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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA- UNEC

ENFERMAGEM

RENATA DE MORAES OLIVEIRA

ENFERMAGEM NA SAÚDE INDÍGENA

CARATINGA- MG

2021
• Introdução

A questão da saúde indígena advém de muito tempo atrás, desde o período


colonial onde os povos indígenas foram “descobertos” junto com as terras do
nosso país, o Brasil. Foi nesse período que os índios tiveram o primeiro
contato com um maior número de patologias trazidas pela população
colonizadora portuguesa.

O histórico da atenção à saúde indígena no Brasil pode ser conferido no programa


de segunda-feira da série “Saúde da População Indígena”, produzida pelo Saúde
com Ciência. Os índios apresentam índices de prevalência de algumas doenças e
transtornos superiores aos do restante da população brasileira.

O trabalho em saúde indígena tem como característica marcante a história da


saúde indígena, mas ao longo deste Componente Curricular irei falar tanto da
atuação, mercados de trabalho e especialização, elementos estruturais e medicina
primitiva ao longo do trabalho estes temas serão destrinchados e esclarecidos. Este
PCC tem como objetivo analisar a vivencia do trabalho de saúde dentro do território
indígena como forma de aprendizagem.

• Atuação na Saúde Indígena

Na década de 1970, se inicia a presença sistemática dos profissionais de


enfermagem na saúde indígena dando inicio a primeira tentativa de assistência
estruturada dentro da saúde indígena. O trabalho dentro das terras indígenas eram
desenvolvidos pelos atendentes de enfermagem, que as vezes contavam com o
auxilio de agentes da saúde e indígenas colaborando na realização das atividades.
A ajuda dentro da área indígena caracterizava- se pela realização de atividades
como curativos, assistência ao parto e dispensações de medicações básicas.

Na década de 1999, houve a implantação do subsistema de Atenção a Saúde


Indígena (SASI-SUS) , O enfermeiro passa a estar mais presente nas áreas
indígenas. Essa mudança vem acompanhada de uma nova proposta para a atuação
dos enfermeiros, de acordo com uma concepção mais ampliada da atenção a saúde
que extrapola os limites da assistência emergencial.

O enfermeiro se estabeleceu como um profissional significativamente expressivo na


saúde indígena espelhando o que já é observado na saúde publica.

Além das demandas colocadas pela interculturalidade, e as condições precárias da


infraestrutura, muito comuns nas áreas indígenas, o enfermeiro também tem que
enfrentar uma sobrecarga de trabalho, o enfermeiro também tem que enfrentar uma
sobrecarga, pela falta de profissionais médicos, especialmente em áreas de difícil
acesso. Nessas situações, frequentemente o enfermeiro é abordado para realizar
atividades que fogem da sua competência e para qual não foi preparado, como por
exemplo, elaborar diagnósticos clínicos, instituir tratamentos medicamentosos e
assistir a partos com intercorrência.

A atuação nesse espaço de trabalho exige conhecimentos e competência, que


muitas vezes não são abordados durante a formação acadêmica. O enfermeiro
precisa estar apto para atuar na atenção básica à saúde indígena, identificar fatores
de risco e atuar preventivamente, planejar e implementar, em conjunto com a equipe
as ações e programas, realizar acompanhamento, supervisão e avaliação do agente
indígena de saúde e do auxiliar de enfermagem.

• Publico alvo e localidade

Hoje, no Brasil, vivem mais de 800 mil índios, representando cerca de 0,4% da
população brasileira. No dia 27 de Agosto de 1999, o Ministério da Saúde, por meio
da FUNASA, assumiu a responsabilidade de estruturar o Subsistema de Atenção à
Saúde Indígena, articulado com o SUS (Sistema Único de Saúde).
Esta proposta tem seu amparo legal no Decreto nº 3.156/99 que trata das condições
de assistência á saúde dos povos indígenas, pela Medida Provisória nº 1.911-8 e
pela lei 9.836/99 que cria o subsistema de Atenção á Saúde Indígena no âmbito do
Sistema Único de Saúde - SUS.

As Casas de Saúde do Índio (Casais) são locais de recepção e apoio ao índio, que
vem referenciado da aldeia/Pólo-Base. Localizadas em municípios de referência tem
como função facilitarem o acesso da população indígena ao atendimento secundário
e/ou terciário, servindo de apoio entre a aldeia e a rede de serviços do SUS, através
de:
-mecanismos de referência e contra-referência com a rede do SUS;
- serviço de tradução para os que não falam português;
-realização de contra-referência com os Distritos Sanitários e articulando o retorno
dos pacientes e acompanhantes aos seus domicílios, por ocasião da alta;
-recebimento de pacientes e seus acompanhantes encaminhados pelos DSEI;
-fornecimento de alojamento e alimentação dos pacientes e seus acompanhantes,
durante o período de tratamento;
-prestação da assistência de enfermagem aos pacientes pós-hospitalização e em
fase de recuperação;
-acompanhamento dos pacientes para consultas, exames subsidiários e internações
hospitalares;

• Especialização na residência e pós graduação

O reitor da Universidade Federal de Roraima (UFRR), professor doutor José


Geraldo Ticianeli participou de uma reunião em Brasília com Edson Damas,
procurador de Justiça e coordenador do Gaemi-DH (Grupo de Atuação Especial de
Minorias e Direitos Humanos) do MPRR. A conversa deixou encaminhada
a formatação de dois cursos na área da saúde indígena, um de pós-graduação e
outro de residência médica.

Em uma reunião em Brasilia o reitor da Universidade Federal de Roraima (UFRR)


citou “Embora nossos alunos e residentes da área da saúde tenham contato
permanente com pacientes indígenas, não há, ainda, em seus processos de
formação, um olhar diferenciado para as especificidades dessa população. A UFRR,
como aparelho formador, com dois cursos relevantes na área da saúde, Medicina e
Enfermagem, tem o dever de ser protagonista nesse processo, conduzindo a
formulação de um projeto de ensino que contemple de maneira ampla, nos níveis de
graduação, residência e pós-graduação, as necessidades de saúde das
comunidades indígenas”

O inicio da montagem da residência médica e Pós-Graduação em saúde indígena já


se iniciou, a previsão é que até o final deste ano já estejam disponíveis. A grade
curricular de ambos os cursos deverá levar em consideração o aspecto da
abordagem do profissional ao indígena e o respeito à cultura e cosmologia desses
povos.

O Instituto Insikiran de Educação Superior Indígena oferece três cursos de


formação superior para indígenas em nível de graduação: Licenciatura Intercultural,
Bacharelado em Gestão Territorial Indígena e Bacharelado de Gestão em Saúde
Coletiva Indígena.

• Mercado de trabalho

Atualmente, encontramos algumas opções de Pós-Graduação em Saúde indígena,


como por exemplo na faculdade FAVENI, que é reconhecida pelo MEC, seria um
investimento de R$1618,2 podendo dividir em até 18x, e não possui bolsa de
estudos.

Para vaga de Enfermeiro é exigida graduação em Enfermagem, registro no


conselho Regional de Enfermagem (Coren-MT) e experiência profissional
comprovada de no mínimo um mês no cargo. Salário: R$7.814,2. (Brasil)

A faixa salarial do Agente Indígena de Saúde fica entre R$ 1.100,00 salário


mediana da pesquisa e o teto salarial de R$ 1.566,15, sendo que R$ 1.100,00 é
a média do piso salarial 2021 de acordos coletivos levando em conta profissionais
em regime CLT de todo o Brasil.
Na saúde indígena, não dá pra fazer um bom trabalho sendo apenas 'tecnicamente
bom'. É preciso, além de saber manejar as principais condições e agravos da
comunidade, ter sensibilidade cultural para aplicar os conhecimentos da
biomedicina. Caso contrário, a médica ou médico pode incorrer em iatrogenias (O
termo iatrogenia vem do grego e refere-se a qualquer alteração patológica
provocada no paciente pela má prática médica. Infelizmente, o risco de sua
ocorrência convive constantemente no manuseio das doenças cardíacas.)

Para vaga de Enfermeiro é exigida experiência clinica de dois anos, em uma ou


mais das seguintes áreas: Saúde comunitária; Atendimento de urgência ou
emergência; e tratamento agudo ou intensivo. A faixa salarial varia de $ 108.659 - $
141.310 (por ano, incluindo os subsídios aplicáveis) ou $ 83.560 - $ 97.384 Salário
base anual (mais os subsídios aplicáveis). Pode se inscrever pessoas que moram no
Canadá e cidadãos canadenses que residem no exterior. (Canadá)

A rede de serviços de um Dsei ....conta ainda com as Casas de Apoio à Saúde do


Índio, que oferecem hospedagem aos usuários encaminhados para atendimento em
serviços de média e alta complexidade. Atualmente existem 66 Casas do tipo no
Brasil, localizadas em municípios que são referência para os distritos sanitários.
Esses locais devem oferecer ainda assistência de enfermagem, marcação de
consultas, exames ou internação, bem como o acompanhamento do usuário
indígena até que ele possa voltar à sua aldeia.

Os indígenas têm uma presença considerável também em outras categorias


profissionais. Segundo o levantamento do Ministério, 250 auxiliares ou técnicos de
saúde bucal, que representam 56% do total do Subsistema, são indígenas. E cerca
de 30% dos técnicos ou auxiliares de enfermagem também são indígenas, o
equivalente a 1,1 mil trabalhadores.

Já entre os profissionais de nível superior, a participação indígena é bem menos


significativa: entre os enfermeiros, são 150 em um universo de 1,8 mil trabalhadores.
Apenas 35 dos 500 cirurgiões-dentistas em atuação no Subsistema são indígenas.
Há 12 nutricionistas, de um total de 150. Entre os médicos, são apenas 16 dos 543
profissionais das equipes. “A presença de profissionais indígenas potencializa a
promoção da atenção à saúde de maneira participativa e diferenciada, contudo
ainda permanece o desafio de ampliar a participação indígena entre as categorias
profissionais de nível superior”, reconhece o Ministério, no levantamento.

• Tecnologias

Até 1990, a política indigenista, aí incluídas as ações de saúde, estava a cargo da


FUNAI. Por consequência, o Ministério da Saúde não acumulou experiência no
desenvolvimento de políticas de saúde específicas para as minorias étnicas até o
final do século XX. Somente após a criação do subsistema de saúde indígena, em
1999, as autoridades sanitárias passaram a se dedicar ao tema. O tempo de dez
anos de criação do subsistema não se mostrou suficiente para a geração de
tecnologias e modos de atuação adequados ao trato com a população indígena.

A telessaúde é estratégia promissora para expansão da educação permanente em


saúde. Além disso, pode auxiliar na fixação dos profissionais de saúde em áreas de
difícil acesso geográfico. O Programa Nacional Telessaúde Brasil Redes possui dois
Pontos de Telessaúde voltados à saúde indígena. O presente estudo analisou a
implantação do Programa na atenção à saúde indígena. Para tanto, descreveu o
processo de implantação e funcionamento, identificando suas dificuldades e
facilidades. Trata-se de um estudo exploratório descritivo, com abordagem
qualitativa. Os dados foram coletados por meio de pesquisa bibliográfica, pesquisa
documental e entrevistas não estruturadas no ano de 2012. Foram entrevistados dez
gestores que faziam parte dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas Alto do Rio
Negro e Parintins, onde estava a população indígena atendida pelo Programa, e do
Núcleo de Telessaúde do Amazonas, que elaborou o projeto de implantação dos
dois Pontos, hoje inativos. Os resultados indicam que dificuldades na implantação do
Programa relacionam-se às fragilidades da articulação interinstitucional na gestão do
programa, à rotatividade dos profissionais de saúde, ao uso da tecnologia e à
presença de infraestrutura inadequada à tecnologia. As facilidades, em sua maioria,
são relatadas pelos gestores como potencialidades e expectativas de apoio à
fixação dos profissionais, ao uso da educação permanente e à redução dos
encaminhamentos dos indígenas. Sugere-se o monitoramento, a avaliação e o
planejamento para implementação da telessaúde nos Pontos de Telessaúde
inativos, considerando-se as dificuldades apresentadas neste estudo e envolvendo
todos os sujeitos no processo.

• Elementos estruturais

De acordo com Eduardo Estrella (1985)[1], a medicina indígena apresenta os


seguintes elementos estruturais:

aplicação de um conjunto de regras, modelos rituais, expressões ou ações que


emergem historicamente da vida prática e da ideologia de um grupo social, e que
conforma uma série de enunciados acerca da saúde e da doença.

prática esta que propicia o desenvolvimento de um “saber médico” onde se pode


identificar: grupos de objetos ou enunciados, jogos de conceitos, séries de escolhas
teóricas. Elemento que não constituem uma ciência, como uma estrutura idealmente
definida e nem são tampouco conhecimentos amontoados procedentes de
experiências, tradições ou descobrimentos unidos apenas pela identidade do sujeito
que os gerou. São elementos a partir dos quais é possível construir proposições,
desenvolver descrições mais ou menos exatas, elaborar teorias.

os enunciados desse saber médico se constituem sobre elementos empíricos,


mágicos, míticos religiosos e racionais sendo especial a influência da ideológica
exercida pela religião católica.

os enunciados, conceitos e práticas deste saber médico estão em boa parte, em


oposição à ideologia dominante da formação social.

• Mortalidade
As informações fornecidas a partir das notificações de mortes (dados de
mortalidade), geram coeficientes e índices, ou seja, medidas que expressam a
dinâmica desse evento vital em uma determinada população. Tais índices também
permitem a estimação de alguns aspectos relativos às condições de vida, de saúde
e níveis socioeconômicos. O registro sistemático, o acompanhamento e a avaliação
dos dados de mortalidade vêm sendo usados no mundo há pelo menos dois séculos
nos países desenvolvidos com a finalidade de acompanhar a dinâmica das
condições de vida e saúde das mais variadas populações (Laurenti, Jorge e Gotlieb,
2009). Nos países em desenvolvimento, como o Brasil, essa é uma prática
relativamente recente, a qual vem sendo gradativamente aprimorada desde a
segunda metade do século XX. Se para a população geral do Brasil os registros de
mortalidade ainda apresentam algumas limitações, no caso das populações
indígenas nota-se que a situação é ainda mais incipiente, uma vez que, até o final da
década de 1990, como a própria FUNASA reconhece, “não havia até então uma
cultura institucionalizada da informação em saúde” (FUNASA, 2003).

• Conclusão

A enfermagem em saúde indígena é um tema pouco abordado em universidades,


porém deveria ser mais inserido, pois é uma área cheia de oportunidades e que vem
tendo uma constante evolução, como por exemplo foi inserido a telesaude, aonde os
indígenas podem receber auxílio a distância, então essa evolução é tanto em suas
tecnologias quanto na própria atuação, cada vez mais as pessoas estão tendo um
acesso mais fácil a essa área da enfermagem, vários índios estão recebendo a
ajuda necessária .
• Referencias bibliográficas

https://www.scielo.br/j/reben/a/XvYQF3fXPM3kHRgBCc4L9Vs/?lang=pt

https://www.scielo.br/j/reben/a/XvYQF3fXPM3kHRgBCc4L9Vs/?lang=pt

https://ufrr.br/ultimas-noticias/6465-cursos-de-especializacao-e-residencia-medica-
na-area-da-saude-indigena-estao-em-fase-de-implantacao

https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Medicina_amer%C3%ADndia

https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Medicina_amer%C3%ADndia

https://www.sbmfc.org.br/noticias/como-funciona-a-organizacao-dos-servicos-de-
saude-indigena-no-brasil/

https://pebmed.com.br/como-e-o-trabalho-de-assistencia-na-saude-indigena/

https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/sesai

https://indigenousnurses.ca/jobs/post/indigenous-services-canada-services-aux-
autochtones-canada/registered-nurse-charge-nurse

http://portal.mec.gov.br/component/tags/tag/comeca-especializacao-em-saude-
indigenaespecializacao-saude-indigena

https://www.royalcollege.ca/rcsite/health-policy/indigenous-health-e

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