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ODONTOLOGIA VETERINÁRIA EM PACIENTES SELVAGENS

 Tipos de dentição

- Carnívoros domésticos e silvestres: heterodontes, difiodontes (diplodontes),


anelodontes, brachiodontes, secodontes cúspides pontiagudas, tecodontes (inserção
alveolar individual – articulação gonfose).

 Heterodontes
- Formas diferentes conforme a sua função.
- Ex.: carnívoros, ararinha carnívoro (mustelídeo).

 Difiodonttes/diplodontes
- Ex.: carnívoros, ser humano.
- Dupla dentição.
- Primeira dentição: dentes de leite.
- Segunda dentição: dentes permanentes.
*Anormalidade: animal apresentando primeira e segunda dentição ao mesmo tempo
 cirurgia!
 Anelodontes
- Não têm crescimento contínuo.
- Têm definição de começo e fim da erupção; tem limite de continuidade 
erupciona até determinado momento e depois não o faz mais.

 Brachiodontes
- Dentes onde há coroa em menor proporção que a raiz (raiz é maior do que a
coroa).

 Secodontes
- Cúspides pontiagudas/bordos cortantes.
- Próprio para a dentição de carnívoros.

 Tecodontes
- Inserção alveolar individual (dente está inserido com a raiz no seu alvéolo) 
formam um processo articular que é identificado e composto pelo ligamento
periodontal  conjunto articular é chamada de articulação gonfose  permite
algumas funções de propriocepção.
- Inseridos no osso alveolar  espaços alveolares (presentes em mandíbula e
maxila) onde as raízes são abrigadas.

 Estrutura dental
- Ligamento periodontal: responsável pela propriocepção.
- Quando ocorre processo inflamatório extenso e prolongado  pode levar a
liberação de sinais de reabsorção dentária  ocorre anquilose (unificação entre os
elementos do osso alveolar com o dente)  perda da existência do ligamento
alveolar.
- Processo inflamatório degenerativo com infecção  osteíte alveolar/osteólise
alveolar  destruição do tecido ósseo alveolar. É o que ocorre primeiramente na
doença periodontal.
 Função dos dentes
- Preensão do alimento: transporte.
- Dilacerar e cortar para a ingestão/mastigação.
- Ataque e defesa.
- Ferramenta (castores os usam para cortar árvores).
- Limpeza corpórea (proteção contra parasitas, etc.).
- Fonação.
- Interação social (brincadeiras).
- Locomoção (morsas – auxiliar na subida e descida).
- Dimorfismo sexual.
- Status social em primatas.
- Atração sexual em fêmeas primatas.

 Odontogramas específicos
- Existem para felídeos, canídeos, primatas e roedores e lagomorfos.
 Terminologia odontológica

- Mesial: antes do dente.


- Distal: depois do dente.
- Face vestibular: olhando de fora/externa. Face labial é sinônimo. Serve para
superior e inferior.
- Face lingual/palatina: quando tiver correspondência com a língua (parte mais
externa) ou palatina (parte de dentro).

 Sistema Triadam Modificado

 Anatomia
- Tipos de crânio: braquicefálicos ou dolicocefálicos.
- Dentes têm distorções de funcionalidade ou de posicionamento dependendo do
tamanho do crânio.
- Indice cefalométrico: medida da crista nucal até a extremidade anterior da sutura
incisiva. Ápices dos arcos zigomáticos. (Largura x 100)/comprimento = IC
- Padrão oclusal em carnívoros:
 Crânio anisognata.
 Incisivos – topo a topo normal.
 Canino inferior mesial canino superior.
 Intercuspidal com os pré-molares.
 Relação sobre-posição com os dentes posteriores.

 Terminologia dentária
- Erupção dentária: nascer.
- Esfoliação: perda fisiológica do dente decíduo. Dente permanente não esfolia!!!!
Apenas cai por trauma  avulsionar.
- Primeira dentição: dentes decíduos. Próximo aos 30 dias que é quando acabam a
amamentação.
- Segunda dentição: dentes permanentes.
- Apinhamento dental: “dente encavalado”.
- Giro-versão: “dente virado”.
- Dente não erupcionado.
- Ausência de dentes.
- Dentes impactados: dentes que não erupcionaram, mas que existem e estão mal
posicionados na boca do paciente. Ligados a patologias.
- Dentes hiperplasiantes: sofre processo de hiperplasia e absorção dentária.
- Lesões de reabsorção: LRDF – lesão de reabsorção dentária nos felinos (ocorre
mais neles, mas pode ocorrer em caninos).
- Exostose alveolar: ocorre em felinos; osteíte alveolar crônica.

 Doença periodontal

*Estágios. 2) Gengivite: início de processo inflamatório mais acentuado em gengiva.


3) Peritonite inicial: alteração da integridade alveolar, presença de osteólise ou
osteíte. A gengiva acompanha e tem retração gengival. 4) Peridontite avançada:
perda da sustentação de fixação do dente.

- Está relacionado também com a imunidade do paciente.


- Sinais e sintomas:
 Mau-hálito, halitose.
 Cálculo marrom-amarelado sobre os dentes.
 Sangramento gengival.
 Rejeita o alimento.
 Mastigar de um só lado.
 Mímica repetitiva com a boca.
 Passar a pata na boca.
 Perda de dentes.
 Muda o comportamento.
 Alteração na saliva  perde saliva.
 Deixa cair o alimento da boca.
 Alimenta-se com voracidade.
 Dor e sensibilidade.
 Espirros  secreção nasal.
 Anorexia (doença periodontal grave)
- Sinais comportamentais:
 Mudança na preensão e mastigação.
 Meneios e fricção com a cabeça (balança cabeça ou a passa nas grades, etc.).
 Alterações comportamentais sugerindo dor.
 Anorexia.
 Reações abruptas após ingestão de água/alimento.
 Apetite seletivo (preferência por itens macios).
- Ciclo da doença periodontal: inflamação gengival (gengivite)  sangramento 
inflamação de todo colar gengival  bactérias aproveitam para se alimentar desse
sangramento  utilização a degradação do sangue para formar um cálculo sob o
esmalte do dente  a formação da placa bacteriana vai se formando no período de
24h  a placa bacteriana leva a mais aderência de placa bacteriana  TODO
TECIDO INFLAMADO + ALTA TAXA BACTERIANA = DESTRUIÇÃO
ALVEOLAR  DOENÇA PERIODONTAL INSTALADA. Ciclo se repete a cada
24h.
- Tratamento: remover placa bacteriana (profilaxias) + remover cálculo dentário
(tratamentos periodontais) + redução (máximo) da infecção oral + eliminar sítios
facilitadores de infecção (bolsas periodontais) + criar condições para reestabelecer
equilíbrio hospedeiro-parasita (dentes lisos) + preparar a cavidade oral para higiene
diária (escovação)  1) Raspagem do cálculo, 2) alisamento radicular, 3) retalho
gengival, 4) exodontias se necessário, 5) polimento da superfície.

 Anatomia dentária
- Conforme a idade vai avançando, diminui-se a quantidade de polpa e aumenta a
dentina.
- Dentina é mais resistente.

OBS: X PAR DE NERVO CRANIANO  INERVA OS DENTES.

 Sinais clínicos externos


- Assimetria facial.
- Aumento em face.
- Sialorreia.

 Endodontia
- Endodontia é o segmento da odontologia veterinária que faz o tratamento do canal
radicular. Sanitizando e obturando o canal, para eliminar a infecção, a dor e manter
o elemento dental de forma funcional na boca do paciente.
- 1) Preparamos a câmara pulpar e entrada dos canais  aspiramos o conteúdo dali
de dentro, 2) utilizamos instrumento de fino calibre para irrigar e aspirar, 3)
inserimos solução de hipoclorito de sódio deixando por 2 minutos, sempre indo de 2
em 2mm.
- Soluções para preparar o canal radicular: líquido de dakin, asfer, endo PTC,
EDTA-T.

 Bloqueios anestésicos com anestesia geral inalatória


- Bloqueios anestésicos são utilizados para reduzir a quantidade de anestesia geral.
- Mepivacaina: até 6mg para cães e até 3mg para gatos.
 Falha em nervo alveolar inferior e nervo maxilar.
 Falha pode ser causada por processo inflamatório peri-neural  pus, edema
 volume não chega ao nervo.
- Bupivacaína 0,5%, dose máxima 3mg/kg, tem maior duração de ação.
- Lidocaína 2%, dose máxima 7mg/kg.
- Quando utilizar bloqueios? Pacientes idosos, idosos com comorbidades,
procedimentos com um tempo maior de manutenção anestésica.
- Porque o bloqueio não dá certo? Inflamação no foco cirúrgico, inflamação tecidual
periférico (edema), alteração do pH, volume inadequado ou volume depositado fora
do local preciso.

 Exodontia
- Halitose é o primeiro aviso de alterações na saúde bucal do paciente.
- Canídeos:
- Dentes maxilares:
 Canino: 1 raiz (muito grande).
 Primeiros pré-molares: 2 raízes.
 4º pré-molar e molares: 3 raízes.
- Dentes mandibulares:
 1º pré-molar e último molar: 1 raiz.
 Todos os outros dentes apresentam 2 raízes.
- Realizar exame radiográfico de crânio. Fazer planejamento alveolar e extra-
alveolar.
- Odontosecção: partir as raízes  bi ou trirradiculares.
- Extração extra-alveolar:
 Sindesmotomia (descolamos a raiz do dente).
 Luxação – deslocamento.
 Avulsão do elemento dental.
 Curetagem alveolar – tecidos necróticos.
 Alveoloplastia – acerto bordo alveolar.
 Sutura – pss.
 Retalho muco gengival.
 Odonto-secção (bi-tri-radiculares).
 Alveolectomia.

 Lagomorfos
- Coelhos, lebres.
- Heterodontes.
- Hypsodontes  arradiculares.
- Hipselodontes.
- Difiodontes.
- Elodontes completos  incisivos quanto dentes mastigatórios têm
hipercrescimento.
- caninos ausentes.
- diastema.
- duplicidentata.
- Anisognatas.

 Roedores miomorfos
- Ratos, hamsters, etc.
- Heterodontes.
- Elodontes anteriores.
- Caninos ausentes.
- Diastema.
- Simplicidentata.
- Isognatas.
- Monofiodontes.

 Roedores caviomorfos
- Cobaia, chinchila, pdi.
- Heterodontes.
- Hypsodontes arradiculares.
- Hipselodontes.
- Elodontes completos.
- Caninos ausentes.
- Diastema.
- Simplicidentata.
- Monofiodontes.
- Anisognatas.

*Incisivos têm revestimento rígido de esmalte, por isso consegue roer muito sem
problemas  forma uma lâmina.
*Têm tecido germinativo, isto é, o dente não fecha de modo que promove produção
dentária constantemente.

*Dieta coelhos: 80% feno, capim e grama; 10% vegetais; 4% petiscos


1x/semana; 6% ração peletizada 40g/dia.

 Hipercrescimento dentário
- Prostração, emaciação, alteração de pelame.
- Disfagia.
- Anorexia.
- Perda de peso.
- Desidratação.
- Redução temperatura.
- Alimento não digerido nas fezes.
- Dermatite fecal.
- Descarga nasal.
- Corrimento ocular (epífora).
- Exoftalmia.
- Ptialismo.
- Sobrecrescimento – mal oclusão dos incisivos.
- Aumento de volume facial – abscesso.
- Trauma.
- Impactação de ração/alimento.
- Pelos na cavidade oral.

*Normalmente machuca dessa forma.

- Exame radiográfico: lateral paralela + rostro-caudal + dorso-ventral.


 Abscessos dentários
- Contaminação com bactéria do caseo (Pasteurella multocida sp.).
- Cápsula de polissacarídeos – impermeável aos fármacos bactericidas  ação
fagocitária bloqueada.
- Abrir abscesso  retirar com cápsula  sutura em ponto simples.

- Protocolo hipercrescimento:

*Evita dar medicação por boca, sempre injetável!


*Fazemos antibioticoterapia 3 dias antes da cirurgia, ex.: estomorgyl (espiramicina
+ metronidazol) ou clindamicinas ou cefalexinas, e mais 7 dias depois da cirurgia 
geralmente, como removemos o foco da infecção, normalmente não é necessário
usar ATB.
*LEMBRAR: boca tem 3 tipos de imunoglobulinas  proteção muito eficiente da
região.

*OBS: únicos animais que têm cárie são os primatas, o restante não tem porque
geralmente o pH da boca é básico e bactérias cariogênicas geralmente gostam de pH
ácido. Entretanto, pH básico facilita a formação de placa bacteriana.

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