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ISBN: 978—85-7241-675-7
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CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL Dos EDITORES DE LIVROS, RJ.
S715m
Inclui bibliografiª
ISBN: 978—85—7241-675-7
2008
Impresso no Brasil
Printed In Brazil
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-
I
Co-organizador p
i“
Colaboradores
Alberto E. Irion. Chefe do Serviço de Cirurgia Pediá- Cristina Cecconi. Enfermeira Responsável pelo Blo-
trica do Hospital Italiano de Buenos Aires, Argentina. co Cirúrgico do Hospital da Criança Conceição, Porto
Alegre-RS.
Aline Hªnauer. Cirurgiã Pediátrica. Mestre em Cirur-
gia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Elinês Oliva Maciel. Chefe do Serviço de Cirurgia
Ex—residente de Cirurgia Pediátrica do Hospital da Criança
Conceição, Porto Alegre—RS.
Anaelí Brandelli Peruzzo. do Hospital da
Enfermeira
Pediátrica do Hospital São Lucas da Pontifícia Univer-
sidade Católica do Rio Grande do Sul. Cirurgiã Pediá-
trica do Hospital da Criança Conceição, Porto Alegre-RS.
w r “ -,. ( ”
Professora Adjunta do Departamento de Cirurgia Pediátrica
Criança Conceição, Porto Alegre-RS. Professora de
Administração de Enfermagem e Formação Pedagógica da Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade
para Profissionais de Saúde na Área de Enfermagem. Católica do Rio Grande do Sul. Mestre em Medicina
Especialista em Enfermagem Matema-infanto—juvenil. pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do
Sul. Doutoranda da Pós-graduação em Cirurgia pela
Carlos André T. Gandara. Cirurgião Pediátrico do Hospi-
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.
tal Medianeira. Caxias do Sul-RS. Mestre em Cirurgia
pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Ex-re- Francisco Nicanor Araruna Macedo. Chefe do Servi—
sidente de Cirurgia Pediátrica do Hospital São Lucas da ço de Cirurgia Pediátrica do Hospital Municipal Jesus,
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.
Rio de Janeiro-RJ. Professor Adjunto da Disciplina de
Clóvis Cârnara Zimmer. Anestesiologista da Clínica Clínica Cirúrgica da Criança e do Adolescente da Uni-
Médicos Anestesiologistas Reunidos. Anestesiologista versidade do Grande Rio. Mestre em Saúde da Criança
do Hospital da Criança Conceição. Porto Alegre—RS. pela Fundação Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro.
VIII II Colaboradores
Gerardo Boscarino. Chefe do Serviço de Emergências Lily Chin-Peuquert. Enfermeira da Divisão de Urologia
do Hospital da Criança Jesus, São Miguel do Tucumán, do Montreal Children's Hospital da Universidadede McGill,
Argentina. Montreal, Canadá.
Hady El-Shaeb. Estudante de Medicina da Universi- Mário Rafael Carbonera. Cirurgião Pediátrico do Hospital
dade de McGill, Montreal, Canadá. de Criança Conceição, Porto Alegre—RS.
João Alberto P. Grimm. Cirurgião Pediátrico do Hos- Mohamed 'l‘awfik El—Sherbiny. Conferencista de Urologia
pital da Criança Conceição, Porto Alegre-RS. Pediátrica do Centro de Urologia e Nefrologia da Uni-
versidade de Mansoura, Egito. Professor Assistente da
João Vicente Bassols. Diretor e Instrutor dos Cursos Divisão de Urologia do Montreal Children’s Hospital
ATLS, PHTLS e AITP. Preceptor das Residências de da Universidade de McGill, Montreal, Canadá.
Cirurgia Geral e de Trauma do Hospital de Pronto-So-
corro Municipal de Porto Alegre e de Cirurgia Pediátri- Peter T. K. Chan. Professor Assistente da Divisão de
ca do Hospital da Criança Conceição, Porto Alegre-RS. Urologia do Montreal Children's Hospital da Universi-
Mestre em Cirurgia pela Universidade Federal do Rio dade de McGill, Montreal. Canadá.
Grande do Sul. Philippe E. Spiess. Residente de Urologia, Divisão de
Urologia do Montreal Children's Hospital da Universi-
Jordan Steinberg. Residente de Urologia, Divisão de
Urologia do Montreal Children's Hospital da Universi- dade de McGill, Montreal, Canadár'
dade de McGill, Montreal, Canadá. Roman Jednak. Professor Assistente e Chefe da Divi—
são de Urologia do Montreal Children's Hospital da
José Carlos Soares Fragª. Professor Adjunto de Cirur-
gia Pediátrica da Faculdade de Medicina da Universidade Universidade de McGill, Montreal, Canadá.
Federal do Rio Grande do Sul. Chefe do Serviço de Ci— Vitor Hugo Galli. Anestesiologista da Clínica Médi-
rurgia Pediátrica e Cirurgião do Setor de Cirurgia Torácica cos Anestesiologistas Reunidos. Anestesiologista do Hos-
Infantil do Hospital de Clínicas de Porto Alegre-RS. pital da Criança Conceição, Porto Alegre' RS.
Prefácio
Seção 1
Geral
1 Hidratação Parenteral
2 Nutrição Parenteral Total
3 Avaliação e Preparo Pré-operatório do Paciente Pediátrico. I3
no_ Paciente Pediátrico
......................................
4 Analgesia Pós-operatória 18
5 Analgesia e Sedação para Procedimentos Dolorosos
22
6 Infecções em Cirurgia Pediátrica
24
7 Infecções dos Tecidos Moles e Ferimentos 29
8 Acesso Vascular 40
9 Acessos para Diálise 45
10 Traqueostomia 48
11 Preparo do Recém—nascido para a Cirurgia 51
Seção 2
Tumores
12 Tumores Renais Primários 57
13 Neuroblastoma 73
14 Rabdomiossarcoma 83
15 Rabdomiossarcoma Geniturinário 90
16 Tumores Benignos do Fígado 94
17 Tumores Malignos do Fígado 102
18 Linfoma Abdominal Não—Hodgkin 111
19 Teratomas 116
20 Carcinoma de Tireóide 123
21 Tumores do Testiculo 127
22 Tumores Neoplásicos de Ovário na Criança e na Adolescente ............................................................ 134
23 Tumores Adrenocorticais 142
Seção 3
Trauma
24 Atendimento Inicial do Politraumatízado 149
25 Mecanismos do Trauma Pediátrico 157
26 Trauma Pediátrico 162
Seção 4 .v
Cabeça e Pescoço
27 Lesões da Região Pronto-nasal 169
Xll I
Indice
Seção 5 "“
Tórax
35 obstruções da Laringe e da Traquéia 201
36 Anéis e Fitas Vasculares 18% 210
37 Persistência do Canal Arterial no Recém-nascido '' 216
38 Cisto Broncogênico ' 219
39 Enfisema Lobar Congênito 221
40 Malformação Adenomatóide Cística de Pulmão 224
41 Seqúestração Pulmonar 232
42 Quilotórax 236
43 Pneumotórax 240
44 Empiema Pleural 244
45 Abscesso Pulmonar 248
46 Bronquiectasias 'Á 250
47 " " ”' inais ~ 253
Seção 6 '.
Esôfago A. ‘
48 Disfagia Orofarlngea
. I" ӻ;
..
ª “ 259
49 Atresia de Esôfago ' 262
50 Estenose Congênita de Esôfago . 275
' _ '“
51 Acalásia ' 277
52 Lesões Cáustícas do Trato Gastrointestinal 279
53 Refluxo Gastroesofágico , 284
54 Fundoplicatura 291
55 Ingestão de Corpo Estranho 296
Seção 7
Diafragma
56 Hérnia Díafragmátíca Congênita 301
57 Hérnia Diafragmática de Morgagni 313
58 Eventração Diafragmática 315
Seção 8' ,
Parede Abdominal
59 Hérnia lnguinal - 321
N
Indice l Xlll
Seção 9
Trato Gastrointestinal
64 Estenose Hipertrófica de Píloro 345
65 Obstrução Congênita Antral e Pilórica 351
66 Úlcera Péptíca
67 NecroselPerfuração Gástrica Neonatal
68 Sangramento Gastrointestinal
69 Atresia de Duodeno
70 Má Rotação Intestinal
71 Atresias Jejunoileais 371
72 Íleo Meconial 375
73 Peritonite Meconial 380
74 Atresia de Cólon 382
75 Enterocolite Necrosante
76 Perfuração Intestinal Espontânea Idiopática 398
77 Síndrome do Intestino Curto 400
78 Anomalias Anorretais 407
79 Colostomia na Anomalia Anorretal 418
80 Malformações do Sistema Neuroentérico 421
81 Constipação Intestinal 444
82 Doença Polipóide do Trato Gastrointestinal 448
83 Enteropatia Neutropénica 456
Ar
Seção 10
Fígado, Vias Biliares, Raça e Pâncreas
98 Atresia de Vias Biliares 523
XIV I
Indice
530
.......................................
99 Cistoode Çolédoco
100 Perfuração Espontânea de Via Biliar Extra~hepética 535
538
101 Doenças da Vesícula Biliar 540
102 Abscesso Hepático Piogênico
103 Ascaridlase Hepatobiliar e Pancreática 543
Seção 11
Trato Geniturinário
108 circuncisão
561
1 09 Parafimose 565
110 Hipospádia 567
111 Priapismo em Anemia Falciforme 572
112 Estenose dd“ Meato Uretral 575
113 Criptorquidia 576
114 Escroto Agudo 583
115 Lesões Císticas de Testiculo 590
593
1.16 Sinéquia de Pequenos Lábios
117 Massas Interlabiais ~ 595
118 Hidrocolpos e Hidrometrocolpos 598
119 Cisto de' ºvário Fetal e na Lactente 601
120 Cisto de Ovário na Pré—Menarca 605
121 lntersexo 607
122 Extrofia de Bexiga 613
123 de Cloaca
Extrofia 617
Seção 12
Tecidos Moles e Vasos Sangiiíneos
135 Hemangiomas 683
136 Higroma Cistico 693
indice XV
137 Polidactilia
698
138 Sindactilia
701
139 Síndrome da Constrição Anelar Congênita
704
140 Principais Cistos e Tumores Benignos dos Tecidos Moles
706
141 Seio Pilonidal
710
Seção 13
Orientações de Enfermagem
142 Criança Estomizada
715
143 Enfermagem Urológica
718
”a"
ll
1-
Geral
Hidratação Parenteral ...... ...........................
. .. 3
Nutrição Parenteral Total .................. . .7
Avaliação e Preparo Pré-operatório do Paciente Pediátrico ........ 13
l — N W h.
Analgesia Pós-operatória no Paciente Pediátrico .................. 18
Analgesia e Sedação para Procedimentos Dolorosos ...............
22
Infecções em Cirurgia Pediátrica ................................24
infecções dos Tecidos Moles e Ferimentos ........................ 29
Acesso Vascular ..................................... . 40
Acessos para .
Diálise ........ 45
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Traqueostomia ............................................... 48
....................... 51
.t Preparo do Recém-nascido para a Cirurgia
A
1-\
.
l
Hidratação Parenteral I
3'
Potássio 3Qz-\ a
'n,
MANUTENÇÃO ºutros
Se o jejum pós—operatório for prolongado, pensar em
"8608311131105 Ilírlrioas acrescentar cálcio (1 a 2mEq/kg/dia). magnésio (0,5mqu
Corresponde à restituição das perdas fisiológicas de kg/dia), vitaminas (B e C) e aminoácidos. Nos RN e
água e eletrólitos. É estimado o gasto de lmL de água desnutridos com NPO >72h, deve ser instituída a nutrição
para cada caloria metabolizada (Tabela 1.1). parenteral total (NPT).
O recém nascido (RN) a termo com mais de 2.500g
necessita, no lº dia, de 60mL/kg/dia de manutenção.
A essa quantidade vai sendo adicionado IOmL/kg/dia nuallrlallo rias Soluções de l'ilanutonção
até atingir 100mL/kg/dia. O RN prematuro (entre 1.500 No 1º dia, é aconselhável solução de glicose a 5 a 10%.
e 2.500g) necessita, no lº dia, de 80mL/kg/dia e a sem eletrólitos.
essa quantidade vai sendo acrescido 10mL/kg/dia até O RN prematuro (principalmente aquele com
atingir a quantidade de 120mL/kg/dia. 0 RN de muito < 1.000g) é menos tolerante a infusão de glicose. In—
baixo peso (< 1.500g) necessita, no lº dia, de 90mL/ fundir 4 a 6mg/kg/dia como necessidade basica. Ver
kg/dia e a essa quantidade vai sendo adicionado IOmng/ Capítulo 2.
dia até atingir lSOmL/kg/dia.
Modificações Ila Solução Padrão
"0003511111003 Eletrnlmcas Fatores que afetam as perdas insensíveis:
Sódio I Febre persistente: acrescentar 12% da manuten-
ção para cada grau eentígrado acima de 37°.
Iniciar no 2º dia de vida. No RN a termo e estável, I SudoreSe: acrescentar 20% da manutenção.
a necessidade é de 2mEq/kg/dia (soro glicoiisiológico lIpcubadora com umidificação de 50%: diminuir
6:1). Após a lª semana, a necessidade aumenta para
3mEq/kg/dia. Nos prematuros acima de 32 semanas 30a 50% da manutenção.
I Ventilação mecânica: diminuir 30% da manutenção.
de vida, a necessidade é de 3mEq/kg/dia (soro glico-
fisiológico S:1). Nos prematuros com menos de 32
IAquecedor
radiante: acrescentar 50 a 100% da
manutenção.
semanas de Vida e nos RN a termo criticamente doentes, IFototerapia: acrescentar 30 a 50% damanuteneao.
a necessidade é de 4 a SmEq/kg/dia (soro glicofrsiológico
4: 1) nas duas primeiras semanas pós-natais, diminuindo
para 3mEq/kg/dia após. cálculo do Borel-
978- 5 241 6
Relação do soro glicofisiologico (SG). Um milili- INúmero de mL/h: microgotas/min.
tro de NaCl 20% tem 3,4mEq de sódio e cloro, INúmero de mL/h + 3 :gotas/min.
I 1:1 = lOOmL SG 5% + 2,2mL NaC120%.
I2:1 = lOOmL SG 5% + 1,5mL NaCl 20%. Controlo clínico e lahoratorlal
l 3:1 = lOOmL SG 5% +1,lmL NaC120%.
l4:1 = 100ml. SG 5% + 0,9mL NaC120%. Ila Hidratação Parenteral
l5:1 = 100mL SG 5% + 0,75mL NaCl 20%. Para'se ter controle do estado de hidratação da crian-
I 6:1 = 100mL SG 5% + 0,6mL NaCl 20%. .ça, o exame clínico deve ser repetido a cada 4h no
TABEIA 1.1 — Cálculo das necessidades hídricas diárias básicas (Regra de Holliday-Seger)
PESO (kg) VOLUME DIÁRIO
o — '10 100mL/kgldia ou 4mng/h
—
10 20
> 20
1.000mL + SOmng/dia para cada kg acima de 10kg ou 40mL
1.500mL + 20mL/kg/dia para cada kg acima de 20kg ou SOmL
+ ZmL/kg/h
+ 1mL/kg/h
4 I: Geral
RN, 6h no lactente e 12h na criança maior. Pesquisar A fase lenta requer muitas horas (3: 20h) para re—
com a palpação dos pulsos periféricos, ausculta car- posição. É uma tentativa de repor o volume de líquido
díaca e pulmonar, inspeção e palpação da pele (edema extracelular antes da cirurgia. Em situações de ur-
e reenchimento capilar), palpação das fontanelas e gência, essa fase continua durante o transoperatório
peso corporal. Deve-se conhecer o débito urinário horário e pós-operatório imediato. Administrar metade do lí-
e a densidade da urina. O débito urinário adequado e quido de reposição calculado em 6a 8h e a outra metade
de 2 a 4mL/kg/h no RN e 2mL/kg/h na criança maior. nas horas restantes. Se a fase rápida não tiver sido
m L “a
Realizar dosagens seriadas de uréia, creatinina, hemo-
globina, hematócrito, sódio, potássio e cálcio.
realizada, 25% do total podem ser acrescentados em
4h. Caso tenha sido feita, descontar o volume utili—
zado na fase rápida do total calculado. Administrar
W?
L 'S 9 ‘ W Z 8 6
dade igual ou inferior a 1.010 ou diurese mínima de do volume de manutenção (Fig. 1.1).
2mL/kg/h, melhora da perfusão periférica e pressão
venosa maior que Sem de água. Quando há choque Marcar com sombreamento as áreas afetadas. Essa
associado, pode-se acrescentar concentrado de hemácias reposição pode começar no transoperatório e conti-
e 2mEq/kg de bicarbonato de sódio. Quando há cho- nuar no pós— operatório imediato.
glicose 5% (Fig. 1.1).
Repor com RL com
que associado com hematócrito alto ou peritonite, acres-
centar 10 a 20mL/kg de plasmá fresco. '
Esouemo rio Hidratação Tronsonerotúrlo
TABELA 1.2 ~ Cálculo'do déficit de água e reposição O déficit estimado de líquido transoperatório e sua
reposição é calculado da seguinte forma:
GRAUS DE DESIDRATAÇÃO Llouroos NECESSÁRIOS 51 Volume de manutenção (RN = 2,5 mL/kg/h e
(mL/kg)
Leve '
»50 lactentes e crianças maiores = 4mL/kg/h) x nº de
Moderado 50 — 100 horas emjejum desde a ultima alimentação. Quando
Grave > 100 o paciente já está recebendo hidratação parente—
ral, não é necessário repor o tempo dejejum prévio.
Hidratação Parenteral I 5
Doença Dissecção cirúrgica Para PH entre 7,20 e 7,30, calcular da seguinte forma:
HCO3 necessário :peso em kg >< 0,3 X BE (=X-
cesso de base).
Para pH abaixo de 7,20, calcular da seguinte formª:
ll
HCOJ necessário : peso em kg x 0,6 >< BE.
VZL'SBG
solução colóide. ciência de fatores de coagulação, quando fatores
Rotina de transfusão sanguínea: especificos não estão disponíveis; CIVD; defi-
IEm reposições grandes, acrescentar RL 2mL para ciência de vitamina K com coagulopatia, com
cada lmL de sangue transfundido. Isso reduz a sangramento ou previamente a cirurgia; reposi-
ção em deficiência congênita da antitrombina III,
ocorrência pós—operatória de complicações pul- deficiência da proteína C ou proteína S, quando
monares. fatores específicos não estão disponiveis.
I Acrescentar gliconato de cálcio 10% e bicarbo-
nato de sódio ZmEq/kg nas transfusões maciças. Transfusão de crioprecipitados:
IIndica-se aquecimento do sangue quando a trans—
I O crioprecipitado contem, por bolsa (10 a lSmL),
fusão é > 15mL/kg/h, nas transfusões maciças e
na exsangiiinotransfusão. 100 a 250mg de fibrinogênio, 80 a 120 unidades
I Sinais vitais (temperatura, pulso e pressão arte- «,de fator VIII, 30% de fator XIII e 40 a 70% do
“ fator de"von Willebrand. .“ -
rial devem ser medidos antes de iniciar a trans-
fusão e no final). Temperatura e pulso devem ser II Dose: em geral uma bolsa para cada 10kg/peso
medidos a cada 15min após o início da transfu— como dose inicial. Em cirurgias de grande porte
são de sangue e derivados sanguíneos. ou sangramento prolongado, a dose de criopre-
IRitmo de infusão em lactentes: cipitado deve ser repetida a cada12h, até passar
—Concentrado de hemácias: 3 a SmL/kg/h. o risco pós-operatório de sangramento ou até he-
—Plasma fresco congelado: dentro de 30min, se
o volume não excede 5 a lOmL/kg/h.
mostasia adequada ser obtida.
Indicações: doença de von Willebrand. tipo II
—Plaquetas: até lOmL/kglh.
Transfusão de plaquetas:
ou III, com sangramento ou pre-operatório; hipo-
fibrinogenemia ou disftbrinogenemia com san—
gramento ou no pré-operatório; deficiência do
I Transfusão: lU/para cada 10kg de peso. Cada fator XIII.
IU: 50mL de plaquetas, Essa quantidade au-
menta a concentração de plaquetas de 40.000 a As deficiências do fator VIIIrsão mais bem repos-
tas com concentrados modernos de fator VIII.
50.000iiL. Outras formas de cálculo são 0,1U
de concentrado de plaquetas/kg ou 4U/m2 de con- '
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
centrado de plaquetas. HUTCHINSON, R. 1. Blood products. Sem. Pediatr. Surg., v. l,
IIndicações: p.231-241, 1992.
— Em geralz'para prevenir sangramento quando
a contagem de plaquetas 6 < 10.000/UL sem
RICE, H. E.; CATY. M. G.; GLICK, P. L. Fluid therapylfor the pediatric
surgical patient. Pediatr. Clín. North AnL. v. 45, p. 719-727, 1993.
Nutrição Parenteral Total I 7
«LJ:
«v
8 I Geral
para providenciar calorias adequadas. Em geral, no Para lactentes acima de dois meses de idade, não
recem-nascido (RN) os fluidos podem ser aumenta- é necessário calcular a taxa de infusão de glicose (TIG)
dos lOmL/kg/dia até o maximo de 200mL/kgldia (na (Tabela 2.2).
via periférica), quando bem tolerado (Tabela 2.1). Exis- Se for fornecido glicose em doses elevadas, ha-
tem situações em que a adição complementar de lí- verá aumento da produção de gás carbônico (COz).
quidos é necessária: febre, sepse, grandes cirurgias, Observar essa característica em pacientes com ven-
diarréia, vômitos, uso de berços radiantes, fototerapia tilação mecânica. Em crianças com catabolismo in-
e outras. tenso, há aumento na produção de COZ e no consumo
de oxigênio (O2), levando à insuficiência respirató-
ria e retardando o desmame do respirador Observar
Necessidades Eletrulítieas hiperosmolaridade, hiperglicemia e hipoglicemia rea-
Sódio.
I cional por interrupção abrupta da infusão de glicose,
—--— AIniciar no 22 dia de vida: ZmEq/kg/dia.
partir do Bº dia de vida: 2 a 4mEq/kg/dia. Taxa liníuiea maria
— RN prematuros podem precisar de 5 a 6mEq/
kg/dia. I 1 g de lipídeo fornece 9kcal.
——
I Potássio. II Total de calorias sob a forma de lipídeos: 40%.
Iniciar no 29 dia de vida: lmEq/kg/dia. As soluções lipídicas são umaffonte não glicídica
A partir do 3º dia de vida: 2 a 3mEq/kg/dia. de energia de baixo volume e bai-xa osmolaridade. O
I Cloro.
—Cálcio.
uso de emulsões de lipídeos diminui a produção de
Iniciar no 2º dia de vida: 2 a 3mEq/kg/dia. CO , comparada a uma nutrição parenteral contendo
—-—
I alto conteúdo de carboidratos. As soluções lipídicas
Usar ZmEq/kg/dia. ' são fontes de ácidos graxos essenciais e semi—essen—
6 L B' 8 9 Z V I S
RN prematuros podem precisar até: 4 a 6mqu ciais. Atualmente, a composição infantil de lipídeos
kg/dia. tem maior proporção de aminoácidos (AA) essenciais
- A infusão contínua de cálcio é preferível à ad—
ministração in bolus.
(55 a 60%) e de cadeia ramificada (20 a 30%). Os
ácidos graxos essenciais (linoléico e linolênico) são
I Fósforo. convertidos em ácido araquidônico.
-— Immol
Usar 0,5 a 2mmol/kgldia'. Iniciar no prematuro com 0,5g/kg/dia e aumentar
—
Immol = lmEq/valência (= 1,8). progressivamente 0,25g/kg/dia até atingir a taxa máxima
de = 1,8mEq de
fosfato fosfato. de 3g/kg/dia. No RN a termo e outras crianças, ini-
— 32,2mmol.
lg de fósforo contém 64,5mEq de HPOZ' = ciar com lglkg/dia e aumentar 0,5glkg/dia até a taxa
máxima de 4g/kg/dia.
— 32,2mmol.
1g de fósforo contém 32,2mEq de HPO; = A infusão de gordura deve ser realizada ao longo
das 4h para diminuir o risco de hiperlipidemia A
I Magnésio. gordurapode ser misturada com os outros nutrientes
- Usar 0,25 8 0,50mEq/kg/dia. em um único frasco ou pode ser infundida continua-
"_.
plaquetopenia (< 50.000U), choque. Manter a seguinte proporção: 10% oriundo de calo—
Valores de triglicerídeos entre 150 a 200mg/dL in— rias protéicas e 90% de calorias não protéicas (50%
dicam redução no aporte. _ oriundos de calorias glicídicas e 40% de calorias lipí-
Soluções de lipídeos a 20% têm relação menor de dicas).
fosfolipídeos emulsificadores/triglicen'deos e são mais Iniciar com aporte calórico baixo (30 a 50kcang/dia),
bem tolerados do que as emulsões lipídicas a 10%, aumentando progressivamente até atingir a taxa calórica
com menor risco de hiperlipidemia. desejada.
As emulsões de lipídeos devem ser protegidas da Os aminoácidos são utilizados na síntese protéica.
luz da fototerapia por Cânulas escuras protetoras. Estudos Para que seu metabolismo não seja desviado para a
têm sugerido que a administração de multivitaminas produção de energia, é necessário manter aporte calórico
contendo ácido ascórbico e associadas a emulsões de não protéico (glicose +lipídeos) acima de uma relação
lipídeos, por meio de equipos escuros especiais, pro- mínima. Usamos a relação de 160 calorias de glicideos
videncia o meio mais efetivo de prevenir a peroxidação e lipídeos por grama de nitrogênio (cada grama de
dos lipídeos e a perda de vitaminas. aminoácido corresponde a 0,15g de nitrogênio).
Um grama de nitrogênio é produzido por 6,25g de
Taxa Protéica maria proteínas.
Fórmula para calcular o nitrogênio: N (g) :pro—
I Ig de proteína fornece 4kcal. teína (g)/6,25
As proteínas são o maior componente estrutural e Necessidades basais:
978- 5 241 6
funcional de todas as células do nosso corpo. 24 a 72h de vida: 70kca1/kg/dia.
Não devem ser usadas como fonte calórica, e sim I 4ª e 5g dias: 80kcal/kg/dia.
visando a sua função plástica e reparadora. A partir do 6‘2 dia até 1 ano: 75 a 100kca1/kg/dia.
Do ponto de vista nutricional, um importante as- I De 1 a 7 anos: 40 a 80kcal/kgldia.
pecto das proteínas e sua composição em aminoáci- E De 7 a 12 anos: 40 a 60kcal/kg/dia.
dos. Alguns aminoácidos são classificados como II De 12 a‘ 18 anos: 30kcal/kg/dia.
essenciais (indispensáveis). Esses aminoácidos não
podem ser sintetizados pelo nosso organismo e de- Emmgeral :
vem ser adquiridos por dieta ou solução parenteral.
Os aminoácidos não essenciais podem ser sintetiza—
I
Para evitar‘perda de peso: 50 a 60kcal/kg/dia;
para crescimento: 60 a 90kcal/kg/dia; requeri-
dos de outros aminoácidos ou de outros precursores.
Alguns outros aminoácidos são categorizados como mento
energético do prematuro: lZOkcal/kg/dia.
I As necessidades básicas. deve-se acrescentar os -
semi-essenciais, podendo ser sintetizados de outros fatores de estresse, atividade e térmico. Logo:
aminoácidos, mas sua síntese é limitada sob certas kcal/dia:necessidades basais (taxa metabólica
Circunstâncias. básica) + fator de atividade + fator de estresse
Usar soluções de AA cristalinos. ou de lesão + fator térmico.
Iniciar com 0,5 a lg/kgldia no prematuro e no RN I Fator de atividade no acamado = 1,2.
a termo iniciar com 1 g/kg/dia.
Fatores de estresse e térmico: pós—operatório não
Aumentar gradualmente até o máximo de 0,5g/kg/dia. complicado:1,05 a 1,10; câncer:1,10 a 1,20;
A administração mínima de 1,5g/kg/dia é neces— peritonite ou sepse = 1,30 a 1,40; trauma ou
sária para prevenir um balanço negativo de nitrogê-
queimadura : 1,40 3 1,50; grandes cirurgias :
nio. Administrações mais altas são necessárias para
1,20 a 1,30: febre (38ºC = 1,10; 39°C = 1,20;
obter uma deposição protéica fisiológica.
40°C = 1,30).
Necessidades diárias:
I Prematuro: até 3g/kg/dia.
I Lactente: até 2,_5g/kg/dia. ‘flllfiflElEMEflTflS GII ElEMEII'I'OS 'IIlIIGll
ll Pré-escolar: até 2g/kg/dia. Os elementos traço estão envolvidos em atividades
I Escolar: até 1.5g/kg/dia. enzimáticas e reações imunológicas. RN de baixo peso
Il Pacientes criticamente doentes: até 3g/kg/dia. ao nascer estão sujeitos a deficiências de elementos
traço, porque nasceram antes que reservas adequa-
Soluções de AA diSponíveis:
das tivessem sido adquiridas e por causa da demanda
I Soraminº 6%, 10% e 20%l de seu crecimento rápido.
.,”
10 I Geral
'3
A Tabela 2.3 apresenta as necessidades diárias de
oligoelementos. Vitaminas ..»
Apresentações disponíveis. Vitaminas, quando administradas parenteralmente, po—
I Fed—Elementº. dem causar problemas farmacológicos, pois podem aderir
—— Dose: 0,1 contém:
Cada lmL
a 0,2mLIkg/dia, ampolas de 4mL.
zinco 500ttg, cobre lOOug,
às cânulas e/ou ser degradadas pela luz.
As vitaminas devem ser administradas separadas
wa M
manganês lOpg, cromo 1 ug, água destilada qsp. da solução de NPT e protegidas da luz. Quando pos-
sível, vitaminas hidro e lipossolúveis devem ser adi—
cionadas à emulsão lipídica ou uma mistura contendo
lipídeos para aumentar'a estabilidade das vitaminas.
TABELA 2.3— Necessidades diárias de oligoelementos As vitaminas prescritas para o prematuro são muito
em pig/kg e (dose máxima em 24h)
expostas à luz, ao oxigênio e às superfícies lipofílicas
RECÉM—NASCIDO < 10kg > 10kg das Cânulas em decorrência da lenta infusão.
Zinco' '
400 - 600 "100 - 300 100 (5.000) A vitaminaA é a mais vulnerável à fotodegradação
Cobre -.20 — 40 —
10 20 20 (300) quando infundida em combinação com vitaminas
Manganês 1 2
—. 1—Z —
1 2 (50) hidrossolúveis e solução sem lipídeos. Sugere-se seu
Cromo 0,2 0,2 0,2 (5) uso com Cânulas intravenosas mais curtas e tempo de
Selênio ' 1— 2 0,5 2— —
0,5 2 (30) infusão mais curto para reduzir a exposição à luz e
Molibdênio 0.25 - 1 0,25 0,25 (5) ao material da cânula.
.'v
faunª,:
droA resentaao
;]) Ç disP onível'~ PolivtP ed'át
"ººº( Qua—
1 1 '
. vitamina D:E: 7U1400U| ' Áªídº -“"ªº
cianocobalamina Mºltº
(59): (512):
“10‘; “ pê%
“f:.
- *
' Tlamma(B1):1,2mg 1pg «,
ªº?“
Vitamina K -Riboflavina (BZ): 1,4mg
~ Dose: 0,5mngldia “ 'v! m
978- 5 241 6
'Quando
Img/semanal
senão
IM-
ª ampola B dº Polivit”. Dose:
usª
.º
I Cuidado rigoroso de assepsia na preparação das
soluções em unidades de fluxo laminar.
S L B‘ ' Z VI Q
vidade fisica, coloração da pele e mucosas, grau SPOLIDORO, 1. V. N. Nutrição parenteial em pediatria. Jornal de
de hidratação, estado circulatório erespiratón'o, obser— Pediatria, v. 76, n. supl. 3, p. 8339-5349, 2000.
vação do local e curativos da flebotomia ou da punção WESLEY, J. R.; CORAN, A. G. lntravenous nutrition for the pediatric
percutânea), tamanho do fígado (Tabela 2.4). patient. Sam. Pediatr. Surg., v. 1, p. 212-230, 1992.
I:
I
Avaliação e Preparo Pré-operatório do Paciente Pediátrico I!
13
Paciente Pediátrico
O exame físico, com atenção a via aérea, à presen-
ça de adenóides, à ausculta pulmonar e cardíaca. infor-
mará da necessidade de consultoria (presença de sopros
cardíacos) e da melhor técnica de indução anestésica
Vitor Hugo Galli a ser empregada.
Enquanto entrevista o paciente e a família, o anes-
A cirurgia e anestesia impõem considerável estresse tesista estabelece um vínculo de confiança com o
em pais e pacientes. As consequências psicológicas paciente. A observação do comportamento deste de-
permanecem por longo tempo após a experiência terminará o emprego ou não de pile-medicação e sua
hospitalar ter passado. E função da equipe minimizar intensidade-, quando necessário. A pré—medicação deve
e proporcionar conforto psicológico ao paciente e aos ser individualizada, isto é, alguns dispensarão pré—
familiares. anestésico, enquanto outros necessitarão de dose elevada.
São medidas que podem diminuir o estresse emo- Explicar com segurança, em linguagem acessível,
cional: conhecer o desenvolvimento psicológico da os fatos que acontecerão diminui o estresse do pa-
infância, antecipar situações ameaçadoras e utilizar ciente e da família. A descrição em detalhes dos pro—
medicações sedativas quando apenas a presença de cedimentos que serão empregados na sala cirúrgica
familiares é insuficiente. (por exemplo, colocação de eletrodos para eletrocar-
As crianças experimentam cinco medos gerais rela- diograma, sensor de oximetria, manguito de pressão
cionados à hospitalização'. São eles: medo da sepa— arterial, máscara facial) serve para preparar os pais
ração dos pais, medo do trauma físico ao corpo (dor), para acompanharem seus filhos na indução anesté-
medo dos desconhecidos, incerteza quanto a seu sica, reforçando a confiança. Pais tranquilos deixam
comportamento esperado e aceito (transgressão e os filhos tranquilos. Os riscos também devem ser
punição) e medo ou ansiedade em relação à perda do abordados,-com a explicação das situações que po-
controle, autonomia. Nem todos os pacientes experi- dem acontecer e os recursos disponíveis na sala ci-
mentarão essas ansiedades, mas grupos de faixa etá- rúrgiéZa:
ria similares terão comportamentos previsíveis.
O preparo do paciente começa com a história clí—
nica e o exame fisico. A visita pré—anestésica ao paciente llllillllcill lmllllll'l'ºllllll
internado ou a consulta anestésica para aquele que 0 paciente pediátrico necessita de avaliação labora-
será atendido em regime ambulatorial trará condições torial na dependência do procedimentocirúrgico pla—
para qualificar o atendimento. As vantagens são para nejado.
o paciente, para a famflia e para a equipe médica. A Hemograma'e análises bioquímicas só devem ser
ansiedade sentida pela família pode ser transferida à realizadas em situações específicas. Existem, no entanto,
criança; portanto, qualquer prática que reduza a ansie- subgrupos que demandam atenção especial. E o caso
dade dos pais também reduzirá a ansiedade do pa- de pacientes abaixo de seis meses (anemia fisiológi-
ciente pediátrico. ca) e ex-prematuros (propensão a apnéia) e pacientes
Nos últimos anos os anestesistas têm se preocupa— nos quais haverá perda sanguínea significativa, quando
do em manter consultórios para avaliações de pacientes então terá utilidade o hematócrito. a tipagem sanguí-
ambulatoriais, sendo os pacientes pediátricos os grandes nea e as provas cruzadas para possível transfusão de
978-52416
6 L 8' 2 9 Z W S
nos quais foi permitido a ingestão de líquidos claros rão os olhos e terão momentos de excitação, mas sem
até 2 a 3h antes do horário agendado para a ci rgia. memória, tem efeito tranquilizante.
I
O grupo que recebeu líquidos claros tinha vo ume
gástrico residual menor e estava menos propenso a 1111111111115 tsrtcl'nls " .-
desidratação (hipovolemia) e hipoglicemia; a ansie—
dade também estava reduzida.
Líquidos claros são aqueles através dos quais se Ex-Ilrematuro
pode enxergar, isto é, água com açúcar, chás adoça- Desdecs primeiros relatos descrevendo a incidência
dos e suco de maçã. O leite materno contém gordu- de apnéia pós-operatória nesses pacientes, vários estudos
foram feitos para individualizar os fatores de risco.
ras dependentes da ingestão materna, e isso influencia
o esvaziamento gástrico. Portanto, leite materno deve A apnéia pode ser de origem central, obstrutiva ou
ter o mesmo período de jejum que o leite de vaca, fór- mista. Clinicamente, é a cessação da respiração por
mulas e alimentos sólidos (Tabela 3.1). mais de 205 ou menos se associada a bradicardia, cianose
ou palidez. Respiração periódica e a cessação da
respiração por 5 a 105 sem bradicardia ou hipoxemia.
MEDIGAGMS Pflf—IIESTESIGIS O controle da ventilação é diferente no neonato, a
Existem muitas opções de agentes e técnicas de pré- curva de resposta ao gás carbônico (CO) é mais inclinada
medicação na literatura médica. Em geral, apresen- e a resposta à hipóxia depende da maturidade e da
tam índices de sucesso em 80% dos casos. Não ha temperatura ambiental. Antes de 44 semanas de idade
uma técnica ideal em 100% dos casos, pois a pré- pós—concepção no RN a termo (40 semanas), a hipóxia
medicação deve ser individualizada. considerando a deprime ao invés de estimular o centro respiratório.
condição médica, o estado psicológico do paciente, Aproximadamente 50% dos prematuros apresentam
a duração da cirurgia e a técnica de indução que será respiração periódica que tende a desaparecer com 44
empregada. a 45 semanas pós-concepção.
Avaliação e Preparo Pré-operatório do Paciente Pediátrico l
15
978— 5- 241 6
nem sempre é a melhor conduta. Caso a criança apresente porciona eficiente método. É útil em neonatos nos
rinorréia purulenta e esteja piorando, o caso deve ser, quais os narcóticos têm efeito prolongado.
postergado, mas se é uma rinite clara, sem outros A mprfina IV “constitui método mais confiável e
" ? ”wa
suficiência renal, significa que sua anemia já está constitui a principal causa de retardo de alta da sala
compensada. Nesse caso, ocorre um desvio para a de recuperação. Raramente constitui risco de morte,
esquerda da curva de dissociação da oxiemoglobina, mas pode ser causa de aspiração pulmonar e pneumonite
,
16 I Geral
quimica, principalmente naqueles pacientes que não saturação de oxigênio estável e satisfatória. Essa prática
receberam bloqueadores de receptores histamínicos. pode reduzir os episódios de bradicardia e colapso
A profilaxia deve ser feita no transoperatório, aspi- cardiorrespiratório na sala de recuperação. Estudos
rando o conteúdo gástrico e administrando medica- mostram que o limite inferior seguro aceitável da
ções antieméticas. saturação de pulso é de 95%, exceto nos pacientes
Droperidol (50 a lOOmg/kg) parece ser eficiente com doença cardíaca congênita (shunts direita —)
em reduzir a frequência de vômitos, mas causa sono- esquerda) e doenças pulmonares crônicas obstrutivas.
lência e sedação indesejáveis no paciente ambulatorial.
Metoclopramida em dose de 0,15mglkgIV não pare-
ce causar efeitos colaterais, mas seu efeito é apenas
Presença uns Pais na Sala de Recuperação
levemente superior ao do placebo. Atualmente, está Existe uma tendência em permitir a presença dos pais
junto a seus filhõ's na sala de recuperação, assim como
disponível o medicamento ondansetrona (0,15mg/kg),
durante a indução anestésica, para proporcionar se-
ót s - ç — u v r " L
usado para controle de náuseas pós—quimioterapia e
que apresenta grande eficácia no controle de náuseas gurança aos pacientes e aos pais destes. Não existem
e vômitos pós-operatórios.
trabalhos que demonstrem esse benefício. A presença
dos pais certamente trará conforto a criança que des-
perta em um ambiente estranho, com pessoas estra-
Eslriúer larínuen nhas e sentindo dor ou mal-esçar.
Com o uso de tubos endotraqueais esterilizados e Estabilizados os sinais vitaisje readquirida a cons-
ciência, é desejável a ajuda dos pais para conforta—
fabricados com materiais inertes, associados à umidi-
'ficação dos gases anestésicos, houve uma diminui- rem os pacientes. Esse arranjo permite que a enfermagem
ção significativa da incidência de esn-idor e espasmo
se dedique aos reais cuidados de enfermagem.
laringeo. Atualmente a incidência é de 1% compara—
da a 1,6 e 6% de estudos anteriores. A principal cau- Alla Ila Sala de neeuneraçãu
sa atual é o uso de tubos muito justos causando edema, O tempo necessário para a recuperação da anestesia
cujo efeito obstrutivo é mais acentuado nos pacientes geral depende da técnica anestésica e da ocorrência
abaixo de quatro anos. A lubrificação dos tubos com de problemas, como náuseas e vômitos, dor, estridor
gel de xilocaína parece aumentar o problema. laríngeo, hipóxia, instabilidade cardiorrespiratória
Os pacientes com síndrome de Down estão mais (Quadro 3.1).
propensos a desenvolverem essa complicação, em virtude Antes que a criança possa ser liberada da sala de
de hipotonia, macroglossia relativa e tecido linfóide recuperação com segurança, deverá atingir alguns
hipertrofiado. critérios?
Para o tratamento do estridor pós-operatório, que t
não alivia com a simples umidificação da mistura ina- “.ª Acordada ou facilmente despertável.
lada, a nebulização de epinefrina racêmica diluída em "Il Reflexos respiratórios que mantenham a via aérea
solução fisiológica (3mL) parece bastante eficiente. e as trocas pulmonares e protejam contra aspiração
Ela é mais usada pelo seu efeito vasoconstritor do que de vômitos. ,: .3
II Saturação de oxigênio acima de 95% em ar am-
pelo seu efeito broncodilatadõr, provocando diminui- ! biente.
ção do edema da mucosa da via aérea. O uso de cor-
«
,.
«“"
,..
J!“ v“
Avaliação e Preparo Pré-operatório do Paciente Pediátrico I
17
QUADRO 3.1 - Índice de recuperação pós-anestésica claros, se a criança solicitar. A criança decide quando
está apta para iniciar sua realimentação.
' Atividade
Movimentação ativa, voluntária ou ao comando REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Movimentos fracos, voluntários ou ao comando 1. VISINTAINER, M. A.; WOLFER,J. A. Psychological preparation
Incapaz de movimento for surgical pediatric patients: the effect on children's and parents
Respiração stress responses and adjustment. Pediatrica, v. 56, p. 187, 1975.
QTSN
Tosse livre, bo'a respiração ou chora 2. ALDRETE. I.A.; KROULIK, D. A postanesthetic recovery score.
Obstrução parcial. roncos ou dispnéia , Anesth. Analg._ v. 49. p. 924-934, 1970.
Apnéia, obstrução, necessária assistência 3. SOLIMAN, I. E.; PATEL, R. 1.; EHRENPREIS. M. B.: HAN-
Circulação NALLAl-l, R. S. Recovery scoms do not correlate with postoperative
hypoxemia in children. Aneslh. Almig, v. 67, p. 53-56. 1988.
PA &: 20% dos valores pré-anestésicos
PA i 20 a 50% dos valores pré-anestésicos
P rh "
onw-
7- 5 6 l 4 2 < 8 9
Énecesràrio atingir 9 pontos para haver critério de alta da sala de recuperªção. pH in infants fed clear liquids and breast milk prior to surgery.
(Modificado de Aldrete e Kraulik' & Soliman et al.’) Anesth. Analg.. v. 79. p. 482-485, 1994.
PA = pressão arterial. MALVIYA, 8.; SWAR’IZ. J.: LERMER, I.Are all preterm infants younger
than 60 Weeks postconceptnal age at risk for postanesthetic apnea?
Anzslhesiology. v. 78. p. 10764081, 1993.
Trabalhos demonstraram que, ao tomar a aceita— MEANS, L. I:, FERRARI. L. R.: FISHER, Q. A. et al. Evaluation and
ção de líquidos VO um prerrequisito para a alta hos- Preparation of Pediatric Patients Undergoing Anesthesia, Section
pitalar, há um aumento na incidência de vômito de on Anesthesiology. Pediatrics, v. 98, p. 502-508. [996.
MUFOYAMA, E. K. Recovery from anesthesia. In: Smith 'sAnesthesia
50% na unidade de cirurgia ambulatorial. Crianças
vomitam mais após a alta; reter líquidos não garante forInfants and Children. 5. ed. St. Louis: Mosby, 1990. p. 3 l 3—329.
SCHREINER. M. S.; TRIEBWASSER. A.; KEON, T. P. Ingestion of
a prevenção de vômitos e desidratação.
liquids compared with preoperative fasting in pediatric outpatients.
A conduta mais adequada consiste em hidratar todos Anesthcsialâgy, v. 72, p. 593-597, 1990.
os pacientes que recebem acesso venoso com o equi— ZEEV, ,N K.; MAYES. L. C.; CARAMICO. L. A. Preoperative
valente a 8h de líquidos de manutenção durante a estada preparation in children: a cross-Sectional study. J. Clin. Amarth,
hospitalar destes e só permitir a ingestão de líquidos v. 8. p. SOS-514. 1994.
18 I Geral
G L Z' S V I ‘ D
ILimitações da linguagem em verbalizar a dor. com grande insegurança, por mais que seja explicada
& evolução dos fatos, tendendo a grande maioria a
II Receio dos profissionais sobre possível depen-
agir como crianças pequenas diante de uma situação
dência às drogas analgésicas. de dor.
!Desconhecimento das doses a serem empregadas.
IDificuldade de avaliação da intensidade dolorosa.
Diversidade de trabalhos que usam técnicas e drogas PBEPIIH] III AHESIESII E MIMEESIA
diferentes. PÉS-ºPEIIII'I'ÓBIIl
Somam—se a isso a situação específica na qual a A avaliação pré—anestésica assume, cada vez mais, im—
dor é vivida, os fatores hereditários, étnicos, indivi- portância fundamental na boa condução do ato anes—
duais, a educação, o ambiente sociocultural e a religião. tésico. Nessa ocasião, está o anestesista, muitas vezes
Analgesia Pás-operatória no Paciente Pediátrico n 19
.
Essa estratégia deve levar em consideração:
crianças, usam—se as vias oral (V0) e retal mais freqiien-
Local, natureza e duração da cirurgia. temente. Por sua ação antiplaquetária, devem ser usados
n Tipp e extensão da incisão e outros traumas ci- com cuidado em procedimentos que resultam em áreas
rúrgicos. cruentas. Cetoprofeno IV ou IM e tenoxicaIn não são
IaTipo fisiológico e psicológico do paciente (con- recomendados, ainda. para menores de 15 e 18 anos,
forme faixa etária).
respectivamente. lndometacina IV continua é usada
!Preparo pré-operatório psicológico, fisiológico
em prematuros para fechamento do ducto arterial. Mais
e farmacológico do paciente. usados: diclofenaco, ibuprofeno, napI'oxe'no.
IRecursos farmacológicos, materiais e humanos
para realização da anestesia/cirurgia.
Il Recursos disponíveis para assistência pós—ope- Diclofenaco
ratória.
a Analgesia preventiva. a Doses.
—
Bloqueio efetivo do estimulo nocivo gerado -- Oral: 0.5 a 1,5mg/kg — 12/ [32h < l5kg e 8/8h
> 15kg.
—
no trans e no pós—operatório.
Reta]: 1 a 2mg/kg 6/6h.
—
Tratamento antinociceptivo antes da cirurgia.
ra Analgesia pós-operatória (analgesia sistêmica +
bloqueios anestésicos). lbuprofeno
II Doses.
llllAlEESlll SISTEIIIIBI -— Oral: 10 a ISmg/kg 4/4 ou 6/6h.
analgésicos Ilia lniúltles —- ma 60mg/kg/dia).
Retal: 10 a 40mg/kg 6/6 ou 8/8h (dose máxi-
-
Oral: 7 & 30mg/kg de 4/4h. A metadona é nova no mercado brasileiro e mais
— Venosa: 5 a 20mg de 4/4h. empregada em dor crônica.
-
Intramuscular: 5 a ZOmglkg de 4/4h. Opióides mais usados: codeina, fentanila, meperidina,
—
Retal: 7 a 30mglkg de 4/4h. morfina, nalbuftna, sufentanila.
«J:
20 I Geral
——
fundidade da pele com absorção em 30min e duração
Oral: 0,5 a Img/kg 4/4 ou 6/6h. máxima de 3h. Esses dois produtos permitem, por
Intramuscular: 0,5 a 1mg/kg 6/611. exemplo, venopunções, cateterismo em geral e pequenas
cirurgias cutâneas.
Fentanila
I Doses. Blottuelos Periféricos
—- Transmucosa:
Oral: 10 a 20mg/kg. Tanto os bloqueios periféricos, quanto os regionais
— ou de 6/6h (oronasal).
2 gotas para cada 5kg de 4/4 são realizados sob anestesia geral nas crianças.
6 L 2 ‘ 8 5' Z V I 9 S
-- Dose
lntravenosa: 0,2 a 1mg/kg 2/2 ou 4/4h. ideal para procedimentos ambulatoriais. Quando rea-
—— Intramuscular:
máxima: 3mg/kg em 4h.
l a 1,5mg/kg de 3/3 ou 4l4h.
lizados com sucesso, equivalem-se aos bloqueios
regionais no controle da dor. Usa-se mais corriquei-
ramente bupivacafna 0,25 a 0,5% na dose máxima de
Morfina 2,5mg/kg.
Exemplos: bloqueios periféricos para retirada de
I Doses.
pequenos tumores cutâneos, bloqueio dos nervos ilio-
- Intravenosa: 0,02 a 0,2mg/kg de 4/4 ou de 6/6h. inguinal e i'lio—hipogástrico para cirurgias de herniorrafia
— Intramuscular: 0,1 a 0,2mg/kg de 3/3 ou de 4/4h. e orquidopexia, bloqueio do nervo peniano para ci-
—
— Peridural: 30 a 150mg/kg de 17112 ou de 24l24h. rurgias de postectomia e hipospádia.
Intravenosa continua: 0,010 a 0,015mg/kg/h
em crianças até 5 anos e 0,025 a 0,040mg/kg/h
crianças maiores.
A raquianestesia não se presta muito para analgesia
Nalbufina pós-operatória. No entanto, se a opção de anestesia
for a raquianestesia, é interessante a adição de mor—
IDoses.
fina para cºntrole da dor nas primeiras horas.
- Intravenosa: 0,1 a 0,3mg/kg de 4/4 ou de 6/6h. A peridural caudal, lombar ou torácica e a técnica
mais usada entre os bloqueios, quando então, no
Sufentanila momento da punção, se introduz um cateter que será
I Doses. usado para infusão continua, por bomba, de solução
contendo opióide ou anestésico local mais opióide.
— Transmucosa:
ou de 6/6h
2 gotas para
(oronasal).
5kg
cada
'
de '4/4 Pessoalmente, prefiro essa última associação para
infusão, quando então uso bupivacaína 0,0625 a O, 125%
— Peridural: 0,4 a 0,75mg/kg de 2/2 oude 4/4h. (0,50 a Img/kg/h) mais fentanila (0,55 a Img/kg/h).
7 6- 1 4 2 5 8 9 .
tratamento da dor. Todo médico e demais agentes da
tos e conheçam o pessoal técnico. saúde têm o dever de colocar à disposição de seu paciente
Responder as dúvidas deles. todo o conhecimento e recursos necessários para
E Perguntar sobre os medos deles.
ILeva-los a conhecer o ambiente hospitalar. amenizar e/ou» evitar o sofrimento com a dor.
I Dar-lhes papel para desenharem suas vivências. Cada paciente responde à dor a sua maneira, e a
sensibilidade deste depende de vários fatores.
Acredite na dor de seu paciente e prescreva anal-
nnnrrlauem ensnlliuo-cnmllurtamental gésico na dose necessária para o controle dela.
lDessensibilização. A prescrição de analgésico com a expressão “se
I Reforço positivo. necessário" só é válida quando já tiver sido instituído
!Abordagem das expectativas e auto-estima. um esquema analgésico.
No Brasil, país com varias realidades e principal-
mente diflculdades na area da saúde, cabe aos profis-
Técnicas Hipnóticas sionais envolvidos conhecerem os recursos disponíveis
ll Fala e linguagem. no seu meio, aprenderem autilizá-los, bem como buscar
IImaginário guiado. novos conhecimentos e outros recursos necessários
A
1 .
x
"_,
Técnica de administração:
a: Jejum prévio de 4h.
Monitoração cardiorrespiratória e de oximetria
; Ãi C
Analgesia e Sedação de pulso contínuas,
01,
Dolorosos
nuir as secreções.
I Sedação é iniciada com midazolam, na dose de
0,05mglkg IV (máximo 2,5mg/kg), com o obje—
tivo de minimizar as crises de alucinações.
João Carlos Ketzer de Souza m Após 2min, é iniciado o uso de cetamina, com
dose inicial de Img/kg IV em um período de 1
Pacientes pediátricos submetidos a procedimentos a 2min.
dolorosos invasivos manifestam, frequentemente, altos IUma segunda dose de
cetamina (Img/kg) é com-
níveis de estresseçe ansiedade. pletada, após 2 a 3min d ::primeira dose.
Procedimentos diagnósticos e terapêuticos dolorosos In A dose intramuscular apropriada é de 4 a Smg/kg,
necessitam de ações farmacológicas e não farmaco- que pode ser misturada na mesma seringa com
' lógicas para tomá-los menos traumáticos, conseguindo atropina.
uma melhor cooperação da criança ou mesmo imobi—
lização para sina realização. EIIEIITIIS IDVEBSOS
Apresentamos neste capítulo a rotina do nosso serviço Queda na saturação sem apnéia, apnéia, estridor tran-
L'S9IVZ86
em sedação-analgesia pela combinação das drogas sitório, hipertensão e taquicardia, hipersalivação, vô—
cetamina e midazolam. mitos, alucinações, rash.
Depressão respiratória temporária e apnéia são com-
plicações infreqiientes (3%), que podem ser evitadas
ou diminuídas pela administração lenta de cetamina
A cetamina é um agente dissociativo, que induz uma (aproximadamente em 2min). A depressão respirató—
dissociação eletrofisiológica entre os sistemas cortical ria está, muitas .vezes, associada a injeção intravenosa
e lfmbico, resultando em sedação, analgesia, amné- muito rápida, altas doses, distúrbios do sistema ner-
sia e ação de início rápido e curta duração (15 a 30min). voso centralne recém—nascidos em estado grave.
Além disso, é um agente seguro e efetivo, pois apre-
senta relativa estabilidade cardiovascular e limitados
:‘A'administração da cetamina estimula a salivação
e as secreções brônquicas e traqueais, causando po-
efeitos na mecânica respiratória. tencial obstrução respiratória. Esse excesso de secreção
O pico de concentração ocorre lmin após a admi— pode ser prevenido pela administração prévia de um
nistração intravenosa e Smin após a intramuscular. anti-sialogogo (atropina). Porém, a cetamina causa
O midazolam causa sedação, mas não tem efeito broncodilatação, sendo uma boa escolha de sedação
analgésico e é inadequado na prevenção da dor indu- nos pacientes com história de broncospasmo ou doença
zida por procedimentos mais agressivos e dolorosos. reativa de via aérea.
Sua combinação com a cetamina torna o início da O estridor respiratório ou laringospasmo transitório
analgesia mais rapida, causa mais amnésia, faz com é raro, estando relacionado a estimulação de reflexos
que a dose de cetamina requerida seja menor e dimi- Iaríngeos hípersensibilizados. Aparece mais frequen—
nui a ocorrência de alucinações. temente em pacientes com infecções respiratórias ativas
ou seu uso em pacientes menores de três meses. Em
As maiores reações adversas devem-se a alucinações
geral, é tratado com o reposicionamento da cabeça,
e pesadelos que costumam ocorrer durante o periodo seguido por ventilação com máscara.
de recuperação. Esses fenômenos podem ser reduzi- A cetamina é um agente simpaticomimetico, po-
dos ou eliminados pela administração de benzodia- dendo por isso provocar aumento discreto a modera-
zepínicos. . do na pressão sanguínea, na frequência cardíaca, no
rendimento cardíaco e aumento do consumo de oxi—
EDITH-1111111101503 gênio no miocárdio. A administração combinada de
midazolam diminui ou abole essa estimulação do siste-
As contra—indicações ao uso de cetamina são: idade ma cardiovascular.
< 3 meses, pressão intracranial aumentada, pressão As alucinações e os maus sonhos que costumam
intra-ocular aumentada (glaucoma), hipertensão ar- ocorrer na fase de recuperação da sedação são dimi-
terial não controlada, infecção pulmonar ativa. nuídos pela co—administração de midazolam. Estudo
Analgesia e Sedação para Procedimentos Dolorosos I 23
7- 5 6 1 4 2 — 8 9
midazolam na nossa rotina de sedação e analgesia. 2000.
,»
w - n.
24 I Geral
Ó L S' Ç Z V I Q
da penetração destes na ferida cirúrgica ou na cavi-
dade orgânica antes de ocorrer colonização. O uso
prolongado (> 24h) ou indiscriminado de antibióti-
João Carlos Ketzer de Souza . cos profiláticos pode causar o aparecimento de orga-
Infecção cirúrgica e um termo abrangente que engloba nismos antibióticorresistentes, superinfecção e toxici-
as doenças de todos os pacientes com doenças cirúr- dade. O antibiótico deve ser dirigido a flora contaminante .
gicas e com sinais de infecção associada. Em senso e o ideal é que inicie sua administração 30min antes
restrito, infecção cirúrgica e o processo infeccioso da incisão da pele. Em cirurgias demoradas (cirurgia
da incisão ou da cavidade operada que drena exsudato vai durar mais de duas vezes a meia-vida da droga),
purulento, com ou sem cultura positiva.
Infecção adquirida em comunidade é aquela que
uma dose complementar deve
ser
administrada intra-
operatoriamente (repique) com o objetivo de manter
já se encontra presente ou em incubação no momento níveis teciduais adequados.
da admissão hospitalar e que se mostra claramente
não relacionada à hospitalização atual ou prévia.
Infecção hospitalar é aquela que ocorre em local
hospitalar e que não se mostrava presente ou em
SISTEMI llE cussmcnsfln
PBBBEIIIMENTBS cmflnmens llE Il'I'EMEIB
nos
incubação no momento da admissão. con BASE III PlflBABIlIBAIIE E III! Elli“! Il!
Toda ferida cirúrgica costuma ser colonizada pela ,, GDIITIIIIIIIIIIGÃII Ill EEBIIIA IPEIIITÓIIIII
flora cutânea do paciente e, secundariamente, pela flora
da equipe cirúrgica e do material. :: Cirurgias limpas: índice de infecção de < 2%.
A infecção ocorre quando microorganismos pre-
sentes na ferida cirúrgica atingem um número ou
- Cirurgias não traumáticas, sem inflamação, sem
abertura de vísceras (não houve penetração no
virulência tal que seus metabólitos não são suporta- trato gastrointestinal [GI], respiratório e ge—
dos pelo organismoe suas defesas provocam resposta niturinário [GU]), a técnica não foi infringida,
inflamatória. procedimentos na presença de urina ou bile
& não infectadas.
Para um número de microorganismos > 100.000
por grama de tecido, sabe-se que há risco de supuração. 3 —- Não ,usar antibióticos, à exceção de válvulas
_
cardíacas, enxertos vasculares e próteses arti-
Três fatores básicos influenciam o desenvolvimento ficiais.
,
.
e a progressão de uma infecção na ferida operatória:
i;
lCirurgias
potencialmente contaminadas: índice
Quantidade e virulência dos microorganismos. 1de infecção de'10%. «_;
lMeio nutriente em que a bactéria pode crescer.
lResistência do hospedeiro. —
Pequena infração técnica, abertura de vísceras
(tratps Gl, GU e respiratório), mas sem conta-
- “r a
Flora transitória (também denominada contaminante minação grosseira, como a entrada em orofaringe,
ou não colonizante) é aquela constituída de microor- nasofaringe, esôfago, vagina, apendicectomia
.
ganismos isolados da pele, mas não consistentemente eletiva, presença de bile ou urina não infectadas,
presentes na maioria das pessoas. São removidos da cirurgias próximas a áreas de população bac-
pele somente pela fricção mecânica com sabão e água teriana elevada e ao terço distal da uretra.
ou destruídos pela aplicação de anti-sépticos. - Usar antibióticos em quase todas.
Flora residente (também denominada flora colo— Cirurgias contaminadas: índice de infecção de
nizante) é aquela constituída de microorganismos 17 a 18%.
'
,.,“
,., ,. ___—_
lnfecções em Cirurgia Pediátrica !
25
-— peritonite
Presença de processo inflamatório com pus, como
purulenta, perfuração de vísceras, ferida
degermação pré—operatória e com solução al-
coólica de PVP—l 10% (tintura) ou PVP—I 10%
traumática de fonte suja ou antiga, ferida com aquoso para mucosas e áreas sensíveis, con-
corpo estranho ou com contaminação fecal. forme rotina do serviço. Um bom anti—séptico
132’s
—
“ªªª“
Tratamento: idem anterior. necessita agrupar as seguintes características:
ausência de absorção pela pele e membranas a“? (“ª
Pllfll’llfllll MS INFEBGfiES clnflnumns mucosas, rápida redução da flora, substantividade
(capacidade residual) e espectro de atividade.
em .&;
um.-
l Preparo pré-operatório. ll Técnica cirúrgica e transoperatório.
— Usar adequadamente antibióticos proãláticos.
— Evitar dissecções traumáticas.
— Melhorar condições nutritivas do paciente.
— Efetuar boa hemostasia (evitar a formação de
— Tratar hipovolemia e hipóxia tecidual previa-
mente.
hematoma).
—
—
Evitar espaço morto.
Tratar infecções superficiais previamente. Retirar todo o material necrótico e tecidos
Corrigir déficits sanguíneos e hidroeletrolíticos.
Conhecer a maior frequência de infecção em
desvitalizados.
pacientes com doenças associadas, como dia- — Não deixar corpo estranho em excesso.
——
betes, obesos, chocados, desnutridos, prematuros
Tratar tecidos com delicadeza.
Não aproximar tecidos sob" tensão.
e PIG, imunodeprimidos, em uso de corticos-
teróides, esplenectomizados, etc. — Não prolongar o ato operatório desnecessa—
riamente (> conteúdo bacteriano, > dessecamcnto
Duração da hospitalização pré—operatória. Ideal
a existência de um período de descontaminação
celular pela exposição ao ar e uso de afastadores,
pré-operatória longe do ambiente hospitalar > uso do eletrocautério, > perda sanguínea e
para que o paciente possa renovar sua flora < resistência geral do paciente).
bacteriana. — Evitar o uso exagerado da eletrocoagulação.
Dar preferência a coagulação bipolar.
— Banho pré-operatório do paciente com sabão
antimicrobiano. - Evitar ligadura em massa de tecidos.
— Preferencialmente não remover pêlos e cabe-
los. Se necessário, usar creme depilatório ou
QUADRO 6.1 - Condições cardíacas e profilaxia
tricotomizador elétrico logo antes da cirurgia.
da endotardite
Lâminas de barbear não são desejáveis.
- Descoutaminação pré-operatória do paciente deve
ser realizada 2h antes da cirurgia com solução
- AltoPrótese
-'
risco (profilaxia recomendada)
de válvulas cardíacas
detergente anti-séptica, com fricção suave du- — Endocardite bacteriana prévia
rante o período de Smin. Após, secar com com- D9 ‘nga cardiaca congênita cianótíca complexa
— (ventriculo único, transposição de grandes vasos,
pressas estéreis e fixar campos estéreis na área tetralogia de Fallot)
descontaminada com fitas adesivas. Pouco usada.
— Shunts cirúrgicos sistêmico-pulmonares
— Técnica adequada de anti-sepsia da equipe
cirúrgica. Usar solução detergente anti—séptica ' Moderado risco (profilaxia reêomendadai
do tipo clorexidina degermante 2% ou iodo— - Outras malformações cardíacas congênitãs (exceto as
de alto e baixo risco)
polivinil pirrolidona degermante 10% com 1% valvular adquirida (doença reumática)
- Disfunção
- W.
de iodo livre. 0 melhor anti—séptico é aquele Cardiomiopatia hípertrófica
—
que tem a capacidade de reduzir rapidamente
l
dos antebraços, dos cotovelos e, cuidadosa- — Defeito atrial septal isolado Secundum
—Defeito de septo atrial, ventricular ou de ducto
mente, das unhas deve ser rigorosa, organizada arterial corrigido cirurgicamente
e não inferior a 5min, com escovas esteriliza— '
-Prolapso de válvula mitral sem regurgitação valvular
das e de cerdas macias e substâncias anti—sép— —Sopro inocente, fisiológico ou funcional
ticas degermantes. Enxaguar em água corrente — Doença de Kawasaki prévia sem disfunção valvular
das mãos para o cotovelo, secar com compressas —- Febre reumática prévia sem disfunção valvular
estéreis e calçar avental e luvas esterilizadas. Nata: Muitos procedimentos reparadures cardiaco; não modificam o risco a
As luvas apresentam vulnerabilidade à laceração longo prazo de endocardite Infecciosa. o qual continua indefinidamente.
e à perfuração de 10 a 30% durante o ato ci— Na tirurgia para a troca de válvulas (ardiacas, o risco de endocardite pós-
operatória aumenta. No casº de fechamento do ducto arterial ou defeito
rúrgico. septal ventricular sem vazamento residual, o risco de endocardite dimi-
,—
Cirurgia prostáticâ
Cistoscopia 5
- -—'Profilaxia recomendada
Extrações dentárias
' Trato respiratório
- Entubação endotraqueal
— Broncoscopia com broncoscópio flexivel
— gengivas)
Procedimentos periodontais (cirurgia, limpeza de
- 'limpanotomia com inserção de dreno
— Implante dentário e reimplante de dentes avulsos
— Instrumentação de canal ou cirurgia além do ápice
. - Endoscopia
gastrointestinal
Trato
com ou sem biópsia gastrointestinal
— éLimpeza profilática dos dentes, quando sangramento
antecipado — Tecidos não infectados
— Cateterização uretral
--
Profilaxia não recomendada
Dentística restaurativa ' Outros procedimentos
»
Cateterismo cardiaco
— Injeções anestésica: locais
- Remoção de.suturas —- circuncisão
L'S9WZ586
- Tratamento com flúor — Incisão ou biópsia de pele cirurgicamente preparada
por anti-sepsia
— Radiografias orais
— Queda dos dentes de leite No trato gastrointestinal, a proiilaxia e recomendada a pacientes de alto
-— Outras risco e é opcional em pacientes de risco moderado.
No caso de endoscopia cum ou sem biópsia gastrointestinal, a profilaxia em
Profilaxia é recomendada para pacientes com condições cardlacas de riscos pacientes de alto risco é opcional,
moderado e alto. CPRE = colangiupancreatograila retrógrada endoscópica.
.- ._— ...“
Infecções em Cirurgia Pediátrica I
27
fatores independentes são necessários: lesão em al» Procedimentos invasivos realizados em pele que
guma área do endotélio e bacteremia causada por germes sofreu adequada anti—sepsia cirúrgica não costumam
aderentes. Em lesões cardíacas congênitas ou adqui— causar bacteremias.
ridas. o endotélio pode ser lesado por um fluxo anor-
mal de alta velocidade, resultando em fluxo sanguíneo
turbulento, não laminar ou distal a alguma obstrução Procedimentos Dentários e orais
(área de baixa pressão), como, por exemplo, coarctação
da aorta. Essas situações causam trombogênese (de— A incidência e a magnitude da bacteremia de origem
posição de fibrina e plaquetas) no endocãrdio. Essas oral são)proporcionais ao grau de inflamação e in-
lesões são mais suscetíveis à colonização bacteriana fecção. E importante, para os pacientes em risco para
do que o endotélio íntegro. Vegetações podem desen- bacteremia, manter boa higiene oral, com a finali-
volver-se seguindo episódios de bacteremia, e são dade de reduzir o número de bactérias (Quadro 6.2).
constituídas de fibrina, plaquetas, glóbulos verme—
lhos, glóbulos brancos e germes infectantes. Procedimentos nos trams Respiratório.
As condições cardíacas em que é necessária ou não Gastrointestinal e Eeniturinárin
a profilaxia da endocardite costumam ser divididas
em categorias: alto risco, moderado risco e baixo risco Profilaxia antimicrobiana é recomendada para pro—
(Quadro 6.1). cedimentos cirúrgicos que comprometem a mucosa
respiratória e para broncoscopia com broncoscópio
rígido, não para broncoscópio flexível.
PBflflEBlMEflTOS all! “USAM BllflTEllEflllll Profilaxia antimicrobiana não é recomendada para
Recomenda—se profilaxia para alguns procedimentos procedimentos endoscópicos do trato digestivo. Alguns
que induzem significante bacteremia com germes médicos sugerem seu uso nos pacientes que perten—
comumente associados a endocardite. cem à categoria de alto risco.
.e
É
u:
TABELA 6.1 — Cirurgias dentária, oral, do trato respiratório e esofágica
;” SITUAÇÃO *
AGENTE nose
a
E Profilaxia geral standard Amoxicilina SOmg/kg V0 lh antes do procedimento
Clindamícina ou
SOmg/kg IM ou lV 30min antes do procedimento
' __
E
TABELA 6.2 Procedimentos geniturinários e gastrointestinais
—
SITUAÇÃO AGENTE DOSE
Crianças de alto risco Ampicilina + gentamicina Ampicilina SOmg/kg IM ou lv (não deve exceder
29) + gentamicina 1,5mg/kg IM ou IV, 30min
antes de iniciar o procedimento e 6h após a 1I
dose: empicilina ZSmg/kg IM ou IV ou
amoxicilina 25mglkg VO
Crianças de alto risco alérgicas
à penicilina e à amoxicilina
Vancomicina + gentamicina Vancomicina 20mg/kg N em! a 2h, terminando a
infusão 30min antes de iniciar o procedimento
+ gentamicina 1,5mg/kg lM ou IV 30min antes y
; de iniciar o procedimento*
Crianças de risco moderado Amoxicilina ou ampiciiina Amoxicilina Sºmg/kg VO l_h antes de iniciar o (
..
28 I Geral
L'59IVZSB6
frequentemente relacionados a endocardite após pro— BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
cedimentos dentários e orais, certos procedimentos AUDRY, G.; JOHANET, S.; ACHRAFI, H. et al. The risk of wound
do trato respiratório, broncoscopia com broncoscópio infection after inguinal incision in pediatric outpatient surgery.
rígido, procedimentos es'ofágicos e aqueles que en- Eur. J. Pediatr: Surg., v. 4. p. 87-89, 1994.
volvem mucosa respiratória. Amoxicilina é o antibiótico DUQUE-ESTRADA, E. O.: DUARTE, M. R.; RODRIGUES, D. M.;
recomendado, porque é melhor absorvido pelo trato RAPHAEL, M. D. Wound infections in pediatric surgery: a study
of 575 patients in a university hospital. Pediarz Surg. In!., V. 19,
gastrointestinal e mantém um maior e mais prolon— p. 436-438, 2003.
gado nível sérico. EIZAGUIRRE, I.; ALBERT. A.; TRALLERO, E. P.; TOVAR, J. A.
Não é mais recomendada a eritromicina na profilaxia a Wound infàtion iu pediatric surgery. Chir. Pediatr, v. 24, p. I52—
da endocardite por causa de seus efeitos adversos 3155. 198315
Infecções do: Tecidos Moles e Ferimentos I
29
Moles e Ferimentos
l ,«t‘ ”às
mihi-X' sq.
©
tecidos circunvizinhos.
1158018808
Conceito
Coleção localizada de pus em cavidade confinada por IAbscesso perianal em lactentes e crianças com
paredes compostas de tecidos de granulação e fibroso má higiene perineal.
e denominada membrana piogênica. Essa membrana
piogênica, responsável pelo encistamento da secre-
ção purulenta, impede a progressão da infecção, pro- nntlhiútioos lutticailas
tegendo os tecidos circunvizinhos. O fluido purulento I lª escolha: cefalexina 40 a SOmg/kg/dia por 7 a
é constituído de tecidos parcialmente degradados,
10 dias.
bactérias mortas e vivas, vários componentes do sis-
tema fagocitário e líquido extracelular.
:: 2ª escolha: amoxicilina com ácido clavulânico
20mglkg/dia por 7 a 10 dias.
Quadro clínico
n Dor. calor, rubor e tumo'r.
ltnsoossos em looniizações Especiais
Abscesso de Mama
localização [IBS MSGGSSBS
. e-a “ Intra—epidêmico (flictenóide).
O tratamento em meninas deve ser efetuado por meio
.
||
de punção e sucessivas lavagens com soro fisiológico,
a Intradérmico (debaixo da camada Malpighiana). com o objetivo de não lesar o broto mamário no momento
ISubcutâneo.
da incisão e drenagem cirúrgica.
7- 5 6 1 4 2 8 — 9
cessos (Fig. 7.1).
dilatação anal) na doença de Hirschsprung ou
anomalia anon'etal, imunodeprimidos (em qui-
Inlicação no Ilse de Antibióticos nos mioterapia), diabetes melito, doença de Crohn,
Abscessos uso de esteróides, infecção das glândulas anais.
I: Localização facial (risco de tromboflebite de veias
cerebrais). Epidemiologia
ISinais de extensão da infecção por tecidos adja-
centes, como: celulite, linfangite, Iinfadenite, in- la Sessenta por cento têm < 1 ano.
“M A . -
vasão da corrente sanguínea (pneumonia, osteo- '
In Predisposição sexual: 65% M:35% F.
mielite, septicemia). a: Vinte e cinco a trinta por cento transformam-se
ISintomas sistêmicos: febre, calafrios. em fístula perianal.
IAbscessos múltiplos. I: Dez por cento dos abscessos recidivam.
IAbscessos recorrentes.
IPresença de lesão de válvula cardíaca.
ICrianças de alto risco com defesas imunológi-
Germes Mais Freqiientes
cas deprimidas (diabetes, imunodeprimidos por Escherichia coli, Staphylococcus aureur e ger-
quimioterapia). mes anaeróbios.
30 I! Geral
G L S' Z V l ' 9 L S
Infecção dos tecidos da polpa digital em sua face volar. Tratamento: 0 eponíquio deve ser empurrado pro-
Complicações desse tipo de abscesso: () espaço
aponeurótico encontra-se fechado proximalmente por ximalmente para expor a base da unha. A seguir, a
base da unhaé elevada e a porção proximal é removida.
fusão da derme da prega de flexão distal à fáscia 6
MBNWSSB WEI]
Coleção purulenta localizada, que, pela escassa viru-
lência do germe ou pouca resposta tissular do hospe—
v ‘ m.
deiro, não mostra sinais infiamatórios agudos. Exemplo
clássico é o abscesso tuberculose.
Tratamento
Como a membrana limitante, nesse caso, não consti-
tui uma barrcira à infecção, mas sim uma prolifera-
ção ativa, ao incisá-la cirurgicamente 'ou por drena-
gem espontânea, haverá a tendência de formar uma
Figura 7.2 — Abscesso em botão de camisa. Após a drena-
fístula com a superficie da pele, que não curará en- r ".
gem do abscesso intradérmico, notou-se comunicação com quanto não for removida cirurgicamente ou tratada
tecidos mais profundos. com medicamentos (Fig. 7.3).
lnfecções dos Tecidos Moles e Ferimentos I 31
Tratamento
n Resolução espontânea na maioria das vezes.
8-572416
unha encravada, favorecendo a inflamação crô- processo inflamatório. A glândula obstnn'da rompe-
nica. A unha não tem para onde crescer. se dentro da derme, contaminando as adjacentes.
6 L 8' 9 Z W S ‘
que consiste na excisão da margem afetada da
unha, curetagem ou excisão do tecido de granu- eonfluentes.
lação, ablação cirúrgica de porção da matriz
germinativa da unha (matricectomia) corn apro— celulite
ximação em massa dos bordos ou não.
No caso dos recém-nascidos e lactentes que Infecção invasiva e difusa da pele e do tecido celular
subcutâneo, com eritema, edema, calor local, ausência
apresentam unha encravada anterior (presença
de tecido inflamado obstruindo o avanço ante- de necrose e bordos indistintos. Pode ser uma infecção
rior da unha), pode ser necessária a excisão trans- mono ou polimicrobiana. Principais germes causadores:
versa elíptica profunda do tecido subcutâneo em Staphylococcus aureus, estreptococos B-hemolíticos
que a unha encravou e aproximação do retalho. grupo A e Haemophilus influenzae. Em aproximada-
Não é indicada a retirada da unha. mente 80% dos casos o local da lesão situa-se nas
extremidades. Em geral, ocorre em local de trauma
cutâneo por mordidas de insetos, abrasões, ferimentos
cirúrgicos, contusões e lacerações cutâneas. Pacientes
Infecção de múltiplas glândulas sudoríparas confluentes imunossuprimidos são mais suscetíveis à progressão
tipo apócrinas. Geralmente causada pelo Staphylococcus da celulite. Pode evoluir para linfangite, linfadenite,
aureus. As glândulas sudoríparas permanecem ima— fasçite necrdsante e gangrena.
turas até a puberdade. Essas infecções ficam circunstritas
;
,e .
a derme, raramente atingindo o subcutâneo. Tratamento l »
Dependerá da localização e da gravidade.
Fisiopatologia
É Em geral: antibióticos VO + compressas mornas
Um tampão de queratina costuma obstruir a drena- para aumentar a vascularização e a tensão de oxi-
gem do ducto da glândula sudorípara, levando a um gênio local, aumentando o aporte de leucócitos
e fatores imunológicos ao local.
Celulite facial, celulite corn toxemia e em crianças
< 3 anos: hospitalização + iniciar com antibió-
ticos por via intravenosa (IV) e, após, por via
oral (VO) por M dias.
influenzae. ,
I Difusão rápida e bordos
elevados: estreptococos.
ll Síndrome da pele escaldada: Staphylococcus
aurcus.
n Colostomia, períneo, cordão umbilical: Gram-
negativos.
Infecções dos Tecidos Moles e Ferimentos I 33
—; . - u ”
lida (isquêmica), aparecendo vesículas e bolhas escutas.
Essas áreas empalidecidas e com vesículas progri-
dem para a formação de manchas vermelhas escuras,
7- 5 6 — 1 4 2 8 9
que dão origem à gangrena cutânea. Muitas vezes,
- antes de sua necrose, a pele começa com eritema, edema
e dor (celulite). Sinais clássicos de crepitação e gás
subcutâneo em radiografias são raros na criança.
Sinais e Sintomas
Dor, febre, taquicardia, letargia, edema, pele com as—
Figura 7.5- Lactente com fascite necrosa nte de parede torácica pecto de casca de laranja (por obstrução dos linfáticos
antero-lateral. dérmicos), lesões bolhosas, petéquias, leucocitose.
i: Sutura, quando indicada.
Prevenção do tétano.
Antibióticos em Ferimentos
Mordeduras de humanos e animais (ver indica-
ções).
& Ferimentos punctórios com retardo do debrida-
mento ou sem debridamento adequado.
n Ferimentos corn corpos estranhos.
a Ferimentos contusos com áreas esmagadas.
:1 Imunocomprometidos e diabéticos.
I; Ferimentos extensos.
m Ferimentos com > 8h de evolução ou sujos (lºcal,
causa).
Figura 7.6 — Fascite necrosante de períneo e parede abdo-
minal inferior. Ferimentos não debridados adequadamente.
IFerimentos
fezes, pus.
grosseiramente
contaminados com
:Profilaxia nos imunizados: debridamento para Tern sido demonstrado que a administração intra-
evitar condições de anaerobiose que permitam a venosa de metronidazol é mais efetiva que a
germinação dos esporos tetãnicos +dose de reforço. penicilina na prevenção de óbito no tratamento
Se receberam reforço há dois anos, ela é desne- do tétano.
cessária.
al Nos pacientes sem imunidade: limpeza e debri-
damento do ferimento com remoção dos tecidos MBBDEIIIIMS rn flEBAl
desvitalizados, corpos estranhos, bacilo tetãnico,
outros germes e condições de anaerobiose. Deve Mlll'llflllllm lie Enchant)
ser realizada nas primeiras 6h (é o tempo mí- Corresponde a 80 a 90% das mordidas de animais.
nimo que o esporo tetânico, em condições de O risco de infecção é de 15 a 20%.
anaerobiose, leva para passar à forma vegetativa Fatores que aumentam o risco de infecção: retardo
e produzir neurotoxinas. A produção máxima cos- . de tratamento (> 8h), ferimentos punctórios, ferimento
978-52416
tuma ocorrer próximo da 40a hora). Portanto, as na mão, ferimento em área genital, ferimento exten—
medidas proiilãticas após as 6h podem não ter
so ou que não pode ser debridado adequadamente
efeito. Porém, isso não contra—indica o debrida—
(geralmente os de face), doenças sistêmicas associa-
mento da ferida, mesmo após as primeiras 24h. das (diabetes melito, imunossupressão, válvula cardíaca
Nesses casos, a criança deve receber gamaglobulina artificial, esplenectomia prévia,).lúpus eritematoso
humana antitetânica 250 a 500UI por via intramus«
sistêmicoe outras), penetração em osso ou cartilagem.
cular (IM) (Tabela 7.1).
a A imunização é realizada aos 2, 4 e 6 meses de
idade por meio de três doses de DPT (difteria,
pertússis, tétano), com dose de reforço um ano
Tratamento — Princípios Básicos
Irrigação copiosa prolongada do ferimento com
após a última dose de imunização e repetida quatro
a cinco anos após. Após, repetir o reforço a cada soro fisiológico.
10 anos. Iai Debridamento de todo o tecido necrótico ou des—
ut Nos pacientes com ferida limpa e imunização vitalizado.
incompleta ou incerta, é recomendado receber n Só suturar ferimentos corn < 8h. Após 8h de
uma dose de anatoxina tetânica com mais duas evolução, só suturar ferimentos de face pós-la—
doses nos próximos dois meses. vagem exaustiva destes com soro fisiológico e
Tratamento dos ferimentos em pacientes com debridamento dos tecidos desvitalizados.
tétano: os tecidos desvitalizados e necróticos devem Nos grandes ferimentos com > 8h, indica-se o
ser excisados, os corpos estranhos removidos e fechamento secundário após a infecção ter sido
a ferida deve ser irrigada abundantemente e limpa resolvida ou a sutura frouxa dos bordos do feri—
dos contaminantes. Os tecidos infectados devem
ser debridados e os abscessos drenados. As fe- E
mento.
A maioria das infecções e polimicrobiana, prin—
ridas devem ser deixadas abertas, com sutura cipalmente: Staphylococcus aureus, estreptoco-
primária retardada programada após sete dias. cos, Pasteurella multocida (20 a 30% de todas
Penicilina, eritromicina, tetraciclina e metronidazol as infecções), anaeróbios (bacteróides, Fusobac-,
são todas efetivas contra o Clostridium teram". terium,Peprostrepfococcus). **
L'SQIVZG
a 75% das infecções), que é um cocobacilo Gram— lotina IV.
negativo pequeno. - Prevenir tétano.
'l
l
'ª:
- Lambedura de
lesada
Mordedura única e
tratamento. Se o animal adoecer durante o
período de observação, aplicar osebuinte
tratamento: 1 dose di ia de vacina até 7 e mais
2 doses de reforço, a 1' no 102 dia e a 2! no zoº
doses de reforço nos mª e Zºª dias
após, a'última dos'elda série
superficial em tronco ou
membros (exceto nas dia após a última dose da série ,
mãos)
Acidentes graves: Iniciar vacinação com dose nos dias O, Z, 4, . Iniciar tratamento com soro e 1 dose
-
'Lambedura em mucosa mantendo-se a observação do animal. Se estlver diária de vacina até completar 10,
Mordedura na cabeça, no sadlo no Sº dia, interromper o tratamento e mais 3 doses de reforço, sendo a ‘ll
: pescoço e nas mãos continuar a observação até o 10“ dia da no 10º, a Zª no Zºº e a 3ª no 302 dia
- Mordeduras múltiplas
elou profundas em
exposição. Permanecendo sadio nesse prazo,
encerrar dtratamento.
' '
Se adoecer. aplicar soro
té 10 doses mais 3 reforços
e
após a última dose da série
l
qualquer parte do Cºrpº completar vacmaçao a _ . .'
. por gato
R
. &
Vacina anti-rébica (Produzida em cérebro de camundongo lactente), 1mL por via IM no músculo deltóíde ou por via subcutânea0,(SC) no abdome
" face lateral da coxa. Nos acidentes graves, ha possibilidade de não se aplicar as três doses recomendadas da vaclna nos dias 2 e 4, desde queouseja na
garantida a observação rigorosa do animal agressor ou que 0 animal seja prontamente sacrificado para exame laboratorial. Nesse case, 0 resultado da
imunotluorescência direta deve ser negativo. Nos casos necessários, iniciar imunização ativa e passiva simultaneamente. Produtos de procedência humana
Sãº
Prºlef'dºª ªºs dª ºrigem Equina, Imunização passiva
e realizada com imunoglobulina humana contra a raiva. Dose: ZOUIIkg (humana) e Aouvkg
(eqmna). Metade da dose é injetada IM e a outra metade ao redor da ferida. Lesões causadas por gambás, coatis e morcegos: considera-las causadas por
anlmars
ralvosos. Essas recomendações deverão ser modificadas de acordo com situações específicas: circunstância como ocorreu a mordedura (provocação
ou não do animal). estado de va<inação do animal e presença de raiva na região. AsTeridas em áreas densamente inervadas & perto do sistema nervoso lc
central são mais passíveis de produllr raiva por causa da transmissão central do virus via elementos nervosos (cabeça, pescoço. mãos e feridas grandes:
maior destruição tecidual e, portanto, maior chance de inoculação).
Infecções dos Tecidos Moles e Ferimentor I
37
Etiopatogênese
A pulga vive livremente no assoalho dos domicílios,
na areia dos quintais ou da praia. As larvas desenvol—
vem«se melhor em solos secos e arenosos, onde se
transformam em pupas e finalmente em pulgas adul-
tas dentro de três semanas. A pulga tem uma colora-
ção vermelho-marrom e mede, aproximadamente, 1mm
de comprimento, nutrindo—se do sangue do hospedeiro. Figura 7.7 — Tungíase maciça do pé direito.
Após grávida, para completar o ciclo, que consiste
em quatro estágios: ovo, larva, pupa e adulto, a pul—
ga fêmea fertilizada penetra na pele do hospedeiro maturação dos ovos e o aumento do volume do
(qualquer vertebrado de sangue quente) por meio de abdome, a pápula torna—se um nódulo branco do ta-
uma picada, escava a epiderme com sua cabeça dirigida manho de uma ervilha. Com hemorragia intra-
internamente até alcançar a junção derme—epiderme, lesional, torna-se preta.
onde alimenta—se de sangue oriundo de vasos super-
ficiais da derme do hospedeiro. 0 mecanismo pelo Evolução
qual penetra na pele não é totalmente conhecido. Parece
que libera enzimas ceratolíticas. Penetra até que o A maioria das infestações é leve, resolvendo—se sem
último segmento abdominal esteja paralelo com a complicações. Podem complicar ao adquirir infecção
superfície da pele (Fig. 7.7). A pulga permanece no secundária pelo Staphylococcus aureus ou estrepto-
nível da epiderme, exceto a cabeça que entra na derme. cocos (abscçsso, celulite, tétano, gangrena).
O crescimento da pulga na epiderme costuma causar t
orifício abdominal terminal no solo após um período Remover a pulga com lâmina de bisturi de pon-
ta fina (nª ll) ou agulha. Deve-setomar cuida-
de 10 a 21 dias. A pulga morre logo após a extrusão
dos ovos e os tecidos infestados colapsam ao seu re— do para remover todasças porções da pulga.
dor. Os ovos sofrem um período de incubação de três E:
'I'ratar infecção secundária, se houver.
a quatro dias, passando, após, pelos estágios de larva n Profilaxia do tétano.
e pupa, tornando—se adulto em três semanas. Ulcera- Nas infestações maciçasl pode ser usado tiaben-
7 ~ S 6- 1 4 2 5 8
ções podem ocorrer no sítio. Inflamação e infecção dazol oral 25mg/kg/dia por três dias ou albendazol
secundária podem aparecer se partes da pulga forem 400mg/dia por três dias. Esse tratamento pode
97
retidas nos tecidos. mas esse acontecimento não é comum. ser repetido em uma semana.
São larvas da mosca Dermatobia hominis. nativa posteriormente, alimentar-se de tecidos normais e
do nosso meio. Elas não fazem postura direta sobre disseminar a infecção, aumentando a necrose. O diagnós-
a pele, mas usam outros vetores (outros insetos, como tico é feito ao observar-se o movimento ativo das larvas
moscas silvestres, moscas domésticas e mosquitos) em uma ferida com necrose e infecção. Local mais
nos quais aderem seus ovos por meio de uma subs- comum: couro cabeludo.
tância especial. Quando esses vetores picam o homem,
as larvas se soltam e penetram pela picada. Clinica- Tratamento
mente, apresentam-se como um nódulo semelhante a
um furúnculo possuindo um pequeno orifício central Colocar nas lesões pó iodofonnado ou pó de calomel ano,
por onde sai secreção serosa e aparece o estigma posterior mantendo o curativo fechado por 24h. Após removi-
da larva que, intermitentemente, se exterioriza e por do o curativo, as larvas mortas são retiradas com pinça
onde respira. O paciente refere sensação de “ferroadas” e boa assepsia.
e de que o parasita se move na cavidade. Pode causar
complicações como abscessos, linfangites, erisipela, INFEGÇÍIES PDIHIÍIIIIS
necrose tecidual e tétano. Cinco a seis semanas após.
a larva atinge a maturidade e abandona a ferida, que Verrugas
cicatriza. A morte da larva dentro da ferida predis—
põe a infecção bacteriana secundária. Proliferações tumorais epidemiicas benignas e contagiosas
causadas pelo papilomavírus humano (HPV). Apresen-
tam hiperplasia epidérmica focal manifestada por
Tratamento hiperceratose (espessamento da camada queratlnica ou
lTamponamento do orifício de penetração com córnea, por exemplo, calo), acantose (espessamento da
camada das células espinhosas) e papilomatose (proli—
vaselina, óleo mineral ou esparadrapo, provocando
feração vegetante das papilas dérmicas e correspondente
a saída da larva para o exterior para respirar e projeção interna das cristas epidemiicas espessadas).
sua retirada.
u: Se essa forma de tratamento falhar ou se a larva m Meio de transmissão: pele a pele.
morrer, deve—se realizar a sua retirada por ex- ll Prevalência na população em geral: 7%.
pressão manual ou, assepticamente, por peque- n A prevalência é maior na criança, Corn pico na
na incisão alargando o orifício de penetração e adolescência e declínio na idade adulta.
sua retirada com pinça (Fig. 7.8). =1 Duração da lesão: costumam persistir por mui-
tos anos se não tratadas. Existem vários tipos.
Miíase das Feridas
Verruga yulgar ou Comum“
Infestação de tecidos por larvas de moscas que não
picam. Esse tipo de mosca comumentvalimenta—se Pêpulas firmes, com 1 & lOmm de diâmetro ou rara-
mente maiores, hiperceratóticas e vegetantes. Geral-
de exsudatos de feridas abertas e úlceras de pelecom
necrose, onde costumam depositar seus ovos. Tam— mente múltiplas. , .
bém conhecidas como “bicheiras”. As larvas inicial- |:
Sitios de predileção: sítios' pós-trauma (mãos,
mente consomem somente debris necróticos, mas podem, I dedos, joelhos). Pe'quenos traumas podem lesar
o extrato córneo da epiderme facilitando a in-
fecçãç epidermica.
A verruga tipo filifarme é uma variante da verruga
comum e costuma apresentar delicadas projeções
filiformes. Mais comum na face, no pescoço. nas pálpe-
6 L 8' 9 Z W Sª
Verruga Plantar
Pápulas de superfície rugosa, com ápiCes invertidos
e pontos pretos (capilares trombosados nas papilas
dérmicas hipertrófrcas) em seu interior, em áreas de
maior apoio e em geral rodeadas por calosidade.
Geralmente são lesões solitárias. Sensibilidade é grande
em certos tipos agudos equando ocorrem em sítios
de pressão (cabeça dos metatarsos). Mais comuns em
adolescentes. São semelhantes às verrugas vulgares,
porém estão sujeitas à pressão. Ã medida que cres-
Figura 7.8 — Berne sendo retirado da pálpebra inferior. cem, são empurradas para dentro da derme. Aspecto
-- ,M—
...,.
Infecções das Tecidos Moles e Ferimentos I
39
macroscópico de uma esponja molhada com alguns tivo de destruir os vírus residuais e controlar o
pontos pretos. sangramento.
7 — 5 6- 1 4 2 8 9
tolíticos — solução de ácido láctico e ácido salicílico
em colódio (22:20), diariamente, após o lixamento BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
da superfície da verruga para retirar solução ALLEN, C. H.; PATEL. B.; ENDOM, E. E. Primary bacterial infections
colocada no dia anterior e curativo fechado dire- of the skin and soft tissues changes in epidemiology and
tamente com esparadrapo sobre a verruga para management. Clin, Pad. Emerg. Med., v. 5. p. 246-255, 2004.
IOCONO, .I. A.; KRUMMEL, T. M: Surgical infectious disease. ln:
causar maceração.
!Verrugas de tratamento difícil: ungueais e periun— ASIICRAFI', K. W. (ed.). Pediatric Surgery.“led. Philadelphia:
W.B. Saunders. 2000. p. 115—125.
gueais, grandes, múltiplas, plantares resistentes
w -.
ao tratamento convencional ou muito dolorosas; MALLICK. I. H.; WINSLET, M. C. A review of the epidemiology,
pathogenesis and management of tetanus. Int, J. Surg., v, 2,
o tratamento é a remoção das verrugas com crioci- p.109-112, 2004.
rurgia repetida a cada quatro semanas até desa- MCGILL, C. W. Bites. In: ASHCRAFT, K. W. (ed.). Pediatric Surgery,
parecimento da lesão ou a eletrocirurgia (mais 3. ed. Philadelphia: W.B. Saunders, 2000. p. [15- 125.
efetiva do que a criocirurgia) com curetagem da ZUBER, T. J Ingrown toenail removal. Am Fam. Physician, v. 12,
lesão e posterior eletrodessecação, com o obje- p. 2547-2550, 2002
alguns serviços de neonatologia passaram a utilizar
o acesso da veia umbilical em tratamentos mais pro-
longados, inclusive na infusão de nutrição parenteral
por meio de cateteres de duplo e triplo lumens. Esses
.
fácil de colocação de cateteres dentro da aortafPer-
mite coletas de amostras de sangue arterial, infusão
IIITIIUIIIIGIIÍI de líquidos, cateterização cardíaca para'angiografia.
A cateterização vascular central é uma parte integral A cateterização é semelhante aquela da veia um-
do cuidado dos pacientes criticamente doentes. Per- bilical, e o cateter pode ser colocado em uma posi—
L‘9'WZS86
mite monitoração hemodinâmica, administração de ção baixa, acima da bifurcação da aorta e abaixo das
fluidos, produtos sanguíneos, medicações e nutrição artérias renais e mesentérica inferior, determinada por
parenteral, sendo por isso a obtenção de um acesso ve— radiografia, entre a 3ª e a 5a vértebra lombar; ou em
noso profundo um procedimento imperativo na prá- uma posição alta, no nível do diafragma, entre a 6a
tica do cirurgião pediátrico. e a 10! vértebra torácica. Existem tabelas para medida
do comprimento de cateter a ser introduzido de acordo
com o nível desejado, mas sua posição deve ser con-
ums nr enrrr'rmsírn firmada por radiografia (Tabela 8.1).
Várias técnicas cinirgicas foram desenvolvidas para As complicações incluem espasmos vasculares de
facilitar o acesso ao sistema venoso profundo em crianças membros inferiores, oclusões renais e mesentéricas
(Quadro 8.1). que geralmente devem-se a êmbolos. Os índices de
infecção são baixos, podendo ocorrer hemorragia por
desconexão do cateter ou perfuração do vaso.
GATHERING“ BE "808 "MBIlIGIIIS Dissecção da artéria infra-umbilical pode ser rea-
Os vasos umbilicais são utilizados principalmente em lizada quando o coro umbilical estiver impróprio para
recém-nascidos (RN). cateterização (“seco") ou já houver sido manipulado.
Cateterização da veia umbilical é um procedimento
simples que permite a colocação de um cateter de
Realiza—sp uma pequena incisão infra—umbilical e
abertura da aponeurose dos retos abdominais, visua-
grosso calibre no sistema venoso central. Esse método
é utilizado para exsangíiinotransfusão e infusões rá-
lizando— se as artérias umbilicais e o úraco sobre o
peritônio. A ã'itéria'
e aberta, com cuidado para evitar
pidas no período pós-natal imediato. sua torção ou angulação, e um cateter de tamanho
Para a cateterização, prepara-se assepticamente o adequado é introduzido. Este deve. progredir sem
coto umbilical, que é cortado a lcm da pele. A veia dificuldade até a posição. desejada,_conforrne a ta-
umbilical possui paredes finas e localiza-se em posi- bela para cateterização“ da artéria umbilical, não es-
ção cefálica no cordão. Os coágulos sanguíneos devem quecendo de descontar a distância entre o umbigo e
ser removidos do lúmen da veia e um cateter 5Fr para o local da dissecção. A localização deve ser checada
RN e 3,5Fr para prematuros deve ser inserido até a por radiografia assim que possível. O cateter e' fixo
veia cava inferior ou átrio direito. A posição da ponta com fio inabsorvível 4-0.
do cateter é verificada por meio de radiografias de
tórax e abdome.
As complicações incluem sepse pelo cateter, abs- DISSEEGÃO IIEIIIISII PERIFÉRIGII
cesso hepático, trombose portal e perfuração. [HEBII'I'IJMIA]
Em virtude do risco de trombose portal, o cateter
era retirado o mais precocemente possível (48h), mas É utilizada principalmente quando há contra-indica-
ções para a punção percutânea central ou quando ocorre
insucesso deste procedimento. As veias do membro
ounono 821 —* Téçnicasjd superior (basílica, axilar e cefálica) e do pescoço (jugular
externa, facial e interna) são as preferencialmente
' Cateterização de vasos umbilicais cateterizadas. A veia safena, junto ao maléolo tibial,
.. Acesso
' Dissecção de veias periféricas (flebotomia)
Punção percutânea“
vascular de longa duração
é um acesso fácil utilizado em casos de emergência.
Dá-se preferência a cateteres de silicone (Silasticº),
'Punção intra-óssea que devem ser exteriorizados por contra-incisão, di-
minuindo-se assim os riscos de infecção.
Aceiro Vascular I
41
MPª
fato de que, à esquerda, a cúpula pleural é mais alta '
.x “
' mm _
,
e o ducto torácico está presente. > Veia bra níocefâlici
subclávla ,!
Com a criança em decúbito dorsal e em posição de Veia axilar ,l,
Trendelenburg (15°), os membros superiores devem , Vela rava superior
978-5«24l6
”nª
42 I Geral
A posição da criança é a mesma da punção da vela porém o cateter é ligado a um reservatório no subcu-
subclãvia, mas o coxim deve ficar transverso, sob as tâneo, o qual fica recoberto pela pele, sem exposição
escápulas e a cabeça estendida e rotada para o lado externa. O reservatório possui uma cúpula de silicone
oposto. Após a anestesia, realiza-se a punção logo que permite a punção pela pele até o seu interior.
abaixo do ápice do triângulo formado entre os dois Apresentam menor índice de complicações, melhor
feixes do músculo esternocleidomastóideo (clavicular aceitação pelo paciente e menor custo de manutenção.
e esternal) e a clavícula (Fig. 8.2), em direção ao mamilo
ipsilateral, em um ângulo de 15 a 45°.
As punções devem ser realizadas com cateteres I'IIIIDÃD IIITIHHÍSSER
adequados ao tamanho das crianças; em RN e pre- É uma rota efetiva para situações de emergência, quando
maturos, pode ser utilizado cateter 22G (Certofixº) o acesso venoso não pode ser obtido. Qualquer infu-
ou 4Fr. Nas crianças maiores de 6kg, usamos o 186 são que puder ser usada intravenosa, também poderá
(Certofixº) ou 5Fr. ser administrada pela medula óssea. A tibia proximal
e distal e o fêmur distal são os locais preferidos de
MESS“ llliSGlllflfl Il! llllGA llllllllçÃll punção. Em geral, a punção é feita medial a crista da
tibia, de 1 a 3cm abaixo da tuberosidade tibial. A agu-
A utilização de cateteres de demora tem facilitado o lha é direcionada para baixo em um ângulo de 40° a
tratamento de pacientes com neoplasias malignas, 60º, e a punção da medula é d tectada quando dimi-
discrasias sanguíneas e síndromes de ma absorção.
Permite a administração segura de fluidos, medica- nui a resistência oferecida pel cortical óssea. Soro
ções, soluções nutritivas. Podem ser semi ou total-
fisiológicoe injetado e o tecido adjacente palpado para
verificar se existe extravasamento. Abaixo dos 18 meses
mente implantáveis, colocados por meio de punção
percutânea ou dissecção. Quando colocados por a agulha 18-20 de punção de medula óssea é utilizada;
flebotomia, dã—se preferência às veias do pescoço acima dos 18 meses, utiliza— se de 13 a 16. Após 2h de
(jugular externa ou interna) ou do membro superior infusão, acesso venoso deve ser realizado e a via intra-
(cefãlica). A punção percutânea é feita na veia subclãvia óssea retirada. Áreas infectadas e zonas de fraturas devem
ou jugular interna. ser evitadas. O risco de osteomielite é muito baixo.
Cateteres semi-implantáveis são fabricados em sili-
cone ou poliuretano, são radiopacos e apresentam de culnnnns EBM IIS GME'IEBES
uma a três vias, com diâmetros variados. São tunelizados
pelo subcutâneo, onde fica um cujff de dracon, que O curativo deve ser trocado assepticamente a cada
tem a finalidade de aderir o cateter e criar uma bar- 48h. Sempre que existir secreção, deve-se coletar um
reira mecânica à infecção. São exteriorizados na parede swab para cultura. As conexões devem ser cuidado-
anterior do tórax. samente“ manejadaS'e—o interior das linhas deve ser
Cateteres totalmente implantáveis surgiram pos— mantido estéril.
teriormente e receberam a denominação genérica de :(CateteresLcentrais de uso prolongado necessitam
parts ou partocaths. São similares aos semi-implantáveis, de cuidados especiais, mais elaborados, quanto à
desinfecção, ao curativo e à heparinização.
Os cateteres semi--implantãveis devem ser limpos
ao ,redor do sítio de saída com gazes embebidas em
álcool a 70% e o curativo deve sertrocado uma vez
ao dia após o banho. Para manter a permeabilidade,
quando este”não estiver sendo utilizado,'deve ser usada
solução de heparina, que é trocada a cada 72h.
Durante a manipulação dos cateteres totalmente
implantáveis, são necessários cuidados básicos, como
lavar as mãos, usar luvas e fazer a anti-sepsia do local
Vela jugular com álcool iodado. No momento de puncionar, a agulha
interna deve estar em um ângulo de 90º e o reservatório mantido
firme. Não sendo mais necessário o seu uso, o cate-
ter deve ser lavado com 20mL de soro fisiológico e
Veia subclàvia
injetada solução de heparina (100UI/mL), na quanti-
Veli bnqulocefâlka direita
dade adequada, A troca de heparina deve ser a cada
Vela Gila superior 14 a 21 dias.
G L B' Q S Z W
cnurucnçõrs
Figura 8.2—Punção<ateterização percutânea da veia jugular
interna. Observar que a inserção da agulha e no ápice do A obtenção e a manutenção do acesso venoso central
triângulo formado pelos feixes musculares esternal e clavícular podem resultar em intercorrências sérias e muitas vezes
do esternocleidomastóideo e a clavicula‘. fatais.
Acesso Vascular I 43
&;
Pneumotórax é uma complicação rara; a maioria não sultado das culturas, quando o esquema antibiótico é
“sa ªe:
manifesta qualquer sintoma. Apesar dos graus varia— adaptado. Em cateteres multilúmen, a infusão de
'
antibióticos para tratamento deve ser alternada, pois
itªj
ªºs?
veis de pneumotórax, eventualmente os pacientes desen-
volvem pneumotórax sintomático, evidenciado por dor a infecção pode estar restrita a uma das vias. Perma-
intensa, taquipnéia e angústia respiratória. Esses pa— necendo sinais de bacteremia após 72h, em vigência
Tr “
cientes necessitam de descompressão urgente (dre- de terapia apropriada ou quando fungos são identifi-
nagem torácica). cados, indica—se a retirada do cateter.
« ,. — W M
,
Hematoma medíastinal e hemotórax são compli— Em cateteres de longa duração, a infecção do tú-
cações decorrentes da punção acidental das artérias, nel subcutãneo e ao redor do reservatório na maioria
principalmente em pacientes com hipertensão arte— das vezes indica a sua remoção.
rial ou discrasias sanguíneas.
Embolia gasosa e uma complicação que pode ser Obstrução
prevenida corn a colocação do paciente em posição
de Trendelenburg no momento da punção e o per- Relacionada à utilização dos cateteres, ocorre prin-
feito ajuste das conexões do cateter, evitando a en— cipalmente pela presença de trombos. A implantação
trada de ar. de cateteres em vasos de pequeno calibre e a presen-
Embolia do cateter pode ser prevenida, desde que, ça de material estranho promovem a formação de f1-
sempre que houver alguma resistência durante a in- brina, fibronectinae colágeno. Os depósitos de fibrina
trodução do cateter, a agulha e o cateter sejam reti- e/ou as aderências na parede do vaso são suficientes
rados juntos, evitando que ele seja cortado pela ponta para ocluir a luz de um cateter de pequeno lúmen.
da agulha, produzindo um êmbolo,
Erosão da veia pela: cateteres é uma complicação Trombose Venosa
_o»
SL ' Z W Q
line. ]. Perinatal, v. 16, n. 6, p. 1-466, 1996.
MACIEL, E, O.; GANDARA, C. A. "I", CORREIA, C. C. e1 al. Cate-
risco de hemorragia grave. A utilização da técnica de teres de demora em pediatria: atualização e experiência no HSL.
infusão seletiva de baixa dose (50U/kg/h), liberada o In: Acla Medica H UP. Periódicos Brasil, 1993. p. 575-588.
mais préximo possível do local da trombose, pelo caterer, SCHAWAR'IZ, D1 S.; GETTNER. P. A.; KONSTANT1N0, M. M. et
diminui os riscos de sangramento. Indica-se a sus- al. Umbilical venous catheterization and the risk of portal vein
pensão da terapia trombolitica quando houver lise thrombosis. J. Pediatr., v. Bl. n. 5, p. 760-762, 1997.
”f.“
«.
.
Acessospara Diálise I
45
QUADRO 9.2
de demora
— Acesso para diálise peritoneal
-
. Colocação com técnica asséptica, no bloco cirúrgico
Acessos para Diálise Incisão infra-umbilical no mesmo local destinado ao
cateter para diálise peritoneal aguda, com abertura
do perítônio
Omentectomia, se possível
Elinês Oliva Maciel O cateter é colocado com o auxílio de uma pinça longa
ou uma guia metálica rigida, de modo que a ponta
ocupe o fundo de sem por detrás da bexiga. Pode ser
Carlos André T. Gandara colocado em direção ao ligamento inguinal esquerdo,
entre a parede abdominal e as vísceras
A insuficiência renal pode ocorrer como complica- O peritõnio é fechado com urna sutura em bolsa. a fim
ção aguda de inúmeras doenças na infância ou signi— de evitar extravasamento de líquido. Alguns desses
pontos são passados pelo primeiro cuff (profundo)
ficar a fase terminal da função do rim. O caterer é tunelizado por 4 a 6cm na parede do
As técnicas de diálise (diálise peritoneal e hemodiá- abdome (subaponeurótíco e subcutâneo) e fixado.
lise) vieram revolucionar o tratamento dessas crianças, O segundo cuff deve ficar em posição subapeneurótica
sendo considerados procedimentos seguros, quando ou subcutânea
bem indicados e executados.
Retirada do Angiocath'. incisão da pele e realização freqllente é o acúmulo de fibrina no lumen, que pode
da punção com cateter especial para diálise peritoneal estar associado a quadros de peritonite, sendo acon-
aguda (com estilete interno). O cateter é orientado
para fossa iliaca direita ou esquerda selhado o uso de heparina nos líquidos dialíticos. Uma
Retirada do estilete e fixação do cateter a pele com vez obstruído o cateter, pode-se usar infusões de estrep-
sutura ou curativo toquinase ou uroquinase com o objetivo de dissolver
a fibrina (Quadro 9.3).
46 ! Geral
6 L 8' 9 Z V I S: [
crobiana. Se não obtiver sucesso, deve-se iniciar zadas (Quadro 9.4).
antibióticoterapia. Como geralmente essas infecções A infecção e a complicação mais comum, apre—
são causadas pelo Staphylococcus (S.) epidermidir sentando-se com eritema e secreção no local ou epi—
ou S. aureus, os antibióticos de escolha são as cefal sódios de febre e bacteremia decorrentes da conta-
losporinas, a oxacilina ou a vancomicina. O tratamento minação da ponta do cateter. Nesse caso, o cateter
deve ser mantido por duas semanas. Na eventualidade deve ser retirado, administrados antibióticos e novo
de não se obter resultado com o tratamento, deve-se cateter deve ser colocado no lado contralateral.
retirar o cuflsubcutfineo. Se não houver cura, o cate— A obstrução do cateter por elementos orgânicos leva
ter ddve ser retirado. a um fluxo insatisfatório, podendo utilizar-se a uroqui-
Infecção do túnel apresenta-se com dor, edema e nase, a estreptoquinase ou um fio guia flexível para
eritema sobre o trajeto do cateter. Sinais sistêmicos, desobstrução. Outra complicação possível é o deslo-
como febre, podem estar presentes c “mascarar" um camento da ponta do cateter com mau funcionamento.
Acessos para Diálise I 47
QUADRO 9.4 ~ Acesso temporário para hemodiálise ficiente, trombose, isquemia e edema da mão, formação
(veia subclávia) de pseudo-aneurisma, infecção e mais raramente in-
. eRealizado no bloco cirúrgico, com técnica asséptica
radioscopia
suficiência cardíaca congestiva.
Enxerto arlerioverioso (sem punção) consiste nª
Anestesia geral colocação de um tubo em “T" de politetrafluoretileno
o paciente é posicionado em decúbito dorsal, em (PTFE) inserido nos vasos do membro superior com
Trendelenburg. com a cabeça levemente rotada para uma extremidade para fora da pele, possibilitando o
o lado oposto e com um coxim cilindrico entre as
escápulas acesso sem punção. É muito útil em crianças peque-
Utiliza-se a técnica de Seldinger para a colocação de nas, avessas às agulhas. Porém, os índices de trom—
cateteres infraclaviculares bose e infecção são maiores que nas FAV convencionais.
Punção da veia e obtenção de fluxo fácil de sangue Permcaths'ª é um similar das Cânulas de duplo lúmen
A seringa é removida da agulha, tendo-se o cuidado construído em silicone e acrescido de um cufl‘de dracon,
de evitar a entrada de ar, e uma guia metálica é o que lhe da boa durabilidade. É colocado pela veia
passada até a veia cava superior
subclávia ou jugular interna com o ponto de saída do
Em pacientes com pele fina e tecido celular subcutâneo
frouxo. o cateter pode ser passado pelo fio-guia
cateter na parede anterior do tórax. Trombose, infec-
facilmente até que a sua ponta se localize logo acima ção e obstrução são as complicações mais comuns.
do átrio direito. Em crianças maiores, pode ser preciso Deve ser utilizado somente em pacientes em que as
o auxilio de um dilatador, antes da introdução do FAV não podem ser criadas. '
978— 5- 241 6
heparinizadas e faz—se um curatlvo oclusivo NISSENSON, A. R.; FINE, R.; GENTINE, D. (eds.). Clinical
Dialysis. 2. ed. Englewood Cliffs: Prentice—Hall International, 1990.
p. 26-44.
BLAGG, C. R. Acute complications associated with hemodialysis. In:
Complicações tardias incluem trombose e estenose MAHER. .I. F. (edi). Replacement ofRenal Function. Klower, 1989.
p. 750-771.
da subclávia. KOHAU'I‘, E.; BRIYSON. W. F. Peritoneal dialysis in'pedíatric patients.
In: NISSENSON, A. R.; FINE. R.; GENTINE, D. (eds.). Clinical
Acessos Permanentes Dialysis. 2. ed. Englewood Cliffs: Prentice-Hall Intemntional, 1990.
p. 655-666.
Fístulas arteriovenosas (FAV) permanecem como a PAGLIALONGA, F.; ESPOSITO, S.; EDEFONTI, A.; PRINCIPI. N.
melhor técnica para se obter um acesso vascular Catheter-related infections in children treated with hemodialysis.
duradouro em crianças. São construídas geralmente Pediatr: Nephral., v. 19, n. 12, p. 1324-1333. 2004.
entre a artéria radial e a veia cefálica, no braço não RAJAS. R. M. Vascular access for hemodialysis. In: DAUGIRDAS, I.
dominante. A utilização de técnicas microcirúrgicas T.; ING. T. S. Handbook afDi'nIysir. Boston: Little Brown. 1988.
shank-51*
nas. com sucesso. Essas fístulas requerem um período WALSHE, J. I.; MORSE, G. D. Infectious complications of peritoneal
dialysis. In: NISSENSON, A., R.; FINE, R.; GENTINE, D. Clinical
de "amadurecimento”, que pode variar de dois a seis
Dialysis. 2. ed. Englewood Cliffs: Prentice-Hall International, 1990.
meses. Suas principais complicações são fluxo insu— p. Bºl-318. '
48 I Geral
» brônquica).
-—
Doença neuromuscular.
Traqueostomia
Paralisia dos músculos torácicos e diafragma.
—
Risco crônico de aspiração (dismotilidade oro-
faringea grave).
é L S' ‘ Z V I Q
'melhora relaciona-se ao resultado direto de muitos Utilizada quando se necessita de via aérea urgente e
fatores: tubos endotraqueais confeccionados com ma- esta contra-indicado o TE ou não se consegue realiza—lo.
teriais menos irritau'vos e que evitam a aderência de A membrana cricotireóidea é superficial e facilmente
muco, melhor conhecimento da fisiopatologia da infla— acessivel com mínima dissecção. O espaço entre as
mação e infecção causadas pelos tubos endotraqueais cartilagens tireóide e cricóide é o ponto de maior pro-
e outros. As crianças toleram a entubação endotraqueal ximidade entre a pele e a via aérea. Somente pele, fáscia
prolongada por mais tempo do que os adultos. Mo- superficial e membrana cricotireóidea recobrem & via
dernas técnicas cirúrgicas relacionadas a via aérea aérea nesse local. A desvantagem principal desse acesso
(ressecção com laser, cricotireoidotomia, reconstru- relaciona-se ao pequeno tamanho da membrana e ao
ção laringotraqueal em um estágio) têm diminuído o risco inerente às estruturas adjacentes (cone elástico,
número de traqueostomias realizadas. músculos cricotireóideos, artéria cricotireóidea cen—
tral). Lesão causada à cartilagem, pelo bisturi ou por
IIIBIBIIÇÍÍES necrose de pressão, pode levar à pericondrite e possi-
velmente a estenose. Pela técnica de Seldinger, pode
IPara manter via aérea patente (ultrapassar obs- colocar-se pm cateter pela membrana e seu pequeno
trução de via aérea superior) diâmetro pode ser compensado por fluxo de oxigênio
— Anomalias congênitas da laringe ou traquéia
(anomalias da laringe, como atresia, membrana,
s‘ob pressa'olcateter Abbocathº 18-ou 16 e fluxo de
oxigênio de lil/min). Tempo aproximado de utiliza-
latingomalacia, anel vascular); anomalias cranio-
faciais (micrognatia grave); obstruções subglo-
ção: 30 a 45min.
.' ,o
—
I
ticas (como estenose e hemangioma, paralisia
bilateral de cordas vocais).
Técnica
—
Corpos estranhos de via aérea alta causando
insuficiência respiratória aguda, que não podem
IHiperextensão
lagem cricóide.
do pescoço e palpação da carti-
ser desalojados com as manobras de Heimlich. Minima incisão horizontal e realizada acima do
-Doenças inflamatórias da via aérea: epiglotite,
traqueobronquite aguda, difteria, tétano.
bordo superior da cartilagem cricóide (evita os
vasos que correm junto ao bordo inferior).
Após exposta a membrana, ela é puncionada na
—'Itimores ou lesões semelhantes a tumores orofa—
ríngeos: linfangioma, teratoma. linha média.
INa impossibilidade de se obter via aérea durante IA punção é dirigida inferiormente, evitando trauma
ll Anestesia geral em sala cirúrgica. A numeração das cânulas varia de acordo com o
Hiperextensão do pescoço. tipo, a marca e 0 material de confecção. Em geral, as
I: lncisão cervical transversa no centro do triân- cânulas plásticas são numeradas de acordo com o
gulo de Jackson (entre a cartilagem cricóide e o diâmetro interno (Dl) (em milímetros). As cânulas de
nó esternal). silicone recebem a seguinte numeração: 1 (recém-nascido
I Incisão vertical da fáscia cervical afastando os mús- prematuro, DI: 3mm), 3 (recém-nascido a termo e
culos estemotireóideos e esterno-hióideos lateral- lactentes, DI: 4mm), 4,5 (crianças maiores, DI: 5mm),
mente e a glândula tireóide superiormente. Cau— 6 (adolescentes, DI: 7mm).
terizar ou ligar a veia jugular anterior, se presente.
:: Ás vezes, pode ser necessária a ligadura ou cau- anmnosiçãu tias cânulas
terização do istmo da tireóide para ter acesso à
parede anterior da traquéia. As cânulas de traqueostomia podem ser constituídas
n Incisão vertical na linha média da traquéia (en— de metal (pouco utilizados atualmente), silicone (adap-
tre o 3fl e o 4º anel traqueal). tam-se melhor a forma da via aérea e são mais flexí-
:Colocação de um ponto de fio inabsorvivel em veis) e cloreto de polivinil (PVC). As cânulas mais
cada bordo traqueal, mantidos longos para fixação utilizadas são as de Shileyº (Tabela 10.1) e Portexº
posterior na parede torácica (facilita a recolocação (Tabela 10.2).
do tubo, caso ocorra decanulação inadvertida). As cânulas neonatais têm o mesmo diâmetro interno
Colocação de tubo de tamanho adequado (diâ- e externo das cânulas pediátricas, mas são mais curtas.
metro e comprimento). O tubo endotraqueal é
removido ao mesmo tempo em que a cânula de complicações
traqueostomia é inserida.
na A pele não deve ser aproximada ou aproximada As principais complicações da traqueostomia na crian-
frouxamente (risco de enfisema subcutâneo e ça devem-se a:
pneumomediastino). Realização de traqueostomia de urgência sem via
u Fixar o tubo em tomo do pescoço apertando cadarço aérea segura pré-operatoriamente. A única razão
de traqueostomia com a cabeça fletida. A ten- para não entubar previamente é & inabilidade de
são ótima não está definida. Uma regra comum entubar.
é apertar o suficiente que permita a passagem m Uso de tubos de metal.
de um dedo abaixo do cadarço. u Técnica inadequada com remoção de uma jane-
:I Curativo com gaze úmida com iodóforo aquoso
la de tecido traqueal ou incisão estrelada (incisando
colocada entre a pele e as asas do tubo. os anéis traqueais acima e abaixo e lateralmente).
n Após sete dias, o tubo deve ser trocado por ou— Pode causar
falta de suporte cartilaginoso.
A“ .
t
tro igual.
,.r,
50 e Geral
—
TABELA 10.2 Linha Blue Line da Portex' boca, faringe, laringe e árvore traqueobrônqui-
ca) e a necessidade de realizar laringotraqueo-
DIAMETRO DIAMHRO broncoscopia (checar se existe granulação su-
INTERNO (mm) EXTERNO (mm)
pra-estomal, periestomal, epiglote, motilidade das
3 4.2
3,5 4,9
cordas vocais, valéculas, seio piriforme, porção
4 5,5 pós-cricóide da hipofaringe, ventrículos da la—
4,5 6.2 tinge, comissura anterior, região intra-aritnóidea,
subglote, traquéia e brônquios).
5 6.5
6 8,3 Decanulação propriamente dita: realiza-se blo-
queio progressivo do lúmen do tubo (1/2 e, após,
3/4 do tubo) ou troca-se progressivamente o tubo
por outros de diâmetros menores. Observação
de sutíções, pela manhã e à noite somente. A sucção cuidadosa para qualquer sinal de desconforto
deve licar confinada ao comprimento do tubo (medir respiratório. Também pode ser realizada durante
o comprimento do cateter até a ponta do tubo) a broncoscopia, observando-se a respiração es-
para evitar ulceração traqueal e traqueíte e não pontânea e se existe obstáculo anatômico ou
ultrapassar mais de 155. Indica—se a- técnica lim- funcional no nível da yia aérea. O processo de
pa com o uso de cateteres limpos e não estéreis, decanulação, se bem tolerado, é realizado du-
luvas descartáveis ou mãos limpas lavadas an- rante 24 a 48h (dia e noite), o tubo rcmovido e
tes do procedimento. o estoma coberto por curativo compressivo es—
II Hidratação adequada. téril. É aconselhável o uso, pré e pós-decanulação,
I Mudanças frequentes de decúbito. de esteróides e nebulizações com epinefrina.
IFisioterapia pulmonar. I Principais problemas encontrados na decanulação
I Curativos diários com iodóforo aquoso. prote- difícil: aumento do espaço morto (por isso é indi-
gendo a pele do contato direto com asas do tubo cada a diminuição gradual do calibre do tubo
de traqueostomia. traqueal), estenose traqueal acima do estoma (gra—
ITrocar tubo a cada sete dias. nuloma, retalho de tecido fibroso ou da parede
|!
Trocar as fitas do tubo de traqueostomia quando traqueal anterior deslocada, traqueomalácia, edema
sujas ou úmidas. laringeo), movimentos diminuídos da corda vocal
(diminuição do reflexo de abdução das cordas
vocais pós—traqueostomia de longa data).
nacanulaçãu
IAproximadamente 10% das crianças com traqueos- BIBLIOGFAFIA' RECOMENDADA
ARENSMAN, R. M. Surgical management of the airway. In:
tomias realizadas a longo tempo (> 1 ano) podem
sofrer significante colapso da cartilagem cricóide t. _GOLDSMITH, J. P.; KAROTKIN. E. H. (ed.). Assisted Ventil-
ou traqueomalãcia periestomal após a decanulação. ª ution ofNahum. Philadelphia: W.B. Saunders, 1981. p. 301-315.
HALLER, J. A. Trachcostomy in infants and young children. In:
Nesses casos, é aconselhável completar a decanu- UFHERSEN IR., 1-1. B. The Pediatric Airway. Philadelphia: WB.
lação cirurgicamente com_ fechamento da fístula
Saunders, 1981. p. 181-185.
pele-traquéia e suspensão do anel cricóide.
6 L 8 ‘ 9 Z V 1' 5
I Antes da decanulação, observar: se a criança não ILCE, Z.; CELAYIR, S.; IEKAND, G. T. gt al. Tracheostomy in
childhood: ZO-years experience from a pediatric surgery clinic.
apresenta sinais de aspiração durante a alimentação Pediatr Im.. v. 44, p. 306-309, 2002.
ou quando toma líquidos; se a condição original KREMER, B.;130TOS-KREMER,A. 1.;ECKEL. H. E.; SCHONDORFF,
já foi corrigida ou melhorada; se a oclusão do G. Indications, complications, and surgical techniques for pediatrics
tubo com os dedos permite respiração adequada tracheostomies an update,]. Pediatr. Surg., v. 37. p. 1556-1562,
-
por meio da glote; se as radiografias de laringe 2002.
e traquéia (cervical lateral), em uma criança tem- SHERMAN, 1 M.; DAVIS, S:, ALBAMONTBPETRICK. S. et al.
porariamente extubada, não «mostram area de Care of the child with a chronic tracheostomy. Am. J. Respir. Crit.
estenose; se existem alterações na via aérea (nariz, Care Med.. v. 161. p. 297-308, 2000.
iii
Preparo da Recém-nascido para a Cirurgia I
51
na ,
Sondagem gástrica
g.1
para a Cirurgia
,,
we?
Reposição hidroeletrolltica adequada
N :, . a '
was”. OYÓHS'
Medidas de controle de infecção
«'
Cuidados especificos por doença
978- 5 241 6
de uma equipe treinada, equipamentos adequados e
cuidados especiais. na ururiuçin-uxlaruaçnu
0 RN possui vias aéreas de pequeno calibre. Dessa ,
am ”ifi
<-
ser entubada e, se necessário, ventilada. O uso de pressão
positiva deve ser feito com cautela, particularmente
ll Hérnia diafragmãtica.
--
Entubação traqueal: a ventilação por máscara
em pacientes que apresentam outras doenças nas quais é contra-indicada por aumentar a compressão
possa desenvolver—se pneumotórax hipertensivo (cistos pulmonar, em razão da distensão gasosa do es—
pulmonares, hérnia diafragmática). tômago.
——
Ventilação mecânica, se necessária.
saunasru GIS'I’BIEI Sonda gástrica em aspiração.
lil Onfalocele e gastrosquise.
Deve ser realizada em todos os pacientes cirúrgicos
que necessitam de transporte, a fim de evitar distensão
—Cobrir a herniação com compressas esterili—
zadas secas e envolve-las com papel-alumí—
abdominal, vômito e aspiração. A respiração e pre- nio ou plástico.
dominantemente diafragmática; dessa forma, qualquer
—Sonda gástrica.
aumento abdominal pode prejudicar a ventilação. Pelo
fato de os RN serem respiradores nasais, o uso de son- --
Na onfalocele rota e gastrosquise, o aporte hídrico
deve ser maior (120 a lBOmL/kg/dia).
da nasogástrica diminui significativamente a via aérea.
Como é necessário o uso de sondas de grande calibre —Avaliar o intestino herniado na gastrosquise
para descartar a possibilidade de estrangula—
(8 ou lOFr), dá—se preferência pela via orogastrica.
mento. Se as vísceras estiverem com sofrimento
IliPllSllflll IlllllillElE'l'Bllll'l'lfll
vascular, deve-se
II Obstrução intestinal. aumentar
,
o anel imediatamente.
Uma rotina de avaliação pré-operatória deve ser serem informados sobre o prognóstico de determina— ‘
“(;;
seguida, variando de acordo com a urgência da cirur- das malformações, a possibilidade de correção, de . .:;
gia (Quadro 11.4). seqíielas e o tempo provável de hospitalização. nigga
€13
' C31
|T BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
ff _
_-5x1- DBIENÍIÇÍD . 03.-PMS
PIBII .
LEAPE, L. L. Patient Care in Pediatric Surgery. Boston: Little Brown,
1987. p. 5-22. f.;;
“
E;5..
,
:; E ºsªªnº'ªl ªgf º Cirurgiª“) ”Wong“?
ª
ºXphqªº Cºf" MACIEL, E. o.; GANDARA, C. A. "r,; ALEMEIDA, S. G. et al. ' ', «»,-i
_, fiz.
ª
g clareza ºlªm ªmª e Clrurgxa propos ª para
OS pals. Diagnóstico e manejo inicial do recém—nascido cirúrgico. Acm
* log de maneirª que elºá
POSSªm Cºmpr?endºr- Quandº Medica HUP. Periódicos Brasil, 1991. p. 486—504.
'; º' houver um diagnósuºº pré-natal, 0 é que rea—
Ideªl PURLRTransport of the sick neonate. ln: Pediatric Surgery. Oxford:
É
lizem uma consulta pré—natal com o Cirurgião para Butterworth—Heinemnn, 1996. p. 38-41.
É?
r i
:?
&.
Tumores
.. .................................... 57
12 Tumores Renais Primários
13 Neuroblastoma ............................................... 73
1A Rabdomiossarcoma.................- ........................... 83
15 Rabdomiossarcoma Geniturinário ............................... 90
1 6 Tumores Benignos do Fígado ................................... 94
1 7 Tumores Malignos do Fígado ................................. 102
1 8 Linfoma Abdominal Não-Hodgkin ............................ 111
1 9 Teratomas .................................................. 116
2 Carcinoma de Tireóide ....................................... 123
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I
Tumores Renais Primários l
57
o menos agressivo. Tumores de Wilms apresentam — Sarcoma de células claras: 5,5%; pico igual
ao do tumor Wilms de histologia favorável.
grande diversidade histológica e de diferenciação.
-— Tumor rabdóide do rim: 1,8 a 2%; pico aos 13
meses de idade.
Euidamlalouia -— Atualmente, os subtipos sarcomatosos (sarcoma
de células claras e tumor rabdóide) não são con—
Prevalência: 1:10.000 crianças entre 0 e 15 anos siderados como variantes do Wilms. São tu-
de idade. mores renais malignos distintos.
E É o tumor renal e intra-abdominal mais comum
em crianças.
-—Tumores anaplásicos são uma variante histo—
patológica do nefroblastoma, caracterizando
m Corresponde a 5 a 6% das neoplasias malignas a histologia desfavorável. Aproximadamente
978-52416
os protocolos do SIOP usam quimioterapia pré—ope- A quantidade de necrose, alterações regressivas se-
ratória, refletindo alterações por ela induzidas. cundárias àquimioterapia (QT) e a presença de blastema
A classificação histológica do NWTS baseia—se em pós—QT estão associados ao prognóstico. Com base
dois grandes grupos: histologia favorável e histologia nesses aspectos, os critérios foram modificados para
desfavorável. determinados subtipos.
São tumores friáveis, circunscritos por pseudocápsula, Se as alterações regressivas secundárias à QT perfazem
apresentando freqíjentes áreas com hemorragia e necro- menos que 2/3 da massa tumoral, o tipo histológico
se, que dão o aspecto de córtex cerebral (Fig. 12.1). A predominante deve ser determinado e subclassificado
presença de septos fibrosos divide o tumor em nódu- como tipo blastematoso, epitelial, ou esfromático. Se
los. Caracterizam-se por uma grande variedade his— não houver componente predominante, será misto.
tológica. O padrão celular tradicional costuma ser tri-
fásico, mimetizando o desenvolvimento normal do rim
(blastema, estroma e epitélio), mas podem ter padrões Classificação com Base no Risco
bifásicos (blastema e estroma), ou só de um compo- Histológico
nente (monofásico). Os patologistas são encorajados A SlOP faz a classificação com base no risco histo-
a quantificar, percentualmente, os diferentes compo- lógico da seguinte forma:
nentes (alterações regressivas, blastema, epitélio e es-
trema). 1. Tumores de baixo risco: nefroma mesoblástico,
Anaplasia é rara nos dois primeiros anos de vida, nefroblastoma cístico parcialmente diferencia-
mas aumenta para 13% em pacientes com cinco ou do, nefroblastoma completamente necrótico. Se-
mais anos de idade. O padrão anaplãsico caracteriza- rão vistos posteriormente.
se por presença de figuras mitóticas atípicas hiperdi- 2. Tumores de risco intermediário: nefroblastoma
plóides, aumento do volume nuclear atingindo três com predomínio epitelial, com predomínio de
vezes ou mais o diâmetro nuclear de células adjacen- estroma, misto, regressivo, anaplasia focal.
tes do mesmo tipo e hipercromasia do núcleo (pelo Se as alterações regressivas secundárias à QT per-
L'S9*WZ586
aumento do número de cromossomos). Todos esses fazem mais que 2/3 da massa tumoral: tipo re-
critérios devem estar presentes. Atualmente, acredita- gressivo.
se que o local da anaplasia é mais importante do que m Nefroblastoma tipo epitelial: critérios histoló-
sua quantidade. gicos.
Após quimioterapia alguns tumores tornam-se A porção de tumor viável deve corresponder a
completamente ou quase totalmente necróticos. No mais de 1/3 da massa tumoral.
entanto, outros tumores pouco se alteram. Muitos pa-
recem maturar—se, com perda dos elementos mais ima-
— Pelo menos 2/3 do tumor viável devem ser cons—
tituídos por estruturas epiteliais.
turos (blastema), tornando mais óbvias estruturas
diferenciadas. A anaplasia não é eliminada ou induzida '(
-- O resto do tumor deve ser constituído pelo
componente estromático.
por quimioterapia prévia.
Segundo os critérios de Beckwith e Palmer, deve
ª' — Pode haver focos esparsos” deiblastema (< 10%
do tumor). '
haver, pelo menos, 2/3 de um componente do tumor A presença de anaplasia classifica o tumor como
para ele ser classificado corretamente: anaplásicoymesrno se o tipo histológico for
completamente epitelialíªº tipo epitelial ge-
ralmente ocorre em crianças menores (idade
média: 9 meses) e 80% pertencem ao estádio I.
El Nefroblastoma tipo estromático: critérios his-
tológicos.
Subtipo onde há predomínio do componente es-
tromático (exemplo: tipo rabdomiomatoso fetal).
- A porção de tumor viável deve corresponder
a mais que 1/3 da massa tumoral.
Ml
— Oteliais
tumor viável é constituído por elementos epi—
e/ou blastematosos e/ou estromáticos,
a 0 gene WTI sofre mutação em 10% dos tumo—
res de Wilms.
E Alterações no llp são observadas em 40 a 50%
mas nenhum ocupa mais que 2/3 do tumor viável.
r: Nefroblastoma tipo regressivo: critérios histo- dos tumores.
lógicos. a Mutações no gene supressor p53 são observa-
Alterações secundárias à QT perfazem mais que das em uma minoria de tumores (10%) e são
z
2/3 da massa tumoral. A quantificação deve ser associadas a anaplasia.
Recentes avanços na citogenética sugerem que
oyôas
macro e microscópica, portanto, não se deve deixar
de representar áreas regressivas/necróticas. pode haver uma forma hereditária e outra não-
~ 2/3 da massa tumoral com alterações regres- hereditária (esporádica) de tumor de Wilms com
—
sivas secundárias à QT e/ou necrose. base na inativação de um gene supressor de tumor.
O tumor viável pode conter qualquer dos três Inicialmente, pensou-se na hipótese dos dois eventos
componentes histológicos dos nefroblastomas. mutacionais independentes de Knudson e Strong,
A aparência típica do nefroblastoma tratado proposta no desenvolvimento do retinoblastoma.
consiste em uma mistura de necrose, estroma Na forma hereditária (20% dos casos), a primeira
fibromixóide esclerótico e hemorragia. mutação ocorreria na célula germinativa (pré—zigótica)
ra Nefroblastoma corn anaplasia focal: ver “Tumor e a segunda mutação em célula somática (pós-zigo-
de Wilms Anaplásico”, adiante. tica). A forma hereditária é mais comum em pacientes
3. Tumores de alto risco: anaplasia difusa, predo— mais jovens, com aniridia, anomalias geniturinárias,
mínio blastematoso. doença bilateral e casos familiares.
r: Nefroblastoma tipo blastematoso: critérios histo— Na forma esporádica. ambas as mutações seriam
lógicos. somáticas (pós—zigóticas) em uma célula simples.
Tumores com componente blastematoso resis— Exemplo: hemi-hipertrofia.
tente ao tratamento QT apresentam pior prog— Entretanto, diversas observações sugeriram que o
nóstico. Portanto, só estão incluídos nessa categoria desenvolvimento de um tumor de Wilms é mais com—
após a realização de QT. Se a cirurgia foi reali—
plexo e, provavelmente, envolve mais do que uma sim-
zada antes da QT, passam a ser classificados como
ples inativação de um simples loco genético.
intermediários.
- A porção do tumor viável deve corresponder
a mais de 1/3 da massa tumoral. Tummiuênese
--Pelo menos 2/3 do tumor viável devem ser cons-
tituídos por blastema.
O desenvolvimento do rim definitivo inicia com o broto
ureteral (que se desenvolve em ureter e ductos cole-
— Os outros componentes podem estar presen- tores) movendo-se em direção ao blastema metanéfrico.
tes em quantidades variaveis.
Em uma interação de duas vias, o blastema induz o
Os elementos blastematosos são células redon- broto ureteral a ramificar—se e o broto induz o blastema
das indiferenciadas sem evidências de diferen-
a condensar-se e começar a se diferenciar. As células
ciação epitelial ou estromatica.
do blastema metanéfricosão habitualmente induzidas
n Nefroblastoma com anaplasia difusa: ver “Tumor
de Wilms Anaplásico”, adiante. a se diferenciarem em células epiteliais (que vão formar
os néfrtms maturos), ou células do estroma (que vão
formar o tecido conetivo). Aquelas células que não são
fatores Genellcns induzidas a se diferenciar sofrem apoptose (morte celular
7- 5 6 1 4 2 8 9
programada) (Fig. 12.2). Para o desenvolvimento do
u O tumor de Wilms costuma exibir deleções cro— nefroblastoma, algumas células do blastema devem
mossômicas especílicas, sugerindo que a ausência
de material genético possa contribuir para o de-
senvolvimento ou progressão do tumor. Os genes
Supressores W1 (localizado no loco 11p13) e caiam iteliois néfrons
,
WT2 (localizado no loco 11p15.5) têm demons—
Diferenciação P [ l
trado exibir influência no desenvolvimento de
alguns tumores de Wilms. A perda da heterozi-
O
Células do estroma
gose (LOH) no cromossomo 16q tem sido encon-
' Células de blastema [tecido coneclivo]
metonéirico
trada em 17 a 20% e no cromossomo lp em 11% Amma
dos casos de tumor de Wilms e é relacionada com
pior prognóstico. Indica comportamento mais agres-
sivo, não estando associado a anaplasia. Os genes Morte celular
Supressores WTI mostram associação com a
Síndrome WAGR (Wilms, aniridia, anormalida- Figura 12.2
des geniturinárias, retardo mental), anormalidades não
— Desenvolvimento normal do rim. As células
induzidas a se diferenciarem sofrem morte celular pro-
geniturinárias e síndrome Denys—Drash, gramada (apoptose).
60 n Tumores
L 'S 9 I V Z ª5 8 6
persistir para formar restos nefrogênicos. A maioria
dessas celulas torna-se dormente ou regride, mas algumas m Hematúria macroscópica em 15 a 25%. Descri—
podem se proliferar, sofrendo alterações genéticas ou ta em aproximadamente 85% dos casos de tu-
epigenéticas e formando restos neoplásicos. Esses restos mores que envolvem a pelve renal.
podem se proliferar, formando uma lesão benigna (resto H Febre em 20%.
adenomatoso), ou um tumor maligno (nefroblastoma) E Ocasionalmente pode ocorrer dor abdominal, febre
(Fig. 12.3). e anemia provocada por necrose tumoral com
sangramento intratumoral ou subcapsular.
E Extensão intravascular pode ocasionar sopro
Quadro Clinico
cardíaco, hepatoesplenomegalia, ascite, veias
Massa abdominal assintomática descoberta du- abdominais proeminentes, varicocele e metástases
rante o banho pelos pais ou consulta pediátrica gonadais.
de rotina. Massa volumosa de flanco e região E Outras associações: doença de von Willebrand
lombar, superfície lisa, consistência firme, indolor, adquirida, hipercalcemia (tumor rabdóide e nefroma
relativamente imóvel, em geral não atravessan— mesoblástico), aumento da secreção do ACTH e
do a linha média (Fig. 12.4). Presente em 80 a aumento da eritropoetina.
85% dos casos.
tl Hipertensãoarterial em 25 a 50%. Causada pela
produção intratumoral de renina pelas células bem
lhuestluação niaunústica «
.
lHistória e exame físico.
diferenciadas do tumor ou compressão extrín-
seca direta do tumor sobre a artéria renal com ll Exames laboratoriais: hemograma, plaquetas, pro-
desencadeamento do sistema renina-angiotensina. , vas de coagul'açãol exame comum de urina, uréia,
creatinina, eletrólitos, transaminases, fosfatase
alcalina, bilirrubinas.
E! Urografia excretória (pouco utilizada atualmen-
te): determina a função renal, demonstra distorção
de cálices e pelve e alterações do contorno re—
nal. Não visualização do rim ocorre em 20% dos
casos e as causas prováveis são: rim completa—
mente substituído pelo tumor, invasão pelve—ureteral
e oclusão da veia renal.
la Radiografias de tórax (AP, lateral e oblíquo
bilateral): detectam metástases pulmonares.
I! Tomografia computadorizada de tórax: pouco usada
na pesquisa de metástases. Seu uso é controver-
so porque lesões não-visíveis em radiografia e
vistas em tomografia computadorizada são difí-
ceis de interpretar. Indicada quando existem dú-
vidas na radiografia de tórax e para planejamento
de ressecção de metástases pulmonares.
B Radiografias de abdome (decúbito dorsal e late-
—
Figura 12.4 Aspecto macroscópico do tumor de Wilms,
mostrando sua superficie externa lisa e porção renal sem tumor. ral): tumor retroperitoneal com deslocamento me-
Tumores Renais Primários l
61
dia] e anterior das alças intestinais. Calcificações do tumor (penetração através da superfície da
lineares periféricas tipo casca de ovo podem ser cápsula, invasão extensa dos tecidos moles do
vistas em 10 a 15%. seio renal, mas sem invasão da margem medial,
n Ultra-sonografia abdominal com e sem Doppler: comprometimento dos vasos do seio). Vasos
. _,.
s a ó fi 㪠z
informa sobre a origem da massa (renal ou ex— sanguíneos extra-renais podem estar infiltrados ",..
tra-renal), consistência do tumor (cístico ou sólido), ou contêm trombo tumoral não—aderente. O tu-
'
invasão ou trombo tumoral livre ou aderente na mor foi biopsiado, sofreu biópsia por agulha grossa
veia renal, cava inferior, átrio direito, aspecto ou ruptura localizada, que se presente está con—
do fígado, se os linfonodos regionais estão au- finada ao flanco ipsilateral. Não há tumor resi—
mentados e morfologia do rim contralateral. dual aparente no local ou além das margens de
Realizar medida tridimensional do tumor.” ressecção. Nenhum gânglio está comprometido.
u Tomografia computadorizada abdominal com re Estádio [11: tumor residual não hematogênico
contraste intravenoso e oral: substituta atual da (macro ou microscópico) confinado ao abdome.
urografia. Delineia órgão de origem, extensão Qualquer um ou mais dos seguintes podem ser
anatômica local do tumor, aspecto do fígado, se observados: comprometimento de linfonodos,
o rim contralateral é funcionante, se não tem doença contaminação peritoneal difusa (além do flanco,
bilateral e se tem linfonodos aumentados. Geral- antes ou durante a cirurgia), penetração tumoral
mente necessita de anestesia geral e apresenta sen- através da superfície peritoneal, implantes peri-
sibilidade diminuída na criança por ter menos toneais, tumor residual macro ou microscópico
gordura retroper'itoneal. permanecendo nas margens ou além das margens
ar Ressonância nuclear ma nética (RNM): ainda de ressecção cirúrgica, tumor incompletamente
pouco usada no Wilms. o melhor exame para ressecado por causa da infiltração local em es-
estudar invasão vascular, incluindo extensão truturas vitais, ruptura tumoral traumática intra-
intracardr'aca. Suas desvantagens são: alto custo operatória, presença de fluido peritoneal sangui—
e necessidade de anestesia geral. nolento causada por ruptura pré-operatória,
m Venocavografia: exame sensível para estudar presença de invasão tumoral na parede dos va»
extensão em cava inferior. Solicitar quando existe sos sanguíneos (trombo aderente).
forte suspeita de comprometimento pré-opera- Estádio IV: metástases hematogênícas são ob—
E
tório. Pouco utilizada atualmente. servadas nos pulmões, fígado, ossos e cérebro,
:: Ecocardiografia: se há suspeita de trombo tumoral ou metástases em linfonodos além da região
estendendo-se ao átrio direito e sempre que for abdominopélvica (mediastino).
necessário o uso de adriamicina. u Estádio V: doença bilateral ao diagnóstico. Tu-
ts Biópsia pré—operatória por agulha grossa (Tru—cut) mores em cada rim devem ser separadamente sub-
orientada por ultra—sonografia: temos usado em estadiados Lde I a IV.
todos os casos que serão submetidos a quimioterapia
previa, exceto se há suspeita de hemorragia ou
ruptura e em tumores totalmente císticos. Sistema ile Estadiamento ria Societá
Internationale dªnncuteuie
a
Pediatrinuelzwi
,
E.*. Estalliamemo .
. . . . fl Estádio l: tumor limitado ao rim 0T1 envolto por
É ªtãgªmílâçãtªdl?enã? do
National. WXIIPS,T‘1m°re pseudocápsula fibrosa quando fora dos contor-
lyó('
— m.
gê t )' Stª ramentos
'
c mico, c1rurgico nos normais do rim. A cápsula renal ou pseudo-
í'o.É Pa º glCO. cápsula pode estar infiltrada pelo tumor, mas não
” Estádio I: tumor confinado ao rim e completa-
mente excisado. A superfície da cápsula renal
ultrapassada por ele. Margens cirúrgicas devem
estar livres. Tumor completamente ressecado. ()
está intacta. A cápsula renal ou pseudocápsula tumor pode fazer protrusão na pelve ou ureter,
pode estar infiltrada pelo tumor, mas ele não foi sem invadir suas paredes. Os vasos do seio re—
rompido antes ou durante a remoção. Não há tumor nal não estão envolvidos. Pode haver envolvi-
residual aparente além das margens de ressec- mento de vasos intra-renais. Aspiração por agulha
ção. Vasos do seio renal não estão comprometi- fina ou biópsia percutânea (Tru—cut) não mudam
dos. Pequena invasão dos tecidos moles do seio o estadiamento do tumor, mas as dimensões da
renal é aceitável se a margem media] do seio estiver agulha “devem ser mencionadas ao patologista.
limpa. Aspiração prévia com agulha fina 6 acei- A presença de tumor necrótico ou de transfor-
tável. 0 seio renal corresponde à área do hilo mações induzidas pela QT no seio renal e/ou na
renal ocupada pela pelve renal, vasos renais e gordura perirrenal não são motivos para elevar
gordura. Junto ao seio, o córtex renal perde sua o estádio do tumor, pois foram completamente
cápsula fibrosa. ressecados e não atingiram as margens.
II Estadio 11: tumor estende—se além do rim, mas
foi completamente excisado. Extensão regional " Estádio II: o tumor estende-se além do rim ou
transpõe a cápsula e/ou pseudocápsula, infiltrando
62 u Tumores
gordura perirrenal, mas foi completamente res— lPreferencialmente, deve-se proceder à ligadura
secado (margens livres). O tumor infiltra () seio precoce dos vasos renais. A artéria renal deve ser
renal e/ou invade vasos sanguíneos e linfáticos ligada primeiramente para evitar congestão do tumor
fora do parênquima renal, mas foi completamente e maior risco de ruptura com possibilidade de
ressecado. O tumor infiltra órgãos adjacentes ou disseminação através de veias perfurantes perir-
C
6 L 8' 9 Z W S
A presença de tumor necrótico ou de transforma-
ções induzidas pela QT em um linfonodo ou nas E: Em vista de tumores po ares pequenos, hemi—
margens cirúrgicas e considerada como prova de nefrectomia pode ser considerada. As margens
neoplasia prévia com restos microscópicos, portanto tumorais, obrigatoriamente, devem ser negativas
o tumor é considerado como estádio III (devido na biópsia de congelação.
à possibilidade de existir tumor viável adjacen- A glândula supra-renal pode ser preservada se o
te ao linfonodo ou além da margem cirúrgica). tumor compromete apenas o lobo inferior do rim.
111 Estadio IV: metástases hematogênicas a distân- a Demarcar as margens da ressecção com clipes
cia (pulmões, fígado, ossos, cérebro e outras), ou de titânio.
metástases para linfonodos além da região abdo- Nefrectomia parcial pode ser aplicável em apro-
minoperineal. ximadamente 10 a 20% dos tumoresde Wilms
a Estádio V: tumores bilaterais ao diagnóstico. Cada após quimioterapia. Critérios de nefrectomia par-
lado deve ser subclassificado separadamente. cial da SlOP:
—-
Cirúrgico: rim funcionante, tumor confinado
a um pólo ou tumor central exofítico, ocupan-
Tratamentos cirúrgica & tlulminteránieo 'do menos que ll3 do rim, sem invasão de veia
E Objetivos do cirurgião: ressecar completamente renal ou sistema coletor, margens livres entre
0 tumor, rim 6 estruturas adjacentes.
o tecido tumoral viável e determinar o estadiamento
cirúrgico. Radiológico; massa única confinada ao rim,
”<
ll Laparotomia transversa supra-umbilical esten- tumor afastado do hilo deixando 2/3 do rim intacto,
dendo-se do flanco (no nível da linha axilar média
no lado do tumor) ao bordo externo do músculo
área de
contatoenvolvimento
pequena, sem
entre o tumor e"rim relativamente
da veia renal.
reto abdominal contralateral (linha axilar ante- Histológico: tumor em pólo superior ou infe—
rior no lado contralateral). Se envolvimento rior, 2/3 restantes dos rins normais, sem inva-
intravascular foi identificado pré-operatoriamente: sãof do sistema coletor ou região hilar.
laparotomia mediana. Esse ponto parece ser dis—
cutível, dependendo da experiência e preferên-
—-
Contra-indicações para nefrectomia parcial: rup—
tura ou biópsia pré—operatória, infiltração tumoral
cia do cirurgião. Se o tumor estiver situado em de estruturas extra-renais, metástases intra-
pólo superior e for muito extenso: incisão tora- abdominais ou linfonodos detectados por exames
coabdominal pode ser necessária. pré-operatórios, trombo na veia renal ou cava,
II 0 rim contralateral deve ser examinado antes da tumor envolvendo mais que 1/3 do rim (pelo
ressecção do tumor primário. A fáscia de Gerota menos 50% do parênquima renal deve ser
e' incisada para que inspeção visual e palpação preservado após ressecção com margem ade—
das superfícies anterior e posterior possam ser quada de tecido normal para que haja alguma
efetuadas. Áreas suspeitas: biópsia ou excisão proteção contra a lesão de hiperfunção), tu—
completa,. se possível. A despeito de investiga- mor multifocal, localização central, envolvimento
ção diagnóstica sofisticada, 7% das lesões bila- calicial, hematúria, pouca experiência em
terais não são observadas pelos exames de imagem nefrectomia parcial.
—?_ . a«
W
pré-operatórios. |:
A utilização da tomografia torácica é controversa
ra Nefrectomia radical e realizada sem contamina- porque lesões não visualizadas em radiografias
_
ção peritoneal. Retirar conjuntamente a fáscia convencionais de tórax (22%), porém detecta-
de Gerota. das na tomografia torácica, são difíceis de inter—
Tumores Renais Primários u63'
pretar, sendo necessária a biópsia para confir— teral, trombo tumoral em cava inferior supra-
mar o diagnóstico. O diagnóstico diferencial deve hepática e intra-atrial. Recomenda, para qual—
ser realizado com áreas de atelectasias ou he— quer paciente com indicação de quimioterapia
morragias, linfonodos intrapulmonares ou granulo— pré—operatória, o estadiamento cirúrgico. Qual—
mas infecciosos. quer paciente sem estadiamento cirúrgico deve
ser considerado estádio Ill (evita subtratamento). i..
'
z
Sabe-se que 10 a 15% dos pacientes com tumor de
n Risco de insuficiência renal pós-nefrectomia é
Wilms apresentam os pulmões como local secundário dependente da administração de quimioterápi-
de depósito da neoplasia (micrometástases hemato-
ovas
cos nef'rotóxicos, irradiação e hiperfiltração dos
gênicas). Quando observadas nas radiografias con— néfrons remanescentes.
vencionais de tórax são denominadas macrometástases. I: A sobrevida global do NWTS e da SIOP é de 80
Algumas só serão visíveis na tomografia torácica
recebendo a denominação minimetástases. A dúvida a 90%.
vigente é saber se a minimetástase comporta-se como Essa dramática melhora na sobrevida deve-se à dis—
uma micro ou macrometástase ou fica entre ambas. ponibilidade de novos agentes quimioterápicos efe-
Dessa controvérsia emanam duas condutas: tivos, ao avanço nos métodos e indicações de irra-
]. NWTS: quimioterapia + radioterapia. diação e melhor técnica cirúrgica. Muitos desses avanços
devem-se aos esforços colaborativos dos grupos co-
2. SIOP: quimioterapia + cirurgia das metástases operativos de câncer pediátrico. 5
residuais (radioterapia só é usada excepcionalmente).
O risco de uma segunda neoplasia no tumor de Wilms
O NWTS argumenta que utilizando a radioterapia tratado com sucesso é de 1,6% em 15 anos após o
há maior número de curas sem recidiva, porém, a SIOP diagnóstico. Isso costuma ser causado pelos agentes
contrapõe que é inaceitável que 50% dos casos de quimioterápicos que inibem a atividade da topoisome-
estádio IV do NWTS recebam irradiação pulmonar rase II (doxorrubicina, actinomicina e etoposide), que
desnecessária. podem ser leucêmicos.
Outra controvérsia que ainda persiste baseia-se nos
efeitos nocivos da radioterapia torácica versus a
cardiotoxicidade das antraciclinas.
Tratamento Pro-11111111111111;
Nas metástases pulmonares difusas é indicada ir— Uma das controvérsias atuais é a indicação de trata-
radiação pulmonar total e quimioterapia. Indica-se mento pré-operatório, utilizado de rotina nos proto-
ressecção pulmonar e quimioterapia em situações es- colos da SIOP (ver Tabela 12.3).
pecíficas de doença pulmonar localizada (nódulos Esse protocolo baseia-se no diagnóstico por ima-
solitários ou pequeno número de metástases), princi- gem, exclusão metabólica do neuroblastoma, combi—
palmente em crianças abaixo dos dois anos de idade nado com quimioterapia pré-operatória. Atualmente,
e com histologia favorável (pulmões são mais susce- esse diagnóstico prévio é correto em mais de 95%
tíveis à toxicidade da irradiação). Preferencialmente, dos esos em geral e em 98,5% em relação a massas
usar ressecções não-regradas, evitando lobectomias benignas, A grande vantagem preconizada é a redu-
e segmentectomias. Também pode ser indicada res— ção do tamanho do tumor e a conseqtiente diminuição
secção para obter tecidos para biópsia, determinar o da ruptura tumoral intra—operatória (que poderia con-
efeito da terapia, ou remover tumor metastática grande verterlum estádio I- em III). Exceto para pacientes
difícil de curar com dose total de irradiação de IZGy. menores de seis meses, o protocolo inclui um período
A incidência de pneumonite intersticial pós-irra- de quatro semanas de quimioterapia prévia (actino-
078- 5— 241 6
diação(126y)é de 8 a 10% com mortalidade de 70%. micina-D e vincristina), seguido por nefrectomia e qui-
Nódulos pulmonares vistos na tomografia compu- mioterapia pós-operatória.
tadorizada de tórax não indicam tratamento com ir— Esse protocolo, ao ocasionar um aumento do número
radiação total do pulmão. de tumores estádio I pós-quimioterapia, resulta em núme-
ro menor de pacientes que vão receber radioterapia adju-
ra Também em metástases hepáticas é aconselhá- vante e quimioterapia pós-operatória mais agressiva.
vel a utilização de ressecções não-regradas, não
1f se justificando ressecções extensas e mutilantes.
Em nosso serviço, temos utilizado a biópsia do tumor
com agulha grossa (Tru—cut), algumas vezes orienta—
111“. O NWTS recomenda nefrectomia primária para
confirmar diagnóstico, determinar o grupo de risco
da por ultra-sonografia e quimioterapia pré—operató-
Íria. Essa conduta tem sido adotada e preconizada há
,.? histológico e definir o estádio. A SIOP recomenda muitos anos pelo Dr. Carbonera.
quimioterapia prévia para reduzir o tamanho do
tumor, diminuir a neovascularização, a incidên-
cia de ruptura transoperatória e a necessidade Nefroblastoma intravascular
de irradiação pós-operatória. n: Prevalência: 4 a 10% dos pacientes com tumor .-
’
51".? .,
=|
O NWTS permite quimioterapia pré—operatória: de Wilms.
tumores volumosos, irressecáveis, tumor em rim r.! Extensão em veia cava ou átrio: 4 a 5% (61%
único, tumor em rim em ferradura, doença bila- infra-hepático, 18% intra-hepático e 21% atrial).
' — * =”
”'
“"sz
64 I Tumores
I Sobrevida dos pacientes com extensão em cava Recomendações do NWTS para a doença bilateral
ou átrio não é diferente das lesões intra-renais. (Fig. 12.5):
Têm valor prognóstico o estádio e a histologia.
II 0 envolvimento da veia cava inferior é mais comum a: Exposição transabdominal ampla.
eu Evitar nefrectomia na laparotomia inicial.
no tumor de Wilms direito (60 a 85%), prova- n Biópsia excisional ou nefrectomia parcial & apro-
velmente porque a veia renal direita é mais curta. priada se 2/3 ou mais do parênquima renal total
ta Quadro clínico: tumor abdominal, circulação cola- puderem ser preservados, com margens negativas.
teral cutânea, hematúria macroscópica (30%), vari- I Biópsias devem ser obtidas de qualquer pequena
cocele, hepatomegalia, algumas vezes insuficiência lesão presente nos rins.
cardíaca. IBiopsiar linfonodos (hilares, para—aórticos e para-
9 Diagnóstico: eco-Doppler, ecocardiografia, veno-
cavografia e RNM.
cava) para estadiamento.
I Quimioterapia deve ser indicada conforme o
O diagnóstico pré-operatório é o ideal pela pos- estadiamento da lesão unilateral mais avançada.
sibilidade de realizar quimioterapia pré-opera- IReexploração cirúrgica (second-look procedure)
tória. está indicada em 5 a 12 semanas mais tarde para
Quimioterapia preconizada: actinonºncma D tentar remover todo o tumor viável.
vincristina semanal e adriamicina a cada três se- INefrectomia parcial e excisão parcial são reco-
manas.
G L E‘ S ' Z VI Q
mendadas se todo tumdr puder ser removido.
Esse esquema é mantido até o tumor ficar res- Indicações de nefrectomia parcial: tumor polar,
secável. Tratamento quimioterápico pós-opera- pequeno e bem definido, sem invasão da cápsu—
tório deve ser continuado. la, sem invasão de vasos e linfonodos, margens
I Diagnóstico operatório e tratamento.
livres na congelação.
- Trombo tumoral em cava infra-hepática: cavo- INefrectomia é evitada na reexploração cirúrgica
tomia com remoção do trombo por sucção (tipo se a excisão de todo tumor não for possível. Nesse
flutuante) ou extração com Foley ou Fogarty caso, a quimioterapia e reassumida, a radioterapia
(tipo aderente à parede do vaso). Se existe in- iniciada e nova reexploração cirúrgica e plane-
filtração neoplásica da parede, pode ser ne- jada. Nessa terceira laparotomia, tratamento ci-
cessária ressecção parcial da parede da cava rúrgico definitivo deve ser realizado, desde a
com reparo primário ou biópsia + quimiote— remoção de tumores residuais até a nefrectomia
rapia + nefrectomia posterior. bilateral com diálise e transplante posterior.
—
Trombo tumoral intra ou supra-hepático: biópsia
+ quimioterapia + nefrectomia no 2º tempo.
I Nos pacientes com histologia desfavorável, qui-
mioterapia mais agressiva e radioterapia devem
A exposição da cava inferior retro-hepática deve ser usadas desde o início
ser feita por incisão toracoabdominal ou pela ”Ma nefrectomia bilateral deve ser_ evitada ao máxi-
A
porção membranosa do diafragma. A cava e mo, pois o transplante renal está associado a alta
isolada .e ocluida junto ao átrio e o trombo é
removido por cavotomia infra-hepática.
taxa de recidiva nos dois
secção. primeiros anos pós—res-
Extensão atrial: remoção tumoral com circulação ”
IRecorrência local éidefinida como aquela no leito
extracorpórea, parada cardíaca e hipotermia e tumoral regional", retroperitõilio, ou dentro da
acesso por laparotomia mediana e esternotomia cavidade abdominal ou pelve. Fatores preditivos
mediana. de recarrência: estádio III, histologia desfavo-
rável (especialmente anaplasia difusa) e conta-
Tumor ue Wilms Bilateral minação tumoral durante a cirurgia.
I Prevalência do tumor de Mims bilateral sincrônico: Regimes quimioterápicos em pulsos caracterizam-
5 a 7%. se pela administração simultânea de agentes com
u Predisposição sexual: 2F: 1M. intervalos mais frequentes, com o objetivo de dimi—
I Anomalias congênitas associadas: hemi—hiper— nuir o número de visitas hospitalares e diminuição
trofia, anomalias geniturinãrias, aniridia. de custos. Produzem menor toxicidade hematogêni—
I Envolvimento multicêntrico (restos nefrogênicos ca, sendo maior a intensidade da dose do agente
e/ou nefroblastomatose) em um ou ambos os rins administrado. Exemplo: actinomicina-D usa 45ug/kg,
e comum (60%). dose única, e antigamente era usada com dose de
a A prevalência de histologia desfavorável (anaplasia) lSug/kg/dia, por cinco dias.
6 similar ao unilateral (5%). O maior tumor não
necessariamente contém o tipo histológico des- Tumor ue Wilms nuanláslen
favorável. Histologia discordante, favorável em
um lado e desfavorável no outro, está presente A anaplasia pode ocorrer em qualquer um dos três
em 40%. componentes tumorais e pode ser focal ou difusa.
Tumores Renais Primários l
.65
TW bilateral
Biópsia bilateral
Quimioterapia
Quimioterapia (estadiamento
cirúrgico de ambos os rins)
Estádio I, II: VA
Estádio III, IV: VDA
Anaplásico: EQ Todo tumor removlvel, ao menos
do rim menos envolvido. Rim com
preservação funcional
i.
Sim
Nefrectomia parcial ou
excisão em cunha do rim
l
Biópsia bilateral
menos envolvido
Nefrectomía radical do rim
'
mais extensamente
Reptir clo
l
comprometido
Quimioterapla
Third-lok
+, (radioterapia)
978— 5- 241 6
,»
A QT pré-operatória não altera, não produz anapla- :: Anaplasia é sinal de resistência ao tratamento
sia e torna mais fácil o reconhecimento de áreas com quimioterápico e não de agressividade biológica.
anaplasia, pois as outras áreas circunvizinhas costu- is Anaplasia é definida pela presença de núcleos
mam ser destruídas pela QT. polipóides marcadamente aumentados denn—o de
A anaplasia focal apresenta o mesmo prognóstico uma amostra tumoral. Apresenta três critérios
dos tumores sem anaplasia. Isso é verdade somente citológicos básicos.
para o estádio 1.
É rara em crianças menores de dois anos de idade.
—
Núcleos três ou mais vezes maiores do que os
das células adjacentes.
—
El
A anaplasia nunca ocorre antes dos primeiros Hipercromasia nuclear, evidenciando conteú-
seis meses de idade, raramente entre 6 a 12 meses do aumentado de cromatina.
(1 a 2%). A idade média ao diagnóstico é de 61 --Presença de mitoses tri/multipolares.
meses e mais de 50% das crianças são maiores Em um fragmento pequeno de biópsia, a presença
de 5 anos. de uma única mitose multipolar em uma célula com
Bl Prevalência de anaplasia: 5%. núcleo gigante é suficiente para estabelecem diagnóstico.
66 ! Tumores
tico adverso.
—- c _, Anaplasia externa a cápsula do
ª
— primário.
Padrão predominante de blastema no tumor
D Biópsia ao acaso revela anaplasia
IA definição topográfica de anaplasia focal é fun-
damental, sendo necessário, portanto, que o pa—
tologista documente o exato local de cada corte
realizado. Figura 12.7 — Caracterlsticas histológicas e anatômicas da
Características topográficas da anaplasia focal: anaplasia difusa.
L'SQWZÇG
em qualquer região do tumor. Se mais de um foco não-anaplásico.
estiver presente, cada um deverá ser circundado IAnaplasia presente na biópsia ou em outra re-
em todos os seus lados por tumor não—anaplásico. presentação incompleta da neoplasia (Fig. 12.7).
IEm peças de nefrectomia de pacientes previa» Tratamento: Tabelas 12.1 a 12.3.
meme tratados, a anaplasia deve ser confinada a
um discreto foco dentro do tumor primário ori-
ginal, circundado por células tumorais sem anapla— Netrohlastomamse
sia ou necróticas. Identifica—se área bem demarcada I Sinônimo: restos nefrogênicos.
de anaplasia sem inquietude celulªr!—no rÉs'tante Çonceitoz pequenos focos difusos de tecido meta—
(Fig. 12.6). ne‘frico (blastema nefrogênico) anormalmente
Características da anaplasia difusa: persistentes no rim após a 36E semana de gesta-
ção. São lesões consideradas pré-malignas.
IAnaplasia não localizada e/ou além da cápsula E Classificaçãº? perilobar e intralobar,
".)
—
TABELA 12.1 Protocolo de tratamento - NTWSG-4
ESTÁDIO HISTOLOGIA CIRURGIA RADIOTERAPIA QUIMIOTERAPIA
] Favorável e desfavorável Nefrectomia Não Actinomicina, vincristina. de 18
(anaplasia) semanas a 6 meses
ll Favorável Nefrectomia Não Actinomicina e vincristina. de 6
z
a 15 meses
lll e tv. Favorável Nefrectomia III —> 10,8Gy no abdome Actinomicina, vincristina &
ovâzis
IV —) 12,06y no tórax doxorrubicina, de 6 a 15 meses
||, III, IV Desfavorável (anaplasia) Nefrectomia 10,86y no abdome Actinomicína, vincristína
e doxorrubicina ou
Actinomicina, vincristina,
doxorrubicina e ciclofosfamida,
durante 15 meses
1: Se focos de nefroblastomatose forem observados de Vida, 60% nos primeiros meses e acima de 90%
no exame histopatológico do rim removido (isso são diagnosticados no primeiro ano de Vida.
indica maior risco de desenvolvimento de tumor ui Predisposição sexual: 1 a 1,8M:1F.
de Wilms no rim remanescente) estará indicada a Histologicamente é dividido em três grupos:
a realização de ultra—sonografia abdominal a cada classico, celular e misto.
3 a 4 meses até o paciente completar oito anos Alguns são detectados pela ultra-sonografia pré-
de idade, pois o risco de tumor metacrônico, nesses natal.
casos, é de 5 a 16%. n Quadro clínico: massa renal assintomática. Hi—
1: Rins maciçamente infiltrados por nefroblasto- percalcemia pode ser encontrada pela produção
matose (nefromegalia) devem ser submetidos à de prostaglandina E pelas células tumorais. Pode
quimioterapia. haver hipertensão arterial com ou sem insuficiência
cardíaca por hiper—reninismo.
Netroma HBSUIIIÉSÍÍINI Gilllgêllim Macroscopia: ao corte, os clássicos têm uma apa-
rência áspera, similar à neoplasia miomatosa e
a Tumor renal mais comum nos três primeiros meses . fibromatosa. Semelhança com fibromatose infantil,
de vida e segundo tumor mais comum no periodo tanto histológica como biológica (Fig. 12.8). Os
neonatal (só ultrapassado pelo teratoma sacro— celulares são mais amolecidos e carnosos. He-
coccígeo). orragia, necrosee degeneração cística são evi-
l:Tumor considerado de baixo risco (conformeaSIOP).
n Prevalência: 3 a5% dos tumores renais na criança. gentes e pode ocorrer extensão através da cáp-
sula para tecidos perirrenais (tecido peri«hilar e
:! Média de idade: dois a três meses. Vinte e cinco fáscia perirrenal) através de projeções digitiformes
por cento são identificados nos primeiros três dias características. ;
978— 1 5- 24
'
GRUPOS DE RISCOS ESTÁDIO E HISTOLOGIA IRRADIAÇÃO QUIMIOTERAPIA
l
|
intermediário Ill — IV HF e II — IV com anaplasia focal 10.8Gyª' . VDA
Alto ll - IV com anaplasia difusa e sarcoma de células claras Sim EQ
I- IV com tumor rabdóide Sim RTK
"= pacientes menores de dois anos de idade; tumores com menos de SSOgde'peso.
EQ: (esquema quádruplo) = vlncrlstina, ” ' ir ' ' ' '( HF: ª' ' ' favorável; RTK::iclofostamlda. etoposlde,
carboplatina; VA = dactinornicina, vincristina intensiva em pulso (13 semanas): VDA :dactinomlclna. vincristina, doxorrubicina Intensiva em pulso (24
semanas).
Irradiação é administrada em todos os pacientes com anaplasia focal/difusa (exceto no estádio l). sarcoma de células claras e tumor rabdóide.
Nº estádio (V e com histologia favorável, a irradiação e baseada no estágio tumoral local; se houver metástases pulmonares irradiar com IZGy em ambos
os pulmões. '
Antraciclinas(neaose
podem causar <a ' ' '
com “ "" cardlaca. A ‘ J
lnclul '
‘ '
" '' no músculo
cardiaco e fibrose), função cardlaca ** ' e' ' ' cardiaca Adose- ' ' ‘ :. com doxnrrubicina
é de 400—500mg/m' e ªtinge 5% dos pacientes. Os riscos são maiores quando aspenos como radiação medlastinal. menora idªde e sexo femlnlno integrarem
'
:: quadro cllnlco.
V = vincristina: |,Smg/m'lsemanal (Ix), IV.
A = actinamicin D: Hug/K dose única, IV.
D :doxorrubidna: 45mg/m [dose única. IV.
Pªcíentu do NWTS-5 no estádio I e com anaplasia focal ou difusa foram tratados com vincristina e dactlnomidna. Resultados preliminares têm mostrado
sobrevida menor e, provavelrnente, íuturos estudos deverão adicionar doxorrubiclna e radioterapia à terapia desses pacientes.
68 a Tumores
e Microscopia: subdividido em três tipos —> clás- 111 Tratamento: nefrectomia radical cuidadosa, as-
6 L 9' S - Z W
sico (24%), celular (66%) e misto (10%). Todos segurando ampla margem de tecido não-envol—
apresentam padrão de crescimento infiltrativo. vido. Patologistas devem documentar margens
O tipo celular tem maior densidade celular, maior livres de ressecção. Ressecar fáscia perirrenal e
imaturidade celular, maior taxa de mitoses, maior ne, tecidos peri-hilares.
crose e 70% das recorrências devem-se ao tipo ce- n Indicações de quimioterapia: doença residual,
lular, principalmente as metastáticas. margens positivas, ruptura tumoral, celularidadc
No tipo clássico há sempre infiltração do parên— em crianças maiores de três meses (controver-
quima renal com indistinta separação entre o tumor so). Tratar como estádio I HF (histologia favo—
e o rim. Composto por células fusiformes, de forma rável).
espiralada, com túbulos renais aprisionados den- m Recorrência local ou metástases pulmonares: tra-
tro do tumor, assemelhando—se a tibromatose in- tar como HD (histologia desfavorável) com acti-
fantil ou leiomioma. Hemorragia, necrose e cistos nomicina, ciclofosfamida e doxorrubicina (tera-
não são usuais. pêutica para sarcomas).
u Tipo celular tem tendência à metástase, a sofrer Fallaw-up dos tumores com fatores preditivos de
ruptura transoperatória (20%), ou a recorrer lo- recorrência: ultra«sonografia abdominal mensal,
calmente. Esse tipo celular tem consistência mole, radiografia de tórax a cada três meses, durante
aspecto suculento, alta celularidade, numerosas
mitoses, células apoptóticas e necrose. Asseme-
no minimo12 moses, e após com
intervalos maiores.
lha-se ao fibrossarcoma infantil.
Esse tipo está geneticamente relacionado à trans- Tumºres nenals cistlcos .
locação cromossômicat (l2;15) (p13;q25), ini-
cialmente descoberta no fibrossarcoma infantil.
, São lesões ne'bpláâicas com
exclusão dos cistos
renais de origem displásica.“
IRecorrência local tem íntima relação com com- ut Critérios microscópicos.
prometimento das margens cirúrgicas, ruptura pré-
operatória ou ressecção incompleta.
- LeSão composta inteiramente de cistos e seus
septos.
u Infiltrações do seio renal e do ureter são vistas
frequentemente.
—- renal.
Lesão bem demarcada do resto do parênquima
-— Nenhuma
septos.
outra porção sólida, à exceção dos
Classificação. ,
x._ of». :
Tumores Renais Primários I
69
Leve predominância no sexo masculino. O aspecto botrióide pode ser encontrado essencial-
Macroscopia: tumores grandes (maiores do que mente nos tumores bilaterais.
= o tumor de Wilms clássico), frequentemente bi- Apresenta tendência a intensas aderências fibro—
laterais (ll3 dos casos), bem encapsulados, fibrosos sas aos tecidos circunvizinhos.
com consistência dura (pela predominância de
músculo esquelético e ausência ou pequena pre- Follow-uu tit! Tumor Elª Wilms
sença de áreas de necrose ou hemorragia), com a Estádios I e II: radiografia de tórax em seis se-
nódulos projetando—se além da cápsula e tornando manas, três meses, de três em três meses até 18
aressecção completa difícil. São menos agressivos meses, de seis em seis meses até três anos e
do que os tumores de Wilms clássicos. anualmente até cinco anos.
_,
u
70 I Tumores
n Estádio III: além de radiografia de tórax: radio— central do rim. Aparência macroscópica pode
—
grafia de abdome e ultra-sonografia abdominal. assemelhanse a cisto multilocular do rim.
I Estádio IV com metástases pulmonares: radiogra- Variantes do padrão clássico: esclerosante, pa—
fias de tórax repetidas com seis semanas de intervalo liçada, epitelióide, mixóide, pericitomatoso, fu,—
2
até que as metástases pulmonares não sejam mais siforme, cístico e pleomórfico (anaplásico).
ES
giro
visíveis por um mínimo de nove meses e, após, I Metastases: ósseas, 23%; cérebro, 17%; linfo—
de três em três meses por 15 meses, seguindo
Ms
nodos, pulmões, fígado, tecidos moles, músculos,
esquema dos estádios I a III. testículos, glândulas salivares,
IToda criança com aniridia esporádica, ou hemi—
n Investigação diagnóstica: ultra—sonografia, tomo—
hipertrofia, ou síndrome de Beckwith-Wiedemann grafia computadorizada abdominal, radiografia
deve submeter-se a exame físico, EQU e ultra- de tórax, RNM de cérebro, cintilografia óssea e
sonografia abdominal a cada três meses, durante seriografia óssea metastática.
os primeiros dois anos de vida, e a cada seis meses Imunoistoquímica: pode ser positiva para & vimen—
até a idade de dez anos. tina, lectinas, oc- 1-antiqulmotripsina. Negativo para \o
«|
I Média de idade: similar ao de Wilms (entre 2 e a Na apresentação, 80% já estão nos estádios III
3 anos). Muito raro nos primeiros seis meses de e IV.
vida. a Não associados a condições que predispõem ao
I Distribuição sexual: 1,7M:1F. tumor de Wilms ou com restos nefrogênicos.
I Sem associação a defeitos cromossômicos, anor- E Não está associado a síndromes.
malidades genéticas, malformações Congênitas m Hematúria macro e microscópica está presente
e síndromes. em 84% dos casos. Só hematúria microscópica em
Sempre unilateral e unicéntrico. 76% dos casos. *
:: lmunoistoquímica: positividade das células tu— (24%) ou áreas de densidade alta dentro do tu-
morais para vimentina e citoqueratina. Positivi- mor e metástases] e tórax com contraste, cintilo-
dade variável para marcadores neurais, desmina grafia óssea.
e actina. Tratamento: nefroureterectomia radical com lin-
e1 Citometria de fluxo: geralmente diplóide. , fadenectomia regional. Regra da radioterapia e
1:1 Aspecto histológico rabdomiossarcomatoso ou mio- menos clara. Parece estar indicada somente nas
z
blastico. Células tumorais são caracterizadas pelo lesões metastáticas sintomáticas. Em relação à
núcleo excêntrico, nucléolo proeminente e inclusões quimioterapia, nenhum tratamento simples ou
ovôas
citoplasmáticas eosinofi'licas abundantes. combinado provou ser eficiente.
Padrões histopatológicos: Sobrevida nos estádios I e 11: 64 a 80%.
Sobrevida global: 50%.
n Esclerosante: fibroso, osteossarcomatoso, con-
dróide.
:: Epitelióide: trabecular, mucóide, alveolar, estori- TUMOR IIEIIIIDEBTBIIÉIIMIGG I'BIMITlllll Ilº BIM
forme (aspecto floral ou de roda de carreta), pseu- Alguns aspectos do tumor neuroectodérmico primí—
doglandular. tivo do rim (PNET renal) são:
u Fusiforme: fascicular, mixóide, pericitomatoso,
estoriforme, paliçãdico. Doença maligna rara constituída por neoplasia
u Linfomatóide: sólido, histiocitóide. de células pequenas redondas de origem neural
:! Citogenetica. e que cresce fora do cérebro, medula espinhal e
- Relacionado ao cromossomo 22 (q11.2). sistema nervoso simpático. Pode crescer, princi-
palmente, na parede torácica, região para—espi—
—
-
Translocação: t(1 1;22) e t (18;22) (q21;q1 1.2),
Deleção no cromossomo 22: del (22) (q11-12). nhal e mais raramente em ossos, extremidades e
u Sobrevida: quase zero. trato geniturinário.
Sem predisposição sexual.
a
a! Resistente quimioterapia e à radioterapia.
a: Principalmente em crianças maiores e adultos
jovens.
GIBGIIIIIMR IIE GÉlBllS Billlls [GIBBIIIIMA |:
Macroscopia: grande massa tumoral com áreas
BE GÉlllllS cunts, IllPElIHEHIlIMfl] de hemorragia e necrose.
I! Microscopia: pequenas células escuras arranja-
m Somente 5% ocorrem em crianças. das em cordões, nichos, ou agrupamentos com
a Corresponde a, aproximadamente, 1% de todas ou sem a formação de rosetas ou pseudorrosetas.
as neoplasias malignas do rim em crianças e ado« IInvestigação diagnóstica.
lescentes.
Pico de incidência: nove a dez anos. -— -Imurioistoquímica: forte expressão da enolase
neurônioªespecífica. CD99, vimentina e MICZ
E Sem predisposição sexual,
:! Aproximadamente 50% apresentam tumores loca- :‘(microglobina B2), em que o produto protéico
do gene pseudo-autossômica MICZ torna-se
lizados (estádios I e II). corado por coloração de superfície celular.
:: Sítios mais comuns de metástases: linfonodos,
pulmões, fígado, ossos e mediastino. — ,clonal
Citogenética: costumam apresentar translocação
978- 5 241 6
de von Klippel-Lindau (33 a 50% dos casos). do gene ‘EWS no cromossomo 22 e do gene
' m,
Histopatologia: células epiteliais grandes com ci- FLI-J do cromossomo ll.
toplasma claro disposto em ninhos separados por
septos fibrosos. —Translocação específica mais comum: t (11;22)
demonstrada pela reação de cadeia da polime—
ao Quadro clínico.
—— Dor abdominal ou flanco (30 a 35%).
Hematúria macroscópica (40 a 45%).
rase—transcriptase reversa (RT-PCR). A próxima
translocação mais comum 6: t (21 ;22) que
recombina 0 gene EWS no 22, com o gene ERG
- Presença de massa palpável em flanco. Detectada
em 25% pelos pais e 65% pelo pediatra.
no cromossomo 21.
~ Tomografia computadorizada: é característica
- Tríade clínica clássica (dor abdominal, hematúria
e massa em flanco) é menos freqiiente em
de grande massa não—homogênea pela presen-
ça de áreas de necrose ou hemorragia, contornos
crianças (8 a 14%).
-
,
irregulares .e ausência de calcificações. De—
Outros sintomas: mal—estar (45%), letargia, perda monstra, frequentemente, comprometimento de
de peso, febre, hipertensão (6%). linfonodos e metástases hematogênicas.
ª Invesn'gação diagnóstica: hemograma (anemia, El Mau prognóstico devido à sua agressividade (mais
eritrocitose), hipercalcemia, ultra-sonografia abdo- frequente a penetração em cápsula renal e extensão
minal, tomografia computadorizada de abdome em veia renal) e metástases frequentes e precoces
[imagens sugestivas: presença de calcificações para linfonodos, pulmões, fígado e medula óssea.
” 3 7 ,- .
"W .,
72 II Tumores
[VI/:S'Lõ L'S9
*)
(Ia-.13..
Neuroblastoma n 73
S4277—958
:: Os de conteúdo triplóide (55%). Os NB que apre»
'
GOHGEIW sentam amadurecimento espontâneo são quase
O neuroblastoma (NB) é um tumor constituído de células todos de conteúdo triplóide.
chamadas neuroblastos com origem na crista neural A vantagem dos NB triplóides é que se concen-
primordial (gânglios da cadeia látero—vertebral sim- tram nas crianças menores de um ano, mesmo
pática, medula supra—renal e restos embrionários de em estádios avançados, diminuindo sua impor-
Zuckerkandl). Esses tumores foram primeiramente tância nas crianças com mais de dois anos.
descritos por Virchow em 1864 e denominados de n Índice de DNA (DNAi) igual a 1. Tem prognós—
neuroblastomas por Wright em 1910. tico desfavorável.
Índice de DNA (DNAi) igual ou acima de 1,25.
EPIIIEIIIIIILOGIA Tern prognóstico favorável.
IO MYCN é o único oncogene consistentemente
IÉ o tumor sólido mais comum nas crianças com
super-expressado nos neuroblastomas.
menos de um ano nos Estados Unidos da América.
n Quinhentos e vinte e cinco casos novos são obser- A amplificação (aumento do número de cópias
vados por ano nos Estados Unidos da América. de certo gene) do oncogene M YCN é normalmente
111 Prevalência: 8,5 por 1.000.000/ano, menores de localizada na porção distal do braço curto do cro—
15 anos. . mossomo 2 (2p24). A ampliâcaçâo é significa-
a Predisposição sexual: 2M:1F. tiva quando apresenta 10 ou mais cópias de MYCN
Vinte e cinco por cento dos casos são diagnos— por genoma haplóide e se relaciona aos esládios
ticados no primeiro ano de vida. avançados 3 e 4 (31%), contra apenas 4% dos
a Cinquenta por cento até os 2 anos de idade (pico estádiosªl e 2 e 8% dos estádios 4S, significan-
de frequência) e 90% até os 8 anos. d rápida progressão do tumor e prognóstico ruim.
A amplificação do MYCN ocorre em aproxima-
damente 25% dos tumores primários e está alta-
EMBBIIllllEIII mente associada a deleção do cromossomo 1 . Essa
Os neuroblastomas são oriundos das simpatogônias, amplificação resulta em elevado Índice de men-
células indiferenciadas da crista neural, que originam sa'gem (mRNA: ácido ribonucleico mensagei-
a medula supra-renal e todos os gânglios simpáticos. ro) e uma alta expressão protéica (importante na
Os neuroblastos são identificados no feto com sete proliferação celular e no ciclo celular). A am-
semanas e vão formando nódulos neuroblãsticos até plificação do MYCN é um indicativo de falha de
a 12' semana, aumentando de tamanho e número até a tratamento, independentemente de outros mar-
l7E semana. cadores.
_Íuc—v
O neuroblastoma in sim está presente em 100% IAlterações cromossômicas adquiridas, modifi—
dos fetos na medula supra—renal entre a 17' e 20! cações somáticas.
semana. O neuroblastoma in siru regride com a dife—
renciação celular, sendo mediado por fatores de cres— -—Por perda ou deleção de material genético.
' lp36: 19% a 36%.
cimento (FCN) e seu receptor (proto-220ncogene TrK).
' 11q23: 40% a 45%.
' 14q32: 20% a 25%.
BIGLBGIII “Hill“ E Iflllfllllllfi
Os proto-oncogenes são os genes que ativam a divisão -
. Deleções em outras regiões (3p, 4p, 5p, 9p, 18g).
Por ganho de material genético.
das células normais e os genes supressores são aque- ' Amplificação do MYCN: 20 a 25%:
les que se opõem à ação dos proto—oncogenes, blo- A deleção de material genético no braço curto do
queando o processo de divisão celular. A ação regulada cromossomo 1 sugere que ele contém um gene supressor
entre esses dois grupos de genes mantém o equilíbrio“ importante na tumorigênese do neuroblastoma, pois
entre o número de células que nascem e morrem to- o oncogene MYCN está situado no cromossomo 2.
74 a Tumores
L'SQIVZ‘586
mossomo). prognóstico ruim.
I Padrão com deleção do braço longo do cromos—
somo 11 (l lq), com conservação da heterozigo— 985133883
se no braço curto.
As caspases são enzimas proteolíticas responsáveis
No braço longo do cromossomo l l, a região da dele— pela execução do sinal apoptótico.
ção é identificada no loco 23.3 (11q23.3). A deleção A caspase 8 é uma protea ,ª sérica localizada no
11q23 é encontrada na metade de todos os pacientes loco 2q23, sendo a chave para alsinalização da apoptose
com neuroblastoma e tem uma correlação inversa com celular (morte celular programada como parte de um
a amplificação do MYCN. processo normal), sendo os genes BCLZ e BCLX, por
A perda da heterozigose (LOH) no 14q32 ocorre meio de suas proteínas intracelulares, necessários à
em 20 a 25% dos casos. efetivação do sinal apoptótico.
111 Genes relacionados ao fenótipo de resistência a
Eunressão Ila nocentores Neurotrúnicls múltiplas drogas (MDR1 -gene de múltipla resis-
tência a drogas e MRP—gene da proteína relacio-
As células de Schwann estão presentes nos neuroblas- nada a múltipla resistência a drogas) são vistos
tomas mais diferenciados e vários fatores neurotrópicos em estádios avançados. A expressão de altos níveis
estão envolvidos no processo de maturação neuronal. de MRP (% independente da expressão do M Y CN,
Três receptores da tirosina-quinase associados a tais TrKA e estádios. São genes que propiciam re-
fatores foram identificados: TrKA/NGF (nerve growth sistência às drogas quimioterápicas por meio da
factor), TrKB/BDNF (brain derived neurormphicfactor) P-glicoproteína.
e TrKC/NT-3 (neurotrophín—3). 111 Genes relacionados a invasão e metástases NM23,
Os neuroblastomas com amplificação do MYCN (mau ,\ NMEI‘e CD44. A expressão elevada da glicopro-
prognóstico) têm níveis reduzidos ou indetectáveis 1
teína €D44, que e uma proteína da superfície
de expressão de TrKA. Os neuroblastomas com estã— celular e que influencia a adesão celular, é in-
dios limitados e ausência de amplificação de MYCN Versamente correlacionada à amplificação do
(born prognóstico) têm altos níveis de TrKA. M YCN e estáiassoc'ada aos neuroblastomas mais
As expressões elevadas de TrKB associam-se a
neuroblastomas de prognóstico desfavorável, com
' diferenciados e de “melhor prognóstico.
I Grupos favoráveis,
estádios avançados do tumor. As expressões elevadas — Carjótipos triplóides.
TABELA 13.1 —Tipos de prognóstico com base nos dados clinicos e biológicos mais relevantes
ACHADO TIPO 1 TIPO 2A TIPO ZB
MYCN Normal Normal Amplificado
DNAi Hlperploide Diplóíde Dipléide -
Triploide Tetraplóíde TetrapIóide
Ganho 17q Raro Comum Comum
liq, 14q, LOH Raro Comum Raro
1p LOH Raro Incomum Comum
«Expressão TrkA Alta Baixa ou ausente Baixa ou ausente
Expressão TrkB Truncado (faItando Baixa ou ausente Alta
tirosinacinase)
Expressão TrkC Alta Baixa ou ausente Baixa ou ausente
Idade Geralmente < 1 ano Geralmente > 1 ano Geralmente 1 - 5 anos
Estádio Geralmente 1, Z, 4S Geralmente 3, 4 Geralmente 3, 4
Sobrevida/3 anos > 90% 30 - 50% < 20%
Neuroblastoma I
75
—
Ausência de deleção lp.
Ausência de amplificação do MYCN.
:: Grupos desfavoráveis.
- Cariótipo diplóide.
io v õ a s
- Amplificação do MYCN.
Presença de deleção em 1 p.
-
*
MIIIIIFESTIÇÉES METllúllÍlIIS
Ill] NEIIIIDBIIISTIIMII
5—7
Secreçãn de Hormônios
978- 5 241 6
Peptídeo vasoativo intestinal (VIP) e outras substân-
cias vasoativas (catecolaminas e derivados).
A secreção de VIP acarreta ao paciente uma diar-
réia aquosa com perda de potássio. É mais comumente
encontrada nos portadores de ganglioneuroblastoma
e ganglioneuroma.
Secreção de catecolaminas e outros derivados: ácido
homovanilico (HVA), ácido vanilmandélico (VMA),
metanefrinas e dopamina.
Figura 13.1 — Correlacionar os olhos de um urso panda com
os de uma criança com neuroblastoma e metástase orbitàrla.
MANIFESTIÇÍÍES HEIBBLÚGIGIIS
A encefalopatia cerebelar (síndrome da dança dos olhos)
é caracterizada por opsomioclonia e nistagmo. É um Sintomas devidos a metastases:
sinal de bom prognóstico do tumor ou sinal de maturação I No fígado: hepatomegalia, icterícia e problemas
tumoral para ganglioneuroma. É causada por um
complexo antígeno—anticorpo que afeta o cerebelo e não circulatórios.
por metástases. No tecido celular subcutâneo: metástases sub—
cutâneas em forma de nódulos azulados (nos
lactentes e IV—S).
"DRAG HETASTÃTIBII I Nos ossos: metástases ósseas originam dor por
No neuroblastoma ocorrem duas modalidades de dis- destruição da camada cortical óssea.
seminação de metástases, uma por via linfática e outra I Na órbita: metástases orbitárias originam proptose
por via hematogênica. A primeira forma de dissemi— e e 'uimose periorbital (olhos de panda) (Fig. 13.1).
nação é a linfática; 35% dos pacientes com doença
localizada apresentam metástases nos nódulos linfá-
ticos, quando do diagnóstico. O outro modo de dis— Anomalias Associadas
seminação (% por Via hematogênica; o local mais comum I Doença de Hirschsprun'g.
de metástase é na medula óssea, seguindo—se a cor- I Síndrome de Klippel-Feil.
tical do osso, fígado e pele. A metástase para o pul— I Síndrome Waardenburg.
mão e cérebro é rara, sendo encontrada em estádios I Síndrome de Ondine.
terminais da doença. Síndrome de Beckwith-Wiedemann.
A proporção de pacientes que se apresenta com doença at Sindrome fetal-álcool.
localizada, regional, ou metastática é fundamental— Síndrome fetal-hidantofna.
mente relacionada à idade (Tabela 13.2). Neurofibromatose.
nª.
6 L 8' B S Z W 9
bral e heterocromia da íris no lado afetado devido
ao envolvimento do simpático cervical).
- Síndrome de Hutchinson: claudicação e irri-
tabilidade na criança pequena, associada a
I Tórax: dispnéia, disfagia e problemas circulató-
metástases em ossos e medula óssea.
rios (síndromeda veia cava superior).
l1 Abdome: dor, massa palpável, vômitos, anorexia. — ºpsomioclonia: abalos mioclônicos e movi—
mentos oculares ao acaso, com ou sem ataxia
I
Pelve: constipação e obstrução urinária.
!Area para-espinhal: compressão de raízes ner-
cerebelar. Associada a tumor de prognóstico
favorável, mas os sintomas podem não cessar
vosas ou invasão de medula em halter, originando com a retirada do tumor.
diversos sintomas: dor, escoliose, disfunção esfinc-
ter-iana, paralisia de extremidades, hipotonia, atrofia — Olhos de guaxinim ou olhos de urso panda (pan-
da eyes): presente quando existe hemorragia
muscular, arreflexia ou hiper—reflexia e espasti- periorbital secundária a tumor metastático.
cidade.
|:
Bulbo olfatório: estesioneuroblastoma (atualmente
considerado PNET) ocorre entre 11 e 20 anos INVESTIGAÇI'IU nlnuuúsricn
de idade, surgindo obstrução nasal unilateral, epis- I: No exame físiCO detecta-se massa abdominal pal-
taxe, rinorréia, cefaléia e sintomas oculares. pável quando o tumor está localizado no abdo-
me. A presença de nodulações azuladas no tecido
QIIIIIIIIII BlÍIIIllll celular subcutâneo sugere o diagnóstico de neuro«
lAproximadamente 70% dos pacientes apresentam blastema IV—S. Podem se perceber sinais da sín-
metástases ao diagnóstico. Os sintomas variam drome de Horner, quando temos o acometimento
de acordo com a localização primária do tumor e do gânglio estrelar (lº Cérvico—torácico). Encon-
presença ou não de metástases. As metástases mais tramos em raros casos sinais de compressão da
comuns são encontradas na medula óssea, corti- veia cava superior, quando o tumor comprime
cal do osso (lesões líticas em radiografia), linfonodos esses vasos. Podemos ainda encontrar massas de
regionais e distantes e hepáticas (mais comuns no mediastino posterior em achados radiográficos
estádio 48). As metástases em pulmões e cérebro ocasionais, outras, pelo tamanho, já comlcom—
são raras. As metástases ósseas costumam ocorrer pressão de estruturas respiratórias, ocasionando
nas metáfises dos ossos longos e crânio.
disttirbiosrespiratórios.
rios adrenais e para-espinhais presente em apro- ..1-
IMassa abdominal palpável nos tumores primá-
!-\
ximadamente 50% dos casos, de consistência dura,
podendo ser, na maioria dos casos, de aspecto
ruass'inn
Em
al
IMAGEM ''
--
Síndrome de Horner: ptose palpebral unilate-
ral, miose e anidrose associadas a rumor torácico
acrescenta informações além das imagens obti-
das pela ultra-sonografia, exceto para o tórax e
primário. Os sintomas não regridem com a crânio, em que oferece melhor imagem de defi-
exérese do tumor. nição.
Neuroblastoma : 77
nidina) é tanto indicativa de metástases ósseas tem pelo menos 1cm de medula óssea, excluindo a Nª,.»
a
cartilagem.
como também é utilizada como terapia no seu
tratamento. É utilizada para qualquer localiza-
ção da neoplasia. IIISTIII'IITIILIIGIII
Quando o exame com MIBG for negativo ou inviável, Os três tipos histopatológicos clássicos dos tumores
deve-se realizar a cintilografia com tecnécio. neuroblásticos (neuroblastoma, ganglioneuroblastoma
9 7 8 -3 5 — 2 4 1 6
e ganglioneuroma) refletem um espectro de maturação,
diferenciação e comportamento clínico do tumor, O
INVESTIGAÇÃO lABllIIIITGIIIIIl neuroblastoma é uma das neoplasias de pequenas células
redondas azuis e deve ser distinguido de outros tumores
m Hemograma. que apresentam essa semelhança, tais como linfomas
:1 Provas de coagulação.
não-Hodgkin e sarcomas indiferenciados do tecido mole,
1n Provas de função hepática.
incluindo o rabdomiossarcoma, havendo a necessi-
I: DHL (desidrogenase lática): valores abaixo de dade da imunoistoquímica para realização do diagnóstico
I_SOOUI/mL são encontrados nos pacientes que diferencial em algumas situações. Pela imunoistoquímica
têm bom prognóstico. são positivados os seguintes corantes de anticorpos
Uréia e creatinina. monoclonais (CAM): neurofilamento, sinaptofisina
I: Eletrólitos. e enolase neurônio—específica (ENE) (Tabela 13.3).
u Dosagens de HVA (ácido homovanílico) eVMA A classificação prognóstica baseada nos aspectos
(ácido vanilmandélico). HVA com valores su- histopatológicos mais utilizada é 'a classificação de
periores a 6mg/g de creatinina e VMA com va— Shimada, revisada por Ioshi. Essa classificação ba—
lores superiores a lOmg/g de creatinina são seia-se nas características do estroma de células de
considerados elevados. A relação VMAzHVA >1 Schwann, na idade do paciente e no índice de mitose-
indica prognóstico maislfavorável. cariorrexe (IMC):
v
u Dosagens de metanefrinas e dopamina. E Estroma rico: são células com aparência de ganglio—
:! Dosagens de neuroenolase específica (ENE).
neuroblastoma, imaturas, uniformemente distri-
” 0 .9 « g . Encontra-se elevada em 96% dos pacientes que buídas, bern diferenciadas. Estroma rico não favo-
:“? m WT:
:» v
apresentam metástases. A ENE com valores acima rável tem aparência nodular.
de lOOmg/rnL é encontrada nos tumores de mau l
Estroma pobre: ésão três as variáveis que mos—
"ar! prognóstico, com estádios avançados.
tram se o tumor
de característica favorável ou
-—
Dosagem da ferritina sérica. A ferritina com valores desfavorável:
acima de 142ng/mL é encontrada nos tumores com Idade da criança ’ao diagnóstico.
estádio 3 ou 4 e associada a mau prognóstico. Diferenciação dos netrroblastos (nuclear ou ci-
I:l Medulograma e biópsia de medula óssea. toplasmática). *
sinaptofisina + _ _ _ -
ENE + _ i :I: +
Microglobulina b2 _ _ ..' '
_ *
ACL (proteina T-ZOD) _ _ _
-
' '
+
_
Vimentina
Mioglobina _ i
..
_
+
..
+
"'
+
—
Miosina _ _ + -
Actina _ _ _ + -
Desmina +
As variantes extra—ósseas do sarcoma de Ewing e (: rabdumiossarroma poderao corar-se pela enolase. neurdnio-“aspect
Ewlng; LNH- — linfoma nao-Hodgkin; NB:
-
fica (ENE). ACL= antigeno comum de leucócitos; CAM- corante de anticorpos monoclonais;
neuroblastoma; PNET: tumor neuroectodérmico pri
g-.. sarcoma de
o; Rab- rabdo-
-
« "= .r :
78 l
Tumores
0 3/: S E ” . v
Shimada Estroma pobre, idade 1,5 — 5 anos, diferenciado, IMC < 100
2
L-9<1sz'm
Ioshi Grau 2, idade > 1 ano; Grau 3*“, todas as idades
Grau 1‘ = Indice mitótlco baixo (< to figuras mitótitas por 10 campos de grande aumento) e presença de talciãcações.
Grau 2“ = Indice mítótico baixo, ou presença de takificações.
Grau a'" = nem baixo Indice mítórico. nem presença de calcificaçoes.
IMC: Indice mItose-carlorrexe (numero de mltoses e carlorrexes por 5.000 células).
— Índice
de
mitose-cariorrexe
de
anormalidades
(IMC), que é a soma
nucleares, número de células
ra O estádio 4S significa um estádio especial (S =
special), habitualmente ocorrendo em crianças
tumorais necróticas, número de células com mi- abaixo de um ano, sendo o estádio onde encon-
toses e o número de células malformadas por tramos a maioria das regressões espontâneas, vistas
5.000 células examinadas. em alguns casos de neuroblastoma. Essas regressões
neoplásicas ocorrem mesmo em tumores gran-
Segundo Ioshi, a presença de calcificação e de baixo
índice de mitoses (< 10 mitoses/10 campos de grande des, podendo haver o aparecimento concomitante,
aumento) é de valor preditivo favorável, independen- especialmente na pele, de nódulos que surgem
em determinada área da pele e regridem em outra,
temente da idade e do estádio (Tabela 13.4). tendendo ao completo desaparecimento das le-
sões. Nas grandes infiltrações hepáticas, a re-
ESTABIIIIIEIITD gressão é lenta, notando-se o desaparecimento
das células tumorais ao invés da transformação
O estadiamento do neuroblastoma pode ser feito-se-
gundo diversos sistemas. São conhecidos os sistemas em ganglioneuroma (basicamente pelo mecanismo
norte—americanos, como o Children's Cancer Group de apoptose). A infiltração da medula óssea deve
(CCG) e o Pediatric Oncology Group (POG), e o sis- ser nienor que 10% de células malignas pela
tema europeu, fundamentado na classificação TNM ,“ aspirªção ou pela biópsia óssea, para ser consi-
(tumor, nódulo e metástase). Todavia, atualmente, está derada 45; se for maior deve ser considerado está-
sendo utilizado o sistema proposto para uso interna- dio 4. A captpção do MIBG deve ser negativa
cional: International Neuroblastoma Staging System para o osso. ._ ª
TABELA 13.5 — International Neuroblastoma Staging sentéricos superiores'e renais. A ressecção total do
System (INSS) tumor só deve ser tentada quando houver segurança
de evitar lesões de estruturas vitais. A biópsia de
rserxos
1
CARACTERIZAÇÃO
Tumor localizado, confinado à área
linfonodos deve ser sempre realizada, independente-
de origem; remoção macroscópica mente do seu tamanho ou morfologia, uma vez que a
completa, com ou sem doença residual biópsia somente dos nódulos aparentemente compro-
microscópica; linfonodos ipsi e metidos leva a um erro diagnóstico de 25% dos casos.
contralaterais identificados livres Os neuroblastomas que envolvem os grandes vasos
de comprometimento neoplásico
Tumor unilateral com remoção
e o tronco celíaco geralmente invadem'a túnica ad—
2A
macroscópica incompleta; linfonodos ipsi ventícia, poupando a túnica média. Consequentemente,
e contralaterais identificados livres a cirurgia desses tumores pode ser vista como um
de comprometimento neoplásica procedimento de cirurgia vascular, necessitando de
9 7 8 — 5 2 4 l- 6
23 Tumor unilateral com remoção
macroscópica completa ou incompleta; instrumental apropriado. Com base nessa constatação,
linfonodos ipsilateraís comprometidos; Kiely descreveu uma abordagem específica para essa
linfonodos contralaterals identificados peculiaridade da neoplasia (Fig. 13.2).
livres de comprometimento neoplásica Nos casos irressecáveis ou de ressecção incompleta
3 Tumor infiltrando-se através da linha à cirurgia, os pacientes devem ser submetidos a qui-
média, com ou sem envolvimento
regional de linfonodos; ou tumor mioterapia para redução tumoral ( i2 a 24 semanas)
unilateral, com envolvimento e posterior tentativa de ressecção. Nos pacientes com
contralateral de linfonodos; ou ainda, doença progressiva, a cirurgia definitiva deve ser
tumor de linha média, com realizada só se houver resposta a quimioterapia, com
envolvimento bilateral de linfonodos
4 Disseminação do tumor a linfonodos ou sem radioterapia.
distantes, ossos, medula óssea, fígado No neuroblastoma pélvico, devemos tentar a excisão
ou outros órgãos (exceto como definido da neoplasia, evitando a lesão dos plexos sacros (risco
em 45) de incontinência fecal e urinária), já que nessa loca—
45 Tumor prima’rio localizado conforme lização os neuroblastomas apresentam baixa morta-
definido para estádios 1 ou 2, com l
disseminação limitada a fígado, pele lidade, mas alta morbidade. l
1
e medula óssea (infiltração < 10% Nos tumores torácicos é geralmente satisfatória a
das células neoplásicas) toracotomia póstero-lateral e a ressecção pode envolver
parte da cadeia simpática e nervos intercostais, não
'havendo necessidade da excisão em bloco da parede
sacrifício de estruturas vitais deve-se evitar a ressec— torácica. Habitualmente não são realizadas lobectomias,
ção cirúrgica primária, particularmente em crianças pois dificilmenteno parênquima pulmonar está aco-
abaixo de dois anos, nas quais o prognóstico é bom metido?- ,,
na maioria dos casos.
Os linfonodos aderidos ao tumor devem ser resse-
cados em bloco com o tumor primário e os linfonodos
não aderidos, acima e abaixo do tumor, devem ser
biopsiados e indicada a sua localização, para melhor
avaliação da disseminação da doença e posterior ra—
dioterapia.
A biópsia hepática está sempre indicada em crian—
çªs abaixo de um ano, pela possibilidade do envolvi—
mento difuso do fígado não ser detectado pelos exames
por imagem. Nas crianças maiores, está indicada so—
mente quando forem visíveis ou evidentes à radiologia.
No manuseio do neuroblastoma disseminado, a
imponência da ressecção macroscópica total perma-
nece controversa, porém há na literatura uma nítida
tendência de melhora da sobrevida quando e realiza—
da a ressecção total ao invés da ressecção parcial. Figura 13.2 — Detalhes técnicos a serem observados em res-
Nos tumores abdominais, a abordagem cirúrgica é secção de neuroblastoma que envolva grandes vasos. A téc-
efetuada através de uma incisão transverso ampla. nica é baseada na observação de que o tumor raramente
Sempre quando possível, a ligadura precoce dos vasos compromete a túnica média desses vasos, existindo, então,
nutridores deve ser tentada, porém, nos grandes tu- um plano subadventício entre o tumor e a túnica média. A
dissecção deve se manter na linha média e progredir no sen-
mores deve—se ter precaução, pois a aorta pode estar tido longitudinal, iniciando na margem inferior do tumor,
rºtada, distorcendo o tronco celíaco e os vasos me- pela face medial da artéria ilíaca comum ou externaº.
80- Tumores
Nas crianças abaixo de dois anos, quando o neuro- nuindo a expressão do MYCN e levando a uma di-
blastoma cresce rapidamente do mediastino posterior minuição sustentada da proliferação de células tumorais.
para o anterior, causando compressão severa de tra- Utilizados principalmente em doença mínima resi-
quéia e de brônquios principais, a medida de tera- dual. Todavia, têm se mostrado fundamentais na melhora
pêutica oncológica mais importante, como medida do prognóstico, quando aplicados em protocolos de
6 L 8' 5 ‘ Z VI 9 S
salva-vida, é a toracotomia ou esternotomia de ur— transplante de medula autóloga.
gência, com a descompressão de traquéia e brônquios.
Quando ocorre a invasão do canal medular, pelos Terapia com Transplante llulúloyo
forames vertebrais nos casos de neuroblastoma em
halter (geralmente estádio 2), o tratamento inicial deve dª celulas-tronco Periférieas
ser com quimioterapia. Atualmente empregada nos regimes de quimioterapia
de consolidação, com doses intensivas mieloablativas.
Complicações da Cirurgia
IFrequência: 5 a 25%. A complicação e' maior quanto
Transplante
llinúlnuo de Medula ússna
maior for a agressividade cirúrgica. Pode ser considerado nos pacientes com doença avançada
IComplicações: sangramento, necessidade de que responderam bem a quimioterapia inicial e em que
nefrectomia, formação de aderências, invaginação houve ressecção primária do t , mor. A utilização dessa
pós-operatória, lesões neurológicas (síndrome de terapêutica associada ao áci ,o l3-cis-retin6ico per-
Horner, impotência sexual, incontinência urinária mitiu uma sobrevida de'três anos de até 40%. O trans-
e/ou fecal, diarréia), insuficiência renal (por lesão plante autólogo de medula óssea sem a associação
de vasos), ligadura inadvertida de grandes vasos. ao ácido retinóico deixa a sobrevida em 27% (Figs.
13.3 e 13.4).
Quimioterapia
A quimioterapia está indicada, fundamentalmente, nas
conceito de Tratamento com Base
seguintes situações: nos EI'IIIIOS lllP. Risco
Atualmente, as equipes que estudam o neuroblastoma
II Tumor irressecável. estratificam os pacientes em grupos de risco, com base
I Quando a cirurgia «não foi radical.
IEm estádios avançados (doença disseminada). na análise de fatores prognósticos bem definidos. Para
lEm algumas situações do estádio 48, como in— isso, são utilizados como fatores:
filtração medular e metástases hepáticas com I Idade do paciente ao diagnóstico.
hepatomegalia maciça. IO
estádio pelo INSS.
Drogas quimioterápicas habitualmente utilizadas &! Os fatores biológicos do tumor: histologia de
nos diversos protocolos: vincristina, ciclofosfamida,
* Shimâ'da, a amplificação do MYCN e o índice
de DNA.
doxorrubicina' (adriamicina), cisplatina, etoposide,
carboplatina, ifosfamida, inibidores da topoisomerase I. ldentificam—setrês grupos de risch distintos: baixo,
Em regimes de consolidação, o tiotepa e a melfalana. intermediário e alto,conformeTabela 13.6 a seguir.
Atualmente, a quimioterapia e utilizada de acordo
com os grupos de risco.
Radioterapia
A radioterapia com a intensificação dos protocolos
de quimioterapia avançada, associados ou não à abla—
ção de medula'ossea, tem seu uso cada vez mais res-
trito. É utilizada de uma maneira geral nas seguintes Transplante de
situações: medula óssea
l Controle local de foco residual da doença após
a dl v e r b o s
de
o uso de quimioterapia.
I Como medida paliativa.
Probailde
Eelinúitles
Figura 13.3— Curva de KaplanMeier da primeira randomiza-
São derivados naturais e sintéticos da vitamina A. O ção do estudo CCG 3891 sobre pacientes com neuroblastoma
ácido retinóico induz a diferenciação dos neuroblastos de alto risco tratados com terapia mioablativa e resgate de
através da desregulação do RNA mensageiro, dimi— células-tronco autólogas versus quimioterapia continua].
Neurobiastoma 1:1 81
Recidivas locais podem ser tratadas com cirurgias mente com ciclofpsfamida, doxorrubicina, cisplatina
. , :5 . secundárias, podendo inclusive ser utilizada a qui-
mioterapia se houver recidiva metastática.
e etoposide (VP16), seguido da cirurgia postergada e
radioterapia paraªdoença residual macroscópica.
ESTÁDIO (INSS) iDADE (ANOS) MYCN HiSTOLOGiA (SHIMADA) DNAI GRUPOS DE RISCO
1 O — 21 Qualquer Qualquer , Qualquer Baixo
ZA. 28 <1 Qualquer Qualquer Qualquer Baixo
Entre 1 e 21 Sem amplif. Qualquer Não usado Baixo
Entre 1 e 21 Amplificado Favorável Não usado intermediário
Entre 1 e 21 Amplificado Desfavorávei Não usado Alto
3 <1 Sem amplif. Qualquer Qualquer intermediário
<1 Amplificado Qualquer Qualquer Alto .
Entre 1 e 21 Sem amplif. Favorável Não usado Intermediário
Entre 1 e 21 Sem ampiíf. Desfavorávei Não usado Alto
Entre 1 e 21 Amplificado Qualquer Não usado Alto
'
4 <1
<1 _
Entre 1 e 21
Sem amplif.
Amplificado
Qualquer
Qualquer
Qualquer
Qualquer
Qualquer
Qualquer
Não usado
intermediário
Alto
Alto
45 <1 Sem ampiif. Favorável >1 Baixo
'
<1 Sem amplif. Qualquer = 1 intermediário
<1 Sem amplif. Desfavorávei Qualquer Intermediário
<1 Amplificado Qualquer Qualquer Alto
82 I1 Tumores
amplificação do MYCN; estádio 3, maior de um ano, radiotherapy, autologous bone marrow transplantation, and
com histologia desfavorável; estádio 2 com MYCN l3-cis-retinoic acid. New Engl. ]. Med., v. 341, p. 1165—1477. 1999.
0 A — C E SI“
amplificado e histologia desfavorável; e estádio 4S
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
A., 2
6 L 8 ‘ 9' Z V 1 S
plante autólogo de medula óssea [AMBT], associa- SANDBERG, D. l.: BILSKY, M. H.; lgUSHNER, B. H. et al. Treatment
of spinal involvement in neuroblasioma patients. Pediatr: Neurosurg,
do ao ácido eis—retinóico).
v. 39, p. 291-298, 2003.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS VILLABLANCA, J. G.; KHAN, A. A.; AVRAMIS, V. 1. et al. Phase
I trial of lS-eis—retinoic acid in children with neuroblastoma
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A.; POPLACK. D. G. (eds.). Principles and Practice of Pediatric
following bone marrow transplantation. J. Clin. Oncal., v, 13,
Oncology. 4. ed. Philadelphia: Lippincott, 2001. p. 895-937. p. 894—901, 1995.
» ?“
Rabdomíorsarcoma n 83
e
IIISI'OFMILIIGIR
1.11111111111' , ,
o v ó as
tico do tipo específico é realizado por microscopia
óptica, técnicas imunoistoquímicas, microscopia ele-
z
trônica e técnicas de genética molecular.
João Carlos Ketzer de Souza É controverso se o subtipo histológico influencia
significativamertte o prognóstico. Entretanto, sabe—
Mário Rafael Carbonera se que o tipo alveolar apresenta pior prognóstico devido
a sua agressividade e capacidade de ocasionar metástases
para pulmões, ossos e medula óssea.
GBNBEITO Classificação:
O mbdomiossarooma (RMS) 6o tumor sólido que cresce BI Embrionário (tecido imita músculos esqueléti-
de células mesenquimais primitivas que formam o
cos imaturos, 60 a 70% dos casos). É constituí-
músculo estriado, ou tecidosque imitam esse mús- do de quantidade variada de células fusiformes
culo Essas células tumorais são análogas às células e redondas primitivas que podem estar intima—
musculares fetais normais em diversos estágios de mente ligadas ou livremente dispersas em uma
. maturação. Células mesenquimais desenvolvem-se em
tecidos de sustentação, como tecido fibroso, músculo,
base mixóide. Locais mais comuns: cabeça e
pescoço e geniturinários. Há dois tipos especiais:
cartilagem e osso. Situam—se na categoria dos tumo- RMS botrióide e RMS de celulas fusiformes
res de pequenas células redondas azuis. Crescem em (spindle cell). Os sarcomas botrióides ocorrem
978- 5 241 6
qualquer sítio anatômico, até em locais onde não existe em estruturas recobertas por mucosa, como be-
músculo estriado (ductos biliares, pulmão, próstata, xiga, vagina, útero, nasofaringe e ductos biliares
bexiga). (5% de todos os rabdomiossarcomas). Locali-
zam—se na submucosa estendendo—se ao lúmen
das estruturas ocas como massas polipóides (em
EPIDEMIOLBEIM forma de cacho de uva). Têm estroma frouxo, mi-
fl
Corresponde a 6% das neoplasias malignas das xomatoso e camada submucosa de celularidade
crianças. aumentada. O RMS tipo spindle cell, ocorre mais
m É o mais comum sarcoma de partes moles da frequentemente na região paratesticular. Tem baixa
criança (mais que 50% dos casos). celularidade, é constituído de células fusiformes
E Predisposição sexual global: l,5M:1F.
e escassas células redondas, mimetizando o as-
EI Distribuição etária bimodal com pico entre 2 a
5 anos em aproximadamente 73% (prinCipalmente
pe'bto de um tumor de músculo liso. Tende a ocorrer
em crianças menores e sítios mais favoráveis.
geniturinários) e entre 10 a 18 anos. n Alveolar (padrão similar aos alvéolos do pulmão
I: Setenta por cento das crianças são menores de fetal). Composto d'e septos fibrovasculares e
10 anos de idade ao diagnóstico. Oitenta e sete agregados mal- definidos- de célulaspobremente
por cento são menores de 15 anos e 13% entre diferenciadas de forma oval ou redonda que,
15 e 21 anos de idade. frequentemente, mostram perda da coesão cen-
E Menores de um ano não têm melhor prognóstico. tral e formação de espaços alvealares. Mais fre-
1A Sítios mais comuns: cabeça e pescoço, 35% qiiente nas extremidades, tronco e períneo. Parece
(parameníngeos, 20%; órbita, 8%, outros locais estar associado a mau prognóstico. Correspon-
da cabeça e pescoço, 7%); geniturinário, 25% de a 20% dos casos.
(bexiga e próstata, 10%; paratesticular, vulva, IJ Indiferenciado (10 a 20%). Também parece apre-
vagina, útero, 15%); extremidades, 19%; tron- sentar mau prognóstico. Mais comum nas extre-
co, 10%; retroperitônio, 8%; outros sítios, 3%. midades, tronco, cabeça e pescoço.
H Anomalias congênitas associadas: até 30% ge-
— :: Pleomórt'tco (0,5 a 1%). Raro na criança.
niturinárias, sistema nervoso central (malformações *
O tipo histológico está relacionado ao prognósti-
Amold--Chia.ri), trato gastrointestinal, cardiovas- co, conforme Tabela 14.1.
cular e síndromes como Li—Fraumeni, Beckwith—
Wiedemann, síndrome de Noonan, esclerose
Investigação diagnóstica
,. — « g tuberosa, neurofibromatose tipo I e outras.
ª A maioria desses tumores ocorre esporadicamente, História + exame físico.
.
B
sem fator predisponente de risco associado. Exames por imagem são sítio-dependentes. In-
ª Entre 10 a 20% apresentam metástases ao diag- vestigar metastases.
nóstico. Biópsia com análise.
M
84 II Tumores
L'SQWZG
Anormalidades podem ser encontradas no RMS alveolar
pela técnica PCR—RT (reação em cadeia da polimerase
—
Comprometimento contíguo. Infiltração fora
do órgão ou músculo de origem. Linfonodos
regionais não envolvidos.
com transcrição reversa) e hibridização in situ com a Grupo II (20% dos pacientes): ressecção macros—
fluorescência. Observa-se o rearranjo dos cromosso— cópica completa com:
mos 2 e 13 provocando translocação específica: t(2;13)
(q3.5—3.7;ql4) na qual o gene PAX3 (paíred box gene 3),
sofre fusão com o gene FKHR (forked head rhabdo-
—
Doença residual microscópica e linfonodos
negativos, ou
myosarcama) em 70% dos casas ou sua variante mais — Doença regional completamente ressecada, mas
linfonodos positivos, ou
rara, em que a fusão dos genes FKHR e gene PAX7
,, —
é gerada pela translocação t (1;13) (p36;q14) em 10 Doença regional com linfonodos positivos
a 20% dos casos. Os rabdomiossarcomas com o gene
1'
. macroscopicamente ressecados, mas
ença residual microscópica.
com do-
PAX7—FKHR tendem a ocorrer em crianças menores, I Grupo III (48% dos pacientes).
em lesões localizadas e costumam apresentar melhor
sobrevida. Ressecção incompleta ou biópsia com presença
—— residual
No rabdomiossarcoma embrionário, pode ser observada
de doença macroscópica.
a perda da heterozigose (LOH) no cromossomo l 1pl 5.5,
sugerindo a presença de gene de supressão tumoral
' Após biópsiaas0mente. «£;
Após ressecção macroscópica do tumor pri-
que & inativado. Está em região similar à encontrada mário > 50%.
& Grupo IV (18% dos pacientes).
nos pacientes com síndrome de Beckwith-Wiedemann.
Alterações no conteúdo do DNA podem ser usa-
das no prognóstico: no embrionário, o conteúdo do
-
Doença metastática a distância: pulmões, fígado,
cerebro, linfonodos distantes, medula óssea, ossos
«
TABELA 14.Z- Estadiamento clinico pré--tratamento (TNM lRS 1V). fundamentado em achados clínicos, laboratoriais
e estudos por imagem. Não são considerados achados operatórias e patológicos
TUMOR
ESTÁDlO slTIo PRIMÁRIO DA DOENÇA PRIMÁRIO TAMANHO LINFONODOS METÁSTASES
1 Órbita, cabeça e pescoço, excluindo Tt ou T2 a ou b No ou N1 ou Nx M0
parameninges; geniturinário, excluindo
bexiga, próstata e trato biliar
2 Parameninges, bexiga/próstata, T1 ou T2 a No ou Nx M0
extremidades, outros (tronco,
retroperitõnio)
3 Bexiga/próstata, extremidades, T1 ou T2 a N1 MO
parameninges, outros (tronco. N0 ou N1 ou Nx
(retroperitõnio)
4 Todos T1 ou T2 a ou b Qualquer N M1 '
= regional: não l
1- tumor ao local de origem, T2- extensão,
fixação, ou ambos, aos tecidosvizinhos.
embrionário em sítios desfavoráveis com tumor Atualmente, há uma tendência em direção a uma
completamente ressecado (grupo I) ou com neo- conduta cirúrgica mais conservadora no estádio 3,
plasia microscópica residual (gmpo II). com o uso de quimioterapia, seguida por reex-
a Risco intermediário: rabdomiossarcoma embrio- ploração cirúrgica (second—look) e remoção de qual-
nário em sítios desfavoráveis com neoplasia quer tumor residual ou para avaliar resposta
7- S 6 1 4 2 5 8 ~ 9
residual macroscópica (grupo III), rabdomios- terapêutica.
IlII Biópsia de linfonodos regionais, particularmente
sarcoma embrionãrio metastático em crianças
menores de dez anos de idade, ou rabdomios— suspeitos (pelo exame físico e exames por ima—
sarcoma alveolar não-metastático ou indiferenciado gem), é desejável.
em qualquer local.
ot Alto risco: rabdomiossarcoma metastático ou sar— QUIMIOTEBIPII
coma indiferenciado no momento do diagnóstico,
exceto os rabdomiossarcomas embrionários metas- Objetivos:
táticos em crianças menores de dez anos de idade. Erradicar doença residual microscópica após
ressecção cirúrgica do tumor primário.
I'lllllltíl'ltlsvºllil'lmilclls 111111115 m Reduzir tamanho do tumor considerado irresse-
Gavel, evitarperda importante de função e evitar
9 Tratamento cirúrgico e sítio-específico. mutilação -'-
m Ideal: ressecção completa ampla do tumor primário Drogas:
com margens negativas (macro e microscópicas HI IRS — IV. As
no mínimo com 0,56m de margem livre), com amos— recomendações desse estudo, ini—
tras de linfonodos regionais e preservação da função. ciado' em 1991 e finalizado em 1997, são:
Procedimentos de debulking (desbaste) ou excisões —-Grupol, sitios favoráveis (paratesticular ou ór-
bita), independentemente da histologia: VA
parciais não oferecem nenhum benefício, quan-
do comparados com simples biópsia. (vincristina, actinomicina).
ªii Evitar ressecção primária extensa. É melhor indicar — Grupo I restante: VAC (vincristina, actinomicina,
ciclofosfamida) ou VAI (vincristina, actinomi-
primariamente biópsia + terapêutica adjuvante
com excisão posterior. cina, ifosfamida) ou VIE (vineristina, ifosfamida,
E! Em casos específicos, cirurgia inicial mais agres— etoposide).
siva pode estar indicada. Isso é verdade para os — Grupo II, tumores não-metastáticos (exceto ór—
bita): qualquer dos esquemas anteriores com
rabdomiossarcomas de extremidades e tronco. três drogas + radioterapia.
Reexcisão deve ser efetuada, mesmo com mar—
gens aparentemente negativas, se ressecção ini—
cial não for ampla ou se malignidade não for
---
Grupo II (órbita): VA + radioterapia.
Grupo lll: VAC ou VAI ou VIE + radioterapia.
suspeitada pré—operatoriamente. - Estádio IV (metastático): vincristina +melfalana
ou etoposide + ifosfamida ou doxorrubicina
ª Nos outros casos, a presença de doença residual + radioterapia.
microscópica pós—ressecção inicial, é curãvel com
quimioterapia e/ou radioterapia. Não é sinônimo Tempo:
de reexcisão cirúrgica. raEstádio 1: 1 ano.
ª Realizar cirurgias radicais nos casos em que o o Estádio 2 e 3: 18 meses.
tratamento quimioterápico não surtiu resultado. El Estádio 4: 18 meses.
86 I Tumores
Conclusão do IRS-IV em relação ao uso de VAC tes de alto risco com recidiva ainda está em
ou VAI ou VIE: os três protocolos promoveram investigação, pois os resultados mostrados em tra-
uma sobrevida livre de doença de três anos de, balhos anteriores não mostraram melhora signi-
aproximadamente, 75%. Assim, pelo VAC ser ficativa.
menos tóxico e mais econômico, foi aceito como
protocolo padrão para o rabdomiossarcoma sem
metástases.
IllllllllTEIlllPlll
Pensar na adição dos inibidores da topoisomerase—I Objetivos:
(topotecaua e irinotecano) ao regime VAC nos ta Controle de tumor residual macro ou microscó-
tumores metastáticos, recorrentes e de histologia pico, não completamente ressecado na cirurgia,
alveolar. diminuindo a recorrência no sítio do tumor pri«
E Atualmente, está em andamento o estudo multi- mário.
disciplinar IRS-V, que faz as recomendações m Controle local onde a cirurgia é impraticável.
abaixo, com base em: grupos de risco.
O estudo do IRS-V focaliza a melhora da sobrevida
—
Grupo I histologia favorável: não necessita de
radioterapia.
nos pacientes com risco intermediário e alto. A so- - terapia.
Grupo I histologia alveolar: necessita de radio-
brevida livre de doença de três anos foi, no estu—
do anterior, com base nos riscos: baixo risco, 88%, —- em
Grupo II—IV: adjunto importante, principalmente
6 L 8' S Z V I ‘ Q
risco intermediário, 55 a 76% e alto risco < 30%. locais em que a ressecção do tumor pri-
Assim, o tratamento deve ser multidisciplinar com mário não foi conseguida.
recomendações definidas e relacionadas à locali- Doses:
zação especíiica, histologia e resposta ao tratamento, la Entre 4 e 4,SGy são adequadas para controlar
objetivando o controle local com preservação da doença residual microscópica.
estrutura e função. & Entre 4,5 e SGy são usadas para controlar local-
Os pacientes de baixo risco têm rabdomiossarcomas mente grandes tumores (> Som) e doença resi-
embrionários localizados, somente botrióides ou dual macroscópica.
de células fusiformes, divididos em dois subgrupos:
Tipos:
— Subgrupo A: correspondem a tumores no es— m Pode usar—se radioterapia convencional, hiperfracio—
tádio 1 e localizados com r'essee'ção Completa
ou que têm origem na órbita, mas não resse« nada, ou braquiterapia com implantes intraca-
cados; os pacientes no estádio 2 e completa- vitãrios ou intersticiais na vagina, bexiga, músculo
mente ressecados. esquelético e olho.
.
— Subgrupo B: inclui os outros pacientes no es-
tádio I e aqueles nos estádios 2 e 3, comple— considerações sobre os Tumores Primários
tamente ressecados ou com doença residual
microscópica, com ou sem linfonodos regio-
é‘m localizações Específicas ,
nais envolvidos. Rabdomiossarcçma Geniturinêrio (24 a 26%)
Esses pacientes recebem quimioterapia com VA, tº Linfonodos inguinais representam metástases a
se subgrupo A, e VAC, se subgrupo B, e radio— distância. ª “ '“—
terapia para qualquer tumor residual (exceto aos I! Noventa por cento são do tipo embrionário e
localizados na vagina, que são tratados primaria- botrióide.
mente com VAC). E: Aproximadamente 10% são de bexiga-próstata
Pacientes de risco intermediário têm rabdomios- e 16% não«bexiga, não-próstata (paratesticular,
sarcoma localizado tipo alveolar, ou sarcoma . perineal, vulvar, vaginal, uterino).
indiferenciado do estádio l_ao 3, ou rabdomios-
sarcoma embrionãrio estádio 2 e 3 com doença
residual macroscópica, ou rabdomiossarcoma Rabdomiossarcoma de Vagina
embrionário estádio 4 em crianças menores de fl Sinais e sintomas: secreção "vaginal, sangramento
10 anos. Recebem protocolo de quimioterapia do intróito, ou prolapso de massa polipóide.
com VAC + radioterapia ou VAC + topotecana ia Pico de incidência: crianças menores (RN a 4
+ radioterapia. anos de idade).
Pacientes de alto risco são aqueles com rabdo- A maioria é do tipo embrionário (botrióide) e
miossarcoma estádio 4, tipo alveolar, ou sarcoma
indiferenciado ou embrionário acima dos 10 anos
crescem debaixo da membrana mucosa da pare-
de vaginal anterior, perto do septo vesicovaginal,
de idade. A quimioterapia preconizada utiliza :) tornando a parede posterior da bexiga e uretra
i'rinotecano seguido de VAC e radioterapia. vulneráveis a infiltração tumoral. As lesões vulvares
A utilização de quimioterapia com altas doses e podem ser do tipo alveolar, mas tendem a ser mais
transplante de medula óssea autólb'ga em
pacien— localizadas e, portanto, de melhor prognóstico.
Rabdomiossarcoma n 87
z
biópsia da lesão, medulograma, biópsia de me- óssea.
dula óssea, radiografia de tórax, ultra-sonografia is Localização vesical mais comum: parede poste-
ovóas
abdominopélvica, tomografia computadorizada rior junto ao trígono vesical.
(TC) com contraste, cintilografia óssea e cistoscopia Sinaisesintornas do rabdomiossarcoma de próstata:
(pode estar indicada). disúria, esforço ao urinar, gotejamento urinário,
n Diagnóstico diferencial: tumor do seio endodér— massa abdominal, próstata aumentada palpada
mico, rabdomiossarcoma uterino, neurofibroma. pelo toque retal, constipação intestinal.
Tratamento: Sinais e sintomas do rabdomiossarcoma de be-
a Biópsia ou excisão local limitada + quimioterapia. xiga: retenção urinária aguda (mais comum),
Com essa modalidade terapêutica, a sobrevida infecção recorrente do trato urinário, frequên—
pode exceder 90%. cia urinária, esforço para urinar, hematúria, massa
ai Cirurgias mais amplas raramente são indicadas: abdominal (suprapúbica ou abdome inferior),
vaginectomia parcial, vaginectomia total, vaginec« hidronefrose por obstrução dos ureteres, prolapso
tomia com histerectomia, exenteração pélvica. polipóide pelo intróito uretral na menina.
o Pensar na indicação de braquiterapia por meio Investigação diagnóstica: ultra—sonografia abdo—
de implantes intracavitários ou intersticiais nos minal, TC com contraste IV e oral, cistouretrogratia,
casos de tumores primários de vagina e vulva. cistoscopia, biópsia por agulha percutânea ou
endoscópica, biópsia transretal ou transperineal
que na próstata.
faixa etária do vaginal,
ximada de 5,5 anos.
com idade média apro—
Tratamento:
Dois tipos de apresentação. Evitar cirurgia mutilante primária.
Prolapso de grandes pólipos pelo colo uterino
m
:: Dificuldade no tratamento cirúrgico dos tumo—
preenchendo a vagina (melhor prognóstico). res de bexiga: tumor estende—se macroscopicamente
— Tipo infiltrativo intramural penetrando na cavi— a longo do plano submucoso. aumentando a
dade abdominal. d' lculdade'fde ressecção completa.
:: Noventa por cento são embrionários e 20% têm Exenteração pélvica anterior não está mais indicada
metástases. , como procedimento primário. Usa-seinicialmente
.
de maior duração para solidificar a cura. paralisia respiratória por comprometimento ce-
!Via de acesso: sempre usar laparotomia vertical rebral.
mediana ou pararretal. Investigação clínica: exame neurológico dos pares
ICistectomia parcial com reconstrução vesical cranianos, radiografia de tórax, de crânio e face
primária, como terapêutica inicial ou procedi- com incidências focadas nos seios paranasais e
mento retardado, pós—quimioterapia, pode estar ouvido médio, exame completo da orofaringe e na-
indicada nos tumores primários afetando o domo sofaringe, inclusive com nasofaringoscópio de
ou paredes laterais da bexiga, distantes do trígono fibra ótica, laringoscopia direta e indireta, TC
vesical. Reimplante ureteral e aumento vesical da cabeça e corpos vertebrais, RNM do crânio e
podem ser necessários. cérebro, cintilografia óssea, punção lombar para
citologia de fluido cerebroespinhal.
Rabdomiossarcoma de Cabeça e Pescoço Tratamento:
IExcisão ampla, se possível. Quimioterapia e ra-
É o terceiro tumor mais comum na região cervical
.
dioterapia pré ou pós-operatória.
L'SQIVZÇBG
(após doença de Hodgkin e linfoma não-Hodgkin).
Corresponde a 35% dos rabdomiossarcomas (ór-
u Órbita: biópsia diagnóstica + quimioterapia e
radioterapia, evitando exenteração da órbita
bita 10%,parameníngeos 15% enão-parameníngeos lNão-parameníngeos: excisão do tumor primário,
10%). quando possível. Na maioria dos casos: biópsia
fl Parameníngeos (nasofaringe, seios paranasais,
ouvido médio, cavidade nasal, região mastóidea, +quimio +radioterapia com ressecção retardada.
lParameníngeos: raramente podem ser ressecados.
fossa pterigopalatina). Em 25 a 35% mostram Se não há extensão intracranial, comprometimento
comprometimento do sistema nervoso central da base do crânio, erosão óssea, ou anormalida-
(SNC) (paralisia de nervos cranianos, sintomas des dos nervos cranianos: radioterapia dirigida
meningeos, dificuldade respiratória por infiltra-
.
ao tumor primário com Zcm de margem livre.
ção cerebral).
Não-parameníngeos (mais comuns: escalpo, re- --
Se os critérios citados estão presentes: radio-
terapia dirigida ao tumor. primário e todo o
gião temporal, face, parótida, orofaringe, pes- cérebro.
coço). Somente 7% apresentam comprometimento
—
*?
. do SNC.
Comprometimento de linfonodos cervicais é baixo,
não necessitando de biópsia ganglionar, exceto
são da base do crânio ou comprometimento
dos nervos
cranianosou extensão meningea
limitada: não está indicada irradiação total do
se aumentados. cérebro.
ITumores da órbita têm bom prognóstico.
Se a citologia do líquor é positiva para célu-
—
E Sinais e sintºmas clínicos variam de acordo com
las tumorais: terapia intratecal (metotrexato,
a origem do tumor primário. hidrocortisona e citosina arabinosida).
ll Muitas vezes o diagnóstico é retardado ao ser
confundido com distúrbios infecciosos ou infla- —
Irradiação hiperfracionada não é prescrita para
o paciente recebendo tratamento intratecal.
matórios.
Thmor de órbita: edema palpebral, proptose, ptose,
Rabdomiossarcoma de Extremidades
cefaléia, diminuição da acuidade visual, dese-
quilfbrio dos músculos extra-oculares, outros
distúrbios oculares.
. Sem predisposição sexual.
IMetade dos casos é do tipo alveolar.
1! Tumor de nasofaringe: dor local, obstrução
de
via aereaalta, sinusite, epistaxe, congestão nasal,
I Aproximadamente 40% apresentam metástases
em linfonodos.
disfagia, paralisia de nervos cranianos. lSítios: pés (10%), pernas (23%),joelho (0,1%),
B Tumor de ouvido médio: massa polipóide no canal
coxas (13%), nádegas (16%), mãos (6,5%), coto-
.auditivo externo, associado a dor e história de velo (1,4%), braços (8,5%), antebraços (18%),
otite média recorrente, dor de ouvido, secreção ombros (3%).
pelo canal e paralisia de Bell por comprometb lIdade: crianças maiores (pré-adolescentes e ado-
mento do nervo facial. lescentes).
.
Rabdomiossarcoma n 89
Quadro clínico: tumor na intimidade muscular, da a corantes, esta deve ser realizada 2 a 3h antes
frequentemente doloroso. da cirurgia com a injeção de, aproximadamente,
ILocalização mais comum: extremidade inferior; 2 & 4mL em torno da lesão primária. O corante
s g fi”
porção distal costuma ser mais envolvida do que utilizado é o azul de metileno ou azul de isosulfan
'
a proximal. (corante azul patente). A combinação de corante :; — , º ã
i“ ª.
I Investigação diagnóstica: exame físico, TC com e radiação detectada pela gama câmera maximiza
* :
contraste IV (melhor para demonstrar compro- a detecção dos linfonodos sentinelas.
metimento ósseo), RNM (melhor exame para Tumores excessivamente grandes, com compro-
ºw
estudar a extensão do tumor), cintilografia ós- metimento neurovascular e lesões recorrentes,
sea, radiografia de tórax, cintilografia com gálio podem requerer amputação pós-tratamento quimio
(para demonstrar comprometimento de linfonodos e radioterápico.
regionais),ultra—sonografia, medulograma, biópsia Quimioterapia pre-operatória é interessante. Tem
de medula óssea. o objetivo de diminuir o tamanho do tumor pri-
mário, possibilitando a remoção dos considera-
Tratamento: . . dos irressecáveis.
A extensão da ressecção Cirúrgica depende do Sí-
tio do tumor, mas recomenda-se: Regimes utilizados: VA ou VAC ou VIE, ou VAC
I Remoção cirúrgica completa macroscópica do + topoisomerase:
grupo muscular envolvido desde a origem da
u Radioterapia é indicada a quase todos os casos,
inserção, sem perda da função ou extremidade; grupos II a IV e nos tumores com histologia al-
I Reexcisão é admitida na criança com doença
veolar, mesmo quando totalmente ressecados
(grupo I). A dose e ajustada de acordo com a
residual micro ou macroscópica, na excisão simples extensão da ressecção cirúrgica (margens nega—
não planejada com margens positivas ou manu—
tivas, doença residual microscópica, doença ma-
seio cirúrgico não pensando em câncer. croscópica pós-cirurgia).
IÉ fundamental avaliar o comprometimento nodal
ll Fatores prognósticos: invasão tecidual local, ta-
regional. Atualmente está indicado o mapeamento manho do tumor, presença de comprometimen-
linfático cirúrgico regional axilar ou inguinofe-
moral (por linfocintilografia elou corante azul to de linfonodos regionais, metástases a distância,
localização, tipo histológico.
especial) e biópsia do(s) linfonodo(s) sentinela(s).
Dissecção e remoção de linfonodos não melho- BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
ram a sobrevida, mas são importantes para o ANDRASSY, R. J. Rhabdomyosarcoma. Sem. Pediatr Surg.. v. 6,
estadiamento. Se o mapeamento linfático está sendo p 17-23, 1997
considerado, ele deve ser realizado no momento BREITFELD, P P.; MEYER, W. H. Rhabdomyosarcoma: newwindows
da biópsia ou excisão primária. Isso vai preve- of opportunity. The Oncologist. v. 10, p. 518527 2005.
nir a lesão de linfáticos, que poderá obscurecer MCMUEKIN, H. M.,YANCHAR, NL“FERNANDEZ C V Sentinel
ou causar dificuldades na identificação do gânglio lympii node mapping and biopsy: a potentially valuable tool in
sentinela. the management of childhood extremity rhnbdomyosarcoma. Pediu/r,
Surg. Int., v. [9, p. 453-456, 2003
I É sugerido o seguinte protocolo:
linfocintilografia
deve ser realizada três dias antes da cirurgia. O RODEBERG, D., PAIDAS, C Childhood rl1abdomyosarcoma.Sem.
radioisótopo marcado com tecnécio é injetado
P241311: slug, v. 15. p. 57-62 2605
WHENER, E S.;ANDERSON, I. R; OHMBA J. l. etal. Controversies
por via intraderrnica em tomo da lesão. Quando in the management of paratesticularrhabdumyosarcoma:is staging
acúmulo radioativo é identificado em gânglios retropcritoncal lymph node dissection necessary for adolescents
regionais, a pele suprajacente é marcada com tinta with resected paratesticular rhabdomyosarcoma? Sem. Pediatr. Surg.,
indelével. Se se optar pela investigação associa— v. 10, p. l46-l52, 2001,
90 I Tumores
Geniturinário
ra Assemelha-se ao músculo esquelético do feto com
10 a 21 semanas de vida.
InTem um padrão único que lembra alvéolos pul—
monares
Mohamed Tawfik El-Sherbiny IÉ visto em crianças maiores e adultos jovens e
mais frequentemente compromete os sítios das
João Luiz Pippi Salle extremidades e períneo.
13 Há metástase para linfonodos e tem prognóstico
pobre
EPIDElllfllllGll
II Rabdomiossarcoma (RMS) corresponde a 4 a 8% Santino Plenmórileu
de todas as doenças malignas nas crianças < 15 IÉ raramente
anos. visto em crianças e é mais comum
a Entre os tumores sólidos, só perde em freqiiên- nas extremidades e tronco.
cia para os tumores do cérebro, linfoma, neuro—
blastoma e tumor de Wilms GHSSIFIBIÇÃÍI
ll Aproximadamente 15 a 20% dos RMS são geni—
turinários (GU) em origem. Recentemente, o IRS (Intergroup Rhabdomyosarcoma
IA incidência anual estimada de RMS GU é: 0,5 Study Staging) classificou esses tumores em:
caso por 1.000.000 de crianças < 15 anos de idade. ITipos histológicos favoráveis.
lRMS GU tem dois picos de incidência confor-
me a idade: um em crianças entre dois e seis anos
—— RMS botrióide.
RMS de células fusiformes.
de idade e outra durante a adolescência, entre I Prognóstico intermediário.
15 e 19 anos.
IMeninos são três a quatro vezes mais afetados
—
RMS embrionário.
ITipos histológicos desfavoráveis.
do que meninas. --
RMS anaplásico indiferenciado: apresenta
aumento de figuras mitóticas bizarras e hiper-
lllS'I'lll'llTlllllEll "x . cromatismo
ª ——
nuclear difuso
Tumor alveolar. com
pleomorfismo.
Os três maiores subtipos histológicos são: RMS de células redondas monomórficas: mar-
cada uniformidade no tamanho e característi—
nahdomlnssarcuma Emhrlanário cas citológiCas da população total de células
tumorais. **
I Corresponde a 50 a 60% dos RMS.
lMorfologicamente assemelha—se ao músculo Metastases
esquelético em desenvolvimento, observado no
feto de sete a dez semanas de vida, RMS mostra tipicamente infiltração local extensa,
II É composto de células de forma fusiforme com N Metastases linfáticas ocorrem em 20% dos RMS
núcleo central e citoplasma eosinofilico abun- geniturinários.
dante. Metastases nodais são mais frequentes nos RMS
E A presença de estrias cruzadas importante para
e
o diagnóstico, mas são vistas em' apenas 30%
desses tumores.
.de próstata (41%).
Metástase nodal é correlacionada positivamen-
te ao tamanho do tumor.
ó L B' S Z V I Q
IUm achado típico encontrado relaciona-se à maior IOs sítios mais comuns de metástases hematogênicas
concentração de células tumorais imediatamen- são: pulmões, medula óssea e fígado. São ob-
te abaixo da mucosa e também ao redor dos vasos servadas em 20% dos pacientes no momento do
sanguíneos. diagnóstico.
:: 0 termo sarcoma botrióide refere-se à forma
.polipóide do RMS embrionário e que, macrosco-
picamente, aparece como um cacho de uvas,
unresentação clínica
projetando—se intraluminalmente em viscera oca, IObstrução do colo vesical, retenção urinária, in—
como a bexiga ou a vagina. continência e infecção.
Rabdomiossarcoma Geniturínáría II 91
n Pode ocorrer hematúria macroscópica e elimi— lação com cautério é, geralmente, mais satis-
nação de fragmentos de tecidos. fatório.
E1 Massa suprapfibica palpável.
a Crescimento expansivo de localização posterior
- Em pacientes com comprometimento prostá-
tico, o diagnóstico histológico e' realizado por
causa massa facilmente palpável no exame retal biópsia por agulha transuretral, per-ineal ou extra-
e constipação. peritoneai por via suprapúbica.
z
n Nas meninas pode aparecer massa em protrusão
pela uretra e vagina
- Ultra—sonografia transretal tem importante van-
tagem em obter biópsias de excelente quali—
ovóas
:! Alguns pacientes apresentam insuficiência renal dade em pacientes em nível ambulatorial.
obstrutiva ao diagnóstico. —- Laparotomia é raramente necessária na obten-
ção de segmentos de tumor para estabelecer
diagnóstico.
Investlgaçãn niagnústica
u Ultra-sonografia.
-
A presença de massa lobulada de tecidos moles ESTAIIIMIEIITO
Bnabdomuusarcoma
no interior, deslocando ou deformando a be-
xiga, sugere o diagnóstico de RMS pélvico.
Interumnn
--
Geralmente, RMS mostra ecogenicidade homo-
gênea corn ecotextura similar à dos músculos.-
Slmlv Staging
Grupo I:
-— dem
Os linfonodos regionais'e'retroperitoneais po-
estar aumentados.
:|
Doença localizada, completamente ressecada.
I:Tumor confinado ao músculo ou órgão de origem.
~ A imagem ecografica é também útil na avalia-
ção da resposta terapêutica desses pacientes. u Infiltração fora do músculo ou órgão de origem sem
— Pode permitir a realização de biópsia transretal
guiada por ultra—sonografia.
envolvimento dos linfonodos regionais.
Grupo II:
1.1 Urografia excretora (histórico).
Tumor macroscopicamente ressecado com doença
1—
A fase cistográfica muitas vezes demonstra o residual microscópica.
defeito de enchimento característico dentro da
m Doença regional, completamente ressecada, com
bexiga, quando o colo'vesical e trígono são os envolvimento de linfonodos ou extensão em órgãos
locais de origem.
adjacentes.
- No rabdomiossarcoma prostático, a urografia
pode demonstrar elevação da base e o cisto-
a Doença regional com linfonodos envolvidos
ressecados macroscopicamente. mas evidências
uretrograma miccional distorção e alongamento de doença residual microscópica.
da uretra prostática.
Gm'be III: .
7 — 5 6- 1 4 2 8 9
1n Tomografia computadorizada.
vesical e do domo da bexiga. 0 sistema TNM tem sido adotado pela Socieda-
—
A extensão local do tumor também pode ser
mais bem apreciada com essa modalidade de
de Internacional de Oncologia Pediátrica (Societe'
Internationale d 'Oncalogie Pediatrique SIOP)
-
.._ —_ng
ESTÁDIO SÍTIO TAMANHO LINFONODOS METÁSTASES
| Favorável a ou b N0. N1 MO
11 Desfavorável a NO M0
SE ~2" çÃ
, . ;r :
Desfavorável a N1 MO
W IV Todos a ou b N0, N1 M1
3mm...“
- e.
Sítios favoráveis: geniturinário (exceto se ocorrendo na bexiga ou próstata), órbita, cabeça ou pescoço; sítios desfavo-
lª'-.“» nu.-
i
ga/próstata foi conseguida alta taxa de sobrevida 6ª semana. Aqueles com tumores de histologia
(76%) e 39% dos pacientes mantiveram a bexiga.
I Recidiva geralmente ocorreu dentro dos dois favoravel completamente excisados (grupo I)
receberiam apenas quimioterapia, enquanto aque-
primeiros anos de tratamento. Sobrevida a lon- les tumores incompletamente excisados (grupo
go prazo foi extremamente improvável após re- II) seriam randomizados entre aqueles receben-
cidiva. do radioterapia com ou sem doxorrubicina como
terapia adicional.
Interuruun nnannomvosarnoma Sillllll Pacientes do grupo III receberiam quimioterapia
Staying ll [1978-1984] com cinco drogas. Tumoresªcrescendo na prós—
— tata e no colo da bexiga receberiam, rotineiramente,
IFoi utilizada a combinação primária de vincris-.'
L 'S Q I V Z B E
radioterapia iniciando na 6' semana. Tumores
tina, actinomicina-D e ciclofosfamida (VAC em do domo vesical, vagina exitem receberiam ra-
pulso). dioterapia na 20ª semana somente se houvesse
a O objetivo 'da quimioterapia primária foi de in— doença residual naquele tempo. .
duzir redução tumoral, permitindo ressecção I Todos pacientes do grupo IV receberiam radiote-
cirúrgica limitada (por exemplo: cistectornia rapia e quimioterapia com três, cinco ou sete drogas.
parcial), melhorando a manutenção da bexiga sem I1 Sobrevida aumentou, significativamente, após
alterar as taxas excelentes de sobrevida previa- quatro anos do diagnóstico, para 73% no IRS-III
mente obtidas.
"' e 60% naqueles com manutenção da bexiga.
Rabdomíossarcoma Geniturinário n 93
lmergroufl
nnanuumvosarcoma Stuuv m Sítio tumoral. Pacientes com tumores primários
51391119 - III
de bexiga têm melhor sobrevida (82%) do que
pacientes com tumores prostéticos (59%). Pa-
u () plano é avaliar a validade do tratamento com cientes com tumores prostáticos tinham diminuição
base no estádio pré—tratamento (TNM, tumor, lin- significante da sobrevida no IRS-II (59%), quando
fonodo, metástase).
* o - a' “
comparados com o IRS-I (82%).
I: Têm sido avaliados os protocolos fundamenta- El Contagem de linfócitos ao diagnóstico. Contagem
dos no uso de ifosfamida e etoposide.
e
alta é favorável, baixa contagem e desfavorável.
-V ,
rc Radioterapia hiperfracionada será comparada com 1n Recorrência. Falha em conseguir erradicação
a radioterapia convencional. tumoral na tentativa inicial, tem expectativa de
I Radiação convencional é dada com 180rad em
significância desfavorável.
28 frações, em um total de 5.040rad durante 5,5 I Medula óssea. A presença de metástases ao diagnós-
semanas. Radiação hiperfracionada é dada duas tico em medula óssea e um sinal diagnóstico pobre.
vezes por dia, com intervalo minimo de 6 a 8
horas, em um total de 5.940rad em 54 frações BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
de llOrad cada. ATRA, A.; WARD, H. C.; AI'I'KEN. K. et al. Conservative surgery in
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favoráveis incluem RMS anaplástico, RMS mono- chemotherapy with or without radiation therapy and/or surgery
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7- 5 6 1 4 2 8 9
Tamanho tumoral. Tumores maiores que 5cm PRITCHARD, IÍBladder and kidney function after cure of pelvic
são desfavoráveis e têm relação direta com o rhabdomyosarcoma in childhood. Br. J. Cancer, v. 70, p. 1000-
estádio. 1003, 1994. .
l
em?—._ ,
(«_ t.
94' Tumores
.:t a
5
S E G /1 9 5 2 Tumores Benignos
do Fígado
características Miotosnúttioas
A lesão e composta de hepatócitos, células de
Kupffer e ductos biliares.
'
i.
. .:
benignos e destes, 60% são lesões hamartomatosas
i
I Dez por cento ocorrem em crianças menores de fluxo sanguíneo aumentado e _um padrão de vasos
15 anos. Geralmente diagnosticado entre 2 e 5 irradiando-se perifericame'nte a partir de uma
anos de idade. artéria central nutridora.
I Predisposição pelo sexo feminino (80%). Cintilografia com colóide sulfúrico marcado com
tecnécio-99m.
Enologia -- Em aproximadamente 60% dos casos há acú-
mulo do radioisótopo na lesão. O achado de
captação normal ou aumentada na lesão e diag-
Desconhecida. Suspeita-se que é conseqíiente a um
nóstico, pois nenhum outro tumor hepático con—
processo de reparação secundária a morte celular focal
de celulas hepáticas em doenças pré-existentes, como tem células de Kupffer, local em que é captado
esse radioisótopo. A não captação não afasta
hemangioendotelioma, telangiectasias, shunts A-V. a hiperplasia nodular focal (HNF).
Parece ter relação com doenças vasculares hepáticas. I Tomografia computadorizada (TC).
caracteristicas Macrosoúnloas
—
A técnica tomográfica trifásica tem sido a mais
efetiva forma de visualizar a maioria das le—
sões intra—hepáticas. Baseia-se em uma TC he—
Massa nodular única em 90% dos casos, não lieoidal inicial não—contrastada, seguida, após
encapsulada, porém bem circunscrita e com con— a infusão de contraste, pela fase arterial para
sistência firme. detectar imagens hipervasculares e, posterior-
I Coloração mais pálida do que o parênquima he— mente, pela fase venosa portal de intensifica-
pático circunvizinho. ção máxima.
Tumores Benignos do Fígado = 95
IIIIEIIIIMII IIEI'li'IIBIi
conceito
'
'
'Iumor hepático benigno, raro, de etiologia desconhecida,
com predisposição ao sangramento espontâneo, po-
dendo exibir potencial para a malignidade. É carac-
aovós
terizado pela proliferação de hepatócitos.
Figura 16.1 -Tomografia computadorizada, com contraste,
de hiperplasia nodular focal.
— Nota—se a presença de massa hem definida Corresponde a 2 a 4% das massas hepáticas benignas.
isodensa ou hipodensa no estudo não—contras- a Predisposição pelo sexo feminino.
t‘ado. Com o uso de contraste, a lesão torna-se
um pouco mais isodensa ou hiperdensa na fase condições Associadas
arterial, exceto na cicatriz central, que apre-
senta retardo de enchimento pela presença de n Anticoncepcionais.
E Anabolizantes esteróides androgênicos.
estroma mixomatoso abundante. Na fase ve—
I! Doenças de armazenamento do glicogênio (doença
nosa portal, a lesão toma—se novamente isodensa,
com difusão gradual do contraste para o estroma de von Gierke tipo I). -
mixomatoso da cicatriz central que fica hiper— m Anemia de Fanconi. O desenvolvimento do ade-
vasculan'zada (Fig. 16.1). noma hepático é iatrogênico, relacionado à tera-
I Ressonância nuclear magnética.
pêutica com andrógenos com intuito de estimular
-—
Sinal de intensidade homogênea (isointensidade),
à exceção da cicatriz central, que tem hiperin-
a eritropoese.
—
!: Arteriografia hepática.
Pouco usada por ser invasiva. Geralmente le- Geralmente-‘tem
metro).
tamanho grande (> 8cm de dia-
são hipervascular com delgada septação radiada.
—
Pode ser observado enchimento centrífugo da
artéria nutriente à periferia da lesão. características Microsoouioas
A lesãd é composta por um aglomerado de hepatócitos
Tratamento normais sem a presença de células de Kupffer. Esses
hepatócitos são similares às células de urn fígado normal.
Tratamento conservador. Há necessidade de diagnóstico Não há ductos biliares, nem tratos portais dentro do
preciso, pois há relatos de coexistência com carcino— tumor. Hemorragia e necrose são freqiientes (35%).
ma hepatocelular, apesar de raros. Ressecção cirúr— Padrão histológico pode ser similar ao carcinoma
gica completa da HNF, com diagnóstico comprovado hepatocelular bem diferenciado, tendo sido relatado
por biópsia percutânea, não é mandatória no paciente o desenvolvimento deste dentro de adenoma.
assintomático.
Indica-se ressecção cirúrgica somente nas seguin-
tes situações: Quadro clinico
fl Grande volume. BI Geralmente são assintomáticos.
in Lesão em crescimento. ll Queixas de dores abdominais vagas.
9 7 6 -8 5 2 4 1
D Sintomas de compressão. ll Massa abdominal.
a Risco de hemorragia traumática. a Hemoperitônio por ruptura espontânea.
Fl
Dificuldade diagnóstica. e: Osteoporose.
. Uma alternativa a remoção cirúrgica e a ligadura
Cirúrgica da artéria nutridora ou embolização com álcool lnvostinação Diagnostico
absoluto (lmL/kg). A HNF costuma ser suplementada ul História e exame fisico.
« rw
.c—
96 u Tumores
Lesão sólida de ecogenicidade mista em 80% volve-se no período pré-natal e cresce durante os pri-
e hipoecóica em 20%. Os achados não são meiros meses de vida. Há poucos relatos de regressão
nªõ "
tecnécio-99m. relevantes.
-
aí:.
M S‘ ' L Z VI Q
hipodensa em relação ao parênquima hepáti- nores de cinco anos de idade.
co circunvizinho pela presença de gordura e 85% são detectados antes dos dois anos de idade.
glicogênio dentro do tumor. Leve predominância no sexo masculino (3M:2F).
- Com o uso de contraste, aparecem áreas de di—
versas densidades, variando entre iso, hipo e
Ia Representa 5% de todos os tumores hepáticos
primários da criança.
hiperdensidade, principalmente. 0 aspecto hiper- ra É mais frequente no lobohepático direito, junto
à superfície inferior e a'nterior do lobo corres—
vascular, geralmente periférico, é explicado em
parte pela existência de vasos nutridores subcap- pondente (Fig. 16.2). Setenta e cinco por cento
sulares e veias de drenagem. crescem no lobo direito, 22% no lobo esquerdo
e 3% em ambos os lobos.
— Não é observada cicatriz central. Pode ser obser-
vada hemorragia.
I Não costumam associar—se a outras anomalias
congênitas. Entretanto, as seguintes têm sido rela-
I Ressonância nuclear magnética.
tadas na literatura: doença cardíaca congênita,
— Não específica. Muito variável. Massa hete-
rogênea.
mar-rotação intestinal, atresia de esôfago, atresia
biliar, onfalocele, mielomeningocele, síndrome
I Arteriografia hepática. de Beckwith-Wiedemann.
— hipovascularesx (locais de hemorragia).
Lesão hipervascular, mas com pequenas áreas
[:araotorístloas MIEI'ISGIIIIIIS
Tratamento IColoração varia do amarelo-avermelhado ao ver—
melho escuro e marrom.
I Adolescentes em uso de anticoncepcionais
esteróides: sua suspensão pode causar regressão
IO
tamanho médio do HMF é de aproximadamente
do adenoma. Controlar a evolução ou involução &.I 15cm._
ª Grandes hamartomas podem“ atingir até 25 a 30cm
com ultra—sonogratias periódicas. de diâmetro
lIndicações cirúrgicas: relação com carcinoma he- I O peso médio E de aproximadamente 500 a l.000g.
patocelular, são hipervasculares, podendo tom- I Éuma lesão predominantemente cística, com cistos
per e sangrar espontaneamente, lesões em evolução, de variados tamaiihos. "**
lesões acompanhadas por osteoporose. I O conteúdo do cisto varia desde um material ge-
!Tecnica cirúrgica: remoção cirúrgica segmentar
latinoso a um fluido seroso.
ou ressecção hepática parcial.
ll Embolização ou monitoração de aumento de alfa-
fetoproteína são opções, se o adenoma for irres—
secável ou a ressecção for de grande risco.
|:
Não são encapsulados. São bem circunscritos e
circundados por margem irregular de parênquima Figura 16.4- Grande massa hepática no hipocôndrio esquerdo
hepático comprimido, ductos biliares e vasos san- causada por hamartoma mesenquimal do fígado.
giiíneos.
!Os HMF podem ter a seguinte relação com o
parênquima hepático: dome superior e de crescimento progressivo (acú-
— Intra—hepático com limites bem definidos (Fig.
16.3, A).
mulo de líquido na lesão) (Fig. 16.4).
No recém—nascido, a parede abdominal pode en—
—-
Intra-hepático com limites mal definidos (Fig.
16.3, B). '
contrar-se flácida, enrugada e redundante, como
se houvesse musculatura abdominal deficiente
-
Pedunculados (Fig. 16.3, C). Correspondem
a 20% dos casos.
(pseudo prime belly) (Fig. 16.5).
a Dor abdominal.
n O hamartoma mesenquimal é considerado uma ra Vômitos.
lesão focal. Porém, pequenas lesões satélites na ll Constipação ou diarréia.
margem do tumor têm sido descritas, o que poderia Dificuldade respiratória (principalmente nos RN).
explicar a recorrência do tumor após aparente & Sinais de obstrução da veia cava inferior com edema
excisão completa. da parede abdominal e dos membros inferiores.
Quadro clinico
IDistensão abdominal progressiva às custas do
crescimento de uma massa palpável no quadrante
superior em pacientes assintomáticos.
978- 5 24I 6
ICaracterísticas da massa abdominal: superfície
lisa, massa única, esférica, margens lisas, algo
móvel (principalmente nos pedunculados), indolor,
intimamente relacionada ao fígado, lobulada Figura 16.5 — Recém-nascido com massa tumoral à direita e
(modulação entre as áreas sólidas e císticas), pseudo prune belly por hamartoma mesenquimal hepático
consistência variando do cístico ao firme, no ab- direito.
98 I Tumores
L'S9‘H’Z85
cado com tecnécio-99m. hepática ou excisão por simples ligadura do pedículo
—-
Massa hepática com captação irregular e'di-
minur'da ou não-captação.
(nos pedunculados). Lesões pedunculadas podem
ser ressecadas por videolaparoscopia.
Ultra-sonografia abdominal. I A lobectomia hepática formal pode estar indicada
—
Massa multicística de aspecto anecóico e com
septações internas ecogênicas finas e sem debrir
nas lesões hepáticas profundas ou até a drena-
gem externa por cateter ou marsupialização nos
dentro dos cistos (predominância cística). Na casos irressecáveis. Nesses casos irressecáveis,
vigência de cistos muito pequenos, pode apre- talvez a melhor conduta seja: biopsiar & massa
sentar—se como massa ecogêrrica, dando o aspecto e observar o seu crescimento. Se ela estabilizar
de queijo suíço (predominância mesenquima- durante os primeiros meses de vida, devem ser
tica). Esse tipo é bem mais raro. feitos exames ultra—sonográficos repetidos, aguar—
ITomografia computadorizada com contraste. dando a possibilidade de regressão espontânea
—
Massa multilocular bem circunscrita, conten-
do cistos de baixa densidade separados por septos
ou redução relativa de tamanho durante o cres-
cimento da criança. Se a lesão não desaparece
sólidos e estroma que se intensificam com a completamente durante os primeiros quatro a cinco
administração de contraste endovenoso. Quando & . anos de vida, indica-se ressecção (talvez sequencial)
estroma e septos são muito vasculares e os cistos peld'risco de transformação“ maligna.
muito pequenos, a lesão pode parecer sólida. lAtualmente, alguns autores têm recomendado
lRessonância nuclear magnética. tratamento Arão-operatório cm todos os casos
com
l
—
0 tipo cístico (muito mais comum) tem hipo-
intensidade em T1 e hiperintensidade em T2
assintomáticos biópsia provada, com base
em alguns relatos de-litãratura demonstrando
com lóculos separados por septos de baixa regressão espontânea. Nesses casos, há necessi-
intensidade. No tipo com predomínio do estroma, dade de cuidadoso follow-up.
há diminuição do sinal em T1 e T2. Mas o assunto é controversorpois outros têm obser-
I Arteriografia hepática. vado uma ligação entre o HMF e o sarcoma ern-
—-
Massa avascular ou hipovascular com margens
bem definidas.
brionárío indiferenciado por causa da notável su—
perposição dos achados fenotípicos, histológicos
e citogenéticos. Na opinião desses autores, o HMF
pode representar uma verdadeira neoplasia com
Tratamento potencial de malignidade. No futuro, estudo e
IIntervenção pré—natal: está indicada em casos mapeamento da região cromossômica l9q13
selecionados (hidropsia fetal). A hidropsia fetal poderão representar a cha-ve para o entendimento
é causada pela compressão da veia cava inferior da patogênese dessas duas lesões.
e/ou veia umbilical. No feto que está se tornan-
do hidrópico a conduta a ser adotada pode ser: '
1 r .-
v
Tumores Benígnor do Fígado n 99
“Z,
gioendotelioma e um hepatoblastoma fetal pode ser
ovõas
difícil. ns Hipotireoidismo. A enzima 3-iodotironina desio-
dase, normalmente presente no cérebro e na pla-
.
Epidemiolºgia
' centa, pode também ser encontrada nos tecidos
que formam o hemangioma. Essa enzima catalisa
Correspondem a 10% de todas as massas hepa- a conversão da tiroxina em triiodotironina e a
ticas primárias. conversão da triiodotironina em 3,3'-diiodotiron.ina,
lCorrespondem a mais de 50% dos tumores be- ambas biologicamente inativas. Acredita-se que,
nignos do fígado. nos hemangiomas gigantes, ocorra uma exces—
I É o tumor mais comum de fígado no lº ano de siva inativação do hormônio tireóideo por essa
vida. enzrma.
I 85 a 90% são diagnosticados nos primeiros três
a seis meses de vida. Raramente são encontra— Investigação [viamos-tina
dos em crianças acima dos três anos de idade.
I 50% são diagnosticados nas primeiras seis se- la História e exame físico.
manas de vida. u Exames laboratoriais.
I Predisposição pelo sexo feminino (1,5 a 2F:1M).
I Hemangioma cavernoso hepático é muito raro,
— sempre
Solicitar testes
de função hepática, que quase
serão (exceto bilirrubinas séricas
normais
apresenta—se em crianças maiores e não costu- que podem estar aumentadas em 20%), hemo-
ma estar associado a hemangiomas em outros grama (pesquisar anemia, hemoglobina geral-
locais. mente é < lOmg/dL), provas de coagulação e
pesquisa dos fatores de coagulação. Os níveis
de alfafetoproteína costumam ser normais, exceto
caracterislicas Macrosc‘finicas em 3% dos casos.
I Massa única (55%), não encapsulada; é a forma
mais comum.
—
Nas coagulopatias há trombocitopenia e dimi-
nuição dos fatores de coagulação.
I Lesões múltiplas de origem multicêntrica (45%). m Radiografia de tórax.
—-
,
'Quaurn clinico —
Apresentação variável. Pouca especificidade
IDistensão
massa
abdominal progressiva com ou sem
abdominal superior palpável.
!Fígado aumentado de tamanho (hepatomegalia).
para massas hepáticas nas crianças. Em geral,
apresenta vários graus de ecogenicidade com
massa hepática complexa hipoecóica e áreas
r m —,.
focais hiperecóicas causadas por trombose e
lHemangiomas cutâneos estão presentes em 50%.
calcificações. A ecotextura depende do con-
I Coagulopatia devido ao seqíiestro de plaquetas
teúdo celular e diâmetro dos sinusóides com
nos canais vasculares (fenômeno de Kasabach- áreas de hemorragia, fibrose e calcificações.
Merrit) e de fatores de coagulação (principalmente Aorta abdominal proximal dilatada e grandes
fatores II, V, VIII). Trombocitopenia presente em veias hepáticas indicam shunt A-V dentro da
35% dos casos. massa hepática.
I Insuficiência cardíaca congestiva devido a shunt I Ecografia com Doppler.
nrteriovenoso esquerda-direita no tecido angio-
matoso (15 a 50%). Quanto mais precoce a apre— —
Demonstra presença de shunts intra-hepáticos.
I Arteriografia hepática.
sentação do quadro, mais graves serão os sintomas
cardíacos. -—
Indicações principais: pré-embolização sele-
tiva. pré-ligadura da artéria hepática, delineação
l
Anemia
l Disfunção
(25%).
respiratória.
da anatomia arterial hepática pré-ressecção do
tumor.
100 n Tumores
6 L 8' 9 Z W 5
Atualmente preconiza-se o uso da angiorres-
com hemácias marcadas com tecuécio—99m. sonância magnética no lugar da arteriografia,
I Tomografia computadorizada. técnica sabidamente invasiva. '
Hemongioendoteliomo hepático
Assintomótico
. Único,
sintomóticu,
resseqóvel
.
Volumoso,
1 .1 .
. .,
t
Assintomotlco
1...
Sintomôtioo
. siªtomáticlo, r .v
Observação 'e “Ci
ressecobilidocle,
Esteróides .a:,.) 77 Trotomento'
“
e ou .,r cll nico,
+ **
1, .l interleronolto v
esteróides
.
Tratamento ' e ou
cínico interleroncllo
+” '
ressecção Tratamento
ínico
he otectomio *
Ppurciol Esteróides
e ou Embolizução
interferencllo ou
+ ligadura
embolização
pu
ligadura
Transplante
epotico
Hepotecto'mia parcial
pelo técnico
EVHHNH
ou com
circulação
extrocorpôrecl
. _ *
_ . ,
.
Tumores Benignos do Fígado ||
101
Coagulação intravascular disseminada (CIVD) zadas em crianças nas quais o fígado apresenta
"
por seqtiestração de fatores de coagulação, hemólise
microangiopática, trombose e coagulopatia de
grande circulação colateral através de colaterais
oriundas do diafragma e retroperitônio. Antes da
. ,, ,
m Tumores Malignos
a História de prematuridade em 10% dos casos.
sl Condições associadas: síndrome de Beckwith-
.
Epidemiologia 10h85. *
'tipo epitelial tende a ser homogêneo, enquanto
o tipo misto demonstra um aspecto mais diverso com
SL ' K Z W Q
I Maior prevalência entre um e três anos de idade
(80% dos casos). Menos de 10% dos casosocorrem áreas osteóides, cartilagem, calcificações, fibrose, ne-
durante o período neonatal. crose e hemorragia. :, '
l “
.; _ «a
cltugenética
u Perdas'da heterozigose no cromossomo 11p15 e
lp36 têm sido descritas no hepatoblastoma. Essas
regiões contêm genes supressores tumorais.
I: Citometria de fluxo: diploidia, mais encontrada
em tumores de histologia fetal, correlaciona-se
a melhor prognóstico, enquanto a aneuploidia
correlaciona-se a pior prognóstico.
classiiicação
Com base na predominância de componentes epiteliais
ou mesenquimáticos.
I Epitelial.
978- 5 241 6
ralimnte sobre o esqueleto, elevando o cálcio sérico ecogênico. Áreas de necrose e hemorragia apa-
e causando depósito de cálcio no tumor. Osteopenia
pode ocorrer em 20% dos casos. recem como focos anecóicos. Também pode ser
usada para orientar biópsia percutânea e, no trans-
operatório, para delinear as margens do tumor e
Investigação niaunúsuca su extens㺠às estruturas intra-hepáticas.
I T : tumor aparece com densidade menor do que
Laboratorial o parênquima hepático (hipodensa) (Fig. 17.2).
lHemograma e perfil de coagulação: anemia em Com a administração de contraste, também per-
até 70% dos casos e defeitos de coagulação po-
dem estar presentes. Trombocitose em até 60%
se
manece hipodenso. Pode notar uma maior con— -
centração de contraste na periferia e gradual
dos casos. A presença de hemopoiese extramedular enchimento centrípeto da parte central. Raramente
é intrigante. Células do hepatoblastoma secretam
interleucina—l, eritropoetina e fator de células
primordiais.
ª Provas de função hepática (TGO, TGP, fosfatase
alcalina e bilirrubinas) podem estar elevadas (15
a 30%).
El Desidrogenase láctica (DHL) está frequentemente
elevada.
Alfa—fetoproteína (AFP) está elevada em apro-
ximadamente 80% dos casos. Valores > SOOng/mL
ser
são altamente sugestivos. Costuma mais elevada
do que nos outros tumores hepáticos. Também
costuma estar elevada no tumor do seio endo-
dérmico, carcinoma hepatocelular, hemangio—
endotelioma (raros casos), hamartoma mesen-
quimal. Ver tabela com dosagens deAFP na criança,
Figura 17.2 — Tomografia computadorizada de hepato-
disponíveis no capítulo 22. A presença de níveis blastoma de grande extensão ocupando ambos os lobos.
104 n Tumores
.
' sao mais frequentes.
tumoral e hepática. E reservada para as ratas si- a He eritô . o ru tura tumoral (+ 107)
tuações de anatomia arterial anômala pre-ressecção
.
-
. mop em 15 a 20%.p
I Ictericra
n10 p r '
ª '
tumoral sugeridas e nao adequadamente obtidas Ane . l' dez
pela RNM, na quimio-embolização einfusão intra- mra, pa 1 ‘
i arterial de drogas citotóxicas.
I Cintilografia com tecnécio-99m: aparece hiper— Investilação mªm-mªmª
vascularidade, com atividade do traçador intratu-
moral dentro de poucos segundos após sua injeção.
'"Idem
ªº hepatoblastoma.
Essa atividade aumentada persiste na fase ve—
nosa. Imagens retardadas mostram fotopenia .
(captação diminuída) no sítio tumoral relacio- 'N'
"
Sorologia hepatite B e C—
AFR ºStá elevada em 50 a
disso,os níveis
69% I195
sermfenores ªº
costumam
CªSOS- Além
&ª
hepato- ';;
nado à substituição das células de Kupffer pelas “ blasioma. O tipo fibrolamelar costuma mostrar ?
I Radiografia'de abdome: hepatomegalia, calcifi- &. :.“
células tumorais. nível normal ou levemente elevado de AFP.
.
com lesões iso, hipo, ou hiperecóicas.
Enlrlemlologla
lã-
I TG: massas pouco definidas hipo ou isodensas.
Corresponde a 23% dos tumores hepaticos ma- [I R—NM:
50% das lesões são hipointensas em Tl e.
lignos em crianças. 50% são hiperintensas ou isotensas. Sinal de
I Mais comum no lobo direito. intensidade aumentada em T1 pode ser explica-
I Frequência bimodal: lº pico aos 5 anos e 2º pico do por hemorragia, alterações hiperplásticas e
aos 13-15 anos. Incomum antes dos 5 anos de esteatose. Mais do que 90% das lesões mostram
idade. Variante fibrolamelar do carcinoma hepa- hiperintensidade em T2. .
I Tern sido sugerida investigação adicional com "«
tocelular (CHC) é raramente observada antes dos
10 anos de idade. Pico de frequência: 20 anos. cintilografia óssea e ressonância nuclear mag-
I Leve predominância no sexo masculino: 1,4M:IF. netica cerebral.
I Condições associadas (presentes em 1/3 a 1I2 dos
cases): hepatite tipo B (20%), hepatite tipo C (20%),
I'llll'l'i GEM!
tirosinemia hereditária, atresia biliar corn cirro-
se, cirroses em geral, deficiência da alfa-l-anti- Sistema de estadiamento do HB e CHC pelo Intergrupo
tripsina, uso prolongado de esteróides androgênicos Children Cancer Group (CGC), Pediatric Oncology
anabolizantes, galactosemia, doença de arma- Group (POG) e SIOP (Societé Internationale de Onco-
zenamento do glicogênio, síndrome de Alagille. logie Pédiatrique).
Tumores Malígnos do Fígado I
105
children cancer Grann e Pediatr"; de vasos (veias hepáticas, veia porta), extensão ex—
oncnlnnv tir-uu [Slstema de Estadiamento tra-hepática e metástases a distância. O fígado foi di-
vidido em quatro seções —) seção lateral esquerda
Pós-cirúrgica] (segmentos II e III); seção medial esquerda (segmento 3
la Estádio I: tumor confinado ao fígado e comple— IV); seção medial direita (segmentos V, VIII ); seção 2
tamente ressecado primariamente, sem doença
.
l
posterior direita (segmentos VI e VII).
residual conhecida. Os grupos foram classificados de I a IV, depen- i
—- Histologia favorável. dendo das seções envolvidas. Chamava a atenção para
-— Histologia desfavorável.
:: Estádio II: ressecção macroscópica completa do
a distinção entre envolvimento da seção e compres—
são (Fig. 17.3). Os grupos 1, 11 e III foram conside-
tumor hepático primário com evidências de doen- rados doença de baixo risco. O grupo IV e/ou doença
ça residual microscópica. extra—hepática foram considerados doença de alto risco.
—-—
Intra—hepática. Nesse sistema original, o lobo caudado (segmen-
Extra-hepática. to 1) foi ignorado. Em junho de 2005, o sistema
o Estádio III: Tumor macroscópico residual per— PRETEXT foi revisado e atualizado. Critérios adi-
manece após a cirurgia; tumor hepático prima- cionais foram acrescentados (Tabela 17.1).
rio completamente ressecado, mas com linfonodos
positivos elou contaminação tumoral.
1: Estadio IV: doença metastática. comentários sauro a Revisãalun 2005
— Tumor hepático primário completamente res- Embora o sistema PRETEXT fosse principalmente
secado. dirigido parao hepatoblastoma, arevisão de 2005 sugeriu
——
Tumor hepático primário não completamente
ressecado.
sua aplicação para todos os tumores malignos primá-
rios de fígado da criança, incluindo o carcinoma
hepatocelular e o hemangioendotelioma epitelióide:
Sistema lll Estadiamento Tlm ll PRETEXT I: este grupo inclui somente uma pe-
quena proporção de tumores malignos primários
u Estadio I: Tl, NO, MO. de fígado. Por definição, somente os tumores lo-
I Estádio II: T2, NO, M0.
et Estádio III: * calizados na seção lateral esquerda e seção pos-
terior direita podem ser incluídos nesse grupo.
-—
Tl, Nl, MO.
ta PRETEXT II: a maioria desses tumores é limi—
—--
T2, N1, MO.
T3, N1, M0.
tada ao lobo direito ou lobo esquerdo do fígado.
|:!
Estádio IV A: T4, qualquer N, M0. Tumores das seções medial esquerda e anterior
direita são também PRETEXT II. Tumores li—
n Estádio IV B: qualquer T, qualquer N, Ml.
——
T1 = tumor solitário < 2cm.
T2 = tumor solitário < 2cm com invasão vas-
mitados ao lobo caudado estão classificados neste
grupo. ' '
sem invasão vascular ou > 2cm sem invasão goria poupam somente as seções lateral esquer-
da ou posterior direita. Esses tumores são rela-
vascular.
tivamente comuns. Muito cuidado deve ser tomado
— T3 = tumor solitário > 2cm corn invasão vas- em distinguir entre invasão e compressão de uma
cular ou múltiplos tumores limitados a um lobo
seção aparentemente não envolvida. pois esse
com invasão vascular. detalhe vai definir a conduta cirúrgica & ser em-
—- ou comprometimento de um grande ramo da
T4 = múltiplos tumores em mais de um lobo
pregada.
veia porta ou hepática.
I PRETEXT IV: os tumores envolvem todas as se-
ções do fígado. Geralmente são multifocais.
_
(PRETEXT), com base na anatomia do fígado (Sis- tra-hepática. Pacientes com extensão tumoral no
tema de Couinaud de segmentação hepática). diafragma ou em outro órgão podem ser codifi—
essencial para a realização de quimioterapia pré- cados como El sem necessidade de biópsia. No
Vlª- Baseia—se no tamanho e sítio do tumor, invasão sistema atualizado, os tumores pedunculados são
106 I Tumorex
Grupos 1
A2 '
82
2 seções livres em um lobo Seç㺠medial
esquerda livre
Seção anterior
direrta Irvre
Figura 17.3 - Estadiamento padronizado pela SIOP de acordo com a anatomia cirúrgica. Esquema de estadiamento PRETEXT.
O fígado é dividido em quatro setores. 0 número de setores livres é relacionado a PRETEXT I: trés setores adjacentes livres (tumor
presente em um setor somente); PREI'EXT II: dois setores adjacentes livres (tumor comprometendo dois setores); PRETEXT III: um
setor ou dois setores não adjacentes livres (tumor compromete dois ou três setores); PRETEXT IV: nenhum setor livre de tumor.
G L S' E Ç Z W Q
mente do tamanho do nódulo ou estádio PRETEXT. metástase óssea no hepatoblastoma. Biópsia de me-
I H: ruptura tumoral ou hemorragia intraperito- dula óssea não foi recomendadã em crianças com
neal — não é incomum a ruptura do tumor no hepa- hepatoblastoma br sua raridade. Os seguintes
toblastoma e carcinoma hepatocelular. Essa sufixos devem ser acrescentamos ao M1: polme-—
nªr (p), esquelético (s), sistema nervoso central (c),
ocorrência e considerada um fator de risco e deve
ser codificada como H1. Laparotomia ou aspiração medula óssea (rn), outros sítios (x).
do sangue peritoneal não são necessárias para o N: metástases em linfonodos —- a biópsia só deve _
diagnóstico, desde que os achados de imagem ser realizada se ha aumento significativo do gânglio
ou de clínica (hipotensão e nível baixo de he- (maior que 15 mm) em uma criança com nenhum
moglobina) sejam característicos, Somente a outro critério de hepatoblastoma de alto risco.
presença de líquido peritoneal nos exames de Metástases em linfonodos são muito mais co-
imagem não implica em ruptura tumoral. muns no carcinoma hepatocelular e no carcino-
I M: metástases a distância — as metástases do ma fibrolamelar, sendo desnecessária a biópsia
hepatoblastoma são predominantemente encontra- se os estudos de imagem forem inequívocos.
das nos pulmões. A TC foi a técnica escolhida para
|:
E: comprometimento de veia porta - o envolvi-
a identificação dessas metástases. O diagnóstico mento do tronco da veia porta e/ou dos seus ramos
pode ser realizado pelos seguintes achados: le- maiores tem sido considerado fator de risco no
sões múltiplas, arredondadas, com contornos bem hepatoblastoma, Achados de imagem com evi-
definidos e de localização subpleural. Na maio- dências de obstrução completa, envolvimento cir-
= ria dos serviços, uma lesão única, arredondada, cunferencial, ou invasão são requeridos para serem
com um diâmetro maior que 5mm em uma crian- qualificados como envolvimento da veia porta.
ça com tumor primário do fígado, é considerada Esses achados podem ser obtidos por ultra-
metástase. Biópsia não é necessária. Cintilogra- sonografia, TC, ou RNM.
Tumores Malignos do Fígado I
107
o v a is
E: doença abdominal extra-hepática EO Nenhuma evidência de extensão do Adicionar o sufixo ”a“ se ascite estiver
tumor no abdome (exceto M ou N) presente, por exemplo, Em
‘z
E1 Extensão direta do tumor em órgãos
adjacentes ou diafragma
E2 Nódulos peritoneais
F0 Paciente com tumor solitário
TF: "totalidade" do tumor
tl Fi Paciente com dois ou mais tumores
distintos
H: ruptura tumoral ou hemorragia H1 Achados cllnicos e de imagem de
intraperitoneal hemorragiª intraperitoneal
HO Todos os outros tumores
AM: metástases a distância MOAusência de metástases Adicionar o sufixo ou sufixos para
M1 Qualquer metástase (exceto E e N) Indicar a localização
)N: metástases em linfonodos NO Ausência de metástases em
linfonodos
N1Somente metástases em linfonodos
abdominais
NZMetástases em linfonodos extra-
abdominais (com ou sem metástases
em linfonodos abdominais)
P: envolvimento de veia porta PO Nenhum envolvimento de veia porta Definir o envolvimento. Adicionar o
ou de seus ramos esquerdo e direito sufixo "a“ se houver tumor
Pl Envolvimento do ramo esquerdo ou intravascular presente, por exemplo,
direito da veia porta Pla
F2 Envolvimento do tronco da veia
. º" porta
'I C: envolvimento da veia cava inferior V0 Nenhum envolvimento de veias Definir o envolvimento, Adicionar o
7- 5 3 1 4 9
.“..ª e/ou veias hepáticas hepáticas ou da cava inferior sufixo "a" se houver tumor
V1 Envolvimento de uma veia hepática, intravascular presente, por exemplo,
mas não da cava inferior V3a
V2 Envolvimento de duas veias
hepáticas, mas não da cava inferior «.
V3 Envolvimento das três
veias.»
hepáticas elou da cava inferior 'ª
, ,
ª
veias hepáticas — os mesmos achados de envol— que usa uma classificação com base no tamanho e
vimento (obstrução venosa, envolvimento circun- localização dohtumor determinados por estudos de
ferencial e/ou invasão) usados nas veias portas imagens. Preconizamos biópsia tumoral. quimiote-
podem também ser aplicados para as veias he-
páticas. Uma veia hepática pode ser considera- rapia pré-operatória, cirurgia primária retardada, à
exceção de tumores pequenos, facilmente ressecáveis.
da envolvida se não conseguirmos visualiza-1a
ou seu trajeto esperado correr através de uma A biópsia tumoral pode ser percutânea por agulha tipo
grande massa. Tru—cut, ou cirúrgica por minilaparotomia ou video-
l
laparoscopia. Reconhecemos o risco. principalmente
_O_ sistema de estratificação de risco do SIOPEL
original também foi modificado nos protocolos cor— no carcinoma hepatocelular, de recorrência do tumor no
rentes do SIOPEL (Tabela 17.2). trajeto da biópsia por agulha.
Vantagens do uso da quimioterapia prévia:
'
separados das veias hepáticas média e esquerda Tratamento adicional com carboplatina e etoposide
(15% dos casos) são dissecados, isolados e re- (CARBONP 16) pode estar indicado nos hepatoblas—
parados. Finalmente, a manobra de Pringle é tomas avançados ou recorrentes.
aplicada, seguida pela oclusão das veias hepáti- O caÃcinoma bcpatocelular costuma apresentar uma
cas maiores por clampeamento. A técnica pode resposta bem menos eficaz às drogas quimioterápicas.
ser aplicada de forma intermitente ou contínua. Alguns relatosrevelaram que a resistência a quimioterapia
O tempo máximo de isquemia permitida com essa pode resultar da presença de genes resistentes a
técnica é de 140min quando intermitente e de multidrogas (MDRI) ou outros mecanismos.
60min quando contínua. Também necessita de Nos tumores ainda irresseêáveis apesar do uso de
experiência do cirurgião e do anestesista. Qual- quimioterapia prévia, pode ser usada a seguinte al-
quer lesão das veias hepáticas, mesmo que ternativa: quimio-embolização intra-arterial do tumor
infreqtiente, requer uma rápida conversão para com quimioterápicos (cisplatina ou doxorrubicina)
'
a EVHT.
Shunt interno de veia cava inferior através de
cateter colocado em seu interior (bypass). Não
combinados com lipiodol. Essa técnica expõe as célu-
las tumorais a altas concentrações de drogas antitu-
morais, que não podem ser conseguidas pela adminis—
“a"
temos utilizado. Pode ser indicado quando há in- tração sistêmica.
tolerância à exclusão vascular hepática total, O complexo droga anti-tumor—lipiodol acumula—se
durante a ressecção de tumores que infiltram a seletivamente no tumor hepático. Além disso, o lipiodol
veia cava ou veias hepáticas maiores ou quando pode ser facilmente visualizado na TC e detectar
o tempo de exclusão total exceder 60min. pequenas metástases intra-hepáticas. Após a quimio—
lHemodiluição normovolêmica intra-operatória
embolização. alguns autores aconselham a injeção de
com hipotensão controlada pela administração esponja de gelatina para ocluir a artéria nutridora.
de anestesia profunda com halotano e hipotermia
controlada (32°C). 0 objetivo dessa técnica é a
diminuição das necessidades metabólicas e do Radioterapia
trabalho miocárdico, proteção dos órgãos da hipó-
- M _"
Indicada a HB e a CHC com doença residual macro
xia e hipotensão arterial e redução da perda san- e microscópica (nas margens ou adjacentes a gran-
guinea. des estruturas vasculares). m y “,
110 I Tumores
6 L 8' S Z 7 1 9
by the SIOPEL group. Pediu“: Radiai.. v. 37, p. 123-132. 2007.
O transplante hepático tem sido contra-indicado SCHALLER. R. T.; SCHALLER. It; MORGAN,A.; FURMAN, E. B.
nessas duas últimas opções com base nos resultados Hemodilution anesthesia: a valuable aid to major cancer surgery
desapontadores observados no estudo IOPEL-l e in children. Am. J. Surg., V. 146, p. 79-84. 1983.
"
experiência mundial. SÇHWEINITZ, D. Management of liver tumors in childhood. Sem.
Pediatn Surg.. v. IS. p. 17-24, 2006.
a Carcinoma hepatocelular.
-A experiência com transplante hepático nesses
casos é muito limitada. Os protocolos para trans—
SMYRNIUl'lS. V.; FARANTOS, C,; KOSTOPANAGIUI‘OU, G.;
ARKADOPOULOS, N. Vascular control during hcpatectomy:
review of methods and results. World J. Surg., v. 29, p. 1384-
plante hepatico são derivados de pacientes adultos. 1396, 2005.
Os critérios de seleção adotados para os pacien- STOCKER, J. T. Hepatic tumors in children. Clin Liver Dir., v. 5,
tes adultos são: tumor único < 5cm de diâme- 2001.
tm, número de nódulos de I a 3, < 3cm de diâmetro, STRINGER. M. D. Liver tumors. Sem. Pediatr. Surg.. v. 9. p. 196-208.
ausência de invasão vascular ou de linfonodos. 2000.
"?”
_ ...um. .a.
Linfoma Abdominal Não-Hodgkin I:
111
ӻ. '.
, v.,
Linfoma Abdominal
i - 5 7 6 .'t 4 , s â = 1 9ª Não-Hodgkin
zovõas
_ João Carlos Ketzer de Souza
GIIIIGEII'D
Figuil'a 18.1 - Linfoma não-Hodgkin localizado no íleo ter-
mina.
.
I Correspondem a 10% das malignidades em crianças . tinal com ou sem comprometimento dos linfonodos
< l5 anos de idade. mesentéricos, que é completamente ressecável.
É a neoplasia maligna mais comum em crianças
com SIDA.
—- Tumor simples (extranodal) com envolvimento
de linfonodos regionais.
ILocalização: abdome, 35%; cabeça e pescoço,
30%; mediastino. 25%; outros sítios, 10%.
— Duas ou mais áreas nodais no mesmo lado do
diafragma.
[Linfoma não-Hodgkin (LNH) é 1,5 vez mais
comum do que o linfoma de Hodgkin (60%:40%).
-— Dois tumores simples (extranodais), com ou
sem envolvimento de linfonodos regionais no
IÉ mais freqíiente no sexo masculino (3M:1F).
mesmo lado do diafragma.
IA frequência aumenta após os cinco anos de idade, I Estádio III: doença intra-abdominal primária
continuando a crescer por toda vida. extensa.
IDoenças associadas: síndromes de imunodefi-
ciência congênita (ataxia-telangiectasia, síndrome
—'
.oistumores simples (extranodais) em lados
sopostos do diafragma.
Wiskott—Aldrich, doença linfoproliferativa liga-
da ao cromossomo X), síndrome da imunodefi- -— Duas ou mais áreas nodais acima e abaixo do
diafragma. .
ciência adquirida, terapêutica imunossupressiva
(receptores de órgãos transplantados e transplantes — Qualquer tumor innatqrácico primário (medias—
—
tinal, pleural ou tímico).
de medula óssea).
!A apresentação clínica geral é variada e depen-
Qualquer tumor paraespinhal ouepidural, in-
dependentes do envolvimento de outros sítios.
dente do subtipo histológico, extensão (estádio) E Estádio IV: qualquer dos achados acima com
e sítio primário do tumor.
IO fator prognóstico mais importante é a exten- envolvimento inicial do sistema nervoso central,
são da doença ao diagnóstico. medula óssea ou ambos.
l
Extensão abdominal: difusos, 70%; localiza-
dos, 30%.
I Doença localizada: alças intestinais e seu mesen-
GHSSIFIBIIGÃD MS lIiIFBItIIIS
IIndiferenciados (tumor de células pequenas não-
tério correspondente.
l
Doença abdominal macrça mesentério, retroperi- clivadas). Subdivisão: Burkitt e não-Burkitt, de
tônio e, menos frequentemente, alças intestinais. acordo com seu aspecto na microscopia óptica
I Localização abdominal: íleo terminal, ceco, (céu estrelado). Devido a grande proliferação e
apêndice (Fig. 18.1). Mais raramente, trato gas— morte celular espontânea, os macrófagos, que
trointestinal alto e cólon distal ao ceco. consomem as células mortas do Burkitt, dão esse
' Cinquenta a setenta por cento das crianças com
linfoma linfoblástico apresentam— se com massa
aspecto clássico de céu estrelado. São'originá-
rios de células B maturas. Prevalência: 50 a 55%.
mediastinal anterior ou tumor intratorãcico. Aproximadamente 90% encontram-se no abdome.
' Corresponde a 46 a 56% das massas mediastinais
anteriores.
Outros sítios de envolvimento podem ser: testí-
culos, tecido linfóide do anel de Waldeyer, naso-
112 a Tumores
L 'S 9 Í V Z 8 6
calizada anatomicamente.
J I Forma crônica: quando o comprometimento ab-
dominal é maciço, sem sintomas agudos.
A.“ u... q. »
_ -~
LinfomaAbdominalNão-Hodgkin I
113
(anti-HIV), transaminases, bilirrubinas, fosfatase tica efetiva também deve ser sistêmica (quimiotera-
ªlcalina, exame parasitológico de fezes. pia é o tratamento primário).
I Medulograma (aspiração da medula óssea) em Cirurgia é indicada:
quatro sítios. . . Com propósitos diagnósticos (para obter mate—
I Biópsia óssea em dots sítios.
I Punção lombar Com análise liquórica.
rial para análises histológica, imunofenotfpica
e citogenética).
3675-
u m"-s
Nos casos em que é possível a ressecção com-
» nofenotipagem do líquido ascítico.
pleta de tumor localizado no trato gastrointesti—
91
I Radiografia de tórax.
I Radiografia de abdome.
nal (Fig. 18.4).
I Enema opaco elou trânsito intestinal (quando neces-
m Nos casos que se apresentam como urgência abdo-
minal (invaginação intestinal, perfuração intes-
sérios).
I Ullra-sonografia abdominal.
tinal e sangramento gastrointestinal grave).
I TC com contraste oral e intravenoso de abdome Quimioterapia:
e tórax: informações sobre a localização e exten- Tumores indiferenciados: COMP (ciclofosfamida,
são tumoral nas doenças avançadas.
I Cintilografia óssea e hepática são opcionais. Indi—
vincristina, metotrexato, prednisona), CHOP
(ciclofosfamida, doxorrubicina, vincristina, pred—
cados na suspeita de comprometimento desses nisona). '
órgãos.
I Cintilografia com gálio. O gálio e' captado pelas
m Tumores linfoblásticos: LSAZ—L2 modificado,
CHOP associado ou não a metotrexato.
células linfóides neoplásicas, principalmente, I Manutenção: tumores avançados, 24 meses; loca-
pequenas, não—clivadas e nos oferece excelente lizados, 12 meses.
identificação da doença no corpo inteiro e na
avaliação de doença recorrente ou residual, pois
|:!
Nos tumores maciços, o comprometimento do
SNC é de 30%. Logo, o tratamento profilático
células tumorais não-viáveis não costumam captar
esse radioisotope. esta sempre indicado com quimioterapia intratecal
I Biópsia de linfonodo periférico aumentado, doença (metotrexato).
óssea localizada ou tumor abdominal maciço. Parte Os tumores abdominais localizados e resseca—
do material é enviado fixado para exame histo— dos têm baixo risco de comprometimento das
lógico (hematoxilina—eo'sina) e a outra parte, a meninges e, por isso, profilaxia do SNC pode
fresco, estéril, nâo-corado e não-fixado para análise ser omitida, devendo ser sempre acrescentada nos
imunoístoquímica (distingue de outros tumores tumores da cabeça e pescoço.
e define os subtipos), citometria de fluxo (de— Tumores abdominais maciços:
termina o imunofe'nótipo do linfoma) e avalia—
ção citogenética (estuda as translocações presentes
— Antes de iniciar a quimioterapia, tomar medidas
evitando o aparecimento da síndrome da lise
:umoral aguda.
e analisa o DNA em busca da detecção de
oncogenes patognomônicos).
l Solicitar sempre citopatologia do fluido cerebroes-
— Radioterapia:
mediastinal
indicação discutível. Radiação
baixa pode ser
com dose realizada,
pinhal, derrame pleural e/ou ascite associada,
principalmente se não houver condições para
biópsia da massa tumoral ou linfonodos.
' .
'
. —;. ‘F‘WEWTLI
ti?—"«ª”?
1
«u
FATIIIIES FBIGNÉSTIIIBS
IExtensão do tumor ao diagnóstico. Ressecção
intestinal é associada a melhor prognóstico, porque
o comprometimento predominantemente intes-
tinal normalmenteé associado a sintomas abdo-
minais mais precoces e uma cirurgia mais precoce.
Uma massa retroperitoneal ou mesentérica pode
permanecer silenciosa por mais tempo até que o
tumor possa ser palpado.
' Níveis do DHL.
— DHL > 250mg/dL sugere significante massa tn-
moral e > SOOmg/dL sugere mau prognóstico.
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remo.—azªfrfiªi'iª íªl ª
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Hªwªii
II I
MTIHEIITÍI “ lª n
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"W — r f “ — n _ a
Figura 18.4 — Peça de ressecção cirúrgica de um segmento
ººperatório.
tratªmentoComo
dos linfomas é predominantemente não—
é uma doença sistêmica, a terapêu-
intestinal com linfoma. Observar gânglio de mesentério
aumentado de volume.
114 I Tumores
algumas vezes, nos tumores mediastinais com terior durante a indução anestésica. Devemos
obstrução da cava superior ou obstrução da via identificar os pacientes com risco. Limites segu-
aérea como forma de tratamento de urgência. ros são definidos por dois parâmetros: a área tra—
queal medida pela TC deve ser no mínimo 50%
Síndrome da lise ”tumoral Aguda da área prevista do normal e taxas do pico de
fluxo expiratório no mínimo 50% do previsto.
Pacientes com grandes massas abdominais correm risco O único sintoma que parece estar relacionado a
de aparecimento da síndrome de lise tumoral, ao iniciar essa complicação é & ortopnéia. Múltiplos fato—
a quimioterapia. Essa síndrome inclui anormalidades res contribuem para o colapso respiratório na
metabólicas (hiperuricemia, hiperfosfatemia, hiper— indução anestésica: diminuição da capacidade
calemia e hipocalcemia). A natureza e gravidade das
alterações metabólicas são variáveis e podem ser
residual funcional, aumento da força retrativa do
pulmão, diminuição da complacência pulmonar
influenciadas pelo tempo e intensidade da quimiote-
rapia. Insuficiência renal é a complicação mais grave. e desvio cranial do diafragma ao final da expiração,
particularmente nas regiões mais dependentes do
I Costuma ocorrer l a 5 dias após iniciar a quimio- diafragma. A pressão negativa normal transmi-
terapia. tida à traquéia na inspiração é perdida com o
I É o resultado direto da degradação de células
relaxamento dos músculos da parede torácica e
malignas e inadequada função renal. diafragma ao iniciar alanestesia geral e a venti—
I Conduta: alopurinol (inibe a enzima xantina—oxi-
lação com pressão positiva. Também o fluxo 1a—
dase que forma o ácido úrico), hidratação vigo— minar de ar, que passa através da área estreitada,
rosa (melhora a excreção do ácido úrico e de costuma ser melhor mantido com a pressão nega-
fosfato), alcalinização da urina com bicarbonato
tiva normalmente existente dentro do tórax, pio-
de sódio IV (alcalinidade melhora a solubilidade
rando com a pressão positiva da anestesia geral.
do fosfato na urina). Cuidado na administração do lll Biópsia frente a compromisso respiratório grave.
bicarbonato pelos riscos de cristalização do fosfato
de cálcio na urina e formação de cálculos de hipo-
xantina.
— Procurar tecidos extratorãcicos para biópsia:
principalmente linfonodo cervical e derrame
pleural. Se não houver tecidos extratorácicos:
ll Se houver insuficiência renal, pode ser necessá—
biópsia por agulha guiada sob anestesia local,
rio diálise peritoneal ou hemodiálise.
E ou tratamento preliminar com radiação prote-
, Tratamento Cirúrgico gendo área para futura biópsia.
t
Indicações de laparotomia: [IB Biúnsias cirúrgicas com
I Para confirmar diagnóstico com biópsia incisional
Técnicas
0|] samttnestesia EBI‘BI
. ,de tecido tumoral suficiente, se outros métodos
não foram adequados (paracentese de ascite, tora-
cocentese de derrame pleural, anélise de líquido
ª O broncdscopio rigido deve
estar
preparado Pªrª “50
se necessário. O método escolhido depende da loca-
cefalorraquidiano, biópsia de linfonodo periférico, lização do tumor e preferência dº cirurgião
biópsia por agulha grossa tipo Tru—cut orientada
por ulu'a—sonografia). Infiltração linfomatosa da
, I
Mediastinostomia anteriortranstorácxca (proce-
dimento de Chamberlain) coma criança em posição
parede intestinal aumenta o risco de perfuração semisentada (30 a 40°). A ventilação espontâ-
intestinal na biópsia.
I Ressecção de tumores ressecáveis (doença loca- nea minimiza o colapso da traquéia. Incisão trans—
versa sobre a 2ª ou 3ª cartilagem costa], ladº»
lizada confinada a uma área anatômica com ou
sem linfonodos mesentéricos comprometidos e sem
L'9‘IVZS86
direito ou esquerdo, dependendo do sítio do tumor.
fixação a estruturas retroperitoneais ou grandes Dissecção muscular do grande peitoral no sen-
vasos) junto com seu mesentério adjacente. tido de suas fibras. Dissecção da cartilagem costal
do seu pericôndrio. A cartilagem é ressecadajunto
:: No caso de abdome agudo.
I Manuseio de complicações durante o tratamento ao esterno. Artéria e vela mamária interna são
médico com quimioterapia ou radioterapia. ligadas. A pleura é liberada lateralmente e retraída
I Evitar ressecção parcial (desbastamento ou deb'ul— para evitar sua lesão. O tumor é biopsiado.
kíng) nos tumores maciços. Tentativas de ressec— Mediastinoscopia transcervical é usada para aces-
E:
ção completa devem ser evitadas em doenças extensas. so às regiões pré e paratraqueais mediastinais
pelo risco de complicações, geralmente fatais. no plano retrovascular. Incisão transversa no nó
supra-estemal e tunelização do m'ediastinoscópico
Pontos Polêmicas anterior à traquéia.
VATS (video-assisted tharacascopy surgery) que
Colapso respiratório e uma complicação bem
= conhecida
a
z
lymphoma in childhood. New Eng. J. Med., v. 334, p. 1238-1248,
Se a radiação for imprescindível, deve-se pro- 1996.
reger alguma área da massa da radiação. Linfomas WHALEN, T. V.; LA QUAGLIA, M. P. The lymphomas: an update for
ovõas
não-Hodgkin são também extremamente respon— surgeons. Sem. Pedialr. Surg.. v. 6, p. 50-55. I997.
sivos a terapia com corticosteróides e quimio- YANCl-IAR, N. L.; BASS. .l. Poor outcome ofgasuointestinal perforations
terapia, que também obscurecem o diagnóstico associated with childhood abdominal non-Hodgkin’s lymphoma.
histológico. J. Pediatr. Surg., v. 34. p. 11694174, 1999.
”<ª
"wW.—m
.
fera?-
-
116 I
Tumores
Teratomas
'OAÇES João
células maduras, mas 20 a 25% podem conter
elementos imaturos, mais freqiientemente neuróglia.
2
“m u p s-1 .
a Setenta e cinco por cento ocorrem em meninas.
I Taxa de malignidade geral: 20 a 25%.
Carlos Ketzer de Souza Correspondem a aproximadamente 3% de todas
as doenças malignas de crianças e adolescentes.
Vinte e cinco por cento dos tumores pediátricos
GDHBEI'I'D de células germinativas apresentam componen-
Teratomas são neoplasias complexas compostas de tes histológicos múltiplos.
L'S9ª
tecidos derivados de pelo menos duas das três cama-
I?lL'SRõ
das germinativas do embrião (ectoderma, endoderma lllenllllIGÃIl BDS TEBRTDMIIS
e mesoderma), embora uma camada possa predomi- I Localizam-se na linha média (axial) ou para-axial,
nar. São compostos de múltiplos tecidos estranhos
ao local (órgão ou região anatômica) onde está cres-
do cérebro à região sacra, e nas gônadas.
I Predileção por localização extragonadal (65 a 70%).
cendo. Há falta de organização e vários estádios de I Localizações mais freqt'ientes: sacrococcígea
diferenciação. São formados por elementos sólidos,
císticos, ou ambos. São subdivididos em gonadais e (50%), mediastino (5 a 10%), cervical (5%), re-
extragonadais. Quando esse tumor inclui vértebra ou troperitônio (3,5%), outros locais extragonadais
(1,5%), ovário (25%), testículo (5 a 10%).
notocorda e possui alto grau de organização estrutu—
ral, é denominado de fetus in fetu.
Existe um tipo especial de teratoma (teratoma mo- FATORES GENÉTIGIIS ASSUEIIIIBS MIS
nodérmico) constituido somente por uma camada de TUMOIES I]! 111111155 BEBIIIIIIITIWIS
célula germinativa. São os cistos dermóides de ovário
e de testículo. Tumores malignos de células germinativas (Fig. 19.1)
em adultos e adolescentes costumam apresentar ga-
nho do cromossomo 12. Esse achado é raramente en-
EPIBEHIOIIIGIII
GEBMIIIII'I'WIIS
!!l$ moms MS BÉlIllIS contrado em crianças < 10 anos de idade. Nessa faixa
etária, e mais comum aparecer desarranjos do cro-
mossomo l, deleção do 411 e 6q e ganho de 20q.
I Localizações extra-gonadal e testicular são mais
comuns em crianças abaixo dos três anos de idade
e &. ovariana após a puberdade.
11113110111611
‘As células germinativas primárias totipotentes, que
são extragonadais na sua origem, desenvolvem-se de
.
células endodérnficas do saco vitêlino. Começam a
i t Células germinauvas primitivas igrar na 5I
semana de vida gestacional ao longo da
cout: mplisra Iilnhamédia do mesentério dorsal‘em direção a crista
gonadal, por meio de movimentos amebóides, onde
deverão ser incorporadas às gônadas em desenvolvi-
olrerenclagaa
suprlmlda
Dtlerenzlagaa mento. Ocasionalmente, algumas dessas células po-
dem não seguir esse destino e serem depositadas em
algum lugar ao longo de sua migração. Atualmente,
Seminom-
Dirgermlnoma Clrdnoma essa tem sido a teoria mais aceita na formação de um
Germlnema embrionária
teratoma. Essas células germinativas primitivas pos-
suem todo o DNA necessário para o futuro desenvol-
vimento de qualquer tipoí'de'célula, por isso são
e m h r ín â l
DIfErelndaglq Dllerlndªdº denominadas de totipotenciais.
extra-embrionárll
O seminoma (no testículo), o disgerminoma (no
ovário) e o germinoma (em local extragonadal) são
neoplasias de células germinativas primitivas que
Teratoma: ccrlocarrlnema
perderam a habilidade para diferenciação adicional,
-—
Maduro: Tumor de ielº
lmanrros endodérmlm resultando em um tumor de célula germinativa pura.
— Millgnm Alternativamente, a célula germinativa primitiva pode
exibir alguma diferenciação em direção ao carcino—
Figura 19.1 — Histogênese dos tumores derivados das células ma embrionário e este diferenciar—se em elementos
germinativas. embrionários (teratomas) ou em elementos extra-em—
Teratoma: I
117
9 7 8 — 5 2 4 1 -6
ou compósito, sempre maligno e as metástases
sem outros componentes somáticos imaturos.
“
,. » —
focos de tumor do seio endodérmico. tecido maligno já presentes no tumor ressecado.
_v _
“r— « s
:..
118 I Tumores
Daí a importância do patologista realizar múl— E? Correspondem a 40% dos tumores de células ger-
tiplas secções histológicas da amostra retira- minativas.
da de áreas que mais sugerem malignidade, a Mais frequentes em meninas: (4leM).
tais como: parte sólida, friável, hemorrágica Ocorrência esporádica, porém tem sido relatado
.
e perto de áreas de necrose. Nem todas as le- um tipo com transmissão autossômica dominante.
sões císticas são benignas e nem todas as lesões m Aproximadamente, 48% são maturos, 23% ima—
sólidas são malignas. turos e 29% malignos.
n Recém-nascido < 1 mês: mais de 90% são benignos.
unneinnunis rununms rs Criança > 1 ano: 80% são malignos.
õ L E' S Z V I '9L Ç
!Alfa-fetopi'oteína (AFP) aumenta em todos os
teratomas malignos (quase 100% dos casos), 50% niaunosticu & Avaliação Pre-natal
dos imaturos e somente 6% dos maturos. O au— a Podem ser diagnosticados por ultra-sonografia
mento deve-se, provavelmente, à presença de após a nª semana de gestação. Mostra se'o tumor
elementos de tumor de seio endodérmico. Cos- é sólido, cístico, ou misto e padrões ecogênicos
tuma estar aumentada nos recém-nascidos, vol- bizarros secundários a áreas de necrose tumoral,
tando às taxas normais do adulto aos 8 meses de degeneração cística, hemorragia interna e calci—
idade. A meia-vida é de 5 a 6 dias. ficações. Estuda a extensão pélvica ou abdomi-
Hormônio gonadotrófico (beta-HCG): pode estar nal, obstrução urinária du intestinal, a integridade
aumentado nos teratomas malignos com elementos da espinha fetal, função das extremidades infe-
de coriocarcinoma ou de carcinoma embrioná- riores e associação a outras malformações.
rio associados. A meia—vida é de 16h. w Os efeitos secundários do tumor estão relaciona—
IFosfatase alcalina placentária (PLAP) positiva. dos a massa e fisiologia tumoral. Os efeitos re-
O anticorpo PLAP imunorreage com células lacionados à massa incluem a distocia pelo volume
germinativas tumorais. A fosfatase alcalina hu- tumoral e parto prematuro. A distocia pode ocasio—
mana placentária é sintetizada pelo sinciciotro- nar a ruptura traumática do tumor durante o par—
foblasto da' placenta. to. A massa tumoral também pode induzir o parto
prematuro pela distensão uterina, muitas vezes
ESTIIIIIMEIITII causando insuficiência respiratória por imaturi-
dade pulmonar. As consequências fisiológicas do
'Estadiamento dos tumores malignos de células ger- teratoma fetal são dependentes das demandas
minativas extragonadais (CGC/POG): metabólicas e fluxo sanguíneo secundário do tumor
! IEstádio ]: ressecção completa em qualquer sítio, e da presença ou ausência de hemorragia com
cocci gectomia para os sacrococcígeos, margens anemia secundária. As necessidades do tumor
tumorais negativas, marcadores tumorais posi- ‘\. variam enormemente, dependendo do tamanho
tivos ou negativos. e daªõomposição tumoral (cístico ou sólido). O
II Estádio II: tumor residual microscópico, linfonodos teratoma sacrococcígeo fetal tem o potencial de
negativos, marcadores tumorais positivos ou ne- desviar fluxo sanguíneo da placenta e feto para
gativos. o tumor. Ourl'o mçcanismo gm potencial para au-
lEstádio [11: tumor residual macroscópico ou so- mentar as demandas fisiológicas deve-se a pre:
mente biópsia, linfonodos retroperitoneais nega- sença de hemorragia espontânea interna ou externa
tivos ou positivos, marcadores tumorais positivos do tumor, resultando em anemia fetal. Essa he-
ou negativos. morragia pode estar relacionada a trauma intra-
a Estádio IV: metástases a distância, incluindo fígado. útero ou degeneração necrótica ou cística do tumor. '
'Glnceitn
IEBIITGIIAEEIIGBIIGGGGIEEIIS desencadeamento da insuficiência cardíaca de alto
débito (o tumor age como um grande shunt arte-
riovenoso), placentomegalia e hidropsia fetal (efu-
sões pleurais e pericárdicas, ascite, cardiomegalía
Tumores originados de células embrionárias pluripo- e edema da pele) (Fig. 19.2).
tentes da área do cóccix e compostos de tecidos de—
rivados das três camadas germinativas. São formados
[a Poliidrâmnio pode
estar presente em 70% dos
teratomas fetais.
por elementos sólidos, císticos, ou ambos. 1:1 Hidropsia pode estar presente em 25% dos tera—
tomas fetais.
Enldeminlnyia a. m Oligoidrâmnio pode ocorrer e é achado desfavo-
u, Prevalência: 1:35.000 a 40.000 nascidos vivos. rável, podendo estar relacionado à obstrução dos
|:
Tumor mais comum do recém-nascido. ureteres elou de uretra pelo tumor.
N Localização sacra corresponde a 35 a 60% de D O prognóstico está relacionado primariamente
todos os teratomas. à extensão, tamanho e complicações do tumor (!
Teratoma: I
119
coras
Ruptura Placentomegalia
tumoral Imaturidade /
I fetal Hidropsia
[
hemorragia
Sindrome do
espelho materno
_ , “I
'
WMA.—"
MW'Í"
120 n Tumores
Ó L Z' E S P Í Q
.w
lliagnásticn ulterencial Principal
«.a—u,
Meningoccle sacra anterior, mielomeningocele, lipoma,
cisto dermóide, hemangioma, cordoma.
.,x _
Figura 19.4 - Teratoma sacrococcígeo com deslocamento a Após os dois meses de idade: 67% nos meninos
anterior do ânus. e 47% nas meninas podem ser malignos.
m A malignidade, nos teratomas sacrococcigeos,
está relacionada à idade quando do diagnóstico
I Metástases pulmonares. e extensão intrapélvica (classificação de Altman).
& Distocia no parto. LI Locais de metástases: linfonodos, regiões ingui—
Anomalias congênitas associadas em 15%, prin- nais, pulmões, vértebras, cérebro e fígado.
cipalmente anomalias anorretais, defeitos sacros, :: Inadequado retardo diagnóstico ou inadequado
anomalias musculoesqueléticas e meningocele tratamento cirúrgico resulta em aumento da ma-
anterior. lignidade.
=|
São mais raras: insuficiência cardíaca congestiva
(shunt vascular através do tumor), coagulação Tratamento
intravascular disseminada (CIVD).
lExame retal costuma ser essencial para o diag- Tempo ideal para tratamento cirúrgico: ressecção
nóstico e avaliação do componente intrapélvico. ') '
tumoral deve ser tão precoce _quanto possível após
o nascimento. Geralmente na 1ª e 2g semanas
0 tumor situa-se posteriormente ao reto.
de vida. O retardo pode ocasionar degeneração
maligna, infecção e hemorragia intratumoral.
Investigação nlavnústica
lHistória
, m Uso de antibi'óticds periopenatórios: 30min an-
tes do ato operáiório, mantendo-os por 48h.
e exame físico.
I Hemograma, provas de coagulação, provas fun— Preparo de cólon pré-operatório, conforme rotina
cionais hepáticas, uréia, creatinina e ácido úrico. do serviço, em todos os bebês já alimentados.
DHL, FLAP, beta-HCG e alfa-fetoproteína. Ní— I: Adequado acesso venoso central do sistema cava
veis de AFP dependem da idade pós-natal. superior.
I Radiografia da massa, pelve (incluindo coluna lom- ta Sonda vesical.
bossacra) e abdome com projeções laterais e ãntero- Sonda nasogástrica.
posterior. Pesquisa presença de calcificações (30 Ea Em tumores grandes estão indicadas, no transope-
a 50% dos casos), deslocamento anterior do reto, ratón'o, medida da pressão venosa central e ar-
inspeção dos elementos vertebrais para detectar terial média por punção-cateterismo da artéria
sinais
de erosão ou defeito ósseo, que pode suge—
rir invasão maligna ou meningocele associada."
radial e colocação de cateter vesical.
Posição prona com coxim colocado debaixo dos
I Radiografia de tórax.
quadris.
l
Ultra—sonograiia abdominal. Determina a exten- Colocação de gaze untada com vaselina no reto.
são proximal do tumor na pelve e abdome, mostra
padrão interno ultra-sonográiico complexo re—
sultante de diferentes tecidos presentes na mas- Técnica Cirúrgica
sa, define a predominância de lesões císticas ou In Acesso transacro com incisão emV invertida. O
sólidas, presença de calcificações. O eco-Doppler ápice do V invertido deve ficar sobre o sacro in-
detecta o fluxo sanguíneo do tumor. ferior (Fig. 19.5).
Tera tomas ª 121
or ªJ"(
"
—
Figura 1 9.5 Acesso tran-
sacral com incisão em V |n—
vertido.
'w } gramenlo ativo. Nesse caso, é interessante o preparo uso de ECMO, perfusão híp'otérmica e hemo-
diluição, desvascularização com ressecção esta—
(dos ; pré-operatório circunferencial de toda a metade
''ºava ',], inferior do corpo, anterior e posterior. diada'.
I: Não esquecer de colocar dreno(s) de Penrose ou
E
º—
Se indicada laparotomia, realizar estadiamento
abdominal completo, incluindo líquido de ascite, de aspiração contínua no espaço pré-sacro, que
deverão ser retirados por contra-incisão.
Os músculos anorretais devem ser reconstruídos.
sope- O elevador do ânus e reaproximado ao pericôn-
.
e ar- drio da superfície anterior do sacro. Os músculos
rtéria glúteos posteriores e elevadores são reaproximados
na linha média.
.o dos a A pele redundante deve ser ressecada.
)
reto. Tratamento Coadjuvante
Ia Quimioterapia faz parte da terapêutica combi—
nada em todos os teratomas malignos.
ida. O Quimioterápicos mais utilizados atualmente nos
rro in- teratomas sacrococcígeos são: cisplatina, etoposide
e bleomicina (PEB).
122 II Tumores
favorável (classificação tipo I e II). Está contra- IRessecção incompleta com resíduos microscópicos.
indicáda na insuficiência cardíaca grave de alto INão ressecção completa do cóccix.
débito e na síndrome do espelho materno (mirror IRuptura intra-operatória do tumor com vazamento
syndrome). O objetivo da ressecção fetal e' de de conteúdo.
ocluir a suplementação vascular do tumor e re— m Não detecção histológica da presença de compo-
mover o leito vascular de baixa resistência do nentes malignos dentro do tumor, com consequente
tumor da circulação fetal. Nenhuma tentativa deve não realização de quimioterapia pós-operatória.
ser feita para dissecar o componente intrapélvico
do tumor ou para remover o cóccix. REFERÉNCIA BIBLIOGRÁFICA
ll Está sendo avaliada em pesquisas recentes a efe- l. ALTMAN, R. R: RANDOLPH, .l. G.; LILLY. .l. R. Sacrococcygeal
tividade da oclusão das artérias nutridoras do tera- ‘\ ' teratoma: American Academy of Pediatric Surgery Section survey
toma sacrococcígeo fetal usando técnicas de ablação ' 197357. Pediatr. Surg.. v. 9, p. 389—398, 1973.
»
«'n
— sra—«.ª
Carcinoma de tireóide I 123
z
ta Tipo papilar puro.
João Carlos Ketzer de Souza Variante folicular do carcinoma papilar (quan-
.
.e r. ‘
ca (Hashimoto), bócio nodular colóide, degene— dores do hormônio TSH estão aumentados na
ração cfstica benigna, cisto do ducto tireoglosso, tireoidite de Hashimoto. Carcinomas diferenciados
!
:
cisto paratireóideo, cisto branquial, cisto derrnóide, geralmente secretam tireoglobulina. Outras con-
glândula tireóide ectópica, tumor de células germi- dições benignas também podem secretar, mais
raramente, tireoglobulina. A dosagem de calcitonina
W
.
são de valor limitado, pois malignidade tem sido
inflamatório ou hemorragia intracfstica.
Exame fisico completo com especial atenção para:
identificada em nódulos císticos e nódulos quentes
L - S Q 'Í s z Ç B õ
ou mornos, embora haja predominância de maligni-
— Padrão de crescimento. dade em nódulos frios e sólidos. Também porque lesões
—- Tamanho. císticas na frente ou ao redor da tireóide podem ser
— Aderências a estruturas vizinhas.
Consistência. diagnosticadas erroneamente por operador inexperiente,
—-— Lateralidade..
-— plos
Presença de nódulo único ou nódulos múlti-
tanto na cintilografia quanto na ultra-sonografia, como
nódulo frio ou cístico de tireóide, respectivamente.
de tireóide. *
Ultra-sonografia de Tireóide
— Presença de adenopatia regional.
— coço.
Palpar adequadamente a glândula tireóide e pes-
Procurar presença de neuromas mucosos
Mostra soo nódulo é sólido, cístico ou misto, sua lo—
?calizaçãoLintra ou extratireóidea, existência de ano-
e tipo físico marfanóide, que podem ser en- malias nas estruturas vizinhas, detec'ta calcificações,
contrados no carcinoma medular tipo NEM 2B. auxilia e orienta a técnica de punção-aspiração com
agulha fina (PAA’F) e pesquisa linfonodos aumenta—
FORMAS 0111116“ I]! APBESEHTAGKU dos na região cervical; Fornece informações que são
mais anatômicas do'ique funcionªis.
I Nódulo de tireóide duro, isolado.
I Adenopatia cervical uni ou bilateral.
I Nódulo de tireóide e adenopatia cervical. Cintilo’girafia com lodo-123 ou
I Metástases pulmonares. Tecnécio-99m
I Paralisia do nervo recorrente e alterações da voz.
Demonstram a relação de captação do radioisótopo
entre o nódulo e o parênquima tireóideo. O tecnécio-.
INVESTIGAÇÃO BIIGIIÚSTIGI 99m e mais recomendado, pois utiliza menos radia-
ção. O iodo-123 proporciona imagens de melhor re-
O melhor método de avaliação de um nódulo de tireóide solução. mas é bem mais caro e usa mais radiação.
ainda é controverso. As provas de função tireóidça,
Também é mais efetivo na detecção de tecido tireóideo
em geral, têm pouco valor diagnóstico. As mais so-
ectópico ou metastático.
licitadas são: Achados cintilográfrcos:
Exames laboratoriais I Nódulo frio: a glândula não capta o isótopo e,
portanto, não tem função. A presença de um carci-
.: T4 (tiroxina, níveis normais: :l: 4,5 a lZug/dL) noma é sempre uma possibilidade.
e/ou T4 livre; T3 (tri-iodotironina, níveis normais: I Nódulo quente: apresenta maior afinidade pelo
i 65 a 130ng/dL); TSH (níveis normais: 1- 0,4 a isótopo do que o parênquima tireóideo. A ma-
4uUIImL), tireoglobulina (níveis normais: lignidade é pouco provável.
-
Carcinoma de Tireóide : 125
.
das. Excelente para confirmar ausência de um grafia), sólido (ultra-sonografia).
lobo e definir se a lesão e intra ou extratireóidea. Invasão de estruturas vizinhas.
Biópsia de aspiração por agulha fina com exame tz Fixação aos tecidos adjacentes.
=J Gânglios regionais cervicais aumentados de vo-
citológico. Em adultos, a biópsia por agulha fina
tem valor comprovado limitando as ressecções lume.
tireóideas. Em crianças, a efetividade ainda está I Crescimento rápido.
por ser definida. Não tem sido muito usada por Estigmas que sugerem carcinoma medular: múl—
causa da idade, tamanho do pescoço, dificuldades tiplos neuromas de mucosas e conformação cor-
na interpretação citopatológica (coexistência de poral marfanóide.
tireoidite linfocítica crônica com carcinoma papilar, El Disfunção transitória do nervo recorrente.
dificuldade de diagnóstico diferencial entre adenoma Bl Sensibilidade localizada transitória (geralmente
APROKIIAOOS
—
OlTlALSONORRATIA OAOOS ESTATÍSTIOOS comprometido + congelação do tecido retirado.
nl Técnica cirúrgica mais indicada nos casos de car-
cinoma de tireóide: tireoidectomia total ou qua—
NOOIIIOS 313111103 lllttra-snnnurallal se total (lobectomia + istmectomia + lobectomia
contralateral, à exceção de delgada lâmina de
Desses, somente 2 a 3% podem ser malignos. parênquima paratraqueal) + dissecção e excisão
dos linfonodos do compartimento central do
Nódulos Elias [cintllonraiial pescoço (gânglios pré e peritraqueais, pré e
.
l
Adenoma folicular: 55 a 60%.
Carcinoma tireóideo: 20%.
perilaríngeos, mediastino ântero-superior) e da
cadeia jugular, principalmente os gânglios suspei—
tos. A dissecção deve ser meticulosa e cautelosa,
l
Outras lesões benignas: 20 a 25%. As mais co- evitando lesão do nervo laríngeo recorrente.
muns são: cisto colóide, nódulo de tireoidite de Temos preferido a utilização de tireoidectomia
Hashimoto, cisto branquial, cisto tireoglosso, cisto quase total devido à maior proteção das parati-
dermóide, teratoma, lobo único, cisto tímico, abs— reóides e do nervo laringeo recorrente. Nos pa-
cesso, hemorragia, lobulação de tireóide normal. cientes com metástases, a tireoidectomia total
Os cistos e o teratoma podem ser intratireóideos facilita o tratamento com iodo radioativo, pois
na frente ou em tor-
ºu peritireóideos (situados
remove todo tecido tireóideo normal que pode-
no da tireóide) e erroneamente diagnosticados ria competir com as metástases (avidez menor
como nódulos intratireóideos. do tecido canceroso pelo iodo radioativo), per-
L
126 I Tumores
mite melhor detecção de recorrência do tumor metimento ganglionar extenso, doença residual,
pela determinação seriada de tireoglobulina (pre- metástases funcionantes à distância, para mapea-
sença de tecido tireóideo diminui acurácia desse mento, como dose-ablação da glândula remanes-
exame), apresenta melhor sobrevida e promove cente após lobectomia.
a remoção dos focos multicêntricos da doença. Ao remover o tecido tireóideo pela tireoidectomia
o Ãç E S I No caso de tumor S lcm, sem metástases cervi- total ou quase total, ocorre hipotireoidismo, levando
2.
cais ou mínimo e localizado envolvimento gan- ao aumento da secreção de TST-[, que vai estimular a
glionar, ausência de metástases a distância, ausência doença residual ou metastática. O iodo radioativo é
de invasão capsular e das estruturas contíguas captado pelo tecido remanescente.
.u . «.,
(traquéia, nervo lan’ngeo recorrente e músculos Para realizar o lª mapeamento e tratamento, o TSH
cervicais). é aceitável a realização de lobectomia deve ser medido na 6E semana pós-operatória. O
unilateral + istmectomia + excisão de linfonodo TSH aumentado estimula a captação de iodo. Sem-
suspeito. Essa técnica diminui as complicações pre determinar o_ nível de TSH antes do mapeamento.
5 L 8' 9 1 7 “ w r — : N «
operatórias da tireoidectomia total, porém diminui Mapeamentof dar dose-mapeamento de 3mCi oral
a ação terapêutica do iodo radioativo. de iodo-131 para estudar a captação (observar leito
I Tireoidectomia total é obrigatória nos seguintes da tireóide, região cervical lateral, mediastino supe-
casos: metástases a distância, doença bilateral, rior e pulmões).
carcinoma tipo medular e tumor com invasão Se houver metástases: 24l§8h após, dar dose tera—
extratireóidea, a exceção de linfonodos. A tireoidec- pêutica de 50 a 75mCi (na tireoidectomia total), 150
tomia total reduz a taxa de recorrência no leito a 200mCi (após lobectomia), 150 a 175mCi se hou-
tireóideo a 0%. ver comprometimento ganglionar cervical e 175 a
200mCi se houver metástases pulmonares.
GIIIIIAAIIS PúS-GPEBATÍIIIIIIS O mapeamento deve ser repetido a cada seis me-
ses, após determinação dos níveis de TSH. Suspen-
I Monitorar o aparecimento de hipocalcemia: si- der 0 T4 seis semanas antes e 0 T3 duas semanas antes.
nal de Chvostek de 4/4h por 48h e dosagens de Se positivo, repetir dose terapêutica de iodo-131.
cálcio sérico de 12/ 12h por 48h e uma vez/dia Nessa ocasião, realizar adequada palpação do pesco-
por uma semana. ço, exame físico e radiografia de tórax.
Dosagem de tireoglobulina: excelente marcador Repetir mapeamento, exame físico e radiografia de
do tecido tireóideo. E um teste sensitivo para tórax semestralmente, até obter-se mapeamento nor-
identificar a persistência (até seis meses após a mal. Manter sempre o TSH suprimido.
tireoidectomia) ou recorrência do tumor. Porém, Se não houver metástases, reiniciar o hormônio
é dependente da remoção total do tecido tireóideo tireóideo. t
normal. Normal: até lOng/dL. Paciente com
tireoidectomia total e sem doença residual e aquele
que sofreu ablação da glândula remanescente com
ittsumnns .
iodo«131 devem ter menos do que Sng/dL. I Mortalidade nos carcinomas diferenciados de
II Hormônios tireóideos: têm a função de suprimir tireóide: 5%! .“
a secreção de TSH pela hipófise e prevenir a I Taxa de reco'rrênpia da doença em carcinomas
l
estimulação continuada de qualquer tecido tumoral diferenciados: 35%, principalmente em tireóide
ainda existente (persistente ou recorrente). Não remanescente, gânglios regionais cervicais e pul-
deve ser dado o hormônio tiroxina por seis se- mões.
manas após a operação, caso for fazer mapea- BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
mento do tecido tireóideo existente em seis sema- GARAGORI, .l. M. Actilud ante los nódulos tiroideos.Ann. Esp. Pediatr.,
nas. A triiodotironina é iniciada no pós-operatório v. 56, suppl., p. 62-67, 2002.
imediato, mantida por quatro semanas e suspensa MOIR, C. R.; TELANDER, R. L. Papillary carcinoma of the thyroid
por duas semanas até realizar o mapeamento com in children. Sem. Pediatr: Surg.. v. 3, p. 182-187, 1994.
iodo radioativo. PALMER, B. A.; ZARROUG, A. E,; FOLEY, R. N. et al. Papillary
!TSH usualmente é medido seis semanas após a thyroid carcinoma in children: fisk'factors and complications of
ablação ou tireoidectomia total. Nivel de TSH > disease recurrence. J. Pediatr Surg., v. 40, p. 1284-1288, 2005.
SÁVIO, R.; GOSNELL. 1.; PALAZZO. F. F. et al. The role of a more
35uU/mL é uma boa evidência de que todo' o
tecido tireóideo normal foi removido cirurgica-
'
=. ‘ ,, * intheinitial ' ‘ " a
‘v .
Tumores do Test/culo I 127
“197
EPlIlEMlfllfllilll
1, I Correspondem a l a 2% dos tumores sólidos da Figura 21.1 —Aumento escrotal à custa de um aumento indolor
.
«* criançª. do testículo direito.
lCorrespondem a 7% dos tumores germinativos
da criança.
lSessenta e cinco a 75% dos tumores de testículo
I Dor testicular pode ser secundária a' torção ou
derivam de células germinativas. hemorragia.
I Lesões benignas representam uma maior porcen-
u Efeitos hormonais (virilização) podem ser en-
tagem de casos em crianças do que em adultos. contrados, principalmente nos tumores de células
I Tumor de seio endodérmico é o tumor maligno
de Leydig.
de testículo mais comum na idade pré—púbere. Avaliar clinicamente o testículo contralateral, ab-
< I Teratoma é o tipo mais comum de tumor benig-
dome e região inguinal.
no (10 a 20% dos tumores de células germinativas
:, do testículo). A maioria é do tipo maturo.
' I Pico de maior frequência: S 2 anos de idade e
outro após a puberdade..
INVESTIEAGAG DIAGNÓSTIGA
I História e exame clínico com ênfase nas carac-
I Após os cinco anos de idade, os tumores benig-
terísticas físicas do testículo e fixação à pele
nos tornam-se mais freqiientes do que os malignos. escrotal.
I Hemograma, provas de coagulação, eletrólitos,
BlASSITIGAÇAO uréia, creatinina, testes de função hepática, de-
sidrogenase »do ácido lático (DHL).
. lTumores de células germinativas (65 a 75%):
carcinoma embrionário, tumores do seio endo-
I Affa-fetoproteina (AFP): esta aumentada
dos casos de' tumor de seio endcdérmico. E uma
em85%
dérmico (mais comuns, i- 50% dos tumores germi- alfa—globulina produzida pelo saco vitelino fetal.
nativos), teratomas, seminomas, coriocarcinoma
e mistos de células germinativas.
A elevação dos valores pode ocorrer nostumores
do ,seio endodérmico, tumores hepáticos primá-
lTumores dos anexos testiculares (10 a 13%): rios, hepatite, tirosinemia hereditáriª hipotireoi-
principalmente rabdomiossarcoma paratesticular dismo e ataxia telangiectásica. Normal: < 15ng/mL
(i 10%).
no fim do lº'ano de vida. Se o resultado for dado
l'himores das estruturas de suporte (8 a 13%): em UI, deve-se multiplicar por 1,5 e teremos o
células de Leydig, células de Sertoli e células resultado em nanogramas. AFP negativa no controle
da granulosa juvenil, mistos.
de metástases significa que: não há foco tumoral
I Tumores de origem linfóide (4 a 5%). ou que pode haver foco, porém é secretada em
l
Gonadoblastoma (1%). quantidades tão pequenas que não é detectada
no sangue. A dosagem costuma ser realizada no
_
(IIIADITII BlÍNIGIl pré-operatório e no pós—operatório conforme
protocolo descrito. A meia-vida é de cinco a sete
'eQualquer hidrocele deve ser avaliada clinicamente
por transiluminação com a finalidade de de—
dias e após a remoção cirúrgica do tumor de seio
endodérmico, os níveis sanguíneos devem tor-
tectar se há aumento do testículo corresponden— nar-se normais no período de um mês. AFP é
te. Presença de hidrocele em tumor de testículo: sintetizada inicialmente pelo saco vitelino e pos—
7% a 25%. teriormente pelo fígado fetal e intestinos. Ver níveis
l
Características da massa: localização escrotal às
“ u m ;— # i
normais em outro capítulo.
Custas do testículo, consistência endurecida, indolor, I Beta—HCG: glicoproteína secretada pelas célu—
'" (. não transiluminável, crescimento lento e assin- las gigantes do sinciciotrofoblasto da placenta.
'
i. temática (Fig. 21.1). Dosagem normal: 0 a menos de Ing/mL. Está
a
(_
.
,
128 l
Tumores
É L S' Z V I
!Nos casos de puberdade precoce (tumores não
germinativos), solicitar dosagens de l7-cetoeste— volvimento visceral ou extra-abdominal.
L'SQ
róides, testosterona, pregnanetriol, estrógenos e Estádio IV: metástases a distância, incluindo fígado.
estudo radiológico para definir idade óssea.
IlEi'I'ES'IIBIIllI
II Os tumores de testículos nas crianças falham em
mostrar a presença da duplicação do braço cur-
I'IIIIIIIII'IIIS I'IIIiIlIIIES
to do cromossomo 12 (designado isocromossomo GIIIIiIIInIIllS I)! BÉlIIlnS GEBMIIIII'I'IIIIIS
12p). Tumores de células germinativas têm de-
monstrado a deleção do braço curto do cromos—
Tumor _tln Seio Endodúrmlen ou do Saw
somo 1 (especificamente 11:36). A maioria dos IIiteIlnn
tumores do seio endodérmico do testículo é diplói- IÉ o tipo mais comum de tumor originário das cé-
de ou tetraplóide. lulas germinativas.
Ultra-sonografia testicular: identifica primaria- E As metástases são mais hematogênicas do que
mente se a massa é sólida, cística, ou mista. Tumor Iinfáticas.
intratesticular apresenta arquitetura sonográfica in Locais mais freqtlentes de metástases: pulmões
não-específica, que o distingue da ecotextura (20%), linfonodos retroperitoneais (5%), fígado
homogênea do parênquima testicular normal. e ossos.
Nenhum achado ultra—sonográfico discrimina entre
n Cerca de 80% a 90% encontram—se no estádio I.
tumor benigno e maligno. A presença de microli- Menos de 1% são bilaterais.
tíases em aumento testicular tem indicação de
cuidadosa avaliação, pois tem sido relatado sub- n Quase todos têm AFP elevada (> 15 a 20ng/mL).
sequente desenvolvimento de tumor de seio endo- AFP que não diminui em 25 a 30 dias após res-
secção cirúírgica do tumor in_dica doença resi-
dérmico.
-- dual ou reç'prrerpe. '
e metástases hepáticas.
Radiografia de bolsa escrotal: calcificações po- algum foco de imaturidade seja encontrado. A
dem estar presentes nos teratomas. maioria e predominantemente cística. Podem
lRadiografia de abdome. apresentar áreas de calcificações.
IRadiografia de tórax. Teratomas com componentes de células germina-
ITomografia computadorizada de abdome (com tivas malignas: tumores mistos em que são en-
vista especial para o fígado e retroperitônio) e contrados tecidos teratomatosos e, principalmente,
tórax: excelente método para avaliar metástases tecidos do seio endodérmico. Apresentam AFP
em linfonodos retroperitoneais e pulmões. Indi- positiva, podem também apresentar beta-HCG po-
cado sempre que houver dúvidas na ultra«sonogra- sitivo e PLAP positivo.
tia e radiografia de tórax.
il Seriografia metastática óssea utilizando radio-
grafia ou cintilografia óssea. 'I'IIIII'MIEIII'II
Ressonância nuclear magnética: excelente mé- Ainda não existe um consenso da forma mais adequada
,. — o
todo para avaliar pelve. de tratamento para os diferentes estádios dos tumo-
a: Medulograma. res germinativos.
”W .u
Tumores do Testiculo 129
,wnrmas Gerais lle Tratamento dos Tumores ta Biópsia de linfonodos retroperitoneais, de pre-
ferência por videolaparoscopia: indicada no estádio
,,
'? do sein Enuouérmien (Fig. 21.2) II com marcadores elevados após orquiectomia
.*quuiectomia radical: acesso por via inguinal com ou doença microscópica residual.
.,
— ? m e s u -. a
do testículo e tecidos paratesticulares (Fig. 21.3). prometimento de linfonodos retroperitoneais e
Se submetido a biópsia transescrotal prévia: exérese estádios III e IV. Na linfadenectomia modificada
ampla em elipse da cicatriz anterior. é evitada a dissecção lateral ao grande vaso con-
{a
I Somente orquiectomia radical: estádio I. Orquiec« tralateral, abaixo do nível dos rins. A finalidade
tomia escrotal com margens negativas pode ser dessa dissecção modificada e preservar os gânglios
tratada como estádio I, devendo as estruturas pro- e fibras simpáticas contralaterais e a função eja—
; ximais do cordão ser ressecadas no nível do anel culadora (evita a ejaculação seca por falta de emis—
são ou ejaculação retrógrada). Outras sequelas:
'? interno.
@—
Orquiectomia
radical
Orquiectomia inguinal Orqulectomia inguinal
radical + radiral +
biópsia biópsia
r————n
retroperitoneal de retroperitoneal de
linfonodos (bilateral linfonodos pós-
se indicado) + quimíoterapia +
Decllnio Normal on Permanece debulklng (Para debulklng de doença
normal desconhecido elevado linfonodos > 2cm) residual
'
. elevados
persistentemente
ou doença residual
a orquleciomia Marcadores
inguinal
+
elevados ou
doença
pc,, һ escrotal
comprometimento miuoxópica ,
' dos llnlonodos residual
reuoperltonzais
Exérese ampla em
elipse da cicatriz
ªnterior
,
ressecção do cordão
Decllnio normal
dos marcadores
Figura 21.2-Algoritmo de tratamento dos tumores de células
germinativas do testículo. Estudo intergrupo POG e CCG.
EB =etoposide + bleomicina; HDP = cisplatina em altas do»
ses; PEB:cisplatina + etoposide + bleomicina.
130 = Tumores
.
a
,
-? . W
«É
SBÇA Q
2
«a
,
.
Hâàí'az ,—m?u lw
PZL'SBG L'SDI
Figura 21.3 - Transoperatório de tumor testicular mostran-
do a incisão inguinal e o clampe atraumático colocado alto
no cordão espermática. A biópsia de congelação revelou tumor
de selo endodérmico e foi realizada orquiectomía.
“*_*—“"“;;—
Tumores do Testiculo 131
'I'lIIlIIlIlES lIIlIÍIlIES
Tumores testiculares decorrentes da invasão linfóide
de linfomas e leucoses.
Linfoma de Burkitt compromete o testículo em apro-
ximadamente 4% dos casos. A incidência de recidiva ,1
«z
ximadamente 10%. Na maioria dos casos, o testículo
apresenta-se com aumento indolor, geralmente uni—
ovóas
lateral. O testículo leucêmico costuma ser protegido
das concentrações terapêuticas dos quimioterápicos
sistêmicos pela barreira sangue--testículo.
Na suspeita de comprometimento testicular, soli-
citar biópsia testicular bilateral, pois o comprometi-
mento pode ser bilateral. Interpretação histológica pode
ser difícil e, portanto, solicitar imunofenotipificação.
Na avaliação de doença testicular oculta, é útil a
realização de ultra-sonografia transescrotal.
Quando há comprometimento testicular, esses pacientes
devem ser tratados com radioterapia testicular e qui-
mioterapia prolongada, pois o prognóstico tende a piorar.
Figura 21.6— Aproximação da túnica albuginea depois da
retirada de teratoma CIStICO. liIIIIIIIIlIBIIISTIIMII
n Tumor associado a desordens do intersexo.
I Corno produzem testosterona, podem causar puber- m Cresce em gônadas disgeneticas e é associado à
dade precoce. Isso pode acelerar o crescimento es- presença do cromossomo Y.
quelético, desenvolvimento muscular e crescimento a Crianças com disgenesia gonadal mista tem um
peniano, que não se resolvem após o tratamento. risco de formação de tumor de 25%. A incidên—
I Ontros hormônios produzidos pelo tumor de célu- cia aumenta com a idade.
las de Leydig são os corticosteróides, progeste- a O componente celular germinativo do gonada-
rona e estrógenos. blastoma tem a tendência para degeneração maligna
I Enucleação do tumor tem sido preconizada. Ficar em seminoma e rumores não-seminomatosos.
atento, pois essa técnica pode facilitar o desen- n Nos meninos com disgenesia gonadal mista, os
volvimento de recorrência local. testículos oriptorquídicos e gônadas rudimenta-
INão tem sido relatada malignidade com tumo-
res de células de Leydig.
res devem ser removidos.
a: Ós testículos escrotais podem ser preservados
porque têm menos tendência para o desenvolvi—
Tumor de Células de Sertoli mento de tumores.'
IÉ o segundo tumor mais frequente do estroma
gonadal. nnnobnmssrnolnn Pronrrsnoilmo
I Manifesta-se mais precocemente que o tumor de Euidomloloola -
células de Leydig e sua apresentação usual é de uma
massa testicular assintomática. Representa 7% dos rabdomiossarcomas e apro-
II Não são tumores metabolicamente ativos. ximadamente 10 a 12% dos tumores escrotais.
|!
Tratamento: orquiectomia. Têm sido relatados := Cresce na porção distal do cordão espermático,
casos de tumores de Sertoli malignos em crian- epidídimo, ou túnicas testiculares, podendo invadir
ças maiores. os testículos, ou tecidos circunvizinhos (Fig. 21.7).
Pico da idade de apresentação: entre um e cinco
anos.
tumor luvenil Ile células Granulosas E Predomina o tipo histológico embrionário (95 %).
u Cresce do estroma semelhante às células granulo- Locais de metástases mais frequentes: linfonodos
sas do ovário. regionais retroperitoneais (25 a 40%), pulmões,
n Cresce exclusivamente no lº ano de vida e a maioria medula óssea e cortical óssea.
nos primeiros seis meses de vida. São comuns E Ao diagnóstico, 60% do RMS paratesticular en-
anormalidades estruturais do cromossomo Y e contram-se no estádio I.
mosaicismo. Muitos casos foram descritos as- E Frequência aumentada de rabdomiossarcoma tem
sociados a genitália ambígua. sido relatada em pacientes com neurofibromatose
a1 São hormonalmente inativos e benignos. e síndrome de Li-Fraumeni.
« a» :
132 l Tumores
L - S Q le '
está indicada exploração inguinal com remoção
do cordão espermático remanescente ou orquiec-
Quattro clinico tomia radical e hemiescrotectomia parcial.
I Aumento de volume escrotal indolor ou massa m Dissecção ipsilateral modificada de linfonodos
supratesticular em 90% dos casos e dor escrotal, retroperitoneais está in icada em todos pacientes
2 10 anos de idade e crianças < 10 anos com TC
equimose, ou história de trauma em 10%.
positiva. Define-se a necessidade de radiação
retroperitoneal quando há comprometimento lin-
Investigação Iliaunústica fático. Acesso por videolaparoscopia ou laparos-
I Ver rotina geral de investigação dos rabdomios— copia com ressecção do cordão espermático, vasos
sarcomas.
I Tomografia do retroperitônio com contraste gas-
trointestinal e intravenoso é mandatória, pois disse-
minação linfática costuma estar presente em 28 Estadiamento pré—tratamento RMS
paratesticular com cortes finos do
a 40% dos casos. Para obter-se maior acurácia é retroperitõnío
aconselhado o uso de cortes finos (5mm).
l——_l_l
I Ultra—sonografra escrotal, abdominal e retrope-
ritoneal.
I Radiografia de tórax.
<10 ano; deidade
.1 "l
Todos > 10 anos de idade;
I Seriografra óssea metastática (radiológica e cinti- tomografia negativa < 10 anos e tomografia positiva
lográfica). ,
I Aspirado de medula óssea (dois a quatro locais).
,
I Biópsia óssea (dois locais).
Dissecção ipsilateral
de linfonodos
l -.' reloperitoneais
Estadiamento com Base Bill ÍiI'IIBIlS Glinlcos
,
“ . sª m
50% A dor aguda é geralmente causada por torção
'
5’.— ";w
*ª
de Ovário na Criança No quadro agudo, o início da dor é súbito, ela é mal
localizada, podendo irradiar-se para a região inguinal
vz
e na Adolescente
baixo-ventre. Na criança menor, a dor pode perma-
necer mais difusa e imprecisa, localizando-se, mais
frequentemente, junto à região periumbilical. Pode
estar associada a contratura muscular no baixo ven—
tA — u .
, e w a —. “
tre, sinais de irritação peritoneal, febre e leucocitose.
João Carlos Ketzer de Souza »
ru Náuseas e vômitos por compressão do trato di-
-
gestivo ou na presença de complicações como
Illlllllil'l'll torção, ruptura ou hemorragia.
I Constipação intestinal. 1
São lesões neoplásicas (benignas ou malignas) císticas, Queixas urinárias, principalmente frequência, ur-
sólidas, ou mistas do ovário. gência e disúria por compressão da bexiga.
u Observar o desenvolvimento geral e púbere.
Ill Exame da genitália externa.
. a V«
_».
n Massa ou distensão abdominal presente em 60%
d'A—<=-
I Aproximadamente 2% das neoplasias malignas dos casos.
da criança estão relacionados a tumores gineco-
lógicos malignos e, desses, 60 a 70% crescem no
I Palpação abdominal. Sempre
esvaziar a'bexiga
antes da palpação abdominal. As vezes é neces—
ovário. sária palpação bimanual (abdominorretal).
I Dois terços das lesões de ovário são neoplásicos.
I Vinte por cento dos tumores de ovário são ma-
lignos.. caracterização Ila Massa
n As seguintes características sugerem malignidade: Passível de ser palpada em i 60% dos casos: (l-
criança? 9 anos, massa de tamanho grande (> 10cm A massa abdominal costuma ser palpada no abdo- « :,
de diâmetro), ultra-sonogram demonstrando massa me inferior (os ovários na criança são órgãos intra- '
complexa e características sugerindo malignidade. abdominais). Suas características são: consistência dura,
5 perfícieslisa, freqiientemente.dolorosa e extrema
—
ordem decrescente de frequência.
Teratomas, disgenninoma, tumor do seio endo—
dérmico puro, mistos (com ou sem elementos
teratomatosos); carcinoma embrionário, corio—
carcinoma e gonadoblastoma.
I Tumores epiteliais (5 a 8%). Aproxima-se dos
15% próximo à monarca.
l
— Cistoadenoma seroso, cistoadenoma mucinoso.
L'ÇQHVZSEG
—
Cistadenocarcinoma seroso, cistadenocarcinoma
mucinoso.
I Tumores do cordão sexual e estroma gonadal
(i10%).
—— Tumores
Tumores
da teca granulosa.
das células de Sertoli-Leydig.
IlllIlIlIlll lllllllllfl
Dor abdominal. Flgurª 22.1 - Teratoma de ovário com torção.
Tumores Neoplásicos de ºvário na Criança e na Adolescente I 135
. 7- 5 6 1 2 3
IRadiografia de tórax. Ver Figura 22.2.
I Radiografia simples de abdome: efeito de mas-
:a sa, calcificações presentes em 65% dos teratomas Sistema de Estadiamento dos
de células Germinatiuas 1111 ovário
rumores
‘39
,lactentes'
—
, TABELA 22.1 Taxa normal de alfa-fetoproteina em I Estádio I: doença limitada a um ou ambos os
ovários, cápsula intacta, lavado peritoneal ne—
MÉDIA 1 DESVIO PADRÃO gativo para células malignas, marcadores tumorais
lDADE (ng/ml) normais após apropriado declínio da meia-vida.
'.
ªrrematu ro
:Recém-nascido
134.734 1 41.444
48.406 1 34.718
ll Estádio II: doença residual microscópica ou lin—
fonodos positivos < 20m, lavado peritoneal ne-
Recém—nascido — 2 semanas 33.113 1 32.503 gativo para células malignas, marcadores tumorais
2 semanas — 1 mês 9.452 112.610 negativos ou positivos.
2 meses 323 1 278 I Estádio III: doença residual macroscópica ou somente
3 mesªs 88 à: 87 biópsia, linfonodos positivos > 2cm, comprometi-
4 "19595 74 t 55 mento visceral contíguo (omento, intestino, bexi-
g meses
7
mªiªs 46.5 i 19
12:5 i“ 9'8
ga), lavado peritoneal positivo para células malig-
nas, marcadores tumorais positivos ou negativos.
I Estádio IV: metástases a distância, incluindo 0
!
& mªªºª 9:7 i“ 7'1
meses a'5 :l: 5'5 ‘ »
figado.
;
136 'n Tumores
4. on
.4
Excisar lesões suspeitas.
"fil—32
Ӽf:
.» «
com: germinal!" tam celula germlnatlva
alguma diferenciação
primordial indllerenciada excrescências papilares ou com aderência local,.
; ,
“like mªm Ma
com biópsia dos suspeitos (aumentados ou de
E; ,
Marcadorer
persistentemente elevados
ou tumor midual
Há falta total de organização e varios estágios de
maturação.
I É a segunda localização mais comum de um
L ‘S 9 I
VZL'SRG
teratoma puro.
I É o tumor mais comum de células germinativas.
HDP/EB vs. pru x 2 :
I Mesma incidência em ambos os lados dos ovários.
I Pico de freqiiência: 9 a' 11 anos de idade.
.
a bleomklnp 15111511111
)1
1 an; toni: l5mglm'ltklo I Os teratomas dividem—se em: maturos (65 a 75%),
.-
E n etoposldl roomym' x s dias; taut: mmglm'ládo
HDP cisplatina em nim dom, Aum/mª x s alas- mal: imaturos puros (5% em crianças< 15 anos), com
Znglm'ldda , .
P dsplzum zumg'm' x 5 am; «anl: mornym'lddo , componentes malignos (< 20%).
a» I Podem ser totalmente císticos, totalmente sólidos
(malignidade é provável) e mistos (sendo pre-
Figura 22.3 -Tratamento dos tumores de células germinativas dominantemente císticos ou sólidos). As lesões
de ovário. Estudo intergrupo de acordo corn POG/CCG. císticas, ou predominantemente císticas, são con-
Tumores Neapla'sl'cos de ºvário na Criança e na Adolescente l
137
978- 5 241 6
ral, adquirindo a forma sólida à temperatura do am-
biente. O cisto contém material sebáceo amarelado e considerações Eeleniais
cabelo. ul
Strttma ovarii correspondem àqueles teratomas
constituídos única ou predominantemente de tecido
llsnectns Microscúnicos tireóideo. Presente em 3% dos teratomas de ovário.
s
1<É
&
m.
Se não for possível tecnicamente a cistectemia: está
indicada ooforectomia com preservação da trompa.
Evitar a aspiração do cisto, mesmo se grande.
Se o aspecto ultra-sonográfico e macroscópico do
ovário contralateral a inspeção cuidadosa for normal,
1.
— Grau III (imaturo): neoplasias com proeminente "Podem ser encontrados puros ou mistos com
imaturidade e elementos neuroepiteliais (mais coriocarcinoma ou tumor do seio endodérmico
do que quatro focos de neuroepitélio por campo). (20% dos casos). Não é infreqíiente estar asso-
I Teratocarcinomas (denominação antiga) são tera- ciado a gonadoblastoma. '
tomas mistos com componentes malignos de outros Crescem em ovários normais, mas também po-
7".
G L E' B S V I ‘ Q
reatividade citoistoquímica com a fosfatase al-
Tratamento calina placentária.
El Macroscopia: tendem a ser tumores volumosos
O teratoma cistico maturo deve ser removido por simples (> 20cm), sólidos, redondos ou ovalados, encap-
Cistectomia. A taxa de degeneração maligna é de 1%. sulados, coloração amarelada e bocelados. A
O cisto deve ser retirado totalmente. Os cistos podem capsula e fibrosa lisa, ligeiramente brilhante e
ser removidos por videolaparoscopia ou laparotomia. geralmente intacta.
Alguns estudos mostram risco aumentado de conta— Histologia: demonstra um padrão histológico
minação transoperatória da cavidade abdominal com monótono. Composto de camadas de células poli-
o conteúdo do cisto pela técnica de videolaparoscopia, gonais separadas por traves fibrosas, núcleo vesi-
aumentando o risco de peritonite química (0,2%) e o cular, nucléolo proeminente, citoplasma eosinofi-
risco de aderências. O risco de recorrência pós-cis— lico claro. Suas células assemelham-se a células
tectomia é de 4% e de transformação maligna de 0,17 germinativas primordiais.
a 2%. Todos esses estudos referem-se a mulheres adul- e Local de metástase mais comum: disseminação
tas. Caso ocorra derramamento do conteúdo na Videola- linfática aos linfonodos para—aórticos.
paroscopia, a cavidade deve ser irrigada copiosamente m Tratamento.
.,, A..,
.....
Tumores Neoplásítos de ºvário na Criança e na Adolescente I 139
”I
., -— rioCirurgia: salpingooforectomia, inspeção do ová-
contralateral e biópsia, se
houver suspeita
ra Histologia: são tumores com projeções papilares
e corpúsculos perivasculares, denominados de
de comprometimento contralateral. . corpos de Schiller-Duval (gotículas hialinas intra
ou intercelulares de natureza eosinofílica, PAS
"
331550 altamente quimio e radiossensíveis. Atual-
A
mente, tem sido demonstrada sua alta sensi- positivas). Divididos em quatro tipos: pseudopa-
,“ 4
.
ul'
bilidade ao esquema quimioterápico denominado pilar, reticular, polivesicular e sólido.
z
PEB, indicado em todos os estádios e, assim, Fl Tratamento.
evitando a radiação e preservando a função — Cirurgia: salpingooforectomia unilateral.
ovós
reprodutiva. — Quimioterapia em todos os estádios.
Estádios mais avançados: utilizar cirurgia citorre—
dutiva.
El E o tumor maligno germinativo mais agressivo
,,qu Corresponde a i 2% dos tumores de células ger- do ovário, com rápida disseminação aos linfáticos
,minativas do ovário. e peritônio e hematogênica para fígado, pulmões e
; Pico de incidência: pré-puberes.
llnfreqtiente :: bilateralidade.
sistema nervoso central.
.
minativos malignos de ovário na criança e na ado- to extensos, pois costumam ser insensíveis a qui-
lescente. mioterapia. -
Pico de incidência: 18 anos.
I
Bilateralidade: infreqiiente. Tumores Germinatíuos Mistos
IAFP é quase sempre positiva e usualmente >
1,000ng/mL. Tumores mistos de células germinativas constituí—
dos de duas ou mais linhagens de células germinativas
!Macroscopia:
tumor grande (medindo entre 15 malignas.
e lõcm de diâmetro), mole, esponjoso, infiltrativo
e friáve], sofrendo ruptura frequente durante sua u Disgerminoma está presente em 80% dos tumo-
remoção ou mesmo previamente (1/3 dos casos). res mistos, tumor do seio endodérmico em 70%,
São frequentes áreas císticas corn necrose, he- teratoma imaturo em 50%, coriocarcinoma em
morragia e substância mucóide. 20% e carcinoma embrionário em 16%.
140 I Tumores
;“a n
IMais de 60% estão no estádio I e geralmente são císticos.
unilaterais. :: Marcador tumoral: nível sérico de CA-125 ele-
ITratamento: igual ao do endodérrnico.
Q Aç Es
vado (> 3SU/mL) em 80% dos casos de tumores
epiteliais malignos não-mucinosos,
2
h
..»W “ªr—?
Gnnatlnlllastoma E! Tratamento.
«
-—
m _'
usº:—$!
ovário contralateral.
de a uma mistura de células germinativas e células
semelhantes às da granulosa ou de Sertoli. — Tumores epiteliais malignos: salpingcoforecto-
mia + biópsia do ovário contralateral.
a
ISão associados presença do cromossomo Y.
IA maioria (75 a 80%) tem cariótipo tipo 46 XY
— Casos duvidosos (com atipia e pleomorfrsmo,
mas sem invasão do estroma): Cistectomia ou
ou mosaico 46 XY / 45 XO. ooforectomia +biópsia do ovário contralateral.
ll Um terço das disgenesias gonadais desenvolve
gonadoblastoma. TIIMIIBES Ill) ES'I'I’IIIMI E GBBDÃD SERUM
IOitenta por cento são fenotipicamente femininas.
In Quarenta por cento são bilaterais. Crescem de células mesenquimais primordiais situa-
I! Gonadoblastoma puro é benigno. das abaixo da superfície epitelial da crista urogenital.
25% a 30% associam-se a germinoma ou outro Esse tecido totipotencial pode diferenciar-se em li-
tumor de células germinativas (geralmente tu- nhas celulares diversas, como células da teca granulosa
mor de seio endodérmico). e Leydig—Sertoli. São tumores funcionantes que pro-
n Tratamento: gonadectomia bilateral proãlática duzem efeitos hormonais.
precoce em fenótipo feminino e com cromosso- Pico de incidência: primeiros quatro anos de idade.
mo Y no cariótipo. Antes da menarca causam puberdade precoce.
_ cistoadenomaâífaeb.
“& adolescentes, podem causarirregularidades menstruais
e alguma virilização (Fig. 22.7).
Icistoadenoma seroso. Poucos se tornam malig- "H!* IOs níveis séricos e urinários dos estrógenos estão
nos. Bilateralidade: 20%. altos'e da gonadotrofrna baixos.
-
Cistoadenoma seroso não-papilar: benigno, de
tamanho grande, liso, cistico com fluido aquoso
a As células granulosas expressam inibina sérica,
polipeptídeo, secretado por elas para regular a
claro ou âmbar.
—-
Cistoadenoma seroso papilar: tem crescimento I hormonio
secreção do folículo-estimulante. Atual-
mente, têm sido usadas comº marcador tumoral.
lento, sofrendo facilmente ruptura com formação
de ascite. 0 tumor tem consistência predomi-
Também contêm vimentina e actina dos músculos
lisos.
nantemente pastosa e áreas de consistência
variável. Bilateralidade: 50% dos casos. O
comportamento clínico (exctescências papilares
fora da parede do cisto, presença de ascite e L 9 -'
L-s L6
:
- pacientes pré—púberes. Cístico, multiloculado,
Cistadenocarcinoma seroso: incomum em
com excrescências papilares internas e exter-
nas e bilaterais em 50%. Figura 22.7 — Tumor da teca granulosa.
Tumores Neoplásícos de ovário na Criança e na Adolescente I
141
. .Classificagéo Tratamento
h
I Tumores de células granulºsªs. I Salpingooforectomia unilateral. Tumores bilaterais
lêrumores
;to de
de células granulosas + número varia—
células tecais e/ou fibroblastos.
pobremente diferenciados ou com ruptura neces-
sitam ressecção mais completa e quimioterapia
com múltiplas drogas.
Malignidade é relacionada à proporção de células
granulosas presentes. Tumores de células granulosas REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
« "uros são altamente malignos. 1. WU,J.T.; SUDAR, K. Semm AFP levels in normal infants. Pediatr:
»“ A maioria
é palpável clinicamente e, em geral, Res., v. 15, p. 50, 1981.
'"benigna. Geralmente, encontram-se no estádioI (90%) 2. THURLBECK, W.: SCULLY, R. E. Solid teratoma of the ovary:
aclinic-pathologic analysis of 9 cases. Cancer, v. 13, p. 80l. l960.
'e são raramente bilaterais (5%). 3. NORRIS, H. 1.; ZIRKIN, H. I.; BENSON, W. L. Immature
IMacroscopia: sólidos, grandes (i- 12,5cm de (malignant) teratoma of the ovary: a clinical and pathologic study
diâmetro), apresentam algumas áreas císticas com of 58 cases. Cancer, v. 37, p. 2359-2372, 1976.
- sangue, altamente vasculares e, se rompidos, podem
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
causar ascite hemorrágica. ADKINS, I. C. Malignant ovarian and other gemt cell tumors. ln: HAYS,
D. M. Pediatric Surgical Oncºlºgy. Orlando: Grune &Stiatton. 1986.
. Tratamento p. 123—138. .*
'
142 I Tumores
Adrenocorticais
têm sido encontrados em aproximadamente 50%
dos casos. O carcinoma adrenocortical tern sido
relatado em membros imediatos de uma mesma
s família e parentes de 1ª grau. Adicionalmente
João Carlos Ketzer de Souza uma alta incidência de outras malignidades tem
sido observada em família e parentes de crian<
Mário Rafael Carbonera ças com tumores adrenais.
n Principalmente duas síndromes são associadas
a esses tumores A síndrome Li-Fraumeni, asso-
BBHflEITI) ciada a alterações (mutação germinativa) no gene
São representados pelo carcinoma e adenoma Podem supressor tumoral p53 no cromossomo Up e a
secretar hormônios ou serem hormonalmente inativos. de Beckwith-Wiedemann, associada a alterações
O critério histológico adotado na distinção entre carci- da região 11p15.
1a Múltiplos estudos confirmaram que 100% dos
noma e adenoma émuito dif'cil (sutil). Achados micros-
cópicos, como necrosecelular, hemorragia calciiicações, carcinomas adrenais são monoclonais, crescen-
invasão de vasos sanguíneos, atividade mitótica au- do de uma simples celula progenitora.
mentada, bandas fibrosas largas, invasão capsular e
padrão de crescimento difuso, podem sugerir malig— IlSI'EGTIIS IIIIIGIIUSBÓPIGOS E HISTfllflliIflflS
nidade. Adenomas são menores, encapsulados, bem circuns-
Metástases, invasão de estruturas locais, tamanho
critos, com textura e cor homogêneas.
G L S' Z V I Q ‘
do tumor (> 6cm, ou peso > 200g) e evolução clínica da Os adenomas costumam ser de coloração mais uni—
doença parecem mais fidedignas. forme, geralmente amarelada, superfície de corte unifor-
me e raras zonas de hemorragia, necrose e calciftcações.
EPIIIEIIlllllliIl O aspecto microscópico do adenoma mostra uma
arquitetura bem preservada, menos variação no ta-
II Tumores adrenocorticais representam i 0,2% de
manho celular e pleomorfrsmo nuclear e mínima ati-
todas as neoplasias malignas da criança. vidade mitótica Há rara presença de hemorragia, necrose
I Prevalência: 0,3 a 4 casos: 1.000.000 de crian-
»e calcifrcações, sem evidênciasdeinvasão da cápsula
ças abaixo de 15 anos de idade. ou vasos sanguíneos.
II No sul do Brasil e no estado de São Paulo existe
Carcinomas sãp maiores, apresentam bandas fibro-
—
uma grande concentração de casos de causa ainda
não identificada. A prevalência nessas regiões e
sas largas e maior núgnero de
'morragia. ,
áreas de necrose e he-
dez vezes maior. Devido a natureza agrícola dessa O carcinoma pode ou não serencapsulado, com
região, é especulada, como fator causal, sua origem zonas de necrose, calcifrcações, hemorragia e inva—
em algum fertilizante químico ou pesticida. são capsular ou vascular. Ao corte e lobulado, com
:: Dentre todos os tumores adrenais, somente 6% diversas colorações, variando do amarelado ao ver—
crescem do córtex adrenal. melho--marrom (Figs 23.1 e 23.2). Ã microscopia
It Predisposição sexual geral: 3 a 4F:1M.
apresenta desarranjo da arquitetura, mitoses frequentes,
E Pico de incidência: 2 a 5 anos (80% < 5 anos). bandas fibrosas largas, marcado pleomorfrsmo celu-
I Bilateralidade: 2 a 5%. lar, atipia nuclear e hipercromasia.
I50% ocorrem àesquerda e os outros 50% à direita.
I Doenças associadas: síndrome de Beckwith-
Wiedemann, síndrome NEM-l, síndrome de Li- IllIIlllllll 81111100
Fraumeni, hemangiomatose cutânea, malformações Tumores adrenocorticais podem secretar, autonoma-
urinárias e homi-hipertrofia. No Brasil, essas as- mente, excesso de cada tipo de esteróides: glicocor—
sociações são menos comuns. ticóides, mineralocorticóides e esteróides sexuais
ª membros
Carcinoma adrenocortical tem sido relatado em (andrógenos e, mais raramente, estrógenos), cada um
próximos da mesma família. associado a uma síndrome clínica particular. Na maioria
=1 Globalmente, os adenomas correspondem a 1/3 das vezes, apresentam síndrom'es clínicas mistas Entre-
de todos os tumores adrenoeorticais. tanto, uma síndrome clínica costuma predominar.
la Locais de metástases dos carcinomas: comprome- dependendo da quantidade e qualidade dos esterói-
timento local (rim, retroperitônio, espaço peritoneal des produzidos.
TumoresAdrenocorticais I
143
z
o'yóers
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"ª «a,
; ºw
,., os .5,4
—
igura 23.1 Espécime cirúrgico de carcinoma adrenal. Su-
erfície externa brilhante e aspecto lobulado.
Figura 23.2-Superfície de corte de carcinoma adrenal. Massa
lobulada, cor marrom, áreas de necrose.
.t p "
»
.
v esteróides. Aldosterona, cortisol, andrógenos e estró-
— Dosagens urinárias: cortisol urinário livre, 17—hi-
droxicorticosteróides (l7-OH). 17—cetoesteróides
“genos são derivados do colesterol após uma série de
r ( 17-KS) .
's reações enzimáticas. Bloqueios enzimáticos são co-
—- Dosagens séricas: cortisol, desidroepiandros-
terona (DHEA), sulfato de desidroepiandrostero—
»» mais precursores esteróides no plasma.
na (DHEA-S), l7-hidroxi-progesterona, testos-
“. Sinais sintomas
e de virilismo
podem estar pre—
. sentes em até 90% dos casos. terona, androstenodiona, aldosterona, atividade
de renina. O nível de ACTH plasmático deve
I Somente virilização: 50 a 55%.
I Virilização + síndrome de Cushing: 35 a 40%. ser medido por radioimunoensaio. Nível normal
I Sindrome de Cushing isolada, ou feminização, ou baixo sugere adenoma ou carcinoma. Teste
de supressão com dexametasona: serve para fazer
ou assintomático: 5 a 10%.
I 100% das síndromes de Cushing em crianças são {idiagnéstico diferencial entre causa hipofrsária
produzidas por tumores adrenocorticais. e não-hipoflsária de síndrome de Cushing. Falha
I Virilismo resulta de secreção aumentada de DHEA em suprimir a excreção de hormônios sugere
causa não-hipoti'síria (adenoma, carcinoma).
(desidroepiandrosterona), andrógeno fraco que
é convertido em testosterona e androstcnodiona - produzam excessivos hormônios ªãtivos, pre—
Embora os tumores não—funcionantes (raros) não
(dois agentes virilizantes potentes).
I Características da sindr'ome de Cushing: obesi— cursores esteróides podem ser secretados com
abundância.
dade central (90%). fraqueza (90%), aumento do
pêlo facial, seborréia e acne (80%), estrias ab-
dominais cutaneas (70%), hipertensão arterial
(70%), corcova de búfalo (25%), fácies de lua
cheia (30%), aumento de peso. Cortisol produz
retenção de sal e água com desequilíbrio eletrolí—
tico e alcalose metabólica hipoclorêmica.
II
Caracteristicas do virilismo: aumento do pênis
(80%) ou clitóris (90%), voz de tonalidade grave
(50%), crescimento dos pêlos púbicos (90%).
axilares e faciais (60%),acne (45%), aumento da,
massa muscular, 'ausência de crescimento testi—
cular (Fig. 23.3).
I
Características
de feminização: ginecomastia pre—
coce, menarca precoce.
'Tumor
casos.
abdominal pode ser palpado em 40% dos Figura 23.3 — Criança com virilismo por carcinoma adrenal.
Notar aumento da massa muscular, aumento do pênis e os
pêlos pubianos.
m.
.W L
144 I Tumores
_
! rior, porém não diferencia carcinoma, adenoma,
feocromocitoma, hemorragia, pois não consegue
apresentar características teciduais específicas
rnmnrurn
et Adrenalectomia radical com retirada em bloco
i1 .
(Fig. 23.4). A TC pode estar indicada quando
se deseja avaliar a função do rim contralateral
de tecidos peritumorais e de qualquer invasão
local. Examinar a glândula contralateral. Os
! em tumores adrenais grandes e quando existe tumores da cortical adrenal têm cápsula fina, rom-
W L ‘9 8 6
. provável comprometimento renal ipsilateral. pendo com facilidade. A ruptura capsular ocorre
1‘
- Ressonância nuclear magnética (RNM) e eco—
Doppler podem ser usados para identificar
em aproximadamente 20% durante o procedimento
inicial e mais de 40% após recorrência local. A
L 'Ç Q Í
f invasão de veias supra-renal, renal, cava e’étrio. veia supra-renal é calibrosa e curta (principalmente
l — TC de tórax e importante, pois mais de 90% à direita), podendo se romper com facilidade,
*
l das metástases são para os pulmões. provocando hemorragia transoperatória. A res-
- de trombo tumoral.
Venocavografia pode estar indicada na presença secção completa muitas
radical.
vezes requer nefrectomia
fríabilidade do tumor, a ruptura da cápsula e excesso de cortisol secretado pelo tumor. Hidro- t
1?“;
:
frequente durante a manipulação cirúrgica. cortisona intravenosa eprednisona devem serín— '.
í
pois oferece um espaço de trabalho mais efi- anestésica. No pós—operatório: 25 a 50mg de 8/8h
ciente e uma melhor exposição. no lº dia, reduzindo a dose progressivamente e
'
. 1’ I São resistentes a quimioterapia e radioterapia. passando para prednisona VO, que é mantida por
I Nenhum tratamento adicional é necessário na dois a três meses. Após esse período, reavaliar a
" ausência de doença metastática ou extensa. necessidade de permanecer em uso de corticóide
' I Terapêutica adjuvante com rnitotano (o, p-DDD, VO por meio do teste curto de estimulação com
5 a lOg/mª/dia-r— em três doses), agente adrenolítico ACTH (lOmg/kg intravenoso), com medida do
que causa necrose adrenal e que bloqueia a libe- cortisol sérico após 1h da sua injeção.
ração de hormônios pelo tumor e pode induzir
alguma regressão de um carcinoma invasivo, não
removido completamente. Iniciar com doses me—
Estadiamento cirúrgico
nores, elevando-as a cada três a cinco dias, até I Estádio I: tumor totalmente ressecado, sem in-
atingir a dose desejada. Dose máxima: lOg/mZ/dia. vasão local e nodal, tamanho < :'icm, peso < 200g.
Indicações: tumor inoperavel, incompletamente ll Estádio II: tumor totalmente ressecado com tu—
ressecado com margens positivas, ruptura tumoral mor residual microscópico ou tumor >Som elou
rransoperatória, hormônios persistentemente peso > 200g. .
'. aumentados, recidiva e metástases. Causa me- I Estádio IH: tumor com invasão local ou inoperável.
lhora da síndrome endócrina em 2/3 dos casos e II Estádio IV: metástases a distância.
parada de crescimento do tumor em 1/3 dos
pacientes. Entretanto, não altera a taxa de sobrevida. Fatores Prºgnósticos
Efeitos secundários: náuseas, vômitos, diarréia,
dor abdominal, rash e manifestações neurológi— I Principais: presença de metástases ao diagnós-
cas (principalmente letargia, sonolência, fraqueza tico, impossibilidade de ressecção completa do
muscular e vertigem). Durante seu uso, deve ser tumor, idade 2 3,5 anos, volume tumoral > 200cmª,
sempre mantida a suplementação com glicocor- retardo diagnóstico maior que seis meses, res-
1 ticóides (prednisona 10 a 15mg/mª/dia) e mineralo- secção incompleta, ruptura da cápsula durante a
coru'cóides (fludrocortisona 0,1 a 0,2mg/dia). cirurgia, trombo intravenoso.
I Quimioterapia com múltiplas drogas tem sido
também utilizada em adição ao mitotano (cisplatina BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
BUGG, MPF.; RIBEIRO, R. C.; ROBERSON, P. K. et al. Correlation of
+ etoposide; S-fluorouracil + doxorrubicina + pathologic features with clinical outcome in pediatric adrenocortical
cisplatina e outros esquemas). Porém, atualmente neoplasia AJCP, v. 101, p. 625-629, 1994.
,, sabe»se que não existe nenhuma quimioterapia NHCHALKIEWICZ, E.; SANDRINL R.: FlGUElREDO. B. et al. Clinical
- efetiva e o valor de terapia coadjuvante perma— and outcome characteristics of children with adrenocortical rumors:
É
,, nece não-comprovado. a repoh from the International PediatricAdrenoconicãl'lburor Registry.
' I Causa principal de recidiva local: ruptura transo- J. Clin. 071001., v.22, p. 838—845, 2004.
peratória da cápsula tumoral com contaminação MH..LER, K.A.; ALBANESE. C.; HARRISON, M. et al. Experience with
maciça do leito. lsparoscopic adrenalectomy in pediatric patients. J. Pediatr Surg.,
II Mortalidade operatória: 2 a 4%. v. 37, p. 979982. 2002.
» I Sobrevida: 10 a 50%. PEREIRA, R. M.; MICHALKIEWICZ. E.; SANDRINI, F. et al. Tumores
I Morbidade: até 40% (lesões de estruturas contí-
do córtex adrenal na infância. Arq. Bras. Endocrinol. Metab, v, 48,
p. 651-658, 2004.
guas. infecção pós—operatória, insuficiéncia adrenal). RIBEIRO, R. C.; FIGUEIREDO, B. Childhood adt'enocorlical tumors.
I Após a remoção de adrenal com carcinoma ou Eur: ]. Cancer, v. 40, p. 11|7-1126, 2004.
adenoma, principalmente quando existe síndrome RIBEIRO, R. C.; MICHALKIEWICZ, E. L.; FIGUEIREDO, B. C. et a1.
"$> de Cushing associada, um período de insuficiéncia Adrenocortical tumors in children. Bmz. J. Med. Bial. Rei-., v. 33,
Ç adrenal aparece no pós-operatório e pode durar n. [O, p. 1225-1234, 2000.
É até um a dois anos (até recuperação do eixo hipo- SABBAGA, C. C.; AVILLA, S. G.: SCHUIZ C. et al. Adrenocortícal
a tálamo-piruitária—adrenai). O suporte corn corti— carcinoma inchildren: clinical aspects and prognosis]. Pediatr: Surg.,
v. 28, p. 841-843, 1993.
ª eóide perioperatõrio é sempre necessário, pois
’
."x-
t t
h—
Atendimento Inicial do Polítraumatizado II 149
.,
.
150 = Trauma
corporal pequena e o corpo de uma criança tem e rapidez, treinamento mínimo, infraestrutura e ins—
maior concentração de órgãos por unidade de trumentos simples.
superfície. Como a criança éfácil de transladar As recomendações que se descrevem neste capítulo
ou mover, ela está exposta a sofrer lesões gra— baseiam—se nos princípios propostos pelo Programa
ves durante os movimentos próprios no atendi- de Trauma Pediátrico da Argentina, Academia Ame-
mento, reanimação elou traslado. ricana de Pediatria e Comitê do Trauma do Colégio
lElasticidade e flexibilidade: essa particularidade Americano de Cirurgiões. As recomendações são simples
dos tecidos da criança determina que, mesmo na e podem ser realizadas em qualquer losal e situação.
ausência de lesões externas, possa existir um im— A atenção inicial de uma vítima implica: Avalia-
portante dano visceral. ção Inicial e Reanimação, Segunda Avaliação, Cate—
Massa craniofacial: essa estrutura é comparati- gorização, Estabilização e Transporte.
vamente maior, e os traumatismos nessa região A avaliação e reanimação têm uma série de fases
são muito freqiientes. que serão detalhadas a seguir com uma sequência
IPerda de calor: a maior superfície corporal, a pele didática. Na prática, não existe uma separação clara
fina e ricamente vascularizada e a escassa espes— entre uma etapa e a outra. A avaliação e as medidas
sura dó tecido celular subcutâneo favorecem a para salvar a vida realizam-se de forma simultânea.
perda fácil de calor. É imprescindível prevenir A posição supina sobre um plano firme e a posição
ou modificar as perdas de calor, seja qual for a que se recomenda para a avaliação e tratamento ini-
ctrcunstância. ciais, para os cuidados posteriores e transporte.
Para facilitar a ordenação do método, a sequência
A hipotermia é causa de fracasso na reanimação.
l
Hipoxemia: a criança acidentada pode ter: oxi— que se recomenda é a seguinte:
genação diminuída, ventilação insuãciente e/ou la A — Via aérea e controle da _coluna cervical.
choque hipovolêmico; todas essas condições B — Respiração ou ventilação.
produzem hipoxemia. m C — Circulação e controle de hemorragia.
L'SQÍVZBG
A hipóxia causa parada cardiorrespiratória. a D Definição do estado neurológico ou avalia-
»
152 I Trauma
tireóideo é muito pequeno e não permite a pas- tável manifesta-se claramente pela mobilidade anor.
âf( sagem do tubo sem grandes possibilidades de lesar
estruturas vizinhas. Nas crianças pequenas emais
mal da área e tem baixa incidência nas crianças. Se
a insuficiência respiratória for grave e progressiva,
seguro fazer uma traqueostomia. Sempre é neces- deve-se realizar o tratamento de urgência.
L sário colocar um tubo endotraqueal, o menor pos— No pneumotórax e no hemotórax, o tratamento con-
ot s p sível, assegurando-se que seja adequado para siste na toracocentese e toracotomia mínima. A técnica
z:
E L R' S Z V
salva-se a criança e se estabiliza o paciente para seu
o operador está seguro que a via aérea não está obstruída,
'QL Ç
|
traslado. A toraCOtomia mínima é uma técnica que
este deve colocar a orelha perto da boca e do nariz da requer destreza cirúrgica.
criança e perceber se o ar está sendo exalado, ao mesmo 0 tórax aberto ou aspirativo produz-se quando existe
tempo que deve observar os movimentos toracoab— uma ferida na parede do tórax, cuja dimensão supera
dominais. os dois terços do tamanho da traquéia do paciente. O
Uma respiração é efetiva quando se mantém uma ar entra mais facilmente pela ferida do que pela via
corrente de ar livre, os movimentos torácicos são fáceis aérea, produzindo insuficiência respiratória.
e a saturação de oxigênio sanguíneo é normal. O tratamento consiste em criar um sistema valvular
O paciente, apesar de ter a via aérea permeável, pode unidirecional. Para isso, basta tapar a ferida com uma
continuar com insuficiência respiratória, o que se deve compressa, gaze ou lâmina de plástico, que seja maior
a fatores que afetam a adequada troca gasosa no nível do que a ferida e se fixe à pele de maneira segura com
pulmonar elou diminuição no transporte de oxigênio. esparadrapo ou fita adesiva por três de seus lados ou
As causas mais comuns de insuficiência respirató- bordas. O lado livre serve como válvula unidirecional.
ria no politraumatizadc são: pneumotórax (fechado Os pacientes com tórax instável e de contusão
ou aberto), hemopneumotórax, associação de ambos, pulmonar devem ser tratados em centros especializa-
contusão pulmonar grave (associada ou não a tórax. dos, para onde devem ser rapidamente transferidos.
instável) e lesões dos grandes vasos, geralmente as— * O traumatismo de tórax tem alta mortalidade (até
sociadas a um quadro de hipovolemia. 25%), sendo maior ainda quando associado a lesões
A tiragem e a dispnéia são sinais de comprometi-
mento respiratório.
de outros órgãos.
.2 .
-
p O fetus normalmente se localiza na linha medio- circulação “
clavieular esquerda, no nível ou um pouco abaixo do
mamilo. 0 deslocamento do íctus reflete mudanças Em um paciente pediátrico, os sinais de hipotensão
na posição dos órgãos do mediastino por acúmulo de mais faceis de reconhecer são: palidez, frieza da pele.
sudorese, sonolência e aumento da frequência do pulso.
ar ou sangue.
A percussão determina se há macicez ou timpanismo. 0 pulso e um dado semiológieo muito útil, já que
A ausculta permite determinar se há ou não mur- constitui a primeira resposta hemodinâmica que se
múrio vesicular em um ou nos dois hemitóraces, se a detecta com facilidade.
ventilação pulmonar está diminuída e se há ou não Nas crianças maiores, procura-se o pulso radial.
_
ruídos acessórios (por exemplo, hidroaéreos).
No pneumotórax e hemotórax, os sinais respirató-
nos são similares. No primeiro, a percussão do tórax
Nos menores de um ano;;procura-se o pulso braquial
ou o femoral.
Uma maneira prática de estimar a pressão arterial
demonstra timpanismo; no segundo, a sonoridade do e mediante o controle dos pulsos periféricos, confor-
tórax e.maciça. me a descrição contida no índice de traumatismo
O pneumotórax hipertensivo, como o hemotórax pediátrico (ITP):
maciço, necessita de tratamento de emergência. A IPulso radial palpável: vitima normotensa.
- contusão pulmonar pode ser suspeitada naqueles n Pulso femoral palpável e sem pulso radial pal-
pacientes em que outras causas foram descartadas e pável: pressão arterial entre 90 e SOmml-ig.
que, apesar de um tratamento adequado, persistem n Ausência de pulsos palpáveis: pressão arterial
com cianose e insuficiência respiratória. O tórax ins- abaixo de 50mml-lg.
H..—— «
Atendimento Inicial do Politraumatizado I
153
E?“ caso
»
de sangramento externo profuso, a he—
ia externa é tratada por
«
no local
compressão
Avaliação Heurumgiea
As lesões do SNC são observadas entre 50 e 70% dos
8; Étaticas
g'mmento. O uso do torniquete e/ou de pinças
'
não é indicado, sendo perigoso pela
pacientes politraumatizados. No primeiro contato com
»
sstbilídªdª
“uªi calçª
de lesar os
antichoque nosvasos ou os nervos'da área.
pactentes pediátricos tem
a vítima, é conveniente realizar uma avaliação muito
rápida e geral sobre o estado de consciência dela. Podem
ª. okpouco uso. podendo ser
utilizada em caso de ser seguidos os parâmetros do ITP:
"$ªgrave de pelve para estabiliza-la e assrm di-
Áriª-;“ O sangramento.
II Acordado.
m Obnubilado ou inconsciente.
zl Coma ou descerebrado.
ggpansão de Volume
Iv
Para os pacientes maiores de 15 anos, recomenda-
se o APDNE, sigla que se origina de: A = Alerta ou
o's aportes iniciais para ressuscitar uma criança são
acordado, P = resposta à Palavra, D = resposta a Dor,
5. [rivalentes a 25% do volume ou ZOMg, Para repor
N = Não responde; E = Exame físico sumário.
15%. de perda de volume, são necessários 60mL/kg
dê uma solução cristalóide (regra de 3 cristalóide: 1 co-
lóide). As soluções recomendadas são o Ringer lactato Exame Físico Samaria
arson) fisiológico.
'É falta de resposta a três infusões in bolus de ZOmIJkg Examina-se o paciente de maneira rápida da cabeça
‘g’nifica que o paciente tem sangramento ativo, que aos pés para detectar as lesões mais evidentes e ur-
gentes.
'ê'necessário continuar com a reposição de sangue e
ªéâêmge a presença do cirurgião pediátrico. Coibe—se a hemorragia. Em feridas penetrantes, nas
quais o objeto está incrustado no corpo (madeira. metal,
etc.), não se deve extrai-lo na cena do acidente, mas
Éessos Venosos fixa—lo e imobilizá—lo solidário com o corpo da vítima.
Neste ponto finalizou-se a primeira etapa, corres-
,
Durªante o atendimento
_, úgªpunção
inicial, recomenda-se o uso
venosa periférica (veia cefálica, basílica pondente à avaliação inicial e à reanimação. Nela
levou«se a cabo a análise clínica e cirúrgica global,
“,
oiíêuas tributárias, safena interna). Durante a emer-
ê cia, as tentativas de punção venosa devem ser estabeleceu-se um diagnóstico de gravidade e se rea-
_ izadas durante os primeiros 2 ou 3min ou após lizaram as manobras para salvar a vida do paciente.
Antes de prosseguir, é necessário avaliar novamente
Três tentativas pra conseguir uma via venosa. Se não
'o paciente para ajustar as ações terapêuticas aos re-
houver êxito na manobra, recomenda-se a canulação
dàsafena interna no nível do maléolo. As canulações sultados oblidos até esse momento.
'Se 5s cateteres percutâneos em veias prajimdas ou centrais
dyetgem ser realizados em centros especializados e SilillililA AVAIIAGAI] E srauuno EXAM! FÍSICO
ômente após o paciente ter sido completamente Com mais tranquilidade, realiza-se essa segunda ava-
Fªlªdº-
Em pacientes menores de sete anos, pode-se usar liação, que consiste em um exame físico meticuloso
, Viª intra-óssea, que é muito efetiva com um tempo que segue uma ordem que vai desde acabeça até a
de circulação medula óssea-coração de 20s. Podem planta dos pés, com cuidadõ particular de incluir no
exame a região posterior do corpo e todos os orifícios
Eeâinfundidas drogas e soluções cristalõides; não se
. 'comenda infundir bicarbonato sem diluição. O sangue e cavidades (narinas, ouvidos, boca, meato uretral,
3— passa com lentidão.
'
ânus).
O local da punção situa-se na face ântero—intema A sonda nasogastrica deve ser colocada de rotina
r
> da tíbiª, 1 a
3cm abaixo da tuberosidade tibial ante- para descomprimir o estômago; a única contra-indi-
cação refere-se às lesões graves do maciço central da
V
.riyr. Durante a punção, deve—se evitar a lesão da car—
face, o e_determinaria a introdução da sonda den-
llagem cpifisiária. Outros'locais adicionais são: face
tro dói—.ramâm sonda uretral não deve ser colocada
“sextema do fêmur, crista ilíaca e esterno. As agulhas
fl“fijxlizadas são agulhas especiais para punção intra- nos pacientes com uretrorragia, fratura de ossos pél-
_,ssea, agulhas de punção de medula óssea 25/8 ou as vicos e/ou em caso de elevação da próstata, revelada
«,agulhas usadas em transfusão. pelo toque retal.
-
s
. Essa via é recomendada para situações de emer-
“gªndª nas quais não'se encontrou uma via venosa
Durante o segundo exame, repetem-se as avalia-
ções das condições vitais investigadas na sequência
'
_pela hipotensão presente ou por dificuldades técnicas. dos ABC. É o tempo de indicar as radiografias ele-
mentares, que são: coluna cervical de perfil com vi-
A reanimação deve ser sempre iniciada, apesar de
sualização da 7ª cervical, pelve e tórax antero-posterior.
_Sªber—se que as crianças politraumatizadas que che- Durante essa segunda avaliação, investiga-se a pre-
xgªm_à emergência em parada cardíaca têm poucas sença de escoriações ou lacerações craniofaciais,
»Possrbilidades de recuperação. afundamento de ossos do crânio, anisocoria e perda
-.i
v
154 l Trauma
m.
As lesões vertebromedulares são mais freqiientes
no nível da região cervical e compreendem uma ampla caso de traumatismo de crânio grave que deve ser operadc
gama que vai desde as subluxações as fraturas com— e no qual se suspeita de traumatismo de abdome as-
sociado. O procedimento é realizado no bloco cirun
a.
do SNC nas vitimas pediátricas, conhecer as grandes Logo após o paciente estar estável, recomenda-se
síndromes neurológicas (hematoma extradural, sub- que o tratamento definitivo das lesões dele seja rea-
dural, contusão, concussão, etc.), entenderarelevância lizado em centros de alta complexidade e por espe
da consulta precoce ao neurocirurgião, reconhecer o cialistas pediátricos.
valor e a necessidade da avaliação seriadados sinais Se houver alguma condição que obrigue, dado a
neurológicos e saber reconhecer nas radiografias as gravidade do paciente, uma operação em um centrc
estruturas ósseas venebrais normais e as variações pa- de complexidade mediana ou baixa, recomenda—se ac
tológicas cirurgião atuante a tomada de medidas bastante con
-a n m
unidade de tratamento intensivo. especializados e está orientado para a reparação de
As lesões da medula espinhal são muito graves
(incidência de 1,5%). Cinqíienta por cento dos pacientes
finitiva das lesões e o manejo das alterações funcionaíl
concomitantes.
:
com lesões de medula espinhal não têm evidências As fraturas ósseas diagnosticam—se pelo exame visual
-
radiológicas, por isso é necessário um cuidadoso exame e à palpação das zonas lesadas. Os ossos planos 1
neurológico e radiológico. A presença, no toque retal, longos são mais acessíveis à palpação e os sinais d'
de um esfíncter francamente hipotônico ou atônico, fratura são evidentes: dor localizada, afundamento
em um paciente que não está em estado de coma, é hematoma, posição anômala e/ou desvio do eixo óss
sinal de dano medular. defumação de um membro, crepitação sobre a area
A suspeita diagnóstica e patrimônio do primeiro Nas fraturas dos membros, exploram-se os pulsos distai
médico que atende a vítima. O tratamento é respon- No paciente normotenso, a ausência de pulso distá
sabilidade dos especialistas.
o's quadros mais dramáticos de insuficiência respi-
ratória resolvem--se com medidas simples (drenagens,
punções, entubação, etc.). AS lesões que não acarre—
gravidíeg:dtç
a fratura (radiais, poplíteos, etc.) é sinal da
funcional da fratura. As fraturas expostas devem se, '
recobertas com apósitos estéreis e anti-sépticos
caso de hemorragia, efetua-se a compressão do I_
tam situações de risco iminente de morte (lesões cal, com ou sem atadura. As luxações articulares poden —
esofágicas, traqueais, bronquiais, aórticas, hérnia dia- esperar sua redução até o paciente chegar ao centrt'
fragmática, etc.) requerem tratamento especializado. assistencial. '
_iv'
%
|
1
1
(ª
Atendimento Initial do Politraumatizado I
155
, ,
;, congelado)-
'
_
); rico e o enviando refrigerado em gelo comum (nao
.
0 tratamento das lesoes dos membros está orientado
constante referência nos pacientes pediátricos. No
trauma, quanto menor a criança, maior o risco. Via
aérea, pressão arterial sistêmica. SNC são parâmetros
,principalmente para conservara
função, lesões
;,ªsculnres, sindrome compartimental e evrtar a dor. evitar funcionais. Ferimento e fratura são parâmetros ana-
tômicos. A combinação de todos esses dados fornece-
'Já 0 onopedista é um integrante ativo da equipe de trauma. nos uma informação objetiva do impacto da lesão.
? һs" Em
caso de lesões ltérmicas, além das medidas O ITP tem as seguintes vantagens: e um índice criado
“descritas para nas
a reanimação em geral, a atenção ini- com conceito pediátrico, é simples e fácil de aplicar
Em consistirá seguintes ações de emergênciapara na urgência, nos proporciona uma linguagem obje-
“salvar a vida do paciente: interromper a ação do agente tiva e comum, permite o encaminhamento racional e
Termico, avaliar o comprometimento respiratório e com critério pediátrico ao centro especializado de re-
» ._ucontl'olc da coluna cervical, rápida avaliação da su—
ferência, evita perda desnecessária de tempo e esfor-
ªperfície queimada, rápida avaliação do grau de pro- ços, racionaliza a distribuição de recursos humanos
uudidade das lesões e traslado para um centro espe— e materiais, provê bases objetivas para o diálogo entre
ícializado.
Das lesões por frio, a mais relevante na prática e'
o médico (operador/pessoal) de transporte e o médico
do centro receptor.
a:hiparermia, uma lesão muito comum e perigosa nas 0 ITP tem uma relação linear inversa com a mor-
vitimas pediátritIas. talidade e, portanto, permite uma orientação para a
É considerada hipotermia a condição na qual a tem—
"
triagem.
peratura corporal central é menor do que 35ºC. Apre- A partir da pontuação 8 ou menor, a mortalidade
senta—se como conseqíiência de exposição acidental aumenta de forma clara. Os pacientes com índice igual
ao frio, por falta de cuidadolno atendimento ou no
ou menor do que oito devem ser enviados n centros
transporte das vítimas. É classificada em leve, mo— com capacidade operacional para o atendimento de
, derada ou grave, conforme os graus centígrados. Para
. pacientes críticos. Os pacientes com índice igual ou
“* efeitos práticos, e sensato considera-la sempre grave. maior do que nove podem ser encaminhados para centros
bs sinais clínicos são: depressão do nível sensório,
pele fria, cinza, cianótica ou marmórea, grave bradi—
de menor complexidade. .
r; «.
& *” l]'AÃBELI-l 24.1 — Escore de trauma pediátrico
:FOMPONENTES CATEGORIAS
lM +2 +1 -1
*
”; ªPªSº (kg) > 20kg 10 — 20kg < tºkº
~‘«..Yia aérea
_ 'Pressão arterial sistólica
Normal
> 90mmHg ou pulso radial
Mantida ou preservada
90 - 50mmHg ou pulso
Irregular
< 50mmHg, pulsos ausentes
'sSÍStema '
palpável femoral palpável
x,; nervoso central Acordado Obnubilado ou perda dos Coma/descerebrado
* 1
. sentidos
»
Farlmemo aberto Não Pequeno Grande ou penetrante
Esqueleto (fraturas) Não
, "dice de traumatismo pediátrico: __ + __ + +
. Fratura fechada
+ _ + =
Fraturª eXpºstª ºu múltiplª
156 1: Trauma
A criança traumatizada deve ser encaminhada para são em relação ao nível do mar. A diferença de pressão
controle a um centro assistencial. acondicionada e produz uma expansão dos gases no nível das cavida-
transladada sobre uma tábua de transporte e com colar des corporais (estômago, pleura) elou dos elementos
de imobilização cervical. Essas medidas são essen- de assistência (talas pneumáticas, tubos traqueais com
ciais para um transporte adequado. manguito inflável, calças antichoque).
A vítima pediátrica politraumatizada deve ser trans— A equipe profissional que transportou o paciente
portada de forma eficiente. segura, sem perda de tempo deve repassar a equipe do hospital receptor todos os
a uma instituição previamente selecionada que seja a antecedentes, dados clínicos, informação sobre o aci-
mais próxima e que possua uma infra-estrutura ade- dente e tratamento realizado de forma escrita, concisa
quada para tratar pacientes graves. e completa.
Para transferir um paciente, é importante contar O atendimento inicial eficiente de uma criança
com a aceitação do centro receptor. um erro par— poiitraumatizada é fator de vital importância para a
tir com o veiculo de transporte em busca de um lugar evolução do paciente. Exige capacitação teórica e
onde o acidentado possa ser tratado. Perdem-se tempo desenvolvimento de habilidades práticas que devem
ser adquiridos por todos aqueles que trabalham na
e recursos. ’15-.
emergência. E um método prático, simples e fácil de
Sempre que for possível, o paciente deve ser acom-
panhado por um familiar direto. Em algum momento aprender, que conduz ao alcance dos melhores resul-
durante o cuidado inicial ou transporte da vítima, devem tados possíveis para um determinado paciente.
ser registrados os dados do paciente e do acidente. REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA
Esses dados são de suma importância para o atendi— l. TEPAS Ill. 1.1.;RAMENOFSKY, M. L.; MOLLIT, D. L. et :11.
mento posterior da criança acidentada. The pediatric trauma score as a predictive of injury severity: an
O transporte pode ser realizado por meios terres- objective assessment. J. Trauma, v. 28, p. 425—430. 1988.
tres, aéreos e, ocasionalmente, marinhos. Cada um
deles tem suas particularidades que necessitam ser BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
conhecidas de acordo com a área geografica. Os veículos GOMEZ. MA.; NEIRA, I.Atención Inicialde Paciznle: Traumaliurdor.
devem ser providos com equipamentos adequados, Asociación
Argentina de Cirurgia. Comisión de Trauma. Buenos
Aires: Fundación P. L. Rivero, 1996.
tanto em drogas como em pessoal. As ambulâncias HEBERT. P.; WELLS. G.; BLAJCHMAN, M. A. e1 al. A multicenter,
constituem o melhor meio de transporte terrestre. randomized, controlled clinical trial of transfusion requirements
O transporte aéreo é recomendado para o traslado in critical care. N. Engl. J. Med.. v. 340, p. 409-417, 1999.
de pacientes críticos a distâncias maiores de lOOkm. IRON, A. E. Trauma em Pediatria Buenos Aires: McGraw—Hill, 2002.
Convém relembrar que, durante os vôos, a cabine, NICHOLS, D.;YASTER, M. Galder: Haul: the handbook ofadvanced
por estar pressurizada, apresenta diferenças de pres- pediatric 11f: supparl. St. Louis: Mosby, 1996.
.'l J *
L-ngIszSE'Q
l
Modificações Físicas
sisauma Pediátrico
Uma criança, ao nascer, tem em média 50cm de com-
primento. No primeiro ano, há um crescimento de 25cm,
um adicional de 50% da altura inicial. O comprimento
dobra aos quatro anos, Quando atinge a adolescên—
cia, ha um acréscimo de 5 a 6cm por ano até atingir
'Iª'ão,
("' ª!
Vicente Bassols altura média de 1,77m no homem ou 1,65m na mulher.
O peso ao nascer é de aproximadamente 3kg. O
peso duplica em cinco meses, triplica em um ano e
quadruplica em dois anos. Até a puberdade há um
in um levantamento epidemiológico que se consti- crescimento aproximado de lOkg no primeiro ano,
20kg até cinco anos e 30kg até dez anos. Na vida
“femdodissertação de mestrado, observamos que o
adulta, atinge-se, em média, com grandes variações,
peªrlll paciente pediátrico que sofreu trauma em
70kg (homens) e 67kg (mulheres).
;hásSc meio e necessitou internação no Hospital de
tªlento-socorro Municipal de Porto Alegre — Rio Grande As proporções entre as diversas partes do corpo
ª sul, foi um menino, com idade aproximada de 12 vão também se modificando, com mudanças substan—
_que caminhava por nossas ruas, no período da
,tarde, sendo atropelado, tendo como consequência
ciais, inclusive no centro de gravidade. A cabeça da
criança é relativamente grande comparada ao resto
do corpo, principalmente por ser o primeiro segmento
irãuma cranioencefálico (TCE), que se constituiu no
a completar seu desenvolvimento. A circunferência
vinotivo de internação.
. Quando discutimos o mecanismo de trauma na cefãlica é de aproximadamente 34cm ao nascer, aos
Ibi-mªça, verificamos que, à medida que aumenta a quatro anos é de 50cm ou 80% da circunferência do
faixa etária, as características aproximam-se dos adultos. adulto e aos oito anos é de aproximadamente 95% da
&Ãuma, ou as denominadas causas externas em nosso do adulto. .
Sigof‘de
x . drogas, a associação destas com trauma tem depreende—se porque as crianças são mais vulnerá-
frequente. veis ao trauma.-'
A pele na criança é menos espessa e cobre uma
Enusinrnneúrs son: a animei superfície de 800cmªlkg, comparada à de um adulto,
de 300cmº/kg. Isto é, o adulto, em relação à criança,
, Aafirmação “crianças
de que não são adultos em mi- tem mais pele para cobrir menor superficie.
çiatura" deve sempre ser enfatizada. As crianças têm
garacterísticas únicas em sua anatomia, fisiologia e
(gºtnposição bioquímica, bem como aspectos emocio- Comportamento
nars, que as fazem responder de maneira distinta às A criança e' mais vulnerável, por exemplo, em um atro-
ªgressões sofridas. pelamento. Como ela é mais impulsiva e facilmente
. “_ Diferentemente do adulto, em que se pode estabe- distraída, sofre mais atropelamentos com consequências
Permodelo de suscetibilidade ao trauma e a fatores
e risco, na criança é complicado estabelecer-se um
mais graves. A percepção auditiva e visual são habi-
lidades em desenvolvimento, prejudicando sua inte-
WM
I,{l0de10.0 crescimento, com suas constantes mudanças ração com o ambiente e sua autodefesa. A criança,
Égatômicase fisiológicas, faz com que a diferença em geral, é superestimada pelos pais quanto a suas
_gªlº9W0raI.'As
.y
ªªjª apenas um acréscimo em peso ou massa habilidades, não tendo condições, por exemplo, de
crianças são obviamente dinâmicas em
atravessar ruas com segurança ate' os oito anos de idade.
eu crescimento e desenvolvimento e, à medida que Mesmo sendo educadas, as crianças têm dificuldades
L
«»o
158 = Trauma
de observar o tráfego antes de atravessar uma rua. A ção durante um longo período. Se a desaceleração
educação ajuda, mas não muda a sequência do de— ocorrer num curto período, aumentará a força aplicada.
senvolvimento. Portanto, quando o veículo para bruscamente, pessoas
e objetos em seu interior mantêm a energia que de-
MEGANISMDS I]! 'I'IliIIIMII verá ser dissipada. Essa energia poderá se transferir
para o cinto de segurança ou para outra estrutura do
Ao estudarmos a epidemiologia do trauma pediátrico, veículo que absorver o impacto. A força será aplica-
nos deparamos com diferentes mecanismos. Entre os da sobre o corpo causando lesões. A resultante dessa
mais frequentes em nosso meio estão os causados por força sofrerá uma resistência de semelhante inten-
veículos, sendo a criança passageiro deste ou sendo sidade.
vítima de atropelamento, quedas, queimaduras, agres— Três tipos de força podem ocorrer e a reação a elas
sões. Menos frequentes, mas não menos importan- causar alguma lesão. Primeiro acontece a força de
tes, são os afogamentos, intoxicações, ingestões ou compressão, que é uma energia mecânica aplicada
aspirações de corpos estranhos, ferimentos por pro- diretamente sobre o corpo, A segunda é a tensão a
jétil de arma de fogo ou por arma branca. que é submetido o objeto que sofreu a compressão.
A força de tensão provém de várias forças e testa a
Veiculos elasticidade do objeto. A terceira é a força de estira-
mento, resultando em forças aplicadas em direções
Passageiro opostas. Todas essas forças são simultâneas. A inér-
cia é o movimento que mantém a energia dos objetos
Quando a criança está no interior de um veículo em e os faz colidir com alguma estrutura no interior do
movimento, ela pode sofrer quatro movimentos que veículo.
podem lhe causar lesões no momento do impacto. O Há alguns mecanismos específicos de zonas cor-
veículo para e o passageiro segue o seu movimento porais. Por exemplo, em uma colisão frontal com a
sofrendo um impacto direto; em segundo lugar, os cabeça atuando como anteparo, ocorrem todas as forças
órgãos internos seguem seu movimento, o que causa estudadas com o mecanismo de golpe e contragolpe.
arrancamentos de ligamentos e fixações. Em terceiro Há lesões por mecanismos diretos na cabeça e lesões
lugar, há o contragolpe e o corpo volta a sofrer novo
por mecanismos indiretos sobre a coluna cervical. E
impacto. Por fim, com o mesmo mecanismo os ór—
ainda há a possibilidade de algum objeto solto den-
gãos mantêm o movimento no sentido inverso do inicial,
podendo ser submetidos a novas lesões nesse quarto tro do veículo se projetar sobre a cabeça do indivíduo.
instante da cinemática do movimento. Os mecanis— Em colisões em que ocorre capotagem, como já
salientamos, ocorrerão varios mecanismos de trau-
mos de golpe e contragolpe poderão causar, no inte-
rior da caixa craniana, rupturas arteriais e ou venosas ma e, surpreenderitemente, a energia pode ser absor—
vida pelo próprio veículo, livrando os ocupantes de
com lesões focais, menos frequentes na criança, com
hematomas subdurais ou epidurais. O mais frequente lesões muitas vezes desproporcionais ao dano cau-
;"
L'FQIVZ*98-B6
visíveis quanto ao tempo de evolução e seqiielas. Por vezes, aco/ntecem também mecanismos de trauma
Ainda, quando ocorre o trauma por contusão di- sem colisão, com pa adas bruscas causando batidas de
encontro a estrufuras o veículoªu ejeção do ocupante.
reta da cabeça contra um anteparo rígido, por exemplo,
o pára—brisa, pode haver dissipação da energia para a No banco traseiro do veiculo, onde normalmente
coluna cervical, extremamente elástica e móvel na deveriam ser transportadas as crianças, também po-
criança, causando lesões nesse m’vel. As lesões de coluna
cervical são bastante raras na criança, embora, quando
dem ocorrer traumas nas colisões ou outros “acidentes".
As estatísticas nos Estados Unidos demonstram que
aconteçam, sejam extremamente graves. A criança, somente 5% das crianças usam mecanismos restriti-
se não bem segura quando ocorrer abalroamentos e vos. Portanto, 95% estão em diferentes locais do veículo,
capotagens, pode sofrer graves lesões, tomando-se principalmente na parte dianteira ou de pé ou brin-
um joguete dentro do veículo, sendo impulsionada cando, aumentando muito os riscos de trauma.
para vários pontos com múltiplos traumas.
Quando um veículo em movimento sofre uma parada, Pedestre
tudo que estiver em seu interior, como ocupantes, objetos,
adquire uma energia cinética, fazendo com que se Ao sofrer atropelamento, em geral a criança tem uma
mantenha a velocidade destes. A física nos ensina que atitude diferente do adulto, colocando-se de frente
a energia cinética é o produto da massa de um deter- para o veículo, e podendo, por sua menor estatura,
minado corpo pela velocidade ao quadrado (E:
Isso significa que, se houver um aumento de lOkm/h
MVª). ser atingida no abdome, no tórax ou
na bacia, com
lesões muitas vezes importantes em vários locais, O
na velocidade de um objeto, haverá um aumento de mecanismo é inicialmente um golpe que atinge dire-
40% na energia cinética. Quando o objeto pára, há tamente uma área maior do corpo da criança, cau-
uma dissipação da energia e ocorre uma desacelera- sando lesões multissistêmicas. Os escolares são os
Mecanismos do Trauma Pediátrico I
159
'em‘aiwgzzmingidos,
no período da tarde, quando saem da Traumatizados por Bicicleta
.c31a parª casa.
_ -c""rs’_toffel- Eni vários estudos, como os de Tanz
as lesoes mais comuns por esse meca- Nas estatísticas dos Estados Unidos, as vítimas mais
ms: ' ºcorrem em criançasde quatro a nove e
anos frequentes dos incidentes com bicicletas são as crianças,
ªºs
que sofrem lesões mais graves. Setenta por cento das
É“; Wºº pico aos 18 anos. No estudo que realiza-
do?.confirmaram-se esses dados. . lesões em que o mecanismo de lesão foi produzido “an
por bicicletas ocorreram em crianças menores de 15
r‘ab'alhos mostram que,
“Sábiª. as crianças nas áreas
sofrem mais lesoes
como
urbanas
pedes—
mais
anos, principalmente com TCE. Comprovadamente,
res? nosso
Em meio (Porto Alegre), mecanismo de
o o grupo de maior risco nos traumas e o dos que não
mama foi atropelamento. geral,
que mais levou as crianças a serem hospita- usam equipamentos de proteção, principalmente ca-
pacetes. Aqui também os meninos são mais atingi—
' ”arias o Em as crianças
.
nores conduz o veículo é um membro da famí-
são vítimas de atropelamento próximo a casa
ǻaaasrquem
dos que as meninas. Em geral, nas colisões, o ciclista
é atingido no lado esquerdo do corpo.
mais comumente atingida nesse mecanis—
”ur vítima ou um vizinho. É importante lembrar moAdeparte trauma é a cabeça. As lesões mais frequentes
ªuáás crianças são muito ativas e ignoram os peri-
são concussões, fraturas de crânio, enquanto lesões
7565210 trânsito, necessitando de constante supervisão.
tfso'de álcool e problemas de comportamento são fre< focais são menos frequentes. Os autores relatam que
ueh'tes no causador do atropelamento. as contusões são muito mais frequentes que os ferimentos
.‘ l? yd mecanismo do trauma no atropelamento, o lo- penetrantes. Isso nos sugere que, se protegermos melhor
. ql dõ corpo atingido diretamente depende do tama- a cabeça, certamente teremos diminuição dessas lesões.
líôªªda criança (Fig. 25.1). Após o primeiro contato, a Lesões pulmonares, hepáticas, esplênicas e rupturas
'Ença rodaeacabeça, os ombros ou o tórax são atingidos intestinais podem estar associadas a TCE. Fraturas
%
iindariamente ao chocar-se em alguma estrutura rígida de extremidades ocorrem mais freqiientemente em
ªia-brisa);
. a seguir, com a parada do veículo, a vi- traumas menos graves. Os capacetes protegem o cérebro
"É _é lançada ao solo, deslizando ou rolando sobre protegendo
eleÍÍHa, portanto, duas fases no mecanismo de trauma
das compressões, diminuindo a desaceleração e também
o crânio de fraturas. Todos os estudos
iiõ'atropelado: a primeira de múltiplo contato com o realizados demonstram a eficácia da proteção pelo
aiªi-ô e a segunda quando ocorre o impacto da vítima capacete. Em uma cidade da Austrália, onde é obri-
,Eõªríj'o solo. A gravidade das lesões está diretamente gatório o uso desse equipamento, houve considerá—
'
eiaçionada à velocidade do impacto na primeira fase. vel redução das lesões de crânio. De acordo com estudos
. A1 melhor maneira de prevenir esses acontecimentos . de Nakayama et al., quando um programa de equipa-
eria retirar as crianças das ruas, oferecendo locais . mentos de segurança é oferecido após hospitalização
apropriados para jogos e brincadeiras. Testes de teor por trauma, há um aumento do uso de capaceteª. Esse
lçpólico e multas maiores ou a retirada da licença é o me hor mon-lento de ensinamento aos pais e às
' ra'dirigir mostram-se medidas eficazes. Em nosso crianças. Os meninos entre 10 e 14 anos constituem
r :,Çtem-se tentado programas de educação nas escolas o grupo de maior risco, devendo—se, nesse grupo,
7110:4105 professores, na tentativa de redução desses enfatizar o uso de equipamentos de proteção. Além
—
c '_tos (programa “A Escola Vai ao HPS Hospital
junto-socorro”).
do TCE, que é o motivo de internação mais comum _
também em nosso meio, vimos tambémàlguns casos
de traumas abdominais produzidos pelo guidom da
bicicleta com traumas de duodeno, intestino delgado
e mesentério, que necessitaram tratamento cirúrgico.
Quedas
Nas quedas, os mecanismos que ocorrem são seme—
lhantes aos já vistos, enfatizando-se a ocorrência de
fraturas de membros inferiores e superiores com fre-
qiiência. Deve«se lembrar as fraturas típicas da criança,
como em galho verde e torção, e a possibilidade delas
atingirem as zonas de crescimento.
Agressões
ªfigurª 25.1 —Zona anatômica do impacto, mudando a di- Os mecanismos nas agressões dependerão da zona
nâ
iguªl“ do corpo apos. o Choque. Crlanças
. .
'
menores sao atm-
.,
atingida e do meio utilizado pelo agressor, podendo
ia?) mªis @cxma no corpo e rolam para baixo do veiculo; ser desde contusões, queimaduras, até agressões por
dªI_Ǫs maiores e adultos vão para cima do veiculo“. arma branca ou projétil de arma de fogo.
160 I Trauma
i
Intoxicações, Corpos Estranhos, 250 vezes mais comum na criança que no adulto. Menos
frequentemente, cerca de 10% das vezes, acontece o If
Afogamento
mecanismo de flexão lateral, geralmente com trau.
Haverá diferentes mecanismos de acordo com as ca- mas no nível de C4 e C5 (Fig. 25.2). '.
racten'sticas do produto causador da intoxicação. Os
corpos estranhos causarão quadros de obstrução di-
r;
11111160 ã
gestiva ou respiratória, enquanto o afogamento apre-
sentara quadro obstrutivo inicial com asfixia por 0 mecanismo mais comum de trauma nesse nível é
elemento líquido. também o contuso. A complacência é maior no abdome, %
e o conteúdo intra-abdominal é viscoso, permitindo
rnnnãts Alll'l'llllllllls
o deslocamento entre os órgãos intra—abdominais,
evitando muitas vezes lesões. Os sintomas, em uma
i
Embora seja praticamente impossível eliminar as causas contusão abdominal, são pouco confiáveis, exceto pela
de lesões na criança, a melhor maneira de combatê— presença de irritação peritoneal e ausência de ruídos
las é pela prevenção. A0 considerarmos o trauma na hidroaéreos. As lesões mais frequentes na cavidade <“,
criança não como um acidente, ou seja, algo fortuito, abdominal estão localizadas no fígado e no baço, que
imprevisível, podemos, conhecendo os padrões de lesão são órgãos encapsulados. Varios sentidos de forças 4
típicos e a etiologia do trauma, diminuir a incidência podem ocorrer sobre os órgã ls, causando diferentes
com medidas preventivas. lesões (Fig. 25.3). Nos traum fs causados por veículos »»:
automotores, a maioria das crianças com equipamentos
cabeça e Pescoço
Simpson et al. concluíram em seus estudos que 63%
de proteção mal posicionados, entre 4 e 9 anos, pode
sofrer lesões associadas a esse mal posicionamento.
A caixa torácica e bastante complacente pelas ca- (
.
1-
das crianças até os quatro anos de idade e 73% entre racterísticas da criança, principalmente o lactente, supor-
4 e 15 anos morrem por trauma neurológicoª. Na ver- tando grandes forças sem fraturas e com importantes l
dade, dessas crianças vítimas de trauma em estradas lesões intratorácicas. Quando houver fratura, isso nos
dos Estados Unidos, nenhuma estava adequadamente leva a interpretar que o mecanismo de trauma foi muito ,, 5
restringida no veículo em que viajava. As lesões de intenso e que lesões importantes dos órgãos intraca- €. ! r
coluna cervical, embora graves, são raras nas crianças. vitários podem ter acontecido. Os elementos a serem sl13
O mecanismo de trauma craniano é composto de considerados no mecanismo de trauma contuso no tórax E
são a quantidade de força empregada, a porcentagem à. :
"
forças de contato e inerciais. O mecanismo de con-
de compressão torácica e a velocidade de compres- :“.en
F tato é direto pelo impacto contra uma estrutura sólida.
são, segundo trabalhos de Viano‘. Isso significa que
sl
:.
Os TCE podem estar associados ou não a fraturas de
I crânio. Menos de 30% estão associados a fraturas. a caixa torácica tolera uma batida pesada, se for apli- i;
As lesões por inércia ocorrem logo a seguir, quando ç'ada com .paixa velocidade (lentamente). Se a mes-
as estruturas intracranianas mantêm o movimento após ma batida for aplicada com mais velocidade, podem 55_t
a contusão direta, causando lesões difusas ou menos ,
frequentemente lesões focais, como hematomas sub— ,
durais ou mais raramente os epidurais. As raras lesões
por trauma de coluna cervical ocorrem por mecanismos
de flexão-compressão mais comumente (2/3 dos me-
canismos nessa faixa etária). Outro mecanismo menos
comum e' a extensão em que ocorrem lesões similares
ao mecanismo da fratura do enforcado. Esse meca-
nismo pode acarretar ruptura atlantooccipital, sendo
llir Bags
Broduzir—se
extensas
»d'adegmmidªde' lesões.
Nadeverdade,
a quantidade fqrça, oa velocidade
tamanho da Esses mecanismos de proteção podem causar lesões
'“>“
e' cie de contato e a complacencia torácica sao
.. do trauma. nas crianças, principalmente pequenas, com sufocação.
һmantes
'
s * da extensao Estudos comprovam, entretanto, que o uso do air bag
isolado concorreu para reduzir a mortalidade em 18%
nas estradas dos Estados Unidos; o uso de air bag
(fa, associado ao cinto de três pontos, em até 71% de redução
.‘hihms da mortalidade. Nenhum sistema de segurança vai
eliminar os traumas e a mortalidade por trauma, mas,
6‘s sistemas de segurança empregados determinam
:â'ecanismos de trauma peculiares. . .
certamente, diminuirão as forças capazes de produ—
zir lesão e diminuirão a morbimortalidade do trauma.
. HOs cintos de segurança, quando mal postcronados, Isso já foi conseguido com campanhas bem dirigidas,
Çpbdcm causar lesões caracteristicas. O Cinto abdomi- como SafeKíd, desenvolvida em Washington pelo ci-
«IML mais frequentemente utilizado nos bancos tra— rurgião pediátrico Martin Eichelberger.
s'eiros dos automóveis, causa o típico
mecanismo do
ªêfnivete, causando lesões, principalmente de duodeno, REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
inesentério e coluna lombar (Fig. 25.4). O cinto su- 1. PANTLER, M. A.; HENNING, ].; BUNTAIN, W. L. Mechanism
ziférior, mal posicionado, pode também causar lesões, and Biomechanics ofTrafic !njurr'cs — Management of Pediatric
*
omo o enforcamento com asfixia traumática. _
Trauma. Philadelphia: W. B. Saunders, 1995. p. 10-27.
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'
As cadeiras próprias para crianças pequenas também Head injuries in infants and children: measures to reduce mortality
.
são
equipamentos que podem, em um "acidente", levar
ªrãpriança a diferentes mecanismos de trauma, inclu—
in road accidents. World J. Surg, v. 16, p. 403-409, 1992.
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Éive como projétil. crashes. World J. Surg., v. 16, p. 410419. 1992.
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segurança. (A) Cinto abdominal aplicado adequadamente,
SPAITE, D. W.; MURPHY. M.; CRlSS. E. A. et ul.A prospective analysis
"TJMS o (entro de gravidade alto leva a uma flexão forçada e
incontrolada durante a colisão (“efeito canivete"). (B) Cinto of injury severity among helmeted and nonhelmeted bicyclists
ªlto aumenta o risco de lesão, particularmente intra-abdo-
mlnal, em crianças menores.
involved in collisions with motor vehicles. J. 1i-aumu. v. 31. p. 1510-
1516, 1991.
J.
162 1: Trauma
,“Wigs
º...
«,
I'llll'l'lllllMMlSMfl
São lesões traumáticas em diversas regiões, órgãºs
ou sistemas do corpo em que pelo menos uma das
Trauma Pediátrico
lesões coloca o paciente em risco de morte.
Quadro clínico:
IDiminuição do nível de consciência até o coma.
E Insuficiência respiratória até apnéia.
João Vicente Bassols Instabilidade hemodinâmica até choque hipovO.
a” lêmico (volemia: 80mL/kg).
A criança, quando sofre um trauma, sofre física e :Perda sanguínea.
emocionalmente e é acompanhada de pais angustia-
dos, que se sentem desamparados e com sensação de — Até 25%: frequência cardíaca normalpressãoou até
20% acima do normal para a idade,
culpa. Devemos lembrar disso sem prejuízo para a arterial (PA) normal, enchimento capilar nor.
tensão e a execução de procedimentos necessários. A mal: igual ou menor que 25, nível de cons.
manifestação de medo é uma constante nessas crian- ciência mantido, frequência respiratória mantida.
ças, e o principal agente para seu conforto é um pai
ou cuidador com bom vínculo afetivo. .Os pais ou —
Entre 25 e 40%: palidez cutânea, sudorese e
extremidades frias, confusão, desorientação,
substitutos são elementos importantes para conten— pulso fino, freqtiência'cardíaca acima de 20%
ção e controle da criança na sala de emergência. do normal para a idade, taquipnéia, diminui-
E importante dizer a verdade para a criança, que ção discreta da PA, enchimento capilar mais
Am
deve ser informada precisamente e com termos ade— prolongado.
quados ao seu nível de compreensão, dos procedi-
—
Acima de 40%: idem à anterior, acrescentan-
A-ÇwzçRMs Jan.—w
mentos a que vai ser submetida e do prognóstico. A do coma, taquipnéia acentuada ou apnéia, pulsos
imobilização da criança no momento de seu exame não palpáveis, PA em queda acentuada. para—
deve ser feita da forma menos traumática possível, da cardiorrespiratória.
com o auxílio de uma terceira pessoa. A presença de
sangue é um fator de aumento da angústia. Deve-se
ter o cuidado de limpa-lo ou cobri-lo o mais preco- GIIIIIIIII'II
cemente possível. A anamnese e o exame físico são
fundamentais em todas as situações e não devem ser
Avaliação rápida do ABCDE (ATLS —Advanced Trauma
Life Support; AITP — Atenção Inicial ao Trauma Pe-
negligenciados. - diãtrico) e reanimação.
BUIIGEI'I'II
Lesões ou alterações causadas na criança por agen- iria Aérea
ªI
e Manutenção Ila coluna cervical
Obter‘via aérea por manobras'manuais: tracionando
tes externos. Estão incluídos nesse conceito traumas
físicos e emocionais, contusões, ferimentos penetrantes, o mento ou empurrando a mandíbula.
intoxicações, corpos estranhos em orifícios naturais IIEntubação ordtraqueal (0 diâmetro da cânula deve
ou não, entre outros. corresponder-_ ao diâmetro do dedo mínimo ou
da narina da criança). Manter-imobilização adc-
rrrnrmútuen quada da coluna cervical sem hiperestendê—la (um
“. - v » e m a g
auxiliar deve segurar a cabeça com as duas mãos
Mais de 80% dos traumas nas crianças são contusos. em posição neutra). Se necessário, podem ser usa-
«.me. W
ma _
Enquanto nos Estados Unidos 10.000 crianças mor- dos medicamentos para auxiliar entubação: atropinfl
rem vitimas de trauma por ano. no Rio Grande do 0,01 a 0.03mg/kg por via intravenosA (IV); mida-
Sul a mortalidade devida a causas extemas é de 30%, zolam 0,15mg/kg IV ou cetamina 0,5 a lmg/kg
aproximando-se às cifras daquele país. IV; com TCE: atropina + cetamina ou tiopental
A primeira causa de trauma grave, que necessita 3 a 5mg/kg IV ou lidocaína Img/kg IV ou, abai—
de internação hospitalar, é a provocada por veículo xo dos três anos de idadejpropofol Img/kg IV.
automotor, sendo entre eles o mais frequente 0 atro— |:
Cricotireoidostomia com agulha, com jato intet<
pelamento. 0 trauma cranioencefalico (TCE) é o motivo mitente de oxigênio.
m
positiva expiratória final (PEEP, positive end- são intracraniana. Podem manifestar—se horas
:‘ expiratory pressure) = 50me. ou dias após e podem ser controlados por pro-
cedimentos clínicos.
IQuadro clínico: nível de consciência pela escala
Itireªulªlz'ªº de coma de Glasgow, ferimentos do couro cabe-
| Controlar sangramentos por compressão. ludo, fraturas cranianos, lesões maxilares e de face,
IAcesso venoso — superficial com cateteres de grosso sangramentos, hematoma ocular, sangramento
calibre (tipo Abbocathº) ou intra—ósseo (intra- auricular, liquorréia pelas narinas ou condutos
medular nos ossos longos), auditivos, outros distúrbios como paresias, alte—
IIniciar o tratamento do choque. rações pupilares, crises convulsivas, distúrbios
IEsrabilizar as condições hemodinâmicas, como de ritmo respiratório até apnéia, distúrbios cardio-
pulsos femorais ou radiais não palpáveis, PA circulatórios: disritmias, alterações de PA, choque.
sistólica abaixo do normal para a idade (até 12 I Conduta.
meses < 80mmHg, acima de 12 meses: 80mmHg
+ 2 para cada ano de idade), palidez acentuada.
—Escala de coma de Glasgow abaixo ou igual
a 7: TCE grave.
—Iniciar com 20mL/kg Ringer lactato IV em
lOmin.
' Entubação orotraqueal imediata.
' Cricotireoidotomia com lesões faciais graves.
- Ao persistir sinais de choque, repetir até três ' Hiperventilação: FiO, = 1 (100%), frequên-
vezes para estabilizar. cia respiratória:20/min e 24/min para crian-
—-
Após estabilizar: instalar soro de manutenção
para 24h (soro glicosado 5% 4:1 soro fisioló—
ças menores, PEEP: Scml—IZO, volume corrente
l a 1,5 vezes o normal.
gico) em crianças com peso igual ou menor
' Estabilização hemodinâmica: tratar o choque.
que lOkg, lOOmL/kg.
—-
De 10 a 20kg = 1.000mL + SOmL/kg que ultra- -
Sonda orogastrica (SOG).
-
Cateter venoso.
-
passar lOkg.
Mais que 20kg: 1.500mL + 20mL/kg que ul-
trapassar 20kg] acrescentar cloreto de potás—
-
Entubação traqueal, se houver: distúrbios res—
piratórios, lesões faciais, cervicais e torácicas
graves, instabilidade circulatória, risco durante
sio (KCl).
transporte.
- Monitor cardíaco e oxímetro de pulso.
— Sonda nasogãstrica (SNG) e controle de diurese.
lESãES Illllllllllilllllllllis
Em geral, causadas por acidentes de trânsito ou quedas.
IPreferencialmente
A proporção entre traumas cranioencefálicos (TCE)
instituir escore da escala de
e traumas raquimedulares (TRM) é de 1:100.
coma de Glasgow. Em {baa a criança que sofreu TCE ou trauma grave,
deve suspeitar—se de TRM. A mortalidade de crian—
"transição comnleta do Paciente e cuidados ças com lesão de colunalvertebral é de 69%.
ram o Meio Ambiente
.
, O TRM pode ser primário (descontinuidade aguda
da medula) ou secundário apósªhoras ou dias do trauma
Retirar toda a roupa do paciente sem grandes
por diminuição da circulação (Tabela 26.1).
mobilizações em um ambiente adequadamente
aquecido, para evitar perda de calor. A infusão O início dos sintomas neurológicos pode sofrer atraso
de líquidos também deve ser aquecida. de 30min a dias: dores na região da nuca, pareste—
IVerificar outras consequências—do trauma (exame sias/anestesias (queimação nas pontas dos dedos e
secundário): exame da cabeça aos pés — cabeça, palmas das mãos, perda de sensibilidade), ausência
coluna, tórax, abdome, extremidades/cintura de sensibilidade dolorosa, paralisia/perda de reflexos
pélvica; fraturas, imobilizações. medulares, priapismo, posições viciosas (por exem-
ISe necessário analgesia: fentanil 3 a 7mg/kg IV plo, pescoço torto), curvamento da coluna, bradicar-
lento (em 1 a 2min) ou morfina 0,05 a0,1mg/kg IV. dia/choque (choque medular em lesões completas acima
de T6), falta de respiração diafragmática (lesão aci-
ma de CS), parada respiratória.
',
TRM"! BBIIIIGEIIGEFMIGII ISÍllIIIÍI
ILesões primárias e secundárias. Conduta
- Primárias: lesões de tecido encefálico e vasos
sanguíneos consequentes ao trauma e que po— Na dúvida, tratar como se houvesse lesão. Pode ha-
dem necessitar abordagem cirúrgica. ver lesão sem evidência radiológica em ossos verte-
brais.
— Secundárias: hipóxia, isquemia, edema de tecido
nervoso, consequentes ao trauma, hipotensão, Il Fixar cabeça e coluna cervical em posição neu-
hipoxemia, hipercapnia ou aumento da pres- tra (mãos/colar cervical).
164 n Trauma
,, ?: C3 a C5 Diafragma Respiração _
5558‘m
p,.
CS e C6
(7 e C8
Biceps
Triceps
Flexão do cotovelo
Extensão do cotovelo
, '
«
É?
'
,5 ”(à
C3 E T1
L2 3 U
Flexor digital profundo
Quadríceps
Fechamento do punho e da mão
Extensão do joelho
L4 e L5 Tibial anterior Dorsíflexão do tornozelo
L-S'Q
IPara transporte: superfície plana e rígida com fi- ' Pode associar—se aos sintomas de pneumotórax.
xação estável da cabeça. ' Estridor.
' Hemoptise.
TRAUMA Tfllflclflfl ' Enfisema
I Cºnduta. subcutâneo.
Quinze a vinte por cento das crianças com trauma e — Parada cardiaca e/ou respiratória reanimação.
—)
—
grande elasticidade do tórax, fraturas de costelas são
raras, mas a energia é transmitida às estruturas intra— Entubação traqueal.
torácicas, podendo acarretar lesões importantes: Drenagem torácica se não melhorar a insufi-
-
.-—
pulmonar, hematoma pulmonar, contusão miocárdica. , 'Entubªçãº.
Clínica: ,“ ' Ventilação mecânica. »
S' r m e . ' Analgesia.
2.183 “315'respiratória.
1n 0 . . ' Curativo *,semi-oclusivo com válvula ou dre-
Insuftctência
——
Instabilidade cardiocirculatória. ,. _ Pgããrcnnotªaªílhiªpertensivot““-
Parada cardiaca.
ISintomas específicos. - Punção no 2º ou 39 espaço intercostal na li-'
l
—
Lesão torácica aberta.
' Defeito na parede com entrada e saída de ar.
nha hemiclavicular (Abbocathº calibroso).
' Drenagem
rior
pleural entre a linha axilar ante-
médiadreno.
Sº intercostal.
' Ruído característico de entrada e saída de ar. . Tamanho do no espaço
e a
.
Dispnéialtaquipnéia, cianose, dor.
' Ingurgitamento de veias do pescoço. ..
o Recem-nascido: 8 a 12F.
1 a 6 meses: 14 a 16F,
— Pneumotórax
- Dispneia,
hipertensivo.
batimento de asas do nariz, taquip- .
6 a 12 meses: 16 a 18F.
1 a 5 anos: 20 32813.
'
néia, cianose, dor.
Murmúrio vesicular diminuído à percussão,
hipemmpanismo.
.
o 6 a 12 anos: 30 aͪ'SZF.
Crianças maiores: até 40F,
' Posição semi—sentada.
' Movimentação do tórax reduzida unilateral— ' Oxigênio.
-
mente._
-— -
Entubação traqueal.
' Ingurgttamento das veias do pescoço. Ventilação mecânica.
-
Taquicardia, hipotensão, choque.
- Hemotórax.
Analgesia (morfina IV).
Hemotórax.
' As mesmas características do pneumotórax,
mais macicez àpercussãoe hipotensão, taqui-
--
Oxigênio.
Elevar parte superior do corpo.
cardia e choque. -
Repor volume se houver sinais de choque-
Trauma Pediátrico n 165
.o v á a s
“E
—
.-
Tórax instável.
Decúbito elevado, pressão sobre o local.
cos costaís associadas a essas lesões pela elasticidade
óssea nessa faixa etária. Podem ser observados equimo-
-.
Oxigênio. ses ou hematomas nos hipocôndrios. Pode haver defesa
Entubação.
abdominal e tensão. Mais da metade das crianças com
' Ventilação mecânica. lesões de fígado ou baço têm associadas lesões cranianas,
Analgesia (morfina) e sedação (midazolam). torácicas ou musculoesqueléticas,
— Ruptura traqueobrônquica.
Noventa por cento das lesões hepáticas ou de baço
..-
Entubação. são tratadas conservadoramente. Quando o paciente
Ventilação mecânica. está estável com lesões isoladas dessas vísceras, con-
Oxigênio. finnado por ultra—sonografia (US) ou tomografia compu-
' Drenagem pleural. tadorizada (TC) com contraste, pode-se adotar o tra—
- Analgesia e sedação. tamento conservador. Preconiza-se acompanhamento
em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com acurada
1.
IBM!!!“ flBllllMlllll observação por até quatro dias. Pode ser liberado para
;;,124-675
casa com restrição de atividade física por. no mínimo,
º.“ Trauma Abdominal [GEMINI seis semanas. 0 acompanhamento e feito por exame
5-
q.
Seção
Cabeça e Pescoço
173
9 Sequência Pierre-Robin ................... 177
o cisto Tireoglosso ................................. 180
r.
Lesões da Região Frente-nasal II 169
Dura—máter
Osso frontal
Frohtlculo Fora me
frontal cego
Osso nasal
Dura-máter
em contato
com a pele
pré-nasal
var-cm
rante a embriogênese. Normalmente existe uma
fronto-etmóides, deformidade da crista gallí.
-
evaginação da dura—mater através do forame cego
até chegar ao espaço pré—nasal. Em condições TC: sinais tomográficos de cisto dermóide —
habituais, essa projeção da dura-mater separa- ossos nasais próprios bífidos, tabique nasal es-
se da pele e se retrai através do forame cego, pessado, imagem circular translúcida. A pre-
para finalmente desaparecer. Se a separação entre sença de um forame nasal amplo e/ou crista
a pele e a dura-mater for defeituosa, a dura—mater galli bífida sugere extensão intracranial.
se retrai, mas como continua aderida à pele, forma
uma invaginação de elementos epiteliais no es-
— Ressonância nuclear magnética (RNM) cos—
tuma mostrar sinal de hiperintensidade em T1
paço pré—nasal com ou sem conexão dural. devido ao conteúdo de gordura. Permite visua-
A segunda teoria é que teriam origem superficial lizar os cistos dermóides com melhor defini—
ou nasal resultante do seqiiestro de epitélio pelo ção e os cortes sagitais determinam com clareza
desenvolvimento dos ossos nasais ou aberrações a.extensão intracranial..
nos derivativos ectodérmicos. n Tratamento: excisão cirúrgica. Com envolvimento
IFrequência: 1 a 3% de todos os cistos dermóides intracranial:,acesso craniofacjal combinado, ini-
congênitos e 12% dos cistos dermóides da ca- ciando a explor ão pelo lado nasal, aos dois a
beça e pescoço. É o tumor congênito nasal mais
frequente.
três anos
de'idaªdçe. »“
,
Figurª 27.3 - Glioma nasal. Remanescente ectópico neu-
mectodérmícº da extensão do sistema nervoso central até 0
_ ., _ ,
.
desenvolvendo—se de restos extracraniais de te—
cido glial.
Localização: extranasal (60%, externamente aos
— TC do assoalho da fossa cranial anterior é útil
para visualizar defeitos ósseos. A massa é isoden-
ossos e cavidades nasais), intranasal (30%, den- sa. Pode ter extensões através da glabela, ossos
tro das cavidades nasais), mistos (10%, com com- nasais, placa cribiforme e forame cego. A TC
TABELA 27.1 — Diagnóstico diferencial das massas congênitas nasais de linha média
CARACTERÍSTICAS ENCEFALOCELE GLIOMA DERMÓIDE
Aspecto Mole. compressivei, azulado Avermelhado, sólido, Mole ou sólido. com seio,
não-compressivel com pêlos
Localização lntranasal e externo Intranasal e externo Intranasai e externo
Pulsação Sim Não Não
Defeito cranial Sim Muitas vezes Ocasional
História Meningite Rara Infecção local
Qualquer falha desse processo de obliteração deixa I Quadro clinico: mole, compressivo], pulsátil, azu-
um canal, um caminho que favorece a extensão lada, transiluminável, aumentando com o choro,
de tecido glial, originando a encefalocele (Fig. manobras de Valsalva ou pela compressão das
27.5). veias jugulares (teste de Furstenberg positivo).
I Sem predisposição sexual. I Investigação diagnóstica: TC ou RNM. A RNM
I Prevalência: 1:35.000 nascidos vivos. é a modalidade de escolha, pois determina o
I Anomalias associadas: 30 a40%. Mais comuns: tamanho, a extensão, a,:natureza do conteúdo da
microcefalia, hidrocefalia, microftalmia, anof— encefalocele e as anomalias intracraniais asso-
talmia, agenesia do corpo caloso, porencefalia, ciadas. Isointensa relativa à massa cinzenta em
atrofia cortical, dilatação ventricular, braquissin- T 1 e hiperintensa emT2 pela gliose. A TC mostra
dactilia, fenda palatina, sindrome de Goldenhar. alterações ósseas compatíveis com extensão
I Classificação: dividida nos tipos sincipital e ba- intracraniana: bifidez, ou ausência da crista galli,
sal. O tipo sincipital apresenta—se em torno do placa cribriforme e osso frontal.
dorso nasal, órbita e fronte e é associado a massa Tratamento: excisão da massa com o cérebro
externa óbvia. O tipo basal localiza-se na naso— herniado e fechamento do defeito da dura. Com
faringe e cavidade nasal. extensão intracranial está indicada craniotomia
associada.
A Tabela 27.1 nos mostra as principais caracterís-
ticas clinicas das massas congênitas nasais de linha
média.
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1
1
1
:
- nóstico
Indica-se cesárea nos tumores grandes com diag-
pré-natal.
- Estabelecimento de via aérea confiável (pºr
entubação endotraqueal, nasotraqueal, ou tra-
queostomia).
'“ As lesoes mais importantes são: epignato, epúlide, an- m Tratamento: ressecção do tumor via cavidade oral.
,cilogiossia inferior, mucocele, tireóide lingual, linfan-
gioma da língua, macroglossia e rãnula
EI'ÍIllIlE GGRGÉRI'I'R
1111111111111 ll Conceito: tumor congênito dos tecidos moles cres-
I Conceito: tumor teratóide congênito raro, na cendo da margem alveolar anterior do maxilar
, cavidade oral, que distorce a anatomia Orofacial. superior ou inferior (Fig. 28.2). Não tem cone-
O tumor cresce do palato ou faringe na região xão com o osso. Também denominado de mioblas-
da bolsa de Rathke (Fig. 28.1). Pode envolver toma de células granulares.
.& as amígdalas e/ou língua, estando muitas vezes iaEpidemiologia.
, aderido ao osso esfenóide. A base de implanta—
ção pode ser única ou múltipla.
—
Frequência da origem: dois a quatro na maxi-
la para um na mandíbula.
I Enologia: desconhecida. Teoria mais aceita: oriundo
de células totipotenciais na região da bolsa de
——
Mais freqiiente no sexo feminino (80%).
Múltiplos em 10% dos casos.
Rathke, crescendo de uma forma desorganizada. I Etiologia: histogênese é ainda incerta. Muitas
I Diagnóstico pré-natal: massa tumoral com áreas teorias sugerem origem de células epiteliais, células
sólidas e císticas, em adição a áreas com calcifi- mesenquimais indiferenciadas, perícitos, fibro-
!“ cações. Poliidrâmnio é comum e, provavelmente, blastos e células musculares lisas. Como cresce
causado pela obstrução da orofaringe fetal que em recém—nascidos (RN), pode-se pensar que
impede a deglutição. hormônios maternos influenciam o aparecimento
I Quadro clínico: tumor grande, preenchendo com-
pletamente a cavidade oral, em protrusão para erçrescimen‘to dessa lesão Esse tumor pára de
crescer ao nascimento e algumas vezes pode até
fora da boca, causando sofrimento respiratório.
sofrer regressão espontânea. Não é claro se a epúlide
Mais frequente em meninas.
lInvestigação diagnóstica.
-_, -
Radiografia do tumor mostrando áreas de calcifi-
cações, algumas vezes assimetria cranial, ou
Flªuta 28.1—Epignato ocupando toda a cavidade oral e em Figura 28.2- Recém-nascido com epúiide séssil crescendo
". Drotrusão, da margem alveolar do maxilar superior.
174 : Cabeça e Pescoço
.º“.,m—sa,
alvéolo do maxilar superior ou mandibula. Al- Conceito: falha de migração da glândula tireóide
gumas vezes protubera pela boca. Raramente é para sua localização cervical normal.
grande o suficiente para causar dificuldades na IllEpidemiologia.
alimentação e na respiração, ou sangramento es-
pontâneo.
- Das tireóides ectópicas, 90% localizam-se na
língua e 10% na regiãocervical acima do osso
I Histopatologia: tumor de grandes células granulares
hióide. Posição lingual mais comum: porção
wa-—cquAng. a.“ , J
1“
eosinofilicas, formando nichos sólidos, células posterior da língua, perto do forame cego.
fusiformes parecendo fibroblastos, separados por — Mais frequente no sexo feminino (75%).
delgadas áreas fibrovasculares. Provavelmente
é um tumor derivado do mesênquima.
-
Setenta e cinco por cento não têm outro tecido
tireóideo funcional.
ITratamento: excisão do tumor. sl Quadro clínico: maioria é assintomática. Outros
achados: disfagia, dispnéia.
ARGllÍllilllSSlA lllflhlllll llllllillll PRESA] IInvestigação diagnóstica: solicitar cintilografia
corn iodo.
I Conceito: defeito de desenvolvimento do freio Tratamento.
lingual, que o torna curto, restringindo os movi-
mentos da ponta da língua. Afeta 3 a 4% dos — No paciente eutireóideo e assintomático: ob-
servação,
%É —
lactentes e crianças pequenas e tem predisposi- No paciente sintomático: terapia supressiva com
ção pelo sexo masculino, variando de 1,5 a2,6M:lF.
S L Q' B E Z V
hormônio tireóideo. Se falhar, indicar excisão
I Quadro clínico: 0 freio espesso e fibroso, ou
I
e completa e terapia hormonal. Autotransplante
fino e membranoso, curto, inserindo-se na pon- da glândula excisada ou transferência pediculada
L-GB
ta da língua, tornando limitada ou impossível a ’1‘. tem sido tentadas com resultados inconstantes.
protrusão da lingua além dos incisivos mandi— )- .Ã
ll:
»
”Jªl—mnh _
podendo haver limitação dos movimentos late— IÉ a principalçcausa de macroglossia na criança.
rais e impossibilidade de sua elevação.
IFisiopatologia: freio curto pode causar problemas " I Pode ser confinada a uma porção da língua, ou
o comprometimento e difuso (geralmente). A
de amamentação no peito, sucção incoordenada, maipria atinge os 2/3 anteriores da língua e por
erros na articulação das palavras, principalmente isso, obstrução de via aérea não é comum. Quando
de sons linguais e sibilantes como T, D, Z, S, N o comprometimento e difuso, pode envolver o
e L, efeitos mecânicos (nas crianças maiores), assoalho da boca e regiões submandibulares e
como dificuldade na limpeza oral e diastase dos submentoniana.
. incisivos centrais inferiores por freio espesso. a Quadro clinico: presença de múltiplos pequenos
Não causa retardo na fala. cistos translúcidos, dando a língua um aspecto
ITratamento: firme, verrucoso. Essas pequenas vesículas tendem
— neamente
Se freio é
o delgado, pode desaparecer esponta-
ou pela sucção.
a exsudar linfa, proporcionando o aparecimento
de infecções recorrentes. Salivação abundante.
— Nos outros casos está indicada sua secção. Após
os seis meses de idade deve ser realizada fre-
disfagia, dificuldades na alimentação e ataques
recorrentes de glossite (tratar com antibióticos)
notomia com anestesia geral, evitando lesão são os achados clínicos mais comuns, A línguª
dos ductos das glândulas submandibulares e exposta fica ressecada e edematosa (Fig. 28.3)—
artérias linguais. .. m Aumentos recorrentes da língua costumam ser
— Frenuloplastia está indicada nos freios'i'nuito
curtos e espessos. A incisão é realizada no sentido
secundários a trauma ou infecção.
ITratamento.
horizontal e a sutura no sentido vertical. —
0 tratamento é decidido pelo nível de disfunçãº-
3.4.1." ,.
Lesões da Cavidade Oral ll
175
—
Figura 28.3 Grande Iinfangioma de língua com protrusão
manente. Língua com aspecto hemorrágico e verrucosa.
Figura 28.4 — Rânula sublingual.
orifícios dos ductos das glândulas submandi- rias nos espaços císticos. Após a injeção de
“É? bulares. As recidivas devem-se ao contato das 0K—432, existe extensa produção de citocinas,
&
bordas da ferida cirúrgica uma com a outra incluindo interleucina-6 e fator de necrose
“É?/ª:
-
:s mana de gestação) ocasiona o deslocamento
alg‘slterior da língua na faringe e uma macroglossia IIIIllMIIlIIIS ISSIIGIIIIIIIS
'
lativa. A posição alta da língua na cavidade oral Micrognatia e glossoptose são componentes de inú—
flag? evitar o fechamento das metades palatais, cau- meras síndromes genéticas.
êgdo uma fenda. A posição mais posterior da lín— Em aproximadamente 70 a 80% dos casos existe
Égªfraroposição) resulta em obstrução parcial da associação com fenda palatina sem lábio leporino.
_claªaerea superior. Durante a inspiração, a pressão Palato sem anomalia é encontrado em 20% dos casos.
negativa surgida na faringe, retrodesloca a língua,
Anomalias associadas: defeitos das extremidades
umfintando a obstrução. 0 bebê aumenta mais seus (pés eqtiinovaros, sindactilia, polidactilia, ausência
igrços respiratórios na tentativa de vencer a obs- de dígitos, ossos longos hipoplãsicos), defeitos
?ªº; Pºrém mais pressão negativa inspiratória é gerada cardíacos (defeitos septais. tetralogia de Fallot,
,ªnflgº, sugando língua a em direção via
à aérea. coarctação da aorta). defeitos oculares (estrabis-
,?— .YBSenga de fenda palatina, essa situação agrava- mo, hipermetropia, miopia, estenose do _ducto
~
(fªdª mais, pois a língua tende a encravar na fen- nasolacrimal, glaucoma, ptose, microftalmia), pro-
«;,-P10r§nflo a obstrução.
blemas otológicos (otite média, anomalias auricu-
““Ó WSlçao súpina acentua a dificuldade respiratória, lares, perda da audição).
s a línguª. por gravidade, desloca-se mais poste- III Síndromes associadas sequência de Pierre—Robin
a
mºrmente.
‘
õ u - R Ç z s o _/: r e L
osteoartrite precoce, cifose, escoliose, pecrus
excavatum. nasal aplanada) (Fig. 29.2), pesquisar posição e
- Crâniooro-faciai: fenda'palatina, palato submu- tamanho da língua, alterações no palato (palato
coso, úvula bífida, micrognatia, seqiiência Pierre— arqueado e alto ou fenda palatina completa ou
Robin, face plana com nariz pequeno, pregas submucosa) e sinais de dificuldade respiratória
epicânticas, olhos grandes e proeminentes. (estr'idor, tiragem subcostal, crises de apnéia e/ou
—- Audição: possível perda auditiva neurossensorial
e condutiva e orelhas pregadas.
cianose). A dificuldade respiratória pode ser
persistente e grave, ou intermitente relacionada
— Cardiovascular: prolapso de válvula mitral. ao sono, alimentação ou postura.
Radiografia de tórax.
a Nasofaringosc0pia: tem a finalidade de identifi-
GUISSIFIGIÇIIB car o tipo de obstrução respiratória e analisar no
A obstrução respiratória na SR nem sempre é causa- tipo 1 a gravidade da glossoptose.
da pela glossoptose; outros mecanismos podem estar A glossoptose pode ser classificada em:
envolvidos. Estudos realizados com nasofaringoscópio
de fibra óptica em pacientes com anomalias craniofaciais Leve:_ quando há retroposição da língua, mas na
e apnéia obstrutiva demonstraram quatro tipos de ’1‘ maiorpane do tempo o seu dorso não toca a parede
obstrução: ª posterior da faringe. '
93 15 7 4 9 ‘ “ .
., queostomia, glossofixação, ou gastrostomia) vai, nificativa. Mesmo assim, a técnica mais recomen-
indubitavelmente, retardar ou dificultar o desen- dada parece ser a descrita por Delorme, com base
#67
cntubação nasofaríngea é utilizada nos casos que CAOUE'I'le-LABERGE, L.; PLAMOISDON, C.; LAROCQUE, Y.
Subpefiosteal release of the floor of the mouth‘ ln Pierre—Robin
apresentam crises de cianose, apnéia ou palidez
sequence: experience with 12 cases. Clef: Palate Craniufaci J.,
e/ou esforço respiratório importante e/ou queda v. 33, n. 6, p. 4681472, 1996.
da saturação para valor S 90% e com importante DYKES, E. H. Pierre Robin sequence. ln: PURL P. Newborn Surgery.
dificuldade alimentar. Entubação nasofaríngea Cambridge: Butterwonh-Heinemann, 1996. p. 125-130.
corresponde a colocação de uma cânula de entu— MANDELL, D. L.: YELLON, R. F.; BRADLEY. I. P. et al. Mandibu-
bação orotraqueal de silicone (leitosa), corn diâ- lar distraction for micrognalhia and sei ere upperairway obstruction.
Arch. Otolaryngol. Head Neck Surg.. v. 130, p. 344—348, 2004.
metro medindo 3 a 3,5mm, introduzida de 7 a
Sem pela narina até a faringe, sem atingir as cordas MARQUES, 1. L.; SOUSA, T. V.; CARNEIRO, A. F. et nl. Sequência
de Robin — protocolo único de tratamento. ]. Pediar.(R1'o de Janeiro),
vocais e cortada 1cm para fora da narina e fixa- v. 81, p. 14-22, 2005. '
.
_ ”W
W
180 I CabeçaePescoço
EPIDEMIDIDGIII
Cisto congênito mais comum do pescoço (core
r11
responde a 70% das anomalias congênitas do
lIlBllIlIGÃII
A maioria dos cistos situa-se junto à região do hióide
(85% são peri—hióideos), mas podem encontrar-se tão
baixos como na posição supra—esternal ou tão altos
como no forame cego.
I
Junto intimamente com o osso hióide: 60%.
m Submentoniano/supra-hióide (também conside-
\
Lingual: 2%.
:| Supra—estemal:
7%
sz-canL
ar Tireóideo: 5%. Figura 30.1 -Cisto tireoglosso com cavidade repleta de muro
ta Lateral: 1%. e processo inflamatório na pele ci rcunjacente.
"N41 .
Cisto Tíreoglorro a 181
I'Gíªºº situado nas vizinhanças do forame cego e tecido tireóideo podem, ocasionalmente, ser encon-
f' dendº ocasionar disfagia, dispnéia, rouquidão trados em suas paredes.
bsrridor (localização valecular), principalmente
'ªndo infectado. Raro. TRATAMENTO
Zpode haver história de mau hálito e gosto ruim
na
boca quando associado a descompressão es—
'.lgbntanea do cisto (evidência de comunicação do
Indicação cirúrgica quando feito o diagnóstico,
evitando episódios de infecção que tornarão a
c1510 com a boca). Raro. cirurgia mais difícil e 0 maior aparecimento de
!”
rp.
recorrência.
E Cisto com inflamação: tratar com antibióticos.
Não drenar, a não ser que forme abscesso.
:: Técnica cirúrgica de Sistrunk: excisão do cisto,
mHi' stória e exame físico.
Ultra-sonografia da região cervical tem sido trato, porção central do osso hióide e excisão de
segmento de tecido lingual (músculos da base
isblicitada de rotina no pre-operatório para do— da língua) com i5 a lOmm de diâmetro, em ângulo
'
‘cumentnr
rggxcluir a
a presença de uma tireóide normal e
possibilidade de uma tireóide ectópica, de 45° para tras e superiormente em direção ao
forame cego.
imetizando um cisto do ducto tireoglosso.
intilografia de tireóide com tecne'cio-99m é no
m Se massa sólida for encontrada transoperatório
no local do cisto tireoglosso, realizar biópsia de
clicada quando, na ultra-sonografia, não apa— congelação e, confirmada a presença de tireóide
iecer tireóide normal ou o cisto tireoglosso ti-
_ ver
um aspecto sólido e em casos com sintomas
ectópica, a glândula deve ser preservada, reali-
zando-se sua secção na linha média e colocação
e sinais que sugerem hipotireoidismo (constipa—
de cada hemitireóide debaixo dos músculos cer-
., ªção intestinal crônica, retardo de crescimento e vicais (estemotireóideo e tiroióideo), ou deve-
'
”»,-“ desenvolvimento, sonolência excessiva, ganho de
se decidir por sua remoção (pois são glândulas
“'»peso apesar de pouca ingesta, hipoatividade, pele disgenéticas que poderão malignizar).
ªsker, fria e amarelada etc.).
”glimmer nlrmrncnu. IIEGDBIIÉIIGIII
IUtilizando-se a técnica de Sistrunk, a taxa de
;!Cisto dermóide: costuma aparecer aos três anos recorrência é de i 5%.
».de idade, tem forma esférica completa, pode mover— ll Com excisão do cisto e parte central do osso hióide
. corn a deglutição e protrusão da língua se situado (técnica de Schlange): 20%. -
':Junto no osso hióide, constituído em seu inte-
rior por material caseoso, como pasta de dente
I
Com excisão somente do cisto: 50%.
a"
"cheiro de ranço. Corresponde a 20 a 25% das
,nomalias de linha média cervical. causas nr arounntnern
_
Linfonodos de linha média: podem aparecer em IPresença de mais de' um cisto.
_qualquer idade, forma multinodular e, se situados l
Cisto lateral à linha média (desvio daçlinha média).
'jin‘tto ao osso hióide, podem também apresentar Em até 2cm lateral a linha média ja foram en-
fmobilidade corn & deglutição e protrusão da língua.
contrados cistos. O cisto pode lateralizar—se por:
gQutras doenças: tireóide ectópica, cisto branquial, ramificações“ laterais do ducto principal, comu-
'gadenite tuberculosa ou por micobactérias atípicas,
nicação com o lobo piramidal ou lobo esquerdo
. r g Tireóide ectópica: prevalência de tireóide ectópica
*
"g
MllIÍiIIIlIIÇÃll
5,505 e fistulas do trato tireoglosso são revestidos, IPode ocorrer em menos de 1% dos casos e em
“Intente, por epitélio colunar respiratório, com adultos. O carcinoma papilar contabiliza 85% dos
tr
39:35 muÇOSªs produzindo fluido viscoso. Epitélio
v.ª:
1t
mars provável que resulte de metaplasia do
. l'eSprratóno, frente à infecção. Tecido linfóide
do tireóideo presentes no ducto tireoglosso (apro—
ximadamente 5%).
182 I CabeçaePescoço
s u x-ac —z r
2006. Thyroglossal duct infections and surgical outcomes. J. Pediatr:
HORISAWA, M.; NllNOMl, N.; NISHIMOI‘O, K. el al. Clinical results Surg, v. 39. p. 396-399, 2004.
1- 9 2
of the shallow core-out procedure in thyroglossal duct cyst operation. TELANDER, R. L.; DEANE, A. S. Thyroglossal and branchial cleft
cysts and sinuses. Surg. Clín. North Am, v. 57, p. 779-791, 1977.
I. Pediatr. Surg., V. 34, p. 1589-1592, 1999.
É. — A M
*_—w. m. .
.,W".
e. « - ”
. ,. w
i
, cuz-gu
J &' '. < '1.
Cistus, Seia: e Fístulas Branquíaís a 183
EPIDEMIUlOGIII
: Todos os defeitos hranquiais são congênitos ejá
existem ao nascimento.
Anomalias dos arcos branquiais correspondem
a 30% de todas as lesões congênitas da cabeça
e pescoço.
I Os cistos aparecem mais tardiamente (tempo
. x . - necessário para se desenvolverem, geralmente
anomalias da formaçao da cabeça e pescoço,
.º; ndas de um ou mais arcos, fendas, ou bolsas bran- na segunda década de vida).
E As fístulas e seios apresentam-se clinicamente
quiais que persistiram anormalmente após o nasci-
tried“). não sofrendo reabsorção completa, obliteração, durante a primeira década de "vida.
dpºmalufªç㺠no período embrionário. E Fístulas completas são mais freqiientes do que
seios.
minimums Hammers
I Os seios são mais frequentes do que os cistos.
ll Mais de 90% dos'casos são decorrentes de ano-
" Qsdefeitos branquiais podem apresentar-se anatomi- malias d0 2ª sistema branquial, 8% são atribuídos
'
i
"camente sob as seguintes formas (Fig. 31.1): ao lº arco. As anomalias do 3º e 4ª sistema bran—
IFístulas:quando há comunicação entre duas quial são muito raras.
I Dez por cento têm história familiar.
M superfícies ou cavidades epiteliais. Resultam de
I Urn quarto dos casos é bilateral.
um defeito de fechamento de um arco branquial,
permitindo a comunicação entre a pele e a faringe. ll Levemente mais freqiientes em meninas.
ISeios: quando persiste um trajeto curto e de fundo
cego com a presença de somente um orifício co-
_ municando com uma superfície ou cavidade epi-
, msromam
, telial. Pode persistir somente o orifício externo Os remanescentes branquiais, em 90% dos casos, são
(seio externo), ou orifício interno (seio interno), atapetados por epitélio escamoso, porém, epitélio colu-
bem mais raro. Ocasionalmente, os seios podem
comunicar—se com uma cavidade fechada (seio
nar ciliado .
pode "também ser encontrado.
,
Fistula
IGÍEIIBS E99 Primeiro
Brannuial
arco. Iolsa e Fenda r m n,
n Tipo I (mais raro): duplicação do conduto mem-
branoso auditivo externo. Estende—se anterior e
profundamente ao lóbulo da orelha, lateral ao
nervo facial, paralelo ao canal auditivo externo
%
Seio
externo Sªlº normal, terminando em fundo cego na placa óssea
interno no nível do mesotímpano (Fig. 31.2). São reves-
tidos por epitélio escamoso (derivado do ecto—
derma), produzindo queratina. Pode haver defor—
midades pequenas junto às cartilagens da orelha.
A massa cística principal pode estar colocada
Cisto anterior e inferior ao lóbulo da orelha associada
à parótida. Há possíveis zonas de drenagem de
seios. A lesão é superior, mas em íntima proxi-
midade com o tronco principal do nervo facial.
" w ª—
.
184 I Cabeça ePescoço
Investigação Diagnóstica
IHistória e exame físico.
IExame otológico.
IUltra—sonografia ou tomografia computadori-
zada (TC) do ouvido e regiões circunvizinhas
para demonstrar o trajeto do seio ou fístula e rela—
ções anatômicas com o nervo facial, parótida e
ouvido médio.
Tratamento
L-SQ'IVZªÇRj
IA indicação cirúrgica das anomalias branquiais
l começa a partir dos seis meses de idade.
—
Figura 31.2 Defeito branquial de lº arco, tipo l‘. I Excisão completa do trajeto até sua entrada no.
conduto auditivo externo, com adequada expo—
sição do tronco do nervo facial e seus ramos junto
I Tipo II: apresentam-se sob a forma de cistos, seios,
à saída do forame estilomastóideo, com insisão
estendendo-se no sentido pré-auricular. Algumas
ou fístulas situadas no triângulo anterior do pescoço, vezes e necessária a dissecção do nervo facial e
logo abaixo do ângulo da mandíbula. Essas le— parotidectomia superficial. Sempre utilizar estimu-
sões são compostas de ectoderma e mesoderma lador de nervos. Raramente envolve a membra-
e, portanto, podem conter cartilagem. Costumam na timpânica ou o ouvido médio.
ser diagnosticadas após episódio infeccioso e
necessidade de drena em cirúr ica de um abs—
-
.
cesso localizado abaixgo angulgo
do da mandíbula. “menus III! SEQUIN“)
"ºº' :
'
Nenhumº
1
A extensão superiorpassa sobre o ângulo ou ramo Fenda Bolsa Farinnfla :
horizontal da mandíbula. O trajeto estende-se para derivativo do 2º arco ocorre acima do nível
cima, passando superficial ou profundamente ao d0 osso hióide.
tronco do nervo facial (Fig. 31.3). Pode termi—
nar inferiormente ao canal membranoso auditi-
vo extemo ou fonnarumseio nesselocal,Alesão 'tãº
Os trajetos ESt“10505 ºfÍUHdOS
dª 2ª fenda
situados geralmente entre º 1/3 médio ª
55—
0
desse tipo costuma estar mais intimamente rela-
cionada à parotida. .
“3 inferior no Five] do horde anterior
do múª-
culo esternoclerdomastórdeo. O trajeto passa no
l
, . .
AS meºlPªlS formas de apresentação Sãº?
meio da bifurcação das carótidas, na frente do
,ª— nervo hipoglosso e abre-se na faringe no nível E
'
_ .“
'
a orelha.
ISeios drenando secreção.
.
I Abscesso cervical recorrente.
“
,
,,
“
M.,: "'
' "
XI ., x,xu
, 1x
,
.
ª:
_
cartila inosos ou cutâneos.
A
º?”
-
&
:;
, infecção prévia.
I' Para realizar-se o diagnóstico diferencial entre dem ser derivados do 3º ou 4ª arco e são distinguíveis
'
seio (: fístula completa, pode-se realizar fistulograiia por sua relação com a carótida e nervos.
.
“'ª
com contraste iodado. Não é um exame fácil de
É Cisto branquialpelo
ser realizado pequeno calibre do trajeto.
I O orifício externo costuma também estar locali-
zado entre 0 1/3 médio e o [B inferior da região
‘I costuma aparecer clinicamente a
A
I Apresentações clínicas não usuais: estridor, odi- faríngea, que cresce do seio piriforme e esten-
de—se inferiormente ,em direção à tireóide, ter-
a
.,) ,nofagia, disfagia, nódulo frio cintilografia de
tireóide.
;;tamento
Éirur ia está indicada a partir dos seis meses de
É
idade. iniportante a excisão completa do trajeto.
'
« "= .
M." “' _
L
186 I Cabeça e Pescoço
BBSIIIS Branuuiais
Em certas ocasiões, cartilagens ou apêndices cutâneos
podem aparecer sob a pele como remanescentes bran-
quiais, geralmente junto ao 1/3 inferior e no bordo
anterior do estemocleidomastóideo. Podem associar—se
a seios e fístulas.
1 t,
1 .Ir
. “"sua-sima 1—
,. cistos e Seios Pré-auriculares
Figura 31.8 - Cisto pré-auricular infectado. Conceito e Epidemiologia
Deformidades congênitas do ouvido externo. São pre-
minando dentro da glândula em justaposição ao gas ectodérmicas seqiiestradas durante a fusão dos seis
lobo superior esquerdo da tireóide. tubérculos que formam 0 ouvido externo. Apresen-
O quadro clínico nesses casos baseia-se na his- tam predisposição familiar e frequentemente são bi-
tória de infecções respiratórias altas repetidas, laterais (20 a 33%). São mais comuns à esquerda.
dor de garganta e muitas vezes dor e sensibili- I Não têm origem branquial.
dade da tireóide, com ou sem supuração. A dor I Frequência: entre 0,02 e 5%. Mais prevalente
fica localizada sobre a tireóide, mais intensa sobre em asiáticos.
o lobo esquerdo. Na palpação não se pode dife— I Transmitido por um gene autossômico dºminante
renciar & tireóide de uma massa associada. Rou- incompleto de penetrância variável.
quidão é frequente, a deglutição costuma ser I Geralmente são malfonnações isoladas, mas podem
dolorosa, leucocitose está presente e as provas estar' associadas a surdez e malformações renais.
de função de tireóide são normais. Radiografias de
tórax e região cervical demonstram massa de tecidos
moles, às vezes com desvio da traquéia. A cintilo- i'iªormas'de Apresentação—Clínica
grafia tireóidea mostra diminuição da captação
no lobo esquerdo. O esofagograma raramente de-
I Pequeno
orifício assintomático.
monstra fistula durante a fase inflamatória. Após
melhora do processo inflamatório, pode demonstrar
multilocular
Figura 31.10- Cisto pré-auricular. Estrutura que
produz material sebáceo e que termina junto ao pavtlhãº
Figura 31.9 — Absresso em cisto pré-auricular. auricular.
~11.
“'.—â-
cistos, Sela: e Fístulas Branquiair : 187
“,“?â'Ç;liraêctãº
31.11 — (A) incisão L
cºmpleta. o cistoem ouV invertido. (B) Dissecção do retalho de pele e cisto, que é mantidojunto ao retalho, Após
é liberado do retalho e removido.
,1 '
'— EE’tjiangular
. A localização preferencial é junto a uma área
anterior a orelha, entre a margem ante- Tratamento
'
? ior da hélice e a margem inferior do trago. Rara- Assintomáticos: não necessitam tratamento ci-
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Fenda newloal Montana of the preauricuiar sinus: a comparison of two techniques.
Loryngoscope, v. 111, p. 317-319, 20011
I Ocorre devido ao fechamento imperfeito da li- WALDHAUSEN, ]. H.T. Branchial cleft and arch anomalies in children.
nha média da região cervical, por falta de fusão Sem. Pediatr. Surg., v. 15, p. 64—69, 2006.
1f.
Torcicolo Congênita I! 189
IIIS'I'III'A'I'DlllGIII
Trata-se de uma fibrose endomisial. Há depósitos de
colágeno e fibroblastos em torno das fibras muscula-
flEmmett caracterizada pela posição viciosa da cabeça
: pescoço e aparecimento progressivo de assimetria
(:
res individuais. A gravidade e a distribuição da fibrose
diferem amplamente em cada paciente e fascículo
aciai e craniana decorrentes de displasia fibrosa e muscular.
ncurtamento do músculo esternocleidomastóideo O tecido fibroso maturo encontrado nos recém-nas—
, ZFig- 32. l). A orelha parece tracionada para baixo em cidos sugere que a doença tenha começado bem antes
direção à clavícula do lado ipsilateral e a face olha do nascimento e, provavelmente, é a_causa e não o re-
_"para frente em direção ao lado contralateral. sultado das dificuldades obstétricas.
'É A maior frequência de apresentação pélvica suge-
;»;rnntnmmcm
'
." W
perior e inferior imprecisos, localizado no 1/3
.
Lªmento do músculo estemocleidomastóideo direito. A orelha
inferior ou médio do músculo ECM, encontran—
.
ªdfrª'tª Pªrece estar fracionada para baixo, em direção à cla-
. Vl_tula do mesmo lado e a face, voltada para frente, em dire— do-se no seu interior (dentro da substância do
,
g
'
“ªº_ªº lado contralateral. Notar também hipoplasia da
, emlface esquerda.
músculo).
I Torcicolo nem sempre está presente, inicialmente.
_
,— ., _
190 I Cabeça e Pescoço ni'
a
Turma de llurescntação rlc Fibrose tn Síndrome de Klippel-Feil.
Muscular [35%] u Torcicolo ocular (estrabismo, nistagmo): dese-
quilíbrio dos músculos extrínsecos do olho. Não
I Essa forma de apresentação é mais tardia, surge aparece antes dos 6 a 12 meses de idade.
ma- u “
:“
após o desaparecimento do tumor (que pode ter I Síndrome de Sandifer: posição viciosa da cabe.
.;-
sido notado ou não clinicamente) e ocupa toda ça para evitar o refiuxo intermitente de conteú-
,.;—
a extensão do músculo, tornando-o mais espesso do gástrico até a faringe,
do que 0 normal. I Tumor (rabdomiossarcoma, neuroblastoma).
I História da presença de tumor no período neonatal I Adenite elou fascite cervical.
em 10 a 20%.
1
Eloltos Secundarlos do Torcicolo TRIMMER"!
l
E IPlagiocefalia: deformidade caracterizada pelo
I Massagens sobre o músculo ECM afetado com
creme de hialuronidase ou pomada heparinóide, .,
l apianamento das regiões frontal (do lado da fibrose
,.. .au-t » .
Fisioterapia corn movimentação passiva da ca.
-.
t muscular) e occipital contralateral e arredonda— beça com o tronco fixo, geralmente efetuada pelos ,
mento das regiões contralaterais, causadas pela
I
,—
pais, 15 a 20 vezes, três a quatro vezes por dia
, ação de forças gravitacionais. No lado em que a após as massagens. São realizados movimentos
l região frontal e plana (lado da fibrose muscu- de rotação e flexão lateial da cabeça e pescoço
a
lar), a orelha e eminência parietal estão colo— (Fig. 32.2).
l _ cadas mais posteriormente e a face é mais larga. Estimulação luminosa, alimentar, afetiva pelo lado
1 Éuma deformidade que afeta todos os quadrantes em que existe dificuldade de rotação da cabeça.
do crânio. A plagiocefalia costuma estabelecer- II Controle clinico mensal.
wc“-—v.auqy
se após três meses de evolução. Após cura do I Existe regressão completa da fibrose muscular
torcicolo (antes dos 12 meses de idade), a pla— ou do tumor muscular entre 90 e 95% dos casos
giocefalia costuma regredir lentamente retornando
). a
»A
tratados no 1“ ano de vida. Raramente o trata-
ao normal em dois anos, podendo nunca desa-
mento clínico ultrapassa seis meses de duraçã
parecer completamente. Após os 12 meses as
G L S‘ B ' Z V
Il Nos casos de torcicolo persistente, tem sido preco-
[ alterações são definitivas.—
nizada, antes do tratamento cirúrgico, a injeção
I Hemi-hipopiasia facial: observa-se hipoplasia de
do músculo afetado com Botox“ (toxina botulínica).
uma
L‘59
das hemifaces. 0 mecanismo é inexplicado.
E progressiva enquanto o torcicolo persiste, mas
As toxinas bloqueiam a junção neuromuscular
impedindo a liberação do neurotransmissor acetil-
essas alterações param tão logo a tensão do mús- colina, enfraquecendo 0 músculo temporariamente,
culo ECM seja aliviada pela cirurgia ou fisiote- v 'w
M aw -u m . ”
facilitando o alongamento muscular. A injeção
.
.r
rapia. O retorno em direção ao normal é lento,
provavelmente ocorrendo enquanto existe cres- '1. faz efeito em dois a sete dias e seu efeito dura, &
e.
cimento ativo do esqueleto facial (até 18 a 20
usa—se o anestésico tópico EMLAº.
W
anos). Após os 12 meses de idade as alterações
são definitivas.
I Atrofia do trapézio ipsilateral corresponde a uma
atrofia de desuso e costuma recuperar—se em dois
a seis meses após a cura.
Indicações rle
iratámcnto cirúrgico
I lnsucesso do tratamento clínico.
I Escoliose compensadora. II Apresentação em crianças > l ano de idade.
— M,
“.e
,
—
Figura 32.2 Fisioterapia do torcicolo congênito. Torcicolo relacionado ao músculo esternocleidomastóideo esquerdo. (A e
”Élllotação delicada da cabeça e pescoço em direção ao lado esquerdo, enquanto o tórax é mantido fixo. (Ce D) Flexão lateral
ª cabeça e pescoço em direção ao seu lado direito. (E a H) Torcicolo relacionado ao músculo esternocleidomastóideo direito.
aºs mesmos movimentos devem ser realizados em direções opostas. A posição deve ser mantida por 15 segundos e, cada
fnovimento, repetido 15 a 20 vezes, 3 a 4 vezes por dia. Reproduzido de www.torticolliskids.org.
baseiam no alongamento muscular, com tenotomia IHá relatos recentes do tratamento de torcicolo
do ramo clavicular e zetaplastia do ramo esternal. m scular corn o uso de toxina botulínica e fisio-
Mantêm a coluna do músculo ECM na região terapia associada naqueles pacientes menores de
cervical baixa, evitando o aparecimento de um dois anos de idade em que a fisioterapia não está
desnível em forma de buraco na área do mús- resolvendo. O músculo deve ser identificado por
ª' * culo seccionada. os
palpação, seguro entre dedos de uma mão e
iExcisões parciais ou totais do músculo não apre- injetado com lmL de toxina botulínica, tendo o
sentam resultados estéticos bons, pois há perda cuidado de evitar a injeção inadvertida nos mús-
da coluna do músculo, limitação dos movimen- culos e estruturas adjacentes. A dose recomen-
tos da cabeça para o lado afetado e maiores dada está entre 25UI e SOUI (dependendo da idade
riscos de lesão do nervo espinhal acessório. Ou- da criança). A substância e' injetada atraves de
tras técnicas, com incisões mínimas e ate' endos- uma agulha 25G inserida em três a quatro locais
cópicas, têm sido descritas para correção dessa e distribuída ao longo da extensão do músculo.
doença.
'
Pós—operatório imediato: nas primeiras 4811 deve
ser conservada a posição supina sem travessei- comolioaoães cirúrnicas
ros e a cabeça mantida sem rotação por dois sacos II Insucesso da liberação completa.
grandes de areia. No Nº dia pós-operatório rei— ll Mau resultado estético.
nrciar
fisioterapia. Reeducação dos reflexos cer-
Vicais para manter o pescoço retificado sem ro—
li Lesão do nervo espinhal acessório e grande au-
ricular.
tação no mínimo por três meses.
lCrranças > 2 anos de idade necessitam coloca- BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA «,
; São de colete Ortopédico removível no pós-ope- BURSTEIN, F.; STEVEN, C. Endoscopic surgical treatment for
congenital muscular torticollis. Plan. Recarlr. Surg..v. lOl ,p. 20—24,
- ratório por cinco a seis semanas (evita o retorno 1998.
ªposição viciosa da cabeça). O colete e remo- CHENG, J. C. lnfantile torticollis: a review of 624 cases. !. Pediatr
vrdo a cada 4h para exercícios ativos, Orthop, v. 14, p. 802—808, 1994.
" 's - * . “
,
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192 I CabeçaePescoço
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presentation and outcome of treatment of congenital muscular muscular torticollis in infants with botulinum toxin type A,
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L'59IVZÇQ86
vj.
Linfadenite Cervical = 193
ra Pode apresentar-se como adenite corn flutuação
(abscesso) ou só com endurecimento (periadenite).
ra Achados clínicos: dor, calor, rubor, tumor.
= Local mais frequente: linfonodo submandibular.
Causas mais comuns: infecção de orofaringe, lesões
de pele, lesão dentária ou peridentãria.
u Germes mais comuns: estafilococo dourado e
estreptococo beta—hemolítico grupo A.
u Tratamento: cefalexina ou penicilina semi.sin-
tética penicilinase resistente durante sete a dez
dias mais calor local. Na lesão dentária ou peri-
_
umento inflamatório de um ou mais linfonodos da
dentaria, acrescentar cobertura contra anaeróbios.
I
.
Igrax. Nas adenopatias generalizadas, solicitar desi-
Elfºgcnase tática, ácido úrico, sorologia para vírus
EPªªªln-Barr (VEB), para citomegalovírus (CMV), para
— História de ingestão de leite de vaca sem pas—
teurização.
friª“. para toxoplasma e aspirado de medula óssea se — Evidências de tuberculose pulmonar em radio—
1m ver suspeita de le'ucose. grafias de tórax.
-- APodem
maioria é assintomática. .
"garantir": snorrnrnun — turnos, perda de peso.
apresentar febre, calafrios, suores no—
'
'
:
.u- I
.
çªacteristicas:
,
-- merados, é
Geralmente a adenite bilateral. Gânglios aglo—
especialmente na cadeia anterior e
Mais frequente em crianças < 2 anos de idade. porção inferior da região cervical.
1
194 I CabeçaePescoço
.:
!Germe causador: Mycobacterium tuberculosis, das: I = 5mg até lOmg/kg/dia; R = 8 a 12mg]
forma humana, e Mycobacterium bovis (raríssimo kg/dia; Z = 15 a 30mg/kg/dia.
— Excisão cirúrgica não é indicada.
-
atualmente) transmitido pelo leite em e mais comum
em sítios extrapulmonares. Transmissão habitual Na linfadenite regional supurada crônica pós.
é feita de pessoa para pessoa por via respirató- vacinação com BCG está indicado o uso de iso,
ria e inalação de pequenos aerossóis. Linfadenite niazida lOmg/kg/dia (dose máxima = 300mg/dia)
tuberculosa é, provavelmente, parte do complexo até o desaparecimento da supuração e dum.
primário, podendo o foco situar-se nos pulmões, nuição do gânglio. Se houver formação de abs-
. pele, ou membranas mucosas. cesso, está indicada a sua punção aspirativa.
l Investigação diagnóstica.
. — PPD-S (teste de Mantoux ou tuberculina) cos-
Mioohaotérlas ntínloas
tuma ser fortemente positivo. Reação interme—
L-s‘mzua
“
diária não afasta definitivamente a doença. ou Não-tuberoulosas
. Fatores que podem causar falso—negativos são: A categoria não-tuberculosa é subdividida nas de cres—
infecções virais (sarampo, rubéola, varicela, cimento rápido e nas de crescimento não—rápido. As
HIV), vacinação prévia com vírus vivo, des- de crescimento rápido requerem menos de sete dias
.— . nutrição, imunossupressão, sarcoidose, período para produzir uma colônia visível em meioªde cultu-
v. neonatal. Fatores que causam falso-positivos ra, enquanto que as de cre cimento não-rápido po—
são: infecção por outras micobactérias, vacina-
ção BCG. Em crianças vacinadas previamente
dem necessitar de até oito
semanas de incubação.
O complexo de micobactérias atípicas ou não—tuber-
». com BCG, não existe nenhum método confiável culosas (MNT) constitui um grupo geneticamente hete—
.'
capaz de distinguir uma reação tuberculina po-
sitiva causada pelo BCG ou pela micobactéria.
rogêneo de bactérias resistentes a álcool e ácido. Geral-
mente, são divididas em quatro grupos, de acordo com
Em geral, a reação média das crianças vaci- a produção de pigmento e ritmo de crescimento: fotocro—
nadas com BCG é menor que lOmm. A idade mógenas, escotocromógenas, acromógenas e de cres-
da vacinação e o intervalo entre ela e o teste cimento rápido:
também são importantes. Apenas 8% das crianças
com BCG no tº ano de vida vão apresentar rea— u Causa mais comum de linfadenopatia tipo gra-
ção ao teste de Mantoux > lOmm aos dois a nulomatosa (> 90%).
" cinco anos de idade. Urna reação z lOmm, prin—
lPico de incidência:
entre um e cinco anos de idade.
IPredisposição sexual: 1,5F:1M.
cipalmente se acompanhada de formação de
I A baixa virulência das micobacterias atípicas con-
bolha, em um período de dois anos após o Man-
toux (período de conversão), deve ser tratada diciona sua patogenicidade à diminuição da re-
como tuberculose. sistência do hospedeiro. As micobactén'as atípicas
Aspiração por agulha com estudos citológicos
'*
se
"t . não distinguem facilmente (clínica, radioló-
gica‘o histologicamente) das micobactérias que
(presença de células epitelióides, material resis-
tente a ácido e álcool e formação de granulomas) causam TBC ganglionar.
II Agentes etiológicos: mais de.-50 espécies de mi
, ,. e cultura de germe positiva. A cultura costu-
ma levar quatro a oito semanas para cresci- cobactérias podera causar linfadenite específica.
mento. « O complexo MAI (Mycªobaêteríum avíum-imra-
. Técnicas de amplificação do ácido nucléico pela cellulare) é o mais comum. Outros frequentes:
. reação de cadeia da polimerase (PCR, polyme- M. scrojitlaceum, M. kamasii, M. marinum, M. gor-
donae, M. malmoense, M.fortuitum, M. chelonae.
i fase chain reaction).
crosa.
a Tratamento.
-—-
Bilateralidade érara: só 7%.
Gânglios mais comprometidos são os jugula-
— Esquema HRZ (H =isoniazida; R:rifampicina; digãstricos, submandibulares e pre—auriculares-
Z:pirizinamida) por dois meses, seguido pelo
esquema HR por quatro meses. Doses sugeri-
—
Sem história de contato com pessoas com micº“
bactérias atípicas. Transmissão de pessoa pªrª
Línfadenite Cervical n 195
—
Figura 33.1 Massa confluente de gânglios aglomerados
por micobacteriose atípica.
—
Figura 33.2 Linfadenite cervical e pré-auricular fistulizada
com intensa necrose caseosa.
pessoa é improvável, exceto no caso de equi— zados em nosso meio. Esses testes cutâneos
pamento médico inadequadamente limpoe de- realizados com diferentes antígenos costumam
sinfetado. ser de ajuda no diagnóstico diferencial com
Características dos gânglios: massa confluente TBC ganglionar, mas têm baixa especificida-
de gânglios, simples ou múltipla (Fig. 33.1), de. Reação cruzada costuma limitar o valor
apresentando trajeto fistuloso em 20%, por onde diagnóstico.
drena material easeoso (Fig. 33.2). consistên—
cia dura, podendo adquirir consistência esponjosa — Testes moleculares como southern blot, PCR
epulse-field gel electmphomsís (PFGE) ou DNA
(mais comum, 70%), aderidos à pele, tamanho fingerprint podem ser utilizados. Os testes de
variando de 1 a 3cm (em 1/3 dos casos a massa amplificação genética como o PCR servem para
medirá mais de 3cm), sem calor local, poden- distinguir micobactéria tuberculosa (MT) da
do ter ou não hiperemia, indolor ou levemen- não tuberculosa (MNT), mas não distinguem
.
a.
.
ªq'J,
h
':.Í
te doloroso e com.crescimento mais. rapido do
que a TBC ganghonar. Na ausêncra de trata-
as diferentes espécies de MNT. Além disso, é
um método rápido e confiável para identificar
'
.!:ª mento adequado, as lesões progridem para lique- micobactérias. O fator limitante é o alto custo
"? fação com descoloração da pele suprajacente
e drenagem espontânea.
do teste. .
-—-
A maioria é assintomática.
— identifica “ão de micobactérias pela cromato-
grafia líquida de alta performance e amplif-
Bom estado geral, afebril. cação do ácido nucle'ico. São métodos rápidos
597à
—-
Raramente: febre, calafrios, suores noturnos,
perda de peso.
—-
e caros. '
Radiografias de tórax anormais. _ -'
lLocais de contaminação: solo, água aerossolizada,
pássaros e animais em geral.
-— - Biópsia de aspiraçãopor agulha fura para obter
material para cultura, coloração pelo Ziehl-
IA contaminação geralmente ocorre por lesões na
Neelsen ecitopatológico. Resultados ainda são
mucosa da orofaringe (dentição no lactente jo- desanimadores em nosso meio.
vem), infecção respiratória viral alta e conjuntiva.
I Investigação diagnóstica. — Biópsia cirúrgica de gânglio comprometido in-
—--
tacto e sua cápsula, dividindo-o em duas porções.
História e exame físico. 'Uma é colocada em formol e encaminhada para
Tomografia computªdorizada (TC) com con— histopatologia. O espécime é corado pela hema-
traste: mostra adenopatia assimétrica, massa toxilina—eosina. As características histopatoló-
de baixa densidade envolvendo o subcutâneo gicas são granulomas mal deã'nidos (não em
& pele, mínima inflamação adjacente e, em alguns
paliçadas), áreas dismorfas de necrose serpi—
,; casos, presença de calcificações. ginosa ou estrelada com debris nucleares e
33$
,;:
-Sensibilidade nula ou moderada (entre 5 a 10mm
na leitura da induração de 72h) à tuberculina
neutrófilos dispersos em focos necróticos ou
caseosos e presença de células gigantes tipo
(PPD—S) eostuina ser o achado mais frequente. Langhans. ,
Porém, como existe reação cruzada entre as
micobactérias atípicas e tuberculosas, forte - A outra porção é colocada em soro fisiológi-
co e encaminhada à bacteriologia. Na bacte-
positividade pode ser encontrada. riologia, o espécime é analisado de duas formas.
— Testes cutâneos especíãcos de sensibilidade para
ªlgumas micobactérias atípicas não são reali-
.
Pesquisa de BAAR (coloração pelo método
de Ziehl-Neelsen), que se positiva sugere
196 I: Cabeça e Pescoço
doença por micobactérias. Não é específica 20 a 30mg/kg, dividida em duas doses diárias,
4
para micobactérias atípicas e falso-positivos etambutol 15rnglkg, uma dose diária, e Como
são relatados. Inclusive, o número de baci- alternativa: azitromicina. O macrolldeo, usªr
los encontrados e tão pequeno que freqiien- do como monoterapia, pode induzir resiste“.
temente não são detectados, aumentando o cia precoce, segundo algumas pesquisas. O tempo
número de falso-negativos. Método com base de uso ideal não é conhecido. Aconselhamos
na coloração com fucsina, que é retida na o uso em um período de dois a quatro meses
I
parede celular e resistente a lavagem e des- ou até a cura do processo infeccioso.
ver-816 L-Hº
coloração pelo álcool.
, Cultural e teste de sensibilidade aos anti— nuença na nrranhauura do (tato
o
l
cidade de crescimento e teste de positividade a gatos infestados com pulgas.
com catalase e urease para determinar suas Geme responsável: Bar,-tonella henselae. Trata-se
características enzimáticas) e resistência às de um pequeno bacilo “Gram-negativo de difícil
drogas tuberculostáticas. 0 hipercrescimento isolamento e de crescimento muito lento.
das culturas por contaminantes é o maior I Leve predisposição pelo sexo masculino (3M:2F),
problema, pois as mieobactérias possuem a Achados clínicos.
lento crescimento se comparadas às bacté-
,
rias em geral. Se alguma espécie micobac-
— História de arranhadura prévia (duas a quatro
semanas) antes do aparecimento da lesão em
teriana é suspeita, o laboratório deve manter aproximadamente 90% dos casos.
——
My»
a cultura pelo tempo mínimo de oito semanas. No sítio da inoculação pode ser encontrado
O- diagnóstico definitivo costuma ser muito di- rash local, arranhadura, ou pústula. O rash con—
Açu.
ficil. O diagnóstico de alta probabilidade pode siste de uma ou mais pápulas cutâneas pequenas
ser feito com base na apresentação clinica, dados ou vesículas, que aparecem 3 a 10 dias após
epidemiológicos, achados histológicos e pre— exposição e medem Smm a 10mm de diâme-
sença de bacilos resistentes à descoloração por tro. Está presente entre 25 a 90% dos casos.
álcool e ácidos. '
Geralmente é isenta de prurido e dura até o
—
lTratamento. aparecimento da linfadenopatia (periodo 'de uma
—
Excisão cirúrgica dos linfonodos comprome- a quatro semanas).
tidos é o tratamento ideal (85 a 95% de cura). fx, A linfadenopatia geralmente compromete um
Drenagem cirúrgica ou aspiração não deve ser único linfonodo da cadeia que drena o local
realizada pela alta ocorrência de frstulização do inóculo. Aparece duas a três semanas após
e recorrência (até 80%). No procedimento a arranhadura e está presenteem 80% dos casos.
cirúrgico, muitas vezes é necessário o uso de Inicialmente, o'linfonodo é_doloroso e há eritema
estimulador de nervos (risco de lesão do ramo junto à pelã's'uprajacerit'e. Depois, torna-se
mandibular do nervo facial e nervo espinhal indolor. Em 20% nota—se a presença de eritema,
acessório) pela distorção da anatomia causa- edema e flutuação com supuração estéril. A
da pela densa massa de tecido fibroso. Todo adenopatia depende do local da inoculação.
tecido caseoso deve ser removido em massa. Locais mais frequentes: axila/extremidade su- '
.
no lª dia e Smg/kg nos dias seguintes, uma ved
ser positivo em 90% dos casos. Não realizado dia. Parece que seu uso está relacionado a uma
em nosso mero. resolução mais rápida do aumento ganglionar.
.» Bidpsia ganglionar, dividindo o gânglio em duas
& porções. IIIDIBIÇÍÍES GEIIIIIS DE BIIIPSIII
.. Histopatológico: hiperplasia linfóide, prolife—
ração arteriolar, hiperplasia de células reticula- n Indicações de biópsia: presença de um ou mais
res. seguida pela formação de granulomas de gânglios aumentados (2 Sam) ou aumentando de
células gigantes epitelióides multinucleadas, volume na mesma área anatômica, consistência
necrose central, microabscessos e finalmente firme, fixos à pele ou fáscia profunda, após seis
supuração. Não é patognomônico. A colora— semanas de evolução, sem sinais inflamatórios
ção pelo Warthin-Starry pode revelar grupos '
evidentes, sem história de infecção conhecida e
de bacilos pleomórficos corados no interstício quadro clínico sem diagnóstico.
do linfonodo. li lndicações de biópsia precoce: alta probabilidade
—
Cultural: são bacilos de difícil cultura. A ausên-
cia desse bacilo não afasta o diagnóstico.
de doença grave — adenopatia supraclavicular ou
região cervical inferior (exceções: contato com
—
lmunofluorescência indireta para a detecção
de anticorpos anti—barranclla e medida dos an-
gato ou radiografia de tórax e mediastino normais);
febre persistente; emagrecimento; gânglios com
ticorpos séricos (ELISA IgM com 95% de sen- fixação à pele e/ou tecidos profundos, indolores
—
sibilidade). e aglomerados.
Técnica de extração e, PCR-amplificação do
&' DNA do linfonodo é bastante específica, po— BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
rém nem sempre está disponível. BEILER, H. A.: ECKSTEIN, T. M.: RUTH. H.; DAUM, R. Specific
and , ' ' ª ª " in ““ª
‘ etiology," '
Praticamente, podemos afirmar a doença da and therapy. Pediatr. Surg. Im., v. 17.. p. IOB-112, 1997.
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treatment. Bn J. Biamed. Sci., p, lol-110, 2001.
!, — Com supuração: aspiração da supuração com
agulha. Evitar drenagem cirúrgica, pois a in-
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;.
lvl"
r
198 I Cabeça e Pescoço
ETIIIlllliIA
Desconhecida. O aumento da pressão venosa intrª.
torácica, por variações anatômicas ou fatores físicos,
(Venoma ou Ectasia
(2 a 3cm), tem um trajeto quase vertical e contata com
a pleura apical. Qualquer aumento de pressão intrato-
racica pode transmitir—se diretamente a veia jugular
da Vela Jugular)
interna. O tronco braquiocefálico esquerdo é mais longo
(6cm) e atravessa a linha média quase horizontalmente,
ficando menos sensível às variações da pressão intra-
torácica.
Acredita-se'também que a compressão da veia
João Carlos Ketzer de Souza inominada pela cúpula do pulmão inflado contra a
clavícula, possa causar dilatação da veia jugular in-
s L 1 9 5- Z W c
(higroma cístico, cisto branquial, hemangioma
S. Fusiforrn venous aneurysm of the neck in children: a report of
cavernoso, cisto dermóide, cisto tireoglosso). 4 cases.]. Pediatr Surg., v. 7 p. 106—111. 1972.
ILaringocele.
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riêrEéís e Fitas Vasculares ......................
o' « '
. . 210
“"ZPÍêrsistência do Canal Arterial no Recém-nascido. . .
.................................
216
J,Cisto Broncogênico . . 219
eumotórax
................................................ 240
...........................................
..............................................
'Ábstesso Pulmonar 248
A
allgronquiec‘tasias
..................................4‘....... 553
250
ill'llassas Mediastinais
r» .ª
« r . — f ;,
l
ruções da Laringe
ção com disfagia e perda de peso, obstrução res-
piratória completa intermitente com surgimento
de pectus excavatum e cor pulmonale.
Atualmente, realizamos oximetria e estudo polis-
'
i‘siifiina. “Conceito
A‘intensidade do estridor aumenta gradativamente IA paralisia das cordas vocais é a segunda mal-
iii," 6ª mês de Vida e depois melhora progres—
'
,9
'a tratamento
maioria das
usualmente conservador, visto que
é
crianças apresenta melhora do estridor
Figura 35.1 — Tipos de cirurgia endoscópica em crianças com
Iaríngomalácia grave. A = Remoção da porção lateral da
epiglote. B: Secção do ligamento ariepiglõtico. C = Excisão
?s dots anos de idade. da mucosa redundante da aritenóide.
_ .W
"
202 a Tórax
El A paralisia congênita das cordas vocais e decor- n A cirurgia geralmente não é necessária na para
rente de alguma doença neurológica. A parali— lisia unilateral. A paralisia bilateral geralmente
sia bilateral é usualmente decorrente de alguma requer a realização de traqueostomia e o trata—
anormalidade do sistema nervoso central e está mento definitivo da paralisia é retardado até ºs
associada à hidrocefalia, encefalocele, com ou dois anos de idade.
sem a malformação de Arnold-Chiari, bem como II A cirurgia definitiva pode ser feita por meio de
leucodistrofra e disgenesia nuclear ou cerebral. técnicas excisionais e de fixação das cordas vocais,
A paralisia unilateral é geralmente secundária a O objetivo final é realizar a decanulação, sem
lesão do nervo laringeo recorrente. Qualquer lesão alteração da voz ou aspiração pulmonar.
neoplásica, traumática, isquêmica, ou inflama-
tória do nervo vago, desde sua origem até a la—
tinge, pode ser responsável pela paralisia. O trajeto
completo do nervo deve ser avaliado em casos
Russia/Membrana de laringe
A atresia completa da laringe
in é extremamente
de paralisia unilateral de corda vocal que per— rara. Consiste em oclusão completa do orifício
sista após duas semanas. da laringe por membrana ou cartilagem. Pode
ser diagnosticada intra-útero pelo aumento sig-
nificativo de ambos os pulmões, secundário :]
Quadro Clinico obstrução traqueal.
Nesses pacientes deve—se pla-
nejar arealização de traqueostomia ao nascimento,
B Os sintomas de paralisia unilateral das cordas
com a criança ainda conectada à circulação materna
|
vocais podem estar presentes ao nascimento, ou
podem surgir nas primeiras semanas de vida. pelo cordão umbilical. Sem diagnóstico pré-natal
LV'ÇO
Em geral, observa—se estridor leve, que piora ao e traqueostomia planejada, a maioria das crian—
ças com essa anomalia morre logo após o nasci-
warm-946
esforço, choro rouco e fraco; raramente ocorre
mento.
obstrução ventilatória. Dificuldade de alimen-
tação, ouçmesmo aspiração, também pode ocorrer. A membrana laríngea e' usualmente observada
ao nascimento, localizando-se mais frequente-
A paralisia bilateral das cordas vocais manifes-
mente na comissura anterior da corda vocal. Tem
1 2‘ ta-se 'por obstrução aguda da via aérea. O choro espessura variável e, em geral, causa obstrução
e' normal, e há um característico estridor inspi— significativa da via aérea superior e alterações
., c — ratória, que piora sensivelmente durante a agi-
i;
L«
do choro elou da voz. O diagnóstico é realizado
.
não seja sempre necessária, a entubação de emer— traqueal ou microtesoura) ou com laser.
gência, seguida ~da traqueostomia, é frequente—
mente requerida para a estabilização da via aérea. Ó cisto de laringe -
Diagnóstico Pode ser ventricular ou subglótico. O primeiro
origina-se de saculações dol'ventrículo laringeo,
ll 0 diagnóstico de paralisia de corda vocal e rea— que cheiasªdemuco protraem e comprimem a
lizado por laringoscopia flexível com o paciente via aérea supr'áglótica. O‘c‘i‘sto pode ser simples
acordado, pois a anestesia geral pode afetar a e confinado à porção interna da laringe, ou pode
mobilidade das cordas vocais. ser complexo quando se estende para fora da
ai Broncoscopia deve ser realizada naquelas crianças
laringe. O primeiro e' tratado por meio de res-_
com paralisia bilateral e naquelas com paralisia secção com laser e os outros necessitam de abor-
unilateral que apresentam dificuldade ventilatória, dagem aberta, por laringofrssura, para ressecção
para descartar outras malformações concomitan- cirúrgica completa.
tes da via aérea. u Os cistos subglóticos são frequentemente vistos
m Crianças com paralisia bilateral das cordas vo- em recém-nascidos cgmentubação prolongadª-
cais requerem avaliação do sistema nervoso cen- São tratados com marsupialização endoscópica
tral por meio de ultra-sonografia ou ressonância com laser.
magnética.
Tratamento
São os tumores benignos mais comuns da laringe
ta A paralisia unilateral resultante de lesão de parto na criança, usualmente provocando sintomas n05
tende a melhõrar nas primeiras semanas de vida. primeiros dois ou três meses de vida.
a As lesões bilaterais das cordas vocais secundá- Geralmente localizados na região subglótica, oca-
rias a doenças do sistema nervoso central me— sionam estridor intermitente, que piora durante
lhoram após tratamento da doença neurológica. esforço ou choro.
Obstruções da Laringe & da Traquéia ! 203
' :;esposta
zigfio
c.
e“ respondem
corticóide
ao sistemico
tem srdo reallzada
de laser
é ótima. Uti—
nos
casosdeve
ao corttcmde. Traçueostomia
que
tensão da doença. Na maioria das vezes, o diagnós-
tico endoscópico é difícil e o médico endoscopista
deve pensar na possibilidade dessa doença para
.
&
Fendas do tipo IV são reparadas preferencial- é a terceira causa de anomalia laringea, perdendº
mente por cervicotomia e toracotomia. em frequência apenas para a laringomalácia e a
I A mortalidade nessa anomalia é alta e depende paralisia de cordas vocais.
Wei
mw
fundamentalmente da extensão do defeito. De-
feitos envolvendo a região intratorãcica apresentam
índices elevados de mortalidade (até 93%); de—
feitos limitados a laringe apresentam 43% de
classificação
I De acordo com os achados endoscópicos, clas.
en v — *
mortalidade. sifica—se a estenose subglótica em quatro tipos;
— Estreitamento de até 50% da luz.
—-—
BBSTIIIÇÃB Ill TBMIIIÉIA Estenose de 51 a 70%.
Obstrução de 71 a 99% da luz.
Estenose Sunglútica Obstrução completa, com ausência de qual.
quer orifício subglótico.
Conceito Essa classificação é importante para o planejamento
“tem.
I Estenose subglótica é definida como o estreitamento
terapêutico.
sú a-M w
da região laríngea compreendida entre as cordas
;
Quadro Clinico
_,,
he
vocais verdadeiras e a margem inferior da carti—
lagem cricóide. .r
r." .
I! A principal manifestaçãoclínica em crianças com
I As estenoses da região subglótica podem ser
!
estenose subglótica é o estridor inspiratório e expi-
congênitas ou adquiridas. As adquiridas são res—
ratório; também podem estar presentes dispnéia,
L'ÉQ“
ponsáveis pela maioria dos casos de estreitamento
-. v m w
retrações esternais e intercostais e batimentos de
subglótico em crianças, sendo geralmente secun-
'ZLíºRã
dárias à entubação traqueal prévia, especialmente asas do nariz. —»
ll Qualquer acúmulo de secreção ou minimo pro-
quando associada a alguma hipóxia tecidual
«
«
(choque, parada cardíaca) ou infecção grave da cesso inflamatório na região subglótica ocasio—
via aérea. As complicações da entubação traqueal na diminuição da passagem do ar, provocando
na criança ocorrem mais na região subglótica, piora da ventilação e dificuldade para alimenta—
pois é o local mais estreito da via aérea nessa ção. A mudança do decúbito não altera a difi-
faixa etária. culdade respiratória.
I A associação entre entubação traqueal e esteno- I Laringites recorrentes ou persistentes podem ser »
Porção am Perírdndrlo
Cartilagem tlreoidea Face interna
tratamento da estenose subglótica na criança
“difícil e deve ser individualizado para cada pa-
x mente. A abordagem depende de etiologia, extensão
, É? “da
estenose, idade e condições gerais da criança.
e "fi A preferência é a realização de um reparo cirúr-
'l. ,,ª gico em um único tempo, sem a necessrdade de
ªªª"! traqueostomia. Porção externa
Perkõndriu em
«5:25. Estenose congênita com obstrução leve deve ser
, ºbservada. já que o diâmetro da região subglótica
direção a luz
traqueal
.
;;;. Estenoses graves são indicações de tratamento Figura 35.2 — Técnica de laringotraqueoplastia com cartila-
gem tireóidea. (A) Laringotraqueofissura & preparo da por-
W” 'cirúrgico. ção superior (alar) da cartilagem tíreóidea. (B) Remoção da
5. Estenoses adquiridas menores, decorrentes da cartilagem e colocação desta na fissura, com o cuidado de
2;" presença de tecido inflamatório, mas sem fibrose, manter a porção do pericôndrio internamente. (C) Aspecto
— “'podem responder bem à dilatação endoscópica final após sutura. Observar que a porção interna do pericôndrio
ou aplicação de laser, é preservada no local de remoção da cartilagem.
Jig.- Fissura cricóide anterior pode ser uma alterna—
tiva em recém-nascidos de baixo peso que não
conseguem extubar, na tentativa de evitar a tra- Também pode resultar de uma anormalidade con—
queostomia. gênita da estrutura cartilaginosa da traquéia, de
‘
à?I Nos casos graves, com presença de tecido fibro- doenças do tecido conctivo (condroplasias e
?; so, prefere—se a laringotraqueoplastia com inter— policondrites), ou defeitos cartilaginosos resul—
posição de cartilagem na região anterior e/ou tantes de infecção ou ventilação mecânica com
posterior da cricóide nas estenoses graus 2 ou 3. altas pressões.
Em estenoses curtas utilizamos enxerto da por—
ção alar da cartilagem tiróide (Fig. 35.2), que Quadro Clínico
pode ser obtida por meio da mesma incisão cer-
vical, sem necessidade da realização de outra ll As principais manifestações da traqueomalácia
abertura cirúrgica. Outras cartilagens que podem são o estridor expiratório e a tosse metálica.
ser utilizadas são a costal e a auricular. na Muitas crianças não apresentam manifestações
I Estenoses graves graus 3 e 4, especialmente quando 'até dois ou três meses de idade. Entretanto, em
associadas à malácia significativa da traquéia a umas, a evidência de traqueomalácia grave
proximal, são melhores tratadas pela ressecção jase observada logo após a correção cirúrgica de
cricotraqueal. Para realização dessa técnica ci- atresia de esôfago, devido a impossibilidade de
extubação. Em um pequeno núinero'de crianças
rúrgica é fundamental que a estenose não com-
prometa a porção imediatamente abaixo das cordas
com traqueomalácia di usa, as manifestações
iniciam—se ainda no periodo neonatal.
vocais.
. lil Benjamin et al.2 classificaram as manifestações
Traqueostomia é realizada na falência de todas clínicas da traqueomalácia em leves, moderadas
as alternativas anteriores, ou em crianças sem
w - u e,
e graves. Nos casos leves, o colapso na expira-
condições para o procedimento cirúrgico. Entre— ção impede a elirriinação adequada das secreções,
,
tanto, deve—se evitar ao maximo sua realização sendo responsável por episódios ocasionais de
devido às suas complicações imediatas e tardias. infecção respiratória. Nos casos moderados, estri-
dor e sibilância estão associados a infecções res-
piratórias mais frequentes; algumas vezes, epi—
sódios de sufocação também estãopresentes. Nos
casos graves, as crianças apresentam obstrução
respiratória, com cianose, estridor expiratório e
lA traqueomalãcia é definida como a oclusão da
quadros de apnéia (dying Spells). A obstrução
luz traqueal durante a ventilação, devido a uma pode somente ser aliviada após a entubação tra-
flacidez anormal da parede traqueal. Esse pro-
.
queal. Os episódios de sufocação (dying spells)
am r ?
»- M
4. « (
rw
ª?
205 e Tórax
—
o diagnóstico definitivo da traqueomalácia, pois
permite informações precisas do lúmen traqueal
durante a ventilação. O exame é usualmente rea—
lizado sob anestesia, com a criança em respira—
ção espontânea. Na criança com traqueomalácia.
()
lúmen traqueal apresenta uma forma elíptica,
_ '
: ».
Tratamento
A maioria das crianças com traqueomalácia pode
ser tratada conservadoramente, visto que ocorre
uma resolução espontânea das manifestações ,
L—sQ-wuÇSzá
clínicas após um ano de idade.
A correção cirúrgica deve ser realizada em crianças ';
procedimento
xii;
f ª “
ção ou refluxo gastroesofágito, comprime a traquéia em
direção à aorta. Na traquéia com malácia, isso ocasiona obr-
«'
cirúrgicopadfão. na correçãoxie traqueomalácia
, ,- trução respiratória grave. (C) Aortopexia tracíona anterior- (Fig. 35.3). A tração e fixação da aorta junto
mente a aorta, junto com a parede anterior da traquéia, ao esterno possibilitam abertura e estabiliza-
evitando a possibilidade de compressão traqueal. ção traqueal em razão das aderências presentes
normalmente entre a traquéia anterior e a aorta
posterior. O procedimento também diminui a
Diagnóstico
= peitado
O diagnóstico de traqueomalacia deve ser sus-
possibilidade de compressão da traquéia com
malácia pelo esôfago ou por outras estruturas
vasculares adjacentes.
i
pela história clínica de respiração rui- la Em crianças cuja aorta-ja está localizada ante-
dosa, sibilância, tosse metálica, episódios de riormente, ou em casos de traqueomalácia de
sufocação, pneumonia recorrente ou impossibi— longa extensão, a aortopexia não éisuficiente,
lidade de extubação devido à obstrução expiratória devendo-se considerar a realização de traqueos-
' da via aérea.
tomia. A colocação de órtese metálica intratra-
e! Em crianças com episódio de sufocação (dying
queal tem mostrado sucesso variável e, em razão
spells), devem—se realizar cuidadosas avaliações dos riscos de deslocamento, formação de tecido
cardíacas, neurológica e esofágica, para excluir de granulação e dificuldade de remoção, deve
outras anormalidades. ser realizada somente em crianças sem nenhu-
o Estreitamento traqueal pode ser notado em ra- ma outra alternativa cirúrgica e com perigo dº
diografias laterais de tórax. Vida iminente.
ºbstruções da Laringe e da Traquéía a 207
tamanho a metade, mas aumenta o diâmetro quatro nho: o ar entra na inspiração, mas não consegue
vezes. No auto-enxerto, a zona de estenose é aberta sair na expiração.
anteriormente por uma incisão longitudinal, re- Em cerca de 25% dos pacientes com aspiraçãº
movendo-se a seguir a zona de anéis traqueais o corpo estranho obstrui totalmente a luz brônquicª
completes. A traquéia restante é aproximada e o ocasionando atelectasia.
defeito anterior e recoberto com porção de tra- n Algumas crianças com aspiração de corpo es.
quéia previamente removida. tranho podem apresentar exames clínico e radio.
lógico de tórax totalmente normais. Portanto a “,
ausência de anormalidades clínicas e radiológi.
Bfllll‘ll ESTllllllllll ill! lllll AÉREA cas não exclui a presença de corpo estranho na
GIIIHBBÍÍII via aérea.
A constatação de história sugestiva de aspiração
A presença de material estranho na via aérea da já é suficiente para a indicação de broncoscopia.
criança é uma importante causa de morbidade e
mortalidade. tratamento '-
I Em alguns países, o corpo estranho é a principal
causa de morte por acidente em crianças abaixo
II0 tratamento de crianças com aspiração de cor.
de um ano de idade. po estranho é a retirada endoscópica desse ma-
terial com equipamento rígido ou flexível.
Bl Raramente os
materiais não podem ser retirados
nuam clinico
Logo após a aspiração de material estranho,
l
por endoscopia, tendo que ser removidos portra-
queostomia ou broncotomia.
a
2~§9-r
criança pode apresentar tosse intensa, sibilância, REFERÉNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
vaum—s
vômito, palidez, cianose, ou episódios breves de l. TURNER, A. L. Stenosis of the larynx in children following
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«'
p 1194-1204
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estranho, após a obtenção de uma história e exame Surg, v. 6, p. 211-215. 1994. 'ª
FILLER, R. M. Congenital anomalies. In: PEARSON. F- 0-?
clínico detalhados, deve—se realizar estudo radio-
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Apesar de apenas 10% dos materiais aspirados em Via aérea de criança. Jumaanewnnlogia,V. 20, n. 3. p. 107-lll,
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ºbstruções da Laringe e da Traquéia = 209
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W
210 II Tórax
; ':
Anéis e Fitas
Sintomas respiratórios e digestivos em geral: l
Quatro a oito por cento de estridor crônico na
criança são causados por anéis ou fitas vasculares,
w
regressão de segmentos que deveriam permanecer culdade respiratória. A alimentação, principal-
patentes. mente quando sólida, pode agravar a dificuldade
respiratória por sufocação durante ou após. O
alimento, passando pela área estreitada, pressiona
a parede posterior da traquéia, que está aprisio—
IAnéis vwculares correspondem a 1% de todas nada ou comprimida pelo anel ou fita vascular.
as malformações cardiovasculares congênitas. A alimentação pode desencadear disfagia elou
tosse. Cerca de 10% das crianças só terão disfagia,
. L-çagI
IArco aórtico esquerdo com artéria subclãvia direita "H pescoço hiperestendido (opistótono).
aberrante é a forma mais comum de anomalia do * II Os sirlais digestivos mais comuns são: disfagia,
arco aórtico. vômitos e regurgitação.
IAlguns anéis e fitas podem ocorrer isoladamente Desnutrição e retardo de crescimento podem estar
ou associados a outras malformações cardíacas.
Anomalias traqueobrônquicas são freqiientes;
presentes. - 1 _
"IA criança maionc'ôm disfagiã pode não ter ou-
tro sintoma associado.
quando associadas a fita da artéria pulmonar.
ii
IAnéis vasculares, com arco aórtico direito e duplo
“.”
arco aórtico, podem estar associados à deleção
da banda do cromossomo 22qll em, aproxima-
INVESTIGAÇÃO "11111110511011
damente, 20% dos casos. Essa deleção também u Radiografias de tórax (frente e lateral): sugestivas
em 80% dos casos. Costumam mostrar os seguintes
costuma estar presente nas síndromes: DiGeorge, achados: hiperaeração dos campos pulmonares,
velocardiofacial e outras. Portanto, pode haver uni ou bilaterais, infiltrados pneumônicos 0u
outras manifestações junto com o anel vascular, atelectasias, compressão“?! desvios do ar traqueªl—
como anormalidades palatais, anomalias laringe- Podem localizar, mesmo que grosseiramente. a
traqueais, anormalidades faciais, déficits neuro- posição do arco aórtico.
lógicos e outras. Ocasionalmente, pacientes com Esofagograma (ântero—posterior e'lateral): quªse
arco aórtico direito podem ter outras anomalias
associadas, como as associações VACTERL [(ver- e
sempre diagnóstico em 90% dos casos. Mostrª
as compressões do esôfago pelos anéis e mas
tebral, anal, cardiaco, traqueal, esofágico, renal vasculares. É mais efetivo quando acompanhª-
e dos membros (limbs)] e CHARGE [coloboma do por cinerradiografias. Em crianças entubadªS
do olho, anomalia cardíaca (heart anomaly), atre— e em ventilação mecânica existe um maior mi-
sia de coanas, retardamento e anomalias genitais mero de exames falso—negativos. 0 esofagogrªmª
e do ouvido (ear)]. necessita ser realizado com bário de alta viscO'
Anéis e Fitas Vasculares :: 211
sidªdº- O enchimento esofágico não deve ser
e,“;essivo nem insuficiente. O arco aórtico e o GUISSIEIGAGÃII. APRESENTAM!) BlÍNIºl.
' rôanͺ esquerdo geralmente causam duas 11111011081100 E TRATAMENTO
_ªpressões fisiológicas no esôfago, que podem
Anéis Vasculares completos (Anéis
ger observadas na prºjeção ântero-posterror (AP).
,1 .A visualização de outras impressões na proje— Vasculares)
'ção AP ou a visualização de qualquer impressão
«"na projeção lateral, são sempre patológicas. Duplo Arco Aórtico
‘ Traqueobroncoscopia: demonstra as pulsações e Quase todos são sintomáticos. É o tipo mais comum
, compressões dos anéis e fitas vasculares, anoma- de arco aórtico completo e a lesão com maior grau de
., [ias traqueais e brônquicas, se existentes, e graus constrição. A aorta ascendente está em sua posição
, de traqueomalãcia. Tem—se indicado a broncos- normal, dividindo—se no arco esquerdo (passando
copiª intra-operatória com a finalidade de do— anteriormente e à esquerda da traquéia) e no arco direito
35 cumemar os efeitos do reparo cirúrgico na árvore (passando posteriormente e à direita da traquéia e
«: ' traqueobrônquica. esôfago) (Fig. 36.1). Em geral, o arco direito ou posterior
'
Ecocardiografia bidimensional e com Doppler: e o arco dominante em 75% dos casos, a aorta des—
é útil para a investigação de malformações car- cendente encontra—se a esquerda e o ligamento arte-
díacas associadas e na compressão por fita pul- rial estã situado entre a parte distal do arco esquerdo
ª' monar. Não é um bom exame para definir a e a artéria pulmonar esquerda. Geralmente, ambos
'
, anatomia das anomalias dos arcos aórticos, por— os arcos são patentes, mas um deles pode ser hipoplãsico,
"É“ que estruturas
sem lt'xmen,_como o ligamento anenal atrésico, ou aneurismático.
.
'
e arco aórtico atrésrco, nao têm fluxo sanguíneo e Os sintomas e sinais costumam estar presentes desde
>
são, portanto, difíceis de serem identificadas. o nascimento ou iniciam logo após. Os principais são:
estridor constante, posição de opistótono, pneumonias
ªri Ressonância nuclear magnética (RNM) com
de repetição, crises de apnéia e cianose e disfagia. A
reconstrução multiplanar, angio—ressonãncia e a
crise de apnéia e cianose é de origem reflexa e costuma
;(?tomografia computadorizada espiral com multi-
.'grafia computadorizada multirlice com recons-
detectores (MDCT), também denominada de tomo— ser desencadeada pela passagem do bolo alimentar
pelo esôfago comprimido. Em 20% dos casos, o duplo
arco aórtico está associado a malformações cardíacas,
ªªi trução multiplanar e tridimensional: definem a como o defeito do septo ventricular e tetralogia de
” exata anatomia vascular, a presença de compressão Fallot.
“ª"? traqueal e/ou esofágica, o padrão de ramifica-
ção vascular aórtica (artérias epiaórticas) e a doença
. O esofagograma (na projeção ãntero-posterior) mos—
-
tra duas endentações de tamanhos desiguais em níveis
_.- anatômica intrínseca traqueal ou esofágica. São diferentes de cada lado do esôfago, com a do lado
excelentes no planejamento pré—operatório da direito um pouco mais alta (ao nível de T3) e maior
[cirurgia a ser realizada, permitindo identificar do que à ê'squerda. A maior endentação é causada pelo
s raros pacientes que deverão ser abordados por arco dominante, geralmente o arco direito. Na proje—
ªtoracotomia direita (duplo arco aórtico corn seg- ção lateral aparece uma grande e arredondada im—
mento posterior direito atresico e arco aórtico pressão retroesofãgica correspopdente ao arco direito
';:aesquerdo com aorta descendente direita e liga- (Fig. 36.2). , . L
. ;_;ªvmento arterial direito). As vantagens da RNM O tratamento desses casos é sempre cirúrgico, mesmo
sobre a tomografia computadorizada incluem a se os sintomas são mínimos, pois a compressão pro-
. não necessidade do uso de contraste intravenoso longada da traquéi'a pode causar traqueomalácia. A
e a ausência de exposição à radiação. As vantagens via de acesso é por toracotomia postem—lateral es-
da tomografia computadorizada mulrislíce em re— querda, 4ª espaço intercostal, divisão do arco menor
lação à RNM são a sua rapidez de execução e a
draw
não-necessidade de sedação.
IArteriografia: é um método invasivo e deve ser
Aorta
indicada somente nos casos associados a cardio- Subclávia descendente--
. Patias complexas ou quando se suspeita de anel direita
ªf; da artéria pulmonar. Subclávia
Carótída ªºqªº'dª
Aorta
descendente
Subclávia .
direita Carótlda
esquerda
. Subclávia
esquerda
Carétida
direita Aorta
ascendente
1
Figura 36.3 — Arcd aórtico direito com aorta descendente
l direita e compressão pelo ligamento ou ducto arterial (ano-
l
I
Figura 36.2 - Esofagograma (vistas ªntero-posterior [A-P] e malia de Neuhauser)‘.
I
l lateral [L]) em criança com duplo arco aórtica.
L'S9
Arco Aórtico Direito com Aorta s'çxna subcla'via esquerda ou divertículo de Kommerell.
vac-irus
Descendente Direita e Compressão pelo Os sintomas costumam ser muito variáveis. Cos—
Ligamento ou Ducto Arterial (Variantes tumam aparecer um pouco mais tardiamente (três a
nove meses de idade), pois o anel é'mais frouxo que
das Anomalias de Neuhauser) no duplo arco aórtiõo e donstituído pela artéria pulmo-
O anel é formado pela aorta descendente direita e pela nar (pressão mais baii'r'a) e o ligarit‘ento arterial ou ai-
artéria pulmonar anteriormente, tendo o arco aórtico
como limite direito e o ligamento ou ducto como limite
“esquerdo e posterior. O ligamento arterial estende—se
da artéria pulmonar esquerda ao arco aórtico situado
à direita. Resulta da persistência da aorta dorsal di—
reita, regressão da aorta dorsal esquerda e regressão
do 4º arco aórtico. O arco aórtico origina sequen—
cialmente a subclávia direita e a carótida direita. A
carótida e subclávia esquerdas originam-se de um tronco
braquiocefalieo esquerdo (Fig. 36.3). Aproximada-
mente 10% estão associados a defeitos intracardíacos.
O esofagograma pode ou não demonstrar na proje-
ção ântero—posterior duas áreas de compressão, uma
pequena no esôfago superior direito e outra mais in-
ferior no esôfago inferior esquerdo. Na projeção la-
teral costuma mostrar uma endentação persistente no
esôfago posterior (Fig. 36.4).
0 acesso é feito por toracotomia esquerda e o tra- Figura 36.4 — Esofagograma lateral iL) da anomalia dª
tamento baseia—se na divisão do ligamento arterial e Neuhauser.
. Subclávia
direita
A. pulmonar esquerda
Carótida
Figura 36.5— Arco aórtico direito com subclávia es- direita
yquerda retroesofágica'. a : ligamento arterial da
:subcléviaMA: aorta ascendente; AD: aorta descen-
Wdente; b—.. ligamento arterial do istmo aórtíco.
*,
-, muns
geria subclávia. Sintomas respiratórios são mais eo-
do que os esofágicos. Tosse, respiração ruido-
ga dispnéia e estridor são os sintomas mais comuns.
localizada à esquerda (Fig. 36.7). Não deriva da ar-
téria inominada e sim nasce como o vaso mais distal
do arco aórtico. Anomalias congênitas associadas mais
O esofagograma em projeção antero-posterior mostra comuns são: coarctação da aorta e síndrome de Down
& rdupla endentação, a maior à direita e correspondente associada com malformação cardíaca. A maioria dos
ao arco aórtico direito e outra menor e mais inferior pacientes é assintomática. Se sintomáticos, costumam
à esquerda, correspondente ao ligamento arterial ou apresentar sintomas digestivos (disfagia). O esofago-
j artéria subclávia de origem anômala. O esofagograma grama, na projeção antero—posterior é normal. O esofa—
, em projeção lateral mostra compressão posterior acen- gograma, na projeção lateral, mostra nma endentação
‘tuada referente à origem da artéria subclávia esquerda Oblíqua posterior no esôfago, obedecendo a um cur-
“it.—âberrante (Fig. 36.6).
'
Subclávia
direita
Subclávia
esquerda
carótida
esquerda
" W .,”
Carótida
direita
a
ªliarªm“-)Esofagograma
36.6- com vistas lateral (L) e ántero-
Figura 36.7 - Subclávia direita aberrante (disfagla lusóría)'.
L
214 I Tórax
Ler-ª.
Presença de artéria inominada anormalmente cum
Figura 36.8 - Esofagograma lateral (L) em disfagia Iusória.
ou com origem anômala mais posterior, causando com.
pressão anterior somente da traquéia. O arco aórtico
normal da origem a uma artéria inominada localiza-
da à esquerda da linha média, cruzando quase hori-
curso da artéria pulmonar esquerda circunda a tra- zontalmente a linha média da esquerda para a direita
quéia distal, o ângulo traqueobrônquico e o brônquio e na frente da traquéia.
.,-sa .“ _,
:1
direito proximal. Nem sempre causa compressão. Os bebês em risco
O principal sintoma relaciona-se à obstrução da via são aqueles que sofreram reparo cirúrgico de uma atresia
aérea. Em 50% dos casos há estenose dos anéis carti— de esôfago. O esôfago dilatado e com dismotilidade
laginosos da traquéia. Se os anéis traqueais forem pode deslocar a traquéia anteriormente contra a arté-
normais, a lesão produzirá obstrução da via aérea por ria inominada. Traqueomalacia é consequência co-
pressão da parede posterior da traquéia e anterior do mum da compressão anterior da traquéia. Não é uma
esôfago. Na maioria dos casos, é associado a defeitos fita vascular propriamente dita.
intracardíacos, como defeitos do septo ventricular, Nos casos sintomáticos, pode apresentar episódios
tetralogia de Fallot, dextrocardia. de apnéia reflexa ou infecção respiratória recorrente.
Os sintomas aparecem precocemente (primeiros Tosse, estridor, pneumonia e, menos comumente,
meses de vida). Apnéia grave e estridor-sibilãncia grave sibilância, cianose e respiração ruidosa, podem ser vistos.
estão presentes em 80% dos casos. A obstrução é maior Radiografias de tórax podem demonstrar compressão
na expiração, em contraste com as anomalias do arco traqueal anterior. Esofagograma é normal. Broncos.
aórtico, em que a obstrução maior é inspiratória. copia faz o diagnóstico demonstrando compressão tra-
Radiografias de tórax costumam mostrar traquéia queal pulsátil 1 a 2cm acima da carina. Compressão
inferior tortuosa e estreitada. Também se podem observar “anterior pelo broncoscópio costuma obliterar os pul-
atelectasias, alçaponamento de ar no lobo superior ªsos arteriais radial direito e temporais.
direito, encurvamento esquerdo do brônquio direito,
deslocamento inferior da carina ou massa mediastinal
entre traquéia e esôfago. O esofagograma lateral é
diagnóstico, mostrando endentação na parede ante—
rior do esôfago, logo abaixo do nível do arco aórtico,
por onde a artéria pulmonar esquerda aberrante passa.
A traqueobroncoscopia é necessária para avaliar a exten—
são da malformação da via aérea e anomalias asso—
ciadas. Outros meios diagnósticos que podem ser utili-
. L-ÇIOZAR'EG
Tratamento cirúrgico é indicado nos pacientes com
sintomas graves como apnéia reflexa, infecções res-
piratórias recorrentesgraves e quando a compressão
diminui mais de 50% do diâmetro da traquéia na
broncoscopia. A via de acesso costuma ser por meio
de toracotomia anterior direita ou esquerda, 3ª ou 49
espaço intercostal, podendo ser por via extrapleural
ou transpleural. A aortopexia ascendente e arteriopexia
da inominada (um ponto na origem da inominada)
'
1
-VM
, “ e r ut a n - M ,
zados são: ecocardiografia bidimensional, tomografia são realizadas pela fixação no esterno ou parede to-
computadorizada e ressonância nuclear magnética. O rácica anterior. O alívio da compressão é confirmado
cateterismo cardíaco e a arteriografra são usados para por broncoscopia intra-operatória.
definir o diagnóstico e investigar malformações car—
díacas associadas.
Em 1/2 a 1/3 dos casos existem anomalias asso— Pús—orterarúrlo
ciadas, principalmente traqueobrônquicas (associa— Os sintomas, frequentemente, não reSolvem comple-
ção com traqueomalácia, membranas traqueais, atresia, tamente no período inicial (principalmente por causª
estenose e anel traqueal completo) e cardiovascula- da traqueomalácia assodada). Podempersistir por ªté
res (principalmente comunicação intra-atrial, persis- seis meses após a cirurgia.
tência do canal arterial, tetralogia de Fallot, estenose Os sintomas residuais podem estar relacionados ª
aórtica). alterações na dinâmica traqueal, lesões crônicas dº
A cirurgia deve ser indicada quando feito o diagnóstico parênquima pulmonar, hiper-reatividade crônica dª5
na
para evitar o desenvolvimento de lesão pulmonar crônica. vias aéreas e infecções de repetição.
visa
Anéis e Fitas Vasculares I1 215
.
IA BIBLIOGRÁFICA . LONGO—SANTOS, L. R.; MAKSOUD-FILHO, I. G.: TANNURI, U.
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A
' “XNASCHULMAN, M. Vascular rrngs: a practical ª ', and imaging with (' ' onMRI.Pedimr. ,«
Artéria
pulmonar Aorta
Persistência do Canal
Canal
patente
Arterial no
Recém-nascido
Elinês Oliva Maciel .
Carlos André T. Gandara Figura 31.1 — Shunt esquerda -—) direita permitindo a entra-
da partial de sangue oxigenado da circulação sistêmica para
cansam _
artéria pulmonar e circulaçãorpulmonar.
na push ªfã-.
O canal arterial é uma comunicação vascular entre a
aorta descendente e a artéria pulmonar, que se origina
no sexto arco aórtico esquerdo e funciona, durante o
período fetal, como uma via que leva o sangue da
Qllllllllll GlÍNIliº
!Classieamente, o recém-nascido com persistên-
cia de canal arterial (PCA) apresenta sopro car—
w a r ts - 9 L 6
artéria pulmonar, proveniente do coração. até a aorta. díaco sistólica crescente com epicentro no segundo
Nessa etapa da Vida, os pulmões não são utilizados espaço intercostal esquerdo junto ao esterno. 0
porque a oxigenação do feto acontece por meio do sopro contínuo clássico, descrito por Gibson, ra-
circuito placentária. ramente é auscultado, a não ser em prematuros
O canal arterial é- permeável em todos os recém— pequenos. Em crianças dependentes de ventila-
nascidos e deve fechar em 48h em neonatos a termo ção mecânica, esse sopro pode estar ausente.
e em 72h nos prematuros. Quando isso não ocorre, é II Os pulsos periféricos são amplos (em martelo
considerado persistência do canal arterial. É muito d'água) e a pressão arterial diferencial está aumen-
comum em prematuros e raro nos recém-nascidos a tada acima de 30mmHg. Um impulso pré-cor—
termo. dialiesquerdo hiperativo, proporcional ao tamanho
do shunt, geralmente está presente.
E Se o shunt for muito grande, podemos ter o desen-
FISIOPITIIIIIEII
Mr»- .
M
volvimentqde insuficiência _cardíaca congestiva
'.,g'h'à Com o nascimento e o início da respiração efetiva, a com taquicardia; taquipnéia, algumas vezes com
resistência vascular pulmonar diminui e os níveis de ausculta de estgrliores em Campos pulmonares (ede-
oxigênio no sangue se elevam, ocorrendo e fecha- ma pulmonar). Se a insuficiência Cardíaca conges-
mento funcional do canal arterial. Esse fechamento tiva piora. os prematuros apresentam bradicardia
depende de vários fatores, entre eles a tensão de oxigênio, associada ou não a episódios de apnéia.
os níveis de prostaglandinas circulantes e a muscula— E A hepatomegalia desenvolve-se em estágios tar-.
tura circular disponível. O fechamento completa-se dios da doença.
entre a segunda e terceira semanas de vida, por meio ia Em prematuros pequenos, os sinais clínicos da
da degeneração tissular, proliferação da íntima e fibrose PCA podem se tornar evidentes quando ocorre
do canal arterial, sendo então denominado ligamento recuperação do quadro respiratório (síndrome de
arterial. Os mecanismos responsáveis pelo fechamento angústia respiratória) eum cuidado especial deve
do canal arterial estão relacionados ao efeito dilatador ser tomado para não interpretar esses sinais comº
das prostaglandinas e ao efeito constritor do canal recidiva ou piora da doença pulmonar.
em resposta a tensão de oxigênio. A oxigenação do II Um recém-nascido a termo com persistência dº
sangue tem efeito inibidor na formação de prostaglan— canal arterial geralmente não apresenta quadro
dinas, o que nos prematuros (com pulmçes imatu- de insuficiência cardíaca até a terceira semana de
ros) não se processa convenientementeâªhantendo o Vida. O quadro clínico mais frequente é taquipnéiª,
canal aberto. infecções respiratórias mais frequentes e diãculdªdª
.A persistência do canal arterial produz um shunt de ganho ponderal.
da esquerda para a direita, permitindo que o sangue lSe o canal arterial é pequeno, pode não causªr
.,
oxigenado da circulação sistêmica retorne parcialmente sintomas e ser descoberto em uma avaliação tardiª
para a circulação pulmonar (Fig. 37.1). para um sopro cardíaco.
1
i
Í
Persistência do Canal Arterial no Recém—nascido fl
217
6 4 2 1 9 £-a vI
MAHAYNI, M. N.; PEPlN-DONAT, M.; SAELANT, D.; POINSUr,
cateterismo cardiaco
J.;VA1LLANT, M. C.: CHANTEPIE, A. Patent duetal arte.-logus
occlusion by Rashkind umbrella and by detachable coil._Arch. Mal.
Cueur Vain-, v. 95, 11. 5, p. 4l8-4Z4, 2002.
' Q L‘ S-
Recentemente, dispositivos especiais (Rashkind umbrella MENEES, J. ].; MACIEL, E. 0.; MENEZES, L. F.; BASTOS, J. C,
e Cook coil system) foram desenvolvidos para oclu- Tratamento Cirúrgico do PCA em prematuros: nova abordagem.
são do canal arterial patente, sem cirurgia, utilizan— Revista de Medicina da PUCRS, 1999.
do as técnicas de hemodinâmica e cateterismo cardíaco. NEZAFATI, M. H.; MAHMOODI, E.; HASHEMIAN, S. H.; HAME.
DANCl-ll, A. Video-assisted lhoraçoscopic surgical (VATS) closure
O fechamento percutânea por cateterismo do canal of Patent Duetus Aneriosus: report of three-hundred cases. Henn
arterial pode ser feito, mas as contra—indicações para Surg. Forum, v. 5. n. 1, p. 57-59, 2002.
esse procedimento são: peso menor que 5kg, anoma— O'DONNELL, C.; NEUTZE, J. M.; SKINNER, J. R.; WILSON, N. l.
lias cardíacas associadas, resistência pulmonar vas- Transcatheter patent ductus arteriosus occlusion: evolution of
cular maior do que 8 e resistência vascular sistêmica techniques and results from the 19905 J. Paedian: Child Health, v.
maior do que 0,4. 37, n. 5. p. 451-455, 2001.
Atualmente, a utilização de videotoracoscopia para ROWE, M.I.:O‘NE.1LLJR., I. A.; GROSFELD, J. L.; FONLALSRUD,
ligadura do canal arterial tem sido relatada em crian- E. W.; CORAN, A. G. Cardiovascular disorders. In: ROWE. M. L
et al. Essentials ofPediatric Surgery. St. Louis: Mosby. 1995. cap.
ças maiores. 94, p. 839—849.
SIEVERDING, L.; EREUER, I. Interventional occlusion of congenital
PBBEIIÉSTIBII vascular malformations with the detachable Cook coil system. J. Intent
Cardiol.. v. 14, n. 3, p. 313-318, Jun. 2001.
O prognóstico é bom em casos de PCA isolada. Os VELHO, F. P. Palencia do ductus arteriosus no prematuro. ln: Arm M:-
prematuros submetidos à intervenção cirúrgica têm tido —
dica HUP Periódicas Brasil. p. SSS-542. 1991.
1‘ .L
*
e
,.
»
‘ .
.? _ ..
Cisto Broncogêníco I
219
I Sem predisposição pelo lado direito ou esquerdo.
ou levemente mais frequente à direita.
lDois terços dos casos são mediastinais e 1/3
-. (31g) Broncogemco
t intrapulmonares.
ll Os intrapulmonares têm predileção pelos lobos
inferiores (2/3 dos casos).
I situam-se de preferência no mediastino médio
;tª
testino anterior primitivo. Desse divertr'culo crescem
à_árvore traqueobrônquica e o epitélio respiratório do
-
Aderidos intimamente a arvore traqueobrõn-
quica (frequente).
ª. Élvéolo. Se ocorrer brotamento anormal, surge o cisto
'
?-; W ºw " M
220 I Tórax
Os cistos intrapulmonares costumam ser únicos, massa sólida. Pode-se observar deslocamento da viª
grandes (muitas vezes ocupando todo o lobo), loca- aérea adjacente e mesmo alçaponamento de ar distal
lizados principalmente nos lobos inferiores, conten- com enfisema pulmonar ou lobar. Noventa por cento
são visíveis na radiografia. A posição subcarinªl
É,
c
fluido, ou ambos. O nível arlfluido indica
nicação com 21 via aérea, que é a regra nos intra- é a mais difícil de visualizar.
pulmonares. I Tomografia Cºmputadorizada: excelente meio diag.
nóstico. Mostra a relação do cisto corn as estru.
turas circunjacentes. O cisto de mediastino pode
Imam Blllllllll ter densidade compativel com água ou tecidos
5 2 1 4 3 7 - g ur
moles, dependendo da presença de material pro-
—. » o = « m a v ª "
I Dois terços dos casos apresentam sintomas por
efeito de massa ou infecção secundária. téico ou oxalato de cálcio no conteúdo mucóide
I Nos recém-nascidos ecrianças pequenas são mais
frequentes os sintomas respiratórios por compres—
do cisto. Cinqiienta por cento dos cistos api-e.
sentam densidade compatível com a água e 50%
m ªs a “
.1
;. M «
an.,—
são da traquéia ou brônquios (estridor, sibilãncia, têm densidade mais alta, compatível com teci-.
dispnéia, taquipnéia, tosse, febre, crises de cianose, dos moles. No último caso, o diagnóstico é mais
pneumonias). difícil e pode ser necessária a realização de res.
I Nas crianças maiores, os sintomas são mais leves sonância nuclear magnética (RNM).
e tosse crônica é o sintoma mais comum.
I! Disfagia, por compressão esofágica, não costu— TRATAMENTO
ma ser comum. Sempre indicado o tratamento cirúrgico, mesmo nos
Em 7J3 dos cistos intrapulmonares ocorre infecção assintomáticos, para obter diagnóstico definitivo,
secundária. prevenir disfunção respiratória, prevenir infecção
secundária e evitar degeneração maligna.
INVESTIGIGÍB IIIIIiIIlÍSTIIiII I Cisto intrapulmonar: toracotomia póstero—late—
I História e exame físico. ral e lobectomia.
IRadiograliade tórax no cisto intrapulmonar: podem Cisto de mediastino: toracotomia postem-late-
ser observados massa oval translucente, circuns- ral ou videotoracoscopia com remoção do cisto.
crita, unilocular, comprimindo o parênquima ad- BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
jacente e desvio' do mediastino.
I Radiografia no cisto de mediastino: massa cística .
BROOKS, J V.; KRUMMEL T. M. Tumors of the chest. ln1CHERNlCK,
V.; BOAT, T. F. [tending ~ Disorders of the Respiratory Tract in
esférica, lisa, principalmente paratraqueal, carina] Children. 6. ed. Philadelphia: WB. Saunders, 1998. p. 754—787.
ou hilar sem calcificações, localizada preferencial- LANGSTON, C. New concepts in the pathology of congenital lung
mente no mediastino médio. Mostra aspecto de malformations. Sem. Pediatr. Surg., v. 12, p. 17-37, 2003.
'N -
5 .*- .
.,
-.—
Enfisema Lobar Congênita n 221
causas Iilveolares
l! Presença de estroma alveolar com espessamento
ente normal. O alçaponamento de ar e' resultante de (aumento das fibras colágenasgnos septos alveo—
'Écanismo valvular oriundo de obstrução brônquica lares). A rigidez do alvéolo impede o colapso
“cial, doença alveolar, ou ambas. Estritamente fa- do parênquima pulmonar durante a expiração.
lando, o termo enfiserna é inapropriado porque não ha Forma muito rara. talvez inexistente.
destruição de paredes alveolares. I Lobo polialveolar com aumento anormal de al<
véolos presentes (i cinco vezes maior em rela-
KEIIIPIITIIIIIGIII
“»
seis meses de idade. O curso da doença costuma
ser progressivo. Algumas vezes a disfunção res-
flobow
enfisematoso costuma causar atelectasia de piratória é intermitente e precipitada por agita-
3,-l_obo ou lobos ipsilaterais, desvio do mediastino para ção, alimentação e choro.
'
,, gglado oposto e compressão do pulmão contralateral. Lactentes com infecção respiratória persistente
1
lobo enfisematoso pode herniar para o outro lado ou recorrente, retardo de crescimento, sibilância.
tªilavés do mediastino anterior.
f» 0 diafragma e' deslocado para baixo.
Evolução crônica.
INVESTIGAÇÃO IlllliIIIISTIBI
:Ultra-sonografia pré-natal: Pode mostrar lobo pul-
monar aumentado repleto de fluido e desvio de
mediastino.
u Radiografia de tórax com incidências ãntero-
posterior e lateral: é o exame que confirma o diag-
nóstico. Demonstra imagem de radiotransparência
aumentada no hemitórax comprometido com
esboço de fina trama broncovascular (Figs. 39.1
e 39.2). Épossivel confundir a zona radiolucente
com pneumotórax, mas examinando a chapa com
luz brilhante, são vistas as tramas bronco-vas-
culares dirigindo-se a pleura parietal. Essa imagem
Á L 'E S F I
.5
rzL-‘sa
m
gg; , da borda cardiaca nesse lobo doente, causada por retençao anor—
ªâíí '
. mal de fluido pulmonar fetal pela obstrução brôn-
w“ Nº caso do lobo médro ser enfisematoso, nota- uica' Só a ós eliminar esse líquido ou absorve-lo
. .
e‘3 que costuma surgir hiperaeraçao. Esse achado e
i,
J
se uma pequena área de densidade representando p - ,
o lobo superior direito colabado, perto do ápice da
", as},>
r
) . , .
cav1dadetorac1ca,
rior do coração
.
e outra Junto
t
.
a margem infe-
mais comum no lobo pohalveoiar.
Broncoscopia: . é um procedimento
. .
com 11560 em
. do mediastino
. . para o lado contralateral, mangas pequenasedrsfun çao , res trator-iae, quase
'
a? Há desvto . . .p de retraçao
-
I
. do diafragmaealargamento
. sempre, contra-indicada. Ha risco
g deslocarnentoparabatxo . de ar
.
-
_
.
:» . .
dos espaços intercostais no lado comprometido.
mactça
iratória
com descompensaçao Cardiorres-
,
' :“ Na mctdêncta lateral pode ser Visualizado me-
. . anterior . com radiotransparêucta
.
0
. aumen-
p . .
Se lndlcada (para excluir . lesoes . m-
.. obstrutivas .
. , . . . ..
A dlastmo . -
. tada, revelando uma hérnia do lobo afetado e 0 K trmsecas suspeitas ou eliminar obstruçao endo-
.
. presente), deve ser realizada
.
,
e, »,, . &
bronquica com a
-
a
h
:“ª”:
,
coraçao deslocado posteriormente. sala e a equipe . , . prontas para toracotomia
. cirurgica
' u lmedtata. , » ~
Em crianças. maiores, sem disfunção respirató-
ria importante,po'de estar indicada broncos'copia
visando estudar e afastar a presença de obstru-
çãqbrônquica localizada (corpo estranho), ro-
lhas de muco, ou obstrução intrínseca.
Arteriografia: pode, raramente, ser necessária para
demonstrar vasos anômalos causando obstrução
extrínseca.
Ecocardiografia: indicada na suspeita clínica de
)
malformação cardiovascular associada.
|
V
IE Cintilografia pulmonar.(p'erfusão e ventilação)?
v
pode estar indicada no diagnóstico diferencial
difícil, suspeita de doença adquirida, ou quando
existirem áreas de envolvimento múltiplo. .
erª
magma mrrnrucrnt
](gástrução
"ªis
brônquica intrínseca adquirida por ro—
mucosas.
, 'agiitificação de lesões extrínsecas que podem
&
t'yi-igdiastinais aumentados.
tãlectasia com enfisema compensador.
à;tos
congênitos, pneumatocele
e pneumotórax
a apresentam tramas bronco—vasculares nas áreas
iolucentes. No pneumotórax, o pulmão tica co- Figura 39.3 -Toracotomia esquerda com exteriorização do
lobo superlor esquerdo, que se encontra enormemente dis-
l'fylsado no nível do hilo, não no ápice ou infe- . tendido.
ipi-mente.
5P eumotórax.
“lª/?alformação
““‘ém
adenomatóide cística do pulmão
cisto simples grande. Há uma persistente deformidade de desenvolvimento
da cartilagem brônquica secundária a compressão ex-
trínseca.
Nos pacientes assintomáticos tem sido sugerida a
cit-ioniia pulmonar para todos os pacientes sinto-
g . Estar atento no início da anestesia geral, pois
observação clínica rigorosa, sem cirurgia. Com o cres-
cimento corporal, tem sido observado que a hiper-
ocorrer hiperinflação adicional do lobo, O pri- distensão desaparece e pode resolver completamente.
rf6ato cirúrgico e a liberação do lobo hiperdistendido
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
falªra da incisão de toracotomia (Fig. 39.3).
Éc'Ém—nascido com disfunção respiratória grave
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i
224 u Tórax
Malformação
Adenomatóide Cística
”? * € de Pulmão
.p '
João Carlos Ketzer de Souza
Figura 40.1 — Lesão tipo I. Muitos cistos com mais de 2cm de
na
diâmetro.
BUIIGIEITI]
pulmonar constituída de cistos múltiplos grandes
Massa multicística de tecido pulmonar, produzida por medindo mais de 2cm de ,iâmetro. Mais raramente,,
proliferação anormal, excessiva e descontrolada dos pode ser constituída de um cisto gigante único. E
bronquíolos terminais, suprimindo quase completamente revestida por epitélio colunar ciliado pseudo-estra-
o desenvolvimento e função alveolar. Os cistos variam tificado, as paredes contêm músculo liso e tecido
muito de tamanho e podem conter ar, líquido, ou ambos. elástico, em um terço dos casos as células são pro-
Comunicam—se com a árvore traqueobrônquica. Recebem dutoras de muco, cartilagem na parede e' raramente
sua suplementação sanguínea da circulação pulmonar. vista e alvéolos normais ou estruturas semelhantes
Alguns casos de lesões tipo II e III podem, ocasio- a alvéolos podem ser encontradas entre os cistos
nalmente, coexistir com seqiiestração extralobar e, em (Fig. 40.1). A prematuridade ocorre em 30% e
tais casos, receber suplementação arterial sistêmica. natimortos estão presentes em 15%. Malforma—
Essas lesões são consideradas híbridas. ções congênitas estão associadas em somente 5%.
n Tipo II: presença de massa microcística de múl-
IIISTIII'IITIllllIiIII tiplos pequenos cistos, medindo menos de 1cm
de diâmetro. São revestidos de epitélio cubóide
É considerada um hamartoma verdadeiro. Segundo
g ir ª— ' Kwittken e Reiner, os critérios para o diagnóstico histo-
ciliado a epitélio colunar. Entre os cistos exis-
. tem estruturas semelhantes a bronquíolos respi-
L‘59IVZ86
patológico são: '\ ratórios e alvéolos distendidos. Células mucosas
I Crescimento adenomatóide das estruturas respi- e cartilagens não estão presentes. Fibras mus-
ratórias terminais com formação de cistos interco- culares estriadas podem ser vistas raramente (Fig.
municantes e de variados tamanhos, atapetados 40.2). Premat'uridade ocorre eni 75% e natimortos
por epitélio pseudo-estratificado ciliado cubóide _, estão presenies ein 25%. Anomalias congênitas
ou colunar. associadas são Eomuns em 55%. Anasarca fetal c
'15?
GIIISSIFIGABÃII
Stocker classificou a doença em três tipos patológi-
cos fundamentados nos achados macroscópicos (prin—
cipalmente no tamanho dos cistos), microscópicos,
clínicos e radiológicos'.
Tipo I: é a forma mais comum, mais diferenciada Figura 40.2 Lesão tipo II. cistos pequenos, não ultrapªS'
e constste em uma massa macrocística de tecido
—
sando 1cm de diâmetro.
r
iv
'??Ii drámnio
materno Raro i Comum
utras anomalias Raras Raras Comuns
ibêcto
macroscópico Cistico, alguma vezes Ambos (cístico e sólido) Sólido, algumas vezes
há áreas sólidas
há áreas císticas
irtopatologia ’3‘
,ºs .A
'
. .
._Wqu
"
226 I Tórax . ª,
t
TABELA 40.3 - classificação expandida de Stockerª i
TIPO
INCIDENCIA
PROPORCIONAL (%) ASPECTO MACROSCÓPICO MICROSCOPIA OUTROS ACHADOS
.!
,
o 1 -3 Sólido; os pulmões são Vias aéreas tipo brônquiras com Recém-nascidos; outras %
pequenos e firmes cartilagem, músculo liso e malformações; mau 3,
glândulas separadas por prognóstico ]'-
tecido mesenquimatoso 9
abundante
1-
1 60 — 70 cistos grandes (até 10cm) Cistos são revestidos por células Apresentação pode ser “'.
cíliadas pseudoestratificadas e tardia; ressecável; bom
muitas vezes misturadas com prognóstico; raros casos a?
fileiras de células mucosas podem mostrar alterações
carcinomatosas _
2 10 15 — Aspecto de esponja composto cistos assemelham—se a
de múltiplos pequenos bronquíolos dilatados
Recém-nascidos; outras
malformações; mau º.
cistos (até 2cm) e tecido separados por alvéolos prognóstico r
sólido pálido tipo tumoral normais. Há músculo estriado
em 5% l; '.
3 5 Sólida Excesso de estruturas Recém-nascidos; mau
.
,
bionquiolares separadas por prognóstico
espaços aéreos pequenos. com '
revestimento cubóide. »?
assemelhando—se a pulmão I;
'
fetal em estágios tardios do
desenvolvimento E
f2 l
x
º
4 15 cistos grandes (até 2cm) Os cistos são revestidos por Recém-nascidos e lactentes; ;; t
'
epitélio plano quiescente
sobre tecido mesenquimatoso
born prognóstico
7‘
9. i
'
frouxo
0 tipo 0 é descrito como bronquite (relatado previamente como displasia acinar); o tipo 1. como bronquico-bronquiolar; o tipo 2, como bronquiolar; o tipo 3,
:
como bronquiolar-ducto alveolar e, o tlpo 4. como periférico.
IO tipo II é frequentemente associado a outras IFrequência dos tipos: tipo I: 60%; tipo II: 30%; ,
malformações e isso pode sugerir a época em ,. tipo HI: 10%'.
“ que ocorre o defeito embrionário, em torno da ,“ IOcorrência e esporádica, não relacionada a ida- ,
Sª semana de gestação. de materna, raça, ou história genética.
I O tipo III, que tem o grau de maturação mais I Diagnóstico
diferencial: enfisema lobar congê-
baixo, deve acontecer antes da Sª semana, pois nito, hérnia diafragmática, cisto broncogênico,
envolve todo o lobo e, portanto, significa que !
sequesuação'broncopulmonªr, pneumatocele. .
todas as células do broto lobar estão afetadas. ',
Elªlllllllªleall
lCorresponde a25% das lesões císticas de pulmão
FISIIIPMDlIIGII
.
A disfunçao
_. . progressrva,
respiratória
- .
que costuma
aparecer logo após o nascimento, deve-se a umª
l
e 30 a 40% das lesões de desenvolvimento do paulatina substituição do líquido contido na massa
' broto pulmonar.
IPrevalência: 1:25.000 a 35.000 nascidos vivos.
multicística por ar durante os primeiros movimen-
tos respiratórios. Há também aprisionamento signi-
ILeve predominância no sexo masculino: 1.4M:1F. ficativo e progressivo de ar nas áreas císticas, em
IGeralmente o comprometimento unilobar. virtude de um apoio cartilaginoso deficiente, cm-
ISomente 2% de todos são bilaterais.
e
sando mecanismo valvular. Com a retenção de ar e
. ITodos os lobos podem estar comprometidos com aumento progressivo e enfrsematoso dos cistos, surge
igual frequência. ateleetasia do lobo ou lobos adjacentes, desvio dº
ISuplementação sanguínea anômala é rara. mediastino, compressão e atelectasia do pulm㺠4
. à exceção d0 lipº II; mas em natimortos são vistas As lesões sólidas ou cfsticas com cistos diminutos
com frequência. Mais comuns: agenesia renal, costumam mais freqiientemente ocasionar anasarca
doença renal cística, ,atresia intestinal, malfor— fetal, ascite fetal, poliidrâmnio, prematuridadeehipº'_
mações cardíacas, hidrocefalia, pecrus axcavatum. plasia pulmonar.
Malformação Adenomatóide Cística de Pulmão I: 227
.
tnjsmos: Essa síndrome pode desenvolver-se rapidamente
e não é revertida pelo tratamento isolado da ano—
I Diminufda deglutição fetal de líquido amniótico malia fetal. Logo, a presença de placentomegalia
“"'“
devido à compressão esofágica pela massa e dessa síndrome é considerada uma contra-in—
multicística. dicação para a cirurgia fetal aberta.
.9 IAumento de produção ou menor reabsorção do !! Natimorto ou morte neonatal precoce associado
fluido fetal pulmonar pelo tecido pulmonar anor- a anasarca, prematuridade, poliidrâmnio e hipo-
mal. O aumento de formação de líquido é mais plasia pulmonar. Correspondem 1/3 a 1/6 dos fetos
comum nas lesões sólidas, ricas em pneumócitos portadores de MACCP.
tipo 2. célula que predomina no revestimento dos IPrematun'dade e/ou desnutrição intra-uterina (50%
espaços tipo glandulares e alvéolos das lesões dos nascidos vivos).
sólidas. IDisfunção respiratória aguda de intensidade va-
riada (moderada a grave), geralmente progressiva,
f—írremarurruade
;Deve-sea uma hiperdistensão do útero grávido com
ocorrendo durante o primeiro mês de vida. Apro—
ximadamente 50 a 60% das MACCP são sinto—
máticas durante o periodo neonatal.
- - (o líquido amniótico não deglutido, preeipitando o parto IHipertensão pulmonar persistente, por muscula—
gprematuro.
ª;
' rização anormal dos vasos pulmonares e hiper-
reatividade, refratária ao tratamento convencional,
necessitando de tratamento muito semelhante ao
. :lliulnlasia Pulmonar da hérnia diafragmática.
%?óde acontecer devido à compressão da massa multi-
bística (principalmente a sólida) sobre o pulmão adja—
I Episódios de infecção respiratória de repetição
(pneumonias ou infiltrado pulmonar persistente
,nte, durante o desenvolvimento embrionário. No , ou recorrente, abscesso pul’monar). Podem ser
apertado perinatal, pode ocorrer 'o aparecimento de assintomáticos por anos. Essa forma de apresen-
'ªJlipertensão pulmonar persistente, muito semelhante tação aparece quando os cistos ou a malforma-
»;
“àquela que pode aparecer na hérnia diafragmática. ção são pequenos e têm diminuta comunicação
.,.Hípóxia e acidose perinatal levam a um aumento da com a árvore traqueobrônquica. Sofrem infec-
.; resistência vascular pulmonar (muscularização anor— ção secundária devido a drenagem precária dentro
rªmal das artérias pré e intra-acinares), desenvolvimento dos bronquíolos anormais. As cavidades císticas
“de
shunts direita ——> esquerda, hipoxemia e o estabe-
wlecrmento de um ciclo vicioso.
infectadas podem simular pneumatoceles.
IO desenvolvimento de pneumotórax hipertensivo
x
é uma complicação possível quando'o paciente
"HIS II! APRESENTAÇÃO CLÍNICA necessita de manobras de ressuscitação, venti-
lação mecânica. ou erro diagnósrico corn indi—
Tªmanho, tipo e complicações são os fatores mais cação de drenagem de pneumotórax inexistente.
impºrtantes determinantes da época e gravidade da
ªpresentação clínica. Grandes lesões ou lesões pre-
. ºmrnantemente sólidas produzem sintomas logo após (lllllllll) (ilÍllIGÍl
Pnascimento. Lesões pequenas não produzem sinto- Noventa por cento dos diagnósticos são estabeleci-
mas, exceto se 'ocorrer infecção secundária. dos no primeiro ano de vida. A maioria nos primeiros
w . »«g— M
lDiagnóstico pré-natal realizado por ultra-sono- seis meses.
grafia. 0prognóstico dessas lesões vai depender IDispnéia. taquipnéia, retrações, cianose.
« IT V - '
L.
228 =I Tórax
Figura 40.4— Radiografia de tórax mostrando inúmeras ima- Figura 40.5 — Radiografia de tórax de malformação adenº
gens ’clsticas no hemitórax esquerdo desviando o mediastino matóide clstica congênita de pulmão de lobo médio com Clª
para a direita, compativeis com malformação adenomatóide dominante. Há desvio do mediastino e compressão dos lº ,
—- Classificação
.
de Adzíck. É reconhecido que aproximadamente 10% dos tu-
. Lesões microcísticas (< 5mm): geralmente as- mores malignos de pulmão crescem em malforma-
tl 5 sociadas a hidropsia fetal, mau prognóstico. ções císticas pulmonares.
: - Lesões macrocísticas (> 5mm): não associa-
.
tl-I f‘
'
sas lesões podem regredir espontaneamente du- (lobectomia pulmonar). Não está indicada res-
rante o 3º trimestre de gravidez. Essa involução secção segmentar da massa adenomatóide pelo
.
ocorre por razões desconhecidas, provavelmen- índice de complicações possíveis, como: persis-
r- º te pela maturação de suas células. tência da doença no lobo restante, fístula aérea
lá‘é w Na procura do melhor parâmetro para predizer persistente, infecções recorrentes. No ato cirúr—
nr
qual o feto que está em risco para desenvolver gico, estar atento para a possibilidade da exis—
hidropsia, os autores têm calculado 0 volume da tência de um ou mais vasos aberrantes em conexão
lesão por medidas ultra—sonográficas usando a com o lobo ou massa cística. lflo recém—nascido
fórmula da elipse (comprimento x altura >< lar» e lactente, os planos segmentares e a divisão dos
gura X 0,52). Parece que o tamanho da lesão é tecidos ainda não estão completamente forma-
mais importante que o tipo na avaliação do prog- dos. Até os lobos não estão nitidamente demar-
nóstico, sob o ponto de vista da ultra-sonografia. cados. Toleram a lobectomia extremamente bem,
A relação de volume da malformação adenomatõide com crescimento e expansão do tecido pulmo-
cística (CVR) é obtida pela divisão do volume nar remanescente. Ocorre hipertrofia dos alvéo—
da lesão pela circunferência da cabeça. Essa relação los existentes e parece também que aumento no
tem a finalidade de corrigir as diferenças de ta- número de alvéolos (hiperplasia).
manho fetal. Uma CVR > 1,6 é preditiva de ris- IA idade ótima para operar pacientes assintomá—
co aumentado de hidropsia, desenvolvendo—se em ticos parece situar—se entre os três e seis meses
80% dos fetos com MACCP. A CVR pode ser de idade (risco de malignização e infecção). Tem
útil para selecionar fetos em risco para desen— sido essa a nossa escolha.
volver hidropsia e que necessitam de observa— Os argumentos para a ressecção cirúrgica são: risco
ção freqiiente com ultra-sonografia e possível de infecção, malignização, risco de pneumotórax,
intervençà fetal. risco de aumento súbito do cisto com disfunção
respiratóriaíe o fato de a ressecção precoce per—
ir um crescimento pulmonar compensatório.
Hulllillllnliãll Nos pacientes assintomáticos, os argumentos para
'5, . Relatos mostram o desenvolvimento de blastoma pleu— a observação simples são: possível regressão, ris-
;;Í ropulmonar (lactentes e crianças pequenas) e adeno-
'
.
lªou
tu
Fetos com hidropsia progressiva e com menos de 32 (lobectomia), em centros especializados. Ano- «|
N
semanas de vida com MACCP devem ser avaliados malias anatômicas ou cromossômicas contra-in— A
:
afl3‘45.
o u - a s ri Q L
tem trajeto retilíneo e costuma cursar dentro do liga-
infecção, os espaços císticos contêm muco; após epi- mento pulmonar inferior.
sódios infecciosos, frequentemente, passam a conter A drenagem venosa do segmento intralobar é ge-
ar e pus. O tamanho e extensão da seqiiestração são ralmente realizada pela veia pulmonar, estabelecen-
variáveis. do um shunt arterial sistêmico até a aurícula esquerda
(shunt E —) E).
GHSSIFIIIAÇÃB A drenagem venosa do segmento extralobar é ge-
ralmente realizada pela veia ázigo ou hemiazigo,
As seqíiestrações são divididas em: estabelecendo um shunt E —> D.
I Seqiiestração intralobar: aquela em que o tecido
Em 60% das seqíiestrações intralobares direita:. o
retorno venoso é anômalo e compatível com a síndrome
pulmonar anormal está incorporado dentro do pul- da cimitarra. Essa síndrome é caracterizada pela pre—
mão normal e mostra uma pleura visceral comum. sença de um pulmão direito pequeno e malformado,
I Seqilestração extralobar ou pulmão acessório:
;com retorno venoso anômalo do pulmão para a veia
aquela em que o tecido pulmonar anormal está
separado anatomicamente do pulmão normal, tendo
»
cava inferior ou átrio direito (shunt E —) D) e suple-
mentação arterial sistêmica anômala. Essa drenagem
sua própria pleura. venosa anômalaIaparece em radiografia como uma
sombra, losalizada na face medial do lobo inferior
!direito, com a forma de uma cim_itarra. Geralmente a
3 ennnrrralsnm Hummus artéria pulmonar está ausente ou hipoplasica e a su-
plementação sistêmica é derivada da aorta torácica
- comunicação Hstulasa
win"
l A comunicação fistul‘osa com o esôfago ou es— do septo atrial está presente em 10% dos casos e há .
tômago (esôfago superior 5%, esôfago médio 10%, frequência aumentada de outros defeitos cardíacos
—
esôfago inferior 70% e estômago 15%) é, geral- congênitos. A apresentação clínica pode aparecer sob
mente, formada por um tubo muscular bem cons- quatro formas:
tituído e atapetado por epitélio estratificado esca- I Forma assintomática.
moso ou colunar e cartilagem na parede. Ocorre
em 10% dos casos, sendo em 75% no lado direito.
I Insuficiência cardíacã'lcõngestiva
secundária
derivação E —) 15 grande por suplementação arterial ª
Essa Seqíiestração é denominada de comunicante. sistêmica anômala.
ocorre em ambos os tipos (intra e extralobar) e
_ª
I Sintomas respiratórios graves relacionados
sua etiologia é congênita. Essa condição recebe hipertensão pulmonar.
a denominação de malformação bronco-pulmo- I Infecções respiratórias recorrentes na criança malº“
nar congênita dointestino anterior (MBPCIA).
Essa malformação foi dividida por Srikanth em
quatro tipos‘:
— Tipo I (16%): ocorre em associação com atresia A embriogênese não está completamente estabelecxdª)
.»
. _,
. Mr aw a,”
Seqúesfração Pulmonar I 233
'ªvªria
uma captura dos esboços brônquicos em
'iivolvimento por uma artéria anômala, que com EPIDEMIMOGIA
cÉ'scimento do pulmão desprendena o esboço de São mais frequentes à esquerda (2/3).
as conexões brônquicas. A artéria anômala seria I A seqiiestração intralobar é três vezes mais fre-
de eito primário. Parece que os vasos
sanguíneos
iésenvolvimento do embrião não tenam possibili—
qiiente do que a extralobar.
I Predominam em meninos. As-extralobares são
dçzde exercer tal tração. três vezes mais comuns em meninos e as intralo-
".
bares têm a seguinte relação: 1,5M21F.
, iria de Smith I: Em 75% dos casos & seqiiestração intralobar ocorre
eria uma deficiência da artéria pulmonar em no segmento basal posterior do lobo inferior perto
sepvolver-se com suficiente rapidez para irrigar a da goteira paravei‘tebral ou, mais raramente, no
talidade do pulmão em crescimento e isso facilita- segmento basal médio.
” formação (ou persistência) de uma irrigação aórtica Em 10% os lobos superiores podem estar envol—
tera] suplementar. Urna zona assim irrigada po— vidos.
a'experimentar degeneração cística ou até fibrose IA seqíiestração extralobar ocorre, frequentemen—
ppl;
..?. do nascimento. te, no mediastino posteriorjunto ao seio costofrê—
nico ou na cavidade pleural. Podem ser encontrados
‘rip lieriiiaiia do Em imunológico incorporados ao diafragma, cavidade peritoneal
(Eu inner e Senanonstein e cavidade pericárdica junto à porção superior
do tórax.
mateoria da formação do esboço pulmonar supranu— I Em 40 a 60% das extralobares existe alguma
erário derivado intestino primitivo anterior. E a
do malformação congênita associada, principalmente
«u 'Isªaceita atualmente. Na 5 ª semana de vida embrio- dezlocalização torácica. As mais frequentes são:
“ária,“ um pequeno esboço pulmonar desenvolve-se ma formaçãb adenomatóide cística congênita de
ede ventral da faringe. Esse broto pulmonar for-
'
pulmão, hérnia diafragmática (15%), cisto bronco—
“
o tubo laringotraqueal, que vai se bifurcar nos
Is'brotos pulmonares primitivos na 7E semana de
gênico, malformações cardíacas, eventração dia-
fragmática, hipoplasia Pulmonar, duplicação
a' Iºnbrionária. NesSe periodo haveria o apareci— . ‘ eufórica, pectus excavalum, cisto pericárdica.
já decaudal
um broto pulmonar supranumerário, que I Nas intralobares, as anomalias congênitas são
sªem à posição do broto pulmonar normal
»» Ngiaria caudalmente, acompanhando o crescimento I
mais raras (10%).
Na MBPCIA não há predisposição sexual, o lado
dº esôfago. Se esse broto pulmonar acessório aparecer
,
. gilt) precoce na vida embrionária, antes do desen-
direito é envolvido Em 75% dos casos e malfor-
mações associadas estão presentes em 40% das
yºlvimento da pleura, ele é incorporado no pulmão vezes (principalmente malformações das costelas
l3,3113le adjacente, tornando-se um segmento intralobar. ou vertebrais, atresia de esôfago, fístula traqueo-
»
- — .4 1 ' M « w .
. .- _ºspacientes em que o pediculo embrionário não um cisto único. Histologicamente contêm elementos
"tag,-º
º "l- a seqliestração permanece em comunicação
'
w,-
da pela infecção nos tecidos adjacentes).
I Achado incidental em radiografia de tórax.
(1111111110 IIIÍIIIBII
Pode haver uma gama muito variada de apresentação Extralolxar
clinica. Na maioria das vezes é assintomático.
I Achado incidental em radiografia de tórax.
- .—
Achado incidental na ocasião do reparo cirúrgi.
Intralolnn co de uma hérnia diafragmática.
Geralmente é sintomático. Embora mais frequente em Raramente podem apresentar infecção pulmonar,
outrªs fases da
vida,pode também apresentar-se durante insuficiência cardíaca congestiva por shuntE. _; D,
o periodo neonatal (10% dos casos). sintomas gastrointestinais, hemorragia. Raríssimªs
I Episódios persistentes ou
reçorrentes
de infeç— vezes pode surgir disfunção respiratória no re-
secreçao cém-nascido por compressão do pulmão e des.
.,
ção respirat ria. Com o acumulo de
mucóide dentro dos segmento seques-
cistosdo vio do mediastino, quando aparece comunicação .. 4
é L B' ‘ S Z V I Q C
trado, o pulmão normal crrcundante e compri- brônquica e os cistos distendem.
mido. Surge pneumonite, que pode estender-se
facilmente ao segmento adjacente. Com
a ero-
são capsular forma-se uma comunicaçao com as
Malformação nroncnuulmonar congênita
vias aéreas. Em virtude da ma drenagem do Ilo Intestino Anterior
segmento seqiiestradoI surge um ciclo episódrco I A apresentação costuma ser o
resultado de pneu-
de febre, calafrios, hemoptise e to'sse
carro purulento e alterações bronqmectásrcascom na
es- monia, abscesso pulmonar ou dificuldade respi-
ratória exacerbada pela alimentação.
os
seqliestração. Febre e tosse sao Sintomas mais I Apresentações menos comuns incluem refluxo
frequentes. A tosse fica produtiva quando
comunicação livre estabelece-se entrea
uma
seques-
gastroesofágico, hematêmcse, anemia e insufi-
ciência cardíaca.
tração e o tecido pulmonar normal adjacente. E
a forma mais comum. .
IIIIIESTIEQGÃII BIREIIÍIS'I'IBA
[
Sintomas cardiovasculares devrdo aos shunts
em desenvolver—se entre a suplementaçao vas-
que
,,“ I Radiografias de tórax (antero-posterior e late-
normal.
cular da seqíiestração e o tecido pulmonar
Pode surgir insuficiência cardíaca congestiva pelo
ral). Freqfientemente são normais.
- Intralobar: presença de densidade triangular
shunt E —> D de uma artéria sistêmica com
veia pulmonar ou malformação cardiaca assocrada.
a
,»
no segmento basal posterior ou medial do lobo
inferior corn deslocamento da trama bronco
vascular (Figs. 41.1 e 41.2) As vezes podem
I Disfunção respiratória no
recém-nascido: rarp.
Comunicação brônquica pode permitir a-distens-ao ser visíveis cistos repletos de ar, com presença
e hiperinflação de alguns cistos da sequestraçao. ou'não de níveis liquidos, se existe comunica-
ção com a árvore traqueobrônquica.
- Extralobar: presença de densidade de tecido
mole triangulare homogênea junto ao mediastino
(perto da cúpula diafragmática). Em 90%.
localiza—se no liemitórax esquerdo. Muitas são
pequenas e não visíveis em radiografias de tórax.
I Broncografia. Bastanteª'aitíl, pouco usada atual-
mente. A seqíiestração não se enche com contraste,
porém sua periferia é esboçada por brônquios
do tecido pulmonar normal, que se enchem de
contraste e que são deslocados pela lesão.
I Arteriografra. Permanece o método diagnóstico
padrão-ouro, mas os riscos associados nãojus-
tificam a informação adicional obtida na maio-
- 41,1— Radiografia de tórax em projeção antero-pos- ria dos casos. Arteriografras torácica e abdominal
superiores são muito boas nas lesões adjacentes
:erigíinostrando imagem com maior densidade
Junto ao lobo
inferior esquerdo, compatível com sequestração intralobar.
Seqúestração Pulmonar ª 235
:? Técnica:
ri Figura 41.2 - Radiografia de tórax em projeção lateral mos-
—
E Intralobar.
ltrando imagem póstero-inferior de maior densidade junto
”ao lobo inferior esquerdo. Lobectomia pulmonar. Identificar cuidadosa-
ª»
mente o vaso ou os vasos nutrientes anômalos
que geralmente costumam ser ramos diretos
ao diafragma para delinear suplementação arterial da aorta e que percorrem o ligamento pulmo-
anômala e também como auxiliar na cirurgia, ao nar inferior. Só indicar separação cirúrgica da
mostrar número, calibre e localização dos vasos seqiiestração (seqiiestrectomia), quando hou-
anômalos. A fase tardia mostra a drenagem venosa. ver uma nítida linha de demarcação entre &
Atualmente pouco usada. Se necessário, pode ser seqiiestração e o pulmão normal. Ressecar co-
substituída pela angiografia digital por subtração. municação fistulosa com o esôfago e estômago,
' IBroncoscopia. Pouco útil. quando presentes. Na seqiiestração direita
t: IRadiografias de esôfago, estômago e duodeno, observar presença da síndrome da cimitarra
para demonstrar comunicação entre a seqiiestração (ideal a identificação pré-operatória).
,» »; e o trato gastrointestinal. No tratamento, na maioria das vezes, é suficiente
.3; ” lCinlilografia pulmonar. Mostra mai-ventilação e a ligadura simples da artéria anômala.
E.,, perfusão da área. Exltralobar. .“
ITomografia computadorizada com ou sem con—
— eRessecção do tecido pulmonar seqiiestrado. Isolar
. traste. Excelente método diagnóstico (Fig. 41.3). dividir cuidadosamente os vasos aberrantes.
autores extralobares.
_.
,
Rªiª& com
0 aspecto mais típico é de uma massa complexa
ou sem a presença de cistos.,0casionalmente,
Atualmente, muitos têm proposto conduta
conservadora nas sequestrações
'
pode apresentar-se como 'uma lesão cavitária com Só indicam cirurgia nas seguintes situações:
nível hídroaéreo. presença de cistos grandes, shunt A—V, se-
«w .). Ultra—sonografia torácica com Doppler. Poderevelar qiiestração aumentando de tamanho (neuro-
;" massa sólida e/ou cística, arte'ria sistêmica anô- blastoma?). Alternativas à cirurgia: embolização,
mala e seu fluxo sanguíneo. Pela sua excelente ligadura simples da artéria nutridora.
acurácia e facilidade, tem sido o método mais
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'NoMACCP rm
WENLEY, D. F.; GOH. T. H.: MENAHEM. S. et al. Management of
, caso de seqíiestrações híbridas associadas a
pulmonary sequestration and scimitar syndrome presenting in
e presença de artéria sistêmica.
children. Pediatr. Surg. Int., v. 4, p. 381-385, 1989.
L
«,
236 I Tórax
W
IPredisposição sexual: 2leF.
I Prevalência após cirurgia cardiovascular: 0,5 a 3%,
IAproximadamente 60% ocorrem no lado direito,
I Bilateralidadeé incomum.
IllIIITOIIIII
ETIIIlGIiIl
IQuilotórax
Em 2/3 dos casos o curso anatômico do ducto torácico
congênito ou espontâneo: provavel- é típico. Começa no abdome na cisterna chyli, di-
mente resulta de malformação do ducto torácico rige-se ao mediastino, passando a direita do hiato aór-
por falha na fusão dos canais linfáticos ou rup- tico. Depois se inclina a esquerda, no nível da Sª vértebra
tura, durante o parto ou ressuscitação, de um ducto torácica, e ascende à esquerda até penetrar no ângulo
torácico congenitamente fraco. de junção entre a veia subclávia e a veia jugular in—
IQuilotórax adquirido ou secundário.
terna esquerda.
-
Após cirurgias torácicas, principalmente cirurgias
m ar * / m u- &“(
cardiovasculares (correção de coarctação de GDMPBSIÇÃD
aorta, anéis vasculares e ducto arterial patente,
'
shunt cavopulmonar, reparo de tetralogia de ILíquido estéril e com qualidades bacteriostáticas.
' Fallot, procedimento de Fontan), correção de INão irritante à pleura, não evocando a formação
atresia de esôfago com arco aórtico direito, _. de paquipleura ou membranas fibroelãsticas.
ressecção de higroma cística mediastinal). b 'I
Curado pelo Sudan III (presença de quilomícrons).
—-
Após trombose de veia cava superior, veia ino- IAlcalino com pH entre 7,4 a 7,8.
“ fl : H- *
.
minada ou subclávia esquerda, principalmente IContagem celular total > 1.000 célulaslmL.
se relacionada à presença de cateter em veia I Predominânçia nítida
de linfócitos: 80 a 100%.
m, ,.
central. O aumento da pressão venosa sistêmica .» A maioria é de celulas tipo.T.
pode provocar dilatação e ruptura com extra- IConteúdo
eletrolítica igualião plasma.
vasamento de linfa. IRico em gorduras, variando entre 0,4 a Sg/dL.
—--
Associado a linfangiomatose pulmonar.
Trauma penetrante de tórax (raro) ou lesão direta
Corresponde a 3/4 da concentração lipídica
plasmática.
do ducto no momento da punção percutânea
de veia central.
—-
Colesterol: 60 a 220mg/dL.
Triglicerídeos > lIOmg/dL (ou > 1,1mmol/L)-
Trauma contuso levando a hiperextensão da
— Reflete 99% de chance de ser quilo.
coluna e ruptura do ducto. —
Triglicerídeos < SOmg/dL refletem somente 5%
de chance do fluid9_s_er quilo e entre 50 ª
-—
Episódios violentos de tosse.
Neoplasias intratorácicas (linfomas e neuro- llOmg/dL o fluido deve ser pesquisado em busca
blastoma). de quilomícrons (teste do Sudan III). Bebês
- F Ltª R' S Vl º G
que nunca se alimentaram podem ter a taxª
de triglicerídeos não elevada (geralmente
mummies“ < 50mg/dL) e líquido de aspecto não-leitosº.
IQuilotórax congênito: mais comum em recém-
nascidos a termo.
—
Relação colesterol/triglicerídeos < 1.
I Concentração de proteínas variando entre
2.2 a
IGeralmente não estão associados a outras ano— 5,9mg/dL. Corresponde à metade da concentrª-
malias. . ção protéica plasmática.
IMais raramente
associados a síndromes: trissomia — Albumina: 1,2 a 4,1g/dL.
21, síndrome de Turner e síndrome de Noonan. —
Globulinas: 1,1 a 3,1g/dL.
Quilotárax I
237
" até o fim da 1I semana de vida. Costuma ser efetivo em 70 a 80% dos casos.
IToracocentese diagnóstica, evacuadora e terapêu-
IDisfunção respiratória progressiva (taquipneia,
' dispnéia, retração torácica e cianose). Intensi- tica (Figs. 42.3 e 42.4). Em 15 a 20% dos casos
resolverá definitivamente. Múltiplas toracocenteses
dade depende da quantidade de linfa acumulada. são ineficazes e perigosas, pois não descompri—
,ªp'Macicez no hemitórax comprometido, diminui— mem adequadamente o pulmão, são dolorosas e
ª» ção do murmúrio vesicular e desvio do fetus. têm risco de produzir pneumotórax e hemotõrax.
,. ICaso o derrame quiloso se reacumular após uma
ªlllllESTIEREÃÍ!
r
IIIAGIIÚSTIBA ou duas toracocenteses, está indicada drenagem
pleural em selo d'água. Se o pulmão não estiver
ª L’IIHistória e exame físico.
reexpandindo adequadamente pelo excesso de linfa.
Radiografia de tórax: derrame pleural com com— colocar em aspiração contínua. É importante a
a:» pressão do parênquima pulmonar e desvio do me—
‘
“'" diastino (Fig. 42.1).
iTomografia computadorizada de tórax: quando
a causa não está bem definida. Quilotórax
IFlebografra e/ou eco-Doppler: para afastar obs-
trução das grandes veias torácicas, se teve cate- Dieta TCM
ter central, ou foi submetido a algum procedimento '
+
“”"a cinirgico cardíaco. O(treotida
1 semana
lToracocentese com análise do fluido pleural.
-
.
Antes de iniciar dieta láctea ou jejum prolon-
gado: líquido claro ou amarelo.
—Após iniciar dieta láctea: líquido leitoso opa-
lescente.
Melhora
< lºlekg/dia ou
100mL/anoldia _
'
Insucesso do
tratamento
-Dosar triglicerídeos, linfócitos e corar pelo \ .A .
Sudan III.
,;Dosagem dos eletrólitos séricos, albumina, he- Dieta TCM NPO + NPT
mograma, provas de coagulação. 3 semanas .- 3 semanas
º.
-
2 semanas , Opção
Dleta TCM cirúrgica
2 semanas
Dieta normal
NPO + NPT
1 semana
Insucesso tratamento
Cura cirúrgico
Dieta TCM
l
Outra opção
2 semanas cirúrgica
n —wW M
L-
"'.—” «n
238 I Tórax
aposição das pleuras visceral e parietal com reex— testina1.A octreotida reduz o fluxo esplâncnico,
pansão pulmonar e fechamento do vazamento. hepático, portal e inibe a motilidade intestinal.
No quilotórax bilateral, a drenagem pleural deve Parece também reduzir a concentração dos trigli-
ser efetuada precocemente. cerídeos na linfa e causar aumento da contração
u Esforços que aumentem muito a pressão intra- dos vasos linfáticos. Tem sido usada associada
abdominal devem ser evitados (tosse, constipa- a dieta rica em TCM, antes de decidir-se pelo
a._ u., t.
ção intestinal, gargalhadas). Nesses casos, está NPO e NPT. A dose de somatostatina intravenosa
indicado o uso de sedativos e antitussr'genos. é de 3,5ug/kg/h a lZpg/kg/h.
«1.
I Leve elevação da cabeceira da cama ajuda a dimi- O tratamento conservador e melhor no quilotórax
nuir o fluxo de quilo no ducto. congênito e pós-operatório e pior no quilotórax por
I: Iniciar dieta hiperprotéica, hiperglicr'dica e com obstrução de cava superior.
triglicerídeos de cadeia média (TCM). Mantê-la Quilotórax associado a obstrução da cava supe-
por uma semana até reavaliação do caso (débito rior é melhor tratado com drenagem de tórax em
do vazamento). Se o vazamento estiver diminuindo, aspiração contínua, NPO e NPT por via perifé-
continuar com essa dieta. Manter ainda por duas rica ou por cateter em cava inferior.
a trêssemanas após o fechamento da fístula. As
fórmulas enterais contendo TCM (seis a dez átomos
de carbono) sofrem absorção direta para dentro
da circulação porta, onde são transportadas como
Tratamento cirúrglen
ácidos graxos livres ligados à albumina e fun-
I
Indicações
de tratamento
- Tratamento
cirurgico.
conservador por três a quatro se-
cionam como fonte lipídica e calórica sem au— manas sem"
sucesso.
mentar o fluxo linfático. Alguns investigadores
acreditam que a dieta com TCM não diminui o
.- — Drenagem quilosa de grandesvolumes (> 100mLI
dia no recém-nascido, ou >IOOmUano de ida-
-m
volume do líquido pleural. de da criança/dia, ou > 1.500mL em adultos),
u Se em uma semana não há sensível diminuição conforme SelleI et al., ou > iSmL/kg/dia de
da drenagem, suspende-se a dieta enteral e in- acordo com Beghettiz et al.: pensar em cirur— t;
a-â_.»t«
». , A.
6 L 8-s z 9
diminui o fluxo quiloso, favorecendo o fechamento ponder somente as medidas clínicas.
do vazamento. Até água via oral aumenta o fluxo
—- Complicações metabólicas e/ou nutricionais
&
.
l
I
Oui/otórax I
239
.. Ligadura do tronco principal abaixo e acima bém pode ser usada para complementar a liga—
vazamento.
do dura do ducto, linfangiomatose e quilotórax por
-_ Realizar múltiplas suturas com fios inabsor— neoplasia.
L víveis em locais de vazamento frágeis ou dis—
torcidos por inflamação ou neoplasia.
.
‘
'. ÍllIPÍI'lIIII 43
'
rnnrmnrnln
IPneumotórax esPontâneo tem como causa a dis-
tribuição desigual das altas pressões transpleurais
me. “eu?
causando hiperinflação dos alvéolos e subsequen.
a
IPneumotórax secundário barotrauma [mano-
te ruptura. O alvéolo pode romper diretamente
bras de ressuscitação, ventilação mecânica (VM)].
Il Pneumotórax secundário a pneumonias, princi- na cavidade pleural causando pneumotórax, ou
palmente estafilocócica. no interstício junto às bainhas perivascularcs
I Pneumotórax secundário a trauma torácico aberto produzindo enfisema intersticial e subsequente
e fechado (não serão vistos neste capítulo). pneumomediastino, com ou sem pneumotórax
associado.
1:1 Pneumotórax por barotrauma advém de pressões
EPIHEMIIIlIIGIl ventilatórias excessivas com ruptura de alvéolos.
El Presença de pneumotórax (PNT) assintomático
em 1 a 2% dos recém-nascidos (RN). FISIOPATOIOGII
:.
ll Frequência de pneumotórax sintomático no recém-
nascido: 0,07%. A proporção que o ar se acumula nojespaço pleural,
a.» .:3),- =
IFrequência de pneumotórax em RN em ventila- o pulmão colaba, alhemicúpula diafragmática se reti—
ção mecânica e pressão positiva: 10%. .rca, podendo chegar até a inversão completa (Fig.
oza- m u v M —s weJ
III Frequência de pneumotórax na doença da mem- * 3.1). O grau de colapso pulmonar vai depender não
branahialina, sem assistência ventilatória: 5%, somente do volume de ar que está escapando, mas
em pressão positiva não invasiva contínua (CPAP): também da complacência do pulmão.
13%, em VM: 38%. Essa frequência esta em de- O acúmulo dear faz—se às custas, primariamente.
créscimo, nos últimos anos. . "da redução do volume 'residual pulmonar com expan- L-smI m
nª»! .,.:,
ll Enfisema pulmonar intersticial é precursor de
são da parede torácica costomuscular. A partir daí, o'
pneumotórax em aproximadamente 25% dos RN mediastino começa a desviar-se para o lado oposto.
W
em ventilação mecânica. O mediastino rechaçado para o lado contralateral com-
prime as grandes veias e o átrio direito (tampona-
«- v m w
mento cardiaco extrapericárdico) com redução do débito
m.
cardíaco e volume pulmonar contralateral.
.au-snºw— 1
BIRENÓSTIBB BIFEBEIIGIBL
. ,“.
“M — ª
Illllllllll BlÍlIIGll (”ASSIM
fl História prévia (doenças ou manobras assoCIª-
das). Pacientes em risco para PNT; aqueles sub—
Figura 43.1 _— Pneumotórax hipertensiva à diLeita, com re- metidos à ressuscitação, VM, principalmente cºm
do
tIfIcação dtafragma e desvio do mediastino para a
esquerda. pressão positiva no final da expiração (PEEP):
Pneumoto'rax a 241
..
membrana hialina, asma, fibrose cística, pneu—
monia estafilococica.
fgritabilidade, ansiedade.
Taquipnéia (> 60rprn).
I Retrações, cianose, gemido respiratório.
I Abaulamento do hemitórax.
IDesvio do 1’ctus.
IDiminuição ou ausência dos sons respiratórios.
I Hiper-ressonância à percussão.
I Hepatoesplenomegalia, distensão abdominal.
I Diminuição da frequência cardíaca e da pressão
arterial. .
«,
gªara-npc Mv bilateral
nho loqueado
Diminuição MV direito Diminuiçlo da MV esquerdo
_ Pneumotóru unilateral - pneumomm unilateral
"bo na orofaringe '
!
"Ii-mow": bilateral - Entubaçªo seletiva
- Reposltlonar ou posivel,
-
- deSe possivel.
tórax
radlaglafla
— Na emergenda: punção-
aspirativa do hemltórux
. " l'!;;.áªêórlax
,
fujªm 43.2 uma de
—Opções diagnósticas e terapêuticas para pneu-
criança em ventilação mecânica. FC:
"('ª cardíaca; MV = murmúrio vesicular.
fre- Figura 43.4 Pneumotórax hipertensivo à esquerda com
-
coiabamento parcial do pulmão e desvio do mediastino.
"
242 I Tórax
m a w s -. 1 ”
h c: [
palmente o raio e secundariamente o comprimento
do dreno são importantes em determinar a resis—
tência ao fluxo aéreo. Paciente ,, » (e
—
Figura 43.5 (A e B)
Técnica de drenagem Frasco selo Frasco controlador
torácica. O ideal é a rea- d'água da pressão
lização de um túnel sub-
cutâneo por dissecção
romba desde abaixo do Figura 43.7 -— Sistema de aspiração contínua constituídº
espaço intercostal, onde de frasco selo d'água e frasco regulador de pressão. A hastº_ º
o dreno deve penetrar na frasco regulador de pressão deve ficar 10 3 12cm abaixo
cavidade pleural. do nível de água. l'
Pneumotórax II 243
..
'
w
.l.’
ªv»
Utilizar modo de ventilação e parâmetros que são atmosférica), forçando o ar a sair do pulmão através
minimizem o pico e o platô de pressão necessá— da boca e do espaço pleural pelo dreno. Essa PP maior
rios para manter ventilação adequada. que a pressão atmosférica (PA) faz com que o ar saia
.I IMinimizar a PEEP.
da cavidade pleural e borbulhe no frasco de drena—
O tempo inspiratório deve ser normal ou mais
v
gem (Fig. 43.8).
"1Ifrequentemente baixo em relação à idade.
deColocação dreno adicional se apesar
de to-
das medidas anteriores persistir pneumotórax re— MEDRIIISMII I]! llllEllllEEM III! PIIGIEII'I'E EM
'
sidual hipertensivo. VENTIIAGM Miflfllllfln
Com ventilador de pressão positiva, a pressão no espa-
"E MINES I]! BETIMIIA DO llllEllfl ço pleural aumenta acima da PA na inspiração e cos-
tuma ser igual à pressão gerada no respirador (no pico
m GIGI? . - inspiratório). Nesse ponto. o gás pára de entrar no pul-
Ի
da drenagem de ar e líquido.
'I Parada mão. O ar da cavidade pleural é expulso durante a fase
"! Menisco sem oscilação. inspiratória.
LIReexpansão pulmonar
em exame fisico e radiografia Durante a expiração, a PP cai abaixo da PA (colo-
'"ISe estiver em aspiração eparar de borbulhar: manter car selo dlãgua, senão o ar poderá retornar para den-
em selo d'água por 24h. Após, realizar radiografia tro do tórax) e o ar não sai pelo dreno nessa fase ex-
de tórax para detectar qualquer acúmulo de ar. piratória (Fig. 439). '
ªº
.
espaço pleural, através do dreno torácico, é blo-
Ueada pelo selo d'água.'A água sobe no dreno a uma
altura igual à pressão negativa intratorácica.
>
Durante a expiração, o tórax se contrai. A PP au-
ROWE. M. l.; O'NEILL JR., J. A.; GROSFELD, J: L. ‘cl al. Intmthomcic
access and procedures. ln: Ersenriuls nfl'zdiarric Surgery. St. louis:
Mosby, 1995. p. 152456.
YU, V. Y. H.; LIEW, S. W.; ROBERTSON. N. R. C. Pneumolhorax in
the newborn: changing patterns. Arch. Din. Child., v. 50. p. 449-453,
:“ªmª (torna—se positiva, ou seja, maior que a pres— 1975.
244 I Tórax
Empiema Pleural
II Fase organizada ou crônica: caracterizada pelo
aparecimento de espessa camada fibrosa junto
às pleuras visceral e parietal, que pode encarce.
rar o pulmão. Essa membrana organiza-se pelo
crescimento de capilares e fibroblastos. Costuma
João Carlos Ketzer de Souza aparecer após o 14“ dia do início do empiemgr
O aparecimento dessa fase está geralmente asso.
GIIIIBEI'I'II ciado a:
rl Retardo diagnóstico e consequente retardo em
Para alguns significa a presença macroscópica de pus
m -, n r
na cavidade pleural. Para outros, é o acúmulo de lf— iniciar o tratamento adequado.
fl Escolha imprópria dos antibióticos.
quido infectado (presença de bactérias no gram elou
ll Cavidade pleural não-drenada, drenagem inade.
cultura positiva) no espaço pleural, sem ainda ter-se
transformado em pus. Para outros, os critérios de Light quada, ou drenada tardiamente.
L-SQ‘I
já definem empiema: pH < 7,2, glicose < 40mg/dL, Remoção prematura da drenagem.
desidrogenase láctica (DHL) > 1.000Ul/dL.
Derrame pampneumônico é definido como a presença llIlIIIlIlI) BlÍIIIGIl
de líquido no espaço pleural desencadeada por pneu-
i - 'ª — s m r
monia, abscesso pulmonar e bronquiectasias. :: Febre.
!Piora da pneumonia.
II Taquipnéia, tosse, cianose.
EPIDEMIIllIIGIII I: Dor torácica.
lu Dor abdominal em 20% dos casos.
n Pico de incidência: 0 a 3 anos.
|: Aproximadamente 0,6 a 2% das pneumonias
II Distensão abdominal
por íleo paralítico.
, —: a m u
rl Egofonia: alterações da voz alta (voz Caprina).
causam empiema. IDiminuição da amplitude dos movimentos res—
Aproximadamente 40% das crianças hospitali-
piratórios,
era
zadas com pneumonia apresentam algum grau
de derrame pleural. r: Abaulamento do hemitórax.
II Desvio do íctus.
m São mais comuns em meninos. II Desvio da traquéia.
II Macicez à percussão.
GLASSIHMGÍII IDiminuição ou ausência do frêmito toracovocnl.
IDiminuição dos sons respiratórios.
f’
»
A formação de um empiema pleural passa por três ISopro pleural (expiratório): é o sopro tubário
. .
Pªr =»
fases, que não são completamente distintas:
modificado pela presença de camada líquida. É
I1 Fase aguda ou exsudatíva: caracterizada por lí- necessária, além do derrame, a presença de con-
quido pleural transparente, baixa contagem de densação pulmonar. ªl
leucócitos e poucas bactérias presentes. Dura cerca E Pectoriloquia afônica (com voz sussurrante): voz
de 24 :1 72h. cochichada transmite—se perfeitamente, perceben-
H Fase fibrino-purulenta: caracterizada por liquido do—se bem as sílabas.
espesso, turvo, aparecimento de fibrina e pus e
tendência a loculações. Estende-se até o 149 dia, INVESTIGAÇÃO IIII'IGIIIÍS'I'IBII
Esse estágio é caracterizado pelo aumento do nú—
mero de neutrófilos polimorfonucleares (PMN)
e nível de glicose diminuída (pela glicólise aumen-
In Radiografias de tórax (antero-posterior, lateral.
decúbito ípsileteral com raios horizontais): im-
tada provocada pelos PMN e metabolismo bacte- cialmente aparece borrailrento do seio costofrênicº—
riano). Os produtos finais do metabolismo da Após, o líquido pleural começa a se depositar
glicose são o dióxido de carbono e o ácido lá— junto à parede lateral do tórax, no decúbito supinº-
tico. Causam diminuição do pH. 0 nivel de DHL Distância 5 10mm entre a parede torácica inter-
aumenta, muitas vezes ultrapassando 1.000UI/L na e o parênquima pulmonar (distância P-P) sugere
por causa da lise celular. Os níveis de interleucina—8
também se encontram elevados; é um importante
derrame parapneumõnico em pequena quantidade
(esse valor é referente ao paciente adulto e em
fator quimiotãxico dos PMN, Há um aumento
de deposição de fibrina na superfície pleural. Fi—
decúbito lateral), não havendo necessidade
toracocentese, exceto quando se quer materiªl
fiª
broblastos movem-se para o espaço pleural e co- para exame bioquímico, bacterioscópico e bf“?
meçam a secretar colágeno. Fibrina e colágeno ter-iológico. Com a mudança de decúbito, o líqmdº
Empiema Pleural 245
' . 'vremitórax
deve deslocar—se. Nos derrames maiores, o
I,. *
fica opacificado,aparecealargamento
gaspaços intercostais e desvro de mediastino.
,Q'ªparecimento de pneumatoceles sugere pneu-
ttª'fnºniª estafilocómca (Fig. $4.1). . .
Euhm—SOHOgrafia
‘1 toractca: ajuda a defimr a 6x15-
Q; íência
de líquido livre, loculações, septos, es—
;C'i *pessamento pleural, quantifica a fibrina, orienta
»” _
'1“ a toracocentese, ou drenagem torácica. Os achados
_twltra-sonográficos costumam ser divididos em:
r.— Efusões de baixo grau de complexidade: pre-
'., sença de fluido anecóico ou loculação única.
.. Efusões de alto grau de complexidade: evidências
. '
de organização fibn'nosa, com múltiplas septa-
ções e loculações. Há uma tendência atual para Figura 44.1
-.Grande pneumatocele direita ocasionando
dESVlº do mediastmo e compressão do pulmão ipsilateral.
solicitar ultra—sonografia precoce, mesmo antes
da toracocentese, objetivando a classiiicação do
; derrame e sua forma de tratamento.
'; -Tomografia computadorizada: estuda
espes- anaencentese
samento pleural, loculação de fluidos e con- Vantagens:
solidação pulmonar.
Confirma a presença de líquido.
-
Cintilografia de perfusão: hipocaptação por com-
pressão do parênquima pulmonar.
Determina se o líquido é purulento.
El Providencia material para cultura e dosagens
bioquímicas.
”SEEMS muspneumoniae
BDHIIIIS E Geralmente é a lª forma de tratamento.
‘
_“;Íâpemºphilus
”iincipalmente entre crianças < 2 anos de idade),
:;rçlla
influenzae, Streptococcus pyogenes, Kleb-
e Pseudomonas. Agentes anaeróbios não são
E Posição: decúbito supino com leve inclinação.
Usa-se para punção cateter-sobre—agulha, tipo
Abbocathº, nº 18, 16, ou 14, dependendo da idade
;clºmuns em crianças abaixo dos seis anos de idade.
.
da criança. O paciente pode ser rotado em dire-
g
..;
ção à punção_para que o cateter fique dependen—
ª {Immune
a, 1.:
mafia estiver em ventilador com pressão positiva,
deSconectar'ªno momento da punção. Realizar
;tratamento é controverso, sem consenso sobre a
anestesia local com lidocaí na 1%. A punção deve
ggna de terapia ideal e o momento de realiza-1a.
ser realizada no 5“ espaço intercostal' (EIC), li-
fl dependendo
Antibióticos devem sempre ter início precoce,
do agente etiológico e de acordo com
nha axilar média, junto ao bordo superior da costela
inferior. ' “5—
a rotina dos serviços de pediatria e cirurgia pe- na Do líquido purulenta devem ser enviados e so-
- diátrica. licitados:
!Agentes librinolíticos intrapleurais (estreptoqui-
nase e uroquinase): indicados nos casos de empiema
- 5mL em frasco sem heparina para coloração
de Gram e cultura com teste.. Coletar anaerobi-
multiloculados e dreno torácico. Esses agentes camente, impedindo a penetração de ar na coleta.
São instilados pelo dreno torácico, que é manti- Obliterar a ponta da agulha com rolha de borracha
do clampeado por 2 11 3h. A posição do paciente estéril ou colocar em frascos já contendo meios
deve ser modificada frequentemente. Podem ser de cultura para anaeróbios.
usados por três a cinco dias. A dose diária de
estreptoquinase é de 250.000UI diluída em 50 a - 5mL em frasco sem heparina para pesquisa de
BAAR e fungos e coloração de Ziehl-Neelsen.
100mL de soro fisiológico (SF) e a da uroquinase Esse material purulento deve ser enviado ime—
é de 50.000/30mL de SF em crianças < 5 anos e
diatamente ao laboratório, podendo permane-
de 100.000UI/40 a SOmL de SF em crianças > 5 cer algumas horas em temperatura ambiente.
ªnos de idade. Não temos experiência com essa Jamais colocar em refrigerador.
modalidade de tratamento. A estreptoquinase é E Do líquido não-purulema.
uma proteína derivada de uma bactéria que ati-
Va, indiretamente, () sistema fibrinolítico. A
-— ção
5mL em frasco não-heparinizado para colora—
de Gram, cultura e teste.
uroquinase é um ativador plaminogênio direto. - SmL em frasco não-heparinizado para pesquisa
'Toracocentese/drenagem torácica. de BAAR, fungos e coloração de Ziehl—Neelsen.
.
246 I Tórax
,.
de Wright (contagem diferencial de leucócitos). da drenagem pleural purulenta, melhora clínica
—
m — L Wª
SmL em frasco heparinizado para bioquímica e radiológica.
(glicose, proteínas, amila'se e DHL). Para dosar Confirmada posteriormente a presença de bac.
a glicose, e ideal que se use alguma substân— terias no líquido pleural ou pela bioquímica posi-
s.
cia anti—glicolftica no frasco para evitar glicólise tiva, está também indicada a drenagem pleural
m
desencadeada pelos polimorfos nucleares. E fechada, dependendo da evolução clínica a par-
aconselhável o uso de 0,1mL de uma substân- tir do dia da toracocentese.
;e na m- r u
cia contendo 2mg de fluoreto de sódio e 6mg Após sete dias de drenagem pleural, ponderar
- g L' S
de oxalato de potássio para,cada 2mL de lí- alternativas nas seguintes situações, podendo sig-
o ie — r ç ª
!
quido pleural. Se coletados, armazenados, ou nificar falha do tratamento convencional (dre-
.eu '
transportados inadequadamente, devem ser nagem torácica):
desprezados, pois seus resultados perderão
fidedignidade, podendo confundir a conduta
- Empiema multiloculadp persistente (pela ultra-
sonografia). ?"
—
a ser adotada.
5mL em frasco heparinizado para medida do
—- Sem melhora clínica (sepse pleural persisten-
te): febre persistente, recusa alimentar, disfunção
pH (coletar anaerobicamente e medir no respiratória persistente, leucocitose.
hemogasômetro).
Todos os seis frascos devem ser esterilizados.
—— Fístula broncopleural persistente.
Falha de reexpansão pulmonar com colapso
Todo o líquido heparinizado deve ser mantido re- parcial.
frigerado a 4ºC ou imerso em gelo, até que seja
processado (no máximo por 6h). Meios Alternativas no Tratamento cirúrnlcn
Drenagem Toráclca IDebridamento pleural (empiemectomia) tora-
coscópico videoassistido. É a modalidade de tra-
Continuada a presença de pus, está indicada a tamento mais atual e moderna preconizada e
drenagem pleural fechada, realizada no Sº EIC, realizada em diversos serviços. Em alguns ser-
linha axilar média, preferencialmente com anestesia viços é indicada precocemente. É sugerida como
geral e utilização de drenos adequados de silicone. primeira forma de tratamento nos serviços que
Sistema com dois frascos e o ideal para drena— utiliiam anestesia geral para a realização de
gem de líquidos; o primeiro frasco tem a finali- drenagem torácica. Sua principal vantagem de-
corre da hospitalização menor em comparação
»].
Torauxcntese
l
Empíemeanmia
l
toracoxropln por anarotomlª com decurtlração
vldeoasslnlda
Senegal, purulent;
ou Ilquldo mm quuldo mania
com napalm de «urina
ou uquiiio não-pumlentp sem gui-iu n.
com germe: iu bacterlologli dou
baneiialogh elm: cultura cultur-
Febre
7 dlas pEHIsKEME, . H'm-
new" Trout
mm sonogralla antibibtlcas m.
allmentar. lªvªdª re-drenagem o),
leucnrltme agente; (7).
flhrlnnlltims
i
[pinªgem
Tonmscopla
videomistida ‘— mulllluulagm " ªªª“ ª
_ A Figura 44.3 mostra a rotina do nosso serviço no CRUZ, A—.'-_0.; GONZALEZ. J. B.; GALDÓ, A. M. el al. Tratamiento
_diagnóstico e tratamento do empiema pleural. de losdermmes pleliiales paraneumónicos. Aim. Esp. Pediatr., v. 54.
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" ,. Ejemuucfiis GREWAL. H.; JACKSON. RJ.; WAGNER. C. W.; SMITH, S. D. Early
video-assisted thoracic surgery in the management of empyema.
_?A
'
complicação tardia mais comum, mas mesmo as- . Pediatrics. v. 103, n. 5, p. 63. 199'9. .:
"
. ’§_simreversível
rara, é o encarceramento pulmonar, que costuma MEIER, A. H.; SMITH, B.; RAGl-IAVAN, A, et al. Rational treatment
“.
gser ao longo de meses. Menos de 4% dos of empycma in children. Arch. Surg., v. 135. p. 907-912. 2000.
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QUADRI. A.; THOMSON, A. H. Pleural fluids associated with chest
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«T
248 I Tórax
Ílllllllllll GlÍIIIBll
'
11111611051100 DIFERENCIAL
?» %
ur Pne'umatocele da pneumonia estafilocócica (de-
limitada por paredes finas).
L-ǺlszRE ‘
TBIITIIMEIITB lllÍlIlGll
Antibioticoterapia prolºngada. Escolher antibió—
ticos conforme cultura 'e teste (coleta de escarro
ª
e
ou por broncoscopia). Empiricamente, temos
utilizado o seguinte esquema- principal: clinda- «'1
a
micina + aminoglicosídeo por via parenteral pºr
duas a três semanas e antibióticos via oral (Vº)
por mais quatro a oito semanas.
a Nas crianças maiores (em geral crianças > 6 anos
de idade) com possibilidade de tossir, indicamoâi
Figura 45:1 — Radiografia de tórax mostrando cavitação pul- drenagem postural, fisioterapia respiratória V'l‘
monar delimitada por paredes espessas 'tqmpatlvel com abs- gorosa com percussão torácica e sucção da Viª
cesso pulmonar, Presença de níveis
. ...
i
.hMroaérec-s.
-
,! m.
, l
aérea, expectorantes e agentes mucolíticos.
Abscesso Pulmonar n 249
"5
_,
Z‘
_.
.8273'4—
CIRURGIA PEDIATRICA
MM
M04 '
9 _
IR ASTOLFO "núncio
CPF mnemspem-
250 n Tórax
z-spn—am
tente. A intensidade e frequência da tosse de—
muscular e interferência no transporte de muco. A pendem do grau, localização e posição da criança,
estase de secreção purulenta produz obstrução e ' II Expectoraçâo. Geralmente presente. Quando
pneumonite dos bronquíolos distais. Como resultado, conseguem eliminar o escarro (crianças entre 6
surge dilatação cilíndrica, fusiforme ou sacular (cística) e 8 anos de idade), tem aspecto purulento, espessa
do brônquio. Somente o tipo sacular tern significância e abundante. '
cirúrgica. '
lll Hemoptise costuma ser ocasional. Bronquiecta-
sias são a causa mais freqiiente de hemoptise em
ETIIILIIEII crianças.
IFebre.
Multifatorial. Condições variadas, adquiridas e con— IDer torácica.
gênitas idiopáticas.
a Casos graves: abscesso cerebral e hepático. ami-
Principais condições adquiridas: loidose, osteoartropatias.
IInfecção pulmonar bacteriana, viral (principal- IAo exame físico: menor expansão pulmonar,
mente saiampo, influenza e coqueluche) ou fúngica crepitaçâo fixa, sibilância, retração do hemitórax
(principalmente infecção causada pelo Aspergillus afetado e escoliose nas bronquiectasias mais gra-
fumigatus). ves, baqueteamento digital (25%). Em 75% dos
ICorpos estranhos. ‘- cases existem alterações dos sons respiratórios.
4 c . ~ m lw r a
ISarcoidose, tuberculose com linfadenopatia (sin-
m
-. a
drome do lobo médio).
[RIVESIIEAÇÍO IIIREMS'I'IBA
&“ .15,. ,.
I Asma e alergias (aspergilose broncopulmonar
alérgica). * IHistória e exame físico.
ISindremes aspirativas. IRadiografia de tórax e anormal em quase todos
os casos. Há aumento da trama broncovascular,
Condições congênitas: espessamento bronquiolar, imagens tubulares e
IFibrose cística (causa congênita mais frequente). nos casos avançados, aspecto de favo de mtl.
ISindrome de Kartagener (sinusite. bronquiectasias Ás vezes aparecem atelectasias segmentares ou
e situs inversus). Vinte por cento dos pacientes lobares e pneumonias recorrentes, sempre na
com sinusite e dextrocardia tem bronquiectasias. mesma localização (Fig. 46.1).
Essa síndrome apresenta anormalidade genética n Brencografia sob anestesia geral e extensiva aos
da motilidade ciliar em 50% dos casos. brônquios de ambos os pulmões. Avalia tipo, dis-
I Seqiiestmção pulmonar. tribuição, gravidade e extensão da lesão. Metodo
I Deficiências imunológicas (IgG, IgM, IgA). invasivo que reduz, transitoriamente, a funçãº
lDiscinesia ciliar primária. pulmonar, impedindo a ventilação e difusão e que
l
i LªBlllllGÃl
pode causar complicaçõesªcomo alergias e rea-
ções de corpo estranho. Atualmente, só tem sido
indicada se a qualidade da TC for pobre e a suspeita
n Localizações mais comuns: segmentos basais do clínica muito forte e, em alguns casos, no pré-
lobo inferior esquerdo, segmentos basais do lobo operatório para estudo dos segmentos comprº-
inferior direito, todo lobo inferior, lobo médio e metidos. _
Ilngula. ITomografia computadorizada identifica bron-
, :: Bilateralidade: 30%. quiectasias em nivel segmentar e subsegmentm’
I Com envolvimento dos segmentos basais infe— (como brônquios dilatados e espessados), exten-
riores esquerdos. a lingula é envolvida em 80% são, padrão bronquiectásico, estuda alterações nº
dos casos. parênquima adjacente e qualidade da secreçãº
Bronquiectasias I:
251
Cintilografia ventilatória e perfusional em crian-
ças menores de 6 anos e nas que não cooperam,
quando há doença pulmonar bilateral, ou quando
um pulmão inteiro deve ser removido.
Avaliação laboratorial: hemograma. leucograma.
quantificação das imunoglobulinas (IgA, IgG, IgM,
e IgE), anti—HIV, teste cutâneo para o aspergile,
teste do suer. alfa—l-antitripsina.
GDMPIIBAÇÚES
:! Hipodesenvolvimento físico e do intelecto.
n Pneumonias recorrentes.
E Abscesso pulmonar.
N Hemoptise.
_
H Metastases séptieas cerebrais e hepáticas.
la Osteoartropatias.
l
a 46.1 —Radiegrafia de tórax em projeção lateral mos- 'I'BMIIMEHTO 01.111100
‘fi‘alldp atelettasia lobar inferlor por bronqurectasms. Antibioticoterapia, mais específica possivel. Rea-
lizar cultura da secreção para orientar o uso de
antimicrobianos.
,
&«fgtiiônqulca no lúmen dilatado. Atualmente é o Hiperidratação.
iªmétodo não-invasivo mais confiável para avaliar ta Drenagem postural e fisioterapia.
»“ ? bronquiectasias. Achados: aumento da densidade II Alimentação hipercalórica e hiperprotêica.
ura 46.2--Achados tomográfícos característicos de bron- Fígura 46.3 — Espécime cirúrgico de um lobo bronquíectásico
18ttasia lobar inferior esquerda. removido com destruição do parênquima.
252 : Tórax
volvimento físico e perda de peso; escarro pro- Contra-indicações cirúrgicas: bronquiectasias di—
dutivo e abundante; infecção por fungos. fusa bilateral e difusa unilateral associadas à uni~
II Evidências broncográficas ou tomográfrcas de lobar contralateral.
destruição irreversível do parênquima pulmonar. IMomentos antes da cirurgia, realizar toalete
bran.
quica agressiva com aspiração endotraqueal. Pensa,-
.
'IIIIITMIEIITII GIIIÍIIIGIBII em entubação seletiva contralateral, objetiva“.
Objetivos da cirurgia: remoção de corpos estranhos. do prevenir a contaminação do pulmão contralateral
eliminação de lobos e segmentos doentes, remoção com pus, sangue e muco.
de áreas sujeitas à hemorragia incontrolável e corre-
ção da doença de base. BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
IRessecção segmentar ou lobar (Fig. 46.3).
LEWlS'l‘ON. N. J. Bronchiectasis in childhood. Pediatr: Clin. Nonh
Am., v. 31, p. SGS-878, 1984.
!Se bilateral: operações devem ser espaçadas em
ROZOV. T.; VELHUI'E. M. C. P. Abscesses dc pulmão e brenquiec.
três meses. O lado mais gravemente envolvido é tasias. ln: MAKSOUD, ]. G. (ed.). Cirurgia Pediátrica. 2. ed. Rio
operado primeiramente. de Janeiro: Reviuter. 2003. p. 615-623.
Massas Mediastinais I
253
Compartimento
v
Massas Mediastinais
anterior
Compartimento
;. João Alberto P. Grimm
'
. posterior
menor a criança, mais precoces são os sintomas res- linfomas de células grandes tipo histiocltico de [ºcª
piratórios (brônquios mais elásticos). lização extraganglionar podem ocorrer no pulmão, 053°
Tumores e cistos de mediastino anterior e médio face, ou pele.
causam sintomas respiratórios pela compressão brôn- Os linfomas linfoblásticos geralmente acometem
quica: dispnéia, estridor, retração estemal, cianose e e mediastino médio. porém podem acometer também o
sintomas cardiovasculares, por compressão do coração compartimento anterior.
e dos vases da base [síndrome da veia cava superior Quadro clínico: massa mediastinal (fusão ganglionm
2 - ;' 9 r z § fi 6
(SVCS)]. ou gânglios aumentados de volume, porém desceu.
Tumores de mediastino posterior são geralmente tinuados), síndrome da veia cava superior, insuficiênciª
volumosos e ocasionam sintomas neurológicos ao respiratória aguda (IRA), derrame pleural, sinais de
penetrarem no canal raquidiano comprimindo a me- tamponamento cardíaco.
dula espinhal. Também podem produzir sintomas
respiratórios e SVCS.
Neurohlastomas
lintomas Mediastinais A incidência de nenroblastomas no mediastino é de
cerca de 10%, localizados no compartimento mediasti.
Os linfomas do mediastino são basicamente de trata- nal posterior. Os tumores derivados da maturação do
mento quimioterápico e radioterápico, cabendo ao neuroblastoma são o ganglryoneuroblastoma e o gan.
cirurgião apenas a realização de biópsias para análi— glioneuroma.
se histopatológica. A origem desses tumores' e na cadeia látero-verte—
No mediastino, os linfomas podem ser do tipo Hodgkin bral do simpático, podendo ocorrer invasão intrame-
e não—Hodgkin.
dular.
O neuroblastoma torácico tem melhor prognóstico
Linfomas Tipo Hodgkin pelas características biológicas favoráveis:
Dividem—se em quatre subtipos: a Estádio menos avançado.
Ia Predominância de linfócitos. na Aumento do conteúdo do DNA — índice de DNA
I Esclerose nodular (forma mais comum encon- > 1 — Tumor hiperplóide (nos lactentes).
trada na criança). Ausência de amplificação do MYCN.
I! Histologia de Shimada favorável.
Celularidade mista.
I! Depleção I: Níveis baixos de desidrogenase láctica (DHL).
de linfócitos.
A sintomatologia inicial é do tipo inespecífica: mal- No ganglioneuroblastoma ou ganglioneuroma,
estar, anorexia, fraqueza, febre, prurido e exantema. podemos encontrar a síndrome VIP (peptídeos intes-
O surgimento de gânglios súpraclaviculares firmes tinais vasoativos) e a encefalopatia cerebelar (síndrome
e indolores de crescimento progressivo nos alertam
para a possibilidade de linfoma mediastinal.
ladadança dos olhos) caracterizada por opsomioclonias
e nistagrrio. São sinais de bom prognóstico ou sinal
Os linfomas tipo Hodgkin (LH) têm como carac— de maturação tumoral para ganglioneurorna.
terísticas habituais serem mais localizados em me- Manifestações. clínicas: »-
diastino anterior e região cervical e, mais frequentemente, , Ii Síndrome de Homer (mioserptose, heterocromia
na criança maior. No adolescente, a sintomatologia da íris no ladoafetado): acomete o gânglio es-
costuma ser de tosse seca e SVCS. trelado — lº cervicotorácico.
m Dispnéia, disfagia e síndrome da veia cava su-
Linfomas Não-Hodgkin perior.
E Compressão de raízes nervosas ou invasão em halter
Os linfomas não-Hodgkin são subdivididos em três
tipos histológicos: dando sintomas diversos: dor, escoliose, atrofia
muscular, arreílexia ou hiper-reflexia e espasti-
ILinfoma Iinfoblástico. cidade.
I Linfoma indiferenciado (células pequenas não or O diagnóstico normalmente é sugerido por radio-
clivadas) de Burkitt e linfoma não-Burkitt. grafia de tórax em incidências ântero--posterior
ILinfoma de células grandes (histiocítico e Kil).
(AP) e perfil (P) e orienta a complementação dos
Os linfomas que acometem o mediastino são ge- exames de imagens e laboratoriais.
ralmente do tipo linfoblástico, com fenótipo de célu- =: O tratamento proposto é a ressecção tumorªl.
la T ou célula pré-B precoce e a citogenética 14qll porém, em certos casos, é necessária a biópsia e
e 7q34. Se na medula óssea houver mais de 25% de a quimioterapia prévia.
Iinfoblastos, estaremos na presença de leucemia lin-
foblástica.
Os linfomas de células pequenas não clivadas (Burkitt Tumores [|B celulas Eerminatiuas
e não—Burkitt) e os linfomas de células grandes Os teratomas benignos mediastinais ocorrem mais no
(histiocítico e Kil) não ocorrem no mediastino. Os compartimento mediastinal anterior e têm um cres-
%,
MassasMediastlnaís a 255
cimentº lento, causando sintomas com base no efei— Podem em alguns casos surgir cistos tímicos após
to de massa circundando estruturas anatômicas, po- o tratamento de linfomas tipo Hodgkin, sendo neces—
dendo alcançar também os outros compartimentos. sária uma biópsia da lesão.
Podem ser assintomáticos, de achado ocasional ao As manifestações clínicas habituais são: dispnéia.
raios X de tórax (presença de massa mediastinal po- dor torácica, cansaço e disfagia.
dendo estar acompanhada de calcificações), ou oca- O tratamento é a ressecção cirúrgica da lesão.
sionar sintomas de tamponamento cardíaco ou dispnéia
por compressão. A dosagem de gonadotrofina coriônica tintanuioma urstico tiligroma cística!
(beta--HCG) e alfa-fetoproteína (alfaFP) encontra-se
Os linfangiomas são lesões benignas oriundas de
nos limites normais. malformações do sistema linfático.
O tratamento para o teratoma benigno é a ressec-
Os linfangiomas císticos mediastinais são raros,
ção cirúrgica. sendo preferencialmente localizados no compartimento
Teratomas malignos (tumor do seio endodérmico, anterior. Cerca de 10% dos linfungiomas cervicais
corincarcinoma e germinoma) ocorrem ao redor dos invadem () mediastino. Solicitar ultra-sonografia de
três anos de idade; 1/3 dos casos apresentam calcificações toda a região cística cervical pela possibilidade de in-
em radiografia de tórax. vasão mediastinal.
Podem ser assintomáticos ou ocasionar sintomas
de compressão (tosse, dispnéia, dor e hemoptise).
Marcadores tumorais: Manifestações Clínicas
I Alfa—fetoproteína aumentada nos tumores do seio Podem ser assintomáticos, de achado ocasional, ou
apresentar sintomas respiratórios, tosse, febre, hemoptise,
cndodérmico
anorexia, dor epigástrica e disfagia.
l Beta-HCG aumentada no coriocarcinoma.
IFosfatase alcalina placentária aumentada no O diagnóstico diferencial deve ser feito com ou—
tras massas mediastinais císticas, através de ultra-so-
gerrninoma. nografia, tomografia computadorizada, ou ressonân—
cia magnética.
nr Massas Iímicas O tratamento é a ressecção cirúrgica do linfangioma
:ºo-
A massa mediastinal tiririca costuma ser um achado importância quando suspeitamos de massas mediasti-
;;.ocasional em radiografias de tórax e sua confirmação nais. Por exemplo: estridor e taquipnéia de longa dura-
ção em criança pequena e sadia nos fazem pensar em
,. Ídiagnóstica deverá ser realizada por ultra—sonografia
,
'''
Dºgeneração de corpúsculos de Hassal. sociados a massas mediastinais:
Neoplãsicos. o Opsoclono-mioclono: neuroblastoma.
Inflamatórios. ra Síndrome de Claude Bemard-Horner: neuroblas-
l
Associados a linfomas. toma.
256 n Tórax
ru an -i s
ou alfa—fetoproteína aumentada, ginecomastia,
1
estimulação das células de Leydig: tumores de Blóprla Miss)
_— medlmlnal Mediasunampia
.
células germinativas.
4<sz9A
I Síndrome de Cushing: timoma. Toracolomii
Anomalias vertebrais: duplicação neuroentérica.
I Miastenia grave: timoma. Figura 47.2 - Técnicas de biópsia.
I Hipogamaglobulinemia: timoma.
ILúpus eritematoso sistêmico: timoma.
I Esclerodermia: timoma. IÁcido homovani'lico (HVA)/acido vanilmandélico
I Hipertensão arterial: feocromocitoma.
(VMA).
I DHL.
.
Exames 11111 Imagem I Fetritina.
li'
I Fosfatase alcalina placentária.
ll Radiografias de tórax ântero-posterior e perfil. INeuroenolase específica.
A radiografia de tórax na incidência ãntero-posterior IMantoux.
e perfil detecta lesões no mediastino em 90%
dos casos, podendo ser útil às vezes a projeção
ILavado gástrico e brônquico.
Oblíqua.
ll Ultra-sonografia torácica. A ultra-sonografia tora- Ilislulugla/cltnlouia
cica na criança pequena 6 um exame mais sen- IAnálise da biópsia (Fig. 47.2) ou do tumor, “ jb -
'
sitivo e específico do que a radiografia de tórax,
., .r, x., .
I Medulograma ou biópsia de medula.
sendo bastante utilizada para a definição entre I Citologia do líquido pleural. ,.
*,
massa sólida e cística, bem como sua localiza-
ção. Tem bastante especificidade no diagnóstico
.4» ,
de pequenas massas que não são evidenciadas 11818111811111
w.
pela radiografia de tórax e para a realização de
seu
A abordagem terapêutica dos tumores mediastinais
biópsia por agulha orientada por ultra-sonografia.
_
depende de sua etiologia.
ITomografia computadorizada. A tomografia de
, Os linfomas tipo Hodgkin, não-Hodgkin e as leu-
tórax e um exame valioso e prioritário para ava-
liação de massa mediastinal, altamente sensiti-
çªemias sólidas requerem do cirurgião apenas a rea-
lização de biópsias das massas e/ou de medula óssea
vo para distinguir lesões de tecido mole, gorduroso para a formulação diagnóstica.
e de vasos sangiiíneos. E um exame muito útil O tratamento pa'ra as_adenopatias granulomatosas
!
'In para a localização precisa da massa mediastinal, óclínico com antifúrrgi'cos e ou antibióticos, depen—
bem como sua extensão para estruturas próxi— dendo da doença diagnosticada. *
M. ”
mas. A tomografia com uso de contraste define As anomalias congênitas, os tumores benignos como
f ilª» .
a extensão da perfusão da massa e a relação dela ,1
o teratoma maduro e as neoplasias malignas em es-
com os vasos mediastinais. tádios iniciais requerem a ressecção cirúrgica da lesão.
IRessonância magnética. A ressonância magné-
”nas“,
As neoplasias malignas em estádios mais avança-
tica émuito útil no diagnóstico de lesões vasculares, dos são abordadas inicialmente com quimioterapia
na detecção de alguma anomalia de coluna ver—
tebral e na diferenciação entre meningocele anterior
neo-adjuvante, com ou sem a associação de radiote-
rapia, sendo as tumor-ações residuais submetidas à
e cisto neuroentérico.
I Esofagograma. ressecção cirúrgica adequada., .
I Cintilografia corn metaiodobenzilguanidina
(MIBG).
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.......................
52 Lesões Cáusticas do Trato Gastrointestinal 279
; 53 Refluxo Gastroesofágíco 284
54 Fundoplicatura 291
l 55 Ingestão de Corpo Estranho
., 1.
"W -
Disfagia Orofaringea I
259
v:
»:
1°
Figura 48.1 —Deglutição norma ªr”nu
«:
de um alimento liquido, na po. » e.
sição supina. (A) 0 palato e a lin. É“.
gua previnem a penetração do
bolo na faringe, antes da ação «r
de deglutição. (B) A língua faz
um movimento de rolamento
"'
empurrando o bolo na faringe.
. (C) Alíngua e a parede da faringe
convergem atrás do bolo e a ari-
tenóide se move anteriormente
debaixo da epiglote para fechar
a via aérea. (D) Ajunção faringo-
esofágica fecha-se atrás do bolo
no esôfago e a via aérea torna-
se n'ovamente permeável“.
- Convulsões. _ .
"obstrução da v1a aerea (atresia das coanas, se—
Disfagia Orofaríngea :
ncia de Pierre—Robin, tumor faríngeo). contraste, podendo ser repetida quantas vezes forem
1
. estar permeabilidade das coanas com cateter necessárias. Observar a deglutição de alimentos.
líquidos e sólidos.
”nasal. .
Eletromiografia.
Observªr movimentos anormais da face e membros.
i'Examª clínico intra—oral e faríngeo das estrutu-
E Eletroencefalograma,
_ ins anatômicas, observando a anatomia, posição :: Tomografia cerebral.
I Biópsia muscular.
i
I
.
l. LOGAN, W. !.; BOSMA, I. F. Oral and pharyngeal dysphagia in
"'Vldeorradiografra
-
-
“ª Laringoscopia (se há estridor).
ariugoscopia.
infancy. Pediatr Clin. North Am.. v. 14, «p, 47-61. 1967.
W
Sºuografia permite excelente visualização dos dyspbagia in children with severe spastic cerebral palsy.Dysphagia,
tecidos moles da cavidade oral e da língua, per— v. 9, p. 69—73, 1994.
mitindo imagens nos planos coronal e sagital, YANG, W. T.; LOVEDAY, E. I.; METREWELI. C.; SULLIVAN, P. B.
.'I ªl eVilando os problemas criados pela sobreposi- Ultrasound assessment of swallowing in malnourished disabled
i children. Brit. J. Radiol., v. 70, p. 992-994, 1997.
.1
. .,L
ae?— "_
1
-.
262 I Esôfago
’
Sob o ponto de vista anatômico, essa fístula tem
l-
a forma de N. O nível da fístula está entre C7 e
”hu
T4. A grande maioria está em T2 ou acima.
m a r ª* - « º ! —
Anomalia congênita do esôfago com ausência de sua malia anorretal (9%), atresia de duodeno (5%).
má—rotação'intestinal (4 a 4,5%).
‘e
porção média, podendo ou não apresentar comunica-
a“?
ll Urinárias: 15 a 20%. Principais: refluxo vesi.
ção com a árvore traqueobrônquica.
coureteral, rim em ferradura, agenesia renal uni.
«am-=1"
lateral, hipospádia, hidronefrose. São raras nas
EPlllillllllºEll atresias sem fístula.
I Prevalência: 113.000 a 4.500 nascidos vivos. :! Anormalidades musculoêsqueléticas: 15%. Prin-
a Prevalência da fistula traqueoesofãgica-isolada:
1:50.000 a 80.000 nascidos vivos.
cipais: hemivértebras, anormalidades dos mem--
bros (mão torta radial, aplasia do rádio, anomalias
— ; “. ª
«- ar:. 51- ,,
II Distribuição sexual similar ou leve predominância digitais, luxação congênita do quadril, pé torto
do sexo masculino (l,2M:lF). congênito, geralmente tipo eqiiinovaro) (Fig. 49.2).
I Frequência de anomalias congênitas associadas: INeurológicas: 10%. Principais: hidrocefalia (5,2%),
.
.
BHSSIFIGRGÃII . Frequência: 20 a 25%. Para se ter uma associa- ª
., Classificação de Gross modificada (Fig. 49.1): , ção VATER completa é necessária a presença de f. “
“i,,
?"
Tipo A: atresia de esôfago sem fistula (8%).
II Tipo B: atresia de esôfago com fístula traqueoeso-
,“)x
ªsem
no minimo três
anomªlias associadas, incluindo
atresra dº esôfago mais comum nas atresras.3 : ,
,,“
ª".-—
I Tipo C: atresia de esôfago com fístula traqueo—
esofágica distal (86%). , Dªfnºmmªdªfv'lªmbém
de
YACTERL-H
ex1ste combinação com hidrocefalia.
quando g
‘3 f _'
i"_ '“
"'
I Tipo D: atresia de esôfago com fístula traqueo-
esofágica proximal e distal (1%)_
A associação de'malformaçoes congênitasf “'.“
conceito introduzido para designar a tendencra .“,.
"
ª
' I_Tipo E: fístula traqueoesofágica sem atresia (4%).
Tradicionalmente denominada de fistula em H.
. l
º
I ª
I
1
I
Tlpo D TlPº E
,i ,
'
l Figura 49.2— Recém— nascido com atresia de esôfagº, mªº
l:
[ Figura 49.1 — Classificação de Gross modificada. torta radial, aplasia de rádio e anomalias de dígitos.
Atresia de Esôfago I
263
'(; :“genilal. . _
“neural, lábio leporino, fenda palatina e hipoplasia
.
"
Sequência de Potter: agenesra renal, hipoplasta
lmonnr e dismorfismo com fácies típica. Se-
qiiência corresponde a um padrão de fenômenos
ª,múltiplos derivados de uma anomalia ou fator
,,», mecânico isolado, reconhecido ou suspeito, pro-
!
Lgduzindo múltiplos efeitos secundários. A sequência
f, 'de Potter inicia por oligoidrâmnio, deficiência de Figura 49.3 — Radiografia de tórax na projeção lateral. Visuali-
. &” líquido amniótico por ausência de função renal, za-se coto esofágico superior baixo dilatado e repleto de ar
que acarreta restrição da movimentação intra—ute- em seu interior.
a
fina e compressão com alterações típicas (hipopla-
",
ªfQ. sia pulmonar, fácies dismórtica).
.
“ g Algumas crianças com atresia de esôfago e agenesia
renal bilateral não possuem as deformidades fa-
—- Na A-P a ponta da sonda pode ser visualizada
situada no fundo do com superior ou enrolada
ciais da síndrome de Potter. Isso ocorre, provavel— dentro dele.
fã
(.
'!'
mente, porque o oligoidrâmnio da agenesia renal
*» é contraposto pela tendência do poliidrâmnio da —
A incidência lateral é ideal para localizar a
altura do coto. Geralmente o fundo do coto
atresia de esôfago. , alcança o nível entre o corpo da 2-‘ ou 3ª vér—
A denominação de síndrome relaCiona-se a pre- tebra torácica (Fig. 49.3). Urna bolsa muito
sença de múltiplas anomalias independentes, em— curta ou hipoplásica pode sugerir a presença
bora tenham causa única básica. de fístula proximal.
--
Com a radiografia de tórax também é possível
'iiIIaIIoeren PnÉ-IIII'I'II estudar o tamanho do coração, posição da aorta
descendente
e do arco aórtico em casos óbvios,
O'Idjagnóstico pré—natal costuma ser difícil (sensi- presença
de pneumonias e/ou atelectasias (Fig.
wdade apenas de 25 a 30%). Suspeitar de atresia
dggsôfago quando forem observados: poliidrâmnio,
49.4) e defeitos vertebrais.
11111113113118“
0111111110 1111111110
01110110311011 um nro E I]! 011033
Figura R&S-Radiografia contrastada do roto esofágico su- Sintomas costumam aparecer nos primeiros meses dª
perior. Observar sonda gástrica enrolada em seu interior. vida.
_—
Atresia de Esôfago :: 265
Atresía de esôfago
Ecocardiografia
Arco aórtica
direito suspeito Arco aórtica
_
direito
não-suspeito
Repetir ecocardiografia
e/ou Arco aórtica
e/ou
àngio—RNM toracotomia
encontradodireita
em
àngio-TC
_
Duplo arco Arco aórtica Completar
1 fistula
aórtica direito esofagoplastia
confirmado
Toracotomia
Toracotomia esquerda
direita .
Toracotomia retardada
esq uerda
—W
gfitrodstografia ‘
clonal
:'Lºº.
,
casos com d Idades
»
monais, infecção urinária cintilografia Consideram-se pneumonia grave as seguintes con-
. ingerida pela ecografia) com DMSA dições: opacificação radiológica de um pulmão; opa—
cificação de um lobo em cada pulmão; infiltrado pul-
—
49 8 Investigação urológica em atresia de esôfago. monar bilateral; opacilicação de um lobo em um pulmão,
.
Cido dimercaptossuccinico. ou infiltrado pulmonar unilateral, ou qualquer com-
prometimento pulmonar associados a sinais de dis-
.
266 I Esôfago
a._z
- —
Figura 49.10 (A E) Classificação dos grupos de risco de
Waterston. Comprometimento pulmonar considerado grava,
uz
aspiração traqueal. ?
«.=»
‘q
t
var no tórax um coto superior com sonda em seu interior e reta e a de Trendelenburg.
w
quentes da orofaringe.
El Iniciar antibioticoterapia (ampicilina ou penici-
função respiratória importante (cianose, retrações,
lina cristalina e gentamicina).
taquipne'ia) (Fig. 49.10). I1 Acesso venoso adequado. Não realizar acesso
Consideram-se anomalias graves aquelas incompa-
tíveis com a sobrevida (nissomia 18,agenesia renal bilateral, venoso central na região cervical direita, pois poderá
haver necessidade de se fazer miotomia esofágica
hipoplasia cerebral), aquelas que necessitam de corre-
ção cirúrgica prévia (doença cardíaca congênita ducto- por essa via.
W Solicitar hemograma, tempo de protrombina, tempo
dependente),aquelas que precisam de tratamento durante
a correção cirúrgica da atresia de esôfago (atresia duodenal,
de tromboplastina parcial ligada ao caolim (KTI'P). . »,
,:
glicose. bilirrubinas, eletrólitos, exame qualita-
«JT
anomalia anorretal) e aquelas que necessitam de medi- tivo de urina (EQU), uréia e creatinina.
das clínicas de tratamento intensivo. 1a Sempre solicitar ecocardiografia para detectar
s u —eç z r- w i
Atualmente, doença pulmonar ventilador-dependente malformações cardíacas estruturais, posição do
e presença de cardiopatia congênita parecem ser pa— arco aórtico e'aorta descendente. Aproximadamente
râmetros prognósticos mais acurados do que a pre- 8% dos bebês co'm atresia de esôfago têm ano-
sença de pneumonia (Tabelas 49.1 e 49.2). malias do arco a'órtico e 5% tê'fn arco aórtico direito.
L.
TIll'l'llMEllTº FEE-0111111103111
TABELA 49.2 — Classificação conforme os grupos de
ll Aspiração contínua e adequada do coto superior riscos cirúrgicos de Spitz
com sonda de duplo lúmen. Manter sonda desobs— GRUPOS (ARACTERÍSTICAS
truída. Evitar o uso de cateter com muitos orifi-
cios laterais distantes da ponta, pois pode fazer I 2 15009 e sem doença cardíaca congênita
sucção do ar oxigenado da laringe causando II < 1.5009 ou doença cardiaza congênita
hipóxia, além de permitir o vazamento de saliva III < 1.5009 e doença cardíaca congênita
brana hialina.
Solicitar avaliação cardiológica especializada nos
seguintes casos: ausculta de sopros cardíacos,
bebês sindrômicos (trissomia 18, síndrome de
.
Down, associação VATER) e bebês ventilação-
dependentes ou com cianose.
& A correção cirúrgica não é urgência, mas deve
' ser realizada o mais precocemente possível. Deve- Figura 49.11 Doença da membrana hialina, que necessita
se optimizar as condições gerais, primeiramen-
—
de altas pressões de ventilação, facilita a passagem do gás
te. A principal razão para retardar a cirurgia é a pela fístula distal, causando distensão gástrica.
presença de problemas respiratórios que podem
. ser melhorados por medidas intensivas.
1 I Indicar correção cirúrgica da atresia antes que a que o mau prognóstico pode não justificar o reparo
doença da membrana hialina (DMH) esteja to- do esôfago.
talmente estabelecida (piora da complacência I Os bebês com doença cardíaca são divididos em
pulmonar) ou manter ventilação assistida até que ducto—dependentes e não—ducto-dependentes do
a DMH esteja resolvida. Na presença de com- fluxo sanguíneo sistêmico ou pulmonar por le-
placência pulmonar pobre, o trato gastrointesti- sões obstrutivas do coração esquerdo ou direito.
nal superior funciona em continuidade com a árvore A conduta nesses pacientes é a seguinte:
traqueobrônquica. Se necessitar de altas pressões
e a resistência da via aérea for maior que a re—
— Em bebês não ducto—dependentes, o reparo da
atresia de esôfago deve ser precoce enquanto
sistência da fístula, ocorrerá desvio de ar pela a resistência vascular pulmonar for alta (os três
—
fístula para dentro do estômago, ocasionando a quatro primeiros dias de vida). '
distensão gástrica intensa (risco de perfuração Em bebês ducto—dependentes, essas lesões cos—
gástrica, pneumoperitônio e pneumomediastino) tumam ser subdivididas em dois tipos:
(Fig. 49.11). O tratamento recomendado nesses ' Tipo 1: lesões que requerem ducto arterial
casos é: secção e ligadura da fístula e, depen- ªpatente para manter fluxo sanguíneo pulmo-
dendo do estado clínico, anastomose esofágica ªhar (atresia de válvula pulmonar).
primária. A gastrostomia não está recomenda- ' Tipo 2: lesões que requerem ducto arterial
da. pois facilita a fuga de ar pela fístula e gastros- patente para manter fluxo sanguíneo sistêmico
temia. Outras medidas disponíveis "são: posicio- (coarctação grave de aorta, síndrome do co-
—
namento distal do tubo endotraqueal com o bisel ração esquerdo hipoplásico). '—
anteriorizado, oclusão da fístula com balão in- Em relação ao tratamento, também podem ser
suflado do cateter de Fogarty introduzido por via subdivididos em dois grupos:
anterógrada ou retrógrada, broncoscopia com ' Bebês em boas condições clínicas e com ducto
Colocação de cateter de Fogerty na fistula, ban— permeável. Infusão de prostaglandinas-E
.
dagem do esôfago distal, divisão gástrica e ou- (PGE ) deve ser iniciada e reparo da atresia
«vu—
tros. Esses métodos são considerados não—con- de esdfago realizada precocemente.
fiáveis, complicados e traumáticos. Ventilação ' Bebês em más condições clínicas em que o ducto
de alta freqiiência tem sido preconizada no tra- está fechando ou já fechou. Deve-se adminis-
tamento da DMH associada a atresia de esôfago trar prostaglandina—E e iniciari'essuscitação clí-
& fístula distal. Os resultados parecem alentado-
nica; cirurgia deve ser adiada até estar estável.
"?S' Emprega menor volume corrente, freqiiên- Ocasionalmente. pode estar indicada a gastros-
lel mais rápida, tempo inspiratório mais curto, tomia, se há significante distensão gástrica. Se
minimizando o pico de pressão média das vias o paciente permanece acidótico por fluxo san-
aéreas. Atualmente, tem sido recomendado o uso
.I:
giiíneo pulmonar ou sistêmico inadequado ou
de surfactante em todos os RN prematuros com anún'co por baixa perfusão, apropriada cirur—
ªtresia de esôfago e fístula distal cujo peso seja gia cardíaca paliativa ou reparativa deve ser
? 1.500g ou gestação < 30 semanas. indicada. Esse procedimento pode ser combi-
. econhecer a presença de trissomia 18, síndrome nado com a divisão da fístula, gastrostomia e
»? ; de Potter e hemorragia intracranial extensa, já inserção de cateter peritoneal, se necessário.
268 I Esôfago
=M "* * ).
da o canal arterial é ligado e a fistula traqueoe-
sofágica dividida e ligada. Reparo esofágico Figura 49.12 - Acesso posterior para correção de atresia de
.‘1 posterior deverá ser realizado através de toracotomia esôfago descrita por Marchese.Toracotomia posterior na região
ªl direita, quando o bebé encontrar—se em melho—
res condições clínicas.
I Nos bebês com extremo baixo peso aonascer (EBPN),
da escápula com afastamento
doãmúsculos trapézio, grande
dorsal 'e rombóide, expondo o g adeado costal'.
,.
ª' ou seja, com peso < 1.000g, indicamos a toraco—
tomia extrapleural e ligadura da fístula. Se os nas) a distância da anastomose, determinando em
;
cotos estão próximos, deve-se realizar a anastomose centímetros essa distãnCia, retirando—o logo de-
. esofágica com material delicado, lupa e o auxí— pois. Isso vai nos dar a distância correta que os
.
lio de luz fria. Os tecidos devem ser manipula- cateteres podem ser introduzidos durante a as-
dos minimamente e com toda a delicadeza. Quando piração pós-operatória da orofaringe.
encontramos a presença de long gap, não se deve Anastomose término-terminal, plano total único,
realizar nenhuma manobra de alongamento com fio de poligalactina 5-0 ou 60. A dissec-
esofágico pela friabilidade dos tecidos. Nesse caso, ção do coto superior deve ser feita até a região
é preferível a ligadura da fístula e gastrostomia, cervical. Evitar dissecção extensa do coto infe-
-.»bR-vaaclm—otuxne
A
' l aguardando um tempo adequado para a anastomose rior. A sutura posterior e feita com os nós para
" m u z ic ª—
“,.t:u-o
esofágica. dentro e a anterior com os nós para fora. É dada
uma média de oito a dez pontos.
. u'
I Tubotransanastomótico de silicone pode ser eo g
"11111111111110 0111111111100 110 “1'0 11 11E11111033
locado até o estômago antes da anastomose an- ; .,
, _ [30111911I111311t10011103 Preterida terio'r e mantido no pós—operatório. Não o temos
utilizado. É
: t
“a
I Toracotomia posterior, 4ª espaço intercostal direi— IColocação de dreno intercostal extrapleural em É,
.
,,»" ,
1‘: to, no nivel do triãn gul o auscultatóno' (afastan—
_
!
plada. No momento da anastomose esofágica usar Nos casos com long gap (> 2,5cm ou _>_ 3cm dc
«.a magnificação ótica de aproximadamente 2,5 a distância entre os dois cotos), as seguintes ma-
. 3 vezes. nobras podem ser tentadas:
ISe na toracotomia direita for identificado arco
aórtico direito, recomendamos adotar conduta — Reparo primário com azigoplastia se os dº!5
cows podem ficar aprõlt'irnados, apesar de algumª
mencionada na Figura 49.7. tensão. Também diminui a recidiva de fístulª
I Divisão e sutura da fístula traqueoesofágica com traqueoesofágica. Aplicar rotina pós—operató-
fio de polipropileno ou polidioxanona (PDS) 5-0 ria de anastomose esofágica sob tensão (ver
ou 6-0, hem junto à traquéia (deixando 1 a 2mm adiante).
de esôfago no lado traqueal), evitando a forma-
ção de divertículo ou estenose.
— Miotomia circular extramucosa de Livaditis nº
segmento esofágico proximal. Isso pºdNá
I
mose e marcar nele (junto aos lábios ou nari— to. Se houver dificuldades técnicas para 11b6-
l
Atresia de Esôfago I 269
'
gurª 49,13 - (A e 8) Técnica de azigoplastia para reforço
,.”dªfãnastomose esofágica. Um segmento medindo de 1,5 a
àzcin de vela àzigo é isolado entre Ilgaduras. A segurr, é rea-
ªliada a ligadura de uma a duas valas mtercosta-ls que dre- Figura 49.14- Miotomia circular do coto superior do esôfago
am nesse
segmento escolhido. A veia ázigo é dlvidlda, em (técnica de Livaditis). (A) Colocar catetepde Fogarty número
, ;;,ª porção medial da veia cava, formando um retalho retan— 5 no coto superior. inflar o balão e passar fio de tração na
L'ular. Então, o retalho é colocado, sem tensão, sobre a anas— extremidade do coto. Incisão da miotomia deve ser aproxi-
' àtomose esofágica em sua face antero-lateral. 0 retalho é fixado
,ªguperfícialmente no esôfago com quatro pontos não- madamente1,5 a 2cm acima da extremidade inferior do coto.
(B) A incisão deve atingir somente as camadas musculares,
agbsorvlveisª.
:! deixando a camada submucosa íntegra. (C) Após incisar com-
pletamente toda a circunferência do coro esofágico superior
no nivel das camadas musculares, forças opostas devem ser
rar o coto proximal por ser curto, expo-lo pela exercidas com clampes atraumáticos, em ambas as metades,
região cervical, realizando a miotomia por essa para distendê-Ias.
via. Miotomia pode ser causa de pseudodi-
vertículo de esôfago e piorar a dismotilidade
esofágica própria da atresia. fundoplicatura parcial (Fig. 49.16). Essa téc-
—- Múltiplas miotomias (duas ou três) podem ser
realizadas no coto proximal; inclusive no coto
nica e utilizada pelas vias torácica e abdomi—
nal combinadas, ou mesmo com anastomose
distal pode ser realizada uma miotomia circular. cervical, sem toracotomia, utilizando a via
- Miotomia espiralada de'Kimura. Pode inclu- retroesternal. Também deve ser citada a gastro-
-
sive ser suturada obliquamente, diminuindo o
aparecimento de pseudodivertículo.
Criação de retalho da parede anterior do coto
plastia de Çollis combinada com cirurgia anti-
-i;efluxo.
--Técnica de Foker: dissecção extensa do coto
_
proximal para alongamento esofágico (técnica esofágico superior (se insuficiente, utilizar
de Gough) (Fig. 49.15). , incisão cervical para mobilização adicional)
- Construção de esofagostomia torácica descri-
ta por Kimuraª. É um procedimento multies-
com alguma mobilização do coto inferior”.
São colocados pontos de apoio (sem penetra—
tagiado de alongamento esofágico extratorácico, rem na mucosa) nos cotos superiores e infe-
em que o esôfago superior é mobilizado a cada riores para ajudar a aproximação. E realizada
quatro semanas e txanslocado subcutaneamente a colocação dos pontos na parede posterior do
c inferiormente na parede torácica anterior até esôfago de ambos os cotos, sem atá-los. A1—
que tenha comprimento suficiente para a rea-
lização de anastomose esofágica segura. Téc-
nica efetiva, porém demorada, em que se alonga
somente o coro superior (o coto inferior per-
manece hipoplãsico), deixando uma série de
cicatrizes na parede torácica anterior, o esôfago
com dismotilidade e refluxo gastroesofágico
em quase 100% dos casos.
'-
Tecnica de alongamento gástrico (pequena
curvatura) descrita por Schãrli'. O alongamento
esofágico distal & obtido pela ligadura e divi-
são da artéria gástrica esquerda e, se necessá-
W
. — ,-
270 I Esôfago
, 1111111110
Figura 49.16 - Técnica descrita por Schârli com baSe na dí-
visão da artéria gástrica esquerda e, se necessário, na divisão
Ílih'l'llMEll'l'l)
.
A Gllllllllilcll .
A 1“ 11111133
.
diagonal da pequena curvatura gástricª e fundoplicatura A de esofago sem fistula'pode ser classúicada
atres1a
parcial'. em três grupos de tratamento, dependendo da avalia—
ção da distância entre os segmentos esofágicos no
momento da gastrostomia (Fig. 49.17), aos dois meses
guns minutos de tração são requeridos para deidade epróximo dos três meses deidade (Fig. 49.18), ,
que os cotos aproximem-se e os nós possam antes da cirurgia definitiva.
ser dados sem tensão. Anastomose anterior é II Gap 2 do que duas vértebras.
realizada em seguida. I Gap > duas e S quatro vértebras.
Se a tensão for considerada muito grande para I Gap > 4 vértebras.
uma anastomose imediata, os cotos devem ser I Coto inferior ausente ou abdominal.
fechados e tração "interna deve ser instituída ll A gastrostomia costuma ser um procedimento
por três a quatro dias. Pontos de sutura hori-
.zontais (três ou quatro) com Proleneº 5-0 são d1fie1lpelo pequeno W? d; estômagol..Sempre
! colocados sobre material protético no esôfago
"fªl?“ broncoscopm 3.550013 apara ava 1ar em-
e fixados sob tração na fáscia préwertebral aci- tencra de fistula proxrmal. .
ma e abaixo dos soms e amarrados. Nova tora—
cotomia deve ser realizada em nêgª—“ quatro '? O comprimento do gap pode ser medido em cen-
» timetros ou corpos vertebrars. O corpo vertebral
dias e anastomose realizada. mede aproxrmadarnente lcm no bebê a termo. Os
G L R - B S' Z Vl º Ç
Nos casos em que não é conseguida a aproxi— .
mação e nos ultralong gaps podem ser neces-
sárias suturas de tração nos cotos superior e
inferior (cujas extremidades devem ficar fe-
chadas) com Proleneº 5-0. colocadas sobre
pequenos pedaços de material protético (Teflonº,
silicone). A sutura não deve entrar na luz eso-
fágica (quatro pontos horizontais). Essas su—
turas são trazidas a superficie cutânea, acima
e abaixo da incisão de toracotomia e serão
tracionadas extemalmente e gradualmente nos
próximos dias. A tensão deverá ser aumenta-
da diariamente. 0 progresso da tração deverá
ser seguido por radiografia (clipes foram co-
locados perto das extremidades dos cotas). Quan-
do a distância for de apenas lcm, o paciente
submeter—se—á à retoracotomia para realização
de esofagoplnstia retardada.
:Nos casos em que é decidida operação retarda—
da
para melhorar as condições clínicas e/ou res-
piratórias da criança, gastrostomia pela técnica Figura 49.17 — Atresia de esôfago sem fístula traqueoaw
de Stamm pode estar indicada para diminuir a fágica. Medida da distância dos cotos no período neonªtªl-
Atresia de Esôfago n 271
ª)?
r e ta a wi , o s - . : »
@ 13 . ; “ ,
ção continuada. Nesse caso, aguardar um período
.'
<
t.
"
de três meses, esperando um maior crescimento
.:»
,?
.:,
e aumento da espessura da parede esofágica e,
, . “"'
c);—%
só após, utilizar a técnica de Foker.
[5 <
u<
r
,“)!
.1
I Nos casos com gap maior do que 2cm, a condu-
ta geral pode ser: aspiração continua do coto
superior, alimentação pela gastrostomia e ma-
nobras de distensão do coto superior uma vez/dia.
Ultimamente. não temos achado necessário uti—
lizar a manobra de distensão, aguardando o cres.
cimento espontâneo do esôfago (que costuma
crescer mais rápido do que a cavidade torácica)
e distensão do esôfago inferior por refluxo do
conteúdo gástrico. A disrâncizi entre os cotos 6
Sªrª 49.18 ~ Atresia de esôfago sem fístula traqueoeso- avaliada mensalmente até um total de três me—
gfga. Medida da distâncxa do coto aos três meses de idade.
b,;ervar a diminuição da dlstância entre as sondas metálicas.
ses (Fig. 49.19),
Gastrostomia
(
Avaliar comprimento dos segmentos esofágicos
.. “'
Gap S Z vértebras
il.-l
Gap entre > 2 e Gap > 4 vértebras
l
Coto esofágico inferior
l
4 vértebras ausente ou abdominal
W
anastomose com manobras
cirúrgicas de alongamento
esofágico.
Se falharem, está indicada
esofagostomia cervical
esquerda
.»,
— -. v
.V—"“ ”,.-?
272 I Erôfago
IA cabeça e o pescoço são mantidos em extensão (REED) com pesquisa de refluxo gastroesofá.
máxima com o intuito de trazer a fístula até a gico. Se há alguma perda de saliva pelo dreno
região cervical. O pescoço e rotado para o lado extrapleural, somente esofagograma deve ser
contralateral da incisão. realizado para estudar o débito dafístula. 0 objetivo
I0 acesso cervical pode ser indiferentemente à da REED é estudar o reflexo de deglutiçãº
esquerda ou à direita. O lado direito parece pre— motilidade esofágica, sítio da anastomose (este:
ferível por evitar lesão do ducto torácico. A inci- nose, divertículo, deiscência), esôfago distal
são indicada e atransversa na prega cervical inferior. (estenose distal associada), refluxo gastroesofágico,
I Fistula presente no nível ou abaixo da vértebra esvaziamento gástrico e posição do duodeno e
T3 (10 a 30% dos casos) é sinônimo de acesso ligamento de Treitz. Se não comprovar fistula
por toracotomia direita. pode iniciar a via oral e retirar o dreno de tórªx,
I Após divisão da fístula, cada lado é fechado com caso eset esteja presente. '
fio inabsorvível (polipropileno ou polidioxanona
4-0 ou 5—0) e tecido cervical interposto entre as complicações Pós-oneratúrias
suturas (geralmente retalho muscular do mús—
culo omoióideo). Dissecção deve ser cuidadosa, A taxa de mortalidade precoce está em relação direta
com a gravidade das malformações congênitas asso.
n. ’
evitando lesão do nervo recorrente.
», I Se houver recorrência da fístula, o acesso deve ciadas (principalmente cardíacas).
A taxa de mortalidade Rosana hospitalar é igual
R),
I Manter antibióticos por aproximadamente cin— (disfagia, aspirações recorrentes, ou corpo estranho
.
na linha da anastomose). Outro conceito: presença
co dias.
de sintomas e estenose diagnosticada na endoscopia
._ fã: J'; m »
S a r n ª- ( ” h
,«lnifrªmªmáriª no 3º- espaço esquerdo, adjacente
tão esterno7. A artéria mamária pode ser deixada
macta ou dividida. O lobo esquerdo do timo deve
er ªfastado para expor o mediastino anterior e
.-í_ —. inabsorvível
aortª ascendente.
Três pontoscom fio
gio colocados através da adventícia da aorta pro—
_ - — ,o .n o - « E f m g n
_.
iglesia de esôfago, pois causam relaxamento do tono Temos adotado a seguinte classificação:
“ useulatura lisa da traquéia, necessária para manter
m Vazamento incidental: pequeno vazamento ra-
:viãtem:
aérea patente.
com balões expansiveis podem estar indi—
diológico, assintomático.
H Vazamento pequeno: saliva no dreno torácico,
521235 nos casos graves recorrentes (após aortopexias).
“Éprincipais complicações são formação de tecido
mas boa evolução clínica.
m Vazamento grande: mediastinite, pneumotórax,
àgranulação, dificuldades na sua reposição ou re— empiema, ou deiscência completa.
rªç㺠e migração do stent.
Os dois primeiros casos devem ser tratados con-
servadoramente e o terceiro, quase sempre, necessita
ula 'I'raqueoesofágiça Recorrente: de tratamento mais radical.
14%
ínica da refistulização é caracterizada por pneu— Reflyxo Gastroesofágico: 30 a 60%
s de repetição, tosse, sufocação e cianose com ,
alimentações. Na correção cirúrgica sempre inter- Causas: dismotilidade esofágica e incompetência do
esfíncter esofágico inferior por distúrbio neuromus-
. iwtçcidos (pleura, músculo intercostal, ou pericárdio) cular esofágico generalizado, clearance inadequado
z 43 a traquéia e o esôfago. Métodos diagnósticosjá
de áoidos, encurtamentodo esôfago intra-abdominal.
'
Considerações Finais _
4. SCHÃRLI, A. F. Esophageal reconstruction in very long main;
by elongation of the lesser curvature. Pediain Surg. Im., v. 7:13- lºl.
Em geral, os sintomas não ajudam a distinguir entre 105, 1992.
as diferentes causas de complicações que podem le- 5. POKER, J. E,; KENDALL, T. C.; CA'ITON, K:, KHAN, K. MA
var à disfunção respiratória. flexible approach to achieve true
a primary repair for all infants
0 esofagograma costuma demonstrar a existência
de refluxo. seu grau, estenose proximal ou distal e fís-
,.
6‘ “'““
EOE;
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e‘.
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Lú Ann;
Estenose Congênita de Esôfagº " 275
11111111110 01111100
m Disfagia progressiva para alimentos semi»sólidos
e sólidos. O início da disfagia pode coincidir com
a introdução de alimentos mais sólidos em tor-
no dos seis meses deidade. Porém, os sintomas
podem ocorrer já no periodo neonatal.
Vômitos ou regurgitação de partículas alimentares
não digeridas durante a alimentação ou logo após.
Salivação excessiva.
m Retardo de crescimento.
_“ '
'
amento intrínseco da luz esofágica, presente
ascimento, embora não necessariamente sinto-
a Infecções recorrentes do trato respiratório por
aspiraçao.
ººmzou sem fístula traqueoesofãgica, atresia in- Não está indicada a dilatação esofágica. Nos desnu—
testinal, anomalia anorretal, má-rotação intesti- tridos com via oral difícil está indicada nutrição paren-
' nal,
malformações da cabeça, face e extremidades teral total (NPT), ou nutrição enteral via gastrostomia
276 n Esôfago
-fizR-§“LEVIQ{ .
abdominal junto a junção gastroesofágica), dependendo Durante a correção cirúrgica de uma atresia de esô-
da localização do coristoma. Muitas vezes é difícil fago, é muito importante verificar a permeabilidade
definir a extensão da estenose no transoperatório. Nesses do esôfago distal através da passagem de SNG até o
casos, passa-se um cateter com balão além da estenose, estômago. A não identificação de uma estenose esofágicª
a. »,
infla—se o balão e ele é tracionado inferiormente, contra
. my.
pode ser causa de deiscência, aspiração com pneu.
a estenose. No esôfago distal com abordagem abdo—
"nae-.
minal, recomenda—se a realização de fundoplicatura
monias recorrentes, ou apnéia.
“u m ; . A
associada para evitar refluxo gastroesofágico pós-ope- BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
ratório. Com estenose próxima a junção gastroesofágica HARMON , C. M.; CORAN, A. G. Congenital anomalies of the esopm.
está indicada a ressecção segmentar da área estenótica, gus. In: O’NEILL. J. A.; ROWE, M. I.; GROSFELD, l. L. et al.
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TAKAMlZAWA, S.; TSUGAWA, C.; MOURI, N. et al. Congenital
assintomática. Nos casos que não respondem às dila-
tações repetidas (até seis vezes) e na estenose fibromus» esophageal stenosis'. therapeutic strategy based on etiology. I. Pe-
diatr Surg., v. 37, n. 2, p. 197-201. 2002.
cular extensa (> Bom) está indicado o tratamento cirúr— TAKAMIZAWA, S.; TSUGAWA, C.; MOURI, N. et al. Congenital
gico com base em ressecção segmentar e anastomose esophageal stenosis: therapeutic strategy based on etiology. J. Pee
esofágica primária ou interposição de cólon ou jejuno, dia!): Surg., V. 37, p. 197-201, 2002.
se os cotos forem muito distantes. Estar preparado para ZHAO, L. L.; HSlEl-l, W. S.; HSU, W. M. Congenital esophageal stenosis
i a necessidade desse procedimento, realizando preparo
de cólon prévio.
owingAto ectopic tracheobronchial remnants. J. Pediatr Surg., v. 39.
p. 1183-1187, 2004.
1
l
ºª ”
.':v“
.an
Acalásía I .277
;1'Tem
familiar é rara, herdada de forma autossômica re-
cessiva. baseiam—se no período limitado de sua efetividade
sido encontrada associada a doenças autos- e_ na necessidade de injeções repetidas;.que podem
,z— sômicas recessivas, como síndrome de Allgrove causar esclerose da junção gastroesofágica.
IDilatação pneumática sob anestesia geral e fluo-
_»; (caracterizada por insuficiência adrenocortical,
alacrimia e acalãsia), síndrome de Alport, ataxia roscopia. Tem obtido resultados insatisfatórios
cerebelar hereditária e disautonomia hereditária. nas crianças. Nenhuma criança < 9 anos obteve
lTambém há relatos de alguma relação com a tris- alívio prolongado (> 1 ano de seguimento com
somia 21. esse tratamento).
Esofagocardiomiotomia modificada de Heller com
, lCâncer de esôfago pode ser uma complicação
tardia da acalásia sem tratamento. Poderia ocor- procedimento anti—refluxo (fundoplicatura de Thai).
É realizada miotomia longitudinal anterior (es—
"1 rer a progressão de hiperplasia escamosa para
tendendo-se 2cm na porção dilatada do esôfago e
displasia e, eventualmente, para carcinoma.
lcm na parede anterior do estômago). Não ne—
cessita ressecção de músculo. Apenas a mucosa
e a submucosa devem ser liberadas em cada lado
da miotomia por l/3 ou 1/2 da circunferência do
"
” 'Regurgitação de alirhentos nãoAdigeridos e halitose
m ser encontradas em mais de 80% dos casos.
esôfago. O procedimento é complementado pela
fundoplicatura de Thai, sutura'ndo-se o fundo do
: i. IDisfagia
I
(i 70%).
_Btardo de crescimento (:L- 55%).
estômago às margens da miotomia. O procedi-
mento anti-refluxo, além de evitar o aparecimen-
I
Smtomas respiratórios, como tosse noturna, pneu- to de refluxo gastroesofágico, evita a reaproximação
mºnia recorrente e crises
de asma(i 40%).
da miotomia.
278 I Esôfago
;: 2 9 - s u w
"
A esofagomiotomia pode ser realizada sob visão PINEIRO-CARRERO, V. M.; SULLIVAN. C. A., ROGERS, P, L'
endoscópica do esôfago. Vantagens: identifica o Etiology and treatment of achalasia'in the pediatric group u
may-orª.“
29-
esôfago corn facilidade, observa a presença de Gmtminlesr Endate. CIÍIL N. Am., v. ll, p. 387—408, 2001
UPADHYAYA, M, PATAAR. S.; AS IWANY, M l. Achalasia of the
perfuração e detemiina se a miotomia foi completa. cardia: experience with hydrostatic balloon dilatation in children
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JSP-nªu , '-
:"e m M”
e
vj.
« -,.
395.
it A — . m u
|
'
.W- _
Lesões Cáurticas do Trato Gastrointestinal I 279
Clinitestº
São comprimidos usados para controle do nível de
glicose na urina. Quando ingeridos, são substâncias
. gestão de substâncias cáusticas, sejam alcalinas alcalinas que causam significativa lesão térmica e
cáustica no esôfago, produzindo lesões profundas.
juáícidas, pode resultar em lesões sérias
da
orofaringe,
sôfago e estômago. Uma grande quantidade dessas
Estâncias corrosivas pode ser encontrada por crianças, Reinos
ditas vezes devido a negligência ou ignorância dos Os ácidos são amargos, diferentes dos álcalis, que
ais acesso
que deixam produtos domésticos em locais de
não têm sabor. No contato com a orofaringe provo—
"i ou guardados em recipientes inadequados.
cam uma queimadura e geralmente são cuspidos, não
havendo deglutição de grande quantidade.
.
”É Outro pico de incidência ocorre em adolescen- fila, agua sanitária Super Candida“ e Q-Boaº). São
tes e adultos jovens, geralmente por tentativa de utilizados para os mais variados fins domésticos e
suicídio. ' constituem as substâncias mais ingeridas por crian—
A distinção entre ingestão acidental e intencio- ças. São uma solução de hipoclorito de sódio em con-
centração de até 5%. O hipoclorito é considerado um
’ nal é importante, porque na última são usados
1’:corrosivos mais potentes e em maior quantida- irritante esofágico, mas não causa necrose e não pro-
‘48 de, ocasionando lesões mais graves. duz lesão gástrica significativa. Quando entram em
contato com os tecidos orgânicos, os hipocloritos liberam
cloro, responsável pelas manifestações tóxicas.
Émaus cinemas
.” o_riipreendem
g'
uma grande variedade de elementos Limpadores de Vaso Sanitário
."w ,suidores de propriedades diferentes, mas todas elas São os ácidos sulfúrico, cloii'drico, ou fosfórico. Exem-
-.
fªm a capacidade de causar lesões diretas aos tecidos.
" ª Os cãusticos, cujo maior exemplo é a soda cáusti- plos também são os compostos antiferrugem, líqui-
dos de bateria e líquidos para limpeza de piscinas.
ª!
incluem tanto as substâncias de efeito alcalino
illldi'oxido de sódio ou potássio, carbonato de sódio
" 0“ potássio, amônia), como as de efeito acido (aci— 113013 TÉBHIBAS I0 130111110
acético,
s: bot-ice.
clorídrico, fosfórico, fluorídrico, São causadas por ingestão de água ou alimentos quentes
”rico, ou sulfúrico) as quais têm uma ação química e geralmente provocam apenas lesões superficiais sem
1a sobre as proteínas teciduais, formando proteinatos
. ou ácidos. grande morbidez.
. ::>alinos
ti
,
”Eris-km «J.;-_.”.-use
A ingestão de ãlcalis possui ação solvente sobre o ceiro mês.
9-
revestimento lipoprotéico, produzindo necrose de
.)=w*:
2-5
liquefação com destruição do epitélio e da submucosa. arauluaue tias tluelmauuras
Os álcalis mais frequentemente produzem dano esofágico
e, em grandes quantidades. podem lesar todo o trato A ingestão de uma substância cáustica provoca uma
gastrointestinal superior. queimadura e não intoxicação. Hellinger classificou
A ingestão de ácidos causa uma necrose de coagu- as lesões cáusticas esofágicas em um sistema similar às
lação e produz escaras endurecidas, o que usualmente queimaduras de pele.
restringe a sua penetração e resulta em dano limi- na Grau !: envolvimento mínimo, caracterizado por
tado a mucosa esofágica. As lesões mais importantes hiperemia de mucosa, edema e descamação su.
causadas pelos ácidos são cáusticas, onde perma- perficial.
necem por tempo maior devido a um pilorospasmo, !: Grau ll: lesão mais profunda, envolvendo toda
ocasionando úlceras antrais e, algumas vezes, perfu- a parede do esôfago coberta por exsudato frbn'noso
ração. A estenose pilõrica pode ser uma complicação e ulcerações rasas limitadas a mucosa. Divide-
tardia. se em II A se as lesões são esparsas à endoscopia
a lªn - t
e II B se a lesão é circunferencial.
m Grau [II: ulcerações profundas do esôfago, pe ». . :— ç
,
Fases lle Evolução dendo ser transmural, ou com perfuração esofágica
P;».
Aguda em cavidade pleural, mediastinal, ou peritoneal.
zona ulcerada intensamente inflamatória. Nessa fase, El 4 ºgrau: estenose tubular devido a um tecido fibrosº
existe diminuição do edema, infcio de uma neovas- cicatricial e com uma luz esofágica filiforme.
Rua:-ª
cularização e importante atividade fibroblástica. Du-
rante esse período, a parede esofagiana é muito frágil.
Se a lesão for moderada, a função do esôfago retorna. 1111110110 01111100 4:.
.
. Edge. lesão laringea, ou presença de substâncias vação no mínimo por 24h, devido à possibilidade
de desenvolver insuficiência respiratória horas
Eãusticas no trato aéreo superior.
'
'
‘1: Sinais de insuficiência respiratória podem ini- mais tarde.
” 'a“ ciar em poucas horas, necessitando entubação. :Jejum por 48h se houver lesões em orofaringe
'I Sinais peritoneais, crepitação cervical e dor retro- elou esôfago. Após, é iniciada dieta líquida se-
" '>'?“ esternal com irradiação dorsal sugerem perfura— guida de pastosa, se o paciente não apresentar
? ção com mediastinite. distúrbio de deglutição. Em danos esofágicos
severos, utilizamos nutrição parenteral, ou ali-
fl lngestão de substâncras corrosivas pode levar a
'
,; pilorospasmo e atonia gástrica, impedindo a pas-
sagem para o duodeno.
mentação enteral por sonda. Gastrostomia pode
ser necessária em casos selecionados.
%.
Instabilidade hemodinâmica com sinais sistêmicos, a Evitar os vômitos, pois os materiais alcalinos são
rapidamente neutralizados pelo acido gástrico e
,ª' como febre, taquicardia e confusão mental, segue-se
'
“ ,.w a
I Dilatações esofágicas precoces e frequentes (a
cada dez dias) utilizando-se dilatadores de Tucker,
manter uma via aérea adequada e estabilidade '
bugias de Canty-Rebhein, sondas de Savary, ca-
cardiovascular. A identificação do cáustico é de teteres com balão (balão tipo angioplastia).
«_.
282 I Esôfago
_
Baterias em disco devem ser removidas pronta—
II I Cirurgia anti-refluxo. No caso de retração cicª.
mente do esôfago ou estômago, por endoscopia tricial do esôfago, o aparecimento de reflux0
ou laparotomia. Mesmo quando a bateria está gastroesofágico (RGE) pode complicar e piorar
intacta, os álcalis fortes podem vazar e causar a estenose corrosiva. Se RGE significativo fºr
perfuração em menos de 8h. Se a bateria estiver demonstrado por algum dos métodos diagnósti. ie«:
no intestino, sua passagem deve ser monitorizada cos acessíveis, e ilusório esperar a cura da este. osª.0
por radiografias frequentes. nose. Tentar sempre, primariamente, o tratamento '.“
ISonda nasogástrica (SNG). Em lesões esofágicas
graus 11 e 111, parece lógica a passagem de uma
médico do RGE com procinéticos e inibidores a
da bomba de prótons associados & dilatações c'n
ª
«:
SNG (sonda de silicone 12 a ISF), mantendo o esofágicas. Caso não resolva, está indicado o tra. si'.ª'
esôfago aberto e permitindo alimentaçãoªenteral. tamento cirúrgico anti-refluxo.
e Em caso de estenose grave, podera ser usada como |I
Laparotomia ou toracotomia podem ser neces_
* guia durante as dilatações esofágicas. sérias em lesões muito graves como medida salva.
;* IGastrostomia pode ser necessária dependendo da vida. Se o estômago estiver muito lesado, a cirurgiª
ª permeabilidade residual do esôfago após a quei— é indicada para excluir necrose gástrica antes da
ª" madura cáustica. Quando indicada e interessante perfuração. Realizar gastrostomia ou jejunostomiª
,;
ª
a passagem de um fro inabsorvível grosso transeso— para alimentação nesses casos.
;;;: fágico entrando pela narina e saindo pela gas- I Esofagoplastia. O fato de não se conseguir manter
?” trostomia. Esse fio poderá ser usado no futuro uma luz esofágica permeável em um período de
r$ como guia para dilatações anterógradas ou re- 12 a 18 meses constitui um critério para decidir
É; trógradas. a necessidade de uma esofagoplastia. Antes de
“frª”
.,.».
ª..
, 3. Acidente
1". « Haiplullzaçªo
:“ *; “(
É!
:'
Observar queimaduras nos um e boca
Radiografia dl tofu e andor“:
Bahamut:
3, ªº area 7
l'
-- Queimadura graul
Sem queimadura de esôfago - Qullmldurn de
mago grau; :lll
[|
i
- Minimum
Cuidado: innit .I
—- Observação por un
normal
we.
. —:
Assintnmãtlru stummmro
t " i _ numas
(' -
semanal;
posteriormente mais apagar.:
ª ' ammo (ada reinam)
: Figura 52.1 Investigação e tratamentº
-
- Conlrmóldes Intra-151003157 de lesão cáustica do esôfago. REED =rad10-
grafia de esôfago, estômago e duodenº
-_ Controle radiológico
-Freqolncli
Controle enduscóplco
commie miuçio (3 meses)
l Cinrrpll »“ mas
_ REED
. mªgma, <— Control: dlnlco menril
Ipês |lilo?
Lesões Cáusticas do Trato Gastrointestinal I
283
._. -decídíf por alguma cirurgia no esôfago, deve— tenose. Devido ao risco cirúrgico, a esofagectomia
’
ª".. gnosticada
os aguardar a estabilização da cicatrização
por controle radiológico e endos-
pico (no minimo seis meses).
profilática não é indicada, sendo realizada apenas nos
casos de substituição do esôfago.
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
tiver Figura 52.1, um algoritmo para investigação
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284 I
Esôfago
Gastroesofágico
da mucosa esofágica em resposta a uma agressão crônica
causada pelo RGE ácido e biliar. O epitélio escamoso
do esôfago distal é substituído por epitélio intestinal
colunar. A etiologia não está totalmente esclarecida,
João Carlos Ketzer de Souza Relaxamento transitória da esfíncter esofágico iufe.
riar (RTEEI) refere-se a um fenômeno vagal em que
o tono do EEI é perdido breve e inadequadamente,
IIIIIIBEI'III resultando em um episódio de refluxo. Frequentemente
ocorre no período pós-prandial em associação a distensão
Refluxa gaxtmesofdgica (RGE) caracteriza-se pelo fluxo gástrica, secreção ácida e hiperosmolalidade, É o prin—
involuntário retrógrado de conteúdo gástrico para dentro cipal mecanismo de RGE em pacientes-controle e pa.
do esôfago. cientes com DRGE. RTEEI é,,àtivado por receptores
RGE ocorre intermitentemente, sendo considera- de distensão do estômago proximal, que costumam
do um evento fisiológico, principalmente durante o relaxar o EEI.
lª ano de vida. Geralmente resolve-se espontanea-
mente no fim desse lº ano, quando os mecanismos EPIDEMIIIIOIIIII
de barreira anti-refluxo sofrem maturação.
O esfíncter esofágico inferior (EEI) encontra-se. nl Metade dos bebês com três meses de idade apre«
normalmente, em estado de contração tônica, Seu senta RGE.
relaxamento ocorre com a deglutição e a peristalse. e O pico de prevalência e' aos quatro meses, quan-
Causas de refluxo no lactente: do até 70% apresentam regurgitação.
Aos 12 meses de idade, 95% dos lactentes já não
n Segmento esofágico intra-abdominal muito curto. apresentam mais refluxo.
Ii Imaturidade do EEI. H Predisposição pelo sexo masculino: l,6M:lF.
A criança adota uma posição recumbente por mais I Quase 50% das crianças com DRGE apresen-
tempo. . tam clearance esofágico deficiente com peristalse
RGE patológica du doença do refluxa gastroexo- não efetiva. Essa peristalse anormal pode ser
fãgíco (DRGE) refere—se ao refluxo sintomático ou primária do esôfago ou consequente a agressões
que apresenta complicações. ;* repetidas e crônicas do refluxo ácido.
Principais complicações do RGE: esofagite, este- II Esôfago de Barrett é raro em crianças.
II Prevalência de RGE em distúrbios neurológicos:
nose de esôfago, esôfago de Barrett e manifestações
extra-esofágicas (asma, apnéia do sono, bronquiec- 65 a 70%. '
tasias. sinusite e outras).
Refluxo duadenogastraesofágíco (RDGE) caracte—
.- I Prevalência de
esôfago: 60%.
KGB pós—correção de atresia de
rizavse pelo refluxo de suco duodenal, através do estô-
mago, para dentro do esôfago. O termo refluxo biliar FISIIII'ITÍIEEIIIII
é usado como sinônimo, já que os ácidos biliares e
A patogênese é multifatorial, envolvendo a frequên-
bilirrubiuas são os componentes mais analisados em
estudos experimentais. Os ácidos biliares e a tripsina,
quando regurgitados no esôfago, podem ser nocivos
cia dos episódios de refluxo, acidez gástrica,
ziamento gástrico, mecanismo de clearance esofágicº
esva-
a ele. Os ácidos biliares podem acumular-se nas cé- e barreira mucosa do esôfago. Inúmeros fatores fislo-
lógicos e anatômicos contribuam na prevenção do RGE»
lulas mucosas e alcançar uma concentração muito alta,
onde podem lesar as membranas celulares e suasjunções, Fatores anatômicos que limitam o refluxo:
tomando essas células suscetíveis aos efeitos deleté- ll Ãngula de Hi:: 6 a angulação aguda entre esôfªgº
vãll'lllª'
sz- n aL é
rios do ácido clorídrico e pepsina. É opinião prevalente e estômago. É comparável à função de uma
1
tomas de refluxo, não produzindo lesão importante a seguir cºntribuem para. a zona de alta prfªsªªº
A—kniLet»,=-.: do esôfago. A combinação de refluxo ácido e biliar do esôfago inferior: extensão do “esôfago intra-
';
o v õ as
' secreções glandulares esofágicas. A salivação sódios fisiológicos de refluxo estão relaciona-
9
funciona como um diluidor e lavador alcalino. dos ao RTEEI. Distensão gástrica e deglutição
.f- Ação da gravidade. pela posição ortostática. parcial ou incompleta induzem ao RTEEI. Quanto
"3.x. '. Mecanismos próprios de defesa da mucosa (re- maior a alimentação, quanto maior o volume de
'
sistência da mucosa). As firmes junções mucosas secreção gástrica e osmolaridade, maior será o
intercelulares costumam ser resistentes aos movi- RTEEI.
mentos iônicos. O esôfago é dotado de um epitélio Parte da eficácia dos inibidores da bomba de prótons
estratificado escamoso parcialmente queratinizado (IBP) e antagonistas receptores da histamina está
.
e, portanto, bastante resistente às agressões do relacionada à diminuição do volume gástrico
meio externo. secretário". A cirurgia anti-refluxo resulta em um
Esvaziamento gástrico (contrações antrais). relaxamento parcial ou incompleto do EEI e
Função motora do fundo gástrico. Essa área, que redução do número de RTEEI (o fundo gástrico
é diretamente adjacente ao EEI, é responsável e utilizado na confecção da válvula anti-refluxo).
pela acomodação, permitindo o aumento da O contato do ácido com a mucosa esofágica causa
capacitância gástrica, sem aumento da pressão irritação, disfunção e inflamação das termina-
gástrica concomitante. ções nervosas vagais locais, aumentando os ní-
Motilidade, gravidade, saliva e secreções esofági- veis locais de prostaglandinas, que causam
cas são as responsáveis pelo mecanismo denomi- pilorospasmo e diminuição da pressão do EEI.
_'
nado clearance esofágico. O óxido nítrico, liberado pela estimulação de
I RGE secundário é aquele associado a outra doença. receptores vogais, inibe a motilidade pilórica, altera
—
Distúrbios neurológicos: fatores predisponentes
são espasticidade abdominal, convulsões, motili—
a organização, mas não o número de ondas
peristálticas antrais, e diminui o esvaziamento
dades esofágica e gástrica deficientes, posição gástrico. Osmolaridade e volume alimentar au-
supina crônica, flacidez .diafragmática, escoliose, mentados diminuem o esvaziamento gástrico e
rerching. aumentam o refluxo pós-prandial.
- Atresia de esôfago: fatores predisponentes são ta Esôfago de Barrett (EB) 6 a situação em que o
esôfago intra—abdominal curto, desaparecimento epitélio escamoso esofágico é substituído por epi-
do ângulo de His, motilidade esofágica defi- télio intestinal colunar. Esses pacientes têm mos-
ciente. trado altos níveis de conteúdo gástrico e duodenal
— Doença pulmonar crônica: fatores predisponentes
são aumento da pressão intra-abdominal secun-
no material refluído para o esôfago. Parece que
a agressão repetida por RGE crônico desempe-
dária a tosse e pressão negativa intratorácica nha importante papel na patogênese. É muito raro
IIUBIIIIU GIIIIIIHI
.:
comum.
. ª! A estimulação pela distensão de receptores me- E Regurgitação com ou sem ruminação.
.
Cânicos localizados no fundo gástrico desenca- E Retardo de crescimento. Presente em 40% dos
deia reflexos vagais, resultando no RTEEI. O fundo
casos sintomáticos.
gfstrico dilata em resposta ao aumento da pres— lSinais e sintomas de esofagite (dor retroesternal
'
sao intragástrica quando o alimento entra no ou choro, soluços por períodos prolongados, irri—
ªsª-õmago. Ocorr-'e, então, um relaxamento adap- tabilidade, recusa alimentar, anemia, disfagia, ar-
tativo. A distensão do fundo gástrico ativa os queamento do tronco). Presente em 10 a 20%.
rtfixª-Piores
zmdo
mecânicos da mucosa gástrica, indu-
o relaxamento da musculatura circular do
I Irritabilidade.
I Sangramento gastrointestinal. Raro.
fundo. Esse relaxamento receptivo é mediado por ll Síndrome de Sandifer. Torcicolo voluntario com
fibras motoras vagais. hiperextensão cervical e lateralização da cabeça
286 II Esôfago
com a finalidade demelhorar a peristalse no esôfago estenose de esôfago, esofagite erosiva grave, fístula
inferior, evitar o refluxo e aliviar a esofagite. traqueoesofãgica, membrana gástrica, estenoSe
Disfagia por estenose esofágica. Presente em torno de piloro, má-rotação intestinal, estenose duodenal,
de 7% dos casos. hérnia de hiato) e observar a presença de disfunçãº
IAnemia por sangramento ou por diminuição da orofaringea (quando associado & estudo da de-
ingesta pelos vômitos. glutição) e o esvaziamento gástrico.
IEm aproximadamente 55% dos casos há algum Esofagoscopia corn biópsia. O aspecto normal
sintoma ou sinal respiratório. da mucosa esofágica durante o exame não ex.
u Pneumonias de aspiração crônica e/ou recorrente. clui esofagite histopatológica. Sempre associar
ã Costumam comprometer diferentes lobos pul- a biópsia. Tem pouco valor no diagnóstico de
RGE. Somente 40% dos RGE mostram sinais
;; monares.
IInfecção respiratória alta frequente. endoscópicos de esofagite.
a: ITosse crônica, tosse noturna.
— Indicações: informa se existe inflamação (eso.
mediado pelo vago por irritação química da mucosa esôfago, se existe epitélio colunar no esôfagº
" 5 .1 : r".
esofágica. Esôfago e via aérea possuem mesma inferior (esôfago de Barrett), permite a biópsia
linhagem embrionária. do antro gástrico (para detectar a presença de
't
I Síndrome da quase-morte súbita Geralmente ocorre Helicobacter pylanje exclui outras doenças
,a. M“ ,“ .,
durante o sono por aspiração maciça ou após a (doença de Crohn, membranas esofágicas e eso-
,
nente que necessitam de ressuscitação imediata. epitelial total), aumento da extensão papilar
Quadro: apnéia prolongada (> lSs), bradicardia, (> 50 a 75% da espessura epitelial) e presença
“:?
|:
Sinusite. e mais específico (100%) no nosso meio. 0 pH
Cáries dentárias. do esôfago distal é registrado usando um microele-
= trodo intraluminal e episódios de refluxo são
‘13
. r al h , “
identificados pela queda do pH abaixo de 4. A
lllllES'ÍllillGM BlillillúSl'lºll porcentagem do tempo total em que o pH per-
. »:
ITeste terapêutico empírico com medicamentos, manece menor que 4, também denominado de
Determina se o RGE está causando um sintoma índice de refluxo, é considerada a medida mais
- d v.
. ,_
— w' e çª u h - á é
L";
Acima: > 6%
-
:
\sz-SR
Refluxo Gastroesofágico I
287
adequação da dosagem dos IBP, detemrina se sintomas persistentes. Detecta qualquer tipo
há associação temporal entre o refluxo ácido de refluxo, ácido, fracamente ácido e alcali—
:: o sintoma que está ocorrendo e sua relação no. Essa técnica mostrou que 75% dos reflu-
com a alimentação. xos ocorrem durante ou dentro de duas horas
.. Falhas da técnica: não mede o volume que é após a alimentação e isso não tem sido detec—
refluído, não consegue detectar refluxo pós- tado na pHmetria, pois o pH pós—prandial é,
prandial porque o conteúdo do estômago é geralmente, maior do que 4. A tecnologia está
tamponado pelo alimento e não mede refluxo em desenvolvimento, os registros são complexos
__, alcalino. e ainda com muitos artefatos.
Z Icintilografia. É utilizada para avaliar o grau de
esvaziamento gástrico, já que se espera que 50%
do isótopo abandone o estômago dentro de 60min. Tratamento
É realizada pela ingestão oral ou instilação de Tratamento Clinico
fórmula ou outro alimento marcado com tecnécio
no estômago. Estômago, esôfago e pulmões são Medidas Gerais
mapeados com a finalidade de detectar a pre—
IMedidas posturais: não há evidências de que a
sença de RGE e aspiração. Episódios de refluxo
são observados no período de 1h e em imagens elevação da cabeceira do leito seja uma medida
efetiva. A melhor posição é a pro'na ou decúbito
tardias de até 24h.
- Objetivos: demonstra a presença de refluxo de ventral, porém, sua associação a síndrome da morte
conteúdo ácido e não-ácido, fornece informa- súbita no lactente tern restringido seu uso. Até
ções sobre o esvaziamento gástrico, pesquisa os 12 meses de idade o risco de síndrome da morte
aspiração broncopulmonar e estuda a efetividade súbita do lactente ultrapassa os benefÍCios da
rr do clearance esofágico. posição prona, a qual é aceitável quando a criança
, IEstudo videofluoroscópico da deglutição. É im- está acordada, principalmente no período pós—
prandial e com colchão duro. Parece que o decúbito
portante nos pacientes com distúrbios neurológicos
e ajuda a definir se os problemas pulmonares são lateral esquerdo com a cabeceira elevada dimi-
relacionados a aspiração por refluxo ou distúr- nui o refluxo na criança maior.
IDieta: alimentos engrossados pela adição de ce—
bios de deglutição. .
IAspirado traqueal de lavado broncopulmonar com reais (preparações com sementes de alfarroba ou
pesquisa da presença de macrófagos alveolares farinha de arroz) devem ser adicionados em cada
.: saturados de lipídeos. Pode mostrar aspiração alimentação. Reduzem a regurgitnção, mas não me—
«
%“ secundária ao RGE. Baixa sensibilidade e especi-
5 ". ficidade.
lhoram o índice de refluxo (medido na pHmetria).
Alimentações mais freqt'ientes e em menores quan-
tidades. Item discutível, pois pode causar sub-
técnica que detecta a presença de episódios de nutrfção. Nas Crianças com vômitos freqiientes,
refluxo ácido e não-ácido. Detecta o movimen- deve-se trocar a fórmula usual por uma fórmula
to de líquido em bolo dentro do esôfago, utili- hipoalergênica como teste por uma a duas se—
zando a propriedade de condutividade aumentada manas. '
do líquido para detectar a presença de conteúdo »
refluído na luz do esôfago. A detecção do RGE Tratamento Farmacológico
édefinida por mudanças na resistência à corrente
elétrica entre dois eletrodos, quando um bolo de ll Bloqueadores dos receptores H da histamina.
líquido ou gás move-se entre eles. A impedância São usados nos casos de esofagite péptica e no
ou resistência ao fluxo de corrente distribuída preparo pré—operatório de cirurgia anti-refluxo.
entre dois eletrodos depende da condutividade
elétrica do ambiente que cerca os eletrodos (prin- — Cimetidina: 5 a IOmg/kg/dose quatro vezes/dia;
antes dos alimentos três vezes/dia e uma após a
Cipalmente pelo conteúdo da luz esofágica). Quando alimentação noturna. Nas crianças maiores,
um bolo de líquido de alta condutividade elétri- a dosagem indicada varia de 10 a ZOmg/kg/dia.
Ci} se posiciona entre dois eletrodos, a impedância
diminui. Em contraste, com um bolo de baixa - madas/dia.
Ranitidina: 2 a 4mg/kg/dia em uma a duas to-
condutividade elétrica como o gás, a impedância
aumenta
-— Nos asmáticos, a ranitidina é preferível à
cimetidina. Contra-indicar o uso de teofrlina,
A técnica baseia—se na colocação de um cateter que tem função de relaxamento do EEI.
flexível com sete eletrodos de impedância colo- IInibidores da bomba de prótons atualmente são
cªdos em vários níveis do esôfago. Geralmente os fármacos de escolha para esofagite péptica.
€ Combinada com a pI-Imetria.
A eficácia dos IBP está bem estabelecida. Até
- Indicações: RGE oculto, RGE no período pós-
Prandial, pacientes em tratamento com IBP e
90% dos pacientes com DRGE tornam—se assin-
tomáticos na vigência do uso de IBP.
.M . W - vª «
.
"W. 'Y“?
, 288 I Esôfago
ser oferecida 30min antes da janta. A admi- dividida em três a quatro doses. Pouco utili-
nistração concomitante de antagonistas dos zada atualmente pelos riscos graves. Seu nãº
waves-u, L-sm
receptores da histamina pode inibir a eficácia deve ser seletivo, no paciente apropriado, çou!
dos IBP. dosagens corretas e evitando a 'associaçª? ª
—.Limita§5es do uso dos IBP: interação com outros medicamentos. Ten} ªldº
-
Necessita de terapêutica de manutenção pro-
longada.
usada somente em crianças > 2 anos de Idªde
com vômitos recorrentes, perda de pesº. º_º
' Falha na inibição de refluxo não-ácido. asma, cujo tratamento com fármacos antl-
Refluxo Gastroexofágíco u 289
.-
restaurar a função motora do esôfago. Entretanto,
.ª». Esôfago
Estenose de esôfago.
I
de Barrett (EB). Somente pequena por-
I
é incerto se a cirurgia altera a motilidade esofágica
ou se as técnicas cirúrgicas devem ser ajustadas,
‘
centagem de pacientes com DRGE crônico vai não somente aos defeitos anatômicos, mas tam-
desenvolver EB. A causa exata da progressão do bém aos distúrbios motores associados. Parece
EB em adenocarcinoma não é bem entendida. que a dismotilidade esofágica reflete uma doen—
Os objetivos do tratamento do BB são três: eli— ça mais grave, não costuma ser corrigida pela
minar os sintomas de refluxo, curar a esofagite fundoplicatura, não requer ajuste cirúrgico es-
e prevenir complicações (degeneração para dis- pecial e pode ocorrer como consequência da
plasia e posteriormente para adenocarcinoma). fundoplicatura. Observação clinica sugere que
A regressão ou reversão das lesões do EB é rara. a falha do esfíncter esofágico inferior é o pri—
A cirurgia reduz o conteúdo gástrico e biliar re- meiro evento na DRGE e a perda da contratili—
fluído, talvez até totalmente. Alguns autores acre— dade esofágica aparece com o passar do tempo.
!: Gasuostomia: videolaparoscópica (VLP) ou percu—
ditam que pode ajudar na reversão para mucosa
esofágica normal. Entretanto, trabalhos têm mos— tânea endoscópica está indicada a crianças com
trado que a cirurgia antiã'efluxo não diminui a refluxo e dificuldades adicionais de alimentação
taxa de adenocarcinoma de esôfago. (em geral, crianças com distúrbios neurológicos).
IDefeito anatômico (hérnia de hiato, má—rotação
etc.). Vias de ítcesso “
'Confeccionar
Estabelecer zona de alta pressão no esôfago inferior. de aprendizagem nesse tipo de cirurgia é de
I válvula anti-refluxo tipo flutter. 25 a 30 casos.
IAo menos, resposta parcial ao uso de IBP. é colocado um cateter corn balão, que é infladº
I Sem doença pulmonar crônica, atresia de esôfago para posicionar o instrumento, e quatro eletro.
ou distúrbios neurológicos associados. dos dispostos radialmente em torno do balão As
agulhas são posicionadas no músculo liso da'Junção
Complicações gastroesofágica e a energia é liberada em cªda
eletrodo corn a finalidade de causar uma série de
A falha da fundoplicatura aparece sob a forma de sin- lesões térmicas no músculo. 0 aquecimento das
tomas de recorrência, aparecimento de novos sinto- moléculas de água do músculo esofágico vai
mas, ou efeitos secundários. ocasionar contração do colágeno, remodelarnento
Principais complicações da fundoplicatura: disfagia, da junção gastroesofágica e ablação nervosa. A
incapacidade de eructar, diarréia, flatulência, distensão mucosa se espessa no nível do EEI. A ablação
pós-prandial, retchirrg. Ocorrem em 30% dos casos. nervosa resulta em um menor número de rela.
Grandes séries (crianças e adultos) mostram taxa xamentos transitórios do EEI. O procedimento
significativa de falha e morbidade da fundoplicatura parece alterar a atividade mioelétrica gástrica &
e pequena, mas relevante, taxa de mortalidade (0,8 a o esvaziamento gástrico ecausa denervação ablativa
1%). Relatam recorrência do refluxo, no período de do corpo esofágico.
um a três anos, mais de 30%, principalmente em crianças
com distúrbios neurológicos, pós—correção de atresia BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
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ME.“?
g.«1:—-it
r,
a“,
Fundoplícatura l
291
índoplicatura
se transformado em um ângulo obtuso.
Jª' I Sobre o esôfago: o esôfago distal é recolocado na
cavidade abdominal. O esôfago distal fica ex-
posto à pressão positiva intra-abdominal. Crianças
com hérnia hiatal grande ou esôfago encurtado
" 6“ Carlos Ketzer de Souza por uma estenose são frequentemente acometi-
das por RGE.
fdh—'doplicatura é bastante wliosa no intuito de prevenir
ré uxo e os vômitos. Porém, trata—se de um proce—
I Sobre os pilares diafragmãticos: recriação do
mecanismo crural diafragmático competente.
ifâ'ento cirúrgico com uma taxa de complicações nada I Sobre a motilidade gastroesofágica: melhora a
,
*"Brezível.
i
Além do efeito mecânico da criação de
ari/válvula externa em torno do esôfago, ela também
peristalse esofágica que faz a propulsão do ali—
mento da boca até o estômago e ajuda a clarear,
1111111111 a frequência dos episódios de relaxamento
“"sitório do esfíncter esofágico inferior ao diminuir
rapidamente, qualquer conteúdo ácido ou alimentar
que reflui para o esôfago. Após a fundoplicatura,
.giiluine do fundo gástrico e causar denervação fúndica. pacientes com motilidade esofágica anormal podem
“reduzir o estômago proximal (fundo gástrico) e a ter sintomas de disfagia.
o '"odação pós-prandial, a fundoplicatura também ll A fundoplicatura cria uma barreira anti-refluxo,
icia umdireção
'
deslocamento mais rápido do bolo ali- mas não corrige a dismotilidade antro—duodenal
merifar em ao antro gástrico, acelerando o
' " lamento gástrico, principalmente de líquidos. e a dismotilidade esofágica.
—- Wf
Sobre o esfíncter esofágico inferior: a fundopli-
cria uma zona de alta pressão no esôfago ti A fundoplicatura pode herniar, sofrer ruptura, v
“
“ Inferior ao enrolar o fundo gástrico em torno escorregar, pode ser mal-realizada (utiliza o corpo
,. dº estômago. O estômago, principalmente quando gástrico e não o fundo na confecção do manguito),
Cheio, exercerá pressão sobre o esôfago inferior. torcer (o corpo gástrico não foi adequadamente
:*
292 I Esôfago
mobilizado, mantendo os vasos curtos intactos), plicatura, ao controlar o RGE e o vômito, pode mais
apertar no nível do hiato esofágico ou ser con- facilmente revelar a ativação do reflexo emético que
feccionada muito apertada ou muito longa. antes não era considerado. Provavelmente ele j á exisiiª
pré-operatoriamente. Pode ocorrer em até 20% dos
PIIEIIEIIÇÍIII M FIIIIIIBPLIÍIATBBIIHllSIIGEIIIIIII casos submetidos à cirurgia anti-refluxo. Arcadas de
vômitos pós—operatórias repetidas podem ocasionar
s: Seleção de pacientes: decisão coerente de trata- a migração da fundoplicatura para dentro do medias.
mento conservador ou não-operatório e de tra-
tino pelo hiato diafragmático ou ruptura dela e recOr.
tamento operatóiio. Se operatório, qual a melhor rência do RGE.
técnica para aquele caso em particular.
Um procedimento anti-refluxo não e o tratamento
I Considerações anatômicas: sempre solicitar ra- adequado para crianças com sintomas referentes ao
diografia de esôfago, estômago e duodeno (REED) reflexo emético. Ao impedir a fase terminal do refle.
com pesquisa de refluxo antes da cirurgia para xo eme'tico (vômito), a fundoplicatura causa piora desses
identificar adequadamente a anatomia, compli- sintomas. Provavelmente, retching indica dismotilidade
cações e presença de doenças associadas (esofagite gástrica e perda da inibição central do reflexo emético.
com estenose, hérnia de hiato, membrana antral, Os sintomas pré—operatórios e pós-operatórios podem
estenose hipertrófica de piloro, estenose duodenal, ser tratados com supressores do reflexo emético, Como
má-rotação intestinal e outras). os antagonistas dos receptores da dopamina (dompe.
Conhecimento dos detalhes técnicos individua- iidona) e antagonistas competitivos seletivos dos receptores
lizados para cada tipo de fundoplicatura. S, da 5—hidroxitriptamina (S-HT3) da serotonina (ondanse-
Há necessidade de cirurgia para melhorar o es- trona), alimentações freqiientes e em pequenas quan-
vaziamento gástrico? Esse assunto é bastante tidades, alimentações gástricas contínuas e alimen-
controverso. Na literatura atual há uma tendên- tações jejunais, evitando a passagem do alimento pelo
cia em não realizar piloroplastia no momento da estômago. Devido à pouca eficiência dessas medica-
fundoplicatura. Os efeitos adversos desse pro- ções, tem sido preconizado o uso do medicamento
cedimento baseiam-se no risco de deiscência ou conhecido como alimemazina, derivado da fenotiazina,
‘r
vazamento da piloroplastia, aparecimento da com excelentes resultados. Esse medicamento tem pro-
síndrome de dumping e na observação de que a priedades antieméticas e efeito espasmolítico nas fibras
baren-$5126
maioria dessas crianças melhora seu esvaziamento
gtv
gástrico após a fundoplicatura. xa, 0,25mg/kg, três vezes/dia (dose maxima 2,5mg).
Também é relatado que mais estudos são necessários
TIIII'IIIMEIITI! Bil Hilliilll’llefl'l'llflll para avaliar os efeitos secundários no uso continuado
ant-sucrnrnn dessa medicação.
_
Arcana de ttãmitus matching] ͪsmurnme ue numniny
Definida pela tentativa de vomitar sem a resultante A síndrome de dumping (SD) e um complexo de sin-
saída de conteúdo do estômago. tomas pós-prandiais, incluindo desconforto abdomi-
0 reflexo emético é ativado por uma variedade de nal, transpiração excessiva, palidez, letargia e diarréia.
estímulos periféricos e/ou centrais, incluindo infecções, Pode surgir após cirurgias gástricas. Pode ocorrer pie-
obstrução intestinal, drogas e envolve respostas au— coce ou tardiamente. Sintomas precoces ocorrem 10 a
tônomas e somáticas. O reflexo emético é caracteri- 20min após as alimentações e incluem queixas abdo-
zado por uma fase precursora associada a sinais e sinto- minais (dilatação gástrica, náuseas, eructação, cólicas
mas como náuseas, salivação aumentada, taquicardia, e diarréia explosiva) e sintomas sistêmicos como fru-
vasoconstrição periférica, seguida por uma fase motora queza, transpiração excessiva, vertigem, palidez e palpl-
de arcada ou ânsia para vomitar. Imediatamente após tações. A SD tardia surge com hipoglicemia pós-prandiªl
surge o vômito com expulsão forçada do conteúdo gás- l a 4h após as alimentações e é associada a transpira-
trico, em que a contração do diafragma e dos mús- ção excessiva, palpitações, fraqueza, letargia. A fisiopa-
culos da parede abdominal comprime o estômago
relaxado. Esse reflexo, na criança normal, só é ativa-
e
tologia da síndrome é complât'a não totalmente enten-
dida. A SD precoce ocorre mais frequentemente quandº
do ocasionalmente, mas na criança com distúrbios a função do esfíncter pilórico é interrompida, resul-
neurológicos, a sua inibição é perdida ou o reflexo tando em um esvaziamento gástrico anormal de líquidos-
toma-se hiperativo, sendo precipitado na atividade
diária habitual.
A distensão rápida do jejuno e a hípertonicidade
conteúdo gástrico no jejuno causam alterações media-
dº
Reta-hing (arcada de vômito) não é um sintoma de das pelos vasopepti'deos neuronais, que aumentam º
RGE, mas sim um componente da ativação do reflexo fluxo sanguíneo esplâncnico, diminuindo o volume san'
emético. Seu aparecimento pós-fundoplicatura, prin- gtii'neo circulante. A hipoglicemia tardia pós-prandlªl
cipalmente nas crianças com distúrbios neurológicos, é causada por hiperinsulinemia e e evocada pelo au-
sugere que ele pode ter outra causa ou que a fundo- mento rãpido da concentração de glicose no sangue-
Fundoplicatura 293
"ndoplicatura de Nissen elimina ou diminui o fun- da mucosa esofágica com o ácido. Mesmo quando
existe refluxo alcalino, a esofagite erosiva só
ástrico como umaárea de armazenamento de con-
‘fistricooue ar. Nesse caso, qualquer dieta rica em acontece quando também há o refluxo ácido. O
tratamento é Com omeprazol (inibidor da bomba
.
[migrates
cn'
hiperosmolar pode provocar a SD. A
(;mp'mstia e/ou gastrostomia são consideradas fato- de prótons) na dose de 0,7 a 3,0mg/kg/dia. Liga—
rcã de risco para SD. Tratamento sugerido: estratégias se a enzima ATPase H'/K*, desativando—a. Para
. fulãcionais com carboidratos complexos (maisena não
c zida). emulsão de gordura (triglicerídeos de cadeia
serem ativados, os inibidores da bomba de prótons
necessitam da presença de ácido nos canalfculos
fôngn para retardar o tempo de esvazramento gástrico) das células parietais e são mais efetivos quando
e;fhudanças na freqíiencra dos alimentos. a célula parietal é estimulada por alimento, após
um período prolongado de jejum. Por isso, são
mais efetivos quando administrados 30min an-
tes do café da manhã. A administração conco-
!Causas: fundoplicatura muito apertada ou lon- mitante de antagonistas-receptores H-2 específicos
I
gh, edema pós-operatório, dismotilidade esofágica pode inibir a sua eficácia. O tratamento com
'ª' primária, dismotilidade esofágica secundária a
dissecção e mobilização do hiato, aproximação
"«—
omeprazol é realizado por meses, anos ou, inde-
finidamente. Sua retirada ocasiona recorrência
muito apertada dos pilares diafragmãticos, telesco— da esofagite e suas complicações. Efeitos secundá—
._,
pagem do manguito no estômago proximal e man-
~r' guito longo ou torcido.
rios: pode causar profunda supressão da secre—
ção ácida gástrica, resultando em altos níveis de
.
:Tratamento: disfagia no pós—operatório imediato
'écomum. Geralmente curam—se espontaneamente.
gastrina circulante. com risco de aparecimento
de hiperplasia das células parietais e pólipos
" f Casos persistentes (mais que seis a oito sema- gástricos benignos e deficiências de vitamina E 12.
«ª? nas após a fundoplicatura) beneficiam-se de dila— I Tratamento da dismotilidade esofágica e antro-
.E3’
". («"' tações esofágicas, principalmente pneumáticas. duodenal. Mctoclopramida: droga antagonista
, . Í E fundamental a avaliação prévia por meio do dopaminérgica que é um agente procinético bas-
,. REED e endoscopia. tante usado. Aumenta o tono do esfíncter esofágico
Indicações de reoperação: casos resxstentes, fundo- inferior e melhora o esvaziamento gástrico. Dose:
plicatura longa ou torcida, presença de pregas O, lmg/kg/dose quao—o vezes/dia. Domperidona: via
gástricas acima da fundoplicatura (observada pela intramuscular (IM) e intravenosa (IV), 0,1 a 0,2mg/
endoscopia), significando que a fundoplicatura kg/dose em três vezes e via oral (VO), 0,3mg/kg/
escorregou no estômago proximal. dose em três vezes. Não atravessa a barreira cé-
Se optar pelo Nissen, dividir os vasos curtos, se rebro—sangue.
ainda não o foram, para providenciar uma fundo- Tratamento cirúrgico (reoperação). Em pacien-
- plicatura mais frouxa, tes éom distúrbios neurológicos, a fundoplicatura
de Nissen pafece funcionar melhor que as par-
'_ lia Paraesatáuica ciais. Alguns autores sugerem, nesses casos, que
a fundoplicatura não deva ser fixada ao diafragma
_guenas hérnias assintomáticas podem ser observa- pelo<risco de distensão e ruptura. Em pacientes
. . .
1
asT'As outras devem ser reoperadas pelo risco de com atresra de esôfago e com recorrencta de RGE,
rceramento do estômago hemiado. as fundoplicaturas de Thal e Toupet parecem fun-
cionar melhor.
_ Élizamemo da Fundonlieatura
para
| Henlastino Síndrome 11c aleanouamentn de ar
§éªssintomática, tratamento expectante. Se sintomática, [Gas Blaatinai “I a 10%]
r via abdominal, a fundoplicatura é liberada de suas
A impossibilidade de eructar é comum após & cirur-
:? “ªderências mediastinais (geralmente essa liberação
gia anti-refluxo. Isso não deve ser considerado alçapona-
Pedifícil)
e trazida para o abdome, onde é fixada
mento de ar. Esse termo deve ser reservado para aqueles
“diªfragma e o hiato esofágico fechado. Algumas pacientes que não conseguem eructar e sentem grande
gªzes é necessária a realização de uma nova fundo- desconforto com isso. A causa é desconhecida.
lºªtura.
35.5 fundoplicatura
_ fundoplicatura muito
cªll—ªxªs são: frouxa, deiscência Fundoplicatura demasiadamente apertada, dismotilidade
,
.ª e migração dela. antro-duodenal, fundoplicatura deslizada no estômago
proximal, dano do nervo vago durante a fundoplicatura
'Tratamento
de
medicamentoso
erosiva
esofagite é pelo
da esofagite. A causa
contato prolongado
e acomodação gástrica deficiente secundária ao uso
do fundo gástrico na confecção do manguito.
294 I Esôfago
Pode levar à ruptura da fundoplicatura ou à sua hiatoplastia estendida com divisão da porção ante.
migração para o mediastino. Na urgência, o estômago rior do diafragma.
deve ser descomprimido através de uma sonda oro ou
nasogástrica. Pensar em gastrostomia nos casos persis-
Os resultados da fundoplicatura aberta, tradicio.
nal e a videolaparoscópica são comparáveis.
.
tentes, principalmente em crianças com déficits neu- As vantagens da fundoplicatura laparoscópica sãº:
rológicos. Em geral, beneficiam-se pela diminuição menos analgesia, período de recuperação mais cuno_
da ingesta de alimentos formadores de gases, drogas menor índice de infecção da ferida operatória e me. i:
antitiséticas e agentes procinéticos. Tratar a causa nor taxa de obstrução por bridas.
específica. Nas crianças com distúrbios neurológicos e RGE «
L 'G Q - I P Z S R
rológicos graves que são incapazes de se ”alimenta-
zamento no estômago proximal), ou pregas não pa- rem por via oral e cujos sintomas predominantes são
ralelas indicando que a fundoplicatura está torcida o retching, vômito, falha de crescimento. desconforto
(geralmente causada pela mobilização inadequada do pós-alimentar, infecções respiratórias recorrentes ::
fundo gástrico). Deve observar também a presença a fundoplicatura foi malsucedida. O procedimento
.- de esofagite e de hémia paraesofágica. baseia-se na transecção do esôfago na junção gastroeso-
'- Como altemativa à reoperação, pensar na utiliza- fágica, fechamento do coto gástrico, confecção de
; ção das novas técnicas endoluminais que melhoram esofagojejunostornia isoperistáltica término-terminal
a barreira anti-refluxo“, podendo evitar a necessidade transmesocólica retrogástrica em Y—de—Roux, medindo
.»
de uma nova fundoplicatura.
As crianças comimportante clinica de disfagia ou
. a alça dejejuno aproximadamente 30 a40cm, jejuno—
jejunostomia término-lateral, preservação da gastros-
.,
retenção de ar após a cirurgia de Nissen beneficiam-se tomia preexistente e piloroplastia. (Fig. 54.1). Essa
de uma fundoplicatura parcial ou de um Nissen frouxo. ,
& Pacientes com recorrência do RGE pós-fundoplicatura ') _,
, ,.,
,
& parcial provavelmente irão beneficiar—se de urna ci- '
“ , rurgia de Nissen.
. Em regra geral, se houve recorrência do RGE na
»” vigência de urna fundoplicatura parcial, fazer uma , ª
”= fundoplicatura completa. Se há retardo do esvazia- «
. -(
45: 7
Separação laringotrauueal
5. w
K'
A separação laringotraqueal (SLT)pode ser recomendada
A,
a
às crianças com distúrbios neurológicos graves o pneu-
“"i
.
monias de aspiração intratáveis e recorrentes (Fig.
sz: gm;
a .-
.._ Inecessaria
sua troca ou ela saia da posição. gastroesophageal reflux. J. Pediu/n Surg.. v. 36, p. SSS-558.2001.
’ A Jejunostomia de Maydl é aquela em que o jejuno
é trazido através da parede abdominal e anastomosado
CAULmD. M. E.; WYLLIE, R.; FLROR, H. V.; MICHEN‘ER. W.
Dumping syndrome in children.]. Pediatr., v. l 10, p. 212.2 [5. 1987. _
. ' àpele formando um estoma maturo permanente. A alça HASSALL, E. Wrap session: is the Nissen slipping? Can medical
:; lixada aos planos da parede abdominal. As maiores
àgºmplicações baseiam—se no prolapso da alça de Roux
'
treatment replace surgery for severe gastroesophageal reflux disease
in children”! Am. J. Garlmenterol.. v. 90, p. 1212-1220, 1995.
' e Vazamento no sítio de exteriorização. LANGER, .l. C. The failed fundoplication, Sem. Pediatr. Surg., v. l2,
[LNG-117.2003.
;;? Ajejunostomia modificada de Maydl é, atualmen-
fl , é} mais utilizada e a que apresenta menor morbidade. LORENZO, C.; ORENSTEIN, S. Fundoplicãtiori: friend or fee?
J. Pediatr. Gastroenterol. Nun, V. 34, p. 117-124, 2002.
v,;— Similar à gastrostomia de Stamm, pois três bolsas RICHARDS. C. A.: MILLA, P. J.; ANDREWS, P. L. R.; SPITZ. L.
!“Vªginantes fixam o cateter com ponta tipo cogu- Retching and vomiting in neurologically impaired children after
_mºlº, que é trazido através da parede abdominal. A fundoplication: predictive preoperative factors. J. Pediatn Surg.,
,ªlçª é fixada ao peritônio parietal da parede abdomi- v.36, p. 1401-1404, 2001.
'- nal anterior. A sonda poderá, posteriormente, ser trocada
'
VECCHIA. L. K.; GROSFELD, J. L.; WEST, K. W. etal. Reoperaticn
Pºl“ um button. Essa técnica diminui o risco de vaza- after Nissen fundoplication in children with gastroesophageal reflux.
Ann. Surg., v. 226, p. 315-323, 1997.
mºnto junto ao sítio de saída e facilita a troca de sonda.
YOSHIDA. N. R.; WEBBER, E. M.: GlLLlS, D. A.; GIACO-
,
li
uconveniente maior: aparecimento de granuloma MANTONIO, J. M. Roux-en-Y jejunostomy in the pediatric
vlªcnostomal. O comprimento da alça em Y varia de population. J. Pediatr: Surg.. v. 31, p. 791-793. 1996.
"
296 I Esôfago
111110
““ Uso de Cateter de Foley para Extração
6“;
en
pontiagudos
s'e crianças
e lineares longos (> 3c_m em
, (11955). como palitos, alfinetese > Sem
pequenas nas crianças
O procedimento pode ser realizado com ou sem fluo-
roscopia. Há sempre um risco em potencial de aspi-
*
(“3 9,‘
ems
tipos de corpos estranhos podem ser ob-
0;;th por por mais de 48h, objetos pontiagudos, objeto radio—
«w
ªf. ,àgç
"dos três semanas e depots removrdos por lucente, doença esofágica, obstrução completa da luz,
a;
oscopia. objetos que se fragmentam (risco de aspiração), via
”crias que alcançam o estômago costumam ser aérea instável. Técnica: uma sonda de Foley lubrificada
'
ifiifiadas com facilidade. Se permanecerem por mais número 10 ou 12F é passada pelas narinas e avança-
da distal ao corpo estranho alojado no esôfago. Sob
,,.ÃÉh,
, devem ser removidas.
fluoroscopia, aproximadamente 5mL de bário diluído
(3,5mL água: 1,5mL bário) são instilados no balão
da sonda de Foley. A sonda com o balão inflado é
egrvação. Radiografia de controle em 48h e depois cuidadosamente retirada sob fluoroscopia. Quando o
uma ou duas semanas, se o objeto não for encon-
âjnas fezes, pelos pais. Remoção deve ser consi-
corpo estranho alcança a faringe posterior, a criança
deve ser rotada para o decúbito proho ou lateral di-
"da se o objeto sem ponta permanecer na mesma reito e o corpo estranho removido com a ajuda do
dedo do médico. Sucesso da técnica: 80% dos casos
em ser removidos, se permanecerem na mesma posi- indicados. Deve ser somente realizada por médicos
*
por três dias consecutivos. Sintomas de febre, vô- experientes em manuseio de via aérea.
ws, dor abdominal, sangramento digestivo, sinais
p'critonite são indicações de cirurgia de urgência. Glucagon
isnrurn Tem efeito inibidor no esfíncter esofágico inferior e
pode aliviar o espasmo do músculo liso na área de im-
ligação Enuuscúulca pactação. O 1/3 superior do esôfago contém músculo
estriado e, portanto, não é efetivo para CE localizado
itratamento de escolha. na porção proximal do esôfago. Efeitos secundários:
- Nantagens: remoção segura da maioria dos corpos náuseas, vômitos, tontura.
anhos, visualização de doença associada e de Dose: 0.02 a 0,03mg/kg intravenosa. Não exceder
ujtrplos corpos estranhos e/ou não radiopacos. 0,5mg.
geralmente, utiliza-se o endoscópio flexível. 0 en-
. nsçpópio rfgido ou laringoscopia direta têm indica- BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
'
" ‘para remover objetos na hipofaringe, esôfago pro-
ARANA, HL; HAUSER, B.; HACHIMI-IDRISSI, S. et al. Management
f’ al e objetos pontiagudos impactados no esôfago. of ingested foreign bodies in childhood and review of the literature.
Eu: 1. Pediatr., v. 160, p. 468-472. 2001.
CHEN, M. K.; BEIERLE, E. A. Gastrointestinal foreign bodies. Pediatr.
lnllns Hfifl'flflfloseonlcfls [Ie “emºç㺠Ann., vi 30, p, 736-742, 2001. r «I
.;de Dilatador de Esôfago (Bouginage) EISEN, G. M.; BARON, T. H.; DOMlNlTZ, J. A. et al. Guideline for
the management of ingested foreign bodies. Gaslminl. Eudora,
1
. liizado com o intuito de empurrar o corpo estranho v. 55. p. 802-806. 2002.
LITTLE, D. C.; SHAH. S. R.; ST PETER, S. D. et al. Esophageal
!€13) do esôfago para dentro do estômago. foreign bodies in the pediatric population: our first 500 cases.
CE deve ser arredondado ou liso (como moeda), .I. Pediatr: Surg., v, 41. p. 914-918. 2006.
'!PPªCtztção deve ter menos de 24h e devem ser descar—
UYEMURA. M. C. Foreign body ingestion in children. Am. Fam.
das anomalias esofágicas associadas. Physician. v. 72, p. 287-291. 2005.
Diafragma
....................................
E] Hérnia Diafragmática delMorgagni 313
Eventração Diafragmática 315
«W V .
.
Hérnia Díafragmátr'ca Congênita 301
111111111 511
fârnia
Diafragmática
L
bngénita
ovóás
ia u
.nsEquente atelectasia e/ou hipoplasia de um ou ambos Figura 56.1 — Hérnia diafragmática congênita.
”pulmões (Fig. 56.1).
«um
“,
Efeito
pulmonar primário poderia causar malforma-
gªy do diafragma fetal“.
4
cularizados (muscularizaçâo espiralada). Osmais distais
não são muscularizados. Na presença de hérnia dia-
.».i fragmática com hipóxia persistente, haverá um aumento
'
jmmnmmn Ilº PM“. E llll'lll’lllSlll anormal da espessura da camada média das artérias
pré—acinares (artérias musculares) com a consequente
.Jlll'lllllll‘ diminuição do diâmetro externo delas e extensão da
g
Bronqulalo
terminal
pmialmenu
musculalizadn Bronqulolo
respiratório
nio-muscular
Figura 56.2 - Desenvolvimento da vascularização pulmonar acompanhando o crescimento das vias aéreas. (A) Vascularízação
pulmonar normal. Vasos pré—acinares são muscularizados e os intra-acinares proximais são parcialmente muscularízados. (a)
Em hérnia diafragmática há aumento da espessura da camada média das artérias pré-acinares e extensão da muscularização
em sentido distal. (C) Corte transversal de uma artéria pulmonar pré-acinar em paciente normal.’(D) Cone transverse de uma
artéria pulmonar pré-acinar em hérnia diafragmática, mostrando aumento da espessura da camada média e diminuição do
calibre. Adaptado de Reid’.
L-strvuçgm
que afetam º fetp e º recém—nascrdo. INoventa por cento das hérnias são sintomáticas
.
IAnomalias associadas: 10 a 57%. As explicações primeiras 6h. de vida é considerado de alto risco
para essa disparidade encontrada são: inclusão e é fan),- prognóstico de mortalidade.
de anomalias diretamente relacionadas à hérnia . Sinais de sofrimento respiratório (taquipnéia, re-
diafrag'mâtica (hipoplasia pulmonar, persistên- trações, cianose).
cia do ducto arterial, hipoplasia do coração, má- I
Hemitórax afetado abaulado e abdome escafóide
rotação intestinal), inclusão de natimortos, dife- (Fig. 56.3).
rentes condutas diagnósticas e diferentes indices Dextrocardia para o lado contralateral ao da hérnia.
de necrépsias nos diversos servioos. AS anoma- Ausência ou diminuição do murmúrio vesicular.
lias congênitas mais comuns, em ordem deeres- u! Diminuição dos ruídos hidroaéreos abdominais.
cenle de incidência, são: cardíacas (10 a 30%), As principais manifestações tardias da hérniasão:
geniturinarias, gastrointestinais, sistema nervoso obstrução intestinal, retardo de crescimento, estran-
central (hidrocefalia, anencefalia, espinha bífida), gulamento elou perfuração de víscera oca inualº-
esqueléticas e cromossômicas (trissomias 13,18 rácica (principalmente estômago), pneumomªª
e 21). São encontradas, freqiientemente, mais do de repetição.
que uma anomalia congênita associada. Os de-
feitos cardr'acos mais comuns são hipoplasia
cardíaca, defeitos do septo atrial, defeitos do septo IIIIIGIIIÍS'I'IGII
ventricular, tetralogia de Fallot, truncus arteriorus
e coarctação. Pré-natal
' I
Noventa e cinco por cento dos natimortos têm m Ultra—sonograíia pré-natal: visualização de viscerªls
anomalias congênitas associadas. abdominais intratorácicas (alças intestinais, °_“
ll Sobrevida global: 40 a 70%. fígado), desvio de mediastino e coração da 11'
He'mia Diafragma'tica Congênita 11
303
1.
Figura 56.4— Hemitórax esquerdo mostrando imagens clsticas
aéreas compativeis com padrão radiológico de alças intesti-
-resença de área de ecogenicidade aumen- nais, desvio do mediastino e pouco ar no abdome (hemiabdome
grid 'a base do tórax, peristaltismo visível dentro
ã'õyt'órax, poliidrãmnio. O diagnóstico pode fal—
esquerdo).
gªg;das veias porta e hepática acima ou abaixo ção intratorácica do estômago pode distorcer o
A
"”ad-diafragma. duodeno, produzindo dificuldade no esvaziamento
" nãncia nuclear magnética ultra—rapida é mais gástrico, que por sua vez causa poliidrâmnio e
'rada na detecção do fígado hemiado. fomecendo dilatação gástrica com significativo aumento de
“visualização direta intratorácica. É mais útil volume intratorácico e compressão pulmonar e
do ducto arterial. O poliidrâmnio também pode
ser causado por compressão direta do esôfago.
II A presença de compressão pulmonar pode levar
'à atelectasia ou hipoplasia pulmonar uni ou bi-
lateral. .
”
História
e exame físico.
:fia‘diografia de tórax: desvio do mediastino para
IA presença de distorção e compressão do ducto
arterial fetal pela hérnia diafragmática pode causar
inããôcontralateral, imagens císticas aéreas com—
êijéis com o padrão radiológico de alças in-
hipóxia persistente pelo aumento do fluxo sanguí-
neo,pulmonar em um leito vascular pequeno
E'sçtirnais
no hemitórax comprometido (geralmente
" àq'tierdo) (Figs. 56.4 e 56.5). Corn hérnia di-
(hipoplasia adquirida pela compressão do leito
vascular pulmonar em formação) e hipertensão
teria", alças intestinais podem também causar esse
adrão de imagens císticas, embora o fígado possa
“Jão ;
-W “”f"zº 1 .
<—
304 . Díafragma
w,
A hipoplasia ventricular esquerda (no caso de hémia
esquerda) contribui para a diminuição do rendimem0
cardíaco, diminuição da pressão sanguínea sistêmicª.
e consequente aumento do shunt direita —-> esquerda
em níveis atrial e ductal, hipóxia e acidose.
Quando há hipoplasia pulmonar grave, com ina-
dequado parênquima pulmonar e leito vascular, es-
sas crianças apresentam lesão estrutural fixa e irreversível
refratária a todas as formas de tratamento e incom.
patível com a sobrevida. O leito vascular pulmonare
o tecido pulmonar são inadequados e incompatíveis
a s .- ! :
com a sobrevida. Hipoplasia pulmonar incompatível com
.
a vida está presente em apenas 15% dos casos.
_ .e
«.9
:
e1Grupo l: pulmões bem dêsenvolvidos ipsilateral
Figura 56.6 -— Imagens clsticas aéreas no hemitórax esquerdo. e contralateralmente, os pacientes apresentam-
Ausência de imagens aéreas no abdome. se clinicamente após as primeiras 24h de vida e
invariavelmente sobrevivem.
n Grupo 2: hipoplasia pulmonar grave de‘ambos
pulmonar fetal. Essa diminuição de oxigênio intra- os pulmões e sobrevida extremamente pobre,
uterino pode causar constrição vascular pulmo- apresentando-se clinicamente com menos de 6h
nar anormal e hipertrofia muscular excessiva.
m A presença de hérnia diafragmatica no período
de vida.
50mml-Ig.
PaO2
pré e pós—ductal não ultrapassam
fetal, principalmente esquerda, pode levar à Grupo 3: hipoplasia pulmonar moderada a grave
ã z x - s u vl ç L
hipoplasia do ventrículo esquerdo, ao causar com— do pulmão ipsilateral associada a pulmão contra-
pressão do atrioesquerdo. diminuição do shunt lateral razoavelmente bem desenvolvido e hiper-
D -> E (direita '— esquerda) através do forame tensão pulmonar labil.
oval, aumento da pressão da artéria pulmonar e
do fluxo sanguíneo em urn leito vascular peq'ue—
no, aumento do diâmetro da artéria pulmonar e Tlllll'llMElll'll Hllllllflfllllflfllflfl PRÉ-NATI“
do ducto arterial. O hipodesenvolvimento do
coração é causado pela compressão intra—uterina Q parto é planejado para ocorrer quando o bebê es-
pelas vísceras herniadas e pela diminuição do BiVer a termo ou próximo disso. A mãe recebe beta-
shunt D —> E pelo forame oval. 0 desenvolvi-
metasona (12mg IM, divididos em duas doses de 24/24h,
mento das câmaras cardíacas depende do volume antes da 34! semana de gestação). Melhora a maturação.
complacência e morfogênese pulmonares e a produção
do fluxo sangiiíneo. Fluxo reduzido resulta em
hipodesenvolvimento. de surfactante (aumenta o númeroemelhora as funções
dos pneumócitos tipo II, responsáveis pela produção 1;
de surfactante), reduzindo a incidência de doença da
Perlnnn Neonatal _ membrana hialina, diminuindo a ocorrência de hemor-
Nos casos de hipoplasia pulmonar moderada (presença ragia intraventricular e enterocolite necrosante, Pre0<
de parênquima pulmonar ainda compativel com a cupações com seu uso: restrição do crescimento corpofill
sobrevida) e leito vascular pulmonar também hipo- e evidências de retardo na mielinização nervosa.
plasico, notaremos lesão estrutural fixa e alteração
funcional, potencialmente reversível: a hipertensão pul-
monar. Pode haver períodos de adequadas oxigenação
Ffl'lllllES PlilllillfiSTlBllsxllf-llflllls
Nenhum é uniformemente preditivo do prognóSllCº-
e ventilação.
Marcadores de mau prognóstico em ultra-sonogram
Hipertensão pulmonar é causada por um leito vas- fetal:
cular pulmonar hipoplásico e anormalmente muscula-
rizado e, portanto, excessivamente reativo a fatores I Diagnóstico gestacional precoce.
precipitantes de vasoconstrição (acidose, hipoxemia, HI Desvio intenso do mediastino.
hipotermia, hipotensão) e estímulos externos comuns Poliidrãmnio.
em UTI pediátricas (aspiração endotraqueal. proce- u Hipodesenvolvimento do coração esquerdo.
dimentos dolorosos. tais como injeções intramuscula- Presença de estômago no tórax.
res [IM] e venóclises, sons altos e mudanças freqiientes I Presença de fígado no tórax, em hérnia diafrªg'
de posição). mãtica esquerda.
* da;)área transversa pulmão-tórax (L/I‘ =
11, 1 ãora
13710 comtorácica. Seção
ultra—sonografla. Área pulmonar
"ª_n Estimular, talvez, a liberação de fatores de cres- Indicações: hérnia diafragmática isolada, diagnóstico
antes da 25 ª semana de gestação com fígado herniado
_cimento eSpecíficos.
,. .
oblemas com a técnica:
e LHR < l.
( u y ,—
~.
306 n Diafragma
máscara e balão pelo risco de distender alças sistêmica acima da pressão pulmonar e assim dimi.
intestinais intratorácicas. nuir o shunt D —> E. Agentes e doses: dobutamina (5
I Manutenção da temperatura corporal. a lOpg/kg/min) e dopamina (3ug/kg/min).
I Manter hematócrito entre 35 e 45%.
I Acesso venoso adequado.
I Hidratação parenteral: 4mng/h + reposição das Estabilização Pré-oneratoria com Belarus
perdas pela SNG.
I Cateter urinário para controle da diurese. Man«
no 1111111110 cirúrgica
A hipertensão pulmonar reacional diminui durante Os
ter débito urinário acima de lrnleg/h. primeiros dias de vida. Uma cirurgia de urgência nas
I Antibióticos profiláticos (ampicilina + gentami-
primeiras horas de vida seria realizada durante um
cina). Discutível seu uso. Não temos usado de rotina período de risco aumentado para desencadear hiper.
I Bicarbonato de sódio é indicado somente para tensão pulmonar persistente, além da diminuição da
manter o pH > 7.20. complacência pulmonar que costuma ocorrer após º
I! Monitoração pré e pós-ductal da
PaOz e PaC01
é realizada, respectivamente, por meio de cate-
reparo operatório. É aconselhado o tratamento pré—
operatorio mais prolongado, seguido pelo reparo ci.
teres colocados na artéria radial direita (ou pun- rfirgico da hérnia de forma semi-eletiva, quando o
ções arteriais repetidas no membro superior direito) bebê estiver mais estável hemodinamicamente (em
e artéria umbilical. A saturação de oxigênio pré e relação à pressão arterial, freqilência cardíaca e perfusão
pós-ductal é medida pela oximetria de pulso por periférica) e com um leito vascular pulmonar menos
sensores colocados no membro superior direito reativo. O momento adequado para a correção cirr'u.
e em um dos membros inferiores. A forma de gica é controverso. Esse período de preparo pré—ope.
tratamento atual tem sido fundamentada nas ratório deve ser acompanhado de diversos parâmetros
dosagens e medidas pré—ductais (reflete a oxigena- clínicos, ecocardiográfrcos, gasómétricos e ventilatórios.
ção cerebral). As pós-ductais sofrem o impacto O período de preparo pré—operatório é muito variâ-
e a influência de variáveis não-quantificáveis de vel e ainda em investigação (geralmente entre quatro
hipertensão pulmonar, potencialmente reversí- e oito dias, podendo atingir até três semanas). A li-
veis, tais como: hipotermia, hipotensão, anomalias teratura, em geral, tem sido favorável ao reparo re-
cardíacas associadas e outras. tardado. Porém, diversos pesquisadores do assunto
Gasometria arterial,.hemograma completo, pro— não acreditam que o reparo retardado seja responsá-
vas de coagulação, perfil bioquímico. vel pela melhora da sobrevida.
tl Pressão venosa central, se necessário. Deve ser Achados ecocardiográfrcos e com Doppler sequen-
mantida entre 5 e lºmmllg. ciais providenciam evidência objetiva d regressão e
I Radiografia de
tome de abdome para confirmar. estabilização da hipertensão'ªpmm. e incluem a
L-SoAlvnsua
o diagnóstico, posição do tubo endotraqueal, po- .;ause‘nc1'a ou diminuição dos seguintes: shunts D —) E
sição da'SNGjposição do cateter na artéria um« 1(fluxo passa a ser E —> D) pelo ducto arterial e forame
bilical e em bebês com suspeita de pneumotórax. oval, desvio do septo interventricular para a esquer-
ll Ecocardiografiacom Doppler (eco-Doppler) em da, insuficiência trjcúspide, dilatação ventricular direita
todos os casos para identificar a presença de doença e pressão sistólica da artéria pulmonar > 2/3 da pres-
cardíaca estrutural, determinar se há hipoplasia “'são sistêmica estimada (cálculo:,realizado por'mciº
do coração, estimar pressão da artéria pulmo- de eco-Doppler e com base na velocidade do jato de
nar, grau de shunt e definir o momento ideal da regurgitação tricúspide). Dados clínicos e laborato-
cirurgia. riais podem também evidenciar essa estabilização he-
n Evitar fatores que possam desencadear aumento modinâmica: pressão arterial e freqiiência cardíaca
do vasoespasmo pulmonar e hipertensão pulmo- estáveis, boa perfusão periférica, diminuição < lOmmHg
nar: hipóxia. hipotermia, acidose, aspiração endo- na PaOz pré e pós-ducta] entre dosagens simultâneas
traqueal, procedimentos dolorosos e outros. dos gases sanguíneos, nenhuma flutuação na oxigenaçãº
m Uso de vasodilatadores pulmonares é problemático, pré e pós-ductal notada com estímulos externos (ªªª
pois causam também dilatação da circulação piração endotraqueal, estímulos dolorosos e outro-S),
sistêmica, diminuindo a resistência vascular pe- PaO aceitável (> 60mmHg), saturação do O arteriªl
riférica. Os mais usados são: nitroglicerina, nitro- Z 8 mmHg presente em um período de 12h com tra—
prussiato de sódio, prostaglandinas e tolazolina. tamento adequado, acidose metabólica corrigidª.
.. -..a, ,
Hérnia Diafragma'tica Congênita I 307
ou
PaOl pré—ductal > 50mmHg. O objetivo lume de ventilação. mantendo os pulmões com
um volume relativamente constante, acima da ca—
forma de ventilação suave é ventilar e oxigenar
Ãusar barotrauma, aguardando a remodelação pacidade residual funcional, minimizando a in-
asculariznção pulmonar. Ventilação gentil é a cidência de barotrauma, atelectrauma (subutilização
. egia respiratória caracterizada pela preservação da PEEP, permitindo o fechamento e a abertura
”ª ' ªção espontânea, hípercapm'a permissivo e «
de unidades alveolares de forma'cfclica) e volu-
, ªmento de altas pressões de ventilação. trauma (volumes correntes excessivos e supradis-
Zªparãmetros iniciais do ventilador (fluxo contí— tensão cíclica dos alvéolos).
I Recruta parênquima pulmonar com baixa pres-
ítentilação limitada por pressão e ciclagem por
pçicostumam
'
ser: FiO2
l, o tempo inspiratório (T1)
s, pico de pressão inspiratória (PIP) entre 20 e
são alveolar.
I Melhora a distribuição do surfactante durante a
“%]ij ajustado o suficiente para provocar excur- administração exógena e complacência pulmonar.
abdominais e torácicas visíveis, PEEP (pressão Indicação: hipóxia (saturação pré—ductal persis-
no final da expiração) 3 a ScmHzO, frequên- tente < 80% elou hipercarbia persistente: PaCO2
é'ãpiratória entre 30 a 50cpm_e fluxo de gás entre
min. Saturações pós-ductais baixas (60 a 70%)
> 65%) refratária ao tratamento com VPPAF.
aceitas desde que as saturações pré-ductais per- Vasnnilataeas Pulmonar Seletiva com
ç'am 2 85%. Inalação Ile (lutou Nítrico
durante a utilização dessa técnica convencio—
Lyentilaciio mecânica o paciente apresentar: SaO2 A vasodilatação pulmonar seletiva com inalação de
ctal entre 80 a 85%, PaCO2 > 60 a 65mmHg e
óxido cítrico (ON) pode ser usada nos casos que não
we‘ntos torácicos paradoxais e retrações, deve- estão evoluindo bem, necessitando de PIP > 30 com
[far a ventilação para um método não conven—
allqçm frequência respiratória em 80 a lOOcpm ventilação convencional, antes de ser indicada a oxige—
= ventilação por pressão positiva de alta nação de membrana extracorpórea (ECMO).
cia), tempo inspiratório de 0,3s, PIP 20cm H20, ON end’ogeno é produzido .a partir da L—arginina
. “pcm 1-120
(evita a PEEP inadvertida gerada pelo pela ação da enzima ON-sintetase, presente _nas ce<
Dªte-mp0 inspiratório) e fluxo de gás entre 10 e lulas endoteliais. ON endógeno difunde-se nos mús-
Ãwm'm. Tem o objetivo de aumentar a ventilação- culos lisos vasculares, estimulando a síntese de guanosina
.1-
_to, suavizando os movimentos paradoxais da caixa monofosfato cíclico (GMPc) que relaxa a musculatu-
áctca, sem aumentar o PIP. ra lisa local dos vasos onde abundam (pulmões e cor-
';“stratégia de usar hiperventilação pulmonar, pos cavernosos). ON inalado difunde-se do alvéolo para
'inização e paralisia com curarizantes está aban- dentro da musculatura lisa dos vasos pulmonares, onde
(Hildª. pelo comprometimento da fisiologia cardio- aumenta a concentração de GMPC, produzindo vaso-
llar. barotrauma, desenvolvimento mais fre- dilatação pulmonar. As fosfodiesterases (PDE) degra-
Lº de dano no parênquima pulmonar e perda dam os monofosfatos, inativando seus efeitos. A GMPc
dição. é rapidamente desativada pela enzima fosfodiesterase
tipo 5 (PDE-5), que é inibida por zaprlnaste, dipiridamol
viação Osellalúria ue 1111a 11111111 ncia e sildenafila (Fig. 56.7). Uma vez na circulação sistêmica,
o ON e rapidamente ligado a hemoglobina e inativado,
w mªção oscilatória de alta frequência (VOAF) parece formando metaemoglobina com produção de nitratos.
lima técnica valiosa na estabilização pré-operató- Esse mecanismo evita hipotensão sistêmica e limita o
5'10 tratamento respiratório trans e pós-operatório.
ª"
efeito vasodilatador pulmonar.
Posta de uma fonte de gás contínua e de um Parece ter papel significativo na hipertensão pul—
,? l
que produz oscilação de uma membrana, ge—
.“
monar persistente do recém-nascido, mostrando di-
à
É
308 n Diafragma
minuição significativa da necessidade de ECMO. Estudos mento cardíaco é incerto. Talvez seja secundário à
.de metanalise mostraram que não melhora a sobrevida redução na pós—carga do ventrículo direito ou efeito
a_na hérnia diafragmática. Mesmo assim, continua sendo miocárdico pelo aumento do GMPc. Não ªpresentª
efeitos adversos em outros sistemas hemodinâmicos.
‘.un-M'«
-; ” “ª
usado na esperança de algum sucesso elou redução
ou oxigenação. Melhora a ação do óxido nítrico, po.
, a.
da necessidade de ECMO nessas crianças.
l-lá limitada experiência clínica com o uso de ON em dendo, também, ser usado na retirada dele.
recém—nascidos com hérnia diafragmática. A dose ideal Pesquisa recente em modelo animal revelou que,
é a mínima efetiva (i 20ppm). Efeitos tóxicos: diminuição quando a sildenaiila foi utilizada em combinação cºm
o ON, produziu deterioração inaceitável da oxigenação »
da adesão e agregação das plaquetas, maior risco de
sangramento, dano pulmonar por ação oxidante, ação ao aumentar o shunt intrapulmonar e causar vasodi.
latação sistêmica e hipotensão.
mutagênica e disfunção do surfactante. Seus resultados
podem ser melhorados quando usados em conjunto com O uso de sildenaflla continua sendo debatido e [|on 3m
was»: tir—.a .:
surfactantes exógenos. O efeito do ON também pode pesquisas serão necessárias para definir sua utilidade
ser aumentado e prolongado pela adição de inibidores em hérnia diafragmática.
da fosfodiesterase (sildenalila). Quando usado associado Dose oral sugerida: 2mg/kg a cada 6h. Outros: 05
a VOAF, parece melhorar o shunt intrapulmonar pelo a Img/dose a cada 8h. O comprimido é esmagado e
recrutamento e manutenção do volume pulmonar, fa— diluído em soro fisiológico e dado via SNG.
vorecendo a liberação de ON no local de ação. r,
Embora o ON possa ser efetivo em alguns pacientes
; s at — " e m
com hérnia diafragmática e hipertensão pulmonar. em
llasuuilatação Pllllllllllfll' Sel-tiva com
.,
geral a sua ação é muito pobre e ele não deve ser Milrinuna
»—
usado rotineiramente. Seu uso deve ser limitado aos Milrinoma que é um inibidor PDE-3. A vasodilatação
pacientes com resistência vascular pulmonar supra- pulmonar pode também ser produzida pelo aumento 3
sistêmica e adequado rendimento do ventrículo es—
querdo (sem fluxo sangiiineo ducto—dependente).
da concentração intracelular de adenosina monofosfato Í ,
cíclico (AMPc) como resultado de sua produção
aumentada (agonistas beta-adrenérgicos) ou de seu
llasuuiiatação Pullgunar Seletiva com metabolismo diminuído (pela inibição da fosfodiesterase
PDE—3). Os inibidores da PDE-3 aumentam a con-
s - z - Q L Ç'
l
Sildenafila magra.] centração de AMPc nos músculos cardíacos e mus-
Sildenaiila é um inibidor da PDE-5 (fosfodiesterase tipo culatura vascular lisa, produzindo efeitos inotrópicos
5), sendo também um potente vasodilatador pulmo- e vasodilatadores pulmonares. Os inibidores da PDE-
nar seletivo. Promove um nível aumentado e susten- 3 são a anrinona, milrinona e teofilina.
tado de GMPc (Fig. 56.7). Além de causar diminuição Os agentes vasodilatadores que aumentam a AMPc
da resistência vascular pulmonar, aumenta o rendimento _incluem o*isoproterenol, prostaciclina, prostaglandina
cardíaco. O mecanismo que causa aumento do rendi— ,El , dobutamina e inibidores da fosfodiesterase. Porém,
a maioria também funciona como vasodilator sistêmico.
Os vasodilatadores que aumentam aAMPc e a GMPc
podem agir sinergicamente ou aditivamente para pro-
ONi duzirem relaxamengo da musculatura lisa vascular.
,ª
| Recentes trabalhos têm mostrado em alguns pacientes.
com hérnia diafragmática que a massa ventricular esquerda
também'está diminuída, contribuindo para a hiperten-
Sildenafila _ “MPC &o— são pulmonar e o rendimento ventricular esquerdo _
ã. diminuído. Talvez esse seja o mais importante deter-
minante da pouca, ou nenhuma, resposta ao ON. ESSE
PDE-5 & rendimento ventricular esquerdo diminuído torna a
' É circulação sistêmica dependente do ventrículo direito
S-GMP
Vasodilatação
;_g para a adequada perfusão sistêmica. Nesses casos, tem
sido preconizado o uso de prostaglandinas (PGEl) pan!
2
manter a permeabilidade do ducto arterial e a melhorª
farmacológica da contratilidade miocárdica e [endl-
mento cardíaco do ventrículo esquerdo com milrinonª.
Figura 56.7 JMecanismo de ação do óxido nítrico inalado um dos inibidores da fosfodiesterase PDE—3.
(0N1) e ação da sildenafila. ONi ativa a enzima GMPc protel-
na
(mesa. leva
que da concentração
ao aumento de GMPc
na musculatura lisa vascular. Aparece relaxamento da mus- Suriactama
culatura lisa. PDE—5 inativa a GMPc. A sildenafila inibe a ação Em adição à hipoplasia pulmonar, resistência vachlflr
da fosfodiesterase, aumentando a concentração de GMPr.
GMPc = guanosina monofosfato cíclico; PDE-5:fosfodies- pulmonar elevada, vasorreatividade anormal & Pfº'
terase tipo 5. sença de mediadores vasoativos elevados, existe ªln'
I
i
|
,
'
“tº a ser administrado o mais precocemente possí- o cirurgião a determinar o grau de restrição
“l. preferencialmente antes da primeira respiração, respiratória e a necessidade de criar uma hér—
ois costuma ser inativado pelas proteínas séricas nia ventral temporária.
ILaparotomia subcostal realizada dois centíme—
uavasadas nos alvéolos (fenômeno da inativação). tros abaixo do rebordo costal. Um pequeno coxim
'iventilação inicial do paciente com hérnia diafrag—
deve ser colocado debaixo da transição toraco-
,
“ãtica pode produzir suficiente barotrauma e transu—
d ões de proteínas, inativando o surfactante exógeno. lombar ipsilateral para elevar a margem externa
or isso, deve ser enfatizada nesse momento a impor— da incisão, permitindo melhor exposição.
!Campos operatórios são colocados de maneira a
ánma do diagnóstico pré—natal da hérnia diafragmática.
'surfactante deve ser instilado a cada 6h (quatro doses), permitir fácil acesso ao hemitórax contralateral
'
ndo a primeira dose administrada, preferencialmente, no caso de ocorrer pneumotórax contralateral in-
tra-operatório.
'
mies da primeira respiração (necessário o diagnósti—
cafpré-natal). Dose: 100mg/kg de fosfolipídeos. Tem n Objetivos cirúrgicos: definir precisamente a ana-
tomia, dissecar tecidos meticulosamente, pres-
'idoados
sugerido seu uso associado ao óxido nítrico.
tar atenção à hemostasia (principalmente pacientes
observacionais não sugerem benefício com
o de surfactante nos pacientes com hernia dia- em ECMO), o reparo deve ser feito sem tensão,
gmática. Seu uso é controverso. tratar malformações associadas.
II Identificar adequadamente o defeito diafragma-
tico, reduzir as vísceras herniadas com delica-
enganação ue Membrana Ertracamúrea deza, visualizar o pulmão hipoplâsico. Caso não
seja possível, pensar na possibilidade de existir
'
em sido indicada nos centros que a possuem para os
um saco herniário que deva ser ressecado. A iden—
.bgliês sem anomalias letais associadas e com satura-
'
_ de ventilação. _
Dar preferência aos ventiladores infantis conven-
cionais em vez dos ventiladores de anestesia.
A, - Evitar excessivas pressões de ventilação no
esforço de expandir o pulmão atelectasiado e Figura 56.8 (A e B) Defeito diafragmático corrigido por
-
hlpoplásico. Excessiva pressão ventilatória pode meio de pontos em U colocados no sentido horizontal. Adap—
resultar em pneumotórax contralateral. tado de Puríª.
W
mm
"W _
. r
310 II Dialragma
|
filamentar (Marlexº), silicone (reinforced Silasticº), da cavidade abdominal (como se faz nos casos
politetrafluoretileno (PTFE), Gore-Tex” (PTFE- dos defeitos da parede abdominal anterior) e indi-
arcs-u L-su
expandido), dura-mater liofilizada e outros. A pró- car—se a colocação de tela de silicone reforçada
tese mais recomendada atualmente tem sido o fixa nos bordos musculoaponeuróticos da pare—
Gore—Tex”. de abdominal. ou o fechamento somente da pele,
E No caso de recofrência da hérnia diafragmática ., criando uma hernia ventral.
pós-fechamento primário, está indicado o uso de
retalhos musculoapcneuróticos. Os retalhos mus- *' No caso de hérnia diafragmática direita, a via de
acesso preferencial é por meio de laparotomia
culares mais utilizados são músculo intercostal, quando o conteúdo herniado for constituído também
músculo oblíquo interno e transverso (o mais por intestino, alem do fígado. Quando somente
utilizado), reto abdominal e grande dorsal. A taxa
o figado estiver hemiado e tivêr forma de ampulhrr
de recorrência varia de 6 a 75% e 6 mais comum ta, o acesso transtorácico através do sº espaço in-
nos casos que necessitaram de telas. O cresci- terqostal direito é o indicado.
mento nonnal da criança leva à tração e eventual
deslocamento da prótese. O retalho do músculo
B 0 drenotorácico é conectado em selo d'água
2cmHIO
com
de pressão negativa. Preferimos deixar
grande dorsal tem sido usado nas grandes hér—
o dreno clampeado, aliviando o clampeamenlº
por um curto período de tempo a cada seis ho-
ras, permitindo delicada expansão pulmonªr e
assim prevenindo balanço do mediastino. Quªndº
a drenagem é colocadaem'selo d'agua sem
peamento, acontece expansão pulmonar muitº
clarii-
rápida com risco de hiperinflação e barotraumª-
Alguns autores preconizam a drenagem [ºff-'mca
bilateral profilática, enquanto outros preconizªm
a não utilização de drenagem torácica. Esses ultimºs
argumentam que o ar pleural remanesçe'l'lte P'º'
WW» administrado pós-natal nos bebês em oxigenação 4. WUNG, J. Management of infants with severe respiratory failure
gªiolª); de membrana extracorpórea e ventilação mecânica. and persistence of fetal circulation without hyperventilarinn
t
“:s “a '
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teróides, hormônio tireóideo e fatores '
“ . s r - a vª ut
nitric oxide and intravenous milrinone in experimental pulmonary
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: “. € - r g a
l
._—f
. 5%
——-—— Hérnia Díafragmática de Margagm'
.1121 Diafragmática
transverso. A falha de fusão entre os elementos tendi—
{it nosos da parte esternal e aqueles crescendo dos sete
arcos costocondrais deixa uma área sem músculo. o
'orgagni
trígono costoesternal. conhecido como forame de
Morgagni. Esse forame estende-se do esterno medial-
mente à oitava cartilagem costa! lateralmente. Isso
forma um pequeno defeito subcostoesternal anterior,
coberto por um saco constituído por uma camada de
pleura acima e peritônio abaixo.
...
rfierite, hérnias bilaterais podem comunicar—se
?fn'édia, formando um grande defeito diafrag- INVESTIGRGÃII DIAGNÓSTIBR
o'anterior. I Radiografias de tórax (antero-posterior e lateral):
\v‘
“ª“ tação intestinal (25%)etrissomia2l (15a20%). IIndicação cirúrgica: para evitar encarceramento e
estrangulamento e corrigir sintomas, quando exis—
nt'e'w do da hérnia: cólon transverso, omento, tentes. . "3
gado, intestino delgado, estômago, baço.
'a
" rara, como componente da pentalogia de It Vias de acesso: subcostal, transversa supra-umbi-
trell: onfalocele epigástrica, fenda estemal in- lical e mediana supra-umbilical. A via transabdo—
.rmr, defeitos cardíacos (incluindo ectopia cordis minal tem sido indicada pela facilidade de redução
racoabdominal), defeitos pericárdicos e her-
"ardiafragmática anterior.
‘W
PS pericárdica e peritoneal. Cresce dorsalmente
6,,
se cºm 0 mesentério do intestino primitivo
ateralmente, o septo funde-se à membrana Figura 57.1 — Hérnia retroesternai. Radiografia de tórax em
projeção antero-posterior demonstrando alargamento do
o—se ao componente muscular mediastino inferior, alças intestinais acima do diafragma e
º do terceiro ao quinto miótomos cervicais.
posteriores ao esterno e imagem sugestiva de saco herniário.
R ªí- I
314 I Diafragma
ns.—52,3
Eventração Diafragmática 315
MAIFOBMIGÚES ASSGBIIlIlIiS
Comuns na eventração do tipo congênita.
E Hipoplasia pulmonar, segmentação pulmonar
anormal, traqueomalácia.
n Defeitos cardíacos.
u Anomalias esqueléticas: defeitos de costelas, hemi-
vértebras, pés tortos.
!! Rins ectópicos, volvo gástrico.
a Hidrocefalia.
Fiação diafragmática é o termo usado para defi-
êlevação anormal do diafragma, que pode ser
IFenda palatina.
síndrome de Mõbius
. 331111
ll Trissomias 13, 15 e 18 e
on adquirida (paralisia diafragmática). têm sido relatadas associadas aeventração bila-
huação congênita é uma-anormalidade de desen-
teral.
iínento do diafragma caracterizada por hipoplasia
cfilar causada por defeito da sua0 muscularização,
“indo a espessura variar desde normal até uma FISIIIPIlTOlIIIiII
fi‘ana muito fina, sem fibras musculares. Essa IA insuficiência respiratória é causada por hipo-
.pasia pode ser parcial ou completa. Eventração ventilação alveolar (compressão do parênquima
IÉLPºdº ser indistinguível de uma hérnia diafrag— pulmonar pela eventração) e aparecimento de res-
19g com saco. .
piração paradoxal relacionada ao hemidiafragma
forma adquirida (paralisia) geralmente é secun— contralateral. É mais grave no recém—nascido (RN)
aà lesão e paralisia do nervo frênico. 0 músculo que necessita da excursão diafragmãtica para uma
'agmático é normal em sua distribuição, mas é
ventilação adequada.
àtênue e inativo. Características do RN que pioram a hipoventílação:
IMusculatura intercostal pouco desenvolvida.
ll Orientação horizontalizada do arcabouço costal.
E Extrema mobilidade do mediastino, que tende a
ação entre a oitava e décima semanas de ges-
i'o elo crescimento de fibras musculares oriundas pio'l—ar a respiração paradoxal.
eptoiransverso e miõtomos cervicais. A eventração
I Musculatura'ventilatória mais suscetível a fadiga
(muitos desses bebês são de baixo peso).
pifa resulta da falha parcial ou completa dessa IFacilidade de obstrução dos bronqqulos por
. [atuação. secçeção, principalmente na posição supina.
pãialisia diafragmática deve—se à lesão do nervo Posição recumbente doi'ninante, quemreduz a ca-
ll
o'pa região cenn'cal ou mediastinal. Denervação
le'ta (rara) pode levar à atrofia das fibras mus— pacidade vital, facilitando a retenção de secreções
es do diafragma, passando a assemelhar-se, micro brônquioas.“
Croscopicamente, a uma eventração congênita. O bebê com eventração tem função pulmonar com-
_ cipais causas de paralisia são: prometida por redução do volume intratorácico
e movimento paradoxal do diafragma. Cada es-
grªma de parto, geralmente parto pélvico, fre-
quentemente acompanhado paralisia de Erb
forço inspiratório do diafragma contralateral fun-
por cionante empurra o hemidiafragma paralisado do
ªggvido à tração do terceiro, quarto e quinto ner- abdome para o tórax, comprimindo o pulmão
,
~s cervicais.
,‘JUI'gias no mediastino, principalmente para
ispsilateral. O mediastino extremamente móvel
do recém—nascido é deslocado para o lado con-
%?ITºÇão de defeitos cardíacos congênitos (tetralo— tralateral, limitando e comprimindo o pulmão
gra de Fallot, shunt de Blalock-Taussig, proce— contralateral normal.
_.!llento
, de Fontan).
. I As alterações gastrointestinais (regurgitação, vô-
mitos e alimentação deficiente), mais raras do que
as respiratórias. geralmente estão relacionadas às
alterações do ângulo gastroesofágico. esfíncter
Eventração congênita predomina no lado direito. esofágico incompetente, ou alterações no eixo do
..Vºntfªçao por paralisia afeta, indiferentemente, estômago (volvo gástrico). Geralmente, são se—
agimos os diafragmas. cundárias às eventrações esquerdas e volumosas.
316 I Diafragma
m g - R I u rl a L
pélvica, bebês a termo ou grandes para a idade de lesões justadiafragmáticas.
gestacional, paralisia de Erb, cefalematoma, fratura
de clavícula, paralisia facial, síndrome de Homer 11111811081181] DIFEBEIIEIAL
unilateral, torcicolo, cirurgias cervicais e torácicas
prévias. Principais:
n Sinais e sintomas respiratórios: sibilância, taquip- El Pneumonia lobar inferior.
néia, dispnéia, cianose, retrações, diminuição do m Tumor de mediastino.
murmúrio vesicular, infecções respiratórias de Tumor hepático.
repetição, intolerância aos exercícios, dispnéia H Seqiiestração lobar.
na alimentação, sofrimento respiratório, depen— n Abscesso pulmonar.
dência de oxigênio, retenção de CO.
!: Sinais e sintomas digestivos (mais
raros): vômitos,
regurgitação, perda de peso ou retardo de cres-
11111111111110 ';
cimento, distensão gástrica aguda. u Identificar doenças associadas que possam estar
causando ou piorando o quadro clínico atual: pneu-
lIWESl'lGIÇÃB BMGHÓSTIGII monias, doença da membrana hialina e anoma-
lias cardíacas.
:! Radiografia de tórax em respiração espontânea: n Inicialmente o tratamento baseia-se no suporte
elevação do hemidiafragma comprometido e ventilatório. Ocasionalmente, nos casos mode-
desvio do mediastino (Fig. 58.1). Na criança em rados e leves, só são necessárias oxigenoterapia
ventilação positiva, o hemidiafragma afetado cos- e posição com decúbito elevado.
tuma ser deslocado para baixo até uma posição II Nas lesões traumáticas do nervo frênico há sig-
normal pela pressão positiva fornecida pelo ven- niftcativa tendência para a recuperação espon-
tilador, tornando o diagnóstico de eventração tânea (80%) e tern-se recomendado ventilação
impossível. corn pressão positiva contínua (CPAP), aguar-
B Fluoroscopia durante respiração espontânea: es—
dando um período de duas a três semanas para
tuda dinamicamente a função diafragmática.
B Ultra-sonografia em respiração espontânea: o ocorrer a recuperação nervosa, antes de se deci-
e dir pela indicação cirúrgica. Alguns cirurgiões
método de escolha atual, pois permite o exame
junto ao leito do paciente. Identifica o hemidia—
cardia‘cos têm proposto correção cirúrgica pre-
coce com o intuito de evitar uma maior taxa de
infecção respiratória e um maior tempo de ven-
tilação mecânica e diminuir o tempo de hospita-
lização e custos'. *—
'
pªcientes sem cirurgia intratorácica prévia e sem
trªumª de parto devem ser considerados porta-
—- Hemidiafragma esquerdo: correção cirúrgica
por via subcostal pelo risco de lesar estrutu-
dores de eventração congênita. ras situadas no lado oposto do diafragma (prin-
As indicações cirúrgicas são controversas. As cipalmente alças intestinais pela plicatura de
, s e õ v o rt s e . — w u
principais são:
- Crianças
' . . um diafragma tino) e quando há volvo gástri-
1.
fª
, ,. gm
com ticiência respiratória prolon-
lnsu
co (pode ser necessária gastropexia).
. W, r.
,
gada (14 dias) sem melhora com tratamento
não-operatório prolongado e que não podem
-—
Hemidiafragma direito: córreção cirúrgica por
toracotomia, pois o fígado costuma dificultar a " .?
gw
«
%“ ser desmamadas do ventilador. o procedimento cirúrgico pelo abdome.
Reentubações recorrentes.
—
we»:
_ ,, .- Eventração bilateral: subcostal bilateral, ou trans—
P:. .. Crianças com insuficiência respiratória agu-
—
versa superior. Mobilizar totalmente o fígado.
da que não melhoram com ventilação corn pres-
Nos casos em que há necessidade de correção
são positiva. de defeito cardíaco associado: toracotomia.
.. Crianças com insuficiência respiratória sem —-
Eventração com sintomatologia gastrointestinal,
cirurgia intratorácica prévia ou trauma de parto.
-
ou suspeita de má-rotação, deve ser acessada
Presença de pneumonias de repetição.
-_
por laparotomia.
Eventração bilateral (Fig. 58.2). ITécnica cirúrgica mais utilizada atualmente:
Volvo gástrico ou refluxo gastroesofágico plicatura diafragmática com quatro a seis filei-
intratável. ras de fio inabsorvível nº 2-0. Técnica simples,
ª. Objetivo da cirurgia: imobilizar o diafragma em não resseca músculo e a direção das suturas
“: uma posição baixa para suprimir a respiração minimiza a possibilidade de lesar ramos do nervo
paradoxal, a compressão do pulmão ipsilateral frênico (Fig. 58.3). Geralmente, as margens
e o desvio do mediastino. diafragmáticas possuem boa musculatura. Caso
:1 Vias de acesso: subcostal ou toracotomia póstero— essa musculatura seja deficiente, a sutura deve
lateral, 6ª a7ª espaço intercostal. englobar a costela.
IRecorrência: repetir plicatura colocando prótese
de politetrafluoretileno (PTFE) ou flap de mús—
culo transverso abdominal sobre a plicatura para
reforçá—la.
GGMPLIBRGÉES
A morbi-mortalidade é dependente de anomalias
. Pontes de
‘
associadas (principalmente hipoplasia pulmonar,
sutura cardíacas e cromossômicas), eventração bilateral,
entubação prolongada, prematuridade e recorrência
da eventração.
REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA' ,
zibfialoceleeGaStrOsqulse
do Psoas
.. .. .. .. ... .... ...................... 33o
ª::
342
.
Hérnia Inguínal u 321
—
Figura 59.1 Hérnia inguinal incompleta (A) e hérnia inguinal
completa (inguinoescrotal) (B). Adaptado de Peterlíni'.
n'gúinal na criança é a saída de uma viscera, do anel inguinal interno até o testículo. Na menina,
"delª, da cªvidade abdominal para a regiao o conduto peritoneovaginal. é denominado de canal
”fºi meio de um defeito congênito (processo de Nuck. A obliteração incompleta predispõe à for-
' persistência do conduto perrtoneovagrnal) mação de hérnia inguinal, cisto de cordão, ou hidrocele.
. s‘1aramente, por defeito da parede posterior. Ao nascimento, a grande maioria dos condutos (80%)
,ªíiiiguinal redutívcl: conteúdo saco hen
()
do
'
.
é a persistência do conduto peritoneovaginal, a qual é
ntlâduzido na cavidade abdominal, aparece definida, classicamente, como a persistência do con-
“ªe“timento de sua irrigação sanguínea que, se duto com comprimento mínimo, sem tração. de 2cm
s'i'vel, leva à sua necrose.
3113‘ inguinal incompleta: o conteúdo do saco e luz óbvia comprovada pela introdução de estilete
ou ar injetado.
'oy'ão está em contato direto com a túnica vaginal
Iiédlo. Hérnia inguinal só aparecerá quando entrar uma
sininguinal completa (inguinoescrotal): o con— víscera ou parte de uma viscera dentro dessa persis-
do; aco herniário está em contato direto com tência do conduto. Hidrocele e hérnia de cordão são
Vaginal do testículo (Fig. 59.1). caracterizadas pela presença de somente liquido dentro
de deslizamento: parte de uma viscera ab— do processo vaginal. O processo vaginal patente é uma
stitui uma das paredes do saco herniãrio.
cidivada: hérnia que reaparece após cor-
hérnia
earn potencial. A diferença entre hérnia inguinal,
cisto de cordão e hidrocele esta fundamentada no ca-
‘
f'rgica. ' libre do processo vaginal e conteúdo do saco, sendo
1a*"de Richter: somente uma porção do con— no caso de hérnia o saco mais largo e contendo viscera
sa'cb hemiário é aprisionada no anel herniário. intra—abdominal, ao passo que'nos casosíde hidrocele
trade Littré: a porção do conteúdo hemiãrio apri- e cisto de cordão, o saco é estreito e só contém fluido
a iii) a'nel herniário é um divertículo de Meckel. peritoneal.
Existem certos'fatores predisponentes que, agindo
sobre o processo vaginal, podem favorecer o apare-
cimento de hérnia inguinal. Esses fatores são:
to peritoneovaginal origina—se de uma eva- ITonicidade diminuída da musculatura da região
do peritônio (como se fosse um dedo de luva) inguinal (prematuros, desnutridos, doenças mus-
se riicia durante o terceiro mês de vida intra-
"giª. Essa evaginação peritoneal é causada pelo culares e do tecido conetivo).
_ Egr'da pressão intra—abdominal derivada do cres-
IAumento da pressão abdominai=(ascite, massas
abdominais).
tq'g'nais rápido dos órgãos intra—abdominais do I Diâmetro aumentado da porção proximal do pro-
a'vidade peritoneal. O conduto peritoneovaginal cesso vaginal.
fl'curso do gubernaculum testis, um ligamento
globular que orienta a descida do testículo intra- As hérnias diretas, surgidas após a correção de uma
Pllftªl para dentro da bolsa escrotal, através da' hérnia indireta, têm como causa: ,
“inguinal em formação. Sua porção mais distal INão reconhecimento do defeito de parede pos-
avoiver o testículo e formar a túnica vaginal do terior durante o reparo cirúrgico de uma hérnia
. ,— 7 “
º: lº e o restante do conduto vai sofrer reabsor-
indireta.
Qºªªparecer. O processo vaginal, após a descida Lesão do assoalho posterior durante a correção
Ular estar completa, oblitera-se espontaneamente
.
«W
322 ª ParedeAbdomínal
EFIBEIIIBIIIGIII
IPrevalência geral: 0,8 11 4,4% das crianças.
IPrevalência em prematuros: 5 a 25% (< 1.000g).
dependendo da idade gestacional. u r -t a e M
.
tn Costuma ser seis até nove vezes" mais frequente
aos meninos (a descida do testículo retarda o
fechamento do conduto).
, . x 5 4' 1
ri:
IA frequência dos lados e a seguinte:
.,- nr.
— Em meninos: direito, 60%; esquerdo, 25 a 30%;
bilateral, 10 a 15% (o testículo esquerdo des-
ce primeiro que o direito).
n
- Em meninas: direito, 60%; esquerdo, 30%; bi<
lateral, 10%.
Essa taxa de bilateralidade corresponde ao
diagnóstico pré—operatório.
IHistória familiar: 11%.
493:
.MS.—re
fl Bilateralidade nos prematuros: i 40%.
E Em 15 a 20% das hérnias em meninas, o ovário
(i 50% dos casos), a trompa de Falópio (12%). Figura 59.3 — Hérnia inguinoescrotal bilateral. Criança maio;,
. ª:,f
ovário e trompa (15%) e até o útero constituem em pé.
tn»:
uma das paredes da hérnia deslizada.
lPrevalência de hérnia direta (causada por defei»
to na parede posterior do canal inguinal): 0,5%. caso de não haver abaulamento da região inguinal,
|!
Prevalência de hérnia crural ou femoral: 0,2%, nas crianças que cooperam, solicitzkse que fa-
como
,,..w-ew
mais freqiiente em meninas (2:1)I mais frequen— çam esforços (manobra de Valsalva) so- i
te no lado direito e bilateralidade de 10 a 15%. prar na mão sem deixar o ar escapar ou tossrr na :5 4
.*
IAproximadamente 15% de todas as crianças com posição de pé (Fig. 59.3). Nos lactentes. quando
.
hérnia inguinal terão algum episódio de encarce-
ramento. Setenta por cento dos encarceramentos
ocorrem no primeiro ano de vida.
a hérnia inguinal não se torna visível a inspe-
ção, pode-se coloca—los de pé (apoiadosipela mãe)
para facilitar o aparecimento da hérnia.
.“ w
Ia Palpação da região inguinal e inguinoescrotal:
“, e a
massa na região inguinal de consistência mole,
lunnro 1111111130 redutlvel com borborigmo e pólo superior não
a u r c - . et
IHistória de aumento de volume na região inguinal palpável por sua continuidade com a cavidade
:
,
Exploração inguinal contralateral de rotina em
crianças com hérnia inguinal unilateral não está
sendo mais recomendada, pela baixa incidên- g a r ª- , :
“:"
cia de hérnia contralateral após herniorrafia uni-
lateral (10 a 15%). Exceções: todas as crianças
com aumento da pressão intra—abdominal (de-
rivação ventrículo-peritoneal, diálise peritoneal,
ou ascite), doenças hematológicas (hemofilia,
anemia falciforme), existência de riscos anes-
tésicos na necessidade de um segundo proce-
dimento (prematuro com doença pulmonar) e
bebês prematuros (alta taxa de hérnia contra-
a59.4 sinal da seda. Observar espessamento do cor- lateral). Hérnia contralateral costuma ocorrer
sensação de seda. precocemente, geralmente entre um e dois anos
pós—reparo unilateral inicial (80%).
I RN prematuro até 45 semanas pós—concepção (so-
, plasma sem confirmação diagnóstica pelo cirurgião. ma da idade gestacional + idade pós-natal) e outros
prematuros com episódios de apnéia prévia ou
Assunto controverso. Aproximadamente 12% das história de doença pulmonar (doença da mem-
hérnias observadas pelos pais ou encaminhadas
'
elos pediatras não estão presentes na explora— brana hialina, displasia broncopulmonar) devem
ser hospitalizados e monitorados por 24h pós-
operatório. Têm risco de apnéia pós—operatória
e bradicardia, pois apresentam o controle do centro
respiratório pobremente desenvolvido, arcabouço
costal cartilaginoso facilmente colapsável e de—
ficiência nas fibras musculares fadiga—resisten-
tes do diafragma. Evitar uso de narcóticos e
relaxantes muSculares, Pensar no uso de bloqueio
caudal. Em pacientes que foram extubados re—
is'íno dos mucopolissacarídeos). centemente após longo período de ventilação me—
índrome de Ehlers-Danlos (doenças do tecido
cãnica, sugere-se evitar,a anestesia geral e colocação
_oe.tivo) ' '
w g a L —; º nª
posterior do músculo oblíquo interno e trans.
verso (manobra de Barker). Tem o ºbjetivo de .
.
evitar a rotação uterina pela perda de fixaçãº
bilateral do ligamento redondo. Essa mano.
ª“
bra é válida para herniorrafra bilateral. ,,
'“
. (Smg/mL), na dose de nglkg de peso. Regra
prática: infiltrar bupivacaína 0,25%. 0,8mL/kg
realizado por meio de sutura intradérmica
continua com fio de mononylon 4-0 ou 5-0,
de peso e bupivacaína 0,5%, 0,4mI./kg de peso. ouVicryl® (poligalacnna 910) 5-0 incolor, ou por
4 'Ropivacaína com dose máxima recomendada pontos subdérmicos interrompidos com poli—
galactina 5—0.
33;. A
de ?,Smg/kg de peso. ropivacaina está as—
--
na — ç r l - 9 L S
socrada a menor toxicidade. O curativo da herniorrafla pode ser plástico
' Vantagens do bloqueio regional. semitransparente permeável (Tegadermº ou
Bioclusivéº), que permite o banho precoce e
,.“ ' Diminui a dor pós-operatória.
1;} ' Diminui a necessidade dos analgésicos pós- elimina o problema de contato da ferida cirúr-
operatórios e seus paraefeitos. gica com feºzes e urina ”do lactente.
' Reduz a quantidade de anestésicos gerais,
quando infiltrado pré-operatoriamente.
— A revisão pós—operatória é realizada no segundo
e'sétimo dias (em que os pontos são removidos,
-
Tem duração de ação de 6 a 8h. se forem inabsorvíveis); a atividade física mo-
-Incisão transversa medindo aproximadamente
2cm de extensão, situada na prega abdominal
derada não é restringida. Para evitar trauma
direto sobre a incisão operatória evitam-se, du-
'
inferior, lateral ao tubérculo púbico. rante duas semanas, o jogo de bola e andar de
l ;
—Abertura da aponeurose do músculo oblíquo
extemo, lateral ao anel inguinal externo e sem --
bicicleta.
Podem-se utilizar duas técnicas operatórias pªrª
corrigir hérnia deslizada. Geralmente, as víscerªs
ª
sua abertura, estendendo-se até o anel interno.
: Em lactente com hérnia pequena é possível a deslizadas situam-se na porção postem-medial
mobilização e tratamento do saco hemiário sem do saco herniário (trompas. útero, bexiga)-
"
|
.1
ªº
'écnica dos retalhºs. Incisões longitudinais - Ausência de vaso deferente indica investiga—
realizadas na parede do saco hemiário em ção subseqíiente dos rins (possível agencsía
"ªmbºs os lados da viscera deslizada atéjunto renal) e de fibrose cística.
_ "faz
.30 anel interno. Forma-se um retalho (flap) —- Aproximadamente 75% das meninas com insen—
*
Í
,: parede
e do saco de que a viscera deslizada
reduzrr—se o retalho para a
sibilidade androgênica completa apresentam—Se
Após
parte. com hérnia inguinal. A genitália externa delas é
peritoneal, o saco e posteriormente
r'czwidadecom normal. A estimativa de incidência dessa síndrome,
'fechado
'É «da
ligadura alta. Se o componente
hérnia deslizada for o apêndice cecal, está
nessas meninas, é de aproximadamente 2%.
Durante o transoperatório de uma herniorrafia
"“ íínversão do coto apendicular ou a técnica de
indicadª apendicectomia convencional com inguinal em menina, é recomendável que o ci—
rurgião tracione o ligamento redondo e visualize
'
'1 Lillye Randolph com completa desvasculari— atrompa. Em hérnia inguinal bilateral, em criança
zaci'io
do apêndice e sua inversão total (so- com genitália externa feminina, a identifica-
ªmcnteindicada nos lactentes). Após, faz-se a ção das trompas bilateral mente afasta qualquer
‘
”ligadura alta do saco. O apêndice costuma des— diagnóstico de intersexo.
Embriologicamente, o desenvolvimento de uma
7», lizar na porção pósterodateral da região ingui-
,,,nal direita. . - trompa de Falópio está na dependência do fator
'No caso de hémra crural (femoral), a correçao inibidor miilleriano secretado ipsilateralmente
, mir-gica deve ser efetuada por meio da técnica pelo testículo em desenvolvimento. Logo, a
de McVay (reparo da fáscia transversalis ao liga- ausência de secreção desse fator pela gônada
. r"(memo dc Cooper), ou por acesso infra—inguinal só interfere com a presença da trompa de Falópio
_
1“ bm aproximação do ligamento inguinal à fáscia daquele lado.
“
-
Inexperiência cirúrgica.
Distúrbios neurológicos (problemas relacio-
nados a nutrição ou a espasmos e convulsões
Aparecimento súbito de tumor na região inguinal
ou inguinoescrotal.
Episódio anterior de encarceramento necessitando
"' e derivação ventrículo—peritoneal). de hospitalização e/ou redução manual.
"
Deficiência muscular e friabilidade dos teci-
dos: (sindrome de Ehler-Danlos, síndrome de
I Dor na região inguinal, inguinoescrotal, ou ab—
dominal inferior na criança maior.
"ª, Hurler—Hunter, anomalias da parede abdomi-
551; nal, fibrose cística do pâncreas, doença pul-
I Choro, irritabilidade e recusa alimentar no lactente.
Constipação, mais raramente diarréia.
ar: monar crônica, desnutrição). II Vômitos, inicialmente reflexos alimentares e, pos-
. . T Em doenças metabólicas e mesenquimais, além teriormente, biliosos.
. 's-Mligadura altado saco herniãrio devemos acres-
fl
I Tumor visivel e palpável na região inguinal ou in-
centar o fechamento do anel inguinal interno. guinoescrotal, doloroso, sem pólo superior iden-
*Se a fáscia transversalis estiver enfraquecida, tificável, consistência endurecida e com edema
É. ,Colocar prótese de Marlexº. e hiperemia da pele suprajacente (Fig. 59.6).
.»:
I Linfadenite inguinal ou crural.
I Cisto agudo de cordão ou do canal de Nuck_
Tratamento
Sempre tentar a redução manual, que será efetiva em
aproximadamente 90% dos casos, exceto:
I Sangue nas fezes.
I Sinais de irritação peritoneal.
I Sinais de toxicidade (febre, taquicardia, leuco.
citose > 15.000 leucócitos).
I Pneumoperitônio.
I Choque séptico.
Figura 59.6 — Hérnia inguinal esquerda encarcerada.,Notar I Criptorquidia associada.
significativa distensão abdominal.
'“ I Acentuada distensão abdominal.
5 L 8-ac zsI 9
de cetamina (Ketalar') l a ng/kg/dose intravenosa
ITorção de testículo inguinal ou de apêndice tes- (IV) e midazolam 0,1mg/kg/dose IV. Caso não
ticular. estiver com acesso venoso, a sedação pode ser l:
feita por via oral *com cetamina 6mg/kg/dose e
midazolam 0,6mg/kg/dosefver Cap. 5).
I Controle rigoroso em unidade de cuidados in-
termediãrios (risco de vômitos, depressão res-
piratória e hipotermia).
I Após sedação, aguardar alguns minutos esperando
redução espontânea. Caso não haja êxito, rea-
lizar redução manual com manobras suaves. O
primeiro e o segundo dedos da mão esquerda fi-
xam o anel inguinal interno, enquanto, com ª
mão direita, se comprii'ne' o conteúdo encarce-
rado para cima em direção ao anel inguinal in-
temo, mantendo pressão constante.
I Se obtida redução manual, indicar, mantendº
paciente hospitalizado, reparo eletivo em 48h.
º
I Se não reduzir manualmente,
indicar cerrªçãº
cirúrgica de urgência. O acesso e reparo cirúrgicº
devem ser realizados por via inguinal. Se hºu“
ver dificuldade na redução, o anel interno devº
Figura 59.7 - Técnica de exame bimanual de uma hérnia ser alargado por incisão cranial do tendão con—
encarcerada. Toque retal e palpação do anel interno para
identificar a alça aprisionada. junto. Caso houver necrose intestinal e for ne-
He'inia Inguinal !
327
UU
Mn
e'x
lotação abdominal separada por inci-
ɪquadrante inferior direito.
ci
>
.baomxnomguinommui
amoral lngulnmuml
iõá'nte) ou comunicante. Cisto de cordão é o
Tíde líquido peritoneal dentro de porção do 'Figura 59.8 — (A — C) Hidrocele residual ou não-comunicante.
Çplentoneovaginal que persistiu sem relação
Wii
única vaginal do testículo. Também pode ser
“dir comunicantes,
comunicante. Nas hidroceles e cistos de
gat; o processo vaginal oblite-
(: certa quantidade de líquido peritoneal ficou
tida na túnica vaginal ou em qualquer outra
36 conduto peritoneovaginal. Esse tipo de hi-
ãé comum de cordão
nos primeiros meses de vida. Nas
eles e cistos comunicantes, o pro-
vàginal encontra-se aberto, podendo fluir livre—
líquido peritoneal da cavidade abdominal para
ããªiraginal
’1 ou para qualquer outra porção do Hidrocele comunlunte Hídrocele :umunkante
iglque
i persistiu e vice-versa. com luz Irregular estreita
Mí
foi sempre invariável'? (Hidrocele ou cisto de
*
cordão residual).
É— O aumento de volume vem diminuindo lenta—
mente ao longo das semanas e meses? (Reab—
3 sorção de uma hidrocele ou cisto de cordão w
Lresidual).
': O aumento de volume sofre variações diurnas,
('
sendo maior no fim do dia e menor pela ma—
»! nhã? (Hidrocele e
cisto de cordão comunicante).
'— O aumento de volume apareceu subitamente?
*
—
algumas características: ciada à hérnia inguinal. (C) Hidro ele abdominoescrotai. (D) Hi-
A consistência do aumento de volume costu- drocele gigante.
ma variar do mole ao duro (sob tensão) de—
pendendo da quantidade de líquido presente
no, momento do exame. Nas comunicantes, a I Nos casos de hidrocelesgigantes e tensas que tra-
consistência poderá variar durante o dia na zem incomodo à criança e ansiedade aos pais,
dependência da quantidade maior ou menor I Nos casos de hidrocele abdominoescrotal.
de líquido que transita pela comunicação e que
está intimamente relacionada à posição que a
criança adota na maior parte do dia. Técnica Cirúrgica
—-O pólo superior do aumento de volume é pa]—
pável (Fig. 59.12).
I Mesma via de acesso e secção com ligadura alta
por transftxação do conduto, como habitualmente
—- comunicação, caso existente, costumaser estrei-
Habitualmente são irredutíveis à expressão. A realizado na hérnia inguinal.
I O saco da hidrocele é tratado apenas pela aspi-
ta elou sinuosa causando resistência e impos- ração do líquido presente ou por excisão de pe-
sibilidade de redução do líquido pela expressão quena porção da túnica vaginal, após aspiração
manual. As que costumam reduzir—se pela expres—
a
_
são manual quase sempreja se encontram asso-
m n ç - z st
que refaça tenderá a escapar para os tecidos re-
ciadas à he'mia inguinal. gionais adjacentes e daí será melhor e mais rapi-
— São transilumináveis. damente 'absorvido. ,1
I No cisto de cordão é também realizada ligadura L—Ç9V
Tratamento alta por transftxação do conduto, acompanhada
pela remoção do saco do cisto. _
Indicações Cirúrgicas 3 Nos casos em que o conduto não pode ser
monstrado durante a cirurgia, está indicada ctu-
de-
Geralmente não existe indicação cinirgica para essas dadosa dissecção do cordão espermático, secçãº
doenças até os 18 meses de vida. Nesse período, costuma
ocorrer obliteração e reabsorção dos condutos e seus
e ligadura por transfixação de qualquer
fibroso sugestivo de conduto peritoneovagmíll
cordãº
fluidos. As que persistem, aumentando, ou com seu
volume estacionário após esse período, têm indica-
obliterado. һ' '
Algumas manobras táticas podem ser realizadas
çao Cirúrgica.
na tentativa de identificar um trajeto minúsculº
Exceções a essa regra (Fig. 59.13):
e evitar dissecção extensa do cordão.
I
Hidrocele ou cisto de cordão que se reduz a ex- — lª manobra: aplicação manual de pressão Ilº
pressão no exame clínico. O conduto apresenta
diâmetro alargado anormalmente é o tipo de lesão
abdome e no saco da hidrocele ou cisto de
para forçar a>entrada de algumas gotas de fluidº
Gºrilªº
dependente da persistência do conduto'peritoneo— no trajeto e sua melhor identificação.
vaginal que costuma preceder ao aparecimento
de uma hérnia inguinal. — 2l manobra: injeção de l a 2mL de azul de mf-
tileno, com agulha hipodérmica, na pºf窺
Quando já existe hérnia inguinal associada. superior do saco da hidrocele ou cisto. Em
Hérnia lnguinal = 329
.
idª é amari—ada a sutura em bolsa
em torno
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
ªcª da punção, ou esse orifício é clampeado
pinçª hemostática,
é?“ de azul de
delicªdª do saco por realizandose
expressao.
massa-
Antes da
DECOU. J. M.; GAUDERER, M. W. L. Inguinal hernia in infants with
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riª,-o
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.
330 I
ParedeAbdominal
Hérnia Umbilical
João Carlos Ketzer de Souza
BIlIIGEITIl
Defeito de fechamento das estruturas tibromusculares
: da aponeurose do anel umbilical permitindo a protrusão Figura 60.1 — Hérnia umbilical redutível. 'i
.
I
de órgãos intra-abdominais (geralmente alças intes-
tinais) recobertos pelo peritônio, tecido celular sub-
:I“ cutâneo e pele da cicatriz umbilical.
uunnno lilÍIIIGll ,; l
-Assintomatico.
1.
mnrmmam I Protrusão redutível, àsvezes produzindo borbo-
* '
Frequência: 18,5% em brancos e 40% em ne- rigmo (Fig 60.1). Ocasionalmente, odefeito fascial
»? gros com idade < 6 meses. é amplo, com pele redundante, adquirindo a forma
_.“ I Mais comum nos prematuros: 75 a 85% nos bebês de probóscide (Fig. 60.2).
entre 1.000 e 1.500g. I Aumenta aos esforços. :
i I A maioria fecha espontaneamente até os oito anos Raramente apresenta complicações, como encarce— a;
373'a' de idade (frequência < 5% após essa idade). ramento (Fig. 603), estrangulamento, perfura-
ção com evisceração e dotª abdominal.
.?
.ª:ª
m Não há predisposição sexual.
I O tamanho do saco e a quantidade de 'protrusão
: , não são proporcionais ao diâmetro do orifício :;
.4 já FISIIII'M'IIEEIIII É frequente notar-se considerável protrusão através '
__
I Na grande maioria dos casos ocorre fechamento
, ” 3 . o n - m al
“ wf” , .
fraquecida patente que, associada à protrusão de vísceras
intra-abdominais, formará uma hérnia umbilical.
A ausência de protrusão sacular, a despeito de defeito
espontâneo do anel umbilical.
.
I Contra-indicado o uso de ataduras ou faixas sobre
a cicatriz umbilical, pois alimitação dos movi-
w .a « L aw -“F
., .,
RIMES PBEIlSPflllEIITES
,i a — m xª M
I Negros (cordão é mais
espesso, infecção umbi-
».
.
. q
dos oito anos de idade. {a
. U ª'
,
I Técnica cirúrgica: incisão curvilínea intra-um-
bilical, na sua metade mais inferior, fechamento
1r
do saco herniário, fechamento do defeito fascial
e inversão da pele umbilical. Curativo compreSSiVº
.;
mas;
com fita umbilical deve permanecer por cinco a
sete dias. Em hérnias muito grandes, nas quais
há necessidade de excisão da pele redundante, é
bastante interessante a técnica dos quatro reta-
lhos triangulares de pele.
I
ã" Hérnia umbilical encarzerada. O encarceramento BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
fi-éi‘nia
#
z
,
umbilicalé um achado raro.
BLUMBERG, N. Infantil: umbilical hernia. Sulg. Gynecol. ObsL, v. l50,
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umbilical diseases and laparoscopic umbilical pon. J. Pediatr. Surg..
..
urbe o estímulo local de maturaçao anatomical.
ações cirúrgicas. W
EPIDEHIlllIlGIII
'_ -.Í:llI'ÍTIlI.0 Bl
'
I.
filfllflfllfl
vi.— .
dedo indicador passando sobre ela desde o ape“.
Etiologia & desconhecida. dice xifóide até o umbigo e procurando um de-
Defeito nos interstícios das fibras que formam a feito na aponeurose, ou nódulo (mais frequente)
linha alba. A linha alba é constituída pelo entrelaça- de linha média. Esse nódulo poderá ser redutível,
mento de fibras tendinosas. Qualquer defeito na con- irredutível, doloroso, ou não doloroso à palpaçãu.
tinuidade dessas fibras (rompimento, ou falha de
desenvolvimento) junto à entrada dos vasos sanguí-
neos pode predispor ao aparecimento de uma hernia.
TBIITIIMENTII
. sªi e T - o
I A cirurgia está indicada após os dois ou três anos,
,a n
.;
exceto se causar dor significativa. Não há his-
tória de cura espontânea. Acima de 50% dessas
hérnias vão se tornar sintomáticas, ou crescer em
tamanho desde a primeira apresentação.
I Demarcar o local da hérnia antes da anestesia,
pois pode sofrer redução com o relmtamento da
,_ anestesia geral.
1. I Técnica: incisão transversa pequena sobre o defeito.
A gordura pré-peritoneal presente e' reduzida. ou
» uerc-
ligada e excisada. O defeito aponeurótico de forma
elíptica e corrigido com fio inabsorvível com nós
internos. ,
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
L-çs—I
COATS, R: D.; HELIKSON, M. A.; BURD, R. S. Presentation und
management of epigastric hernias in children. J. Pediatr, Surg.. v,
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N. Am., v. 83, p. 1207-1221, 2003.
OnfaloceleeGastrosquise I
333
e
áparede abdominal no sítio do anel umbi—
Scenario por membrana avascular translúcida,
ms.externamente, íntegra ou não, que permite
decenteúdo do abdome para o exterior. O cor-
b'lical encontra-
- se inserido no saco. O con-
esempre é formado pelo'intestino delgado
'““. stômago e fígado (35%) (Fig. 62.1). Dez
” )odem apresentar ruptura do saco. A rup-
—
Figura 62.2 Hérnia de cordão umbilical com membrana
íntegra e diâmetro do defeito pequeno.
”ode
1,1w
ocorrer intra-útero, durante e após o parto.
varia de 2 a 4cm. As vísceras prolapsadas costumam
filia Gamão
Umbilical ser: intestino delgado (100%), intestino grosso (90%),
estômago (50%), trompas e ovários (15%), bexiga (4%).
testículos (6%) e fígado (1%). Os órgãos eviscerados
ficam revestidos por exsudato espesso, edemarosos,
ntçrfido uma ou duas alças deintestino delgado, rígidos, encurtadose aglomerados (Fig. 62.3). Quando
vertícplo de Meckel, ou ducto onfalomesentérico se trata de alças intestinais, essas alterações podem
ser causadas pela prolongada exposição intra-útero
ao líquido amniótico e/ou alterações isquêmicas do
&“iguise intestino._secundárias a sua compressão e de seu me-
sentério nas margens do defeito da parede abdominal.
de'parede abdominal adjacente e lateral a um
mpmªqilical de'inserção normal, quase sempre
ao recoberto por saco membranoso e acom- EMBRIDGÉNESE '
‘
ª"
-Outras
Volvo intra-uterino.
anomalias associadas costumam ser ra.
ras. As mais comuns são: criptorquidia, artrogripose
Figura 62.3 - Gasirosquise mostrando defeito paraumbilical múltipla congênita (3 a 5% dos casos) (Fig. 62.4)_
com alças intestinais e estômago eviscerados. Alças com divertículo de Meckel, malformações cardíacas
aparência edematosa. (4%), geralmente mais simples do que nas Onfa_
locales. As mais comuns são: ducto arterial pa-
tente e defeitos septais do ventrículo.
- dão
Ruptura intra-uterina de uma hérnia de cor-
umbilical ou Onfalocele pequena com
Frequência de anomalias congênitas nas Onfalo—
celes: > 50%. Podem ser divididas em:
absorção do saco e crescimento de uma ponte
de pele entre o defeito de parede abdominal e
- Estruturais: cardiovasculares, 20% (as mais comuns
são tetralogia de Fallot, 33%; defeitos septaís,
cordão umbilical. principalmente atriais, ventrículo único e truncur
arteriorus), defeitos do tubo neural, divertículo
de Meckel, anomalias musculoesqueléticas.
IIOnfalocele e gastrosquise apresentam prevalên- — Associadas a anormalidades cromossômicas
ou síndromes específicas (15 a 20%): trissomias -
cia combinada de aproximadamente 1:2.000 a cromossômicas 13, 15, 18,21 (12%), síndrome ‘ :f
3.000 naSCidOS vivos. de Beckwith-Wiedemann (gigantismo, macro '
1
anomalias congênitas estrutu-
ªº, e,
ªªçhtar mais
'É
rªves associadas, principalmente cardíacas.
: — ºt nª T s o a
.»n 135315 sem
fígado extracorpóreo,
!
menor, '1 .
ªfãsenlª mais anomalias cromossômicas asso-
.£2335, síndromes e dlsmorfismo.
»;
?ª
ª - .i e r
Ter.—%
1111:3115“ nas untatoceles de62.5)
Acordo
étiàmªnhº Ilo notem (Fig.
». locele pequena: < 4cm de diâmetro.
fifalocele grande: entre 4 e 8cm. Pode conter
'
. ª“ado nosaco.
iffalocele gigante: > 8cm. Quase sempre apre-
a fígado extracorpóreo de localização cen-
L'Pode ser chamada de hepatonfalocele (10% -—
Figura 62.6 Onfalocele pequena.
ªcasos).
' tios
a «' autores classificam dessa
:1
_
forma:
rifalocele pequena: < 5cm de diâmetro (Fig. 62.6).
ção intestinal. Essas complicações podem ser
simples ou múltiplas, assim como o intestino pode
, iifalocele grande: > Som. ser extremamente curto ou ter comprimento quase
'fâiocele gigante: aquela > Som contendo fí- normal.
‘ado
,
posicionado centralmente (Fig. 62.7). Tipo IV: presença de atresia com formação de
pseudocisto gelatinoso e fibrinoso distal à atresia
iiioaçao das liasirusuulses e englobando a quase totalidade do intestino. Essa
1min com a Variabilidade do aspecto“ massa fibrinosa surge na tentativa de proteger-
se dos efeitos tóxicos do líquido amniótico após
{1181 (Fig. 62.8) -
a 30! semana de vida intra—uterina (diminui a
alças intestinais pouco ou
Tipo,porI: membranas, nada recober- osmolalidade e concentração de sódio, mas eu-
pouco edematosas, não en- menta a concentração da uréia, creatinina e aci—
. ciírtadas. , do úrico e, principalmente, de mecônio).
'
":th II: alças intestinais recobertas por mem-
"has, edematosas, mas ainda mantendo um bom
I Um novo tipo tem sido descrito: a gastrosquise
fechada, que se caracteriza por um defeito de
rriprimento. parede abdominal cicatrizado, remanescentes intes-
tpo III: alças intestinais recobertas por mem- tinais paraumbilicais (muitas vezes mumifica-
ranas, edematosas, complicada pela presença dos) e, quase sempre, perda por necrose do intestino
médio (vanishing gut). Seria causada por infarto
do intestino médio eviscerado extra5abdominal
(provavelmente por volvo). O intestino sofreria
reabsorção e, sem a presença de intestino viável
a{62.5e—gigantes
Classificação das onfaloceles em pequenas (A).
;(? (C); essas últimas frequentemente as-
ª Presença de fígado. Adaptado de lones'.
Figura 62.1 Onfalocele gigante rota com exposição de
-
fígado, alças intestinais e estômago.
"
336 I ParedeAbdominal
iv
possibilidade de ocorrência de complicações intra.
«»
útero; então, parto cesáreo após pulmões matures, 1
intestinais fora da cavidade abdominal fetal flu- cardiografia pré-operatória), solicitar Carlótlpº'
tuando livremente no líquido amniótico, sem
cobertura membranosa, cordão umbilical distinto
I Reconhecer nas gastrosquisesf presença de
i)“;
e separado. não fazendo parte do defeito. Diagnós—
tico diferencial deve ser feito com Onfalocele rota,
ças isquêmicas ou escuras. Se for
observadºldªffío
constritivo de parede abdominal, realizar
111615;;I
fascial de urgência sob anestesia local. Sº .é—
extroiia de bexiga e extrofia de *cloaca. observado volvo das alças, distorce-las e ªPº'
.
.l
I
OnfaloceleeGastrosquise n 337
& ni
onfaloceles: manutençao.
,{Lgastrosquises e onfaloceles rotas: 1,5 a 2 IDistribuição sistemática e ordenada das alças
{32:5 a manutenção = 6 a 8mL/kg/h de solu- intestinais nos quatro quadrantes.
' de Ringer lactato/glicose 5%. I Não tratar áreas de
estreitamento sugestivas de
estenose ou atresia intestinal (difícil decidir no
transoperatório a existência dessas complicações,
'nados, mililitro por mililitro. pois o intestino encontra-se edematoso e recoberto
' r, em onfaloceles: radiografia de tórax por membranas). Tratar somente quando falta-
. gnosticar associação a hérnia diafragmática, rem areas óbvias de intestino.
vÉntgação diafragmatica, hipoplasia pulmonar A técnica de fechamento do defeito e decidida
lide ser encontrada nas onfaloceles gigantes). dependendo dos seguintes parâmetros: condição
. I' g
" do intestino, se ha complicação associada, compla-
,. cência pulmonar informada pelo anestesista, esta—
prataria
l
.Pallzar manobras de distensão (stretching) da Figura 62.10 - Cicatriz cirúrgica pós-fechamento de gastros-
ªgºdª abdominal nos quatro quadrantes. quise. 0 cordão umbilical foi mantido.
338 I ParedeAbdomínal
€
“ ':— » . . a ª " “ .
« » an
"»?“ 3!
‘
Figura 62.11 — Cicatriz de gastrosquise conservando 0 cor- mesmo diâmetro do épiii‘e) (Fig. 62.14). Tem sido
.
.
:‘geudomcmbrana. Após melhora das condi-
1? élmieas, deve ser realizado o fechamento
Kg,—gde abdominal.
,,gsquise tipo [III.
Énterostomia
;*àngrenª
inicral: nos casos de intestino com
por volvo ou perfuração isquêmica,
:ãilataç㺠ou edema maciço da alça proximal,
::Y'&. abilidade duvidosa da alça a anastomosar,
'
ca'dc redução do conteúdo da gastrosquise des— ser observado através do silo transparente. A redu-
ção espontânea costuma levar entre quatro e nove dias.
.ª'lãolBianchi e Dickson com algumas modifica-
«(Costuma ser realizada na UTI neonatal, sob Após obter-se a redução, o defeito pode ser fechado
“(goes assépticas (anti—sépticos diluídos, luvas e da forma tradicional (aproximando a fascia muscu-
iiis‘estéreis), analgesia (fentanila), após período lar, aproximando a pele por meio de sutura circunfe-
' ªaah de 4 a 5h e com duração de 20 a 60min. rencial e preservando 0 cordão umbilical), ou o próprio
;
tecnica de intervenção mínima, descrita por Bianchi
(jn, deve ter critérios de seleção bem defini-
cordão umbilical é usado para cobrir um defeito pequeno.
fixado com Mieropore e um curativo plástico trans-
_
' ndo resultados insatisfatórios e até catas-
parente év,colocado sobre eles,
:O princípio da técnica baseia—se em tração
aplicada no cordão umbilical (elevando a parede
Quando houver falha na redução espontânea (rara),
está indicada a colocação de silo saturado na fáscia
(gal anterior), aguardando redução gradual dos muscular. *
, na cavidade abdominal (só é permitido orientar Vantagens da técnica: não é' necessária anestesia
aidª das alças intestinais para dentro da cavida—
do_'mina1), sem alargamento do defeito, sem
geral, o procedimento é simples e pode ser
efetuado
na UTI neonatal, a transparência do silo permite ins-
na geral e em leito de UTI neonatal. Após a
ªção, o' cordão umbilical é suturado na fáscia do
peção contínua, a suspensão do silo permite a dimi—
nuição do edema das alças facilitando a redução das
(5qu reto abdominal. Contra<indicações da téc— vísceras. A redução e gradual, não necessitando de
man estado geral, anomalias associadas impor-
slvgecessidade de ventilação mecânica (VM) prévia
medidas de PVC, pressão intragástrica, ou pressão
intravesical. Principal complicação da técnica: des-
'
ução, desproporção intestino-abdome (risco de
rqíne'compmimental abdominal), defeito aponeu-
to
"Lu pequeno em relação ao conteúdo eviscerado
facilmente. _no _
locamento temporário do silo, que pode ser reinserido
.
não recobrir a tela com pele. Essa tela vai sendo
reduzida diariamente até redução completa. minal adjacente. O saco amniótico é mantido intacto e a tela
Posteriormente, o material protético é remo- é suturada nas bordas do músculo reto do abdome. Adaptado
de Yokomori et aLª
vido, a fáscia muscular e a pele são aproxima- ' .
. eª.
das (Fig. 62.17). , - -
”m.?;
- Técnicas com base na inversão do ãmnio (téc-
nicas de Lorimier e de Yokomori). O silo de < 0,5mL/kg/h), trombocitopenia (plaquetas < .e
50.000), colapso cardiovascular (reenchimento
Silastic é suturado diretamente na pele, perto capilar pobre, extremidades frias), ou neces- ',
dajunção pele—ãmnioª. Membrana da onfalo-
cele é deixada intacta (Fig. 62.18). O silo e o sidade de suporte inotrópico. O rendimento ’i
L Q' U Z P I - º S A w m
Pós-operatório tado cardiorrespiratório é estável.
- lniciar via oral (V0) somente quando as fun- ,
- primário
Suspeitar de complicação devido ao fechamento
quando surgir: anúria, oligúria (urina
ções gastrointestinais estiverem recuperadas «:
(pouca drenagem clara pela SNG, início das
*
Tela de silicone
Pele
\
/'
Músculo reto
I
l
OnfaloceleeGastrosquise ª 341
mama
ª
nutrição parenteral total (NPT) até to—
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x. »
342 I
ParedeAbdomi‘naI
ªrrumªram
Cansado por doenças do retroperitônio e da cavidade Drenagem percutânea guiada por ultra-sonografia/l'C
abdominal: apendicite aguda, doenças intestinais ou drenagem cirúrgica extraperitoneal pelo flanco +
inflamatórias, pancreatite, pielonefrite, perfuração do 'antibioticoterapia (oxacilina + gentamicina).
duodeno, tuberculose de coluna vertebral, A drenagem extraperitoneal percutânea está indi-
cada no abscesso com cavidade uniloculada. Nos casos
com cavidade multiloculada ou presença de pus muitº
espesso, a drenagem cirúrgica está mais indicada.
al Abscesso primário: Staphylococcus aut-em (85 a90%). BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
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Seção
resia de Duodeno
fr'“ ..............................
fiémorréidas Externas .
olapso Retal
Estenose Hipertrófica de Piloro = 345
u Atresia pilórica.
m Duplicação cística do piloto.
uunnno Glíillllll
Vômitos alimentares ou claros sem bile que se
iniciam entre a terceira e a sexta semana de vida.
Geralmente são vômitos em jato e ocorrem 30 a
60min após a alimentação. Os vômitos podem
conter sangue em 15% dos casos por gastrite
associada. E a causa da alcalose hipoclorêmica,
característica da hipertrofia de piloro. O dese-
quilíbrio hidroeletrolitico é menos visto hoje em
dia. Essa diminuição pode ser atribuída ao diag—
nóstico mais precoce associado ao uso da ultra-
1.fiofia adquirida da musculatura pilón'ca (prin— sonogratia. Alguns estudos atuais mostram de—
'
[Rente da camada circular), provocando obstru— sequilíbrios hidroeletrolílicos significativos em
E}3gressiva ao esvaziamento gástrico. O canal apenas 10% dos pacientcs.
tigº
,,... toma-se estreitado, alongado e espessado. — Fisiopatologia da alcalose metabólica:
' O estômago normalmente secreta grandes
quantidades de ácido clorídrico. Pelos vômi—
tos que acompanham a hipertrofia de piloro.
tal. Teorias incluem: hiperacidez gástrica indu- grandes quantidades de ácido clorídrico cos-
ãespasmo pilórico e hipertrofia, pilorospasmo tumam ser perdidas, assim como, em meno—
"liberação aumentada de gastrina e hipertrofia, res quantidades, sódio e potássio. As células
parietais gástricas produzem ácido clorídrico
iíii'idade ou alterações degenerativas das células pela divisão das moléculas de água (H20 —)
glionares mioentéricas, redução de fibras nervo— H'+ OH“). Para cada íon hidrogênio (H*)
eptidérgicas causando deficiência da síntese de
secretado há um íon hidroxila (Ol-i") que é
38 nítrico (neurotransmissor da musculatura lisa),
lidade anormal secundária à'diminuição de células tamponado da seguinte forma:
OH" + RICO;
“marca-passo e outras. Hbuf—> l—lCO + HOH ou
'
Alça de
Henle
Ne' no c 993sei.ª?
cane:
Yúbulo
túbulo “hula prolinª!
pmlml
Medul-
Figura 64.1 -Representação esquemática do mecanismo renal Figura 64.2 — Representação esquemática da influência da
de regulação hidroeletrolítíca. hipocloremía no mecanismo de transporte renal em esteno
se hipertrófica de piloto. Acidúria paradoxal.
ó L S- — Z v[
tante do sódio e então reabsorvido no túbulo distal 85 a 90% dos casos. São necessárias paciência
pela troca com-potássio ou hidrogênio. O potássio, e experiência do examinador. A palpação de um
também em depleção, não consegue competir com o piloro hipertrofiado relacionada a quadro clínico
L-çm
'hidrogênio e vai aparecer urina acida. Para cada ion hi- típico toma o exame radiológico e a ultra-sonografia :
drogênio secretado no lúmen, um novo íon bicarbo- desnecessários.
nato é adicionado ao plasma (Fig. 64.2). — Técnicas de palpação.
.
', Q bebé deve estar relaxado, com todo o abdome
IPerda de peso, ou peso estacionário. & despido e não deve estar chorando.
Desidratação, desnutrição (Fig. 64.3).
IIcterícia (à custa de bilirrubina indireta)
e en- "Muitas vezes, antes da palpação, é preciso
passagem de sonda gástrica para esvaziar o,
contrada em aproximadamente 2 a 5% dos ca- estômago de ar e liquidos.
—
sos. Há duas explicações para a icterícia: ' Durante a palpação, a_ alimentação com chá
Diminuição da atividade da enzima hepática ou glicose costuma a'calmar o bebê.
a
glicuronil—transferase por redução da ingesta ' 0 examinador deve ficar à esquerda do bebê,
calórica. enquanto a mãe oferece uma mamadeira de
— Aumento da circulação entero—hepática nos re- cha” com a face do bebê fletida para o lado
cém—nascidos. Em realidade ha: direito. O examinador deve segurar delicada-'
' Mais bilirrubina conjugada para ser descon— mente os tornozelos do bebê com sua mãº
jugada (mecônio do recém—nascido é rico em
bilirrubinas).
'Presença de maior quantidade da enzima B-gli-
curouidase no lúmen intestinal dos recém—nas-
cidos, aumentando a capacidade de conversão
da bilirrubina conjugada em não-conjugada.
' Retardo de trânsito intestinal na estenose hi-
pertrotica de piloro, facilitando a maior cott-
versão e absorção dabilirrubina não-conjugada.
Essa bilirrubina em excesso é absorvida no
intestino delgado distal.
El Constipação intestinal é frequente.
m Distensão do andar superior do abdome (estô- Figura 64.3 - Lactente gravemente desnutrído com estenose
mago dilatado). hipertrófica de piloro.
Estenose Hipertrófica de Piloro
ii ESTIGRÇÃII llBlllll'l'llBllil
ograma, plaquetas,provas de coagulação (tem- C D sinal do duplo um
urina, cálcio, gasometria arterial (são comuns alcalose Figura 64.6- Radiografia contrastada do trato gastrointestinal
metabólica hipoclorêmica e hipocalêmica), proteínas
otais e fracionadas, uréia, creatinina.
superior com imagens características de estenose hipertrofi-
«. ca de piloro. (A) Sinal do ombro: representa a pressão do
piloto sobre a borda côncava da teta. Por causa da direção
'
gisrlansflo m motu cefálica do músculo hipertrofiado, a porção superior do antro
fica mais indentada que a porção inferior. (B) Sinal do bico
de selo: representa a onda perístáltica no inicio do canal pilórico
Yi Radiografia de abdome: distensão gástrica com estreitado. (B) Sinal da teta: representa a onda peristáltica
pouco ar distal ao piloro (Fig. 64.5). junto à pequena curvatura e a compressão do antro pelo piloro
Radiografia contrastada do trato gastrointestinal hípertrofiado. (C) Sinal do barbante ou fio: representa o ca-
SPPerior(Fig.
risticas
mostra imagens radiológicas caracte-
64.6). Detalhes anatômicos: a ca-
nal antro-pilórico aperístáltico, longo e estreitado, O piloro
curva-se para cima e para a esquerda. É representado por
mada muscular circular torna-se espessada, estrei- traço único, longo e central. (C) Sinal do cogumelo: repre-
-? v
tando o_alongando o canal pilórico. A mucosa senta a indentação convexa do bulbo duodenal pelo piloro
hipertrofiado. (D) Sinal do duplo trato: formado pelo abau—
“
torna-se redundante e pode parecer hipertrófrca. lamento da mucosa redundante dentro do canal pilórico es-
_rn 0 ªlongamento e espessamento do músculo, treitado que, por compressão, resulta na separação da coluna
º micro desvia—se para cima em direção à vesícula. de contraste em dois traços longitudinais e paralelos.
348 I
TratoGastraintestinal
e paralelos de bário. Representa um grau menºr
Sensibilidade e especificidade ficam préxrmas de hipertrofia.
de 100%.
- hipertrofiado
.
Causas de falso-negativos: estômago hiperdistendido Sinal do ombro: representa a pressão do piloro
sobre a borda côncava da teta,
com leite e ar (piloto esconde-se atrás dº ªin" Por causa da direção cefãlica do músculo hiper-
tro). inexperiência do radiologista, bebê
pequeno e apresentação muito precoce (l-"ll"r0
mmtº trofiado, a porção mais superior do antro fica
mais indentada do que a porção inferior,
ainda pouco hipertrofiado). Causa de falso-Pº"
REED também pode nos mostrar: distensão
sitivo: pilorospasmo.
— Sinal do barbante: representa o canal anlfº'
gástrica, presença de refluxo gastroesofágicO
tempo de esvaziamento gástrico retardadº.
pilórico aperistáltico, longo e estreitado. E
sinal mais clássico. O canal pilórico chVª'Sº
º
_ presença de membrana antral pré—pilórica.
Ultra—sonografia abdominal: 0 piloro é obsen
.
-
para cima e para a esquerda. É representadº
por um traço único, longo e central, corres-
pondendo à luz estreitada do piloro.
Sinal da teta: representa a onda peristÁlticªJuntº
_ vado em relação a espessura da sua parede,
diâmetro do piloro no corte transversal, com.
primento do músculo pilórico no corte longi_
tudinal e formas características. Quando ne-
à pequena curvatura e a compressão d0 ªntrº cessário, é o exame indicado para investigação
pelo piloro hipertrofiado.
. . . - ' diagnóstica (Fig. 64.7).
—Smaldobrcodcsero:representaaondapfiflflél“?a
. . do canal prlorrco . . E mais . . s definem hipertrofia
. , . estreitad As seguintes medidas de
,
“*Li“l '
1 Ema boap quantidade
piloro para encher o bulbo duodenal.
depcontrast
e atrªvés do 'Diametro transverso do piloro Z l4mm (serogª
à serasa)-
. ' ., .
ii — Sinal do duplo trato ou da estrada de ferro:
gºmânglºlglºddºãªníl Pllºl'lºº Z 17mm (da
É formado pelo abaulamento da mucosa redun-
Gisª) º u
º no ºnª
ªº antro gástrico) (Fig,
«» dante dentro do canal pilórico estreitadº que,
por compressão, resulta na separaç㺠dª) º?“
luna de contraste em dois traços longitlldlnals
Forma característica da hipertrofia de piloro no corte
transversal: sinal do alvo ou do biscoito em forma de
.
« *
rosca (doughnut). Observa-se um anel externo espesso
' '
hipoecóico (musculatura pilórica hipertrofiada) e anel
* interno menor hiperecóico (mucosa) (Fig. 64.9).
Quadro (linka compativel mm EHP "
Outros sinais indiretos: falha de abertura do canal
ª
gem 15min, contrações retrógradas ou hiperpen'stálticas,
,
”"ª'º ”ªªª—ª'
, . ªccogenicidade não-uniforme do músculo pilórico.
Estudos seriados mostram que o piloro hipertrofiado
7
.
, e s zª g " diminui no final da primeira semana pós-operatória,
L
no
1
ª?à?ª
.
ª
ª” l
, '
'semana. «.
—.;
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l
F
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*
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agir'
A
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mm“ l W. .
anulados Pré- neralérms
”a: ' . oral (NPO).
R.;??— “ i
Pllorornlotomla
llNada Via
IDecúbito elevado.
% Vª'""º“ªªº"ªª'ªª Mºlhº” e: Sonda nasogastrica (SNG). Atualmente, existe
rimª—:
ª,ªr ª Rm? am new“ “nª“: no
forte tendência em não colocar sonda oro ou
nasogástrica pelas seguintes razões: provocª
5;“? lL. jg: desconforto para o paciente, estimula glândulªs .7
SEER.'
һ
- “lemma!“ ami/unam
:‘gmggmm
salivares e aumenta a salivação, desidrata o bebe ;:
ao retirar todo o conteúdo gástrico. O bebê tem g
?"
., 7.,
'Mª rºtªç㺠_
- Dupllcação 9mm:
estenose, não atresia e secreções gástricas coS- .:
, »
_ _
tumam ultrapassar o musculo hipertrofiadº. 50' ;
, ,
“€*—::=
ªª » . ó mente colocar a sonda quando, mesmo em NPO, ;;
fl _-0
ICB. piloru. EH? = estenose hipertrófrca de pilorf),mgª;
:Igudra
ip '
6.4-7 Algºritmº diªgnÓSticº dª ªsteniª a criança apresentar vômitos. A passagem de SNG. “'
'
.;
{4v e
radiografia de esofago, estômago e duodeno; RGE = re
acompanhadª por lavagem com soro fisiológicº
I ”X '
~ d t d '
d " tésicª-
a"2'3.
gastroesofégico. e aspiraçao eve an eee er am açao anos
fª
K
Estenose Hipertrófica de Piloro II
349
_—
Figura 64.9 Achados ultra-sonográfícos da estenose hiper-
tróflca de plloro. Corte transversal do piloro mostrando
ura 64.8 — Achados ultra-sonográficos em estenose hi-
eºnrófica de piloro. Vista longitudinal mostrando as pare- aumento da espessura da camada muscular circunferencial.
"; musculares em perfil. Estão separadas por duas linhas
%cogênicas, que representam mucosa-submucosa e uma par-
central hipoecogênica, que representa o lúmen do canal
u Desnutrição grave: nutrição parenteral total (NPT)
por vários dias.
n Temos indicado profilaxia antibiótica (cefalos-
porina, dose única, 30min antes da incisão ope—
. Não existe nenhuma indicação cirúrgica de ur- ratória), quando se utiliza a incisão circumbilical,
. ', gência na estenose hipertrófica de piloro. com base no fato de que a região umbilical repre-
...|
Corrigir previamente os déficits de líquidos, senta uma área de maior suscetibilidade à infec-
4,,- eletrólitos, hemoglobina e proteínas. ção e, conforme observação nossa e a literatura.
IA desidratação pode ser mínima, moderada ou de maior número de infecções da incisão opera—
grave, dependendo da duração e frequência dos tória (cicatriz umbilical) com essa via de acesso.
vômitos. Como somente secreções gástricas são
»
“É Bicarbonato de sódio normal do lactente (HCO): particular de uma sobre a outra. A escolha deve ser
_:1 18 a 25mEq/L. fundamentada na preferência e experiência do cirurgião.
J" — Distúrbio eletrolítico moderado: 26 a 35mEq/L
IE,. --
lVia de acesso clássico: pequena laparotomia trans—
Distúrbio eletrolítico grave: > 3SmEq/L.
-
319* Correção dos distúrbios.
"l. ' Distúrbio hidroeletrolítico leve: repor com lí-
versa no quadrante superior direito. Outra via de
acesso bastante utilizada é aincisão de Robertson
" quidos e eletrólitos de manutenção. (pequena laparotomia subcostal direita paralela
'Distúrbio hidroeletrolítico moderado a grave: ao rebordo coslal, lateral ao músculo reto abdo-
ressuscitação inicial com 10 a 20mL/kg de soro minal, com separação das fibras musculares).
fisiológico em duas horas. Depois: Atualmente, temos dado preferência à incisão
º Em distúrbio moderado: repor com glicose circumbilical (incisão curvilínea junto à prega
a 5% 2:1 soro fisiológico, 1,5 o cálculo da umbilical superior), com abertura da fáscia na linha
manutenção. média no sentido longitudinal com amplas van-
' Em distúrbio grave, repor com glicose a 5%
1:1 soro fisiológico, 1,5 o cálculo da manu-
tagens estéticas. O umbigo deve estar seco, sem
secreção e o piloro hipertrófrco' móvel à palpa-
tenção. ção. Nesse caso, a anti—sepsia do umbigo deve ser
* Após o restabelecimento do débito urinário minuciosa e, a antibioticoterapia, com cefalos-
adequado (1,5 a 2,0mL/kg por hora), 3 a porina de primeira geração, dose única, 30min antes
SmEq/kg de potássio são acrescentados na da incisão cinirgíca. Outra opção no armamentário
solução que está sendo infundida. Não ex- cirúrgico atual é a piloromiotomia por via
ceder 40mEq/24h. videolaparoscópica.
e_l'das pela sonda nasogástrica devem ser repostas Donnellan et aL' descreveram, para o tratamen—
mililitro por mililitro com a seguinte solução: to de piloros hipertróficos grandes difíceis de ser
'
b n o — u - zó
n Semprepesquisar perfuração duodenal ordenhando
distalmente a bile do duodeno em direção ao es-
tõmago.
ICaso houver perfuração duodenal pode-se
— iniciandojá
Realimentação gradual após as primeiras 12h,
com leite materno ou fórmula diluída
utili-
zar uma dessas técnicas cirúrgicas. em pequenas quantidades, até atingir 0 volume
- Fechar completamente a piloromiotomia, gi-
rar o piloro 90 a 180° e refazer a piloromiotomia
e a concentração normais. Há diversos esque-
mas dc realimentação. O importante é que a
nessa nova área (Fig. 64.10). quantidade e a concentração sejam aumenta-
- Suturar a mucosa perfurada, colocando um re-
—
das gradualmente.
Setiver havido perfuração, deverá frcar sem nada
.
mendo de epíplon sobre a área suturada (Fig.
64.11). ' por via oral e com sonda nasogástrica por 48h.
ICuidados pós-operatórios.
- Nada por via oral e sonda nasogástríca por 8 computing-firs
12h.
a
-. u — r p m E “
'
Zª I Perfuração 'de mucosa: 1 a 4%.
nª? .,
— com
Hidratação parenteral: cálculo da manutenção
glicose a 5% Z:] soro fisiológico + ?.OmEq/L
ll Vômitos pós-operatórias: 3 a 31%. Complica-
ção mais frequente. A persistência de vômitos
de potássio + reposição das perdas pela sonda
após o quinto dia de pós-operatório pode indi-
uasogástrica. car divisão inadequada do piloro hipertrofiado.
I: Infecção: 1 a 57%. '
REFEREMIA BIBLIOGRÁFICA
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Obstrução Congênita Antral e Pilo'rica != 351
t:
à.
um
trução pode ser parcial ou completa e costuma
Ãusada por diafragma mucoso, atresia com gap
sia segmentar com cordão fibroso conectando
c os.
9Éfragntas são membranas ctrcunferenciais com-
“; de duas camadas de mucosa com uma camada
Iucosa entre elas, geralmente corn orifício centra]
Figura 65.1 ~ Variedades anatômicas mais comuns das obs-
truções gástricas congênitas. (A) Membrana antral perfura-
da. (B) Membrana antral completa. (C) Membrana antral do
tipo "biruta". (D) Atresia pilórica. (E) Atresia pilórica com
cotos separados.
éDesconhecida.
Ãlgumas hipóteses: catástrofe vascular intra-útero,
' ioliferação endodérmíca desordenada (teoria mais
Ordem decrescente de prevalência: diafragma pii
'
aceita atualmente), ou secundária à obstrução distal lórico (65%), atresia pilórica (25%), diafragma
_âreexistente (junto ao piloro) em que pregas de
e'mucosa redundantes se hipertrofiam na sua luta antral e atresia antral.
IE Prevalência das obstruções gástricas congênitas
' entra um obstáculo distal. distais: 12100.000 nascidos vivos.
m n- s u v
única, sem ou com pouco ar distal.
I Radiografia de esôfago, estômago e duodeno (REED): branas pilóricas ou pré-pilóricas podem se mr.
.»
delimita o septo radiolucente tênue, medindo i nar redundantes, após exposição a forças de pressão
peristáltica propulsiva, prolapsando—se através do
-925
I
2 a 3mm de espessura (imagem de defeito de
canal pilôrico para dentro do duodeno e formando
twrªtse“
enchimento), projetando-se em sentido perpen—
dicular em relação ao eixo longitudinal do estô- lesões do tipo “biruta”. Sempre instilar soro fi.
mago. O diafragma antral também pode produzir siológico no intestino distal para afastar obstru.
g n 4 1:
uma imagem radiológica de duplo bulbo (com ção distal associada. Realizar gastrotomia lon-
contraste situado entre o piloro e uma câmara gitudinal sobre a membrana, sua ressecção parcial
dilatada põs«passagem do contraste" pelo orifí- ou completa e fechamento transversal como
cio do diafragma) ou pode demonstrar passagem piloroplastia.
de pequena quantidade de bário pelo orifício do !A atresia de piloro curta pode ser tratada com
diafragma, delineando um canal pilórico aparen— excisão da membrana e piloroplastia de Finney,
E Atresia com cotos totalmente separados: gas-
temente estreitado e bulbo duodenal pequeno,
.r wa J
troduodenostomia do tipo Billroth I.
me
mostrando uma configuração semelhante à de
a
hipertrofia de piloro. Faz o diagnóstico em 90% I Atualmente, estão sendo preconizadas a gastros-
dos casos.
4
a.-
Úlcera Péptica I
353
Medicamentos ulcerogénicos
A ingestão de alguns medicamentos como a indome—
tacina, agentes antiinflamatórios não esteróides (AINE),
ácido acetilsalicílico e corticosteróides costuma agredir
a mucosa gastroduodenal. A aspirina tem ação local
sobre a mucosa, diminuindo a espessura dessa cama-
da. Os medicamentos antiinflamatórios não esterói-
des causam inibição sistêmica da síntese das
?:erosa penetrante da mucosa gastroduodenal prostaglandinas. diminuição da secreção de muco e
"do a camada muscular da mucosa, causada de bicarbonato e interferência na regulação do fluxo
*
ªo digestiva do ácido clorídrico e da pepsina. sanguíneo da mucosa. Os corticosteróides costumam
ia o produto final de um desequilíbrio entre
0 do ácido clorídrico e da pepsina sobre a retardar a regeneração epitelial. dificultando a cicatri-
zação de lesões da mucosa. Seu um prolongado re«
sãfêastrointestinal (GI) e as suas barreiras pro- duz a secreção de muco gástrico e altera sua composição,
Helicºbacter MIM"
Helicobacter pylori é um bastonete Gram-negativo
de forma espiralada encontrado no muco gástrico e
que apresenta predileção pelo antro gástrico. Seu
.
ªfinação da secreção ácida produzida pelas células
ª“"; é controlada pela histamina, acetilcolina e metabolismo aerofi'lico faz com que sobreviva na camada
semipermeável do muco que atapeta o lúmen do es-
na‘. A histamina exerce papel central na estimu-
ga secreção ácida produzida pelas células parietais. tômago. A forma espiralada, flagelos múltiplos,
motilidade e aderência às células epiteliais concedem—
sos vagais estimulam asais
células parietais a secretar
lhe importante resistência à peristalse gástrica. Pro—
“'as princi
células a liberar gastrina e
ênio. Também sensibilizam células parietais, duz grandes quantidades de urease, facilitando a
as
“(dp-as mais responsivas à ação estimulante da '
conversão de uréia em amônia e dióxido de carbono.
iiafna sua função de secretar acidos. 0 pepsino- A amônia neutraliza o ácido gástrico, tornando o
ni meio ácido é convertido em pepsina. A secreção ambiente adequado a seu crescimento. Essas bacté-
jsifia não é influenciada pela gastrina. Nem o rias facilitam a difusão retrógrada de íons H', fenô-
'em a pepsina, isoladamente, têm a capacidade meno Ibsivo a mucosa. Além disso, produtos de seu
“dolªr lesões pépticas. metabolismo provocam aumento da degradação das
_
lcçra péptica secundária ou de estresse não está
«t ada a hipersecreção de ácido, exceto nos~casos
hâ estimulação vagal secundária ao aumento
xt sg'ão intracraniana (úlcera de Cushing).
glicoproteínas do muco. diminuindo-lhe a viscosidade
e a função protetora. Parece também exercer efeito
citotóxiªco direto sobre a mucosa. Podéªlevar sema-
nas ou meses para desenvolver gastrite superficial crô-
_ 'êcém-nascido (RN), a secreção ácida começa nica. Essa gastrite crônica pode, em anos, transformar—se
nnieiro dia de vida. Durante os primeiros dias,
íveis de gastrina, em jejum, estão elevados. Du-
em úlcera péptica, doenças linfoproliferativas, gastrite
atrófica e adenocarcinoma gástrico. Sem tratamento
g primeiras semanas, a secreção ácida aumen— antimicrobiano, o processo persiste por toda a vida.
uanto o nível de pepsina, que é muito baixo É discutida sua importância em crianças, parecendo
ªgente, aumenta de forma lenta. A massa de células não ser essencial na patogênese da úlcera gástrica,
! etais costuma ser duas a três vezes maior que a
d lto, por unidade de área. A gastrina materna
pois possui taxa de infecção
ulcerosos.
similar àquela dos não-
a rcsponsável pelo aumento das células parietais
,ªgalta secreção ácida.passando
Esta permanece alta até o
FATIJBES PBIJTETIIIIES
a'fl’QSegunda semana, então a diminuir.
ânimº prolongado da gastrina sobre as células
is leva à sua hipertrofia e à hipersecreção gás- Barreira tattoosa — Barreira Muco—hlcarhonam
~7-\lem disso, o nível elevado de gastrina pode
Hangar a competência do esfíncter pilórico, per- O estômago possui uma barreira mecânica de muco
que o protege contra a digestão ãcido-péptica e que
90 º refluxo duodeno—gástrico.
cºrª Péptica em paciente urêmico pode ser cau—
tem considerável espessura, fornecendo uma barrei—
ra fisioqur’mica à difusão de íons hidrogênio do lúmen
'ÉIª hipergastrinemia associada, que costuma na superfície das células epiteliais. Essa camada protetora
r.
354 I Trato Gastrointestinal
pode tornar-se mais delgada pelo uso de inibidores Ii Úlcera secundária ou de estresse: ocorre cºm
doença sistêmica básica aguda (sepse, lesões ou
da secreção de muco (aspirina, compostos antiinflama-
traumas cranioencefálicos, queimaduras, acidosm
“u
. n t‘ r
.ª .
tórios não esteróides, álcool e sais biliares). Isso per-
mite que o ácido clorídrico e a pepsina penetrem na hipoglicemia, choque, insuficiência respiratória,.
camada mucosa, erosando—a. A ação do conicosteróide doença sistêmica básica grave crônica (fibrose
ainda é discutida e debatida. cística, doença de Crohn, diabetes melito, drepa.
,ç
Em adição à barreira mucosa, existe também uma nocitose, sr’ndrome de Zollinger-Ellison e lúpus
importante barreira alcalina (constituída pelo binômio eritematoso difuso), ou drogas ulcerogênicas (ácida
muco-bicarbonato). O bicarbonato, secretado pelo acetilsalicílico, antiinflamatórios não esteróides
epitélio gástrico, difunde—se pelo muco em direção e corticosteróides). Representa a quebra de re-
»., a r u « - K
s».eA
ao lúmen, tornando o pH mais neutro na superfície sistência do epitélio às forças agressoras.
,,
epitelial, protegendo a mucosa contra os efeitos com—
binados do ácido e pepsina iniraluminais. Os antiin- FISIIII'IITIIlDIiIII IlII ÚlllEIIII IIE ESTRESSE
flamatórios não esteróides inibem a produção do IIlI SEBIIIIIIÃIIIII
bicarbonato secretado. As prostaglandinas estimulam
a secreção mucosa e alcalina e aumentam o fluxo
sanguíneo da mucosa.
O estresse envolve uma interação complexa entre os '
sistemas nervoso central, endócrino e imunológico. — . a' - r ( [
eu.“
Doenças sistêmicas cronicas‘Kcir-rose, insuficiência
renal, colagenoses, doença pulmonar crônica), insu.
Huiin Sanguíneo Ila Mucusa Gástrica ficiência respiratória aguda, choque séptico ou bem“-.
Além de ser responsável pela nutrição da mucosa rágico, lesões intracranianas que causam aumento de
gástrica, o fluxo sanguíneo contribui para a regula— pressão (úlcera de Cushing), queimaduras (úlcera
ção ácido—básica, removendo e tampouando eventuais de Curling), politraumatismo, drogas ulcerogênicas
excessos de íons hidrogênio. Durante o choque hipo- e outras, tornam as mucosas gástrica e duodenal mais
volêinico, costuma ocorrer vasoconstrição mesentérica suscetíveis ao ácido clorídrico e à pepsina.
sa - re v
Recentemente, chegou-se à conclusão de que a úlcem
eredistribuição do fluxo sanguíneo da mucosa gástrica.
Essa redução na microperfusão gástrica, que pode ser de estresse não está associada à hipersecreção de ácido,
H S L G-
regional ou global, resulta em deficiências na exceto nos casos em que há aumento da estimulação
suplementação de'oxigênio e outros nutrientes para vagal secundária ao aumento da pressão intracrania-
um epitélio já metabolicamentc estressado, causan— na. O estresse causa hipotensão arterial sistêmica,
do morte celular acelerada. Ha diminuição da secre- distúrbios na microcirculação da mucosa gástrica e
ção de bicarbonato, da formação de muco, da renovação duodenal com isquemia da mucosa e diminuição da
celular e da remoção de substâncias nocivas à mucosa. resistência das células da mucosa (Fig. 66.1).
Esses acontecimentos são comuns em casos de úlce-
ras de estresse. 'trinrrrininam
IHá uma grande dificuldade em se determinar a
neenitellzação ita Mucosa Gástrica Verdadeira frequencia da doença péptica entre
Células senescentes são removidas por extrusão ou º .
por fagocitose efetuadas pelas células epiteliais adja-
centes. Quando grandes áreas da superfície epitelial Dlmlnulçao da mkmircuiaçio
são lesadas por exposição ao ácido, elas são rapida- (quuamla dn murusa)
mente substituídas por um processo denominado
renovação celular, em que a camada epitelial é restau—
rada antes de ocorrer lesão ácido-péptica da mem-
l
Diminuição da secreção de
Aumento dr secreção
brana Basa]. A reparação do epitélio gástrico é fator : < do
=
mm bicarbonato e
inibição da renovação de
(úlcera de Cushing)
protetor essencial. Sua proliferação é influenciada células epiteliais
por fator de crescimento epitelial, somatostatina e
gastrina.
su-
l
cupim da
barreira mucosa
BlIISSlFIBIÇÃIl
As úlceras são classihcadas em primárias e secundárias. Aumento da difusao de hidrogenio
pela mueoxa, '(nm consequente
IUlcera primária: ocorre sem doença sistêmica ammo do pepslnogema :
transformação em pepsina
básica subjacente. Em geral, crianças com do-
ença péptica primária são hipersecretoras, carac-
terizando o aumento das forças agressoras sobre Figura 66.1 Algoritmo da fisiopatologia da úlcera secun‘
—
a mucosa gastroduodenal. dária.
Úlcera Péptica a 355
’9"er principªlmente devido à diversidade de A dor ulcerosa secundária clássica ocorre em apenas
10% dos pacientes > 6 anos de idade. Dor atípica
en"as e sinais.
.ª"do Sua frequêncra parece estar
anos, o que
'
3
'sít'{do
i: predisposição ao sexo masculino, com re—
2,5M: 1F. sendo nula essa diferença entre
IiAté 75% das crianças com úlcera duodenal têm
um parente de primeiro grau acometido.
ecém-nascidos e lactentes. A dor abdominal está presente em até 70% dos
'istória familiar costuma variar entre 40 e 75%.
casos, aumentando sua frequência com a idade.
As crianças maiores podem ter dor epigástrica
n' * . duodenal primária
'iilcera - . tem caráter recidivante,
.. típica com intervalos assintomáticos. A presença
- . de dor noturna é maior, atingindo a taxa de 60%
ofriialto indice
'4 '
de recorrência na Vida adulta.
.
:
.-
obstrução da saída gástrica.
IA endoscopia digestiva alta com endoscópios fle- -— Esquema principal: sete doses diárias, l e 3h ªpós
as alimentações (café, almoço e jantar) e ao dei-
xíveis é a melhor forma de diagnóstico, contro-
le de evolução do tratamento clínico (três a seis tar. Dose: 0,5 a 1,0mIJkg/dose. Parece que a dose a«
meses) e na recorrência de sintomas. Também de 0,5mL/kg tem excelente eficacia e só estariª
indicado seu aumento para 1,0mL/kg se as ali-
mou-«.,
torna possível a realização de biópsias com pes-
.
quisa de Helicobacter pylori, estudo histopato- mentações fossem de grande volume.
lógico e tratamento do sangramento agudo. — Outro esquema: quatro doses/diárias, ou seja,
2h após café, almoço, jantar e ao deitar. Em
Diagnóstico da infecção por H. pylori: há vários
m x-s u v
métodos para sua detecção. Os mais utilizados caso de hemorragia grave, 0,5mL/kg até um
em nosso meio são: leste da urease, cultura,
máximo de] 30mL/dose de antiácido deve ser
-9LS —
histologia, teste respiratório corn uréia marcada dado a cada l a 2h para manter o pH a 4,5.
,. -
|
lAntagonistas dºs receptores H2 eSpecíficog ou
com C” (seu uso em crianças ainda está em estudo)
e a reação em cadeia da polimerase (PCR). Exceto antagonistas da ação da histamina nos recepto.
res H2 (cimetidina e ranitidina).
o teste respiratório, todos os outros são realiza-
dos em fragmentos da mucosa gástrica (fundo e
antro) coletados por endoscopia. O teste da urease
— Ação: inibição da secreção gástrica estimula-
da pela histamina ou outro agonista HZ.
é o mais utilizado atualmente por ser menos dispen— A histamina é o ativador final da secreção do
dioso e pelas altas sensibilidade e especificidade. ácido clorídrico. Estimula a secreção gástrica
H. pylori produz grandes quantidades de urease. afetando, os receptores celulares H2. 05 2mm-
O fragmento de mucosa, potencialmente rico em gonistas dos receptores H2 antagonizam & ação
urease, quando colocado em solução de uréia vai
da histamina e reduzem a secreção cloridrica
provocar a hidrólise da uréia em amônia, tornando basal quando estimulada pela alimentação, pela
gastrina e insulina.
o meio alcalino com mudança da cor da solução.
ll A angiografia pode ser útil para localizar san- A absorção dos antagonistas H2 e inibida pela 01.
uv
administração concomitante de antiacidos.
gramento de uma úlcera com ritmo de hemorra-
gia, no mínimo de 0,5mL/min. Pouco utilizada. Terapia combinada somente está indicada a
pacientes sem resposta terapêutica à monoterapia
ou nos casos da síndrome de Zollinger-Ellison,
TRATAMENTO GIIIIIBB Portanto, não se justificausar essa associação
O tratamento inicial da úlcera péptica não-compli- em situações comuns, já que aumenta o cus-
cada e de natureza clinica. Os objetivos desse trata- to, aumenta os efeitos adversos potenciais, seus
mento são: efeitos podem anular-se e não trazem vanta-
gens adicionais. Atenção: se usados, antago-
INeutralizar os ácidos presentes no estômago.
IDiminuir a secreção clorídrico-péptica.
nistas H2 e antiacidos não devem ser dados
' Tempo
no mesmo horário. .*
_
Devem—se evitar fármacos lesivos para a mucosa recorrência, a dose de manutenção deve ser
Gl: antiinflamatórios não esteróides, ácido acetil—
estendida por 12 a 18 meses.
salicílico, aminofilina, corticosteróides.
I! Antiácidos: com o aparecimento dos bloquea- — Cimetidina: uso seguro em crianças. inclust-
ve recém-nascidos. Esquema de cimetidina pºr
dores H2 e omeprazol, osantiácidos passaram a
ser considerados medicamentos complementa- via oral: 20 a 30mg/kg/dia divididos em duas
res no tratamento da úlcera péptica. Não exis— jªcks“
. , ,.
iguais, em oito semanas. Têm-se usadº
tem, em crianças, esquemas de dosagens bem duas tomadas em vez de quatro.
Formas de apresentação: 2 comprimidos de 200.
estudadas no sentido de titular a acidez gástrica
acrma de um pH desejado, Não reduzem a for- 300 e 400mg; líquido com 200mg/5mL e ampºlª
mação de ácido. Os antiácidos induzem a pro- para injeção intramuscular/intravenosa com
duçao de prostaglandinas e, consequentemente, 300mg/2mL.
aumentam a secreção de muco e bicarbonato, Os Em lactentes, doses menores podem ser ade-
dwersos preparados comerciais diferem em
capacidade neutralizante. A maioria dos produtos
sua quadas e mais seguras (IOmg/kg/dia divididas
em quatro doses).
—-r “ ? v
l»
_o
Úlcera Péptíca II
357
'
E eitOS adversos: erupções cutâneas, prurido, Intimaçees cirúrgicas
, faléiª, tontura, mialgias, trombocitopenia,
' '
nulocitopenia, diarréia ou constipação, zum—
|:
Sangramento intratável ou maciço corresponde.
do nos ouvidos, agitação, ginecomastia e aproximadamente, à perda sanguinea (em 24h)
íêdução do clearance das seguintes drogas: feni- igual ao total estimado da volemia em criança
“ternª diazepam e teoiilina. menor de dois anos de idade ou mais de 50% da
volemia em 8h ou metade da volemia estimada
- Ranitidina: Esquema de ranitidina: 6 a 8mg/kg/
em uma criança maior.
. :“. "ªdiª
divididos em duas doses, em oito semanas. IRerfuração gastroduodenal.
' “RN: 2 a 4mg/kg/dia divididos em três a quatro m Uleera primária com falha no tratamento clínico
fâoses. (episódios recorrentes e intratáveis de dor e san-
lªormas de apresentação: comprimidos de 75 a
«ijOmg, xarope (lSmg/mL), grânulos eferves- gramentos).
II Ulcera primária com obstrução pilórica.
': centes (150mg), ampola para injeção IM/IV corn
$lºg/”“L-
-
_ '! ão:(irmas
do dia. ,
de apresentação: suspensão (ng/mL),
tura do ponto de sangramento, que geralmente é
curativa, associada a terapêutica clínica com ini-
'
jpsulas
(10 e 20mg; abrir a cápsula e colocar bidores da bomba de prótons. A sutura-ligadura
sfgrãnulos em substância ácida, como suco de deve ser em quatro quadrantes e é, algumas vezes,
'ªêã). ampolas injetáveis. necessária para parar o sangramento. Ocasional-
mente, quando a sutura—ligadura falha em estancar
.MBdicamentos para tratamento da contaminação
gor Helicobacter pylori. o sangramento, é necessária a ligadura da arté-
“Associações propostas para uso em crianças: ria gastroduodenal cranial e inferiormente ao
& Omeprazol 0,7 a 1,2mg/kg/dia, uma aduas vezes duodeno. Se a causa de estresse não estiver re-
solvida e nem o for por um período prolongado
_por dia +claritromicina 15 a 30mg/kg/dia, duas (principalmente queimaduras oulesões intracra-
vezes por dia + amoxicilina 50 a 60mg/kg/dia, nianas), indica-se vagotomia + piloroplastia.
uas vezes por dia ou metronidazol 20 a 30mg/ IA perfuração por úlcera primária necessita de
'
prf—'kg/dia, duas vezes por dia, durante 10 a 14 dias.
sutura da perfuração com epiploplastia + redu-
:No Brasil, há preferência pelo esquema com
'-
ção da acidez (vagotomia troncular +piloroplastia
fªmoxtcilina, devido ao alto percentual de ce— ou vagotomia gástrica proximal), se as condi—
““_Pas resistentes ao metronidazol. ções clinicas da criança permitirem.
Em caso de perfuração por úlcera de estresse,
está indicada sutura da perfuração com epiploplastia
(remendo de Graham-Steele).
ªfªgª geral, as crianças respondem bem a um
.— lmento Cirúrgico simples e não mutilante.
A úlcera gástriCa pré-pilórica e a de canal pilõrico
comportam-se como úlceras duodenais.
'6
".
358 I
TratoGastmintestinal
.
está indicada vagotomia troncular +piloroplastia
de Finney ou Jaboulay (gastroduodenostomia). Recidiva após a cura não costuma ser ºbservadª
II
Úlcera duodenal primária crônica com falha de em úlcera gástrica.
tratamento clínico: todos os pacientes operados
IA taxa estimada de recidiva na úlcera
duºdenal
por úlcera péptica devem ser mantidos com tra- de tratamento clínico 6 de 50%, sem erradicaçãº
tamento clínico medicamentoso com antagonis— de H. pylori.
tas H2 ou omeprazol por seis meses. BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
Com os avanços do tratamento clínico e da endos— CARVALHO,A. S. T. Úlcera péptica. ]. Pediatr.. v. 76. supl. 2, $127-
copia, tomou-se rara a necessidade de tratamento 8134, 2000.
I
operatório para a úlcera péptica em crianças. Ain— CHELIMSKY. G.; CZINN, S. Peptic ulcer in children. Pediatr. Rev.,
vz].
da é desconhecido qual o melhor prognóstico quando v. 22, p. 349-355, 2001.
-$'s8Ló #519
se comparam crianças submetidas à vagotomia e DRUM, B.; RHOADS, J. M.; STRINGER. D. A. et al. Peptic ulcer
piloroplastia e suas complicações potenciais (diarréia disease in children: etiology, clinical findings and, clinical com
crônica e a síndrome de dumping) com crianças sul)- Pediatrics, v. 82. p. 4l0—414, 1988.
metidas & procedimentos menores (fechamento da ROCHA, R. F. C. Doença péptica na criªnça. [n: MAKSOUD, J, Q
perfuração ou ligadura-sutura de uma úlcera (ed.). 2. ed. Cirurgia Pediátrica. Rio de Janeiro: Revinter, 2001
sangrante) seguidos pela erradicação de Helicobacter p. 747-758. ’3'
pylori e uso a longo prazo dos inibidores da bom- TSANG, T. M.; SAING, H.: YEUNG, C. K. Peptic ulcer in children.
ba de prótons. J. Pediatr Surg., v. 25, p. 744-748, 1990.
Necrase/Perfuração Gástrica Neonatal :: 359
“&
e junto à grande curvatura. Uma distensão gástrica
:f'
»
,
excessiva e rápida (condição que pode ocorrer em recém-
Sr”',L
rose/Perfuração nascido submetido à ressuscitação ventilatória) pode
iva
causar angulação do duodeno e obstrução distal. Isso
provocará aumento da pressão intragãstrica e retardo
&:
no esvaziamento gástrico. Situações de estresse perinatal
ªls
podem iniciar ou piorar a situação, causando um estado
de baixa perfusão esplãncnica. Como conseqíiência,
haverá lesão vascular (pressão intragástrica ultrapassa
a pressão dentro das anastomoses arteriais), conges-
tão venosa e estase que pode induzir a trombose ve-
nosa nos vasos murais e iniciar a gangrena. Como a
mucosa torna-se isquêmica e aparece necrose em
algumas áreas, há diminuição da secreção de muco
protetor, surgindo pequenas ulcerações devido ao efeito
da acidez gástrica sobre a camada mucosa basal
desprotegida. Ulceras pépticas podem surgir nessas
induzindo a trombose venosa, gangrena se- áreas. Nos casos sem manobras de ressuscitação, uma
‘p perfuração. situação de estresse perinatal com asfixia, hipovolemia,
choque hemodinâmica e outros pode diminuir o flu«
xo vascular para o estômago e causar êmbolos nos
vasos sangiiíneos murais. isso leva a um dano exten«
- causagastrite
atual mais comum de perfuração gástri- so da mucosa gástrica, deixando a parede desprotegida
de agentes corrosivos como o ácido clorídrico.
ada necrosante.
'
>4) ge predominância no sexo masculino. Em alguns casos de perfuração, pode ser encon-
Ãçal mais comum de doença: grande curvatu— trado um número diminuído de células intersticiais de
a, perto do fundo gástrico e na parede anterior Cajal (células que funcionam como marca-passo do
1,59%). As perfurações costumam ser grandes trato gastrointestinal), proporcionando hipomotilidade
gástrica, distensão gástrica, hipercrescimento bacteriano,
t lidade aproximada: 25%. invasão bacteriana da parede do estômago, necrose e
perfuração. Causa uma gastrite semelhante à enterite
associada a desordens de motilidade intestinal, como
a doenç'ã- de Hirschsprung. As células de Caja] po-
.
l
“ec/ou perfuração gástrica no período neonatal dem ser pesquisadas por imunoistoquímica, usando
ªggãstrica por distribuição anormal das células ção respiratória ao nascer, necessitando de res—
" "93318 de Cajal, causando hipomotilidade, distensão
Cªf—'s. hipercrescimento bacteriano.
suscitação vigorosa ou ventilação por máscara.
I Em geral há alguma história de estresse perinatal.
IA doença ocorre na primeira semana de vida (mé-
& dia: 72h). Oitenta e cinco por cento ocorrem nos
'!A'lfºllllill nnNIBGIIS'I'I'IITE IIEBRDSIIII'I'E E primeiros cinco dias de vida.
ªpurar: BEFIBIÉIIBIII |]! BÉllllIlS B Em geral, ainda não receberam nada por via oral.
I O primeiro sinal é o aparecimento de hemme-
r u n — 5 .3 “
ªri mese, que começa insidiosamente.
”âmªgo Pçssui uma rica suplementação vascular IE Outros sinais e sintomas são: distensão abdo—
"‘3;de ªnastomótica generosa. Essa é a razão minal progressiva (presente em 100% dos ca-
àãgªêvªdufªnte um episódio de hipotensão, o es-
anerra área a desenvolver isquemia e a
sos e originada pela distensão do estômago com
gangrena ou pneumoperitônio), piora do esta-
.q —
360 I Trato Gastrointestinal
235‘»-
II História e exame físico.
E Radiografia de abdome: dilatação gástrica sig.
l - 9 n L ; .: — * . ª w «
nifrcativa (Fig. 67.1), podendo ser visualizado;
n
pneumatose gástrica ou pneumoperitônio (Fig
67.2), quando houver perfuração. O desapareci.
mento da dilatação gástrica e o aparecimento de
ª
ru-snMG
;* pneumoper-itônio (Fig. 673) são bem sugestivos
.?“ de perfuração gástrica. '
{2;
q?: &
' Figura 97.1 — Radiografia simples deabdome mostrando grande
dilataçao gásmm
Endosmpia digestiva
de liematemese econ aga: par:
afastar
Oerlça gDªm.“; Sua
Cªusas
strrca.
Irma: nsco clínico des.
if"
ª, rndrcaçao é controversa.;zelo
k,"! ses bebês instáveis, pela fragilidade da pared:
fi % gástrica e necessidade de aspiração gástrica e
à? ª«
insuflação gasosa. Não utilizamos. Somente deve
ser realizada por endoscopista experiente.
(É
«,»
:”
,2 “&
IBITAMENTB
Pré-operatório: ressuscitação clínica, antibióti-
‘2‘ cos, sonda nasogástrica, antagonistas H2.
"‘1; Cirurgia indicada em vi gência de pneumoperitõ-
'
' nio ou necrose gástrica detectada por endoscopia.
/ 2. _ &,
_: 1‘ ll Via dc acesso: laparotomia transversa supra
_
§--X «,
325,
. J _ . ,
I Perfilrações grandes: ressecção segmentar.
f rI Necroses extensas: gastrectomia subtotal.
i.x,ª“r
life 23:73 Rãd'ºgjªf'ªâdªfªbdºme
'
57-2'
mºªtfªndº pneumope- I Em gastrectomia total: interposição de cólon trans-
? ' i: Io por per uraçao g stnta verso ou esofagojejunoanastornose emYdeRoux.
.a
,
Lgª.
Mªu 3
“: i ll As necroses extensas, com necessidade de gas-
' trectomia subtotal ou total,,lnão são comuns.
.ªº' : i" nr Completamos o procedimento com uma gastros— . “r" -“.2Jv
“º “ temia, na maioria dos casos. Também pode ser opçao
uma sonda nasogástrica bem posicionada e furada.
i
.:
“
;;“?-
"'
4“ l—‘-h
'
.;
l..
Eªrl?
'ri !
:.", , Figura-67% -Radiografia de abdome mostrando grande pneu-
' moperrtônro Pºr perfuração gástrica. Observar desapareci-
É,». mento dª bºlhª QªSÍÍ'Cª. dºençª da membrana hialina e -
Figura 67.4 Transoperatôrío mostrando perfuraç㺠loca-
Tif drenagem toréelca bilateral. iizada na parede anterior do estômago.
%
s
.
i»
1
— m.
362 I Trato Gastrointestinal
Sangramento
I! A maioria dos recém—nascidos (RN) sªngra nas
primeiras 48h de vida. O sangramento costuma
parar em 24h.
u Aproximadamente 50% desses RN ficam sem
Gastrointestinal diagnóstico.
011511110 clilllflll
João Carlos Ketzer de Souza Ao avaliarmos uma criança com sangramento diges-
tivo, devemos pesquisar: idade, quantidade do Sªn-
gramento e sua
repercussão no estado geral, carats,
do sangramento, relação com as fezes. condiçõeS
Perda de sangue proveniente do trato gastrointestinal associadas e se existe hematêmese.
(GI) e seus anexos. A informação mais importante, em relação à quim.
Pode manifestar—se clinicamente pelo vómito de sangue tidade de sangramento, advém do estado hemodinã. . .
(hematêmese) ou pela eliminação de sangue pelo ânus mico da criança. Crianças It'oleram
bem a perda menor
que 10% da volernia, podendo ou não apresentar so-
(melena ou hematoquezia). O sangue eliminado pelo
ânus pode apresentar-se sob a forma de melena (fezes mente mínima elevação da frequência cardiaca. Maior
pretas, pegajosas e fétidas), ou de hematoquezia (san— aumento maior da frequência cardíaca e hipotensão
gue misturado ou não com as fezes ede coloração variando ortostática sugerem perda entre 10 e 20%. Os acha—
dos de hipotensão e deficiente reenchimento capilar
entre marrom, vermelho-escuro e verntelhovivo). Melena são associados a perdas acima de 30% da volemia.
geralmente é proveniente de sangramento acima do ângulo
de Treitz. As vezes, pelo efeito irritante do sangue no
lúmen do tubo digestivo e aumento do trânsito intes- IIIS'I'IIIIII
tinal, até sangramentos oriundos do trato GI alto po- Ia Se houver hematêmese, pesquisar tosse. epistaxc.
dem não se manifestar sob a forma de melena. refluxo gastroesofagico, úlcera péptica ou, se RN.
As causas mais comuns e as características do deglutição de sangue materno e deficiência da
sangramento digestivo estão listadas nas Tabelas 68,1, vitamina K.
68.2 e 68.3. Ea Idade da criança.
|!
História materna (hemorragia excessiva no par-
to, ingestão de drogas, descolamento prematuro
EPIDEMIMBGIII I: da placenta, púrpura e outras).
História do RN (prematuridade, estresse perinatal,
Apenas 10 a 15% dos sangramentos estão situa- início do aleitamento e qual o leite, exsangiiino-
dos acima do ângulo de Treitz.
n Noventa por cento dos sangramentos cessam . transfusão, sondagens, enemas, toque retal, ter-
mômetroiretal', vitamina _K, onfalite neonatal,
« q f a x ,- . . ê ªt,
»
3r. .;r
53
até sangue vermelho- coagulaçao :
vive à
Sangue deglutido Melena a marrom Variável - História dº part0. É -
teste APT '
_
das fezes, durante ou ser em estrias
após a evacuação
enação intestinal
. Vermelho-escuro,
aspecto de geléia de Petluena a
moderada Dor abdominal,
massa vômitos,
abdominal Enema opaco ou
ecografia
groselha abdominal
[fªlo de Meckel Marrom, vermelho- Geralmente Geralmente indolor cintilografia com
Q “' escuro ou abundante tecnécio elou
vermelho-vivo
ecografia
abdominal
parasitológico de fezes.
“ (Crohn), torcicolo (síndrome de Sandifer), equi— dor anorretal (fissura anal), sintomas de obstru—
jgrnoses (púrpura de Henoch-Schõnlem). ção intestinal (volvo, invaginação intestinal).
ISe houve febre, diarréia, trauma. tu Quantidade da perda sanguínea.
. ,i'l-iistória familiar de sangramentos anormais ou
* equimoses. .
-
Mínima (geralmente só anemia) a moderada:
sugerindo refluxo gastroesofágico, tumor in-
I&Uso de medicamentos que podem causar drátese testinal, doença inflamatória intestinal, fissura
'hemorrágica
(aspirina, aminofilina, antiinflama- anal, polipos.
tórios não esteróides, corticosteróides).
ii 'Uso de alimentos (beterraba, gelatina vermelha, —
Maciça: sugerindo varizes esofágicas, úlcera
péptica, divertículo de Meckel e duplicações
famoras. chocolate), corantes ou medicamentos
.(ferro, bismuto) que, quando excretados com as
intestinais.
.
Natureza (caráter) do sangramento. Depende de
fezes, podem sugerir sangramento digestivo. localização, volume e ritmo da perda sanguinea:
eroença familiar
Enfermidade
do tipo polipose, úlcera péptica.
aguda ou crônica associada (hepa- —— Melena: sugere sangramento acima do Treitz.
Sangue marrom, misturado com as fezes: su—
topatia). gierindo sangramento alto e hipomotilidade intes-
!:)Sintomas abdominais: dor pós—prandial (úlcera), tinal e intestino delgado.
. » Spisódios de dor há dois ou três dias (mucosa gástrica
ectópica), dor em cólicas (imaginação intestinal), — Sangue vermelho—escuro: sugere lesões até o
colon direito, inclusive:
— esquerdo.
Sangue vermelho-vivo: sugere lesões no cólon I Exame anorrelal.
Auscultaªbdºminªis”
Lesões acima do ângulo esplênico I Massas
geralmente apresentam sangue misturado com I
abdommal1 Aspirado sanguinolen. 3 '_
as fezes e lesões de retossigmóidee canal anal, I Sondªgem
“BSPgástrlºª' oinlestinal alta do San. É 1;
com sangue Por fora das fezes. to confirma origem
gastfmdodos sangramentos Elif; .,
gástrico claro pºde
— Sangue com muco (tipo geléia de groselha): gramento. Entretantº:
331109?!
Pºr . - âuodenªl
invaginação intestinal on doença inflamatória. ser encºntrªdglcírra quando regurgita. é
causadºs tá ausen te. :.
. duodeno—pdénca es .
mui rismo
ºªº coMENDADA SILVA.
E — ,
BI“Rªfª
BLIOGRAFEI15mm
ANfimdz. Á«31;'Sflf:'6“º;ª.0%'ª
: I Estado geral. M.’ PAIVA, L.;
I Associação com hemangiomas cutâneos.
'supl'Nz'ã-lwÁRNEIIl B.“)
Pediatria, v.
“ IPigmentação mucocutânea. RAC
AÉIO ],M.;AGHAA.IÉ-M-ªºggãªímgàuãs
forgaslminlesti:
I Hepatoesplenomegalia. Imagin and radiological
lªrgªs“
Sung-v v. 8. p. 181-1911999-
BIASSIFIEAGEG
Estenose e atresia de duodeno estão limitadas, quase
totalmente, as primeira e segunda porções duodenais.
Pancreas anular pode estar associado e quase sempre
não é causa da obstrução (Fig. 69.1).
I Tipo I (86%): são constituídas por um diafragma
ou membrana formada por mucosa e submucosa.
São divididas em:
—
Membrana completa.
— Membrana com pequeno orifício centra].
—
Membrana do tipo “biruta” (windsock). Esse
tipo de membrana alongada surge por influência
direta da peristalse. 0 local de origem dessa
são completa do lúmen duodenal quase sempre membrana pode estar muitos centímetros pro-
'
Anal
da dupla bolha (estômago e duodeno pre-
egehidos com líquido).
_
.Trissomia 21: 25 a' 30%.
Gastrointestinais: 30% (atresia de esôfago 7%?
á rotação intestinal 20%; anomalia anorreta]
%%; atresinjejunoileal e divertíeulo de Mªcken-
ardiovasculares: 20%.
Figura 69.1 - Representação esquemática dos tipos anatômicos
mais frequentes de atresras e estenoses duodenais. (A) Atresia
membranosa. (E) Membrana perfurada. (C) Membrana tipo
”biruta". (D) Atresia corn cotas conectados por cordão fibroso.
Geniturinarias: 8%. (E) Atresia com cotos separados.
v
366 a TratoGartroíntertinal
sérica resultando em menor capacidade de liga- tinina, eletrólitos, cálcio, gasometria arterial
ção e maior ciclo enteroepático. O mecânio do e ecocardiografia.
recém-nascido contém bilirrubina e B-glicuro- 5 Acesso: laparotomia transversa supra-umbilicªl
nidase, uma enzima que hidrolisa a bilirrubina direita.
conjugada à forma não-conjugada. Pode ser a Liberação do ângulo hepático do cólon e mano—
. 4- uer
reabsorvida e voltar ao fígado pelo ciclo entero- bra de Kocher.
.w »?
epático, que costuma estar aumentado nos re- :: Tratar bandas de Ladd ou outra forma de má
cém-nascidos. Em obstruções intestinais congê- rotação, se houver.
nitas, principalmente do duodeno, a alimentação H Observar aspecto da vesícula biliar (associaçãº
retardada e a motilidade intestinal diminuída com atresia de vias biliares é de l a 2%).
favorecem maior atividade da [S-glicuronidase. Certificar—se de que não existe veia porta pré.
n Poliidrâmnio: 50 a 60%, em atresias e 10 a 15%, duodenal (4% dos casos).
em estenoses. a A observação de continuidade preservada na pª.
a Constipação ou eliminação de mecônio anormal. rede do duodeno faz o diagnóstico de membrana_
I:! Prematuridade ou FIG: 45 a 50%. colocar sonda de Foley por gastrotomia ou solicitar
ao anestesista que introduza a sonda nasogéstrica
INVESTIGAÇÃB lllllillÚSlllill até o duodeno, guiada pelo cirurgião. Essa ma.
nobra pode diagnosticar membrana do tipo “bi.
a História e exame físico. ruta” ao distendê-la e provocar indentação pro.
a Radiografia de abdome. ximal, definindo o ponto de sua inserção.
— mago e bulbo duodenal) (Fig. 692).
Atresias: visualização de dupla bolha (estô— A permeabilidade do restante do duodeno e do
jejunoíleo e comprovada pela injeção intraluminai
— Estenoses: dilatação do estômago, duodeno
proximal e pouco gas visível abaixo da obs-
de ar ou soro fisiológico. A coexistência de uma
..”,—r“ trução.
segunda membrana duodenal é de l a 3%.
Tratamento da membrana.
Trânsito intestinal e/ou enema opaco: para afas—
a
tar ma rotação intestinal, que deve ser conside- — Duodenotomia longitudinal sobre a inserção
da membrana.
rada emergência.
— Identificar a localização da ampola de Vater
,N
.i v ”
nº 8-10. ficio na membrana, a ampola quase sempre estará
m Solicitar hemograma com plaquetas, provas de localizada na sua margem póstero—medial.
coagulação, glicose, bilirrubinas, uréia, crea- - Ressecar porções anterior e lateral da membrana
em forma de V (membranectomia parcial em
"1.
— ,; W M «
forma de V). Deixar porção medial intacta.
“e
';
II Tratamento da atresia
creas anular associado.?empre fazer sutura em
plano único.
nus—
-— Duodenojejunostomia latero-lateral: pºucº
utilizada atualmente.
— Duodenoduodenostomia látero-lateral.
— de diamante (diamond-shape), conformeemdesen-
Duodenoduodenostomia látem-lateral form-ª
ção de Kimura: incisão uansversa no coto pm)“
do duodeno e longitudinal no coto distal I}
Figura 69.! - Radiografia simples em posição supina mos-
trando distensão gástrica e duodenal proximal, sem ar distal.
anastomose inicia-se aproximando as exitem"
dades da incisão proximal a porção médiª dª
” ._ ,
Atresia de Duodeno I
367
I: Pós-operatório:
—- Adiasmaioria pode ser alimentada em sete a dez
usando-se a técnica de Kimura. Porém,
têm sido observadas até três semanas de obs-
trução funcional.
— A realimentação, em geral, pode ser iniciada
quando a drenagem da SNG tornar«se clara e
< 30 a 35mL/dia.
REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA
]. I(IMURA, K.; MUKOHARA.N.; NISHIIIMA, E. et al. Diamond-
shaped anastomosis for duodenal atresia: an experience with 44
patients over 15 years. J. Pediu/l: Surg., v. 25, p. 977—979. 1990.
573 — Anastomose de Kimura em forma de diaman-
Éemidade proximal da incisão longitudinal (distal) BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
'ãproximada ao ponto médio da borda inferior da
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Surg., v. 39, p. 867-87l, 2004.
iiciséo(Fig.
distal. É a técnica mais utilizada atual- GROSFELD. I. L.: RESCORLA, F. J. Duodenal atresia and stenosis:
mente 69.3).
denoplastia redutora pode ser indicada pri-
of und based on
diagnosis, pathologic variance, and long-term follow-up. World
'
Má Rotação Intestinal
goteira peritoneal superior direita (abaixo do fígadº) e
passando sobre o duodeno, formam as bandas de Ladd,
s ua-
meiro mês e, 90%, no primeiro ano.
Tina Não lotação tl Inicio abrupto de vômitos biliosos.
Eliminação de mecônio (todos os pacientes):
Nesse caso, a alça proximal gira somente 90º de um
total de 270º de rotação normal, ficando a junção Dor abdominal (em criança maior) e choro persis-
tente no lactente. Sensibilidade abdominal variª
duodenojejunal à direita da coluna vertebral, enquanto
de acordo com o grau de comprometimento vasculªf-
tr
. . -
-."íé'adiogratia
ção sem volvo, demonstrando o ângulo de Treitz à direita da
de abdome. Pode demonstrar nenhuma coluna vertebral e todo o intestino delgado no lado direito
gfio‘rmandade (20%), obstrução duodenal com- do abdome.
fa
(muito rara), obstrução duodenal parcial
,m'iiito mais comum), obstrução intestinal baixa
:rfvo
com gangrena). .
gas
_ ou terceira porção. principalmente (volvo es—
. áginal da dupla bolha com pouco intestinal trangulante).
ªgdis'tal (escassas pequenas bolhas distais), Deve
,ser feito diagnóstico diferencial urgente entre
— Aparência de espiral ou saca—rolha, com a' co-
luna de bário estendendo-se para dentro dojejuno
"fe‘stenose duodenal intrinseca e má rotação
* ntestinal. Indicada radiografia contrastada do
(volvo não totalmente estrangulante). A pro-
jeção Oblíqua pode mostrar essa imagem pto-
.lubo digestivo superior. jetando-se para frente, afastando-se da parede
'Sinal da dupla bolha sem gás intestinal distal: abdominal posterior.
geralmente é causado por atresia duodenal. A
obstrução completa não e' sugestiva de má
—Em atresia duodenal, a obstrução é mais pro-
ximal e o contorno é liso, sem o aspecto espira—
_otação, mas se deve ter precaução. lâdo ou de bico.
—
Quadro radiológico simulando obstrução in- Enema opaco. Caracteristicas:
estinal baixa (principalmente se acompanha- Localização anormal do ceco. Ceco subepático
: pbor distensão abdominal): pensar na possi- (alto) é encontrado em'aproximadamente 6 a
lrbilidade de volvo de intestino médio já. com 7% da população em'geral, podendo ser mó—
.gangrena intestinal. Na obstrução em alça vel em cerca de 35% dos lactentes. Ceco nor—
chada (volvo da má rotação), 0 ar costuma malmente situado pode ser encontrado em 5 a
'
ser reabsorvido quando a drenagem linfática 20% dos casos de má rotação. *
WM
à? (Fig. 70.1). mente se situa à direita da artéria e é encontrada
a esquerda ou anterior, em casos de ma rotação.
”:: Aparência do duodeno adquirindo a forma de Em torno de 30% dos pacientes com má rotação
?;:ª b'ºº de pássaro ou cone noinfvel da segunda podem apresentar posição vascular normal. O eco-
7
«—
370 I
Trato Gastrointestinal
ir 9-
autores preferem a técnica de desvascularizagao
e inversão do apêndice. Após esse período, está
indicada a apendicectomia clássica com ligª.
dura simples e bolsa invaginante. Algumas com.
plicações oriundas da técnica de inversão em
.
crianças maiores são hemorragia intestinal,
cabeça para invaginação e lesões cecais causando
Figura 70.2—Radiografia contrastada do trato digestivo mos- confusão diagnóstica. i"
trando ceco e apêndice vermíforme na região epigástrica.
-Estabilização do intestino colocando o ceco no
:.ar, m.
quadrante superior esquerdo e o duodeno e o
restante do intestino delgado à direita.
Doppler pode mostrar artéria mesentérica superior Dúvida sobre viabilidade.
hiperdinâmica, dilatação distal da veia mesentérica
— Área segmentar: ressecção + anastomose.
«
superior e o sinaldo redemoinho, baseado no aspecto
espiralado da veia mesentética superior em tor- — Múltiplas áreas de viabilidade questionável ou
quando todo intestino em volvo tem viabilidade
no do eixo da artéria mesentérica superior (esse questionável; redução do volvo +lise das bridas
,?
sinal sugere volvo). +fechamento da laparotomia com reexploração
cirúrgica em 24h + tratamento clínico intensi-
TIIIITMIIEIITI] PBÉ—OI'EIlIITúIIII) vo; manter antibióticos, descompressão adequada ,
do trato gastrointestinal, hiper—hidratação com
Correção do desequilíbrio hidroeletrolítico' e 150 a lóOmL/kg, reposição de sangue e plasma '- , _
ressuscitação urgente, se houver suspeita de volvo. fresco, ventilação assistida; Dextran 40, 10mlJ
Se existirem sinais de choque, estão indicados
transfusão sanguínea e vasopressores. Dopamina
kg/de_6 em 6h até a reexploração cirúrgica e
dopamina. O Dextran tem efeito antitrombõtice.
nu.
.
é a primeira escolha, por aumentar o fluxo san- diminuindo a adesividade das plaquetas. Agentes h
”?a“ giiineo esplãncnico. Iniciar no pré-operatório com citoprotetores, como as prostaglandinas (PGE).
.3u
.,
dopamina 3ttg/kg/min, continuando no pós—ope- podem ser usados pelos seus efeitos antitrom-
} ratório. « bóticos e de vasodilatação esplâncnica. .
& . mz
Nada por via oral + sonda nasogástrica.
. ' II Antibióticos.
u Má rotação como 'achado incidental:
se o procedimento de Ladd. dependendo da cirur-
recomenda
.5 Adequado acesso venoso. gia e das condições da criança. 3
“
e: Cirurgia sem perda de tempo havendo suspeita BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
de volvo intestinal.
CLARK, L. A.; OLDHAM, K. T. Maltotation. ln: ASI-ICRAI'T. K- W.
Pediatric Surgery: 3. ed. .Philadelphia: W.B. Saunders, 2000.
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turutututa olnúnttlcn FORD. E. G.; SENAC, M. O.; SRIKANTH. M. S.; WEI'I'LMAN. J- L
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-
'
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, ’1
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367-331:
.o
Realizar procedimento de Ladd com os seguintes
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passos: of 447 cases. Surgery, v. 108. p. 710-716, 1990. ,
Atresiaslejunoileais B
371
EMSSITIGAÇÃD
Nosso serviço apresenta a seguinte classificação e
porcentagem (Fig. 71.1):
E Tipo l (18%): diafragma mucoso obstrutiva com
parede intestinal intacta. Mesentério e parede
intestinal estão em continuidade. Comprimento
intestinal normal.
na Tipo II (25%): fundos cegos do intestino conec-
tados por cordão fibroso. O mesentério correspon-
dente e o comprimento intestinal são, geralmente,
normais.
Tipo Ill A (31%): fundos cegos do intestino
separados por defeito mesentérico em forma de
fio* 'ejunoileal.
congênita completa do lúmen de algum V. Os cores são completamente separados (Fig.
71.2). Comprimento intestinal é sempre reduzi-
do em extensão variável. .
B: Tipo III B (20%): colos estão-“sempre separados
H . e defeito mesentérico é grosseiro. Intestino dis-
o congênita intrínseca incompleta de algum
?[EBjcjunoileal.
tal e seu mesentério adquirem forma espiralada
em torno da artéria ileocecal. Denominado apple
pee! ou christmas tree (casca de maçã ou árvore
de natal). Deve ter havido alguma catástrofe vas-
cular intra-uterina causando oclusão proximal da
É“!predisposição sexual.
"ãqiiência: de atresia, 95%; de estenose, 5%,
'Éração nas arnesms E rsrrnusrs
Fair-nº proximal: 31%.
., guito distal: 20%.
[‘ééproximal: 13%.
lrio'distal: 36%.
ªtacama
a d?
rat-um
segmentos de intestino delgado dilatados
4,
aiãjao sítio da atresia, geralmente com poliidrâm-
,alizados após a 24g semana de vida. Sem—
sar no diagnóstico diferencial entre volvo e
'conial.
&
.
trims nssneinnns
iiomalias extra—intestinais são raras.
“gas anomalias congênitas associadas de in- Figura 71.1 — Classificação das atresias'j‘éjunoileais. Tipo i:
«éino ou parede abdominal quemá.
podem ser causas atresia membranosa com parede intestinal e mesentério
de'atresia ou estenose (27%): rotação intes— intactos. Tipo II :cotos conectados por cordão fibroso e
ªl. volvo, duplicação intestinal, íleo meconial mesentério intacto. Tipo IIIA = cotos atrésicos totalmente
7_astrosquise. separados, sem cordão fibroso entre eles e defeito mesentérico
em forma de V. Tipo lllB = atresia de jejuno proximal perto
Omalias do tubo digestivo associadas em 5%: do ligamento de Treitz, ausência da artéria mesentérica su-
gema de colon, atresia de esôfago e anomalia
. orretalq perior além da origem da artéria cólica média, ausência do
mesentério dorsal, perda significante de comprimento intes-
ªçºffltílicações
Oma .
da atresia em 6%: peritonite me- tinal. O intestino delgado distal adquire uma configuração
helicoidal em torno de uma artéria simples crescendo das
arcadas da artéria ileocólica ou cólica direita. Tipo IV = múl-
{ii-rose cística associada em 12% dos casos. tiplos segmentos atrésicos. Adaptado de Grosfeld'.
372 u Trato Gastrointestinal
L-s'AQrvztçªwô
Figura 71.2 — Achado transoperatório mostrando cotos in- l-'
testinais atrésicos completamente separados, acompanhados Figura 71.3 — Radiografia de abdo‘me em posição supina.
por defeito mesentérico em forma de V. Alças de delgado dilatadas.
artéria mesentérica superior, com o fleo distal 12% podem ser observadas calcificações de al-
permanecendo viável. A suplementação vascular guma peritonite meconial associada ou massa
passa a ser realizada pela artéria ileocólica por abdominal de pseudocisto meconial associado.
fluxo sanguíneo retrógrado. Longo segmento do Enema opaco: demonstra microcólon, principal-
intestino proximal está ausente (jejuno proximal mente em atresias mais distais e ajuda a localizar
atrésico). Geralmente, associam-se a baixo peso a posição do ceco e a afastar má rotação intes-
ao nascimento, malformações aumentadas e pre— tinal, que pode estar presente em 10% das atresias
disposição familiar. Há sempre redução no com- jejunoileais (Fig. 71.5).
primento intestinal. a Trânsito intestinal: indicado a obstruções par-
a3;2.,
-.
5 Tipo IV (6%);múltiplas atresias. Intestino sempre ciais (estenose) do intestino delgado. Demonstra
está reduzido em comprimento. o local da obstrução e a sua natureza.
«nuªm “'E
1.
978- 5< 4l 6
llllllllllll [lllllllll
Prematuridade ou pequenos para a idade gesta-
cional (PIG) são freq'Lientes. Frequência de 33%
em atresia dejejuno, 25% em íleo, 50% em atresias
múltiplas e > 50% no tipo árvore de natal.
a Vômitos biliosos após as primeiras 24h de vida,
em atresia e após as primeiras 48h, em estenose.
Artéria umbilical única: suspeita.
Poliidrâmnio em 40% em atresia dejejuno e 15%
em atresia de i'leo.
IIcterlcia, principalmente em atresia dejejuno (30%)
e na de íleo (20%).
a Distensão abdominal alta, média ou generalizada,
de acordo com o local da atresia. Maior distensão
em atresias mais baixas.
In Constipação elou eliminação de mecônio anormal.
murmured: 11111110511011
5 Radiografia de abdome: alças de delgado dila-
tadas (Fig. 71.3) e múltiplos níveis hidroaéreos
(Fig. 71.4). Quanto mais distal a obstrução, maior Figura 71.4— Radiografia de abdome em posição ortostática-
será o número de níveis e de alças dilatadas. Em Múltiplos níveis aéreos.
Atresiaslejunoileaíx n 373
—
of the Surgical Newborn. New York: Futura, 1997. p. 335-346.
A entereplastia redutora pode ser realizada até TOULOUKIAN. R. 1. Diagnosis and treatment efjejunoileal atresia.
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do cólon direito. divisão do ligamento de Treitz TOULOUKIAN, R. J. Intestinal atresia. Clin. Perinatal. v. 5. p. 3-19,
e liberação da porção retrocólica do duodeno. 1978.
'º”?
Íleo Meconíal s 375
EPIIIEMIIIlIIGIII
a‘rlos Ketzer .]
:"
a Prevalência de fibrose cística nos Estados Uni-
de Souza dos: 112.000 a 3.000 nascidos vivos.
Prevalência de íleo meconial: 1:15.000 a 20.000
nascidos vivos ou 10 a 15% dos casos de fibrose
cística.
n Aproximadamente 10 a 15% dos bebês com íleo
meconial não têm fibrose cística.
H Cinco por cento dos bebês com íleo meconial
têm muito baixo peso ao nascer (MBPN) e não
possuem fibrose cística.
la Predisposição sexual: 2M:1F. -
Condição herdada autºssômica recessiva. His—
tória familiar de fibrose cística tem sido notada
em 10 a 40% dos pacientes com íleo meconial.
Anomalias associadas são raras.
do'das glândulas exócrinas. O mecônio formado
' ’s‘er extraordinariamente viscose. aderindo-
lªr e Fonte a mucosa do intestine delgado. O íleo
IilIISSIFIGRGÃB
'ea distendido por massa de mecônio visco- flee meconial não-complicado (50 a 60%): sim-
aíoso, aderente e de coloração verde—escura. ples obturação intraluminal no nível do (leo.
la Ileo meconial complicado (40 a 50%): relacio-
it‘so inal (10 a 30cm da válvula ileocecal) é
nado a complicações mecânicas do acúmulo de
, nele acumulam-se pérolas de mecônio
mecônio alterado — volvo, atresia, perfuração,
adode coloração acinzentada, como se fossem
pseudocisto meconial, peritonite. O segmento
sª'dIé'um rosário.
opibosição desse mecônio e anormal. O muco intestinal repleto de mecônio alterado, proximal
ao segmento estreitado e preenchido com con-
add pelas glândulas mucosas intestinais anor- creções intraluminares pode torcer, causando volvo.
teqclilatadas tem conteúdo protéico muito alto
fmente albumina), mucoproteínas anormais 0,yolvo resulta em necrose isquêmica e atresia
intestinal ou perfuração com extravasamento de
mecônio para a cavidade abdominal, podendo,
algumas vezes formar pseudocisto meconial.
. —:
Incomum prematuros.
em
tu Poliidrâmnio: 15 a 20%.
& Distensão abdominal nas primeiras horas de vida .
é comum em i'leo meconial não—complicado. Esses
bebês já costumam nascer com distensão abdo-
.«rw
minal.
n Vômitos biliosos precoces são freqtientes. Mais
de 3/4 dos casos apresentam vômitos biliosos nas
primeiras 48h de Vida.
E A ausência de eliminação de mecônio nas pri-
meiras 24h de vida atinge aproximadamente 100%.
ml Pode-se detectar alça visível elou palpável (me-
cônio espessado de consistência pastosa), prin—
cipalmente no hemiabdome direito em.1/3 dos
casos.
é-ã .— Espécime cirúrgico caracteristico de íleo meconial.
,Io encontra—se dilatado por mecônio espesso e
na Pode ser observada eliminação de mecônio pela
vagina. Em casos complicados com perfuração e
estreitando com pérolas de mecônio peritonite meconial, o mecônio pode passar através
de trompas e útero e ser eliminado pela vagina.
376 l
TratoGastrointestinal
.
IProlapse retal.
I Ãnus e reto estreitos ao toque retal.
Eliminação de mecônio seco ou viscoso acinzen-
tado pelo ânus.
II Aproximadamente 15 a 25% dos bebês com rolha
meconial podem apresentar fibrose cística.
Têm sido descritos, na literatura, alguns casos
de obstrução meconial em bebês de baixo peso.
Observou-se maior concentração de albumina no
mecônio, responsável pela sua maior viscosida-
de. Esse aumento pode ser explicado pela maior
e anormal concentração de albumina no líquido
amniótico associada a uma atividade intestinal
proteolítica reduzida em prematuros. Não são as—
.?
”. ? sociados a fibrose cística. Pode ser considerada Figura 72.2 - Radiografia de abdome com imagens de vidro
]
gressiva, piora clínica e perfuração. lar ou de vidro moído (Fig. 72.2) no hemiabdome
direito (sinal de Neuhauser).
INVESTIGHGÃI) IIIIIGIIÓSTIGII -- Tipo complicado.
Calciticação peritoneal (sugere perfuração e I
.
"_"-"l
(“"Nª
l espessado e impactado), intestino dilatado e
impossibilidade de visualizar a vesícula biliar.
' Alças intestinais proximais dilatadas (relacio .
nadas à atresia intestinal).
O mecônio fetal normal, quando visualizado ' Efeito de massa (pode ser causado por volvo).
no segundo e no terceiro trimestre, geralmen- ' Ascite (perfuração em cavidade livre).
te é hipo ou isoecóico. Ascite ou calcificações ' Esses sinais radiológicos sugerem complicações.
abdominais sugerem íleo meconial complicado. ' Enema opaco: significativo microcólon, po— ,
- Presença freqiiente de poliidrâmnio.
I Teste do pezinho ampliado. Observa—se elevaª'.
dendo revelar pérolas de mecônio espessado , -
no íleo terminal (Figs. 72.3 e 72.4).
ção da tripsina imunorreativa (IRT). Normal:
llOttg/mL. _
ate
I Concentração elevada de cloro no suor (> 60mEq). TRATAMENTO
Obtém—se quantidade adequada de suor para
realização do exame aproximadamente com três
a Não ttlrúrulcg '
._—_
semanas de vida. O suor deve ser obtido de um Indicado a casos não complicados.
único'local, não de múltiplos sítios. .Realizar enema terapêutico com gastrografrnª
II Identificação de marcadores genéticos cromos- (diatrizoato de meglumina) diluída em água (3:1
sômicos de fibrose cística por análise genética ou 4:1) ou diatrizoato de sódio (Hypaqueº) 25 a
do DNA, pesquisando-se mutação tipo AF508 40% ou, atualmente, com agentes isosmolares
(mutação no braço longo do cromossomo 7) pela (compostos hidrossolúveis) que provocam mª- .
reação em cadeia da polimerase (PCR). Essa mu« nor lesão de mucosa e menos hipovolemia. Téc-
w
.
-
tação é responsável por aproximadamente 70% nica descrita por Nobblet.
“eu:
dos genes anormais da fibrose cística. A análise Objetivo do enemªá' terapêutico: amolecer e di—
da mutação é feita em células bucais ou sanguíneas. luir o mecônio; o fluido do enema deve passar '
a g rª m
II História e exame físico. para dentro do íleo, misturando-Se com as pérolas '
_
nível hidroaéreo. Esse achado se deve à presença intestinal. (100
de mecônio espessado aderente e à diminuição
de conteúdo líquido intestinal (sinal de White).
— Hidratar a criança antes e durante o enemª
a 150mL/kg/dia). .linn : 1
cirúrgico
O tipo de reconstrução intestinal vai depender da via-
bilidade do intestino a ser anastomosado, de existên-
cia e grau de peritonite, êxito da evacuação do mecônio
alterado, comprimento 'do intestino residual, estado
geral do paciente e preferência cirúrgica individual.
Indicações cirúrgicas: tratamento malsucedido com
enema terapêutico e íleo meconial complicado.
. ,
:
TÍ'; — Enema opaco mostrando significativo mícrocólon Tratamento Malsucedido com Enema
”3’s de enchimento no ileo terminal por pérolas de Terapêutico
Enterotomía com Remoção do Mecânio (Fig. 72.5)
ªgenda nasogástrica funcionando. Objetivos da cirurgia: evacuação do mecônio perolado
'Pcplocar cateter retal nº 12 a 14F. sem balão. espessado do íleo distal e, do mecônio pegajoso, do
4
mine de Bishop-Koop é realizada por meio de ileostomiª
da boca distal e anastomose em Y de Roux da boca
proximal a parede lateral da alça distal (anastomºse
. :» W t— w u
término-lateral). A tipo chaminé de Santulli é feita
por ileostomia da boca proximal e anastomose em Y
de Roux da boca distal à parede lateral da alça Prºxima]
.
(anastomose látero-terminal). m.
Antes da ileestemia, retirar todo o mecônio alte.
»
rado possível. Manter irrigações pós—operatórias de
I
N-acetilcisteína.
y-
Figura 72.6 - Ressecção do íleo distendido e remoção do mecô-
SB'ELõ* z-c ru
nio perolado. Observar as linhas demarcatórias da ressecção.
ileo Meccnial Bomnlioaun
l:
“n
Com atresia intestinal: ressecção intestinal +
fªva,“
sar, no 1‘leo distal até a válvula ileocecal, cateter anastomose primária.
Fogarty nº 5, inflar seu balão e retirá-lo inflado II Com perfuração intestinal, volvo, peritonite difusa:
trazendo junto as pérolas mais espessadas. Esse ressecção do intestino não-_viãvel + enterostomin
procedimento costuma ser menos traumático do (a preferência, nos casesr’complicados. é pela
que a ordenha do mecônio perolado muito enterostomia do tipo Milrulicz).
impactado.
I Enterotomia é fechada no sentido transversal em PÓS-BPEM'I'ÚBID
um ou dois planos. INada por via oral.
“ . m ai
Caso houver dúvidas quanto à viabilidade intestinal, te com seis semanas de Vida), sempre monitorando
está indicada a ressecção do íleo dilatado e de viabi- e aparecimento de intolerância alimentar (distensão
“ «'m—
lidade questionável (se não houver intestino curto) e , abdominal, fezes líquidas ou .semilfquidas, san—
enterostomia. Podem ser usadas as enterostomias dos gue nas fezes, vômitos). '
1
4r
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CIRURGIA PEDIÁTRICA
MOACIR Astaire TisÚRCIQ
M 4559 _ CPF mnnmsamm
380 I Trato Gastrointestinal
Peritonite Meconial
três tipos: fibroadesiva (60%), cística (25%) e gene.
ralizada (15%).
O tipo depende do tempo de perfuração pré-natal
(em relação ao nascimento) e se ela fechou esponta-
neamente ou não.
João Carlos Ketzer de Souza Se a perfuração ocorreu precocemente e já Cicatri.
zou, a maioria dos líquidos é reabsorvida, aparece ín-
BOIIGEITB tensa reação fibroblásrica em resposta àperitonite quimica
causada pelas enzimas digestivas do mecônio e den-
Condição cirúrgica que resulta de perfuração intesti» sas aderências poderão se formar na cavidade abdo.
nal ocorrida antes do nascimento (antenatal). É uma minal (fibroadesiva). Geralmente, a intensa reaçãº
peritonite química asséptica causada pelo extravasa— fibroblastica ocasiona cicatrização da perfuração,
mento de mecônio na cavidade abdominal, resultante Se a perfuração ocorreu e não cicatrizou precoce,
de perfuração gastrointestinal ocorrida entre o quar- mente na gestação, forma-se uma densa membrana
to mês de vida fetal e o desenvolvimento da flora bac- fibrosa em torno da area de perfuração e da maior
teriana do trato gastrointestinal (até horas após o concentração de mecônio (pseudocisto meconial). A
; » , yª w a r m : nascimento). É o resultado da perfuração intra-uterina parede do pseudocisto, além das membranas fibro.
«x_i sas e fibrinosas, também é formada por alças intes.
,
sítios do trato gastrointestinal, associada a lesões obs- tinais adjacentes fixas e até o segmento gangrenoso
m'ª»
trutivas e malformações. Em menos de 50% dos casos, perfurado pode se projetar, como uma roseta, no lúmen
uma lesão obstrutiva bem definida pode ser demons- do pseudocisto. Em geral, a formação de pseudocisto
trada. A perfuração intestinal pode fechar antes do previne a comunicação da perfuração com o restante
nascimento ou persistir depois. da cavidade abdominal. Porém, em alguns casos, o
mecônio extravasa para a cavidade peritoneal. podendo
estender-se, através de um processo vaginal permeá—
EI'IIIEIIIBIIEIII . vel, para a bolsa escrotal, para o tórax (por um defeito
IA principal causa de peritonite meconial é o íleo diafragmático) e pela vagina. Ocasionalmente, a parede
do pseudocisto conterá cálcio ou calcificações finas
meconial (15 a 40%).
IPrevalência: 1:20.000 a 25.000 nascidos vivos.
_ serão encontradas dispersas na cavidade abdominal.
I: Sem predisposição sexual. Se a perfuração ocorreu poucos dias antes do nas-
cimento, enorme ascite meconial costuma se formar
., (generalizada). Líquido meconial pode ser encontrado
E'I'Illlllllill (dentro da bolsa escrotal. A perfuração pode já ter
cicatrizado ao nascimento.
As causas são muito variadas.
As calcificaçõps que aparecem em radiografias de
IObstrução intestinal distal: atresia e estenose abdome são ocasionadas por perfurações ocorridas
intestinal, má rotação intestinal com volvo, íleo «pelo menos dez dias antes do nascimento.
meconial, hérnia interna, invaginação intestinal.
Corresponde a 95% dos casos.
II Sem obstrução intestinal distal: ausência de parede
lllIIlIlllll GlÍIIIBII
muscular, oclusão vascular, hipóxia fetal gene- n Poliidrâmnio é raro. _
ralizada, perfuração espontânea, perfuração por II Pequeno para a idade gestacional é comum.
divertículo de Meckel ou apêndice cecal. dependendo da etiologia.
I História obstétrica de distocia.
Em 2/‘3 dos casos, a perfuração ocorre no intestino ll Anomalias congênitas associadas são freqilentes.
delgado proximal e médio. I A grande maioria apresenta sinais e sintomas de
obstrução intestinal (80 a 90%).
FISIlIPI'I'lBEIII I Vômitos biliosos em 70% dos casos, geralmeíIte
no primeiro ou segundo dia de vida.
O mecônio é formado durante o terceiro mês de vida ll Distensão abdominal significativa e
progressiva
intra-uterina e é composto de líquido amniótico, cé— ou massa são encontradas em quase
100%
dos
vaz-creu. L-swr
lulas escarnosas, sais biliares, pigmentos e enzimas casos, geralmente já presentes ao nascrmenfº ã"
_
pancreáticas e intestinais. 0 extravasamento de mecônio surgindo logo após. As causas são distengaº '
3 1 w » sª
a“: » .esteril na cavidade peritoneal causa intensa reação
química e de corpo estranho, com calcificações ca—
alças obstrutdas, pneumoperitônio, ascite 0u
pseudocisto.
&
»
.1 racten'strcas. Muitas vezes, a perfuração fecha antes INão eliminação de mecônio no primeirº dia dº
'.
.
faiª—«
Peritanite Meconial I
381
iAtresia de Cólon
João Carlos Ketzer de Souza
W;
GOHBEI‘I'II
Atresia é a obstrução congênita completa do có-
lon. Estenose é a obstrução congênita incompleta
.” n do cólon.
EFIIIIHIMBGII
I Prevalência: 1:40.000 a 60.000 nascidos vivos.
I Leve predominância no sexo masculino.
I Atresia de cólon corresponde a 5 a 10% de to-
. “ me g
das as atresias intestinais.
.. -., g—
a»
n e ri S - L R I
tipos I e II. s-.
colônico incompleto e terminando em fundo cegº
I Locais mais freqíientes de atresia:
oqª;aSCen-
't? a
's—
dente, seguido pelo transverso. (Fig. 74.2). O microcólon, em visão lateral, Pod}?
L‘SJ'
. , W—
;_—. .
Atresia de colon n 383
' ., ..
.» >
«
E“ IReposição hidroeletrolítica.
INada por via oral e sonda nasogástrica. Contraste solúvel
não-iônico
I Antibióticos: gentamicina + metronidazol.
I Cirurgia de urgência para evitar perfuração (obs-
trução do tipo alça fechada).
IA escolha do tipo de tratamento cirúrgico vai de-
pender do local da atresia, de extensão e calibre
do intestino, estado geral, presença de peritonite
e de outras anomalias.
x
'
I
Atresia proximal à flexura esplênica, extensão
intestinal adequada e sem dilatação grosseira (< 3
vezes a diferença entre o calibre das alças): res-
Secqfio de segmento proximal dilatado, ressec-
ção limitada do distal (i 3cm) e anastomose A B
primária término—dorsal.
I Atresia distal à flexura esplênica, qualquer lo— Figura 74.3 — Atresia de cólon (ceco e cólon ascendente)
Cal com dilatação grosseira, mau estado geral,
"
com membrana do tipo "biruta'. (A) Membrana é empurra-
k
Presença de peritonite. presença de perfuração: da distalmente pelo mecônio distendendo muito o ceco, que
poderá sofrer ruptura. (B) O enema opaco com contraste so—
4
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Enteracolite Necrosante & 385
Enitétin Intestinal
As células epiteliais mantêm—se interligadas por fir-
- mes junções impermeáveis à difusão de macromoléculas.
,," his, que podem não ser completamente representa- Constituem uma camada simples, mas dinâmica, ser-
. í ilos da doença. vindo como barreira física ao transporte microbiano
'
A patogênese da ECN continua ineerta, com cau- e de antígenos.
ou
. a causas ainda desconhecidas. Estudos epidemio-
.
gicos apontam para a prematuridade como o único Mun. Intestinal
a;
a comprovado. Outros estudos acrescentam a ali-
'Émação por fórmula como outro fator epidemioló- As células caliciformes são aquelas que secretam
t importante. As evidências sustentam o conceito muco/mu'cina, que é um protetor não-específico do
ue ECN é o resultado da interação de um ou de intestino. O muco é um gel complexo que cobre a
'“ ombinação de muitos fatores de diferentes graus superfície vilosa do epitélio. É secretado no lúmen
m hospedeiro vulnerável (prematuro — barreira intestinal pelos vacúolos de armazenamento das células
caliciformes que se encontram dispersas entre os
~tinal imatura). enterócitos ao longo do eixo vilosidades/criptas. O
(;etiologia considerada multifatorial
(& e depen-
ente de: muco é composto de água, eletrólitos, mucina, gli—
coproteínas, glicolipídeos, imunoglobulinas, albumina
;;. intermitentes
€—
»,
.Eventos hipóxico—isquêmicos sustentados ou
e episódios de reperfusão-oxigenação.
e peptídeos trefoil. A função do muco é limitar a
adesão de antígenos patogênicos e micróbios com o
I Colonização e invasão bacteriana e suas toxinas. epitélio intestinal.
:; Alimentação por fórmula.
a
A contribuição relativa de cada um, como eles Renato. destituição e Regeneração Enltelial
“fagem e por que não se desenvolve ECN em pa-
ªlles
.
com os três fatores sugerem que a etiologia é Normalmente, os defeitos da mucosa intestinal são
X {emamente complexa. reparados por um processo de restituição intestinal,
, Além desses fatores tradicionais, tem-se estudado que envolve a migração de enterócitos de áreas sau-
daveis adjacentes para as margens de áreas lesadas,
finº
ª.fimçãa de barreira da mucosa intestinal, como
la pode ser rompida, 'o papel das endotoxínas e do com o intuito de cobrir as areas desnudadas e resta-
belecer a continuidade epitelial. O reparo ocorre em
“&fiº nítrico, a ativaçãavde cascata pré-inflamald- duas fases:
efªtºres genético: relacionados.
que o entendimento da função da bar-
e;âºl'edita—seintestinal El Restituição epitelial que se caracteriza pela
.
iãtén'
tt
m
nos cºsª
dessa doença
é essencral para
letal, cuja
desvendar
freqiiêncra
os
continua
migração de enterócitos viáveis de uma área sem
doença para o sítio da lesão.
386 I TIatoGartraintestinal &
_
de reconhecimento da efidotoxina.
mucosa intestinal. Há uma hiper-regulação de sua Os TLR iniciam uma cascata intracelular de sina.
expressão nos estágios iniciais de reparo da mucosa
lização, levando à degradação de inibidor IKB, trans-
em uma variedade de doenças inflamatórias do trato locação nuclear de fator nuclear—KB (FN—KB) e ativação
gastrointestinal, inclusive na ECN. Alguns trabalhos transcricioual de genes de resposta pró-inflamatória.
mostram a expressão TFF3 deficiente no recém-nascido
prematuro que desenvolve ECN. As moléculas TFF
medeiam um mecanismo que permite a célula des- fator Nuclear-Kl! tio noguioção o
prender-se de outra e migrar sem apoptose. Admi- modulação da Inilamação Intestinal
te-se que essa ação ocorra por meio de uma série de
mecanismos. O FN-KB é um fator de transcrição que tem papel- ,
chave na regulamentação de muitos genes pro-infla- '
matórios nos enterócitos. A ativação do FN-KB é regulada
pelo seu inibidor IKB. que se liga ao FN-KB e o te—
O ecossistema intestinal é composto da interação de tém no citoplasma. prevenindo a transcrição nuclear
três componentes: células do hospedeiro, nutrientes do FN-KB. A degradação de lKB causa liberação e ' '
e microflora. A redução do número de bactérias comensais ativação de FN-KB, que entra no núcleo e ativa a trans-
no contexto da infecção ou após tratamento com anti-“_”. crição genética dos genes responsáveis pela expres-
bióticos pode interferir na resposta imunológica gas- são de mediadores inflamatórios. E importante saber
trointestinal e selecionar flora. A microflora do bebê que, no recém-nascido prematuro. encontra-se redu- i
alimentado com fórmula é rica em enterobactérias e orga- zida a expressão do fator inibidor IKB. uma proteína
nismos Gram-negativos devido ao meio mais alcalino: que, quando ligada ao FN-KB, inibe a translocação
e à ausência dos fatores prebióticos e probióticos do FN-icB para o núcleo da célula. Como resultado des- ‘
leite matemo. No recém-nascido, as bactérias indígenas sa situação, células epiteliais imaturas podem mos—
colonizam as superfícies mucosas intestinais em um trar inflamação excessiva quando a rota TLR é ativada — '
padrão tipico denominado sucessão, que é dividido tanto por bactérias patogênicas como por comensais.
em fases. Na primeira, que dura do nascimento até
duas semanas, predominam as bactérias Gram-positivas
e anaeróbios não formadores de esporos (biiidobactérias inibição da Migração do Enioroeiio
e lactobacilos). A segunda fase ocorre desde o fim da
primeira até o consumo de alimentos sólidos. Nessa
A adesão e a migração celular são processos
dinâmi-
cos que requerem compºnentes integrados e preCisa-
fase, os bacteróides aumentam progressivamente até mente regulados. '
que a flora fique semelhante à do adulto. Devido à Para uma célula migrar, ela deve, inicialmente,
escassez de anaeróbios na primeira fase da sucessão, desprender-se de suas ligações com a matriz extra-
bactérias patogênicas podem colonizar o intestino celular subjacente. As ligações da célula com ª ma-
neonatal e contribuir para a patogênese da ECN . triz fazem-se por meio da formação de fibras de estresfe
de actina e são mediadas por adesões focais, que saº
Sinalização e Reconhecimento tios estruturas de adesão célula—substrato que ancora") ªs
linonalissaca'lttens nelas Receptores Toll-lilo terminações dos microfilamentos de actina e medeiam
as fortes ligações com o substrato.
O receptor tall-like (TLR) é expresso nas células epi- A migração celular é regulada pela ras hamalai
teliais e tem um papel importante na defesa da mucosa gene family. member A (Rho-A-GTPase). uma Pm‘
,» Enterocolíte Necrosante n 387
r reinª de baixo peso molecular. RhoA e' necessária para tromboxano, outro bioproduto da cicloxigenase, é um
, fºrmação de libras de estresse nos enterócitos.
,!
potente vasoconstritor e medeia muitas respostas
' A migração celular requer uma baixa regulação da prejudiciais associadas à inflamação.
ªªhºaj que facilita a ruptura das fibras de estresse e O fator nuclear pró-inflamatório FN—KB é que vai
.' & erda das adesões focais. ativar a indução da transcrição do gene da COX-2.
a'— A endotoxina LPS, assim como outras citocinas Observou-se acentuada indução da expressão da pro-
“ [()-inflamatórias, parece ter a capacidade de impedir teína COX—2 em segmentos intestinais doentes com
a migração do enterócito pelo aumento da atividade enterocolite necrosante, sugerindo um importante papel
‘da
A
Rho.A»GTPase. endotoxina também aumenta a
Éxpressão das iutegrinas nos enterócitos, que servem
na sua patogênese. Entretanto, outra possibilidade tem
sido apontada, lembrando que a indução de COX-2
;para
aumentar diretamente a integração do enterócito
bºm a matriz subjacente, ocasionando uma inibição
pode ser um mecanismo protetor do intestino infla-
mado, prevenindo a lesão do epitélio intestinal e es-
'Ela migração do enterócito e da restituição epitelial. timulando a reparação celular.
ª% l
“ªº?“ , dutos bacterianos causa aumento dos metabólitos rea.
,,“ "
.,, ,
v: z *
“ tivos de oxigênio, que vão ativar a I—KB quinase_ Em
*
« marina t «
quinase vai fosforilar e degradar o complexo inibité.
Xantlnt axldase' rio I-KB. A degradação de I—icB libera FN-KB, per.
Mlpounfini
*_7__.O;. "nº;
!OH”
mitindo sua translocação para o núcleo da célula, ºnde
°i vai ativar e regular a transcrição de muitos genes,
%,
_azrrnrusio
FllTflllES GENÉIIGOS
—
Figura 75.1 Mecanismo de geração de espécies reativas
de oxigênio em lesão de isquemia-reperlusao.
Tem sido postulado que a criança com ECN tern um
genótipo pró-inflamatório que pode elicitar um fe.
[.*S'AGICLªs-ÍE
nótipo pró-inflamatório quando exposto aos estresses
ambientais (hipóxia, alimentação por fórmula). Ocorrem
tórios sugere que o ON participe da patogênese da uma hiperprodução de mediadores inflamatórios, ou
enterocolite necrosante. diminuição da expressão de citocinas antiinflamatória
Enquanto níveis mínimos de ON formados pelas
isoformas de SON têm papel homeostãtico no trato
gastrointestinal, a liberação continuada de ON, como
Ollflllllll fllllllllll
resultado da hiper-regulação de iNOS, pode causar I Em 90% dos casos, o início da doença ocorre
“ r a s g ,;
dano celular e falha na barreira mucosa. nos dez primeiros dias, embora possa _se mani-
festa em crianças com menos de 24h e com mais
rªw leg ,;
a— Panel tio úiiuu Nítrico na Pamuêneso de três meses de idade. A idade de início da ECN
é inversamente proporcional ao peso de nasci-
O ON pode lesar a barreira mucosa diretamente, pela mento e à idade gestacional.
,na
“?e apoptose de enterócitos e pela inibição de reparo da I O início pode ser súbito ou insidioso.
camada epitelial. I Primeiro, os sinais e sintomas são sutis e inespe-
Am: No evento isquemia-reperfusão, a reação mais'rá— cificos até aparecerem sinais e sintomas gastroin-
pida e biologicamente relevante é do ON com o superóxi- testinais mais específicos (diarréia, vômitos, hema-
do, pmduzindo o potente oxidante peroxiniuito (ONOO'). toquezia, distensão abdominal, celulite de parede
Pensa-se que a hiperexpressão sustentada de ON, ª-_ abdominal). As manifestações clínicas iniciais
e talvez mais especificamente do ONOO', medeiam *
podem ser indistingulveis daquelas da sepse neo-
a morte celular diretamente pela interrupção da fun- natal. A ECN apresenta um quadro clinico mui-
«a ção da mitocôndria e inibição da respiração celular.
r
0 peroxinitrito (ONOO') pode induzir apoptose recuperação completa e sem seqiielas até uma
.
acelerada nas extremidades das vilosidades intestinais forma mais grave de doençaicaracterizada po:
por ativação da maquinaria pró-apºptótica das célu— necrose e perfuração intestinal.
las. O ON também pode impedir a capacidade de ci- I Distensão abdominal e o achado clínico mais co
catrização da mucosa. A migração e a proliferação do mum, ocorrendo em 70 a 90% dos casos.
enterócito são inibidas, causando profunda redução na I Outros achados: retenção gástrica ou vômitos
restituição celular. O ONOO' tem a capacidade de (70%), sangue nas fezes (50%), diarréia (21%).
interromper a cascata de sinalização dos mecanismos hiperemia da parede abdominal (25%) (Fig. 75.2)v
de reparo tecidual (proliferação e diferenciação celular). sensibilidade abdominal (70%).
Essainterrupção na cascata de sinalização da prolife- Os achados clinicos inespeci'ficos representam
ração celular associada à apoptose ONOU—independente um estado de instabilidade fisiológica e incluem:
pode contribuir para formação e persistência de áreas
desnudadas de epitélio nas extremidades apicais das
letargia, instabilidade térmica., apnéia
recorren-
te, episódios de bradicardia, perfusão periféricª
vilosidades, onde bactérias podem se ligar facilmente a deficiente e choque.
membranabasal desnudada e atravessar a baneira mucosa. I A maioria dos casos de ECN ocorre em bebês
hospitalizados na unidade de cuidados interme-
Panel [10 llxitlanta na Ativação diários, que não estão recebendo ventilação inº“
Ila Fator IIIInIear-iclt cãnica e não possuem cateter venoso umbilical
ou central. Estão se recuperando de sua doentiº
O fator FN-itB de transcrição é normalmente encon- que necessitou de tratamento na UTI, ou não estª?
trado no citoplasma da célula sob a forma inativa. É suficientemente doentes para precisarem de ºu"
Enterorolite Necrosante I 389
ms--BçLz'Sr
uma -
t.
Figura 75.6 — Radiografia de abdome demonstrando ar no
espaço porta (imagens radiadas sobre a opacidade hepática).
w ». 4, 1
vn.
Figura 75.5 — Radiografia de abdome mostrando pneumatose
difusa (nos quatro quadrantes).
.—
Para selecionar o tratamento adequado, clínico ou
cirúrgico, medir sua efetividade e determinar a in-
fluência da terapêutica na sobrevida. e' utilizada a
HISTlllllGll classificação de Bell et al., fundamentada em acha-
Achados histológicos mais comuns por ordem decres- dos de história, manifestações sistêmicas e gastroin-
cente de frequência: necrose de coagulação ou isquêmica, testinais e achados radiológicos' (Tabela 75.1).
inflamação, ulceração, hemorragia, alterações regene-
rativas (regeneração epitelial, tecido de granulação, lntlicaçoes Gimmicas
fibrose), presença de bactérias no lúmen e na parede
intestinal, pneumatose intestinal (submucosa e/ou se- Ainda não ha consenso—“nas indicações cirúrgicas. O
rosa), edema submucoso, abscesso de criptas, pseudo- pneumoperitônio é considerado indicação absoluta de
membranas, hipercrescimento fúngica. intervenção“ cirúrgica. Porém, sua ausência não ex-
a
Necrose de coagulação é o achado histológico do-
minante e o mais intenso. Corresponde à necrose te—
cidual com perda do detalhe celular e preservação
“fantasma" da estrutura celular e tecidual. As vilosi-
dades mantêm o arcabouço, apesar de quase total-
mente acelulares.
Alterações regenerativas teciduais (regeneração epite-
lial, formação de tecido de granulação e fibrose) suge-
rem dano tecidual de vários dias. É uma fase de transição
que ocorre após a destruição da superfície epitelial, mas
antes do aparecimento de enterócitos maturos.
'I'Illl'l'llllilll'l
A ECN pode ser tratada conservadoramente com tra—
tamento clínico ou por cirurgia, nas formas mais graves
em que o tratamento clínico for insuficiente.
0 tratamento cirúrgico está indicado a casos em
que há necrose intestinal, ou perfuração. O momento
ideal da intervenção cirúrgica é antes de ocorrer per-
furação e após a instalação da gangrena intestinal. A
percentagem de pacientes que necessitam de inter-
venção cirúrgica varia entre os diversos serviços e
instituições :oscila entre 20 e 63%.
Figura 75.7 - Radiografia de abdome mostrando ar nº
paço porta e pneuma'tose intestinal.
ªº"
Enterocolite Necrosante I
391
EÍABELA 15.1 - Classificação dos estágios de enterocolite necrosante neonatal conforme Bell et al.'
_
,...——
,. FATORES DE _
EsTÁGIOS ESTRESSE PERINATAL MANIFESTAÇOES CLÍNICAS RADIOGRAFIA DE ABDOME
1(suspeit0) Um ou mais fatores Instabilidade térmica, letargia, apnéia, Distensão com íleo paralitico leve
predisponentes bradicardia
Recusa alimentar, resíduo gástrico
aumentado, vômitos, distensão
- abdominal leve, sangue oculto nas
&' fezes
'
clui perfuração, já que perfuração oculta ocorre em é retirada a quantidade de 0,5 mL de líquido peritoneal
até 50% dos pacientes operados. de cor marrom (gangrena intestinal) (Fig. 75.8), geral-
Para caracterizar gangrena intestinal ou perfura— mente de odor fétido. ou de líquido peritoneal com
‘ ção oculta, são utilizados variados indicadores e cri— aspecto de mecônio ou de fezes (perfuração não
'- térios. Consideramos indicações cirúrgicas relativas identificada pela radiografia) e/ou presença de ger-
'
os seguintes achados: massa abdominal fixa; celulite mes na coloração pelo método de Gram. Bactérias ,
de parede abdominal; piora clínica com dois ou mais são vistas pelo Gram somente quando atingem altas
" desses achados: hipotensão, oligúria, letargia, episó— concentrações ( lxlOª/mL).
dios de apnéia/bradicardia, acidose metabólica per— Nosso serviço adota o algoritmo de indicações
sistente com pH < 7,2, apesar de adequada ressuscita- cirúrgicas mostrado na Figura 75.9.
ção volumétrica; alça fixa persistente em radiografias O resultado de uma paracentese negativa ou seca
'
r7 seriadas, pneumatose difusa (quatro quadrantes), porto- deve ser cautelosamente interpretado em relação ao
'
E grama aéreo. Paracentese abdominal também serve
“ para detectar gangrena intestinal, perfuração bloqueada
curso clínico, laboratorial e radiológico do paciente,
pois não garante completamente a viabilidade in-
_ ;( .? ou perfuração não evidenciada radiograficamente. A testina : Se necessário. a paracentese poderá ser re-
f“ derada
paracentese abdominal não está indicada ou é consi— petida a cada 6 a 8h.
;E desnecessária nas seguintes situações: RN com
ti;» suspeita de ECN (estágio I de Bell), RN com ECN
.
definitiva (estágio II de Bell) que estão melhorando
I: sob terapêutica clínica e RN que já apresentam
Tratamento clinic!)
I! NPO (nil per os, nada via oral), sondas naso ou
I: pneumoperitônio em radiografias de abdome. um orogástrica. Nos casos de tratamento clínico, NPO
_ ª;; método seguro e eficaz que costuma predizer de fo - deve ser mantido por 7 a l4 dias, dependendo
,; ma acurada o aparecimento de gangrena intestinal.
da rotina do serviço.
'
Técnica da paracentese: um dispositivo com agu- u Adequados suportes ventilatório e circulatório.
lha de calibre 20 a 22 (Abbocathº) é introduzido em
Suporte cardiocirculatório com dopamina (até 5].th
" É camente)
um dos flancos (o mais doente clínica e radiologi-
jr e mantido em aspiração intermitente até a
retirada de 0,5mL ou mais de líquido peritoneal. Caso
'
"'
ºbjetivo de se obter líquido peritoneal mais facil-
,
Pfll'ªCentese
abdominal é considerada negativa quando
W
Sªº retirados 0,5mL ou mais de líquido peritoneal
ºf" ªmarelo—citrino ou sero-hemático e com ausên—
“a de germes na coloração pelo método de Gram.
Figura 75.8— Paracentese abdominal com retirada de líquido
I’aracentese abdominal e considerada positiva quando de cor marrom.
« an
392 :: TratoGastraintestínaI
.
'uômtomu hmmm abdomlrul lap-151mm:
infecção.
Nutrição parenteral total (NPT).
IIsolamento de contato em casos epidêmicos.
õ u —as- v
Positiva . , Negativa IRelirada de cateter de artéria umbilical.
'
II Controle radiológico intensivo (vista supina em
antero—posterior e em decúbito lateral esquerdo)
L-sm
laparotomia obter—m"
Repetir pararenteie
sem melhora :Ilnlca
a cada 6 ou 8h nos primeiros três dias. Após o
terceiro dia, essa rotina pode ser reduzida parª
ou nevar
Indlcaçdes :lmrgrm
cada 12h e 24h.
IA via oral deve ser reiniciada em 7 a 14 dias
_
costuma ter uma colonização tardia, com núme— IRevisar
sistematicamente todo o trato gastroin-
ro mais limitado de espécies bacterianas que tendem
.
..
L!& Repouso intestinal no mínimo por dez dias.
Condições para reiniciar a via oral: estoma fun-
_cionante, resíduo gástrico claro e menor que 30mL,
gausência de distensão abdominal.
! Adição de sódio à dieta. Os bebês com enterostomia
'de delgado sofrem, frequentemente. de hiponatre—
min e acidose metabólica. A hiponatremia é causada.
pela perda de sódio pelo estoma. A acidose meta-
bólica é causada pelas perdas da ileostomia (depen-
dendo do seu débito) e inabilidade do rim de secretar
ácido (íons hidrogênio) em troca do sódio (que
está depletado). Com depleção grave de sódio, a
aldosterona estimula a absorção maciça do sódio
filtrado no túbulo proximal. Isso ocasiona um
' sódio bastante limitado para as trocas entre ele Figura 75.12 — Representação diagra-
e íons hidrogênio que ocorrem no túbulo distal. mática da técnica de Clipagem de múl-
tiplas alças intestinais e anastomose
A enterostomia que requer suplementação é aquela tardia.
Cujo débito é2 30'mL/kg/dia. Em toda enterostomia
de delgado deve ser solicitada a medida do seu
débito eldosagens séricas de sódio e cloro e de bicar-
nato e sódio urinário. A reposição de sódio, em
geral, é realizada por meio da ingestão ou por
vra parenteral, de 6 a lZmEq/kg/dia ou pela fórmula:
394 I
irate Gastrointestinal
1,2mEq/kgldia + (0,13 >< débito da enterostomia). I Não consegue avaliar extensão e localização da
Recomenda-se a reposição de sódio e bicarbo— doença; viola princípios cirúrgicos Já longameme
nato quando o sódio urinário 6 < IOmEq/L, o estabelecidos e comprovados.
bicarbonato sérico < ZOmEq/L e o cloro sérico
> lOBmEq/L.
Não somos entusiastas da técnica e a indicamos
somente a situações bem específicas, sempre obs“. e
.r“
ção de placa adesiva protetora e bolsa. O procedimento realizado na UTIN, sob aneste. ª.“
é
sia local e sedação. Faz—se pequena incisão (lcm) no u&.».
quadrante inferior mais doente (em geral no quadrante à
lrenagem Peritoneal inferior direito) com remoção de gás, fluidos e eres_ E"«:
Lava«se a cavidade com 10 a 20mL de soro fisioló. «a
Técnica proposta para ser empregada sem anestesia gico morno e coloca-se um dreno de Penrose em direçãº
geral e na UTIN, em bebês criticamente doentes, pe- à área doente e que é fixo à pele (Fig. 75.13). E im-
sando menos de 1.000g e com marcada instabilidade portante obter-se drenagem adequada no momento do
cardiovascular e homeostática. Se não houvesse melhora procedimento.
em 24h, deveriam submeter—se à laparotomia explo-
Decidir precocemente a necessidade de laparo.
radora. A técnica foi descrita como medida de res—
tomia. Após o quarto ou quinto dia, a cavidade
suscitação pré—operatória dos bebês pequenos de alto
costuma obliterar-se pela formação de aderências,
risco, com peritonite, insuficiência respiratória e reação frbroplástica, vascularidade exuberante e
choque. Essa técnica e' controversa e não aceita indis—
angiogênese, que vão dificultar a laparotomia.
tintamente, por violar princípios cirúrgicos estabe-
lecidos no manuseio de isquemia intestinal, perfuração
a Nos primeiros dias, se a drenagem cessa ou dimi-
nui, o dreno pode ser movimentado ou reposicionadn.
Mw
e sepse intra—abdominal. Seus adeptos inicialmente I Observar piora clínica e radiológica seguindo os
não a consideravam definitiva, porém se observa que seguintes parâmetros: necessidade de inotrópicos,
em aproximadamente 1/3 dos casos não há necessi- aumento dos parâmetros ventilatórios, acidose,
dade de cirurgia definitiva. coagulopatia difusa, plaquetopenia, letargia,
"o3re Estudo americano recente, randomizado e multicên- instabilidade térmica, distensão abdominal pro—
trico, comparando drenagem peritoneal primária com gressiva, aparecimento de massa abdominal, celulite
laparotomia e ressecção intestinal nos recém—nasci- persistente, perfusão deficiente, oligúria.
dos prematuros < 1.500g com ECN perfurada, con- I Radiografia de abdome a cada dois dias pós-dre-
cluiu que otipo de cirurgia não afeta significativamente nagem e quando houver piora clínica ou labora—
-r a g
a sobrevida, a dependência de nutrição parenteral total ~torial. Observar, principalmente, reaparecimento
.,
_
._- Jy—
IBebês < 1.000g e criticamente doentes (instá- ‘ drenagem e quando houver piora clínica ou la-
boratorial. Observar, principalmente, reacúmulo
veis hemodinamicamente). de coleção liquida intraperitoneal.
IECN perfurada (pneumoperitônio ou paracentese
I Checar funcionamento dos drenos diariamente,
com saída de líquido fecal ou meconial).
' correlacionando o seu funcionamento aos qua-
Nossos critérios de exclusão: dros clínico, laboratorial, radiológico e ultra-
sonogrãfrco (Fig. 75.14).
I Bebês > 1.000g e estáveis.
I Perfuração intestinal sem evidências clínicas e
radiológicas de ECN, principalmente se não pu-
der ser descartada perfuração gástrica.
.«W‘
I ECN sem evidências de perfuração.
« ªc a — 2 . “
drenos de Penrose.
fl
Enterocolite Necrosante II
395
. .
Pneumoperltdnlo ou
celulite abdominal
ou quadro
inalterado
nham a aparecer.
- recorrente
Fiora dlnica ou
laboratorial
Abscesso ou coleção _— Lªparotomía
complicações Tanlias
Retardo do desenvolvimento neurológico: 25 a
peritoneal detectada por ',
30%.
erograiia
Sinais de obstrução laEstenose intestinal: 15%. '
intestinal mecânica I Síndrome do intestino curto: 8 a 10%.
lluallru cl iso
clíamentu Ila Enterosmmia n O quadro clínico costuma iniciar logo após o
4gke’l'al, seguimos as recomendações seguintes re- nascimento. Geralmente após começo da VO.
er Noventa por cento desenvolvem ECN nos pri-
'Ioriadas à idade de fechamento da enterostomia. meiros quatro dias de vida.
I
lleostomia de baixo débito e Cºlostomia: em geral l: A apresentação clínica, em geral, é semelhante
”4150
ha pressa para seu fechamento. O bebê pode
receber alta
à de todos os casos de ECN.
'.
para casa (se não houver necessidade
ªde reposição parenteral) e submeter-se ao fecha«
,. mento após três meses. Sempre, nas enterostomias Características da Doença
fªde delgado, devem ser repostas as perdas de sódio Predominância em intestino grosso; costuma ser mais
cºm grânulos de sal ou solução de cloreto de localizada; a perfuração ocorre mais cedo e aproxi-
:de a 20%, diluídos nas mamadeiras. madamente 50% das ocorrências requerem cirurgia.
396 n Trato Gastrointestinal
rat-5'91?“ L-s‘url
do septo ventricular, defeito do septo atrial, ducto
arterial patente e outras), ou que causam obstru-
Figura 75.15 Aspecto cirúrgico da estenose intestinal ad-
-
ção do fluxo ventricular esquerdo (estenose aórtica, quirida pós-enterocolite necrosante.
coarctagio da aorta, síndrome do coração esquerdo
hipoplásico).
Fisinnamlouia
“Z Y : n ew };
[&
' ,"
Graus mínimos de isquemia intestinal regeneram com
ªum £3:-
IA incidência de ECN em RN com doença car»
.»
boa cicatrização da mucosa. Uma lesão mais grave da
díaca congênita sintomática é de 3,5 a 7%, em mucosa pode causar redução em número e altura das
comparação com 0,1 a 0,3% dos bebês nascidos vilosidades intestinais, resultando em má absorção.
na —%
t.» a
vivos sem doença cardíaca. O fenômeno reparativo mais precoce é o apareci.
I Aproximadamente 75% são a termo. A doença
mento de tecido de granulação.
costuma ser difusa em 30%. A camada submucosa encontra—se espessada e fi-
,e
brótica em todas as estenoses.
rlslonalnlnuia Em estenose moderada, a mucosa e a muscular per—
, A doença cardíaca congênita e/ou a insuficiência cardíaca
manecem intactas e, a submucosa, com granulação e
fibrose.
».“
, podem levar à hipóxia e hipoperfusão esplâncnica (estado Estenose grave caracteriza-se pela substituição de
ªew,
de baixo fluxo na artéria mesentérica superior), pro- submucosa e muscular por tecido de granulação, fibrose
vocando isquemia intestinal. Bactérias e substrato ali-
e,.obliteração do lúmen.
«.,reu-—"; mentar completam o ciclo que poderá ocasionar o
aparecimento de uma ECN.
s
a,
is '
=
;,. I
Forma
mais comum: estenose simples. Estenoses
múltiplas são mais observadas pós—tratamento ci«
rúrgico associadas a enterostomias.
tico de estenose colônica (Figs. 75.16 e 75.17)-
Diagnósticos diferenciais principais.
— Doença de Hirschsprung.
%
% — ECN recorrente.
Enterocolite Netrorante II 397
_ fq — M
.
398 I Trato Gastrointestinal
Espontânea Idiopática
na de vida.
m Apresentam—se em melhores condições clínica;
do que os bebês com enterocolite necrosante (ECN).
:: Distensão abdominal é o sinal mais comum e
precoce.
João Carlos Ketzer de Souza a Abdome costuma apresentar coloração azuladª
em 70% dos casos, podendo iniciar pela botsª
fllllllllfl'fl escrotal ou região inguinal (mecônio dentro de
Doença de etiologia desconhecida com necrose e
perfuração focal de um pequeno segmento de intes—
persistência do conduto peritoneovaginal). Par.
tículas dc mecônio e pigmentos biliares tornam. u. ‘ « ,
tino delgado (mais comum), geralmente distal, em se visíveis através da parede abdominal.
intestino de aspecto normal, sem características macro
m Ausência de celulite na parede abdominal.
e: Vômitos biliosos ou drenagem biliosa pela Son-
e microscópicas de enterocolite necrosante.
“ n im — .
a
da nasogastrica.
E! Sem relação com o início da via oral.
[PIBEHIBIBGII I: Leucocitose com desvio à esquerda e ausência
de trombocitopenia.
!: Causa mais comum de perfuração intestinal
neonatal: enterocolite necrosante.
El Segunda causa mais comum de perfuração in— [RIMES POB IHRGEH
testinal neonatal: perfuração intestinal espontâ— Radiografia de abdome: pneumoperitônio, mais
nea idiopática. bem observado em decúbito lateral esquerdo. Au-
I Local mais frequente de doença: íleo terminal; sência de pneumatose intestinal e de gás na veia
secundariamente, o cólon transverso e () cólon porta. Como a perfuração pode sofrer bloqueio
descendente. (processo de penetração gradual e disseminação
I Dificuldades diagnósticas clínica, laboratorial e limitada), pode aparecer ascite e/ou abdome com
radiológica. ‘
poucos niveis aéreos intestinais (gasless abdomen).
E Ultra-sonografia: indicada nos casos com ascite,
pois determina o aspecto do conteúdo (geralmente
ETIBPIIBEEIESE coleção com partículas) e o local de paracenlese.
I Desconhecida. .».
I Tem sido associada a: 'I'IIII'I'IIIIIEIITII
-Indometacina para apressar o fechamento do
ducto arterial, causando inibição da síntese das El Laparotomia transversa supra—umbilical direita.
prostaglandinas, potente vasodilator esplãnc- e El Enterostomia em alça expondo a perfuração
extemamente'ou ressecçãoilimítada e anastomose
—
nico.
Dueto arterial patente ocasionando menor fluxo primária. Dependerá do estado geral do bebe.
sanguíneo na aorta abdominal e maior resis- do grau de prematuridade e da presença de pen-
tência vascular relativa nas artérias celíaca e tonite difusa.
mesentérica superior.
-Ventilação mecânica por máscara.
-—
Doença da membrana hialina.
—nLw-BÇc-Lzr
I
e m L 4. > ª '
trombos e sua liberação sob a forma de pe-
quenos émbolos.
'A '
,. -
5a.
““ya
e outras causas.
.
-
(ªq-JR. -. :“.1
:.sos
weight infants: a distinct clinical entity different from necrotizing
Alguns autores preconizam seu uso. enterocolitis !. Am. Call. Surg., v. 195, n 6, p. 796-803, 2002.
ortalidade aproximada: 15%. RAGHUVEER, G.; SPEIDEL, B.; MARLOW, N, PORTER, H. Focal
intestinal perforation in preterm infants is a emerging disease. Acta
siomotottut Paedíalr, v. 85, p. 237—239, 1996.
RESI-l, B.; MAYR, J.: KUTTNIG-HAIM, M. eta]. Spontaneous gas—
iose hemorrágica confinada ao sítio da perfuração
—
trointestinal perforation'In very- low——birth-weight infants a rare
"réstiuointramural e necrose de coagulação.
adjacente normal. Ausência de pneumatose complicationIn a neonatal intensive care unit. Pediatr. Surg. Im.,
stinal v. 13. p 165-167, 1998.
,.
400 I
TratoGastmintestina/
.
a
A Associação Canadense de Cirurgiões Pediátricos ou íleo). a
define como síndrome do intestino curto o intestino ll Capacidade funcional do intestino delgado re- ,
“.ª
delgado residual menor que 25% do previsto pela idade manescente. :, .
gestacional, ou a necessidade de nutrição parenteral IPotencial de crescimento do intestino delgado
pós—operatória por mais de 42 dias.
Como regra geral, criançwom mais de 25cm de'
.. remanescente.
IIntegridade da motilidade intestinal. ;
:
:
intestino delgado com válvula ileocecal e mais de 400m IPreservação da válvula ileocecal.
sem essa válvula têm chances de sobrevida razoáveis. l1 Extensão do cólon residual.
TABELA 77.1
gestacionaís
- Extensão iejunoileal normal em recém-nascidos de diferentes idades
»
‘
{1ª EXTENSÃO lEJUNO—ILEAL (cm)
115121
EXTENSÃO DE COLON
69112,6
SEMANAS DE IDADE GESTACIONAL
19.27
172129 ' 103117 27—35
248 à: 40 148 t 24 > 35
-
EIA 771 - Extensão iejunoileal normal relacionada hiperacidez resultante impede a formação de micelas,
diminui a digestão intraluminal de amido e proteí-
bafãQrorporal
' 'ENSÃO JEJUNOILEAL ALTURA ((m) nas, inativa a lipase pancreática e pode causar ulce-
rações no duodeno, jejunor’leo e diarréia osmótica.
'A _ 5 vezes a altura -
40 70 O jejuno é o local onde a maioria dos nutrientes é
-
33 4 vezes a altura
420cm
70 — 140
100 - 140
absorvida e é especialmente importante para a absor-
ção de cálcio, magnésio, folatos e ferro, juntamente
com o duodeno. O jejuno secreta colecistocinina e
secretina. A perda de jejuno pode resultar em defi-
lllITÃNBlII lll] SEGMENTI] INTESTINIII ciências minerais e nutricionais, esteatorréia e colestase.
: SENAI“! O íleo tem uma função muito especializada, que
não pode ser assumida pelo jejuno. É o local primá-
O íleo pode assumir as funções do jejuno, mas
rio da absorção de ácidos biliares, sais biliares con-
o reverso não é verdadeiro. jugados, vitamina B12, vitaminas lipossolúveis (A,
Só o íleo e o cólon podem absorver sódio contra
D, E, K) e zinco. A perda de íleo resulta em deficiên-
. um gradiente de concentração.
A ressecção do íleo tem maior efeito sobre 0 volume
cias vitamfnicas, colorréia ou esteatorréia. 0 exces-
a tonicidade dos conteúdos intestinais que al- so de ácidos biliares, ao alcançar o cólon, não somente
impede a absorção de água e íons, mas age como
secretagogo, produzindo diarréia aquosa. Se a perda
de sais biliares conjugados toma—se excessiva, o ci—
clo enteroepático diminui, ocasionando problemas com
:
?A remoção do cólon afeta a absorção de água e a digestão intraluminal de gorduras, causando estea—
'Eletrólitos, incluindo a absorção de sais divalentes torréia. A depleção de sais biliares pode tornar a bile
omo magnésio e cálcio e parece ter algum efeito litogênica e proporcionar o aparecimento de colelitíase.
na absorção de nutrientes ao causar redução da Em pacientes com—esteatorréia, os ácidos graxos não
bsorção de ácidos graxos de cadeia curta.
,Na síndrome do intestino curto, a presença do
absorvidos costumam se ligar ao cálcio, em vez de
se ligarem ao oxalato da dieta. O excesso de oxalato
Égêólon é valiosa porque aumenta a área de absor- livre e absorvido pelo cólon e excretado na urina,
;;ção de água e sódio, diminuindo a diarréia. podendo causar nefrolitíase. _
'
, ,.
t
“DAN‘S“ IIITESTIIIAI .
,
. IIIIIIIIME
JP
Ill] INTESTINII flllli'l’fl HEFflMflBlfl tas fisiológicas que surgem como resultado da res-
secção intestinal maciça. A superfície dê "área do intestino
Pªndo progressivo da tolerância
em seis ou mais meses de evolução não houver remanescente aumenta gradualmente por hiperplasia
emo aos alimentos enterais. mucosa (aumento da taxa de produção de células da
ei Pºnde acurto.
10 a 25% de todos os casos de síndrome cripta e aumento celular por cripta), alongamento das
'
'
ntestino Nesses casos, deve-se avaliar a vilosidades, aprofundamento das criptas intestinais,
.mºssidade de alguma forma de cirurgia. aumento em extensão e diâmetro do intestinorema-
nescente e mudanças hormonais; O processo de re-
iurnrntneln
% 4 — Wº "
'
novação celular é relacionado às taxas de proliferação
das células das criptas, migração celular ao longo do
1i ªSQºsta
,
do estômago à perda intestinal maciça é
hlpªrseereção secundária a hipergastrinemia. A
eixo cripta-vilosidade e morte via apoptose, Os me-
canismos responsáveis pela adaptação intestinal não
402 I Trato Gastrointestinal
es '
Por outro lado, apresentam maior osmolaridade
e menor estímulo para adaptação intestinal.
são totalmente conhectdos, mas os campº“e
'
re纺s Dependendo da tolerância do paciente. º volu-
senciais parecem ser: nutrição luminal. 5
;): endógenas gastrointestinais (secreções
p39:intes'
me deve ser aumentado semanalmente?
até que 3/4 do volume de manuten窺 Sªlªm
a li.)?!»
(biliares), fatores de crescimento e hormôm alcançados. Nesse momento, mantém-se 6.559
tinais circulantes, principalmente o enterºã
O periodo requerido para adaptação é mm
volume e maior concentração. _
Dietas mais complexas são mais tróficas e len-
vel, podendo levar de seis meses a dois ªnºs' dem a induzir mais adaptação intestinal dº que
as dietas elementares. Os triglicerídeos dº C?‘
TRATAMENTO GlÍlIlllll deia curta (pectina) e longa estimulam a hIPºfPIªS'ª
Os cinco objetivos principais são: í . as mucosa e devem ser introduzidos gradualmen-
te, assim como proteinas intactas. Atualmªnle.
' In .. . .
Correçao das anormalidades hidrºelêª'tfº l Ilº '
muitos autores preconizam seu uso precoce. Acre-
ll Providenciar suporte nutricional.
ditamos que essa é a tendência nutricional atual
I Controle da diarréia.
para os pacientes com intestino curto.
a Promoção da adaptação intestinal. Em geral, a alimentação continua por sonda ou
ll Tratamento das complicações. gastrostomia costuma ser mais bem tolerada do
que in balus, intermitente, Por outro _lªdº' ª
mentação in balus em pequenas quantidades, ª];
(frª
_ "'
a a quatro vezes por dia, assim comº algum a l-
Essa fase costuma durar de um a dois meses “Olittgs,
tamento baseia-se na estabilização de fluidºs e ele tão
mento sólido, permite“ que a criançª ªprendª &
mastigar e a deglutir.
reposição parenteral de calorias, iniciem º
cedo Quanto possível e tratamento da híPºrse anta-
ereç㺠As fórmulas semi-elementares mªls tilizadns , e (Tu-
L — s o -ry u v ça n
VO ou IV. Dose de omeprazol: 0,7 a 2mg”
Pacientes com intolerância aos alimenfºs
ªum,
uma a duas vezes por dia.
ter o volume de sua alimentação dimml“
o nível previamente tolerado, permªnecendº ºcªs:
"tadº
estágio por duas semanas e, então, aumefl
Fase Tªl'uiª na base de 5% por semana.
II Alimentação enteral deve ser logo inst!midª Pªrª
funç㺠Monitorar rigorosamente 0 volume e a consis-
tência das fezes e a presença de Substâncíªf “ª"
dutoras nelas. Essas substâncias nas fº indicalfl
zes
estimular o crescimento da mucosa. AP
gastrointestinal melhorar e a diarréiª abilizzn‘.
S
_ tª,:«f
K,
,e6?
. (9/100le 3.6
Óleo milho 20%, gordura láctea 30%,
3,6
Óleos vegetais (100%)
l‘";ideos TCMde50%
ng diarréia líquida, ao reduzir a entrada no cólon Usar mais liberalmente a reexploração cirúrgi—
'ácidosabiliares em forma ativa. A colestiramina
ca em 24 a 48h (second look) no caso de viabi-
'ltçtlinui perda fecal pela troca de íons cloreto
(ªri ácidos biliares, fon-nando complexos não- lidade intestinal questionável em doenças como
ªsorvíveis que são excretados nas fezes. enterocolite necrosante e volvo intestinal.
Não realizar ressecções heróicas.
Pose: 100 a 200mg/kg/dia ou 0,25 a 0,75g/kg/dia,
quatro vezes/dia. Usar somente quando houver cólon. Usar ressecções segmentares múltiplas, evitan—
, ºplutostalina e actreotida reduzem a secreção
do a perda de intestino viável entre as ressecções.
ºldª do estômago, o esvaziamento gástrico, a Urna enterostomia, logo acima do limite proxi—
&
%ªfmnª
_
. (0,6gfkg7dia), hormônios cresci-de Nos casos em que há necessidade de múltiplas
tiº
_ Rig} min)
fibras
e hidrossolúveis
adaptação
estimulam a
e não-lcelulóswas
intestinal e devem
ressecções, intercaladas com áreas de viabilidade
duvidosa, a construção de diversos segmentos in-
rescentadas na dieta. testinais de alça fechada, com ou sem enteros-
tºmª hipcrcrescimento bacteriano podem ser tomia proximal, pode evitar múltiplas enterosto-
' ºs gentamicina ou metrom'dazol , ambos VO.
mias e a perda de preciosos centímetros.
'o Gastrointestinal
Sem dllntaçlo
nuanças espontânea
Continuadenecessitando
rm —————— com dllataçãn
stm
Sem Com , dilatado
dilatado dilatação
Procedimento Redo de
de Klmura (1) ou válvull
Continue necessitando enteroplesth
de NPT
trnmvmn
serlada
Sem"
hepãtlra
Cem
hepática
*
Sem '
hepátlta
comhepàtkl . « = ,- f .;
] NPT
.longo prazo
I I Transplante
l |nn (longo prazo ! Transplante
l
-—
Figura 17.1 Algoritmo para tratamento da sindrome do intestino curto refratária. NPT:nutrição parenteral total.
IEvitar o fechamento fascial sob pressão em gastros— I Corrigir a obstmção mecânica associada a dila-
quise, pois se pode criar uma síndrome compar- tação proximal com lise de bridas, ressecção in-
timental intra-abdominal e gangrena de grandes testinal ou plastia da estenose.
:“ 2 5 4 8 - urc
extensões de intestino. IErradicar os segmentos intestinais dilatados não—
IEm atresias intestinais com extensão remanes— funcionais e que causam trânsito intestinal re-
cente inadequada de intestino, realizar enteroplastia
— tardado com enteroplastia redutora do tipo tapering
L-S9~I
redutora (tapering) do segmento proximal, em (útil para segmentos intestinais dilatados e cur-
vez de ressecar a porção dilatada (10 a 15cm). tos, mas não para segmentos com pobre motilidade)
IÁs duplicações longas de intestino delgado, in- (Fig. 77.2), plicatura da alça, ressecção de seg-
dicar ressecção de mucosa e submucosa duplicada mento dilata'do de pequena extensão (no caso de
por incisões longitudinais ou transversas, em intestino curto, wm'asnilo
tão excessivamente curto).
sequência, sem necessidade de grandes ressecções.
ITentar, quando possível, salvar a válvula ileocecal
por meio do fechamento do íleo distal, tal qual um
procedimento de Hartmann, em vez de usar 2 a
3cm do fleo distal como fistula mucosa.
mnmm clnúnaleo
Instruções
Síndrome do intestino curto refratária, obstrução par—
eial (por bridas, estenose isquêmica), segmentos in—
testinais localizados com grandes dilatações (Fig. 77.1).
qualms Prllelsais
Diminuir trânsito intestinal, reduzir o hipercrescimento
bacteriano, aumentar a superficie de area de mucosa, Flgura 77.2 ~ Enteroplastia redutora em segmento intesti-
con'igir complicações cirúrgicas. nal dilatado. Adaptado de Vernon’.
Síndrome da Intestino Curto I
405
_ IÃWUZS
”anal-otrânsito intestinal com válvulas e
intestinais, interposição de segmen-
'(
‘iicmsnnaisantiperistélticos, interposição de
f.", ”fªfe l as recirculantes. Válvulas e segmen-
ibn?
:0: o peristaltismo e
têm como finalidade dificultar o trân-
'
sfããâúnuindo
(ªflição de segmentos de
provocando
proximais, compati-
zãndº a possibilidade utilizar outros pro—
.
«.
fifiéhfi Os como
Jimentos, segmentos reverses
o ªlongamentopodem
intestinal de
causar
.gtruç㺠intestinal progressrva quando alongam,
” anhundo o cresc1mento
"
da crlança.
&nªlgum
a população
absorç㺠por
de células
mucosas area
e
meio de alongamento intestinal —
Figura 77.4 Técnica de Chaline (modificação da técnica de
Bianchi) em que o stapler é colocado obliquamente no mo-
(. “ªplicação isopenstálnca de Bianchi) (Fig.’77.3) mento da divisão intestinal. Essa manobra vai permitir o
edificações de Chalme (Fig. 77.4),
esn-mulo
.‘g'vérescimento de neomucosa (duplicaçao de
alongamento intestinal com apenas uma anastomose. Adap-
tado de Vernon’.
rªx'l7.3—Alongamento intstinal pela técnica de Bianchi. Figura 77.5 - Enteroplastia transversa seriada (STEP) de Kim.
mento dilatado é separado em dois segmentos, cada Com o grampeador linear em direções alternadas e opostas,
[n sua vascularização própria. Depois, faz—se rea-
,
z Whose isoperistáltica dos segmentos intestinais duplica- cria-se um tubo intestinal alongado em forma de zigueza—
gue de aproximadamente 2 a 2,5cm de diâmetro. Reprodu-
' Aªptado de Bianchi‘.
zido de Kim‘.
406 I TratoGastrointestinal
segmentos intestinais isolados de Kimura) e trans- GALEA, M. H.; HOLLIDAY, H.; CARACHI, R. et a1. Short bºwl
syndrome; acollective review.]. Pediatr Surg.,v. 27,1). 592-596, 1992'
l"
plante intestinal. 0 procedimento de Kimura é
realizado em dois tempos’. No primeiro retira- . VERNON, A. H.; GEORGESON, K. E. Surgical options for stm"
bowel syndrome. Sem. Podium Surg., v. 10, p. 91—98. 2001_
u
se fita seromuscular antimesentérica do intestino
(ficando área cruenta), que éfixada em área também . BlANCI-II, A. Intestinal loop lengthening a technique for incmsjn
—
small intestinal length. l. Pediatr. Surg., v. 15, p. l45—lSl, 1930'
.c-
ementa do peritônio parietal. O objetivo desse tempo
é a criação de circulação colateral. No segundo . KIMURA, K.; SOPER, R. T. A new bowel elongation technique
for the shun-bowel syndrome using isolated bowel segment Iowa
ur
tempo, três a quatro meses depois, o intestino é models. ]. Pediatr: Surg., v. 28, p. 792-794, l993.
dividido em dois segmentos paralelos, um irri— . KIM, H. B.; FAUZA, D.; GARZA, ]. et al. Serial transverse
gado pela circulação colateral da parede abdo— enteroplasty (STEP): a novel bowel lengthening procedure]. Pedirur,
a
minal e outro pelos vasos do mesentério. Surg., v. 38, n. 3. p. 425—429, 2003.
A enteroplastia transversa seriada de Kim e uma KIM, H. B.; LEE, P. W.; GARZA, J. et al. Serial transversg
.º"
técnica que otimiza melhor peristalse e maior enteroplasty for short bowel syndrome: a case report. J. Pediatr,
Surg., v. 38, p.‘ 881-885, 2003.
exposição do conteúdo intestinal à mucosa que,
verdadeiramente, continua a mesma após o pro-
bug-Mnmsza
BIBLIOGRAFIA
cedimentoª” (Fig. 77.5). CANADIAN COLLABORATIVE STUDY GROUP PROTOCOL
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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COLLINS, ]. B.; GEORGESON, K. E,; VICENTE, Y. et al. Short bow¢|
l. COOPER. A.; FLOYD, T. F.; ROSS lll, A. J. et al. Morbidity and syndrome. Sem. Pediatr. Surg., 4, p. 60—73. 1995.
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AnomaliasAnorretaís u 407
z
sos (forma de borboleta, hemivértebras, displasia
e ausência de vértebras) com ou sem disrafismo
associado. Suspeitar de lesões espinhais quan—
do houver massa subcutânea na região dorsal,
in o de anomalias congênitas derivadas de erros do
_ {envolvimento do intestino primitivo posterior pro- seio. hemangioma, nevo ou área de hipertricose.
.áíndo defeito estrutural do reto e/ou canal anal, Disrafrsmo espinhal é formado por um espectro
de malformações ocorridas pelo incompleto fe—
'dendo ou não se comunicar por uma fístula com o
chamento do tubo neural primitivo (meningoce—
rineo ou o trato gcniturinário.
K lc oculta, medula presa, diastemntomielia, cisto
—
lipoma).
-I«No sexo feminino. o defeito mais comum é a fís- .
Síndrome do olho de gato (cat-eye syndrome):
ula retovestibular e, secundariamente, a fístula
consiste em coloboma da íris e coróide, microf-
_“perineal. O terceiro defeito mais frequente é a per— tálmia, hipertelorismo e ânus imperfurado.
v; sistência de cIoaca.
— Síndrome de Kaufman-McKusick: formada por
hidrometrocolpo, polidactilia e doença cardíaca
congênita. Pode haver associação com atresia
“ mecanismo exato é controverso e hipotético.
. fªsTradrcronalmente, a diferenciação normal da cloaca
ou estenose anal.
Fístula vestibular 30
" ._ - : ? “
{lemmascontinuas associadas Fistula
cloacas
vaginal 70
65 90-
Flstula vesical e colo vesical 90
1' Anomalias geniturinárias estão presentes em 20%
e; das baixas e 50% das altas. Quanto mais alta a Média 20 54-
X .
408 I
TratoGastroíntestinal
—
QUADRO 78.1 Classificação de Wingspread QUADRO 78.3 —- Classificação de Krickenbeck
Meninas Meninos Grandes grupos cl/nicos Variantes regionais/rara;
Alta Alta I
Fistula perineal (cutânea) I
Bolsa de cólon (Pºl/rh)
--Agenesia anorretal
Com fístula retovaginal
I
Agenesia anorretal
- Com fístula
I
Fistula retouretral
- Prostátíca
I
-
Atresia retal/estenose
Fistula retovaginal
—Sem fístula retoprostática — Bulbar I
Fistula em H
I
Atresia retal — Sem fístula I
Fistula retovesical I
Outras
Intermediária I
Atresia retal I
Fistula vestibular
I
I
Fístula retovestíbular
Fistula retovagínal
Intermediária
I
Fistula retobuibar
.
I
cloaca
Sem fistula
I
Agenesia anal sem fístula I
Agenesia anal sem I
Estenose anal
Baixa fistula
I
Fistula anovestibular Baixa
yarn-926 57.4
I
Fístula anocutãnea I
Fístula anocutânea
Malformações cloacais I
Estenose anal em relação aos músculos da continência. princi.
Malformações raras Malformações raras palmente o músculo puborretal. As lesões foram
divididas em altas, baixas, intermediárias e mistas,
I De Wingspread (1984) (Quadro 78.1): com base
na relação do acto retalícom o elevador do ânus,
oquno' 78.2 1
Classificação de Feria, * . dividindo as lesões em altas, baixas, intermediárias,
Meninos cloacais e raras.
I De Pefia (Quadro 78.2): classifica as lesões de
I
Fístula perineal Sem Cºlostomia
I
Fístula retouretral Colostomia acordo com o sexo, procurando identificar quais
— Bulbar Colostomia as que poderiam se beneficiar de uma colostomia'.
I De Krickenbeck (2005) (Quadro 78.3): essa nova
- Prostática Colostomia
I
Fistula retovesical Colostomia classificação é mais simples que a de Wingspread
Anus ímperfurado sem fístula
.
I
Colostomia e foi organizada por 26 autoridades internacio-
Atresía retal Colostomia nais em malformações anorretais.
Meninas
Fístula períneal Sem colostomia
GBNSIDEBAGÉES lllíA'IíIMIBlIS RELATIVAS
I
- Regressão
nuo em forma de funil em tomo cloreto e do canal anal,
e sirenomelia: caracteriza-
cauda]
cujas porções podem ser identificadas, mas não sepa-
da pela fusão das extremidades inferiores em radas. O elevador do ânus, a porção superior desse funil,
grau variado, acompanhada de malformação é formado pelos músculos pubococcígeo, iliococcígeo,
anorretal, parada ou
ausência do desenvolvi—
mento da genitália. rins císticos ou ausentes,
isquiococcígeo e puborretal. A porção intermediária do
funil recebe a denominação complexo muscular estriado
alterações vertebrais, cardiopatias. (fibras de orientação vertical), criada para designar a
combinação da porção mais inferior do músculo pu-
»'
—
Figura 78.2 Representação diagramática das anomalias
anorretais baixas e intermediárias em meninas. (A) Fístula
vestibular. Orífício é estreitado e situado dentro do vestíbulo.
il
—
—
um orifício: cloaca.
L-norzs‘aHm
Figura 78.8— Fenda perineaí superficial revestida porepitélio
úmido estendendoise do ânus ao vestíbulo vaginal.
Técnica
'ªdiografia Lateral em Posição Prona e
_ , os Quadris Elevados (Prone Cross- Realizar o exame somente após as primeiras 24h
“
‘ble Lateral View) de Narashimba de vida.
E O bebê é colocado em posição prona com eleva—
ção dos quadris (coxim debaixo do abdome infe—
rior eleva os quadris) ou de cabeça para baixo com
minar a distância entre o coto retal cego e o períneo, membros inferiores para cima e membros supe-
acionando SUa altura com diafragma pélvico e com- riores estendidos acima da cabeça, durante um pe-
o muscular estriado e marcas ósseas da pelve ou ríodo mínimo de 3min, permitindo que o ar intestinal
.í marca
,fi radiopaca colocada no períneo. preencha o reto distal, deslocando o mecônio.
No momento do invertograma, os quadris podem
cações ser levemente estendidos em ângulo de aproxi—
madamente 45° (expõe melhoro osso pubis), ou
ncia de fístula e nenhum mecônio visível no períneo, as coxas flexionadas em ângulo de :t 90° (expõe
gina ou uretra (ar escapa pela fístula prejudicando melhor o ísquio) (Fig. 78. 10). A radiografia lateral
rachados radiológicos). em posição prona elevada expõe melhor o púbis.
E Radiografialateral centrada nos grandes trocanteres.
se Significado dos achados radiológicos:
”I Linha pubococcígea (PC): traçada do centro do — Sombra gasosa acima da linha PC: anomalia alta.
- Sombra gasosa entre a linha PC e a linha I:
*
osso pubis a articulação sacroeoccígea (logo abaixo anomalia intermediária.
ª da quinta vértebra sacra). Não havendo vértebra
sacra, uma linha reta deve ser traçada do centro - Sombra gasosa abaixo da linha I —) anomalia
baixa (Fig. 78.11).
do osso púbis, passando no nível da junção do Segundo Pena, sombra gasosa < lcm do períneo
1/4 superior do osso ísquio com os 3/4 inferio- (marca radiopaca colocada no provavel sítio anal
res (Fig. 78.9). normal): anomalia baixa; sombra gasosa > lcm
do períneo: anomalia não-baixa.
- Ar na bexiga: fístula retourinária.
Erros diagnósticos: presença de mecônio impactado
impedindo 0 ar de alcançar a porção mais distal
do “reto, presença de fístula que pode descom-
primir o coto, contração do diafragma pélvico
durante o exame, como por exemplo, pelo choro.
r
ínvertografia de Wangesteen-Rice
Extensão dos
quadris
Flexão dos
quadds
' Linho PC
Linho
isquiótico
"M W
.ª'ª 73:9 — Marcas e linhas ósseas importantes para os quadris estendidos em ângulo de 45° e a posição prona mos—
”nªgrafíalinhasparalelas PC(pubococcígea)eI(isquiática) tram melhor o osso pubis. A posição com as coxas flexíonadas
N T ,-
, ,
Uretrocistografia Miccional
Indica a posição e o calibre da fistula retour-ir,,fn-ia
refluxo vesicoureteral outras anormalidades do tra-
to urinário e diâmetro da uretra.
LI
com as coxas flexionadas. Bolsa balão da sonda de Foley e o contraste injetado dis.
na-á' 19“ eu
retal repleta de ar estende-se
abaixo do ponto i. talmente sob pressão. Não usar bário e sim contraste
hidrossolúvel.
Devem ser observadas imagens nas projeções ãntem.
posterior e lateral. incluindo sacro e cóccix e im,
pressão anal demarcada com objeto radiopaco. É ideal
a observação da entrada de contraste nas vias urinárias
(até o enchimento da bexiga) e início da micção.
Evitar pressão exagerada, pois há risco de perfuração,
I Vantagens da posição lateral prona elevada: fa-
cilidade de posicionamento, evita riscos de as- Ultra-sonografia do Coto Retal
piração brõnquica e evita dificuldade respiratória Indicada a casos sem fístula. Mede—se a distância en-
pela posição invertida. tre o coto retal (distendido por mecônio ecogênico) e
Radiografia de Abdome
Identifica distensão abdominal, imagens caracterís-
ticas de outras anomalias gastrointestinais, gás na bexiga,
complicações como hidrometrocoipo, anomalia ver-
tebral associada.
Ecocardiografia
—
Para bebês com suspeita de anomalias cardíacas.
utfãla transperineal
76.13 Ultra-sonografia do coto retal nas Prºjeções
e sagital suprapfibica‘
Genitografia (Cloacograma)
Para casos de cloaca. Contraste também pode ser in-
ineo. O exame é realizado com o bebê em posi-
ina, obtenção de imagens transversais e sagitais,
jetado pela vaginostomia ou vesicostomia.
são pelo períneo (através do escroto ou da vulva) e Endoscopia do Seio Urogenital e Urinária
”minal (infra e suprapúbico) (Fig. 78.13). Um dos
Para casos de cloaca. Serve para medir o canal comum
's
do examinador, coberto por luva cirúrgica e gel .
'Liltra-sonografia, ao endentar a marca anal, aju- e definir com mais detalhes a anatomia da região.
entificar o nível da pele. Evitar endentação mais
gque
,
possa diminuir a distância entre a pele e o TBITIIMEIITÍI
I Pré-operatório das anomalias sem fístula, com
fístula retourinán'a, cloaca e com fístulas perineais
ou vulvares estreitas ou bloqueadas com mecônio:
nada por via oral, sonda nasogástrica, hidratação
parenteral, antibioticoterapia.
II Anomalias baixas: técnicas indicadas são anorre-
toplastia sagital posterior mínima (mais ana-
tômica e funcional) e anoplastia tipo cut-back
stãncia R—P > 15mm: anomalia alta.
(em bebês de alto-risco e hemodinamicamente
t instáveis).
ll fra-sonografia Abdominal I Fistula vestibular: anorretoplastia sagital poste-
visualizar rins e bexiga. É obrigatória pré—ope- rioriimitada ou transposição anal clássica. Quinze
por cento têm vagina dupla. Pena só admite a
riamente em todos os casos, exceto na presença correção desse tipo de anomalia sem colostomia
_
stulas cutâneas, sacros bem formados e períneos
em recém-nascidos, com NPO de dez dias e nu-
w
ondados. Nesses casos é realizada eletivamente trição parenteral total (NPT).
u
cªída alta hospitalar.
Temos corrigido as fistulas vestibularese perineais
próximas ao vestíbulo no período neonatal e sem
ganância
"o Nuclear Magnética colostomia, baseandomos em um bom preparo
pré-operatório, antibióticos profrláticos e NPO
wºporciona imagem multiplanar (tridimensional) corn de três a cinco dias. A colostomia é imprescin—
Xcelentealtura
contraste e resolução. Pode ser indicada para
dível em bebês de baixo peso, com dermatite
'
all?”
cÓion
do coto retal (mecônio impactado dentro
perineal e naqueles de baixo nível social, pelas
age como existência e localiza—
contraste),
dificuldades que terão nos cuidados pós—opera—
e fístulas. Mas é usada com mais frequência no
tórios.
. «peratório para avaliar adequação e simetria da
«n*
I Anomalias alias.
"1“
Sºuiatura
pélvica e se o reto foi bem colocado dentro
usculos estriados da continência (posição cen- — 1ª tempo: Cºlostomia em alça dividida e separada
.
no sigmóide proximal ou no descendente.
u excêntrica).
— Zª tempo: anorretoplastia sagital posterior ou
“tªmbém avalia outras lesões insuspeitas, como
l‘fl'ildades sacras. anormalidades urinárias _e alte-
anorretovaginouretroplastia sagital posterior
na cloaca. .
. Intra—espinhais, como síndrome da medula presa Quando na cloaca o canal comum tem menos
gºmª do jilum tenninale.
de 3cm de comprimento, a sua correção pode
.Jªnos utilizados: coronal, sagital e transverso. ser realizada por mobilização urogenital total.
~11
Plano transverso permite a identificação da li- E Vantagens da colostomia dividida separada:
ªÇPC e ponto I. desfuncionaliza somente a porção distal do có-
o; ,..
414 I
TratoGastrointestinai
ion (com fístula retourinãria ampla pode haver sonda nasogãstrica se houver distensão abdorni.
passagem de urina para dentro do cólon com sua nal; solicitação de hemograma, K'I'I‘P, tempo de
absorção e risco de acidose metabólica). Um estoma protrombina e exame comum de urina; ultra.
distal facilita a sua saída, simplifica o preparo sonografia renal e vesical; radiografia de abdome <-"
".
(.
vr:«.»
mecânico do intestino, permite um colostograma (para estudar distribuição gasosa intestinal e pre»
distal (para localizar fístula), dificulta o apare- sença de ar na bexiga); manter gaze sobre o pênis
cimento de prolapso (raríssimo) e protege e abai- no menino (para detectar saída de mecônio por fistula
xamento de contaminação e infecção. A colosto- retourinária); observação de mecônio no períneo;
mia em alça permite a passagem de fezes do es- hidratação parenteral (manutenção); antibióticos
ó u - s Ç A z rl yt ç L
toma proximal para o distal, produzindo infecção profiláticos; detectar malformações associadas,
urinária (se houver fístula retourinária) e dilata- IDesde 1985 temos realizado e preconizado a
ção da belsa retal distal (que poderá ser irreversível) coiostomia em alça dividida com túnel subcutâ.
levando à hipomotilidade colônica e à constipa- neo. Essa técnica associa as vantagens de uma
ção grave. Cºlostomia em alça (mais rapida e de mais fácil
II A colostomia pede ser no nivel do cólon transver— confecção) com as vantagens de uma colostomia
so esquerdo (indicada a casos de cloaca com vagi- em boca dividida e separada (já descritas).
na alta) ou sigmóide proximal junto ao descendente I Anorretoplastia sagital posterior: e' a técnica con.
(atualmente considerada a localização ideal). siderada padrão atualmente.
tl Desvantagens da colostomia em transverso: con-
teúdo mais líquido com maior incidência de
se
Seus princípios baseiam- na preservação da maior
porção possível de reto distal, dissecção retal Ii-
dermatite na pele circunjacente, maior tendên— mirada ao plano medial evitando lesão dos ner—
cia ao prolapso, preparo pré—operatório do in— vos da região, colocação do novo canal anorretal
testino mais difícil, o reto pode distender muito anterior ao músculo elevador do anus através do
e formar meganeto. centro do complexo muscular estriado, fixação
il As Figuras 78.14 e 78.15 mostram os algoritmos do intestino a musculatura esfincteriana para
clínico-terapêuticos dos recém-nascidos. prevenir prolapso e construção de um novo ca-
I No período de observação nas primeiras 24h de nal anal parcialmente revestido por pele perineal.
Vida, a conduta a ser adotada deve ser a seguinte I Crianças com estenose anal podem ser tratadas
(exceto nos casos com fístula perineal permeável com dilatações anais progressivas ate' o ânus adqui-
que não necessitam de tratamento prévio): NPO; rir um calibre satisfatório. Em estenoses persis-
“dªeàqwútfel ‘ '~ .
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r- . 1111111111
ram: — lnmglmeu
“Perimpuma, sem 'pregfis‘g'
ii :<
Invenegrªm
-.fatura an 1112111111:
suhepllellal
,\
-- Medula
,
- Aka de mu: ou gases
Intestinal: pelo plnlr
-- Farina 111
Enem mal
Dªtª,; Dªlilª,,
Malformações asmdadas .
(uma
- Sum e coluna anormais
arredondada
-_ Medula pm. pé,? "|?
- Merdnlnnopertnen
.— Aureum deammillas
arredldas gum ,
“prive: (""ªlmª "“ª"“
i
ªª'Pº'ºm'ª —
Figura 78.14— Aigoritmo clínico-terapêu
tico do recémnascido do sexo masculino
ARPSP— anorretoplastía sagital posterior-
-
minim
AMPº..
Implant: dn upo M~hadr
i 4
l
mm:-ritallormaçlo
meses:.
ª ,
,
mdada ª
no pulado mmm ”« Acompanhar uetdmento *
&“ periodºminim:
ARPSP no
»
Lpntlur «mil.
urinária
reto- naun-ul
Anomalias Anorretais = 415
Inspeção perlneal e exame qualitative de urina. obsewagsu de 24h. Também podem ser
solicitador: ultra-snnogralla renal, de coluna e sauo :radiografia a. coluna lombossarra
Presença de fístula
(* 91% 95%)
- (2 5%Ílstula
Sem - 11%)
_
+:
=-%._.,“..
º:
_ '
i ura 78.15 — Algorltmo cllnlce-tera-
Colormmia ? ARPSP minímo
_ _
retosaoémoblllzadas
111a
. . da vagina;
separado . uretra e va-
conjuntamente) nas
so "«umª! vigª-;
111111
.
vida, com fístula
vestibular:
um? sem
doacas cl S 3cm de extensao]. «111112111111: coioxtomia
Colostomia ARPSP 11111111111 no
Er;ail/313:: periodo neonatal
Entre
2 —ARPSP
E meses:
9-
L-s‘:
. »: - w
.,
'zL-s‘n
li
prega intergit'ltea.
Figura 78.18 Laparotomia mostrando vagina muito dila.
-
tada que comprimia a bexiga.
Se houver evidências de esvaziamento vesical in-
complete, atresia ou estenose uretral elou vaginostomia
—.:“ ‘7
4 A — . e vª não funcionante, proceder à vesicostomia.
A colostomia sempre deve ser precoce.
má fixação do reto no complexo muscular estriado.
Muitas técnicas têm sido sugeridas para sua
,
“Mª-';"
Se a cloaca for curta, não é necessária a separação correção. Uma forma simples de resolver o prolªpso
entre uretra e vagina (anorretovaginoplastia). é o uso de múltiplas ligaduras com anéis 1:111le
. .“
A sonda de Foley deve permanecer por duas semanas. cos (usades em hemerroidectomia) na mucosa
Sempre realizar cistoscopia e vaginoscopia antes prolapsada. Os prolapsos maiores ou recorren-
de fechar a celestomia. tes podem ser tratados pela técnica do retalho
em forma de diamante (Fig. 78.19). Essa técni-
ca também pode ser usada em estenoses pós-ope-
ªv . “ ; cumanos PºS-BPEBMOBIBS IMElllil'l'llS
' ‘
ratórias persistentes.
Pá,".
I Em meninos com fístula retour-inária, a sonda I Colostomia pode ser fechada em três a seis meses.
In)
de Foley deve permanecer por sete dias. ' I Nos casos de incontinência fecal e ânus mal
?”“ — .
I Em meninas com eloaca,»a sonda de Foley deve posicionado, bom sacro, bons esfíncteres, as
permanecer por 10 a 14 dias. crianças podem se beneficiar de outra anorre-
I Antibióticos profiláticos são usados por 48 a 72h. toplastia sagital posterior.
I Nos casos de incontinência fecal com ânus bem
posicionado, pobres esfincteres e sacre e tipo de
flllllliilills PÓS-UPEBMÚBIBS 'I'MIIIIIIS anomalia de mau prognóstico em relação à con-
I Observação do crescimento e desenvolvimento tinência, as crianças podem se beneficiar de um
da criança. esquema de tratamento médico de sua incon-í —
«
I Investigação de anomalias congênitas associadas, nêncía com enemas diaries ou, mesmo,aapendi-
I Antibióticos profiláticos em refluxo vesicoureteral, costomia continente com lavagens intestinais
lesões renais ou fístula retourinária. anterógradas (técnica de Malone). Nunca usar
I Cintilografia renal e exames cemuns de urina laxantes em incontinência fecal.
seriados quando existir doença do trato urinário I Nos casos de incontinência fecal e constipaçãº
associada. com reto bem posicionado, bons esfíncteres e
I Dilatações anais pós-operatórias devem ser rea- sacro e presença de megarreto, as criançªs Pº“
lizadas duas vezes/dia (inicia— se com a vela
apropriada ao tamanho do neo-ânus), duas a três
dem se beneficiar da
sua ressecção.
_ 'lillPIIlIllllg
'
Colostomia na
Anomalia Anorretal
1;
a
João Carlos Ketzer de Souza
=.
—
Figura 79.6 Representação da tunelízação do segmento
distal e sua fixação à pele.
%%%ªº
de cada lado (junto ao mesocólon), com a
lie de aproximar a parede seromuscular da alça
da alça proximal ao peritônio e à margem
;fperitônio —-
& fáscia — alça — alça peritõnio e fás-
)odistância entre a entrada e a saída do ponto
k., side aproximadamente 0,7cm (Fig. 79.3). 0
um .
«=*. .
420 l
Trato Gastrointestinal
һs!
éster (4-0 ou 5-0) (Figs. 79.6 e 79.7). Logo após, na
incisão original, devem ser colocados cerca de três
pontos seromusculares entre as alças no nivel do
mesocólon (Fig. 79.8). A borda da boca proximªl
(funcionante) é então maturada a borda da pele da
incisão original, fazendo com que ocupe toda a ex—
tensão da incisão (Figs. 79.9 e 79.10). Ás me“,
necessária uma secção de relaxamento de uma das
Figura 79.10 — Representação diagramâtica do resultado final extremidades da alça para facilitar a completa ocu.
da colostomia dividida com túnel subcutâneo. pação da incisão.
REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA
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subcutâneo e distando aproximadamente] a' 1,5cm Surg., v. 147, p. 250452, 1984.
(no máximo) da original. Com uma pinça hemostáti—
6 4 3 - st r a p - 9 . I § L
V - '" . u
1
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
ca e feito, por dissecção romba. um túnel subcutâneo AL-SALEM, A. H.; GRANT, C.; KHAWAIA. S. Colostomy compli.
entre as duas incisões. Aboca distal da colostomia é.
.
..uM .
m ~.-
Malformações do Sistema Neuroentéríco I
421
º .;
_ carirum ao Para ocorrer inervação normal do intestino, as cé—
lulas da crista neural devem ser capazes de migrar, di- ml “
ferenciar e sobreviver. Todos esses processos dependem
alformações doSistema
da competência das células e do microambiente onde
se encontram. Durante o processo de desenvolvimento,
.
o plexo neuroenterico pode sofrer agressões, como:
uroentérico
& ? ! tº 'ã ªs m u
Parada prematura da migração craniocaudal dos
neuroblastos entéricos (teoria tradicional da doença
de Hirschsprung).
IDestruição dos neuroblastos por um microambiente
o Carlos Ketzer de Souza local hostil. '
.
Em contraste com a variedade de formas morfológicas tensão do segmento agangliônico.
inervação intestinal anormal, os sintomas clínicos
ímuito semelhantes, geralmente consistindo em obs- a
Recentemente, demonstrou-se que apoptose re-
presenta um importante mecanismo na morte de
ão intestinal neonatal, constipação grave e distensão
células ganglionares. Muitos genes podem afe-
aàãominal.
'
ªo sistema nervoso entérico é derivado do vago e tar a apoptose das células ganglionares. Muta-
» plexo sacra]. O nervo vago coloniza todo o intestino, ções sofridas pelo protooncogene RET causariam
o desenvolvimento da doença. Os genes RET
lipasso que o plexo sacro coloniza somente o intes- induziriam à apoptose das células ganglionares
u q pós-umbilical.
'
. ,, “,ºs neuroblastos
migram ao longo de
.' 'as,!romtestmal em direçao cranrocaudal.AdIc1onal—
todo o
trato durante a migração da crista neural.
E
lexo mioentérico. inlerganglionares forma um plexo primário e outro '
«ªª.—'
secundãrio. No plexo mioentérico do cólon também
,
”VIEWER!“ E ETIOI'IITIIGEIIIII
iQurante o desenvolvimento do sistema nervoso ente—
existem células intersticiais de Caja]. e células gan-
glionares do_plexo não-adrenérgico não-colinérgico '
í
rIço. as células ganglionares parassimpáticas (neuro- (NANC).
O plexo submucoso é menor e menos regularmente
Estes imaturos) migram da crista neural para o plexo distribuído. Contém duas camadas de gânglios e fas-
M'lbentérico do trato digestivo (a partir da quinta a cículos nervosos interconeetados. o plexo de Meissner
'ª? lª.! semana), seguindo as fibras vagais, no sentido (logo abaixo da muscular da mucosa) e o plexo de
lªnrocaudal, do esôfago ao ânus.Alcançam a porção
gliªl dº tubo digestivo na 12!semana de gestação, quando Henle (junto à camada muscular circular).
. a a fase de maturação, que pode durar até os
di0§0
m-5 ªnos de idade. O desenvolvimento do plexo submu- IIISIIII'IITIIIIIGIII MS MAIFBIIMAGUES
é um pouco mais tardio (um mês após o mioen-
ºº). fºrmando-se a partir da migração de neuroblastos
' Plºxº mioentérico até a submucosa, através da camada
.“ªº'êlªr circular. Adicionalmente, aparece inervação
_ no SISTEMA IIEIIBIIEIITÉI'IIGO
Biópsia [|B Mucosa B Suhmucnsa
Técnica
Émural de fibras nervosas oriun—das do plexo sacral
flº crescem dos segmentos espinhais 52-34, que es— As biópsias devem ser obtidas por cápsula de sucção
Cºmpleta no final da sétima semana. pressionada-contra a parede dorsal e/ou as paredes
422 I Trato Gastrointestinal
eosina (H-E), no minimo 50 cortes seriados), técnicas e lâmina própria faz o diagnóstico da doença, mesmo
histoquímicas [estudo da atividade enzimática da se nenhum tecido submucoso for incluído. É [50
acetilcolinesterase pelo método de Karnovsky e Roots, diagnóstico quanto a biópsia de parede total. Tempo
desidrogenase lactica (DHL) e desidrogenase succínica de reação: 80 a 120min a 37°C.
I Reação DHL (desidrogenase láctica): cora sele-
(DHS)] e técnicas imunoistoquímicas.
tivamente células nervosas na submucosa e na'
.a «
Localização
do
— . ,ª r o b m e
(gliais). Permite definir tamanho gânglio,
.e“
Biópsias realizadas a menos de 10cm da linha pectinea número de células nervosas por gânglio e tama.
nho das células nervosas‘. Tempo de reação: 10
podem, eventualmente, causar perfuração em cavi-
«("ª”—'
. —a b u S
dade livre. '
a 13min a 37°C.
I Reação DHS (desidrogenase succínica): diferencia
E L H - Ç' Z V I Q
Biópsias sucção para aganglionose: 2 a 3cm, 5
de
a 6cm, 8 a 9cm. células nervosas maturas (células DHS—positi-
Biópsias de sucção para displasia neuronal intes- vas) de imaturas e hipogenéticas (células DHS. 1:
tinal (DNI): 6cm, 8 a 9cm, 10 a 12cm. Costuma ser negativas). Tempo de reação: 90mm a 37°C.
encontrada a mais de 6 a 8cm da linha pectinea. I Reação NADPH—diaforase (diaforase fosfato do
.»1 5 4
. »
neuronal intestinal.
1-
poliacril ou em placa de Petri úmida. Não a colocar 'fixadas em formalina a 4% são incubadas corn anti-
:; .
em soro fisiológico ou formalina. Dispor os tubos soro enolase neurônio-específica, proteína S-100 e
outras.
-
?“Bºlinhª
fixado em formalina, incluído em
. _ e corado pela H—E. Os cortes devem medir
rigorfologia
do plexo como um todo; a rede neuronal,
u Fatores genéticos têm sido implicados no apa-
.
tificações e fibras nervosas interconectadas. São recimento da doença de Hirschsprung. Sabe-se
- ajeitos a estudos histoquímicos e imunoistoqufmicos.
que a doença pode ocorrer em famílias. O defei—
to genético mais comum é a deleção no braço
ânsia iransoneralúria Saromusnular longo do cromossomo 10 (10q).
:: História familiar global: 5 a 6%. Algumas fami—
Ementas
etirados
seromusculares da parede do cólon são
durante laparotomia ou laparoscopia e cé— lias apresentam alta penetrância e associação maior
lila's neuronais e nervos anormais são analisados por com anomalias congênitas.
.
cênicas de congelação. la História familiar de aganglionose colônica total
,» com ou sem envolvimento do intestino delgado:
int,-n
nr ulnseusrnuuo 15 a 20%.
Risco de ocorrer doença de Hirschsprung em crian—
upeitn ças de famílias com aganglionose classica: 1:20
crianças do sexo masculino e 1:100 crianças do
ª'! bph'ução intestinal funcional congênita causada por sexo feminino. «
ento distal agangliônico não-propulsivo e espástico. m Nos segmentos longos o risco é de 1:10, índe—
"vidade peristáltica cessa na zona de transição (zona pendentemente do sexo.
ganglifinica). O intestino proximal à zona agangliõnica
git—so distendido e suas paredes se hipertrofiam pelo Anomalias congênitas Associadas .
ófço para vencer um obstáculo (Fig. 80.1).
'
. {I Distribuição sexual nas formas com segmentos Anormalidades do trato gastrointestinal. Princi-
gulongos: 1,5M:lF. pais: atresia intestinal, má rotação intestinal,
'todos
Doença de Hirschsprung corresponde a 1/3 de
,.
'
divertículo de Meckel, anomalia anorretal.
'
se os casos de obstrução intestinal neonatal. 1a Disganglionoses do tipo displasia neuronal in-
Prªdominãncia no recém—nascido a termo. Fre— testinal: 6 a 10%.
a qfiéncia em prematuros: 3 a 6%. 1: Associação
com neurocristopatias: < 5%. Como
' Rara em negros. '
Segmentos ultracurtos correspondem 3 a 5% dos
é uma malformação derivada da crista neural, a
doença de Hirschsprung pode ser considerada como
eases. neurocristopatia.
-
,
— hausen).
Neurofibromatose (Síndrome de von Reckling—
Normal Doença de Hirschsprung
--— Carcinoma
Neuroblastoma.
medular da tireóide. É o principal
componente da síndrome das neoplasias múl- Figura 80.2 Representação esquemática da inervação do
—
tiplas do tipo 2A (NEM 2A). intestino terminal normal e do agangliônico. 0 intestino norma|
— Feocromocitoma.
I Anomalias cardíacas: 2,5%. Principais: defeitos
tem fibras adrenérgicos pós—ganglionares que terminam no
músculo liso e nas células ganglionares do sistema parassim.
pático. Essas fibras adrenérgicas têm ação inibidora. As fibras
septais e ducto arterial patente. parassimpáticas pré—ganglionares sinapsam com as células gan.
glionares do mesmo sistema e, possivelmente, com células
ganglionares do sistema não—adienérgicc não-colinérgim
ISMGIIIS Genetlcos (NANC). Fibras pós-ganglionares do sistema parassimpátiro
Muitos avanços foram obtidos na determinação do dirigem-se à musculatura lisa e, possivelmente. às células
v ersa-
defeito genético associado à doença de Hirschsprung. ganglionares NANC. Essas fibras parassimpáticas exibem ati-
vidade excitatória. As fibras NANC dirigem-se à musculatura
Sabe-se que essa doença costuma afetar mais de um
1. 9"
lisa e têm ação inibidora. 0 óxido nítrico (ON) é o mediador
|
membro da mesma família em 4 a 8% dos casos. Um NANC que tem ação inibidora. O intestino agangliõnico tem
defeito genético específico foi encontrado no braço fibras adrenérgicos pós-ganglionares e fibras parassimpáticas
longo do cromossomo 10, mais especificamente uma pré-ganglionares hipertróficas e perda do sistema inibidor
mutação entre 10q11.2 e q21.2. Posteriormente, na NANC e seu mediador ON. As fibras parassímpáticas pós-
ganglionares, não encontrando células ganglionares para fazer
procura de um gene da doença de Hirschsprung, as suas sinapses, sofrem hipertrofia e adquirem uma atividade
encontrou—se o possível gene na região 250 Kb. A motora liberada excitatória. Adaptado de Teitelbaum et al.‘
localização dessa deleção sobrepõe-se à região do
protooncogene RET. O RET & um receptor transmem-
brana com atividade tirosina—quinase. 0 protooncogene
RETtem grande papel no desenvolvimento do siste- própria e camada muscular circular (visualizadas
ma nervoso entérico e sua deleção também costuma pela reação AChE). A maioria dessas fibras e co—
ser encontrada em pacientes com neoplasia endócri- -. linérgica (excitatória), conforme demonstrado por
na múltipla (NEM ZA). 'Isso pode explicar por que * exames histoquímicos. A ação das fibras hiper—
alguns poucos pacientes com doença de Hirschsprung plãsicas parassimpãticas e fibras adrenérgicas pós-
também podem ter NEM 2A. O defeito genético nos ganglionares não está completamente esclarecida.
pacientes com história familiar parece se relacionar Talvez as fibras parassimpãticas hiperplásicas
a mesma mutação, entretanto a expressão fenotípica possam causar excitação permanente da muscu-
(extensão da aganglionose) parece ser muito variada. latura circular.
I Ausência ou diminuição do sistema nervoso au-
iislonaiulagia (Fig. 80.2) tônomo intrínseco inibidor não-adrenérgico não-
colinérgico (NANC). O óxido nítrico (ON) 6 º
Ainda não está totalmente conhecida a exata inervação
neurotransmissor liberado no intestino pela esti-
intestinal na doença de Hirschsprung. As principais mulação dos nervos entéricos NANC. Estão situa-
características são:
dos no plexo mioentérico e mantêm contato com
« I Ausência de células ganglionares nos plexos mio- os neurônios do sistema colinérgico. O ON medeíª
entérico e submucoso (visualizadas pela reação o relaxamento da musculatifra'lisa do trato gastrºin-
DHL). 0 estreitamento do segmento agangliônico testinal. Anormalidades ou diminuição de fibras
pode ser explicado pela falta de células ganglio— nervosas produtoras de óxido nítrico causam fa-
nares. Normalmente, a excitação intramural coli- Ihas no relaxamento da musculatura lisa do trªtº
nérgica do plexo de Auerbach produz contração gastrointestinal. Não ocorre a onda de relaxamen-
da musculatma proximal circular e relaxamento da to que normalmente precede cada contração prºpªl'
musculatura longitudinal. A onda de relaxamen- siva, ficando a musculatura contraída. Isso também
, to, que precede a onda propulsiva, torna possível resulta em contração continuada do esfíncter in-
o transporte de conteúdo intestinal. terno e falta do reflexo de relaxamento em respºS'
I Hipertrofia dos troncos nervosos extrínsecos não- ta a distensão retal. O esfíncter interno não se tomª
mielinizados na muscular da mucosa, lâmina hipercontinente, mas sim contraído.
Malformações do Sistema Neuroentérico I
425
distúrbio
. ”função fisiopatologicobasico é causado por
dª. motilidade intestinal, falta de propaga-
bed,” ºndas peristálticas no segmento agangliônico,
esenǪ deªsegmento contraído e reflexo de abertura
'esfínctcr anal interno anormal ou ausente. A falha
[relaxamento do intestipo 'agangliônico deve—se,
_. áominantemente, a ausencra de neuronios produ—
- fe‘s de óxido nítrico. , ,
ão do segmento agangliõnico é produzida pela sua extensão. (A) Segmento ultracurto. (B) Segmento clássi-
rvação colinérgica, marcadamente aumentada no co (retossigmóide). (C) Segmento longo (entre o ângulo
I 'do agangliônico e pela diminuição da inervação hepático e o descendente), (D) Segmento ultralongo com ou
'nseca (inibitõria), causando diminuição da enzima sem comprometimento do íleo.
uerida para a produção de óxido nítrico. Ó intes—
ogproximal tica dilatado e espessado devido à hí- aganglionose de segmento ultracurto (:l: 3%), aganglio—
rofia muscular e aparece uma de transição gradual
nose de-segmento longo (i 14%) correspondendo a
,niâbrupta para um intestino de calibre aparentemente qualquer segmento entre o ângulo esplênico e des-
mal ou estreitado (mais comum). A zona de tran—
'
tem forma de funil ou cone. Pode haver ímpactações cendente e aganglionose de segmento ultralongo ou
is no segmento dilatado. aganglionose colônica total (TCA) até 30cm de íleo
distal à válvula ileocecal (“J: 8%) (Fig. 80.3).
:ylenor densidade de nervos parassimpáticospode na
“seular da mucosa e lâmina própria do reto
'
{car aganglionose total. Na aganglionose total de lluauro clínico
on existe hipoplasia da inervaçãaparassi'mpática
amura! oriunda do plexo sacro. Cólon descendente, A doença de Hirschsprung pode ter várias apresenta—
. 'óide e reto normalmente possuem inervação ções clínicas. A gravidade do caso independe da extensão
_ afassimpãtica extramural adicional oriunda de fibras do segmento agangliônico. Paradoxalmente, as ma-
Íosas do plexo sacro, que cresce dos segmentos nifestações clínicas observadas em recém-nascidos e
&ii'hais (52-54). A densidade da rede da inervação
ssimpática extrínseca diminui exponencialmente
lactentes corn aganglionose colônica total podem ser
menos dramáticas ou mais intermitentes do que nos
“sfi'ncter anal à flexura colônica esquerda. casos classicos. Isso leva a um‘diagnostico mais tar—
_ ervação parassimpática do cólon agangliônico dio e aumento das complicações (e'nterocolitee per—
tª doapresentar
ângulo esplênico é de origem vagal e não furação intestinal). A sintomatologia independe da
uma aumento nas fibras parassimpáticas extensão do cólon afetado.
rinsecas. Do ângulo esplênico até o esfíncter anal
- urp aumento acessório na densidade das fibras
Wosas oriundas do plexo sacro. Fezes e gases, nos Recém-nascidos
_l'_ mentos longos, podem migrar continuamente por Em 25% dos casos, o diagnóstico é feito nos primei—
l
firefilon menos contraído (hipoplasia do plexo sa-
. . podendo manter preservado o reflexo inibidor.
ros 30 dias de vida.
Retardo da eliminação de mecônio nas primeiras
&bém ªpresentam uma transição menos nítida e
'
IConstipação intestinal.
ia Perfuração cecal corn pneumoperitônio: 3 a 6%.
Cinquenta por cento ocorrem em casos de seg—
mento longo.
at e r G - u
Apendicite aguda neonatal. Figura 80.5 Radiograiia simples de abdome mostrando
— q
9‘
m Síndrome da rolha meconial está associada a doen-
ça de Hirschsprung em 1l3 dos casos.
distensão difusa de alças intestinais e ausência de ar no reto.
-
LS
Lactentes Exames por Imagem
Em 2/3 dos casos o diagnóstico é obtido nos primei- Radiografia de Abdome
ros três meses de vida.
Distensão gasosa generalizada de alças intestinais ou
!Repetidos episódios de obstrução intestinal ali—
quadro obstrutivo baixo com níveis hidroaéreos (Figs.
viados espontaneamente ou por enemas. São 80.5 e 80.6). Ocasionalmente, pode ser observada
crianças cronicamente doentes, necessitando de pequena quantidade de ar em um reto sem distensão.
múltiplas internações por vômitos, desidratação Posição lateral prona com os glúteos elevados, por lOmin,
e impactação fecal.
lInício abrupto de enterocolite com diarréia, fe-
bre, distensão abdominal, vômitos e prostração.
Pode estar presente em 30% dos casos nos pri-
meiros dois a três meses de vida. Após o tercei-
ro mês, diminuem os episódios de enterocolite.
5 Quadro de constipação e distensão abdominal
gasosa (Fig. 80.4).
Diarréia crônica pode ser o único sinal clínico.
Retardo de crescimento.
Crianças Maiores
II Crises obstrutivas são bem menos frequentes.
lConstipação intestinal crônica e volumosa distensão
abdominal gasosa com ondas peristálticas visí-
veis e fecalomas palpáveis. '
ll Má-nutrição.
Investigação niaunústiea «o
, g,“.
Técnicas Histoquímicas ». n
Estudam as reações histoquímicas na visualização por
acetilcolinesterase (AChE), desidrogenase láctica (DHL)
e desidrogenase suceínica (DHS). Biópsia retal de
sucção, com estudo da atividade colinesterasica é º
procedimento de escolha para diagnóstico de agan.
glionose. A biópsia ideal é aquela que inclui suficiente
camada submucosa para demonstrar o plexo submucoso.
No estudo da atividade colinesterãsica, a doença de
Hirschsprun g clássica demonstra maior atividade das
fibras colinérgicas da muscular da mucosa, lâmina
própria da mucosa e ausência de células ganglionª.
res. Essa técnica é realizadanem 2h.
Com a reação AChE, todas tis estruturas colinérgicas
(gânglios, células neuronais, células gliais e princi.
palmente fibras nervosas) são coradas. Dessa forma,
Figura 80.9 - Enema opaco de aganglionose colônica total. nenhuma diferenciação e possível entre células ner-
m s - n; < . z r I 9 L S
O cólon aparece encurtado, em forma de vírgula, as flexuras
colônicas arredondadas e sem haustrações. vosas e gliais. Em aganglionose colônica total, a ati-
vidade daAChE apresenta padrão um pouco diferente
das formas clássicas, pois as fibras coline'rgicas en-
contradas na lâmina própria e muscular da mucosa
(ausência do reflexo inibidor retoanal). Em aganglionose apresentam menor densidade. Biópsias de cólon trans-
colônica total, o reflexo inibidor anal pode parecer
.« normal em 50 a 85% dos casos.
verso e cólon ascendente não mostram estruturas
AChE—positivas. O aumento da atividade AChE só
eu
; m u,
nervosas colinérgicas em apenas 10min. Denominada
_a.-
n
,.avaliação'rápida da acetilcolinesterase, essa técnica
mais extenso no plexo submucoso, quando compara-
5r
.
glionose colônica total.
14.:3‘
Exame Histológico Convencional (Mucosa e ' A introdução da reação histoquímica da AChE tomou
Submucosa) o diagnóstico da doença de Hirschsprung mais fácil
I
e confiável. .
Nos cones corados por H—E procuram—se identificar 0 L150 paralelo da reação da desidrogenase láctica
troncos nervosos submucosos hipertróficos ou proe— (DHL) permite melhor identificação das células
minentes e ausência de células ganglionares. A gran- neuronais.
w-.okraae .
de dificuldade desse método é reconhecer se uma
'E"
cegamente no intestino. Esse exame é de dificil in- Biópsia de Parede Total do Reto (Mutºsªr
terpretação. Só confiar quando realizado por patolo-
gista experiente. Submucosa e Muscular) sob Anestesta Gªiª
Suas desvantagens são: dificil interpretação (prin-
cipalmente em recém—nascidos e em segmentos lon-
0 espécime é fixado em formalina, incluídº em
rafina, corado com hematoxilina—eosina (lí-E) e P I:
Malformações do Sistema Neuroentérico 429
com cortes de espessura entre 4 e Sinn. A biópsia Dieta sem ou com poucos resíduos (dieta ele-
';»kalizada 1,5 a 2cm da linha pectrnea e am- mentar ou semi-elementar).
5- oito diagnóstico mais utilizado em nosso E Lavagens intestinais com soro lisiológico e glicerina
.- Agangiionim
.=. Gangllbnlm
parelho de auto-sutura gastrointestinal (7,5mm
gr); abaixamento endorretai de Soave—Boley e,
raramente, o procedimento de Swenson. Costu—
Zr feitos entre 6 e 12 meses de idade.
l
430 I
TratoGastrointestinal
Figura 80.11 — Técnica de Duhamel modificada com uso de grampeador. (A) Q grampeador é introduzidopor via anal,
colocando-se uma lâmina no com retal e a outra no cólon abaixado. 0 disparo do grampeador deve obter a dIVIsão completa
do septo entre o reto e o cólon e uma anastomose retocolõnica látero-lateral. (B) A extremidade superior do coto retal pºde
ser anastomosada com a parede lateral do cólon abaixado com sutura contínua, formando uma anastomose retocolônica
término-lateral. Adaptado de Talbert et al.z
X'
retal videoassistido por laparoscopia (Soave-Georgeson), Contra—indicações a tecnica transanal exclusiva: seg.
6 L R- ' 5 t? 1 9 S
abaixamento via transanal exclusivo (De La Torre), mento intestinal proximal muito dilatado, presença de
abaixamento via u'ansanal com minilaparotomia e abai- enterocolite grave e má—nutrição, perfuração intestinal,
xamento retrorretal de Duhamel modificado com zona de transição mal—definida, segmentos agangliônicox
grampeador Endo—GIAº desenvolvido para videolapa— longos, biópsia de congelação duvidosa ou não-disponível,
roscopia. descompressão intestinal difícil por lavagens e/ou inca—
Na técnica de abaixamento transanal exclusiva, é pacidade de os pais realizarem as lavagens intestinais.
nossa rotina aguardar o bebê alcançar o peso de 4kg; O abaixamento transanal endorretal com minila-
não temos aconselhado seu uso em crianças acima de parotomia ou videolaparoscopia tem sido utilizado
cinco anos de idade. para segmentos agangliônicos situados acima do sig-
Doença de Hirsthsprung *
iv» W. m
Bebessemcontrnndkações ‘1'" .:
”“ 'Sern zo' Fflde‘tr‘anslgaae
' o
Bebês cpmí N »
Irrigações
i
lrrigações colbnlcas
Colostomia
Abaixamentu estagiario
_ Descompressão Dessompressão Intestinal
_
óide a firm de permitir biópsia de congelação sob
º”
"retª(Fig.
ems“
ficª,-o
e liberação do cólon descendente e flexura
80.12).
_ do
pré—operatório abaixamento transanal
ausivo:
.
iLavagens intestinais diárias com ZOmL/kg/dia de
.
“
“sorede Hegar
fisiológico e/ou dilatação anal diária com
m a et s — u y r
citoprotetoras, ele possui atividade bacteriana e por essas bactérias podem induzir a uma reação in.
tem efeito direto na proliferação epitelial (esti— flamatória localizada no cólon e resposta sistêmica
mula a produção do fator de crescimento epitelial). (Fig. 80.14). Parece também que a porção agangliônica
L-E9
Esses efeitos podem agir similarmente nas áreas da doença de Hirschsprung tem uma diminuição pro-
escoriadas periestomais e perineais. gressiva da produção de óxido nítrico, resultando em
Uso: deve ser aplicado a cada 4 a 6h e toda vez uma barreira imunológica deficiente, contribuindo para
que a camada esteja fina. o aparecimento de enterocolite. O óxido nítrico apresenta
O pó do sucralfato é obtido pela pulverização muitas ações não-especificas de defesa contra agen-
dos comprimidos e deve ser aplicado nas áreas tes bacterianos, micobactérias e vírus.
desnudadas e secretantes. Quando começa a ci- A enterocolite é um estado progressivo que, se não
catrização, o sucralfato deve ser aplicado sob a for tratado, evolui para quadros mais graves. A per-
forma de emoliente (sucralfato 4g% numa base sistência histológica de enterocolite, na ausência de
de agia e glicerina). doença clínica, indica que o dano intestinal é crôni-
Não tem efeito contra a dermatite causada por '_'co e se resolve incompletamente com & colostomia.
fungos. Recentemente, foi demonstrado que o MUC2 (ex-
pressão do gene da mucina no intestino humano) se
Enlmcllite lssoniarla à Mensa encontra significâtivamente mais baixo em pacientes
,com doença de Hirschsprung. Esse defeito parece ser
do lllrscllsmng consequente & um problema intrínseco, alteração que
Enterocolite continua a ser a maior causa de morbidade tornaria mais fáceis a aderência bacteriana e a trans-
e mortalidade em pacientes com doença de Hirschspmng. locação. Com base no MUC2, sugere-se o uso profilático
Freqiiência: 15 a20% dos casos. Evidências histológicas de probióticos para aumentar a expressão epitelial de .
comprovam que enterocolite ocorre em ambos os seg- MUC2 e diminuir a translocação bacteriana.
mentos (agangliônico e gangliônico). Episódios recor-
rentes de enterocolite podem ser explicados pela Cºmplicações da Enterocoiite
persistência de alterações histopatológicas da mucosa
por longos períodos, mesmo após colostomia descom- Pneumatose intestinal, absççsso pericálico, perfura-
pressiva ou abaixamento de cólon. Pacientes que ção intestinal e septicemia.
desenvolvem euterocolite são suscetíveis a episódios
recorrentes. Existem dois períodos propícios ao desen- Fatores Predisponentes
volvimento da enterocolite: antes do diagnóstico de
doença de Hirschsprung e após o abaixamento defi- lRetardo diagnóstico.
nitivo de cólon. I Segmentos longos (25%). Atualmente. têm Sf"
gido trabalhos que não confirmam essa rela窺'
I Síndrome de Down. Predisposição causada por
Etiologia
deficiência imunológica intestinal intrínseca.
A etiologia ainda não está totalmente esclarecida Diversos IFatores genéticos. História familiar parece Prª“
fatores podem ser desencadeadores de enterocolite: dispor a enterocolite.
Malformações do Sistema Neuroentérico I
433
Aganglionose
TABELA 80.1 - Graduação clinica da enterocolite
« GRAU SINTOMAS
_Estase Intestinal levando a: [ Diarréia explosiva leve, distensão
_-Hipercrescimento bacteriano
- Retenção de mucina, alterações na abdominal leve ou moderada,
sua composição e quantidade ausência de manifestações sistêmicas
—- Dilatação das criptas
Diminuição do tecido linfóide
Diarréia explosiva moderada,
distensão abdominal moderada a
intestinal grave, sintomas sistêmicos leves
Diarréia explosiva grave, acentuada
distensão abdominal, pré-choque ou
Bactérias enteroaderentes ligam—se ao epitélio “&
choque
intestinal não protegido
Histopatologia
A enterocolite e' manifestada pelo aparecimento de neutró—
filos dentro das criptas do intestino e retenção de muco.
!Diarréia em DH é sempre considerada um sin— O sistema de graduação histopatológica é mostrado
toma de enterocolite. A diarréia em enterocolite na Tabela 80.2. '
Pcrda de líquidos e eletrólitos e choque hipovolêmicc. cuidadosa. Preferencialmente, a sonda deve ser
Elhalaby et al. desenvolveram um sistema de gra— posicionada acima da zona de transição. Vinte a
“fªç㺠clínica, com base em critérios clínicos4 (Ta- cinqiienta mililitros de soro fisiológicd'são insti-
.l).
iados no reto, repetitivamente, até que comecem tria anorretal é controverso, pois toda criança ºpª
a retornar gases e fezes líquidas e a diminuir a rada ou não na doença de Hirschsprung não tem
distensão abdominal (em geral são necessários reflexo inibidor anorretal. Também é controversª
100 a ISOmL). Esse procedimento pode ser re- na manometria, o valor absoluto da pressão do
petido duas a três vezes/dia. esfíncter anal em repouso.
I Se o intestino não puder ser descomprimido efe—
tivamente elou não houver melhora clínica, está Tratamento Farmacológico
indicada a colostomia.
IMetronidazol 30mg/kg/dia de 8 em 8h, V0 ou I Pasta de nitroglicerina ou de mononitralo ou
IV. dependendo da gravidade. Nas formas graves dinitrato de isossorbida. Esses nitratos orgâni.
pode-se acrescentar de gentamicina ou cefota- cos costumam ser degradados pelo metabolis.
xima. 0 metronidazol deve ser mantido profila- mo celular, liberando óxido nítrico. Este é o
ticamente por até seis meses. Alguns autores mensageiro químico da inervação intrínseca não
sugerem o uso de vancomicina por sonda naso- adrenérgica não-colinérgica do esfíncter amil
gástrica ou pelo estoma, se existente. interno, mediando o seu relaxamento. A pasta 6
I Em doença de Hirschsprung de segmento lon-
preparada baseando-se no cálculo da dose ap“).
go, a descompressão colônica com irrigações retais priada (Img/kg/dia de isossorbida, duas doses
costuma ser ineficiente, sendo necessária a eo- separadas). Um comprimido e esmagado até se
lostomia de urgência. tornar pó fino. Depois é misturado com 6mL de
parafina líquida, que e incorporada com lanolina
Enterocolite Pós-abaixamento intestinal aquosa. Protege-1a da luz. Talvez possa ser usa-
m s - n u vi w ç L
da como teste terapêutico ao determinar se 21
Costuma estar relacionada à obstrução distal crônica hipertonicidade do esfíncter interno é a causa dos
(Fig. 30.15).
sintomas obstrutivos.
I Toxina botulínica tipo A (Botoxº), 2 a SU/kg
Caso sem problemas mecânicos: irrigações retais.
ll Tono esfiucteriano aumentado a manometria ou 15 a 60U injetadas no esfíncter interno (iden-
anorretal ou em exame anal. O uso da manome— tificado por palpação) no nível da linha pectinea,
i '
vai.
A
Normal
Megúillàn ,
Colon uni㺠'Estertme
.rv,
, r— nio'psi:teªring“º_,”,k ,, ; Toxªâ'botullnlçãwy:lim ªº
º» É“ fimº?“ -
:1 .
1!
J,; .fiw' * '
—
_
Agangl'ionoú. hlpoqengllouose ou aispiui. neuron}!
“
Sei-ril melhora
'Rêxposu Sem mpom
<link:
Sim Não REDO
i i
-~ Mlectomli
Cumprimento do Sam mirim
ogulgllbnko
umou aspiram Mlectomla REDO
iiipenauia do esfínaer_ Figi'lra 80.15 -Algorítmo diagnós-
mal interna (7) ' tico do aparecimento de sintomªs
Sem melhor:
obstrutivoí pós-abaixamento de
_
c'urto longo
cólon. REDO : reoperaçao.
. l de m i S'N'ºmªº'ºª'ª nltrodllcedna (1)
Festa do
pmistmle V,
Bôto'x' (71'
Pan. vier-zu o ,-Mle€tonila m w
mega-nu
Defiuldu por:
- Enema opaco emu
- _hlmlóglco
Mapeamento
lslnldn'
por vldeollparnsropli
Malformações do Sistema Neuroentérico I 435
4,5mm.
- ‘11 (pode necessitar de nova aplicação a cada
“três a seis meses). Também pode ser usado como
Íêgte terapêutico. Existem frascos-ampolas de Sintomas obstrutivos Relacionados à
‘
ÉÓU JOOU. Se diluirmos um frasco—ampola
e cirurgia tie Ahaixamenm ue cólon/íleo
.é IOOU em 2mL de diluente (soro fisiológico), Sintomas obstrutivos pós-abaixamento de cólon/íleo
oheremos SU em cada O,]mL ou SOU em lmL.
'
sugerimos pequenas quantidades de diluente para ocorrem em aproximadamente 10% das crianças e estão
, virar grande difusão da toxina botulínica. Ver
(Tabela 80.3. .
relacionados à euterocolite (já comentada anterior-
mente), aganglionose recorrente ou adquirida, obstrução
mecânica (estenose, torção do segmento abaixado,
# Agitar o frasco suavemente após a adição da
g‘soluqfio salina estéril normal para completar esporão do abaixamento de Duhamel), displasia neuro—
nal associada, acalasia do esfíncter interno. Ver Fi-
' v a dissolução. A solução reconstituída deve ser gura 80.15.
:"usada imediatamente ou armazenada em re-
,. e
‘frigerador entre 2° e 8°C usada em 4 a 6h. A aganglionose adquirida (comprovada pela exis-
tência de células ganglionares na margem proximal
» Alguns autores afirmam que essa solução não
perde sua eficácia se usada em até sete dias. do espécime ressecado) tem explicação controversa.
_A toxina botulínica age pelo bloqueio da li- Têm sido postuladas como causas a isquemia do seg—
ª; beração da acetilcolina na junção neuromus- mento abaixado, o abaixamento da zona de transição
'"_“"'_çular, causando paralisia flácida por três a seis ou uma margem proximal com distribuição circunfe-
&“ meses, A injeção da toxina no esfíncter anal rencial desigual de células ganglionares, confundin-
.»i
'
.intlemo é segura e uma altemativa menos invasiva do o resultado das biópsias realizadas.
ue a miectomia. A ação costuma ser melhor
os segmentos mais curtos da doença, talvez
,porque os sintomas obstrutivos nos segmen— Malásia Ell] Estimator Anal Interno
-" tos longos possam ser causados pela associa-
.52 »ção com displasia neuronal ou outras doenças
Incapacidade do esfíncter em relaxar. Doençarestrita
ao esfíncter interno.
'
1!de motilidade. Esse parece ser o único fator
preditivo da resposta a toxina. Metade dos
A apresentação clínica mais comum é a de cons-
tipação intestinal crônica. A mauometria anorretal
pacientes vai necessitar de múltiplas injeções. costuma ser anormal, existindo falta de relaxamento
Tem sido relatado o desenvolvimento de anti- do esfíncter interno. Esse relaxamento é conduzido
._ corpos contra a toxina, que pode diminuir ou
ª prevenir a resposta terapêutica. E, em adição
pelos nervos NANC, que liberam óxido nítrico como
neurotransmissor. Os neurônios NANC estão ausen-
at.” à sua ação terapêutica, a injeção de toxina botu— tes nos 2/3 inferiores (agenesia ou hipotrofia dessas
>
línica vai mostrar os pacientes que irãose be- células). '“
'
6 4 8 - ni s a r
mar em aganglionose de segmento curto. Sempre se
acompanha de acalásia do esfíncter interno distal. Etiopatogênese
L'SQI
as Ainda não está bem entendida. Algumas causas
são conhecidas.
Diagnóstico
—-
Hipermagnesemia causando diminuição da
liberação da acetilcolina e depressão mioneural.
II Mais frequente no sexo masculino: 4 a 6M:lF.
l1 O primeiro sintoma costuma aparecer aos seis A hipomotilidade permitiria aumentar a ab-
meses de idade e corresponde a uma constipa- sorção de água e formação de um tampão.
ção crônica persistente e resistente ao tratamento
clínico. Quadro clínico semelhante ao da acalásia
- Hipoglicemia em crianças de mães diabéticas.
Haveria aumento da secreção de glucagon com
diminuição da motilidade do cólon esquerdo,
— ———
do esfíncter interno.
Manometria anon-eta]: alterada Ausência do reflexo Estresse perinatal com aumento da liberação
inibidor retoesfincteriano. do glucagon.
ll Enema opaco deve ser sempre realizado, para Imaturidade dos plexos mioentéricos ou seus
excluir doença de Hirschsprung clássica. receptores hormonais, principalmente em bª'.
ll Biópsia retal por sucção e reação AChE: obser- bês prematuros.
va-se maior atividade na muscular da mucosa e
na submucosa adjacente, mas não na lâmina própria Quadro Clinicd
da mucosa’. Também pode mostrar aumento da
reação AChE nas fibras musculares do corrugador
I Costumam apresentar sinais e sintomas de obs-
trução intestinal baixa, surgindo entre o primeiro-
da pele anal. Esse músculo corresponde à ter-
minação distal da musculatura longitudinal do e o terceiro dia de vida.
esfíncter interno. Algumas formas de ultracurto História de diabetes materna, uso materno desulfato
de magnésio para tratamento de toxemia ou sepu-
podem estar limitadas exclusivamente ao anel
anal, mostrando somente características de agan- cemia. .
glionose do músculo corrugador.
II Biópsias devem ser realizadas na linha denteada
E Vômitos biliosos tardios, distensão
abdominal
generalizada enão-eli "nação de mecônio: O tºque
e a l, 2, 4 e õcm proximais. retal demonstra canal anal e reto de calibre nºr—
mal, podendo ocorrer a eliminação de fez-BS
meconiais ou da rolha logo após o toque (FIE-
Tratamento 80.16). Se o canal anal e o reto forem de Pª"
Il Miectomia parcial do músculo esfíncter interno. queno calibre e não houver eliminação-de fezg:
ª Controvérsias
após o toque retal, pensar na
possibilidade“.
aganglionose de cólon associada. Aproxtmª m
Existe acalásia do esfíncter interno?
meme 10 a30% dos casos de rolha mecomal pºde
estar associados ou ser confundidos com agan-
u Existe aganglionose de segmento ultracurto? glionose colônica.
Malformações do Sistema Neuroentérico n 437
Enldeminlngia
al Distribuição sexual: 1M:lF.
Geralmente afeta segmentos de cólon mais lon-
os do que a doença de Hirschsprung.
m observada em 6% dos pacientes com doença
de Hirschsprung. É mais rara a combinação com
300.16 — Rolha meconial eliminada após toque retal. segmento ultracurto ou com aganglionose colô-
nica total.
. as a Displasia neuronal tipo B é identificada em apro-
$115 por Imagem ximadamente 3% das crianças acima de um ano
S de idade que sofreram biópsia durante a inves-
adiogratia de abdome (supino e decúbito late- tigação de constipação crônica.
r'al esquerdo): presença de múltiplas alças dila-
tadas e ausência de ar no reto.
É'nema opaco: no caso da síndrome do pequeno Formas do Buresemação clinica
'fçlon esquerdo, pode ser encontrada zona de tran- Sintomas, sinais e formas de apresentação são muito
'ção na flexura esplênica Ou no cólon esquerdo semelhantes aos da doença de Hirschsprung. A gra-
ppximal. O reto quase sempre tem calibre normal. vidade dos sintomas também não está relacionada à
9561011 transverso é duas a três vezes maior em “extensão do intestino displásico.
diâmetro do que o sigmóide. O colon distal estreita— E! Displasia neuronal de inervação simpática ou tipo
p_tem contornos lisos, sem contrações terciárias. A (5%). Devido à aplasia ou hipoplasia congê—
p quadro radiológico da rolha mostra contraste nita da inervação simpática, o plexo mioentérico
delimitando o defeito de enchimento causado falha em despolarizar, resultando em aumento
pela rolha radiolucente. Após o enema, mui— da liberação da acetilcolina. Por causa dessa
gas vezes há passagem de grande quantidade atividade colinérgica. não-modulada, aumenta o
de fezes meconiais com gradual ou pronto alívio tônus parassimpático na musculatura circular e
1,5105 sintomas. longitudinal, o cólon permanece contraído e há
secreção de muco diminuída ou ausente. O qua—
dro clínico característico e de diarréia grave com
fezes sanguinolentas (enterocolite), no período
.0 tratamento é quase sempre não operatório. neonatal. Maior incidência de perfuração de cólon,
uando houver dúvida diagnóstica ou a criança além de distensão acentuada e constipação in-
“;Íllantiver o quadro obstrutivo, deve-se repetir o
testinal grave. Forma mais grave e mais comum
eêema opaco (com contraste hidrossolúvel), sob
tº ntrole fluoroscópico e, se necessário, conti-
em pacientes de pouca idade. Há uma falha na
inibição simpática da camada muscular circu-
ligar com lavagens com soro fisiológico.
'
_W
está ausente ou patológico (1/4 normal, l/4 re-
flexo ausente e 2/4 reflexo patológico). O qua- vr
dro clínico característico é de constipação crônica
1
“à "nação congênita da inervação gastrointestinal que pode estar associada a megacólon, fecalomas
ª dª por desenvolvimento embrionário displásico e abdome muito distendido. O cólon doente apre—
7—.“
438 I Trato Gastrointestinal
senta—se com hipomotilidade em contraste com Também há aumento moderado das fibras ner.
se
o cólon agangliônico, que mantém em espas-
mo. Forma bem mais moderada do que a anterior.
vosas parassimpãticas na lâmina própria, mus.
cular da mucosa e músculo circular, hiperplªsiª
do plexo mioentérico.
Investigação Diagnóstica ' Tipo B
Reação AChE isolada não é suficiente para o
Não existe critério diagnóstico preciso e por isso apre- diagnóstico de displasia neuronal intestinal,
senta incidência variável. O diagnóstico costuma ser confirmado pela
l Enema opaco: os achados costumam ser equívo— reação DHL, ao mostrar > 7 células ganglia.
cos ou mostram distensão leve, moderada ou grave nares/gânglio.
do retossigmóide ou todo o cólon e falta do seg- Essa displasia não necessita de biópsia de
mento típico de estreitamento da aganglionose. parede total. Somente os casos terapia-resis.
ll Manometria anorretal: reflexo retoesfincteriano tentes estão sujeitos a esse tipo de biópsiª
ausente ou alterado em 75% dos casos: Pensar em associação com hipoganglionose,
IBiópsia retal: as biópsias devem ser obtidas 6 a hipoplasia do plexo mioentérico ou desmose
103m acima da linha pectínea, em crianças com da camada muscular.
mais de quatro anos de idade. Em razão dos vários consensos das técnicas
—Características histológicas atuais da displasia
neuronal intestinal: desde sua descrição ori-
clássicas de coloração (H-E, AChE, DHS, DHL),
têm-se investigado'novos marcadores da es—
ginal, os critérios diagnósticos têm mudado. trutura neuronal. :
O diagnóstico pode ser obtido com: oNCAM (molécula de adesão de célula
' Biópsia de sucção pela coloração convencio- neuronal): marcador imunocitoquímico da
Iv a-9 4 1 2 6
nal com hematoxilina-eosina (aumento do junção neuromuscular. Glicoprotefna de su—
número de células ganglionares pode ser iden- perficie envolvida na adesão célula-célula
L-ÇAO—
tificado pela coloração H—E convencional em durante o desenvolvimento. Pacientes com
secções de parafina; exame limitado pela di- displasia neuronal intestinal têm inervação
fícil interpretação). Teoricamente, é possível reduzida na junção neuromuscular do intes-
o diagnóstico, porém é muito difícil o reco- tino afetado. Com isso, o número de fibras
nhecimento das células imaturas e há falta de nervosas na lâmina própria e muscular da
controles válidos para essa coloração. mucosa encontra-se acentuadamente dimi—
' Biópsia de mucosa-submucosa e reação DHL nuído. Na biópsia de parede total também
.
mostrando gânglios com número elevado de há menor expressão na musculatura circular
células DHL—positivas. e longitudinal.
A análise histológica deve se basear em secções NADPH-diaforase (diaforase fosfato do di-
com criostato de tecido congelado medindo 15mm nucleotr'dco adenina—nicotinamida): método
de espessura (= 4,7mm após descongelare secar), ' histoquimico que mostra menor expressão
que devem ser coradas histoquimicamente com na musculatura circular e longitudinal.
o intuito de visualizar os neurônios entéricos.
Atualmente, o diagnóstico da displasia neuronal correlação entre Achados Histolúglnos
e
tipo B baseia-se no aumento relativo da den- ' Sintomas clinicos ~;
sidade de gânglios submucosos gigantes.
Critérios diagnósticos correntes: Do ponto de vista clínico, existem muitas
quanto
dúvidas
à existência de displasia neuronal intestinal
# Um mínimo de 25 gânglios submucosos deve
como uma entidade clínica distinta. Ela parece ser uma
ser analisado. entidade histopatológica distinta que mostra uma grande
o Mais de 20% dos gânglios submucosos ana-
variabilidade. Sabe—se hoje que não existe nenhuma
lisados devem ser gânglios gigantes. correlação entre os achados histológicos e os sintomas
& Gânglio gigante é aquele que contém mais
i
gegdo, atualmente, que a displasia neuronal
'
_
Episódios recorrentes de oclusão intestinal: dor
abdominal, vômitos biliosos, perda de peso e
tumulto usa nnrsrnm oo sínnnonr múltiplas hospitalizações. .
tono-0351 tio nmsrnnn 01101111111 a Distensão abdominal maciça (85% dos casos)
causada por megabexiga não obstruída e alças
do intestino delgado distendidas. Algumas vezes
a síndrome pode se associar a megacólon, em vez
_ _ -obstruçãointestinal crônica (CIPO, chronic de microcólon.
!"ª'Pseudo—obstruction) é uma síndrome clini- Vômitos biliosos ocasionais e impossibilidade de
lglógica caracterizada por propulsão intestinal ingerir alimentos.
tiva e Sinais e sintomas recorrentes de obstrução
,Emal, Sem oclusão mecânica. É uma doença pri-
fl Disfagia.
sr Má nutrição.
º cóIºn, que pode
2} astrointestinal. atingir qualquer porção do
É a forma mais grave de obs- a Constipação intestinal crônica.
Diminuição ou ausência dos ruídos hidroaéreos.
440 I Trato Gastrointestinal
_
ce informação prognóstica e pode sugerir 1'11le- colon-intestinal hypoperistalsir syndrome), a
venção farmacológica. A presença de complexo imunorreatividade da actina do músculo liso cos-
migratório motor (MMC) durante o repouso é tuma estar bastante diminuída nas camadas mus
_: ". cular circular e muscular da mucosa e ausente na
1..“ ; * camada muscular longitudinal.
;31.”?
"l.
i Tratamento
“Ifj ' I Sem tratamento-específico. "—
fl 0 tratamento operatório é controverso, geralmente
w; desaconselhado. Só parece indicado a situações
específicas como acesso vascular centralT biópsm
intestinal, enterostomia desconlpressiva, enterec-
.
»1 -*
H Nutrição parenteral total e, talvez, gastrostomm
que deve ser aberta em episódios obstrutivos. AI-
guns pacientes se beneficiam da combinaç㺠dª
was-. .
ªrmação futura dos genes responsáveis pe- a Os parâmetros entre número e tamanho dos
rios
tipos de miopatia e neuropatia viscerais. gânglios, a distância entre eles, número e tama-
nho das células nervosas e a atividade da acetil-
colinesterase não foram ainda totalmente definidos.
Manometria anorretal: sem valor diagnóstico. Pode
ser observada, mais comumente, ausência do
ª
reflexo de relaxamento.
,? clínica variante das
desordenscolônicas
fiadns ao binômio gângliowelula nervosa, que
Biópsia de mucosa e submucosa por sucção e
E
técnica histoquímica: nenhuma ou muito baixa
ia‘hsp
sinais e sintomas similares aos da doença atividade de acetilcolinesterase na lâmina pró-
rung e se caracteriza por plexos nervosos
pria e muscular da mucosa costuma ser a regra.
[
eric os hipogªnghônicos (poucas células DHL— Os nen/os entéricos extrínsecos são hipoplásticos
civis) e escassos, nível baixo de ªtlYld'ªde
ªsda muscular da mucosa, na lamina propria
da
AChEe e, portanto, a atividade daAChE é baixa ou ausente.
Não há proliferação nervosa parassimpática. A
“Sean, própriª. Um segmento hlpogªngllônlco morfologia do plexo submucoso não tem sido
,; sempre presente, acompanhando o segmento descrita em detalhes.
llênico
“
da doença de Hirschsprung e é deno—
;: transr ao.
Biópsia de parede total: geralmente por laparotomia
ou por videolaparoscopia. ,'
_Slãngâílçg aindaçpoluremente
ndiadistãnºiª
é definida com re-
celulas nervosas, seu
tama—
A biópsia de parede total é essencial a'o diagnóstico,
.a ao número de os
gânglios.
entre O-diagnpsltrco
é já que a doença e' detectada com confiabilidade
somente no sistema parassimpático do plexo
porque os seus criterios nao estao com—
o'ªversodefinidos;
(
—
sociada a um segmento típico de doença de e longitudinal, com baixa atividade da AChE.
frschSprung ou de displasia neuronal. As zo- Achados de biópsia com medida bidimensional
”Éis' hipogangliônicas costumam ser proximais do 'plexo nervoso mioentérico. Essa'tecnica usa
imunoistoquímica fluorescente para proteína
i
às zonas agangliônicas. '
fecalomas podem ser palpados pela parede glionares aparecem como pequenos discos arre-
abdominal em cólon extremamente dilatado. dondados com fraca coloração, estroma nervoso
Retenção de gases causa cólicas intestinais in-
termitentes e distensão progressiva do cólon.
rico em proteína S-lOO e nervos divergentes
espessos. Em pacientes com hipoganglionose,
Pode haver perda de fezes por hiperfluxo e os gânglios são menores, pobremente distri—
ªparece constipação intestinal crônica refra- buídos e dispersos e os nervos mais delgados.
jªª tãria a qualquer tipo de tratamento clínico. Somente as células ganglionares são defini-
" Radiografia
“ opaco: pode
Uema
~ -
de abdome: dilatação colônica.
haver segmento estreitado
.
das como áreas de fluorescência negativa. Áreas
de fluorescência positiva são relacionadas so-
"' Sem zona
"9
de transrçao ou só colon dilatado. mente a presença de estroma glial e células
a
447. I Trata Gastrointestinal
-
(cm de comprimento).
A superfície de área do plexo por unidade de no. O movimento é induzido por uma rede de fibras
de tecido conectivo, similar a um tendão, localizadª
area. . entre as camadas musculares circular e longitudinal.
' O tamanho das células nervosas e do gânglio. Essa camada de tecido conectivo, em torno do plexg
' O desenvolvimento de fibras nervosas. mioentérico, tem a função de fixa—lo. 0 tecido co—
Aumenta:
wa fl ª A distância interganglionar.
nectivo tem função ativa na peristalse. A falta de tecido
conectivo na camada do plexo mioentérico e a pre-
Em resumo, existe um número reduzido de peque- sença de rede de tecido parcialmente desenvolvida
n a. ; »
;,
nos gânglios com grandes distâncias interganglionares. que vai gradualmente diminuindo na direção da ca.
.,
mada do plexo, são características da desmosc hiper
plastica. Trata—se de uma síndrome aperistáltica, com
Tratamento falta completa ou parcial da rede de tecido conectivo
“p o w -«
&
Idem ao da aganglionose. Pelo maior espessamento na musculatura circular e longitudinal e na camada
da camada seromusmlar, a técnica de Soave é a ideal. em torno do plexo mioentérico.
e r o s /. é
Corresponde à síndrome de hipoperistalse primal.
2ª“ “ ªmã-.
L'ÇQ—l
Observada em biópsias de prematuros com obstru- tratamento clínico. A inervação enterica parece nor-
ção funcional. malmente desenvolvida. Radiografias de abdome podem
mostrar achados que sugerem síndrome microcólon-
3 5. 4 ( A biópsia de sucção demonstra pequenos gânglios
megabexiga, podendo atingir todo o trato digestivo e
e'
, * f — dli W
e ridade do sistema nervoso entérico é um achado re- tra um sistema nervoso entérico normal e nenhuma
estrutura de tecido conectivo na camada muscular.
ªge
,a p g
a
i
w as;
vezes simulando aganglionose. Plexo submucoso ima-
turo em bebês a termo costuma sofrer um processo células ganglionares são dismóriicas e pequenas. Pela
de maturação mais prolongado que, muitas vezes, chega histoquírnica os gânglios são AChE-positivos, mas
até o segundo ou o quarto ano de vida. mostram reatividade negativa ou reduzida para DHL
M,tªx
A imaturidade do plexo submucoso (também pode e DHS. Podem estar associados à aganglionose. O
#m "1 m
ser observada no plexo mioentérico) pode ser identi- tratamento pode ser conservador, porém, algumas
ficada pelas reações DHL e DHS. Os gânglios são vezes é necessária a ressecção completa do segmentº
fracamente corados pela reação DHL. As células doente.
:,
? “ ". W
vada com a reação DHS, que costuma ser muito baixa Nesses casos, o plexo mioentérico não está locall-
nos primeiros meses de vida. zado em suavposição normal e, muitas vezes, essils
,
A doença parece ser induzida por insuficiência ou células ganglionares heterotópicas são a única 95'
falta de fatores neurotróficos. É acompanhada por fraco
relaxamento do músculo esfíncter anal.
trutura neuronal presente no segmento intestinal
ªfª'
Métodos histoquín'iicos de coloração por NCAM
tado. É muito rara. É a expressão de um
defeito
dª
migração grave. Pode estar associada à aganglionose-
e NADPH—diaforase também podem demonstrar O tratamento baseia-se na completa excisão dº Sªg"
pequenas células ganglionares em relação às gliais. mento não-funcional.
1
.
l
Malformações do Sistema Neuroentérico I
443
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ºf"? l 'SEASHORE, J. H-ÇRAVITCH. M. M. Evaluation
'
«1.,
444 I Trato Gastrointestinal
GUNGEITD
É o hábito intestinal, presente por duas ou mais se-
manas, com retardo na eliminação de fezes (menos I: Constipação funcional: 95% dos casos.
de três evacuações por semana) e dificuldade ou des- I: Constipação de causa orgânica ou medicamen.
conforto persistentes relacionados à encoprese (me- tosa: 5%.
nos de duas vezes por semana), dor, sangramento, Doença de Hirschsprung (DH) e variantes eau.
eliminação de fezes duras e/ou volumosas. sam menos de 1% dos çasos cujo primeiro sin-
A criança adquire a habilidade de reter fezes esponta- toma foi constipação. “
neamente entre 6 e 18 meses.
Constipação intestinal idiopática ou funcional é aquela ETIOlMiIl
não associada a doença orgânica ou ingestão de medi-
camentos. Multifatorial: ciclo vicioso de defecações dolorosas,
Constipação não é um sinal nem uma doença, mas fatores dietéticos, psicológicos, sociais e constitucionais
sim um sintoma. Como sintoma, é influenciada por herdados.
Problemas dietéticos podem iniciar uma consti-
s ua-er v
condições funcionais, comportamentais e orgânicas.
Interfere'com o desenvolvimento físico e tem efeito pação crônica: mudança do peito a mamadeira, in-
destrutivo sobre a auto-estima. trodução de alimentos sólidos, má nutrição (por subali—
mentação ou excesso de alimentação com leite de
vaca ou fórmula mista com insuficiente quantidade
L-çzn—l
de fluidos).
Perda repetida de fezes formadas, amolecidas ou semi- Causas orgânicas de constipação intestinal:
líquidas nas roupas de baixo, associada à impactação Lesão dolorosa anal: fissura, fistula.
ii
fecal, não associada a defeitos orgânicos em crian- a Dificuldade mecânica à defecação: estenose anal,
ças com ou acima de quatro anos de idade (Fig. 81.1). ânus anterior, tumores.
Presente em 60 a 70% das constipações crônicas.Alguns !Anormalidades colônicas neurogênicas e miogê—
autores acham necessário fazer a diferenciação entre nicas: DH, acalãsia do esfíncter interno, displasia
sailing (escape fecal) e encoprese, argumentando que
escape fecal é a perda involuntária de parcela do conteúdo
fecal nas roupas de baixo e, encoprese, a passagem
neuronal, pseudo-obstrução crônica idiopática,
hipoganglionose, desmose hipoplástica. _
u Neurológicas: doenças da medula espinhal, pa-
de evacuaçõec completas nas roupas debaixo em crianças ralisia cerebral. .
acirna de quatro anos de idade. I! Doenças endócrinas e metabólicas: hipotireoi-
dismo, hipercalcemia, diabetes insípido, acidose
Impactação Fecal renal. «
. _
E Medicamentosa: fenitoína, imipramina, fenotiazma,
Definida pela palpação de massa endurecida no ab— antiácidos, xaropes com codeína.
dome inferior elou reto dilatado por grande quanti-
dade de fezes, durante o toque retal e/ou radiografia
de abdome demonstrando grande quantidade de fe-
zes no cólon.
aunnno IllÍIIIBIl
m Obter
infomações sobre: início da constipªiªº
e/ou encoprese, primeira eliminação de mecõnlºv
história familiar de constipação (aproximªfiªmºff''e
EPIDEMIBIIIGIA 40 a 50% das mães apresentam consllpªçªº)'
I Constipação crônica atinge 3% das consultas
pediátricas e 10 a 25% das consultas de gastro-
história familiar de outras doenças (DH,
_flbfºãº
enterologia pediátrica.
cística, hipotireoidismo e outras),
descriçãºdeª
freqiiência e padrão das evacuações (quªntldª
:Distribuição sexual: 6M:lF.
II História familiar pode ser encontrada em até 50%.
diâmetro, consistência das fezes e
ção), história da educação esfinctenanª, “ªfir;
dor à h'ª
Constipação Intestinal I
445
_
—estender-Se por todo o cólon); exame anorretal
(inspeção: presença de fissuras ou plicomas,
'w hemorróidas externas, posição [ânus anterior] e
“a, calibre do ânus; toque retal: tônus anal, tama-
nho da ampola retal, presença de fezes no reto,
; quantidade e consistência das fezes retidas, com-
“
' pressão extrínseca). —
Figura 81.3 Enema opaco mostrando megarreto com
fecaloma e restante do cólon de calibre normal.
1
ªssumiam nlalamsrlca
História e exame físico.
TBMMHEHTII
E)“; Radiografia de abdome: observar fecalomas (Fig. 33885 Gerais
r“ 81.2), dilatação de alças intestinais, distensão
:1 Educação.
'?
gasosa e defeitos da coluna vertebral.
g-Investigação mais detalhada somente se houver Desimpactação fecal.
E Manutenção (prevenção do reacúmulo de fezes).
suspeita de causa orgânica, com base na inves-
, ‘1’ ligação inicial ou falta de melhora após trata-
El Recondicionamento dos hábitos intestinais.
- sf; memo adequado (Figs. 31.3 e 81.4).
Educação e Desmistificação do Problema
Obietii/os
m Melhorar a adesão ao tratamento, remoção da
culpa, vergonha e
sentimento de punição. Encoprese
ocqrre involuntariamente; ninguém »é culpado.
Ia Explicar com desenhos & anatomia noi-mal, o pro—
cesso de evacuação, o que acontece com a reten-
ção de fezes e dilatação do reto e por que ocorre
encoprese.
Ill Explicar o plano e o objetivo do tratamento, a
rotina do treinamento esli ncteriano, o tempo pro—
longado que será necessário para se obter um
resultado duradouro e a possibilidade de recor-
rência dos sintomas, sem que isso signifique
insucesso definitivo do tratamêiito.
Desimpactaçâo Fecal
w Enemas de fosfato hipertônico, 6111ng de peso
até l35mL. Repetir, se necessário. Evitar uso em
crianças menores de 2 anos de idade.
« " '— ” M
Enemas salinos freqiienteme'nte não são efetivos
nessa fase. É importante um intestino limpo para
, .ªdª31-2 — Radiografia
fecaloma.
simples de abdome mostrando íma-
assegurar o sucesso e evitar incontinência por
hiperfluxo, resultante da medicação indicada para
manutenção.
$41.
446 I Trato Gastrointestinal
l
Tratamento dinka
— tireóidea
Exames lahoratoriais‘kalcia, função
e outros)
— Radiografiª de colun'a Iombossacra elou .
Casos resistentes ao
ressonância nucleaç magnética da coluna“ ("ª—__ tratamento clínico
— Enema opaco ' , Figura 81 .4 - Investigação diagnóstica em com.
— radiopacos'
Trânsito colonko com marcadores i tipação crônica.
,
— Ultra-sonografia endoanal
— Manometria anorretal. &
— Biópsia de mucosas.submucosa
Biópsia de parede total
— i, {l
s u-a re v
I Enemas hiperosmolares de leite e melado (1:1), de água nas fezes, produzindo bolo fecal mais
interrompendo a infusão se a criança acusar amolecido e volumoso. É difícil sua utilização
desconforto. Pode ser repetido. em crianças com menos de 4 anos de idade.
[
I Solução de polietilenoglicol 25mL/kglh (até
rl Medicamentoso: ajustar dose do laXativo para :.
:L9-
LOOOmL/h) VO ou por sonda nasogástrica em 6 induzir duas evacuações/dia de fezes amolecidas.
a l8h (até sair líquido claro pelo ânus). Usar — Tipos.
' Lactentes: extrato de malte, xarope de Karoº,
metoclopramida 15min antes da administração.
I Confirmar desimpactação: palpação abdominal lactulose e docusato sódico (laxante surfactan-
te). Substituir fórmulas de leite de vaca por
e/ou retal e radiografia de abdome.
fórmulas com proteínas de soja.
," * Extrato de malte ou Karo”: 5 a 10mL em
Desbloqueio Cirúrgico cada mamadeira intercalada.
* Lactulose a 70% (laxativo osmótico): I a
I impactação grave refratária.
às
" le g ia ? o - _ ,
I Medo e resistência ao tratamento. « do ácido láctico e pequenas quantidades de
“
ª
I Criança especial.
:')-_ - »;
.
I Baixa complacência ao tratamento em casa.
I Pais preferem hospitalização.
testinal.
Sorbitol a 70% (laxativo osmótico): l a 3le
.
I Quando à administração dos enemas pelos pais kg/dia.
é psicologicamente contra-indicada. Docusato sódico: 10 a 40mg/dia + 2 doses.
Não misturar com'óleo mineral, pois Pºde
Manutenção causar absorção do óleo. A ação amolece/dorª
. M.- , ,. _
- » T ” = 'ª5 r * e " “ . —
Manter frequência adequada de evacuações, evitar a
na massa fecal. . ,
Ú.
passagem contínua de fezes grandes e eliminar a retenção ' Crianças maiores: leite de magnesia (hldIÓX'dº
de fezes. de magnésio), óleo mineral, dioctil sulfossuâ'
citrato de sódio, bisacodil, solução de pºhª"
'
Tratamento de manutenção:
lenoglicol. . .
I Orientação dietética: dieta rica em fibras (cereais * Tratamento com óleo mineral (emoliente);
e pães integrais). Evitar leite e derivados, maçã, 3mL/kg/dia + l a 2 doses + polivrtamlªª
Constipaçãolntestinal I
447
a?"defall.
,
,
duas vezes/dia entre as doses de óleo mine-
A saída de óleo corado sugere recidiva
fezes impactadas e, de óleo claro, que a
esfíncter externo e dos músculos do assoalho
pélvico durante a evacuação (contração parado—
xal). Esses casos são detectados pela mauometria
73056está muito alta. Não deve ser usado em anorretal, que mostra a incapacidade de expul—
..'ª
“dentes e em crianças com problemas sar balão intra-retal. Podem ser ajudados pelo
’neurolégicos. treinamento esfincteriano (biofeedback). Estu-
Tratamento com leite de magnésia (laxa— dos recentes evidenciaram resultados medíocres
tivº salino): 2 a 3mL/kg/dia na refeição da com sua utilização.
lª O uso de toxina botulínica tem sido preconiza-
noite. São lenta e incompletamente absor-
“*:— vidos, retêm água no lúmen intestinal por do para reduzir o espasmo do músculo esfíncter
'
!" forças osmóticas. A peristalse aumenta in— anal interno. Sua função assemelha—se à da
' diretamente. miectomia esfmcteriana, mas com duração tem-
:. Tratamento com bisacodil (estimulante): 5 porãria. A toxina reduz a contração da muscula-
a 10mg. VO. Apresentações: comprimidos tura lisa e estriada.
ll Os casos de megarreto massivo (há perda das
' de Smg
e supositórios de 10mg. Causa có-
" licas intestinais, aumenta o muco, torna a funções sensorial e motora do reto) intrataveis
'
ªff evacuação mais líquida. Alguns autores pre- clinicamente podem se beneficiar de algum desses
,
É conizam o uso diário de bisacodil supositó- procedimentos: abaixamento de cólon tipo Duhamel
estagiado ou não com ressecção do megarreto,
"‘ ',rio,"'em vez de laxantes ou enemas. São
.!“ a, descritos resultados alentadores. retoplastia redutora vertical com anastomose,
ressecção do megan-reto com anastomose colorretal
”& Tratamento com solução de polietilenoglicol: baixa, que poderá ser realizada com a ajuda de
5 a IOmL/kg/dia.
at >. grampeadores, apendicocecostomia continente
criança, na fase de manutenção, não evacuar para irrigações anterógradas (técnica de Malone),
g'dias consecutivos, estão indicados enemas botão de cecostomia, procedimento de CHAIT
*t'oe hipertônico. (cecostomia percutânea radiológica videolapa-
roscópica). Solicitar sempre, antes do procedi-
mento cirúrgico, se ainda não houver realizado:
tíais Normais pelo Uso Regular
'
enema opaco. manometria anorretal (sensação
.'.
ço'Sanltarro
* retal diminuída a distensão com balão, necessi—
a“; tando de grandes volumes e reflexo inibidor anor-
‘iingas pequenas: não insistir no treinamento retal diminuído, mas presente), ressonância nu-
clear magnética da coluna lombossacra e biópsia
ªcºrianças menores de 2,5 anos que resistem a
no vaso. retal.
as maiores: encoraja-las a sentar no vaso Megarreto é classificado em graus por palpação
‘a 5min, duas a três vezes/dia, após as re- abdominal repetida e radiografia de abdome.
Grau 1, abaixo do nível do umbigo; grau 2, no
.
pitorar a adesão. Se necessário, ajustar o pro-
. . e consulta ps1co-
tf, usar reforço posrtivo
5‘
.
nível do umbigo; grau 3. acima do nível do umbigo.
Sempre após a ressecção do megarreto, o paciente
. deve' continuar usando laxantes orais".
.
ªnais de recorrência: fezes grandes, dor abdo—
mha], diminuição na frequência das evacuações,
LOEN1NG<BAUCKE. V. Biofeedback training in children with functional
constipation: acritical revrew. Dig. Dir. Sci.. mil-, p. 65-71, 1996.
o rese e perda de óleo mineral corado. LOENING—BAUCKE. V. Functional constipation. Sem. Pediatr: Surg.,
,,ª 25% dos casos há anormalidades na di- V.4, n. I, p. 26-34. 1995.
MORAIS, M. B.; MAFFEI. H. V. L. Constipação intestinal. J. Pediatr.,
rca da evacuação com contração anormal do v. 76. Suppl. 2. SI47-Sl56. 2000.
W
MB I Trato Gastrointestinal
Etionatngfinese
.- Gill'Íllllll 82
'
Trato Gastrointestinal
ração e inflamação da mucosa com bloqueio das gta".
dulas secretoras de muco.A glândula bloqueada sofrcria
dilatação com formação de lagos de
muco.
A tração
peristaltica e o fluxo de fezes alonganam sua base,
João Carlos Ketzer de Souza formando um pedículo. Nesse processo podenam ocorrer
auto—amputação,“ com eliminação do pólipo, ou re.
gressão espontânea.
llllllllill'ª
Doença polipóide do trato gastrointestinal (TGI) é Aspectos maoruscúnlcos
constituída pelos pólipos verdadeiros (juvenil e ade-
nomatoso), uma variedade de síndromes polipóides Lesão de forma arredondada; ou ovalada, cor aver»
e doenças do trato digestivo que podem se apresentar melhada, superfície lisa e brilhante, geralmente pe-
como massas polipóides no lúmen intestinal. dunculada, raramente séssil, consistência variando de
O termo pólipo refere-se a toda e qualquer eleva- mole a firme, medindo Smm a 5cm e diâmetro médio
ção circunscn'ta da mucosa fazendo protrusão no lúmen de l a 2cm.
do TGI. E um termo clínico, sem significado histo-
patológico. Pólipos estão presentes em 1% das crianças.
Oitentaecinco por cento são constituídos pelos pólipos nsneetos Microscimicos
juvenis, 10% pelos pólipos linfóides, 2% pela poli- Apresenta aspecto de queijo suíço. A porção princi-
pose adenomatosa familiar e 3% por outros tipos ou pal do pólipo é constituída por abundante estroma
pólipos mistos. frouxo edematoso, lâmina própria proeminente, infiltrado
com células inflamatórias e espaços císticos revesti-
Púlll'll IlIIEllll, BE RETENÇÃO, llIFlRMMÚBIll, dos de células colunares aplanadas produtoras de muco.
BÍSTIIIII '
Muitos dos espaços císticos estão vazios. Outros contêm
muco, células inflamatórias e restos celulares. Os
conceito elementos do estroma e dos espaços císticos estão
É constituído pela aglomeração de lagos de muco misturados em proporções variadas. Tecido de granu—
lação recobre a superfície do pólipo. Raramente, em
circundados por células glandulares muco—secretoras.
E um pólipo não—neoplásico e sem potencial de ma—
alguns locais dessa superfície. pode-se encontrar uma
lignização. Caracteriza—se pela presença de menos de
camada simples de epitélio colônico aplanado e
cerado. O pediculo é recoberto com mucosa colônico
ul-
cinco pólipos confinados no colon e sem história familiar
de polipose juvenil. normal, que é contínua com a mucosa colônica ªdjª- _
cente. Não há atipias celulares e mitoses são extre-
mamente raras.
Desaparecem com o tempo por auto-amputação u Anemia ferropriva em até 1/3 dos casos.
ou simples regressão.
I São solitários em 70% dos casos e em 30% podem
u Prolapso do pólipo pelo ânus, junto com as
cuações, pode acontecer em 5 a 10% dos C":
Cߤ00~
ser múltiplos.
II Em 85% situam—se na área retossígmóide, sendo
Pode ser necessária a redução manual dº
!! Dor leve à moderada, em cólica, pode ser re 116111;fº,:
70% no reto e 15% no sigmóide. O restante dos rida em 114 dos casos. Pode ser causada pelª
“if;
pólipos situa—se no cólon mais proximal. do pediculo do pólipo pela atividade perlstfl
'
Doença Poiipóide do Trato Gastrointestinal II 449
..
ou por episódios incipientes de invaginação in—
testinal
.por
e nesse caso, pode estar acompanhada
diarréia.
ªuto-amputação com consequente eliminação pelo
ânus em 10% dos casos.
Diarréia ou constipação em 10% dos casos.
.
51 .. . .
'.inuestigaçao nragnostma
,
.
póiipos situa-se na parede posterior do reto. Em Figura 82.2 Póiipo retal sendo tracionado para ser subme-
«
tido à polipectomia.
criança maior. prefere—se a posição genupeitoral.
Enema opaco com duplo contraste era o teste
diagnóstico padrão ouro para o diagnóstico de ta Persistindo os sintomas após exérese de póiipo
_.
. pólipos acima do alcance do dedo e da retossig- retal. está indicada colonoscopia com polipectomia
moidoscopia antes da rotinização da colonoscopia. de prováveis pólipos localizados acima dessa área.
Era indicado em suspeita de múltiplos pólipos e
nr Indica—se também colonoscopia diagnóstica e te-
sangramento recorrente após polipectomia. Achado rapêutica a casos com toque retal normal e forte
radiológico: defeito polipõide de enchimento
suspeita de pólipo(s) localizado(s) mais proxima—
característico (Fig. 82.1). mente (sangramento retal persistente/intermiten-
I Colonoscopia flexível de fibra óptica é o padrão
te), sem os seguintes sintomas e sinais: diarréia.
ouro atual. Faz diagnóstico e tratamento de pólipos
distantes. Tem sido a primeira escolha em suspeita contispação, dor abdominal signiEcativa, vômitos,
de múltiplos pólipos, sangramento recorrente e sangramento intenso, perda de peso. febre, outros
pólipos altos. sintomas sistêmicos, massa abdominal e fissura anal.
Colonocospia é um método seguro e eficaz, com
tratamento taxa aproximada de complicações inferior a 2%.
':
»
fundamentado em número, localização e sintomas.
I'IlllPflSE lllllEllll
'
icial do
tratamento
cirúrgico é a remoção
Condição caracterizada por múltiplos pólipos juve-
nis gastrointestinais. Síndrome associada a maior risco
IPólipo acessível ao alcance do dedo: tracioná-lo de malignização do trato gastrointestinal.
O critério clínico pará diagnosticar polipose juve-
,
í.
invaginação intestinal recorrente, enteropatia
perdedora de proteína com anasarca. má nu-
trição, prolapso retal, retardo de crescimento,
macrocefalia, baqueteamento digital e hipotonia.
M
— Tratamento: nutrição parenteral total, repouso dos pólipos e inversamente com a idade da criançª
intestinal (para diminuir perda de proteínas e san- A evolução é muito variável.
gue e episódios de invaginação). Quando estiver I Sangramento retal vivo.
em melhor estado geral: iniciar programa de poli- I Anemia.
pectomias seriadas. A maioria dos pacientes vai I Prolapse retal.
necessitar de cirurgia devido a sintomas intrataveis I Diarréia.
(sangramento, enteropatia perdedora de proteí-
nas e déficit de crescimento), imaginações recor-
.
rentes, displasia de alto grau em pólipos e impos- Investigação niaonostioa
sibilidade de clearance adequado do cólon. llEndoscopia baixa com diagnóstico histológico
Poliposejuvenil difusa do trato gastrointestinal: de pólipojuvenil e constatação de inúmeros pólipos,
entre os 6 meses e 5 anos de idade. I Endoscopia alta para avaliar pólipos gástricas,
Quadro clínico: sangramento retal leve, prolapso,
'-
..
mações adenomatosas.
!Sugere-se o screening desses pacientes com en—
IA idade de apresentação é entre 5 e 15 anos.
.»x 3 .
Cerca de 50% têm história familiar (padrão au- doscopia digestiva alta e colonosmpia com re-
.“ »
Anomalias congênitas associadas: fenda palatina, " colectomia com anastomose ileoneta], começando
má rotação intestinal, polidactilia e anormalidades na adolescência. A colonoscopia pode ser anual.
dependendo do protocolo utilizado (geralmente
.a“
de coração e crânio. Aproximadamente 20% dos
em casos com ileoproctostomia). _
ǻw-Sa,
re‘ I Alto risco de malignização: 50% dos pacientes ' I Parentes de primeiro grau devem ser submeti-
v w Q' J — o r ê F “ :
vão desenvolver câncer antes dos 40 anos de idade. dos a screening com colonoscopia e, se forem
encontrados pólipos, polipectomia e endoscopia
,.
— ”. $
a ni r S -t v
;. ( podem apresentar atipia e invasão característica de A síndrome de Peutz-Jeghers (SPI) é caracterizadª Pºr
1
um adenocarcinoma de cólon. Uma progressão gra- inúmeros pólipos hamartomatosos em qualquer lºcªl
L'S9"
dual de pólipp juvenil para adenoma e finalmente para do TGI, principalmente em intestino delgado e pigmªª'
"a” malignidade tem sido postulada. tação melânica mucocutânea, variando de
marrotn
“
«
;:m,»bera
at . - . w
t
u a.
w 15‘" .._—.
». V
.
Doença Polipáíde do Trato Gastrointestinal :: 451
Quattro clínico
Em 1/3 dos pacientes a primeira manifestação
clínica ocorre na primeira década de vida.
ª tico
A pigmentação melãnica é o estigma caracterís-
desse tipo de polipose.
a A manifestação clínica mais comum é a invaginação
intestinal transitória recorrente. Em 70% dos casos
aparecem crises repetidas de dor abdominal em
cólica, secundárias a urna invaginação intesti-
nal incipiente. A obstrução completa é rara e a
maioria reduz-se espontaneamente. Se a invagi-
nação progride, aparecem vômitos biliosos, massa
“ºriginª 82.3 —- Manchas melânicas marrom-pretas no lábio _ abdominal palpável e sangramento retal. As inva-
'nieríor de uma criança com síndrome de Peutz—Jeghers. ginações podem ser múltiplas.
Anemia crônica por perda de sangue.
1:11 Hematoquezia.
.
*,Eniuemiologia
'ª-, |Doença autossômica dominante.
Gene de alta penetrãncia e variável expressivi-
dade e genes mutantes esporádicos. Isso explica
Prolapso'retal ou de um pólipç').
sl Eliminação anal de p61ipos.
Investigação uiagnóstioa
porque. ocasionalmente, alguns membros da fa- História + exame físico.
mília podem apresentar somente pigmentação :: Radiografia simples de abdome (identificam si-
mucocutânea ou somente pólipos. nais radiológicos de obstrução intestinal).
5; I Sem predileção por sexo ou raça.
,“ I Em 90% dos casos os pólipos estão situados em
I Trânsito intestinal demonstrando defeitos de
enchimento característicos de pólipos ou ima—
jejunor'leo; em 20 a 25% também em estômago e gens sugestivas de invaginação intestinal.
duodeno e, em 20 a 25%, também em cólon e reto. rn Enema opaco com duplo contraste.
I Nessas localizações (gastroduodenal e color-retal), rr Endoscopia corn biópsia (retossigmoidoscopia,
o risco de malignidade aumenta. gastroduodenoscopia, colonoscopia).
- 5' I Apresentam um risco maior de outras neopla- u Monitorar tumores extra-intestinais.
“ sias malignas extra—intestinais durante suas vi-
das, como tumores de ovário (tumores das células
granulosas e cistoadenoma), testículo (tumores Tratamento
ar?, das células de Sertoli), mama, tireóide e pâncreas. Nenhum tratamento está indicado ao paciente
:$?)- 0 risco de câncer pode resultar de predisposi- assintomático.
ção genética para neoplasias ou degeneração Ao paciente sintomático (invaginação intestinal
maligna dos pólipos. O risco relativo de câncer recorrente, vômitos recorrentes, perda de peso e
foi estimado em 18 vezes maior do que o da po— sangramento intense ou recorrente), está indicada
pulação geral. a enterotomia com excisão dos pólipos por trans-
fixação e ligadura mais coagulação dos pólipos
sésseis pequenos. Alguns pólipos podem neces-
sitar de ressecção/fulguração endoscópica intra-
1 “398 pólipos são hamartomas, pois são compostos de
glândulas de aspecto normal e células epiteliais iguais
operatória via enterotomía.
s vezes são necessárias múltiplas enterotomias
às da porção do TGI onde se originam. Bandas de com polipectomias.
‘ fllfiSCules lisos. representando a muscular da mucosa, :: Quando existem áreas intestinais com grande
a ravessam o pólipo. São hamartomas da camada concentração de pólipos, pólipos sésseis grandes
, uscular da mucosa. ou de base larga, invaginação intestinal irredutível
, A transformação maligna é uma possibilidade. no transoperatório ou comprometimento vascular
7a Iifíicroscopicamente, o pigmento melãnico está de—
“Pºsrtado na camada'basal da epiderme. Não são
da alça intestinal, indica-se a ressecção do seg—
mento de alça comprometida, a mais limitada
elanoblastos. possível. A prática de ressecção intestinal radical
é constituída de múltiplos pólipos
É A Pºlipose de SP!de deve ser evitada devido à natureza recorrente dos
finªdindo grosseiras),
0,5 a 2cm diâmetro. São lobulados (lo-
»
« as
I Nas famílias em que a polipose se desenvolve
tituido de tecido conectivo recoberto por mucosa, que
parece ser uma extensão da mucosa adjacente nor- precocemente, o aparecimento de câncer ocorre
"',
r a ,— ( L M A
mente, pedunculadosgvariando em tamanho de lmm vamente alta em virtude do grande número de
-. pólipos presentes.
'.
.
Investigação Iliaonosttea
História + exame físico.
I Retossigmoidoscopia.
I Enema opaco com duplo contraste.
Genetica
A anormalidade genética se dá por defeito no gene
APC (gene supressor tumoral da adenomatous palypº-ÉIS
coli), que mapeia o cromossomo 5q21 , causando deleçuº
lColonoscopia. de seu braço longo. O gene ?l'PC codifica uma prº“
teina que age como supressor tumoral.
VP,». .r-
.t
sªilf-.ar Tratamento
n.
IIIstonatoIouIa
(to.
rio, são necessários a extensa investigação de todo o Inicialmente, os pólipos são pequenos (1 a 2mm) º
y l“ cólon e o estudo dos membros da família, pois ele pode poucos, mas com o tempo aumentam em tamanhº (ªté
:
indicar o desenvolvimento de uma polipose adenomatosa 2 a 3cm) e número (Fig. 82.4). São regulamentº
familiar. O tratamento consiste na remoção do pólipo
adenomatoso por simples transfixação, em pólipos baixos
uniformes e têm aparência lobulada como uma
boesa, bastante diferente das lobulações grossetrªsiram“
ou por colonoscopia, em pólipos mais proximais. dos pólipos da SP].
1
l
0:as030"!
' ,F tem
fllinioo
um largo espectro de manifestações clini—
que, em adição à forma clássica, inclui outros três
estômago, duodeno e região periampular) a cada
três anos.
Crianças menores de 7 anos, filhos de pais com
a doença, devem se submeter à dosagem de alfa—
êjrótipos: PAF atenuada, síndrome de Gardner, sin-
ârpme de Turcot.
‘I A polipose adenomatosa familiar geralmente tor-
fetoproter'na e à ultra-sonografia de fígado, pelo
risco de desenvolverem hepatoblastoma (1,6%).
'* na-se sintomática na puberdade. embora possa Nos casos de PAF atenuada inicia-se com endos-
copia de rotina e testede genética molecular aos
tambem surgir em criança pequena. 18 anos de idade. As endoscopias são repetidas
',”- Diarréia costuma ser o primeiro sintoma e vai au-
mentando gradualmente em frequência, passando a cada três anos.
“.
&, a se acompanhar da eliminação de muco e sangue.
;- Hematoquezia. Stnuromes
fl Dor abdominal. Existem algumas síndromes relacionadas à polipose
Dor retal. ,
adenomatosa familiar caracterizadas por manifesta—
Prolapso retal. ' -‘ ções extracolônicas, É evidente que essas síndromes
Manifestações tardias: enteropatia perdedora de não constituem entidades separadas, porém expres-
sões fenotípicas características do mesmo distúrbio
proteínas, má nutrição e episódios de invaginação
intestinal. genotípico.
l Manifestações extracolônicas: osteomas, anor-
malidades dentárias, lesões cutâneas benignas, Síndrome de Turcot
tumores desmóides (10% dos casos).
_. i
I Presença de pólipos gástricos com baixo risco É constituída por polipose adenomatosa familiar e
tumores do sistema nervoso central, principalmente
.
É? dº malignização.
- L. Presença de pólipos do intestino delgado: pólipos meduloblastoma, glioblastoma e tumªor "da tireóide
:».
ªdenomatosos de duodeno são observados em 50
"1 É a 90% dos pacientes.
(papilifero).
# Síndrome de Gardner
nvestiuaçal Iliaunústiea
É constituída por pólipos colônicos adenomatosos pré-
“'lHistoria, principalmente familiar e exame físico. malignos e tumores de tecidos moles e duros. geral—
'Tºque retal. mente benignos. Na primeira década, os tumores de
'
'Enema
cem
opaco com duplo contraste em que apare—
muitos defeitos de enchimento com envolvi-
tecidos moles constituem a manifestação mais comum
(lesões cutâneas e subcutâneas como os cistos de inclu-
são epidérmica, lipomas, fibromas, tumor desmóide
‘454 I Trato Gastrointestinal
e outros). Os pólipos aparecem e se desenvolvem nessa continência anal pode ser conseguida se a mucDsa
década. Tumores ósseos e cartilaginosos aparecem anal for removida acima da linha pectínea e se
durante a segunda decada (osteomas benignos, osteoeon— os esfíncteres anorretais não forem lesadºs, O
dromas e adamantinomas). Os pólipos colônicos au- abaixamento ileoendorretal, sem a confecção de
mentam em número durante a segunda década, com um reservatório, costuma apresentar alguns pro—
poucos adenocarcinomas relatados. Durante a terceira, blemas imediatos devido à pequena capacidade
todas as três expressões da doença aparecem. Aumenta de armazenagem de conteúdo fecal, resultando,
a incidência de adenocarcinomas. Na quarta década, frequentemente, em fezes liquidas, urgência e fre,
os adenocarcinomas passam a ser freqiientes. quência fecal e escoriações cutâneas perianais.
Gradualmente, essas complicações tendem a di-
Prognóstico minuir de intensidade, pela tendência do íleo em
dilatar-se secundariamente, e das fezes ficarem
lA malignidade não é vista, usualmente, até o final mais bem formadas. O uso de loperamida e Me—
da adolescência. tamucil‘JD pode ajudar no tratamento dessas Com-
lEm geral, os pacientes com polipose adenomatosa
plicações. Esse abaixamento sem reservatório não
familiar morrerão de adenocarcinoma de cólon é satisfatório em apenas 5 a 10% dos pacientes.
ou terão doença maligna avançada aos 50 anos Se após um ano de evolução persistirem frequênciª
de idade. excessiva das evacuaçães e/ou incontinência fecal
ll 0 potencial para desenvolvimento de câncer
e episódica, está indicada a confecção de um re-
muito alto. servatório ileal. O abaixamento ileoendorretal,
Não necessariamente o adenocarcinoma cresce com reservatório ileal, requer detalhes técnicos
da degeneração de pólipos. A criança com essa complexos na confecção da bolsa, pleno conhe-
doença tem um potencial pré—maligno na mucosa cimento de suas complicações e adequada téc-
de cólon e reto e o pólipo pode ser apenas uma nica de liberação de íleo e mesentério. Existem
forma de crescimento aberrante. A neoplasia diversos tipos de reservatórios como os em for-
maligna pode crescer da mucosa não-polipóide ma de J, S, W, látero-lateral isoperistáltico e outros.
e o tratamento cirúrgico vai se basear na remoção A escolha da bolsa parece-nos secundária, po-
de cólon e reto
ou de cólon e mucosa do reto. rém detalhes técnicos gerais são fundamentais.
A confecção do reservatório deve ser realizada
anteriormente à anastomose ileoanal; a bolsa deve
Tratamento ficar situada dentro da pelve (abaixo da refle-
Cirurgia deve ser planejada a partir dos 14 anos de xão peritoneal); a neobolsa deve ser protegida
idade. por uma ileostomia temporária; o cirurgião deve
Diversas técnicas têm sido utilizadas. As três mais sericapaz de manipular adequadamente o mesen—
comuns são: tério do íleo a ser abaixado a fim de providen-
ll Proctocolectornia total com ileostomia abdomi- ciar maior mohilidade do íleo terminal; a extensão
nal permanente. A proctocolwtomia com ileostomia do músculo retal (cuffretal) não deve ser maior
permanente e' a melhor cirurgia, em teoria. Po- que 5cm; o reservatório deve ser curto (< 5cm).
rém, deixa o paciente com ileostomia definitiva e As principais complicações observadas com os
seqijelas indesejáveis ocasionadas pela extensa reservatórios são: esvaziamento inadequado
dissecção pélvica (bexiga neurogênica e impotência necessitando de cateterização da bolsa por son-
sexual masculina), além dos problemas psicoló- da retal, longa linha de sutura que aumentª º
gicos e fisiológicos que uma ileostomia acarreta. tempo cirúrgico e risco de deiscência e incrden“
Colectomia abdominal com ileoproctostomia, cia elevada de inflamação da bolsa, Qualquer tipo
preservação do reto, revisão sistemática pela de reservatório ileal deve ser protegido por ileos-
retossigmoidoscopia e remoção dos pólipos re- tomia temporária com derivação completa e dura-
cidivantes. Essa técnica ainda mantém um po— ção de seis meses.
tencial para desenvolvimento de adenocarcinoma I Pacientes submetidoªs' acolectomia
subtotal
rª-
- u n mra w”
na bolsa retal retida de até 25%, 15 anos após a
cirurgia.
querem retossigmoidoscopia a cada seistmeSºS»
O uso de um inibidor da cicloxigenase-2 (sintetase
L—ç
I Colectomia total com abaixamento ileoendor- da prostaglandina) tem-se mostrado efetivo pªrª
retal com mucosectomia retal e anastomose ileoanal prevenir ou induzir regressão de pólipos n0 fºiº'
com ou sem confecção de um reservatório ileal. Pacientes com colectomia total e abalxan‘lenm
Atualmente é a cirurgia mais utilizada, pois re- ileoanal devem ser submetidos à endoscoplfl dª
move toda a mucosa potencialmente maligna, rotina a cada três anos.
preservando a continência anal. Com essa téc-
nica. os mecanismos neurogênicos sensoriais c
Nos casos de PAF atenuada, colectomia com
mose ileorretal está indicada quando pÓllPºS e
anª—ªlº“
discriminatórios permanecem intactos e boa sintomas se tornam difíceis de ser controlad°5~
Doença Polipólde do Trato Gastrointestinal |:
455
. .gerisadas
le ç'ões
localizadas nas
mucosas colonia-f, e m Prolapso retal.
hipererescrmento do
por tecido linfóide Invaginação intestinal ou quadro de suboclusão
intestinal, principalmente quando a válvula ileo-
"!
ifcoso. agregar
Quando aspecto polipóide,
ªumentadas
e ter e a ulce-
Pºf hiperplasra ten-
cecal é atingida.
aspecto de um vulcao).
I
.
Évavel mente esse início precoce aconteça devido
“tande reatividade do tecido linfóide da crian- IHistória + exame físico.
equcna.
lizamse principalmente no íleo terminal e Enema opaco com duplo contraste demonstra
múltiplos pequenos e uniformes defeitos de enchi-
mento, com umbilicação central. A umbilicação
representa uma pequena ulceração tipicamente
no ápice do nódulo linfóide intramural hiper—
plástico. Pequeno depósito de bário preenche o
nicho ulceroso.
lRetossigmoidoscopia ou colonoscopia com bióp—
sia demonstrando elevações pequenas e unifor-
m geral as imunoglobulinas séricas estão bai-
'
Enteropatia
Náuseas e vômitos (65%).
Febre (90%).
Diarréia (55%).
--
.Neutropênica
Distensão abdominal (50%).
Sangramento intestinal (10%).
—
Hemorragia intestinal incontrolável (rara).
:
.,»
w
-—
Dor abdominal difusa (90%) e, quando loca-
It Sangramento gastrointestinal persistente
resolução da neutropenia, trombocitopenia &
ª-Pós
L-§9|VZah
'
“W
".
458 l
Trato Gastrointestinal
‘ f
Presentes em mais de 50% dos casos. J
3
BBHEEITO Meningomiel'ocele com hidrocefalia, fenda palatina, í
;; Doen . . má rotação intestinal, onfalocele, diverticulo de Meckel, .* *
*”-
-
3ª“ . qdeficxente.
. ç intestinal, extrofia vesical. i“
-
,_
+
.5. mervaçao .
2.3 i >
,
É? . _ .
segmentar de diametro, np
. u Intestino delgado (fleo é o local mais comum) e «'“
intestinªl
.,
“:=
»—
I1
Dilataga?
nnmmo res a ua 0 vezes maior
que o norma .
cólon.
.
-
.
_%” ª ll
normal. abrlilpta
Transição entre o intestino dilatado e o
..
_
:: Frequente a presença de tecrdos heterotopicns,
,
É"? IAusência
distal à diIatação.
de obstrução intrínseca ou extrínseca 0111111110
d
nlíllllmdE INVESIIGRGAII P03110110!“
l' . variar
.1
g:
“nª :Quadro clínico de oclusão ou suboclusão intes- Qua to C ""Gº pº e '
'ia' no sexo masculino. SWENSON. O.; RATHAUSER. F. Segmental dilatation of the colon:
'a'diografiade abdome: geralmente volumosa a new entity. Am. J. Surg.. v. 97, p. 734-738, 1959.
rstensâo de alça intestinal com gás, com ou sem TAKEHARA. H.: KOMI, N. Congenital segmental dilatation of the
’vcis líquidos ou, mais raramente, massa com intestine. In: PURI, P. (ed). Newborn Surgery. Oxford: Butterwonh-
ãe fezes misturadas (Fig. 84.1). Heinemann. 1996. p. 399-403.
conectados a alguma estrutura, de forma conga.
nita ou adquirida: banda onfalodwertrcular, banda
mesodiverticular, aderências inflamatórias em “_
tras estruturas e cordão fibroso fusronado em outras
Patologias do Conduto estruturas,
El'lllilllllllllilll
Onfalomesentérico II Divertículo de Meckel (DM) é a anomalia ao".
gênita mais comum do trato gªSÍI'OIIIICSIInaL
n A frequência na população geral é de 1,5 a 2%.
João Carlos Ketzer de Souza I: Leve predisposição para o sexo masculino, nos
casos assintomáticos (Z:l).
Nos sintomáticos (aqueles que apresentam com-
GIIIIIIEITII plicações) ha franca predisposrçao para o Saxo
As patologias derivadas do conduto onfalomesentérico masculino (75% são meninos).
ITecidos heterotópicas são encontrados em ordem
formam um amplo espectro de malformações: diver-
tículo de Meckel, pólipo umbilical, sinus umbilical, decrescente de frequência: gástrico (75%), pan-
creático (5%), gástrico e'tecido pancreático (5%).
cisto vitelino, persistência completa do ducto onfalo-
mesentérico e bandas fibrosas. Derivam da obliteração duodenal (2%), jejunal (2%), colônico (1,5 a 2%)_
incompleta do ducto onfalomesentérico em diferentes outros (10%).
níveis. Divertículo de Meckel corresponde a 90% de
In Mucosa gástrica heterotópica é
encontrada em 20
a 35% dos divertículos assintomáticos e em 75
todas essas anomalias e é derivado do remanescente
a 80% dos sintomáticos.
embriológico proximal do ducto vitelino. 0 ducto II Assumindo uma frequência de 2% na popula-
onfalomesente'rico conecta o intestino primitivo ao
ção em geral, o risco cumulativo de complica-
saco vitelino no inicio da vida fetal. Costuma obliterar— ções é de 4,2% em crianças, menor do que 3%
se pela sétima a oitava semana de gestação, quando
a placenta assume a nutrição do feto.
em adultos, chegando próximo a 0% emidosos.
II Em 50 a 60% das vezes, as complicaçoes ocor-
rem antes de as crianças completarem dons anos
GABAGTEIIISTIGIIS IIIIATÍIMIIIIIS
'
e, em 1/3 dos casos, antes de um ano de idade.
I Localiza—se no bordo antimesentérico do íleo !Associação com outras anomalias:
atresra
de eso-
%
anis:
princrpalrnentebà
que apresenta. Elas são devidas
composto das quatro camadas intestinais habituais.
IAlgumas vezes, o divertículo de Meckel apre- sença de tecidos heterotópicos no seu
interior,
(A
senta um cordão fibroso que emerge do seu ápice
diverticulares, inflamação e aderêncras
secundárias.
te
e pode estar conectado ao umbigo (banda onfalo—
obstrução intestinal é a complicação mais
por freªlL'ª",ª
na maioria das estatísticas, secundada hemorrag;
à H- os uer
diverticular), flutuar livremente na cavidade
abdominal ou ainda se fusionar secundariamente
em outras estruturas, como mesentério, alças in—
digestiva. Outras complicações: diverticuhte,
desenvolvimento de neoplasias benignas ou malignª ,
perfulªªíªsv
hérnia de Littré, retenção de corpo estranho e outras.
r - o L;:
testinais ou parede abdominal. Esse cordão fibroso q.
pode ter origem dependente da persistência do nhstrução Intestinal *,
ducto ou dos vasos vitelinos obliterados.
IA suplementação sanguínea do divertfculo deri- Ill 0 diagnóstico de obstrução intestinal e
feitoºgªã
va de um par de artérias vitelinas, a esquerda quadro clínico e radiografia de abdfm‘le. [t)rutivª
obsr
. — ri M “
involuindo e a direita persistindo como artéria o diagnóstico de certeza de complicação lapª-
.: » mesentérica superior que suplementa o divertículo. causada por DM só costuma ser obtldc
p:
obs-
empre
n
wt
35,1
'Íças
- Banda onfalodiverticular pela qual podem
intestinais. causando hérnia interna.
if
—
Figura 85.3 Representação gráfica das complicações cau-
sadas por banda onfalodiverticular. (A) Volvo de uma alça
em torno do diverticulo. (B) Volvo do divertlculo e do intes-
anda mesodiverticular é o remanescente embrio— tino adjacente. (0 Volvo do divertículo.
lzgico da circulação vitelina que dá suplemen»
tªção sanguínea ao ducto onfalomesentérico.
s'tende-se do mesentério ao ápice do diverti- ra Aderências inflamatórias que podem se formar
por diverticulite associada. Os divertículos pro—
c'ulo. Comopodeestá separada do mesentério (não fu—
pensos a processos inflamatórios são aqueles que
sªnada), criar uma abertura (com se fosse
rn laço) pela qual podem herniar alças intesti- possuem base estreita, têm obstrução do colo por
n'ziis e se onfalodiverticular
formar hérnia interna (Figs. 85.] e 85.2). edema ou contêm resíduo intestinal ou corpo
estranho em seu interior. As aderências costumam
”Amandavitelinos ou ducto vitelino
pode ter duas origens:
vªsos obliterados e
g’ug não reabsorver'am. Essa banda onfalodiver—
formar-se entre o divcrtíenlo e outra alça ou parede
abdominal. Causam angulação da alça e/ou
rtcxular constitui um ponto fixo (do divertículo
,mbigo) em torno do qual o divertículo, ou o
constrição da parede intestinal e hérnia interna
(Fig"g 85.4).
ertículo e o íleo adjacente, podem sofrer tor-
:ou uma alça intestinal sofrer um volvo (Fig. . Divertículos Livres (Fig. 85.5)
'
- “(adao fibroso congênito solto e fusionado se— la A invaginação intestinal éf1 complicação obstrutiva
,undariamente em outras estruturas (mesentério,
'
““mais frequente do DM. Divem'culo curto ou espes-
bira alça intestinal ou parede abdominal), pre-
qspondo à formação de hernia interna ou volvo.
6 . 1 8 - a h ni r b
apresentação clínica.
IMédia da idade: 5 2 anos.
lTipo de sangramento: agudo, indolor, cor variando
de vermelho-vivo (35%) a vermelho-escuro ou
marrom (40%), tipo melena (7%) e, mais rara-
mente, tipo de invaginação (geléia de groselhas).
O sangramento costuma ser significante, porém
é comum a cessação espontânea e episódios
recorrentes. DM 6 a causa mais comum de san-
gramento gastrointestinal grave em crianças. Em
40% dos casos há história de sangramento pre'vio.
ICausa: ulceração péptica por secreção de ácido
clorídrico das células parietais da mucosa gás-
trica ectópica presentes no diverti'culo. O íleo peptícª
Figura 85.6 - Peça operatória mostrando ulceraçãº
não consegue tamponar o pH baixo. O local da junto ao divertículo de Meckel.
_—
Patologias do Canduto Onfa/omesentérico I
463
niverticulite de Meckel
A inflamação do divertículo de Meckel costuma ser
mais grave e mais rápida do que a causada por apen—
dicite aguda. porque se situa anatomjcamente no bordo
antimesentérico do íleo e são mais prováveis perfu—
ração em cavidade livre e peritonite generalizada.
A irritação peritoneal e a rigidez de parede causa-
das pelo DM não costumam ser distinguidas de uma
apendicite aguda. Aproximadamente 1/3 desses diver-
tículos inflamados perfura.
A diverticulite é bem menos comum porque a maioria
tem base larga e contém pouco tecido linfóide.
—
sentar alguma dessas características: parede seguintes casos:
,; irregular, espessa, aperistáltica, não-compres- Massa palpável dentro do divertículo, que sugira
1) sível nos casos de inflamação, volvo ou obs— tecido ectópico ou tumor. “
'—
_
trução parcial, muitas vezes com gut signature
(sua ausência em DM pode derivar de maior
— História anterior de dor abdominal inexplicável
ou sangramento intestinal baixo.
intensidade de edema, hemorragia, ulceração
ou isquemia da parede do divertículo), estru-
- disponha
Divertr'culo longo ou de base estreita que pre—
à diverticulite e obstrução.
tura em forma de lágrima, estrutura tubular a O achado de bandas fibrosas ligando o diverticulo
alongada em fundo cego (diagnóstico diferen— a outras estruturas e de banda mesodiverticular
cial entre apendicite aguda), estrutura em forma não indica necessariamente a ressecção do di-
de massa arredondada (diagnóstico diferencial vertículo, a não ser que apresente as condições
com invaginação intestinal), estrutura cística com citadas anteriormente. As bandas devem ser
líquido (diagnóstico diferencial com dupli- obrigatoriamente excisadas.
cªção intestinal), identificação de dois "sinais
de alvo" de diferentes tamanhos (dupla invagi- Púlll'll 1111131118111.
. nação intestinal do DM no íleo e do íleo no có-
É o remanescente da mucosa do ducto onfalomesenté-
[º"). A expressão gut signature (semelhante a
uma alça intestinal), deriva de uma parede exter- rico situado no umbigo. '
"W = * — 3 ?
e linha ecogênica (correspondendo à interface
do conteúdo do lúmen e mucosa). Nódulo vermelho—vivo, liso, brilhante, úmido, na de-
pressão umbilical. Não possui orifício central. Secreta
.,-r»
. :—
464 I Trato Gastrointestinal
—
Na cicatriz umbilical.
em % “
*
A parede do cisto é revestida por mucosa intestinal.
O conteúdo é formado por fluido mucóide claro de—
r
.
ó u - Ç L.
nos cistos não costumam causar sintomas. Os locali-
zados junto à parede abdominal podem ser detectados
à inspeção e palpados.
i —oLS
.
.tu . ,,,i
fa . .2,
fàlÉÉw—liéheân
,
rai v,
“«
i
».
;. atração Diagnóstica
'
b'stuma sair pelo orifício pode ser: fezes, muco 85.11 e 85.12).
_ al]!ªlmente
l
”lições.
gases intestinais. A pele circunvizinha ge-
adquire hiperemia e desenvolve ulce-
Grau III: prolapso completo do conduto (Fig.
85.11).
la Grau IV: prolapso completo do conduto e de um
'ntensídade da drenagem vai depender das se- segmento do íleo adjacente (alça aferente ou efe—
es características: rente). Forma de S (Figs. 85.13 e 85.14).
Diâmetro do ducto. :: Grau V: prolapso complete do conduto e dos dois
”ngulo de junção do dueto com () i'leo. segmentos do íleo adjacente (alças aferente e
essão intra-abdominal. eferente). Forma de T ou Y (Fig. 85.13).
EA cateterização do dueto com estilete segue
'
Jum trajeto perpendicular à parede abdominal.
' '
i’ Fistulografia demonstrando a entrada do con— Fatores Pregisnonentes de Prolanso
.tiaste em alça do intestino delgado. Diâmetro aumentado do ducto.
It
.lngestão de azul de metileno observando-se a Pressão intra-abdominal aumentada“
sua saída pelo orifício do ducto no umbigo. E Prematuridade. .
Ducto de pequeno comprimento.
fl Ducto curto e com maior diâmetro.
Grau 111
Grau V
-v
_ª 85.11 — Gra us |, 11 e 111 de prolapso do ducto Figura 85.13 — Representação diagramática dos graus de
ºmesentérico. prolapso IV e V.
466 u Trato Gastrointestinal
tratamento
II Indicada ciinrgia quando feito o diagnóstico, evi-
tando-se o aparecimento de prolapso. Usar anti.
bióticos profiláticos (ampicilina +gentamicina)
30min antes da laparotomia, mantendo-ºs por 24h.
& Laparotomia transversa infra-umbilical.
IDesconexão do ducto do umbigo.
II Excisão do ducto por ressecção cuneiforme ou
ressecção ileal.
IAnastornose intestinal.
L-uQI
VZL‘FH'J-AG
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
MOORE. T. C. Omphalomesenteric duct malformations. Sem Pediatr
Surg., v. 5, p.1 1 16-123, 1996.
RUTHERFORD, R. B.; AKERS, D. R. Meckel’s diverticulum: a review
of 148 pediatric patients, with special reference to the pattern of
bleeding and to mesodiverticular vascular bands. Surg, v. 59'
p. GIS-626. 1966. .
TURGEON, D. K.; BARNETT, J. '12.. Meckel's diverticuluni. Am. J,
Figura 85.14 - Alças aferente e eferente prolapsadas. Garlmenteml., v. 85, p. 777-781, 1990.
Duplicações do Trato Digestivo : 467
as.
casos.
r 9
?
E‘ Duplicações efsticas são duas vezes mais freqiientes
do que as tubulares.
r.? Não há predisposição familiar.
E
El Maior frequência de anomalias congênitas as-
a
sociadas, principalmente vertebrais (20%), mielo-
meningocele. anomalia anorretal, onfalocele, má
rotação intestinal, anomalias geniturinárias, sin-
drome poliesplênica e atresia duodenal.
lllllSSIFlBIlGÍlll IIIIM'DMIM
Torácicas.
E! Toracoabdominais.
rturas congênitas esféricas (císticas) ou tubula- a Abdominais.
Ja forma, revestidas por mucosa gastrointestinal
ilar a alguma porção do trato alimentar, com ameia Ins luruençõrs can o'
?culatura lisa em suas paredes, em íntimo contato
”porções do trato digestivo, podendo existir des- nrsmrtnm. sumirem vnscumn
boca até o ânus. r rune-r llllESl'llIlll
r v i- —
468 ll TratoGastrointestinal
. ,— « q
!
Tratamento
,
a
ll Costumam localizar-se junto grande curvatura
'
L-ÇQ
(65%) ou parede posterior (17%).
.puplicaç'ões Cisticas
suªm—fl,?
versa-91.5
estômago (Fig. 86.2). mas isso pode acontecer
raramente e nesses casos podem estar presentes = Remoção completa, geralmente acompanhada de
.—
remoção de pequena porção da parede gástrica
melena e hematêmese. (Fig. 86.4).
(J.;
tgrande maioria, situamíse póstero—medialmente, Figura 86.4 — Na duplicação tubular (A-C), a mucosa deve
i
tb à segunda ou terceira porção do duodeno, ser removida e a parede seromuscular remanescente sutura-
'onadas numa parede comum e parcialmente da sobre a área desnudada. Na duplicação cística (D). deve
haver ressecção. geralmente acompanhada de pequena por-
ixvadas no pâncreas. . da parede gástrica. Adaptado de Spitz et al.'
ção
iriucosa e' semelhante à da porção mais distal do.
t'êstino delgado.
aroria apresenta quadro de obstrução duodenal
I! O ideal é realizar ressecção da duplicação (cistec-
- rônica corn vômitos biliosos recorrentes ou dor
I
M wm— q
l
“
470 I Trato Gastrointestinal
:- I
:! Radiografia de abdome: deslocamento não espe-
cífico do intestino ou sinais radiológicos de obs-“j. Ituulllíações tubulares Ilo Galan
trução intestinal ou perfuração. As mais comuns são do tipo paralelo, lado a lado.
IITrânsito intestinal: deslocamento do intestino ou
obstrução intrínseca. a Costumamconter somente mucosa colônica, as-
!Ultra-sonografia abdominal: costuma fazer o (
sociam-se a malformações geniturinárias em 50%
diagnóstico ao demonstrar o achado ultra-sono- dos casos e algumas vezes“ associam-se a drier-
gráfico característico — gut signature -— que mostra tos da coluna lombossacra.
uma camada interna hiperecóica corresponden- a Têm várias extensões; tradicionalmente são longas.
te a mucosa/submucosa, circundada por uma ca- sendo denominada completa aquela que
ciajunto a área de um divertículo de Meckel "0
ªº '""
mada externa hipoecólca correspondente à mus-
«
culatura lisa. Também é diagnóstica a percepção intestino delgado (íleo distal, ceco, apêndice e
de peristalse na parede da duplicação. cólon são duplos).
II Tomografia computadorizada: cisto arredonda- al Há sempre conexão com o intestino normal. ª
do, liso, repleto de fluido ou estrutura tubular maioria proximal. _
_ -.
de paredes finas, intimamente associada ou ad- E! É frequente a presençãde estruturas
Eºmlurmánº
.
:,
m cintilografia com tecnécio: mostra mucosa gás- Essas duplicações tem diversas formas de
distalmente. Na pelve, os cólons costumam Sº terminar
. ne var
trica ectópica.
parar—se e formar:
n 'a - i . “ “ , . - e Iratanientn --
Dois ânus perineais separados lateralmen te (um
.n
W VW .
: osterior ou bexiga) ou como fístula perineª] tente será fechada. Não há necessidade de excisar
ªlg
:
'nando incompletamente.
s ânus imperfurados com fístulas perineais lª
a mucosa da duplicação.
Se nenhum cólon alcançar o períneo, anastomosá—
?a gem turmártas. los e realizar abaixamento pela técnica de Pefia.
rs Os ânus laterais quase sempre adquirem uma ra—
r55 clínico zoável continência anal futura. Caso a continên-
cia não seja obtida, fazer avaliação criteriosa da
s duplicações que terminam por dois ânus sensibilidade e da musculatura (ressonância nu-
clear magnética) para discutir possível transposi-
ermeáveis geralmente são assintomáticas.
?Ãs que são imperfuradas ou têm fistula gemturinária ção anal para dentro da musculatura responsável
o'stumam causar dilatação com compressão do
;;”.ólon normal, podendo ocastonar até perfuração.
pela continência.
Kl No caso de duplicação 'sagital, muitas vezes
âiaservar, ao exame, se existem duplicação dos somente é necessária a ressecção do tabique de
separação da duplicação e cólon normal por meio
'rifícios anais. material fecal na urina ou vagina, de colotomia e grampeador mecânico gastroin-
ª"assa abdominal palpável, abdome distendido, testinal. Fazer colostomia clescompressiva prévia.
assa. retal pelo toque e estenose desses orifícios.
a Se a comunicação interna da duplicação com o
ligação Diagnóstica cólon nomial for adcquada, não é necessária cor-
reção cirúrgica.
. adiografia de abdome.
Enema opaco.
ietrocistografia miccional e urografia excretória.
DUPlIBRÇãES I]! BETH
n São classificadas em duplicações císticas pequenas,
ltra-sonografia abdominal.
'
l
«Tomografia computadorizada, se necessário, extensas e com ou sem fístula perineal.
Éndoscopia urinária, genital e colônica, ou seja, Vinte a quarenta e cinco por cento estão asso-
ciadas a fistulas para canal anal ou períneo.
ªvaliação endoscópica de todos os orifícios. m Correspondem a 5% de todas as duplicações.
iii'ste uma forma mais rara de duplicação tubular ta Estão localizadas no espaço retrorretal.
=x ”on, no sentido sagital, sendo a cranial mais anormal E1 Podem ter mucosa gástrica ectópica, mas não é
; "elhante às duplicações jejunoileais que crescem a regra.
'
l'do mesentérico. a Podem sofrer degeneração maligna.
-.:Podem, com maior
. frequéncra,
.. . ter mucosa gás- !Costumam estar associadas a anomalias espinhais
‘l *. .
'Ínca ectópica. (provável origem no notocórdio fendido).
N Diagnósticos diferenciais: teratoma sacrococcígeo,
om ânus não duplicado, o ânus termina topica-
" cordoma, neurofibroma, meningocele sacra an-
terior; cisto dermóide. Diagnósticos diferenciais
quando há fístula: abscesso perirretal e fístula anal.
Quattro clínica .
II Massa no espaço retrorretal causando constipa-
ção, tenesmo e prolapso intem1itente (massa pos-
terior abaúln na parede retal e causa prolapso).
tamento Geral. Objetivos Gerais
Sempre realizar preparo prévio de cólon, con—
Sangramento retal vivo.
Obstrução retal por compressão.
forme rotina do serviço. Retenção urinária, disúria.
Se indicada colostomia, fazê—la sempre em am— Constipação intestinal.
bos os cólons. Indicações de colostomia: gran— m Fístula perineal crônica.
nl Drenagem de secreção purulentaªou'muco pelo
es dilatações colônicas com coleções fecais no
_ do cego da duplicação, fístulas para vagina, ânus ou fístula.
u tra e bexiga, duplicação sagital com ressec— E Dor de localização abdominal baixa ou suprapúbica.
la Massa pré-sacra assintomática.
Çfln de tabique comum e casos especiais.
“Providencia: para que os dois cólons drenem em
m só orifício anal. Inuestiuaçãu ntaªuástioa
Se um dos retos já estiver no períneo, o outro
_ ólon será dividido, excisando-se parte da pare-
E: Enema ºpaco.
:: Ultra-sonografias abdominal e pélvica.
gde Comum por curta distância, com o objetivo de t: Tomografia computadorizada ou ressonância
5
ªumenta: as comunicaçõesjá existentes, será anas- nuclear magnética, para melhor visualização das
lmomosado ao primitivo e qualquer fístula exis— vértebras.
« ,q u
472 I Trato Gastrointestinal
E ToMill!IBllllflIIllIS . . Diagnóstica
. .
!
<;
i". Os cistos mediastinais congênitos derivados do intestino
Investlgaçao;
_ . ,.
ff; anteriorprimitivo (foregut) são broncogênico, esofágico Hlsãónª e “ªgiº nªmº-_ t .
at;
._
intramural e cisto neuroenténco. Somente os dois IRadiografias e tórax (antero-pos error <? laic-
35: últimos são considerados como du licações do tra- fªl): massa arredondada, Ilsa. Situªdª no mediastmo
I:
- .p
to digestivoecorrespondemaaproxrmadamente 15% postenor (F'rg. 86«6)- l
&
'
ª“?
.ª
de todos os casos. A apresentação clínica pode ser do
tipo respiratório, mais frequente (estridor, episódios
Espfagograma: compressao e deslocamemo
esºfªãº (Flg- 867)- f t d ' d
do
a“.? apnéicos, dispnéia, cianose) e do tipo gastromtestmal ªUltra-sonogram, tomogra lª compu ºflllª ª ªº
43., (disfagia, dor epigástrica e retroesternal, vômitos. ÍÉSSºãlªmjª "“dª-ªf Igêgnfnºª- “ªsfªltº diagnós-
as:. hematêmese, mais comuns nos cistos de 1/3 médio l?“. e ºmº em me lªs. mo Pºª no -
e inferior do mediastino). Até 25% dessas duplica— m Cintilografia com tecnécro: Pºde detectar mucºsa
.”?"
É ções podem ter outra duplicação cística abaixo do gastrica.
diafragma. ?.
ª
' ,. ' ' '
Tratamento Z*.—
GIS“! Esotaglco Intramural n Via de acesso: mediastino superior e médio - É
L
Também
denominado
enter geno.
duplicação esofágica e cisto iiii'ªígf“lªgªrtª-gi?ªfã-2352333333;Sªi—lili,
.
—. _ na
. - . :.:
;.
I: Explicação embriológica:
defeitono processo de
vacuolização após fase de proliferação epitelial Téºãlºªí %“ºlsâlº nªs“lªllâafliªcgªlpllfâfx
laila—3:12SiãogªoâmiiªgduplicadapDeixnr
(fase sólida) do intestino. * . _ redundante . .
a musculatura da duplicaçao . objetiva
|:
Localização: mediastino posterior; 60% no 1/3
fechar o defeito no esôfago normal que, às vezes,
superior, 20% no 1/3 médio e 20% no 1/3 inferior. é pobre em.musculatura.
Aproximadamente 5% de todas as duplicações.
B Predisposição sexual: 2M:1F.
II Não existe anomalia vertebral associada,
n Parede muscular comum com () esôfago normal
(às vezes, essa camada é muito fina). Possui também
plexo mioentérico.
tu Já que o esôfago é derivado de tecidos multipo-
tenciais do intestino anterior primitivo, pode ser
encontrado um epitélio bastante variado. A du-
plicação pode ser revestida por epitélio colunar
ciliado (respiratório), escamoso ou gástrico.
B Cartilagem pode ser encontrada raramente.
II Geralmente tem a forma esférica, mas pode ser
tubular.
u Em 90% dos casos não se comunica com o lúmen
do esôfago normal.
E: Em l2% é acompanhado por outras malforma—
_
pode haver um cisto intra-espinhal.
“por espinha bífida e diastematomielia.
,,, sto com extensão tubular comunicante com
».r'
a coluna vertebral.
Manifestações Clínicas
O epitélio secretor faz o cisto encher-se de fluido,
aumentando de tamanho e causando sintomatologia
por compressão.
Os cistos do mediastino superior apresentam
sintomas mais precoces e mais graves.
! Os cistos de 1/3 médio e inferior, em 35% são
assintomáticos e em 65% vão apresentar sinto-
mas respiratórios ou gastroesofágicos. Os prin-
cipais sintomas respiratórios são: disfunção
respiratória aguda, crises repetidas de sibilância,
estridor, tosse persistente e pneumonias de re—
petição.
Se tiverem epitélio gástrico, podem apresentar Figura 86.10 -Radiografia de tórax mostrando grande cisto
neuroentérico em mediastino.
ulceração péptica com dor subesternal e erosão
em esôfago ou pulmão, causando hematêmese
ou hemoptise.
I: Os principais sintomas neurológicos são: dor nas neurológica. Como regra geral, laminectomia ou
costas, deficits motores elou sensoriais e distúr- laminotomia e excisão da porção intra-espinhal
bios na marcha. do cisto devem ser priorizadas. Isso poderá evi-
tar laminectomia de urgência em casos de pres-
são intra-espinhal aumentada com sinais neuro-
Investigação Diagnóstica lógicos focais pelo edema e/ou sangramento
pós-operatório.
6 L n- xs z l 9
E Radiografias de tórax (antero-posterior e late-
ral): podem demonstrar massa arredondada ern
El Cisto com extensão intra—abdominal: em geral
mediastino posterior (Fig. 86.10), defeitos verte- usa—se cirurgia estagiada. Ressecar primariamente d
aquela que está causando maior sintomatologia ª
brais e efeitos secundários causados pela massa
(enfisema lobar, pneumonia, atelectasia). (abdominal ou torácica). Se estiver sem sinto-
Esofagograma: compressão e deslocamento do mas iinportantes, ressecar primeiro o componente
esôfago (Figs. 86.11 e 86.12).
IUltra-sonografia torácica.
Ii Ressonância nuclear magnética ou mielotomografia
computadorizada: deve ser indicada a todo cisto
neumentérico mediastinal com anomalias vertebrais.
I! Pela associação com duplicações abaixo do dia-
fragma, sempre solicitar ultra-sonografia abdo-
minal ou tomografia computadorizada com contraste
do abdome.
ª deCintilografia com tecnecio: quando há suspeita
mucosa gástrica.
Tratamento
!! Cisto neuroentérico mediastinal: toracotomia
póstero—lateral e exérese do cisto.
lCisto neuroentérico com extensão intra-espinhal:
exérese do cisto, excisão transtorácica dos com—
ponentes intra-espinhais, quando possível.
Se não for possível a excisão intra-espinhal no
= mesmo ato operatório: toracotomia para excisão
do cisto e laminectomia pelo neurocirurgião. A
escolha do primeiro acesso vai depender da in-
Figura 86.11 Esofagograma mostrando
-
esôfago para a esquerda causado por cistodeslocamentgri'
neuroenl i:
tensidade da sintomatologia, se intratorácica ou localizado no mediastino, à direita.
Duplicações do Trato Digestivo n 475
lnvaginação Intestinal
João Carlos Ketzer de Souza
m 8 5-arI
Figura 81.2 — Invaginação reduzida cirurgicamente. observª,
GIIIIIIEI'I'II diverticulo de Meckel ainda invaginado. ' O L Ç-
É a telescopagem de um segmento intestinal no lúmen
do segmento adjacente, no sentido peristaltico (Fig.
minal (placas de Peyer). Infecção respiratória alta
87.1). l-lá compressão e angulação dos vasos mesen—
ou enterite comumente precedem à invaginação.
téricos do intestino invaginado, levando a uma obs-. .Em 5 a 10% existe lesão anatômica definida:
trução estrangulante. A necrose se inicia na camada
divertículo de Meckel (Figs. 87.2 e 87.3), pólipos
externa do ápice do intestino invaginado e se estende intestinais (principalmeptc do tipo Peutz—Jeghers),
proximalmente. Ha translocação bacteriana e libera- linfoma não-Hodgkin ,(acima dos três anos de
ção de endotoxinas após quebra da barreira mucosa. idade) (Fig. 87.4), duplicação intestinal, pt’irpu.
ra de Henoch—Schõnlein e outras. Costuma apa.
EPIDEMIIIIBEM recer após os dois anos ou em casos de invaginação
I Prevalência: 1,5 a 4 crianças com invaginação recorrente.
para cada 1.000 nascidas vivas.
lPico de frequência: 3 a 12 meses. GUISSIHBIIGÃO (Fig. 87.5)
I Sessenta e cinco por cento em crianças com menos III Ileocecocólica (60%): a mais comum. Tem co-
de 1 ano de idade, 80% entre três meses e dois larinho frouxo e móvel, permitindo grande grau
anos, 20% após os dois anos de idade e, destes, de progressão. A cabeça é fixa. O colarinho se
menos de 10% acima dos cinco anos. renova sem cessar com a progressão da imaginação.
II Rara durante o primeiro mês de Vida. I Ileocólica (25%): o colarinho é fixo e age como
IPredisposição para o sexo masculino: 3M51F.
um anel de estrangulamento que limita o progresso
I Metade das invaginações recorrentes costuma ter da invaginação, comprometendo mais rapidamente
causa anatômica associada. a vitalidade intestinal. A cabeça e móvel e se
IUm terço das invaginações após os dois anos de
renova conforme a progressão da invaginaçâo.
idade costuma ter causa anatômica associada. I lleeileal (10%).
I Oitenta por cento comprometem aregião ileocecal. I Colocólica (< 2%).
II Outras: 3%:
E'I'lºlºlilll
IEm 90 a 95% a causa é idiopática (lesão anatômica uunnnu eIIIIIen'
I Lactente bem nutrido.
não definida) e, provavelmente, causada pela hi-
pertrofia de linfonodos submucosos no íleo ter- respiratória ou gus-
Ia História prévia de infecção
troenterite é comum (duas semanas). '
E Instalação súbita.
Figura 87.1 — Invaginação intestinal cecocólica. Observar a Figura 87.3 Após redução'da invaginação. obserVª_r dªí
-
telescopagem de uma alça de Ileo em outra mais distal (no verticulo de Meckel que funcionou como cabeça dessa mva-
caso, o colon). ginação.
Invagínaçãolntestinal I
477
Em
ãi'a'
(aproximadamente 10 a 15%).
a de eliminação de fezes. WWW:—«gªr.
%ãbdominal
em cólicas, com periodos de acalmia
“Figndo entre 5 e 30mm. Invaginação não-do-
osa não é tão incomum (me 15%).
"mitos precoces, imoralmente reflexos e depois
‘i’osos. Estão presentes em 75 a 85% dos casos.
“minaç㺠de fezes com sangue e muco (aspecto
:geléia de groselhas) em 55 a 65% dos casos.
‘bde haver diarréia em 10 a 20%.
pstensfio abdominal em fase mais tardia (apro-
firadamente 13%). .
21.0 freqiientes a apat1a e a prostração (em 50%
- dº's casos e secundárias à liberação de opióides
ndógenos neuroativos pós-isquemia e quebra da
"freira mucosa intestinal), palidez, sudorese e
es‘idratagiio-
Figura 87.4
—Peça cirúrgica de ressecção intestinal por
invaginação intestinal. Observarpequeno linfoma não—Hodgkin
'ais tarde podem aparecer pré-choque e cheque. íntraluminal. '
1
"._ª'l
Ao corte transversal é descrita uma massa arre—
, .*
.» .
Suspeita clinica e
imagenologica de
'Á
ínvaginação Intestinal
R% _
í, l “1
i
.
1m
.- ª". v.
lleoileª
ªçªº : l Posltlva Ne9ativa
95,295 intestinal
.3?“
.
'
Bªgnatomica
"eftçªdªªnte Redução
“' ., hidrostática
Insucesso
Figura 87.8 - Invaginação intestinal. Aspecto cirúrgico.
Observar
Com sucesso
ambulatorialmente
parotomia
Técnica de Redução Não-operatória
48h de Hidrostática com Monitoração por
observação Fluoroscopia '
;
é 87-7 — Algoritmo de investigação e tratamento da a Bloco cirúrgico deve estar programado para ci—
rurgia imediata.
ag'inação intestinal. Er Criança vai para exame radiológico com linha in-
travenosa adequada em membros superiores, hi-
dratada, corn sonda nasogástrica aberta e após
Ressuscitação hidroeletrolr'tica adequada. ter iniciado a antibioticoterapia.
keposição sanguínea, se necessário. A seqiiestração 91 Colocar sonda retal de bom calibre (sonda Foley
de sangue no segmento invaginado pode causar Z 16F). O balão deve ser insuflado e as nádegas
anemia considerável. aproximadas com esparadrapo, para evitar o va—
"Antibioticoterapia corn aminoglicosfdeos e zamento do contraste.
:ªnetronidazol ou clindamicina. A invaginação
,
»un-ir<9rL—
nada pela passagem de fluxo de ar para dentro
que tendem a explodir a parede do cólon au- do íleo. A pressão pode ser controlada por mano-
menlam quando o diâmetro do intestino aumenta,
se a pressão intraluminal não sofrer mudanças.
metro ou por válvula de escape. Temrnais chances
de causar perfuração pelas oscilaçoes que pode
A lei de Laplace nos mostra que o diâmetro da sofrer durante o procedimento.
parede colônica é o fator—chave na ocorrência lVantagens da técnica'. taxa mais alta de reduçãº.
de perfuração intestinal.
A coluna de bário pode ficar estacionária até por
menor exposição à radiação quando Cumpamdu
com o enema de bário, técnica limpa, fácrl e rápida
10min, se a criança estiver bem. O bário é então (dura i 15 & 20min). Caso aconteça perfuração,
evacuado e se repete a tentativa de redução. Acei- a falta de flutuabilidadetlzfe de suspensao das fe.
tam-se até três tentativas antes de considerar a zes no ar causa mínimo derramamento de fezes
invaginação irredutível. na cavidade peritoneal. A compressibilidade do
n Diagnóstico de redução: fluxo livre de bário em gás fornece uma margem de segurança ao pro-
alças de delgado sem defeito de enchimento resi- cedimento. causando perfurações de pequeno
dual, expulsão de fezes e flatos com bário, de-
saparecimento da massa abdominal e melhora
calibre. Quando a pressão intraluminal do gás
ultrapassa a força tênsil da parede intestinal, o
clínica. gás é comprimido ao passar por uma pequena
w
: º “ . a vi V « Sempre após a redução, palpar o abdome e ob-
ter chapa radiológica pós—evacuação com con-
abertura nessa parede. A elasticrdade da parede
intestinal, que forma as margens
da perfuraçao,
trole fluoroscópico, observando com atenção o permite à parede do intestino resrsttr às forças
fo
£ — wae - = íleo terminal e aLválvula ileocecal. do gás comprimido. Essa compressao tempora-
ano
Havendo dúvida quanto ao defeito de enchimento ria converte uma parte da energia Cinética em
34“—
persistente noceco ser causado pelo íleo tenni- energia em potencial. Isso causa menor absor-
— v ,/ º a m nal não-reduzido ou pela válvula ileocecai ção da energia cinética pelo local da perfuraçao
.m-
“ m et o
edematosa, fazer ultra-sonografia de controle ou e dano limitado à parede intestinal. _
retornar a criança à enfermaria, submetendo-a a
observação clínica e radiológica após lh (radio-
>. l
ª.
Desvantagens da técnica: de
taxa perfuração
(até 3%) com risco de pneumopentômo sob tensao,
alta
."
íleo). Até 20% das invaginações não-reduzidas menor controle das invaginações ileºileais, ne
'
.
por métodos não—cirúrgicos encontram-se redu— cessidade de "radiografia de abdome para com-
zidos durante a laparotomia. Imagens sugesti- pletar o diagnóstico de desinvaginação.
vas de invaginação persistente são de cúpula ou Recorrência pós—redução pneumática: 8%.
de entalhe no bordo interno do ceco.
Redução com sucesso não exclui lesão anatômica Técnica de Redução Não-operatória
desencadeante, apesar de improvável.
.,“í'ªi
|!
Vantagens da técnica com bário: melhor expe-
Hidrostática com Monitoraçao por
riência com essa técnica, bons resultados obti— UItra-sonografia
dos, boa avaliação de invaginação ileoileal residual, u Essa técnica de redução hidrostática utiliza enema
critérios diª:
baixa taxa de perfuração (0,4 a 0,7%).
I Desvantagens da redução com bário: caso ocorra
salino guiado por ultra-sonografia. A
dução aproxima—se dã'80%. Os
taxa
u io“
perfuração, haverá peritonite química com for-
mação de granulomas e aderências com o bário.
sonográficos para considerar reduçao
efetivaâçdó
desaparecimento da invaginação, passagem de. l e
que permanecerá para sempre na cavidade perito—
neal, maior exposição à radiação, visualização
e bolhas aéreas do ceco para o íleo
demonstração de um íleo distendido por terminadº
inflict;
somente do conteúdo intraluminal.
I! Contraste hidrossolúvel: sua principal vantagem
Alguns autores preferem usar soro
combinado com contraste hidrossoluve 6,5101083”
dpin-
é evitar a peritonite química, em caso de perfu- determinar com certeza se houve reduçaº Íon-
ração. vaginação (soro fisiológico 9 parteszl
parte«
em
II Taxa de redução com esse método: 75 a 80%.
n Recorrência pós—redução hidrostática: 12%.
traste hidrossolúvel), observando_sua
para o íleo e confirmando a reduçao por rn
pªssei
e
Invagínaçãolntestinal n 481
1;:
desencadeantes e de invaginação residual, bai-
.í, xª taxa de perfuração (0,25%).
“i
Desvantagem da técnica: necessidade de ultra-sono—
'
.
1fgtamttnm cirúrgico
_ '. Indicado aos casos com contra-indicação da re-
dução hidrostática/pneumática e àqueles que não
—
Figura 87.10 lnvaginação intestinal quase totalmente re-
duzida, não aparentando gangrena do segmento invaginado.
obtiveram êxito com tais procedimentos.
ã
Laparotomia transversa infra ou supra-umbili-
.
3‘ cal direita próxima ao umbigo e divulsão da mus-
-' culatura {micro-lateral do abdome.
Redução manual sem ressecção: 70% (Fígs. 87.9
. . e 87.10); necessidade de ressecção intestinal:
“=; 30%.
' '- Recorrência pós—redução cirúrgica: 3%.
I Redução manual delicada com ordenha da ca-
beça da invaginação no sentido cranial, sem tração
na alça invaginada (como se espremesse um tubo
de pasta de dentes) (Fig. 87.11).
(;- Não se obtendo êxito naredução manual ou se
tv- houver áreas com necrose intestinal (Fígs. 87.12
e 87.l3) ou áreas persistentemente isquêmicas:
ressecção intestinal com enteroanastomose ou —
. Figura 87.1 1 Representação gráfica da técnica de redução
manual. A cabeça da invaginação deve ser ordenhada no
enterostomia (contaminação peritoneal fecal sentido distal, como se fosse um tubo de pasta de dentes. A
grosseira, má condição clínica, peritonite por alça invaginada nãodeve sertracionada, somente orientada.
bário). &.
Gamnlisaçõas -
Taxa de mortalidade: l%. - _
n: Taxa de obstrução intestinal pós-operatória por
bridas: 3 a 6%.
e ur T
L!
1‘49— vu
' Figura 87.12 — Redução manual de invaginação. Observar Figura 87.13 —- Durante tentativaInfrutlfera de reduçãº
.
área com gangrena do segmento invaglnante (aquele que
sofre alterações mais tardiamente). Nesse caso, é mais ínte-
manual, observaase o aparecrmento de
areas
de gangrena
intestinal e ruptura de serosa, que deverao ser ressecadas.
ressante a ressecção do binômio ínvaginado-invaginante sem
tentativa de redução, pois poderá ocasionar ruptura e con-
taminação grosseira da cavidade abdominal. plicação intestinal cística (principalmenteileocecal)
e pólipos intestinais.
_]t Têm perda ponderal, pela cronicidade. segmento jejunoíleo.25% estão localizadas no
m Aproximadamente
, :! Massa abdominal pode ser intermitentemente
Ml palpada. , _
“ª ll Diarréia é frequente.
Illa!" climao
' 5 Principais sintomas, como dor abdominal. choro .1 .
,
: caracteristicas Ilª lmlagmaçaa
Suhagutta
e inquietação, estão ausentes no período
:= Sinais e sintomas mais comuns: vomitos b1110-
neonatal.
:
u sos, palpávelabdominal
distensão encontrada. retal.
raramenteeésangramento
, .. " Sintomas S㺠menos agudos.
n Maior duração dos sintomas (4 a 14 dias).
Massa
.
'
~
Gastroenterite.
Mein Imunúsuca
*
- Panama!
- —
tica, porém não de forma insistente e agressivª. 8-
vido à alta ocorrência de lesão anatômica adjuvante
associada e fre qíiente localização jejunoileal.
&
"«
““ª-ªºªºgfªªª ªbdºminªl Miramar,-lio vús-nvmnrúma ,
..
«
É
. .
mmmncflu urnnnm concen- . .
ª'“: - conceito Invagmaça'o l'ntestinal no período p ós-op
'
eratório une-
i diato (30 dias).
Invaginação intestinal que ocorre no primeiro mês de
.—
.
.
“'dª. . Enluemluluula
,, . - S.
K; IICorresponde a 1 a 2% de todas as invaglnilgoe
Epidemiologia IIAproximadamente 75% ocorrem na prlmElm º
a Freqfiéncia: 03%-
Il Em metade dos casos há lesão anatômica desen-
90% nas duas primeiras
n O intestino delgado é acometidosemanas.em
85
90%
ª
,
_ É:; _ _ _
facilmente. sem necessidade de'ressecção intestinal.
Inspecionar o intestino distal, pois são descritas
ismo neurogênico
elou agentes produzindo dismo-
anestésicos. Quimioterapia ínvaginações múltiplas.
S
.
“ÉS ente Vmcnsnna) e radioterapia . stdo
. tem .
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GIIPÍIIIIIJ BB]
GIIIIIEIIil
Obstrução no nível do intestino delgado causada pela
infestação maciça de Arcaris lumbricaides e sua ten—
dência em formar novelos.
Ascari: lumbricoides é um nematelminto que pa-
,,
Figura 88.1 - Causas de obstrução por novelo de ásraris.
rasita o ser humano (o mais prevalente helminto (A) Obturação pelo novelo. (B) Contração espasmódica da alça
humano), localiza-se no jejuno (principalmente jejuno com novelo. (C) Volvo. (D) lnvaginação intestinal desenca.
proximal), podendo também ser encontrado no íleo e deada pelo novelo.
raramente no duodeno. É um parasita intestinal, co-
mum nas regiões tropicais, subtropicais e temperadas.
A infestação ocorre pela ingestão de alimentos
contaminados com ovos embrionados.
unusns I)! BBSTIIIIGÃII III'I'ESTIIIIII (Fig. 88.1)
IObturação do lúmen intestinal por bolo de áscaris
O bolo de âscaris aparece quando existe uma
superpopulação deles no lúmen intestinal. (mecanismo usual).
n Contração intestinal espasmódica pela presença
de bolo (mecanismo discutível).
EI'IIIEMIlllDGIII Il Volvo.
. 9 1’ Invaginação intestinal.
ll
"
da população mundial.
:“
—nç--zosLÇ
sólidas e, não conseguindo deglutir o conteúdo só- complicada pode ser dificil e confusa. Nesses casºs.
—
se encontram no cólon).
“J: quadro, biliosos ou fecalóides. Controle clínico rigoroso em unidade de médio
ºf. (sensação palpatória de massa de vidraceiro). A
Massa abdominal palpável em 70% dos casos risco, observando-se rigorosamente o apareci-
mento de piora do estado gem! (criança mais tóxica
massa tende a mudar de posição e tamanho em ecom hipertermia); sinais de irritação peritoneal
exames clínicos repetidos e é mais frequente na (piora da sensibilidade e defesa de parede abdo-
região média do abdome. Pode ser múltipla. minal); piora dos sinais vitais e progressão dos
.' mªil Febre.
Distensfio abdominal. smars radiológicos de obstrução intestinal.dias.
Em
ª?! média há melhora dos sintomas em quatro
" I Constipação.
sª- Sinais de irritação peritoneal nos casos com
(ª,
“É
I Obstrução intestinal não-complicada.
Nada — Sondavianasogãstrica.
oral. '
_
r"laura 88.2 Radiografia de abdome mostrando imagens
fie miolo de pa o localizadas principalmente no hemiabdome Figura 88.4 — Radiografia de abdome mostrando infestação
$reito. e impactação maciça de áscans em alças de intestino delgado.
486 I Trato Gastrointestinal
_ _
glicogênio ao bloquear a captação de glicose 90%. Dose única de 400mg.
pelos vetmes. Dose: 100mg, duas'vezes/dia
por três dias. _. "_ ,
'Pamoalo de pirantel: pobremente absorvido. n' llllllliªçlms Grrnrataas
Ação: na despolarização neuromuscular cau- Falha no tratamento conservador (obstrução in-
sando paralisia espastica do verme. Dose: testinal simples não se desfaz) (Fig. 88.5).
llmg/kg, dose única, não ultrapassando 1g. Obstrução intestinal complicada por peritonite
elou perfuração (Figs. 88.6 a 88.8).
In Dúvida diagnóstica.
1 8 9 -. u v [
1.94 L-çs
.
aiamentn
”
GII'ÍII'BÍGD tomia a crianças com mau estado geral, instabi-
lidade hemodinâmica e peritonite grave. Deslo-
Via de acesso: laparotomia transversa supra-
car todos os âscaris para o cólon ou retira—los
umbilical direita.
», ªl Com intestino viável: bolo é fragmentado e áscaris
para o exterior pelas áreas ressecadas.
_
deslocados, por manobras de ordenha, para dentro
, BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
_" ceco, onde perdem sua potencialidade.
do COLE, G. J. Surgical manifestations of ascaris lumbn'coides in the
"
,
ll Com intestino não-viável: ressecção intestinal,
deixando margens intestinais viáveis seguras para 1.5m”
inªªªlílle- Bf— V— .511)-
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a“§5‘°m?se Primáriª “é"“,ªº'tºfmmºfl (“ªººjiº RODE. H.; CULLlS. s.; MILLAR, A. et al. Abdominal complications
deiscénCia Pºlºouptocesso
da impactaçao) inflamaléno
enterostomia.
no smº
Indica—se enteros-
of ascaris lumbricoidcs in children. Pediatr. Surg. Im.. v. 5,
p. 397401. 1990.
l
488 I Tra to Gastrointestinal
,
— quanto
Sinal da onda ascítica (sinal do piparote); en—
o ajudante coloca firmemente o bºrdo
cubital da mão no centro do abdome, para
Ascite Neonatal
eliminar o impulso transmitido pela Pªrede
" abdominal, o examinador percute com um
piparote num dos flancos e com a outra mão,
colocada no outro flanco do abdome, lenta
João Carlos Ketzer de Souza perceber a ondulação provocada (Fig. 89.0.
O frêmito líquido (ou onda vibratória) está pre.
sente em qualquer cavidade cheia de líquido,
,?
'a
GONGEITD
Excesso de líquido livre na cavidade peritoneal, in-
Por isso, muitas vezes é difícil ou impossível
distinguir líquido livre de encistado pelo si-
.e nal da onda ascftica. Para permitir a transmis.
N'. dependentemente da origem ou composição (urina,
.j são de uma onda vibratória longitudinal, o lí-
sangue, pus, bile, mecônio ou quilo).
; quido deve ser bem fluido. de pouca densidade
: e, se encistado, o cisto deve ser uniloculado
IlllllillÚSl'lBll IIIFEIIEHGIII ou pauciloculado. Portanto, os líquidos vis.
5. casos (como sangue. pus, pseudocisto meconial)
lilªl I Causas cirúrgicas: grandes cistos de ovário,
pseudocisto meconial, cisto de omento.
e cistos com múltiplos lóculos (como cisto de
omento multiloculado) não apresentam ondu-
r“ I Causas clinicas principais: hepáticas, talassemia,
lação.
deficiência de aI-antitripsina e incompatibilidade
Cistos grandes de ovário, cistos uniloculares
:? do fator Rh.
ou pauciloculares de omento e ascite de causa
urinária, biliar, quilosa podem apresentar onda
?, IIWES'I'IEIIÇÍII lllllillúSTlGll ascítica.
Cistos de omentos multiloculares costumam
.! I Sinais de irritação peritoneal sugerem infecção
L-ngzs‘w
do líquido ascítico. ser flacidos, moles, flutuantes, pois possuem
& Disfunção respiratória é causada pela elevação
Ill
cápsula tênue e o tecido circunjacente é frou-
xo (epíplon).
. da cúpula diafragmática em ascites volumosas.
““| I Exame abdominal geral: distensão com flancos
proeminentes, dilatação dos vasos da parede
— Percussão da ascite: pesquisa—se com percus-
são de toda a cavidade abdominal.
Habitualmente, o limite superior da macicez
», abdominal e, frequentemente. hérnia umbilical.
I Exame físico da ascite.
com o timpanismo abdominal segue uma Ii-
l nha curva de concavidade para cima.
,
—
Inspeção do recém-nascido em decúbito dorsal:
ventre de batráquio (alargado nos flancos e
Em ascites volumosas e grandes cistos ocu-
pando quase toda a cavidade abdominal, a per—
”, ,
' achatado centralmente). cussão é maciça difusamente (Fig. 89.2)-
Pesquisa da macicez móvel: indicada quando a
quantidade delíquido for relativamente pequenª
Se o paciente mudar de posição (decúbito late-
ral), a macicez também mudara para as zon-15
de maior declive (Fig. 89.3). Coloca-seio bebê
sobre seu lado esquerdo. Espera-se lmin Pªlª
permitir que o líquido se acumule mais enibill-
xo pela gravidade (zona de maior declive)- Inicm-
se a percussão desde o lado direito até o esquerdo.
anotando e marcando sobre a parede abdm‘?"
nal onde a área ressonãnte fica maciça.
repete—se o procedimento em decúbitº lªlªlª DªPº'ªi
direito e após um intervalo (se existir macl'CºZ
móvel) a área maciça ficará ressonante e
”"E“"
i.
versa, Macicez móvel corresponde umª ª
maciça que se move ou muda de formª. quª" area
Figura 89.1 Sinal do piparote. (A) Ascite. (B) Cisto único. do o aciente muda de posição. .
I
-
(C) Pseudocisto meconial. (D) Cisto de omento multíloculado.
A ascite e 0 cisto único costumam apresentar ondaçascltita.
Em
clistos grandes de ovário 6 PSÉudººlsg
meconial existe uma zona de
sonondadegcs
O pseudocisto meconial e o cisto de omentomultilocular não porções em declive ou posteriores, fªg'ua
costumam apresentar onda ascítica. lombares e hipocôndrios. Essa mactcez m
"ªº
Ascite'Neonatal I
489
—-
amarelo-citrino (urina, quilo, ou causa clínica)]. superior (fórnix dos cálices renais).
Análise microscópica (bioquímica e bacterio-
, lógica): amilase, bilirrubinas, triglicerídeos,
colesterol, lipídeos totais, proteínas, albumina, Biologia
uréia, creatinina, contagem de eritrócitos e As principais causas se devem à obstrução do trato
leucócitos, pH, Gram. cultura de bactérias, urinário inferior (70%).
fungos, vírus, bacilo álcool—ácido resistente
í_ (BAAR) e citológico. m Causas de obstrução do trato urinário inferior:
&ªadiologia de abdome: aumento da opacidade válvula de uretra posterior (mais freqíjente), ure-
abdominal, abaulamento dos flancos, separação terdcele, estenose ou atresia uretral, ruptura de
das alças intestinais, obliteração da linha do psoas, bexiga (divertr'culo de bexiga), bexiga neurogênica,
obstrução do colo vesical (Fig. 89.4).
osicionamento central dos intestinos (aumenta
'
teral com raios horizontais, o ar das alças intes- arEm l/4 dos casos pode não ser encontrada a
Étmais aparece ventralmente. perfuração (ocorre por transudação).
g Ultra—sonografia abdominal: e o método atual mais
& adequado no diagnóstico diferencial entre ascite,
' ;massa cística e fluido loculado, assim como para
;identificar a doença primária. Demonstra líquido
“We na cavidade abdominal. Pequenas quanti-
_.dades de líquidos podem ser detectadas na fossa
hepatorrenal ou esplenorrenal e pelve. Mudan-
ǪS de posição do paciente podem ajudar no
diagnóstico diferencial entre coleções livres e
loculadas.
ºne causada, na maioria dos casos, por obstrução Figura 89.4 — Causas principais de ascite urinária: uretero—
cele, válvula de uretra posterior, estenose e atresia de uretra
Irato urinário inferior levando a perfuração da pelve e obstrução da junção ureteropélvica.
490 : Trato Gastrointestinal
I Causa mais comum de ascite neonatal. O sistema linfático é uma rota acessória pela qual fluidos
IPredisposição sexual: 6 a 7M:lF.
IPresente ao nascimento: 1/4 dos casos.
e proteínas podem retornar dos espaços intersticiais
para o sistema vascular. São essenciais para remoçãn'
IFrequente em prematuros. de debris e bacterias do interstício. A linfa da porçãº
IIDistoc'la. inferior do corpo drena no ducto torácico, que nasce
llVômitos, diarréia. da cisterna do quilo. Troncos linfáticos verticais lom-
n Distensão abdominal progressiva. bares ascendentes, formados pela coalescência dos Vases
il Frequentemente apresenta rins palpáveis. linfáticos ilíacos comuns, da genitália e de órgãos pélvicas
E Piora do estado geral.
e vasos linfáticos oriundos do intestino e fígado, foo
Pode haver disfunção respiratória progressiva e acidose mam a cisterna do quilo (cisterna de Pecquet). A cis-
(por absorção de urina da cavidade abdominal). terna do quilo localiza—se entre a aorta (postem-medial)
II Aumento escrotal pela persistência do conduto e a veia cava inferior, atrás do pilar diafragmático esquerdo,
peritoneovaginal. anteriormente aoscorpos da primeira e segunda vér—
tebra lombar, no nível das artérias renais. A. cisterna
Investinação maunúsnca do quilo verdadeira pode estar ausente em alguns Ca.
sos, sendo substituída pelo plexo linfádco retroperitoneal.
IiHistória e exame físico. n'
llLaboratorial: creatinina e uréia costumam estar
elevadas, hiponatremia, hipercalemia. Etinlnnia
E Paracentese abdominal: fluido amarelo-palha e E Malformações congênitas dos canais linfáticos
citrino. As dosagens da uréia e creatinina po- (45 a 60%). Causas: atresia ou estenose de ca-
dem estar mais elevadas na ascite do que no sangue nais linfáticos junto ao mesentério ou da cister-
|
e menos elevadas em relação a urina. As taxas na do quilo, cisto mesentérico ou linfangiomatose
pus-245 L-ng
de proteínas podem estar mais elevadas na ascite generalizada. Podem fazer parte de síndromes
do que na urina. Porém, as trocas entre o fluido em que há displasia linfática generalizada pri—
ascítico e o plasma ocorrem tão rapidamente que mária, como as síndromes Klippel-Trenaunay e
a composição do fluido, à análise bioquímica, das unhas amarelas. A síndrome das unhas ama-
não é de grande valor diagnóstico. O peritônio relas se manifesta por linfedema da extremidade
age como uma membrana dialisadora, mantendo inferior, ascite quilosa e/ou quilotórax e colo-
o equilíbrio entre as dosagens séricas e peritoneais. ração amarelada associada à distrofia das unhas.
IInvestigação do trato urinário para determinar
A síndrome Klippel—Trenaunay é caracterizada
se existem refluxo vesicoureteral, obstrução ao
por malformações hipoplãsicas venosas e linfá-
fluxo urinário e o local do vazamento. Os exa-
mes mais solicitados são: uretrocistograiia miccional
,, ticas Que se manifestam por linfedema da extre-
* midade inferior e, muitas vezes, por ascite quilosa.
(demonstra refluxo, válvula), urografia excretória
Compressão externa dos linfáticos (25 a 30%).
(valor limitado no RN pela função glomerular ima-
tura), cintilografia renal (para localizar a perfura-
Causas: invaginação intestinal, má rotação, hérnia “<
|Paracentese abdominal: líquido de aspecto lei- comuns de vazamento linfático estão na base
toso (se já iniciou alimentação enteral contendo dos vasos mesentéricos superiores (mais fre—
lipídeo) ou amarelo—claro. Características do qfiente), em retroperitônio ejunto ao mesentério.
líquido: densidade entre 1.010 e 1.021, proteí- Muitas vezes é necessária a mobilização de
nas = metade das séricas, lipídeos > 1.000mg/ cólon, duodeno e cabeça do pâncreas para se
100mL, contagem celular com predominância de ter acesso à origem dos vasos mesentericos.
..
linfócitos (70 a 90%), triglicerídeos elevados O sítio do vazamento deve ser diretamente
(geralmente > 110mg/dL), pH alcalino.
suturado ou, se a fístula não for identificada,
Radiografia contrastada do trato digestivo superior todo tecido retroaórtico suturado de forma não-
para afastar má rotação. seletiva. Pode-se utilizar cola de fibrina para
Cintilografia linfóide (linfocintilografta) com reforçar a sutura.
albumina humana sérica marcada com tecnécio
(HSA-ººmTc): mostra vazamento do radioisótopo -- Muitas vezes pode ser difícil identificar 0 local
do vazamento durante o procedimento cirúr-
na cavidade. Difícil demonstrar o ponto exato gico. Têm-se proposto a administração de
do vazamento. corante lipofi'lico VO e subcutânea (Sudan lll)
e/ou alimentação rica em gordura pré-opera—
tratamento toriamente (2 a 4h), identificação do vaza—
'
.
-
mento por laparoscopia (permite imagem
Tratamento clínico em 2/3 dos casos é suficiente. magnificada da cavidade) e ligadura do ducto
IRiscos da doença: desnutrição, perda de peso e linfático.
|:
hipoproteinemia.
Dieta pobre em gorduras e com triglicerídeos de -— Shunt peritoneovenoso (Le Veen-Denver): quan-
do não se encontrar o sítio do vazamento, se
cadeia média, rica em proteínas, com ou sem houver recon-ência do vazamento ou se exis—
paracenteses repetidas, reposição de plasma. tir linfangiomatose difusa.
A restrição de triglicerídeos de cadeia longa evita
sua conversão em monoglicerídeos e ácidos graxos
livres, que são transportados como quilomícrons ASG"! I'llBlllEIITll
até os ductos linfáticos intestinais. Os triglice-
rídeos de cadeia me'dia (T'CM) são absorvidos
conceito
diretamente nas células intestinais e transporta- Ascite causada por uma infinidade de processos in-
dos como ácidos graxos livres e glicerol, atra- fecciosos, quase sempre relacionados à perfuração
vés da veia porta, diretamente ao fígado. 0 uso intestinal.
de dieta pobre em gorduras e com TCM reduz
produção e fluxo de quilo.
INPO (nil per as, nada via oral) + NPT (nutrição
Biologia
Causas mais frequentes: enterocolite necrosante, trauma
parenteral total): se há perda calórica com dimi-
com perfuração, perfuração proximal à obstrução distal
nuição de peso ou tratamento dietético sem melhora (principais: atresia e doença de Hirschsprung), peritonite
em duas semanas (mantém o trato gastrointesti- meconial infectada, perfuração idiopática.
nal em repouso, evitando deficiências nutritivas). « , .
IUsar somatostatina ou análogos (ver Cap. 42, sobre
quilotórax).“Seus efeitos descritos são diminui- fluauro clínica
ção da absorção intestinal das gorduras, da concen- tn Poliidrãmnio.
tração de triglicerídeos no ducto torácico, do fluxo
m Prematuridade freqiiente.
linfático, das secreções gástrica, pancreática e ln Vômitos biliosos.
intestinal, inibição da atividade motora intesti- E! Distensão abdominal.
nal, diminuição do processo de absorção intes- n Constipação.
tinal e do fluxo sanguíneo esplãncnico. E Febre
ITratamento cirúrgico.
—
Tratar a causa específica. in Aumento de volume, edema e hiperemia da bolsa
Indicação de laparotomia com ligadura múl— escrotal.
tipla do vazamento: persistência de ascite quatro
a seis semanas depois de tratamento clínico
ou reactimulo após iniciar dieta regular. investigação diagnóstica
O paciente deve receber dieta rica em gordura n História e exame físico.
até 4h antes do procedimento cirúrgico para u: Radiografia de abdome.
facilitar a identificação da lesão. Os locais mais ta Ultra-sonografia abdominal.
«w .
492 I
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Cisto de Mesentério e dé Omento In 493
.
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— tendo fluido seroso ou quiloso em seu interior, vidade abdominal. Corresponde aos linfangiomas
difusos de mesentério, retroperitônio, mesocólon
transverso e a maioria dos cistos de omento.
' «
omento.
Localizações mais frequentes em ordem decres—
—
Tração e estiramento no nível domesentério
pelo peso do cisto. ' '
'
cente: mesentério (principalmente do íleo), meso- - Compressão extrínseca parcial ou completa de
cólon transverso, mesocólon do sigmóide e ceco, alça intestinal (obstrução intestinal).
epíplon gastrocólico. —Torção do pedículo (volvo).
-Infecção do cisto.
—-
Ruptura do cisto.
—Hemorragia intracística com aumento de pressão
interna.
variam desde cavidades de grandes dimensões até
lcrocavidades que, associadas, formam o aspecto A localização da dor depende*_da localização
gesponja (Fig. 90.1). do cisto. Na maioria é periumbilical, mas pode
ser difusa contínua ou em cólicas.
&. Forma unilocular ou simples. ul Distensão abdominal progressiva. Geralmente
st'nç-L-nzrL
vômitos podem ser reflexos por tração e estira-
I
mento. ou biliosos por obstrução intestinal me- FORMAS GlÍlllGllS
<z
cãnica.
u Massa abdominal. A palpação característica As formas de apresentação vão depender de tipo, lu-
:1- V. V.
demonstra massa cística de superfície lisa, forma manho, localização do cisto e complicações: hemor-
arredondada, compressive]. indolor, localizada ragia, torção, infecção, ruptura e compressão de
geralmente em fossa ilíaca direita (junto ao íleo), estruturas. adjacentes.
com mobilidade transversa, mas não no sentido n' I Forma tumoral.
longitudinal (sentido craniocaudal, ou seja,junto
" , . _-: » à linha de inserção do mesentério) (Fig. 90.4).
n Abdome agudo cirúrgico (inflamatório ou obs-
.
.:-
rn Á trutivo).
ºu.
v"!
todas as direções.
' E Forma pseudorascítica (distensão abdominal
“? é"
progressiva).
.
” ?' - . a g v
-.
Figura Bª.? -Ad1ado transoperatório de cisto de omento mul- Figura 90.5 - UItra—sonografía demonstrando massa císticª
tilocular dlfuso de paredes finas e de forma pseudo-ascítica. multiloculada com septações internas finas.
Cisto de Merentério & de amento u 495
. -, .k
lª
!:
ignição mnunosnen
.
História e exame físico.. _
'édiogfimfia de abdome: crstos flutuantes e (Hordes
““dem't'ser interpretados
comoeascrte (Cistos de
amento, difusos de
',fincipalmentese mesenteno
eles
retropentômo),
_se interpõem entre a pa—
;féd'é abdominal e intestino grosso, fígado e baço.
'êistos localizados podem oferecer imagens ho—
i'p‘géneas com efeito de líquida, deslo—
massa
falido as alças intestinais lateral ou anteriormente.
Rã'ras vezes podem ser observadas calciticações
_ .* iiâãs na parede do cisto.
mira-sonografia abdominal: demonstra massa
irltilccnlada cística ou, mais raramente, unilocular,
ãm septações internas finas e independentes de
fígado, baço e rins. Algumas vezes podem—se ob-
'sia‘rvar. ecos internos oriundos de debris, hemor-
fingia ou infecção (Fig. 90.5).
, .
TIMER")
àreparo mecânico do cólon e antibióticos profi- completamente.
—
Figura 90.7 Espécime cirúrgico de cisto de omento excisado
cos de acordo com esquema do serviço.
istos unilocular e multilocular sem comprome-
' emo da vascularização do intestino corres—
pfõpdente: excisão completa do cisto sem ressecção'
DlCistos difusos de mesentério e mesocólon: ge—
lestinal. ralmente, excisão parcial dos cistos com aspira—
ção dos cistos residuais irressecáveis. destelharnento
Cistos tipo halteresdoe os com comprometimento e marsupialização interna para a cavidade perito-
,Íia'vaseularízação intestino correspondente:
'
e cisão completa do cisto com ressecção intes— neal. O revestimento interno pode ser esclerosado
ipal e anastomose intestinal primária (Fig. 90.6). com solução de glicose a 10%, eletrocautério ou
tintura de iodo. Aproximadamente 10% dos pa-
cientes necessitam dessa forma de tratamento ci-
rúrgico.
Fl Cistos»de
omento: excisão completa dos cistos
(Fig. 90.7).
I A taxa de recorrência varia de O a 13% nas diver-
sas séries publicadas. A maioria das recorrências
ocorre com cistos retroperitoneais e naqueles com
excisão' parcial. » ' -
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
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'
[:
496 I TratoGartmintestinal
“Apêndicite Aguda
O curso natural da apendicite aguda e' a progra.
são para perfuração. Com menos de 24h de ºVºlução
apresenta taxa de perfuração aproximada de 7%; en.
tre 24 e 48h a taxa é de 38% e, acima de 48h, a per.
furação atinge mais de 65% dos casos.
João Carlos Ketzer de Souza
saliento ' EPIIIEIIIDIOGIII
I Leve predominância no sexo masculino (3Mz2F).
I Pico máximo de frequência: ao redor dos 12 anos.
Processo inflamatório do apêndice cecal caracterizado
I É rara nos primeiros dois anos de vida,
incomum,
por obstrução do lúmen, aumento da produção de muco,
proliferação de germes, isquemia, necrose e perfuração antes dos cinco e raríssima em recém-nascido
da parede. (doença de Hirschsprung, enterocolite, necrosantc).
I Prevalência:
0,2% das crianças.
Taxa de AA complicada; 30 a 50%.
HSIflPlll'lIlllfilll IPerfuração em
apendiciti'e neonatal: 95%.
6 5 9. - z e v
Frequência de apendicite bloqueada: 2 a 7%,
A obstrução do lúmen apendicular é o fator desenca-
- ozs L
r
I Taxa de morbidade: 10%.
deante da apendicite aguda (AA). Em 2/3 dos casos I Taxa de mortalidade global: O,l a 1% (a taxa mais
é causada por hiperplasia dos linfonodos submucosos alta corresponde à AA avançada).
do apêndice, Outras causas, em ordem decrescente
de importância: copnólito (10%), corpo estranho, vermes
C outros.
A obstrução do lúmen apendicular retém muco no
lllfllllllllcllfl
lúmen distal à obstrução. O acúmulo progressivo de
ll Retrocecal (intra ou retroperitoneal):
55 a 60%.
I Descendente ou subcecal: 2%.
muco leva a distensão e ao aumento da pressão II Pélvica: 35 a 40%.
intraluminar. As bactérias presentes convertem o muco II Mesocecal pós-ileal ou posterior: 1%.
em pus, pois em uma cavidade fechada elas aumentam I Pré-ileal ou anterior: 1%.
sua virulência e multiplicação e rapidamente pene- ILátero-cecal: 2%.
tram na parede apendicularjá em sofrimento vascular. II Outros: quadrante inferior esquerdo, dentro de
Surge edema da parede do apêndice (obstrução lin- saco herniário, quadrante superior direito: 1%.
fática e venosa). A pressão intraluminar ultrapassa a
pressão capilar e surge hipóxia tecidual. As bactérias
começam a penetrar na parede edematosa, inflamada 0M8§|H0fl6§0
e hipóxica, atravessando—a (diapedese de organismos).
Aparece inflamação dos tecidos adjacentes. O omento
e as alças de delgado mais próximas dirigem—se para
I
I
ll
do apêndice.
AA
_
AA flegmonosa ou edematosa: hiperemia e edema
supurativaz' apêndice eªmesoapêndice suo
1
a área inflamada. Com a progressão do processo, aparece edematosos e corn exsudato fibrino-purulento.
necrose da parede apendicular, seguida por perfuração Fluido peritoneal pode ser claro ou turvo.
e peritonite generalizada (Fig. 91.1). Se houver blo«
ªs AA gangrenosa: existem supuração maior e áreas
de gangrena na parede. Podehaver microperfuraçõeS.
m AA perfurada: ha perfuração macroscópica dº
apêndice.
AA bloqueada: perfuração apendicular sofre blo-
queio das vísceras adjaçentes.
As AA flegmonosas e supurativas são denomín?
das não-complicadas ou iniciais (este termo parece mms
adequado) e as gangrenosas, perfuradas e bloquºª'
das são chamadas de complicadas ou avançadªs (Gªlº
termo parece mais adequado).
llllllllllll fllflllflfl
Figura 91_.1
-—Curso
evolutivo de uma apendicite aguda, desde
a obstrução do lumen até necrose e perfuração do apêndice.
O diagnóstico precoce é crítico, mas algumªs
Vª"?
pode ser muito difícil. Isso se deve às diversas farinª
ApendiciteAguda I
497
regentaç㺠dª doença, 51 falta de um exame in- n Queixas urinárias. Um apêndice inflamado situado
gajivo definitivo ª à incapacidade dª criança em junto a bexiga pode causar urgência urinária, po-
àpr efetivamente Sªªs Queixas. laciúria e hematúria microscópica.
.. “Dor abdominal (95 ª 100%)- É 0prmcrpal e pn» Exame físrco completo e cuidadoso é essencral para
,meirº sintoma a se manifestar. A dor visceral é o diagnóstico precoce e exato.
conduzida pelos nervos aferentes do sistema ner— As vezes, são necessários observação ativa contínua
voso autônomo e tende a ser vaga, difícil de ser e reexames clínicos em 4 a 6h.
:‘acscrita
e de localização central no abdome. A
É dor do peritônio parietal é conduzida pelos nervos n Observar atentamente o deambular da criança,
como sobe os degraus da mesa de exame, escoliose,
._aferentes somáticas (sistema nervoso central) e
ausculta do tórax, exame da orofaringe e dos
ostnma ser precisamente descrita, localizando- ouvidos e ferimentos existentes nos membros
se conforme o órgão de origem da dor. inferiores, principalmente o direito.
,A dor inicial da apendicite aguda é visceral e
'
.“
'
:bar;
& pélvico, dor suprapúbica; quadrante superior
.direito, dor no hipocôndrio direito),
dor em apendicite retrocecal pode permane-
. .
.
er periumbilical ou vaga e imprecisa, não mi— ' ‘'
à
*
nºrmais, constipação intestinal (5 a 25%) ou fe-
Zesddiarréicas
(5 a 15%). \fl
ª. - - iarréia surge .quando o apêndice inflamado ' 91 2 - Características da dor em a endicite a uda
I
Lmta distenªão
_ — «W
“ Omoºem
cólon (principalmente
apendlcrte 06,10“ .SIEWólde)'
pélVlCª. penmmte difusa e Egg—2e região periumbilicai por
namigrando
obstruída, do
apégtdice
para a fossa ilíaca direita quando co-
.“
,
Palnaçãu Protuntta
A palpação profunda deve iniciar em um ponto diago.
nalmente oposto ao local da dor espontânea e incª.
lizar o ponto de dor mais intensa (clássico ponto de
dor de McBurney).
Figura 91.3 —- Sinal do psoas. Dor à extensão passiva da coxa r: Sinal de Blumberg: dor à descompressão brusca
direita. O examinador deve estender a coxa direita do pa- da fossa ilíaca direita. Está presente em 35 a 65%
ciente enquanto aplica uma contra-resistência no quadril dos casos.
(marca). I Sinal de Rovsing: a pressão contínua sobre o cólon
descendente e transverso faz com que os gases
intestinais distendam o cólon direito e o ceco, cau-
sando dor referida na fossa ilíaca direita. É ob
I Palpação abdominal: os sinais clássicos encon- servado em < 5% dos casos.
trados procedem da parede anterior do abdome I Sina] do psoas (em apendi 'ite retrocecal): nesse
ou da palpação do apêndice inflamado. local, os nervos somáticos são ausentes ou escassos
L 'C 9 -
.
e a dor permanece vaga e dificil de localizar. Os
sinais são obscuros, podendo apresentar contratura
flLE
Paluação Supertieial da musculatura posterior ou lateral. A dor costuma *
lrt'fk
Pesquisa as modificações de tensão da parede abdo- manifestar-se junto a espinha ilíaca ântero—su-
minal, que é a resistência que a parede anterior ofe- perior. O psoas pode entrar em espasmo. produ-
rece à palpação superficial. zindo dor e flexão da coxa para manter o músculo
.
I Defesa
não—contraído (posição antálgica). Esses aconte-
muscular voluntária aparece quando o
paciente contrai espontaneamente a musculatu— cimentos são mais intensos quando o apêndice,
além de retrocecal, for extraperitoneal (posterior
ra abdominal, em resposta à palpação. Ao reali-
zar a flexão do joelho direito é impossível manter
ao peritônio sem nenhuma serosa peritoneal reco-
s:;
brindo-o).
a musculatura contraída. Esta manobra costuma
Técnica de exame: com o paciente em decúbito.
.-
P,?z7.ª':6
«"ser recomendada no exame do paciente com
lateral esquerdo, pede-se para ele realizar uma.
contração voluntária.
aº,”
I Defesa muscular involuntária ou reflexa apare-
hiperextensão da coxa direita, que será doloro-
ce quando existe espasmo ou hipertonia da ~ sa, ou o examinador estende a coxa direita
. paciente enquanto aplica uma contra-resistência
do
musculatura abdominal sem relação com a von-
tade do paciente em contrair sua musculatura.
no quadril direito (Fig. 91.3). :
I Sinal do obturador (apendicite pélvica): dº! ,
, abdominal vaga junto ao hipogástrio por inervaç㺠.3
somática escassa..
Pode localizar-se junto $11):-
xiga ou ao sigmóide, causando sintomas
urrnarros
(polaciúria, disúria) ou sintomas cólicosl(dlªf'
réia). Costumam provocar espasmo do
obturador e dor à flexão e rotação interna dª
musculº
articulação coxofemoral. Pesquisa-se pela rota-
ção interna da coxa direita flexionada com
paciente em decúbito dorsal (Fig. 91.4)- , d
º
a Palpação de plastrão apendicular: palpªíªº e
massa inflamatória dolorosa, fixa, com penaPºf'”
dicite plástica, localizada na fossa ilíaca
e constituída por alças intestinais
diª"?
conglomefª;
das, apêndice inflamado, epíplon, fibrtnª & P“ '
Exame retal: dor ao toque retal em apenas bém
das crianças com apendicite aguda, mas tam
Figura 91.4 Sinal do obturador. Com o paciente em de«
— em 50% das crianças sem ela.
cúbito dorsal e a coxa direita fletida, o examinador move a _
O seu valor diagnóstico tem sido questionªdº—o
perna direita lateralmente enquanto aplica resistência na face
lateral do joelho, resultando em rotação interna do fêmur.
É um achado inespecifico. Tem importâncra
se palpa massa inflamatória dolorosª ou ap
quª?“-
ApendicíteAguda I
'499
clássicas oferece poucadoloroso.
5 pélvico edemaciado e Em apendi-
.'
"ilibª fmácia, deve ser adotada a posrçao
ajuda.
Para melhorar
" “ur de
Sims
Sl.gihacessivel
i— it
."É—ímãs genupeitoral.
ral)utilizada)
ou mantém
ao toque
Aoposição
retal.
de
apêndice
.
litotomra
muito alto
Sinal
i '
de Lenander: diferença
axrlorretal
fura tem algum valor diagnóstico
de tempe—
acrma de 1°C.
, fiismrlnnrnnms
. 'w
ãgmograma: costuma ser influenciadopor mui-
constitui umpreciso.
tiis' fatores e nãodiagnóstico
sashes?" a umserjulgado
guia fidedigno para
Porém, é um
tide a mais a e aprecradono diagnóstico
Éiferencial. Costuma mostrarleucocrtose (Z 11.000
igucócitos/mmª), desvio à esquerda (2 10% de
bªstonados) eeosinopen .Aproximadamente 10%
das crianças com apendicite aguda apresentam
eéeucograma normal. Leucocrtose é observada em
80% dos casos.
»Éxame comum de urina: ajuda no dragnóstrco
_.
Figura 91.5 —Radiografía de abdome demonstrando coprólito
diferencialhemácias
“rarem-se
entre pielonefrite. Não é raro
encon-
ou leucócitos em apendrcr-
em fossa ilíaca direita.
ac‘o‘r muito provável de AA (Tabela 91.1). gradual conforme descrito por Puylaen e/ou técnica
e5.ªw não-compressiva descrita por Baldisserotto em
F
'Ãadiografia
55 POR IMAGEM
tórax:
de exclui pneumonia (de base
que se investiga o apêndice em relação às suas
possíveis localizações (retrocecal, através do flanco;
pelve, através da região suprapúbica e quadrante
"' , e
'pulmonar) e derrame pleural. inferior direito)? A técnica com compressão gradual
procura deslocar o conteúdo da fossa ilíaca di—
reitai (gás e fluido intestinal) e reduzir a distân-
. 91.1 — Escore diagnóstico de Alvarado
içado para crianças
cia entre o transdutor e () apêndice.
O apêndice normal pode ser visível pela técnica
de compressão gradual em 10 a 50% das crian-
'VElS ESCORE
ças. Ele costuma medir 6rnm ou menos no seu
maior diâmetro, é compressr'vel e não mostra fluxo
colorido no eco-Doppler.
— Achados ultra-sonográfrcos de AA: estrutura
tubular de fundo cego situada no quadrante
inferior direito, não—compressível, aperistaltica
_o
' quadrante inferior djreito 2
no plano longitudinal, > 6rnm de diâmetro. com
_ gª descompressão súbita ou dor Z
&grrussãoltosselsaltitar lúmen anecóico circundado por mucosa eco-
"Efe (> 37,5ªC) _ gênica e zona de ecos diminuídos adjacentes
ao ceco, ou identificação de fluido sugestivo
.tlg'otltose (> 10.500 leucócitos/mmª) l de perfuração apendicular e/ou plastrão (Figs.
.,SYIO para a esquerda (> 10%) 91.6 a 91.8). Coprólitos são vistos em até 30%
dentro do apêndice ou nos tecidos moles
500 :: Trato Gastrointestinal
6 4 8 - 5' L Z V
/.-s'L9 r
, Figura 91.7 — Ultra-sonografia. Corte longitudinal mostran-
do estrutura tubular com fundo cego aumentada de diâme-
tro. Observar sombra acústica produzida por coprólito em Figura 91.10 Eco-Doppler. Apêndice cecal inflamado com
—
seu interior. diâmetro aproximado de 1,72cm. Vascularização da parede
apendícular e coprólito com sombra acústica.
perientéricos adjacentes. Doppler colorido mostra furação, o diagnóstico fica mais difícil pºr”
maior fluxo periférico circunferencial na pa- que o lúmen colapsa. Com gangrena da Pªrªdª
rede do apêndice, refletindo hiperperfusão infla— apendicular, o eco-Doppler mostra pouca. 0U
matória (Figs. 91.9 a 91.11). nenhuma perfusão. Quando há perfuraçãº. hipe-
_"
Em apêndice perfurado, há aumento da ecogeni- remia será demonstrada nos tecidos moles per
cidade da gordura ao redor, ausência de mucosa apendiculares e/ou dentro de um abscesso bem
. ecogênica e presença de coleção fluida loculada. definido. .,
A gordura inflamada aparece como massa ecogê— - Em geral, a ultra-sonografra mostra Sensiblll‘
nica, separando o intestino inflamado do intes- dade de 85 a 90%, especificidade de i 95% e
tino e outros órgãos adjacentes. Após a per— acurácia de i 87%.
ApendíciteAguda I
_501
W.
— Quadro elínleo da ultm-sonografia sobre a TC: ausência de exposi-
I! Dor
ção a radiação, menor custo e natureza não-invasiva)
abdominal difusa em lactentes (50 a 70%).
e, atualmente, a videolaparoscopia diagnóstica e te-
Dor na FID em menos de 40% dos casos. rapêutica para aumentar a acurácia, evitando lapa—
I lrritabilidade (25%).
I Vômitos (60%).
rotomias desnecessárias e diminuindo a morbi-mor—
talidade. Ver rotina na Figura 91.12.
IDistensão abdominal (60 a 90%) em recém—nas- , .
cidos e 40% em lactentes,
IAnorexia. TBATAMENTI)
IFebre.
“1100010119 Itauna Não-cumnlieaua
. W
I Diarréia.
l
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502 I Trato Gastrointestinal -
DDR ABDOMINAL
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Apendlclte aguda o)
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Radiograflz de tórax +
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iamaçio, mxemli, dor abdominal difusa, -
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- Nida via oral
— Auªlgesln
Sends nasogamlca. se vômitos
-
.Antlbldtleor(6
o M
i
Figure 91.12 — Algoritmo de dor abdominal em
suspeita deapendicite aguda (AA). 6 = gentamicina;
*
, .1... IV = intravenoso; M:metronidazol; QlD = quadrante
A
r; ';ª inferior direito. ..
lª
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48h (a + M)
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i
i
Í
Apendícite Aguda ! 503
lEm relação ao coto apendicular, temos por roti— posição anômala, muitas vezes retrocecal, dificul-
I”, na‘a retirada da mucosa (por escarificação com tando ou impedindo seu acesso; ceco inflamado
bisturi ou eletrocoagulação) da porção distal à fixo, dificultando sua mobilização; dor gera-
ligadura simples. O coto apendicular pode ser da pelo pneumoperitônio (dor no ombro); maior
-
tratado das seguintes maneiras:
Ligadnra simples ou dupla.
.. Ligadura e sepultamento (inversão do coto).
índice de abscesso intra-abdominal; custos mais
elevados que a técnica clássica.
_ Ligadura sobre área de esmagamento e sepul-
tamento. A área esmagada por tripsia vigoro— euluailas Pés—wewamrins
sa é amarrada com ligadura simples (evita
. nasogãstrica: raramente necessária.
ISonda
sangramento de artéria intramural). Em apro- Sedação da dor e controle da hipertermia.
ximadamente 24h, o fio se solta e a cavidade II Uso de antieméticos: metoclopramida ou cloridrato
fechada séptica (entre a ligadura simples e a de ondansetrona (Zofranº).
bolsa invaginante) abre—se para dentro do ceco. II Antibioticoterapia (iniciar antes da laparotomia)
Essa técnica evita a formação de uma cavidade com gentamicina e metronidazol por 24h, em apen-
séptica fechada e a hemorragia proveniente de dicite flegmonosa e por 48h, em apendicite su-
um ramo arterial apendicular mural (15% dos
casos apresentam esse tipo de vascularização)
proximal à artéria apendicular.
lA pele é aproximada
com sutura intradérmica,
. purativa.
Hidratação parenteral.
lDeambulação precoce.
pós-lavagem exaustiva das aponeuroses, músculos nnenuíeim nanda eamulieaua [Avançada]
e subcutâneo com soro fisiológico e gazes úmi- (Fig. 9 l . 13)
das e secas (cinco gazes para os planos profun-
dos e cinco gazes para o subcutâneo). a Ressuscitação hidroeletrolítica.
lA apendicectomia laparoscópica está ganhando !Controle da dor e hipertermia.
popularidade como método alternativo à apen- l: Antibióticos com gentamicina e metronidazol no
dicectomia convencional. Estudos de metanáli- mínimo por cinco dias, via parenteral, ou até
se ainda não definiram qual dos métodos e melhor melhora do processo infeccioso. Atualmente, há
em apendicite aguda, se o aberto clássico ou a uma tendência para a não adoção de tempo pré-
laparoscopia. Tem sido indicada preferencialmente determinado rígido no uso de antibióticos pós-
a crianças obesas com AA inicial e a casos de operatórios. Os critérios para a sua descontinuação
diagnóstico duvidoso. Técnicas: seriam: ausência de febre por 24h, resolução do
~ Apendicectomia extra-abdominal: também de- íleo pós-operatório e leucograma normal (con-
nominada apendicectomia assistida por vídeo. tagçm e diferencial). A ampicilina tem sido acres-
Uso de apenas um trocarte (monotrocarte). O centada para crianças imunodeprimidos.
apêndice e o seu meso são trazidos para fora ICirurgia pós-ressuscitação clínica,
-
onde são ligados e removidos.
Apendicectomia intra—abdominal: os principais — Irrigação e aspiração exaustiva da cavidade ab-
dominal com soro fisiológico até retornar líquido
procedimentos são realizados dentro da cavi- claro. Não temos utilizado dreno _peritoneal.
dade abdominal (liberação, hemostasia, liga- Poderia ser empregado somente em abscesso
dura do com apendicular). São necessárias três retrocecal que não pudesse ser debridado ade—
portas. quadamente.
— Apendicectomia mista: a hemostasia do meso
é realizada de forma intra-abdominal, ao pas—
so que a ligadura do com e a remoção do apêndice
são feitas fora da cavidade abdominal. São ne—
cessárias três portas.
— Vantagens da apendicectomia laparoscópica
sobre a técnica aberta: menor trauma cirúrgico;
melhor visualização de toda a cavidade abdo-
minal; incisão operatória mais estética; me-
nor taxa de infecção da ferida operatória (nos
casos não-complicados), redução das aderên—
cias pós—operatórias; menor dor pós-operató-
ria; menor período de hospitalização.
- Dificuldades e desvantagens da apendicectomia
laparoscópica: o apêndice cecal é uma viscera Figura 91.13 -Achado cirúrgico de apendicite avançada do
de localização profunda, frequentemente de tipo gangrenosa.
- :'_ 'w3..
504 I Trato Gastrointestinal
.
identificação de um apêndice localizado atípica— dolorida, fixa. Restante da cavidade abdominal
mente. Porém, apresenta uma taxa mais alta apresenta-se livre, sem sinais de irritação peritoneal.
de complicações infecciosas (abscesso intrape- Febre (80%). '.
ritoneal, sepse). Não a temos recomendado a IAproximadamente 15% dos casos bloqueados
casos de AA abscedada (presença de massa necessitam de laparotomia exploradora por insu-
apendicular). cesso terapêutico.
L'S‘Q
INão adotamos a posição de Fowler no pós—ope- ILeucocitose importante (geralmente > 20.000
ratório, pois diminui a absorção de bactérias ao leucócitos/mmª) em 75%.
IPZL‘SR
I Ultra-sonografia: massa.
IDiagnóstico de massa inflamatória apendicular
incorreta é de 5% (diagnóstico diferencial entre
AA diverticulite de Meckel, cisto de ovário torcido e
- bloqueada
outros).
. '
-
Temperªtura axilar
Leucegrama .;
UItrHenegrafil. se nernsárlo
v abscesso intraperitoneal, obstrução intestinal, hérnia
incisional e septicemia. A cirilrgia é tecnicamente
difícil, com alto índice de infecção e a videolapa-
roscopia é desaconselhada. Há risco de dissemi-
Bol eveluçlo Puuçlovpercutlnel
Ali- mundo: guiada por eco nação da infecção durante a manipulação e os friáveis
.Mam 1 volume em ammo e edemaciados íleo e ceco podem ser lesados. Com-
- - Leucograml prdxlmo
Mebrll > 60mL
- a normal
plicações da apendicectomia intervalada: 3%.
li Hidratação parenteral.
Manter lntlblótkos vo
- por 5 din
IAntibioticoterapia (aproximadamente 5 dias).
l Analgesia, antipiréticos.
Consulta lmbulatorlal ‘A— I Sonda nasogástrica, quando necessário.
dn |5/15 dill
I Repouso no leito.
': Mm: T volum
Deraparedmento abrupio da mam
: Slnalr IAvaliação geral do paciente.
iipendiceeienrie -
— Piora
de peritonite generalizada
dlnlu (1 da sensllillldade IAvaliação diária de tamanho e sensibilidade dª
inmwaiao. abdominal. febre persistente, vomiror,
s laminar lpóx
piora da lEIKOgrlml)
massa, dore sinais de iiritàção peritoneal no restante
dose oniu de Dúvida dla n
-- Padrao rad eloglco ohslrullvo
antibióticos (o + M) da cavidade abdominal, sinais vitais e leucogmmt1
de 2 em 2 dias, inicialmente.
Alimentação liberada dependendo da recupera-
Figura 91.14—Algoritmo de apendicite aguda (AA) bloqueada ção-das funções do trato gastrointestinal.
(conduta do Serviço). G:gentamicina; Gl:gastrointestinal; I Indicações cirúrgicas, retratando falha de resposta
M = metronidazol; NPO:nada via oral; VO = via oral. ao tratamento conservador:
Apendicíte Aguda I
505
-—
' irritação peritoneal. normal (S 10.500 leucócitos/mL).
Sinais de peritonite generalizada. IApós a alta hospitalar, completar esquema anti—
Sinais de obstrução intestinal. biótico por via oral por, no minimo, cinco dias.
—- minal, hipertermia persistente, vômitos, pio-
Piora clínica (aumento da sensibilidade abdo— Os antibióticos utilizados costumam ser cefalexina
e metronidazol ou amoxicilina/ácido clavulâliico
ra do leucograma). e metromidazol.
- Dúvida diagnóstica.
— preenchida
Quando a ultra—sonografia mostra cavidade
por fluido espesso (pus) em quan-
controle Ambulatorial
tidade superior a 60mL. Esses casos podem- IMonitoração diária da temperatura.
se beneficiar da punçãwpercutânea guiada por IExames físicos regulares (a cada 15 dias).
ultra—sonograãa com retirada do pus da cavi-
dade, mantendo-se conduta conservadora ha— nnennineeumia lmervalalla
vendo melhora clinica. ITempo: oito
semanas. Indicamos ultra-sonografia
antes da laparotomia ou laparoscopia. Se ainda
; acritérios ile Illa Aguardando
llnenlliceclomia lmorvalalla
for observado o apêndice bloqueado, aguardamos
mais quatro semanas, até que o processo de blo-
queio se desfaça.
IMassa diminuindo de tamanho. I Usar esquema com gentamicina (: metronidazol,
IAfebril por 48h. dose única.
ILeucograma próximo do normal.
—
Indicação: cirurgia considerada potencialmente
contaminada ou contaminada, se a completa
critério Ilo Ilsa Ile Antibióticos erradicação das bactérias dos tecidos periapen-
diculares ainda não foi conseguida.
ICurso mínimo de cinco dias de antibióticos por I A taxa de recorrência da apendicite aguda no prazo
via parenteral. da espera de oito semanas é de 3 a 5%.
—-- Ilea
Febre
persistente
teumtlme
s- dia pós-operatório
Examinar culdadoinmenle
a ierlda operatória
i
Fer“: sem Sinal:
Infhmatórios
infeqlo (7)
( *_— rerlda intimada
' Intlhlatlmterlapla.
' ldt 1
,
caleçso Coleção
rm" "mb cºs () Coprólíto sem (opióllto menor male!
Drenagem cirúrgica
(DC)
.
Cum 'janela’ Sem 'lanela' pl punçãº
p/punçaa =
Drenagem
rrorar aniibloiicox (7)
Repdtlrultnrxouognfla
perrunnea (DF) em 4 zit
"'
» « '1
_r—
506 II Trato Gastrointestinal
Ç' L Z H O S
SAWlN. R. S. Appendix and Meckel diverticulum. ln: OLDHAM, K.
1. SAMUEL, M. Pediatric appendicitis score. J. Pediatr: Surg., v. T.; COLOMBANI, P. M.; FOGLIA. R. P. (Eds.), Surgery aflnjrml;
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37, p. 877-881. 2002. '
.l
ri
i.
—,uy-a«,
Tun—..-
Torção do Grande Omento I
507
'Tofção do Grande
Omento
João Carlos Ketzer de Souza
r'GUIIGElTll Figura 92.2 — Infarto primário de omento junto ao cólon.
Flgura 92. ‘l—Espécime cirúrgico mostrando torção de gran- Figura 92.3 —Torção primária de um segmento do grande
de omento.
omento.
508 I Trato Gastrointestinal
|
IMassa abdominal raramente é palpada. tação, analgesia e antiinflamatórios não esteróides.
L-Ç9
ITorção de grande omento incompleta ou tempo- Essa é uma conduta ainda controversa e não aceita
sz-Çró
rária pode ser causa de dor recorrente. por todos.
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
IIIIIESTIGIGÃII IIIIIIiIIÚSTIGII CERVELLIONE. R. M.; CAMOGLIO, F. S.; BlANCHl, S. et al.
I História e exame físico. Secondary omental torsion in children: report of lwo cases and
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l pressível, fixa no cólon direito, localizada no local PHILLIPS, B. I.; MAZAHERI, M. K.; MATTHEWS, M. R. et al.
. .... de maior sensibilidade, geralmente no hemiabdome , Imitation appendicitis; primary omental torsion. Pediatr Emerg.
direito e apêndice cecal normal ou não identifi- Care. v. IS, n. 4, p. 271‘273, 1999. ' -
. ~ _ *m
cado. Solicitar, havendo suspeita diagnóstica ou PUYLAERT, .1. B. Right-sided segmental infarction of the omentum:
em casos de abdome agudo inflamatório de evo- clinical, US, and Cl‘ findings. Radiology, v. ISS, p. 169-172. 1992.
lução atípica. _ SCHLESINGER. A. E.; DORFMAN, S. R.; BRAVERMAN, R. M-
ª
I O diagnóstico também pode ser obtido por to- Sonographic appearance of omental infarction in children. Prdl'nln
mografia computadorizada (TC). Os achados Radial.. v. 29, p. 598-601. 1999.
Peritoníte Primária I:
509
Peritonite Primária
e níveis baixos de imunoglobulinas.
0 fígado é rico em tecido reticuloendotelial e
normalmente remove bactérias da circulação portal.
Em cirrose, o clearance de bactérias está diminuído.
João Carlos Ketzer de Souza
IIIIAIIBÍI GIIIIIÍIII E EIIIIMES IIIIIGIIÚSTIGIIS
IIUIIBEITB INenhum sinal, sintoma, exame laboratorial ou
por imagem é especitico.
Processo infeccioso bacteriano difuso da cavidade IDor difusa, sem localização, intensa, de início
abdominal sem causa intra-abdominal evidente. abrupto.
I Náuseas, vômitos, diarréia.
ISinais de irritação peritoneal generalizada.
EPIDEMIlllIIEIl IFebre precoce e alta.
I Aproximadamente 1 a 2% de todas as urgências ll Leucocitose > 20.000.
abdominais pediátricas e 10% dos casos de
peritonite difusa.
la Predisposição para o sexo feminino na primeira
TIIIITIIIIIEIITI!
I Suspeitando-se do diagnóstico antes da cirurgia
infância (2F:1M) e para crianças maiores (3 a (raro). aspiração do líquido abdominal pode de-
4F:1M).
monstrar aspecto e germe presente por análise
Gram e cultura.
FISIOPITIIIIIGIII I Laparotornja exploradora. Diagnóstico mais pro-
vável: apendicite aguda.
Vias de contaminação: linfática, hematogênica, trans- I Características do liquido presente: diluído, turvo,
diafragmãtica (pneumonia de base), geniturinãria podendo ser espesso e até purulento.
ascendente (pelo trato urinário, pelo trato genital fe- I Lavagem da cavidade. pesquisa cuidadosa de
minino), translocação transmural intestinal (atraves provável causa (apêndice, doença de Meckel,
da parede do trato gastrointestinal). Com exceção do trompas, úlcera, etc.). Coletar secreção para Gram
ínfundibulo das trompas, a cavidade abdominal e um e cultura. Apendicectomia. Manter antibióticos
espaço fechado. até a cura do processo (ampicilina, gentamici-
'
Fatores predisponentes: síndrome nefrótica, cirro-
se com ascite, fibrose cística, lúpus eritematoso difuso,
pós—esplenectomia. . '
.
na, metronidazol).
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
Organismos mais frequentes em síndrome nefróti— KIMBER, C. P.; HUTSON, .I. M._ Primary peritonitis in children. Aus/.
N. Z Surg., v. 66,1). 169-170, 1996.
ca: S. pneumoniae, estreptococos do grupo A, Gram-
negativos; em cirrose, Gram—negativos (Escherichia OFORl-KUMA. F. K,: HESSE,A.; TANDOH. J. F. Primary peritonitis
W—
_ szr - —
«»; "
510 l
Trato Gastrointestinal
,
I A localização mais frequente nos meninos e'
posterior e, nas meninas, anterior. É rara a loca— — Toque retal não deve ser realizado na fase aguda
da doença, exceto sob anestesia geral.
lização lateral.
j-íaª—
pelas fezes endurecidas. Formada a fissura, aparece
dor durante o ato defecatório e a criança começa a
\
G L B- s Z v ' Q L S‘
I
«WV. _
.:, «,_._—
(v
3;, ,
Figurª 94.2 — Inspeção de uma fissura anal com afastamentº
dos músculos glúteos.
. —, F L
;.
-—r
Fissura Anal » 511
Papila
hipertrófica
/
6 L 8 7 9' Z V
Med. Sci. Mann,, v. 11, p. HYl-HYUS, 2005.
- ' QLS
I Cirurgia.
!
MlSl-lRA, R.; THOMAS, S.; MAAN. M.: HADKE, N. S. Topical
Esfincterotomia interna lateral com fechamento
primário da incisão, podendo acrescentar-se nitroglycerin versus lateral internal sphincterotomy for chronic
anal fissure: prospective randomized trial. ANZ J. Surg., v. 75,
à técnica a ressecção da papila hipertrófica e p. 1032-1035, 2005.
a cauterização da base da fissura. A secção do SÓNNM,K.; DEMIROGULLARI, B.; ElGNGEN, G. et al. Randomized,
EAI deve se estender até a linha pectínea. Secção placebo-controlled treatment of anal fissure by lidocaine, EMLA,
maior apresenta maior taxa de incontinência and GTN in children. J. Pediatr Surg., v. 37. p. 13134316. 2002.
anal e, secção menor, maior taxa de recorrên- TRANQUI, P.; TRO’ITIER, D. C.; VICTOR, J. C.; FREEMAN, l. B,
cia. Está relacionada a algum grau de incon- Nonsurgical treau-nent of chronic anal fissure: nitroglycerin and
tinência anal transitória (principalmente flatos) dilatation versus nifedipine and botulinum toxin. J. Can. Chin.
em até 30% dos pacientes adultos e inconti- v. 49, p. 41—45, 2006.
Abscesso e Fístula Perianais 513
conceito
IOcorre, geralmente, em
Trajeto fistuloso perianal com orifício externo de
crianças abaixo dos dois localização lateral e orifício interno situado geralmente
anos de vida (60% < 1 ano e 75% < 2 anos). na cripta anal correspondente. Costuma ser superfi—
IAproximadamente 30 a 35% dos casos desen-
cial eªdireto. Origem congênita ou infecciosa. Teo—
volvem fístula perianal (Fig. 95.1). rias sugerem que a fístula pode resultar do aprisiona-
I Há franca predisposição para o sexo masculino.
mento de células migratórias do seio urogenital ou
do intestino posterior primitivo durante o desenvol-
vimenfo do períneo. * '
l
:.
m
,; l Dor, calor, rubor e tumor perianais são caracte—
rísticos do abscesso perianal (Fig. 95.2). Muitas
vezes existem dor à evacuação, febre e diarréia.
lGennes mais frequentes: Escherichia coli. Staphy-
lococcus aureus (30%) e germes anaeróbios.
Iralamenm
l Incisão e drenagem do abscesso. Manter higie-
ne anal com banhos de assento mornos três ve-
zes/dia, por mm e sempre que necessário. Durante
“n
a drenagem cirúrgica, deve-se procurar uma fístula
associada, com estilete colocado delicadamente
e semforçar o trajeto. Se encontrada, esse tra-
jeto deve ser aberto .(fistulotomia).
'. Havendo recidiva do abscesso (20 a 30% dos casos),
deve-se proceder à redrenagem cirúrgica com —-
Figura 95.2 Abscesso perianal.
“__
514 I Trato Gastrointestinal
Enltlemlolotlla
BIBLIOGRAFIA
RECOMENDADA
MURTHI, G. V. S.: OKOYE, B. 0.; SPICER, R. D. et al. Periaml
abscess in childhood. Pediatr Surg. Im.
6 L R - S' Z Vl 9 E
IÉ mais POENARU, D.;YAZBECK, S.Anal Estula in infants: etiology. featum,
comum no primeiro ano de vida (aproxi- management. J. Pediatr. Surg.. v. 28. p. 1194-1195. 1993.
madamente 70%). SEROUR, F.; GORENSTEIN, A. Characteristics of perianal abscess
I Quase sempre no sexo masculino (influência and fistula-in-ano in healthy children. World J. Surg.. v. 30,
hormonal).
IEm 10 a 20% as fístulas podem ser bilaterais ou WATANABE. Y.; TODANI, T.; YAMAMOTO. S. Conservative
múltiplas, porém com trajetos diretos e superfi- management of fistula in ano on infants. Pediatr. Surg. Int.. V. I3,
orais.
. ,— =
Hemorróidas Externas :: 515
IBATIIMEII'I'I]
I Variedade varicosa: tratar a constipação, se houver.
I Variedade trombótica: tratamento conservador
baseado em:
—— Repouso.
Banhos de assento mornos.
I Variedade
crianças.
varicosa: forma mais freqiiente em — Uso de pomadas heparinóides (é um hemato—
ma perianal).
I Variedade trombótica: com trombo hemorroidário.
-— Se não houver melhora clínica ou persistir dor
intensa, indicar tratamento cirúrgico: incisão
!IIIIIIIÍI GlÍIIIGI] sobre o trombo com remoção do coágulo ou
I Variedade varicosa: tumefações azuladas no nf- excisão do trombo e vaso hemorroidario cor—
vel da margem anal e que aparecem mais nitida— respondente por incisão triangular ou elíptica
mente ao esforço, em geral causadas por cons— de base externa, com a retirada de ambos.
tipação intestinal crônica. São dilatações venosas
do plexo hemorroidário inferior. BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
lVariedade trombótica: apresenta-se sob a forma DUHAMEL, ]. Les hémorroides. In: Proctolºgia Aux Diverse: Ãger.
de tumor anal. único, azulado, superfície lisa e 6. ed. Paris: Flammarion, 1972. p. 147.
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I História. North Am.. v. 74, p. 1277-1291, 1994.
" ?º
.
516 u Trato Gastrointestinal
6. 1 3 5 - a r e
— Escassa gordura pélvica e fascial ao redor do
brilhante com aspecto muito semelhante (Fig. 97.1).
—
reto, diminuindo sua sustentação.
-9LF
|
Grande mobilidade do cólon sigmóidc.
EPIDEMIBlflGII Defeitos neuromusculares, tais como extrofta de
bexiga, mielomeningocele e outros. Em extrofm
il Pico de prevalência: três primeiros anos de Vida. de bexiga, cuja frequência de prolapso é de 15
|!
Sem predileção sexual ou leve predominância no
sexo masculino.
II Quase a mesma frequência de prolapsos com-
pletos e incompletos.
JISIIII'IITIILIIGIA
A patogênese do prolapso continua controversa.
Figura 97.1 - Prolapso retal associado a hemorróidas exter- Figura 91.2 - Prolapso retal completo em criança com mrelcr
nas. Mucosa exteriorizada edematosa, lisa e brilhante. meningocele.
Pra/apso Retal I
517
TRATAMENTO
Há forte tendência à cura espontânea. Menos de 10%
Figura 97.3 Prolapso retal. (A) Ausência da concavídade
— dos casos vão necessitar de tratamento mais invasivo.
sacroeoccígea em criança pequena, obrigando o reto a adquirir
'
muscular. ,
I História
Em prolapso irredutível deve ser realizada a sedação
adequada. Geralmente é a mãe que re- da criança, elevação dasvnádegas e pressão ma-
lata tumoração avermelhada não dolorosa, que nual gentil e uniforme sobre o prolapso por i 10
a 15min.
I Treinamento e posicionamento adequado no vaso
sanitário com apoio para os pés e para o assoalho
.A'W
//./ \\\
N—
w
Figura 97.5 —- Método adequado de manter o prolapso re-
duzido. As fitas transversais do esparadrapo são as únicas
que devem ser substituídas após a evacuação.
T"
518 I Trato Gastrointestinal
:m
,r M
«»
y. «
lnvasluu ou cirúrgica
Menos de 10% dos casos necessitarão de tratamento Figura 91.8-Técnica de cerclagem anal descrita por Thiersch.
mais invasivo. Medidas cirúrgicas devem ser reser- Fio grosso é colocado em torno do canal anal e apertado
vadas àqueles casos com defeitos da musculatura pélvica sobre uma vela de Hegar número 11 ou 12. '
Ó L B' S Ç Z V I Q
das conservadoras.
cuações incompletas e, se ocorrer prolapso re-
I Injeção esclerosante da submucosa em três ou
corrente, o reto pode ficar estrangulado.
quatro quadrantes. É efetiva em 90% dos casos ll Cauterização linear da mucosa retal em quatro
indicados. Em menos de 10%, o prolapso se refaz quadrantes. Técnica de Van Buren. A cauterização
epode ser tentada nova injeção esclerosante quatro linear da mucosa e da submucosa é feita com
semanas depois. Tem indicação precisa para
prolapsos mucosos e todos os casos sem relaXa— :3 bisturi elétrico, após tração com pinças de Babcock
(Fig. 97.9). Evitar a linha média anterior.
mento do mecanismo esflncteriano. I Casos com fraqueza primária do músculo eleva-
— Objetivo: criação de aderências fibrosas da dor, como mielomeningocele e extrofra de bexi-
~— mucosa a parede muscular. , ga, e quando as técnicas anteriores não forem
- Substâncias csclerosantes mais utilizadas: leite
esterilizado, fenol a 5% em glicerina ou óleo de
efetivas, as seguintes técnicas podem ser usadas:
amêndoas, solução de quinino—uréia a 5%, glicose
hipertônica a 25%, cloreto de sódio a 30%.
— Retopexia transooccígea com plicatura da mus-
culatura do músculo elevador (cirurgia de Ash-
craft). Faz-se o reparo dos elevadores com
—- Técnica: o dedo indicador deve ser colocado
no lúmen do canal anal e inserida uma agulha
suspensão posterior do reto'.
tall
._
.
Prolapso Retal E
519
'
- rior
Correção do prolapso pela via sagital poste—
de Pena.
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'
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,A“
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Fígado, Vias Biliares,
Baço e Pâncreas
...................................
Perfuração Espontânea de Via Biliar Extra—hepática 535
Doenças da Veslcula Biliar 538
Abscesso Hepátíco Piogênico ..........
Esplenectomia
Esplenoptose
...............................................
Ascaridíase Hepatobiliar. e Pancreática ...........
................................................
.
546
548
Pancreatíte Aguda, Pseudocisto Pancreático.................... 549
Hipertensão Portal eVarízes Esofágicas ................ ,. ...... É53
Atresia de Vias Bilíarer I
523
naruto %
&
'
ailtresia de Vias
defeituosa originada por mutações nos genes que regulam
a formação e diferenciação ductal biliar normal. Se-
cundariamente, uma resposta inflamatória do sistema
ductal poderia ser induzida.
DDEIIGIIS RSSIIGIRIIIIS
Aproximadamente 10 a 20% das atresias de vias biliares
(forma sindrômica) apresentam um ou mais compo-
nentes da síndrome da poliesplenia, que podem in—
” fulcrum cluir: poliesplenia (90%), má rotação intestinal (30%),
veia porta pré—duodenal (50%), ausência da veia cava
'
' u-esia de vias biliares (AVB) é doença colestatica neo- inferior (45%), fígado bilobado simétrico, pulmão direito
;. causada pela obstrução completa ou ausência dos
pata] bilobado, artéria hepática aberrante, sirus ínverrus ab-
>
. ductos biliares intra e extra-hepáticos, em extensão e dominal (50%) e defeitos cardíacos (35%, principal-
raus variáveis, decorrentes de doença inflamatória mente dextrocardia, retomo venoso pulmonar anômala
- volutiva com características obliterativa e esclerosante e defeitos do septo atrial).
.* a etiologia desconhecida.
,º Duas formas diferentes de atresia de via biliar têm IIIIIGIIÓSTIGI] BIFEIIEIIGIIII Ill! GOIESTIISE
,_ ido descritas: sindrômica (também conhecida como
'eºinbrionária e frequência entre 10 e 20%) e a não- NEDIIIITAl
“ indrômica (perinatal).
Diagnóstico diferencial de eolestase neonatal (bilir-
rubina direta correspondendo a > Img/dL quando a
IIIEIIIlllÍIEIR bilirrubina total 6 < Smg/dL ou > 20% da taxa de bilir-
rubina total, quando essa taxa é > Smg/dL.
*I
Prevalência: 1:10.000 a 15.000 nascidos vivos.
Icterfcia colestãtica afeta, aproximadamente, II Infecciosas: citomegalovírus, rubéola, herpes, toxo-
1:2500 lactentes. plasmose, sífilis, hepatite B, outras doenças virais,
lPredisposição sexual: 1,4 le M. septicemia.
.|
Sem diferenças raciais ou fatores genéticos re- II Genético-metabólicas (principais): deficiência de
[acionados. al-antitripsina, sindrome de Dubin-Johnson, sín—
a indicação mais comum de transplante hepático drome de Rotor, fibrose cística, galactosemia,
em crianças (50% dos transplantes em crianças), intolerância hereditária à frutose, tirosinemia, hi-
potireoidismo.
llIlGIR lDoenças hematológicas.
lTóxicas: drogas e nutrição parenteral total.
Étiologia é ainda desconhecida. A teoria mais aceita IHepátite neonatal idiopática. Quando não são
, ciona a presença de processo inflamatório oblite- encontradas causas específicas,
, vo de início pré-natal ou perinatal (provavelmen-
&Viral) !Obstrução do ducto biliar: doença de Caroli, atresia
*e com destruição do epitélio dos ductos biliares biliar, cisto de colédoco, síndrome da bile espessa,
.
extra-hepáticos e intra—hepáticos. Talvez a hepatite perfuração espontânea dos ductos biliares extra-
eonatal seja um estágio precoce da atresia. hepáticos, hipoplasia biliar sindrômica (síndrome
' ºutras teorias discutidas na literatura são: falha
de Alagille) e não-sindrômica. A síndrome de
el_nliriológica de recanalização dos ductos biliares ex- Alagille é uma doença autossômica dominante
(«'ª-hepáticos; refluxo de secreções pancreáticas na caracterizada pelo número reduzido de ductos bi-
árvore biliar em razão de malformação da junção pan- liares interlobulares. A prevalênciãª'é de 1:100.000
.
tobiliar; catástrofe vascular; malformação da placa
_.ºtªl; excreção de um components: tóxico na bile e
nascimentos.
Dois tipos de hipoplasia biliar são reconhecidos.
melabolismo anormal dos ácidos biliares. —- arterioepática) apresentando anormalidades
Sindrômico (síndrome de Alagille ou displasia
Atualmente, alguns autores têm estudado a influência
reglllªção anormal naapoptose dos ductos biliares. extra-hepáticas características (testa larga e pro—
, e haver hiperexpressão de algumas moléculas
'
“'ISTfllflElfl
i . .. . . _
Exames solicitados na investigação de
colestática:
icteríc'lª .
'
, e ductos biliares por estase de bile intracanalicular. ll Grupo sanguíneo e fator Rh.
IProliferação ductular na área periportal. Geral— II Coombs direto.
.
mente um ou dois dúctulos costumam ser vistos ll Contagem de reticulócitos.
normalmente em cada espaço porta. A deficiên- I Contagem de esferócitos.
cia de ot -antitripsina, NPT, fibrose cística e sín- IBilirrubinas.
drome de Alagille na sua fase inicial também IAlanina aminotransferase (ALT).
costumam mostrar proliferação ductular e estase II Aspartato aminotransferase (AST).
. ra
, A>.
biliar. IFosfatase alcalina.
IFibrose portal e periportal. I Gama-glutamiltransferase (GGT). ap
, w —n A
_. aº.
INecrose focal de células hepáticas. IProteínas
totais e albumina.
ITransformação de células gigantes. A atresia biliar IExame qualitativo de urina (EQU).
também pode apresentar essa característica, típica IUréia e creatinina.
da hepatite neonatal. ITriglicerídeos e
colesterol.
I Culturas (sangue, urina, líquido cefalorraquidiano
As principais características da hepatite neonatal são:
e outras).
IDesarranjo lobular com necrose celular. IAnálise sorológica TORCI—IS.
IPresença de células gigantes multinucleadas.
— Toxoplasmose: imunofluorescência indireta e
”. e w “
IInfiltração de células mononucleares no parên- ELISA IgM.
quima hepático. -— Outros vírus: [I-IIV: ELISA IgM, Western Blat,
. A.;», »,
A grande dificuldade na análise da microscopia é a reação em cadeia da polimerase (PCR)].
possibilidade de ocorrer sobreposição dos achados —- Rubéola: imunofluorescência indireta e ELISA
IgM.
—
histológicos. Os aspectos histológicos do parênquima
Citomegalovírus: imunofluorescência indire-
íuBnÇzIs-9LS
hepático podem ser muito semelhantes em atresia de
——
vias biliares e em hepatite neonatal. Fibrose portal e ta e ELISA IgM.
Herpes simples: ELISA IgM.
nºlxz
proliferação ductular costumam ser muito sugestivas
de atresia. Sífilis: [VDRL (Venereal Disease Research
Laboratories), FTA-ABS (fluorescent trepa-
nema antibody absorption”.
Ílllnllllll criam IEletrqforese de proteínas.
IFezes hipocólicas ou acólicas. Geralmente eli- ".INível de otl—antitripsina.
minam mecônio normal ao nascimento. Hiper- * I Função tireoidiana: hormônio tireoestimulante
bilirrubinemia direta pode preceder o aparecimento (TSI-I), triiodo tironina (T3), tiroxina (T4).
de fezes acólicas em uma a duas semanas. IMarcadores sorológicos para os vírus das hepa-
ILogo após o nascimento, 70% eliminam fezes tites A, B e C: anti—HVA IgM, HBsAg, anti-HBc
amareladas por um período curto de tempo. IgM, anti—HCV.— ~;
IUrina escura (cohiria). ITeste do suor (dosagens de sódio e cloro).
IEm 30% dos casos, icterícia
esta presente desde I Screening para aminoacidúrias, aminoácidos sé-
o nascimento. Nos outros 70%, surge entre a 2ª ricos e avaliação de sustancias redutoras na urina.
e a 6ª semana de vida. A GGT é concentrada no epitélio ductular biliar.
IBebês são ativos e crescem normalmente durante
alguns meses após o nascimento.
IHepatomegalia costuma ser discreta no início.
Nível elevado de GGT é um marcador sensível
obstrução biliar ou inflamação. O achado de um nl-
de
Após, surge hepatomegalia mais pronunciada e vel normal de GGT torna a atresia de via biliar bas—
a consistência passa a ser dura. tante improvável. .,
.
IOutros
achadbjs: anerriia, má nutrição, deficiên-
cia das vitaminas lipossolúveis, esplenomega— EXAMES Pflll "ME!”
lia, ascite e cirrose.
ISolicitar exame oftalmológico. Coriorretinite é
ICintilografia com radiofármacos
hepatocelulares
(substâncias marcadas com tecnécio-99)-
comum em
infecções por citomegalovírus, to—
xoplasmose e rubéola.
São utilizados radionucléicos compostos de
IPA
(IDA = ácido iminodiacético e DISIDA = ác'dº
diisopropil iminodiacético). Na icterícia por doençª
INVESTIGIGÃB lllBllIlllTlIBlfll.
Considera-se icterícia colestática quando a fração con—
hepatocelular, a captação é retardada e a exam?”
no intestino pode ou não ser demonstradª. Na
jugada corresponde a_mais de 20% do total de bilirrubina. _ atresia biliar, a captação pelos hepatócitos cos-
Atresía'de Vias Bilíares n 525
[uma ser rápida, mas a excreção no intestino é i: Ultra-sonografra abdominal.
ªusente. O uso de fenobarbital Smg/kg por cinco O critério atualmente considerado patognomônico
diasem duas doses diárias, previamente à realização é o sinal do cordão triangular (consiste na vi—
dnªtintilografia, melhora a exatidão do estudo, sualização de uma área de densidade ecogênica
reduzindo o nú mero de falsopositivos, pois aumen— formada pela presença de massa de tecido fibrótico
ta a excreção da bilirrubina conjugada. A presença
de radioisótopo no intestino afasta o diagnósti- de forma triangular ou cônica, cranial à bifurca-
ção da veia porta). Porém, sua ausência não descarta
co de atresia biliar. O inverso não é verdadeiro.
Alguns serviços não utilizam cintilografia como o diagnóstico de atresia biliar. Outros critérios
, meio diagnóstico de atresia de via biliar pela sua considerados sugestivos são:
——
'
r baixa especificidade. Parece, também, que a pre- Ausência de vesícula biliar após jejum de 6h.
. a sença de fezes esbranquiçadas é um indicativo e Presença de vesícula pequena (< l,5cm), va-
achado comum nas crianças em que a cintilografia zia e sem contração pós—prandial (30min pós—
—
não demonstra excreção do radioisótopo. alimentação com mamadeira habitual).
0 Comitê de Icterícia Colestática em Crianças da So- Presença de cisto no hilo hepático.
ciedade Norte—americana de Gastroenterologia, He- — Hipoplasia do ducto biliar comum.
patologia eNutrição concluiu que a cintilografia hepa-
robiliar pouco adiciona a avaliação de rotina de uma
— Sinais indiretos, como: aumento da ecogenici-
dade do fígado, demonstração .de anomalia as—
criança colestática, mas pode ser de valor se ou- sociada como poliesplenia, má rotação intestinal,
tros meios diagnósticos não estiverem disponíveis. veia porta pré-duodenal. ausência da veia cava
Ainda temos indicado cintilografia & bebês com inferior e sims inversus abdominal e dilatação
suspeita de AVB. A excreção de radioisótopo para biliar intra e extra-hepática.
0 interior do intestino afasta, com certeza, essa
Podem ser realizados exames ecográfrcos seriados.
hipótese diagnóstica. A incapacidade de encontrar vesícula biliar à ultra-
Não diagnóstlco <— Exames laboratoriais —> Diagnóstico —> Tratar causa
\
Ultragonograiia negativa Ultra-sonografia
;. positiva
. — « W ªr "
Sindrome colestátlca Biópsia hepática
Terapia clínica percutânea
Biopsia hepática optional
3 :.
526 I
Figado, Was Biliares, Baço e Pâncreas
àquele encontrado na ultra-sonografia, Mas SSS:
“ sinal não é considerado patognomônico na CRM
. .- w—z:
"' Atresls dodiictb
\
I
Colangiopancreatograiia retrógrada endoscépi.
.»,
/ % /
billerhcomum
»
A
ii
ca (CPRE) que compreende a entubação do ducto
biliar via ampola de Vater com um pequeno cateter
e injeção de contraste para facilitar a visualiza.
ção do sistema ductal. Técnica de aplicação li-
":“ Atrcsla do ducto
.hepático mitada, pois depende da experiência do operador,
/ «m =,- a existência de duodenoscópio adequado e ªpre-
senta uma taxa de insucesso na canulação elou
n.,
i
visualização de > 10%.
Atresia do porta
hepatis GMSSIHGIGÃD »
.
z
—
Figura 98.2 Classificação de atresia biliar de acordo com
a Sociedade Japonesa de Cirurgiões Pediátricos. Tipos princi- ITipos principais (Fig. 98.2). Baseia—se no m’vel
”
pais. Referem-se ao sítio de obstrução completa do trato biliar. da obstrução.
— Tipo " comum (5 a 10%
1: atresia do ducto biliar
— proximais
dos casos) e ductos patentes.
sonografia não significa, de forma alguma, presença Tipo II: atresia dos ductos hepáticos (2% dos
de atresia biliar, uma vez que é possível que a vesícula casos) com estruturas císticas encontradas no
poria hepatis.
-
seja hipoplasica na colestase intra—hepática intensa.
Tipo III: atresia no nível do porta hepatís (88
a 93% dos casos). As duas primeiras são refe-
“TISS MEIOS DIAGNÓSTIBGS ridas como corrigíveis e a última como não
G L B - R Ç z s I' Q L E
I Biópsia hepática percutânea. eorrigível. Atualmente, essa distinção raramente
É fundamental que'contenha razoável fragmento é utilizada.
da área portal (espaço interlobular). Além do A classificação é complementada pelos subtipos
| diagnóstico de hepatite neonatal e atresia biliar. relacionados aos padrões dos ductos distais (Fig. 98.3)
pode mostrar características como: pobreza de e pelos subgrupos, com base nas ramificações dos
ductos biliares, partículas citoplasmáticas cofri- ductos hepáticos no porta hepatis (Fig. 98.4).
patíveis com a deiiciência de ot -antitripsina, inclu- ».
sões hepatocelulares (citomegalovírus), granulomas
(tuberculose) e outras.
I Entubação e aspiração de fluido duodenal. Atresia
instaurar»
O paciente com suspeita diagnóstica de atresia biliar
biliar é afastada se típico fluido amarelo for deve ser preparado para ser submetido à colangicgraiia
detectado no aspirado duodenal de 24h ou em
entubações seriadas. Também pode ser analisa-
da a concentração de bilirrubina no aspirado. O
—M
teste positivo mostra uma concentração de bilir- Ducto biliar comum
impermeável
rubina não maior que a concentração sérica.
Colangiografia sob controle laparoscópico. Essa
técnica tem se tornado mais acessível à medida
que os cirurgiões pediátricos começam a domi- Ducto biliar
nar, com mais habilidade, as técnicas da video- comuni ilbroso
endoscopia. Pode ser utilizada nos casos em que
$
a ultra-sono grafia demonstrou vesícula biliar com
lúmen.
Aplasla do ducto
Colangiorressonãncia magnética (CRM) é uma bliiar "comum
técnica nova, não-invasiva, que alguns autores
têm preconizado na investigação da atresia biliar.
E um diagnóstico de exclusão. Atresia biliar pode Miscelânea
, «
ser excluída se ductos biliares extra-hepáticos
l (vesícula. ducto cístico, colédoco, ducto hepáti-
ª co comum e ductos-hepático direito e esquerdo)
forem visualizados. Também foi observado, em
Figura 98.3 - Subtipos de acordo com os padrões dos
dlfem.l?“?-”
distais. Refletem as condições do ducto biliar comum
alguns casos, espessamento periportal semelhante nescente. É importante na definição da portoenterostº *
At
I ;. ,'3"
be"
A
-—_:
?>
Dueto hep'àtico fibroso
7—
Massa fibrosa Aplasia dos ducto: biliares
ra 98.4 Subtipos de acordo com as ramificações dos ductos he páticos no porta hepatis. Reflete o padrão macroscópico,
-
o microscópico, dos ductos hepáticos no porta hepatis.
—
pliada do porta hepatis compreende:
}langiografia. Deve-se evitar a incisão transver—
sa supra—umbilical. pois, se houver necessidade A dissecção da veia porta esquerda até a ori-
de u'ansplante hepático (por incisão subcostal), gem da veia umbilical na fossa de Rex (que
poderá surgir área isquêmica entre as duas inci- pode ser ligada e seccionada).
'
Isões. A decisão intra—operatória dependerá do
.‘gaspecto macroscópico de vesícula e fígado e da
—-
A dissecção da veia porta direita até a visua—
lização do ramo anterior da artéria hepática
colangiografia. Em 75% dos casos, a árvore biliar direita. '
L R' Ç Z V
lo de Treitz emY de Roux, em posição pré ou
transmesocólica, com fio de polidioxanona (PDS) Trabalhos recentes têm mostrado que o uso de gn l- o L
5—0, pontos interrompidos, plano único e total. altas doses de esteróides melhora o fluxo biliar "'
ll A porção distal do conduto intestinal pode ser após a cirurgia de Kasai, principalmente quando
exteriorizada temporariamente ou não. Atualmente o fluxo biliar parece estar diminuído (controla-
não se tem realizado exteriorização como roti- do pela cor das fezes) ou com o aparecimento
de colangite. As doses recomendadas são: metil-
na. A exteriorização apresenta desvantagens, como
prednisolona IV (10, 8, 6, 5, 4, 3, 2mglkgldia,
aumento das dificuldades técnicas para transplante por sete dias) seguido por prednisonalprednisolona
hepático futuro, se necessário, não prevenção da oral 2mg/kg/dia por 8 a 12 semanas. Os esterói-
colangite e pode causar episódios recorrentes de des teriam efeitos colerético, antiinflamatório e
desidratação e hiponatrcmia.
II Quando há permeabilidade da vesícula, ducto
imunossupressivo, diminuindo o edema e a de—
posição do colágeno, inibindo a formação de ci-
cístico e ducto comum distal, pode ser realizada catriz e impedindo a migração de monócitos e
. anastomose da vesícula ao porta hepatis (porto-
colecistostomia). Nesse caso (5 a 10%), usar sonda
linfócitos,
I No tratamento da colangite pós-operatória, devem-
de descompressão temporária na vesícula para se usar antibióticos IV (cefalosporina de 3E gera-
dilatação gradual do canal cistico no pós—opera- ção ou imipenem) e coleréticos (fenobarbital e
tório. Quando há permeabilidade do ducto he— prednisolona por uma semana). A colangite e a
pático, deve ser realizado hepaticojejunostomia. principal complicação pós-operatória e tem como
I Colocar dreno de Penrose no forame de Winslow.
causa um trato biliar parcialmente obstruído e/ou
refluxo ascendente (pouco provável). Ocorre nuª
, ? lªús-onurarúrln primeiras semanas ou meses após a cirurgia, atm-
gindo uma taxa de 30 a 50% dos casos. .
lNada por via oral e sonda nasogástrica até re« II Para o prurido, podem ser usados colestiramma.
cuperação das funções gastrointestinais. Reiniciar ácido ursodesoxicólicoou rifampicinª (lOmg/
alimentação por via oral com fórmulas conten- kg/dia).
do triglicerídeos de cadeia média. Caso não susten—
tem adequado crescimento, aumentar a densidade
'calórica da fórmula.
FATORES PBDGHÚSTIGOS FAVBIIÃVEIS
l! Manter cefalosporina 80mg/kg/dia e gentamici— I Operar antes da 10I semana. .
« na Smg/kg/dia (IV) por7 a 10 dias. Depois, con— Baixa incidência de colangite pós-operatóriª-
i
tinuar com profilaxia antibiótica por 6 a 12 meses u Experiência do cirurgião.
_:
Atrexia de Vias Biliares : 529
'
I Histologia hepática favorável na cirurgia com grau
REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA
'de fibrose leve a moderado. l. OHI, R.; IBRAHIM, M. Biliary atresia. Sem. Pediatr Surg., v. I,
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v. 32, p. 891-911. 2003.
sôbreviventes permanece icterica ou requererá trata- HAN, S. J.; KIM, M. l.; HAN, A, et a1. Magnetic resonance
, 'Eàção
I'nentodadecirurgia
complicações da hipertensão portal. A indi-
de Kasai, mesmo nos casos desfavo- cholangiography for the diagnosis of biliary ntresia. J. Pediatr.
Surg, v. 37. p. 599-604. 2002.
rªâveis, baseia-se na minimização do grau de dano MEYERS, R. L.; BOOK. L. S.; O'GORMAN. M. A. High—dose steroids.
figp‘ético e na obtenção de melhor estado clínico, para ursodeoxycholic acid. and chronic intravenous antibiotics improve
qúe se possa esperar um tempo prolongado até haver bile flow after Kasai procedure in infants with biliary atresia.
J. Pediatr. Surg.. v. 38, p. 4004! l, 2003.
ªºydições para um transplante hepático. Portanto, trans— MOYER, V.; FREESE, D. K.; WHiTlNGTON, P. F. et al. Guideline
plante hepático é indicado a casos de falha da opera— for the evaluation ot‘cholestaticjnundice in infants: recommendations
"o de Kasai e, primariamente, somente aos casos of the North American Society for Pediatric Gastroenterolng).
um diagnóstico tardio (> 120 dias) com biópsia de- Hepatology and Nutrition, J. Pediatr. Ganraen/emi, Num, v. 39,
‘onstrando cirrose avançada, eco-Doppler mostran— p. IIS-128, 2004.
'
fluxo portal diminuído ejá com sinais clínicos de OHI, R.; N10, M. Biliary mia. Sent Pediatr Surg., v. 9, p. 177-186.
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cirrose avançada: ascite maciça e coagulopatias de
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Pediatr. Surg., p. 146, 2003.
—1
530 l
Flgado, Vias Biliares, Baço ePâncreas
:
. _ proximal ao esfíncter muscular. Ocorre regnum
Ílili'l'l'lllll 99' porque o suco pancreática é excretado corn maior
.' pressão do que
de colédoco, o suco
existe biliar.
canal Em 75% dos
pancreatobiliar Cisms
Cºmum
,"
acompanhada, na maioria dos casos, por ducto hepá- iniciam e terminam agudamente e o dugm biliar
tico comum proximal e árvore biliar intra—hepática comum distal é, quase sempre, estreitado. Con-
i normais. dições que podem estar presentes: junção ªnômala
do canal pancreático e colédoco, estenose dos ca- É
EPIIlEMIfllIlEIfl
~ nais biliares distais, atri'esía de Vias biliares.
II Tipo II: divertículo de colédoco.
ªº
lPrevalência: 1:100.000 a 200.000 nascidos vivos. lTipo III: coledococele intraduodenal: divertículo
nª %
IPredominância no sexo feminino: 4 F:l M. do ducto biliar comum distal. â
t
I
IIncomum
IEm
no recém-nascido.
mais de 60% dos casos, o diagnóstico :? rea-
lTipo IV: cisto de colédoco fusiforme ou sacular
associado a dilatação intra—hepática; é o segun—
ª'
' lizado antes dos 10 anos de idade. do tipo mais comum.
lSegunda causa mais comum de anomalia da árvore ITipo V: doença de Caroli, que pode ser subdivi-
biliar extra-hepática. dida em:
t lRecém—nascido com cisto de colédoco pode ter
atresia de vias biliªres associada,
-
Múltiplos cistos intra-hepáticos sem doença as-
sociada (doença de Caroli pura ou doença de
Lt IFígado pode variar desde normal a cirrótico. Caroli tipo 1). Menos frequente.
lPresença de malformações biliares associadas:
35 a 40%,
-
Múltiplos cistos intra-hepáticos associados à
fibrose hepática congênita (doença de Caroli
momma .
Diversas teorias têm sido propostas. Todas baseiam-
se na obstrução distal e na fraqueza congênita ou
adquirida da parede do ducto ou na combinação das
duas. Algumas delas são: ,
lFraqueza congênita da parede do ducto biliar
comum associado a obstrução distal ao fluxo de
bile.
Proliferação epitelial desigual do colédoco du-
I rante o estágio sólido do desenvolvimento embrio—
|
lógico (6-8 semanas de gestação). Pode estar asso-
ciada a estenose congênita ou atresia do ducto
biliar comum distal.
" IOrigem inflamatória viral por contaminação
transplacentária ou infecção perinatal produzindo
reação inflamatória e obliteração completa do
sistema ductal (atresia) ou enfraquecimento e
_
dilatação do sistema ductal (cisto de eolédoco).
lTeoria do canal comum de Babbitt:junção anômala
_
Silgalgªãzggc-ulcalfsãlllªbíiªgrãemltgfl'eipcgI ªcív'emculo
i. do canal biliopancreático com refluxo de suco
;pªncreático para o sistema biliar, enfraquecen-
, , _ éd
ll'
o W Tipo I:
de
, ; a
do parede.
do colédoco pela ação enzimática colédoçco.(QTIpolllzcoIedºªºCªlª:(DlTIPOIVI colédºªº
cisto de
,
. (anulªse e mpsma) e pelª inflamação. Nesse cas0.
o ducto pancreático une-se ao ducto comum,
sacuIar ou fusiforme associado à diIatação intra-hepªt'ºª'l
Tipo V: doença de Caroli.
Cisto de Colédoco n 531
.
3, lestase, colangite, litíase intra-hepática, insu—
ficiência hepática e colangiocarcinoma.
Tipo VI: dilatação difusa: forma frustra de cis-
to de colédoco; dilatação leve do sistema biliar
intra e extra—hepático. Não aparece na Figura 99.1.
Tipos I e IV são associados a canal pancreatobiliar
longo em quase a totalidade dos casos.
WII“ GlÍlllell
..
&
IDor abdominal (50%).
IIcterícía(50%).
Dor abdominal e icterícia.
IDor abdominal e febre.
Dor abdominal, icterícia intermitente e massa ab-
dominal (tríade clássica). Presente em < 20% dos Figura 99.2 — Radiografia de abdome em projeção ântero—
casos. posterior mostrando grande massa arredondada ocupando
lDor abdominal, icterícia e febre. quase todo o abdome.
IMassa abdominal, icterícia e febre.
IMassa abdominal, dor abdominal, icterícia e febre.
I Outros achados: vômitos, hepatomegalia, fezes I! Ultra—sonografia abdominal: identifica cisto, ve—
hipocólicas ou acólicas, colúria, perda de peso, sícula, ductos biliares intra e extra-hepáticos,
obstrução pilórica, obstrução intestinal, ruptura densidade hepática e relação com estrumras vas-
espontânea com peritonite. culares do hilo. Na maioria dos casos pode ser
.» o único exame diagnóstico necessário.
II Cintilografia hepatobiliar com DISIDA-””Te: ava-
'
IIBHIS DE APRESENTAÇÃO ctlmcn
lia o grau de obstrução ductal, que, quando com-
IRecém-nascidos e lactentes < 6 meses (40% dos pleta, não permite a passagem do fármaco para
casos).
O componente obstrutivo predomina, dor e fe-
dentro do trato gastrointestinal. Pode ser visualizado
acúmulo de radioisótopo dentro do cisto (Fig.
bre são desprezíveis. Clínica mais comum: icte- 99.3).
rícia persistente, hepatomegalia e fezes hipo ou I Tomografia computadorizada: demonstra a re—
acólicas. Quadro clínico semelhante à atresia de
vias biliares. Ocasionalmente pode aparecer massa
lação do cisto com as estruturas portais, detalha
palpável. Esse grupo é o mais sensível à fibrose
hepática pelo caráter obstrutivo.
lCrianças > 6 meses (60% dos casos).
Ww
IÉ comum apresentarem a tríade clássica de dor
abdominal intermitente no quadrante superior cli-
reito ou epigãstrio, icterícia leve e intermitente
e massa palpável. Febre também é freqtiente.
,INVESTIGIGÃO DIAGNÓSTIGR
IHistória e exame físico.
IEstudos laboratoriais: hemograma com plaquetas,
provas de coagulação, transaminases, fosfatase
alcalina, bilirrubinas, arnilase sérica. As bilirmbinas
e a fosfatase alcalina costumam estar modera—
damente elevadas.
' Radiografia de abdome: nos grandes cistos, pode
mostrar massa arredondada no abdome superior
Figura 99.3 —Cintilografia hepatobiliar com DISIDA-”MTC. Notar
acúmulo do radiofármaco dentro do cisto e passagem deste
cºmprimindo estruturas circunvizinhas (Fig. 99.2). para dentro do intestino em controle de 24h.
,
.,
532 I Flgada, Vias Biliares, Baço ePâncreas
e:%
v
I.)
fit R ‘ Q S' L Z V [
|::
Malignização: 20 vezes mais comum do que a los por 48h, Manter antibióticos por via ora] por
,e expectativa geral, ou seja, 11% dos casos po- seis semanas.
L'Ç9
Í dem malignizar. Nos casos a longo prazo, sem El Via de acesso: laparotomia subcostal direita on
í, ressecção do cisto, chega a alcançar 50%. transversa direita. Mobilizar o figado para fora
!: Colangite. da cavidade por dissecção de seus ligamentos.
F
Cirrose biliar. E Sempre realizar colangiografia transoperatória
:i' , Ruptura espontânea com peritonite. (pela vesícula biliar ou pelo cisto) para definir
:( Hipertensão portal. a anatomia dos canais biliares distais, canal pan-
;1
';
Colelitiase.
ll Abscesso hepático.
creático, ducto hepático comum e ductos intra-
hepáticos.
A,; II Pancreatite. ra Biópsia hepática para determinar cirrose e sua
nº extensão.
3;: TBATAMEH'I‘I]
.ii;
II Sempre existe indicação de correção cirúrgica
,e— (risco de malignização). É indicada cirurgiaprecoce
i t, a bebês com complicações de caráter obstrutiva
';“; (desenvolvimento de icterícia obstrutiva), cistos
, com dilatação progressiva (risco de perfuração
;“
, do cisto) e cistos, mesmo assintomáticos, quando
as provas funcionais hepáticas começam a dete-
É,
"
yft a
‘J
',e
:**
"f
Figura 99.6 —- Tratamento cirúrgico do cisto de colédºªº'
_ * Figura BSA—Tomografia de cisto de coiédoco demonstran—
do otamanho e a posição do cisto em relação ao fígado e às
estruturas adjacentes.
(3) Hepaticojeiunostomia. (4) Portojejunostomia em (3
atresia de via biliar associada.
leis?“-
(i) Ciªº dª Cºlédºcº, (2) Locais de secção do (istoe alçª
Cisto de Colédoco u 533
a”;
Quando houver ductos biliares intra—hepáticos
dilatados e estenose do ducto hepático comum,
mútuo
a hepaticojcjunostomia deve ser realizada no hilo
hepático, com o estoma alargado por incisão ao
longo da parede lateral dos ductos hepáticos.
0 cisto é mobilizado distalmente até sua transi-
ção com o colédoco, quando visível. Nos casos
em que a excisão completa da porção distal é
difícil, é recomendada a mucosectomia dessa porção
99.7 - Mucosectomia da porção distal do cisto de para evitar dano ao ducto pancreática, artéria
Figure
olédoco. Adaptado de Miyano'. hepática e veia porta, e também evitar o apare-
cimento tardio de câncer no epitélio remanes-
cente da porção distal do cisto (Fig. 99.7).
ITécnica atual mais utilizada: ressecção completa A crianças maiores, indica—se a excisão endo-
do cisto com hepaticojejunostomia emY de Roux. cística com ressecção intramural posterior (téc-
Em recém—nascidos e lactentes, é possível a excisão nica intraluminal de Lilly, que conserva a parede
completa do cisto. A alça de jejum e identifica— posterior do cisto). As paredes do cisto ficam
da a lScm do ângulo de Treitz, seccionada e a muita fibróticas e inflamadas (por inflamação
boca distal da alça, medindo 30 a 40cm de com- pericística) e sua parede posterior aderida às
primento, levada até o local da anastomose estruturas do hilo hepático (artéria hepática e veia
porta) (Figs. 99.8 e 99.9).
ISe houver associação com atresia de vias biliares:
portojejunostomia em Y de Roux.
Na doença de Caroli, o tratamento é sintomáti-
co. Indica-se lobectomia ou segmentectomia
hepática somente se a doença cística estiver
predominando em um lobo ou segmento (doen-
,- ça localizada). O risco de malignidade é consi-
derado baixo. Na doença difusa, sintomática, pensar
em transplante hepático. A terapia com ácido
Plano dª
Camada
externa da
Figura 99.8 - Técnica de Lilly para ressecção intramural de
(Isto de colédoco. (A) lncisão transversa em toda a parede
parede do
cisto
do ducto biliar comum e pancreática ou esfincte- 3. TODANI, T.; WATANABE. Y.; MIZUGUCHI, T. et ªl. He 1‘
coduodenostorny at the hilum after excision of choledochal pa I.
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Cysl.
res. Só indicar tratamento cirúrgico casos aos
l: com complicações: colangite recorrente e pan- BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
creatite recorrente. Casos assintomáticos não ne- DE VRIES, .1. S.; DE VRIES. S.:ARONSON, D. C. etal.Coledocha1
cessitam de tratamento. cysts: age of presentation, symptoms, and late complications re.
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«|
ductal e hepaticojejunostomia em Y de Roux.
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Y‘
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baixas doses costumam ser indicados por até seis OHTSUKA, Y.; YOSHIDA, H.; MATSUNAGA, T. et al. Slrategy of u &
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l1
Perfuração Espontânea de Via Biliar Extra-hepática I
535
Ketzer de Souza
l
'Adopatogênese
, .w
não é conhecida, impossibilitan— superior direito (pseudocisto coledociano).
a sua prevenção. Várias teorias têm sido pro- El Fezes normais ou acólicas com aspecto de argi—
postas. la, urina escura.
- Isquemia
anterior,
focal do ducto biliar em sua parede
acompanhando algum episódio de
Ia Presença freqtiente de hernia inguinal, hidrocele
e/ou hérnia umbilical.
isquemia esplâncnica do recém-nascido. Existe Distensão abdominal progressiva, principalmente
uma rica rede vascular arterial ductal junto à em razão da ascite. O orifício da perfuração costuma
parede póstero—Iateral e deficiente vasculariza— ser pequeno e a bile vaza lentamente. Também,
ção anterior que a torna mais suscetível à por causa desse vazamento lento, pode ocorrer
isquemia, criando um ponto fraco propenso à per— a formação de um pseudocisto junto ao colédoco.
furação. Pelo lento extravasamento e pela pouca reação
“Pressão elevada dentro do ducto biliar por peritoneal à bile, a coleção pode se tornar encap-
obstrução parcial ou completa distal à perfu- sulada por tecidos inflamatórios, formando um
ração (barro biliar, estenose ductal, cálculos). pseudocisto coledociano.
*
Fraqueza congênita da parede do ducto biliar m Irritabilidade.
(se localizada, pode levar à perfuração; se difusa, a Febre é rara.
pode ser causa de cisto de colédoco). a Retardo de crescimento.
536 ! Fígado, Was Biliares, Baço ePãncreas
Essa forma insidiosa pode apresentar-se como: vasamento para dentro do pseudocisto (Fi 8. 100 l)
:Ascite biliar (40 a 65%).
ou extravasamento para dentro do Pªº-“dºcism
e, posteriormente, para dentro da cavidade peri.
g, ll Pseudocisto coledociano (35 a 60%). toneal. Atualmente, a cintilografia hªlªªlobiliª;
é o exame mais específico no diagnóstico de
forma Mada PEVBE.
Colangiografia transoperatória: mostra o IOCaI
Quadro agudo de peritonite só costuma ocorrer em de perfuração, pode revelar obstrução ductal distªl
25 a 30% dos casos. Os sinais e sintomas são: dor anomalias da junção pancreatobiliar e perfura:
abdominal, febre, vômitos biliosos, distensão abdo- ções incomuns em vesícula biliar ou canal cística.
minal maciça, icterícia leve a moderada e aumentan-
do, sinais de peritonite, choque séptico e leucocitose.
DIAGNÓSTIGG DIFERENGIM
INVESTIGAÇÃO IllllliIIÓSTlllA Quando forma um pseudocisto, a PEVBE pode
www—axo:- “Sgt diagnosticada erroneamente como cisto de
I Exames laboratoriais: bilirrubinas germenté“ colédoco, roto ou não. Peritonite biliar, secun.
< 8mg/100mg, com 40 a 90% de elevação da bi- dária a perfuração de cisto de colédoco, tem sido
lirrubina direta; alanina aminotransferase (ALT),
aspartato aminotransferase (AST) e fosfatase al—
relatada na literatura comuma prevalência apro-
ximada de 2% dos cistos de colédoco. A histologia
calina geralmente normais. da parede do cisto de cole'doco costuma mostrar
Paracentese abdominal: bile ou líquido esverdeada parede espessada, cronicamente inflamada. ex—
com níveis de bilirrubinas maiores do que no tensa fibrose, elementos musculares lisos e, em
sangue. Mas, dependendo de sua cronicidade, po- áreas escassas, epitélio biliar. A histologia do
dem ser muito variáveis. Em geral, ultrapassam pseudocisto na PEVBE costuma mostrar parede
400mg1100mL. É um excelente meio diagnóstico. com uma variedade muito grande de espessura,
n Ultra-sonografia abdominal: mostra líquido li— de tênue à espessada e membranas compostas
vre intraperitoneal ou coleção loculada sub-he- somente de tecido inflamatório, sem elementos
pática junto à vesícula biliar e/ou no parta hepatis. musculares e sem nenhum epitélio biliar.
É também útil na .pesquisa de cálculos, dilata—
ção da via biliar e ecogenicidade hepática. Não
costuma ser diagnóstica. TRATAMENTO
a Cintilogralia hepatobiliar, geralmente com DISIDA O tratamento é sempre cirúrgicoz'e deve ser rea-
marcada com tecnéci0499m: pode mostrar ex- lizado precocemente.As seqiielas de um tratamento
travasamento do contraste intraperitoneal, extra— retardado podem incluir fibrose hepática e cirrose.
';- il N a maioria dos casos, em razão das más condi-
ções clínicas da criança pela desnutrição e pelo
desequilíbrio hidroeletrolítiCO (principalmente
hiponatremia'), a ressuscitação pré—operatória é
, obrigatória.
H O tratamento deve consistiina identificação da
perfuração (por colangiografIa transoperatória),
drenagem externa simples da área periductal junto
à perfuração com drenos de Penrose, sem pro-
curar suturar a área de vazamento, podendo
não ser complementada a cirurgia com a reall-
ou
zação de colecistostomia entubada temporária com
dreno de Kehr.
A colangiogratia transo eratória serve para cºn-
firmar o vazamento do ucto biliar, excluir Jun-
ção anômala pancreatobiliar, presença de obs-
sr - R z
trução distal ou perfuração em sítios mais incomuns
(principalmente vesícula biliar e cístico). EV_I-
dências colangiográficas de estreitamento da pºf窺
L'S9I
L“
í.—
r
.
l
ver espontaneamente, com adequada drenagem. hilar com ductoplastia lateral), se essa obstru-
Parece que um ducto temporariamente desfun- ção permanecer inalterada após oito semanas pós—
cion'alízado e com bile estagnada em seu inte— operatórias ou houver anomalias na junção pan-
riorestá propenso a formação de barro e cálcu- creatobiliar.
lo. Estes seriam mais uma consequência da INo pós-operatório, indicam-se antibióticos (para
perfuração do que a sua causa, prevenir colangite) e m'! per os com nutrição
A colecistostomia costuma ser útil, pois provo- parenteral total ou alimentação com fórmulas sem
ca melhor descompressão da árvore biliar e pos— gorduras para reduzir o fluxo biliare permitir ci-
sibilita a avaliação posterior dos ductos, relacionada catrização do ducto, que geralmente ocorre em
ªo vazamento e à obstrução distal, quando pre-
um mês).
sentes. ll Drenos da cavidade abdominal só deveriam ser
Reparo cirúrgico da perfuração e considerado des-
retirados quando houvesse evidência colangiogrática
necessário e perigoso. A área junto a perfuração de resolução da obstrução biliar e do vazamento
fica envolvida em um processo inflamatório intenso.
biliar. Os drenos devem permanecer na cavidade
Qualquer exploração cirúrgica com tentativa de abdominal até a evidência de completa resolução
fecha-la é tecnicamente difícil e com riscos. da obstrução biliar e do vazamento.
' ISe encontrado pseudocisto coledociano, é
inte-
ressante a sua abertura e retirada de sua parede BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
nos sítios mais distantes da zona da perfuração. CHARDO'T, C.; ISKANDARANI, F.; DE DREUZY, O.: DUQUESNE,
IColecistectomia somente deve ser realizada quando B.; PARIENTE. D. et al. Spontaneous perforation of the biliary
há perfuração de ducto cístico e perfuração ou tract in infancy. A series of 11 cases. Eur. J, Pediatr: Surg., v. 6,
gangrena da vesícula biliar. p. 341-346. 1996.
IA melhor conduta atual parece ser, em suspeita HALLERJ. O.: CONDON, V. R.; BERDON, W. E. et al. Spontaneous
perforation of the common bile duet in children. Radialagy, v. 172,
de obstrução distal, a drenagem simples e cole— p. 621-624, I989.
cistostomia para avaliar a evolução dessa obstrução.
SPIGLAND, N.; GRECO, R.; ROSENFELD, D. Spontaneous biliary
Se necessário, pode—se realizar, posteriormente, perforation: does external drainage constitute adequate therapy?
anastomose biliodigestiva (hepaticojejunostomia J. Pediatr Surg., v. 31. n. 6. p. 782-784, 1996.
- r v m,.
,.
,'—;-._
L,
538 I Figado, Vias Biliares, Baço e Pâncreas
IIBIIMIIIS BlÍIIIGÍIS
I Episódios recorrentes e agudos de dor abdomi_
nal moderada a intensa no quadrante Supºrior
1;
à alimentação rica em gordura.
IDeve—se suspeitar de pancreatite quando ªpare.
G L H' S Z
l' 9 L 5 w g - nº m . r W
nico diagnosticado de colecistite.
Com a melhora da sensibilidade da ultra-sonografia !Náuseas e vômitos podem estar associadºs aº
(US), o diagnóstico das doenças da vesícula biliar quadro de dor.
';“—
(VB) vem aumentando, somando-se às alterações do
hábito alimentar e ao uso de nutrição parenteral total
couros nr macªu
L. — =
w (. “ — J «
IPaciente com doença hemolítica.
1A.
I Sexo feminino.
BONSIIIEIIIIGIIES GERAIS Adolescentes com gestação prévia.
Il
Os cálculos da VB podem—se desenvolver em qualquer obesos.
ll
idade; podem ser de colesterol (90% dos cálculos na ICriança com doença ileal. como doença de Crohn
adolescência) ou pigmentares (primeira década de vida). ou ressecção ileal prévia extensa.
Na maioria dos pacientes, a disfunção da VB está INPT prolongada.
associada à formação de barro biliar e, conseqiiente- IFibrose cística.
mente, de cálculos; esse processo 6 reversível em alguns IDoença de Wilson.
pacientes. IDrogas: furosemida e ceftriaxona.
A colelitíase hemolítica, responsável pela forma- IMenos frequentes: diabetes melito, história fa-
ção de cálculos pigmentares. está mais frequentemente miliar e uso de anticoncepcional oral.
associada a esferocitose, talassemia e anemia falciforme.
Pode aparecer icterícia flutuante pela hemólise. O SIIIMS E SIII'I'MMS
diagnóstico e feito por ultra—sonografia, que deve ser
realizada em todo o paciente candidato à esplenecto- IDor elou defesa em quadrante superior direito
mia, para avaliar colelitíase associada e definir trata- ou epigástrio, com sinal de Murphy positivo, com
mento cirúrgico simultâneo. Nesses pacientes, a colan— ou sem irradiação escapular, sem sinais de irritação
giografia transoperatória é obrigatória. peritoneal.
A hidropsía da VB consiste na distensão aguda da ti Se doença hemolítica: icterícia, esplenomegalia,
vesícula com edema de parede e está associada a sepse, anemia, taquicardia, sopro cardiaco.
doença de Kawasaki, desidratação aguda, hepatite viral, IFebre: acompanha os casos complicados de cole-
febre, escarlatina e enterocolite necrosante. Seu tra— cistite.
tamento, na maioria das vezes, e conservador, pois
resolve espontaneamente. Se progredir para gangre- EXAMES LIIBDIIIITOITIMS
na e perfuração, pode necessitar de colecistectomia.
A colecirtite acalculosa, rara na infância, repre- Em geral, são normais, exceto se associados a obs-
senta a progressão da hidropsia e o desenvolvimento
de infecção secundária. Essa entidade apresenta-se
trução de via biliar extra-hepática, quando ocorre
an-
mento das bilirrubinas e fosfatase alcalina. A pancreatite
após melhora do quadro séptico. O quadro clínico con- biliar cursa com o aumento da amilase e lipase.
siste na deterioração do estado clínico e sinais de sepse
em paciente previamente estável. O diagnóstico por EXAMES PMI IMAGEM
ultra-sonografia baseia-se na distensão da VB e pre-
sença de debn's ecogênicos intrabiliares. A cintilografia
I Ultra-sonografia: é o mellfo'r exame, mosua cálculo,
variação anatômica e barro biliar. Os cálculos e/
mostra VB não funcionante. O tratamento é comer-.
vador com antibióticos; mas, se ocorrer piora clíni— ou barro biliar são observados em 95% das ocor-
ca, indica—se colecistectomia. rências.
A colelítíase de colesterol apresentaªa mesma fi-
IRadiografia de abdome: só aparecem calculos
siopatologia dos adultos, se sobrepondo à doença se houver conteúdo de cálcio (raro).
hemolítica.
lCintilografia: sem visualização da VB em
casos
A Hefannidade anatômica da VB tem relevância
crônicos. .
(CPRE): em casos selecionados, seendoscÓP' ºlª
I Colangiopancreatografla retrógrada
clªrice-,se; açpmp'anhadaideffçi rdqpo seu esvazia-
mento. AS "alterações mais "com its-' são: vesícula em houver c
'
Ílurúsncn nlrrnmcuu
.
Os pacientes prematuros podem ser acompanha—
dos por ultra-sonografia, pois a maioria desses cálculos
I Hepatite,
e assintomática, podendo regredir em três a doze meses.
ªieumoniahepático.
IAbscesso
basal. O ácido ursodesoxicólico e a litotripsia estão sen—
do introduzidos para uso em crianças, principalmente
IPielonefrite. em cálculos de colesterol. O tratamento é longo (2
Apendicite aguda. anos) e os cálculos podem recidivar.
|
Hérnia de hiato.
"5ª-
.Refluxo gastroesofãgico. PIIIIGIIÓS'I'IIIII
'
Doença péptica.
» ºl Pneumomediastino (dor epigástrica). Excelente em casos não complicados.
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
purucncãrs DAVID, L. Sigalet. Pediatric Surgery. Aschcraft. 3, ed. 2000. cap. 44,
", . _ _ . .
ªg maiores compllcaçoes estao relacronadas a impac-
p. 591-592. Biliary tract disorders and portal hypertension.
DEBRAY. D.; PARIENTE, D.: GAUTHIER. F.; MYARA, A.;
ão do cálculo no ducto cístico (colecistite), colédoco BERNARD, O. Colelithiasis in infancy: a study of 40 cases.
colangite), ampola de Vater (pancreatite). J. Pediatr., p. 385-390, 1993.
DOHERTY, G. M.; WAY, L. W. Biliary tract, In: DOHERTY, G. M.;
WAY,L. W. Current surgical diagnosis maltreatment. 11 ed. New
York: Mc Grawd—lill, 2003. p. 595-624.
SIGALET, D. L. Biliary tract disorders and portal hypertension. In:
padrão ouro é a colecistectomia videolaparoscópica.
ASHCRAFF. K. W. Pediatric Surgery. 3 ed. Philadelphia: W. B.
A colangiografia transoperatória raramente é ne— Saunders, 2000. p. 580—595.
essária; apenas se houver cálculo na via biliar ex- SUCKY, F. J. Disorders of the gallhladcr. ln: Nelson Textbook of
Pediatrics, 14 ed. Philadelphia: W B. Saunders, 1992. p. 1026-
1027.
— v s - a,
.,
CIRURGIA PEDIAm
«MBACIR ASTON-’0 rieúkm
dam 4559 —-
cPF otossvsaam
540 I Figado, Vias Biliarer, Beça e Pâncreas
ETIllllIliIA
O fígado recebe sangue das circulações sistêmicª e
portal. Suscetibilidade aumentada pode ser “Pªrada
-
ficicntes e pacientes em quimioterapia).
Crianças com infestações maciças por áscaris, uunnno GIÍNIGIÍ
em que um granuloma hepático ascaridiano pode Não e específico e, por isso, o diagnóstico costuma
infectar—se secundariamente com bactérias. O ser tardio.
granuloma hepático ascaridiano representa uma Mal-estar, anemia, fraqueza, perda de peso,
&
_
reação do parênquima hepático à presença de Anorexia, náusea, diarréia.
ovos e vermes adultos. Pode contaminar-se se- ll Picos febris (90%), calafrios, sudorese.
cundariamente por bactérias. Essa invasão
hepática costuma ocorrernas infestações maciças
I Hepatomegalia dolorosa à palpação
(60%}.
I Massa dolorosa palpável em hipocôndrio d|reit0
em que os vermes migram por colédoco, ductos
hepáticos e extra-hepáticos, ductos biliares intra«
ou epigástrio. . .
I Desconforto ou dor no *hipocôndrio direito (me
hepáticos, até chegarem aos pequenos ductos 90%).
G L R- B S Z V
periféricos. Após um certo período, os vermes
esta presente em < 1/3 dos {23505-
-OLS
I Icterícia
depositam seustpvos-efmorrem, desintegran—
I
G L B' R Ç Z V L S '
p. 417-421. 1998. p. 99— 113. I996.
]' 9
_,,“ »
Ascaridíase Hepatobiliar & Pancreática I
.543
A&MMM&
giepatobiliar e
n
,;
('
z
\
. lumbricoides, migrante das porções altas do intesti-
,
'
Figura 103.1 — Complicações dos áscaris em via biliar extra-
' *
no delgado. Pode, nos casos de infestação maciça, hepática. (A) Infestação maciça. (8) Formação de cálculos. (C)
alcançar e colonizar o parênquima hepático, estimu- Estenose de via biliar extra-hepática. (D) Perfuração e
lando o desenvolvimento de lesões granulomatosas. peritonite. (E) Colecistite e formação de cálculos.
_ : A migração de um ou dois vermes para a árvore
biliar é complicação bem conhecida. Infestação ma-
-
iça dos ductos biliares e do fígado é incomum, com
I Formação de cálculos, colecistite aguda, este-
“
iagnóstico difícil e complicações freqiientes.
nose de via biliar extra-hepática, perfuração e
peritonite (Fig. 103.1).
'HSIBPATIILIIGIII I Migração para os ductos intra—hepáticos (ascari-
díase hepática). Quando entram em ductos intra-
ma superpopulação de áscaris no lúmen intestinal hepãticos periféricos. costumam ficar aprisionados,
””pode resultar na formação de um novelo de áscaris. morrendo p01: inanição. Raramente alguns conse-
«Geralmente um episódio febril ou ingestão de vermífugo
guem retornar ao colédoco. Ascaridíase hepática
.ppde desencadear a quebra da homeostase entre os ás- caracteriza—se por um processo granulomatoso
caris e seu hospedeiro. Com a formação do novelo
originado por ovos viáveis ou não (depositados pelos
»Iascaridiano, aparece estase do suco entérico, altera— vermes antes de morrerem) ou vermes mortos
-
gio
de seus constituintes e hipercrescimento bacteriano.
, s áscaris agitam-se, causando dor em cólica. En-
desintegrados. Aparece reação de corpo estranho
nadespeci’fica com formação de focos gránulomatosos
%cntando uma superpopulação dentro do intestino,
guns deles retornam ao duodeno. Pela natureza mais
ceitável da secreção biliar em comparação com o
no parênquima hepático. Esses granulomas podem
conter segmentos de áscaris desintegrados ou mesmo
mortos, mas ainda íntegros (Fig. 103.2). Eventual-
suco entérico alterado ou suco gástrico, acabam in- mente, algumas dessas lesões cicatrizam com
vadindo a arvore biliar.
.-,—«“'
p; Penetram na ampola de Vater com a cabeça. Por
Zeausa do comprimento deles em relação ao tamanho
do ducto biliar costumam ficar com um terço ou metade
de seu comprimento no lúmen duodenal. Facilmente
ªíPºthm retornar ao duodeno.
. Em alguns casos, podem sobreviver por até um mês
'na bile pura, sendo por isso considerados visitantes
"lºmporários.
Os áscaris, nos ductos biliares, podem causar:
I Irritação do ducto por substâncias metabóliCas
tóxicas liberadas pelos vermes.
lObstrução do fluxo biliar normal, estase e pela
entrada conjunta de bactérias do trato intestinal,
colangite ascaridiana e bacteriana. Figura 103.2 — Granulomas hepáticos ascaridianos.
.1 “><.
544 I Fígado, Vias Bilíares, Raça e Pâncreas
hialinização e Fibrose. Outras sofrem infecção ll Trânsito duodenal (pouco utilizado); bolo de áSCari '
,I secundária com formação de abscesso. visível em duodeno ou jejuno proxima], sinªl
ds
I Vermes não-viáveis e desintegrados intraductos cut-ofi" (produzido pela protrusão do ãSCaris d?
'ª biliares podem causar destruição da mucosa ductal,
exsudação e reação frbromatosa com formação
ampola de Vater no lúmen duodenal),
I Ultra-sonografia abdominal: demonstra distensãº
ª ,
de estenose fibrótica, necrose ductal, perfuração da vesícula, presença de áscaris em vias biliar;
por reação inflamatória grave, calcificações ou (estrutura ecogênica simples ou múltipla, linear
cálculos. ou curva, paralelas quando múltiplas, sem Som—
bra acústica, podendo conter tubo lºngitudinal
BUISSIÍIGIÇÃII central anecóico, representando o trato digam.
vo do verme, podendo apresentar movimentos)
I Infestação biliar simples: considerada a presença
de até cinco vermes na árvore biliar.
número e motilidade dos áscaris e
complicações, como granuloma hepático. abs.
Pºssiveis
.I Infestação biliar maciça complicada ou não. cesso hepético‘lou invasão do ducto pancreático.
Em 90 a 95% das ocorrências há oclusão incompleta I Colangiografia intravenosa (pouco usada flpés
da árvore biliar, que se dilata e acomoda os ver- o advento da ultra-sonografra): demonstra a infes.
mes. Quando a população de áscaris do intesti- tação de áscaris, falha na opacificação do siste.
no delgado proximal diminui, eles abandonam ma biliar (defeito intraductal com forma de lápis
os ductos biliares, retornando ao seu habítatnatural, em 75% dos casos), dilatação de ductos biliares,
que é o intestino. ar intraductal (a passagem do verme pelo esfíncter
de Oddi pode permitir a entrada de ar no siste-
llllhlllll GlÍlllcll ma ductal).
_
Iniestaçao Mªºlçª (5 a 10%)
_ I Endoscopia duodenal com visualização do ver-
me parcialmente localizado no ducto biliar. (
,
'
superior direito. Comaevolução do quadro, toma—
,se contínua (100%)_
ca (CPRE): presença de vermes.
b111ares. Ut'll'
zada mais como forma terapêutica.
'
i
I Sensibilidade no
Quadrante superior direito (90 a
.com os
95%). . TRATAMENTO
I Febre 2 38° (80%).
6naso: L8‘25'ZV
I Náuseasevômitos, podendo ser biliosos em 90%
dos casos. Noventa e cmco por cento dos casos nao—com-
plicadosrespondem ao tratamento conservador, L.l‘9L$ ,
É
:
l. I Vesíeula biliar pªlpável (10%)_ ascarts retornando
esporàtaneamenteemao É
tj
I Hepatomegalia dolorosa ou massa no quadrante
superior direito (55 a 60%).
tratamento
intestino, O conserva or
cons1ste
'; nadalvra oral, hidrataçao parenteral..sonda ,
3
3'
í
-,
'
I Icterícia.
IHistória préviª anterior (60%).
gástrica, analgesrcos
fugos nao absorviveise (poupando os ascaris'das
antiespasmódicos e vem» Í.
É
‘-
[Histéfiapositivadeinfestagiopor áscms (45 a 55%)_ vras biliares). A-ntrblóticos podem ser incluidos 1: g
I Vermes nas fezes ou nos vômitos (45 a 50%).
flº tratamentoabscesso
quando
ex1stetebre persrstente ou
(
:
>
I Sinais que sugerem ascaridíase biliar Complica— intermitente, hepático unico. multiplos _ ., n', y
da: febre alta com ou sem calafrios, icterícia clínica, Pequenos abscessos º“ compl1cagao d? “Pº ªº"
hepatornegalia, dcfesa no quadrante superior direito langitej Quando o intestino está muito infestado, .'
e sinais de peritonite difusa. o verm1fugo deve ser administrado cautelosamente .“
-
"
ou não ser administrado, pelo risco de
desencadãar
suboclusão intestinal, impedindo o retorno os :“
Infestação
Gerªlmente
Simples (90 a 95%)'
duração curta,
tem
ascaris das vias biliares ao seu habitat natural.
I Indicar CPRE quando houver icterícia persistente, ;“
,
»
t Um até cinco áscaris podem causar irritação com piora dos sintomas clínicos, falha no tratamentº
, dor em cólica e espasmo do esfíncter de Oddi e obs- para erradicar os áscaris É'seus produtos do slS- *“ %!
f“ r
.
mªç㺠biliar Pªºiªlg, tema biliar (após quatro a seis semanas de trair -
I Dor abdominal em cólicª (95%),
I ‘ '‘
- direlto (9%“
%É'Ãliltºgslªiªâiquªdrª'lm
“Fªnºr - -
., Hyun Éarríento conservador),
I Indicações
avaliar lesão de ducto biliar
es enose .cirúrgicas: falha extração dos
de .
.a'scans
”&
: _
ll Febre. pela CPRE, infestação macrça de _v1as biliares, *
.
estenose ou calculose ductal sintomática,
pzritonslte 3
' : " e formação de múlti los abscessos hep tica .
IIWES'ÍIEIÇIIÍI Illllillúsnett I Fundamentos
cirúrgicªs: completo clenrrrnfr £195
_
(
. 't5 .
.
1
i; I Radiografia de abdome: ãscaris visíveis no lúmen áscaris das vias biliares, fígado e intestino (ascarlS
&
i t intestinal, sinais indiretos de abscesso hepático. do intestino delgado são ordenhados atrªumª' l
.w
i ”,
r
Ascaridrase Hepatobiliar e Pancreátíca I
545
—
a retornar ao intestino ou ascender pelo coledoco. LLOYD, D. A. Massive heparobiliary ascariasis in chidhood. Bu J.
Pela entrada do verme no diminuto ducto pan- Surg., v. 68. p. 468—473, 1981.
creático (levando à pancreatite grave). SANDOUK, F.; ANAND, B. S.: GRAHAM, D. Y. The Whirlpool jet
— Cronicamente (pancreatite recorrente), por seqiie—
las da presença de verme desintegrado no ducto.
technique {or removal of pancreatic duct ascaris. Gartrot'nt.
Endoscopy. v. 46, p. 180-182. 1997.
w
.
“Fl!
EI
:»
546 I Fígado, Vias Biliares, Baço e Pâncreas
llnemla Imune-hemolítica
'
BIIPII'IIIII IM
'
llllBl‘llla Falcitorme
Elinês Oliva Maciel
'
bém uma fragilidade da membrana e fragmentação das posta ao corticosteróide e imunog obulina ou com doença
hemácias, em razão da alteração na produção de glicose crônica recidivante (mais de seis'meses de tratamento)-
e adenosina trifosfato. Sua forma esférica faz trânsito Atenção:
lento pelo baço, aumentando sua seqliestração e des— I Transfusão de plaquetas no transoperatóriº.
truição. O quadro clínico cursa com esplenomegalia, I Trombocitose após cirurgia. com plaquetas supô-
anemia, icterícia com aumento de bilirrubina indireta,
em virtude da hemólise e do aumento de reticulócitos. riores a 1.000.000/mm, necessitando de ácido a0}?-
tilsalicflico para diminuir a agregaç㺠Plªquº'mª'
O diagnóstico é feito pelo teste de fragilidade osmótica.
Durante a esplenectomia, devem—se retirar,,gsjaços
acessórios e 30% dos pacientes têm litíase Vesicular
associada. necessitando de colecistectomia. É uma malformação rara, que consiste em
esplênico aderido à gônada esquerda. É um acha tectgºº
E“"A
Esplenectomia I 547
IIIIGIIIII IIIITIPIIEIIMIIGÓGIGII
São geralmente assintomáticos. Podem ser uniloculares Todos os pacientes esplenectomizados devem ser vaci—
tou multiloculares e de origem variada. Os mais co- nados, de preferência antes da esplenectomia. Crian-
muns são congênitos (uniloculares com líquido claro ças menores de dois anos não respondem a vacinação,
.contendo cristais de colesterol), parasitários (hidatidose) pois não produzem de maneira eficaz anticorpos contra
e pós-traumáticos (liquefação de hematoma, líquido o antígeno das bactérias encapsulad'as.
marrom turvo). Esses cistos são assintomáticos, mas Reimunização antipneumocócica pode ser feita em
podem se apresentar como massas no quadrante su— 5 anos. Atualmente, dispõe-se de vacinas contra
perior esquerdo, algumas vezes com dor. Indica—se Haemophilus influenzae e meningococos.
esplenectomia total ou parcial a cistos sintomáticos.
[ISI] PIIIIFIIÃTIGII IIE IIII'I'IBIÚTIGIIS
Parece diminuir a incidência de infecção por pneu—
Os tumores são raros. Os hemangiomas são os tumo- mococo.
res benignos mais comuns e, frequentemente, neces— I lª escolha: penicilina benzatina IM ou penicili-
sitam de esplenectomia. Metástases esplênicas são raras.
na por via oral ou amoxicilina.
Se houver alergia: sulfametoxazol + trimetoprim
|!
, ltltscessos Esnlênicus ou eritromicina.
São relativamente raros em crianças. Podem ocorrer I Duração.
*
secundariamente à infecção de hematomas ou de pseu—
docisto ou durante bacteremia, quando formam múltiplos
—
Até os cinco anos de idade ou por dois anos
após a esplenectomia para crianças com mais
abscessos. O quadro clínico cursa com bacteremia, febre, de cinco anos. O uso de antibióticos profiláticos
dor pleurítica em quadrante superior esquerdo. O diag- acima de cinco anos de idade e depois de
¢n6stico é confirmado com tomografia computadorizada. esplenectomia é controverso. Alguns autores
'Abscessos únicos e uniloculados podem responder à dre— sugerem o uso, por toda a vida, em pacientes
agem percutânea e antibióticos. Abscessos múltiplos considerados de alto “risco (talassemia, neoplasias
{on loculados são tratados somente com antibióticos. Em e _imunodeficiências). .
abscessos múltiplos associados à imunodepressão e a I Doentes de alto risco, como portadores'de doenças
hemoculturas negativas, deve—se pensar em infecção fún- hematológicas e oncológicas, devem sempre fazer
—wm
' '
‘gica. Infecção por Salmonella e' mais comum em paciente profilaxia.
com hemoglobinopatias e infarto esplênico. Em infec—
ção pós-trauma, estafilococos e estreptococos são mais BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
comuns. Em geral, a falha de respostas aos antibióticos ADAMS, D. M.; WARE, R. E.; SCHULTZ, W. H. et al. Successful surgical
sem drenagem percutânea necessita de esplenectomia. outcome in children with sickle hemoglobinopathies: The Duke
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minal fechado na infância. As lesões são mais frequen- HEMMILA, M. R.; FOLEY, D. S.;CASTLE, V. P. et al. The response
tes em meninos e o tratamento conservador epreferencial to splenectomy in pediatric patients with idiopathic throm-
ªm vítimas de trauma esplênico fechado hemodinami- bocytopenic purpura who fail high-dose intravenous immune
camente estáveis. O quadro clínico cursa com dor ab- globulin J. Pediatr: Surg., v. 35. p. 967-972, 2000.
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,.
rªramente, massa palpável. O diagnóstico é feito por splenectomy in the management of hematological diseases: surgical
tºmograiia computadorizada em criança estável e por technique and outcome of 17 patients. Surg. Eudora, v. 10,
, lªparotomia em criança hemodinamicamente instável. p.441-444, 1996.
."
W a tª— '
548 I Flgado, Vias Biliares, Baço & Pâncreas
nª:
e porções do ligamento gastroesplênico (longo pedí—
culo). Pode mover—se livremente pelo abdome e essa
IUltra—sonografia
abdominal usualmente identi.
JM/“r
fica a massa como baço e tópico e mostra baço
mobilidade leva ao risco de torção e infarto. ausente de sua posição original.
a;» ºf,.
I Cintilografia com tecne'cio demonstra posição
fi L R' S Z t
marlex, reposição no quadrante superior es-
em algumas séries.
' QLÇ A
I
,iuv..rx3
IPredisposição
querdo e sutura para fixação da tela e baço no
sexual: 3M:1F. diafragma, ou
se. . -*s=u
lllIAIlllll BlÍIIIGlI —.
- ritoneal.
Simples reposição do baço em bolsa retrope-
,!
infarto esplênico.
LÃ .
Critérios que sugerem o diagnóstico:
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
43.5:
I Dor abdominal crônica intermitente no lado
AlLLEN, K. B.; ANDREWS, G. Pediatric wandering spleen -— the case
esquerdo. Geralmente ocasionada por torção e
for splenopexy: review, of 35 reported Eases in the literature.
.,m w — « W
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Pancreatite Aguda, Pseudocisto Pancrea'tico “ 549
7líPancreatite Aguda,
a doenças hemolíticas, como anemia falciforme.
esferocitose, talassemias e defeitos enzimáticos.
I Drogas: corticosteróides, diuréticos (tiazídicos,
%Pseudocisto Pancreático
J
) *
furosemida), antibióticos (rifampicina, tetraciclinª.
metronidazol), drogas antiinflamatórias (aceta—
minofeno, azatioprina, sulfassalazina), L-aspara—
ginase.
IInfecciosas (virais): rubéola, caxumba, coxsackie—B,
citomegalovírus, vírus Epstein-Barr, varicela, in-
fluenza e outras.
Metabólicas ou sistêmicas: vasculites, lúpus eri-
tematoso sistêmico, síndrome de Reye, hipertri-
gliceridemia, hipercalciuria, doença de Crohn,
cetoacidose diabética, fibrose cística.
I Idiopática.
QIIAIIBII GlÍNIÍIII
IA lesão pancreática é pouco frequente na infân-
cia, ocorrendo entre 3 e 12% dos traumas abdo- A pancreatite aguda manifesta—se com dor abdomi-
nal súbita ou gradual de intensidade variável, geral-
minais.
IAproximadamente 20% das pancreatites complicam mente de localização epigástrica, associada a vômitos
com formação de pseudocisto. e febre. O abdome é dolorido à palpação, muitas vezes
simulando peritonite difusa. Nas pancreatites necro—
hemorrágicas, podem aparecer equimoses em flancos
ISIIIPATIIMIGIA (sinal de Grey Turner) ou em região periumbilical
(sinal de Cullen). Pode-se encontrar derrame pleural
ITraumãtica:
os traumas mais comuns são devi— à esquerda.
dos a acidentes ciclísticos, espancamento, atrope-
lamento c acidentes domésticos. A lesão pancrea-
tica ocorre quando o pâncreas, que é um órgão INVESTIGAÇAII DIAGNÓSTIÍIA
relativamente fixo ao retroperitônio, é compri- IElevação dos níveis de amilase sérica e urinária.
mido contra a coluna vertebral, sofrendo contu- Outras anormalidades, como perfuração, obstrução
são e laceração, extravasamento de secreção e intestinal, apendicite, parotidite e sialoadenite,
v enzimas pancreáticas e conseqtiente inflamação podem levar ao aumento da amilasemia.
», do órgão. Os níveis séricos aumentam em 2 a 12h; nos casos
ª.
lObstrução dos ductos biliopancreáticos: é a se-
' gunda causa de pancreatite aguda nas crianças. não complicados, permanecem elevados por até
cinco dias. A elevação da amilase sérica é de mais
As causas podem ser congênitas ou adquiridas. de três vezes o nível normal. Seus níveis não cor-
As congênitas mais freqíientes são: malformações respondem à gravidade da lesão.
pancreática-biliares (pâncreas divisum, cisto
A diminuição dos níveis de amilase não significa
de colédoco, duplicação cística intrapancreá— resolução da pancreatite.
tica). 0 pâncreas divísum resulta da falha de Níveis persistentemente elevados sugerem evo-
fusão dos brotos pancreáticos embrionários dor— lução para pseudocisto ou abscesso pancreática.
sal e ventral. Como resultado, o ducto acessó— !: Nos casos em que há quadro clínico típico de
rio de Santorini, derivado do broto dorsal, drena pancreatite, mas os níveis de ámilase não estão
a maior parte do pâncreas. Como o dueto de San— elevados, a relação do clearance amilase-creatinina
torini é menor em calibre do que o ducto de pode ajudar. Essa relação é calculada da seguinte
Wirsung, ocorre drenagem pancreática inade- forma:
quada, resultando em dor crônica e pancrea—
tite recorrente:
A infestação por áscaris é a principal causa de Amilnse urinária
— ><
Creatinina urinária
x
100
pªncreatite adquirida. Os vermes, ao migrarem Amilase sérica Creatinina sérica
até as vias biliopancreáticas, causam obstrução
r.
da papila ou edema desta por reação inflamató- Valores acima de 6% são considerados sugesti-
ria produzida pelas toxinas dos vermes vivos ou vos de pancreatite.
550 I Flgado, Vias Biliares, Raça & Pâncreas
.
INíveis elevados de lipase sérica também auxi-
I Tem—se recomendado outras drogas, Cºmo a
liam diagnóstico. São, mesmo, um pouco mais
() somatostatina e análogos, glucagon, anticoli-
específicos do que os níveis de amilase. Perma- nérgicos, bloqueadores da histamina e inibidores
necem mais tempo elevados. O nível deve estar da bomba de prótons.
elevado três vezes em relação ao normal.
IRadiografia de abdome: algumas imagens radio-
lógicas são sugestivas de pancreatite, como "alça
Psrunnelsro mnenmleu
sentinela" (corresponde à presença de alça in-
testinal fixa na topografia pancreática) ou pre—
conceito
sença de espasmo de cólon transverso mostrando Coleção localizada de secreção pancreática circundada
dilatação do cólon direito (denominado sinal do por membrana fibrosa e tecido de granulação destituído
cut—017). de epitélio. Pode ou não comunicar—se com o sistema
IRadiografia de tórax: são comuns derrame pleural ductal pancreático. Geralmente é uniloculado. 0 cisto
esquerdo e edema pulmonar. contém enzimas pancreáticas em altas concentrações,
IUltra-sonografia abdominal: pode demonstrar 0 suco pancreático do cisto é oriundo das células acinares
diminuição da ecogenicidade do pâncreas pelo (trauma ou necrose) ou de ruptura ductal.
edema pancreática e coleções peripancreáticas.
É útil para demonstrar cálculos de vias biliares,
pancreatites complicadas por abscesso, ascite,
Enlueminlnuia F
IÉ a principal complicação da pancreatite aguda,
ducto principal dilatado ou pseudocisto e para
acompanhar evolução da pancreatite. A ecoden- independentemente de sua etiologia.
I Sessenta por cento dos pseudocistos são causa-
sidade normal do pâncreas costuma ser igual àquela
do lobo hepático esquerdo. dos por trauma.
ITomografia computadorizada de abdome: apre- I Predisposição sexual em pseudocisto causado por
G L ' S Ç Z VI
ca (CPRE): não é útil em pancreatite aguda.
indicada a casos de pancreatite traumática de A evolução de pancreatite para pseudocisto é sugerida
evolução atípica ou prolongada, de obstrução por pela persistência da dor abdominal, níveis elevados
áscaris, de cálculos na papila duodenal ou ductos de amilase, icterícia, sinais de obstrução gástrica,
biliopancreáticos e de pseudocisto pancreático. .,vômitos, perda de peso, febre e aparecimento de massa
I Colangiopancreatorressonância magnética (CPRM): lesférica em epigástrio ou andar superior do abdome.
técnica ainda em estudo com excelentes pers-
pectivas futuras. Parece não substituir a CPRE Inuastluaçãn niaunústica
na avaliação dos ductos pancreáticos.
' I A tomografia ,abdominal e a ultra-sonografia
confirmam o diagnóstico.
TRATAMENTO I A CPRE é utilizada para definir a anatomia ductal
I Correção dos distúrbios metabólicos e hidroele-- pancreática e estabelecer as relações entre o
trolíticos. pseudocisto e o ducto pancreático. Em crianças. -
I Analgesia: antiinflamatórios e narcóticos (pre- são definidas da seguinte forma: Tipo I — duºlº
ferência pela meperidina, que causa menos es— normal sem comunicação identificável ou de-
pasmo da ampola de Vater). —
monstrãvel com o cisto; Tipo II ducto normal
I Repouso pancreático: nada via oral (NPO, nil
per os) + início precoce de nutrição parenteral
—
com comunicação ducto-cisto; Tipo III ducto com
estenose e sem comunicação ducto-cisto iden-
total (NPT) para evitar o catabolismo protéico. tificável ou demonstrável; Tipo IV — ducto com
A dieta oral é reiniciada de acordo com a me- estenose e comunicação ducto-cisto; Tipº V '
lhora dos sintomas e a diminuição dos níveis das dueto com completa amputação (cut-ofl).
enzimas pancreáticas. Inicia-se com dieta semi-
elementar ou pobre em gorduras.
I O uso de sonda nasogastrica só está indicado em Tratamento
- casos de distensão abdominal e/ou vômitos. Resolução Espontânea
I Antibióticos não devem ser usados, a não ser
quando há evolução para pancreatite nécro—he- Quarenta a sessenta por cento dos pseudocistos regride!n
mor-rágica ou formação de abscesso pancreático. em torno de quatro a seis semanas, apenas com me
.
Pancreatite Aguda, Pseudocísto Pancrea'tico I
551
..as conservadoras; o uso de somatostatina ou acetato
.,“
. aeter. ..
ao e controle da evolução das lesões ductais pelo 10 dias após o tratamento da pancreatite e cole—
ções peripancreáticas nos estudos de imagem.
' ) I A confirmação diagnóstica é
dada pelo Gram e
atamento Endoscópico
{guns trabalhos demonstram a
possibilidade de dre-
pela cultura das secreções coletadas por punção
ou debridamento dos tecidos peripancreáticos.
I0 tratamento consiste em antibióticos (imipenem
ãgcm endoscópica pelas técnicas: ou ceftriaxona), drenagem ou debridamento ci-
rúrgico dos tecidos necróticos e infectados e
l
Transmural (cistogastrostomia ou duodenostomia colocação de drenos de sump para irrigação.
endoscópica). A cistogastrostomia ou cistoduo-
denostomia endoscópica transmural baseia-se na
colocação de um cateter duplo pigtail (5 a 7Fr) RSGITE PMGREÉTIEA
naqueles pseudocistos que fazem proeminência ,, .
na parede gástrica ou no duodeno. Cria—se uma
I Resulta da ruptura de um ducto pancreático ou
da drenagem de um pseudocisto para a cavidade
fístula entre estômago ou duodeno e o pseudo«
Cisto. O trato de comunicação é mantido com abdominal.
. flº-guia, enquanto a fístula é alargada com um
I Caracteriza-se por aumento gradual do volume
abdominal durante a evolução de uma pancrea-
cateter com balão. A permeabilidade da fístula
M ia u — w “
”
€ mantida com duplo stent pigtail. tite e elevação persistente dos níveis de amilase
sérica.
' Transpapilar (por meio de colangiopancreatografia
retrógrada endoscópica). Indicada a pacientes com
Uma grande comunicação entre o pseudocisto (nos
n O diagnóstico é confirmado por amilase eleva-
da (geralmente acima de 10.000UI/L), proteínas
acima de ZSg/dL e citologia não específica no
Cistos pequenos) e 0 ducto pancreático. O stent líquido ascítico.
"
552 I
Flgado, Vias Biliares, Baço e Pâncreas
‘I O tratamento consiste em medidas gerais e NPT, FERNANDEZ CORDOBA, M. S.; LOPEZ SAIZ, A.; BENLLOCH r m:
~' resultando na resolução de 70 a 80% dos casos. SANCHEZ. C- ªl ª- Pªnºrªmª ªnd Pªncmªúc pseudoçym in '
.í,
Somatostatina e acetato de octreotida têm-se
“ª mostrado efetivos também no tratamento de ascite
Child“: ª 12'Yªªf ”View Ciª Pediªtr-. V- 9, p. 113-l|7.|996
JACKSON W— D- Pªnºrªmª“: etiºlºgy. diªgnosis, and mªnªgement. ":5
9-3; :
€
pancreática. Quando não há resolução, indica— CW- ºPí'ª Pºdiª"! “ l3,p.447-451,2001. '
3 »
se estudo da anatomia ductal com colangiopan- NEA1:0N-W-IH'; WALSÉR, & Mªi?!Pancreatic ductal anatomy mn É: i '
creatografia retrógrada endoscópica para definir
comma cirúrgica.
dm“ ºhºlºª ºf mºdªmy fºr "ºª“"g panoreatic PSCUÚUCysxs. Ann.
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3
_" k
.?
t
* É
\
Hipertensão Portal e Varizes Esofa'gícas I 553
BBSTBIIÇÉES EITIII E
lNTRII-IIEI'ÃTIBIIS
EDIdBmIOIDGIª
l Mais de 50% das obstruções ao fluxo venoso portal
são de causa extra-hepática.
m Sangramento digestivo alto por ruptura de vari-
Etiolngla
IA principal causa de obstrução extra-hepática é
" da hipertensão portal. O processo inicial, na grande intra-abdominais. Alguns autores citam uma
etiologia congênita, resultando em veia porta
maioria dos casos, é causado por maior resistência ao tortuosa e pouco desenvolvida. Anormalidades
tnfluxo de sangue entre o leito esplâncnico e o átrio anatômicas congênitas também incluem as mem-
“direito. Em resposta à pressão elevada na circulação branas ou diafragmas dentro da veia porta, le-
portal, desenvolve—se circulação colateral, conectando vando à obstrução. O papel das malformações
_a vasculatura portal de alta pressão ao sistema ve— congênitas da veia porta em hipertensão extra-
_noso sistêmico de baixa pressão. O desenvolvimento hepática é sustentado pela presença associada de
,,progressivo de vasos colaterais conectando as circu-
C. ilações portal e sistêmica tem o benefício de diminuir outras anomalias congênitas em 40% dessas
', na pressão portal. crianças, comparadas com frequência de apenas
' Esse aumento de resistência costuma ser causado 12% de causas definidas, como cateterização da
veia umbilical.
,
pactuação
.. s veias do esôfago distal têm paredes mais finas e
e insuficiência hepática.
: A forma de apresentação mais precoce e comum
é a hemorragia varícosa, que se apresenta clini—
ªtão localizadas mais superficialmente na lâmina própria camente sob a forma de hematêmese e/ou mele-
,em vez da submucosa); portanto, possuem menos tecido na. Durante a evolução da doença, mais de 90%
de Suporte, proporcionando maior facilidade para dos casos vão apresentar alguma forma de san-
latação e ruptura. O risco de sangramento não está gramento digestivo. Nas obstruções extra—hepá-
ente relacionado à pressão portal, mas ao tamanho ticas, geralmente o sangramento é precipitado
das varizes, a espessura e à integridade de sua parede. por infecção respiratória superior (tosse e eSpir—
As veias colaterais portossistêmicas mais impor— ros causando aumento da pressão intra-abdomi-
fªmes são: coronárias, gástricas curtas, esofágicas, nal), vômitos, ingestão de aspirina (antagonista
Intercostais, ázigos, hemiâzigos e cava superior. Outras plaquetário e dano da mucosa gastrointestinal),
»ººlªterais podem ser: da parede abdominal (caput me-
"
febre (pela taquicardia, há aumento do rendimento
ªe). pararretais e retroperitoneais, renais e gonadais. cardíaco, levando ao aumento da pressão portal)
554 I Fígado, Vias Biiiares, Baço & Pâncreas
ou refluxo de ácido gástrico. O fígado é normal ou tografia (demonstra aspectos anatômicos, permea “ '
quase normal e hemorragia maciça é rara. Não
,, bilidade, fístulas, colaterais e lesões intramepé:
ticas). A esplenoportografia, mostrando a veia
_
, se sabe o risco global da criança com sangramento ,
por varizes esofágicas. O sangramento costuma porta, a veia esplênica, a localização do bloqueio 1-
ser variável, sem regra; súbito com hematêmese e a extensão das varizes, pode ser realizada- '
maciça, mas as vezes pode sangrar mais insidi-
osameute com fezes do tipo melena. O sangra-
- Observando-se a fase venosa da arteriognifla
mesentérica superior (a forma mais usada atua].
,“
'
a
mento extra-hepático, em contraste com o de pa- mente).
cientes com cirrose, ocorre em crianças pequenas
(raramente antes dos três anos de idade), saudáveis, — Por acesso direto portal. com punção percutânea
transepática ou da polpa esplênica. , ‘'
.
. com boa função hepática, que o toleram sem — Por cateterismo da veia umbilical, “i ,
desenvolver insuficiência hepática, coagulopatias — Por ileografia. 5
.
l
,
e encefalopatias, em geral sendo autolimitado.
lEsplenomegalia com hiperesplenisma é a segunda
manifestação inicial (20%) dos casos de obstru—
çâo extra-hepática. O aumento da pressão por—
Sempre medir, nos acessos diretos, a pressão da
veia porta. ,
Portografra por punção esplênica é pouco usada
atualmente, pois apresenta risco de sangramento
:.
*?
.
à tal é por congestão passiva e também por aumento de 5%. Também é contra-indicada quando hou- '
5,3
'
g
do fluxo esplãncnico, levando à hiperplasia reti—
culoendotelial e a citopenias (leucopenia e pla-
ou
ver diátese hemorrágica ascite. A portografm
por acesso transepatico ou pela veia umbilical
&
“ ,“
, quetopenia). também é pouco usada. gg
[" I A ascite transitória das obstruções extra-hepáti- Atualmente, o melhor e menos invasivo exame é 1,3
, cas costuma aparecer no início da doença (1ª
infância) em que alta pressão portal está presente,
a ultra-sonografia bimodalecorn Doppler.A ultra- ,
sonografxa permite a visualização do tamanho e g
sem ainda mínima circulação colateral. Costu— da consistência do fígado e do baço, mede o diâ— «
ma desaparecer em um a dois anos. Pode também metro da veia porta, suas tributárias e sun extcn- J;;
aparecer transitoriamente após episódio de he— são intra-hepática, dilatação das vias biliares intra :ª
, morragia varicosa. e extra-hepáticas, obstrução extra—hepática, ascite, g Í
_, A ascite é mais comum nas formas intra—hepã— espessura do pequeno omeuto eanomalias renais E 'ª
.ª-
‘
. ticas. Quando a pressão portal está elevada, a
formação de linfa excede sua absorção, saindo
do espaço intravascular para o peritônio. A
(associação com doença policística renal).Aultra- É
sonografia com Doppler estuda a permeabilidade É
e a direção do fluxo da veia porta para outras veias à»,
.É
':
hipoalbuminernia da cirrose causa diminuição da do sistema venoso portal e veias hepáticas, ob- ‘3‘,
_ '
pressão oncótica do plasma, aumentando & ascite.
I Nas obstruções intra—hepáticas por cirrose, há
serva presença de trombose de veia esplênica ou
de todo o sistema portal. Também determina o
ª
‘l história de doença hepática conhecida e por isso diagnóstico de hipertensão portal, demonstrando
ll
*
podem surgir achados clínicos de doença hepá-
tica crônica (icterícia, ascite, hepatoesplenome- : fluxo hepatófugo por meiodecolaterais (veia gástrica
esquerda, paraumbilicais e paraduodenais) e cal-
,
.
,
galia, déflºit dº crescimento, fraqueza muscular) cula a relação de espessura do pequeno omento/ ',
5 e estigmas cutâneos de cirrose (cabeça de me- diametro da a'orta (normal: 1,7 a 1,9). " *
autuª-PWºsa
t hepatoesplênica e biópsia hepática. (estados de hipercoagulabilidade causadº.s "I
~. I Para avaliar a veia porta: ultra-sonografia abdo- policitemiª. lúpus eritematoso difuso: '
minal com Doppler, angiorressonância magnética, cepcionais ou malignidade), oblitera窺 fibro '
angiografia por-subtração digital ou esplenopor- membranas ou tumor.
Hipertensão Portal e Varizes Esofa'gicas n 555
Tratamento farmacológlco
com balão de SengstakemBlakemore. Sºmente a.
indicado aos 5 a 10% restantes. '
I O tamponamento com balão atualmente só é
Endoscopia com zscleroterapla utilizado em pacientes cujo sangramento não seja
controlado pela farmaco ou escleroterapia, on
quando a escleroterapia não for tecnicamente pus,
Sangramento persistente ou recorrente sível. Frequentemente não é efetivo para cessar
a hemorragia. Apresenta elevada recidiva e risco
de aspiração pulmonar. Entubação endotraqueal
Varizes é sempre
recomendada para proteger a via aérea &
Sªngrªníªi
3:33:35 enquanto alta inci-
o balão estiver em uso. Têm remoção,
dência de ressangramento após sua Ãã'? ig
Insuflar parcialmente o balão gástrico, realizar .ª; '
Tubo s-B o)
Exhwmªplª
ªª'º'ºnª'
radiografia de abdome superior para confirmar
a posição do balão gástrico. Se estiver bem pn.
;
É ?1
sicionado, insuflã-lo totalmente, tracionar e ti- *a 3
Mm Sªngrªmentº
de
xar a sonda, modo que ele se
ajuste àjunção
viª ª
S..,
m persistente ou gastroesofágica. Em seguida, msuflar o balão &
l _ . pelo riscopermanecer
não deve
de isquemia da mucosa esofágica. ºf,'5'
insuflado por mais do 24h, E'
,
l Píocedir-nenms- ".ª ,
,'
(_
' shun:
(“ifll‘dfil’s'lh
transplante
“1130323122“
sem
lníií'fhil'âiãTãm
possibilldade
Shunt
transplante futuro
Ascite
. .
ª
É nª
;a I
3:32;:ng “““"” Dieta hipossódica com restrição de água.. x '
l hªpª'kº) II
duas veias dentro do parênquima hepático. A técnica a perfusão anterógrada do fígado dentro da porção
56 é útil em hipertensão portal intra-hepática grave, mesentérica da circulação portal, descompri-
como medida temporária, quando se prevê trans—
plante hepático futuro, pois mantém as veias extra—
mindo o plexo venoso esofágico por meio das
veias gástricas curtas e esplênica.
hepáticas intactas (Fig. 107.2). Forma um shunt ' Causa intra-hepática— as melhores opções são:
porto—cava central não-seletivo. Não há experiência * Derivação esplenorrenal distal seletiva de
comprovada em crianças. Principais complica- Warren com modificações preconizadas por
ções: encefalopatia hepática e oclusão da deri-
vação por estenose ou trombose.
. Maksoud“.
Derivação mesentérico-cava ténnino-lateral
de Clatworthy. ,
—mesenterico—cava término-lateral.
Shunt seletivo visa ao desvio da porção gastroes-
plênica do fluxo venoso portal em uma veia
sistêmica, quase“ sempre a veia renal. A co-
municação entre a circulação portal mesentérica
central, que perfunde o fígado, e a circulação —
Figura 107.2 Derivação portossistêmíca transjugular. Pela
veia jugular, passa—se um cateter até a veia hepática e. com
gastroesplênica portal é desligada pela divi-
uma agulha, estabelece-se uma comunicação entre a veia
são das veias gastroepiplóicas, veia coronária hepática e a veia porta. A comunicação é dilatada até que
e colaterais pancreátieas retroperitoneais. O seja possível colocar um stent metálico expansível, forman-
shunt mais utilizado é o de Warren, que preserva do uma conexão portossistêmica. Adaptado de Karrer et al.‘
558 I Fígado, Via: Biiiares, Raça e Pancreas
Procedimentos Não-derivativos
Apresentam incidência proibitiva de sangramento re.
corrente (50%) e taxa substancial de mortalidade. Sãº
técnicas quase totalmente abandonadas, exceto quando
shunts ou transplante não podem ser usados em ra-
zão de trombose venosa extensa.
I Desvascularização gastroesofágica com transecção
do esôfago imediatamente acima da junção gas-
troesofãgica, reanastomose e esplenectomia (pro—
Figura 107.3 —- Derivações portossistêmicas mais comuns.
cedimento de Sugiura). Precedimento mais conhe-
(A) Shunt mesentérieo-cava atual com interposição de um en- cido. Cirurgia muito extensa.
I Esofagogastrectomia parcial.
xerto de veia jugular interna entre a veia mesentérica supe-
rior e a veia cava inferior. (B) Shunt esplenorrenal distal I Translocação esplênica torácica (esplenopneu.
objetivando a descompressão das varizes pelas veias gástri- mopexia). Tem por objetivo aformação de circulação
cas curtas em direção à circulação sistêmica, via anastomose colateral entre o sistema porta e as veias pulmona.
das veias esplênica e renal. (C) Shunt esplenorrenal Iétero- res. A comunicação é criada por amputação do pólo
lateral. (D) Shunt mesentérico-porta esquerda intra-hepáti- superior do baço, transposição do baço para den-
co com interposição de um enxerto de veia jugular entre a
veia mesentérica superior e a veia porta esquerda intra-he- tro do tórax pela abertura no hemidiafragma es-
'
pática. Adaptado de Karrer et al.‘. querdo e exposição da superfície cruenta esplênica
ao lobo pulmonar inferior esquerdo. Pode ser acres-
centada ainda a ligadura da artéria esplênica.
6 2 8 - ni s a r
I Translocação esplênica subcutânea e outros.
Ultimamente foi descrito o shunt mesentérico-
<9L -
I
I
porta esquerda (Rex shunt), que é um método Transplante Hepático
.de reconstrução direta da circulação portal em
pacientes com obstrução extra-hepática. Ele Indicado na obstrução pós—sinusoidal como aquela
restabelece o fluxo portal normal pela anastomose causada por cirrose decorrente de atresia de vias biliares.
direta entre a veia porta intra-hepática (ramo
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
_
esquerdo da veia porta) e a veia mesentérica,
1 . KARRER. F. M.; NARKEWICZ, M.R. Esophageal varices: current
usando enxerto de veia jugular interna ou veia management in children. Sem. Pediatr. Surg., v. 8, n. 4, p. 193-201.
coronária dilatada. O parênquima hepático, entre : 1999.
ton
os segmentos 3 e 4, é dividido e o ligamento re- 2. MAKSOUD, I. G. Hipertensão portalfln: Cirurgia Pediátrico.
dondo é seguido até o recesso de Rex para expor São Paulo: Revinter, 1998. p. 908—919.
a veia porta esquerda, onde todos seus ramos 3. MAKSOUD. J. G.; GONÇALVES, M. E. Treatment of portal
terminais são isolados. Se a veia porta for muito hypertension in children. World J. Surg., v. 18. p. 251-258. I994.
pequena ou a malformação vas—cular estender-
se até o recesso de Rex é indicado, o shunt esple- BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
uorrenal distal. Alguns autores acreditam que BAMBIÍNI, D. A.; SUPERmA, R.; ALMOND, P. S. et al. Experience
a melhor forma de avaliar o tamanho e a permea- with the Rex shunt (mesenteric-left portal bypass) in children with ex-
trahcpatic portal hypertension. J. Pediatr. Surg., v. 35. p. 1349.1030‘
bilidade da veia porta esquerda é pela visualização
direta. CARVALHO, E.; NITA. M. H.; PAD/A. L. M. A.; SILVA, A. A. R-
I-lemon'agia digestiva. J. Pediatr., v. 76, supl. 2, 5135-5146. 1000-
Dois critérios devem ser adotados antes de indi- GAUTl-llER, F. Recent concepts regarding extra—hepatic portal
car c Rex shunt:
— Presença das veias mesentérica superior e ambas
as jugulares internas permeáveis.
hypertension. Sem. Pediatr Surg.. v. 14, p, 2l6-225. 2005.
KARRER. F. M. Portal hypertension.vSem. Pediatr Surg., v. I. n. ª.
p. 134-144, 1992.
—-Presença de veia porta intra-hepática larga e sem
trombose. Esses dados são obtidos por angiot—
SHARARA. A. I.; ROCKEY, D. C. Gastroesophageal variceal hemºr-
rhage. N. Engl. .l. Med., v. 345, p. 669-681; 2001.
Trato Geniturinário
ll”M
Refluxo Vesicoureteral. ... ........................ 661
Rim Multicistico Displésico ... . 666
Urolitlase Pediátrica .......................................... 669
Hidronefrose ................................................ 673
Circuncirão I 561
BOIITIIA-IIIIIIIIIIGfiES
llnemalias Penianas
O prepúcio e' a fonte de pele preferida para a corre.
ção de inúmeras anomalias penianas e uretrais, como
epispádia, hipospádia e, de vez em quando, recurvamenio
peniano (chordee). Circuncisão deve ser adiada ate‘
ser realizada avaliação urológica apropriada.
Penis Embutido
circuncisão deve ser evitada em pênis embutido, porque
a remoção de excessiva quantidade de pele peniana
Figura 108.1 — Balanite xerótica obliterante.
tªlª—- «...—.. poderia causar aprisionamento do pênis na gordum
suprapúbica (Fig. 108.2). É rrlelhor adia—la até mais
tarde, quando há diminuição progressiva da gordura
mente, ela pode ser reconhecida pela presença de suprapúbica. Em casos selecionados em que a circun-
prepúcio distal esclerótico, esbranquiçado (Fig. 108.1). cisão deva ser realizada, pode—se empregar técnica
Deve-se lembrar que essas alterações podem também especial.
envolver a glande e causar estenose meatal, mesmo
após a circuncisão.
lliátese llemeiráelea
É uma contra-indicação relativa. Todas as coagulopatias
devem ser apropriadamente avaliadas e corrigidas
Quando o prepúcio permanece completamente retraído,
após um período de tempo prolongado, pode ocorrer
constrição dolorosa da glande peniana. Obstrução
linfática pode levar a um significante edema e, às vezes,
durante o período perioperatório.
Trauma
Lesões traumáticas do prepúcio raramente requerem
circuncisão.
Prematuriilaile
circuncisão deve ser adiada até que a criança esteja
m EMLA‘” Creme tópico: EMLAª> Creme é uma
mistura de lidocal’na 2,5% e prilocaína 2,5%. 0
saudável e medicamente preparada. total de l a 2g de creme é aplicado no corpo peniano
'? distal e coberto por curativo oclusivo por 60 a
TÉGNIGRS 90min antes do procedimento. EMLAªº Creme não
é aprovado para o uso em crianças menores de
Circuncisão no período neonatal pode, em geral, ser um mês de idade. Além disso, um metabólito da
realizada sob anestesia local. Normalmente são de prilocaína pode causar metemoglobinemia. O creme
indicação religiosa ou social. Meninos com estase urinária não deve ser usado em crianças que recebem
e grande resíduo pós-miccional (refluxo vesicoureteral, medicamentos conhecidos em induzir metemo—
válvulas de uretra posterior, etc.) podem beneficiar—se globinemia.
da circuncisão, pois se sabe que esta diminui o risco
de infecção urinária no primeiro ano de vida. Aneste-
sia geral é requerida após o periodo neonatal.
GOMPIIBHGÍÍES
Aquelas
Incisãe llersaltle Mellie Hmosetl’ostanlaslia] la Sangramento: é a complicação mais comum. Na
É usada como medida para temporizar casos agudos maioria dos casos o sangramento pára com com-
,, de parafimose e fimose. O anel constritivo é identi- pressão. Em certas ocasiões, pode ser somente
,_ ficado e aberto usando uma incisão dorsal. Essa abertura controlado por reoperação e ligadura do vaso
& deve» incluir a fáscia de Buck para evitar recidiva do sangrante.
Í anel fimótico. Algumas vezes, o resultado cosmético Remoção excessiva da pele: quando isso ocorre,
g é pouco satisfatório, e a circuncisão formal é requerida raramente é necessária a enxertia.
posteriormente. Em muitos países, essa técnica é a m Amputação peniana: felizmente é uma compli-
E forma predileta de correção de fimose, pois mantém
o aspecto natural do pênis.
cação rara. Devia—se tentar reimplante glandar
microcirúrgico imediato. Amputações da glande
distal podem ocasionalmente ser tratadas sem
reimplante.
ai Necrose peniana: pode resultar na perda da glande
Incluem o dispositivo denominado Plastibellº e os clampes ou de todo o pênis. Em geral, é o resultado de
Gomcoº e Mogenº. Há pontos essenciais a serem lem— lesão causada por cautério, aparecendo quando
brados no uso de cada um desses aparelhos. O prepúcio a corrente do eletrocautério é aterrada por meio
. deve ser bem liberado para permitir a inspeção cui- dos vasos sanguíneos do pênis, causando sua
tv dadosa da glande. Todas as adesões balanoprepuciais
,
5i devem ser completamente liberadas. Quando o Gomcoº uso
trombose. O de eletrocautério bipolar pode
prevenir essa complicação.
', ou o Mogenº for utilizado, o aparelho deve ser deixado
I Lesão uretral: quando reconhecida, deve ser re—
, por tempo suficiente para assegurar hemostasia ade- parada primariamente por cirurgião experiente.
:; quada (promovem hemostasia por esmagamento). ll Infecções: a maioria das infecções
e
pequena,
resolvendo—se com a aplicação de curativos locais
Pesteetemia e banhos de assento. Gangrena, fascite e sepse
são raras, mas podem ocorrer.
0 prepúcio redundante é demarcado e removido, e
n Retenção urinária: pode resultar de curativo muito
as margens da pele são reaproximadas com material
de sutura absorvível. constritivo ou aparelho Plastibell inadequado.
e Deiscência de sutura: a ferida deve cicatrizar por
segunda intenção, Deve-se aplicar creme de
TÉGIIIBIS lllllllliÉSllllS barreira.
E claro que a circuncisão é associada a dor e estresse,
— mesmo no período neonatal. Técnicas analgésicas Tarlias
aprºpriadas devem ser sempre usadas.
la Complicações referentes à pele: incluem remoção
I Bloqueio dorsal peniano: os feixes neurovasculares
incompleta do prepúcio, que pode levar a con-
são infiltrados com 4mL de lidocaína 1% sem tratura da pele e fimose verdadeira, cistos de
epinefrina. Os feixes podem ser facilmente aces- inclusão, recurvamento peniano e pontes de pele.
sados, usando-se agulha calibre 27 na base peniana, a Fistula uretrocutânea: uma fístula pode resultar
nas posições 10h e 2h, em direção póstero—lateral. de lesão uretral não diagnosticada. Pode ter sido
M
7 1 ‘,
564 I Trato Geniturinérlo
_
ocorrer com a utilização de Plastibell“D muito 'I'IIH'I'MIEHTO III "MUSE 00M ESTEflmnis ª
~ pequena rflrleos ª;
' I Estenose meatal: parece ocorrer como resultado _ ,
'ª da exposição meatal e irritação, após remoção Resoluçao bem—sucedida 5111056
tem sido relatadª
dº "” ,
do prepúcio protetor. Nos casos de balanite xerótica
obliterante, estenose de meato é uma ocorrência
ª
com ªphºªçªº de
º
cremes
esteróides. O trammemo é
prolongado ªf creme aplicado por “I? período mínimo
Í.
.-
窺 de um ªnel de fibrºsª na zona dº suturaJunto of randomized trials and observational studies. Arch. Dis. Child, É ;
f à superfície da pele. v. 90, p. 853-858, 2005.
.?= .,
º
_. ,.
,
math“; an”. mir i
ª ri m
> .;
4
Paraflmore I 565
I)
JE"?e.
TI
109.1 - Parafimose com edema do prepúcio e da
Figura 109.3 Técnica de redução da parafimose. Tração
-
para frente do prepúcio com os indicadores e dedos médios,
enquanto a glande é empurrada para trás com os dedos po-
legares.
"ª
566 I Trata Geniturínário
transvergaiªdº
anel constritivo. dissecç㺠da fáSCiª
Buck e sutura no sentido
manobra, tenta-se a redução, aplicando pressão n Outra técnica bastante utilizada é aquelª que se
6 1 8' 9 5 - 2
C'ZL
com os polegares sobre a glande, empurrando- baseia em múltiplas punções do prepúcio ede-
a para trás, enquanto os indicadores e dedos médios maciado e expressão do líquido de edema. Os
tracionam o prepúcio edemaciado para frente (Fig. sítios de punção permitem a saida do líquido de
109.3). '
edema aprisionado, facilitando a redução.
I Alguns autores sugerem a injeção de hialuronidase rn Quando não for efetiva a redução manual, indi-
no prepúcio edemaciado como método efetivo ca.—se o tratamento cirúrgico por meio de uma
na resolução do edema, facilitando a sua redu- incisão dorsal do anelfe redução ou postoplastiri
ção. A degradação do ácido hialurônico pela hia- (Fig. 109.4). Se tiver'v sido optado pela incisão
luronidase aumenta a difusão do líquido ede- dorsal, deve-se programar uma postectomia eletiva
maciado entre os planos teciduais, diminuindo posterior.
o edema.
I Outros autores citam o açúcar granulado no tra- BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
tamento da parafimose, baseando-se no princípio BARONE, ].G.; FLEISCHER, M. H. Treatment of paraphimosis using
de transferência de líquidos por meio de um gra— the “puncture” technique. Pediatr. Emeig. Car:, v. 9. p. 298-299.
1993.
diente osmótico. O açúcar granulado deve ser ge— CAHILL, D.; RANE, A. Reduction of paraphimosis with granulated
nerosamente espalhado na superfície do prepúcio sugar [Lettcr; Comment]. BJU Int., v. 83, p. 362, 1999.
e da glande edemaciados. O liquido hipotônico CHOE, l. M. Paraphimosis: current treatment options. Am. Fam.
do prepúcio e da glande edemaciados difunde- Physician, v. 62, p. 2623-2626, 2000.
se para o açúcar, reduzindo o edema e permitin- DE VRlES. C. R.; NHLLER, A. K.; PACKER, M. G. Reduction of
do a redução manual. paraphimosis with hyaluronidase. Urology. v..413, p. 464465, I996.
Hipospa'día I
567
ipospád PREIIIIlÉIIGIII
Há uma variabilidade geográfica na prevalência de
hipospádia, com um aumento mundial na sua frequência
odem ocorrer juntas em 4 a 20% dos casos. Essa Duplicação uretral é uma anomalia associada
sociação, especialmente quando o grau de hipospádia incomum. O meato situado normalmente é ge-
“avançado, deve alertar—nos sobre a possibilidade de ralmente associado com uretra hipoplásica. O meato
estarmos diante de um caso de intersexo. hipospadico é conectado a uretra proximal nor-
mal, contendo o verumontanum e es ductos eja—
culatórios. Portanto, é auretra ventral que deve
genitália encontra—se em estágio indiferenciado du-
ser preservada durante a reconstrução.
igura 110.1
hlDospádias.
.- Classificação das
(A) Glandar; (B) subco-
tonal; (C) peniana distal; (D) peniana
proxxmal e (E) períneal. A
'
568 I Trato Genitun'nário
RIIIllIIIGÍIB I'llÉ-DI'EIIIITÓIIIII
618'95LS
Além da posição do meato. os seguintes fatores de-
|
vem ser cuidadosamente avaliados antes da cirurgia
fil
pois podem influenciar na técnica a ser escolhida, be“;
como nos resultados cirúrgicos obtidos.
Sulco uretral: um sulco uretral profundo facilita
a tubularização da uretra distal e melhora os
Figura 110.2 - Hipospádia subcoronal. resultados cosméticos. :
Tamanho da glande e configuração: em geral,
uma glande pequena e aberta torna tecnicamente
Hipospãdia anterior é o tipo mais comum, poden-
do ser subclassificada em:
ª
diffºil aquisição dª um meato nºrmalmente
situado.
N㺠é necessário
com hipospádia. Pacientes ª
investigarcommaioria dos pacientes
graus avançados de idealmente,anos
primeiros
hipospádias devem ser reparadas nos dois
de vida, desde que o tamanho do pênis
seja adequado e, fisiologicamente, a criança esteja
em boas condições para submeter-se a anestesia ge-
ral. Em geral, o reparo e realizado dos seis aos dezoiios
“4º.3:eã meses de vida. Isso minimiza os distúrbios psicoló-
ª
Hipospádia I
569
VEL
talho ilhado tubularizado. ção longitudinal no próximo estágio. Também é muito
importante a realização de um curativo que imobilize
o enxerto sobre a superfície do pênis. Os fios utiliza-
dos na sutura lateral do enxerto devem ser deixados
longos e amarrados uns aos outros, imobilizando, dessa
forma, a gaze vaselinada
enrolada sobre um cateter
de Foley, deixado sobre o enxerto. O curativo não e
trocado por cinco a sete dias, quando deve ser cuida.
muito importantes para os adultos que se submete- dosamente retirado e o enxerto, inspecionado. NeSsa
ram a correção de hipospádia. Infelizmente, meatos ocasião, o cateter de Foley é retirado.
-.
an. mx at:«
uretrais anormais resultam de técnicas que utilizam O segundo estágio consiste na tubularização do
retalhos pediculados. Por essa razão, um número cres- epitélio previamente enxertado na face ventral do pênis,
cente de cirurgiões começa a optar pelo tratamento E preferível realizar a sutura em dois planos, cobrin-
cirúrgico estagiado, descrito a seguir. do a área de sutura com uma generosa camada de tecido
bem vascularizado (retalho de dartos ou de túnica
vaginal). Aconselha-se também desepitelizar um pouco
GIIIIIIEGÃII IIE EIIGIIBIIAMEIITII PEIIIIIIIII dos bordos da pele ventral, suturando-a como em jn-
[WIMHIEEI '
_
aplicado à base do pênis (obviamente não-aplicável
_ _
pªrª as casos de hipospádias penoscrotal e perineal).
Ambªs as formas Sªº efluentes em reduZir º san—
m Fístula uretrocutânea.
El
fl
Estenose de meato.
Persistência de encurvamento residual. %“:w. n >—.-
,
'
gramºntº- Hematomas. É Ti:». '
l1 Infecção. ifiiiisãd
rrnrrnnção taDeslocamento do stent uretral.
-, 0 cirurgião tem uma difi'cil tarefa reconstrutiva a em— O tratamento das complicações e individualizado.
. preender naqueles pacientes com tentativas prévias
de correção cirúrgica. Cada caso deve ser individua-
Em geral, os procedimentos redo devem ter intervalo
mínimo de seis meses entre eles. Isso permite boa
.
lizado. Os seguintes aspectos são muito relevantes na cicatrização dos tecidos e resolução da resposta in«
eseolha da técnica operatória: flamatória gerada pelo reparo inicial (ver seção sobre
reoperação de hipospádia).
Presença de encurvamento residual.
:? lAvaliabilidade do prepúcio residual.
' I0 diâmetro e a localização de qualquer fístula
uretrocutânea.
m Hipospádias são malformações prevalentes que
demandam conhecimento e cuidados especiais.
:BEBIIIIIÇÃB URINÁRIA n Hipospádias devem ser reparadas precocemente
Indica-se cistostomia somente quando um cateter vesical nos lactentes por cirurgião especializado e ex—
não puder ser colocado. A grande maioria dos pa- periente, bem familiarizado com a variedade de
cientes é derivada, usando um stent de silicone colo— técnicas cirúrgicas.
E Atenção cuidadosa a detalhes técnicos 6 essen-
cado na bexiga, que é deixado drenando livremente
, nas fraldas. O sistema é muito eficaz na prevenção cial para minimizar complicações.
de infecção urinária. Drenagem urinária é mantida Complicações ocorrem, mas, atualmente, todos
'
€” por pressão capilar derivada das propriedades absortivas os pacientes são candidatos à correção.
da fralda. Alguns cirurgiões preferem não usar stents BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
ao reparo de hipospádia distal. Tal estratégia parece SNODGRASS, W. Tubularized incised plate urethroplasty for distal
ter sucesso em lactentes e meninos que ainda não têm hypospadias. J. Urol, v. ISI, p. 464—465, 1994.
«' continência urinária. Crianças maiores podem sofrer SNODGRASS, W.; KOYLE, M. et al. Tubulurized incised plate
significante desconforto como resultado de uma micção hypospadias repair: results of a multicentric experience. ]. UmL,
dolorosa e desenvolver retenção urinária. v. 1561 p. 839-84lf1996.
BASKIN, ES.;DUCKE'IT, J. W.: UEOKA, K. et al. Changing concepts
of hypospadias curvature lead to more onlay island flap procedures.
J. UmL, v. lSl,p. lili-1915.1994.
o passado, o reparo de hipospadia era associado a HOLLOWEL, J. G.; KEATING: M. A.; SNYDER, H. M. et al.
Presengation of the urethral plate iii hypospadias repair: extended
uma alta taxa de complicações. Entretanto, os recentes applications and further experience with the onlay island flap
avanços técnicos, previamente descritos, têm reduzi— urethroplasty. ]. UraL. v. 143, p. 98-100, 1990.
— w.
,n v — « f M
.,
572 I Trato Genitun'nán'o
Priapismo em Anemia
intracelular passa a ser quatro vezes maior que o nivel
normal, e a membrana torna-se rígida.
O óxido nítrico é o principal neurotransmissor que
controla a ereção. O endotélio, que reveste o corpo
Falciforme cavernoso, secreta óxido nítrico. A hipóxia diminui
a produção de óxido nítrico, facilitando a adesão das
células falciformes ao endotélio vascular.
óLS'EÁZPI.'9LS
As células falciformes costumam aderir aos macró-
João Carlos Ketzer de Souza fagos. Essa propriedade contribui para a eritrofugocitose
e o processo hemolítico.
GONGEI'I'D Também possuem nível elevado de imunoglobulina
G em sua superfície. Crises vasooclusivas muitas vezes
Ereção peniana persistente e dolorosa involuntária são ativadas por infecção.
anormal, não relacionada à atividade sexual em me- As células falciformes têm vida-média curta, ªprº—
ninp com anemia de células falciformes. ximadamente 10 a 20 dias (normal: 120 dias).
E um processo venoociusivo, caracterizando—se por No priapismo, existe preservação do fluxo sangíií.
fluxo venoso cavernoso ausente ou muito diminuído. neo para a glande e o corpo esponjoso. O fluxo ve—
Os corpos cavernosos tomam—se rígidos e dolorosos. noso de retorno dos corpos cavernosos fica ocluído
Esse tipo de priapismo, característico da anemia por uma massa viscosa de células vermelhas desoxi-
falciforme, é de baixo fluxo e associado a fibrose pro— genadas, resultando em alçaponamento de sangue dentro
gressiva dos tecidos cavernosos e disfunção erétil. dos corpos cavernosos.
Esse estado isquêmica pode causar fibrose da
musculatura lisa e trombose das artérias cavernosas.
EPIIIEMIOIIIGIA
IPrevalência: 2 a' 10% dos meninos com anemia
INVESTIGAÇÃO DIIIGIIÍISI'IGA Ill! PlllllPlSlllll
falciforme. '
lDoença
genética recessiva autossômica. "ISIÚI'IS
l
Pacientes com anemia de células falcifomes
homozigóticas (Hb SS) ou com Hb S/beta- IHistória prévia de priapismo e tratamento anterior.
talassemia têm 89% de probabilidade de ter IHistória de anemia de células falciformes.
priapismo até os 20 anos de idade. IDuração dos sintomas.
Eco-Doppler colorido dos vasos penianos. Mostra Deve ser diluído lmL de fenilefrina (1.000ug)
artérias cavernosas com fluxo sanguíneo ausente em lOOmL de soro fisiológico, ficando a con-
ou muito diminuído. centração em lOug/mL. Em adultos, indica-se a
«.
infusão de 10 a 20mL dessa solução, cada vez.
mmmru
'
IAnalgesia e sedação. Utiliza-se morfina 0,15mg/kg E Após 24h de tratamento clínico sem sucesso, indi-
a cada 3 a 4h. ca—se tratamento cirúrgico. Esse tratamento baseia—
IBanhos de assento mornos.
se na confecção de derivações cavernosas. Podem
ISonda vesical, se necessaria.
ser realizados unilateralmente. Os mais usados são:
IAlcalinização.
I Oxigenoterapia.
-— -
Shunt cavemoso—esponjoso transglandar (Winter)
em que uma agulha grossa de biópsia é usada
para criar duas fistulas percutâneas entre a glande
e o corpo cavernoso. É o shunt mais simples e
Tratamento Clínico/cirúrgico mais utilizado.
» ITransfusão de sangue. Solicitar sangue negativo
para células falciformes e sem leucócitos. A hi-
—Shunt cavernoso-esponjoso balãnico distal de
Al-Ghorab em que é realizada uma fístula entre
perviscosidade pode contribuir para piorar a a temu'nação dos corpos cavernosos e a glande.
condição clínica. Não transfundir se a Hb esti- É realizada uma incisão profunda junto ao sulco
ver maior que 12g/dL. 0 hematócrito deve ser balanoprepucial e retirada de uma porção da
elevado para 30 a 33%, nunca acima de 35%. A membrana que recobre a terminação dos cor—
porcentagem de Hb—S deve ficar abaixo de 30%. pqs cavernosos. Só a pele deve ser fechada.
IPode—se tentar nifedipina 10mg via oral em do-
- Shim:cavemoso-esponjoso proximal (Quackel),
ses repetidas. Pouco utilizada pela sua pouca que conecta, cirurgicamente, o corpo cavernoso
—
, efetividade. com o corpo esponjoso.
."; lExsangíiinotransfusão. Objetivo: reduzir a con- O shunt de safena não é indicado.
centração de células falciformes sem aumentar
, hematócrito ou a viscosidade do sangue.
o
PIIBEIIÓSTIGII
L lApós 12h de tratamento, se não melhorar, indi-
car a injeção de agonista alfa-adrenérgico na face Necessita de tratamento de urgência para evitar isquemia
lateral do corpo cavernoso. Os medicamentos peniana irreversível. fibrose e impotência.
usados são: epinefrina, efedrina e fenilefrina. Usa- Muitas vezes, é difícil saber pelo edema peniano
se um butterfly nº 19-21G. A injeção de somente persistente e pelas equimose e ereções parciais se o
um corpo cavernoso é adequada por causa da priapismo está resolvido. Nesse caso, solicitar eco-
existência de canais vasculares comunicantes entre Doppler colorido. , ,
-
está estabelecida. Alguns autores preconizarn 30mg. HAMRE, M. R.; HARMON, E. P.; KIRKPATRICK, D. V. et al. Pt'lnpísm x. &
lDisco de nitroglicerina à noite para prevenir ataques as acomplication of sicklecell disease. J. (11:71.. v. 145. p, 1.5. [gin ª.“
noturnos.
IBloqueadores do canal de cálcio.
HORST. C.; STUEBINGER, H.; SEIF. C. et al. Priapism etiology-
pathophysiology and management. International Braz !. Umi. —
v. 29. p. 391-400. 2003. "
ITransfusão sanguínea crônica. MILLER, S.T.; ROA, S. P.; DUNN, E. K,: GLASSBERG, K. l. Priapism
l IAgentes hormonais não devem ser usados em in children with sickle cell disease. J. Uml.. v. 154. p. 844-847 ‘
l 1995.
crianças, pois interferem na maturação sexual
l
. » e —. “ u
-. a W
M"
.
g. .a
- w:
r.:
Estenose do Meato Uretral I 575
TRATAMENTII
_ João Carlos Ketzer de Souza n Dilatação uretral com ponteira de pomada oftálmica
(serve para dilatar e lubrificar) uma a duas ve-
zes/dia até resolver a estenose, Tem alto grau de
recorrência.
:: Meatotomia uretral: esmagamento e secção ventral
»
: Estenose do meato uretral adquirida pós-episódios de da área de estenose adquirida sob anestesia geral
', inflamação recorrente do meato uretral (meatite) não ou após uso de creme anestésico tópico (EMLAº)
protegido pelo prepúcio, decorrente da exposição pro- mantido com curativo oclusivo por 60min sobre
mulgada a urina (das fraldas) ou maceração do meato a glande. Evita-se a reestenose com dilatações
- pelas roupas internas. É uma complicação típica da posteriores com ponteira de pomada duas vezes/dia
criançª circuncidada. As bordas do meato aderem—se por l4 dias e uma vez/dia por‘quatro semanas.
a: Meatoplastia: nos casos congênitos, estenose re-
corrente ou estenose pós—reparo de hipospádia.
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
Complicação da circuncisão (a grande maioria) e outras .
PERSAD, R.; SHARMA, S.; MCTAVISH. J ct al. Clinical presentation
and pathophysiology of meatal steuosis following circumcision.
causas: reparo de hipospãdia, cateterização uretral Br J. Urol., v. 75, p. 91-93. 1995.
prolongada, trauma, balanite xerótica obliterante, RADOJICIC. Z. l.; PEROVIC. S. V.; STOIANOSKI, K, D. Calibration
and dilatation with topical corticosteroid in the treatment of stenosis
p. IGG-168, 2006.
u Jato urinário costuma ser fino; a micção mais dis— VAN HOWE, R. S. Incidence of meatal stenosis following neonatal
circumcision in a primary care settingIC'Tín. Pediatr (Phila). v. 45,
tante e prolongada. p. 49-54, 2006.
n—
576 I Trato Geniturinário
.,
genitália externa, que ocorre entre a 10! e a 15! sema-
de, o testículo torna—se maior, mais pesado; o cremaster
na de gestação. A DHT fixa-se nos receptores de
torna-se menos ativo‘e o testículo desce definitiva- andrógenos da genitália externa, transformando-a em
mente para dentro da bolsa escrotal. A produção feto masculino.
hormonal e a fertilidade 'são normais. A descida do testículo ocorre em dois estágios: trans-
Testt'culo ascendente parece ser uma forma de abdominal (testículo movimenta-se da crista genitu-
6 L 9' 8 Z V
criptorquidia adquirida. rinária até o anel inguinal interno do lº ao 7ª mês) e
' QLÉ
]
um evento infreqiiente. Diagnóstico diferencial inguinoescrotal (do 7º ao 9ª mês). A migração
principal: testículo retrátil e testiculo ectópico inguinal transabdominal é o resultado do crescimento somático
laxo. E essencial exames clínicos repetidos em todo
o testículo retrátil. diferencial do feto em desenvolvimento. O testículo
Causas prováveis de testículo ascendente:
permanece ancorado no anel inguinal interno pelo GT.
A descida inguinoescrotal tem vários fatores contri-
.-
Falha do canal inguinal em alongar-se propor-
cionalmente ao crescimento corporal da criança.
buintes, iniciando-se na 28' semana. Ocorre em pa-
ralelo com a migração do GT e requer estimulação
I Remanescente fibroso inelãstico do processo androgênica. A migração escrotal do GT e do testículo
vaginal ou de hidrocele comunicante obliterado finalizam na 35ª semana.
ligado com a túnica vaginal que previne o alon-
gamento normal do cordão espermático. Com 0
A descida do testículo depende da interação
diversos fatores hormonais e mecânicos, sendo am-
de
crescimento da criança, esse remanescente cau— da incompletamente entendida:
sara tração no testículo e sua ascensão até a região Eixo hipotãlamo—hipófrse-testiculo, produção de
inguinal. andrógeno testicular (defeito inerente do testículo pode
Monarquia é a ausência de um testículo, seja por determinar produção insuficiente de andrógenos).
não—formação embriológica (falha de organogênese) adequada utilização de andrógeno pelo órgãº-“Vº
(testosterona deve ser convertidâ'pela enzima 5a—redumse
ou secundária à torção intra-uterina ou perinatal
(vanishing testis syndrome). Testiculo evanescente é em diidrotestosterona, que se liga a um receptor es-
pecífico), fator inibidor mulleriano, GT (testículo prodUZ
o termo dado ao testículo, que, embora ausente, es-
testosterona, que causa aumento do GT pelo aumen-
teve presente em algum período durante a vida fetal,
to da substãncia intercelular. e com isso distende Pªª'
mas não'pós-natal.
Anarquia é a ausência de ambos os testículos. sivamente o canal inguinal e o escroto), presençª º
conexão adequada entre o GT e a
extrcmiííílídªªegiº
.
(,
em formação, escavando—a e transmitindo essa pres- Pelos três a quatro anos de idade, as espermatogônias
s㺠aumentada ao epidídimo), comprimento dos va— tipo adulto vão transformar-se em espermatócitos. O
sos espennaticos, bloqueio do canal inguinal, má função testículo vai então permanecer quiescente até a pu-
do nervo genitofemoral. berdade. .
o gubemaculum testis é uma estrutura formada
t,
de mesênquima frouxo (cordão gelatinoso rico em
wt ácido hialurônico), com seu ápice conectado aos tes- EPIDEMIOIIIGIII
tículo e epidídimo e sua base ao escroto, com fibras I Ocorre em aproximadamente 3% dos recém-
Cremastericas em sua periferia e processo vaginal nascidos (RN) do sexo masculino nascidos a termo
desenvolvendo—se dentro de sua substância. O GT e em até 33% dos prematuros. A ocorrência atinge
move—se da região inguinal até o escroto, e sua matriz 60 a 70% dos bebês com peso < 1.500g.
\r de ácido hialurônico se absorve. O processo vagi- ' l! Prevalência com um ano de idade: 1%. Após essa
,.
, nal alonga—se no centro do GT. Na fase de cresci- idade, é improvável sua descida até o escroto.
mento, o GT dilata o canal inguinal, criando um caminho I Mais freqiiente no lado direito (2 D:l E).
e guiando a descida testicular. É invadido pelo pro- IFrequência de testículo impalpável: 20%. Destes,
cesso vaginal, e a subsequente dissolução de sua 20% estarão ausentes na exploração cirúrgica.
substância cria um espaço de baixa pressão em que II A frequência de monorquia e anorquia em crianças
o testículo pode mover-se. Acredita—se que 0 GT res- com criptorquidia é de 4 e 0,6%,respectivamente.
ponde aos andrógenos, apesar de não terem sido encon- II Prevalência de monorquia na população em ge—
trados receptores em seu interior. Parece que esses ral: 1%.
receptores localizam—se no sistema nervoso central I Prevalência de anorquia na população em geral:
.. (SNC) e que o nervo genitofemoral (GF) atua como 1:20.000 homens.
,mediador da testosterona no GT. 0 nervo GF inervaria l Bilateralidade: 10 a 25%.
_ o GT e produziria um neurotransmissor que causa— I História familiar: 12 a 15%.
_
. ria contrações rítmicas do GT, orientando o testícu-
lo pelo canal inguinal até o escroto. O núcleo medular
desse nervo situa-se em L1 e L2.
I Anomalias associadas a criptorquidia: persistência
do conduto peritõnio—vaginal, anomalias do epi-
dídimo (até 50%), hipospãdia, válvula de uretra
0 GT possui múltiplas “caudas" embriológicas:
'
ª
0 desenvolvimento das células germinativas é um
processo multiestagiado, iniciando no feto e comple-
v
tando—se somente na puberdade.
As células germinativas promordiais crescem das
pra-escrotal.
Ectopia: bolsa inguinal superficial (descrita por
Browne e localizada superficial à aponeurose do
músculo oblíquo externo), préª-púbico, crural,
Células endodérmicas do saco vitelino, migram até o perineal, ectopia transversa.
blastema gonadal, diferenciando-se em gonócitos Existe controvérsia se o testículo localizado na bolsa
(espermatogônias fetais). inguinal superficial e ectópico (mais provável) ou
. Aos três meses de idade pos—nam, as espermatogônias criptorquídico verdadeiro.
fetais transformam—seem espermatogônias adultas,
Fºmpletando-se a transformação pelos 12 meses de
Idade. Isso coincide com o aumento dos níveis dos GDMPlIGIIGõES IlII BBIPTORQIIIIIIII
*
hºrmônios testosterona, LH, FSH, MIS e a prolifera-
(250 das células de Leydig. Esse período é denomina— Infertilidade. O testículo escrotal é mantido a uma
dº minipuberdade. temperatura de 33ºC, comparado a 34 a 35°C da
região inguinal e 37°C intra—abdominal. Com
578 I Trato Geniturina'rio
!
e no testículo intra-abdominal. A degeneração
progressiva das células germinativas e displasia --Palpação da bolsa escrotal.
Manobra de distensão da bolsa escrotal pelo
ou anormalidades intrínsecas no testículo pare- septo interescrotal, comparando-se o tamanho
cem ser a causa de malignização desses testícu- de um lado e do outro, desde o septo até 0 fun
los. Orquiopexia não diminui esse risco, mas facilita da implantação da pele do escroto (mais es-
sua detecção. A malignização dos testículos não- cura) no perineo.
descidos é mais frequentemente relacionada ao
aparecimento de seminomas. Em testículos sub- -Palpação da região crural ? perineal.
' Palpação da região inguinal na tentativa de iden~
metidos à orquiopeitia, e mais frequentemente tificar a presença de testículo e manobras para
relacionada a tumores de células germinativas trazê—lo a bolsa escrotal.
do tipo não-seminomatoso.
- Manobra da ordenha.
'Em posição supina, o testículo deve ser iden-
Íllllllllll cllllllifl tificado na palpação do abdome inferior, des-
de a espinha ilíaca ântero-superior até a crista
I História.
do púbis. Em seguida, é deslocado, pela mãº
— bolsa
Desde quando os pais ou pediatra notaram a
escrotal vazia.
esquerda no sentiddhda hemibolsa escrotªl
correspondente, sempre mantendo uma pres-
-— bolsa.
Se notaram a presença prévia de testículo na são constante, enquanto a mão direita tenta
aprisiona-lo e levá—lo até o fundo da bolsa
— presença
Se, além da bolsa escrotal vazia, foi notada a
de alguma tumoração na região
escrotal.
'Os testículos palpados no abdome inferior cos-
inguinal, crural ou perineal.
tumam ser retráteis, criptorquídicos suprª“
[Exame fisico: o diagnóstico deve ser realizado
-W
'por meio de exame adequado em um ambiente escrotal ou canalicular, ectópicos tipos bolsª
ew aquecido. O reflexo cremastérico é ausente ou
fraco nos primeiros três meses de Vida; portanto,
inguinal superficial e pré—púbico. O testículº
do tipo canalicular, que não é deslocado pelª
é a melhor época para o diagnóstico correto de ordenha pelo orificio inguinal externo. gº”
A
Criptorquidía m 579
,. pequenos
*
ralmente não costuma ser palpado, pois são
e encontram-se recobertos pela forte
a Laparoscopia tem sido indicada para demons-
trar testiculo intra-abdominal ou sua ausência.
aponeurose do músculo oblíquo externo. O tes- A laparoscopia oferece benefícios adicionais, como
tículo retrátil será levado até o fundo ou me- ligadura dos vasos espermáticos (lº e 2ª tem-
,.
tade da bolsa escrotal sem dificuldade, per- pos da cirurgia de Fowler-Stephens) ou orquio—
manecendo no escroto após a manipulação sem pexia retroperitoneal videolaparoscópica.
retração imediata. Se, com essa manobra, o Se houver dúvida diagnóstica entre testículo retrátil
testículo não se mover suficientemente até o e criptorquidico baixo, pode-se indicar o uso de
escroto, diz—se que é um testículo não-descido. gonadotrotina coriônica humana (HCG, human
Alguns testículos alcançam o 1/3 superior da choríonic gonadotrophin) injetável 2.000UI Via
bolsa escrotal, mas, quando soltos da tração intramuscular (IM), semanalmente em três doses.
exercida pela mão, sobem até a região ingui— Repetir o exame clínico na 4a semana.
nal. Esses casos podem tratar-se de testículos No caso de testículos impalpáveis bilaterais (Fig.
ectópicos ou criptorquídicos tipo supra—es— 113.2), anorquia deve ser diferenciada de testí-
crotal. culos não-descidas bilaterais. Solicitar dosagens
—- Manobra da posição agachada.
A criança senta-se na mesa de exames com
de testosterona, FSH (hormônio folículo—estimu-
lante) e LH (hormônio luteinizante). Se FSH e
as costas apoiadas na parede e flexiona as LH são altos (3 desvios acima da média), anorquia
coxas sobre o abdome ou na posição de pé é provável, não necessitando avaliação comple—
passa para a posição de cócoras (agachado mentar. Nos outros casos, deve proceder-se à
sobre os calcanhares). Com essa manobra, o estimulação hormonal com 1.500 a 2.000UI IM
músculo cremaster relaxa-se e os músculos diária por três doses em dias consecutivos ou
abdominais comprimidos exercem pressão alternados. No Sª (consecutivo) ou 8ª (alterna-
sobre o testículo, que é deslocado no senti— do) dia, deve—se dosar o nivel de testosterona.
do da bolsa escrotal, onde deve ser aprisio- Se a testosterona se elevar (5 desvios acima da
nado e tracionado para seu interior pela mão média), provavelmente há tecido testicular, o qual
do examinador. deve ser explorado cirurgicamente.
Essamanobra foi originalmente descrita por
Orr, em 1951 eresgatada porBunce,em 1961‘.
'l'llll'llllllEllTll
O tratamento do testículo não-descido reduz o risco
*
lllllES'IlGllGÃIl llllllillÚS'l'lBll de torção, facilita o exame do testículo, melhora sua
História e exame físico.
IPara o testículo impalpável (posição ectópica, in-
tra—abdominal, ausente, intracanalicular, paciente
obeso), vários exames por imagem têm sido su—
geridos para identificar sua posição, com resul-
tados desalentaclores: ultra-sonograíia abdominal,
tomografia computadorizada (TC), ressonância
nuclear magnética (RNM), venografia e arterio—
grafia seletiva gonádica. A ultra-sonogiªaíia inguinal,
principalmente com Doppler, tem-se mostrado
fidedigna na demonstração da presença de tes—
tículo inguinal. Dos testículos impalpáveis, 50
a 60% são intracanaliculares, 20 a 30% abdomi-
nais e 10 a 20% ausentes.
No menino com testículo impalpável e ultra—
sonografia abdominal demonstrando ausência de
um rim, esse achado sugere provável ausência
do testículo daquele lado.
Nos lactentes _com criptorquidia uni ou bilateral
e hipospádia, deve—se pensar na possibilidade de
serum caso de intersexo tipo disgenesia gonadal
mista ou pseudo-hermafroditismo masculino.
ª Se, durante o ato cirúrgico, for constatada au-
sência de ducto deferente, indica-se a realiza-
ção posterior de ultra—sonografia abdominal para
detectar provável agenesia renal. Figura 113.2 — Menino com criptorquidía bilateral.
, 7 — v fj M ":
.,
580 II Trata Geniturina'rio
”. m "
três a quatro semanas. Outros esquemas:
alongamento dos vasos espermáticos, pode-se
.
1.500UI in2 em dias alternados, oito a nove doses indicar orquiopexia estagiada descrita por
ou 250UI nos dois primeiros anos de vida, 500Ul
até seis anos e 1.000UI acima dos seis anos, duas Corkery, que se baseia na colocação de tela
de silicone delgada em torno do testículo e
doses semanais por cinco semanas. elementos do cordão desde o anel inguinal interno
Atenção: estudos recentes sugerem que o uso
(evita aderências), ancoragem no púbis ou bolsa
Ó L S' R Z V Í Q
de gonadotrofina coriônica entre a idade de um
escrotal e exploração seis meses a um ano após.
e três anos pode desencadear apoptose das célu-
-—
las germinativas por fragmentação do DNA. ., Outra alternativa é o procedimento de Fowler-
Stephens (70 a 75% de sucesso), em que os
vasos espermáticos são ligados dentro da ca-
clrúrulcu vidade abdominal, mantendo a irrigação do
ICirurgia (orquiopexia) é indicada antes de um testículo pela circulação colateral da artéria
ano de idade. deferencial e alguns vasos cremastéricos. Pode
ICriptorquidia associada à hérnia inguinal: cirurgia, ser usada no testículo alto em que o ductº
—m
quando feito o diagnóstico. deferente estende—se pelo canal inguinal, for-
lOrquiopexia nos testículos inguinais (técnica de mando uma alça. Os vasos esperniáticos são
Shoemaker): curtos, mas o deferente e seus vasos são lon—
- Anestesia locorregional dos nervos ilioinguinal gos. Esse procedimento não pode ser realiza-
—
e ílio-hipogástrico. do depois de dissecção ampla da região inguinal
Incisão inguinal transversa sobre o anel inguinal
extemo.
pelo dano dos vasos colaterais. Essa técnica
pode ser realizada em um ou dois estágios;
--Abertura da aponeurose do músculo oblíquo
externo.
'No estágio único, os vasos espermáticos saº
ligados e o testículo mobilizado até a bolsª
— Liberação
cordão. '"do'âéo
hemiário dos elementos do escrotal, sem lesar os vasos colaterais juntº
ao conduto deferente. Este é mobilizado, em
——Ligadura alta do saco herniãrio.
Esqueletização dos vasos espermáticos e de-
grande, parte de sua extensão, envolvido
um retalho de peritônio medindo aproxtmª-
Pºr
ferente. damente 3cm de cada lado, em forma dª, V
— Secção das fibras cremastéricas esperrnáticas invertido. Esse retalho deve conter, tambem,
externas (fáscia espermática lateral).
- Dissecção retroperitoneal dos vasos esper—
os vasos deferenciais e seus colaterais pªtª a
artéria espermática. Um novo anel mguinªl
máticos. deve ser confeccionado abaixo e caudal aºs
w
.,“
Criptorquidia n 581
do desses restos.
- Vasos testiculares terminam em fundo cego sem
penetraram no canal inguinal (16%; i 3%):
—
Figura 113.4 Tratamento do testículo impalpável sob o
ponto de vista laparosróplco.
582 & Trato Geniturina'río
l 1
Orquiectomld I Indicações de orquiectomia: paralisia cerebral com
testículo intra-abdominal, anormalidades gene’-
uparostoplnl Nenhuma ticas (sindrome de Klinefelter), criptorquidia
laparotomia exploração
idldonal (7) unilateral intra-abdominal pós-puberdade (dis-
cutivel), testículo atróflco ou disgenético.
6 L E - 8: " 't
nos testículos impalpáveis: ONG, C.; HASTHORPE, S.; HUTSON, J. M. Germ cell deveIoPmºnl
—
Iniciar investigação por laparoscopia explo-
radora por porta umbilical única. Após anes-
in the descended and cryptorchid testis and the effects of hormonªl
manipulation. Pediatr. Surg. Int., v. 21. p. 2404541005. .
L-S9I
tesia geral, palpar região inguinal e escrotal PILLAI, S. B.; BESNER, G. E. Pediatriciesticular problems. Ped. 0""
para confirmar se o testiculo é realmente impal- North Am., v. 45, p. 813-829. 1998. .
pável. Vantagens da laparoscopia: o procedimento SCHLEEF, J.; VON BISMARCK, S.; BURMUCIC, K. el al. GIO!"
exploration for nonpalpable testes: laparoscopic approach. J. Pzdililfi
de Fowler-Stephens é mais difícil por via in- Surg., v. 37, p. 1552—1555. 2002.
guinal, a via inguinal é mais difícil na locali— TOMIYAMA, H.; SASAKI, Y.: HUYNH, J. et al. Testicular descent
zação do testículo intra—abdominal e a laparos— cryptorchidisrn and inguinal hernia: the Melbourne perspººllvª'
copia apresenta menor morbidade (Fig. 113.4). J. Pediatr Surg., v. l. p. 11-25, 2005.
—.
Iniciar com exploração inguinal. A presença
de ducto deferente e/ou epidídimo na região
WITHERINGTON, R. Cryptotchism and approaches to its 5“rgical
management. Slug. Clin. N. Am., v. 64, p. 3674333, 1984-
Escroto Agudo !
583
,; .
Escroto Agudo
oão Carlos Ketzer de Souza
;Dor escrotal aguda em crianças pode ser causada por Figura 114.1 - Torção de testículo. Relação da túnica vagi-
torção de testículo (i 29%), torção de apêndices tes—
nal com o testículo e sua extensão. (A) Testl'culo normal. (B) Tor-
ficulares (i 58%) ou orquiepididimite (i 13%).
'
.permático em torno de sua base (testículo), que apre- dão espermático em um nível mais proximal. O testiculo
*
senta fixação incompleta ou anômala. A torção resulta e o epidídimo ficam completamente móveis, sem es-
em oclusão da suplementação sanguínea, que, se não tarem ancorados na bolsa escrotal (Fig. 114.2). Essa
, gfaliviada, causa necrose testicular. O grau de torção deformidade, denominada “badalo de sino", predis—
{pode variar entre 180 e 720º. põe a torção em torno do eixo do cordão. O pico de
' O prognóstico depende da duração dos sintomas, incidência encontra-se próximo à puberdade, quando
do número de voltas e da intensidade da compressão. o testiculo aumenta seu tamanho e peso, aumentan—
do a chance de sofrer torção.
f IDtempo de necrose não é bem conhecido. Sabe-se
'
"classificação Epidemiologia
";P: túnica vaginal recobre a face anterior e lateral do
. ;pstículo e do epidídimo, que são ancorados posterior-
mente a parede escrotal.
.Prevalência: 1: 4.000 crianças e adultos < 25 anos
de idade.
I A torção é mais comum, no testículo-esquerdo,
'I! A torção de testículo divide--se em dois tipos (Fig. porque o cordão espermático esquerdo é mais
. ): longo: (2 E: I D).
'- Torção extravaginal.
É a torção característica dos recém—nascidos (RN)
e testículos criptorquídicos. A torção no RN ocorre M
antes da túnica tomar-se aderente à parede escrotal,
fato esse que proporciona maior mobilidade do
testículo dentro da bolsa escrotal. Essa extrema
mobilidade pode predispor a ocorrência de tor-
ção por contração cremastérica forte intra-uterina
ou durante o' parto. Esses eventos costumam ocorrer
no período pré-natal, sempre ocasionando a perda
do testículo afetado. A torção pode ocorrer no A
período pós-natal imediato, mas é mais rara. O
diagnóstico diferencial no RN deve ser feito com Figura 114.2 Corte transversal do testículo e epidídimo no
—
hérnia encarcerada, hidrocele tensa e tumor tes- aspecto normal e na torção íntravaginal. (A) Testículo normal
ancorado na bolsa escrotal na sua face posterior. (B) Testlculo
ticular. O RN com torção pode ser subdividido com torção intravagínal. Observar que a túnica vaginal cir—
em dois grupos: torção pré-natal ou intra-útero cunda completamente o testículo. E =epidídimo; M:mesórquio;
(82%) e torção pós-natal (18%). T: testículo; TV = túnica vaginal. Adaptado de Jones“.
584 I! Trato Geníturinário
Investluação 1113911051108
IHistória prévia de trauma, exercícios com gran- I História e exame físico.
de esforço ou esforço súbito (20 a 30%). Mas pode Leucocitose > 10.0001eucócitos/mmJ em 1/3 dos
ocorrer em repouso ou sono. cªsºs.
I Em 1/3 dos casos, pode ser encontrada história I Cintilografia: demonstra ausência de fluxo san-
anterior de episódios dolorosos semelhantes que gúíneo. O testiculo aparece como uma “área" fria,
resolveram espontaneamente (torção transitória A sensibilidade é de > 90%. FalsoApositivo pode
e recorrente). ser encontrado na presença de abscesso, hema.
IDor geralmente é abrupta, mas pode desenvol- toma, hérnia e hidrocele also—negativo pode ser
ver—se gradualmente em 25% dos casos. encontrado nas torções in. rmitentes ou parciais.
I A dor pode ser referida na bolsa escrotal (80%),
As dificuldades desse exame baseiam—se na sua
na coxa, na região inguinal, no flanco ou no abdome. disponibilidade e retardo na sua execução,
INáuseas e/ou vômitos (25%).
ll Ultra-sonografia e ultra—sonografia com Doppler
I Febre baixa (10 a 20%).
I Bolsa escrotal edematosa e com hiperemia (Fig. colorido: apresentam sensibilidade de 90%. Deve-
1 14.3).
se observar o testículo e o trajeto do cordão esper-
ITestículo doloroso e aumentado de volume. O
mãtico desde o canal inguinal até a bolsa escrotal.
Estuda-se, comparativamente com o testiculo
testículo pode modificar seu eixo, tornando-se contralateral, o tamanho testicular (aumentado),
horizontalizado. 0 epidídimo pode adquirir uma
ecogenicidade (hipoecogenicidade homogênea),
posição anormal (anterior em vez de posterior).
No RN com torção intra—útero, o testiculo fica posição do epidídimo (anormal) e do fluxo arterial
aumentado, indolor, de consistência firme. A pele intratesticular (ausente ou diminuído) (Fig. 114.4).
escrotal adquire uma coloração azul equimótica 0 cordão espermático pode apresentar trajeto
elou edematosa, fixando—se, frequentemente ã tortuoso (sinal denominado Spiral twist), carac-
. me gônada necrótica; Provavelmente, a torção ocorreu
intra—útero e o testículo já se encontra com ne-
terizado pela mudança abrupta do trajeto, do
tamanho e da sua forma.
.‘ Falso-negativo pode ser causado por erros téc-
crose e sem sensibilidade.
._ > , I Hidrocelereacional (50 a 55%).
IDependendo do número e graus de voltas do cordão,
nicos, experiência limitada do ecografista, tor-
ção incompleta, torção muito inicial (após a torção,
o fluxo sangiiíneo testicular pode ser mantido
m'..,-“ -:, e o testículo eleva—se na bolsa, fica em posição
e
S L I E' Z Y I' Q L Ç
Figura 114.3 — Torção de testículo. Bolsa escrotal corn vo— Figura 114.4 - Eco-Doppler de torção testicular mostrªndº
lume aumentado, com hiperemia e edema. ausência de fluxo arterial intratesticular.
i
l
Escroto agudo
(.
Exame fisico Dume fisico Exame fisico
compativei com (ompativei com duvidoso ou
torção de a endice torção do testículo Inespecifko
l l
testltu a: (1'1
Achados Achndos
"Mªmmª” “"",,“ng Ultra-sonogram ummnognm Ultra-sonograiia
. sugestlvn sugestiva de caracteristica
“22m?" diilggiilriéfs" de rr orquiepididimíte de AT
l 1 l l
ou duvidosa
'
Figura 1 14.5 -Tratamento de escroto
agudo. Objetivo: afastar, pela clinica
“"ªºªªªº'ª “ªº'ª' ªmº”“ ª'"
"',_ “"”"ªªº'ª
fte ultra-sonografia, torção de apêndi-
:” ce testicular e orquiepídidimite. Duvldosd r
Exame Ilriro compativel com AT: nódulo doloroso, geralmente palpável, em pólo superior do testlculo;
nódulo azul visível na bolsa (blue dot sign); nódulo preta .! trsllsiluminaçãu [blark dot s/gn): reflexº
cremnnéricn presente: testículo sem aumento de volume l palpação.
Exame físico campal/vel rom TT: testículo doloroso. aumentado de volume: testículo elevado Ill bolsa
Achados uítra-mnográíicar rugertlvas de AT: nódulo > smm gerrlmente junto dotio
escrotal; testículo em posição transversal; reflexo aemastérico ausente; ausencia sinais de YA.
polo superlor do
testículo; nódulo :vascular; fluxo arterial Intratesticular mantido ou aumentado; testículo de volume
riso-aumentado (comparaçao am o testículo contrslaterai).
Arhadax uitrd-sonogrmros sugestivos de rr: testículo aumentada de volume: testiculo apresentar»
homogeneamente nlpoetogcnlco; ausencle ou diminuição do I'luxo arterial intratesticular: sinsl spiral
twist (redução abrupta do cordão no local da torção).
Achado; ultra-sonográllcos e cllnltor de orqulepldldimlle: epidídimo e/ou testículo aumentada de
volume e dolorosa, reflexo (remastbrlco presente, posição normal de epidídimo e testiculo, lluxo
sangolnen aumentado do testículo e epidídimo, amend. de cordão espermática em espiral.
reacional deste. Ficar atento, pois o teste de perfusão deve submeter—se, eletivamente, à remoção do
espelha o estado da circulação no momento do testículo torcido e, obrigatoriamentegà fixação
exame). do testículo contralateral, pois há vários casos
A detecção de fluxo sanguíneo no testículo pré-
puberal (testículo s lemª) pode ser difícil pela co'itfirmados de torção neonatal bilateral.
Após 24h, é admissível a investigação diagnós—
presença de artérias intratesticulares muito pe- tica por imagem.
quenas e/ou fluxo sanguíneo lento. n Técnica cirúrgica.
A ultra—sonografia na torção intra—uterina mostra Incisão na rafe mediana da bolsa escrotal,
um testículo de textura heterogênea, com túnica — permitindo acesso a ambos os hemiescrotos
albugínea e parede escrotal espessadas e hidrocele (Fig. 114.6).
reacional. O eco—Doppler não revela fluxo sanguíneo.
— Destorção manual do testículo. Reduzir a tor-
ção girando o testículo e o cordão espermático
Tratamento para fora.
—- testículo.
Observar se há recuperação da coloração do
IIndicação cirúrgica de urgência: todos os casos .
de escroto agudo, que, nas primeiras 24h, não
apresentarem sinais patognomônicos de torção
-- Dúvida na viabilidade: incisar albugínea e
observar sangramento ativo..”
de apêndice testicular (nódulo palpável, nódulo
azulado, ponto preto à transiluminação) ou au— — sintomáticoinviável:
Testículo orquiectomia para alívio
e para evitar o risco, em poten-
mento de volume do epidídimo (epididimite) (Fig.
114.5).
No RN com torção intra-útero, a cirurgia costu-
cia], de auto—imunização contra suas próprias
espermatogônias e infertilidade decorrente. Esse
risco de auto-imunização relacionada à isquemia
“v7
ma ser realizada eletivamente para remover a do testículo é baixo ou mesmo inexistente nas
gônada necrótica e fixar o testiculo contralateral. crianças < 10 anos de idade (Fig. 114.7).
Toma-se urgência se houver referência prévia de — Testículo viável: fixar testículo destorcido e
ªlgum exame clínico da bolsa escrotal documen— contralateral, excisando segmento da túnica
ta'ndo testículo de aspecto normal (tamanho, cou— vaginal e suturando, com fio inabsorvível, os
Sistência). O RN com torção testicular intra-útero bordos desta a albugínea por meio de quatro
585 #1 Trato Geniturina'rio
õ L R' B S Z r 'QL Ç —
l
10 AT:1 AE.
Quadro clínica
= Dor súbita ou gradual, de intensidade
iº":
0%“
moderada. Menos intensa do que n21tor<Eac
Figura 114.1 - Testículo e epidídimo com necrose. Realiza- ticular.
_da orquiectomia.
I! História prévia de dor escrotal em 15 a 2 '
“º.—7
EscrotoAgudo n 587
I Nauseas, vômitos e febre estão geralmente au—
sentes.
I Presença de edema e eritema da bolsa escrotal.
I Absência do reflexo cremastérico pode ser en-
contrada em < 10% dos casos.
I Nódulo esférico endurecido, doloroso, móvel,
medindo entre 5 a 10mm, palpado no pólo supe—
.
rior do testiculo ou entre o testículo e o epidídimo
(30 a 35%).
Apêndice torcido e infartado pode ser visualizado
como nódulo paratesticular azulado por meio da
.
pele escrotal (blue dor sign), localizado no 1/3
superior em 20 a 25% dos casos.
Na transiluminação, pode ser visualizada a pre-
.
sença de nódulo escuro na bolsa escrotal (black
dot sign) (Fig. 114.9).
Hidrocele reacional presente em 2/3 dos casos
(dificulta ou impede a palpação do nódulo).
..História e exame.
Ultra—sonografia: mostra nódulo hipo, iso ou hi-
pereCÓico extratesticular. adjacente ao pólo su-
perior do testículo e cabeça do epidídimo, com
vários graus de aumento do epidídimo elou tes-
ticulo e aumento da vascularização das estrutu-
ras adjacentes pelo processo inflamatório que evoca Figura 114.10 - Corte transversal de ultra-sonografia de-
(Fig. 114.10). Se o apêndice testicular e a cabe- monstrando nódulo extratesticular corn aproximadamente
ça do epidídimo estão muito próximos, a ima- 1cm de diâmetro, reação inflamatória do epididimo e pe-
gem obtida na vista transversa pode se assemelhar quena hidrocele reacional.
à cabeça do “Mickey Mouse". Freqiientemente,
encontra-se hidrocelereacional (75%). A distinção
entre torção de apêndice testicular e orquiepidi—
dimite pode ser muito difícil.
I Ultra—sonografia com Doppler colorido: apare-
ce massa avascular separada do testículo e epi-
dídimo (Fig. 114.11). O testículo aparece com
vascularização normal. Cautela: os testículos de
crianças pré-puberais têrn fluxo sanguíneo de baixa
velocidade, e a ultra-sonografla é menos acurada
, nesses casos.
_ II Cintilografia: o sinal positivo na torção de apêndice I
“ .: — W
dos a seguir são patognomônicos de torção de do testículo ou entre o testiculo e o epidídimo,
remanescente apendicular: nódulo azulado na e pela palpação de um testículo sem aumento de
porção superior da bolsa escrotal à inspeção e volume (ver Fig. 114.5).
nódulo escuro a transiluminação. Esses achados en Indicações cirúrgicas.
——-
costumam ser complementados pela palpação e Dor forte, incapacitante (Figs. 114.12 e 114.13).
pela identificação da presença de um nódulo
Dor recorrente ou prolongada.
W ,- r p g . "
5,"
588 I Trato Genitun'na'rio
: 6 3 5 1"
incide em qualquer idade.
I Vias de contaminação.
a , .: ri
»,
—
:
e
u:
hidrocele reacional, induração e edema do I Edema e hiperemia da bolsa escrotal.
testículo elou epidídimo. I Aumento doloroso inicialmente do epidídimo e
a
posteriormente de ambos. Com a inflamação
an.
EPIBIDIMITEIIIBIIIIITE progredindo, tornam-se indistinguíveis.
ll Se elevados na bolsa, a dor diminui (sinal de Prehn).
conceito I I-Iidrocele reacional.
I Ausência do reflexo cremastérico em 10%.
Processo inflamatório/infeccioso do testiculo elou do
epidídimo causado por vírus (sarampo, varicela, pa-
rotidite epidêmica, coxsackie, herpes-zoster, Epstein- Investigação nlagnústiea
Barr) & bactérias (Brucella, Escherichia coli, hemófilos, I História e exame físico.
Neis-seria ganarrhoeae, clamídia e outras). Em geral,
o processo inicia pelo epidídimo e só mais tardia- I Exame comum de urina e urocultura podem
demonstrar infecção urinária.
mente atinge o testículo. Também pode estar asso-
ciado a doenças sistêmicas, como sareoidose, doença I'ZHemograma: 1/3 apresenta 1eucocitose> 10.500/mm’.
I Ultra—sonografia bidimensional e eco-Doppler
de‘Kawasaki, púrpura de Henoch—Schõnlein e a droga
antiarrítmica amiodarona. colorido: aumento do epidídimo e/ou testículo
com hipoecogenicidade. O exame com Doppler
m
zmostra aumento da vascularização.
I Quando a epididiinite está acompanhada de
—m
I 10 a 50% dos casos são associados a anomalias bacteriúria, a investigação deve prosseguir com
geniturinãrias (ureter ectópico desembocando no a finalidade de detectar alguma anormalidade
deferente ou vesícula seminal ou epidídimo, ducto estrutural geniturinária. Os exames mais frequen-
temente solicitados são a ultra-sonografia abdo-
9' 8 L Z 1l
minal e a uretrocistografia miccional.
S' L
L6
Tratamento
I Repouso.
I Antiinflamatórios.
ll Antibióticos (7). Se indicados, os
recomendados
são amoxicilina ou trimetoprim-sulfamctoxazol.
III Suporte escrotal (púberes ou dor muito intensa)-
—. ~ t r
_
EscrotoAgudo I
589
quadro Clínico . de imagem. Casos indiscutíveis de torção de testícu-
lo devem ser operados imediatamente. Aproximada-
as fl
53iv“ :.;w
I Idade de aparecimento: entre 2 e 11 anos. Pico
de incidência: 6 anos. mente 70% dos casos de escroto agudo devem-se a ilhª?
I Á'ssíntomatico ou prurido escrotal. afecções que não requerem tratamento cirúrgico. Operar
I Britema e edema escrotal podendo estender—se esses 70% dos casos nos parece extremamente exa-
para pênis, períneo, abdome inferior e coxa. Em gerado. Nosso serviço adotou um algoritmo que nos
2/3 dos casos éunilateral. O edema costuma atingir parece bastante apropriado e que temos preconizado.
as túnicas que recobrem o testiculo, o qual pode Logicamente, devemos ressalvar as diferenças e as
não ser palpado. Se palpado, apresenta tamanho necessidades próprias e peculiares de cada serviço.
normal e é indolor. Nosso hospital conta com uma equipe de ultra—sono-
I O eritema e o edema são intensos, desproporcio— grafistas experientes em regime de plantão de 24h e
nais ao mínimo desconforto que causam. aparelhos de última geração. Nosso objetivo clínico
e ultra—sonográfico e diagnosticar, sem nenhuma dúvida,
torção de hidãtide e orquiepididimite. Os casos du-
Investigação nlaunústlca vidosos e os indiscutíveis de torção testicular são ope-
I História e exame físico. rados imediatamente.
I Hemograma normal. REFERÉNCIA BIBLIOGRÁFICA
I UItra-sonografla escrotal: espessamento da pa-
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'.
'
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'A-nr '
onde é protegido com campos cirúrgicos antes da
abertura da túnica albugínea, e a lesão removida par-t
exame de congelação. “
.
de.. Testlcu10 dosMacroscopicamente não
cistos epidermóides. podem
São ser diferenciado,
revestidos por epitélio
G L R ' Ç Z T '9L Ç
|
escamoso com estroma fibroso contendo fº
11'
108.0 Carlos Ketzer de Souza pilosos, glândulas sebáceas e glândulas
apócrinas. éciiãiiiºã
O tratamento segue a mesma orientação
,
.
do cisto epiderm'õide.
, 115018 015110115 2
a
1_
comum Teratomas Císticos Testiculares '
.'.«lig_ª.
Correspondem a cistos intratesticulares benignos, raros. Em geral, ºS teratomas dº testiculo representam 20%
ª de diferentes etiologias. de todos os tumores de testículo da criança. E o se-
gundo tumor testicular mais comum na criança, os
teratomas sólidos e mistos podem conter dentes, cabelos ,
causas e ossos. Os cistos são repletos de líquido gelatinosa
O teratoma maturo contém componentes derivados
“i
Cisto epiderlnóide, cisto dermóide, teratoma testicu- das três camadas germinativas embrionárias, sem evi-
lar, displasia cística da rele testis, tumor de célula dência de elementos imaturos ou indiferenciados. &
granulosa juvenil do estroma gonadal, Iinfangioma O teratoma cístico e o misto podem ser denomina-
cístico, cisto simples e torção testicular. dos totalmente císticos ou parcialmente císticos. .
Cistos Epidermóides
As calcificações representam ossos ou corpos psa- .
momatosos. A dosagem da alfa-fetoproteína é normal.
A ultra-sonografia mostra múltiplos cistos intrates—
São incomuns, benignos e intratesticulares. Corres-
ticulares, presença de ecos e calcificações ocasionais,
pondem a 1 a 3% dos tumores testiculares da crian—
ça. São indistinguíveis clinicamente das neoplasias O tratamento consiste na enucleação do tumor. após
testiculares. Cinquenta por cento são assintomáticos exame de congelação em todas as crianças pré-puberais.
e o restante pode apresentapse sob a forma de au— Apresenta, em relação à orquiectomia. vantagens
mento indolor do testículo ou dor testicular leve (tal- funcionais (melhor fertilidade e função endócrina),
vez sensação de peso). psicológicas e cosméticas.
O cisto é revestido por epitélio estratificado escamoso,
contendo em seu interior debris queratinizados ou Tumores de Células Juvenis Granulosas do
material amorfo sob a forma de material cremoso Estrorria do Cordão SexuaLdo Testículo
esbranquiçado, sem outros elementos teratomatosos
Correspondem a 15% dos tumores do estroma gonadal
ou estruturas derrnais anexas (folículos pilosos, glândulas
sebáceas, etc.). Embora a histogênese do cisto epi- e 6,6% de todos os tumores gonadais. Esse tipo de
tumor não deve ser confundido com o tumor de células
dermóide não seja totalmente conhecida, alguns au-
tores o consideram como uma forma de teratoma granulosas do ovário, que pode estar associado a
monodérmico. ginecomastia e malignidade. Apesar de raro, perma-
Clinicamente, aparece como massa intratesticular nece como a forma mais comum de neoplasia do estromª
gonadal do testículo na criança. Cinquenta por cento
de consistência firme, circunscrita, lisa, indolor, uni-
» lateral. manifestam—se no período neonatal e > 90% antes dos
1 O exame ultra-sonográfico revela lesão parenqui- seis meses de vida. A etiola'gi'a é provavelmente ªs“
1 matosa central hipoecóica hem circunscrita e mar— sociada a fatores hormonais durante a gestªçãº, que
w
gens hipoecogênicas ou hiperecogênicas.Adeposição aCabam influenciando o blastema gonadal. Nãº,
. continuada de material queratinizado dentro do cisto relato de metástases. Aparece como massa multhlSllCa
l
i, .'1
cria uma arquitetura interna de espirais hipoecogênicas
e hiperecogênicas alternadas, aparentando casca de
contendo em seu interior líquido mucinoso ou hemor—
Os tumores
rágico.císticos. pequenos são mais firmes; 05 mªiºrªs' .
muctnilid:'ls
mais à microscopia, nota-se presençª
a
cebola ou alvo. folículos de variados tamanhos repletos de
vi O tratamento evoluiu da orquiectomia para a enu—
cleação simples do cisto. Por incisão inguinal, o cordão revestidos por camadas de células semelhantes as célu =
y.
fi L B' Q ‘ S - Z r 1 ' 9 L
As lesões que costumam aparecer precoce são:
linfangioma cístico (< 3 anos de idade), cisto sim- tículo.
ples, displasia cística (idade média: 6 anos), tumor Recomendamos follow-up regular, com ultra—
juvenil de células granulosas (< 1 ano de idade) e sonografia escrotal periódica, para se detectar preco-
teratoma maturo (idade média: 14 meses). No período ..cemente tumores testiculares, principalmente quando
neonatal, as lesões císticas incluem o tumor juvenil ª'associados a criptorquídia, infertilidade, atrofia tes«
de células granulosas e torção perinatal. ticular e tumor testicular contralateral.
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
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" lllllllilii
uenos lábios pré—púberes são cobertos por epitélio
Époestrogenizado. Após infecção, trauma local ou —
Figura 116.2 Sínéqoia completa dos pequenos lábios. Der—
matite amoníacal.
'
itação por dermatite amoníacal, podem formar-se
derências superficiais, juntando-os como se fossem
u a rafe mediana (Fig. 116.3). I'IIIII'IIMEN'I'D
I! Observação, pois a maioria desaparece esponta-
EPIDEMIOLOGIA neamente com a produção de estrógenos na pu—
'
.ico de prevalência: entre o período neonatal e os herdade.
ois anos e entre seis e sete anos.
tunnnu clima
A maioria é assintomática.
”,! Sintomas raros: infecção urinária, disúria, pola-
ciúria, dificuldade de micção.
W m -v — p
-<~ "
594 I Trato Geniturina‘rio
—
Creme de estrógenos conjugados (creme va-
ginal de PremarinD 1%) na vulva duas vezes
causar pigmentação vulvar, hiperestesia das ma
e crescimento mamário.
'
L
(EMLAº) ou anestesia geral.
519”
MARCHING, G. L.; MIMMO. B.; BERSANL R.; TRIVELLI. M, R
I A aplicação pós—operatória de creme de estrógeno.
Irealmmi
Adhesion: 6flhe labia minor in children. Response to local
rZL'ER
banhos de assento e creme com vitaminas A e D with estrogens. Minerva Pediatr.. v. 38, p. 441-445, 1985
I.
Marta: Interlabiais n 595
.
identificar, pois a ureterocele costuma cobri-lo
Apresenta-se clinicamente com um orifício central completamente.
(meato uretral) circundado por anel de mucosa Encontrada quase exclusivamente na raça branca.
inflamada, lisa, edematosa e avermelhada. A n necessária a investigação diagnóstica do trato
mucosa prolapsada é friável, resultando em queixas urinário com urorressonância magnética, ultra—so-
freqiientes de sangue nas roupas de baixo, san- nografia abdominal, cistoscopia, uretrodstografia
.gramento vaginal ou hematúria, disúria, frequência. miccional (para estudar refluxo vesicoureteral)
O intróito vaginal e identificado caudal (poste- e cintilografia com ácido dimercaptossuccínico
(DMSA, dimercaprosuccínic acid) (para estudar
rior) %. massa. O prolapso ocorre tipicamente na a função das unidades renais duplicadas).
parede uretral posterior. É a única lesão interlabial E Tratamento: redução manual do prolapso para
que circunda o meato uretral (Fig. 117.1).
aliviar a obstrução urinária e isquemia da urete-
|
Bem mais frequentes na raça preta e entre os cinco rocele. Muitas vezes é necessário aspirar líquido
e seis anos de idade.
(urina) da massa para conseguir a redução. Após,
IA etiologia é
incerta. Parece estar relacionada a
fixação muscular uretral anormal, tecidos hipoes-
indica-se cirurgia definitiva (ver Cap. 130).
trogenizados ou trauma.
!Tratamento: local, com banhos de assento mor—
nos e creme de estrógeno tópico. Freqíientemente
necessita excisão da mucosa prolapsada com apro-
ximação dos seus bordos.
i:
, "BETEBBGEIE
EGÍÚPIGII PBBlnPSIIIlII
& !Prolapso de um ureter ectópico pela uretra (Fig.
1 17.2). Geralmente associado a orifício estenosado,
quase sempre correspondendo a porção superior
do sistema coletor duplicado (90%).
'Massa lisa, brilhante, recoberta por mucosa que
pode ter coloração variando do vermelho ao vio—
Ieta escuro, dependendo do grau de isquemia e
da duração do prolapso presente.
'0 meato uretral é dificil de identificar,
'intermitente ou
0 prolapso pode ser intermitente ou tornar—se
fixo, causando sintomas de retenção urinária súbita,
crônica.
Figura 117.2 — Ureterocele ectópica prolapsada. Adaptado
de Nussbaum et al.'
v-
596 I Trato Geniturinãrio
G L S' Q Z V ‘ 9 L 5'
o em uma posição excêntrica.
l
I O intróito vaginal está localizado normalmente,
caudalmente (posterior) a massa (Fig. 117.3).
I A aspiração produz pouca quantidade de um liquido
de aspecto leitoso (Fig. 117.4).
.,
._ F = ,
ITratamento: geralmente rompe espontaneamente.
Os que persistem devem ser marsupializados ou
Figura 117.5- Hlmen imperfurado. Adaptado de Nussbaum
“
excisados.
et aI.‘
Hill!“ IMPEIIFIIIIIIIIII
IAssociado ahidrocolpos/hidrometrocolpos, abau-
lando o intróito vaginal.
IDistensão da vagina e/ou do útero pelo acúmulo
de muco e/ou sangue (na época da monarca)
produzido pelas glândulas uterinas e cervicais
estimuladas pelos estrógenos maternos, atrás de
um hímen imperfurado ou de um septo trans—
verso vaginal baixo.
!Meato uretral esfã localizado
em posição normal,
logo acima da membrana abaulada (Fig. 117.5).
?. i T — e
lMassa abdominal
baixa.,fu pélvica pode ser
palpável. A massa podecom rimir bexiga, ureteres,
intestino ou veias pélvicas, resultando em retenção
urinária, constipação ou edema das extremida—
des inferiores.
lA aspiração produz grande quantidade de líquido
mucóide de aspecto leitoso.
.—,-
lInvestigação diagnóstica pode necessitar de ultra- Figura 111.6 - Sarcoma botrióide de vagina. Adamado de
sonografia abdominal. Nussbaum et al.‘
Massas Interlabíaís I
597
'
." _
»“ || Tratamento: membrana deve ser incisada e marsu-
V;',»»- pializada ou excisada. '
D Investigação
pítulo 14.
diagnóstica e tratamento: ver Ca-
'_.naamulntt
ªirnnnMIIissnnenun nr mum rsnncomn REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA
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girl: review and imaging recommendations/im, v. 141, p. 65-71,
..
1983.
. ª. Écriançªs
o tumor geniturinário baixo mais comum em
._ pequenas (< 5 anos de idade). BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
,.) '
Tumor presente no intróito com aspecto semelhante BEN-MEIR, D.; YIN, M.; CHOW, C. W.; HUTSON, I. M. Urethral
i a cachos de uva (aspecto polipóide) (Fig. 117.6). polyps in prepubertal girls. J. Urol., v. 174, 4 Pt 1, p. 1443-1444,
Outros achados clínicos frequentes: sangramento 2005.
.
vªginal e massa abdominal inferior ou pélvica BOURDELAT. D. Strangulated ureterccele and prolapsed urethral
palpável. mucosa in a little girl. Diagnostic difficulties. Amt. Ural. (Paris),
v. 20, p. 47-50, 1986.
um normal livre. No sarcoma bouióide de bexiga, LESLIE, J. A.; CAIN, M. P. Pediatric urologic emergencies and urgencies.
essas massas podem sofrer protrusão pela uretra. Pediatr. Clin. Nonh Am., v. 53, p. 513-527, 2006.
598 I Trato Geniturinário
Hidrocolpos e
el»? '1‘
«nr., w
«. »
Hidrometrocolpos
João Carlos Ketzer de Souza
OOIIOEITO
Hidrocolpos corresponde a distensão maciça da va-
gina ocasionada por excesso de secreções vaginais e
do cérvix uterino combinadas com obstrução congê-
nita distal da vagina. Hidrometrocolpos é a distensão
». m e
G L S' F Z P
I' D L Ç
maciça da vagina e do útero.
Hematocolpos (só a vagina) e hematometrocolpos
(vagina e útero) correspondem à distensão maciça
da vagina e do útero por secreções da menstruação.
.-
Figura 118.1 — Classificação do hidrometrocolpos: (A) Tipo
Existe obstrução vaginal congênita, mas, como o I= imperfuração himenal, (B) tipo Il :septo transverso de va-
estímulo estrogênico materno deve ter sido baixo no gina, (C) tipo 111:atresia vaginal, (D) tipo IV = persistência
período neonatal e o líquido acumulado escasso, os do seio geniturinário, (E) tipo V :persistência do seio geni-
sintomas só irão aparecer quando iniciar a menstrua- turinário e anomalia anorretal. Adaptado de Nguyen et al.‘
* ( — e, «
.,
ção, com acúmulo de sangue menstrual.
Existem dois tipos funcionais de hidrometrocolpos:
Algumas vezes, uma massa menor pode ser pal pada
Tipo secretário (mais freqiiente), em que o ma-
ll
logo acima da massa inferior maior (útero dila-
terial acumulado é mucóide e viscoso, secretado
pela porção cervical das glândulas uterinas e va-
ginais em resposta aos hormônios maternos cir-
tado). Pode acompanhar—se de diiiculdade res-
piratória por compressão diafragmática e pulmonar,
uropatia.obstrutiva com megaureter e hidrone-
.w
culantes no período pré-natal e pós-natal imediato. "-frose, sintomas e sinais gastrointestinais, como L V ,“ .
ITipo urinário (menos frequente), em que a urina
.
.
vômitos e constipação intestinal, edema dos mem-
coleta-se retrogramente na vagina durante a micção.
bros inferiores por compressão da veia cava, sep-
_ " —,.
Pode aparecer em casos de seio geniturinário per-
sistente, anomalias cloacais e hipospadia femini- ticemia, malformações congênitas associadas
na. Nesse caso, pode não haver obstrução vaginal. , (principalmente geniturinárias). _
W”
u Crianças maiores (adolescência): massa
abdomi-
nopélvica de linha média, dores menstruais tipicas
OLASSIFIOAOAO BO RIOROHE'I'ROOOLPOS e cíclicas, amenorréia e aparecimento de pêlos e
—M
SEGRETOBII (Fig. 118.1). mamas.
&Tipo I: imperfuração himenal.
ITipo II: membrana ou septo vaginal transverso. INVESTIGAÇÃO OIIIGIIOS'I'IOII
"
EPIDEMIOLOGIA
e móvel no sentido lateral).
na Toque retal: massa anterior comprimindo o reto
anteriormente. . al
“71
Prevalência: 1 para cada 30.000 nascidos vivos do
sexo feminino.
la Inspeção do períneo: identificar
membranª
abaulada, aspecto externo da genitália e onf Cl Mªlªi".-
os ermeais.
nrnrsrurnçlln 01111ch -— lglmen (Fig- agiª!)-
imperfurado: membrana azulada e
lada protruindo do intróito vaginal
“- '
Período neonatal: massa abdominopél'i'ii'õa déªlinha
dois orificios.
média, podendo estender-se até o rebordo costa]. Meato uretral norma]. Vulva com
HidrocolposeHidrametrocolpos I
599
Radiografia de abdome: massa abdominal de li-
nha média, arredondada, crescendo da pelve e
deslocando intestinos, bexiga e reto e ocasionando
elevação do diafragma.
El Radiografia de coluna lombossacra: para estu-
dar anomalias vertebrais. Não é necessário no
hímen imperfurado.
E Ultra-sonografia abdominal: massa cística con-
tendo líquido espesso e sedimentos. Pode demons-
trar hidronefrose, hidroureter, compressão da bexiga
e anomalias geniturinárias associadas.
I Ultra-sonografra transperineal: mede a distân-
cia do coto vaginal até o períneo, ajudando a pla-
Figura 118.2 - lmperfuração himenal. Notar o abaulamento nejar a cirurgia reconstrutiva,
da membrana himenal. I Ressonância nuclear magnética: pode ser soli—
citada quando se deseja um melhor detalhamen-
to anatômico do defeito, principalmente relacionado
— Vagina septada: aspecto normal da genitália
externa. Ás vezes é necessário o uso de espéculo
às características do útero e dol'colo uterino.
Uretrocistografia miccionai: mostra bexiga deslo-
nasal e luz adequada para visualizar & mem- cada anteriormente e/ou refluxo vesicoureteral.
brana. Meato uretral normal. Vulva com dois Nem sempre é necessária.
orifícios. A punção e a aspiração da membra- IVaginografia ou sinograma retrógrado: injeção
na, no caso de hímen imperfurado ou vagina de contraste no orifício vulvar ou perineal úni-
septada, poderá demonstrar fluido mucóide co. Excelente para estabelecer a anatomia inter-
esbranquiçado no recém—nascido e fluido san- na. Não é necessário no hímen imperfurado e na
guinolento ou sangue coagulado na púbere. vagina septada baixa com membrana abaulada.
Atresia vaginal: o exame é menos óbvio. Os I Vaginoscopia: realizada com cistoscópio adequado
pequenos lábios costumam ser pouco desen- é excelente para confirmar os achados em vagino-
volvidos. A vulva apresenta orificio único. Hímen
grafia. Não é necessária em hímen imperfurado
e meato uretral não são visíveis. Na cateterização
do orifício único, há entrada do cateter na bexiga e vagina septada baixa.
I Ecocardiografia: nos casos com suspeita de ano-
com saída de urina. malias cardíacas associadas.
Anomalias cloacais: presença de orifício perineal
único. Hipodesenvolvimento dos pequenos
lábios. Ausência de hímen (Fig. 118.3).
I Exames laboratoriais: hemograma com plaquetas, murmura
provas de coagulação (KTTP, tempo de protrom- cuidadas Pré-nneratários
bina), exame comum de urina e urocultura com I Se estiver com vômit'os, indica-se nada por via
teste.
I Estudos cromossômicos: para identificar sexo e oral, (NPO, nil per os), sonda nasogástrica e
aberrações cromossômicas na presença de genitália hidratação parenteral. '
Tratamento Cirúrgico
Nos casos mais complexos (tipos III, IV e V) com
vagina e útero extremamente dilatados e/ou com sep-
,
Figura 118.3 — Cloaca. Genitália hipodesenvolvida, orificio ticemia (decorrente de coleção líquida com infecção
Pºnneal único e imperfuração anal. secundária), pode ser necessária laparotomia de ur-
600 I Trata Geníturinário
— ”. < , _ “
I Cateter vaginal é mantido por seis semanas.
.
soro fisiológico.
r.
I Tipo III: nesse caso, não existe orifício vaginal. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
l. NGUYEN, L.; YOUSSEF, S.; GU'I'I'MAN, F. M. et al. Hydro
É indicado abaixamento abdominoperineal da meirocolpos in neonate due to distal vaginal atresia. J. Pediatr.
vagina: laparotomia transversa, histerotomia trans- Surg., v. 19, p. 510-514, 1984.
versa, colocação do dedo indicador do cirurgião
pela histerotomia empurrando a parede poste- . PENA. A.; FILMER, B.; BONILLA, E. et al. Transanorectal
N
G L R' S Ç Z V I -' 9 L S *
ITipo V: anomalias cloacais com atresia vaginal. 376, 1987.
Ver descrição no Capítulo 78. ROHATGI, M.; PURI, P. Hydrometrocolpos. In: PURL P. Newborn
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STALLlON, A. Vaginal obstruction. Sem. Pediatr: Surg, v. 9. p— 128-
separadas e vaginostomia nos casos com hidro- 134, 2000.
ª"
'
colpos e hidromctrocolpos maciços.
Cirto de Ovário Fetal ena Lactente I 601
Hemorragia Ruptura
ICom toxemia gravídica e com isoimunização Rh,
provavelmente pela liberação excessiva de gona-
dotrofmas coriônicas por uma placenta aumen-
tada.
' Hipotireoidismo.
!Prematuridade (maior sensibilidade hormonal dos
folículos fetais e mecanismo imaturo defeedback
do eixo hipotálamo—bipolªrse-ovário). Torçao Peritonite
Hemoperitônio
Ascite" '
I'lllEMIlllIIGIII Bridas
.
'abdominal
Cisto de ovário a causa mais comum de massa
é
cística em um feto feminino.
A presença de pequenos cistos foliculares é um
achado comum e normal nos ovários neonatais.
Cistos < 2cm de diâmetro não são considerados
patológicos e sua involução espontânea é espe-
rada.
. “H
I Hemorragia dentro do cisto. Os fatores de risco
são: uso de medicações anticoagulantes, distúr-
.
central (cisto) que desloca o intestino lateralmente. hipoecóica de aspecto sólido causada
Posição lateral: cisto desloca o intestino poste— pelo preenchimento de toda a cavidade cística
riormente. Esses aspectos fazem o diagnóstico pela sedimentação.
diferencial com ascite. ' O achado de ruptura corresponde ao apareci-
I Ultra—sonografla abdominal ou pélvica. Até seu
-. mento de ascite fetal ou neonatal.
advento, o cisto de ovário do RN só era conhe— ,.
cido por suas complicações ou pela detecção de Quando os aspectos ultrajsonográficos são de massa
sólida (sedimentação preenchendo toda a cavidade cis-
uma massa no exame físico.
tica) ou cística com coágulo em retração, o diagnóstico
Critérios ultra-sonogrãfrcos de cisto ovariano: diferencial com neoplasia torna-se extremamente difícil.
massa cística localizada no abdome inferior,
No diagnóstico diferencial de cisto complicado, poder
! ? nª r — f
anecóica ou heterogênea, rins e bexiga identifi-
'«—“?ª1l.5 —'" cados e ausência de peristalse. se indicar a realização de ecografia com Doppler para
,'
b L Bª S' Z É I O
cóica), com fina“ parede, muitas vezes imper-
e d: " ceptível à ultra-sonografra, localizada na pelve
I Duplicação intestinal cística.
I Cisto mesentérico e de omento.
ou no abdome inferior. Algumas podem atin- ICisto de colédoco. .., «
“Ã < >»!
e progesterona do líquido aspirado. A falta de
Acredita-
se que a grande maioria dos cistos tem ten—
Ȼ a
.
elevação desses hormônios aumenta a suspeita
sê
dência a regressão espontânea a partir do nascimento,
,?
de que a estrutura cística aspirada não era o ovário.
quandoos níveis hormonais diminuem e o estímulo
.
Discutir riscos e benefícios.
para crescimento do cisto desaparece.
(listas 111! P0110110 11001131111 e em lactentes .sà
'
cistos no Período fetal
.z “:
&"?
rs Parto'vaginal é o indicado, exceto se desenvol- Ha duas correntes de conduta com relação ao cisto
ver distocia ou apresentar outras indicações obs- de ovário no primeiro ano de vida
tétricas. O I— grupo acredita que o tratamento dependerá
do diâmetro, das caracteristicas ultra-sonográfrcas e do
I Podem beneíiciar—se da punção-aspiração guia-
da por ultra-sonografia: cistos intra—útero sim— risco potencial para complicações.
ples, que mostram evidências de compressão to- Ill Tratamento conservador nos cistos neonatais
rãcica (hipoplasia pulmonar), gastrointestinal ou < 5cm, pois eles têm tendência à involução. A
urinária; cistos com mais de Scm, que possam presença de malignidade no ovário neonatal é
causar poliidrâmnio ou distocia ao nascimento; muito rara; assim, podemos aguardar a involução
cistos com aumento rápido (> lcm/semana) e aqueles do cisto por até seis meses (Fig. 119.4).
I Tratamento invasivo dos cistos (Fig. 119.4).
com grande mobilidade (posições diferentes em
ultra-sonografras seriadas) (Fig. 1 19.3). Essas in- — > 5cm ou > 25mL de volume (o risco de tor-
ção versus a possibilidade de resolução ainda
dicações ainda não estão totalmente definidas e
aceitas.As vantagens seriam a prevenção da torção não está bem estabelecido).
(torção de ovário é mais frequente no período — Recorrentcs.
— Não-involução ou aumentando de tamanho.
-
pré—natal) e de outras complicações menos fre-
quentes, prevenção dos efeitos compressivos do Complicados no período pré—natal, com achados
'?
m ultra—sonográficos de torção ou hemorragia
r— cisto, evitação de cirurgia e seus riscos e preser-
—
“? vação total do tecido ovariano. As desvantagens intracística.
v
N
seriam a recorrência do cisto, morbidade mater— Mudanças ultra-sonográficas pós-natal, suge-
'T
'e rindo o aparecimento de complicações, mes-
ºrªeu na e fetal (parece ser muito-baixa; ainda sem es-
r— tudos prospectivos e randomizados), não inspe- mo que ainda assintomáticos.
at
ção do ovário contralateral e acurácia diagnóstica. — Cistos excessivamente móveis. O comprimento
do pedículo (apesar de dificil avaliação) é melhor
Alguns autores acreditam que a punção—aspira-
ção do cisto intra—útero pode não funcionar em fator preditivo de torção do que o diâmetro do
razão do estímulo hormonal continuado existente, cisto.
levando ao recrescimento deste. Deve-se, roti- - hemorragia
Sintomáticos, secundários a torção do pedículo,
intracística ou peritoneal, ruptura,
neiramente, após punção-aspiração do cisto,
Ulua-sonegrlfias
repetidas
m,onar
obstrução minaila ou
gastrointestinal.
crescimento rápido ou
eu
< 25ml de
volume
> um. de volume
ou multa móvel i
Laparoscopía
nu
extremamenu móveis i laparotomia
v“i."
com agulha
Resolução temrrencla
uso.drmlnurçso de tamanho
em & meses —— laparotomia
laparoscopia
Flgura 119.3— Conduta terapêutica e de seguimento em Figura 119.4 - Conduta terapêutica e de seguimento em
cisto de ovário fetal. cisto de ovário no primeiro ano de vida.
604 l
Trato Geniturinário
Tratamento cirúrgica
—=
menos invasivo e com menor morbidade, possi- os cistos torcidos intra-útero ao nascimento em
—
bilitando uma excelente observação de ambos bebês assintomáticos?
os ovários e permitindo qualquer procedimento Exploração—cirúrgica (laparotomia ou lapa-
cirúrgico (aspiração, ressecção da membrana roscopia) e exérese do cisto e provavelmente
externa do cisto, fenestração, cistectomia ou ". do ovário?
ooforectomia).
Minilaparotomia ou laparotomia minimamente
— espontânea?
Observar sua evolução e provável reabsorção
G L S ‘ B ' Z V I' 9 L 5
se o ovário. for treatment of neonatal ovarian cysls. J. Pediatr. Surg., v. 36.
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ºvarian
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‘1‘“.
Cisto de ºvário na Pré-menarca I
605
1 ' 9 L 5
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pecto necrótico e sem vascularização pela eco—Doppler. the pediatric population. Sem. Pediatr. Surg.. v. 7. n. 1, p. 19-28.
O ovário deve ser destorcido, preservado e o cisto, se 1998.
houver, ressecado. Os cistos e tumores que costumam LOGSDON-POKORNY, V. K.; POKORNY, S. Pediatric gynecology.
torcer são aqueles de etiologia benigna (teratoma císn'co, lnzASHCRAFT, K. W. (ed.). Pediatric Surgery. 3. cd. Philadelphia:
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m
u.»;
.“1
;:
lntersexo = 607
“ ofthe chromosome Y) baseia-se na presença de um gene volvimento deficiente das mamas, virilização ou
.- no cromossoma Y, que ativa a rota de diferenciação início de hematúria “cíclica”.
:" testicular. Ao redor da 8E semana de desenvolvimento,
o testículo começa a secretar dois hormônios. IIIIIESTIGMÃD llllS PRBIEIIIES 1101! 111111101“
E
lTestosterona: produzida pelas células de Leydig.
lSubstância inibidora—múlleriana
11111111111111
(MIS, míillen'an—
inhibiting substance): produzida pelas células de 11181011! Enama 11511111
Sertoli.
Identificar outros membros familiares cgmcondições
A testosterona estimula a diferenciação do siste- intersexuais (herança herdada) ou morte pós-natal
. ma ductal wolffrano, formando o epidídimo, os ductos
ejaculatórios e as vesículas seminais. A MIS induz à
precoce. Medicações maternas durante a gravidez devem
ser checadas. O exame físico deve incluir a retração
regressão dos ductos miillerianos (precursores das trom- dos lábios com o intuito de visualizar adequadamente,
pas de Falópio, útero e terço superior da vagina). Tes- na menina, os orifícios uretral e vaginal. Avaliação cui—
tosterona é também convertida à diidrotestosterona dadosa deve ser realizada para detectar assimetria escrotal
l
(DHT, díhydrotestosterone) pela Sor-redutase. A DHT, e presença de gônadas palpáveis. Hiperpigmentação
11m andrógeno mais potente, difunde-se localmente secundária a secreção de hormônio adrenocorticotrópico
induzindo a masculinização da genitália externa e do pode estar presente na região genital ou aréola. Sinais
seio geniturinário. Esse processo está completo ao de desidratação e hipertensão são sugestivos de hiper-
redor da 12E semana de gestação. plasia adrenal congênita.
l‘l
ll 608 ' Trato Geniturinário
llltra-sonnuaiia
IPseudo-hermafroditismo
——
masculino somente
tecido testicular histologicamente normal em um
Importante para diagnosticar a presença de útero, indivíduo XY.
g'ônadas intra—abdominais (ocasionalmente), hidro—
colpos, hidronefrose.
Pseudo-flermatmllllsmo Feminine
Gariútlno Virilização do feto feminino ocorre como resultado
de exposição endogenamente produzida ou por an-
Para confirmar presença de cromossomas sexuais XX drógenos exogenamente administrados.
ou XY. Mosaicismo e anormalidades estruturais também
Etiologia:
6 L 2' 8 S Z >
podem ser identificados.
- Q L S'
|
n Hiperplasia adrenal congênita: deficiências da 21.
Estudos Metahúlioos hidroxilase e llB-hidroxilase são as mais comuns
(95%).
ª. — g e
Dosagens de eletrólitos séricos, l7-hidroxiprogesterona, IIngestão materna de compostos com atividade
l7—cetosteróides, pregnanetriol, testosterona (mater- androgênica (por exemplo, progesterona) durante
na e na criança). Em casos específicos, pode ser neces— a gravidez.
sário o teste de estimulação pela B—gonadotrofina
coriônica humana (B-HCG, human chorionic gona-
lTumores maternos
secretoras de andrógenos,
dotrophin) ou avaliação da resposta do paciente a
administração de testosterona exógena. Hiperplasia Adrenal Congênita
A hiperplasia adrenal congênita (HAC) é a causa mais
11011110913118 frequente de pseudo-hermafroditismo feminino. As
deficiências da Zl-hidroxilase e llB-hidroxilase re—
instilação retrógrada de contraste no seio genituriná« presentam os defeitos mais comuns. A perda de atividade
rio pode delinear as relações entre a uretra e a vagi— enzimática resulta no acúmulo de 17—hidroxiprogeste—
na. Em meninos, pode ser determinada a presença de rona. O acúmulo de 17-hidroxiprogesterona leva à
utrículo aumentado. superprodução de andrógenos, incluindo desidroepian-
drosterona (DI-IEA, dehydroepiandrosterone), andros—
Estudos Histulúutcus Gunauais tenodiona e testosterona. Virilização do feto femini-
Na maioria dos casos de intersexualidade, à exceção no pode ocorrer em vários graus, dependendo da
da síndrome adrenogenital e alguns casos de insen- penetrância do defeito genético (Fig. 121.1). A gra-
sibilidade androgênica, a histologia gonadal é essen- vidade da Virilização exibe um amplo espectro. Pode
cial para estabelecer o diagnóstico. A biópsia deve haver somente leve hipertrofia do clitóris, fusão labio-
comprometer a porção profunda da gônada, desde que _escrotal e pigmentação genital. Nos casos mais graves,
o ovotéstis tenha tecido testicular e ovariano sobre- auretra e a vagina podem formar um seio genituriná-
postos 1.1m sobre o outro. Gônadas internas podem rio comum ou pode haver uma uretra fálica. Por ra-
zões técnicas, é importante determinar a extensão do
ser submetidas a biópsia usando laparotomia tradici-
onal ou, mais atualmente, tecnicas laparoscópicas. seio geniturináriofUma confluência alta entre a uretra
e a vagina pode apresentar desafios técnicos signifi-
cativos no momento de trazê-làs até o períneo. Os
BlIISSIFIBIIGIIll IlllS BlSTIlIIIIIIlS 1111 111111151") órgãos reprodutivos internos, incluindo útero e trompa
A classificação se baseia na histologia gonadal e é de Falópio, são normais. Os ovários podem estar as-
dividida em quatro grupos principais: sociados a hérnia inguinal. Clinicamente, isso signi-
IPseudo-hermafroditismo feminino: somente te- fica que, na grande maioria dos casos. não há nenhu-
cido ovariano histologicamente normal em um ma gônada palpável no exame físico.
indivíduo XX.
IHermafroditismo verdadeiro: ambos os tecidos Deficiência da 21-hidroxilase
ovariano e testicular estão presentes — cariótipo Aproximadamente 90% do? casos de l-lAC são se-
variável. cundários a deficiência de 21-hidroxi]ase. A doençª
IDisgenesia gonadal. é recessivamente herdada e pode afetar ambos os sexos.
- Disgenesia gonadal mista: testículo em um lado
e gônada disgenéticalno outro. Cariótipo 45XO/
Virilização pode ocorrer em vários graus. Na forma
clássica dadoença, a genitália é ambígua.
46XY (mosaico) em”70% dos casos. Investigação:
— Disgenesia gonadal pura: traços gonadais bi—
laterais em um individuo XO. I Eletrólitos séricos: a deficiência de ZI-hidroxilasº
- Síndrome de Turner: traços gonadais bilate- causa falha na produção de cortisol e aldosterona.
—
rais em um indivíduo XO. Depleção de sal ocorre em aproximadamente 75
Disgenesia gonadal XY (síndrome de Swyer): dos casos. Desde que cortisol e desoxicortisol 111:1-
traços gonadais bilaterais em um indivíduo XY. temos estejam presentes ao nascimento, a mªiº“
lntersexo I 609
ACI'H
- Colesterol
ll!
1
17 C“
3 3
z 4
5
17
º" 5
Os números referem-se 1; se uintes enzimas:
Desoxiturtlcostemna (DOC) DESCXlCDfllSnl
Tªí'ªªª'º“
,
1 = 20,22<desmolase
l
g
s s z = 17n-hidroxllase
:= SB-hldraxiesterõide
O-dermo
desldrogenase
Corticostemna ase
1
Comm.
7 B—hídmxllase
-hidrnxíestevólde desldrogenare
a = tm—hldmyíerteróide desldrogenase
Aldostemna 9 = 531-redutase
*
Figura 121.1 — Biossíntese dos esteróides adrenals. ACl‘H = hormônio adrenocprtiçotrópíco.
S
Sou
vi
ao
n ria dos bebês não manifesta sintomas clínicos durante Níveis elevados de 17-hidroxipregnenolona e DHEA
Q
as primeiras duas semanas de vida. Subseqiien— podem estabelecer o diagnóstico. O DHEA é um an—
temente, o bebê sem diagnóstico pode apresentar-se drógeno fraco que causa leve Virilização em algumas
com choque adrenal (desidratação, vômitos, hipo— meninas. A perda importante de sal com acidose hi-
natremia, hipocalemia), não respondente a sim- percalêmica muitas vezes resulta em alta taxa de mor-
ples hidratação. A urgente administração de este— talidade, mas pacientes com defeitos menos graves
róides é imperativa. Hipocalemia e hiponatremia podem sobreviver. É típica a persistência do seio
são os achados laboratoriais característicos do cho- geniturinário e Virilização leve.
que adrenal e são a chave para estabelecer () diagnós—
tico. Os baixos níveis séricos de aldosterona levam
à elevação da atividade da renina plasmática. Hermaimúitismn Verdadeiro
INíveis de l7—hidroxiprogesterona podem estar Hermafroditas verdadeiros variam amplamente na
50 a 100 vezes elevados. »
aparência da genitália externa. A maioria tende a ser
IUltra-sonografia: presença de útero. masculinizada e apresenta-se com hipospãdia grave,
lGenitografia: para avaliar a extensão do seio ge-
niturinário.
encurvanifento peniano e assimetria das pregas labioes-
crotais. O cariótipo é variável, mas a maioria dos casos
relatados e 46XX (70%) e de origem afro-america-
na. Mosaicismo ou cariótipo 46XY têm sido relata—
dos nos casos remanescentes. ,.
A falta de 1 IB-hidroxilase causa o acúmulo de l7—hi- Como nas outras classes das doenças deintersexo,
droxiprogesterona e desoxicorticosterona (DOC, a aparência da genitália externa não é diagnóstica do
deonvcarticosterane), um esteróide com atividade tipo de intersexualidade. Biópsias gonadais são es—
mineralocorticóide que leva à retenção de sal. Conse- senciais para o diagnóstico. Por definição, tecidos
quentemente, 66% dos bebês com esse defeito desen— ovarianos e testiculares devem estar presentes. Estes
volvem hipertensão além da Virilização da genitália podem ser encontrados em variadas combinações, mas
externa. Aproximadamente 10% dos casos de HAC são o ovotéstis é a gônada encontrada mais comum. O
Causados pela deficiência de llB-hidroxilase. Os tecido ovariano ou testicular pode ter uma distribui-
Eletrólitos séricos podem revelar alcalose hipocalêmica. ção polar dentro da gônada ou tecido de um tipo pode
_São características as elevações da l7—hidroxíproges- estar situado profundo dentro da região hilar da gônada.
iterona, desoxicorticosterona e ll—desoxicortisol. Os Por essa razão, uma biópsia adequada deve atingir
iVtais de renina plasmática são tipicamente baixos como ambos os pólos gonadais e região hilar. A função
sresultado do aumento da atividade míneralocorticóide. hormonal corresponde aos achados histológicos, embo-
ra haja uma tendência de administrar testosterona su—
Deficiência da BB-hidroxíesteróide plementar nos hermafroditas verdadeiros criados-como
Desidrogenase meninos.
A genitografia pode demonstrar vagina e a ultra-
E uma doença rara em que existe um bloqueio pre- sonogratia pode revelar útero e trompas associadas.
Coce na rota da síntese dos esteróides, que leva à redução Pacientes com falo de dimensões razoáveis são, em
dª smtese dc cortisol, aldosterona e hormônios sexuais. geral, criados como meninos. Nos casos em que o
610 I Trato Geníturinárío
r
!Muitos pacientes irão desenvolver importante de-
NM
inadequada.—BAC femininizante pode resultar de
ticiência no aprendizado.
lO risco de malignidade no testículo normal ou deficiências na BB-lúdroxilase, l7B-hidroxilase/ 17,20-
disgenético pode ser tão alto como 30%, se estiver liase e 20,22-desmolase. A produção testicular de
localizado intra-abdominal. testosterona costuma ser afetada por deãciências na
'I As estruturas internas geralmente correspondem enzima l7B—hidroxiésteróíde desidrogenase.
, aos achados gonadais. Uma trompa de Falópio
bem desenvolvida e um hemiútero rudimentar Agenesia de Células de Leydig
são, em geral, encontrados no lado da presença
Doença rara caracterizada pela ausência de células
de traços gonadais (nenhuma produçãode MIS).
de Lcydi g. Ambigijidade genital pode estar presente.
O epidídimo é tipicamente associado a testículo As estruturas ductais internas correspondem a deri-
normal ou disgene'tico. A decisão de criar como
_
menino ou menina é dependente do grau de vativos wolffianos.
Virilização e tamanho do falo. Nas crianças criadas
como meninos, as estruturas mfillerianas e os restos Deficiência de Sri-redutase
gonadais devem ser removidos e o pênis recons- A deficiência de Soc—redutase tipo 2 resulta em ambi<
truído utilizando técnicas de reparo de hipospádia
(ver Cap. 110). Meninas necessitarão de vagino— guidade genital caracterizada por pênis pequenº,
plastia e clitoroplastia. hipospádia perineal e utrículo aumentado (pseudova-
gina). Os testículos são não-descidos e podem
Seriªl"
pados nas regiões inguinal ou labial. Variantes famillªfªª
Disgenesia G'onadal Pura da doença têm sido descritas. , ,.
Esses pacientes possuem cariótipo 46);}, genitália Infelizmente, em razão das características fenotípi-
externa feminina normal, estruturas miillerianas e restos
gonadais bilaterais. O diagnóstico geralmente é rea—
cas femininas, muitos desses pacientes são,
mente, criados como meninas e submetem-se a mª-
erradª-
lizado durante a avaliação de retardo da puberdade dequada clitoroplastia. Mais tarde, quando púbereS'
ou amenorréia primária. com os altos níveis de testosterona, o tipo l do gene
Intersexa l
611
5a.redutase ou gene mutante pode produzir bastante tratamento deve se basear em decisão multidiscipli—
DHT e induzir Virilização. Os pacientes podem en— nar. O tamanho do falo é muito importante no processo
[50 iniciar o desenvolvimento de caracteres sexuais
decisório. Qualquer cirurgia extirpativa deve ser evi— 1 5 ': S a '- t
ªai":
mªsculinos, tais como voz grossa, distribuição cor—
É?
.
“a”
tada em criança pequena. Se o gênero feminino for o
poral de pêlos do tipo masculina e algum grau de descida escolhido, a realização de clitoroplastia deve ser retar-
testicular. Além disso. a grande maioria de pacientes dada até que a criança possa consentir na opção ci-
demonstra uma identidade pelo gênero masculino. Por rúrgica. Genitoplastia masculina incorpora os princípios
essas razões, é importante realizar o diagnóstico pre—
1W
cocº, e é recomendado serem criados como meninos.
do reparo da hipospádia. Genitoplastia feminina consiste
O diagnóstico é estabelecido pela demonstração
em clitoroplastia e vaginoplastia (ver a seguir).
de uma relação aumentada entre testosterona e DHT
no sangue. Níveis de testosterona podem ser baixos Síndrome dos Ductos Mtillerianos
em lactentes e crianças; por isso, a medida da rela- Persistentes (Hérnia Inguinal Uterina)
ção testosterona/DHT deve ser realizada após esti—
É uma doença recessiva autossômica rara caracteriza—
. mulação com gonadotrotina. O diagnóstico também da pela falta de regressão dos ductos miillerianos em
.
pode ser feito usando-se cultura de fibroblastos genitais
meninos. A causa é um defeito na produção da subs-
e medida da habilidade de transformarção, in vitro, tância inibidora mtillen'ana. Tipicamente, esses pacientes
-'- da testosterona em diidrotestosterona. apresentam testículºs não-descidas associados a hér-
,7 A recomendação é de criar crianças com deficiên- nia inguinal. O achado de útero ou trompa de Falópio
j as tamento
cia tipo 2 Soc—redutase como meninos. Apesar de tra—
com suplementação androgênica, a média de
dentro do saco herniário torna a doença também co-
: comprimento peniano conseguida tern sido relatada
nhecida como hérnia inguinal uterina. Remoção da trompa
de Falópio deve ser evitada, pois divide sua suplementação
‘1'- como pequena. Em pacientes criados como meninas, sanguínea com o deferente e o testículo.
gonadectomia e clitoroplastia devem ser realizadas.
ii . 111111101’11181111 FEMININA
ESensibilldade Androgênica Total
Genitoplastia feminina e' indicada na maioria dos casos
(Feminização Testicular) de pseudo-hermafroditismo feminino e outras condi-
*.É uma condição hereditária, não caracterizada por ções selecionadas de intersexo. Consiste em clito-
': “ genitália ambígua. O diagnóstico é usualmente feito roplastia, vulvoplastia e vaginoplastia.
;durante a realização de uma hemiorrafia em criança
{com fenótipo feminino. O cirurgião defronta-se com
, ,, a presença de uma gônada no saco hemián'o com aspecto
clitoronlastia
Me testículo normal. ºrquiectomia bilateral deve ser Muitas técnicas têm sido descritas. Os princípios ci—
rúrgicosfundamentais são:
fi'realizada pelo alto risco de desenvolver malignidade
ãtesticular. O tempo da remoção testicular permanece
_ .controverso. Alguns advogam orquiectomia precoce
I Preservação do feixe neurovascular que suplementa
a glande do clitóris. Isso é conseguido pela dis-
_,e indução da puberdade pela administração exógena secção no plano correto entre a albugínea e a fãs-
,de estrógeno. Outros preferem manter os testículos cia cle Buck. A manutenção nesse plano de dis-
. "até que a puberdade inicie espontaneamente. Esses secção resulta em uma glande com excelente
Alpacientes produzem altos níveis de testosterona na coloração e boa vascularização no final do pro—
ª 'puberdade. Aromatase pode converter testosterona em cedimento.
'
“ ’ 7 '. "
"J“:',.
1"
"
612 i Trato Genitun'nário
l- Ç
" ‘7._'2’
_.
-ª«..iªs»=:
das as estruturas clitorianas com seu suprimento vasculo-
nervoso. Isso deverá resultar em melhor sensibilida—
de erógena do clitóris, agora distribuída pela vulva.
riãria total, evitando, assim, o difícil processo de
separação da vagina da uretra. A mobilização total
do seio geniturinario pode ser realizada em casos
.?
Além do mais, essa é uma técnica potencialmente em que o comprimento do seio não seja maior que
.s
. » «mw — , reversível, possibilitando a reconstrução do clitóris 3cm do nivel do períneo. É importante criar uma
abertura grande na parede vaginal posterior, tentan»
,. u
original, caso este seja o desejo da paciente no futuro. do minimizar o aparecimento de estenose vaginal.
,
GLQ-aiÇ-ºLzçs
em uma posição lateral ao intróito vaginal. Muitas BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
técnicas descritas falham na obtenção dessa configu- DIAMOND, D. A. Sexual differentiation: normal and abnormªl. |":
ração anatômica e os resultados cirúrgicos não são WALSH, P. c.; RETIK, E. D.; VAUGHAN, 1. R.; WEIN.A-1«
representativºs da anatomia feminina normal. (eds.). Campbell‘: Urology. 8. ed. Philadelphia: WB. Saunders,
2002. p. 2395-2427. , .
llaulnonlastla GILLENWATER. ]. Y.; GRAYHACK, ]. T,; HOWARDS. 5~ S"
MITCHELL, M, E. (eds.). Adult and Pediatric Urology. J '
Philadelphia: Lippincott Williams &. Wilkins, 2002. p. 253 '
.Extrofia de Bexiga
“g '.
IIIIOIMIIIS 11850011111115
{1010 Luiz Pippi Salle Extrofia de bexiga:
'
I Diastase do púbis.
-€Roman Iednak
IHérnia inguinal.
I Criptorquidia.
I O trato urinário superior geralmente 6 normal,
exceto o refluxo vesicoureteral, quase universal-
mente presente nos casos de extrotia'de bexiga.
. *A extroi'ia de bexiga faz parte de um espectro de ano— Epispadia:
Fmalias congênitas que afeta os sistemas urinário e
musculoesquelético. A bexiga urinária está comple- I As mesmas da extrofia de bexiga.
, amente aberta, estando sua mucosa exposta na parede Extrofia de cloaca:
, ªbdominal inferior. O colo vesical, assim como toda a
" ilrettª, está aberto e exposto. Nas meninas, o clitóris é I Oitenta e cinco por cento apresentam malformações
Bífido e separado na linha média. Em epispádia fe- associadas.
'
.
, dos graus de gravidade do defeito. O tempo em que de visualização da bexiga e seu esvaziamento, protrusão
corre a ruptura vai determinar a variante do com-
'
__
|VZL‘SBfl6 L'S‘J
cr«l-n—ªfa' ae.? .»
. .»
.W};inn.D,.
e
a «da:
—
Figura 122.4 Epispádia feminina.
*—
"Hal. 0 reparo de um pênis masculino epispãdico pode
"II:41—
'.,,
ser muito desafiador, porque, em alguns casos, há tecido Figura 122.5 - Extrofia de cloaca.
«<—
616 I Traro Geniturinário
pacientes. Adesão a esse programa é essencial. Ci- gênicas, têm a tendência de aumentar sua capacida.
rurgia para incontinência deve ser realizada somente de com o tempo. Entretanto, essa tendência pode levar
quando há envolvimento dos pais ou, preferencial- muitos anos para ocorrer. Quando aumento vesical &
mente, do próprio paciente à cateterização intermi- necessário, segmentos ileal ou colônico podem ser
tente (CIC, clean r'ntermittent catheterization). Como a utilizados. Recentemente, estamos realizando a desmu.
uretra tem sensação normal, CIC pode ser dolorosa, colização intestinal, como descrito por Buson. lssO
e muitos pacientes recusam«se a fazê—1a. Por essa razão, parece evitar a reabsorção de eletrólitos como tam.
sempre advogamos a realização de apendicovesicostomia bém diminuir a produção de muco, fatores importan.
(técnica de Mitrofanoff) simultânea à reconstrução tes que contribuem para aumentar a morbidade, quando
do colo vesical, O procedimento deYDL consiste em o aumento é utilizado. A realização de uma apendico.
tubularização do trígono com alongamento da uretra. vesicostomia (Mitrofanoff) é aconselhável após a plástica
Esse processo causa aumento da resistência, com base de colo vesical, com ou sem ampliação vesical, pois
no aumento da pressão hidraulica intraluminal. Para cateterismo intermitente é frequentemente necessá.
obter—se sucesso na técnica, deve-se moldar um tubo rio para obter adequado esvaziamento vesical.
de pequeno diâmen'o (8 a lOFr) e de adequado com—
primento (no mínimo 3 a 4cm). A tubularização deve BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
iniciar no início da uretra proximal. Para facilitar a GEARHART, .1. P. Complete repair of bladder exstrophy in the newborn;
construção da porção inicial da uretra alongada, é complications and management. J. UmL, v. 165, 6 Pt 2, p. 243].
2433, 2001.
importante abrir completamente as bandas intersíntises. GEARHART, I. P.; BAIRD, A. D. The failed complete repairof bladder
Ao fazer isso, pode—se ter acesso muito mais fácil ao exstrophy: insights and outcomes. J. UmL, v. 174, 4 Pt 2, p.
colo vesical, facilitando a colocação de pontos pro— 1669-1673, 2005.
fundos. Em virtude do uso de parte dessas pequenas NELSON, C. P.; DUNN, R. L.; WEI. J. T. Contemporary epidemiology
bexigas para alongar a uretra, as hemibexigas rema— of bladder exstrophy in the United States. ]. Urºl,, v. 173, p.
nescentes ficam com pequena capacidade e o aumento 1728-1731, 2005.
E L B' S Z Y I Q
é muitas vezes necessário para conseguir uma capa- NELSON, C. P.; BLOOM. D. A.; DUNN, R. L.; WEI. J. T. Bladder
n.
exstrophy in the newborn: a snapshot of contemporary practice
cidade razoável. Entretanto, o aumento vesical oca-
siona uma significante morbidade a longo prazo; patterns, Urology, v. 66, p. 4ll-4lS, 2005.
VAN LEEUWEN, M. A.;D1K, P.; I(LIIN. A. I. et al. Primary repair
devemos evita—lo, quando possível. Em casos limítrofes, of bladder exstrophy followed by clean intennittent catheterimtion:
estã justificado evitar o aumento vesical, urna vez que
bexigas extróficas, ao contrário das bexigas neuro-
outcome of 15 years’ experience. Urology, v. 67, p. 394-399,
2006. ., w
«
.
Extrofia de Cloaca I
617
Onfalocele
IIIIÍIMIIlIIIS ASSMIADAS
‘& Íleo termlnal
prolapsada Presentes em 85% dos casos em geral. Nos casos clás-
Hemlbexiga sicos, estão presentes em 95% dos casos; nas varian-
Drillcío :pendlcular tes, em 75%.
Área ileocecai
muslin
Anomalias do trato urinário superior: 60% (rim
pélvico, agenesia renal unilateral, hidronefrose,
M
ºrificio ureteral
rim multicístico, anomalias de fusão).
‘\ Tailgur
r: Anomalias vertebrais: 65% [mielomeningocele,
lipomeningocele (Fig. 123.2), medula presa, hemi-
vértebras, escoliose].
sl Anomalias gastrointestinais: 40% (duplicação in-
testinal, atresias intestinais, divertículo de Meckel,
má rotação intestinal).
618 I Trata Geniturina'río
I Anomalias das extremidades inferiores: 30 a 50% :! Escroto pode estar ausente, amplamente Separa.
(luxação congênita do quadril, pé torto eqiiinovaro do em dois hemiescrotos ou, menos comumente,
[Fig. 123.2], agenesia do membro inferior). bífido,
I Anomalias cardiovasculares: são raras. I Em meninas. o clitóris está geralmente dividido
I Onfalocele. ' em dois hemiclitóris amplamente separados_ mas
!.Pênis inadequado ou ausente. também pode ser unido ouausente.
I Duplicação vaginal (2/3 dos casos), clitóris bipar— I Duplicação uterina está presente em 95% das
tido, agenesia vaginal (1/_3 dos casos). meninas, duplicação vaginal em 65% e, em 25%
I Hérnia inguinal, criptorquídia. dos casos, a vagina está ausente.
——
I Orifício distal: cólon curto, em fundo cego.
ll Orifi'cios médios: um ou dois orifícios apendicula- IB: hemibexigas laterais à área intestinal.
res que podem estar prolapsados. IC: hemibexigas confluentes caudalmente em
I Anus com imperfuração. relação à área intestinal.
II Tipo II: variantes. Subdividida em subgrupos.
—
I Em 30% dos meninos o pênis está ausente; ou-
ó L R' B S Z I
tras vezes, é representado por duas estruturas IIA: somente a bexiga varia em relação ao pa-
I
drão clássico.
rudimentares completamente separadas. Vinte por
-— drão clássico.
IIB: somente o intestino varia em relação ao pa-
L'9
cento têm epispádia ou pênis muito pequeno.
I Testículos localizam-se na cavidade abdominal
ou nas regiões inguinais. — IIC: ambos diferem da forma clássica.
Sistema de codificação
Método que registra o padrão e cada variação do
conjunto.— Um grid é formado por três linhas hori-
Z'zontais(umbilical, abdominal e perineal) e três linhas
verticais (direita, média e esquerda), definindo nove
compartimentos separados (Tabelas 123.1 e 123.2).
IUmbigo: o_nfalocele é apresentada pela letra 0
' lno compartimento umbilical mediano.
Bexiga: pode ser completa (BL, bladder) ou duas
hemibexigas (HBL, hemi-bladder). Na condição
de extrófica, é adicionado o sufixo E. Se a bem-
ga está fechada e coberta, e acrescentada a letrª ,
‘
TKBELA 123.1 — Gridde extrofia de cleaca TABELA 123.2— Slmbelos de codificação de extrofia
de cloaca
' DIREITA MÉDIA
UNHA ESQUERDA
'
CÓDIGO EXTRÓFICO
'iuiviaiuc'
,ABDOMINALAL HBL£
o
iaiE HaiE
(E)
COBERTO
(C)
»—
kôgRINEAL HP HP Onfalocele
;. â1_segmentoileotecal; E= extroflco: HBL: hemibexiga; HP: hemipênis; Presente
:
o: onfalocele. Ausente —-
Bexiga
Completa BL BLE BL:
perineal mediano. A rara vagina extrófica é sim-
Hemibexiga
Intestino
HBL HBL£ HBLc'º
bolizada pelo suflxe basal E. A) Primário
I Clitóris: se completo, é anotado como CL; herni-
clitóris como l-ICL.
ileocecai Bt BtE Bifii
I Pênis:
Colônico BZ 32E BZFii
no menino, o pênis completo é represen— Retessigmóide BB BS£ 33E 9
tado por P e o padrão uretral registrado como B) Duplicação
epispadico (PE), normal (PN) ou hipospádico (PH). lleocecal D1 DtÍ Dicª
Hemipênis é registrado como HP. Colônico DZ D2E '
DZC *
ªetossigmóide D3 D3E D3c‘
iiiiirsririiieiin eiiiiieii C) Anus
Presente A
I História e exame físico. Ausente —
I Uretrecistografia: nos casos de bexigas cober-
Genitália feminina
A) Vagina
tas, para avaliar presença e grau de refluxo vesi-
coureteral.
Presente V VE
I Ultra-sonografia abdominal, renal e coluna: para
Ausente
B) Clitóris
-
pesquisar uropatia obstrutiva, agenesia renal ou Completo CL
outras malformações. Hemiclitóris HCL
I Radiografia de abdome: pesquisa da distribui— Genitália masculina
ção gasosa intraluminal. A) Pénis
I Radiografia de vértebras: para identificar defei- Completo P (P£,P,,,P,,)
tos vertebrais. Hemipênis HP
I Ressônancia nuclear magnética: para melhor
definição e diagnóstico dos disrafismos.
‘1 I Cariótipo.
B) Testículos
Descidas
Não-descidas
_ Tl
TT
'«= + fístula
11111111111110 'Se houver fístula associada, adicionar (F). par exemplo. BLv1
P = pênis epíspádico; P = penis hipospádico: P :pênis normal.
“w — r. ,
estagiado com silo de silicone. duplicado, muito pequeno ou ausente, colostomia
, 3 I Deve— se sempre preservar um ou dois apêndices e terminal por tubularização da placa intestinal,
A;; ºs segmentos duplicados para posterior utilização. revisão genital, se necessário.
.
«e
520 I Trate Geniturinário
Genótlpo
Intestlno
í
hoa qualidªde)
Colostomia
.nim,.
Anonetoplastl:
mi .,; rangº
s..“ saglul posterior
1
oer-:11 neurológico Reconstrução win Orqulemmll neonatal
(llteroplastsla
vaglnoplt a
(período pas—
puberal)
+.”
Mais tarde
' (dunlnte
a
apaiotom :, se lntra-
.
abdominal)
(litoreplastla.
o. «
32:25,“
Figura 113.3 — Estratégias cirúrgicas relativas ao intestino. : Conduta atualmente
em revisão
.
Alongamentº
peniano reparª
I Reparo em dois estágios. qe apispldia an
- onfalocele,
lº estágio (período neonatal): fechamento da
separação da placa intestinal das
tl'
hlpospédlu (rami
metades vesicais, aproximação das metades Figura 123.5 — Estratégias cirúrgicas relativas à genitália,
vesicais, gonadectomia em meninos com pê-
nis duplo ou ausente, colostomia terminal por
tubularização da placa intestinal. vesical, reimplante ureteral, com ou sem a neces.
— 29 estágio (quatro a seis meses de idade): fe— sidade de aumento vesical, usando segmentos do
chamento das metades vesicais sem fechar o intestino delgado ou estômago (nesses casos, deve-
colo vesical, osteotomia bilateral anterior, re- se utilizar a técnica de Mitrofanoff para cateterimção
visão genital. uretral intermitente), reconstrução genital.
IReconstrução continente (quatro anos de idade) I Nos casos em que a placa vesical for inadequa-
após avaliação por ultra-sonografia renal, uretro- da ou a reconstrução funcional tenha falhado,
cistografia e urodinâmica —> reconstrução do colo derivação urinária é indicada.
De qualquer forma, para melhor entendimento, a
reconstrução em razão dessa complexa afecção pode
Bexiga
_—
i- estÁglo ser subdividida em sistemas: digestivo, urinário (be-
;
Reaproximlçlo das
hemibexlgis m
* Estáglo unico
Fechamento
vesical primário
xiga) e genital (Figs. 123.3 a 123.5).
linha média
,
neonatal
REFERENCIA BlBLlOGRÁFlCA
1. MANZONI, G. M.; HURWI’IZ. R. S. Cloacal exstrophy. 111:
z- esúgiu ,, ,
' =
G L S -i ' ç ht Q
Reconstrução veskal;
com ou sem
necessidade de
LUND, D. P.: HENDREN,W. H. Cloacal exstrophy: a 25<year experience
enteroeistopllnla on with 50 cases. J. Pediatr. Surg.. v. 36, p. 68-75. 2001.
gamedsteplania SOFFER, S. Z.; ROSEN.N. G.: HONG, A. R. et al. Cloacalexstmphyi
a unified management plan. J. I;,edintr. Surg., v, 35, p. 932-937.
2000. '
Figura 123.4 Opções cirúrgicas relativas a bexiga.
—
Hematún'a I
621
l
W,
Sintomas podem incluir: mal—estar, dor abdominal e oli-
guria. A infecção estreptocócica deve ser confirma- - Carcinoma de células renais
Rabdomiossarcoma
- Carcinoma
da por títulos elevados de antiestreptolisina 0. Deve de células transicionais
ser lembrado que títulos normais podem estar pre- - Tumor de Wilms
—
sentes em até 20% das crianças. A ativação do sistema
W1-
622 I Trato Genitun'nárío
fi L S‘ Q :
doença do trato respiratório superior. Uma amostra
do sangue periférico mostra eritrócitos fragmentados, Infecção do Trato Urinário
que é diagnóstico. Hematúria macroscópica pode ocorrer,
’ 9 L S'
É a causa urológica mais frequente de hematr'rria em tl
mas é mais comum o aparecimento de hematúria
microscópica leve com proteinúria e cilindros. Na crianças. A maioria dessas infecções e de origem bac-
maioria dos pacientes com disfunção renal aguda, e
necessária a diálise. Corticosteróides e inibidores
teriana, mas alguns vírus, como o adenovírus,
podem causar cistite hemorrágica. O diagnóstico de
também
plaquetários parecem não ser benéficos. A maioria infecção bacteriana é feito pela cultura de urina, enguªnlº
dos pacientes recupera a função renal normal. Ou- a infecção viral e, geralmente, um diagnóstico dª
tros progridem para a insuficiência renal crônica, que exclusão.
pode ter início tardio.
Obstrução/Anomalias do Trato Urinário
Doença de Alpert A obstrução pode apresentar—se com hematúria macro
Corresponde a urna nefrite hereditária associada a ou microscópica. A hematúria pode resultar Wu'
11a
insuficiência renal progressiva, surdez neurossensorial
e, em alguns casos, anormalidades oculares. História
ma mínimo ou infecção. É importante considerar ª
possibilidade da existência de uma anomalia do tratº
l
Hematúria I 623
L
urinário associada, em qualquer situação em que a frequência urinária, dor abdominal ou suprapúbica e
incontinência durante 0 dia. Cilindros e proteinúria
'
hematúria parece desproporcional à gravidade da lesão, estão ausentes. Em ocasiões, esses pacientes podem
desenvolver cálculos urinários. Amostra única de urina
- Distúrbios de Sangramento indicando a relação do cálcio urinário e da creatinina
urinária maior do que 0,2 a 0,3, obtida pela manhã e
.‘ 'âPacientes com distúrbios de sangramentopodem
apresentar hematúria. Pacientes com hemofilia ge- em jejum, sugere o diagnóstico, mas deve ser confir-
mada com a coleta de urina de 24h para documentar,
lǻlmente
são conhecidos por sua diáiese hemorrágica
tºªquando se apresentam com hematúria. Por outro lado, formalmente, a excreção de cálcio. Hipercnlciúria deve
Shematúria pode ser o primeiro sintoma em uma criança
'
ser considerada quando a excreção do cálcio excede
'ª' Scam doença de von Willebrand. Doença das células 4mg/kg/dia. O tratamento consiste em ingesta liberal
de líquidos e cálcio e restrição de sal. Casos mais
.
.
' ifalciformes é causa de hematúria em crianças pretas.
Hematúria ocorre mais frequente em crianças com resistentes podem requerer a adição de diuréticos
mitraçºs
de células falciformes do que na doença de tiazidas.
E'Eélulas falciformes. Não se sabe a razão.
Uretrorragia/Meatite
Uretrorragia é uma condição benigna e autolimitada,
ocorrendo em meninos pré-puberais. A'etiologia não
A"Arlticoagulantes, come warfarina, embora infreqiíen-
é clara. Tipicamente, os pacientes descrevem a pre-
átemente
usados em crianças, podem causar hematúria
após dose excessiva. Mandelamina tem sido citada
sença de manchas desangue nas roupaslde baixo entre
.como causa de cistite hemorrágica. Similarmente, a as micçõcs. Podem estar presentes sintomas urinários
na forma de disúria, frequência urinária ou inconti-
:‘ciclofosfamida, agente quimioterápico, pode produ- nência durante 0 dia. Hematúria microscópica pode
zir cistite hemorragica, que pode diflcultar o manu-
ser demonstrada em metade dos pacientes. Avaliação
-. [ seio. Certas medicações, incluindo a rifampicina e o extensa e desnecessária na ausência de outros acha-
,; ácido acetilsalicílico, podem causar urina com alte-
] ';rações da coloração, mimetizando hematúria. Final- dos ou evidências de infecção do trato urinário. Cis—
toscopia demonstra mucosa de aspecto avermelhada
?:mente, ncfrite intersticial tem sido associada a um e friável na área do esfíncter uretral. Porém, em nada
êgrande
l .
número de medicações, como penicilina c cefa- contribui no seu tratamento. Adicionalmente, o de-
' àílosporina. senvolvimento de estenose uretral tem sido relatado
pós-cistoscopia e, por isso, não tem sido recomenda-
da. Desde que ainda permanece incerto se a estenose
uretral é iatrogênica ou secundária a doença de base,
. =É'l'ambém podem
'
causar hematúria os tumores urológicos urofluxometria podeser útil durante o seguimento do
2 rrabdomiossarcoma,
", ícomo: rumor de Wilms, carcinoma de células renais, paciente. 2“
" ‘carcinoma de célulashemangiomas, angiolipoma e
transicionais da bexiga (geral-
Meatite parece ser causada por dermatite localiza-
da; tipicamente ccorre em meninos circuncidados que
ainda usam fraldas. Classicamente, os pais descre-
vem a presença de manchas nas fraldas.
_
INVESTIGIGÃD DIAGNÓSTIM
11151111113
Uma história completa é o passo inicial na in—
abdominal ou de flanco. O diagnóstico pode ser esta- vestigação de hematúria. O paciente deve des-
=belecido usando diversos estudos radiológicos de ima— crever se o início da hematúria foi associado a
, gem: radiografia de abdome, ultra—senegrafia, pielografia dor, sintomas urinários (urgência, frequência,
'.;intravenosa ou tomografia computadorizada. Estudos estrangúria, jato fraco, gotejamento), trauma,
sintomas gastrointestinais (náuseas, vômitos, diar-
'
ºf; passa espontaneamente. Esses pacientes devem ter sua
'
W
,. - r
de crianças tem se apresentado com uma varie- enquanto a hematúria microscópica tem, mais
dade de sintomas do trato urinário inferior: disúria, provavelmente, origem renal.
.
Aí' V — L
*
.
624 I Trato Geniturinárío
-
l
Exame rismo
I O exame físico deve incluir a medida da pressão
A presença de cilindros de glóbulos vermelhos
à microscopia indica doença glomerular. A in-
vestigação deve incluir creatinina sérica, uréia
arterial; se elevada, costuma ser sugestiva de no sangue, eletrólitos, níveis de C3, títulos de
possivel etiologia renal. Similarmente, devem ser anticorpos antinucleares, títulos de anticorpos anti-
procurados achados clínicos, como edema peri- DNA, níveis de proteínas totais e títulos de anti—
" ferico, petéquias ou púrpuras palpáveis. Quan- estreptolisinas. Pode ser necessária, em alguns
"
do presentes, são consistentes com doença renal. casos, a pesquisa de células falciformes.
I A cavidade oral deve ser examinada em busca
Uma relação cálcio/creatinina urinária deve ser
, de faringite, que é sugestiva de glomerulonefrite calculada em busca de hipercalciúria. Hipercalciún'a
pós-estreptocócica aguda. deve sempre ser confirmada em amostras de urina
I O exame da pele pode revelar hemangiomas
de 24h.
cutâneos, que podem ser um sinal físico de le-
sões similares dentro da bexiga.
I Exame abdominal completo é essencial. A pre- Exames naululúgiaos
! sença de massa abdominal e sugestiva de obs- Estudos de imagem do trato urinário superior devem
trução ou tumor.
l O exame da genitália deve observar secreção uretral
ser obtidos, mesmo se doença renal for suspeita.
I Ultra-sonografia abdominal é o estudo inicial
1 ou inflamação meatal.
I Exame retal pode ser necessário. preferido por ser não—invasivo, evitar exposição
à radia ão, confirmar a presença de dois rins e
>: afastar ilatação do trato urinário. Ultra—sonograiia
Exames lallnratnriais ‘l também é 6tima para pesquisar a presença de
I Exame comum de urina e essencial na investi- cálculos renais, tumores renais e anomalias es
gação de hematr'rria. Hematlíria microscópica deve truturais. .
4 —e h «
l Se houver suspeita de cálculos urinários, podem-
tx
ser confirmada em duas a três amostras sequen—
ciais. Em alguns casos, também devem ser tes— se usar radiografia de abdome e urografra intravenosa
. t,.
tados alguns membros da família. Idealmente, I Tomografia computadorizada :? útil para avrlllar
deve ser obtida uma amostra de urina logo após cálculos ou tumor suspeito.
I Cistouretregrafia miccional pode ser necessária
_
a micção, desde que a lise dos glóbulos verme-
lhos e o rápido crescimento bacteriano possam quando há infecção do trato urinário, sintomas
ocorrer em amostras deixadas a temperatura miccionais obstrutivos ou dilatação do trato unnáno
ambiente por um período de tempo significante. à ultra—sonografia.
- Q L Ç'
l
A cor da urina deve ser anotada, isto e, amarela, I Quando clinicamente indicados, podem ser ob-
vermelha, cor de chá, marrom, turva. tidas imagens com ressonância nuclear magné-
I Um dipstick (teste de tira reagente para análise tica ou medicina nuclear-., «
rZL'SRõ
"“i
é incerta após investigações radiológicas ou quando CANNING, D. A. Evaluation of the pediatric urologic patient. Ill:
Éios estudos de imagem revelam patologia vesical, que WALSH, P. C.; RETIK, E. D.; VAUGHAN, J. R.; WEIN, A. I.
(eds.), Campbell ': Urology. 8. ed, Philadelphia: W.B. Saunders,
necessita adicional caracterização.
”'s 2002. p. 1826-1827.
FELD, L. G.; WAZ, W. R.; PEREZ, L, M.; JOSEPH, D. B. Hematuria:
an integrated medical and surgical approach. Pediatr. Clin. North
Am., v. 48, p. 151945312001.
KAPLAN, G. W. Henraturia in children. AUA Update Series, v.4, p. 1-7,
1985.
626 I Trato Geniturínário
E L B' R S Z v l ' 9 L 5
Peter T. K. Chan Quattro clinico
I Varicoceles podem causar dano duradouro no
João Luiz Pippi Salle volume e nas funções hormonal e espennatogênica
dos testículos.
IVaricocele unilateral é mais comum (> 90%) e
III'I'IIIIIIIIGÍI]
ocorre quase exclusivamente no lado esquema,
Problemas de fertilidade em homens muitas vezes estão Varicocele bilateral ocorre em 5 a 10% dos cases.
e u “ ,— n
relacionados a condições patológicas preexistentes e I Varicocele pré—puberal é rara; quando presente,
que podem ser reconhecidas durante a infância. Infe- deve ser sempre afastada a presença de neoplasia
'n—w
lizmente, o impacto negativo que essas patologias causando obstrução venosa gonadal retroperitoneal,
pediátricas causam sobre a futura fertilidade são, muitas principalmente quando presente no lado direito.
vezes, negligenciadas ou inadequadamente valoriza- I Diferentemente das varicoceles presentes em
das. Não incomumente, pediatras ou especialistas adultos, que são comumente associadas a infer-
pediátricos podem não considerar apropriado ou não tilidade, as varicoeeles em adolescentes são muitas
se sentirem confortáveis em discutir assuntos rela- vezes assintomáticas. Porém, podem estar asso—
cienados à futura fertilidade com os jovens pacientes ciadas com dor e atrofia testicular observada por
ou os pais destes. 0 objetivo deste capítulo e revisar assimetria do volume testicular ou tamanho abaixo
alguns desses assuntos relacionados a condições do normal a medição orquidométrica.
pediátricas comuns. '
ll Varicocele grau III não érara, provavelmente porque
as varicoceles de graduação baixa não costumam
ser observadas no exame de rotina com o pa-
IIRBIGIIBElE ciente em decúbito dorsal.
conceito
Varicocele é causada pela tortuosidade e pela dilata-
Fisiopatologia
ção anormal da veia testicular dentro do cordão Os mecanismos propostos, pelos quais a varicocele
espermática. pode causar disfunção testicular, são:
Euiuomloloula
_- Temperatura testicular elevada.
'I Hipóxia secundária a estase venosa.
I Refluxo de metabólitos renais e adrenars.
_
Em adultos, a frequência de varicocele em homens
com infertilidade é de 19 a 41%. Em geral, manifes-
ta-se clinicamente na puberdade e sua incidência vai niaunústioo Diferencial
aumentando, acompanhando os estágios progressivos tlMassa escrotal: hérnia, hidrocele, epididimocele.
do desenvolvimento puberal, com incidência aproxi— esperrnatocele e outras lesões intra-escrotars que
—m *.-ª
mada de 6% aos 10 anos, 15% aos 13 anos, que é podem mimetizar a presença de varicocele. .
similar à população geral adulta (Tabela 125.1). n Orquialgia: condições inflamatórias como orqui-
epididimite.
classitioaoão
Graduação com o paciente em pé: lnuostluação nlanlllostlea
Grau I: dilatação das veias do plexo pampiniforme I História e exame físico: varicoceles podem 5."
v“
do cordão espermática As veias tornam-se au- confirmadas por cuidadoso exame fisrco (Fig.
mentadas somente com manobras de Valsalva. 125.1). Em casos selecionados, outros exames
I Gran ll: dilatações das veias são palpáveis sem odem ser solicitados. .
manobra de Valsalva. ll
pAvaliaçãolaboratorial: em meninos pós-Pumª":
.a
(wu-v
nesses pacientes.
sintomáticos durante a infância. Mesmo com alto
índice de suspeita", alguns casos, mesmo decor- — Portanto, testosterona exógena deve ser descort-
tinuada se o paciente tem interesse na fertili-
rentes de causas congênitas, são somente iden- dade. Uma vez que a paternidade foi obtida, a
tificados durante a vida adulta. substituição por testosterona pode ser uma opção
I Início pré-puberal: serão evidentes na puberda-
terapêutica a longo prazo.
de corpo de forma eunucóide, falha na mudança
da voz, distribuição feminina de pêlos secundá-
—- tosterona
Várias formas seguras de substituição da tes-
são exeqijíveis, variando de forma
rios, anemia, hipodesenvolvimento dos múscu- oral, injetável. implantável, emplastro dérmico w i.
los, genitália, função sexual e espermatogênese. e tópica.
Início pós-puberal: embora seja normal a Virilização
durante a puberdade, com o tempo serão evidentes — O objetivo da terapia e substituir os níveis de
testosterona próximos as concentrações mais
diminuição na densidade mineral óssea (osteopenia fisiológicas possíveis. Follow-ups frequentes
e osteoporose), anemia, hipotrofia ou atrofia mus— são necessários durante a fase inicial de trata-
cular, regressão das funções sexuais e esperma- mento. >
“v
IEstudu por imagem. Tomografia computadori- contém efeitos LH e FSH. Uma dose que m'
zada (TC) ou ressonância nuclear magnética (RNM) duz efeito FSH adequado muitas vezes ªPff'
podem delinear a anatomia da glândula pituitária senta baixo efeito de LH para manter a fun-çãº
e indicar a presença de lesões expansivas como das células de Leydig. Assim,
umª'ººmbmª'
()
adenoma.
ll Estudos adicionais. Hemoglobina e densidade
ção de hMG e gonadotrofina coriômca
na (HCG, human charianic ganadotrqpm'Q . hllmªê
mineral óssea são indicadas em casos selecio- necessária para obter feru'lidade. Fase de induçªft
nados para seguimento, respectivamente, da anemia Devem-se prescrever 1.000 a 2.500UI Pºr v1
e da osteoporose. Avaliações genética e meta— intramuscular (IM) ou subcutânea (SC) dº HC
»
Fertilidade Relacionada à População Pediátrica l
629
duas vez por semana por 8 a 12 semanas para Impactos Específicos do Tratamento
conseguir níveis normais de testosterona. Sub- do Câncer sobre a Fertilidade
segiientemente, 75 a 150UI IM ou SC são usadas
_ Cirurgia
três vezes por semana.
FSH purificado urinário (p-FSH) tem a ativi- Cirurgias que envolvem a área retroperitoneal podem
dade FSH específica mais alta (10.000UI/mg
de proteína versus 150UI/mg de proteína para
causar disfunção da ejaculação pela insuficiente emissão
da ejaculação e/ou ejaculação retrógrada por dano nervoso.
hMG) e a vantagem adicional de permitir a via
subcutânea, mais conveniente e menos dolo-
Lesão cirúrgica iatrogênica do sistema ejaculador
(epidídimos, ductos deferentcs, vesículas seminais e
rosa. Dose: p-FSH 150UI SC três vezes por se- ductos ejaculatórios) pode levar à obstrução, resultan-
mana e HCG 2.000UI duas vezes por semana. do em reduzida quantidade de espermatozóides no sêmen.
-FSH recombinante (r-FSH) é produzido por
genes isolados de células do fígado fetal hu-
Radiação
mano e inseridas em células ovarianas de hamster
chinês. Apresenta vantagens adicionais sobre Radiação pélvica tem o efeito de dano direto sobre
as preparações urinárias relativas a pureza, as espermatogônias em diferenciação e células de Leydig
atividade específica, composição consistente ('I'abela 125.2).Além disso, inflamação ejibrose oriundas
e suprimento constante. Dose: r—FSH 150UI da radiação podem causar obstrução do sistema ductal
SC três vezes por semana e HCG 2.000UI duas ou dano aos nervos envolvidos na ejaculação.
ou três vezes por semana.
I Hipogonadismo hipergonadotrófico: uma vez que
Quimioterapia
insuficiência testicular é o problema primário e
as gonadotrofinas já estão elevadas, suplemen- Nem todos os agentes quimioterápicos produzem a
tação ou estimulação adicional da produção médica mesma extensão de toxicidade sobre a espermatogênese
de gonadotrofinas não tem sido efetiva na me- (Quadro 125.1). Até 90% dos pacientes têm azoospermia
.——
lhora dos resultados da fertilidade. por poucas semanas após iniciar a quimioterapia e
Reprodução assistida. somente 20 a 50% recuperam a espermatogênesc dois
Mesmo nas formas graves de hipogonadismo a três anos após completar o tratamento. Duração,
hipergonadotróftco, como síndrome das célu- dosagem cumulativa, combinação de drogas terapêuticas
las de Sertoli únicas e síndrome de Klinefelter usadas e idade de início do tratamento são, também,
(ver a seguir), espermatozóides podem ser en- fatores importantes na avaliação da toxicidade esper-
matogênica em potencial do tratamento.
contrados cirurgicamente no testículo para per-
mitir fertilização in vitro com injeção de esper-
matozóides intracitoplasmáticos. Túuiooade Griouresowação
— Para pacientes com hipogonadismo hipogo-
nadotrófico, que não são capazes de conseguir
paternidade natural apesar de tratamento mé-
dico, reprodução assistida, usando esperma-
Esnerma'tooenioa Pre-tratamento
Ira Procedimentos.
—
_
Idealmente, a criopreservação de sêmen ou banco
de.-esperma deve ser realizada em todos os
tozóides testicular ou ejaculado, se alguns
pacientes que irão se submeter a tratamento
presentes, e também uma opção de tratamento
que possa impedir seu estado de fertilidade.
para inseminação intra-uterina ou fertilização Realiza—se coleta de três a seis ejaculadas, após
in vitro com injeção de espermatozóides 24 a 96h de abstinência sexual.
intracitoplasmáticos. »
Cada espécie é avaliada em relação à qualida-
de e a quantidade e guardada em frascos indi-
FERTIlIIlRIlE aros TRATAMENTO DNBULÚGIGD vidualizados para criopreservação em nitrogênio
líquido.
jmnaoto no Tratamento ºncológico sobre
_a Fertilidade
TABELA 125.2 — Efeitos da radiação sobre a
espermatogênese'
'Muitos pacientes pediátricos com câncer, particular—
mente aqueles com tumor testicular ou doença de RADS RECUPERAÇÃO
j . Hºdgkin,já apresentam contagens reduzidas de esper- < 50 12 meses
u matozóides e motilidade antes do tratamento. Estresse 50—100 9-18 meses
gçneralizado, saúde global e estado nutricional defi- 100 - 300
—
30 meses
c1entes, além de anormalidades testiculares associa- 300 400 5 anos
«, das, podem contribuir para a fertilidade reduzida. > 400 Muitas vezes irreversível
630 I Traro Geníturina'rio
QUADRO 125.1
— Agentes quimioterápicos e risco de
toxicidade espermatogênira1
I Uso
--
futuro da reprodução assistida.
Enquanto o custo do banco de esperma nãos
proibitivamente caro (geralmente uma média
': Definitiva — Citosina arabinosida de US$ 500 a 1.000 por 5 a 10 anos de armª.
- Clorambucil — Cisplatina zenamento), o custo do uso de espemiatozóides
- Ciclofosfamida ' Menos provável criopreservados para reprodução assistida pode
- Busulfan
Mostarda nitrogenada — Metotrexato
ser significante, sendo necessária uma discussão
— S-fluorouracil
—
global com o paciente e a família.
— Procarbazina — 67Mercaptopurina
-
I Risco do uso de esperma criopreservado em 50-
— Nitrosuréia Vincristina
-Desconhecida
—
'Provável breviventes de câncer.
-— Doxorrubicína — Bleomicina Não há aumento significante de malformações
congênitas entre crianças concebidas com es-
' 9 L Ç"
!
— Vlmblastina
permatozóides criopreservados.
—De fato, alguns podem sentir-se mais confer.
táveis em usar espermatozóides coletados antes
VZL'SBÓ
I Alternativas. do tratamento do câncer, que não foram ex.
—
Em certos casos, adiar o tratamento do câncer
por duas semanas para criopreservação pode
—
postos à terapia mutagênica do câncer.
Entretanto, mesmo quando a concepção ocor.
não ser desejável. Em casos urgentes, que re— re após o tratamento do câncer, não há evi.
querem pronto tratamento para câncer, mes— dências que indiquem maior risco genético.
mo uma a duas ejaculadas devem ser obtidas malformações congênitas ou risco aumentado
para criopreservação. para câncer (outros além daqueles atribuíveis
—
Além disso, como os espermatozóides maturos a natureza do câncer nos pais) em descenden—
são mais resistentes aos danos mutagênicos do tes de sobreviventes de câncer.
tratamento de câncer, o sêmen pode ser cole- I Fatores que afetam a qualidade dos espermato-
—
tado mesmo durante os primeiros dias do tra- zóides.
tamento, se o paciente for capaz de providenciar Cada congelamento e descongelamento do sêmen
alguma amostra de sêmen. reduz sua qualidade, em razão da não-sobre—
I Método de coleta de esperma. vivência do espermatozóide ou da habilidade
—
Espermatozóides maturos podem, geralmente,
ser obtidos em pacientes que entraram na pu- —
prejudicada para fertilizar um oócito.
A qualidade do sêmen criopreservado é indicada
á
: berdade. Sêmen obtido por masturbação é o pela contagem de espermatozóides intactos e
método clássico de obtenção de esperma para sua motilidade pós—descongelamento.
criopreservação. Dependendo da cultura e da —Técnica reprodutiva assistida avançada (inje-
ção de espermatozóides intracitoplasmáticos)
maturidade do indivíduo, uma proporção sig—
nificante de adolescentes jovens é capaz de A“ requer apenas um espermatozóide por oócito.
-—
-v wm
providenciar amostras de sêmen. Se a quantidade e a qualidade de sêmen fo-
rem adequadas, a opção de inseminação intra-
—
Em outros casos, eletroejaculação, com o uso
de estimulação vibratória retal, como aquela
usada em pacientes com disfunção ejaculatória, . uterina, menos invasiva e mais barata, pode
produzir gravidez acima de 15% das tentati-
vas, particularmente se a ovulação é honno~
pode ser usada sob anestesia para obter uma
nalmente hiperestimulada na parceira.
,—
— sensibilidade.
cia e I Potenciais para recuperação da espermatogettesº'
A presença 'de pelo menos um familiar pode
ser útil, mas discussão também pode ser rea-
-Em humanos, a produção de espermatozoldes
das células-troncos para espermatozóides ma-
—
lizada somente com o paciente. turos leva cerca de 10 a 12 semanas.
_, Os pais podem estar mais interessados do que Após o tratamento de câncer, o efeito
menos
o paciente, que pode ter dificuldades em pro—
jetar-se como futuro pai e assegurar a possi-
bilidade de fertilidade.
deletério sobre a função espermawgémCa
edª
destruição dos espermatozóides maturos, Sª“ 0
as células—troncos poupadas.
Fertilidade Relacionada à População Pediátrica I!
531
_ Se todas as células-troncos forem destruídas,
azoospermia é irreversível.
filiªç㺠e “51] lle Esnerma III "Gªlli"
.- Q-potencial de recuperação espermatogênica m Mesmo com os avanços na reprodução assisti-
é-idiossincrásico, dependendo do estado ge- da, uma significante proporção de sobreviven-
ral do paciente, do tipo, da dosagem e da duração tes de câncer pode não ser capaz de ter uma criança
da terapia recebida. biológica.
E: 0 uso de esperma doado ou adoção são opções
_. Se os pacientes permanecerem azoospérmicos
por mais de cinco anos após o término do tra- bem-aceitas por uma proporção significante desses
tamento, o retomo em potencial do espermato- pacientes.
zóide à ejaculação costuma ser pobre. m Como no caso de estabelecimento de paternida-
— Mesmo nesses pacientes, quando não há esperma
criopreservado, a retirada cirúrgiCa de esperma-
de natural, os pacientes devem ser realistas com
seu estado de saúde geral, prognóstico, risco de
complicações de saúde a longo prazo determi-
tozóides pode ser possível para reprodução
nado pelo tratamento prévio e expectativa de vida,
assistida avançada e paternidade biológica. quando decidir pela adoção.
'
Sindrtam dB Klineielter
o cirurgicamente ou esperma criopreservado, podem
u Epidemiologia: essa síndrome é encontrada em
ser de muita ajuda para esses homens candidatos à 1 de cada 500 nascidos vivos masculinos, sendo
a paternidade biológica. A taxa de sucesso das várias
responsável por 7 a 14% da azoospermia do adulto.
" técnicas de reprodução assistida depende de muitos
fatores: m Apresentação clínica: 21 Made clínica clássica consiste
em testículos hipotrófrcos firmes, ginecomastia e
I Idade e saúde reprodutiva da parceira.
azoospermia. Outras manifestações da doença in-
I Qualidade dos espermatozóides. cluem: altura aumentada, obesidade, veias varicosas
I Experiência dos profissionais de saúde nas di—
nas extremidades inferiores e diabetes melito.
versas técnicas. n Diagnóstico: nem todos os pacientes com síndrome
t de Klinefelter são diagnosticados durante a in-
i E Inseminação Intra-uterina fância. Não é incomum observar infertilidade como
primeiro sintoma durante o período adulto.
“1 Após a preparação de sêmen, fresco ou criopreservado, rn Avaliação laboratorial: pacientes com síndrome
.2" com número mínimo total de espermatozóides mó— de Klinefelter muitas vezes têm hipogonadismo
_ ""fveis de 5 >< 10°, a inseminação intra-uterina pode ser hipergonadotrófrco (elevado FSH e LH com tes—
- ' colocada diretamente no útero para induzir à gravi- tosterona baixa). Análise do cariótipo confirma o
‘
"dez. A taxa de gravidez varia de 15 a 26%. O sucesso diagnóstico. '
dainseminação intra-uterinaé aumentado com a hiperes-
'
ól ã' S Ç A Z P ' D L S A
dos recém—nascidos a termo e 0,8 a 2% nos meninos o avanço da terapia, mais de 90% serão sobrevi—
|
com um ano de idade. A incidência de infertilidade ventes a longo prazo.
em homens com história de criptorquídia é 30 a I Razões de infertilidade deficiente.
70%, que é significativamente mais alta do que
a média de 10 a 20% da população em geral.
— Tratamento de câncer, se cirúrgico, quimiote—
rápico ou radioterápico, tem um potencial de
Razões da infertilidade deficiente. dano irreversível a longo prazo da fertilidade
desses pacientes.
— Progressivo dano das células germinativas ocorre
nos testículos criptorquídicos secundários à tem-
peratura elevada em localização extra-escrotal.
— Mesmo nas doenças de estádios mais preco-
ces, que requerem somente orquiectomia como
- Risco aumentado de hipogonadismo, torção
testicular e aparecimento de tumores.
tratamento, em alguns pacientes a fertilidade
deficiente pode ser causada por hipogonadismo
-Mesmo nos homens com criptorquídia unila-
teral, a incidência de infertilidade é de apro-
coexistente ou níveis elevados de anticorpo
antiespermatogênese, que podem ocasionar
ximadamente 30%. Isso sugere que há disfunção dificuldades na gravidez natural.
associada também do testículo normalmente
descido, que pode ter função espermatogênica — Como no caso da criptorquia, muitas vezes há
disfunção na produção hormonal e na esperma.
deficiente. togênese associadas, não somente no testículo
- Anormalidades do epidídimo têm sido obser—
vadas em até 40% dos pacientes com criptor-
envolvido, mas também no contralateral.
I Tratamento da infertilidade.
quidia, podendo contribuir para a deficiente
espermatogênese. - Como em outros pacientes que sofrem de câncer,
o banco de esperma deve ser oferecido a qualquer
— Níveis elevados de anticorpos antiespermato-
zóides podem ser um fator que contribui para
paciente que vai submeter-se a um tratamento
que pode afetar irreversivelmente a fertilidade. ., v
.
a deficiente espermatogênese. u— O componente histológico do câncer não pn-
"-
l O reparo cirúrgico por orquiopexia é crítico para
rece correlacionar-se significantemente com
preservar fertilidade em pacientes com criptorquídia a qualidade do sêmen.
uni ou bilateral. Enquanto a qualidade do sêmen nesses pacientes
I A correção da criptorquídia deve ser feita antes
é geralmente mais baixa do daquela do doador
do início do dano histológico, que ocorre entre saudável, a capacidade do sêmen de resistir
as idades de um e dois anos.
I Mesmo em homens com azoospermia decorrente
aos processos de congelamento e descongela- . - q u”
—
mento parece ser similar.
de criptorquia bilateral, há relatos que demons» Se o banco de esperma pre—tratamento não estiver
tram que orquiopexia dos testículos atrófrcos pode disponível ou apropriado e os pacientes Pºr"
levar à recuperação da espermatogênese.
I Em casos em que a gravidez natural não pode
manecem azoospérmicos a longo prazº. ?Pªªªf
de terapia hormonal adjuvante para hipºgº'
ser conseguida, pode ser necessária a reprodu- nadismo, pode ser uma opção a retiradªqdº
ção assistida usando espermatozóides ejaculados
ou espermatozóides retirados do epidídimo ou espermatozóides do testículo por via Cll'lll'glcª
do testículo. para reprodução assistida.'
I Se técnicas reprodutivas assistidas forem reque-
ridas, como a retirada de espermatozóide testi- lexiua Neuroaâniea/Bistunçãn Elaculamriª
cular, e mais fácil obter espermatozóides dos
testículos ou epidídimos que foram trazidos ci— El Etiologiazdisfunção ejaculatõria pode ser decor-
rurgicamente ao escroto. rente de vários distúrbios neurológicos orgâni-
cos ou complicações de cirurgia, incluiu. nhadiabetes
do:
bífida,
melito, lesão de medula espinhal, espr eal,d1‘03i‘5
Tumor Testicular esclerose múltipla, cirurgia retroperiton s e várias
neurotóxicas, distúrbios psicogênrco
.“
— lxtmtia dª Baxlga
zação in vitro e gravidez.
No caso de ejaculação retrógrada por incom- :: Epidemiologia: ocorre em aproximadamente
yum:
petência do colo vesical, o uso de simpatico— l:35.000 nascidos vivos e é três a quatro vezes
miméticos orais,como a pseudo—efedrina, pode
aumentar a competência do colo vesical em
mais comum em meninos do que em meninas.
—
n Razões de fertilidade deficiente:
casos leves. Se o tratamento médico falhar, Extrofia de bexiga envolve um defeito ventral
podem ser necessários coleta e processamento “_
. '*
“ _ — « 'É " v
'"
634 I
Trato Geniturinán'o
- Relação sexual pode ser difícil de realizar nos — Análise típica do sêmen revela volume < 1,5mL
(normal 2mL), pH < 7 (normal > 7,2) e ªzºos—
casos com epispádia coexistente, com alargada permia.
separação das conexões penianas crurais, encur—
vamento dorsal proeminente e fenda uretral en< — Entretanto, a função espermatogênica dos tes-
tículos nesses pacientes é geralmente norma]
curtada provocando encurtamento peniano.
I Tratamento: felizmente, espermatogênese é muitas — Pacientes portadores de mutação CHR (sem
manifestações clínicas de fibrose cística) po-
vezes normal, e gravidez natural por intercurso dem ter ausência congênita bilateral do duelo
é bem—sucedida em cerca de 20% dos pacientes. deferente (CBAVD, congenital bilateral absence
Pode-se indicar reprodução assistida em casos of the vas deferens) como único achado físico
selecionados. significante. Em homens com CBAVD, 50 a 83%
têm, ao menos, uma mutação CFTR e aproxi.
madamente 10% têm duas mutações.
Finrnse cística I Tratamento.
I Epidemiologia: fibrose cística tem prevalência
de l:l.600 a2.000 nascimentos. Uma em 25 pessoas
—Como quase todos esses homens têm esperma.
togênese normal, a paternidade pode ser cen.
de ascendência caucasiana no norte da Europa seguida com reprodução assistida usando
pode ser portadora do gene da fibrose cística.
espermatozóides retirados cirurgicamente do
I Genética.
epidídimo ou dos testículos.
—
Fibrose cística é a doença recessiva autossô- -—Ao se considerar a paternidade nesses pacientes,
todos vão necessitar da definição de seu pró.
mica fatal mais comum. prio gene da fibrose cística definido e de sua
—
A sequência genética para o regulador de con- parceira para que se consiga adequado acon.
dutância aansmembrana da fibrose cística (CFI'R, selhamento e projeção familiar.
cystic fibrosis transmembrane conductance
—
regulator) está localizada no cromossoma 7. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
A continuação da presença e a identificação l. DAMEWOOD, M. D.; GROCHOW, L. B. Prospects for fertility
alter chemotherapy tar-radiation for neoplastic diseases. FertíL Strn'L,
do tipo de mutação CFTR requerem análise ge-
nética. v. 45. p. 443459, 1986.
—
Mais de 200 mutações separadas foram iden-
tificadas no gene CFTR.
2. GOLDMAN, S.", JOHNSON, F. L. Effects of chemotherapy and
irradiation of the gonads. Adolescent Endocrinology, v. 22, p. 617-
6 L 8' S Z V I
629, 1993.
—
A expressão fenotípica na fibrose cística é
variável, com a manifestação mais devastadora
localizada nos sistemas pulmonar e gastroin-
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
CHAN, P.T. K.; GOLDSTEIN, M. Varicocele: options for management.
ª 9 L' S
testinal. AUA News, v. 6, n. 1. p. 1-6, 2001.
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21101.
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Acima de 95% dos pacientes com fibrose cística
clínica são azoospérmicos em razão de aplasia
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Z.; SCHLEGEL, P. N. Testicular sperm extraction and intra-
bilateral dos ductos deferentes e, ocasionalmente, cytoplasmic sperm injection as a treatment for men with persistent
dos epidídimos e das vesículas seminais. azoospermia post-chemotherapy. Cancer; 2000. In Press.
Enurere Noturna I 635
I Enurese notnma monossintomática: incontinência 36%) do que em gêmeos dizígóticos. Estudos de DNA
noturna é o único sintoma presente. têm identificado um gene ligado à enurese, conheci-
II Enurese noturna primária: quando a criança nunca do como ENUR ».
I.
conseguiu controle urinário.
I Enurese notnma secundária: inicia, no mínimo,
Níveis de Hormônios nntlttiuréticns
'
seis meses após ter obtido o controle urinário
normal.
Hummus anotadas
Crianças afetadas podem sofrer de politiria noturna
como resultado da deficiência noturna de secreção de
EPIDEMIOlIIGIl hormônio antidiurético. Normalmente, durante a noite,
A idade em que o controle urinário é esperado não há um ritmo circadiano de secreção de hormônio an-
está totalmente definida. O tempo esperado para obter tidiurético com níveis aumentados. O débito urinário
controle esfincteriano notnmo varia com a idade, a diminui e a concentração urinária aumenta. As crian-
origem étnica, a história familiar e a condição socioeco— ças com enurese noturna podem não demonstrar pro-
nômica. dução noturna aumentada de hormônio antidiurético.
llPela idade de 5 anos, aproximadamente 15% das
crianças ainda poderão ficar úmidas à noite; nessas
e produção de urina menos concentrada. ..
Isso é associado com maiores volumes urinários noturnos
. é
crianças, é esperada uma taxa de 15% ao ano de
resolução espontânea. Fature IIBIIBIIIIIIIIIOS an Sºllª à
l Aos 15 anos de idade, 2 a 3% dessas crianças
ainda urinarão na cama. A prevalência de enurese
Antigas investigações sugeriam que enurese ocorria
nos estágios profundos do sono. Isso não tem sido
1
em adultos tem sido estimada em 1%. apoiado nas mais recentes investigações que têm
mostrado que a enurese pode ocorrer em todos os estágios
ETIIlIlIiIII do sono. Em um pequeno subgrupo de pacientes, enurese
pode estar associada com apnéia obstrutiva do sono.
Muitas teorias existem a respeito da etiologia da enurese. Em alguns casos, remoção de amígdalas e adenóides
Nossos conhecimentos permanecem incompletos, po- obstrutivas pode melhorar a enurese.
636 I Trato Genirurinário
Ó L S' Ç Z V I Q
IIIIIllIIIGÃII I Registrar a ingestão diária de líquidos.
Na maioria dos casos, cuidadosa história, exame fí—
I
Documentar a hora e o número de micções.
sico &: exame de urina serão suficientes para estabe- u_- Documentar episódios de incontinência diurnos
lecer o diagnóstico e identificar ocasionais crianças e noturnos.
ª
IPode ser útil 0 registro da hora e do número de
com problema orgânico.
IIISIII'Ia
evacuações.
-
“Caracterização dos sintomas miccionais.
iriamos nor ImanIm ‘-
—
Outros sintomas miccionais (enurese diurna,
urgência, frequência, jato fraco, jato intermi-
de problema anatômico, história de infecção
urinária, exame neurológico anormal, sintomas
tente). miccionais diurnos graves, jato urinário pobre e
I
-História
Tratamentos prévios e seus resultados.
psicossocial.
incontinência fecal. &'
4
— enurese.
com
específicos
Presença de distúrbios associados quando há história de infecção urinária ou para
avaliação de anormalidades anatômicas (pot
— Interações com
Reações familiares. exemplo, hidronefrose, patologia uretral suspeita)
—— Eventos estressantes relacionados
colegas.
à vida e à
I Radiografia de coluna lombossacral têm indica-
ções similares àquelas da ultra-sonografla.
família potencialmente precipitantes.
I História geral.
Estudos llrorlinàmioos
—
História médica,
—-
—
História de enurese familiar. Não são indicados na avaliação da enurese notumª
Distúrbios no desenvolvimento (falar, caminhar). monossintomática. Os raros pacientes encontrados com
Enurese Noturna = 637
' :
roblemas peurogênicos ou anatômicos podem requerer demonstrada diferença consistente entre a capacida-
avaliação urodinâmica. de vesical de crianças enuréticas e normais.
’
cistosooola Despertar Noturno
Nunca é indicada na investigação de enurese noturna O despertar das crianças à noite para evitar enurese
monossintomática. Pode ser necessária na investiga- é uma técnica muito utilizada pelos país, apesar de
ção de raros pacientes com anormalidades anatômicas. pouca comprovação de sua efetividade a longo prazo.
.5 7 1
O paciente é encorajado a assumir responsabilidade potencial para efeitos secundários graves, que incluem
'
- : ªí M
.a
._ -v
e . -iª c “ "
.ez
.m ”
-_
w y x — ê' m n “ a
& <
Válvula de Uretra Posterior I 639
Válvula de Uretra
da, que inclui coleta seriada da urina fetal para exame
dos eletrólitos urinários.
Apresentação Pos-natal
“Posterior
>
Sinais e sintomas diferem, dependendo da idade no
momento da apresentação. Recém-nascidos podem
ter bexiga palpável, ascite ou disfunção respiratória
Roman Jednak secundária a hipoplasia pulmonar. O jato urinário pode
João Luiz Pippi Salle ser fraco ou a criança pode não urinar nas primeiras
24h de vida. Aquelas crianças sem diagnóstico ime—
diato podem apresentar—se com sepse ou insuficiência
IHTBOBUGÃO renal. Crianças maiores, com graus menos graves de
'“"_ _
obstrução, podem apresentar—se com variados graus
Válvula de uretra posterior é a causa mais comum de de disfunção vesical, como infecções recorrentes do
,»
.
obstrução do trato urinário inferior em meninos, com
trato urinário ou incontinência urinária.
:. r
'
- tos.
prevalência relatada entre 1:8.000 a 25.000 nascimen-
A obstrução surge da presença de válvulas congê- 1111111111111) 1111111111.
, nitas ou pregas mucosas situadas na uretra posterior.
As conseqíiências fisiopatológicas precoces estão re-
,
,
É
ºgrau de obstrução uretral é variável e resulta, por
"E isso, na grande variedade de manifestações clínicas.
prevenir infecção secundária após a cateterização.
Pacientes sépticos devem ser estabilizados.
UItra-sonografia antenatal pode identificar pacientes
a afetados intra—utero.
IIIIIESIIGIIGIIB IllIlEIIÚSTIGII
Diagnostics Antenatal Enames 1101' Imagem
W 1- yr w
;- Os achados típicos incluem hidroureteronefrose bi— Uretrocistografia Miccional
‘ lateral e presença de bexiga distendida de paredes es—
Pªssadas. Uma vez que a produção de urina fetal é o É essencial para o diagnóstico. Caracteristicamente,
” maior determinante dos níveis de fluido amniótico, revela abaulamento da uretra posterior no nível da
640 I! Trato Geniturinário
Ultra-sonografia
Costuma avaliar o grau de hidroureteronefrose e
qualidade do parênquima renal. A preservação da junção
cônico-medular é um bom sinal prognóstico. Também
ãlS-QǪLrI'9L5
podem ser avaliados o tamanho da bexiga e a espes-
sura de sua parede.
Renografia Nuclear
Cintilografia com ácido dimercaptossuccínico (DMSA— Figura 127.2 Uretrocistografia miccional mostrando bexiga
—
de paredes espessas e com divertícul'os. ºbstrução da uretra
”'“Tc, dimemzptosuccinic acid) e renograma diurético prostatica, que está alongada e dilatada.
com ácido dietilenotriaminopentacético (DTPA-ººmTc,
diethylene triamine pentacetic acid) e mercaptoa-
cetiltrigliclina (MAGS—”“Tc, mercaptoacetyltriglycine)
são realizados para avaliar função renal e drenagem do vula de uretra posterior, refluxo vesicoureteral
unilateral, displasia renal (valves. unilateral reflux,
trato superior, quando indicada.
renal dysplasia)].
Divertículo vesical.
Mecanismos Protetores do Rim (Pop-off)
Investigações radiológicas podem identificar pacientes 'I'IIII'I‘IIMEN‘I'I'I 01111111111110 IIII BBSTIIIIGÃO
que desenvolvem válvulas. protetoras tipo pap-ojº. Es—
tas podem permitir o desenvolvimento normal ou quase nnlação cirúroioa Ila iláluoio
normal de um on ambos os rins pela dissipação das altas
pressões do trato urinário. Tais mecanismos incluem: Estabiliza a condição médica do paciente, diminuindo
o nivel de çfªªªgrúªª sérica (o nível considerado satis-
_
'I Ascite urinária resultante de ruptura do fómix fatório é de 1mg7dL ou 80um011L). Ablação primá-
renal ou bexiga. riada válvula é 0 procedimento de escolha. Um cistos-
I Refluxo unilateral grave em rim não—funcionante,
cópio pediátrico é introduzido e as válvulas retiradas
comumente referido como síndrome VURD [vál— cirurgicamente, usando eletrodo Bugbee ou com n.
mina a frio. O fator limitante é o calibre uretral, mas
um cistoscópio 8Fr pode, em geral, ser usado na maioria
._ à — w Q W
dos recém-nascidos a termo.
ilosioostomia cutânea
_. -
nena!
grandes padrões de disfunção vesical:
Ilisiunçãn
I Insuficiência miogênica.
1:1 Hiper—reflexia. Um número significante de crianças com válvulas de
e: Hipertonia. uretra posterior desenvolverá deterioração progres—
siva na função renal. levando à insuficiência renal crônica
Os padrões de disfunção vesical não são, necessa- e ao estágio renal terminal. Em alguns estudos, pro—
riamente, estáveis e podem mudar durante o desen— gressão à doença renal terminal tem sido observada
em‘
volvimento da criança e adolescência. Uma observação em até 40% dos pacientes. Fatores prognósticos fa—
importante e não incomum nessas bexigas que exi— voráveis, com respeito à função renal a longo prazo,
bem inicialmente pobre complacência é que, com o
têm sido identificados:
passar do tempo, podem sofrer significante melhora
de sua complacência. A incompetência esfincteriana taCreatinina sérica < 60umol/L ou 0,8mg/dL com
raramente causa incontinência urinária. A bexiga um ano de idade.
hipertônica é o padrão mais preocupante de disfun- Mecanismo protetor do rim pop-off.
ção; se não manuseada de maneira apropriada, pode
Prognóstico desfavorável para função renal e as-~
causar deterioração do trato urinário superior. Estu- sociado com:
" 'n a — m ª,
dos urodinâmicos são úteis para caracterizar o pa—
drão de disfunção, e certamente qualquer criança com 1: ldade < l ano ao diagnóstico. «
A
G L S' Z P I
renal devem ter avaliação completa da bexiga, Os
pacientes com válvulas de uretra posterior. E mais
comumente associada com refluxo vesicoureteral e com
deterioração renal progressiva.
resultados do transplante em pacientes com válvulas
de uretra têm variado na literatura, mas, certamente,
' Q L E‘
a presença de ótima função vesical é essencial para
Nefropatia Perdedora de Sal minimizar efeitos adversos em potencial na sobrevida
do enxerto ou da função.
A conservação tubular de sódio pode ser significati-
vamente prejudicada, causando eliminação excessiva BlBLlOGRAFlA RECOMENDADA
de sal. Suplementação de sódio pode ser necessária. ECKOLDT, F.; HELlNG, K. S.;WODERICH, R.; WOLKE. S. Poste-
rior urethral valves: prenatal diagnostic signs and outcome. Ural.
Falha de Crescimento
Função tubular pobre pode levar à eliminação de bi-
Int., v. 73, p. 296-301, 2004.
GHANEM. M. A.; WOLFFENBUTTEL, K. P.; DE VYLDER, A.;
carbonato e acidose metabólica. Isso pode provocar NIJMAN, R. J. Long-term bladder dysfunction and renal function
inúmeros desarranjos na homeostase hormonal, inclu- in boys with posterior urethral valves based on urodynamic findings.
indo síntese anormal de hormônio de crescimento, níveis J. UraL, v. 171, 6 Pt 1, p. 2409-2412, 2004.
diminuídos de testosterona sérica e degradação redu- GLÃSSBERG, K. I. The valve bladder syndrome: 20 years later. J. UmL,
zida do glucagon e da insulina. Todos esses fatores v. 166, p. 1406-1414, 2001.
contribuem para o retardo global do crescimento somático, IAUREGUIZAR, E.; LOPEZ-PERElRA, P.; MARTINEZ-URRUTIA,
que é proporcional à gravidade da disfunção renal. M. J. The valve bladdei':
N. 3, p. 115-120, 2002.
etiology and outcome. Curr Umi. Rep..
Disrafismo Neuroespinhal
;
a incidência de deterioração do trato urinário supe—
rior e melhorado marcadadamente a aquisição de
continência urinária. Naturalmente, isso se tem tra-
duzido na diminuição da morbidade e excelente melhora
». integral de qualquer prática urológica pediátrica. A O exame físico inicial da criança com mielomeningocele
maioria dos pacientes com disrafismo neuroespinhal deve, idealmente, ser realizado antes da intervenção
apresenta doenças derivadas de lesões congênitas. neurocirúrgica para fechamento do defeito. Exame
follow-up também deve ser realizado após a cirurgia,
BBNGEITU com o objetivo de documentar qualquer alteração
observada. Um ponto crítico a ser lembrado é que o
Mieladisplasia, a causa mais comum de disfunção vesical nível do defeito vertebral não pode ser usado segura-
neurogênica em crianças, refere-se a um grupo de mente para predizer o grau de deficiência neurológica.
condições caracterizadas por anormalidades do fe— A variação entre o nível do defeito ósseo e a lesão da
chamento do tubo neural. Essas anormalidades de medula espinhal pode variar tanto quanto três corpos
fechamento podem apresentar-se sob diversos graus. vertebrais. Além disso, lesões adicionais podem ocorrer
Meningocele envolve a protrusão de somente saco mais cranialmente ao defeito ósseo.
meningeo; mielomeningocele é associada com a do Todas as crianças devem ter um exame neuroló-
saco meningeo e elementos neurais e lipomielomenin- gico geral, com ênfase no lona e na função da pare-
gocele tem associada tecido gorduroso protruindo com de abdominal, extremidades inferiores e esfíncter anal.
o saco mentngeo e elementos neurais. Deve ser pesquisada a preservação ou a ausência do
O defeito ocorre, mais comumente, no nível da região reflexo bulbocavernoso. O exame abdominal deve ser
lombar, com as regiões sacra, torácica e cervical afe- realizado a procura de distensão vesical e avaliação
tadas em ordem decrescente de freqíiência. Tipica- do tamanho renal. Caracterização do padrão miccional
mente a anormalidade ocorre posteriormente, mas
7 4 5 6- 1 2 8 9
pode providenciar informações se o esvaziamento vesical
defeitos anteriores, embora raros, também ocorrem. estiver ocorrendo de maneira eficiente. Mais especi-
Embora a etiologia da mielodisplasia pareça ser
«I
multifatorial, há evidências convincentes de que a dos de micção espontânea e intervalos secos, se a criança
suplementação de folatos pode diminuir a incidência tem jato urinário forte ou se a urina goteja continua-
em até 50% dos casos. Isso em parte pode ser obser- mente. O uso da manobra de Credé para estimular o
vado pela diminuição na incidência de mielodisplasia, esvaziamento vesical pode ser avaliado nesse momento.
que no passado foi relatada como 1 para cada 1.000 Deve ser notado que, na maioria dos recém-nascidos
nascimentos. Existe risco familiar; famílias com uma em que a manobra é aplicada, há geração espontânea
Criança afetada têm 2 a 5% de chance de ter um se- de contrações vesicais e esvaziamento efetivo da bexiga.
gunda criança similarmente afetada. Outros tipos de Além disso, a manobra de Credé pode, refiéxamente,
disrafismo neuroespinhal associados com disfunção precipitar aumento na resistência uretral, causando
vesical neurogênica são menos comumente vistos. elevação da p'reSSão infravesical durante a micção.
lnervação vesical é anormal na grande maioria dos Se não ocorrer esvaziamento vesical espontâneo, deve—se
piª—Cientes com mielodisplasia; consequentemente, pode introduzir a cateterização intermitente limpa.
ser significante causa de morbidade a drenagem di-
fícil do trato urinário inferior e superior, se não tra—
Investigação laboratorial n
tada adequadamente. Os objetivos do tratamento
Incluem: estabelecer esvaziamento vesical satisfatório, Investigação laboratorial deve incluir: eletrólitos séricos,
manter pressões seguras de armazenamento vesical, uréia e creatinina séricas, exame comum de urina e
eVilélr infecções do trato urinário e obter continência urocultura com teste. Uma vez que a creatinina sérica
WW1
644 I
Trato Geniturinário
6L8'S'9LSZV|
vesicoureteral, divertículo vesical, espessura e for—
ma anormal da parede e do colo vesicais. mitente limpa e/ou uso de medicação anticolinérgica.
Imagens cintilográficas (DMSA-ººªTc) são geral— Crianças com esvaziamento vesical satisfatório as-
mente realizadas para definir o parâmetro inicial do sociado com função esfincteriana sinérgica ou fraca
parênquima renal. podem ser observadas com atenção. Cateterização
intermitente limpa deve ser instituída naqueles pa-
cientes com bexiga flácida, que não esvaziam. Cate—
IlreIinâmica teres de latex devem ser evitados com o objetivo de
A avaliação urológica inicial do recém-nascido não diminuir o risco de posteriores alergias a eles. Catete-
está completa até que estudos urodinâmicos sejam rizações devem ser realizadas com intervalos de 3 21
realizados. Os objetivos da avaliação urodinâmica são: 4h. 0 uso de cateterização intermitente limpa em com-
estabelecer os riscos de deterioração do trato urinário binação com medicação anticolinérgica é indicado no
superior, formular plano racional de tratamento, caso de bexigas pobremente hiper-rcfléxicas/compla-
monitorar função vesical e avaliar a resposta ao tra- centes ou de dissinergia esfíncter-detrusor. A liberação
tamento. de acetilcolina é o mecanismo primário que dá inicio
A avaliação urodinãmica deve ser realizada pre- uma
a contração vesical. Agentes anticolinérgicos au-
cocemente, tão logo a criança esteja recuperada da mentam a capacidade vesical obtida antes do início
cirurgia e possa tolerar a posição supina. de uma contração não-inibida, diminuem a magnitude
O fechamento da mielomeningocele parece não afetar da contração não-inibida e produzem aumento na
a coordenação do complexo esfíncter-detrusor. capacidade vesical total. Oxibutinina é o anticolinérgico
Avaliação urodinãmica deve pesquisar capacidade mais'freqiientemente usado e costuma ser usado duas
vesical, pressões de armazenamento e complacência a três vezes ao dia, na dose de 0,1 a 0,2mg/kg/dose.
e estabilidade do detrusor. Se ocorrer perda de urina A medicação pode ser seguramente usada mesmo no
ou micção, as pressões vesicais devem ser medidas. periodo neonatal. Os efeitos colaterais mais comuns
A função do esfíncter uretral deve ser caracteri- dos anticolinérgicos nas crianças são: boca seca,
zada. As funções do esfíncter uretral externo podem constipa ão, rubor da pele, visão borrada e hiperati-
ser classificadas como sinérgicas, dissinérgicas ou de— vidade. Éimportante ressaltar que, embora doses con-
nervadas, dependendo" se há relaxamento, atividade vencionais de oxibutinina sejam usualmente efetivas.
aumentada ou ausência de potenciais bioelétricos com
contração vesical. Cuidá'tlõ'sa avaliação da função do
existem pacientes que necessitam de doses
mais'al-
tas. Podem-se utilizar doses crescentes de oxibutinma,
esfíncter tem importante valpr'prognóstico, como, por até o aparecimento de sintomas colaterais, tais como
exemplo, crianças com dissinergia estão em signifi- secura na boca. Se o paciente não apresentar securª
na boca, é provável que também não hajª eferto
cante risco de deterioração do trato urinário superior
nos primeiros três anos de vida, se não cuidadas apro— terapêutico sobre a bexiga e a dose pode ser aumªn'
priadamente. Similarmente, o risco elevado de deterio- tada. Atualmente, está disponível no comércio
nova formulação de liberação estendida e que. 5ª
uma
ração do trato urinário superior tem sido demonstrado
em crianças com pressões de armazenamento do deu-usor administrada uma vez ao dia, costuma causar menos
de 35 a 40cml—l20 ou mais. efeitos adversos. Alternativamente, pode ser indicadª
É importante lembrar que, com mielodisplasia, a a instilação intravesical, que também pºde apresen-
lesão neurológica e a dinâmica vesical podem mudar tar efeitos contralaterais.
& Disrafismo Neuroespinhal e Bexiga Neurogênica I
645
G L S' H ‘ Z V K
rocistoplastia é bem conhecido. Vigilância com cistos- suturando um retalho de parede anterior da bexiga à
copia anual após 10 anos do aumento vesical tem sido
preconizada por alguns.
parede vesical posterior, em forma de anlay, evitan.
do assim a construção de um tubo que dificulta (: '9LS
cateterismo. Além disso, o cateterismo torna-se mais
Condutos Cateterizáveis Continentes fácil porque não provoca interrupção da continuida-
de da mucosa da parede vesical posterior, local fre-
Idealmente, a cateterização intermitente deve ser feita
quente de obstrução à passagem do cateter, Ambas
pela uretra nativa. Em ocasiões, fatores anatômicos as técnicas dependem de cateterização intermitente,
ou restrições físicas podem dificultar a cateterização razão pela qual é fundamental saber se o paciente está
uretral. Nessas circunstâncias, indica-se a confecção bem informado e apto à realiza-1a após a cirurgia.
de conduto alternativo em local mais acessível. Mais Corn 0 aumento da resistência uretral, pode ocorrer
comumente, o apêndice ou um íleo ou cólon recon— descompensação da bexiga à semelhança de outros
figurados podem ser usados para construir um tubo. procedimentos, tornando-se necessário ampliar a bexiga
A extremidade proximal do tubo é implantada na bexiga em mais de dois terços dos casos. Outra razão para
e a distal é trazida até a parede abdominal como estoma isso é que parte
daopgr e _vesical é sacrificada pa-
cutâneo. O umbigo costuma oferecer uma localiza-
ção ideal, uma vez que naturalmente esconde o estoma
e permite fácil acesso.
rta—construção da
sua
ne $ª“ wififinuindo um pouco a
capacidade. Taxas de continência global estão na
média de 77 a 81% na técnica de Krupp e 70 a 80%
na técnica de Pippi,Salle.
Relativo a Resistência uretral
Suspensão do Colo Vesical com Cinturões
.t W ªv — w s
Meditações que Aumentam a Resistência
Fasciais
Uretral
m.
Agentes como o colágeno e Teflon" podem ser inje- Esfincter Urinário Artificial
tadossubmucosamente no colo vesical para facilitar Esfíncter urinário artificial foi introduzido em 1973 e
a coaptação mucosa e conseguir continência. Há in—
formações controversas com relação à migração a dis-
tem, desde então, sofrido uma série de melhoramen-
tos em seu projeto. A continência é conseguidª Pºr
tãncia das partículas de Teflon”, que é preocupante e
contra—indica seu uso.-Taxas de continência, embora compressão do colovesical por balão inflável. Pactenles
Disrafismo Neuroespinhal e Bexiga Neurogênica II 647
que esvaziam bem a bexiga com manobra de Valsalva, a continência fecal e urinária é conseguida. Regime
— sem necessidade de cateterismo, são potencialmente intestinal deve ser instituído precocemente para de-
, bons candidatos para a colocação de esfíncteres. Nos senvolver uma rotina de evacuação regular e com-
casos em que há necessidade de aumento vesical, isso pleta, evitando a perda de fezes. Medidas dietéticas
ode ser realizado concomitantemente. A semelhança ocupam importante regra na prevenção da formação
das técnicas de reconstrução do colo vesical, alguns de fezes endurecidas. Evacuações podem ser obtidas
pacientes desenvolvem deterioração na complacência pela estimulação manual, supositórios ou enemas. Muitas
vesical. Portanto, é essencial a avaliação com estudos vezes, o processo obedece as regras de tentativas e
urodinâmicos e radiológicos pós-operatórias e a lon- erros. Cada criança obedece diferentemente às várias
go prazo. As complicações mais comuns incluem ero- medidas terapêuticas. Crianças refratárias ao tratamento
são e infecção. Revisão do aparelho pode ser necessária médico podem beneficiar—se de enemas anterógrados
em aproximadamente 50% dos pacientes a longo pra- de continência, por meio de condutos cateterizáveis
zo. As taxas de continência estão acima de 60 a 80%, na parede abdominal. A técnica consiste na utilização
mas apresentam alto índice de reintervenção. do apêndice ou outro segmento intestinal tubularizada,
que é conectado ao cólon com um mecanismo valvular que
'Refluxo Iesicuureteral impede o refluxo. Enemas anterógrados são adminis-
trados com o objetivo de promover evacuações colônicas
Ocorre em 3 a 5% dos recém—nascidos com mielo— e prevenir perda fecal. Nem todos os pacientes, entre-
displasia', com tratamento expectante, pode desenvol- tanto, são candidatos a essa técnica. Indicada somente
ver-se em até 40% das crianças. Crianças com com— àqueles que continuam com incontinência fecal depois
placência vesical pobre e dissinergia estão em risco de enemas retrógrados.
para o desenvolvimento e a progressão de refluxo.
'
Nesses casos, antibióticos profiláticos, anticolinérgicos Sexualidade
e cateterização intermitente são introduzidos preco-
cemente para melhorar a complacência vesical e fa- Assuntos referentes à função sexual e a fertilidade tor—
cilitar o esvaziamento vesical completo. Crianças com nam-se importantes preocupações para os pacientes com
refluxo de baixo grau, que esvaziam completamente espinha bífida, quando a adolescência se aproxima.
e têm pouca resistência uretral, podem ser tratadas Meninas podem entrar na puberdade até dois anos mais
cedo do que o normal e meninos tendem a começar a
J.? somente com antibióticos profiláticos. Taxas de re-
, solução com adequado tratamento médico podem
. :9 puberdade no tempo normal. Experiências sexuais são
.’v alcançar até 50%. Vesicostomia cutânea é uma opção mais positivas para as meninas do que para os meni—
..«NI" para aquelas crianças que respondem pobremente ao nos. Mais da metade das meninas terá vida sexual ativa.
tratamento médico. As indicações para procedimento Aproximadamente 70% das meninas terão filhos, embora
anti-refluxo não são diferentes dos casos de refluxo dificilmente com parto vaginal. A satisfação sexual dos
primário. Reimplante ureteral deve ser realizado no meninos e significantemente menor, uma vez que pro—
momento da correção da resistência de saída defi- blemas coin ereção, disfunção ejaculatória e pobre
9735:-
ciente. A necessidade de reimplante ureteral, particu— qualidade do sêmen são uma realidade. Com os novos
larmente aquele refluxo de baixo grau que se desen- avanços no tratamento da disfunção erétil e infertilidade,
volve secundário à disfunção vesical no momento do é esperada melhora significativa da situação desses pa«
aumento vesical, continua sendo controversa. cientes. Deve ser lembrado que os problemas na ob-
tenção de continência fecal e urinária podem ter grande
importância na inibição do desenvolvimento da satis—
Intenção do Train urlnárlu fação sexual.
Um significante número de crianças que estão reali-
zando cateterismo intermitente terá bacteriúria inter- alergia ao later
mitente ou crônica. Profilaxia com antibióticos, na
ªusência de refluxo vesicoureteral, não tem mostra— O primeiro caso de alergia ao látex foi relatado há
dº benefícios. A profilaxia reduz a incidência de bac- mais de 20 anos. Desde aquela época tornou-se apa-
tºrii'iria, mas aumenta a ocorrência de infecções clínicas rente que as crianças com espinha bífida constituem
no trato urinário. Dois fatores modificáveis promo- um grupo de risco no desenvolvimentoªdesse tipo de
vem bacteriúria: alto número de cateterizações e baixa alergia. Anticorpos látex—específicos podem, de fato,
frequência de cateterização. Regime apropriado deve estar presentes em até 40% dos pacientes. As reações
ser implementado e bacteriúria tratada quando do são IgE—mediadas e podem manifestar-se com urti—
desenvolvimento de sintomas clínicos (febre, dor ab- cária, conjuntivite, rinite, angioedema, broncoespasmo
dominal, novo episódio de incontinência). ou anafilaxia com colapso cardiovascular. Reações
anafiláticas são eventos quase exclusivamente intra—
Bnntlnênoia Fecal operatórios. Acredita—se que a sensibilização se de-
senvolva secundariamente à exposição repetida ao látex,
I-‘?Sf0r<;os para manter a criança com mielodisplasia ocorrendo durante cateterização intermitente e pro-
livre das fraldas podem ser realizados somente quando cedimentos operatórios ou radiológicos múltiplos. Em
"_—Tum
648 I Trato Geníturinárío
crianças com espinha bífida, a exposição ao latex deve Ressonância nuclear magnética e o método Principal
ser minimizada com o uso de produtos que não o con— após essa idade, já que ossificação da coluna ªspi—
tenham. O reconhecimento da alergia ao látex torna- nhal previne adequada visualização ultra—sonogmflca
seessencial, antes de submeter—se a algum procedimento da medula espinhal.
anestésico geral.
Tratamento
lisrafismn Esnlnhal oculto
Os benefícios da intervenção neurocirúrgica para corri-
Conceito gir aprisionamento da medula permanecem incertos,
A predição de piora neurológica, quando o aprisio.
Refere—se a um grupo de anormalidades espinhais
associadas com defeitos ósseos e com derme e epiderme namento é identificado radiologicamente, é pobre, e
resultados publicados pós—correção cirúrgica são va.
suprajacente intactas. Exemplos incluem: diastema-
riáveis. Aproximadamente 10% das crianças com bexigas
tomielia, lipomas, cistos neuroentéricos e outros. Muitas
dessas anormalidades estão associadas com aprisio- normais podem piorar se o aprisionamento da medula
não for tratado.
namento da medula espinhal.
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
Sintomas e Sinais GUYS, l.M.; CAMERLO,A.; HERY, G. Neprogenic hladderin Children:
basic principles in diagnosis and treatment. Arm. Urol. (Paris).
Sinais cutâneos são comuns, como pequenos orifícios v. 40, p. 15-27, 2006.
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ciados podem variar. Os pacientes podem apresen- spina bifida. J. Urol, v. 175. p. 208-212, 2006.
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w.—
so?
it:
Urodinâmica Pediátrica
' 649
.- ,
ser lembrado que disfunção vesical neurogênica muitas
vezes não é um processo estático e, conseqtientemente,
estudos urodinâmicos seriados de observação fazem
parte de um plano terapêutico a longo prazo.
Os pacientes que devem se submeter aos métodos
invasivos de urodinâmica são aqueles portadores de:
aa Mielomeningocele.
Roman Jednak Disrafismo espinhal oculto.
João Luiz Pippi Salle = [agenesia sacra].
Anus imperfurado, associação VACTERL (ver-
tebral, anal, cardíaco, traqueal, esofagiano, re-
INTBOIIIIGÃD nal e limb [membro]).
Extrofia cloacal.
A avaliação da disfunção vesical neuropática e não- !! Bexiga neurogênica não-neurogênica (síndrome
neuropática é fundamental a qualquer prática urológica de Hinman, síndrome de Ochoa).
pediátrica. A avaliação funcional acurada do trato lParalisia cerebral.
urinário inferior durante o armazenamento de urina ll Retardo de desenvolvimento.
e micção é central ao manuseio dessas crianças. Os
métodos de investigação urodinâmica na criança são Embora não sofram especificamente de disfunção
vesical de causa neurogênica, os pacientes com vál-
mais complexos do que a simples aplicação de técni- vula de uretra posterior, síndrome prum—belly e extrofia
cas utilizadas em adultos. O desenvolvimento vesical vesical/epispadia podem beneficiar—se de uma inves-
é progressivo e a dinâmica da função do trato urinário
tigação urodinâmica adequada durante o curso de seus
inferior está mudando de modo contínuo na criança
em crescimento. A própria interpretação dos achados tratamentos. Devem ser investigadas pré-operatoria-
mente as crianças que irão se submeter a procedi-
urodinârnicos, no momento da investigação, deve levar
mentos neurocirúrgicos na medula espinhal (liberação
em conta não somente a situação clínica de base, mas da medula, ressecção tumoral, rizotomia dorsal sele—
também o estágio de desenvolvimento vesical. É muito tiva). Pós-operatoriamente, nossa preferência e' de
útil a informação adicional das características das reestudá-los, no mínimo em 6 meses.
micções ou cateterização diária. Todas as informa- Investigação urodinâmica não-invasiva está indicada
ções obtidas devem ser cuidadosamente posicionadas
no manuseio de pacientes com disfunção vesical não-
no contexto de nosso conhecimento corrente da di— neurogênica. Inclui os pacientes com disfunção de
nâmica e complexidade do desenvolvimento vesical armazenamento e esvaziamento. Tambem costuma ser
na criança. Devido à necessidade de consistência na útil no acompanhamento daqueles com formas gra—
metodologia urodinâmica e relato dos resultados, a ves de disfunção, já mencionadas antes, como: vál-
, Sociedade Internacional de Continência em Crianças vula de uretra posterior, síndrome prune-belly. bexiga
padronizou definições do significado das disfunções neurogênica não-neurogênica e alguns pacientes com
do trato urinário inferior, adotadas neste artigo. anormalidades na medula" espinhal que ainda man-
têm a habilidade de urinar espontaneamente. Crian-
'
IIIIIIBIIGÍES Ill INVESTIGIIGÃO UBDBINMIGI ças com refluxo vesicoureteral e infecções recorrentes
do trato urinário também devem submeter—se a in-
Testes urodinãmicos podem ser divididos em duas vestigações urodinâmicas não-invasivas, pois existe
categorias gerais: não-invasivos e invasivos. uma associação bem estabelecida entre esses proble—
Testes não-invasivos incluem estudos do fluxo uri— mas e a presença de disfunção vesical.
.
nário com ou sem eletromiografia (EMG) do assoalho
perineal e os métodos invasivos incluem cistometria
flew“
e videourodinãmica. PREPARAÇÃO Ill) PHBIEII'I'E
Testes invasivos urodinâmicos não devem ser rea- Para obter-se uma investigação urodinãmica útil, é
lizados sem a cuidadosa seleção dos pacientes. O exame essencial a preparação emocional e psicológica do
urodinâmico em pacientes com sensações normais pode paciente. A cooperação dele é crítica para se alcan-
ser doloroso e, se inadequadamente realizado em um çar resultados ótimos. Pacientes e pais necessitam ser
paciente apreensivo, fornece informações pouco úteis. completamente informados sobre a natureza da in-
reservado a crianças com causa neurogênica suspeita vestigação. Todo esforço deve ser feito para aliviar
ºu confirmada de disfunção vesical. Crianças com preocupações e diminuir a apreensão. Vídeos educa-
disfunção vesical de etiologia não-neurogênica de- cionais podem servir para introduzir o paciente no
Vem ser investigadas por métodos não—invasivos. Testes processo e, se necessário, pode ser útil a visita à sala
mais invasivos podem ser realizados em pacientes com de urodinâmica. O layout da sala não deve ser amea—
diagnóstico incerto ou naqueles que respondem de çador. Paciência e compreensão são essenciais na con-
..
mºdo pobre as opções terapêuticas clássicas. Deve dução da investigação. Geralmente, não é requerida
650 n Trato Genlturinário
ELB'SÇZ'QÍLÇ
sentada, suas pernas devem permanecer apoiadas em ou instabilidade do detrusor, a curva normal pode apare.
l
um banquinho com a finalidade de relaxar a muscula- cer comprimida como resultado de um esvaziamento
tura perineal. Meninos que urinam de pé não devem vesical. O volume eliminado e, muitas vezes, menor
permanecer apoiados pelos dedos. Todas as crianças do que esperado e o esvaziamento é completo. Uma
devem ser encorajadas a retardar a micção até que a curva plana pode representar uma obstrução distal fixa
bexiga esteja cheia, tendo em mente que a hiperdistensão da saída vesical (por exemplo, estenose), mas, também,
da bexiga pode influenciar de maneira negativa a di— pode ser observada em 1% das meninas normais e 5%
nâmica do esvaziamento. dos meninos normais. O tempo de micção é prolonga-
Medidas do fluxo variam com o grau de enchimento do e há urina residual pós—micção. Uma curva de flu-
vesical, contratilidade do detrusor e resistência de saída. xo interrompida é produzida, tipicamente, por contrações
Na interpretação devem ser levados em conta a idade intermitentes do assoalho pélvico durante as micções.
e o sexo do paciente. Não é surpreendente encontrar— Há irregularidade do fluxo urinário com prolongamento
se variabilidade significativa nos resultados dos es— do tempo de micção, mas o tempo nunca é interrom—
tudos de fluxo em pacientes normais. Essa variabilidade pido por completo (Fig. 129.2). Frequentemente, per-
pode também ser observada em estudos sequenciais manece urina residual pós—rniccional. Micção fracionada
no mesmo paciente. Como padrão geral, o volume
pode ser resultado de um detrusor hipoativo. Esvazia-
eliminado e o fluxo miccional máximo aumentam com mento vesical ocorre em pequenas frações e a pressão
de eliminação é gerada por contrações não—susten-
a idade. Em meninas, o fluxo miccional máximo ten-
_ ªr“—Rm
_, -
fatores podem influenciar o esvaziamento vesical em
características do padrão do fluxo urinário. O padrão estudos de fluxo urinário. Para ser considerado sig—
de fluxo normal aparece como uma curva em forma de
sino (Fig. 129.1). Em pacientes com urgência urinária
-,;g
40
Flow
mus
Flow
mu: 0
600
0
600
Volume
mL
Volume
mL
yl
Urodinâmica Pediátrica I
651
nificativo. a urina residual pós-miccional não deve abdominal da pressão intravesical. Um reto cheio pode
ser maior do que 10% da capacidade vesical espera- alterar significativamente a complacência da bexiga
da em avaliações repetidas. Ultra—sonografra é um me- e, portanto, lavagem intestinal é recomendada em
todo confiável e não-invasivo para medir urina residual crianças com impactação fecal.
pós-miccional. Muitas fórmulas com base na idade e no peso do
paciente têm sido propostas para estimar a capacida-
de vesical. A fórmula mais frequentemente usada e:
GISTOMETRIA idade (anos) + 2 x 30mL = capacidade. Em lactentes,
A cistometria avalia a relação pressão-volume da be- nos quais o crescimento ocorre de modo rápido, uma
xiga durante o enchimento e o esvaziamento. Capa- fórmula alternativa calcula a capacidade vesical de
cidade vesical cistométrica, complacência, atividade acordo com o peso: capacidade (mL):7 x peso (kg).
do detrusor, sensação e pressão de vazamento do detrusor 0 maior determinante da deterioração do trato urinário
podem ser avaliadas durante o enchimento e a micção. superior é a pressão de armªzenamento vesical, que
Esse estudo urodinâmico deve ser realizado em uma de fato reflete a complacência vesical. Pressões de
criança cooperativa e totalmente relaxada e diversas armazenamento vesical que excedam 40cmH 0 têm
tentativas devem ser feitas para se evitar o uso de mostrado afetar adversamente a função do trato urinário
sedação. O ambiente não deve conter látex. Cateter 6 superior. Complacência vesical é relacionada a va—
a 8F duplo—lúmen é colocado na bexiga para enchi— riaveis intrínsecas do detrusor, masjdcve ser lembra—
mento e medida simultânea da pressão vesical. A be- do que graus rápidos de enchimento vesical podem
xiga não deve ser drenada antes do exame. Cateter diminuir, de maneira significativa, a complacência
retal com balão monitoriza a pressão abdominal. A vesical. O grau de enchimento vesical deve ser fixa—
pressão do detrusor é obtida pela subtração da pressão do em 10% da capacidade vesical esperada por minuto.
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978-52416
652 I
Tr'ato‘Geniturinério
Hiper—reflexia do detrusor refere»se à sua hiper-ª.
Estudos urodinâmicos em crianças normais têm tividade na existência de doença neurológica associada.
mostrado que 99,9% da capacidade vesical esperada Hipoatividade do detrusor não é aparente durante
devem ser armazenados a uma pressão < 30cmH20. o enchimento vesical e é caracterizada por sua falta de
A capacidade esperada para uma pressão intravesical contração após o enchimento. O enchimento vesical rá.
de 30cml-l20 pode ser calculada pela fórmula: 18 >< pido pode gerar contrações não inibidas. Portanto, du.
idade (anos) + 45mL. rante a cistometria, deve-se encher a bexiga de ma-
A atividade do detrusor é classificada como nor« neira lenta, usando criterios anteriormente descritos. "i. b
mal, hiperativa e hipoativa. Um detmsor estável aco- Naquelas crianças com instabilidade grave on hiper- '1 5 rl
moda o enchimento vesical com pouca mudança de reflexia, o enchimento deve ser ainda mais lento. no ;
mento vesical (Fig. 129.5). Contrações espontâneas mal, aumentada, reduzida ou ausente. in
sl
do detrusor são consideradas significativas se asso- O ponto de pressão de vazamento do detrusor & a Ln»“ , .w 1
ciadas a elevações de pressão de pelo menos lScml-lio pressão na qual a urina começa a vazar inicialmente
acima da linha de base. O termo instabilidade do detrusor durante o enchimento. Como mencionado antes, pressões
refere-se a uma criança sem doença neurológica as- de armazenamento vesical excedendo 40cml-l 0 são '?
sociada. Sua presença nesse cenário não indica pro- associadas a risco aumentado de deterioração do trato
blema neurológico associado e pode ser freqiientemente urinário superior. Por definição, uma pressão de ponto
observada durante o enchimento vesical em lactentes. de vazamento segura deve estar abaixo de 40cmH O.
Em algumas crianças, contrações espontâneas do Pacientes com insuficiência esfincteriana têm baixo
detrusor são observadas somente antes da micção e ponto de pressão de vazamento.
são pouco significativas.
om a u s ot 0 5: on os 0 2: 3 0 5: 1 0 3: 2 1 013 ot
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Figura 129.5 - Contrações espontâneas do detrusor durante o enchimento vesical em criança com paralisia cerebral.
x
Urodinámíca Pediátrica &
653
A função do detrusor na fase de micção é des— ou eletrodo de metal, que podem ser colocados dire-
crita como acontrátil, arrefléxica, hipoativa e normal. tamente no músculo a ser estudado.
O detrusor acontrátil não mostra qualquer habili- O traçado típico da EMG mostra níveis aumenta-
dade inerente para gerar contrações espontâneas de dos de atividade durante o enchimento vesical. A ati-
magnitude suficiente para iniciar a micção. Quando vidade EMG para logo antes de ser iniciada a mic-
issº é observado na criança com condição neuro- ção, significando relaxamento do assoalho pélvico e
1ógica associada, deve ser usado o termo arreflexia do esfíncter externo (Fig. 129.6). Qualquer atividade
do detrusor. O termo detrusor hipoativo pode ser EMG presente durante a fase de micção é considera-
aplicado quando a micção pode ser iniciada, mas da anormal. Essa contração simultânea dos músculos
as contrações do detrusor são fracas ou não—sus- uretral/periuretral e detrusor é referida como dissinergia
tentadas e o tempo de micção prolongado e, muitas detrusor-esfincteriana. Quando observada em crian—
vezes, incompleto. Atividade normal do detrusor ças neurologicamente normais, é mais apropriado usar
produz uma contração iniciada voluntariamente com o termo micção disfuncional ou incoordenação detrusor-
força e duração adequadas para esvaziar por completo esfincteriana (Fig. 129.7).
a bexiga.
ElETIlGMIBGHIFII vrnruunonrnnnren
Essa técnica combina a urodinâmica coma avaliação
A membrana muscular despolarizante gera um pc— radiográfica da bexiga. Um cistometrograma clás—
tencial elétrico que pode ser medido pela eletromio- sico é realizado com meio de contraste permitindo
grafia. Eletrodos cutâneos são preferíveis em crianças uma avaliação urodinâmica e radiográfica simul-
com sensação perineal. São aplicados sobre o mús— tânea da bexiga durante o enchimento e o esvazia-
culo a ser estudado, que na criança está em cada lado mento. São obtidas informações anatômicas valiosas
do esfíncter anal. Estudos mais precisos da inervação da bexiga, presença de refluxo, obstrução funcional
do esfíncter uretral requerem a colocação de uma agulha ou anatômica do trato urinário inferior, que podem
7 —5 6 142 - 8 3 9
50
mp
Peakflw
Uroflw star
40
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50 0
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(n a o )
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GO—60
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Figura 129.6 Estudo eletromiográfico normal corn eletrodos de pele. Não há nenhuma atividade eletromiográfica durante
a micção.
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654 I Trato Geniturina'rio
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Figura 129.7— Eletromiografia anormal. Atividade eletromiográfíca aumenta durante a micção de menina com micção disfuncional.
Observar o fluxo em staccato e tempo de eliminação prolongado.
Duplicação Ureteral,
a causa da alteração inicial permaneça desconhecida.
IlllPlIGIIGÍIll IIIIETEIifll
Ureter Ectópico e É a anomalia congênita do trato urinário mais comum,
com incidência de 0,7% em autópsias. Ocorre quando
um único broto ureteral se ramifica prematuramente
M.
dueto de Wolff termina em uma posição caudal e medial ou ambos poderão estar localizados em posição ectópica.
no utrículo prostático. 0 ducto de Wolff finalmente Se o bruto do pólo superior projetar-se de uma posi-
dá origem à próstata, às vesículas seminais, aos vasos çâo anormalmente alta ao longo do ducto mesonéfrico,
deferentes e aos epidídimos no sexo masculino. No ectopia caudal será o resultado final. De modo inverso,
sexo feminino, 'o dueto de Wolff guia os ductos de se o broto do pólo inferior originar—se de uma po-
v . -?
k
Miiller para a linha média onde se fundem para formar sição mais caudal ao longo do ducto, o resultado será
0 útero, a vagina proximal e as trompas. uma ectopia lateral.
656 I Trata Geniturinário
Importantes considerações devem ser feitas ao Mais de 80% das meninas com ureteres ººlópicos
diagnosticar-se uma duplicação ureteral completa. têm sistemas duplicados.
Primeiro quanto à presença de ectopia ureteral e
ureterocele, segundo com relação à bilateralidade, já Apresentação Clinica
que em 40% dos casos a alteração e bilateral. Por
último, como se trata de uma doença hereditária com Sexo Feminino
transmissão autossômica dominante, é importante o Após o advento da ultra—sonografia obstétrica em larga
aconselhamento dos familiares diretos sobre a inci- escala, muitas crianças são diagnosticadas no periodo
dência maior dessa alteração anatômica na família, neonatal imediato durante a avaliação de hidronefro-
na maioria das vezes sem significado clínico. se antenatal. As demais se apresentam com uma va-
riedade de achados clínicos, tais como: incontinência
BBÉIEII EB'I'ÚPIGI! (SISTEMAS ÍIIIIGO urinária, massa abdominal palpável, corrimento va-
Illl’lltlllllil ginal, vaginites ou infecções repetidas do trato urinário,
Ectopia lateral do orifício ureteral ocorre quando o
broto ureteral se origina em uma posição mais cau— Sexo Masculino
dal do que o usual no ducto mesonéfrico e usualmente Semelhante ao sexo feminino, muitas crianças são
vem associada a refluxo vesicoureteral primário. diagnosticadas durante a avaliação pós-natal de hi»
Ectopia caudal, ao contrário, resulta de uma origem dronefrose. Os pré—púberes apresentam-se com infecções
mais alta do broto ureteral ao longo do ducto mesoné- recorrentes do trato urinário, dores abdominais in-
frico. A ectopia caudal, quando presente no sexo termitentes, hematúria, massa palpável no abdome ou
masculino, está localizada sempre acima do esfíncter com sinais clínicos de obstrução uretral. Epididimites
da uretra e, em consequência, usualmente não se as- de repetição podem estar relacionadas a ectopia ureteral.
socia a ineontinência urinária. No sexo feminino, a Após a puberdade, aos achados clínicos anteriores
localização pode ocorrer acima ou abaixo do colo vesical. podem ser acrescidos sinais de prostatite crônica, disúria
Se estiver inferior ao colo vesical (principal compo- persistente, dor a ejaculação, infertilidade, entre outros.
nente do mecanismo de continência em meninas) pode Em geral, os meninos não apresentam incontinên-
resultar em incontinência urinária paradoxal (micções cia porque os ureteres ectópicos sempre desembocam
normais, porém a paciente perde urina de modo cons— acima do esfíncter externo da uretra. Excepcional-
tante). As cotopias são duas a três vezes mais comuns . meme, a incontinência pode ser causada pelo acúmulo
nas meninas e, em estudos de autópsias de crianças, de urina na uretra posterior concomitante com o re—
incide cerca de uma vez em 2.000 casos. Em 20% laxamento do esfíncter externo.
dos casos apresenta envolvimento bilateral.'No sexo
masculino, o orifício ectópico desemboca de maneira
mais frequente na uretra posterior (57%), na vesícula
Exame Fisico
seminal (33%) e mais raramente no nível do ducto Um‘exame físico cuidadoso pode revelar a presença
ejaculatório. Nas meninas, os locais de eleição do óstio de orificio ureteral ectópico na parede antero-lateral do
são a uretra e o vestíbulo vaginal (69%) e no nível da intróito vaginal ou na área parameatal.
vagina em 20% das vezes.
Avaliação por Imagem
Sistema único Ultra-sonografia Pré-natal
A ectopia lateral em sistema único, que resulta em Anormalidades do trato urinário são detectadas em
refluxo vesicoureteral primário, não será abordada neste cerca de l em 500 estudos. Notadamente, ureteres
I S' - L e l
capítulo. A ectopia caudal, quando acomete um tini— ectópicos, duplicações e ureteroceles podem ser de-
'-
co sistema, é mais comum no sexo masculino. Apro- tectados ou mesmo suspeitados no período gestacro—
LªÇº'
“_,
&
do maior dificuldade para o diagnóstico. A bexiga bém para os casos de rins corn sistema coletor de apa-
deve ser avaliada na procura de ureterocele, que se- rência bizarra e nas duplicações com ambas as pelves
ria o fator.causal da dilatação do segmento superior. e ureteres dilatados.
Urografia Excretória
A urografia excretória (UE) também é um exame que
Tratamento
O tratamento de pacientes com ureter ectópico deve
avalia a função renal com a vantagem de oferecer detalhes ser fundamentado na resposta aos seguintes tópicos:
anatômicos, que não são vistos pela medicina nuclear.
A despeito do declínio do seu uso rotineiro na ava- a 0 sistema é único ou duplicado?
liação de crianças com problemas no trato urinário, »: Qual: é a idade do paciente?
a UE representa um excelente exame para o esclare- um O pólo superior é funcionante?
cimento de casos em que a cintilografia e a ultra— m Existe refluxo vesicoureteral?
sonografia não foram suficientes. Os achados clássicos Naqueles pacientes diagnosticados por ultra—sono-
da UE na duplicação ureteral completa são: grafia antenatal é aconselhável o tratamento opera-
!! Desvio lateral e para baixo do pólo inferior fun- tório após os três meses de idade, depois da recuperação
da anemia fisiológica do lactente, diminuindo, por-
cionante ocasionado pela dilatação do segmento tanto, a necessidade de transfusão sanguínea. Logo
superior (sinal do “lírio caido"). após o nascimento, é iniciada a profilaxia de infec—
I2 0 pólo inferior apresenta uma menor quantidade
ção urinária com cefalexina na dose devi 2,5mg/kg/dia.
de cálices do que um rim normal.
Se eventualmente apresentar infecção do pólo supe-
rior obstruído, poderão ser realizadas nefrostomia
Outras Modalidades Diagnósticas percutânea, ureterostomia cutânea, ou mesmo cirur-
M
Tomografia Computadorizada e gia reconstrutiva do trato inferior.
Ressonância Nuclear Magnética Sistema Único
Tomografia computadorizada (TC) e ressonância nu—
"h m -3 .
A avaliação anatomopatológica de rins com sistema
clear magnética (RNM) podem ser úteis na avalia- único ectópico revela que a grande maioria apresenta
.
ção de ectopia renal na qual a ultravsonografia e a áreas difusas de displasia. A maioria (90%) é de unidades
medicina nuclear não confirmaram o diagnóstico. Tam— sem função.
Ln:—
658 I Trato Geniturinán'o
I Sistema único com rim não funcionante e ureter senta menor dor pós-operatória do que
ectópico não refluxivo: nefrectomia é o tratamento cisão de flanco.
uma in—
. de escolha. Sistema duplicado com pólo superior funcioname
_! Sistema único com ureter ectópico nos remanes-
centes do ducto de Wolff (vasos deferentes, vesícula
e com refluxo vesicoureteral: poderá ser feito
reimplante de ambas as unidades ureterais com
º
seminal e ducto ejaculatório), ou ectopia gine- possível afilamento do ureter do pólo superior
cológica (útero, cérvix e vagina): esses casos estão Nossa preferência, entretanto, é para a realiza:
mais freqiientemente associados a unidades re— ção de uma ureteroureterostomia inferior (p510
nais não funcionantes. Nefrectomia apenas é o mais dilatado anastomosado ao menos dilatado
tratamento de escolha, sendo incomum a neces-
sidade de ureterectomia distal secundária.
que por sua vez é reimplantado na bexiga
ou extravesical). Uma alternativa pode ser a
intni
Nos casos de epididimites de repetição, pode ser ureteropielostomia (pólo superior para o pó|0
necessária a excisão do cote e a ligadura do ducto inferior), excisão total do ureter do pólo supe.
ejaculatório. rior e reimplante do ureter do pólo inferior. Essa
n Sistema único com ureter ectópico no colo vesical técnica, entretanto, necessita de duas incisões.
ou na uretra: é comum a sua associação a rins Se a dissecção distal dos dois ureteres for difí_
ainda funcionantes. Nesses casos, o tratamento cil, & parede do ureter do pólo superior poderá
de escolha é a secção do segmento inferior do ureter
ectópico próximo ao colo vesical, sem interferir
ser deixada juntamente corn
0 do polo
evitando desvascularização desse último.
inferior.
no mecanismo esfrneteriano, com reimplante do
ureter remanescente. Em casos de baixa função
renal, uma nefrectomia isolada pode ser o trata— Cirurgia Laparoscópica
mento de escolha. Excepcionalmente sera neces- Com o advento da cirurgia laparoscópica, novas alter-
sário realizar a excisão do cote ureteral, quando nativas começam a ser utilizadas. Atualmente, a maioria
houver infecções urinárias de repetição, sem outra das cirurgias extirpativas, tais como nefrectomias totais
explicação plausível. ou parciais, é a opção de escolha em pacientes com
mais de quatro anos. De modo simultâneo ao desenvol—
Sistema Duplicado vimento de materiais e de tecnologia mais avançada,
II Sistema duplicado com pólo superior não funcio- torna-se possível a realização de cirurgias reconstrutivas,
nante ou com função mínima sem refluxo vesi- tais como ureteropielostomias, e temos certeza que a
coureteral: heminefrectomia do pólo superior por indicação dessas técnicas minimamente invasivas au-
meio de uma incisão no flanco, desprezando—se mentará com o decorrer do tempo.
o ureter distal. O ureter é deixado aberto para
prevenir coleção e abscesso. IIBETEIIOBEIE
II Sistema duplicado com pólo superior não funcio—
nante ou com função mínima e com refluxo ve—
Urgferocele & definida como uma dilatação sacular
do segmento intravesical do ureter. São anomalias
sicoureteral: nesse caso, o cirurgião deve optar complexas, multifacetadas, que se apresentam clini-
entre ligar o com distal ou realizar a ressecção camente de várias maneiras, podendo ser pequenas
do ureter termina] por um segundoacesso extra-
ou volumosas, uni ou bilaterais, em sistemas únicos ou
peritoneal com incisão de Gibson ou Pfannens- duplicados, intra ou extravesicais. Estudos de autóp-
tiel. Os adeptos da ressecção ureteral se baseiam
sias revelam que a ureterocele ocorre em 1 de cada
na hipótese de que um coto refluxivo funciona
comO'um divertículo que poderá causar infec—
500 pessoas (0,2%). É mais comum em pacientes de
ções urinárias recorrentes. Ao ser realizada a cor branca, sendo quatro a sete vezes mais freqtientes
ressecção do ureter distal, deve-se prevenir le- no sexo feminino. Apresentam acometimento unilateral
|
sões das estruturas adjacentes, como o ureter do em 90% dos casos, são representadas por ureter do
pólo inferior, a vagina, a uretra e o seu meca- p610 superior em sistema duplicado em 80% das vezes
L'Sº
nismo esfincteriano. Como afirmado anterior- e em 60% delas o orifício ureteral está localizado
VZL'SB‘C
ectopicamente na uretra. m
mente,/para os sistemas únicos esta indicação
só sÉÉ'qg ifrca em casos de infecção urinária
de repeti "o sem outra causa plausível para classificação
justifica—la.
I Sistema duplicado com pólo superior funcionante As ureteroceles podem ser classificadas de várias mn-
sem refluxo Vesicoureteral: A realização de urete— neiras. Todavia,‘ apresentaremos a classificação prº-
ropielostomia, ou de ureteroureteroanastomose posta pela Seção Urológica da Academia-Americªnª
do pólo superior no pólo inferior, cerca de Som de Pediatria que se baseia em aspectos anatômicos
acima da bexiga, são boas opções cirúrgicas, sendo que apresentam significado clínico:
a última de nossa preferência pois pode ser rea- Ureterocele de sistema único: acomete rim com
lizada por uma incisão de Pfannenstiel que apre- apenas um ureter.
.n
A;
l
”a
t
Duplicação Ureteral, Ureter Ectópica e Ureterocele II
659
lUreterocele de sistema duplicado: é aquela do ureterocele poderá não ser visualizada por estar com-
pólo superior de uma duplicação ureteral completa. primida contra a parede vesical ou evertida por meio
ll Ureterocele intravesical: está localizada comple-
da falha muscular adjacente, simulando um divertículo
tamente dentro da bexiga. paraureteral (divertículo de Hutch). Nos sistemas
in Ureterocele ectópica: alguma porção da ureterocele
duplicados, é encontrado refluxo vesicoureteral para
está localizada no colo vesical ou na uretra. o pólo inferior em até 50% das vezes e em 25% dos
n Cccoureterocele: é uma variante da ureterocele casos para a unidade renal contralateral.
ectópica. Nesse caso, o orifício ureteral está dentro
da bexiga com uma longa projeção submucosa da
ureterocele estendendo—se até a uretra.
Urogra fia Excretora
A urografia excretora (UE) mostrará uma imagem
Apresentação clínica negativa dentro da bexiga que corresponde à ureterocele.
Os sinais de duplicação renal completa, como desvio
Nos dias atuais. com alarga utilização da ultm—sonografia lateral e inferior da unidade inferior funcionante (sinal
obstétrica, 75% das ureteroceles são diagnosticadas do “lírio caído") e pólo inferior com menor quanti-
durante a avaliação pós—natal de hidronefrose intra- dade de cálices do que um rim normal. serão frequen-
útero. A média de idade do diagnóstico definitivo temente visualizados.
reduziu-se para três dias de vida. Menos de 25% dos
casos são diagnosticados após episódios de infecção Medicina Nuclear Magnética
do trato urinário.
Antes do advento da ultra—sonografia antenatal, as O estudo da função renal é importante na avaliação
crianças eram diagnosticadas principalmente durante do grau de parênquima renal funcionante que está
a investigação de infecção urinária e a média de idade associado ao segmento obstruido. Nas ureteroceles
de apresentação era de 4,5 anos de vida. intravesicaís, o segmento superior duplicado normal-
Outras formas clínicas de apresentação são: neonato mente apresenta uma melhor função. Por outro lado,
com massa palpável que corresponde a bexiga cheia apenas 10 a 25% dos casos associados a ureteroceles
de urina secundária a obstrução de ureterocele prolapsada ectópicas apresentam função adequada. A medicina
para a uretra. No sexo feminino, uma massa polipóide nuclear é o exame de escolha para avaliar a função
proveniente da uretra deve ser considerada como renal. Tanto os agentes que medem o fluxo e a filtra-
ureterocele prolapsada até que se prove o contrário. ção, como o DTPA e o MAG-3, quanto os agentes
As crianças que apresentam cecoureterocele podem estáticos, como o DMSA, irão permitir a quantifica-
ter incontinência urinária em razão do comprometi— ção e a diferenciação funcional entre os segmentos
mento do colo vesical e do esfíncter externo. envolvidos, bem como a comparação com a unidade
contralateral. Entretanto, preferimos a utilização do
DMSA por apresentar menos problemas técnicos para
Investigação Diagnóstica a sua realizãção, permitindo uma interpretação mais
confiável.
'Avaliação por Imagem
Ultra-sonografia
tratamento »
.
A ultra—sonografia abdominal é o primeiro exame a Como as ureteroceles são de variadas modalidades,
ser realizado. O achado clássico é de uma imagem existem várias formas de abordagem dessas anoma—
cística bem definida na parede posterior da bexiga. lias. Deverão ser levados em conta os seguintes dados:
Na maioria das vezes será detectado um sistema o sistema é único ou duplicado; a ureterocele é intra
a(”
7- 5 6 1 4 2 — 8 9
duplicado ipsilateral, com o segmento superior dila- ou extravesical; qual a função do segmento renal
tado. Nos casos em que a ureterocele está prolapsada relacionado à ureterocele; qual o efeito da ureterocele
para a uretra dificultando o esvaziamento vesical, poderá na função vesical (obstrução, refluxo).
ser encontrada uma hidroureteronefrose bilateral. Deve
também ser avaliado o espessamento do parênquima
renal, a diferenciação corticomedular, a presença de
cistos no parênquima e a sua ecogenicidade.
Sistema Único Associado a Rim
Função ou com Função Mínima
sem
Nefrectomia e aspiração da ureterocele são os trata-
Uretrocistografia Miccional mentos de escolha. Extirpação da ureterocele normal—
mente não será necessária, a menos que exista refluxo
A uretrocistografia miccional (UCM) é um dos mais associado.
importantes métodos para diagnóstico e orientação Infecção urinária de repetição poderá advir de um
terapêutica nas ureteroceles. Aureteroeele é vista como coto ureteral não refluxivo, sobretudo nas grandes
uma imagem negativa na parede posterior da bexiga. ureteroceles e, portanto, poderá ser necessário um novo
Quando a bexiga está muito cheia de contraste, a procedimento para a sua ressecção.
660 I Trato Geniturina'rio
Refluio Vesicoureteral
Causas de RVU secundário:
Bexiga neurogênica
= Obstrução:
siofio Luiz Pippi Salle - 'Mecânica:
an s-ªl
BBÍIIIXB lleslcoureteral Primário Grau I: refluxo que ocorre somente para o ureter.
:! Grau II: refluxo para o ureter e pelve, sem dila-
Associado à junção ureterovesical anormal (JUV) e, tação ou achatamento dos cálices.
muitas vezes, à posição anormal (lateral) do orifício Grau III: refluxo para o ureter e pelve com di-
ureteral. latação leve e achatamento dos cálices, sem
tortuosidade ureteral.
I! Grau IV: refluxo associadoadilatação gravee acha-
tamento dos cálices, sem tortuosidade ureteral.
Associado a condições que aumentam a pressão E Grau V: refluxo associado a dilatação grave dos
intravesical, levando à descompensação da JVU. É cálices e tortuosidade dos ureteres.
662 .I Trato Geniturinário
Avaliação urodinâmica
Como mencionado previamente, muitas crianças têm
refluxo secundário à disfunção miccional, em geral
associado a sintomas de urgência, incontinência, postura
característica com agachamento das pernas e consti.
G L S‘ ' Z V
pação. Inicialmente, os pacientes devem submeter-se
à urofluxometria, medindo o resíduo pós-miccional
e eletromiografia perineal. Em casos selecionados, é l' O L ç
Figura 131.1
cqureteral.
-— Classificação internacional de refluxo vesi- necessária avaliação urodinâmica completa.
cistourama Nuclear
lllllESTIlillcllll DIAGNÓSTIBI O eistograma nuclear é mais sensível do que a uretro-
cistografia miccional para detectar RVU. Entretanto,
Os métodos de investigação variam com a idade da nos fornece menos informações anatômicas, tais como:
criança. Qualquer criança com infecção do trato urinário se há doença uretral e outras anormalidades vesicais,
(ITU) documentada deve ser investigada. Por essa ra- como divertículo e ureterocele. É reservado princi-
zão, é mandatório o diagnóstico acurado da infecção palmente para as investigações de seguimento, quan—
aguda do trato urinário e, para isso, necessita-se de do detalhes anatômicos são conhecidos de antemão.
uma quantidade adequada de urina. Em crianças fe— Um exemplo típico e o exame de seguimento de um
bris, a urina deve ser coletada por aspiração supra- paciente que se sabe que tem RVU e que necessita de
púbíca. Também é muito utilizada a cateterização, investigação para verificar se o refluxo ainda está pre—
mas ela acarreta um risco aumentado de contamina- sente. Em crianças maiores, a triagem para refluxo
ção em casos sem ITU. pode utilizar o cistograma nuclear como substituto
da uretrocistografra miccional.
llllra-sonuuratia
Deve ser realizada durante a fase aguda da ITU para TRATAMENTO
afastar lesão obstrutiva, cálculos e abscesso renal. Não
é sensível o suficiente para detectar RVU.
conservada:
A Resolução espontânea do refluxo ocorre na maioria
llreuoclstayratla Micclnnal dos graus leve e moderado de refluxo. Aproximada-
mente 20% da população afetada cura seu refluxo por
Deve ser realizada após o término do tratamento da
ITU e com cultura de urina negativa. Deve ser usada
ano e isso pode ocorrer em qualquer idade, durante a
infância. Entretanto, uma taxa de resolução alta, de
uma pequena sonda e não um cateter de Foley para até 50%, ocorre durante o primeiro ano de vida e isso
encher a bexiga. O balão do Foley pode ocluir o colo é atribuído a melhora espontânea da disfunção miccional
vesical, criando uma alta pressão intravesical não- nessa idade (altas pressões miccionais e dissinergia).
fisiológica, que pode induzir um falso-positivo para Acredita-se que refluxo estéril não causa dano aos
RVU e até ocasionar o desenvolvimento de refluxo
rins na ausência de infecção ou obstrução associada.
intra-renal. Uma uretrocistografia miccional adequada Portanto, o objetivo do tratamento conservador é a
deve fornecer informações sobre os graus de reflu- manutenção da urina estéril durante o período em que
xo, contorno vesical, uretra e habilidade da bexiga
em esvaziar. Resíduo pós-miccional aumentado su-
o paciente está sob observação e aguardando
ção espontânea. Sabe-se que refluxo causa micçao
resell-1-
gere processo obstrutivo concomitante.
incompleta e permite crescimento bacteriano na unna
residual. Por essa razão, os pacientes são mantidos sob
cintilografia Renal doses profiláticas de antibióticos. O período mais lon-
go de estase ocorre a noite e por essa razão os antl-
A cintilografia renal é realizada com ácido dimercap-
tosuccfnico (DMSA, dimercaptosuccínic acid), um bióticos profiláticos são dados nesse horário. Os apubró—
marcador cortical; é muito útil para detectar cicatri- ticos mais comuns usados como profiláticos sao:
zes renais, em geral associadas a graus altos de re-
fluxo. Idealmente, devemos esperar alguns meses após oral (V0).
-—
a: Trimetoprim/sulfametoxazol 2mg/kg pºr vra
a ITU aguda, pois lesões de pielonefrite aguda po- ra Nitrofurantofna — nglkg VO.
dem melhorar com o tempo. Em algumas instituições, Amoxicilina — 20mgfkg VO.
r:
\ Refluxo Vesicouretelal I
663
! 7 1 3 5 8- 9
Nitrofurantoína — fibrose pulmonar, anemia he-
molítica e na deficiência da glicose-G-fosfato. Deve ser enfatizado que a correção cirúrgica do
'
F67 5-‘i
õ L S' Z V I ' 9 L S
quais essa técnica não foi aprovada nos Estados Unidos
A dissecção do ureter é realizada dentro da bexiga, “
e Canadá. Recentemente, substâncias alternativas Cºmo
criando um túnel submucoso que previne o refluxo.
O comprimento adequado do túnel submucoso deve Macroplastiqueº (partículas de polidimetilsiloxano)
e Defluxª (microesferas de Dextran) têm sido comer—
ser quatro a cinco vezes mais longo do que o diâme- cializadas com resultados similares e sem o aparente
tro'ureteral. Portanto, quando houver dilatação con- risco de migração.
siderável do ureter, será necessário um túnel bastante É. importante enfatizar que as indicações para cor-
longo para prevenir o refluxo. Em tais casos, o ureter reção endoscópica de refluxo são as mesmas dos reparos
deve ser reparado com o objetivo de diminuir seu calibre abertos e não devemos ser tentados a relaxar esses
e permitir o reimplante com um túnel submucoso mais parâmetros porque o método é mais fácil. Devemºs
curto. Entretanto, a indicação de remodelamento do reconhecer, no entanto, que a simplicidade do trata-
ureter deve ser equilibrada, porque a técnica pode causar mento endoscópico tem conquistado a simpatia de
mais complicações, como obstrução dajunção vesicoure— um grande número de especialistas. Por essa razão,
teral ou recorrência do refluxo. Esse tipo de reimplante a indicação do tratamento endoscópico tem aumentado
ureteral é bem tolerado, mas os pacientes costumam muito na América do Norte. Não se deve deixar de lem-
ter, pós—operatoriamente, mais sintomas de bexiga brar também que existem grandes pressões comerciais
irritativa e hematúria. A técnica intravesical mais comum para indicação do tratamento endoscópico. Uma dessas
é o reimplante trigonal cruzado (técnica de Cohen) é a propagação da preocupação com o uso de antibió-
(Fig. 131.3). ticos profiláticos por longo tempo. Cabe ao médico
Em ambos os reimplantes, extravesical e intravesical, manter-se ciente de todas essas pressões e indicar ao
a evolução costuma ser excelente e a taxa de sucesso paciente o tratamento mais apropriado.
esperada é de 97 a 98% dos casos. Complicações pós- Como mencionado antes, é relevante corrigir a causa
operatórias são raras e incluem a recorrência de re« do refluxo secundário, tratando a disfunção da bexi-
fluxo (em geral em ureteres dilatados) ou, raramente, . ga e não sendo negligente com o tratamento da cons—
obstrução no nível da junção ureterovesical (em ge- tipação.
ral em ureteres remodelados). Um cistograma pós- Em resumofo RVU está frequentemente associa-
operatório deve ser feito quatro a seis meses após o do àºocorrência de infecções do trato urinário nas
reimplante para continuar a correção do refluxo. Na crianças. O entendimento dos mecanismos fisiopa-
ausência de refluxo, profilaxia antibiótica é descon- tológicos tem ajudado a melhorar o tratamento mé-
tinuada. dico. É mandatório considerar que a maioria dos RVU
é sec'undária a anormalidades urodinâmicas, muitas
vezes ativadas pela constipação. O tratamento asso— GREENBAUM, L. A.; MESROBIAN, H. G. Vesicoureteral reflux.
ciado da disfunção miccional melhora o resultado Pediatr: Clin. North Am., v. 53, p. 413-427, 2006.
global do tratamento conservador e a correção ci- LORENZO, A. J .; PIPPI SALLE, J. L.; BARROSO, U. et al. What are
the most powerful determinants of endoscopic vesiceureteral reflux
rúrgica deve ser reservada a uma minoria dos casos, correction? Multivariate analysis of a single institution experience
cujo tratamento médico falhou. Observação rigoro— during 6 years. J. [lmL. v. 176, 4 Pt 2, p. 1851-1855, 2006.
sa e reavaliações periódicas são necessárias para todos VENHOLA, M.; HU'ITUNEN, N. P.; UHARI. M. Meta-analysis of
os pacientes. vesicoureteral reflux and urinary tract infection in children. Scand
J. Uml. Neplrrol., v. 40, p. 98-102, 2006.
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978—5-2416
v
.
666 I Trato Geniturinálio
Rim Multicístico
Displásico
m -r
Hady El-Shaeb
Wit-25.741
João Luiz Pippi Salle
BBIGEITD
Rim multicístico displásico (RMD) é a anomalia de
desenvolvimento em que o parênquima renal é quase Figura 132.2 Rim multiclstíco com cistos de tamanhos
—
completamente substituído por cistos não-funcionantes variados e com pelve e ureter hipoplásicos.
displásicos. Grosseiramente, o rim perde sua forma
reniforme e assemelha-se a um cacho de uvas formado
por cistos irregulares e de variados tamanhos (Figs. Ha, claramente, freqíiente associação entre obs-
132.1 e 132.2). A detecção de RMD tem aumentado trução do trato urinário e displasia renal, apesar
significativamente, desde que a ultra-sonograãa antenatal da falta de clareza a respeito das suas relações
tomou—se rotina. Previamente, RMD era suspeito quando (se obstrução é a causa da displasia renal ou se
o recém-nascido se apresentava com massa abdominal. ambos têm uma causa comum).
RMD permanece como a causa mais comum de mas— In Falha de união apropriada entre () broto ureteral
sa abdominal em um recém-nascido. Ultra—sonografia e o blastema metane'frico parece causar displasia
antenatal e pós-natal de rotina'tem facilitado o desen-
em razão da frequente associação de atresia ureteral
volvimento de critérios para o diagnóstico e o segui- e da pelve com RMD.
mento adequado.
EPIDEMIÍllIIGIII
E'I'Ifllfllilli
n Aprevalêncià deRMD varia entre 1:3.100e 1:4.300
Embora muitas teorias tenham sido propostas para naScidos vivos.
explicar a patogênese do RMD, a verdadeira etiologia
,
-
Figura 132.1 Rim multícistico com parênquima renal com- GOIIIIIGIIES IISSIIGIMBIIS
““233:-
pletamente substituldo por cistos displásicos irregulares e de u Anormalidades contralaterais do trato
diversos tamanhos. inferior ou superior estão presentes em 20 a
\ Rim Multíclstico Displásico n 667
u Refluxo vesicoureteral contralateral esta presente separados por tecido fibroso e ductos primitivos. Os
em 15 a 30% dos pacientes. ductos primitivos são circundados por colágeno e al-
:: Obstrução da junção pieloureteral contralateral gumas células musculares lisas. Elementos de nefro-
está presente em 3 a 12% e obstrução da junção gênese normal também estão presentes, incluindo
vesicoureteral em 4 a 6% dos pacientes com RMD. blastema metanéfrico propriamente induzido, mcsên—
:! Associação de RMD com ureteres ectópicos,
quima e glomérulos e ductos maturos.
agenesia renal contralateral, anormalidades da
parede vesical, ureterocele obstrutiva ipsilateral
e hemivagina obstruída ipsilateral associada com TRATAMENTO
útero duplo também têm sido descritos, embora
menos freqíientemente.
conservador
t: Em razão da origem embriológica comum do ducto Tratamento conservador e encorajado pela alta taxa
ma-s—vui‘q
de Wolff (testículo, canal deferente e ureter), muitos de regressão espontânea e baixa incidência de com-
casos raros de anomalias ipsilaterais têm sido plicações associadas.
documentados: ausência/ectopia do ducto defe- Regressão completa pode ocorrer a qualquer tempo.
rente ipsilateral e displasia cística do testículo. Se a regressão ocorrer no período pré-natal, o paciente
vai apresentar-se com agenesia renal unilateral pós—
TESTES IIIIIGIIÚSTIÍHIS E IVMIIIGÃII natal. A maioria dos RMD vai diminuir de tamanho
em razão da regressão aos três anos de idade, enquanto
llltra-sonouraiia outros desaparecerão completamente e poucos cres-
cerão, proporcionalmente, acompanhando o cresci-
O teste mais importante é a ultra-sonografia pré-natal. mento corporal da criança. A involução ocorre por
Se não diagnosticada no período antenatal, uma massa causa da descompressão progressiva do líquido cístico,
assintomática, móvel e irregular e a causa mais co- deixando somente parênquima disfuncional. O risco
mum para indicar investigação pós-natal. O objetivo de complicações persiste apesar da alta taxa de re-
da ultra-sonografia pós-natal é diferenciar o RMD da gressão do RMD. necessário o seguimento consis—
hidronefrose congênita, que é o diagnóstico alterna— tente. O controle de seguimento deve incluir:
tivo em um recém—nascido com massa abdominal. Quatro
características distinguem o RMD: Exame físico (incluindo medida da pressão ar—
terial).
Localização não-medial dos cistos maiores. n Exame ultra—sonográfico regular (a cada seis meses
E Presença de interfaces definidas entre os cistos. até cinco anos de idade; então anualmente até
II Ausência de um seio renal identificável. oito anos de idade).
m Ausência de parênquima renal. ts Exame comum de urina.
Hipertrofia contralateral significante é observada Se qualquer um desses testes revelar achados anor-
na maioria dos pacientes na idade de dois anos. mais, éindicado tratamento mais agressivo. E também
importante a avaliação adequada do rim contralateral.
cintilografia Renal O prognóstico com tratamento conservador e excelente.
Embora o exame ultra-sonografico seja característico, cirurgico Ilustrações] '“
cintilografia renal com ácido dimercaptossuccínico
(DMSA, dimercaptosuccinic acid) deve ser realiza- Dor
da para confirmação diagnóstica. A cintilografia re-
nal deve revelar uma quase completa ou ausência Dor no flanco em pacientes com RMD que não re-
completa de função de todo o rim em exame, exceto grediu permanece o risco e a queixa mais comuns de
em casos de RMD segmentar em sistema duplicado um RMD deixado in situ, a despeito de sua baixa
.m'
ou rim em ferradura. ocorrência. A dor é resolvida com a nefrectomia.
G L S' Z V I Q
2% dos RMD. Tumor de Wilms é o tumor maligno
mais comumente associado, embora possa ocorrer tratar precocemente qualquer complicação em poten-
cial. Os tratamentos conservador e cirúrgico são factíveis,
também carcinoma de células renais e mesotelioma
maligno. mas o conservador permanece prevalente.
Alguns autores consideram que nefrectomia ambu- BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
latorial precoce, além de apresentar baixa morbidade,
FELDENEERG,L; SIEGEL, N. Clinical course and outcome forchildmn
e mais simples e efetiva em termos de custo do que with multicystic dysplastic kidneys. Pediatr. szlirol., v. 14,
o seguimento a longo prazo, que requer rígida obe— p. 1098-1101, 2000.
diência. Cabe ressaltar que não se encontra ainda,
GLASSBERG, K. Renal dysplasia and cystic disease of the kidney. In:
na literatura médica, nenhuma análise definitiva sobre
qual das técnicas apresenta menor risco para o paciente. WALSH, P. C.; RETIK, A. B.; VAUGHAN, E. D.; WEIN, A. l. (eds.).
Campbell 's Urology. 7. ed. Philadelphia: W.B. Saunders, 1998.
Tratamento cirúrgico é indicado somente nos se-
p. 1465-1469.
guintes casos:
- M.
Urolitíase Pediátrica 11
669
6 L 8' 5 - Z r I 9 S
cessária. Entretanto, a presença de anormalida.
Ultra-sonografia é rotineiramente realizada na de metabólica coexistente deve ser afastada. Urna
avaliação de crianças com cálculos e tem sensi- investigação metabólica completa inclui:
bilidade aproximada de 90%. Além disso, o parên-
quima renal, o sistema coletor e os órgãos cir- — Coleta de urina de 24h para definir volume, ºs.
molaridade, taxas de cálcio, fósforo, magnésio,
cunvizinhos podem ser acuradamentc avaliados. oxalato, ácido úrico, citrato, creatinina, sódio.
Muitos centros consideram a ultra-sonograiia como potássio, proteína e cistina.
a modalidade de escolha por não ser invasiva,
livre de radiação e relativamente de baixo custo. -- Se a coleta de 24h for impossível, devem ser
obtidas coletas seriadas e medidas as relações
I Pielografia intravenosa suplementa informação
do cálcio/creatinina (valor normal < 0,2mg/mg)
funcional e morfológica; é rotineiramente usada e relações do oxalato e creatinina (valor nor.
para diagnosticar cálculos não-visíveis por radio— mal < 0,1rnmol/mmol).
grafia simples ou ultra-sonografia. A exposição As variações normais das relações cálcio/crea-
à radiação associada e os riscos do contraste tinina e oxalato/creatinina diminuem do lactente
intravenoso têm limitado seu uso na urologia ao adulto, variando entre os laboratórios.
pediátrica; entretanto, é um estudo extremamente
útil em casos apropriadamente selecionados. — Amostras de urina fresca para análise e medida
do pH.
Tomografia computadorizada (TC) tern se tor-
nado a modalidade de escolha na avaliação de — Teste do nitroprussiato para afastar cistinúria.
Exames lauoratnrlals
—
Acidose tubular re'nal distal (acidose de Albright).
—.- Hiperparatireoidismo primário.
I Exame comum de urina revela hematúria na maioria — Excesso
Imobilização. "
—
dos pacientes com urolitíase. Muitas vezes coe-
xiste piúria', o médico deve estar alerta a possibi-
-— Excesso de esteróides.
de vitamina D.
Hiperoxalúria.
lidade de infecção urinária. 0 pH urinário é baixo
'(< 6) em pacientes com ácido úrico e cálculos e - Hiperoxalúria primária.
alto (pl-l > 7) em pacientes com cálculos de estruvita. — Hiperoxalúria secundária.
I Cistinúria.
IBacteriológico da urina. O exame cultural da urina
I Hiperuricosúria.
deve ser obtido de todas as crianças com cálcu-
los, para afastar a presença de infecção urinária —- Doenças mieloproliferativps,
associada e direcionar a um tratamento antimi—
crobiano apropriado.
-- Doenças genéticas.
Idiopática.
de intervenção cirúrgica imediata incluem: cálculo então extraído intacto ou fragmentado usando dife-
obstrutivo com infecção, rim solitário obstrutivo, dor rentes fontes de energia, como eletroidráulica, balís—
intratável, insuficiência renal. Nesses casos, é requerida tica, ultra-sonográfica ou laser. Avanços tecnológicos
a drenagem via stent ureteral interno ou nefrostomia nos equipamentos endoscópicos têm feito essa mo-
percutânea entubada. dalidade muito popular, mesmo na criança pequena.
A eliminação espontânea depende de alguns fato—
res, como o tamanho do cálculo e sua localização.
Em geral, cálculos > 5 a 6mm em tamanho são me— Nefrolitotomia Percutânea
nos prováveis de serem eliminados. A urina deve ser A nefrolitotomia percutânea (PCNL, percutaneous
filtrada em qualquer paciente observado. Qualquer nephrolithotomy) corresponde à inserção percutânea
cálculo ou fragmento eliminado deve ser enviado para de um endoscópio (no nível do flanco) pelo parên-
análise apropriada. Cálculos sintomáticos que não são quima renal até o sistema coletor. Como na ureteroscopia,
eliminados, cálculos grandes, cálculos obstrutivos diferentes fontes de energia são usadas para fragmentar
comprometendo a função renal e cálculos infectados e extrair os cálculos. Essa modalidade costuma ser
devem ser tratados medicamente ou cirurgicamente. usada para cálculos grandes localizados na pelve renal
No cenário obstrutivo, o tratamento médico é ge- elou cálices, como o cálculo coraliforme.
ralmente limitado. Tratamento cirúrgico consiste nas
opções a seguir.
Litotomia Aberta
Tratamento cirúrgica Essa técnica é reservada para casos em que as técnicas
mencionadas anteriormente falharam ou são contra-
Litotripsia por Onda de Choque indicadas.
Extracorpórea
Com o uso de orientação radiográfica, uma onda de tratamento clínico
choque acústica é dirigida ao cálculo, resultando em O principal objetivo da avaliação médica e do trata-
fragmentação e passa em, subseqiiente, do material mento é a prevenção da formação de novos cálculos.
formador do cálculo. considerada por muitos espe- Terapias específicas são orientadas para as anorma-
cialistas como a modalidade de tratamento de escolha lidades metabólicas associadas. Toda a criança com
na população pediátrica, em razão de seu mínimo ca- doença calculosa deve ser encorajada a aumentar o
ráter invasivo e alta taxa de sucesso relatada, atin- aporte de líquidos, com o objetivo de diluir a urina e
gindo 80 a 90%. Litotripsia por onda de choque prevenir a cristalização. A terapia com citrato oral
extracorpórea (ESWL, extracorporeal shock wave também é recomendada para pacientes selecionados,
lirhotripsy) é limitada pelo tamanho do cálculo e da para inibir.,o crescimento e a formação de cálculos.
localização. Cálculos > 15 a 20mm em tamanho podem Crianças "com hipercalciúria idiopática podem be-
necessitar de múltiplas sessões de ESWL para que o neficiar-se de dietas pobres em sal, mas não devem
. paciente fique livre do cálculo. Cálculos localizados restringir o aporte diário de cálcio abaixo do nível re-
nos cãlices inferiores criam um desafio, pois os frag- comendado. Hidroclorotiazida diminui a excreção
mentos podem ter dificuldades para serem elimina- urinária de cálcio, sendo ocasionalmente usada quando
dos. As complicações mais comuns associadas com
ESWL são dor, equimose no sítio de entrada das ondas medidas dietéticas são inefetivas.
Hipercalciúria secundária (enterica) é tratada com
de choque e hematúria macroscópica. Em geral, to-
das se resolvem dentro de alguns dias. Complicações mudanças dietéticas e medicações objetivando a di-
minuição do oxalato urinário e o aumento da ligação
mais sérias, porém raras, incluem o hematoma peri-
nefrético ou subcapsular, sepse e dano de órgãos adja— do oxalato no intestino, diminuindo sua absorção.
centes. O acúmulo de fragmentos de cálculos no ureter Cistinúria é tratada com alcalinização urinária e me—
após o ESWL está relacionado ao steinstrasse (nome dicações que objetivam o aumento da solubilidade
germânico para caminho de pedras). Nesse cenário, da cistina na urina (D—penicilamina e tiopronina).
7- 5 6 1 4 2 8 9
obstrução e/ou infecção e mais bem tratada com dre— Terapia para os cálculos de ácido ufieo consiste
nagem por nefrostomia percutânea entubada (com ou na alcalinização urinária e no uso de alopurinol nos
sem antibióticos). Contra-indicações absolutas à ESWL casos selecionados (síndrome de Lesch—Nyhan).
incluem gravidez, coagulopatia incontrolável, hiper—
tensão incontrolável, obstrução do trato urinário distal PUNTOS-BHIIVEIIIESIIMD
ao cálculo e infecção febril do trato urinário.
:: Urolitíase pediátrica é freqiientemente associa-
da com infecção do trato urinário, assim como
Ureteroscopia
“Vw— M
anormalidades anatômicas e metabólicas.
Um endoscópio & levado retrogradamente até o nível
do cálculo no ureter. Sob visão direta, o cálculo é
A apresentação clínica em crianças difere da
observada em populações de adultos.
.
"m
672 I
Trato. Genitun'nário
I Avaliação metabólica é requerida em toda a Criançª
IRadiografia simples do abdome deve ser obtida
de.todas as crianças com cálculos. com urolitíase, para ajudar a prevenir futuros epi-
I Ultra—sonografia é técnica sensível, minimamente sódios de cálculos.
invasiva e relativamente barata. É considerada BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
por muitos como o estudo de escolha na popu-
lação pediátrica. HARMON, E. P.; NEAL, D. E.; THOMAS, R. Pediatric utolithiasis:
ILitotripsia por onda de choque extracorpórea é a review of research and current management. Ped. Nephml., v. 8,
altamente bem-sucedida no tratamento da urolitíase p. 508-512, 1994.
rota—ls“. M. s.; KAISER, B. A.: BALUAKIE. H. I. Urolithiasis in
pediátrica, com taxa média de sucesso entre 80 children. Pediatric Clin. N. America. V. 34. p. 683-710, 1987,
“ 8' 5 -l ’ I
a 90%.
‘9L '
\‘.“
Wm Hidronefrose I 673
M
n -.
em
7- 5 6 1 4 2 8 9
A maioria das dilatações não—obstrutivas da pelve e I Fator embriológico: o ureter apresenta—se como
do ureter está relacionada a: um cordão sólido na 6a semana de gestação e'a
I Refluxo vesicoureteral (RVU). canalização inicia no ureter médio, progredindo
I Poliúria: diabetes e estágio final da doença renal. em direção à pelve e a bexiga. A junção do pólo
I Sistema coletor flácido: síndrome prune-belly e superior (IUP) e a junção ureterovesical (JUV)
dilatação não-obstrutiva antenatal. são as últimas a canalizarem.
I O feto apresenta alto débito urinário (5 a 10 vezes
I Cálculo.
I Compressões extrínsecas (tumor, etc.) Tem sido demonstrado que obstrução precoce in-
duz displasia renal. Portanto, diagnóstico antenatal e
w . .“ 4 Hidroureteronefrose: obstrutiva e
não-obstrutiva
desobstrução poderiam, potencialmente, prevenir dis-
plasia renal. Entretanto, a ocorrência de displasia é
.
ICloro < 90mEq/L. achados antenatais (Fig. 134.1). Paciente com hidrene.
I Cálcio < 8mg/dL. frose bilateral de alto grau e espessamento anormal
I [32-microglobulina
< 4mglL. da parede vesical deve submeter-se a ultra-sonogram
I Osmolalidade < ZOOmOsm/L. logo após o nascimento. Se esses achados forem con-
firmados em um recém—nascido do sexo masculino e
Obviamente, somente pacientes com rins bilateral-
houver a possibilidade de a uretra posterior estar dilatada,
mente obstruídos ou rins solitários devem ser consi— uretrocistografia miccional deve ser realizada muito
derados para intervenção antenatal. cedo, no 12 dia de vida. Outras anormalidades vesicais
Não há nenhuma indicação para intervenção ante-
natal na abstrução unilateral.
necessitam de uretrocistografia miccional precoce, como
Também não há nenhuma indicação para intervenção, presença de ureterocele, dilatação ou, possivelmen.
te, ureter duplicado. Nesses casos, profilaxia antibiótica
se existir anormalidade cromossômica associada. deve ser instituída até que o diagnóstico seja escla—
Potenciais indicadores de intervenção antenatal:
recido.
I Hidrenefrose bilateral.
I Nenhuma anomalia cromossômica.
I Rins não—displásicos. llltra-sonouratia
I Oligoidrãmnio precoce (2º trimestre). Obstrução Aspectos importantes que devem ser observados na
importante pode causar oligoidrãmnio grave, que ultra-sonografia antenatal em caso de hidronefrose:
pode levar à hipoplasia pulmonar.
I Graus de hidronefrose em sistema simples ou du-
Tipos de intervenção antenatal: plicado (graus I a IV, da Sociedade de Urologia
I interrupção da gravidez (ou indução se feto é viável). Fetal) (Fig. 134.2).
I Derivação vesicoamniótica. — Grau I: leve separação do seio renal.
I Diversão urinária fetal aberta.
IFetoscopia + inserção percutânea de endoscópio
— Grau II: dilatação da pelve renal. sem dilata-
ção dos cálices (um ou dois cálices isolada-
flexível vesical para fulguração antenatal de vál- mente ainda são incluídos como grau II).
-vula de uretra posterior. — Grau l_ll: dilatação da pelve e de todos os cálices
renais, sem adelgaçamento parenquimatoso.
Antes de considerar a pessibilidade de interven-
ção antenatal, e essencial a avaliação cuidadosa do — Grau IV: dilatação acentuada da pelve calicinal
feto e da mãe, porque o procedimento apresenta ris— com adelgaçamento do parênquima renal.
I Dilatação ureteral em sistema simples ou dupli-
cos inerentes à técnica. Séries combinadas relatam
complicações em até 45% dos cases. cado.
ll Anatomia vesical.
Principais complicações:
I Inadequada drenagem pela derivação/migração — Espessura do detrusor.
.,— Uretra posterior dilatada.
da derivação. »
I Parto prematuro.
I Ascite urinária fetal.
I Corioamnionite. Hidronefmxe antenatal
r Alto gnujui :IV)
Por essas razões, a intervenção antenatal é rara— ou -
mente indicada e só deveria ser realizada em centros Balm
3;;1‘;ª ")
ureteres normalr
ditmgau ureteral
º"
—w
hexlgi anormal ou
que atendem pacientes de alto risco, com intervencio- hlsrórll de ream
veskcureteral 11: land";
nistas especializados.
O uso generalizado da ultra-sonografia antenatal
tem feito o diagnóstico de muitos fetos com dilata—
G L S' Z V 1 ‘ 9 L S '
ção do sistema coletor. A história natural desses sis- Repetir ultra-sonogram Uretrorlstogrnma
mlctlonal
em a mes
temas ainda não está bem conhecida. Há preocupação
no diagnóstico exagerado de obstrução em sistemas
simplesmente dilatados, mas não—obstruídos. Ao tentar
Nldronelrose
de baixo gnu
r-‘l'j
,, . nenuxu
responder essa questão, alguns trabalhos interessan-
tes revelaram que o número de pieloplastias após o
“' ") Sem reliuxo
veslcoureteral vesicoureteral
nepuu ultra-sonogram
advento da ultra—sonografia não tem aumentado, mas mem
Alto grau
o procedimento tem sido realizado muito mais pre- (lll : |V)
coce. Recentemente, a maioria das pieloplastias tern
sido realizada antes do lº ano de vida.
MAG-á cum
Laslx'
"WISHES“ BllfilflSTlflfl
A investigação de pacientes com ultra-som antenatal
é variável e o tempo para realiza-lo é dependente dos
Figura 134.1
antenatal.
— Investigação diagnóstica da hidronefrose
Hid/enefrose 11 675
Medicine Nuclear
Investigação com medicina nuclear é geralmente rea—
Grou | lizada entre quatro e oito semanas de idade e divide—se
Grou ll
em dois tipos:
Estática
Administração de ácido dimercaptosuccínico (DMSA,
dimercaptosucciníc acid) e avaliação da quantidade
de radioisótopos extraída para as células tubulares
proximais, 4 a 6h após a injeção.
Dinâmica
Grau III Grou IV Administração do agente nuclear que é eliminado pelo
rim por Eltração (ácido dietilenotriamina pentacético
Figura 134.2 Graus de hidronefrose antenatal com base
— — DTPA, diethylenetríamine pentacetíc acid) ou por
na ultra-sonografia segundo a Sociedade de Urologia Fetal. secreção (mercaptoacetiltriglicina [MAG—3D, similar à
urografia excretón'a. Uma vez que o radioisótopo é elimi-
nado pelos rins, os seguintes parâmetros podem ser
—— Esvaziamento
Ureteroceles.
pós-miccional. medidos:
E Tempo de trânsito cortical (normal < 5min); tam-
— Sugestivo de ectopia ureteral. bém determina a função renal diferencial.
978-5«24l—6
Alguns achados ultra—sonográficos podem ser pre— a: Tempo para drenagem de metade da atividade,
ditivos de má evolução (Quadro 134.1). após obter—se um platô na pelve.
I: Drenagem retardada aos 20, 60 e 90min.
6L3'L:ZVI‘9S
quando a pelve distende. Casos de obstrução inter- vação deve ser considerado indicação cirúrgica. es-
mitente geralmente apresentam-se em crianças maiores pecialmente em pacientes que não sofreram circuncisão.
com dor abdominal, muitas vezes associada com Dados obtidos em nossa instituição sugerem que os
aumento da ingesta líquida ou após as alimentações, pacientes portadores de hidronefrose de alto grau são
suscetíveis ao desenvolvimento de ITU; por isso. 5“"
x f a — T. ‘ Z: _
levando ao aumento de produção de urina, distensão
gerimos mantê-los em antibioticoterapia profilática
st
INIIIGRÇÍÍES DE Pllllll'lllS'l'lll
ra Hidronefrose de alto grau com < 40% DRF.
a Hidronefrose progressiva.
B Piora da DRF (> 5% enue exames).
a Massa palpável.
Indicações relativas:
II Infecção recorrente do trato urinário.
IPiera do tempo de drenagem no renograma
diurético.
Pielonlastla
7 — 5 6- 1 4 2 8 9
A estrategia cirúrgica e a escolha da incisão e idade—
dependente. Em nossa opinião, lactentes e crianças
Figura 134.4 - (A e B) Pieleplastia desmembrada tipo
pequenas devem submeter—se à pieloplastia aberta pela Anderson-Hynes. Quando a pelve renal é muito dilatada, ela
rápida recuperação secundária a pequenas incisões deve ser reduzida.
na região lombar ou no flance. Crianças maiores podem
beneficiar-se da pieloplastia retroperitoneal laparos-
cópica. Em crianças pequenas e em não obesas, pre— dobra e extravasamento precoce de urina. O stent é
ferimos a lombotomia dorsal posterior, com o paciente exteriorizado pela parede e clampeado no 2º dia de
em posição prona. Sempre realizamos a pieloplastia pós-operatório (Fig. 134.5). Se não for observado
desmembrada, excisando o segmento estenótico e extravasamento de urina, o dreno de Penrose é remo-
reduzindo uma pelve grande, quando necessário (Fígs. vido e o paciente é liberado do hospital. O cateter
134.3 e 134.4). Em todos os casos, utilizamos cate— duplo J 6 removido, ambulatorialmente e sem anes-
ter duplo J (Salle intraoperalive pyeloplasty stent tesia, entre‘o 7ª e o 10º dia pós—operatório.
. produzide pela Cook Urological Inc.) com extensão
cutânea, que permite drenagem precoce, assim como
alinhamento da anastomose, prevenindo obstrução por
—
Figura 134.3 (A — C) Pieloplastia desmembrada tipo
Anderson-Hynes. Ajunção pieloureteral é ressecada e o ureter
proximal espatulado até encontrar área de calibre e elastici- Figura 134.5 — Cateter utilizado durante a pieloplastia.
dade normal. Realiza—se sutura término—terminal com fio Usualmente, deixa-se a extremidade do cateter no ureter mé-
absorvivel fino (6-0 ou 7—0). dio, abaixo da anastomose e não dentro da bexiga.
678 I Trato Genitun'nán'o
I Dilatação ureteral causada por obstrução infraVe_
Em crianças maiores ou obesas, utilizamos inci-
sical (exemplo: válvula de uretra posterior, mielo.
são no flanco, e a pieloplastia é realizada de uma forma
meningocele).
similar à descrita anteriormente.
Investigações após a pieloplastia incluem:
I Ultra-sonografia com seis semanas de pós-ope nlaunoslien Antenatal
ratõrio. Com o advento da ultra-sonografia antenatal, a maioria
lRenograma diurético aos quatro meses pós-ope— dos casos de megaureter é diagnosticada antes do
ratório. nascimento. A maioria dos casos representa dilata—
ções transitórias, mais provavelmente relacionadas à
poliúria fetal e a paredes ureterªis flácidas causadas
Plelnnlastia lanamscnulca pela progesterona e pela elastina antenatal. Entretanto,
Indicada a crianças maiores. é imperativo estabelecer a etiologia da dilatação, uma
A via de acesso retroperitoneal é a preferivel. Todos vez que lesões obstrutivas, como válvulas de uretra
os pacientes devem permanecer com cateter duplo I posterior, podem ser a causa do megaureter. Muitos
no p65»operat6rio. Em alguns centros, essa estraté- cases também estão associados com refluxo vesico-
gia tem sido indicada na maioria dos pacientes. Como ureteral, uma entidade que requer tratamento precoce
os pacientes maiores têm maior incidência de vasos adequado com o intuito de evitar a ,icional dano renal.
cruzados, esses fatores devem ser levados em consi- Dilatação ureteral pode ser diagnosticada preco.
deração durante a cirurgia laparoscópica. cemente na gravidez, principalmente quando associada
com obstrução. A maioria dos casos associados com
obstrução é diagnosticada em torno da 17! semana
gestacional, período em que se indica a lª ultra-sono-
Embora essa técnica tenha sido amplamente utilizada grafia antenatal de rotina. Entretanto, temos obser-
em adultos com obstrução da JUP, seu uso em crianças vado diagnósticos mais precoces, mesmo na 12' e na
tem encontrado indicações limitadas. Em crianças, a 135 semana de gestação. O tratamento antenatal do
principal indicação de endopielotomia permanece sendo ureter dilatado segue os mesmos princípios enuncia—
uma pieloplastia sem êxito. dos previamente para obstrução da JUP. Entretanto,
em casos graves bilaterais, há grande preocupação
MEGRIIIIETEII causada pela obstrução infravesical. Também é mui-
to importante caracterizar a qualidade do parênquima
I Definição: dilatação do ureter medindo > 0,7cm
renal, porque válvula de uretra posterior e RVU pe-
de diâmetro.
I Etiopatogenia: similar dilatação da' pelve re-
dem estar asseciados com rins displasicos, muitas vezes
a observados com‘ecogenicidade aumentada ou com cistos
nal; a maioria dos casos é diagnosticada ime-
diatamente e não é causada por obstrução.
paren'quimatosos. Novamente, similar à hidronefrose
antenatal já previamente discutida, intervenção antenatal
Causas importantes de megaureter: é requerida somentelern um pequeno número de ca-
lObstrução da junção ureterovesical (JUV). sos selecionados com obstrução precoce significati—
I Refluxo vesicoureteral. va levando a oligoidrãmnios, mas com função renal
I Poliúria. preservada (avaliada pela análise dos eletrólitos uriná—
!Idiopãticas (parede ureteral flácida: síndrome rios fetais).
— vi .
prune-belly).
nuallaéao
Classificação
6 L 9' 3 Z V 1 Q “
Ultra-sonografia
Megaureter pode ser classificado de acordo com seu
Pacientes com hidroureteronefrose bilateral devem ser
diâmetro ou etiologia.
Graus de ureter. investigados com ultra—sonografªa logo após o nasci-
mento. Em casos unilaterais e coin bexiga de aspecto
I Grau 1: < 0,7cm de diâmetro. normal, a ultra-sonografia pós-natal pode ser reall—
I Grau 1: 0,7 a lcm de diâmetro. zada entre o 3‘2 e o 7º dia pós—nascimento. Investigar
I Grau 3: > lcm de diâmetro. ção ultra-sonográiica precoce é solicitada para afastar
Etiopatogenia da dilatação ureteral. obstrução bilateral; mas, em casos unilaterais, deve
ser adiada no mínimo por 48h ou mais, por causa dª
I Megaureter obstrutive primário. oligúria neonatal fisiológica que costuma ser obser-
lNão-obstrução primária, megaureter sem reflu—
vada durante os dois primeiros dias de vida. Esse débito
xo (exemplo: poliúria do prune-belly). urinário diminuído pode causar falso-negativo em ureter
,! Megauret'er com refluxo: '4 ' '
I Megaureter não—obstrutiyo
,
transitório (maioria
*‘ides casos de diagnóstico antenatal).
obstruído. Por essa razão, uma ultra-sonografta
nal normal realizada nos dois primeiros dias de Vida re-
._,
Hidronefruse l
679
Uretrocistografia Miccional
Todos os pacientes com ureteres dilatados à ultra—
sonografia devem submeter—se à cistouretrografia para
avaliar a uretra e afastar refluxo vesicoureteral. Como
mencionado anteriormente, para prevenir ITU, é
imperativo administrar doses plenas de antibióticos
o dia anterior, o dia e o dia posterior à uretrocistograiia.
Obviamente, se ITU estiver presente, profilaxia an-
tibiótica deve continuar como forma de tratamento.
Figura 134.6— (A -D) Técnica de remodelamento e reimplante
Se RVU e obstrução infravesical não estiverem pre- de ureter dilatado.
sentes, ultra—sonografia deve ser repetida em dois a
três meses. Se dilatação é persistente ou aumentada,
indica-se renograma diurético com MAG-3 ou DTPA.
a formação de um bom mecanismo valvular, o ureter
Durante o renograma diurético, é imperativo medir a deve ser reduzido por remodelamento (tapering) ou
drenagem no ureter distal, área de maior dilatação.
plicatura. A técnica consiste em excisão do segmento
Inicialmente, todos os casos são tratados conserva—
doramente. Somente pacientes com perda significa- ureteral distal anormal, remodelamento de sua porção
inferior e reimplante extra ou intravesical (Fig. 134.6).
tiva da DRF (< 40%) são candidatos ao reparo cirúrgico
da obstrução da JUV. Entretanto, na grande maioria BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
dos casos, a dilatação ureteral é transitória e resolve CHURCl-IILL. B. M.; FENG.W. C. Ureteropelvicjunction anomalies:
em tomo do 2ª e 3º ano de vida. Profilaxia com an— congenital UPI problems in children. In: GEARHART, J. P.; RINK,
tibióticos é utilizada durante o período em que há dúvidas R. C.; MOURIQUAND, P. D. E. (eds.). Pediatric Urology.
acerca de possível obstrução, mas deve ser descontinua— Philadelphia: Saunders, 2001. p. 318-346.
da tão cedo haja claras evidências ultra-sonográficas LEE. R. S.; CENDRON, M.; KINNAMON, D. D.; NGUYEN, H. T.
Antenatal hydronephrosis as a predictor of postnatal outcome: &
de melhora da dilatação. Circuncisão deve ser indicada, meta—analysis. Pediatric-s. v. Ils, p, 586-593, 2006.
pois parece ajudar a prevenir ITU. METZELDER, M. .; SCHIER. F.; PETERSEN, C. et al. Laparoscopic
978-52416
CRURGIA PEDIATRICA
BRM 1559 _
MOACIR ASTOL-FO TISÚRCIO
CPF map-152mm
Tecidos Moles
e Vasos Sangúíneos
...............................................
.............................................
135 Hemangiomas 683
..................................................
136 Higroma Cístíco 693
1 7 Polidactilia 698
..................................................
W
978- 5 241 6
que regrediram a um estado mais embrionário por causa
hemangioendotelioma kaposiforme. de algum insulto ambiental ou genético.
6 L B' 9 Z W S
porção com a criança, nunca sofrem regressão, ao passo Davis, de Proteus. '
L
BIASSIFIÍÉIBÃÍI
Em 1996 foi aprovado um sistema de classifica-
ção definido pela Sociedade Internacional de Estu«
Tradicionalmente, os hemangiomas são classificados dos das Anomalias Vasculares, exposto aqui de forma
como superficiais ou capilares (50 a 60%); profun-
dos, também denominados de hemangiomas caver-
nosos (15%); mistos ou combinados, que são uma
associação de hemangiomas capilares e cavernosos
(25 a 35%) (Fig. 135.1).
Essa'classificação é ainda uma das mais ampla-
mente aceitas e utilizadas. '
_ — deMalformações
QUADRO 135.1 Classificação das anomalias vasculares
Tumores vasculares Malformações vasculares Malformações vasculares
vasculares
.
baixo fluxo de alto fluxo combinadas
.- Hemangioendotelioma
Hemangioma infantil ' Malformação capilar ' Fístula arteriovenosa Síndrome de KlippeI-Trenaunay
' Malformação venosa ' Malformação arteriovenosa 0
Síndrome de Farkes-Weber
kaposlforme ' Malformação linfática
-
,
Angíoma em tufos
adaptada e que deve ser adotado por todos com a fi— de vida. Não costumam associar-se a gi gantismo
nalidade de facilitar a comunicação. nem a síndromes.
Nesse sistema de classificação (Quadro 135.1), na Malformações vasculares: presentes ao nascimen—
coluna de tumores vasculares, também podem estar
relacionados 0 hemangioma congênito rapidamente to. Podem não ser clinicamente evidentes.
tn Predisposição sexual:
involutivo. o hemangioma congênito não—involutivo
e o granuloma piogênico. Os hemangiomas congênitos - Hemangiomas: 2,5 a 3F:1M.
podem ser uma variante dos hemangiomas ou uma - Malformações vasculares: lF:lM.
Bl Maior prevalência dos hemangiomas em prema-
outra entidade histopatológica. Essas lesões raras estão
turos, aproximadamente 20% dos bebês meno-
totalmente desenvolvidas no nascimento e não apre-
res de 1.000g e em caucasianos.
sentam crescimento pós-natal adicional. Dividem-se In Hemangiomas: 10% dos casos podem ameaçar
em hemangiomas congênitos rapidamente involutivos
(RICH, rapidly involutíve congenital hemangiomas) a função vital ou funcional (principalmente obs-
trução de via aérea, insuficiência cardíaca, seques—
e hemangiomas congênitos não—involutivos (NICH,
tração de plaquetas e/ou fatores de coagulação,
978- 5 241 6
non-involutive congenital hemangiomas). Os RICH
regi-idem rapidamente nos primeiros meses de vida obstrução do eixo visual), ou causar dano teci-
(6 a 14 meses). Os NICH crescem proporcionalmente dual considerável.
I Localização dos hemangiomas: 80% são solitá-
com a criança, sem qualquer tendência à regressão.
Ocorrem como lesões solitárias e, são considerados rios, 20% múltiplos. Hemangiomas visíveis: cabeça
de alto fluxo, podendo ser confundidos com as e pescoço, 60%; tronco, 25% e extremidades, 15%.
I Involução completa é estimada em 70 a 90%.
malformações arteriovenosas.
" _ , — :.
to. Podem ser vistos ao nascimento sob a forma H Síndrome de Klippel—Trenaunay: associação de
de pequenas manchas vasculares ou telangiectasias manchas vinhosas (presentes em 75% dos ca-
em 30% dos casos. A maioria se manifesta durante sos), malformações linfático-venosas, malforma-
o período neonatal, nas primeiras duas semanas ções venosas ou varicosidades e hipercrescimento '
“"—*.
686 I
Tecidos Moles & Vasos Sanguíneo:
â L B' E S Z Vi Q Ç
das lesões, habitualmente nos primeiros dois anos
da pressão ocular (glaucoma), ou envolvimento de Vida. A HND apresenta prognóstico reservado,
dos músculos extra—oculares causando estrabismo. com mortalidade alta. Três critérios são neces—
I Síndrome de Parkes-Weber: similar à de Klippel— sários para o diagnóstico da HND: início no período
Trenaunay. mas com fístula arteriovenosa. neonatal, ausência de malignidade nos hemangio-
I Síndrome de Proteus: homi-hipertrofia, lipemas,
mas e envolvimento de três ou mais órgãos. Atual—
lipomatose, gigantismo de mãos e/ou pés e múl— mente, a tendência é de considerar a HNB e a
tiplas malformações vasculares. {IND comb extremos da mesma doença.
I Síndrome de Maffucci: malformações venosas exo-
Geralmente, possuem mais de cinco lesões cutâ-
fíticas dos tecidos moles e ossos, exostoses ósseas, neas, mas o envolvimento visceral pode ocorrer
endocondromas. Endocondromas podem se trans- com número reduu'do de hemangiomas cutâneos.
formar em condrossarcoma em 20 a 30% dos casos. Os órgãos extracutâneos mais comprometidos são:
IAssociação de hemangioma cervicofacial gran-
fígado, sistema nervoso central, trato gastroiná
de e anomalias da face presentes no acrônimo testinal, pulmões, olhos, boca e língua.
PHACE [defeitos de fossa posterior, hemangiomas,
anomalias arteriais, defeitos cardíacos, coarctação
da aorta e anomalias do olho (eye anomalies)]. mais POR IMAGEM
Ha predominância do sexo feminino em 90% dos El Grandes hemangiomas de cabeça e pescoço devem
casos, sugerindo um defeito ligado ao cromos—
ser estudados por ressonância nuclear magnéti-
somo X.
Hemangiomas localizados na face e distribuídos
ca (RNM) por causa do risco de comprometi-
mento intracraniano e de via aérea (distribuição
pelo local da barba (pré—auricular, mento, lábio em forma de cavanhaque ouºbarba) e anomalias
inferior, região cervical anterior) podem asso—
cerebral e cerebrovascular.
ciar-se a hemangiomas subglóticos e de laringe a! Hemangiomas cutâneos localizados sobre a co—
em aproximadamente 65% dos cases. luna vertebral devem ser estudados corn ultra-
I Malformações arteriovenosas: sinais de shunt e
de fluxo sanguíneo rápido. Pele suprajaccnte mais sonografia, RNM com gadollnio. Podem estar
quente, com frêmito à palpação e sopro à aus— associados com extensão intra—espinhal e lesões
culta. Indicada ultra—sonografla com Doppler e disráftcas (cisto dermóide espinhal, medula presa,
arteriografia. lipomielosquise).
I! Fenômeno Kasabach—Merritt (K—M): caracteri- a Múltiplos hemangiomas cutâneos (> 5) devem
za-se pela presença de trombocitopenia grave e ser investigados com ultra-sonografia de fígadº
persistente (média das plaquetas: 10.000 a e cérebro.
Hemangiomas I
687
:! Hemangiomas associados a trombocitopenia grave
devem ser avaliados com RNM com gadolínio
ou ultra sonografia com Doppler para checar a
presença de um hemangioendotelioma kapo—
siforme.
7- 5 6 1 4 2 8 9
l 35 .3). res parecem ser importantes: regiões de trauma,
a Hemangiemas com localizações especiais: sub- fatores locais, como a presença de bactérias e
glótico (obstrução de via aérea), orbital ou pe- hipóxia tecidual, e quando cresce mais rápido
riorbital (obstrução do eixo visual), parótida (risco que sua suplementação sanguínea.
de lesão de nervo facial na sua remoção), periori- m Hemangiomas grandes e hipotireoidismo. A en-
ficiais (Figs. 135.4 e 135.5). zima triiodotironina desiodase, normalmente pre-
Crescimento acelerado. sente no cérebro e placenta, também pode ser en—
n Hemangiomas gigantes. contrada nos tecidos formadores do hemangioma.
I Lesões destrutivas: ulceração profunda, nariz, Essa enzima catalisa a conversão de tiroxina em
orelha. triiodotironina e a conversão da tn'iodotironina em
I Corn complicações menores: necrose, ulceração 3,3’—di}odotironina, ambas biologicamente inati-
(ocorre em 5% dos hemangiomas cutâneos) (Fig. vas. Acredita-se que um hemangioma gigante, devido
135.6), sangramento, infecção. a sua grande vascularidade e tamanho, possa inativar,
A ulceração é a complicação mais comum dos excessivamente, o hormônio tireóideo.
hemangiomas, com uma ocorrência aproximada ET Hemangiomatose neonatal difusa.
de 5 a 13% de todas as lesões. Ocorre mais fre-
Formas IIB Tratamento
11 Hemangiomas sangrantes: compressão, observação.
ú Hemangiomas ulcerados: curativos com poma-
das de antibióticos. Talvez possa ser indicado o
uso de laser de luz pulsada ou ressecção. Anti-
bióticos podem ser utilizados nos casos de in-
fecções mais extensas ou resistentes. Curativos
bioclusivos têm sido empregados com sucesso.
Os hemangiomas com complicações pequenas,
E
_ -.
técnica alternativa é fundamentada na excisão
M.
ó L S' B Z Vl Q ª
mento dos pais antes de iniciar o tratamento,
ver resposta (30% dos casos). Em caso de boa explicando os paracfeitos e efetividade do tra—
resposta, manter uso
pleno por seis a oito
semanas, seguindo em dias alternados por mais
tamento. Recomendamos o acompanhamento
do tratamento por neurologista.
duas semanas. Preloneº (prednisolona solução Uso: 1.000.000 a 3.000.000U/m2/dia, subcuta-
oral contendo 3mg em lmL) ou Predsinº. Para neamente por 6 a 12 meses. Inicia-se com dose
retirar completamente o corticosteróide, é ne- de 1.000.000UImª/dia, cinco dias da primeira
'
cessãria a redução seqtiencial de 25% da dose ". semana, com aumento gradual para 3.000.000U/
por semana. mª/dia.
Repetir curso, se houver rebote, após suspen- —Cuidados de seguimento: exame neurológico
são do corticosteróide. no início da terapia e mensal, perfil laborato-
Os paraefeitos dos corticosteróides são muitos: rial hematológico e hepático a cada dois me-
irritabilidade, insônia, mudanças do hunfor, hi— ses, testes de função tireóidea (maior risco de
pertensão, irritação gástrica, hiperglicemia,_re— formação de auto-anticorpos, causando hipo-
tardo de crescimento, supressão adrenal, catarata, tireoidismo). “
glaucoma, osteoporose, necrose óssea avascular, Vincristina: é uma das opções para crianças que
risco aumentado de infecções (principalmente não puderem tolerar outras medicações e no tra-
tamento do fenômeno de Kasabach-Merritt. 1n-
terfere com a mitose e'induz a apoptose das células
tumorais. As desvantagens incluem neuropatia
periférica, constipação, dor mandibular, toxicidade
hematológica, síndrome da secreção inapropriadª
de hormônio antidiurético e a necessidade de umª
veia central ou PICC (peripherally inserted centrªl
catheters) para sua administração.
— Uso: 1 a l,5mg/mz ou 0,05 a 0,065mg/kg com
intervalos semanais. Média do tempo de res-
—
posta é de quatro a seis semanas.
ITerapia intralesional com esteróides. ._
Indicações: hemangiomas perioriticiais e orific1al5
4 2 7- 5 3 8 9
giomas capilares, perineais ulcerados e os 10- sintomáticos e estéticos, compressão com faixas
calizados no nariz, orelhas, lábios, pálpebras, elásticas, escleroterapia percutânea com agen-
subglótico e no resíduo fibroadiposo pós- tes esclerosantes, ressecção de algumas veias
1<675~
HEMANGIQMIS
ção. Atualmente, usa-se oflashlamp pulsed- ORBITÃBIO E PERIOBBITÁBIB
dye láser (FPDL), ou laser de luz pulsada,
sendo seu feixe luminoso absorvido, seleti— Hemangiomas podem ocasionar complicações ocu-
vamente, pelo pigmento da oxiemoglobina. lares de diversas formas. A mais comum é pela indução
Não penetra mais do que l,2mm na derme. de ambliopia, definida como visão diminuída em um
O comprimento de onda emitido por esse tipo os
ou ambos olhos resultante de uma informação visual
anormal ao cérebro durante o período crítico cle‘desenvol-
de laser coincide com a banda de absorção
da hemoglobina intravascular, poupando outros vimento visual (do nascimento até aproximadamente
componentes teciduaís. Emite energia que é nove anos de idade).
preferencialmente absorvida por tecido de Estudos demonstram que se o cérebro recebe uma
diferente cor em relação aos tecidos circun- imagem anormal como consequência de um erro refrativo
vizinhos, como hemoglobina e melanina, sendo maior em um olho que em outro (anisometropia), ou
esta o principal competidor desse tipo de luz. da supressão da imagem secundária a um estrabis-
Porém, & melanina é menos efetiva nesse mo, ou da oclusão do eixo visual, essa imagem che-
comprimento de onda mais longo do FPDL. ga ao cérebro borrada/embaçada. A área afetada,do
Todos os lasers usados no tratamento de lesões cérebro não vai desenvolver uma visão normal. E o
vasculares proporcionam absorção da luz pelos chamado alho preguiçosa.
tecidos vasculares, a conversão da luz em calor Anisometropia é a visão não simétrica entre os dois
(conversão fototérmica) e destruição vascular. olhos, isto é, os dois olhos têm poder refrativo desi-
O laser gera luz extremamente intensa, pro- gual. No hemangioma, a anisometropia geralmente
duzindo suficiente calor no local de absorção resulta de astigmatismo ou miopia induzidos pela sua
para vaporizar água, romper vasos sanguíneos, pressão direta sobre o olho, causando uma curvatura
r i u .— W
coagula'r sangue e desnaturar proteína irre— irregular da córnea.
versívelmente (termólise seletiva). Apresenta
uma taxa maior de atrofia da pele e hipo—
pigmentação.
A causa mais comum de ambliopia no hemangioma
é pela anisometropia induzida (erro refrativo desi-
gual entre os dois olhos). O olho com a imagem mais
m
., L
690 I
Tecidos Moles e Vasos Sanga/neo:
.
tismo ou miopia induzidos por compressão direta pelo
tomas dentro dos primeiros três meses de vida.
hemangioma.
6 L 8' 5 - Z W 9 S
Presença de hemangiomas cutâneos associados
A ambliopia também pode ser induzida por priva— em 50% dos casos.
ção visual secundária à oclusão do eixo visual. Se a II Localização: usualmente na parede posterior e
imagem é impedida de ser visualizada devido à ptose
mais raramente na parede lateral.
ou presença de grande massa, ela não alcança a reti-
na, o nervo óptico e o cérebro (Fig. 135.7). O olho
IAlgumas características clínicas: sintomas não
estão presentes no nascimento, mas desenvolvem-
afetado é ignorado e toma—se ambliópico.
A ambliopia também pode ser induzida por estra- se insidiosamente entre um e três meses; o estridor
é inspiratório e com o crescimento pode tornar—se
bismo. Isso ocorre por efeito de massa (hemangioma
“empurra" o olho que se desalinha) ou por compro— bifásico; e esforço (como choro) e posição prona
metimento direto dos músculos extra-oculares. Se o aumentam a obstrução respiratória pela elevação
da pressão venosa,e consequente aumento de
olho torna-se desalinhado, o cérebro usará o olho ali- volume; choro rouco, voz normal; na fase proli—
nhado para fixar objetos e suprimirá a imagem do olho
fei'ativa pode ser potencialmente fatal.
desviado com o intuito de prevenir uma visão dupla. Quando em contato com a superfície inferior das
cordas vocais pode ocasionar dificuldades na ali-
Tratamento mentação e choro rouco.
nª! Investigação diagnóstica.
Objetivos.
ll Aumentar a estimulação visual do olho com
- Radiografia lateral do pescoço: massa de tecidos
moles na região subglótica produzindo este-
ambliopia. nose glótica.
A ambliopia é tratada pela oclusão do olho bom
para forçar o cérebro a melhorar a visão no olho
—-Broncoscopia: massa subglótica abaixo das
cordas vocais, vermelha ou azul-violacea, mole,
afetado. Previne-se a ambliopia pela oclusão do compressível, recoberta por mucosa.
olho bom com um opérculo ou óculos de vidro
opaco. As opiniões divergem sobre o número de
horas de oclusão por dia (variando de poucas horas tratamento
a todo período em que esta acordado). A oclu- Conservador, pois 'a maioria regride espontaneamente.
são de alta porcentagem (correspondente a 70 a Corticosteróide sistêmico pode acelerar a involuçãº
100% do período de vigília) deve ser bem con- e tem sido indicado nos hemangiomas extensos. Manter
trolada, pois aumenta o risco de ambliopia no o tratamento por longo período. O tratamento com
olho dominante (olho born). laser de CO ou corticosteróide intralesional pºde
Na criança maior é possível o uso de gotas of- ser necessário nos casos com sintomas progressr
tãlmicas de atropina.(çicloplegia) no olho bom vos. 0 laser de dióxido de carbono está indicado
Hemangioma: I 691
corticosteróides
Hemangioma com risco funcional ou Terapêutica Não é recomendável o uso simultâneo de
de vida ' farmacológica corticosteróide e interferon
Complicações, contra-indicações ou não- (interfe ron, Seguimento com neurologista
resposta ao uso de corticosteróides vincristina)
Falha de outros tratamentos
convencionais
978-52416
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6 L 8' S Ç Z r I - 9
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Higrama Cística n 693
7- 5 6 1 4 2 8 9
sias ou hamartemas, ainda é controverso. Uma neoplasia ragia intravesicular. Geralmente se comunicam
forma-se pelo crescimento anormal e aberrante de novas com anomalias linfáticas mais profundas lo-
células ou tecidos. Um hamartoma é uma anomalia calizadas no subcutâneo. Infecção secundária
de desenvolvimento caracterizada pela proliferação é frequente. Exemplos: língua, períneo. Tra-
focal excessiva de células maturas normalmente pre- ta—se de um defeito de desenvolvimento linfá—
sentes naquele tecido, mas com proporção e distri- tico circunscrito à pele ou Obstrução linfática.
buição imprópria. O mais provável é que linfangiomas I LinfangiOma cavernoso: é aquele composto por
sejam hamartomas vasculares e que seu aumento se canais linfáticos dilatados. Podem estendepse até
deva à abertura de novos canais, que estavam ador— os músculos.
mecidos, e acúmulo de fluido. A linha de demarca— &: Linfangioma cístico (higroma cístico): é aquele
ção entre hamartoma e neoplasia benigna costuma composto por espaços císticos de variados ta-
ser muito débil. manhos.
Linfangioma misto: pode ser subdividido em misto
propriamente dito, quando existe combinação de
El'llllllGIA vários tipos de linfangiomas e linfoemangiomas,
O sistema linfático origina—se de cinco sacos linfáti- quando existem capilares sangiiíncos dilatados
cos primitivos (dois jugulares, um retroperitoneal, dois e espaços cavernosos contendo sangue e linfa.
ilíacos, posteriores às veias ciáticas). Causas prováveis:
I Seqíiestração de um saco ou pane de um saco EPIDEMIIIIIIEIA
linfático embrionário primitivo, ou parada de de- Em aproximadamente 80 a 90% dos casos são
senvolvimento corn falha em estabelecer comu- detectados até o fim do. segundo ano de vida.
nicação com o sistema venoso. fl Ate' 65% estão presentes no nascimento.
I Brotamento anormal aberrante proveniente de um Sem predisposição sexual.
saco linfático primitivo.
I Obstrução de vasos linfáticos regionais ou de-
IE Prevalência do higroma cístico:
dos vivos 1:12.000
nasci—
feito de desenvolvimento linfático regional. Nos higromas cervicais, a relação dos lados é a
seguinte: lado esquerdo 2:1 lado direito.
[GEMIIIÇÃII
Podem ser encontrados em qualquer região anatômi-
ca, mas são mais comuns em áreas ricas em linfáti-
cos e junto aos sacos linfáticos primitivos: pescoço
(Fig. 136.1), axilas (Fig. 136.2), mediastino, regiões
inguinais, retroperitônio e associados (Fig. 136.3).
GHSSIFIGIIGÃII
0 tipo de Iinfangioma, geralmente, depende da natu-
reza do tecido em que se desenvolve. Junto ao tecido
7. i
L .,
W É — a. _
694 I Tecidos Moles e Vasos Sangãíneos
G L S- ' Z W Q Ç
axilar direita. Figura 136.4 — Higroma cistico localizado no triângulo pos.
terior do pescoço. I
[00111111111110
1am o crescimento mais rápido. Regressão espontâ—
Pescoço 75%; axila 20%; tronco, mediastino, nea é muito rara.
retroperitoneal, regiões inguinais 5%. E mais Formas de crescimento:
comum no triângulo posterior do pescoço (Fig.
136.4), mas também pode se situar no anterior, 151 Os linfangiomas crescem por processo de proli-
ou ocupar ambos os triângulos. Quando atinge feração endotelial desordenada nas margens da
o triângulo anterior, costuma estender-se a re— lesão e tendência de penetração nos tecidos cir-
gião mandibular e face ou mediastino ou axila. cunjacentes.
I Até 5% dos cervicais podem estender—se ao Ou podem desenvolver—se pela presença 'de ca-
mediastino e menos de',1% localizam-se prima- nais linfáticos anormais colapsados inicialmen-
riamente no mediastino. te. mas que podem dilatar-se c enche de fluido
I Linfangioma cavernoso pode ocorrer em qual- após infecção, trauma, ou cirurgia.
quer local do corpo e higroma cístico nas áreas
de sacos linfáticos embrionários (pescoço, axi- CARACTERÍSTICAS GlIllIGlIS Illl lllÍilIllIIlIl GISTIGll
las,- inguinais, retroperitônio).
E
Massa composta por múltiplos cistos que variam
de 1 a Smm ou mais de diâmetro. Os cistos de
CRESCIMENTO maior tamanho costumam estar mais próximos
Tendência em infiltrar e circundar tecidos adjacentes à superfície, ao passo que os menores estão si-
e estruturas importantes. tuados mais profundamente, tendendo a se
Geralmente cresce lentamente, acompanhando o infiltrarem nos tecidos adjacentes (Fig. 136.5).
crescimento da criança. Algumas situações estimu- Aspecto multilobulado, multiloculado, com 16-
culos que podem ou não ser comunicantes. Os
lóculos têm volume e quantidade de líquido de-
siguais.
Consistência mole, flácida. Mesmo durante os es-
forços a consistência não se modifica. Os linfangio—
mas cavernosos possuem consistência mais firme
por terem estroma de tecido conectivo mais denso
e mais tecido linfóide.
I Limites imprecisos, transiluminável.
El Fixo aos tecidos profundos. Geralmente a pelª
não se adere ao linfangioma, podendo ser sepa-
rada e pinçada de sua superfície. Os linfangiomas
circunscritos formam vesículas cutâneas.
I Nos higromas pouco volumosos, apele sobrejacentª
tem aspecto normal. Nos higromas volumosos.
a pele sobrejacente distende—se, adelgaça-se, ad-
Figura 136.3 ~ Higroma clstico associado de axila e triângu- quirindo coloração pálida ou azulada devido à
lo posterior do pescoço. transparência dos lóculos subjacentes.
Hígrama Clstico I
695
E
próximo à superfície e os menores, mais profundamente. crianças muito pequenas, com o intuito de se im—
pedir dano a tecidos vitais. Linfangioma tipo ca-
vernoso não costuma expandir siguifrcativamente
I Os higromas costumam apresentar flutuação (é com a idade e tem—se indicado sua ressecção a
patognomônica a percepção do deslocamento de partir dos seis meses de idade.
978— 5- 241 6
urna onda líquida). Deprimindo—se um ponto qual- Episódios de celulite têm sido tratados com anti—
quer da tumefação, produz—se em outro ponto dis- bióticos. Episódios freqiientes de infecção po—
tante uma elevação. Essa depressão e elevação dem necessitar de profilaxia antibiótica diária.
altemadas indicam a presença de líquido deslocável Nos higromas do triângulo posterior do pescoço,
E
deprimir—se um de seus lobos por compressão, o a região submandibular, assoalho da boca, lín-
gua, face e estruturas supraglóticas (epiglote, pregas
lobo adjacente se eleva, fenômeno esse diferente
ariepiglóticas e aritenóides) são muito difíceis
de redutibilidade. de tratar. Ressecção completa é virtualmente
I Apresentam à palpação a sensação de marulhar
impossível de ser realizada. Pode ser necessário
(agitar—se formando ondas). Como a tensão dentro tratamento cirúrgico com ressecções conserva-
dos lóculos é baixa, sua palpação pode causar doras estagiadas combinadas com traqucostomia
esse tipo de sensação, como no contato com uma temporária. Recorrência e extensão em áreas
massa gelatinosa. adjacentes necessitam de múltiplas cirurgias.
O linfangiema grande de língua deve ser tratado
13
'l'llll'l'llMEll'l'll
IA excisão completa, com preservação de estru-
turas vitais, continua sendo o tratamento de es-
colha. As vezes, são necessárias ressecções
estagiadas. Como não são malignos, uma ressecção
que sacrifique estruturas Vitais é desaconselha-
da. Usar sempre magnifrcação óptica, estimulador
de nervos; abrir cistos remanescentes e passar Figura 136.6 - Compressão de um ponto do higroma pro-
swab com solução diluída de iodo no interior do duz elevação em outro ponto.
696 I Tecidos Moles e Vasos Sangãineos
ressecada a ponta da língua e margens bilaterais A bleamicina induz inflamação, esclerose e cºn.
em forma deV invertido. Vesiculas residuais podem tração cicatricial. Age melhor quando usada em
ser destruídas por eletrocoagulação ou laser. forma de emulsão com microesferas em óleo.
Linfedema da língua pode surgir ou piorar após Técnica de uso: aspirar o cisto e injetar a emulsão,
a ressecção de linfangioma cervical, ao romper preferentemente oleosa, de bleomicina. Princi.
drenagem linfática funcionante. Infecções são pal complicação: fibrose pulmonar quando a dose
tratadas com ampicilina. O tamanho exagerado total ultrapassa 400U ou dose simples > 30mg/mª_
da língua dificulta a fala, causa prognatismo e Também se difunde através da parede do cisto
má-oclusão dentária. A língua aumentada de nos tecidos circunjacentes, causando fibrose e
volume protrui entre os lábios, cerca de 2 a 3cm, aderências teciduaís. E mais efetiva quando e in-
dificultando o fechamento da boca e expondo a jetada sob orientação ultra-sonográfica. As do.
língua ao ressecamento, edema e proporciona— ses são muito variadas na literatura (de 0,5mglkg
a 3mg/kg) e, aparentemente. mostram resulta-
Ado condições ótimas para a infecção, trauma e dos similares. Indicamos maiores concentrações
sangramentos.
Para diminuir o tamanho do higroma antes do (3mg/kg) para os higromas mais volumosos. A
ó L S' Z r
orientação da ultra—sonografia é sempre aconse-
procedimento cirúrgico, podem estar indicados
'9LS
1
lhãvel.
o uso de injeção de agentes esclerosantes, ele- 0 0K—432 (Picibanilº) é uma—“preparação incu-
trocoagulação e laserterapia.
É a causa mais comum de macroglossia na criança. bada e liofilizada de Streptococcus pyogenes, grupo
Raramente são lesões solitárias. Em geral esten- A de baixa virulência, tratado com penicilina
dem-se para o assoalho da boca e região sub-
G-potássica e que perdeu sua habilidade de pro-
duzir estreptolisina S. Ao causar dano no epitélio
mandibular bilateral. A superfície da língua costuma
do cisto, causa aderência de suas paredes. preve-
apresentar múltiplas pequenas vesículas (1 a 2mm nindo o reacumulo de linfa. Apesar de causar
de diâmetro) que drenam linfa e sangue, perma-
esclerose intracística, não ultrapassa a membra-
nentemente, facilitando o aparecimento de in-
na basal do endotélio, mantendo as estruturas
fecção e criando um aspecto verrucoso na língua. adjacentes praticamente intactas, sem fibrose local.
Episódios repetidos de inflamação causam in- Outra ação, em pesquisa mais recente, sugere o
filtração linfocítica extensa e aumento do teci-
aparecimento de permeabilidade tecidual aumen-
do fibroso. O 1/3 posterior da lingua raramente tada pela ação intract'stica de citocinas, agindo
e comprometido pela doença. Sangramento na como facilitadoras do fluxo linfático e conse-
cavidade oral é frequente. qiiente redução do volume da lesão. Fatores que
I Linfangioma de laringe é tratado por l'aserterapia.
contribuem para sua falha são: presença de sig-
5 vezes, é necessária traqueostomia temporária.
I Higroma mediastinal e cervicomediastinal loca- nificante componente microcístico, comprome-
timento craniofacial maciço e ressecção cirúrgica
lizam-se no mediastino anterior, podendo esten- prévia. Antes do início do tratamento deve ser
der-se a outros compartimentos do mediastino. excluída a alergia penicilina.
Os cervicais, com pequena extensão mediastinal, a
A técnica indicada e a seguinte: diluir O,]mg até
podem ser operados por incisão cervical única.
Os grandes necessitam via de acesso cervicoes-
0,8mg de OK-432 em 10mL de sore fisiologico.
Aspirar o conteúdo da lesão e se o volume for
ternal. Há sempre risco de quilotórax pós-ope- < 20mL, ele sera recolocado com igual quanti-
ratório. Para evitar essa complicação, os vasos dade de OK-432. Quantidade máxima é de ZOmL.
linfáticos devem ser ligados meticulosamente e Com aspiração difícil, o OK-432 é injetado, em
deve-se oferecer dieta sem lipídeos no pós—ope- poucos locais da lesão, até ela se tornar tensa
ratório, mantendo dreno torácico por mais tempo. (não exceder 20mL). As injeções podem ser re-
I Nos higremas irressecáveis ou residuais (aque- petidas a cada seis semanas. Mínima incidência
les com cirurgia incompleta) pode-se tentara terapia de complicações: sinais flogi'sticos locais tempo—
intralesional com substânCias esclerosantes rários e febre ,.tratável com antitérmicos.
(bleomicina e 0K—432). Lesões císticas são mais Nos Estados .Unidos, etanol 90 a 95% tem sido
prováveis de regredirem do que as cavernosas o agente mais frequentemente utilizado devido
(presença de cistos pequenos e grande quanti— a sua eficácia e disponibilidade. Os cistos linfá-
dade de tecido fibroso e conetivo). Essas dife— ticos devem ser aspirados sob'orientação ultra-
renças devem—se ao tamanho e intercomunicações sonográfica e etanol injetado nclcs, com dose
dos cistos da lesão. Os cistos intercomunicantes aproximada de 1 a 2mL/kg. .
e com poucos lóculos são mais prováveis de I As vesículas do linfangioma circunscrito, quªndº
resolução do que aqueles não-comunicantes ou se rompem, drenam linfa e podem ocasionar
multiloculados. Ação dessas substâncias: oblite—
ração das cavidades, prevenindo acúmulo adi-
episódios de celulite. O tratamento é
realizado
com laser de C02, mas é quase sempre paliativº.
cional de fluido. pois existem, frequentemente, componentes Prº“
&.
Higroma Cistite I
697
fundos que não são alcançados pelo laser. Pore'm, I Higroma cístico posterior de nuca pré—natal é
inibe o crescimento de novas vesículas cutâneas comumente associado a anomalias cromossômicas,
pela fibrose, resultando em melhor higiene pes- principalmente síndrome de Turner e trissomias
soal. A cura exige a excisão da pele e subcutâ— (13,18,21). 0 pescoço alado da síndrome de Turner
neo até junto à fáscia. pode representar a regressão fetal de um higroma
c1’stico posterior de nuca.
(
GBHPIIBAGÍÍES BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
I Dependentes de sua localização. Ver texto. Disfun- BANIEGHBAL, B.; DAVIES. M. R. Q. Guidelines for the successful
ção respiratória, disfagia, problemas emocionais, treatment of lymphangiomn with 0K-432. Eur J. Pediatr. Surg..
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(osteólise linfangiomatosa). E causada pela in—
filtração e desintegração do osso, deixando so-
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OGlTA, S,; TSUTO. T.; NAKAMURA. K. et al. OK-43Z therapy for
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periósteo. Radiografia óssea: aumento da trans— Surg., v. 31, p. 477-480. 1996.
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W
_M.y.
« " É — .?
L
r."
Ter'ido's Moles e Vasos SangÚ/neos
Polidactilia GIIISSIIIBIIGÃII
O tipo e o desenvolvimento do dígito extraniimerário
João Carlos Ketzer de Souza dependerão de como o tecido mesodérmico dígito-
formativo se encontrava no broto da extremidade, no
momento crítico do desenvolvimento.
BOMBEITB
Número maior de dedos das mãos e/ou dos pés do I'nlitlactilla rte-axial lllunllcaçãe
que o normal. Excesso de dedos. Podem ser dedos do Polegar, Posição nadia"
rudimentares ou bem formados com tendões, nervos
e artérias próprias. IPrevalência: 0,08 para cada 1.000 nascimentos.
IPolidactilia pré-axial pode estar associada a
anomalias vertebrais, ausência da tfbia, fenda
EPIIIEIIIGIIIGIII palatina, anomalia anorretal.
IPrevalência geral: 1:700 a 1.000 nascidos vivos. IDedos suplementares geralmente têm orientação
IPrevalência de polidaetilia ulnar completa: 0,014% correta. Aparecem de diversas formas, desde uma
de todos os nascidos vivos. simples falange distal bífida a duplicação de todas
IPrevalência: em negros, 1:300 e em brancos, as falanges ou dedo inteiro.
I Classificação de Wassel (Fig. 137.1)
1:3.000 nascidos vivos.
IMais frequente no sexo masculino.
IPolegar acessório é o tipo mais comum dos não-
-—
Tipo I: falange distal bífida (2%).
Tipo II: falange distal duplicada (15%) (Fig. 137.2).
aberrantes e Sº dedo o dos aberrantes.
IEm negros, a duplicação do 5º dedo é dez vezes
-Tipo III: falange proximal bífida e distal
duplicada (6%).
mais comum do que a do-lg dedo. --
Tipo IV: falange proximal e distal duplicadas
(43%) (Figs. 137.3 e 137.4).
—
IUm dedo supranumerãrio 'é denominado hexa«
Tipo V: metacarpo bífido e falanges proximal
dactilia.herdada do e distal duplicadas (10%).
IE mais que a sindactilia.
I Qualquer dedo pode estar duplicado.
IDuplicação pré—axial: ao lado do lº dedo; du-
-—Tipo VI: metacarpo e falanges duplicadas (4%).
Tipo VII: polegar trifalângico (20%).
I Geralmente unilateral.
plicação pós-axial: ao lado do Sº dedo.
IPolidactilia com orientação correta em ordem I
Geralmente esporádica. Quando associada à sin-
decrescente de frequência: lº, 3ª, 4ª, 2ª, Sº, dactilia pode ter traço dominante autossômico.
IEm negros, a duplicação do Sº dedo ocorre como Polegar trifalângico pode ser familiar.
anomalia isolada e freqiientemente é bilateral. r
Em brancos, a duplicação do Sº dedo costuma Tratamento '
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Polida ctí/ia : 699
9 7 3 -8 5 — 2 4 1 6
da cabeça alargada do metacarpo para realinha-
mento, transferência dos tendões do extensor longo
e flexor para o polegar remanescente, reinserção
Figura 137.2 Duplicação de polegar. Radiografia mostra. dos músculos tênares na base da falange proxi-
-
duplicação da falange distal correspondente ao tipo ll da clas- mal do polegar remanescente, fechamento dos
sificação de Wassel. ligamentos colaterais e cápsula, colocação de fio
de Kirschner transfixando a articulação metacar-
pofalângica. Gesso e fio devem ser removidos
em quatro semanas.
jetivo da cirurgia é a restauração das relações ana-
tômicas, o mais próximo da normalidade. O polegar
reconstruído não consegue adquirir normalidade total Palidaetilia central
por causa da hipoplasia associada e defeitos anatômicos .
graves. As sequelas são estéticas, como distrofia ungueal,
É rara.
polpa digital hipoplásica e clinodactilia, e funcionais,
como rigidez e instabilidade da articulação. Com Pnttttamilia Pós-axial [Posição lunar]
planejamento cuidadoso e atenção ao detalhe, pode—se m Tipo mais comum. São dedos suplementares aber-
rantes. _
sl Variam desde apêndices digitiformes (esboços
supranumerários abortivos) sem implantação
esquelética, passando por dedos rudimentares (sem
tendões. músculos e nervos próprios), aberrantes
na direção e lateralmente implantados (sem co-
nexão esquelética ou leve inserção no periósteo)
Tratamento
Aspectos Técnicos
IA grande maioria pode ser tratada apenas por
exe.
rese simples do dedo rudimentar duplicado (70%).
Ó L S' Z v I D
II Nos casos articulados, a incisão da pele deve ser
em forma de raquete. A cirurgia costuma ser in-
dicada entre dois e três anos de idade, exceto se
está distorcendo tecidos normais ou restringindo
Figura 137.5 Hexadactilia bilateral do 5" dedo articulada o crescimento de estruturas ósseas adjacentes.
—
na falange distal do dedo remanescente. Em regra geral, deve ser indicada a ablação do
dedo menos útil, menos desenvolvido, ou menos
funcional.
no nível do metacarpo por meio de fino e curto
I Os músculos hipotênares devem
do dedo extra.
ser
desinseridos
pedículo, até dedo mínimo extra completamen- IIdentificar os tendões do flexor longo e extensor,
te desenvolvido, com falanges e metacarpo. que devem ser desinseridos e rebatidos proxi—
I! Classificação de Stelling e Turek.
malmente.
— Tipo I: apêndice digital rudimentar de partes
moles sem conexão óssea com o esqueleto da
I Os ligamentos colaterais devem ser dissecados,
deixando intactas suas inserções no metacarpo.
mão, sem ossos, articulações. ou tendões e ligado In A secção da cápsula deve ser no nível da arti-
à mão por pedículo estreito. culação metacarpofalângica.
— Tipo II: parte ou todo o dedo duplicado com
componentes ósseos cartilaginosos e tendinosos
II Quando o metacarpo estiver alargado, deve ser
ressecada porção da cabeça e diáfise com osteo-
normais, articulando-se com urna falange ou tomo no sentido vertical.
metacarpo alargado ou bífido (Figs. 137.5 e INo caso de dedo angulado, fora do eixo, reali-
137.6).
zar osteotornia da diáfise do metacarpo para obter-
se alinhamento apropriado.
I Os tendões do flexor longo e extensor devem ser
transferidos para o dedo remanescente. Os liga-
me'iitos colaterais e músculos hipotênares devem
ser reinseridos na base da falange proximal, na
face ulnar.
IReparo da cápsula. '
I Colocar fio de Kirschner ou agulha longa para
fixação interna, por quatro semanas, desde a ponta
do dedo até a base do metacarpo.
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
GANLEY,T. 1.; LUBAHN. .1. D. Radial polydacrily: an outcome study.
Arm. Plast. Surg., v. 35. n. 1, p. 86—89. 1995.
Figura 137.6 - Radiografia do pé, mostrando Sº dedoºdupli- RAYAN. O. M.; FREY, B. Ulnar polydztctily. Plast. Recaurtr. Surg.,
cado implantado em metatarso bifido. v. 107, n. 6. p. l449-I4S7, 2001.
_“.
sindactilia I 701
EMBBIÍILDGIR
4 5 7 6- 1 2 8 3
resultarão subseqíientemente.
mãos.
I Predisposição sexual: 2M:1F.
97
". — W
,
Figura 138.1 - sindactilia cutânea incompleta. Figura 138.2 — Sindactilia simples cutânea quase completa.
«va
702 I
Tecidos Moles e Vasos Sanguíneo:
6 L 8' 5 Z 7 I 9 S
Cutâneo—óssea ou esquelética (falanges distais
pela porção óssea). dígitos podem ser atróficos distalmente aos anéis
— Fusão
Na síndrome
associada a síndromes.
de Apert (acrocefalossindactilia) encon-
de constrição, pode ocorrer ausência da falange
distal, muitas vezes com ausência das unhas.
Bandas de constrição circunferencial estão,
tra-se sindactilia complicada e desorganizada dos quatro frequentemente, associadas. Anomalias asso-
membros com anormalidades craniofaciais e retardo
ciadas: fenda palatina, lábio leporino, esterno
mental. Presença de sinostose das suturas cranianas.
Prevalência: l:200.000 nascidos vivos. Distúrbio em forma de funil.
genético com herança dominante forte. A cabeça adquire — Mão em forma de luva: sindactilia de todos os
dedos associados a ausência ou deformidade
forma de bico, alongada verticalmente no diâmetro da porção distal dos dedos
ântero—posterior, olhos protuberantes com divergên-
cia do eixo transverso, estrabismo, deficiência visual —- Outras.
progressiva, alguns são retardados mentais, a mão
adquire forma de colher com sindactilia complexa. FISIIII'MIJLOGIII
Existência de íntima fusão óssea ou cartilaginosa dos
elementos esqueléticos dos dedos sindáctilos (os três Sinuaclilia Primária
dedos centrais estão fundidos com união óssea inter-
Para uma anomalia estabelecer—se, a força dominan-
digital e unha comum). Pode haver hipodesenvolvimento te deve agir antes de a diferenciação ocorrer (no caso,
de um dos dedos sindáctilos (ectrodactilia parcial) e
antes da sétima semana). Essa interferência poderá
anormalidades de tendões, articulações e de suple-
ser de natureza genética (controlada por um gene de
mentação nervosa. A deformidade costuma ser bila- um ou ambos os pais, ou como mutação que aparece
teral (Fig. 138.3). Os pés frequentemente apresentam pela primeira vez, mas que subseqiienternente será
sindactilia completa de todos os dedos. transmitida como um trato herdado), ou por agente
Braquissindactilia na síndrome de Poland. Essa teratogênico estranho (infecção materna, drogas tera-
síndrome é formada pela ausência de mama e/ou mamilo, togênicas, agentes físicos como raios X, falta de
hipoplasia da porção costoestemal do músculo pei- oxigênio).
toral maior e das cartilagens costais e/ou costelas (2ª, Poitanto, se ocorrer alguma interferência ocasio-
3' e 4ª), comprometimento da mão ipsilateral (braquis- nada por um gene alterado ou agente teratogênico, o
sindactilia). Alguns desses componentes podem não
processo de divisão será retardado ou até suspenso,
estar presentes. resultando em sindactilia simples ou complexa, de—
pendendo do tempo ou intensidade da ação teratogênica
Slnuaclilla Secundárla ÍBGÍIISãÍB] ou penetrância do fator genético.
O mesmo fator genético ou teratogênico poderá
Frequência: 15%. também afetar outras áreas de desenvolvimento do
embrião, resultando em outras anomalias simultâneas
com aparecimento de síndromes.
“3W;
Slnllactllia Secundárla
A diferenciação do mesênquimaiªm' falanges indivi—
duais ocorre em torno da quinta e sexta semanas.
Portanto, o tempo crítico para a formação de sindactilia
óssea e em torno da quinta semana. Complicações
vasculares ou causadas por outros mecanismos p0-
dem alterar ou destruir partes em desenvolvimento e
produzir necrose. Os restos de necrose podem se auto-
amputar ou fundir—se durante o processo de cicatriza-
ção, formando sindactilias secundárias. O acolamento
Figura 138.3 - sindactilia bilateral complexa da síndrome dos dedos em geral é distal (acrossindactilia). Essªs
de Apert. Há intima fusão dos dedos sindáctilos. sindactilias secundárias são, frequentemente, causa-
sindactilia !
703
das por bridas amnióticas congênitas de constrição, dos e articulações correspondentes em diferentes níveis.
ou pela herniação de dígitos através do saco amniótico. Nesses casos, pode—se realizar a separação até o ní—
vel da articulação interfalângica distal, recobrindo o
defeito com enxerto, deixando a separação completa
TRATAMENTO dos dedos para cirurgia posterior, ou corrigi-la com—
Irlalle Ideal pletamente por volta dos 12 meses de idade.
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA -_
BLACKFIELD, H. M.; HAUSE, D. P. Syndactylism. Recansl. Plast.
Surg., v. 16, p. 37-46, 1955.
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p. [29-140, 1976.
—
Figura 138.4 (A — D) Técnica de correção de sindactilia. Os
dedos SãO'separados por incisões dorsais e ventrais em zi- EVANS, D. M. Syndactyly. ln: SPITZ, L.; NIXON, l-l. l-l. (eds.). Rob
& Smith Operative Surgzry. 4. ed. London: Butterworths, l988.
guezague, formando retalhos que devem ser aproximados e ':
as áreas desnudadas cobertas com enxertos de pele total. p. 669-677.
ªn
—
704 I Teçidor Moles e Vasos Sangúlneos
Síndrome da Constrição
IA ocorrência de anormalidades faciais (10% dos
casos) pode ser coincidência ou pode estar rela—
cionada à menor quantidade de líquido amniótico
Anelar Congênita
ou deglutição das membranas.
exresso
Extlsar de
rerldo adiposo
m1,”
mmo de
tecido
adiposo
casos de constrição rasa, costuma ser suficiente de nervos, artérias, veias e tendões.
a liberação de apenas 50% da circunferência REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA
do dedo. Outras vezes não é necessário o tra- l. PATTERSON, T. .l. S. Congenital ting constrictions. British J. Plast.
tamento cirúrgico. Surg., v. 14, p. 1-31, 1961.
—
Excisão do excesso de tecido adiposo dos bordos
dissecados da pele, que deve avançar no de-
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
BONET, H. B.; ATAR, M. F,; ECHAZÚ, M. E. Síndrome de bridas
feito para corrigir deficiências no contorno. amnióticas. Arch. Argent. Pediatr., v. 100, p. 240-244, 2002.
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7- 5 6 1 4 2 8 9
.m—w
[ :1 7
"WM
'ª.
comnosiçãn
Constituídos de células epiteliais compactadas. Po-
dem sofrer desintegração em debris amorfos em for.
—
Ausência de comunicação com a pele, cºmo
tem o cisto sebáceo.
João Carlos Ketzer de Souza — Aderentes à superfície e não aos planos pro-
fundos.
-—
Indolores.
Razões para se realizar a cirurgia:
u Cosméticas.
—
Medem 0,5 a 5cm de diâmetro
L “5 9 Ç I?Z 8 ' 6
de um espaço circunscrito da derme. cutâneos, localizados no subcutâneo, resultantes da
Lesão da pele pode produzir cistos epidermóides seqiiestração de pele ao longo das linhas embriológicas
adquiridos por implantação de epitélio na derme. de fechamento do-corpo humano. É todo o tegumento
extemoZepiderme, derme e anexos) que está encravado
no subcutâneo. Essa invaginação ectodérmica pode
passar desapercebida ou estacionária durante muitos
anos. O cisto pode crescer pelo desenvolvimento de:
pêlos, acúmulo de produtos de escamação e secreção,
sebácea.
Sem predileção Sexual.
Locais de predileção: cabeça (principalmente no
w - a. “
ângulo externo do supercílio e região nasal) e pesco-
ço (linha média junto ao hióide) correspondendo a
85% do total. Mais frequentejunto ao superci'lio esquerdo
(Fig. 140.1). Teoricamente, podem existir em qual-
quer ponto de fusão da linha média do corpo.
7- 5 6 1 4 2 — 8 9
nomnoslçãu
Conteúdo constituído por massa amarelo—clara, gor-
durosa e pultácea, fraco odor rançoso, formada por
mistura opaca de sebo, suor, células epiteliais desca—
madas e pêlos. '
ll Características clínicas:
Figura 140.1 Cisto dermóide de ângulo externo no supercílío
— ——
Livres, não aderentes à pele.
Indolores. _
esquerdo.
--
Pele inalterada, desliza em sua superfine-
Principais Cistos e Tumores Benignos dos Tecidos Males ! 707
—
vidos minimamente sob a superfície do osso.
Cistos intradiplóicos: não podem se mover sob Tratamento
a superfície do osso e adquirem forma hemis- Excisão da lesão com curetagem de fragmentos resi—
férica.
duais da massa.
rl Conexões com as superfícies ósseas.
—Aderentes à superfície óssea por simples trato
fibroso. lIPllMIIS
-Fixos à superfície óssea com pequena depres-
sao conrca. Tumores benignos localizados no subcutâneo, formados
por crescimento local excessivo de gordura. Nota-se
—Intradiplóicos, com prolongamento subjacente
ao osso, ou mesmo inteiramente incluídos de-
um aglomerado de células adiposas corn hiperplasia,
distendidas por gordura (Fig. 140.2).
baixo da superfície óssea.
Bnmunsiçãn
Tratamento
Excisão do cisto por mini—incisão ou dissecção formal. Compostos por lóbulos formados por agrupamentos
de células adiposas separadas por septos de tecido
conjuntivo frouxo. As células formam vesículas vo-
EPITElllllIl ENGINE"!!! BE llllllllElIBE. lumosas cheias com uma grande gota de gordura. Os
Pllfllfl'l'lllflnflfl. Pllllflll‘l’lllllllillll lóbulos mais volumosos e mais moles, que são mais
[lll TBIGOMMIIIGBMII facilmente perceptíveis, dão a sensação de pseudo—
flutuação.
São tumores benignos da matriz, córtex e bainhas das
I Características clínicas.
raízes internas dos cabelos. Localizam-se na derme e
no subcutâneo. — Moles, sem flutuação, ou com sensação de
pseudoflutuação, depressiveis, multilobulados,
móveis aos planos profundos e superficiais,
indolores, limites imprecisos (confunde-se com
Derivados das células da matriz do cabelo ou células o tecido gorduroso vizinho), com pele supra-
epiteliais primitivas semelhantes às da matriz do cabelo, janente normal, forma hemisférica ou discóide
que podem mumificar—se ou até calcificar. (achatada) porque geralmente estão presos entre
ILocais de predileção: cabeça (principalmente face),
dois tecidos mais resistentes, como pele e fáscia
muscular, a superfície parece livre, porém com
pescoço, extremidades superiores e tronco. compressão delicada, revela que:? lobulada,
I Epidemiologia.
irredutíveis e com sinal de deslizamento (ao
— Raramente
Sem predileção sexual.
— são múltiplos (5%).
—— Pico
' W.
de freqiiência: 7 anos 13 anos).
(7 a
Cinqiienta por cento em crianças.
- manos
Aproximadamente 75% dos pilornatricomas hu»
apresentam mutações no gene CTNNBI .
II Características clínicas.
—
Tumores de consistência dura a pétrea (por
calcificação ou ossifrcação), indolores (alguns
7- 5 6 1 4 2 8 9
raramente podem demonstrar dor a compres-
são), superfície irregular, aderidos à pele e não
aderidos ao subcutâneo. Têm forma ovóide ou
arredondada, a pele suprajacente pode ser normal
ou ligeiramente corada com um matiz azul-
avermelhado. A'lesão mede aproximadamente
1 a 3cm de diâmetro.._
—
Calciflcação ocorre em 90% dos casos e ossi-
ficação em 10%.
— Sinal clínico patognomônico: a distensão da
pele local sobre o tumor: forma ângulos irregu- Figura 140.2 — Aspecto cirúrgico de lipoma.
":
triologia
pressionar-se a extremidade da tumefação, ela
desliza debaixo do dedo). ºbliteração do canal excretor de uma glândula sebá—
—'É freqiiente a ocorrência de outros lipomas em cea ou do orifício de um folículo piloso devido a atritºs
outras áreas. repetidos, irritações continuadas ou falta de higiene_
—
Não é muito frequente em crianças. Apenas 6%
dos tumores de tecidos moles nas primeiras duas
A glândula, não podendo eliminar os produtos secre-
tados, começa a distender.
décadas de vida são derivados de tecido adiposo.
I Locais de predileção: pescoço e tronco.
I Tumores gordurosos: lipomas, 70%; lipoblastoma, conteúdo
30%. Células epiteliais degeneradas e resíduos granulogm.
Lipoblastoma um tumor
é benigno mesenquima- durosos com aspecto de manteiga.
toso raro de células adiposas que pode apresentar-se I Características clínicas.
sob duas formas: lesão localizada bem circunscrita - Cisto de superfície lisa. bordos bem definidos,
(lipoblastoma), ou lesão multicêntrica originando-se fixos a pele, móveis profundamente, forma arre-
em tecidos moles profundos e com padrão infiltrativo dondada, com pequeno orifício geralmente vi-
(lipoblastomatose). Esse tumor de células adiposas sível na superfície da pele (canal obstruido),
imaturas, que continua a proliferar no período pós- consistência mole a elástica, ddor rançoso, me-
natal, geralmente ocorre antes dos três anos deidade dindo aproximadameme 0,5 a'Scm de diâmetro.
(90%), tem predileção pelo sexo masculino (3:1), é I Locais de predileção: face (principalmente couro
mais frequente nas extremidades inferiores (70%), não cabeludo em 90% e lóbulo da orelha) e pescoço.
dá metástases, porém pode causar recorrência (25 %),
principalmente quando excisado incompletamente. Os
meios de investigação do lipoblastoma difuso baseiam-se BIS'I'OS SllllWllllS
na ultra—sonografra (densidade consistente com gor- São espaços císticos contendo liquido sinovial, revestidos
dura), ressonância nuclear magnetica (lesões lobuladas por membranas oriundas de articulações, bainhas de
e sinal compatível com tecido adiposo) e biópsia nos tendões, ou bolsas Sinoviais.
casos duvidosos. Microscopicamente são formados
de lóbulos constituídos de células gordurosas imatu-
ras e maturas, células mesenquimais primitivas e classlllcaçãn
E L B' Ç Z V I Q S
lipoblastos típicos. Os lóbulos são separados por tra- . IBolsas sinoviais.
béculas fibrosas contendo numerosos pequenos va- I Cistos tenossinoviais (gânglio sinovial).
sos sangiiineos, fibroblastos e colágeno. O diagnóstico I Cistos artross'inoviais (cisto de Baker), quase inexis—
diferencial microscópico com lipossarcoma mixóide terites em crianças.
(raro em crianças) pode ser difícil. A análise do ca-
riótipo pode ajudar no diagnóstico diferencial, pois
o rearranjo do cromossomo 8 (Sql 1-13) e caracterís— Biologia '
tico do lipoblastoma. Lipoblastoma pode, eventual- Geralmente causados por trauma maiorlou pequenos
mente, diferenciar-se em lipoma maturo. O tratamento traumas repetidos, exercicios excessivos (mais fre-
-m
é realizado por ressecção sem comprometimento fun— quentes em meninos, pois costumam ter maior ativi-
cional «da área de origem, reexcisão cirúrgica pós— dade física com contrações musculares mais vigorosas
avaliação da extensão da doença por ressonância nucleaf do que as meninas, causando inflamação das bolsas si<
magnética ou lipoaspiração. noviais).
Outro tipo raro corresponde ao angialipoma infil-
trante, que é um tumor benigno do tecido adiposo
intensamente vascularizado e que tende a intiltrar tecido Bolsas Sinoviais
ósseo, neural, muscular e fibrocolãgeno. É não-encap— São cavidades cheias de líquido claro, viscoso seme-
sulado, ou parcialmente encapsulado, constituído de lhante ao sinovial, revestidas por endotélio achatado
lipócitos maturos e rica rede de vasos invadindo os te- ou plano semelhante a bainha sinovial e que se de-
cidos circunvizinhos. Nos elementos adiposos ou vas- senvolvem entre tendões, ossos e pele para permitir
culares não são vistos achados malignos como figuras melhor movimentação dessas estruturas. Quando hou-
mitóticas, pleomorfismo, ou atipia. ver trauma e inflamação dessas estruturas, aparecerá
distensão sinovial dessa bolsa. Na criança, a bolsa
BIS'I'OSSKIES!“ profunda que costuma causar problemas é a do ten-
dão do músculo semimembranoso, situado entre os
São cistos formados pela distensão da glândula sebá-
cea, causada pelo acúmulo de produtos de sua secre« tendões do músculo semimembranoso e do gêmeo
ção. Localizam—se no subcutâneo. Frequentemente são interno (gastrocnêmio) e a face póstero—medial do côn-
múltiplos. ' dilo femoral.
Principais Cistos e Tumores Benignos dos Tecidos Moles I 709
I Localização.
-— frequentemente
Situação anatômica medial à fossa poplítea,
colocado acima do nivel da linha
articular (Fig. 140.3). Bolsa do semlmembranoso
I Características clínicas.
-Consistência firme, fixo profundamente, não
aderido à pele. i _ _< .Llnha articular
—Frequentemente transiluminãvel.
((
Clnodeaaker
-—
Cisto persistente aumentando de volume. cem parcial ou totalmente ao estende/lo.
Cisto que não resolve com o tempo. —Fixos profundamente e móveis em relação à
—Cisto persistente com sintomas de dor e pressão.
I Recorrência pós-cirurgia: i 20%.
pele suprajacente. Logicamente a mobilidade
dependerá muito da extensão e natureza de sua
fixação profunda (cápsula articular, tendão ou
Gânglios Sinoviais septo intramuscular).
I Prevalência.
—
principalmente dos tendões extensores. A cápsula
consiste de tecido fibroso denso contínuo ao tecido Indicada cirurgia somente no evento de sinto-
conetivo circunvizinho, contendo em seu interior mate— mas importantes e cisto persistindo”por mais
rial mucóide, viscoso-claro, gelatinoso, rico em ácido de um ano.
I Recorrência pós«cirurgia: i 1l3 dos casos.
hialurônico.
I Localização: a maioria é encontrada onde existe
grande quantidade de tecido fibroso (em geral Cistos Artrossinoviais ou Cistos de Baker
em torno das articulações). Porém, podem cres- Raríssimos em crianças e freqtientes em adultos. Di-
cer em qualquer local. Em 90% crescem junto à vertículos de pulsão da membrana sinovial da arti-
superfície dorsal (entre os tendões extensores) e culação dojoelho através de um hiato da cápsula articular
palmar—radial (em relação ao tendão flexor radial causados por patologia crônica da articulação. Loca-
do carpo e artéria radial) das articulações do punho lizam-se abaixo da linha articular do “joelho.
e nas mãos (junto às articulações metacarpo-
falângicas e interfalângicas). BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
I Caracteristicas clínicas.
BINGUL, O.; GRAHAM. J. H.; HELWIG, E. B. Pilomatrixoma
--
Tamanho médio: l a 2cm, no máximo. Esses
gânglios Sinoviais pequenos tendem a ser ten—
(calcifying epithelioma) in children. Pediatrics, lp. 233—240, 1962.
HOWARD, R. Congenital midline lesions: pits and protuberances. Pediatr
sos, parecendo sólidos. Ann.. V. 27, p. ISO—160, 1998.
- Consistência varia de firmes (pequenos) a moles NELSON, C. L.; SAWMILLER, 8.; FHALEN, G. S. Ganglions of the
978-5241r6
(maiores e mais raros). wrist and hand. JBJS, v. 54, p. 1459-1464, 1972.
710 I Tecidos Moles e Vasos Sangãíneos
ETIOPIII'IIGEIIIII
A etiologia é controversa.
Seio Pilonidal
I A teoria de origem congênita baseia—se em um
defeito de fusão do embrião no nível da rafe
mediana da região sacroeoccígea (falha no meso-
blasto), resultando em retenção de folículos pilosos.
Essa teoria é improvável, pois raramente pode
João Carlos Ketzer de Souza ser encontrado algum reliquar embrionário, não
há comunicação com a dura-máter e o revesti-
GIIIIIIEITII mento do seio é composto somente de tecido de
granulação.
Processo infeccioso que forma uma cavidade pseudo— I A teoria de origem adquirida (a mais aceita atual-
císticano tecido celular subcutâneo, situado na linha mente) baseia—se na penetração de pêlo na área
média da região sacroeoccígea do adulto jovem e pú- subdérmica e subcutâneo com consequente rea-
bere. Podem surgir um ou mais trajetos flstulosos se- ção granulomatosa. Provavelmente causado por
cundários, que vão se abrir na pele, na linha mediana traumas repetidos na região saqrococcígea. A
ou paramediana. São revestidos por epitélio escamoso cavidade do cisto é constituídai'por tecido de
estratificado, podendo estar recobertos por tecido de granulação, sem nenhum elemerito cutâneo ela-
granulação. borado e nenhum folículo piloso. O pêlo encon-
tra-se com sua porção distal orientada para 0 interior
EPIIIEMIlllllGIn da cavidade do cisto. Os passos da formação do
I Predominância no sexo masculino (3 a 4M:1F). seio seriam: penetração cutânea da extremidade
I Idade mais prevalente: dos 15 aos 25 anos. Parece do pêlo, formação de uma cavidade no tecido sub-
cutâneo, aumento da cavidade que passa a con-
que os hormônios sexuais exercem um papel fun-
damental sobre as glândulas pilossebâceas. ter fragmentos decompostos do pêlo (nesse mo-
I Mais frequentes na presença de hipertricose, indi- mento já solto) e formação de fístulas secundárias
(Fig. 141.1). Traumas e movimentos repetidos
víduos com pobre higiene, obesos, caucasianos,
dos músculos glúteos exercemum efeito de sucção,
raro em negros, praticamente inexistentes em asiá— rolamento e pressão sobre outros pêlos livres que
ticos. podem penetrar na cavidade cística formada. Por
I Relação com algumas profissões ou exercícios
físicos que causam traumatismo da área sacro-
essa teoria, não seriam necessárias grandes excisões
cirúrgicas.
coccígea.
I Geralmente curam-se de forma espontânea após
os 40 anos de idade.
I Distância aproximada do ânus: 3,5 a 6cm.
uunnnoicumeo
I Taxa de recidiva global: 10%.
Os casos sem infecção são praticamente assintomá—
ticos, podendo encontrar-sê leve abaulamento na re-
gião sacroeoccígea, ou saída crônica de secreção pelo
trajeto fistuloso. '
TBMIIIIIEIITO BIBIIRGIGB
Os principais objetivos do tratamentogçirúrgico são o
de encurtar o período de cicatrização e convalesceuça
e evitar a recorrência da doença.
Os casos com celulite ou formação de abscesso podem
necessitar de tratamento com antibióticos ou incisão
e drenagem da área. A incisão deve ser longitudinal,
L 'S Q T V Z ª Ó
o pus drenado e os pêlos encontrados retirados. Se
associado a curetagem, diminui a recidiva.
Figura 141.1 —(A) Penetração de pelo no subcutâneo, reação
granulomatosa (B) e formação de uma cavidade (C). Decom- I Medidas gerais no tratamento definitivo: posição
posição dos pêlos, formação de trajetos secundários (D). ºu- prona, região sacrococcígea elevada, nádegas se—
tros pêlos podem penetrar na cavidade, pelo processo de paradas por faixas de esparadrapo. O uso de an-
rolamento. Adaptado de Berger et al.' tibióticos é controverso. Temos utilizadsdeforma
Seio Pilonídal I 711
profilática. No pós-operatório, os pêlos devem ser E: Método fechado.
raspados semanalmente por seis meses e manti-
dos intensivos cuidados de higiene com banhos — Fechamento simples: com aproximação da
aponeurose profunda e pele com pontos de
duas vezes/dia, principalmente quando utilizado
o método aberto. As taxas de infecção e recidiva Donatti, ou fechamento em que a ferida e
aproximada em dois planos, o primeiro englo-
são extremamente variáveis, dependendo dos autores
e das técnicas que preconizam. A tendência é para
bando o subcutâneo e a fáscia pré—sacra (eli-
a realização de cirurgias mais econômicas e fe-
mina o espaço morto) e o segundo englobando
a pele com sutura tipo Donatti. A maioria dos
chamento primário. autores preconiza o uso de dreno de Penrose.
I Métodos abertos: não é feita sutura cirúrgica, aguar-
Não o temos utilizado. Nunca retirar pontos
dando cicatrização por segunda intenção. A in-
cisão deve ser afunilada ou biselada para dificultar
antes de dez dias. Tempo de cicatrização: 14
dias. Evitar trauma sobre a cicatrização por
o fechamento precoce da pele sobre a área excisada. três meses.
— Cirurgia de Lord—Millar: consiste em excisão
limitada da cavidade e das fístulas com extra- —
Quando a ferida é grande, podem—se usar pro—
cedimentos de plástica como zetaplastia, ro—
ção dos pêlos e debris. São importantes os tação de retalho triangular, ou rotação de retalho
cuidados intensivos de higiene e depilações retangular para fechar o defeito.
—
frequentes.
Excisão ampla: em monobloco com remoção REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA
da cavidade e trajetos até a fáscia pré-sacra. l. BERGER, A.; FRILEUX, P. Sinus pilonidal. Ann. Chin. v. 49,
Curativos diários. A granulação ocorre de dentro n. 10, p. 889-901, 1995.
para fora. Tempo de cicatrização: i 60 dias.
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA -
978- 5 241 6
II Método semifechado ou semi-aberto ou técnica
de marsupialização: após excisão limitada. o fundo SILVA, J. H. Pilonidal cyst. Cause and treatment. Dir. Colon Rectum,
do cisto ou a fáscia pré-sacra são curetados, a v. 43, n. 8. p. 1146-1156. 2000.
SONDENAA, K.; ANDERSEN, E.; SOREIDE, 1. A. Morbidity and
borda da pele é suturada com pontos separados
short term results in a randomized trial of open compared with
ao fundo do cisto ou fáscia pré—sacra. O subcu- closed treatment of chronic pilonidal sinus. Eur. J. Surg., v. 158,
tâneo é recoberto, reduzindo a área a cicatrizar. p. 351—355, 1992.
Tempo de cicatrização: i 30 dias. Necessita de SURRELL, I. A. Pilonidal disease. Surg. Clin. N. Am., v. 74, n. 6,
curativos diários. p. 1309-1315. 1994.
, Seção
Orientações de Enfermagem
;, e r
w
Criança Estomízada I 715
7- 5 6 — 1 4 2 8 9
turas artificiais através da pele em crianças são: ente—
rocolite necrosante, anomalia anorretal e doença de ças deixem de ter prazer ao se alimentarem,
além de favorecer o contato pessoal.
Hirschsprung. Felizmente, em crianças, os estomas
são na maioria das vezes temporários, pois são utili—
zados no tratamento de doenças benignas. Gastrnstomia
A ênfase da assistência e a preparação da criança na Pode ser realizada por laparotomia, por video-
pm'a o procedimento e a orientação a ela e a seus fami- laparoscopia e por via endoscópica percutânea
liares sobre os cuidados dos estomas. Na orientação, (PEG).
ressalta-se a importância do uso de linguagem sim— Ie Localização: hipocôndrio esquerdo.
ples e direta, assim como ilustrações. H Finalidade: descompressão gástrica e alimentação.
=|
Indicações: estenose esofágica, atresias e fístulas
[SWIM Ill IIIIIS AÉREAS traqueoesofãgicas, dificuldade de deglutição por
distúrbios neurológicos.
13 Complicações: vazamento do conteúdo gástrico
Trauneostnmia ao redor da sonda, irritação da pele, formação
I Localização: linha média do pescoço, embaixo de granuloma de corpo estranho, obstrução pilórica
da cartilagem cricóide. '
pelo balão da sonda e outras.
Finalidade: melhorar as condições respiratórias, E Dispositivos: sondas de silicone tipo button (botão)
permitir a aspiração de secreções e evitar trau— são mais adequadas que as sondas de Pezzer,
ma pela entubação prolongada. Malecot ou Foley, por serem mais resistentes às
I Indicações: obstrução das vias aéreas, laringotra— incrustaçõcs, possuírem válvula anti—refluxo, serem
queomalácia grave, fendas laringotraqueoeso— maisestéticas por ficarem no nível da pele, tor-
fágicas, intubação oral/nasotraqueal prolongada, nando—as imperceptíveis sob a roupa e com isso
trauma facial grave. evitando o deslocamento acidental. O dispositivo
I Cuidados de enfermagem. tipo botão deve ser colocado após a maturação
——
Manter a permeabilidade da cãnula traqueal. do estoma com uma das sondas mencionadas an—
Realizar aspirações frequentes. terioi'mente, oito semanas depois da gastrostornia.
—
Umidificar o ar ambiente para evitar a forma— Sua durabilidade e de seis a oito meses, adequan-
ção de tampões. do-se o tamanho conforme a consistência da dieta
—
Higienizar a região periestomal.
— Evitar o deslocamento ou saída inoportuna da
e a espessura da parede abdominal.
As sondas tipo botão consistem em uma âncora
cânula. interna, uma âncora externa e uma válvula unidi-
— Proteger a pele ao redor da cânula de traqueos-
tomia com curativos absorventes que existem
recional anti-refluxo. São divididas em duas cate-
gorias:
-
.
no mercado, com a finalidade de reterem as Com tubo obturador (Bardªº button): ponta interna
secreções e promoverem conforto a criança. tem a forma de um guarda—chriVa ou cogume—
lo ou tipo Malecot. Esse tipo deve ser coloca-
do somente por pessoal especializado, pois
ESTIIIMIS DIEESIIIIIIS necessita de um introdutor.
Esotagostnmla -Com tubo não—obturador (Mic-Key”): a ponta
interna consiste em um balão inflavel, Pode
I Localização: região cervical lateral esquerda, ser reintroduzído por pessoal não especializado.
principalmente, junto ao músculo estemocleido- Cuidados de enfermagem.
mastóideo.
I’Finalidade: derivar as secreções salivares. Es-
—Manter a sonda aberta em frasco no pós-ope—
ratório (nas primeiras 24h, ou até que os movi-
ses estomas são temporários e sempre associa- mentos peristálticos sejam audíveis).
. m'
.
.,
716 I Orientações de Enfermagem
—
âncora externa). I Indicações: enterocolite necrosante, doença de
Avaliar diariamente a integridade da pele ao Hirschsprung de segmento longo, íleo meconial,
redor da gastrostomia, limpando e evitando polipose adenomatosa familiar.
umidade. Usar barreiras protetoras profila— I Dispositivos: existem no mercado e em postos
ticamente. Em caso de infecção por Candida de saúde autorizados para distribuição bolsas de
albicans, usar nistatina em pó periestomal. Em tamanho neonatal, pediátrico (borda externa com
caso de eritema de pele, usar antiácido local 40mm), adulto (borda externa com 60mm). O
ou barreira protetora e, se a lesão for exsudativa, diâmetro interno das três é de 10mm recortável,
usar pó protetor e aplicar placa de hidrocolóide. marcas Coloplastº, Convatecm e Shelter“, peça
-
Fazer curativo compressivo em caso de des-
locamento acidental da sonda de gastrostomia,
única ou duas peças, transparentes. São auto-ade-
rentes, constituídas de resina sintética, com pro-
orientando o cuidador a procurar o serviço priedade hidrocolóide que permite manter a
responsável para recolocação. umidade e a temperatura natural da pele. São
I Cuidados com a gastrostomia tipo botão: drenáveis para esvaziamentos freqiientes e con-
—
Limpar a área gentilmente com sabão e água.
Mame-la seca. Uma vez por dia, girar a âncora
externa do botão para limpar e evitar lesão por
feccionadas com plástico antiodor, atóxico e
flexível. Possuem tela protetora de material hipo-
alergênico e absorvente na parte interna para evitar
pressão. o contato do plástico diretamente com a pele da
criança.
—
Se o botão está frouxo, movendo—se para cima
e para baixo, é porque ele não está bem adap- I Complicações.
tado. Pode—se colocar uma gaze dobrada com
uma fenda entre o botão e a pele até que a
— Metabólicas: diarréia, déficit de sódio (o mais
comum), potássio, magnésio, vitamina B12,
õ L S' Z W Q
sonda fique bem ajustada. litíase urinária devido à maior concentração
de urina provocada pela perda crônica de lí-
-
Se houver irritação da pele por alguma espé-
quidos pela ileostomia.
cie de vazamento, deve-se prevenir o vazamento
(ajustando o botão ou o balão) e aplicar anti-
ácidos na pele. Colocar o conteúdo de um
— Mecânicas: edema do estoma, prolapso, obs-
Irução, dermatite periestomal, retração e hér-
antiácido em suspensão em um recipiente por .iiia paraestomal.
I Cuidados de enfermagem.
1h. Retirar o líquido de cima e aplicar o anti-
ácido espesso em pasta do fundo do recipiente - Logo após a cirurgia é conveniente colocar uma
bolsa para proteger a pele das enzimas proteo- _
sobre a pele. Se a irritação piorar, pode-se usar líricas das fezes líquidas e secreções intesti-
protetor de barreira, que deve ser trocado a nais e evitar a contaminação da incisão cirúr-
cada três a quatro dias. gica, se próxima.
-
Se surgir granuloma em torno do orifício da
gastrostomia, ele deve ser tratado. A forma- - Observar atentamente as características do
estoma e avisar o médico assistente caso 0 es—
ção de tecido de granulação é uma ocorrência toma esteja escurecido, edematoso, sangrante,
comum. É o resultado da presença de um corpo retraído e quando começar a funcionar; no pós—
estranho (sonda), que estimula a produção de operatório imediato, o dispositivo de escolha
tecido epitelial de inflamação. O tratamento con- deve ser de plástico transparente para facili-
siste na sua cauterização com aplicação tópica tar a observação do estoma. Usar sempre pasta
de um bastão de nitrato de prata. barreira de pele e, se necessário, película pro-
tetora de pele.
Ilenstnmla -- Devem-se observar sinais e Sintomas relacio-
nados à hidratação do paciente (fontanela depri-
I Conceito: e a exteriorização de um segmento do mida, letargia, olhos encovados, choro fraco,
íleo através da parede abdominal. diminuição do débito urinário).
I localização: quadrante inferior direito
d9 abdome.
O local não deve estar próximo a proeminências
- Reconhecer sinais e sintomas de obstrução in-
testinal (distensão abdominal, vômitos, náusea)
ósseas, rebordo costal, depressão umbilical, ci- e estimular a ingestão de líquidos quando rei-
catriz e pregas cutâneas. niciar a via oral.
«
z Criança Estomizada I 717
978- 5 241 6
periostomal em vez da bolsa, se as fezes não forem
- A colostomia de descendente ou sigmóide é
exteriorizada no quadrante inferior esquerdo líquidas. ,
. ,- :
siológico após seu esvaziamento. Há sempre o risco WONG, D. L. Enfermagem Pediátrica. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
de entrada do soro por debaixo da bolsa, provocando Koogan, 1999. p. 661-662. ».
*
mr.-
718 I Orientações de Enfermagem
Enfermagem Urológica
Bexiga
Lily Chin-Peuquert
Esflncter
ó L R' S Z V Í Q : [
Gomu o Sistema tlrlnário Iunelnna freqiientes.
A bexiga armazena urina e os músculos esfincterianos,
abaixo da bexiga, trabalham para segurar a urina na
— Líquidos são melhores quando oferecidos em
forma de leite ou sucos de frutas diluídos. A
bexiga (Fig. 143. 1).A criança com treinamento esfincte maioria dos sucos de frutas é ácida e pode cau-
riano é capaz de reconhecer sinais que indicam que a sar sensação de queimação e ardência durante
bexiga está cheia e segurar a urina até que um banheiro a micção.
seja alcançado. Durante amicção, os músculos esfincte- — Beber mais líquidos antes das 18h (para evi-
tar perda de urina durante a noite).
rianos abrem a bexiga e contraem-se para liberar a urina
retida (Fig. 143.2). -- Combinar com o professor a permissão para
que possamanter uma garrafa de água na sua
Put une Sen filho Necessita llaeducar 'escrivaninha. Seu filho pode, também, neces-
—
“sitar de privilégios especiais no banheiro.
a Barilla? Certos alimentos também contêm água abun—
No momento, seu filho pode não estar urinando com dantemente, como sopas, iogurte, sorvete, ge-
um padrão normal (Fig. 143.3). Algumas crianças: latina e pudim.
I Faça um planejamento para seu filho urinar a
'I Retêm urina ou urinam infreqtierttemente. cada 2 a 3h durante 0 dia (algumas crianças podem
I Urinam em pequenas quantidades, mas muito
freqiientemente. _
a Não reconhecem ou aprendem a ignorar sinais
de sua bexiga. Essas crianças agacham—se apoian—
do-se em seus tornozelos, cruzam suas pernas e
os meninos apertam o pênis com a mão, para se Bexiga
manterem secos.
Todos esses hábitos podem levar a distúrbios da
bexiga, especialmente quando a bexiga não é esva—
ziada com muita frequência, ou é esvaziada de forma
incompleta. Qualquer quantidade de urina que per-
maneça na bexiga por um longo período de tempo
pode vazar e/ou tornar—se facilmente infectada. Trei— . Esflncter
namento vesical ensina seu filho a ir ao banheiro em
intervalos regulares e a esvaziar a bexiga completa- Urina
mente. Esse treinamento leva tempo, entendimento e
paciência. São úteis um ambiente relaxado e objeti- Figura 143.2 — Mecanismo esfincteriano de esvaziamento
vos claros. vesical.
Enfermagem Urológica I 719
. Quantas vezes você troca as roupas de baixo estão úmidas? vezes por dia
mà
. Você tem algum truque que usa para impedir o vazamento? Pode nos mostrar?
. Você molha a cama a noite?
a) Sim, noites por semana b) Não
m
.
,º
7- 5 6 1 4 2 8 9
b) Sim, bastante :) Não
14. Você sente sua bexiga vazia após a micção?
a) Sim b) Não 'c) A maioria das vezes ',
'
"
16. Você teve recentemente alguma infecção urinária7 a) Sim b) Não
ª
rio relacionado à micção. 2 . Foi submetido a alguma cirurgiai a) Não b) Sim, tipo e nome
22. Você tern problemas de constipação? ,
. '
24. Existem outras origens de estresse na vida de seu filho agora? '
necessitar ir ao banheiro mais vezes). 0 plane- por não eliminar a urina. 0 sucesso advém de
jamento irá ajudar seu filho a treinar & esvaziar uma atmosfera relaxada. Elogios e alfinetes
a bexiga antes de ela tornar-se cheia e começar a ajudam a reforçar positivamente seu filho a
vazar. O freqiiente esvaziamento da bexiga a ajuda manter—se seco.
a manter—se livre das bactérias que podem cres-
cer na urina e causar infecção. O planejamento
—-Para as crianças em idade escolar o planeja-
mento miccional deverá ser compativel com a
coloca a bexiga sob controle da criança e não a rotina diária de ir à escola: quando acorda, recreio
criança sob controle da bexiga. O eventual ob- matinal, hora do almoço, recreio :da tarde, antes
jetivo do planejamento miccional é treinar a criança da janta e antes de ir para a cama.
a urinar sem interromper o jato.
— Para a criança pequena faça um calendário e
— Crianças mais jovens (4 a 8 anos) necessita-
rão de monitoração por adultos..
planeje as miCções regularmente (por exem- - Crianças maiores e adolescentes costumam ir
plo, a cada 2 a 3h) durante o dia. A criança bem por si próprias no sistema de lembranças
vai ao banheiro sem depender da vontade de (por exemplo, usando um relógio que soa um
urinar. Um X ou alfinete é colocado no calen— alarme a cada 2h, calendários e listas).
dário cada vez que a criança usa o banheiro, É muito importante para seu filho ficar relaxado
não interessando a adequação ou não da mic- durante a micção. 0 relaxamento permite a aber-
ção. Dê muitos elogios e não puna seu filho tura dos músculos esfincterianos abaixo da bexiga
720 I Orientações de Enfermagem
para a urina fluir mais facilmente. O esvazia— Treinamento vesical leva tempo e paciência para a
_
mento completo da bexiga previne a perda de criança, pais e pessoal de cuidados de saúde.
urina e ajuda a livrar-se das bactérias que podem
crescer elevar a infecção. Para ajudar seu filho INFECÇÃO Ill] TBMÍI IIBIIIÉRID,
a relaxar quando está urinando é importante: I'BIIBlEIMS IlE Bilillili E GGNSTII'AGM
-—
Providenciar privacidade enquanto seu filho
está no banheiro. Não () apresse ou use pressão. Introdução
— Tenha certeza de que ele está sentado confor-
tavelmente na privada. Para crianças peque—
Infecções do trato urinário e problemas de bexiga são
nas uma revista é muitas vezes necessária. causados or uma serie de condições, inclusive cons-
tipação. Épesse o motivo pelo qual, muitas vezes, de.
— Para as meninas: calças apertadas e meias—calças
devem ser removidas por completo de uma perna. vemos tratar a infecção urinária ao mesmo tempo que
Coloque apoio para as costas e para as pernas a constipação.
na privada, abra as pernas amplamente, recur-
vando-se um pouco para frente. o uue É lhmstinalninéI
- Para os meninos: as calças devem ser abaixa-
das completamente.
Constipação é o acúmulo excessivo de fezes no reto
(parte inferior do trato intestinal). Crianças consti-
— Devem efetuar de três a quatro respirações
profundas, relaxando os músculos da cabeça,
padas podem apresentar:
I Evacuações
"
braços, corpo e pernas como uma boneca feita de fezes volumosas que são elimi-
de pano. nadas três vezes por semana.
G L Z' S V I ‘ Q
I Fezes endurecidas ou difíceis de serem eliminadas.
— Imagine a urina escorrendo (pode ser neces- I Evacuações frequentes em forma de bolinhas.
sário abrir uma torneira de água).
— Permita todo tempo possível para urinar. O
processo de relaxamento para esvaziar a be-
I Presença de fezes/manchas de fezes nas roupas
de baixo.
xiga leva tempo. Planeje gastar 3 a Smin no I Der abdominal considerável ou frequente.
banheiro.
— Para trás
para
meninas: lembre de limpar—se da frente
(em direção ao'ânus).
como a nunstluaeão Porte causar
Problemas iiesieais?
— Lembre—se de elogiar seu filho por seu esfor-
ço e por gastar bastante tempo para esvaziar Os nervos que se relacionam com o intestino também
tada urina de sua bexiga. o fazem com a bexiga. Por esse motivo distúrbios
I Para
tercerteza que sua bexiga está vazia, você intestinais e vesicais podem ocorrer juntos na mesma
deve urinar duas vezes a cada vez (dupla mic- criança. -._
ção), isto é, urine uma vez, lave suas mãos e retorne Também, quando o reto está constantemente cheio
de fezes (no caso de constipação), o intestino distende
a privada para urinar novamente. e comprime a bexiga. Pressão sobre a bexiga pode
I Dieta rica em fibras é importante para ajudar
seu filho a ter movimentos intestinais regulares. interferir com a micção normal e esvaziamento vesical
Quando seu filho é Cºnstipado, a bexiga retém das seguintes maneiras: ''
menos urina e é mais difícil para ela esvaziar— IDiminuindo a quantidade urina que a bexiga pode
se completamente. Fezes que permanecem por realmente conter.
A
longo tempo no corpo podem, também, ser fonte I Diminuindo a urgência para urinar.
de infecção da urina. Alimentos ricos em fibras I Tornande mais difícil a passagem da urina.
incluem vegetais e frutas, farelo de cereais, cereais I Causando contrações vesicais incontroláveis
integrais. grãos, lentilha, etc. O aumento da quan- (espasmos) que forçam a urina a ser eliminada
tidade de líquidos ajudará a manter as fezes mais da bexiga, resultando em perda urinária.
amolecidas. «, -
I Evite líquidos e alimentos contendo cafeína (colas,
café, chá, chocolate). Cafeína pode irritar a bexiga
liame a constiuaeão causa intenções
e ser causa de maior necessidade de ir ao banheiro. tiu Trato urinário?
I Beba um copo (250mL) de suco de amoras todo
Evacuações intestinais contêm, normalmente, milhões
dia para prevenir- infecção urinária. de bactérias. Quando uma criança está constipada, o
Ficar seco pode ser uma tarefa difícil para algu- intestino e a bexiga, muitas vezes. não são esvaziados
mas crianças. De modo geral, elas ficam secas mais de forma adequada ou o são de maneira incompleta. A
rapidamente durante 0 dia do que à noite. Seu filho urina deixada na bexiga pode estagnar e tornar-se fa—
necessita de suporte e encorajamento para conseguir cilmente infectada por fezes que estão presentes de
esse importante objetivo. modo contínuo perto da abertura por onde a urina passª.
Enfermagem Urológica I 721
É muito difícil curar infecções urinárias e proble- independência, você pode experimentar o que se
mas de bexrga quando uma criança continua perma- segue.
nentemente constipada. Sempre discuta essa conduta com ele antes de
inicia—la, já que é necessária sua participação:
como SI Trata constituição? -— Ligar um alarme (rádio ou relógio) para lem-
bra-lo de que é hora de ir ao banheiro.
Recomendamos um programa com três ações.
I Limpeza intestinal.
— Manter um diário no banheiro para que possa
registrar as evacuações e suas características,
Para esvaziar completamente o intestino com o como quantidade (pequena, média, ou gran-
use, a curto prazo, de laxativos elou enemas (de- de) e consistência (mole ou dura).
pendendo dos graus de constipação). Supervisão pelos pais é sempre necessária, envol-
Óleo mineral 6 um produto natural que amolece vendo a criança ou o adolescente, sem lembrar ou
as fezes, facilitando sua passagem e tornando— perguntar acerca dos seus hábitos intestinais. Você
as mais regulares. Recomenda-se seu uso uma a deve revisar o diario todos os dias e discutir perio—
duas vezes/dia. E preferível dar o óleo mineral dicamente como as coisas vão indo. Esse método pode
tarde da noite. Pode ser misturado com leite, sucos, não funcionar com todos os adolescentes.
ou outros alimentos.
I Dieta rica em fibras.
Para promover uma consistência fecal normal eimpor—
tante que seu filho adquira hábitos alimentares I Para meninas, lembre-as de que a limpeza deve
adequados, a fim de manter evacuações regulares. ser da frente para trás, em direção ao ânus.
Uma dieta rica em fibras contendo ng ou mais de
7- 5 6 1 4 2 8 9
I É recomendada após uma evacuação a limpeza
libras ajuda a aliviar elou prevenir a constipação. do ânus com lenços para bebês ou toalhinhas
Também deve ser aumentada a ingesta de líquidos higiênicas.
para seis a oito copos de aproximadamente 200 a
220m1Jdia. Metamucil“, uma bebida rica em fibras,
com gosto de laranja, também pode ser oferecida. ISBGEIBS Emocinnais
I Treinamento esfincteriano.
Distúrbios vesicais e constipação podem ser situações
O período mais natural para uma evacuação e embaraçantes e frustrantes para você e seu filho. O
após a alimentação. Encoraje seu filho a sentar— desenvolvimento de um bom hábito alimentar e in-
se na privada por 5 a 10min, duas vezes/dia após testinal leva tempo e paciência.
a refeição. Escolha um período de tempo que seja
bom para ele, não interferindo com suas ativi-
dades. Para uma criança pequena, providencie REFLUXO VESIGIIIIBETEIIM
uma caixa para apoiar seus pés, o que ajudará
no momento do esforço evacuatório. Não pres-
sione seu filho a ter uma evacuação, nem o puna
ntuisãií
Ilosnital
lle llroloula rlo Montreal children's
se ela não ocorrer. Seu filho deveria ser encora- O que É Refluxo?
jado a urinar a cada 2 a 3h.
A urina e produzida pelos rins e viaja inferiormente
cómo Possa Envolver neu Filho e conseguir
cooleração Programa Intestinal?
por tubos denominados ureteres até a bexiga. Nor-
com a malmente, esse fluxo tem direção única. Refluxo é a
condição em que a urina retorna da bexiga até os rins.
ICriança pequena (abaixo de 8 anos): pode ser Refluxo de urina é causado por defeito da válvula
usado um calendário para promover a participa- onde a bexiga e os ureteres se encontram. Cerca de
ção de seu filho eo interesse em mudar seus hábitos uma em cada três crianças com infecção do trato urinário
intestinais. É também uma forma de seguir o tem refluxo. Geralmente, as crianças nascem com
progresso dele. Exemplo: cada vez que seu fi- refluxo. Há certa predisposição familiar. Refluxo,
lho evacuar, coloque uma etiqueta no calenda- entretanto, pode desenvolver—se em crianças cuja bexiga
rio. Se a evacuação não acontecer, elogie seu filho não se esvazia de forma adequada ou que têm bexi—
pela tentativa e lembre-o de que ele poderá ten- ga anormal de alta pressão.
tar novamente mais tarde.
Você pode decidir dar a seu filho uma recom- Refluxo É Prejudicial?
pensa especial toda vez que certo número de
etiquetas adesivas for obtido. Pode ser um pe— Só o refluxo não é prejudicial aos rins. Entretanto, se
queno brinquedo, piquenique especial, ou privi- a urina estiver infectada, as bactérias presentes na be—
légio. Não puna seu filho por não ter evacuado. xiga poderão subir e infecta-los. A infecção dos rins
I Criança maior ou adolescente (9 anos ou mais): pode causar cicatriz e dano renal, especialmente em
para uma criança maior que esta aspirando à crianças abaixo de cinco anos de idade.
722 I Orientações de Enfermagem
será necessária medicação para dor. Se seu filho tem tomando antibióticos.
I Se a criança não pode tomar antibióticos.
refluxo:
I Se a criança for maior, aproximando-se da pu-
I Será realizada ultra-sonografia para checar o herdade.
tamanho e a forma dos rins. I Se o refluxo fica pior.
I Poderá ser necessária cintilografia com ácido
dimercaptosuccínico (DMSA, dimercaptosuccinic A operação envolve a criação de uma nova válvula
acid) para checar se os rins estão funcionando onde os ureteres entram na bexiga. A operação é segu-
bem e observar se ha cicatriz. ra e efetiva.
Adicionalmente, algumas crianças podem neces-
sitar de testes de função e de pressão vesical (urodi— 0 que Devo Fazer se Meu Filho Desenvolver
6 L 8' 5 ‘ Z V I 9 S
nâmica). uma Infecção do Trato Urinário?
Contate seu médico pediatra ou cirurgião e ebtenha
Como o Refluxo É Tratado? cultura de urina imediatamente se seu filho com rc-
fluxo desenvolver sinais e sintomas de infecção do
O tratamento de refluxo varia conforme a idade da trato urinário, tais como:
criança, o número de infecções urinárias prévias e os
achados radiológicos. Refluxo égraduado em escala I Febre (acima de 38,5ºC retal ou oral).
de IaV: grau I é o mais leve eV o mais grave. Em crian- I Irritabilidade.
ças com refluxo de grau leve a moderado (graus I a I Urina com mau-cheiro.
III), há boa chance (80%) do refluxo desaparecer com I Dor abdominal ou lombar.
o crescimento da criança e da bexiga sofrer maturação. I Perda de urina ou micção dolorosa.
Crianças com refluxo de alto grau (graus IV e V) têm
menor chance do refluxo desaparecer espontaneamente
Estudos têm mostrado que diagnóstico e tratamento
precoces da infecção do trato urinário em crianças
e podem requerer cirurgia para corrigi—lo. com refluxo podem prevenir cicatrizes nos rins.
Todas as crianças com refluxo devem receber dose
baixa diária de antibióticos. Isso significa tomar uma
quantidade muito pequena de antibiótico uma vez por Outros Assuntos Importantes para Conhecer
dia (na hora de dormir), enquanto presente o refluxo Uma criança maior com refluxo deve desenvolver hábi-
ou nas crianças em risco de dano renal. Esse medica- tos regulares, como:
mento não cura o refluxo, mas previne infecção e protege I Beber líquidos abundantemente para ajudar o
o rim de qualquer dano. fluxo de urina nos rins e bexiga.
Quando seu filho for cateterizado para algum exa- I Urinar cinco a seis vezes/dia (a cada 2 a 3h) para
me, a dose de antibiótico deve ser duplicada e dada
duas vezes por dia (manhã e noite) no dia que ante- manter as pressões da bexiga baixas e eliminar
as suas bactérias.
cede o exame, no dia do exame e no dia seguinte ao I Relaxar e levar o tempo que for necessário para
exame. Isso vai prevenir possível infecção urinária
causada pela inserção do cateter. esvaziar a bexiga completamente. —
I Tentar esvaziar completamente a bexiga urinan-
do uma vez e, então, tentando urinar novamente
Como Saberei se o Refluxo Está (micção dupla). A primeira micção elimina a urina
Melhorando ou Piorando? da bexiga e a segunda elimina a urina que pode
ter ref'luldo até os rins.
O progresso de seu
por:
filho
será monitorado regularmente
Evitar constipação: adotar dieta rica em 'fibras
com muitas frutas, vegetais e produtos integrais.
I Ultra-sonografia uma a duas vezes/ano para ver
como os rins estão crescendo. Fezes que permanecem no corpo por longos perío-
I Radiografia da bexiga (cistograrna) a cada 12 a 18
meses para ver se o refluxo está desaparecendo.
dos de tempo interferem com o funcionamento
normal
da bexiga e podem ser fonte de infecção urinária.
Enfermagem Urológica II 723
nnnmurr unmm
Introdução
Reimplante ureteral é uma operação usada para corri-
gir muitas condições urológicas diferentes (rins e be-
xiga). A condição mais comum é o refluxo vesicoureteral.
7 - 5 6 vl 4 2 8 9
Quªl ll ºhlelilll Ila cirurgia Anti-refluxo?
O objetivo da cirurgia anti-refluxo é construir uma
nova válvula pelo alongamento do túnel, onde o ureter
se encontra com a bexiga. O tipo de cirurgia anti—
refluxo depende do grau de refluxo e se ele ocorre
em um ou ambos os lados. Para algumas crianças com
refluxo moderado, o túnel e alongado pela injeção
de material especial na parede vesical atrás do ureter. Túnel normal
Para outras, o cirurgião deve criar um novo túnel mais
longo, reinserindo o ureter na bexiga. Essa cirurgia é
denominada reimplante ureteral.
IStem: somente em casos selecionados. Pequeno de Micropore‘D e/ou curativo plástico transparente sobre
cateter que ajuda a drenar urina do rim. a incisão. Algumas crianças terão que ir para casa
com um cateter ou stent. Se isso ocorrer, será ensina—
do a você como cuidar do cateter ou stent antes que
Iluminação e tíuuluns nur Via Ilral a criança deixe o hospital.
Não será permitido que seu filho coma ou beba por
muitas horas após a cirurgia. Uma enfermeira orien-
tará o início lento de líquidos que, gradualmente, pro—
gredirá até que possa aceitar uma dieta regular. O (meter Seu filho poderá tomar banho de banheira assim que
intravenoso será removido assim que seu filho esteja todas as sondas forem removidas e o curativo estiver
aceitando dieta líquida e medicações oferecidas via seco (sete a dez dias apos a cirurgia).
oral.
Retorno à lltlillllalleí Normal
nor Pós-nneratúrla Seu filho provavelmente retornará à escola em uma
semana após deixar o hospital. Atividade física vigo—
Após a operação, seu filho podera experimentar di-
ferentes espécies de dor ou desconforto — dor da in- rosa deve ser evitada pelo mínimo por quatro sema—
cisão, espasmos vesicais e constipação. Medicação nas após a cirurgia. t—
G L S' Z V I Q
Seu filho poderá experimentar algum desconforto
IEspasmos vesicais: dor em cólica em decorrên— enquanto urina e/ou pequena quantidade de vazamento
cia da cirurgia ou presença de sondas na bexiga. de urina. Muitas vezes, isso ocorre por causa da ci-
Os espasmos não fazem mal, mas causam des- rurgia e dos efeitos das sondas colocadas na bexiga.
conforto a seu filho. Durante esses espasmos, Esses problemas vesicais são temporários, mas po-
seu filho pode tornar-se subitamente irritado, dobrar dem durar duas a três semanas. Para ajudar a aliviar
as pernas, ou queixar-se de coceira ou pressão o desconforto, seu filho poderá:
na região perianal. Seu filho poderá perder pe—
quena quantidade de urina durante os espasmos.
IBeber muito líquido para diluir a urina.
IConstipação: pode ser desconfortável e agravar IUrinar sentado em banheira de água moma.
os espasmos vesicais. Por favor, comunique a ISoprar gentilmente ar por um canudo para aju-
enfermeira se seu filho está tendo dificuldades dar os músculos abaixo da bexiga a relaxarem
para evacuar.
ICateter peridural: durante a cirurgia, 0 anestesista .
durante a micção.
pode colocar um pequeno cateter nas costas culdades nmis a fllmquia
(peridural) de seu filho para infusão contínua de
medicação para a dor. O cateter peridural age Após a cirurgia, seu filho continuará a receber pe-
como um bloqueador de nervos e é removido após quena do'se diária de antibióticos. Uma ultra—sonografia
alguns dias. Enfermeiras irão monitorizar aten- dos rins e bexiga será realizada um mês após a cirur-
tamente seu filho para efeitos secundários e gia e irá nos dizer se há algum bloqueio no local da
determinar seo cateter peridural está funcionando. cirurgia. Uretrocistografia miccional costuma ser rea-
lizada quatro a seis meses após a operação. Se esse
teste mostrar que o refluxo foi corrigido, suspendem-se
neamllulaçãn os antibióticos. Outras ultra-sonografias serão reali-
Seu filho será encorajado a sair do leito no dia se- zadas em intervalos regulares para avaliar o cresci-
guinte à operação com ajuda de medicamentos para
dor ou assim que o cateter peridural for removido (se
mento e o desenvolvimento dos rins.
presente). A enfermeira também encorajaté seu filho
a fazer respirações profundas e a tossir. Todas essas nuanun Procurar 0 Hosnltal?
I Se houver suspeita de infecção: hiperemia, edema,
atividades são importantes passos para a melhora.
drenagem pela incisão, febre (> 38,5ºC), piora
da dor na incisão ou urina mal-cheirosa.
Pontes B Íllllªllulã ISe os problemas vesicais estiverem se tornando
Seu filho terá um curativo cobrindo a incisão por alguns piores (criança incapaz de urinar por mais de 8h).
dias. O curativo sera trocado em intervalos regula- IDor abdominal persistente, apesar de adequada
res. Os pontos se dissolverão espontaneamente após medicação analgésica prescrita. Dor persistente
duas a três semanas. Seu filho irá para casa com tiras pode ser sinal de infecção ou obstrução do neotúnel.
Enfermagem Urológica I
725
7- 5 6 1 4 2 8 9
a base do escroto. O pênis pode, também, encurvar— para minimizar o edema e proteger a ferida cirúrgi-
se para baixo (denominado chordee). ca. Os pontos dissolvem—se após algumas semanas.
Não é recomendada a circuncisão em recém—nas— Um curativo externo poderá cobrir o curativo plásti—
cidos com hipospádia, porque () prepúcio pode ser co. Você será instruído a quando retira—lo.
aproveitado em seu reparo.
cateter elou Stem
Algumas crianças vão para casa com uma sonda (cateter
Surge hipospádia pelo desenvolvimento incompleto ou stent) no pênis. A urina drenara pela sonda en-
da uretra (o canal que conduz a urina através do pênis) quanto a nova uretra estiver em cicatrização. Man—
antes do nascimento. A causa exata não é conhecida. tém—se a sonda por um ponto, que será removido
Muitas vezes é herdada. posteriormente, em cinco a dez dias. Após a remo-
ção do cateter ou .stem, seu filho poderá apresentar
Por luo E Imnortante a Seu nenem?
Hipospádia afeta a aparência cosmética do pênis, mas
.
dor e o'jato espraiado de urina tenderá a melhorar.
não é uma condição que ameace a vida. Pode causar cuidados com o Cateter ou Stem
desvio dojato urinário, levando o menino, muitas vezes, ta Cuidados devem ser tomados para evitar a tra-
a urinar sentado. Também, quando adulto, a função çãor acidental da sonda, principalmente durante
sexual pode ser prejudicada pela localização do meato, troca de fraldas e banho.
ou encurvamento peniano. a Muitas vezes, a urina vaza em torno da sonda.
V W.
m Excessivo vazamento em torno da sonda, sem a
Grial e e Tratamento para uinesnádia? drenagem dela, pode ser um sinal de estar obstruída.
Se você foi instruído a como im'gá-la, injete 10mL
O tratamento é cirúrgico. A cirurgia, sob anestesia
geral, deve ser realizada entre os 12 e 24 meses de de soro fisiológico na sonda. Se não obtiver sucesso
vida. Um bom resultado cosmético e funcional deve com a manobra, telefone para seu médico.
ser esperado para todos os graus de hípospádia. a.—
Fraldas
E Necessário Permanecer no Bosnian? 5Se seu filho ficon com sonda após a cirurgia,
A maioria dos tipos de hipospádia pode ser corrigida ele necessitará de fraldas duplas. A fralda in-
de forma ambulatorial_(recebem alta no mesmo dia da terna irá coletar fezes e a externa, a urina da
cirurgia). Alguns tipos podem necessitar de reparos ci- sonda. Troque as fraldas como de costume, Limpe
rúrgicos mais extensos e podem ter que permanecer qualquer detrito fecal da sonda ou do curativo,
no hospital naquela noite ou até mais tempo. Formas prestando atenção para deixar a sonda e o cu-
mais graves de hipospádia podem necessitar de mais rativo no lugar.
de uma operação. Em tais casos, as operações serão IAntes da alta hospitalar, você receberá treina-
realizadas com um ano de intervalo. mento sobre o método da dupla fralda (traga duas
726 I Orientações de Enfermagem
fraldas, uma de tamanho maior que o daquela getais e produtos integrais. Esforço evacuatório
que seu filho normalmente usa para pemtitir espaço pode forçar o local cirúrgico e agravar os espas.
para o curativo e a sonda). mos vesicais.
Muitos métodos são usados para manter seu filho IDê banho com esponjas nos primeiros dois dias
bastante confortável: após a cirurgia. Aplique pomada de antibióticos
INa sala de cirurgia, ele receberá medicação para sobre o pênis após o banho e a cada troca de
a dor (anestesia local ou supositório). Essa fraldas.
INo terceiro dia, inicie banhos de imersão, mes-
medicação aliviará a dor quando a criança acor—
dar e durará 4 a 6h. mo com a presença de cateter/stent, por 10 a 15min
IEm casa, usará paracetamol a cada 3 a 4h e codeína, sem usar sabonete. Banhos de imersão ajudam a
manter o pênis limpo, reduzem o edema e pro«
como prescritos. A dor costuma melhorar em 48h,
mas poderá durar cinco a sete dias, Você pode movem cicatrização. Continue com os banhos
continuar com o uso de paracetamol por até sete de imersão e a pomada de neomicina por cinco
dias. Se a dor persistir, consulte seu médico. dias. O pênis pode parecer edemaciado e ma—
I Se seu filho tem uma sonda, ele pode sofrer de chucado. Terá melhor aspecto após duas a três
espasmos vesicais que acabarão quando o cate— semanas.
& Lave a região anal com sabonete e água após
ter for retirado. Durante esses espasmos, seu filho
poderá ficar subitamente irritado, dobrar as per— cada evacuação.
IVista seu filho com roupas frouxas para preve-
nas e a urina poderá extravasar ao redor do ca-
teter. Oxibutinina (medicação antiespasrno) deverá nir pressão sobre o pênis.
ser prescrita se espasmos forem esperados. Pos-
síveis efeitos secundários da oxibutinina são ru— Millillalil
bor facial, boca seca e constipação.
Quando seu filho acordar de uma cirurgia, ele se sentirá
tonto e poderá sentir fraqueza nas pernas. A ativi-
Fªll"! dade normal sem esforço poderá ser reassumida no
L‘S9'I7Z586
Febre (até 38,5ºC) pode ser esperada após a cirurgia. dia seguinte.
Para reduzir a temperatura de seu filho, podem ser Seu filho vai necessitar de supervisão extra por duas
dados paracetamol, banhos com esponja e aumento semanas para evitar dano acidental no local operado.
da ingesta de líquidos. Se a febre persistir por mais Devem ser evitados brinquedos que facilitem o trau—
de dois dias; consulte seu médico. Febre pode ser um ma na região.
sinal de infecção. Continue com os antibióticos, se t
IEncoraje sen filho a beber muito líquido para tratamento. Não substituem as informações ou ins-
W
produzir débito urinário adequado e, assim, prevenir truções dadas por seu médico ou enfermeira. Em razão
a obstrução da sonda. da variabilidade do problema, é melhor consultar seu
IA constipação deve ser prevenida pela oferta de
médico para discutir detalhes específicos em relação
alimentos ricos em fibras, tais como frutas, ve- a seu filho.
a.
.
Enfermagem Urológica I
727
,( " .
.
yv-rw.1—_
728 I Orientações de Enfermagem
OBSERVAÇÃO RAZÃO/AÇÃO
cumulus Ill! [:IBIIIIEII DO IIIMEII'I'II “ESIflAl
Odor, urina turva Urina nova não deve ter odor.
Infecções do trato urinário E GDNTIIIEHEII
podem tomar a urina de odor
forte Introdução
Vazamento A bexiga deve estar bastante
cheia A bexiga é um saco muscular que armazena urina a
baixas pressões. Músculos esfincterianos, abaixo da
Nenhuma urina Pode ser decorrente de inserção
presente na errada do cateter. Verifique bexiga (colo vesical), criam resistência para manter
cateterização sua posição a urina dentro dela, prevenindo seu vazamento. Nor—
Sangramento do estoma o estoma é facilmente irritável. malmente, quando urinamos, a bexiga contrai-se e
Isso pode acontecer quando os músculos csflncterianos relaxam—se, permitindo a
ele é muito friccionado saída da urina armazenada.
durante a limpeza ou
beliscado com a ponta da Algumas crianças nascem ou desenvolvem bexi-
unha. Em geral, o sangramento gas que não funcionam adequadamente. A continên-
pára rapidamente. Se isso não cia ou habilidade de manterem-se secas depende de
acontecer. aplique pressão uma bexiga de tamanho adequado para armazenar
delicada e avise a enfermeira
quantidades apropriadas de urina e de músculos
esfincterianos suficientemente fortes para criarem
resistência a saída de urina. Vazamento de urina poderá
procedimento se uma resistência não usual for ocorrer quando a bexiga for extremamente pequena
6 L 8' S Z Vl 9
encontrada e informar a enfermeira. ou os músculos esfincterianos fracos ou ausentes. Uma
IAssegurar técnica limpa. essencial uma boa cirurgia para reparar o vazamento de urina e/ou di—
lavagem das mãos com sabão. Mantenha limpa minuir a pressão vesical sera sugerida somente quando
a ponta do cateter. Não toque na ponta do cate— outros métodos falharem (medicamentoso e progra-
ter com as mãos ou permita que a ponta entre ma de cateterização em casa).
em contato com alguma superfície suja antes da
sua inserção na boca do estoma.
I Relate qualquer alteração (urina turva, com sangue,
|)
nue E Aumento Vesical?
odor fétido, muco, vazamento não usual entre É uma cirurgia para aumentar a bexiga pela adição
as cateterizações) (Tabela 143.1). de um segmento intestinal a ela. Uma bexiga maior
guardará mais urina e a armazenará com pressões vesi-
Procedimento de cateterlzaeão cais mais ,baixas.
«.
Tino Mitretanntt
Equipamentos. uuem Neeesslta lle Aumente Vesical?
Algumas crianças nascem'com bexiga pequena e
I Cateter urinário descartável estéril 10F (ou outro
fibrótica, ou desenvolvem uma bexiga de alta pres-
calibre recomendável). são. Uma bexiga normal é elastica, tern paredes finas
ILubrificante hidrossolúvel. e lisas que se estiram facilmente com o intuito de
I Lenços higiênicos.
manter a urina. Urna bexiga de alta pressão é endu-
‘ M.
I Recipiente para medir a urina. recida, tem parede espessa e forma irregular que não
Procedimentos. se alonga facilmente. Uma bexiga de alta pressão pode
causar pressão retrógrada em direção aos rins, dila-
IReúna os equipamentos. tando-os e causando dano renal permanente.
I Lave as mãos.
ILave a pele em tomo do estoma.
I Lubrifique a ponta do cateter, aproximadamente 0 nuo E nenaro do cole Vesieam. —
lOcm. É uma operação para fortificar o colo vesical e criar
I Insira gentilmente o cateter no estoma, dirigin- mais resistência à saída de urina. Existem muitas técni—
do-o até a bexiga, aproximadamente lOcm, até cas cirúrgicas para o reparo do colo vesical e seu mêdico
que a urina comecea fluir no recipiente.
IAvance, adicionalmente, o cateter por 2cm e
deverá escolher a melhor para as necessidades de seu
filho.
mantenha-o no lugar até que toda urina seja drenada.
I Role lentamente o cateter para assegurar-se de
que todas as porções da bexiga foram drenadas. fluem Necessita Ilª Bºllªl'o do (:qu Vesical?
I Retire o cateter gentilmente, interrompendo bre- Quando os músculos esfmcterianos são fracos ou
vemente se a urina começar a drenar. ausentes, o colo vesical
fica, muitas vezes, aberto e
Enfermagem Urológica l
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há pouca resistência à saída de urina. Consequente- após três a quatro dias. quando seu bebê for capaz
mente, urina pode vazar da bexiga. Para algumas de beber e comer bem.
crianças, esse vazamento e quase contínuo. Para outros, Sonda nasogástrica (SNG): pequeno tubo colo-
o vazamento ocorre somente durante movimentos cado pela narína até o estômago para drenar sucos
(caminhar, correr, rir, esforçar-se), quando a pressão digestivos, evitando os vômitos. Esse tubo de-
dentro da bexiga e maior do que a resistência produ- verá ser retirado em dois a três dias, após os in—
zida pelos músculos esfincterianos. testinos começarem a mover-se.
Crianças nascidas com bexiga pequena e músculos m Cateter vesical: pequeno tubo na bexiga para drenar
esfincterianos fracos podem necessitar de aumento urina. O cateter pode ser colocado na bexiga por
vesical e reconstrução do colo vesical. Ambas as cirurgias uma pequena abertura no abdome (suprapúbico),
podem ser realizadas ao mesmo tempo. ou pela uretra (local por onde seu filho normal-
mente urina). Irrigações vesicais serão realiza—
das por meio do cateter para retirar o excesso de
Quais San os nnietivos lio Aumento ilesical muco e manter a bexiga drenando adequadamente.
(: do narram rio cola Vesical? Logo após a cirurgia, a urina ficará avermelhada.
Isso é normal e tornar-se—ã mais clara com o passar
IAumentar a quantidade de urina que a bexiga
pode manter seguramente. dos dias.
I Diminuir a pressão vesical. u Dreno: pequeno tubo colocado no abdome para
I Prevenir dano renal. drenar líquidos extras (tais como sangue e urina),
I Obter continência. que podem ficar coletados durante a cirurgia.
I Melhorar a qualidadc de vida. n Molde uretral (stent): tubo colocado na uretra
para ajudar a cicatrização do novo colo vesical.
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Esse tubo é removido, aproximadamente, em duas
flue Testes SinNecessities tintastia Cirurgia? a três semanas.
ia Molde ureteral (stent): pequeno tubo colocado
Com o objetivo de decidir qual cirurgia é melhor para
seu filho, seu médico necessitará de ultra-sonograíia renal no ureter (tubo que leva urina do rim a bexiga)
recente, radiografia de bexiga (uretrocistografla miccio— para drenar urina do rim quando o ureter for
nal), exame urodinâmico completo (teste de pressão reimplantado na bexiga. Esse stent drenarã me-
vesical) e testes sanguíneos. Uma cintilografia renal nos urina a cada dia e será removido antes que
também pode ser necessária. seu filho receba alta hospitalar.
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ter peridural. A enfermeira irá encorajar seu filho a Mitrofanoff
realizar res'pirações longas e a tossir. Todas essas ati- Para certas crianças, o especialista pode criar um novo
vidades são passos importantes para sentir-se melhor. canal para a cateterização da bexiga. O Mitrofanoff
é realizado pela ligação de um dos cotos do apêndice
Pontos e Curativos cecal à bexiga, trazendo a outra ponta até uma pe-
quena abertura