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RESUMO
O presente estudo tem como objetivo realizar uma trajetória da Saúde Pública no Brasil até
o surgimento do NASF abordando a atuação do Serviço Social no núcleo. Por se tratar de
uma estratégia inovadora, com poucas pesquisas realizadas na área, o estudo se torna ainda
mais relevante, valorizando o trabalho desempenhado na política de saúde. Além disso,
constrói mais um campo de trabalho para o Assistente Social, facultando uma inserção
diferenciada do profissional na área de saúde.
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Assistente Social pela Escola de Estudos Superiores de Viçosa (ESUV)
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1-INTRODUÇÃO
O Sistema Único de Saúde (SUS) nos últimos anos vem mostrando significativos
avanços desde sua criação na Constituição Federal de 1988. Entre eles está o surgimento das
Estratégias Saúde da Família (ESF) em 1994, que aparece no Brasil como uma estratégia de
reorientação do modelo assistencial a partir da Atenção Básica. As ESF se apresentam como
uma nova maneira de trabalhar a saúde em conformidade com os princípios do SUS, levando
a saúde para mais perto das famílias e com isso, melhora a qualidade de vida da população.
Com o intuito de apoiar a inserção da ESF na rede de serviços em saúde, foram
criados e implantados os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF), mediante a Portaria
GM n° 154, de 24 de janeiro de 2008, reformulada em 04 de março do mesmo ano.
O artigo ora apresentado abordará o surgimento do NASF e a atuação do Serviço
Social no núcleo.
A motivação pelo tema surge pelas experiências vivenciadas em uma das ESF do
município de Ponte Nova-MG, em que a autora esteve alocada durante dois anos (2009-
2011), acompanhando assim, a implantação do NASF.
A fim de alcançar os objetivos nos quais este estudo se propôs, o artigo foi dividido
em momentos que resgatam o processo histórico da Saúde Pública no Brasil, até o
surgimento de mais um campo de trabalho para o Assistente Social.
1923, que regulamentou a criação das Caixas de Aposentadoria e Pensões, apontada como
sendo o momento inicial da responsabilização do Estado pela regulação da concessão de
benefícios e serviços, especialmente da assistência médica.
Ainda segundo Lima, et al (2005) as epidemias neste período eram muito presentes,
é neste contexto que o movimento de Reforma Sanitária emerge no Brasil durante a
Primeira República, sob a liderança da nova geração de médicos higienistas, que adotavam
como ações as campanhas de saúde pública urbanas e também nas áreas rurais, já que o
Brasil era predominantemente rural.
O movimento sanitarista da Primeira República atingiu importantes resultados, com
implicações institucionais imediatas e papel efetivo no processo de expansão da autoridade
estatal sobre o território, nos anos de 1910 e 1920, ao mesmo tempo em que criavam as
bases para a formação da burocracia em saúde pública, algo que se tornou realidade após
1930.
Passado o período da República Velha, chegamos à Era Vargas que foi marcada pelas
políticas sociais no Brasil, pela instabilidade e disputas políticas, refletindo na área de saúde
pública.
De acordo com Lima, et al (2005) no período do Governo Provisório (1930-1934)
houve uma grande instabilidade política, marcada pela diversidade de interesses na disputa
por maior influência no governo federal. As ações de saúde nesta época foram marcadas
pela dualidade entre duas áreas de gestão em políticas públicas de saúde, que formalizava
uma separação entre o Ministério do Trabalho Indústria e Comércio (MTIC), destinado aos
inseridos no mercado formal de trabalho e do outro lado o Ministério de Educação e Saúde
Pública (MESP) que não se encontrava na área de abrangência da medicina previdenciária.
Ainda de acordo com Lima, et al (2005) ao longo dos anos, foram criados novos
órgãos e reformulados os que já existiam, fortalecendo-se uma estrutura centralizada e
hierárquica com o objetivo de estabelecer mecanismos para normatizar e controlar a
execução das atividades de saúde em todo o Brasil.
No entanto, nos anos seguintes o formato centralizado de gestão começou a ser
questionado sobre o perfil das politicas públicas de saúde brasileira.
Em 1945, com a queda de Vargas, a eleição de Eurico Gaspar Dutra e a promulgação
de uma nova Constituição em 1946, o país inicia um período de experiência democrática.
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Ainda que com limites, os rumos da saúde pública e da assistência médica foram
debatidos e decididos, pela primeira vez, em um ambiente mais democrático,
caracterizado por disputas político-partidárias, eleições livres, funcionamento dos
poderes republicanos, liberdade de imprensa e organização e demandas por
direitos e incorporação. (LIMA, Nísia Trindade. et al, 2005, p.46).
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A gênese das conferências de Saúde precede da Lei Orgânica da Saúde em 1990. Instituídas pela lei n°
378, de 13 de janeiro de 1937, elas tinham como principal objetivo propiciar a articulação do governo federal
com os governos estaduais, dotando-o de informações para formulação de políticas, para a concessão de auxílios
e subvenções financeiras. (Giovanella, Ligia. et al,2008,p.436).
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Para Giovanella, et al (2008) esses modelos que predominam no país não têm
contemplado nos seus fundamentos o princípio da integralidade: ou estão voltados para a
demanda espontânea (modelo médico hegemônico) ou buscam atender necessidades que
nem sempre se expressam em demanda (modelo sanitarista).
Como integrantes do modelo médico hegemônico, podem ser citados:
- Modelo médico assistencial privatista que representa a versão mais conhecida do
modelo hegemônico. É centrado na clínica, voltado para o atendimento da demanda
espontânea e baseado em procedimentos e serviços especializados. “Seu objeto tem sido
identificado como a doença ou o doente; seu agente, o médico, sobretudo o especialista,
complementado pelos paramédicos; seus meios de trabalho são as tecnologias médicas; e as
formas de organização são as redes de serviços, com destaque para os hospitais”
(Giovanella. et al, 2008 apud Teixeira, 2002, p.556).
- Modelo da atenção gerenciada que segundo Giovanella, et al (2008) excetuando-se
o estímulo ao consumismo médico e o privilégio da medicina curativista (pois a prevenção
pode baixar custos e aumentar lucros dos chamados planos de saúde), o modelo da atenção
gerenciada preserva as demais características do modelo medico-hegemônico, mas dirige-
se, para a contenção da demanda e o racionamento ou a racionalização dos procedimentos
e serviços especializados.
Já o modelo sanitarista pode ser reconhecido também como predominante no Brasil
no que se refere às formas de intervenção sobre problemas e necessidades de saúde
adotadas pela saúde pública convencional, embora se apresente como subalterno em
relação ao modelo médico hegemônico.
Como integrantes do modelo sanitarista, podem ser citados:
- Campanhas sanitárias e programas especiais que se fundamenta nas disciplinas
biológicas (microbiologia, parasitologia, entomologia, virologia, toxicologia, imunologia, etc.)
e na epidemiologia. “Concentra-se a sua atuação em certos agravos e riscos ou em
determinados grupos populacionais, deixando de se preocupar com os determinantes mais
gerais da situação de saúde” (Giovanella. et al, 2008, p. 558).
No entanto, esse modelo está presente no contexto da saúde brasileira desde as
primeiras intervenções do Estado na política de saúde.
Por fim, o modelo de medicina comunitária, que surge nos Estados Unidos com o
objetivo de se buscar a racionalização para os serviços de saúde, enfatizando-se a
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De acordo com o Caderno de Atenção Básica nº 27, o assistente social no NASF tem
como um dos objetivos desenvolver ações que garantam a escuta e acolhida dos usuários,
que contribua e incentive no processo de fortalecimento da autonomia e da organização
pessoal do usuário, entre outros. No entanto faz-se necessário ressaltar que toda ação deve
ser desenvolvida de forma interdisciplinar e integrada com os demais profissionais das
equipes, partindo de um conhecimento aprofundado do território de abrangência, de seu
perfil epidemiológico, do mapeamento das situações e áreas de maior risco.
Além disso, princípios e diretrizes da portaria nº154 devem ser levados em
consideração como a intersetorialidade, que deve permitir uma articulação entre sujeitos de
setores sociais diversos e, portanto, de saberes, poderes, vontades; e a integralidade que
pode ser considerado como a principal diretriz do NASF e que poderá contribuir na
organização do processo de trabalho, de forma a afastar o risco da fragmentação.
Além disso, as ações do assistente social no núcleo devem promover o
desenvolvimento de toda comunidade, fortalecendo os espaços sociais, comunitários e
locais em geral, percebidos através de conselhos e conferências.
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7-Considerações finais
REFERÊNCIAS
ANDRADE, Lucas Melo Biondi et al. Análise da implantação dos Núcleos de Apoio à Saúde da
Família no interior de Santa Catarina. Rev. Saúde e Transformação, Florianópolis, v.3, n.1,
p.18-31, 2012. Disponível em: <
http://periodicos.incubadora.ufsc.br/index.php/saudeetransformacao/article/view/1471>
Acesso em 30 de set.2012.
BRASIL. Diário Oficial da União. Lei 8142/90. Dispõe sobre a participação da comunidade na
gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamentais de
recursos financeiros na área da saúde e dá outras providências. Brasília DF, 28 de dezembro
de 1990.
BRASIL. Diário Oficial da União. Lei nº 8080/90. Dispõe sobre as condições para promoção,
proteção e recuperação da saúde, a organização e o financiamento dos serviços
correspondentes e da outras providências. Brasília DF, 19 de setembro de 1990.
BRASIL. Ministério da Saúde. Cadernos de Atenção Básica. Brasília DF: Ministério da Saúde,
2010.
BRASIL. Portaria GM/MS nº 154/08. Cria os Núcleos de Apoio à Saúde da Família. Brasília,
DF, 24 de janeiro de 2008.
BRASIL. Portaria GM/MS nº 648/2006. Institui a Política Nacional de Atenção Básica. Brasília,
DF, 28 de março de 2006.
GIOVANELLA, Ligia et al. Políticas e Sistemas de Saúde no Brasil. Rio de Janeiro: Ed. Fiocruz,
2008.
LIMA, Nísia Trindade. et al (Orgs). Saúde e democracia: história e perspectivas do SUS. Rio de
Janeiro: Ed. Fiocruz, 2005.
NETTO. José Paulo; CARVALHO. Maria do Carmo Brant. Cotidiano: conhecimento e crítica.
São Paulo: Ed. Cortez, 2012.
Parâmetros para Atuação de Assistentes Sociais na Política de Saúde. CFESS, Brasília, 2010.