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TEMA:

O IMEDIATISMO: UM CONTACTO COM AQUI E AGORA

DOCENTE: HELGA AGUIAR

UNIDADE CURRICULAR: RELAÇÃO


DE AJUDA EM ENFERMAGEM

DISCENTES: ADOSINDA DADA Nº 74

JAILSON SACRAMENTO Nº102

SÃO TOME; JANEIRO 2022


ÍNDICE

INTRODUÇÃO.................................................................................................................5

CONCEITO DE RELAÇÃO DE AJUDA........................................................................6

PRESSUPOSTOS PARA CONCEPÇÃO DA RELAÇÃO..............................................7

ELEMENTOS NECESSÁRIOS PARA QUE OCORRA A RELAÇÃO.........................7

ACONSELHAMENTO NA RELAÇÃO DE AJUDA......................................................8

FASES DA RELAÇÃO DE AJUDA................................................................................9

A LEI DE BASE DA SAÚDE........................................................................................10

UM CONTACTO COM AQUI E AGORA....................................................................10

OS OBJECTIVOS A ALCANÇAR PELA UTILIZAÇÃO DO IMEDIATISMO.........11

OS MEIOS DE UTILIZAR O IMEDIATISMO.............................................................12

CONCLUSÃO.................................................................................................................14

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................15

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RESUMO

O imediatismo trata-se de uma atenção sustentada do prestador ou


da prestadora de ajuda no momento presente que a leva a estar alerta para o
que vive a pessoa ajudada no imediato, o que se passa na relação que as
une. Ela torna-se também uma compreensão profunda e directa da
experiência da pessoa no decurso da entrevista. O imediatismo pode
também tomar a forma de uma reflexão comum da prestadora de ajuda e da
pessoa ajudada sobre a relação que os une, sobre o caminho percorrido,
sobre o clima da relação, sobre a progressão da pessoa ajudada, sobre as
emoções mutuamente partilhadas.

Palavras-chave: atenção sustentada do prestador, momento


presente, compreensão profunda e directa, reflexão comum.

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INTRODUÇÃO

O imediatismo proveniente da expressão de língua francesa


“immediatité” quer dizer qualidade do que é imediato. Existem dois termos
que designam esta qualidade: imediação e imediatismo. O primeiro parece
ter mais sentido de contiguidade e o segundo o de maneira de proceder sem
grande exame, «tendência para a simplificação na maneira de proceder,
dispensando mediações, rodeios, carácter do que é imediato» (dic. Houaiss,
2003, pág.2043).

O imediatismo é portanto uma atenção prestada ao momento


presente, ao que se passa durante a entrevista, à qualidade da relação que se
cria, ao grau de confiança manifestada, à circulação da informação, à
autenticidade do comportamento da pessoa que ajuda, à expressão da sua
empatia, à capacidade da pessoa ajudada de explorar ela própria o seu
comportamento, a sua motivação, aos resultados obtidos por esta
intervenção. O imediatismo coloca primeiro a tónica na qualidade da
relação e, em seguida, na sua eficácia. Mas esta habilidade de situar-se no
imediatismo permite ir ainda mais longe. Pela sua atenção sobre o
momento presente, a enfermeira capta as reacções da pessoa no momento,
as emoções que fazem nascer nela a relação de ajuda e as
interacções que ali se produzem. Esta habilidade torna-se, por assim dizer,
uma forma de compreensão profunda e imediatamente explorável do clima
da relação. Existe, portanto, uma ligação íntima entre o imediatismo e a
empatia. O imediatismo sendo sobretudo compreensão do clima relacional
e das emoções da pessoa no momento, e a empatia, a compreensão do
sofrimento da pessoa a respeito da sua situação existencial.

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CONCEITO DE RELAÇÃO DE AJUDA

Do conceito rogeriano de Relação de ajuda ressalta, entre outros


aspectos, a dimensão não directiva do tipo de ajuda que é prestada ao
sujeito que dela necessita. Ou seja, se em momentos anteriores, a relação de
ajuda era entendida como “mostrar o caminho certo”, com tudo o que há de

discutível acerca do que é o caminho certo e para quem é que ele é certo,
no seguimento da visão de Rogers (1980), a relação de ajuda é uma relação
não directiva, colaborativa, assente em princípios de valorização da pessoa
do outro e de crença nas suas potencialidades para resolver, de forma
autónoma, os seus problemas.

“A relação de ajuda pressupõe a existência de um elo de ligação enfermeiro/utente,


implicando a presença do enfermeiro junto do utente. Cuidar e ajudar caminham juntos
numa relação interpessoal – Relação de ajuda, á volta da qual se desenvolvem os
cuidados de enfermagem. O enfermeiro deve aprender a ajudar através de atitudes e
habilidades essenciais nunca procurando impor-se, interpretar ou julgar, respeitando o
“princípio da não-directividade” sobre o qual assenta a relação de ajuda. Por isso não
basta a boa vontade, é necessário um grande trabalho de desenvolvimento pessoal. Uma
relação de ajuda implica um envolvimento sensorial, intelectual e emotivo, constante.”

Esta relação não deve, sob hipótese alguma, ser vista como uma
relação na qual existe um sujeito mais forte, que ajuda, e um sujeito mais
fraco, que é ajudado. Estamos, antes, perante uma situação na qual ambos
os intervenientes desempenham papéis igualmente fulcrais: um, o que
ajuda, pela função facilitadora e potenciadora de desenvolvimento que

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assume, o outro, o que é ajudado, por ser portador do que é fundamental
para o sucesso da relação de ajuda, da “terapia”.

Nós, enquanto seres profissionais (enfermeiros), implementamos


relações de ajuda a vários níveis, que vamos desenvolvendo de
forma mais ou menos espontânea, buscando sempre a melhoria de uma
determinada situação, ou a resolução de um problema que afecta alguém.
Ao longo da nossa vida, vemo-nos assumir diferentes papéis, ora de
ajudantes, ora de ajudados, numa mudança contínua, sujeita às
determinações das condicionantes de vida que, ora nos colocam em
situação de ajudar o outro, ora nos levam a aceitar a palavra e a mão de
alguém que nos pode fazer crescer, desta forma, podemos dizer que este
conceito avançado por Rogers (1980) congrega os pressupostos patentes
nos Princípios da Pessoalidade, da Consciencialização e da Auto-
implicação do sujeito, uma vez que se pressupõe que a pessoa que ajuda dá
prioridade máxima à pessoa é ajudado, respeitando-o, escutando-o e
apoiando-o com humanidade; assumindo que o ajudado, com o decurso da
relação, se vai consciencializando da situação que o envolve, das soluções
que se afiguram e dos meios que dispõe para pôr em marcha o processo de
resolução do problema que o afecta.

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PRESSUPOSTOS PARA CONCEPÇÃO DA RELAÇÃO

Neste sentido, não podemos conceber a relação de ajuda sem a


componente do saber escutar a voz do outro, saber observar o outro nas
suas imensas facetas, e saber reflectir para poder, de forma sustentada,
ajudar o outro na sua caminhada para a autonomia.

ELEMENTOS NECESSÁRIOS PARA QUE OCORRA A RELAÇÃO

Para que ocorra relação, o enfermeiro deve facilitar, através de


alguns pressupostos básicos, um processo auto directivo. Tavares (1996)
refere que a relação de ajuda permite que se entre realmente no interior das
pessoas, sentindo-as, compreendendo-as no seu âmago, respeitando-as e
amando-as.

ACONSELHAMENTO NA RELAÇÃO DE AJUDA

A multidimensionalidade das relações interpessoais confere-lhe


determinadas características e particularidades. As características de uma
relação de ajuda fazem com que esta seja entendida como uma relação em
que um dos indivíduos procura promover no outro o crescimento, o
desenvolvimento, a maturidade, a capacidade de enfrentar a vida (Rogers,
1984). É uma relação onde o “estar com”, “estar presente”(Abdelmalek &
Gérard, 1995, p.76), a caracteriza. Os pressupostos e elementos para que
ocorra a relação, criam nestas ocasiões a existência de um espírito de
confiança, compreensão e segurança, condições que proporcionam o
processo de mudança, de aceitação e de crescimento. Ou seja, uma relação

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não directiva, onde a pessoa que ajuda não procura dar conselhos, fazer
julgamentos, fazer incitações directas ou sugerir soluções para o problema.
O enfermeiro serve de “espelho”, onde o utente (pessoa ajudada) vê
reflectida a sua imagem, proporcionando-lhe a reflexão sobre si mesma, a
descobrir dentro de si a resposta ou a solução que, naquele momento é a
melhor para ele. O aconselhamento directo e preciso por parte do
enfermeiro, conduz ou guia a pessoa que é ajudada em função daquilo que
o enfermeiro acha ser o melhor para ele, dirige, escolhe os aspectos a
analisar, investiga as suas causas e formula possíveis soluções e estratégias
de acção, fazendo com que o indivíduo se adapte ao meio pela superação
da dificuldade. Esta relação centra-se na pessoa e não no problema,
existindo uma confiança autêntica nas suas capacidades. A experiência de
um clima de aceitação plena e de interesse por si, como pessoa, permite o
destroçar de defesas e assumir-se como realmente é. Nesta atitude de
respeito, a pessoa que ajuda (enfermeiro) abstém-se de sugerir, orientar,
interpretar ou fazer julgamentos, procurando criar um ambiente de
confiança propício à total liberdade para a expressão de sentimentos e
vivências pessoais.

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FASES DA RELAÇÃO DE AJUDA

Phaneuf (1995) refere-se a este processo constituído pela fase da


preparação da pessoa que ajuda, a fase de exploração da relação e o
fim da relação.

I. A fase de preparação da pessoa que ajuda: caracteriza-se


pela informação sobre a pessoa ajudada, seu quadro
conceptual, sentimentos, crenças, valores, objectivos, ou
seja, conhecer o outro tal qual ele é.

II. A fase de exploração da relação: exploração e tomada de


consciência do vivido, por parte do ajudado, de modo a
que se processe a aceitação, a melhor adaptação, mudança
de comportamento, evolução para um melhor bem-estar e
para a autonomia. Isto é, criar as condições para que a
própria pessoa aprenda a adaptar-se, conviver e ultrapassar
os seus problemas e dificuldades.

III. Fim da relação: atingido este patamar de autonomia, de


aceitação ou de mudança, considera-se atingido o objectivo
da relação e, consequentemente, o seu fim.

A LEI DE BASE DA SAÚDE

Lei nº 48/90 de 24 de Agosto, na base V, “ Os cidadãos são os primeiros


responsáveis pela sua própria saúde, individual e colectiva, tendo o dever
de a defender e promover”

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Isto quer dizer que não nos podemos esquecer que a autonomia do
doente não significa que ele seja obrigado a tomar as decisões sempre
sozinho, mas sim ter o poder de escolher quando as quer tomar ou não,
previamente esclarecido.

UM CONTACTO COM AQUI E AGORA

A importância da interacção enfermeira/doente


 Pearson (1992) diz: “o profissional opera como um parceiro em

exercício com o cliente e não como um dirigente do exercício para,


em vez de, ou junto do doente”; “ o profissional tem de partilhar o
que sabe com o doente, em vez de guarda os seus conhecimentos e
dizer ao doente o que deve fazer” “a parceria requer ainda que a Enfª
complete a própria unicidade do doente e adapte os conhecimentos á
capacidade e necessidades do doente e os transmita de modo que
ambos possam elaborar um plano de acção”

 Bennet (1980) escreve: “Quando as enfermeiras debatem o auto-


cuidado, devem lembrar-se que os indivíduos, querem participar
activamente no processo de tomadas de decisão. Os doentes recusam
o papel de recipientes passivos em que as decisões são feitas pela
enfermeira, independentemente do input do doente.

OS OBJECTIVOS A ALCANÇAR PELA UTILIZAÇÃO DO IMEDIATISMO

A enfermeira que utiliza o imediatismo pode ter em vista vários objectivos:

1. Estar atenta às reacções da pessoa no momento presente: esta


atitude permite compreender como vive a pessoa a relação de ajuda.

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2. Levar mais transparência à relação que a une à pessoa ajudada:
pela observação e o questionamento, a enfermeira procura saber o
que se passa na relação que a une à pessoa ajudada. O clima é
favorável à expressão da pessoa ajudada? Esta sente-se à vontade
nesta relação? Será que há progressão? Senão, porquê?

3. Corrigir uma relação que estagna: o imediatismo é útil sobretudo


quando uma relação de longa duração não evolui. Pela sua habilidade
para explorar o imediatismo, a pessoa que ajuda procura as razöes
desta estagnação e pode assim introduzir as correcções que se
impõem

4. Praticar a autocrítica: a sua observação do que se passa no decurso


da entrevista de ajuda permite-lhe descobrir se é muito directiva com
a pessoa ajudada, se a sua maneira de fazer aborrece a pessoa ou se
esta a julga ineficaz.

5. Descobrir as mudanças a introduzir na sua forma de fazer: a


resposta da pessoa às questões da prestadora de ajuda permite a esta
última saber que mudanças deverá introduzir na sua forma de fazer.

6. Interrogar-se sobre as reacções de transferência e de


contratransferência: numa relação de ajuda surgem por vezes
emoções de vinculação ou de desagrado que é importante analisar.

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7. Tomar decisões a respeito da relação: a reflexão comum da

prestadora de ajuda e da pessoa ajudada pode permitir descobrir que


é importante para a que ajuda modificar a sua maneira de fazer, que a
pessoa ajudada está prestes a voar com as suas próprias asas ou que a
relação deverá acabar. Pode também permitir descobrir à prestadora
de ajuda que já não corresponde às necessidades da pessoa
ajudada, que se produziram reacções de transferência ou de
contratransferência e que deverá pedir a uma outra interveniente para
se encarregar da relação.

OS MEIOS DE UTILIZAR O IMEDIATISMO

Existem diferentes meios de aplicar esta habilidade:


Utilizar confrontação: a enfermeira pode, por exemplo, declarar: «Diz-me
que está motivada, mas a sua falta de atenção e de implicação na nossa
reflexão mostra-me um pouco o contrário».

Recorrer ao questionamento, por exemplo: «Deverei pensar que a sua


falta de atenção provém da fadiga física ou do aborrecimento que lhe
provoca este encontro?»

Manifestar empatia: por exemplo: «Diz sentir-se limitada por esta


relação. Compreendo que esta seja desagradável, sobretudo agora que está
prestes a voar com as suas próprias asas, Penso que o que lhe digo a
perturba», «Será que as minhas questões a irritam?», «Penso que não gosta
que lhe falem da sua mãe, não é?»

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Validar as suas impressões: por exemplo: «Corrija-me se me engano, mas
penso que esta relação a aborrece», «Posso pensar que esperava outra coisa
de mim?» «Da maneira como compreendo as coisas, considera que
andamos à roda?»

Proceder a uma síntese do que foi dito no decurso da entrevista: por


exemplo: «Se bem compreendi, queria dizer-me que vê as coisas de uma
outra maneira, que gostaria que eu aceitasse o seu ponto de vista e que não
pusesse os seus valores em questão, que eu a ajudasse simplesmente a fazer
o ponto, sem mais»

Utilizar a revelação de si: a pessoa que ajuda pode, por exemplo, dizer à
pessoa ajudada: «Não me sinto bem nesta relação, porque tenho a
impressão que não aprecia a minha forma de fazer»

Utilizar a autenticidade: por exemplo: «Já me disse que não gosta de


mulheres, que preferiria os comportamentos directos dos homens. Eu
inquieto-me, será que isso também vale para mim?»

Utilizar a cadeira vazia ou o jogo de papéis: para fazer falar a pessoa


sobre o que ela pensa da sua relação com a enfermeira, estas estratégias
podem ser úteis. Num jogo da cadeira vazia, a pessoa ajudada imagina que
a que ajuda ocupa esta cadeira e que lhe diz o que pensa desta relação. No
jogo de papéis, a enfermeira sugere-lhe que imagine que é a que ajuda e
pede-lhe o que diria ou faria então.
CONCLUSÃO

Mediante a elaboração do presente trabalho, vimos que os tratamentos sem

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uma boa relação de ajuda (de natureza terapêutica) podem ser prejudiciais,
apesar de aparentemente estar cada vez mais interiorizado na mente dos
enfermeiros, a importância da relação enfermeiro / utente, há ainda um
grande trabalho a fazer (importante o papel das escolas) para que a relação
de ajuda como técnica fundamental no exercício de enfermagem se
implante definitivamente. E que as questões mais comuns de se fazer numa
relação de imediatismo, são as seguintes: «O que se passa entre mim e a
pessoa ajudada no decurso da entrevista? Como se vive esta relação no aqui
e agora? Onde vamos nós desta maneira?»

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Hélder António Henriques Marques, A relação de ajuda e o cuidar em


enfermagem, (helder@ordemenfermeiros.pt)

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João Filipe Fernando Lindo Simões, Maria José Fonseca, Ana Paula Belo,
relação de ajuda: horizontes de existência, artigo, revista referência 11ª
serie – nº 3 – Dez.2006

Margot Phaneuf, comunicação, entrevista, relação de ajuda e validação,


cáp.8; págs: 372 à 376, Edições Técnicas e Cientificas, Lda.

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