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UNIVERSIDADE DE CUIABÁ

ENFERMAGEM

CARLOS EDWARD ALVES BOLENER


JOELYNN VITÓRIA ALMEIDA DE SOUZA

ATENÇÃO A SAÚDE DA CRIANÇA INDÍGENA

Cuiabá-MT
2022
UNIVERSIDADE DE CUIABÁ
ENFERMAGEM

CARLOS EDWARD ALVES BOLENER


JOELYNN VITÓRIA ALMEIDA DE SOUZA

ATENÇÃO A SAÚDE DA CRIANÇA INDÍGENA

Trabalho apresentado sob orientação da Profª Camila Santejo


Silveira Ratto, matéria de Seminário da Criança.

Cuiabá-MT
2022
Sumário
INTRODUÇÃO...............................................................................................................4
JUSTIFICATIVA............................................................................................................5
OBJETIVOS...................................................................................................................6
METODOLOGIA............................................................................................................7
CARACTERIZAÇÃO DA SAÚDE INDÍGENA BRASILEIRA.........................................8
1.1 SAÚDE INDÍGENA BRASILEIRA.................................................................8
1.2 CASUÍSTICA GERAL....................................................................................9
1.3 PARASITÁRIAS.............................................................................................9
1.4 BACTERIANAS/VIRAIS................................................................................9
1.5 NUTRICIONAIS.............................................................................................9
1.6 O PAPEL DO PROFISSIONAL E SEUS DEVERES.....................................10
CONCLUSÃO...............................................................................................................12
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INTRODUÇÃO

A atenção à saúde da criança indígena tem como prioridade as estratégias de promoção,


proteção e prevenção de agravos por meio da implementação de políticas e programas,
visando à melhoria das condições socioambientais, culturais e de saúde, considerando as suas
especificidades culturais. A assistência direcionada às crianças indígenas deve apresentar
como foco a melhoria das condições de saúde e qualidade de vida desse grupo. Desta forma,
deve ser respaldada nos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde, compreendendo as
diversidades sociais, culturais, geográficas, históricas e políticas de modo favorável à
superação dos fatores que tornam essa população mais vulnerável aos agravos à saúde.
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JUSTIFICATIVA

Segundo o Censo 2010, no gráfico por idade da população aborígene, o grupo de crianças e
adolescente representa 36,2% da totalidade. Sendo ele maior peso relativo desse grupo etário
se aprofunda na população indígena residente em áreas remotas, passando a corresponder a
45% da população (IBGE, 2010). O atendimento a saúde da criança indígena requer um
cuidado maior para que não ocorra agravos para a saúde do aborígene, quando falamos em
atenção a saúde da criança indígena, falamos do futuro de uma cultura, discutimos as
responsabilidades como profissional, as dificuldades encontradas no meio do percurso e o
trabalho na valorização desses povos
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OBJETIVOS

Objetivo geral

 O presente trabalho tem como objetivo apresentar a assistência preconizada


à criança indígena em território nacional.

Objetivos específicos

 Caracterizar a saúde indígena e seus objetivos


 Identificar as principais causas de mortalidade na população infantil
indígena no brasil
 Descrever as dificuldades encontradas pelos profissionais

De acordo com o Manual de Atenção à Saúde da Criança Indígena Brasileira “É dever do


estado assegurar efetivamente os direitos à saúde das populações indígenas, através de uma
política indigenista explícita, que contemple as necessidades tanto étnicas quanto de
localização geográfica das mesmas”.
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METODOLOGIA

O trabalho desenvolvido seguiu as normas do estudo de pesquisa exploratória, por


meio de uma pesquisa bibliográfica qualitativa, o estudo exploratório possibilitou apreender
informações e constatações teóricas, para desenvolver depois uma pesquisa descritiva. O
método que se foi usado no desenvolvimento deste estudo é o método qualitativo. O tipo de
pesquisa foi uma análise de artigos, realizada através de uma revisão a partir de artigos
científicos – referentes ao assunto “Atenção a Saúde da criança indígena ”, publicados entre
1998 a 2021.Os critérios de inclusão para seleção foram: estar publicado entre os períodos
citados; que o artigo esteja disponível na íntegra no banco de dados online. A busca por
artigos científicos deu-se por meio da base de dados SCIELO.
Palavras-chaves: Saúde Indígena, Criança, Profissional.
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CARACTERIZAÇÃO DA SAÚDE INDÍGENA BRASILEIRA

1.1 SAÚDE INDÍGENA BRASILEIRA

Segundo a FUNASA (2004). O cuidar ao indígena requer algo mais que


uma relação de profissional – paciente que se estende ao contexto sociocultural em que ela se
firma, havendo assim uma relação intracultural na qual há necessidade de proteger o próximo
nas suas diferenças. Para isso foram criados programas de assistência que favorecem a
diversidade cultural, buscando promover estratégias de saúde e interações que proporcionam a
todos um atendimento universal transcendendo as barreiras étnica.
Por conta do contato entre o homem branco e o indígena, foram introduzidas
muitas doenças infecto-contagiosas entre eles, como é o caso da tuberculose, da malária ,
sarampo e varicela. Para a cultura indígena, essas doenças são chamadas de doenças “de
branco”, como ainda não possui uma cura para eles, eles ficam a mercê da enfermidade,
causando a intervenção do agentes de saúde indígena.(MIN. DA SAÚDE, 2002).
Criado em 1999 e administrado pela Secretaria Especial de Saúde Indígena
(SESAI), SasiSUS tem como objetivo principal garantir o processo voltado a atenção integral
de saúde de acordo com os princípios e diretrizes estabelecidos pelo Sistema Único de Saúde.
Para melhor atingir seu objetivo, SasiSUS é dividido em 34 unidades gestoras
descentralizadas denominadas DSEIs , essa divisão foi feita estrategicamente através de
critérios territoriais, tendo como sua principal base a localização das comunidades indígenas.
(MIN. DA SAÚDE, 2022).
Além dos DSEIs foram criados 337 Polos Bases e 67 Casas de Saúde
Indígenas que funcionam basicamente como postos de saúde, para atender as necessidades
sanitárias. Estes Polos-Bases representam outra base de atendimento indígena em que são a
referência para os Agentes Indígenas de Saúde (AISs), são esses os agentes que atuam na
atenção primária. Cada polo-base conta com uma equipe multidisciplinar composta por
médicos, enfermeiros, nutricionistas, dentistas e técnicos de enfermagem, entre outros
profissionais. (LIMA, 2019).
Pressupõe-se que as aldeias estejam referidas a uma unidade básica de saúde
indígena UBSI, onde eles procuram para fazer o atendimento base de doenças que venham a
ter, quando n se consegue fazer um atendimento efetivo, são transferidos para os pólos-bases
onde se concentram as equipes multidisciplinares, onde será transferido para um hospital de
referencia ou para uma casa de saúde indígena quando se tem que ficar internado para algum
procedimento no hospital.
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1.2 CASUÍSTICA GERAL

As doenças que mais prevalecem nas crianças indígenas são as doenças


parasitárias, bacterianas/virais e nutricionais, e com um aumento significativo nos últimos
anos, como a anemia. (MIN. DA SAÚDE, 2002).

1.3 PARASITÁRIAS

Amebíase: é uma infecção causada por um parasita que se aloja no intestino


grosso do paciente e que é capaz de causar uma série de sintomas como dores locais, diarreia,
sangue nas fezes ou flatulência, fadiga, febre, perda de apetite e perda de peso. O tratamento é
feito por meio de cuidados individuais e uso de antiparasitários.
Malária: doença infecciosa febril, que tem como agente transmissor o
mosquito-prego, da família plasmodium, os sintomas gerais da malária são dores abdominais
e musculares, febre, calafrio, fadiga, vertigem, disenteria, êmese, dispneia, icterícia e
taquicardia.

1.4 BACTERIANAS/VIRAIS

Pneumonia: é uma infecção dos alvéolos pulmonares, onde os principais


sintomas são a tosse, escarro, febre e dispneia, o tratamento se dá através de antibióticos e
penicilina, acompanhado de oxigenoterapia
Tuberculose: uma doença infecciosa e transmissível, a transmissão se dá
pelo bacilo de Koch ou mycobacterium tuberculosis, os principais sintomas são as tosses que
as vezes vem acompanhada de sangue, perca de peso, sudorese noturna e febre, o tratamento é
longo e é usado alguns antibióticos que entre eles estão Isoniazida e a Rifampcina.

1.5 NUTRICIONAIS

Desnutrição: que é a falta de nutrientes no corpo por conta da má


alimentação, sintomas são a fadiga, vertigem e a perca de peso, o tratamento se da através da
reidratação e substituição dos nutrientes que se fora perdidos.
Anemia: se da pelo nível de quantidade de glóbulos vermelhos saudáveis
no corpo ser muito baixo, devido a falta de ferro no corpo, os sintomas mais frequentes são a
letargia, fadiga, vertigem, dores de cabeça, dispneia, queda de cabelo e mal-estar, o
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tratamento é feito a partir da reposição do ferro no organismo, vitamina B12 e uso de


suplementos.
Além desses temos também outras causas gerais como os traumas, quedas,
afogamento, transmissão por animais peçonhentos.
As más condições de vida e os hábitos pouco saudáveis fazem com que as
crianças tenham um estado nutricional comprometido que impacta em suas doenças e
desenvolvimento. Isso faz com que as populações indígenas desenvolvam doenças prevalentes
e sofram com a deterioração nutricional. Isso leva a maiores taxas de mortalidade. A
mortalidade entre as crianças aborígenes está associada ao saneamento, condições de moradia
e acesso à saúde, com as crianças vistas em geral como em declínio . A falta de educação em
saúde e acesso aos serviços tem gerados prejuízos tanto na promoção em saúde como na
prevenção e recuperação de doenças . (BAGGIO et al., 2016)
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as taxas de
mortalidade infantil indígena são muito mais altas em todas as regiões do que em outros
grupos populacionais. Em 2010, a proporção era de 23,0 por 1.000 nascidos vivos. Para os
não indígenas, a proporção é de 15,6/1.000.(CORRÊA et al., 2020).

1.6 O PAPEL DO PROFISSIONAL E SEUS DEVERES

Muita das vezes o atendimento é dificultado por conta das divergência


cultural e comunicação. Por conta disso quando o profissional de saúde indígena faz uma
inserção através desses postos , ele deve primeiramente conhecer a cultura e o modo de vida
de cada comunidade, entender como vivem, respeitando suas culturas e diferenças, para que
não haja um desrespeito e uma falta de entendimento entre o profissional e o indígena, temos
como exemplo a busca do tratamento do paciente na aldeia, envolta de seus familiares,
principalmente quando se trata de crianças, pois segundo os pajés, quando uma criança é
removida de sua aldeia, elas ficarão mais vulneráveis aos espíritos ruins e aos feitiços, já
dentro de casa existe uma proteção maior por conta dos espíritos guardiões. É de suma
importância um diálogo onde está bem explicito sobre as condições da criança e os ricos que
pode trazer a falta de cuidado existente fora da aldeia.
Além das diferenças culturais ainda temos as dificuldades geográficas onde
prejudica o atendimento do índio, devido aos locais isolados em áreas florestais remotas, onde
se leva muito tempo para chegar aos lugares para prestar uma devida assistência. Muitas
vezes, longas jornadas são feitas na floresta, às vezes atravessando rios, lagos e enfrentando a
chuva. Há dificuldades de acesso à área e ao local de trabalho, fazendo com que o
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profissional se depare com uma longa viagem para o trabalho. Nesse caso, o profissional deve


superar o cansaço para promover um bom atendimento e ser reconhecido por seu esforço
e dedicação.
A comunicação torna-se um fator que dificulta o atendimento, pois os
índios têm vários idiomas. Esse mal-entendido decorrente das diferenças na linguagem
falada pode trazer consequências como a falta de compreensão das queixas dos índios,
levando a diagnósticos e tratamentos incorretos. Como resultado, atrapalha
a relação entre o profissional e o paciente, dificultando a confiança do índio no profissional. A
comunicação é uma ferramenta importante para que haja uma efetivação do cuidado do
paciente e quando não é realizada de forma adequada, pode gerar uma inadequação do
cuidado. Sem entender o idioma, os erros são comuns. Observa-se que a diferença entre a
definição e as palavras dos especialistas e dos índios leva à insatisfação dos dois. Portanto, é
de suma importância lembrar que a discussão é uma ferramenta muito importante para a
construção e troca de conhecimento.(SILVA et al., 2021)
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CONCLUSÃO

Quando se fala em trabalhar com a saúde indígena o profissional de saúde


precisa ter enraizado um conhecimento da cultura aborígene em que irá ingressar, onde ele
precisará saber ouvir, falar e negociar. Não julgar os outros pela sua visão sobre o mundo,
saber sobre seus valores, além de conhecer as regras e etiquetas que deverão ser seguidas indo
além do reconhecer as diferenças e respeitá-las passando para um relação respeitosa e
produtiva. (SILVA et al., 2021)
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REFERÊNCIAS

 BAGGIO, É. et al. Processo de adoecimento da criança indígena e suas implicações


para a mortalidade infantil. JMPHC | Journal of Management & Primary Health
Care | ISSN 2179-6750, v. 6, n. 1, p. 134–147, 2016.
 CORRÊA, P. K. V. et al. Mortalidade Infantil Indígena: Evidências Sobre O Tema.
Cogitare Enfermagem, v. 25, 2020.
 LIMA, J. F. D. B. JANIELLE-LIMA.pdf. [s.l.] UNIVERSIDADE FEDERAL DO
MARANHÃO, 2019.
 MIN. DA SAÚDE, B. Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas.
Ministério da Saúde Indígena FUNASA, v. 2002, p. 40, 2002.
 MIN. DA SAÚDE, B. Observatório Indigena. [s.l: s.n.].
 SILVA, E. C. DA et al. Dificuldades vivenciadas pelos profissionais de saúde no
atendimento à população indígena Difficulties experienced by health professionals in
caring for the indigenous population Las dificultades que experimentan los
profesionales de la salud para atender. Revista Eletrônica Acervo Saúde, v. 13, n. 1,
p. 1–7, 2021.

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