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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE - DCBS


BACHARELADO EM ENFERMAGEM

FABIANA PANTOJA CORDEIRO

PROCESSOS DE CUIDADO TRANSCULTURAIS

MACAPÁ, AMAPÁ
2021

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FABIANA PANTOJA CORDEIRO

PROCESSOS DE CUIDADO TRANSCULTURAIS

Trabalho da disciplina
Introdução a Antropologia
ministrada pela docente Inara
Cavalcante do curso superior
Bacharelado em Enfermagem
pela Universidade Federal do
Amapá, como parte dos
requisitos avaliativos

MACAPÁ, AMAPÁ
2021

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RESUMO

As diversidades culturais sempre estiveram presente no mundo e a compreensão


destas para a enfermagem, como ciência essencial para o amparo a saúde de todos os
indivíduos, é de extrema importância para que os processos de cuidado sejam
integralizadores. A enfermagem transcultural amplia a perspectiva do enfermeiro, o
fazendo notar sua grande responsabilidade em atentar para as particularidades de cada
indivíduo, bem como suas crenças e costumes, sempre visando estes como parte
importante do cuidado de enfermagem e priorizando um atendimento igualitário e de
qualidade para aqueles que buscam pelo auxílio a saúde.
Palavras-chave: Processos de cuidado; enfermagem transcultural;

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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................ 5

2. ASSISTÊNCIA DE SAÚDE AOS POVOS INDÍGENAS ............................ 6


2.1 ASSISTÊNCIA DE SAÚDE AOS POVOS INDÍGENAS - FLUXO ...... 6

3. CUIDADO DE ENFERMAGEM AS COMUNIDADES QUILOMBOLAS ..7

4. CONCLUSÃO ..................................................................................................... 8

5. REFERÊNCIAS ................................................................................................. 9

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1 INTRODUÇÃO

Partindo de sua gênesis, mesmo que a passos lentos, a enfermagem


caminhava para a sistematização de sua assistência, desde a prestação de cuidados
feitos pelos sacerdotes até a criação de hospitais, a implantação da enfermagem como
profissão e ciência propriamente dita, porém esta sistematização não abrangia todas as
áreas ainda necessárias para que esta ciência se tornasse equitativa.
Madeleiner Leininger teve grande importância na ampliação da enfermagem
para além das barreiras da sistematização. Desenvolvendo a teoria do cuidado
transcultural, Leininger acreditava que os profissionais enfermeiros deveriam estar
devidamente preparados e capacitados para o atendimento de pessoas com diversas
crenças, etnias e modos de vida diferenciados1. É humanamente impossível adquirir
conhecimento a respeito de todas as culturas existentes porém é de extrema
importância que o enfermeiro tenha certa competência cultural.
A competência cultural torna os profissionais mais sensíveis em lidar
culturalmente com os indivíduos, adquirir conhecimento a respeito das culturas2, estar
consciente das diferenças culturais e dar devida atenção as necessidades, não só
relacionadas a saúde mas também ao completo bem-estar do cliente, que por vezes
envolve suas crenças e modos de vida, para que o atendimento seja baseado em
confiança e respeito.
Para além, valorizar e respeitar as diversidades é o que permite o enfermeiro
a prestar um cuidado efetivo e humanizado. A análise do cuidado transcultural de
alguns povos, como os indígenas e quilombolas, já nos permite adquirir um
enriquecedor conhecimento a respeito de como estes processos de cuidado funcionam
ou deveriam funcionar em suas comunidades e até fora delas.

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2 ASSISTÊNCIA DE SAÚDE AOS POVOS INDÍGENAS

Inicialmente os atendimentos dirigidos aos povos indígenas eram realizados


pelos religiosos através de suas missões, anos depois passou a ser de responsabilidade
governamental, sendo este assegurado como direito através da criação do Estatuto do
índio. A sistematização da assistência ao indígena veio ocorrer esbarrando em muitas
dificuldades ao longo da tentativa de sua implementação, seja por falta de
planejamento, capacitação dos profissionais para o choque como uma cultura distinta
ou estrutura adequada, o resultado foi um modelo de assistência pouco eficaz à
promoção da saúde indígena3.

2.1 ASSISTÊNCIA DE SAÚDE AOS POVOS INDÍGENAS - FLUXO

Apesar de haver dificuldades para o atendimento a saúde nos povos


indígenas, é importante que haja a compreensão de sua cultura, preservando o bem-
estar dos índios, respeitando seus rituais de cura e as estruturas sociais existentes.
Ressalta-se que por muitas vezes o acesso completo destes é limitado não apenas por
dificuldades dos profissionais em obterem acesso a esses povos mas também por
conflitos com índios que não permitem a entrada dos enfermeiros.

Alguns fatores de estrutura social destas populações também não permitem


que minorias, como as mulheres, recebam acesso aos acompanhamentos básicos de
saúde e quando recebem são muito mais limitados, tendo em vista que elas estão sob
ordens dos índios que governam as aldeias. A compreensão dos enfermeiros perante
estas situações evitam possíveis conflitos que poderão existir entre as culturas.

Além disso, desconhecendo os remédios convencionais para a manutenção


de sua saúde, os índios encontraram na natureza seus próprios remédios para
promover sua cura juntamente de seus rituais. Os profissionais responsáveis por
auxiliar o índio deve estar em prontidão para os ajudarem com o uso de medicamentos
mas também estar dispostos a aprender como eles a respeito de outras formas
curativas são essenciais.

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3 CUIDADO DE ENFERMAGEM AS COMUNIDADES QUILOMBOLAS

A comunidade quilombola tem um grande histórico de resistência durante


anos, visto que sempre foram deixados a mercê da própria sorte. Sem fácil acesso ao
sistema de saúde, os quilombolas desenvolveram suas próprias técnicas de
manutenção a saúde. Atualmente estas comunidades recebem assistência, porém é
evidente a deficiência do serviço de saúde que a promovem.

Acesso às condições de saúde básicas são completamente deficitárias dentro


destas comunidades, demonstrando que, assim como após a abolição da escravidão, os
negros ainda continuam sem receber um auxílio adequado e digno, sendo estes
relatados pelos dados do MDS (2008) apontando que
[...]58,5% das famílias quilombolas não possuem sanitário. Quanto á
água, apenas 29,6% tem acesso por meio da rede pública, 43,8% buscam
água em poços e nascentes, e outras 11,7% das famílias adquirem água
através de cisternas, água de chuva, açudes, represas e barragens.

Condições de vida como estas nos permitem perceber que os indivíduos


viventes nessas comunidades estão em constante risco de contraírem patologias e em
sua grande maioria, quando doentes, utilizam de seus próprios métodos curativos, não
apenas por uma questão cultural mas também pela deficiência do sistema de saúde
vigente.

A exclusão e o racismo estrutural exercem influência para que as famílias


destas comunidades não recebam a devida assistência a saúde. Iniciar um processo de
desconstrução das ideologias criadas a respeito dessas famílias é um passo importante
para que estes indivíduos possam começar a ter acesso à qualidade de vida. A
adaptação dos processos de cuidado também é valioso para que o quilombola tenha
seus valores religiosos e culturais respeitados.

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4 CONCLUSÃO

Entender a transculturalidade nos processos de enfermagem permite o


enfermeiro a conduzir um atendimento humanizado a minorias que estão em
constante exclusão da assistência à saúde. Se dispor a conhecer e compreender as
diferentes culturas ampliam os horizontes do profissional de saúde e isso possibilita
que indivíduos com diferentes vivências possam receber um cuidado digno e
transformador. A visão cultural dos que prestam o cuidado de enfermagem de modo
algum deve limitar-se a conhecimentos genéricos a respeito dessas populações, pois
isto reforça estereótipos criados que os desmoralizam.

A enfermagem deve sempre estar alinhada as necessidades dos seres


humanos, é através dela que muitos encontram conforto, cuidado e a conservação do
seu bem-estar, atende-los de forma igualitária conservando suas especificidades é o
mínimo a exercer nesta profissão

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5 REFERÊNCIAS

1 DA SILVA VILELAS, José; DIAS JANEIRO, Sandra


Isabel. TRANSCULTURALIDADE: O ENFERMEIRO COM COMPETÊNCIA
CULTURAL. Revista Mineira de Enfermagem. 2012. Disponível
em: https://cdn.publisher.gn1.link/reme.org.br/pdf/v16n1a17.pdf. Acesso
em: 8 mar. 2021.

2 DA SILVA VILELAS, José; DIAS JANEIRO, Sandra


Isabel. TRANSCULTURALIDADE: O ENFERMEIRO COM COMPETÊNCIA
CULTURAL. Revista Mineira de Enfermagem. 2012. Disponível
em: https://cdn.publisher.gn1.link/reme.org.br/pdf/v16n1a17.pdf. Acesso
em: 8 mar. 2021.

3 E. C. CONFALONIERI, Ulisses. O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE E AS


POPULAÇÕES INDÍGENAS: POR UMA INTEGRAÇÃO DIFERENCIADA.
Scielo Analytics. Cad. Saúde Pública vol.5 no.4 Rio de Janeiro Oct/Dec. 1989.
Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0102-311X1989000400008

LURDERS FERNANDES, Saulo; DE OLIVEIRA DOS SANTOS, Alessandro.


ITINERÁRIOS TERAPÊUTICOS E FORMAS DE CUIDADO EM UM
QUILOMBO DO AGRESTE ALAGOANO. Scielo Analytics. 2019. Disponível
em: http://dx.doi.org/10.1590/1982-3703003176272

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