estrutura complicada. Vamos agora considerar em detalhes apenas quais são eles:
1. A Força Proveniente do Contato Funcional dos Planos Inclinados dos Dentes – Assim que os
dentes erupcionam e vem em contato com os do maxilar oposto, uma força, desenvolvida da função, entra
agora em ação. Quando os planos que foram especialmente designados para ir de encontro com o outro
entram contato oclusal então os dentes, sobre os quais eles estão localizados, são dirigidos para suas corretas
posições na linha de oclusão e se mantêm nela. Do contrário, se os planos inclinados errados se articularem,
os dentes que os suportam seriam expelidos da harmonia com a linha de oclusão e mantidos nesta má-
posição.
2. A Musculatura do Órgão da Mastigação – Esta é de dois tipos:
a. A que movimenta os maxilares, isto é, os músculos da mastigação cujos efeitos são sentidos na
sua maioria através da ação dos planos inclinados.
b. Aqueles músculos que estão em contato com as coroas dos dentes, com os arcos dentários e
ossos basais, externa ou internamente aos arcos dentários.
Em condições normais, deverá existir um perfeito equilíbrio entre os vários músculos do órgão da
mastigação. Os músculos da língua não exercerão pressão mais forte contra o lado lingual dos arcos dos
dentes do que os músculos dos lábios e bochechas contra as superfícies labiais e vestibulares dos dentes.
O órgão mastigatório é uma porção muito importante do organismo e sem dúvida sua posição em
relação com a anatomia da cabeça e do corpo tem um lugar bem definido nesta visão preconcebida. Há uma
posição especial no “espaço” de cada indivíduo que a dentição deverá ocupar, e a natureza desenvolve os
componentes deste órgão conforme o tamanho, localização e tipo correspondente.
O Dr. Angle foi o primeiro a destacar a importância desta concepção biológica do desenvolvimento
e localização da dentição em cada indivíduo, e esta nos parece ser sua maior contribuição ao aspecto teórico
de nossa ciência. É um conceito que tem sido pouco compreendido porque necessariamente necessita de
evidência material concreta. Se, contudo, observamos os resultados diários da ação de um grupo de
trabalhadores que constroem uma catedral harmoniosa, observando o desenvolvimento de seu magnífico
contorno, da harmonia de forma e posição de seu sino e da situação e desenho de cada arco ogival, o
equilíbrio em altura, largura e comprimento do edifício, e da simetria na construção de seu telhado, saberia
que tudo isto era possível pois havia sido preparado um plano arquitetônico para este edifício, e que os
trabalhadores construiriam de acordo com o plano. Mas para o observador este plano é invisível. Não é algo
concreto porque nunca foi visto. Mas de outra maneira, sabemos que deve existir e aceita-lo como um fato. O
mesmo ocorre na construção do organismo e de suas diversas partes incluindo o órgão mastigatório. Deve
haver, e sem dúvida há, um plano definido, e cujas especificações dos construtores se adaptam durante o
Capitulo 5
O estudante íntimo da anatomia do corpo humano é constantemente trazido cara a cara com o fato dos
princípios mecânicos, utilizados pela natureza na construção de suas várias partes, serem maravilhosamente
bem adaptados às demandas de cada situação. Em nenhum lugar isso é mais bem ilustrado do que na dentição
humana e suas estruturas associadas; aqui nós encontramos a natureza usando o princípio da forma do arco,
um dos mecanismos mais fortes de adaptação conhecidos da engenharia; a aplicação dos pilares ósseos e de
sustentação como meios de fortalecer estruturas de fundação; o ajuste das unidades comoponentes da
dentadura para harmonizar-se com as linhas de força que agem sobre elas; e o balanço da distribuição das
forças, para assegurar a estabilidade das partes. É muito necessário que o estudante se familiarize
profundamente com esses princípios e entenda o estresse e tensões normais associados com o órgão da
mastigação ou ele não estará apto a detectar ou corrigir ações defeituosas que levam ao deslocamento
(substituição) das unidades funcionais dessa gande máquina de triturar do corpo humano.
Na oclusão normal dos dentes, deve ser notificado que com pelo menos seis exceções, cada dente está em
contato com e suportado por quatro outros dentes, dois no mesmo arco e dois no arco oposto. Essas exceções
são os incisivos centrais e terceiros molares mandibulares, que estão em contato, mas três dentes e os
terceiros molares superiores, que estão em contato, mas com dois dentes. Foi essa maravilhosa inter-relação
cooperativa que fez o dr. Angle escrever o seguinte: “os tamanhos, formas, superfícies em contato e posição
dos dentes nos arcos são tais, que não dão a nenhum outro, singular e coletivamente, o grande suporte
possível em todas as direções”.
O triturador humano foi desenhado para lidar com vários tipos diferentes de alimentos e efetuar diferentes
ações sobre esses alimentos, e, portanto, necessariamente é constituído por unidades de diferents formas e
tamanhos. É essencial que essas unidades sejam colocadas em tal forma e relação mecânica um com o outro,
que sejam auto-sustentáveis e ativamente resistentes contra deslocamento (substituição). A estabilidade do
desenho do arco é conhecida da mecância por séculos e essa forma foi bem escolhida pela natureza como a
mais estável para ajustar as partes componentes dessa máquina humana.
A mandíbula, que libera a energia para a função de trituração do alimento, é muito fortemente construída.
Camadas fortes de corticais ósseas são encontradas nas superfícies medial e lateral, tanto no corpo como no
ramo da mandíbula. Estes são reforçados no corpo por uma bem desenvolvida borda inferior. Abaixo das
raízes dos molares, estão as salientes cristas milo-hioidéias, que sobem pelo lado medial de cada ramo até a
língula.
O terço inferior do corpo, na sínfise, é marcadamente espesso, antero-posteriormente, esta área servindo como
base do arco, o qual é o desenho arquitetônico desse osso.
Os ramos são muito mais finos médio-lateralmente, do que o corpo, mas são bem protegidos pelas vastas
inserções dos músculos masseter, temporal e pterigoideos internos. As suas bordas posteriores são bem
espessas e aumentam bem à medida que os côndilos são aproximados.
Cristas de suporte contra a tração dos músculos temporais são encontradas nas superfícies medial e lateral dos
processos coronóides. Na superfície lateral existem duas dessas, uma se direcionando até o ângulo do osso e
O suporte dos limites posteriores dos arcos é de grande importância e não foram suficientemente enfatizados
no passado. Devido ao fato desses arcos repousarem num plano horizontal, a necessidade de suporte nesse
ponto é apropriada a ser perdida de vista. Até o limite basal do arco dental mandibular, um admirável suporte
é dado pelo espesso e firme osso que repousa na junção do corpo e ramo da mandíbula. Os limites posteriores
do arco maxilar, no entanto, são aparentemente sustentados somente pelo osso no qual os dentes estão
fincados e pela intercuspidação dos molares em oclusão. No entanto, quando estudamos a anatomia dessas
partes, notamos que há também uma forte pressão muscular contra os molares posteriores causada pelo
bucinador, masseter, temporal e pterigoideos internos, o qual é bem amplo para prevenir qualquer
desslocamento desses arcos posteriores.
O ajuste entre estas estruturas que dão suporte aos arcos dentais e mantêm estes contornos e formas, é
excessivamente delicado. Desequilibre um músculo pequeno e ele vai produzir um distúrbio que vai ser
sentido nos vários outros tecidos. Se essa força de desequilíbrio for leve, um reajuste automático ocorre com
o objetivo de compensar, o que vai permitir que os arcos dentais permaneçam no seu arranjo ideal. No
entanto, se esse desequilíbrio é tão grande que não pode ser contrabalançado, o deslocamento dos dentes ou
aberração dos arcos pode ocorrer e a oclusão normal não mais existirá. Assim, percebe-se que se alguém
entende a etiologia da má-oclusão, ele deve saber, intimamente, sobre oclusão normal nos termos de seus
componentes, elementos e forças.
Dr. Angle nas suasl aulas tem mostrado um fato bem interessante: a forte tração muscular exercida sobre a
dentição e seus suportes basais, é em uma direção posterior, apta a prevenir os dentes de serem carregados
para frente em relação ao crânio. De grande importância nessa conexão é o bucinador e seus íntimos
associados, as fibras do orbicular da boca à frente e o constrictor superior da faringe atrás. Eses três músculos
formam uma feixe de tecidos contráteis que se ancoram na base do crânio e na porção superior da coluna
vertebral através da fáscia pré-vertebral.
Em adição a esses fortes feixes de fibras musculares, nós temos o quadrado labial superior, o zigomático e o
canino acima e o quadrado labial inferior, triangulares e platisma miohioide abaixo, tracionando contra a
seção anterior do arco dental.
No interior e no lado lingual da mandíbula, tem um grupo de músculos supra-hióides exercendo uma tração
para posterior na mandíbula quando o osso hióide é fixado. Abaixo do hióide, continuando essa tensão para
trás, está o grupo de músculos infra-hióides.
Estudos do processo de crescimento da maxila e mandíbula, com referência especial aos locais que são feitos
para acomodar os doze molares, mostra que isso é manifestado em uma contínua direção anterior em ambos
os arcos maxilo-mandibulares enquanto seus sucessores molares tomam seu lugar nos seus respectivos arcos.
De acordo com oppenheim esse impulso dianteiro cessa com a erupção dos segundos molares permanentes,
mas hellman, brodie e schour afirmam que a maior parte de suas atividades é gasta nos primeiros cinco anos
de vida.
Tanto na mastigação como na deglutição, existem dois fatores que produzem efeito marcante sobre a
localização da dentição e consequentemente ajudam no movimento dianteiro das unidades de trituração da
dentição. O primeiro desses é a tração muscular e pressão, as quais na mastigação chamam para auxiliar, as
estruturas contráteis cujas ações e efeitos que temos discutido, e, na deglutição, traz para a ação, um número