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REFERENCIAL TEÓRICO

A política indigenista de saúde é um subsistema dentro da política de saúde do


Brasil, portanto seguem os mesmos princípios e diretrizes consubstanciado
dentro do sistema único de saúde ( SUS), executando-se as particularidades e
especificidades de uma política diferenciada para os povos indígenas que
permeiam as políticas de saúde que envolvem o SUS.
A história da política de saúde para os povos indígenas vem sendo marcada
por profundas mudanças de seu arcabouço prático administrativo e tem sido
influenciada graças a maior participação dos povos indígenas na construção de
uma política indigenista diferenciada e condizente com a realidade das
populações indígenas no Brasil.
As reformulações da política indigenista de saúde na década de 1980, fazem
parte da reforma sanitária e compartilham dos mesmos princípios e problemas
encontradas na rede de atenção básica dirigida a outros segmentos da
sociedade. Esse contexto também repercutiu no âmbito de saúde indígena,
quando, na década de 1990, parte das distribuições desse órgão indigenista foi
repassada a outras instâncias do governo. No caso da saúde, a
responsabilidade pela gestão e execução da política indigenista de saúde ficou
a cargo do Ministério da saúde, o que foi firmado na primeira conferência
nacional de proteção à saúde do índio realizada em 1996. A tabela sintetiza os
principais objetivos, a avanços e desdobramentos de 20 anos de articulações
dos povos indígenas em torno da política de saúde a eles direcionadas e que é
parte da luta pelos direitos de especificidade e a alteridades das populações na
história da política indigenista no País.
Entre 1991 e 1994, houve uma fase de incerteza sobre a execução da política
indigenista de saúde, que hora passou das mãos da Funai para o Ministério da
saúde e vice-versa, em grande parte devido à falta de condições operacionais
do Ministério da saúde e a inconstitucionalidade em relação a Funai com
destaque para os problemas como falta de infraestrutura adequada,
profissionais preparados para trabalhar com as especificidades cultural dos
povos indígenas e de recursos financeiros apropriados. Nesse período foi
aprovada no Congresso a lei Arouca ( Subsistema de saúde indígena, Lei
9.836 de 23/09/1999) que inseria definitivamente a temática da saúde indígena
no âmbito do SUS.
Em 1992, após alguns conflitos sobre as responsabilidades pela organização
dos serviços de saúde entre a fundação nacional de saúde e a fundação
nacional do índio, ocorreu a II Conferência de saúde indígena que aprovou o
modelo DSEIs ( distrito sanitário indígena especial) como política pública e
visto como alternativa para garantir uma atenção diferenciada aos povos
indígenas. A implantação desses distritos pela Funasa baseia-se num modelo
que não se responsabiliza pela execução direta dos serviços mas essa
instituição terceiriza as ações de saúde a serem desenvolvidas nas áreas
indígenas. No Brasil a atual política indigenista de saúde é um desafio para os
profissionais de saúde que devem estar adequando suas ações e serviços à
diversidade dos povos indígenas, de modo, que não se resume à medida que
facilitem o acesso aos serviços de saúde no plano linguístico, geográfico, ou na
formação de agentes indígenas de saúde e de outros profissionais. Com base
no discurso oficial do modelo de DSEIS com o aditivo “novo” ela concorda que
existem 3 características que o diferenciam das ações indigenistas anteriores,
reconhecimento formalmente e respeito aos tratamentos realizados nas
culturas indígenas, participação indígena em todas as etapas de
implementação da política e por ultimo a vinculação de todas as ações do SUS.
Todavia a autora considera essa mudança uma ambiguidade, haja vista que se
reconhece o respeito à diferença ao mesmo tempo que se reitera a
responsabilidade do órgão indigenista oficial, passando-se para outro órgão
que não trata exclusivamente dos interesses dos povos indígenas. A
insatisfação dos indígenas com os problemas médicos nos distritos sanitários
aumentou a partir de 2004 e foi percebida por meio de revoltas e
manifestações drásticas. Entre 2005 e 2006 foram vinculadas inúmeras
reportagens sobre as dificuldades da Funasa na gestão da saúde indígena, em
2006 tais problemas permaneciam, ainda sem solução e mais casos vieram a
público com a denúncia de irregularidades ocorridas nos DSEIs. O resultado de
todo esse processo de protestos e denúncias além, da mobilização indígena,
foi anunciado a criação de uma nova Secretaria especial para cuidar dos
assuntos de saúde indígena SESAI que seria o órgão responsável pelas
reformas no subsistema de saúde. Essa Secretaria especial era uma
reivindicação antiga das organizações indígenas e após intensa mobilização
deu fim em 03.08.2010, data comemorada por lideranças indígenas de todo o
país que lotavam o Senado. Cabe à Secretaria especial de saúde
indígena-SESAI, coordenar e avaliar as ações de atenção à saúde no âmbito
do SASI-SUS, além de promover a articulação, integração dos setores
governamentais e não governamentais que possuem interface com atenção à
saúde indígena. É responsabilidade dela também identificar organizar e
disseminar conhecimentos referentes a saúde indígena.
A SESAI Integra a área do Ministério da saúde, cujo objetivo é coordenar,
executar a gestão do subsistema de saúde indígena, SASISUS, tendo como
principal missão gerir os sistemas, promover, garantir e recuperar a saúde das
populações indígenas e orientar o desenvolvimento das ações de atenção e
educação em saúde de acordo com as particularidades em consonância com o
SUS.

Referência:

PALHETA, Rosiane P. Política indigenista de saúde no Brasil. V.55.


(Coleção questões da época). Página 23 a 52:Cortez,2015.E-book.ISBN
9788524923807. Disponível em:
HTTPS://integrada.minhabiblioteca.com.Br/#/books/9788524923807/.

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