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DENTISTERIA
OPERATÓRIA
2020/2021
Índice
Aula 1 – 25/9 – Anatomia e Histologia do Órgão Dentário .....................................................2
Aula 2 – 25/9 – Estudo da Cárie Dentária ................................................................................8
Aula 3 – 2/10 – Fundamentos de Terapêutica Restauradora dos Dentes .............................30
Aula 4 – 2/10 – Instrumentos em Dentisteria Operatória. Preparações e Restaurações
Classe I em Amálgama. ..........................................................................................................51
Aula 5 – 9/10 – Amálgama Dentária ......................................................................................61
Aula 6 – 9/10 – Matrizes, Porta-Matrizes e Cunhas Interdentárias ......................................73
Aula 7 – 30/10 – Adesão Dentária .........................................................................................91
Aula 8 – 6/11 – Restaurações em Compósito e Fotopolimerização ....................................112
Aula 9 – 6/11 – Restaurações Temporárias e Proteções Pulpares ......................................132
Aula 10 – 5/2 – Restaurações em Compósito de Dentes Anteriores ..................................143
Aula 11 – 5/2 – Espigões Intra-Radiculares .........................................................................151
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Aula 1 – 25/9 – Anatomia e Histologia do Órgão Dentário
Melhor reprodução possível da forma original do dente/fazer uma forma aceitável do ponto de
vista funcional e estético.
- Estética
Saber bem a anatomia do dente prévia para a conseguirmos idealizar e reproduzir, e a histologia
do dente que é importante para escolher e utilizar os melhores produtos para a restauração.
2. Anatomia Dentária
A anatomia dentária é essencial para conseguirmos manter a função: mastigação, fala, proteção
dos tecidos vizinhos e estética.
A dentição decídua é a primeira dentição e está presente desde os 6 meses até, mais ou menos,
aos 12 anos, sendo constituída por 20 dentes.
A dentição permanente tem 32 dentes, dependendo da presença ou não dos dentes do siso.
3. Nomenclatura Dentária
Todos os dentes têm 5 faces e cada uma delas tem características específicas:
Face Vestibular Face Palatina Face Lingual Faces Face oclusal Bordo incisal
interproximais
Face do dente Face que Face que Face mesial (mais Face dos dentes Face dos dentes
que contacta contacta com o contacta com a próxima da linha posteriores que anteriores que
com a mucosa palato – arcada língua – arcada média) contacta com a face corresponde ao bordo
jugal. superior. inferior. Face distal (mais homónima / dos cortante.
afastada da linha dentes da arcada Zona de união da face
sagital mediana) antagonista. vestibular com a
palatina/lingual
Altera-se ao longo da
vida.
1) Cúspides: são as zonas mais altas dos dentes posteriores. O número de cúspides por dente e
o seu tamanho varia.
2) Cristas: são as zonas de reforço do dente. Dão estrutura e resistência, sendo importante
tentar preservar estas estruturas. Marginais (onde termina o prato oclusal) / Oblíqua (ponte de
esmalte) / Transversais / Triangulares
3) Sulcos: se forem muito profundos são propensos a lesões de cárie. Podem ser principais
(zonas de união das cúspides) ou acessórios (fazem parte da anatomia secundária do dente).
4) Fossas: são maiores que as fossetas e localizam-se no centro do dente. / Fossetas: estão na
zona lateral da face oclusal do dente.
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6. Fisiologia da forma dentária
As faces vestibulares apresentam maior convexidade no 1/3 cervical, isto permite que, na
mastigação, os alimentos sejam escoados e não se acumulem nessa zona (menor acumulação
de placa e menor probabilidade de cárie e problemas periodontais).
A maior convexidade da face lingual/palatina dos dentes anteriores é no 1/3 cervical, enquanto
a dos dentes posteriores é no 1/3 médio.
O dente apresenta convexidade também nas superfícies proximais. Estas condicionam o local
da área de contacto e, assim, o tamanho das ameias.
Nos dentes anteriores o ponto de contacto está mais para incisal, então as ameias são altas e
estreitas. Num plano horizontal, o ponto de contacto está mais vestibularizados, sendo que as
ameias palatinas/linguais são maiores.
Nos dentes posteriores o ponto de contacto está mais para cervical, sendo as ameias mais
baixas e largas. Num plano horizontal, o ponto de contacto está mais centrado no dente,
então as ameias palatinas/linguais são ligeiramente maiores.
7. Espaço interproximal
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Boa reconstituição. Perda óssea Provável existência de bolsa Por causa da ausência do dente
devido à lesão de cárie (já periodontal. Grande cárie. inferior, o antagonista egrediu.
restaurada). Mudança das condições
interproximais. Cárie interproximal
extensa.
8. Estrutura dos tecidos dentários
Esmalte
A sua baixa permeabilidade permite a passagem de fluidos (água), substâncias de baixo peso
molecular e a difusão de iões, por exemplo, no branqueamento dentário (conexão dinâmica
entre a cavidade oral e o fluido tubular).
Está organizado em prismas, é produzido pelos ameloblastos que, após a sua produção
desaparecem, assim, este é um tecido sem capacidade regenerativa.
O esmalte de uma criança é diferente do esmalte de um adulto, por exemplo nos dentes
decíduos a adesão dos materiais restauradores é pior que nos definitivos (mesmo numa
dentição permanente mais jovem o esmalte tem características diferentes, por exemplo uma
pior adesão, em relação a uma dentição permanente com mais idade).
◦ Fraturas
◦ Desgaste (que resulta do contacto entre dentes antagonistas)
◦ Abrasão (escovagem agressiva)
◦ Erosão (refluxo gástrico)
◦ Desmineralização
Com a perda da dentina, que funciona com amortecedor, o esmalte (não suportado) torna-se
mais friável, tem tendência a fraturar.
Peso Volume
Componente mineral 95% 86%
Água 5% 12%
Matriz orgânica 3%
A maior parte da sua constituição é mineral (hidroxiapatite), tem pouca água e pouca matéria
orgânica.
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O esmalte está sempre a interagir com o meio oral, por exemplo com a saliva. É solúvel em meio
ácido.
Esmalte aprismático: é a camada mais superficial (20 a 100 μm mais superficial) e mais
mineralizada do esmalte. Não tem matéria orgânica (ausência de bainha interprismática) e
apresenta cristais muito alinhados e paralelos entre si, sendo assim muito resistente (proteção
para o esmalte). Como é uma camada tão fina rapidamente se desaparece.
União amelo-dentinária
Polpa – tecido conjuntivo, rodeada por odontoblastos (com prolongamentos que entram a
dentina), localiza-se na câmara pulpar. Dá sensibilidade à dentina.
Dentina
Forma a maior parte do dente/constitui a maioria do volume e é responsável pela sua cor.
Funciona como barreira protetora do tecido pulpar (envolve a polpa).
Classificação Morfológica
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Classificação Cronológica
Classificação Histológica
A dentina é um tecido complicado. Temos vários tipos de dentina, estruturas diferentes, água e
matéria orgânica conforme a zona do dente, condicionam o nosso trabalho – como restaurar
dentina em condições?
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Aula 2 – 25/9 – Estudo da Cárie Dentária
Em termos de quantidade há duas doenças orais que estão largamente à frente de tudo o resto,
a cárie e a doença periodontal, que vão ocupar numa grande % de clínicos e do seu tempo.
Grande parte da atividade clínica que temos, atualmente, é passada a lidar com a cárie e com as
suas consequências sejam elas quais forem, sendo em última análise, a perda total de dentes
(edentulismo).
Factos:
Doença crónica, multifatorial, prevenível. Mediada pelo biofilme e modelada pela dieta.
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Hospedeiro com dentes (só o paciente com dentes sofre cárie dentária), biofilme bacteriano
sempre presente e cariogénico que solidifica com o tempo e ganha determinadas características,
hidratos de carbono fermentáveis fornecidos com uma determinada frequência e tempo – o
resultado destes fatores principais é a cárie.
Existem ainda fatores modificantes, primários (mais evidentes, anatomia dentária - anatomia
oclusal do sistema fissurário mais marcada têm maior risco de cárie, saliva, composição e
características do biofilme, acesso ao fluor, especificidades da dieta, higiene oral, alguns fatores
imunitários e genéticos) e secundários (estatuto socioeconómico, educação, estilo de vida,
ambiente, idade, grupo étnico e ocupação - alteração do estilo de vida, que levam a alteração
dos hábitos alimentares que leva a um estilo de vida de risco de cárie; exemplo do informático
que faz noitadas e come bolachas e bebe redbull).
Finalidade principal: indicar qual a terapêutica para cada uma das situações.
- Retenção apenas macromecânica (não havia adesivos, portanto a retenção aos dentes era
meramente mecânica, era necessário preparações cavitárias muito bem definidas).
Classe I: é a cavidade mais fácil, é a cavidade que envolve o sistema fissurário da face oclusal
dos dentes posteriores, portanto não envolve nenhuma parede nem mesial nem distal. O
procedimento é mais fácil não é preciso usar matrizes, nem nenhum procedimento adicional.
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Classe II: ainda em dentes posteriores, mas já envolve uma das paredes interproximais. Na
imagem observa-se uma cárie interproximal, em que já se perdeu a crista marginal e isso vai
implicar procedimentos e requisitos diferentes.
Classe III: lesões ou cavidades interproximais, mas em dentes anteriores de canino a canino.
Lesão interproximal
distal de um canino
inferior.
Classe IV: O que distingue a classe 3 da classe 4 é o envolvimento ou não do bordo. A classe 3
não envolve o bordo, enquanto que a classe 4 envolve o bordo incisal.
Pode acontecer começarmos numa lesão que é classe 3 e depois a preparação cavitária torna-
se demasiado extensa que acabamos por fraturar o bordo ou a parede fica tão fina que temos
que eliminar, ou seja, podemos preparar uma cavidade na expetativa que seja só uma classe 3
e acabamos numa classe 4.
O que causa uma classe 4? Geralmente uma fratura, mas também pode ser o resultado de uma
cárie
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Classe V: lesões cervicais junto à junção amelo-cementária (transição entre coroa e raiz).
Atenção, não é coroa clínica, um doente com doença periodontal pode ter uma coroa clínica
muito maior. A classe 5 pode ocorrer tanto em vestibular como em lingual, sendo mais
frequente em vestibular (em lingual temos um mecanismo de limpeza permanente - a língua).
Classe VI: não fazia parte da classificação original de Black, foi adicionado posteriormente.
Corresponde às cavidades na ponta das cúspides dos dentes e que resultam muitas vezes de
mal posições dentárias e de abrasão resultante da oclusão.
Por exemplo, se o desgastar o esmalte todo e atingir a dentina o paciente pode queixar-se de
sensibilidade dentária. Um paciente com má higiene oral e se isto se tornar uma cavidade
retentiva pode originar cárie. Além disso, a progressão é relativamente rápida e muitas vezes
sem que o paciente se aperceba.
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Classificação das Lesões de Cárie segundo a CONDIÇÃO PRÉVIA do dente:
- Lesões primárias
Se o dente está intacto, mas tem uma lesão primária distal. A lesão (mancha cinzenta) é
primária porque o dente nunca foi restaurando.
Molar superior com lesões de cárie oclusais e provavelmente interproximal e que nunca foi
restaurado.
- Lesões secundárias
Nesta imagem, observa-se uma cárie secundária porque aparece secundariamente a alguma
restauração ou terapêutica dentária.
Este parâmetro é muito importante para as decisões que vamos tomar/atitude terapêutico
perante o paciente. Não é facilmente identificável.
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→ Lesões inativas:
Nota: o lugar favorável para acumulação de placa é do ponto de vista do microrganismo e não
do ponto de visto do hospedeiro, as bactérias preferem sítios onde a limpeza natural vai ser mais
difícil.
Lesão abaixo do ponto de contacto, é abaixo do ponto de contacto que é mais provável haver
acumulação de placa.
→ Lesões ativas: em que está a ocorrer progressão da lesão e destruição do tecido dentário.
Perante uma lesão com esta cavitação e com este aspeto mole não
restam duvidas que é uma lesão ativa.
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Considerando uma lesão só de Esmalte:
É como o osso com osteoporose, mas ainda não fraturou, ou seja, perdeu conteúdo mineral tem
muito mais poros e muito menos trabéculas, mas ainda não perdeu a sua estrutura.
A partir de dada altura a lesão inicial poderá cavitar, o esmalte colapsa, perde a sua
ultraestrturua.
Cavitada.
Lesão de Dentina:
Não cavitada.
D1 - Dentina externa
D2 - Dentina média
D3 - Dentina profunda
Regra geral (pode não ser sempre aplicável desta maneira): uma lesão de esmalte externa
superficial não cavitada, regra geral o tratamento é não invasivo. Quando se passa para a
camada externa da dentina (dentina que está imediatamente abaixo do esmalte), depende, há
autores da literatura que defendem que ainda é perfeitamente plausível não tratar
agressivamente, há outros autores que defendem que assim que chega à dentina já é necessário
um tratamento invasivo. Segundo o professor, tem muito a ver com o risco de cárie do paciente,
tem que se olhar não só para aquele dente, mas sim para o contexto todo (para toda a arcada
do paciente, para o seu contexto e para aqueles fatores todos do diagrama).
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Cárie rampante
Num intervalo de tempo curto surgem imensas lesões de cárie altamente agressivas e ativas
e em locais normalmente desfavoráveis (onde habitualmente em condições normais não há
aparecimento de lesões de cárie). Pode acontecer tanto num adulto como numa criança, tanto
na dentição definitiva como na decídua.
Isto implica uma alteração do risco de cárie brutal num intervalo de tempo curto. Isto pode
acontecer, por exemplo, em pacientes que fazem radioterapia cabeça pescoço, o paciente deixa
de ter saliva ou reduz muito a sua produção.
Quando olhamos para este tipo de paciente não chega apenas tratar, mudar o contexto do
paciente é muito importante e envolver o paciente nesse tratamento.
Microbiologia
Na cavidade oral temos muitas bactérias espalhadas por muitos locais diferentes e em diferentes
ecossistemas. Cada tipo de bactéria tem o seu tipo de população, hábitos e fatores promotores
de crescimento.
Na cavidade oral temos diferentes tipos de espécies bacterianas conforme as lesões de cárie
surgem em diferentes sítios. Na prática, isto não afeta muito a nossa abordagem clínica, pelo menos
não atualmente. No futuro pode condicionar a nossa capacidade de diagnóstico.
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- Streptococcus mutans
- Lactobacilus
Numa progressão mais tardia do biofilme, aparecem outros tipos microbianos, associados à
progressão da lesão.
Afinidade para criar determinadas lesões em determinados sítios específicos: cáries avançadas
de esmalte, radiculares e locais retentivos.
Há “Kits” de pesquisa salivar para contagem de Streptococcus mutans que estão disponíveis
comercialmente mas que na prática não é frequentemente utilizado e tem pouca transposição
como consequência para aquilo que faremos.
- Biofilme
Componentes do biofilme:
- Matriz extracelular;
- Água.
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A escovagem + dentrífico não mata as bactérias, destrói a organização
estrutural/microestrutural do biofilme. Põe as bactérias outra vez livres no meio da cavidade
oral e da saliva. Como é que as matamos? Sempre que deglutimos saliva, as bactérias vão parar
ao interior do estômago e acabam por morrer devido ao pH baixo do estômago. A pasta de
dentes serve para disponibilizar fluor. É um meio fácil, barato, simples, que só depende do
paciente, de disponibilizar de maneira repetitiva e recorrente pequenas doses de flúor.
Quando escovamos os dentes, a superfície do esmalte fica imediatamente recoberta por uma
película (água, proteoglicanos, oligossacáridos e oligoproteínas que ficam logo aderidas à
superfície do esmalte). Isso até é bom porque serve de veículo para a remineralização do
esmalte, reduz a fricção entre 2 peças/engrenagens que são rígidas. Mas também serve de
matriz para as bactérias se fixarem imediatamente e recomeçarem o processo de colonização.
No entanto, se ao fim de 12h formos escovar, destruímos o processo de colonização.
Proliferação em ambiente de pH neutro. O pH dentro daquele biofilme não tem capacidade para
variar muito.
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▪ Biofilme em desequilíbrio
1) Efeito no biofilme
Primeiro temos o estádio de estabilidade do biofilme que, à medida que vai piorando, passa
para um estado acidogénico e depois para um estado acidúrico.
Além do pH, vai variando o tipo de bactérias que lá estão, vai mudando a composição do bofilme
para espécies mais patogénicas/destrutivas.
No estado de equilíbrio é possível repor o mineral na superfície dentária, há mineral que estou
a remover da superfície dentária permanentemente, mas consigo repor mineral na superfície
dentária permanentemente. Mantem o nível.
Se é removido mais do que é possível repor, o nível de mineral na superfície vai diminuir – início
de uma lesão de cárie.
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Desmineralização
Quando o pH baixa abaixo do limiar de 5,5/5,4, em que o biofilme deixa de estar saturado com
estes iões fosfato e cálcio e passam a ter que ser retirados da superfície dentária. Lá está a perda
de mineral da superfície do esmalte que começa a desmineralizar o esmalte.
Quando consigo subir o pH acima de 5,5, a saliva e o biofilme ficam outra vez saturados destes
iões. Estes iões passam a estar disponíveis em grande quantidade para serem fixados outra vez
na superfície dentária.
A diferença do A para o B é que deixa de ter sacarose, que se converte em ácido, disponível.
Portanto eliminei a sacarose da equação. Como já não temos esta pressão ácida, passamos a ter
estes iões que têm efeito tampão e podem remineralizar a superfície.
Na 1ª linha (menor declive) temos uma lesão branca de esmalte, já é uma lesão de cárie, mas
ainda não está cavitada. Segundo a parte vertical do gráfico, vai perdendo conteúdo mineral do
esmalte. Essa linha é a média, mas isto vai variando ao longo do tempo (zoom na linha). Às vezes
temos o pH acima do limiar, mas depois baixo, volto a subir e baixo… o resultado é uma linha
descendente, vou sempre perdendo conteúdo mineral. Até um determinado ponto em que
passa a haver cavitação.
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Este é o ponto de não retorno. Até aqui, conseguia remineralizar o esmalte num contexto
correto e modificando as condições a meu favor, consigo inverter a tendência desta curva e
metê-la a subir. A partir deste ponto já não consigo, tenho uma cavitação. Se a tendência se
mantiver ou progredir, a perda de mineral é muito mais rápida e muito maior porque o próprio
ecossistema a partir daquele ponto se altera imensamente.
Se adicionarmos flúor contribuímos para disponibilizar mais rapidamente estes iões cálcio e
fosfato. O flúor disponível cria fluoropatite, que é mais resistente ao pH e ao desafio ácido da
superfície dentária.
Saliva
Funções:
◦ Lubrificação
◦ Lavagem
◦ Digestiva
◦ Defesa
- Efeito tampão
◦ Bicarbonato/ácido carbónico.
◦ Fosfato/ácido fosfórico.
Disponibilização (ou não) destes iões para a remineralização. Quando o pH baixa bastante
recrutamos estes iões para combater a baixa de pH, deixam de estar disponíveis e há
desmineralização. Se tivermos sempre estes minerais disponíveis seria de esperar que se fosse
acumulando o conteúdo mineral sobre os dentes, provocando uma espécie de calcário. Ao fim de vários
anos teríamos grumos de minerais acrescidos em cima dos dentes. Mas também há uma enzima/proteína
na saliva que estabiliza estes iões e impede que precipitem na superfície dentária, permite que estejam
disponíveis para serem captados quando é necessário.
- Antibacteriana
Processos imunológicos A flora bacteriana em geral, não é muito afetada por estes
processos imunológicos. O efeito destes processos imunológicos
◦ Sérica – IgA nota-se mais na proteção da mucosa oral e quando há uma
◦ Secretória – sIgA descontinuidade da flora oral – ferida.
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- Fluxo salivar
Hipossialia
Em algumas circunstâncias, vemos doentes com hipossialia, mais moderada ou mais severa.
Hipossialia é uma a diminuição da quantidade de saliva produzida. Há uma série de
efeitos/sinais que resultam daqui, muitos deles com grande impacto na gravidade e na evolução
das doenças orais/queixas dos pacientes.
Sinais
◦ Gengivite e mucosite; queilite (inflamação crónica nos cantos do lábio, na mucosa labial
das comissuras labiais);
◦ Saliva espessa, espumosa e pouco abundante;
◦ Lesões de cárie incomuns;
◦ Infeções fúngicas orais, nomeadamente candida. Frequentemente também em
pacientes que usam próteses removíveis.
Sintomas
Curva de Stefan
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Há uma zona de pH segura, há um intervalo eventualmente mais duvidoso que depende do
contexto do paciente e há um intervalo abaixo do qual existe desmineralização do esmalte - há
autores que dizem 5,5 e outros que dizem 5,6.
Noção de pH crítico: 5,4 – valor abaixo do qual a saliva deixa de estar saturada com iões Ca2+ e
(PO4)2- possibilitando a dissolução da estrutura inorgânica do esmalte. A partir deste valor os
iões começam a ser recrutados da superfície do esmalte e começa a haver desmineralização.
Esmalte – pH 5,4
Dentina – pH 6,2
Comparando as 3 linhas:
O conceito de risco de cárie é uma coisa que depois clinicamente avaliamos e quantificamos de
acordo com determinados padrões.
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Consequência prática:
As 3 refeições por dia em que a seguir se lavam os dentes e se recupera o pH ok. Só toco no
limite de risco durante pouco tempo e em poucas ocasiões. Se ingerir açúcar durante todo o dia,
entre as refeições há permanentemente uma diminuição do pH.
Genética
Ouve-se muito dos pacientes dizer que os dentes são maus porque vem na família. Dizer que a genética
não tem nenhuma influência nisto é, provavelmente/seguramente, errado. Mas, a genética tem pouca
influência na equação cárie/risco cariogénico. Isso é uma ideia que deveríamos fazer um esforço para
desmontar do paciente. Quando nos diz isso, o paciente está a desresponsabilizar-se, como se fosse uma
questão de sorte ou azar e ele não pudesse fazer nada em relação a isso, o que não é verdade. A genética
pode ter influência, em 2/3 pontos, mas a maior parte da equação é modificável, está ao nosso alcance e
ao alcance do paciente fazer algo.
Um artigo diz que fatores ambientais, em vez de fatores genéticos, é que condicionam o risco
de cárie e o surgimento e evolução da doença. Este artigo refere a fluoretação da água e a
disponibilidade de flúor, normalmente em early life (crianças) mas que tem impacto para a vida
toda; e a obesidade materna.
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Constituição dos tecidos dentários
Esmalte Dentina
◦ Carbonato 4%;
◦ Sódio 0,6%;
◦ Magnésio 0,2%;
◦ Cloro 0,2%;
◦ Flúor 0,01%.
Há 2 padrões de desmineralização do esmalte: esmalte intacto que tem um padrão que vai do
exterior para o interior ou um padrão que vai no sentido oposto. Assim a lesão progride. (?)
Evoluindo a lesão nas primeiras semanas (1-2 semanas), ainda não há alteração ultraestrutural,
perdemos mineral, mas o esmalte ainda está intacto, ainda consegue ser remineralizado.
Progredindo a lesão, ao fim destas semanas, já conseguimos ver uma lesão branca. A lesão fica
branca porque, perdendo mineral, a refração do esmalte/daquele tecido depois de seco, sem
água, é diferente do esmalte saudável. Como o esmalte que já está desmineralizado vai absorver
um conteúdo diferente de água, quando secamos, a refração desse conteúdo de água e desse
esmalte vai ser diferente. Por isso é que tem aspeto de giz, branca opaca e leitosa.
Se progredir, a dada altura (3-4 semanas), perde a sua estrutura e cavita, passa a ter um buraco,
colapsa.
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- Caracterização da lesão no esmalte
4 zonas da lesão:
Zona de superfície;
Corpo da lesão;
Zona escura;
Zona translúcida.
Quando a lesão ainda não está cavitada, a zona da superfície da lesão ainda está
ultraestruturalmente intacta.
A maior parte da perda material ocorre no corpo da lesão. Esta não está intacta, já perdeu
mineral. Este esmalte não está saudável/impecável, mas ainda não colapsou, ainda mantém a
sua ultraestutura.
A 2 zonas mais abaixo, a zona escura, que rodeia toda a zona núcleo da lesão, e a translúcida,
que vem logo mais abaixo, onde já há mais remineralização.
Às vezes, podemos ter uma lesão muito mais avançada, uma lesão no esmalte que tem o tal V,
mas que já ultrapassou a junção entre o esmalte e a dentina e já está na parte externa da
dentina. Mesmo nesse caso, pode ainda não ter cavitado (é provável que já). Ou seja, há autores
que defendem que mesmo neste ponto (4), isto ainda é possível de remineralizar. E aqui (1, 2,
3), se não estiver cavitado, seguramente é possível remineralizar.
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Se a lesão 2 e a lesão 3 não estiverem cavitadas, pode ser remineralizado. Mas este esmalte não
está intacto, está frágil. O que significa que tenho que ter muito cuidado clinicamente. Ao tatear
este esmalte com uma sonda (instrumento metálico, bicudo e afiado) com pouco cuidado posso
inadvertidamente cavitar esta lesão – lesão iatrogénica, piorando uma desmineralização que
não estava cavitada e passa a estar. Se estiver cavitada já por si, não foi criada iatrogenicamente.
Os pacientes queixam-se muitas vezes do fio dentário prender ou partir, vir desfiado. Se passar
fio dentário numa superfície que está desmineralizada mas ainda está mantida/homogénea/lisa,
consigo fazer deslizar o fio de um lado ao outro tranquilamente. Se passar a ter o esmalte já em
descontinuidade, já cavitado, os prismas de esmalte estão fraturados e estão expostos, portanto
a superfície deixa de ser lisa e passa a ser rugosa/afiada. Fio desfiado é um sinal de cavitação.
A perda mineral maior é no corpo da lesão, na camada superficial perdemos muito pouco
mineral, de tal maneira que até pode não ser detetável radiograficamente, numa radiografia e
a superfície do esmalte parece saudável. Não está, a quantidade de perda de mineral é que não
é suficiente para que os meus olhos consigam percecionar. No corpo da lesão não, perdi uma
grande quantidade de mineral e essa zona do esmalte já não vai ser radiopaca (radiopaca =
aparece branco; o que já não tem esmalte aparece negro). O que significa que posso olhar só
para o exterior da lesão, camada superficial, e ser enganado, tenho que olhar mais no interior.
O aspeto que o esmalte tem hidratado (molhado) ou dissecado (seco com a seringa de ar), é
mais relevante para a clínica.
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Alterações histológicas na dentina e progressão da lesão na dentina
Características da dentina:
A progressão da lesão na dentina é, por estas razões todas, muito mais rápida que no esmalte.
Se tenho um paciente que tem 1 ou mais lesões que progrediram ao longo do tempo lentamente
no esmalte, a partir do momento em que essas lesões invadem a junção amelo-dentinária e
entram na dentina, devo esperar uma progressão mais rápida.
Quanto mais profundo na lesão, melhores são as condições de ecossistema para a progressão
e o crescimento bacteriano, melhores são as condições ecológicas para ter mais bactérias
acidogénicas e mais bactérias destrutivas.
Mesmo supondo uma lesão que não está cavitada mas que já está na dentina, dificilmente
consigo lá chegar com a higiene oral, por mais esforço que faça (não é impossível, mas é, no
mínimo, questionável). Quanto mais profundo estiver na lesão mais difícil é chegar lá fluor,
conseguir remover a placa com eficácia e mudar este equilíbrio.
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Túbulo dentinário com cárie
A zona exterior é uma dentina que está completamente infetada e cheia de bactérias (coccus e
bactérias filamentosas). Quer a dentina peritubular (linha preta) quer a dentina intertubular
(laranja) está toda destruída e perdeu toda a estrutura, está toda infetada de bactérias. Tem que
ser toda removida.
Abaixo temos a lesão turva, em que a dentina intertubular está parcialmente afetada e a
peritubular está desnaturada/destruída (pontilhada) e foi parcialmente desmineralizada. Em
princípio, esta também terá que ser removida. A partir daqui, começamos a ver a reação.
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Na zona transparente, as duas dentinas estão mantidas, a peritubular e a inertubular, e o lúmen
dos túbulos dentinários fica completamente saturado de cristais rombóides. Esta zona chama-
se transparente porque nas fotografias de micrografia/espetrofotometria aparecem como uns
cristais transparentes. Isto é conteúdo mineral que é recrutado da dentina intertubular e vai
sendo depositado no interior do lúmen. É como fazer uma barricada no lúmen para ver se as
bactérias não passam. A maneira como obstruir o lúmen dos túbulos dentinários contribui para
diminuir a velocidade de progressão da lesão é questionável, mas é uma forma de reação do
tecido dentário/dentinário. Pode ser parte da dentina esclerótica e é completamente
viável/aceitável deixá-la cá.
A dentina subtransparente está em continuidade com a normal, tem muito menos cristais lá
dentro e os cristais têm um formato diferente, são muito mais simples e têm um aspeto
granulososo. Portanto, é uma dentina já quase normal.
Ferramenta que temos para diferenciar esta dentina exterior e que queremos remover da
dentina interior: parâmetro clínico, diferenciamos através do tato, com uma sonda, a dureza.
A dentina exterior é muito mole e muito húmida, descola-se muito facilmente, com uma
espátula ou uma colher de dentina descola. É um substrato bastante mole e com muito mais
conteúdo de humidade. // A dentina interior é dura, muito mais dura, risco a superfície da
dentina, com dificuldade, vejo que é muito mais dura.
No meio, há uma transição que não é sempre tão objetiva e tão fácil de identificar.
“A cárie é uma doença que não pode ser tratada com restaurações” - não podemos cair na tentação de
achar que posso tratar um paciente que tem múltiplas lesões de cárie, tem um risco de cárie enorme,
apenas com restaurações com a minha enorme qualidade técnica. Há muito mais que um gesto técnico e
que essa terapêutica puramente mecanicista de abrir e fechar buracos. Pensarmos só assim e fazer só isto
transforma-nos em tapa buracos/agentes de tapa buracos com uma visão muito restrita e limitada da
coisa.
“O completo divórcio entre a prática clínica e os estudos de patologia da cárie dentária é uma anomalia
na ciência que não deve continuar. Tem a aparente tendência para transformar os médicos dentistas
apenas em mecânicos” - não olhar para isto como uma patologia e como uma doença global transforma-
nos apenas em mecânicos.
29
Aula 3 – 2/10 – Fundamentos de Terapêutica Restauradora dos Dentes
Fundamentos
Tratar o doente significa ter em atenção mais do que a queixa que o traz à consulta ou mais do
que focar a atenção só naquele dente/problema.
Objetivos gerais
Restaurar?
Nem todas as lesões/ alterações dentárias têm indicações para restaurar. A pergunta que se
deve colocar é: devemos/faz sentido/é pertinente restaurar ou não?
Tem de haver uma razão válida e pertinente para restaurar uma peça dentária – devemos
pensar sobre ela e discutir se vale a pena fazer uma restauração, os pacientes devem participar
nessa discussão.
30
Objetivos
Indiretas – se temos uma intervenção de uma terceira parte, o laboratório, que externamente
à consulta nos fabrica algum tipo de restauração/componente que recolocamos/acrescentamos
ao dente.
- Diretas
◦ Temporárias;
◦ Restaurações em amálgama;
◦ Restaurações em compósito;
◦ Restaurações com outros materiais.
Restaurações diretas em amálgama num molar superior repondo uma face distal e a cúspide
disto-palatina deste molar. Esta já é relativamente extensa, é um pouco mais complexa do ponto
de vista técnico.
31
Restauração metálica direta num molar
Facetas são pequenas peças de cerâmica muito fininhas/delgadas, pouco mais espessas que
uma lente de contacto, e são adesivamente coladas sobre a superfície dos dentes.
- Indiretas
◦ Extracoronárias (Onlays/Overlays);
◦ Intracoronárias (Inlays).
32
Um tipo de restauração indireta, ou seja, feita exteriormente com o apoio do laboratório, são
os chamados onlays ou inlays. Uma palavra genérica que se usa às vezes – incrustação.
Estas restaurações aplicam-se, regra geral, nos dentes posteriores, em dentes relativamente
destruídos, nos quais já houve uma perda significativa da estrutura dentária, como vemos neste
molar inferior, onde falta toda a parede mesial, a cúspide mésio-lingual e uma porção bastante
importante do núcleo central do dente. Então preparamos isto com determinadas regras,
moldamos e pedimos ao laboratório uma peça que é algo desta forma que depois encaixa aqui
precisamente e é cimentada adesivamente sobre o dente e repõe a anatomia, a função, o
contacto com o dente vizinho, a proteção do periodonto, etc.
- Uma face
São as mais simples, as tecnicamente mais fáceis de executar, com menos destruição de tecido
dentário, etc.
33
- Duas faces
Mesio-ocluso-distal = MOD
◦ Mesio-ocluso-distais – MOD
◦ MODV, MODP, MODVP
Paredes.
34
Cavidade oclusal de um molar, primeiro exercício que vamos fazer no pré-clínico.
As paredes desta cavidade adquirem o nome das paredes correspondentes dos dentes às quais
elas estão em relação ou correspondem.
A parede pontilhada no fundo da cavidade é a parede que está mais perto da polpa do dente.
Obviamente, os dentes no pré-clínico não têm polpa, mas é o sítio onde estaria a polpa dentária
em condições normais. Então essa parede adquire o nome parede pulpar. A parede pulpar deve
ser horizontal (e não oblíqua, desnivelada).
Aos outros 4 exemplos aplica-se o mesmo. Parede distal em relação com a face distal, parede
lingual, parede vestibular (em inglês, buccal) e a parede mesial.
A parede pulpar é uma parede interna, o que nunca se estende até à margem do dente, não
tem comunicação com a margem externa do dente. Todas as outras são consideradas paredes
externas porque se estendem até ao limite exterior do dente.
Parede axial e parede gengival - em baixo, que é a que está em relação/está mais perto com a
zona gengival. Em vez de gengival também podemos chamar parede cervical porque é a parede
que está mais perto da zona cervical do dente.
35
Molar inferior, temos uma
cavidade vestibular, classe V.
Classe III.
Quando 2 paredes se
encontram e se cruzam, criam
uma linha de ângulo, fazem
um ângulo entre elas.
36
Margem cavo-superficial VS ângulo-cavosuperfícial
37
O pormenor que só existe na margem oclusal da cavidade e não existia na margem gengival.
Esta zona, que foi especificamente preparada em bisel (“bevel”). Este bisel é uma preparação
feita especificamente no esmalte, pode ter diferentes profundidades e diferentes áreas de
superfície. Portanto, posso estender o bisel muito mais para a direita, ter um bisel muito mais
longo, dependendo do que eu quero/da preferência pessoal e das circunstâncias específicas.
Isto significa para expor mais estes prismas de esmalte. Tem importância na adesão. Isto faz com
que a margem cavo-supeficial, que poderia estar aqui se esta margem fosse reta, não, desliza
para lá (direita). A minha cavidade acaba mais à direita. Se estender mais o bisel, se fizer um
bisel ainda maior, claro que a margem se desloca no sentido acompanhando o bisel. O bisel é
uma parte integrante da cavidade.
Considerações pulpares
38
Considerações periodontais
Zona que envolve alguns componentes do periodonto (não todos), mas que no fundo é a
distância entre este ponto do sulco e a crista óssea (seta vermelha).
A margem da restauração que fazemos ou da cavidade que preparamos idealmente será supra-
gengival (acima da linha pontilhada mais superior), mas nem semre é possível. Quanto mais para
baixo vamos, quanto mais para apical/cervical vamos, mais violação da gengiva vamos fazer.
Até determinado ponto, as consequências serão menores e mais limitadas e suportadas pelo
periodonto. Mas se invadirmos o espaço biológico básico, vamos ter outras consequências.
Por exemplo, aqui tem implicações funcionais, mas também tem implicações estéticas, quando
fazemos uma reabilitação estética no 2º sextante, no setor anterior, a posição dos pontos de
contacto entre os dentes anteriores não é sempre igual, varia.
39
A B
B
Por exemplo, entre estes 2 pré-molares (A) tenho uma superfície muito grande. Em (B), se tiver
um dente um bocado rodado ou com uma anatomia mais apertada, posso ter só um ponto na
zona mais vestibular.
É o papel do paciente higienizar bem e impedir que fiquem ali restos alimentares. ERRADO. É
papel de quem reabilitou, em primeiro lugar, criar as condições para que isso não aconteça.
Portanto, admitindo que as coroas foram colocadas assim, obviamente está errado. Percebe-se
facilmente na imagem que este periodonto/gengiva à volta está muito mais vermelha,
edemaciada, inflamada, traumatizada. E existe um enorme buraco, uma perda de tecido
significativamente importante e, provavelmente, com consequências patológicas importantes
até para a manutenção destes dentes.
Os dois dentes deveriam contactar de uma maneira eficaz para que quando há mastigação, o
bolo alimentar bata nas cúspides dos dentes (vertentes e cristas) e deslize para fora. Não entre
naquele espeço.
Exemplos de variações de pontos de contacto e consequências que isso pode ter que são visíveis.
40
Este molar inferior no canto inferior direito está desvitalizado,
tem uma grande restauração coronária. A parede mesial não
parece ter um contorno anatómico, deveria ser mais
convexo/redondo (devia ter uma barriguinha mais
proeminente). Muitas vezes, obter este contorno convexo,
permitindo um ponto de contacto forte, eficaz e bem
desenhado nem sempre é fácil. Às vezes cria-nos uma
dificuldade técnica importante.
O 27 não tem função, é um dente perdido. Verdade. O problema é se também faz uma cárie na
superfície adjacente do 26, que é um dente particularmente importante e com função.
41
Greene Vardiman Black
(Já falámos sobre ele na aula anterior e sobre o seu sistema de classificação de cavidades/lesões
de cárie.)
Classe I: Cáries de fossas e fissuras, em oclusal, vestibular e lingual nas superfícies dos dentes
posteriores e lingual de dentes anteriores.
Classe IV: Cáries proximal incluindo bordos incisais dos dentes anteriores.
Classe V: Cáries no 1/3 gengival da superfície vestibular ou lingual dos dentes anteriores ou
posteriores.
Claro que não vale sempre e em todas as circunstâncias e atividades clínicas da dentisteria
operatória. Há coisas que, seja pelos materiais, pelas técnicas que temos ao nosso dispor hoje
em dia, que são diferentes das que Black tinha. Vamos ver que há coisas que não fazemos igual.
No entanto, estes princípios têm um valor pedagógico para a nossa fase de aprendizagem. São
fundamentos/pilares que guiam as preparações cavitárias, mas não se aplicam sempre hoje em
dia.
1. Forma de contorno;
2. Forma de resistência;
3. Forma de retenção;
4. Forma de conveniência;
5. Remoção de tecido cariado remanescente;
6. Acabamento das margens de esmalte;
7. Limpeza da preparação.
42
Outros princípios de preparações dentárias
Livro: Bonded Porcelain Restorations - uma abordagem biomimética, escrito por 2 suiços, um
deles é o guru das restaurações adesivas Isto criou uma espécie de escola/ atitude restauradora
e terapêutica, chamada biomética, que tem alguns anos de evolução, que se aplica
maioritariamente às restaurações adesivas dos dentes anteriores, mas não só, dos posteriores
também. Segue e advoga um conjunto de outros princípios para essas aplicações adesivas muito
particulares/específicas.
1. Forma de contorno
Subcontorno – deixar a cavidade mais pequena do que deveria e, portanto, não abranger tudo
aquilo que era necessário;
43
- Extensão preventiva
Quando Black instituiu estes princípios, instituiu também uma noção e um princípio que não se aplica já
há vários anos e que está de parte. Está aqui para chamar à atenção do que não fazer. Foi uma coisa que
ele definiu como extensão preventiva.
2. Forma de resistência
Preocupação que devemos dar a uma restauração ou a uma cavidade para que o resultado final
de ambas, da cavidade que preparámos e da restauração que vamos fazer, seja resistente o
suficiente para prevenir a fratura de ambos.
Exemplo clássico: uma restauração extensa em amálgama num molar superior, uma restauração
classe II mesio-ocluso-palatino-distal, portanto 4 faces e uma cavidade complexa. Ficou uma
cúspide disto-palatina bastante pequena que acabou por fraturar. A amálgama não é um
material adesivo, portanto não é um material que reforce a estrutura dentária remanescente.
Esta cúspide foi bastante desgastada pela preparação cavitária e acabou por fraturar.
44
Mesma coisa neste exemplo. A cúspide mesio-palatina deste
molar acabou por fraturar toda. Isto é relativamente frequente.
Significa que quando a cavidade foi preparada, não foi
acautelada a resistência destas cúspides que, provavelmente,
ficaram demasiado frágeis e, com o tempo, acabam por se
tornar muito suscetíveis à fratura.
No pré-molar superior, foi o que aconteceu na cúspide palatina. Podia ter uma restauração só
mesio-ocluso-distal, mas, por alguma razão, a cúspide palatina também está englobada na
restauração. Provavelmente pela razão da proteção.
Esta é uma zona nitidamente de risco/perigo e é uma zona que temos que ter atenção quando
preparamos a atividade.
45
Cavidades O e OP num molar superior.
Procurar preservar:
2
1 2
1) Ponte de esmalte;
2) Cristas marginais.
Um molar superior com 2 cavidades, uma oclusal e uma ocluso-palatina, tendo o cuidado de
preservar a ponte de esmalte, que uma estrutura dos molares superiores que é especialmente
relevante para a resistência/integridade mecânica do dente.
Quando preparamos uma box (uma cavidade de classe II, num dente posterior), estas paredes,
quer a vestibular, quer a lingual, obedecem a determinadas regras e a determinadas angulações.
Depende da preparação e depende da maneira como vamos preparar com a broca e com o
contra-ângulo estas paredes.
Portanto, angulação sim, mas até certo ponto, não exageradamente se não começamos a
sacrificar outras coisas nos dentes.
46
Em termos de resistência, genericamente, temos que ter cuidado:
Temos que ter paredes que são perpendiculares às forças mastigatórias, como a parede oclusal
e a gengival e temos paredes que têm que ser paralelas/ têm quê ser orientadas segundo o longo
eixo do dente como a parede axial, que é vertical. Elas entre si devem fazer um ângulo de 90°.
A parede oclusal é horizontal e a parede gengival também, são paralelas entre si. Portanto, se
tenho aqui (seta maior) uma força mastigatória, vou ter 2 forças opostas de reação em sentido
contrário, mas seguindo o mesmo vetor.
47
- Ângulo cavo-superficial
3. Forma de retenção
A forma de retenção é a forma que introduzimos nestas cavidades que contrariam a ação das
forças mastigatórias e das forças que as restaurações sofrem que contribuem para o
deslocamento da restauração para fora.
48
4. Forma de conveniência
A forma de conveniência de uma cavidade deve criar acesso suficiente para visibilidade e
espaço para os instrumentos.
Não interessa estar a trabalhar num sítio extremamente apertadinho e inacessível, onde não é
possível movimentar os instrumentos, sem acesso. Nem trabalhar com limitação de visibilidade.
Por fim, tendo a cavidade lineada, ou praticamente lineada, vou-me preocupar em remover o
resto do tecido cariado remanescente.
Porque são as paredes mais arriscadas de fazer uma exposição pulpar. Ao preparar essas
paredes e ao remover a cárie dessas paredes, são as zonas anatómicas onde estamos mais perto
da câmara pulpar e, portanto, onde há maior risco de fazer uma exposição pulpar.
Por fim, depois de ter a cavidade preparada temos de fazer o acabamento das margens de
esmalte.
O esmalte, sendo constituído por prismas, muitas vezes, na preparação de broca que fazemos,
fica com um acabamento grosseiro/irregular. Então é preciso tornar essas linhas de acabamento
mais regulares e mais perfeitinhas para receber a restauração.
49
Técnica mais antiga, utilizando cinzéis de esmalte (imagem),
desenvolvido por Black, desenhados para ir com algum
cuidado e precisão fazer o acabamento destas margens de
esmalte. A utilização destes cinzéis é uma coisa muito rara
hoje em dia.
50
Aula 4 – 2/10 – Instrumentos em Dentisteria Operatória. Preparações e
Restaurações Classe I em Amálgama.
Instrumentos Manuais
- De corte
- De condensação
- Vários
São todos constituídos pelo cabo (onde se agarra), a haste (liga o cabo à lâmina) e a lâmina
(parte ativa; não corta em todos os instrumentos).
Estes instrumentos podem ser simples (têm só uma extremidade) ou duplos (têm duas
extremidades). A vantagem de ter duas extremidades de trabalho é que podemos usar o que
nos der mais jeito, dependendo do que queremos fazer, sem termos que usar outro
instrumento.
Materiais:
Nomenclatura:
Ainda se usa a terminologia de Black: o nome está de acordo com a aparência do instrumento.
Existe o mesmo instrumento com vários ângulos diferentes.
51
Fórmula numérica (principalmente nos cinzeis):
Ex.: cinzel de esmalte biangulado (a angulação no gume da lâmina permite melhor acesso; há
um cinzel mesial e outro distal; tem extremidade dupla).
52
Espelho FUNÇÕES:
- Permite trabalhar com visão indireta, mantendo uma
posição de trabalho correta
- Afastar e proteger os tecidos moles (quando usamos
instrumentos de corte e rotativos)
- Reflexão da luz do candeeiro
Sondas reta e curva Quando, numa superfície oclusal, temos dúvida sobre a
existência ou não de cárie NÃO MEXEMOS COM A
SONDA, para não provocar uma lesão iatrogénica.
53
Tesoura Para cortar dique, fio dentário, etc…
2 extremidades:
- pontiaguda: para retirar material de recipientes
- retangular: para espatular
Espátula de inserção Para colocar o material preparado nas cavidades e ajudar
a adaptar os materiais de restauração nessas mesmas
cavidades.
54
Instrumentos para amálgama
55
Brunidor Usados para compósitos e para amálgama.
Num compósito habitual basta uma espátula de inserção (Almore, de plástico, IPC).
Espátula Almore: muito larga, permite pôr uma quantidade de compósito muito grande quando
se faz, por exemplo, um incisivo, é flexível (permite puxar bem o compósito para onde
queremos).
56
Instrumentos Rotatórios
Brocas
São constituídas pela haste (shank), o elemento de ligação/pescoço (neck) e a cabeça (head, a
parte ativa da broca). O nome varia em função da forma da cabeça da broca.
As brocas de contra-ângulo são mais espessas que as de turbina e têm um encaixe específico.
57
Esféricas As mais usadas.
De contra-ângulo e turbina.
Muito versáteis, cortam bem
lateralmente e na extremidade.
Uso: remover cáries, alisar paredes,
primeiro ataque ao esmalte
58
*As brocas que não têm cor são brocas de corte e não de acabamento.
As brocas de corte que têm cor podem ser pretas (cortam mais) > verdes > azuis.
As brocas de polimento podem ser vermelhas (mais grão) > amarelas > brancas.
Pode estar romba (perdeu o poder de corte), pode ser uma broca de acabamento e não de corte
ou pode estar a rodar no sentido contrário (os contra-ângulos permitem inverter o sentido de
corte).
59
Discos + mandril (para encaixar o disco no contra-
ângulo): para acabamentos marginais, tirar excessos
em faces vestibulares, retirar irregularidades de
esmalte não suportado. Podem ser de plástico ou de
papel (ligeiramente mais grossos; estragam-se
menos e fazem menos cortes). Os discos têm um
sistema de cores: quanto mais escuro for, mais
grosso o grão. São reversíveis, ou seja podemos
colocar o disco no mandril de um lado ou do outro,
conforme der mais jeito. Usam-se sem água.
Seguramos todos os instrumentos como uma caneta, exceto a peça de mão reta que se segura
com a palma da mão e o polegar.
2. Preparação da cavidade
2.1. Começar a abrir um poço no centro do molar com uma broca diamantada esférica
de turbina
Largura: 1,5 – 2 mm
60
Aula 5 – 9/10 – Amálgama Dentária
A amálgama é controversa pela libertação de mercúrio, mas na realidade não existe nenhuma
evidência após vários anos de estudo que confirme que existe alguma relação entre a amálgama
e algum tipo de doença.
É um material durável, de baixo custo (é barato fazer uma restauração em amálgama) e é fácil
de aplicar, ou seja, tem tudo para correr bem.
- Medo das pessoas que acham que pode provocar algum tipo de doença;
- Próprio interesse dos doentes em colocar um material na cavidade oral que tenha a cor dos
nossos dentes e a amálgama é logo posta fora da equação;
- A amálgama é um material que implica uma cavidade mais invasiva do que na restauração em
compósito;
- A amálgama é um material que sofre corrosão e não adere ao dente (temos de fazer cavidades
diferentes que consigam segurar a amálgama).
Amálgama
→ Mistura de um metal em estado líquido, geralmente mercúrio (Hg), com um ou mais metais.
Limalha de amálgama dentária: Prata (Ag), Estanho (Sn), Cobre (Cu), Zinco (Zn), Paládio (Pd),
Índio (In) e Selénio (Se).
Escolher o tipo de amálgama, de acordo com o trabalho a realizar, com base nesta classificação.
61
Amálgama de partículas irregulares: as partículas da limalha de
amálgama têm forma irregular.
1. Amálgama que contém zinco: mais do que 0,01% de zinco – indicada para quando é possível
um bom isolamento.
Na utilização de uma limalha que contém zinco (> 0,01% Zn), é necessário muito mais cuidado
na restauração porque se esta amálgama entrar em contacto com a humidade (ex.: saliva) vai
ocorrer expansão tardia, ou seja ao fim de algum tempo a amálgama expande, o que provoca
dores, pressão pulpar, pode ocorrer fratura do esmalte que provoca falhas e, mais tarde, lesão
de cárie secundária.
2. Amálgama que não contém zinco: menos do que 0,01% de zinco – indicação para uso de
amálgama sem zinco quando o controlo da humidade é impossível.
2. Alto teor de cobre: entre 13% e 30% de Cu – amálgama de fase dispersa ou de partículas
esféricas. Não existe amálgama de alto teor de cobre de partículas irregulares.
Cápsulas de amálgama
A ativação da cápsula faz-se por pressão sobre as duas metades da cápsula que ao deslizarem
rompem o diafragma.
62
Dentro da cápsula está, de um lado, o mercúrio e, do outro, a limalha. Para que estes dois
componentes se juntem é necessária a ativação da cápsula, para isto faz-se pressão sobre as
duas metades da cápsula provocando o rompimento do diafragma (membrana que separa os
dois componentes dentro da cápsula). Depois a cápsula é colocada no vibrador de amálgama
para a mistura dos dois componentes.
Nem todas as cápsulas têm um diafragma: o mercúrio está dentro de uma pequena
embalagem de plástico que, ao ser colocada no vibrador de amálgama, rebenta permitindo a
mistura do mercúrio e da limalha.
Vibrador de amálgama
Colocar a cápsula no vibrador (depois de ativada, caso se aplique) → fechar a tampa → iniciar a
vibração (durante o tempo recomendado pelo fabricante: 5-6s) → abrir a cápsula e utilizar
63
Amalgamação
Reação química desde o início da mistura da limalha com o mercúrio até se completar o tempo
de presa da amálgama.
Escolhemos de partículas esféricas ou de fase dispersa (não há amálgama com alto teor de
cobre de partículas irregulares). Depende do que estamos a fazer.
64
Amálgamas de alto teor de cobre
Ex.: para uma cavidade grande onde tenho de repor um bom ponto de contacto uso a de fase
dispersa (preciso de ↑tempo de trabalho e de ↑pormenor). Cavidade pequena oclusal uso de
partículas esféricas.
Na clínica…
1. Trituração
Dependendo do tamanho da cápsula (400, 600 ou 800 mg) preciso de mais ou menos tempo
de trituração (↑mg = ↑tempo de trituração). Temos apenas que ler as instruções da amálgama
que estamos a usar – maioria tem especificações próprias.
65
Uma amálgama bem triturada deve apresentar-se como uma
massa homogénea, brilhante e, se deixada cair alguns
centímetros sobre uma superfície não deve perder a sua coesão
(não se parte/separa, fica exatamente como na imagem).
Subtrituração
Sobretrituração
Quando quisermos mais/menos tempo de trabalho escolhemos uma amálgama diferente e NÃO
mexemos nos tempos de trituração.
2. Condensação
Utilizam-se condensadores/calcadores.
- Evita falhas
- Reduz a quantidade de mercúrio residual na restauração (os cristais ficam na parte de baixo da
cavidade e o mercúrio que não reage fica na superfície e é depois removido)
66
A força de condensação pode ir de 2 a 5kg (quanto mais força fazemos, mais o mercúrio residual
emerge à superfície da restauração para ser depois removido).
3. Brunir a amálgama
Imediatamente após a condensação é necessário brunir a amálgama (de um lado para o outro,
no sentido MD, VL) para condensar ainda mais a amálgama e para ficar mesmo bem adaptada.
4. Escultura
A amálgama deve ser esculpida com instrumentos com a ponta afiada – carvers.
Resistência
67
Bom desenho da cavidade.
Velocidade de presa
Intermédia → Dispersa de alto teor em cobre (Dispersalloy) e Esférica de baixo teor em cobre.
Corrosão
68
O mercúrio na amálgama
- A amálgama tem 150 anos de uso (está mais do que testada e não existe nenhuma evidência
que a relacione com algum tipo de doença).
- 200 milhões de amálgamas são colocadas por ano na Europa e nos EUA.
- Há 2 vezes mais mercúrio na urina na remoção da amálgama do que na sua colocação (é muito
mais prejudicial remover uma amálgama do que colocá-la).
- Comer peixe e marisco 1 vez por semana resulta em 2-8 vezes mais mercúrio que a amálgama.
Em 2017 saiu uma legislação que proibia a amálgama dentária em crianças com menos de 15
anos, grávidas e lactentes. – era suposto ser uma proibição desde 2018 e, também, em 2020, no
entanto continua a ser uma recomendação (proibição total decidida em 2020? se acharmos que
é a melhor opção colocar uma amalgáma numa gravida, podemos). Eventual implementação em
2030?
69
Cavidades para amálgama (pré-clínico e clínica)
- Autoretentivas: a amálgama não cola ao dente, fica dentro da cavidade por retenção mecânica
- Paredes planas.
- Colocar pequenas porções nos sítios de acesso mais difícil e condensar com um calcador mais
fino para ter a certeza que não ficam poros nem falhas.
- Condensar em sobreobturação/overpacking/overfilling.
Acabamento (passo 5)
- Com uma sonda curva remover os excessos nas cristas apoiando a ponta da sonda no interior
da matriz e deslizando de um lado ao outro. A inclinação é dada pelo remanescente das
cúspides.
Crista marginal = curva contínua, concava para oclusal, une a cúspide vestibular à lingual.
70
- Retirar as cunhas (não é obrigatório, a prof. só tira mesmo no fim)
- Deslizar a matriz lateralmente (não puxar para cima para não arrancar amálgama)
Temos que saber exatamente onde termina a cavidade para tirar toda a amálgama em excesso
e não ficar amálgama fininha por cima do dente que vai partir.
5º - Controlo dos bordos cervicais, linguais e vestibulares (perceber se ficou algum tipo de falha
ou não; se ficou é necessário remover tudo e fazer de novo)
- Deslizar a sonda curva, sem fazer força porque a amálgama ainda está plástica, ao longo dos
bordos da cavidade
- Para tirar excessos usar a sonda em zonas de fácil acesso ou com tiras de lixa de metal nas
faces interproximais evitando a sobre-remoção da amálgama
- Com papel de articulação (pedir ao paciente para trincar muito devagarinho porque se o dente
estiver muito alto vai partir)
- Alisar a superfície com um brunidor ou bola de algodão sempre com movimentos centrífugos
- Seguir uma ordem de instrumentos (do mais abrasivo para o menos abrasivo): pedra verde
→ borracha preta → borracha vermelha → borracha verde
- Se chegarmos ao fim da sequência e ainda não está como queremos, voltamos à pedra verde
e repetimos a sequência
- Cuidado com a libertação de calor (usar água; no pré clínico ter cuidado porque os dentes são
de plástico e desgastam-se!!)
Discos = para remover excessos na zona da crista marginal que não se consegue tirar com a
sonda ou o carver.
71
Não usar a mesma pedra na amálgama e no compósito (o compósito fica sujo). A pedra branca
quase não corta na amálgama.
Quanto mais lisa a nossa restauração com amálgama, mas fácil é o polimento.
Indicações Contra-indicações
- Em todas as situações me que a estética não - Ordem estética (não é uma contraindicação
é primordial absoluta, se for a única solução, bora)
- Hipersensibilidade ao mercúrio
Vantagens Desvantagens
- Material muito estudado (usado desde há - Má estética
muito tempo) - Cavidade mutilante para o dente
- Consistência de resultados mantém-se (principalmente em restaurações pequenas)
- Técnica relativamente tolerante (fácil para o - Manuseamento do mercúrio (rapidamente
médico e para o paciente) absorvido pela pele)
- Material resistente e duradouro - Corrosão e galvanização
- Reduzida infiltração marginal - Ausência de manutenção de paredes
dentárias enfraquecidas (é necessário
remover essas paredes se não elas fraturam)
72
Aula 6 – 9/10 – Matrizes, Porta-Matrizes e Cunhas Interdentárias
MATRIZES
Do latim “matrix”.
É um meio de simplificar certas operações que por vezes são muito difíceis.
Evitar contaminação ou infiltração (evitar que fluido gengival, sangue ou saliva possa ter
acesso ao interior da cavidade que foi preparada e zona a restaurar, durante a
preparação cavitária não tem impacto no resultado final mas na fase restauradora
condiciona e prejudica o resultado final).
Criar condições para que possamos colocar dentro da cavidade, contida pela matriz, o material
de restauração escolhido.
Exemplo: Colocação de uma resina composta cuja aplicação é mais gradual/faseada e não exige
a aplicação de tanta força, é possível ser mais delicado, numa amálgama não é assim. Para
aplicar e condensar uma restauração em amálgama deve fazer-se força. Se a força for aplicada
contra uma matriz que está instável a matriz pode abrir/deslocar-se/abrir durante o processo
restaurador, comprometendo o resultado.
Altura suficiente da matriz – 1mm acima das cristas marginais (critério importante nas
provas práticas, falha muitas vezes).
73
Exemplo: refazer as cristas marginais de um dente posterior - molar inferior com cavidade MOD.
É necessário reconstruir ambas as cristas marginais, mesial e distal. A posição e forma das cristas
marginais na restauração a realizar é muito importante. Só é possível ter cristas marginais
corretamente desenhadas e reconstruídas, na posição certa e com altura certa, se a matriz
permitir isso. Colocar a matriz um pouco acima, 1mm, da posição onde a crista marginal deve
estar no final.
Não colocar a matriz abaixo do resultado final, não é possível trabalhar e esculpir o material da
maneira adequada.
Não ter uma matriz muito mais alta do que a crista marginal. Dificulta o trabalho.
- Ficar estável (a matriz deve ser estável, depende da matriz e da maneira como é fixada).
A matriz está fixa pelo porta-matriz. Deve estar estável, deve ser possível condensar amálgama
na cavidade sem que a matriz abra ou se desloque do sítio/saia do dente. O bordo inferior deve
estar completamente selado pela matriz. Deve garantir-se que a matriz vai em cervical, abaixo
do limite da cavidade, e cobre completamente o limite da cavidade de uma maneira estável e
estanque, sem aberturas. Pode ser difícil de alcançar porque não existe o dente adjacente. A
altura da matriz está acima na crista marginal.
74
Matriz para cavidade classe V no canino inferior.
O ponto crítico, além da estabilidade (aperta atrás), é a estanquicidade da zona cervical – está
em cima da gengiva da margem gengival ou até infra-gengival. (margem da cavidade no interior
do sulco gengival ou abaixo do mesmo). Zona onde provavelmente se tocará na gengiva e ter
sangue/gengiva hemorrágica. Ao colocar esta matriz deve ter-se a certeza que é possível isolar
a margem muito bem e impedir a passagem de sangue, neste caso, para o interior da cavidade.
Diferentes materiais
◦ Acetato
◦ Aço inoxidável
◦ Plástico
◦ Alumínio
Formas de apresentação
- Bandas
Cavidade maior no sentido ocluso-cervical – banda mais alta para abranger toda a cavidade.
Interesse da espessura: Uma matriz mais fina melhora as possibilidades de sucesso do ponto de
contacto no final. Mas uma matriz mais fina também deforma mais e é mais frágil, parte ou rasga
com mais facilidade.
75
- Pré-recortadas e abauladas (mais raras, não há no pré-clínico)
- Pré-recortadas (circulares)
Todas têm basicamente a mesma constituição: pontas, zona mediana ou corpo, barrigas – zona
mais importante, onde se presta mais atenção e devem ficar bem posicionadas e no sítio correto.
Importante
76
Obtenção de superfície esferoidal – a restauração deve reproduzir a convexidade da superfície
interproximal.
Alicate de Miller
Utilizando uma matriz com este formato estamos mais perto da anatomia e do resultado final
pretendido do que com uma matriz com o formato acima. Não é suficiente as leva a um passo
mais perto do resultado final pretendido.
77
Envolvimento do dente
Vantagens e desvantagens
∆ Matriz semi-circular
Vantagens e desvantagens
∆ Matriz seccional
78
Vantagens e desvantagens
Gama de matrizes. Todas são matrizes circulares (pontas unem-se dentro de um porta matriz e
abraçam a totalidade do dente).
79
Matrizes de colo/cervicais (raras, não se vêm frequentemente).
Matriz composta
Exemplo: molar inferior, desvitalizado, com espigão cimentado. Matriz fecha parede lingual,
distal mas não fecha a parede mesial, que está aberta. Adiciona-se uma segunda matriz,
parcial/seccional para isolar/fechar a zona mesial da box. Aumenta a complexidade e exigência.
Não é muito frequente.
80
Porta-matriz aplicado sobre uma cúspide sem encostar
devidamente a outra que também é necessário repor.
No interior da matriz circular foi aplicada uma pequena
matriz parcial para ter a certeza que a parede e a
cúspide ficam melhor contornadas e melhor definidas
no resultado final.
- Matrizes de acetato
- Matrizes de proteção
Imagem da esquerda – matriz metálica em banda no dente vizinho àquele que se prepara,
preparação de cavidade no pré-molar superior, se achamos que há dificuldades de acesso e risco
de lesar o dente vizinho, de causar dano iatrogénico do dente vizinho saudável e intacto, pode
colocar-se uma matriz de proteção.
81
É um dos critérios de avaliação nas provas práticas, quando fazemos cavidade MOD num 35,
num frasaco, com os dentes adjacentes 34 e 36. Um dos critérios de avaliação (que numa
cavidade deste género podem ser 12 ou 15) é se os dentes adjacentes foram lesados ou não.
Não é obrigatório colocar matriz de proteção mas é fortemente recomendável.
Imagem do meio – não são matrizes embora funcionem como matrizes de proteção, são porções
de teflon.
Imagem da direita – matriz de acetato, cavidade no 21, impedir que o ácido vá para o dente
adjacente.
PORTA-MATRIZES
São instrumentos que permitem colocar, ajustar e estabilizar a matriz à volta do dente.
◦ Porta-matrizes de Nysrtom
Nystrom Universal
Nystrom I
Nystrom II
O lado mais pequeno (estreito) do trapézio coloca-se sempre para cervical (zona gengival dos
dentes) (por causa da forma do dente, mais largo em oclusal e mais estreito em cervical).
82
Dois mecanismos de aperto - porca
mais anterior e parafuso.
Funcionamento do porta-matrizes
Apertar tanto quanto necessário de acordo com tamanho e morfologia do dente e restauração
que é necessário fazer.
Se apertar muito a matriz o acesso ao material de restauração é limitado, risco de ficar com uma
restauração final sub-contornada, mais pequena do que deveria.
83
Regras de utilização do porta-matrizes de Nystrom:
3. Nos molares inferior o apoio deve ser feito, preferencialmente, sobre a face lingual;
Por causa da anatomia dentária é melhor os porta-matrizes ficarem sobre a face lingual. A face
lingual dos molares inferiores é vertical e a face vestibular é oblíqua. Se for colocado e apertado
na face vestibular/oblíqua começa a deslocar-se do sítio. Na parede lingual não mexe.
Exceções: cavidade extensa ou se precisar de restaurar a face lingual do dente não se pode
apoiar aí o porta-matriz.
4. Em todos os outros dentes deve ser feito sobre a face vestibular, salvo nos casos de grande
destruição desta face (quase sempre, estes porta-matrizes colocam-se na face vestibular dos
dentes, exceção – molares inferiores);
◦ Porta-matrizes Tofflemire
Raramente utilizados atualmente, eram muito comuns no século XX, matrizes próprias.
◦ Porta-matrizes de Ivory
84
Regras de utilização:
Mais exemplos:
Matrizes seccionais
85
Diferentes anéis para estabilizar as matrizes, consoante os
sistemas ou se é pré-molares ou molares – são para dentes
posteriores.
CUNHAS INTERDENTÁRIAS
86
Funções da cunha interdentária:
- Provocar o afastamento dos dentes (muito importante, pôr uma cunha logo no início da
preparação cavitária, promoção do afastamento dos dentes, manter cunha durante o processo,
ao tirar a cunha os dentes aproximam, aumenta a possibilidade de obter um bom ponto de
contacto);
Regras de utilização:
- Inseridas pela maior ameia interdentária (pela ameia que for mais aberta);
Colocação correta
Colocação incorreta
87
Cunha muito pequena, pressão insuficiente da matriz, abre e
material de restauração extravasa.
Revisão:
2. Abaular a matriz - com um brunidor (grande) ou espátula pressionar a matriz contra o dente
vizinho (pelo interior), abaular a matriz e garantir que o abaulamento é eficaz e que a matriz
está mesmo convexa.
3. Controlo do encerramento - com uma sonda percorrer a margem e ter a certeza que há um
bom encerramento da margem (para o material não extravasar nem sangue ou saliva penetrar
na cavidade).
Quando o afastamento entre os dentes é grande, a matriz deve compensar esse afastamento e
contactar com o dente vizinho.
88
Cavidade com abertura vestíbulo-lingual extensa, mas afastamento pequeno → não brunir,
evita-se a criação de uma forma de envolvimento não anatómica (restauração sobre-
contornada, dente demasiado grande, anatomia contrária e invade o espaço do dente vizinho) ,
do dente adjacente.
Exemplo:
Pormenor clínico: restaurar dente desvitalizado que pode não justificar anestesia, mas
colocamos uma cunha de madeira no espaço interdentário (exige força), sobre a papila, faz um
grande afastamento dos dentes que é desconfortável e pode pressionar a gengiva → anestesiar
o paciente (variação anatómica entre os doentes, há pessoas podem ter dentes mais afastados com
espaço interdentário maior e é mais fácil pôr a cunha, outras podem ter os dentes mal posicionados, com
rotação, dificultando a colocação da cunha, podem ter doença periodontal e a papila regrediu e há muito
espaço para colocar uma cunha grande sem dificuldade).
89
Não havia isolamento, matriz foi mal colocada ou não tinha
uma cunha, ao compactar a amálgama é necessário força,
amálgama extravasou através da margem e invade espaço
interdentário.
- Cavidade hermética
90
Aula 7 – 30/10 – Adesão Dentária
Artigo, 2007: “A adesão resina-dentina é muito mais complexa do que o que a maioria dos
dentistas pensa”.
Existem muitos tipos de sistemas adesivos, é difícil de escolher. Todas as marcas têm adesivos
com modos de aplicação diferentes, muitas marcas têm vários tipos de adesivos.
Há 100 anos, no tempo de Black, não haviam adesivos. O que se fazia era obter
cavidades o mais retentivas possível e esperar que os materiais nelas colocados
não caíssem. No fundo, eram cavidades do género do que se faz na amálgama.
Tudo mudou quando, em 1955, Michael G. Buonocore aplicou ácido à superfície do esmalte para
aumentar a adesão. Funcionou muito bem. A ideia surgiu de quando teve um acidente de carro e, na
oficina, reparou que na superfície do metal, na chapa, antes de colocarem a tinta, usavam um mordente,
que era um ácido que tornava a superfície áspera fazia com que a tinta tivesse uma boa retenção.
O condicionamento ácido que se faz hoje é muito pouco diferente do que Buonocore iniciou há
mais de 60 anos.
Buonocore usou um ácido muito forte, o ácido hidroclorídrico a 80%, durante 2min.
Clinicamente, após o condicionamento ácido e depois de seco, o esmalte fica com um aspeto
opaco, perde o brilho.
91
Dependendo do esmalte que é condicionado, existem três padrões de desmineralização:
Adesão ao esmalte
A superfície tem de estar limpa e seca (o ácido não condiciona a placa bacteriana nem
o cálculo).
• Proteger os dentes adjacentes (que não vão ser tratados – o ácido desmineraliza tudo onde
toca).
92
• Lavar abundantemente e secar completamente (pode ser
agressivamente) de maneira a que o esmalte fique com aspeto
branco, opaco.
• O esmalte pode ficar húmido se for usado primer que vai ser
posteriormente secado (a água vai ser evaporada com o solvente
do primer). Se for usado um adesivo totalmente hidrofóbico é
necessário secar completamente a superfície (qualquer
humidade vai interferir na adesão).
Resultado:
→ Prisma de esmalte intactos com topo desmineralizado onde entra a resina que se entrelaça
com as retenções que o ácido criou.
→ Ao polimerizar in situ vai criar-se uma retenção muito forte e duradoura entre a resina e o
esmalte.
Camada híbrida = tem uma parte de dente natural e outra de restauração, neste caso resina.
93
A adesão ao esmalte é muito forte, muito duradoura e é aquilo em que nos baseamos 90% das
restaurações, mesmo as posteriores.
Adesão à dentina
ESMALTE DENTINA
90% vol mineral 45% vol mineral
6% de matéria orgânica 30% de matéria orgânica
4% de água 25% de água*1
Substrato seco Substrato húmido
Sem estruturas vitais Odontoblastos
Adesão mais fácil Adesão mais difícil
Grande longevidade Baixa longevidade
Retenção micro-mecânica Camada híbrida*2
*1 Intrinsecamente a dentina tem 25% de água que não pode ser ignorada, não se pode secar
completamente a dentina. Aderir a um substrato intrinsecamente húmido é complicado. A água
tem como consequência a degradação de qualquer interface resina/estrutura.
*2 A camada híbrida da dentina é mais volátil, mais difícil de obter do que a obtida no esmalte.
94
Existem vários tipos de dentina, com características diferentes:
Exemplo:
Para fazer facetas em compósito nos dentes anteriores, é necessário de aderir, ao mesmo
tempo, a dentina profunda, a dentina superficial, ao esmalte e frequentemente a dentina
esclerótica (que tem características também diferentes).
É um grande desafio conseguir, com um determinado produto, aderir ao dente que é composto
por vários substratos diferentes (muitas vezes o que é bom para a dentina não é bom para o
esmalte).
As primeiras gerações
95
Ao preparar uma cavidade fica na superfície, tanto da dentina como do esmalte (no esmalte
remove-se com o ácido), a smear layer.
Smear layer = camada de detritos que são uma mistura de bactérias (no caso de remoção de
cárie dentária), colagénio, raspas de dentina que ficam à superfície da dentina e obliteram os
túbulos dentinários (rolhões que entram na parte terminal dos túbulos) - smear plugs.
A smear layer era aquilo a que os primers aderiam. Descobriu-se que as forças de adesão a esta
parte da dentina eram bastante fracas. A smear layer tem uma força coesiva bastante baixa,
descola-se facilmente da dentina.
CONCLUSÃO: para aderir à dentina é necessário atuar sobre a smear layer, removê-la ou
incorporá-la no procedimento adesivo. Não se pode ignorar porque “a smear layer é uma
barreira física que impede os sistemas adesivos de aderir à superfície da dentina”.
No final dos anos 70, Takao Fusayama, propôs o ataque ácido do esmalte e da dentina em
simultâneo, porque o ácido iria remover a smear layer.
Fusayama postulou que o problema não estava no ácido, mas sim no primer/na substância que
se colocava após o ácido (ou mesmo quando se deixou de utilizar o ácido). Buonocore punha
uma substância hidrofóbica.
O primer deveria ser anfotérico (hidrofílico por causa da dentina e hidrofóbico para a posterior
aplicação da resina hidrofóbica).
96
Na dentina não se pode aplicar ácido durante mais de 15 segundos. Porquê?
5-10s é o suficiente para remover a smear layer e desmineralizar apenas a superfície até 5 micras
de colagénio (mais de 8 micras já é prejudicial para a infiltração com primer).
Self-Etch ou Etch-&-dry
Não se aplica um ácido em separado, aplica-se apenas um primer acídico que faz o
condicionamento da dentina e, como não há água envolvida, apenas esse adesivo é seco.
O que é a adesão?
Após a desmineralização da dentina e exposição das fibras de colagénio (não mais que 5 micras),
o adesivo penetra entre essas fibras e, ao polimerizar in situ, vai criar uma camada híbrida.
Para além disso, ao serem removidos os smear plugs (sobretudo nos Etch-&-Rinse), os resin tags
vão entrar nos túbulos dentinários e, apenas se forem hibridizados na zona marcada a vermelho,
isso também contribui para as forças de adesão e selamento da dentina.
97
Se na parte mais interior do túbulo dentinário o resin tag não estiver hibridizado (não está colado
à parede do túbulo) então essa parte não contribui nada para a adesão, ou seja, neste caso é
indiferente se os resin tags são compridos ou não.
Ou seja, o que interessa para a adesão é se, no topo marcado com o círculo vermelho, os resin
tags estão hibridizados/colados à dentina.
Adesão à dentina
Microscopia eletrónica de varrimento: a azul está a dentina intacta; Na zona de camada híbrida
há fibras de colagénio misturadas com resina (tudo polimerizado).; Vêem-se os resin tags em
forma de funil → desmineralização em funil/funnel shaped*; Camada de adesivo tem apenas
adesivo; A camada de resina composta tem partículas de Bis-GMA e partículas de carga
(normalmente silicato).
∙ Camada híbrida
∙ Hibridização de resin tags
∙ Hibridização de canais laterais dos túbulos dentinários
∙ Adesão química (mais recentemente, sobretudo nos sistemas adesivos universais)
98
Camada híbrida
Canais laterais
Sistemas adesivos
Qual quer sistema adesivo existente no mercado é constituído por 3 componentes que podem
estar ou não combinados:
1. Condicionador
2. Primer
3. Adesivo
1. Condicionador
→ Remove o mineral
→ Pode estar combinado em certos sistemas (pode estar combinado com o primer ou
combinado com o primer e com o adesivo)
Após a aplicação do ácido, sabendo que a superfície da dentina está húmida, não se pode colocar
um produto hidrofóbico, ou seja não se pode pôr Bis-GMA e esperar que funcione.
2. Primer
→Mudam estado hidrofílico para estado hidrofóbioco – conseguem mudar, ao serem aplicados
na dentina, a superfície da dentina de um estado hidrofílico, intrinsecamente, para um estado
hidrofóbico
→ Contém um solvente (água, álcool, acetona – água + álcool ou água + acetona, nunca pode
ser álcool + acetona), que depois tem também de ser evaporado
→ Podem estar combinados com o ácido e/ou adesivo (primer acídico + adesivo à parte OU
ácido à parte + primer misturado com adesivo)
99
3. Adesivo
1. Scotchbond Multipurpose
mais antigo de todos.
2. Atualmente utiliza-se o
Optibond FL da Kerr, que é
equivalente.
Vantagens Desvantagens
Baixa sensibilidade técnica (comparados com Múltiplos passos
os outros sistemas têm a menor sensibilidade Mais componentes
térmica, não há sistemas sem sensibilidade Maior tempo de aplicação (não
técnica): podem aplicar-se os produtos necessariamente, os adesivos simplificados têm
sucessivamente sem a preocupação de repetir de se aplicar mais vezes, acaba por ser mais ou
passos porque, basicamente, funciona sempre menos o mesmo tempo)
bem, sobretudo na parte do primer
Baixa sensibilidade pós-operatória Frascos pouco apelativos (há pessoas que não
(sensibilidade dentária): muito importante. escolhem este produto pela estética dos frascos)
Possível “shock absorver” (minimização do Risco de Over-etching/-dry/-wet: são
problema da contração de polimerização das adesivos com alguma sensibilidade técnica
resinas compostas): porque tem o adesivo à Proporciona a hidrólise do colagénio por ser
parte (Optibond FL com carga) etch-and-rinse (por mais que se seque, fica
sempre água na camada híbrida ou por baixo
dessa camada)
Os melhores resultados in vitro e in vivo:
ainda hoje não deixámos de usar estes
adesivos por causa deste ponto
Melhor eficácia e consistência
Maior longevidade
100
Etch-&-rinse (Dois passos)
∙ Ácido
∙ Primer e adesivo combinados num só frasco
Vantagens Desvantagens
Sistemas mais simplificados (só têm 2 Igual tempo de aplicação: para funcionar bem,
passos) a mistura de primer/adesivo tem de ser aplicada
Menor número de passos várias vezes
Frascos mais apelativos Técnica mais sensível: temos de estar muito
atentos à superfície da dentina, tem de ficar
brilhante e sem movimento, porque se não temos
de aplicar mais produto.
Sensibilidade pós-operatória: estes produtos
não selam tão bem a dentina como o primer e
adesivo em separado, porque não há uma camada
hidrofóbica separada por cima da dentina → pela
teoria de Brânnstron da sensibilidade dentária, a
incidência de sensibilidade pós-operatória é
muito maior
Fraca adesão a quimio-polimerizáveis (em
alguns casos inexistente): por causa da
interferência que tem com a amina terciária dos
compósitos quimiopolimerizáveis que se deve ao
facto destes adesivos serem bastante mais
acídicos
Hidrólise do colagénio muito maior: devido à
pior selagem deixam entrar mais água
Risco de over-etch/-dry/-wet é maior
Muito menor longevidade
101
Self-Etching (Dois passos)
Vantagens Desvantagens
Sistemas simplificados (combinam 2 Múltiplos passos (apesar de serem simplificados
componentes) têm 2 passos)
Menor sensibilidade técnica: incorporam a Muito fraca adesão ao esmalte: é por isso que
smear layer e, desse ponto de vista, há menos não são assim tão usados. Pode ser contornada se
sensibilidade técnica fizermos uma técnica de selective-etch*
Menor sensibilidade pós-operatória: porque Muito hidrofílicos: causam degradação da
a smear layer não é removida e os túbulos camada híbrida
dentinários não são abertos com o ácido
Possível “shock absorver”: porque têm a
camada hidrofóbica à parte, minimização da
contração de polimerização
Excelentes para a adesão à dentina
Ótimos resultados in vitro e in vivo em
relação apenas à dentina
Excelente longevidade
O objetivo é que o resultado seja exatamente o mesmo do resultado de aplicar os três passos
em separado. Mas, infelizmente, isto não acontece.
102
Vantagens Desvantagens
Sistemas simplificados Composição instável: alguns deles têm
componentes que não podem estar previamente
O menor tempo de aplicação misturados, apenas no momento de aplicação
Menor sensibilidade técnica (porque só se Muito hidrofílicos
aplica um poduto)
Menor sensibilidade pós-operatória: como Fazem com que a camada híbrida acabe por
é um self-etch, não remove a smear-layer ser uma membrana semi-permeável: porosa,
seja pela presença de solventes, seja pela presença
de água → para além da sensibilidade pós-
operatória que isto possa causar, faz com que a
degradação seja muito rápida
Adesão muito fraca a quimiopolimerizáveis
Muito fraca adesão ao esmalte
Poucos estudos clínicos (com maus resultados)
Estes adesivos são cada vez menos utilizados.
Os self-etch, em geral, e consoante o pH do primer acídico (alto, baixo ou médio), podem ser
divididos em:
- Strong Self-Etching
- Mild Self-Etching
1. Overdry phenomena
Ao lavar o ácido vai aparecer uma grande altura de fibras de colagénio que deixaram de estar
suportadas pelo mineral que acabou de ser removido pelo ácido.
Ao remover a água toda com o jato de ar, esta estrutura vai colapsar.
Ao colapsar, os primers não vão conseguir penetrar e suportar essas fibras de colagénio, ou seja,
vai haver uma difusão inadequada do primer e da resina adesiva.
O que se deve fazer é infiltrar as fibras de colagénio antes de estarem colapsadas e, para isso,
não se pode secar demasiado a superfície da dentina, deve deixar-se alguma água que suporte
as fibras.
Por outro lado, não se pode deixar demasiada água porque provocará a diluição completa do
adesivo que vai ser aplicado.
103
2. Nanoinfiltração
Mais tarde descobriu-se que a própria camada híbrida pode ficar lá com água, ou seja, mesmo
quando há hibridização, quando as fibras estão envolvidas em resina, pode ficar lá água ou
solvente e aí aparece também nanoinfiltração.
Separação dos componentes hidrofílicos e hidrofóbicos do primer (isto vai ter consequências
graves em termos da qualidade da camada híbrida).
Diluição do primer.
O passo mais critico para a aplicação do sistema adesivo é, na verdade, a aplicação do primer.
104
Fotografias de microscopia de transmissão
105
Para contrariar esta degradação:
→ Aplicação de ácido com ação anti-MMP, neste caso um ácido com cloreto de benzalcónio:
provou-se que era eficaz. PROBLEMA: também é temporário, apenas adia o problema.
Nota: “Não estamos com grandes chances de, a curto prazo, resolver os problemas com os Etch-
&-rinse, embora sejam os que têm melhores resultados clínicos, ainda hoje. Não duram para
sempre mas são os que estão a durar mais.”
→ Os strong self-etch vão depositar alguns sais de fosfato de cálcio bastante instáveis
(solúveis). Embora os strong self-etch fizessem camadas híbridas parecidas com os total-etch e,
portanto, num curto prazo faziam forças de adesão bastante altas, mais tarde o que acontecia
era que os depósitos de fosfato de cálcio eram dissolvidos e iriam degradar rapidamente a
camada híbrida. Estes adesivos estão, praticamente, a cair em desuso.
→ Os ultra mild/weak self-etch não chegavam a ter acidez/força suficiente para penetrar
totalmente a smear layer. No fundo, aderiam à smear layer e não à dentina subjacente.
Atualmente praticamente todos os self-etch estão a cair em desuso exceto, talvez, o Prompt L Pop.
→ Quase todos os self-etch são mild self-etch: são muito bons para a dentina mas têm um
problema de adesão ao esmalte.
106
Adesivos universais
• Adesão química
Nano-layerings: demonstração
visual dessa adesão química
entre os dois substratos.
Não há uma definição universal para adesivo universal, mas a tendência é considerar o adesivo
universal como sendo de 1 passo, de 1 só componente e de 1 só frasco e que:
Seja compatível com restaurações diretas e indiretas, sem ter de se aplicar um ativador extra
senão deixa de ser monocomponente. Esta compatibilidade tem a ver com o pH.
Inclua todos os substratos - zircónia e metais (sem ativador) e cerâmica vítrea (sem silano).
107
O problema é que, neste momento, não há nenhum adesivo no mercado que consiga reunir
todas estas condições. As marcas dizem que os seus adesivos são universais, mas às vezes isso
não é bem verdade.
Exemplos:
→ Futurabond U
∙ É single-dose mas tem de ser misturado antes da aplicação, ou seja é de um passo só mas não é
monocomponente, será que pode ser considerado universal?
∙ É bastante acídico (pH=2,3).
∙ Como o ativador está num dos componentes aumenta o pH e possibilita a compatibilidade com
as restaurações indiretas, mas desta forma deixa de ser monocomponente.
→ All-Bond Universal
∙ Único compatível com restaurações diretas e indiretas, devido ao seu pH mais alto (3,2), não
precisando de ativador.
→ Adhese Universal
∙ Não é necessário usar ativador desde que o adesivo seja fotopolimerizável para que o pH suba
(cada vez que se fotopolimeriza, aumenta o pH). Problema: saber se após a polimerização a
restauração indireta vai ou não encaixar.
108
→ Clearfil Universal Bond Quick
∙ É necessário ativador se o cimento não for Clearfil DC Core por causa da amina terciária. Com a
amina terciária é necessário um pH alto. O cimento desta marca não tem amina terciária, não
colocam a amina terciária nas indiretas (?), ou seja, só pode ser usado o cimento deles. Se for um
cimento que tenha amina terciária é necessário ativador em separado.
→ Scotchbond Universal
∙ Como o cimento desta marca não tem amina terciária, dizem que não é necessário ativador, mas
se for um qualquer outro cimento que possa ter amina terciária já vai ser preciso um ativador.
∙ Como o cimento desta marca tem amina terciária, será sempre necessário ativador.
Para a adesão à zircónia e ao metal é necessário saber se o 10-MDP é suficiente para não ser preciso
ativador. Isto porque a adesão a estes substratos com ativador já é conseguida com os outros adesivos
(self-etch ou total-etch de 2 e 3 passos). É preciso ter atenção que há estudos que mostram que isso só
acontece se o primer adesivo for polimerizado (isto pode ser um problema, por exemplo, em coroas
metálicas, em que não há acesso à luz → neste caso usar outro adesivo com ativador que não seja preciso
polimerizar).
Há 2 universais, o Clearfil Universal Bond e o ScotchBond Universal, que têm incorporado o silano que é
o primer da cerâmica, necessário para aderir à cerâmica vítrea (feldspática ou vítrea reforçada com
dissilicato de lítio). Foram feitos estudos que mostraram que o silano dos universais é inativado em grande
medida (não totalmente, mas as forças de adesão diminuem bastante) pelo 10-MDP.
Classificação
∙ Não é informativo
∙ Dá azo a confusões: supostamente alguma coisa da última geração é melhor; nos
adesivos, os mais antigos continuam a ser os melhores.
Adesivos Adesivos
Universais
estratégias de aplicação (etch-and-rinse ou self-etch
(remove ou não a smear layer ) + adesão a vários materiais)
nº de passos de aplicação
Etch-and-rinse Self-Etch
nº de passos de aplicação
2 1
3 2 2 1
109
Conclusões
LONGEVIDADE
FALHA ANUAL
→ Os piores de todos são os Self-Etch de 1 passo (curiosamente são os que estão no topo de
vendas, assim como os Etch-&-rinse de 2 passos)
UNIVERSAIS
→ Chegou-se à conclusão que entre Etch-&-rinse e Self-Etch acaba por não haver grandes
diferenças no que diz respeito à dentina.
→ Os universais em modo Total-Etch não parecem tão bons como em modo Self-Etch, mesmo
quando têm esmalte. O porquê ainda está a ser interpretado. O que se recomenda é que
quando se usa um adesivo universal se use um Selective-Etch, ou seja usar o ácido fosfórico
no esmalte (importante para a retenção das restaurações).
1. Selective etch do esmalte (aplicar ácido fosfórico apenas no esmalte; muito difícil de
fazer)
2. Mild Self-Etching primer com 10-MDP de preferência (Self-Etch de 2 passos na dentina)
3. Adesivo hidrofóbico convencional sobre o primer
Uma alternativa, e para simplificar, não pior, na medida em que é mais fácil aplicar e de
padronizar, é o Etch-and-rinse de 3 passos: Ácido → Primer → Adesivo
110
Aplicação na clínica
1. Aplicação do ácido
2. Tratamento da superfície
∙ A superfície deve ficar húmida (para não haver colapso das fibras
de colagénio)
∙ Usar a aspiração ou secar ligeiramente para remover o excesso
de água
∙ Se a superfície estiver demasiado seca rehidrata-se (voltar a pôr
água com a seringa e voltar a secar)
A superfície não pode ficar nem encharcada nem demasiado seca. Com
uma película de água muito fina, brilhante.
3. Aplicação do primer
∙ Para poder ser infiltrado como deve de ser, tem de ser aplicado durante bastante tempo
(pelo menos 30s).
∙ Cobrir toda a superfície condicionada
∙ Aplicar múltiplas camadas se necessário
∙ Friccionar a superfície com a micro-escova ou pincel para ajudar a que o primer infiltre
bem as fibras de colagénio
∙ Evaporar o solvente de maneira a não retirar o primer, mas a ter a certeza que fica bem
seco
∙ Secar com seringa de ar a 15 cm com baixa pressão e vamos aumentando a pressão
do ar e diminuindo a distância até chegar à superfície do dente em que estamos com
a pressão máxima e a distância mínima
∙ A superfície deve ficar sem movimento (sem solvente ou água) mas brilhante (significa
que tem primer)
∙ Se não ficar brilhante após secar com força, reaplicar e voltar a secar
5. Aplicação do adesivo
6. Aplicação do compósito
111
Aula 8 – 6/11 – Restaurações em Compósito e Fotopolimerização
As resinas compostas (compósitos) usam-se para restaurar os dentes. São massas brancas que se põem
diretamente nas cavidades em substituição do amálgama (normalmente ou fazemos amálgama ou
fazemos compósito). Nos dentes anteriores e em alguns dentes posteriores, quando conseguimos,
tentamos fazer restaurações em resinas compostas porque são mais estéticas.
Constituição
Resina orgânica
- TEGDMA (Tetra Etil Glicidil DiMeta Acrilato) - Que pode estar misturado com UDMA.
- UDMA (Uretano Di Meta Acrilato) - Monómero que tem a carga molecular mais baixa.
Carga inorgânica
- Vidro ou quartzo
- Partículas de sílica
O tamanho das partículas pode variar entre 0,01 e 200 μm. Tem uma grande variabilidade –
podem ser muito grandes ou muito pequenas (até podem chegar a nm).
Esta rede vai também dar a própria constituição do compósito, sendo ele em volume sendo ele
em peso.
A mesma quantidade em volume de carga pode ter pesos diferentes, dependendo da densidade
da carga e dependendo do tipo de partículas. Portanto, não se pode comparar volume e peso,
são completamente coisas diferentes.
112
Resinas Compostas – Evolução
1. Macroparticulados
2. Microparticulados
∙ Sílica coloidal
O grande problema destas resinas é que não têm tanta resistência, porque é difícil fazer a
incorporação de carga (porque as partículas são muito irregulares e pequenas). O compósito
ficava demasiado viscoso e difícil de trabalhar, e com resistência menor, mas eram muito
políveis. Mais perfeitos em termos de estética e polimento.
Características:
∙ Radiotransparentes
∙ Excelente manuseamento e polimento
∙ Excelentes cores
∙ Muito baixa resistência à fratura
3. Híbridos (microhíbridos)
∙ Partículas quartzo
∙ Sílica coloidal
Características:
∙ Manuseamento variável – alguns mais viscosos, outros mais rijos (depende das marcas
e da quantidade de partículas que cada um tem)
∙ Bom polimento
∙ Excelentes cores
∙ Boa resistência à fratura
113
4. Nanoparticulados (nanohíbridos)
Esta mesma partícula de carga está agregada em núcleos que podem libertar alguns dos seus
elementos mas que resiste ao destaque em bloco – nanoclusters. → São tão resistentes ao
desgaste e tão políveis porque funcionam em nanoclusters.
Os compósitos híbridos e nanoparticulados são mistos, ou seja, têm dos dois tipos de
partículas de carga – das maiores e das mais pequenas.
114
Classificação de híbridos quanto ao manuseamento
Conseguimos classificar estes compostos híbridos (que são os que falamos mais porque são os
que usamos mais) em 3 categorias:
- Convencionais
Trabalhos generalizados.
- Compactáveis
∙ Resistência à compactação
Teoria que surgiu para tentar colmatar os defeitos do compósito vs amálgama. O amálgama é
condensável, ou seja, é possível condensar o produto de maneira a que fique mais resistente,
tira-se o mercúrio e bolhas de ar. Um compósito nunca é condensável. Tentou-se assim criar
compósitos com mais carga que fossem compactáveis e mais resistentes, mas também não
funcionou a 100%. O objetivo era conseguir fazer pontos de contacto mais resistentes.
- Fluídos
Normalmente não são utilizados quase para nada, mas muita gente utiliza para fundos de
cavidade.
São muito semelhantes aos outros tipos de compósito, a única diferença é que têm muito baixa
viscosidade, alta contração de polimerização (encolhem muito com a polimerização, criam
muito mais tensões nas paredes dentárias) e têm baixa resistência (porque têm pouca carga).
Entretanto surgiram também os compósitos Bulk-Fill, que é uma versão nova dos compósitos e
que são mais fluidos. Injetam-se dentro da cavidade e é possível fazer logo uma camada de 4mm.
Estes compósitos ainda não estão verdadeiramente estudados a longo prazo com evidência
científica – até agora os resultados não são assim tão fantásticos então continuam a ser
utilizados os híbridos nanoparticulados.
115
Resinas Compostas – Indicações
Classe I, II, III, IV, etc, mas têm de ter parâmetros mínimos
∙Selantes e RPR’s
∙Cimentação
∙Restaurações provisórias
Outros fatores - temos de ter sempre em conta que para a utilização de resinas compostas
precisamos que:
∙ Oclusão e resistência à abrasão sejam favoráveis – não podem existir cavidades muitos
extensas/profundas
∙ Exista isolamento – porque o sistema adesivo é muito sensível às condições de
humidade (e presença de sangue)
∙Quando não existe uma oclusão favorável, como no exemplo abaixo (se o paciente gasta os
próprios dentes vai desgastar rapidamente a resina composta)
116
Vantagens
∙Menor condutividade térmica – os amálgamas têm uma grande condutibilidade térmica (um
dos problemas da amálgama)
∙Reparação facilitada
Desvantagens
∙Fenda marginal
∙Contactos proximais – zonas interproximais são muito mais difíceis, se não tivermos
determinadas matrizes específicas não é possível fazer um ponto de contacto forte
As resinas compostas que utilizamos para restauração são, em grande parte, polimerizáveis. Os
compósitos modernos têm entre 2,6 a 7,1% de contração de polimerização, de acordo com a
técnica executada. Durante a polimerização, a resina composta é puxada para uma das
margens, podendo resultar num gap, se as margens forem pouco retentivas. As forças
mastigatórias podem levar à degradação da fenda marginal e, se não forem bem compensadas,
podem levar à deflexão e deformação das cúspides, podendo haver fratura do próprio material.
Estes 2 produtos reagem e produzem radicais livres, que vão dar início à reação de
polimerização. É uma reação mais lenta e não se criam tantas forças de stress.
117
Habitualmente, os compósitos de iniciação química só são utilizados para:
Vantagens
Como a polimerização é mais lenta (ao contrário dos fotopolimerizáveis, que é quase
automática), dá tempo para ocorrerem os rearranjos moleculares internos para a libertação das
forças criadas e geradas pela contração de polimerização
∙Facilidade de aplicação
Esta facilidade é relativa, porque uns são mais fáceis que outros, alguns são mais difíceis e mais
morosos.
Desvantagens
O catalisador (iniciador, canforoquinona) é ativado pela luz, e esta luz vai fazer com que haja
uma reação acelerada por uma amina alifática, o que faz com que haja produção de radicais
livres.
Temos de ter muito cuidado com a temperatura ambiente e contacto com a luz. Se há contacto
com a luz, os compósitos começam logo a fazer a polimerização. Apesar de serem ativados por
um comprimento de onda específico, a luz visível faz também com que se inicie a polimerização.
Tanto a canforoquinona como a amina estão estáveis à temperatura ambiente, sem contacto
com a luz. Por isso é que estes compósitos têm de vir em embalagens escuras, com a tampa
preta, para estarem completamente isolados da luz.
Nesta reação a polimerização é feita devido às ligações cruzadas e pontes de carbono. Vai haver
ligações entre as pontes de carbono e vão-se fechando cada vez mais as estruturas deste tipo
de ligação.
118
Compósitos de dupla iniciação
Duas pastas que, quando misturadas, dão início à polimerização (química), mas esta é
acelerada por ação da luz.
Normalmente as luzes de halogéneo conseguem fazer isso – têm um comprimento de onda que
dá para sensibilizar a conforoquinona e também o PPD. Alguns LED não têm esta capacidade.
As luzes de LED e halogéneo emitem um comprimento de onda entre os
450 e os 480nm, portanto temos de ter cuidado para ver se atingem ou
não o PPD.
Contração de polimerização
É um dos fatores que deve ser tido em conta ao executar os protocolos de atuação e restauração
com resinas compostas. Deve-se utilizar um protocolo bastante rígido, que tecnicamente é mais
moroso e mais difícil.
119
Problemas da contração de polimerização:
∙Tensão nas paredes internas da cavidade – há muitas tensões nas paredes internas que fazem
com que o compósito esteja em tensão
C – compósito
D – dentina
HL – camada híbrida
Modelo demonstrativo
Hipóteses:
120
Mesmo que o sistema adesivo suportasse a
tensão criada, iriam criar-se enormes
tensões internas e, consequentemente,
importantes deflecções das paredes que
teriam de compensar as 2 unidades.
121
A contração em vez de ser de 2 passa a ser 0,4, porque o produto foi colocado em incrementos.
A colocação do material em incrementos reduz a contração de polimerização de cada superfície.
D – Deflexão com 1 só
incremento.
d – Deflexão com 3
incrementos.
Se for só um incremento há esta deflexão gigante (D). Se for com três incrementos a deflexão
(d) é menor. Por isso é que é tão importante colocar os compósitos em pequenas camadas para
reduzir a deflexão e a contração de polimerização.
1. Colocar o fotopolimerizador de forma a que não sejam criadas zonas de sombra – INCIDÊNCIA.
A incidência deve estar o mais perpendicular possível.
O grau de polimerização vai variar de acordo com se estamos no centro da restauração ou nas
margens, da foto-distância e da % de ligações duplas que reagem (quanto mais reagirem
melhor). A % de ligações duplas a reagir devem ser o máximo possível, podem variar entre 35
a 80% (desejável: 80%).
122
Fotopolimerizadores
- Devem emitir radiação luminosa com comprimento de onda entre 470 e 500 nm -
canforoquinona. PPD - entre 410 e 500 nm.
- Intensidade luminosa 150 a 1100 mW/cm2 (microwatts necessários – entre 600 e 1000).
Halogénio e LED – cuidado com o intervalo dos comprimentos de onda, ver se abrange o
comprimento de onda do PPD além da canforoquinona.
- Emissão contínua
- Emissão em degrau
- Emissão pulsátil
Dependente do tempo.
123
O objetivo é que haja a maior taxa de
conversão possível, isto é, de 35-80% o
ideal seria sempre 80%.
EQUIPAMENTO
EXECUÇÃO
Direção, distância, tempo de aplicação de luz, tamanho da ponta (para cavidades muito
pequenas a ponta do fotopolimerizador deve também ser mais pequena, para cavidades muito
grandes a ponta deve ser maior, a utilização dessa ponta maior é mais favorável na taxa de
conversão).
RESTAURAÇÃO
Espessura, tamanho das partículas, cor da resina, configuração (vai depender de onde se insere
o compósito e onde se coloca o fotopolimerizador?).
MARC – Managing Accurate Rwsin Curing - explica erros e consequências na taxa de conversão, quando
o fotopolimerizador não está a incidir sobre o local em que era necessário que incidisse.
Se isto não for tido em conta haverá uma grande tensão sobre as paredes.
Quanto maior for esta relação tanto maior é o “stress” de contração de polimerização.
124
É a configuração da cavidade que vai dar o potencial de contração de polimerização.
Cavidade classe I
Cavidade classe II
De acordo com a dificuldade normalmente da cavidade, quanto mais paredes não aderidas
existirem, quanto maior for a própria restauração (maior no sentido de mais paredes
envolvidas), menor vai ser o fator C.
Apesar de, por exemplo, numa cavidade oclusal que pode ser gigante quase até à polpa ou
mesmo em tratamento endodôntico, apesar de ser enorme tem as paredes todas aderidas.
Então se tem as paredes todas aderidas, é necessário maior cuidado na colocação do compósito
porque o fator C é maior. A cavidade que parece mais fácil e que poderíamos aliviar um
bocadinho, não podemos aliviar porque se não a contração de polimerização ainda vai ser maior.
125
Aplicação do compósito – Fotopolimerização
Regras:
A 1ª para ser inteira deve ser menor do que 1mm e mesmo assim idealmente devia ser “cortada
ao meio”, só que muitas das vezes como é muito profunda não conseguimos fazer tecnicamente
isto. Então por isso preferíamos colocar uma camada mais pequenina, mas que funcione.
Restauração como
ela deveria ser.
126
Circulares vs Seccionais
Já se conseguiu
arredondar um
bocadinho mais o
Ponto de ponto de contacto.
contacto
abaulado.
127
A tensão que está a ser exercida faz com que se afastasse
um dente do outro (na boca não seria possível este gap tão
grande, isto é um frasaco).
Colocação do retentor.
Retirou-se o anel só para se perceber bem como se estava a aplicar os sistema adesivo – deve
fazer-se tudo já com o anel.
Aplicação do primer
durante pelo menos 30
segundos.
128
Ou fazemos a tal camada de 1mm para ser mais fácil de chegar ao fundo. Se tivermos acesso à
cavidade não precisamos de fazer esta camada de 1mm. Se a cavidade for muito extensa é
preferível fazer a tal camada de 1mm para que possa abrangir todas as paredes e não ocorram
falhas. Mas isto é só se a cavidade for muito profunda, se não conseguirmos ter acesso a essa
cavidade e esta camada não pode ter mais do que 1mm.
Execução da
restauração.
Fazer a forma do
dente.
O carver, o calcador e o brunidor são instrumentos usados para a amálgama. Pedra verde,
borrachas vermelha, preta e verde para a amálgama.
Para os compósitos utiliza-se apenas uma espátula e um brunidor e depois uma pedra branca e
uma borracha branca, amarela ou azul.
Na clínica não é assim tão taxativo, porque os instrumentos são lavados e esterilizados, não
ficam com restos de material de restauração. Se forem utilizados instrumentos num compósito
que não estejam bem limpos vindos de uma amálgama fica tudo preto, feio. A restauração não
terá a qualidade pretendida.
O calcador e um carver só se utilizam na amálgama, mas o brunidor e a pedra verde dariam para
os dois. Conselho: utilizar a pedra verde para amálgama e a pedra branca para o compósito para
diferenciar e não evitar meios de contaminação que estraguem a restauração.
129
Coloca-se na cavidade, vai-se polimerizando e temos a restauração pronta.
No compósito a restauração não tem que ser feita em overpacking, não precisa de ser feita em
excesso, até porque o compósito normalmente é da cor do dente e nós depois a seguir não
queremos desgastar o próprio dente, queremos saber onde é que está só a restauração para
fazermos o polimento da mesma e não do dente (que o desgasata).
Tenta-se fazer logo a forma do dente o melhor possível para depois ser só verificar a oclusão e
fazer um polimento básico com uma pedra verde e uma borracha.
Podemos dar sempre um bocadinho de polimerização extra nas zonas interproximais para
termos a certeza que a zona mais profunda fica bem polimerizada, depois de removermos a
cunha e a matriz.
130
Depois as borrachas.
Tudo sempre com água.
Novamente lixa interproximal para ter a certeza de que não ficam restos interproximais.
Coloca-se uma cunha para afastar esta zona para conseguir passar a lixa interproximal, não
queremos tirar o ponto de contacto (é a última coisa que queremos).
Normalmente estas fitas têm uma zona de passagem que não corta e temos que passar primeiro
essa parte antes de passarmos para as zonas que cortam. Se não tivermos essas fitas que têm
essas zonas que cortam, pomos uma cunha e passamos a própria fita para ficar tudo redondinho.
131
Aula 9 – 6/11 – Restaurações Temporárias e Proteções Pulpares
Por exemplo: não fazem a desvitalização numa única consulta, mas em 2 ou 3 consultas (as
consultas necessárias), portanto, nós não vamos estar a restaurar definitivamente, no final de
cada sessão, para na consulta seguinte remover a restauração definitiva outra vez (que por
norma é da cor do dente sendo, por isso, muito mais difícil de remover). Assim, colocamos
restaurações provisórias.
Restaurações indiretas são restaurações que não são feitas diretamente no consultório, mas sim
no laboratório. São necessárias, pelo menos, 2 consultas: uma para talhar o dente, fazer o
molde; e outra para colocar a restauração definitiva. Entre a consulta do talhe e molde e a
consulta da restauração definitiva coloca-se uma restauração provisória.
Paciente com alto risco de cárie, cáries em quase todos os dentes, primeiro é necessário tratar
a doença, mudar os hábitos de higiene oral e de alimentação, reduzir a quantidade de bactérias
na boca. Por isso, primeiro removem-se as lesões de cárie, colocam-se restaurações provisórias
e, só no final, se na reavaliação o paciente já lava bem os dentes, tem uma alimentação mais
cuidada, começam a remover-se as restaurações provisórias e passar a definitivas.
132
Mas a maior parte das restaurações provisórias são
brancas - é verdade, o paciente vai estar com
restaurações brancas durante bastante tempo, mas
entre o castanho e o branco não é esse o problema.
(vai acontecer muito no 4º ano em que ainda não conseguimos fazer tratamentos todos na
mesma consulta)
No 5º ano teremos dentes para fazer avaliação da restaurabilidade, ou seja, o dente está vivo,
mas é necessário de saber se é possível restaurar o dente ou não.
Se não é possível restaurar o dente, deve extrair-se? Não, há determinadas coisas que podemos
fazer, que vão fazer com que consigamos colocar uma matriz e fazer uma restauração definitiva,
como por exemplo, fazer um alongamento coronário.
Fazer história clínica e propor um plano de tratamento - fazer testes de sensibilidade (saber se
está vital ou não), avaliação de restaurabilidade (não extrair o dente) que vai permitir saber se
é possível fazer a restauração definitiva no mesmo dia, ou se é necessário enviar o dente
primeiro para periodontologia ou cirurgia para fazer alongamento coronário e depois fazer a
reabilitação do dente. Mas entre a avaliação da restaurabilidade e o tratamento seguinte, se
não der para fazer uma restauração definitiva, terá sempre de ter uma restauração provisória
∙ Risco de exposição pulpar nas situações que apresentam lesões muito profundas e
amolecidas (será falado na parte das proteções pulpares)
É mais utilizado em endodontia, por exemplo, para tapar uma abertura coronária.
133
IRM CAVIT
líquido
pó
Apresentação em 2 frascos:
Pó Líquido
80% óxido de zinco 85,5% eugenol
20% polimetilmetacrilato - vai dar a Azeite (plastificante)
resistência (é um óxido de zinco
eugenol reforçado)
Estearato de zinco (plastificante)
Acetato de zinco (aumenta resistência)
pH 7
Preparação: prepara-se, na proporção de 3:2 (3 líquido e 2 de pó), espatulando sobre uma placa
de vidro até se obter uma massa homogénea de consistência semelhante à massa de vidraceiro.
Com o tempo percebeu-se que esta proporção não dava e mudou-se a proporção para 3 de
líquido e 2 de pó (3:2).
Vídeo: começar por dividir o pó em metade e começamos a espatular com o líquido (é preciso
realizar alguma força a espatular). Como está a ser feita a espatulação na proporção 1:1, a dada
altura já não existia líquido nenhum e ainda faltava misturar muito pó e, portanto, é preciso
adicionar um pouco de líquido da gota extra. O objetivo é obter uma pasta que não cole ao vidro,
ou seja, ao inserir dentro da cavidade a massa não fica agarrada à espátula (quanto mais mole a
massa estiver, mais difícil é fazer a restauração).
134
Nota: quanto pior ficar espatulado o IRM mais rapidamente ele faz presa.
Ao reagir não liberta muito calor, ao contrário do cimento de fosfato de zinco que é um cimento
que tem uma reação química que liberta muito calor e, portanto, temos de ir incorporando
sempre bocadinhos muito pequeninos de pó, de forma a não acelerar muito a reação de presa.
No cimento de óxido de zinco eugenol a reação não é muito exotérmica e, por isso, podemos
logo à partida incorporar metade do pó no líquido que temos de misturar
Espatular mal faz com que o IRM faça presa mais rapidamente, mas prolongar muito a
espatulação também diminui o tempo de trabalho, faz uma reação de presa mais rapidamente.
O objetivo é um IRM muito bem espatulado, mas rapidamente.
Costuma-se dizer que é metade da metade, ou seja, primeiro pomos metade, depois metade da
metade que lá ficou e por aí fora até desaparecer o IRM.
Características:
Muitas vezes, ao trabalhar numa sala muito quente, o IRM acabado de espatular estava ótimo
na placa de vidro, e ao levá-lo da placa de vidro para a boca já fez presa - está muito calor, então
a reação de presa deu-se mais rapidamente.
∙ O pó é higroscópio (absorve água) e, por isso, o frasco deve ser conservado sempre bem
fechado.
Se o frasco for deixado mal fechado ou aberto o pó vai absorver toda a humidade que existe no
ar e vai estragar-se ficando inutilizável.
Vantagens
∙ Efeitos biológicos mínimos, ou seja, o dente não reage mal com o material
O IRM não poderia ser utilizado como material definitivo porque não tem boas propriedades de
selagem para um material definitivo, mas para um material provisório tem.
Desvantagens
∙ Desintegração
∙ Solubilidade
135
Vão-se desfazendo na boca. A resistência é adequada para uma restauração provisória. Se
fizermos uma restauração provisória e não conseguirmos fazer a restauração definitiva naquele
determinado período de tempo (pode ir a 4, 5, 6 meses) porque, por exemplo, o paciente
continua a não mudar os hábitos de higiene oral, deve remover-se a restauração provisória e
fazer outra nova.
∙ A inserção do produto na cavidade faz-se com uma espátula de inserção (espatulamos com
uma espátula de espatulação, mas depois é com uma espátula de inserção que levamos o IRM
à cavidade), aplicando porções relativamente pequenas, e sempre sobre a mesma parede da
cavidade, de forma a obrigar a massa a preenchê-la completamente (vai extravasar para o
resto da cavidade), não deixando vazios.
Em vez de colocar IRM contra uma parede e depois contra outra, é sempre, no início, contra a
mesma parede e pressionar e o que vai acontecer é que, como o IRM ainda está no estado
mole/plástico vai extravasar para os lados e vai começar a preencher toda a cavidade, não
ficando espaços vazios no fundo da cavidade.
3. Eliminação de excessos cervicais (para evitar posterior inflamação gengival e/ou cárie
secundária)
Se não for colocada uma cunha e a parte da matriz não for bem selada,
o que vai acontecer é que, ao colocar o IRM, este vai extravasar na zona
da margem e, neste caso, em que existe dente adjacente, já não vai ser
possível tirar os excessos (se isso acontecer, remover o IRM todo para
voltar a fazer).
136
Objetivos gerais das restaurações provisórias:
∙ Restituir a anatomia e resistência do dente, independentemente da razão (por não ter tempo,
porque tem mesmo de ser, estamos à espera de uma peça)
Proteção pulpar
∙ O órgão pulpo dentinário permite a formação de dentina (aquela que já está formada e aquela
que se poderá vir a formar depois).
∙ É um órgão sensorial (alguns reflexos protetores), ou seja, uma das funções da polpa é
responder às agressões com dor. É por isso que nós não partimos os dentes com tanta facilidade:
se mordermos algo com muita força, o dente queixa-se e automaticamente abrimos a boca.
O paciente não refere, não tem queixas espontâneas. Somos nós que perguntamos, pois, o
paciente não sabe e mesmo que tenha tido dor no dia anterior durante o dia todo, no momento
da consulta já não tem então acha que o problema já está resolvido. Exemplo: Já alguma vez o
dente lhe doeu? Sim, mas como? Doeu quando comeu uma coisa fria ou foi-se deitar e o dente
começou a doer de um momento para o outro? O paciente diz que o dente começa a doer de
vez em quando - dor espontânea, proteção pulpar está fora de questão.
O dente pode estar vital e sem dor espontânea e estar com uma pulpite (pode ser reversível).
DEVEM EXISTIR OS 3 PONTOS EM SIMULTÂNEO - se algum não existir então a proteção pulpar
está fora de questão!
Diagnóstico pulpar
∙ Testes de sensibilidade: teste ao frio, teste elétrico e teste cavitário (às vezes).
Quando existe dúvida quanto à vitalidade de um dente, fazer um teste ao frio – ausência de
resposta pode significar que o dente está necrosado, ou que o dente está vital mas como tem
uma retração pulpar muito grande não chega lá o estímulo frio.
Se não há resposta ao teste ao frio – fazer teste elétrico, para saber se o dente está vital (se der
< 80 então o dente está vital; se der > 80 enviar para tratamento endodôntico).
137
Se o teste ao frio der mais que 5 segundos enviar para tratamento endodôntico
∙ Exames imagiológicos
A polpa, por vezes, necrosa lenta e silenciosamente - não há sintomatologia nenhuma, mas
quando vamos ver o dente está necrosado e não houve sintomatologia.
Uma polpa lesada é uma polpa condenada? NÃO, a polpa tem uma capacidade de resistência
enorme, mas não a tudo.
Esta teoria do estrangulamento, na realidade, está provada como sendo totalmente FALSA. Tudo
o que foi descrito não acontece. Porquê?
∙ O tecido pulpar é resiliente – não comprime vénulas (facto de ter uma inflamação e ter um
aumento de volume num determinado sítio, não provoca haver a compressão de vénulas)
∙ Pela lei de starling, quando a pressão intersticial excede a pressão intravascular, o fluido é
forçado a entrar no interior das vénulas, em vez de as comprimir.
∙ Os vasos linfáticos removem todo esse excesso de líquido. Ou seja, não há o aumento da
pressão nas vénulas e da resistência à fluidez vascular que leve a hipoxia e necrose por
coagulação.
A polpa vai necrosar de maneira diferente. É verdade que também pode necrosar por necrose
isquémica/coagulação, mas na grande maioria das vezes, necrosa por causa de uma infeção
bacteriana.
∙ Infeção bacteriana - ocorre morte celular por ação enzimática (enzimas hidrolíticas de origem
bacteriana ou endógena) e vai haver uma necrose por liquefação e não coagulação.
138
Importante:
Preservar ao máximo a dentina (remover apenas a dentina que precisa de ser removida).
Proteção pulpar
• Natural
• Indireta
• Direta
Procedimento realizado para evitar uma exposição pulpar (não dá para fazer sempre).
Consiste em deixar dentina cariada apenas sobre a parede axial ou pulpar (não se pode deixar
dentina cariada em qualquer lado) de uma cavidade e seguidamente realizar uma restauração
temporária.
→ 1º tempo
Só pode ser deixada dentina cariada na parede axial (seta verde) e pulpar (seta laranja) - só
tem lógica deixar cárie em zonas em que sabemos que se a removermos pode ocorrer exposição
pulpar.
Se a cavidade não for muito profunda na parte oclusal (linha amarela) sabemos que podemos
limpar a parede pulpar toda sem fazer exposição pulpar.
Se tiver uma profundidade axial for muita (linha azul) é melhor deixar um pouco de dentina
cariada pois corre-se o risco de fazer exposição pulpar.
139
A restauração provisória é habitualmente efetuada com cimento de óxido de zinco eugenol
reforçado (IRM).
→ 2º tempo
O corno pulpar vai retrair. Ao retrair significa que se formou uma zona mais espessa e já é
possível remover a restauração provisória e remover o resto da lesão de cárie (tentar remover
o resto da dentina cariada ficando por baixo dentina reacional).
É o que nós esperamos que tenha acontecido, não quer dizer que aconteça sempre.
Resumindo: (1) Antes de fazer a proteção pulpar ver se o dente cumpria todos os requisitos
(vital, sem lesão periapical). (2) Se o dente apresentar os requisitos passar para a proteção
pulpar natural. (3) Depois de fazer o primeiro tempo, ao passar para o segundo tempo, garantir
que o paciente não teve queixas e (4) se estiver tudo bem tentar remover a restauração
provisória, remover o resto da dentina cariada e (5) se não houver exposição pulpar, fazer a
restauração definitiva (mesmo assim avisar o paciente que o tratamento endodôntico pode
sempre ser opção).
140
∙ A proteção pulpar é um tratamento que se realiza em dois tempos, só em dentes com
vitalidade e sem sintomatologia anterior;
∙ Só é legitimo deixar dentina cariada na parede da cavidade que esteja em relação direta
com a polpa (parede pulpar e parede axial);
∙ É necessário realizar uma restauração provisória estável e hermética (ou seja, resistente e
que esteja bem selada, porque o objetivo é reduzir a quantidade de agente nocivo e se a
restauração permite a entrada de bactérias o problema vai-se manter);
∙ Ao fim de 6 meses vamos encontrar uma dentina cariada mais seca, e melhor delimitada dos
tecidos sãos – mais seca porque o IRM é um material higroscópico e absorve a humidade da
cavidade oral e da dentina amolecida. É muito mais fácil remover a lesão cariada quando ela já
está mais seca;
Procedimento que consiste em deixar uma camada de dentina cariada por baixo da
restauração definitiva.
É no fundo como se fosse uma proteção pulpar natural, mas em que se coloca uma restauração definitiva.
Não se faz proteção pulpar indireta na clínica de dentisteria.
Funciona como um penso numa ferida pulpar que vai estimular a formação de uma ponte
fibro-dentinária → encerramento da abertura pulpar.
Houve destruição completa da dentina naquela zona e há comunicação com a câmara pulpar. O
pretendido com a proteção pulpar direta é o encerramento da abertura pulpar
∙Não é deixada nenhuma dentina cariada na cavidade (ao contrário da proteção natural e
indireta);
∙Só é feita em dentes sem sintomatologia anterior (antes de fazer uma proteção verificar os
requisitos);
141
1. Fazer uma cavidade em que já não existe
qualquer dentina cariada na cavidade, mas há
com uma pequena exposição pulpar.
Exemplo: (1) Restauração em amálgama, (2) Remoção da restauração, (3) Remoção da lesão de
cárie toda, (4) Tudo limpo, (5) Foi feita uma exposição pulpar e existe sangue, (6) Lavar bem, (7)
Colocar de hidróxido de cálcio por cima da exposição pulpar (só na zona da exposição pulpar),
(8) Colocar de ionómero de vidro por cima, (9) Fazer a restauração definitiva.
142
Aula 10 – 5/2 – Restaurações em Compósito de Dentes Anteriores
Vantagens:
Adesão a esmalte e dentina - desde que Bonocor descobriu a adesão ao esmalte e à dentina as
opções terapêuticas são diferentes.
Estética - é possível realizar uma restauração muito mais estética (utilização de compósitos em
vez de amálgama).
Desvantagens:
Isolamento - a sensibilidade muito aumentada faz com que seja necessário um isolamento
hermético durante a técnica de restauração.
143
- Diagnóstico
1. Superfícies proximais dos dentes anteriores (onde estão a maioria das lesões dos dentes
anteriores)
Atingem a dentina e com cavitação. No raio x observa-se uma mancha no esmalte e uma
mancha na dentina.
Sempre que existe uma lesão de cárie tem de ser tratada - o tratamento pode ou não ser
invasivo.
Raio x
144
- Seleção da cor
• Antes do isolamento absoluto (dique de borracha) - faz com que dentes desidratem e mudem
de cor
• Luz apagada/natural - devemos ter luz natural e escolher com o auxílio de uma escala.
O Mock up é uma restauração sem técnica adesiva ou condicionamento, sem grande cuidado,
apenas para avaliar se a cor está adequada. Depois remove-se facilmente com a sonda. Permite
mostrar ao paciente a cor e o resultado final.
• Macroparticulados – pouco usados, as partículas são grandes, não é possível obter um bom
polimento, podem ser porosos.
• Microparticulados – 0,04 a 0,2μm com sílica coloidal, menor resistência à fratura, melhor
estética - textura de superfície, melhor polimento).
Nota: os microparticulados permitem um melhor/ótimo polimento por isso podem ser usados,
numa restauração estratificada, como última camada (esmalte), mas no interior usar híbridos
(dentina).
• Híbridos (microhíbridos) – 0,6 a 3μm (0,4 a 1 μm) com partículas de quartzo e sílica coloidal –
maior resistência, usados em dentes anteriores e posteriores.
• Dique de borracha – idealmente o isolamento deve ser feito com dique de borracha (sempre
que for possível).
• Fio de retração – nem sempre é possível colocar o dique (paciente tem uma contenção e não
é possível remover), nesse caso pode usar-se o fio de retração.
145
• Matriz de colo
Pode ainda usar-se a combinação de dique + fio de retração – quando não é possível colocar a
matriz mas é necessário baixar a gengiva.
Notas:
- Preparação da cavidade
▷ Conservadora:
A cavidade deve ser o mais conservadora possível. A lesão tem de ser removida e a partir daí
verifica-se o que é necessário remover adicionalmente (por exemplo a amálgama tem de ter
uma espessura de 2 mm e deve ser retentiva).
Acesso por palatino – vantagem: face vestibular é deixada íntegra, preserva-se o esmalte
vestibular, é mais estético. É o acesso que se utiliza sempre que possível.
Acesso por vestibular (por vezes pode não ser possível fazer o acesso por palatino):
146
Assim determina-se o acesso à lesão pensando em qual vai ser a menor destruição possível
(tentando manter a parte estética). Assim, se a lesão não está por palatino fazer acesso
exclusivamente por vestibular.
Neste caso, como o dente está rodado, também existe acesso direto à face interproximal.
Resumindo: tentar abrir o dente de modo a preservar o máximo de dente possível, sempre que
possível pensar na parte estética.
Clinicamente:
1. Remoção da lesão
2. Não é necessário eliminar o contacto com o adjacente
3. Bisel de 45 nas faces acessíveis (só se faz bisel em zonas a que temos acesso, não se faz
em interproximal)
4. Eliminação do esmalte fragilizado (nos dentes anteriores)
Ao contrário dos dentes posteriores em que é necessário eliminar o esmalte não suportado, nos
dentes anteriores só é necessário eliminar esmalte fragilizado, pode deixar-se esmalte não
suportado.
- Bisel
Em vestibular o bisel será maior, porque além de se pretender aumentar a retenção (zona de
contacto com o compósito) também se pretende que esteticamente o compósito passe
despercebido (aumentar bisel vestibular para não haver marca entre a passagem do compósito
para o dente, quanto mais suave for a transição menos percetível é o compósito, mais estético).
O bisel é feito ao longo de todo o esmalte, em zonas a que se tem acesso direto. Não se faz
bisel para baixo da JAC, nem junto ao cemento, porque a adesão ao cemento ou à dentina
radicular não é boa.
147
- Matriz e cunha
Ao colocar o compósito não se tem a certeza de onde vai terminar e deve assegurar-se que o
compósito é colocado sobre dente que foi preparado/condicionado (se não pode levar a
formação de manchas nessas zonas).
Após lavar, secar, o esmalte pode secar completamente mas a dentina não, deve ficar húmida,
devido às fibras de colagénio.
Salvo raras exceções, vamos aplicar a técnica de 3 passos (Etch and rinse).
148
- Sistema adesivo
Secar o solvente - secar bem o primer com a seringa de ar até ficar brilhante e sem qualquer
movimento (a cavidade não mexe, vê-se com ar direcionado para o seu interior).
Polimerizar o adesivo
Não pode haver contaminação nesta fase, nem com água, nem saliva, nem sangue. Caso haja
contaminação é necessário reaplicar o ácido (recondicionar) e lavar logo para não condicionar
em excesso e preparar adesivo novamente.
Adição incremental ≤ 2mm - cada incremento não pode exceder os 2 mm (para não exceder a
profundidade de polimerização). Se a restauração for muito pequena, podemos colocar a resina
de uma vez só.
Remover a cunha (?) e a matriz - pode remover-se apenas a matriz e deixar a cunha. Isto faz-se
porque, pode acontecer, como a cunha empurra a gengiva, ao tirar a cunha haver libertação de
sangue que pode contaminar alguma falha que exista na restauração, fazendo com que seja
necessário realizar uma nova restauração.
Examinar a restauração:
→ Falta de material
→ Excessos marginais
→ Deficiências da forma ou do contorno
→ Ponto/superfície de contacto
Se houver alguma falha, como é compósito pode-se acrescentar as vezes que forem necessárias.
149
- Acabamento e polimento
Acabamento:
Polimento
150
Aula 11 – 5/2 – Espigões Intra-Radiculares
• Os dentes com tratamento endodôntico são mais frágeis (Talvez? Como? Porquê?)
Grandes perdas de estrutura dentária, quer por lesões de cárie extensas quer por fraturas, vão
levar a tratamentos endodônticos.
Não é o tratamento endodôntico em si que enfraquece o dente, mas o que levou a este.
Abertura coronária → 5%
Mas, por exemplo, num molar superior, a ponte de esmalte for destruída, reduz em 45% a
resistência do dente.
Se forem perdidas uma ou as duas cristas marginais a perda de resistência do dente é de 45% e
65%, respetivamente.
No 6º existe uma cavidade mais mesial e outra mais distal, em que foi posível preservar a ponte
de esmalte. No 5º dente existe uma abertura coronária + perda da crista marginal mesial.
Os dois incisivos tinham coroas antigas, e estão cheios de cáries, sobra muito a pouca
quantidade de estrutura dentária.
O pré-molar tinha uma desvitalização, há uma perda das duas cristas marginais e não foi feito
um recobrimento das cúspides então sofreu uma fratura vertical. Este dente tem de ser extraído,
não há salvação possível (por isso é que muitas vezes nestes dentes é preciso pôr uma coroa
depois de desvitalizado).
151
No molar a cavidade é maior mas ainda temos sobra muita estrutura dentária, duas paredes e
meia, então não é preciso fazer uma coroa.
NÃO Ao a preparar a raiz para colocar um espigão o dente fica ainda mais enfraquecido
porque se desgasta mais dente.
A única coisa que o espigão faz é aumentar a retenção da restauração. Ou seja, existe pouca
estrutura dentária e coloca-se um espigão, de forma a que a restauração fique mais retentiva
no dente. Não reforçam a raiz.
Indicações
Que variáveis devem ser tidas em conta para saber quando está indicado colocar um espigão?
- Estrutura coronária remanescente – O que sobra do dente depois de remover a lesão e fazer
abertura coronária para fazer o tratamento endodôntico.
- Posição do dente na arcada – As forças que um dente anterior sofre não são as mesmas que
um dente posterior.
- Tipo de oclusão
DENTES ANTERIORES
• Ao contrário dos dentes posteriores, que sofrem principalmente forças oclusais (mais verticais)
de tensão e compressão, os anteriores sofrem forças de cisalhamento.
• Incisivos laterais superiores e incisivos inferiores (dentes mais pequenos nas arcadas):
▷ Não necessita de prótese fixa ou não é pilar de prótese removível, e ainda tem
estrutura, não é necessário colocar espigão
▷ Se for dente pilar de prótese fixa/removível, talhar o dente e avaliar a estrutura
dentária remanescente:
o Se continua com estrutura dentária suficiente após talhar não é necessário
colocar espigão.
o Se fica com estrutura dentária insuficiente após talhar então colocar espigão.
152
Os IL sup. e I inf. ao talhar ficam quase sem estrutura, mas os IC sup. e caninos são dentes tão grandes
que, muitas vezes, talhando ainda ficam com estrutura suficiente e não é necessário de colocar espigão.
DENTES POSTERIORES
• Em dentes que na grande maioria das vezes sofrem forças verticais (e são grades/têm grandes
câmaras pulpares) é possível, sem espigão, dar retenção às restaurações (de forma mais
conservadora).
Muitas vezes, a própria câmara pulpar é tão grande que é suficiente para fazermos a
retenção da restauração.
• Quando outro tipo de retenção mais conservadora não pode ser usado então avançar para
o tratamento endodôntico (não porque era preciso mas sim porque é necessário ir buscar
retenção para segurar a restauração, quer seja com uma restauração e fazer retenção só na
câmara pulpar, quer seja ter de colocar um espigão a seguir e fazer uma coroa).
• Se o dente posterior é pilar de prótese removível – sujeito a forças laterais não fisiológicas
que podem levar à fratura do dente - colocar espigão/espigões.
Colocam-se espigões em dentes posteriores quando não é possível fazer outro tipo de
retenção mais conservadora, quer seja através da câmara pulpar ou amalgampins, ou então
quando os dentes são pilares de prótese removível.
Avaliar a estrutura coronária remanescente (o que sobra de dente é o que vai permitir avaliar
o que fazer a seguir).
153
“Pequenas cavidades classe II (com 3 paredes
remanescentes) não beneficiam da colocação de um
espigão”
A ideia que qualquer dente desvitalizado precisa de coroa a seguir não é correta.
Pilares em prostodontia
É o remanescente dentário que vai decidir o tipo de restauração que fazemos a seguir
Efeito férula
Anel à volta do dente depois do talhe, que vai fazer com que as forças ao longo do espigão sejam
distribuídas ao longo da raiz, o mais verticalmente possível. Ou seja, um dente que depois do
talhe não consiga ficar com efeito férula deve ser extraído.
- Alongamento coronário: descolar a gengiva, cortar o osso à volta, talhar mais e obtém-se
efeito férula.
Na imagem anterior não é possível fazer alongamento coronário, porque não vai haver harmonia
ao nível da gengiva (fica mais para cima que nos outros dentes). Portanto, num dente anterior,
não é muitas vezes possível fazer um alongamento coronário (na prática pode ser possível, mas
esteticamente não), se for um pré-molar ou molar já não havia problema a nível estético.
- Extrusão ortodôntica: através do aparelho ortodôntico tracionar o dente (puxar para fora),
depois disso fazer o alongamento coronário (se necessário) e depois talhar para ficar com efeito
férula. Nem sempre as raízes são suficientemente grandes para poder extruir o dente e
continuar a ter uma proporção de 1:1 de coroa-raiz no mínimo.
154
- Exodontia: se não se conseguir fazer alongamento coronário nem extrusão do dente a solução
é extrair o dente e colocar um implante
• Biocompatível
• Preservação de dentina radicular: dentes que precisam de espigões estão mais frágeis devido
à grande perda de estrutura dentária, se ainda for destruída mais dentina radicular o dente fica
ainda mais enfraquecido (preserva-se o máximo possível)
• Evitar tensões na raiz: reduzir as tensões ao mínimo para não haver fratura
• Estético
• Boa relação custo/benefício: não envolver muitas consultas, não custar muito a colocar e ser
barato.
Estas são as características que gostaríamos que os espigões tivessem, mas nem sempre isso
acontece e então temos de escolher o espigão que melhor se adapta.
Tipos de espigões
• Fundidos (são feitos no laboratório, envolvem mais que uma consulta pois é necessário fazer
moldes, enviar para o laboratório e o laboratório envia o espigão, falso coto)
• Moldáveis
→ PRÉ-FABRICADOS
Classificação:
∙ Ação
∙ Forma
∙ Configuração da superfície
∙ Material
155
Ação
Forma
- A largura no início é igual à largura da ponta
- Não anatómicos e debilitam a raiz → não
correspondem à forma da raiz (cónica), vai
desgastar, na parte do ápex, mais dentina do
que o ideal, enfraquecendo a raiz
- ↑ risco de perfuração → como se corta
Cilíndricos
muita dentina é necessário fazer muita força
e pode-se não estar a cortar exatamente ao
nível da guta e fazer uma perfuração sem
saber
- Melhor retenção (+ que qualquer outro
espigão)
- A ponta do espigão é mais fina que a cabeça
- Respeitam a forma da raiz (forma mais
similar à raiz)
- Podem ser colocados mais profundamente
Cónicos e preservar na mesma a dentina
(pré-clínico e - O facto de se cortar muito pouco além da
clínica) guta, é possível perceber que se está a cortar
na guta, o risco de perfuração é menor
- Menos retentivos que cilíndricos
156
Configuração da superfície
- Sem ranhuras
Lisos
- Com ranhuras
Texturados - Quanto mais ranhuras tem
(ranhuras) maior a retentividade ao dente
Material
- Claros
Não Sílica/quartzo - São de sílica ou de quartzo
metálicos*
- Esteticamente são os melhores
- Radiopacidade
- Muito rijos (resistência) - maior
probabilidade de fratura radicular
- Sem adesão: a vantagem no
espigão de resina reforçada com
Cerâmica e zircónia fibra de o espigão e dente
funcionarem como um só, aqui não
acontece, não é há um cimento de
resina que cole quimicamente à
cerâmica (apenas fica preso
mecanicamente)
- Remoção é péssima
157
*Os espigões metálicos são muito rijos e foi necessário criar um material que não sofresse
corrosão (os metálicos sofrem, exceto titânio), uma solução não metálica e um espigão que
apresentasse um módulo de elasticidade semelhante ao do dente. No fundo, o objetivo era
que o espigão e o dente funcionassem como uma peça só, ou seja, se o dente mexesse o espigão
colado ao dente com um cimento mexia também. O que acontece é que os dentes mexem-se
sempre e o espigão metálico não se mexe, a probabilidade de fraturar é muito maior
Nota: Utilizamos os espigões de titânio ou então os espigões de resina reforçados com fibra
(mais fáceis de remover). Os espigões de cerâmica não são aconselhados pela prof.
→ FUNDIDOS
Espigões que não são feitos numa só consulta – fazer moldes da preparação, enviar para
laboratório, laboratório envia a estrutura, médico dentista cimenta – é um tratamento mais
dispendioso, envolve mais consultas.
- Quando se utilizam?
Utilizam-se quando queremos inclinar o dente. Imaginando que temos um espigão colocado de
forma inclinada (/), mas depois queremos colocar uma coroa direita (l), então vamos estar a
talhar também de forma direita (l) e então ter espigão ou não é exatamente igual porque vou
desgastar todo o espigão que coloquei; então quando queremos inclinar as coroas, podemos
pedir um falso coto, o laboratório faz um espigão que entra na raiz inclinado (/), mas a parte de
fora fundida fica com a inclinação que nós queremos.
• Canais muito largos em que qualquer espigão pré-fabricado fica aquém das margens (canal
ficaria todo preenchido com cimento que não tem nenhuma resistência). Então pode pedir-se
um espigão fundido ao laboratório para assegurar que esse espigão encosta às paredes da raiz
e só é necessário um pouco de cimento à volta.
158
→ MOLDÁVEIS
Fibras são molhadas em resina, e ainda muito maleáveis são inseridas dentro do canal, onde são
polimerizadas.
A ideia é ficar com um espigão exatamente com a forma do canal, o que nem sempre acontece
porque muitas vezes os canais são mais abertos em cima que em baixo, ou muitas vezes o
espigão fica só bem-adaptado em baixo, mas em cima fica muito largo (estes espigões resolvem
isso).
O problema é que é difícil de trabalhar, cola- se a todos os dentes, e ao fazer força para entrar,
como é mole, lá dentro não vai mesmo até abaixo - na prática é difícil de executar
Técnica operatória
1) Seleção do espigão
Ver se é um dente pequeno com canal curto e fino ou um canino com canal muito largo e
comprido. Garantidamente o espigão utilizado num canino não é o mesmo utilizado num incisivo
central inferior.
3) Prova do espigão
Antes de cimentar, tirar um raio x e ver se está tudo bem ou se é preciso preparar mais, ou se
há algum erro.
159
1-SELEÇÃO DO ESPIGÃO
Fazer a avaliação radiográfica do nosso dente e do canal onde o espigão irá ser colocado. Se for
um pré-molar com um canal não há como errar, mas se for um molar superior ou inferior há
determinados canais onde se coloca preferencialmente o espigão.
Exemplo: Num molar superior utiliza-se o canal mais largo e o mais reto, que é o palatino. Num
molar inferior o espigão é colocado no canal mais largo e mais reto, que é o distal.
Mas mesmo assim é necessário avaliar porque muitas vezes podemos achar que é um canal reto
e largo, mas não é, tendo uma curvatura ao fim de x milímetros, o espigão não passa e há o risco
de perfuração.
Curvatura: espigão
não passa, risco de
perfuração
Pré-molar com um Pré-molar com
canal. Canal fino, um canal, mais
utilizar espigão mais largo.
fino.
Diferentes espigões disponíveis (azuis, verdes e pretos) e a única diferença é que existem de
cabeça curta ou cabeça comprida, de resto são exatamente iguais.
Cabeça Cabeça
curta comprida
Azuis Verdes Pretos
Atualmente, escolhemos o espigão a olho, por tentativa, começamos por um mais pequenino
(antigamente escolhia-se utilizando as películas radiográficas sob uma chave com os vários
tamanhos de espigões).
Ex: num canino garantidamente não que não vamos utilizar um espigão azul, mas não sabemos
se vamos utilizar o preto ou verde. Então começamos a preparar como se fosse para um espigão
verde e se virmos que tem ainda guta à volta é porque precisa de um espigão mais largo, então
a seguir preparamos para o preto.
160
Regras
Se o dente for muito grande e sobrarem 6 mm, não tem mal nenhum, o importante é
deixar, no mínimo, 4 mm de guta (o suficiente para selar o canal).
Não vale de nada ter um espigão muito curto, porque não vai reter a restauração.
• Deixar, pelo menos, 1 mm de espessura de parede radicular à volta do espigão (não utilizar
um espigão muito largo, ter em atenção se o dente é muito fino ou largo para saber exatamente
qual o espigão a utilizar).
Muitas vezes estamos a preparar o canal radicular e durante a preparação chegamos à conclusão
que precisamos de outro espigão (por isso é que começamos pelo mais pequeno).
Os trépanos têm duas riscas mais pequenas (seta amarela), sendo que a mais abaixo é onde a
cabeça curta do espigão termina e a risca acima corresponde a onde a cabeça comprida do
espigão termina. Ao preparar o canal ver exatamente onde é que as riscas ficam ao nível da
câmara pulpar.
161
É preciso sempre refrigeração.
Primeiro colocar o trépano perfurador e medir. Nestes trépanos perfuradores são colocados
stops de borracha como nas limas, e medir no Rx a medida desde a ponta da cúspide até ao fim
da guta. Subtrair a quantidade de guta que se pretende preservar e pôr o stop no perfurador.
Muitas vezes há distorção do Rx por isso depois de perfurar, o ideal é ir tirar o Rx e ver se está
bom e então calibrar, ou se houve distorção do Rx e afinal é necessário perfurar mais um pouco
(subir o stop - tem de tocar na ponta da cúspide).
Se for necessário baixar um pouco mais o espigão, utilizar novamente o trépano perfurador, e
só depois utilizar o trépano calibrador para alargar um pouco mais o canal e colocar o espigão
A cabeça do espigão tem de ficar no meio da câmara pulpar. No caso da imagem, usar a cabeça
mais curta (a cabeça mais alta fica muito para cima).
3-PROVA DO ESPIGÃO
∙ Eixo de inserção
∙ Posição
∙ Ausência de interferências
∙ Controlo radiográfico
Posição - Colocar o espigão dentro da cavidade, em princípio está no sítio certo (viu-se
anteriormente pelo Rx até onde os trépanos perfurador e calibrador chegaram), mas pode tirar-
se outro Rx nesta altura para confirmar. O que se pretende é o que está na imagem: cabeça do
espigão a meio da câmara pulpar.
O espigão não entra com os dedos, tem uma chave que encaixa na ranhura da parte superior.
Ver o eixo de inserção (como é que o espigão entra), se não toca em lado nenhum (ausência de
interferências) e é possível colocá-lo normalmente, e se existe espaço à volta para colocar o
material de restauração (se o espigão está encostado totalmente a uma parede do dente,
desgastar parede, apesar de ser dente saudável).
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4-CIMENTAÇÃO DO ESPIGÃO NO CANAL RADICULAR
4) Ajustar com a chave de transporte do espigão 1⁄4 de volta (= 90°) → vai fazer com que o
cimento que está lá em baixo consiga, através das ranhuras, extravasar para fora (assegurar que
o espigão entrou por todo o canal preparado)
5) Não APARAFUSAR!
• Movimento de báscula:
Com o cimento, o espigão não está ativo no canal, mas sim encostado
ao canal, está preso através de umas ranhuras (seta verde) e se
puxarmos a chave, o espigão vem atrás. Então o que vamos fazer é
rodar a chave para o lado (não puxamos na vertical), e esta sai, e o
espigão não vem atrás.
7) Remoção dos excessos → esperar que o cimento de fosfato de zinco seque um pouco, até
começar a fazer presa, e tirar todos os excessos à volta do canal
Riscos e complicações
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