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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO VALE DO ARAGUAIA- UNIVAR

IMPACTOS DAS ATIVIDADES LABORAIS DESENVOLVIDAS PELOS


AGENTES DE SEGURANÇA DO CENTRO DE ATENDIMENTO
SOCIOEDUCATIVO DO ESTADO DE MATO GROSSO SOBRE SUAS
CONDIÇÕES PSÍQUICAS/EMOCIONAIS.

AMANDA LUCIA KOLLETT


CENTRO UNIVERSITÁRIO DO VALE DO ARAGUAIA- UNIVAR

IMPACTOS DAS ATIVIDADES LABORAIS DESENVOLVIDAS PELOS


AGENTES DE SEGURANÇA DO CENTRO DE ATENDIMENTO
SOCIOEDUCATIVO DO ESTADO DE MATO GROSSO SOBRE SUAS
CONDIÇÕES PSÍQUICAS/EMOCIONAIS.

AMANDA LUCIA KOLLETT

Trabalho de Conclusão do Curso apresentado como


pré-requisito parcial para obtenção do título de
Bacharel em Psicologia pelo Centro Universitário do
Vale do Araguaia, sob orientação da Professora
Especialista Ana Paula da Costa Fernandes.
Barra do Garças – MT, setembro de 2020.
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IMPACTOS DAS ATIVIDADES LABORAIS DESENVOLVIDAS PELOS AGENTES DE


SEGURANÇA DO CENTRO DE ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO DO ESTADO DE
MATO GROSSO SOBRE SUAS CONDIÇÕES PSÍQUICAS/EMOCIONAIS.

Amanda Lúcia Kollett1


Ana Paula Costa Fernandes²

RESUMO
Esta pesquisa buscou conhecer os impactos das atividades laborais de agentes de segurança das unidades
socioeducativas do Estado de Mato Grosso, tendo como objetivo compreender e identificar os impactos estressores da
atividade laboral avaliando o nível da qualidade de vida e identificando consequências desse estresse ocupacional. Foi
aplicado um questionário semiestruturado para a coleta de dados que teve a participação de 42 agentes de segurança
atuantes nas seis unidades de atendimento socioeducativo de Mato Grosso. Nos resultados a maioria dos profissionais
entrevistados se sentem satisfeitos com a profissão. Quanto ao ambiente de trabalho os agentes consideram de alta
periculosidade. Quanto ao estresse muitos ao sair do plantão descansam dependendo de como foi a jornada de trabalho
do dia. Conclui-se a pesquisa propondo medidas de prevenção da saúde mental, oferta de atendimento especializado,
qualificação dos profissionais, mais recursos, valorização da categoria.

Palavra-Chave: Estresse. Sofrimento, psíquico, Saúde, trabalhador, Saúde mental.

ABSTRACT
This research sought to know the impacts of the work activities of security agents from the socio-educational units of
the State of Mato Grosso, aiming to understand and identify the stressful impacts of the work activity by assessing the
level of quality of life and identifying consequences of this occupational stress. A semi-structured questionnaire was
applied for data collection, with the participation of 42 security agents working in the six socio-educational service units
in Mato Grosso. In the results, most of the interviewing professionals are satisfied with the profession. As for the work
environment, agents consider it to be highly dangerous. As for stress, many of them leave the shift and rest depending
on how the day's work went. The research concludes by proposing measures to prevent mental health, offering
specialized care, qualifying professionals, more resources, and enhancing the category.

Keywords: Stress, Suffering, psychic, Health, worker, Mental health.

1. INTRODUÇÃO

No ano de 2012 por intermédio da Lei 12.594 de 2012 disposta no ECA (Estatuto da
Criança e Adolescente) instituiu-se o SINASE- Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo
com a finalidade de regulamentar o funcionamento das Unidades de Internação Socioeducativas,
para abrigar adolescentes que cometem atos infracionais graves, com privação da liberdade. O Juiz

1 Acadêmica do 5° ano do curso de Psicologia do Centro Universitário do Vale do Araguaia. E-mail:


amandaluciakollett@gmail.com
². Psicóloga; Especialista em Docência do Ensino Superior pelo UNIVAR; Especialista em Psicopedagogia Clínico-
Institucional pela ESAB; Docente do curso de Psicologia do Centro Universitário do vale do Araguaia-UNIVAR;
Psicóloga da CRAS Município de Pontal do Araguaia. Psicóloga pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ.
Pós-graduanda em Avaliação Psicológica pela Faest/UniSerra. E-mail: apfernandesbg@gmail.com
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da Vara da Infância e Juventude que aplica essa medida prevista no Art.112 do ECA inciso VI-
internação em estabelecimento educacional.
Essas medidas não podem ter caráter punitivo e sim de socioeducação com objetivo
reeducação social do adolescente mantendo, fortalecendo, recuperando e construindo os vínculos
familiares e comunitários.
O Centro de Atendimento Socioeducativo do Estado de Mato Grosso é uma instituição
destinada para o cumprimento de medida socioeducativa de internação. Sua capacidade é para 115
socioeducandos com idade entre 12 a 21 anos, possui um quantitativo de 178 agentes de segurança,
divididos em quatro equipes que trabalham em turnos de 24 horas por 72 horas para descanso. Suas
funções são estabelecidas conforme o plano de segurança.
Neste artigo, abordaremos esta questão analisando as condições de trabalho e seus possíveis
impactos na saúde mental dos servidores do Sistema Socioeducativo do estado de Mato Grosso e
suas dimensões institucionais.
Considerando o sistema carcerário brasileiro, verifica-se que as condições em que os agentes
de segurança estão inseridos, sejam eles do sistema penitenciário ou do socioeducativo, são de
exposição constante à risco e ao desgaste natural de sua saúde mental decorrentes de uma vivência
continua de situações de desprazer, de stress e de tensão; tanto dentro quanto fora da instituição.
Segundo Rumin (2006), as instituições carcerárias possuem diferentes cenários, porém a
forma como os agentes referem-se à estas instituições, apontam para um ambiente absolutamente
hostil: “sucursal do inferno”, “condomínio do diabo”, “cemitério de vivos”, entre outros. Os
agentes vivenciam uma constante sensação de turbulência e temor; bem como são demandados a
imporem sempre a ordem e a disciplina.
Desta forma, ameaças de morte contra os agentes de segurança são comuns no cotidiano
desses servidores. A elaboração de avaliação comportamental dos sentenciados com participação
dos agentes de segurança, causa um clima de desarmonia na relação entre eles e, de certa maneira,
um sentimento de culpa e responsabilização pela não progressão de medida que supostamente o
sentenciado receberia.
Conforme afirma Rumin (2006) as medidas adotadas pelos profissionais do corpo técnico
multidisciplinar após a avaliação do comportamento dos apenados pelos agentes de segurança, tem
aumentado ainda mais o número de mortes dos mesmos.
Ainda segundo Rumin (2006), situações de conflitos onde o trabalhador é levado a
sindicâncias decorrentes de casos de violências, com a possibilidade de exoneração do cargo e
5

futura exposição a risco devido as ameaças por parte de apenados, são fatores que contribuem para
o adoecimento do trabalhador.
Assim, a atividade laboral dos agentes de segurança acarreta um estresse ocupacional que é
definido como insatisfação nas atividades desenvolvida com consequências físicas e psicológicas
acarretada pelas condições de trabalho, sobrecarga, conflitos, gerando uma situação ameaçadora
(MARTINS, 2011).
Esse estresse gera ansiedade e temor nos profissionais dessa área, considerando o risco
eminente de agressão, fuga, contaminação por doenças infectocontagiosas entre outras.
Segundo Tsechiedel (2013), a energia pulsional que é a energia que se acumula adquirida no
exercício da função que não encontra caminho para descarga, se concentra no aparelho psíquico
causando no trabalhador uma sensação de desprazer, medo e tensão.
Embora a escala de trabalho ofereça ao servidor um período de descanso suficiente para a
restauração fisiológica do esforço das 24 horas do plantão, as situações de tensão psicológica e
ameaças sofridas pelo agente aumentam a cada plantão devido a exposição constante à estas
situações.
Conforme cita Tsechiedel (2013), situações que ocorrem corriqueiramente dentro das
instituições penitenciárias, tais como: os agentes serem tomados como reféns em rebeliões pelos
apenados; e serem constantemente ameaçados de morte com a prática de enrolar o agente em
colchões e incendiá-los; são historicamente comuns nas dependências prisionais. A impossibilidade
de escape dessas condições de ameaça no trabalho acentua vivencias paranoides, assemelhando-se
com impulsos de defesas primitivos desencadeando sentimentos inconscientes afetando a saúde
mental do trabalhador.
Diante da hostilidade no ambiente de trabalho, muitas vezes o agente apresenta sintoma
ansioso e comportamento agressivo em suas relações afetivas.
Dejours (1994) descreve que a relação com a violência afeta o trabalhador no âmbito social,
causando-lhe um estranhamento nas relações fora da instituição. Outro fator que pode ser observado
como foco de stress no cotidiano do agente é a ausência de sono antes e após o plantão. No estado
afetivo podemos produzir imagens mentais, ou seja, representações simbólicas de acordo com as
nossas características.
O trabalhador vivencia esse fenômeno por intermédio dos sonhos atormentadores, causando-
lhe uma frustação mais que gratificação tentando escapar do problema, atuando como facilitador
para o enlouquecimento do sujeito denominado como “ficar chapado” (Dejours, 1994).
6

Segundo dados apresentados no diário oficial do estado (IOMAT), cerca de 30 por cento dos
servidores da área de segurança dos presídios e dos sistemas socioeducativos são afastados para
tratamento de saúde mental. O Centro de Atendimento Socioeducativo do estado de Mato Grosso,
também apresenta uma quantidade expressiva de afastamento de seus agentes de segurança para
tratamento de transtornos psicológicos.
O interesse nessa pesquisa originou-se na observação da atuação destes profissionais que,
além de atenderem as diversas demandas destes adolescentes em cumprimento de medidas
socioeducativas; são também responsáveis pela manutenção da ordem e da disciplina. Nesse
sentido, compreender as especificidades deste trabalho, apontar suas dificuldades e possíveis
consequências para a saúde mental dos agentes de segurança, pode contribuir para a elaboração de
projetos que proporcionem uma melhoria na qualidade de vida e de trabalho para os mesmos.
O objetivo desta pesquisa será compreender e identificar o estresse consequente das
atividades laborais, avaliando o nível de qualidade de vida dos agentes de segurança, estabelecendo
relação com a qualidade de vida com o estresse ocupacional, identificando as consequências sobre a
categoria, de modo que a assistência de intervenção proposta seja implantada, a fim de prevenir os
agravos, promovendo a qualidade de vida destes trabalhadores.

2. METODOLOGIA

Esta pesquisa avaliou os impactos das atividades laborais desenvolvidas pelos Agentes de
Segurança dos Centros de Atendimento Socioeducativo do estado Mato Grosso, sobre suas
condições psíquico-emocionais, foi realizado um estudo descritivo com abordagem quanti-
qualitativa.
Segundo Gil (2010) as pesquisas descritivas têm como objetivo identificar, descrever as
características de um determinado público ou efeito. São utilizadas técnicas específicas e
padronizadas para coletar os dados identificando as possíveis relações entre as variáveis. Já a
pesquisa quanti-quantitativa irá analisar, interpretar e compreender o efeito em todas as suas
dimensões.
O estudo ocorreu com os Agentes de Segurança dos Centro de Atendimento Socioeducativo
do estado de Mato Grosso, nas seis unidades masculinas e uma feminina que ficam localizadas nos
municípios de: Cuiabá, Rondonópolis, Cárceres, Sinop, Lucas do Rio Verde e Barra do Garças.
Atuam agentes de segurança do sexo feminino e masculino em regime de plantão, totalizando 178
7

agentes, aprovados em concurso público e em processo de seleção temporário. Participaram da


pesquisa 45 agentes de segurança socioeducativo ativos.
A coleta de dados foi realizada com tempo estimado de acordo com a disponibilidade do
Agente de Segurança via Web por meio de aplicativo de Whatzapp ou por e-mail alcançando um
maior número de agentes possíveis.
Foi utilizado como ferramenta para elaboração questionário eletrônico e o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) os formulários da plataforma do Google Forms. Esse
meio de coleta de dados foi escolhido devido a pandemia do novo Coronavírus onde os encontros
presenciais não são possíveis neste momento de pandemia.
A coleta de dados ocorreu por intermédio de um questionário semiestruturado que seguiu
um roteiro conforme a necessidade do pesquisador e foi aplicado para mensurar a qualidade de vida
referente aos aspectos físicos, psicológicos, ao meio ambiente e quanto às relações sociais.
O profissional participante concordou em participar da pesquisa assinando o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Os dados coletados foram analisados, tabulados e
organizados em tabela excel, produzindo assim um resultado.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nos dados coletados foram obtidos quanto à idade dos pesquisados 45.2% (n= 19) são sexo
feminino e 54.8% (n=23) sexo masculino. A maior parte dos agentes de segurança são casados
representando 71.8% (n=28). Quanto à escolaridade 76,2% (n=32) possui nível superior e (n=9)
21.4% possui especialização em alguma área.
Nas unidades socioeducativas observa-se um número expressivo de agentes do sexo
masculino por ser um ambiente de alta periculosidade devido à vulnerabilidade do sexo feminino.
Uma pesquisa realizada com agentes de segurança penitenciária detalhou dados
socioeconômicos de agentes femininas na qual foi observada que a faixa etária que predominou foi
a de agentes jovens femininas de 28 a 33 anos (48%), casadas, com nível superior completa e com
renda mensal de cinco a seis salários mínimos. Agentes do sexo masculino do estudo foram a
minoria representando somente (37.5%). Ressaltasse que o número de agentes femininas se dá por
ser um ambiente de mulheres privadas de liberdade as quais devem ser atendidas de preferência por
mulheres. O estudo descreveu o nível de escolaridade o que indica a busca do profissional por
qualificação o que reflete também na renda mensal (PICOLOTO et al. 2018).
8

Em um estudo realizado por Rumin e Santos (2007) em uma penitenciaria no interior de São
Paulo, dos 21 agentes entrevistados 85.71% daquela unidade eram do sexo masculino, 76,19 %
eram casados e 52.38 % tinham filhos. Em relação à escolaridade 42,85 % tinha nível médio
completo no decorrer da pesquisa e 38.10% nível superior em várias áreas.
Fernandes et al (2002) em um estudo com agentes penitenciários observou que o
desemprego em indivíduos de nível superior é devido a falta de oportunidade âmbito privado,
tornando atraente o concurso público devido a estabilidade do cargo.
Em relação ao tempo de serviço 71,4% (n=30) relataram que estão de 8 a 11anos no cargo,
26,2% (n=11) 1 a 7 anos e 2,4% (n=1) 12 anos ou mais.
Para Flach et al (2009) a estabilidade no trabalho é uma questão importante na vida de uma pessoa
onde se constrói a subsistência da família e da sociedade num todo. Assim a permanência no emprego é um
fator muito importante.
Quanto à satisfação em relação ao trabalho 50% (n=21) disseram estar satisfeito e 33.3% (n=14)
muito satisfeito, insatisfeito 14,3% (n=6) e indiferente 2,4% (n=1). As horas trabalhadas são em regime de
plantão os dados coletados são 51,2% (n=21) trabalham de 30 a 40 horas, já 48.8% (n=20) trabalham mais de
40 horas.
Ao analisar as informações coletadas as horas trabalhadas há mais do que a estabelecida, acontecem
pela falta de efetivo ocasionando uma sobrecarga nas atividades e prejudicando a qualidade do serviço. As
horas exercidas no trabalho causam desgastes e afastamentos da atividade laboral
As questões em relação à percepção do nível de segurança no trabalho estão dispostas na tabela 1.
Tabela 1. Auto percepção do nível de segurança no trabalho.
Níveis apresentados n %

Perigoso 1 2,4

Sem perigo 1 2,4

Pouco perigo 7 16,7

Muito perigoso 30 71,4

Outros 3 7,2
Fonte: Elaboração própria (dados da pesquisa).

Conforme Seligmann e Silva et al. (2010) a satisfação do trabalho está relacionada com
remuneração.
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No Brasil devido aos baixos salários os adicionais de insalubridade, periculosidade e hora


extras complementam o salário. O trabalho em local insalubre e o perigo são aproveitados como
valor de troca ao invés de melhorar a qualidade e condições de trabalho.
A tabela 2 apresentam os resultados das questões que abordam a opinião do agente de
segurança quanto ao nível de estresse no trabalho, se possui algum transtorno psíquico ou se
consegue descansar após o plantão.  

Tabela 2- Distribuição de Agentes de Segurança Socioeducativo, segundo estresse laboral,


sofrimento psíquico, descanso pós- plantão.
Estresse laboral n %
Pouco 3 14,3
Muito pouco 4 9,5
Sem estresse 1 2,4
Muito estressante 31 73,8

Sofrimento Psíquico n %
Sim 8 19
Não 18 42,9
Talvez 16 38,1

Descanso pós-plantão n %
Não consegue se desligar 3 7,1
Desliga-se totalmente 4 9,5
Depende como foi o plantão 35 83,3
Fonte: Elaboração própria (dados da pesquisa).

Santos (2010) relata que o trabalho que um agente de segurança ao desenvolver suas funções
cria um ambiente estressante devido às condições precárias de trabalho, desmotivação,
desvalorização, sobrecarga de atividades devido a falta de efetivo entre outros, o que ocasiona
doenças psíquicas e físicas.
Neste estudo percebeu-se que apesar do ambiente estressante a maioria relata que não
apresenta transtorno psíquico, porém a mente só descansa após o plantão, dependendo como
decorreu às 24 horas.
Entre os agentes estudados 21 % (n=9) relataram problemas de sono, 40, 4 % (n=17) sente-
se muito sobrecarregado, 33.3% (n=14) sente-se ansioso, 31 (n=13) sente-se irritado, 21 % (n=9)
com problemas emocionais, 29 % (n=12) cansado.
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Lima et al (2018) afirma que a angustia, preocupação e perturbação proveniente do trabalho


acaba envolvendo o humano num todo. Os fatores estressantes em razão dessa atividade laboral
vêm desde a organização e estrutura do trabalho até a execução dessas atividades laborais.
Nas unidades prisionais as atividades laborais se tornam nocivas devido às situações de
estresse extrema que expõem o servidor a sofrimento psíquico continuamente, por causa da
periculosidade da própria profissão, o confinamento, liderança autoritária e cotidiano violento
(LIMA et al, 2018).
Segundo Rumin (2006) em uma pesquisa qualitativa com profissionais agentes segurança
atendidos por psicólogo relataram suas experiências profissionais e sofrimento psíquico. Os
resultados deste estudo apontaram que a violência no ambiente prisional contribui para o sofrimento
psíquico desses trabalhadores que apresentaram distúrbios do sono, alterações psicossomáticas e
impactos nas relações pós-trabalho.
Quantos a sintomas psíquicos e físicos que sentem, os participantes dos estudos escolheram
mais de um sintoma dispostos na tabela 3.

Tabela 3- Distribuição dos sintomas psíquicos e físicos.


Questões apresentadas n %
Sente-se triste 10 27
Dorme mal 19 51,4
Dores de cabeça 10 27
Nervoso/ tenso ou agitado 19 51,4
Chorando mais do que de costume 8 21,6
Dificuldade de pensar com clareza 14 37.8
Tem perdido sentido pelas coisas 12 32.4
Dificuldade no serviço (trabalho penoso) 5 13,5
Tem sensação desagradável no estômago 13 31,5
Tremores na mão 4 10,8
Sente-se uma pessoa inútil sem préstimo 2 5,4
Tem tido ideia de acabar com a vida 2 5,4
Fonte: Elaboração própria (dados da pesquisa).

Para Molina e Calvo (2009), o estresse pode ser observado melhor, quando o individuo
apresenta um ou mais sintomas como enxaquecas, desconforto gástrico, artrites reumáticas, doenças
nos rins, alteração de pressão e glicemia, emoções descompensadas entre outros. Quando as defesas
do organismo enfraquecem o mesmo e se torna vulnerável.
11

Em um ambiente prisional a atividade laboral se torna estressoras devido a tensão e


violência e tem como causa sintomas de transtornos mentais comuns como fadiga, insônia,
esquecimento, baixa concentração e irritação. 7 a 30% destes transtornos mentais prevalece neste
ambiente (LIMA,2017).
Neste estudo percebeu-se que a própria profissão de agente segurança é um fator possível de
desenvolver estresses. As unidades prisionais ou socioeducativas é um ambiente que gera desgastes
emocionas e físicos devido ao perigo constante e espaço físico insalubre.
Os gestores têm a responsabilidade de melhorar a qualidade de trabalho, mantendo a saúde,
modificando o ambiente satisfazendo e adequando para que o trabalhador desenvolva suas funções
de maneira saudável.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo demostrou o estresse e sofrimento psíquico que o agente de segurança sofre
durante suas atividades laborais, que ainda é uma profissão desvalorizada frente ao trabalho e risco
dentro das unidades socioeducativas. Esta atividade laboral tem a disposição poucos recursos para
melhorar o trabalho como a falta de recursos humanos, falta de equipamentos individuais ou
equipamentos inadequados, provocando um nível alto de estresse.
Um dos fatores que contribuem para esse estresse são os ambientes em condições insalubres
que não contribuem para trabalhadores saudáveis devido a longas jornadas de trabalho que é
exigido pelo gestor. A violência e tensão vivenciada constantemente cria um obstáculo para
executar as atividades com qualidade.
A saúde mental dos agentes de segurança deve ser o fator principal a ser tratado em uma
unidade, pelo o que vivenciam em um ambiente violento presenciando cotidianamente a privação da
liberdade tornando uma profissão de risco.
O investimento neste sistema não pode ser somente em nível individualizado, mas num
cenário psicossocial entendendo as dificuldades e planejando estratégias para mudar as condições
de trabalho. A prevenção à saúde mental de agentes de segurança traz beneficio a toda comunidade
bem como o socioeducandos e sua família.
É necessário que o poder público de atenção por intermédio de políticas públicas aos
profissionais dessa categoria, oferecendo suporte social e especializado para que o agente de
segurança encontre satisfação no seu ambiente de trabalho e como consequência melhore sua
12

qualidade de vida. Que a profissão tenha mais visibilidade e esses profissionais sejam melhores
qualificados e valorizados.
Novas pesquisas devem ser realizadas sobre o tema para buscar e proporcionar uma
investigação científica desses profissionais que atuam nessa área mantendo a saúde e diminuindo o
sofrimento psíquico e o desgaste mental da própria profissão, a fim de reduzir a violência e os
momentos de tensão, assim o profissional desenvolverá suas funções de forma saudável.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABEC – FACULDADES UNIDAS DO VALE DO ARAGUAIA. Elaborando Trabalhos


Científicos – Normas para apresentação e elaboração/Univar - Faculdades Unidas do Vale do
Araguaia. Barra do Garças (MT): Editora ABEC, 2015.

BRASIL. Lei n. 12.594/2012, de 18 de janeiro de 2012. Estatuto da criança e do adolescente.


Brasília, DF: Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas.

DEJOURS, Christophe. Psicodinâmica do trabalho. São Paulo: Atlas, 1994.

FERNANDES, Rita de Cássia Pereira et al. Trabalho e Cárcere: um estudo com agentes
penitenciários da região metropolitana de Salvador, Brasil. Cad. Saúde Pública, v.18, p. 807-816,
2002.

FLACH, Leonardo Carmem et al. Sofrimento Psíquico no Trabalho contemporâneo: Analisando


uma revista de negócios. Psicologi & Sociedade, v. 21, n 2, p. 193-202, 2009.

GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social, p 184, 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

IOMAT- Superintendência da Imprensa Oficial do Estado de Mato Grosso. Disponível em:


www.iomat.mt.gov.br

LIMA, Ana Izabel Oliveira et al. Prevalência de Transtornos Mentais Comuns e Uso de Álcool e
Drogas entre Agentes Penitenciários. Psicologia: Teoria e Pesquisa v.35, p 3555- 3772. 2019

LIMA, Ana Izabel Oliveira. Trabalho e saúde mental: o caso dos agentes do sistema prisional
no Rio Grande do Norte. Universidade Federal do Rio Grande do Norte–Natal, 2017.

MARTINS, Leonardo Fernandes. Estresse ocupacional e esgotamento profissional entre


profissionais da atenção primária à saúde. Dissertação (Mestrado em Psicologia) - Universidade
Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, MG, 2011.

MOLINA, Cláudia; CALVO, Emanuel Alvares. Doenças ocupacionais: um estudo sobre o estresse
em Agentes penitenciários de uma unidade prisional. V Encontro internacional de iniciação
científica, v. 5, n.5, Toledo, PR, Brasil. 2009.
13

PICOLOTO, Carolina et al. Perfil dos agentes de segurança penitenciária de cadeia pública
feminina do Mato Grosso. Revista Norte Mineira de Enfermagem. v. 7, n.1, p 48-60. 2018

RUMIN, Cassiano Ricardo. Sofrimento na vigilância prisional: O trabalho e a atenção em saúde


mental. Psicologia, Ciência e Profissão, v.26, n.4, p 570-581, 2006.

RUMIN, Cassiano Ricardo; SANTOS, Cleber Adalberto. Público e Privado: as implicações destas
noções sobre a saúde mental dos trabalhadores do sistema prisional. Rev. Omnia Saúde, v. 4, n. 2,
p 1-74, Jul./Dez, 2007.

SELIGMANN, Silva Edith et al. O mundo contemporâneo do trabalho e a saúde mental do


trabalhador. Rev. bras. saúde ocup.v.35, n.122, p. 187-191, 2010.

______. Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativa – SINASE: comentários Lei 12.594 de


2012. São Paulo: Saraiva. 2012.

TSCHIEDEL, Rubia Minuzzi; MONTEIRO, Janine Kieling. Prazer e sofrimento no trabalho das
agentes de segurança penitenciária. Estudo de psicologia, vol.18 n 3, Jul/Set. Natal- RN, 2013.

ANEXO I
14

CENTRO UNIVERSITARIO DO VALE DO ARAGUAIA- UNIVAR


QUESTIONÁRIO DE PESQUISA DE CAMPO

5 ° ano do curso Psicologia Univar


Docente: Ana Paula da Costa Fernandes
Discente: Amanda Lúcia Kollet

1. Sexo

Mulher

Homem

Outros

2. Estado civil

Casado

solteiro

divorciado

Outro:

3. Qual sua idade?

20 a 30 anos

31 a 40 anos

41 a 59 anos

acima de 60 anos

4. Escolaridade

Ensino médio
Superior
Especialização
Mestrado
Doutorado

5. Tempo de serviço?

1 a 7 anos
8 a 11 anos
12 ou mais
6 .De forma geral qual a satisfação com serviço?
15

satisfeito

muito satisfeito

insatisfeito

indiferente

7.Autopercepção de segurança no trabalho

Sem perigo
pouco perigo

muito perigoso
Outros

8. Quantas horas semanais de trabalho?

30 a 40 horas

mais de 40 horas

9. você considera seu trabalho estressante:

8. pouco muito
9. Pouco
10. sem estresses
11. muito estressante

10. Você considera que apresentou ou apresenta os seguintes sinais, relacionados ao trabalho, em
que intensidade?

11. Você apresenta alguns sintomas de sofrimento psíquico?


16

Sim
Não

Talvez

12. Quais sintomas Psíquicos e Físicos que você sente? se tiver mais pode listar mais de um

13. Após o plantão consegue se desligar do trabalho

Não consegue se desligar

desliga-se totalmente

depende como foi plantão

ANEXO II
17

CENTRO UNIVERSITÁRIO DO VALE DO ARAGUAIA- UNIVAR


Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Dados de identificação

Título do Artigo: IMPACTOS DAS ATIVIDADES LABORAIS DESENVOLVIDAS PELOS AGENTES DE


SEGURANÇA DO CENTRO DE ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO DO ESTADO DE MATO GROSSO
SOBRE SUAS CONDIÇÕES PSÍQUICAS/EMOCIONAIS.

Pesquisador Responsável: Amanda Lúcia Kollett

Você está sendo convidado (a) para participar, como voluntário, do projeto de pesquisa, IMPACTOS DAS
ATIVIDADES LABORAIS DESENVOLVIDAS PELOS AGENTES DE SEGURANÇA DO CENTRO DE
ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO DO ESTADO DE MATO GROSSO SOBRE SUAS CONDIÇÕES
PSÍQUICAS/EMOCIONAIS de responsabilidade da pesquisadora Amanda Lúcia Kollett. Leia cuidadosamente as
informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte desse estudo, assinale ao final desse documento. Qualquer dúvida
estou à disposição para maiores esclarecimentos.

Declaro ter sido esclarecido sobre os seguintes pontos:

1. O trabalho tem por objetivo descrever os Impactos das Atividades Laborais Desenvolvidas pelos agentes de
segurança do centro de Atendimento socioeducativo do Estado de Mato Grosso.

2. A sua participação nesta pesquisa consistirá em responder um questionário contendo 19 questões objetivas; após
coletas de dados serão produzidos gráficos que representarão os resultados.

3. Ao participar desse trabalho estará contribuindo para a qualidade e segurança do público pesquisado.

4. A sua participação neste projeto deverá ter a duração aproximadamente de 15 dias.

5. Você não terá nenhuma despesa ao participar dessa pesquisa, poderá deixar de participar ou retirar o consentimento a
qualquer momento sem justificativa ou sem qualquer prejuízo.

6. Terá livre acesso se desejar a todas as informações e esclarecimentos adicionais sobre o estudo e suas consequências,
enfim, tudo o que eu queira saber antes, durante e depois a sua participação.

7. Os dados coletados serão utilizados, única e exclusivamente, para fins desta pesquisa.

8. Qualquer dúvida, pedimos a gentileza de entrar em contato com Amanda Lúcia Kollet pesquisador (a) responsável
pela pesquisa, telefone: (66) 99224-5013 e-mail: amandaluciakollett@gmail.com e/ou com Comitê de Ética em
Pesquisa do Centro Universitário do Vale do Araguaia- Univar, Coordenação de Pesquisa, COPEX, localizado na Rua
Moreira Cabral nº 1.000 – Setor Domingos Mariano – CEP: 78.600-000 – Barra do Garças–MT Tel: (66) 3402-4900 –
Ramal 4923 – Endereço Eletrônico: cep@univar.edu.br

Eu declaro ter sido informado e concordo em participar, como voluntário, do projeto de pesquisa acima descrito.

( ) CONCORDO

( ) DISCORDO

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