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Disciplina: Pinesf
Profa: Núbia
Acadêmico: Wender
A história das políticas públicas de saúde no Brasil é marcada por profundas transformações,
refletindo as mudanças socioeconômicas e políticas do país. Desde iniciativas isoladas no período colonial
até a consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS) na Constituição de 1988, a trajetória da saúde pública
brasileira é um reflexo do esforço contínuo para universalizar o acesso à saúde e garantir direitos básicos à
população. Aqui está um resumo dessa evolução:
Período Colonial: A assistência à saúde era principalmente caritativa, realizada por instituições
religiosas. Não havia políticas públicas de saúde estruturadas.
Século XIX: Com o surto de epidemias (como febre amarela, varíola e peste bubônica), iniciaram-se
as primeiras políticas sanitárias no Brasil Império, focadas no controle de doenças e na criação de
infraestrutura de saneamento básico.
Os boticários
Criação das CAPs (Caixas de Aposentadorias e Pensões): Em 1923, a Lei Eloy Chaves estabeleceu as
bases para o primeiro sistema previdenciário brasileiro, dando início à organização das políticas de saúde
voltadas para trabalhadores urbanos.
As Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAPs) foram os primeiros organismos de previdência social
no Brasil, surgindo no início do século XX, antes da criação dos Institutos de Aposentadorias e Pensões
(IAPs). Instituídas a partir de 1923 com a Lei Eloy Chaves, as CAPs marcaram o início da organização formal
da previdência social brasileira.
CAPs
As CAPs eram vinculadas a empresas ou grupos de empresas de setores específicos, como ferrovias,
portos e indústrias. Cada CAP era responsável por um grupo específico de trabalhadores.
O sistema de financiamento das CAPs era tripartite, envolvendo contribuições dos trabalhadores,
das empresas e do governo. Este modelo de financiamento compartilhado se tornaria uma característica
persistente nos sistemas subsequentes de previdência social no Brasil.
Os benefícios oferecidos pelas CAPs incluíam aposentadorias por idade ou invalidez e pensões por
morte, mas eram limitados aos trabalhadores das empresas ou setores específicos associados a cada caixa.
A cobertura era, portanto, bastante fragmentada e não abrangia a totalidade da força de trabalho.
A gestão das CAPs era realizada por representantes dos empregadores e dos empregados, com
alguma supervisão governamental.
As CAPs representaram um avanço significativo na época, pois introduziram a noção de proteção
social organizada e financiada coletivamente, reconhecendo a responsabilidade do empregador e do
Estado pelo bem-estar dos trabalhadores. No entanto, o modelo apresentava limitações, como a
fragmentação da cobertura e a desigualdade no acesso aos benefícios.
Transição para os IAPs
Sistema Nacional de Saúde (SNS): Propostas nos anos 60 para um sistema unificado de saúde não
foram adiante devido ao golpe militar de 1964.
INPS (Instituto Nacional de Previdência Social): Em 1966, durante o regime militar, o INPS foi criado,
consolidando os IAPs em uma única entidade. Apesar de expandir a cobertura previdenciária, o sistema era
criticado por sua ineficiência e corrupção.
Movimento da Reforma Sanitária: Nas décadas de 1970 e 1980, emergiu um movimento social e
político que defendia a saúde como direito universal e a criação de um sistema unificado de saúde.
Realizada em 1986, foi um evento histórico e decisivo para a saúde pública no Brasil. Pela primeira
vez, a conferência foi aberta à participação da sociedade civil, reunindo profissionais de saúde,
representantes do governo, e membros de organizações sociais e movimentos populares. Esse amplo
espectro de participantes refletiu a crescente democratização do país e o fortalecimento do movimento da
reforma sanitária brasileira.
O Brasil estava em um processo de redemocratização após duas décadas de regime militar. Nesse
período, emergiu um forte movimento social que reivindicava a saúde como direito de todos e a
reformulação do sistema de saúde, até então fragmentado e ineficiente, marcado por profundas
desigualdades no acesso aos serviços.
Principais Contribuições e Resultados:
Representa um marco na história das políticas públicas de saúde no Brasil, estabelecendo as bases
para uma profunda reestruturação do sistema de saúde e consolidando a saúde como direito universal.
Após anos de debates intensos, mobilizações sociais e o trabalho incansável de ativistas da reforma
sanitária, a nova Constituição refletiu um consenso emergente sobre a necessidade de garantir a saúde
como um direito de todos os cidadãos e um dever do Estado.
A Constituição definiu a saúde não apenas como um direito básico de todos os brasileiros, mas
também como um dever do Estado, garantindo assim a universalidade do acesso aos serviços de saúde.
O Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado com o objetivo de unificar o sistema de saúde brasileiro,
tornando-o mais equitativo e acessível. O SUS se baseia em princípios de universalidade, integralidade,
equidade, descentralização e participação popular na gestão.
A Constituição estabeleceu que o financiamento do sistema de saúde deveria ser compartilhado
entre a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios, assegurando recursos adequados para o
funcionamento do SUS.
Introduziu o conceito de controle social na gestão da saúde, com a criação de conselhos de saúde
em todos os níveis (municipal, estadual e federal), compostos por representantes do governo, profissionais
de saúde e usuários dos serviços, fortalecendo a participação da sociedade civil na formulação e na
fiscalização das políticas de saúde.
A promulgação da Constituição de 1988 e a subsequente implementação do SUS transformaram
radicalmente o cenário da saúde pública no Brasil. Antes fragmentado, excludente e centrado nos que
podiam pagar por serviços privados ou eram cobertos por sistemas previdenciários limitados, o sistema de
saúde brasileiro passou a se orientar pelos princípios de universalidade e integralidade.
É o sistema público de saúde do Brasil, criado pela Constituição Federal de 1988, que estabeleceu a
saúde como um direito de todos os cidadãos e um dever do Estado. Inaugurado oficialmente em 1990, o
SUS é um dos maiores sistemas de saúde pública do mundo, oferecendo serviços gratuitos que vão desde
consultas médicas e tratamentos especializados até transplantes e medicamentos.
O SUS é regido por princípios fundamentais que orientam sua organização, funcionamento e
gestão:
Garante acesso a todos os brasileiros a todos os serviços de saúde, sem qualquer discriminação ou
pré-requisito.
Oferece atendimento completo, abrangendo desde a prevenção e o tratamento até a reabilitação,
em todos os níveis de complexidade do sistema.
Assegura que o atendimento seja feito de acordo com as necessidades de saúde de cada indivíduo,
buscando reduzir desigualdades.
Promove uma gestão compartilhada entre União, estados, Distrito Federal e municípios, com
direção única em cada esfera de governo.
Estabelece a inclusão da comunidade na formulação de políticas de saúde e no controle das ações e
serviços através dos conselhos de saúde.
O SUS é financiado por recursos provenientes dos três níveis de governo: federal, estadual e
municipal. A gestão dos recursos e dos serviços de saúde é descentralizada, permitindo que as ações e
serviços sejam adaptados às necessidades e especificidades de cada região.
O SUS abrange uma vasta gama de serviços, incluindo:
Atenção primária à saúde, através das Unidades Básicas de Saúde (UBS) e do Programa Saúde da
Família (PSF).
Serviços de urgência e emergência.
Atendimento especializado, como consultas com especialistas e cirurgias.
Exames diagnósticos e tratamentos.
Programas de prevenção e controle de doenças.
Campanhas de vacinação.
Apesar de seus princípios e conquistas, o SUS enfrenta diversos desafios, como:
São normativas fundamentais que regulamentam o Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil,
detalhando os preceitos estabelecidos pela Constituição Federal de 1988. São duas as principais leis que
estruturam o SUS: a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, e a Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990.
Lei nº 8.080/1990
Esta lei dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a
organização e o funcionamento dos serviços correspondentes. Ela estabelece:
O modelo de gestão do SUS, baseado em princípios como descentralização, atendimento integral, e
participação da comunidade.
As competências e atribuições específicas da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios na prestação de serviços de saúde.
Os critérios para a divisão dos recursos destinados à saúde, buscando garantir um financiamento
adequado e equitativo do sistema.
Diretrizes para a atuação do setor privado na saúde pública, definindo como este deve
complementar o SUS.
A criação do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária e do Sistema Nacional de Sangue,
Componentes e Derivados, estabelecendo normas para a segurança e o controle sanitário em todo o país.
Lei nº 8.142/1990
Os governos locais ou regionais têm autonomia para gerir os recursos, adaptar as políticas
nacionais às necessidades locais e implementar programas específicos que atendam às demandas da
população local.
A descentralização favorece a participação da comunidade no planejamento e na gestão dos
serviços de saúde, permitindo que as decisões reflitam melhor as necessidades e preferências locais.
As unidades de saúde locais podem ter maior flexibilidade na gestão de recursos humanos,
financeiros e materiais, permitindo uma resposta mais rápida e eficaz aos desafios e mudanças no contexto
da saúde local.
Vantagens: