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Copyright © 2008 davll Edição pela Editora Roca Ltda.

ISBN: 978—85-7241-675-7

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CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL Dos EDITORES DE LIVROS, RJ.

S715m

Souza, João Carlos Ketzex de


Cirurgia pediátrica — teoria e prática

IJoão Carlos Keller dc Souza. São Paulo :Roca, 2007

Inclui bibliografiª
ISBN: 978—85—7241-675-7

1. Crianças — Cirurgia —-Manuais_ guias. etc. 2. Técnicas operatórias


— Nos lactentes : nas crianças,
I. Título.

06-4585. CDD 617.98 «'


CDU 616-089-0532

2008

Todos os direitos para a língua portuguesa são reservadospela

EDITORA ROCA LTDA.


Rua Dr. Cesário Mota Jr., 73
CEP 01221-020 — São Paulo — SP
Tel.: (11) 3331-4478—Fax: (11] 3331-8653 ,

E—mall: vendas@edltoraroca.com.br —- www.editoraroca.com.br

Impresso no Brasil
Printed In Brazil

,z m
-
I

Para as três mulheres da minha vida:


Maria Celeste, minha esposa, presença constante e
enriquecedora; Carla e Paula, minhas filhas,
fontes de alegria, renovação e esperança.
Organizador
JOÃO CARLOS KETZER DE SOUZA
Chefe do Serviço de Cirurgia Pediátrica do Hospital da
Criança Conceição (Parta Alegre—RS). Mestre em Cirurgia
pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Doutorando da Pós-graduação em Cirurgia pela Faculdade
de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Co-organizador p

i“

JOÃO LUIZ PIPPI SALLE


Professor Associado da Divisão de Urologia, Haspiial
for Sick Children. Universidade de Toronto (Canadá).
Doulor em Cirurgia pela Universidade Federal da Rio Grande da Sul

Colaboradores
Alberto E. Irion. Chefe do Serviço de Cirurgia Pediá- Cristina Cecconi. Enfermeira Responsável pelo Blo-
trica do Hospital Italiano de Buenos Aires, Argentina. co Cirúrgico do Hospital da Criança Conceição, Porto
Alegre-RS.
Aline Hªnauer. Cirurgiã Pediátrica. Mestre em Cirur-
gia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Elinês Oliva Maciel. Chefe do Serviço de Cirurgia
Ex—residente de Cirurgia Pediátrica do Hospital da Criança
Conceição, Porto Alegre—RS.
Anaelí Brandelli Peruzzo. do Hospital da
Enfermeira
Pediátrica do Hospital São Lucas da Pontifícia Univer-
sidade Católica do Rio Grande do Sul. Cirurgiã Pediá-
trica do Hospital da Criança Conceição, Porto Alegre-RS.
w r “ -,. ( ”
Professora Adjunta do Departamento de Cirurgia Pediátrica
Criança Conceição, Porto Alegre-RS. Professora de
Administração de Enfermagem e Formação Pedagógica da Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade
para Profissionais de Saúde na Área de Enfermagem. Católica do Rio Grande do Sul. Mestre em Medicina
Especialista em Enfermagem Matema-infanto—juvenil. pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do
Sul. Doutoranda da Pós-graduação em Cirurgia pela
Carlos André T. Gandara. Cirurgião Pediátrico do Hospi-
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.
tal Medianeira. Caxias do Sul-RS. Mestre em Cirurgia
pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Ex-re- Francisco Nicanor Araruna Macedo. Chefe do Servi—
sidente de Cirurgia Pediátrica do Hospital São Lucas da ço de Cirurgia Pediátrica do Hospital Municipal Jesus,
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.
Rio de Janeiro-RJ. Professor Adjunto da Disciplina de
Clóvis Cârnara Zimmer. Anestesiologista da Clínica Clínica Cirúrgica da Criança e do Adolescente da Uni-
Médicos Anestesiologistas Reunidos. Anestesiologista versidade do Grande Rio. Mestre em Saúde da Criança
do Hospital da Criança Conceição. Porto Alegre—RS. pela Fundação Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro.
VIII II Colaboradores

Gerardo Boscarino. Chefe do Serviço de Emergências Lily Chin-Peuquert. Enfermeira da Divisão de Urologia
do Hospital da Criança Jesus, São Miguel do Tucumán, do Montreal Children's Hospital da Universidadede McGill,
Argentina. Montreal, Canadá.

Hady El-Shaeb. Estudante de Medicina da Universi- Mário Rafael Carbonera. Cirurgião Pediátrico do Hospital
dade de McGill, Montreal, Canadá. de Criança Conceição, Porto Alegre—RS.

João Alberto P. Grimm. Cirurgião Pediátrico do Hos- Mohamed 'l‘awfik El—Sherbiny. Conferencista de Urologia
pital da Criança Conceição, Porto Alegre-RS. Pediátrica do Centro de Urologia e Nefrologia da Uni-
versidade de Mansoura, Egito. Professor Assistente da
João Vicente Bassols. Diretor e Instrutor dos Cursos Divisão de Urologia do Montreal Children’s Hospital
ATLS, PHTLS e AITP. Preceptor das Residências de da Universidade de McGill, Montreal, Canadá.
Cirurgia Geral e de Trauma do Hospital de Pronto-So-
corro Municipal de Porto Alegre e de Cirurgia Pediátri- Peter T. K. Chan. Professor Assistente da Divisão de
ca do Hospital da Criança Conceição, Porto Alegre-RS. Urologia do Montreal Children's Hospital da Universi-
Mestre em Cirurgia pela Universidade Federal do Rio dade de McGill, Montreal. Canadá.
Grande do Sul. Philippe E. Spiess. Residente de Urologia, Divisão de
Urologia do Montreal Children's Hospital da Universi-
Jordan Steinberg. Residente de Urologia, Divisão de
Urologia do Montreal Children's Hospital da Universi- dade de McGill, Montreal, Canadár'
dade de McGill, Montreal, Canadá. Roman Jednak. Professor Assistente e Chefe da Divi—
são de Urologia do Montreal Children's Hospital da
José Carlos Soares Fragª. Professor Adjunto de Cirur-
gia Pediátrica da Faculdade de Medicina da Universidade Universidade de McGill, Montreal, Canadá.
Federal do Rio Grande do Sul. Chefe do Serviço de Ci— Vitor Hugo Galli. Anestesiologista da Clínica Médi-
rurgia Pediátrica e Cirurgião do Setor de Cirurgia Torácica cos Anestesiologistas Reunidos. Anestesiologista do Hos-
Infantil do Hospital de Clínicas de Porto Alegre-RS. pital da Criança Conceição, Porto Alegre' RS.
Prefácio

Após 23 anos, senti—me na obrigação de reescrever pré-natal de células-tronco, participar da elucidação


um livro sobre cirurgia pediátrica. Um livro com texto dos mecanismos moleculares da organogênese. Téc-
prático, atual, objetivo, do dia—a-dia da cirurgia pediátrica, nicas de biologia molecular estão se tornando cada
resultado da experiência pessoal e de muito estudo. vez mais importantes em medicina. É preciso que o
Aquele Iivro fundamental para todo estudante, residente cirurgião pediátrico tenha um entendimento básico
de cirurgia pediátrica, pediatra e cirurgião pediátrico. dessa matéria.
Aquele livro que aborde a doença que vemos diaria- O cirurgião pediátrico deve se familiarizar com os
mente, os medicamentos e as closes que utilizamos. conceitos e ensinamentos da medicina que se baseia
Aquele livro necessário em consultórios e ambulató- em evidências. A cirurgia pediátrica baseada em evi-
rios de cirurgia pediátrica e pediatria. dências permite a integração dos artigos de boa qua-
A seção de urologia pediátrica foi coordenada e lidade publicados com a experiência clínica, opiniões,
escrita pelo meu colega e amigo, Dr. Salle, e seus julgamento e valores dos pacientes e de seus cuidadores.
colegas urologistas pediátricos da Universidade de Apesar de todo esse avanço tecnológico, o cirur—
McGill. Seu nome dispensa elogios e apresentações. gião pediátrico não deverá abdicar de sua excelência
A seção de cirurgia pediátrica geral foi coordena- e qualificação como médico, de seu treinamento como
da por mim e escrita por colegas reconhecidos pela cirurgião, da boa história, do exame físico dedicado e
qualidade médica e profissional. completo e da atenção que a criança e os pais merecem.
Cirurgia e arte, é ciência. Cirurgia pediátrica é arte, Não esquecendo nunca que as crianças são seres em
é ciência, amor, dedicação, carinho e respeito pelas desenvolvimento, que possuem uma espantosa capacidade
crianças. de recuperação e adaptação, que lhes permite ultrapassar
A cirurgia pediátrica encontra—se em uma fase de etapas difíceis da recuperação, surpreendendo—nos.
muita ebulição científica e inovadora. Técnicas ope- Gostaria de agradecer aos colaboradores que, com
ratórias elaboradas e exames sofisticados são prenúncios dedicação, carinho e competência, me deram o prazer
de muitos avanços tecnológicos. de suas companhias e conhecimentos; aos ex—mestres
Nos últimos anos, presenciou—se () incrível e espantoso que, além do conhecimento, me transmitiram a paixão
crescimento das cirurgias minimamente invasivas e, pela arte de curar crianças; ao Hospital da Criança
brevemente, a cirurgia robótica permitirá que 0 oi- Conceição, refúgio intelectual e de trabalho, local em
rurgião,permanecendo em seu local de trabalho, realize que iniciei a minha prática em cirurgia pediátrica e
uma cirurgia do outro lado do mundo. A cirurgia fetal onde muito aprendi como pessoa e cirurgião; aos meus
já é uma realidade. colegas cirurgiões pediátricos e pediatras com quem
Em consequência, o cirurgião deverá dominar a enge- convivi diariamente; a enfermagem com sua incrível
nharia e a terapia genética, as técnicas de transplante dedicação e a todos os funcionários do-hospital.
O ORGANIZADOR
Índice " "

Seção 1
Geral
1 Hidratação Parenteral
2 Nutrição Parenteral Total
3 Avaliação e Preparo Pré-operatório do Paciente Pediátrico. I3
no_ Paciente Pediátrico
......................................
4 Analgesia Pós-operatória 18
5 Analgesia e Sedação para Procedimentos Dolorosos
22
6 Infecções em Cirurgia Pediátrica
24
7 Infecções dos Tecidos Moles e Ferimentos 29
8 Acesso Vascular 40
9 Acessos para Diálise 45
10 Traqueostomia 48
11 Preparo do Recém—nascido para a Cirurgia 51

Seção 2
Tumores
12 Tumores Renais Primários 57
13 Neuroblastoma 73
14 Rabdomiossarcoma 83
15 Rabdomiossarcoma Geniturinário 90
16 Tumores Benignos do Fígado 94
17 Tumores Malignos do Fígado 102
18 Linfoma Abdominal Não—Hodgkin 111
19 Teratomas 116
20 Carcinoma de Tireóide 123
21 Tumores do Testiculo 127
22 Tumores Neoplásicos de Ovário na Criança e na Adolescente ............................................................ 134
23 Tumores Adrenocorticais 142

Seção 3
Trauma
24 Atendimento Inicial do Politraumatízado 149
25 Mecanismos do Trauma Pediátrico 157
26 Trauma Pediátrico 162

Seção 4 .v
Cabeça e Pescoço
27 Lesões da Região Pronto-nasal 169
Xll I
Indice

28 Lesões da Cavidade Oral 173


29 Sequência Pierre«Robin 177
30 Cisto Tireoglosso 18°
31 Cistos, Seios e Fístulas Branquiais 183
32 Torcicolo Congênito 189
33 Linfadenite Cervical
..................................
193
34 Flebectasia Jugular (Venoma ou Ectasia da Veia Jugular) 198

Seção 5 "“
Tórax
35 obstruções da Laringe e da Traquéia 201
36 Anéis e Fitas Vasculares 18% 210
37 Persistência do Canal Arterial no Recém-nascido '' 216
38 Cisto Broncogênico ' 219
39 Enfisema Lobar Congênito 221
40 Malformação Adenomatóide Cística de Pulmão 224
41 Seqúestração Pulmonar 232
42 Quilotórax 236
43 Pneumotórax 240
44 Empiema Pleural 244
45 Abscesso Pulmonar 248
46 Bronquiectasias 'Á 250
47 " " ”' inais ~ 253

Seção 6 '.
Esôfago A. ‘
48 Disfagia Orofarlngea
. I" ӻ;
..
ª “ 259
49 Atresia de Esôfago ' 262
50 Estenose Congênita de Esôfago . 275

' _ '“
51 Acalásia ' 277
52 Lesões Cáustícas do Trato Gastrointestinal 279
53 Refluxo Gastroesofágico , 284
54 Fundoplicatura 291
55 Ingestão de Corpo Estranho 296

Seção 7
Diafragma
56 Hérnia Díafragmátíca Congênita 301
57 Hérnia Diafragmática de Morgagni 313
58 Eventração Diafragmática 315

Seção 8' ,
Parede Abdominal
59 Hérnia lnguinal - 321
N
Indice l Xlll

60 Hérnia Umbilical 330


61 Hérnia Epigástrica 332
62 Onfalocele e Gastrosquíse
333
63 Abscesso do Psoas 342

Seção 9
Trato Gastrointestinal
64 Estenose Hipertrófica de Píloro 345
65 Obstrução Congênita Antral e Pilórica 351
66 Úlcera Péptíca
67 NecroselPerfuração Gástrica Neonatal
68 Sangramento Gastrointestinal
69 Atresia de Duodeno
70 Má Rotação Intestinal
71 Atresias Jejunoileais 371
72 Íleo Meconial 375
73 Peritonite Meconial 380
74 Atresia de Cólon 382
75 Enterocolite Necrosante
76 Perfuração Intestinal Espontânea Idiopática 398
77 Síndrome do Intestino Curto 400
78 Anomalias Anorretais 407
79 Colostomia na Anomalia Anorretal 418
80 Malformações do Sistema Neuroentérico 421
81 Constipação Intestinal 444
82 Doença Polipóide do Trato Gastrointestinal 448
83 Enteropatia Neutropénica 456
Ar

84 Dilatação Segmentar do Intestino 458


85 Patologias do Conduto Onfalomesentérico 460
86 Duplicações do Trato Digestivo 467
87 Invaginação Intestinal 476
88 Obstrução Intestinal por Bolo de Áscaris 484
89 Ascite Neonatal 488
90 Cisto de Mesentério e de Omento 493
91 Apendicite Aguda 496
92 Torção do Grande Omento 507
93 Peritonite Primária 509
94 Fissura Anal 510
95 Abscesso e Fístula Perianais 513
96 Hemorróidas Externas 51 5
97 Prolapso Retal 516

Seção 10
Fígado, Vias Biliares, Raça e Pâncreas
98 Atresia de Vias Biliares 523
XIV I
Indice
530

.......................................
99 Cistoode Çolédoco
100 Perfuração Espontânea de Via Biliar Extra~hepética 535
538
101 Doenças da Vesícula Biliar 540
102 Abscesso Hepático Piogênico
103 Ascaridlase Hepatobiliar e Pancreática 543

104 Esplenectomia 546


105 Esplenoptose 548
549
106 Pancreatite Aguda, Pseudocisto Pancreático
107 Hipertensão Portal eVarizes Esofágicas 553

Seção 11
Trato Geniturinário
108 circuncisão
561
1 09 Parafimose 565
110 Hipospádia 567
111 Priapismo em Anemia Falciforme 572
112 Estenose dd“ Meato Uretral 575
113 Criptorquidia 576
114 Escroto Agudo 583
115 Lesões Císticas de Testiculo 590
593
1.16 Sinéquia de Pequenos Lábios
117 Massas Interlabiais ~ 595
118 Hidrocolpos e Hidrometrocolpos 598
119 Cisto de' ºvário Fetal e na Lactente 601
120 Cisto de Ovário na Pré—Menarca 605
121 lntersexo 607
122 Extrofia de Bexiga 613
123 de Cloaca
Extrofia 617

124 Hematúria 621


l '
.\ 626
125 Fertilidade Relacionada à População Pediátrica ' "

‘126 Enurese Noturna 635


127 Válvula de Uretra Posterior 639
128 Disrafismo Neuroespinhal e Bexiga Neurogênica 643
129 Urodinàmica Pediátrica 649
130 Duplicação Ureteral, Ureter Ectópico e Ureterocele ............................................................................. 655
131 Refluxo Vesicoureteral 661
132 'Rim Multicistico Displásico 666
133 Urolitiase Pediátrica 669
134 Hidronefrose 673

Seção 12
Tecidos Moles e Vasos Sangiiíneos
135 Hemangiomas 683
136 Higroma Cistico 693
indice XV
137 Polidactilia
698
138 Sindactilia
701
139 Síndrome da Constrição Anelar Congênita
704
140 Principais Cistos e Tumores Benignos dos Tecidos Moles
706
141 Seio Pilonidal
710

Seção 13
Orientações de Enfermagem
142 Criança Estomizada
715
143 Enfermagem Urológica
718

Indice Remissivo 733

”a"

ll
1-
Geral
Hidratação Parenteral ...... ...........................
. .. 3
Nutrição Parenteral Total .................. . .7
Avaliação e Preparo Pré-operatório do Paciente Pediátrico ........ 13

l — N W h.
Analgesia Pós-operatória no Paciente Pediátrico .................. 18
Analgesia e Sedação para Procedimentos Dolorosos ...............
22
Infecções em Cirurgia Pediátrica ................................24
infecções dos Tecidos Moles e Ferimentos ........................ 29
Acesso Vascular ..................................... . 40
Acessos para .
Diálise ........ 45

‘ u m w oa
Traqueostomia ............................................... 48
....................... 51
.t Preparo do Recém-nascido para a Cirurgia

A
1-\
.

l
Hidratação Parenteral I
3'
Potássio 3Qz-\ a
'n,

Iniciar apartir do 3º dia. A necessidade é de lmEq/kg/diª sit/3;:



Hidratação Parenteral
e após 0 Sº dia é de 2mEq/kg/dia.
.
Irã!“ :.)
Cloro
Iniciar a partir do 2º dia de vida e na quantidade de
João Carlos Ketzer de Souza Zmqukg/dia.

MANUTENÇÃO ºutros
Se o jejum pós—operatório for prolongado, pensar em
"8608311131105 Ilírlrioas acrescentar cálcio (1 a 2mEq/kg/dia). magnésio (0,5mqu
Corresponde à restituição das perdas fisiológicas de kg/dia), vitaminas (B e C) e aminoácidos. Nos RN e
água e eletrólitos. É estimado o gasto de lmL de água desnutridos com NPO >72h, deve ser instituída a nutrição
para cada caloria metabolizada (Tabela 1.1). parenteral total (NPT).
O recém nascido (RN) a termo com mais de 2.500g
necessita, no lº dia, de 60mL/kg/dia de manutenção.
A essa quantidade vai sendo adicionado IOmL/kg/dia nuallrlallo rias Soluções de l'ilanutonção
até atingir 100mL/kg/dia. O RN prematuro (entre 1.500 No 1º dia, é aconselhável solução de glicose a 5 a 10%.
e 2.500g) necessita, no lº dia, de 80mL/kg/dia e a sem eletrólitos.
essa quantidade vai sendo acrescido 10mL/kg/dia até O RN prematuro (principalmente aquele com
atingir a quantidade de 120mL/kg/dia. 0 RN de muito < 1.000g) é menos tolerante a infusão de glicose. In—
baixo peso (< 1.500g) necessita, no lº dia, de 90mL/ fundir 4 a 6mg/kg/dia como necessidade basica. Ver
kg/dia e a essa quantidade vai sendo adicionado IOmng/ Capítulo 2.
dia até atingir lSOmL/kg/dia.
Modificações Ila Solução Padrão
"0003511111003 Eletrnlmcas Fatores que afetam as perdas insensíveis:
Sódio I Febre persistente: acrescentar 12% da manuten-
ção para cada grau eentígrado acima de 37°.
Iniciar no 2º dia de vida. No RN a termo e estável, I SudoreSe: acrescentar 20% da manutenção.
a necessidade é de 2mEq/kg/dia (soro glicoiisiológico lIpcubadora com umidificação de 50%: diminuir
6:1). Após a lª semana, a necessidade aumenta para
3mEq/kg/dia. Nos prematuros acima de 32 semanas 30a 50% da manutenção.
I Ventilação mecânica: diminuir 30% da manutenção.
de vida, a necessidade é de 3mEq/kg/dia (soro glico-
fisiológico S:1). Nos prematuros com menos de 32
IAquecedor
radiante: acrescentar 50 a 100% da
manutenção.
semanas de Vida e nos RN a termo criticamente doentes, IFototerapia: acrescentar 30 a 50% damanuteneao.
a necessidade é de 4 a SmEq/kg/dia (soro glicofrsiológico
4: 1) nas duas primeiras semanas pós-natais, diminuindo
para 3mEq/kg/dia após. cálculo do Borel-

978- 5 241 6
Relação do soro glicofisiologico (SG). Um milili- INúmero de mL/h: microgotas/min.
tro de NaCl 20% tem 3,4mEq de sódio e cloro, INúmero de mL/h + 3 :gotas/min.
I 1:1 = lOOmL SG 5% + 2,2mL NaC120%.
I2:1 = lOOmL SG 5% + 1,5mL NaCl 20%. Controlo clínico e lahoratorlal
l 3:1 = lOOmL SG 5% +1,lmL NaC120%.
l4:1 = 100ml. SG 5% + 0,9mL NaC120%. Ila Hidratação Parenteral
l5:1 = 100mL SG 5% + 0,75mL NaCl 20%. Para'se ter controle do estado de hidratação da crian-
I 6:1 = 100mL SG 5% + 0,6mL NaCl 20%. .ça, o exame clínico deve ser repetido a cada 4h no

TABEIA 1.1 — Cálculo das necessidades hídricas diárias básicas (Regra de Holliday-Seger)
PESO (kg) VOLUME DIÁRIO
o — '10 100mL/kgldia ou 4mng/h

10 20
> 20
1.000mL + SOmng/dia para cada kg acima de 10kg ou 40mL
1.500mL + 20mL/kg/dia para cada kg acima de 20kg ou SOmL
+ ZmL/kg/h
+ 1mL/kg/h
4 I: Geral

RN, 6h no lactente e 12h na criança maior. Pesquisar A fase lenta requer muitas horas (3: 20h) para re—
com a palpação dos pulsos periféricos, ausculta car- posição. É uma tentativa de repor o volume de líquido
díaca e pulmonar, inspeção e palpação da pele (edema extracelular antes da cirurgia. Em situações de ur-
e reenchimento capilar), palpação das fontanelas e gência, essa fase continua durante o transoperatório
peso corporal. Deve-se conhecer o débito urinário horário e pós-operatório imediato. Administrar metade do lí-
e a densidade da urina. O débito urinário adequado e quido de reposição calculado em 6a 8h e a outra metade
de 2 a 4mL/kg/h no RN e 2mL/kg/h na criança maior. nas horas restantes. Se a fase rápida não tiver sido
m L “a
Realizar dosagens seriadas de uréia, creatinina, hemo-
globina, hematócrito, sódio, potássio e cálcio.
realizada, 25% do total podem ser acrescentados em
4h. Caso tenha sido feita, descontar o volume utili—
zado na fase rápida do total calculado. Administrar
W?

potássio somente após a diurese estar restabelecida.


BEPUSIGÃB A qualidade do líquido dependerá das dosagens
A reposição dos déficits visa ao restabelecimento da eletrolíticas. Iniciar com soro glicofisiológico 1:1 a
homeostase por meio da reexpansão dos comparti- 2:1. Todas as soluções devem conter glicose 5%. com
mentos hídricos do organismo, aumentando a filtra- exceção da fase rápida.
ção glomerular e o fluxo plasmático renal. Inicia com
o cálculo das perdas anteriores. Essas perdas podem nenosição rios Pernas Posteriores
ter ocorrido por perdas externas (saliva, bile, ascite,
diarréia, drenagem de drenos e estomias) ou perdas
[continuados]
;:
internas (perdas do 3º espaço) causadas, principalmente, As perdas externas devem ser repostas mililitro por
por peritonite e obstrução intestinal. Nos pacientes mililitro e miliequivalente por miliequivalente. O volume
cirúrgicos, as perdas de água e eletrólitos ocorrem, de drenagem deve ser medido e analisado eletrolíti-
na maioria das vezes, em proporções fisiologicas, oca- camente antes da reposição.
sionando desidratação isotônica. Aproximadamente, as perdas podem ser repostas
O cálculo do déficit de água está exposto na Ta- com as seguintes soluções:
bela 1.2. Ill Perda gástrica (acima do piloro): soro glicofi—
Cálculo do déficit de sódio:
siológico 1: l + 3 a 4mEq de cloreto de potássio
Sódio necessario = déficit de sódio (140 — sódio (KCl) para cada lOOmL drenados
atual) >< peso em kg x 0,6. iª Perdas intestinais biliosas (abaixo do piloro): RL
+ 2mEq de KCl para cada lOOmL drenados.
Reposição rios Peruas Anteriores II Perdas da ileostomia: RL + 1,5 a 2mEq de KCl
[Proexistentesl para cada 100mL drenados. Em perdas continua-
das de enterostomia, deve—se adicionar sódio a
É dividida em duas fases (rápida e lenta) e vai de— dieta ou ao soro, variando de 4mEq/kgldia até
pender, também, do grau de desidratação. “IZmEq/kg/dia.
A fare râpidavisa à restauração do volume intra—
vascular, sendo utilizada nos pacientes com desidra—
iii Diarréia: RL + 4mEq de KCl para cada IOOmL
eliminados.
tação grave e choque. Faz—se um push de 20mL/kg Uma forma interessante de reposição do 3º es-
(representa 1/4 do volume vascular de 80mL/kg) de paço em cirurgia abdorríinal foi descrita por Filston,
Ringer lactato (RL) sem glicose e sem potássio adi- a qual consiste emf'para cada quadrante do ab-
cional, em 1 a 2h, aumentando ou diminuindo o ritmo dome envolvido na dissecção cirúrgica, acres-
de infusão até alcançar o objetivo que é a melhora centar 1/4 do volume de manutenção; para cada
clínica, micções adequadas e repetidas e com densi— quadrante afetado pela doença, acrescentar 1/4

L 'S 9 ‘ W Z 8 6
dade igual ou inferior a 1.010 ou diurese mínima de do volume de manutenção (Fig. 1.1).
2mL/kg/h, melhora da perfusão periférica e pressão
venosa maior que Sem de água. Quando há choque Marcar com sombreamento as áreas afetadas. Essa
associado, pode-se acrescentar concentrado de hemácias reposição pode começar no transoperatório e conti-
e 2mEq/kg de bicarbonato de sódio. Quando há cho- nuar no pós— operatório imediato.
glicose 5% (Fig. 1.1).
Repor com RL com
que associado com hematócrito alto ou peritonite, acres-
centar 10 a 20mL/kg de plasmá fresco. '
Esouemo rio Hidratação Tronsonerotúrlo
TABELA 1.2 ~ Cálculo'do déficit de água e reposição O déficit estimado de líquido transoperatório e sua
reposição é calculado da seguinte forma:
GRAUS DE DESIDRATAÇÃO Llouroos NECESSÁRIOS 51 Volume de manutenção (RN = 2,5 mL/kg/h e
(mL/kg)
Leve '
»50 lactentes e crianças maiores = 4mL/kg/h) x nº de
Moderado 50 — 100 horas emjejum desde a ultima alimentação. Quando
Grave > 100 o paciente já está recebendo hidratação parente—
ral, não é necessário repor o tempo dejejum prévio.
Hidratação Parenteral I 5

Doença Dissecção cirúrgica Para PH entre 7,20 e 7,30, calcular da seguinte forma:
HCO3 necessário :peso em kg >< 0,3 X BE (=X-
cesso de base).
Para pH abaixo de 7,20, calcular da seguinte formª:
ll
HCOJ necessário : peso em kg x 0,6 >< BE.

liáieuio tia item-sição Sanguíneo Pré-oneratútla


Fórmulas utilizadas:
li Concentrado de hemácias (Ht: 60%) necessário:
Figura 1.1 Reposição do 3“ espaço em cirurgia abdominal.
- 1,5mL >< peso em kg >< (Ht desejado -— Ht atual).
lConcentrado de hemácias necessário = 4mL X
peso em kg x (Hb desejada — Hb atual): para
É reposto com RL com SG 5% ou soro glico- crianças < Skg.
IConcentrado de hemácias necessário :3mL ><
ftsiológico 4: 1 ou 5:1. No RN, o RL pode ser diluído
peso em kg >< (Hb desejada - Hb atual): para
ao meio. Na cirurgia ambulatorial, a metade cal-
culada é administrada durante a cirurgia e a outra crianças > 5kg. -
H Concentrado de hemácias (5 a lOmL/kg) deve
978-52416

metade na sala de recuperação, sendo suspensa


ser transfundido em 2 a 4h. A transfusão de lOmL/
quando receber VO adequada. Nos casos com ca- kg deve elevar a concentração de Hb em aproxi-
vidade aberta, o cálculo das perdas do 39 espaço madamente 3g/dL.
e evaporação costuma ser o seguinte, e vai depen- II Como regra, a hemoglobina (Hb) não deve ser
der do sítio e da extensão da cirurgia: aumentada em mais de Sg/dL em uma transfusão.
!Cirurgia abdominal: varia de 6 a lOmL/kg/h. H Volume sanguíneo estimado (mL/kg):
ICirurgia torácica: varia de 4 a õmL/kg/h.
ICirurgia de superfície: varia de l a Zlekg/h. — Prematuro: 90 — 100.
- RN a termo: 80 — 90.
ICertos tipos de afecções, como enterocolite
necrosante perfurada (: gastrosquise, têm uma —— Lactente: 75 —- 80.
Criança maior: 70.
grande perda para o 3g espaço, necessitando de
até 15mL/kg/h. calculi: tias Peritos Sangiiineas
Após 3h de reposição transoperatória, reavaliar hi—
dratação, porque a translocação de líquidos para 0 3“
e Benosição Ttàosoneratúria
Medir sangue aspirado (subtrair do volume de irriga—
espaço começa a diminuir. A reposição e feita com RL. ção) perdas
campo cirúrgicos.
nas
compressas e gazes + perdas nos

Euuiiíhrio Ácido-Básico Rotina do controle da perda sanguínea transopera-


tória:
Para bicarbonato abaixo de 16mEq, calcular da se-
l10 gazes = 20g; 1 compressa pequena : 10g; 1
guinte forma:
c mpressa grande :40g; 1 compressa grande
I
HCO3 necessário = (20 — HCOª atual) X 0,3 >< nova = 55g.
peso em kg. Em acidose grave, multiplicar por IRegular a balança.
0,6 em vez de 0,3. Nesse caso, dar metade da BI Pesar gazes com sangue em número mínimo de
dose calculada diluída em glicose e reavaliar. 10 e descontar o peso delas (20g).

‘I’ABELA 1.3 —- Composição eletrolítica dos líquidos corporais na criança a de alguns


líquidos intravenosas
LÍQUIDOS CORPORAIS ELETRÓLITOS (mEq/L)
E INTRAVENOSOS Na‘ K' cr HCO;
Gástrica 70 5 — 15 120 0

,

Pancreático 140 5 50 100 100


Bile -
lleostomia
130
130
5
15 — 20
100
120 25
40
— 3O
Diarréia 50 35 40 50
Saliva 35 10 35 20 — 30
Soro fisiológico 154 0 154 0
Ringer lactato 130 4 109 28
6 I Geral

I Pesarcompressas com sangue em número mí- sangramento ativo; quando a contagem 6


nimo de 3 e descontar o peso delas. < 50.000/ttL e o paciente vai submeter-se a um
procedimento cirúrgico; sangramento ativo em
Formas de reposição sanguínea: pacientes com contagem < 50.000/|.LL; sangra-
Perdas S 10% do volume sanguíneo estimado mento ativo com plaquetas funcionando mal.
devem ser repostas com i 3mL de RL ou soro Transfusão de plasma:
fisiológico (SF) para cada 1mL de sangue per-
dido. O RN é pouco tolerante à perda sangiiínea I O plasma para transfusão é preparado pela cen-
transoperatória. Repor corn concentrado de trifugação de sangue total anticoagulado de um
hemácias a perda de 5 a 7,5% do volume san— único doador, seguido pelo seu armazenamento
guíneo estimado. em temperatura de -18°C. Plasma congelado dentro
Perdas entre 10 e 15% do volume sanguíneo de 8h da doação é denominado plasma fresco
estimado podem ser repostas com RL + albumina congelado. É o produto de escolha para trata-
5% ou plasma fresco congelado, dependendo das mento de sangramento secundário à deficiência
circunstâncias clínicas e do tipo de cirurgia. de algum fator de coagulação ainda não diagnos-
Reposição: para cada 1mL de sangue perdido, ticado. O plasma congelado, após as primeiras
repor com lmL da solução acima. 8h da coleta, tem os fatores de coagulação V e
Perdas > 15% do volume sangiiíneo estimado VIII reduzidos em 15%. ,
devem ser repostas com concentrado de hemácias ll Dose: 10 a 15mL/kg
aumenta os fatores de coa—
i
i
e soro fisiológico. Reposição: para cada 1mL de
sangue perdido repor com 0,5mL de concentra—
do de hemácias + 0,5 a 2mL de RL ou SF ou
0,5mL de concentrado de hemácias + 0,5mL de
gulação em 10 a 20%.
IIndicações de plasma fresco congelado: recons-
tituição do concentrado de hemácias para exsan—
I‘ 9 L S
g'iiinbtransfusão ou outra transfusão maciça; defi-

VZL'SBG
solução colóide. ciência de fatores de coagulação, quando fatores
Rotina de transfusão sanguínea: especificos não estão disponíveis; CIVD; defi-
IEm reposições grandes, acrescentar RL 2mL para ciência de vitamina K com coagulopatia, com
cada lmL de sangue transfundido. Isso reduz a sangramento ou previamente a cirurgia; reposi-
ção em deficiência congênita da antitrombina III,
ocorrência pós—operatória de complicações pul- deficiência da proteína C ou proteína S, quando
monares. fatores específicos não estão disponiveis.
I Acrescentar gliconato de cálcio 10% e bicarbo-
nato de sódio ZmEq/kg nas transfusões maciças. Transfusão de crioprecipitados:
IIndica-se aquecimento do sangue quando a trans—
I O crioprecipitado contem, por bolsa (10 a lSmL),
fusão é > 15mL/kg/h, nas transfusões maciças e
na exsangiiinotransfusão. 100 a 250mg de fibrinogênio, 80 a 120 unidades
I Sinais vitais (temperatura, pulso e pressão arte- «,de fator VIII, 30% de fator XIII e 40 a 70% do
“ fator de"von Willebrand. .“ -
rial devem ser medidos antes de iniciar a trans-
fusão e no final). Temperatura e pulso devem ser II Dose: em geral uma bolsa para cada 10kg/peso

medidos a cada 15min após o início da transfu— como dose inicial. Em cirurgias de grande porte
são de sangue e derivados sanguíneos. ou sangramento prolongado, a dose de criopre-
IRitmo de infusão em lactentes: cipitado deve ser repetida a cada12h, até passar
—Concentrado de hemácias: 3 a SmL/kg/h. o risco pós-operatório de sangramento ou até he-
—Plasma fresco congelado: dentro de 30min, se
o volume não excede 5 a lOmL/kg/h.
mostasia adequada ser obtida.
Indicações: doença de von Willebrand. tipo II
—Plaquetas: até lOmL/kglh.
Transfusão de plaquetas:
ou III, com sangramento ou pre-operatório; hipo-
fibrinogenemia ou disftbrinogenemia com san—
gramento ou no pré-operatório; deficiência do
I Transfusão: lU/para cada 10kg de peso. Cada fator XIII.
IU: 50mL de plaquetas, Essa quantidade au-
menta a concentração de plaquetas de 40.000 a As deficiências do fator VIIIrsão mais bem repos-
tas com concentrados modernos de fator VIII.
50.000iiL. Outras formas de cálculo são 0,1U
de concentrado de plaquetas/kg ou 4U/m2 de con- '
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
centrado de plaquetas. HUTCHINSON, R. 1. Blood products. Sem. Pediatr. Surg., v. l,
IIndicações: p.231-241, 1992.
— Em geralz'para prevenir sangramento quando
a contagem de plaquetas 6 < 10.000/UL sem
RICE, H. E.; CATY. M. G.; GLICK, P. L. Fluid therapylfor the pediatric
surgical patient. Pediatr. Clín. North AnL. v. 45, p. 719-727, 1993.
Nutrição Parenteral Total I 7

fique situada fora do saco pericárdico (risco de tam-


ponamento cardiaco) a 0,5cm da imagem cardia—
ca, em crianças pequenas e 1cm em crianças maiores.

Nutrição Parenteral Total ser


I O diâmetro do cateter deve o menor possivel
para evitar trauma, estenose, oclusão e distorção
da veia canulada.
IOs cateteres duplo ou triplo lumens parecem estar

João Carlos Ketzer de Souza associados ao risco aumentado de bacteremia e


. sepse relacionada ao cateter.
INão existe benefício provado do uso de heparina

concurs na prevenção da oclusão trombótica do cateter


central de uso regular em crianças. Seu uso de
Infusão de líquidos, eletrólitos e nutrientes, com o ob-
rotina não é recomendado.
jetivo de manter ou, preferentemente, melhorar o estado I O uso de clorexidina 2% é o preferível antes da
nutricional de crianças com incapacidade total ou parcial
inserção de um cateter intravascular e nos cui—
de ingestão enteral por um período significativo'(três
dados do sítio pós-inserção.
dias para recém-nascidos e prematuros e cinco dias INão é recomendado o uso de curativo transpa-
para as ºutras crianças). rente semipermeável nas primeiras 24h pela
É sempre preferível a nutrição enteral a nutrição ocorrência de pequeno sangramento que frequente-
parenteral, quando o tubo digestivo pode ser utiliza-
do, por via oral ou sondas, A nutrição parenteral deve mente ocorre após a inserção de um cateter cen-
tral. Manter curativo compressivo por 24h.
ser instituída quando a via oral ou enteral for impos- I 0 curativo transparente semipermeável costuma
sível, dificil, inadequada, insuficiente, perigosa ou substituir o curativo compressivo com gazes após
contra—indicada. as primeiras 24h. Apresenta como vantagens a
visibilidade do cateter e ferida, a provisão de uma
PRINCIPAIS IIIBIBIIGÍIES DE NDTBIÇÃII barreira aos microorganismos, a necessidade menos
PIIIIEIITEBIII TDTIII. Ell GIRIIBGIII PEDIÃTBIGR frequente de troca do curativo (a cada cinco dias)
e ajuda a ancorar e estabilizar o cateter. Porém,
Gastrosquise, onfalocele, atresia de esôfago, atresia há certa preocupação de que os curativos de po—
intestinal, fleo meconial, má rotação intestinal, doença liuretano possam aumentar a umidade da superfí—
de Hirschsprung com enterocolite, doença de Hirsch- cie da pele, resultando em uma colonização aumen-
sprung de segmento ultralongo, hérnia diafragmáti- tada de microorganismos no sítio da inserção do
ca, enterocolite necrosante, fístula intestinal, síndrome cateter.
do intestino curto, pseudo-obstrução intestinal crô- IPomada's tópicas de antibióticos não devem ser
nica idiopática, tumores, quilotórax, ascite quilosa e usadas no sítio de inserção do cateter, pois podem
outras. pÉomover infecção fúngica, resistência antimi-
crobiana e dano à superfície dos cateteres.
VIAS DE 110E889 lPEIIIFÉBIBl E BEII'I'IIM]
A utilização de veias periféricas 'é sempre a mais deseja—
da pelo menor número de complicações. Porém, para
Necessidades
de Manutenção
iiítirieas matias
' :

utiliza—la, é necessário adequado acesso venoso super-


ficial e uma concentração de glicose menor do que
ILactentes com até 10kg: lOOmL/kg.
I Lactentes corn ll a 20kg: 1.000mL + 50mL/kg
12,5%. A veia central permite o uso de soluções hiper—
osmolares e melhor ganho ponderal. A posição da ponta para cada kg > lOkg.
do cateter deve ser sempre checada e confirmada com
I Lactentes com > 20kg: 1.500mL + ZOmL/kg para
cada kg > 20kg.
radiografia.
Na nutrição parenteral total (NPT) freqiientemente
é necessário ultrapassar as necessidades de manutenção
Recomendações Sugeridos
978<5-24l6

ICateteres de silicone e poliuretano são menos


traumáticos e trombogênicos. 'TABELA 2.1
- Necessidades hídricas no periodo
IEm crianças, o risco de complicações mecâni— neonatal
cas com o acesso venoso em subclávia não ul- mL/kg/DIA
trapassa a taxa de complicações em outros sítios
de inserção, desde que sob condições adequa— DIAS DE VIDA < 1.5009 .> 1.5009 Ã TERMO
das (suficiente sedação ou anestesia geral). E o 1-2 80—100 60—80 60 n
local que causa menos desconforto ao paciente. 3—4 100—120 80-100 60-80
IA posição da ponta do cateter é muito controver— 5—6 120—150 100-120 80—100
sa. A maior parte da literatura sugere que a ponta 27 2450 120—150 100—120

«LJ:
«v
8 I Geral

para providenciar calorias adequadas. Em geral, no Para lactentes acima de dois meses de idade, não
recem-nascido (RN) os fluidos podem ser aumenta- é necessário calcular a taxa de infusão de glicose (TIG)
dos lOmL/kg/dia até o maximo de 200mL/kgldia (na (Tabela 2.2).
via periférica), quando bem tolerado (Tabela 2.1). Exis- Se for fornecido glicose em doses elevadas, ha-
tem situações em que a adição complementar de lí- verá aumento da produção de gás carbônico (COz).
quidos é necessária: febre, sepse, grandes cirurgias, Observar essa característica em pacientes com ven-
diarréia, vômitos, uso de berços radiantes, fototerapia tilação mecânica. Em crianças com catabolismo in-
e outras. tenso, há aumento na produção de COZ e no consumo
de oxigênio (O2), levando à insuficiência respirató-
ria e retardando o desmame do respirador Observar
Necessidades Eletrulítieas hiperosmolaridade, hiperglicemia e hipoglicemia rea-
Sódio.
I cional por interrupção abrupta da infusão de glicose,
—--— AIniciar no 22 dia de vida: ZmEq/kg/dia.
partir do Bº dia de vida: 2 a 4mEq/kg/dia. Taxa liníuiea maria
— RN prematuros podem precisar de 5 a 6mEq/
kg/dia. I 1 g de lipídeo fornece 9kcal.

——
I Potássio. II Total de calorias sob a forma de lipídeos: 40%.
Iniciar no 29 dia de vida: lmEq/kg/dia. As soluções lipídicas são umaffonte não glicídica
A partir do 3º dia de vida: 2 a 3mEq/kg/dia. de energia de baixo volume e bai-xa osmolaridade. O
I Cloro.
—Cálcio.
uso de emulsões de lipídeos diminui a produção de
Iniciar no 2º dia de vida: 2 a 3mEq/kg/dia. CO , comparada a uma nutrição parenteral contendo

—-—
I alto conteúdo de carboidratos. As soluções lipídicas
Usar ZmEq/kg/dia. ' são fontes de ácidos graxos essenciais e semi—essen—

6 L B' 8 9 Z V I S
RN prematuros podem precisar até: 4 a 6mqu ciais. Atualmente, a composição infantil de lipídeos
kg/dia. tem maior proporção de aminoácidos (AA) essenciais
- A infusão contínua de cálcio é preferível à ad—
ministração in bolus.
(55 a 60%) e de cadeia ramificada (20 a 30%). Os
ácidos graxos essenciais (linoléico e linolênico) são
I Fósforo. convertidos em ácido araquidônico.

-— Immol
Usar 0,5 a 2mmol/kgldia'. Iniciar no prematuro com 0,5g/kg/dia e aumentar


Immol = lmEq/valência (= 1,8). progressivamente 0,25g/kg/dia até atingir a taxa máxima
de = 1,8mEq de
fosfato fosfato. de 3g/kg/dia. No RN a termo e outras crianças, ini-
— 32,2mmol.
lg de fósforo contém 64,5mEq de HPOZ' = ciar com lglkg/dia e aumentar 0,5glkg/dia até a taxa
máxima de 4g/kg/dia.
— 32,2mmol.
1g de fósforo contém 32,2mEq de HPO; = A infusão de gordura deve ser realizada ao longo
das 4h para diminuir o risco de hiperlipidemia A
I Magnésio. gordurapode ser misturada com os outros nutrientes
- Usar 0,25 8 0,50mEq/kg/dia. em um único frasco ou pode ser infundida continua-

Para não haver inoompatibilidade na solução, podem—se


mente nas 24h por meio
outros nutrientes. de conexão em Y com os

usar juntos fosfato e gliconato, desde que mantida a


proporção de 3mL de gliconato de cálcio para 0,5mL
A heparina não
melhora sera utilização
intravenosos, não devendo
dos lipídeos
usada, exceto quando
indicada por outras razões.
de KZHPO‘. O metabolismo lipídico resulta em peroxidação
lipídica e formação de radicais livres. Pacientes em
Taxa Gliníllilm Illál'ia NPT devem ser suplementados com uma preparação
I 1 g de glicose fornece 3,4kcal. multivitamr'nica, que inclua vitamina E, que age como
I Total de calorias sob a forma de glicose: 50 a antioxidante e eliminador de radicais livres.
Apresentações mais disponíveis:
60%.
I Iniciar com 4 a 6mglkg/min e aumentar lenta- n Intralipidº 10%: lmL:1,1kcal.
mente 1 a ng/kg/min gradativamente até alcançar I Lipofundinm MCT/LCT 10%: lmL = 1,1kca1.
I Lipofundinº MCT/LCT 20%: lmL: 1,9kca1.
a concentração desejada, geralmente 12mg/kg/min.

TABEA 2.2 — Taxa de infusão de'glicose


RN < 1kg RN 1kg -‘1.5kg RN A TERMO
4mglkglmin Gmg/kglrr'rin 8mglkg/min, aumentando gradativamente
até 12mglkg/min
Nutrição Parenteral Total ll
9
I Lipovenosº 10%: lmL:lkcal. 1:1 Aminopedº 10%.
I Lipovenoso 20%: lmL = 2kcal. BI Primeneº 10%.
Para os pacientes com as seguintes doenças e si- Aminoplasmalº 10%.
tuações, oferecer somente as necessidades básicas de Pediaminoº PLM 10%.
ácidos graxos (0,5 a 1g/kg/dia): septicemia, aumento
da bilirrubina indireta (> 8mg/dL ou > Smg/dL nos
bebês de muito baixo peso), triglicerídeos (> 250mg/dL
Taxa calórica liaria
É o conteúdo calórico em uma nutrição parenteral. , ”E'
RN e lactentes e > 350mg/dL em crianças maiores), Vaªrt?” “

"_.
plaquetopenia (< 50.000U), choque. Manter a seguinte proporção: 10% oriundo de calo—
Valores de triglicerídeos entre 150 a 200mg/dL in— rias protéicas e 90% de calorias não protéicas (50%
dicam redução no aporte. _ oriundos de calorias glicídicas e 40% de calorias lipí-
Soluções de lipídeos a 20% têm relação menor de dicas).
fosfolipídeos emulsificadores/triglicen'deos e são mais Iniciar com aporte calórico baixo (30 a 50kcang/dia),
bem tolerados do que as emulsões lipídicas a 10%, aumentando progressivamente até atingir a taxa calórica
com menor risco de hiperlipidemia. desejada.
As emulsões de lipídeos devem ser protegidas da Os aminoácidos são utilizados na síntese protéica.
luz da fototerapia por Cânulas escuras protetoras. Estudos Para que seu metabolismo não seja desviado para a
têm sugerido que a administração de multivitaminas produção de energia, é necessário manter aporte calórico
contendo ácido ascórbico e associadas a emulsões de não protéico (glicose +lipídeos) acima de uma relação
lipídeos, por meio de equipos escuros especiais, pro- mínima. Usamos a relação de 160 calorias de glicideos
videncia o meio mais efetivo de prevenir a peroxidação e lipídeos por grama de nitrogênio (cada grama de
dos lipídeos e a perda de vitaminas. aminoácido corresponde a 0,15g de nitrogênio).
Um grama de nitrogênio é produzido por 6,25g de
Taxa Protéica maria proteínas.
Fórmula para calcular o nitrogênio: N (g) :pro—
I Ig de proteína fornece 4kcal. teína (g)/6,25
As proteínas são o maior componente estrutural e Necessidades basais:

978- 5 241 6
funcional de todas as células do nosso corpo. 24 a 72h de vida: 70kca1/kg/dia.
Não devem ser usadas como fonte calórica, e sim I 4ª e 5g dias: 80kcal/kg/dia.
visando a sua função plástica e reparadora. A partir do 6‘2 dia até 1 ano: 75 a 100kca1/kg/dia.
Do ponto de vista nutricional, um importante as- I De 1 a 7 anos: 40 a 80kcal/kgldia.
pecto das proteínas e sua composição em aminoáci- E De 7 a 12 anos: 40 a 60kcal/kg/dia.
dos. Alguns aminoácidos são classificados como II De 12 a‘ 18 anos: 30kcal/kg/dia.
essenciais (indispensáveis). Esses aminoácidos não
podem ser sintetizados pelo nosso organismo e de- Emmgeral :
vem ser adquiridos por dieta ou solução parenteral.
Os aminoácidos não essenciais podem ser sintetiza—
I
Para evitar‘perda de peso: 50 a 60kcal/kg/dia;
para crescimento: 60 a 90kcal/kg/dia; requeri-
dos de outros aminoácidos ou de outros precursores.
Alguns outros aminoácidos são categorizados como mento
energético do prematuro: lZOkcal/kg/dia.
I As necessidades básicas. deve-se acrescentar os -
semi-essenciais, podendo ser sintetizados de outros fatores de estresse, atividade e térmico. Logo:
aminoácidos, mas sua síntese é limitada sob certas kcal/dia:necessidades basais (taxa metabólica
Circunstâncias. básica) + fator de atividade + fator de estresse
Usar soluções de AA cristalinos. ou de lesão + fator térmico.
Iniciar com 0,5 a lg/kgldia no prematuro e no RN I Fator de atividade no acamado = 1,2.
a termo iniciar com 1 g/kg/dia.
Fatores de estresse e térmico: pós—operatório não
Aumentar gradualmente até o máximo de 0,5g/kg/dia. complicado:1,05 a 1,10; câncer:1,10 a 1,20;
A administração mínima de 1,5g/kg/dia é neces— peritonite ou sepse = 1,30 a 1,40; trauma ou
sária para prevenir um balanço negativo de nitrogê-
queimadura : 1,40 3 1,50; grandes cirurgias :
nio. Administrações mais altas são necessárias para
1,20 a 1,30: febre (38ºC = 1,10; 39°C = 1,20;
obter uma deposição protéica fisiológica.
40°C = 1,30).
Necessidades diárias:
I Prematuro: até 3g/kg/dia.
I Lactente: até 2,_5g/kg/dia. ‘flllfiflElEMEflTflS GII ElEMEII'I'OS 'IIlIIGll
ll Pré-escolar: até 2g/kg/dia. Os elementos traço estão envolvidos em atividades
I Escolar: até 1.5g/kg/dia. enzimáticas e reações imunológicas. RN de baixo peso
Il Pacientes criticamente doentes: até 3g/kg/dia. ao nascer estão sujeitos a deficiências de elementos
traço, porque nasceram antes que reservas adequa-
Soluções de AA diSponíveis:
das tivessem sido adquiridas e por causa da demanda
I Soraminº 6%, 10% e 20%l de seu crecimento rápido.
.,”
10 I Geral

Pacientes colestáticos devem ter a suplementação


I Olipedª 4.
de elementos traço descontinuados, com o intuito de — Dose:
Usado para RN a termo (> 3kg até 5' anos)
evitar toxicidade por cobre. Pacientes com insuficiência -- Contém:lmL/kg/dia ampolas de 5mL Cada lmL
zinco lOOpg, manganês lug, cobre
renal podem não ser capazes de excretar selênio, molib-
dênio, zinco e cromo. ZOug, cromo 0,1711g. '

O cromo é um micronutriente essencial necessá— Politrace-4º.


rio no metabolismo dos carboidratos e dos lipídeos. — Usado em crianças maiores de 5 anos.
O cobre e o componente de muitas enzimas, in- - pequenas,
Dose: 5mL/dia ou 0,2mL/kg/dia em crianças
ampolas de 5mL. Cada lmL con-
cluindo a citocromo oxidase, superóxido dismutase,
monoamino oxidase. Deve ser cuidadosamente moni« tem: zinco 1.000ug, cobre 200|J.g, mangânes
100p.g e cromo Zug.
torado no paciente com colestase.
O iodo é essencial para os hormônios tireóideos,
tiroxina (T4) e triiodotironina (T3), que são necessá—
— 209ug
Neo—Zincº: ampolas de 5mL; lmL contém

rios para o metabolismo celular e a manutenção do — Zinc—Vita“: lmL contém 111g.


ritmo metabólico. -- Sele-Vitaºr lmL contém 60ug de selênio:
O manganês e o componente de muitas enzimas,
incluindo a superóxido dismutase mitocondrial; também farm
ativa outras enzimas, como ashidrolases, quinases e O ferro não é rotineiramente administrado nas mis—
transferases. A alta administração de manganês na
turas de NPT e não é um dos componentes das pre-
NPT pode ser um dos muitos fatores que contribuem parações disponíveis de elementos traço. Atualmente,
na patogênese da colestase associada
0 molibdênio é essencial no metabolismo de mui-
àwNPT. não existe recomendação bem definida do copteúdo
ideal de_ ferro nas alimentações parenterais. E ainda
tas enzimas envolvidas no metabolismo do DNA. O controverso se existe ou não necessidade da admi—
excesso de molibdênio pode interferir no metabolis- nistração rotineira de ferro na NPT. Parece que os
mo do cobre. pacientes que necessitarão de NPT por longo período
0 selênio age como antioxidante, sendo um com- (> 3 semanas) devem ser suplementados com ferro.
ponente essencial da glutationa peroxidase'ativa, enzima A dose sugerida de ferro é de 50 a lOOug/kg/dia para
que protege contra lesões teciduais oxidativas. Baixo lactentese crianças maiores.
nível de selênio tem sido encontrado em RN prema—
turos e tem sido implicado em doenças oxidativas, lllllflls Elementos
como displasia broncopulmonar e retinopatia da pre-
maturidade. Heparina
0 zinco está envolvido no metabolismo da ener-
| gia, proteínas, carboidratos, lipídeos e áCidos nucle'icos. U531{ 1U/0,5 a‘lmL. Diminui a flebite e favorece a de-
Quantidades adicionais de zinco (1 a 2mg/dia) são às puração plasmática das gorduras. , -.
i. Uso discutível na NPT. Algumas crianças (princi-
.:
1'
l
vezes necessárias para pacientes com cirurgia gas-
trointestinal, ileostomias e prematuros. palmente RN) podem apresentar sangramentos.
1

'3
A Tabela 2.3 apresenta as necessidades diárias de
oligoelementos. Vitaminas ..»
Apresentações disponíveis. Vitaminas, quando administradas parenteralmente, po—
I Fed—Elementº. dem causar problemas farmacológicos, pois podem aderir
—— Dose: 0,1 contém:
Cada lmL
a 0,2mLIkg/dia, ampolas de 4mL.
zinco 500ttg, cobre lOOug,
às cânulas e/ou ser degradadas pela luz.
As vitaminas devem ser administradas separadas
wa M
manganês lOpg, cromo 1 ug, água destilada qsp. da solução de NPT e protegidas da luz. Quando pos-
sível, vitaminas hidro e lipossolúveis devem ser adi—
cionadas à emulsão lipídica ou uma mistura contendo
lipídeos para aumentar'a estabilidade das vitaminas.
TABELA 2.3— Necessidades diárias de oligoelementos As vitaminas prescritas para o prematuro são muito
em pig/kg e (dose máxima em 24h)
expostas à luz, ao oxigênio e às superfícies lipofílicas
RECÉM—NASCIDO < 10kg > 10kg das Cânulas em decorrência da lenta infusão.
Zinco' '
400 - 600 "100 - 300 100 (5.000) A vitaminaA é a mais vulnerável à fotodegradação
Cobre -.20 — 40 —
10 20 20 (300) quando infundida em combinação com vitaminas
Manganês 1 2
—. 1—Z —
1 2 (50) hidrossolúveis e solução sem lipídeos. Sugere-se seu
Cromo 0,2 0,2 0,2 (5) uso com Cânulas intravenosas mais curtas e tempo de
Selênio ' 1— 2 0,5 2— —
0,5 2 (30) infusão mais curto para reduzir a exposição à luz e
Molibdênio 0.25 - 1 0,25 0,25 (5) ao material da cânula.
.'v

lodo 1 1 1 (1) A vitamina E é um antioxidante lipossolúvel, pro—


Iniciar a utilização entre o S' e o 7' dia de vida. tegendo a membrana celular dos ácidos graxos p'oli—
L'S9IVZ6
Nutrição Parenteral Toral I 11
insaturados dos radicais livres. É pouco afetada pela
expostção
' à luz. QUADR0 2 , 1 _ Componentes do Po AeB
A administração conjunta de vitaminas e emulsões Aggfêlgfª." (ªdª10mL
Anªlºgiª Bª cada 5mL fan-f5“ 1
li [dicas reduza eroxida ão do li íde eevitaa e
ds vitaminas p ç p º p rda .Vitamina
.
Vltamlna A: 2.300Ul .canBiotina (87): 20119
ª'":
ªº" «

faunª,:
droA resentaao
;]) Ç disP onível'~ PolivtP ed'át
"ººº( Qua—
1 1 '
. vitamina D:E: 7U1400U| ' Áªídº -“"ªº
cianocobalamina Mºltº
(59): (512):
“10‘; “ pê%
“f:.
- *
' Tlamma(B1):1,2mg 1pg «,
ªº?“
Vitamina K -Riboflavina (BZ): 1,4mg
~ Dose: 0,5mngldia “ 'v! m

I Um miligrama IM semanal em RN > 2kg e 0,5mg . 5m9


'Niacinamida (83): l7mg
Ácido pantotênico (BS):

IM em RN < 2kg. Em crianças maiores, Smg IM ' Vitamina


Vitªminª 86: 1mg
semanais. ' C: 80mg
'Dose: lmL/kg/dia
Ácido Fólico

978- 5 241 6
'Quando
Img/semanal
senão
IM-
ª ampola B dº Polivit”. Dose:
usª


I Cuidado rigoroso de assepsia na preparação das
soluções em unidades de fluxo laminar.

'3mg. Usar 0,3mL/semanal IM ou IV.


Apresentaçao: Leucovonn lmL 1 ampola com : I Controle rigoroso do sistema (obstruções, vaza—
mentos e gotejo).
. Usar bombas e equipos de bombas de infusão.
cumulus Ginflls ll Cuidados gerais e específicos com os cateteres
centrais.
I Se possível, não administrar sangue/derivados e I Recobrir o equipo e o frasco com papel-alumí-
medicamentos pela linha central. Se não for possível nio ou usar equipos especiais tipo Sensiplastº
outro acesso venoso, deixar para trocar o equi— ou Microftx'É FS, bem como utilizar capas pro-
po após a transfusão. Usar soro fisiológico para tetoras para soluções fotossensíveis. As vitami-
lavar o cateter antes de recolocar o sistema no- nas sofrem biodegradação pela ação direta da luz,
vamente em funcionamento. assim como os lipídeos em vigência de fototerapia.
I Não permitir coleta de
sangue pela linha central.
I Trocar diariamente equipos e frascos.
Vitaminas devem correr separadas da NPT e
I Todas as superfícies externas do sistema (fras—
administradas com velocidade de 1 6h para o
cos, buretas, equipos e cateteres) devem ser limpas
PolivitºAA e i 6h para o Polivitº B.
Monitori‘zar a infusão de glicose com Dextrostix
com gazes embebidas em iodóforo alcoólico de
8/8h, com a finalidade de remover traços de so-
de 12/12h e a glicosúria a cada micção. Com
glicosúria persistente de ++, diminuir a concen-
luções que tenham gotejado do frasco sobre o tração de glicose ou pode significar o primeiro
cateter. sinal de sepse.

TABELA 2.4 — Controle laboratorial ~


LABORATÓRIO 1I SEMANA SEMANAS SEGUINTES
Hemograma 1x 1x
Sódio, cálcio e potássio 3x 1x
Fósforo e magnésio 1x Se necessário
Uréia, creatinina Zx 1x
Glicemia por Dextrostix 2x dia 2x dia
Triglicerldeos 1x 1x
Colesterol 1 >< 1x
ALT, AST 1x 1X
Glicosúria 3 ,a ledia ledia
Densidade urinária 3 a 5xldia 2xldia
Proteínas totais 1x 1x
Albumina 1x 1x
Glicemia 2x 1x
Pesquisa de fungos e cultura Semanal Semanal
na urina e no sangue
Proteinúria, gasometria arterial ,
- -
e cultural sempre que houver indicação
ALT :alanina aminotransferase; AST = aspartato aminotransferase.
12 : Geral

Ordem adequada de colocação dos constituintes


|: BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
na mistura, para evitar precipitação e incompa— ESPGHAN and ESPEN. Guidelines Paediatric Parenteral Nutrition.
tibilidade: glicose 10%, glicose 5%, aminoácidos, Amino acids. J. Pediatr. Gastroenterol. Nutr., v. 41, suppl. 2, p. S 12-
eletrólitos monovalentes (NaCl, KCl), eletrólitos 318, 2005.
bivalentes (gliconato de cálcio, sulfato de mag- ESPGHAN and ESPEN. Guidelines Paediatric Parenteral Nutrition.
nésio, fosfato de potássio), elementos traço, hepa- Lipids. J. Pediatr: Gartmznteml. Nutr., v. 41, suppl. 2, p. Sl9-
rina, vitaminas e lipídeos. S27. 2005.
IEm veia periférica, a concentração de glicose não ESPGHAN and ESPEN. Guidelines Paediatric Parenteral Nutrition.
deve ultrapassar 12,5%. Carbohydrates. J. Pediatr. Gastroenterol. Nutr., v. 41, suppl. 2,
I Fosfato de potássio deve ser biácido, pois forma p. 528-832, 2005.
sais insolúveis com cálcio. Usar 3mL de gliconato ESPGHAN and ESPEN. Guidelines Paediatric Parenteral Nutrition.
Iron, minerals and trace elements. J. Pediatr Gastroenterol. Nutr.,
de cálcio para cada 0,5mL de fosfato de potás— v. 41, suppl. 2, p. S39—S46, 2005.
sio, para não precipitar. ESPGHAN and ESPEN.;Guide1ines Paediatric Parenteral Nutrition.
Vrtamins. ]. Pediatr. Gastroenterol. Nutr., v. 41, suppl. 2, p. S47-
553, 2005.
GOIIH'IIIG Clinica & laltoratarial ESPGHAN 11nd ESPEN. Guidelines Paediatric Parenteral Nutrition.
I Peso diário, balanço hídrico rigoroso, estatura e pe— Venous access. J'. Pediatr Gartroenteral. Nutr., v. 41, suppl. 2,
rímetro cefálico semanais, exame clínico diário (ati- p. 554-562. 2005. |?

S L B‘ ' Z VI Q
vidade fisica, coloração da pele e mucosas, grau SPOLIDORO, 1. V. N. Nutrição parenteial em pediatria. Jornal de
de hidratação, estado circulatório erespiratón'o, obser— Pediatria, v. 76, n. supl. 3, p. 8339-5349, 2000.
vação do local e curativos da flebotomia ou da punção WESLEY, J. R.; CORAN, A. G. lntravenous nutrition for the pediatric
percutânea), tamanho do fígado (Tabela 2.4). patient. Sam. Pediatr. Surg., v. 1, p. 212-230, 1992.

I:

I
Avaliação e Preparo Pré-operatório do Paciente Pediátrico I!
13

São pesquisadas experiências anestésicas prévias, “1.1,«»


t ,». é.º?
dificuldades ocorridas (via aérea, febre) e eventos re—
lacionados a anestesia, como náuseas e vômitos ou

Avaliação e Preparo fraqueza muscular prolongada.


Questiona-se história familiar de complicações re-
lacionadas a anestesia, como hipertermia maligna ou

Pré-operatório do paralisias prolongadas (deficiência de pseudocolines-


terase). Tendências hemorrágicas e distrofias mus-
culares também são importantes.
tatica-

Paciente Pediátrico
O exame físico, com atenção a via aérea, à presen-
ça de adenóides, à ausculta pulmonar e cardíaca. infor-
mará da necessidade de consultoria (presença de sopros
cardíacos) e da melhor técnica de indução anestésica
Vitor Hugo Galli a ser empregada.
Enquanto entrevista o paciente e a família, o anes-
A cirurgia e anestesia impõem considerável estresse tesista estabelece um vínculo de confiança com o
em pais e pacientes. As consequências psicológicas paciente. A observação do comportamento deste de-
permanecem por longo tempo após a experiência terminará o emprego ou não de pile-medicação e sua
hospitalar ter passado. E função da equipe minimizar intensidade-, quando necessário. A pré—medicação deve
e proporcionar conforto psicológico ao paciente e aos ser individualizada, isto é, alguns dispensarão pré—
familiares. anestésico, enquanto outros necessitarão de dose elevada.
São medidas que podem diminuir o estresse emo- Explicar com segurança, em linguagem acessível,
cional: conhecer o desenvolvimento psicológico da os fatos que acontecerão diminui o estresse do pa-
infância, antecipar situações ameaçadoras e utilizar ciente e da família. A descrição em detalhes dos pro—
medicações sedativas quando apenas a presença de cedimentos que serão empregados na sala cirúrgica
familiares é insuficiente. (por exemplo, colocação de eletrodos para eletrocar-
As crianças experimentam cinco medos gerais rela- diograma, sensor de oximetria, manguito de pressão
cionados à hospitalização'. São eles: medo da sepa— arterial, máscara facial) serve para preparar os pais
ração dos pais, medo do trauma físico ao corpo (dor), para acompanharem seus filhos na indução anesté-
medo dos desconhecidos, incerteza quanto a seu sica, reforçando a confiança. Pais tranquilos deixam
comportamento esperado e aceito (transgressão e os filhos tranquilos. Os riscos também devem ser
punição) e medo ou ansiedade em relação à perda do abordados,-com a explicação das situações que po-
controle, autonomia. Nem todos os pacientes experi- dem acontecer e os recursos disponíveis na sala ci-
mentarão essas ansiedades, mas grupos de faixa etá- rúrgiéZa:
ria similares terão comportamentos previsíveis.
O preparo do paciente começa com a história clí—
nica e o exame fisico. A visita pré—anestésica ao paciente llllillllcill lmllllll'l'ºllllll
internado ou a consulta anestésica para aquele que 0 paciente pediátrico necessita de avaliação labora-
será atendido em regime ambulatorial trará condições torial na dependência do procedimentocirúrgico pla—
para qualificar o atendimento. As vantagens são para nejado.
o paciente, para a famflia e para a equipe médica. A Hemograma'e análises bioquímicas só devem ser
ansiedade sentida pela família pode ser transferida à realizadas em situações específicas. Existem, no entanto,
criança; portanto, qualquer prática que reduza a ansie- subgrupos que demandam atenção especial. E o caso
dade dos pais também reduzirá a ansiedade do pa- de pacientes abaixo de seis meses (anemia fisiológi-
ciente pediátrico. ca) e ex-prematuros (propensão a apnéia) e pacientes
Nos últimos anos os anestesistas têm se preocupa— nos quais haverá perda sanguínea significativa, quando
do em manter consultórios para avaliações de pacientes então terá utilidade o hematócrito. a tipagem sanguí-
ambulatoriais, sendo os pacientes pediátricos os grandes nea e as provas cruzadas para possível transfusão de
978-52416

beneficiados. _sangue transoperatória.


Quanto mais infomações os pais e a criança tiverem, O uso rotineiro da análise de urina e pouco sensí—
mais facilmente enfrentarão o estresse da cirurgia e vel e demasiada inespecífica para ter utilidade clínica
da hospitalização. . em detectar doença assintomática que tenha impacto
Na entrevista, é feita a história clínica do paciente, no manejo perioperatório. .
com atenção para a doença atual e seu grau de incapa- Os testes de coagulação estão entre os exames labo—
citação (hemodinâmica, respiratória, renal, hidratação). ratoriais mais debatidos (controversos) pelo temor de
O uso de medicações e a sua aceitação, o uso de aspi— uma coagulopatia perioperatória não diagnosticada.
rina, alergias a medicamentos e outras substâncias (ovo, Os testes comumente utilizados (tempo de coagula-
iodo, látex) devem ser pesquisados. ção, tempo de protrombina, tempo de tromboplastina
14 I! Geral

parcial ativada e contagem plaquetária) não conseguem


predizer com segurança um sangramento perioperatório.

TABELA 3.1 Período de jejum
LEITE/SÓLIDO
Esses testes devem ser realizados quando a história
IDADE (MESES) LloutDos CLAROS
ou a condição médica for sugestiva de defeito na coagu- <e 4h 2h
lação, quando 6 procedimento possa induzir alterações 6 — 36 6h 3h
(circulação exu-acorpórea), quando o sistema hemostãtico > 36 8h 3h
for extremamente solicitado para adequada hemostasia
(adenoidectomia) e nos casos em que o mínimo sangra-
mento possa ser crítico (neurocimrgia). Mesmo histórias Pacientes de 0 a 6 meses não necessitam de pré-
detalhadas podem não detectar formas leves de doença medicação, mas lactentes com mais de 10 meses
de von Willebrand, disfunções plaquetárias ou defi- percebem a separação de seus pais, sendo nesses casos
ciências de fatores de coagulação (por exemplo, fa- indicada a sedação.
tor Xl). A pré-medicação pode ser administrada por via oral
Cºncluivse que a solicitação rotineira de exames (VO), nasal, intramuscular, intravenosa ou retal. A
laboratoriais pré-operatórias em paciente pediátrico via oral tem início lento, a intramuscular causa des-
saudável não é recomendada em razão do elevado custo conforto e dor, a intravenosa necessita de infusão em
e da baixa sensibilidade. Indicações específicas ou his« andamento, a retal pode causar defecação e descon-
tórias sugestivas de doenças mais provavelmente re- forto e a nasal, embora irritante, “tem início de ação
sultarão em estudo laboratorial positivo.
rápido em razão da boa absorção; a‘ sublingual também
tem boa absorção, mas necessita da colaboração do
Jill"! paciente.
Nada via oral (NPO, nil per os) e a orientação fornecida Atualmente o midazolam constitui boa opção nas
ao paciente e seus familiares concernente ao período crianças maiores e naquelas que se beneficiam com a
pré-operatório durante o qual nada deve ser ingerido. presença dos pais na sala de cirurgia. Pode ser admi-
O paciente e a família devem ser informados da nistrado tanto pela via intramuscular (100 a lSOug/kg)
importância em observar essas orientações (o risco ou pela via oral (500 a 700t1g/kg), produzindo nessas
de aspiração pulmonar durante a indução anestésica). doses um paciente colaborativo e “feliz". Caso o pa-
Quando o paciente tiver autonomia em acessar ali- ciente durma, é sinal de sobredose do medicamento.
mentos, deverá ser vigiado. A via nasal também pode ser utilizada (200 a 300ug/kg),
De particular importância e benefício para-o pa— tendo uma rápida absorção.
ciente pediãtrico são os novos conhecimentos sobre Os pais que acompanharão seus filhos até a sala
jejum pré-operatório. Vários estudos demonstraram de cirurgia ,devem ser preparados para não se assus—
que não há diferença no volume gástrico residual e tarem nem interpretarem mal os acontecimentos da
no pH entre grupos submetidos a jejurn padrão e grupos indu 'o. Saber previamente que seus filhos revira-

6 L 8' 2 9 Z W S
nos quais foi permitido a ingestão de líquidos claros rão os olhos e terão momentos de excitação, mas sem
até 2 a 3h antes do horário agendado para a ci rgia. memória, tem efeito tranquilizante.
I
O grupo que recebeu líquidos claros tinha vo ume
gástrico residual menor e estava menos propenso a 1111111111115 tsrtcl'nls " .-
desidratação (hipovolemia) e hipoglicemia; a ansie—
dade também estava reduzida.
Líquidos claros são aqueles através dos quais se Ex-Ilrematuro
pode enxergar, isto é, água com açúcar, chás adoça- Desdecs primeiros relatos descrevendo a incidência
dos e suco de maçã. O leite materno contém gordu- de apnéia pós-operatória nesses pacientes, vários estudos
foram feitos para individualizar os fatores de risco.
ras dependentes da ingestão materna, e isso influencia
o esvaziamento gástrico. Portanto, leite materno deve A apnéia pode ser de origem central, obstrutiva ou
ter o mesmo período de jejum que o leite de vaca, fór- mista. Clinicamente, é a cessação da respiração por
mulas e alimentos sólidos (Tabela 3.1). mais de 205 ou menos se associada a bradicardia, cianose
ou palidez. Respiração periódica e a cessação da
respiração por 5 a 105 sem bradicardia ou hipoxemia.
MEDIGAGMS Pflf—IIESTESIGIS O controle da ventilação é diferente no neonato, a
Existem muitas opções de agentes e técnicas de pré- curva de resposta ao gás carbônico (CO) é mais inclinada
medicação na literatura médica. Em geral, apresen- e a resposta à hipóxia depende da maturidade e da
tam índices de sucesso em 80% dos casos. Não ha temperatura ambiental. Antes de 44 semanas de idade
uma técnica ideal em 100% dos casos, pois a pré- pós—concepção no RN a termo (40 semanas), a hipóxia
medicação deve ser individualizada. considerando a deprime ao invés de estimular o centro respiratório.
condição médica, o estado psicológico do paciente, Aproximadamente 50% dos prematuros apresentam
a duração da cirurgia e a técnica de indução que será respiração periódica que tende a desaparecer com 44
empregada. a 45 semanas pós-concepção.
Avaliação e Preparo Pré-operatório do Paciente Pediátrico l
15

Consequentemente, os prematuros com menos de em virtude do aumento de 2,3-difosfoglicerato, que


44 semanas pós-concepção são candidatos à apnéia proporciona uma maior liberação de oxigênio. Nessa
pós-operatória em resposta a traços de anestésicos vo- . situação, teremos que decidir o quanto vamos permi-
láteis. hipóxia, hipotermia e opióides. tir que o hematócrito diminua antes de intervir com
Estudos mostraram uma maior incidência em pa- transfusão sangiiínea.
cientes com menos de 46 semanas pós-concepção, mas
existem casos com até 60 semanas. O risco é inver-
samente proporcional à idade gestacional e à idade
pós—concepção; a presença de anemia impõe um risco Na criança portadora de doença broncospástica e em
adicional e independente. uso de medicação broncodilatadora, temos que nos
O uso de anestesia regional pode diminuir, mas não assegurar que suas drogas estejam no efeito máxi-
abolir a incidência, que até aumenta quando é usada mo. Uma consulta ao pneumologista pediátrico des-
sedação (cetamina, midazolam). sa criança é de valor, particularmente nos casos graves.
Portanto, é recomendável e prudente internar to-
dos os eir—prematuros com menos de 44 semanas pós-
concepção, os que apresentam anemia e aqueles que
PBBBIEMAS MMIIHS HI SAM
têm história de doença pulmonar e/ou episódios de ll! BEBIIPERIÇÃII
apnéia. Esses pacientes devem ser internados em Im Pús-nneralúria
instituição com condições de observação e monito-
ração por pessoal capacitado. Devemos atentar para o fato de que outras causas de
dor e desconforto pós—operatório, além da incisão e
do trauma tecidual, podem estar presentes. Isso in—
Intenção de Via Aérea Superior clui curativo muito apertado, distensão da bexiga, pre-
A criança que no pré-operatório imediato apresenta senças de sonda vesical e de sonda nasogástrica. A
quadro de infecção de via aérea superior (IVAS) constitui sonda nasogástrica nos lactentes, que são respirado-
uma situação de desafio. É sabido que as complica- res nasais obrigatórios, aumenta a resistência da via
ções associadas incluem aumento de cinco vezes na aérea, causando agitação. Abrasão de córnea, extre-
incidência de laringospasmo (17/1 .000 versus 99/1000) mamente dolorosa, ocorre em 44% dos pacientes que
não tiveram seus olhos protegidos no transoperatório.
e de broncospasmo de dez vezes (411.000 versus 41/
1.000) e incidência aumentada de dessaturação. A O uso de anestesia regional ou analgesia epidural
tendência é de postergar o procedimento, mas isso administrada antes do início da anestesia geral pro-

978— 5- 241 6
nem sempre é a melhor conduta. Caso a criança apresente porciona eficiente método. É útil em neonatos nos
rinorréia purulenta e esteja piorando, o caso deve ser, quais os narcóticos têm efeito prolongado.
postergado, mas se é uma rinite clara, sem outros A mprfina IV “constitui método mais confiável e

sintomas, uma-cirurgia ambulatoriallde pequeno porte


efetivo ,decontrole da dor e da excitação. A dose de
não aumentará o risco significativamente. A transfe- 0,05mg/kg IV é bem tolerada em pacientes sem hi-
povolemia ou instabilidade circulatória. Incrementos
rência para outra data não garante que as complicações
podem ser necessários com o devido monitoramento
associadas diminuam de incidência. A hiper-reatividade
para evitar depressão respiratória e resultante hipóxia.
brônquica permanece até seis semanas ou mais. Existem
situações nas quais a IVAS é pródromo de uma doença
Seu uso deve ser evitado em pacientes com
menos de
um mês de idade e em prematuros abaixo de 60 se-
maior, ou seja, um paciente que apresenta febre e
manas pós-conce'pção. O uso de medicações intra-
prostração claramente não está em boas condições
musculares não tem lugar na sala de recuperação. Não
para o ato cirúrgico. A decisão final deve considerar há motivo para o uso de um método doloroso, de efi-
a relação risco-benefício. ciência lenta, fracamente controlado, quando é pos-
sível adequar a dose rapidamente e sem dor, pelo uso
anemia intravenoso.
A analgesia controlada pelo paciente, na qual ele
A criança com anemia crônica ou com anemia diag- controla a liberação do narcótico, e relativamente nova
nosticada no pré-operatório impõe uma conduta in-
dividualizada. Se o procedimento agendado implica em nosso meio. Tem sido usada até em pacientes com
perda sanguínea, a questão de prosseguir ou não se apenas cinco anos de idade, apresentando bons re-
sultados.
impõe. É razoável investigar e tratar essa anemia e o
paciente retornar aos valores hematimétricos normais.
Essa conduta evitará transfusões desnecessárias. Náusea & vômitos
Caso a criança tenha outros problemas, como in- Complicação relativamente freqiiente e desconfortável,

" ? ”wa
suficiência renal, significa que sua anemia já está constitui a principal causa de retardo de alta da sala
compensada. Nesse caso, ocorre um desvio para a de recuperação. Raramente constitui risco de morte,
esquerda da curva de dissociação da oxiemoglobina, mas pode ser causa de aspiração pulmonar e pneumonite
,
16 I Geral

quimica, principalmente naqueles pacientes que não saturação de oxigênio estável e satisfatória. Essa prática
receberam bloqueadores de receptores histamínicos. pode reduzir os episódios de bradicardia e colapso
A profilaxia deve ser feita no transoperatório, aspi- cardiorrespiratório na sala de recuperação. Estudos
rando o conteúdo gástrico e administrando medica- mostram que o limite inferior seguro aceitável da
ções antieméticas. saturação de pulso é de 95%, exceto nos pacientes
Droperidol (50 a lOOmg/kg) parece ser eficiente com doença cardíaca congênita (shunts direita —)
em reduzir a frequência de vômitos, mas causa sono- esquerda) e doenças pulmonares crônicas obstrutivas.
lência e sedação indesejáveis no paciente ambulatorial.
Metoclopramida em dose de 0,15mglkgIV não pare-
ce causar efeitos colaterais, mas seu efeito é apenas
Presença uns Pais na Sala de Recuperação
levemente superior ao do placebo. Atualmente, está Existe uma tendência em permitir a presença dos pais
junto a seus filhõ's na sala de recuperação, assim como
disponível o medicamento ondansetrona (0,15mg/kg),
durante a indução anestésica, para proporcionar se-

ót s - ç — u v r " L
usado para controle de náuseas pós—quimioterapia e
que apresenta grande eficácia no controle de náuseas gurança aos pacientes e aos pais destes. Não existem
e vômitos pós-operatórios.
trabalhos que demonstrem esse benefício. A presença
dos pais certamente trará conforto a criança que des-
perta em um ambiente estranho, com pessoas estra-
Eslriúer larínuen nhas e sentindo dor ou mal-esçar.
Com o uso de tubos endotraqueais esterilizados e Estabilizados os sinais vitaisje readquirida a cons-
ciência, é desejável a ajuda dos pais para conforta—
fabricados com materiais inertes, associados à umidi-
'ficação dos gases anestésicos, houve uma diminui- rem os pacientes. Esse arranjo permite que a enfermagem
ção significativa da incidência de esn-idor e espasmo
se dedique aos reais cuidados de enfermagem.
laringeo. Atualmente a incidência é de 1% compara—
da a 1,6 e 6% de estudos anteriores. A principal cau- Alla Ila Sala de neeuneraçãu
sa atual é o uso de tubos muito justos causando edema, O tempo necessário para a recuperação da anestesia
cujo efeito obstrutivo é mais acentuado nos pacientes geral depende da técnica anestésica e da ocorrência
abaixo de quatro anos. A lubrificação dos tubos com de problemas, como náuseas e vômitos, dor, estridor
gel de xilocaína parece aumentar o problema. laríngeo, hipóxia, instabilidade cardiorrespiratória
Os pacientes com síndrome de Down estão mais (Quadro 3.1).
propensos a desenvolverem essa complicação, em virtude Antes que a criança possa ser liberada da sala de
de hipotonia, macroglossia relativa e tecido linfóide recuperação com segurança, deverá atingir alguns
hipertrofiado. critérios?
Para o tratamento do estridor pós-operatório, que t

não alivia com a simples umidificação da mistura ina- “.ª Acordada ou facilmente despertável.
lada, a nebulização de epinefrina racêmica diluída em "Il Reflexos respiratórios que mantenham a via aérea
solução fisiológica (3mL) parece bastante eficiente. e as trocas pulmonares e protejam contra aspiração
Ela é mais usada pelo seu efeito vasoconstritor do que de vômitos. ,: .3
II Saturação de oxigênio acima de 95% em ar am-
pelo seu efeito broncodilatadõr, provocando diminui- ! biente.
ção do edema da mucosa da via aérea. O uso de cor-
«
,.

ticosteróides (dexametasona 0,5mg/kg) é controverso; Estabilidade circulatória e sem sangramento ativoç


estudos apontam sua utilidade na profilaxia, mas não n Ausência de hipotermia (temperatura retal > 36°C)
e hipertermia sob controle.
no tratamento. lª Dor, náusea ou vômito adequadamente contro—
lados.
Illnoxia Pús-nueralúria ei Sinais vitais estaveis pelo menos 30min após re-
ceber medicação analgésica (opióide).
Durante a anestesia geral, há diminuição do volume
de reserva pulmonar e da capacidade de reserva fun- Assunto discutido é a necessidade ou não da criança
cional, com consequente queda das trocas pulmona- aceitar e reter líquidos VO antes de ter alta hospita-
res. A duração da hipoxemia é breve na maioria dos lar pós-operatória. Vômitos após anestesia e cirurgia
pacientes saudáveis que se recuperam de procedimentos são comuns, sendo a maior causa de internação hos-
simples, especialmente se acordados e ativos ou cho- pitalar não programada após cirurgias ambulatoriais.
rando. Porém, mesmo acordados, pode aver hipóxia Muitos anestesistas só permitem a alta após o paciente
em decorrência de efeitos residuais dos anestésicos. demonstrar habilidade de reter líquidos,já que crêem
É recomendado oxigênio suplementar para todos os que isso minimiza o potencial de readmissão hospi-
pacientes na sala de recuperação, independentemen— talar secundária à desidratação. Outros acreditam que,
te da cirurgia e de sua duração, a menos que o pa- forçando a alimentação, precipitar-ão os vômitos. Até
ciente esteja acordado suficientemente para rejeitar recentemente não havia trabalhos comparativos des—
a máscara, a tenda ou o cateter nasal e apresente uma sas duas estratégias.

«“"
,..
J!“ v“
Avaliação e Preparo Pré-operatório do Paciente Pediátrico I
17

QUADRO 3.1 - Índice de recuperação pós-anestésica claros, se a criança solicitar. A criança decide quando
está apta para iniciar sua realimentação.
' Atividade
Movimentação ativa, voluntária ou ao comando REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Movimentos fracos, voluntários ou ao comando 1. VISINTAINER, M. A.; WOLFER,J. A. Psychological preparation
Incapaz de movimento for surgical pediatric patients: the effect on children's and parents
Respiração stress responses and adjustment. Pediatrica, v. 56, p. 187, 1975.
QTSN

Tosse livre, bo'a respiração ou chora 2. ALDRETE. I.A.; KROULIK, D. A postanesthetic recovery score.
Obstrução parcial. roncos ou dispnéia , Anesth. Analg._ v. 49. p. 924-934, 1970.
Apnéia, obstrução, necessária assistência 3. SOLIMAN, I. E.; PATEL, R. 1.; EHRENPREIS. M. B.: HAN-
Circulação NALLAl-l, R. S. Recovery scoms do not correlate with postoperative
hypoxemia in children. Aneslh. Almig, v. 67, p. 53-56. 1988.
PA &: 20% dos valores pré-anestésicos
PA i 20 a 50% dos valores pré-anestésicos

P rh "
onw-

PA > i 50% dos valores pré-anestésicos


BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
Consciência
COTÉ, C. 1. Pediatric anesthesia. In: MILLER, R. D. (ed.). Anesthesia.
Totalmente acordado 5. ed. New York: Churchill Livingstone, 2000. p. 2088.
Acorda ao estímulo
COTÉ, C. J. Preparation and premedication of the pediatric patient.
Irresponsivo
ASA Refresh Courses, v. 25. p. 17430, 19.07.
o Cor
KRANE, E. J.; DAVIS, P. I.; SMITH, R. M. Preoperative preparation.
2: Róseo In: Smith's—Anesthesinfor Infants nm! Children. 5. ed. St. Louis:
1: Pálido CV Mosby, 1990. p. 201-206.
‘?.—"'°

O: Cianótico LITMAN, R. S.; WU. C. L.; QUINLIVAN, I. K. Gastric volume and

7- 5 6 l 4 2 < 8 9
Énecesràrio atingir 9 pontos para haver critério de alta da sala de recuperªção. pH in infants fed clear liquids and breast milk prior to surgery.
(Modificado de Aldrete e Kraulik' & Soliman et al.’) Anesth. Analg.. v. 79. p. 482-485, 1994.
PA = pressão arterial. MALVIYA, 8.; SWAR’IZ. J.: LERMER, I.Are all preterm infants younger
than 60 Weeks postconceptnal age at risk for postanesthetic apnea?
Anzslhesiology. v. 78. p. 10764081, 1993.
Trabalhos demonstraram que, ao tomar a aceita— MEANS, L. I:, FERRARI. L. R.: FISHER, Q. A. et al. Evaluation and
ção de líquidos VO um prerrequisito para a alta hos- Preparation of Pediatric Patients Undergoing Anesthesia, Section
pitalar, há um aumento na incidência de vômito de on Anesthesiology. Pediatrics, v. 98, p. 502-508. [996.
MUFOYAMA, E. K. Recovery from anesthesia. In: Smith 'sAnesthesia
50% na unidade de cirurgia ambulatorial. Crianças
vomitam mais após a alta; reter líquidos não garante forInfants and Children. 5. ed. St. Louis: Mosby, 1990. p. 3 l 3—329.
SCHREINER. M. S.; TRIEBWASSER. A.; KEON, T. P. Ingestion of
a prevenção de vômitos e desidratação.
liquids compared with preoperative fasting in pediatric outpatients.
A conduta mais adequada consiste em hidratar todos Anesthcsialâgy, v. 72, p. 593-597, 1990.
os pacientes que recebem acesso venoso com o equi— ZEEV, ,N K.; MAYES. L. C.; CARAMICO. L. A. Preoperative
valente a 8h de líquidos de manutenção durante a estada preparation in children: a cross-Sectional study. J. Clin. Amarth,
hospitalar destes e só permitir a ingestão de líquidos v. 8. p. SOS-514. 1994.
18 I Geral

Vejamos algumas características relacionadas a cada


faixaetária.

Analgesia Pós-operatória BEECH-111151111103


Manifestam a dor por expressões faciais e choro,
movimentos corporais de agitação e/ ou postura de-

no Paciente Pediátrico fensiva e alteração do sono Nesses pequeninos,:r


percepção da dor se faz de forma diferente das crian-
ças maiores e adultos por apresentarem terminações
aferentes abundantes, ausência de ascendentes inibi-
Clóvis Câmara Zimmer tórios e grande quantidade da substância P e recepto-
res N-metil—D—aspartato (NMDA) na medula espinhal.
Criança não sente dor. A imaturidade hepática e a redução das proteínas
Tada paciente tem direito ao alívio da dor. plasmáticas diminuem a capacidade de ligação protéica
dos medicamentos, favorecendo altas frações da droga
Essas duas colocações anteriores bem dizem das mu- livre, deixando-os suscetíveis a toxicidade. A imatu-
danças que se estabeleceram nos últimos 30 anos. Os ridade renal diminui a filtração iglomerular, favore—
conhecimentos adquiridos nas últimas décadas não cendo o prolongamento da meià--vida das drogas. A
nos permitem mais sustentar a premissa de que crianças distribuição do líquido corporal compensa parcial-
não sentem dor, especialmente os recém-nascidos, como mente a maior disponibilidade das drogas circulan-
se via descrito antigamente. Autores já relataram que, tes; sendo assim, as drogas hidrossolúveis têm maior
por volta da 24ª semana de vida fetal, existem estru- volume de distribuição. A maior fração do débito
turas nervosas que possibilitam a percepção da dor. cardíaco para o cérebro em desenvolvimento e o meta—
São notórias as respostas aos estímulos nociceptivos bolismo reduzido tornam os recém—nascidos suscetí-
em cirurgias intraAuterinas, necessitando o feto ser veis à depressão por opióides.
anestesiado para o sucesso da operação. Por todos esses aspectos, as drogas só passam a
Assombra ainda o desconhecimento a rêspeito de ter comportamento similar ao dos adultos em torno
determinadas medicações, tanto por médicos não dos seis meses de vida.
anestesistas quanto por enfermeiros, a ponto de se-
rem usados relaxantes musculares e diazepínicos como PRÉ-Escºlhªs E EM IMD! ESBBlIIII
analgésicos.
O tratamento da dor não é, e não deve ser, um privi— Criançasconseguem, a partir dos três anos, relatar
de maneira adequada a dor que estão sentindo, po-
légio do anestesista. 0 tratamento deve ser feito de
forma multidisciplinar, envolvendo vários profissionais.
de 0 ser submetidas a métodos objetivos de avalia-
ção'ªda intensidade dolorosa. “

Talvez aí comecem as primeiras dificuldades: a forma
Nessa fase, muitas vezes encobrem a dor com o’iso-
ou o sistema de trabalho que se impõe ao profissional. lamento, não reclamam por medo de injeções ou por
Muitas vezes os pacientes-pediátricos são esporá-
dicos para o cirurgião e o anestesista, e sem expe—
interpretam dor como castigo por alguma travessura.
Gs sistemas receptores'e a interação com as vias
riência maior tratam-no como um “adulto pequeno", excitatórias nos adultos já são bem conhecidos, mas
o que definitivamente não corresponde. ainda sabe-se pouco sobre o desenvolvimento fun-
Quando falamos em crianças, lembremo-nos que cional nos jovens.
estamos nos referindo aos recém-nascidos prematu—
ros ou não, aqueles em idade pré—escolar e escolar e RBUlESBEII'ÍES
os adolescentes, que em cada fase apresentam carac-
terísticas próprias. Fase de grandes modificações hormonais e compor-
As dificuldades continuam especialmente quanto a: tamentais; em geral, enfrentam situações cirúrgicas

G L Z' S V I ‘ D
ILimitações da linguagem em verbalizar a dor. com grande insegurança, por mais que seja explicada
& evolução dos fatos, tendendo a grande maioria a
II Receio dos profissionais sobre possível depen-
agir como crianças pequenas diante de uma situação
dência às drogas analgésicas. de dor.
!Desconhecimento das doses a serem empregadas.
IDificuldade de avaliação da intensidade dolorosa.
Diversidade de trabalhos que usam técnicas e drogas PBEPIIH] III AHESIESII E MIMEESIA
diferentes. PÉS-ºPEIIII'I'ÓBIIl
Somam—se a isso a situação específica na qual a A avaliação pré—anestésica assume, cada vez mais, im—
dor é vivida, os fatores hereditários, étnicos, indivi- portância fundamental na boa condução do ato anes—
duais, a educação, o ambiente sociocultural e a religião. tésico. Nessa ocasião, está o anestesista, muitas vezes
Analgesia Pás-operatória no Paciente Pediátrico n 19

pela primeira vez, estabelecendo o vínculo médico— Antiinflamatórios Não Esteróides


paciente, avaliando, dirimindo dúvidas, diminuindo Têm ação antiinflamatória e analgésica. Provocam
a ansrcdade dos pais e, principalmente, estabelecen-
do sua estratégia de ação.
irritação gástrica. Usados por via intramuscular (IM),
podem provocar fascite necrosante; por conta disso, em

.
Essa estratégia deve levar em consideração:
crianças, usam—se as vias oral (V0) e retal mais freqiien-
Local, natureza e duração da cirurgia. temente. Por sua ação antiplaquetária, devem ser usados
n Tipp e extensão da incisão e outros traumas ci- com cuidado em procedimentos que resultam em áreas
rúrgicos. cruentas. Cetoprofeno IV ou IM e tenoxicaIn não são
IaTipo fisiológico e psicológico do paciente (con- recomendados, ainda. para menores de 15 e 18 anos,
forme faixa etária).
respectivamente. lndometacina IV continua é usada
!Preparo pré-operatório psicológico, fisiológico
em prematuros para fechamento do ducto arterial. Mais
e farmacológico do paciente. usados: diclofenaco, ibuprofeno, napI'oxe'no.
IRecursos farmacológicos, materiais e humanos
para realização da anestesia/cirurgia.
Il Recursos disponíveis para assistência pós—ope- Diclofenaco
ratória.
a Analgesia preventiva. a Doses.

Bloqueio efetivo do estimulo nocivo gerado -- Oral: 0.5 a 1,5mg/kg — 12/ [32h < l5kg e 8/8h
> 15kg.

no trans e no pós—operatório.
Reta]: 1 a 2mg/kg 6/6h.

Tratamento antinociceptivo antes da cirurgia.
ra Analgesia pós-operatória (analgesia sistêmica +
bloqueios anestésicos). lbuprofeno
II Doses.
llllAlEESlll SISTEIIIIBI -— Oral: 10 a ISmg/kg 4/4 ou 6/6h.
analgésicos Ilia lniúltles —- ma 60mg/kg/dia).
Retal: 10 a 40mg/kg 6/6 ou 8/8h (dose máxi-

Úteis na dor de pouca ou moderada intensidade. In-


dicados especialmente nos pacientes ambulatoriais. Naproxeno
Os mais usados são acetaminofeno, dipirona, antiin—
flamatórios não esteróides. IDoses.

— Oral: 5mg/kg 8/8 ou 12/12h.


Acetaminofeno
Analgésico não opióide mais popular para uso em Analgésicos Whistles .
crianças. Seguro e efetivo desde o período neonatal Analgésicos mais usados em crianças para tratamento
até as crianças maiores. Pouca ação antiinflamatória, da dor moderada a intensa
provoca alterações da função plaquetária e renal e Podem ser usados por vias oral (VO),Intravenosa (IV),
irritação gástrica. intramuscular (IM), subcutânea
(SC), retal“,transdérmica
Il Doses. e transmucosa.
— Retal:
Oral: 10 a 30mg/kg de 6/6h. Via mais usada no pós-operatório: intravenosa.
— 15 a 40mg/kg de 6/6h. A meia-vida dos opióides nos recém-nascidos é o
978-5—2416

dobro da dos adultos, masjá, aos seis meses de idade,


Dipirona é similar aos adultos.
É rara depressão respiratória nas doses hoje apre—
Possui ação analgésica, antitérmica, antiinflamatória goadas, exceto no uso concomitante com outras dro—
e antiespasmódica. gas de efeito sedativo, necessitando, de qualquer forma,
Provoca irritação gástrica. Há risco de leucopenia, de vigilância do pessoal técnico e oximetria constante.
discrasia sanguínea com anemia aplástica, tromboci- Opióide por via peridural proporciona excelente
topenia. Reações de sensibilidade, como necrose
epidérmica e dermatite esfoliativa
_,controle da dor pós-operatória; mas por essa via ficam
acentuados os paraefeitos, como náuseas, vômitos, pru-
Pode provocar insuficiência renal transitória e/ou rido e depressão respiratória.
oligúria e anúria, especialmente em nefropatas.
:Doses.
O antagonismo e' feito com naloxona
0,005 a 0,01rng/kg via IV, IM ou SC.
na
dose de

-
Oral: 7 & 30mg/kg de 4/4h. A metadona é nova no mercado brasileiro e mais
— Venosa: 5 a 20mg de 4/4h. empregada em dor crônica.
-
Intramuscular: 5 a ZOmglkg de 4/4h. Opióides mais usados: codeina, fentanila, meperidina,

Retal: 7 a 30mglkg de 4/4h. morfina, nalbuftna, sufentanila.
«J:
20 I Geral

Codeína dade. la o produto Anestopº, associação da lidocaína


e diclonina, promove anestesia de até 2mm de pro-
I Doses.

——
fundidade da pele com absorção em 30min e duração
Oral: 0,5 a Img/kg 4/4 ou 6/6h. máxima de 3h. Esses dois produtos permitem, por
Intramuscular: 0,5 a 1mg/kg 6/611. exemplo, venopunções, cateterismo em geral e pequenas
cirurgias cutâneas.
Fentanila
I Doses. Blottuelos Periféricos
—- Transmucosa:
Oral: 10 a 20mg/kg. Tanto os bloqueios periféricos, quanto os regionais
— ou de 6/6h (oronasal).
2 gotas para cada 5kg de 4/4 são realizados sob anestesia geral nas crianças.

—-— Peridural: 1 a 2mg/kg de 2/2 ou de 4/4h.


Intravenosa: continuo Img/kglh.
Os bloqueios periféricos são indicados em cirur-
gias mais superficiais e de pequena a moderada in-
tensidade dolorosa, proporcionando o despertar sem
dor. Se realizados antes da incisão cirúrgica, deter—
Meperidina minam bloqueio efetivo do estímulo nocivo. Como
consequência, há menor necessidade de anestésico
I Doses.
geral, recuperação mais rápida com menores custos;

6 L 2 ‘ 8 5' Z V I 9 S
-- Dose
lntravenosa: 0,2 a 1mg/kg 2/2 ou 4/4h. ideal para procedimentos ambulatoriais. Quando rea-
—— Intramuscular:
máxima: 3mg/kg em 4h.
l a 1,5mg/kg de 3/3 ou 4l4h.
lizados com sucesso, equivalem-se aos bloqueios
regionais no controle da dor. Usa-se mais corriquei-
ramente bupivacafna 0,25 a 0,5% na dose máxima de
Morfina 2,5mg/kg.
Exemplos: bloqueios periféricos para retirada de
I Doses.
pequenos tumores cutâneos, bloqueio dos nervos ilio-
- Intravenosa: 0,02 a 0,2mg/kg de 4/4 ou de 6/6h. inguinal e i'lio—hipogástrico para cirurgias de herniorrafia
— Intramuscular: 0,1 a 0,2mg/kg de 3/3 ou de 4/4h. e orquidopexia, bloqueio do nervo peniano para ci-


— Peridural: 30 a 150mg/kg de 17112 ou de 24l24h. rurgias de postectomia e hipospádia.
Intravenosa continua: 0,010 a 0,015mg/kg/h
em crianças até 5 anos e 0,025 a 0,040mg/kg/h
crianças maiores.
A raquianestesia não se presta muito para analgesia
Nalbufina pós-operatória. No entanto, se a opção de anestesia
for a raquianestesia, é interessante a adição de mor—
IDoses.
fina para cºntrole da dor nas primeiras horas.
- Intravenosa: 0,1 a 0,3mg/kg de 4/4 ou de 6/6h. A peridural caudal, lombar ou torácica e a técnica
mais usada entre os bloqueios, quando então, no
Sufentanila momento da punção, se introduz um cateter que será
I Doses. usado para infusão continua, por bomba, de solução
contendo opióide ou anestésico local mais opióide.
— Transmucosa:
ou de 6/6h
2 gotas para
(oronasal).
5kg
cada
'
de '4/4 Pessoalmente, prefiro essa última associação para
infusão, quando então uso bupivacaína 0,0625 a O, 125%
— Peridural: 0,4 a 0,75mg/kg de 2/2 oude 4/4h. (0,50 a Img/kg/h) mais fentanila (0,55 a Img/kg/h).

Bloullilns AlliSTÉSleus Analgesia controlada nelo Famema


Anestesia Túnica A analgesia controlada pelo paciente (PCA, patient
controlled analgesia) é um sistema pelo qual o próprio
Anestesia tópica de mucosas é facilmente conseguida paciente aciona uma bomba de infusão, que lhe inje—
com lidocaína gel ou spray ou mesmo com solução ta na corrente sanguínea (PCA venosa) ou no espaço
injetável na dose 1 a 2mg/kg, para realização de pe- peridural, por meio do cateter (PCA peridural), anal-
quenos procedimentos e/ou complementação da anes- gésicos, especialmente, opióides. Essas bombas são .
tesia geral. São'exemplos: ressecção de cistos mucosos, programadas com limites de tempo e doses. A a 11 ação
frenotomia lingual, laringoscopia e broncoscopia. desse método é difícil em crianças abaixo dos sete“
Anestesia da pele com Emlaº (Eutectic Mixture of anos, pela dificuldade de entendimento e discernimento.
Local Anesthetics), combinação de lidocafna 5% e Essa técnica implica também custos significativos
prilocaína 5%; quando aplicado na mucosa -ou pele (bomba/equipo), determinando a impossibilidade do
íntegra em curativo oclusivo por, no minimo. 60 a método em hospitais desprovidos de maiores recur-
90min, promove anestesia de até 5mm de profundi- sos financeiros.
Analgesia Pós-operatória no Paciente Pediátrico ª 21

IIEGllIlSIIS IIIlll FABMIIBUlÚGIGOS is Imobilização.


la Estimulação eletrocutãnea (TENS).
E Preuaração
IInformação oportuna e adequada sobre a situa- GIIIISIIIEIIIIÇÍIES FINAIS
ção a que o paciente vai submeter—se.
Il Permitir que esses pacientes toquem instrumen-
Todo paciente, inclusive as crianças, tem direito ao

7 6- 1 4 2 5 8 9 .
tratamento da dor. Todo médico e demais agentes da
tos e conheçam o pessoal técnico. saúde têm o dever de colocar à disposição de seu paciente
Responder as dúvidas deles. todo o conhecimento e recursos necessários para
E Perguntar sobre os medos deles.
ILeva-los a conhecer o ambiente hospitalar. amenizar e/ou» evitar o sofrimento com a dor.
I Dar-lhes papel para desenharem suas vivências. Cada paciente responde à dor a sua maneira, e a
sensibilidade deste depende de vários fatores.
Acredite na dor de seu paciente e prescreva anal-
nnnrrlauem ensnlliuo-cnmllurtamental gésico na dose necessária para o controle dela.
lDessensibilização. A prescrição de analgésico com a expressão “se
I Reforço positivo. necessário" só é válida quando já tiver sido instituído
!Abordagem das expectativas e auto-estima. um esquema analgésico.
No Brasil, país com varias realidades e principal-
mente diflculdades na area da saúde, cabe aos profis-
Técnicas Hipnóticas sionais envolvidos conhecerem os recursos disponíveis
ll Fala e linguagem. no seu meio, aprenderem autilizá-los, bem como buscar
IImaginário guiado. novos conhecimentos e outros recursos necessários

. ao bom desempenho de suas funções.


IDistração.
Exercícios respiratórios.
IRelaxamento progressivo. BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
lAcessar experiências de prazer. DALENS, B. .1. Regional anesthesia in children. In: MILLER, R. (ed.).
Anesthesia. 5. ed. Philadelphia: Churchill Livingstone, 2000.
IRecém-nascidos e lactentes: oferecer chupeta e p. 1549-1584.
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J. '1‘. (ed). Anestesiaiagia: princípios e técnicas. 2. ed. Porto Alegre:
outras técnicas Artes Médicas, 1997. p. 595-599.
UDELSMANN, A. Analgesia pós-operatória em cirurgia pediátrica.
IAplicação frio/calor.
In: VIANNA. P. T, G.; PEREZ, D. (eds.). Atualização em
ll Acupuntura. Anestesiologia. São Paulo: Ambito, 1977. p. 178-134.

A
1 .
x
"_,
Técnica de administração:
a: Jejum prévio de 4h.
Monitoração cardiorrespiratória e de oximetria
; Ãi C
Analgesia e Sedação de pulso contínuas,
01,

I Só temos utilizado oxigênio quando há queda


ES na saturação ou aparecimento de laringospasmo.
» ,J v i
para Procedimentos
INo inlcio do procedimento, deve ser utilizada
F ’1‘
,

atropina na dose de 0,01mg/kg por via intravenosa


(IV) (máximo 0,5mg), com o objetivo de dimi-

Dolorosos
nuir as secreções.
I Sedação é iniciada com midazolam, na dose de
0,05mglkg IV (máximo 2,5mg/kg), com o obje—
tivo de minimizar as crises de alucinações.
João Carlos Ketzer de Souza m Após 2min, é iniciado o uso de cetamina, com
dose inicial de Img/kg IV em um período de 1
Pacientes pediátricos submetidos a procedimentos a 2min.
dolorosos invasivos manifestam, frequentemente, altos IUma segunda dose de
cetamina (Img/kg) é com-
níveis de estresseçe ansiedade. pletada, após 2 a 3min d ::primeira dose.
Procedimentos diagnósticos e terapêuticos dolorosos In A dose intramuscular apropriada é de 4 a Smg/kg,

necessitam de ações farmacológicas e não farmaco- que pode ser misturada na mesma seringa com
' lógicas para tomá-los menos traumáticos, conseguindo atropina.
uma melhor cooperação da criança ou mesmo imobi—
lização para sina realização. EIIEIITIIS IDVEBSOS
Apresentamos neste capítulo a rotina do nosso serviço Queda na saturação sem apnéia, apnéia, estridor tran-

L'S9IVZ86
em sedação-analgesia pela combinação das drogas sitório, hipertensão e taquicardia, hipersalivação, vô—
cetamina e midazolam. mitos, alucinações, rash.
Depressão respiratória temporária e apnéia são com-
plicações infreqiientes (3%), que podem ser evitadas
ou diminuídas pela administração lenta de cetamina
A cetamina é um agente dissociativo, que induz uma (aproximadamente em 2min). A depressão respirató—
dissociação eletrofisiológica entre os sistemas cortical ria está, muitas .vezes, associada a injeção intravenosa
e lfmbico, resultando em sedação, analgesia, amné- muito rápida, altas doses, distúrbios do sistema ner-
sia e ação de início rápido e curta duração (15 a 30min). voso centralne recém—nascidos em estado grave.
Além disso, é um agente seguro e efetivo, pois apre-
senta relativa estabilidade cardiovascular e limitados
:‘A'administração da cetamina estimula a salivação
e as secreções brônquicas e traqueais, causando po-
efeitos na mecânica respiratória. tencial obstrução respiratória. Esse excesso de secreção
O pico de concentração ocorre lmin após a admi— pode ser prevenido pela administração prévia de um
nistração intravenosa e Smin após a intramuscular. anti-sialogogo (atropina). Porém, a cetamina causa
O midazolam causa sedação, mas não tem efeito broncodilatação, sendo uma boa escolha de sedação
analgésico e é inadequado na prevenção da dor indu- nos pacientes com história de broncospasmo ou doença
zida por procedimentos mais agressivos e dolorosos. reativa de via aérea.
Sua combinação com a cetamina torna o início da O estridor respiratório ou laringospasmo transitório
analgesia mais rapida, causa mais amnésia, faz com é raro, estando relacionado a estimulação de reflexos
que a dose de cetamina requerida seja menor e dimi- Iaríngeos hípersensibilizados. Aparece mais frequen—
nui a ocorrência de alucinações. temente em pacientes com infecções respiratórias ativas
ou seu uso em pacientes menores de três meses. Em
As maiores reações adversas devem-se a alucinações
geral, é tratado com o reposicionamento da cabeça,
e pesadelos que costumam ocorrer durante o periodo seguido por ventilação com máscara.
de recuperação. Esses fenômenos podem ser reduzi- A cetamina é um agente simpaticomimetico, po-
dos ou eliminados pela administração de benzodia- dendo por isso provocar aumento discreto a modera-
zepínicos. . do na pressão sanguínea, na frequência cardíaca, no
rendimento cardíaco e aumento do consumo de oxi—
EDITH-1111111101503 gênio no miocárdio. A administração combinada de
midazolam diminui ou abole essa estimulação do siste-
As contra—indicações ao uso de cetamina são: idade ma cardiovascular.
< 3 meses, pressão intracranial aumentada, pressão As alucinações e os maus sonhos que costumam
intra-ocular aumentada (glaucoma), hipertensão ar- ocorrer na fase de recuperação da sedação são dimi-
terial não controlada, infecção pulmonar ativa. nuídos pela co—administração de midazolam. Estudo
Analgesia e Sedação para Procedimentos Dolorosos I 23

recente concluiu que o midazolam não diminui a agitação BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA


e, portanto, seu uso não apresenta nenhum efeito benéfico KARAPlNAR, B.;YILMAR, D.; DEMIRAG, K.; KANTAR, M. Sedation
aparente. Sugere sua administração apenas naqueles with ' ' '
and 'ª ' for painful ,, "
casos que apresentam agitação no período de recupe- in children. Pedialr: Int., v, 48, p. 1464151, 2006.
ração. Como é assunto controverso, temos mantido o PETRACK, E. Ketamine. Clin. Pad. Emerg. Med., V. I, p. 281-284,

7- 5 6 1 4 2 — 8 9
midazolam na nossa rotina de sedação e analgesia. 2000.

w - n.
24 I Geral

III'I'IBIÓ'I'IlIÍIS I'IIIIFIlÃTIDIIS EM GIIIIIBGIII


PEIIIflTBIEA
Os antibióticos profiláticos devem cobrir as primei—

Infecções em Cirurgia ras horas de contaminação bacteriana, não havendo


razão para que se prolonguem por mais de 24h (temos
utilizado três doses profiláticas). O objetivo deseja-

Pediátrica do é de ação contra os microorganismos por ocasião

Ó L S' Ç Z V I Q
da penetração destes na ferida cirúrgica ou na cavi-
dade orgânica antes de ocorrer colonização. O uso
prolongado (> 24h) ou indiscriminado de antibióti-
João Carlos Ketzer de Souza . cos profiláticos pode causar o aparecimento de orga-
Infecção cirúrgica e um termo abrangente que engloba nismos antibióticorresistentes, superinfecção e toxici-
as doenças de todos os pacientes com doenças cirúr- dade. O antibiótico deve ser dirigido a flora contaminante .
gicas e com sinais de infecção associada. Em senso e o ideal é que inicie sua administração 30min antes
restrito, infecção cirúrgica e o processo infeccioso da incisão da pele. Em cirurgias demoradas (cirurgia
da incisão ou da cavidade operada que drena exsudato vai durar mais de duas vezes a meia-vida da droga),
purulento, com ou sem cultura positiva.
Infecção adquirida em comunidade é aquela que
uma dose complementar deve
ser
administrada intra-
operatoriamente (repique) com o objetivo de manter
já se encontra presente ou em incubação no momento níveis teciduais adequados.
da admissão hospitalar e que se mostra claramente
não relacionada à hospitalização atual ou prévia.
Infecção hospitalar é aquela que ocorre em local
hospitalar e que não se mostrava presente ou em
SISTEMI llE cussmcnsfln
PBBBEIIIMENTBS cmflnmens llE Il'I'EMEIB
nos
incubação no momento da admissão. con BASE III PlflBABIlIBAIIE E III! Elli“! Il!
Toda ferida cirúrgica costuma ser colonizada pela ,, GDIITIIIIIIIIIIGÃII Ill EEBIIIA IPEIIITÓIIIII
flora cutânea do paciente e, secundariamente, pela flora
da equipe cirúrgica e do material. :: Cirurgias limpas: índice de infecção de < 2%.
A infecção ocorre quando microorganismos pre-
sentes na ferida cirúrgica atingem um número ou
- Cirurgias não traumáticas, sem inflamação, sem
abertura de vísceras (não houve penetração no
virulência tal que seus metabólitos não são suporta- trato gastrointestinal [GI], respiratório e ge—
dos pelo organismoe suas defesas provocam resposta niturinário [GU]), a técnica não foi infringida,
inflamatória. procedimentos na presença de urina ou bile
& não infectadas.
Para um número de microorganismos > 100.000
por grama de tecido, sabe-se que há risco de supuração. 3 —- Não ,usar antibióticos, à exceção de válvulas

_
cardíacas, enxertos vasculares e próteses arti-
Três fatores básicos influenciam o desenvolvimento ficiais.
,
.
e a progressão de uma infecção na ferida operatória:

i;
lCirurgias
potencialmente contaminadas: índice
Quantidade e virulência dos microorganismos. 1de infecção de'10%. «_;
lMeio nutriente em que a bactéria pode crescer.
lResistência do hospedeiro. —
Pequena infração técnica, abertura de vísceras
(tratps Gl, GU e respiratório), mas sem conta-

- “r a
Flora transitória (também denominada contaminante minação grosseira, como a entrada em orofaringe,
ou não colonizante) é aquela constituída de microor- nasofaringe, esôfago, vagina, apendicectomia
.

ganismos isolados da pele, mas não consistentemente eletiva, presença de bile ou urina não infectadas,
presentes na maioria das pessoas. São removidos da cirurgias próximas a áreas de população bac-
pele somente pela fricção mecânica com sabão e água teriana elevada e ao terço distal da uretra.
ou destruídos pela aplicação de anti-sépticos. - Usar antibióticos em quase todas.
Flora residente (também denominada flora colo— Cirurgias contaminadas: índice de infecção de
nizante) é aquela constituída de microorganismos 17 a 18%.
'

persistentemente isolados da pele da maioria das pessoas .5


Esses microorganismos são considerados residentes

Inflamação aguda sem pus, infração grave na
técnica, contaminação grosseira de conteúdo "wa
permanentes dalpele e não são facilmente removidos gastrointestinal, urina ou bile com infeção, ferida
pela fricção mecânica. traumática recente (< 8h) de fonte limpa.
Anti—sepsia das mãos e o processo de remoção ou —
Antibiótico terapêutico sempre, no mínimo cinco
dias, lavagem adequada das cavidades, incisões
destruição dos microorganismos transitórios.
Escovação cirúrgica das mãos é o processo de remo-
ção ou destruição dos microorganismos transitórios e
de redução da flora residente.
.
e retirada de tecidos desvitalizados e necróticos. .
Cirurgias infectadas ou sujas: índice de infec-
ção de 30 a 40%.

,.,“
,., ,. ___—_
lnfecções em Cirurgia Pediátrica !
25

-— peritonite
Presença de processo inflamatório com pus, como
purulenta, perfuração de vísceras, ferida
degermação pré—operatória e com solução al-
coólica de PVP—l 10% (tintura) ou PVP—I 10%
traumática de fonte suja ou antiga, ferida com aquoso para mucosas e áreas sensíveis, con-
corpo estranho ou com contaminação fecal. forme rotina do serviço. Um bom anti—séptico
132’s

“ªªª“
Tratamento: idem anterior. necessita agrupar as seguintes características:
ausência de absorção pela pele e membranas a“? (“ª
Pllfll’llfllll MS INFEBGfiES clnflnumns mucosas, rápida redução da flora, substantividade
(capacidade residual) e espectro de atividade.
em .&;
um.-
l Preparo pré-operatório. ll Técnica cirúrgica e transoperatório.
— Usar adequadamente antibióticos proãláticos.
— Evitar dissecções traumáticas.
— Melhorar condições nutritivas do paciente.
— Efetuar boa hemostasia (evitar a formação de
— Tratar hipovolemia e hipóxia tecidual previa-
mente.
hematoma).


Evitar espaço morto.
Tratar infecções superficiais previamente. Retirar todo o material necrótico e tecidos
Corrigir déficits sanguíneos e hidroeletrolíticos.
Conhecer a maior frequência de infecção em
desvitalizados.
pacientes com doenças associadas, como dia- — Não deixar corpo estranho em excesso.

——
betes, obesos, chocados, desnutridos, prematuros
Tratar tecidos com delicadeza.
Não aproximar tecidos sob" tensão.
e PIG, imunodeprimidos, em uso de corticos-
teróides, esplenectomizados, etc. — Não prolongar o ato operatório desnecessa—
riamente (> conteúdo bacteriano, > dessecamcnto
Duração da hospitalização pré—operatória. Ideal
a existência de um período de descontaminação
celular pela exposição ao ar e uso de afastadores,
pré-operatória longe do ambiente hospitalar > uso do eletrocautério, > perda sanguínea e
para que o paciente possa renovar sua flora < resistência geral do paciente).
bacteriana. — Evitar o uso exagerado da eletrocoagulação.
Dar preferência a coagulação bipolar.
— Banho pré-operatório do paciente com sabão
antimicrobiano. - Evitar ligadura em massa de tecidos.
— Preferencialmente não remover pêlos e cabe-
los. Se necessário, usar creme depilatório ou
QUADRO 6.1 - Condições cardíacas e profilaxia
tricotomizador elétrico logo antes da cirurgia.
da endotardite
Lâminas de barbear não são desejáveis.
- Descoutaminação pré-operatória do paciente deve
ser realizada 2h antes da cirurgia com solução
- AltoPrótese
-'
risco (profilaxia recomendada)
de válvulas cardíacas
detergente anti-séptica, com fricção suave du- — Endocardite bacteriana prévia
rante o período de Smin. Após, secar com com- D9 ‘nga cardiaca congênita cianótíca complexa
— (ventriculo único, transposição de grandes vasos,
pressas estéreis e fixar campos estéreis na área tetralogia de Fallot)
descontaminada com fitas adesivas. Pouco usada.
— Shunts cirúrgicos sistêmico-pulmonares
— Técnica adequada de anti-sepsia da equipe
cirúrgica. Usar solução detergente anti—séptica ' Moderado risco (profilaxia reêomendadai
do tipo clorexidina degermante 2% ou iodo— - Outras malformações cardíacas congênitãs (exceto as
de alto e baixo risco)
polivinil pirrolidona degermante 10% com 1% valvular adquirida (doença reumática)
- Disfunção

- W.
de iodo livre. 0 melhor anti—séptico é aquele Cardiomiopatia hípertrófica

que tem a capacidade de reduzir rapidamente
l

— Prolapso de válvula mitral com regurgitação valvular


ª contagem de micróbios e de manter ação e/ou folhetos espessados
-675

residual eâciente após a escovação (denomi-


nado luva química). A escovação das mãos, ' Baixo risco (profilaxia não recomendada)
978—5-24

dos antebraços, dos cotovelos e, cuidadosa- — Defeito atrial septal isolado Secundum
—Defeito de septo atrial, ventricular ou de ducto
mente, das unhas deve ser rigorosa, organizada arterial corrigido cirurgicamente
e não inferior a 5min, com escovas esteriliza— '
-Prolapso de válvula mitral sem regurgitação valvular
das e de cerdas macias e substâncias anti—sép— —Sopro inocente, fisiológico ou funcional
ticas degermantes. Enxaguar em água corrente — Doença de Kawasaki prévia sem disfunção valvular
das mãos para o cotovelo, secar com compressas —- Febre reumática prévia sem disfunção valvular
estéreis e calçar avental e luvas esterilizadas. Nata: Muitos procedimentos reparadures cardiaco; não modificam o risco a
As luvas apresentam vulnerabilidade à laceração longo prazo de endocardite Infecciosa. o qual continua indefinidamente.
e à perfuração de 10 a 30% durante o ato ci— Na tirurgia para a troca de válvulas (ardiacas, o risco de endocardite pós-
operatória aumenta. No casº de fechamento do ducto arterial ou defeito
rúrgico. septal ventricular sem vazamento residual, o risco de endocardite dimi-

- Anti—sepsia do campo operatório com solução


detergente degermante, se não tiver sido feita
nui após um periodo de cicatrização de seis meses. no nivel da população
geral. Certas slndromes (Down. Marian) podem necessitar de profilaxia
antibiótica em decorrência da associação de anomªlias católicas.
26 I Geral

— Usar fios cirúrgicos adequados para a idade


da criança.
mento da anatomia da região, da fisiologia e
da fisiopatologia relacionadas aos órgãos e sis-
- Uso e indicação adequados de drenos. temas envolvidos, às técnicas e táticas cirúr-
- Gorros e máscaras descartáveis ou de tecido e
estéreis. Troca-los a cada 2 a 3h ou quando do
gicas adequadas ao manuseio dos tecidos e
aptidão para enfrentar situações desfavoráveis
início de nova cirurgia. e intercorrências que possam surgir na exe-
—- eEmascirurgias contaminadas e infectadas, o avental
luvas devem ser trocados após o término
cução de sua cirurgia.

da fase contaminada. Novos campos e com— I'llflfllfllfl Ill! Ellllflclfllll'l'i BACTERIA“


pressas devem ser colocados. (BEGDMEIIMGÚES llll MSSIIGIIGÃII
— Evitar conversação e movimentação desneces-
sárias durante o ato cirúrgico.
IMEBIBMIR ll! [lllllllfllfllilfll
Trocar roupas quando for ao banheiro ou es— Endocardite é uma infecção da superfície endotelial
tas estiverem úmidas. do coração, incluindo válvulas cardíacas. Em geral,
Trocar propés e máscaras quando rasgadas ou a infecção desenvolve—se em crianças com defeitos
úmidas. estruturais cardíacos associados. Procedimentos ci-
Postura cirúrgica. Técnica cirúrgica é ciência, nirgicos e dentários, especialmente aqueles envolvendo
é arte que visa ao atendimento cirúrgico ade- mucosas ou tecidos contaminados, podem causar
bacteremia transitória, que raramente persiste além
quado de uma criança doente. Ao lado dos
de alguns minutos. Para que ocorra endocardite, dois
conhecimentos científicos apurados e do pla—
nejamento cuidadoso, exige habilidade, deli-
cadeza sobre os frágeis tecidos, disciplina, QUADRO 6.3 —- ºutros procedimentos e profilaxia
organização, experiência e liderança da equi- da endocardite
pe que está prestando o atendimento àquela Profilaxia recomendada
criança. O gesto cirúrgico deve sempre apoiar—se
em dados científicos seguros, atuais e com- ' Trato respiratório
—- Amigdalectomia elou adenoidectomia
provados. A habilidade cirúrgica não depende
somente da condição inata do cirurgião, mas —— Procedimentos cirúrgicos que envolvem mucosa respiratória
Broncoscopia com broncoscópio rigido
também da habilidade adquirida, perseguida
.com insistência e perseverança. Atualmente,
o cirurgião é auxiliado por um instrumental
cirúrgico especializado e sofisticado. Portanto,
- Trato gastrointestinal
—-
Esclercterapia para varizes de esôfago
— Dilatação de estenose de esôfago
ele deve e tem a obrigação de exigi-lo nos ser- — CPRE ein obstrução biliar
viços em que atua. O cirurgião deve sempre &— Cirurgia do trato biliar
'- Procedimentos cirúrgicos que envolvemra mucosa intestinal
planejar o ato operatório como se fosse a sua
primeira cirurgia. Ele deve ter pleno conheci,-
-— Trato geniturinárío

,—
Cirurgia prostáticâ
Cistoscopia 5

E QUADRO 6.2 - Procedimentos dentários e profilaxia da - Dilatação uretral


endocardite Profilaxia não recomendada

- -—'Profilaxia recomendada
Extrações dentárias
' Trato respiratório
- Entubação endotraqueal
— Broncoscopia com broncoscópio flexivel
— gengivas)
Procedimentos periodontais (cirurgia, limpeza de
- 'limpanotomia com inserção de dreno
— Implante dentário e reimplante de dentes avulsos
— Instrumentação de canal ou cirurgia além do ápice
. - Endoscopia
gastrointestinal
Trato
com ou sem biópsia gastrointestinal
— éLimpeza profilática dos dentes, quando sangramento
antecipado — Tecidos não infectados
— Cateterização uretral
--
Profilaxia não recomendada
Dentística restaurativa ' Outros procedimentos
»
Cateterismo cardiaco
— Injeções anestésica: locais
- Remoção de.suturas —- circuncisão
L'S9WZ586
- Tratamento com flúor — Incisão ou biópsia de pele cirurgicamente preparada
por anti-sepsia
— Radiografias orais
— Queda dos dentes de leite No trato gastrointestinal, a proiilaxia e recomendada a pacientes de alto
-— Outras risco e é opcional em pacientes de risco moderado.
No caso de endoscopia cum ou sem biópsia gastrointestinal, a profilaxia em
Profilaxia é recomendada para pacientes com condições cardlacas de riscos pacientes de alto risco é opcional,
moderado e alto. CPRE = colangiupancreatograila retrógrada endoscópica.

.- ._— ...“
Infecções em Cirurgia Pediátrica I
27

fatores independentes são necessários: lesão em al» Procedimentos invasivos realizados em pele que
guma área do endotélio e bacteremia causada por germes sofreu adequada anti—sepsia cirúrgica não costumam
aderentes. Em lesões cardíacas congênitas ou adqui— causar bacteremias.
ridas. o endotélio pode ser lesado por um fluxo anor-
mal de alta velocidade, resultando em fluxo sanguíneo
turbulento, não laminar ou distal a alguma obstrução Procedimentos Dentários e orais
(área de baixa pressão), como, por exemplo, coarctação
da aorta. Essas situações causam trombogênese (de— A incidência e a magnitude da bacteremia de origem
posição de fibrina e plaquetas) no endocãrdio. Essas oral são)proporcionais ao grau de inflamação e in-
lesões são mais suscetíveis à colonização bacteriana fecção. E importante, para os pacientes em risco para
do que o endotélio íntegro. Vegetações podem desen- bacteremia, manter boa higiene oral, com a finali-
volver-se seguindo episódios de bacteremia, e são dade de reduzir o número de bactérias (Quadro 6.2).
constituídas de fibrina, plaquetas, glóbulos verme—
lhos, glóbulos brancos e germes infectantes. Procedimentos nos trams Respiratório.
As condições cardíacas em que é necessária ou não Gastrointestinal e Eeniturinárin
a profilaxia da endocardite costumam ser divididas
em categorias: alto risco, moderado risco e baixo risco Profilaxia antimicrobiana é recomendada para pro—
(Quadro 6.1). cedimentos cirúrgicos que comprometem a mucosa
respiratória e para broncoscopia com broncoscópio
rígido, não para broncoscópio flexível.
PBflflEBlMEflTOS all! “USAM BllflTEllEflllll Profilaxia antimicrobiana não é recomendada para
Recomenda—se profilaxia para alguns procedimentos procedimentos endoscópicos do trato digestivo. Alguns
que induzem significante bacteremia com germes médicos sugerem seu uso nos pacientes que perten—
comumente associados a endocardite. cem à categoria de alto risco.

.e
É
u:
TABELA 6.1 — Cirurgias dentária, oral, do trato respiratório e esofágica
;” SITUAÇÃO *
AGENTE nose
a
E Profilaxia geral standard Amoxicilina SOmg/kg V0 lh antes do procedimento

ª':?» Crianças incapazes de receber


por VO
Crianças alérgicas à penicilina
Ampiciiina

Clindamícina ou
SOmg/kg IM ou lV 30min antes do procedimento

20mg/kg VO 1h antes do procedimento


Cefadroxil ou cefalexina ou 50mg kg 1h antes do procedimento
Azitromicina ou claritromicína lSmglkg ih antes do procedimento
Crianças alérgicas a penicilina e Clindamicína ou * 20mg/kg lM ou IV 30min antes do procedimento
incapazes de receber por V0 Cefazolina ZSmg/kg IM ou IV 30min antes do procedimento
IM = intramuscular; IV:intravenosa: V0 = via oral. ' A

' __
E
TABELA 6.2 Procedimentos geniturinários e gastrointestinais

SITUAÇÃO AGENTE DOSE
Crianças de alto risco Ampicilina + gentamicina Ampicilina SOmg/kg IM ou lv (não deve exceder
29) + gentamicina 1,5mg/kg IM ou IV, 30min
antes de iniciar o procedimento e 6h após a 1I
dose: empicilina ZSmg/kg IM ou IV ou
amoxicilina 25mglkg VO
Crianças de alto risco alérgicas
à penicilina e à amoxicilina
Vancomicina + gentamicina Vancomicina 20mg/kg N em! a 2h, terminando a
infusão 30min antes de iniciar o procedimento
+ gentamicina 1,5mg/kg lM ou IV 30min antes y
; de iniciar o procedimento*
Crianças de risco moderado Amoxicilina ou ampiciiina Amoxicilina Sºmg/kg VO l_h antes de iniciar o (

procedimento ou ampicrlina SOmglkg IM ou lV


dentro de 30min antes de iniciar o
procedimento
Crianças de risco moderado
alérgicas à penicilina ou
Vancomicina Vancomicina 20mg/kg em l a 2h. A infusão deve
terminar 30min antes de iniciar o procedimento
:
a amoxicilina r.
' Uma segunda dose de vancomicina ou gentamicina não e recomendada.
|M
= intramuscular; IV = intravenosa; Vº :via oral.

..
28 I Geral

O trato geniturinário é o segundo portal de entra- gastrointestinais e a complicada farmacocinética das


da de organismos que causam endocardite. 0 primeiro várias formulações (ver Tabelas 6.1 e 6.2).
é a cavidade oral. Muitos procedimentos comprome-
tendo a uretra e a próstata são associados a altas ta— PIIGBEIIIMEIITIIS Ill]! EllVfllllElll
xas de bacteremia. A incidência de bacteremia é alta I'EGIIIDS IIIFEB'I'IIIIIIS
em pacientes com infecção urinária submetidos a
procedimentos invasivos. E importante a esteriliza- Para infecções de tecidos moles não orais (celulite), de
ção do trato urinário com antibióticos antes da reali- ossos (osteomielite) ou de articulações (artrite pio-
zação de procedimentos eletivos (ver Quadro 6.3). gênica), penicilina antiestafilocócica ou cefalosporina
de primeira geração é a escolha apropriada.
Clindamicina é uma alternativa aceitável nos pacientes
IIII'ÍIBIII'I'IGIIS I'lllFllATIBIIS alérgicos a penicilina.
fliflllllilllllllfls Em geral, doses adicionais são necessárias.
Os antibióticos profiláticos são dirigidos aos orga-
nismos com maior probabilidade de causarem bacteremia FABIEIITES GIIIII llllIIIIIlIIIIE GBMPBOMETIDII
durante o procedimento. A profilaxia é bem mais efetiva
Crianças com o sistema imunológico comprometido
se o antibiótico é dado perioperatoriamente em dose podem não ser capazes de tolerar urna bacteremia tran-
suficiente para assegurar adequada concentração sérica sitória durante procedimentos inVasivos, principalmente
do medicamento durante e após o procedimento. Para dentários. Alguns exemplos dessas situações são: em
reduzir a probabilidade de resistência bacteriana, o
uso de quimioterapia, irradiação, transplante de me—
antibiótico profilático só deve ser administrado du- dula óssea, vírus de imunodeficiência humana (HIV),
rante o período perioperatório.
anemia falciforme, uso crônico de esteróides, diabe-
Profilaxia especial pode ser necessária em proce- tes, imunodeficiência grave, estado pós-esplenectomia,
dimentos que envolvam tecidos infectados.
lúpus eritematoso, estado pós-transplante de órgãos.
Estreptococos oc—hemolíticos são os germes mais

L'59IVZSB6
frequentemente relacionados a endocardite após pro— BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
cedimentos dentários e orais, certos procedimentos AUDRY, G.; JOHANET, S.; ACHRAFI, H. et al. The risk of wound
do trato respiratório, broncoscopia com broncoscópio infection after inguinal incision in pediatric outpatient surgery.
rígido, procedimentos es'ofágicos e aqueles que en- Eur. J. Pediatr: Surg., v. 4. p. 87-89, 1994.
volvem mucosa respiratória. Amoxicilina é o antibiótico DUQUE-ESTRADA, E. O.: DUARTE, M. R.; RODRIGUES, D. M.;
recomendado, porque é melhor absorvido pelo trato RAPHAEL, M. D. Wound infections in pediatric surgery: a study
of 575 patients in a university hospital. Pediarz Surg. In!., V. 19,
gastrointestinal e mantém um maior e mais prolon— p. 436-438, 2003.
gado nível sérico. EIZAGUIRRE, I.; ALBERT. A.; TRALLERO, E. P.; TOVAR, J. A.
Não é mais recomendada a eritromicina na profilaxia a Wound infàtion iu pediatric surgery. Chir. Pediatr, v. 24, p. I52—
da endocardite por causa de seus efeitos adversos 3155. 198315
Infecções do: Tecidos Moles e Ferimentos I
29

Infecções dos Tecidos p.. . t

Moles e Ferimentos
l ,«t‘ ”às
mihi-X' sq.

Figura 7.1 - Após a evacuação do con-


teúdo do abscesso por drenagem cirúrgi-
João Carlos Ketzer de Souza ca, a cavidade contrai—se sob pressão dos

©
tecidos circunvizinhos.

1158018808
Conceito
Coleção localizada de pus em cavidade confinada por IAbscesso perianal em lactentes e crianças com
paredes compostas de tecidos de granulação e fibroso má higiene perineal.
e denominada membrana piogênica. Essa membrana
piogênica, responsável pelo encistamento da secre-
ção purulenta, impede a progressão da infecção, pro- nntlhiútioos lutticailas
tegendo os tecidos circunvizinhos. O fluido purulento I lª escolha: cefalexina 40 a SOmg/kg/dia por 7 a
é constituído de tecidos parcialmente degradados,
10 dias.
bactérias mortas e vivas, vários componentes do sis-
tema fagocitário e líquido extracelular.
:: 2ª escolha: amoxicilina com ácido clavulânico
20mglkg/dia por 7 a 10 dias.
Quadro clínico
n Dor. calor, rubor e tumo'r.
ltnsoossos em looniizações Especiais
Abscesso de Mama
localização [IBS MSGGSSBS
. e-a “ Intra—epidêmico (flictenóide).
O tratamento em meninas deve ser efetuado por meio
.

||
de punção e sucessivas lavagens com soro fisiológico,
a Intradérmico (debaixo da camada Malpighiana). com o objetivo de não lesar o broto mamário no momento
ISubcutâneo.
da incisão e drenagem cirúrgica.

Tratamento Abscesso Perianal


IDrenagem cirúrgica, com ou sem o uso de anti-
bióticos associados. Em geral, os antibióticos têm
importância secundária no tratamento dos abs-
Fatore's Predisponentes
ICirurgia retal recente (miotomia esfincteriana ou

7- 5 6 1 4 2 8 — 9
cessos (Fig. 7.1).
dilatação anal) na doença de Hirschsprung ou
anomalia anon'etal, imunodeprimidos (em qui-
Inlicação no Ilse de Antibióticos nos mioterapia), diabetes melito, doença de Crohn,
Abscessos uso de esteróides, infecção das glândulas anais.
I: Localização facial (risco de tromboflebite de veias
cerebrais). Epidemiologia
ISinais de extensão da infecção por tecidos adja-
centes, como: celulite, linfangite, Iinfadenite, in- la Sessenta por cento têm < 1 ano.

“M A . -
vasão da corrente sanguínea (pneumonia, osteo- '
In Predisposição sexual: 65% M:35% F.
mielite, septicemia). a: Vinte e cinco a trinta por cento transformam-se
ISintomas sistêmicos: febre, calafrios. em fístula perianal.
IAbscessos múltiplos. I: Dez por cento dos abscessos recidivam.
IAbscessos recorrentes.
IPresença de lesão de válvula cardíaca.
ICrianças de alto risco com defesas imunológi-
Germes Mais Freqiientes
cas deprimidas (diabetes, imunodeprimidos por Escherichia coli, Staphylococcus aureur e ger-
quimioterapia). mes anaeróbios.
30 I! Geral

Tratamento profunda, que por sua vez está unida ao periósteo,


imediatamente após a inserção do tendão flexor pro-
m Incisão + drenagem + banhos de assento pós- fundo do dedo. A inflamação (edema e pus) desse
operatório + antibióticos (lactentes e crianças com espaço leva a hipertensão local condicionada pela
má higiene perineal). dificuldade de expansão (inextensibilidade) que com-
promete os elementos vasculonervosos, causando
Antibióticos indicados esfacelo, necrose tecidual e osteíte da falange distal.
0 espaço da Zª falange também é fechado, enquanto o
m Cefalexina via oral (VO) ou clindamicina nos esta- espaço da falange proximal comunica—se livremente
filococos resistentes à penicilina e aos germes com os tecidos da mão.
anaeróbios. O tratamento é realizado por incisão direta sobre
o abscesso, seguindo a orientação das linhas de força
Abscesso de Seio, Fístula Branquial de Langer.
e Duda Tireoglosso
D Os germes mais frequentes são de origem cutâ- Abscesso Apical
nea ou da faringe (sugerindo comunicação): estati- Abscesso localizado na ponta do dedo junto a borda
lococos e estreptococos B-hemolíticos e germes livre da unha, geralmente causadqí'por um desses agentes:
anaeróbios. agulha, farpa, qualquer objeto,-perfurante.
O tratamento é realizado por meio de incisões em
Abscessos da Mão forma de V.
Além de sua frequência, os abscessos dos dedos podem
levar a problemas funcionais, cosméticos, como per- Paroniquia
das das unhas, malformações destas, perda do tato, Abscesso da dobra. cutânea em torno da unha. A in-
invasão de bainhas tendinosas e osteomielite das fa- fecção começa debaixo do eponíquio (cutícula) e avança
langes. ao redor do bordo ungueal, podendo chegar ao lado
contralateral. Correspondem a 30% dos abs'cessos da
Abscesso da Polpa
ou Panaricio mão. Sessenta por cento são subungueais (debaixo
do bordo da unha) e 40% paraungueais.

G L S' Z V l ' 9 L S
Infecção dos tecidos da polpa digital em sua face volar. Tratamento: 0 eponíquio deve ser empurrado pro-
Complicações desse tipo de abscesso: () espaço
aponeurótico encontra-se fechado proximalmente por ximalmente para expor a base da unha. A seguir, a
base da unhaé elevada e a porção proximal é removida.
fusão da derme da prega de flexão distal à fáscia 6

oilseessu'iini Botão de camisa


Abscesso intra-epidêrmico que pode representar o
componente superficial: de um abscesso profundo.
Orientação: sempre que' abrir cirurgicamente a 'am-
pola de pus, verificar a existência de trajeto fistuloso
para os tecidos mais profundos (Fig. 7.2).

MBNWSSB WEI]
Coleção purulenta localizada, que, pela escassa viru-
lência do germe ou pouca resposta tissular do hospe—
v ‘ m.
deiro, não mostra sinais infiamatórios agudos. Exemplo
clássico é o abscesso tuberculose.

Tratamento
Como a membrana limitante, nesse caso, não consti-
tui uma barrcira à infecção, mas sim uma prolifera-
ção ativa, ao incisá-la cirurgicamente 'ou por drena-
gem espontânea, haverá a tendência de formar uma
Figura 7.2 — Abscesso em botão de camisa. Após a drena-
fístula com a superficie da pele, que não curará en- r ".
gem do abscesso intradérmico, notou-se comunicação com quanto não for removida cirurgicamente ou tratada
tecidos mais profundos. com medicamentos (Fig. 7.3).
lnfecções dos Tecidos Moles e Ferimentos I 31

depressão e outras doenças sistêmicas associa—


das (diabetes, anemia e outras).
ta Germe mais comum: Staphylococcus aureus.
a1 Fisiopatologia: obstrução do aparato excretor do
folículo pilossebáceo por doença da pele. A dis-
tensão da glândula pode tornar»se infectada pela
proliferação das bactérias habitantes naturais.
97

Tratamento
n Resolução espontânea na maioria das vezes.
8-572416

Higiene local + compressas mornas.


|::
Usar antibióticos.
Figura 7.3 — Abscesso tuberculose. A membrana da cavidade
é proliferativa e deve ser removida ou tratada com tuberculos-
— gite).
Furúnculo complicado (febre, calafrios, linfan—
táticos. A não-remoção cronifica o abscesso.
—— Funinculos
Múltiplos furúnculos.
recorrentes.
— Pacientes imunodeprimidos ou com outras
Abscesso crônico doenças sistêmicas associadas.
u Antibiótico indicado: cefalexina por 7 a 10 dias.
As causas mais comuns são: drenagem inadequada, Drenar cirurgicamente.
infecções específicas (tuberculose, micobactérías atípi- — Evolução prolongada.
Dor intensa.
cas), corpo estranho residual, osteomielite e infecções
de cistos, sinus ou fístulas congênitas.

— Progressão ao abscesso.
Inlioulite lirannlama Piooénioo
Infecção superficial do folículo pilossebáceo (pioder-
Lesão vegetante protuberante de tecido de granulação
em forma de framboeza. friãvel, de crescimento rá-
mite) causada pelo Staphylococcus aureus. Pode es-
pido, mole, eritematosa, geralmente recoberta por urna
tender-se profundamente e formar furúnculos. São lesões
crosta que sangra facilmente com o menor trauma.
dolorosas, nodulares, amareladas, com pus em torno
Sempre existe história anterior de trauma. Pode ser
de um pêlo e eritema ao redor. São lesões que ocor-
séssil ou pedunculado e ter ou não crosta (Fig. 7.4).
rem mais frequentementejunto a áreas úmidas do corpo
e em áreas sujeitas ao atrito e à perspiração. Múlti-
plas lesões devem ser tratadas com antibióticos efe— Trataiitento ,
tivos contra o Staphylococcus aureus. Os fatores que Curetagem ou excisão. sendo a base da lesão destruída
predispõem à foliculite incluem obesidade, defeitos por eletrocauterização.
na função neutrofílica, deficiências imunológicas r .
(diabetes, imunossuprimidos), uso de corticosterói-
des e agentes citotóxicos. [Inha Encrauaoalonicocrimoso
Pacientes apresentam dor inicialmente e, com a pro-
gressão do quadro, passam a apresentar infecção,
Furúnouln '

formação de tecido de granulação e hipertrofia da prega


Infecção necrosante intradérmica de um folículo cutânea lateral da unha.
“an:
pilossebãceo com extensão para o subcutâneo.
!=! Aspecto: nodosidade inflamatória, dura, dolo- Etiopatogênese
rosa, profunda, medindo l a Zcrn de diâmetro, |:
Compressão causada por calçado apertado for-
ocupando a denne (principalmente) e possuin- çando as margens dos tecidos moles adjacentes
do centralmente área de necrose tecidual (“carne- contra a unha de forma quase continua. A falta
gão"). A doença inicia com a presença de nodo- de higiene favorece a infecção.
sidade hiperêmica e edematosa junto a um pêlo. El Corte inadequado com a retirada dos cantos das
Essa tumefação'vai aumentando de volume, ad- unhas e traumatizando os tecidos moles ou até
quirindo uma coloração amarelada pela secre- deixando espicula pontuda entalhada de unha
ção purulenta em tomo do pêlo (centro), que cos- debaixo da prega ungueal lateral, favorecendo a
tuma drenar espontaneamente em poucos dias. infecção e o processo inflamatório crônico.
II Prevalência: geralmente em adolescentes e adultos ai Unha subcutânea, comum em lactentes obesos,
jovens na fase de mudanças hormonais, imuno- em que o excesso de tecido subcutâneo torna a
32 I Geral

unha encravada, favorecendo a inflamação crô- processo inflamatório. A glândula obstnn'da rompe-
nica. A unha não tem para onde crescer. se dentro da derme, contaminando as adjacentes.

Tratamento Quadro Clínico


I Nos primeiros sinais de encravamento e sem tecido Tumefação dolorosa, com calor local, aderida à pele,
de granulação: cuidados de higiene + calçado geralmente múltiplas na mesma área (axilas, região
folgado + cortar transversalmente & unha nos cantos inguinal ou anogenital). Pode formar múltiplos abs-
ungueais em ângulo reto. cessos, frequentemente formando fistulizações.
Unha encravada já com tecido de granulação: mes-
mas orientações anteriores + banhos de imersão Tratamento
do pé com solução de KMNO‘ 1:10.000 2x/dia
durante um mês + afastamento do bordo ungueal :! Evitar desodorantes.
e tecido de granulação com cotonetes untados Manter boa higiene local.
com pomadas de antibióticos após cada banho IJ Indicado o uso de antibióticos na fase de infla—
de imersão. mação: cefalexina ou eritromicina.
Nos casos resistentes ao tratamento: cantoplastia, Se não curar ou supurar, indica—se drenagem
cirúrgica, podendo ser exçisadas as glândulas

6 L 8' 9 Z W S ‘
que consiste na excisão da margem afetada da
unha, curetagem ou excisão do tecido de granu- eonfluentes.
lação, ablação cirúrgica de porção da matriz
germinativa da unha (matricectomia) corn apro— celulite
ximação em massa dos bordos ou não.
No caso dos recém-nascidos e lactentes que Infecção invasiva e difusa da pele e do tecido celular
subcutâneo, com eritema, edema, calor local, ausência
apresentam unha encravada anterior (presença
de tecido inflamado obstruindo o avanço ante- de necrose e bordos indistintos. Pode ser uma infecção
rior da unha), pode ser necessária a excisão trans- mono ou polimicrobiana. Principais germes causadores:
versa elíptica profunda do tecido subcutâneo em Staphylococcus aureus, estreptococos B-hemolíticos
que a unha encravou e aproximação do retalho. grupo A e Haemophilus influenzae. Em aproximada-
Não é indicada a retirada da unha. mente 80% dos casos o local da lesão situa-se nas
extremidades. Em geral, ocorre em local de trauma
cutâneo por mordidas de insetos, abrasões, ferimentos
cirúrgicos, contusões e lacerações cutâneas. Pacientes
Infecção de múltiplas glândulas sudoríparas confluentes imunossuprimidos são mais suscetíveis à progressão
tipo apócrinas. Geralmente causada pelo Staphylococcus da celulite. Pode evoluir para linfangite, linfadenite,
aureus. As glândulas sudoríparas permanecem ima— fasçite necrdsante e gangrena.
turas até a puberdade. Essas infecções ficam circunstritas
;
,e .
a derme, raramente atingindo o subcutâneo. Tratamento l »
Dependerá da localização e da gravidade.
Fisiopatologia
É Em geral: antibióticos VO + compressas mornas
Um tampão de queratina costuma obstruir a drena- para aumentar a vascularização e a tensão de oxi-
gem do ducto da glândula sudorípara, levando a um gênio local, aumentando o aporte de leucócitos
e fatores imunológicos ao local.
Celulite facial, celulite corn toxemia e em crianças
< 3 anos: hospitalização + iniciar com antibió-
ticos por via intravenosa (IV) e, após, por via
oral (VO) por M dias.

Germes mais frequentes


Celulite facial: estafilococos e anaeróbios.
I Arranhão: Staphylococcus aureus.
I Eritema com halo violáceo: Haemophilus

influenzae. ,
I Difusão rápida e bordos
elevados: estreptococos.
ll Síndrome da pele escaldada: Staphylococcus
aurcus.
n Colostomia, períneo, cordão umbilical: Gram-
negativos.
Infecções dos Tecidos Moles e Ferimentos I 33

I Extremidades: Staphylococcus aureus. Há trombose infecciosa dos vasos situados entre a


I Crianças < 3 meses: estreptococos b—hemolíticos. pele e a circulação profunda, produzindo diversos graus
I Crianças entre 4 meses e 3 anos: Haemophilus e extensão de necrose dos tecidos moles. As substân-
influenzac e Streptococcus pneumoniae. cias líticas e exotoxinas necrosantes, produzidas pelas
I Crianças > 3 anos: Staphylococcus aureus. bactérias, aceleram a disseminação da infecção ao longo
dos planos teciduais, causando trombose dos vasos e
Se não ocorrer melhora clínica após o uso de antibio- acúmulo de grandes quantidades de líquidos de edema
ticoterapia parenteral, indica—se a exploração cirúr- dentro de suas fáscias.
gica da área envolvida, para afastar a presença de necrose
profunda.
Principais Germes
Fleumão Estreptococos B—hemolíticos grupo A, Staphylococcus
aureus, Streptococcus pyogenes efaecalis, Escherichia
Infecção relativamente difusa com pequenas áreas de coli, Klebsiella pneumoniae, Pseudomonas, Bacteroides
necrose tecidual e pus loculados. Há infiltração atra- fragilis, Clostridium sepiicum. A infecção clássica do
vés dos espaços intercelulares frouxos. Com a pro- paciente adulto (gangrena clostrídia), causada pelo
gressão da infecção, surgem inúmeros pequenos Clastridium perfringens, é raramente vista na criança.
abscessos e destruição tecidual multifocal.
Etiologia
Quadro Clínico
Procedimentos cirúrgicos (principalmente colostomia,
:Edema, hiperemia, aumento de volume, calor local, herniorrafia inguinal em lactentes), picada de inse-
tumor firme e dor. tos, impetigo, oufalite do recém-nascido, pós-lesões
I Agentes causadores: Staphylococcus aureus em de varicela e em região perineal. Na grande maioria dos
combinação com estreptococos. casos (90%) ocorrem em crianças saudaveis. Em menor
percentagem, podem ocorrer associados a doenças
Tratamento sistêmicas ou depressão imunológica.
Inicialmente como na celulite.
:|

I Quando há necrose e pus: drenagem + debrida—


Fisiopatologia
mento cirúrgico. A destruição tecidual resulta de uma cascata inicia-
I Pequenos abscessos podem ser resolvidos ape- da pela liberação de exotoxinas dos organismos bac-
nas com tratamento clínico ou aglomerarem-se terianos e,]iberação de citocinas das células T e
em uma ou mais bolsas grandes de pus. macrófagos'. Os revestimentos endoteliais são lesa-
dos p_elas citoêinas, causando aumento da permea-
bilidade vascular e edema, Há redução da perfusão
Fasoite llaorosante causada por aumento de pressão tecidual (pelo edema)
Processo infeccioso necrosante agudo e invasivo, envol- e trombose de pequenos vasos mediada pelas toxi-
vendo pele, subcutâneo e fãscias musculares, com dis— nas bacterianas.
I
seminação rápida e toxicidade sistêmica grave (Figs.
7.5 e 7.6). Muitas vezes atinge o músculo, passando a Aspecto das Lesões
denominar—se miosite com mionecmse.
Inicia-se por necrose extensa do subcutâneo e fáscia
muscular superficial. Inicialmente a pele é poupada,
mas com a presença de trombose dos vasos nutrien-
tes a pele comprometida adquire uma coloração pá-

—; . - u ”
lida (isquêmica), aparecendo vesículas e bolhas escutas.
Essas áreas empalidecidas e com vesículas progri-
dem para a formação de manchas vermelhas escuras,

7- 5 6 — 1 4 2 8 9
que dão origem à gangrena cutânea. Muitas vezes,
- antes de sua necrose, a pele começa com eritema, edema
e dor (celulite). Sinais clássicos de crepitação e gás
subcutâneo em radiografias são raros na criança.

Sinais e Sintomas
Dor, febre, taquicardia, letargia, edema, pele com as—
Figura 7.5- Lactente com fascite necrosa nte de parede torácica pecto de casca de laranja (por obstrução dos linfáticos
antero-lateral. dérmicos), lesões bolhosas, petéquias, leucocitose.
i: Sutura, quando indicada.
Prevenção do tétano.

Antibióticos em Ferimentos
Mordeduras de humanos e animais (ver indica-
ções).
& Ferimentos punctórios com retardo do debrida-
mento ou sem debridamento adequado.
n Ferimentos corn corpos estranhos.
a Ferimentos contusos com áreas esmagadas.
:1 Imunocomprometidos e diabéticos.
I; Ferimentos extensos.
m Ferimentos com > 8h de evolução ou sujos (lºcal,
causa).
Figura 7.6 — Fascite necrosante de períneo e parede abdo-
minal inferior. Ferimentos não debridados adequadamente.
IFerimentos
fezes, pus.
grosseiramente
contaminados com

I Ferimentos profundos atingindo ossos, tendões,


Tratamento ligamentos e fáscias.
llBacterioscopia e cultura do exsudato (aeróbio e
anaeróbio) ou do tecido desvitalizado e hemocultura Antibióticos indicados
para aeróbios e anaeróbios. Em mais de 85% dos
casos são infecções polimicrobianas. Çefalexina ou eritromicina por sete dias.
I Estabilização hemodinâmica com hidratação :: E razoável o uso de uma dose simples de'cefalotina
adequada e transfusões de sangue ou plasma, se IV na indução anestésica, quando houver neces—
necessários. sidade de debridamento cirúrgico.
I Correção da acidose.
IAntibióticos parenterais (penicilina ou cefalos- Profilaxia lili Tétano em Ferimentos
porina, aminoglicosideo e clindamicina).
I Suporte nutricional. A ocorrência de tétano é dependente da penetração
IMonitoração da pressão venosa central (PVC),
do esporo tetânico em ferimento e das condições de
pressão arterial e débito urinário. anaerobiose que permite a germinação do bacilo e
IProfilaxia do tétano e da fungemia. conseqíienteliberação da exotoxina tetãnica (neuro-
IEm crianças neutropênicas: transfusão de granu- toxinas denominadas tetanolisina e tetanospasmina).
lócitos Oque causaa doença é a fixação da toxina no siste-
||
Debridamento cirúrgico seriado e precoce de ur- ma nervoso. O objetivo da vacina é criar um estado
gência. Amplos, radicais, excisando todo o tecido imunitário tal que inipeça a ação da toxina. A grande
necrótico, com drenagem dos tecidos edematosos maioria dos pacientes quel desenvoliLem tétano (95%)
não havia sido imunizzfda previamente ou havia sido
por contra-incisão. Os tecidos devem ser debridados
até suas margens viáveis e sangrantes. Incisar fáscia imunizada inadequadamente.
muscular e inspecionar o músculo adjacente. Se O Clostridium tetaní é um bacilo Gram-positivo,
anaeróbio, formador de esporos. Ele necessita de baixa
houver necrose, excisar todo o músculo com ne—
tensão de oxigênio para sua sobrevivência e é muito
crose até suas margens viáveis. Preservar a pele,
sensível ao calor. Entretanto, os esporos são extre-
se possível.
I Câmara hiperbárica de oxigênio impede a difu— mamente'resisteutes ao calor e aos anti-sépticos con-
são da infecção ao inibir a produção de toxinas. vencionais.
A transmissão faz—se por meio de ferimentos con-
Poucos locais oferecem esse tipo de tratamento.
taminados. O período de incubação varia de 3 a 21
dias. Em geral, quanto mais longe o sítio de entrada
FEHIMENTBS do sistema nervoso central, mais longo e o período
de incubação. Quanto menor o' período de incuba-
Tratamento Geraldes Ferimentos ção, maior a mortalidade.
|:
Limpeza cuidadosa da ferida. EI Locais mais comuns de ferimentos predisponentes
a Debridamento cirúrgico, frequentemente neces— ao tétano: pés, feridas corto-contusas, cortes com
sai-io.
LªÇ9—WZ'-6

latas ou vidros, ferimentos penetrantes por pre—'


lt Pesquisa de corpo estranho residual.
gos ou espinhos, queimaduras, mordeduras de
m Antibióticos, quando indicados. animais.
Infecções dos Tecidos Moles e Ferimentos I
35

:Profilaxia nos imunizados: debridamento para Tern sido demonstrado que a administração intra-
evitar condições de anaerobiose que permitam a venosa de metronidazol é mais efetiva que a
germinação dos esporos tetãnicos +dose de reforço. penicilina na prevenção de óbito no tratamento
Se receberam reforço há dois anos, ela é desne- do tétano.
cessária.
al Nos pacientes sem imunidade: limpeza e debri-
damento do ferimento com remoção dos tecidos MBBDEIIIIMS rn flEBAl
desvitalizados, corpos estranhos, bacilo tetãnico,
outros germes e condições de anaerobiose. Deve Mlll'llflllllm lie Enchant)
ser realizada nas primeiras 6h (é o tempo mí- Corresponde a 80 a 90% das mordidas de animais.
nimo que o esporo tetânico, em condições de O risco de infecção é de 15 a 20%.
anaerobiose, leva para passar à forma vegetativa Fatores que aumentam o risco de infecção: retardo
e produzir neurotoxinas. A produção máxima cos- . de tratamento (> 8h), ferimentos punctórios, ferimento
978-52416

tuma ocorrer próximo da 40a hora). Portanto, as na mão, ferimento em área genital, ferimento exten—
medidas proiilãticas após as 6h podem não ter
so ou que não pode ser debridado adequadamente
efeito. Porém, isso não contra—indica o debrida—
(geralmente os de face), doenças sistêmicas associa-
mento da ferida, mesmo após as primeiras 24h. das (diabetes melito, imunossupressão, válvula cardíaca
Nesses casos, a criança deve receber gamaglobulina artificial, esplenectomia prévia,).lúpus eritematoso
humana antitetânica 250 a 500UI por via intramus«
sistêmicoe outras), penetração em osso ou cartilagem.
cular (IM) (Tabela 7.1).
a A imunização é realizada aos 2, 4 e 6 meses de
idade por meio de três doses de DPT (difteria,
pertússis, tétano), com dose de reforço um ano
Tratamento — Princípios Básicos
Irrigação copiosa prolongada do ferimento com
após a última dose de imunização e repetida quatro
a cinco anos após. Após, repetir o reforço a cada soro fisiológico.
10 anos. Iai Debridamento de todo o tecido necrótico ou des—
ut Nos pacientes com ferida limpa e imunização vitalizado.
incompleta ou incerta, é recomendado receber n Só suturar ferimentos corn < 8h. Após 8h de
uma dose de anatoxina tetânica com mais duas evolução, só suturar ferimentos de face pós-la—
doses nos próximos dois meses. vagem exaustiva destes com soro fisiológico e
Tratamento dos ferimentos em pacientes com debridamento dos tecidos desvitalizados.
tétano: os tecidos desvitalizados e necróticos devem Nos grandes ferimentos com > 8h, indica-se o
ser excisados, os corpos estranhos removidos e fechamento secundário após a infecção ter sido
a ferida deve ser irrigada abundantemente e limpa resolvida ou a sutura frouxa dos bordos do feri—
dos contaminantes. Os tecidos infectados devem
ser debridados e os abscessos drenados. As fe- E
mento.
A maioria das infecções e polimicrobiana, prin—
ridas devem ser deixadas abertas, com sutura cipalmente: Staphylococcus aureus, estreptoco-
primária retardada programada após sete dias. cos, Pasteurella multocida (20 a 30% de todas
Penicilina, eritromicina, tetraciclina e metronidazol as infecções), anaeróbios (bacteróides, Fusobac-,
são todas efetivas contra o Clostridium teram". terium,Peprostrepfococcus). **

TABELA 7.1 Recomendações para proteção contra o tétano em caso de ferimentos


-
HISTÓRIA DE IMUNIZAÇÃOI IMUNIZAÇÃO ATIVA E PASSIVA
Nº DE DOSES FERIDA PEQUENA E LIMPA OUTROS FERIMENTOS
Anatoxina tetãnica Globulina antitetâníca Anatoxina tetànica lmunoglobulina
(vacina) (imunização passiva) humana antitetànica
Indeterminada Sim Não Sim Sim
0a 1 Sim Não Sim Sim
2 Sim Não Sim N50*
3 ou mais:
Última dose < 5 anos Não Não N㺠Nãº
Última dose 5-10 anos Não Não Sim Não
Última dose > 10 anos Sim Não Sim Não
' A não ser
quea ferida tenha mais de 24h.
Imunoglobulina humana antitetanica (Tetanogama') 250 a 500U| lM1Usam-se 500UI se o ferimento tiver ocorrido há mais de 24h. se houver grande conta-
minação e após queimaduras.
lM = intramuscular.
36 |!
Geral

ISó usar antibióticos em mordeduras com risco Tratamento


de infecção (ver acima). Os antibióticos indica-
dos são: amoxicilina com ácido clavulânico. Dose: a Mesmos cuidados anteriores.
m Antibióticos indicados: amoxicilina com ácido
25 a 50mglkg/dia + em 3 doses de 8/8b por cinco clavulânico ou ampicilina. 2a escolha: peniCili-
dias.
- profloxacina, eritromicina, clindamicina. Nos
Alternativas: trimetoprim-sulfametoxazol, ci-
na-V ou cefalosporina de 2ª e 3E gerações. Sem-
pre indicados.
Prevenir raiva e tétano.
ferimentos graves, pode-se indicar o uso de
ampicilina ou cefalotina IV.
—-Se houver necessidade de anestesia geral: dose
de ampicilina ou cefalotina IV. u Principais germes: Eikenella corrodens, estrep-
ll Profilaxia da raiva (deve iniciar até 48h após a
tococos a e B—hemolíticos, Staphylococcus aureus
mordedura). Virus entra no organismo no local e epidermidis, anaeróbios tipo bacterióide e espi-
da mordida, movendo-se até atingir os nervos roquetas. '
periféricos em um ritmo de 3mm/h (Tabela 7.2).
I Checar imunização contra tétano.
Tratamento
Mordettura lle Gato
II Mesmas orientações
I Sempre utilizar antibióticos.
anteriores.
n Corresponde a 5 a 10% das mordidas de animais.
Taxa de infecção é alta: 50%.
— Antibióticos indicados: cefalexina e/ou amoxi-
cilina com ácido clavulânico.
ll Geralmente causam ferimentos punctórios ou
abrasões superficiais.
— contra
Se ocorrer infecção: acrescentar antibióticos
anaeróbios.
I Germe mais comum: Pasteurella multocido (50
— Se necessitar de anestesia geral: dose de cefa-

L'SQIVZG
a 75% das infecções), que é um cocobacilo Gram— lotina IV.
negativo pequeno. - Prevenir tétano.

TABELA 1.2- Profilaxia em casos deªraiva A

, ANIMAL RAIVOSO, SUSPEITO,


CONDIÇÓES DO ANIMAL] “, DESAPARECIDO, SILVESTRE E OUTROS
NATUREZA DA EXPOSIÇÃO ANIMAL CLINICAMENTE SADIO ' ANIMAIS DOMÉSTICOS
Contato direto: Iambedura Lavar com água e sabão , Lavar com água e sabão. Não tratar
de pele integra
Acidentes leves: ' Observar 0 animal durante 10 dlas após a , Iniciar tratamento com 1'dose diária
‘l
'*Arranhadura pele exposição; se ele permanecer sadlo, encerrar o .dla vaclna até completar 7, mais 2
l

'l
l
'ª:
- Lambedura de
lesada
Mordedura única e
tratamento. Se o animal adoecer durante o
período de observação, aplicar osebuinte
tratamento: 1 dose di ia de vacina até 7 e mais
2 doses de reforço, a 1' no 102 dia e a 2! no zoº
doses de reforço nos mª e Zºª dias
após, a'última dos'elda série

superficial em tronco ou
membros (exceto nas dia após a última dose da série ,
mãos)
Acidentes graves: Iniciar vacinação com dose nos dias O, Z, 4, . Iniciar tratamento com soro e 1 dose

-
'Lambedura em mucosa mantendo-se a observação do animal. Se estlver diária de vacina até completar 10,
Mordedura na cabeça, no sadlo no Sº dia, interromper o tratamento e mais 3 doses de reforço, sendo a ‘ll
: pescoço e nas mãos continuar a observação até o 10“ dia da no 10º, a Zª no Zºº e a 3ª no 302 dia

- Mordeduras múltiplas
elou profundas em
exposição. Permanecendo sadio nesse prazo,
encerrar dtratamento.
' '
Se adoecer. aplicar soro
té 10 doses mais 3 reforços
e
após a última dose da série

l
qualquer parte do Cºrpº completar vacmaçao a _ . .'
. por gato
R
. &

, x:I Arranhadura profunda nomº, zoº e 30 diªs


serie após/a
ultima dose da 17
.

Vacina anti-rébica (Produzida em cérebro de camundongo lactente), 1mL por via IM no músculo deltóíde ou por via subcutânea0,(SC) no abdome
" face lateral da coxa. Nos acidentes graves, ha possibilidade de não se aplicar as três doses recomendadas da vaclna nos dias 2 e 4, desde queouseja na
garantida a observação rigorosa do animal agressor ou que 0 animal seja prontamente sacrificado para exame laboratorial. Nesse case, 0 resultado da
imunotluorescência direta deve ser negativo. Nos casos necessários, iniciar imunização ativa e passiva simultaneamente. Produtos de procedência humana
Sãº
Prºlef'dºª ªºs dª ºrigem Equina, Imunização passiva
e realizada com imunoglobulina humana contra a raiva. Dose: ZOUIIkg (humana) e Aouvkg
(eqmna). Metade da dose é injetada IM e a outra metade ao redor da ferida. Lesões causadas por gambás, coatis e morcegos: considera-las causadas por
anlmars
ralvosos. Essas recomendações deverão ser modificadas de acordo com situações específicas: circunstância como ocorreu a mordedura (provocação
ou não do animal). estado de va<inação do animal e presença de raiva na região. AsTeridas em áreas densamente inervadas & perto do sistema nervoso lc
central são mais passíveis de produllr raiva por causa da transmissão central do virus via elementos nervosos (cabeça, pescoço. mãos e feridas grandes:
maior destruição tecidual e, portanto, maior chance de inoculação).
Infecções dos Tecidos Moles e Ferimentor I
37

Iurisrnçõrs cnusnnns Pun INSEms


Tunuiase
Infestação causada pela pulga Tunga penetrans, ca-
racterizada pela presença de pápulas dolorosas no
sítio da penetração, geralmente junto às unhas dos
pés, entre os dedos dos pés, porção anterior da re-
gião plantar e dedos das mãos. Denominado “bicho-
de—pé”. Locais propícios à infestação: regiões tropicais
e subtropicais.

Etiopatogênese
A pulga vive livremente no assoalho dos domicílios,
na areia dos quintais ou da praia. As larvas desenvol—
vem«se melhor em solos secos e arenosos, onde se
transformam em pupas e finalmente em pulgas adul-
tas dentro de três semanas. A pulga tem uma colora-
ção vermelho-marrom e mede, aproximadamente, 1mm
de comprimento, nutrindo—se do sangue do hospedeiro. Figura 7.7 — Tungíase maciça do pé direito.
Após grávida, para completar o ciclo, que consiste
em quatro estágios: ovo, larva, pupa e adulto, a pul—
ga fêmea fertilizada penetra na pele do hospedeiro maturação dos ovos e o aumento do volume do
(qualquer vertebrado de sangue quente) por meio de abdome, a pápula torna—se um nódulo branco do ta-
uma picada, escava a epiderme com sua cabeça dirigida manho de uma ervilha. Com hemorragia intra-
internamente até alcançar a junção derme—epiderme, lesional, torna-se preta.
onde alimenta—se de sangue oriundo de vasos super-
ficiais da derme do hospedeiro. 0 mecanismo pelo Evolução
qual penetra na pele não é totalmente conhecido. Parece
que libera enzimas ceratolíticas. Penetra até que o A maioria das infestações é leve, resolvendo—se sem
último segmento abdominal esteja paralelo com a complicações. Podem complicar ao adquirir infecção
superfície da pele (Fig. 7.7). A pulga permanece no secundária pelo Staphylococcus aureus ou estrepto-
nível da epiderme, exceto a cabeça que entra na derme. cocos (abscçsso, celulite, tétano, gangrena).
O crescimento da pulga na epiderme costuma causar t

dor local. Cresce até o tamanho máximo de 8 a lOmm.


Ovos maturos (150 a 200 ovos) são eliminados pelo
Tratamento ,L

orifício abdominal terminal no solo após um período Remover a pulga com lâmina de bisturi de pon-
ta fina (nª ll) ou agulha. Deve-setomar cuida-
de 10 a 21 dias. A pulga morre logo após a extrusão
dos ovos e os tecidos infestados colapsam ao seu re— do para remover todasças porções da pulga.
dor. Os ovos sofrem um período de incubação de três E:
'I'ratar infecção secundária, se houver.
a quatro dias, passando, após, pelos estágios de larva n Profilaxia do tétano.
e pupa, tornando—se adulto em três semanas. Ulcera- Nas infestações maciçasl pode ser usado tiaben-

7 ~ S 6- 1 4 2 5 8
ções podem ocorrer no sítio. Inflamação e infecção dazol oral 25mg/kg/dia por três dias ou albendazol
secundária podem aparecer se partes da pulga forem 400mg/dia por três dias. Esse tratamento pode
97

retidas nos tecidos. mas esse acontecimento não é comum. ser repetido em uma semana.

Quadro Clinico Whose


I Duração das lesões: a pulga pode viver duas a É a infestação de animais vertebrais vivos ou seres
três semanas na pele do hospedeiro. Após colo- humanos com larvas dípteras que, durante certo tem—
car seus ovos, ela morre. _'po, alimentam-se de tecidos vivos ou necróticos, subs—
I Aspecto das lesões: infestação geralmente dos tâncias líquidas corporais e sangue.
pés e das extremidades, mas pode ocorrer em As larvas de algumas espécies de moscas podem
qualquer sítio. Mínima irritação pode ocorrer no infestar pele normal, áreas ulceradas e necróticas.
momento da infestação. Dor, edema elou pruri-
do podem surgir quando infectam. Aparece uma Miíase Tipo Furunculóide
pápula ou vesícula (com 6 a 8mm em diâmetro)
contendo um ponto preto central produzido pelo Doença causada por larvas que se instalam em tecidos
segmento posterior do abdome da pulga. Com a sãos ou cavidades naturais. São conhecidas como “beme”.
38 : Geral

São larvas da mosca Dermatobia hominis. nativa posteriormente, alimentar-se de tecidos normais e
do nosso meio. Elas não fazem postura direta sobre disseminar a infecção, aumentando a necrose. O diagnós-
a pele, mas usam outros vetores (outros insetos, como tico é feito ao observar-se o movimento ativo das larvas
moscas silvestres, moscas domésticas e mosquitos) em uma ferida com necrose e infecção. Local mais
nos quais aderem seus ovos por meio de uma subs- comum: couro cabeludo.
tância especial. Quando esses vetores picam o homem,
as larvas se soltam e penetram pela picada. Clinica- Tratamento
mente, apresentam-se como um nódulo semelhante a
um furúnculo possuindo um pequeno orifício central Colocar nas lesões pó iodofonnado ou pó de calomel ano,
por onde sai secreção serosa e aparece o estigma posterior mantendo o curativo fechado por 24h. Após removi-
da larva que, intermitentemente, se exterioriza e por do o curativo, as larvas mortas são retiradas com pinça
onde respira. O paciente refere sensação de “ferroadas” e boa assepsia.
e de que o parasita se move na cavidade. Pode causar
complicações como abscessos, linfangites, erisipela, INFEGÇÍIES PDIHIÍIIIIS
necrose tecidual e tétano. Cinco a seis semanas após.
a larva atinge a maturidade e abandona a ferida, que Verrugas
cicatriza. A morte da larva dentro da ferida predis—
põe a infecção bacteriana secundária. Proliferações tumorais epidemiicas benignas e contagiosas
causadas pelo papilomavírus humano (HPV). Apresen-
tam hiperplasia epidérmica focal manifestada por
Tratamento hiperceratose (espessamento da camada queratlnica ou
lTamponamento do orifício de penetração com córnea, por exemplo, calo), acantose (espessamento da
camada das células espinhosas) e papilomatose (proli—
vaselina, óleo mineral ou esparadrapo, provocando
feração vegetante das papilas dérmicas e correspondente
a saída da larva para o exterior para respirar e projeção interna das cristas epidemiicas espessadas).
sua retirada.
u: Se essa forma de tratamento falhar ou se a larva m Meio de transmissão: pele a pele.
morrer, deve—se realizar a sua retirada por ex- ll Prevalência na população em geral: 7%.
pressão manual ou, assepticamente, por peque- n A prevalência é maior na criança, Corn pico na
na incisão alargando o orifício de penetração e adolescência e declínio na idade adulta.
sua retirada com pinça (Fig. 7.8). =1 Duração da lesão: costumam persistir por mui-
tos anos se não tratadas. Existem vários tipos.
Miíase das Feridas
Verruga yulgar ou Comum“
Infestação de tecidos por larvas de moscas que não
picam. Esse tipo de mosca comumentvalimenta—se Pêpulas firmes, com 1 & lOmm de diâmetro ou rara-
mente maiores, hiperceratóticas e vegetantes. Geral-
de exsudatos de feridas abertas e úlceras de pelecom
necrose, onde costumam depositar seus ovos. Tam— mente múltiplas. , .
bém conhecidas como “bicheiras”. As larvas inicial- |:
Sitios de predileção: sítios' pós-trauma (mãos,
mente consomem somente debris necróticos, mas podem, I dedos, joelhos). Pe'quenos traumas podem lesar
o extrato córneo da epiderme facilitando a in-
fecçãç epidermica.
A verruga tipo filifarme é uma variante da verruga
comum e costuma apresentar delicadas projeções
filiformes. Mais comum na face, no pescoço. nas pálpe-

i bras e nas fossas nasais.

6 L 8' 9 Z W Sª
Verruga Plantar
Pápulas de superfície rugosa, com ápiCes invertidos
e pontos pretos (capilares trombosados nas papilas
dérmicas hipertrófrcas) em seu interior, em áreas de
maior apoio e em geral rodeadas por calosidade.
Geralmente são lesões solitárias. Sensibilidade é grande
em certos tipos agudos equando ocorrem em sítios
de pressão (cabeça dos metatarsos). Mais comuns em
adolescentes. São semelhantes às verrugas vulgares,
porém estão sujeitas à pressão. Ã medida que cres-
Figura 7.8 — Berne sendo retirado da pálpebra inferior. cem, são empurradas para dentro da derme. Aspecto

-- ,M—
...,.
Infecções das Tecidos Moles e Ferimentos I
39

macroscópico de uma esponja molhada com alguns tivo de destruir os vírus residuais e controlar o
pontos pretos. sangramento.

Verruga Plana ou Juvenil Molusco contagiosa


Pápulas planas, lisas, achatadas, com margens bem Infecção viral epidérmica autolimitada, caracteriza-
definidas, variando da forma arredondada à linear da por pápulas umbilicadas, ocorrendo mais frequen-
(inoculação do vírus por arranhão) e pequenas, me- temente em meninos. Rara antes do lº ano de vida.
dindo entre 1 a 5mm de diãmetro, sem papilomatose E Pico de incidência: dois a seis anos.
associada. Geralmente são lesões múltiplas. E Etiologip: vírus MCV (mallusrum contagiasum
n Sítios de predileção: face, pescoço, dorso das mãos virus). E um poxvírus humano específico.
e pernas. Transmissão: pele a pele por auto-inoculação ou
contato com pessoa afetada.
Tratamento a Duração das lesões: geralmente persistem por
até seis meses, sofrendo posterior regressão es-
||
A maioria das verrugas involui em dois anos. pontânea.
Algumas, mais raramente, persistem por mais Aspecto das lesões: pápulas medindo 1 a 2mm
tempo, tornando—se maiores e dolorosas. ou mais, raramente nódulos" com 5 a 10mm.
u Vida média das verrugas: 30% involuem em seis infreqfientemente causando prurido, com colo—
meses; 50% em um ano; 75% em dois anos e ração branco-perolada, forma arredondada a oval,
quase 100% em cinco anos. A persistência de hemisférica, umbilicada. Em geral, lesões múl-
uma verruga está intimamente relacionada ao tiplas com distribuição preferencial na face, nas
aparecimento de uma resposta imunitária ade- sobrancelhas, no pescoço, no tronco e na área
quada. Cada lesão verrucosa tem um ciclo de vida anogenital. 0 halo eritematoso é sinônimo de
próprio, independente do hospedeiro ou de ver— regressão espontânea.
rugas vizinhas. A criança infectada continua sendo
mais suscetível à reinfecção Tratamento
a Não têm fundamentação
ras místicas.
científica as benzedu-
Tratamento de suporte, pois a maioria resolve espon—
E As medidas terapêuticas têm ação contra o tu— taneamente.
mor e não contra o vírus. A ablação do tumor Casos persistentes: crioterapia.
não assegura a erradicação do vírus. Casos refratáriosa criocirurgia, lesões numerosas
In Lesões pequenas e lesões em geral: uso de cera- e/ou grandestlesões: curetagem com eletrodessecação.

7 — 5 6- 1 4 2 8 9
tolíticos — solução de ácido láctico e ácido salicílico
em colódio (22:20), diariamente, após o lixamento BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
da superfície da verruga para retirar solução ALLEN, C. H.; PATEL. B.; ENDOM, E. E. Primary bacterial infections
colocada no dia anterior e curativo fechado dire- of the skin and soft tissues changes in epidemiology and
tamente com esparadrapo sobre a verruga para management. Clin, Pad. Emerg. Med., v. 5. p. 246-255, 2004.
IOCONO, .I. A.; KRUMMEL, T. M: Surgical infectious disease. ln:
causar maceração.
!Verrugas de tratamento difícil: ungueais e periun— ASIICRAFI', K. W. (ed.). Pediatric Surgery.“led. Philadelphia:
W.B. Saunders. 2000. p. 115—125.
gueais, grandes, múltiplas, plantares resistentes

w -.
ao tratamento convencional ou muito dolorosas; MALLICK. I. H.; WINSLET, M. C. A review of the epidemiology,
pathogenesis and management of tetanus. Int, J. Surg., v, 2,
o tratamento é a remoção das verrugas com crioci- p.109-112, 2004.
rurgia repetida a cada quatro semanas até desa- MCGILL, C. W. Bites. In: ASHCRAFT, K. W. (ed.). Pediatric Surgery,
parecimento da lesão ou a eletrocirurgia (mais 3. ed. Philadelphia: W.B. Saunders, 2000. p. [15- 125.
efetiva do que a criocirurgia) com curetagem da ZUBER, T. J Ingrown toenail removal. Am Fam. Physician, v. 12,
lesão e posterior eletrodessecação, com o obje- p. 2547-2550, 2002
alguns serviços de neonatologia passaram a utilizar
o acesso da veia umbilical em tratamentos mais pro-
longados, inclusive na infusão de nutrição parenteral
por meio de cateteres de duplo e triplo lumens. Esses

Acesso Vascular conceitos se baseiam em estudos que demonstraram


risco baixo de trombose da veia porta e outras com-
plicações quando do uso desse acesso como rotina.
Elinês Oliva Maciel Porém essa conduta permanece controversa, neces-
sitando de mais estudos clínicos.
Carlos André T. Gandara Cateterização da artéria umbilical é um método

.
fácil de colocação de cateteres dentro da aortafPer-
mite coletas de amostras de sangue arterial, infusão
IIITIIUIIIIGIIÍI de líquidos, cateterização cardíaca para'angiografia.
A cateterização vascular central é uma parte integral A cateterização é semelhante aquela da veia um-
do cuidado dos pacientes criticamente doentes. Per- bilical, e o cateter pode ser colocado em uma posi—

L‘9'WZS86
mite monitoração hemodinâmica, administração de ção baixa, acima da bifurcação da aorta e abaixo das
fluidos, produtos sanguíneos, medicações e nutrição artérias renais e mesentérica inferior, determinada por
parenteral, sendo por isso a obtenção de um acesso ve— radiografia, entre a 3ª e a 5a vértebra lombar; ou em
noso profundo um procedimento imperativo na prá- uma posição alta, no nível do diafragma, entre a 6a
tica do cirurgião pediátrico. e a 10! vértebra torácica. Existem tabelas para medida
do comprimento de cateter a ser introduzido de acordo
com o nível desejado, mas sua posição deve ser con-
ums nr enrrr'rmsírn firmada por radiografia (Tabela 8.1).
Várias técnicas cinirgicas foram desenvolvidas para As complicações incluem espasmos vasculares de
facilitar o acesso ao sistema venoso profundo em crianças membros inferiores, oclusões renais e mesentéricas
(Quadro 8.1). que geralmente devem-se a êmbolos. Os índices de
infecção são baixos, podendo ocorrer hemorragia por
desconexão do cateter ou perfuração do vaso.
GATHERING“ BE "808 "MBIlIGIIIS Dissecção da artéria infra-umbilical pode ser rea-
Os vasos umbilicais são utilizados principalmente em lizada quando o coro umbilical estiver impróprio para
recém-nascidos (RN). cateterização (“seco") ou já houver sido manipulado.
Cateterização da veia umbilical é um procedimento
simples que permite a colocação de um cateter de
Realiza—sp uma pequena incisão infra—umbilical e
abertura da aponeurose dos retos abdominais, visua-
grosso calibre no sistema venoso central. Esse método
é utilizado para exsangíiinotransfusão e infusões rá-
lizando— se as artérias umbilicais e o úraco sobre o
peritônio. A ã'itéria'
e aberta, com cuidado para evitar
pidas no período pós-natal imediato. sua torção ou angulação, e um cateter de tamanho
Para a cateterização, prepara-se assepticamente o adequado é introduzido. Este deve. progredir sem
coto umbilical, que é cortado a lcm da pele. A veia dificuldade até a posição. desejada,_conforrne a ta-
umbilical possui paredes finas e localiza-se em posi- bela para cateterização“ da artéria umbilical, não es-
ção cefálica no cordão. Os coágulos sanguíneos devem quecendo de descontar a distância entre o umbigo e
ser removidos do lúmen da veia e um cateter 5Fr para o local da dissecção. A localização deve ser checada
RN e 3,5Fr para prematuros deve ser inserido até a por radiografia assim que possível. O cateter e' fixo
veia cava inferior ou átrio direito. A posição da ponta com fio inabsorvível 4-0.
do cateter é verificada por meio de radiografias de
tórax e abdome.
As complicações incluem sepse pelo cateter, abs- DISSEEGÃO IIEIIIISII PERIFÉRIGII
cesso hepático, trombose portal e perfuração. [HEBII'I'IJMIA]
Em virtude do risco de trombose portal, o cateter
era retirado o mais precocemente possível (48h), mas É utilizada principalmente quando há contra-indica-
ções para a punção percutânea central ou quando ocorre
insucesso deste procedimento. As veias do membro
ounono 821 —* Téçnicasjd superior (basílica, axilar e cefálica) e do pescoço (jugular
externa, facial e interna) são as preferencialmente
' Cateterização de vasos umbilicais cateterizadas. A veia safena, junto ao maléolo tibial,
.. Acesso
' Dissecção de veias periféricas (flebotomia)
Punção percutânea“
vascular de longa duração
é um acesso fácil utilizado em casos de emergência.
Dá-se preferência a cateteres de silicone (Silasticº),
'Punção intra-óssea que devem ser exteriorizados por contra-incisão, di-
minuindo-se assim os riscos de infecção.
Aceiro Vascular I
41

TABELA 8.1 - Medida da distância ombro—umbigo e cálculo da distância em que se deve


introduzir o êâteter umbilical
DISTANCIA OMBRO—UMBIGO (cm) DISTÃNCIA DA INSERÇÃO DO CATETER (cm)
LOCALIZAÇÃO ARTERIAL ALTA LOCALIZAÇÃO VENOSA
9 9 5,7
10 10,5 6,5
11 11,5 7,2
12 13 s
13 14 8,5
14 15 9,5
15 16,5 10
1s 17,5 10,5
17 19 11,5
18 20 12,5
Ahmanson Pediªtric Center — Cedars-Sinai Medical Center. E—mail: duncan®csmc.edu.

Punção PEBGIITÃHEA ção mediana ou levemente rotada para o lado contra-


É a técnica mais utilizada para obter acesso venoso lateral. Anestesia com xilocaína a 1% no local da
central em crianças. O procedimento tem a vantagem penetração da agulha. Pode ser necessária a sedação
de ser rápido, seguro (quando realizado por médico da criança ou anestesia geral. A punção é realizada
experiente) e de não inutilizar a veia para uso poste- najunção do terço médio e interno da clavícula, lcm
rior. As veias jugular interna e subclãvia são as mais abaixo do bordo inferior desta. A agulha e orientada
utilizadas. A punção da veia jugular interna é mais medialmente e cranialmente em direção à fúrcula ester-nal
segura do que a subclãvia no que concerne à lesão onde estara o dedo indicador do operador (Fig. 8.1).
acidental da cúpula pleural. Existem contra-indica— Em crianças menores, a agulha deve ser orientada
ções para a utilização da técnica percutânea, como levemente acima da fúrcula (mais cranial). O cateter
discrasias sanguíneas, tumores mediastinais, defor- é colocado pela técnica de Seldinger. A ponta do cateter
midades e traumatismos torácicos, lesões cutâneas deve progredir ate' a posição da linha intermamilar.
infectadas ou queimaduras no local da punção e dis- O cateter é fixado à pele com sutura e curativo. Deve—
função respiratória grave. se realizar radiografia de tórax durante a injeção de
Pode—se também puncionar veias superficiais, como
contraste nolcateter (se não for radiopaco) para con-
a veia jugular externa e cefálica, podendo ser usadas
na presença de discrasias sanguíneas. A desvantagem
ferir a [posição
1
da ponta. 1

dessa técnica é que a progressão do cateter pode ser


difícil em razão da presença de Válvulas e angulações. Técnica de Função da Meia Jugular Interna
Recentemente, cateteres longos de silicone estão .
disponiveis para serem introduzidos por meio de uma A veia jugular interna direita
v
é preferida por
'
ser maior
agulha metálica ou de Teflon desde uma veia perifé- e mais afastada da carótida e seguir diretamente pela
rica até a veia cava superior. Esses cateteres, conhe— veia inominada ate' a veia cava superior.
cidos como PICC (peripherally inserted central cathe- ,
ters), são encontrados em pequenos diâmetros (25 e
27), o que facilita o uso destes em prematuros. Uma
característica desses cateteres é de que a agulha “rasga—
se” ao meio (técnica peel away), facilitando a colo-
cação do cateter que pode permanecer por urn pe-
ríodo longo de tempo no paciente.

Técnica de Função Ia Vela Sulclávia


“«
Dedo na furcflla
[Via Inlraclavicularl xtelnal

A veia subclãvia direita é preferida pela maioria, pelo ”, — 1.

MPª
fato de que, à esquerda, a cúpula pleural é mais alta '

.x “
' mm _
,
e o ducto torácico está presente. > Veia bra níocefâlici
subclávla ,!
Com a criança em decúbito dorsal e em posição de Veia axilar ,l,
Trendelenburg (15°), os membros superiores devem , Vela rava superior
978-5«24l6

ficar fixos ao longo do corpo e um coxim cilindrico


colocado entre as escápulas. A cabeça fixa em posi— Figura 8.1 — Punção da veia subclávia por via infraclavicular'.

”nª
42 I Geral

A posição da criança é a mesma da punção da vela porém o cateter é ligado a um reservatório no subcu-
subclãvia, mas o coxim deve ficar transverso, sob as tâneo, o qual fica recoberto pela pele, sem exposição
escápulas e a cabeça estendida e rotada para o lado externa. O reservatório possui uma cúpula de silicone
oposto. Após a anestesia, realiza-se a punção logo que permite a punção pela pele até o seu interior.
abaixo do ápice do triângulo formado entre os dois Apresentam menor índice de complicações, melhor
feixes do músculo esternocleidomastóideo (clavicular aceitação pelo paciente e menor custo de manutenção.
e esternal) e a clavícula (Fig. 8.2), em direção ao mamilo
ipsilateral, em um ângulo de 15 a 45°.
As punções devem ser realizadas com cateteres I'IIIIDÃD IIITIHHÍSSER
adequados ao tamanho das crianças; em RN e pre- É uma rota efetiva para situações de emergência, quando
maturos, pode ser utilizado cateter 22G (Certofixº) o acesso venoso não pode ser obtido. Qualquer infu-
ou 4Fr. Nas crianças maiores de 6kg, usamos o 186 são que puder ser usada intravenosa, também poderá
(Certofixº) ou 5Fr. ser administrada pela medula óssea. A tibia proximal
e distal e o fêmur distal são os locais preferidos de
MESS“ llliSGlllflfl Il! llllGA llllllllçÃll punção. Em geral, a punção é feita medial a crista da
tibia, de 1 a 3cm abaixo da tuberosidade tibial. A agu-
A utilização de cateteres de demora tem facilitado o lha é direcionada para baixo em um ângulo de 40° a
tratamento de pacientes com neoplasias malignas, 60º, e a punção da medula é d tectada quando dimi-
discrasias sanguíneas e síndromes de ma absorção.
Permite a administração segura de fluidos, medica- nui a resistência oferecida pel cortical óssea. Soro
ções, soluções nutritivas. Podem ser semi ou total-
fisiológicoe injetado e o tecido adjacente palpado para
verificar se existe extravasamento. Abaixo dos 18 meses
mente implantáveis, colocados por meio de punção
percutânea ou dissecção. Quando colocados por a agulha 18-20 de punção de medula óssea é utilizada;
flebotomia, dã—se preferência às veias do pescoço acima dos 18 meses, utiliza— se de 13 a 16. Após 2h de
(jugular externa ou interna) ou do membro superior infusão, acesso venoso deve ser realizado e a via intra-
(cefãlica). A punção percutânea é feita na veia subclãvia óssea retirada. Áreas infectadas e zonas de fraturas devem
ou jugular interna. ser evitadas. O risco de osteomielite é muito baixo.
Cateteres semi-implantáveis são fabricados em sili-
cone ou poliuretano, são radiopacos e apresentam de culnnnns EBM IIS GME'IEBES
uma a três vias, com diâmetros variados. São tunelizados
pelo subcutâneo, onde fica um cujff de dracon, que O curativo deve ser trocado assepticamente a cada
tem a finalidade de aderir o cateter e criar uma bar- 48h. Sempre que existir secreção, deve-se coletar um
reira mecânica à infecção. São exteriorizados na parede swab para cultura. As conexões devem ser cuidado-
anterior do tórax. samente“ manejadaS'e—o interior das linhas deve ser
Cateteres totalmente implantáveis surgiram pos— mantido estéril.
teriormente e receberam a denominação genérica de :(CateteresLcentrais de uso prolongado necessitam
parts ou partocaths. São similares aos semi-implantáveis, de cuidados especiais, mais elaborados, quanto à
desinfecção, ao curativo e à heparinização.
Os cateteres semi--implantãveis devem ser limpos
ao ,redor do sítio de saída com gazes embebidas em
álcool a 70% e o curativo deve sertrocado uma vez
ao dia após o banho. Para manter a permeabilidade,
quando este”não estiver sendo utilizado,'deve ser usada
solução de heparina, que é trocada a cada 72h.
Durante a manipulação dos cateteres totalmente
implantáveis, são necessários cuidados básicos, como
lavar as mãos, usar luvas e fazer a anti-sepsia do local
Vela jugular com álcool iodado. No momento de puncionar, a agulha
interna deve estar em um ângulo de 90º e o reservatório mantido
firme. Não sendo mais necessário o seu uso, o cate-
ter deve ser lavado com 20mL de soro fisiológico e
Veia subclàvia
injetada solução de heparina (100UI/mL), na quanti-
Veli bnqulocefâlka direita
dade adequada, A troca de heparina deve ser a cada
Vela Gila superior 14 a 21 dias.

G L B' Q S Z W
cnurucnçõrs
Figura 8.2—Punção<ateterização percutânea da veia jugular
interna. Observar que a inserção da agulha e no ápice do A obtenção e a manutenção do acesso venoso central
triângulo formado pelos feixes musculares esternal e clavícular podem resultar em intercorrências sérias e muitas vezes
do esternocleidomastóideo e a clavicula‘. fatais.
Acesso Vascular I 43

Complicações na Froceuimemo - cobrindo Gram-negativos e estafilococos, até o re— 'J

&;
Pneumotórax é uma complicação rara; a maioria não sultado das culturas, quando o esquema antibiótico é

“sa ªe:
manifesta qualquer sintoma. Apesar dos graus varia— adaptado. Em cateteres multilúmen, a infusão de

'
antibióticos para tratamento deve ser alternada, pois
itªj

ªºs?
veis de pneumotórax, eventualmente os pacientes desen-
volvem pneumotórax sintomático, evidenciado por dor a infecção pode estar restrita a uma das vias. Perma-
intensa, taquipnéia e angústia respiratória. Esses pa— necendo sinais de bacteremia após 72h, em vigência

Tr “
cientes necessitam de descompressão urgente (dre- de terapia apropriada ou quando fungos são identifi-
nagem torácica). cados, indica—se a retirada do cateter.
« ,. — W M

,
Hematoma medíastinal e hemotórax são compli— Em cateteres de longa duração, a infecção do tú-
cações decorrentes da punção acidental das artérias, nel subcutãneo e ao redor do reservatório na maioria
principalmente em pacientes com hipertensão arte— das vezes indica a sua remoção.
rial ou discrasias sanguíneas.
Embolia gasosa e uma complicação que pode ser Obstrução
prevenida corn a colocação do paciente em posição
de Trendelenburg no momento da punção e o per- Relacionada à utilização dos cateteres, ocorre prin-
feito ajuste das conexões do cateter, evitando a en— cipalmente pela presença de trombos. A implantação
trada de ar. de cateteres em vasos de pequeno calibre e a presen-
Embolia do cateter pode ser prevenida, desde que, ça de material estranho promovem a formação de f1-
sempre que houver alguma resistência durante a in- brina, fibronectinae colágeno. Os depósitos de fibrina
trodução do cateter, a agulha e o cateter sejam reti- e/ou as aderências na parede do vaso são suficientes
rados juntos, evitando que ele seja cortado pela ponta para ocluir a luz de um cateter de pequeno lúmen.
da agulha, produzindo um êmbolo,
Erosão da veia pela: cateteres é uma complicação Trombose Venosa
_o»

rara e ocorre principalmente quando a extremidade


dos cateteres semi—rígidos é biselada ou seccionada Decorre da estase, hipereoagulabilidade e/ou lesão
para reduzir o seu comprimento. O fluxo sanguíneo endotelial. Essa última é o principal fator contribuinte,
turbulento também pode contribuir para a erosão dos sendo secundária a infusão de soluções hiperosmolares.
cateteres através da parede venosa, o que pode levar Outros fatores também relacionados são: o calibre do
ao tamponamento cardíaco. - cateter, 0 material e, principalmente, o tempo de per-
manência. Os maiores fatores de risco são a prema-
turidade, a utilização de nutrição parenteral total e o
complicações da Manutenção
978-52416

uso freqiiente do cateter. A propagação do processo


das estelares trombótico podexlevar à síndrome da veia cava supe—
Infecção rior, aoçtrombo intra-atrial e à embolia pulmonar.
A sindrome da veia cava superior (SVCS) apre-
A colonização bacteriana no cateter e três a sete vezes senta sinais bem estabelecidos e facilmente reconhe-
mais comum que a septicemia. A utilização de pomadas cidos. Ocorrem pletora, edema e cianose da face, da
antimicrobianas reduz a colonização por bactérias, região cervical e da porção superior do tronco, que
mas tem o inconveniente de predispor à colonização se agrava corn manobras que interferem no‘ retorno
por Candida sp. venoso, como tosse, choro e decúbito supino. A morta-
Septicemia relacionada ao cateter tem sido ligada lidade é significativa com o aparecimento de trombose
à introdução de microorganismos no momento da concomitante da veia cava inferior. Pode ser diag-
inserção do cateter, contaminação de soluções de nosticada por ecocardiografia (Fig. 8.3).
nutrientes durante a sua preparação e infusão e con- Raramente se suspeita de embolia pulmonar em
taminação do sítio de entrada do cateter. Em pacientes crianças, mas ocorre com maior frequência do que é
febris portadores de cateteres venosos, meticulosa diagnosticada. Manifesta-se por meio de dispnéia,
avaliação inicial deve ser feita, com atenção para taquipneia, dor torácica, taquicardia e çianose de apa-
possíveis sítios ocultos de infecção. Culturas devem recimento súbito, não explicadas pela doença de base.
ser obtidas das vias do cateter e do sangue perifé- A repetição desses episódios fortalece a suspeita.
rico. Deve-se realizar a palpação do trajeto subcutâ- ," O manejo das situações tromboembólicas, secun—
neo do cateter para identificar a presença de infecção dárias ao cateter, é feito por meio de substâncias
de túnel. Os germes mais comumente relacionados a trombolíticas. A estreptoquinase, a uroquinase e o
infecções do cateter são as bactérias Gram-positivas ativador tecidual do plasminogênio (t—PA) são os agentes
(estafilococos), mas outras bactérias e agentes não mais utilizados.
bacterianos. podem ser responsáveis por infecção, Estreptoquinase pode ser infundida sistemicamente
principalmente em pacientes neutropêuicos (bacilos, na dose de 1.000U/kg em lOmin, seguida de infusão
corinebactérias, micobactérias atípicas, Gram-negativos continua de 1.000 a 4.400U/kg/h. No entanto, a au-
e fungos). Terapia antibiótica empírica é iniciada, sência de seletividade na lise dos coágulos eleva o
44 11 Geral

Completa do coágulo, ausência de efeito em 24 a 48h


Mou funcionomenio do coleter elou progressão da trombose, hemorragia séria ou cho-
Suspeiio clínica de SVCS
Embolio pulmonar que anafilr’rtico.
REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA

. % 5 3 ; , M — uª . Manter cuieler e reolizur flebogrofio


I
Realizar ecocardiografia
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”f.“
«.
.
Acessospara Diálise I
45

QUADRO 9.2
de demora
— Acesso para diálise peritoneal
-
. Colocação com técnica asséptica, no bloco cirúrgico
Acessos para Diálise Incisão infra-umbilical no mesmo local destinado ao
cateter para diálise peritoneal aguda, com abertura
do perítônio
Omentectomia, se possível
Elinês Oliva Maciel O cateter é colocado com o auxílio de uma pinça longa
ou uma guia metálica rigida, de modo que a ponta
ocupe o fundo de sem por detrás da bexiga. Pode ser
Carlos André T. Gandara colocado em direção ao ligamento inguinal esquerdo,
entre a parede abdominal e as vísceras
A insuficiência renal pode ocorrer como complica- O peritõnio é fechado com urna sutura em bolsa. a fim
ção aguda de inúmeras doenças na infância ou signi— de evitar extravasamento de líquido. Alguns desses
pontos são passados pelo primeiro cuff (profundo)
ficar a fase terminal da função do rim. O caterer é tunelizado por 4 a 6cm na parede do
As técnicas de diálise (diálise peritoneal e hemodiá- abdome (subaponeurótíco e subcutâneo) e fixado.
lise) vieram revolucionar o tratamento dessas crianças, O segundo cuff deve ficar em posição subapeneurótica
sendo considerados procedimentos seguros, quando ou subcutânea
bem indicados e executados.

IlllilISE PEBITIINElll distal multiperfurada (cateter de Tenckhoffª). O silicone


tem a vantagem de criar ao seu redor, no subcutâneo,
Iiallse Peritoneal Itauna um túnel de epitélio escamoso, aumentando a resis—
Técnica de Acesso tência a penetração de bactérias, e o eu]? adere-se
firmemente ao subcutâneo (em aproximadamente 30
A técnica de acesso temporário (Quadro 9.1) consiste dias), criando uma importante barreira mecânica com
na colocação de um cateter semi-rígido com a extre- o mesmo fim e uma barreira ao vazamento ao redor
midade distal multiperfurada, por meio de uma pun— do cateter (Quadro 9.2).
ção infra-umbilical. Pelo fato de esses cateteres não
possuírem cuff, que protege contra a entrada de bac- Cuidados com os Cateteres
térias, o risco de infecção aumenta significativamente
com os dias de uso. Outras complicações incluem he— Os cateteres peritoneais necessitam os mesmos cui-
morragia intraperitoneal e perfuração de viscera oca. dados dispensados âs incisões cirúrgicas no pós-opc-
ratório recente. Os curativos devem ser diários, com
Diállse Peritoneal |||! namora soro fisiológico ou solução de iodopovidona a 1%
no local de saída e na incisão. Após algumas sema-
Técnica de Acesso nas, 0 cateter pode ser mantido sem curativo. Deve-se
evitar o uso de curativos i‘mpermeaveis e a mobilização
Os cateteres de demora são feitos de silicone com do cateter no local de saída. Também é interessante
um ou dois cufl": de dracon e têm sua extremidade informar aos pais quais os sinais de infecção do túnel.
«, .1 1
Ar:.

Complicações dos Cateteres Peritoneais


QUADRO 9.1 - Acesso para diálise peritoneal aguda
Ext/uvasamenta de líquido no subcutânea ocorre quan—
' acidental
Esvaziamento vesical. com objetivo de evitar punção
do não é feita uma perfeita vedação do peritônio. O
Assepsia do abdome com solução degermante extravasamento propicia infecção bacteriana e retar-
Anestesia local da 11 cicatrização. A fim de evitar essa complicação,
Determinação da zona de punção na linha média, no deve-se iniciar com pequenos volumes infundidos,
terço proximal entre a cicatriz umbilical e o púbis ou aumentando-se progressivamente.
no bordo lateral do músculo reto abdominal, na linha Obstrução do cateter pelo omento é a causa mais
que vai da cicatriz umbilical à crista ilíaca
ªntero-superior
Punção com Angiocath' e infusão de 20 a 30mng
comum de mau fluxo desses cateteres; por isso têm-
se indicado a omentectomia durante o procedimento
da solução de diálise de sua inserção. Outra causa de obstrução menos
978—5-2416

Retirada do Angiocath'. incisão da pele e realização freqllente é o acúmulo de fibrina no lumen, que pode
da punção com cateter especial para diálise peritoneal estar associado a quadros de peritonite, sendo acon-
aguda (com estilete interno). O cateter é orientado
para fossa iliaca direita ou esquerda selhado o uso de heparina nos líquidos dialíticos. Uma
Retirada do estilete e fixação do cateter a pele com vez obstruído o cateter, pode-se usar infusões de estrep-
sutura ou curativo toquinase ou uroquinase com o objetivo de dissolver
a fibrina (Quadro 9.3).
46 ! Geral

quadro de peritonite. 0 risco de extensão da infecção


QUADRO 9.3 — Uso da estreptoquinase e da uroquinase para o peritônio e a pobre resposta à terapia antibiótica
- —Estreptoquinase
teste
Realizar para alergia à estreptoquinase com
indicam a retirada do cateter e antibioticoterapia por
duas a três semanas. _
injeção intradérmica de 0,1mL de uma solução
100Ul/mL. Aguardar 15min Peritonite apresenta-se como o turvamento do lí-
— Diluir 750.000Ul em 30 a 100mL de soro fisiológico quido de diálise e desconforto abdominal. 0turvamento
- Injetar o volume total pelo cateter peritoneal, que do líquido ocorre normalmente quando a contagem
permanecerá clampeado por 2h. Então, testa-se o de leucócitos no líquido intraperitoneal é de mais de
fluxo
lOO/mL, sendo um sinal precoce do problema. O
— Se adrenagem ainda não for,:atisfatória, pode-se
repetir o processo ou usar uroquinase diagnóstico laboratorial baseia-se na contagem de células
brancas, no Gram e na cultura. Os germes mais fre-
' Uroquinase
qllentemente relacionados a peritonite são as bacté-
- Diluem-se 50.000 a 75.000UI em 40mL de soro
fisiológico e procede-se da mesma forma rias Gram-positivas (S. epidemidír e S. aureus), seguidas
pelas Gram-negativas (Escherichia coli, Pseudomonas
sp. e Klebriella sp.) e os anaeróbios e fungos. O tra-
Migração do cateter quando a ponta do cateter des- tamento antibiótico desses casos deve ser iniciado
loca-se de sua posição inicial, onde funcionava bem, rapidamente. Inicia-se com cefalosporina isolada ou
para outra com fluxo insatisfatório. Nesses casos, ocorre associada a aminoglicosídeo. Outros esquemas anti-
a aderência do omento ou de outra viscera, devendo- bióticos podem ser instituídos (vancomicina e amino-
se tentar a desobstrução. Em seguida, recolocar o cateter glicosideos) como terapia empírica, antes de se ter o
em sua posição ideal, pela passagem de uma guia resultado da cultura. A via intraperitoneal também
mobilizando-o delicadamente sob fluoroscopia. Ou— pode ser utilizada para administração dos antibióti—
tras técnicas de reposicionamento podem ser usadas, cos, pelo fato de prover altas concentrações peritoneais,
como a peritonioscopia ou a abordagem cirúrgica ser de fácil acesso pelo cateter e de se conhecer a
videolaparoscópica. cinética unidirecional de muitos antibióticos, do peritônio
Erosão da cujfocorre nos cateteres com dois cujªs; para o plasma. A remoção do cateter só é necessária
o tratamento consiste na retirada do superficial. nos casos de peritonite complicada (infecção do tú-
Dor durante a infusão ocorre geralmente por ade- nel, bacteremia, peritonite persistente e abscesso ca—
rência do omento à ponta do cateter ou em razão da vitario) ou nos casos de infecção peritoneal por fungos.
pressão criada pelo líquido em estruturas vizinhas (como
o reto, a bexiga, a vagina ou o cordão espermático).
Normalmente necessita do reposicionamento do ca-
teter para alívio do problema. Outras causas podem
HEMlllllÃllSE
A partir do ano de 1960, com o surgimento dos shunts
.. . para crianças
estar relacionadas, como 0 pH muito baixo ou a tem- aficriovenosos, o de Quinton-Scribner", a hemo-
peratura elevada do líquido infundido.
;
diálise .- como
. tornou-se o método mais aceito .
Hérnias Abdominais.
Infecções. .
com doença renal terminal.

Complicações Infecciosas na Diálise Acessos Vasculares nara Hemodiálise


Peritoneal Acesso Temporário
infecção no local de saída do cateter é identificada Utilizam-se cânulas de duplo lúmen, divididas por
pelo eritema e exsudato ao redor da saída do cateter, um septo interno e com orifícios de saída distantes
devendo-se afastar apossibilidade de infecção no túnel entre si (cateter de Shiley), para evitar a recirculação.
ou intraperitoneal associada. O tratamento inicial consiste Coloca-se o cateter pela veia subclávia, mas a veia ju-
em curativos duas vezes por dia com solução antimi-
_
gular interna e a veia femoral também podem ser utili—

6 L 8' 9 Z V I S: [
crobiana. Se não obtiver sucesso, deve-se iniciar zadas (Quadro 9.4).
antibióticoterapia. Como geralmente essas infecções A infecção e a complicação mais comum, apre—
são causadas pelo Staphylococcus (S.) epidermidir sentando-se com eritema e secreção no local ou epi—
ou S. aureus, os antibióticos de escolha são as cefal sódios de febre e bacteremia decorrentes da conta-
losporinas, a oxacilina ou a vancomicina. O tratamento minação da ponta do cateter. Nesse caso, o cateter
deve ser mantido por duas semanas. Na eventualidade deve ser retirado, administrados antibióticos e novo
de não se obter resultado com o tratamento, deve-se cateter deve ser colocado no lado contralateral.
retirar o cuflsubcutfineo. Se não houver cura, o cate— A obstrução do cateter por elementos orgânicos leva
ter ddve ser retirado. a um fluxo insatisfatório, podendo utilizar-se a uroqui-
Infecção do túnel apresenta-se com dor, edema e nase, a estreptoquinase ou um fio guia flexível para
eritema sobre o trajeto do cateter. Sinais sistêmicos, desobstrução. Outra complicação possível é o deslo-
como febre, podem estar presentes c “mascarar" um camento da ponta do cateter com mau funcionamento.
Acessos para Diálise I 47

QUADRO 9.4 ~ Acesso temporário para hemodiálise ficiente, trombose, isquemia e edema da mão, formação
(veia subclávia) de pseudo-aneurisma, infecção e mais raramente in-
. eRealizado no bloco cirúrgico, com técnica asséptica
radioscopia
suficiência cardíaca congestiva.
Enxerto arlerioverioso (sem punção) consiste nª
Anestesia geral colocação de um tubo em “T" de politetrafluoretileno
o paciente é posicionado em decúbito dorsal, em (PTFE) inserido nos vasos do membro superior com
Trendelenburg. com a cabeça levemente rotada para uma extremidade para fora da pele, possibilitando o
o lado oposto e com um coxim cilindrico entre as
escápulas acesso sem punção. É muito útil em crianças peque-
Utiliza-se a técnica de Seldinger para a colocação de nas, avessas às agulhas. Porém, os índices de trom—
cateteres infraclaviculares bose e infecção são maiores que nas FAV convencionais.
Punção da veia e obtenção de fluxo fácil de sangue Permcaths'ª é um similar das Cânulas de duplo lúmen
A seringa é removida da agulha, tendo-se o cuidado construído em silicone e acrescido de um cufl‘de dracon,
de evitar a entrada de ar, e uma guia metálica é o que lhe da boa durabilidade. É colocado pela veia
passada até a veia cava superior
subclávia ou jugular interna com o ponto de saída do
Em pacientes com pele fina e tecido celular subcutâneo
frouxo. o cateter pode ser passado pelo fio-guia
cateter na parede anterior do tórax. Trombose, infec-
facilmente até que a sua ponta se localize logo acima ção e obstrução são as complicações mais comuns.
do átrio direito. Em crianças maiores, pode ser preciso Deve ser utilizado somente em pacientes em que as
o auxilio de um dilatador, antes da introdução do FAV não podem ser criadas. '

cateter. A localização da ponta do cateter por


radiografia deve ser sempre realizada antes de sua BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
fixação à pele
BELL, P. R. F.; VEITCl-l, P. S. Vascular access for hemodialysis. In:
O cateter é fixado à pele com sutura, suas vias são

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heparinizadas e faz—se um curatlvo oclusivo NISSENSON, A. R.; FINE, R.; GENTINE, D. (eds.). Clinical
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shank-51*

permite a construção de FAV em crianças muito peque- p. 4058. «*

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de "amadurecimento”, que pode variar de dois a seis
Dialysis. 2. ed. Englewood Cliffs: Prentice-Hall International, 1990.
meses. Suas principais complicações são fluxo insu— p. Bºl-318. '
48 I Geral

lPara facilitar remoção de secreções (toalete


GIIFIIIIIII ll]
'

» brônquica).
-—
Doença neuromuscular.

Traqueostomia
Paralisia dos músculos torácicos e diafragma.

Risco crônico de aspiração (dismotilidade oro-
faringea grave).

João Carlos Ketzer de Souza


——
Tosse inadequada por dor ou fraqueza.
Aspiração e inabilidade de lidar com as secreções.
— Apnéia central.
IComo medida profilática.
GÍlIIBEI'III —Na preparação de procedimentos cirúrgicos
extensos na cabeça e no pescoço.
Procedimento operatório que tem como objetivo a criação IPara melhorar o conforto do paciente que está
de via aérea cirúrgica no nível da traquéia cervical. com tubo endotraqueal (TE).
A entubação endotraqueal com tubos apropriados tem ITrauma craniofacial.
substituído a traqueostomia nos últimos anos.
A incidência de lesão traqueal associada à entubação GIIIEII'IIBEIIIIIIITIIMIA
prolongada tem diminuído acentuadamente. Essa

é L S' ‘ Z V I Q
'melhora relaciona-se ao resultado direto de muitos Utilizada quando se necessita de via aérea urgente e
fatores: tubos endotraqueais confeccionados com ma- esta contra-indicado o TE ou não se consegue realiza—lo.
teriais menos irritau'vos e que evitam a aderência de A membrana cricotireóidea é superficial e facilmente
muco, melhor conhecimento da fisiopatologia da infla— acessivel com mínima dissecção. O espaço entre as
mação e infecção causadas pelos tubos endotraqueais cartilagens tireóide e cricóide é o ponto de maior pro-
e outros. As crianças toleram a entubação endotraqueal ximidade entre a pele e a via aérea. Somente pele, fáscia
prolongada por mais tempo do que os adultos. Mo- superficial e membrana cricotireóidea recobrem & via
dernas técnicas cirúrgicas relacionadas a via aérea aérea nesse local. A desvantagem principal desse acesso
(ressecção com laser, cricotireoidotomia, reconstru- relaciona-se ao pequeno tamanho da membrana e ao
ção laringotraqueal em um estágio) têm diminuído o risco inerente às estruturas adjacentes (cone elástico,
número de traqueostomias realizadas. músculos cricotireóideos, artéria cricotireóidea cen—
tral). Lesão causada à cartilagem, pelo bisturi ou por
IIIBIBIIÇÍÍES necrose de pressão, pode levar à pericondrite e possi-
velmente a estenose. Pela técnica de Seldinger, pode
IPara manter via aérea patente (ultrapassar obs- colocar-se pm cateter pela membrana e seu pequeno
trução de via aérea superior) diâmetro pode ser compensado por fluxo de oxigênio
— Anomalias congênitas da laringe ou traquéia
(anomalias da laringe, como atresia, membrana,
s‘ob pressa'olcateter Abbocathº 18-ou 16 e fluxo de
oxigênio de lil/min). Tempo aproximado de utiliza-
latingomalacia, anel vascular); anomalias cranio-
faciais (micrognatia grave); obstruções subglo-
ção: 30 a 45min.
.' ,o

I
ticas (como estenose e hemangioma, paralisia
bilateral de cordas vocais).
Técnica

Corpos estranhos de via aérea alta causando
insuficiência respiratória aguda, que não podem
IHiperextensão
lagem cricóide.
do pescoço e palpação da carti-

ser desalojados com as manobras de Heimlich. Minima incisão horizontal e realizada acima do
-Doenças inflamatórias da via aérea: epiglotite,
traqueobronquite aguda, difteria, tétano.
bordo superior da cartilagem cricóide (evita os
vasos que correm junto ao bordo inferior).
Após exposta a membrana, ela é puncionada na
—'Itimores ou lesões semelhantes a tumores orofa—
ríngeos: linfangioma, teratoma. linha média.
INa impossibilidade de se obter via aérea durante IA punção é dirigida inferiormente, evitando trauma

ressuscitação ou ha contra-indicações formais a das cordas vocais verdadeiras.


entubação (instabilidade da coluna cervical, fratuias IInstrumento de ponta romba é inserido na inci-
da face, lesão de laringe e outras). Ideal, nesses são com a finalidade de aumentar o diâmetro ou
casos, é o uso de cricotireoidotomia. cateter sobre agulha.
IPara permitir ventilação mecânica a longo prazo
em casos de insuficiência respiratória prolongada.
'-— Trauma maciço de tórax. rnnuurnsromn
— Lesão alta de medula espinhal. Técnica cirúrgica
—- Doença neuromuscular.
Coma prolongado.
— IEntubação oral e ventilação adequada.
Traqueostomia l
49

ll Anestesia geral em sala cirúrgica. A numeração das cânulas varia de acordo com o
Hiperextensão do pescoço. tipo, a marca e 0 material de confecção. Em geral, as
I: lncisão cervical transversa no centro do triân- cânulas plásticas são numeradas de acordo com o
gulo de Jackson (entre a cartilagem cricóide e o diâmetro interno (Dl) (em milímetros). As cânulas de
nó esternal). silicone recebem a seguinte numeração: 1 (recém-nascido
I Incisão vertical da fáscia cervical afastando os mús- prematuro, DI: 3mm), 3 (recém-nascido a termo e
culos estemotireóideos e esterno-hióideos lateral- lactentes, DI: 4mm), 4,5 (crianças maiores, DI: 5mm),
mente e a glândula tireóide superiormente. Cau— 6 (adolescentes, DI: 7mm).
terizar ou ligar a veia jugular anterior, se presente.
:: Ás vezes, pode ser necessária a ligadura ou cau- anmnosiçãu tias cânulas
terização do istmo da tireóide para ter acesso à
parede anterior da traquéia. As cânulas de traqueostomia podem ser constituídas
n Incisão vertical na linha média da traquéia (en— de metal (pouco utilizados atualmente), silicone (adap-
tre o 3fl e o 4º anel traqueal). tam-se melhor a forma da via aérea e são mais flexí-
:Colocação de um ponto de fio inabsorvivel em veis) e cloreto de polivinil (PVC). As cânulas mais
cada bordo traqueal, mantidos longos para fixação utilizadas são as de Shileyº (Tabela 10.1) e Portexº
posterior na parede torácica (facilita a recolocação (Tabela 10.2).
do tubo, caso ocorra decanulação inadvertida). As cânulas neonatais têm o mesmo diâmetro interno
Colocação de tubo de tamanho adequado (diâ- e externo das cânulas pediátricas, mas são mais curtas.
metro e comprimento). O tubo endotraqueal é
removido ao mesmo tempo em que a cânula de complicações
traqueostomia é inserida.
na A pele não deve ser aproximada ou aproximada As principais complicações da traqueostomia na crian-
frouxamente (risco de enfisema subcutâneo e ça devem-se a:
pneumomediastino). Realização de traqueostomia de urgência sem via
u Fixar o tubo em tomo do pescoço apertando cadarço aérea segura pré-operatoriamente. A única razão
de traqueostomia com a cabeça fletida. A ten- para não entubar previamente é & inabilidade de
são ótima não está definida. Uma regra comum entubar.
é apertar o suficiente que permita a passagem m Uso de tubos de metal.
de um dedo abaixo do cadarço. u Técnica inadequada com remoção de uma jane-
:I Curativo com gaze úmida com iodóforo aquoso
la de tecido traqueal ou incisão estrelada (incisando
colocada entre a pele e as asas do tubo. os anéis traqueais acima e abaixo e lateralmente).
n Após sete dias, o tubo deve ser trocado por ou— Pode causar
falta de suporte cartilaginoso.
A“ .
t
tro igual.

limonsão nas cânulas


.Blllllªlius Púsªoneralúrios
Os tubos devem ajustar-se a via aérea, tendo apro-
I Observação
constante.
I Umidificação e aquecimento do ar inspirado (evita
priado comprimento, diâmetro, curvatura, flexibili- formação de rolhas de muco). ._
dade, radiopacidade e composição. E: Irrigação com soro fisiológico (0,5 a2mL) e sucção
Deve ser usado o menor tubo possível. Como re— frequente dentro do tubo (2/2h). Se a criança
gra geral, o tubo deve ter 3/4 do diâmetro da traquéia. apresenta pouca secreção, indica—se o mínimo
Tubos longos podem dobrar-se para frente e erosar a
parede anterior da traquéia (muito próxima a artéria
inominada). Tubos curtos podem comprimir a pare-
de traqueal posterior, causando obstrução e ulceração.
TABELA 10.1
— Cânulas de Shiley'
A curvatura do tubo deve seguir a da traquéia, sendo
concêntrica e colinear com ela. A avaliação da cur-
DIÁMETRO
INTERNO (mm)
DIAMETRO
EXTERNO (mm) _ COMPRIMENTO
(mm)
978-52416

vatura apropriada pode requerer radiografias da re- 3 NEO 4,5 30


gião cervical (A-P e lateral) e/ou broncoscopia. . 3,5 NEO 5,2 32
Todas as cânulas de traqueostomia devem ter co- -' 4 NEO 5,9 34
nexão universal (lSmm) para permitir ventilação com 4,5 NEO 6,5 36
3 PED 4,5 39
balão ou ventilação mecânica. 3,5 PED 5,2 _40
As cânulas de traqueostomia devem ser 0,5mm mais 4 PED 5,9 41
largas do que o tubo orotraqueal apropriado ou lmm 4,5 PED 6,5 42
mais largas do que o correto tubo nasotraqueal. Uma 5 PED 7,1 44
regra prática ensina que o diâmetro aproximado da cânula 5,5 FED 7,7 46
Cºrresponde ao diâmetro do 5º dedo da mão da criança, NEO = neonate; PED:pediátrico.

,.r,
50 e Geral


TABELA 10.2 Linha Blue Line da Portex' boca, faringe, laringe e árvore traqueobrônqui-
ca) e a necessidade de realizar laringotraqueo-
DIAMETRO DIAMHRO broncoscopia (checar se existe granulação su-
INTERNO (mm) EXTERNO (mm)
pra-estomal, periestomal, epiglote, motilidade das
3 4.2
3,5 4,9
cordas vocais, valéculas, seio piriforme, porção
4 5,5 pós-cricóide da hipofaringe, ventrículos da la—
4,5 6.2 tinge, comissura anterior, região intra-aritnóidea,
subglote, traquéia e brônquios).
5 6.5
6 8,3 Decanulação propriamente dita: realiza-se blo-
queio progressivo do lúmen do tubo (1/2 e, após,
3/4 do tubo) ou troca-se progressivamente o tubo
por outros de diâmetros menores. Observação
de sutíções, pela manhã e à noite somente. A sucção cuidadosa para qualquer sinal de desconforto
deve licar confinada ao comprimento do tubo (medir respiratório. Também pode ser realizada durante
o comprimento do cateter até a ponta do tubo) a broncoscopia, observando-se a respiração es-
para evitar ulceração traqueal e traqueíte e não pontânea e se existe obstáculo anatômico ou
ultrapassar mais de 155. Indica—se a- técnica lim- funcional no nível da yia aérea. O processo de
pa com o uso de cateteres limpos e não estéreis, decanulação, se bem tolerado, é realizado du-
luvas descartáveis ou mãos limpas lavadas an- rante 24 a 48h (dia e noite), o tubo rcmovido e
tes do procedimento. o estoma coberto por curativo compressivo es—
II Hidratação adequada. téril. É aconselhável o uso, pré e pós-decanulação,
I Mudanças frequentes de decúbito. de esteróides e nebulizações com epinefrina.
IFisioterapia pulmonar. I Principais problemas encontrados na decanulação
I Curativos diários com iodóforo aquoso. prote- difícil: aumento do espaço morto (por isso é indi-
gendo a pele do contato direto com asas do tubo cada a diminuição gradual do calibre do tubo
de traqueostomia. traqueal), estenose traqueal acima do estoma (gra—
ITrocar tubo a cada sete dias. nuloma, retalho de tecido fibroso ou da parede
|!
Trocar as fitas do tubo de traqueostomia quando traqueal anterior deslocada, traqueomalácia, edema
sujas ou úmidas. laringeo), movimentos diminuídos da corda vocal
(diminuição do reflexo de abdução das cordas
vocais pós—traqueostomia de longa data).
nacanulaçãu
IAproximadamente 10% das crianças com traqueos- BIBLIOGFAFIA' RECOMENDADA
ARENSMAN, R. M. Surgical management of the airway. In:
tomias realizadas a longo tempo (> 1 ano) podem
sofrer significante colapso da cartilagem cricóide t. _GOLDSMITH, J. P.; KAROTKIN. E. H. (ed.). Assisted Ventil-
ou traqueomalãcia periestomal após a decanulação. ª ution ofNahum. Philadelphia: W.B. Saunders, 1981. p. 301-315.
HALLER, J. A. Trachcostomy in infants and young children. In:
Nesses casos, é aconselhável completar a decanu- UFHERSEN IR., 1-1. B. The Pediatric Airway. Philadelphia: WB.
lação cirurgicamente com_ fechamento da fístula
Saunders, 1981. p. 181-185.
pele-traquéia e suspensão do anel cricóide.

6 L 8 ‘ 9 Z V 1' 5
I Antes da decanulação, observar: se a criança não ILCE, Z.; CELAYIR, S.; IEKAND, G. T. gt al. Tracheostomy in
childhood: ZO-years experience from a pediatric surgery clinic.
apresenta sinais de aspiração durante a alimentação Pediatr Im.. v. 44, p. 306-309, 2002.
ou quando toma líquidos; se a condição original KREMER, B.;130TOS-KREMER,A. 1.;ECKEL. H. E.; SCHONDORFF,
já foi corrigida ou melhorada; se a oclusão do G. Indications, complications, and surgical techniques for pediatrics
tubo com os dedos permite respiração adequada tracheostomies an update,]. Pediatr. Surg., v. 37. p. 1556-1562,
-
por meio da glote; se as radiografias de laringe 2002.
e traquéia (cervical lateral), em uma criança tem- SHERMAN, 1 M.; DAVIS, S:, ALBAMONTBPETRICK. S. et al.
porariamente extubada, não «mostram area de Care of the child with a chronic tracheostomy. Am. J. Respir. Crit.
estenose; se existem alterações na via aérea (nariz, Care Med.. v. 161. p. 297-308, 2000.

iii
Preparo da Recém-nascido para a Cirurgia I
51

an Will 11 QUADRO 11.1 - Cuidados essenciais no transporte


do recém-nascido
Controle da temperatura

Prepare do Recém-nascido Manutenção da via aérea e controle de ventilação-


omgenação
.g ‘ r a fi

na ,
Sondagem gástrica

g.1
para a Cirurgia

,,

we?
Reposição hidroeletrolltica adequada
N :, . a '

was”. OYÓHS'
Medidas de controle de infecção

«'
Cuidados especificos por doença

Elinês Oliva Maciel


em resposta ao frio. A perda de calor ocorre mais
Carlos André T. Gandara rapidamente por muitas razões: a relação superfície
corporal/peso é muito maior, a gordura subcutânea
de isolamento é menor e o controle do fluxo sangíií—
III'I'IIBIIUGÃB neo cutâneo está prejudicado em razão da imaturi—
A cirurgia nos primeiros dias após o nascimento, na dade do sistema nervoso simpático. Os prematuros
maioria dos casos, é indicada por doenças com risco têm desvantagens em ambos os processos.
de morte. Anomalias anatômicas podem causar: sin— A neutralidade térmica refere—se à temperatura
tomas graves e precoces (hérnia diafragmática), não ambiental na qual a atividade metabólica e o consu-
apresentar nenhum sintoma inicial e evoluir rapida— me de oxigênio necessários para manter a tempera-
mente para mudanças fisiopatológicas sérias (má rotação tura do corpo são minimos, ou seja, a atividade meta-
intestinal com volvo) ou ser assintomática, mas mesmo bélica está em seu estado basal. Desvios significativos
assim requerendo tratamento urgente (neuroblastoma). da zona térmica neutra sobrecarregam os mecanis—
Atualmente, pode—se diagnosticar anomalias con— mos compensatórios, já limitados no RN, e rapida-
gênitas em um período fetal muito precoce, graças à mente levam à hipo ou à hipertermia. O resfriamento
evolução técnica da ultra—sonografia. Isso permite pla— prolongado leva a uma maior necessidade de o_xigê-
nejar o momento, o local e oitipo de parto mais ade- nio pelos tecidos em razão do aumento da atividade
quado à malformação detectada, uma vez que o meio metabólica para manter a temperatura. Isso resulta
de transporte mais apropriado e seguro para esses recém- em exaustão da energia corporal armazenada e acúmulo
nascidos (RN) é o útero materno. de produtos metabólicos com acidose e hipóxia teci-
Apesar das possibilidades de diagnóstico pré—na- dual, levando a glicólise anaeróbica, que também con—
tal, uma grande parcela dos RN que irá à cirurgia vai tribui para aêidqse metabólica.
necessitar de transporte até um centro de referência.
1“ .
A remoção destes não é isenta de riscos, necessitando nnuurruçiiu im um sting r comm:

978- 5 241 6
de uma equipe treinada, equipamentos adequados e
cuidados especiais. na ururiuçin-uxlaruaçnu
0 RN possui vias aéreas de pequeno calibre. Dessa ,

aulnnnus 00M 0 'I'EIIISI'IIBTE forma, qualquer edema discreto e pouca quantidade


de secreção ocasiona comprometimento respiratório
0 centro de cuidados intensivos neonatal que rece- importante. O reflexo da tosse é pouco desenvolvido,
berá 0 RN deve ser previamente comunicado sobre sendo prejudicada a mobilização de secreções, neces-
as condições clínicas deste, de maneira que possa sitando aspirações freqiientes da via aérea. Em vigência
preparar-se para a sua chegada. 0 pediatra que enca- de doenças obstrutivas da via aérea (atresia de coanas,
minha o paciente deve entrar em contato com o ci- tumores cervicais) ou nos casos de insuficiência res-
rurgião pediátrico para planejar a transferência. piratória aguda (hérnia diafragmática), a criança deve
O preparo para o transporte depende dos proble-
mas específicos do paciente, mas alguns princípios
gerais devem ser observados (Quadro 11.1).
.QUADRO 11.2 Medidas para controle térmico
-
durante o transporte
flflll'llllli Dl TEMPERATURA ' Transporte em incubadora portátil
0 RN deve ser mantido aquecido a uma temperatura ' Se esta não estiver disponivel
de 37°C para que as perdas calóricas sejam reduzi- — Envolver extremidades com algodão laminado
das ao mínimo (Quadro 11.2), o que requer um ba- — Envolver o recém-nascido em papel-aluminio
lanço preciso entre a produção e a perda de calor. A ou plástico
produção de calor já é maior no RN do que no adulto, Ter cuidado para não restringir os movimentos
respiratórios
por isso ele não é capaz de aumenta-la rapidamente
52 I Geral

am ”ifi
<-
ser entubada e, se necessário, ventilada. O uso de pressão
positiva deve ser feito com cautela, particularmente
ll Hérnia diafragmãtica.
--
Entubação traqueal: a ventilação por máscara
em pacientes que apresentam outras doenças nas quais é contra-indicada por aumentar a compressão
possa desenvolver—se pneumotórax hipertensivo (cistos pulmonar, em razão da distensão gasosa do es—
pulmonares, hérnia diafragmática). tômago.

——
Ventilação mecânica, se necessária.
saunasru GIS'I’BIEI Sonda gástrica em aspiração.
lil Onfalocele e gastrosquise.
Deve ser realizada em todos os pacientes cirúrgicos
que necessitam de transporte, a fim de evitar distensão
—Cobrir a herniação com compressas esterili—
zadas secas e envolve-las com papel-alumí—
abdominal, vômito e aspiração. A respiração e pre- nio ou plástico.
dominantemente diafragmática; dessa forma, qualquer
—Sonda gástrica.
aumento abdominal pode prejudicar a ventilação. Pelo
fato de os RN serem respiradores nasais, o uso de son- --
Na onfalocele rota e gastrosquise, o aporte hídrico
deve ser maior (120 a lBOmL/kg/dia).
da nasogástrica diminui significativamente a via aérea.
Como é necessário o uso de sondas de grande calibre —Avaliar o intestino herniado na gastrosquise
para descartar a possibilidade de estrangula—
(8 ou lOFr), dá—se preferência pela via orogastrica.
mento. Se as vísceras estiverem com sofrimento

IliPllSllflll IlllllillElE'l'Bllll'l'lfll
vascular, deve-se
II Obstrução intestinal. aumentar
,
o anel imediatamente.

_ Em percursos de pequena distância, nas primeiras 24h - Sonda gástrica.


de vida e sem perda evidente de líquido, a reposição :|
-—
Restabelecer o equilibrio hidroeletrolítico.
Higroma cístico.
e' dispensável. Em distâncias maiores e/ou perdas
evidentes de líquido (obstrução intestinal, onfalocele, —Entubação em caso de comprometimento de
gastrosquise), existe a necessidade de um bom aces- vias aéreas.
II Teratoma sacrococcigeo.
so venoso com reposição adequada de líquidos, glicose
e eletrólitos.
A criança instável, com descompensação respira-
-Posição de decúbito ventral para o transporte.
n Válvula de uretra posterior.
tória, choque hipovolêmico ou acidose, deve ser res-
suscitada antes da transferência, embora a correção
—Sondagem vesical para manter o fluxo urinário
livre.
completa dessas anormalidades possa ser impossível. IExtrofia de bexiga.
— lizado.
Proteção da placa vesical com plástico esteri—
MEIllllliS DE (:lllTlllllE DE IHFEBGÃII
O manuseio do RN deve incluir cuidados para preve— &
— Retirar o cord-clamp para evitar lesão da mucosa.
nir infecções (Quadro 11.3).
Ifuiuatlos' ªl'ré-oneratúrlos
cuidados Específicos nor noonça O objetivo doprepaiªo pré-operatórioé diminuir o risco
Existem grupos de doenças que necessitam manejo
individual e adequado para evitar o agravamento durante
cirúrgico e melhorar o prognóstico.
Uma completa avzíliação dos "parâmetros fisioló—
gicos do RN e sua correção, quando possível, são
_
o transporte. As mais frequentes são: fundamentais. Ao contrario da impressão geral, os RN
a Atresia de esôfago. toleram muito bem cirurgias de grande porte, desde
— Posicionar 0 RN semi—sentado, para evitar pneu-
monite química (fístula distal).
que suas necessidades e limitações sejam bem ma—
nejadas.
--Posição de Trendelenburg (atresia sem fistula).
- Sonda naso ou oroesofágica em aspiração in-
termitente, para evitar aspiração. QUADRO 11.4 -, Rotina de cuidados pré-operatérios
História e exame fisico
Hemograma, provas de coagulação
QUADRO 11.3 Medidas de prevenção de infecção
- Eletrólitos
« Lavagem das mãos e, em casos especiais. o uso de luvas Gasometria arterial (quando necessária)
esterilizada; (onfalocele, gastrosquise) Tlpagem sangúlnea e reserva de glóbulos, plaquetas
Cuidados de higiene do coto umbilical e plasma
Envolver o recém-nascido em campos esterilizados Exames radiológicos para complementação diagnóstica
ddrante o transporte Vitamina K, img. por via intramuscular
L'S9IVZ86

Uso de material esterilizado Antibioticoterapia na maioria dos casos


Antibioticoterapia adequada no pré—operatório Acesso venoso confiável
Preparo do Recém—nascido para a Cirurgia I 53

Uma rotina de avaliação pré-operatória deve ser serem informados sobre o prognóstico de determina— ‘
“(;;
seguida, variando de acordo com a urgência da cirur- das malformações, a possibilidade de correção, de . .:;
gia (Quadro 11.4). seqíielas e o tempo provável de hospitalização. nigga
€13
' C31
|T BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
ff _
_-5x1- DBIENÍIÇÍD . 03.-PMS
PIBII .
LEAPE, L. L. Patient Care in Pediatric Surgery. Boston: Little Brown,
1987. p. 5-22. f.;;

E;5..
,
:; E ºsªªnº'ªl ªgf º Cirurgiª“) ”Wong“?
ª
ºXphqªº Cºf" MACIEL, E. o.; GANDARA, C. A. "r,; ALEMEIDA, S. G. et al. ' ', «»,-i
_, fiz.
ª
g clareza ºlªm ªmª e Clrurgxa propos ª para
OS pals. Diagnóstico e manejo inicial do recém—nascido cirúrgico. Acm
* log de maneirª que elºá
POSSªm Cºmpr?endºr- Quandº Medica HUP. Periódicos Brasil, 1991. p. 486—504.
'; º' houver um diagnósuºº pré-natal, 0 é que rea—
Ideªl PURLRTransport of the sick neonate. ln: Pediatric Surgery. Oxford:

É
lizem uma consulta pré—natal com o Cirurgião para Butterworth—Heinemnn, 1996. p. 38-41.

É?
r i
:?

&.
Tumores

.. .................................... 57
12 Tumores Renais Primários
13 Neuroblastoma ............................................... 73
1A Rabdomiossarcoma.................- ........................... 83
15 Rabdomiossarcoma Geniturinário ............................... 90
1 6 Tumores Benignos do Fígado ................................... 94
1 7 Tumores Malignos do Fígado ................................. 102
1 8 Linfoma Abdominal Não-Hodgkin ............................ 111
1 9 Teratomas .................................................. 116
2 Carcinoma de Tireóide ....................................... 123
'

2 Tumores do Testiculo ......................................... 127


g

22 Tumores Neoplásicos de Ovário na Criança e na Adolescente ..... 134


a,

Tumores Adrenocorticais ...................................'..


2
k142
Tv
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_ . -. s
ªº
tv,-. 'v

I
Tumores Renais Primários l
57

_ iifeiru‘lo 12 a Muilo raro nos recem-nascidos (0,16% dos tu-


mores de Wilms).
I! Cinco a sete por cento são bilaterais. Sincrônicos
(85%) e metacrônicos (15%). Pacientes com tu-

Tumores Renais mores bilaterais costumam ser mais jovens ao


diagnóstico (25 meses).
:: Existe uma forte associação entre Wilms, ano«

Primários malias congênitas, síndromes de hipercrescimento


somático pré—natal e pós-natal excessivo e síndro-
mes de não—hipercrescimento. A idade diagnós—
tica, nesses casos, costuma ser menor.
João Carlos Ketzer de Souza As mais comuns são: aniridia esporádica (0,75
a 1,1%),hemi-hipertrofia que parece ser uma forma
Mário Rafael Carbonera frustrada da síndrome de Beckwith-Wiedemann
(2 a 2,5%), malformações geniturinárias (4 a 8%):
hipospádia, criptorquidia, disgenesia gonadal, rim
GllSSIFIGAGÃIl em ferradura, duplicação do sistema pielocalicial,
u Tumor de Wilms (85 a 90%). displasia renal e síndromes em'geral: Beckwith-
n Sarcoma de células claras, Wiedemann (macrossomia, macroglossia, onfa—
n Tumor rabdõide. locele, hérnia umbilical, hipoglicemia neonatal),
u Outros tumores. KlippeI—Trenaunay, Denys—Drash (Wilms, inter-
— Linfoma renal. sexo, nefropatia), WAGR (Wilms, aniridia, mal-
— Carcinoma de células renais. formações geniturinárias, retardo mental), neuro—
— Tumor neuroectodérmico periférico primário
de rim.
fibromatose.
Aniridia é uma malformação congênita rara na
--Outros. população em geral (1:5.500). É mais frequente
nas crianças com tumores de Wilms (9:l.000).
rumam 11E WIlMS [NEFBIIBIISIBMM O risco de tumor de Wilms é nitidamente au—
mentado na forma esporádica e maior se asso—
BOHBBÍÍO ciada a outras malformações congênitas.
:A bilateralidade, nos casos de hemi-hipertrofia
Tumor embrionário maligno derivado do blastema associada a Wilms, aumenta para 16%.
metanéfrico e composto pelos seguintes elementos la Nas anormalidades geniturinárias, a bilateralidade
celulares no seu tipo clássico (trifásico): blastema, do Wilms ende 23% e a média de idade no mo—
estroma e epitélio. Pode conter também, em propor— niento do diagnóstico é de 31 meses.
ções variadas, duas ou somente uma dessas três linhas fl FÉequência'e idade diagnóstica nos tumores de
celulares. Se um dos componentes ocupa 2/3 ou mais histologia desfavorável,
do tumor, ele é designado conforme o tipo predomi—
nante. 0 tipo blas'tematoso é mais agressivo e o epitelial
—- Anaplasia: (4,5 a 5%): pico aos 5 anos deidade.

o menos agressivo. Tumores de Wilms apresentam — Sarcoma de células claras: 5,5%; pico igual
ao do tumor Wilms de histologia favorável.
grande diversidade histológica e de diferenciação.
-— Tumor rabdóide do rim: 1,8 a 2%; pico aos 13
meses de idade.
Euidamlalouia -— Atualmente, os subtipos sarcomatosos (sarcoma
de células claras e tumor rabdóide) não são con—
Prevalência: 1:10.000 crianças entre 0 e 15 anos siderados como variantes do Wilms. São tu-
de idade. mores renais malignos distintos.
E É o tumor renal e intra-abdominal mais comum
em crianças.
-—Tumores anaplásicos são uma variante histo—
patológica do nefroblastoma, caracterizando
m Corresponde a 5 a 6% das neoplasias malignas a histologia desfavorável. Aproximadamente
978-52416

da criança. 12% apresentam metástases hematogênicas ao


!= Mesma predisposição sexual ou leve predomi- diagnóstico. Mais de 80% do estádio IV têm
nância pelo sexo feminino (1,1 a 1,2F21M). metástases pulmonares, sendo a maioria das
ª Aproximadamente 75% ocorrem em crianças recidivas também pulmonares.
menores de cinco anos de idade, com pico de
incidência entre dois e três anos.
m Médiade idade no diagnóstico é de 36 meses no Histonatoloaia
sexo masculino, 43 meses no sexo feminino. No As classificações histológicas definidas pelo National
Wilms bilateral éde 23 meses no sexo masculino Wilms Tumor Study (NWTS) e pela Societé Internatio-
e 30 meses no sexo feminino. nale d'Oncologie Pediatrique (SIOP) diferem porque
58 :: Tumores

os protocolos do SIOP usam quimioterapia pré—ope- A quantidade de necrose, alterações regressivas se-
ratória, refletindo alterações por ela induzidas. cundárias àquimioterapia (QT) e a presença de blastema
A classificação histológica do NWTS baseia—se em pós—QT estão associados ao prognóstico. Com base
dois grandes grupos: histologia favorável e histologia nesses aspectos, os critérios foram modificados para
desfavorável. determinados subtipos.
São tumores friáveis, circunscritos por pseudocápsula, Se as alterações regressivas secundárias à QT perfazem
apresentando freqíjentes áreas com hemorragia e necro- menos que 2/3 da massa tumoral, o tipo histológico
se, que dão o aspecto de córtex cerebral (Fig. 12.1). A predominante deve ser determinado e subclassificado
presença de septos fibrosos divide o tumor em nódu- como tipo blastematoso, epitelial, ou esfromático. Se
los. Caracterizam-se por uma grande variedade his— não houver componente predominante, será misto.
tológica. O padrão celular tradicional costuma ser tri-
fásico, mimetizando o desenvolvimento normal do rim
(blastema, estroma e epitélio), mas podem ter padrões Classificação com Base no Risco
bifásicos (blastema e estroma), ou só de um compo- Histológico
nente (monofásico). Os patologistas são encorajados A SlOP faz a classificação com base no risco histo-
a quantificar, percentualmente, os diferentes compo- lógico da seguinte forma:
nentes (alterações regressivas, blastema, epitélio e es-
trema). 1. Tumores de baixo risco: nefroma mesoblástico,
Anaplasia é rara nos dois primeiros anos de vida, nefroblastoma cístico parcialmente diferencia-
mas aumenta para 13% em pacientes com cinco ou do, nefroblastoma completamente necrótico. Se-
mais anos de idade. O padrão anaplãsico caracteriza- rão vistos posteriormente.
se por presença de figuras mitóticas atípicas hiperdi- 2. Tumores de risco intermediário: nefroblastoma
plóides, aumento do volume nuclear atingindo três com predomínio epitelial, com predomínio de
vezes ou mais o diâmetro nuclear de células adjacen- estroma, misto, regressivo, anaplasia focal.
tes do mesmo tipo e hipercromasia do núcleo (pelo Se as alterações regressivas secundárias à QT per-

L'S9*WZ586
aumento do número de cromossomos). Todos esses fazem mais que 2/3 da massa tumoral: tipo re-
critérios devem estar presentes. Atualmente, acredita- gressivo.
se que o local da anaplasia é mais importante do que m Nefroblastoma tipo epitelial: critérios histoló-
sua quantidade. gicos.
Após quimioterapia alguns tumores tornam-se A porção de tumor viável deve corresponder a
completamente ou quase totalmente necróticos. No mais de 1/3 da massa tumoral.
entanto, outros tumores pouco se alteram. Muitos pa-
recem maturar—se, com perda dos elementos mais ima-
— Pelo menos 2/3 do tumor viável devem ser cons—
tituídos por estruturas epiteliais.
turos (blastema), tornando mais óbvias estruturas
diferenciadas. A anaplasia não é eliminada ou induzida '(
-- O resto do tumor deve ser constituído pelo
componente estromático.
por quimioterapia prévia.
Segundo os critérios de Beckwith e Palmer, deve
ª' — Pode haver focos esparsos” deiblastema (< 10%
do tumor). '
haver, pelo menos, 2/3 de um componente do tumor A presença de anaplasia classifica o tumor como
para ele ser classificado corretamente: anaplásicoymesrno se o tipo histológico for
completamente epitelialíªº tipo epitelial ge-
ralmente ocorre em crianças menores (idade
média: 9 meses) e 80% pertencem ao estádio I.
El Nefroblastoma tipo estromático: critérios his-
tológicos.
Subtipo onde há predomínio do componente es-
tromático (exemplo: tipo rabdomiomatoso fetal).
- A porção de tumor viável deve corresponder
a mais que 1/3 da massa tumoral.
Ml

- Pelo menos 2/3 do tumor viável devem ser cons-


tituídos por componentes estromáticos.
— O resto do tumor deve ser constituído pelo
componente epitelial.
— Pode haver focos esparsos de blastema (< 10%
do tumor). .
Nefroblastoma tipo misto: critérios histológicos.
Subtipo onde nenhum dos componentes do tumor
viável é predominante.
Figura 12.1 -Superficie de corte de um nefroblastoma. Notar
o aspecto de córtex cerebral e os nódulos.
—- A porção de tumor viável deve corresponder
a mais que 1/3 da massa tumoral.
Tumores Renais Primários n 59

— Oteliais
tumor viável é constituído por elementos epi—
e/ou blastematosos e/ou estromáticos,
a 0 gene WTI sofre mutação em 10% dos tumo—
res de Wilms.
E Alterações no llp são observadas em 40 a 50%
mas nenhum ocupa mais que 2/3 do tumor viável.
r: Nefroblastoma tipo regressivo: critérios histo- dos tumores.
lógicos. a Mutações no gene supressor p53 são observa-
Alterações secundárias à QT perfazem mais que das em uma minoria de tumores (10%) e são

z
2/3 da massa tumoral. A quantificação deve ser associadas a anaplasia.
Recentes avanços na citogenética sugerem que

oyôas
macro e microscópica, portanto, não se deve deixar
de representar áreas regressivas/necróticas. pode haver uma forma hereditária e outra não-
~ 2/3 da massa tumoral com alterações regres- hereditária (esporádica) de tumor de Wilms com


sivas secundárias à QT e/ou necrose. base na inativação de um gene supressor de tumor.
O tumor viável pode conter qualquer dos três Inicialmente, pensou-se na hipótese dos dois eventos
componentes histológicos dos nefroblastomas. mutacionais independentes de Knudson e Strong,
A aparência típica do nefroblastoma tratado proposta no desenvolvimento do retinoblastoma.
consiste em uma mistura de necrose, estroma Na forma hereditária (20% dos casos), a primeira
fibromixóide esclerótico e hemorragia. mutação ocorreria na célula germinativa (pré—zigótica)
ra Nefroblastoma corn anaplasia focal: ver “Tumor e a segunda mutação em célula somática (pós-zigo-
de Wilms Anaplásico”, adiante. tica). A forma hereditária é mais comum em pacientes
3. Tumores de alto risco: anaplasia difusa, predo— mais jovens, com aniridia, anomalias geniturinárias,
mínio blastematoso. doença bilateral e casos familiares.
r: Nefroblastoma tipo blastematoso: critérios histo— Na forma esporádica. ambas as mutações seriam
lógicos. somáticas (pós—zigóticas) em uma célula simples.
Tumores com componente blastematoso resis— Exemplo: hemi-hipertrofia.
tente ao tratamento QT apresentam pior prog— Entretanto, diversas observações sugeriram que o
nóstico. Portanto, só estão incluídos nessa categoria desenvolvimento de um tumor de Wilms é mais com—
após a realização de QT. Se a cirurgia foi reali—
plexo e, provavelmente, envolve mais do que uma sim-
zada antes da QT, passam a ser classificados como
ples inativação de um simples loco genético.
intermediários.
- A porção do tumor viável deve corresponder
a mais de 1/3 da massa tumoral. Tummiuênese
--Pelo menos 2/3 do tumor viável devem ser cons-
tituídos por blastema.
O desenvolvimento do rim definitivo inicia com o broto
ureteral (que se desenvolve em ureter e ductos cole-
— Os outros componentes podem estar presen- tores) movendo-se em direção ao blastema metanéfrico.
tes em quantidades variaveis.
Em uma interação de duas vias, o blastema induz o
Os elementos blastematosos são células redon- broto ureteral a ramificar—se e o broto induz o blastema
das indiferenciadas sem evidências de diferen-
a condensar-se e começar a se diferenciar. As células
ciação epitelial ou estromatica.
do blastema metanéfricosão habitualmente induzidas
n Nefroblastoma com anaplasia difusa: ver “Tumor
de Wilms Anaplásico”, adiante. a se diferenciarem em células epiteliais (que vão formar
os néfrtms maturos), ou células do estroma (que vão
formar o tecido conetivo). Aquelas células que não são
fatores Genellcns induzidas a se diferenciar sofrem apoptose (morte celular

7- 5 6 1 4 2 8 9
programada) (Fig. 12.2). Para o desenvolvimento do
u O tumor de Wilms costuma exibir deleções cro— nefroblastoma, algumas células do blastema devem
mossômicas especílicas, sugerindo que a ausência
de material genético possa contribuir para o de-
senvolvimento ou progressão do tumor. Os genes
Supressores W1 (localizado no loco 11p13) e caiam iteliois néfrons
,
WT2 (localizado no loco 11p15.5) têm demons—
Diferenciação P [ l
trado exibir influência no desenvolvimento de
alguns tumores de Wilms. A perda da heterozi-
O
Células do estroma
gose (LOH) no cromossomo 16q tem sido encon-
' Células de blastema [tecido coneclivo]
metonéirico
trada em 17 a 20% e no cromossomo lp em 11% Amma
dos casos de tumor de Wilms e é relacionada com
pior prognóstico. Indica comportamento mais agres-
sivo, não estando associado a anaplasia. Os genes Morte celular
Supressores WTI mostram associação com a
Síndrome WAGR (Wilms, aniridia, anormalida- Figura 12.2
des geniturinárias, retardo mental), anormalidades não
— Desenvolvimento normal do rim. As células
induzidas a se diferenciarem sofrem morte celular pro-
geniturinárias e síndrome Denys—Drash, gramada (apoptose).
60 n Tumores

Figura 12.3— Desenvolvimento de um nefroblastoma.


Algumas células do blastema renal podem persistir e
formar restos nefrogênicos. Esses restos podem
regredir ou permanecer dormentes. Outros podem
Resto
“\a“
nelmgenlco
new: neoplásica Resto ªdenomltoso proliferar e formar restos hiperplásticos. Qualquer
tipo de resto pode sofrer alterações genéticas ou
epígenéticas e tornar-se um resto neoplásico.
Resto emregressão
"'—
a Resto obsoleto

Dor abdominal em 35% dos casos.

L 'S 9 I V Z ª5 8 6
persistir para formar restos nefrogênicos. A maioria
dessas celulas torna-se dormente ou regride, mas algumas m Hematúria macroscópica em 15 a 25%. Descri—
podem se proliferar, sofrendo alterações genéticas ou ta em aproximadamente 85% dos casos de tu-
epigenéticas e formando restos neoplásicos. Esses restos mores que envolvem a pelve renal.
podem se proliferar, formando uma lesão benigna (resto H Febre em 20%.
adenomatoso), ou um tumor maligno (nefroblastoma) E Ocasionalmente pode ocorrer dor abdominal, febre
(Fig. 12.3). e anemia provocada por necrose tumoral com
sangramento intratumoral ou subcapsular.
E Extensão intravascular pode ocasionar sopro
Quadro Clinico
cardíaco, hepatoesplenomegalia, ascite, veias
Massa abdominal assintomática descoberta du- abdominais proeminentes, varicocele e metástases
rante o banho pelos pais ou consulta pediátrica gonadais.
de rotina. Massa volumosa de flanco e região E Outras associações: doença de von Willebrand
lombar, superfície lisa, consistência firme, indolor, adquirida, hipercalcemia (tumor rabdóide e nefroma
relativamente imóvel, em geral não atravessan— mesoblástico), aumento da secreção do ACTH e
do a linha média (Fig. 12.4). Presente em 80 a aumento da eritropoetina.
85% dos casos.
tl Hipertensãoarterial em 25 a 50%. Causada pela
produção intratumoral de renina pelas células bem
lhuestluação niaunústica «
.
lHistória e exame físico.
diferenciadas do tumor ou compressão extrín-
seca direta do tumor sobre a artéria renal com ll Exames laboratoriais: hemograma, plaquetas, pro-
desencadeamento do sistema renina-angiotensina. , vas de coagul'açãol exame comum de urina, uréia,
creatinina, eletrólitos, transaminases, fosfatase
alcalina, bilirrubinas.
E! Urografia excretória (pouco utilizada atualmen-
te): determina a função renal, demonstra distorção
de cálices e pelve e alterações do contorno re—
nal. Não visualização do rim ocorre em 20% dos
casos e as causas prováveis são: rim completa—
mente substituído pelo tumor, invasão pelve—ureteral
e oclusão da veia renal.
la Radiografias de tórax (AP, lateral e oblíquo
bilateral): detectam metástases pulmonares.
I! Tomografia computadorizada de tórax: pouco usada
na pesquisa de metástases. Seu uso é controver-
so porque lesões não-visíveis em radiografia e
vistas em tomografia computadorizada são difí-
ceis de interpretar. Indicada quando existem dú-
vidas na radiografia de tórax e para planejamento
de ressecção de metástases pulmonares.
B Radiografias de abdome (decúbito dorsal e late-

Figura 12.4 Aspecto macroscópico do tumor de Wilms,
mostrando sua superficie externa lisa e porção renal sem tumor. ral): tumor retroperitoneal com deslocamento me-
Tumores Renais Primários l
61

dia] e anterior das alças intestinais. Calcificações do tumor (penetração através da superfície da
lineares periféricas tipo casca de ovo podem ser cápsula, invasão extensa dos tecidos moles do
vistas em 10 a 15%. seio renal, mas sem invasão da margem medial,
n Ultra-sonografia abdominal com e sem Doppler: comprometimento dos vasos do seio). Vasos
. _,.

s a ó fi 㪠z
informa sobre a origem da massa (renal ou ex— sanguíneos extra-renais podem estar infiltrados ",..

tra-renal), consistência do tumor (cístico ou sólido), ou contêm trombo tumoral não—aderente. O tu-

'
invasão ou trombo tumoral livre ou aderente na mor foi biopsiado, sofreu biópsia por agulha grossa
veia renal, cava inferior, átrio direito, aspecto ou ruptura localizada, que se presente está con—
do fígado, se os linfonodos regionais estão au- finada ao flanco ipsilateral. Não há tumor resi—
mentados e morfologia do rim contralateral. dual aparente no local ou além das margens de
Realizar medida tridimensional do tumor.” ressecção. Nenhum gânglio está comprometido.
u Tomografia computadorizada abdominal com re Estádio [11: tumor residual não hematogênico
contraste intravenoso e oral: substituta atual da (macro ou microscópico) confinado ao abdome.
urografia. Delineia órgão de origem, extensão Qualquer um ou mais dos seguintes podem ser
anatômica local do tumor, aspecto do fígado, se observados: comprometimento de linfonodos,
o rim contralateral é funcionante, se não tem doença contaminação peritoneal difusa (além do flanco,
bilateral e se tem linfonodos aumentados. Geral- antes ou durante a cirurgia), penetração tumoral
mente necessita de anestesia geral e apresenta sen- através da superfície peritoneal, implantes peri-
sibilidade diminuída na criança por ter menos toneais, tumor residual macro ou microscópico
gordura retroper'itoneal. permanecendo nas margens ou além das margens
ar Ressonância nuclear ma nética (RNM): ainda de ressecção cirúrgica, tumor incompletamente
pouco usada no Wilms. o melhor exame para ressecado por causa da infiltração local em es-
estudar invasão vascular, incluindo extensão truturas vitais, ruptura tumoral traumática intra-
intracardr'aca. Suas desvantagens são: alto custo operatória, presença de fluido peritoneal sangui—
e necessidade de anestesia geral. nolento causada por ruptura pré-operatória,
m Venocavografia: exame sensível para estudar presença de invasão tumoral na parede dos va»
extensão em cava inferior. Solicitar quando existe sos sanguíneos (trombo aderente).
forte suspeita de comprometimento pré-opera- Estádio IV: metástases hematogênícas são ob—
E

tório. Pouco utilizada atualmente. servadas nos pulmões, fígado, ossos e cérebro,
:: Ecocardiografia: se há suspeita de trombo tumoral ou metástases em linfonodos além da região
estendendo-se ao átrio direito e sempre que for abdominopélvica (mediastino).
necessário o uso de adriamicina. u Estádio V: doença bilateral ao diagnóstico. Tu-
ts Biópsia pré—operatória por agulha grossa (Tru—cut) mores em cada rim devem ser separadamente sub-
orientada por ultra—sonografia: temos usado em estadiados Lde I a IV.
todos os casos que serão submetidos a quimioterapia
previa, exceto se há suspeita de hemorragia ou
ruptura e em tumores totalmente císticos. Sistema ile Estadiamento ria Societá
Internationale dªnncuteuie
a
Pediatrinuelzwi
,
E.*. Estalliamemo .
. . . . fl Estádio l: tumor limitado ao rim 0T1 envolto por
É ªtãgªmílâçãtªdl?enã? do
National. WXIIPS,T‘1m°re pseudocápsula fibrosa quando fora dos contor-
lyó('
— m.
gê t )' Stª ramentos
'
c mico, c1rurgico nos normais do rim. A cápsula renal ou pseudo-
í'o.É Pa º glCO. cápsula pode estar infiltrada pelo tumor, mas não
” Estádio I: tumor confinado ao rim e completa-
mente excisado. A superfície da cápsula renal
ultrapassada por ele. Margens cirúrgicas devem
estar livres. Tumor completamente ressecado. ()
está intacta. A cápsula renal ou pseudocápsula tumor pode fazer protrusão na pelve ou ureter,
pode estar infiltrada pelo tumor, mas ele não foi sem invadir suas paredes. Os vasos do seio re—
rompido antes ou durante a remoção. Não há tumor nal não estão envolvidos. Pode haver envolvi-
residual aparente além das margens de ressec- mento de vasos intra-renais. Aspiração por agulha
ção. Vasos do seio renal não estão comprometi- fina ou biópsia percutânea (Tru—cut) não mudam
dos. Pequena invasão dos tecidos moles do seio o estadiamento do tumor, mas as dimensões da
renal é aceitável se a margem media] do seio estiver agulha “devem ser mencionadas ao patologista.
limpa. Aspiração prévia com agulha fina 6 acei- A presença de tumor necrótico ou de transfor-
tável. 0 seio renal corresponde à área do hilo mações induzidas pela QT no seio renal e/ou na
renal ocupada pela pelve renal, vasos renais e gordura perirrenal não são motivos para elevar
gordura. Junto ao seio, o córtex renal perde sua o estádio do tumor, pois foram completamente
cápsula fibrosa. ressecados e não atingiram as margens.
II Estadio 11: tumor estende—se além do rim, mas
foi completamente excisado. Extensão regional " Estádio II: o tumor estende-se além do rim ou
transpõe a cápsula e/ou pseudocápsula, infiltrando
62 u Tumores

gordura perirrenal, mas foi completamente res— lPreferencialmente, deve-se proceder à ligadura
secado (margens livres). O tumor infiltra () seio precoce dos vasos renais. A artéria renal deve ser
renal e/ou invade vasos sanguíneos e linfáticos ligada primeiramente para evitar congestão do tumor
fora do parênquima renal, mas foi completamente e maior risco de ruptura com possibilidade de
ressecado. O tumor infiltra órgãos adjacentes ou disseminação através de veias perfurantes perir-
C

veia cava, mas foi completamente ressecado.


sia” Ã'O*2

renais. Sabe-se que a decisão de ligar a artéria ou


a E Estádio III: tumor residual confinado ao abdome. a veia renal primeiro não afeta estatisticamente a

” _ —a nre p ReSSecção incompleta do tumor que se estende


além das margens (restos pós-operatórios macro
sobrevida.
Junto com a nefrectomia, linfonodos periaórticos,
pericavais e hilares são biopsiados, assim como
umª“

ou microscópicos), envolvimento de linfonodos


abdominais, ruptura tumoral pré ou intra-opera- qualquer gânglio aumentado de volume. O sítio
tória, infiltração tumoral na cavidade peritoneal, do gânglio excisado é marcado com clipe de titânio.
implantes tumorais na superft'Cie peritoneal, trombo Aproximadamente, a taxa de falso-positivos na
tumoral presente na margem de ressecção de veias biópsia ganglionar é de 18% e de falso-negativos
ou ureter seccionado, fragmentado, ou segmen- é 3 1%.
la A fáscia dos músculos lombares também deve
tado pelo cirurgião, tumor submetido a biópsia
em cunha antes da QT pré-operatória ou cirurgia. ser removida com o rim.
iu O ureter é ligado e excisad . o mais baixo possível.

6 L 8' 9 Z W S
A presença de tumor necrótico ou de transforma-
ções induzidas pela QT em um linfonodo ou nas E: Em vista de tumores po ares pequenos, hemi—
margens cirúrgicas e considerada como prova de nefrectomia pode ser considerada. As margens
neoplasia prévia com restos microscópicos, portanto tumorais, obrigatoriamente, devem ser negativas
o tumor é considerado como estádio III (devido na biópsia de congelação.
à possibilidade de existir tumor viável adjacen- A glândula supra-renal pode ser preservada se o
te ao linfonodo ou além da margem cirúrgica). tumor compromete apenas o lobo inferior do rim.
111 Estadio IV: metástases hematogênicas a distân- a Demarcar as margens da ressecção com clipes
cia (pulmões, fígado, ossos, cérebro e outras), ou de titânio.
metástases para linfonodos além da região abdo- Nefrectomia parcial pode ser aplicável em apro-
minoperineal. ximadamente 10 a 20% dos tumoresde Wilms
a Estádio V: tumores bilaterais ao diagnóstico. Cada após quimioterapia. Critérios de nefrectomia par-
lado deve ser subclassificado separadamente. cial da SlOP:
—-
Cirúrgico: rim funcionante, tumor confinado
a um pólo ou tumor central exofítico, ocupan-
Tratamentos cirúrgica & tlulminteránieo 'do menos que ll3 do rim, sem invasão de veia
E Objetivos do cirurgião: ressecar completamente renal ou sistema coletor, margens livres entre
0 tumor, rim 6 estruturas adjacentes.
o tecido tumoral viável e determinar o estadiamento
cirúrgico. Radiológico; massa única confinada ao rim,
”<

ll Laparotomia transversa supra-umbilical esten- tumor afastado do hilo deixando 2/3 do rim intacto,
dendo-se do flanco (no nível da linha axilar média
no lado do tumor) ao bordo externo do músculo
área de
contatoenvolvimento
pequena, sem
entre o tumor e"rim relativamente
da veia renal.
reto abdominal contralateral (linha axilar ante- Histológico: tumor em pólo superior ou infe—
rior no lado contralateral). Se envolvimento rior, 2/3 restantes dos rins normais, sem inva-
intravascular foi identificado pré-operatoriamente: sãof do sistema coletor ou região hilar.
laparotomia mediana. Esse ponto parece ser dis—
cutível, dependendo da experiência e preferên-
—-
Contra-indicações para nefrectomia parcial: rup—
tura ou biópsia pré—operatória, infiltração tumoral
cia do cirurgião. Se o tumor estiver situado em de estruturas extra-renais, metástases intra-
pólo superior e for muito extenso: incisão tora- abdominais ou linfonodos detectados por exames
coabdominal pode ser necessária. pré-operatórios, trombo na veia renal ou cava,
II 0 rim contralateral deve ser examinado antes da tumor envolvendo mais que 1/3 do rim (pelo
ressecção do tumor primário. A fáscia de Gerota menos 50% do parênquima renal deve ser
e' incisada para que inspeção visual e palpação preservado após ressecção com margem ade—
das superfícies anterior e posterior possam ser quada de tecido normal para que haja alguma
efetuadas. Áreas suspeitas: biópsia ou excisão proteção contra a lesão de hiperfunção), tu—
completa,. se possível. A despeito de investiga- mor multifocal, localização central, envolvimento
ção diagnóstica sofisticada, 7% das lesões bila- calicial, hematúria, pouca experiência em
terais não são observadas pelos exames de imagem nefrectomia parcial.

—?_ . a«
W

pré-operatórios. |:
A utilização da tomografia torácica é controversa
ra Nefrectomia radical e realizada sem contamina- porque lesões não visualizadas em radiografias
_

ção peritoneal. Retirar conjuntamente a fáscia convencionais de tórax (22%), porém detecta-
de Gerota. das na tomografia torácica, são difíceis de inter—
Tumores Renais Primários u63'

pretar, sendo necessária a biópsia para confir— teral, trombo tumoral em cava inferior supra-
mar o diagnóstico. O diagnóstico diferencial deve hepática e intra-atrial. Recomenda, para qual—
ser realizado com áreas de atelectasias ou he— quer paciente com indicação de quimioterapia
morragias, linfonodos intrapulmonares ou granulo— pré—operatória, o estadiamento cirúrgico. Qual—
mas infecciosos. quer paciente sem estadiamento cirúrgico deve
ser considerado estádio Ill (evita subtratamento). i..

'
z
Sabe-se que 10 a 15% dos pacientes com tumor de
n Risco de insuficiência renal pós-nefrectomia é
Wilms apresentam os pulmões como local secundário dependente da administração de quimioterápi-
de depósito da neoplasia (micrometástases hemato-

ovas
cos nef'rotóxicos, irradiação e hiperfiltração dos
gênicas). Quando observadas nas radiografias con— néfrons remanescentes.
vencionais de tórax são denominadas macrometástases. I: A sobrevida global do NWTS e da SIOP é de 80
Algumas só serão visíveis na tomografia torácica
recebendo a denominação minimetástases. A dúvida a 90%.
vigente é saber se a minimetástase comporta-se como Essa dramática melhora na sobrevida deve-se à dis—
uma micro ou macrometástase ou fica entre ambas. ponibilidade de novos agentes quimioterápicos efe-
Dessa controvérsia emanam duas condutas: tivos, ao avanço nos métodos e indicações de irra-
]. NWTS: quimioterapia + radioterapia. diação e melhor técnica cirúrgica. Muitos desses avanços
devem-se aos esforços colaborativos dos grupos co-
2. SIOP: quimioterapia + cirurgia das metástases operativos de câncer pediátrico. 5
residuais (radioterapia só é usada excepcionalmente).
O risco de uma segunda neoplasia no tumor de Wilms
O NWTS argumenta que utilizando a radioterapia tratado com sucesso é de 1,6% em 15 anos após o
há maior número de curas sem recidiva, porém, a SIOP diagnóstico. Isso costuma ser causado pelos agentes
contrapõe que é inaceitável que 50% dos casos de quimioterápicos que inibem a atividade da topoisome-
estádio IV do NWTS recebam irradiação pulmonar rase II (doxorrubicina, actinomicina e etoposide), que
desnecessária. podem ser leucêmicos.
Outra controvérsia que ainda persiste baseia-se nos
efeitos nocivos da radioterapia torácica versus a
cardiotoxicidade das antraciclinas.
Tratamento Pro-11111111111111;
Nas metástases pulmonares difusas é indicada ir— Uma das controvérsias atuais é a indicação de trata-
radiação pulmonar total e quimioterapia. Indica-se mento pré-operatório, utilizado de rotina nos proto-
ressecção pulmonar e quimioterapia em situações es- colos da SIOP (ver Tabela 12.3).
pecíficas de doença pulmonar localizada (nódulos Esse protocolo baseia-se no diagnóstico por ima-
solitários ou pequeno número de metástases), princi- gem, exclusão metabólica do neuroblastoma, combi—
palmente em crianças abaixo dos dois anos de idade nado com quimioterapia pré-operatória. Atualmente,
e com histologia favorável (pulmões são mais susce- esse diagnóstico prévio é correto em mais de 95%
tíveis à toxicidade da irradiação). Preferencialmente, dos esos em geral e em 98,5% em relação a massas
usar ressecções não-regradas, evitando lobectomias benignas, A grande vantagem preconizada é a redu-
e segmentectomias. Também pode ser indicada res— ção do tamanho do tumor e a conseqtiente diminuição
secção para obter tecidos para biópsia, determinar o da ruptura tumoral intra—operatória (que poderia con-
efeito da terapia, ou remover tumor metastática grande verterlum estádio I- em III). Exceto para pacientes
difícil de curar com dose total de irradiação de IZGy. menores de seis meses, o protocolo inclui um período
A incidência de pneumonite intersticial pós-irra- de quatro semanas de quimioterapia prévia (actino-

078- 5— 241 6
diação(126y)é de 8 a 10% com mortalidade de 70%. micina-D e vincristina), seguido por nefrectomia e qui-
Nódulos pulmonares vistos na tomografia compu- mioterapia pós-operatória.
tadorizada de tórax não indicam tratamento com ir— Esse protocolo, ao ocasionar um aumento do número
radiação total do pulmão. de tumores estádio I pós-quimioterapia, resulta em núme-
ro menor de pacientes que vão receber radioterapia adju-
ra Também em metástases hepáticas é aconselhá- vante e quimioterapia pós-operatória mais agressiva.
vel a utilização de ressecções não-regradas, não
1f se justificando ressecções extensas e mutilantes.
Em nosso serviço, temos utilizado a biópsia do tumor
com agulha grossa (Tru—cut), algumas vezes orienta—
111“. O NWTS recomenda nefrectomia primária para
confirmar diagnóstico, determinar o grupo de risco
da por ultra-sonografia e quimioterapia pré—operató-
Íria. Essa conduta tem sido adotada e preconizada há
,.? histológico e definir o estádio. A SIOP recomenda muitos anos pelo Dr. Carbonera.
quimioterapia prévia para reduzir o tamanho do
tumor, diminuir a neovascularização, a incidên-
cia de ruptura transoperatória e a necessidade Nefroblastoma intravascular
de irradiação pós-operatória. n: Prevalência: 4 a 10% dos pacientes com tumor .-

51".? .,

=|
O NWTS permite quimioterapia pré—operatória: de Wilms.
tumores volumosos, irressecáveis, tumor em rim r.! Extensão em veia cava ou átrio: 4 a 5% (61%
único, tumor em rim em ferradura, doença bila- infra-hepático, 18% intra-hepático e 21% atrial).

' — * =”
”'
“"sz
64 I Tumores

I Sobrevida dos pacientes com extensão em cava Recomendações do NWTS para a doença bilateral
ou átrio não é diferente das lesões intra-renais. (Fig. 12.5):
Têm valor prognóstico o estádio e a histologia.
II 0 envolvimento da veia cava inferior é mais comum a: Exposição transabdominal ampla.
eu Evitar nefrectomia na laparotomia inicial.
no tumor de Wilms direito (60 a 85%), prova- n Biópsia excisional ou nefrectomia parcial & apro-
velmente porque a veia renal direita é mais curta. priada se 2/3 ou mais do parênquima renal total
ta Quadro clínico: tumor abdominal, circulação cola- puderem ser preservados, com margens negativas.
teral cutânea, hematúria macroscópica (30%), vari- I Biópsias devem ser obtidas de qualquer pequena
cocele, hepatomegalia, algumas vezes insuficiência lesão presente nos rins.
cardíaca. IBiopsiar linfonodos (hilares, para—aórticos e para-
9 Diagnóstico: eco-Doppler, ecocardiografia, veno-
cavografia e RNM.
cava) para estadiamento.
I Quimioterapia deve ser indicada conforme o
O diagnóstico pré-operatório é o ideal pela pos- estadiamento da lesão unilateral mais avançada.
sibilidade de realizar quimioterapia pré-opera- IReexploração cirúrgica (second-look procedure)
tória. está indicada em 5 a 12 semanas mais tarde para
Quimioterapia preconizada: actinonºncma D tentar remover todo o tumor viável.
vincristina semanal e adriamicina a cada três se- INefrectomia parcial e excisão parcial são reco-
manas.

G L E‘ S ' Z VI Q
mendadas se todo tumdr puder ser removido.
Esse esquema é mantido até o tumor ficar res- Indicações de nefrectomia parcial: tumor polar,
secável. Tratamento quimioterápico pós-opera- pequeno e bem definido, sem invasão da cápsu—
tório deve ser continuado. la, sem invasão de vasos e linfonodos, margens
I Diagnóstico operatório e tratamento.
livres na congelação.
- Trombo tumoral em cava infra-hepática: cavo- INefrectomia é evitada na reexploração cirúrgica
tomia com remoção do trombo por sucção (tipo se a excisão de todo tumor não for possível. Nesse
flutuante) ou extração com Foley ou Fogarty caso, a quimioterapia e reassumida, a radioterapia
(tipo aderente à parede do vaso). Se existe in- iniciada e nova reexploração cirúrgica e plane-
filtração neoplásica da parede, pode ser ne- jada. Nessa terceira laparotomia, tratamento ci-
cessária ressecção parcial da parede da cava rúrgico definitivo deve ser realizado, desde a
com reparo primário ou biópsia + quimiote— remoção de tumores residuais até a nefrectomia
rapia + nefrectomia posterior. bilateral com diálise e transplante posterior.

Trombo tumoral intra ou supra-hepático: biópsia
+ quimioterapia + nefrectomia no 2º tempo.
I Nos pacientes com histologia desfavorável, qui-
mioterapia mais agressiva e radioterapia devem
A exposição da cava inferior retro-hepática deve ser usadas desde o início
ser feita por incisão toracoabdominal ou pela ”Ma nefrectomia bilateral deve ser_ evitada ao máxi-
A
porção membranosa do diafragma. A cava e mo, pois o transplante renal está associado a alta
isolada .e ocluida junto ao átrio e o trombo é
removido por cavotomia infra-hepática.
taxa de recidiva nos dois
secção. primeiros anos pós—res-
Extensão atrial: remoção tumoral com circulação ”
IRecorrência local éidefinida como aquela no leito
extracorpórea, parada cardíaca e hipotermia e tumoral regional", retroperitõilio, ou dentro da
acesso por laparotomia mediana e esternotomia cavidade abdominal ou pelve. Fatores preditivos
mediana. de recarrência: estádio III, histologia desfavo-
rável (especialmente anaplasia difusa) e conta-
Tumor ue Wilms Bilateral minação tumoral durante a cirurgia.
I Prevalência do tumor de Mims bilateral sincrônico: Regimes quimioterápicos em pulsos caracterizam-
5 a 7%. se pela administração simultânea de agentes com
u Predisposição sexual: 2F: 1M. intervalos mais frequentes, com o objetivo de dimi—
I Anomalias congênitas associadas: hemi—hiper— nuir o número de visitas hospitalares e diminuição
trofia, anomalias geniturinãrias, aniridia. de custos. Produzem menor toxicidade hematogêni—
I Envolvimento multicêntrico (restos nefrogênicos ca, sendo maior a intensidade da dose do agente
e/ou nefroblastomatose) em um ou ambos os rins administrado. Exemplo: actinomicina-D usa 45ug/kg,
e comum (60%). dose única, e antigamente era usada com dose de
a A prevalência de histologia desfavorável (anaplasia) lSug/kg/dia, por cinco dias.
6 similar ao unilateral (5%). O maior tumor não
necessariamente contém o tipo histológico des- Tumor ue Wilms nuanláslen
favorável. Histologia discordante, favorável em
um lado e desfavorável no outro, está presente A anaplasia pode ocorrer em qualquer um dos três
em 40%. componentes tumorais e pode ser focal ou difusa.
Tumores Renais Primários l
.65

TW bilateral

Biópsia bilateral

Quimioterapia

Excisões em cunha Todo tumor removlvel


bilaterais ou <— Sim <— Maioria do parênquima
nefrectoinias parciais renal preservável

Quimioterapia (estadiamento
cirúrgico de ambos os rins)
Estádio I, II: VA
Estádio III, IV: VDA
Anaplásico: EQ Todo tumor removlvel, ao menos
do rim menos envolvido. Rim com
preservação funcional
i.
Sim

Nefrectomia parcial ou
excisão em cunha do rim

l
Biópsia bilateral
menos envolvido
Nefrectomía radical do rim
'

mais extensamente
Reptir clo

l
comprometido
Quimioterapla
Third-lok

+, (radioterapia)

Quimioterapia Se impossível prgservação,


podem ser negassários ,u- _
.
nefrectomia total bilateral
+
transplante renal‘ l
,. 1
.—
Figura 12.5 — Protocolo de tratamento de tumor de Wilms bilateral sincr'õnico
corn base no NWT5G. EQ = (e?q:uema quádru-
plo) vincristina, doxorrubicina. ciclofosfamida, etapcside; TW :Tumor de Wilms; VA = actinomicina + vincristina; VDA = acti-
nomicina + víncristina + doxorrubícina.

978— 5- 241 6

A QT pré-operatória não altera, não produz anapla- :: Anaplasia é sinal de resistência ao tratamento
sia e torna mais fácil o reconhecimento de áreas com quimioterápico e não de agressividade biológica.
anaplasia, pois as outras áreas circunvizinhas costu- is Anaplasia é definida pela presença de núcleos
mam ser destruídas pela QT. polipóides marcadamente aumentados denn—o de
A anaplasia focal apresenta o mesmo prognóstico uma amostra tumoral. Apresenta três critérios
dos tumores sem anaplasia. Isso é verdade somente citológicos básicos.
para o estádio 1.
É rara em crianças menores de dois anos de idade.

Núcleos três ou mais vezes maiores do que os
das células adjacentes.

El
A anaplasia nunca ocorre antes dos primeiros Hipercromasia nuclear, evidenciando conteú-
seis meses de idade, raramente entre 6 a 12 meses do aumentado de cromatina.
(1 a 2%). A idade média ao diagnóstico é de 61 --Presença de mitoses tri/multipolares.
meses e mais de 50% das crianças são maiores Em um fragmento pequeno de biópsia, a presença
de 5 anos. de uma única mitose multipolar em uma célula com
Bl Prevalência de anaplasia: 5%. núcleo gigante é suficiente para estabelecem diagnóstico.
66 ! Tumores

u Características da anaplasia: idade diagnóstica


é mais tardia (aproximadamente cinco anos), o
prognóstico é pobre, principalmente se recon-ente. A Anaplasia não localizada
n Maior incidência de metástases em linfonodos
(30%) quando comparados com os de histologia
favorável ( 16%). !! Anaplasia localizada com intensa
inquietação nuclear
I Características patológicas associadas a prognós-
º 2

tico adverso.
—- c _, Anaplasia externa a cápsula do
ª

Tecido anaplásico em sítios extra-renais (linfo- .—


tumor ou metástases
nodos e seio renal).
35140,

— primário.
Padrão predominante de blastema no tumor
D Biópsia ao acaso revela anaplasia
IA definição topográfica de anaplasia focal é fun-
damental, sendo necessário, portanto, que o pa—
tologista documente o exato local de cada corte
realizado. Figura 12.7 — Caracterlsticas histológicas e anatômicas da
Características topográficas da anaplasia focal: anaplasia difusa.

I Alterações nucleares anaplãsicas estão confina-


das a um ou mais de um discreto foco dentro do
tumor intra-renal primário. Anaplasia nuclear focal com atipias celulares
1a
IAusência de qualquer extensão tumoral além da intensas (inquietação nuclear) em outras locali-
cápsula tumoral original. zações do tumor dentro do rim.
INenhuma evidência de atipia nuclear marcada E Anaplasia não claramente demarcada do tumor

L'SQWZÇG
em qualquer região do tumor. Se mais de um foco não-anaplásico.
estiver presente, cada um deverá ser circundado IAnaplasia presente na biópsia ou em outra re-
em todos os seus lados por tumor não—anaplásico. presentação incompleta da neoplasia (Fig. 12.7).
IEm peças de nefrectomia de pacientes previa» Tratamento: Tabelas 12.1 a 12.3.
meme tratados, a anaplasia deve ser confinada a
um discreto foco dentro do tumor primário ori-
ginal, circundado por células tumorais sem anapla— Netrohlastomamse
sia ou necróticas. Identifica—se área bem demarcada I Sinônimo: restos nefrogênicos.
de anaplasia sem inquietude celulªr!—no rÉs'tante Çonceitoz pequenos focos difusos de tecido meta—
(Fig. 12.6). ne‘frico (blastema nefrogênico) anormalmente
Características da anaplasia difusa: persistentes no rim após a 36E semana de gesta-
ção. São lesões consideradas pré-malignas.
IAnaplasia não localizada e/ou além da cápsula E Classificaçãº? perilobar e intralobar,
".)

tumoral original. II Essas lesões )são observadas em 25 a 40% dos


ICélulas anaplásicas em vasos intra ou extra-re-
rins de crianças qom tumor de Wilms.
nais, seio renal, locais de transposição capsular, IEm quase todosos tumores fie Wilms bilaterais
ou em metástases. sincrônicos são encontrados restos nefrogênicos."
ISe nefroblastomatose for descoberta inciden—

taln'iente em uma criança sem tumor de Wilms,


o risco de"desenvolvimento subsequente é de 1%. -
Anaplasia e bem localizada dentro do tumor m Lesão intralobar (lesão situada profundamente
primário, sem atipia nuclear marcante ou
mltótica no restante da lesão no córtex ou medula): presente em síndromes
associadas a deleções ou mutações do gene WTI ,
no braço curto do cromossomo ll. Lesão pre-
cursora usual em pacientes com o complexo WAGR,
sindrome de Denys-Drash e aniridia. Ocorrem
em crianças mais jovens ao diagnóstico.
Extensão ou Lesão perilobar (lesão situada no córtex peri-
metástases
férico ou colunas de Bertin):mais comum nos
rins dos pacientes com síndrome Beckwith-
Wiedemann ou hemi-hipertrofia. São geralmente
numerosas.
:Tumor primário n Na ressecção de tumor unilateral, deve ser rea—
lizada biópsia ou excisão conservadora se nó-
Figura 12.6 —- Caracteristicas histológicas e anatômicas da dulos de nefroblastomatose forem observados no
anaplasia focal. rim contralateral.
Tumores Renais Primários l
67


TABELA 12.1 Protocolo de tratamento - NTWSG-4
ESTÁDIO HISTOLOGIA CIRURGIA RADIOTERAPIA QUIMIOTERAPIA
] Favorável e desfavorável Nefrectomia Não Actinomicina, vincristina. de 18
(anaplasia) semanas a 6 meses
ll Favorável Nefrectomia Não Actinomicina e vincristina. de 6

z
a 15 meses
lll e tv. Favorável Nefrectomia III —> 10,8Gy no abdome Actinomicina, vincristina &

ovâzis
IV —) 12,06y no tórax doxorrubicina, de 6 a 15 meses
||, III, IV Desfavorável (anaplasia) Nefrectomia 10,86y no abdome Actinomicína, vincristína
e doxorrubicina ou
Actinomicina, vincristina,
doxorrubicina e ciclofosfamida,
durante 15 meses

1: Se focos de nefroblastomatose forem observados de Vida, 60% nos primeiros meses e acima de 90%
no exame histopatológico do rim removido (isso são diagnosticados no primeiro ano de Vida.
indica maior risco de desenvolvimento de tumor ui Predisposição sexual: 1 a 1,8M:1F.
de Wilms no rim remanescente) estará indicada a Histologicamente é dividido em três grupos:
a realização de ultra—sonografia abdominal a cada classico, celular e misto.
3 a 4 meses até o paciente completar oito anos Alguns são detectados pela ultra-sonografia pré-
de idade, pois o risco de tumor metacrônico, nesses natal.
casos, é de 5 a 16%. n Quadro clínico: massa renal assintomática. Hi—
1: Rins maciçamente infiltrados por nefroblasto- percalcemia pode ser encontrada pela produção
matose (nefromegalia) devem ser submetidos à de prostaglandina E pelas células tumorais. Pode
quimioterapia. haver hipertensão arterial com ou sem insuficiência
cardíaca por hiper—reninismo.
Netroma HBSUIIIÉSÍÍINI Gilllgêllim Macroscopia: ao corte, os clássicos têm uma apa-
rência áspera, similar à neoplasia miomatosa e
a Tumor renal mais comum nos três primeiros meses . fibromatosa. Semelhança com fibromatose infantil,
de vida e segundo tumor mais comum no periodo tanto histológica como biológica (Fig. 12.8). Os
neonatal (só ultrapassado pelo teratoma sacro— celulares são mais amolecidos e carnosos. He-
coccígeo). orragia, necrosee degeneração cística são evi-
l:Tumor considerado de baixo risco (conformeaSIOP).
n Prevalência: 3 a5% dos tumores renais na criança. gentes e pode ocorrer extensão através da cáp-
sula para tecidos perirrenais (tecido peri«hilar e
:! Média de idade: dois a três meses. Vinte e cinco fáscia perirrenal) através de projeções digitiformes
por cento são identificados nos primeiros três dias características. ;

TABELA 12.2 - Protocolo de tratamento pós-nefrectomia radical - NWTSG-S !

978— 1 5- 24
'
GRUPOS DE RISCOS ESTÁDIO E HISTOLOGIA IRRADIAÇÃO QUIMIOTERAPIA
l

Baixo I— II HF e l - anaplasia Não VA


HF” Não Não
~675-

|
intermediário Ill — IV HF e II — IV com anaplasia focal 10.8Gyª' . VDA
Alto ll - IV com anaplasia difusa e sarcoma de células claras Sim EQ
I- IV com tumor rabdóide Sim RTK
"= pacientes menores de dois anos de idade; tumores com menos de SSOgde'peso.
EQ: (esquema quádruplo) = vlncrlstina, ” ' ir ' ' ' '( HF: ª' ' ' favorável; RTK::iclofostamlda. etoposlde,
carboplatina; VA = dactinornicina, vincristina intensiva em pulso (13 semanas): VDA :dactinomlclna. vincristina, doxorrubicina Intensiva em pulso (24
semanas).
Irradiação é administrada em todos os pacientes com anaplasia focal/difusa (exceto no estádio l). sarcoma de células claras e tumor rabdóide.
Nº estádio (V e com histologia favorável, a irradiação e baseada no estágio tumoral local; se houver metástases pulmonares irradiar com IZGy em ambos
os pulmões. '
Antraciclinas(neaose
podem causar <a ' ' '
com “ "" cardlaca. A ‘ J
lnclul '
‘ '
" '' no músculo
cardiaco e fibrose), função cardlaca ** ' e' ' ' cardiaca Adose- ' ' ‘ :. com doxnrrubicina
é de 400—500mg/m' e ªtinge 5% dos pacientes. Os riscos são maiores quando aspenos como radiação medlastinal. menora idªde e sexo femlnlno integrarem
'

:: quadro cllnlco.
V = vincristina: |,Smg/m'lsemanal (Ix), IV.
A = actinamicin D: Hug/K dose única, IV.
D :doxorrubidna: 45mg/m [dose única. IV.
Pªcíentu do NWTS-5 no estádio I e com anaplasia focal ou difusa foram tratados com vincristina e dactlnomidna. Resultados preliminares têm mostrado
sobrevida menor e, provavelrnente, íuturos estudos deverão adicionar doxorrubiclna e radioterapia à terapia desses pacientes.
68 a Tumores

TABELA 12.3 Tratamento preconizado pela Societé Internationale d'Oncologie Pediatrique


-
ESTADIO DA DOENÇA QUIMIOTERAPIA RADIOTERAPIA
Estádio l, histologia de baixo risco Não Nenhuma
Estádio l, risco intermediário ou anaplasia AMD, VCR Nenhuma
Estédio I, alto risco AMD, VCR, antraciclina Nenhuma
Estádio ll, N0, risco baixo e intermediário AMD, VCR, antraciclina Nenhuma
Estádio ll, N1, risco baixo e intermediário AMD. VCR, antraciclina lSGy
Estádio Ill, risco baixo e intermediário AMD, VCR, antraciclina lSGy
Estádios II e lll, histologia de alto risco Pré-operatório: AMD, VCR
Pós-operatório: CARBO. VP16, IFO, EPI ZSGy
Estádio lV Pré-operatório: AMD, VCR, antraclclina
Pós-operatório: mesmo do anterior ZSGy
_
Grupos de risco são definidos pela de necrose ” no tumor ,ª Ver grupos de risco na rlassificação da SIOP.
AMD:actinomicina; CARRO = DOX = ' ina, EPI : '” lFO :' ' N0 = sem “ «. ,. 'ª N1 = cam
linfonodos comprometidos; VCR = vincristina.

e Microscopia: subdividido em três tipos —> clás- 111 Tratamento: nefrectomia radical cuidadosa, as-

6 L 9' S - Z W
sico (24%), celular (66%) e misto (10%). Todos segurando ampla margem de tecido não-envol—
apresentam padrão de crescimento infiltrativo. vido. Patologistas devem documentar margens
O tipo celular tem maior densidade celular, maior livres de ressecção. Ressecar fáscia perirrenal e
imaturidade celular, maior taxa de mitoses, maior ne, tecidos peri-hilares.
crose e 70% das recorrências devem-se ao tipo ce- n Indicações de quimioterapia: doença residual,
lular, principalmente as metastáticas. margens positivas, ruptura tumoral, celularidadc
No tipo clássico há sempre infiltração do parên— em crianças maiores de três meses (controver-
quima renal com indistinta separação entre o tumor so). Tratar como estádio I HF (histologia favo—
e o rim. Composto por células fusiformes, de forma rável).
espiralada, com túbulos renais aprisionados den- m Recorrência local ou metástases pulmonares: tra-
tro do tumor, assemelhando—se a tibromatose in- tar como HD (histologia desfavorável) com acti-
fantil ou leiomioma. Hemorragia, necrose e cistos nomicina, ciclofosfamida e doxorrubicina (tera-
não são usuais. pêutica para sarcomas).
u Tipo celular tem tendência à metástase, a sofrer Fallaw-up dos tumores com fatores preditivos de
ruptura transoperatória (20%), ou a recorrer lo- recorrência: ultra«sonografia abdominal mensal,
calmente. Esse tipo celular tem consistência mole, radiografia de tórax a cada três meses, durante
aspecto suculento, alta celularidade, numerosas
mitoses, células apoptóticas e necrose. Asseme-
no minimo12 moses, e após com
intervalos maiores.
lha-se ao fibrossarcoma infantil.
Esse tipo está geneticamente relacionado à trans- Tumºres nenals cistlcos .
locação cromossômicat (l2;15) (p13;q25), ini-
cialmente descoberta no fibrossarcoma infantil.
, São lesões ne'bpláâicas com
exclusão dos cistos
renais de origem displásica.“
IRecorrência local tem íntima relação com com- ut Critérios microscópicos.
prometimento das margens cirúrgicas, ruptura pré-
operatória ou ressecção incompleta.
- LeSão composta inteiramente de cistos e seus
septos.
u Infiltrações do seio renal e do ureter são vistas
frequentemente.
—- renal.
Lesão bem demarcada do resto do parênquima

-— Nenhuma
septos.
outra porção sólida, à exceção dos

Classificação. ,

--Lesões císticas contendo somente elementos


maturos nos septos = cisto multilocular (nefroma
cístico).
—- Lesões císticas contendo elementos imaturos
mesenquimais nos septos nefroblastoma cís-
:

tico parcialmente diferenciado (NCPD).


Parece que essas duas lesões estão intimamente
relacionadas. sendo denominada de NCPD
quando se constata a presença de ilhas de
Figura 12.8 — Superficie interna de nefroma mesoblástico blastema na parede dos mistos. A maioria das
clássico com seu aspecto fibróide. vezes é muito difícil distingui—las, mas isso não

x._ of». :
Tumores Renais Primários I
69

é clinicamente importante, pois o tratamento é !! Microscopia: elemento predominante é o mús—


o mesmo. culo esquelético com fibroblastos, colágeno e tecido
11! Tumor cistico renal com elementos imaturos no conen'vo frouxo presente entre as fibras musculares.
septo: prevalência: 2,4% dos tumores renais na Existe uma gradual transição de células imatu-
criança; média de idade: menos de 2 anos. ras para músculo esquelético fetal com estriações
Podem causar recidiva local. cruzadas distintas. A microscopia eletrônica mostra
1.1 Diagnóstico diferencial dos tumores renais císticos: rabdomioblastos com miofibrilas contendo bandas
sarcoma de células claras e nefroma mesoblástico. Z desenvolvidas. No parênquima renal, identi—
u Essas lesões císticas renais, quando acompanhadas fica-se blastema renal nodular.
de áreas sólidas de tumor de Wilms clássico dentro Apresentam maior taxa de recorrência e são mais
ou adjacente à lesão cística, são consideradas como resistentes à quimioterapia, porém apresentam
tumor de Wilms. Corresponde a um tumor de Wilms melhor prognóstico que o tumor de Wilms clás-
com componente multicístico proeminente ou um sico (pela ausência ou quantidade insignificante
nefroblastoma incidental crescendo dentro ou de epitélio neoplásico).
adjacente ao clássico nefroma cístico multilocular.
to Não causam metástases. Têm bom prognóstico. Tumor de Wilms Extra-renal
121 Parece que os tecidos indiferenciados imaturos
IO'diagnóstico de Wilms extra,-[renal deve excluir
metanefroblásticos estão contidos dentro dos sep—
tos e não refletem a agressividade de um tumor tumor intra—renal primário com metástases se-
cundárias extra-renais.
de Wilms sólido. Tratau como Wilms de histologia IExtremamente raro.
favorável.
n Cresce do blastema metanéfrico heterotópico.
Apresentação clínica não é específica, dependendo
Nelroltlastoma completamente “061011130 da sua localização.
n Localizações variadas: região inguinal, colo ute-
Existe uma relação entre a porcentagem de altera- rino, útero, epidídimo, ovário, testículo, tórax e
ções secundárias à QT e o prognóstico dos nefroblas-
retroperitônio.
tomas. Aqueles completamente necrótícos (conforme n Segue a mesma orientação terapêutica do tumor
a SIOP) apresentam excelente prognóstico com sobrevida de Wilms renal.
de 100% em todos os estádios.
Critérios histológicos:
xa Ausência de tumor viável macro ou microscópi-
- Tumor [IE Wi :: Teratoma
co após exame de, pelo menos, um bloco por cmº. Variante histológica rara que contém, no mínimo, 50%
nr Presença de alterações regressivas e/ou necrose de componentesheterólogos (adiposo, glial muscu-
secundárias à QT. lar, ca ilaginosp e Ósseo) em toda a neoplasia. Não
costumam ser responsivos a quimioterapia e radiote-
rapia, são muitas vezes bilaterais :: costumam ter bom
leironlastoma nahuamtomanso retal prognóstico. A reduzida ‘quimio e radiossênsibilidade
:: Variante mesenquimal monofásica, rara do tumor é atribuída ao grande número de tecidos diferencia-
de \Vllms. dos presentes no tumor. A patogênese éirinda desco-
a Característica: predominância monofásica de nhecida. Parece que o tumor se origina em uma fase
músculo estriado fetal, com estriações distintas muito precoce da diferenciação do blastema renal.
e núcleo central. Tecidos epiteliais, mesenquimais e neurais se origi-
o A presença de libras de músculo esquelético pode nariam de células totipotenciais do primitivo blastema
ocorrer no tumor de Wilms clássico, mas costu- metanéfrico.
O tumor pode estender—se para o interior da pelve
mam estar dispersas entre outras células tumorais.
E! Mais comuns em crianças menores de um ano renal, causando obstrução ureteral, insuficiência re-
de idade. nal e hipertensão arterial.
978—5-2416

Leve predominância no sexo masculino. O aspecto botrióide pode ser encontrado essencial-
Macroscopia: tumores grandes (maiores do que mente nos tumores bilaterais.
= o tumor de Wilms clássico), frequentemente bi- Apresenta tendência a intensas aderências fibro—
laterais (ll3 dos casos), bem encapsulados, fibrosos sas aos tecidos circunvizinhos.
com consistência dura (pela predominância de
músculo esquelético e ausência ou pequena pre- Follow-uu tit! Tumor Elª Wilms
sença de áreas de necrose ou hemorragia), com a Estádios I e II: radiografia de tórax em seis se-
nódulos projetando—se além da cápsula e tornando manas, três meses, de três em três meses até 18
aressecção completa difícil. São menos agressivos meses, de seis em seis meses até três anos e
do que os tumores de Wilms clássicos. anualmente até cinco anos.

_,
u
70 I Tumores

n Estádio III: além de radiografia de tórax: radio— central do rim. Aparência macroscópica pode


grafia de abdome e ultra-sonografia abdominal. assemelhanse a cisto multilocular do rim.
I Estádio IV com metástases pulmonares: radiogra- Variantes do padrão clássico: esclerosante, pa—
fias de tórax repetidas com seis semanas de intervalo liçada, epitelióide, mixóide, pericitomatoso, fu,—
2

até que as metástases pulmonares não sejam mais siforme, cístico e pleomórfico (anaplásico).
ES
giro

visíveis por um mínimo de nove meses e, após, I Metastases: ósseas, 23%; cérebro, 17%; linfo—
de três em três meses por 15 meses, seguindo

Ms
nodos, pulmões, fígado, tecidos moles, músculos,
esquema dos estádios I a III. testículos, glândulas salivares,
IToda criança com aniridia esporádica, ou hemi—
n Investigação diagnóstica: ultra—sonografia, tomo—
hipertrofia, ou síndrome de Beckwith-Wiedemann grafia computadorizada abdominal, radiografia
deve submeter-se a exame físico, EQU e ultra- de tórax, RNM de cérebro, cintilografia óssea e
sonografia abdominal a cada três meses, durante seriografia óssea metastática.
os primeiros dois anos de vida, e a cada seis meses Imunoistoquímica: pode ser positiva para & vimen—
até a idade de dez anos. tina, lectinas, oc- 1-antiqulmotripsina. Negativo para \o
«|

desmina, queratina, antígeno membrano-epitelial ou °.°


Fatores Prounúsucos (EMA) e actina músculo-específica (MAS). ª."
q
N
Il Citometria de fluxo: tumor diplóide com baixa É
Os dois principais fatores prognósticos conhecidos e fração proliferativa. ' $i
estabelecidos são a histologia e o estadiamento do «:

tumor. u Prognóstico: mortalidade atualmente diminuiu ª!l »:


de 70% para 30 a 40%. Sobrevida de dois anos:
Histologia favorável:
39 a 49%.
ln Clássico trifásico: 90% apresentam histologia tri- at Follow—up: radiografias de tórax seriadas, RNM
fásica. cerebral bi—anual, e cintilografia óssea pelo me—
!: Variantes.
nos por Cinco anos após o termino do tratamen-
- Nefroblastoma
ciado.
cistico parcialmente diferen- to, pois costuma apresentar recidiva tardia.

—- oNefroma mesoblástico congênito, principalmente


tipo padrão histológico clássico. TIIMIIII 111130011]!
— Nefroblastoma rabdomiomatoso fetal.
Histologia desfavorável:
|::
O nome é decorrente da presença de citoplasma
intensamente acidofi'lico, imitando rabdomio—
blastos, mas não se relacionando a células mio—
IAnaplasia nos estádios II, III, IV e V. gênicas.
Estadiamento: IMenos comum, mas o mais letal.
ICorresponde a 2% dos tumores renais.
I Doença difusa tem pior sobrevida. ª I Neopltisia das crianças pequenas. Média de idade:
11 a 15 meses.”0itenta por cento têm menos de
snnconn BE chums cums dois anos de idade e 90% menos de três anos.
Raramente pode apresentar-se em crianças de mais
I Também denominado de tumor renal produtor
de metástase para os ossos.
I Prevalência: 5% dos tumores renais primários.
' idade. ~- "
IDistribuição sexual: 1,5M:1F.
à,

I Média de idade: similar ao de Wilms (entre 2 e a Na apresentação, 80% já estão nos estádios III
3 anos). Muito raro nos primeiros seis meses de e IV.
vida. a Não associados a condições que predispõem ao
I Distribuição sexual: 1,7M:1F. tumor de Wilms ou com restos nefrogênicos.
I Sem associação a defeitos cromossômicos, anor- E Não está associado a síndromes.
malidades genéticas, malformações Congênitas m Hematúria macro e microscópica está presente
e síndromes. em 84% dos casos. Só hematúria microscópica em
Sempre unilateral e unicéntrico. 76% dos casos. *

E comum o padrão cístico. Hipercalcemia é relativamente comum (26%), com


Histologia: espaços císticos são frequentes, he- níveis elevados de hormônio da paratireóide.
morragia e necrose infreqiientes. Em somente 20% !: Febre em 44% dos casos.
dos casos as células apresentam citoplasma cla- Metastases podem ocorrer em múltiplos sítios (lin-
ro. O achado característico é de um padrão vas— fonodos, fígado, cérebro, ossos), mas lesõespul<
cular peculiar de vasos sanguíneos, criando um monares são as mais freqiientes. Metastases de—
padrão alveolar ou trabecular. Índice mitótico senvolvem-se em aproximadamente 80% dos casos.
relativamente baixo. Consistência amolecida, Ia Associação a tumores neuroectodérmicos primi-
aspecto suculento uniforme, bem circunscrito, tivos da região média e posterior da fossa cranial
crescendo nas pirâmides medulares ou região (15%).
Tumores Renais Primários l
71

:: lmunoistoquímica: positividade das células tu— (24%) ou áreas de densidade alta dentro do tu-
morais para vimentina e citoqueratina. Positivi- mor e metástases] e tórax com contraste, cintilo-
dade variável para marcadores neurais, desmina grafia óssea.
e actina. Tratamento: nefroureterectomia radical com lin-
e1 Citometria de fluxo: geralmente diplóide. , fadenectomia regional. Regra da radioterapia e
1:1 Aspecto histológico rabdomiossarcomatoso ou mio- menos clara. Parece estar indicada somente nas

z
blastico. Células tumorais são caracterizadas pelo lesões metastáticas sintomáticas. Em relação à
núcleo excêntrico, nucléolo proeminente e inclusões quimioterapia, nenhum tratamento simples ou

ovôas
citoplasmáticas eosinofi'licas abundantes. combinado provou ser eficiente.
Padrões histopatológicos: Sobrevida nos estádios I e 11: 64 a 80%.
Sobrevida global: 50%.
n Esclerosante: fibroso, osteossarcomatoso, con-
dróide.
:: Epitelióide: trabecular, mucóide, alveolar, estori- TUMOR IIEIIIIDEBTBIIÉIIMIGG I'BIMITlllll Ilº BIM
forme (aspecto floral ou de roda de carreta), pseu- Alguns aspectos do tumor neuroectodérmico primí—
doglandular. tivo do rim (PNET renal) são:
u Fusiforme: fascicular, mixóide, pericitomatoso,
estoriforme, paliçãdico. Doença maligna rara constituída por neoplasia
u Linfomatóide: sólido, histiocitóide. de células pequenas redondas de origem neural
:! Citogenetica. e que cresce fora do cérebro, medula espinhal e
- Relacionado ao cromossomo 22 (q11.2). sistema nervoso simpático. Pode crescer, princi-
palmente, na parede torácica, região para—espi—

-
Translocação: t(1 1;22) e t (18;22) (q21;q1 1.2),
Deleção no cromossomo 22: del (22) (q11-12). nhal e mais raramente em ossos, extremidades e
u Sobrevida: quase zero. trato geniturinário.
Sem predisposição sexual.
a
a! Resistente quimioterapia e à radioterapia.
a: Principalmente em crianças maiores e adultos
jovens.
GIBGIIIIIMR IIE GÉlBllS Billlls [GIBBIIIIMA |:
Macroscopia: grande massa tumoral com áreas
BE GÉlllllS cunts, IllPElIHEHIlIMfl] de hemorragia e necrose.
I! Microscopia: pequenas células escuras arranja-
m Somente 5% ocorrem em crianças. das em cordões, nichos, ou agrupamentos com
a Corresponde a, aproximadamente, 1% de todas ou sem a formação de rosetas ou pseudorrosetas.
as neoplasias malignas do rim em crianças e ado« IInvestigação diagnóstica.
lescentes.
Pico de incidência: nove a dez anos. -— -Imurioistoquímica: forte expressão da enolase
neurônioªespecífica. CD99, vimentina e MICZ
E Sem predisposição sexual,
:! Aproximadamente 50% apresentam tumores loca- :‘(microglobina B2), em que o produto protéico
do gene pseudo-autossômica MICZ torna-se
lizados (estádios I e II). corado por coloração de superfície celular.
:: Sítios mais comuns de metástases: linfonodos,
pulmões, fígado, ossos e mediastino. — ,clonal
Citogenética: costumam apresentar translocação

n Pode estar associado a esclerose tuberosa, doença


tumórais.
nas células A translocação mais «

comum ocorre entre os braços loiigos dos cro-


renal policística dominante autossômica e síndrome mossomos 1 l e 22. O rearranjo ocorre dentro

978- 5 241 6
de von Klippel-Lindau (33 a 50% dos casos). do gene ‘EWS no cromossomo 22 e do gene

' m,
Histopatologia: células epiteliais grandes com ci- FLI-J do cromossomo ll.
toplasma claro disposto em ninhos separados por
septos fibrosos. —Translocação específica mais comum: t (11;22)
demonstrada pela reação de cadeia da polime—
ao Quadro clínico.
—— Dor abdominal ou flanco (30 a 35%).
Hematúria macroscópica (40 a 45%).
rase—transcriptase reversa (RT-PCR). A próxima
translocação mais comum 6: t (21 ;22) que
recombina 0 gene EWS no 22, com o gene ERG
- Presença de massa palpável em flanco. Detectada
em 25% pelos pais e 65% pelo pediatra.
no cromossomo 21.
~ Tomografia computadorizada: é característica
- Tríade clínica clássica (dor abdominal, hematúria
e massa em flanco) é menos freqiiente em
de grande massa não—homogênea pela presen-
ça de áreas de necrose ou hemorragia, contornos
crianças (8 a 14%).
-
,
irregulares .e ausência de calcificações. De—
Outros sintomas: mal—estar (45%), letargia, perda monstra, frequentemente, comprometimento de
de peso, febre, hipertensão (6%). linfonodos e metástases hematogênicas.
ª Invesn'gação diagnóstica: hemograma (anemia, El Mau prognóstico devido à sua agressividade (mais
eritrocitose), hipercalcemia, ultra-sonografia abdo- frequente a penetração em cápsula renal e extensão
minal, tomografia computadorizada de abdome em veia renal) e metástases frequentes e precoces
[imagens sugestivas: presença de calcificações para linfonodos, pulmões, fígado e medula óssea.

” 3 7 ,- .
"W .,
72 II Tumores

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA GREEN, D. M.;THOMAS, P. R.; SHOCHAT, S. The treatment ofWilm's


BLAKELY, M. L.; RITCHEY, M. L. Controversies in the management tumor. Results of the National Wilms‘ Tumor Studies. Hematol.
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[VI/:S'Lõ L'S9
*)

(Ia-.13..
Neuroblastoma n 73

dos os dias no nosso corpo. Quando se acumulam de—


terminadas mutações nos proto-oncogenes ou nos genes
supressores, a célula passa a se multiplicar excessiva-
mente, como se tivesse voltado ao estágio embrionário,

Neuroblastoma mas sem o controle harmonioso que existia nessa fase.


Portanto, os oncogenes são genes mutantes que par—
ticipam da formação de células malignas (Tabela 13.1).
., Mário Rafael Carbonera .
O conteúdo de DNA, analisado pela citometria de
fluxo, remete a dois tipos de índices:
"E? João Alberto P. Grimm IOs neuroblastomas com conteúdo diplóide (45%
de todos os tumores).

S4277—958
:: Os de conteúdo triplóide (55%). Os NB que apre»
'
GOHGEIW sentam amadurecimento espontâneo são quase
O neuroblastoma (NB) é um tumor constituído de células todos de conteúdo triplóide.
chamadas neuroblastos com origem na crista neural A vantagem dos NB triplóides é que se concen-
primordial (gânglios da cadeia látero—vertebral sim- tram nas crianças menores de um ano, mesmo
pática, medula supra—renal e restos embrionários de em estádios avançados, diminuindo sua impor-
Zuckerkandl). Esses tumores foram primeiramente tância nas crianças com mais de dois anos.
descritos por Virchow em 1864 e denominados de n Índice de DNA (DNAi) igual a 1. Tem prognós—
neuroblastomas por Wright em 1910. tico desfavorável.
Índice de DNA (DNAi) igual ou acima de 1,25.
EPIIIEIIIIIILOGIA Tern prognóstico favorável.
IO MYCN é o único oncogene consistentemente
IÉ o tumor sólido mais comum nas crianças com
super-expressado nos neuroblastomas.
menos de um ano nos Estados Unidos da América.
n Quinhentos e vinte e cinco casos novos são obser- A amplificação (aumento do número de cópias
vados por ano nos Estados Unidos da América. de certo gene) do oncogene M YCN é normalmente
111 Prevalência: 8,5 por 1.000.000/ano, menores de localizada na porção distal do braço curto do cro—
15 anos. . mossomo 2 (2p24). A ampliâcaçâo é significa-
a Predisposição sexual: 2M:1F. tiva quando apresenta 10 ou mais cópias de MYCN
Vinte e cinco por cento dos casos são diagnos— por genoma haplóide e se relaciona aos esládios
ticados no primeiro ano de vida. avançados 3 e 4 (31%), contra apenas 4% dos
a Cinquenta por cento até os 2 anos de idade (pico estádiosªl e 2 e 8% dos estádios 4S, significan-
de frequência) e 90% até os 8 anos. d rápida progressão do tumor e prognóstico ruim.
A amplificação do MYCN ocorre em aproxima-
damente 25% dos tumores primários e está alta-
EMBBIIllllEIII mente associada a deleção do cromossomo 1 . Essa
Os neuroblastomas são oriundos das simpatogônias, amplificação resulta em elevado Índice de men-
células indiferenciadas da crista neural, que originam sa'gem (mRNA: ácido ribonucleico mensagei-
a medula supra-renal e todos os gânglios simpáticos. ro) e uma alta expressão protéica (importante na
Os neuroblastos são identificados no feto com sete proliferação celular e no ciclo celular). A am-
semanas e vão formando nódulos neuroblãsticos até plificação do MYCN é um indicativo de falha de
a 12' semana, aumentando de tamanho e número até a tratamento, independentemente de outros mar-
l7E semana. cadores.
_Íuc—v
O neuroblastoma in sim está presente em 100% IAlterações cromossômicas adquiridas, modifi—
dos fetos na medula supra—renal entre a 17' e 20! cações somáticas.
semana. O neuroblastoma in siru regride com a dife—
renciação celular, sendo mediado por fatores de cres— -—Por perda ou deleção de material genético.
' lp36: 19% a 36%.
cimento (FCN) e seu receptor (proto-220ncogene TrK).
' 11q23: 40% a 45%.
' 14q32: 20% a 25%.
BIGLBGIII “Hill“ E Iflllfllllllfi
Os proto-oncogenes são os genes que ativam a divisão -
. Deleções em outras regiões (3p, 4p, 5p, 9p, 18g).
Por ganho de material genético.
das células normais e os genes supressores são aque- ' Amplificação do MYCN: 20 a 25%:
les que se opõem à ação dos proto—oncogenes, blo- A deleção de material genético no braço curto do
queando o processo de divisão celular. A ação regulada cromossomo 1 sugere que ele contém um gene supressor
entre esses dois grupos de genes mantém o equilíbrio“ importante na tumorigênese do neuroblastoma, pois
entre o número de células que nascem e morrem to- o oncogene MYCN está situado no cromossomo 2.
74 a Tumores

As deleções da porção distal do cromossomo 1 de TrKC associam—se a neuroblastomas de prognós-


ocorrem na região lp36, sendo encontradas em 19% tico favorável.
a 36% dos casos e vistas em pacientes com estádios
avançados, de pior evolução.
As perdas da LOH (perda da heterozigose) podem EIIIII'GSSãlI IIIÍIIIIIaIIG 11a Telomerase
ocorrer tanto no braço curto quanto no braço longo Pacientes portadores de neuroblastoma com nenhu-
do cromossomo ll. ma atividade da telomerase (enzima que atua na ex—
Aproximadamente metade dos pacientes tem o tremidade do cromossomo evitando o desgaste do
cromossomo l 1 inalterado, a outra metade tem deleções telômero) apresentam um excelente prognóstico. Os
de dois padrões: com elevada atividade da telomerase (a maioria está
lPadrão com monossomia (deleção de todo cro- associada à amplificação do MYCN) apresentam um

L'SQIVZ‘586
mossomo). prognóstico ruim.
I Padrão com deleção do braço longo do cromos—
somo 11 (l lq), com conservação da heterozigo— 985133883
se no braço curto.
As caspases são enzimas proteolíticas responsáveis
No braço longo do cromossomo l l, a região da dele— pela execução do sinal apoptótico.
ção é identificada no loco 23.3 (11q23.3). A deleção A caspase 8 é uma protea ,ª sérica localizada no
11q23 é encontrada na metade de todos os pacientes loco 2q23, sendo a chave para alsinalização da apoptose
com neuroblastoma e tem uma correlação inversa com celular (morte celular programada como parte de um
a amplificação do MYCN. processo normal), sendo os genes BCLZ e BCLX, por
A perda da heterozigose (LOH) no 14q32 ocorre meio de suas proteínas intracelulares, necessários à
em 20 a 25% dos casos. efetivação do sinal apoptótico.
111 Genes relacionados ao fenótipo de resistência a

Eunressão Ila nocentores Neurotrúnicls múltiplas drogas (MDR1 -gene de múltipla resis-
tência a drogas e MRP—gene da proteína relacio-
As células de Schwann estão presentes nos neuroblas- nada a múltipla resistência a drogas) são vistos
tomas mais diferenciados e vários fatores neurotrópicos em estádios avançados. A expressão de altos níveis
estão envolvidos no processo de maturação neuronal. de MRP (% independente da expressão do M Y CN,
Três receptores da tirosina-quinase associados a tais TrKA e estádios. São genes que propiciam re-
fatores foram identificados: TrKA/NGF (nerve growth sistência às drogas quimioterápicas por meio da
factor), TrKB/BDNF (brain derived neurormphicfactor) P-glicoproteína.
e TrKC/NT-3 (neurotrophín—3). 111 Genes relacionados a invasão e metástases NM23,
Os neuroblastomas com amplificação do MYCN (mau ,\ NMEI‘e CD44. A expressão elevada da glicopro-
prognóstico) têm níveis reduzidos ou indetectáveis 1
teína €D44, que e uma proteína da superfície
de expressão de TrKA. Os neuroblastomas com estã— celular e que influencia a adesão celular, é in-
dios limitados e ausência de amplificação de MYCN Versamente correlacionada à amplificação do
(born prognóstico) têm altos níveis de TrKA. M YCN e estáiassoc'ada aos neuroblastomas mais
As expressões elevadas de TrKB associam-se a
neuroblastomas de prognóstico desfavorável, com
' diferenciados e de “melhor prognóstico.
I Grupos favoráveis,
estádios avançados do tumor. As expressões elevadas — Carjótipos triplóides.

TABELA 13.1 —Tipos de prognóstico com base nos dados clinicos e biológicos mais relevantes
ACHADO TIPO 1 TIPO 2A TIPO ZB
MYCN Normal Normal Amplificado
DNAi Hlperploide Diplóíde Dipléide -
Triploide Tetraplóíde TetrapIóide
Ganho 17q Raro Comum Comum
liq, 14q, LOH Raro Comum Raro
1p LOH Raro Incomum Comum
«Expressão TrkA Alta Baixa ou ausente Baixa ou ausente
Expressão TrkB Truncado (faItando Baixa ou ausente Alta
tirosinacinase)
Expressão TrkC Alta Baixa ou ausente Baixa ou ausente
Idade Geralmente < 1 ano Geralmente > 1 ano Geralmente 1 - 5 anos
Estádio Geralmente 1, Z, 4S Geralmente 3, 4 Geralmente 3, 4
Sobrevida/3 anos > 90% 30 - 50% < 20%
Neuroblastoma I
75


Ausência de deleção lp.
Ausência de amplificação do MYCN.
:: Grupos desfavoráveis.
- Cariótipo diplóide.

io v õ a s
- Amplificação do MYCN.
Presença de deleção em 1 p.
-

*
MIIIIIFESTIÇÉES METllúllÍlIIS
Ill] NEIIIIDBIIISTIIMII
5—7

Secreçãn de Hormônios

978- 5 241 6
Peptídeo vasoativo intestinal (VIP) e outras substân-
cias vasoativas (catecolaminas e derivados).
A secreção de VIP acarreta ao paciente uma diar-
réia aquosa com perda de potássio. É mais comumente
encontrada nos portadores de ganglioneuroblastoma
e ganglioneuroma.
Secreção de catecolaminas e outros derivados: ácido
homovanilico (HVA), ácido vanilmandélico (VMA),
metanefrinas e dopamina.
Figura 13.1 — Correlacionar os olhos de um urso panda com
os de uma criança com neuroblastoma e metástase orbitàrla.
MANIFESTIÇÍÍES HEIBBLÚGIGIIS
A encefalopatia cerebelar (síndrome da dança dos olhos)
é caracterizada por opsomioclonia e nistagmo. É um Sintomas devidos a metastases:
sinal de bom prognóstico do tumor ou sinal de maturação I No fígado: hepatomegalia, icterícia e problemas
tumoral para ganglioneuroma. É causada por um
complexo antígeno—anticorpo que afeta o cerebelo e não circulatórios.
por metástases. No tecido celular subcutâneo: metástases sub—
cutâneas em forma de nódulos azulados (nos
lactentes e IV—S).
"DRAG HETASTÃTIBII I Nos ossos: metástases ósseas originam dor por
No neuroblastoma ocorrem duas modalidades de dis- destruição da camada cortical óssea.
seminação de metástases, uma por via linfática e outra I Na órbita: metástases orbitárias originam proptose
por via hematogênica. A primeira forma de dissemi— e e 'uimose periorbital (olhos de panda) (Fig. 13.1).
nação é a linfática; 35% dos pacientes com doença
localizada apresentam metástases nos nódulos linfá-
ticos, quando do diagnóstico. O outro modo de dis— Anomalias Associadas
seminação (% por Via hematogênica; o local mais comum I Doença de Hirschsprun'g.
de metástase é na medula óssea, seguindo—se a cor- I Síndrome de Klippel-Feil.
tical do osso, fígado e pele. A metástase para o pul— I Síndrome Waardenburg.
mão e cérebro é rara, sendo encontrada em estádios I Síndrome de Ondine.
terminais da doença. Síndrome de Beckwith-Wiedemann.
A proporção de pacientes que se apresenta com doença at Sindrome fetal-álcool.
localizada, regional, ou metastática é fundamental— Síndrome fetal-hidantofna.
mente relacionada à idade (Tabela 13.2). Neurofibromatose.
nª.

TABELA 13.2 — Extensão da doença ao diagnóstico de acordo com a idade


5mm“, DA DOENÇA IDADE AO DIAGNÓSTICO
A0 DIAGNÓSTICO s 1ANO (%) > 1 ANO (%) TOTAL (%)
Localizada 93 (39) 83 (19) 176 (26)
Regional 43 (18) 54 (13) 97 (15)
Disseminada 6| (25) 290 (as) 351 (52)
Estádio |v-s 44 (18) o 44 (7)
Totais 241 427 668
Adaptado de Brodeur e Marisl
76 n Tumores

Manifestações clínicas nor [legião


Tnnugráíica un Tumor
-— riaSíndrome de Kerner-Morrison: diarréia secretó-
refratária associada a tumor de biologia
favorável que secreta peptídeos vasointestinais
l Cabeça e região cervical: presença de massa pal- (VIP), Os sintomas regridem com a exéreseldo
pável. Síndrome de Horner (miose, ptose palpe- tumor.

6 L 8' B S Z W 9
bral e heterocromia da íris no lado afetado devido
ao envolvimento do simpático cervical).
- Síndrome de Hutchinson: claudicação e irri-
tabilidade na criança pequena, associada a
I Tórax: dispnéia, disfagia e problemas circulató-
metástases em ossos e medula óssea.
rios (síndromeda veia cava superior).
l1 Abdome: dor, massa palpável, vômitos, anorexia. — ºpsomioclonia: abalos mioclônicos e movi—
mentos oculares ao acaso, com ou sem ataxia
I
Pelve: constipação e obstrução urinária.
!Area para-espinhal: compressão de raízes ner-
cerebelar. Associada a tumor de prognóstico
favorável, mas os sintomas podem não cessar
vosas ou invasão de medula em halter, originando com a retirada do tumor.
diversos sintomas: dor, escoliose, disfunção esfinc-
ter-iana, paralisia de extremidades, hipotonia, atrofia — Olhos de guaxinim ou olhos de urso panda (pan-
da eyes): presente quando existe hemorragia
muscular, arreflexia ou hiper—reflexia e espasti- periorbital secundária a tumor metastático.
cidade.
|:
Bulbo olfatório: estesioneuroblastoma (atualmente
considerado PNET) ocorre entre 11 e 20 anos INVESTIGAÇI'IU nlnuuúsricn
de idade, surgindo obstrução nasal unilateral, epis- I: No exame físiCO detecta-se massa abdominal pal-
taxe, rinorréia, cefaléia e sintomas oculares. pável quando o tumor está localizado no abdo-
me. A presença de nodulações azuladas no tecido
QIIIIIIIIII BlÍIIIllll celular subcutâneo sugere o diagnóstico de neuro«
lAproximadamente 70% dos pacientes apresentam blastema IV—S. Podem se perceber sinais da sín-
metástases ao diagnóstico. Os sintomas variam drome de Horner, quando temos o acometimento
de acordo com a localização primária do tumor e do gânglio estrelar (lº Cérvico—torácico). Encon-
presença ou não de metástases. As metástases mais tramos em raros casos sinais de compressão da
comuns são encontradas na medula óssea, corti- veia cava superior, quando o tumor comprime
cal do osso (lesões líticas em radiografia), linfonodos esses vasos. Podemos ainda encontrar massas de
regionais e distantes e hepáticas (mais comuns no mediastino posterior em achados radiográficos
estádio 48). As metástases em pulmões e cérebro ocasionais, outras, pelo tamanho, já comlcom—
são raras. As metástases ósseas costumam ocorrer pressão de estruturas respiratórias, ocasionando
nas metáfises dos ossos longos e crânio.
disttirbiosrespiratórios.
rios adrenais e para-espinhais presente em apro- ..1-
IMassa abdominal palpável nos tumores primá-
!-\
ximadamente 50% dos casos, de consistência dura,
podendo ser, na maioria dos casos, de aspecto
ruass'inn
Em
al
IMAGEM ''

radiografia de tórax encontramos a presen-


nodular. ça de massa.(corn ou sem calcificações) em me-
Os pacientes costumam referir quadros de dor l diastino posterior, deslocando ou não estruturas
abdominal, acompanhados de vômitos. Podem do aparelho respiratório e ou digestivo.
apresentar também restrições respiratórias, sinais
de desnutrição, anemia, perda de peso, síndrome de
l
Emradiografia de abdome vemos o efeito de massa
abdominal, deslocando alças de intestino, com
Horner, proptose orbital bilateral e equimose (de-
vido à presença de metástase óssea orbital), hi- presença de microcalcificações em alguns casos.
B Radiografia de esqueleto é utilizada para melhor
pertensão arterial (não dependente do aumento
de catecolaminas), paraplegia ou síndrome da cauda caracterização das metástases ósseas, demons-
eqíiina, massa pélvica (ocasionando distúrbios tradas previamente em cintilografia de esqueleto.
urinários e constipação), síndronl da diarréia :: Em ultra—sonografia observamos a massa tumoral
aquosa (VIP), hepatomegalia por infil ção-tumoral e suas características: a presença só de compo-
maciça (síndrome de Pepper), nódulos subcutâ— nentes sólidos ou se há áreas de necrose tumoral,
neos (em lactentes com estádio 4S). a presença de calcificações, a presença ou não
!Síndromes associadas: de adenopatias, se há ou não infiltração de ou-
- Síndrome de Pepper: envolvimento maciço do tras estruturas adjacentes e o tamanho da massa
fígado por doença metastática com ou sem tumoral. _
dificuldade respiratória. lEm criança, a tomografia computadorizada não

--
Síndrome de Horner: ptose palpebral unilate-
ral, miose e anidrose associadas a rumor torácico
acrescenta informações além das imagens obti-
das pela ultra-sonografia, exceto para o tórax e
primário. Os sintomas não regridem com a crânio, em que oferece melhor imagem de defi-
exérese do tumor. nição.
Neuroblastoma : 77

a A grande indicação da ressonância nuclear mag- Quando no medulograma encontramos as pseudo-


nética está nos tumores com potencialidade ou rosetas de Homer—Wright, não há necessidade da rea-
clínica de compressão da medula espinhal e nos lização de biópsia de medula óssea. A biópsia é realizada
tumores cerebrais. com agulha de biópsia óssea na crista ilíaca, bilate-
'a A cintilografia com MIBG (metaiodo-benzilgua— ralmente. E considerada adequada quando o fragmento 1

nidina) é tanto indicativa de metástases ósseas tem pelo menos 1cm de medula óssea, excluindo a Nª,.»
a
cartilagem.
como também é utilizada como terapia no seu
tratamento. É utilizada para qualquer localiza-
ção da neoplasia. IIISTIII'IITIILIIGIII
Quando o exame com MIBG for negativo ou inviável, Os três tipos histopatológicos clássicos dos tumores
deve-se realizar a cintilografia com tecnécio. neuroblásticos (neuroblastoma, ganglioneuroblastoma

9 7 8 -3 5 — 2 4 1 6
e ganglioneuroma) refletem um espectro de maturação,
diferenciação e comportamento clínico do tumor, O
INVESTIGAÇÃO lABllIIIITGIIIIIl neuroblastoma é uma das neoplasias de pequenas células
redondas azuis e deve ser distinguido de outros tumores
m Hemograma. que apresentam essa semelhança, tais como linfomas
:1 Provas de coagulação.
não-Hodgkin e sarcomas indiferenciados do tecido mole,
1n Provas de função hepática.
incluindo o rabdomiossarcoma, havendo a necessi-
I: DHL (desidrogenase lática): valores abaixo de dade da imunoistoquímica para realização do diagnóstico
I_SOOUI/mL são encontrados nos pacientes que diferencial em algumas situações. Pela imunoistoquímica
têm bom prognóstico. são positivados os seguintes corantes de anticorpos
Uréia e creatinina. monoclonais (CAM): neurofilamento, sinaptofisina
I: Eletrólitos. e enolase neurônio—específica (ENE) (Tabela 13.3).
u Dosagens de HVA (ácido homovanílico) eVMA A classificação prognóstica baseada nos aspectos
(ácido vanilmandélico). HVA com valores su- histopatológicos mais utilizada é 'a classificação de
periores a 6mg/g de creatinina e VMA com va— Shimada, revisada por Ioshi. Essa classificação ba—
lores superiores a lOmg/g de creatinina são seia-se nas características do estroma de células de
considerados elevados. A relação VMAzHVA >1 Schwann, na idade do paciente e no índice de mitose-
indica prognóstico maislfavorável. cariorrexe (IMC):
v

u Dosagens de metanefrinas e dopamina. E Estroma rico: são células com aparência de ganglio—
:! Dosagens de neuroenolase específica (ENE).
neuroblastoma, imaturas, uniformemente distri-
” 0 .9 « g . Encontra-se elevada em 96% dos pacientes que buídas, bern diferenciadas. Estroma rico não favo-
:“? m WT:
:» v

apresentam metástases. A ENE com valores acima rável tem aparência nodular.
de lOOmg/rnL é encontrada nos tumores de mau l
Estroma pobre: ésão três as variáveis que mos—
"ar! prognóstico, com estádios avançados.
tram se o tumor
de característica favorável ou

-—
Dosagem da ferritina sérica. A ferritina com valores desfavorável:
acima de 142ng/mL é encontrada nos tumores com Idade da criança ’ao diagnóstico.
estádio 3 ou 4 e associada a mau prognóstico. Diferenciação dos netrroblastos (nuclear ou ci-
I:l Medulograma e biópsia de medula óssea. toplasmática). *

TABELA 13.3 - Imunoistoquímica no diagnóstico diferencial do neuroblastoma


NEOPLASIAS DE PEQUENAS CÉLULAS REDONDAS AZUIS
CAM NB LNH EWING RAB PNET
Neurofilamento + i _ c

sinaptofisina + _ _ _ -
ENE + _ i :I: +
Microglobulina b2 _ _ ..' '
_ *
ACL (proteina T-ZOD) _ _ _
-
' '
+
_
Vimentina
Mioglobina _ i
..
_
+
..
+
"'
+

Miosina _ _ + -
Actina _ _ _ + -
Desmina +
As variantes extra—ósseas do sarcoma de Ewing e (: rabdumiossarroma poderao corar-se pela enolase. neurdnio-“aspect
Ewlng; LNH- — linfoma nao-Hodgkin; NB:
-
fica (ENE). ACL= antigeno comum de leucócitos; CAM- corante de anticorpos monoclonais;
neuroblastoma; PNET: tumor neuroectodérmico pri
g-.. sarcoma de
o; Rab- rabdo-
-

mlossarcoma, Adaptado de Hrodeur :MarisI

« "= .r :
78 l
Tumores

TABELA 13.4 Classificações histopatológicas de Shimada e Ioshi


-
PROGNÓSTICO ASPECTOS HISTOPATOLÓGICOSIIDADE
Favorável Estroma rico. todas as idades, nenhum tipo nodular

0 3/: S E ” . v
Shimada Estroma pobre, idade 1,5 — 5 anos, diferenciado, IMC < 100
2

Estroma pobre, idade < 1,5 ano, IMC < 200


Joshi Grau 1", todas as idades; Grau 2“. < 1 ano
.,

Desfavorável Estroma rico, todas as idades, tipo nodular


shimada Estroma pobre, idade > 5 anos

Estroma pobre, idade 1,5 5 anos, indiferenciado
Estroma pobre, idade 1,5 — 5 anos, diferenciado, IMC > 100
Estroma pobre, idade < 1,5 ano, IMC > 200

L-9<1sz'm
Ioshi Grau 2, idade > 1 ano; Grau 3*“, todas as idades
Grau 1‘ = Indice mitótlco baixo (< to figuras mitótitas por 10 campos de grande aumento) e presença de talciãcações.
Grau 2“ = Indice mítótico baixo, ou presença de takificações.
Grau a'" = nem baixo Indice mítórico. nem presença de calcificaçoes.
IMC: Indice mItose-carlorrexe (numero de mltoses e carlorrexes por 5.000 células).

— Índice
de
mitose-cariorrexe
de
anormalidades
(IMC), que é a soma
nucleares, número de células
ra O estádio 4S significa um estádio especial (S =
special), habitualmente ocorrendo em crianças
tumorais necróticas, número de células com mi- abaixo de um ano, sendo o estádio onde encon-
toses e o número de células malformadas por tramos a maioria das regressões espontâneas, vistas
5.000 células examinadas. em alguns casos de neuroblastoma. Essas regressões
neoplásicas ocorrem mesmo em tumores gran-
Segundo Ioshi, a presença de calcificação e de baixo
índice de mitoses (< 10 mitoses/10 campos de grande des, podendo haver o aparecimento concomitante,
aumento) é de valor preditivo favorável, independen- especialmente na pele, de nódulos que surgem
em determinada área da pele e regridem em outra,
temente da idade e do estádio (Tabela 13.4). tendendo ao completo desaparecimento das le-
sões. Nas grandes infiltrações hepáticas, a re-
ESTABIIIIIEIITD gressão é lenta, notando-se o desaparecimento
das células tumorais ao invés da transformação
O estadiamento do neuroblastoma pode ser feito-se-
gundo diversos sistemas. São conhecidos os sistemas em ganglioneuroma (basicamente pelo mecanismo
norte—americanos, como o Children's Cancer Group de apoptose). A infiltração da medula óssea deve
(CCG) e o Pediatric Oncology Group (POG), e o sis- ser nienor que 10% de células malignas pela
tema europeu, fundamentado na classificação TNM ,“ aspirªção ou pela biópsia óssea, para ser consi-
(tumor, nódulo e metástase). Todavia, atualmente, está derada 45; se for maior deve ser considerado está-
sendo utilizado o sistema proposto para uso interna- dio 4. A captpção do MIBG deve ser negativa
cional: International Neuroblastoma Staging System para o osso. ._ ª

(lNSS). Esse sistema combina elementos dos sistemas ]

de estadiamento POG e CCG. Foi formulado para dar maritimo“


uniformidade ao estadiamento e para permitir que estudos
clínicos e biológicos realizados em qualquer parte do
mundo sejam comparáveis (Tabela 13.5).
Illriiruia'
A cirurgia tem um papel fundamental tanto para o
Observações sobre o estadiamento INSS: estabelecimento do diagnóstico (biópsia do tumor para
I Nos lactentes, parece não haver diferença significa- estudos de patologia e análise da biologia, nesse caso
tiva de valor prognóstico entre o estádio 2A e 2B. necessitando de 1 a 5 g de tecido neoplásico, e estadia—
u A maioria dos tumores no estádio 3 se origina mento cirúrgico), quanto para o tratamento (ressec-
no abdome, pois tumores que ultrapassam a li- ção primária do tumor ou ressecção de doença residual).
nha média, quer por infiltração ou por envolvi— A ressecção do tumor deve sempre levar em conside-
mento nodal, são menos frequentes no tórax. ração a preservação de estruturas vitais. A ressecabilidade
Infiltração através da linha média (coluna verte- do tumor primário ou metastático é determinada pela
bral) significa mais invasão contígua do que localização, mobilidade, relação com os nervos e grandes
extensão pedunculada do tumor. vasos, habilidade no controle do suprimento sanguí-
u Há evidências de que pacientes no estádio 4, neo, presença de metástases a distância e o prognós-
baseados no envolvimento da medula óssea (ex-
4

tico geral do paciente.


cluindo o 4S) e abaixo de dois anos, evoluem Frente ao implemento da moderna quimioterapia,
melhor do que aqueles em estádio 4 com envol- que permite reduzir os grandes tumores primários e
vimento da cortical óssea. as metástases linfonodais, quando houver risco de
Neuroblastoma n 79

TABELA 13.5 — International Neuroblastoma Staging sentéricos superiores'e renais. A ressecção total do
System (INSS) tumor só deve ser tentada quando houver segurança
de evitar lesões de estruturas vitais. A biópsia de
rserxos
1
CARACTERIZAÇÃO
Tumor localizado, confinado à área
linfonodos deve ser sempre realizada, independente-
de origem; remoção macroscópica mente do seu tamanho ou morfologia, uma vez que a
completa, com ou sem doença residual biópsia somente dos nódulos aparentemente compro-
microscópica; linfonodos ipsi e metidos leva a um erro diagnóstico de 25% dos casos.
contralaterais identificados livres Os neuroblastomas que envolvem os grandes vasos
de comprometimento neoplásico
Tumor unilateral com remoção
e o tronco celíaco geralmente invadem'a túnica ad—
2A
macroscópica incompleta; linfonodos ipsi ventícia, poupando a túnica média. Consequentemente,
e contralaterais identificados livres a cirurgia desses tumores pode ser vista como um
de comprometimento neoplásica procedimento de cirurgia vascular, necessitando de

9 7 8 — 5 2 4 l- 6
23 Tumor unilateral com remoção
macroscópica completa ou incompleta; instrumental apropriado. Com base nessa constatação,
linfonodos ipsilateraís comprometidos; Kiely descreveu uma abordagem específica para essa
linfonodos contralaterals identificados peculiaridade da neoplasia (Fig. 13.2).
livres de comprometimento neoplásica Nos casos irressecáveis ou de ressecção incompleta
3 Tumor infiltrando-se através da linha à cirurgia, os pacientes devem ser submetidos a qui-
média, com ou sem envolvimento
regional de linfonodos; ou tumor mioterapia para redução tumoral ( i2 a 24 semanas)
unilateral, com envolvimento e posterior tentativa de ressecção. Nos pacientes com
contralateral de linfonodos; ou ainda, doença progressiva, a cirurgia definitiva deve ser
tumor de linha média, com realizada só se houver resposta a quimioterapia, com
envolvimento bilateral de linfonodos
4 Disseminação do tumor a linfonodos ou sem radioterapia.
distantes, ossos, medula óssea, fígado No neuroblastoma pélvico, devemos tentar a excisão
ou outros órgãos (exceto como definido da neoplasia, evitando a lesão dos plexos sacros (risco
em 45) de incontinência fecal e urinária), já que nessa loca—
45 Tumor prima’rio localizado conforme lização os neuroblastomas apresentam baixa morta-
definido para estádios 1 ou 2, com l
disseminação limitada a fígado, pele lidade, mas alta morbidade. l
1
e medula óssea (infiltração < 10% Nos tumores torácicos é geralmente satisfatória a
das células neoplásicas) toracotomia póstero-lateral e a ressecção pode envolver
parte da cadeia simpática e nervos intercostais, não
'havendo necessidade da excisão em bloco da parede
sacrifício de estruturas vitais deve-se evitar a ressec— torácica. Habitualmente não são realizadas lobectomias,
ção cirúrgica primária, particularmente em crianças pois dificilmenteno parênquima pulmonar está aco-
abaixo de dois anos, nas quais o prognóstico é bom metido?- ,,
na maioria dos casos.
Os linfonodos aderidos ao tumor devem ser resse-
cados em bloco com o tumor primário e os linfonodos
não aderidos, acima e abaixo do tumor, devem ser
biopsiados e indicada a sua localização, para melhor
avaliação da disseminação da doença e posterior ra—
dioterapia.
A biópsia hepática está sempre indicada em crian—
çªs abaixo de um ano, pela possibilidade do envolvi—
mento difuso do fígado não ser detectado pelos exames
por imagem. Nas crianças maiores, está indicada so—
mente quando forem visíveis ou evidentes à radiologia.
No manuseio do neuroblastoma disseminado, a
imponência da ressecção macroscópica total perma-
nece controversa, porém há na literatura uma nítida
tendência de melhora da sobrevida quando e realiza—
da a ressecção total ao invés da ressecção parcial. Figura 13.2 — Detalhes técnicos a serem observados em res-
Nos tumores abdominais, a abordagem cirúrgica é secção de neuroblastoma que envolva grandes vasos. A téc-
efetuada através de uma incisão transverso ampla. nica é baseada na observação de que o tumor raramente
Sempre quando possível, a ligadura precoce dos vasos compromete a túnica média desses vasos, existindo, então,
nutridores deve ser tentada, porém, nos grandes tu- um plano subadventício entre o tumor e a túnica média. A
dissecção deve se manter na linha média e progredir no sen-
mores deve—se ter precaução, pois a aorta pode estar tido longitudinal, iniciando na margem inferior do tumor,
rºtada, distorcendo o tronco celíaco e os vasos me- pela face medial da artéria ilíaca comum ou externaº.
80- Tumores

Nas crianças abaixo de dois anos, quando o neuro- nuindo a expressão do MYCN e levando a uma di-
blastoma cresce rapidamente do mediastino posterior minuição sustentada da proliferação de células tumorais.
para o anterior, causando compressão severa de tra- Utilizados principalmente em doença mínima resi-
quéia e de brônquios principais, a medida de tera- dual. Todavia, têm se mostrado fundamentais na melhora
pêutica oncológica mais importante, como medida do prognóstico, quando aplicados em protocolos de

6 L 8' 5 ‘ Z VI 9 S
salva-vida, é a toracotomia ou esternotomia de ur— transplante de medula autóloga.
gência, com a descompressão de traquéia e brônquios.
Quando ocorre a invasão do canal medular, pelos Terapia com Transplante llulúloyo
forames vertebrais nos casos de neuroblastoma em
halter (geralmente estádio 2), o tratamento inicial deve dª celulas-tronco Periférieas
ser com quimioterapia. Atualmente empregada nos regimes de quimioterapia
de consolidação, com doses intensivas mieloablativas.
Complicações da Cirurgia
IFrequência: 5 a 25%. A complicação e' maior quanto
Transplante
llinúlnuo de Medula ússna
maior for a agressividade cirúrgica. Pode ser considerado nos pacientes com doença avançada
IComplicações: sangramento, necessidade de que responderam bem a quimioterapia inicial e em que
nefrectomia, formação de aderências, invaginação houve ressecção primária do t , mor. A utilização dessa
pós-operatória, lesões neurológicas (síndrome de terapêutica associada ao áci ,o l3-cis-retin6ico per-
Horner, impotência sexual, incontinência urinária mitiu uma sobrevida de'três anos de até 40%. O trans-
e/ou fecal, diarréia), insuficiência renal (por lesão plante autólogo de medula óssea sem a associação
de vasos), ligadura inadvertida de grandes vasos. ao ácido retinóico deixa a sobrevida em 27% (Figs.
13.3 e 13.4).
Quimioterapia
A quimioterapia está indicada, fundamentalmente, nas
conceito de Tratamento com Base
seguintes situações: nos EI'IIIIOS lllP. Risco
Atualmente, as equipes que estudam o neuroblastoma
II Tumor irressecável. estratificam os pacientes em grupos de risco, com base
I Quando a cirurgia «não foi radical.
IEm estádios avançados (doença disseminada). na análise de fatores prognósticos bem definidos. Para
lEm algumas situações do estádio 48, como in— isso, são utilizados como fatores:
filtração medular e metástases hepáticas com I Idade do paciente ao diagnóstico.
hepatomegalia maciça. IO
estádio pelo INSS.
Drogas quimioterápicas habitualmente utilizadas &! Os fatores biológicos do tumor: histologia de
nos diversos protocolos: vincristina, ciclofosfamida,
* Shimâ'da, a amplificação do MYCN e o índice
de DNA.
doxorrubicina' (adriamicina), cisplatina, etoposide,
carboplatina, ifosfamida, inibidores da topoisomerase I. ldentificam—setrês grupos de risch distintos: baixo,
Em regimes de consolidação, o tiotepa e a melfalana. intermediário e alto,conformeTabela 13.6 a seguir.
Atualmente, a quimioterapia e utilizada de acordo
com os grupos de risco.

Radioterapia
A radioterapia com a intensificação dos protocolos
de quimioterapia avançada, associados ou não à abla—
ção de medula'ossea, tem seu uso cada vez mais res-
trito. É utilizada de uma maneira geral nas seguintes Transplante de
situações: medula óssea
l Controle local de foco residual da doença após
a dl v e r b o s
de

o uso de quimioterapia.
I Como medida paliativa.
Probailde

Anos após a primelra randomização

Eelinúitles
Figura 13.3— Curva de KaplanMeier da primeira randomiza-
São derivados naturais e sintéticos da vitamina A. O ção do estudo CCG 3891 sobre pacientes com neuroblastoma
ácido retinóico induz a diferenciação dos neuroblastos de alto risco tratados com terapia mioablativa e resgate de
através da desregulação do RNA mensageiro, dimi— células-tronco autólogas versus quimioterapia continua].
Neurobiastoma 1:1 81

Para os pacientes no estádio 2 INSS, a cirurgia inicial


é o tratamento de escolha, porém pode ser necessá-
rio o uso de quimioterapia nos casos de recidiva me-
tastática.
A maioria dos pacientes no estádio 4S INSS, en-
quadra—se na categoria de baixo risco. A probabili-
(ido 13-zls~relln15lro
dade de sobrevida global é de 85 a 92%. Os sintomas
relacionados aos tumores no estádio 4S, tais como
sem ácido Dvds-retinóico dificuldade respiratória devido à hepatomegalia e os

s o b r e v id ª que apresentam histologia desfavorável ou ploidia


de

(qualquer índice de DNA), deverão indicar quimio—


ll I Z Z 4 5 6 7 8 terapia, ou irradiação local, ou ambos. Os pacientes
Arm apes a xegunda rlndomlzaçlo
Probailde

com invasão intra—espinhal e compressão medular são


habitualmente considerados de baixo risco e se bene—
Figura 13.4— Curva de Kaplan-Meier na segunda randomiza— ficiam inicialmente com o tratamento quimioterápi»
ção do estudo CCG 3891 sobre pacientes com neuroblastoma co, ficando a lan-tinectomia com ou sem radioterapia
de alto risco tratados com ácido 13—cis—retinóico, seguindo
terapia de consolidação versus nenhuma terapia adicional’. para casos que não responderam adequadamente.

Grupo de Risco intermediário


978-51246

Grupo de Baixo Risco


Pacientes com neuroblastoma considerados de risco
Os pacientes com neuroblastoma considerados de baixo intermediário são aqueles pertencentes ao estádio 2
risco são aqueles que estão no estádio 1 INSS, pa- INSS com amplificação do MYCN e com histologia
cientes no estádio 2 INSS (exceto os com idade aci- de Shimada desfavorável (não sendo utilizado o In-
ma de um ano ao diagnóstico e com amplificação do dice de DNA em pacientes acima de um ano); pa-
MYCN e histologia desfavorável) e lactentes com doença cientes em estádio 3, menores de um ano e com M YCN
no estádio 45, com hiperdiploidia (índice de DNA não amplificado; pacientes em estádio 3, maiores de
>l), Shimada favorável e uma única cópia de MYCN. um ano, sem amplificação do MYCN e histologia fa—
O tratamento do neuroblastoma de baixo risco con— vorável; lactentes em estádio 4 sem amplificação do
siste na remoção cirúrgica primária do tumor. Pacientes MYCN; e pacientes do estádio 4S sem amplificação
com tumores no estádio I e com ressecção macros— do MYCN e com histologia desfavorável e qualquer
cópica completa têm uma expectativa livre de doença 'Índice de DNA.
maior do que 90%, independentemente da idade. é a quimioterapia, habitual-
O tratamento inicial
?» f

Recidivas locais podem ser tratadas com cirurgias mente com ciclofpsfamida, doxorrubicina, cisplatina
. , :5 . secundárias, podendo inclusive ser utilizada a qui-
mioterapia se houver recidiva metastática.
e etoposide (VP16), seguido da cirurgia postergada e
radioterapia paraªdoença residual macroscópica.

TABELA 13.6 Grupos de risco —- l . ,

ESTÁDIO (INSS) iDADE (ANOS) MYCN HiSTOLOGiA (SHIMADA) DNAI GRUPOS DE RISCO
1 O — 21 Qualquer Qualquer , Qualquer Baixo
ZA. 28 <1 Qualquer Qualquer Qualquer Baixo
Entre 1 e 21 Sem amplif. Qualquer Não usado Baixo
Entre 1 e 21 Amplificado Favorável Não usado intermediário
Entre 1 e 21 Amplificado Desfavorávei Não usado Alto
3 <1 Sem amplif. Qualquer Qualquer intermediário
<1 Amplificado Qualquer Qualquer Alto .
Entre 1 e 21 Sem amplif. Favorável Não usado Intermediário
Entre 1 e 21 Sem ampiíf. Desfavorávei Não usado Alto
Entre 1 e 21 Amplificado Qualquer Não usado Alto
'
4 <1
<1 _
Entre 1 e 21
Sem amplif.
Amplificado
Qualquer
Qualquer
Qualquer
Qualquer
Qualquer
Qualquer
Não usado
intermediário
Alto
Alto
45 <1 Sem ampiif. Favorável >1 Baixo
'
<1 Sem amplif. Qualquer = 1 intermediário
<1 Sem amplif. Desfavorávei Qualquer Intermediário
<1 Amplificado Qualquer Qualquer Alto
82 I1 Tumores

Grupo de Alto Risco 2. KIELY, E. M. The surgical challenge of neuroblastoma. J. Pediatr


Surg., p. 128-133, 1994.
São incluídos nesse grupo os pacientes em estádio 4, 3. MATFHAY, K. K.;VlLLABLANCA, .l. G.; SEEGER, R. C. et al,
maiores de um ano ao diagnóstico; estádio 3 com Treatment of high-risk neuroblastoma with intensive chemotherapy,
aw;

amplificação do MYCN; estádio 3, maior de um ano, radiotherapy, autologous bone marrow transplantation, and
com histologia desfavorável; estádio 2 com MYCN l3-cis-retinoic acid. New Engl. ]. Med., v. 341, p. 1165—1477. 1999.

0 A — C E SI“
amplificado e histologia desfavorável; e estádio 4S
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
A., 2

com amplificação do MYCN. A doença de alto risco


DE COU. .1. M.; BOWMAN, L. C.: RAO, B. N. et al. Infants with
persiste no grupo para o qual durante os últimos 40 metastatic neuroblastoma have improved survival with resection
anos pouca melhora real foi alcançada quanto ao ni' the primary tumor. 1. Pediatr. Surg., V. 30. p. 937-940, 1995.
prognóstico final. Embora os regimes de quimioterapia HAYES, F. A.:THOMPSON, E. 1.;HVIZDALA, E. et al. Chemotherapy
intensiva tenham melhorado as cifras de respostas com- as an alternative to laminectomy and radiation in the management
pletas e parciais, muito poucos pacientes sobrevivem, of epidural tumor. J. Pediatr., v. 104, p. 221-224, 1984.
com taxas de sobrevida livres de doença com três anos, LA QUAGLIA, M. P.; KUSHNER, B. H.; SU, W. et ai. The impact of
de menos de 15%. Na tentativa de melhorar o prog- gross total resection on local control and survival in high-risk
nóstico desse grupo, emprega-se a quimioterapia de neuroblastoma. J. Pediu/n Surg., v. 39. p. 412—417, 2004.
dose intensiva, conhecida como quimioterapia ablativa MARIS, .l. M.; MATI‘HAY, K. K. Molecular biology of neuroblastoma.
de medula com reinfusão de medula autóloga (trans- J. Clin. Ducal, v. 17, p. 2264—2279, 1999.

6 L 8 ‘ 9' Z V 1 S
plante autólogo de medula óssea [AMBT], associa- SANDBERG, D. l.: BILSKY, M. H.; lgUSHNER, B. H. et al. Treatment
of spinal involvement in neuroblasioma patients. Pediatr: Neurosurg,
do ao ácido eis—retinóico).
v. 39, p. 291-298, 2003.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS VILLABLANCA, J. G.; KHAN, A. A.; AVRAMIS, V. 1. et al. Phase
I trial of lS-eis—retinoic acid in children with neuroblastoma
1. BRODEUR. G. M.; MARIS, G. M. Neurobiastoma. In: PIZZO, P.
A.; POPLACK. D. G. (eds.). Principles and Practice of Pediatric
following bone marrow transplantation. J. Clin. Oncal., v, 13,
Oncology. 4. ed. Philadelphia: Lippincott, 2001. p. 895-937. p. 894—901, 1995.

» ?“
Rabdomíorsarcoma n 83
e
IIISI'OFMILIIGIR
1.11111111111' , ,

Identiãcação de rabdomioblastos ou células da linhagem


miogênica (nas quais se identificam estriações trans—

Rabdomiossarcoma versais que mimetizam músculos esqueléticos) Diagnós—

o v ó as
tico do tipo específico é realizado por microscopia
óptica, técnicas imunoistoquímicas, microscopia ele-

z
trônica e técnicas de genética molecular.
João Carlos Ketzer de Souza É controverso se o subtipo histológico influencia
significativamertte o prognóstico. Entretanto, sabe—
Mário Rafael Carbonera se que o tipo alveolar apresenta pior prognóstico devido
a sua agressividade e capacidade de ocasionar metástases
para pulmões, ossos e medula óssea.
GBNBEITO Classificação:
O mbdomiossarooma (RMS) 6o tumor sólido que cresce BI Embrionário (tecido imita músculos esqueléti-
de células mesenquimais primitivas que formam o
cos imaturos, 60 a 70% dos casos). É constituí-
músculo estriado, ou tecidosque imitam esse mús- do de quantidade variada de células fusiformes
culo Essas células tumorais são análogas às células e redondas primitivas que podem estar intima—
musculares fetais normais em diversos estágios de mente ligadas ou livremente dispersas em uma
. maturação. Células mesenquimais desenvolvem-se em
tecidos de sustentação, como tecido fibroso, músculo,
base mixóide. Locais mais comuns: cabeça e
pescoço e geniturinários. Há dois tipos especiais:
cartilagem e osso. Situam—se na categoria dos tumo- RMS botrióide e RMS de celulas fusiformes
res de pequenas células redondas azuis. Crescem em (spindle cell). Os sarcomas botrióides ocorrem

978- 5 241 6
qualquer sítio anatômico, até em locais onde não existe em estruturas recobertas por mucosa, como be-
músculo estriado (ductos biliares, pulmão, próstata, xiga, vagina, útero, nasofaringe e ductos biliares
bexiga). (5% de todos os rabdomiossarcomas). Locali-
zam—se na submucosa estendendo—se ao lúmen
das estruturas ocas como massas polipóides (em
EPIDEMIOLBEIM forma de cacho de uva). Têm estroma frouxo, mi-

Corresponde a 6% das neoplasias malignas das xomatoso e camada submucosa de celularidade
crianças. aumentada. O RMS tipo spindle cell, ocorre mais
m É o mais comum sarcoma de partes moles da frequentemente na região paratesticular. Tem baixa
criança (mais que 50% dos casos). celularidade, é constituído de células fusiformes
E Predisposição sexual global: l,5M:1F.
e escassas células redondas, mimetizando o as-
EI Distribuição etária bimodal com pico entre 2 a
5 anos em aproximadamente 73% (prinCipalmente
pe'bto de um tumor de músculo liso. Tende a ocorrer
em crianças menores e sítios mais favoráveis.
geniturinários) e entre 10 a 18 anos. n Alveolar (padrão similar aos alvéolos do pulmão
I: Setenta por cento das crianças são menores de fetal). Composto d'e septos fibrovasculares e
10 anos de idade ao diagnóstico. Oitenta e sete agregados mal- definidos- de célulaspobremente
por cento são menores de 15 anos e 13% entre diferenciadas de forma oval ou redonda que,
15 e 21 anos de idade. frequentemente, mostram perda da coesão cen-
E Menores de um ano não têm melhor prognóstico. tral e formação de espaços alvealares. Mais fre-
1A Sítios mais comuns: cabeça e pescoço, 35% qiiente nas extremidades, tronco e períneo. Parece
(parameníngeos, 20%; órbita, 8%, outros locais estar associado a mau prognóstico. Correspon-
da cabeça e pescoço, 7%); geniturinário, 25% de a 20% dos casos.
(bexiga e próstata, 10%; paratesticular, vulva, IJ Indiferenciado (10 a 20%). Também parece apre-
vagina, útero, 15%); extremidades, 19%; tron- sentar mau prognóstico. Mais comum nas extre-
co, 10%; retroperitônio, 8%; outros sítios, 3%. midades, tronco, cabeça e pescoço.
H Anomalias congênitas associadas: até 30% ge-
— :: Pleomórt'tco (0,5 a 1%). Raro na criança.
niturinárias, sistema nervoso central (malformações *
O tipo histológico está relacionado ao prognósti-
Amold--Chia.ri), trato gastrointestinal, cardiovas- co, conforme Tabela 14.1.
cular e síndromes como Li—Fraumeni, Beckwith—
Wiedemann, síndrome de Noonan, esclerose
Investigação diagnóstica
,. — « g tuberosa, neurofibromatose tipo I e outras.
ª A maioria desses tumores ocorre esporadicamente, História + exame físico.
.

B
sem fator predisponente de risco associado. Exames por imagem são sítio-dependentes. In-
ª Entre 10 a 20% apresentam metástases ao diag- vestigar metastases.
nóstico. Biópsia com análise.

M
84 II Tumores

TABELA 14.1 Classificação histológica internacional


- Microscopia Eletrônica
de rabdomiossarcoma (RMS) relacionada ao prognóstico
Indicada nos sarcomas indiferenciados para identifi—
SOBREVIDA EM cação do subtipo.
TIPO DE RMS PROGNÓSTICO 5 ANos (%)
Achados: sarcômeros bem definidos com bandas
RMS botrióide Favorável 90 Z caracteristicas; bandas Z com miofilamentos del—
_RMS spindle cell gados de actina e espessos de miosina; massas amorfas
Embrionário Intermediário 65 — 75 de material de bandas Z inadiando filamentos de diversas
Pleomórfico espessuras; filamentos finos e espessos em uma dis-
Alveolar
lndiferenciado
Desfavorável 40 — 55 posição hexagonal; complexos ribossomos—miosina
com arranjo em forma de fila indiana.
III Medulograma (4 sitios).
Biópsia óssea (2 sítios).
Imunoistoquimica
Identificação de anticorpos musculoesqueléticos es- Estadiamento |||! Ballllnminssarcuma
pecíficos (marcadores de diferenciação mimogênica): Ver Tabela 14.2.
desmina, actina mfisculoespecifica, miogei‘u armis-
globina e fator de transcrição Mya D. Ocasionalmente,
podem expressar em S-lOO, vimentina e Leu-7. A Grupo IRSG |V (Fundamentado em Achados
intensidade de expressão correlaciona-se ao grau de Clinico-patológicos Pós-cirúrgicos)
diferenciação rabdomioblástica. :|
Grupol (13% dos pacientes): doença localizada,
completamente removida.
Citogenética —
Confinada ao músculo ou órgão de origem.

L'SQWZG
Anormalidades podem ser encontradas no RMS alveolar
pela técnica PCR—RT (reação em cadeia da polimerase

Comprometimento contíguo. Infiltração fora
do órgão ou músculo de origem. Linfonodos
regionais não envolvidos.
com transcrição reversa) e hibridização in situ com a Grupo II (20% dos pacientes): ressecção macros—
fluorescência. Observa-se o rearranjo dos cromosso— cópica completa com:
mos 2 e 13 provocando translocação específica: t(2;13)
(q3.5—3.7;ql4) na qual o gene PAX3 (paíred box gene 3),
sofre fusão com o gene FKHR (forked head rhabdo-

Doença residual microscópica e linfonodos
negativos, ou
myosarcama) em 70% dos casas ou sua variante mais — Doença regional completamente ressecada, mas
linfonodos positivos, ou
rara, em que a fusão dos genes FKHR e gene PAX7
,, —
é gerada pela translocação t (1;13) (p36;q14) em 10 Doença regional com linfonodos positivos
a 20% dos casos. Os rabdomiossarcomas com o gene
1'
. macroscopicamente ressecados, mas
ença residual microscópica.
com do-
PAX7—FKHR tendem a ocorrer em crianças menores, I Grupo III (48% dos pacientes).
em lesões localizadas e costumam apresentar melhor
sobrevida. Ressecção incompleta ou biópsia com presença

—— residual
No rabdomiossarcoma embrionário, pode ser observada
de doença macroscópica.
a perda da heterozigose (LOH) no cromossomo l 1pl 5.5,
sugerindo a presença de gene de supressão tumoral
' Após biópsiaas0mente. «£;
Após ressecção macroscópica do tumor pri-
que & inativado. Está em região similar à encontrada mário > 50%.
& Grupo IV (18% dos pacientes).
nos pacientes com síndrome de Beckwith-Wiedemann.
Alterações no conteúdo do DNA podem ser usa-
das no prognóstico: no embrionário, o conteúdo do
-
Doença metastática a distância: pulmões, fígado,
cerebro, linfonodos distantes, medula óssea, ossos
«

DNA é diplóide ou hiperdiplóide. Os tumores diplóides e músculos distantes.


têm pior prognóstico do que os hiperdiplóides. No
RMS alveolar, o conteúdo é tetraplóide. observação Geral sobre o tratamento
Em 36% dos rabdomiossarcomas embrionários ocorre
translocação envolvendo os pontos de quebra (break- Atualmente, o The Rhabdomyosarcoma Study Group
point) nas regiões lpl l-lql 1. (IRSG) & o Soft Tissue Sarcoma Committee of the
A perda de função do gene supressor tumoral p53 Children’s Oncology Group (STS-COG) determinam
tem sido implicada na formação do rabdomiossarcoma. a terapia dos pacientes com base em protocolos que
visam à classificação de risco de acordo com a com-
binação dos grupos clínicos com o sistema de estadia-
Microscopia Óptica mento pré-tratamento (TNM) (Tabela 14.2):
Identificação de estriações transversais caracteristi— II Baixo risco: paciente com rabdomiossarcoma
cas dos músculos esqueléticos ou rabdomioblastos ca— embrionário que se apresenta em locais favoráveis
racterísticos. (estádio 1) e pacientes com rabdomiossarcoma
Rabdorrliossarcoma I
85

TABELA 14.Z- Estadiamento clinico pré--tratamento (TNM lRS 1V). fundamentado em achados clínicos, laboratoriais
e estudos por imagem. Não são considerados achados operatórias e patológicos
TUMOR
ESTÁDlO slTIo PRIMÁRIO DA DOENÇA PRIMÁRIO TAMANHO LINFONODOS METÁSTASES
1 Órbita, cabeça e pescoço, excluindo Tt ou T2 a ou b No ou N1 ou Nx M0
parameninges; geniturinário, excluindo
bexiga, próstata e trato biliar
2 Parameninges, bexiga/próstata, T1 ou T2 a No ou Nx M0
extremidades, outros (tronco,
retroperitõnio)
3 Bexiga/próstata, extremidades, T1 ou T2 a N1 MO
parameninges, outros (tronco. N0 ou N1 ou Nx
(retroperitõnio)
4 Todos T1 ou T2 a ou b Qualquer N M1 '

a-5'Sou; b: > Scm; MO—.. sem metástases a distância; M1


_ _
com metástases a distãncia; NO-— linfonodos regionais nãocomprometidos clinicamente; N1
'-

= regional: não l
1- tumor ao local de origem, T2- extensão,
fixação, ou ambos, aos tecidosvizinhos.

embrionário em sítios desfavoráveis com tumor Atualmente, há uma tendência em direção a uma
completamente ressecado (grupo I) ou com neo- conduta cirúrgica mais conservadora no estádio 3,
plasia microscópica residual (gmpo II). com o uso de quimioterapia, seguida por reex-
a Risco intermediário: rabdomiossarcoma embrio- ploração cirúrgica (second—look) e remoção de qual-
nário em sítios desfavoráveis com neoplasia quer tumor residual ou para avaliar resposta

7- S 6 1 4 2 5 8 ~ 9
residual macroscópica (grupo III), rabdomios- terapêutica.
IlII Biópsia de linfonodos regionais, particularmente
sarcoma embrionãrio metastático em crianças
menores de dez anos de idade, ou rabdomios— suspeitos (pelo exame físico e exames por ima—
sarcoma alveolar não-metastático ou indiferenciado gem), é desejável.
em qualquer local.
ot Alto risco: rabdomiossarcoma metastático ou sar— QUIMIOTEBIPII
coma indiferenciado no momento do diagnóstico,
exceto os rabdomiossarcomas embrionários metas- Objetivos:
táticos em crianças menores de dez anos de idade. Erradicar doença residual microscópica após
ressecção cirúrgica do tumor primário.
I'lllllltíl'ltlsvºllil'lmilclls 111111115 m Reduzir tamanho do tumor considerado irresse-
Gavel, evitarperda importante de função e evitar
9 Tratamento cirúrgico e sítio-específico. mutilação -'-
m Ideal: ressecção completa ampla do tumor primário Drogas:
com margens negativas (macro e microscópicas HI IRS — IV. As
no mínimo com 0,56m de margem livre), com amos— recomendações desse estudo, ini—
tras de linfonodos regionais e preservação da função. ciado' em 1991 e finalizado em 1997, são:
Procedimentos de debulking (desbaste) ou excisões —-Grupol, sitios favoráveis (paratesticular ou ór-
bita), independentemente da histologia: VA
parciais não oferecem nenhum benefício, quan-
do comparados com simples biópsia. (vincristina, actinomicina).
ªii Evitar ressecção primária extensa. É melhor indicar — Grupo I restante: VAC (vincristina, actinomicina,
ciclofosfamida) ou VAI (vincristina, actinomi-
primariamente biópsia + terapêutica adjuvante
com excisão posterior. cina, ifosfamida) ou VIE (vineristina, ifosfamida,
E! Em casos específicos, cirurgia inicial mais agres— etoposide).
siva pode estar indicada. Isso é verdade para os — Grupo II, tumores não-metastáticos (exceto ór—
bita): qualquer dos esquemas anteriores com
rabdomiossarcomas de extremidades e tronco. três drogas + radioterapia.
Reexcisão deve ser efetuada, mesmo com mar—
gens aparentemente negativas, se ressecção ini—
cial não for ampla ou se malignidade não for
---
Grupo II (órbita): VA + radioterapia.
Grupo lll: VAC ou VAI ou VIE + radioterapia.
suspeitada pré—operatoriamente. - Estádio IV (metastático): vincristina +melfalana
ou etoposide + ifosfamida ou doxorrubicina
ª Nos outros casos, a presença de doença residual + radioterapia.
microscópica pós—ressecção inicial, é curãvel com
quimioterapia e/ou radioterapia. Não é sinônimo Tempo:
de reexcisão cirúrgica. raEstádio 1: 1 ano.
ª Realizar cirurgias radicais nos casos em que o o Estádio 2 e 3: 18 meses.
tratamento quimioterápico não surtiu resultado. El Estádio 4: 18 meses.
86 I Tumores

Conclusão do IRS-IV em relação ao uso de VAC tes de alto risco com recidiva ainda está em
ou VAI ou VIE: os três protocolos promoveram investigação, pois os resultados mostrados em tra-
uma sobrevida livre de doença de três anos de, balhos anteriores não mostraram melhora signi-
aproximadamente, 75%. Assim, pelo VAC ser ficativa.
menos tóxico e mais econômico, foi aceito como
protocolo padrão para o rabdomiossarcoma sem
metástases.
IllllllllTEIlllPlll
Pensar na adição dos inibidores da topoisomerase—I Objetivos:
(topotecaua e irinotecano) ao regime VAC nos ta Controle de tumor residual macro ou microscó-
tumores metastáticos, recorrentes e de histologia pico, não completamente ressecado na cirurgia,
alveolar. diminuindo a recorrência no sítio do tumor pri«
E Atualmente, está em andamento o estudo multi- mário.
disciplinar IRS-V, que faz as recomendações m Controle local onde a cirurgia é impraticável.
abaixo, com base em: grupos de risco.
O estudo do IRS-V focaliza a melhora da sobrevida

Grupo I histologia favorável: não necessita de
radioterapia.
nos pacientes com risco intermediário e alto. A so- - terapia.
Grupo I histologia alveolar: necessita de radio-
brevida livre de doença de três anos foi, no estu—
do anterior, com base nos riscos: baixo risco, 88%, —- em
Grupo II—IV: adjunto importante, principalmente

6 L 8' S Z V I ‘ Q
risco intermediário, 55 a 76% e alto risco < 30%. locais em que a ressecção do tumor pri-
Assim, o tratamento deve ser multidisciplinar com mário não foi conseguida.
recomendações definidas e relacionadas à locali- Doses:
zação especíiica, histologia e resposta ao tratamento, la Entre 4 e 4,SGy são adequadas para controlar
objetivando o controle local com preservação da doença residual microscópica.
estrutura e função. & Entre 4,5 e SGy são usadas para controlar local-
Os pacientes de baixo risco têm rabdomiossarcomas mente grandes tumores (> Som) e doença resi-
embrionários localizados, somente botrióides ou dual macroscópica.
de células fusiformes, divididos em dois subgrupos:
Tipos:
— Subgrupo A: correspondem a tumores no es— m Pode usar—se radioterapia convencional, hiperfracio—
tádio 1 e localizados com r'essee'ção Completa
ou que têm origem na órbita, mas não resse« nada, ou braquiterapia com implantes intraca-
cados; os pacientes no estádio 2 e completa- vitãrios ou intersticiais na vagina, bexiga, músculo
mente ressecados. esquelético e olho.
.
— Subgrupo B: inclui os outros pacientes no es-
tádio I e aqueles nos estádios 2 e 3, comple— considerações sobre os Tumores Primários
tamente ressecados ou com doença residual
microscópica, com ou sem linfonodos regio-
é‘m localizações Específicas ,
nais envolvidos. Rabdomiossarcçma Geniturinêrio (24 a 26%)
Esses pacientes recebem quimioterapia com VA, tº Linfonodos inguinais representam metástases a
se subgrupo A, e VAC, se subgrupo B, e radio— distância. ª “ '“—
terapia para qualquer tumor residual (exceto aos I! Noventa por cento são do tipo embrionário e
localizados na vagina, que são tratados primaria- botrióide.
mente com VAC). E: Aproximadamente 10% são de bexiga-próstata
Pacientes de risco intermediário têm rabdomios- e 16% não«bexiga, não-próstata (paratesticular,
sarcoma localizado tipo alveolar, ou sarcoma . perineal, vulvar, vaginal, uterino).
indiferenciado do estádio l_ao 3, ou rabdomios-
sarcoma embrionãrio estádio 2 e 3 com doença
residual macroscópica, ou rabdomiossarcoma Rabdomiossarcoma de Vagina
embrionário estádio 4 em crianças menores de fl Sinais e sintomas: secreção "vaginal, sangramento
10 anos. Recebem protocolo de quimioterapia do intróito, ou prolapso de massa polipóide.
com VAC + radioterapia ou VAC + topotecana ia Pico de incidência: crianças menores (RN a 4
+ radioterapia. anos de idade).
Pacientes de alto risco são aqueles com rabdo- A maioria é do tipo embrionário (botrióide) e
miossarcoma estádio 4, tipo alveolar, ou sarcoma
indiferenciado ou embrionário acima dos 10 anos
crescem debaixo da membrana mucosa da pare-
de vaginal anterior, perto do septo vesicovaginal,
de idade. A quimioterapia preconizada utiliza :) tornando a parede posterior da bexiga e uretra
i'rinotecano seguido de VAC e radioterapia. vulneráveis a infiltração tumoral. As lesões vulvares
A utilização de quimioterapia com altas doses e podem ser do tipo alveolar, mas tendem a ser mais
transplante de medula óssea autólb'ga em
pacien— localizadas e, portanto, de melhor prognóstico.
Rabdomiossarcoma n 87

n Comprometimento reta] é incomum. u A mais comum neoplasia maligna da bexiga nas


u Casos avançados: sintomas do trato urinário por crianças e adolescentes.
compressão uretral e constipação. m Metastases a distância não são comuns.
lnvestigação diagnóstica: exame físico (exami- :! Comprometimento de linfonodos pélvicos e retro-
nar região inguinal pesquisando linfonodos au— peritoneais é baixo (12 a 16%).
mentados e exame retal bimanual), vaginoscopia, m Metastases: linfonodos regionais, pulmões, medula

z
biópsia da lesão, medulograma, biópsia de me- óssea.
dula óssea, radiografia de tórax, ultra-sonografia is Localização vesical mais comum: parede poste-

ovóas
abdominopélvica, tomografia computadorizada rior junto ao trígono vesical.
(TC) com contraste, cintilografia óssea e cistoscopia Sinaisesintornas do rabdomiossarcoma de próstata:
(pode estar indicada). disúria, esforço ao urinar, gotejamento urinário,
n Diagnóstico diferencial: tumor do seio endodér— massa abdominal, próstata aumentada palpada
mico, rabdomiossarcoma uterino, neurofibroma. pelo toque retal, constipação intestinal.
Tratamento: Sinais e sintomas do rabdomiossarcoma de be-
a Biópsia ou excisão local limitada + quimioterapia. xiga: retenção urinária aguda (mais comum),
Com essa modalidade terapêutica, a sobrevida infecção recorrente do trato urinário, frequên—
pode exceder 90%. cia urinária, esforço para urinar, hematúria, massa
ai Cirurgias mais amplas raramente são indicadas: abdominal (suprapúbica ou abdome inferior),
vaginectomia parcial, vaginectomia total, vaginec« hidronefrose por obstrução dos ureteres, prolapso
tomia com histerectomia, exenteração pélvica. polipóide pelo intróito uretral na menina.
o Pensar na indicação de braquiterapia por meio Investigação diagnóstica: ultra—sonografia abdo—
de implantes intracavitários ou intersticiais nos minal, TC com contraste IV e oral, cistouretrogratia,
casos de tumores primários de vagina e vulva. cistoscopia, biópsia por agulha percutânea ou
endoscópica, biópsia transretal ou transperineal

7-S6 Rabdomiossarcoma Uterina guiada por ultra—sonografia (próstata), medulo-


grama, biópsia de medula óssea, cintilografia óssea,
radiografia de tórax com vistas oblíquos.
sa Mais comum em pré-adolescentes e adolescen-
tes, todavia, estudos recentes sugerem a mesma u Prognóstico da localização vesical é melhor do
972—15-4

que na próstata.
faixa etária do vaginal,
ximada de 5,5 anos.
com idade média apro—
Tratamento:
Dois tipos de apresentação. Evitar cirurgia mutilante primária.
Prolapso de grandes pólipos pelo colo uterino
m
:: Dificuldade no tratamento cirúrgico dos tumo—
preenchendo a vagina (melhor prognóstico). res de bexiga: tumor estende—se macroscopicamente
— Tipo infiltrativo intramural penetrando na cavi— a longo do plano submucoso. aumentando a
dade abdominal. d' lculdade'fde ressecção completa.
:: Noventa por cento são embrionários e 20% têm Exenteração pélvica anterior não está mais indicada
metástases. , como procedimento primário. Usa-seinicialmente

a Investigação diagnóstica: biópsia transvaginal nos quimioterapia e radioterapia adjuvantes. Uma


casos polipóides ou por dilatação cervical + gr’ande porcentagem cresce da área trigonal ou
curetagem nos tumores infiltrativos, ultra—sono- próstata e não são tratáveis com ressecção local
grafia abdominal, ressonância nuclear magnéti- ou parcial..
ca (RNM) ou TC com contraste IV (para detemiinar Portanto. nesses tumores irressecáveis: quimio-
extensão intrabdominal, presença de linfonodos terapia (doxonubicina, actinomicina-D, vincristina,
pélvicos e retroperitoneais, função renal, obstru- ciclofosfamida + cisplatina) em quatro ciclos. Se
ção do trato urinário, fígado), radiografia de tórax, há resposta completa ou parcial muito boa (> 90%
medulograma, biópsia de medula óssea, cintilo- de redução do volume tumoral por estudos por
grafia óssea, cistoscopia (poderá ser necessaria). imagem): continuar com quimioterapia por dois
ª! Tratamento: quimioterapia com ou sem radiotera-
anos +radioterapia de toda a pelve ou braquiterapia.
pia (braquiterapia). Nos tumores persistentes: após Após, rebiópsia e reestadiamento. Essa aborda-
radioterapia ou braquiterapia está indicada his- gem da uma sobrevida de mais de cinco anos de
terectomia retardada. São mais agressivos do que 85% e manutenção da bexiga funcionante em 60%
o vaginal e vulvar. A sobrevida e próxima de 90%. dos pacientes após quatro anos.
Nenhuma doença residual: ultra-sonografia ou
Rabdomiossarcoma de Bexiga e Próstata TC pélvicas seriadas e cistoscopia com biópsias
seriadas.
IE Quase todos são embrionários. Na próstata ten- Se após quimio e radioterapia ainda existe tu-
dem a manifestar-se como massa sólida e na bexiga
na forma botrióide.

mor persistente tumores de próstata, colo vesical
e trígono: cistectomia radical + uretrectomia +
88 = Tumores

lTumor facial: aumento de volume associado a


biópsia e retirada dos linfonodos aumentados
+ reconstrução geniturinária (com diversão con- trismo (comprometimento do masseter e mús-
tinente). culo pterigóide), celulite do local. Massa dolo-
O achado de rabdomioblastos bem diferenciados rosa no pescoço ou face associada a trismo: pensar
nos espécimes cirúrgicos ou de biópsia obtidos em neoplasia maligna.
após o tratamento com quimioterapia e radiote- lTumor de laringe: tosse, rouquidão (comprome—
rapia é evidência de maturação histológica do tumor timento das cordas vocais ou nervo recorrente).
residual. Não constitui um indicador de Cistectomia tl Tumor parameníngeo: estende—se ao SNC. Pa-
total e sim requer um protocolo de quimioterapia ralisia de nervos cranianos, sintomas meningeos,

.
de maior duração para solidificar a cura. paralisia respiratória por comprometimento ce-
!Via de acesso: sempre usar laparotomia vertical rebral.
mediana ou pararretal. Investigação clínica: exame neurológico dos pares
ICistectomia parcial com reconstrução vesical cranianos, radiografia de tórax, de crânio e face
primária, como terapêutica inicial ou procedi- com incidências focadas nos seios paranasais e
mento retardado, pós—quimioterapia, pode estar ouvido médio, exame completo da orofaringe e na-
indicada nos tumores primários afetando o domo sofaringe, inclusive com nasofaringoscópio de
ou paredes laterais da bexiga, distantes do trígono fibra ótica, laringoscopia direta e indireta, TC
vesical. Reimplante ureteral e aumento vesical da cabeça e corpos vertebrais, RNM do crânio e
podem ser necessários. cérebro, cintilografia óssea, punção lombar para
citologia de fluido cerebroespinhal.
Rabdomiossarcoma de Cabeça e Pescoço Tratamento:
IExcisão ampla, se possível. Quimioterapia e ra-
É o terceiro tumor mais comum na região cervical

.
dioterapia pré ou pós-operatória.

L'SQIVZÇBG
(após doença de Hodgkin e linfoma não-Hodgkin).
Corresponde a 35% dos rabdomiossarcomas (ór-
u Órbita: biópsia diagnóstica + quimioterapia e
radioterapia, evitando exenteração da órbita
bita 10%,parameníngeos 15% enão-parameníngeos lNão-parameníngeos: excisão do tumor primário,
10%). quando possível. Na maioria dos casos: biópsia
fl Parameníngeos (nasofaringe, seios paranasais,
ouvido médio, cavidade nasal, região mastóidea, +quimio +radioterapia com ressecção retardada.
lParameníngeos: raramente podem ser ressecados.
fossa pterigopalatina). Em 25 a 35% mostram Se não há extensão intracranial, comprometimento
comprometimento do sistema nervoso central da base do crânio, erosão óssea, ou anormalida-
(SNC) (paralisia de nervos cranianos, sintomas des dos nervos cranianos: radioterapia dirigida
meningeos, dificuldade respiratória por infiltra-

.
ao tumor primário com Zcm de margem livre.
ção cerebral).
Não-parameníngeos (mais comuns: escalpo, re- --
Se os critérios citados estão presentes: radio-
terapia dirigida ao tumor. primário e todo o
gião temporal, face, parótida, orofaringe, pes- cérebro.
coço). Somente 7% apresentam comprometimento

*?

Pacientes co’m punção lombar negativa e ero-

. do SNC.
Comprometimento de linfonodos cervicais é baixo,
não necessitando de biópsia ganglionar, exceto
são da base do crânio ou comprometimento
dos nervos
cranianosou extensão meningea
limitada: não está indicada irradiação total do
se aumentados. cérebro.
ITumores da órbita têm bom prognóstico.
Se a citologia do líquor é positiva para célu-

E Sinais e sintºmas clínicos variam de acordo com
las tumorais: terapia intratecal (metotrexato,
a origem do tumor primário. hidrocortisona e citosina arabinosida).
ll Muitas vezes o diagnóstico é retardado ao ser
confundido com distúrbios infecciosos ou infla- —
Irradiação hiperfracionada não é prescrita para
o paciente recebendo tratamento intratecal.
matórios.
Thmor de órbita: edema palpebral, proptose, ptose,
Rabdomiossarcoma de Extremidades
cefaléia, diminuição da acuidade visual, dese-
quilfbrio dos músculos extra-oculares, outros
distúrbios oculares.
. Sem predisposição sexual.
IMetade dos casos é do tipo alveolar.
1! Tumor de nasofaringe: dor local, obstrução
de
via aereaalta, sinusite, epistaxe, congestão nasal,
I Aproximadamente 40% apresentam metástases
em linfonodos.
disfagia, paralisia de nervos cranianos. lSítios: pés (10%), pernas (23%),joelho (0,1%),
B Tumor de ouvido médio: massa polipóide no canal
coxas (13%), nádegas (16%), mãos (6,5%), coto-
.auditivo externo, associado a dor e história de velo (1,4%), braços (8,5%), antebraços (18%),
otite média recorrente, dor de ouvido, secreção ombros (3%).
pelo canal e paralisia de Bell por comprometb lIdade: crianças maiores (pré-adolescentes e ado-
mento do nervo facial. lescentes).
.
Rabdomiossarcoma n 89

Quadro clínico: tumor na intimidade muscular, da a corantes, esta deve ser realizada 2 a 3h antes
frequentemente doloroso. da cirurgia com a injeção de, aproximadamente,
ILocalização mais comum: extremidade inferior; 2 & 4mL em torno da lesão primária. O corante

s g fi”
porção distal costuma ser mais envolvida do que utilizado é o azul de metileno ou azul de isosulfan

'
a proximal. (corante azul patente). A combinação de corante :; — , º ã

i“ ª.
I Investigação diagnóstica: exame físico, TC com e radiação detectada pela gama câmera maximiza

* :
contraste IV (melhor para demonstrar compro- a detecção dos linfonodos sentinelas.
metimento ósseo), RNM (melhor exame para Tumores excessivamente grandes, com compro-

ºw
estudar a extensão do tumor), cintilografia ós- metimento neurovascular e lesões recorrentes,
sea, radiografia de tórax, cintilografia com gálio podem requerer amputação pós-tratamento quimio
(para demonstrar comprometimento de linfonodos e radioterápico.
regionais),ultra—sonografia, medulograma, biópsia Quimioterapia pre-operatória é interessante. Tem
de medula óssea. o objetivo de diminuir o tamanho do tumor pri-
mário, possibilitando a remoção dos considera-
Tratamento: . . dos irressecáveis.
A extensão da ressecção Cirúrgica depende do Sí-
tio do tumor, mas recomenda-se: Regimes utilizados: VA ou VAC ou VIE, ou VAC
I Remoção cirúrgica completa macroscópica do + topoisomerase:
grupo muscular envolvido desde a origem da
u Radioterapia é indicada a quase todos os casos,
inserção, sem perda da função ou extremidade; grupos II a IV e nos tumores com histologia al-
I Reexcisão é admitida na criança com doença
veolar, mesmo quando totalmente ressecados
(grupo I). A dose e ajustada de acordo com a
residual micro ou macroscópica, na excisão simples extensão da ressecção cirúrgica (margens nega—
não planejada com margens positivas ou manu—
tivas, doença residual microscópica, doença ma-
seio cirúrgico não pensando em câncer. croscópica pós-cirurgia).
IÉ fundamental avaliar o comprometimento nodal
ll Fatores prognósticos: invasão tecidual local, ta-
regional. Atualmente está indicado o mapeamento manho do tumor, presença de comprometimen-
linfático cirúrgico regional axilar ou inguinofe-
moral (por linfocintilografia elou corante azul to de linfonodos regionais, metástases a distância,
localização, tipo histológico.
especial) e biópsia do(s) linfonodo(s) sentinela(s).
Dissecção e remoção de linfonodos não melho- BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
ram a sobrevida, mas são importantes para o ANDRASSY, R. J. Rhabdomyosarcoma. Sem. Pediatr Surg.. v. 6,
estadiamento. Se o mapeamento linfático está sendo p 17-23, 1997
considerado, ele deve ser realizado no momento BREITFELD, P P.; MEYER, W. H. Rhabdomyosarcoma: newwindows
da biópsia ou excisão primária. Isso vai preve- of opportunity. The Oncologist. v. 10, p. 518527 2005.
nir a lesão de linfáticos, que poderá obscurecer MCMUEKIN, H. M.,YANCHAR, NL“FERNANDEZ C V Sentinel
ou causar dificuldades na identificação do gânglio lympii node mapping and biopsy: a potentially valuable tool in
sentinela. the management of childhood extremity rhnbdomyosarcoma. Pediu/r,
Surg. Int., v. [9, p. 453-456, 2003
I É sugerido o seguinte protocolo:
linfocintilografia
deve ser realizada três dias antes da cirurgia. O RODEBERG, D., PAIDAS, C Childhood rl1abdomyosarcoma.Sem.
radioisótopo marcado com tecnécio é injetado
P241311: slug, v. 15. p. 57-62 2605
WHENER, E S.;ANDERSON, I. R; OHMBA J. l. etal. Controversies
por via intraderrnica em tomo da lesão. Quando in the management of paratesticularrhabdumyosarcoma:is staging
acúmulo radioativo é identificado em gânglios retropcritoncal lymph node dissection necessary for adolescents
regionais, a pele suprajacente é marcada com tinta with resected paratesticular rhabdomyosarcoma? Sem. Pediatr. Surg.,
indelével. Se se optar pela investigação associa— v. 10, p. l46-l52, 2001,
90 I Tumores

Quando a lesão é pequena, os achados macroscó-


picos, assim como as características microscópi-
cas superficiais, assemelham-se à cistite polipóide.
«nºs
Rabdomiossarcoma nahuomlussamnma Alveolar
E É o segundo subtipo histológico mais comum.
SE

Geniturinário
ra Assemelha-se ao músculo esquelético do feto com
10 a 21 semanas de vida.
InTem um padrão único que lembra alvéolos pul—
monares
Mohamed Tawfik El-Sherbiny IÉ visto em crianças maiores e adultos jovens e
mais frequentemente compromete os sítios das
João Luiz Pippi Salle extremidades e períneo.
13 Há metástase para linfonodos e tem prognóstico
pobre
EPIDElllfllllGll
II Rabdomiossarcoma (RMS) corresponde a 4 a 8% Santino Plenmórileu
de todas as doenças malignas nas crianças < 15 IÉ raramente
anos. visto em crianças e é mais comum
a Entre os tumores sólidos, só perde em freqiiên- nas extremidades e tronco.
cia para os tumores do cérebro, linfoma, neuro—
blastoma e tumor de Wilms GHSSIFIBIÇÃÍI
ll Aproximadamente 15 a 20% dos RMS são geni—
turinários (GU) em origem. Recentemente, o IRS (Intergroup Rhabdomyosarcoma
IA incidência anual estimada de RMS GU é: 0,5 Study Staging) classificou esses tumores em:
caso por 1.000.000 de crianças < 15 anos de idade. ITipos histológicos favoráveis.
lRMS GU tem dois picos de incidência confor-
me a idade: um em crianças entre dois e seis anos
—— RMS botrióide.
RMS de células fusiformes.
de idade e outra durante a adolescência, entre I Prognóstico intermediário.
15 e 19 anos.
IMeninos são três a quatro vezes mais afetados

RMS embrionário.
ITipos histológicos desfavoráveis.
do que meninas. --
RMS anaplásico indiferenciado: apresenta
aumento de figuras mitóticas bizarras e hiper-
lllS'I'lll'llTlllllEll "x . cromatismo
ª ——
nuclear difuso
Tumor alveolar. com
pleomorfismo.

Os três maiores subtipos histológicos são: RMS de células redondas monomórficas: mar-
cada uniformidade no tamanho e característi—
nahdomlnssarcuma Emhrlanário cas citológiCas da população total de células
tumorais. **
I Corresponde a 50 a 60% dos RMS.
lMorfologicamente assemelha—se ao músculo Metastases
esquelético em desenvolvimento, observado no
feto de sete a dez semanas de vida, RMS mostra tipicamente infiltração local extensa,
II É composto de células de forma fusiforme com N Metastases linfáticas ocorrem em 20% dos RMS
núcleo central e citoplasma eosinofilico abun- geniturinários.
dante. Metastases nodais são mais frequentes nos RMS
E A presença de estrias cruzadas importante para
e
o diagnóstico, mas são vistas em' apenas 30%
desses tumores.
.de próstata (41%).
Metástase nodal é correlacionada positivamen-
te ao tamanho do tumor.

ó L B' S Z V I Q
IUm achado típico encontrado relaciona-se à maior IOs sítios mais comuns de metástases hematogênicas
concentração de células tumorais imediatamen- são: pulmões, medula óssea e fígado. São ob-
te abaixo da mucosa e também ao redor dos vasos servadas em 20% dos pacientes no momento do
sanguíneos. diagnóstico.
:: 0 termo sarcoma botrióide refere-se à forma
.polipóide do RMS embrionário e que, macrosco-
picamente, aparece como um cacho de uvas,
unresentação clínica
projetando—se intraluminalmente em viscera oca, IObstrução do colo vesical, retenção urinária, in—
como a bexiga ou a vagina. continência e infecção.
Rabdomiossarcoma Geniturínáría II 91

n Pode ocorrer hematúria macroscópica e elimi— lação com cautério é, geralmente, mais satis-
nação de fragmentos de tecidos. fatório.
E1 Massa suprapfibica palpável.
a Crescimento expansivo de localização posterior
- Em pacientes com comprometimento prostá-
tico, o diagnóstico histológico e' realizado por
causa massa facilmente palpável no exame retal biópsia por agulha transuretral, per-ineal ou extra-
e constipação. peritoneai por via suprapúbica.

z
n Nas meninas pode aparecer massa em protrusão
pela uretra e vagina
- Ultra—sonografia transretal tem importante van-
tagem em obter biópsias de excelente quali—

ovóas
:! Alguns pacientes apresentam insuficiência renal dade em pacientes em nível ambulatorial.
obstrutiva ao diagnóstico. —- Laparotomia é raramente necessária na obten-
ção de segmentos de tumor para estabelecer
diagnóstico.
Investlgaçãn niagnústica
u Ultra-sonografia.
-
A presença de massa lobulada de tecidos moles ESTAIIIMIEIITO

Bnabdomuusarcoma
no interior, deslocando ou deformando a be-
xiga, sugere o diagnóstico de RMS pélvico.
Interumnn
--
Geralmente, RMS mostra ecogenicidade homo-
gênea corn ecotextura similar à dos músculos.-
Slmlv Staging
Grupo I:
-— dem
Os linfonodos regionais'e'retroperitoneais po-
estar aumentados.
:|
Doença localizada, completamente ressecada.
I:Tumor confinado ao músculo ou órgão de origem.
~ A imagem ecografica é também útil na avalia-
ção da resposta terapêutica desses pacientes. u Infiltração fora do músculo ou órgão de origem sem
— Pode permitir a realização de biópsia transretal
guiada por ultra—sonografia.
envolvimento dos linfonodos regionais.
Grupo II:
1.1 Urografia excretora (histórico).
Tumor macroscopicamente ressecado com doença
1—
A fase cistográfica muitas vezes demonstra o residual microscópica.
defeito de enchimento característico dentro da
m Doença regional, completamente ressecada, com
bexiga, quando o colo'vesical e trígono são os envolvimento de linfonodos ou extensão em órgãos
locais de origem.
adjacentes.
- No rabdomiossarcoma prostático, a urografia
pode demonstrar elevação da base e o cisto-
a Doença regional com linfonodos envolvidos
ressecados macroscopicamente. mas evidências
uretrograma miccional distorção e alongamento de doença residual microscópica.
da uretra prostática.
Gm'be III: .

7 — 5 6- 1 4 2 8 9
1n Tomografia computadorizada.

— RMS pode ser isodenso com o músculo ou


mostrar atenuação mais baixa.
El Ressecção incompleto ou biópsia com doença
residual macroscópica.
- Áreas focais de densidade diminuída dentro
do tumor são, geralmente, causadas por he— Grupo IV: .ª
morragia ou necrose. a Metástases a distância.
— RMS de colo vesical/trígono podem ser difí-
ceis de diferenciar (em TC) de tumores cres-
Embora o sistema IRS tenha provado ser útil na
confecção de protocolos de tratamento clínico e
cendo da glândula prostática adjacente. na predição de resultados, ele tem sido criticado
la Ressonância magnética. porque não representa uma classificação pré-
—-—
Tem melhor resolução espacial do que a TC.
A habilidade da ressonância magnética em obter
tratamento. Um dos problemas com esse siste-
ma de estadiamento é a dependência do estádio
os cortes sagital e coronal é uma grande van-
tagem na visualização dos tumores de colo
do tipo de ressecção cirúrgica
iniciar a quimioterapia.
efetuada
antes de

vesical e do domo da bexiga. 0 sistema TNM tem sido adotado pela Socieda-

A extensão local do tumor também pode ser
mais bem apreciada com essa modalidade de
de Internacional de Oncologia Pediátrica (Societe'
Internationale d 'Oncalogie Pediatrique SIOP)
-

imagem. e a União Internacional Contra o Câncer (Union


e: Diagnóstico tecidual. International Contre Le Cancer). É um
sistema

RMS vesical é diagnosticado com cistoscopia
e biópsia. O uso de ressectoscópio com ele-
de estadiamento pré—tratamento, que tem se mos-
trado preditivo dos resultados, quando retrospec-
trodo em alça pode resultar em coagulação tivamente aplicados aos pacientes estudados pelo
excessiva, tornando a interpretação histológica Intergraup Rhabdomyomrcoma Study Staging
difícil. O uso de pinça de biópsia sem coagu- (Tabela 15.1).
92 a Tumores

TABELA 15.1 — TNM? Sistemaide estadiamento clínico pré-tratamento

.._ —_ng
ESTÁDIO SÍTIO TAMANHO LINFONODOS METÁSTASES
| Favorável a ou b N0. N1 MO
11 Desfavorável a NO M0
SE ~2" çÃ

lll Desfavorável b N0, N1 M0

, . ;r :
Desfavorável a N1 MO

W IV Todos a ou b N0, N1 M1
3mm...“
- e.

Sítios favoráveis: geniturinário (exceto se ocorrendo na bexiga ou próstata), órbita, cabeça ou pescoço; sítios desfavo-
lª'-.“» nu.-

ráveis: todos os outros; tamanho a: < 5cm; tamanho b: > Em.

"MTE—E"“! m Radioterapia era adicionada se a resposta a qui-


mioterapia fosse inadequada ou se o paciente tivesse
Princinlos Gerais a."
doença residual pós—cirurgia.
IO tratamento para a maioria dos pacientes com
I Terapia corn VAC em pulso foi mantida por dois
RMS 6 multimodal e cirurgia, radioterapia e qui- anos.
Ill Apenas 10% dos pacientes seriam capazes de
mioterapia são complementares entre si.
conseguir sobrevida livre;-'de recidiva corn tera-
—Excisão cirúrgica completa do tumor é reco-
mendada como tratamento inicial, a menos que pia fundamentada somente em VAC ern pulso.
Il Taxas de sobrevida (70%) foramcomparáveis em
ela resulte na perda de órgão importante (be—
xiga, vagina). Não existe indicação de desbasta- ambos os ensaios (IRS-I e IRS-II). Entretanto,
mento do tumor. no IRS-II somente 52% dos pacientes não tive-
I Radioterapia é útil particulamente em casos de ram evidência de doença em três anos, compa-
rado corn a taxa de 70% do IRS-I.
tumor irressecável ou doença residual pós-res—
secção cirúrgica tumoral. n Nenhuma diferença estatística significante foi
I Quimioterapia tem transformado o RMS de tu- encontrada em três anos, entre os dois estudos
IRS (IRS-II 22% versusIRS—123%), na porcen-
mor quase uniformemente fatal em tumor com
tagem de pacientes que mantiveram a bexiga.
boas chances de cura. Quimioterapia tem sido II Os estudos demonstraram a necessidade de melhora
empregada para conseguir controle local e sistêmico
da doença. na indução da quimioterapia, para se' obter me-
lhor controle tumoral a longo prazo.

luterana! Bhahflomvosarcoma Sillª! Internrouu nnahunmvnsarcoma Study


Staging - I (1912-1978] Staying —_i|| 11934-19118]
1- Foi utilizada a excisão cirúrgica primária do tumor I Pacientes com tumores dos grupos I e II deve-
(mesmo emprego de exenterações pélvicas) com- riam ter excisão cirúrgica primária do tumor, Se
binada com radioterapia local e quimioterapia. a histologia fosse desfavorável, receberiam qui-
Entre os pacientes com RMS primário de bexi- mioterapia com cin'co drogasz radioterapia na

i
ga/próstata foi conseguida alta taxa de sobrevida 6ª semana. Aqueles com tumores de histologia
(76%) e 39% dos pacientes mantiveram a bexiga.
I Recidiva geralmente ocorreu dentro dos dois favoravel completamente excisados (grupo I)
receberiam apenas quimioterapia, enquanto aque-
primeiros anos de tratamento. Sobrevida a lon- les tumores incompletamente excisados (grupo
go prazo foi extremamente improvável após re- II) seriam randomizados entre aqueles receben-
cidiva. do radioterapia com ou sem doxorrubicina como
terapia adicional.
Interuruun nnannomvosarnoma Sillllll Pacientes do grupo III receberiam quimioterapia
Staying ll [1978-1984] com cinco drogas. Tumoresªcrescendo na prós—
— tata e no colo da bexiga receberiam, rotineiramente,
IFoi utilizada a combinação primária de vincris-.'

L 'S Q I V Z B E
radioterapia iniciando na 6' semana. Tumores
tina, actinomicina-D e ciclofosfamida (VAC em do domo vesical, vagina exitem receberiam ra-
pulso). dioterapia na 20ª semana somente se houvesse
a O objetivo 'da quimioterapia primária foi de in— doença residual naquele tempo. .
duzir redução tumoral, permitindo ressecção I Todos pacientes do grupo IV receberiam radiote-
cirúrgica limitada (por exemplo: cistectornia rapia e quimioterapia com três, cinco ou sete drogas.
parcial), melhorando a manutenção da bexiga sem I1 Sobrevida aumentou, significativamente, após
alterar as taxas excelentes de sobrevida previa- quatro anos do diagnóstico, para 73% no IRS-III
mente obtidas.
"' e 60% naqueles com manutenção da bexiga.
Rabdomíossarcoma Geniturinário n 93

lmergroufl
nnanuumvosarcoma Stuuv m Sítio tumoral. Pacientes com tumores primários
51391119 - III
de bexiga têm melhor sobrevida (82%) do que
pacientes com tumores prostéticos (59%). Pa-
u () plano é avaliar a validade do tratamento com cientes com tumores prostáticos tinham diminuição
base no estádio pré—tratamento (TNM, tumor, lin- significante da sobrevida no IRS-II (59%), quando
fonodo, metástase).

* o - a' “
comparados com o IRS-I (82%).
I: Têm sido avaliados os protocolos fundamenta- El Contagem de linfócitos ao diagnóstico. Contagem
dos no uso de ifosfamida e etoposide.

e
alta é favorável, baixa contagem e desfavorável.

-V ,
rc Radioterapia hiperfracionada será comparada com 1n Recorrência. Falha em conseguir erradicação
a radioterapia convencional. tumoral na tentativa inicial, tem expectativa de
I Radiação convencional é dada com 180rad em
significância desfavorável.
28 frações, em um total de 5.040rad durante 5,5 I Medula óssea. A presença de metástases ao diagnós-
semanas. Radiação hiperfracionada é dada duas tico em medula óssea e um sinal diagnóstico pobre.
vezes por dia, com intervalo minimo de 6 a 8
horas, em um total de 5.940rad em 54 frações BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
de llOrad cada. ATRA, A.; WARD, H. C.; AI'I'KEN. K. et al. Conservative surgery in
multimodal therapy for pelvic ritabdomyosarcoma in children. Br:
Prognóstico no Sarcoma Pediátrica do Tram J. Cancer, v. 70, p. 1004-1008, 1994.
KAPLAN, W. E.; FIRLIT, C. F.; BERGER, R. M. Genitourinary
Urinário Inferior rhabdomyosarcoma. I. Ural, V. 130, p. 116-119, 1983.
si O grupo clínica é a característica mais impor— LA QUAGLIA, M. Genitourinary rhabdomyosarcoma in children. Uml.
tante relativa ao paciente e relacionada a sobrevida Clin. N. Am., v. 18, p. 575-580, 1991.
no IRS-I e IRS-II. Sobrevida diminui progressi- LERNER, S. P.; HAYANI. A.; O'HOLLAREN, P. et a]. The role of
vamente dos grupos clínicos l a 4. surgery in the management of pediatric pelvic rhabdomyosarcoma.
la Idade dos pacientes. Crianças de 1 a 5 anos têm J. Urol., v. 154. p. 540-545, 1995. '

prognóstico mais favorável quando comparadas RANEY JR., B.; HEYN, R.: HAYS, D. M. et :11. Sequelae of treatment
in 109 patients followed for 5 to 10 years after diagnosis of sarcoma
com crianças menores de 1 ano de idade. Tam-
bém, pacientes maiores de 10 anos têm prog— of the bladder and prostate. A report from the Intergroup
rhabdomyosarcoma study committee. Cancer, v. 71, p. 2387-2394,
nóstico mais desfavorável.
1993.
:: Subtipo histológico. Os'tipos histológicos des-
RANEY JR., B.: GEl-IAN, E. A.: HAYS, D. M. et al. Primary
favoráveis incluem RMS anaplástico, RMS mono- chemotherapy with or without radiation therapy and/or surgery
mórfico de células redondas e tumores alveolares. for children with localized sarcoma of the bladder, prostate, vagi-
Histopatologia botrióide tem mostrado taxa de na, uterus and cervix. A comparison of the results of Intergroup
sobrevida significativamente mais alta do que os Rhabdomyosarcornal and 11. Cancer, 1‘. 66, p. 2072-2081, 1990.
tumores embrionários sólidos. YEUNd;, C. K.: WARD, H. C.; RANSLEY. P. G.; DUFFY. P. G.;

7- 5 6 1 4 2 8 9
Tamanho tumoral. Tumores maiores que 5cm PRITCHARD, IÍBladder and kidney function after cure of pelvic
são desfavoráveis e têm relação direta com o rhabdomyosarcoma in childhood. Br. J. Cancer, v. 70, p. 1000-
estádio. 1003, 1994. .
l

em?—._ ,
(«_ t.
94' Tumores
.:t a
5

Mais freqiientemente encontrada no lobo hepá—


tico esquerdo, logo abaixo da cápsula.
Geralmente mede mais do que 4em de diâmetro,

S E G /1 9 5 2 Tumores Benignos
do Fígado
características Miotosnúttioas
A lesão e composta de hepatócitos, células de
Kupffer e ductos biliares.
'
i.

1a A presença de cicatriz central fibrosa estrelada


é comum e corresponde a uma aglomeração de
tecido ”conetivo em posição central. Esse tecido
João Carlos Ketzer de Souza conetivo irradia-se em direção a periferia da lesão,
ficando menos distinto.
Os tumores hepáticos primários (benignos e malig- Histologicamente, o tecido conetivo contém mui-
nos) perfazem 6% de todas as neoplasias pediátricas. tos pequenos ductos biliares e linfócitos, dando
Aproximadamente 40% dos tumores hepáticos são a aparência de cirrose.

. .:
benignos e destes, 60% são lesões hamartomatosas

Lfu.- 'ÇQWZSó .,—


(pseudotumorais). marinas-111:0 niteronoial lgrinoinal
Tumores hepáticos correspondem a 5% de todas
tu Adenoma hepático.
as neoplasias no feto e recém-nascido.
Hiperplasia nodular focal e adenoma hepático são ta Carcinoma hepatoeelular tibrolamelar.
proliferações hepáticas benignas.
As lesões vasculares e o hamartoma mesenquimal Quattro clínico
do fígado são lesões hamartomatosas. I Geralmente assintomáticos (85%).
E Queixas de dores abdominais vagas.
IIII’EBPlISlll nonuun FDGIl 1111 Mais raramente aparece massa abdominal palpável.

conceito Invostllaoão nialnústloa


Tumor hepático epitelial benigno, raro, sem predis- E Históriae exame físico.
posição à hemorragia espontânea, caracterizando-se Ultra—sonografia.
la
pela presença de área bem delimitada de parênquima
hepático hiperplastico com zona de fibrose central
-
Lesão sólida bem demarcada e homogênea,
podendo ser hiperecóica, hipoecóica, ou iso-ecói-
de forma estrelar. ca Não são observadas áreas de hemorragia,
“. necrose, ou degeneração cística. A cicatriz central
não ”costuma ser visualizada na maioria dos casos.
Quando demonstrada (20%), aparece como uma
I Corresponde a 5% das massas hepáticas benignas. banda linear hiperecóica. No ecoDoppler mostra

i
I Dez por cento ocorrem em crianças menores de fluxo sanguíneo aumentado e _um padrão de vasos
15 anos. Geralmente diagnosticado entre 2 e 5 irradiando-se perifericame'nte a partir de uma
anos de idade. artéria central nutridora.
I Predisposição pelo sexo feminino (80%). Cintilografia com colóide sulfúrico marcado com
tecnécio-99m.
Enologia -- Em aproximadamente 60% dos casos há acú-
mulo do radioisótopo na lesão. O achado de
captação normal ou aumentada na lesão e diag-
Desconhecida. Suspeita-se que é conseqíiente a um
nóstico, pois nenhum outro tumor hepático con—
processo de reparação secundária a morte celular focal
de celulas hepáticas em doenças pré-existentes, como tem células de Kupffer, local em que é captado
esse radioisótopo. A não captação não afasta
hemangioendotelioma, telangiectasias, shunts A-V. a hiperplasia nodular focal (HNF).
Parece ter relação com doenças vasculares hepáticas. I Tomografia computadorizada (TC).

caracteristicas Macrosoúnloas

A técnica tomográfica trifásica tem sido a mais
efetiva forma de visualizar a maioria das le—
sões intra—hepáticas. Baseia-se em uma TC he—
Massa nodular única em 90% dos casos, não lieoidal inicial não—contrastada, seguida, após
encapsulada, porém bem circunscrita e com con— a infusão de contraste, pela fase arterial para
sistência firme. detectar imagens hipervasculares e, posterior-
I Coloração mais pálida do que o parênquima he— mente, pela fase venosa portal de intensifica-
pático circunvizinho. ção máxima.
Tumores Benignos do Fígado = 95

por artéria terminal simples, que irrigada com álcool


poderá promover necrose estéril difusa da massa.

IIIIEIIIIMII IIEI'li'IIBIi
conceito

'
'
'Iumor hepático benigno, raro, de etiologia desconhecida,
com predisposição ao sangramento espontâneo, po-
dendo exibir potencial para a malignidade. É carac-

aovós
terizado pela proliferação de hepatócitos.
Figura 16.1 -Tomografia computadorizada, com contraste,
de hiperplasia nodular focal.

— Nota—se a presença de massa hem definida Corresponde a 2 a 4% das massas hepáticas benignas.
isodensa ou hipodensa no estudo não—contras- a Predisposição pelo sexo feminino.
t‘ado. Com o uso de contraste, a lesão torna-se
um pouco mais isodensa ou hiperdensa na fase condições Associadas
arterial, exceto na cicatriz central, que apre-
senta retardo de enchimento pela presença de n Anticoncepcionais.
E Anabolizantes esteróides androgênicos.
estroma mixomatoso abundante. Na fase ve—
I! Doenças de armazenamento do glicogênio (doença
nosa portal, a lesão toma—se novamente isodensa,
com difusão gradual do contraste para o estroma de von Gierke tipo I). -
mixomatoso da cicatriz central que fica hiper— m Anemia de Fanconi. O desenvolvimento do ade-
vasculan'zada (Fig. 16.1). noma hepático é iatrogênico, relacionado à tera-
I Ressonância nuclear magnética.
pêutica com andrógenos com intuito de estimular

-—
Sinal de intensidade homogênea (isointensidade),
à exceção da cicatriz central, que tem hiperin-
a eritropoese.

tensidade. características hinoroscúuioas


—-
No hepatocarcinoma fibrolamelar, a cicatriz
central tem hipointensidade, pois se trata de
Massa nodular solitária, encapsulado, bem cir—
cunscrita, superfície lisa, consistência firme.
cicatriz fibrosa verdadeira com pobre vascula- Coloração que varia do amarelo ao acinzentado.
rização. Mais con-turn no lobo hepático direito.


!: Arteriografia hepática.
Pouco usada por ser invasiva. Geralmente le- Geralmente-‘tem
metro).
tamanho grande (> 8cm de dia-
são hipervascular com delgada septação radiada.

Pode ser observado enchimento centrífugo da
artéria nutriente à periferia da lesão. características Microsoouioas
A lesãd é composta por um aglomerado de hepatócitos
Tratamento normais sem a presença de células de Kupffer. Esses
hepatócitos são similares às células de urn fígado normal.
Tratamento conservador. Há necessidade de diagnóstico Não há ductos biliares, nem tratos portais dentro do
preciso, pois há relatos de coexistência com carcino— tumor. Hemorragia e necrose são freqiientes (35%).
ma hepatocelular, apesar de raros. Ressecção cirúr— Padrão histológico pode ser similar ao carcinoma
gica completa da HNF, com diagnóstico comprovado hepatocelular bem diferenciado, tendo sido relatado
por biópsia percutânea, não é mandatória no paciente o desenvolvimento deste dentro de adenoma.
assintomático.
Indica-se ressecção cirúrgica somente nas seguin-
tes situações: Quadro clinico
fl Grande volume. BI Geralmente são assintomáticos.
in Lesão em crescimento. ll Queixas de dores abdominais vagas.

9 7 6 -8 5 2 4 1
D Sintomas de compressão. ll Massa abdominal.
a Risco de hemorragia traumática. a Hemoperitônio por ruptura espontânea.
Fl
Dificuldade diagnóstica. e: Osteoporose.
. Uma alternativa a remoção cirúrgica e a ligadura
Cirúrgica da artéria nutridora ou embolização com álcool lnvostinação Diagnostico
absoluto (lmL/kg). A HNF costuma ser suplementada ul História e exame fisico.

« rw
.c—
96 u Tumores

:: Ultra—sonografra. A experiência clínica mostra que o HMF desen—



ª“:

Lesão sólida de ecogenicidade mista em 80% volve-se no período pré-natal e cresce durante os pri-
e hipoecóica em 20%. Os achados não são meiros meses de vida. Há poucos relatos de regressão
nªõ "

espontânea. A história natural é pobremente enten—


A .» específicos
--Padrão ultra— sonográfico heterogêneo. Áreas dida. A patogênese não e clara, mas suplementação
*
:= .

de necrose apresentam-seiso ou hipoecóicas. sanguínea anormal de um lóbulo elou expressão anormal


I Cintilografla com colóide sulfúrico marcado com de fatores fibroblásticos de crescimento parecem ser
Nan—._,

tecnécio-99m. relevantes.
-
aí:.

Geralmente não há captação pela massa.


— Em casos esporádicos pode haver captação. Eniuemiolouia
I Tomografia computadorizada.

— Na maioria das vezes, a lesão e levemente


I Costuma aparecer clinicamente em crianças me-

M S‘ ' L Z VI Q
hipodensa em relação ao parênquima hepáti- nores de cinco anos de idade.
co circunvizinho pela presença de gordura e 85% são detectados antes dos dois anos de idade.
glicogênio dentro do tumor. Leve predominância no sexo masculino (3M:2F).
- Com o uso de contraste, aparecem áreas de di—
versas densidades, variando entre iso, hipo e
Ia Representa 5% de todos os tumores hepáticos
primários da criança.
hiperdensidade, principalmente. 0 aspecto hiper- ra É mais frequente no lobohepático direito, junto
à superfície inferior e a'nterior do lobo corres—
vascular, geralmente periférico, é explicado em
parte pela existência de vasos nutridores subcap- pondente (Fig. 16.2). Setenta e cinco por cento
sulares e veias de drenagem. crescem no lobo direito, 22% no lobo esquerdo
e 3% em ambos os lobos.
— Não é observada cicatriz central. Pode ser obser-
vada hemorragia.
I Não costumam associar—se a outras anomalias
congênitas. Entretanto, as seguintes têm sido rela-
I Ressonância nuclear magnética.
tadas na literatura: doença cardíaca congênita,
— Não específica. Muito variável. Massa hete-
rogênea.
mar-rotação intestinal, atresia de esôfago, atresia
biliar, onfalocele, mielomeningocele, síndrome
I Arteriografia hepática. de Beckwith-Wiedemann.
— hipovascularesx (locais de hemorragia).
Lesão hipervascular, mas com pequenas áreas
[:araotorístloas MIEI'ISGIIIIIIS
Tratamento IColoração varia do amarelo-avermelhado ao ver—
melho escuro e marrom.
I Adolescentes em uso de anticoncepcionais
esteróides: sua suspensão pode causar regressão
IO
tamanho médio do HMF é de aproximadamente
do adenoma. Controlar a evolução ou involução &.I 15cm._
ª Grandes hamartomas podem“ atingir até 25 a 30cm
com ultra—sonogratias periódicas. de diâmetro
lIndicações cirúrgicas: relação com carcinoma he- I O peso médio E de aproximadamente 500 a l.000g.
patocelular, são hipervasculares, podendo tom- I Éuma lesão predominantemente cística, com cistos
per e sangrar espontaneamente, lesões em evolução, de variados tamaiihos. "**
lesões acompanhadas por osteoporose. I O conteúdo do cisto varia desde um material ge-
!Tecnica cirúrgica: remoção cirúrgica segmentar
latinoso a um fluido seroso.
ou ressecção hepática parcial.
ll Embolização ou monitoração de aumento de alfa-
fetoproteína são opções, se o adenoma for irres—
secável ou a ressecção for de grande risco.

HAMIBTIIIM MESEHIIIIIMM I10 FÍlilIlll


Gonoelto
Hamartoma mesenquimal do fígado (HMF) é uma
malformação congênita de desenvolvimento, origi-
nada nos tecidos conetivos dos tratos portais (mesên—
quima), semelhante a um verdadeiro tumor (pseudo-
tumor) e com marcada tendência para formar cistos.
A lesão e predominantemente cística, contendo grande
variedade de tecido conetivo frouxo edematoso, ductos Figurª 16.2 Hamartoma mesenquimal mostrando sua ln-
biliares, hepatócitos e células hemop'oiéticas.
-
tima relação com o lobo hepático esquerdo.
Tumores Benignos do F/gado : 97

Figura 16.3 - Relação do hamartoma mesenquimal com o


parênquima hepático. (A) Limites bem definidos. (B) Limites
mal definidos. (O Pedunculados.

|:
Não são encapsulados. São bem circunscritos e
circundados por margem irregular de parênquima Figura 16.4- Grande massa hepática no hipocôndrio esquerdo
hepático comprimido, ductos biliares e vasos san- causada por hamartoma mesenquimal do fígado.
giiíneos.
!Os HMF podem ter a seguinte relação com o
parênquima hepático: dome superior e de crescimento progressivo (acú-
— Intra—hepático com limites bem definidos (Fig.
16.3, A).
mulo de líquido na lesão) (Fig. 16.4).
No recém—nascido, a parede abdominal pode en—
—-
Intra-hepático com limites mal definidos (Fig.
16.3, B). '
contrar-se flácida, enrugada e redundante, como
se houvesse musculatura abdominal deficiente
-
Pedunculados (Fig. 16.3, C). Correspondem
a 20% dos casos.
(pseudo prime belly) (Fig. 16.5).
a Dor abdominal.
n O hamartoma mesenquimal é considerado uma ra Vômitos.
lesão focal. Porém, pequenas lesões satélites na ll Constipação ou diarréia.
margem do tumor têm sido descritas, o que poderia Dificuldade respiratória (principalmente nos RN).
explicar a recorrência do tumor após aparente & Sinais de obstrução da veia cava inferior com edema
excisão completa. da parede abdominal e dos membros inferiores.

Baracterislicas Mieroscúttloas Investigação liannústioa


Microscopicamente é caracterizado por uma mistura o Investigação pré-natal.
de áreas císticas, epitélio biliar, hepatócitos e elementos
mesenquimatosos.
— Tem sido detectado pela ultra-sonografia prénatal,
geralmente no 3º trimestre da gravidez. A alfa-
Ha uma mistura de componentes sólidos e císticos, rLfetoproteína (AFP) materna e o beta-HCG po—
com predominância desses últimos. ªdem estaraumentados. Pode haver poliidrâmnio.
Os cistos não se comunicam diretamente com o
trato biliar. São separados por septos fibrosos e cir-
cundados por tecido mesenquimatoso frouxo contendo
ductos biliares, vasos sanguíneos e ilhas de tecido he—
pático (estroma). O estroma é constituído de abun-
dante tecido conetivo, colágeno frouxo, derivado do
mesênquima primitivo e rico em substância interce-
lular amorfa, gelatinosa ou aquosa. Esse tecido conetivo
mantém uma predisposição peculiar de acumular fluidos
em seu interior. Ao ser comprimido pelos cistos e pseu-
- — r n"
docistos, o estroma adquire uma aparência esponjosa.

Quadro clinico
IDistensão abdominal progressiva às custas do
crescimento de uma massa palpável no quadrante
superior em pacientes assintomáticos.

978- 5 24I 6
ICaracterísticas da massa abdominal: superfície
lisa, massa única, esférica, margens lisas, algo
móvel (principalmente nos pedunculados), indolor,
intimamente relacionada ao fígado, lobulada Figura 16.5 — Recém-nascido com massa tumoral à direita e
(modulação entre as áreas sólidas e císticas), pseudo prune belly por hamartoma mesenquimal hepático
consistência variando do cístico ao firme, no ab- direito.
98 I Tumores

IHistória e exame físico. entre o cisto predominante e a cavidade am-


IExames laboratoriais. niótica.

Bilirrubinas séricas elevadas em 20%. A AFP
pode estar moderadamente aumentada. A ori-
' Nos grandes hamartomas tem sido preferido
o parto cesáreo para evitar distocia.
gem do aumento está nos hepatócitos e epitélio In Esta indicada a excisão completa do hamartoma
dos ductos biliares presentes dentro do estroma fundamentada na tendência de recorrência local
mixomatoso frouxo do tumor. após excisão subtotal ou aparente excisão com-
lImunoistoquímica. pleta e no aparecimento, raro, de sarcoma embrio-

O componente mesenquimatoso do tumor pode nário indiferenciado em crianças maiores.
ser imunorreativo a vimentina, actina dos mús-
culos lisos, alfa-l-antripsina e desmina. Podem - Tem sido sugerida a possibilidade de uma relação
histogenética entre o sarcoma indiferenciado
também expressar receptores do fator de cres— e o hamartoma hepático. Ambos compartilham
cimento fibroblástico. uma origem celular comum, uma célula mesen-
lRadiografia de abdome. quimal indiferenciada. Evidências clínicas,

Efeito de massa no quadrante superior corres—
pondente deslocando as alças intestinais para
histológicas e genéticas sugerem que o sarcoma
indiferenciado pode desenvolver—se dentro de
o lado contralateral e posteriormente. Calcifi— um hamartoma pré-existente.
cações podem estar presentes em 15 a 35%.
Cintilografia hepática com colóide sulfúrico mar-
nr Cirurgia: laparotomia transversa supra-umbilical
direita ou esquerda com enucleação da lesão intra-

L'S9‘H’Z85
cado com tecnécio-99m. hepática ou excisão por simples ligadura do pedículo
—-
Massa hepática com captação irregular e'di-
minur'da ou não-captação.
(nos pedunculados). Lesões pedunculadas podem
ser ressecadas por videolaparoscopia.
Ultra-sonografia abdominal. I A lobectomia hepática formal pode estar indicada


Massa multicística de aspecto anecóico e com
septações internas ecogênicas finas e sem debrir
nas lesões hepáticas profundas ou até a drena-
gem externa por cateter ou marsupialização nos
dentro dos cistos (predominância cística). Na casos irressecáveis. Nesses casos irressecáveis,
vigência de cistos muito pequenos, pode apre- talvez a melhor conduta seja: biopsiar & massa
sentar—se como massa ecogêrrica, dando o aspecto e observar o seu crescimento. Se ela estabilizar
de queijo suíço (predominância mesenquima- durante os primeiros meses de vida, devem ser
tica). Esse tipo é bem mais raro. feitos exames ultra—sonográficos repetidos, aguar—
ITomografia computadorizada com contraste. dando a possibilidade de regressão espontânea

Massa multilocular bem circunscrita, conten-
do cistos de baixa densidade separados por septos
ou redução relativa de tamanho durante o cres-
cimento da criança. Se a lesão não desaparece
sólidos e estroma que se intensificam com a completamente durante os primeiros quatro a cinco
administração de contraste endovenoso. Quando & . anos de vida, indica-se ressecção (talvez sequencial)
estroma e septos são muito vasculares e os cistos peld'risco de transformação“ maligna.
muito pequenos, a lesão pode parecer sólida. lAtualmente, alguns autores têm recomendado
lRessonância nuclear magnética. tratamento Arão-operatório cm todos os casos
com
l

0 tipo cístico (muito mais comum) tem hipo-
intensidade em T1 e hiperintensidade em T2
assintomáticos biópsia provada, com base
em alguns relatos de-litãratura demonstrando
com lóculos separados por septos de baixa regressão espontânea. Nesses casos, há necessi-
intensidade. No tipo com predomínio do estroma, dade de cuidadoso follow-up.
há diminuição do sinal em T1 e T2. Mas o assunto é controversorpois outros têm obser-
I Arteriografia hepática. vado uma ligação entre o HMF e o sarcoma ern-
—-
Massa avascular ou hipovascular com margens
bem definidas.
brionárío indiferenciado por causa da notável su—
perposição dos achados fenotípicos, histológicos
e citogenéticos. Na opinião desses autores, o HMF
pode representar uma verdadeira neoplasia com
Tratamento potencial de malignidade. No futuro, estudo e
IIntervenção pré—natal: está indicada em casos mapeamento da região cromossômica l9q13
selecionados (hidropsia fetal). A hidropsia fetal poderão representar a cha-ve para o entendimento
é causada pela compressão da veia cava inferior da patogênese dessas duas lesões.
e/ou veia umbilical. No feto que está se tornan-
do hidrópico a conduta a ser adotada pode ser: '

—- Indução de parto prematuro, se o fetoja é viável. HEMIHEIOEHMTEHQMA


— Tratamento fetal (quando o tumor é composto
nonceim
.-

por poucos e grandes cistos) com aspirações


percutâneas frequentes guiadas por ultra-sono- São anomalias congênitas do desenvolvimento das
grafia ou por inserção de cateter tipo pigtail células mesoblásticas especializadas na formação de

1 r .-
v
Tumores Benígnor do Fígado n 99

u Ruptura espontânea ou por trauma do heman—


vasos sangiiíneos. São verdadeiros hamartomas, cons— gioendotelioma com hemorragia intraperitoneal
vasculares
tituídos por múltiplos lagos revestidos por
e choque.
células endoteliais. Podem funcronar como shunt:
nr Ocasionalmente, pode ser auscultado sopro sistó-
armr-iovenosos, resultar insuficiência
em cardíaca
congestiva ou shunt artenoportal com
hipertensão porta.
As vezes, o diagnóstico diferencial entre o heman-
lico sobre o epigástrio.
Icterfcia em até 20% dos casos.
Ascite, perda de peso e febre são achados mais raros.

“Z,
gioendotelioma e um hepatoblastoma fetal pode ser

ovõas
difícil. ns Hipotireoidismo. A enzima 3-iodotironina desio-
dase, normalmente presente no cérebro e na pla-

.
Epidemiolºgia
' centa, pode também ser encontrada nos tecidos
que formam o hemangioma. Essa enzima catalisa
Correspondem a 10% de todas as massas hepa- a conversão da tiroxina em triiodotironina e a
ticas primárias. conversão da triiodotironina em 3,3'-diiodotiron.ina,
lCorrespondem a mais de 50% dos tumores be- ambas biologicamente inativas. Acredita-se que,
nignos do fígado. nos hemangiomas gigantes, ocorra uma exces—
I É o tumor mais comum de fígado no lº ano de siva inativação do hormônio tireóideo por essa
vida. enzrma.
I 85 a 90% são diagnosticados nos primeiros três
a seis meses de vida. Raramente são encontra— Investigação [viamos-tina
dos em crianças acima dos três anos de idade.
I 50% são diagnosticados nas primeiras seis se- la História e exame físico.
manas de vida. u Exames laboratoriais.
I Predisposição pelo sexo feminino (1,5 a 2F:1M).
I Hemangioma cavernoso hepático é muito raro,
— sempre
Solicitar testes
de função hepática, que quase
serão (exceto bilirrubinas séricas
normais
apresenta—se em crianças maiores e não costu- que podem estar aumentadas em 20%), hemo-
ma estar associado a hemangiomas em outros grama (pesquisar anemia, hemoglobina geral-
locais. mente é < lOmg/dL), provas de coagulação e
pesquisa dos fatores de coagulação. Os níveis
de alfafetoproteína costumam ser normais, exceto
caracterislicas Macrosc‘finicas em 3% dos casos.
I Massa única (55%), não encapsulada; é a forma
mais comum.

Nas coagulopatias há trombocitopenia e dimi-
nuição dos fatores de coagulação.
I Lesões múltiplas de origem multicêntrica (45%). m Radiografia de tórax.
—-
,

Na insuficiência cardíaca pode-se detectar hi-


ªpertrofra ventricular e aumento da vasculari-
Eniaunústieo nitareneial ªzação puImonar.
I Hepatoblastoma. I Radiografia de abdome.
I Hamartoma mesenquimal.

Efeito de massa (hepatomegalia) no hipocôn—
I Hiperplasia nodular focal.
I Neuroblastoma IV—S. lilr io
correspondente cdm calcificações finas em
5 a 35%.
:Ultra—sonografra abdominal.
'“

'Quaurn clinico —
Apresentação variável. Pouca especificidade
IDistensão
massa
abdominal progressiva com ou sem
abdominal superior palpável.
!Fígado aumentado de tamanho (hepatomegalia).
para massas hepáticas nas crianças. Em geral,
apresenta vários graus de ecogenicidade com
massa hepática complexa hipoecóica e áreas
r m —,.
focais hiperecóicas causadas por trombose e
lHemangiomas cutâneos estão presentes em 50%.
calcificações. A ecotextura depende do con-
I Coagulopatia devido ao seqíiestro de plaquetas
teúdo celular e diâmetro dos sinusóides com
nos canais vasculares (fenômeno de Kasabach- áreas de hemorragia, fibrose e calcificações.
Merrit) e de fatores de coagulação (principalmente Aorta abdominal proximal dilatada e grandes
fatores II, V, VIII). Trombocitopenia presente em veias hepáticas indicam shunt A-V dentro da
35% dos casos. massa hepática.
I Insuficiência cardíaca congestiva devido a shunt I Ecografia com Doppler.
nrteriovenoso esquerda-direita no tecido angio-
matoso (15 a 50%). Quanto mais precoce a apre— —
Demonstra presença de shunts intra-hepáticos.
I Arteriografia hepática.
sentação do quadro, mais graves serão os sintomas
cardíacos. -—
Indicações principais: pré-embolização sele-
tiva. pré-ligadura da artéria hepática, delineação
l
Anemia
l Disfunção
(25%).
respiratória.
da anatomia arterial hepática pré-ressecção do
tumor.
100 n Tumores

- Demonstra artéria hepática aumentada de vo- ru Ressonância nuclear magnética.


lume, aorta proximal dilatada, aorta distal a artéria
hepática pequena, veias hepáticas de drenagem

Demonstra padrão homogêneo nas massas pe—
quenas. Nos hemangioendoteliomas grandes há
dilatadas, artérias nutritivas aumentadas e tor- um padrão heterogêneo. São massas hipointensas
tuosas em torno de área relativamente avascular em Tl e hiperintensas em T2 e, portanto, pa—
e achados não-usuais corno artéria gástrica drões não-específicos. Como regra, quanto maior
esquerda suplementando o lobo hepático esquerdo. o tumor, mais diversos são os seus componen—
A presença de uma fase venosa precoce pode tes intemos. Hemangioendoteliomas gigantes
demonstrar grandes shunts intratumorais. têm um espectro variado de alterações histológicas,
I Cintilografia hepática. incluindo Hemorragia, trombose, hialinização,
- Não há captação do isótopo.
-
liquefação e fibrose.
Atualmente tem sido utilizada a cintilografia

6 L 8' 9 Z W 5
Atualmente preconiza-se o uso da angiorres-
com hemácias marcadas com tecuécio—99m. sonância magnética no lugar da arteriografia,
I Tomografia computadorizada. técnica sabidamente invasiva. '

—-Demonstra uma massa bem definida, hipodensa


e homogênea em relação ao parênquima he-
pático. Calcificação e ocasionalmente vista.
complicações
— Com o uso de contraste há captação aumenta—
da e bem precoce iniciando na periferia da lesão,
I Anemia por seqiiestração e hemólise de eritrócitos
dentro dos capilares da lesão e presença de pe—
com gradual opacificação de áreas centrais (di- quenos sangramentos.
reção centrípeta). Após curto espaço de tem— I Insuficiência cardíaca congestiva pelo shunt, com
po, aparece enchimento isodenso completo da hipertrofia ventricular, aumento do rendimento
lesão e do fígado. Áreas de hemorragia po- cardíaco e vascularização pulmonar aumentada.
dem imitar áreas de necrose de um tumor I Fenômeno de Kasabach—Merritt por seqiiestração
maligno. de plaquetas dentro da lesão.

Hemongioendoteliomo hepático

Lesão uniloterol' Lesão bilateral

Assintomótico
. Único,
sintomóticu,
resseqóvel
.
Volumoso,
1 .1 .
. .,
t
Assintomotlco
1...
Sintomôtioo

. siªtomáticlo, r .v
Observação 'e “Ci
ressecobilidocle,
Esteróides .a:,.) 77 Trotomento'

e ou .,r cll nico,
+ **
1, .l interleronolto v
esteróides
.
Tratamento ' e ou
cínico interleroncllo
+” '
ressecção Tratamento
ínico
he otectomio *
Ppurciol Esteróides
e ou Embolizução
interferencllo ou
+ ligadura
embolização
pu
ligadura
Transplante
epotico
Hepotecto'mia parcial
pelo técnico
EVHHNH
ou com
circulação
extrocorpôrecl

Figurª 16.6—Algontmo de conduta terapêutica para hemangíoendotelioma hepático. EVHHNH:hemodilurção normovolêmlca


com hipotensão anestésica deliberada e-hlp'ortermiaçt-
. x .. r.,
,...,.

. _ *
_ . ,
.
Tumores Benignos do Fígado ||
101

Coagulação intravascular disseminada (CIVD) zadas em crianças nas quais o fígado apresenta

"
por seqtiestração de fatores de coagulação, hemólise
microangiopática, trombose e coagulopatia de
grande circulação colateral através de colaterais
oriundas do diafragma e retroperitônio. Antes da
. ,, ,

" sªn,. .;onsumo. ' embolização, é importante definir a existência


élª?“
:,. ra tumoral. _
I Hemorragia intraperitoneal secundária a ruptu-

I Insuficiência respiratória por congestão pulmo-


de vasos nutridores aferentes largos e múltiplos,
ou inexistência de vaso nutridor simples, acha-
dos esses que tornam a técnica menos sensível.
nar e hepatomegalia. Embolização da artéria hepática pode ter efeito '“
temporário, podendo ser repetida duas a três vezes
ou complementada com outras formas de trata-
'Itatamento (Fig. 16.6) mento.
I Lesão assintomática: observação, Regressão es- llFenômeno de Kasabach—Merritt: sangue fresco,
pontânea costuma ocorrer em um ano. Pode estar esteróides sistêmicos, embolização arterial. He-
indicado o uso de esteróide sistêmico. parina é contra-indicada, pois pode acelerar o
». I Choque hipovolêmico por ruptura: reposição crescimento do hemangioma (fator angiogênico).
sanguínea + laparotomia de urgência. Pode ser usada na CIVD causada por malforma-
I Lesão única, bem localizada, sintomática: digoxina ções vasculares.
+diuréticos +ressecção ou hepatectomia parcial. I CIVD: ressecção parcial e embolização são contra—
._ I Lesão multifocal assintomática: esteróides, inter— indicadas, pois pioram a coagulopatia de consu-
feron-alfa. me e há risco de sangramento incontrolável na
I Lesão multifocal bilateral ou extensa unilateral cirurgia.
com insuficiência cardíaca: digitálicos + diuréticos Nos casos em que houver falha do tratamento
+ esteróides e/ou interferon—alfa—ZA (1 aãuglmª/dia) com essas técnicas ou inadequada anatomia para
+ hormônio tireóidco. Os esteróides sistêmicos embolização, pensar na ressecção tumoral pela
(aceleram a involução) são considerados drogas técnica de exclusão vascular hepática + hemo-
de primeira linha no tratamento dos hemangiomas diluição normovolêmica com hipotensão anes-
hepáticos. Devem ser usados em doses altas tésica deliberada e hipotermia (EVHHNH) ou
(prednisona 4 a 5mg/kg/dia por um mês e 2 a ressecção tumoral com circulação extracorpórea
3mglkg/dia por mais um mês). Podem ser ne- ou transplante hepático.
cessários dois ou três cursos. Pensar na ligadura
da artéria hepática ou embolização arterial.,Quando REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA
o shunt A-V é grande, há risco aumentado das 1. DELDRIMIER,AA.; SlMPSON,E B.;BAUM, R. S.; CARLSSON,
partículas de embolização entrarem na circula— E. Hepatic-artery ligation for hepatic hemangiomatosis. N. Eng. ].
Med., v. 277, p. 333-336. 1967."
ção venosa. Nesses casos é preferível a ligadura t

da artéria hepática. A desvascularização hepáti-


., ca e bem tolerada se o fluxo venoso portal é mantido BIBLIOFRAFIA RECOMENDADA
BACHMAN, R.: GENIN, B.; BUGMANN, P. et al, Selective hepatic
a ,: e a sepse evitada. Sempre, antes da emboliza- artery ligation for hepatic haernangioendothelioma: case report and
, “€,—,,. ção ou ligadura da artéria hepática, realizar review of the literature. Eur: .I. Pediatr Surg., p. 280-284, 20031
arteriografia e/ou angiorressonância magnética. EDMONDSON, H. A. Differential Diagnosis of tumors and tumor-
v, Define se a ligadura, em caso de doença unila- like lesions of liver in infancy and childhood. Am. J. Dir. Child.,
teral, deverá ser da hepática direita ou esquer— v. 91, p. 168-186. 1956.
da, ou da hepática comum, em caso da existência GIBBS, 1. F.; LITWIN, A. M.; KAHLENBERG, M. 8. Contemporary
management of Benign liver tumors. Surg. Clin. North Am., v. 84,
de vasos nutridores oriundos do lobo hepático 2004.
contralateral. De Lorimier' preconiza, nos ca- MEYERS, R. L.; SCAIFE, E. R. Benign liver IInd biliary tract masses
sos de hemangioendotelioma difuso ou bilateral in infants and toddlers. Sent Pediatr: Surg., v. 9. p. 146—155, 2000.
e em casos de insuficiência cardíaca congestiva, MILLARD, I.; FRASER, N.; STEWART, R. J. Mescnchymal hamartoma
a ligadura da artéria hepática na sua origem junto of the liver: is biopsy always necessary? Pediatn Surg. Int.. v. 22,
p. 622-625. 2006.
ao tronco celíaco. Nesta técnica sempre restará
fluxo arterial contralateral para o fígado pelos STOCKER, I. T. Hepatic tumors in children. Clin. Liver Dir., v. 5,
n. l, p. 259—281, 2001.
vasos gastroduodenal e pancreatoduodenal. As STRINGER, M. D.; ALIZAI, N. K. Mesenchymal hamartoma of the liver.
ligaduras que não funcionam são aquelas reali- a systematic review. I. Pediatr: Surg., v. 40. p. 1681-1690, 2005.

978— 5- 241 6 CIRURGIA PEDIÁTRICA


_
MOACIR ASTOLFO tIBÚRcIO
um «ao cPF cross-rsss!»
“'ª .7' .
102 u Tumores

Leve predominância no sexo masculino: 1,7M:IF.


Após os cinco anos de idade, a diferença entre
os sexos desaparece.

m Tumores Malignos
a História de prematuridade em 10% dos casos.
sl Condições associadas: síndrome de Beckwith-
.

Wiedemann, hemi—hipertrofia, poliposê adeno-


m

matosa familiar, síndrome de Gardner, história


do Fígado de uso materno de gonadotrofma coriônica, sín-
drome alcoólica fetal, precocidade isosexual em
meninos (3% dos casos), baixo peso ao nascer,
osteopenia (20%), anomalias congênitas (fen-
João Carlos Ketzer de Souza da palatina, anomalias renais, principalmente
Mário Rafael Carbonera agenesia renal e rins multicísticos e cardiovas-
cular), defeitos de coagulação, trombocitose, ex—
posição materna a metais, tintas e produtos a
Aproximadamente 1% dos tumores malignos da criança base de óleo.
e 15% das massas abdominais são deorigem hepática. Ia Locais mais frequentes de metástases: pulmões,
Aproximadamente 60% das massas hepáticas são porta hepatis, ossos, medula' óssea, cérebro. Dez
malignas. a 20% apresentam metástases pulmonares ao
A maioria (> 50%) dos tumores malignos do fíga- diagnóstico.
, do medem mais de 10cm de diâmetro e situam—se no

lobo hepático direito (3D21E).


O hepatoblastoma (> 65%) e o carcinoma hepato- Macroseunia
celular (> 25%) são responsáveis por mais de 90% Tumor grande, unifocal (80% dos casos), lobulado,
das lesões hepáticas malignas. Os outros 5 a 8% cos— com áreas de necrose, circundado por pseudocápsula
tumam ser causados pelo rabdomiossarcoma dos ductos (frequentemente presente), altamente vascularizado
biliares intra-hepáticos e mesenquimoma. e desenvolvendo-se em fígado histologicamente normal
Hepatoblastoma (43%) e hemangioendotelioma (Fig. 17.1). E mais raro encontrar-se tumor multi-
(36%) são os dois tumores mais comuns nos primei- cêntrico, difuso intra-hepático ou extensão intravascular
ros dois anos de vida e perfazem, aproximadamente, macroscópica. Sessenta por cento dos casos atingem
80% das lesões antes dos dois anos de idade. o lobo direito, 15% o lobo esquerdo e 25% apre-
sentam—se como massa única estendendo—se além da
HEPITBBUISTIIIM linha média ou como lesões múltiplas; em ambos os

Epidemiologia 10h85. *
'tipo epitelial tende a ser homogêneo, enquanto
o tipo misto demonstra um aspecto mais diverso com

SL ' K Z W Q
I Maior prevalência entre um e três anos de idade
(80% dos casos). Menos de 10% dos casosocorrem áreas osteóides, cartilagem, calcificações, fibrose, ne-
durante o período neonatal. crose e hemorragia. :, '
l “
.; _ «a
cltugenética
u Perdas'da heterozigose no cromossomo 11p15 e
lp36 têm sido descritas no hepatoblastoma. Essas
regiões contêm genes supressores tumorais.
I: Citometria de fluxo: diploidia, mais encontrada
em tumores de histologia fetal, correlaciona-se
a melhor prognóstico, enquanto a aneuploidia
correlaciona-se a pior prognóstico.

classiiicação
Com base na predominância de componentes epiteliais
ou mesenquimáticos.
I Epitelial.

Figura 17.1 —Superfície de corte de hepatoblastoma de lobo


—— Embrionário: 19%.
Fetal: 31%.

esquerdo do flgado. observam—se áreas de necrose e uma — lndiferenciado


Macrotrabecular: 3%.
pseudocápsula. — de pequenas células: 3%.
Tumores Malignos do Flgada I
103

I Misto (epiteliallmesenquimático). normais ou baixos de AFP ou extremamente


- Teratóide: 10%. elevados, em contraste com níveis intermediários,
- Não—teratóide: 34%. está mais relacionada a mau prognóstico.
I Dosagens de uréia, creatinina, triglicerídeos, coles-
O tipo fetal era considerado de bom prognóstico e
os tipos macrotrabccular (semelhante ao hepatocar- terol, HCG (se houver puberdade precoce no
cinoma) e indiferenciado, de pior prognóstico. menino), eletrólitos (calcio pode estar aumentado
Atualmente, parece que todos os tipos histológicos e fósforo diminuído).
mostram prognóstico semelhante.
Exames por Imagem
quadro clínico I Radiografia de abdome: hepatomegalia, calci-
I Massa abdominal assintomática de linha média ficações grosseiras.
do abdome superior ou do quadrante superior direito I Radiografia de tórax: pesquisa metástases pulmo-
em mais de 80% dos casos. nares.
I Distensão abdominal, sem massa palpável ou Tomografia computadorizada (TC) de tórax: tem
visível (20%). vantagens sobre as radiografias. Tem sido indicada
I Desconforto abdominal. de rotina na detecção de metástases pulmonares.
I Anorexia, perda de peso, fraqueza, palidez (20 I Ultra-sonografia abdominal: demonstra a presença
a 25%). de massa, mas não éespecífica. Diferencia en—
ll Dor abdominal (20%). tre massa cística e sólida e extensão da lesão (uni
I Vômitos.
ou multifocal). Aparece como massa hiperecóica
I Febre.
bem definida, permite a visualização de calcifica-
I Ruptura tumoral com sangramento intraperitoneal.
ções, o estudo da veia cava inferior, veias hepá-
I lcterícia (< 5%).
ticas, veia porta e artérias hepáticas pelo uso do
I Baqueteamento digital. Doppler. As calcificações aparecem como áreas
ll Esplenomegalia. heterogêneas hiperecóicas ponteadas ou lineares
I Precocidade isossexual (3% dos meninos).
ll Fraturas patológicas múltiplas por anormalida-
com sombra acústica. Dificilmente determina
margens tumorais com acurácia. A invasão da veia
des do metabolismo de cálcio. Efeito desmine-
porta é observada como trombo intraluminal

978- 5 241 6
ralimnte sobre o esqueleto, elevando o cálcio sérico ecogênico. Áreas de necrose e hemorragia apa-
e causando depósito de cálcio no tumor. Osteopenia
pode ocorrer em 20% dos casos. recem como focos anecóicos. Também pode ser
usada para orientar biópsia percutânea e, no trans-
operatório, para delinear as margens do tumor e
Investigação niaunúsuca su extens㺠às estruturas intra-hepáticas.
I T : tumor aparece com densidade menor do que
Laboratorial o parênquima hepático (hipodensa) (Fig. 17.2).
lHemograma e perfil de coagulação: anemia em Com a administração de contraste, também per-
até 70% dos casos e defeitos de coagulação po-
dem estar presentes. Trombocitose em até 60%
se
manece hipodenso. Pode notar uma maior con— -
centração de contraste na periferia e gradual
dos casos. A presença de hemopoiese extramedular enchimento centrípeto da parte central. Raramente
é intrigante. Células do hepatoblastoma secretam
interleucina—l, eritropoetina e fator de células
primordiais.
ª Provas de função hepática (TGO, TGP, fosfatase
alcalina e bilirrubinas) podem estar elevadas (15
a 30%).
El Desidrogenase láctica (DHL) está frequentemente
elevada.
Alfa—fetoproteína (AFP) está elevada em apro-
ximadamente 80% dos casos. Valores > SOOng/mL
ser
são altamente sugestivos. Costuma mais elevada
do que nos outros tumores hepáticos. Também
costuma estar elevada no tumor do seio endo-
dérmico, carcinoma hepatocelular, hemangio—
endotelioma (raros casos), hamartoma mesen-
quimal. Ver tabela com dosagens deAFP na criança,
Figura 17.2 — Tomografia computadorizada de hepato-
disponíveis no capítulo 22. A presença de níveis blastoma de grande extensão ocupando ambos os lobos.
104 n Tumores

pode ser isodenso ou hiperdenso. A TC define a Metastases presentes ao diagnóstico em 30 a


localização, extensão do tumor relacionado àfissura 50% dos casos. Comprometimento bilateral: 50
interlobar ou segmentares e a anatomia do figa- a 70%.
do, dando boas informações sobre sua resseca- ll Locais mais comuns de metástases: pulmões, lin—
bilidade. Calcificações podem ser vistas em até fonodos regionais portais, cérebro, ossos.
50% dos casos.
I Ressonância nuclear ma nética RNM :mesmas .
indicações da TC,
poréngimais
difícil d)e
em crianças. Parece superior a TC, ao demons-
trar mais acuradamente a anatomia vascular e
realizar "acrossoma & Microsconla
O tumor é comumente multicêntrico, sem pseudocap—
sula, invasivo, crescendo em um fígado frequentemente
lobar em múltiplos planos, margens tumorais. alterado por uma doença de base. Hemorragia e ne-
ressecabilidade e detecção pós-operatória de tumor crose são mais comuns do que no hepatoblastoma. 0
residual ou recorrente. Imagens em T1 são hi- tipo fibrolamelar, pela abundância de tecido fibroso,
pointensas e, em T2, hiperintensas. Pode haver pode simular hiperplasia nodular focal.
áreas hiperintensas em T1 relacionadas à hemor- Origem multicêntrica com células tumorais maio-
ragia intratumoral. res do que os hepatócitos.
I A angio—ressonância nuclear magnética (ARNM)
é excelente para avaliar a suplementação san-
guínea do tumor, essencial no planejamento ci—
rúrgico. Pode ser usada com contraste.
uuartro clínico
.
I Arteriografia hepática: atualmente pouco utili—
'
zada. E boa para planejar a ressecção tumoral,
m Massa
I Drstensao abdom1nal(50
abdominal.
.
a 70%)‘
.
informando precisamente sobre a vascularização
'D." ªbºminª? (40%)' anorexra e perda de peso

.
' sao mais frequentes.
tumoral e hepática. E reservada para as ratas si- a He eritô . o ru tura tumoral (+ 107)
tuações de anatomia arterial anômala pre-ressecção
.
-

. mop em 15 a 20%.p
I Ictericra
n10 p r '
ª '
tumoral sugeridas e nao adequadamente obtidas Ane . l' dez
pela RNM, na quimio-embolização einfusão intra- mra, pa 1 ‘
i arterial de drogas citotóxicas.
I Cintilografia com tecnécio-99m: aparece hiper— Investilação mªm-mªmª
vascularidade, com atividade do traçador intratu-
moral dentro de poucos segundos após sua injeção.
'"Idem
ªº hepatoblastoma.
Essa atividade aumentada persiste na fase ve—
nosa. Imagens retardadas mostram fotopenia .
(captação diminuída) no sítio tumoral relacio- 'N'
"
Sorologia hepatite B e C—
AFR ºStá elevada em 50 a
disso,os níveis
69% I195
sermfenores ªº
costumam
CªSOS- Além

hepato- ';;
nado à substituição das células de Kupffer pelas “ blasioma. O tipo fibrolamelar costuma mostrar ?
I Radiografia'de abdome: hepatomegalia, calcifi- &. :.“
células tumorais. nível normal ou levemente elevado de AFP.

ca ões são incomuns. _


“woman“ “Hflflmiwmn [HEPATBHM
' I
UlÍra-sonografia abdominal: aspecto é variável

.
com lesões iso, hipo, ou hiperecóicas.
Enlrlemlologla
lã-
I TG: massas pouco definidas hipo ou isodensas.
Corresponde a 23% dos tumores hepaticos ma- [I R—NM:
50% das lesões são hipointensas em Tl e.
lignos em crianças. 50% são hiperintensas ou isotensas. Sinal de
I Mais comum no lobo direito. intensidade aumentada em T1 pode ser explica-
I Frequência bimodal: lº pico aos 5 anos e 2º pico do por hemorragia, alterações hiperplásticas e
aos 13-15 anos. Incomum antes dos 5 anos de esteatose. Mais do que 90% das lesões mostram
idade. Variante fibrolamelar do carcinoma hepa- hiperintensidade em T2. .
I Tern sido sugerida investigação adicional com "«
tocelular (CHC) é raramente observada antes dos
10 anos de idade. Pico de frequência: 20 anos. cintilografia óssea e ressonância nuclear mag-
I Leve predominância no sexo masculino: 1,4M:IF. netica cerebral.
I Condições associadas (presentes em 1/3 a 1I2 dos
cases): hepatite tipo B (20%), hepatite tipo C (20%),
I'llll'l'i GEM!
tirosinemia hereditária, atresia biliar corn cirro-
se, cirroses em geral, deficiência da alfa-l-anti- Sistema de estadiamento do HB e CHC pelo Intergrupo
tripsina, uso prolongado de esteróides androgênicos Children Cancer Group (CGC), Pediatric Oncology
anabolizantes, galactosemia, doença de arma- Group (POG) e SIOP (Societé Internationale de Onco-
zenamento do glicogênio, síndrome de Alagille. logie Pédiatrique).
Tumores Malígnos do Fígado I
105

children cancer Grann e Pediatr"; de vasos (veias hepáticas, veia porta), extensão ex—
oncnlnnv tir-uu [Slstema de Estadiamento tra-hepática e metástases a distância. O fígado foi di-
vidido em quatro seções —) seção lateral esquerda
Pós-cirúrgica] (segmentos II e III); seção medial esquerda (segmento 3
la Estádio I: tumor confinado ao fígado e comple— IV); seção medial direita (segmentos V, VIII ); seção 2
tamente ressecado primariamente, sem doença
.
l
posterior direita (segmentos VI e VII).
residual conhecida. Os grupos foram classificados de I a IV, depen- i
—- Histologia favorável. dendo das seções envolvidas. Chamava a atenção para
-— Histologia desfavorável.
:: Estádio II: ressecção macroscópica completa do
a distinção entre envolvimento da seção e compres—
são (Fig. 17.3). Os grupos 1, 11 e III foram conside-
tumor hepático primário com evidências de doen- rados doença de baixo risco. O grupo IV e/ou doença
ça residual microscópica. extra—hepática foram considerados doença de alto risco.

—-—
Intra—hepática. Nesse sistema original, o lobo caudado (segmen-
Extra-hepática. to 1) foi ignorado. Em junho de 2005, o sistema
o Estádio III: Tumor macroscópico residual per— PRETEXT foi revisado e atualizado. Critérios adi-
manece após a cirurgia; tumor hepático prima- cionais foram acrescentados (Tabela 17.1).
rio completamente ressecado, mas com linfonodos
positivos elou contaminação tumoral.
1: Estadio IV: doença metastática. comentários sauro a Revisãalun 2005
— Tumor hepático primário completamente res- Embora o sistema PRETEXT fosse principalmente
secado. dirigido parao hepatoblastoma, arevisão de 2005 sugeriu
——
Tumor hepático primário não completamente
ressecado.
sua aplicação para todos os tumores malignos primá-
rios de fígado da criança, incluindo o carcinoma
hepatocelular e o hemangioendotelioma epitelióide:
Sistema lll Estadiamento Tlm ll PRETEXT I: este grupo inclui somente uma pe-
quena proporção de tumores malignos primários
u Estadio I: Tl, NO, MO. de fígado. Por definição, somente os tumores lo-
I Estádio II: T2, NO, M0.
et Estádio III: * calizados na seção lateral esquerda e seção pos-
terior direita podem ser incluídos nesse grupo.
-—
Tl, Nl, MO.
ta PRETEXT II: a maioria desses tumores é limi—
—--
T2, N1, MO.
T3, N1, M0.
tada ao lobo direito ou lobo esquerdo do fígado.
|:!
Estádio IV A: T4, qualquer N, M0. Tumores das seções medial esquerda e anterior
direita são também PRETEXT II. Tumores li—
n Estádio IV B: qualquer T, qualquer N, Ml.
——
T1 = tumor solitário < 2cm.
T2 = tumor solitário < 2cm com invasão vas-
mitados ao lobo caudado estão classificados neste
grupo. ' '

cular ou múltiplos tumores limitados a um lobo


I PRETEXT III: os tumores unifocais nesta cate-
978-5241

sem invasão vascular ou > 2cm sem invasão goria poupam somente as seções lateral esquer-
da ou posterior direita. Esses tumores são rela-
vascular.
tivamente comuns. Muito cuidado deve ser tomado
— T3 = tumor solitário > 2cm corn invasão vas- em distinguir entre invasão e compressão de uma
cular ou múltiplos tumores limitados a um lobo
seção aparentemente não envolvida. pois esse
com invasão vascular. detalhe vai definir a conduta cirúrgica & ser em-
—- ou comprometimento de um grande ramo da
T4 = múltiplos tumores em mais de um lobo
pregada.
veia porta ou hepática.
I PRETEXT IV: os tumores envolvem todas as se-
ções do fígado. Geralmente são multifocais.

Sistema [IB Estadiamento Pré-tratamento



C: tumores no lobo caudado correspondendo
ao segmento 1, podem ser ressecados com o lobo es—
[Sncieté Internationale III! oncologia querdo ou direito do fígado e, por isso, não fo—
Pétlialrlllllol ram considerados na classificação original do
PRETEXT. Comprometimento do lobo caudado
N0 ensaio prospectivo SIOPEL—l (International Child- é um preditor de mau prognóstico.
hood Liver Tumor Strategy Group), um sistema de I E: doença abdominal extra-hepática — técnicas
estadiamento cirúrgico pré-operatório foi elaborado modernas de imagem são capazes, em princípio,
e adotado, o PRÉ—Tratamento EXTensão da doença de identificar extensão tumoral abdominal ex-

_
(PRETEXT), com base na anatomia do fígado (Sis- tra-hepática. Pacientes com extensão tumoral no
tema de Couinaud de segmentação hepática). diafragma ou em outro órgão podem ser codifi—
essencial para a realização de quimioterapia pré- cados como El sem necessidade de biópsia. No
Vlª- Baseia—se no tamanho e sítio do tumor, invasão sistema atualizado, os tumores pedunculados são
106 I Tumorex

Grupos 1

3 seções contíguas livres Seção lateral Seção posterior


esquerda livre direita livre

A2 '
82
2 seções livres em um lobo Seç㺠medial
esquerda livre
Seção anterior
direrta Irvre

Seções anterior direita e medial


esquerda livres
Nenhuma seção
liv r e lã r i
.
Outros
& Metástases & Comprometimento
envolvtmentos: de veia porta
Comprometimento de
veia hepática e/ou cava e Extensão extra-hepática

Figura 17.3 - Estadiamento padronizado pela SIOP de acordo com a anatomia cirúrgica. Esquema de estadiamento PRETEXT.
O fígado é dividido em quatro setores. 0 número de setores livres é relacionado a PRETEXT I: trés setores adjacentes livres (tumor
presente em um setor somente); PREI'EXT II: dois setores adjacentes livres (tumor comprometendo dois setores); PRETEXT III: um
setor ou dois setores não adjacentes livres (tumor compromete dois ou três setores); PRETEXT IV: nenhum setor livre de tumor.

fia óssea é recomendada no estadiamento do car—


considerados confinados ao fígado e ocupamso-
mente a seção da qual se originam. cinoma hepatocelular, mas não no hepatoblastoma.
I F: “focalidade” do tumor — pacientes com" ui-n Metabolismo anormal de cálcio e comum no
tumor hepático devem ser codificados como F0. hepatoblastoma e pode causar captação anormal
Todos aqueles com mais de um nódulo tumoral na cintilografia óssea, principalmente nas costelas.
devem ser codificados como Fl, independente- Biópsia é sempre recomendada na suspeita de

G L S' E Ç Z W Q
mente do tamanho do nódulo ou estádio PRETEXT. metástase óssea no hepatoblastoma. Biópsia de me-
I H: ruptura tumoral ou hemorragia intraperito- dula óssea não foi recomendadã em crianças com
neal — não é incomum a ruptura do tumor no hepa- hepatoblastoma br sua raridade. Os seguintes
toblastoma e carcinoma hepatocelular. Essa sufixos devem ser acrescentamos ao M1: polme-—
nªr (p), esquelético (s), sistema nervoso central (c),
ocorrência e considerada um fator de risco e deve
ser codificada como H1. Laparotomia ou aspiração medula óssea (rn), outros sítios (x).
do sangue peritoneal não são necessárias para o N: metástases em linfonodos —- a biópsia só deve _
diagnóstico, desde que os achados de imagem ser realizada se ha aumento significativo do gânglio
ou de clínica (hipotensão e nível baixo de he- (maior que 15 mm) em uma criança com nenhum
moglobina) sejam característicos, Somente a outro critério de hepatoblastoma de alto risco.
presença de líquido peritoneal nos exames de Metástases em linfonodos são muito mais co-
imagem não implica em ruptura tumoral. muns no carcinoma hepatocelular e no carcino-
I M: metástases a distância — as metástases do ma fibrolamelar, sendo desnecessária a biópsia
hepatoblastoma são predominantemente encontra- se os estudos de imagem forem inequívocos.
das nos pulmões. A TC foi a técnica escolhida para
|:
E: comprometimento de veia porta - o envolvi-
a identificação dessas metástases. O diagnóstico mento do tronco da veia porta e/ou dos seus ramos
pode ser realizado pelos seguintes achados: le- maiores tem sido considerado fator de risco no
sões múltiplas, arredondadas, com contornos bem hepatoblastoma, Achados de imagem com evi-
definidos e de localização subpleural. Na maio- dências de obstrução completa, envolvimento cir-
= ria dos serviços, uma lesão única, arredondada, cunferencial, ou invasão são requeridos para serem
com um diâmetro maior que 5mm em uma crian- qualificados como envolvimento da veia porta.
ça com tumor primário do fígado, é considerada Esses achados podem ser obtidos por ultra-
metástase. Biópsia não é necessária. Cintilogra- sonografia, TC, ou RNM.
Tumores Malignos do Fígado I
107

ITABELA 17.1 - Estadiamento PRETEXT 2005: critérios adicionais


C1 Tumor envolvendo o lobo caudado Todos os pacientes C1 são, no minimo,
Ef: envolvimento do lobo caudado C0 Todos os outros pacientes PRETEXT lI

o v a is
E: doença abdominal extra-hepática EO Nenhuma evidência de extensão do Adicionar o sufixo ”a“ se ascite estiver
tumor no abdome (exceto M ou N) presente, por exemplo, Em

‘z
E1 Extensão direta do tumor em órgãos
adjacentes ou diafragma
E2 Nódulos peritoneais
F0 Paciente com tumor solitário
TF: "totalidade" do tumor
tl Fi Paciente com dois ou mais tumores
distintos
H: ruptura tumoral ou hemorragia H1 Achados cllnicos e de imagem de
intraperitoneal hemorragiª intraperitoneal
HO Todos os outros tumores
AM: metástases a distância MOAusência de metástases Adicionar o sufixo ou sufixos para
M1 Qualquer metástase (exceto E e N) Indicar a localização
)N: metástases em linfonodos NO Ausência de metástases em
linfonodos
N1Somente metástases em linfonodos
abdominais
NZMetástases em linfonodos extra-
abdominais (com ou sem metástases
em linfonodos abdominais)
P: envolvimento de veia porta PO Nenhum envolvimento de veia porta Definir o envolvimento. Adicionar o
ou de seus ramos esquerdo e direito sufixo "a“ se houver tumor
Pl Envolvimento do ramo esquerdo ou intravascular presente, por exemplo,
direito da veia porta Pla
F2 Envolvimento do tronco da veia
. º" porta
'I C: envolvimento da veia cava inferior V0 Nenhum envolvimento de veias Definir o envolvimento, Adicionar o

7- 5 3 1 4 9
.“..ª e/ou veias hepáticas hepáticas ou da cava inferior sufixo "a" se houver tumor
V1 Envolvimento de uma veia hepática, intravascular presente, por exemplo,
mas não da cava inferior V3a
V2 Envolvimento de duas veias
hepáticas, mas não da cava inferior «.
V3 Envolvimento das três
veias.»
hepáticas elou da cava inferior 'ª
, ,

comprometimento da veia cava inferior e/ou


I V:
Temos adotado o tratamento preconizado pela SIOP. _

ª
veias hepáticas — os mesmos achados de envol— que usa uma classificação com base no tamanho e
vimento (obstrução venosa, envolvimento circun- localização dohtumor determinados por estudos de
ferencial e/ou invasão) usados nas veias portas imagens. Preconizamos biópsia tumoral. quimiote-
podem também ser aplicados para as veias he-
páticas. Uma veia hepática pode ser considera- rapia pré-operatória, cirurgia primária retardada, à
exceção de tumores pequenos, facilmente ressecáveis.
da envolvida se não conseguirmos visualiza-1a
ou seu trajeto esperado correr através de uma A biópsia tumoral pode ser percutânea por agulha tipo
grande massa. Tru—cut, ou cirúrgica por minilaparotomia ou video-

l
laparoscopia. Reconhecemos o risco. principalmente
_O_ sistema de estratificação de risco do SIOPEL
original também foi modificado nos protocolos cor— no carcinoma hepatocelular, de recorrência do tumor no
rentes do SIOPEL (Tabela 17.2). trajeto da biópsia por agulha.
Vantagens do uso da quimioterapia prévia:
'

tratamento Aumento da taxa de ressecção cirúrgica com-


pleta e, conseqiientemente, de cura.
Os tratamentos de HB e CHC seguem a mesma li- Redução do número de casos com doença resi-
nha, ªpesar de serem bem distintos. A ressecção completa dual (macro e micro) e redução do índice de re-
dº tumor é de fundamental importância no arsenal corrência local.
lªmpêutico. Quando combinada com quimioterapia, ai Redução das dificuldades cirúrgicas, diminuindo
tem maior impacto na sobrevida. a morbi-monalidade. O tumor diminui de tama-
108 I Tumores

TABELA 17.2 Estratificação de risco 'no international


— boembolismo aéreo e transtornos de coagulação (perda
Childhood Liver Tumor Strategy Group atualizada dos fatores de coagulação e transfusão maciça).
O cirurgião deve conhecer a anatomia hepática
ALTO RISCO RISCO NORMAL conforme descrita por Couinaud. As veias portais e
Pacientes com um Todos os outros pacientes hepáticas dividem o fígado em oito segmentos. O
dos seguintes:
Alfa-fetoproteína < 100ng/L segmento I (lobo caudado) é considerado separado
dos outros por sua suplência vascular única. É essen-
PRETEXT IV cialmente um 3ª lobo hepático. Os dois lobos são
Critério PRETEXT adicional:
E1, Ela, E2, E2a separados pela fissura principal (linha de Cantril). que
H1 é uma linha Oblíqua imaginária entre a borda direita
M1 (qualquer sltio) da veia cava inferior, na sua porção supra—hepática,
N1, N2 e a fossa vesicular. Para Couinaud, alinha de Cantril é
P2, P2a o limite para a definição das hepatectomias, enquan-
V3. V3a to o ligamento falciforme é o limite para as lobectomias.
Via de acesso: laparotomia subcostal bilateral.
It Devido a curta extensão extra—hepática das veias
nho, toma—se mais claramente definido e menos hepáticas nas crianças, essas veias geralmente
friável. devem ser abordadas por dissecção através do
I Micromctástases podem, precocemente, ser ex— parênquima hepático.
postas às drogas quimioterápicas. Ressecções hepáticas mais usuais:
I Sem quimioterapia previa, tumor microscópico
residual pode comportar-se mais agressivamen-
I Lobectomia ou hepatectomia direita: ressecção
te sob a influência de fatores hepatotróficos que dos segmentos V, VI, VII e VIII.
I Lobectomia ou hepatectomia esquerda: ressec-
estimulam a regeneração hepática.
ção dos segmentos II, III e IV.
lTrisegmentectomia direita: ressecção dos seg-
mentos IV, V, VI, VII e VIII.
ll Segmentectomia lateral esquerda: ressecção dos
ICinqiienta por cento dos hepatoblastomas são
ressecãveis ao diagnóstico. Dos irressecáveis, 50% segmentos II e III.
I Hepatectomia esquerda ampliada: ressecção dos
tornam-se ressecãveis após quimioterapia pré-
operatória. . segmentos II, III, IV, V e VIII.
I Sobrevida: 60 a 70% nos estádios I a III.
I Indicadores de mau prognóstico: tumor irressecável,
envolvimento bilobar e multifocal, alto estádio nineties çlrúrgleas
TNM,AFP < 100 ou > 1.000.000ng/mL, metástases x\Tém o objetivo de permitir adequada ressecção, mi-
a distância, histologia embrionária, invasão vas- nimizando a perda sanguínea pelo controle das es-
cular, tumor recorrente. truturas vascularesye/ou pela técnicaa-de hemodiluição.
I Mobilização
compdeta do fígado com divisão dos
Sobreviia Ill! carcinoma Ilenatocelular ' ligamentos triangulares, cordnários e falciforme.
I Manobra de Pringle contínua ou clampeamento
I No estudo SIOPEL-l, a sobrevida foi de 17%. do pedículo hepático. Essa manobra costuma ser
I No estudo SIOPEL-2, a sobrevida foi de 22%. beni tolerada, pois o fluxo pela veia cava não é
interrompido e, portanto, não é requerida nenhuma
A ressecção curativa é o fator prognóstico mais im—
L-S9'IVZB86
portante na sobrevida. Outros fatores prognósticos:
estádio, metástases a distãncia, invasão vascular,
técnica anestésica especial. O tempo limite
guro de duração da manobra é de 90min. E o
se-
multifocalidade. método de controle vascular mais popular e pre-
ferido pelos cirurgiões com pouca experiência
em cirurgia hepática. É contra—indicada nas 1e-
Tratamento cirúrgico sões que envolvem veias hepáticas e cava infe-
Aproximadamente 80 a 85% do parênquima hepáti- rior e em pacientes com forame oval patente pelo
co podem ser ressecados com segurança. Aproxima- risco de embolia aérea cerebral.
damente 50% do fígado regeneram em até quatro meses IManobra de Pringle intermitente. Baseia-se no
após ressecção. Ressecção de tumor hepático requer clampeamento das estruturas do hilo por 15 &
perfeito conhecimento da anatomia cirúrgica do fí- 20min, seguido pelo desclampeamento por 5min.
gado, planejamento prévio com base em informações Tem efeito hepatoprotetor, permite hemostasia
adquiridas pelos exames pré-operatórias e atenção gradual ao reduzir o sangramento e permite um
meticulosa a detalhes técnicos. Os maiores riscos significativo aumento no tempo de isquemia (até
transoperatórios devem-se a hemorragia maciça, trom- 120min).
Tumores Malignos do Fígado l
109

IExclusão El Uso de dissector ultra-sônico bipolar eletrotérmico


vascular hepática total (EVHT) com
mobilização completa do fígado, clampeamento (LigaSureº) ou laser na secção do parênquima
da tríade portal (manobra de Pringle), veia cava hepático. Na falta do aspirador ultra—sônico, pode-
inferior infra (acima das veias renais) e supra- se usar a técnica de fratura di gital do parênquima
hepática. A veia cava inferior deve ser mobili- hepático, mantendo intactos e isolados ramos das
zada completamente, acima e abaixo do fígado, artérias hepáticas, veias porta e hepática e ductos
para facilitar a colocação dos clampes vascula- biliares intra-hepáticos, que são, posteriormente,
res. Completar com a ligadura da veia adrenal ligados com fios adequados.
IUltra-sonografia transoperatória pode ser útil para
direita. Essa técnica é associada a alterações he-
modinâmicas significativas e requer monitoração delinear as relações tumorais com as estruturas
invasiva e experiência do anestesista. A supres- intra-hepáticas (veias, artérias e ductos biliares).
são do fluxo pela veia cava causa marcada redu— IBiópsia de congelação avalia a presença micros-
ção (40 a 60%) do retorno venoso e do rendimento cópica de tumor nas margens de ressecção.
cardíaco. Urna queda do rendimento cardíaco
excedendo 50%, ou uma diminuição da pressão
arterial excedendo 30%, é definida como into— lluiminterauia
lerância ao método. Indicações dessa técnim: tumor Embora a quimioterapia possa, freqiientemente, trans—
localizado centralmente, hemangioendotelioma formar um tumor não ressecável em ressecável, drogas
hepático. trisegmentectomia. citotóxicas sozinhas não conseguem erradicar o tumor.
IExclusão vascular hepática com preservação do
fluxo da cava (EVHPC). Baseia-se na exclusão Hepatoblastoma e Carcinoma
hepática total da circulação sistêmica sem inter- Hepatocelular
rupção do fluxo da veia cava e com controle extra—
parenquimatoso das veias hepáticas maiores. A O tratamento com cisplatina (CDDP), S—fluorouracil
técnica demanda mobilização completa e desco- (S-FU) e vincristina é o regime menos tóxico.
nexão do fígado da veia cava inferior pela divi- Outro esquema: CDDP e DOX (doxorrubicina) em
são dos ligamentos hepáticos e veias hepáticas infusão contínua. É, mais tóxico.
curtas. O tronco da veia hepática comum e qualquer O tratamento de tumores em estádios avançados
veia hepática direita acessória, o tronco comum pode ser realizado com ifosfamida, cisplatina e do—
das veias hepáticas média e esquerda, ou os troncos xorrubicina. *

separados das veias hepáticas média e esquerda Tratamento adicional com carboplatina e etoposide
(15% dos casos) são dissecados, isolados e re- (CARBONP 16) pode estar indicado nos hepatoblas—
parados. Finalmente, a manobra de Pringle é tomas avançados ou recorrentes.
aplicada, seguida pela oclusão das veias hepáti- O caÃcinoma bcpatocelular costuma apresentar uma
cas maiores por clampeamento. A técnica pode resposta bem menos eficaz às drogas quimioterápicas.
ser aplicada de forma intermitente ou contínua. Alguns relatosrevelaram que a resistência a quimioterapia
O tempo máximo de isquemia permitida com essa pode resultar da presença de genes resistentes a
técnica é de 140min quando intermitente e de multidrogas (MDRI) ou outros mecanismos.
60min quando contínua. Também necessita de Nos tumores ainda irresseêáveis apesar do uso de
experiência do cirurgião e do anestesista. Qual- quimioterapia prévia, pode ser usada a seguinte al-
quer lesão das veias hepáticas, mesmo que ternativa: quimio-embolização intra-arterial do tumor
infreqtiente, requer uma rápida conversão para com quimioterápicos (cisplatina ou doxorrubicina)

'
a EVHT.
Shunt interno de veia cava inferior através de
cateter colocado em seu interior (bypass). Não
combinados com lipiodol. Essa técnica expõe as célu-
las tumorais a altas concentrações de drogas antitu-
morais, que não podem ser conseguidas pela adminis—
“a"
temos utilizado. Pode ser indicado quando há in- tração sistêmica.
tolerância à exclusão vascular hepática total, O complexo droga anti-tumor—lipiodol acumula—se
durante a ressecção de tumores que infiltram a seletivamente no tumor hepático. Além disso, o lipiodol
veia cava ou veias hepáticas maiores ou quando pode ser facilmente visualizado na TC e detectar
o tempo de exclusão total exceder 60min. pequenas metástases intra-hepáticas. Após a quimio—
lHemodiluição normovolêmica intra-operatória
embolização. alguns autores aconselham a injeção de
com hipotensão controlada pela administração esponja de gelatina para ocluir a artéria nutridora.
de anestesia profunda com halotano e hipotermia
controlada (32°C). 0 objetivo dessa técnica é a
diminuição das necessidades metabólicas e do Radioterapia
trabalho miocárdico, proteção dos órgãos da hipó-

- M _"
Indicada a HB e a CHC com doença residual macro
xia e hipotensão arterial e redução da perda san- e microscópica (nas margens ou adjacentes a gran-
guinea. des estruturas vasculares). m y “,
110 I Tumores

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"?”

_ ...um. .a.
Linfoma Abdominal Não-Hodgkin I:
111
ӻ. '.
, v.,

Linfoma Abdominal
i - 5 7 6 .'t 4 , s â = 1 9ª Não-Hodgkin

zovõas
_ João Carlos Ketzer de Souza

GIIIIGEII'D
Figuil'a 18.1 - Linfoma não-Hodgkin localizado no íleo ter-
mina.

ª nª“ Neoplasia maligna originária de precursores linfócitos


em vários estágios de maturação. Podem crescer em
qualquer tecido linfóide. ESTIIIIIIIIEII'I'B Ill] lIIlFIIHII IIBIIBHIIIII
IIIIII-IIllIlIiIlIII
'
"' rrtnrumtnem Estádio I: tumor simples (extranodal) ou envol«
I Os linfomas (Hodgkin e não-Hodgkin) são a 3ª vimento de uma região anatômica simples (nodal),
'
neoplasia maligna mais comum em crianças (após com exclusão do mediastino e abdome.
os tumores do cérebro e leucoses agudas). E Estádio II: tumor primário do trato gastrointes-

.
I Correspondem a 10% das malignidades em crianças . tinal com ou sem comprometimento dos linfonodos
< l5 anos de idade. mesentéricos, que é completamente ressecável.
É a neoplasia maligna mais comum em crianças
com SIDA.
—- Tumor simples (extranodal) com envolvimento
de linfonodos regionais.
ILocalização: abdome, 35%; cabeça e pescoço,
30%; mediastino. 25%; outros sítios, 10%.
— Duas ou mais áreas nodais no mesmo lado do
diafragma.
[Linfoma não-Hodgkin (LNH) é 1,5 vez mais
comum do que o linfoma de Hodgkin (60%:40%).
-— Dois tumores simples (extranodais), com ou
sem envolvimento de linfonodos regionais no
IÉ mais freqíiente no sexo masculino (3M:1F).
mesmo lado do diafragma.
IA frequência aumenta após os cinco anos de idade, I Estádio III: doença intra-abdominal primária
continuando a crescer por toda vida. extensa.
IDoenças associadas: síndromes de imunodefi-
ciência congênita (ataxia-telangiectasia, síndrome
—'
.oistumores simples (extranodais) em lados
sopostos do diafragma.
Wiskott—Aldrich, doença linfoproliferativa liga-
da ao cromossomo X), síndrome da imunodefi- -— Duas ou mais áreas nodais acima e abaixo do
diafragma. .
ciência adquirida, terapêutica imunossupressiva
(receptores de órgãos transplantados e transplantes — Qualquer tumor innatqrácico primário (medias—


tinal, pleural ou tímico).
de medula óssea).
!A apresentação clínica geral é variada e depen-
Qualquer tumor paraespinhal ouepidural, in-
dependentes do envolvimento de outros sítios.
dente do subtipo histológico, extensão (estádio) E Estádio IV: qualquer dos achados acima com
e sítio primário do tumor.
IO fator prognóstico mais importante é a exten- envolvimento inicial do sistema nervoso central,
são da doença ao diagnóstico. medula óssea ou ambos.
l
Extensão abdominal: difusos, 70%; localiza-
dos, 30%.
I Doença localizada: alças intestinais e seu mesen-
GHSSIFIBIIGÃD MS lIiIFBItIIIS
IIndiferenciados (tumor de células pequenas não-
tério correspondente.
l
Doença abdominal macrça mesentério, retroperi- clivadas). Subdivisão: Burkitt e não-Burkitt, de
tônio e, menos frequentemente, alças intestinais. acordo com seu aspecto na microscopia óptica
I Localização abdominal: íleo terminal, ceco, (céu estrelado). Devido a grande proliferação e
apêndice (Fig. 18.1). Mais raramente, trato gas— morte celular espontânea, os macrófagos, que
trointestinal alto e cólon distal ao ceco. consomem as células mortas do Burkitt, dão esse
' Cinquenta a setenta por cento das crianças com
linfoma linfoblástico apresentam— se com massa
aspecto clássico de céu estrelado. São'originá-
rios de células B maturas. Prevalência: 50 a 55%.
mediastinal anterior ou tumor intratorãcico. Aproximadamente 90% encontram-se no abdome.
' Corresponde a 46 a 56% das massas mediastinais
anteriores.
Outros sítios de envolvimento podem ser: testí-
culos, tecido linfóide do anel de Waldeyer, naso-
112 a Tumores

faringe, ossos (mandíbula), linfonodos periféri- Sinais e sintomas mais frequentes:


cos, pele, medulª óssea e sistema nervoso cen— I Dor abdominal crônica.
trai (SNC). Esses tumores expressam uma trans-
locação cromossômica característica, geralmente
Retardo de crescimento ou perda ponderal.
I Presença de massa abdominal ocupando grande
t (8;14) e mais raramente t (8,22) ou t (2;8).
I Linfoblástioos (30 a 35%). Crescem predomi- extensão da cavidade abdominal.
I Fadiga, mal-estar.
nantemente no mediastino anterior. São origi- I Ascite.
nários, na maioria das vezes, de células T, e mais
raramente, de células não-B e não—T. Aproxima- Doença abdominal maciça é, freqiientemente, asso-
damente 75% encontram—se no mediastino an- ciada a anormalidades metabólicas, tais como: hiper-
terior. Considerar leucose linfoblástica aguda se uricemia, hiperfosfatemia, hiperpotassemia, hipocal-
houver mais de 25% de comprometimento da cemia, nefropatia por uratos, insuficiência renal aguda
medula óssea. (síndrome da lise tumoral maciça), que somadas a
:: Linfoma de células grandes (15%). São originá- infiltração direta do parênquima renal e à obstrução
rios de células B ou T. Grupo heterogêneo de tu- ureteral causada'pelas massas retroperitoneais pio-
mores. Correspondem a um grupo heterogêneo, ram ainda mais a função renal.
subdividindo—se em imunoblãstico (50%), celulas
grandes não-clivadas (40%) e células grandes linfomas Metiiastinais ».
clivadas (10%). .
Os linfomas indiferenciados e linfoblásticos são
Linfoma linfoblástico
classicamente
apresenta-se como
massa mediastinal anterior ou média, muitas vezes
considerados tumores de pequenas células redondas associada a derrame pleural.
azuis (semelhante ao neuroblastoma, rabdomiossar— Apresentação clínica: compressão de via aérea ou
coma e sarcoma de Ewing). edema do pescoço, face e braços por compressão da
veia cava superior.
Qlllllllill lilllllfll) INVESTIGAÇÃO llllllillúSTllln
linfomas Abdominais História e exame físico cuidadoso com palpa-
ção de todas as cadeias ganglionares superfi-
Duas formas de apresentação principais: forma aguda
ciais, inclusive o anel de Waldeyer (adenóides e
(30%) e forma crônica (70%).
tonsilas), testículos e exame neurológico.
Forma aguda: causada por invaginação intestinal I Exames laboratoriais: hemograma, plaquetas,
' (linfoma funciona como a cabeça da invaginação) KTTP, tempo de protrombina, exame comum de
(Fig. 18.2), obstrução intestinal pela massa linfo— urina,DI—IL, ácido úrico, uréia, creatinina, ele-
matosa intraluminal (Fig. 18.3), perfuração, san- ‘\- trólitos, cálcio, fósforo, magnésio, albumina, IgG
gramento, ou simulando um quadro de apendicite e IgM'ªpara toxoplasmose, IgG e IgM para oito-
. aguda. Geralmente correspondem a doença lo- megalovírus, monoteste, pesquisa de vírus da SIDA
l .»

L 'S 9 Í V Z 8 6
calizada anatomicamente.
J I Forma crônica: quando o comprometimento ab-
dominal é maciço, sem sintomas agudos.

Figura 18.2 — Peça de ressecção cirúrgica do íleo terminal


com pequeno linfoma localizado, que serviu como cabeça —
Figurª 18.3 Corte de um linfoma de parede intestinal cau-
sando obstrução mecânica. Observar o lúmen intestinal qua-
de uma invaginação intestinal. se totalmente ocluído.

A.“ u... q. »
_ -~
LinfomaAbdominalNão-Hodgkin I
113

(anti-HIV), transaminases, bilirrubinas, fosfatase tica efetiva também deve ser sistêmica (quimiotera-
ªlcalina, exame parasitológico de fezes. pia é o tratamento primário).
I Medulograma (aspiração da medula óssea) em Cirurgia é indicada:
quatro sítios. . . Com propósitos diagnósticos (para obter mate—
I Biópsia óssea em dots sítios.
I Punção lombar Com análise liquórica.
rial para análises histológica, imunofenotfpica
e citogenética).
3675-

I Paracentese abdominal com Citopatologia e imu—

u m"-s
Nos casos em que é possível a ressecção com-
» nofenotipagem do líquido ascítico.
pleta de tumor localizado no trato gastrointesti—
91

I Radiografia de tórax.
I Radiografia de abdome.
nal (Fig. 18.4).
I Enema opaco elou trânsito intestinal (quando neces-
m Nos casos que se apresentam como urgência abdo-
minal (invaginação intestinal, perfuração intes-
sérios).
I Ullra-sonografia abdominal.
tinal e sangramento gastrointestinal grave).
I TC com contraste oral e intravenoso de abdome Quimioterapia:
e tórax: informações sobre a localização e exten- Tumores indiferenciados: COMP (ciclofosfamida,
são tumoral nas doenças avançadas.
I Cintilografia óssea e hepática são opcionais. Indi—
vincristina, metotrexato, prednisona), CHOP
(ciclofosfamida, doxorrubicina, vincristina, pred—
cados na suspeita de comprometimento desses nisona). '

órgãos.
I Cintilografia com gálio. O gálio e' captado pelas
m Tumores linfoblásticos: LSAZ—L2 modificado,
CHOP associado ou não a metotrexato.
células linfóides neoplásicas, principalmente, I Manutenção: tumores avançados, 24 meses; loca-
pequenas, não—clivadas e nos oferece excelente lizados, 12 meses.
identificação da doença no corpo inteiro e na
avaliação de doença recorrente ou residual, pois
|:!
Nos tumores maciços, o comprometimento do
SNC é de 30%. Logo, o tratamento profilático
células tumorais não-viáveis não costumam captar
esse radioisotope. esta sempre indicado com quimioterapia intratecal
I Biópsia de linfonodo periférico aumentado, doença (metotrexato).
óssea localizada ou tumor abdominal maciço. Parte Os tumores abdominais localizados e resseca—
do material é enviado fixado para exame histo— dos têm baixo risco de comprometimento das
lógico (hematoxilina—eo'sina) e a outra parte, a meninges e, por isso, profilaxia do SNC pode
fresco, estéril, nâo-corado e não-fixado para análise ser omitida, devendo ser sempre acrescentada nos
imunoístoquímica (distingue de outros tumores tumores da cabeça e pescoço.
e define os subtipos), citometria de fluxo (de— Tumores abdominais maciços:
termina o imunofe'nótipo do linfoma) e avalia—
ção citogenética (estuda as translocações presentes
— Antes de iniciar a quimioterapia, tomar medidas
evitando o aparecimento da síndrome da lise
:umoral aguda.
e analisa o DNA em busca da detecção de
oncogenes patognomônicos).
l Solicitar sempre citopatologia do fluido cerebroes-
— Radioterapia:
mediastinal
indicação discutível. Radiação
baixa pode ser
com dose realizada,
pinhal, derrame pleural e/ou ascite associada,
principalmente se não houver condições para
biópsia da massa tumoral ou linfonodos.
' .
'
. —;. ‘F‘WEWTLI

ti?—"«ª”?
1

«u
FATIIIIES FBIGNÉSTIIIBS
IExtensão do tumor ao diagnóstico. Ressecção
intestinal é associada a melhor prognóstico, porque
o comprometimento predominantemente intes-
tinal normalmenteé associado a sintomas abdo-
minais mais precoces e uma cirurgia mais precoce.
Uma massa retroperitoneal ou mesentérica pode
permanecer silenciosa por mais tempo até que o
tumor possa ser palpado.
' Níveis do DHL.
— DHL > 250mg/dL sugere significante massa tn-
moral e > SOOmg/dL sugere mau prognóstico.
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Figura 18.4 — Peça de ressecção cirúrgica de um segmento
ººperatório.
tratªmentoComo
dos linfomas é predominantemente não—
é uma doença sistêmica, a terapêu-
intestinal com linfoma. Observar gânglio de mesentério
aumentado de volume.
114 I Tumores

algumas vezes, nos tumores mediastinais com terior durante a indução anestésica. Devemos
obstrução da cava superior ou obstrução da via identificar os pacientes com risco. Limites segu-
aérea como forma de tratamento de urgência. ros são definidos por dois parâmetros: a área tra—
queal medida pela TC deve ser no mínimo 50%
Síndrome da lise ”tumoral Aguda da área prevista do normal e taxas do pico de
fluxo expiratório no mínimo 50% do previsto.
Pacientes com grandes massas abdominais correm risco O único sintoma que parece estar relacionado a
de aparecimento da síndrome de lise tumoral, ao iniciar essa complicação é & ortopnéia. Múltiplos fato—
a quimioterapia. Essa síndrome inclui anormalidades res contribuem para o colapso respiratório na
metabólicas (hiperuricemia, hiperfosfatemia, hiper— indução anestésica: diminuição da capacidade
calemia e hipocalcemia). A natureza e gravidade das
alterações metabólicas são variáveis e podem ser
residual funcional, aumento da força retrativa do
pulmão, diminuição da complacência pulmonar
influenciadas pelo tempo e intensidade da quimiote-
rapia. Insuficiência renal é a complicação mais grave. e desvio cranial do diafragma ao final da expiração,
particularmente nas regiões mais dependentes do
I Costuma ocorrer l a 5 dias após iniciar a quimio- diafragma. A pressão negativa normal transmi-
terapia. tida à traquéia na inspiração é perdida com o
I É o resultado direto da degradação de células
relaxamento dos músculos da parede torácica e
malignas e inadequada função renal. diafragma ao iniciar alanestesia geral e a venti—
I Conduta: alopurinol (inibe a enzima xantina—oxi-
lação com pressão positiva. Também o fluxo 1a—
dase que forma o ácido úrico), hidratação vigo— minar de ar, que passa através da área estreitada,
rosa (melhora a excreção do ácido úrico e de costuma ser melhor mantido com a pressão nega-
fosfato), alcalinização da urina com bicarbonato
tiva normalmente existente dentro do tórax, pio-
de sódio IV (alcalinidade melhora a solubilidade
rando com a pressão positiva da anestesia geral.
do fosfato na urina). Cuidado na administração do lll Biópsia frente a compromisso respiratório grave.
bicarbonato pelos riscos de cristalização do fosfato
de cálcio na urina e formação de cálculos de hipo-
xantina.
— Procurar tecidos extratorãcicos para biópsia:
principalmente linfonodo cervical e derrame
pleural. Se não houver tecidos extratorácicos:
ll Se houver insuficiência renal, pode ser necessá—
biópsia por agulha guiada sob anestesia local,
rio diálise peritoneal ou hemodiálise.
E ou tratamento preliminar com radiação prote-
, Tratamento Cirúrgico gendo área para futura biópsia.

t
Indicações de laparotomia: [IB Biúnsias cirúrgicas com
I Para confirmar diagnóstico com biópsia incisional
Técnicas
0|] samttnestesia EBI‘BI
. ,de tecido tumoral suficiente, se outros métodos
não foram adequados (paracentese de ascite, tora-
cocentese de derrame pleural, anélise de líquido
ª O broncdscopio rigido deve
estar
preparado Pªrª “50
se necessário. O método escolhido depende da loca-
cefalorraquidiano, biópsia de linfonodo periférico, lização do tumor e preferência dº cirurgião
biópsia por agulha grossa tipo Tru—cut orientada
por ulu'a—sonografia). Infiltração linfomatosa da
, I
Mediastinostomia anteriortranstorácxca (proce-
dimento de Chamberlain) coma criança em posição
parede intestinal aumenta o risco de perfuração semisentada (30 a 40°). A ventilação espontâ-
intestinal na biópsia.
I Ressecção de tumores ressecáveis (doença loca- nea minimiza o colapso da traquéia. Incisão trans—
versa sobre a 2ª ou 3ª cartilagem costa], ladº»
lizada confinada a uma área anatômica com ou
sem linfonodos mesentéricos comprometidos e sem
L'9‘IVZS86
direito ou esquerdo, dependendo do sítio do tumor.
fixação a estruturas retroperitoneais ou grandes Dissecção muscular do grande peitoral no sen-
vasos) junto com seu mesentério adjacente. tido de suas fibras. Dissecção da cartilagem costal
do seu pericôndrio. A cartilagem é ressecadajunto
:: No caso de abdome agudo.
I Manuseio de complicações durante o tratamento ao esterno. Artéria e vela mamária interna são
médico com quimioterapia ou radioterapia. ligadas. A pleura é liberada lateralmente e retraída
I Evitar ressecção parcial (desbastamento ou deb'ul— para evitar sua lesão. O tumor é biopsiado.
kíng) nos tumores maciços. Tentativas de ressec— Mediastinoscopia transcervical é usada para aces-
E:

ção completa devem ser evitadas em doenças extensas. so às regiões pré e paratraqueais mediastinais
pelo risco de complicações, geralmente fatais. no plano retrovascular. Incisão transversa no nó
supra-estemal e tunelização do m'ediastinoscópico
Pontos Polêmicas anterior à traquéia.
VATS (video-assisted tharacascopy surgery) que
Colapso respiratório e uma complicação bem
= conhecida
a

permite excelente acesso aos três compartimentos


na presença de massa mediastinal an- do mediastino.
Linfoma Abdominal Não-Hodgkin I 115

IA administração de radioterapia antes da biópsia BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA


. deve ser evitada por causa da extrema resposta MURPHY, S. B.; FAIRCLOUGl-l. D. L.; HUTCl-IISON, R. E.; BERARD,
C. W. Non-Hodgkin's lymphomas of childhood: an analysis of
dos tumores linfáticos à radiação. Aproximada-
the histology. staging. and response to treatment of 338 cases at
buente 80% das biópsias realizadas pós-radio— a single institution. J. Clin. 0ncal., v. 7, p. 186-193. 1989.
terapia da massa não obtêm diagnóstico histoló- SANDLUNG, I. T,; DOWNING, J. R.; CRIST, W. M. Non-Hodgkin’s
gico adequado, pela extensa necrose que ocorre.

z
lymphoma in childhood. New Eng. J. Med., v. 334, p. 1238-1248,
Se a radiação for imprescindível, deve-se pro- 1996.
reger alguma área da massa da radiação. Linfomas WHALEN, T. V.; LA QUAGLIA, M. P. The lymphomas: an update for

ovõas
não-Hodgkin são também extremamente respon— surgeons. Sem. Pedialr. Surg.. v. 6, p. 50-55. I997.
sivos a terapia com corticosteróides e quimio- YANCl-IAR, N. L.; BASS. .l. Poor outcome ofgasuointestinal perforations
terapia, que também obscurecem o diagnóstico associated with childhood abdominal non-Hodgkin’s lymphoma.
histológico. J. Pediatr. Surg., v. 34. p. 11694174, 1999.

”<ª

"wW.—m
.

fera?-
-
116 I
Tumores

I Oitenta por cento dos tumores de células germi-


nativas são constituídos, em parte ou exclusiva-
mente, por elementos teratomatosos.
I A maioria dos teratomas benignos é formada por

Teratomas
'OAÇES João
células maduras, mas 20 a 25% podem conter
elementos imaturos, mais freqiientemente neuróglia.
2

“m u p s-1 .
a Setenta e cinco por cento ocorrem em meninas.
I Taxa de malignidade geral: 20 a 25%.
Carlos Ketzer de Souza Correspondem a aproximadamente 3% de todas
as doenças malignas de crianças e adolescentes.
Vinte e cinco por cento dos tumores pediátricos
GDHBEI'I'D de células germinativas apresentam componen-
Teratomas são neoplasias complexas compostas de tes histológicos múltiplos.

L'S9ª
tecidos derivados de pelo menos duas das três cama-

I?lL'SRõ
das germinativas do embrião (ectoderma, endoderma lllenllllIGÃIl BDS TEBRTDMIIS
e mesoderma), embora uma camada possa predomi- I Localizam-se na linha média (axial) ou para-axial,
nar. São compostos de múltiplos tecidos estranhos
ao local (órgão ou região anatômica) onde está cres-
do cérebro à região sacra, e nas gônadas.
I Predileção por localização extragonadal (65 a 70%).
cendo. Há falta de organização e vários estádios de I Localizações mais freqt'ientes: sacrococcígea
diferenciação. São formados por elementos sólidos,
císticos, ou ambos. São subdivididos em gonadais e (50%), mediastino (5 a 10%), cervical (5%), re-
extragonadais. Quando esse tumor inclui vértebra ou troperitônio (3,5%), outros locais extragonadais
(1,5%), ovário (25%), testículo (5 a 10%).
notocorda e possui alto grau de organização estrutu—
ral, é denominado de fetus in fetu.
Existe um tipo especial de teratoma (teratoma mo- FATORES GENÉTIGIIS ASSUEIIIIBS MIS
nodérmico) constituido somente por uma camada de TUMOIES I]! 111111155 BEBIIIIIIITIWIS
célula germinativa. São os cistos dermóides de ovário
e de testículo. Tumores malignos de células germinativas (Fig. 19.1)
em adultos e adolescentes costumam apresentar ga-
nho do cromossomo 12. Esse achado é raramente en-
EPIBEHIOIIIGIII
GEBMIIIII'I'WIIS
!!l$ moms MS BÉlIllIS contrado em crianças < 10 anos de idade. Nessa faixa
etária, e mais comum aparecer desarranjos do cro-
mossomo l, deleção do 411 e 6q e ganho de 20q.
I Localizações extra-gonadal e testicular são mais
comuns em crianças abaixo dos três anos de idade
e &. ovariana após a puberdade.
11113110111611
‘As células germinativas primárias totipotentes, que
são extragonadais na sua origem, desenvolvem-se de

.
células endodérnficas do saco vitêlino. Começam a
i t Células germinauvas primitivas igrar na 5I
semana de vida gestacional ao longo da
cout: mplisra Iilnhamédia do mesentério dorsal‘em direção a crista
gonadal, por meio de movimentos amebóides, onde
deverão ser incorporadas às gônadas em desenvolvi-
olrerenclagaa
suprlmlda
Dtlerenzlagaa mento. Ocasionalmente, algumas dessas células po-
dem não seguir esse destino e serem depositadas em
algum lugar ao longo de sua migração. Atualmente,
Seminom-
Dirgermlnoma Clrdnoma essa tem sido a teoria mais aceita na formação de um
Germlnema embrionária
teratoma. Essas células germinativas primitivas pos-
suem todo o DNA necessário para o futuro desenvol-
vimento de qualquer tipoí'de'célula, por isso são

e m h r ín â l
DIfErelndaglq Dllerlndªdº denominadas de totipotenciais.
extra-embrionárll
O seminoma (no testículo), o disgerminoma (no
ovário) e o germinoma (em local extragonadal) são
neoplasias de células germinativas primitivas que
Teratoma: ccrlocarrlnema
perderam a habilidade para diferenciação adicional,
-—
Maduro: Tumor de ielº
lmanrros endodérmlm resultando em um tumor de célula germinativa pura.
— Millgnm Alternativamente, a célula germinativa primitiva pode
exibir alguma diferenciação em direção ao carcino—
Figura 19.1 — Histogênese dos tumores derivados das células ma embrionário e este diferenciar—se em elementos
germinativas. embrionários (teratomas) ou em elementos extra-em—
Teratoma: I
117

bn'onãrios, como o trofoblasto (coriocarcinoma) e o Os sistemas de graduação de imaturidade foram


tumor do saco vitelino (tumor do seio endodérmico). aplicados somente para teratomas de adulto e suas
validades não foram estabelecidas parª tumºres
IIISDIIS DE MIIlIGIIIIIlBE IIO “BATOM! em outros locais anatômicos e para teratomas
de qualquer localização na criança. Parece que
O risco de malignidade depende, principalmente, do
a presença de foco microscópico de tumor do
sítio anatômico, idade ao diagnóstico, tamanho, con- seio endodérmico é o único preditor de recorrência
sistência, presença de calcificações e tipo de célula do teratoma imaturo pediátrico. O alto grau de
germinativa associada. Variam de importância con- imaturidade histológica do teratoma deve obri—
forme o sítio anatômico. Porém, o prognóstico está
gar o histopatologista a uma cuidadosa pesqui—
mais relacionado ao estádio da doença quando do sa em busca de prováveis focos de tumor do seio
diagnóstico do que ao sítio anatômico. endodérmico.
0 grau de imaturidade histológica tem significado |:
Teratoma maligno ou teratocarcinoma refere—se
prognóstico somente nos teratomas de ovário. a teratomas compostos de tecidos maturos ou
imaturos, mais a presença de células ger-minau'vas
RDNSIIIEIIBGÍÍES IIISTGIÚEIBHS malignas (tumor do seio endodérmico, carcino-
u Frequência: teratomas benignos (maturos e ima- ma embrionãrio, coriocarcinoma, germinoma).
turos) correspondem a 75% dos casos. Estritamente falando, não deyeriam ser consi-
n Teratomas maturos são compostos de tecidos bem derados como teratomas. Porém, são intimamente
diferenciados. Neuróglia é o tecido mais comum. relacionados, ocorrem nos mesmos locais ana—
Também são comuns: tecido respiratório, gas- tômicos e são, por isso, agrupados na maioria
trointestinal, pancreático, brônquico, músculos, das vezes com os teratomas para propósitos clí-
dentes, ossos e dígitos. A presença de plexo coróide nicos de estudo.
funcionante, pela produção de líquido cerebro- : Quando o tecido teratomatoso (maturo ou ima—
espinhal. é responsável pelo componente cístico turo) ocorre em combinação com algum outro
do tumor. tecido maligno de células germinativas (como
n Teratomas imaturos contêm tecidos embrioná- por exemplo, tumor de seio endodérmico), e in-
rios pobremente diferenciados, mais frequente— teressante designa-lo como teratoma maligno com
mente, tecido neuroepitelial primitivo. tumor de seio endodérmico.
B Os teratomas maturos e imaturos, principalmente
de ovário, podem ocasionar metástases (implantes
tunas Il! IHATHBIBIIIE E MIIlIÍilIllIIÇÍIB peritoneais ou de omento benignos) através de
Sistema proposto por Scully e Thurlbeck: pequenos defeitos em suas cápsulas. Os implantes
serão maturos ou imaturos, dependendo da área
u Grau O: presença de focos sólidos de neuróglia ma-
lesada. Esse implante é denominado de 'glioma-
.
tura e outros componentes somáticos também lose periton“eal.
maturos, nenhuma atividade mitótica. Os teratocarcinomas dão metástases a distância
lGrau l (minimamente imaturo): ausência ou pre-
dependendo da espécie de célula germinativa
sença muito limitada de neuroepitélio imaturo e
ocasional foco de outros componentes somáticos associada.O tipo mais
comum é o tumor de seio
endodérmico. Quando não existe "tecido terato—
imaturos. matoso ou o tumor é composto de múltiplas espécies
lGrau 2 (parcialmente imaturo): presença de áreas
de células germinativas, & denominado de misto
mais extensas de neuroepitélio imaturo com ou

9 7 8 — 5 2 4 1 -6
ou compósito, sempre maligno e as metástases
sem outros componentes somáticos imaturos.

podem ser originadas de qualquer um dos teci-


ª Grau 3 (imaturo): presença de consecuu'vos campos
microscópicos de tecidos imaturos, com ou sem
dos presentes no tumor primário.
n As formas malignas costumam aparecer após o
a presença de componentes neuroepiteliais. lª ano de vida (exceto os sacrococcígeos que dão
Sabe—se que existe uma considerável confusão na metástases precocemente). O que causa a trans-
definição dos tecidos que constituem o neuroepite- formação maligna ainda não está bem esclarecido.
Iio imaturo e, também, na inabilidade de reco- Hipóteses:
nhecer um foco microscópico de tumor do seio
endodérmico. Os tipos de tecido neural que de— — Capacidade retida para crescimento embrio-
nário continuado. Isso poderia explicar a re-
vem ser contabilizados na graduação da imaturi- corrência de malignidade após ressecção de
dade do tumor são: a presença de tubos neurais teratoma benigno.
-
,
primitivos compostos de células grandes, alongadas Transformação malignarepitelial comparável
,com núcleos hipercromáticos e também a presença

aquela encontrada em geral no nosso organismo.
de rosetas imaturas. Porém, esses são os tipos de Não identificação, quando da realização do exa-
trªzido neural frequentemente associados a pequenos me anatomopatológico, de pequenos focos de

,. » —
focos de tumor do seio endodérmico. tecido maligno já presentes no tumor ressecado.
_v _

“r— « s
:..
118 I Tumores

Daí a importância do patologista realizar múl— E? Correspondem a 40% dos tumores de células ger-
tiplas secções histológicas da amostra retira- minativas.
da de áreas que mais sugerem malignidade, a Mais frequentes em meninas: (4leM).
tais como: parte sólida, friável, hemorrágica Ocorrência esporádica, porém tem sido relatado

.
e perto de áreas de necrose. Nem todas as le- um tipo com transmissão autossômica dominante.
sões císticas são benignas e nem todas as lesões m Aproximadamente, 48% são maturos, 23% ima—
sólidas são malignas. turos e 29% malignos.
n Recém-nascido < 1 mês: mais de 90% são benignos.
unneinnunis rununms rs Criança > 1 ano: 80% são malignos.

õ L E' S Z V I '9L Ç
!Alfa-fetopi'oteína (AFP) aumenta em todos os
teratomas malignos (quase 100% dos casos), 50% niaunosticu & Avaliação Pre-natal
dos imaturos e somente 6% dos maturos. O au— a Podem ser diagnosticados por ultra-sonografia
mento deve-se, provavelmente, à presença de após a nª semana de gestação. Mostra se'o tumor
elementos de tumor de seio endodérmico. Cos- é sólido, cístico, ou misto e padrões ecogênicos
tuma estar aumentada nos recém-nascidos, vol- bizarros secundários a áreas de necrose tumoral,
tando às taxas normais do adulto aos 8 meses de degeneração cística, hemorragia interna e calci—
idade. A meia-vida é de 5 a 6 dias. ficações. Estuda a extensão pélvica ou abdomi-
Hormônio gonadotrófico (beta-HCG): pode estar nal, obstrução urinária du intestinal, a integridade
aumentado nos teratomas malignos com elementos da espinha fetal, função das extremidades infe-
de coriocarcinoma ou de carcinoma embrioná- riores e associação a outras malformações.
rio associados. A meia—vida é de 16h. w Os efeitos secundários do tumor estão relaciona—
IFosfatase alcalina placentária (PLAP) positiva. dos a massa e fisiologia tumoral. Os efeitos re-
O anticorpo PLAP imunorreage com células lacionados à massa incluem a distocia pelo volume
germinativas tumorais. A fosfatase alcalina hu- tumoral e parto prematuro. A distocia pode ocasio—
mana placentária é sintetizada pelo sinciciotro- nar a ruptura traumática do tumor durante o par—
foblasto da' placenta. to. A massa tumoral também pode induzir o parto
prematuro pela distensão uterina, muitas vezes
ESTIIIIIMEIITII causando insuficiência respiratória por imaturi-
dade pulmonar. As consequências fisiológicas do
'Estadiamento dos tumores malignos de células ger- teratoma fetal são dependentes das demandas
minativas extragonadais (CGC/POG): metabólicas e fluxo sanguíneo secundário do tumor
! IEstádio ]: ressecção completa em qualquer sítio, e da presença ou ausência de hemorragia com
cocci gectomia para os sacrococcígeos, margens anemia secundária. As necessidades do tumor
tumorais negativas, marcadores tumorais posi- ‘\. variam enormemente, dependendo do tamanho
tivos ou negativos. e daªõomposição tumoral (cístico ou sólido). O
II Estádio II: tumor residual microscópico, linfonodos teratoma sacrococcígeo fetal tem o potencial de
negativos, marcadores tumorais positivos ou ne- desviar fluxo sanguíneo da placenta e feto para
gativos. o tumor. Ourl'o mçcanismo gm potencial para au-
lEstádio [11: tumor residual macroscópico ou so- mentar as demandas fisiológicas deve-se a pre:
mente biópsia, linfonodos retroperitoneais nega- sença de hemorragia espontânea interna ou externa
tivos ou positivos, marcadores tumorais positivos do tumor, resultando em anemia fetal. Essa he-
ou negativos. morragia pode estar relacionada a trauma intra-
a Estádio IV: metástases a distância, incluindo fígado. útero ou degeneração necrótica ou cística do tumor. '

Esses mecanismos são as prováveis causas do

'Glnceitn
IEBIITGIIAEEIIGBIIGGGGIEEIIS desencadeamento da insuficiência cardíaca de alto
débito (o tumor age como um grande shunt arte-
riovenoso), placentomegalia e hidropsia fetal (efu-
sões pleurais e pericárdicas, ascite, cardiomegalía
Tumores originados de células embrionárias pluripo- e edema da pele) (Fig. 19.2).
tentes da área do cóccix e compostos de tecidos de—
rivados das três camadas germinativas. São formados
[a Poliidrâmnio pode
estar presente em 70% dos
teratomas fetais.
por elementos sólidos, císticos, ou ambos. 1:1 Hidropsia pode estar presente em 25% dos tera—
tomas fetais.
Enldeminlnyia a. m Oligoidrâmnio pode ocorrer e é achado desfavo-
u, Prevalência: 1:35.000 a 40.000 nascidos vivos. rável, podendo estar relacionado à obstrução dos
|:
Tumor mais comum do recém-nascido. ureteres elou de uretra pelo tumor.
N Localização sacra corresponde a 35 a 60% de D O prognóstico está relacionado primariamente
todos os teratomas. à extensão, tamanho e complicações do tumor (!
Teratoma: I
119

Efeito de massa Desvio (roubo)


i
vascular tumoral
poliidrámnios

Distocia Parto insuficiência cardiaca


prematuro de alto rendimento

coras
Ruptura Placentomegalia
tumoral Imaturidade /
I fetal Hidropsia

[
hemorragia

Sindrome do
espelho materno

Figura 19.2 Fisiopatologia do teratoma sacrococcígeo fetal.


-
Figura 19.3 Classificação do teratoma sacrococclgeo con-
-
é associado à apresentação sintomática antes da forme Altman‘. (A) Tipo l: predominantemente externo com
Boª semana de gestação. Causas mais comuns mínima extensão intrapélvica; (5) tipo II: predominantemente
de óbito dos teratomas pré—natais: complicações externo, mas com extensão intrapélvica significativa; (C) tipo
Ill: visível externamente. mas com extensão intrapélvica & ab-
da prematuridade (induzida pelo poliidrâmnio), dominal significativa; (D) tipo IV: totalmente présacral, sem
insufmiência cardíaca congestiva, hemorragia comprometimentos externo e abdominal.
intratumoral e hidropsia.
n Síndrome do espelho (mirror syndrome) pode de—
senvolver—se na mãe por causas desconhecidas. a Tipo H (34,7%): predominantemente externa, mas
Aparece hipertensão arterial e pré-eclampsia em cªlmsignificante extensão intrapelvica, malig-
resposta à hidropsia fetal. nidade 21%.
ll Por causa do risco de distocia e hemorragia intra- E! Tipo III (8,8%): visível externamente, mas com
tumoral traumática com ou sem ruptura tumoral, extensão predominantemente pélvica e abdomi-
'T cesárea é recomendada para tumores > 5cm. nal, malignidade 34%. ,ª
._
rn
"i Distocia durante o parto vaginal é associada à
,

Tipo IV (9,8%): inteiramente pre-sacro, sem com-


«r
N ruptura e hemorragia. Por causa do grande polii- prometimento externo, malignidade 38%.
'T
n
drãmnio, pode ocorrer ruptura prematura das
ep membranas resultando em prolapso de cordão,
eu

os descolamento de placenta e máx-apresentação fetal.
1111:1119 mântra
II 0 feto pode ser investigado por ultra—sonografia :: Tumor em região sacra e/ou abdominal, podendo
e ressonância nuclear magnética ultra-rápida. Ava- deslocar o ânus e a vagina anteriormente (Fig. 19.4).
liam () tipo de teratoma, o tamanho da placenta Ás vezes, apresenta-se como massa localizada mais
e a presença de hidropsia. A ecocardiografia fetal e lateralmente, cansando assimetria dc nadegas. A
eco-Doppler medem o rendimento cardíaco. massa apresenta forma arredondada, lobulada, pre-
dominantemente cística ou sólida, com grande varia-
ção de tamanho, recoberta por pele normal, pele
Glassiiieaçãn dos "teratomas enrugada, pele ulcerada, ou pele com hemangioma.
Sacrncnccigens a Constipação.
lx Sangramento retal.
Classificação de Altman com base no grau de exten— .
I: Obstrução urinária nos tumores com grande com-
são1ntrapélvica (Fig.
19.3).
ponente intrapélvico.
"Tipo I (46,7%): predominantemente externa com :: Paraplegia, dor, ou fraqueza nos membros infe—
somente mínima extensão intrapélvica, malig- riores podem indicar extensão intradural, menin-
nidade 8%. gocele associada, erro diagnóstico, ou malignidade.

_ , “I
'
WMA.—"
MW'Í"
120 n Tumores

rm Tomografia computadorizada (TC) com contras-


te e/ou ressonância nuclear magnética (RNM) também
podem ser solicitadas. Porém, só temos indicado
TC ou RNM para teratomas com recorrência,
metástases a distância, no diagnóstico diferencial
dos teratomas pré-sacros com outras anomalias, nos
teratomas corn compressão retal elou urinária e para
detectar extensão ocasional para dentro do canal
espinhal e anormalidades vertebrais. A RNM é o
melhor exame nas lesões espinhais.

Ó L Z' E S P Í Q
.w
lliagnásticn ulterencial Principal

«.a—u,
Meningoccle sacra anterior, mielomeningocele, lipoma,
cisto dermóide, hemangioma, cordoma.

nisso lie Maliunitlatle


II A incidência de malignidade é dependente da idade.
I: Antes dos dois meses de idade: somente 10%
são malignos, independentemente do sexo.

.,x _
Figura 19.4 - Teratoma sacrococcígeo com deslocamento a Após os dois meses de idade: 67% nos meninos
anterior do ânus. e 47% nas meninas podem ser malignos.
m A malignidade, nos teratomas sacrococcigeos,
está relacionada à idade quando do diagnóstico
I Metástases pulmonares. e extensão intrapélvica (classificação de Altman).
& Distocia no parto. LI Locais de metástases: linfonodos, regiões ingui—
Anomalias congênitas associadas em 15%, prin- nais, pulmões, vértebras, cérebro e fígado.
cipalmente anomalias anorretais, defeitos sacros, :: Inadequado retardo diagnóstico ou inadequado
anomalias musculoesqueléticas e meningocele tratamento cirúrgico resulta em aumento da ma-
anterior. lignidade.
=|
São mais raras: insuficiência cardíaca congestiva
(shunt vascular através do tumor), coagulação Tratamento
intravascular disseminada (CIVD).
lExame retal costuma ser essencial para o diag- Tempo ideal para tratamento cirúrgico: ressecção
nóstico e avaliação do componente intrapélvico. ') '
tumoral deve ser tão precoce _quanto possível após
o nascimento. Geralmente na 1ª e 2g semanas
0 tumor situa-se posteriormente ao reto.
de vida. O retardo pode ocasionar degeneração
maligna, infecção e hemorragia intratumoral.
Investigação nlavnústica
lHistória
, m Uso de antibi'óticds periopenatórios: 30min an-
tes do ato operáiório, mantendo-os por 48h.
e exame físico.
I Hemograma, provas de coagulação, provas fun— Preparo de cólon pré-operatório, conforme rotina
cionais hepáticas, uréia, creatinina e ácido úrico. do serviço, em todos os bebês já alimentados.
DHL, FLAP, beta-HCG e alfa-fetoproteína. Ní— I: Adequado acesso venoso central do sistema cava
veis de AFP dependem da idade pós-natal. superior.
I Radiografia da massa, pelve (incluindo coluna lom- ta Sonda vesical.
bossacra) e abdome com projeções laterais e ãntero- Sonda nasogástrica.
posterior. Pesquisa presença de calcificações (30 Ea Em tumores grandes estão indicadas, no transope-
a 50% dos casos), deslocamento anterior do reto, ratón'o, medida da pressão venosa central e ar-
inspeção dos elementos vertebrais para detectar terial média por punção-cateterismo da artéria
sinais
de erosão ou defeito ósseo, que pode suge—
rir invasão maligna ou meningocele associada."
radial e colocação de cateter vesical.
Posição prona com coxim colocado debaixo dos
I Radiografia de tórax.
quadris.
l
Ultra—sonograiia abdominal. Determina a exten- Colocação de gaze untada com vaselina no reto.
são proximal do tumor na pelve e abdome, mostra
padrão interno ultra-sonográiico complexo re—
sultante de diferentes tecidos presentes na mas- Técnica Cirúrgica
sa, define a predominância de lesões císticas ou In Acesso transacro com incisão emV invertida. O
sólidas, presença de calcificações. O eco-Doppler ápice do V invertido deve ficar sobre o sacro in-
detecta o fluxo sanguíneo do tumor. ferior (Fig. 19.5).
Tera tomas ª 121

or ªJ"(
"

Figura 1 9.5 Acesso tran-
sacral com incisão em V |n—
vertido.

:Excisão do cóccix em bloco junto com o tumor


(coccigectomia). A falha em remover o cóccix Figura 19.7 Teratoma gigante com importante extensão
-
está associada a 35% de taxa de recorrência. abdominal. '

l Usar estimulador de nervos e músculos.


IEstar ciente de que pode haver extensão intra-
espinhal. lavado peritoneal para citologia, biópsia bilate-
a Bxcisar amplamente a massa, não permitindo a
ral de linfonodos retroperitoneais.
. ruptura e disseminação tumoral. 0 extravasamento 1:1 Iniciar, primariamente, pela via sacra para res-
': de líquido dos cistos não está associado à recor-
secar o cóccix e separar o tumor dos músculos
rência do tumor, mas o extravasamento de con- glúteos e reto.
teúdo sólido sim. IA maior complicação cirúrgica é a hemorragia
IProcurar a presença de plano avascular entre o
transoperatóría com choque hipovolêmico. Nesses
tumor e tecidos circunvizinhos comprimidos, pois
é um tumor encapsulado.
casos está indicada laparotomia com ligadura
ICuidar o excesso de sangramento (ligar vasos
de todos os vasos sangrantes. Se não for possí-
vel coibir o sangramento, colocar clampe vascular
sacros médios junto ao plano de ressecção do na. aorta logo abaixo da mesentérica inferior,
cóccix). Estar atento, pois a vascularização também
fechar o abdome temporariamente, reposicionar
pode ser oriunda de outros vasos arteriais deri-
o paciente em posição prona, ressecar o tumor
vados da hipogástrica e ilíaca externa.
IIndicar acesso abdominossacro combinado (Fig. ‘\< por via sacra, ligar todos os vasos e. após com-
19.6) (laparotomia transversa infra-umbilical) nas pletada a cirurgia sacral, posicionar novamen-
te o paciente em decúbito dorsal, retirar o clampe
seguintes situações: nas recorrências, em todos
aórtico e fech‘ar a laparotomia. Na ressecção de
os teratomas gigantes com extensão intra—abdo-
_ t'na
teratomas gigantes, pensar nas seguintes opções:
lh LT, minal (Fig. 19.7) e em tumores com ruptura e san-
A

'w } gramenlo ativo. Nesse caso, é interessante o preparo uso de ECMO, perfusão híp'otérmica e hemo-
diluição, desvascularização com ressecção esta—
(dos ; pré-operatório circunferencial de toda a metade
''ºava ',], inferior do corpo, anterior e posterior. diada'.
I: Não esquecer de colocar dreno(s) de Penrose ou
E
º—
Se indicada laparotomia, realizar estadiamento
abdominal completo, incluindo líquido de ascite, de aspiração contínua no espaço pré-sacro, que
deverão ser retirados por contra-incisão.
Os músculos anorretais devem ser reconstruídos.
sope- O elevador do ânus e reaproximado ao pericôn-

.
e ar- drio da superfície anterior do sacro. Os músculos
rtéria glúteos posteriores e elevadores são reaproximados
na linha média.
.o dos a A pele redundante deve ser ressecada.
)
reto. Tratamento Coadjuvante
Ia Quimioterapia faz parte da terapêutica combi—
nada em todos os teratomas malignos.
ida. O Quimioterápicos mais utilizados atualmente nos
rro in- teratomas sacrococcígeos são: cisplatina, etoposide
e bleomicina (PEB).
122 II Tumores

Tratamento do Teratoma Fetal samaritano-es Pas—oneratúrias


ISe não ocorrer placentomegalia ou hidropsia, está
ln Infecção de ferida operatória é a mais comum
(18%) pela proximidade com o ânus.
indicado parto cesáreo eletivo após estar esta- trt Retenção urinária temporária pode ocorrer por trau-
belecida a maturidade pulmonar. ma cirúrgico do plexo pélvico e nervos sacros.
ISc há desenvolvimento de placentomegalia e hi-
a: Acompanhar o paciente por longo período pós-
dropsia após estabelecida a maturidade pulmo- operatório pelo risco de seqtielas funcionais: dis-
nar, está indicado parto cesareo urgente.
IAspiração do cisto e amniorredução estão indica«
funções do trato urinário inferior (enurese, bexiga
neurogênica, refluxo vesicoureteral), disfunções
das quando há desconforto materno, trabalho de
parto prematuro (reduz a irritabilidade uterina)
intestinais (constipação ou incontinência fecal)
e fraqueza nas extremidades inferiores. As causas
c na prevenção da mptura tumoral no parto. Indi- podem ser pressão do tumor sobre nervos e plexos
cadas quando o tumor for cístico ou predominan- pélvicos, tração por compressão retal, vesical e
temente cístico. dos tecidos adjacentes e trauma cirúrgico (prin-
IAmnioinfusão está indicada quando há oligoi—
cipalmente tumores grandes e porção intrapélvica
drâmnio grave, objetivando facilitar o crescimento aderente). Todo paciente com gotejamento ou
pulmonar e prevenir a compressão do cordão freqiiência urinária e infecção urinária deve sub«
umbilical. meter-se à uretrocistografra miccional, ultra-
Cirurgia fetal aberta (desbastamento do tumor) sonografia renal e avaliação urodinãmica. so
q
só pode ser pensada na ausência de fator de ris— º.“
oo
co materno, cariótipo normal, ausência de mal- ‘."
formações associadas significativas, evidências
Fatores Prognósticos de Recorrência 4
N
rs
de iminente insuficiência cardíaca de alto débi- Taxa de recorrência média: 12,5%. e.q
to, idade gestacional < 30 semanas e anatomia Causas: '7"
q

favorável (classificação tipo I e II). Está contra- IRessecção incompleta com resíduos microscópicos.
indicáda na insuficiência cardíaca grave de alto INão ressecção completa do cóccix.
débito e na síndrome do espelho materno (mirror IRuptura intra-operatória do tumor com vazamento
syndrome). O objetivo da ressecção fetal e' de de conteúdo.
ocluir a suplementação vascular do tumor e re— m Não detecção histológica da presença de compo-
mover o leito vascular de baixa resistência do nentes malignos dentro do tumor, com consequente
tumor da circulação fetal. Nenhuma tentativa deve não realização de quimioterapia pós-operatória.
ser feita para dissecar o componente intrapélvico
do tumor ou para remover o cóccix. REFERÉNCIA BIBLIOGRÁFICA
ll Está sendo avaliada em pesquisas recentes a efe- l. ALTMAN, R. R: RANDOLPH, .l. G.; LILLY. .l. R. Sacrococcygeal
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térmica por radiofrequência ou ultra—som focado BIBLIOGRAFIA REÇOMENDADA »

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anos de pós—operatório. trial. I. Pediatr. Surg., v. 36. p. 12-17, 2001.

«'n
— sra—«.ª
Carcinoma de tireóide I 123

I I: Firm 20 º I As mutações do RAS protonncogene podem ser


encontradas, principalmente, no carcinoma foli—
cular. Parece não ter incidência significativa na
criança.

Carcinoma de Tireóide GIIISSIFIÍIIIÇIIII


o v ó as

z
ta Tipo papilar puro.
João Carlos Ketzer de Souza Variante folicular do carcinoma papilar (quan-
.
.e r. ‘

do são encontrados elementos papilares em um


'
ª!

EBIIBEI'I'ÍI carcinoma folicular, independentemente de sua


quantidade).
Doença incomum com prognóstico favorável, alta
Folicular puro.
incidência de metástase cervical e predominância do I Medular.
tipº papilar.
Anaplásico.
978-5—2416

EPIBEHIIIIIIGIII Tim} Panilar FIII'D fl llariante lªnlicular


I Até 2% das lesões totalmente císticas de tireóide III) carcinoma I'ªllIIáII'
. podem ser malignas.
Carcinoma de tireóide pode ser observado em
20% dos nódulos tireóideos solitários.
I Predominância no sexo feminino: 2 a 2,5F:1M.
Apresentam focos de neoplasia difusa na glândula,
não encapsulados, com colunas de células epiteliais
e projeções papilares, focos linfocíticos e corpos psamo—
I Dez por cento de todos os casos de carcinoma matosos (deposições concêntricas de cálcio presen-
de tireóide ocorrem abaixo dos 21 anos de idade. tes em 40 a 50%). Correspondem a 85% dos casos.
I Corresponde a 2% de todas as neoplasias ma- Aproximadamente 80% apresentam metástases gan-
lignas das crianças. glionares. Envolvimento ganglionar é bilateral em 25%.
I Corresponde a 10% dos tumores de cabeça e pes- Aproximadamente 10 a 25% têm metástases pulmo-
coço. nares ao diagnóstico. Invasão local em traquéia. esô—
I É o tumor maligno
endócrino mais comum na fago e músculos cervicais pode ocorrer. Fatores pre-
criança. disponentes: irradiação prévia da cabeça ou pescoço,
I Pico de frequência: a partir dos 12 anos. Porém, bócio, síndrome de Gardner e tireoidite Iinfocítica
,
pode ocorrer em qualquer idade. crônica.

EI'IIII'AI'IIGEIIIII nun [olieularj‘urn


I Exposição
a radiação e o fator de risco mais co- Corresponde a 10% dos casos. Anomalias nucleares,
nhecido no desenvolvimento de câncer de tireóide.
I Outro fator de risco conhecido é a história de tra- invasão de capsula e invasão vascular fazem o.di agnóstico
diferencial com adenoma folic lar. Locais de metástases
tamento quimioterápico prévio e com sucesso de
uma outra malignidade. Linfoma de Hodgkin é
mais comuns:pulmões e ossosgÉ encapsulado e'solitário
e costuma disseminar-se primariamente pela corren-
a malignidade prévia mais comum associada ao
desenvolvimento subsequente de câncer de tireóide. te sanguínea.

EEIIÉ'I'IBII Tino Modular


IO evento genético mais comum associado ao Corresponde a menos de 5% dos casos de carcino-
Carcinoma de tireóide é o rearranjo cromossô— ma de tireóide. Contém estroma com tecido frbrótico
mico envolvendo o protooncogene RET, locali- e substância amilóide e, por isso, pode apresentar-
zado no braço curto do cromossomo 10. Quando se com consistência mais amolecida.'Cresce de cá-
há ativação dessa região, ocorre uma expressão lulas parafoliculares tipo C derivadas das células da
anormal da molécula tirosina quinase, ativando crista neural que secretam calcitonina. Entre 30 e
uma cascata de sinais pró-apoptóticos e contri- 50% são do tipo familiar, transmitidos sob forma
buindo para o desenvolvimento da neoplasia. Esses autossômica dominante. Pode ocorrer isolado ou
rearranjos genéticos são comuns nos carcinomas associado a neoplasias endócrinas múltiplastNEM).
papilares. O protooncogene RET também é im- Síndrome NEM: carcinoma medular de tireóide,
portante na gênese do carcinoma tipo medular e feocromocitoma e hiperparatireoidismo. E muito
várias mutações no RET estão associadas à invasivo localmente. multicêntrico e frequentemente
síndrome da neoplasia endócrina múltipla tipo 2 metastático. Invade, muitas vezes, os linfonodos
(NEM 2A e NEM 2B). regionais.
124 I Tumores

DIAENÚSTIBD llleflEllfllAl < lºng/ml.); anticorpos antitireoglobulina (anticor-


pos anti—Tg ou MT); anticorpos antitireoperoxidase
Nódulos tireóideos podem ocorrer espontaneamente (anticorpos anti-TPO); auto-anticorpos bloquea—
ou associados a hiperestimulação da tireóide pelo TSH ou dores dos receptores TSH e tireocalcitonina sérica
imunoglobulinas estimulantes da tireóide. (< Sºng/L). Anticorpos antitireoglobulina, an-
A'og
Ç:

I Adenoma folicular, tireoidite linfocitica crôni- ticorpos antitireoperoxidase e anticorpos bloquea—


sia

ca (Hashimoto), bócio nodular colóide, degene— dores do hormônio TSH estão aumentados na
ração cfstica benigna, cisto do ducto tireoglosso, tireoidite de Hashimoto. Carcinomas diferenciados
!
:

cisto paratireóideo, cisto branquial, cisto derrnóide, geralmente secretam tireoglobulina. Outras con-
glândula tireóide ectópica, tumor de células germi- dições benignas também podem secretar, mais
raramente, tireoglobulina. A dosagem de calcitonina
W

nativas e outras menos comuns.


sérica pode ser útil no diagnóstico de carcino-
ma medular. Com resultado duvidoso ou com forte
Qllllllllfl Glllllflll suspeita de carcinoma medular, deve ser reali—
História: irradiação prévia da cabeça, pescoço e zado o teste de estimulação com infusão de cál-
mediastino superior, história familiar de carcinoma cio ou pentagastrina ou administração de ome—
de tireóide, de neoplasias endócrinas múltiplas, prazo].
história anterior de bócio, ingestão de substâncias
bociógenas, presença de rouquidão, tosse seca crô- Exames [101' Imagem
nica, disfagia.
Não são confiáveis em distinguir nódulos malignos e
Pesquisar se houve crescimento rápido, dor, ou
benignos. A ultra-sonografia e a cintilografia de tireóide
sensibilidade transitória sugestiva de processo

.
são de valor limitado, pois malignidade tem sido
inflamatório ou hemorragia intracfstica.
Exame fisico completo com especial atenção para:
identificada em nódulos císticos e nódulos quentes

L - S Q 'Í s z Ç B õ
ou mornos, embora haja predominância de maligni-
— Padrão de crescimento. dade em nódulos frios e sólidos. Também porque lesões
—- Tamanho. císticas na frente ou ao redor da tireóide podem ser
— Aderências a estruturas vizinhas.
Consistência. diagnosticadas erroneamente por operador inexperiente,

—-— Lateralidade..
-— plos
Presença de nódulo único ou nódulos múlti-
tanto na cintilografia quanto na ultra-sonografia, como
nódulo frio ou cístico de tireóide, respectivamente.
de tireóide. *

Ultra-sonografia de Tireóide
— Presença de adenopatia regional.
— coço.
Palpar adequadamente a glândula tireóide e pes-
Procurar presença de neuromas mucosos
Mostra soo nódulo é sólido, cístico ou misto, sua lo—
?calizaçãoLintra ou extratireóidea, existência de ano-
e tipo físico marfanóide, que podem ser en- malias nas estruturas vizinhas, detec'ta calcificações,
contrados no carcinoma medular tipo NEM 2B. auxilia e orienta a técnica de punção-aspiração com
agulha fina (PAA’F) e pesquisa linfonodos aumenta—
FORMAS 0111116“ I]! APBESEHTAGKU dos na região cervical; Fornece informações que são
mais anatômicas do'ique funcionªis.
I Nódulo de tireóide duro, isolado.
I Adenopatia cervical uni ou bilateral.
I Nódulo de tireóide e adenopatia cervical. Cintilo’girafia com lodo-123 ou
I Metástases pulmonares. Tecnécio-99m
I Paralisia do nervo recorrente e alterações da voz.
Demonstram a relação de captação do radioisótopo
entre o nódulo e o parênquima tireóideo. O tecnécio-.
INVESTIGAÇÃO BIIGIIÚSTIGI 99m e mais recomendado, pois utiliza menos radia-
ção. O iodo-123 proporciona imagens de melhor re-
O melhor método de avaliação de um nódulo de tireóide solução. mas é bem mais caro e usa mais radiação.
ainda é controverso. As provas de função tireóidça,
Também é mais efetivo na detecção de tecido tireóideo
em geral, têm pouco valor diagnóstico. As mais so-
ectópico ou metastático.
licitadas são: Achados cintilográfrcos:
Exames laboratoriais I Nódulo frio: a glândula não capta o isótopo e,
portanto, não tem função. A presença de um carci-
.: T4 (tiroxina, níveis normais: :l: 4,5 a lZug/dL) noma é sempre uma possibilidade.
e/ou T4 livre; T3 (tri-iodotironina, níveis normais: I Nódulo quente: apresenta maior afinidade pelo
i 65 a 130ng/dL); TSH (níveis normais: 1- 0,4 a isótopo do que o parênquima tireóideo. A ma-
4uUIImL), tireoglobulina (níveis normais: lignidade é pouco provável.

H-Mfi-I --H| .--

-
Carcinoma de Tireóide : 125

I Nódulo morno: concentra o isótopo de forma Nódulos Frias [cintilografia] e Sólidos


semelhante ao resto do tecido tireóideo. Carci- [Ultra-sonogram]
noma. é pouco provável porque o tecido normal
geralmente tem maior afinidade pelo isótopo do I Adenoma folicular principalmente,tireoidite de
que o tecido neoplásico. Hashimoto, nódulo colóide e lobo unico: 75%.
I Radiografia de tórax (na suspeita de Ilimar de tireóide).
I Radiografia de ossos ou cintilografia óssea (se
comprovada a presença de carcinoma).
m Carcinoma: 25%.

FATORES PREOITIUOS OE MAIIRNIOAOE


. {0 9 3 s
| Tomografia computadorizada de região cervical
(se necessário). Distingue lesões císticas e sóli— I Nódulo único, consistência dura, frio (cintilo-

.
das. Excelente para confirmar ausência de um grafia), sólido (ultra-sonografia).
lobo e definir se a lesão e intra ou extratireóidea. Invasão de estruturas vizinhas.
Biópsia de aspiração por agulha fina com exame tz Fixação aos tecidos adjacentes.
=J Gânglios regionais cervicais aumentados de vo-
citológico. Em adultos, a biópsia por agulha fina
tem valor comprovado limitando as ressecções lume.
tireóideas. Em crianças, a efetividade ainda está I Crescimento rápido.
por ser definida. Não tem sido muito usada por Estigmas que sugerem carcinoma medular: múl—
causa da idade, tamanho do pescoço, dificuldades tiplos neuromas de mucosas e conformação cor-
na interpretação citopatológica (coexistência de poral marfanóide.
tireoidite linfocítica crônica com carcinoma papilar, El Disfunção transitória do nervo recorrente.
dificuldade de diagnóstico diferencial entre adenoma Bl Sensibilidade localizada transitória (geralmente

folicular e carcinoma folicular, já que a biópsia devido a episódio de sangramento dentro de um


por agulha não mostra invasão capsular e vascular, tumor sólido com necrose).
e outras), necessidade de maior sedação e possi-
bilidade de complicações. Sabese, estatisticamente, SUSPEITA OE INVASÃO ITE ESTRUTURAS
que nas crianças esse tipo de exame não diminui OOIITÍOIIAS
o numero de tireoidectomias. Biópsia de aspiração
por agulha mostrando doença benigna deve ser Tosse crônica não produtiva e/ou rouquidão (in-
vista com cautela e rigoroso seguimento. Falso— vasão traqueal ou do nervo recorrente).
negativos chegam a 20%.',Os resultados são des- I Disfagia (invasão do esôfago).
critos como benignos, malignos, suspeitos, ou
insuficientes. A acurácia da biópsia por aspiração
com agulha fina, em crianças, ésimilar à cintilografia
TRATAMENTO
e ultra-sonografra, mas nenhum desses procedi- Em crianças < 13 anos é recomendável que todo nó-
mentos costuma ser suficientemente acurado para
predizer malignidade.
dulo
dextireóide
seja removido.
III Evitar o uso‘de substâncias iodadas e contraste na
cirurgia.
'
,POSSIBILIDADES OIARIIOSTIOAS OE AOOROO I Em todo caso sem diagnóstico definitivo está
GOTA RESOITAROS BA OIIITIIOORAFIA EIOO indicadabiópsia cirúrgióa: lobectomia do lado

APROKIIAOOS

OlTlALSONORRATIA OAOOS ESTATÍSTIOOS comprometido + congelação do tecido retirado.
nl Técnica cirúrgica mais indicada nos casos de car-
cinoma de tireóide: tireoidectomia total ou qua—
NOOIIIOS 313111103 lllttra-snnnurallal se total (lobectomia + istmectomia + lobectomia
contralateral, à exceção de delgada lâmina de
Desses, somente 2 a 3% podem ser malignos. parênquima paratraqueal) + dissecção e excisão
dos linfonodos do compartimento central do
Nódulos Elias [cintllonraiial pescoço (gânglios pré e peritraqueais, pré e

.
l
Adenoma folicular: 55 a 60%.
Carcinoma tireóideo: 20%.
perilaríngeos, mediastino ântero-superior) e da
cadeia jugular, principalmente os gânglios suspei—
tos. A dissecção deve ser meticulosa e cautelosa,
l
Outras lesões benignas: 20 a 25%. As mais co- evitando lesão do nervo laríngeo recorrente.
muns são: cisto colóide, nódulo de tireoidite de Temos preferido a utilização de tireoidectomia
Hashimoto, cisto branquial, cisto tireoglosso, cisto quase total devido à maior proteção das parati-
dermóide, teratoma, lobo único, cisto tímico, abs— reóides e do nervo laringeo recorrente. Nos pa-
cesso, hemorragia, lobulação de tireóide normal. cientes com metástases, a tireoidectomia total
Os cistos e o teratoma podem ser intratireóideos facilita o tratamento com iodo radioativo, pois
na frente ou em tor-
ºu peritireóideos (situados
remove todo tecido tireóideo normal que pode-
no da tireóide) e erroneamente diagnosticados ria competir com as metástases (avidez menor
como nódulos intratireóideos. do tecido canceroso pelo iodo radioativo), per-
L
126 I Tumores

mite melhor detecção de recorrência do tumor metimento ganglionar extenso, doença residual,
pela determinação seriada de tireoglobulina (pre- metástases funcionantes à distância, para mapea-
sença de tecido tireóideo diminui acurácia desse mento, como dose-ablação da glândula remanes-
exame), apresenta melhor sobrevida e promove cente após lobectomia.
a remoção dos focos multicêntricos da doença. Ao remover o tecido tireóideo pela tireoidectomia

o Ãç E S I No caso de tumor S lcm, sem metástases cervi- total ou quase total, ocorre hipotireoidismo, levando
2.

cais ou mínimo e localizado envolvimento gan- ao aumento da secreção de TST-[, que vai estimular a
glionar, ausência de metástases a distância, ausência doença residual ou metastática. O iodo radioativo é
de invasão capsular e das estruturas contíguas captado pelo tecido remanescente.

.u . «.,
(traquéia, nervo lan’ngeo recorrente e músculos Para realizar o lª mapeamento e tratamento, o TSH
cervicais). é aceitável a realização de lobectomia deve ser medido na 6E semana pós-operatória. O
unilateral + istmectomia + excisão de linfonodo TSH aumentado estimula a captação de iodo. Sem-
suspeito. Essa técnica diminui as complicações pre determinar o_ nível de TSH antes do mapeamento.

5 L 8' 9 1 7 “ w r — : N «
operatórias da tireoidectomia total, porém diminui Mapeamentof dar dose-mapeamento de 3mCi oral
a ação terapêutica do iodo radioativo. de iodo-131 para estudar a captação (observar leito
I Tireoidectomia total é obrigatória nos seguintes da tireóide, região cervical lateral, mediastino supe-
casos: metástases a distância, doença bilateral, rior e pulmões).
carcinoma tipo medular e tumor com invasão Se houver metástases: 24l§8h após, dar dose tera—
extratireóidea, a exceção de linfonodos. A tireoidec- pêutica de 50 a 75mCi (na tireoidectomia total), 150
tomia total reduz a taxa de recorrência no leito a 200mCi (após lobectomia), 150 a 175mCi se hou-
tireóideo a 0%. ver comprometimento ganglionar cervical e 175 a
200mCi se houver metástases pulmonares.
GIIIIIAAIIS PúS-GPEBATÍIIIIIIS O mapeamento deve ser repetido a cada seis me-
ses, após determinação dos níveis de TSH. Suspen-
I Monitorar o aparecimento de hipocalcemia: si- der 0 T4 seis semanas antes e 0 T3 duas semanas antes.
nal de Chvostek de 4/4h por 48h e dosagens de Se positivo, repetir dose terapêutica de iodo-131.
cálcio sérico de 12/ 12h por 48h e uma vez/dia Nessa ocasião, realizar adequada palpação do pesco-
por uma semana. ço, exame físico e radiografia de tórax.
Dosagem de tireoglobulina: excelente marcador Repetir mapeamento, exame físico e radiografia de
do tecido tireóideo. E um teste sensitivo para tórax semestralmente, até obter-se mapeamento nor-
identificar a persistência (até seis meses após a mal. Manter sempre o TSH suprimido.
tireoidectomia) ou recorrência do tumor. Porém, Se não houver metástases, reiniciar o hormônio
é dependente da remoção total do tecido tireóideo tireóideo. t
normal. Normal: até lOng/dL. Paciente com
tireoidectomia total e sem doença residual e aquele
que sofreu ablação da glândula remanescente com
ittsumnns .
iodo«131 devem ter menos do que Sng/dL. I Mortalidade nos carcinomas diferenciados de
II Hormônios tireóideos: têm a função de suprimir tireóide: 5%! .“
a secreção de TSH pela hipófise e prevenir a I Taxa de reco'rrênpia da doença em carcinomas
l
estimulação continuada de qualquer tecido tumoral diferenciados: 35%, principalmente em tireóide
ainda existente (persistente ou recorrente). Não remanescente, gânglios regionais cervicais e pul-
deve ser dado o hormônio tiroxina por seis se- mões.
manas após a operação, caso for fazer mapea- BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
mento do tecido tireóideo existente em seis sema- GARAGORI, .l. M. Actilud ante los nódulos tiroideos.Ann. Esp. Pediatr.,
nas. A triiodotironina é iniciada no pós-operatório v. 56, suppl., p. 62-67, 2002.
imediato, mantida por quatro semanas e suspensa MOIR, C. R.; TELANDER, R. L. Papillary carcinoma of the thyroid
por duas semanas até realizar o mapeamento com in children. Sem. Pediatr: Surg.. v. 3, p. 182-187, 1994.
iodo radioativo. PALMER, B. A.; ZARROUG, A. E,; FOLEY, R. N. et al. Papillary
!TSH usualmente é medido seis semanas após a thyroid carcinoma in children: fisk'factors and complications of
ablação ou tireoidectomia total. Nivel de TSH > disease recurrence. J. Pediatr Surg., v. 40, p. 1284-1288, 2005.
SÁVIO, R.; GOSNELL. 1.; PALAZZO. F. F. et al. The role of a more
35uU/mL é uma boa evidência de que todo' o
tecido tireóideo normal foi removido cirurgica-
'
=. ‘ ,, * intheinitial ' ‘ " a

of papillary thyroid cancer in children. J. Pediatr. Surg., v. 40.


mente ou sofreu ablação pelo iodo radioativo. p. 16964700, 2005.


Iodo radioativo: indicado nos casos de tumor SKINNER. M. A. Cancer of the thyroid gland ininf'ants and children.
primário grande > 4cm, tumor invasivo, compro- Sem. Pediatr Surg., v. 10. p. 119-126, 2001.

‘v .
Tumores do Test/culo I 127

“ª João Carlos Ketzer de Souza


as

Mário Rafael Carbonera


”» I

“197

EPlIlEMlfllfllilll
1, I Correspondem a l a 2% dos tumores sólidos da Figura 21.1 —Aumento escrotal à custa de um aumento indolor
.
«* criançª. do testículo direito.
lCorrespondem a 7% dos tumores germinativos

da criança.
lSessenta e cinco a 75% dos tumores de testículo
I Dor testicular pode ser secundária a' torção ou
derivam de células germinativas. hemorragia.
I Lesões benignas representam uma maior porcen-
u Efeitos hormonais (virilização) podem ser en-
tagem de casos em crianças do que em adultos. contrados, principalmente nos tumores de células
I Tumor de seio endodérmico é o tumor maligno
de Leydig.
de testículo mais comum na idade pré—púbere. Avaliar clinicamente o testículo contralateral, ab-
< I Teratoma é o tipo mais comum de tumor benig-
dome e região inguinal.
no (10 a 20% dos tumores de células germinativas
:, do testículo). A maioria é do tipo maturo.
' I Pico de maior frequência: S 2 anos de idade e
outro após a puberdade..
INVESTIEAGAG DIAGNÓSTIGA
I História e exame clínico com ênfase nas carac-
I Após os cinco anos de idade, os tumores benig-
terísticas físicas do testículo e fixação à pele
nos tornam-se mais freqiientes do que os malignos. escrotal.
I Hemograma, provas de coagulação, eletrólitos,
BlASSITIGAÇAO uréia, creatinina, testes de função hepática, de-
sidrogenase »do ácido lático (DHL).
. lTumores de células germinativas (65 a 75%):
carcinoma embrionário, tumores do seio endo-
I Affa-fetoproteina (AFP): esta aumentada
dos casos de' tumor de seio endcdérmico. E uma
em85%
dérmico (mais comuns, i- 50% dos tumores germi- alfa—globulina produzida pelo saco vitelino fetal.
nativos), teratomas, seminomas, coriocarcinoma
e mistos de células germinativas.
A elevação dos valores pode ocorrer nostumores
do ,seio endodérmico, tumores hepáticos primá-
lTumores dos anexos testiculares (10 a 13%): rios, hepatite, tirosinemia hereditáriª hipotireoi-
principalmente rabdomiossarcoma paratesticular dismo e ataxia telangiectásica. Normal: < 15ng/mL
(i 10%).
no fim do lº'ano de vida. Se o resultado for dado
l'himores das estruturas de suporte (8 a 13%): em UI, deve-se multiplicar por 1,5 e teremos o
células de Leydig, células de Sertoli e células resultado em nanogramas. AFP negativa no controle
da granulosa juvenil, mistos.
de metástases significa que: não há foco tumoral
I Tumores de origem linfóide (4 a 5%). ou que pode haver foco, porém é secretada em
l
Gonadoblastoma (1%). quantidades tão pequenas que não é detectada
no sangue. A dosagem costuma ser realizada no

_
(IIIADITII BlÍNIGIl pré-operatório e no pós—operatório conforme
protocolo descrito. A meia-vida é de cinco a sete
'eQualquer hidrocele deve ser avaliada clinicamente
por transiluminação com a finalidade de de—
dias e após a remoção cirúrgica do tumor de seio
endodérmico, os níveis sanguíneos devem tor-
tectar se há aumento do testículo corresponden— nar-se normais no período de um mês. AFP é
te. Presença de hidrocele em tumor de testículo: sintetizada inicialmente pelo saco vitelino e pos—
7% a 25%. teriormente pelo fígado fetal e intestinos. Ver níveis
l
Características da massa: localização escrotal às

“ u m ;— # i
normais em outro capítulo.
Custas do testículo, consistência endurecida, indolor, I Beta—HCG: glicoproteína secretada pelas célu—
'" (. não transiluminável, crescimento lento e assin- las gigantes do sinciciotrofoblasto da placenta.
'
i. temática (Fig. 21.1). Dosagem normal: 0 a menos de Ing/mL. Está
a
(_
.
,
128 l
Tumores

aumentada no carcinoma embrionário (60% dos ESTIIIIIIIIIIEII'I'II MS TIIIIIOIIES GERMIIIIII'IIIUS


casos), teratocarcinoma (55% dos casos) e Corio- I]! TESTlfllllfl
carcinoma (quase 100% dos casos; locais: ová-
rio e mediastino) e gonadoblastoma. Meia-vida: u: Estádio l: limitado ao testículo; marcadores
15 a 16h. tumorais normais após apropriado declínio da
IPLAP: dosagem da fosfatase alcalina placentária meia-vida (AFP: 5 dias, beta-HCG: 15 horas).
Cerca de 80% a 85% estão no estádio I.
policlonal. Mede a intensidade de expressão da
PLAP por imunoistoquímica. A fosfatase alcali- Estádio II: orquiectomia transescrotal; doença
na placentária é uma enzima sialoglicoproteica microscópica no escroto ou alta no cordão esper-
de membrana normalmente presente em altas mático (< 5cm do limite superior proximal); envol-
concentrações no sinciciotrofoblasto da placen— vimento de linfonodos retroperitoneais (diâmetro
ta no 3º trimestre da gestação. Pode também ser < 2cm) elou marcadores tumorais elevados após
expressa nos tumores de células germinativas do apropriado declínio da meia-vida.
testículo. Estádio III: envolvimento de linfonodos retro-
peritoneais (diâmetro > 2cm), mas nenhum en-

É L S' Z V I
!Nos casos de puberdade precoce (tumores não
germinativos), solicitar dosagens de l7-cetoeste— volvimento visceral ou extra-abdominal.

L'SQ
róides, testosterona, pregnanetriol, estrógenos e Estádio IV: metástases a distância, incluindo fígado.
estudo radiológico para definir idade óssea.

IlEi'I'ES'IIBIIllI
II Os tumores de testículos nas crianças falham em
mostrar a presença da duplicação do braço cur-
I'IIIIIIIII'IIIS I'IIIiIlIIIES
to do cromossomo 12 (designado isocromossomo GIIIIiIIInIIllS I)! BÉlIIlnS GEBMIIIII'I'IIIIIS
12p). Tumores de células germinativas têm de-
monstrado a deleção do braço curto do cromos—
Tumor _tln Seio Endodúrmlen ou do Saw
somo 1 (especificamente 11:36). A maioria dos IIiteIlnn
tumores do seio endodérmico do testículo é diplói- IÉ o tipo mais comum de tumor originário das cé-
de ou tetraplóide. lulas germinativas.
Ultra-sonografia testicular: identifica primaria- E As metástases são mais hematogênicas do que
mente se a massa é sólida, cística, ou mista. Tumor Iinfáticas.
intratesticular apresenta arquitetura sonográfica in Locais mais freqtlentes de metástases: pulmões
não-específica, que o distingue da ecotextura (20%), linfonodos retroperitoneais (5%), fígado
homogênea do parênquima testicular normal. e ossos.
Nenhum achado ultra—sonográfico discrimina entre
n Cerca de 80% a 90% encontram—se no estádio I.
tumor benigno e maligno. A presença de microli- Menos de 1% são bilaterais.
tíases em aumento testicular tem indicação de
cuidadosa avaliação, pois tem sido relatado sub- n Quase todos têm AFP elevada (> 15 a 20ng/mL).
sequente desenvolvimento de tumor de seio endo- AFP que não diminui em 25 a 30 dias após res-
secção cirúírgica do tumor in_dica doença resi-
dérmico.
-- dual ou reç'prrerpe. '

Ultra—sonografia de teratoma testicular: lesão


!
circunscrita. parcialmente cística, com septos
e áreas sólidas. podendo ter calcificações. Teratoma lle Testiculo
— Ultra—sonografia do retroperitônio e fígado para
detectar aumento de linfonodos retroperitoneais
II É'a segunda neoplasia testicular mais comum.
O teratoma puro e sempre benigno, mesmo que
4

e metástases hepáticas.
Radiografia de bolsa escrotal: calcificações po- algum foco de imaturidade seja encontrado. A
dem estar presentes nos teratomas. maioria e predominantemente cística. Podem
lRadiografia de abdome. apresentar áreas de calcificações.
IRadiografia de tórax. Teratomas com componentes de células germina-
ITomografia computadorizada de abdome (com tivas malignas: tumores mistos em que são en-
vista especial para o fígado e retroperitônio) e contrados tecidos teratomatosos e, principalmente,
tórax: excelente método para avaliar metástases tecidos do seio endodérmico. Apresentam AFP
em linfonodos retroperitoneais e pulmões. Indi- positiva, podem também apresentar beta-HCG po-
cado sempre que houver dúvidas na ultra«sonogra- sitivo e PLAP positivo.
tia e radiografia de tórax.
il Seriografia metastática óssea utilizando radio-
grafia ou cintilografia óssea. 'I'IIIII'MIEIII'II
Ressonância nuclear magnética: excelente mé- Ainda não existe um consenso da forma mais adequada

,. — o
todo para avaliar pelve. de tratamento para os diferentes estádios dos tumo-
a: Medulograma. res germinativos.
”W .u
Tumores do Testiculo 129

,wnrmas Gerais lle Tratamento dos Tumores ta Biópsia de linfonodos retroperitoneais, de pre-
ferência por videolaparoscopia: indicada no estádio
,,
'? do sein Enuouérmien (Fig. 21.2) II com marcadores elevados após orquiectomia
.*quuiectomia radical: acesso por via inguinal com ou doença microscópica residual.
.,

oclusão atraumática do cordão espermático, biópsia a Linfadenectomia retroperitoneal modificada ou


«de congelação, ligadura alta do cordão espermático biópsia retroperitoneal com debulkíng dos linfo-
no nível do anel inguinal profundo e ressecção nodos > 2cm: indicada no estádio II com com—

— ? m e s u -. a
do testículo e tecidos paratesticulares (Fig. 21.3). prometimento de linfonodos retroperitoneais e
Se submetido a biópsia transescrotal prévia: exérese estádios III e IV. Na linfadenectomia modificada
ampla em elipse da cicatriz anterior. é evitada a dissecção lateral ao grande vaso con-
{a

I Somente orquiectomia radical: estádio I. Orquiec« tralateral, abaixo do nível dos rins. A finalidade
tomia escrotal com margens negativas pode ser dessa dissecção modificada e preservar os gânglios
tratada como estádio I, devendo as estruturas pro- e fibras simpáticas contralaterais e a função eja—
; ximais do cordão ser ressecadas no nível do anel culadora (evita a ejaculação seca por falta de emis—
são ou ejaculação retrógrada). Outras sequelas:
'? interno.

@—
Orquiectomia
radical
Orquiectomia inguinal Orqulectomia inguinal
radical + radiral +
biópsia biópsia

r————n
retroperitoneal de retroperitoneal de
linfonodos (bilateral linfonodos pós-
se indicado) + quimíoterapia +
Decllnio Normal on Permanece debulklng (Para debulklng de doença
normal desconhecido elevado linfonodos > 2cm) residual

Somente Observação Estádio ll PEE VS. HDP/EB )(


4
observação restrita
I_I
Re 5 L Marcadores
Cºmpletª

'
. elevados
persistentemente
ou doença residual

a orquleciomia Marcadores
inguinal
+
elevados ou
doença
pc,, һ escrotal
comprometimento miuoxópica ,
' dos llnlonodos residual
reuoperltonzais
Exérese ampla em
elipse da cicatriz
ªnterior
,
ressecção do cordão

Decllnio normal
dos marcadores
Figura 21.2-Algoritmo de tratamento dos tumores de células
germinativas do testículo. Estudo intergrupo POG e CCG.
EB =etoposide + bleomicina; HDP = cisplatina em altas do»
ses; PEB:cisplatina + etoposide + bleomicina.
130 = Tumores
.
a
,

-? . W
«É
SBÇA Q
2
«a
,
.
Hâàí'az ,—m?u lw

Figura 21.4 - Teratoma de testículo. Testiculo foi liberado


de sua inserção escrotal por incisão inguinal.

PZL'SBG L'SDI
Figura 21.3 - Transoperatório de tumor testicular mostran-
do a incisão inguinal e o clampe atraumático colocado alto
no cordão espermática. A biópsia de congelação revelou tumor
de selo endodérmico e foi realizada orquiectomía.

obstrução intestinal por bridas e linfedema dos


membros inferiores. Pode ser realizada por vídeo—
'laparoscopia.
n Quimioterapia: todos os pacientes com doença
fora da bolsa escrotal ou com marcadores tumorais
elevados, estádios 11 a IV. Esquema quimioterá-
pico: PEB (cisplatina 20mg/mz +etoposide [VP16]
100mg/mz +bleomicina 15U/m1) em quatro ciclos.
Nos estádios III e IV pode ser usado o esquema
HDP/EB x 4 (modificando a cisplatina para al-
tas doses: 40mg/mª), As doses podem ser dimi-
nuídas em 30 a 50% para crianças menores de "sfigura 213 — Cisto (teratoma (lstico) sendo excisado do pa-
um ano. HDP = cisplatina em altas doses.
lRadioterapia: reservada para doença irressecável
t rénquimaltesticular adjacente.
-
ou para tumores localizados no retroperitônio ou y ..
pulmões, resistentes a quimioterapia. Tumores
de células germinativas não seminomatosos são 121'4a 21.6). Nos pacientes próximos à idade púbere
e com diagnósticdpor congelação de teratoma, é
rádio-resistentes. essencial, também, a análise de congelação do teci-
lFallow-up.
do testicular normal junto ao teratoma. A presença
-
lº ano: mensal — AFP + beta-HCG + radio-
grafia de tórax.
de tecido testicular púbere ao exame de congelação _
indica orquiectomia, pois esse teratoma pode seguir
' De 45/45 dias: ultra-sonografia abdominal. um curso pós—púbere de malignidade.
'Qualquer dúvida: TC abdominal e/ou TC de
tórax.
-
2º ano: 3/3 meses —AFP + radiografia de tórax
+ ultra-sonografia abdominal.
TIIIIIIIIIES III ESTBGMII IiÍIIlIIIIRl
São os tumores não-germiiiativos de testículo mais
- 3º ano: 6/6 meses —AFP +radiografia de tórax comuns em crianças (mais do que nos adultos). Crescem
+ ultra—sonografia abdominal. '
de células tipo mesenquimais que podem diferenciar—
se em células de Leydig, células de Sertoli, células
tratamento dos teratomas e [:Islos granulosas e uma combinação delas. Podem secretar
Enluermúlues hormônios.

Senenhum elemento maligno fordoidentificado na bióp— 'I'IIIIIIBI' lie celulas Il [GIIIIIU


sia' com congelação, enucleação tecido teratomatoso
ou do cisto epidermóide pode ser realizada através É o tumor mais comum dos cordões sexuais.
de incisão inguinal e tem sido a orientação atual (Figs. n Pico de frequência: cinco anos de idade.

“*_*—“"“;;—
Tumores do Testiculo 131

'I'lIIlIIlIlES lIIlIÍIlIES
Tumores testiculares decorrentes da invasão linfóide
de linfomas e leucoses.
Linfoma de Burkitt compromete o testículo em apro-
ximadamente 4% dos casos. A incidência de recidiva ,1

de leucose linfoblástica aguda no testículo é de apro-

«z
ximadamente 10%. Na maioria dos casos, o testículo
apresenta-se com aumento indolor, geralmente uni—

ovóas
lateral. O testículo leucêmico costuma ser protegido
das concentrações terapêuticas dos quimioterápicos
sistêmicos pela barreira sangue--testículo.
Na suspeita de comprometimento testicular, soli-
citar biópsia testicular bilateral, pois o comprometi-
mento pode ser bilateral. Interpretação histológica pode
ser difícil e, portanto, solicitar imunofenotipificação.
Na avaliação de doença testicular oculta, é útil a
realização de ultra-sonografia transescrotal.
Quando há comprometimento testicular, esses pacientes
devem ser tratados com radioterapia testicular e qui-
mioterapia prolongada, pois o prognóstico tende a piorar.
Figura 21.6— Aproximação da túnica albuginea depois da
retirada de teratoma CIStICO. liIIIIIIIIlIBIIISTIIMII
n Tumor associado a desordens do intersexo.
I Corno produzem testosterona, podem causar puber- m Cresce em gônadas disgeneticas e é associado à
dade precoce. Isso pode acelerar o crescimento es- presença do cromossomo Y.
quelético, desenvolvimento muscular e crescimento a Crianças com disgenesia gonadal mista tem um
peniano, que não se resolvem após o tratamento. risco de formação de tumor de 25%. A incidên—
I Ontros hormônios produzidos pelo tumor de célu- cia aumenta com a idade.
las de Leydig são os corticosteróides, progeste- a O componente celular germinativo do gonada-
rona e estrógenos. blastoma tem a tendência para degeneração maligna
I Enucleação do tumor tem sido preconizada. Ficar em seminoma e rumores não-seminomatosos.
atento, pois essa técnica pode facilitar o desen- n Nos meninos com disgenesia gonadal mista, os
volvimento de recorrência local. testículos oriptorquídicos e gônadas rudimenta-
INão tem sido relatada malignidade com tumo-
res de células de Leydig.
res devem ser removidos.
a: Ós testículos escrotais podem ser preservados
porque têm menos tendência para o desenvolvi—
Tumor de Células de Sertoli mento de tumores.'
IÉ o segundo tumor mais frequente do estroma
gonadal. nnnobnmssrnolnn Pronrrsnoilmo
I Manifesta-se mais precocemente que o tumor de Euidomloloola -
células de Leydig e sua apresentação usual é de uma
massa testicular assintomática. Representa 7% dos rabdomiossarcomas e apro-
II Não são tumores metabolicamente ativos. ximadamente 10 a 12% dos tumores escrotais.
|!
Tratamento: orquiectomia. Têm sido relatados := Cresce na porção distal do cordão espermático,
casos de tumores de Sertoli malignos em crian- epidídimo, ou túnicas testiculares, podendo invadir
ças maiores. os testículos, ou tecidos circunvizinhos (Fig. 21.7).
Pico da idade de apresentação: entre um e cinco
anos.
tumor luvenil Ile células Granulosas E Predomina o tipo histológico embrionário (95 %).
u Cresce do estroma semelhante às células granulo- Locais de metástases mais frequentes: linfonodos
sas do ovário. regionais retroperitoneais (25 a 40%), pulmões,
n Cresce exclusivamente no lº ano de vida e a maioria medula óssea e cortical óssea.
nos primeiros seis meses de vida. São comuns E Ao diagnóstico, 60% do RMS paratesticular en-
anormalidades estruturais do cromossomo Y e contram-se no estádio I.
mosaicismo. Muitos casos foram descritos as- E Frequência aumentada de rabdomiossarcoma tem
sociados a genitália ambígua. sido relatada em pacientes com neurofibromatose
a1 São hormonalmente inativos e benignos. e síndrome de Li-Fraumeni.

« a» :
132 l Tumores

Figura 21.8 —- Corte longitudinal de rabdomiossarcoma para-


testicular.
Figura 21.7 — Rabdomiossarcoma paratesticular. Observar o
tumor paratesticular e o testículo de aspecto normal.

L - S Q le '
está indicada exploração inguinal com remoção
do cordão espermático remanescente ou orquiec-
Quattro clinico tomia radical e hemiescrotectomia parcial.
I Aumento de volume escrotal indolor ou massa m Dissecção ipsilateral modificada de linfonodos
supratesticular em 90% dos casos e dor escrotal, retroperitoneais está in icada em todos pacientes
2 10 anos de idade e crianças < 10 anos com TC
equimose, ou história de trauma em 10%.
positiva. Define-se a necessidade de radiação
retroperitoneal quando há comprometimento lin-
Investigação Iliaunústica fático. Acesso por videolaparoscopia ou laparos-
I Ver rotina geral de investigação dos rabdomios— copia com ressecção do cordão espermático, vasos
sarcomas.
I Tomografia do retroperitônio com contraste gas-
trointestinal e intravenoso é mandatória, pois disse-
minação linfática costuma estar presente em 28 Estadiamento pré—tratamento RMS
paratesticular com cortes finos do
a 40% dos casos. Para obter-se maior acurácia é retroperitõnío
aconselhado o uso de cortes finos (5mm).

l——_l_l
I Ultra—sonografra escrotal, abdominal e retrope-
ritoneal.
I Radiografia de tórax.
<10 ano; deidade
.1 "l
Todos > 10 anos de idade;
I Seriografra óssea metastática (radiológica e cinti- tomografia negativa < 10 anos e tomografia positiva
lográfica). ,
I Aspirado de medula óssea (dois a quatro locais).

,
I Biópsia óssea (dois locais).
Dissecção ipsilateral
de linfonodos
l -.' reloperitoneais
Estadiamento com Base Bill ÍiI'IIBIlS Glinlcos
,

I Grupo I: doença localizada, completamente remo-


vida, sem doença microscópica residual, linfonodos
regionais não envolvidos. Linfonodos Linfonodos
I Grupo II: envolvimento de linfonodos regionais positivos pela negativos pela
histologia Mitºlºgiª
e/ou tumor microscópico residual. L
I Gmpo IIl: tumor macroscópico residual e/ou &
VAC VA
ressecção local incompleta e/ou doença residual l Sem radioterapia
de linfonodos.
I Grupo IV: metástases a distância.
Maioria dos Maioria dos
linfonodos linfonodos
Tratamento negativos positivos
!= Orquiectomia inguinal radical (Fig. 21.8). Se o
Grupo ll
Grupo Ill
tumor foi removido por via transescrotal prévia, Radioterapia Radioterapia
o risco de recorrência local e contaminação de
linfonodos regionais e alto. Se elementos do cordão
Figura 21.9 — Estadiamento pré-tratamento do rabdomios-
espermático permaneceram após o procedimen-
to transescrotal ou houver biópsia por via escrotal,
sarcoma paratesticular. VA = vincristina + actinomicina; VAC
= vincristina + actinomicina + ciclofosfamida.
Tumores do Textículo I
133

"ª" LA 21.1 - Radioterapia do rabdomiossarcoma de —


TABELA 21.2 Radioterapia de acordo com o grupo
à? oécom a margem do tumbr primário
DOSE DE RADIOTERAPIA (Gy)
clínico
GRUPO CLlNlCO DOSE DE
" Completamente ressecado 0 RADIOTERAPIA (Gy)
'ª"
ímj'restdual '
mrcrosc óp ico 36 Il
(.
'
_ w
N0 36
m'ª
.ªº“ . 41,4 N1 41,4
or residual macroscópico 50.4 m 50,4

“ ipsilaterais e dissecção retroperitoneal de gânglios BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA


periaórticos, interaortocava e paracava. Linfo- LA QUAGLIA. M.P. Genitourinary tract cartccrin childhood. Sem. Pediu":
nodos contralaterais nunca estão comprometi- Surg.. v. 4965, 1996.
‘dos. a não ser que exista doença bilateral. RESCORLA, F. J. Germ cell tumors. Sem. Pediatr. Surg., v. 6, p. 29-37,
“ªnª:. Quimioterapia em pacientes < 10
tiva e linfonodos negativos
anos
e TC nega-
» (vincristina actinomicina). VAC (vincristina,
histologicamente: VA
1997
noss, 1. ir.; KAY, R. Prcpubertal testis tumors. Rev. Ural., v. e, p. ”-18,
2004
+ ROSS, J. H.; RYBICKI. L.: KAY, R Clinical behavior and a contemporary
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tivos histologicamente. Duração: um ano a 18 prepubertal testis tumor registry. J. Uml., v. 168, p. 1675-1679, 2002.
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Children's Cancer Group/Pediatric Oncology Group. !. Pediatr Surg.,
(& Eªu-Radioterapia: Tabelas 21.1 e 21.2. v. 38, p. 319-324. 2003.
134 I Tumores

caracterização Ila nor Abdominal


,llnl'lllllllní'
sey—run É? Tumores Neopláslcos
,
Dor abdominal costuma estar presente em i 65% dos
casos.
A dor pode ser crônica em 50% e aguda nos outros

“ . sª m
50% A dor aguda é geralmente causada por torção
'
5’.— ";w

(Fig. 22.1), hemorragia, ou ruptura.


-


de Ovário na Criança No quadro agudo, o início da dor é súbito, ela é mal
localizada, podendo irradiar-se para a região inguinal
vz

e coxa ipsilateral. Ap6s,1 f ca contínua e localizada no

e na Adolescente
baixo-ventre. Na criança menor, a dor pode perma-
necer mais difusa e imprecisa, localizando-se, mais
frequentemente, junto à região periumbilical. Pode
estar associada a contratura muscular no baixo ven—

tA — u .
, e w a —. “
tre, sinais de irritação peritoneal, febre e leucocitose.
João Carlos Ketzer de Souza »
ru Náuseas e vômitos por compressão do trato di-

-
gestivo ou na presença de complicações como
Illlllllil'l'll torção, ruptura ou hemorragia.
I Constipação intestinal. 1
São lesões neoplásicas (benignas ou malignas) císticas, Queixas urinárias, principalmente frequência, ur-
sólidas, ou mistas do ovário. gência e disúria por compressão da bexiga.
u Observar o desenvolvimento geral e púbere.
Ill Exame da genitália externa.
. a V«

_».
n Massa ou distensão abdominal presente em 60%

d'A—<=-
I Aproximadamente 2% das neoplasias malignas dos casos.
da criança estão relacionados a tumores gineco-
lógicos malignos e, desses, 60 a 70% crescem no
I Palpação abdominal. Sempre
esvaziar a'bexiga
antes da palpação abdominal. As vezes é neces—
ovário. sária palpação bimanual (abdominorretal).
I Dois terços das lesões de ovário são neoplásicos.
I Vinte por cento dos tumores de ovário são ma-
lignos.. caracterização Ila Massa
n As seguintes características sugerem malignidade: Passível de ser palpada em i 60% dos casos: (l-
criança? 9 anos, massa de tamanho grande (> 10cm A massa abdominal costuma ser palpada no abdo- « :,
de diâmetro), ultra-sonogram demonstrando massa me inferior (os ovários na criança são órgãos intra- '

complexa e características sugerindo malignidade. abdominais). Suas características são: consistência dura,
5 perfícieslisa, freqiientemente.dolorosa e extrema

ª _ eussmanctto mobilidade, exceto quando aderida no peritônio parietal


ou outros órgãos. ,
Os tumores neoplásicas primários de ovário dividem- I Presença de endoçrinopatiasem 5 a 10%.
56 em:
I Tumores de células germinativas (60 a 85%), em - Pseudo-puberdade precochSossexual: tumores
dos cordões sexuais, alguns tumores das cé-


ordem decrescente de frequência.
Teratomas, disgenninoma, tumor do seio endo—
dérmico puro, mistos (com ou sem elementos
teratomatosos); carcinoma embrionário, corio—
carcinoma e gonadoblastoma.
I Tumores epiteliais (5 a 8%). Aproxima-se dos
15% próximo à monarca.
l
— Cistoadenoma seroso, cistoadenoma mucinoso.
L'ÇQHVZSEG

Cistadenocarcinoma seroso, cistadenocarcinoma
mucinoso.
I Tumores do cordão sexual e estroma gonadal
(i10%).
—— Tumores
Tumores
da teca granulosa.
das células de Sertoli-Leydig.

IlllIlIlIlll lllllllllfl
Dor abdominal. Flgurª 22.1 - Teratoma de ovário com torção.
Tumores Neoplásicos de ºvário na Criança e na Adolescente I 135

lulas germinativas produtores de beta—HCG :: Ultra-sonografia abdominal: pode demonstrar


(coriocarcinoma e carcinoma embrionário). massa em baixo ventre com áreas sólidas e/ou
., Pseudo—puberdade precoce heterossexual (viri— císticas, fluido livre no fundo de saco de Douglas,
lização): tumores das células de Leydig-Sertoli. linfadenopatia associada, nódulos peritoneais,
|Identificação de linfadenopatia associada. calcificações. A malignidade dos tumores é sugerida
ao ser encontrada massa complexa > 10cm, mal—
definida, bordos irregulares, necrose central, septa-
a: lllllESllGABfll) nmrnflsncn llllllSl'EllSflllEl ções espessas ou projeções papilares. Esse exame
I História e exame físico. pode ser complementado pelo eco-Doppler.
|
Hemograma, provas de coagulação, testes de função Tomografia computadorizada: define as caracte-
hepática e de função renal. rísticas da massa, extensão da doença, comprome-
|
Marcadores tumorais: alfa—fetoproteína (AFP), timento dos gânglios linfáticos regionais. Tem sido
subunidade beta da gonadotrofma coriônica indicada quando a ultra-sonografia abdominal não
(beta-HCG), desidrogenase láctica (DHL). apresenta diagnóstico definitivo ou para determi-
nar, nos estádios avançados, se existe extensão direta
- AFP é uma alfa-globulina produzida pelo saco às estruturas pélvicas adjacentes e fígado.
vitelino fetal, fígado e trato gastrointestinal,
Tomografia de tórax: na suspeita de metástases
podendo estar elevada nos tumores do seio endo-
dérmico, tumores germinativos mistos conten- pulmonares. -
I Cintilografia óssea e/ou seriografia óssea metas-
do células do seio endodérmico, tumores hepáticos tática: para estadiamento de tumor maligno.
primários, hepatite, tirosinemia hereditária, Videolaparoscopia com o objetivo de tratamento
hipotireoidismo e ataxia telangiectásica. Está e/ou estadiamento (ainda em estudo).
elevada nos primeiros meses de vida, só alcan-
çando sua taxa normal (<15ng/mL) aos oito meses
de idade (Tabela 22.1). Parece ser um excelen— TUMOBES ni BÉlIIus GERMIIIMIWIS
te marcador para doença residual ou recorrente. Embriologia
A meia—vida é de cinco a sete dias.

Beta-HCG é uma glicoproteína produzida pela
placenta (quando sinciciotrofoblasto está pre-
As células germinativas migram, por movimentos ame-
bóides, da parede do saco vitelino, ao longo do mesen-
sente no tumor) e pode estar elevada no coriocar- tério dorsal do intestino posterior, até chegarem a crista
cinoma, carcinoma embrionário e mola hida- genital na parede abdominal posterior, onde se tor—
tiforme. A meia-vida é de 16h. Taxa normal: «
nam incorporadas às gônadas em desenvolvimento.
< lng/mL.
Se há distúrbio endócrino podem ser solicitados:
I
Ilistnuênose dos Tumores de células
citologia vaginal, perfil hormonal bioquímico da
urina e sangue. Germinatlvas P10110813 WW Teilum

. 7- 5 6 1 2 3
IRadiografia de tórax. Ver Figura 22.2.
I Radiografia simples de abdome: efeito de mas-
:a sa, calcificações presentes em 65% dos teratomas Sistema de Estadiamento dos
de células Germinatiuas 1111 ovário
rumores
‘39

e em 50% dos tumores de células germinativas


em geral. Conforme o Children's Cancer Group/Pediatric On-
cology Group, 6 sistema de estadiamento dos tumores
de células germinativas do ovário é (Fig. 22.3):

,lactentes'

, TABELA 22.1 Taxa normal de alfa-fetoproteina em I Estádio I: doença limitada a um ou ambos os
ovários, cápsula intacta, lavado peritoneal ne—
MÉDIA 1 DESVIO PADRÃO gativo para células malignas, marcadores tumorais
lDADE (ng/ml) normais após apropriado declínio da meia-vida.
'.
ªrrematu ro
:Recém-nascido
134.734 1 41.444
48.406 1 34.718
ll Estádio II: doença residual microscópica ou lin—
fonodos positivos < 20m, lavado peritoneal ne-
Recém—nascido — 2 semanas 33.113 1 32.503 gativo para células malignas, marcadores tumorais
2 semanas — 1 mês 9.452 112.610 negativos ou positivos.
2 meses 323 1 278 I Estádio III: doença residual macroscópica ou somente
3 mesªs 88 à: 87 biópsia, linfonodos positivos > 2cm, comprometi-
4 "19595 74 t 55 mento visceral contíguo (omento, intestino, bexi-
g meses
7
mªiªs 46.5 i 19
12:5 i“ 9'8
ga), lavado peritoneal positivo para células malig-
nas, marcadores tumorais positivos ou negativos.
I Estádio IV: metástases a distância, incluindo 0
!
& mªªºª 9:7 i“ 7'1
meses a'5 :l: 5'5 ‘ »
figado.

;
136 'n Tumores

i: Examinar toda a superfície peritoneal, fígado,


Slm vllellno leu! normal
espaço subfrênico, útero, ovário contralateral.

4. on
.4
Excisar lesões suspeitas.
"fil—32
Ӽf:

I Todos os tumores sólidos e lesões císticas, com

.» «
com: germinal!" tam celula germlnatlva
alguma diferenciação
primordial indllerenciada excrescências papilares ou com aderência local,.
; ,

devem ser considerados malignos.


Ãoz SE

,11f . I Exame e palpação dos linfonodos retroperitoneais


Dirgemrlnama

“like mªm Ma
com biópsia dos suspeitos (aumentados ou de
E; ,

Tedde: embrionários Tecidos um—unhrionirlm consistência endurecida).


gym-21$.3M

I Nos tumores malignos, biopsiar linfonodos pél-


vicos retroperitoneais (iunto a artéria ilíaca in-
Carcinoma Teratoma Siro vitelino trofoblasto terna e ilíaca comum ipsilateral) e para-aórticos
embrionário
e paracava inferiores.
Tumor do seio (odourclnoma
I Nos
tumores sólidos está indicada salpingoofo—
cndadérmlm rectomia unilateral. O ligamento infundibulo-
pélvico, contendo nervo, artéria e veia ovariana,
Figura 22.2 — Histogénese dos tumores de células germinativas é seguido até sua inserção na aorta e veia cava e
proposta por Teilum. removido junto com os linfonodos adjacentes.
Cistos não devem ser a“s'pirados (risco de conta-
minação da cavidade peritoneal, se malignos).
No cisto dermóide de ovário, realizar a excisão
PI'ÍIIGÍIIÍBS TBI'ªlIêlllÍGllS Gerais do cisto com preservação do ovário (Cistectomia).
Billiflllfllllallfls nus tumores lle células I Inspecionar cuidadosamente o ovário contrala-
GBIIIIÍIIªlIIIªS teral. Se ele for normal em tamanho, aspecto e
consistência, não é necessária a biópsia. Biópsia
It Se há suspeita forte de malignidade ou lesão de
tamanho grande: laparotomia mediana. Caso
com congelação é realizada quando há suspeita
de malignidade.
contrário, usar incisão transversa infra-umbili- I O omente deve ser cuidadosamente inspeciona—
cal (Pfannenstiel).
ll Antes de qualquer manipulação do tumor, cole-
do e seu aspecto documentado. Se for anormal
ou aderente, deve ser completamente removido
tar líquido ascítico ou do lavado peritoneal para para exame histopatológico.
exame citológico. I Nas lesões muito extensas e interessante a ci-
torredução cirúrgica. Medidas heróicas não são
indicadas.
Está 'o I11 I Em estádios avançados da doença, tumores re-
mm.,
? siduais grandes, ou recorrentes é interessante
realizar citorredução quimioterapica prévia e só
Estádlo lll
Estádio |V
depois
indicar cirurgia (Figº—22.3).
". l
' :anatumas .» «1.
São tumores compostos de tecidos derivados das três
camadas germinativas do embrião. São neoplasias
que se originam de células pluripotentes e compos-
HDP/EB vs. PEB x 4 tas de uma ampla variedade de tecidos estranhos ao
órgão ou sítio anatômico em que crescem (Fig. 22.4).

Marcadorer
persistentemente elevados
ou tumor midual
Há falta total de organização e varios estágios de
maturação.
I É a segunda localização mais comum de um
L ‘S 9 I
VZL'SRG
teratoma puro.
I É o tumor mais comum de células germinativas.
HDP/EB vs. pru x 2 :
I Mesma incidência em ambos os lados dos ovários.
I Pico de freqiiência: 9 a' 11 anos de idade.
.
a bleomklnp 15111511111
)1
1 an; toni: l5mglm'ltklo I Os teratomas dividem—se em: maturos (65 a 75%),

.-
E n etoposldl roomym' x s dias; taut: mmglm'ládo
HDP cisplatina em nim dom, Aum/mª x s alas- mal: imaturos puros (5% em crianças< 15 anos), com
Znglm'ldda , .
P dsplzum zumg'm' x 5 am; «anl: mornym'lddo , componentes malignos (< 20%).
a» I Podem ser totalmente císticos, totalmente sólidos
(malignidade é provável) e mistos (sendo pre-
Figura 22.3 -Tratamento dos tumores de células germinativas dominantemente císticos ou sólidos). As lesões
de ovário. Estudo intergrupo de acordo corn POG/CCG. císticas, ou predominantemente císticas, são con-
Tumores Neapla'sl'cos de ºvário na Criança e na Adolescente l
137

Figura 22.5—Teratoma cístico maduro de ovário com secre-


ção sebácea e pêlos.

de sombreamento, ecos regionais difusos ou regio-


Figura 22.4 Teratoma de ovário com necrose por torção.
— nais brilhantes, linhas e pontos hiperecóicos e níveis
hidro—hídricos.
O achado mais característico é a presença de ecos
sideradas as mais comuns neoplasias do ovário focais ou difusos de alta amplitude que atenuam a
em crianças e adolescentes. radiação acústica (ecodensidade de sombreamento),
lTeratoma cistico maturo, também denominado
Somente três tipos de tecido produzem esse achado:
de cisto dermóide, corresponde a 10 a 20% das estruturas calcificadas, como ossos e dentes, aglo-
neoplasias de ovário (Fig. 22.5). Bilateralidade: merados de cabelos em uma cavidade cística e gor-
10 a 15%. dura em uma protuberância de Rokitansky.
A presença de ecos brilhantes também pode ser
Isnecms Macrosct’micos observada em casos de hemorragia, como a observa-
da no endometrioma.
Tem forma ovóide ou globular e superfície lisa bri-
lhante. O achado ultra—sonogrãtico de linhas e pontos hiper-
Geralmente são constituídos por um cisto simples
.ecóicos é atribuído à presença de cabelo.
com uma protuberância sólida intracística (tubérculo
Níveis hidro—hídricos em um teratoma cístico são
de Rokitansky), projetando-se da parede em direção
o resultado de uma camada de sebo no líquido seroso.
Como achado isolado não tem valor diagnóstico em
ao centro do cisto e contendo vários tipos de tecidos.
0 conteúdo do cisto e líquido à temperatura corpo- discriminar os teratomas císticos.

978- 5 241 6
ral, adquirindo a forma sólida à temperatura do am-
biente. O cisto contém material sebáceo amarelado e considerações Eeleniais
cabelo. ul
Strttma ovarii correspondem àqueles teratomas
constituídos única ou predominantemente de tecido
llsnectns Microscúnicos tireóideo. Presente em 3% dos teratomas de ovário.
s

O tecido tireóideo costuma ser reconhecido


A parede externa é revestida por tecido nativo (ová-
rio). A cavidade interna do cisto é revestida com epitélio
macroscopicamente e, geralmente, é não funcio-
nante. Em 5% dos casos pode ser funcionante e
eSCamoso, contendo abundante número de glândulas
produzir hipertireoidismo.
sebáceas e sudoríparas. Cabelo e outros apêndices Gliomatose peritoneal: implantação miliar
détmicos estão geralmente presentes, Tecidos ectodér— peritoneal de células gliais maturas (formando
micos presentes podem incluir cérebro, glia, tecidos pequenos nódulos medindo l a 3mm de diâme—
neurais, retina, coróide. Os tecidos mesodérmicos são tro) no omento, peritônio pélvico e/ou adjacente
representados por ossos, cartilagens, tecido muscular
ao tumor, através de defeitos da cápsula do tu-
e tecido fibroso e os tecidos endodérmicos incluem mor primário (teratoma maturo ou imaturo).
tecidos gastrointestinais, brônquios, tireóide e glândulas m Teratomas imaturos podem originar metástases,
salivares. mas somente como teratomas. Não costumam
ocorrer bilateralmente. São constituídos por te-
llltra-sonnuratia cidos imaturos (semelhantes àqueles observados
nos embriões) (Fig. 22.6).
A, ultra-sonografra costuma diagnosticar o teratoma Classificação dos teratomas imaturos de acordo
Clsuco. Os achados ultra—sonográficos de massas der-
com o grau de imaturidade (sistema de gradua—
móldes de ovário incluem a presença de ecodensidade ção de Thurlbeck e Scully e Norris et al.“).
138 I
Tumores

com soro fisiológico. Em mulheres adultas, o teratoma


cístico com mais de 8cm de diâmetro tem contra—indi-
g cação para ressecção videolaparoscópica.

1<É
&
m.
Se não for possível tecnicamente a cistectemia: está
indicada ooforectomia com preservação da trompa.
Evitar a aspiração do cisto, mesmo se grande.
Se o aspecto ultra-sonográfico e macroscópico do
ovário contralateral a inspeção cuidadosa for normal,
1.

não é necessária sua biópsia, pois a chance de existir


um teratoma cístico maturo é de apenas 1,1%.
It Teratoma imaturo: independentemente da gra-
duação: salpingooforectomia. O mais recente estudo
do POG/CCG tratou todos os teratomas imatu-
ros, independentemente do grau, só com cirur-
gia. Resultados preliminares mostraram que esses
pacientes, tratados somente corn cirurgia, estão,
Figura 22.6 Superficie de corte de teratoma imaturo de atualmente, livres de doença maligna recorrente.
ovário.
- t"
Bisuerminuma
É denominado disgerminoma quando envolve o ovário
— nhuma
Grau 0: todos os tecidos são maturos sem ne-
atividade mitótica. na menina e seminoma quando envolve o testículo no
- algum
Grau I (minimamente imaturo): neoplasias com
tecido imaturo, mas com componentes
menino. Quando se localiza em local extragonadal, de-
nomina-se de germinoma. E o tumor germinativo menos
neuroepiteliais ausentes ou raros (não mais do diferenciado.
que um foco de neuroepitélio por campo). I Corresponde a 15 a 16% dos tumores de células
—Grau Il (parcialmente imaturo): neoplasias onde germinativas em todas as localizações, 20% dos
a imaturidade e elementos neuroepiteliais apre-
sentam-se mais intensamente do que no grau
tumores de células germinativas do ovário
a 11% dos tumores pediátricos de ovário. E o
em
I (não mais do que três focos de neuroepitélio mais frequente tumor maligno germinativo do
por campo). ovário na adolescente.
'

— Grau III (imaturo): neoplasias com proeminente "Podem ser encontrados puros ou mistos com
imaturidade e elementos neuroepiteliais (mais coriocarcinoma ou tumor do seio endodérmico
do que quatro focos de neuroepitélio por campo). (20% dos casos). Não é infreqíiente estar asso-
I Teratocarcinomas (denominação antiga) são tera- ciado a gonadoblastoma. '
tomas mistos com componentes malignos de outros Crescem em ovários normais, mas também po-
7".

tumores de células germinativas, principalmente dem ocorrer)em glândulas di—sgenéticas.


do seio endodermico. Hoje, são computados como I Pico de
incidência: 15 a 17.~ anos de idade.
tumores mistos de células germinativas ou de— &: Menos de 10%“o'correm antes da menarca.
nominados de teratomas com componentes-ma— I Bilateralidade: 10 a 20%.
lignos. Locais de metástases mais comuns dos I AFP e beta-HCG são negativos nos puros, DHL
_ teratocarcinomas: pulmões, fígado e ossos. elevada em 95% dos casos. Em 80 a 90% existe

G L E' B S V I ‘ Q
reatividade citoistoquímica com a fosfatase al-
Tratamento calina placentária.
El Macroscopia: tendem a ser tumores volumosos
O teratoma cistico maturo deve ser removido por simples (> 20cm), sólidos, redondos ou ovalados, encap-
Cistectomia. A taxa de degeneração maligna é de 1%. sulados, coloração amarelada e bocelados. A
O cisto deve ser retirado totalmente. Os cistos podem capsula e fibrosa lisa, ligeiramente brilhante e
ser removidos por videolaparoscopia ou laparotomia. geralmente intacta.
Alguns estudos mostram risco aumentado de conta— Histologia: demonstra um padrão histológico
minação transoperatória da cavidade abdominal com monótono. Composto de camadas de células poli-
o conteúdo do cisto pela técnica de videolaparoscopia, gonais separadas por traves fibrosas, núcleo vesi-
aumentando o risco de peritonite química (0,2%) e o cular, nucléolo proeminente, citoplasma eosinofi-
risco de aderências. O risco de recorrência pós-cis— lico claro. Suas células assemelham-se a células
tectomia é de 4% e de transformação maligna de 0,17 germinativas primordiais.
a 2%. Todos esses estudos referem-se a mulheres adul- e Local de metástase mais comum: disseminação
tas. Caso ocorra derramamento do conteúdo na Videola- linfática aos linfonodos para—aórticos.
paroscopia, a cavidade deve ser irrigada copiosamente m Tratamento.

.,, A..,
.....
Tumores Neoplásítos de ºvário na Criança e na Adolescente I 139

”I
., -— rioCirurgia: salpingooforectomia, inspeção do ová-
contralateral e biópsia, se
houver suspeita
ra Histologia: são tumores com projeções papilares
e corpúsculos perivasculares, denominados de
de comprometimento contralateral. . corpos de Schiller-Duval (gotículas hialinas intra
ou intercelulares de natureza eosinofílica, PAS
"
331550 altamente quimio e radiossensíveis. Atual-
A

mente, tem sido demonstrada sua alta sensi- positivas). Divididos em quatro tipos: pseudopa-
,“ 4

.
ul'
bilidade ao esquema quimioterápico denominado pilar, reticular, polivesicular e sólido.

z
PEB, indicado em todos os estádios e, assim, Fl Tratamento.
evitando a radiação e preservando a função — Cirurgia: salpingooforectomia unilateral.

ovós
reprodutiva. — Quimioterapia em todos os estádios.
Estádios mais avançados: utilizar cirurgia citorre—
dutiva.
El E o tumor maligno germinativo mais agressivo
,,qu Corresponde a i 2% dos tumores de células ger- do ovário, com rápida disseminação aos linfáticos
,minativas do ovário. e peritônio e hematogênica para fígado, pulmões e
; Pico de incidência: pré-puberes.
llnfreqtiente :: bilateralidade.
sistema nervoso central.

“| A diferenciação histológica entre carcinoma (:nriocarcinuma


,» embrionário e o tumor do seio endodérmico, com .
,: padrão sólido, e bastante difícil. - laCorresponde a 1% dos tumores de células germi-
:{m Pode ocasionar estimulação hormonal com au- nativas do ovário.
»] mento do bela-HCG e manifestar puberdade pre- Representa a expressão morfológica extra-em-
coce, sangramento vaginal e teste positivo para brionária dos tumores de células germinativas.
gravidez em aproximadamente 60% dos casos. & Existem duas formas de diferenciação extra-em—
A elevação do beta-HCG é causada pela presença brionária.
de células do sinciciotrofoblasto.
- Gestacional, que cresce da placenta.
lMacroscopia: mede entre 10 e 20cm de diâme-
tro, & sólido, apresentando superfície lisa e áre— — Não-gestacional, que cresce de tecidos extrapla—
centários de pessoa não-gravida.
as císticas causadas por hemorragia e necrose. Na criança, pode apresentar—se sob três formas.
* .I Histologia: grande anaplasia, figuras mitóticas,
hemorragia, necrose e ausência de corpos de - Congênitos, com metástases a distância e au-
mento de beta—HCG, resultante de um foco
Schiller—Duval. É incotmum
o padrão histológi—
co puro. Geralmente, éiiste como parte de um
placentário primário que invadiu os vasos vilosos
e atingiu o sangue fetal através da veia umbilical.

—-— finais raro).


tumor germinativo misto (em que há diferencia- Durante o período de lactente.
ção variada em elementos somáticos, saco vitelino
_Origem placentária em adolescente grávida (tipo
e trofoblastos). ,
lTratamento: igual ao dos tumores do seio endo—
m AFP é negativa, beta—HCG costuma estar eleva-
' v :: dérmica. do (presença de células oriundas do» sincício e
.3. citotrofoblasto), assim como os estr'ógenos.
Tumor de Seia Eldodérmlco II Macroscopia: são
tumores grandes, sóligios, aderidos
aos tecidos circunvizinhos, friáveis, extremamente
(
'I Corresponde a i 12% dos tumores de células vasculares, o_om necrose e hemorragia freqiientes.
germinativas do ovário e 5% dos tumores ma-
Histologia: presença de sincicio e citotrofoblastos.
lignos do ovário.
IQuando totalizados, tumor de seio endodérmico n Frequentemente há precocidade isossexual na pré-
puro e tumor de seio endodérmico como com— menarca e irregularidades menstruais na pós-menarca.
ponente de outros tumores de células germinativas Tratamento: igual ao do seio endodérmico.
I! Pensar em pan—histerectomia nos tumores mui—
passam a ser o tipo mais comum de tumores ger-

.
minativos malignos de ovário na criança e na ado- to extensos, pois costumam ser insensíveis a qui-
lescente. mioterapia. -
Pico de incidência: 18 anos.
I
Bilateralidade: infreqiiente. Tumores Germinatíuos Mistos
IAFP é quase sempre positiva e usualmente >
1,000ng/mL. Tumores mistos de células germinativas constituí—
dos de duas ou mais linhagens de células germinativas
!Macroscopia:
tumor grande (medindo entre 15 malignas.
e lõcm de diâmetro), mole, esponjoso, infiltrativo
e friáve], sofrendo ruptura frequente durante sua u Disgerminoma está presente em 80% dos tumo-
remoção ou mesmo previamente (1/3 dos casos). res mistos, tumor do seio endodérmico em 70%,
São frequentes áreas císticas corn necrose, he- teratoma imaturo em 50%, coriocarcinoma em
morragia e substância mucóide. 20% e carcinoma embrionário em 16%.
140 I Tumores

IAssociaçãomais comum: tumor de células do —- ralmente


Cistadenocarcinoma mucinoso: mais raro e ge—
P

seio endodérmico e disgerminoma. unilateral. Sólido com componentes

;“a n
IMais de 60% estão no estádio I e geralmente são císticos.
unilaterais. :: Marcador tumoral: nível sérico de CA-125 ele-
ITratamento: igual ao do endodérrnico.

Q Aç Es
vado (> 3SU/mL) em 80% dos casos de tumores
epiteliais malignos não-mucinosos,
2
h

..»W “ªr—?
Gnnatlnlllastoma E! Tratamento.
«

-—
m _'
usº:—$!

.: Tumores epiteliais benignos: Cistectomia uni-


%

Não é verdadeiramente um tumor de células germi- lateral ou ooforectomia unilateral + biópsia do


nativas, apesar de ser estudado com ele. Correspon-
m .—

ovário contralateral.
de a uma mistura de células germinativas e células
semelhantes às da granulosa ou de Sertoli. — Tumores epiteliais malignos: salpingcoforecto-
mia + biópsia do ovário contralateral.
a
ISão associados presença do cromossomo Y.
IA maioria (75 a 80%) tem cariótipo tipo 46 XY
— Casos duvidosos (com atipia e pleomorfrsmo,
mas sem invasão do estroma): Cistectomia ou
ou mosaico 46 XY / 45 XO. ooforectomia +biópsia do ovário contralateral.
ll Um terço das disgenesias gonadais desenvolve
gonadoblastoma. TIIMIIBES Ill) ES'I'I’IIIMI E GBBDÃD SERUM
IOitenta por cento são fenotipicamente femininas.
In Quarenta por cento são bilaterais. Crescem de células mesenquimais primordiais situa-
I! Gonadoblastoma puro é benigno. das abaixo da superfície epitelial da crista urogenital.
25% a 30% associam-se a germinoma ou outro Esse tecido totipotencial pode diferenciar-se em li-
tumor de células germinativas (geralmente tu- nhas celulares diversas, como células da teca granulosa
mor de seio endodérmico). e Leydig—Sertoli. São tumores funcionantes que pro-
n Tratamento: gonadectomia bilateral proãlática duzem efeitos hormonais.
precoce em fenótipo feminino e com cromosso- Pico de incidência: primeiros quatro anos de idade.
mo Y no cariótipo. Antes da menarca causam puberdade precoce.

'IllllllllES EPIIElIMS Tumores Ila Teca Granulusa


São neoplasias oelômicas derivadas da superlicie epitelial Pelo excesso de produção de estrógeno, quase sem—
do ovário. pre causam pseudo-puberdade precoce (i 80%). Em
O tipo. mais comum é o
Classtfrcaçao.
-

_ cistoadenomaâífaeb.
“& adolescentes, podem causarirregularidades menstruais
e alguma virilização (Fig. 22.7).
Icistoadenoma seroso. Poucos se tornam malig- "H!* IOs níveis séricos e urinários dos estrógenos estão
nos. Bilateralidade: 20%. altos'e da gonadotrofrna baixos.
-
Cistoadenoma seroso não-papilar: benigno, de
tamanho grande, liso, cistico com fluido aquoso
a As células granulosas expressam inibina sérica,
polipeptídeo, secretado por elas para regular a
claro ou âmbar.
—-
Cistoadenoma seroso papilar: tem crescimento I hormonio
secreção do folículo-estimulante. Atual-
mente, têm sido usadas comº marcador tumoral.
lento, sofrendo facilmente ruptura com formação
de ascite. 0 tumor tem consistência predomi-
Também contêm vimentina e actina dos músculos
lisos.
nantemente pastosa e áreas de consistência
variável. Bilateralidade: 50% dos casos. O
comportamento clínico (exctescências papilares
fora da parede do cisto, presença de ascite e L 9 -'
L-s L6

ruptura) é considerado melhor indicador de


malignidade do que a histologia.
ICistoadenoma mucinoso ou pseudomucinoso: apre-
WzL-s
senta crescimento lento, podendo alcançar tama-
nhos gigantescos. Bilateralidade: 10% dos casos.
Ruptura com derramamento do conteúdo na cavi-
dade abdominal causa pseudomixoma de peritônio
(depósitos de implantação tumoral na cavidade
peritoneal). 10% podem se tornar malignos.
a Cistadenocarcinoma.
-

:
- pacientes pré—púberes. Cístico, multiloculado,
Cistadenocarcinoma seroso: incomum em
com excrescências papilares internas e exter-
nas e bilaterais em 50%. Figura 22.7 — Tumor da teca granulosa.
Tumores Neoplásícos de ovário na Criança e na Adolescente I
141

. .Classificagéo Tratamento
h
I Tumores de células granulºsªs. I Salpingooforectomia unilateral. Tumores bilaterais
lêrumores
;to de
de células granulosas + número varia—
células tecais e/ou fibroblastos.
pobremente diferenciados ou com ruptura neces-
sitam ressecção mais completa e quimioterapia
com múltiplas drogas.
Malignidade é relacionada à proporção de células
granulosas presentes. Tumores de células granulosas REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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IMacroscopia: sólidos, grandes (i- 12,5cm de (malignant) teratoma of the ovary: a clinical and pathologic study
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ro, ovários policísticos. p. 738-745, 2000:
lª'"

142 I Tumores

e cava inferior) caracteriza o carcinoma (20% pre.


'crrirum 231%.. sentes ao diagnóstico). Metastases a distância: pul—
mões (90%), ossos e fígado.

Tumores ASPEBTOS GEIIÉI'IBIIS


Fatores constitucionais genéticos predisponentes

Adrenocorticais
têm sido encontrados em aproximadamente 50%
dos casos. O carcinoma adrenocortical tern sido
relatado em membros imediatos de uma mesma
s família e parentes de 1ª grau. Adicionalmente
João Carlos Ketzer de Souza uma alta incidência de outras malignidades tem
sido observada em família e parentes de crian<
Mário Rafael Carbonera ças com tumores adrenais.
n Principalmente duas síndromes são associadas
a esses tumores A síndrome Li-Fraumeni, asso-
BBHflEITI) ciada a alterações (mutação germinativa) no gene
São representados pelo carcinoma e adenoma Podem supressor tumoral p53 no cromossomo Up e a
secretar hormônios ou serem hormonalmente inativos. de Beckwith-Wiedemann, associada a alterações
O critério histológico adotado na distinção entre carci- da região 11p15.
1a Múltiplos estudos confirmaram que 100% dos
noma e adenoma émuito dif'cil (sutil). Achados micros-
cópicos, como necrosecelular, hemorragia calciiicações, carcinomas adrenais são monoclonais, crescen-
invasão de vasos sanguíneos, atividade mitótica au- do de uma simples celula progenitora.
mentada, bandas fibrosas largas, invasão capsular e
padrão de crescimento difuso, podem sugerir malig— IlSI'EGTIIS IIIIIGIIUSBÓPIGOS E HISTfllflliIflflS
nidade. Adenomas são menores, encapsulados, bem circuns-
Metástases, invasão de estruturas locais, tamanho
critos, com textura e cor homogêneas.

G L S' Z V I Q ‘
do tumor (> 6cm, ou peso > 200g) e evolução clínica da Os adenomas costumam ser de coloração mais uni—
doença parecem mais fidedignas. forme, geralmente amarelada, superfície de corte unifor-
me e raras zonas de hemorragia, necrose e calciftcações.
EPIIIEIIlllllliIl O aspecto microscópico do adenoma mostra uma
arquitetura bem preservada, menos variação no ta-
II Tumores adrenocorticais representam i 0,2% de
manho celular e pleomorfrsmo nuclear e mínima ati-
todas as neoplasias malignas da criança. vidade mitótica Há rara presença de hemorragia, necrose
I Prevalência: 0,3 a 4 casos: 1.000.000 de crian-
»e calcifrcações, sem evidênciasdeinvasão da cápsula
ças abaixo de 15 anos de idade. ou vasos sanguíneos.
II No sul do Brasil e no estado de São Paulo existe
Carcinomas sãp maiores, apresentam bandas fibro-


uma grande concentração de casos de causa ainda
não identificada. A prevalência nessas regiões e
sas largas e maior núgnero de
'morragia. ,
áreas de necrose e he-
dez vezes maior. Devido a natureza agrícola dessa O carcinoma pode ou não serencapsulado, com
região, é especulada, como fator causal, sua origem zonas de necrose, calcifrcações, hemorragia e inva—
em algum fertilizante químico ou pesticida. são capsular ou vascular. Ao corte e lobulado, com
:: Dentre todos os tumores adrenais, somente 6% diversas colorações, variando do amarelado ao ver—
crescem do córtex adrenal. melho--marrom (Figs 23.1 e 23.2). Ã microscopia
It Predisposição sexual geral: 3 a 4F:1M.
apresenta desarranjo da arquitetura, mitoses frequentes,
E Pico de incidência: 2 a 5 anos (80% < 5 anos). bandas fibrosas largas, marcado pleomorfrsmo celu-
I Bilateralidade: 2 a 5%. lar, atipia nuclear e hipercromasia.
I50% ocorrem àesquerda e os outros 50% à direita.
I Doenças associadas: síndrome de Beckwith-
Wiedemann, síndrome NEM-l, síndrome de Li- IllIIlllllll 81111100
Fraumeni, hemangiomatose cutânea, malformações Tumores adrenocorticais podem secretar, autonoma-
urinárias e homi-hipertrofia. No Brasil, essas as- mente, excesso de cada tipo de esteróides: glicocor—
sociações são menos comuns. ticóides, mineralocorticóides e esteróides sexuais
ª membros
Carcinoma adrenocortical tem sido relatado em (andrógenos e, mais raramente, estrógenos), cada um
próximos da mesma família. associado a uma síndrome clínica particular. Na maioria
=1 Globalmente, os adenomas correspondem a 1/3 das vezes, apresentam síndrom'es clínicas mistas Entre-
de todos os tumores adrenoeorticais. tanto, uma síndrome clínica costuma predominar.
la Locais de metástases dos carcinomas: comprome- dependendo da quantidade e qualidade dos esterói-
timento local (rim, retroperitônio, espaço peritoneal des produzidos.
TumoresAdrenocorticais I
143

z
o'yóers

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"ª «a,
; ºw
,., os .5,4


igura 23.1 Espécime cirúrgico de carcinoma adrenal. Su-
erfície externa brilhante e aspecto lobulado.
Figura 23.2-Superfície de corte de carcinoma adrenal. Massa
lobulada, cor marrom, áreas de necrose.

.t p "
»

Aproximadamente 95% desses tumores são hormo- INVESTIGAÇM BIAGHÚSTIM


sfl: nalmente alivos. Geralmente, o adenoma é mais efi-
‘ Pfªçiente do que o carcinoma na produção de hormônios Laboratorial.

.
v esteróides. Aldosterona, cortisol, andrógenos e estró-
— Dosagens urinárias: cortisol urinário livre, 17—hi-
droxicorticosteróides (l7-OH). 17—cetoesteróides
“genos são derivados do colesterol após uma série de
r ( 17-KS) .
's reações enzimáticas. Bloqueios enzimáticos são co-
—- Dosagens séricas: cortisol, desidroepiandros-
terona (DHEA), sulfato de desidroepiandrostero—
»» mais precursores esteróides no plasma.
na (DHEA-S), l7-hidroxi-progesterona, testos-
“. Sinais sintomas
e de virilismo
podem estar pre—
. sentes em até 90% dos casos. terona, androstenodiona, aldosterona, atividade
de renina. O nível de ACTH plasmático deve
I Somente virilização: 50 a 55%.
I Virilização + síndrome de Cushing: 35 a 40%. ser medido por radioimunoensaio. Nível normal
I Sindrome de Cushing isolada, ou feminização, ou baixo sugere adenoma ou carcinoma. Teste
de supressão com dexametasona: serve para fazer
ou assintomático: 5 a 10%.
I 100% das síndromes de Cushing em crianças são {idiagnéstico diferencial entre causa hipofrsária
produzidas por tumores adrenocorticais. e não-hipoflsária de síndrome de Cushing. Falha
I Virilismo resulta de secreção aumentada de DHEA em suprimir a excreção de hormônios sugere
causa não-hipoti'síria (adenoma, carcinoma).
(desidroepiandrosterona), andrógeno fraco que
é convertido em testosterona e androstcnodiona - produzam excessivos hormônios ªãtivos, pre—
Embora os tumores não—funcionantes (raros) não
(dois agentes virilizantes potentes).
I Características da sindr'ome de Cushing: obesi— cursores esteróides podem ser secretados com
abundância.
dade central (90%). fraqueza (90%), aumento do
pêlo facial, seborréia e acne (80%), estrias ab-
dominais cutaneas (70%), hipertensão arterial
(70%), corcova de búfalo (25%), fácies de lua
cheia (30%), aumento de peso. Cortisol produz
retenção de sal e água com desequilíbrio eletrolí—
tico e alcalose metabólica hipoclorêmica.
II
Caracteristicas do virilismo: aumento do pênis
(80%) ou clitóris (90%), voz de tonalidade grave
(50%), crescimento dos pêlos púbicos (90%).
axilares e faciais (60%),acne (45%), aumento da,
massa muscular, 'ausência de crescimento testi—
cular (Fig. 23.3).
I
Características
de feminização: ginecomastia pre—
coce, menarca precoce.
'Tumor
casos.
abdominal pode ser palpado em 40% dos Figura 23.3 — Criança com virilismo por carcinoma adrenal.
Notar aumento da massa muscular, aumento do pênis e os
pêlos pubianos.

m.
.W L
144 I Tumores

- Imunoistoqut’mica: células carcinomatosas


costumam corar positivamente para vimentina.
A demonstração de imagens simétricas bila—
terais sugere hiperplasia e a captação unilate.
— tuma
Citometria de fluxo celular: aneuploidia cos—
estar associada a carcinoma.
ral, adenoma. A experiência ainda é limitada
em criança, pelos riscos de exposição exage—
ll Exames por imagem. rada à radiação. '

-—Radiografia de abdome: massa de tecidos moles


(40%) e calcificações (20 a 25%).
Tomografia por emissão de pósitrons (PET,
positron emission tomography) com fluordeso—
- Ultra—sonografla abdominal: o carcinoma cos-
tuma mostrar padrão ullra-sonogrãiieo complexo,
xiglicose-ISF (FDG, 2-[fluorine-I8]-fluora-
2-deaxy-D-glucose) também pode ser útil para
com o sinal da cicatriz em que os ecos irradiam- diagnóstico diferencial de lesões adrenais. O
se linearmente e representam a interfase entre exame é baseado no metabolismo aumentado
áreas separadas de necrose, hemorragia e neo- de glicose em lesões malignas, que vão mos-
plasia. Também avalia a extensão do tumor na trar captação anormalmente elevada de con-
cavainferior e átrio direito. O adenoma costuma traste. O exame apresenta melhor acurácia de
aparecer como massa homogênea e lisa, sem interpretação se a captação da lesão for com-
padrão de hiper ou hipoecogenicidade. parada com a captação do fígado. O exame é
- Radiogralia de tórax e seriogiafia óssea metastática
e/ou cintilografia óssea em busca de metástases.
considerado negativo para malignidade se a
captação em uma re ião adrenal for menor do
- Tomografia computadorizada (TC): demons— que a do fígado. E “onsiderado positivo se a

[ tra lesão adrenal (lesões Z lcm), lesão extra-


adrenal, estuda & adrenal contralateral e pesquisa
captação na lesão adrenal for igual ou maior
que a do parênquima hepático.
l trombos nas veias adrenais, renal e cava infe—

_
! rior, porém não diferencia carcinoma, adenoma,
feocromocitoma, hemorragia, pois não consegue
apresentar características teciduais específicas
rnmnrurn
et Adrenalectomia radical com retirada em bloco

i1 .
(Fig. 23.4). A TC pode estar indicada quando
se deseja avaliar a função do rim contralateral
de tecidos peritumorais e de qualquer invasão
local. Examinar a glândula contralateral. Os
! em tumores adrenais grandes e quando existe tumores da cortical adrenal têm cápsula fina, rom-

W L ‘9 8 6
. provável comprometimento renal ipsilateral. pendo com facilidade. A ruptura capsular ocorre

1‘
- Ressonância nuclear magnética (RNM) e eco—
Doppler podem ser usados para identificar
em aproximadamente 20% durante o procedimento
inicial e mais de 40% após recorrência local. A
L 'Ç Q Í
f invasão de veias supra-renal, renal, cava e’étrio. veia supra-renal é calibrosa e curta (principalmente
l — TC de tórax e importante, pois mais de 90% à direita), podendo se romper com facilidade,

*
l das metástases são para os pulmões. provocando hemorragia transoperatória. A res-
- de trombo tumoral.
Venocavografia pode estar indicada na presença secção completa muitas
radical.
vezes requer nefrectomia

_ - Cintilografia adrenal com iodocolesterol e aná-


logos tem mostrado diferenças em lesões adrenais.
E Vias de acesso.
- potencialmente
Transabdbminal anterior.? tumor grande ou
0 carcinoma caracteriza-se por não concen- maligno; O acesso e realiza—
uar radionuclídeo tão bem como o tecido normal. do_ através dos vasos gastroepiplóicos ou pela
liberação do omento do cólon transverso.
— Transabdominal lateral com mobilização do
estômago, baço, pâncreas, cólon esquerdo para
a linha média, expondo o espaço retroperitoneal
(na adrenalectornia esquerda); abertura da fáscia
de Told. mobilização do cólon direito e exposi-
ção do duodeno retroperitoneal, que devem ser
deslocados medialmente (na adrenalectomia
direita). "'
&

— Subcostal bilateral: boa incisão nos tumores


grandes.
— Subcostal unilateral estendida: só utilizada no
paciente magro, não consegue explorar a adrenal
contralateral.
- Toracoabdominal: tumor muito grande. Pode ser
vantajosa no tumor grande de adrenal direita onde
Figura 23.4-Tomografia computadorizada com contraste. o fígado e a veia cava podem limitar a exposiçãº-
Massa adrenal esquerda circunscrita, heterogênea, com cal-
cificações, mostrando uma pseudocápsula. “ - Via laparoscópica: primeiros casos começªm
a ser descritos. Ainda em estudo, pois devido à
TumoresAdrenacortícaís I 145

fríabilidade do tumor, a ruptura da cápsula e excesso de cortisol secretado pelo tumor. Hidro- t

1?“;
:
frequente durante a manipulação cirúrgica. cortisona intravenosa eprednisona devem serín— '.

lndicada somente nos tumores pequenos e terrompidas cuidadosamente. Frígiª,»


quando não há suspeita de malignidade.A via I Esquema pré e peri: hidrocortisona lOOmg (ou àguª),
de acesso laparoscópica transperitoneal em
decúbito lateral é preferível à retroperitoneal,
2 a Smg/kg/dose) IM ou IV 6h antes da cirurgia,
lOOmg diluído em soro glicosado 5% na indução
i102" a;

í
pois oferece um espaço de trabalho mais efi- anestésica. No pós—operatório: 25 a 50mg de 8/8h
ciente e uma melhor exposição. no lº dia, reduzindo a dose progressivamente e
'
. 1’ I São resistentes a quimioterapia e radioterapia. passando para prednisona VO, que é mantida por
I Nenhum tratamento adicional é necessário na dois a três meses. Após esse período, reavaliar a
" ausência de doença metastática ou extensa. necessidade de permanecer em uso de corticóide
' I Terapêutica adjuvante com rnitotano (o, p-DDD, VO por meio do teste curto de estimulação com
5 a lOg/mª/dia-r— em três doses), agente adrenolítico ACTH (lOmg/kg intravenoso), com medida do
que causa necrose adrenal e que bloqueia a libe- cortisol sérico após 1h da sua injeção.
ração de hormônios pelo tumor e pode induzir
alguma regressão de um carcinoma invasivo, não
removido completamente. Iniciar com doses me—
Estadiamento cirúrgico
nores, elevando-as a cada três a cinco dias, até I Estádio I: tumor totalmente ressecado, sem in-
atingir a dose desejada. Dose máxima: lOg/mZ/dia. vasão local e nodal, tamanho < :'icm, peso < 200g.
Indicações: tumor inoperavel, incompletamente ll Estádio II: tumor totalmente ressecado com tu—

ressecado com margens positivas, ruptura tumoral mor residual microscópico ou tumor >Som elou
rransoperatória, hormônios persistentemente peso > 200g. .
'. aumentados, recidiva e metástases. Causa me- I Estádio IH: tumor com invasão local ou inoperável.
lhora da síndrome endócrina em 2/3 dos casos e II Estádio IV: metástases a distância.
parada de crescimento do tumor em 1/3 dos
pacientes. Entretanto, não altera a taxa de sobrevida. Fatores Prºgnósticos
Efeitos secundários: náuseas, vômitos, diarréia,
dor abdominal, rash e manifestações neurológi— I Principais: presença de metástases ao diagnós-
cas (principalmente letargia, sonolência, fraqueza tico, impossibilidade de ressecção completa do
muscular e vertigem). Durante seu uso, deve ser tumor, idade 2 3,5 anos, volume tumoral > 200cmª,
sempre mantida a suplementação com glicocor- retardo diagnóstico maior que seis meses, res-
1 ticóides (prednisona 10 a 15mg/mª/dia) e mineralo- secção incompleta, ruptura da cápsula durante a
coru'cóides (fludrocortisona 0,1 a 0,2mg/dia). cirurgia, trombo intravenoso.
I Quimioterapia com múltiplas drogas tem sido
também utilizada em adição ao mitotano (cisplatina BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
BUGG, MPF.; RIBEIRO, R. C.; ROBERSON, P. K. et al. Correlation of
+ etoposide; S-fluorouracil + doxorrubicina + pathologic features with clinical outcome in pediatric adrenocortical
cisplatina e outros esquemas). Porém, atualmente neoplasia AJCP, v. 101, p. 625-629, 1994.
,, sabe»se que não existe nenhuma quimioterapia NHCHALKIEWICZ, E.; SANDRINL R.: FlGUElREDO. B. et al. Clinical
- efetiva e o valor de terapia coadjuvante perma— and outcome characteristics of children with adrenocortical rumors:

É
,, nece não-comprovado. a repoh from the International PediatricAdrenoconicãl'lburor Registry.
' I Causa principal de recidiva local: ruptura transo- J. Clin. 071001., v.22, p. 838—845, 2004.
peratória da cápsula tumoral com contaminação MH..LER, K.A.; ALBANESE. C.; HARRISON, M. et al. Experience with
maciça do leito. lsparoscopic adrenalectomy in pediatric patients. J. Pediatr Surg.,
II Mortalidade operatória: 2 a 4%. v. 37, p. 979982. 2002.
» I Sobrevida: 10 a 50%. PEREIRA, R. M.; MICHALKIEWICZ. E.; SANDRINI, F. et al. Tumores
I Morbidade: até 40% (lesões de estruturas contí-
do córtex adrenal na infância. Arq. Bras. Endocrinol. Metab, v, 48,
p. 651-658, 2004.
guas. infecção pós—operatória, insuficiéncia adrenal). RIBEIRO, R. C.; FIGUEIREDO, B. Childhood adt'enocorlical tumors.
I Após a remoção de adrenal com carcinoma ou Eur: ]. Cancer, v. 40, p. 11|7-1126, 2004.
adenoma, principalmente quando existe síndrome RIBEIRO, R. C.; MICHALKIEWICZ, E. L.; FIGUEIREDO, B. C. et a1.
"$> de Cushing associada, um período de insuficiéncia Adrenocortical tumors in children. Bmz. J. Med. Bial. Rei-., v. 33,
Ç adrenal aparece no pós-operatório e pode durar n. [O, p. 1225-1234, 2000.
É até um a dois anos (até recuperação do eixo hipo- SABBAGA, C. C.; AVILLA, S. G.: SCHUIZ C. et al. Adrenocortícal

a tálamo-piruitária—adrenai). O suporte corn corti— carcinoma inchildren: clinical aspects and prognosis]. Pediatr: Surg.,
v. 28, p. 841-843, 1993.
ª eóide perioperatõrio é sempre necessário, pois

WOLTllERS, O. D:, CAMERON, F. I.; SCHEIMBERG, l. et aLAndrogen


a a glândula contralateral pode estar atrófrca pelo secreting adrenocortical tumours.An:h. Dir. Child, v. 80, p. 46-50, 1999.
uii
,.. 24 Atendimento lnicial do Polltraumatizado .............. ........ 149

13! 2625 Mecanismos do Trauma Pediátrico ............................ 157


s. Trauma Pediátrico ........................................... 162

."x-
t t

h—
Atendimento Inicial do Polítraumatizado II 149

subdurais e epidurais, hemotórax e/ou pneumotórax,


ruptura de vísceras sólidas, fraturas graves, etc. Nes-
I sa etapa, o atendimento inicial determina o prognós-
tico final do paciente.

é’Aiendimento Inicial O cuidado do paciente politraumatizado implica ava-


liação e reanimação inicial rapida e eficaz, tratamento
inicial racional e sistematizado, triagem, adequada

“do Politraumatizado comunicação intra e inter-hospitalar, transferência


consensual de médico a médico e transporte eficiente,
avaliação continuada e medidas terapêuticas confor-
me as necessidades da vítima.
Alberto E. Ifién
, Gerardo Boscarino Elana Tal'flifl
Na terceira etapa ou etapa tardia, a morte ocorre por
irmnnusio sepse e insuficiência de vários sistemas associados.
Essa etapa é essencialmente hospitalar.
Na maioria dos países do mundo, o trauma ou a en- As situações traumáticas comprometem o desen—
fermidade acidente é a principal causa de morte desde volvimento normal e o crescimento da criança.
o primeiro ano de vida até os 35 anos. Segundo da- A morbidade do trauma é elevada e sem dúvida
dos do Fundo das Nações Unidas para a Infância pouco hierarquizada. Em uma série de 5.623 pacientes
(Unicef), 750.000 crianças morrem, anualmente, em do Registro de Trauma Pediátrico da Argentina, ob—
razão de lesões por causas externas. Essa realidade servou—se uma incidência de 36,7% de seqiielas no
se mantém. apesar do conceito de trauma, como en— momento da alta.
fermidade, ter adquirido uma maior abrangência.
Sem dúvida, pode—se afirmar que se iniciou um ca- O atendimento desses pacientes pode ser sinteti-
zado em três etapas:
vminho objetivando melhorar essa situação. Por um lPré-hospitalar: essa fase estende-se desde que
lado, já se sabe e se aceita que as crianças merecem
tratamento adequado às suas necessidades; por ou— ocorre o acidente até a primeira hora de atendi-
tro, paulatinamente, se acrescenta o critério de pre- mento em um hospital.
venção primária. Nos últimos anos ocorreram impor- Hospitalar: e aquela durante a qual se completa
tantes avanços teóricos, práticos e técnicos sobre a ou às vezes se presta o atendimento inicial e se
fisiopatologia e tratamento das lesões por causas realiza o tratamento definitivo das lesões, co-
externas. '
meçando-sea reabilitação precoce.
A morte por lesões traumáticas ocorre em três mo— I! Reabilitação ou pós-hospitalar: é o período de
“. mentos ou etapas: inicial, intermediária e tardia. recuperação” e inserção do paciente em suas ati—
vidades até alcançar a normalidade completa ou
“Elana Inicial .
É a que transcorre durante os primeiros minutos depois
a normalidade possivel,
. .
No presente capítulo, serão revisados os critérios
5
ª do acidente.
Nesse período, a morte é causada por recomendados para atendimento inicial do paciente
' lesões massivas e graves do sistema nervoso central traumatizado menor de quinze anos. Até essa idade,
as respostas das vítimas diante das lesões e os pa-
';. (SNC), grandes vasos, vísceras maciças e coração.
O único manejo possível é a prevenção primária, drões do traumatismo têm particularidades próprias.
já que a magnitude das lesões e o comprometimento Para pacientes maiores de quinze anos de idade, sugere-se
funcional fulminante praticamente impossibilitam um o emprego das condutas recomendadas para o paciente
adulto.
tratamento eficaz, mesmo com os recursos disponí—
veis na época atual.
A prevenção primária é o método mais efetivo para GENEBMIIIMIES
tratar a enfermidade acidente, mas essa afirmação só
Pode concretizar—se quando existe uma tomada de O processo de crescimento e desenvolvimento outorga
consciência da gravidade do trauma e uma legisla- às crianças uma condição única.
Ção adequada às necessidades e problemática de cada :Idade: a idade do paciente determina particula-
região. '
ridades físicas, fisiológicas e psicológicas que
incidem sobre o tipo de respostas diante de uma
Elana Intermediária lesão traumática.
Ii Tamanho: as lesões produzidas por traumatis—
E º Período que se segue a etapa inicial e que se estende mo podem ser graves e extensas, porque a ener-
por Poucos dias. A morte ocorre em razão de hematomas gia de um impacto é absorvida por uma massa

.,
.
150 = Trauma

corporal pequena e o corpo de uma criança tem e rapidez, treinamento mínimo, infraestrutura e ins—
maior concentração de órgãos por unidade de trumentos simples.
superfície. Como a criança éfácil de transladar As recomendações que se descrevem neste capítulo
ou mover, ela está exposta a sofrer lesões gra— baseiam—se nos princípios propostos pelo Programa
ves durante os movimentos próprios no atendi- de Trauma Pediátrico da Argentina, Academia Ame-
mento, reanimação elou traslado. ricana de Pediatria e Comitê do Trauma do Colégio
lElasticidade e flexibilidade: essa particularidade Americano de Cirurgiões. As recomendações são simples
dos tecidos da criança determina que, mesmo na e podem ser realizadas em qualquer losal e situação.
ausência de lesões externas, possa existir um im— A atenção inicial de uma vítima implica: Avalia-
portante dano visceral. ção Inicial e Reanimação, Segunda Avaliação, Cate—
Massa craniofacial: essa estrutura é comparati- gorização, Estabilização e Transporte.
vamente maior, e os traumatismos nessa região A avaliação e reanimação têm uma série de fases
são muito freqiientes. que serão detalhadas a seguir com uma sequência
IPerda de calor: a maior superfície corporal, a pele didática. Na prática, não existe uma separação clara
fina e ricamente vascularizada e a escassa espes— entre uma etapa e a outra. A avaliação e as medidas
sura dó tecido celular subcutâneo favorecem a para salvar a vida realizam-se de forma simultânea.
perda fácil de calor. É imprescindível prevenir A posição supina sobre um plano firme e a posição
ou modificar as perdas de calor, seja qual for a que se recomenda para a avaliação e tratamento ini-
ctrcunstância. ciais, para os cuidados posteriores e transporte.
Para facilitar a ordenação do método, a sequência
A hipotermia é causa de fracasso na reanimação.

l
Hipoxemia: a criança acidentada pode ter: oxi— que se recomenda é a seguinte:
genação diminuída, ventilação insuãciente e/ou la A — Via aérea e controle da _coluna cervical.
choque hipovolêmico; todas essas condições B — Respiração ou ventilação.
produzem hipoxemia. m C — Circulação e controle de hemorragia.

L'SQÍVZBG
A hipóxia causa parada cardiorrespiratória. a D Definição do estado neurológico ou avalia-
»

II Componente psíquico: e um componente geral- ção neurológica.


mente não considerado na urgência, mas, sem E — Exame físico sumário.
dúvida, tem de ser avaliado e levado em conta
para evitar erros 'de interpretação dos sintomas Ilia Aérea e coluna cervical
e srnats.
A via aérea e coluna cervical das crianças têm parti-
cularidades anatômicas e funcionais próprias que fa-
“MINHO ETBI'I'IMEII'I'II Illlflllll vorecem a rápida obstrução da primeira e condicionam
“graves lesões medulares, mesmo sem lesões visíveis
A pessoa que chega ao local do acidente deve estar
preparada para enfrentar o cenário que gera a criança lªda Acolunª. _
permeabilidade da via aérea e essencial.
politraumatizada.
Avaliar esse aspecto é simples: se a criança chora
A resposta que uma criança politraumatizada gera
e chama seus pais, significa queêla está com a via
no operador, nos ajudantes e/ou nos espectadores
fortuitos pode ser negativa, paralisante e/ou de exci- ,aérea permeávelê qué respira bem. O contrário indi-
ca obstrução e implica rápida ação para permitir um
tação improdutiva; portanto, é importante trabalhar
fluxo livre do ar pela traquéia.
.-a,

com método para evitar que, na urgência, as ações se


A preºcupação pela suficiência da via aérea deve
transformem em um caos de manobras sem sentido e
ser sempre acompanhada pelo controle da porção_
sem eficácia. cervical da coluna vertebral.
Os primeiros 30min depois do acidente são cruciais Ao efetuar qualquer manobra para favorecer a entrada
para uma criança. A variedade de sintomas e a quan— do ar pela via aérea, deve-se proteger a coluna cervi—
tidade de situações para solucionar com rapidez podem cal, até que se haja descartado lesão vertebral.
ultrapassar a capacidade operatória do profissional. Todo o paciente pediátriªçp politraumatizado deve
A meta da avaliação e reanimação é manter o fluxo ser considerado portador de uma lesão vertebral até
de sangue oxigenado ao cérebro e a outros órgãos
Vitals. que não se diagnostique o contrário, devendo, por-
tanto, ser imobilizado.
A sistematização no método de avaliação e trata— Esse é um conceito geral e, em especial, é particu-
mento é a base para o correto atendimento das crian— lamente valido naqueles pacientes que sofrem trauma-
ças politraumatizadas. tismo acima da linha clavícular e, em especial, quandº
se trata de um traumatismo craniofacial e inconsciência.
MANAGED E BEMIIMIÇÃD A imobilização cervical e realizada por colares de
imobilização cervical, almofadas, bolsas de areia, roupª
O manejo inicial de um paciente pediátrico politrau- ou outros materiais acolchoados. Para a imobilizaçãº
matizado pela equipe profissional requer: serenidade corporal, usam-se as tábuas de transporte.

Atendimento Inicial do Polítraumatizado n '151

As manobras de imobilização cervical e corporal promover ventilação suficiente. A entubação


Sempre devem ser executadas com a cabeça no mesmo traqueal nas vítimas pediátricas exige conheci-
eixo que o corpo e sustentada com uma tração mode- mento e destreza.
rada para evitar movimentos de cabeçada e/ou late— Nas crianças menores de 8 anos usam-se tubos
rais, A imobilização deve ser mantida até que se descarte sem balão inflável, já que a cartilagem cricóide
uma lesão da coluna cervical. serve de balão funcional. Nos maiores de 8 anos
As manobras sobre a via aérea agrupam-se em duas podem ser utilizados tubos com balão inflável.
grandes categorias: elementares e avançadas. Existem tabelas que orientam sobre o tipo de tubo
Elas têm como objetivo: prover e manter uma via a utilizar, de acordo com a idade e o peso.
aérea adequada. Na prática, o tamanho do tubo endotraqueal é
Antes de qualquer manobra da via aérea, recomen— determinado pela comparação com o tamanho
(jg—so o uso sistemático de oxigênio com máscara de
de um dos dedos mínimos ou de uma das nari-
reservatório e um fluxo de ISL/min para obter-se ade- nas do paciente. Durante o procedimento, e con-
quada provisão de oxigênio. veniente dispor de tubos duas medidas maiores
e duas medidas menores do que a selecionada.
Manobras Elementares A via escolhida é a ororraqueal. A via nasotraqueal
é dificil de realizar pela própria curvatura da faringe
' As manobras elementares são as seguintes: da criança. ,“
lDeslocamento anterior do maxilar inferior: essa A entubação orotraqueal é realizada com a ca-
é a manobra mais segura e eficaz para abrir a beça em posição neutra em eixo com o corpo e
via aérea em uma criança com suspeita de lesão com leve tração mediante fixação com as duas
medular. Com os cotovelos do operador apoia- mãos para proteger a medula espinhal. As tenta—
dos no plano em que está o paciente, colocam—se tivas de entubação não devem ser prolongadas
dois ou três dedos de ambas as mãos em cada nem traumáticas. Cada tentativa não deve supe-
ângulo da mandíbula, projetando-se a mandíbula rar os 30s. No caso de fracasso do operador nas
para a frente. Essa manobra é muito útil, já que primeiras tentativas de entubação do paciente,
no paciente inconsciente a língua cai para trás ela deverá ser feita por mãos mais experimenta-
pela hipotonia dos músculos laringeos e da mas- das. A bradicardia é um sinal de hipóxia e obri—
tigação, o que produz a obstrução da via aérea ga a suspender as tentativas de entubação, neces—
no nível da hipofaringe. sitando de ventilação com máscara. A fixação
lProjeção
anterior da mandíbula com extensão do tubo traqueal é tão importante quanto a entu-
vertical: não se recomenda nas crianças pelo bação.
risco em potencial de produzir lesão da medula Naqueles pacientes agitados, sobretudo nos que
espinhal. têrp traumatismo craniano, a manobra de entuba-
!Aspiração: a via aérea superior nas crianças pode ção“ deverá se basear na técnica “sequência ra-
ser obstruída com coágulos, restos de alimen— pida de entubação", que tem por objetivo evitar
tos, conteúdo gástrico, dentes e/ou aparelhos de a hipertensão intracraniana.
ortodontia. Para aspirar a via aérea, deve-se usar A manobra consiste em hiperoxigenar o paciente
cãnula rígida. e, em seguida, injetar—lhe'por via intravenosa um
lCânulas: o uso da cãnula orofaríngea ou nasofa- agente anestésico (tioperital sódico, cetamina), se-
ríngea é muito limitado nas crianças, porque seu guido de relaxante muscular (succinilcolina-atro-
uso apresenta dificuldades técnicas e é difícil man- pina, vecurônio), entubando-se então o paciente.
tê-las em posição. Podem ser úteis em pacientes Essa manobra exige que o operador conheça os
inconscientes enquanto são ventilados com mais- agentes farmacológicos, as doses e saiba entubar
.A“
cara. perfeitamente.
Punção cricotireóidea. A punção cricotireóidea
é indicada quando não se alcançou o objetivo de
Manobras Avançadas desobstruir a via aérea, quando ;. situação do pa-
AS manobras avançadas de instrumentação sobre a ciente piora, quando não há possibilidade de tras-
via aérea requerem destreza e treinamento por parte do lado imediato ou quando existe certeza de suboclu-
?Ferador, porque, se não respeitadas as normas de suas são alta da via aérea. Tem como contra—indicação
indicações e técnica, existe o risco de lesão da via aérea a obstrução completa da via aérea e a fratura
superior ou da coluna cervical. laringea. Para realizar a punção cricotireóidea,
usa-se agulha plástica nª 16 ou 14, um bocal de
ª
As manobras avançadas de instrumentação sobre
Via aérea são as seguintes: tubo endotraqueal nº 3, mangueiras de plástico
e fonte de oxigênio.
' Entubação traqueal. A entubação traqueal é indicada
quando as medidas anteriores fracassaram em
i: Cricotireoidotomia. É um procedimento muito
pouco usado nas crianças porque o espaço crico—
i
W

152 I Trauma

tireóideo é muito pequeno e não permite a pas- tável manifesta-se claramente pela mobilidade anor.
âf( sagem do tubo sem grandes possibilidades de lesar
estruturas vizinhas. Nas crianças pequenas emais
mal da área e tem baixa incidência nas crianças. Se
a insuficiência respiratória for grave e progressiva,
seguro fazer uma traqueostomia. Sempre é neces- deve-se realizar o tratamento de urgência.
L sário colocar um tubo endotraqueal, o menor pos— No pneumotórax e no hemotórax, o tratamento con-

ot s p sível, assegurando-se que seja adequado para siste na toracocentese e toracotomia mínima. A técnica
z:

é simples e deve ser conhecida pelos médicos que


manter a ventilação suficiente.
atendem emergências. 0 local para colocar a drena-
gem. no caso de pneumctórax, é o segundo espaço
nesulração intercostal do lado afetado, no nível da linha média
Em se contando com'uma via aérea suficiente, o passo clavicular. Para drenar um hemotórax, o local ideal é
seguinte é assegurar uma ventilação adequada. a linha axilar média no nivel do quinto espaço inter—
O operador deve verificar se a vítima respira ou não. costal. Quando, em função da emergência, não se tem
disponível um frasco duas vias ou sifão, pode-se ern-
Se o paciente respira sem dificuldade, a única coisa
pregar uma seringa para equilibrar pressões ou ainda
que se tem a fazer e assegurar a permeabilidade da pode-se deixar () cateter aberto ao ar, transformando
via aérea e prover oxigênio. Se não respira, temos um pneumotórax hipertensivo em um pneumotórax
que respirar por ele. simples, que é melhor tolerado. Com essa manobra,
Para saber se a vítima respira ou não, uma vez que

E L R' S Z V
salva-se a criança e se estabiliza o paciente para seu
o operador está seguro que a via aérea não está obstruída,
'QL Ç

|
traslado. A toraCOtomia mínima é uma técnica que
este deve colocar a orelha perto da boca e do nariz da requer destreza cirúrgica.
criança e perceber se o ar está sendo exalado, ao mesmo 0 tórax aberto ou aspirativo produz-se quando existe
tempo que deve observar os movimentos toracoab— uma ferida na parede do tórax, cuja dimensão supera
dominais. os dois terços do tamanho da traquéia do paciente. O
Uma respiração é efetiva quando se mantém uma ar entra mais facilmente pela ferida do que pela via
corrente de ar livre, os movimentos torácicos são fáceis aérea, produzindo insuficiência respiratória.
e a saturação de oxigênio sanguíneo é normal. O tratamento consiste em criar um sistema valvular
O paciente, apesar de ter a via aérea permeável, pode unidirecional. Para isso, basta tapar a ferida com uma
continuar com insuficiência respiratória, o que se deve compressa, gaze ou lâmina de plástico, que seja maior
a fatores que afetam a adequada troca gasosa no nível do que a ferida e se fixe à pele de maneira segura com
pulmonar elou diminuição no transporte de oxigênio. esparadrapo ou fita adesiva por três de seus lados ou
As causas mais comuns de insuficiência respirató- bordas. O lado livre serve como válvula unidirecional.
ria no politraumatizadc são: pneumotórax (fechado Os pacientes com tórax instável e de contusão
ou aberto), hemopneumotórax, associação de ambos, pulmonar devem ser tratados em centros especializa-
contusão pulmonar grave (associada ou não a tórax. dos, para onde devem ser rapidamente transferidos.
instável) e lesões dos grandes vasos, geralmente as— * O traumatismo de tórax tem alta mortalidade (até
sociadas a um quadro de hipovolemia. 25%), sendo maior ainda quando associado a lesões
A tiragem e a dispnéia são sinais de comprometi-
mento respiratório.
de outros órgãos.
.2 .
-
p O fetus normalmente se localiza na linha medio- circulação “
clavieular esquerda, no nível ou um pouco abaixo do
mamilo. 0 deslocamento do íctus reflete mudanças Em um paciente pediátrico, os sinais de hipotensão
na posição dos órgãos do mediastino por acúmulo de mais faceis de reconhecer são: palidez, frieza da pele.
sudorese, sonolência e aumento da frequência do pulso.
ar ou sangue.
A percussão determina se há macicez ou timpanismo. 0 pulso e um dado semiológieo muito útil, já que
A ausculta permite determinar se há ou não mur- constitui a primeira resposta hemodinâmica que se
múrio vesicular em um ou nos dois hemitóraces, se a detecta com facilidade.
ventilação pulmonar está diminuída e se há ou não Nas crianças maiores, procura-se o pulso radial.

_
ruídos acessórios (por exemplo, hidroaéreos).
No pneumotórax e hemotórax, os sinais respirató-
nos são similares. No primeiro, a percussão do tórax
Nos menores de um ano;;procura-se o pulso braquial
ou o femoral.
Uma maneira prática de estimar a pressão arterial
demonstra timpanismo; no segundo, a sonoridade do e mediante o controle dos pulsos periféricos, confor-
tórax e.maciça. me a descrição contida no índice de traumatismo
O pneumotórax hipertensivo, como o hemotórax pediátrico (ITP):
maciço, necessita de tratamento de emergência. A IPulso radial palpável: vitima normotensa.

- contusão pulmonar pode ser suspeitada naqueles n Pulso femoral palpável e sem pulso radial pal-
pacientes em que outras causas foram descartadas e pável: pressão arterial entre 90 e SOmml-ig.
que, apesar de um tratamento adequado, persistem n Ausência de pulsos palpáveis: pressão arterial
com cianose e insuficiência respiratória. O tórax ins- abaixo de 50mml-lg.

H..—— «
Atendimento Inicial do Politraumatizado I
153

E?“ caso
»
de sangramento externo profuso, a he—
ia externa é tratada por
«
no local
compressão
Avaliação Heurumgiea
As lesões do SNC são observadas entre 50 e 70% dos
8; Étaticas
g'mmento. O uso do torniquete e/ou de pinças
'
não é indicado, sendo perigoso pela
pacientes politraumatizados. No primeiro contato com
»
sstbilídªdª
“uªi calçª
de lesar os
antichoque nosvasos ou os nervos'da área.
pactentes pediátricos tem
a vítima, é conveniente realizar uma avaliação muito
rápida e geral sobre o estado de consciência dela. Podem
ª. okpouco uso. podendo ser
utilizada em caso de ser seguidos os parâmetros do ITP:
"$ªgrave de pelve para estabiliza-la e assrm di-
Áriª-;“ O sangramento.
II Acordado.
m Obnubilado ou inconsciente.
zl Coma ou descerebrado.

ggpansão de Volume
Iv
Para os pacientes maiores de 15 anos, recomenda-
se o APDNE, sigla que se origina de: A = Alerta ou
o's aportes iniciais para ressuscitar uma criança são
acordado, P = resposta à Palavra, D = resposta a Dor,
5. [rivalentes a 25% do volume ou ZOMg, Para repor
N = Não responde; E = Exame físico sumário.
15%. de perda de volume, são necessários 60mL/kg
dê uma solução cristalóide (regra de 3 cristalóide: 1 co-
lóide). As soluções recomendadas são o Ringer lactato Exame Físico Samaria
arson) fisiológico.
'É falta de resposta a três infusões in bolus de ZOmIJkg Examina-se o paciente de maneira rápida da cabeça
‘g’nifica que o paciente tem sangramento ativo, que aos pés para detectar as lesões mais evidentes e ur-
gentes.
'ê'necessário continuar com a reposição de sangue e
ªéâêmge a presença do cirurgião pediátrico. Coibe—se a hemorragia. Em feridas penetrantes, nas
quais o objeto está incrustado no corpo (madeira. metal,
etc.), não se deve extrai-lo na cena do acidente, mas
Éessos Venosos fixa—lo e imobilizá—lo solidário com o corpo da vítima.
Neste ponto finalizou-se a primeira etapa, corres-
,
Durªante o atendimento
_, úgªpunção
inicial, recomenda-se o uso
venosa periférica (veia cefálica, basílica pondente à avaliação inicial e à reanimação. Nela
levou«se a cabo a análise clínica e cirúrgica global,
“,
oiíêuas tributárias, safena interna). Durante a emer-
ê cia, as tentativas de punção venosa devem ser estabeleceu-se um diagnóstico de gravidade e se rea-
_ izadas durante os primeiros 2 ou 3min ou após lizaram as manobras para salvar a vida do paciente.
Antes de prosseguir, é necessário avaliar novamente
Três tentativas pra conseguir uma via venosa. Se não
'o paciente para ajustar as ações terapêuticas aos re-
houver êxito na manobra, recomenda-se a canulação
dàsafena interna no nível do maléolo. As canulações sultados oblidos até esse momento.
'Se 5s cateteres percutâneos em veias prajimdas ou centrais
dyetgem ser realizados em centros especializados e SilillililA AVAIIAGAI] E srauuno EXAM! FÍSICO
ômente após o paciente ter sido completamente Com mais tranquilidade, realiza-se essa segunda ava-
Fªlªdº-
Em pacientes menores de sete anos, pode-se usar liação, que consiste em um exame físico meticuloso
, Viª intra-óssea, que é muito efetiva com um tempo que segue uma ordem que vai desde acabeça até a
de circulação medula óssea-coração de 20s. Podem planta dos pés, com cuidadõ particular de incluir no
exame a região posterior do corpo e todos os orifícios
Eeâinfundidas drogas e soluções cristalõides; não se
. 'comenda infundir bicarbonato sem diluição. O sangue e cavidades (narinas, ouvidos, boca, meato uretral,
3— passa com lentidão.
'
ânus).
O local da punção situa-se na face ântero—intema A sonda nasogastrica deve ser colocada de rotina
r

> da tíbiª, 1 a
3cm abaixo da tuberosidade tibial ante- para descomprimir o estômago; a única contra-indi-
cação refere-se às lesões graves do maciço central da
V
.riyr. Durante a punção, deve—se evitar a lesão da car—
face, o e_determinaria a introdução da sonda den-
llagem cpifisiária. Outros'locais adicionais são: face
tro dói—.ramâm sonda uretral não deve ser colocada
“sextema do fêmur, crista ilíaca e esterno. As agulhas
fl“fijxlizadas são agulhas especiais para punção intra- nos pacientes com uretrorragia, fratura de ossos pél-
_,ssea, agulhas de punção de medula óssea 25/8 ou as vicos e/ou em caso de elevação da próstata, revelada
«,agulhas usadas em transfusão. pelo toque retal.
-
s
. Essa via é recomendada para situações de emer-
“gªndª nas quais não'se encontrou uma via venosa
Durante o segundo exame, repetem-se as avalia-
ções das condições vitais investigadas na sequência
'
_pela hipotensão presente ou por dificuldades técnicas. dos ABC. É o tempo de indicar as radiografias ele-
mentares, que são: coluna cervical de perfil com vi-
A reanimação deve ser sempre iniciada, apesar de
sualização da 7ª cervical, pelve e tórax antero-posterior.
_Sªber—se que as crianças politraumatizadas que che- Durante essa segunda avaliação, investiga-se a pre-
xgªm_à emergência em parada cardíaca têm poucas sença de escoriações ou lacerações craniofaciais,
»Possrbilidades de recuperação. afundamento de ossos do crânio, anisocoria e perda
-.i
v
154 l Trauma

de sangue ou líquido cefalorraquidiano (LCR) pelo A toracotomia de emergência é de uso excepcional


ouvido ou nariz.. Para diferenciar sangue de LCR, usa—se nas vítimas pediátricas. sendo seus resultados pobres.
a técnica do “halo". As lesões de vísceras abdominais por traumatis—
Ao exame sumário da primeira fase agrega-se agora mo rombo são frequentes nas vítimas pediátricas. As
a avaliação do comprometimento do SNC mediante lesões de órgãos maciços (fígado, baço, pâncreas, rins)
o miniexame neurológico (MEN). podem ser tratadas com estratégia não operatória. Isso
O MEN inclui: exige um paciente clinicamente estável, sem que a
Consciência: escala de Glasgow e, para as crianças necessidade de sangue supere 40mL/kg para mantê-lo
menores de três anos, a escala de Glasgow modi- fora do choque, uma infraestrutura que permita a rápida
ficada ou a de Raimondi. intervenção da equipe cirúrgica e um banco de sangue..
n Tamanho das pupilas: normalmente, as pupilas Em geral, os traumatismos penetrantes requerem
são iguais e simétricas. Medem de l a 4mm; va— exploração cirúrgica.
riações maiores de 2mm são patológicas. O controle clínico e fundamental para as decisões
!! Presença de debilidade, paresias ou paralisias dos cirúrgicas. A presença de sinais, como hematoma, es-
membros (melhor resposta motora). coriações, marcas de pneus, dor e/ou reação peritoneal,
obriga a pesquisa de lesões nos órgãos intra-abdominais.
O MEN deve ser repetido frequentemente para Os métodos de diagnósticos mais úteis em pediria
detectar mudanças no estado neurológico.
tria são a tomografia axial computadorizada e a ultra-
O exame isolado carece de todo o sentido.
sonografia.
As lesões cranials estão representadas pelas fratu-
ras e pelas lesões intracranianas. O lavado peritoneal não é uma técnica útil nas crian-
ças, salvo casos excepcionais, como, por exemplo, um

m.
As lesões vertebromedulares são mais freqiientes
no nível da região cervical e compreendem uma ampla caso de traumatismo de crânio grave que deve ser operadc
gama que vai desde as subluxações as fraturas com— e no qual se suspeita de traumatismo de abdome as-
sociado. O procedimento é realizado no bloco cirun
a.

plexas, com ou sem compromisso medular.


Com respeito à avaliação do SNC, é importante gico, enquanto se prepara o paciente para a abordagem
compreender a importância e alta incidência das lesões neurocirúrgica.
aére—m -m

do SNC nas vitimas pediátricas, conhecer as grandes Logo após o paciente estar estável, recomenda-se
síndromes neurológicas (hematoma extradural, sub- que o tratamento definitivo das lesões dele seja rea-
dural, contusão, concussão, etc.), entenderarelevância lizado em centros de alta complexidade e por espe
da consulta precoce ao neurocirurgião, reconhecer o cialistas pediátricos.
valor e a necessidade da avaliação seriadados sinais Se houver alguma condição que obrigue, dado a
neurológicos e saber reconhecer nas radiografias as gravidade do paciente, uma operação em um centrc
estruturas ósseas venebrais normais e as variações pa- de complexidade mediana ou baixa, recomenda—se ac
tológicas cirurgião atuante a tomada de medidas bastante con

tx—:»l2:.‘ O tratamento elementar consiste na provisão de


oxigênio e fluidos, em evitar a hipóxia e as variações
da pressão arterial sistêmica e da temperatura. Os
servadoras no manejo dos órgãos. Por exemplo, sempre
é preferível uma esplenorrafia a uma esplenectomia
O tratamento inicial tem ,o objetivo de solucionar
pacientes com Glasgow menor de 12 devem ser con- com procedimeptos mais simples, situações de
riscti
uma !. ,

trolados cuidadosamente. Se 0 Glasgow for- < 9, ne— vital. »


‘1-
cessitam internação e tratamento específico em uma O tratamento definitivo e patrimônio dos centro"

-a n m
unidade de tratamento intensivo. especializados e está orientado para a reparação de
As lesões da medula espinhal são muito graves
(incidência de 1,5%). Cinqíienta por cento dos pacientes
finitiva das lesões e o manejo das alterações funcionaíl
concomitantes.
:
com lesões de medula espinhal não têm evidências As fraturas ósseas diagnosticam—se pelo exame visual
-

radiológicas, por isso é necessário um cuidadoso exame e à palpação das zonas lesadas. Os ossos planos 1
neurológico e radiológico. A presença, no toque retal, longos são mais acessíveis à palpação e os sinais d'
de um esfíncter francamente hipotônico ou atônico, fratura são evidentes: dor localizada, afundamento
em um paciente que não está em estado de coma, é hematoma, posição anômala e/ou desvio do eixo óss
sinal de dano medular. defumação de um membro, crepitação sobre a area
A suspeita diagnóstica e patrimônio do primeiro Nas fraturas dos membros, exploram-se os pulsos distai
médico que atende a vítima. O tratamento é respon- No paciente normotenso, a ausência de pulso distá
sabilidade dos especialistas.
o's quadros mais dramáticos de insuficiência respi-
ratória resolvem--se com medidas simples (drenagens,
punções, entubação, etc.). AS lesões que não acarre—
gravidíeg:dtç
a fratura (radiais, poplíteos, etc.) é sinal da
funcional da fratura. As fraturas expostas devem se, '
recobertas com apósitos estéreis e anti-sépticos
caso de hemorragia, efetua-se a compressão do I_
tam situações de risco iminente de morte (lesões cal, com ou sem atadura. As luxações articulares poden —
esofágicas, traqueais, bronquiais, aórticas, hérnia dia- esperar sua redução até o paciente chegar ao centrt'
fragmática, etc.) requerem tratamento especializado. assistencial. '

_iv'
%
|
1
1


Atendimento Initial do Politraumatizado I
155
, ,

à 5" AS fraturas pélvicas são potencialmente graves e categorização


ªexigem ªdequado
controle e repostçao de volume. No
A categorização do paciente pediátrico politraumati-
a",
nieniºº— capsa efetua—se urna
são de lesao de uretra.
. ;. vª«N&Snoamputaçoes, bandagem compres- zado facilita enormemente os cuidados das vitimas.
Embora haja diferentes tipos de índices ou escores,
colo e o membro amputado e
; envolvido 'em recomenda-se o ITP de J. J.Tepas lll el al.1 (Tav
*ªá'pósitos estéreis (ou, em sua falta,
ªºs), colocando-o em uma em
aposrtos lim—
bolsa ou lamina de pla-s- bela 24.1).
O peso é uma medida antropométrica de ampla e

;, congelado)-
'
_
); rico e o enviando refrigerado em gelo comum (nao
.
0 tratamento das lesoes dos membros está orientado
constante referência nos pacientes pediátricos. No
trauma, quanto menor a criança, maior o risco. Via
aérea, pressão arterial sistêmica. SNC são parâmetros
,principalmente para conservara
função, lesões
;,ªsculnres, sindrome compartimental e evrtar a dor. evitar funcionais. Ferimento e fratura são parâmetros ana-
tômicos. A combinação de todos esses dados fornece-
'Já 0 onopedista é um integrante ativo da equipe de trauma. nos uma informação objetiva do impacto da lesão.
? һs" Em
caso de lesões ltérmicas, além das medidas O ITP tem as seguintes vantagens: e um índice criado
“descritas para nas
a reanimação em geral, a atenção ini- com conceito pediátrico, é simples e fácil de aplicar
Em consistirá seguintes ações de emergênciapara na urgência, nos proporciona uma linguagem obje-
“salvar a vida do paciente: interromper a ação do agente tiva e comum, permite o encaminhamento racional e
Termico, avaliar o comprometimento respiratório e com critério pediátrico ao centro especializado de re-
» ._ucontl'olc da coluna cervical, rápida avaliação da su—
ferência, evita perda desnecessária de tempo e esfor-
ªperfície queimada, rápida avaliação do grau de pro- ços, racionaliza a distribuição de recursos humanos
uudidade das lesões e traslado para um centro espe— e materiais, provê bases objetivas para o diálogo entre
ícializado.
Das lesões por frio, a mais relevante na prática e'
o médico (operador/pessoal) de transporte e o médico
do centro receptor.
a:hiparermia, uma lesão muito comum e perigosa nas 0 ITP tem uma relação linear inversa com a mor-
vitimas pediátritIas. talidade e, portanto, permite uma orientação para a
É considerada hipotermia a condição na qual a tem—
"
triagem.
peratura corporal central é menor do que 35ºC. Apre- A partir da pontuação 8 ou menor, a mortalidade
senta—se como conseqíiência de exposição acidental aumenta de forma clara. Os pacientes com índice igual
ao frio, por falta de cuidadolno atendimento ou no
ou menor do que oito devem ser enviados n centros
transporte das vítimas. É classificada em leve, mo— com capacidade operacional para o atendimento de
, derada ou grave, conforme os graus centígrados. Para
. pacientes críticos. Os pacientes com índice igual ou
“* efeitos práticos, e sensato considera-la sempre grave. maior do que nove podem ser encaminhados para centros
bs sinais clínicos são: depressão do nível sensório,
pele fria, cinza, cianótica ou marmórea, grave bradi—
de menor complexidade. .

içardia e bradipnéia. Além do ITP, existem fatores para se levar em conta,


como ritagnitudeido impacto no acidente, velocidade
A profilaxia e o tratamento consistem em desnudar do móvel no momento do impacto, número de viti-
_o'paciente se ele estiver com as roupas úmidas, cobri- mas concomitantes, número de mortos no acidente,
,locom agasalho seco e momo em ambiente climatizado altura da queda, ferimentd por armas, inalação de gases
:1c,RCP (reanimação cardiopulmonar), se necessário. tóxicos,, etc. º.
Z: . O paciente pediátrico traumatizado e hipotermico
“33, pode apresentar um quadro clínico similar ao da morte;
hà portanto, não se pode afirmar que uma vítima está
çrã'morta enquanto não esteja recuperada do quadro de
hipotermia.
TBAIISPIJIITE |!!! I’llllTllAlililAIllAIlll
As recomendações para os pacientes pediátricos que
se descrevem a seguir são de ordem geral.
l.
115‘“

r; «.
& *” l]'AÃBELI-l 24.1 — Escore de trauma pediátrico
:FOMPONENTES CATEGORIAS
lM +2 +1 -1
*
”; ªPªSº (kg) > 20kg 10 — 20kg < tºkº
~‘«..Yia aérea
_ 'Pressão arterial sistólica
Normal
> 90mmHg ou pulso radial
Mantida ou preservada
90 - 50mmHg ou pulso
Irregular
< 50mmHg, pulsos ausentes

'sSÍStema '
palpável femoral palpável
x,; nervoso central Acordado Obnubilado ou perda dos Coma/descerebrado
* 1
. sentidos
»
Farlmemo aberto Não Pequeno Grande ou penetrante
Esqueleto (fraturas) Não
, "dice de traumatismo pediátrico: __ + __ + +
. Fratura fechada
+ _ + =
Fraturª eXpºstª ºu múltiplª
156 1: Trauma

A criança traumatizada deve ser encaminhada para são em relação ao nível do mar. A diferença de pressão
controle a um centro assistencial. acondicionada e produz uma expansão dos gases no nível das cavida-
transladada sobre uma tábua de transporte e com colar des corporais (estômago, pleura) elou dos elementos
de imobilização cervical. Essas medidas são essen- de assistência (talas pneumáticas, tubos traqueais com
ciais para um transporte adequado. manguito inflável, calças antichoque).
A vítima pediátrica politraumatizada deve ser trans— A equipe profissional que transportou o paciente
portada de forma eficiente. segura, sem perda de tempo deve repassar a equipe do hospital receptor todos os
a uma instituição previamente selecionada que seja a antecedentes, dados clínicos, informação sobre o aci-
mais próxima e que possua uma infra-estrutura ade- dente e tratamento realizado de forma escrita, concisa
quada para tratar pacientes graves. e completa.
Para transferir um paciente, é importante contar O atendimento inicial eficiente de uma criança
com a aceitação do centro receptor. um erro par— poiitraumatizada é fator de vital importância para a
tir com o veiculo de transporte em busca de um lugar evolução do paciente. Exige capacitação teórica e
onde o acidentado possa ser tratado. Perdem-se tempo desenvolvimento de habilidades práticas que devem
ser adquiridos por todos aqueles que trabalham na
e recursos. ’15-.
emergência. E um método prático, simples e fácil de
Sempre que for possível, o paciente deve ser acom-
panhado por um familiar direto. Em algum momento aprender, que conduz ao alcance dos melhores resul-
durante o cuidado inicial ou transporte da vítima, devem tados possíveis para um determinado paciente.
ser registrados os dados do paciente e do acidente. REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA
Esses dados são de suma importância para o atendi— l. TEPAS Ill. 1.1.;RAMENOFSKY, M. L.; MOLLIT, D. L. et :11.
mento posterior da criança acidentada. The pediatric trauma score as a predictive of injury severity: an
O transporte pode ser realizado por meios terres- objective assessment. J. Trauma, v. 28, p. 425—430. 1988.
tres, aéreos e, ocasionalmente, marinhos. Cada um
deles tem suas particularidades que necessitam ser BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
conhecidas de acordo com a área geografica. Os veículos GOMEZ. MA.; NEIRA, I.Atención Inicialde Paciznle: Traumaliurdor.
devem ser providos com equipamentos adequados, Asociación
Argentina de Cirurgia. Comisión de Trauma. Buenos
Aires: Fundación P. L. Rivero, 1996.
tanto em drogas como em pessoal. As ambulâncias HEBERT. P.; WELLS. G.; BLAJCHMAN, M. A. e1 al. A multicenter,
constituem o melhor meio de transporte terrestre. randomized, controlled clinical trial of transfusion requirements
O transporte aéreo é recomendado para o traslado in critical care. N. Engl. J. Med.. v. 340, p. 409-417, 1999.
de pacientes críticos a distâncias maiores de lOOkm. IRON, A. E. Trauma em Pediatria Buenos Aires: McGraw—Hill, 2002.
Convém relembrar que, durante os vôos, a cabine, NICHOLS, D.;YASTER, M. Galder: Haul: the handbook ofadvanced
por estar pressurizada, apresenta diferenças de pres- pediatric 11f: supparl. St. Louis: Mosby, 1996.

.'l J *

L-ngIszSE'Q
l

Mecanismos do Trauma Pediátrico I


157

alcançam marcas no crescimento, comportamento e


aquisição de habilidades, a interação delas com o
ambiente muda.

Modificações Físicas

sisauma Pediátrico
Uma criança, ao nascer, tem em média 50cm de com-
primento. No primeiro ano, há um crescimento de 25cm,
um adicional de 50% da altura inicial. O comprimento
dobra aos quatro anos, Quando atinge a adolescên—
cia, ha um acréscimo de 5 a 6cm por ano até atingir
'Iª'ão,
("' ª!
Vicente Bassols altura média de 1,77m no homem ou 1,65m na mulher.
O peso ao nascer é de aproximadamente 3kg. O
peso duplica em cinco meses, triplica em um ano e
quadruplica em dois anos. Até a puberdade há um
in um levantamento epidemiológico que se consti- crescimento aproximado de lOkg no primeiro ano,
20kg até cinco anos e 30kg até dez anos. Na vida
“femdodissertação de mestrado, observamos que o
adulta, atinge-se, em média, com grandes variações,
peªrlll paciente pediátrico que sofreu trauma em
70kg (homens) e 67kg (mulheres).
;hásSc meio e necessitou internação no Hospital de
tªlento-socorro Municipal de Porto Alegre — Rio Grande As proporções entre as diversas partes do corpo
ª sul, foi um menino, com idade aproximada de 12 vão também se modificando, com mudanças substan—
_que caminhava por nossas ruas, no período da
,tarde, sendo atropelado, tendo como consequência
ciais, inclusive no centro de gravidade. A cabeça da
criança é relativamente grande comparada ao resto
do corpo, principalmente por ser o primeiro segmento
irãuma cranioencefálico (TCE), que se constituiu no
a completar seu desenvolvimento. A circunferência
vinotivo de internação.
. Quando discutimos o mecanismo de trauma na cefãlica é de aproximadamente 34cm ao nascer, aos
Ibi-mªça, verificamos que, à medida que aumenta a quatro anos é de 50cm ou 80% da circunferência do
faixa etária, as características aproximam-se dos adultos. adulto e aos oito anos é de aproximadamente 95% da
&Ãuma, ou as denominadas causas externas em nosso do adulto. .

meio, é a causa de maior morbimortalidade na crian- Quanto a musculatura, também ha características


9f pós um ano de idade. Não há medidas de preci— interessantes. Os membros inferiores de um adulto
opara avaliar o impacto dessas perdas humanas ou '
têm 55% de seu peso muscular, correspondendo. apro-
incapacitações permanentes ou temporárias em nos- ximadamente, a metade da altura corporal. No lactente,
‘sa sociedade. São seres que têm a maior parte de suas os membros inferiores equivalem a um terço do com-
, “pela frente e que, repentinamente, se vêem privados primento total e 'o maior volume muscular está no
elªspor causas passíveis de prevenção.
Osyefeitos das drogas, principalmente o álcool, tem
pescoçb e no tronco. 0 adulto tem cerca de 40% do
peso total em massa muscular e 5% do peso em ór—
Po,,ç'ada vez mais presentes na gênese do problema. gãos (fígado, coração, cérebro e rins). No'lactente, a
ue pesem os programas lançados para diminuir distribuição é bem diferentezt20% massa muscular e
gªsta de bebidas alcoólicas e/ou o uso de outros 18% de peso em órgãos. Por essas características,
*

Sigof‘de
x . drogas, a associação destas com trauma tem depreende—se porque as crianças são mais vulnerá-
frequente. veis ao trauma.-'
A pele na criança é menos espessa e cobre uma
Enusinrnneúrs son: a animei superfície de 800cmªlkg, comparada à de um adulto,
de 300cmº/kg. Isto é, o adulto, em relação à criança,
, Aafirmação “crianças
de que não são adultos em mi- tem mais pele para cobrir menor superficie.
çiatura" deve sempre ser enfatizada. As crianças têm
garacterísticas únicas em sua anatomia, fisiologia e
(gºtnposição bioquímica, bem como aspectos emocio- Comportamento
nars, que as fazem responder de maneira distinta às A criança e' mais vulnerável, por exemplo, em um atro-
ªgressões sofridas. pelamento. Como ela é mais impulsiva e facilmente
. “_ Diferentemente do adulto, em que se pode estabe- distraída, sofre mais atropelamentos com consequências
Permodelo de suscetibilidade ao trauma e a fatores
e risco, na criança é complicado estabelecer-se um
mais graves. A percepção auditiva e visual são habi-
lidades em desenvolvimento, prejudicando sua inte-

WM
I,{l0de10.0 crescimento, com suas constantes mudanças ração com o ambiente e sua autodefesa. A criança,
Égatômicase fisiológicas, faz com que a diferença em geral, é superestimada pelos pais quanto a suas
_gªlº9W0raI.'As
.y

ªªjª apenas um acréscimo em peso ou massa habilidades, não tendo condições, por exemplo, de
crianças são obviamente dinâmicas em
atravessar ruas com segurança ate' os oito anos de idade.
eu crescimento e desenvolvimento e, à medida que Mesmo sendo educadas, as crianças têm dificuldades
L
«»o
158 = Trauma

de observar o tráfego antes de atravessar uma rua. A ção durante um longo período. Se a desaceleração
educação ajuda, mas não muda a sequência do de— ocorrer num curto período, aumentará a força aplicada.
senvolvimento. Portanto, quando o veículo para bruscamente, pessoas
e objetos em seu interior mantêm a energia que de-
MEGANISMDS I]! 'I'IliIIIMII verá ser dissipada. Essa energia poderá se transferir
para o cinto de segurança ou para outra estrutura do
Ao estudarmos a epidemiologia do trauma pediátrico, veículo que absorver o impacto. A força será aplica-
nos deparamos com diferentes mecanismos. Entre os da sobre o corpo causando lesões. A resultante dessa
mais frequentes em nosso meio estão os causados por força sofrerá uma resistência de semelhante inten-
veículos, sendo a criança passageiro deste ou sendo sidade.
vítima de atropelamento, quedas, queimaduras, agres— Três tipos de força podem ocorrer e a reação a elas
sões. Menos frequentes, mas não menos importan- causar alguma lesão. Primeiro acontece a força de
tes, são os afogamentos, intoxicações, ingestões ou compressão, que é uma energia mecânica aplicada
aspirações de corpos estranhos, ferimentos por pro- diretamente sobre o corpo, A segunda é a tensão a
jétil de arma de fogo ou por arma branca. que é submetido o objeto que sofreu a compressão.
A força de tensão provém de várias forças e testa a
Veiculos elasticidade do objeto. A terceira é a força de estira-
mento, resultando em forças aplicadas em direções
Passageiro opostas. Todas essas forças são simultâneas. A inér-
cia é o movimento que mantém a energia dos objetos
Quando a criança está no interior de um veículo em e os faz colidir com alguma estrutura no interior do
movimento, ela pode sofrer quatro movimentos que veículo.
podem lhe causar lesões no momento do impacto. O Há alguns mecanismos específicos de zonas cor-
veículo para e o passageiro segue o seu movimento porais. Por exemplo, em uma colisão frontal com a
sofrendo um impacto direto; em segundo lugar, os cabeça atuando como anteparo, ocorrem todas as forças
órgãos internos seguem seu movimento, o que causa estudadas com o mecanismo de golpe e contragolpe.
arrancamentos de ligamentos e fixações. Em terceiro Há lesões por mecanismos diretos na cabeça e lesões
lugar, há o contragolpe e o corpo volta a sofrer novo
por mecanismos indiretos sobre a coluna cervical. E
impacto. Por fim, com o mesmo mecanismo os ór—
ainda há a possibilidade de algum objeto solto den-
gãos mantêm o movimento no sentido inverso do inicial,
podendo ser submetidos a novas lesões nesse quarto tro do veículo se projetar sobre a cabeça do indivíduo.
instante da cinemática do movimento. Os mecanis— Em colisões em que ocorre capotagem, como já
salientamos, ocorrerão varios mecanismos de trau-
mos de golpe e contragolpe poderão causar, no inte-
rior da caixa craniana, rupturas arteriais e ou venosas ma e, surpreenderitemente, a energia pode ser absor—
vida pelo próprio veículo, livrando os ocupantes de
com lesões focais, menos frequentes na criança, com
hematomas subdurais ou epidurais. O mais frequente lesões muitas vezes desproporcionais ao dano cau-
;"

é a lesão cerebral difusa com consequências impre- sado no veículo.

L'FQIVZ*98-B6
visíveis quanto ao tempo de evolução e seqiielas. Por vezes, aco/ntecem também mecanismos de trauma
Ainda, quando ocorre o trauma por contusão di- sem colisão, com pa adas bruscas causando batidas de
encontro a estrufuras o veículoªu ejeção do ocupante.
reta da cabeça contra um anteparo rígido, por exemplo,
o pára—brisa, pode haver dissipação da energia para a No banco traseiro do veiculo, onde normalmente
coluna cervical, extremamente elástica e móvel na deveriam ser transportadas as crianças, também po-
criança, causando lesões nesse m’vel. As lesões de coluna
cervical são bastante raras na criança, embora, quando
dem ocorrer traumas nas colisões ou outros “acidentes".
As estatísticas nos Estados Unidos demonstram que
aconteçam, sejam extremamente graves. A criança, somente 5% das crianças usam mecanismos restriti-
se não bem segura quando ocorrer abalroamentos e vos. Portanto, 95% estão em diferentes locais do veículo,
capotagens, pode sofrer graves lesões, tomando-se principalmente na parte dianteira ou de pé ou brin-
um joguete dentro do veículo, sendo impulsionada cando, aumentando muito os riscos de trauma.
para vários pontos com múltiplos traumas.
Quando um veículo em movimento sofre uma parada, Pedestre
tudo que estiver em seu interior, como ocupantes, objetos,
adquire uma energia cinética, fazendo com que se Ao sofrer atropelamento, em geral a criança tem uma
mantenha a velocidade destes. A física nos ensina que atitude diferente do adulto, colocando-se de frente
a energia cinética é o produto da massa de um deter- para o veículo, e podendo, por sua menor estatura,
minado corpo pela velocidade ao quadrado (E:
Isso significa que, se houver um aumento de lOkm/h
MVª). ser atingida no abdome, no tórax ou
na bacia, com
lesões muitas vezes importantes em vários locais, O
na velocidade de um objeto, haverá um aumento de mecanismo é inicialmente um golpe que atinge dire-
40% na energia cinética. Quando o objeto pára, há tamente uma área maior do corpo da criança, cau-
uma dissipação da energia e ocorre uma desacelera- sando lesões multissistêmicas. Os escolares são os
Mecanismos do Trauma Pediátrico I
159

'em‘aiwgzzmingidos,
no período da tarde, quando saem da Traumatizados por Bicicleta
.c31a parª casa.
_ -c""rs’_toffel- Eni vários estudos, como os de Tanz
as lesoes mais comuns por esse meca- Nas estatísticas dos Estados Unidos, as vítimas mais
ms: ' ºcorrem em criançasde quatro a nove e
anos frequentes dos incidentes com bicicletas são as crianças,

ªºs
que sofrem lesões mais graves. Setenta por cento das
É“; Wºº pico aos 18 anos. No estudo que realiza-
do?.confirmaram-se esses dados. . lesões em que o mecanismo de lesão foi produzido “an
por bicicletas ocorreram em crianças menores de 15
r‘ab'alhos mostram que,
“Sábiª. as crianças nas áreas
sofrem mais lesoes
como
urbanas
pedes—
mais
anos, principalmente com TCE. Comprovadamente,
res? nosso
Em meio (Porto Alegre), mecanismo de
o o grupo de maior risco nos traumas e o dos que não
mama foi atropelamento. geral,
que mais levou as crianças a serem hospita- usam equipamentos de proteção, principalmente ca-
pacetes. Aqui também os meninos são mais atingi—
' ”arias o Em as crianças

.
nores conduz o veículo é um membro da famí-
são vítimas de atropelamento próximo a casa
ǻaaasrquem
dos que as meninas. Em geral, nas colisões, o ciclista
é atingido no lado esquerdo do corpo.
mais comumente atingida nesse mecanis—
”ur vítima ou um vizinho. É importante lembrar moAdeparte trauma é a cabeça. As lesões mais frequentes
ªuáás crianças são muito ativas e ignoram os peri-
são concussões, fraturas de crânio, enquanto lesões
7565210 trânsito, necessitando de constante supervisão.
tfso'de álcool e problemas de comportamento são fre< focais são menos frequentes. Os autores relatam que
ueh'tes no causador do atropelamento. as contusões são muito mais frequentes que os ferimentos
.‘ l? yd mecanismo do trauma no atropelamento, o lo- penetrantes. Isso nos sugere que, se protegermos melhor
. ql dõ corpo atingido diretamente depende do tama- a cabeça, certamente teremos diminuição dessas lesões.
líôªªda criança (Fig. 25.1). Após o primeiro contato, a Lesões pulmonares, hepáticas, esplênicas e rupturas
'Ença rodaeacabeça, os ombros ou o tórax são atingidos intestinais podem estar associadas a TCE. Fraturas
%
iindariamente ao chocar-se em alguma estrutura rígida de extremidades ocorrem mais freqiientemente em
ªia-brisa);
. a seguir, com a parada do veículo, a vi- traumas menos graves. Os capacetes protegem o cérebro
"É _é lançada ao solo, deslizando ou rolando sobre protegendo
eleÍÍHa, portanto, duas fases no mecanismo de trauma
das compressões, diminuindo a desaceleração e também
o crânio de fraturas. Todos os estudos
iiõ'atropelado: a primeira de múltiplo contato com o realizados demonstram a eficácia da proteção pelo
aiªi-ô e a segunda quando ocorre o impacto da vítima capacete. Em uma cidade da Austrália, onde é obri-
,Eõªríj'o solo. A gravidade das lesões está diretamente gatório o uso desse equipamento, houve considerá—
'
eiaçionada à velocidade do impacto na primeira fase. vel redução das lesões de crânio. De acordo com estudos
. A1 melhor maneira de prevenir esses acontecimentos . de Nakayama et al., quando um programa de equipa-
eria retirar as crianças das ruas, oferecendo locais . mentos de segurança é oferecido após hospitalização
apropriados para jogos e brincadeiras. Testes de teor por trauma, há um aumento do uso de capaceteª. Esse
lçpólico e multas maiores ou a retirada da licença é o me hor mon-lento de ensinamento aos pais e às
' ra'dirigir mostram-se medidas eficazes. Em nosso crianças. Os meninos entre 10 e 14 anos constituem
r :,Çtem-se tentado programas de educação nas escolas o grupo de maior risco, devendo—se, nesse grupo,
7110:4105 professores, na tentativa de redução desses enfatizar o uso de equipamentos de proteção. Além

c '_tos (programa “A Escola Vai ao HPS Hospital
junto-socorro”).
do TCE, que é o motivo de internação mais comum _
também em nosso meio, vimos tambémàlguns casos
de traumas abdominais produzidos pelo guidom da
bicicleta com traumas de duodeno, intestino delgado
e mesentério, que necessitaram tratamento cirúrgico.

Quedas
Nas quedas, os mecanismos que ocorrem são seme—
lhantes aos já vistos, enfatizando-se a ocorrência de
fraturas de membros inferiores e superiores com fre-
qiiência. Deve«se lembrar as fraturas típicas da criança,
como em galho verde e torção, e a possibilidade delas
atingirem as zonas de crescimento.

Agressões
ªfigurª 25.1 —Zona anatômica do impacto, mudando a di- Os mecanismos nas agressões dependerão da zona

iguªl“ do corpo apos. o Choque. Crlanças
. .
'
menores sao atm-
.,
atingida e do meio utilizado pelo agressor, podendo
ia?) mªis @cxma no corpo e rolam para baixo do veiculo; ser desde contusões, queimaduras, até agressões por
dªI_Ǫs maiores e adultos vão para cima do veiculo“. arma branca ou projétil de arma de fogo.
160 I Trauma
i

Intoxicações, Corpos Estranhos, 250 vezes mais comum na criança que no adulto. Menos
frequentemente, cerca de 10% das vezes, acontece o If
Afogamento
mecanismo de flexão lateral, geralmente com trau.
Haverá diferentes mecanismos de acordo com as ca- mas no nível de C4 e C5 (Fig. 25.2). '.
racten'sticas do produto causador da intoxicação. Os
corpos estranhos causarão quadros de obstrução di-
r;
11111160 ã
gestiva ou respiratória, enquanto o afogamento apre-
sentara quadro obstrutivo inicial com asfixia por 0 mecanismo mais comum de trauma nesse nível é
elemento líquido. também o contuso. A complacência é maior no abdome, %
e o conteúdo intra-abdominal é viscoso, permitindo

rnnnãts Alll'l'llllllllls
o deslocamento entre os órgãos intra—abdominais,
evitando muitas vezes lesões. Os sintomas, em uma
i
Embora seja praticamente impossível eliminar as causas contusão abdominal, são pouco confiáveis, exceto pela
de lesões na criança, a melhor maneira de combatê— presença de irritação peritoneal e ausência de ruídos
las é pela prevenção. A0 considerarmos o trauma na hidroaéreos. As lesões mais frequentes na cavidade <“,
criança não como um acidente, ou seja, algo fortuito, abdominal estão localizadas no fígado e no baço, que
imprevisível, podemos, conhecendo os padrões de lesão são órgãos encapsulados. Varios sentidos de forças 4
típicos e a etiologia do trauma, diminuir a incidência podem ocorrer sobre os órgã ls, causando diferentes
com medidas preventivas. lesões (Fig. 25.3). Nos traum fs causados por veículos »»:
automotores, a maioria das crianças com equipamentos
cabeça e Pescoço
Simpson et al. concluíram em seus estudos que 63%
de proteção mal posicionados, entre 4 e 9 anos, pode
sofrer lesões associadas a esse mal posicionamento.
A caixa torácica e bastante complacente pelas ca- (
.
1-
das crianças até os quatro anos de idade e 73% entre racterísticas da criança, principalmente o lactente, supor-
4 e 15 anos morrem por trauma neurológicoª. Na ver- tando grandes forças sem fraturas e com importantes l

dade, dessas crianças vítimas de trauma em estradas lesões intratorácicas. Quando houver fratura, isso nos
dos Estados Unidos, nenhuma estava adequadamente leva a interpretar que o mecanismo de trauma foi muito ,, 5
restringida no veículo em que viajava. As lesões de intenso e que lesões importantes dos órgãos intraca- €. ! r

coluna cervical, embora graves, são raras nas crianças. vitários podem ter acontecido. Os elementos a serem sl13
O mecanismo de trauma craniano é composto de considerados no mecanismo de trauma contuso no tórax E
são a quantidade de força empregada, a porcentagem à. :
"
forças de contato e inerciais. O mecanismo de con-
de compressão torácica e a velocidade de compres- :“.en
F tato é direto pelo impacto contra uma estrutura sólida.
são, segundo trabalhos de Viano‘. Isso significa que
sl
:.
Os TCE podem estar associados ou não a fraturas de
I crânio. Menos de 30% estão associados a fraturas. a caixa torácica tolera uma batida pesada, se for apli- i;
As lesões por inércia ocorrem logo a seguir, quando ç'ada com .paixa velocidade (lentamente). Se a mes-
as estruturas intracranianas mantêm o movimento após ma batida for aplicada com mais velocidade, podem 55_t
a contusão direta, causando lesões difusas ou menos ,
frequentemente lesões focais, como hematomas sub— ,
durais ou mais raramente os epidurais. As raras lesões
por trauma de coluna cervical ocorrem por mecanismos
de flexão-compressão mais comumente (2/3 dos me-
canismos nessa faixa etária). Outro mecanismo menos
comum e' a extensão em que ocorrem lesões similares
ao mecanismo da fratura do enforcado. Esse meca-
nismo pode acarretar ruptura atlantooccipital, sendo

Figura 25.2 Mecanismos de lesões cervicais“. (A) Extensão.


- Figura 25.3 (A D) lnflgéncia de várias forças nas lesões
(B) Flexão compressão. (C) Lateral.
- — —
de órgãos intra-abdominais (flgado)'.
Mecanismo: do Trauma Pediátrico I 161

llir Bags
Broduzir—se
extensas
»d'adegmmidªde' lesões.
Nadeverdade,
a quantidade fqrça, oa velocidade
tamanho da Esses mecanismos de proteção podem causar lesões

'“>“
e' cie de contato e a complacencia torácica sao
.. do trauma. nas crianças, principalmente pequenas, com sufocação.

һmantes
'
s * da extensao Estudos comprovam, entretanto, que o uso do air bag
isolado concorreu para reduzir a mortalidade em 18%
nas estradas dos Estados Unidos; o uso de air bag
(fa, associado ao cinto de três pontos, em até 71% de redução
.‘hihms da mortalidade. Nenhum sistema de segurança vai
eliminar os traumas e a mortalidade por trauma, mas,
6‘s sistemas de segurança empregados determinam
:â'ecanismos de trauma peculiares. . .
certamente, diminuirão as forças capazes de produ—
zir lesão e diminuirão a morbimortalidade do trauma.
. HOs cintos de segurança, quando mal postcronados, Isso já foi conseguido com campanhas bem dirigidas,
Çpbdcm causar lesões caracteristicas. O Cinto abdomi- como SafeKíd, desenvolvida em Washington pelo ci-
«IML mais frequentemente utilizado nos bancos tra— rurgião pediátrico Martin Eichelberger.
s'eiros dos automóveis, causa o típico
mecanismo do
ªêfnivete, causando lesões, principalmente de duodeno, REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
inesentério e coluna lombar (Fig. 25.4). O cinto su- 1. PANTLER, M. A.; HENNING, ].; BUNTAIN, W. L. Mechanism
ziférior, mal posicionado, pode também causar lesões, and Biomechanics ofTrafic !njurr'cs — Management of Pediatric
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'
As cadeiras próprias para crianças pequenas também Head injuries in infants and children: measures to reduce mortality

.
são
equipamentos que podem, em um "acidente", levar
ªrãpriança a diferentes mecanismos de trauma, inclu—
in road accidents. World J. Surg, v. 16, p. 403-409, 1992.
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incontrolada durante a colisão (“efeito canivete"). (B) Cinto of injury severity among helmeted and nonhelmeted bicyclists
ªlto aumenta o risco de lesão, particularmente intra-abdo-
mlnal, em crianças menores.
involved in collisions with motor vehicles. J. 1i-aumu. v. 31. p. 1510-
1516, 1991.

J.
162 1: Trauma

,“Wigs
º...
«,
I'llll'l'lllllMMlSMfl
São lesões traumáticas em diversas regiões, órgãºs
ou sistemas do corpo em que pelo menos uma das

Trauma Pediátrico
lesões coloca o paciente em risco de morte.
Quadro clínico:
IDiminuição do nível de consciência até o coma.
E Insuficiência respiratória até apnéia.
João Vicente Bassols Instabilidade hemodinâmica até choque hipovO.
a” lêmico (volemia: 80mL/kg).
A criança, quando sofre um trauma, sofre física e :Perda sanguínea.
emocionalmente e é acompanhada de pais angustia-
dos, que se sentem desamparados e com sensação de — Até 25%: frequência cardíaca normalpressãoou até
20% acima do normal para a idade,
culpa. Devemos lembrar disso sem prejuízo para a arterial (PA) normal, enchimento capilar nor.
tensão e a execução de procedimentos necessários. A mal: igual ou menor que 25, nível de cons.
manifestação de medo é uma constante nessas crian- ciência mantido, frequência respiratória mantida.
ças, e o principal agente para seu conforto é um pai
ou cuidador com bom vínculo afetivo. .Os pais ou —
Entre 25 e 40%: palidez cutânea, sudorese e
extremidades frias, confusão, desorientação,
substitutos são elementos importantes para conten— pulso fino, freqtiência'cardíaca acima de 20%
ção e controle da criança na sala de emergência. do normal para a idade, taquipnéia, diminui-
E importante dizer a verdade para a criança, que ção discreta da PA, enchimento capilar mais

Am
deve ser informada precisamente e com termos ade— prolongado.
quados ao seu nível de compreensão, dos procedi-

Acima de 40%: idem à anterior, acrescentan-

A-ÇwzçRMs Jan.—w
mentos a que vai ser submetida e do prognóstico. A do coma, taquipnéia acentuada ou apnéia, pulsos
imobilização da criança no momento de seu exame não palpáveis, PA em queda acentuada. para—
deve ser feita da forma menos traumática possível, da cardiorrespiratória.
com o auxílio de uma terceira pessoa. A presença de
sangue é um fator de aumento da angústia. Deve-se
ter o cuidado de limpa-lo ou cobri-lo o mais preco- GIIIIIIIII'II
cemente possível. A anamnese e o exame físico são
fundamentais em todas as situações e não devem ser
Avaliação rápida do ABCDE (ATLS —Advanced Trauma
Life Support; AITP — Atenção Inicial ao Trauma Pe-
negligenciados. - diãtrico) e reanimação.

BUIIGEI'I'II
Lesões ou alterações causadas na criança por agen- iria Aérea
ªI
e Manutenção Ila coluna cervical
Obter‘via aérea por manobras'manuais: tracionando
tes externos. Estão incluídos nesse conceito traumas
físicos e emocionais, contusões, ferimentos penetrantes, o mento ou empurrando a mandíbula.
intoxicações, corpos estranhos em orifícios naturais IIEntubação ordtraqueal (0 diâmetro da cânula deve
ou não, entre outros. corresponder-_ ao diâmetro do dedo mínimo ou
da narina da criança). Manter-imobilização adc-
rrrnrmútuen quada da coluna cervical sem hiperestendê—la (um

“. - v » e m a g
auxiliar deve segurar a cabeça com as duas mãos
Mais de 80% dos traumas nas crianças são contusos. em posição neutra). Se necessário, podem ser usa-
«.me. W
ma _
Enquanto nos Estados Unidos 10.000 crianças mor- dos medicamentos para auxiliar entubação: atropinfl
rem vitimas de trauma por ano. no Rio Grande do 0,01 a 0.03mg/kg por via intravenosA (IV); mida-
Sul a mortalidade devida a causas extemas é de 30%, zolam 0,15mg/kg IV ou cetamina 0,5 a lmg/kg
aproximando-se às cifras daquele país. IV; com TCE: atropina + cetamina ou tiopental
A primeira causa de trauma grave, que necessita 3 a 5mg/kg IV ou lidocaína Img/kg IV ou, abai—
de internação hospitalar, é a provocada por veículo xo dos três anos de idadejpropofol Img/kg IV.
automotor, sendo entre eles o mais frequente 0 atro— |:
Cricotireoidostomia com agulha, com jato intet<
pelamento. 0 trauma cranioencefalico (TCE) é o motivo mitente de oxigênio.
m

de internação mais comum. A maior causa de trauma


na infância está associada ao politraumatismo. A me— Respiração/Ventilação
dida que a criança cresce, aumenta a chance de trau-
ma por maior exposição aos agentes causadores dele. Manter adequada, com controle pela oximetria
de pulso. Se necessário, instituir ventilação me-
MEGIIIIISIIS IE 'I'IIllllIlIll cânica com: fração inspiratória do oxigênio (Fiº,)
em l (100%), frequência do ventilador: 20 pªrª
Ver Capítulo 25. escolares e 24 para pré—escolares e lactentes, pressªº
Trauma Pediátrico I
163

positiva expiratória final (PEEP, positive end- são intracraniana. Podem manifestar—se horas
:‘ expiratory pressure) = 50me. ou dias após e podem ser controlados por pro-
cedimentos clínicos.
IQuadro clínico: nível de consciência pela escala
Itireªulªlz'ªº de coma de Glasgow, ferimentos do couro cabe-
| Controlar sangramentos por compressão. ludo, fraturas cranianos, lesões maxilares e de face,
IAcesso venoso — superficial com cateteres de grosso sangramentos, hematoma ocular, sangramento
calibre (tipo Abbocathº) ou intra—ósseo (intra- auricular, liquorréia pelas narinas ou condutos
medular nos ossos longos), auditivos, outros distúrbios como paresias, alte—
IIniciar o tratamento do choque. rações pupilares, crises convulsivas, distúrbios
IEsrabilizar as condições hemodinâmicas, como de ritmo respiratório até apnéia, distúrbios cardio-
pulsos femorais ou radiais não palpáveis, PA circulatórios: disritmias, alterações de PA, choque.
sistólica abaixo do normal para a idade (até 12 I Conduta.
meses < 80mmHg, acima de 12 meses: 80mmHg
+ 2 para cada ano de idade), palidez acentuada.
—Escala de coma de Glasgow abaixo ou igual
a 7: TCE grave.
—Iniciar com 20mL/kg Ringer lactato IV em
lOmin.
' Entubação orotraqueal imediata.
' Cricotireoidotomia com lesões faciais graves.
- Ao persistir sinais de choque, repetir até três ' Hiperventilação: FiO, = 1 (100%), frequên-
vezes para estabilizar. cia respiratória:20/min e 24/min para crian-
—-
Após estabilizar: instalar soro de manutenção
para 24h (soro glicosado 5% 4:1 soro fisioló—
ças menores, PEEP: Scml—IZO, volume corrente
l a 1,5 vezes o normal.
gico) em crianças com peso igual ou menor
' Estabilização hemodinâmica: tratar o choque.
que lOkg, lOOmL/kg.
—-
De 10 a 20kg = 1.000mL + SOmL/kg que ultra- -
Sonda orogastrica (SOG).
-
Cateter venoso.

-
passar lOkg.
Mais que 20kg: 1.500mL + 20mL/kg que ul-
trapassar 20kg] acrescentar cloreto de potás—
-
Entubação traqueal, se houver: distúrbios res—
piratórios, lesões faciais, cervicais e torácicas
graves, instabilidade circulatória, risco durante
sio (KCl).
transporte.
- Monitor cardíaco e oxímetro de pulso.
— Sonda nasogãstrica (SNG) e controle de diurese.
lESãES Illllllllllilllllllllis
Em geral, causadas por acidentes de trânsito ou quedas.
IPreferencialmente
A proporção entre traumas cranioencefálicos (TCE)
instituir escore da escala de
e traumas raquimedulares (TRM) é de 1:100.
coma de Glasgow. Em {baa a criança que sofreu TCE ou trauma grave,
deve suspeitar—se de TRM. A mortalidade de crian—
"transição comnleta do Paciente e cuidados ças com lesão de colunalvertebral é de 69%.
ram o Meio Ambiente
.
, O TRM pode ser primário (descontinuidade aguda
da medula) ou secundário apósªhoras ou dias do trauma
Retirar toda a roupa do paciente sem grandes
por diminuição da circulação (Tabela 26.1).
mobilizações em um ambiente adequadamente
aquecido, para evitar perda de calor. A infusão O início dos sintomas neurológicos pode sofrer atraso
de líquidos também deve ser aquecida. de 30min a dias: dores na região da nuca, pareste—
IVerificar outras consequências—do trauma (exame sias/anestesias (queimação nas pontas dos dedos e
secundário): exame da cabeça aos pés — cabeça, palmas das mãos, perda de sensibilidade), ausência
coluna, tórax, abdome, extremidades/cintura de sensibilidade dolorosa, paralisia/perda de reflexos
pélvica; fraturas, imobilizações. medulares, priapismo, posições viciosas (por exem-
ISe necessário analgesia: fentanil 3 a 7mg/kg IV plo, pescoço torto), curvamento da coluna, bradicar-
lento (em 1 a 2min) ou morfina 0,05 a0,1mg/kg IV. dia/choque (choque medular em lesões completas acima
de T6), falta de respiração diafragmática (lesão aci-
ma de CS), parada respiratória.
',
TRM"! BBIIIIGEIIGEFMIGII ISÍllIIIÍI
ILesões primárias e secundárias. Conduta
- Primárias: lesões de tecido encefálico e vasos
sanguíneos consequentes ao trauma e que po— Na dúvida, tratar como se houvesse lesão. Pode ha-
dem necessitar abordagem cirúrgica. ver lesão sem evidência radiológica em ossos verte-
brais.
— Secundárias: hipóxia, isquemia, edema de tecido
nervoso, consequentes ao trauma, hipotensão, Il Fixar cabeça e coluna cervical em posição neu-
hipoxemia, hipercapnia ou aumento da pres- tra (mãos/colar cervical).
164 n Trauma

ªy,; TABELA 26.1 — Trauma raquimedular

são , SEGMENTO ESPINHAL MUSCULATURA FUNÇÃO

,, ?: C3 a C5 Diafragma Respiração _
5558‘m
p,.
CS e C6
(7 e C8
Biceps
Triceps
Flexão do cotovelo
Extensão do cotovelo
, '
«

É?
'
,5 ”(à
C3 E T1
L2 3 U
Flexor digital profundo
Quadríceps
Fechamento do punho e da mão
Extensão do joelho
L4 e L5 Tibial anterior Dorsíflexão do tornozelo

IEvitar torções da coluna cervical. Pacientes com — Tamponamento cardíaco.


capacete: não retirei-lo se houver função respi- . Ingurgitamento de veias do pescoço.
ratória preservada. Manobra para retirar 0 capa— ' Hipofonese de bulhas.
cete: segurar firmemente o capacete, imobilizar ' Hipotensão e choque.
a cabeça com duas mãos, enquanto alguem o retira.
IMonitorar funções vitais: respiração, circulação,
— 'Tórax instável.
Dispnéia, taquipnéia, cianose e dor.
nível de consciência. ' Movimentos respiratórios paradoxais.
-— “
P Z L -5 8 ' 6
IEntubação traqueal cuidadosa. Crepitação.
ll Estabilizar condições hemodinâmicas. ' Choque (ocasionalmente).
l

IManobras de reanimação, se necessárias. Ruptura traqueobrônquica.

L-S'Q
IPara transporte: superfície plana e rígida com fi- ' Pode associar—se aos sintomas de pneumotórax.
xação estável da cabeça. ' Estridor.
' Hemoptise.
TRAUMA Tfllflclflfl ' Enfisema
I Cºnduta. subcutâneo.
Quinze a vinte por cento das crianças com trauma e — Parada cardiaca e/ou respiratória reanimação.
—)

gravemente feridas apresentam trauma torácico. Pela — estiverem permeáveis.


Oxigênio a 100% com máscara se as vias aéreas


grande elasticidade do tórax, fraturas de costelas são
raras, mas a energia é transmitida às estruturas intra— Entubação traqueal.
torácicas, podendo acarretar lesões importantes: Drenagem torácica se não melhorar a insufi-
-

Principais: ferimento aberto detórax,pneumotórax ciência respiratória uni ou bilateral.


hipertensivo, hemotórax maciço, tamponamento car- lMedidas específicas.
draco, tórax instável, ruptura traqueobrônquica, contusão

Lesão profundª aberta da parede torácica:

.-—
pulmonar, hematoma pulmonar, contusão miocárdica. , 'Entubªçãº.
Clínica: ,“ ' Ventilação mecânica. »
S' r m e . ' Analgesia.
2.183 “315'respiratória.
1n 0 . . ' Curativo *,semi-oclusivo com válvula ou dre-
Insuftctência
——
Instabilidade cardiocirculatória. ,. _ Pgããrcnnotªaªílhiªpertensivot““-
Parada cardiaca.
ISintomas específicos. - Punção no 2º ou 39 espaço intercostal na li-'
l

Lesão torácica aberta.
' Defeito na parede com entrada e saída de ar.
nha hemiclavicular (Abbocathº calibroso).
' Drenagem
rior
pleural entre a linha axilar ante-
médiadreno.
Sº intercostal.
' Ruído característico de entrada e saída de ar. . Tamanho do no espaço
e a
.
Dispnéialtaquipnéia, cianose, dor.
' Ingurgitamento de veias do pescoço. ..
o Recem-nascido: 8 a 12F.
1 a 6 meses: 14 a 16F,
— Pneumotórax
- Dispneia,
hipertensivo.
batimento de asas do nariz, taquip- .
6 a 12 meses: 16 a 18F.
1 a 5 anos: 20 32813.

'
néia, cianose, dor.
Murmúrio vesicular diminuído à percussão,
hipemmpanismo.
.
o 6 a 12 anos: 30 aͪ'SZF.
Crianças maiores: até 40F,
' Posição semi—sentada.
' Movimentação do tórax reduzida unilateral— ' Oxigênio.
-
mente._
-— -
Entubação traqueal.
' Ingurgttamento das veias do pescoço. Ventilação mecânica.
-
Taquicardia, hipotensão, choque.
- Hemotórax.
Analgesia (morfina IV).
Hemotórax.
' As mesmas características do pneumotórax,
mais macicez àpercussãoe hipotensão, taqui-
--
Oxigênio.
Elevar parte superior do corpo.
cardia e choque. -
Repor volume se houver sinais de choque-
Trauma Pediátrico n 165

.- Acessos venosos calibrosos para reposição.


Analgesia. cirúrgica por laparotomia ou em casos selecionados,
por vrdeolaparoscopia.
_ Tamponamento cardíaco.
.Toracotomia
Abbocathº 14
com
imediata ou pericardiocentese
junto ao apêndice xif'óide lesões Iletlátlca e Esnlênica
à esquerda, no sentido do ombro esquerdo com
um ângulo de 30°.
São as vísceras mais freqiientemente atingidas 11a con-
tusão abdominal. Não são frequentes fraturas de ar—
,. Í

.o v á a s

“E

.-
Tórax instável.
Decúbito elevado, pressão sobre o local.
cos costaís associadas a essas lesões pela elasticidade
óssea nessa faixa etária. Podem ser observados equimo-

-.
Oxigênio. ses ou hematomas nos hipocôndrios. Pode haver defesa
Entubação.
abdominal e tensão. Mais da metade das crianças com
' Ventilação mecânica. lesões de fígado ou baço têm associadas lesões cranianas,
Analgesia (morfina) e sedação (midazolam). torácicas ou musculoesqueléticas,
— Ruptura traqueobrônquica.
Noventa por cento das lesões hepáticas ou de baço
..-
Entubação. são tratadas conservadoramente. Quando o paciente
Ventilação mecânica. está estável com lesões isoladas dessas vísceras, con-
Oxigênio. finnado por ultra—sonografia (US) ou tomografia compu-
' Drenagem pleural. tadorizada (TC) com contraste, pode-se adotar o tra—
- Analgesia e sedação. tamento conservador. Preconiza-se acompanhamento
em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com acurada
1.

IBM!!!“ flBllllMlllll observação por até quatro dias. Pode ser liberado para

;;,124-675
casa com restrição de atividade física por. no mínimo,
º.“ Trauma Abdominal [GEMINI seis semanas. 0 acompanhamento e feito por exame
5-
q.

elºª clínico, US ou TC, se necessário.


. Trauma violento, não penetrante, lesando órgãos intra—
abdominais (mais frequentemente baço, fígado, pâncreas, Quando há indicação de cirurgia pela instabilida—
; rins, duodeno ou bexiga).
de do paciente ou por associação com outras lesões,
A lesão se manifesta por hemorragia ou peritonite deve-se ser o mais conservador possível.
.' (geralmente com mais tempo de evolução: 6 a 24h) Lesões hepáticas que não sangram mais não devem
ser manipuladas. Lesões sangrantes devem ser suturadas
“ ou combinação de ambas. (hepatorrafias) e eventualmente necessitam de hepa-
Quadro clínico:
tectomias parciais.
IPaiidez, taquicardia.
Nas lesões esplênicas, da mesma forma deve ser
I Dor espontânea ou à palpação, defesa. adotada essa conduta. Quando houver necessidade de
IDistensão abdominal.
esplenectomia, deve-se manter tratamento com peni—

I Sinais peritoneais(diminuição de ruídos hidroae— cilina por via oral (VO) até os cinco anos de idade ou
reos, dor à descompressão). até dois anos após a cirurgia em crianças maiores. A
IEquimose da parede.
vacina antipneumocóeica também é recomendada.
I Marcas de pneu ou cinto.
ISangue no aspirado gástrico, urina ou fezes. Outro método preconizado nas lesões de vísceras
lDor no ombro esquerdo (ruptura de baço, irritação
maciças é a angioembolização para tratamento em
pacientes com sangramento ativo confirmado por TC.
frênica). No acompanhamento pós-operatório de um paciente
IDor no ombro direito (ruptura de fígado).
ll Hipotensão arterial ou outros sinais de choque
tanto com lesão esplênica como hepática, deVe—se ava—
liar clinicamente a evolução até seis semanas após o
hipovolêmico. trauma. Se houver dúvidas, indica-se US ou TC com
Conduta: contraste para complementar a avaliação.
lAvaliar funções vitais.
IVerificar existência de outras lesões. lesão Ilenal
IReposição de volume.
IOxigênio e ventilação, A abordagem é em geral conservadora. Noventa por
se necessário.
cento dos pacientes apresentam lesões de grau I 01.1 11
'Analgesia.
lSNG ou SOG. com excelente resultado com o tratamento conservador.
Quando houver grande extravasamento urinário
ICirurgia, se necessário. confirmado pela US ou pela TC iniciais, deverá sub—
meter—se a uma exploração cirúrgica com tentativas
-\ de preservação do órgão, mesmo que parcial. Quando
,‘
,
<$, causado por ferimentos de arma branca, arma de fogo, isso não for possível ou nas lesões do pediculo sem
condições de recuperação, deve—se realizar nefrectomía,
-.1_. emPªlamento ou outros. A conduta e a exploração
~-
observando-se as condições do órgão contralateral.
166 3 Trauma

Indicações para tratamento cirúrgico em pacientes com lesão Perineal complexa


trauma renal contuso são: hematomas em expansão, Nas lesões perineais complexas, com fraturas de bacia,
lesões vasculares renais, grande extrawsamento de urina, com deslocamentos, lesões de uretra e/ou reto, de.
hipertensão persistente. vem ser realizadas derivações para o tratamento ade.
Todas as crianças com lesões de órgãos sólidos quado das lesões e só após completar o tratamento
hemodinamicamente estáveis são candidatas ao tra- reconstrutivo. O trânsito digestivo elou urinário devia
tamento conservador após a definição das lesões pela ser reconstituído somente após a correção definitiva
US e/ou pela TC com contraste. dos defeitos primários.
Deve—se ter extrema acurácia na suspeita de lesões As fraturas instáveis de bacia devem ser adequadas
de vísceras ocas associadas ou complicações do tra— e precocemente imobilizadas com fixadores externºs,
tamento conservador. O estudo radiológico simples Ha estudos com uso de angioembolização e cirur.
de abdome agudo podera ser útil na confirmação gia minimamente invasiva (videolaparoscopia) para
diagnóstica. Aumento da dor abdominal, distensão, o tratamento de lesões contusas e penetrantes. A .
vômitos e sinais inflamatórios são indícios de com— videolaparoscopia pode ser usada nos ferimentos 5 ,;
plicação ou de lesões associadas de vísceras ocas e penetrantes da transição toracoabdominal. º.»
necessitarão tratamento cirúrgico imediato.
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
COBB, L. M.; VINOCUR, C. D.; WAGNER, C. W. et al. Intestinal
lesão m: ilisceras ocas perforation due to blunt trauma in children in an era of increased
nun-operativo treatment. I. Trauma, v. 26, p. 461-463, 1986.
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como no penetrante, o tratamento cirúrgico deve ser childhood: a 2 year survey. Can. Med. Assoc. I., V. 128, p. 281-284,
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tecnicamente possível a anastomose primária. available prevention strategies. Fediatricr, v. 75. p. 456-462. 1985.
*f'
rl1

Seção
Cabeça e Pescoço

,,,327 Lesões da Região Fronto-nasal .......


I

173
9 Sequência Pierre-Robin ................... 177
o cisto Tireoglosso ................................. 180

ft cistos, Seios e Fístulas


Branquiais ............................. 189
183
..........................................
..........................................
2 Torcicolo Congênita
‘7
3 Linfadenite Cervical 193

"54 Flebectasía JuguIar (Venoma ........


ou Ectasia da Veia Jugular) 198

r.
Lesões da Região Frente-nasal II 169

cego. O frontículo nasofrontal é o espaço existente


entre os ossos frontal e nasal. O espaço pré—nasal está
situado entre os ossos nasais e a cápsula nasal (pre-
cursora do septo e cartilagem nasal). O forame cego
corresponde ao espaço existente entre o osso frontal
e a crista gallí do etmóide. Durante o desenvolvi—
mento fetal, esses espaços fecham-se por fusão e
ossificação. O desenvolvimento anormal dessas es-
truturas parece estar envolvido na formação de der—
móides, gliomas e encefaloceles do nariz.
Nas primeiras fases da gestação, surge um diver-
João Carlos Ketzer de Souza tículo de dura—mater, através do forame cego, que se
estende até o espaço pré—nasal e intranasal. Cantata
podem ser definidas como massas e seios que ocor- brevemente o ectoderma do nariz. Esse divertículo
rem na região frontal inferior, glabela, porções mediais deve separar-se do ectoderma e se retrair até o siste—
. "' dos supercílios e dorso nasal.
ma nervoso central (SNC), fechando-se o defeito
. As lesões mais encontradas são: cisto dermóíde, craniano no nível do forame cego (Fig. 27.1). Se não
:; ª.
Iinfangioma, hemangioma, glioma nasal e encefalocele. ocorre essa separação e o ectodermada superfície re-
f Gliomas e encefaloceles são lesões raras de origem trai-se até as proximidades do nariz ou do'sistema
,? neurogênica. nervoso, podem aparecer trajetos, seios e cistos détmicos.
»“
r. :Prevalência: 1:20.000 a 40.000 nascidos vivos. Caso permaneça algum tecido neuroectodc'rmico pró-
ximo ao nariz, com obliteração parcial ou total da
' runmnruam
"
conexão com o SNC, forma—se um glioma nasal. Quando
a conexão com o SNC for mantida, forma—se uma eu-
0 período mais crítico na embriologia da face são as cefalocele nasofrontal, com herniação do cérebro, me—
12 primeiras semanas do desenvolvimento fetal. As ninges e dura—mater.
células da crista neural são os elementos-chave no
desenvolvimento da face, incluindo o nariz. As células elsto nermúitle
»» da crista neural craniana migram dorsolateralmente
:“ para formar o mesênquima cra'niofacial, que irá dife« I Conceito: lesão
” in .
renciar-se em cartilagens, ossos, glia e tecidos conetivos
dorso-nasal constituída por ele-
mentos embrionários ectodermicos (Fig. 27.2).
da face. Durante a formação da base do crânio e nariz, ILocalização anatômica: pode aparecer em qual-
essas estruturas mesenquimais irão fundir—se e ossificar. quer ponto da linha medial do nariz, desde a glabela
Antes dessa fusão, há espaços entre esses elementos até a base da columela. Sua localização mais
que são importantes no desenvolvimento das massas comum éjunto ao bordo inferior dos ossos nasais.
4.. congênitas de linha média nasal. Esses espaços in-
Et" patogênese: duas teorias tentam explicar sua
‘ cluem frontículo frontal, 0
o espaço pré-nasal e o forame origem.

Dura—máter

Osso frontal

Cérebro Cérebro Cérebro

Frohtlculo Fora me
frontal cego
Osso nasal
Dura-máter
em contato
com a pele
pré-nasal

FiI'Illra 27.1 - (A -de


C) Fases do desenvolvimento embrionário. Nas primeiras etapas surge_um
divertículo de dura-mater, que
se estende através forame cego e espaço pré—nasal até alcánçar o ectoderma dessa regiao. Esse
norrnalmente
dllvertlculo
Sepªrª do ectoderma e se retrai até o sistema nervoso central, fechando o defeito craniano no n1ve| do forame .
se
170 !
Cabeça e Pescoço

- Cisto extra ou intranasal com ou sem seio externo,


O trajeto do seio segue uma direção superior,
na frente ou atrás dos ossos nasais até formar
um cisto (forma mais comum). 0 cisto pode
conter material sebáceo e pêlos. A maioria dos
cistos está associada ao seio.
—— Seio ou cisto com comunicação intracranial.
Comunicação com o SNC é relatada em 4 a
45% dos casos.
!: Exame físico: alargamento da região fronto—naso-
orbitária, dando sugestão de hipertelorismo. A
compressão do seio, pode sair material com aspecto
de queijo e até pêlo. O cisto apresenta consis-
A B
tência mole a firme. Se infectar—se repetidamente,
pode adquirir uma consistência endurecida e
dolorosa. Não são transiluminaveis, não mudam
Figura 27.2 - Lesões congênitas mais comuns da linha mé-
dia do nariz. Cisto dermóide (A) e fístula dermóide (B)'.
de tamanho com o choro ou pela compressão das
veias jugulares (teste de Furstenberg).
u Investigação diagnóstica.

A primeira teoria baseia-se em uma falha na se—


«— Radiografia de crânio (frontal, lateral): pesquisar

sinais radiológicos de comprometimento intra-


cranial ou sugestivos — espessamento ou pla-
I‘ Q L S
paração da dura-mater da pele que a recobre du—
ca etmóide bífida, trato radiolucente nos ossos

var-cm
rante a embriogênese. Normalmente existe uma
fronto-etmóides, deformidade da crista gallí.
-
evaginação da dura—mater através do forame cego
até chegar ao espaço pré—nasal. Em condições TC: sinais tomográficos de cisto dermóide —
habituais, essa projeção da dura-mater separa- ossos nasais próprios bífidos, tabique nasal es-
se da pele e se retrai através do forame cego, pessado, imagem circular translúcida. A pre-
para finalmente desaparecer. Se a separação entre sença de um forame nasal amplo e/ou crista
a pele e a dura-mater for defeituosa, a dura—mater galli bífida sugere extensão intracranial.
se retrai, mas como continua aderida à pele, forma
uma invaginação de elementos epiteliais no es-
— Ressonância nuclear magnética (RNM) cos—
tuma mostrar sinal de hiperintensidade em T1
paço pré—nasal com ou sem conexão dural. devido ao conteúdo de gordura. Permite visua-
A segunda teoria é que teriam origem superficial lizar os cistos dermóides com melhor defini—
ou nasal resultante do seqiiestro de epitélio pelo ção e os cortes sagitais determinam com clareza
desenvolvimento dos ossos nasais ou aberrações a.extensão intracranial..
nos derivativos ectodérmicos. n Tratamento: excisão cirúrgica. Com envolvimento
IFrequência: 1 a 3% de todos os cistos dermóides intracranial:,acesso craniofacjal combinado, ini-
congênitos e 12% dos cistos dermóides da ca- ciando a explor ão pelo lado nasal, aos dois a
beça e pescoço. É o tumor congênito nasal mais
frequente.
três anos
de'idaªdçe. »“

IRepresenta 60% das lesões nasais de linha média


da criança.
liliomallasal
|!
Sem predisposição sexual. n Conceito: considerado uma encefalocele que perdeu —
n Anomalias congênitas associadas: 5 a 40% (atresia sua conexão intracranial, embora 13 a l5% pos-
aural, retardo mental, anormalidades da coluna suam pedículo fibroso conectandose com o espaço
.espinhal, hidrocefalia, hipertelorismo, microssomia intracranial através de um defeito na placa cribri-
hemifacial, albinismo, agenesia do corpo caloso. forme. Por causa do fechamento anormal do fron—
atrofia cerebral, lipoma lombar, lábio leporino, tículo frontal, restos de tecido glial ectópicos podem
fenda palatina e outras). ter ficado sequestrados extracranialmente durante
IPrevalência: 120.000 nascidos vivos. a regressão do divertículo dural (Fig. 27.3). Massa
Quadro clínico: ampla variedade de apresentações: sólida de tecido glial em matriz de tecido conetivo
-—Seio sem cisto. A abertura do seio pode ser
minúkcula ou larga, por onde pode ser obser-
separada do cérebro.
É raro. Alguns autores sugerem uma prevalên-
vada_a presença de pêlos. O seio pode ser curto, cia aproximada de 1:250.000 nascimentos.
terminar cegamente superficial ou profunda— Sem predisposição sexual ou levemente mais eº-
mente em estruturas da linha média do nariz mum em meninos.
ou estender—se distante no sentido extra ou e Derivado de fechamento anômalo dos ossos nasªl
intracraniano. e frontal durante o desenvolvimento embriológico.
Lesões da Região FrontOvnasal I 171

,
Figurª 27.3 - Glioma nasal. Remanescente ectópico neu-
mectodérmícº da extensão do sistema nervoso central até 0
_ ., _ ,

Figura 2.7.4 — Aspecto clinico do glioma extranasai. Massa


. "amt. sólida, Ilsa, arredondada. coloração avermelhada. Notar
'? também o alargamento da base do nariz e hipertelorismo.

.
desenvolvendo—se de restos extracraniais de te—
cido glial.
Localização: extranasal (60%, externamente aos
— TC do assoalho da fossa cranial anterior é útil
para visualizar defeitos ósseos. A massa é isoden-
ossos e cavidades nasais), intranasal (30%, den- sa. Pode ter extensões através da glabela, ossos
tro das cavidades nasais), mistos (10%, com com- nasais, placa cribiforme e forame cego. A TC

— e melhor para definir anormalidades ósseas.


ponentes intra e extranasais, comunicando-se através
de defeito nos ossos nasais ou ao redor de suas RNM é considerada o método mais adequa-
margens). ‘ do, pois define a massa tumoral e extensão
lQuadro clínico do glioma extranasal: massa só- intracranial. Geralmente hipertenso em T2 e
lida, firme, lisa, arredondada ou polipóide, de co— pode parecer iso ou hipotenso em Tl. É me-
[oração avermelhada, nae-compressive], não- lhor para definir os detalhes da massa de teci—
pulsãtil. podendo estar associada a telangiectasias
” dos moles e confirmar conexões intracraniais.
na pelc circunvizinha (Fig. 27.4). Na maioria das
I Tratamento:
excisão. Grandes defeitos podem ser
vezes, encontra-se presente ao nascimento. Não reâbbertos por enxerto de pele (pele total da região
retroauricular) ou retalhos de pele com área doadora
aumenta com o choro e tosse. Pode localizar-se
na linha média ou unilateral. O diâmetro varia localizada na glabela. Se houver extensão cranial,
de 1cm a 3cm. Causa hipertelorismo orbitário e está indicada cranio'tomia concomitante. 0 in—
alargamento da base do nariz. Cresce no mesmo tranasal
cópícas.
pode ser resseca'do por técnicas endos—
'

ritmo que os tecidos da região. Algumas vezes
causam lacrimejamento excessivo por compres—
são do ducto lacrimal. Encefalocela Nasal
O glioma intranasal aparece como massa polipóide
na câmara nasal, podendo ocorrer protrusão. Sin—
Conceito: e a protrusão de parte do conteúdo
craniano através de um defeito ósseo, podendo
toma mais comum é a obstrução da cavidade nasal. a massa conter somente meninges (meningoce-
Por seu crescimento, costuma deslocar o esque— le) ou meninges e cérebro (meningoencefalocele).
leto nasal, maxila e órbita. O diagnóstico dife-
rencial deve ser realizado com encefalocele e pólipo
Representa uma persistência neuroectodérmica
localizada no espaço pré-nasal, sem conexão com
inflamatório. o ectoderma. Está separada da pele suprajacente
IRecidiva pós-ressecção é rara (10%). Algumas
e ossos da região, mas permanece conectada
Vezes (13 a 15%) pode apresentar conexão com
proximalmente a elementos neuroectodérmicos
o sistema nervoso central através de pediculo de (dura-mater). Durante a fase inicial do desen-
tecido glial ou fibroso, que atravessa a placa cri- volvimento embrionárío, ocorre protrusão da parte
biforme. anterior do cérebro e da dura através do forame
l Microscopia: grandes agregados de astrócitos e cego para dentro do espaço pré-nasal, que é li—
tecido conetivo fibroso. mitado pelos ossos frontal e nasal anteriormente
'- Investigação diagnóstica.
Radiografia de crânio.
e posteriormente por cartilagem. Logo após, o
processo dural oblitera—se e o forame se fecha.
172 l
Cabeça e Pescoço

TABELA 27.1 — Diagnóstico diferencial das massas congênitas nasais de linha média
CARACTERÍSTICAS ENCEFALOCELE GLIOMA DERMÓIDE
Aspecto Mole. compressivei, azulado Avermelhado, sólido, Mole ou sólido. com seio,
não-compressivel com pêlos
Localização lntranasal e externo Intranasal e externo Intranasai e externo
Pulsação Sim Não Não
Defeito cranial Sim Muitas vezes Ocasional
História Meningite Rara Infecção local

Qualquer falha desse processo de obliteração deixa I Quadro clinico: mole, compressivo], pulsátil, azu-
um canal, um caminho que favorece a extensão lada, transiluminável, aumentando com o choro,
de tecido glial, originando a encefalocele (Fig. manobras de Valsalva ou pela compressão das
27.5). veias jugulares (teste de Furstenberg positivo).
I Sem predisposição sexual. I Investigação diagnóstica: TC ou RNM. A RNM
I Prevalência: 1:35.000 nascidos vivos. é a modalidade de escolha, pois determina o
I Anomalias associadas: 30 a40%. Mais comuns: tamanho, a extensão, a,:natureza do conteúdo da
microcefalia, hidrocefalia, microftalmia, anof— encefalocele e as anomalias intracraniais asso-
talmia, agenesia do corpo caloso, porencefalia, ciadas. Isointensa relativa à massa cinzenta em
atrofia cortical, dilatação ventricular, braquissin- T 1 e hiperintensa emT2 pela gliose. A TC mostra
dactilia, fenda palatina, sindrome de Goldenhar. alterações ósseas compatíveis com extensão
I Classificação: dividida nos tipos sincipital e ba- intracraniana: bifidez, ou ausência da crista galli,
sal. O tipo sincipital apresenta—se em torno do placa cribriforme e osso frontal.
dorso nasal, órbita e fronte e é associado a massa Tratamento: excisão da massa com o cérebro
externa óbvia. O tipo basal localiza-se na naso— herniado e fechamento do defeito da dura. Com
faringe e cavidade nasal. extensão intracranial está indicada craniotomia
associada.
A Tabela 27.1 nos mostra as principais caracterís-
ticas clinicas das massas congênitas nasais de linha
média.
REFERENCIA BlBLlOGRÁFlCA
, 1. PUIG, L. 1. Defeclos de la línea media: senos, fistulas y quistes.
Cérebro
& Pmtocplor Diagnósticos y Terapéuti'car m Dennamlogl’a Pedi-í-
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reta com o sistema nervoso rentral‘. Med., v. 45, p. 15-17, 1999.
1
1
1
:

Lesões da Cavídade Oral a 173

outras malformações de face (fenda palatina


é a mais comum) e crânio.
- Tomografia computadorizada (TC), ou resso—
nância nuclear magnética (RNM): definem a
extensão, sítio de origem, presença de lesões
do sistema nervoso central (SNC), identificam
áreas de calcificações e áreas císticas.
I Pré-operatório.

- nóstico
Indica-se cesárea nos tumores grandes com diag-
pré-natal.
- Estabelecimento de via aérea confiável (pºr
entubação endotraqueal, nasotraqueal, ou tra-
queostomia).
'“ As lesoes mais importantes são: epignato, epúlide, an- m Tratamento: ressecção do tumor via cavidade oral.
,cilogiossia inferior, mucocele, tireóide lingual, linfan-
gioma da língua, macroglossia e rãnula
EI'ÍIllIlE GGRGÉRI'I'R
1111111111111 ll Conceito: tumor congênito dos tecidos moles cres-
I Conceito: tumor teratóide congênito raro, na cendo da margem alveolar anterior do maxilar
, cavidade oral, que distorce a anatomia Orofacial. superior ou inferior (Fig. 28.2). Não tem cone-
O tumor cresce do palato ou faringe na região xão com o osso. Também denominado de mioblas-
da bolsa de Rathke (Fig. 28.1). Pode envolver toma de células granulares.
.& as amígdalas e/ou língua, estando muitas vezes iaEpidemiologia.
, aderido ao osso esfenóide. A base de implanta—
ção pode ser única ou múltipla.

Frequência da origem: dois a quatro na maxi-
la para um na mandíbula.
I Enologia: desconhecida. Teoria mais aceita: oriundo
de células totipotenciais na região da bolsa de
——
Mais freqiiente no sexo feminino (80%).
Múltiplos em 10% dos casos.
Rathke, crescendo de uma forma desorganizada. I Etiologia: histogênese é ainda incerta. Muitas
I Diagnóstico pré-natal: massa tumoral com áreas teorias sugerem origem de células epiteliais, células
sólidas e císticas, em adição a áreas com calcifi- mesenquimais indiferenciadas, perícitos, fibro-
!“ cações. Poliidrâmnio é comum e, provavelmente, blastos e células musculares lisas. Como cresce
causado pela obstrução da orofaringe fetal que em recém—nascidos (RN), pode-se pensar que
impede a deglutição. hormônios maternos influenciam o aparecimento
I Quadro clínico: tumor grande, preenchendo com-
pletamente a cavidade oral, em protrusão para erçrescimen‘to dessa lesão Esse tumor pára de
crescer ao nascimento e algumas vezes pode até
fora da boca, causando sofrimento respiratório.
sofrer regressão espontânea. Não é claro se a epúlide
Mais frequente em meninas.
lInvestigação diagnóstica.

-_, -
Radiografia do tumor mostrando áreas de calcifi-
cações, algumas vezes assimetria cranial, ou

Flªuta 28.1—Epignato ocupando toda a cavidade oral e em Figura 28.2- Recém-nascido com epúiide séssil crescendo
". Drotrusão, da margem alveolar do maxilar superior.
174 : Cabeça e Pescoço

congênita representa uma lesão neoplásica, de- llllllnllili


generativa, ou reacional. A ausência de recor- IConceito: formação de estruturas císticas em qual-
rência local, mesmo após excisão incompleta e
quer local da superfície mucosa da cavidade oral
a possibilidade de regressão espontânea favore-
(principalmente lábio inferior e bochechas).
cem a origem não-neoplásica. Parece originar-se il Etiologia: irritação crônica e/ou trauma recur.
de células mesenquimais primitivas com diferen—
ciação miotibroblástica não-neoplásica. rente obstruindo a drenagem de glândula mucosa.
I Quadro clínico: presença de tumor protuberante, Pode romper espontaneamente, frequentemente
submucoso, séssil, ou pedunculado (raro), encap- sofrendo recorrência posterior.
I: Tratamento: excisão das sintomáticas.
sulado, coloração vermelho-clara ou marrom,
medindo 2 a 5cm de diâmetro e aderido, por uma
base ampla, a região do canino ou incisivo do TIBEÍIIBE lllllillll

.º“.,m—sa,
alvéolo do maxilar superior ou mandibula. Al- Conceito: falha de migração da glândula tireóide
gumas vezes protubera pela boca. Raramente é para sua localização cervical normal.
grande o suficiente para causar dificuldades na IllEpidemiologia.
alimentação e na respiração, ou sangramento es-
pontâneo.
- Das tireóides ectópicas, 90% localizam-se na
língua e 10% na regiãocervical acima do osso
I Histopatologia: tumor de grandes células granulares
hióide. Posição lingual mais comum: porção

wa-—cquAng. a.“ , J
1“
eosinofilicas, formando nichos sólidos, células posterior da língua, perto do forame cego.
fusiformes parecendo fibroblastos, separados por — Mais frequente no sexo feminino (75%).
delgadas áreas fibrovasculares. Provavelmente
é um tumor derivado do mesênquima.
-
Setenta e cinco por cento não têm outro tecido
tireóideo funcional.
ITratamento: excisão do tumor. sl Quadro clínico: maioria é assintomática. Outros
achados: disfagia, dispnéia.
ARGllÍllilllSSlA lllflhlllll llllllillll PRESA] IInvestigação diagnóstica: solicitar cintilografia
corn iodo.
I Conceito: defeito de desenvolvimento do freio Tratamento.
lingual, que o torna curto, restringindo os movi-
mentos da ponta da língua. Afeta 3 a 4% dos — No paciente eutireóideo e assintomático: ob-
servação,

%É —
lactentes e crianças pequenas e tem predisposi- No paciente sintomático: terapia supressiva com
ção pelo sexo masculino, variando de 1,5 a2,6M:lF.

S L Q' B E Z V
hormônio tireóideo. Se falhar, indicar excisão
I Quadro clínico: 0 freio espesso e fibroso, ou

I
e completa e terapia hormonal. Autotransplante
fino e membranoso, curto, inserindo-se na pon- da glândula excisada ou transferência pediculada

L-GB
ta da língua, tornando limitada ou impossível a ’1‘. tem sido tentadas com resultados inconstantes.
protrusão da lingua além dos incisivos mandi— )- .Ã

ll:
»

bulares. A ponta da língua, quando de sua extrusão,


fica ondulada (com a forma de um coração), llllFlllllilllMR Illi 1111mm

”Jªl—mnh _
podendo haver limitação dos movimentos late— IÉ a principalçcausa de macroglossia na criança.
rais e impossibilidade de sua elevação.
IFisiopatologia: freio curto pode causar problemas " I Pode ser confinada a uma porção da língua, ou
o comprometimento e difuso (geralmente). A
de amamentação no peito, sucção incoordenada, maipria atinge os 2/3 anteriores da língua e por
erros na articulação das palavras, principalmente isso, obstrução de via aérea não é comum. Quando
de sons linguais e sibilantes como T, D, Z, S, N o comprometimento e difuso, pode envolver o
e L, efeitos mecânicos (nas crianças maiores), assoalho da boca e regiões submandibulares e
como dificuldade na limpeza oral e diastase dos submentoniana.
. incisivos centrais inferiores por freio espesso. a Quadro clinico: presença de múltiplos pequenos
Não causa retardo na fala. cistos translúcidos, dando a língua um aspecto
ITratamento: firme, verrucoso. Essas pequenas vesículas tendem
— neamente
Se freio é
o delgado, pode desaparecer esponta-
ou pela sucção.
a exsudar linfa, proporcionando o aparecimento
de infecções recorrentes. Salivação abundante.
— Nos outros casos está indicada sua secção. Após
os seis meses de idade deve ser realizada fre-
disfagia, dificuldades na alimentação e ataques
recorrentes de glossite (tratar com antibióticos)
notomia com anestesia geral, evitando lesão são os achados clínicos mais comuns, A línguª
dos ductos das glândulas submandibulares e exposta fica ressecada e edematosa (Fig. 28.3)—
artérias linguais. .. m Aumentos recorrentes da língua costumam ser
— Frenuloplastia está indicada nos freios'i'nuito
curtos e espessos. A incisão é realizada no sentido
secundários a trauma ou infecção.
ITratamento.
horizontal e a sutura no sentido vertical. —
0 tratamento é decidido pelo nível de disfunçãº-

3.4.1." ,.
Lesões da Cavidade Oral ll
175


Figura 28.3 Grande Iinfangioma de língua com protrusão
manente. Língua com aspecto hemorrágico e verrucosa.
Figura 28.4 — Rânula sublingual.

- Nos casoscom sintomas brandos: optar pela


destruição das vesículas por laserterapia ou
infra-hióidea, relacionada a glândula sublingual
(Fig. 28.4). Sem predisposição sexual. A pala-
eletrocoagulação. vra rânnla significa pequena rã, ventre de rã.
- Remoção completa da lesão é impossível. O a Classificação.
tratamento baseia—se na redução do tamanho
da língua, que pode ser estagiada, com res- — Rânula sublingual (intra-oral): tipo mais co-
mum. -
secção da ponta e ressecção segmentar marginal
bilateral em forma de V, com reconfiguração --Rânula mergulhante (infra-hióidea): rânula oral
com extensão cervical através do músculo milo—
do seu contorno. Glossec'tomia parcial não deve
ser combinada com a ressecção de linfangioma hióideo e/ou genio—hióideo.
do assoalho da boca e pescoço. Deve ser rea- as Etiopatogênese.
lizada em um 2ª estágio. Antibióticos devem - Rânula sublingual: obstrução parcial do ducto
excretor comdilatação ductal proximal, rup-
ser iniciados 24h antes da cirurgia. Se houver
inflamação da língua, iniciar antibioticoterapia tura, extravasamento e subseqiiente acúmulo
cinco a sete dias pré-operatoriamente. saliva nos tecidos circunvizinhos. O muco
die
IVer “Linfangioma Cístico (Higroma Cistico)”, que se acumula no tecido conetivo forma o pseu-
no Capítulo 47. docisto, desprovidp de epitélio. .
mas ~ Rânula mergulhante: ducto completamente

11111110111111.3111 obstruído sofre ruptura om formação de pseu-


docisto (sem epitélio verdadeiro). Após a ruptura,
ausas Primfirias e Secunnarias secreções salivares extravasam, causando erosão
ICausas primárias: hipertrofia muscular idiopática nos tecidos adjacentes e mergulhando através
dos músculos para a região cervical.
como parte da síndrome de Beckwith—Wiedemann ri Quadro clínico.
[associada a onfalocele ou hérnia umbilical,
visceromegalia (rins, adrenais, pâncreas e fíga- — Rânula sublingual: massa cística unilocular,
indolor, coloração azulada, forma hemisférica,
do), gigantismo somático, ou hemi-hipertrofia e
(

hipoglicemia]; síndrome deDown; cretinismo do consistência mole, transiluminável, flutuante,


compressível, mas não redutível, unilateral, con-
ª: hipotireoidismo.
,?
? “ 'Causas secundárias.
- Comprometimento difuso da língua: linfangioma
tendo liquido espesso e viscoso rico em amilase,
pólo superior livre e pólo inferior intimamen-
':
e/ou hemangioma. te aderido aos planos profundos.
- Comprometimento localizado: cisto tireoglosso
lingual, cisto dermóide lingual e rãnula.
— As rânulas mergulhantes podem ser redutíveis
na sua porção intra-oral, esvaziando—se quase
completamente na sua extensão cervical. Na re—
gião cervical, apresentam-se como uma tume-
fação submandibular de consistência mole.
l
Conceito: coleção líquida viscosa tipo muco, en-
cistada, localizada no assoalho da boca ou região
—-Dor no assoalho da boca: raro.
- Salivação aumentada.
176 I CabeçaePescoça

ITratamento. na rânula mergulhante com muita eficiência e


- Rânula sublingual: marsupialização para dentro
da cavidade oral. Identificar, previamente, os
poucos efeitos colaterais. Essa substância evoca
inflamação e infiltração de células inflamató.
45.“

orifícios dos ductos das glândulas submandi- rias nos espaços císticos. Após a injeção de
“É? bulares. As recidivas devem-se ao contato das 0K—432, existe extensa produção de citocinas,
&

bordas da ferida cirúrgica uma com a outra incluindo interleucina-6 e fator de necrose
“É?/ª:

em um espaço muito estreito no assoalho da tumoral (TNF). Essas citocinas aumentam a


boca e também aos movimentos da língua. permeabilidade endotelial. A drenagem linfá.
— Rânula sublingual recorrente: excisão da rânula
e glândula. Risco de sangramento, lesão do
tica acelerada e o fluxo linfático aumentado
causam diminuição dos espaços císticos.
%ӻ

nervo lingual e do ducto submandibular, que


se situam muito perto da glândula sublingual. BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
' » Rânula mergulhante: dissecção cervical
ex— HALL, D, M. E.; RENFREW, M. J. Tongue tie. Arch. Child, v. 90,
cisando o pseudocisto e glândula sublingual p. 1211—1215, 2005.
atrofiada. Pode ser complementada por-dissec— LACK, E. E,; WORSHAM, G. F.; CALLIl-IAM, M. D. et al. Gingival
ção intra—oral. Por não ter cápsula, na sua res- granular cell tumor of the newborn (congenital epulis), A clinical
and pathologic study of 21 patients. Am J, Surg. Pathol,, v. 5,
secção apresenta risco de lesão de estruturas
p. 37-46, 1981.
circunvizinhas.
LALAKEA, M. L.; MESSNER, A. .H. Ankyloglosia: does it matter?

E L S-s‘ bz vI Q
Criocirurgia tem sido preconizada no tratamento Pediatr Clin. N. Am., v. 50, p. 381-397, 2003.
primário. Produz atrofia da glândula salivar e PANDIT, R. T.; PARK, A. H. Management of pediatric ranula. Om.
fibrose dos tecidos glandulares. Poderia ser laryngol. Head Neck Surg., v. 127, p. IIS-118, 2002.
utilizada após a marsupialização com o pro- REINSHAGEN, K.; WESSEL, L. M,; ROTH, H.: WAAG, K. L.
pósito de diminuir as recidivas (i 35%). En- Congenital epulis: a rare diagnostic in pediatric surgery. Eur, l.
tretanto, os efeitos da criocirurgia são ainda Pediatr., p. 124-126, 2002.
desconhecidos e mais pesquisas são necessárias. W00, J . S,; l-IWANG, S. ].; LEE, H. M. Recurrent plunging ranula
— Recentemente, o agente esclerosante 0K-432
(Picibanil) tem sidousado de forma intralesional
treated with OK-432. Eur Arch. Olorhinolaryngal.. V. 260, p. 226-
223, 2003.
Seqúência Pierre-Robin I
177

. sequência é caracterizada pela presença de microg-


'retroglossoptose e, na maioria dos casos, fen-
Épalatina, predispondo a dificuldades respiratórias
eãumenmçao (Fig. 29.1).
micrmo sequência tem seu significado definido Figura 29.1 — Sequência Pierre-Robin. (A) Hipoplasia man-
fo aparecimento de uma série de condições deriva- dibular. (B) Glossoptose com deslocamento posterior da lín-
gua díficultando a respiração.
as de uma seqiiência de eventos, iniciada por um
atõf'especítico (no caso, hipoplasia da mandíbula).
õ fermo síndrome é reservado para erros da mor- A dificuldade respiratória e amenizada durante o
6 gnose com presença simultânea de múltiplas ano-
aãlitis causadas por um fator simples (geralmente gené- sono, pois o paciente faz menos esforços ativos para
manter a via aérea desobstruída.
A dificuldade respiratória piora durante a alimen-
esma condição genética.
ãªAÉseqtlência Pierre-Robin (SR) pode ser dividida tação, pois a deglutição aumenta a pressão negativa
isolada, associada a outras malformações e sin- na faringe.
, A micrognatia está presente em quase todos os casos.
. Siririca, quando associada a síndromes.
E caracterizada pela retração do arco dental inferior
$ ,. em 10 a 12mm em comparação com o arco superior.
giirmolnaln Glossoplose está presente em 85% dos casos. Macro—
ÚÇPrevalência: 18.500 a 10.000 nascidos vivos. glossia e anciloglossia ocorrem em apenas 15% dos
!,,Sem predisposição sexual, exceto nas formas liga- casos.
. das ao cromossomo X, também relacionadas a A presença de fenda palatina é muito variada, parece
]. malformações cardíacas e pés tortos. situar—seentre 70 a‘80%. A fenda pode ser completa
ou incompleta. Enf 70% dos casos com fenda, ela é
ampla, completa e tem a forma de U e em 30% é estreita,
iam-mmm
I
completa ou incompleta, em forma de V. Ocasional-
mente, pode apresentar-se com dvula dupla, ou bífida,
%%ência Pierre-Robin não-sindrômica, a hipoplasia
píandíbula (lesão primária que ocorre entre a 7ª e ou fenda oculta submucosa. . '
x

-
:s mana de gestação) ocasiona o deslocamento
alg‘slterior da língua na faringe e uma macroglossia IIIIllMIIlIIIS ISSIIGIIIIIIIS
'
lativa. A posição alta da língua na cavidade oral Micrognatia e glossoptose são componentes de inú—
flag? evitar o fechamento das metades palatais, cau- meras síndromes genéticas.
êgdo uma fenda. A posição mais posterior da lín— Em aproximadamente 70 a 80% dos casos existe
Égªfraroposição) resulta em obstrução parcial da associação com fenda palatina sem lábio leporino.
_claªaerea superior. Durante a inspiração, a pressão Palato sem anomalia é encontrado em 20% dos casos.
negativa surgida na faringe, retrodesloca a língua,
Anomalias associadas: defeitos das extremidades
umfintando a obstrução. 0 bebê aumenta mais seus (pés eqtiinovaros, sindactilia, polidactilia, ausência
igrços respiratórios na tentativa de vencer a obs- de dígitos, ossos longos hipoplãsicos), defeitos
?ªº; Pºrém mais pressão negativa inspiratória é gerada cardíacos (defeitos septais. tetralogia de Fallot,
,ªnflgº, sugando língua a em direção via
à aérea. coarctação da aorta). defeitos oculares (estrabis-
,?— .YBSenga de fenda palatina, essa situação agrava- mo, hipermetropia, miopia, estenose do _ducto
~
(fªdª mais, pois a língua tende a encravar na fen- nasolacrimal, glaucoma, ptose, microftalmia), pro-
«;,-P10r§nflo a obstrução.
blemas otológicos (otite média, anomalias auricu-
““Ó WSlçao súpina acentua a dificuldade respiratória, lares, perda da audição).
s a línguª. por gravidade, desloca-se mais poste- III Síndromes associadas sequência de Pierre—Robin
a
mºrmente.

sindrômica: síndrome de Stickler, trissomias 11,


178 I Cabeça e Pescoço

18, síndromes velocardiofacial (síndrome de


Shprintzen),de Moebius, de Beckwith-Wiedemann,
de Treacher Collins (disostose mandibulofacial),
artrogripose distal e associação CHARGE.
A síndrome de Stickler é a mais comum. Tam-
bém conhecida como artrooftalmopatia hereditária
progressiva. É uma doença genética progressiva
do tecido conetivo que afeta as articulações, olhos,
palato, coração e audição. A hipoplasia mandi-
bular é intrínseca e causada por déficit de pene-
tração do tecido conjuntivo através do palato.
Doença autossômica dominante. As caracterís-
ticas dessa sindrome são:
— Relativas aos olhos: miopia, risco de descola-
mento da retina por degeneração, catarata, glau-
coma, anomalias do corpo vítreo.
— Musculoesquele'ticas: aumento de volume das
articulações, hipermobilidade das articulações,
Figura 29.2 — Seqúência Pierre-Robin.,Micrognatia clássica,

õ u - R Ç z s o _/: r e L
osteoartrite precoce, cifose, escoliose, pecrus
excavatum. nasal aplanada) (Fig. 29.2), pesquisar posição e
- Crâniooro-faciai: fenda'palatina, palato submu- tamanho da língua, alterações no palato (palato
coso, úvula bífida, micrognatia, seqiiência Pierre— arqueado e alto ou fenda palatina completa ou
Robin, face plana com nariz pequeno, pregas submucosa) e sinais de dificuldade respiratória
epicânticas, olhos grandes e proeminentes. (estr'idor, tiragem subcostal, crises de apnéia e/ou
—- Audição: possível perda auditiva neurossensorial
e condutiva e orelhas pregadas.
cianose). A dificuldade respiratória pode ser
persistente e grave, ou intermitente relacionada
— Cardiovascular: prolapso de válvula mitral. ao sono, alimentação ou postura.
Radiografia de tórax.
a Nasofaringosc0pia: tem a finalidade de identifi-
GUISSIFIGIÇIIB car o tipo de obstrução respiratória e analisar no
A obstrução respiratória na SR nem sempre é causa- tipo 1 a gravidade da glossoptose.
da pela glossoptose; outros mecanismos podem estar A glossoptose pode ser classificada em:
envolvidos. Estudos realizados com nasofaringoscópio
de fibra óptica em pacientes com anomalias craniofaciais Leve:_ quando há retroposição da língua, mas na
e apnéia obstrutiva demonstraram quatro tipos de ’1‘ maiorpane do tempo o seu dorso não toca a parede
obstrução: ª posterior da faringe. '

Moderada: quando na maior parte do tempo o


= Tipo 1: a obstrução resulta do retroposicionamento dorso da lin gua toca a parede posterior da faringe,
do dorso da lingua, que entra em contato com
a
parede posterior da faringe, abaixo_do palato mole.
. porém sem pressiona-1a.
' m Grave: quando o 'dorso da língua pressiona a pa-
ITipo 2: a obstrução resulta do retroposicionamento rede posterior da faringe.
do dorso da língua, com compressão do palato
mole ou partes dele (quando a fissura esta pre-
sente) contra a parede posterior da faringe. rnmrirm
n Tipo 3: as paredes laterais da faringe movem-se
medíalmente, obstruindo as vias aéreas, e a lín— “EMS de Tratamento
gua não entra em contato com a parede poste- Geral
rior da faringe (faringomalãcia).
|!
Tipo 4: a contração da faringe é esfincteriana, 0 bebê deve aprender a respirar, mamar e deglutir aº
circular e a língua não entra em contato com a
parede posterior da faringe,
mesmo tempo. Como gastam muita energia com
alimentação, eles costumam cansar e ficar esgotados.
ª
A amamentação é importante, pois mantém os músculos
0 tipo l de obstrução respiratória e o mais frequen-
da língua e da cavidade oral ativos.
temente encontrado na SR. Ocorre em aproximada-
mente 80% dos casos. Tem melhor prognóstico. Posicionamento adequado em decúbito ventral
e plano 24h por dia. O banho, alimentação e mu-
danças de fraldas devem ser realizados nessª
IIIIIESTIGIIGÃII IIIIGIIÍIS'IIBA posição. .
u História e exame físico: fácies característica (mi— a: Alimentação com o bico da mamadeira incisadº
crognata com queixo pequeno e recolhido e base crucialmente e técnica adequada (polegar esquªr º

—,_— «'.-.... ,“,


.
i
,
Seqãênda Pierre-Robin l
179

da enfermeira ou mãe empurraa mandíbula para da externamente. O comprimento desse tubo é


ª ii frente). A amamentação no seio materno não é a crítico. A ponta deve permanecer logo acima da
melhor opção (dificuldade de sucção). É reco- epiglote, ultrapassando a obstrução causada pela
endada fórmula de alto valor calórico para o língua. Confirmar posição com radiografia de região
ªbrª,
ganhar peso, ou mesmo leite retirado da
ª" mãe. 0 valor calórico do leite materno pode ser
cervical (incidência lateral).
Bl Tipo 2: aproximadamente 50% dos casos vão
enriquecido com adição de componentes calóricos. necessitar de traqueostomia e os outros 50% vão fi—
É comum ocorrer episódios de regurgitação nasal car bem com posição prona e entubação nasc-
durante a alimentação. Nesse caso, deve-se per- faríngea.
B Tipos 3 e 4: traqueostomia.
mitir ao bebê clarear sua via aérea por si mesmo,
para continuar com a alimentação. Técnicas fono— Se a técnica do tubo nasofaríngeo não tiver su—
autliológicas facilitadoras de alimentação (TFFA). cesso, pode ser indicada entubação endotraqueal
que consistem em estimulação da sucção não- temporaria. Esse procedimento costuma ser tec—
nutritiva mediante o uso de chupeta, massagem nicamente difícil e deve ser realizado por alguém
para relaxar e anteriorizar a lingua, suporte manual habilitado e experiente. Caso persistirem problemas
para sustentar a mandíbula e técnicas de sucção para manutenção da via aérea e de aporte calórico
nutritiva, têm sido preconizadas por especialis— adequado (essencial para o desenvolvimento da
tas brasileiros do Hospital de Reabilitação de mandíbula e dos reflexos neuromusculares), pode
Anomalias Craniofaciais de Bauru. ser pensada a realização de traqueostomia e/ou
I O tratamento clínico deve ser mantido por qua- alimentação por gavagem ou gastrostomia (risco
tro a seis meses, até que ocorra adequado cres- de refluxo gastroesofágico que não é recomen-
cimento mandibular e maturação neuromuscular. dável nessas crianças).
I Qualquer técnica mais invasiva (alimentação por IProcedimentos cirúrgicos como a glossopexia não
sonda nasogástríca, entubação endotraqueal, tra- oferecem vantagens e apresentam morbidade sig-

93 15 7 4 9 ‘ “ .
., queostomia, glossofixação, ou gastrostomia) vai, nificativa. Mesmo assim, a técnica mais recomen-
indubitavelmente, retardar ou dificultar o desen- dada parece ser a descrita por Delorme, com base
#67

volvimento da complexa atividade neuromuscular na liberação subperiostal da musculatura do as—


associada à alimentação, além de acrescentar as soalho da boca.
complicações próprias de cada um desses pro- Ultimamente, tem sido recomendada em alguns ser—
x

cedimentos. viços a distração mandibular nos casos de obstrução


grave da via aérea. A distração mandibular anterioriza
º Tratamento de Acordo com a Classificação a mandíbula e, consequentemente, a língua. Sua in-
.de Obstrução Respiratória Definida por dicação parece estar relacionada somente ao tipo I
'
_Nasofaringoscopia de obstrução respiratória, em que a entubação nasofa—
ríngea trio foi eficaz, tentando evitar a realização de
ITipo 1: posição prona ou ventral + entubação uma traqueostomia.
nasofaríngea prolongada (30 a 60 dias). Aliviam
o desconforto respiratório em 80% dos casos. A BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA '

cntubação nasofaríngea é utilizada nos casos que CAOUE'I'le-LABERGE, L.; PLAMOISDON, C.; LAROCQUE, Y.
Subpefiosteal release of the floor of the mouth‘ ln Pierre—Robin
apresentam crises de cianose, apnéia ou palidez
sequence: experience with 12 cases. Clef: Palate Craniufaci J.,
e/ou esforço respiratório importante e/ou queda v. 33, n. 6, p. 4681472, 1996.
da saturação para valor S 90% e com importante DYKES, E. H. Pierre Robin sequence. ln: PURL P. Newborn Surgery.
dificuldade alimentar. Entubação nasofaríngea Cambridge: Butterwonh-Heinemann, 1996. p. 125-130.
corresponde a colocação de uma cânula de entu— MANDELL, D. L.: YELLON, R. F.; BRADLEY. I. P. et al. Mandibu-
bação orotraqueal de silicone (leitosa), corn diâ- lar distraction for micrognalhia and sei ere upperairway obstruction.
Arch. Otolaryngol. Head Neck Surg.. v. 130, p. 344—348, 2004.
metro medindo 3 a 3,5mm, introduzida de 7 a
Sem pela narina até a faringe, sem atingir as cordas MARQUES, 1. L.; SOUSA, T. V.; CARNEIRO, A. F. et nl. Sequência
de Robin — protocolo único de tratamento. ]. Pediar.(R1'o de Janeiro),
vocais e cortada 1cm para fora da narina e fixa- v. 81, p. 14-22, 2005. '

.
_ ”W
W
180 I CabeçaePescoço

EPIDEMIDIDGIII
Cisto congênito mais comum do pescoço (core
r11
responde a 70% das anomalias congênitas do

Cisto Tireoglosso pescoço).


Geralmente, aparece clinicamente próximos dos
cinco anos de idade.
u Raríssimo no recém-nascido.
João Carlos Ketzer de Souza Sem predisposição sexual.
a Três vezes mais frequente do que as anomalias
branquiais.
concurs
Cisto congênito causado por falha de obliteração parcial IIIIIIIIIIII GIIIIIGII
ou completa do trato tireoglosso. É o defeito embrio- II Tumor de linha média do pescoço, 85% de loca-
lógico mais comum do pescoço. lização justa-hióidea, forma hemisférica, medindo
Glândula tireóide ectópica é definida como a pre— aproximadamente 1 a 3cm de diâmetro, superfi—
sença de tecido tireóideo funcionante (quase sempre cie lisa, consistência elástica, fixo aos planos pro-
hipofuncionante) em localização aberrante ao longo fundos, móvel com a ?eglutição (prova de que a
da linha de descida embriológica da glândula. massa está intimamente relacionada ao osso hióide),
elevando-se no pescoço com a protrusão da lín-
EMBBIGIDEIII gua (união com o forame cego).
1n História de inflamações/infecções prévias.
Durante sua migração embriológica, a tireóide per- u História de flutuações no tamanho.
manece unida à língua por um canal, o trato tireoglosso. História de drenagem de secreção mucóide.
Pela 7E semana, a glândula tireóide alcança sua po—
sição definitiva. 0 trato tireoglosso deve obliterar-se
e involuir pela 7! à 9a semana gestacional. Se restos
IllIIHIIS IIE KPRESEIITIÇÃI) BlIIIIGh
celulares do trato tireoglosso persistirem, passarão a n Cisto de linha média ou quase linha média (ad-
secretar muco, dando lugar a formação de um cisto j acente ao osso hióide). Contêm líquido viscoso,
de linha média, geralmente sub-hióideo, com ducto espesso, semi-opaco. Aproximadamente 75% dos
proximal totalmente ou parcialmente persistente. A casos (Fig. 30.1).
fistulização cutânea do Canal tireoglosso não tem origem n Fístula com drenagem crônica de secreção vis-
embriológica, porque jamais, no desenvolvimento em- cosa, com ou sem secreção purulenta associada.
briológico, o trato tireoglosso entra em contato com Aproximadamente 25% dos casos.
o ectoderma. A causa de fistulização advém de compli- ' El Abscesso de linha média drenando espontanea-
1
cações infecciosas do cisto. ménte secreção purulentamisturada com líquido
viscoso e que não cicatriza.
BELIIÇÍIES IlIIIlTGMIBIlS III] “INTO'IIIIEIIEIIISSII
Inicia no forame cego, estende-se para baixo na li— '
nha média através da musculatura da língua, passa
anteriormente ou através (na substância) do osso hióide,
curvando—se inferiormente e descendo em íntima relação
com a membrana tiroióidea, membrana cricotireóidea
e cartilagem cricóide até terminar no istmo da tireóide.

lIlBllIlIGÃII
A maioria dos cistos situa-se junto à região do hióide
(85% são peri—hióideos), mas podem encontrar-se tão
baixos como na posição supra—esternal ou tão altos
como no forame cego.
I
Junto intimamente com o osso hióide: 60%.
m Submentoniano/supra-hióide (também conside-
\

rados peri—hióideos): 25%.


L9-1:

Lingual: 2%.
:| Supra—estemal:
7%
sz-canL

ar Tireóideo: 5%. Figura 30.1 -Cisto tireoglosso com cavidade repleta de muro
ta Lateral: 1%. e processo inflamatório na pele ci rcunjacente.

"N41 .
Cisto Tíreoglorro a 181

I'Gíªºº situado nas vizinhanças do forame cego e tecido tireóideo podem, ocasionalmente, ser encon-
f' dendº ocasionar disfagia, dispnéia, rouquidão trados em suas paredes.
bsrridor (localização valecular), principalmente
'ªndo infectado. Raro. TRATAMENTO
Zpode haver história de mau hálito e gosto ruim
na
boca quando associado a descompressão es—
'.lgbntanea do cisto (evidência de comunicação do
Indicação cirúrgica quando feito o diagnóstico,
evitando episódios de infecção que tornarão a
c1510 com a boca). Raro. cirurgia mais difícil e 0 maior aparecimento de
!”
rp.
recorrência.
E Cisto com inflamação: tratar com antibióticos.
Não drenar, a não ser que forme abscesso.
:: Técnica cirúrgica de Sistrunk: excisão do cisto,
mHi' stória e exame físico.
Ultra-sonografia da região cervical tem sido trato, porção central do osso hióide e excisão de
segmento de tecido lingual (músculos da base
isblicitada de rotina no pre-operatório para do— da língua) com i5 a lOmm de diâmetro, em ângulo
'
‘cumentnr
rggxcluir a
a presença de uma tireóide normal e
possibilidade de uma tireóide ectópica, de 45° para tras e superiormente em direção ao
forame cego.
imetizando um cisto do ducto tireoglosso.
intilografia de tireóide com tecne'cio-99m é no
m Se massa sólida for encontrada transoperatório
no local do cisto tireoglosso, realizar biópsia de
clicada quando, na ultra-sonografia, não apa— congelação e, confirmada a presença de tireóide
iecer tireóide normal ou o cisto tireoglosso ti-
_ ver
um aspecto sólido e em casos com sintomas
ectópica, a glândula deve ser preservada, reali-
zando-se sua secção na linha média e colocação
e sinais que sugerem hipotireoidismo (constipa—
de cada hemitireóide debaixo dos músculos cer-
., ªção intestinal crônica, retardo de crescimento e vicais (estemotireóideo e tiroióideo), ou deve-
'
”»,-“ desenvolvimento, sonolência excessiva, ganho de
se decidir por sua remoção (pois são glândulas
“'»peso apesar de pouca ingesta, hipoatividade, pele disgenéticas que poderão malignizar).
ªsker, fria e amarelada etc.).
”glimmer nlrmrncnu. IIEGDBIIÉIIGIII
IUtilizando-se a técnica de Sistrunk, a taxa de
;!Cisto dermóide: costuma aparecer aos três anos recorrência é de i 5%.
».de idade, tem forma esférica completa, pode mover— ll Com excisão do cisto e parte central do osso hióide
. corn a deglutição e protrusão da língua se situado (técnica de Schlange): 20%. -
':Junto no osso hióide, constituído em seu inte-
rior por material caseoso, como pasta de dente
I
Com excisão somente do cisto: 50%.
a"
"cheiro de ranço. Corresponde a 20 a 25% das
,nomalias de linha média cervical. causas nr arounntnern

_
Linfonodos de linha média: podem aparecer em IPresença de mais de' um cisto.
_qualquer idade, forma multinodular e, se situados l
Cisto lateral à linha média (desvio daçlinha média).
'jin‘tto ao osso hióide, podem também apresentar Em até 2cm lateral a linha média ja foram en-
fmobilidade corn & deglutição e protrusão da língua.
contrados cistos. O cisto pode lateralizar—se por:
gQutras doenças: tireóide ectópica, cisto branquial, ramificações“ laterais do ducto principal, comu-
'gadenite tuberculosa ou por micobactérias atípicas,
nicação com o lobo piramidal ou lobo esquerdo
. r g Tireóide ectópica: prevalência de tireóide ectópica
*

da tireóide e aderências laterais causadas por


em linha média do pescoço em 1:2.500 casos. infecções prévias.
lim
geral, inexiste tecido tireóideo normal.A glân-
Ia Presença de ductos microscópicos, ramificados
,
anula
ectópica costuma ser hipofuncionante. Apro-
do ducto principal, múltiplos e que não podem
r Lxrmadamente
em 1,5% dos pacientes com diag-
ser vistos pelo cirurgião na cirurgia.
ªfªstico pré-operatório de cisto do ducto tireoglosso Presença de infecção pré-operatória dificultan-
1:5
1‘ encontrada tireóide ectópica no ato operatório. do a excisão cirúrgica.
l

"g
MllIÍiIIIlIIÇÃll
5,505 e fistulas do trato tireoglosso são revestidos, IPode ocorrer em menos de 1% dos casos e em
“Intente, por epitélio colunar respiratório, com adultos. O carcinoma papilar contabiliza 85% dos
tr
39:35 muÇOSªs produzindo fluido viscoso. Epitélio

' lºªdo escamoso pode ocorrer primariamente,


carcinomas que crescem do ducto tireoglosso.
Invariavelmente, tem origem em restos de teci-

v.ª:
1t
mars provável que resulte de metaplasia do
. l'eSprratóno, frente à infecção. Tecido linfóide
do tireóideo presentes no ducto tireoglosso (apro—
ximadamente 5%).
182 I CabeçaePescoço

KNIGHT, P. I.; l-lAMOUDI, A. B,; VASSY, L. E. The diagnosis and


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É. — A M

*_—w. m. .
.,W".
e. « - ”

. ,. w
i

, cuz-gu
J &' '. < '1.
Cistus, Seia: e Fístulas Branquíaís a 183

pela produção de secreções que não têm por onde


drenar.
I Restos ou remanescentes branquiais: são cons-
tituídos por restos seqíiestrados de cartilagens
ou por apêndices cutâneos. Muitas vezes asso-
ciam—se a outros defeitos branquiais.

EPIDEMIUlOGIII
: Todos os defeitos hranquiais são congênitos ejá
existem ao nascimento.
Anomalias dos arcos branquiais correspondem
a 30% de todas as lesões congênitas da cabeça
e pescoço.
I Os cistos aparecem mais tardiamente (tempo
. x . - necessário para se desenvolverem, geralmente
anomalias da formaçao da cabeça e pescoço,
.º; ndas de um ou mais arcos, fendas, ou bolsas bran- na segunda década de vida).
E As fístulas e seios apresentam-se clinicamente
quiais que persistiram anormalmente após o nasci-
tried“). não sofrendo reabsorção completa, obliteração, durante a primeira década de "vida.
dpºmalufªç㺠no período embrionário. E Fístulas completas são mais freqiientes do que
seios.
minimums Hammers
I Os seios são mais frequentes do que os cistos.
ll Mais de 90% dos'casos são decorrentes de ano-
" Qsdefeitos branquiais podem apresentar-se anatomi- malias d0 2ª sistema branquial, 8% são atribuídos
'

i
"camente sob as seguintes formas (Fig. 31.1): ao lº arco. As anomalias do 3º e 4ª sistema bran—
IFístulas:quando há comunicação entre duas quial são muito raras.
I Dez por cento têm história familiar.
M superfícies ou cavidades epiteliais. Resultam de
I Urn quarto dos casos é bilateral.
um defeito de fechamento de um arco branquial,
permitindo a comunicação entre a pele e a faringe. ll Levemente mais freqiientes em meninas.
ISeios: quando persiste um trajeto curto e de fundo
cego com a presença de somente um orifício co-
_ municando com uma superfície ou cavidade epi-
, msromam
, telial. Pode persistir somente o orifício externo Os remanescentes branquiais, em 90% dos casos, são
(seio externo), ou orifício interno (seio interno), atapetados por epitélio escamoso, porém, epitélio colu-
bem mais raro. Ocasionalmente, os seios podem
comunicar—se com uma cavidade fechada (seio
nar ciliado .
pode "também ser encontrado.
,

associado a cisto branquial).


ICisto: quando persiste a porção média do trato
branquial, não havendo comunicação interna ou
“Hull! ClÍNIIW
As fístulas e seios podein secretar 'muco claro, pus
_ externa. Há aumento lento e gradativo do cisto (quando infectados) e, no çaao
exclusivº de fístulas
com trajetos amplos, saliva ou até mesmo algum lí-
quido ingerido. .

Fistula
IGÍEIIBS E99 Primeiro
Brannuial
arco. Iolsa e Fenda r m n,
n Tipo I (mais raro): duplicação do conduto mem-
branoso auditivo externo. Estende—se anterior e
profundamente ao lóbulo da orelha, lateral ao
nervo facial, paralelo ao canal auditivo externo

%
Seio
externo Sªlº normal, terminando em fundo cego na placa óssea
interno no nível do mesotímpano (Fig. 31.2). São reves-
tidos por epitélio escamoso (derivado do ecto—
derma), produzindo queratina. Pode haver defor—
midades pequenas junto às cartilagens da orelha.
A massa cística principal pode estar colocada
Cisto anterior e inferior ao lóbulo da orelha associada
à parótida. Há possíveis zonas de drenagem de
seios. A lesão é superior, mas em íntima proxi-
midade com o tronco principal do nervo facial.

" w ª—
.
184 I Cabeça ePescoço

Investigação Diagnóstica
IHistória e exame físico.
IExame otológico.
IUltra—sonografia ou tomografia computadori-
zada (TC) do ouvido e regiões circunvizinhas
para demonstrar o trajeto do seio ou fístula e rela—
ções anatômicas com o nervo facial, parótida e
ouvido médio.

Tratamento

L-SQ'IVZªÇRj
IA indicação cirúrgica das anomalias branquiais
l começa a partir dos seis meses de idade.

Figura 31.2 Defeito branquial de lº arco, tipo l‘. I Excisão completa do trajeto até sua entrada no.
conduto auditivo externo, com adequada expo—
sição do tronco do nervo facial e seus ramos junto
I Tipo II: apresentam-se sob a forma de cistos, seios,
à saída do forame estilomastóideo, com insisão
estendendo-se no sentido pré-auricular. Algumas
ou fístulas situadas no triângulo anterior do pescoço, vezes e necessária a dissecção do nervo facial e
logo abaixo do ângulo da mandíbula. Essas le— parotidectomia superficial. Sempre utilizar estimu-
sões são compostas de ectoderma e mesoderma lador de nervos. Raramente envolve a membra-
e, portanto, podem conter cartilagem. Costumam na timpânica ou o ouvido médio.
ser diagnosticadas após episódio infeccioso e
necessidade de drena em cirúr ica de um abs—
-

.
cesso localizado abaixgo angulgo
do da mandíbula. “menus III! SEQUIN“)
"ºº' :
'

Nenhumº
1
A extensão superiorpassa sobre o ângulo ou ramo Fenda Bolsa Farinnfla :
horizontal da mandíbula. O trajeto estende-se para derivativo do 2º arco ocorre acima do nível
cima, passando superficial ou profundamente ao d0 osso hióide.
tronco do nervo facial (Fig. 31.3). Pode termi—
nar inferiormente ao canal membranoso auditi-
vo extemo ou fonnarumseio nesselocal,Alesão 'tãº
Os trajetos ESt“10505 ºfÍUHdOS
dª 2ª fenda
situados geralmente entre º 1/3 médio ª
55—
0
desse tipo costuma estar mais intimamente rela-
cionada à parotida. .
“3 inferior no Five] do horde anterior
do múª-
culo esternoclerdomastórdeo. O trajeto passa no
l
, . .
AS meºlPªlS formas de apresentação Sãº?
meio da bifurcação das carótidas, na frente do
,ª— nervo hipoglosso e abre-se na faringe no nível E
'

I Tumoração facial (posterior ou anterioràorelha)


ou na região submandibular inferior ao lóbulº
, da tonsila
ou fossasupratonsilar (Fig; 31.4).
lMurtas vezes os 0r1f1c1os cutâneos sao demar-

_ .“
'
a orelha.
ISeios drenando secreção.
.
I Abscesso cervical recorrente.

I Secreção persistente no ouvido na ausência de


doença do ouvido médio.
:
cados or a êndices


,
,,

M.,: "'
' "
XI ., x,xu
, 1x
,
.
ª:
_
cartila inosos ou cutâneos.
A

º?”
-

Figura 31.3 — Defeito bran-


quial de lª arco, tipo Il'. -
Figura 31.4 Trajeto do 2ª arco branquial. A fístula Pªssª
-
no meio da bifurcação dás carótidas. Nervos cranianofi .
IX = glossofarlngeo; X = vago; Xl:espinhal/acessóriº; Xll = hl-
poglosso.
1
1
1
:

Cistos, Seios e Fistula: Branquiaís I 185

Alguns trajetos podem ser palpados como cor-


"; does fibrosos. Massagem do trajeto pode provo-
Figura 31.6. Ressecção completa do trajeto fistuloso do 2'

i‘vcar a saída de material mucoso ou sebãceo. Saída arco branquial. Podem ser necessárias duas incisões paralelas.
espontânea de muco também é comum (Pig. 31.5).
IAproximadamente 20% apresentam história de

&
:;
, infecção prévia.
I' Para realizar-se o diagnóstico diferencial entre dem ser derivados do 3º ou 4ª arco e são distinguíveis
'
seio (: fístula completa, pode-se realizar fistulograiia por sua relação com a carótida e nervos.
.
“'ª
com contraste iodado. Não é um exame fácil de
É Cisto branquialpelo
ser realizado pequeno calibre do trajeto.
I O orifício externo costuma também estar locali-
zado entre 0 1/3 médio e o [B inferior da região
‘I costuma aparecer clinicamente a
A

cervical. São mais frequentemente observados


partir dos 10 anos de idade. Situa-se no 1/3 su-
no lado esquerdo da região cervical. 0 trajeto
perior do pescoço, profundamente ao bordo an— ascende lateral em relação a artéria carótida, passa
terior do músculo estemccleidomastóideo. A massa
tem consistência elástica, mobilidade relativa, atrás (posterior) da carótida comum ou interna e
geralmente não é dolorosa, móvel, forma ovóide costuma abrir-se, no caso da 3ª bolsa, na parede
em relação ao eixo antero-posterior, superfície lateral da faringe ou fossa piriforme, acima ou
lisa, bordos bem delimitados, contendo células anterior ao nervo laringeo superior, podendo
epiteliais descamadas, cristais de colesterol se- penetrar na membrana tiroióidea (Fig. 31.7) e,
cretados pelas glândulas sebáceas do revestimento no caso da 4E bolsa, na parede lateral da faringe
epitelial e gordura. Infecção dos cistos branquiais ou fossa piriforme, abaixo ou atrás do nervo
x com dor, eritema e edema ocorre em aproxima-
lar'ngeo superior.
I Existe um tipo raro de defeito da 3ª ou 4ª bolsa
** >damente 25% dos casos.
,

I Apresentações clínicas não usuais: estridor, odi- faríngea, que cresce do seio piriforme e esten-
de—se inferiormente ,em direção à tireóide, ter-
a
.,) ,nofagia, disfagia, nódulo frio cintilografia de
tireóide.

;;tamento
Éirur ia está indicada a partir dos seis meses de
É
idade. iniportante a excisão completa do trajeto.
'

Tratar infecção previamente quando houver. O trata-


.
msmo vai basear-se em antibióticos, compressas mornas
' afighgfl-assagens delicadas do trajeto com o
intuito de

eliminar as rolhas mucóides, pus e bactérias.
“'0 orifício externo deve ser excisado com incisão
elf_1Z'tica, deiicada e cuidadosa dissecção ascendente,
!v
,, Preferência com a utilização de magnificação óptica
,º-fessecção completa do trato branquial. Pode ser ne-
cessária uma 2ª incisão paralela, mais alta (Fig. 31.6).

Pªiºl do Terceiro a no nuam Itron,


» sulla & Bolsa
. -
Figura 31.7 Trajeto do 3' arco branquial. Fístula passando
'
fananeSCentes
“gªngª ªbaixo
branquiais que se comumcam
do osso hióide ou seio
com a
pin'forme po-
posteriormente à artéria carótida. Nervos cranianos: IX = glos-
sofaringeo; X= vago; XI = espinhal/acessório; XII = hipoglosso.
º',
'I". ? l‘

« "= .
M." “' _
L
186 I Cabeça e Pescoço

o seio piriforme e a fístula com ar e bário. En.


doscopia alta pode também demonstrar o Seio
piriforrne e fístula. O tratamento é realizado com
excisão completa da lesão e porção da glândula
tireóide por meio de incisão tipo standard para
f tw —
6 1 8' R Ç L Z V I 9
tireoidectomia. Riscos inerentes à posição ana.
tômica são as lesões do ramo externo do nervo
laríngeo superior e do nervo recorrente.

BBSIIIS Branuuiais
Em certas ocasiões, cartilagens ou apêndices cutâneos
podem aparecer sob a pele como remanescentes bran-
quiais, geralmente junto ao 1/3 inferior e no bordo
anterior do estemocleidomastóideo. Podem associar—se
a seios e fístulas.
1 t,
1 .Ir
. “"sua-sima 1—
,. cistos e Seios Pré-auriculares
Figura 31.8 - Cisto pré-auricular infectado. Conceito e Epidemiologia
Deformidades congênitas do ouvido externo. São pre-
minando dentro da glândula em justaposição ao gas ectodérmicas seqiiestradas durante a fusão dos seis
lobo superior esquerdo da tireóide. tubérculos que formam 0 ouvido externo. Apresen-
O quadro clínico nesses casos baseia-se na his- tam predisposição familiar e frequentemente são bi-
tória de infecções respiratórias altas repetidas, laterais (20 a 33%). São mais comuns à esquerda.
dor de garganta e muitas vezes dor e sensibili- I Não têm origem branquial.
dade da tireóide, com ou sem supuração. A dor I Frequência: entre 0,02 e 5%. Mais prevalente
fica localizada sobre a tireóide, mais intensa sobre em asiáticos.
o lobo esquerdo. Na palpação não se pode dife— I Transmitido por um gene autossômico dºminante
renciar & tireóide de uma massa associada. Rou- incompleto de penetrância variável.
quidão é frequente, a deglutição costuma ser I Geralmente são malfonnações isoladas, mas podem
dolorosa, leucocitose está presente e as provas estar' associadas a surdez e malformações renais.
de função de tireóide são normais. Radiografias de
tórax e região cervical demonstram massa de tecidos
moles, às vezes com desvio da traquéia. A cintilo- i'iªormas'de Apresentação—Clínica
grafia tireóidea mostra diminuição da captação
no lobo esquerdo. O esofagograma raramente de-
I Pequeno
orifício assintomático.
monstra fistula durante a fase inflamatória. Após
melhora do processo inflamatório, pode demonstrar

multilocular
Figura 31.10- Cisto pré-auricular. Estrutura que
produz material sebáceo e que termina junto ao pavtlhãº
Figura 31.9 — Absresso em cisto pré-auricular. auricular.

~11.
“'.—â-
cistos, Sela: e Fístulas Branquiair : 187

“,“?â'Ç;liraêctãº
31.11 — (A) incisão L
cºmpleta. o cistoem ouV invertido. (B) Dissecção do retalho de pele e cisto, que é mantidojunto ao retalho, Após
é liberado do retalho e removido.
,1 '

ªb'rifício que drena crônica e espontaneamente,


ou secreção sebácea (Fig. 31.8).
terminando cegamente e revestidos por epitélio
ao,pus que produz esse tipo de material (Fig. 31.10).
Geralmente, o fundo do seio pré-auricular termina
em uma estrutura cartilaginosa, parte normal do
pavilhão auricular.

'— EE’tjiangular
. A localização preferencial é junto a uma área
anterior a orelha, entre a margem ante- Tratamento
'
? ior da hélice e a margem inferior do trago. Rara- Assintomáticos: não necessitam tratamento ci-
lrt

mente situam—se em outras regiões. rúrgico.


I Infecção: antibioticoterapia, compressas mornas
e massagens do trajeto. Após cura da infecção,
excisão de todo seio e cisto.
Ós seios costumam ter trajeto curto e terminar ce- I A excisão do cisto é realizada por meio de inci-
1’g‘amente. Não se comunicam com o canal audi- são com for-ma de L ou V invertido, formando
_t_' o externo. Geralmente são assintomáticos, pois ufpr retalho triangular, permitindoque ao elevar
”ft 6seios
têm drenagem. e everter esse retalho apareça a estrutura cística,
os que drenam material sebáceo ou que in- elevada conjuntamente com a retalho de pele
ãtçectam são conectados a espaços semelhantes a (técnica de Singer)' (Fi . 31.11). Iniciar com
"cistos multiloculares, ramificantes, com trajetos antibioticoterapia profilát ca (cefalexina) dois dias
antes da ressecção cirúrgica, mantendo-a por mais
dois dias pós—operatoriztmente. Planejamento ci-

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e a enda cervical mediana mostrando pele ex-


m mente delgada, brilhante, avermelhada e adornada por Figura 31.13 Fenda cervical mediana. Excisão elíptica da
-
P_Equeno flbrocondroma.
lesão com confecção de múltiplas incisões em forma de Z.
188 I Cabeça e Pescoço

de um par de arcos branquiais durante a 3ª ou


4I semanas de vida intra-uterina. É constituídª
por uma área vertical mediana de pele extrema.
re

mente delgada, com alguns centímetros em cºm-


:.
.1 primento e 4 a 6mm de largura Apresenta superficie
avermelhada e brilhante e, ocasionalmente, e ador-
(<.
e.

nada por apêndices cutâneos, seios curtos e re.


manescentes cartilaginosos (Fig. 31.12).
A indicação de cirurgia é eletiva, pois só tem im-
portância cosmética. É realizada excisão elíptica da
lesão, que é aproximada por meio de uma série de
incisões em forma de Z (múltiplas zetaplastias) (Figs.
Figura 31.14— (A e B) Fenda cervical mediana. Retalhos de 31.13 e 31.14). Não é conveniente realizar essa cirur.
pele aproximados para cobrir o defeito ocasionado pela res- gia antes do Iº ano de vida, pois essas crianças ba.
secção cirúrgica. bam demasiadamente, mantendo a incisão úmida e
tendendo a deiscência da sutura.
nirgico: infiltração com vasoconstritor + marcaína
(não utilizamos), cateterização do trajeto (se REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA
l. CHANDLER. J. R.: Ml'l'Cl-lEfl, B. Branchial cleft cysts. sinuses, '
possível), magnificação óptica, dissecção cirúr— and fistulas. Ololaryngal. Clin. N. Am., v. 14, p. 175-186, 198].
gica utilizando diatermia monopolar com agu-
lha e corrente de corte, remoção completa do cisto, BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
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junto ao término do trajeto. in the management of prcauricular sinuses. 81: J. Surg., v. 83, p. 1722-
I Abscesso: drenagem cirúrgica e, após, excisão. 1724, 1996.
I A taxa de recidiva é de aproximadamente 10% GUR, E.;YEUNG, A.; AL-AZZAWI, M.; THOMSON, H. The excised
preauricular sinus in 14 years of experience: is there a problem?
e de infecção pós—operatória de 20 a 25%. Plast. Recansrn Surg.. v. 102, n. 5. p. 1405-1408, 1998.
LAM, H. C. K.; 800, G.; WORMALD, P. I.; HASSELT. C. A. Excision

L - 5 9 'I P Z S B Í H 6
Fenda newloal Montana of the preauricuiar sinus: a comparison of two techniques.
Loryngoscope, v. 111, p. 317-319, 20011
I Ocorre devido ao fechamento imperfeito da li- WALDHAUSEN, ]. H.T. Branchial cleft and arch anomalies in children.
nha média da região cervical, por falta de fusão Sem. Pediatr. Surg., v. 15, p. 64—69, 2006.
1f.
Torcicolo Congênita I! 189

Etiologia mais provável: posição anormal da ca-


beça fetal produzindo necrose por pressão do mús-
culo estemocleidomastóideo (síndrome compartimental
do músculo esternocleidomastóideo [ECMD e fibrose
ao cicatrizar. Antigamente, pensava-se que a lesão
muscular fosse por trauma de parto.

IIIS'I'III'A'I'DlllGIII
Trata-se de uma fibrose endomisial. Há depósitos de
colágeno e fibroblastos em torno das fibras muscula-
flEmmett caracterizada pela posição viciosa da cabeça
: pescoço e aparecimento progressivo de assimetria
(:
res individuais. A gravidade e a distribuição da fibrose
diferem amplamente em cada paciente e fascículo
aciai e craniana decorrentes de displasia fibrosa e muscular.
ncurtamento do músculo esternocleidomastóideo O tecido fibroso maturo encontrado nos recém-nas—
, ZFig- 32. l). A orelha parece tracionada para baixo em cidos sugere que a doença tenha começado bem antes
direção à clavícula do lado ipsilateral e a face olha do nascimento e, provavelmente, é a_causa e não o re-
_"para frente em direção ao lado contralateral. sultado das dificuldades obstétricas.
'É A maior frequência de apresentação pélvica suge-
;»;rnntnmmcm
'

re que a fibrose pode prevenir a insinuação normal


da cabeça na pelve materna.
. ". I Sem predisposição sexual.
I Predomínio de torcicolo à direita (75%).
I Em 2 a 3% pode ser bilateral. MIMI“! GlÍNIÍllI
I Prevalência: 0,4% de todos os nascimentos.
I Apresentação pélvica em 20% dos casos. Relações da cabeça, Pescoço e Memo
I Mais comum no primogênito e após uso de fórcipe.
I Doenças associadas: problemas da coluna cer—
no Torcicolo
vical, displasia dos quadris (até 20% dos casos). I A cabeça costuma estar inclinada em direção ao
I Costuma aparecer nos primeiros dois a três meses músculo encurtado e clavícula correspondente e
de vida. 0 mento rotado em direção ao ombro do lado
oposto.
11111011111 Estão limitados os movimentos de rotação do pes—
cego para o lado da deformidade e o movimento
Etiologia ainda discutida e debatida.
late‘ral para o lado oposto.

Forma tie Apresentação


Tumoral [65%] 1
,
'
--.
I O aparecimento da lesão costuma ocorrer entre
a 2ª e a 8ª'semana de vida. A explicação para
esse aparecimento tardio decorre do excesso de
hormônios maternos na circulação sanguínea do
recém—nascido, tornando a área de fibrose mus-
cular menos visível e palpável. Inicialmente, a
lesão muscular apresenta—se com o aspecto de
um tumor palpável no interior do músculo ECM.
Aspecto físico da lesão: tumor de consistência
dura, fusiforme, algumas vezes doloroso à pal—
pação, medindo 2 a 3cm de extensão, superfí—
cie lisa, não aderido à pele, com bordos lateral
Gªrª 32.1 Posição viciosa de cabeça e pescoço por encur- e medial bem definidos, porém com bordos su—
-

." W
perior e inferior imprecisos, localizado no 1/3
.
Lªmento do músculo estemocleidomastóideo direito. A orelha
inferior ou médio do músculo ECM, encontran—
.
ªdfrª'tª Pªrece estar fracionada para baixo, em direção à cla-
. Vl_tula do mesmo lado e a face, voltada para frente, em dire— do-se no seu interior (dentro da substância do
,
g
'
“ªº_ªº lado contralateral. Notar também hipoplasia da
, emlface esquerda.
músculo).
I Torcicolo nem sempre está presente, inicialmente.
_
,— ., _
190 I Cabeça e Pescoço ni'

a
Turma de llurescntação rlc Fibrose tn Síndrome de Klippel-Feil.
Muscular [35%] u Torcicolo ocular (estrabismo, nistagmo): dese-
quilíbrio dos músculos extrínsecos do olho. Não
I Essa forma de apresentação é mais tardia, surge aparece antes dos 6 a 12 meses de idade.

ma- u “

:“
após o desaparecimento do tumor (que pode ter I Síndrome de Sandifer: posição viciosa da cabe.

.;-
sido notado ou não clinicamente) e ocupa toda ça para evitar o refiuxo intermitente de conteú-

,.;—
a extensão do músculo, tornando-o mais espesso do gástrico até a faringe,
do que 0 normal. I Tumor (rabdomiossarcoma, neuroblastoma).
I História da presença de tumor no período neonatal I Adenite elou fascite cervical.
em 10 a 20%.
1
Eloltos Secundarlos do Torcicolo TRIMMER"!
l
E IPlagiocefalia: deformidade caracterizada pelo
I Massagens sobre o músculo ECM afetado com
creme de hialuronidase ou pomada heparinóide, .,
l apianamento das regiões frontal (do lado da fibrose

,.. .au-t » .
Fisioterapia corn movimentação passiva da ca.

-.
t muscular) e occipital contralateral e arredonda— beça com o tronco fixo, geralmente efetuada pelos ,
mento das regiões contralaterais, causadas pela
I

,—
pais, 15 a 20 vezes, três a quatro vezes por dia
, ação de forças gravitacionais. No lado em que a após as massagens. São realizados movimentos
l região frontal e plana (lado da fibrose muscu- de rotação e flexão lateial da cabeça e pescoço
a
lar), a orelha e eminência parietal estão colo— (Fig. 32.2).
l _ cadas mais posteriormente e a face é mais larga. Estimulação luminosa, alimentar, afetiva pelo lado
1 Éuma deformidade que afeta todos os quadrantes em que existe dificuldade de rotação da cabeça.
do crânio. A plagiocefalia costuma estabelecer- II Controle clinico mensal.

wc“-—v.auqy
se após três meses de evolução. Após cura do I Existe regressão completa da fibrose muscular
torcicolo (antes dos 12 meses de idade), a pla— ou do tumor muscular entre 90 e 95% dos casos
giocefalia costuma regredir lentamente retornando
). a

»A
tratados no 1“ ano de vida. Raramente o trata-
ao normal em dois anos, podendo nunca desa-
mento clínico ultrapassa seis meses de duraçã
parecer completamente. Após os 12 meses as

G L S‘ B ' Z V
Il Nos casos de torcicolo persistente, tem sido preco-
[ alterações são definitivas.—
nizada, antes do tratamento cirúrgico, a injeção
I Hemi-hipopiasia facial: observa-se hipoplasia de
do músculo afetado com Botox“ (toxina botulínica).
uma

L‘59
das hemifaces. 0 mecanismo é inexplicado.
E progressiva enquanto o torcicolo persiste, mas
As toxinas bloqueiam a junção neuromuscular
impedindo a liberação do neurotransmissor acetil-
essas alterações param tão logo a tensão do mús- colina, enfraquecendo 0 músculo temporariamente,
culo ECM seja aliviada pela cirurgia ou fisiote- v 'w

M aw -u m . ”
facilitando o alongamento muscular. A injeção

.
.r
rapia. O retorno em direção ao normal é lento,
provavelmente ocorrendo enquanto existe cres- '1. faz efeito em dois a sete dias e seu efeito dura, &

aproximadamente, três meses. Antes da injeção,

e.
cimento ativo do esqueleto facial (até 18 a 20
usa—se o anestésico tópico EMLAº.

W
anos). Após os 12 meses de idade as alterações
são definitivas.
I Atrofia do trapézio ipsilateral corresponde a uma
atrofia de desuso e costuma recuperar—se em dois
a seis meses após a cura.
Indicações rle
iratámcnto cirúrgico
I lnsucesso do tratamento clínico.
I Escoliose compensadora. II Apresentação em crianças > l ano de idade.

— M,
“.e

lllalnostlcl lllereocial Tratamento 11111111111:-


I Torcicolo postural: síndrome de assimetria con- ISecção da inserção clavicular e esternal no ní-
gênita que inclui torcicolo e um ou mais dos vel do 1/3 inferior (tenotomia a 1cm da inserção
seguintes: plagiocefalia, escoliose infantil e assi- clavicular e esternal) ou do l/3 médio (na altura
metria do tórax. Presente ao nascimento, melhora em que os ramos esterii'al'e clavicular conver-
durante os primeiros seis meses, não acompa— gem, ou seja, 1 a 1,5cm abaixo do nervo aces-
nhado por anomalia óssea, sem fibrose muscu- sório), fáscias do pescoço, aponeurose posterior
lar e sem redução da rotação passiva do pescoço. e tecidos profundos comfibrose residual. Antes
Causa provável: persistência de posição viciosa de completar o prOCedimento cirúrgico, a cabe-
intra—uteiina. ça e rotada para o lado operado e pesquisada &
lncoordenação neuromuscular: podendo causar presença de bandas fibróticas residuais, princi-
, inclinação da cabeça para um lado em crianças palmente junto ao trapézio, escaleno, platismª ª
com paralisia cerebral, espasticidade ou atetose. membranas carotídeas.
I Hemivertebra cervical e fusão ou subluxação I Outras técnicas pouco utilizadas, mas com =X“
atlautooccipital. celentes resultados estéticos, são aquelas que se
Torcicolo Congênita I
191

,

Figura 32.2 Fisioterapia do torcicolo congênito. Torcicolo relacionado ao músculo esternocleidomastóideo esquerdo. (A e
”Élllotação delicada da cabeça e pescoço em direção ao lado esquerdo, enquanto o tórax é mantido fixo. (Ce D) Flexão lateral
ª cabeça e pescoço em direção ao seu lado direito. (E a H) Torcicolo relacionado ao músculo esternocleidomastóideo direito.
aºs mesmos movimentos devem ser realizados em direções opostas. A posição deve ser mantida por 15 segundos e, cada
fnovimento, repetido 15 a 20 vezes, 3 a 4 vezes por dia. Reproduzido de www.torticolliskids.org.

baseiam no alongamento muscular, com tenotomia IHá relatos recentes do tratamento de torcicolo
do ramo clavicular e zetaplastia do ramo esternal. m scular corn o uso de toxina botulínica e fisio-
Mantêm a coluna do músculo ECM na região terapia associada naqueles pacientes menores de
cervical baixa, evitando o aparecimento de um dois anos de idade em que a fisioterapia não está
desnível em forma de buraco na área do mús- resolvendo. O músculo deve ser identificado por
ª' * culo seccionada. os
palpação, seguro entre dedos de uma mão e
iExcisões parciais ou totais do músculo não apre- injetado com lmL de toxina botulínica, tendo o
sentam resultados estéticos bons, pois há perda cuidado de evitar a injeção inadvertida nos mús-
da coluna do músculo, limitação dos movimen- culos e estruturas adjacentes. A dose recomen-
tos da cabeça para o lado afetado e maiores dada está entre 25UI e SOUI (dependendo da idade
riscos de lesão do nervo espinhal acessório. Ou- da criança). A substância e' injetada atraves de
tras técnicas, com incisões mínimas e ate' endos- uma agulha 25G inserida em três a quatro locais
cópicas, têm sido descritas para correção dessa e distribuída ao longo da extensão do músculo.
doença.
'
Pós—operatório imediato: nas primeiras 4811 deve
ser conservada a posição supina sem travessei- comolioaoães cirúrnicas
ros e a cabeça mantida sem rotação por dois sacos II Insucesso da liberação completa.
grandes de areia. No Nº dia pós-operatório rei— ll Mau resultado estético.
nrciar
fisioterapia. Reeducação dos reflexos cer-
Vicais para manter o pescoço retificado sem ro—
li Lesão do nervo espinhal acessório e grande au-
ricular.
tação no mínimo por três meses.
lCrranças > 2 anos de idade necessitam coloca- BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA «,
; São de colete Ortopédico removível no pós-ope- BURSTEIN, F.; STEVEN, C. Endoscopic surgical treatment for
congenital muscular torticollis. Plan. Recarlr. Surg..v. lOl ,p. 20—24,
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" 's - * . “
,
L
192 I CabeçaePescoço

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L'59IVZÇQ86
vj.
Linfadenite Cervical = 193
ra Pode apresentar-se como adenite corn flutuação
(abscesso) ou só com endurecimento (periadenite).
ra Achados clínicos: dor, calor, rubor, tumor.
= Local mais frequente: linfonodo submandibular.
Causas mais comuns: infecção de orofaringe, lesões
de pele, lesão dentária ou peridentãria.
u Germes mais comuns: estafilococo dourado e
estreptococo beta—hemolítico grupo A.
u Tratamento: cefalexina ou penicilina semi.sin-
tética penicilinase resistente durante sete a dez
dias mais calor local. Na lesão dentária ou peri-

_
umento inflamatório de um ou mais linfonodos da
dentaria, acrescentar cobertura contra anaeróbios.
I

reg1§0 cervical. . . . No abscesso: drenagem cirúrgica.


.385 principais causas de lmfademtes cervrcais es-
“relacionadas a infecções VlrªlS, bacterianas, por llIIFIIllEIII'I'E IIIIIIIl
mtbobactérias e por doença da arranhadura do gato. Geralmente bilateral e causada por vírus que infectam
Os linfonodos agem como filtros, removendo par-
o trato respiratório superior, tais como o vírus sincicial
'Beúlas estranhas (incluindo bactérias e vírus) dos vasos
] ' [éticos que drenam áreas adjacentes do corpo. Com respiratório, adenovírus e vírus influi/nm. Os vírus que
ecção, a resposta histológica inicial no linfonodo causam linfadenopatia generalizada são: Epstein—Barr,
,éde edema e hiperplasia dos sinusóides, aumento dos
ªnitlerófagos e proliferação de linfócitos. O aumento
citomegalovírus, da rubéola, do herpes simples, da
mononucleose, HIV e da toxoplasmose.
ª;) infonodo geralmente é causado por proliferação Características clínicas: linfonodos geralmente estão
u,iuvasão de células inflamatórias (linfadenite) ou aumentados bilateralmente e não fixos às estruturas
tífiltração por células neoplásicas. adjacentes.
“ª'-Linfadenite regional é definida como o aumento
ganglionar inflamatório dentro de regiões anatômi- ESGBDFIIllISE
ca's contíguas. Linfadenite generalizada e definida pelo
mento de mais de duas regiões de linfonodos não Adenite cervical causada por micobactérias (tuberculo-
cdntfguas, podendo incluir hepatoesplenomegalia. sas ou atípicas). Historicamente, o termo escrofulose
foi descrito somente para a adenite tuberculosa. En-
. irrsrrorçiu niacnosrron .tretanto, a adenite não-tuberculosa causada por ou-
tras micobactérias tem sido incluída na definição pela
Aª avaliação diagnóstica inicia«se pela história e exame semelhança e por permitir o estudo comparativo de
físico. Acrescendo
história deve definir a duração da adenopatia, ambas._O gênero micobactéria consiste de mais de 50
'ef'estã ou involuindo, sintomas associa- espécies“ que tênusido associadas às doenças huma-
psl,
história recente de infecções localizadas, lesões nas. As paredes celulares da micobactéria têm alto
ele, trauma, arranhões, ou mordidas de animais conteúdo lipídico com áçidos micólicos dotados de
&
medicações que estão sendo usadas. O exame fí— longas cadeias ramificadas.
cofdeve incluir a localização da adenopatia, o tamanho
I§_ características dos linfonodos aumentados (hi—
.rçmra, calor, dor, flutuação, consistência endure—
Tuberculose finnolionar tnicoltactétias
Tuneroulosas,
[lll

isla. aderência a estruturas adjacentes, se são isolados


u aglomerados). Identificar a presença de outras regiões Qualquer idade. -
ganglionares aumentadas, hepatoesplenomegalia,
Corresponde a 10% das escrofuloses.
:Equimoses ou petéquias e sinais de doença sistêmica.

Í os casos de linfadenopatia localizada persistente ou a Geralmente em crianças imunodeprimidas e


populações carentes.
“ pmento ganglionar preocupante, deve ser solicitado ln Achados clinicos.
w ?mograma completo, velocidade de sedimentação
_bular (VSG), teste de Mantoux e radiografia de - História de contato com pessoasportadoras de
tuberculose em 80% dos casos.

.
Igrax. Nas adenopatias generalizadas, solicitar desi-
Elfºgcnase tática, ácido úrico, sorologia para vírus
EPªªªln-Barr (VEB), para citomegalovírus (CMV), para
— História de ingestão de leite de vaca sem pas—
teurização.
friª“. para toxoplasma e aspirado de medula óssea se — Evidências de tuberculose pulmonar em radio—
1m ver suspeita de le'ucose. grafias de tórax.
-- APodem
maioria é assintomática. .
"garantir": snorrnrnun — turnos, perda de peso.
apresentar febre, calafrios, suores no—
'

'
:
.u- I
.
çªacteristicas:
,
-- merados, é
Geralmente a adenite bilateral. Gânglios aglo—
especialmente na cadeia anterior e
Mais frequente em crianças < 2 anos de idade. porção inferior da região cervical.
1
194 I CabeçaePescoço

.:
!Germe causador: Mycobacterium tuberculosis, das: I = 5mg até lOmg/kg/dia; R = 8 a 12mg]
forma humana, e Mycobacterium bovis (raríssimo kg/dia; Z = 15 a 30mg/kg/dia.
— Excisão cirúrgica não é indicada.
-
atualmente) transmitido pelo leite em e mais comum
em sítios extrapulmonares. Transmissão habitual Na linfadenite regional supurada crônica pós.
é feita de pessoa para pessoa por via respirató- vacinação com BCG está indicado o uso de iso,
ria e inalação de pequenos aerossóis. Linfadenite niazida lOmg/kg/dia (dose máxima = 300mg/dia)
tuberculosa é, provavelmente, parte do complexo até o desaparecimento da supuração e dum.
primário, podendo o foco situar-se nos pulmões, nuição do gânglio. Se houver formação de abs-
. pele, ou membranas mucosas. cesso, está indicada a sua punção aspirativa.
l Investigação diagnóstica.
. — PPD-S (teste de Mantoux ou tuberculina) cos-
Mioohaotérlas ntínloas
tuma ser fortemente positivo. Reação interme—

L-s‘mzua

diária não afasta definitivamente a doença. ou Não-tuberoulosas
. Fatores que podem causar falso—negativos são: A categoria não-tuberculosa é subdividida nas de cres—
infecções virais (sarampo, rubéola, varicela, cimento rápido e nas de crescimento não—rápido. As
HIV), vacinação prévia com vírus vivo, des- de crescimento rápido requerem menos de sete dias
.— . nutrição, imunossupressão, sarcoidose, período para produzir uma colônia visível em meioªde cultu-
v. neonatal. Fatores que causam falso-positivos ra, enquanto que as de cre cimento não-rápido po—
são: infecção por outras micobactérias, vacina-
ção BCG. Em crianças vacinadas previamente
dem necessitar de até oito
semanas de incubação.
O complexo de micobactérias atípicas ou não—tuber-
». com BCG, não existe nenhum método confiável culosas (MNT) constitui um grupo geneticamente hete—
.'
capaz de distinguir uma reação tuberculina po-
sitiva causada pelo BCG ou pela micobactéria.
rogêneo de bactérias resistentes a álcool e ácido. Geral-
mente, são divididas em quatro grupos, de acordo com
Em geral, a reação média das crianças vaci- a produção de pigmento e ritmo de crescimento: fotocro—
nadas com BCG é menor que lOmm. A idade mógenas, escotocromógenas, acromógenas e de cres-
da vacinação e o intervalo entre ela e o teste cimento rápido:
também são importantes. Apenas 8% das crianças
com BCG no tº ano de vida vão apresentar rea— u Causa mais comum de linfadenopatia tipo gra-
ção ao teste de Mantoux > lOmm aos dois a nulomatosa (> 90%).
" cinco anos de idade. Urna reação z lOmm, prin—
lPico de incidência:
entre um e cinco anos de idade.
IPredisposição sexual: 1,5F:1M.
cipalmente se acompanhada de formação de
I A baixa virulência das micobacterias atípicas con-
bolha, em um período de dois anos após o Man-
toux (período de conversão), deve ser tratada diciona sua patogenicidade à diminuição da re-
como tuberculose. sistência do hospedeiro. As micobactén'as atípicas
Aspiração por agulha com estudos citológicos
'*
se
"t . não distinguem facilmente (clínica, radioló-
gica‘o histologicamente) das micobactérias que
(presença de células epitelióides, material resis-
tente a ácido e álcool e formação de granulomas) causam TBC ganglionar.
II Agentes etiológicos: mais de.-50 espécies de mi
, ,. e cultura de germe positiva. A cultura costu-
ma levar quatro a oito semanas para cresci- cobactérias podera causar linfadenite específica.
mento. « O complexo MAI (Mycªobaêteríum avíum-imra-
. Técnicas de amplificação do ácido nucléico pela cellulare) é o mais comum. Outros frequentes:
. reação de cadeia da polimerase (PCR, polyme- M. scrojitlaceum, M. kamasii, M. marinum, M. gor-
donae, M. malmoense, M.fortuitum, M. chelonae.
i fase chain reaction).

--Biópsia cirúrgica pode ser necessária para con-


finnar diagnóstico. Culturas negativas não são
Devido à clínica, etiologia e características antigê— '
nicas, dois grupos são considerados juntos e de-
' nominados complexes:

definitivas, mesmo em presença de doença ativa.
O preenchimento de dois dos três critérios rela- Complexo MAIS (em que o M. scrofulaceum é'
cionados a seguir costuma mostrar uma sensi- também incluído por produzir adenite cervical).
bilidade de 92% no diagnóstico de linfadenite —0 complexo M. forTúítlrm-chelonae.
a Todas as bactérias são não-móveis, aeróbicas, nâº-
tuberculosa:
' Reação de Mantoux fortemente positiva encapsuladas, não-esporuladas, recobertas pºr
., (> 15mm), membrana resistente à remoção álcool-ácido dª
-
Radiografias de tórax anormais. cor, uma vez coradas com ,fucsina.
' Contato
com pessoa com tuberculose infec- ra Achados clínicos. ,

crosa.
a Tratamento.
-—-
Bilateralidade érara: só 7%.
Gânglios mais comprometidos são os jugula-
— Esquema HRZ (H =isoniazida; R:rifampicina; digãstricos, submandibulares e pre—auriculares-
Z:pirizinamida) por dois meses, seguido pelo
esquema HR por quatro meses. Doses sugeri-

Sem história de contato com pessoas com micº“
bactérias atípicas. Transmissão de pessoa pªrª
Línfadenite Cervical n 195


Figura 33.1 Massa confluente de gânglios aglomerados
por micobacteriose atípica.

Figura 33.2 Linfadenite cervical e pré-auricular fistulizada
com intensa necrose caseosa.

pessoa é improvável, exceto no caso de equi— zados em nosso meio. Esses testes cutâneos
pamento médico inadequadamente limpoe de- realizados com diferentes antígenos costumam
sinfetado. ser de ajuda no diagnóstico diferencial com
Características dos gânglios: massa confluente TBC ganglionar, mas têm baixa especificida-
de gânglios, simples ou múltipla (Fig. 33.1), de. Reação cruzada costuma limitar o valor
apresentando trajeto fistuloso em 20%, por onde diagnóstico.
drena material easeoso (Fig. 33.2). consistên—
cia dura, podendo adquirir consistência esponjosa — Testes moleculares como southern blot, PCR
epulse-field gel electmphomsís (PFGE) ou DNA
(mais comum, 70%), aderidos à pele, tamanho fingerprint podem ser utilizados. Os testes de
variando de 1 a 3cm (em 1/3 dos casos a massa amplificação genética como o PCR servem para
medirá mais de 3cm), sem calor local, poden- distinguir micobactéria tuberculosa (MT) da
do ter ou não hiperemia, indolor ou levemen- não tuberculosa (MNT), mas não distinguem
.
a.
.
ªq'J,
h

':.Í
te doloroso e com.crescimento mais. rapido do
que a TBC ganghonar. Na ausêncra de trata-
as diferentes espécies de MNT. Além disso, é
um método rápido e confiável para identificar
'
.!:ª mento adequado, as lesões progridem para lique- micobactérias. O fator limitante é o alto custo
"? fação com descoloração da pele suprajacente
e drenagem espontânea.
do teste. .

-—-
A maioria é assintomática.
— identifica “ão de micobactérias pela cromato-
grafia líquida de alta performance e amplif-
Bom estado geral, afebril. cação do ácido nucle'ico. São métodos rápidos
597à

—-
Raramente: febre, calafrios, suores noturnos,
perda de peso.
—-
e caros. '
Radiografias de tórax anormais. _ -'
lLocais de contaminação: solo, água aerossolizada,
pássaros e animais em geral.
-— - Biópsia de aspiraçãopor agulha fura para obter
material para cultura, coloração pelo Ziehl-
IA contaminação geralmente ocorre por lesões na
Neelsen ecitopatológico. Resultados ainda são
mucosa da orofaringe (dentição no lactente jo- desanimadores em nosso meio.
vem), infecção respiratória viral alta e conjuntiva.
I Investigação diagnóstica. — Biópsia cirúrgica de gânglio comprometido in-

—--
tacto e sua cápsula, dividindo-o em duas porções.
História e exame físico. 'Uma é colocada em formol e encaminhada para
Tomografia computªdorizada (TC) com con— histopatologia. O espécime é corado pela hema-
traste: mostra adenopatia assimétrica, massa toxilina—eosina. As características histopatoló-
de baixa densidade envolvendo o subcutâneo gicas são granulomas mal deã'nidos (não em
& pele, mínima inflamação adjacente e, em alguns
paliçadas), áreas dismorfas de necrose serpi—
,; casos, presença de calcificações. ginosa ou estrelada com debris nucleares e
33$
,;:
-Sensibilidade nula ou moderada (entre 5 a 10mm
na leitura da induração de 72h) à tuberculina
neutrófilos dispersos em focos necróticos ou
caseosos e presença de células gigantes tipo
(PPD—S) eostuina ser o achado mais frequente. Langhans. ,
Porém, como existe reação cruzada entre as
micobactérias atípicas e tuberculosas, forte - A outra porção é colocada em soro fisiológi-
co e encaminhada à bacteriologia. Na bacte-
positividade pode ser encontrada. riologia, o espécime é analisado de duas formas.
— Testes cutâneos especíãcos de sensibilidade para
ªlgumas micobactérias atípicas não são reali-
.
Pesquisa de BAAR (coloração pelo método
de Ziehl-Neelsen), que se positiva sugere
196 I: Cabeça e Pescoço

doença por micobactérias. Não é específica 20 a 30mg/kg, dividida em duas doses diárias,

4
para micobactérias atípicas e falso-positivos etambutol 15rnglkg, uma dose diária, e Como
são relatados. Inclusive, o número de baci- alternativa: azitromicina. O macrolldeo, usªr
los encontrados e tão pequeno que freqiien- do como monoterapia, pode induzir resiste“.
temente não são detectados, aumentando o cia precoce, segundo algumas pesquisas. O tempo
número de falso-negativos. Método com base de uso ideal não é conhecido. Aconselhamos
na coloração com fucsina, que é retida na o uso em um período de dois a quatro meses

I
parede celular e resistente a lavagem e des- ou até a cura do processo infeccioso.

ver-816 L-Hº
coloração pelo álcool.
, Cultural e teste de sensibilidade aos anti— nuença na nrranhauura do (tato
o

! bacterianos (meio de cultura de Lowenstein-


Jensen). Na grande maioria há falha de Doença geralmente benigna e antolimitada, causam.
crescimento em cultura. Na cultura tentar do linfadenite regional subaguda.
observar: isolamento da micobactéria, iden- :: Contágio: inoculação cutânea pelas garras ou den:
tificação da espécie (observando caracteres tes de um gato, ou lesão ocular pela lambida. Parece
coloniais, pigmentação das colônias, velo- que o risco da doença é maior quando associado

l
cidade de crescimento e teste de positividade a gatos infestados com pulgas.
com catalase e urease para determinar suas Geme responsável: Bar,-tonella henselae. Trata-se
características enzimáticas) e resistência às de um pequeno bacilo “Gram-negativo de difícil
drogas tuberculostáticas. 0 hipercrescimento isolamento e de crescimento muito lento.
das culturas por contaminantes é o maior I Leve predisposição pelo sexo masculino (3M:2F),
problema, pois as mieobactérias possuem a Achados clínicos.
lento crescimento se comparadas às bacté-
,
rias em geral. Se alguma espécie micobac-
— História de arranhadura prévia (duas a quatro
semanas) antes do aparecimento da lesão em
teriana é suspeita, o laboratório deve manter aproximadamente 90% dos casos.
——

My»
a cultura pelo tempo mínimo de oito semanas. No sítio da inoculação pode ser encontrado
O- diagnóstico definitivo costuma ser muito di- rash local, arranhadura, ou pústula. O rash con—

Açu.
ficil. O diagnóstico de alta probabilidade pode siste de uma ou mais pápulas cutâneas pequenas
ser feito com base na apresentação clinica, dados ou vesículas, que aparecem 3 a 10 dias após
epidemiológicos, achados histológicos e pre— exposição e medem Smm a 10mm de diâme-
sença de bacilos resistentes à descoloração por tro. Está presente entre 25 a 90% dos casos.
álcool e ácidos. '
Geralmente é isenta de prurido e dura até o


lTratamento. aparecimento da linfadenopatia (periodo 'de uma


Excisão cirúrgica dos linfonodos comprome- a quatro semanas).
tidos é o tratamento ideal (85 a 95% de cura). fx, A linfadenopatia geralmente compromete um
Drenagem cirúrgica ou aspiração não deve ser único linfonodo da cadeia que drena o local
realizada pela alta ocorrência de frstulização do inóculo. Aparece duas a três semanas após
e recorrência (até 80%). No procedimento a arranhadura e está presenteem 80% dos casos.
cirúrgico, muitas vezes é necessário o uso de Inicialmente, o'linfonodo é_doloroso e há eritema
estimulador de nervos (risco de lesão do ramo junto à pelã's'uprajacerit'e. Depois, torna-se
mandibular do nervo facial e nervo espinhal indolor. Em 20% nota—se a presença de eritema,
acessório) pela distorção da anatomia causa- edema e flutuação com supuração estéril. A
da pela densa massa de tecido fibroso. Todo adenopatia depende do local da inoculação.
tecido caseoso deve ser removido em massa. Locais mais frequentes: axila/extremidade su- '

Sendo impossível a remoção de todo o tecido perior (50%);pescoço (25%);região inguinal


doente, deve ser retirada a maior quantidade (18%); região pré-auricular, pós—auricular,
de tecido afetada e a área deve ser curetada. clavícular, ou parede torácica (10%). Pode per-
Acredita-se que o sistema imunológico poderá sistir por quatro a seis semanas, mas pode durar
I acabar com os organismos remanescentes. um ano ou mais. É menos comum o aumentº
As micobactérias atípicas não respondem às ganglionar de múltiplos linfonodos da mesma
drogas tuberculostáticas. Pode ser indicado tra— cadeia, ou de duas cadeias contíguas (bilateral).
tamento com antibióticos em casos com res-
secção inadequada pela localização das lesões,
- Antes de flutuar, os gânglios são firmes, móveis
e indolores. Com supuração, a flutuação ªpª'
excisão cirúrgica associada a significante risco
e para reduzir o tamanho e extensão da massa,
rece e a pele adjacente fica avermelhada. PP-
rém, não há dor ou sensibilidade sobre o gângliº-
facilitando ressecção posterior. Os antibióticos
indicados nesses casos são os do grupo dos
— Outros sintomas: cefaléia, mal—estar, anorexrfi.
febre (40 a 50%),dor de garganta e anmlglfl
macrolídeos, podendo ou não ser associados podem aparecer após a arranhadura. Em 10%
ao etambutol. Doses preconizadas: claritromicina dos casos, a febre ultrapassa 39°C. Sintomªs
i
I

Linfadenite Cervical : 197

atípicos: síndrome oculoglandular de Parinaud


cªracterizadapor adenopatia pré-auricular, — primidas,
Corn sintomas sistêmicos e crianças imunode-
medicar com rifampicina 10 a 20mgl
'
, conjuntivite e/ou granuloma conjuntival, menin- kg/dia, via oral (VO) a cada 12h, não excedendo
goencefalitc, manifestações neurológicas (pa— a dose de 600mg/dia, ou TMP/SMX (trimeto-
"
ralisia de Bell, convulsões, mielites, radiculites,
polineurite), eritema nodoso, púrpura trombo-
prima—sulfametoxazol) lOmg/kg/dia em duas
doses por sete a dez dias.
citopênica, hepatite granulomatosa.
'. Investigação diagnóstica. — Atualmente, tem sido proposto de rotina o uso
de azitromicina por cinco dias na dose de iOmg/kg
..
Teste cutâneo Hanger Rose positivo. Costuma

.
no lª dia e Smg/kg nos dias seguintes, uma ved
ser positivo em 90% dos casos. Não realizado dia. Parece que seu uso está relacionado a uma
em nosso mero. resolução mais rápida do aumento ganglionar.
.» Bidpsia ganglionar, dividindo o gânglio em duas
& porções. IIIDIBIÇÍÍES GEIIIIIS DE BIIIPSIII
.. Histopatológico: hiperplasia linfóide, prolife—
ração arteriolar, hiperplasia de células reticula- n Indicações de biópsia: presença de um ou mais
res. seguida pela formação de granulomas de gânglios aumentados (2 Sam) ou aumentando de
células gigantes epitelióides multinucleadas, volume na mesma área anatômica, consistência
necrose central, microabscessos e finalmente firme, fixos à pele ou fáscia profunda, após seis
supuração. Não é patognomônico. A colora— semanas de evolução, sem sinais inflamatórios
ção pelo Warthin-Starry pode revelar grupos '
evidentes, sem história de infecção conhecida e
de bacilos pleomórficos corados no interstício quadro clínico sem diagnóstico.
do linfonodo. li lndicações de biópsia precoce: alta probabilidade


Cultural: são bacilos de difícil cultura. A ausên-
cia desse bacilo não afasta o diagnóstico.
de doença grave — adenopatia supraclavicular ou
região cervical inferior (exceções: contato com

lmunofluorescência indireta para a detecção
de anticorpos anti—barranclla e medida dos an-
gato ou radiografia de tórax e mediastino normais);
febre persistente; emagrecimento; gânglios com
ticorpos séricos (ELISA IgM com 95% de sen- fixação à pele e/ou tecidos profundos, indolores


sibilidade). e aglomerados.
Técnica de extração e, PCR-amplificação do
&' DNA do linfonodo é bastante específica, po— BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
rém nem sempre está disponível. BEILER, H. A.: ECKSTEIN, T. M.: RUTH. H.; DAUM, R. Specific
and , ' ' ª ª " in ““ª
‘ etiology," '
Praticamente, podemos afirmar a doença da and therapy. Pediatr. Surg. Im., v. 17.. p. IOB-112, 1997.
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;.
lvl"
r
198 I Cabeça e Pescoço

ETIIIlllliIA
Desconhecida. O aumento da pressão venosa intrª.
torácica, por variações anatômicas ou fatores físicos,

Flebectasia lugular poderia ser transmitido ao bulbo da veia jugular in—


terna (principalmente direita), causando dilatação
persistente. O tronco braquiocefãlico direito é cum,

(Venoma ou Ectasia
(2 a 3cm), tem um trajeto quase vertical e contata com
a pleura apical. Qualquer aumento de pressão intrato-
racica pode transmitir—se diretamente a veia jugular

da Vela Jugular)
interna. O tronco braquiocefálico esquerdo é mais longo
(6cm) e atravessa a linha média quase horizontalmente,
ficando menos sensível às variações da pressão intra-
torácica.
Acredita-se'também que a compressão da veia
João Carlos Ketzer de Souza inominada pela cúpula do pulmão inflado contra a
clavícula, possa causar dilatação da veia jugular in-

Dilatação fusiformc ou sacular congênita da veia jugular


interna aos esforços. O'termo flebectasia indica dila-
,
terna ou possa sofrer algum grau de obstrução no nível
do mediastino.
Outra hipótese baseia-sejna escassa ou nenhuma
camada elástica e muscular lisa presente na sua parede,
tação da veia sem tortuosidade. com diminuição de sua espessura e perda primária
da elasticidade da parede (provavelmente congênita).
EPIIIEIIIIIIIGIII
IDoença rara. INVESIIGIIGÃII IIIIIGIIÍIS'IIGII
IGeralmente
a direita (5:1). Comprometimento ul História e exame físico.
bilateral é raro. : Ultra-sonografia e eco-Doppler colorido: demonstra
IMais frequente no sexo masculino: 1,4M11F. dilatação fusiforme da veia jugular aos esforços
:Pode não se limitar somente a veia jugular in— e fluxo vascular turbulento. Sempre comparar com
tema, comprometendo ajugular externae a jugular o lado contralateral.
anterior elou posterior.
'ÍBMIIMEIII'II
uunnrn Gllllllll Não necessita tratamento, exceto nas lesões cosme
IBorn estado geral.
IPresença de massa fusiforme, consistência mole,
Éticamente deformantes, sensação de constrição ou
desconforto durante atividade física. Únicas compli-
compressível, com contornos regulares, móvel, cações relatadas são trombose e síndrome de Horner.
não dolorosa, na região cervical, principalmente A flebectasia
costu sofrer redução com o cresci-
junto à região supraclavicular, que aparece 50—
mente com esforços tipo choro, tosse, espirro “e
manobras de Valsalva.
mento da criança,
tura zonal corª
o fortalecimento da muscula-

A cirurgia consiste na remoção unilateral das veias


jugulare's interna e/ou externa.
nlagnústlno lllierenclal de Massas Males, BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
llio-unlsilels Ila neuiãn eervlcal Irua BALlK, E.; ERDENER, A.; TANELLI, C. et al. Jugular phlebectasia
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riêrEéís e Fitas Vasculares ......................
o' « '
. . 210
“"ZPÍêrsistência do Canal Arterial no Recém-nascido. . .
.................................
216
J,Cisto Broncogênico . . 219

eumotórax
................................................ 240

...........................................
..............................................
'Ábstesso Pulmonar 248
A

allgronquiec‘tasias
..................................4‘....... 553
250
ill'llassas Mediastinais
r» .ª

« r . — f ;,
l

ºbstruções da Laringe e da Traquéia ra 201

Entretanto, 10% das crianças com laringomalácia


apresentam obstrução ventilatória importante,
com cianose, apnéia, dificuldade de alimenta-

ruções da Laringe
ção com disfagia e perda de peso, obstrução res-
piratória completa intermitente com surgimento
de pectus excavatum e cor pulmonale.
Atualmente, realizamos oximetria e estudo polis-

Traquéia sonográfico para quantificar o grau de obstrução


ventilatória e também para avaliar o resultado ci-
rúrgico no pós—operatório.
na Até alguns anos atrás, a traqueostomia era indicada
para esses pacientes; entretanto, em razão dos riscos
e complicações desse procedimento, a laringoplastia
endoscópica (supraglotoplastia) tornou—se a pri—
meira opção para o tratamento de crianças com
manifestações graves.
'omalácía
ªr '
m Na supraglotoplastia endoscópica, dependendo
'
,
gt'to
E da causa da obstrução, realiza-sie um ou mais dos
seguintes procedimentos: remoção da mucosa
.“
- , .
“Éiinido como o disturbio
.
caracterizado pelo exuberante das cartilagens aritenóides e/ou in-
Vol‘apso das cartilagens laringeas durante a ins» cisão das pregas ariepiglóticas e/ou ressecção
iffi'rhgio, corn obstrução da glote. parcial da epiglote (Fig. 35.1). A cirurgia pode
ser realizada com tesoura ou laser, devendo—se
remover a menor quantidade possivel de tecido
0 Clínica necessária para permitir o alívio da obstrução.
.Áalaringomalácia & a anomalia mais comum da Nossa experiência mostra que a cirurgia tem me—
gringe, bem como a causa mais frequente de es- lhores resultados em crianças com Iaringomalácia
e sem lesão neurológica associada.
. ,. rider na criança.
"Olestridor surge nas duas primeiras semanas de
“"da, tipicamente inspiratório, exacerbando-se
é Paralisia [Ie coroas llamas
xiiiúi'ante choro, agitação, alimentação e posição
i

'

i‘siifiina. “Conceito
A‘intensidade do estridor aumenta gradativamente IA paralisia das cordas vocais é a segunda mal-
iii," 6ª mês de Vida e depois melhora progres—
'

formação congênita mais freqiiente da laringe,


,amente até desaparecer em torno de 18 a 24 se'rtdo apenas ultrapassada pela Iaringomalácia.
iae-
anngomalácia também tem sido descrita em
l: A paralisia pode ser unilateral ou bilateral, con-
gênita ou adquirida.«
peas com paralisia cerebral, que apresentam
st dor inspiratório muito similar àquele do
aãênte. Esse tipo de laringomalácia é denomi-
w;? laringomalácía neurológica provavelmente
e
ârçsulte de algum distúrbio na inervação da mus-

culatura da faringe e laringe.

ª) diagnóstico definitivo e realizado por meio de


, endoscopia, com a criança em respiração espon-
*
lªnca: 0 colapso pode ser decorrente de a.ritenóide
tedundzmte uni ou bilateral, epiglote aumentada
&
“(“fºrma de ômega) ou ligamentos ariepiglóticos
ª3"(ãlll't()S.

,9
'a tratamento
maioria das
usualmente conservador, visto que
é
crianças apresenta melhora do estridor
Figura 35.1 — Tipos de cirurgia endoscópica em crianças com
Iaríngomalácia grave. A = Remoção da porção lateral da
epiglote. B: Secção do ligamento ariepiglõtico. C = Excisão
?s dots anos de idade. da mucosa redundante da aritenóide.

_ .W
"
202 a Tórax

El A paralisia congênita das cordas vocais e decor- n A cirurgia geralmente não é necessária na para
rente de alguma doença neurológica. A parali— lisia unilateral. A paralisia bilateral geralmente
sia bilateral é usualmente decorrente de alguma requer a realização de traqueostomia e o trata—
anormalidade do sistema nervoso central e está mento definitivo da paralisia é retardado até ºs
associada à hidrocefalia, encefalocele, com ou dois anos de idade.
sem a malformação de Arnold-Chiari, bem como II A cirurgia definitiva pode ser feita por meio de
leucodistrofra e disgenesia nuclear ou cerebral. técnicas excisionais e de fixação das cordas vocais,
A paralisia unilateral é geralmente secundária a O objetivo final é realizar a decanulação, sem
lesão do nervo laringeo recorrente. Qualquer lesão alteração da voz ou aspiração pulmonar.
neoplásica, traumática, isquêmica, ou inflama-
tória do nervo vago, desde sua origem até a la—
tinge, pode ser responsável pela paralisia. O trajeto
completo do nervo deve ser avaliado em casos
Russia/Membrana de laringe
A atresia completa da laringe
in é extremamente
de paralisia unilateral de corda vocal que per— rara. Consiste em oclusão completa do orifício
sista após duas semanas. da laringe por membrana ou cartilagem. Pode
ser diagnosticada intra-útero pelo aumento sig-
nificativo de ambos os pulmões, secundário :]
Quadro Clinico obstrução traqueal.
Nesses pacientes deve—se pla-
nejar arealização de traqueostomia ao nascimento,
B Os sintomas de paralisia unilateral das cordas
com a criança ainda conectada à circulação materna

|
vocais podem estar presentes ao nascimento, ou
podem surgir nas primeiras semanas de vida. pelo cordão umbilical. Sem diagnóstico pré-natal

LV'ÇO
Em geral, observa—se estridor leve, que piora ao e traqueostomia planejada, a maioria das crian—
ças com essa anomalia morre logo após o nasci-

warm-946
esforço, choro rouco e fraco; raramente ocorre
mento.
obstrução ventilatória. Dificuldade de alimen-
tação, ouçmesmo aspiração, também pode ocorrer. A membrana laríngea e' usualmente observada
ao nascimento, localizando-se mais frequente-
A paralisia bilateral das cordas vocais manifes-
mente na comissura anterior da corda vocal. Tem
1 2‘ ta-se 'por obstrução aguda da via aérea. O choro espessura variável e, em geral, causa obstrução
e' normal, e há um característico estridor inspi— significativa da via aérea superior e alterações
., c — ratória, que piora sensivelmente durante a agi-
i;


do choro elou da voz. O diagnóstico é realizado
.

tação. A paralisia bilateral não é bem tolerada


.: ,»

com endoscopia e o tratamento por meio da ruptura


pelo recém-nascido e, embora a via aérea artificial
_ da membrana com instrumentação romba (tubo
ª_n

não seja sempre necessária, a entubação de emer— traqueal ou microtesoura) ou com laser.
gência, seguida ~da traqueostomia, é frequente—
mente requerida para a estabilização da via aérea. Ó cisto de laringe -
Diagnóstico Pode ser ventricular ou subglótico. O primeiro
origina-se de saculações dol'ventrículo laringeo,
ll 0 diagnóstico de paralisia de corda vocal e rea— que cheiasªdemuco protraem e comprimem a
lizado por laringoscopia flexível com o paciente via aérea supr'áglótica. O‘c‘i‘sto pode ser simples
acordado, pois a anestesia geral pode afetar a e confinado à porção interna da laringe, ou pode
mobilidade das cordas vocais. ser complexo quando se estende para fora da
ai Broncoscopia deve ser realizada naquelas crianças
laringe. O primeiro e' tratado por meio de res-_
com paralisia bilateral e naquelas com paralisia secção com laser e os outros necessitam de abor-
unilateral que apresentam dificuldade ventilatória, dagem aberta, por laringofrssura, para ressecção
para descartar outras malformações concomitan- cirúrgica completa.
tes da via aérea. u Os cistos subglóticos são frequentemente vistos
m Crianças com paralisia bilateral das cordas vo- em recém-nascidos cgmentubação prolongadª-
cais requerem avaliação do sistema nervoso cen- São tratados com marsupialização endoscópica
tral por meio de ultra-sonografia ou ressonância com laser.
magnética.

Tratamento
São os tumores benignos mais comuns da laringe
ta A paralisia unilateral resultante de lesão de parto na criança, usualmente provocando sintomas n05
tende a melhõrar nas primeiras semanas de vida. primeiros dois ou três meses de vida.
a As lesões bilaterais das cordas vocais secundá- Geralmente localizados na região subglótica, oca-
rias a doenças do sistema nervoso central me— sionam estridor intermitente, que piora durante
lhoram após tratamento da doença neurológica. esforço ou choro.
Obstruções da Laringe & da Traquéia ! 203

' :;esposta
zigfio
c.
e“ respondem
corticóide
ao sistemico
tem srdo reallzada
de laser
é ótima. Uti—
nos
casosdeve
ao corttcmde. Traçueostomia
que
tensão da doença. Na maioria das vezes, o diagnós-
tico endoscópico é difícil e o médico endoscopista
deve pensar na possibilidade dessa doença para

.
&

»; eãfutilizada somente como


ultimo recurso, Já que ela possa ser excluída durante o exame.
Em geral, é útil a realização concomitante de larin-
, url—essas lesões tendem a regredir espontanea-
[frente até os dois anos de idade. goscopia, broncoscopia e esofagoscopia, com obje-
tivo de demonstrar a integridade da porção pos-
terior da laringe e traquéia. A endoscopia também
é útil para determinar a extensão do defeito e
ªÃ'papilomntose é ocasionada pelo papilomavírus assim planejar a abordagem cirúrgica adequada.
Humano. que provoca lesões vegetantes que
õBstruem a via aérea. . Tratamento
lªÉm geral, as lesões ocorrem na região supraglé-
fica e raramente acometem traquéia ou brônquios, IA via aérea deve ser inicialmente intubada, a fim
'

xÃlvnianifestação clínica predominante é o estridor de permitir adequada ventilação e reduzir a pos—


L5,; a rouquidão e o diagnóstico é realizado por bron- sibilidade de aspiração. A correção cirúrgica deve
ªcoscopia. ser realizada o mais breve possível e isso de-
Como é uma doença somente da mucosa, e trata— penderá da presença e tipo de malformações as-
(in por meio de ressecções superficiais com laser. sociadas.
Após estabilização clínica, deve-se decidir se há
necessidade de realização de traqueostomia,
gastrostomia, ou fundoplicatura. A traqueos-
tomia é indicada na presença de estridor signi-
ficativo ou comprometimento concomitante da
“Definida como a comunicação na linha média via aérea por paralisia de corda vocal, estenose
b’é‘fie'.t'raqueoesofãgica
? ntre laringe, traquéia e esôfago, a fenda laringo—
é uma anormalidade congêni-
subglótica ou grave traqueobroncomalácia. A gas—
trostomia tem a vantagem de impedir alimenta—
fviê rara, de difícil diagnóstico e tratamento e com
ção oral, limitando a possibilidade de aspiração;
":?:.alta mortalidade.
entretanto. não previne a aspiração de saliva e
de material decorrente de refluxo gastroesofá-
gico. O refluxo gastroesofágico geralmente está
associado e deve ser tratado para evitar proble-
'“nóide, mas não abaixo. mas na área da correção cirúrgica. O tratamento
Tipo ll: fenda através da porção posterior da pode ser inicialmente com medicamentos e, se
”Earlilagem cricóide, mas sem alcançar a traquéia. necessário, fundoplicatura.
II 'l‘ipo Ill: estendendo—se através de toda a carti- Bª O tratamento cirúrgico definitivo
e realizado
_'lagem cricóide, com ou sem envolvimento da somente após estabilização clínica e melhora das
ftraquéia cervical. condições pulmonares. 7
*Tipo IV: com envolvimento também da traquéia ,: Crianças com fenda tipo'l podem osnfio neces-
ntratorácica. sitar de intervenção cirúrgica. Nos casos sintomá-
ticos, a cirurgia é preferentemente endoscópica,
com secção de ambos os ligamentos ariepiglóticos,
objetivando queda das aritenóides e aumento do
A apresentação clínica usual é de dificuldade diâmetro da região supraglótica.
respiratória que piora com alimentação. Também Ia Fendas dos tipos II ou III podem ser reparadas
podem estar presentes tosse, episódios de cianose. por via anterior ou lateral. A via lateral (cervica-
estridor, salivação excessiva e alterações do choro. tomia direita com ou sem toracotomia) permite
]
[Atresia de esôfago e fistula traqueoesofâgica ocor- a visualização simultânea dos defeitos laringo-
’w'rem em cerca de 20% dos pacientes. Outras ano— traqueal e esofágico, mas tem maior risco de lesão
'_ ?malias
associadas podem também estar presentes,
tals como fenda palatina, estenose subglótica e
de estruturas vasculares ou nervosas. A via an-
terior, por meio de uma laringofissura, possibi-
*.malformações urinárias e cardiovasculares. lita identificação completa do defeito, fechamento
anatômico preciso, sem lesão de estruturas
(l'ªgnóstico neurovasculares. A mucosa comum é incisada,
. - 0 diagnóstico é confirmado pela endoscopia
realizando—se fechamento do esôfago anterior e w
a seguir da traquéia posterior com fio absorvivel,
. respiratória, que mostra separação das aritenóides tendo-se () cuidado de não deixar as suturas
Cºm envolvrmento da traquéia conforme a ex-
sobrepostas.
_.“ [_
204 u Tórax

Fendas do tipo IV são reparadas preferencial- é a terceira causa de anomalia laringea, perdendº
mente por cervicotomia e toracotomia. em frequência apenas para a laringomalácia e a
I A mortalidade nessa anomalia é alta e depende paralisia de cordas vocais.

Wei
mw
fundamentalmente da extensão do defeito. De-
feitos envolvendo a região intratorãcica apresentam
índices elevados de mortalidade (até 93%); de—
feitos limitados a laringe apresentam 43% de
classificação
I De acordo com os achados endoscópicos, clas.
en v — *
mortalidade. sifica—se a estenose subglótica em quatro tipos;
— Estreitamento de até 50% da luz.
—-—
BBSTIIIÇÃB Ill TBMIIIÉIA Estenose de 51 a 70%.
Obstrução de 71 a 99% da luz.
Estenose Sunglútica Obstrução completa, com ausência de qual.
quer orifício subglótico.
Conceito Essa classificação é importante para o planejamento

“tem.
I Estenose subglótica é definida como o estreitamento
terapêutico.

sú a-M w
da região laríngea compreendida entre as cordas

;
Quadro Clinico
_,,

he
vocais verdadeiras e a margem inferior da carti—
lagem cricóide. .r

r." .
I! A principal manifestaçãoclínica em crianças com
I As estenoses da região subglótica podem ser

!
estenose subglótica é o estridor inspiratório e expi-
congênitas ou adquiridas. As adquiridas são res—
ratório; também podem estar presentes dispnéia,

L'ÉQ“
ponsáveis pela maioria dos casos de estreitamento

-. v m w
retrações esternais e intercostais e batimentos de
subglótico em crianças, sendo geralmente secun-

'ZLíºRã
dárias à entubação traqueal prévia, especialmente asas do nariz. —»
ll Qualquer acúmulo de secreção ou minimo pro-
quando associada a alguma hipóxia tecidual
«

«
(choque, parada cardíaca) ou infecção grave da cesso inflamatório na região subglótica ocasio—
via aérea. As complicações da entubação traqueal na diminuição da passagem do ar, provocando
na criança ocorrem mais na região subglótica, piora da ventilação e dificuldade para alimenta—
pois é o local mais estreito da via aérea nessa ção. A mudança do decúbito não altera a difi-
faixa etária. culdade respiratória.
I A associação entre entubação traqueal e esteno- I Laringites recorrentes ou persistentes podem ser »

se subglótica foi relatada primeiramente porTumer, a manifestação de estenoses subglóticas menos


em 1916‘. A partir de então, vários estudos têm severas. ,
mostrado que os principais fatores que predis-
põem a formação de estenose subglótica em
crianças são:
?iagnósfico _
-—
I O diagnóstico é sugerido pela história de entubação
Entubação traumática.
Entubação prolongada. prévia. , _-
-Excessivo número de entubações.
- Tamanho inadequado do tubo traqueal.
I Exame radiológicoida região cervical, lateral. pode
mostrar estreitamento da região subglótica.
—Infecção local. I A tomografia computadorizada pode ser útil para
demonstrar a extensão da estenose.
amu
I Recente revisão de estenose subglótica em nosso
meio mostrou que apenas o fator número de m A endoscopia respiratória rígida e flexível ca-
entubações estava associado significativamente racteriza a espessura e extensão da estenose, bem
ao surgimento da estenose; o tempo de entubação como avalia prolapso supraglótico ou da base
e o tamanho do tubo traqueal não foram fatores da língua, mobilidade das cordas vocais e a pre-
estatisticamente significativos. sença de outras malformações concomitantes.
ll Felizmente, o cuidado na entubação, bem como :: Não é incomum encontrar estenoses glóticas
medidas preventivas mais agressivas (treinamento associadas a lesões de sfibglote, também, secun- ,
de técnicas de entubação, protocolos sobre o dárias a entubação traqueal.
cuidado dos tubos traqueais, bem como a utili- I Também é importante a avaliação de refluxo
zação de corticóide e adrenalina após extubação) gastroesofágico associado e do estudo da degIU-
têm diminuído a incidência da estenose do tipo tição em crianças com distúrbios de deglutiçãº
adquirida. ou com suspeita de aspiração. Acredita—se que º
I A estenose subglótica congênita ocorre devido à refluxo gastroesofagico e gastrolaringofaríngeº
: inadequada recanalização do lúmen da laringe
tenha papel importante no desenvolvimento e
na fase embrionária, podendo variar desde atresia, exacerbação da estenose subglótica e podem f“-
estenose e membrana até malformação da carti- turamente comprometer o resultado da laringe-
lagem cricóide. A estenose subglótica congênita traqueoplastia cirúrgica.
Obrtruções da Laringe e da Traque’ia n 205

Porção am Perírdndrlo
Cartilagem tlreoidea Face interna
tratamento da estenose subglótica na criança
“difícil e deve ser individualizado para cada pa-
x mente. A abordagem depende de etiologia, extensão
, É? “da
estenose, idade e condições gerais da criança.
e "fi A preferência é a realização de um reparo cirúr-
'l. ,,ª gico em um único tempo, sem a necessrdade de
ªªª"! traqueostomia. Porção externa
Perkõndriu em
«5:25. Estenose congênita com obstrução leve deve ser
, ºbservada. já que o diâmetro da região subglótica
direção a luz
traqueal

a“ aumenta gradativamente com o crescimento,


”' permitindo melhora da obstrução.

.
;;;. Estenoses graves são indicações de tratamento Figura 35.2 — Técnica de laringotraqueoplastia com cartila-
gem tireóidea. (A) Laringotraqueofissura & preparo da por-
W” 'cirúrgico. ção superior (alar) da cartilagem tíreóidea. (B) Remoção da
5. Estenoses adquiridas menores, decorrentes da cartilagem e colocação desta na fissura, com o cuidado de
2;" presença de tecido inflamatório, mas sem fibrose, manter a porção do pericôndrio internamente. (C) Aspecto
— “'podem responder bem à dilatação endoscópica final após sutura. Observar que a porção interna do pericôndrio
ou aplicação de laser, é preservada no local de remoção da cartilagem.
Jig.- Fissura cricóide anterior pode ser uma alterna—
tiva em recém-nascidos de baixo peso que não
conseguem extubar, na tentativa de evitar a tra- Também pode resultar de uma anormalidade con—
queostomia. gênita da estrutura cartilaginosa da traquéia, de

à?I Nos casos graves, com presença de tecido fibro- doenças do tecido conctivo (condroplasias e
?; so, prefere—se a laringotraqueoplastia com inter— policondrites), ou defeitos cartilaginosos resul—
posição de cartilagem na região anterior e/ou tantes de infecção ou ventilação mecânica com
posterior da cricóide nas estenoses graus 2 ou 3. altas pressões.
Em estenoses curtas utilizamos enxerto da por—
ção alar da cartilagem tiróide (Fig. 35.2), que Quadro Clínico
pode ser obtida por meio da mesma incisão cer-
vical, sem necessidade da realização de outra ll As principais manifestações da traqueomalácia
abertura cirúrgica. Outras cartilagens que podem são o estridor expiratório e a tosse metálica.
ser utilizadas são a costal e a auricular. na Muitas crianças não apresentam manifestações
I Estenoses graves graus 3 e 4, especialmente quando 'até dois ou três meses de idade. Entretanto, em
associadas à malácia significativa da traquéia a umas, a evidência de traqueomalácia grave
proximal, são melhores tratadas pela ressecção jase observada logo após a correção cirúrgica de
cricotraqueal. Para realização dessa técnica ci- atresia de esôfago, devido a impossibilidade de
extubação. Em um pequeno núinero'de crianças
rúrgica é fundamental que a estenose não com-
prometa a porção imediatamente abaixo das cordas
com traqueomalácia di usa, as manifestações
iniciam—se ainda no periodo neonatal.
vocais.
. lil Benjamin et al.2 classificaram as manifestações
Traqueostomia é realizada na falência de todas clínicas da traqueomalácia em leves, moderadas
as alternativas anteriores, ou em crianças sem
w - u e,
e graves. Nos casos leves, o colapso na expira-
condições para o procedimento cirúrgico. Entre— ção impede a elirriinação adequada das secreções,
,

tanto, deve—se evitar ao maximo sua realização sendo responsável por episódios ocasionais de
devido às suas complicações imediatas e tardias. infecção respiratória. Nos casos moderados, estri-
dor e sibilância estão associados a infecções res-
piratórias mais frequentes; algumas vezes, epi—
sódios de sufocação também estãopresentes. Nos
casos graves, as crianças apresentam obstrução
respiratória, com cianose, estridor expiratório e
lA traqueomalãcia é definida como a oclusão da
quadros de apnéia (dying Spells). A obstrução
luz traqueal durante a ventilação, devido a uma pode somente ser aliviada após a entubação tra-
flacidez anormal da parede traqueal. Esse pro-

.
queal. Os episódios de sufocação (dying spells)

. a v i- « 'A cesso pode ser localizado em apenas um segmento,


ºu pode envolver toda a traquéia.
A traqueomalácia está frequentemente associada
à atresia de esôfago com fístula traqueoesofágica
são as manifestações mais graves desse grupo,
geralmente ocorrendo 5 a lOmin após a alimen—
tação. A criança continua a engolir apesar da
cianose; se a alimentação não for interrompida,
ª a outras anormalidades torácicas, tais como anéis a sintomatologia progride para apnéia, bradicar-
vasculares e tumores. dia, paradas respiratória e cardíaca.

am r ?
»- M

4. « (
rw
ª?
205 e Tórax

E Estudo contrastado de esôfago é fundamental não


somente para avaliar a compressão da traquéia
pelo esôfago, mas também para excluir outras anor.
malidades, tais como estenose esofágica, fístula :-
traqueoesofãgica recorrente e refluxo gastroeso. ,
fágico, as quais podem produzir manifestações
semelhantes.
IN A broncoscopia continua sendo fundamental para


o diagnóstico definitivo da traqueomalácia, pois
permite informações precisas do lúmen traqueal
durante a ventilação. O exame é usualmente rea—
lizado sob anestesia, com a criança em respira—
ção espontânea. Na criança com traqueomalácia.
()
lúmen traqueal apresenta uma forma elíptica,
_ '

com a porção membranosa aumentada e com


colapso a expiração. Nos casos graves, observa-
se colapso total da luz.

: ».
Tratamento
A maioria das crianças com traqueomalácia pode
ser tratada conservadoramente, visto que ocorre
uma resolução espontânea das manifestações ,

L—sQ-wuÇSzá
clínicas após um ano de idade.
A correção cirúrgica deve ser realizada em crianças ';

com ataques obstrutivos com risco de vida (dying


spells), pneumonias repetidas (mais do que três
episódios em um ano) e impossibilidade de extu-
bação. Em crianças com essas manifestações,
deve-se realizar cuidadosa distinção entre traqueo-
malácia, fístula traqueoesofágica recorrente e
refluxo gastroesofágico grave.
s1 Traqueomalácia e refluxo gastibesofágico podem
,; estar presentes concomitantemente. Nesses pa-
i,‘ ' cientes, caso os sintomas respiratórios predominem,
fg,
=», «
Figura 35.34— Vista sagital da anatomia mediastinal em
traqueomalácia. (A) Relação normal entre aorta, traquéia e
esôfago. (B) Tosse ou dilatação esofágica, durante alimenta—
gica da traqueomalácia.
a A aortopexia 6 rec nhecida
_como
deve-se realizar inicialmente a correção cirúr—

procedimento
xii;
f ª “
ção ou refluxo gastroesofágito, comprime a traquéia em
direção à aorta. Na traquéia com malácia, isso ocasiona obr-
«'
cirúrgicopadfão. na correçãoxie traqueomalácia
, ,- trução respiratória grave. (C) Aortopexia tracíona anterior- (Fig. 35.3). A tração e fixação da aorta junto
mente a aorta, junto com a parede anterior da traquéia, ao esterno possibilitam abertura e estabiliza-
evitando a possibilidade de compressão traqueal. ção traqueal em razão das aderências presentes
normalmente entre a traquéia anterior e a aorta
posterior. O procedimento também diminui a
Diagnóstico
= peitado
O diagnóstico de traqueomalacia deve ser sus-
possibilidade de compressão da traquéia com
malácia pelo esôfago ou por outras estruturas
vasculares adjacentes.
i
pela história clínica de respiração rui- la Em crianças cuja aorta-ja está localizada ante-
dosa, sibilância, tosse metálica, episódios de riormente, ou em casos de traqueomalácia de
sufocação, pneumonia recorrente ou impossibi— longa extensão, a aortopexia não éisuficiente,
lidade de extubação devido à obstrução expiratória devendo-se considerar a realização de traqueos-
' da via aérea.
tomia. A colocação de órtese metálica intratra-
e! Em crianças com episódio de sufocação (dying
queal tem mostrado sucesso variável e, em razão
spells), devem—se realizar cuidadosas avaliações dos riscos de deslocamento, formação de tecido
cardíacas, neurológica e esofágica, para excluir de granulação e dificuldade de remoção, deve
outras anormalidades. ser realizada somente em crianças sem nenhu-
o Estreitamento traqueal pode ser notado em ra- ma outra alternativa cirúrgica e com perigo dº
diografias laterais de tórax. Vida iminente.
ºbstruções da Laringe e da Traquéía a 207

quicos anormais, anormalidades do arco aórtico


figªrrauueal
«53
ennuemra e a maioria de outras causas raras de obstrução
traqueal.
I Avaliação cardíaca completa deve ser realizada
gtgtreitamentos congênitos daAtraquéia são em crianças com defeitos cardíacos associados.
Não se preconiza mais a realização de traqueo—
ialinente ocasionados pela ausencm de
u há maior parte da membranosa traqueal.
toda
broncografta nessas crianças, devido ao riseo de
” ié‘dominancia formação
da porção cartllagrnosa
da tra- piora da obstrução respiratória.
.ueªfocasiona
'
a de
uma traquéia cir-
ºferencial, com diâmetro reduz1do. _
a: A broncoscopia somente é realizada quando ha
dúvida diagnóstica, sendo útil para confirmar o
stenoses congênitas de trªquéia estao fre- local e a gravidade da obstrução na porção su-
ii‘eiitemenre associadas a outras malformações perior da traquéia. Como o aparelho usualmente
dªwore traqueobrônquica. A malformação mais
fiffimm, observada em cerca de 50% dos pacrcn-
não pode ultrapassar a área estreitada, não per-
mite a avaliação de toda a estenose.
e É a presença de artéria pulmonar esquerda l O diagnóstico diferencial dessa lesão é a traqueo-
Ãiiôriiala, que se origina da artéria pulmonar direita malacia, anel vascular completo, hemangioma,
39335“ para o lado esquerdo por trás da traquéia,
“KaÉionando algum grau de estreitamento dela.
ou tumores traqueais, cistos e infecção.

Sutras malformações observadas são a agenesia Tratamento


piliipoplasia pulmonar unilateral e pronquros
lQÉares médio e inferior esquerdo originando- n A indicação de procedimento cirúrgico depende
é“,;io brônquio principal.
)

da gravidade da dificuldade respiratória, da ex-


tensão do estreitamento e da experiência do ci—
?ª, cação rurgião com a técnica a ser utilizada.
Os procedimentos cirúrgicos mais utilizados no
Ésªestenoses traqueais congênitas basicamente tratamento da estenose traqueal congênita são a
sã'apresentam de três tipos: dilatação com balão, ressecção com anastomose
һ,:j-Iipoplasia generalizada, que pode se esten- e traqueoplastia.
5‘ por até os brônquios. m A dilatação endoscópica com balão tem sido usada
: A Estenose em “funil", que geralmente se inicia no
por alguns autores, especialmente em estenoses
“fierce médio da traquéia e progride até a carina.
qutenoses segmentares, que podem ocorrer em traqueais que ocorrem após anastomose traqueal
ou traqueoplastia. Entretanto, a utilização dessa
fª ‘gualquer ponto da traquéia. técnica como tratamento primário de estenoses
rªiª traqueais congênitas ainda não está bem estabe-
'
dro Clinico lecida. '-
'“ rianças, ainda nos primeiros meses de Vida, n A ressecção segmentar, corn anastomose termino-
'resentam estridor, pneumonia, ou ambos. Po- terminal, é o tratamento de escolha para estenoses
de'ifí apresentar também sibilância, episódios de curtas. Em crianças,«é possível anastomose tra-
gnose, deficiência de crescimento, taquipnéia, queal após ressecçãode até 50% do comprimento
0:13:95“. traq'ueal. "' "»
*

:manifestação clínica depende da gravidade da A traqueoplastia é utilizada em crianças com


obstrução. Estenoses leves podem ocasionar sin— estenoses traqueais longas, que não podem ser
ÃÉmatologia ollstrutiva apenas durante o exercício; tratadas por meio de ressecção e anastomose
.
gmestreitamentos graves ocasionam obstrução im-
.
”ª,—portante desde o nasc1mento, . de Vida
com rrsco .
terminoterminal.
Várias técnicas de traqueoplastia podem ser uti-
."

lizadas: uaqueoplastia com pericárdio ou cartilagem


costal, traqueoplastia de deslizamento (slide
tracheoplasty) e reconstrução com auto-enxerto
traqueal. Na primeira, realize-Se uma incisão
Éadiografias simples do tórax e da região cervi- anterior longitudinal de toda a área estreitada,
weal permitem avaliação inicial da Via aérea.
. WEsofagograma com contraste e' útil para excluir
recobrindo-se () defeito com pericárdio elou car-
tilagem costal. Na traqueoplastia de deslizamento,
_ :“ganel vascular, anomalia da artéria pulmonar e tu- a traquéia é seccionada no ponto médio da este-
'mores esofagicos‘ou traqueais.
nose. A porção superior é a seguir aberta longi-
"A tomografia computadorizada, com ou sem tudinalmente na parte posterior; a porção inferior
reconstrução tridimensional, é o melhor exame, é também aberta, só que na sua parte anterior.
,?«pms pos'sibilita avaliar a severidade e extensão Realiza-se então um deslizamento da porção
gªlª estenose, bem como a presença de anomali—
dades da artéria pulmonar, ramos traqueobrõn—
superior sobre a inferior, com anastomose tra-
queal. Nessa técnica, a traquéia original reduz o
208 I Tórax
I

tamanho a metade, mas aumenta o diâmetro quatro nho: o ar entra na inspiração, mas não consegue
vezes. No auto-enxerto, a zona de estenose é aberta sair na expiração.
anteriormente por uma incisão longitudinal, re- Em cerca de 25% dos pacientes com aspiraçãº
movendo-se a seguir a zona de anéis traqueais o corpo estranho obstrui totalmente a luz brônquicª
completes. A traquéia restante é aproximada e o ocasionando atelectasia.
defeito anterior e recoberto com porção de tra- n Algumas crianças com aspiração de corpo es.
quéia previamente removida. tranho podem apresentar exames clínico e radio.
lógico de tórax totalmente normais. Portanto a “,
ausência de anormalidades clínicas e radiológi.
Bfllll‘ll ESTllllllllll ill! lllll AÉREA cas não exclui a presença de corpo estranho na
GIIIHBBÍÍII via aérea.
A constatação de história sugestiva de aspiração
A presença de material estranho na via aérea da já é suficiente para a indicação de broncoscopia.
criança é uma importante causa de morbidade e
mortalidade. tratamento '-
I Em alguns países, o corpo estranho é a principal
causa de morte por acidente em crianças abaixo
II0 tratamento de crianças com aspiração de cor.
de um ano de idade. po estranho é a retirada endoscópica desse ma-
terial com equipamento rígido ou flexível.
Bl Raramente os
materiais não podem ser retirados
nuam clinico
Logo após a aspiração de material estranho,
l
por endoscopia, tendo que ser removidos portra-
queostomia ou broncotomia.
a

2~§9-r
criança pode apresentar tosse intensa, sibilância, REFERÉNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

vaum—s
vômito, palidez, cianose, ou episódios breves de l. TURNER, A. L. Stenosis of the larynx in children following
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«'
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W
210 II Tórax
; ':

IiIlI'I 0 33 0111111110 1111111110 ”


'

, O quadro clinico é variável de acordo com o tipo de


anel ou fita vascular e a intensidade da obstrução,
.

Anéis e Fitas
Sintomas respiratórios e digestivos em geral: l
Quatro a oito por cento de estridor crônico na
criança são causados por anéis ou fitas vasculares,

Vasculares n O estridor costuma ser do tipo bifásico (inspira.


ção e expiração), podendo ser permanente ou in-
termitente.
la A tosse é crônica e tem som de “Iatido de cão"
João Carlos Ketzer de Souza ou de "trompete".
ra Dificuldade respiratória é frequente (tiragem,
dispnéia, cianose).
Gºllliilili m É frequente a presença de pneumonias de repe—
lição.
Grupo de anomalias congênitas do arco aórtico e de
seus ramos que causam compressão extrínseca da
nl Podem apresentar crises de apnéia reflexa (asfi-
xia e cianose corn bradicardia e convulsões hipó-
traquéia e esôfago. Podem ser subdivididas em anéis xicas).
vasculares completos e anéis vasculares incom-
pletos ou fitas vasculares. As anomalias dessa re-
:: Ocasionalmente, podem apresentar-se com a
impossibilidade de desmame da ventilação me-
gião resultam da persistência de segmentos arteriais cânica.
que normalmente deveriam ter sofrido regressão, ou rl Alimentação, choro, raiva e tosse pioram a difi—

w
regressão de segmentos que deveriam permanecer culdade respiratória. A alimentação, principal-
patentes. mente quando sólida, pode agravar a dificuldade
respiratória por sufocação durante ou após. O
alimento, passando pela área estreitada, pressiona
a parede posterior da traquéia, que está aprisio—
IAnéis vwculares correspondem a 1% de todas nada ou comprimida pelo anel ou fita vascular.
as malformações cardiovasculares congênitas. A alimentação pode desencadear disfagia elou
tosse. Cerca de 10% das crianças só terão disfagia,

ó u-s g Lzr . " +


INão ha predisposição sexual. .
Duplo arco aórtico é a causa mais comum de anel sem dificuldades respiratórias.
vascular completo. II Os bebês costumam adotar uma postura com o

. L-çagI
IArco aórtico esquerdo com artéria subclãvia direita "H pescoço hiperestendido (opistótono).
aberrante é a forma mais comum de anomalia do * II Os sirlais digestivos mais comuns são: disfagia,
arco aórtico. vômitos e regurgitação.
IAlguns anéis e fitas podem ocorrer isoladamente Desnutrição e retardo de crescimento podem estar
ou associados a outras malformações cardíacas.
Anomalias traqueobrônquicas são freqiientes;
presentes. - 1 _
"IA criança maionc'ôm disfagiã pode não ter ou-
tro sintoma associado.
quando associadas a fita da artéria pulmonar.
ii
IAnéis vasculares, com arco aórtico direito e duplo
“.”
arco aórtico, podem estar associados à deleção
da banda do cromossomo 22qll em, aproxima-
INVESTIGAÇÃO "11111110511011
damente, 20% dos casos. Essa deleção também u Radiografias de tórax (frente e lateral): sugestivas
em 80% dos casos. Costumam mostrar os seguintes
costuma estar presente nas síndromes: DiGeorge, achados: hiperaeração dos campos pulmonares,
velocardiofacial e outras. Portanto, pode haver uni ou bilaterais, infiltrados pneumônicos 0u
outras manifestações junto com o anel vascular, atelectasias, compressão“?! desvios do ar traqueªl—
como anormalidades palatais, anomalias laringe- Podem localizar, mesmo que grosseiramente. a
traqueais, anormalidades faciais, déficits neuro- posição do arco aórtico.
lógicos e outras. Ocasionalmente, pacientes com Esofagograma (ântero—posterior e'lateral): quªse
arco aórtico direito podem ter outras anomalias
associadas, como as associações VACTERL [(ver- e
sempre diagnóstico em 90% dos casos. Mostrª
as compressões do esôfago pelos anéis e mas
tebral, anal, cardiaco, traqueal, esofágico, renal vasculares. É mais efetivo quando acompanhª-
e dos membros (limbs)] e CHARGE [coloboma do por cinerradiografias. Em crianças entubadªS
do olho, anomalia cardíaca (heart anomaly), atre— e em ventilação mecânica existe um maior mi-
sia de coanas, retardamento e anomalias genitais mero de exames falso—negativos. 0 esofagogrªmª
e do ouvido (ear)]. necessita ser realizado com bário de alta viscO'
Anéis e Fitas Vasculares :: 211
sidªdº- O enchimento esofágico não deve ser
e,“;essivo nem insuficiente. O arco aórtico e o GUISSIEIGAGÃII. APRESENTAM!) BlÍNIºl.
' rôanͺ esquerdo geralmente causam duas 11111011081100 E TRATAMENTO
_ªpressões fisiológicas no esôfago, que podem
Anéis Vasculares completos (Anéis
ger observadas na prºjeção ântero-posterror (AP).
,1 .A visualização de outras impressões na proje— Vasculares)
'ção AP ou a visualização de qualquer impressão
«"na projeção lateral, são sempre patológicas. Duplo Arco Aórtico
‘ Traqueobroncoscopia: demonstra as pulsações e Quase todos são sintomáticos. É o tipo mais comum
, compressões dos anéis e fitas vasculares, anoma- de arco aórtico completo e a lesão com maior grau de
., [ias traqueais e brônquicas, se existentes, e graus constrição. A aorta ascendente está em sua posição
, de traqueomalãcia. Tem—se indicado a broncos- normal, dividindo—se no arco esquerdo (passando
copiª intra-operatória com a finalidade de do— anteriormente e à esquerda da traquéia) e no arco direito
35 cumemar os efeitos do reparo cirúrgico na árvore (passando posteriormente e à direita da traquéia e
«: ' traqueobrônquica. esôfago) (Fig. 36.1). Em geral, o arco direito ou posterior
'
Ecocardiografia bidimensional e com Doppler: e o arco dominante em 75% dos casos, a aorta des—
é útil para a investigação de malformações car- cendente encontra—se a esquerda e o ligamento arte-
díacas associadas e na compressão por fita pul- rial estã situado entre a parte distal do arco esquerdo
ª' monar. Não é um bom exame para definir a e a artéria pulmonar esquerda. Geralmente, ambos
'

, anatomia das anomalias dos arcos aórticos, por— os arcos são patentes, mas um deles pode ser hipoplãsico,
"É“ que estruturas
sem lt'xmen,_como o ligamento anenal atrésico, ou aneurismático.

.
'
e arco aórtico atrésrco, nao têm fluxo sanguíneo e Os sintomas e sinais costumam estar presentes desde
>

são, portanto, difíceis de serem identificadas. o nascimento ou iniciam logo após. Os principais são:
estridor constante, posição de opistótono, pneumonias
ªri Ressonância nuclear magnética (RNM) com
de repetição, crises de apnéia e cianose e disfagia. A
reconstrução multiplanar, angio—ressonãncia e a
crise de apnéia e cianose é de origem reflexa e costuma
;(?tomografia computadorizada espiral com multi-
.'grafia computadorizada multirlice com recons-
detectores (MDCT), também denominada de tomo— ser desencadeada pela passagem do bolo alimentar
pelo esôfago comprimido. Em 20% dos casos, o duplo
arco aórtico está associado a malformações cardíacas,
ªªi trução multiplanar e tridimensional: definem a como o defeito do septo ventricular e tetralogia de
” exata anatomia vascular, a presença de compressão Fallot.
“ª"? traqueal e/ou esofágica, o padrão de ramifica-
ção vascular aórtica (artérias epiaórticas) e a doença
. O esofagograma (na projeção ãntero-posterior) mos—
-
tra duas endentações de tamanhos desiguais em níveis
_.- anatômica intrínseca traqueal ou esofágica. São diferentes de cada lado do esôfago, com a do lado
excelentes no planejamento pré—operatório da direito um pouco mais alta (ao nível de T3) e maior
[cirurgia a ser realizada, permitindo identificar do que à ê'squerda. A maior endentação é causada pelo
s raros pacientes que deverão ser abordados por arco dominante, geralmente o arco direito. Na proje—
ªtoracotomia direita (duplo arco aórtico corn seg- ção lateral aparece uma grande e arredondada im—
mento posterior direito atresico e arco aórtico pressão retroesofãgica correspopdente ao arco direito
';:aesquerdo com aorta descendente direita e liga- (Fig. 36.2). , . L
. ;_;ªvmento arterial direito). As vantagens da RNM O tratamento desses casos é sempre cirúrgico, mesmo
sobre a tomografia computadorizada incluem a se os sintomas são mínimos, pois a compressão pro-
. não necessidade do uso de contraste intravenoso longada da traquéi'a pode causar traqueomalácia. A
e a ausência de exposição à radiação. As vantagens via de acesso é por toracotomia postem—lateral es-
da tomografia computadorizada mulrislíce em re— querda, 4ª espaço intercostal, divisão do arco menor
lação à RNM são a sua rapidez de execução e a
draw
não-necessidade de sedação.
IArteriografia: é um método invasivo e deve ser
Aorta
indicada somente nos casos associados a cardio- Subclávia descendente--
. Patias complexas ou quando se suspeita de anel direita
ªf; da artéria pulmonar. Subclávia
Carótída ªºqªº'dª

lÁGIIÚSTIGO IIIEEIIEIIGIM direita


Aorta .
'Traqueobroncomalácia.
e. Estenose traqueobrônquica.
ascendente Carótlda
esquerda
Duplicação
esofágica.
isto broncogênico. Figura 36.1 - Representação diagramátíca de duplo arco
aórtico'.
212 !: Tórax

Aorta
descendente

Subclávia .
direita Carótlda
esquerda
. Subclávia
esquerda

Carétida
direita Aorta
ascendente

1
Figura 36.3 — Arcd aórtico direito com aorta descendente
l direita e compressão pelo ligamento ou ducto arterial (ano-
l
I
Figura 36.2 - Esofagograma (vistas ªntero-posterior [A-P] e malia de Neuhauser)‘.
I
l lateral [L]) em criança com duplo arco aórtica.

excisão de todo o tecido fibros'o junto à traquéia e ao


esôfago.
e do ligamento ou ducto arterial. O arco aórtico di-
reito é dominante em 75% dos casos, o arco esquerdo Arco Aórtico Direito com Aorta
em 20% e em 5% ha equivalência. Antes da divisão Descendente Direita e Compressão pela
do arco, ele deve ser temporariamente oeluido e o
Artéria Subclávia Esquerda Aberrante
anestesista deve checar os pulsos radiais e carotideos.
E essencial a completa dissecção e mobilização dos (Variantes das Anomalias de Neuhauser)
vasos, esôfago e traquéia. Todo tecido fibroso na A artéria Subclávia esquerda aberrante retroesofágica
superfície do esôfago é também dividido. Com arco pode ter origem em um divertículo (divertículo de
aórtico'direito dominante, o ligamento arterial também Kommerell), originando—se como último ramo do arco
deve ser dividido. Se o arco aórtico esquerdo for o aórtico (distal a artéria subclávia direita). O primeiro
dominante, o ligamento arterial não necessariamente
ramo da aorta ascendente é a artéria carótida esquer-
precisará de divisão. Se traqueomalácia for encon- da, seguida pela carótida direita e subclávia direita. r
trada, deve-se pensar na realização de aortopexia.
Pode existir ou não o divertículo de Kommerell. O
ligamento arterial completa o anel (Fig. 36.5) ao inserir-

L'S9
Arco Aórtico Direito com Aorta s'çxna subcla'via esquerda ou divertículo de Kommerell.

vac-irus
Descendente Direita e Compressão pelo Os sintomas costumam ser muito variáveis. Cos—
Ligamento ou Ducto Arterial (Variantes tumam aparecer um pouco mais tardiamente (três a
nove meses de idade), pois o anel é'mais frouxo que
das Anomalias de Neuhauser) no duplo arco aórtiõo e donstituído pela artéria pulmo-
O anel é formado pela aorta descendente direita e pela nar (pressão mais baii'r'a) e o ligarit‘ento arterial ou ai-
artéria pulmonar anteriormente, tendo o arco aórtico
como limite direito e o ligamento ou ducto como limite
“esquerdo e posterior. O ligamento arterial estende—se
da artéria pulmonar esquerda ao arco aórtico situado
à direita. Resulta da persistência da aorta dorsal di—
reita, regressão da aorta dorsal esquerda e regressão
do 4º arco aórtico. O arco aórtico origina sequen—
cialmente a subclávia direita e a carótida direita. A
carótida e subclávia esquerdas originam-se de um tronco
braquiocefalieo esquerdo (Fig. 36.3). Aproximada-
mente 10% estão associados a defeitos intracardíacos.
O esofagograma pode ou não demonstrar na proje-
ção ântero—posterior duas áreas de compressão, uma
pequena no esôfago superior direito e outra mais in-
ferior no esôfago inferior esquerdo. Na projeção la-
teral costuma mostrar uma endentação persistente no
esôfago posterior (Fig. 36.4).
0 acesso é feito por toracotomia esquerda e o tra- Figura 36.4 — Esofagograma lateral iL) da anomalia dª
tamento baseia—se na divisão do ligamento arterial e Neuhauser.

& «grª—. « «.t..


Anéis e Fitas Vasculares :: 213

Subclávia esquerda retroesotágica

. Subclávia
direita
A. pulmonar esquerda
Carótida
Figura 36.5— Arco aórtico direito com subclávia es- direita
yquerda retroesofágica'. a : ligamento arterial da
:subcléviaMA: aorta ascendente; AD: aorta descen-
Wdente; b—.. ligamento arterial do istmo aórtíco.
*,

-, muns
geria subclávia. Sintomas respiratórios são mais eo-
do que os esofágicos. Tosse, respiração ruido-
ga dispnéia e estridor são os sintomas mais comuns.
localizada à esquerda (Fig. 36.7). Não deriva da ar-
téria inominada e sim nasce como o vaso mais distal
do arco aórtico. Anomalias congênitas associadas mais
O esofagograma em projeção antero-posterior mostra comuns são: coarctação da aorta e síndrome de Down
& rdupla endentação, a maior à direita e correspondente associada com malformação cardíaca. A maioria dos
ao arco aórtico direito e outra menor e mais inferior pacientes é assintomática. Se sintomáticos, costumam
à esquerda, correspondente ao ligamento arterial ou apresentar sintomas digestivos (disfagia). O esofago-
j artéria subclávia de origem anômala. O esofagograma grama, na projeção antero—posterior é normal. O esofa—
, em projeção lateral mostra compressão posterior acen- gograma, na projeção lateral, mostra nma endentação
‘tuada referente à origem da artéria subclávia esquerda Oblíqua posterior no esôfago, obedecendo a um cur-
“it.—âberrante (Fig. 36.6).
'

so infere-superior (Fig. 36.8).


0 tratamento é realizado por meio de toracotomia 0 tratamento cirúrgico e' realizado por meio de
' postem-lateral esquerda com secção do ligamento ou toracotomia póstero-lateral esquerda com divisão da
ducto e divisão de qualquer tecido fibroso sobre a tra- artéria subCIávia direita aberrante. Em crianças, não
quéia e esôfago. Quando existe divertículo de Kommerell. há a necessidade de reanastomosar a artéria. Fluxo
.5: r'nuitos autores recomendam sua secção com ligadura da sanguíneo para o membro superior direito é compen-
artéria subclávia aberrante esquerda (verificar o pulso sado por colaterais, O fluxo do membro superior deve
"da artéria radial esquerda e oximetria de pulso). ser monitorado com oxímetro de pulso.

1101s Vasculares Incomlletos (Fitas Artéria Pulmonar Esquerda Anômala


gaseularesl ou Fita Pulmonar
Arco Aórtico Esquerdo com Artéria 1
É o anel ou fita vascular de tratamento'mais difícil.
'êubclávia Retroesofágica Direita Associada à malformação cartilaginosa da via aérea.
A artéria pulmonar esquerda cresce aberranremente da
artéria pulmonardireita. próxima à direitada traquéia
É;a forma mais comum de anomalia do arco aórtico. e adjacente à carina. Segue posteriormente, passando
T) termo disfagia lusória foi estabelecido para carac- sobre o brônquio direito proximal, atrás da traquéia,
lérizar esse grupo específico. A artéria subclávia di— e então passa para a esquerda, entre a traquéia e o
{Rita passa por trás do esôfago,_ derivada da aorta esôfago, para entrar no hilo pulmonar esquerdo. Esse

Subclávia
direita

Subclávia
esquerda

carótida
esquerda

" W .,”
Carótida
direita

a
ªliarªm“-)Esofagograma
36.6- com vistas lateral (L) e ántero-
Figura 36.7 - Subclávia direita aberrante (disfagla lusóría)'.
L
214 I Tórax

O tratamento é realizado por esternotomia mediana


ou toracotomia póstero-lateral esquerda, usando circu.
lação extracorpórea em alguns casos e naqueles em
que há necessidade de corrigir o defeito cardíaco ªs-
sociado. A artéria pulmonar esquerda aberrante é dividida
e reanastomosada, anteriormente à traquéia, no troncO
da artéria pulmonar. É muito importante a realização de
broncoscopia intra-operatória para afastar a presenç;i
de estenose traqueal ou traqueomalácia associadas,

Artéria lnominada Direita Anõmala

Ler-ª.
Presença de artéria inominada anormalmente cum
Figura 36.8 - Esofagograma lateral (L) em disfagia Iusória.
ou com origem anômala mais posterior, causando com.
pressão anterior somente da traquéia. O arco aórtico
normal da origem a uma artéria inominada localiza-
da à esquerda da linha média, cruzando quase hori-
curso da artéria pulmonar esquerda circunda a tra- zontalmente a linha média da esquerda para a direita
quéia distal, o ângulo traqueobrônquico e o brônquio e na frente da traquéia.

.,-sa .“ _,
:1
direito proximal. Nem sempre causa compressão. Os bebês em risco
O principal sintoma relaciona-se à obstrução da via são aqueles que sofreram reparo cirúrgico de uma atresia
aérea. Em 50% dos casos há estenose dos anéis carti— de esôfago. O esôfago dilatado e com dismotilidade
laginosos da traquéia. Se os anéis traqueais forem pode deslocar a traquéia anteriormente contra a arté-
normais, a lesão produzirá obstrução da via aérea por ria inominada. Traqueomalacia é consequência co-
pressão da parede posterior da traquéia e anterior do mum da compressão anterior da traquéia. Não é uma
esôfago. Na maioria dos casos, é associado a defeitos fita vascular propriamente dita.
intracardíacos, como defeitos do septo ventricular, Nos casos sintomáticos, pode apresentar episódios
tetralogia de Fallot, dextrocardia. de apnéia reflexa ou infecção respiratória recorrente.
Os sintomas aparecem precocemente (primeiros Tosse, estridor, pneumonia e, menos comumente,
meses de vida). Apnéia grave e estridor-sibilãncia grave sibilância, cianose e respiração ruidosa, podem ser vistos.
estão presentes em 80% dos casos. A obstrução é maior Radiografias de tórax podem demonstrar compressão
na expiração, em contraste com as anomalias do arco traqueal anterior. Esofagograma é normal. Broncos.
aórtico, em que a obstrução maior é inspiratória. copia faz o diagnóstico demonstrando compressão tra-
Radiografias de tórax costumam mostrar traquéia queal pulsátil 1 a 2cm acima da carina. Compressão
inferior tortuosa e estreitada. Também se podem observar “anterior pelo broncoscópio costuma obliterar os pul-
atelectasias, alçaponamento de ar no lobo superior ªsos arteriais radial direito e temporais.
direito, encurvamento esquerdo do brônquio direito,
deslocamento inferior da carina ou massa mediastinal
entre traquéia e esôfago. O esofagograma lateral é
diagnóstico, mostrando endentação na parede ante—
rior do esôfago, logo abaixo do nível do arco aórtico,
por onde a artéria pulmonar esquerda aberrante passa.
A traqueobroncoscopia é necessária para avaliar a exten—
são da malformação da via aérea e anomalias asso—
ciadas. Outros meios diagnósticos que podem ser utili-
. L-ÇIOZAR'EG
Tratamento cirúrgico é indicado nos pacientes com
sintomas graves como apnéia reflexa, infecções res-
piratórias recorrentesgraves e quando a compressão
diminui mais de 50% do diâmetro da traquéia na
broncoscopia. A via de acesso costuma ser por meio
de toracotomia anterior direita ou esquerda, 3ª ou 49
espaço intercostal, podendo ser por via extrapleural
ou transpleural. A aortopexia ascendente e arteriopexia
da inominada (um ponto na origem da inominada)
'
1
-VM

, “ e r ut a n - M ,
zados são: ecocardiografia bidimensional, tomografia são realizadas pela fixação no esterno ou parede to-
computadorizada e ressonância nuclear magnética. O rácica anterior. O alívio da compressão é confirmado
cateterismo cardíaco e a arteriografra são usados para por broncoscopia intra-operatória.
definir o diagnóstico e investigar malformações car—
díacas associadas.
Em 1/2 a 1/3 dos casos existem anomalias asso— Pús—orterarúrlo
ciadas, principalmente traqueobrônquicas (associa— Os sintomas, frequentemente, não reSolvem comple-
ção com traqueomalácia, membranas traqueais, atresia, tamente no período inicial (principalmente por causª
estenose e anel traqueal completo) e cardiovascula- da traqueomalácia assodada). Podempersistir por ªté
res (principalmente comunicação intra-atrial, persis- seis meses após a cirurgia.
tência do canal arterial, tetralogia de Fallot, estenose Os sintomas residuais podem estar relacionados ª
aórtica). alterações na dinâmica traqueal, lesões crônicas dº
A cirurgia deve ser indicada quando feito o diagnóstico parênquima pulmonar, hiper-reatividade crônica dª5

na
para evitar o desenvolvimento de lesão pulmonar crônica. vias aéreas e infecções de repetição.
visa
Anéis e Fitas Vasculares I1 215

.
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e
216 I Tórax

Artéria
pulmonar Aorta

Persistência do Canal
Canal
patente

Arterial no
Recém-nascido
Elinês Oliva Maciel .

Carlos André T. Gandara Figura 31.1 — Shunt esquerda -—) direita permitindo a entra-
da partial de sangue oxigenado da circulação sistêmica para

cansam _
artéria pulmonar e circulaçãorpulmonar.

na push ªfã-.
O canal arterial é uma comunicação vascular entre a
aorta descendente e a artéria pulmonar, que se origina
no sexto arco aórtico esquerdo e funciona, durante o
período fetal, como uma via que leva o sangue da
Qllllllllll GlÍNIliº
!Classieamente, o recém-nascido com persistên-
cia de canal arterial (PCA) apresenta sopro car—
w a r ts - 9 L 6
artéria pulmonar, proveniente do coração. até a aorta. díaco sistólica crescente com epicentro no segundo
Nessa etapa da Vida, os pulmões não são utilizados espaço intercostal esquerdo junto ao esterno. 0
porque a oxigenação do feto acontece por meio do sopro contínuo clássico, descrito por Gibson, ra-
circuito placentária. ramente é auscultado, a não ser em prematuros
O canal arterial é- permeável em todos os recém— pequenos. Em crianças dependentes de ventila-
nascidos e deve fechar em 48h em neonatos a termo ção mecânica, esse sopro pode estar ausente.
e em 72h nos prematuros. Quando isso não ocorre, é II Os pulsos periféricos são amplos (em martelo
considerado persistência do canal arterial. É muito d'água) e a pressão arterial diferencial está aumen-
comum em prematuros e raro nos recém-nascidos a tada acima de 30mmHg. Um impulso pré-cor—
termo. dialiesquerdo hiperativo, proporcional ao tamanho
do shunt, geralmente está presente.
E Se o shunt for muito grande, podemos ter o desen-
FISIOPITIIIIIEII
Mr»- .
M
volvimentqde insuficiência _cardíaca congestiva
'.,g'h'à Com o nascimento e o início da respiração efetiva, a com taquicardia; taquipnéia, algumas vezes com
resistência vascular pulmonar diminui e os níveis de ausculta de estgrliores em Campos pulmonares (ede-
oxigênio no sangue se elevam, ocorrendo e fecha- ma pulmonar). Se a insuficiência Cardíaca conges-
mento funcional do canal arterial. Esse fechamento tiva piora. os prematuros apresentam bradicardia
depende de vários fatores, entre eles a tensão de oxigênio, associada ou não a episódios de apnéia.
os níveis de prostaglandinas circulantes e a muscula— E A hepatomegalia desenvolve-se em estágios tar-.
tura circular disponível. O fechamento completa-se dios da doença.
entre a segunda e terceira semanas de vida, por meio ia Em prematuros pequenos, os sinais clínicos da
da degeneração tissular, proliferação da íntima e fibrose PCA podem se tornar evidentes quando ocorre
do canal arterial, sendo então denominado ligamento recuperação do quadro respiratório (síndrome de
arterial. Os mecanismos responsáveis pelo fechamento angústia respiratória) eum cuidado especial deve
do canal arterial estão relacionados ao efeito dilatador ser tomado para não interpretar esses sinais comº
das prostaglandinas e ao efeito constritor do canal recidiva ou piora da doença pulmonar.
em resposta a tensão de oxigênio. A oxigenação do II Um recém-nascido a termo com persistência dº
sangue tem efeito inibidor na formação de prostaglan— canal arterial geralmente não apresenta quadro
dinas, o que nos prematuros (com pulmçes imatu- de insuficiência cardíaca até a terceira semana de
ros) não se processa convenientementeâªhantendo o Vida. O quadro clínico mais frequente é taquipnéiª,
canal aberto. infecções respiratórias mais frequentes e diãculdªdª
.A persistência do canal arterial produz um shunt de ganho ponderal.
da esquerda para a direita, permitindo que o sangue lSe o canal arterial é pequeno, pode não causªr
.,

oxigenado da circulação sistêmica retorne parcialmente sintomas e ser descoberto em uma avaliação tardiª
para a circulação pulmonar (Fig. 37.1). para um sopro cardíaco.
1
i
Í
Persistência do Canal Arterial no Recém—nascido fl
217

A indometacina é administrada por sonda nasogás-


;: 5 do que 1.500g ao nascer apresentam canal trica na dose de 0,2mg/kg/dose, a cada 12h, por
até três doses. Em casos de reabertura do canal
rial permeável em uma alta rncxdência (até
91,), devido a hipóxia e fechamento imaturo do seguindo-se ao tratamento convencional, a indome-
can , Esses pacientes são os que ªpresentam ma1s tacina pode ser mantida com uma dose diária por
s‘mfomas e têm maior risco de desenvolver doenças até cinco dias. A indometacina está contra-indicada
ulmonares crônicas,
como a displasia bron—
;cãóulmonar, pois necessitarão de maiores parâ-
em crianças cºm plaquetopenia, evidência de san—
gramento, insuficiência renal e sinais de entero-
colite necrosante. Em casos de débito urinário
'inetrosneo
no ventilador devrdo ao aumento do fluxo
menor do que lmL/kg/h e creatinina maior que
{angfii
«
»,
pulmonar.
2mg/dL, doença renal e infecção ativa, o uso de
Egilunçím nmauúsrmn indometacina deve ser restringido. Como a indo—
metacina diminui o fluxo sanguíneo gastrointes-
Radiografia de tórax: mostra cardiomegalia e au- tinal, os pacientes devem ser mantidos em jejum
até 48h após o término da medicação. Existem
ine'nto da vascularização pulmonar. A avaliação
protocolos do uso de indometacina profilática
dialógica fica prejudicada em recém—nascidos
.
»
com doença pulmonar associada.
Jrlil'etrocardiograma: auxilia na avaliação do grau
em prematuros com idade gestacional menor que
28 semanas. O uso de ibuprofeno (outro inibidor
Ziemresposta
hemodinâmica causada pela PCA, da síntese de prostaglandina) tem sido sugerido
fi’emonstrando sobrecarga ventricular esquerda como tratamento alternativo à indometacina.
' 32% biventricular. Pode apresentar também alte«
',,iªaªções da repolarização ventricular.
"Écocardiogratia: é útil na avaliação do shunt Tratamento cirúrlicl
aguarda-direita e para avaliar a relação entre o É indicado nos prematuros sintomáticos em caso de
. ªdiametro do átrio esquerdo e da aorta. Se essa falha do tratamento clínico, com contra-indicações
Relação for maior que 1,15, provavelmente o canal ao uso de indometacina e na presença de enterocolite
,Zê'importante. A ecocardiografia bidimensional, necrosante. O tratamento cirúrgico deve ser realiza-
”ªew-Doppler e o mapeamento de fluxo a cores do precocemente, antes que os pulmões apresentem
«;_trouxeram avanços importantes na Visualização lesões, como a displasia broncopulmonar.
Esse procedimento pode ser realizado em unida-
».“gireta do canal e de seu fluxo.
'€intilograf1a: é um método não invasivo, pouco des de terapia intensiva neonatal em prematuros ex-
{utilizado em prematuros. Permite a avaliação da tremamente pequenos e/ou em estado muito grave. O
(contração ventricular e pode demonstrar peque-
'
canal arterial é abordado através de uma incisão de
,
nos shunts pelo reaparecimento de radioisótopos toracotomia posterior esquerda no trígono auscultatório
(4ª espaço intercos'tal) por via extrapleural. o que pos-
Arias cavidades direitas ou nos pulmões.
_ateterismo cardíaco: auxilia na investigação de sibilita Lima maior‘ proximidade ao canal, uma menor
outras
anomalias cardíacas associadas e pode secção de pianos musculares, diminuindo a dor pós-
qemonstrar a passagem do contraste da aorta para operatória e não necessitando de drenagem de tórax.
'pãfrtériaé pulmonar. Porém, em prematuros, esse A identificação do canal 'é feita após a liberação da
exame tecnicamente difícil e, muitas vezes, as pleura mitdiastinal, visualizando-se o ner‘vo vago e la-
condições clínicas limitam o seu uso. É utilizado n'ngeo recorrente, o qua] o envolve (Fig. 37.2). A maioria
.,;en'i pacientes que são selecionados para o fecha— dos autores prefere uma incisão de toracotomia clás-
ªªmento percutâneo com próteses.
ªia.
11311111111111
. tratamento da PCA nos prematuros divide-se em:
& ,Iratamento da insuficiência cardíaca congestiva
GCC), que consiste em restrição hídrica, uso de
" rdiureticos, principalmente furosemida (lmg/kg/
,1-

ª?“), e, se necessário, digitálicos. Deve-se pro-


. ª? vtdenciar suporte respiratório adequado por meio
“,dª Campanula ou ventilação mecânica. A manu-
Jªnção de níveis de hemoglobina em torno de
114_g/d.L ? importante, tendo em vista que & ane-
mia leva a um aumento do trabalho cardíaco.

Figura 31.2 Persistência do canal arterial. Canal arterial
,3,
~(. [1e150tratamento
da indometacina em prematuros após 24h
clínico sem melhora da ICC.
de diâmetro estreito (A) e largo (B). Relação do nervo Iaríngeo
recorrente com o canal.
"W L.—
218 I Tórax

uma evolução favorável, sem mortalidade transoperatoria,


sica esquerda e abordagem transpleural. 0 canal é
liberado e são feitas duas Iigaduras com fio inabsorvível Anomalias cardíacas associadas pioram o prognóstico.
grosso (poliéster ou seda 2—0 ou 3-0), dependendo BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
do tamanho da criança e do shunt, não permitindo a KNIGHT, D. B. The treatment of patent ductus arteriosus in preterm
sobreposição. Podem ser utilizados clipes vasculares. infants. A review and overview of randomized trials. Seminar; 1'11
As complicações da cirurgia do canal arterial com- Neanaiolagy, v. 6, p. 63-74, 2000.
preendem o pneumotórax esquerdo ou bilateral, efusão LE BRET, E.; PAPADA'I'OS, S.;FOLLIGUET, T.; CARBOGNANI, D.;
pleural serosa ou quilosa, lesão do nervo laríngeo re- PETRIE, J. et al.1nterrupti0n of patent ductus aneriosus in children:
corrente ou frênico, sangramento excessivo e recidi— robotically assisted versus videothoracoscopic surgery. J. Thorac,
va (reabertura?) do canal. Cardiovasc. Surg., v. l23, 11.5, p. 973-976, 2002.

6 4 2 1 9 £-a vI
MAHAYNI, M. N.; PEPlN-DONAT, M.; SAELANT, D.; POINSUr,

cateterismo cardiaco
J.;VA1LLANT, M. C.: CHANTEPIE, A. Patent duetal arte.-logus
occlusion by Rashkind umbrella and by detachable coil._Arch. Mal.
Cueur Vain-, v. 95, 11. 5, p. 4l8-4Z4, 2002.
' Q L‘ S-
Recentemente, dispositivos especiais (Rashkind umbrella MENEES, J. ].; MACIEL, E. 0.; MENEZES, L. F.; BASTOS, J. C,
e Cook coil system) foram desenvolvidos para oclu- Tratamento Cirúrgico do PCA em prematuros: nova abordagem.
são do canal arterial patente, sem cirurgia, utilizan— Revista de Medicina da PUCRS, 1999.
do as técnicas de hemodinâmica e cateterismo cardíaco. NEZAFATI, M. H.; MAHMOODI, E.; HASHEMIAN, S. H.; HAME.
DANCl-ll, A. Video-assisted lhoraçoscopic surgical (VATS) closure
O fechamento percutânea por cateterismo do canal of Patent Duetus Aneriosus: report of three-hundred cases. Henn
arterial pode ser feito, mas as contra—indicações para Surg. Forum, v. 5. n. 1, p. 57-59, 2002.
esse procedimento são: peso menor que 5kg, anoma— O'DONNELL, C.; NEUTZE, J. M.; SKINNER, J. R.; WILSON, N. l.
lias cardíacas associadas, resistência pulmonar vas- Transcatheter patent ductus arteriosus occlusion: evolution of
cular maior do que 8 e resistência vascular sistêmica techniques and results from the 19905 J. Paedian: Child Health, v.
maior do que 0,4. 37, n. 5. p. 451-455, 2001.
Atualmente, a utilização de videotoracoscopia para ROWE, M.I.:O‘NE.1LLJR., I. A.; GROSFELD, J. L.; FONLALSRUD,
ligadura do canal arterial tem sido relatada em crian- E. W.; CORAN, A. G. Cardiovascular disorders. In: ROWE. M. L
et al. Essentials ofPediatric Surgery. St. Louis: Mosby. 1995. cap.
ças maiores. 94, p. 839—849.
SIEVERDING, L.; EREUER, I. Interventional occlusion of congenital
PBBEIIÉSTIBII vascular malformations with the detachable Cook coil system. J. Intent
Cardiol.. v. 14, n. 3, p. 313-318, Jun. 2001.
O prognóstico é bom em casos de PCA isolada. Os VELHO, F. P. Palencia do ductus arteriosus no prematuro. ln: Arm M:-
prematuros submetidos à intervenção cirúrgica têm tido —
dica HUP Periódicas Brasil. p. SSS-542. 1991.

1‘ .L
*

e
,.
»
‘ .
.? _ ..
Cisto Broncogêníco I
219
I Sem predisposição pelo lado direito ou esquerdo.
ou levemente mais frequente à direita.
lDois terços dos casos são mediastinais e 1/3

-. (31g) Broncogemco
t intrapulmonares.
ll Os intrapulmonares têm predileção pelos lobos
inferiores (2/3 dos casos).
I situam-se de preferência no mediastino médio

ªtão Carlos Ketzer de Souza e, mais raramente, no mediastino posterior.


I Os mediastinais estão quase sempre aderidos à
traquéia, brônquio fonte e carina. Não se comuni-

.—-cam com a árvore respiratória, exceto se infectados.


Localizações.
Intrapulmonar.
túrais próprios da via aérea, anormalmente seques— —Para—traqueal: ligado à parede da traquéia acima
da carina, geralmente a direita.
-—
Í irados durante o desenvolvimento embriológico do
Carinal: ligado à carina e muitas vezes ir pa-
'[ritestino anterior primitivo. São aberrações de desen- rede anterior do esôfago. Geralmente são os
volvimento do intestino anterior primitivo. que causam sintomas mais intensos e precoces.
I
——
Hilar: junto ao brônquio fonte.
Localizações mais raras (ectópicas): diafrag-
mática, pericárdica, mediastinal anterior, para—
vertebral, cervical e outras.
O sistema respiratório desenvolve-se a partir da ll Relação do cisto com a árvore traqueobrônquica.
. ª formação de um divertículo ventral mediano do in- —
Isolado ou separado (raros).
'

;tª
testino anterior primitivo. Desse divertr'culo crescem
à_árvore traqueobrônquica e o epitélio respiratório do
-
Aderidos intimamente a arvore traqueobrõn-
quica (frequente).
ª. Élvéolo. Se ocorrer brotamento anormal, surge o cisto
'

gªioucogênico. A maioria desses cistos surge entre o



Aderidos à árvore traqueobrônquica por um
pediculo obliterado (freqiiente).
5:269
e o 40º dia. Se esse brotamento anormal perma-
- traqueobrônquica (raro).
Aderido por comunicação patente a árvore
ªªgecer ligado a primitiva árvore traqueobrônquica, o
,gísto em desenvolvimento será encontrado ao longo
ªdo mediastino (também denominado de cisto bron-
“cªogênico central), ou dentro do parênquima pulmonar
. Anomalias associadas: são raras e relacionadas
ao sistema cardiorrespiratório (seqíiestração extra-
lobar, dextrocardia e outras).
(também denominado de cisto broncogênico perifé—
nro).
, Entretanto, se o brotamento anormal tornar-se se—
rrsmpi‘mmnm
. parada da árvore traqueobrônquica, perdendo suas As principais repercussões do cisto broncogênico são:
_ '? conexões embriológicas, o cisto se desenvolverá 'no lCompressão de viscera oqa adjacente (via aérea,
oªcal onde a separação ocorreu, a alguma distãncia.
.
(i árvore respiratória, ou até em áreas mais longín-
ãuas se ocorrer migração dobroto (cervical, pericárdio,
pfiravertebral, mediastino anterior, parede torácica,
. esôfago), - - ;.
Drenagem inadequada de secreções com infec-
ção secundaria.
'.:diafragma, retroperitônio). II Malignização (casos descritos de aparecimento
Se o brotamento ocorrer precocemente na gesta— de rabdomiossarcoma e carcinoma broncogênico).
'çãº, antes do seu envolvimento pelo mesoderma for-
ª[nador do pulmão, ira localizar-se no mediastino. Se GBITÉIIIIIS MIIBRIISGÓPIGBS
;
Diretamente anormal ocorrer mais tardiamente nos
E HIGBDSGÚPIGDS
»
ªbrªnquios mais distais (já envolvidos pelo parênquima
. Pulmºnar), os cistos serão intrapulmonares.
'
Os cistos medem 2 a Nem de diametro". Podem con-
iª ter muco claro, pus, ou sangue.
São revestidos por epitélio colunar ciliado, ou cuboi-
de, e contém em sua parede: cartilagem, glândulas mu-
'Cisto broncogênico corresponde a 20 a 30% das
malformações ciSticas congênitas derivadas de
cosas, tecido elástico e músculo liso. A parede mus—
cular não é bem formada. nem possui plexo mioentérico.
estruturas broncopulmonares. O epitélio pode estar destruído pela infecção.
'mediastinais pediátricas.
Constituem, aproximadamente, 5% das massas Os cistos localizados no mediastino não costumam
conterar (raramente podem ter comunicação com o sis—
'cºmum
Sem predisposição sexual,
no sexo masculino.
ou levemente mais tema respiratório), são únicos, uniloculares, esféricos,
ou ovóides.

?-; W ºw " M
220 I Tórax

Os cistos intrapulmonares costumam ser únicos, massa sólida. Pode-se observar deslocamento da viª
grandes (muitas vezes ocupando todo o lobo), loca- aérea adjacente e mesmo alçaponamento de ar distal
lizados principalmente nos lobos inferiores, conten- com enfisema pulmonar ou lobar. Noventa por cento
são visíveis na radiografia. A posição subcarinªl
É,
c
fluido, ou ambos. O nível arlfluido indica
nicação com 21 via aérea, que é a regra nos intra- é a mais difícil de visualizar.
pulmonares. I Tomografia Cºmputadorizada: excelente meio diag.
nóstico. Mostra a relação do cisto corn as estru.
turas circunjacentes. O cisto de mediastino pode
Imam Blllllllll ter densidade compativel com água ou tecidos

5 2 1 4 3 7 - g ur
moles, dependendo da presença de material pro-

—. » o = « m a v ª "
I Dois terços dos casos apresentam sintomas por
efeito de massa ou infecção secundária. téico ou oxalato de cálcio no conteúdo mucóide
I Nos recém-nascidos ecrianças pequenas são mais
frequentes os sintomas respiratórios por compres—
do cisto. Cinqiienta por cento dos cistos api-e.
sentam densidade compatível com a água e 50%
m ªs a “
.1
;. M «

an.,—
são da traquéia ou brônquios (estridor, sibilãncia, têm densidade mais alta, compatível com teci-.
dispnéia, taquipnéia, tosse, febre, crises de cianose, dos moles. No último caso, o diagnóstico é mais
pneumonias). difícil e pode ser necessária a realização de res.
I Nas crianças maiores, os sintomas são mais leves sonância nuclear magnética (RNM).
e tosse crônica é o sintoma mais comum.
I! Disfagia, por compressão esofágica, não costu— TRATAMENTO
ma ser comum. Sempre indicado o tratamento cirúrgico, mesmo nos
Em 7J3 dos cistos intrapulmonares ocorre infecção assintomáticos, para obter diagnóstico definitivo,
secundária. prevenir disfunção respiratória, prevenir infecção
secundária e evitar degeneração maligna.
INVESTIGIGÍB IIIIIiIIlÍSTIIiII I Cisto intrapulmonar: toracotomia póstero—late—
I História e exame físico. ral e lobectomia.
IRadiograliade tórax no cisto intrapulmonar: podem Cisto de mediastino: toracotomia postem-late-
ser observados massa oval translucente, circuns- ral ou videotoracoscopia com remoção do cisto.
crita, unilocular, comprimindo o parênquima ad- BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
jacente e desvio' do mediastino.
I Radiografia no cisto de mediastino: massa cística .
BROOKS, J V.; KRUMMEL T. M. Tumors of the chest. ln1CHERNlCK,
V.; BOAT, T. F. [tending ~ Disorders of the Respiratory Tract in
esférica, lisa, principalmente paratraqueal, carina] Children. 6. ed. Philadelphia: WB. Saunders, 1998. p. 754—787.
ou hilar sem calcificações, localizada preferencial- LANGSTON, C. New concepts in the pathology of congenital lung
mente no mediastino médio. Mostra aspecto de malformations. Sem. Pediatr. Surg., v. 12, p. 17-37, 2003.
'N -
5 .*- .

.,

-.—
Enfisema Lobar Congênita n 221

causas arenanieas [Entisema lobar clássico]


As causas de obstrução brônquica parcial podem ser
intrínsecas ou extrínsecas.
Causas intrínsecas (mais comuns, 35%): deficiência
congênita das cartilagens brônquicas (broncoma-
lácia), exsudato inflamatório, aspiração de muco,
estenose brônquica, pregas mucosas redundantes.
n1 Causas extrínsecas: compressão vascular em 15%
(principalmente pela artéria pulmonar dilatada
ou ducto arterial patcnte), cisto broncogênico,
tumores mediastinais, linfonodos aumentados,
distorção brônquica por hérnia pulmonar.

causas Iilveolares
l! Presença de estroma alveolar com espessamento

ente normal. O alçaponamento de ar e' resultante de (aumento das fibras colágenasgnos septos alveo—
'Écanismo valvular oriundo de obstrução brônquica lares). A rigidez do alvéolo impede o colapso
“cial, doença alveolar, ou ambas. Estritamente fa- do parênquima pulmonar durante a expiração.
lando, o termo enfiserna é inapropriado porque não ha Forma muito rara. talvez inexistente.
destruição de paredes alveolares. I Lobo polialveolar com aumento anormal de al<
véolos presentes (i cinco vezes maior em rela-

finrmm III ção ao número de alvéolos normalmente presentes).


Vias aéreas e artérias são normais em número,
tamanho e estrutura. Aproximadamente 1/3 dos
É”; ÉPredisposição pelo sexo masculino: 2M:1F.
enfisemas lobares parecem estar associados a lobo
“,
“ incomum em prematuros e negros.
ª“) Frequência aproximada de comprometimento dos polialveolar.
, Ç; lobos: lobo superior esquerdo (45%), lobo mé-
dio (30%), lobo superior direito (20%) e lobos QIIIIIIITII GIÍIIIGII
inferiores (5% dos casos).
O envolvimento de mais de um lobo e o envol-
'
A forma de apresentação clínica pode variar ampla-
jí vimento bilateral são raros. mente. Os sintomas e sinais estão relacionados a ex-
*! Anomalias congênitas associadas: doença car- pansão, enfisematosa do lobo. Em 50% dos casos, a

diovascular congênita em 10 a 15% dos casos manifestação clínica é no período neonatal.
É defeito do septo ventricular, coarctação da aorta, As formas clínicas mais comuns são:
‘ * ducto arterial persistente, tetralogia de Fallot). E Disfunção respiratória no recém-nascido. Corres-
37,0utras anomalias são raras. ponde a metade dos casos.
se Disfunção respiratória ria faixa etária de um a
*

KEIIIPIITIIIIIGIII
“»
seis meses de idade. O curso da doença costuma
ser progressivo. Algumas vezes a disfunção res-
flobow
enfisematoso costuma causar atelectasia de piratória é intermitente e precipitada por agita-
3,-l_obo ou lobos ipsilaterais, desvio do mediastino para ção, alimentação e choro.
'

,, gglado oposto e compressão do pulmão contralateral. Lactentes com infecção respiratória persistente
1
lobo enfisematoso pode herniar para o outro lado ou recorrente, retardo de crescimento, sibilância.
tªilavés do mediastino anterior.
f» 0 diafragma e' deslocado para baixo.
Evolução crônica.

? desvio das estruturas mediastinais e a pressão


Sinais e SIntomas dentais
tlmratorácica aumentada dificultam o retorno venoso.
II Dispnéia, taquipne'ia, tosse, sibilãncia expiratória
e cianose.
I Abaulamento do hemitorax comprometido.
etiologia permanece ainda não totalmente esclarecida. Diminuição da amplitude respiratória..
Pode ser o resultado de obstrução brônquica, doença El Desvio do ictus cordis.
“EVEN“. ou ambos.
” AIgumas
I Hiper-ressonância à percussão.
causas
podem ser potencialmente re- a Diminuição ou ausência de sons respiratórios.
erflvels
ªçªo).
(rolha de muco, secreções, tecido de granu- I! Retrações torácicas.
m Estertores sibilantes audíveis.
222 n Tórax

INVESTIGAÇÃO IlllliIIIISTIBI
:Ultra-sonografia pré-natal: Pode mostrar lobo pul-
monar aumentado repleto de fluido e desvio de
mediastino.
u Radiografia de tórax com incidências ãntero-
posterior e lateral: é o exame que confirma o diag-
nóstico. Demonstra imagem de radiotransparência
aumentada no hemitórax comprometido com
esboço de fina trama broncovascular (Figs. 39.1
e 39.2). Épossivel confundir a zona radiolucente
com pneumotórax, mas examinando a chapa com
luz brilhante, são vistas as tramas bronco-vas-
culares dirigindo-se a pleura parietal. Essa imagem
Á L 'E S F I
.5

f de hiperaeração não tem uma margem claramente

rzL-‘sa
m

g, demonstrada na radiografia, sendo difícil pre—


«r
,_ cisar a distribuição lobar. A inspiração e expiração
. . - ..
, , ,
Fl ura 39.2 — Enflsema lobar superior esquerdo com desvro
,

,? mostram pemstente htperaeraçao do pulmao, dogmediastino e compressão dotlobo inferior.


&) compatível com o diagnóstico de enfisema obs- '
»
t"
ª?
“ ª“ trutivo.
No caso do lobo superior ser enfisematoso, nota—
b .
.
Logo após o nascimento, . .
a radiografia de tórax
se pequena º
Junto representando
Sºm ra triangular,à margem pode demonstrar uma área de maior opacidade
É lobo inferior colabado, inferior
-

gg; , da borda cardiaca nesse lobo doente, causada por retençao anor—
ªâíí '
. mal de fluido pulmonar fetal pela obstrução brôn-
w“ Nº caso do lobo médro ser enfisematoso, nota- uica' Só a ós eliminar esse líquido ou absorve-lo
. .
e‘3 que costuma surgir hiperaeraçao. Esse achado e
i,
J
se uma pequena área de densidade representando p - ,
o lobo superior direito colabado, perto do ápice da
", as},>
r
) . , .
cav1dadetorac1ca,
rior do coração
.
e outra Junto
t
.
a margem infe-
mais comum no lobo pohalveoiar.
Broncoscopia: . é um procedimento
. .
com 11560 em
. do mediastino
. . para o lado contralateral, mangas pequenasedrsfun çao , res trator-iae, quase
'

a? Há desvto . . .p de retraçao
-

I
. do diafragmaealargamento
. sempre, contra-indicada. Ha risco
g deslocarnentoparabatxo . de ar
.
-

_
.
:» . .
dos espaços intercostais no lado comprometido.
mactça
iratória
com descompensaçao Cardiorres-

,
' :“ Na mctdêncta lateral pode ser Visualizado me-
. . anterior . com radiotransparêucta
.
0
. aumen-
p . .
Se lndlcada (para excluir . lesoes . m-
.. obstrutivas .
. , . . . ..
A dlastmo . -
. tada, revelando uma hérnia do lobo afetado e 0 K trmsecas suspeitas ou eliminar obstruçao endo-
.
. presente), deve ser realizada
.
,
e, »,, . &
bronquica com a
-

a
h
:“ª”:
,
coraçao deslocado posteriormente. sala e a equipe . , . prontas para toracotomia
. cirurgica
' u lmedtata. , » ~
Em crianças. maiores, sem disfunção respirató-
ria importante,po'de estar indicada broncos'copia
visando estudar e afastar a presença de obstru-
çãqbrônquica localizada (corpo estranho), ro-
lhas de muco, ou obstrução intrínseca.
Arteriografia: pode, raramente, ser necessária para
demonstrar vasos anômalos causando obstrução
extrínseca.
Ecocardiografia: indicada na suspeita clínica de
)
malformação cardiovascular associada.
|
V
IE Cintilografia pulmonar.(p'erfusão e ventilação)?
v
pode estar indicada no diagnóstico diferencial
difícil, suspeita de doença adquirida, ou quando
existirem áreas de envolvimento múltiplo. .
erª

Esofagograma: pode ser solicitado para exclutr


.
Flgura
'
39.1 Enfisema
-, _
lobar superior esquerdo mostrando compressão extrínseca do brônquio por vaso aber-
rante ou cisto broncogênico.
_ _
radiotransparência aumentada no hemitórax esquerdo com
. Observar desvio
esboço de flna trama broncovascular vrsrvel.
_ ,
'
Tomografia computadorizada com contraste.
'

do mediastino e sombra densidade


de aumentada junto ao demonstra pequenas lesões causando ºnt—15,8"?
bordo inferiorcardíaco, compatível com compressão do lobo e trama vascular amplamente separada. Nª mªlºnª
Inferior. das vezes desnecessária.
Enfísema Lobar Congênita I
223

”ganânciª nuclear magnetic ' indicada se vasos


. 51108 são suspeitos de compressão brônquica.
'e entº exame diagnóstico, mas geralmente
Srfgcessério.

magma mrrnrucrnt
](gástrução
"ªis
brônquica intrínseca adquirida por ro—
mucosas.
, 'agiitificação de lesões extrínsecas que podem
&

stªr comprimindo o brônquio: anel vascular


.ª,;rionar, -hilar,
artéria pulmonar anômala, cisto bronco-
g'êfrico peri ducto arterial persrstente, ganghos
'

t'yi-igdiastinais aumentados.
tãlectasia com enfisema compensador.
à;tos
congênitos, pneumatocele
e pneumotórax
a apresentam tramas bronco—vasculares nas áreas
iolucentes. No pneumotórax, o pulmão tica co- Figura 39.3 -Toracotomia esquerda com exteriorização do
lobo superlor esquerdo, que se encontra enormemente dis-
l'fylsado no nível do hilo, não no ápice ou infe- . tendido.
ipi-mente.
5P eumotórax.
“lª/?alformação
““‘ém
adenomatóide cística do pulmão
cisto simples grande. Há uma persistente deformidade de desenvolvimento
da cartilagem brônquica secundária a compressão ex-
trínseca.
Nos pacientes assintomáticos tem sido sugerida a
cit-ioniia pulmonar para todos os pacientes sinto-
g . Estar atento no início da anestesia geral, pois
observação clínica rigorosa, sem cirurgia. Com o cres-
cimento corporal, tem sido observado que a hiper-
ocorrer hiperinflação adicional do lobo, O pri- distensão desaparece e pode resolver completamente.
rf6ato cirúrgico e a liberação do lobo hiperdistendido
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
falªra da incisão de toracotomia (Fig. 39.3).
Éc'Ém—nascido com disfunção respiratória grave
'
EIGEN, H.; LEMENR, I.; WARING. W. W. Congenital lobar emphysema:
e'f equerer cirurgia de urgência devido à expan— iong-ten-n evaluation of surgically and conservatively treated
"rggressiva e rápida do lobo comprometido (10% children. Am. Reig. Respir, Dir., v. ll3, p. 823-831, 1976.
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of infantile Iobarêrnphysema: a study of 33 cases, Pediatr Resp.
atpôde ser catastrófica, pois pode induzir distensão Rm., v. 5, suppl, A, 8313-8320, 2004.
Higuda. Usar técnica de ventilação mais gentil MURRAY, G. E Congenital lobar emphysema. Collective review. Surg.
1- ilatória de alta frequência.
Gynecol. ºbstet., p, 611-625, 196].
nªlgum divisão das anomaliasgrande
vasculares que es- OLUTOYE, o, 0.; COLEMAN, B.G.‘;’HUBBARD; A. M.;ADZICK,
“gmprimindo o brônquio, na maioria dos N. S. Prenatal diagnosis and management of congenital lobar
os, falha em aliviar completamente os sintomas. emphysema. l. Rediarr. Surg., v. 35, p. 792-795, 2000.

i
224 u Tórax

Malformação
Adenomatóide Cística
”? * € de Pulmão
.p '
João Carlos Ketzer de Souza
Figura 40.1 — Lesão tipo I. Muitos cistos com mais de 2cm de
na

diâmetro.

BUIIGIEITI]
pulmonar constituída de cistos múltiplos grandes
Massa multicística de tecido pulmonar, produzida por medindo mais de 2cm de ,iâmetro. Mais raramente,,
proliferação anormal, excessiva e descontrolada dos pode ser constituída de um cisto gigante único. E
bronquíolos terminais, suprimindo quase completamente revestida por epitélio colunar ciliado pseudo-estra-
o desenvolvimento e função alveolar. Os cistos variam tificado, as paredes contêm músculo liso e tecido
muito de tamanho e podem conter ar, líquido, ou ambos. elástico, em um terço dos casos as células são pro-
Comunicam—se com a árvore traqueobrônquica. Recebem dutoras de muco, cartilagem na parede e' raramente
sua suplementação sanguínea da circulação pulmonar. vista e alvéolos normais ou estruturas semelhantes
Alguns casos de lesões tipo II e III podem, ocasio- a alvéolos podem ser encontradas entre os cistos
nalmente, coexistir com seqiiestração extralobar e, em (Fig. 40.1). A prematuridade ocorre em 30% e
tais casos, receber suplementação arterial sistêmica. natimortos estão presentes em 15%. Malforma—
Essas lesões são consideradas híbridas. ções congênitas estão associadas em somente 5%.
n Tipo II: presença de massa microcística de múl-
IIISTIII'IITIllllIiIII tiplos pequenos cistos, medindo menos de 1cm
de diâmetro. São revestidos de epitélio cubóide
É considerada um hamartoma verdadeiro. Segundo
g ir ª— ' Kwittken e Reiner, os critérios para o diagnóstico histo-
ciliado a epitélio colunar. Entre os cistos exis-
. tem estruturas semelhantes a bronquíolos respi-

L‘59IVZ86
patológico são: '\ ratórios e alvéolos distendidos. Células mucosas
I Crescimento adenomatóide das estruturas respi- e cartilagens não estão presentes. Fibras mus-
ratórias terminais com formação de cistos interco- culares estriadas podem ser vistas raramente (Fig.
municantes e de variados tamanhos, atapetados 40.2). Premat'uridade ocorre eni 75% e natimortos
por epitélio pseudo-estratificado ciliado cubóide _, estão presenies ein 25%. Anomalias congênitas
ou colunar. associadas são Eomuns em 55%. Anasarca fetal c
'15?

ICrescimento polipóide da mucosa com aumento poliidrâmnio são comuns.


tªí: a ",

$“ de tecido elástico na parede cística, abaixo do


ro,—e'“

epitélio tipo brônquico.


I Ausência de cartilagem, exceto sob a forma de
seqiiestração de um brônquio normal.
IAusência de processo inflamatório.
I! Presença de tecidos musculares liso e elástico
nas paredes dos cistos.
II Presença de células secretoras de muco.

GIIISSIFIGABÃII
Stocker classificou a doença em três tipos patológi-
cos fundamentados nos achados macroscópicos (prin—
cipalmente no tamanho dos cistos), microscópicos,
clínicos e radiológicos'.
Tipo I: é a forma mais comum, mais diferenciada Figura 40.2 Lesão tipo II. cistos pequenos, não ultrapªS'
e constste em uma massa macrocística de tecido

sando 1cm de diâmetro.
r
iv

Malformação Adenomatóide Cística de Pulmão ª ,225


ITipº III: caracteriza-se pela presença de uma grande
massa sólida de tecido pulmonar adenomatóide
com minúsculas estruturas císticas com menos
dB 0,5cm. Essas estruturas císticas são semelhantes
(bronquíolos revestidos por epitélio cubóide ci—
liado e separados por massas sólidas de estrutu-
ras do tamanho de um alvéolo, semelhantes às
estruturas pseudoglandulares presentes durante
o desenvolvimento embriológico do pulmão (Fig.
40.3). Prematuridade ocorre em 67% e natimortos
estão presentes em 33%. Anasarca fetal e polii—
drâmnio são comuns e outras anomalias congê-
nitas não estão relatadas. Figura 40.3 - Lesão tipo Ill. Massa sólida de tecido pulmo-
As três classificações mais importantes estão suma- nar adenomatóide sem espaços cisticos ou com minúsculos
cistos.
a'zadas
:“ a seguir, para comparação (Tabelas 40.1 a 40.3).
I O tipo I de Stocker, que tem o grau de maturação
&HIIIIIIILIIGIA
:.
OÉorre pela cessaçao
_ -
da maturaçao bronqutolar com
. mais alto, desenvolve—se até a 109‘semana de gesta-
ção. As tentativas de maturação, vistas nesse tipo,
iupercrescimento bronquíolos terminais expensas
dos às são características. Nesse estágio de desenvolvi—
_7o desenvolvimento de saculos e alvéolos. mento, a arquitetura lobar já está estabelecida.

A ELA 40.1 - Classificação de Balez


LESÃO SÓLIDA
EAZRESENTAÇÃO CLINICA LESÃO CÍSTICA LESÃO INTERMEDIÁRIA (ADENOMATÓIDE)
filiadª
ª ~ '
Recém-nascido a termo ou
criança maior
Lactente Natimorto ou prematuro
'{finasarca fetal/ascite Não
zt As vezes presente

'??Ii drámnio
materno Raro i Comum
utras anomalias Raras Raras Comuns
ibêcto
macroscópico Cistico, alguma vezes Ambos (cístico e sólido) Sólido, algumas vezes
há áreas sólidas
há áreas císticas
irtopatologia ’3‘
,ºs .A
'

roliferação bronquioIar + Vários graus +++


. “Aspecto alveolar Matuto, cistos tipo Vários graus Imaturo
“,? bronquiolar separando
IFEpitélio mucóidelcartilagem Ocasional Ocasional Comum _
o'gnóstico Bom - Bom ' Pobre *—

. .

ETABELA — Classificação de Stocker'


40.2
ÉMRESENTAçÃo CLINICA LESÃO TIPO r LESÃO TIPO || LESÃO TIPO Ill

Ln ade Termo. natimorto ocasional Natimorto ou prematuro Natimorto ou prematuro


diriamaterno
= :—ªrcaanomalias
fetal/poliidrâmnio Raro Comum Comum

tintas Raras Comuns Não relatadas"


Cistos grandes simples ou cistos múltiplos, Massa grande, nenhum
múltiplos, 2cm de diâmetro igualmente espaçados, cisto ou cisto diminuto
1cm de diâmetro
'
f‘fgmpatologia
Afr-Prol'feracio bronquiqiar +
++ +++
EPitelio mucóidelcartilagem Células mucóides em 1/3 Nenhum Nenhum
dos casos
Parede do cisto São raros cartilagem Músculos estriadas Ausência de cistos
proeminente, músculo liso e dispersos na lesão
tecido elástico em 30%
Bom Pobre Pobre

._Wqu
"
226 I Tórax . ª,
t
TABELA 40.3 - classificação expandida de Stockerª i

TIPO
INCIDENCIA
PROPORCIONAL (%) ASPECTO MACROSCÓPICO MICROSCOPIA OUTROS ACHADOS
.!
,
o 1 -3 Sólido; os pulmões são Vias aéreas tipo brônquiras com Recém-nascidos; outras %
pequenos e firmes cartilagem, músculo liso e malformações; mau 3,
glândulas separadas por prognóstico ]'-
tecido mesenquimatoso 9
abundante
1-
1 60 — 70 cistos grandes (até 10cm) Cistos são revestidos por células Apresentação pode ser “'.
cíliadas pseudoestratificadas e tardia; ressecável; bom
muitas vezes misturadas com prognóstico; raros casos a?
fileiras de células mucosas podem mostrar alterações
carcinomatosas _
2 10 15 — Aspecto de esponja composto cistos assemelham—se a
de múltiplos pequenos bronquíolos dilatados
Recém-nascidos; outras
malformações; mau º.
cistos (até 2cm) e tecido separados por alvéolos prognóstico r
sólido pálido tipo tumoral normais. Há músculo estriado
em 5% l; '.
3 5 Sólida Excesso de estruturas Recém-nascidos; mau
.
,
bionquiolares separadas por prognóstico
espaços aéreos pequenos. com '
revestimento cubóide. »?
assemelhando—se a pulmão I;

'
fetal em estágios tardios do
desenvolvimento E
f2 l
x
º

4 15 cistos grandes (até 2cm) Os cistos são revestidos por Recém-nascidos e lactentes; ;; t

'
epitélio plano quiescente
sobre tecido mesenquimatoso
born prognóstico
7‘
9. i
'
frouxo
0 tipo 0 é descrito como bronquite (relatado previamente como displasia acinar); o tipo 1. como bronquico-bronquiolar; o tipo 2, como bronquiolar; o tipo 3,
:
como bronquiolar-ducto alveolar e, o tlpo 4. como periférico.

IO tipo II é frequentemente associado a outras IFrequência dos tipos: tipo I: 60%; tipo II: 30%; ,
malformações e isso pode sugerir a época em ,. tipo HI: 10%'.
“ que ocorre o defeito embrionário, em torno da ,“ IOcorrência e esporádica, não relacionada a ida- ,
Sª semana de gestação. de materna, raça, ou história genética.
I O tipo III, que tem o grau de maturação mais I Diagnóstico
diferencial: enfisema lobar congê-
baixo, deve acontecer antes da Sª semana, pois nito, hérnia diafragmática, cisto broncogênico,
envolve todo o lobo e, portanto, significa que !
sequesuação'broncopulmonªr, pneumatocele. .
todas as células do broto lobar estão afetadas. ',

Elªlllllllªleall
lCorresponde a25% das lesões císticas de pulmão
FISIIIPMDlIIGII
.
A disfunçao
_. . progressrva,
respiratória
- .
que costuma
aparecer logo após o nascimento, deve-se a umª
l
e 30 a 40% das lesões de desenvolvimento do paulatina substituição do líquido contido na massa
' broto pulmonar.
IPrevalência: 1:25.000 a 35.000 nascidos vivos.
multicística por ar durante os primeiros movimen-
tos respiratórios. Há também aprisionamento signi-
ILeve predominância no sexo masculino: 1.4M:1F. ficativo e progressivo de ar nas áreas císticas, em
IGeralmente o comprometimento unilobar. virtude de um apoio cartilaginoso deficiente, cm-
ISomente 2% de todos são bilaterais.
e
sando mecanismo valvular. Com a retenção de ar e
. ITodos os lobos podem estar comprometidos com aumento progressivo e enfrsematoso dos cistos, surge
igual frequência. ateleetasia do lobo ou lobos adjacentes, desvio dº
ISuplementação sanguínea anômala é rara. mediastino, compressão e atelectasia do pulm㺠4

m Malformações congênitas são vistas raramente, contralateral. '

. à exceção d0 lipº II; mas em natimortos são vistas As lesões sólidas ou cfsticas com cistos diminutos
com frequência. Mais comuns: agenesia renal, costumam mais freqiientemente ocasionar anasarca
doença renal cística, ,atresia intestinal, malfor— fetal, ascite fetal, poliidrâmnio, prematuridadeehipº'_
mações cardíacas, hidrocefalia, pecrus axcavatum. plasia pulmonar.
Malformação Adenomatóide Cística de Pulmão I: 227

nidrunsia Fetal [ou Anasarca] do tamanho da massa pulmonar e desarranjos fi-


siológicos secundários, como: desvio do medias-
”abode ser explicada pela obstrução da veia cava me- tino, hipoplasia do tecido pulmonar normal,
diastinal ou compressão cardíaca, consequente a um poliidrâmnio e, principalmente, de hidropsia fetal.
.“rande desvio do mediastino intra—útero pela massa Aproximadamente 15 a 20% das MACCP dimi—
"mediastinal. Também pode ser explicada por perda nuem de tamanho durante a gestação. O desen—
protéica pelo tumor e fatores humorais que aumenta-
'
_;riªm a permeabilidade capilar.Aproximadamente 10%
volvimento de hidropsia fetal e placentomegalia
associadas a grande massa pulmonar podem causar
'
de todos os fetos com malformação adenomatóide cística
a grave síndrome do espelho materno (mirror syn-
i :s cºngênita de pulmão (MACCP) desenvolvem hidropsia. drame). A mãe pode desenvolver sintomas pro-
gressivos de pré—eclâmpsia, incluindo vômitos,
íªoliiurãmnio hipertensão, edema periférico, proteinúria e edema
pulmonar. A fisiopatologia dessa condição não
_Bodem ser encontrados em todos os tipos de MACCP,
embora exista uma associação maior com hidropsia.
está bem esclarecida, mas pode resultar da libe-
ração de fatores vasoativos da placenta edematosa.
,A sua patogênese pode ser explicada por dois meca-
*

.
tnjsmos: Essa síndrome pode desenvolver-se rapidamente
e não é revertida pelo tratamento isolado da ano—
I Diminufda deglutição fetal de líquido amniótico malia fetal. Logo, a presença de placentomegalia
“"'“
devido à compressão esofágica pela massa e dessa síndrome é considerada uma contra-in—
multicística. dicação para a cirurgia fetal aberta.
.9 IAumento de produção ou menor reabsorção do !! Natimorto ou morte neonatal precoce associado
fluido fetal pulmonar pelo tecido pulmonar anor- a anasarca, prematuridade, poliidrâmnio e hipo-
mal. O aumento de formação de líquido é mais plasia pulmonar. Correspondem 1/3 a 1/6 dos fetos
comum nas lesões sólidas, ricas em pneumócitos portadores de MACCP.
tipo 2. célula que predomina no revestimento dos IPrematun'dade e/ou desnutrição intra-uterina (50%
espaços tipo glandulares e alvéolos das lesões dos nascidos vivos).
sólidas. IDisfunção respiratória aguda de intensidade va-
riada (moderada a grave), geralmente progressiva,
f—írremarurruade
;Deve-sea uma hiperdistensão do útero grávido com
ocorrendo durante o primeiro mês de vida. Apro—
ximadamente 50 a 60% das MACCP são sinto—
máticas durante o periodo neonatal.
- - (o líquido amniótico não deglutido, preeipitando o parto IHipertensão pulmonar persistente, por muscula—

gprematuro.
ª;
' rização anormal dos vasos pulmonares e hiper-
reatividade, refratária ao tratamento convencional,
necessitando de tratamento muito semelhante ao
. :lliulnlasia Pulmonar da hérnia diafragmática.
%?óde acontecer devido à compressão da massa multi-
bística (principalmente a sólida) sobre o pulmão adja—
I Episódios de infecção respiratória de repetição
(pneumonias ou infiltrado pulmonar persistente
,nte, durante o desenvolvimento embrionário. No , ou recorrente, abscesso pul’monar). Podem ser
apertado perinatal, pode ocorrer 'o aparecimento de assintomáticos por anos. Essa forma de apresen-
'ªJlipertensão pulmonar persistente, muito semelhante tação aparece quando os cistos ou a malforma-
»;
“àquela que pode aparecer na hérnia diafragmática. ção são pequenos e têm diminuta comunicação
.,.Hípóxia e acidose perinatal levam a um aumento da com a árvore traqueobrônquica. Sofrem infec-
.; resistência vascular pulmonar (muscularização anor— ção secundária devido a drenagem precária dentro
rªmal das artérias pré e intra-acinares), desenvolvimento dos bronquíolos anormais. As cavidades císticas
“de
shunts direita ——> esquerda, hipoxemia e o estabe-
wlecrmento de um ciclo vicioso.
infectadas podem simular pneumatoceles.
IO desenvolvimento de pneumotórax hipertensivo
x
é uma complicação possível quando'o paciente
"HIS II! APRESENTAÇÃO CLÍNICA necessita de manobras de ressuscitação, venti-
lação mecânica. ou erro diagnósrico corn indi—
Tªmanho, tipo e complicações são os fatores mais cação de drenagem de pneumotórax inexistente.
impºrtantes determinantes da época e gravidade da
ªpresentação clínica. Grandes lesões ou lesões pre-
. ºmrnantemente sólidas produzem sintomas logo após (lllllllll) (ilÍllIGÍl
Pnascimento. Lesões pequenas não produzem sinto- Noventa por cento dos diagnósticos são estabeleci-
mas, exceto se 'ocorrer infecção secundária. dos no primeiro ano de vida. A maioria nos primeiros

w . »«g— M
lDiagnóstico pré-natal realizado por ultra-sono- seis meses.
grafia. 0prognóstico dessas lesões vai depender IDispnéia. taquipnéia, retrações, cianose.
« IT V - '
L.
228 =I Tórax

Abaulamento do hemitórax comprometido. presença de imagens bolhosas irregulares na forma


I Hiper-ressonância do lado comprometido. e no tamanho, preenchendo parcialmente ou
I Diminuigfio-do murmúrio vesicular. totalmente o hemitórax e áreas de atelectasia ad-
In Desvio do íctus. jacentes correspondendo aos outros lobos pul—
II Aparente hepatoespleuomegalia secundária a hi- monares comprimidos. Pode haver desvio de
perexpansão do tórax. mediastino. Os espaços intercostais estão aim-.
gados e há depressão do diafragma no lado Cor.
n Clinica de hipertensão pulmonar.
IPrematuridade. respondente.
I Radiografia de abdome: o padrão de distribui-
Ascite. ção de gás intestinal é absolutamente normal,
Anasarca.
enquanto que na hérnia diafragmática existe escasso
gás visível em radiografias.
iuvrsnenção nmauúsncn Tomografia computadorizada (TC) com ou sem
ll Radiografia de tórax. Na MACCP os achados ra— contraste: demonstra massa cística multilocula;
diológicos podem ser muitos variados e depen- de paredes finas ou massa de aspecto cístico e
dem da extensão da lesão, tipo e se ela contém sólido. Nas lesões infectadas, apresenta mistura
líquido, ar, ou ambos. Inicialmente, a lesão pa- de tecidos sólidos e císticos com definição va.
rece sólida pela presença de líquido alveolar dentro riãvel das margen . Raramente necessária para
dos cistos. Posteriormente, com o início dos mo- diagnóstico. Pode 'star indicada na criança maior,
vimentos respiratórios, o ar vai substituindo o quando apresenta complicações infecciosas e
líquido intracavitãrio e múltiplas bolhas desen— como controle no paciente assintomático. A pre—
volvem—se. Mais raramente, desde o início, o sença de artéria sistêmica aberrante pode ser
pulmão pode apresentar-se com múltiplas bolhas demonstrada pela TC corn contraste, ultra—sono-
aéreas (Fig. 40.4). O diagnóstico diferencial deve grafia com Doppler, ou ressonância nuclear
ser feito com hérnia diafragmática e pneumato- magnética.
cele oriunda de pneumonia estafrlocócica. Em I Broncografia: indicada nas infecções respirató-
alguns poucos casos, um cisto pode distender— rias recorrentes. Pouco usada atualmente.
se muito (cisto dominante ou cisto simples) sobre na Arteriografia e/ou cateterismo cardíaco: podem
os outros (Fig. 40.5). Como a parede fica extre- ser úteis quando se suspeita da presença de vasos
mamente fina, torna—se difícil o diagnóstico di- anômalos.
ferencial com pneumotórax e enfisema lobar. A Ultra-sonografra pré—natal.
descrição radiológica clássica de MACCP é: — A descrição da lesão segue o critério morfológico
de Stocker.
~_ ' Tipo I: presença de um simples cisto grande
.c ou múltiplos cistos medindo acima de 2cm,
preenchidos por líquido.
' Tipo II: cistos pequenos e numerosos.
« Tip'o IlI_: massa pulmonar homogeneamente
ecogêpipa, sem cistºsindividuais discerníveis.

Figura 40.4— Radiografia de tórax mostrando inúmeras ima- Figura 40.5 — Radiografia de tórax de malformação adenº
gens ’clsticas no hemitórax esquerdo desviando o mediastino matóide clstica congênita de pulmão de lobo médio com Clª
para a direita, compativeis com malformação adenomatóide dominante. Há desvio do mediastino e compressão dos lº ,

cística congênita de pulmão. A presença de alças intestinais


normalmente situadas no abdome afasta o diagnóstico dife-

bos superior e inferior do pulmão direito. Esse paciente
submetido a drenagem 'de tórax em razão de um diagnós'ílc
rencial com hérnia diafragmática. errôneo de pneumotór'ax.
g4

Malformação Adenomatóíde Cística de Pulmão n 229

—- Classificação

.
de Adzíck. É reconhecido que aproximadamente 10% dos tu-
. Lesões microcísticas (< 5mm): geralmente as- mores malignos de pulmão crescem em malforma-
tl 5 sociadas a hidropsia fetal, mau prognóstico. ções císticas pulmonares.
: - Lesões macrocísticas (> 5mm): não associa-
.

tl-I f‘
'

A controvérsia existe seo tumor desenvolve—se dentro


lê *
ª; ; das a hidropsia, prognóstico favorável. de um MACCP (seria um precursor) ou se a lesão cr’s-
it-
_ , 'ªlg'?» Achados ultra-sonográticos sugestivos de mau tica representa um BPP desde o início.
,
I
fi'
_ diª
2
lesão.
prognóstico: poliidrâmnio, ascite, anasarca, desvio
do mediastino, tipo III, tamanho e extensão da
THITAMENTB
'E. |Quando identificadas intra-útero, 15 a 20% des- I O tratamento indicado
e aressecção do lobo afetado
'

sas lesões podem regredir espontaneamente du- (lobectomia pulmonar). Não está indicada res-
rante o 3º trimestre de gravidez. Essa involução secção segmentar da massa adenomatóide pelo

.
ocorre por razões desconhecidas, provavelmen- índice de complicações possíveis, como: persis-
r- º te pela maturação de suas células. tência da doença no lobo restante, fístula aérea
lá‘é w Na procura do melhor parâmetro para predizer persistente, infecções recorrentes. No ato cirúr—
nr

qual o feto que está em risco para desenvolver gico, estar atento para a possibilidade da exis—
hidropsia, os autores têm calculado 0 volume da tência de um ou mais vasos aberrantes em conexão
lesão por medidas ultra—sonográficas usando a com o lobo ou massa cística. lflo recém—nascido
fórmula da elipse (comprimento x altura >< lar» e lactente, os planos segmentares e a divisão dos
gura X 0,52). Parece que o tamanho da lesão é tecidos ainda não estão completamente forma-
mais importante que o tipo na avaliação do prog- dos. Até os lobos não estão nitidamente demar-
nóstico, sob o ponto de vista da ultra-sonografia. cados. Toleram a lobectomia extremamente bem,
A relação de volume da malformação adenomatõide com crescimento e expansão do tecido pulmo-
cística (CVR) é obtida pela divisão do volume nar remanescente. Ocorre hipertrofia dos alvéo—
da lesão pela circunferência da cabeça. Essa relação los existentes e parece também que aumento no
tem a finalidade de corrigir as diferenças de ta- número de alvéolos (hiperplasia).
manho fetal. Uma CVR > 1,6 é preditiva de ris- IA idade ótima para operar pacientes assintomá—
co aumentado de hidropsia, desenvolvendo—se em ticos parece situar—se entre os três e seis meses
80% dos fetos com MACCP. A CVR pode ser de idade (risco de malignização e infecção). Tem
útil para selecionar fetos em risco para desen— sido essa a nossa escolha.
volver hidropsia e que necessitam de observa— Os argumentos para a ressecção cirúrgica são: risco
ção freqiiente com ultra-sonografia e possível de infecção, malignização, risco de pneumotórax,
intervençà fetal. risco de aumento súbito do cisto com disfunção
respiratóriaíe o fato de a ressecção precoce per—
ir um crescimento pulmonar compensatório.
Hulllillllnliãll Nos pacientes assintomáticos, os argumentos para
'5, . Relatos mostram o desenvolvimento de blastoma pleu— a observação simples são: possível regressão, ris-
;;Í ropulmonar (lactentes e crianças pequenas) e adeno-
'

cos da toracotomia e ressecção pulmonar.


carcinoma bronquíolo—alveolar (criançasmaiores, ado— Não existe regressão pós-nataldommentada de '
.“JeSCentes e adultos) em cistos pulmonares congênitos.
", Çelulas embrionárias mesenquimais seqiiestradas são
uma MACCP diagnosticada por TC.
Alguns autores recomendam que, em MACCP
' suscetíveis de oncogênese, podendo degenerar em uma pequena (< 3cm) e assintomática, a indicação
Variedade de células neoplásicas. Porém, há risco baixo cirúrgica deva ser discutida caso acaso com os
de
degeneração maligna dentro do tecido pulmonar
lmaturo. As células presentes na MACCP não são atípicas
pais, confrontando os riscos dos procedimentos
cirurgia/anestesia com a possibilidade de reso-
ou malfonnadas, mas são imaturas. lução pós—natal espontânea e complicações da
O Lipo IV de Stocker é similar histologicamente ao doença. Outros sugerem observar a lesão, se ela
blastoma pleuropulmonar (BPP) grau 1. Parece haver se
é visível somente na TC, é pequena e não tem
uma progressão ou sobreposição entre cistos pulmonares suplementação sanguínea arterial sistêmica sig-
e blastomas, com o ponto de corte ainda mal—definido nificariva.
Entre neoplasia e proliferação reacional. O tipo I pode IOs pacientes com MACCP e disfunção respira—
' ªpresentar hiperplasia focal de células mucosas em,
tória grave que necessitam de entubação e ven-
ªproximadamente, 113 dos casos, mas a incidência tilação mecânica devem ser considerados para
de transformação carcinomatosa e muito baixa, < 1%.
toracotomia e lobectomia de urgência. A ventilação
º
BPP muitas vezes exibe diferenciação muscular
esquelética semelhante ao tipo II (misto) de Stocker.
mecânica costuma causar alçaponamento de ar
nos espaços císticos, hiperdistensão dos cistos,
Pm- essa característica, foram denominados previa- desvio do mediastino e alteração do retomo venoso
mente de rabdomiossarcoma ou outros sarcomas. pulmonar e sistêmico. Parece que a ventilação os-
230 l
Tórax

cilatória de alta frequência não costuma causar


esses problemas.
Nos casos com hipertensão pulmonar persisten—
te. usar rotina de tratamento da hérnia diafrag—
mática.
Recomendações quando feito o diagnóstico ultra-
sonográfico pré—natal.
—Aguardar o parto a termo, pois é importante o
estado de maturação do tecido pulmonar resi—
dual. .
(

—Encaminhar a mãe para centro terciáâb com


atendimento de alto risco matemo—infantil.
-Dar preferência ao parto vaginal pelos bene—
fícios da compressão torácica durante o parto.
- Aguardar confirmação radiológica pós-natal
da doença.
a Cirurgia. Toracotomia postem—lateral com exte— —
Figura 40.7 Toracotomia com exteriorização do lobo com.
prometido com malformação adenomatóide cística congê.
riorização precoce do lobo envolvido da cavidade
torácica, evitando o alçaponamento de ar na indu—
nita de pulmão. Notar o
enorme
volume do lobo afetado
comparativamente ao lobo normal (A), também exteriorizado,
ª'? ção anestésica e lobectomia regrada do lobo afe-
tado (Figs. 40.6 a 40.8).
El Os fetos com menos de 32 semanas com hidropsia
progressiva e massa multicística ou predominan- w
Possibilidades terapêuticas Pré-natais temente sólida são candidatos à cirurgia fetal
«:

.
lªou
tu
Fetos com hidropsia progressiva e com menos de 32 (lobectomia), em centros especializados. Ano- «|
N

semanas de vida com MACCP devem ser avaliados malias anatômicas ou cromossômicas contra-in— A

para intervenção fetal. dicam o procedimento. _.


o
'.“
4
I Lesões císticas solitárias ou predominantemente
císticas são passíveis de shunt toracoamniótico “TUBES PBDGNÚSI'IGDS
descompressivo. É uma manobra salvadora de |:
Depende principalmente do tamanho da lesão e
vida, porém seu efeito costuma ser temporário, extensão. Lesões maiores têm maior frequência
com recorrência precoce por obstrução, deslo— de desvio do mediastino, poliidrâmnio, hipopla-
:" camento ou migração do cateter. sia pulmonar e hidropsia. O tipo III tende a ser
I Para os fetos hidrópicos'com mais de 32 sema- \
mais'compressivo. A presença de hidropsia é anu n-
nas de gestação, parto prematuro deve ser con- ciadora de mau prognóstico fetal e neonatal. Ma-
siderado após tratamento materno com beta- nifesta-se por ascite fetal, quilotórax, derrame peri-
' metasona. cárdico e edema'da pele e eãcalpo.

:
afl3‘45.

Figura 40.6 —Toracotomia com exteriorização do lobo com-


prometido com malformação adenomatóide cística congê—
ªi
iª):

Figura 40.8 — Peça cirúrgica de lobo pulmonar ressecado em


razão de doença adenomatóide. A peça encontravse abertª
nita de pulmão. Observar o grande volume do lobo afetado. e podem-se notar inúmeras cavidades vazias.
l
.
I
Malformação Adenomatóide Cistica de Pulmão I
231

rmprometimento bilateral. BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA


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232 I Tórax

-- Tipo II (33%): um pulmão origina-se inteira.


meme do esôfago inferior.
— Tipo III (46%): a seqíiestração pulmonar Cº:
munica—se com o esôfago ou o estômago_
Seqúestração Pulmonar IA
— Tipo IV (5%): parte da árvore traqueobrôm
quica normal comunica—se com o esôfago_
comunicação com a árvore brônquica é rara,
mas pode ocorrer mais freqiientemente com a
João Carlos Ketzer de Souza seqíjestração íntralobar. Sua etiologia, provavel.
mente, decorre de infecção prévia.
GDIIGEITO
Suulememaçãu Vascular
Malformação congênita caracterizada pe1a_presença
de tecido pulmonar não-funcionante, isolado, usual- A artéria aberrante costuma ser ramo da aorta torá-
mente sem comunicação com a árvore brônquica nor— cica descendente ou abdominal (85%) ou de outros
mal e que recebe suplementação sanguínea arterial e vasos torácicos ou abdominais, como tronco celíaco
e artérias intercostais (15%).
venosa através de vasos anômalos sistêmicos. O te-
cido e do tipo fetal e cística. Pode estar, fisiológica Em 15 a 20% dos casos, múltiplas pequenas arté-
rias podem originar-se acima ou abaixo do diafragma
ou anatomicamente, separada do resto do pulmão. Pode, e irrigar a seqíiestração.
ocasionalmente, apresentar comunicação fistulosa com
A artéria aberrante geralmente é única. grossa, curta,
o esôfago ou o estômago (20% dos casos). Antes da

o u - a s ri Q L
tem trajeto retilíneo e costuma cursar dentro do liga-
infecção, os espaços císticos contêm muco; após epi- mento pulmonar inferior.
sódios infecciosos, frequentemente, passam a conter A drenagem venosa do segmento intralobar é ge-
ar e pus. O tamanho e extensão da seqiiestração são ralmente realizada pela veia pulmonar, estabelecen-
variáveis. do um shunt arterial sistêmico até a aurícula esquerda
(shunt E —) E).
GHSSIFIIIAÇÃB A drenagem venosa do segmento extralobar é ge-
ralmente realizada pela veia ázigo ou hemiazigo,
As seqíiestrações são divididas em: estabelecendo um shunt E —> D.
I Seqiiestração intralobar: aquela em que o tecido
Em 60% das seqíiestrações intralobares direita:. o
retorno venoso é anômalo e compatível com a síndrome
pulmonar anormal está incorporado dentro do pul- da cimitarra. Essa síndrome é caracterizada pela pre—
mão normal e mostra uma pleura visceral comum. sença de um pulmão direito pequeno e malformado,
I Seqilestração extralobar ou pulmão acessório:
;com retorno venoso anômalo do pulmão para a veia
aquela em que o tecido pulmonar anormal está
separado anatomicamente do pulmão normal, tendo
»
cava inferior ou átrio direito (shunt E —) D) e suple-
mentação arterial sistêmica anômala. Essa drenagem
sua própria pleura. venosa anômalaIaparece em radiografia como uma
sombra, losalizada na face medial do lobo inferior
!direito, com a forma de uma cim_itarra. Geralmente a
3 ennnrrralsnm Hummus artéria pulmonar está ausente ou hipoplasica e a su-
plementação sistêmica é derivada da aorta torácica
- comunicação Hstulasa
win"

ou de vasos localizados abaixo do diafragma. Defeito


m. e,

l A comunicação fistul‘osa com o esôfago ou es— do septo atrial está presente em 10% dos casos e há .
tômago (esôfago superior 5%, esôfago médio 10%, frequência aumentada de outros defeitos cardíacos


esôfago inferior 70% e estômago 15%) é, geral- congênitos. A apresentação clínica pode aparecer sob
mente, formada por um tubo muscular bem cons- quatro formas:
tituído e atapetado por epitélio estratificado esca- I Forma assintomática.
moso ou colunar e cartilagem na parede. Ocorre
em 10% dos casos, sendo em 75% no lado direito.
I Insuficiência cardíacã'lcõngestiva
secundária
derivação E —) 15 grande por suplementação arterial ª
Essa Seqíiestração é denominada de comunicante. sistêmica anômala.
ocorre em ambos os tipos (intra e extralobar) e

I Sintomas respiratórios graves relacionados
sua etiologia é congênita. Essa condição recebe hipertensão pulmonar.
a denominação de malformação bronco-pulmo- I Infecções respiratórias recorrentes na criança malº“
nar congênita dointestino anterior (MBPCIA).
Essa malformação foi dividida por Srikanth em
quatro tipos‘:
— Tipo I (16%): ocorre em associação com atresia A embriogênese não está completamente estabelecxdª)

. _,

de esôfago ou fístula traqueoesofágica. existindo diversas teorias.

. Mr aw a,”
Seqúesfração Pulmonar I 233

briológico e à insuficiência de sua suplementação san-


;. guinea.
am! fuma aderência das células embrionárias for-
ª's do pulmão a outros órgãos, que por tração,
Há estados intermediários do processo de involução
em que a seqílestração é conectada ao trato GI por

_ §ada por um crescimento desrgual, as separaria


"ácido pulmonar. Essa teoria da aderência parece
'ciªl» àqueles poucos casos de extralobar
fc‘éf-se sornente a seqiiestraçao e, em
tecido pulmonar
um pediculo fibroso.
A involução completa resulta em uma seqiiestração
simples.
Urna malformação mais complicada e embriolo—
calizado debaixo do diafragma, gicamente interessante ocorre quando a seqiiestração
se associa a outras malformações do intestino primi-
mila Ile lªrvae tivo (pâncreas ectópico, duplicação intestinal e outras).

'ªvªria
uma captura dos esboços brônquicos em
'iivolvimento por uma artéria anômala, que com EPIDEMIMOGIA
cÉ'scimento do pulmão desprendena o esboço de São mais frequentes à esquerda (2/3).
as conexões brônquicas. A artéria anômala seria I A seqiiestração intralobar é três vezes mais fre-
de eito primário. Parece que os vasos
sanguíneos
iésenvolvimento do embrião não tenam possibili—
qiiente do que a extralobar.
I Predominam em meninos. As-extralobares são
dçzde exercer tal tração. três vezes mais comuns em meninos e as intralo-
".
bares têm a seguinte relação: 1,5M21F.
, iria de Smith I: Em 75% dos casos & seqiiestração intralobar ocorre
eria uma deficiência da artéria pulmonar em no segmento basal posterior do lobo inferior perto
sepvolver-se com suficiente rapidez para irrigar a da goteira paravei‘tebral ou, mais raramente, no
talidade do pulmão em crescimento e isso facilita- segmento basal médio.
” formação (ou persistência) de uma irrigação aórtica Em 10% os lobos superiores podem estar envol—
tera] suplementar. Urna zona assim irrigada po— vidos.
a'experimentar degeneração cística ou até fibrose IA seqíiestração extralobar ocorre, frequentemen—
ppl;
..?. do nascimento. te, no mediastino posteriorjunto ao seio costofrê—
nico ou na cavidade pleural. Podem ser encontrados
‘rip lieriiiaiia do Em imunológico incorporados ao diafragma, cavidade peritoneal
(Eu inner e Senanonstein e cavidade pericárdica junto à porção superior
do tórax.
mateoria da formação do esboço pulmonar supranu— I Em 40 a 60% das extralobares existe alguma
erário derivado intestino primitivo anterior. E a
do malformação congênita associada, principalmente
«u 'Isªaceita atualmente. Na 5 ª semana de vida embrio- dezlocalização torácica. As mais frequentes são:
“ária,“ um pequeno esboço pulmonar desenvolve-se ma formaçãb adenomatóide cística congênita de
ede ventral da faringe. Esse broto pulmonar for-
'
pulmão, hérnia diafragmática (15%), cisto bronco—

o tubo laringotraqueal, que vai se bifurcar nos
Is'brotos pulmonares primitivos na 7E semana de
gênico, malformações cardíacas, eventração dia-
fragmática, hipoplasia Pulmonar, duplicação
a' Iºnbrionária. NesSe periodo haveria o apareci— . ‘ eufórica, pectus excavalum, cisto pericárdica.
já decaudal
um broto pulmonar supranumerário, que I Nas intralobares, as anomalias congênitas são
sªem à posição do broto pulmonar normal
»» Ngiaria caudalmente, acompanhando o crescimento I
mais raras (10%).
Na MBPCIA não há predisposição sexual, o lado
dº esôfago. Se esse broto pulmonar acessório aparecer
,
. gilt) precoce na vida embrionária, antes do desen-
direito é envolvido Em 75% dos casos e malfor-
mações associadas estão presentes em 40% das
yºlvimento da pleura, ele é incorporado no pulmão vezes (principalmente malformações das costelas
l3,3113le adjacente, tornando-se um segmento intralobar. ou vertebrais, atresia de esôfago, fístula traqueo-
»

'I’Sc o broto pulmonar acessório desenvolver-se mais


lº_rdxamente, quando a pleura já esta formada, ele ira
esofágica, hérnia diafragmática, atresia/estenose
de duodeno, cisto broncogênieo, duplicação do
"rseparado do pulmão adjacente, tornar-se—á reves-
estômago ou esôfago).
, , Pºr sua própria pleura e formará uma seqiiestração
a_lralobar.
. ?,ºrtanto, por essa teoria, é o tempo que determina
”Í
_ .«g'fªmnças entre seqjiestração intralobar e extralobar
IIISI'IIPIITIIIUGIII
Segmentos sequestrados são formados por múltiplos
algº uma diferença qualitativa. cistos de tamanhos diferentes. Raramente apresentam

- — .4 1 ' M « w .
. .- _ºspacientes em que o pediculo embrionário não um cisto único. Histologicamente contêm elementos
"tag,-º
º "l- a seqliestração permanece em comunicação
'

pulmonares normais em arranjo anormal e desordenado


'
trato gastrointestinal através de um tubo mus-
.

de cartilagens, glândulas brônquicas e parênquima al-


G—róihªªªyetado por epitélio. A separação do trato gas- veolar. O cisto típico é revestido por epitélio respira-
ª'
esnnal é atnbuída à involução do pedículo em-
tório ciliado e está repleto de material mucóide espesso,
L
234 I Tórax
II Sintomas gastrointestinais nas comunicantes;
vômitos, disfagia, hematêmese, regurgitação de
sangue, pus, ou ar. As paredes contêm todos os
mentos de uma parede bronqurca normal. Com m-
ele- alimentos.
Hemorragia intraplcural espontânea ou trauma.
f fecção surge fibrose e inflamação. Setenta por
.: das seqíiestrações intralobares-apresentarn comuni-
cento tica.
I Formação de abscesso pulmonar ou bronquiectasiasj
cação brônquica (em geral deVido a erosao produzr-
I Hemoptise maciça.

w,-
da pela infecção nos tecidos adjacentes).
I Achado incidental em radiografia de tórax.

(1111111110 IIIÍIIIBII
Pode haver uma gama muito variada de apresentação Extralolxar
clinica. Na maioria das vezes é assintomático.
I Achado incidental em radiografia de tórax.

- .—
Achado incidental na ocasião do reparo cirúrgi.
Intralolnn co de uma hérnia diafragmática.
Geralmente é sintomático. Embora mais frequente em Raramente podem apresentar infecção pulmonar,
outrªs fases da
vida,pode também apresentar-se durante insuficiência cardíaca congestiva por shuntE. _; D,
o periodo neonatal (10% dos casos). sintomas gastrointestinais, hemorragia. Raríssimªs
I Episódios persistentes ou
reçorrentes
de infeç— vezes pode surgir disfunção respiratória no re-
secreçao cém-nascido por compressão do pulmão e des.
.,
ção respirat ria. Com o acumulo de
mucóide dentro dos segmento seques-
cistosdo vio do mediastino, quando aparece comunicação .. 4

é L B' ‘ S Z V I Q C
trado, o pulmão normal crrcundante e compri- brônquica e os cistos distendem.
mido. Surge pneumonite, que pode estender-se
facilmente ao segmento adjacente. Com
a ero-
são capsular forma-se uma comunicaçao com as
Malformação nroncnuulmonar congênita
vias aéreas. Em virtude da ma drenagem do Ilo Intestino Anterior
segmento seqiiestradoI surge um ciclo episódrco I A apresentação costuma ser o
resultado de pneu-
de febre, calafrios, hemoptise e to'sse
carro purulento e alterações bronqmectásrcascom na
es- monia, abscesso pulmonar ou dificuldade respi-
ratória exacerbada pela alimentação.
os
seqliestração. Febre e tosse sao Sintomas mais I Apresentações menos comuns incluem refluxo
frequentes. A tosse fica produtiva quando
comunicação livre estabelece-se entrea
uma
seques-
gastroesofágico, hematêmcse, anemia e insufi-
ciência cardíaca.
tração e o tecido pulmonar normal adjacente. E
a forma mais comum. .
IIIIIESTIEQGÃII BIREIIÍIS'I'IBA
[
Sintomas cardiovasculares devrdo aos shunts
em desenvolver—se entre a suplementaçao vas-
que
,,“ I Radiografias de tórax (antero-posterior e late-
normal.
cular da seqíiestração e o tecido pulmonar
Pode surgir insuficiência cardíaca congestiva pelo
ral). Freqfientemente são normais.
- Intralobar: presença de densidade triangular
shunt E —> D de uma artéria sistêmica com
veia pulmonar ou malformação cardiaca assocrada.
a

no segmento basal posterior ou medial do lobo
inferior corn deslocamento da trama bronco
vascular (Figs. 41.1 e 41.2) As vezes podem
I Disfunção respiratória no
recém-nascido: rarp.
Comunicação brônquica pode permitir a-distens-ao ser visíveis cistos repletos de ar, com presença
e hiperinflação de alguns cistos da sequestraçao. ou'não de níveis liquidos, se existe comunica-
ção com a árvore traqueobrônquica.
- Extralobar: presença de densidade de tecido
mole triangulare homogênea junto ao mediastino
(perto da cúpula diafragmática). Em 90%.
localiza—se no liemitórax esquerdo. Muitas são
pequenas e não visíveis em radiografias de tórax.
I Broncografia. Bastanteª'aitíl, pouco usada atual-
mente. A seqíiestração não se enche com contraste,
porém sua periferia é esboçada por brônquios
do tecido pulmonar normal, que se enchem de
contraste e que são deslocados pela lesão.
I Arteriografra. Permanece o método diagnóstico
padrão-ouro, mas os riscos associados nãojus-
tificam a informação adicional obtida na maio-
- 41,1— Radiografia de tórax em projeção antero-pos- ria dos casos. Arteriografras torácica e abdominal
superiores são muito boas nas lesões adjacentes
:erigíinostrando imagem com maior densidade
Junto ao lobo
inferior esquerdo, compatível com sequestração intralobar.
Seqúestração Pulmonar ª 235

Figura 41.3 Tomografia computadorizada mostrando


-
seqúestração intralobar.

:? Técnica:
ri Figura 41.2 - Radiografia de tórax em projeção lateral mos-


E Intralobar.
ltrando imagem póstero-inferior de maior densidade junto
”ao lobo inferior esquerdo. Lobectomia pulmonar. Identificar cuidadosa-
ª»
mente o vaso ou os vasos nutrientes anômalos
que geralmente costumam ser ramos diretos
ao diafragma para delinear suplementação arterial da aorta e que percorrem o ligamento pulmo-
anômala e também como auxiliar na cirurgia, ao nar inferior. Só indicar separação cirúrgica da
mostrar número, calibre e localização dos vasos seqiiestração (seqiiestrectomia), quando hou-
anômalos. A fase tardia mostra a drenagem venosa. ver uma nítida linha de demarcação entre &
Atualmente pouco usada. Se necessário, pode ser seqiiestração e o pulmão normal. Ressecar co-
substituída pela angiografia digital por subtração. municação fistulosa com o esôfago e estômago,
' IBroncoscopia. Pouco útil. quando presentes. Na seqiiestração direita
t: IRadiografias de esôfago, estômago e duodeno, observar presença da síndrome da cimitarra
para demonstrar comunicação entre a seqiiestração (ideal a identificação pré-operatória).
,» »; e o trato gastrointestinal. No tratamento, na maioria das vezes, é suficiente
.3; ” lCinlilografia pulmonar. Mostra mai-ventilação e a ligadura simples da artéria anômala.
E.,, perfusão da área. Exltralobar. .“
ITomografia computadorizada com ou sem con—
— eRessecção do tecido pulmonar seqiiestrado. Isolar
. traste. Excelente método diagnóstico (Fig. 41.3). dividir cuidadosamente os vasos aberrantes.
autores extralobares.
_.
,
Rªiª& com
0 aspecto mais típico é de uma massa complexa
ou sem a presença de cistos.,0casionalmente,
Atualmente, muitos têm proposto conduta
conservadora nas sequestrações
'

pode apresentar-se como 'uma lesão cavitária com Só indicam cirurgia nas seguintes situações:
nível hídroaéreo. presença de cistos grandes, shunt A—V, se-
«w .). Ultra—sonografia torácica com Doppler. Poderevelar qiiestração aumentando de tamanho (neuro-
;" massa sólida e/ou cística, arte'ria sistêmica anô- blastoma?). Alternativas à cirurgia: embolização,
mala e seu fluxo sanguíneo. Pela sua excelente ligadura simples da artéria nutridora.
acurácia e facilidade, tem sido o método mais
utilizado. REFERÉNCIA BIBLIOGRÁFICA

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L
«,
236 I Tórax
W
IPredisposição sexual: 2leF.
I Prevalência após cirurgia cardiovascular: 0,5 a 3%,
IAproximadamente 60% ocorrem no lado direito,
I Bilateralidadeé incomum.

Quilotórax IÉ a causa mais comum de derrame pleural no


período fetal e neonatal.
IPrevalência de quilotórax congênito: 1:10.000 a
15.000 nascidos vivos.
João, Carlos Ketzer de Souza
HSIDI'II'I'OlOGIII
GIIIIIIEITI) I O acúmulo de linfa comprime o pulmão ipsilateral,
Acúmulo de linfa extravasada na cavidade pleural por desvia o mediastino e pode comprimir o pulmão
lesão congênita ou adquirida do ducto torácico. contralateral, provocando insuficiência respiratória.
Efusão pleural contendo, pelo menos, uma das Perda crônica de linfa: hipoproteinemia, depleção
seguintes características: aparência leitosa, presença de gorduras, desnutrição, depleção de eletrólitos
de quilorru'erons, nivel de triglicerídeos no fluido pleural com desequilíbrio hidroeletrolítieo, acidose me-
> 1 10mg/dL, predominâncialinfocitária no fluido com tabólica e depleção imunológica (diminuição do
culturas estéreis. número de linfócitos T).

IllIIITOIIIII
ETIIIlGIiIl
IQuilotórax
Em 2/3 dos casos o curso anatômico do ducto torácico
congênito ou espontâneo: provavel- é típico. Começa no abdome na cisterna chyli, di-
mente resulta de malformação do ducto torácico rige-se ao mediastino, passando a direita do hiato aór-
por falha na fusão dos canais linfáticos ou rup- tico. Depois se inclina a esquerda, no nível da Sª vértebra
tura, durante o parto ou ressuscitação, de um ducto torácica, e ascende à esquerda até penetrar no ângulo
torácico congenitamente fraco. de junção entre a veia subclávia e a veia jugular in—
IQuilotórax adquirido ou secundário.
terna esquerda.
-
Após cirurgias torácicas, principalmente cirurgias

m ar * / m u- &“(
cardiovasculares (correção de coarctação de GDMPBSIÇÃD
aorta, anéis vasculares e ducto arterial patente,

'
shunt cavopulmonar, reparo de tetralogia de ILíquido estéril e com qualidades bacteriostáticas.
' Fallot, procedimento de Fontan), correção de INão irritante à pleura, não evocando a formação
atresia de esôfago com arco aórtico direito, _. de paquipleura ou membranas fibroelãsticas.
ressecção de higroma cística mediastinal). b 'I
Curado pelo Sudan III (presença de quilomícrons).
—-
Após trombose de veia cava superior, veia ino- IAlcalino com pH entre 7,4 a 7,8.
“ fl : H- *

.
minada ou subclávia esquerda, principalmente IContagem celular total > 1.000 célulaslmL.
se relacionada à presença de cateter em veia I Predominânçia nítida
de linfócitos: 80 a 100%.

m, ,.
central. O aumento da pressão venosa sistêmica .» A maioria é de celulas tipo.T.
pode provocar dilatação e ruptura com extra- IConteúdo
eletrolítica igualião plasma.
vasamento de linfa. IRico em gorduras, variando entre 0,4 a Sg/dL.
—--
Associado a linfangiomatose pulmonar.
Trauma penetrante de tórax (raro) ou lesão direta
Corresponde a 3/4 da concentração lipídica
plasmática.
do ducto no momento da punção percutânea
de veia central.
—-
Colesterol: 60 a 220mg/dL.
Triglicerídeos > lIOmg/dL (ou > 1,1mmol/L)-
Trauma contuso levando a hiperextensão da
— Reflete 99% de chance de ser quilo.
coluna e ruptura do ducto. —
Triglicerídeos < SOmg/dL refletem somente 5%
de chance do fluid9_s_er quilo e entre 50 ª
-—
Episódios violentos de tosse.
Neoplasias intratorácicas (linfomas e neuro- llOmg/dL o fluido deve ser pesquisado em busca
blastoma). de quilomícrons (teste do Sudan III). Bebês

- F Ltª R' S Vl º G
que nunca se alimentaram podem ter a taxª
de triglicerídeos não elevada (geralmente
mummies“ < 50mg/dL) e líquido de aspecto não-leitosº.
IQuilotórax congênito: mais comum em recém-
nascidos a termo.

Relação colesterol/triglicerídeos < 1.
I Concentração de proteínas variando entre
2.2 a
IGeralmente não estão associados a outras ano— 5,9mg/dL. Corresponde à metade da concentrª-
malias. . ção protéica plasmática.
IMais raramente
associados a síndromes: trissomia — Albumina: 1,2 a 4,1g/dL.
21, síndrome de Turner e síndrome de Noonan. —
Globulinas: 1,1 a 3,1g/dL.
Quilotárax I
237

'. 3.1mm cllnrco Tllll'l'flfllllfll


Ékteàdº acúmulo de quilo aparecer clinicamente, há Objetivos do tratamento:

“ª iªm-valo de tempo latente de dºis a dez dias, as IAlívio da disfunção respiratória.


íéze'gªté semanas ou meses, tempo esse decorrente IApoio nutricional.
. '3 . dªõjntervªlº entre a lesão do ducto, o acúmulo de linfa Fechamento do vazamento quiloso.
”mediastino posterior e aruptura da linfa através
da pleura mediastinal para a cavrdade pleural. Tratamento nan cirúrgico (Fig. 42.2)
3. ;.Época de aparecimento dos sintomas nos recém—
. “f" nascidos: metade nas primeiras 24h de vida e 3/4 e
I[nicialmente o tratamento sempre conservador.

" até o fim da 1I semana de vida. Costuma ser efetivo em 70 a 80% dos casos.
IToracocentese diagnóstica, evacuadora e terapêu-
IDisfunção respiratória progressiva (taquipneia,
' dispnéia, retração torácica e cianose). Intensi- tica (Figs. 42.3 e 42.4). Em 15 a 20% dos casos
resolverá definitivamente. Múltiplas toracocenteses
dade depende da quantidade de linfa acumulada. são ineficazes e perigosas, pois não descompri—
,ªp'Macicez no hemitórax comprometido, diminui— mem adequadamente o pulmão, são dolorosas e
ª» ção do murmúrio vesicular e desvio do fetus. têm risco de produzir pneumotórax e hemotõrax.
,. ICaso o derrame quiloso se reacumular após uma

ªlllllESTIEREÃÍ!
r
IIIAGIIÚSTIBA ou duas toracocenteses, está indicada drenagem
pleural em selo d'água. Se o pulmão não estiver
ª L’IIHistória e exame físico.
reexpandindo adequadamente pelo excesso de linfa.
Radiografia de tórax: derrame pleural com com— colocar em aspiração contínua. É importante a
a:» pressão do parênquima pulmonar e desvio do me—


“'" diastino (Fig. 42.1).
iTomografia computadorizada de tórax: quando
a causa não está bem definida. Quilotórax
IFlebografra e/ou eco-Doppler: para afastar obs-
trução das grandes veias torácicas, se teve cate- Dieta TCM
ter central, ou foi submetido a algum procedimento '
+
“”"a cinirgico cardíaco. O(treotida
1 semana
lToracocentese com análise do fluido pleural.
-
.
Antes de iniciar dieta láctea ou jejum prolon-
gado: líquido claro ou amarelo.
—Após iniciar dieta láctea: líquido leitoso opa-
lescente.
Melhora
< lºlekg/dia ou
100mL/anoldia _
'
Insucesso do
tratamento
-Dosar triglicerídeos, linfócitos e corar pelo \ .A .
Sudan III.
,;Dosagem dos eletrólitos séricos, albumina, he- Dieta TCM NPO + NPT
mograma, provas de coagulação. 3 semanas .- 3 semanas

º.
-

Cura .- Insucesso tratamento


conservador
l
Dieta TCM
. Cura

2 semanas , Opção
Dleta TCM cirúrgica
2 semanas
Dieta normal
NPO + NPT
1 semana

Insucesso tratamento
Cura cirúrgico

Dieta TCM
l
Outra opção
2 semanas cirúrgica

Figura 42.2 -— Tratamento do quiiotórax. NPO = nil per os


{tritium 42_-1 — Radiografia de tórax antero-posterior mos-
ando qUIIotórax esquerdo com desvio de mediastino.
(nada por via oral); NPT :nutrição parenteral total; TCM =
triglicerídeos de cadeia média.

n —wW M
L-
"'.—” «n
238 I Tórax

Figura 42.3 Quilotórax esquerdo volumoso com importante


— Figur_a 42.4- Radiografia de tórax mostrando melhora da
desvio do mediastino. aeração pulmonar pós--toracocentese evacuadora.

aposição das pleuras visceral e parietal com reex— testina1.A octreotida reduz o fluxo esplâncnico,
pansão pulmonar e fechamento do vazamento. hepático, portal e inibe a motilidade intestinal.
No quilotórax bilateral, a drenagem pleural deve Parece também reduzir a concentração dos trigli-
ser efetuada precocemente. cerídeos na linfa e causar aumento da contração
u Esforços que aumentem muito a pressão intra- dos vasos linfáticos. Tem sido usada associada
abdominal devem ser evitados (tosse, constipa- a dieta rica em TCM, antes de decidir-se pelo

a._ u., t.
ção intestinal, gargalhadas). Nesses casos, está NPO e NPT. A dose de somatostatina intravenosa
indicado o uso de sedativos e antitussr'genos. é de 3,5ug/kg/h a lZpg/kg/h.

«1.
I Leve elevação da cabeceira da cama ajuda a dimi- O tratamento conservador e melhor no quilotórax
nuir o fluxo de quilo no ducto. congênito e pós-operatório e pior no quilotórax por
I: Iniciar dieta hiperprotéica, hiperglicr'dica e com obstrução de cava superior.
triglicerídeos de cadeia média (TCM). Mantê-la Quilotórax associado a obstrução da cava supe-
por uma semana até reavaliação do caso (débito rior é melhor tratado com drenagem de tórax em
do vazamento). Se o vazamento estiver diminuindo, aspiração contínua, NPO e NPT por via perifé-
continuar com essa dieta. Manter ainda por duas rica ou por cateter em cava inferior.
a trêssemanas após o fechamento da fístula. As
fórmulas enterais contendo TCM (seis a dez átomos
de carbono) sofrem absorção direta para dentro
da circulação porta, onde são transportadas como
Tratamento cirúrglen
ácidos graxos livres ligados à albumina e fun-
I
Indicações
de tratamento
- Tratamento
cirurgico.
conservador por três a quatro se-
cionam como fonte lipídica e calórica sem au— manas sem"
sucesso.
mentar o fluxo linfático. Alguns investigadores
acreditam que a dieta com TCM não diminui o
.- — Drenagem quilosa de grandesvolumes (> 100mLI
dia no recém-nascido, ou >IOOmUano de ida-

-m
volume do líquido pleural. de da criança/dia, ou > 1.500mL em adultos),
u Se em uma semana não há sensível diminuição conforme SelleI et al., ou > iSmL/kg/dia de
da drenagem, suspende-se a dieta enteral e in- acordo com Beghettiz et al.: pensar em cirur— t;
a-â_.»t«
». , A.

dica—se: nada via oral (NPO, m'! per as) + nutri-


.
gia mais precocemente. Acreditamos que o padrão
ção parenteral total (NPT). Antes de iniciar a NPT, da drenagem pode ser mais importante do que
verificar a permeabilidade da veia cava superior a quantidade absoluta. Drenagem que não di-
por flebografia e/ou ecocardiografia. Se houver minui progressivamente em duas semanas, ou
obstrução, optar por NPT por via periférica ou que varia muito em quantidade, com períodos
por cateter colocado em cava inferior. O jejum de débito elevado, parece improvável de res—

6 L 8-s z 9
diminui o fluxo quiloso, favorecendo o fechamento ponder somente as medidas clínicas.
do vazamento. Até água via oral aumenta o fluxo
—- Complicações metabólicas e/ou nutricionais
&

pelo ducto torácico em aproximadamente 20%.


n Atualmente tem sido tentado, com bons resulta-
W â—
.n

dos, o uso de octreotida (análogo sintético de Opções Cirúrgicas


longa duração da somatostatina) 1 a 4ug/kglh
Ligadura do Ducto Torácica
, ,intravenosa ou subcutânea na dose diária de 20
a Mug/kg (dividida em duas a três doses). O fluxo :: Objetivos.
linfático depende, entre outros fatores, do estado
da circulação esplâncnica e motilidade gastroin-
—-
Ligadura do ducto ou colateral no local do Vª'
zamento.
nv»

.
l
I

Oui/otórax I
239

.. Ligadura do tronco principal abaixo e acima bém pode ser usada para complementar a liga—
vazamento.
do dura do ducto, linfangiomatose e quilotórax por
-_ Realizar múltiplas suturas com fios inabsor— neoplasia.
L víveis em locais de vazamento frágeis ou dis—
torcidos por inflamação ou neoplasia.

.

IIndicações: quilotórax congênito, adquirido por


Drenagem Pleuroperitoneal
trauma ou cirurgia previa. No caso de insucesso do tratamento cirúrgico (quilotórax
Contra-indicações relativas: toracotomia, pleu— refratário), más condições clínicas, bebês prematuros
rodese ou pleurectomia prévias, linfangiomatose, e crianças ventilador-dependentes: indicar a realização
más condições clínicas. de shunt pleuroperitoneal. Após o shunt, fluxo pleuro-
IA toracotomia ou alteracoscopia videoassistidas peritoneal espontâneo costuma ocorrer em bebês que
devem ser realizadas no lado da efusão pleural. estão em ventilação mecânica. A colocação de um
IDerrame pleural direito: toracotomia postato-late— shunt de baixa pressão permite a drenagem espontâ-
ral direita no 6º EIC com ligadura do ducto prin- nea, pois a pressão de abertura costuma ser mais baixa
cipal junto ao hiato aórtico. Derrame pleural do que o pico de pressão inspiratória gerado pelo
esquerdo: toracotomia postem—lateral esquerda ventilador. A drenagem começa a cessar quando a pressão
no 49 a 5g EIC com ligadura do ducto principal inspiratória se reduz no pós—operatório. Nesse caso,
logo após sua penetração no hemitórax esquerdo. se tornará necessária a compressão manual da câma—
Derrame pleural bilateral: toracotomia póstero—
lateral direita com ligadura do ducto torácico junto
ra do cateter.
"
Nos outros casos, por causa da diferença de gradiente
ao hiato aórtico. Toracotomia esquerda está in- de pressão negativa pleural em relação à pressão positiva
dicada, posteriormente, se não cessaro vazamento da cavidade abdominal, não ocorrerá fluxo espontâ-
nesse lado. neo, sendo necessária compressão manual da câmara
IA visualização do ducto e do local de extravasa- de pressão do cateter pleuroperitoneal. É sugerida a
mento é facilitada pela administração via oral compressão da câmara por 10min (aproximadamente
ou por sonda nasogástrica (SNG) de ZmL/kg de 60 compressões), quatro vezes/dia. Não colocar a câma-
peso de azeite de oliva antes da cirurgia ou lSOmL ra debaixo da cicatriz, evitando traumatizá—la ou tor—
de creme de leite por sonda nasogástrica 3 a 4h nar o procedimento doloroso no momento da compres-
antes de iniciar a cirurgia (são ácidos graxos de são. As válvulas são planejadas para prevenir movimento
cadeia longa que aumentam o fluxo de quilo). retrógrado do quilo através do sistema.
Outra opção é a administração de 05ng de A versão original do shunt pleuroperitoneal baseia—
suspensão de azul de Evans 1% subcutâneo na *se na colocação da câmara de pressão no subcutâneo
coxa no início da anestesia. sobre o arcabouço costal, contra o qual deve ser com-
IQuando os locais de vazamento não são perfei— primida. A versão_corrente possui câmaras de volume
tamente identificáveis no transoperatório, pode maior, extemalizadas, evitando dor e desconforto quan-
ser necessária a ligadura adicional supradiafrag— do comprimidas Sobre as costelas, alem de maior fa-
mática do ducto torácico. A anatomia da região cilidade técnica em sua implantação.
deve ser plenamente conhecida. 0 ducto torácico“ Contra—indicações do shunt pleuroperitoneal: pres-
ou ductos encontram-se situados posteriormente são venosa central (FVG-elevada (> 25mmHg), insu-
a0 esôfago, entre a veia ãzigo e aorta. O ducto ficiência'cardíaca congestiva e trombose de“cava inferior
deve ser ligado em massa (no tecido entre ázigo (impede absorção do quilo, resultando em ascite quilosa).
e aorta) com diversos pontos,
IQuando existir múltiplos pontos de extravasamento, REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
após & ligadura do ducto, realizar pleurectomia 1. SELLE, J. G.; SNYDER, W. H.; SCHRElBER, ]. T. Chylothorax:
parietal no local comprometido, ou pleurodese. indications for surgery, Ann. Surg., v. 177, p. 2454249, 1973.
2. BEGHETI'I. M.; LA SCALA, G.; BELL], D. et a1. Etiology and
; management of pediatric chylothomx. ]. Pediatr., v. 136,n.5, p. 653-
&' Pleurectomia 658. 2000.
IA pleurectomia pode ser realizada por toracotomia BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
aberta ou toracoscopia videoassistida. Indicada CHEUNG, Y.; LEUNG, M,; YIP. M. Octrcolide for treatment of
adicionalmente à ligadura do ducto torácico, na
.
postoperative chylothorax. J. Pediatr., v. 139, p. 157-159, 2001.
linfangiomatose difusa e nos casos de neoplasia. MURPHY, M. C; NEWMAN B. M.; RODGERS. B. M. Pleumperitoneal
shunts in the management of persistent chylothorax. Ann. Thorac.
Surg., v. 48, p. 195-200, 1989,
Pleurodese PATTERSON, G. A.; TODD. T. R. J.; DELARUE. N.-C. et al.
Supradiaphragmatic ligation of the thoracic duct in intractable
!
Pleurodese química via dreno torácico, toracotomia, chylous fistula. Ann. Thorac. Surg., v. 32, n. 1, p. 44-49, 1981.
ou toracoscopia pode ser realizada com talco, UPADHYAYA, P Pleural effusion. ln: PURI, P. (ed.).Newbon1 Surgery.
tetraciclina, OK-432, ou cola de fibrina. Tam- Oxford: Butterworth—Heinemann, 1996. p. 187-195.
240 I Tórax

'. ÍllIPÍI'lIIII 43
'
rnnrmnrnln
IPneumotórax esPontâneo tem como causa a dis-
tribuição desigual das altas pressões transpleurais

Pneumotótax geradas pelo esforço inspiratório. A entrada de a,


em urn pulmão ainda não aerado requer altas pressões
para ultrapassar a viscosidade do fluido presente
na via aérea, as forças de tensão superficial e a
João Carlos Ketzer de Souza
'

elasticidade do parênquima pulmonar. Se pºrções


do pulmão estão ocluídas durante as primeiras ins.
flllllflil'l'll pirações por sangue, muco, ou mecônio, serão
a
—; » . r s L
necessárias altas pressões transpulmonares para
Acúmulo de ar ou gás na cavidade pleural. abrir esses alvéolos. Duas situações podem advir;

Esse ar pode ser desviado para outras áreas
BMSSIFIBRGIB normalmente ventiladas, distendendo exces.
sivamente os alvéolos ao ponto de causar sua
IPneumotórax espontâneo (principalmente cau-
ruptura.
sado pela sindrome de aspiração de mecônio, ou
prematuro com doença da membrana hialina).
m Pneumotórax secundário a aspiração traqueal, ou
-
A obstrução parcial dos alvéolos comprome.
tidos pode desencadearam mecanismo valvular,
-»yfl
retendo ar e dificultando sua saída na expiração,
punção percutânea de veias centrais.

me. “eu?
causando hiperinflação dos alvéolos e subsequen.
a
IPneumotórax secundário barotrauma [mano-
te ruptura. O alvéolo pode romper diretamente
bras de ressuscitação, ventilação mecânica (VM)].
Il Pneumotórax secundário a pneumonias, princi- na cavidade pleural causando pneumotórax, ou
palmente estafilocócica. no interstício junto às bainhas perivascularcs
I Pneumotórax secundário a trauma torácico aberto produzindo enfisema intersticial e subsequente
e fechado (não serão vistos neste capítulo). pneumomediastino, com ou sem pneumotórax
associado.
1:1 Pneumotórax por barotrauma advém de pressões
EPIHEMIIIlIIGIl ventilatórias excessivas com ruptura de alvéolos.
El Presença de pneumotórax (PNT) assintomático
em 1 a 2% dos recém-nascidos (RN). FISIOPATOIOGII
:.
ll Frequência de pneumotórax sintomático no recém-
nascido: 0,07%. A proporção que o ar se acumula nojespaço pleural,

a.» .:3),- =
IFrequência de pneumotórax em RN em ventila- o pulmão colaba, alhemicúpula diafragmática se reti—
ção mecânica e pressão positiva: 10%. .rca, podendo chegar até a inversão completa (Fig.

oza- m u v M —s weJ
III Frequência de pneumotórax na doença da mem- * 3.1). O grau de colapso pulmonar vai depender não
branahialina, sem assistência ventilatória: 5%, somente do volume de ar que está escapando, mas
em pressão positiva não invasiva contínua (CPAP): também da complacência do pulmão.
13%, em VM: 38%. Essa frequência esta em de- O acúmulo dear faz—se às custas, primariamente.
créscimo, nos últimos anos. . "da redução do volume 'residual pulmonar com expan- L-smI m
nª»! .,.:,
ll Enfisema pulmonar intersticial é precursor de
são da parede torácica costomuscular. A partir daí, o'
pneumotórax em aproximadamente 25% dos RN mediastino começa a desviar-se para o lado oposto.

W
em ventilação mecânica. O mediastino rechaçado para o lado contralateral com-
prime as grandes veias e o átrio direito (tampona-

«- v m w
mento cardiaco extrapericárdico) com redução do débito

m.
cardíaco e volume pulmonar contralateral.
.au-snºw— 1

BIRENÓSTIBB BIFEBEIIGIBL
. ,“.

IEnfisema lobar congênito. _


Malformação adenomatóide cística de pulmãº.
Hérnia diafragmática.

“M — ª
Illllllllll BlÍlIIGll (”ASSIM
fl História prévia (doenças ou manobras assoCIª-
das). Pacientes em risco para PNT; aqueles sub—
Figura 43.1 _— Pneumotórax hipertensiva à diLeita, com re- metidos à ressuscitação, VM, principalmente cºm
do
tIfIcação dtafragma e desvio do mediastino para a
esquerda. pressão positiva no final da expiração (PEEP):
Pneumoto'rax a 241

síndrome de aspiração de mecônio, doença da

..
membrana hialina, asma, fibrose cística, pneu—
monia estafilococica.
fgritabilidade, ansiedade.
Taquipnéia (> 60rprn).
I Retrações, cianose, gemido respiratório.
I Abaulamento do hemitórax.
IDesvio do 1’ctus.
IDiminuição ou ausência dos sons respiratórios.
I Hiper-ressonância à percussão.
I Hepatoesplenomegalia, distensão abdominal.
I Diminuição da frequência cardíaca e da pressão
arterial. .

.jllnlllo crime na naum ru vrurunuãn


-
mumu Flgura 43.3 — Pneumotórax hipertensiva à esquerda, com cola-
bamento parcial do pulmão e desvio do mediastino à direita.
. I Mesmos sinais clínicos.
º, I Piora clínica súbita (bradicardia, cianose, para—
Radiografias de tórax.
ª da cardiorrespiratoria].
(
I Rápida necessidade de aumentar o pico de pres— — Antero-posterior (AP): desvio do mediastino,
ausência da trama broncopulmonar, retifica-
‘ L são inspiratória (PIP).
I Piora da gasometria arterial (i PaO , T PaCO ). ção ou inversão do diafragma (Figs. 43.3 e 43.4).
- Lateral: anel de ar ao redor do pulmão colapsado.
ampli-
-
I ECG demonstrando diminuição súbita na
tude do QRS (40% ou mais).. Decúbito lateral com raios horizontais: manter
lado com suspeita do pneumotórax para cima.
É interessante nos casos de PNT de pequeno
volume.
Transiluminação torácica com fibra óptica jun-
to à linha axilar posterior. Comparar com o lado
contralateral.
Plan aguda
I Gasometria arterial:
mentada.
P2102diminuída e PaCO2 au—
1 SI! 0 T [ICD . 1 FCo)danese
Fneumot‘orax n Observar monitoração eletrocardiográiica contínua.
m Punção-aspirativa (toracocenrese) de emergência
Problema com ventilador ou criança (7) (Al'itbooatwa preferentemente 20-22 conectado a
equipo de soro submerso em cuba com soro ou
butterfly 21-23 em cuba com soro) nos casos de
» Dexonenar o ventilador :ventilar mªnullmente com Ambu e o, a 100%.
{men do tubo. dieur (melões do ventilador e um pliámetros. cheat PNT hipertensivo. ' '
‘Inlflda de ur bilateral por ªux—im, determinar posição do comic,
,
..«?ª-.as.
,
::baço e "gado enso rebaixados.

«,
gªara-npc Mv bilateral
nho loqueado
Diminuição MV direito Diminuiçlo da MV esquerdo
_ Pneumotóru unilateral - pneumomm unilateral
"bo na orofaringe '
!
"Ii-mow": bilateral - Entubaçªo seletiva

Se nao meihorlr (um


susçle: - Trudonar
a tu o 0.5
I lun

- Reposltlonar ou posivel,
-

«mar tuba radlogrifla de tórax


—- 9e possivel:
mdlograna de lam
Na emergência:
- punção-aspirativa
Na emergência:
do hemkdrax
pumrlraxpinldv.
bllatenl do tórax

- deSe possivel.
tórax
radlaglafla

— Na emergenda: punção-
aspirativa do hemltórux

. " l'!;;.áªêórlax
,
fujªm 43.2 uma de
—Opções diagnósticas e terapêuticas para pneu-
criança em ventilação mecânica. FC:
"('ª cardíaca; MV = murmúrio vesicular.
fre- Figura 43.4 Pneumotórax hipertensivo à esquerda com
-
coiabamento parcial do pulmão e desvio do mediastino.

"
242 I Tórax

'llll'llhlllll'll Paciente &


!Pueumotórax assintomático no paciente que não
ª, está em ventilação mecânica. Atmosfera
ou sucção
— Observação + radiografia de controle a cada
8 a 12h, ou
I‘
—Enriquecimento do ar pela inalação de
100% por 8 a 12h. Contra-indicado no pre-
a 02
maturo pelo risco de fibroplasia retrolental
Figura 43.6 - Dreno de w
(retinopatia da prematuridade). rax em selo d'água. A has.
I PNT sintomático, PNT assintomático no paciente
te do frasco deve ficar Zcm
em VM, doença pulmonar associada, PNT bila- abaixo do nivel de água,
teral: drenagem torácica.
ILocal: 49 espaço intercostal (EIC), linha axilar
anterior.
I Técnica: realização de túnel subcutâneo por dis-
secção romba (melhor vedação aérea, melhor
fixação do dreno impedindo movimentos late-
rais que alargam o orifício, dificulta a chance de
entrada de ar quando da remoção do dreno, evita 1111110110013 111ISPIRAÇÃII 11011111111!(Fig. 43.7)
infecção, ajuda a cicatrização) (Fig. 43.5), co- IFistula broncopleural de grande débito (perma-
locação de dreno de silicone, frasco selo díágua necendo ar residual na cavidade pleural não ocorre
(Fig. 43.6), frasco regulador de pressão (nas dre— aposição das pleuras, o que não favorece o fe-
nagens em aspiração continua), conexões ade— ehamento da fístula).
quadas, curativo com “mesentério” de Micropore.
|!
Ventilação com pressão positiva expiratória final.
IAssociação com derrame pleural.
I Calibre dos drenos: RN prematuro, 10 a 12F; RN
IPneumotórax bilateral.
a termo. 14F; lactentes, 16 a 20F.
IPulmão não—complacente.
IPneumotórax em paciente com traqueostomia.
BIMEI'EHÍSTIBIS llllllBEllll 'I'OMGIGB
I Dreno deve ser constituído de material radiopaco, 'I'lllll'lllllill'l'll lll 1151010 Il! llTll DÉBITO
não-trombogênico, não-tóxico e flexível. IDiminuir 0 volume corrente.
I O calibre dos drenos e conexões obedece às leis II aspiração pleural, se possível e dentro dos li-
de Poiseuille. O fluxo de ar é diretamente pro- ª, mites de idade.
porcional ao raio na 4a potência e inversamente A ‘L
proporcional ao comprimento. Portanto, princi-

m a w s -. 1 ”
h c: [
palmente o raio e secundariamente o comprimento
do dreno são importantes em determinar a resis—
tência ao fluxo aéreo. Paciente ,, » (e

0111111005 Bl “111110!" 1011001011


I Retirada de todo ar ou gás do espaço pleural,
—> Sucção
permitindo a reexpansão pulmonar com aproxi-
mação da lesão da pleura visceral à pleura parie—
tal, permitindo a sinfise pleural e cicatrização do
local do vazamento.
Pressão gerada
pela sucção


Figura 43.5 (A e B)
Técnica de drenagem Frasco selo Frasco controlador
torácica. O ideal é a rea- d'água da pressão
lização de um túnel sub-
cutâneo por dissecção
romba desde abaixo do Figura 43.7 -— Sistema de aspiração contínua constituídº
espaço intercostal, onde de frasco selo d'água e frasco regulador de pressão. A hastº_ º
o dreno deve penetrar na frasco regulador de pressão deve ficar 10 3 12cm abaixo
cavidade pleural. do nível de água. l'
Pneumotórax II 243

nspiração Inspiração Expiração


V PP > PA
“» "
PP < PA PP < PA
'?“
. Eure 43.8 Mecanismo de drenagem de pneum otórax
em
‘Eciente com— respiração espontânea. PA :pressão ªtmosfé- —-
Figurª 43.9 Mecanismo de drenagem de um pneumotó—
rax no paciente em ventilação mecânica. PA :pressão at-
“can? = pressão pleural.
'
mosférica; PP :pressão pleural.

..
'

w
.l.’
ªv»

Utilizar modo de ventilação e parâmetros que são atmosférica), forçando o ar a sair do pulmão através
minimizem o pico e o platô de pressão necessá— da boca e do espaço pleural pelo dreno. Essa PP maior
rios para manter ventilação adequada. que a pressão atmosférica (PA) faz com que o ar saia
.I IMinimizar a PEEP.
da cavidade pleural e borbulhe no frasco de drena—
O tempo inspiratório deve ser normal ou mais
v
gem (Fig. 43.8).
"1Ifrequentemente baixo em relação à idade.
deColocação dreno adicional se apesar
de to-
das medidas anteriores persistir pneumotórax re— MEDRIIISMII I]! llllEllllEEM III! PIIGIEII'I'E EM
'
sidual hipertensivo. VENTIIAGM Miflfllllfln
Com ventilador de pressão positiva, a pressão no espa-
"E MINES I]! BETIMIIA DO llllEllfl ço pleural aumenta acima da PA na inspiração e cos-
tuma ser igual à pressão gerada no respirador (no pico
m GIGI? . - inspiratório). Nesse ponto. o gás pára de entrar no pul-
Ի
da drenagem de ar e líquido.
'I Parada mão. O ar da cavidade pleural é expulso durante a fase
"! Menisco sem oscilação. inspiratória.
LIReexpansão pulmonar
em exame fisico e radiografia Durante a expiração, a PP cai abaixo da PA (colo-
'"ISe estiver em aspiração eparar de borbulhar: manter car selo dlãgua, senão o ar poderá retornar para den-
em selo d'água por 24h. Após, realizar radiografia tro do tórax) e o ar não sai pelo dreno nessa fase ex-
de tórax para detectar qualquer acúmulo de ar. piratória (Fig. 439). '

INão retirar dreno enquanto estiver em VM e


Se há fístula broncopleural grande e sobra ar na
;.- necessitando de parâmetros altos. 0 dreno pode
«e;—.

cavidade pleural na fase expiratória, a PP se'eleva pro-


,. ser retirado quando estiver em condições de
'
vocando eliminação do ar na inspiração e também na
'
desmame.

expiração. Nesses casos, a—sucção ajuda a evitar o


iCurativo compressivo por 48h. acúmulo de ar.
ªí“!
1A

:H'icnmsuo nr humm rnlflelcn BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA


MADANSKY, D. I...; LAWSON. E. E.; CHERNICK, V. et al.
_
ªº
ªr entra no pulmão e cavidade pleural (através de Pneumothorax and other forms of pulmonary air leaks in the
um alvéolo ou bronquíolo rompido) em cada inspira- newborn. Am. Rev. Resp. Dir.. v. 120, p. 729-737. I979,
,er
Çãº. O tórax se expande 6 a pressão pleural (PP) diminui OGATA. E. S.; GREGORY, G. A,; Km'ERMAN, ].A. et a1. Pneumolhorax
in the respiratory distress syndrome: incident and effect on vital
(fica negativa ou subatmosférica). A reentrada de ar signs, blood gases and pH. Pediatrics, v. 58, p. l77-l83, 1976.

ªº
.
espaço pleural, através do dreno torácico, é blo-
Ueada pelo selo d'água.'A água sobe no dreno a uma
altura igual à pressão negativa intratorácica.
>
Durante a expiração, o tórax se contrai. A PP au-
ROWE. M. l.; O'NEILL JR., J. A.; GROSFELD, J: L. ‘cl al. Intmthomcic
access and procedures. ln: Ersenriuls nfl'zdiarric Surgery. St. louis:
Mosby, 1995. p. 152456.
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the newborn: changing patterns. Arch. Din. Child., v. 50. p. 449-453,
:“ªmª (torna—se positiva, ou seja, maior que a pres— 1975.
244 I Tórax

podem compartimentalizar o líquido pleural em


loculações ao criar pontes entre as duas Super.
fícies pleurais.

Empiema Pleural
II Fase organizada ou crônica: caracterizada pelo
aparecimento de espessa camada fibrosa junto
às pleuras visceral e parietal, que pode encarce.
rar o pulmão. Essa membrana organiza-se pelo
crescimento de capilares e fibroblastos. Costuma
João Carlos Ketzer de Souza aparecer após o 14“ dia do início do empiemgr
O aparecimento dessa fase está geralmente asso.
GIIIIBEI'I'II ciado a:
rl Retardo diagnóstico e consequente retardo em
Para alguns significa a presença macroscópica de pus

m -, n r
na cavidade pleural. Para outros, é o acúmulo de lf— iniciar o tratamento adequado.
fl Escolha imprópria dos antibióticos.
quido infectado (presença de bactérias no gram elou
ll Cavidade pleural não-drenada, drenagem inade.
cultura positiva) no espaço pleural, sem ainda ter-se
transformado em pus. Para outros, os critérios de Light quada, ou drenada tardiamente.

L-SQ‘I
já definem empiema: pH < 7,2, glicose < 40mg/dL, Remoção prematura da drenagem.
desidrogenase láctica (DHL) > 1.000Ul/dL.
Derrame pampneumônico é definido como a presença llIlIIIlIlI) BlÍIIIGIl
de líquido no espaço pleural desencadeada por pneu-

i - 'ª — s m r
monia, abscesso pulmonar e bronquiectasias. :: Febre.
!Piora da pneumonia.
II Taquipnéia, tosse, cianose.
EPIDEMIIllIIGIII I: Dor torácica.
lu Dor abdominal em 20% dos casos.
n Pico de incidência: 0 a 3 anos.
|: Aproximadamente 0,6 a 2% das pneumonias
II Distensão abdominal
por íleo paralítico.

, —: a m u
rl Egofonia: alterações da voz alta (voz Caprina).
causam empiema. IDiminuição da amplitude dos movimentos res—
Aproximadamente 40% das crianças hospitali-
piratórios,

era
zadas com pneumonia apresentam algum grau
de derrame pleural. r: Abaulamento do hemitórax.
II Desvio do íctus.
m São mais comuns em meninos. II Desvio da traquéia.
II Macicez à percussão.
GLASSIHMGÍII IDiminuição ou ausência do frêmito toracovocnl.
IDiminuição dos sons respiratórios.
f’
»

A formação de um empiema pleural passa por três ISopro pleural (expiratório): é o sopro tubário

. .
Pªr =»
fases, que não são completamente distintas:
modificado pela presença de camada líquida. É
I1 Fase aguda ou exsudatíva: caracterizada por lí- necessária, além do derrame, a presença de con-
quido pleural transparente, baixa contagem de densação pulmonar. ªl
leucócitos e poucas bactérias presentes. Dura cerca E Pectoriloquia afônica (com voz sussurrante): voz
de 24 :1 72h. cochichada transmite—se perfeitamente, perceben-
H Fase fibrino-purulenta: caracterizada por liquido do—se bem as sílabas.
espesso, turvo, aparecimento de fibrina e pus e
tendência a loculações. Estende-se até o 149 dia, INVESTIGAÇÃO IIII'IGIIIÍS'I'IBII
Esse estágio é caracterizado pelo aumento do nú—
mero de neutrófilos polimorfonucleares (PMN)
e nível de glicose diminuída (pela glicólise aumen-
In Radiografias de tórax (antero-posterior, lateral.
decúbito ípsileteral com raios horizontais): im-
tada provocada pelos PMN e metabolismo bacte- cialmente aparece borrailrento do seio costofrênicº—
riano). Os produtos finais do metabolismo da Após, o líquido pleural começa a se depositar
glicose são o dióxido de carbono e o ácido lá— junto à parede lateral do tórax, no decúbito supinº-
tico. Causam diminuição do pH. 0 nivel de DHL Distância 5 10mm entre a parede torácica inter-
aumenta, muitas vezes ultrapassando 1.000UI/L na e o parênquima pulmonar (distância P-P) sugere
por causa da lise celular. Os níveis de interleucina—8
também se encontram elevados; é um importante
derrame parapneumõnico em pequena quantidade
(esse valor é referente ao paciente adulto e em
fator quimiotãxico dos PMN, Há um aumento
de deposição de fibrina na superfície pleural. Fi—
decúbito lateral), não havendo necessidade
toracocentese, exceto quando se quer materiªl
fiª
broblastos movem-se para o espaço pleural e co- para exame bioquímico, bacterioscópico e bf“?
meçam a secretar colágeno. Fibrina e colágeno ter-iológico. Com a mudança de decúbito, o líqmdº
Empiema Pleural 245

' . 'vremitórax
deve deslocar—se. Nos derrames maiores, o
I,. *
fica opacificado,aparecealargamento
gaspaços intercostais e desvro de mediastino.
,Q'ªparecimento de pneumatoceles sugere pneu-
ttª'fnºniª estafilocómca (Fig. $4.1). . .
Euhm—SOHOgrafia
‘1 toractca: ajuda a defimr a 6x15-
Q; íência
de líquido livre, loculações, septos, es—
;C'i *pessamento pleural, quantifica a fibrina, orienta
»” _
'1“ a toracocentese, ou drenagem torácica. Os achados
_twltra-sonográficos costumam ser divididos em:
r.— Efusões de baixo grau de complexidade: pre-
'., sença de fluido anecóico ou loculação única.
.. Efusões de alto grau de complexidade: evidências
. '
de organização fibn'nosa, com múltiplas septa-
ções e loculações. Há uma tendência atual para Figura 44.1
-.Grande pneumatocele direita ocasionando
dESVlº do mediastmo e compressão do pulmão ipsilateral.
solicitar ultra—sonografia precoce, mesmo antes
da toracocentese, objetivando a classiiicação do
; derrame e sua forma de tratamento.
'; -Tomografia computadorizada: estuda
espes- anaencentese
samento pleural, loculação de fluidos e con- Vantagens:
solidação pulmonar.
Confirma a presença de líquido.
-
Cintilografia de perfusão: hipocaptação por com-
pressão do parênquima pulmonar.
Determina se o líquido é purulento.
El Providencia material para cultura e dosagens
bioquímicas.
”SEEMS muspneumoniae
BDHIIIIS E Geralmente é a lª forma de tratamento.

;_sir'l—eptacuccus (aproximadamente 25%


"(log casos), Staphylococcus aureus (25 a 30% dos casos, Técnica


_“;Íâpemºphilus
”iincipalmente entre crianças < 2 anos de idade),
:;rçlla
influenzae, Streptococcus pyogenes, Kleb-
e Pseudomonas. Agentes anaeróbios não são
E Posição: decúbito supino com leve inclinação.
Usa-se para punção cateter-sobre—agulha, tipo
Abbocathº, nº 18, 16, ou 14, dependendo da idade
;clºmuns em crianças abaixo dos seis anos de idade.
.
da criança. O paciente pode ser rotado em dire-
g
..;
ção à punção_para que o cateter fique dependen—
ª {Immune
a, 1.:
mafia estiver em ventilador com pressão positiva,
deSconectar'ªno momento da punção. Realizar
;tratamento é controverso, sem consenso sobre a
anestesia local com lidocaí na 1%. A punção deve
ggna de terapia ideal e o momento de realiza-1a.
ser realizada no 5“ espaço intercostal' (EIC), li-
fl dependendo
Antibióticos devem sempre ter início precoce,
do agente etiológico e de acordo com
nha axilar média, junto ao bordo superior da costela
inferior. ' “5—
a rotina dos serviços de pediatria e cirurgia pe- na Do líquido purulenta devem ser enviados e so-
- diátrica. licitados:
!Agentes librinolíticos intrapleurais (estreptoqui-
nase e uroquinase): indicados nos casos de empiema
- 5mL em frasco sem heparina para coloração
de Gram e cultura com teste.. Coletar anaerobi-
multiloculados e dreno torácico. Esses agentes camente, impedindo a penetração de ar na coleta.
São instilados pelo dreno torácico, que é manti- Obliterar a ponta da agulha com rolha de borracha
do clampeado por 2 11 3h. A posição do paciente estéril ou colocar em frascos já contendo meios
deve ser modificada frequentemente. Podem ser de cultura para anaeróbios.
usados por três a cinco dias. A dose diária de
estreptoquinase é de 250.000UI diluída em 50 a - 5mL em frasco sem heparina para pesquisa de
BAAR e fungos e coloração de Ziehl-Neelsen.
100mL de soro fisiológico (SF) e a da uroquinase Esse material purulento deve ser enviado ime—
é de 50.000/30mL de SF em crianças < 5 anos e
diatamente ao laboratório, podendo permane-
de 100.000UI/40 a SOmL de SF em crianças > 5 cer algumas horas em temperatura ambiente.
ªnos de idade. Não temos experiência com essa Jamais colocar em refrigerador.
modalidade de tratamento. A estreptoquinase é E Do líquido não-purulema.
uma proteína derivada de uma bactéria que ati-
Va, indiretamente, () sistema fibrinolítico. A
-— ção
5mL em frasco não-heparinizado para colora—
de Gram, cultura e teste.
uroquinase é um ativador plaminogênio direto. - SmL em frasco não-heparinizado para pesquisa
'Toracocentese/drenagem torácica. de BAAR, fungos e coloração de Ziehl—Neelsen.
.
246 I Tórax

dade de captar o líquido drenado e o segundº


— do
5mL em frasco com 0,5mL de heparina fixa-
em alcool 70° ao meio ou citrato de sódio age como selo d'água. Esse sistema com dois
3,8% (lmL para cada 5mL de líquido) para frascos tem a vantagem de evitar a manipulação
citológico. freqíiente do frasco selo d' água que necessita float,
— 5mL em frasco heparinizado e fixado para
contagem de leucócitos, hemácias, coloração
constantemente, 2cm abaixo do nível d'água (Fig.
44.2). 0 dreno deve ser retirado com a Cessação

,.
de Wright (contagem diferencial de leucócitos). da drenagem pleural purulenta, melhora clínica

m — L Wª
SmL em frasco heparinizado para bioquímica e radiológica.
(glicose, proteínas, amila'se e DHL). Para dosar Confirmada posteriormente a presença de bac.
a glicose, e ideal que se use alguma substân— terias no líquido pleural ou pela bioquímica posi-

s.
cia anti—glicolftica no frasco para evitar glicólise tiva, está também indicada a drenagem pleural

m
desencadeada pelos polimorfos nucleares. E fechada, dependendo da evolução clínica a par-
aconselhável o uso de 0,1mL de uma substân- tir do dia da toracocentese.

;e na m- r u
cia contendo 2mg de fluoreto de sódio e 6mg Após sete dias de drenagem pleural, ponderar

- g L' S
de oxalato de potássio para,cada 2mL de lí- alternativas nas seguintes situações, podendo sig-

o ie — r ç ª

!
quido pleural. Se coletados, armazenados, ou nificar falha do tratamento convencional (dre-

.eu '
transportados inadequadamente, devem ser nagem torácica):
desprezados, pois seus resultados perderão
fidedignidade, podendo confundir a conduta
- Empiema multiloculadp persistente (pela ultra-
sonografia). ?"


a ser adotada.
5mL em frasco heparinizado para medida do
—- Sem melhora clínica (sepse pleural persisten-
te): febre persistente, recusa alimentar, disfunção
pH (coletar anaerobicamente e medir no respiratória persistente, leucocitose.
hemogasômetro).
Todos os seis frascos devem ser esterilizados.
—— Fístula broncopleural persistente.
Falha de reexpansão pulmonar com colapso
Todo o líquido heparinizado deve ser mantido re- parcial.
frigerado a 4ºC ou imerso em gelo, até que seja
processado (no máximo por 6h). Meios Alternativas no Tratamento cirúrnlcn
Drenagem Toráclca IDebridamento pleural (empiemectomia) tora-
coscópico videoassistido. É a modalidade de tra-
Continuada a presença de pus, está indicada a tamento mais atual e moderna preconizada e
drenagem pleural fechada, realizada no Sº EIC, realizada em diversos serviços. Em alguns ser-
linha axilar média, preferencialmente com anestesia viços é indicada precocemente. É sugerida como
geral e utilização de drenos adequados de silicone. primeira forma de tratamento nos serviços que
Sistema com dois frascos e o ideal para drena— utiliiam anestesia geral para a realização de
gem de líquidos; o primeiro frasco tem a finali- drenagem torácica. Sua principal vantagem de-
corre da hospitalização menor em comparação
»].

com o tratamento convencionalfcuja hospitalização


Paciente é mais prolongada.
' I Minitoracotomia descrita po'tRaffensperger, sem
retirada de costela e evacuação do material fibrinoso
Atmosfera
otr sucção e pt_u'ulento, lise das loculações, desfazendo as
adesões entre as pleuras visceral e parietal, lava-
gem da cavidade com soro fisiológico, colocação
de dreno torácico em selo d'agua (empiemectomia).
=|
Drenagem pleural aberta com dreno tubular
(pleurostomia entubada pelo orifício da drena-
gem toracica prévia), aproveitando-se do dreno
tubular primariamente-utilizado na drenagem
pleural fechada. Pelo dreno cortado são realiza-
das lavagens da cavidade. O dreno é trocado a
cada 48h por um dreno, mais curto e de menor
largura. Utilizada nos casos de fistula broncopleurªl
Frasco Frasco selo persistente.
coletor d'água !! Drenagem pleural aberta não-entubada (pleu-
rostomia de Eloesser) com costectomia. Faz-Sº
Figura 44.2 -Sistema de dois frascos para drenagem de um a ressecção de um a dois segmentos de costelª,
empiema pleural. Esse Sistema é constituido de um frasco lavagem e retirada dos debris e sutura da peª-leª
coletor e um frasco selo d'água. pleura parietal. Pouco usada atualmente.
Empienia Pleural I
247

Derrame pleural xuspelto


(radiografia de lónx com opacidade)

Ultra—sonogram torácica: derme presença & enagiamenm do empiema


|
l 7
mpiema simple; Estáglo l e snaglo ll precoce Emplema complicado. Estágio II avançado Empiema avançado orgunlzado. laugh:
líquida llmrlomlacao Ilma/sentiu móveis Leculaçces múltlplar/sem líquido livre uadro de sepse (rdnlca. Pulmão enrllcend

Torauxcntese
l
Empíemeanmia
l
toracoxropln por anarotomlª com decurtlração
vldeoasslnlda

Senegal, purulent;
ou Ilquldo mm quuldo mania
com napalm de «urina
ou uquiiio não-pumlentp sem gui-iu n.
com germe: iu bacterlologli dou
baneiialogh elm: cultura cultur-

Dleuigem Observa ªo.


Kepetlr u m-
ionografll
antibióticos, ou
fisioterapia turarocenlese se
resplratdrl:
Intensive melhorª alnlu
Sem septaçõesllumlações

Febre
7 dlas pEHIsKEME, . H'm-
new" Trout
mm sonogralla antibibtlcas m.
allmentar. lªvªdª re-drenagem o),
leucnrltme agente; (7).
flhrlnnlltims
i
[pinªgem
Tonmscopla
videomistida ‘— mulllluulagm " ªªª“ ª

E figure 44.3 — Diagnóstico e tratamento do empiema pleural. '

_ A Figura 44.3 mostra a rotina do nosso serviço no CRUZ, A—.'-_0.; GONZALEZ. J. B.; GALDÓ, A. M. el al. Tratamiento
_diagnóstico e tratamento do empiema pleural. de losdermmes pleliiales paraneumónicos. Aim. Esp. Pediatr., v. 54.
n. 3. p. 272-281, 2001.
" ,. Ejemuucfiis GREWAL. H.; JACKSON. RJ.; WAGNER. C. W.; SMITH, S. D. Early
video-assisted thoracic surgery in the management of empyema.

_?A
'
complicação tardia mais comum, mas mesmo as- . Pediatrics. v. 103, n. 5, p. 63. 199'9. .:
"
. ’§_simreversível
rara, é o encarceramento pulmonar, que costuma MEIER, A. H.; SMITH, B.; RAGl-IAVAN, A, et al. Rational treatment
“.
gser ao longo de meses. Menos de 4% dos of empycma in children. Arch. Surg., v. 135. p. 907-912. 2000.
I Casos precisarão de decorticação pulmonar clássica
QUADRI. A.; THOMSON, A. H. Pleural fluids associated with chest
“€ por encarceramento pulmonar. infection. Pnediarr. Resp. Rem. v. 3. p. 349-355, 2002.
RAMNATH, R. R.: HELLER. R. M.: BEM-AMI.T. et al. Implications
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA of early sonographic evaluation of parnpneumonic effusions in
children with pneumonia. Pediatrics. v. 101. n. 1. p. 68-71. 1998.
guidelines for the management of pleural infection in children. SlNGH. M.; SlNGH. S. K.: CHOWDHARY. S. K. Management of
Thom, v. 60, suppl. 1. p. i1-i21, 2005. empyema in children. Ind. Pediatr., v. 39. p. 147-157. 2002.
«T
248 I Tórax

HERMES MMS BUMIIIIS


As infecções geralmente são polimicrobian as (aertibios
e anaeróbios). Principalmente: Staphylococcus aum”

“Abscesso Pulmonar estreptococos ot e B—hemolíticos, Klebsiella pneumoniªe,


Pseudomonas, Escherichia coli" e anaeróbios.

Ílllllllllll GlÍIIIBll
'

João Carlos Ketzer de Souza u Tosse é o sintoma mais comum.


& Expectoração purulenta nas crianças maiores.
BBHGEITII Dor torácica.
Infecção localizada do parênquima pulmonar com n Hemoptise.
la Anorexia, perda de peso.
supuração, necrose e cavitação esférica circundada
por parede fibrosa espessa. m Febre, calafrios.
Fraqueza.
Diminuição de sons respiratórios focais à ausculta,
GIIIIDIGÚES RSSUBIADIIS E PIIEIIISPOIIEIII'ES H Roncos e sibilos ipsilaterais.

l3 Cirurgias do trato respiratório superior (amigda—


lectomias e extrações dentárias).
Corpos estranhos.
INVESTIGAÇÃO
[11116110511811
I: História e exame físico.
la Coma prolongado.
Hemograma com leucocitose.
IInfecções pulmonares específicas. |:: Radiografia de tórax:
inicialmente, pode não ser
El Infecções de cistos congênitos.
diagnóstico, só demonstrando áreas de consoli-
= Infecções sistêmicas.
Imunodeficiências congênitas e adquiridas.
dação. Posteriormente, passa a demonstrar a
presença de cavidade ou cavidades esféricas com
Endocardite. níveis hidroaéreos delimitados por paredes es-
m Refluxo gastroesofágico. pessas (Fig. 45.1).
Fibrose cística. a Ultra-sonografia torácica: demonstração da cavi-
Ia Retardo mental. tação.
:! Tomografia computadorizada (TC): demonstra

monument) a cavidade do abscesso, localização e natureza


da sua parede. Temos indicado nos abscesses de
Setenta e cinco por cento estão localizados no seg- localização central.
mento superior do lobo inferior direito, segmento ’1‘ & Broncoscopia diagnóstica: para coleta de mate-
posterior do lobo superior direito e segmento supe- rial purulento para cultura e teste, para afastar
rior do lobo inferior esquerdo. presença de corpo estranho e para tratamento ba-
Noventa por cento dos abScessos são periféricos seado em aspirações frequentes, durante a vigên-
.fw,
ou costais. cia do tratamentqclínico eme...
crianças pequenas.

11111611051100 DIFERENCIAL

?» %
ur Pne'umatocele da pneumonia estafilocócica (de-
limitada por paredes finas).
L-ǺlszRE ‘

El Empiema septado com níveis hidroaéreos.

TBIITIIMEIITB lllÍlIlGll
Antibioticoterapia prolºngada. Escolher antibió—
ticos conforme cultura 'e teste (coleta de escarro

ª
e
ou por broncoscopia). Empiricamente, temos
utilizado o seguinte esquema- principal: clinda- «'1
a
micina + aminoglicosídeo por via parenteral pºr
duas a três semanas e antibióticos via oral (Vº)
por mais quatro a oito semanas.
a Nas crianças maiores (em geral crianças > 6 anos
de idade) com possibilidade de tossir, indicamoâi
Figura 45:1 — Radiografia de tórax mostrando cavitação pul- drenagem postural, fisioterapia respiratória V'l‘
monar delimitada por paredes espessas 'tqmpatlvel com abs- gorosa com percussão torácica e sucção da Viª
cesso pulmonar, Presença de níveis
. ...
i
.hMroaérec-s.
-
,! m.
, l
aérea, expectorantes e agentes mucolíticos.
Abscesso Pulmonar n 249

'>. Nªs crianças com


menores parece ser importante a m Abscesso > 4cm sob tensão, causando desvio do
.!
broncoscopiª
aspirações periódicas ou, nos mediastino.
I Imunedeprimidos, condições associadas que não
Eases mais difíceis, procedimentos de drenagem
': ªe.-cutâneaguiados por TC.
ultra—sonografia ou podem ser melhoradas ou eliminadas (linfomas,
diabetes, doença do colágeno) e recém—nascidos.
,;
TIIMMIENTU GIBÚBEIGB Indicações de nessecção cirúrgica
'Iliillcações cirúrgicas de menagem (Seumentectomâa, lubectnmia Pulmonar]
Femutànna ou nrenauem interna ll Abscessos múltiplos, centrais, ou fúngicas.
“fransturáslca n Abscesso crônico com paredes muito espessas.
Todo abscesso com mais de três meses de evolu-
Sbmente utilizada nos abscessos de localização peri-
ªfárica. ção costuma apresentar metaplasia escamosa da
,
7
A drenagem percutânea deve ser guiada por ultra- sua parede, tornando sua contração e obliteração
Ersonogrªflª ou TC. muito difícil.
?- Adedrenagem aberta é realizada colocando-se son— IQuando complica com empiema pleural.
II Quando há hemoptise maciça ou recorrente.
SulaManter drenagem até a contração radiológica do
Malecot nº 14 dentro da cavidade.
“Ptª: ll Insucesso no tratamento com drenagem percutânea
“abscesso. OU externa transtorácica.
Indicações:
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
I Quando não há resposta terapêutica em duas MAYER, T,; MATLAK, M. E.; CONDON, V. et al. Computed
semanas, apesar de tratamento clínico adequado. tomographic findings of neonatal lung abscess. Am. J. Dir. Child.
I Quando há progressão rápida do abscesso, mes-
v. 136, p. 3942, 1982.
mo em vigência de tratamento clínico. TAN,T. Q.; SEDEER/[ER,D. K.: KAPLAN, S.L. Pediatric lung abscess:
I Abscesso grande (> õcm), para evitar inunda- clinical management and outcome. Pediatr: Infect. Dir. J., v. 14,
ção purulenta do pulmão contralateral. p. 51-55, 1995.
eª?”

"5
_,
Z‘
_.
.8273'4—

CIRURGIA PEDIATRICA
MM
M04 '
9 _
IR ASTOLFO "núncio
CPF mnemspem-
250 n Tórax

E Com envolvimento dos segmentos basais infe.


riores direitos, o lobo médio e envolvido em 60%
dos casos.

Bronquiectasias GEBHES HMS FREQUENTES


Pneumococos, hemólilos, estafilococos, Pseudomonas
aeruginosa e Escherichia coli.
João Carlos Kctzcr de Souza

fllllfllll'l lllllllltll 811111011


a História prévia de infecção respiratória, aspira.
Processo inflamatório destrutivo permanente do epitélio ção de sangue ou corpo estranho.
ciliado dos tecidos brônquicos (subsegmentares) e ITosse crônica produtiva permanente ou intermi.
peribrônquicos. Há perda da elasticidade e do tono

z-spn—am
tente. A intensidade e frequência da tosse de—
muscular e interferência no transporte de muco. A pendem do grau, localização e posição da criança,
estase de secreção purulenta produz obstrução e ' II Expectoraçâo. Geralmente presente. Quando
pneumonite dos bronquíolos distais. Como resultado, conseguem eliminar o escarro (crianças entre 6
surge dilatação cilíndrica, fusiforme ou sacular (cística) e 8 anos de idade), tem aspecto purulento, espessa
do brônquio. Somente o tipo sacular tern significância e abundante. '
cirúrgica. '
lll Hemoptise costuma ser ocasional. Bronquiecta-
sias são a causa mais freqiiente de hemoptise em
ETIIILIIEII crianças.
IFebre.
Multifatorial. Condições variadas, adquiridas e con— IDer torácica.
gênitas idiopáticas.
a Casos graves: abscesso cerebral e hepático. ami-
Principais condições adquiridas: loidose, osteoartropatias.
IInfecção pulmonar bacteriana, viral (principal- IAo exame físico: menor expansão pulmonar,
mente saiampo, influenza e coqueluche) ou fúngica crepitaçâo fixa, sibilância, retração do hemitórax
(principalmente infecção causada pelo Aspergillus afetado e escoliose nas bronquiectasias mais gra-
fumigatus). ves, baqueteamento digital (25%). Em 75% dos
ICorpos estranhos. ‘- cases existem alterações dos sons respiratórios.

4 c . ~ m lw r a
ISarcoidose, tuberculose com linfadenopatia (sin-
m

-. a
drome do lobo médio).
[RIVESIIEAÇÍO IIIREMS'I'IBA

&“ .15,. ,.
I Asma e alergias (aspergilose broncopulmonar
alérgica). * IHistória e exame físico.
ISindremes aspirativas. IRadiografia de tórax e anormal em quase todos
os casos. Há aumento da trama broncovascular,
Condições congênitas: espessamento bronquiolar, imagens tubulares e
IFibrose cística (causa congênita mais frequente). nos casos avançados, aspecto de favo de mtl.
ISindrome de Kartagener (sinusite. bronquiectasias Ás vezes aparecem atelectasias segmentares ou
e situs inversus). Vinte por cento dos pacientes lobares e pneumonias recorrentes, sempre na
com sinusite e dextrocardia tem bronquiectasias. mesma localização (Fig. 46.1).
Essa síndrome apresenta anormalidade genética n Brencografia sob anestesia geral e extensiva aos
da motilidade ciliar em 50% dos casos. brônquios de ambos os pulmões. Avalia tipo, dis-
I Seqiiestmção pulmonar. tribuição, gravidade e extensão da lesão. Metodo
I Deficiências imunológicas (IgG, IgM, IgA). invasivo que reduz, transitoriamente, a funçãº
lDiscinesia ciliar primária. pulmonar, impedindo a ventilação e difusão e que

l
i LªBlllllGÃl
pode causar complicaçõesªcomo alergias e rea-
ções de corpo estranho. Atualmente, só tem sido
indicada se a qualidade da TC for pobre e a suspeita
n Localizações mais comuns: segmentos basais do clínica muito forte e, em alguns casos, no pré-
lobo inferior esquerdo, segmentos basais do lobo operatório para estudo dos segmentos comprº-
inferior direito, todo lobo inferior, lobo médio e metidos. _
Ilngula. ITomografia computadorizada identifica bron-
, :: Bilateralidade: 30%. quiectasias em nivel segmentar e subsegmentm’
I Com envolvimento dos segmentos basais infe— (como brônquios dilatados e espessados), exten-
riores esquerdos. a lingula é envolvida em 80% são, padrão bronquiectásico, estuda alterações nº
dos casos. parênquima adjacente e qualidade da secreçãº
Bronquiectasias I:
251
Cintilografia ventilatória e perfusional em crian-
ças menores de 6 anos e nas que não cooperam,
quando há doença pulmonar bilateral, ou quando
um pulmão inteiro deve ser removido.
Avaliação laboratorial: hemograma. leucograma.
quantificação das imunoglobulinas (IgA, IgG, IgM,
e IgE), anti—HIV, teste cutâneo para o aspergile,
teste do suer. alfa—l-antitripsina.

GDMPIIBAÇÚES
:! Hipodesenvolvimento físico e do intelecto.
n Pneumonias recorrentes.
E Abscesso pulmonar.
N Hemoptise.

_
H Metastases séptieas cerebrais e hepáticas.
la Osteoartropatias.

l
a 46.1 —Radiegrafia de tórax em projeção lateral mos- 'I'BMIIMEHTO 01.111100
‘fi‘alldp atelettasia lobar inferlor por bronqurectasms. Antibioticoterapia, mais específica possivel. Rea-
lizar cultura da secreção para orientar o uso de
antimicrobianos.
,
&«fgtiiônqulca no lúmen dilatado. Atualmente é o Hiperidratação.
iªmétodo não-invasivo mais confiável para avaliar ta Drenagem postural e fisioterapia.
»“ ? bronquiectasias. Achados: aumento da densidade II Alimentação hipercalórica e hiperprotêica.

&? vbrônquica, redução da trama vascular, dilatação


‘das vias aéreas, impactação mucóide, espessa-
a: Broncoaspirações freqiienres.
I! Use de fármacos que facilitam a drenagem (agentes
mucolíticos), diminuindo a espessura das secre—
g;
_
“,de sinete (relação entre o brônquio e artéria corres-
ções e também broncodilatadores.
; pondente, em que o brônquio adquire tamanho
'
3’; aumentado em relação a artéria, > 1,5 vezes em
Inalação de esteróides com diminuição da quan-
tidade de escarro e diminuição dos mediadores
.f‘ relação ao diâmetro), perda do estreitamento da inflamatórios.
,via aérea em direção à periferia, constriçõés vari-
;.COSªS ao longo da via aérea, expansão cística na
lunienbõrs crnúnnlcns
_ al
terminação de um bronquíolo (Fig. 462).
Broncoscopia. Pouco utilizada. Objetivos: aspi-
=>, rar secreções para cultura e pesquisar presença
In Insucesso do tratamento clínico com sintomas
intensos e doença localizada: tosse produtiva
ªde corpo estranho (quando há história prévia persistente; pneumonite tecorrente; febre per-
(sugestiva).
sistente; ausência crônica na escolalhemoptise
.= = Estudo da função pulmonar em crianças que coope— repetida ou maciça, respiração fétida; hipodesen—
'ff ram (geralmente acima de 6 anos).

ura 46.2--Achados tomográfícos característicos de bron- Fígura 46.3 — Espécime cirúrgico de um lobo bronquíectásico
18ttasia lobar inferior esquerda. removido com destruição do parênquima.
252 : Tórax

volvimento físico e perda de peso; escarro pro- Contra-indicações cirúrgicas: bronquiectasias di—
dutivo e abundante; infecção por fungos. fusa bilateral e difusa unilateral associadas à uni~
II Evidências broncográficas ou tomográfrcas de lobar contralateral.
destruição irreversível do parênquima pulmonar. IMomentos antes da cirurgia, realizar toalete
bran.
quica agressiva com aspiração endotraqueal. Pensa,-
.
'IIIIITMIEIITII GIIIÍIIIGIBII em entubação seletiva contralateral, objetiva“.
Objetivos da cirurgia: remoção de corpos estranhos. do prevenir a contaminação do pulmão contralateral
eliminação de lobos e segmentos doentes, remoção com pus, sangue e muco.
de áreas sujeitas à hemorragia incontrolável e corre-
ção da doença de base. BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
IRessecção segmentar ou lobar (Fig. 46.3).
LEWlS'l‘ON. N. J. Bronchiectasis in childhood. Pediatr: Clin. Nonh
Am., v. 31, p. SGS-878, 1984.
!Se bilateral: operações devem ser espaçadas em
ROZOV. T.; VELHUI'E. M. C. P. Abscesses dc pulmão e brenquiec.
três meses. O lado mais gravemente envolvido é tasias. ln: MAKSOUD, ]. G. (ed.). Cirurgia Pediátrica. 2. ed. Rio
operado primeiramente. de Janeiro: Reviuter. 2003. p. 615-623.
Massas Mediastinais I
253

Compartimento
v

Massas Mediastinais
anterior

Compartimento
;. João Alberto P. Grimm
'
. posterior

Mário Rafael Carbonera


11111191110
São as massas congênitas ou adquiridas, císticas ou
sólidas, benignas ou malignas, que ocorrem no me-

'! diastino. Compartimento médio

iPlllEllllllOlilA Figura 47.1 - Compartimentos cirúrgicos do mediastino.


INa criança, os tumores do parênquima pulmo—
nar são extremamente raros. O mediastino é 0
local mais comum de massas torácicas. Cistos pericárdicos.
= Bócio
I Um terço das massas torácicas é assintomático mergulhante de tireóide.
e costuma ser descoberto acidentalmente, o: Lipomas.
ITumores malignes antes dos dois anos de idade
«têm um melhor prognóstico. Nessa idade predo-
= Fibromas.
Fibrossarcomas.
minam os neuroblastomas e, nas crianças maiores,
os linfomas não-Hodgkin e os sarcomas.
Massas 111] compartimento ?!iÉEIÍa
DMSSIHGIIGÃI) : Cistos broncogênicos.
n Linfomas.
As massas mediastinais são classificadas de acordo :! Cistos pericárdicos.
com o compartimento anatômico que ocupam. Exis- a Adenopatias.
.
'
tem várias divisões do mediastino na criança. Adota- Massas vasculares.
' '
ÉZ mos a divisão do mediastino e‘m três compartimentos,
_considerando () sulco paravertebral parte do medias-
&
Cistos mesoteliais.
Paragangliomas.
ll
“lino posterior. A classificação de Fraser et al. tam- I Granulomas mediastinais.
«tabém divide o mediastino em compartimentos anterior, E Feocromocitomas.
.
: médio e posterior, com base em radiografia torácica
. de perfil (Fig. 47.1).
Cistos do ducto torácico,
w

ITumores do mediastino anterior. Massas lll] compartimento FDSIGI'ÍDI'


ITumores do mediastino médio.
ITumores do mediastino posterior.
El
Neuroblastoinas.
Ganglioneuroblastomas.
O mediastino anterior compreende o espaço entre m Ganglioneuromas.
a face posterior do esterno e a face anterior da tra— 1a Neurofibromas.
quéia e pericárdio. PNET (tumor neuroectode'rmico primitivo), no
O mediastino médio compreende o espaço da tra- tórax (tumor de Askin).
quéia à face anterior do esôfago e espaços paratraqueais, & Duplicações esofágicas.
incluindo a traquéia, os brônquios principais, os grandes !Cistos neuroentéricos.
Vasos, o coração e os espaços para-traqueais. Meningoceles.
0 mediastino posterior inclui o esôfago, a celuna Feocromocitomas.
vertebral e () sulco paravertebral.
WMM! GlÍIIIGG
Iassas
ILinfomas.
l
ªº comnartlmento Anterlor

Tumores de células germinativas.


O risco de compressão da Via aérea e da veia cava
superior e a alta incidência de tumores malignos re-
querem um rápido diagnóstico e tratamente.
lMassas do timo. A apresentação clínica depende da idade da crian-
l Linfangiemas.
ça e da localização do tumor no mediastino. Quanto
Rªº
254 I Tórax

menor a criança, mais precoces são os sintomas res- linfomas de células grandes tipo histiocltico de [ºcª
piratórios (brônquios mais elásticos). lização extraganglionar podem ocorrer no pulmão, 053°
Tumores e cistos de mediastino anterior e médio face, ou pele.
causam sintomas respiratórios pela compressão brôn- Os linfomas linfoblásticos geralmente acometem
quica: dispnéia, estridor, retração estemal, cianose e e mediastino médio. porém podem acometer também o
sintomas cardiovasculares, por compressão do coração compartimento anterior.
e dos vases da base [síndrome da veia cava superior Quadro clínico: massa mediastinal (fusão ganglionm

2 - ;' 9 r z § fi 6
(SVCS)]. ou gânglios aumentados de volume, porém desceu.
Tumores de mediastino posterior são geralmente tinuados), síndrome da veia cava superior, insuficiênciª
volumosos e ocasionam sintomas neurológicos ao respiratória aguda (IRA), derrame pleural, sinais de
penetrarem no canal raquidiano comprimindo a me- tamponamento cardíaco.
dula espinhal. Também podem produzir sintomas
respiratórios e SVCS.
Neurohlastomas
lintomas Mediastinais A incidência de nenroblastomas no mediastino é de
cerca de 10%, localizados no compartimento mediasti.
Os linfomas do mediastino são basicamente de trata- nal posterior. Os tumores derivados da maturação do
mento quimioterápico e radioterápico, cabendo ao neuroblastoma são o ganglryoneuroblastoma e o gan.
cirurgião apenas a realização de biópsias para análi— glioneuroma.
se histopatológica. A origem desses tumores' e na cadeia látero-verte—
No mediastino, os linfomas podem ser do tipo Hodgkin bral do simpático, podendo ocorrer invasão intrame-
e não—Hodgkin.
dular.
O neuroblastoma torácico tem melhor prognóstico
Linfomas Tipo Hodgkin pelas características biológicas favoráveis:
Dividem—se em quatre subtipos: a Estádio menos avançado.
Ia Predominância de linfócitos. na Aumento do conteúdo do DNA — índice de DNA
I Esclerose nodular (forma mais comum encon- > 1 — Tumor hiperplóide (nos lactentes).
trada na criança). Ausência de amplificação do MYCN.
I! Histologia de Shimada favorável.
Celularidade mista.
I! Depleção I: Níveis baixos de desidrogenase láctica (DHL).
de linfócitos.
A sintomatologia inicial é do tipo inespecífica: mal- No ganglioneuroblastoma ou ganglioneuroma,
estar, anorexia, fraqueza, febre, prurido e exantema. podemos encontrar a síndrome VIP (peptídeos intes-
O surgimento de gânglios súpraclaviculares firmes tinais vasoativos) e a encefalopatia cerebelar (síndrome
e indolores de crescimento progressivo nos alertam
para a possibilidade de linfoma mediastinal.
ladadança dos olhos) caracterizada por opsomioclonias
e nistagrrio. São sinais de bom prognóstico ou sinal
Os linfomas tipo Hodgkin (LH) têm como carac— de maturação tumoral para ganglioneurorna.
terísticas habituais serem mais localizados em me- Manifestações. clínicas: »-

diastino anterior e região cervical e, mais frequentemente, , Ii Síndrome de Homer (mioserptose, heterocromia
na criança maior. No adolescente, a sintomatologia da íris no ladoafetado): acomete o gânglio es-
costuma ser de tosse seca e SVCS. trelado — lº cervicotorácico.
m Dispnéia, disfagia e síndrome da veia cava su-
Linfomas Não-Hodgkin perior.
E Compressão de raízes nervosas ou invasão em halter
Os linfomas não-Hodgkin são subdivididos em três
tipos histológicos: dando sintomas diversos: dor, escoliose, atrofia
muscular, arreílexia ou hiper-reflexia e espasti-
ILinfoma Iinfoblástico. cidade.
I Linfoma indiferenciado (células pequenas não or O diagnóstico normalmente é sugerido por radio-
clivadas) de Burkitt e linfoma não-Burkitt. grafia de tórax em incidências ântero--posterior
ILinfoma de células grandes (histiocítico e Kil).
(AP) e perfil (P) e orienta a complementação dos
Os linfomas que acometem o mediastino são ge- exames de imagens e laboratoriais.
ralmente do tipo linfoblástico, com fenótipo de célu- =: O tratamento proposto é a ressecção tumorªl.
la T ou célula pré-B precoce e a citogenética 14qll porém, em certos casos, é necessária a biópsia e
e 7q34. Se na medula óssea houver mais de 25% de a quimioterapia prévia.
Iinfoblastos, estaremos na presença de leucemia lin-
foblástica.
Os linfomas de células pequenas não clivadas (Burkitt Tumores [|B celulas Eerminatiuas
e não—Burkitt) e os linfomas de células grandes Os teratomas benignos mediastinais ocorrem mais no
(histiocítico e Kil) não ocorrem no mediastino. Os compartimento mediastinal anterior e têm um cres-

%,
MassasMediastlnaís a 255

cimentº lento, causando sintomas com base no efei— Podem em alguns casos surgir cistos tímicos após
to de massa circundando estruturas anatômicas, po- o tratamento de linfomas tipo Hodgkin, sendo neces—
dendo alcançar também os outros compartimentos. sária uma biópsia da lesão.
Podem ser assintomáticos, de achado ocasional ao As manifestações clínicas habituais são: dispnéia.
raios X de tórax (presença de massa mediastinal po- dor torácica, cansaço e disfagia.
dendo estar acompanhada de calcificações), ou oca- O tratamento é a ressecção cirúrgica da lesão.
sionar sintomas de tamponamento cardíaco ou dispnéia
por compressão. A dosagem de gonadotrofina coriônica tintanuioma urstico tiligroma cística!
(beta--HCG) e alfa-fetoproteína (alfaFP) encontra-se
Os linfangiomas são lesões benignas oriundas de
nos limites normais. malformações do sistema linfático.
O tratamento para o teratoma benigno é a ressec-
Os linfangiomas císticos mediastinais são raros,
ção cirúrgica. sendo preferencialmente localizados no compartimento
Teratomas malignos (tumor do seio endodérmico, anterior. Cerca de 10% dos linfungiomas cervicais
corincarcinoma e germinoma) ocorrem ao redor dos invadem () mediastino. Solicitar ultra-sonografia de
três anos de idade; 1/3 dos casos apresentam calcificações toda a região cística cervical pela possibilidade de in-
em radiografia de tórax. vasão mediastinal.
Podem ser assintomáticos ou ocasionar sintomas
de compressão (tosse, dispnéia, dor e hemoptise).
Marcadores tumorais: Manifestações Clínicas
I Alfa—fetoproteína aumentada nos tumores do seio Podem ser assintomáticos, de achado ocasional, ou
apresentar sintomas respiratórios, tosse, febre, hemoptise,
cndodérmico
anorexia, dor epigástrica e disfagia.
l Beta-HCG aumentada no coriocarcinoma.
IFosfatase alcalina placentária aumentada no O diagnóstico diferencial deve ser feito com ou—
tras massas mediastinais císticas, através de ultra-so-
gerrninoma. nografia, tomografia computadorizada, ou ressonân—
cia magnética.
nr Massas Iímicas O tratamento é a ressecção cirúrgica do linfangioma
:ºo-

cístico. A cirurgia deve ser cuidadosa, pois não há


plano cirúrgico definido, o que aumenta o risco de
.,—
3
3
Vl

lesão de outras estruturas.


m
º
.

São tumores de origem epitelial, associados ou não


a um componente linfóide. São raros na criança,
possuindo crescimento lento; nos tumores malignos IIIIIESTIGMGÃII IllllÍilIúS'l'lcn 11111111
o crescimento é mais rápido. Podem atingir grandes
volumes invadindo estruturas vizinhas com compressão Historia,? Exame Física
‘ de
vasos e nervos. A história e o exarrie físico do paciente são de muita
-724I>65—

A massa mediastinal tiririca costuma ser um achado importância quando suspeitamos de massas mediasti-
;;.ocasional em radiografias de tórax e sua confirmação nais. Por exemplo: estridor e taquipnéia de longa dura-
ção em criança pequena e sadia nos fazem pensar em
,. Ídiagnóstica deverá ser realizada por ultra—sonografia
,

_ «tou tomografia torácica.


,!
cisto broricogênico, ou teratoma maduro:-—
Por exemplo, a SVCS e sintomas respiratórios em
" Manifestações clínicas: dor torácica, cansaço, tosse,
crianças maiores sugerem linfomas não-Hodgkin.
dispnéia, síndrome da veia cava superior; pode ocor-
rer derrame pleural e pericárdico. Raros são assinto- Sintomas como febre, fraqueza, anorexia, perda de
máticos. peso de início insidioso e persistente, sugerem linfoma
Nos tumores benignos, a ressecção do timo pode de Hodgkin e doença infecciosa crônica (tuberculose,
., ser curativa. Nos tumores malignos, além da ressec- histoplasmose).
No exame físico, prestar atenção especial a:
%1a.!rxapia.
Ǫº ampla do timo, são necessárias quimio e radio—
a Gânglios supraclaviculares fixos, indolores, de
crescimento progressivo (linfomas).
- Cistos de Timo Hemangiomas de pele.
Sintomatologia própria de neuroblastoma (ataxia,
'. ;São lesões císticas que ocorrem no timo tendo etio- síndrome de Horner, opsomioclonias, sintomas
'
lºgia diversa: de compressão medular).
!Restos embrionários dos ductos timofaríngeos. Síndromes, alterações endócrinas e sintomas as-

'''
Dºgeneração de corpúsculos de Hassal. sociados a massas mediastinais:
Neoplãsicos. o Opsoclono-mioclono: neuroblastoma.
Inflamatórios. ra Síndrome de Claude Bemard-Horner: neuroblas-
l
Associados a linfomas. toma.
256 n Tórax

n Diarreia aquosa: neuroblastoma, ganglioneuro— Punção


blastoma, ganglioneuroma. . Gangue
II Hipercalcemia: linfoma.
I Febre de origem obscura: linfoma.
ª'ººª" _“. periférico
stseqao

I Hipoglicemia: teratoma, fibrossarcoma, neuros-


sarcoma.
I Beta—HCG (beta-gonadotropina coriõnica humana) Guiada por ultre«
sunoglifla ou wmagufla

ru an -i s
ou alfa—fetoproteína aumentada, ginecomastia,

1
estimulação das células de Leydig: tumores de Blóprla Miss)
_— medlmlnal Mediasunampia

.
células germinativas.

4<sz9A
I Síndrome de Cushing: timoma. Toracolomii
Anomalias vertebrais: duplicação neuroentérica.
I Miastenia grave: timoma. Figura 47.2 - Técnicas de biópsia.
I Hipogamaglobulinemia: timoma.
ILúpus eritematoso sistêmico: timoma.
I Esclerodermia: timoma. IÁcido homovani'lico (HVA)/acido vanilmandélico
I Hipertensão arterial: feocromocitoma.
(VMA).
I DHL.
.
Exames 11111 Imagem I Fetritina.
li'
I Fosfatase alcalina placentária.
ll Radiografias de tórax ântero-posterior e perfil. INeuroenolase específica.
A radiografia de tórax na incidência ãntero-posterior IMantoux.
e perfil detecta lesões no mediastino em 90%
dos casos, podendo ser útil às vezes a projeção
ILavado gástrico e brônquico.
Oblíqua.
ll Ultra-sonografia torácica. A ultra-sonografia tora- Ilislulugla/cltnlouia
cica na criança pequena 6 um exame mais sen- IAnálise da biópsia (Fig. 47.2) ou do tumor, “ jb -

'
sitivo e específico do que a radiografia de tórax,

., .r, x., .
I Medulograma ou biópsia de medula.
sendo bastante utilizada para a definição entre I Citologia do líquido pleural. ,.

*,
massa sólida e cística, bem como sua localiza-
ção. Tem bastante especificidade no diagnóstico

.4» ,
de pequenas massas que não são evidenciadas 11818111811111

w.
pela radiografia de tórax e para a realização de

seu
A abordagem terapêutica dos tumores mediastinais
biópsia por agulha orientada por ultra-sonografia.

_
depende de sua etiologia.
ITomografia computadorizada. A tomografia de
, Os linfomas tipo Hodgkin, não-Hodgkin e as leu-
tórax e um exame valioso e prioritário para ava-
liação de massa mediastinal, altamente sensiti-
çªemias sólidas requerem do cirurgião apenas a rea-
lização de biópsias das massas e/ou de medula óssea
vo para distinguir lesões de tecido mole, gorduroso para a formulação diagnóstica.
e de vasos sangiiíneos. E um exame muito útil O tratamento pa'ra as_adenopatias granulomatosas

!
'In para a localização precisa da massa mediastinal, óclínico com antifúrrgi'cos e ou antibióticos, depen—
bem como sua extensão para estruturas próxi— dendo da doença diagnosticada. *

M. ”
mas. A tomografia com uso de contraste define As anomalias congênitas, os tumores benignos como

f ilª» .
a extensão da perfusão da massa e a relação dela ,1
o teratoma maduro e as neoplasias malignas em es-
com os vasos mediastinais. tádios iniciais requerem a ressecção cirúrgica da lesão.
IRessonância magnética. A ressonância magné-
”nas“,
As neoplasias malignas em estádios mais avança-
tica émuito útil no diagnóstico de lesões vasculares, dos são abordadas inicialmente com quimioterapia
na detecção de alguma anomalia de coluna ver—
tebral e na diferenciação entre meningocele anterior
neo-adjuvante, com ou sem a associação de radiote-
rapia, sendo as tumor-ações residuais submetidas à
e cisto neuroentérico.
I Esofagograma. ressecção cirúrgica adequada., .
I Cintilografia corn metaiodobenzilguanidina
(MIBG).
REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA
]. FRASER, R, S.; PARÉ, J. A. P.; FRASER, R. G. et al. The num'lflI
I cintilografia óssea com tecnécio. chest. In: FRASER, R. S.; FARE, J. A. P.; FRASER, R. G. et al..
In Ecocardiografia. eds. Synoprír afDireares of the Chest. 2 ed. Philadelphia: W. 5.
Saunders, 1994. p. 1-116.

Exames lamramlals BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA


!: Hemograma completo. EURO, C. L. Massas mediastinais, In: MAKSOUD, J . G. (ed.), Cirur-
u Beta-HCG. gia Pediátrica. 2. ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2003, p. 508-526— .
n Alfa—fetoproter'na. GUCK. R. D.: LA QUAGLIA, M. P. Lymphomas of the anlcriºf
mediastinum. Sent Pediatr. Surg., v. 8, p. 69-77, 1999.
51 Acalásía
. . . . . . . ......................................
. . . . . . . ......................
.......... 277

.......................
52 Lesões Cáusticas do Trato Gastrointestinal 279
; 53 Refluxo Gastroesofágíco 284
54 Fundoplicatura 291
l 55 Ingestão de Corpo Estranho

., 1.

"W -
Disfagia Orofaringea I
259

esofágica funciona como um esfíncter cricofaríngeo,


permanecendo normalmente fechada e prevenindo a
entrada de ar no esôfago durante a respiração. O
movimento peristáltico de direção céfalo—caudal que
empurra o bolo alimentar para dentro do esôfago ini-
cia-se na porção superior da parede faringea poste-
rior. Há relaxamento do músculo cricofaringeo e 0
bolo alimentar passa para o esôfago, O músculo cricofa-
&:
ioão Carlos Ketzer de Souza ríngeo mantém o esôfago superior em constante es—
tado de tono. Quando a onda peristáltica alcança essa
iatismo
1
região, o músculo relaxa, a cartilagem cricóide se move
para frente, permitindo a passagem do bolo e, logo
. _, Bisfagiaéadificuldadede sucçãoedeglutição. Costuma após, o músculo se contrai, empurrando o bolo em
”asepdividida em dois grupos: disfagia orofaringea e direção ao esôfago.
, ';disfagia esofágica. Disfagia orofaringea envolve a Após a passagem do bolo alimentar, ajunção faringo-
,,,“ dificuldade na transferência do bolo alimentar da
,
esofágica se fecha (Fig. 48.1).
É orofaringe para o esôfago superior (dificuldade em
3‘ iniciar a deglutição),
=.» nrnnrtsuu uununt nr suecia
11111111101! 1111111050 1111
01111111181111
0 centro rombencefálico (bulbar) coordena todo o
º IBEEIIITIGÃB desenrolar da deglutição. O centro da deglutição pode
ser ativado por impulsos aferentes do córtex cerebral
(deglutição voluntária) e de receptores periféricos na
boca e faringe (deglutição reflexa). O contato com o bo-
, plexos, necessitando da ação integrada de muitos mús- lo alimentar estimula receptores tátcis na base da língua,
'culos e nervos. amigdalas, pilares anteriores e posteriores da fauce,
'
As ações de sucção, deglutição e respiração ocor- palato e parede faríngca posterior. Esses estimulos
rem em seqiiência sob forma padronizada e sob con- são conduzidos via nervo glossofaringeo (1X par cra-
trole medular. Os movimentos de sucção precedem e
niano) e 2ª ramo do nervo tri gêmeo ao centro romben-
aparecem para facilitar a ação" da deglutição, que por
cefálico da deglutição e ao córtex frontal ipsilateral.
, seu turno inibe a respiração. Essa inibição serve efe-
tivamente para evitar a aspiração durante a deglutição. - O centro da deglutição integra os impulsos aferentes
Na sucção, o líquido é obtido pelo bico da mama- e coordena as atividades dos núcleos motores do V,
. i deira como resultado combinado da sucção intra-oral
VII, X e XII nervos cranianos. Durante a deglutição,
,;
, e pressão externa sobre o bico. A mandíbula eleva—se e
«move—se para frente e o bico é comprimido entre 0
outrasatividades como mastigação, respiração, tosse
e vômitos são fortemente inibidas. Essa inibição pode
' lábio superior e a ponta da língua. O líquido fica então ser provocada por estímulos elétricos em diferentes
coletado entre a língua e os palatos mole e duro. O níveis do cérebro: córtex, mesencéfalo e ponte.
cpalato mole forma um selo com o dorso da lingua,
' prevenindo a penetração de líquido na faringe, ate'
_que o ato de deglutição ocorra. eussinenciin
nr nrarunçro
nos nrsri'msrns ”*
' Ao iniciar a deglutição, o líquido que está coleta-
do entre a língua e o palato é transferido para a faringe Defeitos austinmisasitstrutrrraisl
por meio de movimentos de rolamento efetuados pela
congênitos
ª” língua. Com a finalidade de prevenir o mau direcio—
1:, namento do líquido na via aérea, a orofaringe mau— E3 Palato: fenda palatina, fenda submucosa.
ª tém-se separada da nasofaringe pela elevação do palato I::Lábios: lábio leporino.
e ªproximação dos pilares faringeos. A região da ª Língua: macroglossia, cistos, tumores, linfangioma.
- ªritenóide move—se anteriormente abaixo da epiglote
'
*
ll Espaço retronasal: atresia de coanas.
Pªra fechar a laringe. Com o inicio da deglutição, a I Mandíbula: micrognatia, sindrome de Pierre-Robin.
respiração cessa (durante a inspiração e expiração). El Articulação temporomandibular: anquilose con—
osso hióide move-se anteriormente e para cima gênita, hipoplasia.
. (principalmente pelacontração dos músculos genio- !! Faringe: cistos, tumores.
f hióideos), a laringe eleva—se e a via aérea laríngea se
'ª rºcha. Essa ação coordenada do complexo hióide-laringe
“ªlta a entrada da laringe debaixo da base da língua causas Nourmnuseulares
ª a toma relativamente inacessível. n Maturação neuromuscular retardada (prematuro,
,, Nesse momento, a junção faringo—esofágica, per- deficiente mental, variação normal), paralisia bulbar
*
mile a entrada do bolo no esôfago. A junção faringo— e suprabulbar,paralisia cerebral, acalásia cricofaríngea,
260 : Esôfago

v:
»:

Figura 48.1 —Deglutição norma ªr”nu
«:
de um alimento liquido, na po. » e.
sição supina. (A) 0 palato e a lin. É“.
gua previnem a penetração do
bolo na faringe, antes da ação «r
de deglutição. (B) A língua faz
um movimento de rolamento
"'
empurrando o bolo na faringe.
. (C) Alíngua e a parede da faringe
convergem atrás do bolo e a ari-
tenóide se move anteriormente
debaixo da epiglote para fechar
a via aérea. (D) Ajunção faringo-
esofágica fecha-se atrás do bolo
no esôfago e a via aérea torna-
se n'ovamente permeável“.

sindrome de Cornelia de Lange, disautonomiafa— m Exame da alimentação com mamadeira e impor-


miliar, paralisia isoladade nervos cranianos, síndrome tante. Reflexos orais e reações ao estímulo com
de Mobius, miastenia grave, distrofia muscular, in- o bico são observados durante o procedimento,
coordenação faríngea, tétano, síndrome de Prader— tão bem como a habilidade de obter o conteúdo
Willi, doença de Werdnig-l-loffmann, poliomielite da mamadeira. Devem ser avaliados o tono das
e outras. É um grupo difícil de avaliar. A deglutição estruturas orais, o ritmo da sucção, a coordena-
é um mecanismo complexo e o prematuro pode não ção da sucção, a função da deglutição e a respi-
sugar ou deglutir adequadamente. 0 bebê a termo ração. Pesquisar se a mamadeira precisa ser remo-
com deficiência mental assemelha-se ao prematuro vida freqiientemente para permitir a respiração
e pode ter dificuldades muito similares na deglutição. ou se a alimentação é lenta e prolongada.
I Postura especial durante a alimentação: a exten-
Além disso, maturação retardada pode ser vista em
muitas áreas do desenvolvimento da criança, po— são da cabeça, observada em certas doenças neuro-
dendo variar muito no tempo (respostas auditivas, lógicas, costuma melhorar a via aérea, mas não
visuais, deambulação, fala, controle esfincteriano, a deglutição. Em contraste, a criança com sequência
leitura, controle da deglutição e outros). de Pierre-Robin beneficia-se de alguma extensão
da cabeça e da posição prona ou decúbito ventral,
O retorno de leite pelas narinas (regurgitação nasal)
causas 11118611111885
I Estomalite.
pode ocorrer intennitentemente na criança nor-
mal. considerada significativa quando frequentº
I Tireoidite. e persistente na ausênciade vômito e quando cansª
I Abscesso retrofaríngeo. sufocação. Em fenda palatina a causa é óbVlª—
Porém, em outros casos, significa uma separa—
ção inadequada das cavidades faríngea e nasal
llllllBIll 11111111111 no momento da alimentação, por função palatal
I
História clínica pregressa: antecedentes perinatais: ou faríngea deficientes.
prematuridade, anóxia neonatal, aspiração de I Regurgitações ou engasgos.
mecânio ou líquido amniótico, poliidrâmnios. I Cianose, tosse e engasgos nas mamadas.
I História familiar: experiência da mãe em alimentar I Vômitos.
outros filhos e sua comparação, outras malfor- I Estridor e/ou rouquidão.
mações familiares, ou anomalias neurológicas, I Retardo de crescimento.
ou musculares. I Pneumonias recorrentes.
M

- Convulsões. _ .
"obstrução da v1a aerea (atresia das coanas, se—
Disfagia Orofaríngea :

ção de imagens. É não—invasiva, não necessita de


261

ncia de Pierre—Robin, tumor faríngeo). contraste, podendo ser repetida quantas vezes forem
1

. estar permeabilidade das coanas com cateter necessárias. Observar a deglutição de alimentos.
líquidos e sólidos.
”nasal. .
Eletromiografia.
Observªr movimentos anormais da face e membros.
i'Examª clínico intra—oral e faríngeo das estrutu-
E Eletroencefalograma,
_ ins anatômicas, observando a anatomia, posição :: Tomografia cerebral.
I Biópsia muscular.
i
I

're estabilidade da mandíbula, língua e osso hióide.


' .

à Exame dos pares cranianos (paralisia do palato,


"e fraqueza da língua, fasciculação da língua, in— Tratamento
, coordenação faríngea, fraqueza de outros mús—
_-.;Ículos, paralisia facial).
iObservar atentªmente a presença de contração
':“Ç dos lábios, tremores na mandíbula, movimentos
1.2 laterais da língua e língua enroscada.
ã Observar as respostas orais e reflexos à estimula-
ção da sucção com o dedo. Avaliar o fechamento multidisciplinar.
'(?dos lábios e compressão da língua sobre o dedo. Em geral, as causas anatômicas devem ser trata-
Teoricamente, esse teste pode definir se o proble- das por procedimentos específicos com o objetivo de
3. .5 ma é de sucção.
corrigir ou melhorar o distúrbio de deglutição.
“Exame do palato pela palpação do palato duro As causas neuromusculares têm tratamento mais
a procurando deformidades. Eleva—se o palato mole difícil. A recuperação, parcial ou completa, poderá
_ , para estudar seu tono. levar de semanas a muitos anos. Com lesões neuro-
. *“i Exame da língua observando debilidade dos movi- lógicas graves poderá não haver recuperação. Muitas
mentos e fasciculações. vezes é necessária a alimentação por gavagem ou
‘I‘vExame dos músculos faciais e oculares. gastrostomia. Isso é realidade para os casos crônicos
‘l Exame neurológico em busca de sinais de para- em que o distúrbio vai perdurar por muito tempo ou
lisia cerebral. '
mesmo indefinidamente e quando há episódios de
Medir circunferência da caixa craniana. aspirações laríngeas significativas durante a alimen-
Ausculta da faringe com estetoscópio mantido '
tação. Quando alimento sólido não é oferecido ao lac-
no lado da região cervical durante a alimentação. tente no período sensitivo (sete meses), ele poderá,
“!
Provoc'ar a deglutição com pequena quantidade futuramente, recusar ou vomitar o alimento oferecido.
:3 de água estéril. Observar presença de sons carac—
1h len’sticos produzidos durante o ato de deglutir. chaso de aspirações graves em que até as secre—
ções o'rais são aspiradas, pensar em utilizar traqueos-
ª A ausência desses sons significa falta de ação
tomia.
efetiva de engolir. Em contraste, sons repetitivos Na acalásía cricofaríngea' (obstrução funcional da
de deglutiçã , não separados pela respiração, po— junção faringe—esofágica), a indicação de miotomia do
.! dem significar que a criança é incapaz de esva— músculo cricofaríngeo basear-se—ã em'estudos radio-
;, ziar sua faringe com uma simples deglutição. lógicos e de motilidade (manometria esofágica) compro-
Inspiração durante o ato de deglutir produz al- vadores do problema no nível do músculo cricofaríngeo.
' teração característica do som.
Se existir refluxo gastroesofágico, a miotomia cricofa—
ríngea vai tomar o paciente mais sintomático com a
Investigação niaunústica perda da proteção do esfíncter esofágico superior.
'1- I Radiografia lateral da região cervical para mos- REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA
--’
trar a via aérea.

.
l. LOGAN, W. !.; BOSMA, I. F. Oral and pharyngeal dysphagia in

"'Vldeorradiografra
-
-
“ª Laringoscopia (se há estridor).
ariugoscopia.
infancy. Pediatr Clin. North Am.. v. 14, «p, 47-61. 1967.

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Videotape. Permite avaliação funcional com repe- Naval., V. 10, p. 255-264, 2003.
tição das imagens de deglutição, a deglutição em ILLINGWORTH, R. S. Sucking and swallowing difficulties in infancy:
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Sºuografia permite excelente visualização dos dyspbagia in children with severe spastic cerebral palsy.Dysphagia,
tecidos moles da cavidade oral e da língua, per— v. 9, p. 69—73, 1994.
mitindo imagens nos planos coronal e sagital, YANG, W. T.; LOVEDAY, E. I.; METREWELI. C.; SULLIVAN, P. B.
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i children. Brit. J. Radiol., v. 70, p. 992-994, 1997.
.1
. .,L

ae?— "_
1
-.
262 I Esôfago


Sob o ponto de vista anatômico, essa fístula tem

l-
a forma de N. O nível da fístula está entre C7 e

”hu
T4. A grande maioria está em T2 ou acima.

Atresia de Esôfago llllDlMlllIlS 11011011111113 1133001111103


ICoração e'grandes vasos: 20 a 25%. Principais;
persistência do ducto arterial, comunicação inter.
João Carlos Ketzer de Souza ventricular (CIV), comunicação intra-atrial (CIA).
tettalogia de Fallot, coarctação da aorta, arco aórtica
direito (5%).
1101101110 lTrato gastrointestinal: 20 a 22%. Principais:
ano

m a r ª* - « º ! —
Anomalia congênita do esôfago com ausência de sua malia anorretal (9%), atresia de duodeno (5%).
má—rotação'intestinal (4 a 4,5%).

‘e
porção média, podendo ou não apresentar comunica-

a“?
ll Urinárias: 15 a 20%. Principais: refluxo vesi.
ção com a árvore traqueobrônquica.
coureteral, rim em ferradura, agenesia renal uni.

«am-=1"
lateral, hipospádia, hidronefrose. São raras nas
EPlllillllllºEll atresias sem fístula.
I Prevalência: 113.000 a 4.500 nascidos vivos. :! Anormalidades musculoêsqueléticas: 15%. Prin-
a Prevalência da fistula traqueoesofãgica-isolada:
1:50.000 a 80.000 nascidos vivos.
cipais: hemivértebras, anormalidades dos mem--
bros (mão torta radial, aplasia do rádio, anomalias
— ; “. ª

«- ar:. 51- ,,
II Distribuição sexual similar ou leve predominância digitais, luxação congênita do quadril, pé torto
do sexo masculino (l,2M:lF). congênito, geralmente tipo eqiiinovaro) (Fig. 49.2).
I Frequência de anomalias congênitas associadas: INeurológicas: 10%. Principais: hidrocefalia (5,2%),

_ 50 a 70%. defeitos do tubo neural (2,3%), holoprosence- J,


'
t,
һ !! Prematuridade e retardo de crescimento intra-
uterino são frequentes (E 35%).
falia (2,3%).
n Anormalidades cromossômicas: 5,5%. Principais: 1.
»“: I Gemelaridade é mais comum do que na popula— síndrome de Down, trissomias 18 e 13.
' 1
ção em geral. :: Associação VACTER ou VACTERL (acrônimo): .
,. , I Incidência familiar: 0,4 a 0.9%. V (vértebra), a (anomalia anorretal), c (coração .
_,‘1 ,
e grandes vasos), te (atresia de esôfago e fístula
traqueoesofágica), r (renal), ] (limb = membros).
-— A

.
.
BHSSIFIGRGÃII . Frequência: 20 a 25%. Para se ter uma associa- ª
., Classificação de Gross modificada (Fig. 49.1): , ção VATER completa é necessária a presença de f. “

“i,,
?"
Tipo A: atresia de esôfago sem fistula (8%).
II Tipo B: atresia de esôfago com fístula traqueoeso-
,“)x
ªsem
no minimo três
anomªlias associadas, incluindo
atresra dº esôfago mais comum nas atresras.3 : ,

ª' ,, fãgica proximal (1%).


fistula ;
f

,,“
ª".-—
I Tipo C: atresia de esôfago com fístula traqueo—
esofágica distal (86%). , Dªfnºmmªdªfv'lªmbém
de
YACTERL-H
ex1ste combinação com hidrocefalia.
quando g
‘3 f _'
i"_ '“
"'
I Tipo D: atresia de esôfago com fístula traqueo-
esofágica proximal e distal (1%)_
A associação de'malformaçoes congênitasf “'.“
conceito introduzido para designar a tendencra .“,.
"
ª
' I_Tipo E: fístula traqueoesofágica sem atresia (4%).
Tradicionalmente denominada de fistula em H.

. l
º
I ª
I

. Tipo B Trpo C " '


11W “à
A

1
I
Tlpo D TlPº E
,i ,

'
l Figura 49.2— Recém— nascido com atresia de esôfagº, mªº
l:

[ Figura 49.1 — Classificação de Gross modificada. torta radial, aplasia de rádio e anomalias de dígitos.
Atresia de Esôfago I
263

l50-1'and0111izada de. algumas malformações


porrerem Juntas, mais frequentemente do que
.- acaso, sem serem componentes de síndromes
, bnhecidas.
[Associação CHARGE: C (coloboma), h (heart
“Edixeasel a (atresia de Coanas). r (retardo de cresci-
һinento criptorquidia), e (ear anomalies with
e desenvolvimento mental), g (hipoplasia
” ,:acnital,
Ixfieafflel‘x). Frequência: 2%.
“'! Associação esquizo: onfalocele, defeito do tubo

'(; :“genilal. . _
“neural, lábio leporino, fenda palatina e hipoplasia
.

"
Sequência de Potter: agenesra renal, hipoplasta
lmonnr e dismorfismo com fácies típica. Se-
qiiência corresponde a um padrão de fenômenos
ª,múltiplos derivados de uma anomalia ou fator
,,», mecânico isolado, reconhecido ou suspeito, pro-
!
Lgduzindo múltiplos efeitos secundários. A sequência
f, 'de Potter inicia por oligoidrâmnio, deficiência de Figura 49.3 — Radiografia de tórax na projeção lateral. Visuali-
. &” líquido amniótico por ausência de função renal, za-se coto esofágico superior baixo dilatado e repleto de ar
que acarreta restrição da movimentação intra—ute- em seu interior.
a
fina e compressão com alterações típicas (hipopla-
",
ªfQ. sia pulmonar, fácies dismórtica).

.
“ g Algumas crianças com atresia de esôfago e agenesia
renal bilateral não possuem as deformidades fa-
—- Na A-P a ponta da sonda pode ser visualizada
situada no fundo do com superior ou enrolada
ciais da síndrome de Potter. Isso ocorre, provavel— dentro dele.

(.

'!'
mente, porque o oligoidrâmnio da agenesia renal
*» é contraposto pela tendência do poliidrâmnio da —
A incidência lateral é ideal para localizar a
altura do coto. Geralmente o fundo do coto
atresia de esôfago. , alcança o nível entre o corpo da 2-‘ ou 3ª vér—
A denominação de síndrome relaCiona-se a pre- tebra torácica (Fig. 49.3). Urna bolsa muito
sença de múltiplas anomalias independentes, em— curta ou hipoplásica pode sugerir a presença
bora tenham causa única básica. de fístula proximal.
--
Com a radiografia de tórax também é possível
'iiIIaIIoeren PnÉ-IIII'I'II estudar o tamanho do coração, posição da aorta
descendente
e do arco aórtico em casos óbvios,
O'Idjagnóstico pré—natal costuma ser difícil (sensi- presença
de pneumonias e/ou atelectasias (Fig.
wdade apenas de 25 a 30%). Suspeitar de atresia
dggsôfago quando forem observados: poliidrâmnio,
49.4) e defeitos vertebrais.

std'mago pequeno ou ausente (atresia sem fístula),


IRadiografia de abdome nos
mostram
abaixo do
diafragma, comprovando a ”existência deuma fístula
_sença
de coto esofágico superior dilatado (difí-
11 observação) e anormalidade cromossômica tipo
traqueoesofágica. Obsti'ução duodeiial pode ser
vista com o sinal da dupla bolha.
_,ssomia 18.
guarana 01111100IIHESTIEIGM
i

.!lllillúsnel 1111 TIPI e I! 1111033


g.

if IPoliidrâmnio em até 30% dos casos.


«_:_ I Salivação
excessiva e aerada.
., espontâneos de cianose.
'I Episódios
'; Episódios de regurgitação, tosse e cianose na
tentativa de alimentar.
1' IDistensão abdominal.
Impossibilidade de passar sonda nasogástrica
(SNG) semi—rígida nº 8 ou 10 com obstrução a
ªproximadamente 8 a 12cm das narinas.
_ .1
IPiora gradual das condições respiratórias.
;;? lRadiografia nas projeções antero-posterior (A-P)
'.
É e lateral do tórax e região cervical com as seguintes Figura 49.4— Radiografia de tórax em recém-nascido com atresia
. características: de esôfago. Observar atelectasia do lobo superior direito.
._
264 I Esôfago

m Broncoscopia pré-operatória pode ser realizadª


principalmente quando os exames preliminares
sugerem a presença de coto superior alto “ºu
hipoplásico. Vantagens de seu uso: define º
comprimento do esôfago proximal, identifica
presença de fístula proximal e de fenda esôfago.
laringo—traqueal, localiza a fístula distal (fístula
na carina ou abaixo faz pensar em lang gap) &
diagnostica a presença de traqueomalácia,
:! Ecocardiografia pré-operatória para determinar
a posição do arco aórtico e da aorta descenden.
te, a presença de veia cava inferior interrompida
com drenagem através da ázigo até a cava sopa,.
rior direita (nesse caso, não dividir a veia ázigo
no reparo da atresia de esôfago) e presença de
anomalias cardíacas. A cateterização da artéria
umbilical também pode localizar o arco aórtico,
A ecocardiografia sug . tiva de arco aórtico di-
reito pode ser complem 'ntada por ressonância nu.
Figura MLS—Radiografia contrastada de esôfago demons— clear magnética (RNM) e, mais atualmente, por
trando a extensão do roto e pequena aspiração de contraste
para a via aérea.
angiotomografia computadorizada tridimensio-
nal ou ângiooessonância magnética (Fig. 49.7).
:! Ultra-sonografia renal e uretrocistografia miccio-
nal (quando necessária) devem ser realizadas na
Ill Esofagograma do com superior com instila ão <
lcm de bário diluído e aspiração imediata. dis- 1a admissão. Objetivo: identificar anomalias uriná-
cutido seu emprego pelo risco de aspiração na via rias que possam causar morbidade a longo pra-
aérea, causando pneumonite (Figs. 49.5 e 49.6). zo, se não detectadas precocemente. Nos bebês
As vantagens de seu uso baseiam-se na avaliação que ainda não urinaram, realizar ultra-sonografia
renal antes do reparo da atresia de esôfago, pois
correta do tamanho e localização do coto superior
e detecção de fístula proximal associada. Um com pode haver inadequado tecido renal funcionante
superior pequeno e/ou alto sugere a presença de para sobrevida a longo prazo (Fig. 49.8).
fístula proximal. Outra opção é a instilação de ar
pela sonda possibilitando a delimitação do tama— 0111111110 1111111110 E INVESTIGAÇÃO
nho e localização do com superior.
\Dlflfill031111l 110 "1’0 11 DE REDES
::
E
Poliidrãmnio em 85%dos casos.
Salivação excessiva e aerada.
a Abdome escavado. ,
lMaior incidência de prematuridade, síndrome de É“.
Down e atresia'duodenal do'que nos pacientes com
fístula.
= Impossibilidade de passagem da SNG.
I: Radiografia de tórax (ver achados do grupo C)-
Broncoscopia para detectar existência de fístula
proximal.
n A radiografia de abdome mostrará ausência de
ar abaixo do diafragma, sugerindo fortemente ª
não existência de fístula (Fig. 49.9).
I Esofagograma do coto superior quando
indicadº
a Pesquisar a presença de atresia intestinal distal
(geralmente duodenal) no transoperatório, quªndº
da realização da gastrostomia ou posteriormcnte
com radiografia contrastada do estômagº-

11111113113118“
0111111110 1111111110
01110110311011 um nro E I]! 011033
Figura R&S-Radiografia contrastada do roto esofágico su- Sintomas costumam aparecer nos primeiros meses dª
perior. Observar sonda gástrica enrolada em seu interior. vida.
_—
Atresia de Esôfago :: 265

Atresía de esôfago

Ecocardiografia

Arco aórtica
direito suspeito Arco aórtica

_
direito
não-suspeito

Repetir ecocardiografia
e/ou Arco aórtica
e/ou
àngio—RNM toracotomia
encontradodireita
em
àngio-TC

cateter artéria umbilical


Dissecção fácil Dissecção dificil
; Dividir e ligar

_
Duplo arco Arco aórtica Completar
1 fistula
aórtica direito esofagoplastia
confirmado
Toracotomia
Toracotomia esquerda
direita .
Toracotomia retardada
esq uerda

I'História de sufocação e tosse com as alimentações.


Esofagograma com videofluoroscopia gravada
;Episódios recorrentes de pneumonia. e realizado com o bebê em posição de prona com
istensão abdominal gasosa intermitente, prin-
cipalmente relacionada com episódios de choro contraste instilado em sonda colocada no esô-
“ pu tosse. . fago distal. enquanto é retirada lentamente, sem—
pre injetando contraste sob pressão para distender
:- Radiografia de tórax e abdome demonstrando pneu-
:Çmonia de aspiração e distensão gástrica. o esôfago (tomar precauções para evitar aspira-
ção), observando o aparecimento da fistula.
'
I'lSNG com conexão terminal colocada imersa em
'

BI lãroncoscopia rigida é mais confiável que a fle-


Scuba com agua e retirada lentamente pelo esôfago, xível. Esofagoscopia para identificar a presença
Épbservando-se o aparecimento de bolhas aéreas de fístula não está indicada, pois o óstio da fístula
,na água, quando a sonda passa pela fístula.
é muito pequeno
e'costuma ficar escondido pe-
las pregas da mucosa_ esofágica. Em casos difí—
ceis, azul de metileno diluído pode ser injetado
Atresia de esôfago no broncoscópio ou tubo endotraqueal e obser-
vada sua saída pela fístula no esofagoscópio.
Urinou após o
nascimento Não urinou após
o nascimento
BMSSIFIBRGÃG I03 111111P03 BE 111300
DE WI111131011 1111311111111 EM 1111121
_-Correção da atresia Uitra—sonografia
Peso > 2.500; e sem complicações (sem pneu—
de esôfago monia e sem anomalias associadas).
renal
nl Peso entre 1.800 e 2.500;; e sem complicações

4 Pós-operatório Inadequado tecido ou peso > 2.500g, moderada pneumonia e/ou


renal funcionante anomalias congênitas moderadas.
Peso < 1.800g e sem complicações ou peso> 1.800g,
:_ Ecografia renal +
pneumonia grave e/ou anomalias congênitas graves.

—W
gfitrodstografia ‘
clonal
:'Lºº.
,
casos com d Idades
»
monais, infecção urinária cintilografia Consideram-se pneumonia grave as seguintes con-
. ingerida pela ecografia) com DMSA dições: opacificação radiológica de um pulmão; opa—
cificação de um lobo em cada pulmão; infiltrado pul-


49 8 Investigação urológica em atresia de esôfago. monar bilateral; opacilicação de um lobo em um pulmão,

.
Cido dimercaptossuccinico. ou infiltrado pulmonar unilateral, ou qualquer com-
prometimento pulmonar associados a sinais de dis-
.
266 I Esôfago

a._z
- —
Figura 49.10 (A E) Classificação dos grupos de risco de
Waterston. Comprometimento pulmonar considerado grava,
uz

x . » in , - N pelos orifícios mais proximais com consequente


"'

aspiração traqueal. ?
«.=»
‘q
t

El Posição semi-sentada em 45º a fim de evitar ou


diminuir o refluxo de conteúdo gástrico através
S ª. — « € , Figura 49.9 — Projeção lateral de um "bebegrama'. Obser-
>

da fistula. Nos casos sem fístula, a posição cor-


.

var no tórax um coto superior com sonda em seu interior e reta e a de Trendelenburg.
w

ausência de ar no abdome, sugestivos de atresia de esôfago


s

». ll Oxigênio com umidificação.


sem fístula traqueoesofágica.

a Fisioterapia respiratória. Manter aspirações fre—


'fe-

quentes da orofaringe.
El Iniciar antibioticoterapia (ampicilina ou penici-
função respiratória importante (cianose, retrações,
lina cristalina e gentamicina).
taquipne'ia) (Fig. 49.10). I1 Acesso venoso adequado. Não realizar acesso
Consideram-se anomalias graves aquelas incompa-
tíveis com a sobrevida (nissomia 18,agenesia renal bilateral, venoso central na região cervical direita, pois poderá
haver necessidade de se fazer miotomia esofágica
hipoplasia cerebral), aquelas que necessitam de corre-
ção cirúrgica prévia (doença cardíaca congênita ducto- por essa via.
W Solicitar hemograma, tempo de protrombina, tempo
dependente),aquelas que precisam de tratamento durante
a correção cirúrgica da atresia de esôfago (atresia duodenal,
de tromboplastina parcial ligada ao caolim (KTI'P). . »,

,:
glicose. bilirrubinas, eletrólitos, exame qualita-

«JT
anomalia anorretal) e aquelas que necessitam de medi- tivo de urina (EQU), uréia e creatinina.
das clínicas de tratamento intensivo. 1a Sempre solicitar ecocardiografia para detectar

s u —eç z r- w i
Atualmente, doença pulmonar ventilador-dependente malformações cardíacas estruturais, posição do
e presença de cardiopatia congênita parecem ser pa— arco aórtico e'aorta descendente. Aproximadamente
râmetros prognósticos mais acurados do que a pre- 8% dos bebês co'm atresia de esôfago têm ano-
sença de pneumonia (Tabelas 49.1 e 49.2). malias do arco a'órtico e 5% tê'fn arco aórtico direito.
L.

TIll'l'llMEllTº FEE-0111111103111
TABELA 49.2 — Classificação conforme os grupos de
ll Aspiração contínua e adequada do coto superior riscos cirúrgicos de Spitz
com sonda de duplo lúmen. Manter sonda desobs— GRUPOS (ARACTERÍSTICAS
truída. Evitar o uso de cateter com muitos orifi-
cios laterais distantes da ponta, pois pode fazer I 2 15009 e sem doença cardíaca congênita
sucção do ar oxigenado da laringe causando II < 1.5009 ou doença cardiaza congênita
hipóxia, além de permitir o vazamento de saliva III < 1.5009 e doença cardíaca congênita

TABELA (49.1 —,C1assifica9§o~confoime


os grupos de risco de Montreal
VENTILADOR-DEPENDENTE ANOMALIAS ASSOCIADAS
Classe I (baixo risco) Não Não ou anomalias pequenas
Não Grandes anomalias '
Sim Não ou anomalias pequenas
Classe ll (alto risco) Sim Grandes anomalias
Não ou sim Incompativeis com a vida a médio prazo
Atresia de Esôfago I 267

Desses, aproximadamente 45% têm anomalias


cardíacas congênitas associadas, anel vascular e
45 a 70% são acompanhados por lang gap. Mal-
fm-magées cardiacas mais comuns nesses casos:
defeito de septo ventricular, tetralogia de Fallot,
duplo arco aórtico, transposição dos grandes vasos.
I Entubação endotraqueal nos casos de insuficiência

. resPiratória por pneumonia ou doença da mem-


*

brana hialina.
Solicitar avaliação cardiológica especializada nos
seguintes casos: ausculta de sopros cardíacos,
bebês sindrômicos (trissomia 18, síndrome de

.
Down, associação VATER) e bebês ventilação-
dependentes ou com cianose.
& A correção cirúrgica não é urgência, mas deve
' ser realizada o mais precocemente possível. Deve- Figura 49.11 Doença da membrana hialina, que necessita
se optimizar as condições gerais, primeiramen-

de altas pressões de ventilação, facilita a passagem do gás
te. A principal razão para retardar a cirurgia é a pela fístula distal, causando distensão gástrica.
presença de problemas respiratórios que podem
. ser melhorados por medidas intensivas.
1 I Indicar correção cirúrgica da atresia antes que a que o mau prognóstico pode não justificar o reparo
doença da membrana hialina (DMH) esteja to- do esôfago.
talmente estabelecida (piora da complacência I Os bebês com doença cardíaca são divididos em
pulmonar) ou manter ventilação assistida até que ducto—dependentes e não—ducto-dependentes do
a DMH esteja resolvida. Na presença de com- fluxo sanguíneo sistêmico ou pulmonar por le-
placência pulmonar pobre, o trato gastrointesti- sões obstrutivas do coração esquerdo ou direito.
nal superior funciona em continuidade com a árvore A conduta nesses pacientes é a seguinte:
traqueobrônquica. Se necessitar de altas pressões
e a resistência da via aérea for maior que a re—
— Em bebês não ducto—dependentes, o reparo da
atresia de esôfago deve ser precoce enquanto
sistência da fístula, ocorrerá desvio de ar pela a resistência vascular pulmonar for alta (os três


fístula para dentro do estômago, ocasionando a quatro primeiros dias de vida). '

distensão gástrica intensa (risco de perfuração Em bebês ducto—dependentes, essas lesões cos—
gástrica, pneumoperitônio e pneumomediastino) tumam ser subdivididas em dois tipos:
(Fig. 49.11). O tratamento recomendado nesses ' Tipo 1: lesões que requerem ducto arterial
casos é: secção e ligadura da fístula e, depen- ªpatente para manter fluxo sanguíneo pulmo-
dendo do estado clínico, anastomose esofágica ªhar (atresia de válvula pulmonar).
primária. A gastrostomia não está recomenda- ' Tipo 2: lesões que requerem ducto arterial
da. pois facilita a fuga de ar pela fístula e gastros- patente para manter fluxo sanguíneo sistêmico
temia. Outras medidas disponíveis "são: posicio- (coarctação grave de aorta, síndrome do co-


namento distal do tubo endotraqueal com o bisel ração esquerdo hipoplásico). '—
anteriorizado, oclusão da fístula com balão in- Em relação ao tratamento, também podem ser
suflado do cateter de Fogarty introduzido por via subdivididos em dois grupos:
anterógrada ou retrógrada, broncoscopia com ' Bebês em boas condições clínicas e com ducto
Colocação de cateter de Fogerty na fistula, ban— permeável. Infusão de prostaglandinas-E
.
dagem do esôfago distal, divisão gástrica e ou- (PGE ) deve ser iniciada e reparo da atresia
«vu—
tros. Esses métodos são considerados não—con- de esdfago realizada precocemente.
fiáveis, complicados e traumáticos. Ventilação ' Bebês em más condições clínicas em que o ducto
de alta freqiiência tem sido preconizada no tra- está fechando ou já fechou. Deve-se adminis-
tamento da DMH associada a atresia de esôfago trar prostaglandina—E e iniciari'essuscitação clí-
& fístula distal. Os resultados parecem alentado-
nica; cirurgia deve ser adiada até estar estável.
"?S' Emprega menor volume corrente, freqiiên- Ocasionalmente. pode estar indicada a gastros-
lel mais rápida, tempo inspiratório mais curto, tomia, se há significante distensão gástrica. Se
minimizando o pico de pressão média das vias o paciente permanece acidótico por fluxo san-
aéreas. Atualmente, tem sido recomendado o uso

.I:
giiíneo pulmonar ou sistêmico inadequado ou
de surfactante em todos os RN prematuros com anún'co por baixa perfusão, apropriada cirur—
ªtresia de esôfago e fístula distal cujo peso seja gia cardíaca paliativa ou reparativa deve ser
? 1.500g ou gestação < 30 semanas. indicada. Esse procedimento pode ser combi-
. econhecer a presença de trissomia 18, síndrome nado com a divisão da fístula, gastrostomia e
»? ; de Potter e hemorragia intracranial extensa, já inserção de cateter peritoneal, se necessário.
268 I Esôfago

I Os bebês prematuros de baixo peso com atresia


de esôfago e ducto arterial patente com insufi-
ciência cardíaca congestiva por shunt E —) D
(esquerda-direita) significante, hemorragia in-
tra—ventricular. tratamento insatisfatório com
indometacina ou contra-indicações ao seu uso:
disfunção renal (creatinina sérica > 1,5mg/dL),
coagulopatia, choque, enterocolite necrosante ou
suspeita (distensão abdominal, resíduo gástrico
aumentado, sangue nas fezes), ou eletrocardio—
grama demonstrando isquemia miocárdica de-
vem ser tratados com ligadura cirúrgica do canal
g“ arterial. A ligadura do canal deve ser realizada
*1.'t antes da esofagoplastia, ou por toracotomia esquer-
ma.yyn“am;

=M "* * ).
da o canal arterial é ligado e a fistula traqueoe-
sofágica dividida e ligada. Reparo esofágico Figura 49.12 - Acesso posterior para correção de atresia de
.‘1 posterior deverá ser realizado através de toracotomia esôfago descrita por Marchese.Toracotomia posterior na região
ªl direita, quando o bebé encontrar—se em melho—
res condições clínicas.
I Nos bebês com extremo baixo peso aonascer (EBPN),
da escápula com afastamento
doãmúsculos trapézio, grande
dorsal 'e rombóide, expondo o g adeado costal'.

,.
ª' ou seja, com peso < 1.000g, indicamos a toraco—
tomia extrapleural e ligadura da fístula. Se os nas) a distância da anastomose, determinando em
;
cotos estão próximos, deve-se realizar a anastomose centímetros essa distãnCia, retirando—o logo de-
. esofágica com material delicado, lupa e o auxí— pois. Isso vai nos dar a distância correta que os

.
lio de luz fria. Os tecidos devem ser manipula- cateteres podem ser introduzidos durante a as-
dos minimamente e com toda a delicadeza. Quando piração pós-operatória da orofaringe.
encontramos a presença de long gap, não se deve Anastomose término-terminal, plano total único,
realizar nenhuma manobra de alongamento com fio de poligalactina 5-0 ou 60. A dissec-
esofágico pela friabilidade dos tecidos. Nesse caso, ção do coto superior deve ser feita até a região
é preferível a ligadura da fístula e gastrostomia, cervical. Evitar dissecção extensa do coto infe-

-.»bR-vaaclm—otuxne
A
' l aguardando um tempo adequado para a anastomose rior. A sutura posterior e feita com os nós para

" m u z ic ª—
“,.t:u-o
esofágica. dentro e a anterior com os nós para fora. É dada
uma média de oito a dez pontos.

. u'
I Tubotransanastomótico de silicone pode ser eo g
"11111111111110 0111111111100 110 “1'0 11 11E11111033
locado até o estômago antes da anastomose an- ; .,
, _ [30111911I111311t10011103 Preterida terio'r e mantido no pós—operatório. Não o temos
utilizado. É
: t
“a
I Toracotomia posterior, 4ª espaço intercostal direi— IColocação de dreno intercostal extrapleural em É,

.
,,»" ,
1‘: to, no nivel do triãn gul o auscultatóno' (afastan—

do as fibras dos músculos grande dorsal, trapézio


selo d' água. Discutível o seu uso. Temos utilizado
o dreno somente'no caso de anastomose sob tensão
:
,s. . . excessiva.
v
e rombóide), conforme descrito por Marchese
(Fig. 49.12). I Quando a anastomose esofágica é feita com al—
; . iª
" — : a
”«
I Acesso extrapleural. guma tensão, costumamos reforça—la com retalhº
aª.—;_
I Utilizar afastadores de Deaver com luz fria aco- de veia ázigo (azigoplastia) (Fig. 49.13).

_
!

plada. No momento da anastomose esofágica usar Nos casos com long gap (> 2,5cm ou _>_ 3cm dc
«.a magnificação ótica de aproximadamente 2,5 a distância entre os dois cotos), as seguintes ma-
. 3 vezes. nobras podem ser tentadas:
ISe na toracotomia direita for identificado arco
aórtico direito, recomendamos adotar conduta — Reparo primário com azigoplastia se os dº!5
cows podem ficar aprõlt'irnados, apesar de algumª
mencionada na Figura 49.7. tensão. Também diminui a recidiva de fístulª
I Divisão e sutura da fístula traqueoesofágica com traqueoesofágica. Aplicar rotina pós—operató-
fio de polipropileno ou polidioxanona (PDS) 5-0 ria de anastomose esofágica sob tensão (ver
ou 6-0, hem junto à traquéia (deixando 1 a 2mm adiante).
de esôfago no lado traqueal), evitando a forma-
ção de divertículo ou estenose.
— Miotomia circular extramucosa de Livaditis nº
segmento esofágico proximal. Isso pºdNá

l acrescentar comprimento adicional de l a 1.50m


I Pesquisar a permeabilidade do esôfago distal.
(Fig. 49.14). Um cateter de Fogerty 5
* I Nesse momento, o anestesista deve posicionar o
cateter no coro superior, distando lcm da anasto- colocado no coto para facilitar o procedimºn'

I
mose e marcar nele (junto aos lábios ou nari— to. Se houver dificuldades técnicas para 11b6-

l
Atresia de Esôfago I 269

'
gurª 49,13 - (A e 8) Técnica de azigoplastia para reforço
,.”dªfãnastomose esofágica. Um segmento medindo de 1,5 a
àzcin de vela àzigo é isolado entre Ilgaduras. A segurr, é rea-
ªliada a ligadura de uma a duas valas mtercosta-ls que dre- Figura 49.14- Miotomia circular do coto superior do esôfago
am nesse
segmento escolhido. A veia ázigo é dlvidlda, em (técnica de Livaditis). (A) Colocar catetepde Fogarty número
, ;;,ª porção medial da veia cava, formando um retalho retan— 5 no coto superior. inflar o balão e passar fio de tração na
L'ular. Então, o retalho é colocado, sem tensão, sobre a anas— extremidade do coto. Incisão da miotomia deve ser aproxi-
' àtomose esofágica em sua face antero-lateral. 0 retalho é fixado
,ªguperfícialmente no esôfago com quatro pontos não- madamente1,5 a 2cm acima da extremidade inferior do coto.
(B) A incisão deve atingir somente as camadas musculares,
agbsorvlveisª.
:! deixando a camada submucosa íntegra. (C) Após incisar com-
pletamente toda a circunferência do coro esofágico superior
no nivel das camadas musculares, forças opostas devem ser
rar o coto proximal por ser curto, expo-lo pela exercidas com clampes atraumáticos, em ambas as metades,
região cervical, realizando a miotomia por essa para distendê-Ias.
via. Miotomia pode ser causa de pseudodi-
vertículo de esôfago e piorar a dismotilidade
esofágica própria da atresia. fundoplicatura parcial (Fig. 49.16). Essa téc-
—- Múltiplas miotomias (duas ou três) podem ser
realizadas no coto proximal; inclusive no coto
nica e utilizada pelas vias torácica e abdomi—
nal combinadas, ou mesmo com anastomose
distal pode ser realizada uma miotomia circular. cervical, sem toracotomia, utilizando a via
- Miotomia espiralada de'Kimura. Pode inclu- retroesternal. Também deve ser citada a gastro-

-
sive ser suturada obliquamente, diminuindo o
aparecimento de pseudodivertículo.
Criação de retalho da parede anterior do coto
plastia de Çollis combinada com cirurgia anti-
-i;efluxo.
--Técnica de Foker: dissecção extensa do coto
_
proximal para alongamento esofágico (técnica esofágico superior (se insuficiente, utilizar
de Gough) (Fig. 49.15). , incisão cervical para mobilização adicional)
- Construção de esofagostomia torácica descri-
ta por Kimuraª. É um procedimento multies-
com alguma mobilização do coto inferior”.
São colocados pontos de apoio (sem penetra—
tagiado de alongamento esofágico extratorácico, rem na mucosa) nos cotos superiores e infe-
em que o esôfago superior é mobilizado a cada riores para ajudar a aproximação. E realizada
quatro semanas e txanslocado subcutaneamente a colocação dos pontos na parede posterior do
c inferiormente na parede torácica anterior até esôfago de ambos os cotos, sem atá-los. A1—
que tenha comprimento suficiente para a rea-
lização de anastomose esofágica segura. Téc-
nica efetiva, porém demorada, em que se alonga
somente o coro superior (o coto inferior per-
manece hipoplãsico), deixando uma série de
cicatrizes na parede torácica anterior, o esôfago
com dismotilidade e refluxo gastroesofágico
em quase 100% dos casos.
'-
Tecnica de alongamento gástrico (pequena
curvatura) descrita por Schãrli'. O alongamento
esofágico distal & obtido pela ligadura e divi-
são da artéria gástrica esquerda e, se necessá-
W

rio, divisão transversa ou diagonal da pequena


curvatura do estômago com mobilização do Figura 49.15 - (A — C) Retalho da parede anterior do esôfago
fundo gástrico no tórax para anastomose e para alongar o coto esofágico superior.

. — ,-
270 I Esôfago

distensão gástrica e risco de refluxo de Conteú.


do gástrico. A sonda deve ser colocada a meia
distância entre a pequena e a grande curvatura
para não comprometer a vascularização do es-
tômago (caso seja necessário, posteriormente,
levantamento gástrico). Nos casos com fistula e
disfunção respiratória grave, gastrostomia é contra.
indicada pois não permite ventilação efetiva,
proporcionando escape aéreo para o estômago 1:
para fora da gastrostomia.
" I Novas técnicas vão se tornando mais familiares
aos cirurgiões pediátricos e, em um futuro talvez
precoce, tenderão a se popularizar: correção ci-
rúrgica da atresia videoassistida por minitoraco.
tomia e a correção cirúrgica totalmente videotom.
coscópica.

, 1111111110
Figura 49.16 - Técnica descrita por Schârli com baSe na dí-
visão da artéria gástrica esquerda e, se necessário, na divisão
Ílih'l'llMEll'l'l)
.
A Gllllllllilcll .
A 1“ 11111133
.
diagonal da pequena curvatura gástricª e fundoplicatura A de esofago sem fistula'pode ser classúicada
atres1a
parcial'. em três grupos de tratamento, dependendo da avalia—
ção da distância entre os segmentos esofágicos no
momento da gastrostomia (Fig. 49.17), aos dois meses
guns minutos de tração são requeridos para deidade epróximo dos três meses deidade (Fig. 49.18), ,
que os cotos aproximem-se e os nós possam antes da cirurgia definitiva.
ser dados sem tensão. Anastomose anterior é II Gap 2 do que duas vértebras.
realizada em seguida. I Gap > duas e S quatro vértebras.
Se a tensão for considerada muito grande para I Gap > 4 vértebras.
uma anastomose imediata, os cotos devem ser I Coto inferior ausente ou abdominal.
fechados e tração "interna deve ser instituída ll A gastrostomia costuma ser um procedimento
por três a quatro dias. Pontos de sutura hori-
.zontais (três ou quatro) com Proleneº 5-0 são d1fie1lpelo pequeno W? d; estômagol..Sempre
! colocados sobre material protético no esôfago
"fªl?“ broncoscopm 3.550013 apara ava 1ar em-
e fixados sob tração na fáscia préwertebral aci- tencra de fistula proxrmal. .
ma e abaixo dos soms e amarrados. Nova tora—
cotomia deve ser realizada em nêgª—“ quatro '? O comprimento do gap pode ser medido em cen-
» timetros ou corpos vertebrars. O corpo vertebral
dias e anastomose realizada. mede aproxrmadarnente lcm no bebê a termo. Os

G L R - B S' Z Vl º Ç
Nos casos em que não é conseguida a aproxi— .
mação e nos ultralong gaps podem ser neces-
sárias suturas de tração nos cotos superior e
inferior (cujas extremidades devem ficar fe-
chadas) com Proleneº 5-0. colocadas sobre
pequenos pedaços de material protético (Teflonº,
silicone). A sutura não deve entrar na luz eso-
fágica (quatro pontos horizontais). Essas su—
turas são trazidas a superficie cutânea, acima
e abaixo da incisão de toracotomia e serão
tracionadas extemalmente e gradualmente nos
próximos dias. A tensão deverá ser aumenta-
da diariamente. 0 progresso da tração deverá
ser seguido por radiografia (clipes foram co-
locados perto das extremidades dos cotas). Quan-
do a distância for de apenas lcm, o paciente
submeter—se—á à retoracotomia para realização
de esofagoplnstia retardada.
:Nos casos em que é decidida operação retarda—
da
para melhorar as condições clínicas e/ou res-
piratórias da criança, gastrostomia pela técnica Figura 49.17 — Atresia de esôfago sem fístula traqueoaw
de Stamm pode estar indicada para diminuir a fágica. Medida da distância dos cotos no período neonªtªl-
Atresia de Esôfago n 271

I Quando indicado. o alongamento esofágico pela


técnica de Foker não é aconselhado em bebês de
baixo peso pela friabilidade do tecido esofágico
e facilidade do ponto esofágico romper pela tra-

ª)?
r e ta a wi , o s - . : »
@ 13 . ; “ ,
ção continuada. Nesse caso, aguardar um período

.'
<

t.
"
de três meses, esperando um maior crescimento

.:»
,?
.:,
e aumento da espessura da parede esofágica e,
, . “"'

c);—%
só após, utilizar a técnica de Foker.

[5 <
u<
r
,“)!
.1
I Nos casos com gap maior do que 2cm, a condu-
ta geral pode ser: aspiração continua do coto
superior, alimentação pela gastrostomia e ma-
nobras de distensão do coto superior uma vez/dia.
Ultimamente. não temos achado necessário uti—
lizar a manobra de distensão, aguardando o cres.
cimento espontâneo do esôfago (que costuma
crescer mais rápido do que a cavidade torácica)
e distensão do esôfago inferior por refluxo do
conteúdo gástrico. A disrâncizi entre os cotos 6
Sªrª 49.18 ~ Atresia de esôfago sem fístula traqueoeso- avaliada mensalmente até um total de três me—
gfga. Medida da distâncxa do coto aos três meses de idade.
b,;ervar a diminuição da dlstância entre as sondas metálicas.
ses (Fig. 49.19),

11101111011110 1111111110100 110 TIPI] E 11! 011033


corpos vertebrais crescem com a criança e pas- I Antes da cirurgia é colocada sonda nasogástrica
sam a ser > lcm. A distância em centímetros vai e por broncoscopia passado cateter ureteral ou
& depender da idade e peso do bebê. Se o gap for de Fogarty nº 2 pela traquéia através da fístula
menor ou igual a dois corpos vertebrais deve ser para o esôfago. O balão é deixado inflado den—
realizada anastomose primária. Podem ser usa— tro do esôfago. A presença de ambos os cateteres
das manobras cirúrgicas para diminuir a tensão ajuda na identificação tátil da fístula no momento
da anastomose,conformejá descritas anteriormente. do ato operatório.

Atresia de esôfago sem fístula


«,
s .;

Gastrostomia

(
Avaliar comprimento dos segmentos esofágicos
.. “'

Gap S Z vértebras
il.-l
Gap entre > 2 e Gap > 4 vértebras
l
Coto esofágico inferior

l
4 vértebras ausente ou abdominal

Anastomose Reavaliar Reavaliar Esofagostomia cervical


1*I com mensalmente mensalmente esquerda. Substituição
manobras até os 3 meses de até os 3 meses esofágica a partir de 6
cirúr icas
que sua
idade eu anastomose
com manobras
de idade 'tnes'es
de idade
(transposição gástrica ou
': tensão cirúrgicas de esnfagocolopiastia)
. a o amento
49.19 - Conduta
suaªfasta terapeuti-
Iegâágkº
fªll! deesôfago sem fistula
<.
' '
Se crescimento inadequado,

W
anastomose com manobras
cirúrgicas de alongamento
esofágico.
Se falharem, está indicada
esofagostomia cervical
esquerda
.»,

— -. v
.V—"“ ”,.-?
272 I Erôfago

IA cabeça e o pescoço são mantidos em extensão (REED) com pesquisa de refluxo gastroesofá.
máxima com o intuito de trazer a fístula até a gico. Se há alguma perda de saliva pelo dreno
região cervical. O pescoço e rotado para o lado extrapleural, somente esofagograma deve ser
contralateral da incisão. realizado para estudar o débito dafístula. 0 objetivo
I0 acesso cervical pode ser indiferentemente à da REED é estudar o reflexo de deglutiçãº
esquerda ou à direita. O lado direito parece pre— motilidade esofágica, sítio da anastomose (este:
ferível por evitar lesão do ducto torácico. A inci- nose, divertículo, deiscência), esôfago distal
são indicada e atransversa na prega cervical inferior. (estenose distal associada), refluxo gastroesofágico,
I Fistula presente no nível ou abaixo da vértebra esvaziamento gástrico e posição do duodeno e
T3 (10 a 30% dos casos) é sinônimo de acesso ligamento de Treitz. Se não comprovar fistula
por toracotomia direita. pode iniciar a via oral e retirar o dreno de tórªx,
I Após divisão da fístula, cada lado é fechado com caso eset esteja presente. '
fio inabsorvível (polipropileno ou polidioxanona
4-0 ou 5—0) e tecido cervical interposto entre as complicações Pós-oneratúrias
suturas (geralmente retalho muscular do mús—
culo omoióideo). Dissecção deve ser cuidadosa, A taxa de mortalidade precoce está em relação direta
com a gravidade das malformações congênitas asso.
n. ’
evitando lesão do nervo recorrente.
», I Se houver recorrência da fístula, o acesso deve ciadas (principalmente cardíacas).
A taxa de mortalidade Rosana hospitalar é igual
R),

ser realizado pelo lado cervical oposto ao pro-


cedimento original. ou maior a mortalidade no período neonatal & deve-se,
E“W “an.

principalmente, às seguintes complicações.


a» ;
u

0011111003 103-0110010111” 0111013 Estenose da Anastomose: 10 a 20%


I NPO (ml per or: nada por via oral) por cinco a
Definida como a necessidade de três ou mais dilata-
n,.

sete dias até realizar o esofagograma.

g ªz e t ? — I Posição semi—sentada. ções esofágicas consecutivas e presença de sintomas


I Manter antibióticos por aproximadamente cin— (disfagia, aspirações recorrentes, ou corpo estranho

.
na linha da anastomose). Outro conceito: presença
co dias.
de sintomas e estenose diagnosticada na endoscopia
._ fã: J'; m »

Marcar no cateter a medida máxima de sua in-


trodução para aspiração da orofaringe, que de- e/ou esofagograma. São mais comuns após deiscência
da anastomose. Tratamento: dilatações a cada três a
verá ser de aproximadamente 7 a Sem a partir
das narinas (conforme medida transoperatória seis semanas por três a seis meses. Nas estenoses resis-
realizada pelo ane'stesista).
refluxo gastroesofágico.
.se
tentes às dilatações deve pensar na associação a
I Todos os bebês devem sair do bloco cirúrgico
entubados, decidindo-se, na UTI neonatal, a real
necessidade de continuarem assim.
!Bebês prematuros, com doença pulmonar, car-
““Traqueomalácia: 10 a 15%
diopatia, tensão ,na anastomose, ou que perma—
Apresentam tosse característica devida à presença de
traquéia muito fl'ácidaque colapsa ou é comprimida
necem instáveis no pós-operatório imediato devem «facilmente. Outras formas de apíesentação são pneu-
permanecer entubados e em ventilação mecânica. monias de repetição, episódios de cianose e bradi-
IDeve—se evitar a reentubação endotraqueal, pois
cardia e episódios graves de apnéia. Geralmente esses
esse procedimento poderá causar deiscência da
anastomose pela hiperextensão excessiva do pes— episódios estão associados a alimentação, tosse, ou
choro. O diagnóstico costuma ser feito por radiogra— .
coço e trauma direto sobre a anastomose esofágica.
fia lateral de tórax e broncoscopia sob anestesia ge—
L—ce-szno
I No caso de anastomose sob tensão, devem ser
tomadas as seguintes medidas de proteção da ral leve c respiração espontânea que demonstra tra-
anastomose: flexão do pescoço para o lado di- que‘ia de forma elíptica na inspiração. O diagnóstico
diferencial costuma ser difícil. Deve ser feito, pmi-
reito 24hldia, paralisia do bebê com relaxantes cipalmente, com: refistulização, esôfago proximal d1-
musculares e ventilação mecânica por cinco dias.
iatado por estenose e refluxo gastroesofágico. Nos casos
Essas manobras previnem os esforços respirató-
com sintomas leves a moderados não há necessidªde
rios no período pós-operatório imediato, dimi- de tratamento cirúrgico, pois melhoram com o tem-
nucm o ato de deglutição (por paralisia dos
músculos estriados do esôfago proximal) e tra— po. Nos casos graves (bebês que não podem ser
ção diafragmática, mantendo em repouso a anas-
extubados, ou sofreram parada cardiorrespiratória. 0“
tomose. apresentam episódios de apnéia recorrentes) e nos cascª
3
I NPT (nutrição parenteral total) deve ser mantida com traqueomalãcia persistente está indicada aortopexra.
até conseguir via oral adequada. Recomendamos duas técnicas:
I Corn cinco a sete dias de pós-operatório é rea-
lizada amdiografra de esôfago, estômago e duodeno
I Técnica de Filler-7: paciente
em decúbito
venilªl
com coxim debaixo dos ombros, incisão antcrlºf
Atresia de Esôfago II 273

S a r n ª- ( ” h
,«lnifrªmªmáriª no 3º- espaço esquerdo, adjacente
tão esterno7. A artéria mamária pode ser deixada
macta ou dividida. O lobo esquerdo do timo deve
er ªfastado para expor o mediastino anterior e
.-í_ —. inabsorvível
aortª ascendente.
Três pontoscom fio
gio colocados através da adventícia da aorta pro—

_ - — ,o .n o - « E f m g n
_.

%ximªl e um ponto junto à saída da artéria inominada,


ro
º: ,

passados através do esterno ou fixos ao periósteo


e

, “posterior do esterno e amarrados (Fig. 49.20).

_? ?ZTécnica de Bullard (window approach)ª: mesma


130519510
anterior, incisão transversa sobre a por— _
'ªção lateral esquerda do esterno no nível da 2ª ou
gª 3e cartilagem costal. As fibras do músculo pei- Figura 49.20 — Aortopexia. (A) Três pontos ínabsorvíveis são
a 'torª] são separadas e a 2ª e 3a cartilagens expostas.
colocados na adventícia da aorta proximal e um na adventi--
cia da artéria inominada. Os pontos devem atravessar o esterno
São pericôndrio é aberto e a cartilagem ressecada.
“SA aorta anterior é suturada ao esterno posterior.
e ser amarrados. (B) Aspecto final mostrando a fixação da
aorta no esterno e 3 via aérea livre de compressão.
Durante a realização da cirurgia, broncoscopia intra-
ªâatória deve ser realizada para visualizar a luz traqueal
êfrnir a necessidade de pontos complementares. esofagostomia cervical e gastrostomia. Em deiscência
de anastomose nas primeiras 24 a 48h pode ser dis—
Éiifroncodilatadores não devem ser usados nos casos
cutida a indicação de reanastomose esofágica.
rbilâneia causada por traqueomalácia associada
'

iglesia de esôfago, pois causam relaxamento do tono Temos adotado a seguinte classificação:
“ useulatura lisa da traquéia, necessária para manter
m Vazamento incidental: pequeno vazamento ra-
:viãtem:
aérea patente.
com balões expansiveis podem estar indi—
diológico, assintomático.
H Vazamento pequeno: saliva no dreno torácico,
521235 nos casos graves recorrentes (após aortopexias).
“Éprincipais complicações são formação de tecido
mas boa evolução clínica.
m Vazamento grande: mediastinite, pneumotórax,
àgranulação, dificuldades na sua reposição ou re— empiema, ou deiscência completa.
rªç㺠e migração do stent.
Os dois primeiros casos devem ser tratados con-
servadoramente e o terceiro, quase sempre, necessita
ula 'I'raqueoesofágiça Recorrente: de tratamento mais radical.
14%
ínica da refistulização é caracterizada por pneu— Reflyxo Gastroesofágico: 30 a 60%
s de repetição, tosse, sufocação e cianose com ,
alimentações. Na correção cirúrgica sempre inter- Causas: dismotilidade esofágica e incompetência do
esfíncter esofágico inferior por distúrbio neuromus-
. iwtçcidos (pleura, músculo intercostal, ou pericárdio) cular esofágico generalizado, clearance inadequado
z 43 a traquéia e o esôfago. Métodos diagnósticosjá
de áoidos, encurtamentodo esôfago intra-abdominal.
'

I}, relatados anteriormente, Todos os casos necessitam primariamente de tra-


tamento clínico. Destes, 30% poderão necessitar de
élscéncia de Anastomose: 5 a 15%

correção cirúrgica. Quadro clínico: vômitos, disfagia,


estenose recorrente da anastomose, sintomas respi-
"_Eããmaioria das vezes são pequenas deiscências que
ratórios (estridor, episódios de cianose, pneumonia
0 Cicatrizar
espontaneamente com conduta expectante
recorrente). Indicações cirúrgicas: falha no tratamento
._—m'ª
genagem torácica extrapleural adequada. Pode ser
clínico, déficit de crescimento e esofagite, recorrên-
rescidafordegrande.
aspiração contínua do coto superior, se
cia de estenose da anastomose. A recorrência de refluxo
gstula As grandes deiscências geralmente
gastroesofágico (RGE) pós-correção de atresia de
I
reconhecidas precocemente (24 a 72h) após re-
esôfago e fundoplicatura é alta (15 a 33%). Os riscos
. 0 inicia],
têm débito
grande e costumam causar
symotórax hipertensivo e mediastinite. Correspondem de complicações pós-reoperação são também altos (30
a 43 %): obstrução intestinal por bridas, fundoplicatura
(,
mª1_ªnto5% adequado
de todas as deiscências. Nesses casos, o tra-
baseia—se na colocação de dreno exageradamente apertada, infecção da ferida opera-
tória, evisceração, abscesso intra-abdominal e outros.
, flu 5"- O atual não estiver funcionando adequada—
A tendência clínica atual na esofagite com ou sem
'
ªmª e ventilação mecânica com pressão positiva
' mªl da expiração (PEEP), quando não hi expan- estenose esofágica ou falha na'fundoplicatura é o uso
de omeprazol em doses mais elevadas (variando de 2 a
‘32 Pulmonar adequada (providencia aposição das 3mg/kg/dia). Ainda está em estudos, pois tem-se obser-
Prªã). Se não há melhora clínica rápida, o trata- vado o retorno da esofagite após a suspensão do
f'fº Indicado é: toracotomia, sutura do coto inferior, omeprazol.
274 I Esôfago

Considerações Finais _
4. SCHÃRLI, A. F. Esophageal reconstruction in very long main;
by elongation of the lesser curvature. Pediain Surg. Im., v. 7:13- lºl.
Em geral, os sintomas não ajudam a distinguir entre 105, 1992.
as diferentes causas de complicações que podem le- 5. POKER, J. E,; KENDALL, T. C.; CA'ITON, K:, KHAN, K. MA
var à disfunção respiratória. flexible approach to achieve true
a primary repair for all infants
0 esofagograma costuma demonstrar a existência
de refluxo. seu grau, estenose proximal ou distal e fís-
,.
6‘ “'““
EOE;
”Sºphªgºªl ªmªlª' Sª'“ PM” Sm" V' 14- P- 845, 2005.
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Life:
e presença de fístula. threatening anoxic spells caused by tracheal compression after
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‘ ªí
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l
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e .

Lú Ann;
Estenose Congênita de Esôfagº " 275

e anomalias cromossômicas, principalmente sín-


drome de Down.

11111111110 01111100
m Disfagia progressiva para alimentos semi»sólidos
e sólidos. O início da disfagia pode coincidir com
a introdução de alimentos mais sólidos em tor-
no dos seis meses deidade. Porém, os sintomas
podem ocorrer já no periodo neonatal.
Vômitos ou regurgitação de partículas alimentares
não digeridas durante a alimentação ou logo após.
Salivação excessiva.
m Retardo de crescimento.

_“ '
'
amento intrínseco da luz esofágica, presente
ascimento, embora não necessariamente sinto-
a Infecções recorrentes do trato respiratório por
aspiraçao.

“Éh, causado por malformação congênita da ar- INVESTIGAÇÃO DIAGNÓSTIMZ—


it'êtura da parede.
,
1
, _
15511181113111]
m Cine—esofagograma com contraste: pode demons-
4

trar a localização, forma da estenose, motilidade


esofágica e presença de refluxo gastroesofágico.
Em geral demonstra o estreitamento de forma re—
wfiiafragma membranoso mucoso. Tipo mais raro.
at:I'Jrlipertrofia tibromuscular. Há hipem’ofia segmentar
gular e gradual (estenose fibromuscular e mem—
brana) ou irregular e abrupto (coristoma) com
["'das camadas muscular e submucosa e fibrose difusa esôfago supra—estenótico bastante dilatado. Ás
.lªydessa área recoberta por epitélio escamoso normal. - vezes é possível identificar a presença de um dia-
siàçoristoma. Presença de células e tecidos micros- fragma. Mais de 90% dos coristomas estão loca-
,;àgiâcopicamente normais que se apresentam em 10- lizados no 1/3 inferior ou no esôfago bem distal
“;ªcalizações anormais (heterotopia). O coristoma e a maioria das membranas e estenoses fibromus-
w'caratcteriza-se pela presença de restos traqueobrôn—
culares no 1/3 médio.
equinos ectópicos (cartilagem, glândulas respira-
. tórias mucosas e/ou epitélio ciliado) inclusos na“ a Esofagoscopia: melhor método diagnóstico.
Permite a realização de biópsia da área.
iparedejunto ao 1/3 inferior do esôfago. Essa se-
*qiicstração de tecido traqueobrônquico na pare-
tªr de esofágica pode ocorrerno momento da separação
—Nos coristomas a estenose é bastante irregu-
.-, _ lar, abfupta, rigida e inflexível (dura).
‘glo trato respiratório do esôfago primitivo, em torno .L No diafragma membranoso é visível uma
saido 25º dia embrionário. Acredita-se que a loca- membrana tênue e contornos regulares.
“ ºªlização mais distal do tecido heterotópico seja
*—
atribuída à taxa maior de crescimento do esôfago
-Naestenose fibromuscular a estenose é regu—
lar, gradual, bem centrada, flexível e facilmente
7’
'em relação ao crescimento traqueobrônquico, É
o tipo majs comum.
* dilatável. ,
IUltra—sonografia endoscópica.
- I;

Nem sempre se obtém o diagnóstico preciso por eso—


fagograma e endoscopia, Nesses casos. a ultra—sono—
grafia endoscópica parece muito útil no diagnóstico
'Estenoses esofágicas adquiridas: principalmente
por refluxo gastroesofágico e cáustica.
diferencial. Pode visualizar uma área sonolucente na
camada muscular, mostrando um componente car—
i Compressão extrínseca do esôfago: compressão

tilaginoso.
por anel vascular.
“%
Estenose funcional: acalãsia.
,» '11111T11ME11'I'0
Objetivos do tratamento: aliviar sintomas de estenose
mantendo o mecanismo anti-refluxo da Junção gastro-
Não há predisposição sexual. esofágica.
, Prevalência: 1:25.000 a 50.000 nascidos vivos.
' Mªlformações associadas: aproximadamente 25%,
'

Mªis comuns: principalmente atresia de esôfago


*

ººmzou sem fístula traqueoesofãgica, atresia in- Não está indicada a dilatação esofágica. Nos desnu—
testinal, anomalia anorretal, má-rotação intesti- tridos com via oral difícil está indicada nutrição paren-
' nal,
malformações da cabeça, face e extremidades teral total (NPT), ou nutrição enteral via gastrostomia
276 n Esôfago

antes do procedimento cirúrgico definitivo. O trata— niatragma Mombranoso


mento definitivo baseia-se na excisão do segmento Por endoscopia, a membrana é incisada com elerm
iie esôfago que contém os restos traqueobrônquicos cautério ou laser, é colocada sonda nasogástrica (SNG)
% anastomose primária término-terminal. O esôfago moldando e uma semana após deve iniciar as dilatações;
pode ser abordado por via torácica (toracotomia póstero-
lateral direita nas lesões do 1/3 médio do esôfago e
esquerda nas do 1/3 inferior), ou abdominal (esôfago BEGBMEIIIIIIGIIII

-fizR-§“LEVIQ{ .
abdominal junto a junção gastroesofágica), dependendo Durante a correção cirúrgica de uma atresia de esô-
da localização do coristoma. Muitas vezes é difícil fago, é muito importante verificar a permeabilidade
definir a extensão da estenose no transoperatório. Nesses do esôfago distal através da passagem de SNG até o
casos, passa-se um cateter com balão além da estenose, estômago. A não identificação de uma estenose esofágicª
a. »,
infla—se o balão e ele é tracionado inferiormente, contra

. my.
pode ser causa de deiscência, aspiração com pneu.
a estenose. No esôfago distal com abordagem abdo—

"nae-.
minal, recomenda—se a realização de fundoplicatura
monias recorrentes, ou apnéia.

“u m ; . A
associada para evitar refluxo gastroesofágico pós-ope- BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
ratório. Com estenose próxima a junção gastroesofágica HARMON , C. M.; CORAN, A. G. Congenital anomalies of the esopm.
está indicada a ressecção segmentar da área estenótica, gus. In: O’NEILL. J. A.; ROWE, M. I.; GROSFELD, l. L. et al.
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duas vezes/mês durante muitos meses, até ficar p. 237-240.
TAKAMlZAWA, S.; TSUGAWA, C.; MOURI, N. et al. Congenital
assintomática. Nos casos que não respondem às dila-
tações repetidas (até seis vezes) e na estenose fibromus» esophageal stenosis'. therapeutic strategy based on etiology. I. Pe-
diatr Surg., v. 37, n. 2, p. 197-201. 2002.
cular extensa (> Bom) está indicado o tratamento cirúr— TAKAMIZAWA, S.; TSUGAWA, C.; MOURI, N. et al. Congenital
gico com base em ressecção segmentar e anastomose esophageal stenosis: therapeutic strategy based on etiology. J. Pee
esofágica primária ou interposição de cólon ou jejuno, dia!): Surg., V. 37, p. 197-201, 2002.
se os cotos forem muito distantes. Estar preparado para ZHAO, L. L.; HSlEl-l, W. S.; HSU, W. M. Congenital esophageal stenosis
i a necessidade desse procedimento, realizando preparo
de cólon prévio.
owingAto ectopic tracheobronchial remnants. J. Pediatr Surg., v. 39.
p. 1183-1187, 2004.
1
l

ºª ”
.':v“
.an
Acalásía I .277

a Dor torácica (i 25%).


u Os sintomas respiratórios são mais comuns nos
lactentes c os relacionados a disfagia e regurgi-
tação de alimentos não—digeridos nas crianças
maiores.
INVESTIGAÇÃO IlIIIGIIlISTIBII
u Radiografia de tórax: esôfago dilatado com ní-
vel hidroaérco ou massa mediastinal.
n Radiografia contrastada de esôfago: esôfago di-
latado que se estreita concentricamente na jun—
ção cardioesofágica, formando uma imagem de
,. falta ou incompleto bico de passarinho ou cauda de rato (bird beak
relaxamento do esfíncter eso-
ico inferior relacionado à deglutição, combinada ou rat tail).
com dismotilidade e/ou hipomotilidade do esôfago. Fluoroscopia: demonstra diminuída ou desorde-
. A pressão de repouso do esfíncter esofágico inferior nada peristalse no esôfago proximal e esôfago pro-
ximal e medio dilatados. ."
ncontra—se elevada.
n Esofagoscopia: esôfago dilatado com alimentos
gimme“ retidos, estenose concêntríca sem sinais de esofagite
péptica. O esfíncter se relaxa com a passagem do
if.IAinda desconhecida.
A teoria mais aceita baseia-se em alterações
esofagoscópio. Realizar biópsia do esôfago distal.
n Manometria esofágica: confirma a hipótese diag—
degenerativas das células nervosas ganglionares nóstica. Os achados são os seguintes:
intramurais do esôfago, vago e núcleo motor dorsal
do vago no sistema nervoso central (SNC).
—-Pressão de repouso elevada no esfíncter esofágico
inferior (40mmHg).
No Brasil, essas lesões podem ocorrer na doença
de Chagas, em que o Trypanosoma cruzi lesa os
--
Falha de relaxamento ou relaxamento incompleto
do esfíncter esofágico inferior à deglutição.
gânglios intramurais esofágicos. — Ondas peristálticas ausentes ou incompletas
no corpo do esôfago.
"ÉPIBEMlIllIlGln —Contrações terciarias incoordenadas.
’1 u
. , IDoença rara em crianças. Somente 5% dos ca- 'I'IlIITIIMEII'I'II
'
«« sos ocorrem em crianças < 15 anos de idade.
ILeve predisposição para o sexo masculino: 1,6M:IF.
IIncidência anual em crianças: 1.100.000.
Injeíto endoscópica de toxina botulínica. Efetiva—
ment reduz a pressão do esfíncter esofágico infe-
:- A maioria ocorrecomo entidade isolada. A acalásia rior. O alívio dos sintomas costuma durar 3 a 12
meses. As desvantagens desse tipo de tratamento

;1'Tem
familiar é rara, herdada de forma autossômica re-
cessiva. baseiam—se no período limitado de sua efetividade
sido encontrada associada a doenças autos- e_ na necessidade de injeções repetidas;.que podem
,z— sômicas recessivas, como síndrome de Allgrove causar esclerose da junção gastroesofágica.
IDilatação pneumática sob anestesia geral e fluo-
_»; (caracterizada por insuficiência adrenocortical,
alacrimia e acalãsia), síndrome de Alport, ataxia roscopia. Tem obtido resultados insatisfatórios
cerebelar hereditária e disautonomia hereditária. nas crianças. Nenhuma criança < 9 anos obteve
lTambém há relatos de alguma relação com a tris- alívio prolongado (> 1 ano de seguimento com
somia 21. esse tratamento).
Esofagocardiomiotomia modificada de Heller com
, lCâncer de esôfago pode ser uma complicação
tardia da acalásia sem tratamento. Poderia ocor- procedimento anti—refluxo (fundoplicatura de Thai).
É realizada miotomia longitudinal anterior (es—
"1 rer a progressão de hiperplasia escamosa para
tendendo-se 2cm na porção dilatada do esôfago e
displasia e, eventualmente, para carcinoma.
lcm na parede anterior do estômago). Não ne—
cessita ressecção de músculo. Apenas a mucosa
e a submucosa devem ser liberadas em cada lado
da miotomia por l/3 ou 1/2 da circunferência do
"
” 'Regurgitação de alirhentos nãoAdigeridos e halitose
m ser encontradas em mais de 80% dos casos.
esôfago. O procedimento é complementado pela
fundoplicatura de Thai, sutura'ndo-se o fundo do
: i. IDisfagia
I
(i 70%).
_Btardo de crescimento (:L- 55%).
estômago às margens da miotomia. O procedi-
mento anti-refluxo, além de evitar o aparecimen-
I
Smtomas respiratórios, como tosse noturna, pneu- to de refluxo gastroesofágico, evita a reaproximação
mºnia recorrente e crises
de asma(i 40%).
da miotomia.
278 I Esôfago

IEsofagocardiomiotomia videolaparoscópica de BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA


Heller com fundoplicatura de Dor ou Thal. Esse DELROSARIO, .1. F:, ORENSTEIN, S.R. Common pediatric esophªgeªl
procedimento pode ser auxiliado por endoscopia disorders. Gastroznluvlagisr, v. 6, p. 104-121. 1998.
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talse diminuída do esôfago. LEMMER, J. H.; CORAN, A. G.; WESLEY, 1. R. ct a1. Achalasiain
IApós miotomia simples, a incidência de refluxo children: treatment by anterior esophageal myotomy (modified
atinge a taxa de 10 a 20%, em crianças. Heller operation). I. Pediatr Surg.., v 20. p. 333-338, 1985

;: 2 9 - s u w

"
A esofagomiotomia pode ser realizada sob visão PINEIRO-CARRERO, V. M.; SULLIVAN. C. A., ROGERS, P, L'
endoscópica do esôfago. Vantagens: identifica o Etiology and treatment of achalasia'in the pediatric group u

may-orª.“
29-
esôfago corn facilidade, observa a presença de Gmtminlesr Endate. CIÍIL N. Am., v. ll, p. 387—408, 2001
UPADHYAYA, M, PATAAR. S.; AS IWANY, M l. Achalasia of the
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IDar preferência pela via abdominal. Pediatr: Radial., v. 32, p. 409-412, 2002.

JSP-nªu , '-
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e
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« -,.

395.
it A — . m u
|

'
.W- _
Lesões Cáurticas do Trato Gastrointestinal I 279

líquido) e nos sabões domésticos (pó). As concentra-


ções desses álcalis variam de 9,5 a 32% na forma líquida
e até 100% na sólida. Produtos em concentração in—
dustrial, devido a sua alta densidade, aumentam o risco
de lesão na parte inferior do esôfago e estômago.

Amônia ou Hidróxido de Amônia

iª,-ato Gastrointestinal Associada à produção de vapor, a ingestão da amô-


nia resulta em queimaduras e ulcerações da mucosa
esofágica e a inalação do vapor pode causar irritação
pulmonar, podendo ocasionar edema pulmonar.

Clinitestº
São comprimidos usados para controle do nível de
glicose na urina. Quando ingeridos, são substâncias
. gestão de substâncias cáusticas, sejam alcalinas alcalinas que causam significativa lesão térmica e
cáustica no esôfago, produzindo lesões profundas.
juáícidas, pode resultar em lesões sérias
da
orofaringe,
sôfago e estômago. Uma grande quantidade dessas
Estâncias corrosivas pode ser encontrada por crianças, Reinos
ditas vezes devido a negligência ou ignorância dos Os ácidos são amargos, diferentes dos álcalis, que
ais acesso
que deixam produtos domésticos em locais de
não têm sabor. No contato com a orofaringe provo—
"i ou guardados em recipientes inadequados.
cam uma queimadura e geralmente são cuspidos, não
havendo deglutição de grande quantidade.

, A maioria dessas ingestões ocorre de maneira Detergentes e Branqueadores


acidental por crianças menores de cinco anos de
idade. Também conhecidos como água de lavadeira (cloro-

.
”É Outro pico de incidência ocorre em adolescen- fila, agua sanitária Super Candida“ e Q-Boaº). São
tes e adultos jovens, geralmente por tentativa de utilizados para os mais variados fins domésticos e
suicídio. ' constituem as substâncias mais ingeridas por crian—
A distinção entre ingestão acidental e intencio- ças. São uma solução de hipoclorito de sódio em con-
centração de até 5%. O hipoclorito é considerado um
’ nal é importante, porque na última são usados
1’:corrosivos mais potentes e em maior quantida- irritante esofágico, mas não causa necrose e não pro-
‘48 de, ocasionando lesões mais graves. duz lesão gástrica significativa. Quando entram em
contato com os tecidos orgânicos, os hipocloritos liberam
cloro, responsável pelas manifestações tóxicas.
Émaus cinemas
.” o_riipreendem
g'
uma grande variedade de elementos Limpadores de Vaso Sanitário
."w ,suidores de propriedades diferentes, mas todas elas São os ácidos sulfúrico, cloii'drico, ou fosfórico. Exem-
-.
fªm a capacidade de causar lesões diretas aos tecidos.
" ª Os cãusticos, cujo maior exemplo é a soda cáusti- plos também são os compostos antiferrugem, líqui-
dos de bateria e líquidos para limpeza de piscinas.
ª!
incluem tanto as substâncias de efeito alcalino
illldi'oxido de sódio ou potássio, carbonato de sódio
" 0“ potássio, amônia), como as de efeito acido (aci— 113013 TÉBHIBAS I0 130111110
acético,
s: bot-ice.
clorídrico, fosfórico, fluorídrico, São causadas por ingestão de água ou alimentos quentes
”rico, ou sulfúrico) as quais têm uma ação química e geralmente provocam apenas lesões superficiais sem
1a sobre as proteínas teciduais, formando proteinatos
. ou ácidos. grande morbidez.
. ::>alinos
ti
,

ralis IIIGES'I'AI IIE BATERIAS EIA 01300


São compostas de metais pesados, como mercúrio,
via zinco, cádmio em soluções eletrolíticas de'hidróxido
de potássio a 25 a 45%. As complicações esofágicas
2'
Ermo ªmplo para álcalis fortes usados nos produtos e gástricas devem—se ao vazamento de tais soluções.
dc: iml’eza. 0 hidróxido de sódio e potássio é usado Os níveis séricos de mercúrio, nesses casos, encon—
"%desentupimento e limpeza de fogões (em pasta ou tram—se aumentados.
.v
.
a:
280' I Esôfago

HSIIlI'ATIlllllilll dos tecidos musculares e nervosos adjacentes. ApóS


A extensão da lesão do aparelho gastrointestinal depende o desaparecimento da reação inflamatória, a Cicatri.
do tipo de substância ingerida, da quantidade, da con- zação se efetua através da substituição de sua mucºsª

centração, da duração da exposição, da forma física e camadas musculares lesadas por um tecido fibreso
e do pH do agente corrosivo. Existem substâncias que denso. A maturação desse tecido progride lentamente,
tendem a aderir à orofaringe e ao esôfago superior, levando seis semanas. A reepitelização esofágica 000m
onde causam maiores danos, enquanto outras de alta entre a quarta semana e o terceiro mês, por isso, a
densidade passam rapidamente através da orofaringe
e lesam o esôfago distal e o estômago.
reavaliação do paciente a procura de estenose deVe
iniciar—se na terceira semana e terminar após o ter. .“

”Eris-km «J.;-_.”.-use
A ingestão de ãlcalis possui ação solvente sobre o ceiro mês.

9-
revestimento lipoprotéico, produzindo necrose de
.)=w*:

2-5
liquefação com destruição do epitélio e da submucosa. arauluaue tias tluelmauuras
Os álcalis mais frequentemente produzem dano esofágico
e, em grandes quantidades. podem lesar todo o trato A ingestão de uma substância cáustica provoca uma
gastrointestinal superior. queimadura e não intoxicação. Hellinger classificou
A ingestão de ácidos causa uma necrose de coagu- as lesões cáusticas esofágicas em um sistema similar às
lação e produz escaras endurecidas, o que usualmente queimaduras de pele.
restringe a sua penetração e resulta em dano limi- na Grau !: envolvimento mínimo, caracterizado por
tado a mucosa esofágica. As lesões mais importantes hiperemia de mucosa, edema e descamação su.
causadas pelos ácidos são cáusticas, onde perma- perficial.
necem por tempo maior devido a um pilorospasmo, !: Grau ll: lesão mais profunda, envolvendo toda
ocasionando úlceras antrais e, algumas vezes, perfu- a parede do esôfago coberta por exsudato frbn'noso
ração. A estenose pilõrica pode ser uma complicação e ulcerações rasas limitadas a mucosa. Divide-
tardia. se em II A se as lesões são esparsas à endoscopia

a lªn - t
e II B se a lesão é circunferencial.
m Grau [II: ulcerações profundas do esôfago, pe ». . :— ç

,
Fases lle Evolução dendo ser transmural, ou com perfuração esofágica

P;».
Aguda em cavidade pleural, mediastinal, ou peritoneal.

Corresponde à morte celular que sobrevém à coagu—


lação das proteínas intracelulares. Essa fase é vista nas
liraultlatle das 1510110303 cicatriciais
primeiras 24h. É acompanhada de hemorragia, trom- Fatti e Dafoe descreveram quatro graus de gravidade
bose e uma intensa reação inflamatória corn edema para as estenoses cicatriciais, que consistem em:
dos tecidos adjacentes à zona de necrose. Dependen- “;» lã I ºgrau: fibrose circunscrita menor do que a cir-
do da extensão da queimadura, pode existir compro-
metimento da camada muscular e ocasionar perfuração
cunfe'iência esofágica, causando disfagia discreta
ou sem sintomas de disfagia.
esofágica. A contaminação bacteriana está presente. I 2 ºgrau: estreitamento anular localizado, menor

Subaguda ou Reparadora Precoce


do que lcm de comprimento. A fibrose atinge
submucosa e a'diminuigad‘da luz esofágica &
a
moderada.
Compreende a primeira e segunda semanas e corres- 5 3 ºgrau: estenose expressiva de mais de lcm de 103.4”
W,
ponde à eliminação do tecido necrótíco superficial entre comprimento e que se estende através das ca-
os terceiro e quinto dias, sendo substituído por uma madas musculares.
.-

zona ulcerada intensamente inflamatória. Nessa fase, El 4 ºgrau: estenose tubular devido a um tecido fibrosº
existe diminuição do edema, infcio de uma neovas- cicatricial e com uma luz esofágica filiforme.
Rua:-ª
cularização e importante atividade fibroblástica. Du-
rante esse período, a parede esofagiana é muito frágil.
Se a lesão for moderada, a função do esôfago retorna. 1111110110 01111100 4:.
.

A maioria das crianças com história de ingestãº


Cicatrização e Estenose Cicatricial de substância corrosiva está em bom estado geral.
ou assintomática, o que dificulta o diagnósticº
Inicia-se na terceira semana após a queimadura. É a
fase de cicatrização com proliferação de fibroblastos
A presença de queimaduras químicas em
mucosª
oral, palato ou língua é uma forte indica窺 de
na submucosa e camada muscular da mucosa. Se ocor«
rer estenose esofágica, ela se iniciará nessa fase. A
que tenha havido lesão esofágica,
masa
cia delas não permite afirmar o contrario.
ausên-
_
reepitelização começa na terceira semana e se com—
pleta na sexta semana após a lesão, ocorrendo diminui-
ção da luz esofágica. Existe também uma degeneração
fl Crianças com queimaduras orais geralmenfe
dificuldade para deglutir e apresentam saliva?“ ”I:
abundante.
Lesões Cáusticas do Trato Gastrointestinal a 281

grande valor para determinar o tratamento ade-


sanguinolento pode estar presente.
I Vômito
”151’- Qispnéta: estridor, rouqurdao e dificuldade respi- quado.
cr Hospitalização: o paciente deve ficar sob obser-
lttória sao sintomas associados ao edema de fa-

. Edge. lesão laringea, ou presença de substâncias vação no mínimo por 24h, devido à possibilidade
de desenvolver insuficiência respiratória horas
Eãusticas no trato aéreo superior.
'

'
‘1: Sinais de insuficiência respiratória podem ini- mais tarde.
” 'a“ ciar em poucas horas, necessitando entubação. :Jejum por 48h se houver lesões em orofaringe
'I Sinais peritoneais, crepitação cervical e dor retro- elou esôfago. Após, é iniciada dieta líquida se-
" '>'?“ esternal com irradiação dorsal sugerem perfura— guida de pastosa, se o paciente não apresentar
? ção com mediastinite. distúrbio de deglutição. Em danos esofágicos
severos, utilizamos nutrição parenteral, ou ali-
fl lngestão de substâncras corrosivas pode levar a
'
,; pilorospasmo e atonia gástrica, impedindo a pas-
sagem para o duodeno.
mentação enteral por sonda. Gastrostomia pode
ser necessária em casos selecionados.
%.
Instabilidade hemodinâmica com sinais sistêmicos, a Evitar os vômitos, pois os materiais alcalinos são
rapidamente neutralizados pelo acido gástrico e
,ª' como febre, taquicardia e confusão mental, segue-se
'

as consequências da regurgitação dos ácidos são


3' a ingestões maciças. mais danosas do que sua permanência no estô-
é
. mago. O vômito pode r'eintroliuzir o material
corrosivo na epiglote, cordas vocais e laringe,
«' . . .
levando a um dano mais severo, edema e obs-
IA criança deve ser cuidadosamente examinada.
, !. A orofaringe deve ser investigada à procura de trução respiratória. Se o material regurgitado for
secreções aumentadas, edema, ou ulcerações e aspirado, poderá causar pneumonite química.
o abdome para evidência de peritonite. Toxicidade IAgentes neutralizantes para os ácidos, como a
e febre resultam da absorção de tecido celular agua e o leite, podem ser utilizados' mas não
necrótico, podendo sobrevir à septicemia. Co- existem trabalhos comprovando sua eficácia. Po-
lapso vascular pode ocorrer por extravasamento dem ser mal tolerados, resultando em vômito e
de líquido nos tecidos lesados e os sinais de choque aspiração.
devem ser constantemente monitorizados. nTratamento local das queimaduras orais com
emolientes e analgésicos locais.
Medicações.
IA endoscopia deve ser realizada nas primeiras
-Antibióticos (ampicilina e gentamicina) são dados
para profilaxia de infecções dos tecidos lesa-
24h após a lesão para determinar a gravidade das dos, ainda que a incidência seja baixa. São man-
, lesões do esôfago e a sua extensão. A endoscopia tidos por 7 a 14 dias.
*É somente não é realizada se o paciente estiver ins-
“ tavel ou com lesões de orofaringe que a contra-
— Corticosteroids (prednisona ng/kg/dia, ou
dexametasona lmg/kg/dia) é utilizado por três
:» indiquem. Se não existir queimadura evidente à a quatro semanas na tentativa de diminuir a
_, endoscopia, nenhum tratamento é indicado. Se formação de cicatrizes e na presença de sin»
a lesão'esofágica for identificada durante uma
endoscopia rígida, o exame é interrompido, pois
tpmas respiratórios, mas o seu
controverso. '
uso"
permanece
a tentativa de avaliar todo o esôfago aumenta o
risco de perfuração. A perfuração e a complica—
—-
Bloqueadores de 1-12
ou inibidores da bomba
de prótons devem ser usados em lesões de
ção mais grave da endoscopia e está associada à esôfago distal e estômago. A dismotilidade
alta incidência de mediastinite. Com o uso de esofágica após a ingestão de um cáustico e o
endoscópios flexíveis apropriados, pode—se ten- refluxo de ácido gástrico para o esôfago agra-
tar a avaliação de todo o esôfago e a extensão varão a lesão. Devem ser mantidos por seis a
do dano para o estômago. oito semanas.
v IEstudos radiológicos simples são úteis para iden-
I
tificar pneumonite e perfuração. O esofagograma
— Cortlcosteróide. Corresponde a infiltração de coni-
costeróide, sob controle endoscópico, na cicatriz
;“ € de pouco valor diagnóstico durante a fase aguda. da queimadura. Indicada apenas ao caso de este-
0 exame tardio é sempre indicado para avaliar nose anular curta (< lcm). Costuma ser utili—
&
amotilidade
ctcatricial.
esofágica e a presença de estenose zada a triancinolona 1% ou equivalente, 0,1mL
por quadrante (quatro quadrantes) em quatro
a cinco sessões espaçadas por três semanas.
I Reavaliação endoscópica em três semanas.

“ ,.w a
I Dilatações esofágicas precoces e frequentes (a
cada dez dias) utilizando-se dilatadores de Tucker,
manter uma via aérea adequada e estabilidade '
bugias de Canty-Rebhein, sondas de Savary, ca-
cardiovascular. A identificação do cáustico é de teteres com balão (balão tipo angioplastia).

«_.
282 I Esôfago

_
Baterias em disco devem ser removidas pronta—
II I Cirurgia anti-refluxo. No caso de retração cicª.
mente do esôfago ou estômago, por endoscopia tricial do esôfago, o aparecimento de reflux0
ou laparotomia. Mesmo quando a bateria está gastroesofágico (RGE) pode complicar e piorar
intacta, os álcalis fortes podem vazar e causar a estenose corrosiva. Se RGE significativo fºr
perfuração em menos de 8h. Se a bateria estiver demonstrado por algum dos métodos diagnósti. ie«:
no intestino, sua passagem deve ser monitorizada cos acessíveis, e ilusório esperar a cura da este. osª.0
por radiografias frequentes. nose. Tentar sempre, primariamente, o tratamento '.“
ISonda nasogástrica (SNG). Em lesões esofágicas
graus 11 e 111, parece lógica a passagem de uma
médico do RGE com procinéticos e inibidores a
da bomba de prótons associados & dilatações c'n
ª
«:
SNG (sonda de silicone 12 a ISF), mantendo o esofágicas. Caso não resolva, está indicado o tra. si'.ª'
esôfago aberto e permitindo alimentaçãoªenteral. tamento cirúrgico anti-refluxo.
e Em caso de estenose grave, podera ser usada como |I
Laparotomia ou toracotomia podem ser neces_
* guia durante as dilatações esofágicas. sérias em lesões muito graves como medida salva.
;* IGastrostomia pode ser necessária dependendo da vida. Se o estômago estiver muito lesado, a cirurgiª
ª permeabilidade residual do esôfago após a quei— é indicada para excluir necrose gástrica antes da
ª" madura cáustica. Quando indicada e interessante perfuração. Realizar gastrostomia ou jejunostomiª
,;
ª
a passagem de um fro inabsorvível grosso transeso— para alimentação nesses casos.
;;;: fágico entrando pela narina e saindo pela gas- I Esofagoplastia. O fato de não se conseguir manter

?” trostomia. Esse fio poderá ser usado no futuro uma luz esofágica permeável em um período de
r$ como guia para dilatações anterógradas ou re- 12 a 18 meses constitui um critério para decidir
É; trógradas. a necessidade de uma esofagoplastia. Antes de
“frª”
.,.».
ª..

, 3. Acidente

1". « Haiplullzaçªo

:“ *; “(

É!
:'
Observar queimaduras nos um e boca
Radiografia dl tofu e andor“:
Bahamut:
3, ªº area 7

l'
-- Queimadura graul
Sem queimadura de esôfago - Qullmldurn de
mago grau; :lll
[|

i
- Minimum
Cuidado: innit .I
—- Observação por un
normal
we.

cannon riinim em i me; '

. —:
Assintnmãtlru stummmro

Control! dinka em 1 um --— urmiçso


REED
enteral

'll r - mugouopn em : rem-nai

rc i “' aurora múltipla Estenose única lotallzada


Auslncla
GLI extensas de

t " i _ numas
(' -
semanal;
posteriormente mais apagar.:
ª ' ammo (ada reinam)
: Figura 52.1 Investigação e tratamentº
-
- Conlrmóldes Intra-151003157 de lesão cáustica do esôfago. REED =rad10-
grafia de esôfago, estômago e duodenº
-_ Controle radiológico
-Freqolncli
Controle enduscóplco
commie miuçio (3 meses)

Pluktlndl dl meme Desaparecimento dl enlnoxe

l Cinrrpll »“ mas
_ REED
. mªgma, <— Control: dlnlco menril
Ipês |lilo?
Lesões Cáusticas do Trato Gastrointestinal I
283

._. -decídíf por alguma cirurgia no esôfago, deve— tenose. Devido ao risco cirúrgico, a esofagectomia


ª".. gnosticada
os aguardar a estabilização da cicatrização
por controle radiológico e endos-
pico (no minimo seis meses).
profilática não é indicada, sendo realizada apenas nos
casos de substituição do esôfago.
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
tiver Figura 52.1, um algoritmo para investigação
iióstica e tratamento.
FISCHER.A. C. Caustic esophageal injuries. In: MATTEL P. Surgical
Directives: pedialric surgery. Philadelphia: Lippincott Whlliams
& Wilkins, 2003. p. 2ll-218.
" suúsricu LEAPPE, L. L. Chemical Injuries of the esophagus. In: ASI-(CRAFT.
K. W.". HOLDER. T. M. (eds.). Pediatric Esaphagml Surgery.
. " ortalidade é pequena, mas a morbidade é signi— Orlando: Grune & Shanon. 1986. p. 73-88.
{c.aiva. Um terço dos pacientes desenvolve esteno- RAI-IDE, A. F.; SALVI, R. M. Semiologia toxicológica do aparelho
mas somente em 5% ela é resistente e não responsiva -
digestivo efeitos locais. Revista de Medicina da PUCRS, v. 1,
dilatações repetidas. Se a dilatação esofágica fre- p. ll4-1l7, 1989.
titâniº não produzir resultados dentro de um ano, a REINBERG, O. Groupe de recherche cn chirugie pédialrique du sud-
bstituição esofágica pode ser necessária. est. Prise en Charge liiiti'ale de: Bi'ulures Caiisti'quer de Hemp/lage
fistula naqueoesofágica é uma complicação de reparo chez !Enfuni, 1997.
'
cil, necessitando de uma esofagostomia cervical ROWE, M. I. et al. Esophageal suicture and replacement. 111: Essential:
gastrostomia.
,Ogarciiioma de esôfago é uma complicação tardia
vaediam'c Surgery. St. Louis: Mosby, 19.95. p. 409-418.
WASSERMAN. R. L; GINSBURG. L. M. Caustic substance Injuries.
ais de 20 anos) nos pacientes que apresentaram es- J. Pediatr., v. 107, p. 169-174, 1985.
284 I
Esôfago

1111111053 Vômito é a expulsão pela boca do conteúdo gástri.


co refluído precedido por esforço.
Esofagíte de refluxo é a inflamação esofágica cau.

Refluxo sada pelo material refluído.


Esôfago de Barrett é a presença de metaplasia in.
testinal no esôfago distal. E uma reação metaplásica

Gastroesofágico
da mucosa esofágica em resposta a uma agressão crônica
causada pelo RGE ácido e biliar. O epitélio escamoso
do esôfago distal é substituído por epitélio intestinal
colunar. A etiologia não está totalmente esclarecida,
João Carlos Ketzer de Souza Relaxamento transitória da esfíncter esofágico iufe.
riar (RTEEI) refere-se a um fenômeno vagal em que
o tono do EEI é perdido breve e inadequadamente,
IIIIIIBEI'III resultando em um episódio de refluxo. Frequentemente
ocorre no período pós-prandial em associação a distensão
Refluxa gaxtmesofdgica (RGE) caracteriza-se pelo fluxo gástrica, secreção ácida e hiperosmolalidade, É o prin—
involuntário retrógrado de conteúdo gástrico para dentro cipal mecanismo de RGE em pacientes-controle e pa.
do esôfago. cientes com DRGE. RTEEI é,,àtivado por receptores
RGE ocorre intermitentemente, sendo considera- de distensão do estômago proximal, que costumam
do um evento fisiológico, principalmente durante o relaxar o EEI.
lª ano de vida. Geralmente resolve-se espontanea-
mente no fim desse lº ano, quando os mecanismos EPIDEMIIIIOIIIII
de barreira anti-refluxo sofrem maturação.
O esfíncter esofágico inferior (EEI) encontra-se. nl Metade dos bebês com três meses de idade apre«
normalmente, em estado de contração tônica, Seu senta RGE.
relaxamento ocorre com a deglutição e a peristalse. e O pico de prevalência e' aos quatro meses, quan-
Causas de refluxo no lactente: do até 70% apresentam regurgitação.
Aos 12 meses de idade, 95% dos lactentes já não
n Segmento esofágico intra-abdominal muito curto. apresentam mais refluxo.
Ii Imaturidade do EEI. H Predisposição pelo sexo masculino: l,6M:lF.
A criança adota uma posição recumbente por mais I Quase 50% das crianças com DRGE apresen-
tempo. . tam clearance esofágico deficiente com peristalse
RGE patológica du doença do refluxa gastroexo- não efetiva. Essa peristalse anormal pode ser
fãgíco (DRGE) refere—se ao refluxo sintomático ou primária do esôfago ou consequente a agressões
que apresenta complicações. ;* repetidas e crônicas do refluxo ácido.
Principais complicações do RGE: esofagite, este- II Esôfago de Barrett é raro em crianças.
II Prevalência de RGE em distúrbios neurológicos:
nose de esôfago, esôfago de Barrett e manifestações
extra-esofágicas (asma, apnéia do sono, bronquiec- 65 a 70%. '
tasias. sinusite e outras).
Refluxo duadenogastraesofágíco (RDGE) caracte—
.- I Prevalência de
esôfago: 60%.
KGB pós—correção de atresia de
rizavse pelo refluxo de suco duodenal, através do estô-
mago, para dentro do esôfago. O termo refluxo biliar FISIIII'ITÍIEEIIIII
é usado como sinônimo, já que os ácidos biliares e
A patogênese é multifatorial, envolvendo a frequên-
bilirrubiuas são os componentes mais analisados em
estudos experimentais. Os ácidos biliares e a tripsina,
quando regurgitados no esôfago, podem ser nocivos
cia dos episódios de refluxo, acidez gástrica,
ziamento gástrico, mecanismo de clearance esofágicº
esva-
a ele. Os ácidos biliares podem acumular-se nas cé- e barreira mucosa do esôfago. Inúmeros fatores fislo-
lógicos e anatômicos contribuam na prevenção do RGE»
lulas mucosas e alcançar uma concentração muito alta,
onde podem lesar as membranas celulares e suasjunções, Fatores anatômicos que limitam o refluxo:
tomando essas células suscetíveis aos efeitos deleté- ll Ãngula de Hi:: 6 a angulação aguda entre esôfªgº

vãll'lllª'
sz- n aL é
rios do ácido clorídrico e pepsina. É opinião prevalente e estômago. É comparável à função de uma
1

que a bile, na ausência de ácido, causa somente sin- l


cttadfs
Esflncter esofágico inferior: todos os fatores
:.«s L9-

tomas de refluxo, não produzindo lesão importante a seguir cºntribuem para. a zona de alta prfªsªªº

A—kniLet»,=-.: do esôfago. A combinação de refluxo ácido e biliar do esôfago inferior: extensão do “esôfago intra-
';

é associada a esofagite grave. abdominal, membrana freno-esofagica, roseta gás-


Regurgitação é definida como a passagem de con- trica mucosa, hiato esofágico.
teúdo gástrico até a cavidade oral não precedida por
esforço.
Essa zona de alta pressão forma o EEI, um
esfinf-“lºf
mais fisiológico do que verdadeiramente anatomrco.
Refluxo Gastroesofágico II
285

A pressão do EEI constitui um dos mais clássi-


cos e relevantes mecanismos de defesa na pre-
; Motilidade
" esofágica coordenada. venção do RGE. O RTEEI é um mecanismo protetor
contra a hiperdistensão gástrica. Todos os epi—
:: Neutralização do ácido pela saliva deglutida e

o v õ as
' secreções glandulares esofágicas. A salivação sódios fisiológicos de refluxo estão relaciona-

9
funciona como um diluidor e lavador alcalino. dos ao RTEEI. Distensão gástrica e deglutição
.f- Ação da gravidade. pela posição ortostática. parcial ou incompleta induzem ao RTEEI. Quanto
"3.x. '. Mecanismos próprios de defesa da mucosa (re- maior a alimentação, quanto maior o volume de
'

sistência da mucosa). As firmes junções mucosas secreção gástrica e osmolaridade, maior será o
intercelulares costumam ser resistentes aos movi- RTEEI.
mentos iônicos. O esôfago é dotado de um epitélio Parte da eficácia dos inibidores da bomba de prótons
estratificado escamoso parcialmente queratinizado (IBP) e antagonistas receptores da histamina está

.
e, portanto, bastante resistente às agressões do relacionada à diminuição do volume gástrico
meio externo. secretário". A cirurgia anti-refluxo resulta em um
Esvaziamento gástrico (contrações antrais). relaxamento parcial ou incompleto do EEI e
Função motora do fundo gástrico. Essa área, que redução do número de RTEEI (o fundo gástrico
é diretamente adjacente ao EEI, é responsável e utilizado na confecção da válvula anti-refluxo).
pela acomodação, permitindo o aumento da O contato do ácido com a mucosa esofágica causa
capacitância gástrica, sem aumento da pressão irritação, disfunção e inflamação das termina-
gástrica concomitante. ções nervosas vagais locais, aumentando os ní-
Motilidade, gravidade, saliva e secreções esofági- veis locais de prostaglandinas, que causam
cas são as responsáveis pelo mecanismo denomi- pilorospasmo e diminuição da pressão do EEI.
_'
nado clearance esofágico. O óxido nítrico, liberado pela estimulação de
I RGE secundário é aquele associado a outra doença. receptores vogais, inibe a motilidade pilórica, altera

Distúrbios neurológicos: fatores predisponentes
são espasticidade abdominal, convulsões, motili—
a organização, mas não o número de ondas
peristálticas antrais, e diminui o esvaziamento
dades esofágica e gástrica deficientes, posição gástrico. Osmolaridade e volume alimentar au-
supina crônica, flacidez .diafragmática, escoliose, mentados diminuem o esvaziamento gástrico e
rerching. aumentam o refluxo pós-prandial.
- Atresia de esôfago: fatores predisponentes são ta Esôfago de Barrett (EB) 6 a situação em que o
esôfago intra—abdominal curto, desaparecimento epitélio escamoso esofágico é substituído por epi-
do ângulo de His, motilidade esofágica defi- télio intestinal colunar. Esses pacientes têm mos-
ciente. trado altos níveis de conteúdo gástrico e duodenal
— Doença pulmonar crônica: fatores predisponentes
são aumento da pressão intra-abdominal secun-
no material refluído para o esôfago. Parece que
a agressão repetida por RGE crônico desempe-
dária a tosse e pressão negativa intratorácica nha importante papel na patogênese. É muito raro

‘ —— gerada pela obstrução da via aérea.


Hérnia hiato: fatores predisponentes são desa-
parecimento do ângmlo de His, desaparecimento
do esôfago intra—abdominal com perda da função
na criança. O risco de aparecer EB em pacientes
adultos com DRGE crônica e' < 15%.
(

IIUBIIIIU GIIIIIIHI
.:

de compressão da pressão intra-abdominal sobre


esse segmento e diminuição do tono do EEI. Os variados sintomas e sinais costumam estar asso—
-
Condições que causam obstrução da via aérea
(traqueomalácia, anéis vasculares, asma), em
ciados e apresentam uma gama muito diversificada
de manifestações clínicas (digestivas, respiratórias,
que o fator predisponente é o desequilíbrio ge— nutricionais, inflamatórias).
rado pela diferença de pressões entre tórax e E Vômitos claros e repetidos. É a apresentação mais
'
abdome por esforços respiratórios aumentados.
-1

comum.
. ª! A estimulação pela distensão de receptores me- E Regurgitação com ou sem ruminação.
.

Cânicos localizados no fundo gástrico desenca- E Retardo de crescimento. Presente em 40% dos
deia reflexos vagais, resultando no RTEEI. O fundo
casos sintomáticos.
gfstrico dilata em resposta ao aumento da pres— lSinais e sintomas de esofagite (dor retroesternal
'
sao intragástrica quando o alimento entra no ou choro, soluços por períodos prolongados, irri—
ªsª-õmago. Ocorr-'e, então, um relaxamento adap- tabilidade, recusa alimentar, anemia, disfagia, ar-
tativo. A distensão do fundo gástrico ativa os queamento do tronco). Presente em 10 a 20%.
rtfixª-Piores
zmdo
mecânicos da mucosa gástrica, indu-
o relaxamento da musculatura circular do
I Irritabilidade.
I Sangramento gastrointestinal. Raro.
fundo. Esse relaxamento receptivo é mediado por ll Síndrome de Sandifer. Torcicolo voluntario com
fibras motoras vagais. hiperextensão cervical e lateralização da cabeça
286 II Esôfago

com a finalidade demelhorar a peristalse no esôfago estenose de esôfago, esofagite erosiva grave, fístula
inferior, evitar o refluxo e aliviar a esofagite. traqueoesofãgica, membrana gástrica, estenoSe
Disfagia por estenose esofágica. Presente em torno de piloro, má-rotação intestinal, estenose duodenal,
de 7% dos casos. hérnia de hiato) e observar a presença de disfunçãº
IAnemia por sangramento ou por diminuição da orofaringea (quando associado & estudo da de-
ingesta pelos vômitos. glutição) e o esvaziamento gástrico.
IEm aproximadamente 55% dos casos há algum Esofagoscopia corn biópsia. O aspecto normal
sintoma ou sinal respiratório. da mucosa esofágica durante o exame não ex.
u Pneumonias de aspiração crônica e/ou recorrente. clui esofagite histopatológica. Sempre associar
ã Costumam comprometer diferentes lobos pul- a biópsia. Tem pouco valor no diagnóstico de
RGE. Somente 40% dos RGE mostram sinais
;; monares.
IInfecção respiratória alta frequente. endoscópicos de esofagite.
a: ITosse crônica, tosse noturna.
— Indicações: informa se existe inflamação (eso.

“n ' ll Sibilância. Laringospasmo/broncospasmo reflexo fagite), o grau de esofagite, se há estenose de


.1
:

mediado pelo vago por irritação química da mucosa esôfago, se existe epitélio colunar no esôfagº

" 5 .1 : r".
esofágica. Esôfago e via aérea possuem mesma inferior (esôfago de Barrett), permite a biópsia
linhagem embrionária. do antro gástrico (para detectar a presença de
't
I Síndrome da quase-morte súbita Geralmente ocorre Helicobacter pylanje exclui outras doenças
,a. M“ ,“ .,

durante o sono por aspiração maciça ou após a (doença de Crohn, membranas esofágicas e eso-
,

alimenmção por refluxo de suco gástrico no esôfago fagite eosinofilica).


—-
.1 ‘r'

inferior, causando iaringospasmo corn bradicar— Achados histopatológicos de esofagite: hiper-


dia/apnéia reflexa. São episódios de morte imi- plasia da zona basal (> 20 a 25% da espessura
",
'?

nente que necessitam de ressuscitação imediata. epitelial total), aumento da extensão papilar
Quadro: apnéia prolongada (> lSs), bradicardia, (> 50 a 75% da espessura epitelial) e presença
“:?

.w cianose ou palidez, hipotonia, pele fria e vômitos.


IAsma atípica ou broncospasmo asmatiforme,
de eosinófilos e neutrófilos intra-epiteliais.
pHmetria (monitoração do pH esofágico pelo
v‘ffii

J L ;? I Otite média aguda. período de 2411). É o teste mais sensível (90%)


'a 1

|:
Sinusite. e mais específico (100%) no nosso meio. 0 pH
Cáries dentárias. do esôfago distal é registrado usando um microele-
= trodo intraluminal e episódios de refluxo são
‘13

. r al h , “
identificados pela queda do pH abaixo de 4. A
lllllES'ÍllillGM BlillillúSl'lºll porcentagem do tempo total em que o pH per-
. »:

ITeste terapêutico empírico com medicamentos, manece menor que 4, também denominado de
Determina se o RGE está causando um sintoma índice de refluxo, é considerada a medida mais
- d v.
. ,_

vãli a, pois reflete a exposição cumulativa do


.

específico. Os inibidores da bomba de prótons


(IEP) têm sido utilizados por período limitado esõ ago ao ácido (Tabela 53.1). Não nos infor-
(quatro a oito semanas) duas vezes/dia. ma sobre o volume refluído. Mostra a frequên-
IRadiografia de esôfago, estômago e duodeno (REED) cia e duração. Um episódio de refluxo é definido
com pesquisa de refluxo. Não e exame confiável pela presença do pH < 4, de duração mínima de
no diagnóstico da DRGE. A sensibilidade e a 15s. Atualmen‘te, dois eletrodos têm sido usados.
especificidade são de apenas 50%. A breve du— (esôfago proximal e distal). O eletrodo proximal
ração da REED resulta em falso«negativos, en- detecta a altura que o refluxo ácido alcança e
quanto que a frequente ocorrência de refluxo distal, a presença de refluxo. .
'“

não-patológico resulta em falso—positivos. Por-


tanto, não e teste útil para determinar a presença
— Indicações da pHmetria: estuda a presença de
refluxo (principalmente do refluxo oculto) e
ou ausência de refluxo. É útil para afastar doen—
ças anatômicas associadas (acalásia de esôfago,
gravidade, frequência dos episódios, sua-du—
ª
ração, avalia o clearance esofágico, avalia a E‘

TAB,ELA 53.1 - 'pHmetria: sistema deªêslcoresª, »


% do tempo total com pH < 4 Positivo Lactentes: > 12% - 9. 1

— w' e çª u h - á é
L";

Acima: > 6%
-
:

Número total de episódios de refluxo (quando o pH cai


“,

\sz-SR

Alterado 25 episódios em crianças


abaixo de 4) o 45 episódios em adolescentes/adultos
.1

Número de episódios de refluxo com duração


> 5min
Alterado
--9,7 episódios em lactentes
6,8 episódios em crianças

' As taxas dependeu da Idade.


- 4 episódios em adultos
.
i
l

Refluxo Gastroesofágico I
287

adequação da dosagem dos IBP, detemrina se sintomas persistentes. Detecta qualquer tipo
há associação temporal entre o refluxo ácido de refluxo, ácido, fracamente ácido e alcali—
:: o sintoma que está ocorrendo e sua relação no. Essa técnica mostrou que 75% dos reflu-
com a alimentação. xos ocorrem durante ou dentro de duas horas
.. Falhas da técnica: não mede o volume que é após a alimentação e isso não tem sido detec—
refluído, não consegue detectar refluxo pós- tado na pHmetria, pois o pH pós—prandial é,
prandial porque o conteúdo do estômago é geralmente, maior do que 4. A tecnologia está
tamponado pelo alimento e não mede refluxo em desenvolvimento, os registros são complexos
__, alcalino. e ainda com muitos artefatos.
Z Icintilografia. É utilizada para avaliar o grau de
esvaziamento gástrico, já que se espera que 50%
do isótopo abandone o estômago dentro de 60min. Tratamento
É realizada pela ingestão oral ou instilação de Tratamento Clinico
fórmula ou outro alimento marcado com tecnécio
no estômago. Estômago, esôfago e pulmões são Medidas Gerais
mapeados com a finalidade de detectar a pre—
IMedidas posturais: não há evidências de que a
sença de RGE e aspiração. Episódios de refluxo
são observados no período de 1h e em imagens elevação da cabeceira do leito seja uma medida
efetiva. A melhor posição é a pro'na ou decúbito
tardias de até 24h.
- Objetivos: demonstra a presença de refluxo de ventral, porém, sua associação a síndrome da morte
conteúdo ácido e não-ácido, fornece informa- súbita no lactente tern restringido seu uso. Até
ções sobre o esvaziamento gástrico, pesquisa os 12 meses de idade o risco de síndrome da morte
aspiração broncopulmonar e estuda a efetividade súbita do lactente ultrapassa os benefÍCios da
rr do clearance esofágico. posição prona, a qual é aceitável quando a criança
, IEstudo videofluoroscópico da deglutição. É im- está acordada, principalmente no período pós—
prandial e com colchão duro. Parece que o decúbito
portante nos pacientes com distúrbios neurológicos
e ajuda a definir se os problemas pulmonares são lateral esquerdo com a cabeceira elevada dimi-
relacionados a aspiração por refluxo ou distúr- nui o refluxo na criança maior.
IDieta: alimentos engrossados pela adição de ce—
bios de deglutição. .
IAspirado traqueal de lavado broncopulmonar com reais (preparações com sementes de alfarroba ou
pesquisa da presença de macrófagos alveolares farinha de arroz) devem ser adicionados em cada
.: saturados de lipídeos. Pode mostrar aspiração alimentação. Reduzem a regurgitnção, mas não me—
«
%“ secundária ao RGE. Baixa sensibilidade e especi-
5 ". ficidade.
lhoram o índice de refluxo (medido na pHmetria).
Alimentações mais freqt'ientes e em menores quan-
tidades. Item discutível, pois pode causar sub-
técnica que detecta a presença de episódios de nutrfção. Nas Crianças com vômitos freqiientes,
refluxo ácido e não-ácido. Detecta o movimen- deve-se trocar a fórmula usual por uma fórmula
to de líquido em bolo dentro do esôfago, utili- hipoalergênica como teste por uma a duas se—
zando a propriedade de condutividade aumentada manas. '
do líquido para detectar a presença de conteúdo »
refluído na luz do esôfago. A detecção do RGE Tratamento Farmacológico
édefinida por mudanças na resistência à corrente
elétrica entre dois eletrodos, quando um bolo de ll Bloqueadores dos receptores H da histamina.
líquido ou gás move-se entre eles. A impedância São usados nos casos de esofagite péptica e no
ou resistência ao fluxo de corrente distribuída preparo pré—operatório de cirurgia anti-refluxo.
entre dois eletrodos depende da condutividade
elétrica do ambiente que cerca os eletrodos (prin- — Cimetidina: 5 a IOmg/kg/dose quatro vezes/dia;
antes dos alimentos três vezes/dia e uma após a
Cipalmente pelo conteúdo da luz esofágica). Quando alimentação noturna. Nas crianças maiores,
um bolo de líquido de alta condutividade elétri- a dosagem indicada varia de 10 a ZOmg/kg/dia.
Ci} se posiciona entre dois eletrodos, a impedância
diminui. Em contraste, com um bolo de baixa - madas/dia.
Ranitidina: 2 a 4mg/kg/dia em uma a duas to-
condutividade elétrica como o gás, a impedância
aumenta
-— Nos asmáticos, a ranitidina é preferível à
cimetidina. Contra-indicar o uso de teofrlina,
A técnica baseia—se na colocação de um cateter que tem função de relaxamento do EEI.
flexível com sete eletrodos de impedância colo- IInibidores da bomba de prótons atualmente são
cªdos em vários níveis do esôfago. Geralmente os fármacos de escolha para esofagite péptica.
€ Combinada com a pI-Imetria.
A eficácia dos IBP está bem estabelecida. Até
- Indicações: RGE oculto, RGE no período pós-
Prandial, pacientes em tratamento com IBP e
90% dos pacientes com DRGE tornam—se assin-
tomáticos na vigência do uso de IBP.

.M . W - vª «
.
"W. 'Y“?
, 288 I Esôfago

Fármacos aprovados para os pacientes pediátricos:


omeprazol e lansoprazol.
Muitos pacientes vão necessitar desses medica-
--
Quando há aumento da secreção ácida noturnª
Pacientes sem esofagite (são relativamente
refratários ao tratamento).
1 mentos por meses, anos, ou indefinidamente.
Sintomas. costumam melhorar após duas sema— —
Efeitos secundários. O tratamento de manutenção
por tempo prolongado pode associar-se a:
nas de uso.
—-
_
Modo de ação. Os IBP, covalentemente, ligam-
se e desativam a bomba gástrica H‘lK‘ATPase
-
Hipergastrinemia, hiperplasia das células ar.
girofílicas, gastrite atrófica, pólipos gástricos,
A supressão profunda da secreção ácida pode
(enzima adenosina trifosfatase H”/K*), inibin- resultar em um nível alto de gastrina circulante.
do-a permanentemente. Essa ligação inibe as Até hoje, não se detectou, além de hiperplasia,
enzimas das trocasde l-l+ por K', passo final
da secreção ácida. E o medicamento supressivo
nenhuma displasia ou neoplasia na vigência
de tratamento de longo curso.
atual mais efetivo. Para serem ativados, os IBP 'Absorção diminuída de vitamina BIZ.
necessitam da presença de ácido nos canalículos ' Hipersecreção ácida como rebote após a reti.
das células parietais e, portanto, são mais efetivos rada do tratamento.
quando a célula parietal é estimulada por um 'Risco aumentado de infecção enterica.
período dejejum prolongado, seguido por uma IFármacos procinéticos: metoclopramida, dom-
alimentação. Os IBP só inibem bombas ativas. peridona, cisaprida e bromoprida.
Além da ação ácida supressiva, eles aceleram — Metoclopramida (agentê'antagonista dopami.
o complexo motor migratório antral e duodenal, nérgico). Ação: aumenta a pressão do EEI,
melhorando o esvaziamento gástrico e reduzem melhora a peristalse e o esvaziamento gástrico.
o refluxo duodenogastroesofágico. Esse último Há redução no índice de refluxo, mas não há
efeito parece ser secundário à redução no volume melhora nos sintomas. Paraefeitos: são graves
e acidez das secreções gástricas. e podem'ser irreversíveis (reações parkinso-
— Doses e meios de administração. A adminis-
tração ótima deve ser dose adequada, uma
nianas e distonia aguda). Dose: 0,1mg/kg/dose,
quatro vezes/dia. A dose diária não deve ul-
vez/dia, 30min antes da primeira alimentação trapassar 0,5mg/kg/peso. Os paraefeitos são
do dia. dependentes da dose. Risco de toxicidade au-
— Doses: omeprazol: 0,7mg/kg/dia a 3,5mg/kgldia.
A cápsula oral contém microgrãnulos de libe-
mentado quando associada a antipsicóticos, lítio
e fenotiazinas.
ração retardada. Ao alcançar o duodeno (pH Domperidona (agente antagonista dopami-
2 5 a 6), a cápsula enterica dissolve-se ? o prin- nérgico). Ação: aumenta a pressão basal do
cípio ativo é rapidamente absorvido. E levado EEI, diminui o refluxo pós-prandial e melhora
pela circulação sistêmica até a célula parietal, o esvaziamento gástrico. Não mostra redução
difundindo-se nos canalículos secretários ácidos, dos sintomas nas crianças. Paraefeitos: seme-
onde se liga covalentemente com a enzima lhante à metoclopramida (reações extrapira-
adenosina trifosfatase HVK'. Os microgrânulos midais e movimentos irregulares dos olhos),
não devem ser mastigados. São resistentes ao
suco gástrico.
porém bem menos intensas. Dose: 0,6 a 1,2mg/
kg/dia, dividida em três vezes. Certos medica-
,
F
Para crianças incapazes de deglutir, a cápsula
deve ser aberta e os microgrãnulos mistura-
" mentos quandoassociados põdern aumentar-u . ,_
risco de toxicidade pelo aumento dos m’veIs ‘
.‘
ª,
dos em veículo fracamente ácido (pl-l < 5) como
iogurte e suco de maçã ou laranja.
A formulação líquida manipulada não é confiá-
plasmáticos da domperidona. Os principais sãoi
cetoconazol, fluconazol, miconazol, itraconazol,
eritromicina e claritromicina. .
*
%_

vel e deve ser evitada.
Necessidade de dose adicional: dose noturna
— Cisaprida (agonista de receptor serotoninétglcº)-
Ação: facilita a liberação da acetilcolina n0
*
1!
pode ser administrada nos seguintes casos: nível das sinapses do plexo mioentérico, reduz
esofagite grave, estenose péptica, desordens o índice de refluxo. Uma revisão realizada Pªlº
da motilidade esofágica, sintomas noturnos Cochrane não mostrou Evidência definitivan'»l
persistentes de refluxo, DRGE extra-esofágica, redução dos sintomas. Paraefeitos: distúrbios
esôfago de Barrett. Essa segunda dose deve do ritmo cardíaco. Dose: 0,2 a 0,3mg/kg/dº_5Év
I

ser oferecida 30min antes da janta. A admi- dividida em três a quatro doses. Pouco utili-
nistração concomitante de antagonistas dos zada atualmente pelos riscos graves. Seu nãº
waves-u, L-sm

receptores da histamina pode inibir a eficácia deve ser seletivo, no paciente apropriado, çou!
dos IBP. dosagens corretas e evitando a 'associaçª? ª
—.Limita§5es do uso dos IBP: interação com outros medicamentos. Ten} ªldº
-
Necessita de terapêutica de manutenção pro-
longada.
usada somente em crianças > 2 anos de Idªde
com vômitos recorrentes, perda de pesº. º_º
' Falha na inibição de refluxo não-ácido. asma, cujo tratamento com fármacos antl-
Refluxo Gastroexofágíco u 289

secretários não foi efetivo ou em pacientes com Técnicas


anormalidades graves documentadas de motili— Fundoplicatura de Nissen: baseia-se na confec-
dade gastrointestinal. Risco de toxicidade au-
mentada quando associada a inibidores do ção de um manguito completo de 360º, curto (2
sistema enzimático do citocromo P450, tais a 3cm) e frouxo. Deve ser mobilizado aproxima-
como antifúngicos azóis e antibióticos macro— damente a 3cm do esôfago intra—abdominal, os
lídeos. vasos curtos gástricos ligados e o manguito fixado
_ Bromoprida (antagonista central e periférico ao diafragma.
da dopamina). Não deve ser associado a atropina n Fundoplicatura de Thal: confecção de manguito
ou digoxina. Paraefeitos: espasmo muscular. parcial anterior de 180º. Indicada a crianças com
sonolência, cefaléia. Dose: 0,5 a Img/kg/dia, dismotilidade esofágica e disfagia pré-operatória.
I: Fundoplicatura de Toupet: confecção de manguito
três a seis vezes/dia, 30min antes das refei-
o ções. Seu emprego no RGE é discutível. parcial posterior de 270°. Indicada a crianças com
dismotilidade esofágica e disfagia pré—operatória.
'
ªt. A dismotilidade esofágica'é causa ou conseqiiência
'
íratamento Cirúrgico
'.

da doença do RGE? Isso é bastante controverso.


Tem-se afirmado que o controle do refluxo pode
ªfindicações
'

.-
restaurar a função motora do esôfago. Entretanto,
.ª». Esôfago
Estenose de esôfago.
I
de Barrett (EB). Somente pequena por-
I
é incerto se a cirurgia altera a motilidade esofágica
ou se as técnicas cirúrgicas devem ser ajustadas,

centagem de pacientes com DRGE crônico vai não somente aos defeitos anatômicos, mas tam-
desenvolver EB. A causa exata da progressão do bém aos distúrbios motores associados. Parece
EB em adenocarcinoma não é bem entendida. que a dismotilidade esofágica reflete uma doen—
Os objetivos do tratamento do BB são três: eli— ça mais grave, não costuma ser corrigida pela
minar os sintomas de refluxo, curar a esofagite fundoplicatura, não requer ajuste cirúrgico es-
e prevenir complicações (degeneração para dis- pecial e pode ocorrer como consequência da
plasia e posteriormente para adenocarcinoma). fundoplicatura. Observação clinica sugere que
A regressão ou reversão das lesões do EB é rara. a falha do esfíncter esofágico inferior é o pri—
A cirurgia reduz o conteúdo gástrico e biliar re- meiro evento na DRGE e a perda da contratili—
fluído, talvez até totalmente. Alguns autores acre— dade esofágica aparece com o passar do tempo.
!: Gasuostomia: videolaparoscópica (VLP) ou percu—
ditam que pode ajudar na reversão para mucosa
esofágica normal. Entretanto, trabalhos têm mos— tânea endoscópica está indicada a crianças com
trado que a cirurgia antiã'efluxo não diminui a refluxo e dificuldades adicionais de alimentação
taxa de adenocarcinoma de esôfago. (em geral, crianças com distúrbios neurológicos).
IDefeito anatômico (hérnia de hiato, má—rotação
etc.). Vias de ítcesso “

I Eventos ameaçadores da vida (episódios de apnéia!


bradicardia, síndrome da quase—morte súbita, n Cirurgia aberta. .
pneumonias de repetição, displasia bronco-pul-
monar).
— Via de acesso: laparotomia transversa supra-
umbilical esquerda.
lDoença refratária ao tratamento clínico. Sintomas Il Cirurgia videolaparoscópica.

persistem apesar de tratamento clínico adequado


(dose apropriada e tempo mínimo de tratamento
- Vantagens: melhor resultado cosmético, redução
da dor pós-operatória, não formação de bridas
pós—operatórias.

de três a seis meses).
IPaciente intolerante ao uso de [BP devido aos Desvantagens: maior taxa de disfagia pós—ope-
efeitos secundários. ratória e maior taxa de reoperação. Essas com—
l
Paciente que não deseja usar IBP indefinidamente. plicações estão intimamente relacionadas à
experiência do operador. A cirurgia videolaparos-
Objetivos do tratamento cirúrgico (fundoplicatura): cópica necessita de operador experiente. A curva

'Confeccionar
Estabelecer zona de alta pressão no esôfago inferior. de aprendizagem nesse tipo de cirurgia é de
I válvula anti-refluxo tipo flutter. 25 a 30 casos.

'Acentuar o ângulo de His.


l
Alongar o esôfago intra—abdominal
lReparar
Fatores Preditivos de êxito da Fundoplicatura
o hiato esofágico pela reaproximação
dos pilares diafragmáticos. Experiência do cirurgião.
E Diagnóstico definitivo de RGE (pHmetria).
a
Parece que eficácia da fundoplicatura diminui com m Ausência de hérnia de hiato associada.
. °fempo. Aproximadamente 25 a 30% desses pacientes I: Sem lesão ulcerosa de esofagite.
F'Vªº necessitar de tratamento complementar com IBP. r: Sem estenose.
290 I Esôfago

IAo menos, resposta parcial ao uso de IBP. é colocado um cateter corn balão, que é infladº
I Sem doença pulmonar crônica, atresia de esôfago para posicionar o instrumento, e quatro eletro.
ou distúrbios neurológicos associados. dos dispostos radialmente em torno do balão As
agulhas são posicionadas no músculo liso da'Junção
Complicações gastroesofágica e a energia é liberada em cªda
eletrodo corn a finalidade de causar uma série de
A falha da fundoplicatura aparece sob a forma de sin- lesões térmicas no músculo. 0 aquecimento das
tomas de recorrência, aparecimento de novos sinto- moléculas de água do músculo esofágico vai
mas, ou efeitos secundários. ocasionar contração do colágeno, remodelarnento
Principais complicações da fundoplicatura: disfagia, da junção gastroesofágica e ablação nervosa. A
incapacidade de eructar, diarréia, flatulência, distensão mucosa se espessa no nível do EEI. A ablação
pós-prandial, retchirrg. Ocorrem em 30% dos casos. nervosa resulta em um menor número de rela.
Grandes séries (crianças e adultos) mostram taxa xamentos transitórios do EEI. O procedimento
significativa de falha e morbidade da fundoplicatura parece alterar a atividade mioelétrica gástrica &
e pequena, mas relevante, taxa de mortalidade (0,8 a o esvaziamento gástrico ecausa denervação ablativa
1%). Relatam recorrência do refluxo, no período de do corpo esofágico.
um a três anos, mais de 30%, principalmente em crianças
com distúrbios neurológicos, pós—correção de atresia BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

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g.«1:—-it
r,
a“,
Fundoplícatura l
291

I Sobre o ângulo de His: a fundoplicatura aproxi—


mao fundo gástrico proximal no esôfago, recriando
o ângulo agudo, que na maioria dos casos havia

índoplicatura
se transformado em um ângulo obtuso.
Jª' I Sobre o esôfago: o esôfago distal é recolocado na
cavidade abdominal. O esôfago distal fica ex-
posto à pressão positiva intra-abdominal. Crianças
com hérnia hiatal grande ou esôfago encurtado
" 6“ Carlos Ketzer de Souza por uma estenose são frequentemente acometi-
das por RGE.
fdh—'doplicatura é bastante wliosa no intuito de prevenir
ré uxo e os vômitos. Porém, trata—se de um proce—
I Sobre os pilares diafragmãticos: recriação do
mecanismo crural diafragmático competente.
ifâ'ento cirúrgico com uma taxa de complicações nada I Sobre a motilidade gastroesofágica: melhora a
,

*"Brezível.
i
Além do efeito mecânico da criação de
ari/válvula externa em torno do esôfago, ela também
peristalse esofágica que faz a propulsão do ali—
mento da boca até o estômago e ajuda a clarear,
1111111111 a frequência dos episódios de relaxamento
“"sitório do esfíncter esofágico inferior ao diminuir
rapidamente, qualquer conteúdo ácido ou alimentar
que reflui para o esôfago. Após a fundoplicatura,
.giiluine do fundo gástrico e causar denervação fúndica. pacientes com motilidade esofágica anormal podem
“reduzir o estômago proximal (fundo gástrico) e a ter sintomas de disfagia.
o '"odação pós-prandial, a fundoplicatura também ll A fundoplicatura cria uma barreira anti-refluxo,
icia umdireção
'
deslocamento mais rápido do bolo ali- mas não corrige a dismotilidade antro—duodenal
merifar em ao antro gástrico, acelerando o
' " lamento gástrico, principalmente de líquidos. e a dismotilidade esofágica.

PACIENTES EM IIISBII ll! FIIIIIIIIPlIÍIRTIIBII


recorrência de refluxo gastroesofágico pós-
MIIISIIGEIIIIII
undoplicatura, requerendo correção cirúrgica, I Diagnóstico errôneo de refluxo gastroesofágico.
de menos de 6 a 12%. Algumas doenças (vômitos cíclicos, gastroparesia,
O êxito global da fundoplicatura de Nissen em esofagite eosinofilica, acalásia) podem mimetizar
,. crianças é de mais de 90%. o quadro clínico da doença do RGE com piora
I A taxa de falha pós—cirurgia de Nissen, em pacientes dos sintomas no pós-operatório.
º com atresia de esôfago, 6 de 15 a 33%. A cirurgia I Crianças com alterações da motilidade do trato
ª? de Nissen exacerba a pobre motilidade esofágica, gastrointestinal. A atresia de esôfago é acompa-
rª diminuindo o clearance do ácido clorídrico, nhada por motilidade esofágica anormal. Além
.":com
“ taxa de fundoplicatura mal—sucedida em crianças
'
problemas neurológicos é de 16 a 25%.
da àteração intrínseca primária dessa anomalia,
pode ocorrer lesão do nervo vago durante sua
.A taxa global de recorrência, após a primeira
'dreoperação, é de 20 a 30%.
correção cirúrgica, ençurtamento do esôfago intra-
abdominal e abertura doíângulo de His.
"I
I Crianças neurologicamerjte debilitadas. Esse grupo
d diversas formas pelas quais a fundoplicatura
é composto por doenças muito heterogêneas, como:
lgªéjalhar. Os sintomas podem se tornar persisten—
“recorrentes, ou aparecerem novos sintomas. estado vegetativo, quadriplegia espástica, anorma-
lidades cromossômicas, condições metabólicas,
Recorrência do refluxo gastroesofágico (RGE). paralisia cerebral e outras. Os fatores predispo-
Aparecimento de sintomas importantes: disfagia, nentes são: pressão intra-abdominal elevada pela
retchíng (arcada de vômito ou esforço emético espasticidade, deformidade física da junção gas-
. Sam vômito), síndrome de dumping. troesofágica causada pela cifoescoliose, clearance
«ª»! Aparecimento de hérnia paraesofagica. Apresen-
'_ ta risco inerente de encarceramento e isquemia.
ácido esofágico deficiente, hérnia de hiato, estado
*.»; s vezes, é dificil o diagnóstico diferencial com convulsivo freqíiente, doença pulmonar crônica,
“É;.
.w deslizamento do manguito para dentro do mediastino. motilidade gastrointestinal anormal, postura e posi-
cionamento anormal devido a opistótono ou cifoes-
coliose.
. ÉÍES an I’lllilllll’llcl'l'llfll SOBBE ll REFLUXO I Crianças com doenças pulmonares crônicas.
;TBUESÍIFÉGIÍIII -
MEGIIIIISIIIIS DE fIIlIIII IIII FIIIIIIIII'IIGIITIIIIA
“' catura

—- Wf
Sobre o esfíncter esofágico inferior: a fundopli-
cria uma zona de alta pressão no esôfago ti A fundoplicatura pode herniar, sofrer ruptura, v

“ Inferior ao enrolar o fundo gástrico em torno escorregar, pode ser mal-realizada (utiliza o corpo
,. dº estômago. O estômago, principalmente quando gástrico e não o fundo na confecção do manguito),
Cheio, exercerá pressão sobre o esôfago inferior. torcer (o corpo gástrico não foi adequadamente
:*
292 I Esôfago

mobilizado, mantendo os vasos curtos intactos), plicatura, ao controlar o RGE e o vômito, pode mais
apertar no nível do hiato esofágico ou ser con- facilmente revelar a ativação do reflexo emético que
feccionada muito apertada ou muito longa. antes não era considerado. Provavelmente ele j á exisiiª
pré-operatoriamente. Pode ocorrer em até 20% dos
PIIEIIEIIÇÍIII M FIIIIIIBPLIÍIATBBIIHllSIIGEIIIIIII casos submetidos à cirurgia anti-refluxo. Arcadas de
vômitos pós—operatórias repetidas podem ocasionar
s: Seleção de pacientes: decisão coerente de trata- a migração da fundoplicatura para dentro do medias.
mento conservador ou não-operatório e de tra-
tino pelo hiato diafragmático ou ruptura dela e recOr.
tamento operatóiio. Se operatório, qual a melhor rência do RGE.
técnica para aquele caso em particular.
Um procedimento anti-refluxo não e o tratamento
I Considerações anatômicas: sempre solicitar ra- adequado para crianças com sintomas referentes ao
diografia de esôfago, estômago e duodeno (REED) reflexo emético. Ao impedir a fase terminal do refle.
com pesquisa de refluxo antes da cirurgia para xo eme'tico (vômito), a fundoplicatura causa piora desses
identificar adequadamente a anatomia, compli- sintomas. Provavelmente, retching indica dismotilidade
cações e presença de doenças associadas (esofagite gástrica e perda da inibição central do reflexo emético.
com estenose, hérnia de hiato, membrana antral, Os sintomas pré—operatórios e pós-operatórios podem
estenose hipertrófica de piloro, estenose duodenal, ser tratados com supressores do reflexo emético, Como
má-rotação intestinal e outras). os antagonistas dos receptores da dopamina (dompe.
Conhecimento dos detalhes técnicos individua- iidona) e antagonistas competitivos seletivos dos receptores
lizados para cada tipo de fundoplicatura. S, da 5—hidroxitriptamina (S-HT3) da serotonina (ondanse-
Há necessidade de cirurgia para melhorar o es- trona), alimentações freqiientes e em pequenas quan-
vaziamento gástrico? Esse assunto é bastante tidades, alimentações gástricas contínuas e alimen-
controverso. Na literatura atual há uma tendên- tações jejunais, evitando a passagem do alimento pelo
cia em não realizar piloroplastia no momento da estômago. Devido à pouca eficiência dessas medica-
fundoplicatura. Os efeitos adversos desse pro- ções, tem sido preconizado o uso do medicamento
cedimento baseiam-se no risco de deiscência ou conhecido como alimemazina, derivado da fenotiazina,
‘r

vazamento da piloroplastia, aparecimento da com excelentes resultados. Esse medicamento tem pro-
síndrome de dumping e na observação de que a priedades antieméticas e efeito espasmolítico nas fibras

baren-$5126
maioria dessas crianças melhora seu esvaziamento
gtv

da musculatura lisa entérica. A dose sugerida é bai-


)

gástrico após a fundoplicatura. xa, 0,25mg/kg, três vezes/dia (dose maxima 2,5mg).
Também é relatado que mais estudos são necessários
TIIII'IIIMEIITI! Bil Hilliilll’llefl'l'llflll para avaliar os efeitos secundários no uso continuado
ant-sucrnrnn dessa medicação.

_
Arcana de ttãmitus matching] ͪsmurnme ue numniny
Definida pela tentativa de vomitar sem a resultante A síndrome de dumping (SD) e um complexo de sin-
saída de conteúdo do estômago. tomas pós-prandiais, incluindo desconforto abdomi-
0 reflexo emético é ativado por uma variedade de nal, transpiração excessiva, palidez, letargia e diarréia.
estímulos periféricos e/ou centrais, incluindo infecções, Pode surgir após cirurgias gástricas. Pode ocorrer pie-
obstrução intestinal, drogas e envolve respostas au— coce ou tardiamente. Sintomas precoces ocorrem 10 a
tônomas e somáticas. O reflexo emético é caracteri- 20min após as alimentações e incluem queixas abdo-
zado por uma fase precursora associada a sinais e sinto- minais (dilatação gástrica, náuseas, eructação, cólicas
mas como náuseas, salivação aumentada, taquicardia, e diarréia explosiva) e sintomas sistêmicos como fru-
vasoconstrição periférica, seguida por uma fase motora queza, transpiração excessiva, vertigem, palidez e palpl-
de arcada ou ânsia para vomitar. Imediatamente após tações. A SD tardia surge com hipoglicemia pós-prandiªl
surge o vômito com expulsão forçada do conteúdo gás- l a 4h após as alimentações e é associada a transpira-
trico, em que a contração do diafragma e dos mús- ção excessiva, palpitações, fraqueza, letargia. A fisiopa-
culos da parede abdominal comprime o estômago
relaxado. Esse reflexo, na criança normal, só é ativa-
e
tologia da síndrome é complât'a não totalmente enten-
dida. A SD precoce ocorre mais frequentemente quandº
do ocasionalmente, mas na criança com distúrbios a função do esfíncter pilórico é interrompida, resul-
neurológicos, a sua inibição é perdida ou o reflexo tando em um esvaziamento gástrico anormal de líquidos-
toma-se hiperativo, sendo precipitado na atividade
diária habitual.
A distensão rápida do jejuno e a hípertonicidade
conteúdo gástrico no jejuno causam alterações media-

Reta-hing (arcada de vômito) não é um sintoma de das pelos vasopepti'deos neuronais, que aumentam º
RGE, mas sim um componente da ativação do reflexo fluxo sanguíneo esplâncnico, diminuindo o volume san'
emético. Seu aparecimento pós-fundoplicatura, prin- gtii'neo circulante. A hipoglicemia tardia pós-prandlªl
cipalmente nas crianças com distúrbios neurológicos, é causada por hiperinsulinemia e e evocada pelo au-
sugere que ele pode ter outra causa ou que a fundo- mento rãpido da concentração de glicose no sangue-
Fundoplicatura 293

"ndoplicatura de Nissen elimina ou diminui o fun- da mucosa esofágica com o ácido. Mesmo quando
existe refluxo alcalino, a esofagite erosiva só
ástrico como umaárea de armazenamento de con-
‘fistricooue ar. Nesse caso, qualquer dieta rica em acontece quando também há o refluxo ácido. O
tratamento é Com omeprazol (inibidor da bomba
.
[migrates
cn'
hiperosmolar pode provocar a SD. A
(;mp'mstia e/ou gastrostomia são consideradas fato- de prótons) na dose de 0,7 a 3,0mg/kg/dia. Liga—
rcã de risco para SD. Tratamento sugerido: estratégias se a enzima ATPase H'/K*, desativando—a. Para
. fulãcionais com carboidratos complexos (maisena não
c zida). emulsão de gordura (triglicerídeos de cadeia
serem ativados, os inibidores da bomba de prótons
necessitam da presença de ácido nos canalfculos
fôngn para retardar o tempo de esvazramento gástrico) das células parietais e são mais efetivos quando
e;fhudanças na freqíiencra dos alimentos. a célula parietal é estimulada por alimento, após
um período prolongado de jejum. Por isso, são
mais efetivos quando administrados 30min an-
tes do café da manhã. A administração conco-
!Causas: fundoplicatura muito apertada ou lon- mitante de antagonistas-receptores H-2 específicos
I
gh, edema pós-operatório, dismotilidade esofágica pode inibir a sua eficácia. O tratamento com
'ª' primária, dismotilidade esofágica secundária a
dissecção e mobilização do hiato, aproximação
"«—
omeprazol é realizado por meses, anos ou, inde-
finidamente. Sua retirada ocasiona recorrência
muito apertada dos pilares diafragmãticos, telesco— da esofagite e suas complicações. Efeitos secundá—
._,
pagem do manguito no estômago proximal e man-
~r' guito longo ou torcido.
rios: pode causar profunda supressão da secre—
ção ácida gástrica, resultando em altos níveis de

.
:Tratamento: disfagia no pós—operatório imediato
'écomum. Geralmente curam—se espontaneamente.
gastrina circulante. com risco de aparecimento
de hiperplasia das células parietais e pólipos
" f Casos persistentes (mais que seis a oito sema- gástricos benignos e deficiências de vitamina E 12.
«ª? nas após a fundoplicatura) beneficiam-se de dila— I Tratamento da dismotilidade esofágica e antro-

.E3’
". («"' tações esofágicas, principalmente pneumáticas. duodenal. Mctoclopramida: droga antagonista
, . Í E fundamental a avaliação prévia por meio do dopaminérgica que é um agente procinético bas-
,. REED e endoscopia. tante usado. Aumenta o tono do esfíncter esofágico
Indicações de reoperação: casos resxstentes, fundo- inferior e melhora o esvaziamento gástrico. Dose:
plicatura longa ou torcida, presença de pregas O, lmg/kg/dose quao—o vezes/dia. Domperidona: via
gástricas acima da fundoplicatura (observada pela intramuscular (IM) e intravenosa (IV), 0,1 a 0,2mg/
endoscopia), significando que a fundoplicatura kg/dose em três vezes e via oral (VO), 0,3mg/kg/
escorregou no estômago proximal. dose em três vezes. Não atravessa a barreira cé-
Se optar pelo Nissen, dividir os vasos curtos, se rebro—sangue.
ainda não o foram, para providenciar uma fundo- Tratamento cirúrgico (reoperação). Em pacien-
- plicatura mais frouxa, tes éom distúrbios neurológicos, a fundoplicatura
de Nissen pafece funcionar melhor que as par-
'_ lia Paraesatáuica ciais. Alguns autores sugerem, nesses casos, que
a fundoplicatura não deva ser fixada ao diafragma
_guenas hérnias assintomáticas podem ser observa- pelo<risco de distensão e ruptura. Em pacientes
. . .
1

asT'As outras devem ser reoperadas pelo risco de com atresra de esôfago e com recorrencta de RGE,
rceramento do estômago hemiado. as fundoplicaturas de Thal e Toupet parecem fun-
cionar melhor.
_ Élizamemo da Fundonlieatura
para
| Henlastino Síndrome 11c aleanouamentn de ar
§éªssintomática, tratamento expectante. Se sintomática, [Gas Blaatinai “I a 10%]
r via abdominal, a fundoplicatura é liberada de suas
A impossibilidade de eructar é comum após & cirur-
:? “ªderências mediastinais (geralmente essa liberação
gia anti-refluxo. Isso não deve ser considerado alçapona-
Pedifícil)
e trazida para o abdome, onde é fixada
mento de ar. Esse termo deve ser reservado para aqueles
“diªfragma e o hiato esofágico fechado. Algumas pacientes que não conseguem eructar e sentem grande
gªzes é necessária a realização de uma nova fundo- desconforto com isso. A causa é desconhecida.
lºªtura.

Brªm Recorrente“ Causas Sugeridas

35.5 fundoplicatura
_ fundoplicatura muito
cªll—ªxªs são: frouxa, deiscência Fundoplicatura demasiadamente apertada, dismotilidade
,
.ª e migração dela. antro-duodenal, fundoplicatura deslizada no estômago
proximal, dano do nervo vago durante a fundoplicatura
'Tratamento
de
medicamentoso
erosiva
esofagite é pelo
da esofagite. A causa
contato prolongado
e acomodação gástrica deficiente secundária ao uso
do fundo gástrico na confecção do manguito.
294 I Esôfago

Pode levar à ruptura da fundoplicatura ou à sua hiatoplastia estendida com divisão da porção ante.
migração para o mediastino. Na urgência, o estômago rior do diafragma.
deve ser descomprimido através de uma sonda oro ou
nasogástrica. Pensar em gastrostomia nos casos persis-
Os resultados da fundoplicatura aberta, tradicio.
nal e a videolaparoscópica são comparáveis.
.
tentes, principalmente em crianças com déficits neu- As vantagens da fundoplicatura laparoscópica sãº:
rológicos. Em geral, beneficiam-se pela diminuição menos analgesia, período de recuperação mais cuno_
da ingesta de alimentos formadores de gases, drogas menor índice de infecção da ferida operatória e me. i:
antitiséticas e agentes procinéticos. Tratar a causa nor taxa de obstrução por bridas.
específica. Nas crianças com distúrbios neurológicos e RGE «

, recorrentes graves e fundoplicaturas malsucedidas' . "


'
três técnicas cirúrgicas podem ser pensadas: desconexão
!. . .. . '.
ennsmmnçãis GERAIS esofagogástrica, Jejunostomia em Y de Roux e sopa. F J,
ӻ
,3
Em todos os casos em que estiver indicada a reoperação
(após tratamento adequado com dose máxima de
ração laringotraqueal.
;
.! inibidores da bomba de prótons), solicitar REED ou “ESGOIIEKIO MI nissoclam‘m I
, estudo contrastado pela gastrostomia, endoscopia “

"' digestiva alta e estudo cintilogrãfico do csvaziamen- Esotauogéstrlca ;


to gástrico. Consideramos a endoscopia fundamen- É uma cimrgia de grande poçte em crianças geral.
y tal na avaliação e planejamento do tratamento. O mente desnutridas e que não “.Se alimentam por via
endoscopista deve visualizar as pregas da fundoplicatura oral (com incoordenação da deglutição). Pode ser
paralelas ao diafragma. Não deve observar a presença oferecida para aqueles pacientes cºm distúrbios neu—
ª de pregas gástricas acima da fundoplicatura (desli-

L 'G Q - I P Z S R
rológicos graves que são incapazes de se ”alimenta-
zamento no estômago proximal), ou pregas não pa- rem por via oral e cujos sintomas predominantes são
ralelas indicando que a fundoplicatura está torcida o retching, vômito, falha de crescimento. desconforto
(geralmente causada pela mobilização inadequada do pós-alimentar, infecções respiratórias recorrentes ::
fundo gástrico). Deve observar também a presença a fundoplicatura foi malsucedida. O procedimento
.- de esofagite e de hémia paraesofágica. baseia-se na transecção do esôfago na junção gastroeso-
'- Como altemativa à reoperação, pensar na utiliza- fágica, fechamento do coto gástrico, confecção de
; ção das novas técnicas endoluminais que melhoram esofagojejunostornia isoperistáltica término-terminal
a barreira anti-refluxo“, podendo evitar a necessidade transmesocólica retrogástrica em Y—de—Roux, medindo

de uma nova fundoplicatura.
As crianças comimportante clinica de disfagia ou
. a alça dejejuno aproximadamente 30 a40cm, jejuno—
jejunostomia término-lateral, preservação da gastros-
.,
retenção de ar após a cirurgia de Nissen beneficiam-se tomia preexistente e piloroplastia. (Fig. 54.1). Essa
de uma fundoplicatura parcial ou de um Nissen frouxo. ,
& Pacientes com recorrência do RGE pós-fundoplicatura ') _,
, ,.,
,
& parcial provavelmente irão beneficiar—se de urna ci- '

“ , rurgia de Nissen.
. Em regra geral, se houve recorrência do RGE na
»” vigência de urna fundoplicatura parcial, fazer uma , ª
”= fundoplicatura completa. Se há retardo do esvazia- «
. -(

'- mento gástrico, uma piloroplastia ou antromiotomia


deve ser realizada. lndependentemente se a fundopli-
,
'
catura foi realizada aberta ou por laparoscopia, esco-
lher o método que tem mais afinidade. Se não for um
laparoscopista experiente, opte pela laparotomia.
A presença de uma hérnia hiatal grande implica
em um fechamento cuidadoso do hiato esofágico. Pensar
na colocação de pequenos remendos de algum tipo
I de prótese nos pontos, incluindo os pilares diafrag-
mátieos. Quando o esôfago se encontra encurtado (ge-
ralmente nos casos de estenose de esôfago), a fundo-
plicatura pode deslizar para dentro do mediastino. Nesses Figura 54.1 - Desconexão esofagogástrica. Após
casos (esôfago encurtado), pensar na utilização de uma transeºiãº
da junção esofagogástrica (alguns autores sugerem realizar ª
gastroplastia de Collis, em que a pequena curvatura transecção :l: 1cm abaixo da junção esofagogástrita): º cºm
é tubularizada e a fundoplicatura realizada em tomo
do neo—esôfago (segmento tubularizado). 0grampea-
gástrico é fechado e uma alça de jejuno retrocólica (30
?353"
de extensão) é anastomosada com o coto do esôfago distal.A
reconstrução em Y de Roux é completada com anastºmªse
memo da pequena curvatura pode estar associado ou jejuno-jejunal. Coloca-se uma gastronomia tipo Stamm- [“
não à incisão dela. Outra técnica utilizada para au— maioria dos casos, a cirurgia é complementada com piloroplªªºª'
mentar a porção intra-abdominal do esôfago é a Adaptado de Danielson etal.'.
Fundoplica tura n 295

20 a 40cm e ela é confeccionada a 20 a 30cm do ângulo


de Treitz.

45: 7
Separação laringotrauueal
5. w

K'
A separação laringotraqueal (SLT)pode ser recomendada
A,

a
às crianças com distúrbios neurológicos graves o pneu-
“"i

.
monias de aspiração intratáveis e recorrentes (Fig.

sz: gm;
a .-

54.2). Nos pacientes com refluxo gastroesofágico e


com deglutição muito prejudicada e aspirações re-
correntes, podem ser acrescentadas ao procedimento
SLT fundoplicatura e gastrostomia. Nos pacientes que
irão submeter-se à SLT e não têm refluxo e esofagite
associados, a combinação dessa técnica com gastros-
tomia percutânea endoscópica é bastante interessante.
A SLT pode se associada a uma laringoesofagostomia;
porém, a maioria dos autores não acha necessário.
Elegibilidade ao procedimento: paciente com dis-
túrbio neurológico irreversível, sem comunicação verbal
e com estudo videofluoroscópico da deglutição mos-
trando deglutição muito deteriorada e aspiração.
O procedimento deverá ser sempre discutido com
os familiares e/ou cuidadores, pois essas crianças ficarão
sem fonação, apesar da técnica ser passível de reversão.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
l. DANIELSON, P. D.; EMMENS. R. W. Esophagogastric discon-
figura 54.2 ~Vista lateral da separação laringotraqueal (SLT) nection for gastroesophngeal reflux in children with severe
tom (A) ou sem (B) Iaringoesofagostomia término-lateral. O neurological impairment. J. Pediutn Surg., v. 34, p. 84-87, 1999.
2. TAKAMIZAWA. S.;TSUGAWA, C.;NISHIJ lMA,T. et al. Larynge-
coto terminal proximal é anastomosado ao esôfago ou fica
:completamente fechado‘. trachenl separation for intractable aspiration pneumonia in
neurologically impaired children: experience with ll cases.
J. Pediatr Surg., v. 38, p. 975-977, 2003.

ificnica permite à criança a deglutição de sua saliva


e receber alimentos via oral em pequenos volumes. BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
ANTÃO, B..; 00l, K.; AÚEAJAYI. N. et al. Effectiveness of alimemazine
incontrolling retching after Nissen fundoplication. J. Pediatr Surg.,
lelunnstumia em I8 IIIIIII -
'
jejunostomia tipo Witzel cria um trajeto longo que
pode dificultar a recolocação da sonda, caso seja
V. 40. p. 1737-1740, 2005.
BUSTORFF—SILVA, J,; MOREIRA, A. P.: CAVALARO, M. A. et al.
Extended hiatoplasty: early experience with a simple technique
to increase the intraabdominal esophageal length in complicated

.._ Inecessaria
sua troca ou ela saia da posição. gastroesophageal reflux. J. Pediu/n Surg.. v. 36, p. SSS-558.2001.
’ A Jejunostomia de Maydl é aquela em que o jejuno
é trazido através da parede abdominal e anastomosado
CAULmD. M. E.; WYLLIE, R.; FLROR, H. V.; MICHEN‘ER. W.
Dumping syndrome in children.]. Pediatr., v. l 10, p. 212.2 [5. 1987. _
. ' àpele formando um estoma maturo permanente. A alça HASSALL, E. Wrap session: is the Nissen slipping? Can medical
:; lixada aos planos da parede abdominal. As maiores
àgºmplicações baseiam—se no prolapso da alça de Roux
'
treatment replace surgery for severe gastroesophageal reflux disease
in children”! Am. J. Garlmenterol.. v. 90, p. 1212-1220, 1995.
' e Vazamento no sítio de exteriorização. LANGER, .l. C. The failed fundoplication, Sem. Pediatr. Surg., v. l2,
[LNG-117.2003.
;;? Ajejunostomia modificada de Maydl é, atualmen-
fl , é} mais utilizada e a que apresenta menor morbidade. LORENZO, C.; ORENSTEIN, S. Fundoplicãtiori: friend or fee?
J. Pediatr. Gastroenterol. Nun, V. 34, p. 117-124, 2002.
v,;— Similar à gastrostomia de Stamm, pois três bolsas RICHARDS. C. A.: MILLA, P. J.; ANDREWS, P. L. R.; SPITZ. L.
!“Vªginantes fixam o cateter com ponta tipo cogu- Retching and vomiting in neurologically impaired children after
_mºlº, que é trazido através da parede abdominal. A fundoplication: predictive preoperative factors. J. Pediatn Surg.,
,ªlçª é fixada ao peritônio parietal da parede abdomi- v.36, p. 1401-1404, 2001.
'- nal anterior. A sonda poderá, posteriormente, ser trocada
'
VECCHIA. L. K.; GROSFELD, J. L.; WEST, K. W. etal. Reoperaticn
Pºl“ um button. Essa técnica diminui o risco de vaza- after Nissen fundoplication in children with gastroesophageal reflux.
Ann. Surg., v. 226, p. 315-323, 1997.
mºnto junto ao sítio de saída e facilita a troca de sonda.
YOSHIDA. N. R.; WEBBER, E. M.: GlLLlS, D. A.; GIACO-
,

li
uconveniente maior: aparecimento de granuloma MANTONIO, J. M. Roux-en-Y jejunostomy in the pediatric
vlªcnostomal. O comprimento da alça em Y varia de population. J. Pediatr: Surg.. v. 31, p. 791-793. 1996.
"
296 I Esôfago

tllll'ÍTlllll 55" estridor (crianças pequenas têm anéis ttaqueaig


mais flexíveis, facilmente comprimíveis por Cºrpo
estranho esofágico adjacente).

Ingestão de Corpo assintomá.


!Sintomas gástricos: geralmente são
ticos. Grandes corpos estranhos podem estar :15.
sociados a saciedade, vômitos pós--prandia15
anorexia perda de peso.
Estranho ll Sintomas intestinais: somente se apresentam como
complicações de obstrução intestinal ou perfu-
ração.
João Carlos Ketzer de Souza IIIIIEIIÍISTIBII PIIII IMAGEM
Ingestão de corpo estranho (CE) e comum em crianças. Estuda e fornece as características físicas, localização
Alguns dos corpos estranhos ingeridos representam e complicações dos corpos estranhos.
real urgência, requerendo ação imediata. A maioria,
entretanto, não apresenta complicações graves, per- n Radiografia de pescoço, tórax e abdome com pm.
jeções lateral e ântero-posterior. A radiografiª
mitindo uma conduta mais conservadora. lateral é importante para demonstrar pequenos
A maioria dos corpos estranhos atravessa o trato objetos (ossos de peixe ou galinha) situados na
esofagogastrointestinal sem dificuldades, não reque- região cervical. Na projeção ântero——posterior,o
rendo nenhuma ação pelo médico assistente.
CE de forma plana (moeda) costuma estar orientado
no plano frontal (coronal), quando se encontra no
esôfago e no plano sagital, quando está locali- o
zado na traquéia.
,.
.

lPico de freqiiência: entre 2 e 3 anos de idade a:
V1
m Radiografia com contraste: muitos corpos estranhos ,
(idade em que já deambulam e são exploradores são radiolucentes (plásticos, vidros, madeira) e ua.
orais).
ISem predisposição sexual ou leve predisposição mesmo pequenos ossos e metal fino podem não o~1
ser observados na radiografia simples. Os estu- ª.“»:
pelo sexo masculino. dos contrastados devem ser bem indicados, pois
IMoedas são os objetos mais ingeridos.
l90% dos corpos estranhos que passam pelo esôfago
apresentam risco de aspiração e podem prejudi-
car exame endoscópico posterior. Novos contrastes
são eliminados espontaneamente.
IAproximadamente 20% de todo corpo estranho
não-iônicos, atualmente, são mais seguros.
ITomografia Cºmputadorizada: pode estar indi-
(CE) alojam-se no esôfago, que apresenta con-
cada em suspeita de objetos radiolucentes. A imagem
trações peristálticas fracas e constrições anatômicas.
IO sítio esofágico mais comum de impactação si- ') pode ser melhorada com reconstrução tridimen-
sional. Raramente necessária.
tua-se no 1/3 superior.

flflllSlllElllflfiES GEIIIIIS Vrunrensõrs nr'nruuçttu


Os CE costumam impactar-se em áreas de estreitamento 'rsúrasn
fisiológico ou patológico. Devem ser removidos imediatamente: corpo estranho
Pequenos objetos pontiagudos podem impactar-se impactado no l/3 superior (sialorréia intensa e risco
na hipofaringe (valeculas) ou nos seios piriformes. de aspiração), impactação de baterias objetos ponli-
O esôfago tem três áreas principais de estreitamento agudos, ou espiculados.
fisiológico: esfíncter esofágico superior (no nível do Baterias são os corpos estranhos mais tóxicos. O
músculo cricofaríngeo), arco aórtico e hiato esofágico conteúdo pode vazar e causar corrosão da mucosa
(junção gastroesofágica). digestiva, inclusive com perfuração em até 4h. Bate-
No trato gastrointestinal, as areas de estreitamento rias causam lesão de necrose por pressão, queimadu-
fisiológico são: piloro, arco duodenal, ligamento de ra elétrica de baixa voltagem, ação alcalina corrosiva
Tr'eitz e válvula ileocecal. e toxicidade mercurial. São constituídas de metais
Deve-se conhecer a largura, comprimento, forma, pesados (mercúrio, zinco, cádmio, prata) e álcahS
localização e radiolucência do CE. (hidróxido de potássio ou sódio).
IMoeda no 1/3 inferior: observação por 2411
III'IIESEII'IIGÃG Blilllfll lMoeda
no US) médio eproximal: observaç㺠1211
P"r12
lSintomas esofágicos: odinofagia, disfagia, obs— Outros objetos alojados no esôfago por mª'5 de
o.
trução completa com regurgitação e sialorréia, 24h ou com duração desconhecida, devem ser rem
sintomas respiratórios como tosse, sufocação, vidos por endoscopia.
Ingestão de Corpo Estranha = 297

111110
““ Uso de Cateter de Foley para Extração
6“;
en
pontiagudos
s'e crianças
e lineares longos (> 3c_m em
, (11955). como palitos, alfinetese > Sem
pequenas nas crianças
O procedimento pode ser realizado com ou sem fluo-
roscopia. Há sempre um risco em potencial de aspi-
*

de segurança aber- ração do corpo estranho quando ele é trazido do esôfago ã ê —l v ,


bl! objetos arredondados com diametro > 2,5cm, para a orofaringe, pois pode deslocar-se para a tra-
1'1 em ser removrdos por endoscopia. quéia. Contra-indicações: objeto impactado no esôfago

(“3 9,‘
ems
tipos de corpos estranhos podem ser ob-
0;;th por por mais de 48h, objetos pontiagudos, objeto radio—
«w

ªf. ,àgç
"dos três semanas e depots removrdos por lucente, doença esofágica, obstrução completa da luz,

a;
oscopia. objetos que se fragmentam (risco de aspiração), via
”crias que alcançam o estômago costumam ser aérea instável. Técnica: uma sonda de Foley lubrificada
'
ifiifiadas com facilidade. Se permanecerem por mais número 10 ou 12F é passada pelas narinas e avança-
da distal ao corpo estranho alojado no esôfago. Sob
,,.ÃÉh,
, devem ser removidas.
fluoroscopia, aproximadamente 5mL de bário diluído
(3,5mL água: 1,5mL bário) são instilados no balão
da sonda de Foley. A sonda com o balão inflado é
egrvação. Radiografia de controle em 48h e depois cuidadosamente retirada sob fluoroscopia. Quando o
uma ou duas semanas, se o objeto não for encon-
âjnas fezes, pelos pais. Remoção deve ser consi-
corpo estranho alcança a faringe posterior, a criança
deve ser rotada para o decúbito proho ou lateral di-
"da se o objeto sem ponta permanecer na mesma reito e o corpo estranho removido com a ajuda do
dedo do médico. Sucesso da técnica: 80% dos casos
em ser removidos, se permanecerem na mesma posi- indicados. Deve ser somente realizada por médicos
*

por três dias consecutivos. Sintomas de febre, vô- experientes em manuseio de via aérea.
ws, dor abdominal, sangramento digestivo, sinais
p'critonite são indicações de cirurgia de urgência. Glucagon
isnrurn Tem efeito inibidor no esfíncter esofágico inferior e
pode aliviar o espasmo do músculo liso na área de im-
ligação Enuuscúulca pactação. O 1/3 superior do esôfago contém músculo
estriado e, portanto, não é efetivo para CE localizado
itratamento de escolha. na porção proximal do esôfago. Efeitos secundários:
- Nantagens: remoção segura da maioria dos corpos náuseas, vômitos, tontura.
anhos, visualização de doença associada e de Dose: 0.02 a 0,03mg/kg intravenosa. Não exceder
ujtrplos corpos estranhos e/ou não radiopacos. 0,5mg.
geralmente, utiliza-se o endoscópio flexível. 0 en-
. nsçpópio rfgido ou laringoscopia direta têm indica- BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
'
" ‘para remover objetos na hipofaringe, esôfago pro-
ARANA, HL; HAUSER, B.; HACHIMI-IDRISSI, S. et al. Management
f’ al e objetos pontiagudos impactados no esôfago. of ingested foreign bodies in childhood and review of the literature.
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Diafragma

ASG“ Hérnia Díafragmática Congênita..............................


...........................
301

....................................
E] Hérnia Diafragmática delMorgagni 313
Eventração Diafragmática 315

«W V .
.
Hérnia Díafragmátr'ca Congênita 301

111111111 511

fârnia
Diafragmática

L
bngénita

ovóás
ia u

cão Carlos Ketzer de Souza

eito congênito do diafragma causado pela persis—


1 neta do canal pleuroperitoneal com passagem de
'
s intmperitoneais para a cavidade torácica e
'

.nsEquente atelectasia e/ou hipoplasia de um ou ambos Figura 56.1 — Hérnia diafragmática congênita.
”pulmões (Fig. 56.1).

11111101011111 nu 11111111111111 E naum todas as ramificações da árvore traqueobrônquica (da


nrnnumnncn traquéia aos bronquíolos terminais) estarão completa-
mente desenvolvidas. Essas ramificações, denominadas
'“dhiafragma
é formado entre a quarta e oitava sema-
pré-aeinares, poderão aumentar em tamanho acompa-
nhando o crescimento do pulmão, mas não poderão
formar novas ramificações após a 16E semana. Entre
a l7E e a 24a semana intra-uterina (estagio canalicular)
1
financial derivada da escavação dos músculos da parede), inicia—se a diferenciação das vias aéreas com gradual
º '0 defeito diafragmático ocorre muito precocemente
alargamento do lúmen e começam a se formar bronqur'o-
'
na'gestação, no período em que o intestino está retor- “los respiratórios, ductos e sacos alveolares. Qualquer
. arido a cavidade peritoneal (entre a oitava e décima compressão pulmonar no estágio pseudoglandular vai
,?“emanas
'11 . .
de Vida intra-uterina) e o pulmão encontra-se
.
o estágio pseudoglandular de desenvolvimento. Ocor- provocar diminuição no número e calibre das vias aéreas
:or
falha ou fechamento incompleto das membra-
L"pleuroperitoneais postem-laterais do diafragma.
condutoras. A quantidade de alvéolos por ácino será
normal: mas o número absoluto de alvéolos estará
e:a_ passagem das vísceras ocorrer antes do fecha- diminuído por causa do número reduzido de ramificações
into
completo das membranas pleuroperitoneais,
do haverá saco herniário. Entretanto, se a membra—
brônquicas. «

Concomitantemente ao desenvolvimento pseudo-


ílpleuroperitoneal já estiver formada, mas ainda não glandular da árvore traqueobrônquica, há'êdesenvolvi-
_uscularizada, saco hemiário será observado em 10 mento das artérias musculares denominadas pré—acinares.
0% dos casos. A passagem de vísceras abdominais Até a 16! semana, todos os ramos pré-acinares também
gpara o tórax pode ocorrer precocemente, causando hi— deverão estar desenvolvidos. Essas artérias, posterior-
goplasia pulmonar grave, ou ocorrer tardiamente, mente, só irão crescer em comprimento e diâmetro. 0
causando pouca alteração no desenvolvimento pul- leito vascular pulmonar também estará reduzido devi-
-.m9nar. O aparecimento de hipoplasia pulmonar vai do à diminuição no número e tamanho. Os vasos que
aºlºlpender também das vísceras que migraram e se a acompanham o desenvolvimento dos bronquiolos (até
nªlgração foi intermitente ou não. o bronquíolo terminal) são denominados de pré-acinares.
iliccente
v.?lªsra
evidência experimental sugere que a hipo—
pulmonar origina—se precocemente na embrio-
Os vasos que acompanham os bronqufolos respirató-
rios, ductos alveolares e ácinos são denominados intra-
génese, antes da hemiação visceral ocorrer. Logo, um
»
acinares, sendo os mais proximais parcialmente mus-

«um
“,
Efeito
pulmonar primário poderia causar malforma-
gªy do diafragma fetal“.
4
cularizados (muscularizaçâo espiralada). Osmais distais
não são muscularizados. Na presença de hérnia dia-
.».i fragmática com hipóxia persistente, haverá um aumento
'

jmmnmmn Ilº PM“. E llll'lll’lllSlll anormal da espessura da camada média das artérias
pré—acinares (artérias musculares) com a consequente
.Jlll'lllllll‘ diminuição do diâmetro externo delas e extensão da
g

“35 º final da 16Idosemana de vida intra-uterina (estágio


muscularização mais perifericarnente em direção às
,íªudºglandular desenvolvimento pulmonar) quase artérias inu'a-acinares (não-musculares fetais) (Fig. 56.2).
«»:
302 I Diafragma

Bronqulalo
terminal
pmialmenu
musculalizadn Bronqulolo
respiratório

nio-muscular

Figura 56.2 - Desenvolvimento da vascularização pulmonar acompanhando o crescimento das vias aéreas. (A) Vascularízação
pulmonar normal. Vasos pré—acinares são muscularizados e os intra-acinares proximais são parcialmente muscularízados. (a)
Em hérnia diafragmática há aumento da espessura da camada média das artérias pré-acinares e extensão da muscularização
em sentido distal. (C) Corte transversal de uma artéria pulmonar pré-acinar em paciente normal.’(D) Cone transverse de uma
artéria pulmonar pré-acinar em hérnia diafragmática, mostrando aumento da espessura da camada média e diminuição do
calibre. Adaptado de Reid’.

[Pllillllllllilll llllflllllll filllllllll


lPrevalência: 113.000 a 5.000 nascidos vivos. Essa O início dos sintomas está relacionado ao grau de
estimativa ignora o significativo número de óbi- hipoplasia pulmonar e ao aparecimento de hiperten-
tos fetais e neonatais que não são reconhecidos são pulmonar.
ou que ocorrem antes da transferência para um
centro de atendimento terciário.
II
Poliidrâmnio pode ser observado ao nascimen-
to. E causado pela diminuição do volume de ll-
IHérnia diafragmática de Bochdalek correspon-
quido amniótico deglutido pelo feto pela existência
dº ª90% detodas as anormalidades diafragmáticas de obstrução digestiva causada pela hérnia.

L-strvuçgm
que afetam º fetp e º recém—nascrdo. INoventa por cento das hérnias são sintomáticas

' Lado dª hérnia: 85 a 90% ªªquºrdªªr 10 a 15%


direitas ª menos que 1% bilaterais. '
nas primeiras 24h. Pode manifestar—se desde o
nascimento, em minutos, horas, dias, semanas,
' Sexo: 3M12F- meses e anos. Recém—nascido sintomático nas

.
IAnomalias associadas: 10 a 57%. As explicações primeiras 6h. de vida é considerado de alto risco
para essa disparidade encontrada são: inclusão e é fan),- prognóstico de mortalidade.
de anomalias diretamente relacionadas à hérnia . Sinais de sofrimento respiratório (taquipnéia, re-
diafrag'mâtica (hipoplasia pulmonar, persistên- trações, cianose).
cia do ducto arterial, hipoplasia do coração, má- I
Hemitórax afetado abaulado e abdome escafóide
rotação intestinal), inclusão de natimortos, dife- (Fig. 56.3).
rentes condutas diagnósticas e diferentes indices Dextrocardia para o lado contralateral ao da hérnia.
de necrépsias nos diversos servioos. AS anoma- Ausência ou diminuição do murmúrio vesicular.
lias congênitas mais comuns, em ordem deeres- u! Diminuição dos ruídos hidroaéreos abdominais.
cenle de incidência, são: cardíacas (10 a 30%), As principais manifestações tardias da hérniasão:
geniturinarias, gastrointestinais, sistema nervoso obstrução intestinal, retardo de crescimento, estran-
central (hidrocefalia, anencefalia, espinha bífida), gulamento elou perfuração de víscera oca inualº-
esqueléticas e cromossômicas (trissomias 13,18 rácica (principalmente estômago), pneumomªª
e 21). São encontradas, freqiientemente, mais do de repetição.
que uma anomalia congênita associada. Os de-
feitos cardr'acos mais comuns são hipoplasia
cardíaca, defeitos do septo atrial, defeitos do septo IIIIIGIIIÍS'I'IGII
ventricular, tetralogia de Fallot, truncus arteriorus
e coarctação. Pré-natal
' I
Noventa e cinco por cento dos natimortos têm m Ultra—sonograíia pré-natal: visualização de viscerªls
anomalias congênitas associadas. abdominais intratorácicas (alças intestinais, °_“
ll Sobrevida global: 40 a 70%. fígado), desvio de mediastino e coração da 11'
He'mia Diafragma'tica Congênita 11
303

f‘56:! — Achado clinico característico da hérnia dia-


ticªa“: hemitórax afetado abaulado e abdome escafóide.
a,.

1.
Figura 56.4— Hemitórax esquerdo mostrando imagens clsticas
aéreas compativeis com padrão radiológico de alças intesti-
-resença de área de ecogenicidade aumen- nais, desvio do mediastino e pouco ar no abdome (hemiabdome
grid 'a base do tórax, peristaltismo visível dentro
ã'õyt'órax, poliidrãmnio. O diagnóstico pode fal—
esquerdo).

;fãij'em 40 a 50% dos casos. A visualização do


. ffg'a'do depende da informação indireta da pre—

gªg;das veias porta e hepática acima ou abaixo ção intratorácica do estômago pode distorcer o
A
"”ad-diafragma. duodeno, produzindo dificuldade no esvaziamento
" nãncia nuclear magnética ultra—rapida é mais gástrico, que por sua vez causa poliidrâmnio e
'rada na detecção do fígado hemiado. fomecendo dilatação gástrica com significativo aumento de
“visualização direta intratorácica. É mais útil volume intratorácico e compressão pulmonar e
do ducto arterial. O poliidrâmnio também pode
ser causado por compressão direta do esôfago.
II A presença de compressão pulmonar pode levar
'à atelectasia ou hipoplasia pulmonar uni ou bi-
lateral. .

História
e exame físico.
:fia‘diografia de tórax: desvio do mediastino para
IA presença de distorção e compressão do ducto
arterial fetal pela hérnia diafragmática pode causar
inããôcontralateral, imagens císticas aéreas com—
êijéis com o padrão radiológico de alças in-
hipóxia persistente pelo aumento do fluxo sanguí-
neo,pulmonar em um leito vascular pequeno
E'sçtirnais
no hemitórax comprometido (geralmente
" àq'tierdo) (Figs. 56.4 e 56.5). Corn hérnia di-
(hipoplasia adquirida pela compressão do leito
vascular pulmonar em formação) e hipertensão
teria", alças intestinais podem também causar esse
adrão de imagens císticas, embora o fígado possa
“Jão ;

1“ quear a passagem delas para dentro do torax


gs _até herniar no hemitórax direito, mostrando
,

,U agem radiológica sugestiva de eventração


;_;, ªiãfragmática.
,:Radiografia de abdome: diminuição de ar no ab-
dpme (Fig. 56.6).
nª? dúvida diagnóstica realizar radiografias con-
lytstadas do tubo digestivo alto (esôfago, estô-
,ªgo e duodeno).

Figura 56.5 — Hemitórax direito com imagens sugestivas de


“& Presença de poliidrâmnio pode ser explicada
alças intestinais. desvio do mediastino. Observar a imagem
lliela
obstrução do esôfago ou duodeno. A posi— aérea do estômago no abdome.

-W “”f"zº 1 .
<—
304 . Díafragma

w,
A hipoplasia ventricular esquerda (no caso de hémia
esquerda) contribui para a diminuição do rendimem0
cardíaco, diminuição da pressão sanguínea sistêmicª.
e consequente aumento do shunt direita —-> esquerda
em níveis atrial e ductal, hipóxia e acidose.
Quando há hipoplasia pulmonar grave, com ina-
dequado parênquima pulmonar e leito vascular, es-
sas crianças apresentam lesão estrutural fixa e irreversível
refratária a todas as formas de tratamento e incom.
patível com a sobrevida. O leito vascular pulmonare
o tecido pulmonar são inadequados e incompatíveis
a s .- ! :
com a sobrevida. Hipoplasia pulmonar incompatível com

.
a vida está presente em apenas 15% dos casos.

classltieaçãutla Hinnnlasia Pulmonar


conforme Berdnn Modificada

_ .e
«.9
:
e1Grupo l: pulmões bem dêsenvolvidos ipsilateral
Figura 56.6 -— Imagens clsticas aéreas no hemitórax esquerdo. e contralateralmente, os pacientes apresentam-
Ausência de imagens aéreas no abdome. se clinicamente após as primeiras 24h de vida e
invariavelmente sobrevivem.
n Grupo 2: hipoplasia pulmonar grave de‘ambos
pulmonar fetal. Essa diminuição de oxigênio intra- os pulmões e sobrevida extremamente pobre,
uterino pode causar constrição vascular pulmo- apresentando-se clinicamente com menos de 6h
nar anormal e hipertrofia muscular excessiva.
m A presença de hérnia diafragmatica no período
de vida.
50mml-Ig.
PaO2
pré e pós—ductal não ultrapassam
fetal, principalmente esquerda, pode levar à Grupo 3: hipoplasia pulmonar moderada a grave

ã z x - s u vl ç L
hipoplasia do ventrículo esquerdo, ao causar com— do pulmão ipsilateral associada a pulmão contra-
pressão do atrioesquerdo. diminuição do shunt lateral razoavelmente bem desenvolvido e hiper-
D -> E (direita '— esquerda) através do forame tensão pulmonar labil.
oval, aumento da pressão da artéria pulmonar e
do fluxo sanguíneo em urn leito vascular peq'ue—
no, aumento do diâmetro da artéria pulmonar e Tlllll'llMElll'll Hllllllflfllllflfllflfl PRÉ-NATI“
do ducto arterial. O hipodesenvolvimento do
coração é causado pela compressão intra—uterina Q parto é planejado para ocorrer quando o bebê es-
pelas vísceras herniadas e pela diminuição do BiVer a termo ou próximo disso. A mãe recebe beta-
shunt D —> E pelo forame oval. 0 desenvolvi-
metasona (12mg IM, divididos em duas doses de 24/24h,
mento das câmaras cardíacas depende do volume antes da 34! semana de gestação). Melhora a maturação.
complacência e morfogênese pulmonares e a produção
do fluxo sangiiíneo. Fluxo reduzido resulta em
hipodesenvolvimento. de surfactante (aumenta o númeroemelhora as funções
dos pneumócitos tipo II, responsáveis pela produção 1;
de surfactante), reduzindo a incidência de doença da
Perlnnn Neonatal _ membrana hialina, diminuindo a ocorrência de hemor-
Nos casos de hipoplasia pulmonar moderada (presença ragia intraventricular e enterocolite necrosante, Pre0<
de parênquima pulmonar ainda compativel com a cupações com seu uso: restrição do crescimento corpofill
sobrevida) e leito vascular pulmonar também hipo- e evidências de retardo na mielinização nervosa.
plasico, notaremos lesão estrutural fixa e alteração
funcional, potencialmente reversível: a hipertensão pul-
monar. Pode haver períodos de adequadas oxigenação
Ffl'lllllES PlilllillfiSTlBllsxllf-llflllls
Nenhum é uniformemente preditivo do prognóSllCº-
e ventilação.
Marcadores de mau prognóstico em ultra-sonogram
Hipertensão pulmonar é causada por um leito vas- fetal:
cular pulmonar hipoplásico e anormalmente muscula-
rizado e, portanto, excessivamente reativo a fatores I Diagnóstico gestacional precoce.
precipitantes de vasoconstrição (acidose, hipoxemia, HI Desvio intenso do mediastino.
hipotermia, hipotensão) e estímulos externos comuns Poliidrãmnio.
em UTI pediátricas (aspiração endotraqueal. proce- u Hipodesenvolvimento do coração esquerdo.
dimentos dolorosos. tais como injeções intramuscula- Presença de estômago no tórax.
res [IM] e venóclises, sons altos e mudanças freqiientes I Presença de fígado no tórax, em hérnia diafrªg'
de posição). mãtica esquerda.
* da;)área transversa pulmão-tórax (L/I‘ =
11, 1 ãora
13710 comtorácica. Seção
ultra—sonografla. Área pulmonar

grªm/área no nivel da vistatransversa


rigor/311211111
do tó-
das quatro cã-
ª nªs cardíªcªs na fase final da diastole.
— Hérnia Diafragma'tica Congênita

lA formação de um pulmão políalveolar com número


aumentado de alvéolos por ácino. Após a 16E
semana de vida intra—uterina (estágio pseudoglan-
dular), o aumento das ramificações da via aérea
e bastante improvável de ser induzido pela OT.
IO crescimento pulmonar em resposta à OT cos—
I
305

tuma ser muito variável. Alguns não crescem, outros


crescem tanto que causam compressão cardíaca
e hidropsia.
A 01‘ pode ser realizada por meio de três técnicas:
IOT aberta: em que pequena histerotomia expõe
as extremidades superiores, deixando a cabeça
fetal dentro do útero. A traquéia fetal é díssecada
00%. Permanece incerto se o índice LHR é meticulosamente por meio de incisão cervical
iuado na hérnia diafragmática direita e após a transversa e a traquéia ocluída por dois hemoclipes
“semana de gestação. grandes. Risco: lesão do nervo recorrente.
I OT videofetoscópica (FETENDÓ) sem histero-

tomia em que os clipes são colocados por video-


endoscopia. São necessários três a quatro portais.
Tempo operatório costuma ser longo. é freqtien-
te a lesão do nervo recorrente e vazamento do
rªre ão cirúrgica intra-uterina com redução das líquido amniótico.
XSPÇfªS herniadas e reparo do defeito diafrag- I OI‘videofetoscopica com colocação de balão intra-
ático em um período da gestação em que o cresci- traqueal ou plug. Colocado de forma percutânea
1:110 pulmonar fetal possa realizar—se normal-
ente, fornecendo suficiente reserva pulmonar
e endoscopicamente através de uma porta sim-
ples de trabalho.
ipês-natal. um conceito teórico atrativo. Po- Alguns autores preconizam a reversão da OT após
ªêinª, os resultados têm sido desalentadores e está quatro semanas, se necessário intra—útero ou logo ao
“ _se totalmente abandonada.
nascimento. Em geral, a desobstrução traqueal deve
rªlusão temporária da traquéia (OT) fetal, re—
ser realizada por parto cesáreo, antes da ligadura e
ando em aumento do fluido pulmonar e con— secção do cordão umbilical por meio do procedimento"
conhecido como EXIT (ex utero íntrapartum therapy)
com bypass placentário. Nesse procedimento, a ca—
beça e os ªombros são retirados pela histerotomia,
preservando 0 volume uterino e amnioinfusão contí-
nua e usada para evitar compressão do cordão umbi—
lical. Relaxamento uterino é mantido por anestésico
inalatória e tocolíticos. É preservada a circulação útero-
placentária, permitindo a troca continua de gases
respiratórios. *

)' Tntratorãcicas na cavidade a


,

"ª_n Estimular, talvez, a liberação de fatores de cres- Indicações: hérnia diafragmática isolada, diagnóstico
antes da 25 ª semana de gestação com fígado herniado
_cimento eSpecíficos.
,. .
oblemas com a técnica:
e LHR < l.

ºf Ílulmões distendem, mas não sofrem matura- TllllTllHEllTll PllE-lll’Ellll'l'fllllo PDS-lllll'fll.


$$$. causando deficiência qualitativa e quanti-
ty; iva do surfactante. A oclusão traqueal diminui Medidas Gerais
número e função dos pneumócitos tipo 1], células Hérnia diafragmática é uma emergência fisiológica,
fªsponsáveis pela síntese e secreção de surfactante.
Deye selecionar- não cirúrgica.
INPO (m'! per os: nada via oral).
T v “!
.
I SNG (sonda nasogástrica) nº 10_com aspirações
frequentes, reduzindo a distensão intestinal intra-
ºfªç㺠da oclusão traqueal (OT) antes do torácica.
fªªºlmento parece que também não restaura a !Posição semi-sentada.

;“nçªo respiratória normal pós—natal. E Manutenção da via aérea. Se necessário, reali-


zar entubação endotraqueal. Não ventilar com

( u y ,—
~.
306 n Diafragma

máscara e balão pelo risco de distender alças sistêmica acima da pressão pulmonar e assim dimi.
intestinais intratorácicas. nuir o shunt D —> E. Agentes e doses: dobutamina (5
I Manutenção da temperatura corporal. a lOpg/kg/min) e dopamina (3ug/kg/min).
I Manter hematócrito entre 35 e 45%.
I Acesso venoso adequado.
I Hidratação parenteral: 4mng/h + reposição das Estabilização Pré-oneratoria com Belarus
perdas pela SNG.
I Cateter urinário para controle da diurese. Man«
no 1111111110 cirúrgica
A hipertensão pulmonar reacional diminui durante Os
ter débito urinário acima de lrnleg/h. primeiros dias de vida. Uma cirurgia de urgência nas
I Antibióticos profiláticos (ampicilina + gentami-
primeiras horas de vida seria realizada durante um
cina). Discutível seu uso. Não temos usado de rotina período de risco aumentado para desencadear hiper.
I Bicarbonato de sódio é indicado somente para tensão pulmonar persistente, além da diminuição da
manter o pH > 7.20. complacência pulmonar que costuma ocorrer após º
I! Monitoração pré e pós-ductal da
PaOz e PaC01
é realizada, respectivamente, por meio de cate-
reparo operatório. É aconselhado o tratamento pré—
operatorio mais prolongado, seguido pelo reparo ci.
teres colocados na artéria radial direita (ou pun- rfirgico da hérnia de forma semi-eletiva, quando o
ções arteriais repetidas no membro superior direito) bebê estiver mais estável hemodinamicamente (em
e artéria umbilical. A saturação de oxigênio pré e relação à pressão arterial, freqilência cardíaca e perfusão
pós-ductal é medida pela oximetria de pulso por periférica) e com um leito vascular pulmonar menos
sensores colocados no membro superior direito reativo. O momento adequado para a correção cirr'u.
e em um dos membros inferiores. A forma de gica é controverso. Esse período de preparo pré—ope.
tratamento atual tem sido fundamentada nas ratório deve ser acompanhado de diversos parâmetros
dosagens e medidas pré—ductais (reflete a oxigena- clínicos, ecocardiográfrcos, gasómétricos e ventilatórios.
ção cerebral). As pós-ductais sofrem o impacto O período de preparo pré—operatório é muito variâ-
e a influência de variáveis não-quantificáveis de vel e ainda em investigação (geralmente entre quatro
hipertensão pulmonar, potencialmente reversí- e oito dias, podendo atingir até três semanas). A li-
veis, tais como: hipotermia, hipotensão, anomalias teratura, em geral, tem sido favorável ao reparo re-
cardíacas associadas e outras. tardado. Porém, diversos pesquisadores do assunto
Gasometria arterial,.hemograma completo, pro— não acreditam que o reparo retardado seja responsá-
vas de coagulação, perfil bioquímico. vel pela melhora da sobrevida.
tl Pressão venosa central, se necessário. Deve ser Achados ecocardiográfrcos e com Doppler sequen-
mantida entre 5 e lºmmllg. ciais providenciam evidência objetiva d regressão e
I Radiografia de
tome de abdome para confirmar. estabilização da hipertensão'ªpmm. e incluem a

L-SoAlvnsua
o diagnóstico, posição do tubo endotraqueal, po- .;ause‘nc1'a ou diminuição dos seguintes: shunts D —) E
sição da'SNGjposição do cateter na artéria um« 1(fluxo passa a ser E —> D) pelo ducto arterial e forame
bilical e em bebês com suspeita de pneumotórax. oval, desvio do septo interventricular para a esquer-
ll Ecocardiografiacom Doppler (eco-Doppler) em da, insuficiência trjcúspide, dilatação ventricular direita
todos os casos para identificar a presença de doença e pressão sistólica da artéria pulmonar > 2/3 da pres-
cardíaca estrutural, determinar se há hipoplasia “'são sistêmica estimada (cálculo:,realizado por'mciº
do coração, estimar pressão da artéria pulmo- de eco-Doppler e com base na velocidade do jato de
nar, grau de shunt e definir o momento ideal da regurgitação tricúspide). Dados clínicos e laborato-
cirurgia. riais podem também evidenciar essa estabilização he-
n Evitar fatores que possam desencadear aumento modinâmica: pressão arterial e freqiiência cardíaca
do vasoespasmo pulmonar e hipertensão pulmo- estáveis, boa perfusão periférica, diminuição < lOmmHg
nar: hipóxia. hipotermia, acidose, aspiração endo- na PaOz pré e pós-ducta] entre dosagens simultâneas
traqueal, procedimentos dolorosos e outros. dos gases sanguíneos, nenhuma flutuação na oxigenaçãº
m Uso de vasodilatadores pulmonares é problemático, pré e pós-ductal notada com estímulos externos (ªªª
pois causam também dilatação da circulação piração endotraqueal, estímulos dolorosos e outro-S),
sistêmica, diminuindo a resistência vascular pe- PaO aceitável (> 60mmHg), saturação do O arteriªl
riférica. Os mais usados são: nitroglicerina, nitro- Z 8 mmHg presente em um período de 12h com tra—
prussiato de sódio, prostaglandinas e tolazolina. tamento adequado, acidose metabólica corrigidª.

Agentes'vasomssares 111111 autorização


'Utilizadns para manter a pressão arterial sistêmica e Evitam-se os relaxantes musculares. Respiração espºn'
melhorar a contratilidade miocárdica. Se há hiper- tânea é bem-vinda, pois diminui o barotrauma. Fªz Pª)"e
tensão pulmonar ou hipotensão sistêmicagagentes da estratégia utilizada de hipercapnia permisswfl'
inotrópicos podem ser usados para elevar a pressão introduzida por Wung‘.

.. -..a, ,
Hérnia Diafragma'tica Congênita I 307

rando ondas de pressão positiva e negativa (expiração


também passa a ser ativa). Gera freqíiências > 3Hz
(ll-lz: 60 ciclos). Tem sido preconizada nos casos
não-respondentes a ventilação convencional e à VPPAF.
Teoricamente, apresenta as seguintes vantagens no
tratamento do bebê com hérnia diafragmática (HD):
uíaçãn Mecânica convencional In Consegue adequada oxigenação e ventilação com
pequeno volume corrente. 0 volume corrente é
"lação mandatória intermitente (IMV), ventila-
menor que o espaço morto anatômico (l a 3mljkg).
mándatória intermitente sincronizada (IMVs), sem
oéntilagioy sem indução de alcalose, sem rela- :: O baixo volume e a frequência alta fazem efeti-
eg musculares, com hipercapnia permissiva (tentando va troca de CO2 e 02 com pressões de pico em nível
Tar at paCO2 < 60mmHg) e oxigenação adequada, alveolar.
“do uma saturação de oxigênio pré-ductal (SaO ) El Utiliza mínimas variações de pressão e de vo«

ou
PaOl pré—ductal > 50mmHg. O objetivo lume de ventilação. mantendo os pulmões com
um volume relativamente constante, acima da ca—
forma de ventilação suave é ventilar e oxigenar
Ãusar barotrauma, aguardando a remodelação pacidade residual funcional, minimizando a in-
asculariznção pulmonar. Ventilação gentil é a cidência de barotrauma, atelectrauma (subutilização
. egia respiratória caracterizada pela preservação da PEEP, permitindo o fechamento e a abertura
”ª ' ªção espontânea, hípercapm'a permissivo e «
de unidades alveolares de forma'cfclica) e volu-
, ªmento de altas pressões de ventilação. trauma (volumes correntes excessivos e supradis-
Zªparãmetros iniciais do ventilador (fluxo contí— tensão cíclica dos alvéolos).
I Recruta parênquima pulmonar com baixa pres-
ítentilação limitada por pressão e ciclagem por
pçicostumam
'
ser: FiO2
l, o tempo inspiratório (T1)
s, pico de pressão inspiratória (PIP) entre 20 e
são alveolar.
I Melhora a distribuição do surfactante durante a
“%]ij ajustado o suficiente para provocar excur- administração exógena e complacência pulmonar.
abdominais e torácicas visíveis, PEEP (pressão Indicação: hipóxia (saturação pré—ductal persis-
no final da expiração) 3 a ScmHzO, frequên- tente < 80% elou hipercarbia persistente: PaCO2
é'ãpiratória entre 30 a 50cpm_e fluxo de gás entre
min. Saturações pós-ductais baixas (60 a 70%)
> 65%) refratária ao tratamento com VPPAF.

aceitas desde que as saturações pré-ductais per- Vasnnilataeas Pulmonar Seletiva com
ç'am 2 85%. Inalação Ile (lutou Nítrico
durante a utilização dessa técnica convencio—
Lyentilaciio mecânica o paciente apresentar: SaO2 A vasodilatação pulmonar seletiva com inalação de
ctal entre 80 a 85%, PaCO2 > 60 a 65mmHg e
óxido cítrico (ON) pode ser usada nos casos que não
we‘ntos torácicos paradoxais e retrações, deve- estão evoluindo bem, necessitando de PIP > 30 com
[far a ventilação para um método não conven—
allqçm frequência respiratória em 80 a lOOcpm ventilação convencional, antes de ser indicada a oxige—
= ventilação por pressão positiva de alta nação de membrana extracorpórea (ECMO).
cia), tempo inspiratório de 0,3s, PIP 20cm H20, ON end’ogeno é produzido .a partir da L—arginina
. “pcm 1-120
(evita a PEEP inadvertida gerada pelo pela ação da enzima ON-sintetase, presente _nas ce<
Dªte-mp0 inspiratório) e fluxo de gás entre 10 e lulas endoteliais. ON endógeno difunde-se nos mús-
Ãwm'm. Tem o objetivo de aumentar a ventilação- culos lisos vasculares, estimulando a síntese de guanosina
.1-
_to, suavizando os movimentos paradoxais da caixa monofosfato cíclico (GMPc) que relaxa a musculatu-
áctca, sem aumentar o PIP. ra lisa local dos vasos onde abundam (pulmões e cor-
';“stratégia de usar hiperventilação pulmonar, pos cavernosos). ON inalado difunde-se do alvéolo para
'inização e paralisia com curarizantes está aban- dentro da musculatura lisa dos vasos pulmonares, onde
(Hildª. pelo comprometimento da fisiologia cardio- aumenta a concentração de GMPC, produzindo vaso-
llar. barotrauma, desenvolvimento mais fre- dilatação pulmonar. As fosfodiesterases (PDE) degra-
Lº de dano no parênquima pulmonar e perda dam os monofosfatos, inativando seus efeitos. A GMPc
dição. é rapidamente desativada pela enzima fosfodiesterase
tipo 5 (PDE-5), que é inibida por zaprlnaste, dipiridamol
viação Osellalúria ue 1111a 11111111 ncia e sildenafila (Fig. 56.7). Uma vez na circulação sistêmica,
o ON e rapidamente ligado a hemoglobina e inativado,
w mªção oscilatória de alta frequência (VOAF) parece formando metaemoglobina com produção de nitratos.
lima técnica valiosa na estabilização pré-operató- Esse mecanismo evita hipotensão sistêmica e limita o
5'10 tratamento respiratório trans e pós-operatório.

ª"
efeito vasodilatador pulmonar.
Posta de uma fonte de gás contínua e de um Parece ter papel significativo na hipertensão pul—
,? l
que produz oscilação de uma membrana, ge—
.“
monar persistente do recém-nascido, mostrando di-
à

É
308 n Diafragma

minuição significativa da necessidade de ECMO. Estudos mento cardíaco é incerto. Talvez seja secundário à
.de metanalise mostraram que não melhora a sobrevida redução na pós—carga do ventrículo direito ou efeito
a_na hérnia diafragmática. Mesmo assim, continua sendo miocárdico pelo aumento do GMPc. Não ªpresentª
efeitos adversos em outros sistemas hemodinâmicos.
‘.un-M'«
-; ” “ª
usado na esperança de algum sucesso elou redução
ou oxigenação. Melhora a ação do óxido nítrico, po.

, a.
da necessidade de ECMO nessas crianças.
l-lá limitada experiência clínica com o uso de ON em dendo, também, ser usado na retirada dele.
recém—nascidos com hérnia diafragmática. A dose ideal Pesquisa recente em modelo animal revelou que,
é a mínima efetiva (i 20ppm). Efeitos tóxicos: diminuição quando a sildenaiila foi utilizada em combinação cºm
o ON, produziu deterioração inaceitável da oxigenação »
da adesão e agregação das plaquetas, maior risco de
sangramento, dano pulmonar por ação oxidante, ação ao aumentar o shunt intrapulmonar e causar vasodi.
latação sistêmica e hipotensão.
mutagênica e disfunção do surfactante. Seus resultados
podem ser melhorados quando usados em conjunto com O uso de sildenaflla continua sendo debatido e [|on 3m

was»: tir—.a .:
surfactantes exógenos. O efeito do ON também pode pesquisas serão necessárias para definir sua utilidade
ser aumentado e prolongado pela adição de inibidores em hérnia diafragmática.
da fosfodiesterase (sildenalila). Quando usado associado Dose oral sugerida: 2mg/kg a cada 6h. Outros: 05
a VOAF, parece melhorar o shunt intrapulmonar pelo a Img/dose a cada 8h. O comprimido é esmagado e
recrutamento e manutenção do volume pulmonar, fa— diluído em soro fisiológico e dado via SNG.
vorecendo a liberação de ON no local de ação. r,
Embora o ON possa ser efetivo em alguns pacientes

; s at — " e m
com hérnia diafragmática e hipertensão pulmonar. em
llasuuilatação Pllllllllllfll' Sel-tiva com
.,
geral a sua ação é muito pobre e ele não deve ser Milrinuna

»—
usado rotineiramente. Seu uso deve ser limitado aos Milrinoma que é um inibidor PDE-3. A vasodilatação
pacientes com resistência vascular pulmonar supra- pulmonar pode também ser produzida pelo aumento 3
sistêmica e adequado rendimento do ventrículo es—
querdo (sem fluxo sangiiineo ducto—dependente).
da concentração intracelular de adenosina monofosfato Í ,
cíclico (AMPc) como resultado de sua produção
aumentada (agonistas beta-adrenérgicos) ou de seu
llasuuiiatação Pullgunar Seletiva com metabolismo diminuído (pela inibição da fosfodiesterase
PDE—3). Os inibidores da PDE-3 aumentam a con-
s - z - Q L Ç'

l
Sildenafila magra.] centração de AMPc nos músculos cardíacos e mus-
Sildenaiila é um inibidor da PDE-5 (fosfodiesterase tipo culatura vascular lisa, produzindo efeitos inotrópicos
5), sendo também um potente vasodilatador pulmo- e vasodilatadores pulmonares. Os inibidores da PDE-
nar seletivo. Promove um nível aumentado e susten- 3 são a anrinona, milrinona e teofilina.
tado de GMPc (Fig. 56.7). Além de causar diminuição Os agentes vasodilatadores que aumentam a AMPc
da resistência vascular pulmonar, aumenta o rendimento _incluem o*isoproterenol, prostaciclina, prostaglandina
cardíaco. O mecanismo que causa aumento do rendi— ,El , dobutamina e inibidores da fosfodiesterase. Porém,
a maioria também funciona como vasodilator sistêmico.
Os vasodilatadores que aumentam aAMPc e a GMPc
podem agir sinergicamente ou aditivamente para pro-
ONi duzirem relaxamengo da musculatura lisa vascular.


| Recentes trabalhos têm mostrado em alguns pacientes.
com hérnia diafragmática que a massa ventricular esquerda
também'está diminuída, contribuindo para a hiperten-
Sildenafila _ “MPC &o— são pulmonar e o rendimento ventricular esquerdo _
ã. diminuído. Talvez esse seja o mais importante deter-
minante da pouca, ou nenhuma, resposta ao ON. ESSE
PDE-5 & rendimento ventricular esquerdo diminuído torna a
' É circulação sistêmica dependente do ventrículo direito
S-GMP
Vasodilatação
;_g para a adequada perfusão sistêmica. Nesses casos, tem
sido preconizado o uso de prostaglandinas (PGEl) pan!
2
manter a permeabilidade do ducto arterial e a melhorª
farmacológica da contratilidade miocárdica e [endl-
mento cardíaco do ventrículo esquerdo com milrinonª.
Figura 56.7 JMecanismo de ação do óxido nítrico inalado um dos inibidores da fosfodiesterase PDE—3.
(0N1) e ação da sildenafila. ONi ativa a enzima GMPc protel-
na
(mesa. leva
que da concentração
ao aumento de GMPc
na musculatura lisa vascular. Aparece relaxamento da mus- Suriactama
culatura lisa. PDE—5 inativa a GMPc. A sildenafila inibe a ação Em adição à hipoplasia pulmonar, resistência vachlflr
da fosfodiesterase, aumentando a concentração de GMPr.
GMPc = guanosina monofosfato cíclico; PDE-5:fosfodies- pulmonar elevada, vasorreatividade anormal & Pfº'
terase tipo 5. sença de mediadores vasoativos elevados, existe ªln'
I
i
|
,

Hérnia Diafragmátíca Congênita M


309
£

aaeficiéncia relativa da produção de surfactante, ne— — hipnótico


Anestesia geral é realizada, preferentemente, com
tipo fentanila jpg/kg em bolo intravenosa
óêgsitando de complementação exógena. O surfactante,
(IV), até o total de 25 a SOug/kg e curarização
_ &?th Érofilaticamente, aumenta a capacidade pul-
'

fn'ªânar (Dial, a estabilidade dos


melhora durante
«gi-bnquíolos respiratórios a.fase
alveolose
expiratóna
com relaxante muscular não-despolarizante.
—- tro da cavidade abdominal, geralmente hipo-
Após a redução do conteúdo herniado para den-
itando o colapso das was aéreas distais e perda do
.
lumª pulmonar. Por
fi’a-melhom da causa
complacência
disso, seu uso provoca—
pulmonar, redução na
desenvolvida, o seu fechamento poderá causar
pressão intra-abdominal muito aumentada, res—
tringindo a função respiratória e comprimin—
'[âêistência vascular pulmonar e diminuição do fluxo do & cava inferior. O anestesista deve auxiliar
ânguíneo pulmonar e do .rhnnt extrapulrnonar. De-
'

'
“tº a ser administrado o mais precocemente possí- o cirurgião a determinar o grau de restrição
“l. preferencialmente antes da primeira respiração, respiratória e a necessidade de criar uma hér—
ois costuma ser inativado pelas proteínas séricas nia ventral temporária.
ILaparotomia subcostal realizada dois centíme—
uavasadas nos alvéolos (fenômeno da inativação). tros abaixo do rebordo costal. Um pequeno coxim
'iventilação inicial do paciente com hérnia diafrag—
deve ser colocado debaixo da transição toraco-
,
“ãtica pode produzir suficiente barotrauma e transu—
d ões de proteínas, inativando o surfactante exógeno. lombar ipsilateral para elevar a margem externa
or isso, deve ser enfatizada nesse momento a impor— da incisão, permitindo melhor exposição.
!Campos operatórios são colocados de maneira a
ánma do diagnóstico pré—natal da hérnia diafragmática.
'surfactante deve ser instilado a cada 6h (quatro doses), permitir fácil acesso ao hemitórax contralateral
'
ndo a primeira dose administrada, preferencialmente, no caso de ocorrer pneumotórax contralateral in-
tra-operatório.
'
mies da primeira respiração (necessário o diagnósti—
cafpré-natal). Dose: 100mg/kg de fosfolipídeos. Tem n Objetivos cirúrgicos: definir precisamente a ana-
tomia, dissecar tecidos meticulosamente, pres-
'idoados
sugerido seu uso associado ao óxido nítrico.
tar atenção à hemostasia (principalmente pacientes
observacionais não sugerem benefício com
o de surfactante nos pacientes com hernia dia- em ECMO), o reparo deve ser feito sem tensão,
gmática. Seu uso é controverso. tratar malformações associadas.
II Identificar adequadamente o defeito diafragma-
tico, reduzir as vísceras herniadas com delica-
enganação ue Membrana Ertracamúrea deza, visualizar o pulmão hipoplâsico. Caso não
seja possível, pensar na possibilidade de existir
'
em sido indicada nos centros que a possuem para os
um saco herniário que deva ser ressecado. A iden—
.bgliês sem anomalias letais associadas e com satura-
'

.tificação do bordo posterior do diafragma requer


. gp pré—ductal > 85% presente em algum momento dissecção precisa da membrana pleuroperitoneal
'9 seu curso. Isso evidencia a presença de adequado
'ênquima pulmonar compatível com sobrevida. que recobre o rim e supra-renal.
I: No paciente eslável, realizar o procedimento de
cações: saturação de oxigênio pré-ductal < 80%
i
frgtária às mudanças de técnicas ventilatórias e trata— Ladd e corrigir anomalias adicionais.
tl Antes do fechamento do defeito, dreno torácico
cmo fan-nacológico. Excluir pacientes com anor—
'

12F ou l4F pode ser colocado sob visão direta


auidades cromossômicas letais, anomalias cardíacas
no 8ª espaço intercostalre retirado por contra-
tivese hemorragia intracraniana significativa.
!— incisão. Atualmente, não temos maiS'utilizado
dreno torácico.
-' (”namento cirúrgico fl Defeitos pequenos e médios são fechados pri-
l Recomendações anestésicas. mariamente no sentido horizontal com pontos
- Evitar o uso de óxido nitroso. pois aumenta o em U, com fios inabsorvíveis 3—0 (preferencial-
volume de gás no intestino herniado dentro da mente usamos tio de poliéster) (Figs. 56.8 e 56.9).
cavidade torácica.
- Verificar a permeabilidade do tubo endotraqueal
se colocado previamente na UTI neonatal. Na
dúvida, trocá-lo. Um tubo com obstrução par-
cial da luz poderá necessitar de troca durante o
transoperatório, ou necessitar de altas pressões

_ de ventilação. _
Dar preferência aos ventiladores infantis conven-
cionais em vez dos ventiladores de anestesia.
A, - Evitar excessivas pressões de ventilação no
esforço de expandir o pulmão atelectasiado e Figura 56.8 (A e B) Defeito diafragmático corrigido por
-
hlpoplásico. Excessiva pressão ventilatória pode meio de pontos em U colocados no sentido horizontal. Adap—
resultar em pneumotórax contralateral. tado de Puríª.

W
mm
"W _
. r
310 II Dialragma

nias diafragmáticas recorrentes. É uma técnica


complexa e propensa ao sangramento. O retalho
muscular e transposto até a cavidade torácica pelo
leito da lOªl costela, que é ressecada. Toracotomíª
é realizada sobre o 7º espaço intercostal, por ºnde
o músculo e saturado circunferencialmente a parede
torácica e qualquer bordo diafragmático. se exis—
tente. A suplementação sanguínea fica dependme
dos vasos perfurantes paraespinhais e intercos.
tais. É discutida a necessidade da anastomose
entre o nervo frênico e o nervo toracoabduminal,
objetivando o impedimento de atrofia muscular
do retalho. A técnica utilizando retalho de mus.
culo abdominal com rotação inferior dos músculos
oblíquo interno e transverso é mais simples. efetiva
e pode ser realizada primariamente nas grandes
hérnias diafragmáticas.
Figure 56.9 — Fechamento do defeito díafragmático com II Quando inexistir a margelfn posterior do diafragma,
pontos em U de fio inabsorvael de poliéster 0-0. a sutura deve ser colocada em torno da costela
subjacente, tomando cuidado para evitar a lesão
do seu feixe neurovascular.
tz Nos casos em que o fechamento do defeito po— er A parede abdominal é fechada com pontos ab-
dera causar uma sutura em tensão e nos casos sorvíveis subtotais interrompidos de poligalactina
com agenesia do hemidiafragma, está indicada 3-0. Se o fechamento for sob tensão, com risco
a colocação de tela, promovendo um fechamento de restringir a ventilação e/ou de criar a síndrome
sem tensão e um contorno diafragmãtico mais
côncavo (Fig. 56.10). Muitos materiais têm sido
do compartimento abdominal (compressão da cava
inferior e diminuição do fluxo sanguíneo renal e
usados como as próteses de polipropileno mono- mesentérico), deve—se realizar distensão digital

|
filamentar (Marlexº), silicone (reinforced Silasticº), da cavidade abdominal (como se faz nos casos
politetrafluoretileno (PTFE), Gore-Tex” (PTFE- dos defeitos da parede abdominal anterior) e indi-

arcs-u L-su
expandido), dura-mater liofilizada e outros. A pró- car—se a colocação de tela de silicone reforçada
tese mais recomendada atualmente tem sido o fixa nos bordos musculoaponeuróticos da pare—
Gore—Tex”. de abdominal. ou o fechamento somente da pele,
E No caso de recofrência da hérnia diafragmática ., criando uma hernia ventral.
pós-fechamento primário, está indicado o uso de
retalhos musculoapcneuróticos. Os retalhos mus- *' No caso de hérnia diafragmática direita, a via de
acesso preferencial é por meio de laparotomia
culares mais utilizados são músculo intercostal, quando o conteúdo herniado for constituído também
músculo oblíquo interno e transverso (o mais por intestino, alem do fígado. Quando somente
utilizado), reto abdominal e grande dorsal. A taxa
o figado estiver hemiado e tivêr forma de ampulhrr
de recorrência varia de 6 a 75% e 6 mais comum ta, o acesso transtorácico através do sº espaço in-
nos casos que necessitaram de telas. O cresci- terqostal direito é o indicado.
mento nonnal da criança leva à tração e eventual
deslocamento da prótese. O retalho do músculo
B 0 drenotorácico é conectado em selo d'água

2cmHIO
com
de pressão negativa. Preferimos deixar
grande dorsal tem sido usado nas grandes hér—
o dreno clampeado, aliviando o clampeamenlº
por um curto período de tempo a cada seis ho-
ras, permitindo delicada expansão pulmonªr e
assim prevenindo balanço do mediastino. Quªndº
a drenagem é colocadaem'selo d'agua sem
peamento, acontece expansão pulmonar muitº
clarii-
rápida com risco de hiperinflação e barotraumª-
Alguns autores preconizam a drenagem [ºff-'mca
bilateral profilática, enquanto outros preconizªm
a não utilização de drenagem torácica. Esses ultimºs
argumentam que o ar pleural remanesçe'l'lte P'º'

Figura 56.10 Defeito diafragmático corrigido pela coloca-


-
tege o pulmão da hiperdistensão, permitindo
lenta expansão contra uma baixa suíl
pressão?“?
ção de uma tela que substitui o diafragma em falta. Adap- positiva. Atualmente, temos preferido a nªº'ºº º
tado de Puri’. cação de dreno torácico.
Hérnia Diafragmática Congênita I
311

p65 o reparo cirúrgico do diafragma, certas


ªções indesejáveis costumam ocorrer pela
proporção de pulmões, tórax (bem desenvol-
o) e abdome (pouco desenvolvido), causando
minuição da complacência pulmonar e risco
Tile barotrauma (Fig. 56.11):
..
Deslocamento do diafragma para baixo, ficando
retificado e sob tensão.
:.. Depressão da caixa torácica, deformando o Pré—operatório Pós-operatório
arcabouço costal flexível da criança.
Figura 56.11 -A redução das vísceras abdominais do hemitórax
dução do conteúdo herniado para dentro do e o fechamento do diafragma costumam piorar a função
abdome, tornando o diafragma e a parede to- respiratória do paciente no pós—operatório imediato. Essas
alterações são causadas por deslocamento do diafragma para
rácica menos complacentes. baixo e sua retificação, deformação do arcabouço costal fle-
Deslocamento do mediastino para a região central xível, aumento da pressão intra-abdominal e deslocamento
pós-descompressão da cavidade torácica, levan- do mediastino. proporcionando hiperexpansão dos pulmões
do à hiperexpansão dos pulmões hipoplásicos. hipoplásicos. Reproduzido de Sakai et al.“.

nãrúsrlno pré—ductal < lOOmmHg, embora todos reconhe-


Prognóstico dos bebês com hérnia diafragmática çam que a melhor Paoz
< 50 e/ou PaCOz > 60
tálassociado ao grau de hipoplasia pulmonar pre- representam hipoplasia pulmonar grave.
“?de ao subseqiiente desenvolvimento de hipertensão n Defeito diafragmático amplo necessitando de
liiiomrdepersistente. Os principais indicadores prog— correção cirúrgica com telas ou retalhos de pa—
icos mortalidade são: rede abdominal ou torácica.
Peso de nascimento baixo.
&Sintomas ao nascer.
'” Escore de Apgar baixo. PERSPECTIVAS FUTURAS Ill TRATAMENTO .
Maior tempo necessitando de ventilação mecânica. u Ventilação pulmonar intratraqueal ou ITG (insu-
resença de pneumotórax. flação traqueal de gás). Essencialmente, traduz-
Anomalias associadas. se pela infusão continua de oxigênio umidificado
Qualquer índice veutilatório existente alterado na traquéia por meio de cãnula colocada na ex-
,significativamente, como: tremidade distal do tubo endotraqueal, produ—
'
.— Índice de oxigenação (IO): MAP x Fio,/Pao2 zindo efeito tipo Venturi. Esse fluxo de gás reduz
1" pós-ductal > 40. MAP ou PMVA:(PIP PEEP) — efe'tivamentep espaço morto fisiológico. faci-
.(.
x (Ti/I‘i-Te) + PEEP em que MAP = pressão

arterial média, PIP ico de pressão inspiratória,
lita a expiração aumentando a eliminação de CO
não causa barotrauma e ventila os segmentos
9: 'PEEP = pressão expuatória final positiva, PMVA pulmonares normais sem o uso de altas pressões
_ . ;ª:pressão média da via aérea, T .
'
de inspiração. ~:.
ª'i-atório e Te = tempo expiratório. “ Ventilação líquida parcial com perfluorocarbono
. " ndice ventilatório :pressão de via aérea média administrada de forma intratraqueal em volume
,, >< frequência respiratória / PaCOz > 1.000. equivalente, até que atinja a capacidade residual
- As determinações dos gases sangiiíneos, es- funcional do pulmão, seguida por ventilação
pecificamente o melhor pré ou pós-ductal
e PaCOz, têm sido relacionadas à hipoplasia
PaO2 mecânica convencional com 100% de O . A alta
solubilidade do oxigênio e dióxido de carbono
pulmonar e têm sido usadas para excluir do
no perfluorocarbono providencia troca adequada
ECMO pacientes com presumida hipoplasia de gás na membrana alvéolo—capilar. Tem como
pulmonar incompatível com a vida. Negar a objetivo a lavagem dos debris da via aérea e dos
terapêutica com ECMO na base da oxigenação alvéolos, reexpansão de alvéolos atelectásicos e
ª pós-ductal pode ser criticado como inapropriado
pulmão consolidado, melhora da capacidade
por causa do significativo, mas não quantificável, funcional residual. redistribuição do fluxo san-
Impacto da hipertensão pulmonar potencial- giiíneo para regiões mais ventiladas do pulmão,
mente reversível, com subsequente shunt D —) E diminuição da tensão superficial global (como
e hipóxia pós—ductal não relacionada a hipoplasia o surfactante), ação citoprotetora do pulmão,
Pulmonar. Por esse motivo, valores pré—ductais, proteção antiinflamatória e carreador eficiente
Émbºra menos comumente usados, são mais
lndicativos do verdadeiro parênquima pulmo—
do O2 e
coz.
e; Crescimento pulmonar pós-natal induzido pelo
nar existente. A maioria dos centros de neona- preenchimento dos espaços aéreos pulmonares
tologia considera de alto risco aqueles com PaOz com perfluorocarbono, líquido não-absorvível,
.312 I Diafragma

WW» administrado pós-natal nos bebês em oxigenação 4. WUNG, J. Management of infants with severe respiratory failure

gªiolª); de membrana extracorpórea e ventilação mecânica. and persistence of fetal circulation without hyperventilarinn
t

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BURGE. D. M.; GRIFFITHS, D. M.; MALONE, P. S, 1. (5d
res) de cadáveres adultos ou doadores vivos, com—
patíveis com o hemitórax do recém-nascido. O
Surgery af the Newborn. Edinburgh: Churchill Livingstone,
p. 331-352
1991:
lobo ou segmento transplantado é colocado no 6. SAKAI. PL; TAMURA. M. HOSOKAWA. Y. etal. Effectofsurgicd
lado com hipoplasia e mantido com imunossupres- repair on respiratory mechaniurn congenital diaphragmauc herniª
são até que o pulmão contralateral sofra maturação, J Pediatr., v. 111. p. 432—438, 1987.
diminuindo a resistência vascular pulmonar, e
trocas gasosas possam efetuar-se adequadamente. BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
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.
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fator de crescimento epidérmico (EGP), fator alfa


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: “. € - r g a
l
._—f
. 5%
——-—— Hérnia Díafragmática de Margagm'

Três elementos diferenciam-se dessa muscularização:


II

partes esternal, costa] e lombar. A parte esternal cor—


responde a uma larga porção ventromedial do septo
313

.1121 Diafragmática
transverso. A falha de fusão entre os elementos tendi—
{it nosos da parte esternal e aqueles crescendo dos sete
arcos costocondrais deixa uma área sem músculo. o

'orgagni
trígono costoesternal. conhecido como forame de
Morgagni. Esse forame estende-se do esterno medial-
mente à oitava cartilagem costa! lateralmente. Isso
forma um pequeno defeito subcostoesternal anterior,
coberto por um saco constituído por uma camada de
pleura acima e peritônio abaixo.

. Côngênita que ocorre através de pequeno de- nunnnu 0lilll00


IA maioria é assintomática. Geralmente como acha-
'"óstoesternal (forame), geralmente não cau- do incidental. _
mfomas ao nascimento e com presença cons- I Sintomas inespect’ficos que podem ocorrer: in-
1.s’s‘a‘m (95%). fecção respiratória recorrente, tosse crônica, ta-
ea“
« ª;, quipnéia, vômitos, desconforto epigástrico (náusea,
‘e’ipsmatamos dor), constipação intestinal.
IRaro: obstrução intestinal.
%:ilização Elmore-medial, em ambos os lados
ao do septo transverso e parede torácica. Oca- I Ran’ssimo: tamponamento cardíaco.

...
rfierite, hérnias bilaterais podem comunicar—se
?fn'édia, formando um grande defeito diafrag- INVESTIGRGÃII DIAGNÓSTIBR
o'anterior. I Radiografias de tórax (antero-posterior e lateral):
\v‘

1111111111111aproximadamente massa anterior retroestemal elou presença de nivel


hidroaéreo mediastjnal inferior (Fig. 57.1).
épéesenta
asitérnias diafragmáticas congênitas.
1 a 6% de todas I Radiografia de esôfago, estômago e duodeno (REED),
ou enema opaco para definir órgão herniado.
fr nilateral direita. 90%; unilateral esquerda, 3%; I Ultra-sonografia abdominal: indicada nos casos
lateral, 7%. A pouca. freqiiência do lado esquerdo de diagnóstico difícil em que o saco encontra—se
m sido atribuída ao efeito de reforço providen- quase sempre vazio, ou contém omento ou fígado.
530 pelo coração e pericárdio.
aifsªcomum em meninos: 4M:1F.
ssociaqio a defeitos cardíacos congênitos (55%),
mrttittm “

“ª“ tação intestinal (25%)etrissomia2l (15a20%). IIndicação cirúrgica: para evitar encarceramento e
estrangulamento e corrigir sintomas, quando exis—
nt'e'w do da hérnia: cólon transverso, omento, tentes. . "3
gado, intestino delgado, estômago, baço.
'a
" rara, como componente da pentalogia de It Vias de acesso: subcostal, transversa supra-umbi-
trell: onfalocele epigástrica, fenda estemal in- lical e mediana supra-umbilical. A via transabdo—
.rmr, defeitos cardíacos (incluindo ectopia cordis minal tem sido indicada pela facilidade de redução
racoabdominal), defeitos pericárdicos e her-
"ardiafragmática anterior.

ªfrggma tem quatro componentes: septo transverso,


'e'gas pleuroperitoneais, miótomos cervicais e
n Ibio dorsal. 0 desenvolvimento embriológico
”J'-ta terceira semana de gestação e se completa
:azntava e décima semanas. O tendão central do
Ímã! desenvolve—se do septo transverso, que é uma
esodérmica localizada anteriormente entre as

‘W
PS pericárdica e peritoneal. Cresce dorsalmente
6,,
se cºm 0 mesentério do intestino primitivo
ateralmente, o septo funde-se à membrana Figura 57.1 — Hérnia retroesternai. Radiografia de tórax em
projeção antero-posterior demonstrando alargamento do
o—se ao componente muscular mediastino inferior, alças intestinais acima do diafragma e
º do terceiro ao quinto miótomos cervicais.
posteriores ao esterno e imagem sugestiva de saco herniário.

R ªí- I
314 I Diafragma

do conteúdo herniário e correção da má—rotação BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA


associada (25%). AL-SALEM, A. H.;NAWAZ.A.;MA'1TA. H.; JACOBSZ, A. Hemialion
ITécnica: 0 diafragma é suturado a bainha do reto
through the foramen of Morgagni: early diªgnosis and treatmem. É.
posterior, junto à margem costa] e o saco resse- Pediatr. Surg. In:. V 18. p. 93-97. 2002. a:
an
cado. Atualmente, alguns autores acham que não GEORGACOPULO, RANCHELLA, A.; MANDRIOLI, G.; s: o.
é necessária a ressecção do saco herniário. STANCANELLI, V.; PERUCCI, A. Morgagni-Larrey hernia a
n
I Relatos atuais confirmam a possibilidade e rela- correction by laparoscopic surgery. Eur J. Pediatr. Surg., v. 7' &
«.
tiva facilidade da correção dessa hérnia por via p. 241-242, 1997. ‘1‘
»:
laparoscópica. THOMAS. G. G.; CLlTl-IEROW, N. R. Hemiation through the forame“
I Recidiva: < 5%. of Morgagni in children. B1: J. Surg.. v. 64. p. 215—2l7. 1997.

ns.—52,3
Eventração Diafragmática 315

!: São mais freqiientes no sexo masculino.


ra Prematuridade ocorre com moderada frequência
na eventração congênita.
lt Prevalência após cirurgia cardíaca e de 0,3 a 12%.

MAIFOBMIGÚES ASSGBIIlIlIiS
Comuns na eventração do tipo congênita.
E Hipoplasia pulmonar, segmentação pulmonar
anormal, traqueomalácia.
n Defeitos cardíacos.
u Anomalias esqueléticas: defeitos de costelas, hemi-
vértebras, pés tortos.
!! Rins ectópicos, volvo gástrico.
a Hidrocefalia.
Fiação diafragmática é o termo usado para defi-
êlevação anormal do diafragma, que pode ser
IFenda palatina.

síndrome de Mõbius
. 331111
ll Trissomias 13, 15 e 18 e
on adquirida (paralisia diafragmática). têm sido relatadas associadas aeventração bila-
huação congênita é uma-anormalidade de desen-
teral.
iínento do diafragma caracterizada por hipoplasia
cfilar causada por defeito da sua0 muscularização,
“indo a espessura variar desde normal até uma FISIIIPIlTOlIIIiII
fi‘ana muito fina, sem fibras musculares. Essa IA insuficiência respiratória é causada por hipo-
.pasia pode ser parcial ou completa. Eventração ventilação alveolar (compressão do parênquima
IÉLPºdº ser indistinguível de uma hérnia diafrag— pulmonar pela eventração) e aparecimento de res-
19g com saco. .
piração paradoxal relacionada ao hemidiafragma
forma adquirida (paralisia) geralmente é secun— contralateral. É mais grave no recém—nascido (RN)
aà lesão e paralisia do nervo frênico. 0 músculo que necessita da excursão diafragmãtica para uma
'agmático é normal em sua distribuição, mas é
ventilação adequada.
àtênue e inativo. Características do RN que pioram a hipoventílação:
IMusculatura intercostal pouco desenvolvida.
ll Orientação horizontalizada do arcabouço costal.
E Extrema mobilidade do mediastino, que tende a
ação entre a oitava e décima semanas de ges-
i'o elo crescimento de fibras musculares oriundas pio'l—ar a respiração paradoxal.
eptoiransverso e miõtomos cervicais. A eventração
I Musculatura'ventilatória mais suscetível a fadiga
(muitos desses bebês são de baixo peso).
pifa resulta da falha parcial ou completa dessa IFacilidade de obstrução dos bronqqulos por
. [atuação. secçeção, principalmente na posição supina.
pãialisia diafragmática deve—se à lesão do nervo Posição recumbente doi'ninante, quemreduz a ca-
ll
o'pa região cenn'cal ou mediastinal. Denervação
le'ta (rara) pode levar à atrofia das fibras mus— pacidade vital, facilitando a retenção de secreções
es do diafragma, passando a assemelhar-se, micro brônquioas.“
Croscopicamente, a uma eventração congênita. O bebê com eventração tem função pulmonar com-
_ cipais causas de paralisia são: prometida por redução do volume intratorácico
e movimento paradoxal do diafragma. Cada es-
grªma de parto, geralmente parto pélvico, fre-
quentemente acompanhado paralisia de Erb
forço inspiratório do diafragma contralateral fun-
por cionante empurra o hemidiafragma paralisado do
ªggvido à tração do terceiro, quarto e quinto ner- abdome para o tórax, comprimindo o pulmão

,
~s cervicais.
,‘JUI'gias no mediastino, principalmente para
ispsilateral. O mediastino extremamente móvel
do recém—nascido é deslocado para o lado con-
%?ITºÇão de defeitos cardíacos congênitos (tetralo— tralateral, limitando e comprimindo o pulmão
gra de Fallot, shunt de Blalock-Taussig, proce— contralateral normal.
_.!llento
, de Fontan).
. I As alterações gastrointestinais (regurgitação, vô-
mitos e alimentação deficiente), mais raras do que
as respiratórias. geralmente estão relacionadas às
alterações do ângulo gastroesofágico. esfíncter
Eventração congênita predomina no lado direito. esofágico incompetente, ou alterações no eixo do
..Vºntfªçao por paralisia afeta, indiferentemente, estômago (volvo gástrico). Geralmente, são se—
agimos os diafragmas. cundárias às eventrações esquerdas e volumosas.
316 I Diafragma

llllllIlBÍl BlÍIIllIIl fragma elevado, sua espessura, presença de movi.


mento paradoxal e outras doenças associadas,
O quadro clínico vai depender do grau de paralisia u Pneumoperitoneografia e peritoneografia contras,
ou hipoplasia do diafragma e pode variar desde sin- tada: métodos diagnósticos utilizados antigamemg
tomas respiratórios leves a graves com sofrimento res- n Cintilografias de fígado ou pulmões separadas
piratório intenso.
ou conjuntas, ou tomografia computadorizada (TC)
lPesquisar história de parto difícil, apresentação podem ser solicitadas na dúvida da existência

m g - R I u rl a L
pélvica, bebês a termo ou grandes para a idade de lesões justadiafragmáticas.
gestacional, paralisia de Erb, cefalematoma, fratura
de clavícula, paralisia facial, síndrome de Homer 11111811081181] DIFEBEIIEIAL
unilateral, torcicolo, cirurgias cervicais e torácicas
prévias. Principais:
n Sinais e sintomas respiratórios: sibilância, taquip- El Pneumonia lobar inferior.
néia, dispnéia, cianose, retrações, diminuição do m Tumor de mediastino.
murmúrio vesicular, infecções respiratórias de Tumor hepático.
repetição, intolerância aos exercícios, dispnéia H Seqiiestração lobar.
na alimentação, sofrimento respiratório, depen— n Abscesso pulmonar.
dência de oxigênio, retenção de CO.
!: Sinais e sintomas digestivos (mais
raros): vômitos,
regurgitação, perda de peso ou retardo de cres-
11111111111110 ';
cimento, distensão gástrica aguda. u Identificar doenças associadas que possam estar
causando ou piorando o quadro clínico atual: pneu-
lIWESl'lGIÇÃB BMGHÓSTIGII monias, doença da membrana hialina e anoma-
lias cardíacas.
:! Radiografia de tórax em respiração espontânea: n Inicialmente o tratamento baseia-se no suporte
elevação do hemidiafragma comprometido e ventilatório. Ocasionalmente, nos casos mode-
desvio do mediastino (Fig. 58.1). Na criança em rados e leves, só são necessárias oxigenoterapia
ventilação positiva, o hemidiafragma afetado cos- e posição com decúbito elevado.
tuma ser deslocado para baixo até uma posição II Nas lesões traumáticas do nervo frênico há sig-
normal pela pressão positiva fornecida pelo ven- niftcativa tendência para a recuperação espon-
tilador, tornando o diagnóstico de eventração tânea (80%) e tern-se recomendado ventilação
impossível. corn pressão positiva contínua (CPAP), aguar-
B Fluoroscopia durante respiração espontânea: es—
dando um período de duas a três semanas para
tuda dinamicamente a função diafragmática.
B Ultra-sonografia em respiração espontânea: o ocorrer a recuperação nervosa, antes de se deci-
e dir pela indicação cirúrgica. Alguns cirurgiões
método de escolha atual, pois permite o exame
junto ao leito do paciente. Identifica o hemidia—
cardia‘cos têm proposto correção cirúrgica pre-
coce com o intuito de evitar uma maior taxa de
infecção respiratória e um maior tempo de ven-
tilação mecânica e diminuir o tempo de hospita-
lização e custos'. *—

-Radiografia de tórax lateral mostrando a ele-


Figura 58.1— Figura 58.2 - Radiografia de tórax mostrando eventra窺
vação de um hemidiafragma. diafragmática bilateral.
Eventração Diafragma'tica I 317

'
pªcientes sem cirurgia intratorácica prévia e sem
trªumª de parto devem ser considerados porta-
—- Hemidiafragma esquerdo: correção cirúrgica
por via subcostal pelo risco de lesar estrutu-
dores de eventração congênita. ras situadas no lado oposto do diafragma (prin-
As indicações cirúrgicas são controversas. As cipalmente alças intestinais pela plicatura de

, s e õ v o rt s e . — w u
principais são:
- Crianças
' . . um diafragma tino) e quando há volvo gástri-

1.

, ,. gm
com ticiência respiratória prolon-
lnsu
co (pode ser necessária gastropexia).

. W, r.
,
gada (14 dias) sem melhora com tratamento
não-operatório prolongado e que não podem
-—
Hemidiafragma direito: córreção cirúrgica por
toracotomia, pois o fígado costuma dificultar a " .?
gw

«
%“ ser desmamadas do ventilador. o procedimento cirúrgico pelo abdome.
Reentubações recorrentes.

we»:
_ ,, .- Eventração bilateral: subcostal bilateral, ou trans—
P:. .. Crianças com insuficiência respiratória agu-


versa superior. Mobilizar totalmente o fígado.
da que não melhoram com ventilação corn pres-
Nos casos em que há necessidade de correção
são positiva. de defeito cardíaco associado: toracotomia.
.. Crianças com insuficiência respiratória sem —-
Eventração com sintomatologia gastrointestinal,
cirurgia intratorácica prévia ou trauma de parto.
-
ou suspeita de má-rotação, deve ser acessada
Presença de pneumonias de repetição.
-_
por laparotomia.
Eventração bilateral (Fig. 58.2). ITécnica cirúrgica mais utilizada atualmente:
Volvo gástrico ou refluxo gastroesofágico plicatura diafragmática com quatro a seis filei-
intratável. ras de fio inabsorvível nº 2-0. Técnica simples,
ª. Objetivo da cirurgia: imobilizar o diafragma em não resseca músculo e a direção das suturas
“: uma posição baixa para suprimir a respiração minimiza a possibilidade de lesar ramos do nervo
paradoxal, a compressão do pulmão ipsilateral frênico (Fig. 58.3). Geralmente, as margens
e o desvio do mediastino. diafragmáticas possuem boa musculatura. Caso
:1 Vias de acesso: subcostal ou toracotomia póstero— essa musculatura seja deficiente, a sutura deve
lateral, 6ª a7ª espaço intercostal. englobar a costela.
IRecorrência: repetir plicatura colocando prótese
de politetrafluoretileno (PTFE) ou flap de mús—
culo transverso abdominal sobre a plicatura para
reforçá—la.

GGMPLIBRGÉES
A morbi-mortalidade é dependente de anomalias
. Pontes de

associadas (principalmente hipoplasia pulmonar,
sutura cardíacas e cromossômicas), eventração bilateral,
entubação prolongada, prematuridade e recorrência
da eventração.
REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA' ,

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Figura 58.3 - (A e B) Técnica cirúrgica para correção de fate of the diaphragm surgically plicated during infancy and early
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Ir!" ª' '
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,.....::::::::
v:
âfAbscesso
""""""""""
érnia lnguinal . . .

":, IEHémia Epigâstrica

zibfialoceleeGaStrOsqulse
do Psoas
.. .. .. .. ... .... ...................... 33o

ª::
342

.
Hérnia Inguínal u 321


Figura 59.1 Hérnia inguinal incompleta (A) e hérnia inguinal
completa (inguinoescrotal) (B). Adaptado de Peterlíni'.

n'gúinal na criança é a saída de uma viscera, do anel inguinal interno até o testículo. Na menina,
"delª, da cªvidade abdominal para a regiao o conduto peritoneovaginal. é denominado de canal
”fºi meio de um defeito congênito (processo de Nuck. A obliteração incompleta predispõe à for-
' persistência do conduto perrtoneovagrnal) mação de hérnia inguinal, cisto de cordão, ou hidrocele.
. s‘1aramente, por defeito da parede posterior. Ao nascimento, a grande maioria dos condutos (80%)
,ªíiiiguinal redutívcl: conteúdo saco hen
()
do
'

ainda permanece aberta. Após o nascimento, come-


p311; ser reintroduzrdo na cavtdade abdominal çam a obliterar-se e no tim do segundo ano de vida,
,. dade. , 40% ainda estão permeáveis.
“rªfinguinal encarcerada: o conteudo do saco
de“, ou pode somente por meio de manobras HSIOPIWIIIGIII
arɪxser reintroduzido na cavrdade abdominal.
'iairªi'guinal estrangulada: o conteúdo não pode A base fisiopatológica da hérnia inguinal na criança

.
é a persistência do conduto peritoneovaginal, a qual é
ntlâduzido na cavidade abdominal, aparece definida, classicamente, como a persistência do con-
“ªe“timento de sua irrigação sanguínea que, se duto com comprimento mínimo, sem tração. de 2cm
s'i'vel, leva à sua necrose.
3113‘ inguinal incompleta: o conteúdo do saco e luz óbvia comprovada pela introdução de estilete
ou ar injetado.
'oy'ão está em contato direto com a túnica vaginal
Iiédlo. Hérnia inguinal só aparecerá quando entrar uma
sininguinal completa (inguinoescrotal): o con— víscera ou parte de uma viscera dentro dessa persis-
do; aco herniário está em contato direto com tência do conduto. Hidrocele e hérnia de cordão são
Vaginal do testículo (Fig. 59.1). caracterizadas pela presença de somente liquido dentro
de deslizamento: parte de uma viscera ab— do processo vaginal. O processo vaginal patente é uma
stitui uma das paredes do saco herniãrio.
cidivada: hérnia que reaparece após cor-
hérnia
earn potencial. A diferença entre hérnia inguinal,
cisto de cordão e hidrocele esta fundamentada no ca-

f'rgica. ' libre do processo vaginal e conteúdo do saco, sendo
1a*"de Richter: somente uma porção do con— no caso de hérnia o saco mais largo e contendo viscera
sa'cb hemiário é aprisionada no anel herniário. intra—abdominal, ao passo que'nos casosíde hidrocele
trade Littré: a porção do conteúdo hemiãrio apri- e cisto de cordão, o saco é estreito e só contém fluido
a iii) a'nel herniário é um divertículo de Meckel. peritoneal.
Existem certos'fatores predisponentes que, agindo
sobre o processo vaginal, podem favorecer o apare-
cimento de hérnia inguinal. Esses fatores são:
to peritoneovaginal origina—se de uma eva- ITonicidade diminuída da musculatura da região
do peritônio (como se fosse um dedo de luva) inguinal (prematuros, desnutridos, doenças mus-
se riicia durante o terceiro mês de vida intra-
"giª. Essa evaginação peritoneal é causada pelo culares e do tecido conetivo).
_ Egr'da pressão intra—abdominal derivada do cres-
IAumento da pressão abdominai=(ascite, massas
abdominais).
tq'g'nais rápido dos órgãos intra—abdominais do I Diâmetro aumentado da porção proximal do pro-
a'vidade peritoneal. O conduto peritoneovaginal cesso vaginal.
fl'curso do gubernaculum testis, um ligamento
globular que orienta a descida do testículo intra- As hérnias diretas, surgidas após a correção de uma
Pllftªl para dentro da bolsa escrotal, através da' hérnia indireta, têm como causa: ,

“inguinal em formação. Sua porção mais distal INão reconhecimento do defeito de parede pos-
avoiver o testículo e formar a túnica vaginal do terior durante o reparo cirúrgico de uma hérnia

. ,— 7 “
º: lº e o restante do conduto vai sofrer reabsor-
indireta.
Qºªªparecer. O processo vaginal, após a descida Lesão do assoalho posterior durante a correção
Ular estar completa, oblitera-se espontaneamente
.

cirúrgica prévia. '


,—.?

«W
322 ª ParedeAbdomínal

EFIBEIIIBIIIGIII
IPrevalência geral: 0,8 11 4,4% das crianças.
IPrevalência em prematuros: 5 a 25% (< 1.000g).
dependendo da idade gestacional. u r -t a e M
.
tn Costuma ser seis até nove vezes" mais frequente
aos meninos (a descida do testículo retarda o
fechamento do conduto).
, . x 5 4' 1

ri:
IA frequência dos lados e a seguinte:

.,- nr.
— Em meninos: direito, 60%; esquerdo, 25 a 30%;
bilateral, 10 a 15% (o testículo esquerdo des-
ce primeiro que o direito).

n
- Em meninas: direito, 60%; esquerdo, 30%; bi<
lateral, 10%.
Essa taxa de bilateralidade corresponde ao
diagnóstico pré—operatório.
IHistória familiar: 11%.
493:
.MS.—re
fl Bilateralidade nos prematuros: i 40%.
E Em 15 a 20% das hérnias em meninas, o ovário
(i 50% dos casos), a trompa de Falópio (12%). Figura 59.3 — Hérnia inguinoescrotal bilateral. Criança maio;,

. ª:,f
ovário e trompa (15%) e até o útero constituem em pé.

tn»:
uma das paredes da hérnia deslizada.
lPrevalência de hérnia direta (causada por defei»
to na parede posterior do canal inguinal): 0,5%. caso de não haver abaulamento da região inguinal,
|!
Prevalência de hérnia crural ou femoral: 0,2%, nas crianças que cooperam, solicitzkse que fa-
como
,,..w-ew
mais freqiiente em meninas (2:1)I mais frequen— çam esforços (manobra de Valsalva) so- i
te no lado direito e bilateralidade de 10 a 15%. prar na mão sem deixar o ar escapar ou tossrr na :5 4

.*
IAproximadamente 15% de todas as crianças com posição de pé (Fig. 59.3). Nos lactentes. quando

.
hérnia inguinal terão algum episódio de encarce-
ramento. Setenta por cento dos encarceramentos
ocorrem no primeiro ano de vida.
a hérnia inguinal não se torna visível a inspe-
ção, pode-se coloca—los de pé (apoiadosipela mãe)
para facilitar o aparecimento da hérnia.
.“ w
Ia Palpação da região inguinal e inguinoescrotal:

“, e a
massa na região inguinal de consistência mole,
lunnro 1111111130 redutlvel com borborigmo e pólo superior não

a u r c - . et
IHistória de aumento de volume na região inguinal palpável por sua continuidade com a cavidade
:

ou inguinocscrotal que aparece, principalmente, abdominal. .


com os esforços.
IHérnias costumam ser assintomáticas, até que
in A palpação de uma massa arredondada, firme,
inó—
É
vel, algo dolorosa, irredutível na região inguinal L,
encarcerem. de uma menina e'; mais provavelmente, causada
lInspeção da região inguinal: observa-se abaula-
por um ovário deslizado. Quinze a vinte por cento
mento da região inguinal ou não (Fig. 59.2). No das meninas com hérnia, têm ovário ou trompa
deslizada. O diagnóstico diferencial é com hidrocele
do canal de Nuck. linfonodo aumentado, ou 1n-
testino encarcerado. _ .
a Pesquisa do sinal da seda de Gross (sinal indi-
reto da presença de um saco herniário).
dedo indicador deve-se pal par o cordão espemiãuºº
Cont
º
em sua passagem sobre a crista do pubis, fazen-
do-se movimentos lateiªais (Fig. 59.4). Observar
o espessamento do cordão e a sensação de sedª
determinada pelo deslizamento das paredes dº
saco uma sobre a outra.
mia
ª A não-visualização ou palpação de
nova
urna Ilé
inguinal nos obriga a uma reavaliaçãº
consulta posterior. A mãe deve ser orientadª
ª“;
observar se o testículo está dentro da bolsa escrºtª
quando notar a presença de abaulamento. ha-
.
Figura 59.2 - Hérnia inguinal bilateral.
Se a presença de hérnia inguin'al for testel'l'lun
da por pediatra e houver história compativel. Pº
e
Hérnia Inguinal I
323

— Recém-nascido (RN) prematuro ainda no hos-


pital. Quando obtiver peso suficiente para a alta
hospitalar (geralmente entre 1.800 e 2.000g),
está indicada a correção cirúrgica da hérnia,
permanecendo 24h em monitoração continua.
I Exploração contralateral.
.,É
-—

,
Exploração inguinal contralateral de rotina em
crianças com hérnia inguinal unilateral não está
sendo mais recomendada, pela baixa incidên- g a r ª- , :

“:"
cia de hérnia contralateral após herniorrafia uni-
lateral (10 a 15%). Exceções: todas as crianças
com aumento da pressão intra—abdominal (de-
rivação ventrículo-peritoneal, diálise peritoneal,
ou ascite), doenças hematológicas (hemofilia,
anemia falciforme), existência de riscos anes-
tésicos na necessidade de um segundo proce-
dimento (prematuro com doença pulmonar) e
bebês prematuros (alta taxa de hérnia contra-
a59.4 sinal da seda. Observar espessamento do cor- lateral). Hérnia contralateral costuma ocorrer
sensação de seda. precocemente, geralmente entre um e dois anos
pós—reparo unilateral inicial (80%).
I RN prematuro até 45 semanas pós—concepção (so-

, plasma sem confirmação diagnóstica pelo cirurgião. ma da idade gestacional + idade pós-natal) e outros
prematuros com episódios de apnéia prévia ou
Assunto controverso. Aproximadamente 12% das história de doença pulmonar (doença da mem-
hérnias observadas pelos pais ou encaminhadas
'
elos pediatras não estão presentes na explora— brana hialina, displasia broncopulmonar) devem
ser hospitalizados e monitorados por 24h pós-
operatório. Têm risco de apnéia pós—operatória
e bradicardia, pois apresentam o controle do centro
respiratório pobremente desenvolvido, arcabouço
costal cartilaginoso facilmente colapsável e de—
ficiência nas fibras musculares fadiga—resisten-
tes do diafragma. Evitar uso de narcóticos e
relaxantes muSculares, Pensar no uso de bloqueio
caudal. Em pacientes que foram extubados re—
is'íno dos mucopolissacarídeos). centemente após longo período de ventilação me—
índrome de Ehlers-Danlos (doenças do tecido
cãnica, sugere-se evitar,a anestesia geral e colocação
_oe.tivo) ' '

de tubo endotraqueal: indicar anestesia regional


álise peritoneal
(bloqueio caudal ou raquianestesia); ou uso de
Luxação congênita do quadril máscara laringea.
riptorquidia. II Quando se deve apressar a correção cirúrgica de
Ãn'omalias congênitas da parede abdominal (ex- uma hérnia inguinal?
rofia de bexiga, extrofia de cloaca, onfalocele,
gastrosquise). — Após redução manual com sucesso de hérnia
encarcerada. A recidiva de encarceramento é
alta (até 40%).
-— Menina corn ovário encarcerado. O ovário
poderá sofrer torção e necrose (Fig. 59.5).
E complicação rara, mas existe, e a perda
do ovário pode ser irreversível. Hernia inguinal
corn ovário encarcerado e sinais de hiperemia,
todas as suas implicações. Setenta por cento edema e sensibilidade tem indicação cirúr-
dos encarceramentos ocorrem nos primeiros gica de urgência ou eco—Doppler para defi-
12 meses de vida. nir presença de irrigação parenquimatosa
.— Desaparecimento espontâneo da hérnia não preservada. Um ovário encarcerado deve ser
ocorre. sempre reintroduzido no abdome, mesmo se
*
Exceções
Doença
dessa conduta:
- lesões infectadas pelo respiratória, diar-
réia,
intercom-mu: (infecção
estiver com coloração escura. Geralmente,
a necrose não é completa e parte do ovário
corpo, anemia). poderá se recuperar.
324 a ParedeAbdominal

sionada ou deslizada. A seguir, realiza-se tor-


ção do saco (para afastar estruturas próximas
ª u J « —. ã f
do local da transfixação) e ligadura alta Por
transiixação e fechamento em 8.
1. “ —- Na menina, o anel inguinal interno pode se'r
fechado e o coto do saco hemiario, com o corres-
pondente ligamento redondo, fixado na face

w g a L —; º nª
posterior do músculo oblíquo interno e trans.
verso (manobra de Barker). Tem o ºbjetivo de .

.
evitar a rotação uterina pela perda de fixaçãº
bilateral do ligamento redondo. Essa mano.

ª“
bra é válida para herniorrafra bilateral. ,,

— Se o anel inguinal interno estiver muito dila.


tado, situação comum nas grandes hérnias in-
diretas, deve—se estreitar o anel colocando dogs
Figura 59.5- Hérnia inguinal com torção de ovário e necrose. a três pontos pregueando as margens da fáscia
,.1
I
rransversalís na porção inferior do anel (téc.
r, nica de Marcy) ou realizar fechamento do anel
ITécnica cirúrgica. pela técnica de Bassini.
— Bloqueio regional dos nervos ilioinguinal e flio- —- Se o testículo e moi/el e na dissecção subir até !
, hipogástrico. Infiltração anestésica em forma a região inguinal, demonstrando não haver fixa.
- de leque 1cm para dentro e para baixo da crista ção à bolsa escrotal pelo gubernaculum rerrir,
'»g ilíaca antero-superior. Geralmente, a infiltra- ou se a fixação soltar durante a mobilização
ção e realizada pré-operatoriamente. Mas pode do saco hemiário, deve-se realizar orquiopexia
'
ser realizada no transoperatório sob visão di- em bolsa subdartos, prevenindo torção ou crip—
reta e ,no pós—operatório antes do curativo. torquidia.

.,
Outra forma de bloqueio regional é por meio Sempre antes de fechar os planos cirúrgicos,
". da instilação simples de anestésicos locais na revisar a posição do testículo tracionando-o
.; ferida operatória antes do fechamento cirúrgico. para a bolsa escrotal e assim evitando a for-
. Medicamentos 'e doses recomendadas: mação de criptorquidia iatrogênica.
' Bupivacaína 0,25% (2,5mg/mL) e 0.5% -— O fechamento da pele é preferencialmente

'“
. (Smg/mL), na dose de nglkg de peso. Regra
prática: infiltrar bupivacaína 0,25%. 0,8mL/kg
realizado por meio de sutura intradérmica
continua com fio de mononylon 4-0 ou 5-0,
de peso e bupivacaína 0,5%, 0,4mI./kg de peso. ouVicryl® (poligalacnna 910) 5-0 incolor, ou por
4 'Ropivacaína com dose máxima recomendada pontos subdérmicos interrompidos com poli—
galactina 5—0.
33;. A
de ?,Smg/kg de peso. ropivacaina está as—
--
na — ç r l - 9 L S
socrada a menor toxicidade. O curativo da herniorrafla pode ser plástico
' Vantagens do bloqueio regional. semitransparente permeável (Tegadermº ou
Bioclusivéº), que permite o banho precoce e
,.“ ' Diminui a dor pós-operatória.
1;} ' Diminui a necessidade dos analgésicos pós- elimina o problema de contato da ferida cirúr-
operatórios e seus paraefeitos. gica com feºzes e urina ”do lactente.
' Reduz a quantidade de anestésicos gerais,
quando infiltrado pré-operatoriamente.
— A revisão pós—operatória é realizada no segundo
e'sétimo dias (em que os pontos são removidos,
-
Tem duração de ação de 6 a 8h. se forem inabsorvíveis); a atividade física mo-
-Incisão transversa medindo aproximadamente
2cm de extensão, situada na prega abdominal
derada não é restringida. Para evitar trauma
direto sobre a incisão operatória evitam-se, du-
'

inferior, lateral ao tubérculo púbico. rante duas semanas, o jogo de bola e andar de

l ;
—Abertura da aponeurose do músculo oblíquo
extemo, lateral ao anel inguinal externo e sem --
bicicleta.
Podem-se utilizar duas técnicas operatórias pªrª
corrigir hérnia deslizada. Geralmente, as víscerªs
ª
sua abertura, estendendo-se até o anel interno.
: Em lactente com hérnia pequena é possível a deslizadas situam-se na porção postem-medial
mobilização e tratamento do saco hemiário sem do saco herniário (trompas. útero, bexiga)-
"
|
.1

s Técnica das múltiplas bolsas invaginantªb'v


a abertura da aponeurose do músculo oblíquo
externo e do anel inguinal externo. Os anéis ex- sendo a última bolsa colocada ao redor do sªcº
temo e interno, nessa idade, estão praticamente no nível do orifício inguinal interno. Com issº.
superpostos (técnica de Mitchell-Banks). a viscera deslizada é invertida atraves do ªnªl
*

— Dissecção da porção proximal do saco herniãrio


até aparecer a gordura pré—peritoneal. Todo saco
profundo para dentro da cavidade peritoneªl-
O anel profundo é fechado com um a dots
hemiãn'o deve ser aberto e seu interior inspecio« pontos colocados nas margens da fásciª
nado para detectar a presença de viscera apri- transversalís.
Hérnia Inguinal I! 325

ªº
'écnica dos retalhºs. Incisões longitudinais - Ausência de vaso deferente indica investiga—
realizadas na parede do saco hemiário em ção subseqíiente dos rins (possível agencsía
"ªmbºs os lados da viscera deslizada atéjunto renal) e de fibrose cística.

_ "faz
.30 anel interno. Forma-se um retalho (flap) —- Aproximadamente 75% das meninas com insen—
*

Í
,: parede
e do saco de que a viscera deslizada
reduzrr—se o retalho para a
sibilidade androgênica completa apresentam—Se
Após
parte. com hérnia inguinal. A genitália externa delas é
peritoneal, o saco e posteriormente
r'czwidadecom normal. A estimativa de incidência dessa síndrome,
'fechado
'É «da
ligadura alta. Se o componente
hérnia deslizada for o apêndice cecal, está
nessas meninas, é de aproximadamente 2%.
Durante o transoperatório de uma herniorrafia
"“ íínversão do coto apendicular ou a técnica de
indicadª apendicectomia convencional com inguinal em menina, é recomendável que o ci—
rurgião tracione o ligamento redondo e visualize
'
'1 Lillye Randolph com completa desvasculari— atrompa. Em hérnia inguinal bilateral, em criança
zaci'io
do apêndice e sua inversão total (so- com genitália externa feminina, a identifica-
ªmcnteindicada nos lactentes). Após, faz-se a ção das trompas bilateral mente afasta qualquer

”ligadura alta do saco. O apêndice costuma des— diagnóstico de intersexo.
Embriologicamente, o desenvolvimento de uma
7», lizar na porção pósterodateral da região ingui-
,,,nal direita. . - trompa de Falópio está na dependência do fator
'No caso de hémra crural (femoral), a correçao inibidor miilleriano secretado ipsilateralmente
, mir-gica deve ser efetuada por meio da técnica pelo testículo em desenvolvimento. Logo, a
de McVay (reparo da fáscia transversalis ao liga- ausência de secreção desse fator pela gônada
. r"(memo dc Cooper), ou por acesso infra—inguinal só interfere com a presença da trompa de Falópio

_
1“ bm aproximação do ligamento inguinal à fáscia daquele lado.

ªbectínea. . . . No caso de deslizamento dos ovários, o cirur-


. {No caso de hérnia direta, a correção cirúrgica gião deverá inspecionar cuidadosamente as
“mode ser feita por meio da técnica de Bassini gônadas para determinar se é ovário, testículo,
.,(reparº da fáscia transversalís ao ligamento ou ovotérrir. Se encontrada gônada anormal
de Poupart), ou, preferentemente, pela técni- em meninas pré-púberes, ela não deve ser re-
Ea de McVay. Defeito muito extenso do assoalho movida; devem—se realizar biópsia gonadal e
“inguinal posterior pode necessitar do uso de correção cirúrgica da hérnia.
tela de Marlexº.
' gumas situações necessitam de reforço de
, BUMHIGAGÍÍES
I Recidiva da hérnia: 0,5 a 1%.
IInfecção de ferida operatória: l%.

,, Não-fechamento de todo o saco hemiárío.


I
Lesão de deferente.
ll Ediema e hematoma de região inguinal.
”Não-ligadura alta do saco no nível do anel ICriptorquidia
rofundo. iatrogénica.
lHipotrofia
testicular em hérnia encarcerada: 10
kglfigadura frouxa ou que escapa.
'Anel inguinal profundo muito dilatado. a 15%. ,

,Não—reconhecimento da presença de uma hér-


IRessecção de alça intestinal em hérnia encarce-
} his direta. rada com insucesso na redução manual: 10%.
-:Lesao iatrogênica do assoalhodo canal inguinal.
Doenças associadas causando aumento da "Emmi marinar rucnncrnnnn
pressão intra-abdominal ou fraqueza (ascite,
3,- diálise peritoneal). Quadra clinic.
'

-
Inexperiência cirúrgica.
Distúrbios neurológicos (problemas relacio-
nados a nutrição ou a espasmos e convulsões
Aparecimento súbito de tumor na região inguinal
ou inguinoescrotal.
Episódio anterior de encarceramento necessitando
"' e derivação ventrículo—peritoneal). de hospitalização e/ou redução manual.
"
Deficiência muscular e friabilidade dos teci-
dos: (sindrome de Ehler-Danlos, síndrome de
I Dor na região inguinal, inguinoescrotal, ou ab—
dominal inferior na criança maior.
"ª, Hurler—Hunter, anomalias da parede abdomi-
551; nal, fibrose cística do pâncreas, doença pul-
I Choro, irritabilidade e recusa alimentar no lactente.
Constipação, mais raramente diarréia.
ar: monar crônica, desnutrição). II Vômitos, inicialmente reflexos alimentares e, pos-
. . T Em doenças metabólicas e mesenquimais, além teriormente, biliosos.
. 's-Mligadura altado saco herniãrio devemos acres-

I Tumor visivel e palpável na região inguinal ou in-
centar o fechamento do anel inguinal interno. guinoescrotal, doloroso, sem pólo superior iden-
*Se a fáscia transversalis estiver enfraquecida, tificável, consistência endurecida e com edema
É. ,Colocar prótese de Marlexº. e hiperemia da pele suprajacente (Fig. 59.6).
.»:
I Linfadenite inguinal ou crural.
I Cisto agudo de cordão ou do canal de Nuck_

Tratamento
Sempre tentar a redução manual, que será efetiva em
aproximadamente 90% dos casos, exceto:
I Sangue nas fezes.
I Sinais de irritação peritoneal.
I Sinais de toxicidade (febre, taquicardia, leuco.
citose > 15.000 leucócitos).
I Pneumoperitônio.
I Choque séptico.
Figura 59.6 — Hérnia inguinal esquerda encarcerada.,Notar I Criptorquidia associada.
significativa distensão abdominal.
'“ I Acentuada distensão abdominal.

Lactentes com história de encarceramento prévio


têm alto índice de novo episódio de encarceramento
Diagnostics (i 40%). l
I Históriae exame físico.
Nos casos duvidosos, em lactentes, realizar exame Técnica de Redução Manual
bimanual. Fazer toque retal com o dedo indicador
direito e com o dedo indicador esquerdo palpar INPO (nil per as: nada por via oral).
sobre o anel inguinal interno, tentando identifi— I SNG (sonda nasogástrica) nos casos com vômi-
car a presença de uma alça intestinal encarcera- tos repetidos ou distensão abdominal marcada.
da aprisionada (Fig. 59.7). ILinha intravenosa para sedação, nos casos com
desidratação ou necessidade de antibióticos pa-
ª casos ainda duvidosos, pode-se(uma
Nos realizar radio-
grafia da região inguinoescrotal única' in- renterais.
cidência), com o objetivo de demonstrar níveis l! Iniciar antibióticos profiláticos nos prematuros.
hidroaéreos nessa região. IPosição de Trendelenburg 30º a 40“ com os pés
Radiografia de abdome: distensão de alças e ima- delicadamente fixos na guarda da cama.
gens típicas de obstrução intestinal de causa me- llBolsa de gelo sobre gaze vaselinada na região
cênica. inguinal. Vigiar hipotermia.
I Sedação com analgesia com meperidina 1 a
1,5m lkg/dose ou, mais atual, com a associação
niagnústico niierencial Princinal

5 L 8-ac zsI 9
de cetamina (Ketalar') l a ng/kg/dose intravenosa
ITorção de testículo inguinal ou de apêndice tes- (IV) e midazolam 0,1mg/kg/dose IV. Caso não
ticular. estiver com acesso venoso, a sedação pode ser l:
feita por via oral *com cetamina 6mg/kg/dose e
midazolam 0,6mg/kg/dosefver Cap. 5).
I Controle rigoroso em unidade de cuidados in-
termediãrios (risco de vômitos, depressão res-
piratória e hipotermia).
I Após sedação, aguardar alguns minutos esperando
redução espontânea. Caso não haja êxito, rea-
lizar redução manual com manobras suaves. O
primeiro e o segundo dedos da mão esquerda fi-
xam o anel inguinal interno, enquanto, com ª
mão direita, se comprii'ne' o conteúdo encarce-
rado para cima em direção ao anel inguinal in-
temo, mantendo pressão constante.
I Se obtida redução manual, indicar, mantendº
paciente hospitalizado, reparo eletivo em 48h.
º
I Se não reduzir manualmente,
indicar cerrªçãº
cirúrgica de urgência. O acesso e reparo cirúrgicº
devem ser realizados por via inguinal. Se hºu“
ver dificuldade na redução, o anel interno devº
Figura 59.7 - Técnica de exame bimanual de uma hérnia ser alargado por incisão cranial do tendão con—
encarcerada. Toque retal e palpação do anel interno para
identificar a alça aprisionada. junto. Caso houver necrose intestinal e for ne-
He'inia Inguinal !
327

fin; ressecção intestinal, é conveniente rea-

UU
Mn
e'x
lotação abdominal separada por inci-
ɪquadrante inferior direito.
ci

Eli“! clsro llE cuanto

flª.é o acúmulo de líquido peritoneal dentro


Nidromle Hidrocele
gina] testículo. Pode ser residual
do (não—

>
.baomxnomguinommui
amoral lngulnmuml
iõá'nte) ou comunicante. Cisto de cordão é o
Tíde líquido peritoneal dentro de porção do 'Figura 59.8 — (A — C) Hidrocele residual ou não-comunicante.
Çplentoneovaginal que persistiu sem relação

Wii
única vaginal do testículo. Também pode ser
“dir comunicantes,
comunicante. Nas hidroceles e cistos de
gat; o processo vaginal oblite-
(: certa quantidade de líquido peritoneal ficou
tida na túnica vaginal ou em qualquer outra
36 conduto peritoneovaginal. Esse tipo de hi-
ãé comum de cordão
nos primeiros meses de vida. Nas
eles e cistos comunicantes, o pro-
vàginal encontra-se aberto, podendo fluir livre—
líquido peritoneal da cavidade abdominal para
ããªiraginal
’1 ou para qualquer outra porção do Hidrocele comunlunte Hídrocele :umunkante
iglque
i persistiu e vice-versa. com luz Irregular estreita

Figura 59.9 — (A e B) Hidrocele comunicante.

a'namnese com os pais deve ser objetiva e obter


eguintes esclarecimentos em relação ao au- I.
%
W
<
enio de volume da região inguinoescrotal:
W
fi'esde quando notaram a presença de aumento
(“Évolume A C
.an de está localizado o aumento de volume (re-
_O Cisto de (ordlo
rexldual Inguinnl
(isto de cordão
residual escrotª
(Inade cordão residual
lnguinoestmul

Jêiãoescrotal, inguinal, ou inguinoescrotal)?


EC) aumento de volume se exacerba com os es— Figura 59.10 (A —C) Cisto de cordão residual ou não-

gªforços? (Associação com hérnia inguinal?). comunicante. Adaptado de Peterlini‘.
Zªg 0 aumento de volume não está sofrendo alte-
rações de seu volume em semanas, meses? Ou


foi sempre invariável'? (Hidrocele ou cisto de
*

cordão residual).
É— O aumento de volume vem diminuindo lenta—
mente ao longo das semanas e meses? (Reab—
3 sorção de uma hidrocele ou cisto de cordão w
Lresidual).
': O aumento de volume sofre variações diurnas,
('
sendo maior no fim do dia e menor pela ma—
»! nhã? (Hidrocele e
cisto de cordão comunicante).
'— O aumento de volume apareceu subitamente?
*

cine de main (Isto de cordas Cine de cordlo comunlclnte


», (Aparecirnento agudo de uma hidrocele ou cisto (omunkantz inguinªl mm.-tum escrotal lnguluoewaul
V

- A». de cordão comunicante).


,Nf) exame físico, de o diagnóstico diferencial entre Figura 59.11 — (A — C) Cisto de cordão comunicante, Adap-
:whidrocele
e cisto cordão vai depender de sua tado de Peterlini'. .
328 I ParedeAbdominal

Figura 59.12 — Hidrocele comunicante bilateral.


D

Figura 59.13 Indicações cirúrgicas da hidrocele antes dos



localização anatômica. A palpação demonstra 18 meses de vida. (A) Hidrocele
ã'edutivel.
(B) Hidrocele asso-


algumas características: ciada à hérnia inguinal. (C) Hidro ele abdominoescrotai. (D) Hi-
A consistência do aumento de volume costu- drocele gigante.
ma variar do mole ao duro (sob tensão) de—
pendendo da quantidade de líquido presente
no, momento do exame. Nas comunicantes, a I Nos casos de hidrocelesgigantes e tensas que tra-
consistência poderá variar durante o dia na zem incomodo à criança e ansiedade aos pais,
dependência da quantidade maior ou menor I Nos casos de hidrocele abdominoescrotal.
de líquido que transita pela comunicação e que
está intimamente relacionada à posição que a
criança adota na maior parte do dia. Técnica Cirúrgica
—-O pólo superior do aumento de volume é pa]—
pável (Fig. 59.12).
I Mesma via de acesso e secção com ligadura alta
por transftxação do conduto, como habitualmente
—- comunicação, caso existente, costumaser estrei-
Habitualmente são irredutíveis à expressão. A realizado na hérnia inguinal.
I O saco da hidrocele é tratado apenas pela aspi-
ta elou sinuosa causando resistência e impos- ração do líquido presente ou por excisão de pe-
sibilidade de redução do líquido pela expressão quena porção da túnica vaginal, após aspiração
manual. As que costumam reduzir—se pela expres—
a

prévia do líquido. Qualquer quantidade de fluido

_
são manual quase sempreja se encontram asso-

m n ç - z st
que refaça tenderá a escapar para os tecidos re-
ciadas à he'mia inguinal. gionais adjacentes e daí será melhor e mais rapi-
— São transilumináveis. damente 'absorvido. ,1
I No cisto de cordão é também realizada ligadura L—Ç9V
Tratamento alta por transftxação do conduto, acompanhada
pela remoção do saco do cisto. _
Indicações Cirúrgicas 3 Nos casos em que o conduto não pode ser
monstrado durante a cirurgia, está indicada ctu-
de-
Geralmente não existe indicação cinirgica para essas dadosa dissecção do cordão espermático, secçãº
doenças até os 18 meses de vida. Nesse período, costuma
ocorrer obliteração e reabsorção dos condutos e seus
e ligadura por transfixação de qualquer
fibroso sugestivo de conduto peritoneovagmíll
cordãº
fluidos. As que persistem, aumentando, ou com seu
volume estacionário após esse período, têm indica-
obliterado. һ' '
Algumas manobras táticas podem ser realizadas
çao Cirúrgica.
na tentativa de identificar um trajeto minúsculº
Exceções a essa regra (Fig. 59.13):
e evitar dissecção extensa do cordão.
I
Hidrocele ou cisto de cordão que se reduz a ex- — lª manobra: aplicação manual de pressão Ilº
pressão no exame clínico. O conduto apresenta
diâmetro alargado anormalmente é o tipo de lesão
abdome e no saco da hidrocele ou cisto de
para forçar a>entrada de algumas gotas de fluidº
Gºrilªº
dependente da persistência do conduto'peritoneo— no trajeto e sua melhor identificação.
vaginal que costuma preceder ao aparecimento
de uma hérnia inguinal. — 2l manobra: injeção de l a 2mL de azul de mf-
tileno, com agulha hipodérmica, na pºf窺
Quando já existe hérnia inguinal associada. superior do saco da hidrocele ou cisto. Em
Hérnia lnguinal = 329
.
idª é amari—ada a sutura em bolsa
em torno
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
ªcª da punção, ou esse orifício é clampeado
pinçª hemostática,
é?“ de azul de
delicªdª do saco por realizandose
expressao.
massa-
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330 I
ParedeAbdominal

Hérnia Umbilical
João Carlos Ketzer de Souza

BIlIIGEITIl
Defeito de fechamento das estruturas tibromusculares
: da aponeurose do anel umbilical permitindo a protrusão Figura 60.1 — Hérnia umbilical redutível. 'i

.
I
de órgãos intra-abdominais (geralmente alças intes-
tinais) recobertos pelo peritônio, tecido celular sub-
:I“ cutâneo e pele da cicatriz umbilical.
uunnno lilÍIIIGll ,; l

-Assintomatico.
1.
mnrmmam I Protrusão redutível, àsvezes produzindo borbo-
* '
Frequência: 18,5% em brancos e 40% em ne- rigmo (Fig 60.1). Ocasionalmente, odefeito fascial
»? gros com idade < 6 meses. é amplo, com pele redundante, adquirindo a forma
_.“ I Mais comum nos prematuros: 75 a 85% nos bebês de probóscide (Fig. 60.2).
entre 1.000 e 1.500g. I Aumenta aos esforços. :
i I A maioria fecha espontaneamente até os oito anos Raramente apresenta complicações, como encarce— a;
373'a' de idade (frequência < 5% após essa idade). ramento (Fig. 603), estrangulamento, perfura-
ção com evisceração e dotª abdominal.
.?
.ª:ª
m Não há predisposição sexual.
I O tamanho do saco e a quantidade de 'protrusão
: , não são proporcionais ao diâmetro do orifício :;
.4 já FISIIII'M'IIEEIIII É frequente notar-se considerável protrusão através '

de um orifício pequeno e muito pouca através de uª


; : A cicatriz umbilical costuma sofrer contração 'pro-
um orifício largo.
w &
gressiva fisiológica com completo fechamento do anel
”' 1' umbilical.
Uma falha na proliferação do denso tecido conetivo ~TBA‘I’AMEHTII
?.

que preenche o anel umbilical resulta em zona en—

__
I Na grande maioria dos casos ocorre fechamento

, ” 3 . o n - m al
“ wf” , .
fraquecida patente que, associada à protrusão de vísceras
intra-abdominais, formará uma hérnia umbilical.
A ausência de protrusão sacular, a despeito de defeito
espontâneo do anel umbilical.

.
I Contra-indicado o uso de ataduras ou faixas sobre
a cicatriz umbilical, pois alimitação dos movi-
w .a « L aw -“F
., .,

fascial, não indica presença de hérnia.


mentos espontâneos e livres da musculatura
:. »,

RIMES PBEIlSPflllEIITES

,i a — m xª M
I Negros (cordão é mais
espesso, infecção umbi-
».
.

lical é mais comum, e fator genético herdado).


& IDesnutridos, prematuros (distensão abdominal,
»» hipotonia muscular).
Hipotireoidismo (hipotonia generalizada).
lSíndrome Beckwith-Wiedemann.
I Gêmeos.
eu. a'- .'

I Trissomias 13, 18 e 21.


I Bebês grandes com cordões largos.
I Infecção neonatal do umbigo.
. I Mielomeningocele (hipotonicidade da parede
abdominal).
ur L'Ç1

I Aumento da pressão intra-abdominal (ascite,


tumores e outras).
I Mucopolissacaridoses. Figura 60.2 - Hérnia u‘mbilical gigante com asp?do de
urea-1.6

& I Predisposição familiar.


probóscide.
Hérnia Umbilical = 331
- Presença de complicações (encarceramento,

ª & ? » % —ªl s'


estrangulamento, ruptura com evisceração, dor
intensa e persistente), em qualquer idade.
—Persistência da hérnia (qualquer diâmetro) além

. q
dos oito anos de idade. {a
. U ª'

,
I Técnica cirúrgica: incisão curvilínea intra-um-
bilical, na sua metade mais inferior, fechamento

1r
do saco herniário, fechamento do defeito fascial
e inversão da pele umbilical. Curativo compreSSiVº

.;
mas;
com fita umbilical deve permanecer por cinco a
sete dias. Em hérnias muito grandes, nas quais
há necessidade de excisão da pele redundante, é
bastante interessante a técnica dos quatro reta-
lhos triangulares de pele.
I
ã" Hérnia umbilical encarzerada. O encarceramento BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
fi-éi‘nia
#

z
,
umbilicalé um achado raro.
BLUMBERG, N. Infantil: umbilical hernia. Sulg. Gynecol. ObsL, v. l50,
.41. p. 187-192, 1980.
KANEKO, K.; TSUDA, M. Four-trian
dominal ocasiona perda do tono muscular e guiar-skin-flup approach to
umbilical diseases and laparoscopic umbilical pon. J. Pediatr. Surg..

..
urbe o estímulo local de maturaçao anatomical.
ações cirúrgicas. W

rianças > 5 anos e anel Z 1,50m de diametro,


v. 39. p. 1404-1407, 2004.
MUSCHAWECK, U. Umbilical and Cpigastric hernia repair. Surg. Clin
N. Am. v. 83, p. 1207-1221. 2003.
Úmbigo e hérnia com aspecto de probóscide, WOODS, G. E. Some observations on umbilical hernia in infants. Arch.
após os dois anos de idade. Dis. Child., v. 28, p. 450—462, 1953.
332 I ParedeAhdomínal

EPIDEHIlllIlGIII
'_ -.Í:llI'ÍTIlI.0 Bl
'

I Frequência: 4% das hérnias pediátricas.


I Trinta por cento podem estar presentes logo após.

Hérnia Epigástrica o nascimento.


'

I Podem ser múltiplas (10%), ou associadas a hérnia


umbilical (10%).
João Carlos Ketzcr de Souza QUADRO fllilllflfl
I Pesquisar história de dor local sobre a tumor-ação
lillllllill'll herniária, ou dor abdominal associada.
Defeito da linha alba associado a herniação de gor-
I A inspeção da linha média pode mostrar a pre—
dura pré-peritoneal, em qualquer parte da linha média sença de uma tumoração visível. Muitas vezes,
o
desde apêndice xífóide até a cicatriz umbilical (Fig. para detectar a presença da hérnia, é necessário
61.1). O defeito fascial mede em média 0,7 i 0,6cm. o exame do paciente em pé, solicitando que ele
realize alguma manobra de Valsalva.
I A palpação da linha média deve ser feita com o
”I.
“ . ,— »

I.
filfllflfllfl

vi.— .
dedo indicador passando sobre ela desde o ape“.
Etiologia & desconhecida. dice xifóide até o umbigo e procurando um de-
Defeito nos interstícios das fibras que formam a feito na aponeurose, ou nódulo (mais frequente)
linha alba. A linha alba é constituída pelo entrelaça- de linha média. Esse nódulo poderá ser redutível,
mento de fibras tendinosas. Qualquer defeito na con- irredutível, doloroso, ou não doloroso à palpaçãu.
tinuidade dessas fibras (rompimento, ou falha de
desenvolvimento) junto à entrada dos vasos sanguí-
neos pode predispor ao aparecimento de uma hernia.
TBIITIIMENTII

. sªi e T - o
I A cirurgia está indicada após os dois ou três anos,
,a n

.;
exceto se causar dor significativa. Não há his-
tória de cura espontânea. Acima de 50% dessas
hérnias vão se tornar sintomáticas, ou crescer em
tamanho desde a primeira apresentação.
I Demarcar o local da hérnia antes da anestesia,
pois pode sofrer redução com o relmtamento da
,_ anestesia geral.
1. I Técnica: incisão transversa pequena sobre o defeito.
A gordura pré-peritoneal presente e' reduzida. ou

» uerc-
ligada e excisada. O defeito aponeurótico de forma
elíptica e corrigido com fio inabsorvível com nós
internos. ,

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
L-çs—I
COATS, R: D.; HELIKSON, M. A.; BURD, R. S. Presentation und
management of epigastric hernias in children. J. Pediatr, Surg.. v,
Figura 61.1-Achadotransoperatório de hérnia epigástrica. 35, p. I754-I756. 2000.
mostrando gordura pré-peritoneal herniada através do de-
feito aponeurótico da linha branca.
MUSCHAW'ECK. U. Umbilical and epi gastric hernia repair. Surg. Clin.
N. Am., v. 83, p. 1207-1221, 2003.
OnfaloceleeGastrosquise I
333

e
áparede abdominal no sítio do anel umbi—
Scenario por membrana avascular translúcida,
ms.externamente, íntegra ou não, que permite
decenteúdo do abdome para o exterior. O cor-
b'lical encontra-
- se inserido no saco. O con-
esempre é formado pelo'intestino delgado
'““. stômago e fígado (35%) (Fig. 62.1). Dez
” )odem apresentar ruptura do saco. A rup-

Figura 62.2 Hérnia de cordão umbilical com membrana
íntegra e diâmetro do defeito pequeno.

”ode
1,1w
ocorrer intra-útero, durante e após o parto.
varia de 2 a 4cm. As vísceras prolapsadas costumam

filia Gamão
Umbilical ser: intestino delgado (100%), intestino grosso (90%),
estômago (50%), trompas e ovários (15%), bexiga (4%).
testículos (6%) e fígado (1%). Os órgãos eviscerados
ficam revestidos por exsudato espesso, edemarosos,
ntçrfido uma ou duas alças deintestino delgado, rígidos, encurtadose aglomerados (Fig. 62.3). Quando
vertícplo de Meckel, ou ducto onfalomesentérico se trata de alças intestinais, essas alterações podem
ser causadas pela prolongada exposição intra-útero
ao líquido amniótico e/ou alterações isquêmicas do
&“iguise intestino._secundárias a sua compressão e de seu me-
sentério nas margens do defeito da parede abdominal.
de'parede abdominal adjacente e lateral a um
mpmªqilical de'inserção normal, quase sempre
ao recoberto por saco membranoso e acom- EMBRIDGÉNESE '

pc o prolapso de alças intestinais de intes- IA embriogênese de ambos os defeitos de parede


gã'doe parte do grosso. O diâmetro do defeito abdominal é controversa.
I A parede
anterior do abdome forma-se pela fu-
são de quatro pregas abdominais (duas laterais,
uma caudal, uma cefálica). Quando as pregas
.
laterais falham em fundir-se centralmente, ocorre
.as—vr
onfalocele central. A falha de fusão da prega cefálica
forma a onfalocele epigastrica (celossomia su-
perior) e a caudal (celossomia inferior) forma
anormalidades cloacais e extrofia de bexiga.
I A gastrosquise pode ser originada por:
— Involução prematura da veia umbilical direita,
causando ruptura da somatopleura paraumbi-
lical direita (teoria de De Vries, a mais aceita
atualmente).
-— artéria
Oclusão/regressão intra-uterina prematura da
onfalomesentérica'direita, levando a
alterações isquêmicas da parede abdominal em
;,62-e figado-se no
ªcajnserindo—
nais
1- Onfalocele com membrana íntegra. Cordão
á pice da onfalocele. Observar alças
desenvolvimento com necrose da base do cor-
dão umbilical, por onde vão hemiar vísceras
abdominais.
334 I! ParedeAbdaminal

I Frequência de anomalias congênitas associadªs


nas gastrosquises: 15% (3/4 são originadas no
intestino médio). As principais são: estenose
intestinal, atresia intestinal e perfuração intesrj.
nal. Todas consequentes à isquemia mesentéricª
causada por um dos seguintes fenômenos;
— Interrupção do suprimento sanguíneo do in-
testino exposto através de um defeito de pare.
de muito estreito (estrangulamento).
— Peso do intestino prolapsado com tração ex-
cessiva de seu mesentério.

ª"
-Outras
Volvo intra-uterino.
anomalias associadas costumam ser ra.
ras. As mais comuns são: criptorquidia, artrogripose
Figura 62.3 - Gasirosquise mostrando defeito paraumbilical múltipla congênita (3 a 5% dos casos) (Fig. 62.4)_
com alças intestinais e estômago eviscerados. Alças com divertículo de Meckel, malformações cardíacas
aparência edematosa. (4%), geralmente mais simples do que nas Onfa_
locales. As mais comuns são: ducto arterial pa-
tente e defeitos septais do ventrículo.
- dão
Ruptura intra-uterina de uma hérnia de cor-
umbilical ou Onfalocele pequena com
Frequência de anomalias congênitas nas Onfalo—
celes: > 50%. Podem ser divididas em:
absorção do saco e crescimento de uma ponte
de pele entre o defeito de parede abdominal e
- Estruturais: cardiovasculares, 20% (as mais comuns
são tetralogia de Fallot, 33%; defeitos septaís,
cordão umbilical. principalmente atriais, ventrículo único e truncur
arteriorus), defeitos do tubo neural, divertículo
de Meckel, anomalias musculoesqueléticas.
IIOnfalocele e gastrosquise apresentam prevalên- — Associadas a anormalidades cromossômicas
ou síndromes específicas (15 a 20%): trissomias -
cia combinada de aproximadamente 1:2.000 a cromossômicas 13, 15, 18,21 (12%), síndrome ‘ :f
3.000 naSCidOS vivos. de Beckwith-Wiedemann (gigantismo, macro '

I Prevalência de onfalocele: 125.000 a


cidos vivos.
6.000 nas- glossia, onfalocele, hiperplasia das células das
ilhotas pancreáticas em 12%), celossomia su—
I Prevalência de gastrosquise: l:10.000 nascidos vivos
perior ou pentalogia de Cantrell (onfalocele
& 7:10.000 nascidos vivos com mães < 20 anos.
epigástrica, hérnia diafragmática anterior, fenda
u Atualmente, muitos estudos têm mostrado que a
prevalência da gastrosquise está aumentando, já : ,esternal, ectopia do coração e defeitos cardia-
cos), celossomia inferior (pode incluir onfa-
ultrapassando a da onfalocele, que se mantém igual. locele inferior, extrofta de cloaca ou de bexiga,
I Muitos fatores de risco materno têm sido iden-
tificados em associação à gastrosquise, como idade ,
anomalia anorretal, anomalias de vértebras
sacras, meningomielocele ou lipomeningocele).
materna abaixo de 20 anos, primípara, baixo nível
social, baixo nível escolar, abuso de drogas (ta-
baco, álcool e cocaína) e outros teratógenos em
potencial, como aspirina, ibuprofeno, pseudo-
rºla-:ànm
efedrina e acetaminofeno. Essas substâncias podem
ter efeitos vasoativos durante o desenvolvimento
embrionário.
I Predisposição sexual: gastrosquise, 1M:1F;
onfalocele, 1,5 a 2M: IF.
& Nas gastrosquises, 50 a 65% dos bebês são pre—
maturos ejou pequenos para a idade gestacio-
nal. O exato mecanismo flsiopatolõgico que
ocasiona a falha de crescimento não é claro. As
hipóteses baseiam'se na perda transmural de
substâncias nutricionais de intestino, ou falha
na absorção de nutrientes do liquido amniótico
deglutido no intestino funcionalmente obstrufdo
da gastrosquise.
I Nas onfaloceles, 10 a 15% dos bebês são pre—
maturos e/ou pequenos para a idade gestacional. —
Figura 62.4 Gastrosquise corrigida e achados clinicos dº
artrogrípose múltipla congênita associada.
OnfaloceleeGastrosquíse I
335

, fál'occlª com fígado extracorpóreo costuma

1
anomalias congênitas estrutu-

ªº, e,
ªªçhtar mais


rªves associadas, principalmente cardíacas.

: — ºt nª T s o a
.»n 135315 sem
fígado extracorpóreo,

!
menor, '1 .
ªfãsenlª mais anomalias cromossômicas asso-
.£2335, síndromes e dlsmorfismo.
»;


ª - .i e r

Ter.—%
1111:3115“ nas untatoceles de62.5)
Acordo
étiàmªnhº Ilo notem (Fig.
». locele pequena: < 4cm de diâmetro.
fifalocele grande: entre 4 e 8cm. Pode conter
'

. ª“ado nosaco.
iffalocele gigante: > 8cm. Quase sempre apre-
a fígado extracorpóreo de localização cen-
L'Pode ser chamada de hepatonfalocele (10% -—
Figura 62.6 Onfalocele pequena.
ªcasos).
' tios
a «' autores classificam dessa
:1
_
forma:
rifalocele pequena: < 5cm de diâmetro (Fig. 62.6).
ção intestinal. Essas complicações podem ser
simples ou múltiplas, assim como o intestino pode
, iifalocele grande: > Som. ser extremamente curto ou ter comprimento quase
'fâiocele gigante: aquela > Som contendo fí- normal.
‘ado
,
posicionado centralmente (Fig. 62.7). Tipo IV: presença de atresia com formação de
pseudocisto gelatinoso e fibrinoso distal à atresia
iiioaçao das liasirusuulses e englobando a quase totalidade do intestino. Essa
1min com a Variabilidade do aspecto“ massa fibrinosa surge na tentativa de proteger-
se dos efeitos tóxicos do líquido amniótico após
{1181 (Fig. 62.8) -
a 30! semana de vida intra—uterina (diminui a
alças intestinais pouco ou
Tipo,porI: membranas, nada recober- osmolalidade e concentração de sódio, mas eu-
pouco edematosas, não en- menta a concentração da uréia, creatinina e aci—
. ciírtadas. , do úrico e, principalmente, de mecônio).
'
":th II: alças intestinais recobertas por mem-
"has, edematosas, mas ainda mantendo um bom
I Um novo tipo tem sido descrito: a gastrosquise
fechada, que se caracteriza por um defeito de
rriprimento. parede abdominal cicatrizado, remanescentes intes-
tpo III: alças intestinais recobertas por mem- tinais paraumbilicais (muitas vezes mumifica-
ranas, edematosas, complicada pela presença dos) e, quase sempre, perda por necrose do intestino
médio (vanishing gut). Seria causada por infarto
do intestino médio eviscerado extra5abdominal
(provavelmente por volvo). O intestino sofreria
reabsorção e, sem a presença de intestino viável

a{62.5e—gigantes
Classificação das onfaloceles em pequenas (A).
;(? (C); essas últimas frequentemente as-
ª Presença de fígado. Adaptado de lones'.
Figura 62.1 Onfalocele gigante rota com exposição de
-
fígado, alças intestinais e estômago.
"
336 I ParedeAbdominal

I Conduta nas gastrosquises: realizarfollow—up "Illa. .


sonografico frequente. Se aparecer dilatação de
alças (dilatação de alça de delgado > llmm Em
diâmetro) elou espessamento mural, pensar na . na“

iv
possibilidade de ocorrência de complicações intra.

«»
útero; então, parto cesáreo após pulmões matures, 1

Nos casos sem complicações, orientar transfe. &


rência in utero para centro terciário. Atualmen_ ,;
te, trabalhos têm mostrado que o aparecimento
pré-natal de dilatação intestinal deve ser comi.
derado como fator de risco para obstrução in—
;, ;
testinal pós-natal e maior tempo necessário para ª;“
iniciar a via oral. O parto prematuro parece n50 '
melhorar os resultados nessa população de pacientes,
Portanto, a conduta continua controversa. Tani '“

bém têm sido sugeridas infusão amniótica, ou troca ,
de líquido amniótico como técnicas terapêuticas
para melhorar a histologiaintestinal, reduziro tempo
%.3
necessário para atingir a dieta completa e reduzir :?
o tempo de hospitalização. A infusão amniótica .É,
consiste na injeção de soro fisiológico momo (37ºC) e“
e pode ser indicada na gastrosquise associada a
oligoidrâmnios. A troca de líqm'do amniótico consiste ;,E?
na sua substituição volume por volume com soro
c fisiologico morno. Tem sido proposta para dimi- &:
unir os efeitos adversos do líquido amniótico sobre
Figura 62.8 - Tipos de gastrosquise.'(A) TlpO |: com alças ª parade intestinal. .
corr;atresia,
mtean-m«
.. %
ãouco
ranas,masa1n tip:enIlzãom
alteradasdw)aman alçªsoaedematosasà
ouma extensão em es ~.
(C) tipo ill: aquelasassociadas a complicações
como
estenose, volvo e perfuração e que, em geral, apresentam
Indicaeals deobstétricªs_
Insanª
Indicações
;
cº;
intestino corn
encurtado (D)tipo lV:gastrosquis_e pseudocisto Onfalocele com fígado extracorpóreo.
€?
335.552 %ÉÉÃÃZÉQÉÃÍQÍ com atresia. o intestino en-
_
I Gastrosquise com complicações.
.
w
l
.;!
:mmmruro
léà.
É
,
%
para manter o defeito
' patente, o anel do defeito
'
Pré-nneraiúriu« f3 ..4
da parede abdominal fecharia, enquanto os r'e— . ::
manescentes intestinais sofreriam reabsorção ou I Sonda nasogástrica (SNG) nº 8 ou 10 com aspl-
;,
mumificação.

llTIl-Sllillillllill PRÉ-NATAL E BIIIIIIIITI


‘ rações frequentes. «:
I Antibióticos (ampicilina + gentamicina).
I
Vitamina K, 2mg. . .. .
ª
W,
I Acesso venoso periférico adequado (disposmvo upo
Diagnóstico de onfalocele: massa arredondada Abbocathº) em membro superior ou percutãnEO
de linha média ventral, recoberta por membrana
e com vasos umbilicais inserindo—se na massa.
periférico central (PICC,peripherally insefled centrªl
catheter, ou cateter central de inserção penféncªl
Pode ser visualizada a presença de fígado. Pro— I Exames laboratoriais: hemograma com plaquetas.
curar anomalias do coração e do
so central (SNC). ,; séétiema
nervo-
I Conduta nas onfaloceles ——) realizar ultra-sonografia
KTTP, tempo de protrombina, glicemia.
I Reconhecer nas onfalodeles: associação
a síndrome
de Beckwith—Wiedemann (risco de hipoglicemiª
detalhada, ecocardiografia e análise do cariótipo. grave), insuficiência respiratória por hipoplªªlª'
Orientar transferência in utero para centro terciário. pulmonar (nas onfaloceles gigantes),
outras anº.
a— fn .
!Diagnóstico de gastrosquise: presença de alças
malias, principalmente cardíacas (sohcrtar 9:00
.m —;

intestinais fora da cavidade abdominal fetal flu- cardiografia pré-operatória), solicitar Carlótlpº'
tuando livremente no líquido amniótico, sem
cobertura membranosa, cordão umbilical distinto
I Reconhecer nas gastrosquisesf presença de
i)“;
e separado. não fazendo parte do defeito. Diagnós—
tico diferencial deve ser feito com Onfalocele rota,
ças isquêmicas ou escuras. Se for
observadºldªffío
constritivo de parede abdominal, realizar
111615;;I
fascial de urgência sob anestesia local. Sº .é—
extroiia de bexiga e extrofia de *cloaca. observado volvo das alças, distorce-las e ªPº'
.
.l
I

OnfaloceleeGastrosquise n 337

“bm compressas secas estéreis. Operar assim


ciªl!
mam
pºssível.
”€51 adequadamente
.
algºd㺠laminado eaquecida.
ataduras de crepe
. êx=»!“,.-mclades e cabeça.
mªlª, secas e estéreis.
ou
iii; alçªs expostas saco com compressas
. .
fi‘éipalmeme no transporte, cobrir criançaa-
aco plástico estéril até quase a regiao axrlar.
&, com gastrosqmse deve ser posicionado,
em decúbito lateral direito para
f' reivicialmente,
‘iriizilf o encurvamento do intestino no de-
lªdª. pªrede abdominal.
1111910 necessária. _
Figura 62.9 — Gastrosquise com testículo eviscerado.

& ni
onfaloceles: manutençao.
,{Lgastrosquises e onfaloceles rotas: 1,5 a 2 IDistribuição sistemática e ordenada das alças
{32:5 a manutenção = 6 a 8mL/kg/h de solu- intestinais nos quatro quadrantes.
' de Ringer lactato/glicose 5%. I Não tratar áreas de
estreitamento sugestivas de
estenose ou atresia intestinal (difícil decidir no
transoperatório a existência dessas complicações,
'nados, mililitro por mililitro. pois o intestino encontra-se edematoso e recoberto
' r, em onfaloceles: radiografia de tórax por membranas). Tratar somente quando falta-
. gnosticar associação a hérnia diafragmática, rem areas óbvias de intestino.
vÉntgação diafragmatica, hipoplasia pulmonar A técnica de fechamento do defeito e decidida
lide ser encontrada nas onfaloceles gigantes). dependendo dos seguintes parâmetros: condição
. I' g
" do intestino, se ha complicação associada, compla-
,. cência pulmonar informada pelo anestesista, esta—
prataria
l

do da perfusão periférica, estado clínico da criança

1115311:cirurgia aquecida (27 a 28ºC), colchão


;mico, calor radiante junto à cabeça, algodão
(presença de choque ou acidose), aumento de 4mm
da pressão venosa central (PVC) (se estiver sen—
iãriiinado + saco plástico nos membros.
"'“Ígastrosquises, realizar descompressão gas-
do medida), diferença de saturação da hemoglobina
medida por sensores colocados nos membros
. o iitçstinal por SNG e enemas com soro fisio- superiores e inferiores, medida da pressão intra-
abdominal (pressão intragástrica elou intravesical,
sepsia com solução aquosa moma de PVP«I 1% que-parece ser mais fidedigna, não deve ultrapassar
1311110110) ou de clorexidina aquosa diluída. 20ci'nHzO). O éateter de Foley ou sonda nasogástrica
pçestésicos aquecidos. Não usar relaxante muscular deve ser aspirado antes da medida, sendo, a se-
iiid nitroso. guir, preenchido com 2mL de soro fisiológico. A
posição hídrica transoperatória: RL 8 a lOmL/ pressão é medida pelo sistema de PVC.
h‘ I O co'rdão umbilical deve ser semprepreservado
(Figs. 62.10 e 62.11).

e âsão da cavidade e alças intestinais.


quisar e tratar bandas de Ladd e criptorquidia.
sitgstículos não eviscerados, a conduta deve
canservadora. Nos testículos eviscerados (Fig.
É); duas reposição
condutas podem ser adotadas:
ªmplos na cavidade abdominal,
xrmo ao anel inguinal profundo, aguardando
. descida espontânea.
Q'iquidopexiabolsanaquele testículo que alcança
«Jacilmente a escrotal, sem a necessida-
c,‘Ei'de. liberação retroperitoneal extensa. v.
«

.Pallzar manobras de distensão (stretching) da Figura 62.10 - Cicatriz cirúrgica pós-fechamento de gastros-
ªgºdª abdominal nos quatro quadrantes. quise. 0 cordão umbilical foi mantido.
338 I ParedeAbdomínal

.: Figura 62.13 - Gastrosquise tipo ll com alças edematosax,


.,

encurtadas e aglomeradas e muitas membranas.

“ ':— » . . a ª " “ .
« » an
"»?“ 3!

Figura 62.11 — Cicatriz de gastrosquise conservando 0 cor- mesmo diâmetro do épiii‘e) (Fig. 62.14). Tem sido
.

dão umbilical. sugerida, como excelente alternativa, a criação


:“

de silo com o uso de bolsa plástica de cloreto de


v — m ai
.,t . »,
ª,. J
gist “"a «91 game ªr,”s

polivinil usada nas transfusões de sangue e


Gastrosquise tipo !, sem descoloração das alças hemoderivados. A bolsa é estéril, impermeável
.m na redução e sem diminuição da complacência
pulmonar: fechamento primário (Fig. 62.12).
a microrganismos, transparente, flexível, resis-
J0"

tente, econômica e lisa internamente, não ade-


1:1 Gastrosquise tipo Iem pacientes chocados, pode-
rindo às alças intestinais. No pós-operatório, o
se confeccionar pequena hérnia ventral comflap conteúdo do silo deve ser reduzido diariamente
de pele de apenas 1cm e fasciotomia cranial, ou a cada dois dias até redução completa. 0 silo
evitando o fechamento primário (risco de aumento é fixado e suspenso à incubadora, evitando a
excessivo da pressão intra—abdominal), ou con- angulação dele (tensão sobre a sutura e/ou com-
fecção de silo. Posteriormente é realizada cor- pressão da cavidade torácica). Além disso, 11
reção dessa pequena hérnia, '
suspensão do silo diminui o edema das vísceras
I Gastrosquise tipo 1! (Fig. 62.13), ou tipo I com e mesentério. O fechamento fascial deve ser
alterações hemodinâmicas na redução: fechamento realizado 24h após a redução completa do con-
com silo de silicone reforçado (ideal: folha ex— teúdo do silo. Todos os silos devem ser reduzi-
terna de Dracon :: interna de Silasticº). A tela é dos e removidos em dez dias. Após esse período,
suturada na borda da aponeurose, confeccionando apresentam risco aumentado de deiscência com
um silo em forma de cilindro (a base deve ter o separação da'parede e de sepse. Se a criança ainda
não apresentar condições clínicas para o fecha-
mento fascialfsugerimos aºretirada do silo e o.
preenchimento do defeito com curativo plástico
transparente (Tegadermº) sobre a recém-forma—
L-tDIvucnm

Figura 62.11- Gastrosquise tipo I com pouco ede'ma, pou—


cas membranas e pouca aglomeração de alças. Figura 62.14 - Colocação do silo em gastrosquise.
OnfaloceleeGastrosquise I 339

.
:‘geudomcmbrana. Após melhora das condi-
1? élmieas, deve ser realizado o fechamento
Kg,—gde abdominal.
,,gsquise tipo [III.
Énterostomia
;*àngrenª
inicral: nos casos de intestino com
por volvo ou perfuração isquêmica,
:ãilataç㺠ou edema maciço da alça proximal,
::Y'&. abilidade duvidosa da alça a anastomosar,
'

'ltiplas complicações intestinais, intestinos


,fnuito edematosos e se definições anatômicas
não permitirem anastomose segura (Fig. 62.15).
É'nieroanastomose primária ou enteroanasto-
[nose retardada (entre três e seis semanas após
ªªoperação) nos outros casos. O grau de espes-
*ãmento das alças pode ser definido pela ultra-
"fonografia.
gfGastrosquise com atresia de cólon: geralmente Figura 62.15 — Gastrosquise corn atresia de intestino delga-
diagnóstico é mais óbvio. Indicada colostomia do e volvo.
mcial pela desproporção de calibre.
'
rorquise tipo [V: repor massa fibrinosa na
& zidadeabdominal. Proibida a tentativa de disseca-
;i-pelo risco de lesar porções extensas de intes- dimento é realizado na UTI neonatal sob sedação e
111,51 Fechamento primário ou com silo. técnica estéril. O silo deve ser suspenso acima da criança.
Nenhuma tentativa é feita de reduzir manualmente o
conteúdo. A redução baseia—se na força da gravidade
'ento Primário sem Anestesia Geral e diminuição do edema das alças. O intestino pode
'(

ca'dc redução do conteúdo da gastrosquise des— ser observado através do silo transparente. A redu-
ção espontânea costuma levar entre quatro e nove dias.
.ª'lãolBianchi e Dickson com algumas modifica-
«(Costuma ser realizada na UTI neonatal, sob Após obter-se a redução, o defeito pode ser fechado
“(goes assépticas (anti—sépticos diluídos, luvas e da forma tradicional (aproximando a fascia muscu-
iiis‘estéreis), analgesia (fentanila), após período lar, aproximando a pele por meio de sutura circunfe-
' ªaah de 4 a 5h e com duração de 20 a 60min. rencial e preservando 0 cordão umbilical), ou o próprio
;
tecnica de intervenção mínima, descrita por Bianchi
(jn, deve ter critérios de seleção bem defini-
cordão umbilical é usado para cobrir um defeito pequeno.
fixado com Mieropore e um curativo plástico trans-

_
' ndo resultados insatisfatórios e até catas-
parente év,colocado sobre eles,
:O princípio da técnica baseia—se em tração
aplicada no cordão umbilical (elevando a parede
Quando houver falha na redução espontânea (rara),
está indicada a colocação de silo saturado na fáscia
(gal anterior), aguardando redução gradual dos muscular. *

, na cavidade abdominal (só é permitido orientar Vantagens da técnica: não é' necessária anestesia
aidª das alças intestinais para dentro da cavida—
do_'mina1), sem alargamento do defeito, sem
geral, o procedimento é simples e pode ser
efetuado
na UTI neonatal, a transparência do silo permite ins-
na geral e em leito de UTI neonatal. Após a
ªção, o' cordão umbilical é suturado na fáscia do
peção contínua, a suspensão do silo permite a dimi—
nuição do edema das alças facilitando a redução das
(5qu reto abdominal. Contra<indicações da téc— vísceras. A redução e gradual, não necessitando de
man estado geral, anomalias associadas impor-
slvgecessidade de ventilação mecânica (VM) prévia
medidas de PVC, pressão intragástrica, ou pressão
intravesical. Principal complicação da técnica: des-
'
ução, desproporção intestino-abdome (risco de
rqíne'compmimental abdominal), defeito aponeu-
to
"Lu pequeno em relação ao conteúdo eviscerado
facilmente. _no _
locamento temporário do silo, que pode ser reinserido

Bustorff—Silva et al. apresentaram, Congresso de


a. ificuldades na redução), circulação intesti- Cirurgia Pediátrica de Natal (2004), técnica semelhante,
Qmprometida. mas que utiliza preservativo feminino como silo. O
preservativo feminino apresenta anel maleável, deve
”& :
ªtinente Estagiario sem Anestesia Geral ser cuidadosamente lavado com soro fisiológico para
retirar o lubrificante e esterilizado em óxido de etileno.
<fêªflo
&
um silo transparente pré-confeccionado
a.rnc contendo um anel em sua base que é in-
do debaixo da fáscia, sem a necessidade de Tratamento das Onfaloceles

Cºlt] pontos (Silastic spring-loaded silo). Esse


ª “'-".

a Onfalocele com ruptura do saco: quando possi-


ssui um diâmetro entre 3 e 5,5cm. O proce- vel, o saco amniótico deve ser suturado e a on-
"-
340 I
ParedeAbdominal

falocele transformada em íntegra. Após, adotar


Tela de silicone
conduta de acordo com as situações descritas a
seguir.
I: Onfaloceles pequenas: fechamento fascial pri- Pele -—->
mário com ou sem retirada do saco. O fígado é
delicadamente reintroduzido debaixo do rebor-
do costal. Refazer umbigo com sutura subcuticular
em bolsa (Fig. 62.16).
ºnfaloceles grandes e gigantes.
-Técnica preconizada por Schuster, mantendo
o saco intacto. A junção Onfalocele-pele «% inci—
sada deixando l a 2rrun de pele junto ao saco
Músculo
reto
t
:
da onfalocele, material protético é suturado nas
margens mediais do músculo reto, podendo ou Figura 62.17 -Técnica de Schuster em que a pele é liberada
do saco amniótico e da fáscia medial do músculo reto abdo.

.
não recobrir a tela com pele. Essa tela vai sendo
reduzida diariamente até redução completa. minal adjacente. O saco amniótico é mantido intacto e a tela
Posteriormente, o material protético é remo- é suturada nas bordas do músculo reto do abdome. Adaptado
de Yokomori et aLª
vido, a fáscia muscular e a pele são aproxima- ' .

. eª.
das (Fig. 62.17). , - -

”m.?;
- Técnicas com base na inversão do ãmnio (téc-
nicas de Lorimier e de Yokomori). O silo de < 0,5mL/kg/h), trombocitopenia (plaquetas < .e
50.000), colapso cardiovascular (reenchimento
Silastic é suturado diretamente na pele, perto capilar pobre, extremidades frias), ou neces- ',
dajunção pele—ãmnioª. Membrana da onfalo-
cele é deixada intacta (Fig. 62.18). O silo e o sidade de suporte inotrópico. O rendimento ’i

cardíaco diminui pelo aumento da pós-carga


saco da Onfalocele são reduzidos diariamente imposta ao ventrículo esquerdo pelo aumento
ou de dois em dois dias, invertendo vísceras e da pressão intra-abdominal, redistribuindo o
membrana para dentro da cavidade abdomi— fluxo sanguíneo para longe do abdome e também
nal. Após a redução completa, sob anestesia
porque a pressão intra-abdominal elevada causa
geral, o silo é removido e são aproximadas as
diminuição do retorno venoso das extremida-
-

margens fasciais e da pele.
des inferiores. Consequentemente, a pressão
Nas onfaloceles associadas a anormalidades
cromossômicas graves, ou estruturais inoperâ-
intra-abdominal elevada também diminui a
,
_
veis, ou múltiplas é indicado o tratamento com
substâncias escarificantes: álcool 70° (melhor
circulação sanguinea renal e mesentérica. Pes-
quisar fluxo femoral com sonar (Doppler) ou ,, :»,
&
ecografia com Doppler (eco-Doppler).
escolha, pois não é absorvido), nitrato de prata
0,25%. sulfadiazina de prata.
*
- Arltes de cada redução do silo, realizada na
UTI neonatal, certificar-se se a prótese está
frouxa, se o abdome esta sem tensão e se o es-

L Q' U Z P I - º S A w m
Pós-operatório tado cardiorrespiratório é estável.
- lniciar via oral (V0) somente quando as fun- ,
- primário
Suspeitar de complicação devido ao fechamento
quando surgir: anúria, oligúria (urina
ções gastrointestinais estiverem recuperadas «:
(pouca drenagem clara pela SNG, início das
*

evacuações. ausência de distensão abdominal).

Tela de silicone

Pele
\

/'
Músculo reto

Figura 62.18 —Técnica de inversão do âmnio. Tela de silicone


suturada diretamente na junção pele—àmnio que recobre?!
Figura 62.16 -Aspecto do umbigo após sutura subcuticular fáscia do músculo reto do abdome. Adaptado de Yokomºrl
em bolsa em Onfalocele. et al.’
I

I
l
OnfaloceleeGastrosquise ª 341

mama
ª
nutrição parenteral total (NPT) até to—
e r dieta enteral.
' plicações pós-operatórias da gastrosquise:
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vf-xiecrosªntª
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w
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1n—
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.“
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Íciação retardada das
células intersticiais
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“zdrão muito lento ou anormal de ondas peris-
«t'álticas. , .
Em onfalocele, além de ecocardiografia e carió-
_ v. 33. p. 1338-1340, 1998. '

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of a silastic spring-loaded silo forinfants with gastroschisisJ. Pediatr.
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'iincipais de mortalidade estão relacionadas ao plastic hemoderivative bag in the treatment of gastroschisis. Pediatr:
Surg. Int., v. 15. p. 442—444, 1999.
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clinical outcomes in neonates with gastroschisis. J. Pediatr. Surg., v.
sobrevida em onfalocele: 70 a 75%. Mortalidade 41, p. 897—900, 2006.
paseia-se principalmente em anomalias congênitas SCI-lATl'ER, M.; NORRIS,C.; UITV'LUGT, N. et al. Improved outcomes
ssociadas e insuficiência respiratória nas onfalo- in the treatment of gastroschisis using a preformed silo and delayed
files
gigantes. repair approach. .7. Pediatr: Surg.. V. 33. p. 459-464, 2003.

x. »
342 I
ParedeAbdomi‘naI

ilíaca direita. Na adcnite ilíaca nota-se abaula.


mento por cima do ligamento inguinal (Pªrece
que está. incorporado à sua parede, pois não se
consegue identifica-lo), doloroso, firme.

Abscesso do Psoas ta Febre (80%).


|!
O quadril permanece em posição de flexão e rotação Eª.“a:
externa (posição antálgica, pois o rclzxamemo H"
do mfisculo alivia a tensão). Dor forte à tentª.
João Carlos Ketzer de Souza tiva de extensão do membro inferior correspºn.
dente.
Dor à compressão do quadril.
BDIIBEITII rl A dor é agravada pela deambulação e por isso
Abscesso comprometendo a bainha do músculo psoas adquire marcha claudicante característica.
e tecidos circunjacentes. & Escoliose do lado da lesão (85%).
A situação anatômica particular do músculo psoas
ilíaca, que se estende desde o tórax até o trocanter
menor do fêmur, assim como sua rica vasculariza-
IIIursnaIIçlln nmauúsnun
ção, são os fatores que explicam sua suscetibilidade I! História e exame físico.)
especial à colonização em forma direta desde um foco !! Hemograma com leucocitose, desvio para a es.
vizinho, assim como a chegada de germes por via querda, anemia (15 a 20% dos casos) e veloci-
hematogênica. dade de sedimentação globular (VSG) elevada.
!Radiografia de abdome: escoliose, presença de
massa de tecidos moles, borramento da linha do
nussnmnçio psoas ipsilateral.
In Ultra-sonografia abdominal e/ou tomografia
ttllscesso Primárlo lin Psoas
computadorizada (TC) ou ressonância nuclear
É a forma mais comum e sua patogênese é obscura. magnética (RNM): mostram coleção de aspecto
Causas possíveis: linfadenite supurativa, hematoma purulento junto a bainha, na intimidade do mús-
com infecção secundária, metástases pio-hematogêni- culo c tecidos circunjacentes.
cas, celulite, infecções da pele, adenite ilíaca externa
profunda. DIAGNÓSTICO IlIFEIllllllllll
A adenite ilíaca externa caracteriza—se pela pre-
sença de foco infeccioso junto aos tecidos circuujacentes Artrite séptica do quadril, osteomielite da extremi—
a artéria ilíaca externa e músculo psoas-ilíaco. dade superior do fêmur e osteomielite espinhal.

ªrrumªram
Cansado por doenças do retroperitônio e da cavidade Drenagem percutânea guiada por ultra-sonografia/l'C
abdominal: apendicite aguda, doenças intestinais ou drenagem cirúrgica extraperitoneal pelo flanco +
inflamatórias, pancreatite, pielonefrite, perfuração do 'antibioticoterapia (oxacilina + gentamicina).
duodeno, tuberculose de coluna vertebral, A drenagem extraperitoneal percutânea está indi-
cada no abscesso com cavidade uniloculada. Nos casos
com cavidade multiloculada ou presença de pus muitº
espesso, a drenagem cirúrgica está mais indicada.
al Abscesso primário: Staphylococcus aut-em (85 a90%). BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
|:
Abscesso secundário: Gram-negativos e anaeróbios.
BROWN, R. A.: CYWES, S. Abdominal wall and psoas abscess In
children. Pediutn Surg. Ini., v. 5, p. 402—405, l990.
llllllllllll BlÍIIIllll GIL10,A. E.; PAHL, M. M.; BARBOSA, R. B. et al. Primary Piº”
abscess in a child. Case report and review of the literature. R"-
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(membros inferiores principalmente pés e oco músculo psoas ilíaco. Paralagia de Urgência. v. 9, p. 23-26, 2001.
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: a Dor abdominal baixa, fossa ilíaca. lombar, ou children. Pediatr Surg. Int., v. 16, p. 408—410, 2000.
quadril.
u Pode ser identificada a presença de massa dura,
KANG, M.; GUPTA, S.; GULA'l'I, M.: SURI, S. llio-psoas abscess
the pediatric population: treatment by US-guided percutaneWs
in.
dolorosa, localizada mais frequentemente na fossa drainage. Pediatr. Radial, v. 28, p. 478—481, 1998.
Seção

resia de Duodeno
fr'“ ..............................

,.. (2556 e Fistula Perianais

fiémorréidas Externas .
olapso Retal
Estenose Hipertrófica de Piloro = 345

u Atresia pilórica.
m Duplicação cística do piloto.

uunnno Glíillllll
Vômitos alimentares ou claros sem bile que se
iniciam entre a terceira e a sexta semana de vida.
Geralmente são vômitos em jato e ocorrem 30 a
60min após a alimentação. Os vômitos podem
conter sangue em 15% dos casos por gastrite
associada. E a causa da alcalose hipoclorêmica,
característica da hipertrofia de piloro. O dese-
quilíbrio hidroeletrolitico é menos visto hoje em
dia. Essa diminuição pode ser atribuída ao diag—
nóstico mais precoce associado ao uso da ultra-
1.fiofia adquirida da musculatura pilón'ca (prin— sonogratia. Alguns estudos atuais mostram de—
'
[Rente da camada circular), provocando obstru— sequilíbrios hidroeletrolílicos significativos em
E}3gressiva ao esvaziamento gástrico. O canal apenas 10% dos pacientcs.
tigº
,,... toma-se estreitado, alongado e espessado. — Fisiopatologia da alcalose metabólica:
' O estômago normalmente secreta grandes
quantidades de ácido clorídrico. Pelos vômi—
tos que acompanham a hipertrofia de piloro.
tal. Teorias incluem: hiperacidez gástrica indu- grandes quantidades de ácido clorídrico cos-
ãespasmo pilórico e hipertrofia, pilorospasmo tumam ser perdidas, assim como, em meno—
"liberação aumentada de gastrina e hipertrofia, res quantidades, sódio e potássio. As células
parietais gástricas produzem ácido clorídrico
iíii'idade ou alterações degenerativas das células pela divisão das moléculas de água (H20 —)
glionares mioentéricas, redução de fibras nervo— H'+ OH“). Para cada íon hidrogênio (H*)
eptidérgicas causando deficiência da síntese de
secretado há um íon hidroxila (Ol-i") que é
38 nítrico (neurotransmissor da musculatura lisa),
lidade anormal secundária à'diminuição de células tamponado da seguinte forma:
OH" + RICO;
“marca-passo e outras. Hbuf—> l—lCO + HOH ou
'

OH“ + ——> Bui‘ + HOH


Isso resulta no aumento da concentração plas-
mática de bicarbonato, excesso de base e pH
'ri'revalência: 2 a 3:1.000 nascidos vivos. alcalino, pois o bicarbonato retoma para o meio
'É'a causa mais comum de vômito de tratamento extracelular.
'rúrgico em recém—nascidos e lactentes. ' Além disso, há também perdas de cloro e. em
esponsável por 30% dos vômitos não—bilio— menor quantidade, de sódio e potássio pelos
5,0:5 persistentes em crianças < 1 ano de idade. vômitos. A correção dessa alcalose metabóli—
rca pelo rim faz—se em duas fasês:
:

Mais frequente em meninos: 4M:1F.


_
'
,

. _ ,Mais comum nos primogênitos (aproximadamente


0%). Menos de 5% poderão estar presentes em
'lªfase: a resposta inicial do rim, quando ainda
não existe grande depleção corporal de sódio
'
.' ytprematuros.Eraraaapresentagaoaposa12'semana e potássio. e produzir urina alcalina, excre-
"'—'de vida. tando bicarbonato em troca da reabsorção
É: istória familiar em 15% dos casos. É uma doença de sódio e potássio,
fqom predisposição familiar bem estabelecida.
!Malformações associadas: 7% (mais comuns: má
'2ª fase: com a continuação dos vômitos, as
concentrações de sódio, potássio e cloro dimi-
mação intestinal, uropatia obstrutiva, atresia nuem muito. O rim e agora forçado a esco—
e ofágica). lher entre a conservação de sódio e potássio
‘rfndromes associadas: Smith—Lemli-Opitz, tris— e a correção da alcalose. A reabsorção de
sódio começa a ocorrer avidamente em troca
omia 18, Turner e Cornelia de Lange.
de íons hidrogênio, principalmente, e clo—
Ensues nlrtntuemt ro. A urina torna«se ácida (acidúria para—
doxal).
Refluxo gastroesofágico.
O sódio, em circunstâncias normais, entra no fil—
Sindrome adrenogenital perdedora de sal.
Penensão endocraniana por lesões do sistema
trado glomerular com uma concentração de l40mEq/L
e o cloro com llSmEq/L. Grande parte desse sódio
ervoso central. filtrado é ativamente reabsorvida (1 lSmEq/L) no lúmen
do túbulo proximal para o plasma. sendo a eletroneu—
346 I Trato Gastrointestinal

Vaso sanguineo Vaso sangúineo

Alça de
Henle

Ne' no c 993sei.ª?

cane:
Yúbulo
túbulo “hula prolinª!
pmlml

Medul-
Figura 64.1 -Representação esquemática do mecanismo renal Figura 64.2 — Representação esquemática da influência da
de regulação hidroeletrolítíca. hipocloremía no mecanismo de transporte renal em esteno
se hipertrófica de piloto. Acidúria paradoxal.

tralidade mantida pela reabsorção de cloro. O sódio ex—


cedente (25mEq/L) é reabsorvido no túbulo distal, E Podem existir ondas peristálticas visíveis, diri—
exigindo a troca por potássio ehidrogênio (Fig. 64.1). gindo-se do quadrante superior esquerdo para o
Quando a concentração decloro e reduzida no túbulo quadrante superior direito do abdome (Fig. 64.4).
proximal (hipocloremiada hipertrotia de piloro), somente n: Palpação do piloto hipertrofiado de forma ovóide
parte do sódio, que entra no túbulo proximal, será e móvel, medindo 1 a 2cm de diâmetro, situado
reabsorvida para manter a eletroneutralidade. 0 res- no quadrante superior direito ou epigástrio, em

ó L S- — Z v[
tante do sódio e então reabsorvido no túbulo distal 85 a 90% dos casos. São necessárias paciência
pela troca com-potássio ou hidrogênio. O potássio, e experiência do examinador. A palpação de um
também em depleção, não consegue competir com o piloro hipertrofiado relacionada a quadro clínico

L-çm
'hidrogênio e vai aparecer urina acida. Para cada ion hi- típico toma o exame radiológico e a ultra-sonografia :
drogênio secretado no lúmen, um novo íon bicarbo- desnecessários.
nato é adicionado ao plasma (Fig. 64.2). — Técnicas de palpação.

.
', Q bebé deve estar relaxado, com todo o abdome
IPerda de peso, ou peso estacionário. & despido e não deve estar chorando.
Desidratação, desnutrição (Fig. 64.3).
IIcterícia (à custa de bilirrubina indireta)
e en- "Muitas vezes, antes da palpação, é preciso
passagem de sonda gástrica para esvaziar o,
contrada em aproximadamente 2 a 5% dos ca- estômago de ar e liquidos.


sos. Há duas explicações para a icterícia: ' Durante a palpação, a_ alimentação com chá
Diminuição da atividade da enzima hepática ou glicose costuma a'calmar o bebê.
a

glicuronil—transferase por redução da ingesta ' 0 examinador deve ficar à esquerda do bebê,
calórica. enquanto a mãe oferece uma mamadeira de
— Aumento da circulação entero—hepática nos re- cha” com a face do bebê fletida para o lado
cém—nascidos. Em realidade ha: direito. O examinador deve segurar delicada-'
' Mais bilirrubina conjugada para ser descon— mente os tornozelos do bebê com sua mãº
jugada (mecônio do recém—nascido é rico em
bilirrubinas).
'Presença de maior quantidade da enzima B-gli-
curouidase no lúmen intestinal dos recém—nas-
cidos, aumentando a capacidade de conversão
da bilirrubina conjugada em não-conjugada.
' Retardo de trânsito intestinal na estenose hi-
pertrotica de piloro, facilitando a maior cott-
versão e absorção dabilirrubina não-conjugada.
Essa bilirrubina em excesso é absorvida no
intestino delgado distal.
El Constipação intestinal é frequente.
m Distensão do andar superior do abdome (estô- Figura 64.3 - Lactente gravemente desnutrído com estenose
mago dilatado). hipertrófica de piloro.
Estenose Hipertrófica de Piloro

.a 64.4 Dilatação do hipocôndrio esquerdo. 0ndas peris-



ãltlcas
(
dirigindo-se do quadrante superior esquerdo para o
Éiirante superior direito.

esquerda e manobra—los para frente e para trás,


a fim de relaxar a musculatura abdominal. As
pontas do segundo e terceiro dedos da mão Figura 64.5 — Radiografia de abdome mostrando grande di-
direita são colocadas sobre o quadrante supe- latação gástrica com pouco ar distal.
rior direito e movimentadas em direção súpero—
inferior em busca de um piloto hipertroiiado,
que e móvel e apresenta consistência firme
(como se esn'vesse palpando a ponta de um
nariz). Sinal do ombro
' Outra técnica que pode ser usada consiste no
posicionamento do examinador à direita do bebê.
Corn amão esquerda ele eleva e apóia a ca«
beça e o dorso superior do bebê. Essa manobra
permite que () piloro deslize para baixo das A B
Sinal de cogumelo
margens do fígado e que as pernas sofram uma
flexão, ajudando a relaxar a musculatura ab—
ou sumida-chuva
dominal. As pontas do segundo e do terceiro
dedo são colocadas e movimentadas sobre o
quadrante superior direito para palpar o piloro.
4_—
Sinªl do barbante

ii ESTIGRÇÃII llBlllll'l'llBllil
ograma, plaquetas,provas de coagulação (tem- C D sinal do duplo um

& protrombina, KTTP), eletrólitos, exame comum


ou estrªda de ferro

urina, cálcio, gasometria arterial (são comuns alcalose Figura 64.6- Radiografia contrastada do trato gastrointestinal
metabólica hipoclorêmica e hipocalêmica), proteínas
otais e fracionadas, uréia, creatinina.
superior com imagens características de estenose hipertrofi-
«. ca de piloro. (A) Sinal do ombro: representa a pressão do
piloto sobre a borda côncava da teta. Por causa da direção
'
gisrlansflo m motu cefálica do músculo hipertrofiado, a porção superior do antro
fica mais indentada que a porção inferior. (B) Sinal do bico
de selo: representa a onda perístáltica no inicio do canal pilórico
Yi Radiografia de abdome: distensão gástrica com estreitado. (B) Sinal da teta: representa a onda peristáltica
pouco ar distal ao piloro (Fig. 64.5). junto à pequena curvatura e a compressão do antro pelo piloro
Radiografia contrastada do trato gastrointestinal hípertrofiado. (C) Sinal do barbante ou fio: representa o ca-
SPPerior(Fig.
risticas
mostra imagens radiológicas caracte-
64.6). Detalhes anatômicos: a ca-
nal antro-pilórico aperístáltico, longo e estreitado, O piloro
curva-se para cima e para a esquerda. É representado por
mada muscular circular torna-se espessada, estrei- traço único, longo e central. (C) Sinal do cogumelo: repre-
-? v
tando o_alongando o canal pilórico. A mucosa senta a indentação convexa do bulbo duodenal pelo piloro
hipertrofiado. (D) Sinal do duplo trato: formado pelo abau—

torna-se redundante e pode parecer hipertrófrca. lamento da mucosa redundante dentro do canal pilórico es-
_rn 0 ªlongamento e espessamento do músculo, treitado que, por compressão, resulta na separação da coluna
º micro desvia—se para cima em direção à vesícula. de contraste em dois traços longitudinais e paralelos.
348 I
TratoGastraintestinal
e paralelos de bário. Representa um grau menºr
Sensibilidade e especificidade ficam préxrmas de hipertrofia.
de 100%.
- hipertrofiado
.
Causas de falso-negativos: estômago hiperdistendido Sinal do ombro: representa a pressão do piloro
sobre a borda côncava da teta,
com leite e ar (piloto esconde-se atrás dº ªin" Por causa da direção cefãlica do músculo hiper-
tro). inexperiência do radiologista, bebê
pequeno e apresentação muito precoce (l-"ll"r0
mmtº trofiado, a porção mais superior do antro fica
mais indentada do que a porção inferior,
ainda pouco hipertrofiado). Causa de falso-Pº"
REED também pode nos mostrar: distensão
sitivo: pilorospasmo.
— Sinal do barbante: representa o canal anlfº'
gástrica, presença de refluxo gastroesofágicO
tempo de esvaziamento gástrico retardadº.
pilórico aperistáltico, longo e estreitado. E
sinal mais clássico. O canal pilórico chVª'Sº
º
_ presença de membrana antral pré—pilórica.
Ultra—sonografia abdominal: 0 piloro é obsen
.

-
para cima e para a esquerda. É representadº
por um traço único, longo e central, corres-
pondendo à luz estreitada do piloro.
Sinal da teta: representa a onda peristÁlticªJuntº
_ vado em relação a espessura da sua parede,
diâmetro do piloro no corte transversal, com.
primento do músculo pilórico no corte longi_
tudinal e formas características. Quando ne-
à pequena curvatura e a compressão d0 ªntrº cessário, é o exame indicado para investigação
pelo piloro hipertrofiado.
. . . - ' diagnóstica (Fig. 64.7).
—Smaldobrcodcsero:representaaondapfiflflél“?a
. . do canal prlorrco . . E mais . . s definem hipertrofia
. , . estreitad As seguintes medidas de
,

no micro º primo (curdado, pºis as medidas podem ser


proeminente quando a obstrução é completª“
.
— indentaçãgo convexagdo
Sinaldo co umelo ou uerda-chuva: representa
a bulbo duodenªl pelo
dade-dependentes):
1 , . _
' Espessura do musculo pilórico 2 4mm (serosa
.iloro hi. ertrofiado. De ende da passagem de a mucosa'
.A inclusive):ª .

“*Li“l '
1 Ema boap quantidade
piloro para encher o bulbo duodenal.
depcontrast
e atrªvés do 'Diametro transverso do piloro Z l4mm (serogª
à serasa)-
. ' ., .
ii — Sinal do duplo trato ou da estrada de ferro:
gºmânglºlglºddºãªníl Pllºl'lºº Z 17mm (da
É formado pelo abaulamento da mucosa redun-
Gisª) º u
º no ºnª
ªº antro gástrico) (Fig,
«» dante dentro do canal pilórico estreitadº que,
por compressão, resulta na separaç㺠dª) º?“
luna de contraste em dois traços longitlldlnals
Forma característica da hipertrofia de piloro no corte
transversal: sinal do alvo ou do biscoito em forma de
.
« *
rosca (doughnut). Observa-se um anel externo espesso
' '
hipoecóico (musculatura pilórica hipertrofiada) e anel
* interno menor hiperecóico (mucosa) (Fig. 64.9).
Quadro (linka compativel mm EHP "
Outros sinais indiretos: falha de abertura do canal
ª
gem 15min, contrações retrógradas ou hiperpen'stálticas,
,
”"ª'º ”ªªª—ª'
, . ªccogenicidade não-uniforme do músculo pilórico.
Estudos seriados mostram que o piloro hipertrofiado
7
.
, e s zª g " diminui no final da primeira semana pós-operatória,
L

no
1

“à sun retornando ao seu tamanho normal final da quarta


ª “ ª ,

ª?à?ª
.
ª
ª” l
, '
'semana. «.
—.;
. . mafia

l
F
.‘

mnmmmru
*

;p» “'
. ª
agir'
A
— _
mm“ l W. .
anulados Pré- neralérms
”a: ' . oral (NPO).
R.;??— “ i
Pllorornlotomla
llNada Via
IDecúbito elevado.
% Vª'""º“ªªº"ªª'ªª Mºlhº” e: Sonda nasogastrica (SNG). Atualmente, existe
rimª—:
ª,ªr ª Rm? am new“ “nª“: no
forte tendência em não colocar sonda oro ou
nasogástrica pelas seguintes razões: provocª
5;“? lL. jg: desconforto para o paciente, estimula glândulªs .7
SEER.'
һ
- “lemma!“ ami/unam
:‘gmggmm
salivares e aumenta a salivação, desidrata o bebe ;:
ao retirar todo o conteúdo gástrico. O bebê tem g
?"
., 7.,
'Mª rºtªç㺠_
- Dupllcação 9mm:
estenose, não atresia e secreções gástricas coS- .:
, »

_ _
tumam ultrapassar o musculo hipertrofiadº. 50' ;
, ,
“€*—::=
ªª » . ó mente colocar a sonda quando, mesmo em NPO, ;;
fl _-0
ICB. piloru. EH? = estenose hipertrófrca de pilorf),mgª;
:Igudra
ip '
6.4-7 Algºritmº diªgnÓSticº dª ªsteniª a criança apresentar vômitos. A passagem de SNG. “'
'
.;

{4v e
radiografia de esofago, estômago e duodeno; RGE = re
acompanhadª por lavagem com soro fisiológicº
I ”X '
~ d t d '
d " tésicª-
a"2'3.
gastroesofégico. e aspiraçao eve an eee er am açao anos


K
Estenose Hipertrófica de Piloro II
349

_—
Figura 64.9 Achados ultra-sonográfícos da estenose hiper-
tróflca de plloro. Corte transversal do piloro mostrando
ura 64.8 — Achados ultra-sonográficos em estenose hi-
eºnrófica de piloro. Vista longitudinal mostrando as pare- aumento da espessura da camada muscular circunferencial.
"; musculares em perfil. Estão separadas por duas linhas
%cogênicas, que representam mucosa-submucosa e uma par-
central hipoecogênica, que representa o lúmen do canal
u Desnutrição grave: nutrição parenteral total (NPT)
por vários dias.
n Temos indicado profilaxia antibiótica (cefalos-
porina, dose única, 30min antes da incisão ope—
. Não existe nenhuma indicação cirúrgica de ur- ratória), quando se utiliza a incisão circumbilical,
. ', gência na estenose hipertrófica de piloro. com base no fato de que a região umbilical repre-
...|
Corrigir previamente os déficits de líquidos, senta uma área de maior suscetibilidade à infec-
4,,- eletrólitos, hemoglobina e proteínas. ção e, conforme observação nossa e a literatura.
IA desidratação pode ser mínima, moderada ou de maior número de infecções da incisão opera—
grave, dependendo da duração e frequência dos tória (cicatriz umbilical) com essa via de acesso.
vômitos. Como somente secreções gástricas são
»

eliminadas,.as perdas oletrolíticas são principal- Tratamento uirúrnieo


mente de íons hidrogênio e cloro e relativamen-
te menores de íons sódio e potássio. E por isso Muitas incisões foram descritas para a realização de
t que acaba ocorrendo alcalose hipoclorêmica. uma pilpromiotomia. Não existe nenhuma vantagem
—-
»

“É Bicarbonato de sódio normal do lactente (HCO): particular de uma sobre a outra. A escolha deve ser
_:1 18 a 25mEq/L. fundamentada na preferência e experiência do cirurgião.
J" — Distúrbio eletrolítico moderado: 26 a 35mEq/L
IE,. --
lVia de acesso clássico: pequena laparotomia trans—
Distúrbio eletrolítico grave: > 3SmEq/L.
-
319* Correção dos distúrbios.
"l. ' Distúrbio hidroeletrolítico leve: repor com lí-
versa no quadrante superior direito. Outra via de
acesso bastante utilizada é aincisão de Robertson
" quidos e eletrólitos de manutenção. (pequena laparotomia subcostal direita paralela
'Distúrbio hidroeletrolítico moderado a grave: ao rebordo coslal, lateral ao músculo reto abdo-
ressuscitação inicial com 10 a 20mL/kg de soro minal, com separação das fibras musculares).
fisiológico em duas horas. Depois: Atualmente, temos dado preferência à incisão
º Em distúrbio moderado: repor com glicose circumbilical (incisão curvilínea junto à prega
a 5% 2:1 soro fisiológico, 1,5 o cálculo da umbilical superior), com abertura da fáscia na linha
manutenção. média no sentido longitudinal com amplas van-
' Em distúrbio grave, repor com glicose a 5%
1:1 soro fisiológico, 1,5 o cálculo da manu-
tagens estéticas. O umbigo deve estar seco, sem
secreção e o piloro hipertrófrco' móvel à palpa-
tenção. ção. Nesse caso, a anti—sepsia do umbigo deve ser
* Após o restabelecimento do débito urinário minuciosa e, a antibioticoterapia, com cefalos-
adequado (1,5 a 2,0mL/kg por hora), 3 a porina de primeira geração, dose única, 30min antes
SmEq/kg de potássio são acrescentados na da incisão cinirgíca. Outra opção no armamentário
solução que está sendo infundida. Não ex- cirúrgico atual é a piloromiotomia por via
ceder 40mEq/24h. videolaparoscópica.
e_l'das pela sonda nasogástrica devem ser repostas Donnellan et aL' descreveram, para o tratamen—
mililitro por mililitro com a seguinte solução: to de piloros hipertróficos grandes difíceis de ser
'

glicose a 5% 1:1 soro fisiológico + 30mEq/L de exteriorizados, um tipo de piloromiotomia intracor—


Pºtássio. pórea (sem exteriorização do piloro). Seus adeptos
350 I TratoGastroíntestinal

afirmam que ela diminui a força exercida sobre


o antro gástrico, pemtitindo uma recuperação mais
rápida do esvaziamento gástrico.
ll Piloromiotomia clássica de Fredet-Ramstedt. Rea-
lizada na porção antero-superior do piloro, área
relativamente avascular, após sua exteriorização
pela incisão abdominal. O piloro hipenrofiado
termina abruptamente na extremidade duodenal
e essa transição é demarcada externamente pela
veia pilórica. A incisão na musculatura pilórica
deve parar a aproximadamente 4mm do final do
músculo hipertroliado. Essa estratégia e adota— Figura 64.11 —- Sutura-se a
da para evitar perfuração duodenal. As fibras mucosa perfurada e se reali.
musculares são separadas por dissecção romba até za omentoplastia sobre a per-
furação.
completo abaulamento da mucosa intacta pela
incisão. Nenhuma tentativa deve ser feita para separar
as poucas fibras musculares mais distais do piloro,
evitando a perfuração duodenal. Essas fibras re-
manescentes se separarão espontaneamente du-
rante as primeiras mamadas, devido ao peristaltismo
gástrico e aos esforços de esvaziamento.

b n o — u - zó
n Semprepesquisar perfuração duodenal ordenhando
distalmente a bile do duodeno em direção ao es-
tõmago.
ICaso houver perfuração duodenal pode-se
— iniciandojá
Realimentação gradual após as primeiras 12h,
com leite materno ou fórmula diluída
utili-
zar uma dessas técnicas cirúrgicas. em pequenas quantidades, até atingir 0 volume
- Fechar completamente a piloromiotomia, gi-
rar o piloro 90 a 180° e refazer a piloromiotomia
e a concentração normais. Há diversos esque-
mas dc realimentação. O importante é que a
nessa nova área (Fig. 64.10). quantidade e a concentração sejam aumenta-
- Suturar a mucosa perfurada, colocando um re-

das gradualmente.
Setiver havido perfuração, deverá frcar sem nada
.
mendo de epíplon sobre a área suturada (Fig.
64.11). ' por via oral e com sonda nasogástrica por 48h.
ICuidados pós-operatórios.
- Nada por via oral e sonda nasogástríca por 8 computing-firs
12h.
a
-. u — r p m E “
'
Zª I Perfuração 'de mucosa: 1 a 4%.

nª? .,
— com
Hidratação parenteral: cálculo da manutenção
glicose a 5% Z:] soro fisiológico + ?.OmEq/L
ll Vômitos pós-operatórias: 3 a 31%. Complica-
ção mais frequente. A persistência de vômitos
de potássio + reposição das perdas pela sonda
após o quinto dia de pós-operatório pode indi-
uasogástrica. car divisão inadequada do piloro hipertrofiado.
I: Infecção: 1 a 57%. '

REFEREMIA BIBLIOGRÁFICA
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BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
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SCHWARTZ, M. Z. Hypertrophic pyloric stenosis. In: O'NEILL JR..
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Obstrução Congênita Antral e Pilo'rica != 351

t:
à.

um
trução pode ser parcial ou completa e costuma
Ãusada por diafragma mucoso, atresia com gap
sia segmentar com cordão fibroso conectando
c os.
9Éfragntas são membranas ctrcunferenciais com-
“; de duas camadas de mucosa com uma camada
Iucosa entre elas, geralmente corn orifício centra]
Figura 65.1 ~ Variedades anatômicas mais comuns das obs-
truções gástricas congênitas. (A) Membrana antral perfura-
da. (B) Membrana antral completa. (C) Membrana antral do
tipo "biruta". (D) Atresia pilórica. (E) Atresia pilórica com
cotos separados.
éDesconhecida.
Ãlgumas hipóteses: catástrofe vascular intra-útero,
' ioliferação endodérmíca desordenada (teoria mais
Ordem decrescente de prevalência: diafragma pii
'
aceita atualmente), ou secundária à obstrução distal lórico (65%), atresia pilórica (25%), diafragma
_âreexistente (junto ao piloro) em que pregas de
e'mucosa redundantes se hipertrofiam na sua luta antral e atresia antral.
IE Prevalência das obstruções gástricas congênitas
' entra um obstáculo distal. distais: 12100.000 nascidos vivos.

litieren nIrrItrIIelIII II;


against) nr 0mm eInuIIaIeII wanna n Corresponde a menos de 1% de todas atresias e
diafragmas do trato gastrointestinal.
Sem predisposição sexual.
E Alta proporção de bebês com baixo peso ao nascer

yfluxo gastroesofãgico. (50%). Quarenta e cinco por cento são prematuros.


Anomalias associadas: 30%, Mais comum é a
olvo gástrico.
xlcera péptica com obstrução distal. atresia ele esôfago e outrasmresias do trato gas-
Qb'strução junto à primeira porção duodenal trointestinal. I
:Igsusada por má rotação intestinal. l'! Atresia pilórica pode ser encontrada associada a
epidermólise bolhosa e aplasia congênita da cútis. ºi
i
lâminas
.
(Fig. 65.1) Associação entre o diafragma—anual e hipertro-
fia de piloro em 5% dos casos.
- ,
“ Obstrução pilórica
« “,Membrana.
'“'mago
Atresia: tipo I, atresia membranosa com estô- llllflllllfl Climª“!
e duodeno intactos (58%); tipo II, cotos A clínica depende do grau de obstrução. Os diafrag-
separados por cordão fibroso (34%); tipo III,
í
3 completa separação dos cotos (8%).
mas completos e atresias apresentam-se nos primei-
ros dias de vida.
rl Kjâbstrução antral ou pré—pilórica (lesão locali—
âgªdª, no mínimo, a 1cm do piloro) História de poliidrâmnio em 50% dos casos.
.?“ Membrana. O quadro clínico da obstrução completa traduz-
Atresia. se por vômitos claros emjato persistentes, distensão
do andar superior do abdome, salivação exces—
grammar:
we
siva, disfunção respiratória e, algumas vezes, per-
furação gástrica.
“Membranas corn orifícios são mais comuns do
fluª as atresias.
ia Obstrução incompleta ou parcial, em crianças
maiores, costuma causar sintomas vagos e ines-
352 I Trato Gastrointestinal

pecificos mais tardios: dor epi gástrica, vômitos TRIMMER“)


claros intermitentes, retardo de crescimento. Podem IPré-operatório: nada via oral, sonda nasogásmcª,
ser observadas ondas peristálticas deslocando- reposição hidroeletrolítica (aparece alcalose'
se do quadrante superior esquerdo para o quadrante metabólica semelhante à causada pela hipertroz-
superior direito. tia de piloro).
!! Via de acesso: laparotomia transversa Supra.
IIIIESTIGAÇAII BIAGNÓSTIGII umbilical direita.
Membrana: orientar, sob visão direta, a sonda
IUltra-sonografia pré-natal: poliidrâmnio, estô-
mago e esôfago dilatados. nasogástrica introduzida pelo anestesista distal-
IHistória + exame físico. mentepara afastar presença de membrana do ilpo
!Radiografia de abdome: grande bolha gástrica “biruta” (windsock). Ou introduzir sonda de Foley
pela gastrotomia, inflar o balão e retirado. Mem.

m n- s u v
única, sem ou com pouco ar distal.
I Radiografia de esôfago, estômago e duodeno (REED): branas pilóricas ou pré-pilóricas podem se mr.

delimita o septo radiolucente tênue, medindo i nar redundantes, após exposição a forças de pressão
peristáltica propulsiva, prolapsando—se através do
-925

I
2 a 3mm de espessura (imagem de defeito de
canal pilôrico para dentro do duodeno e formando
twrªtse“
enchimento), projetando-se em sentido perpen—
dicular em relação ao eixo longitudinal do estô- lesões do tipo “biruta”. Sempre instilar soro fi.
mago. O diafragma antral também pode produzir siológico no intestino distal para afastar obstru.

g n 4 1:
uma imagem radiológica de duplo bulbo (com ção distal associada. Realizar gastrotomia lon-
contraste situado entre o piloro e uma câmara gitudinal sobre a membrana, sua ressecção parcial
dilatada põs«passagem do contraste" pelo orifí- ou completa e fechamento transversal como
cio do diafragma) ou pode demonstrar passagem piloroplastia.
de pequena quantidade de bário pelo orifício do !A atresia de piloro curta pode ser tratada com
diafragma, delineando um canal pilórico aparen— excisão da membrana e piloroplastia de Finney,
E Atresia com cotos totalmente separados: gas-
temente estreitado e bulbo duodenal pequeno,

.r wa J
troduodenostomia do tipo Billroth I.
me
mostrando uma configuração semelhante à de
a

hipertrofia de piloro. Faz o diagnóstico em 90% I Atualmente, estão sendo preconizadas a gastros-
dos casos.
4

copia com fibra óptica e a ablação da membrana


com laser ou só por incisão da membrana com
v.

IEndoscopia digestiva alta com fibra óptica: o diag—


nóstico pode ser difícil. Necessita de muita ex« dilatações posteriores.
periência do operador. Podem ser encontrados
estômago dilatado e membrana com pequeno BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
orificio, não permeável ao gastroscópio, que pode ECE, Z.; ERDOGAN, E.; KARA, C. et al. Pyloric atresia: lS-year
review from a single institution. J. Pediatr: Surg., v. 38, p. 1531-
ser interpretado erroneamente como o piloro. Essa
membrana é lisa, circundada por mucosa gástri-
’;- 1584, zoos. . .
LUGO-VICENTE, H.L. Congenital antral membrane: prenatal dIagntISIs
ca e sem pregas, sem modificação do diâmetro and treatment. J. Pediatr. Surg., v. 29, p. 1589-1590, 1994.
do orifício com a peristalse. MOORE, C. C. M. Congenital gastric outlet obstruction. J. Pediu/r.
I Ultra—sonografta abdominal: dilatação gástrica, Surg., v. 24, p. 1241-1246, 1939.
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continuidade gastroduodenal (em atresia), pre- diaphragm. In: PURI, P. Newborn Surgery. Oxford: Buttcrwortn- ,

sença do diafragma. Heinemann, 1996. p. 261-265.

a.-
Úlcera Péptica I
353

ser proporcional à insuficiência renal. 0 rim e im-


portante na degradação ou excreção de gastrina.

Medicamentos ulcerogénicos
A ingestão de alguns medicamentos como a indome—
tacina, agentes antiinflamatórios não esteróides (AINE),
ácido acetilsalicílico e corticosteróides costuma agredir
a mucosa gastroduodenal. A aspirina tem ação local
sobre a mucosa, diminuindo a espessura dessa cama-
da. Os medicamentos antiinflamatórios não esterói-
des causam inibição sistêmica da síntese das
?:erosa penetrante da mucosa gastroduodenal prostaglandinas. diminuição da secreção de muco e
"do a camada muscular da mucosa, causada de bicarbonato e interferência na regulação do fluxo
*
ªo digestiva do ácido clorídrico e da pepsina. sanguíneo da mucosa. Os corticosteróides costumam
ia o produto final de um desequilíbrio entre
0 do ácido clorídrico e da pepsina sobre a retardar a regeneração epitelial. dificultando a cicatri-
zação de lesões da mucosa. Seu um prolongado re«
sãfêastrointestinal (GI) e as suas barreiras pro- duz a secreção de muco gástrico e altera sua composição,

Helicºbacter MIM"
Helicobacter pylori é um bastonete Gram-negativo
de forma espiralada encontrado no muco gástrico e
que apresenta predileção pelo antro gástrico. Seu
.
ªfinação da secreção ácida produzida pelas células
ª“"; é controlada pela histamina, acetilcolina e metabolismo aerofi'lico faz com que sobreviva na camada
semipermeável do muco que atapeta o lúmen do es-
na‘. A histamina exerce papel central na estimu-
ga secreção ácida produzida pelas células parietais. tômago. A forma espiralada, flagelos múltiplos,
motilidade e aderência às células epiteliais concedem—
sos vagais estimulam asais
células parietais a secretar
lhe importante resistência à peristalse gástrica. Pro—
“'as princi
células a liberar gastrina e
ênio. Também sensibilizam células parietais, duz grandes quantidades de urease, facilitando a
as
“(dp-as mais responsivas à ação estimulante da '
conversão de uréia em amônia e dióxido de carbono.
iiafna sua função de secretar acidos. 0 pepsino- A amônia neutraliza o ácido gástrico, tornando o
ni meio ácido é convertido em pepsina. A secreção ambiente adequado a seu crescimento. Essas bacté-
jsifia não é influenciada pela gastrina. Nem o rias facilitam a difusão retrógrada de íons H', fenô-
'em a pepsina, isoladamente, têm a capacidade meno Ibsivo a mucosa. Além disso, produtos de seu
“dolªr lesões pépticas. metabolismo provocam aumento da degradação das

_
lcçra péptica secundária ou de estresse não está
«t ada a hipersecreção de ácido, exceto nos~casos
hâ estimulação vagal secundária ao aumento
xt sg'ão intracraniana (úlcera de Cushing).
glicoproteínas do muco. diminuindo-lhe a viscosidade
e a função protetora. Parece também exercer efeito
citotóxiªco direto sobre a mucosa. Podéªlevar sema-
nas ou meses para desenvolver gastrite superficial crô-
_ 'êcém-nascido (RN), a secreção ácida começa nica. Essa gastrite crônica pode, em anos, transformar—se
nnieiro dia de vida. Durante os primeiros dias,
íveis de gastrina, em jejum, estão elevados. Du-
em úlcera péptica, doenças linfoproliferativas, gastrite
atrófica e adenocarcinoma gástrico. Sem tratamento
g primeiras semanas, a secreção ácida aumen— antimicrobiano, o processo persiste por toda a vida.
uanto o nível de pepsina, que é muito baixo É discutida sua importância em crianças, parecendo
ªgente, aumenta de forma lenta. A massa de células não ser essencial na patogênese da úlcera gástrica,
! etais costuma ser duas a três vezes maior que a
d lto, por unidade de área. A gastrina materna
pois possui taxa de infecção
ulcerosos.
similar àquela dos não-
a rcsponsável pelo aumento das células parietais
,ªgalta secreção ácida.passando
Esta permanece alta até o
FATIJBES PBIJTETIIIIES
a'fl’QSegunda semana, então a diminuir.
ânimº prolongado da gastrina sobre as células
is leva à sua hipertrofia e à hipersecreção gás- Barreira tattoosa — Barreira Muco—hlcarhonam
~7-\lem disso, o nível elevado de gastrina pode
Hangar a competência do esfíncter pilórico, per- O estômago possui uma barreira mecânica de muco
que o protege contra a digestão ãcido-péptica e que
90 º refluxo duodeno—gástrico.
cºrª Péptica em paciente urêmico pode ser cau—
tem considerável espessura, fornecendo uma barrei—
ra fisioqur’mica à difusão de íons hidrogênio do lúmen
'ÉIª hipergastrinemia associada, que costuma na superfície das células epiteliais. Essa camada protetora
r.
354 I Trato Gastrointestinal

pode tornar-se mais delgada pelo uso de inibidores Ii Úlcera secundária ou de estresse: ocorre cºm
doença sistêmica básica aguda (sepse, lesões ou
da secreção de muco (aspirina, compostos antiinflama-
traumas cranioencefálicos, queimaduras, acidosm
“u
. n t‘ r

.ª .
tórios não esteróides, álcool e sais biliares). Isso per-
mite que o ácido clorídrico e a pepsina penetrem na hipoglicemia, choque, insuficiência respiratória,.
camada mucosa, erosando—a. A ação do conicosteróide doença sistêmica básica grave crônica (fibrose
ainda é discutida e debatida. cística, doença de Crohn, diabetes melito, drepa.


Em adição à barreira mucosa, existe também uma nocitose, sr’ndrome de Zollinger-Ellison e lúpus
importante barreira alcalina (constituída pelo binômio eritematoso difuso), ou drogas ulcerogênicas (ácida
muco-bicarbonato). O bicarbonato, secretado pelo acetilsalicílico, antiinflamatórios não esteróides
epitélio gástrico, difunde—se pelo muco em direção e corticosteróides). Representa a quebra de re-

»., a r u « - K
s».eA
ao lúmen, tornando o pH mais neutro na superfície sistência do epitélio às forças agressoras.

,,
epitelial, protegendo a mucosa contra os efeitos com—
binados do ácido e pepsina iniraluminais. Os antiin- FISIIII'IITIIlDIiIII IlII ÚlllEIIII IIE ESTRESSE
flamatórios não esteróides inibem a produção do IIlI SEBIIIIIIÃIIIII
bicarbonato secretado. As prostaglandinas estimulam
a secreção mucosa e alcalina e aumentam o fluxo
sanguíneo da mucosa.
O estresse envolve uma interação complexa entre os '
sistemas nervoso central, endócrino e imunológico. — . a' - r ( [

eu.“
Doenças sistêmicas cronicas‘Kcir-rose, insuficiência
renal, colagenoses, doença pulmonar crônica), insu.
Huiin Sanguíneo Ila Mucusa Gástrica ficiência respiratória aguda, choque séptico ou bem“-.
Além de ser responsável pela nutrição da mucosa rágico, lesões intracranianas que causam aumento de
gástrica, o fluxo sanguíneo contribui para a regula— pressão (úlcera de Cushing), queimaduras (úlcera
ção ácido—básica, removendo e tampouando eventuais de Curling), politraumatismo, drogas ulcerogênicas
excessos de íons hidrogênio. Durante o choque hipo- e outras, tornam as mucosas gástrica e duodenal mais
volêinico, costuma ocorrer vasoconstrição mesentérica suscetíveis ao ácido clorídrico e à pepsina.

sa - re v
Recentemente, chegou-se à conclusão de que a úlcem
eredistribuição do fluxo sanguíneo da mucosa gástrica.
Essa redução na microperfusão gástrica, que pode ser de estresse não está associada à hipersecreção de ácido,

H S L G-
regional ou global, resulta em deficiências na exceto nos casos em que há aumento da estimulação
suplementação de'oxigênio e outros nutrientes para vagal secundária ao aumento da pressão intracrania-
um epitélio já metabolicamentc estressado, causan— na. O estresse causa hipotensão arterial sistêmica,
do morte celular acelerada. Ha diminuição da secre- distúrbios na microcirculação da mucosa gástrica e
ção de bicarbonato, da formação de muco, da renovação duodenal com isquemia da mucosa e diminuição da
celular e da remoção de substâncias nocivas à mucosa. resistência das células da mucosa (Fig. 66.1).
Esses acontecimentos são comuns em casos de úlce-
ras de estresse. 'trinrrrininam
IHá uma grande dificuldade em se determinar a
neenitellzação ita Mucosa Gástrica Verdadeira frequencia da doença péptica entre
Células senescentes são removidas por extrusão ou º .
por fagocitose efetuadas pelas células epiteliais adja-
centes. Quando grandes áreas da superfície epitelial Dlmlnulçao da mkmircuiaçio
são lesadas por exposição ao ácido, elas são rapida- (quuamla dn murusa)
mente substituídas por um processo denominado
renovação celular, em que a camada epitelial é restau—
rada antes de ocorrer lesão ácido-péptica da mem-
l
Diminuição da secreção de
Aumento dr secreção
brana Basa]. A reparação do epitélio gástrico é fator : < do
=
mm bicarbonato e
inibição da renovação de
(úlcera de Cushing)
protetor essencial. Sua proliferação é influenciada células epiteliais
por fator de crescimento epitelial, somatostatina e
gastrina.
su-
l
cupim da
barreira mucosa
BlIISSlFIBIÇÃIl
As úlceras são classihcadas em primárias e secundárias. Aumento da difusao de hidrogenio
pela mueoxa, '(nm consequente
IUlcera primária: ocorre sem doença sistêmica ammo do pepslnogema :
transformação em pepsina
básica subjacente. Em geral, crianças com do-
ença péptica primária são hipersecretoras, carac-
terizando o aumento das forças agressoras sobre Figura 66.1 Algoritmo da fisiopatologia da úlcera secun‘

a mucosa gastroduodenal. dária.
Úlcera Péptica a 355

’9"er principªlmente devido à diversidade de A dor ulcerosa secundária clássica ocorre em apenas
10% dos pacientes > 6 anos de idade. Dor atípica
en"as e sinais.
.ª"do Sua frequêncra parece estar
anos, o que
'

nos últimos pode ser


_ Éiiido à maior lembrança da ocorrencia des-
ocorre em 10% das crianças < 6 anos e em 40%
das crianças > 6 anos.
lgiõaça nessa faixa etária e
dôscopiª digestiva alta.
maior
.uso
Desordens pépticas
de
são
III Os vômitos estão presentes em 90% das crian-
ças < 6 anos e em 55% das crianças > 6 anos.
pbnsáveis por menos de 5% dos casos de dor na Pode haver sangramento digestivo em 90% das
õm'nªl- . _ ., . crianças < de 6 anos e em 75% das crianças > 6
anos.
estimativa é de 1:2.500 admrssoes pedlatrrcas II Perfuração pode ser observada em aproximada-
mente 25% dos casos.
la Em significativa porcentagem, o sangramento
. nuca Primária digestivo precede a perfuração. Logo, o sangra—
enia 70% de todas as lesões pépticas após mento pode ser um aviso de perfuração iminente.
Outros achados clinicos: distensão abdominal
segundo ano de vida.. .
(peritonite ou pneumoperitônio), bradicardia,
ii): frequência a partir dos dez-anos idade.
de
rªê'dominam as úlceras duodenais, caracteriza- hipotermia, palidez, febre, irritabilidade e outros.
£5150:lesão crônica solitária na parede'ante-
dr.—"dà
primeira porção duodenal (90%), Ulcera
úlcera Primária
& trica primária é rara e localiza-se, geralmen-
Sz-Éiia região prévpilórica e em associação com As crianças maiores podem apresentar quadro clínico
déia'duodenal. mais semelhante ao do adulto.

3
'sít'{do
i: predisposição ao sexo masculino, com re—
2,5M: 1F. sendo nula essa diferença entre
IiAté 75% das crianças com úlcera duodenal têm
um parente de primeiro grau acometido.
ecém-nascidos e lactentes. A dor abdominal está presente em até 70% dos
'istória familiar costuma variar entre 40 e 75%.
casos, aumentando sua frequência com a idade.
As crianças maiores podem ter dor epigástrica
n' * . duodenal primária
'iilcera - . tem caráter recidivante,
.. típica com intervalos assintomáticos. A presença
- . de dor noturna é maior, atingindo a taxa de 60%
ofriialto indice
'4 '
de recorrência na Vida adulta.
.
:

dos casos. Mais raramente, a dor pode ser mí-


fim'tratamenio e
erradicação do Helicobacter nima ou até ausente.
jlârí, essa recorrência tende a ser menor. Em crianças menores, a dor e vaga, difícil de
Ejsenta por cento das crianças com úlcera descrever e intermitente, com alivio por dias ou
iio' enal primária são Helicobacter pylori-po- semanas, seguido por período de recorrência.
m Recusa alimentar, choro persistente e Vômitos
são os achados clinicos mais comuns em crian-
ças pequenas.
;nxirnadamente 80% das doenças pépticas nos
I
Vômito é o sintoma predominante quando existe
obstrução pilórica. ' '
srpnmeiros anos são secundárias. Aproximadamente 20 a 25% terão alguma forma
'
lc‘e‘ra secundária tem igual taxa de frequência de sangramento do trato gastrointestinal alto e S
_ _ tam—estômago e duodeno. a 10%, perfuração.
_ fAf úlcera secundária habitualmente é única, pro- Média de idade no aparecimento de sintomas está
upda. Ocasionalmente pode ser múltipla.
entre 5 e 12 anos, corn pico de incidência aos
i
1:159 existeEm
predisposição sexual em relação à úlcera
8,5 anos.
astrica. úlcera duodenal secundária existe
le_ve predisposição ao sexo masculino (1,5M:IF).
‘ s'a'ilceras gástrica e duodenal secundárias não INVESTIGAÇÃO BIRGNÚSTIBM .
,,eatomam crônicas e não apresentam episódios IAtualmente, as radiografias contrastadas de estô-
eªrecorrência. mago e duodeno são pouco utilizadas por sua
baixa acurácia e alto grau de radiação. Havendo
hemorragia é dificil interpretar, pois os coágu-
los sangiííneos mascaram a lesão ulcerosa. Tem
falso-negativo aproximado de 45 a 75%. No duo-
deno, o único sinal patognomônico é a falha de
“ - é mais
ªgnóstico . . e obtido somente quando
- drficrli
enchimento de forma ovalada representando o
ªgp complicações (hemorragia ou perfuração). Tem nicho ulceroso. Outros sinais sugestivos são: de'-
antaçao clinica aguda. formação bulbar por retração cicatricial, espas-
356 I
Trato Gastrointestinal

ticidade do bulbo, excentricidade do canal pilórico contém hidróxido de alumínio e de magnésio_ A


e formação de pseudodivertículos. Pouco utili- mistura dos dois diminui a diarréia e a consul”,
zadas atualmente, exceto para os raros casos de ção intestinal. A quantidade e o intervalo dºvem
ser adequadºs para manter o pH gástrico 2 5_

.-
obstrução da saída gástrica.
IA endoscopia digestiva alta com endoscópios fle- -— Esquema principal: sete doses diárias, l e 3h ªpós
as alimentações (café, almoço e jantar) e ao dei-
xíveis é a melhor forma de diagnóstico, contro-
le de evolução do tratamento clínico (três a seis tar. Dose: 0,5 a 1,0mIJkg/dose. Parece que a dose a«
meses) e na recorrência de sintomas. Também de 0,5mL/kg tem excelente eficacia e só estariª
indicado seu aumento para 1,0mL/kg se as ali-

mou-«.,
torna possível a realização de biópsias com pes-

.
quisa de Helicobacter pylori, estudo histopato- mentações fossem de grande volume.
lógico e tratamento do sangramento agudo. — Outro esquema: quatro doses/diárias, ou seja,
2h após café, almoço, jantar e ao deitar. Em
Diagnóstico da infecção por H. pylori: há vários

m x-s u v
métodos para sua detecção. Os mais utilizados caso de hemorragia grave, 0,5mL/kg até um
em nosso meio são: leste da urease, cultura,
máximo de] 30mL/dose de antiácido deve ser

-9LS —
histologia, teste respiratório corn uréia marcada dado a cada l a 2h para manter o pH a 4,5.

,. -

|
lAntagonistas dºs receptores H2 eSpecíficog ou
com C” (seu uso em crianças ainda está em estudo)
e a reação em cadeia da polimerase (PCR). Exceto antagonistas da ação da histamina nos recepto.
res H2 (cimetidina e ranitidina).
o teste respiratório, todos os outros são realiza-
dos em fragmentos da mucosa gástrica (fundo e
antro) coletados por endoscopia. O teste da urease
— Ação: inibição da secreção gástrica estimula-
da pela histamina ou outro agonista HZ.
é o mais utilizado atualmente por ser menos dispen— A histamina é o ativador final da secreção do
dioso e pelas altas sensibilidade e especificidade. ácido clorídrico. Estimula a secreção gástrica
H. pylori produz grandes quantidades de urease. afetando, os receptores celulares H2. 05 2mm-
O fragmento de mucosa, potencialmente rico em gonistas dos receptores H2 antagonizam & ação
urease, quando colocado em solução de uréia vai
da histamina e reduzem a secreção cloridrica
provocar a hidrólise da uréia em amônia, tornando basal quando estimulada pela alimentação, pela
gastrina e insulina.
o meio alcalino com mudança da cor da solução.
ll A angiografia pode ser útil para localizar san- A absorção dos antagonistas H2 e inibida pela 01.

uv
administração concomitante de antiacidos.
gramento de uma úlcera com ritmo de hemorra-
gia, no mínimo de 0,5mL/min. Pouco utilizada. Terapia combinada somente está indicada a
pacientes sem resposta terapêutica à monoterapia
ou nos casos da síndrome de Zollinger-Ellison,
TRATAMENTO GIIIIIBB Portanto, não se justificausar essa associação
O tratamento inicial da úlcera péptica não-compli- em situações comuns, já que aumenta o cus-
cada e de natureza clinica. Os objetivos desse trata- to, aumenta os efeitos adversos potenciais, seus
mento são: efeitos podem anular-se e não trazem vanta-
gens adicionais. Atenção: se usados, antago-
INeutralizar os ácidos presentes no estômago.
IDiminuir a secreção clorídrico-péptica.
nistas H2 e antiacidos não devem ser dados
' Tempo
no mesmo horário. .*

IAumentar os fatores de defesa, protegendo ou


estimulando a barreira muco-bicarbonato.
seis a oito semanas.
os
de tratamento com antagonistas H2: .
lDieta: restringir os alimentos que estimulam a
Tem sido indicada, após cura do processo ulce-
secreção clorídrico—péptica ou que retardem :)
.
roso, dose de manutenção com metade da dose
esvazramento gástrico. total, ao deitar, durante seis meses. Em caso de

_
Devem—se evitar fármacos lesivos para a mucosa recorrência, a dose de manutenção deve ser
Gl: antiinflamatórios não esteróides, ácido acetil—
estendida por 12 a 18 meses.
salicílico, aminofilina, corticosteróides.
I! Antiácidos: com o aparecimento dos bloquea- — Cimetidina: uso seguro em crianças. inclust-
ve recém-nascidos. Esquema de cimetidina pºr
dores H2 e omeprazol, osantiácidos passaram a
ser considerados medicamentos complementa- via oral: 20 a 30mg/kg/dia divididos em duas
res no tratamento da úlcera péptica. Não exis— jªcks“
. , ,.
iguais, em oito semanas. Têm-se usadº
tem, em crianças, esquemas de dosagens bem duas tomadas em vez de quatro.
Formas de apresentação: 2 comprimidos de 200.
estudadas no sentido de titular a acidez gástrica
acrma de um pH desejado, Não reduzem a for- 300 e 400mg; líquido com 200mg/5mL e ampºlª
mação de ácido. Os antiácidos induzem a pro- para injeção intramuscular/intravenosa com
duçao de prostaglandinas e, consequentemente, 300mg/2mL.
aumentam a secreção de muco e bicarbonato, Os Em lactentes, doses menores podem ser ade-
dwersos preparados comerciais diferem em
capacidade neutralizante. A maioria dos produtos
sua quadas e mais seguras (IOmg/kg/dia divididas
em quatro doses).

—-r “ ? v

_o
Úlcera Péptíca II
357
'
E eitOS adversos: erupções cutâneas, prurido, Intimaçees cirúrgicas
, faléiª, tontura, mialgias, trombocitopenia,
' '
nulocitopenia, diarréia ou constipação, zum—
|:
Sangramento intratável ou maciço corresponde.
do nos ouvidos, agitação, ginecomastia e aproximadamente, à perda sanguinea (em 24h)
íêdução do clearance das seguintes drogas: feni- igual ao total estimado da volemia em criança
“ternª diazepam e teoiilina. menor de dois anos de idade ou mais de 50% da
volemia em 8h ou metade da volemia estimada
- Ranitidina: Esquema de ranitidina: 6 a 8mg/kg/
em uma criança maior.
. :“. "ªdiª
divididos em duas doses, em oito semanas. IRerfuração gastroduodenal.
' “RN: 2 a 4mg/kg/dia divididos em três a quatro m Uleera primária com falha no tratamento clínico
fâoses. (episódios recorrentes e intratáveis de dor e san-
lªormas de apresentação: comprimidos de 75 a
«ijOmg, xarope (lSmg/mL), grânulos eferves- gramentos).
II Ulcera primária com obstrução pilórica.
': centes (150mg), ampola para injeção IM/IV corn
$lºg/”“L-
-

,. Estratégias Cirúrgicas e Endoscópicas


Efeitos adversos: cefaleta, tontura, erupçoes cutâ—
eas, diarréia ou constipação. Menor efeito sobre |:
O tratamento cirúrgico das complicações da úlcera
metabolismo hepático e menor efeito antian- péptica e controverso. Geralmente são lesões soli-
.“drogênico do que & cimetidina. tárias que podem ser adequadamente manipuladas
'No tratamento da úlcera recorrente, na fase de com procedimentos cirúrgicos conservadores. O
primeiro tratamento para úlcera sangrante deve ser
'linanutenção, após a cura da ulceração, usa-se a
“"É! etade da dose, à noite, por período prolongado. medicamentoso com im'gações gástricas com soro
bidores da bomba de prótons (omeprazol): gelado e endoscopia com eletrocoagulação ou in-
tente droga anti—secretória que age pela inibi- jeção esclerosante do ponto sangrante em caso de
o da bomba gástrica de prótons (ATpase H'lK') sangramento ativo e quando os vasos são visíveis.
célula parietal. Inibe a enzima ATpase hidro— ta A úlcera duodenal primária necessita de vagotomia
mo-potássio, impedindo a célula parietal de bom- +cirurgia de drenagem (piloroplastia ou antrecto—
,
. ear o ácido clorídrico no lúmen gástrico em troca mia). A vagotomia e a base do tratamento cirúr—
ªíejpotássio. Inibe a secreção ácida basal e esti- gico da úlcera duodenal, pois elimina a fase cefálica
r'ptilada. . e hormonal. Em crianças, a piloroplastia é pre-
ferível à antrectomia.
ão mais potentes do que os antagonistas H2. lA úlcera sangrante primária tem indicação de
ndicações atuais: tratamento da esofagite de re-
sutura-ligadura ou plicatura do vaso +piloroplastia
Tuxo, síndrome de Zollinger—Ellison, úlceras cau- de Heinecke—Mikulicz + vagotomia troncular. Em
gdas por H. pylori e úlceras pepticas resistentes úlcera sangrante prefere-se a vagotomia troncular
s antagonistas H2.
à vagotomia gástrica proximal (menos efetiva em
Es'guema de tratamento: 0,7 a 2,5mg/kg/dose de urgência, principalmente se o ponto de sangra-
,
pirem 12h antes das refeições. Tratamento de ma-
mento não for identificado ou ligado).
utenção: seis meses.
Também pode usadoser em
IA úlcera sangrante secundária necessita de plica-
se única matinal, 30min antes da primeira refei—

_ '! ão:(irmas
do dia. ,
de apresentação: suspensão (ng/mL),
tura do ponto de sangramento, que geralmente é
curativa, associada a terapêutica clínica com ini-
'
jpsulas
(10 e 20mg; abrir a cápsula e colocar bidores da bomba de prótons. A sutura-ligadura
sfgrãnulos em substância ácida, como suco de deve ser em quatro quadrantes e é, algumas vezes,
'ªêã). ampolas injetáveis. necessária para parar o sangramento. Ocasional-
mente, quando a sutura—ligadura falha em estancar
.MBdicamentos para tratamento da contaminação
gor Helicobacter pylori. o sangramento, é necessária a ligadura da arté-
“Associações propostas para uso em crianças: ria gastroduodenal cranial e inferiormente ao
& Omeprazol 0,7 a 1,2mg/kg/dia, uma aduas vezes duodeno. Se a causa de estresse não estiver re-
solvida e nem o for por um período prolongado
_por dia +claritromicina 15 a 30mg/kg/dia, duas (principalmente queimaduras oulesões intracra-
vezes por dia + amoxicilina 50 a 60mg/kg/dia, nianas), indica-se vagotomia + piloroplastia.
uas vezes por dia ou metronidazol 20 a 30mg/ IA perfuração por úlcera primária necessita de
'
prf—'kg/dia, duas vezes por dia, durante 10 a 14 dias.
sutura da perfuração com epiploplastia + redu-
:No Brasil, há preferência pelo esquema com
'-
ção da acidez (vagotomia troncular +piloroplastia
fªmoxtcilina, devido ao alto percentual de ce— ou vagotomia gástrica proximal), se as condi—
““_Pas resistentes ao metronidazol. ções clinicas da criança permitirem.
Em caso de perfuração por úlcera de estresse,
está indicada sutura da perfuração com epiploplastia
(remendo de Graham-Steele).
ªfªgª geral, as crianças respondem bem a um
.— lmento Cirúrgico simples e não mutilante.
A úlcera gástriCa pré-pilórica e a de canal pilõrico
comportam-se como úlceras duodenais.
'6

".
358 I
TratoGastmintestinal

lNa úlcera duodenal primária com obstrução pilórica

.
está indicada vagotomia troncular +piloroplastia
de Finney ou Jaboulay (gastroduodenostomia). Recidiva após a cura não costuma ser ºbservadª
II
Úlcera duodenal primária crônica com falha de em úlcera gástrica.
tratamento clínico: todos os pacientes operados
IA taxa estimada de recidiva na úlcera
duºdenal
por úlcera péptica devem ser mantidos com tra- de tratamento clínico 6 de 50%, sem erradicaçãº
tamento clínico medicamentoso com antagonis— de H. pylori.
tas H2 ou omeprazol por seis meses. BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
Com os avanços do tratamento clínico e da endos— CARVALHO,A. S. T. Úlcera péptica. ]. Pediatr.. v. 76. supl. 2, $127-
copia, tomou-se rara a necessidade de tratamento 8134, 2000.

I
operatório para a úlcera péptica em crianças. Ain— CHELIMSKY. G.; CZINN, S. Peptic ulcer in children. Pediatr. Rev.,

vz].
da é desconhecido qual o melhor prognóstico quando v. 22, p. 349-355, 2001.

-$'s8Ló #519
se comparam crianças submetidas à vagotomia e DRUM, B.; RHOADS, J. M.; STRINGER. D. A. et al. Peptic ulcer
piloroplastia e suas complicações potenciais (diarréia disease in children: etiology, clinical findings and, clinical com
crônica e a síndrome de dumping) com crianças sul)- Pediatrics, v. 82. p. 4l0—414, 1988.
metidas & procedimentos menores (fechamento da ROCHA, R. F. C. Doença péptica na criªnça. [n: MAKSOUD, J, Q
perfuração ou ligadura-sutura de uma úlcera (ed.). 2. ed. Cirurgia Pediátrica. Rio de Janeiro: Revinter, 2001
sangrante) seguidos pela erradicação de Helicobacter p. 747-758. ’3'
pylori e uso a longo prazo dos inibidores da bom- TSANG, T. M.; SAING, H.: YEUNG, C. K. Peptic ulcer in children.
ba de prótons. J. Pediatr Surg., v. 25, p. 744-748, 1990.
Necrase/Perfuração Gástrica Neonatal :: 359

última a se recuperar dela. Estudos experimentais


comprovam que a área mais distensfvel do estômago ª.

“&
e junto à grande curvatura. Uma distensão gástrica

:f'
»

,
excessiva e rápida (condição que pode ocorrer em recém-

Sr”',L
rose/Perfuração nascido submetido à ressuscitação ventilatória) pode

iva
causar angulação do duodeno e obstrução distal. Isso
provocará aumento da pressão intragãstrica e retardo

&:
no esvaziamento gástrico. Situações de estresse perinatal

ªls
podem iniciar ou piorar a situação, causando um estado
de baixa perfusão esplãncnica. Como conseqíiência,
haverá lesão vascular (pressão intragástrica ultrapassa
a pressão dentro das anastomoses arteriais), conges-
tão venosa e estase que pode induzir a trombose ve-
nosa nos vasos murais e iniciar a gangrena. Como a
mucosa torna-se isquêmica e aparece necrose em
algumas áreas, há diminuição da secreção de muco
protetor, surgindo pequenas ulcerações devido ao efeito
da acidez gástrica sobre a camada mucosa basal
desprotegida. Ulceras pépticas podem surgir nessas
induzindo a trombose venosa, gangrena se- áreas. Nos casos sem manobras de ressuscitação, uma
‘p perfuração. situação de estresse perinatal com asfixia, hipovolemia,
choque hemodinâmica e outros pode diminuir o flu«
xo vascular para o estômago e causar êmbolos nos
vasos sangiiíneos murais. isso leva a um dano exten«
- causagastrite
atual mais comum de perfuração gástri- so da mucosa gástrica, deixando a parede desprotegida
de agentes corrosivos como o ácido clorídrico.
ada necrosante.
'

>4) ge predominância no sexo masculino. Em alguns casos de perfuração, pode ser encon-
Ãçal mais comum de doença: grande curvatu— trado um número diminuído de células intersticiais de
a, perto do fundo gástrico e na parede anterior Cajal (células que funcionam como marca-passo do
1,59%). As perfurações costumam ser grandes trato gastrointestinal), proporcionando hipomotilidade
gástrica, distensão gástrica, hipercrescimento bacteriano,
t lidade aproximada: 25%. invasão bacteriana da parede do estômago, necrose e
perfuração. Causa uma gastrite semelhante à enterite
associada a desordens de motilidade intestinal, como
a doenç'ã- de Hirschsprung. As células de Caja] po-
.
l
“ec/ou perfuração gástrica no período neonatal dem ser pesquisadas por imunoistoquímica, usando

ªº anticorpos C-Kit (marcador das células de Cajal).


çausada pelas seguintes situações: defeito
ito da musculatura gástrica, trauma por ma-
',,ê ressuscitação respiratória ou sonda naso— UMBRO GlIIIIGII IlII MSW"! NEBBBSANTE
ªpbstrução distal por atresia de piloro ou de
In 'bandas da má—rotação, enterocolitc necrosante IMais freqíieute em bebês prematuros e de baixo
_ceração péptica aguda causada por indome- peso, mas também pode ocorrer, embora rara, em
II}; ou dexametasona, hiperinflação do estômago bebês a termo.
“ªtresia esofágica, complicações mecânicas locais na Geralmente apresentam escore de Apgar baixo
lgg gástrico, encarceramento gástrico em defeito no primeiro minuto (< 5).
Uga diafragmática), gastrite necrosante e per- I Quase todos apresentam algum grau de disfun-

ªggãstrica por distribuição anormal das células ção respiratória ao nascer, necessitando de res—
" "93318 de Cajal, causando hipomotilidade, distensão
Cªf—'s. hipercrescimento bacteriano.
suscitação vigorosa ou ventilação por máscara.
I Em geral há alguma história de estresse perinatal.
IA doença ocorre na primeira semana de vida (mé-
& dia: 72h). Oitenta e cinco por cento ocorrem nos
'!A'lfºllllill nnNIBGIIS'I'I'IITE IIEBRDSIIII'I'E E primeiros cinco dias de vida.
ªpurar: BEFIBIÉIIBIII |]! BÉllllIlS B Em geral, ainda não receberam nada por via oral.
I O primeiro sinal é o aparecimento de hemme-

r u n — 5 .3 “
ªri mese, que começa insidiosamente.
”âmªgo Pçssui uma rica suplementação vascular IE Outros sinais e sintomas são: distensão abdo—
"‘3;de ªnastomótica generosa. Essa é a razão minal progressiva (presente em 100% dos ca-
àãgªêvªdufªnte um episódio de hipotensão, o es-
anerra área a desenvolver isquemia e a
sos e originada pela distensão do estômago com
gangrena ou pneumoperitônio), piora do esta-

.q —
360 I Trato Gastrointestinal

do geral, letargia, disfunção respiratória, into.


lerãncia alimentar.
E Ausência de edema e hiperemia da parede ab.
dominal ou de coloração azulada.
N
IHIESIIGÃGÃO BIAGNÉSTIM

235‘»-
II História e exame físico.
E Radiografia de abdome: dilatação gástrica sig.

l - 9 n L ; .: — * . ª w «
nifrcativa (Fig. 67.1), podendo ser visualizado;

n
pneumatose gástrica ou pneumoperitônio (Fig
67.2), quando houver perfuração. O desapareci.
mento da dilatação gástrica e o aparecimento de
ª

ru-snMG
;* pneumoper-itônio (Fig. 673) são bem sugestivos
.?“ de perfuração gástrica. '

{2;
q?: &
' Figura 97.1 — Radiografia simples deabdome mostrando grande
dilataçao gásmm
Endosmpia digestiva
de liematemese econ aga: par:
afastar
Oerlça gDªm.“; Sua
Cªusas
strrca.
Irma: nsco clínico des.
if"
ª, rndrcaçao é controversa.;zelo
k,"! ses bebês instáveis, pela fragilidade da pared:
fi % gástrica e necessidade de aspiração gástrica e
à? ª«
insuflação gasosa. Não utilizamos. Somente deve
ser realizada por endoscopista experiente.

«,»
:”
,2 “&
IBITAMENTB
Pré-operatório: ressuscitação clínica, antibióti-
‘2‘ cos, sonda nasogástrica, antagonistas H2.
"‘1; Cirurgia indicada em vi gência de pneumoperitõ-
'
' nio ou necrose gástrica detectada por endoscopia.

/ 2. _ &,
_: 1‘ ll Via dc acesso: laparotomia transversa supra

a,“ umbilical esquerda.


, I Perfurações pequenas: sutura do defeito após de-
'g'ª, ; .
bridar bordas (Fig. 67.4).

_
§--X «,
325,
. J _ . ,
I Perfilrações grandes: ressecção segmentar.
f rI Necroses extensas: gastrectomia subtotal.
i.x,ª“r
life 23:73 Rãd'ºgjªf'ªâdªfªbdºme

'
57-2'
mºªtfªndº pneumope- I Em gastrectomia total: interposição de cólon trans-
? ' i: Io por per uraçao g stnta verso ou esofagojejunoanastornose emYdeRoux.

.a
,

Lgª.
Mªu 3
“: i ll As necroses extensas, com necessidade de gas-
' trectomia subtotal ou total,,lnão são comuns.
.ªº' : i" nr Completamos o procedimento com uma gastros— . “r" -“.2Jv
“º “ temia, na maioria dos casos. Também pode ser opçao
uma sonda nasogástrica bem posicionada e furada.
i

.:

;;“?-
"'
4“ l—‘-h
'
.;
l..
Eªrl?
'ri !
:.", , Figura-67% -Radiografia de abdome mostrando grande pneu-
' moperrtônro Pºr perfuração gástrica. Observar desapareci-
É,». mento dª bºlhª QªSÍÍ'Cª. dºençª da membrana hialina e -
Figura 67.4 Transoperatôrío mostrando perfuraç㺠loca-
Tif drenagem toréelca bilateral. iizada na parede anterior do estômago.
%
s
.

1

NecroselPerfuração Gástrica Neonatal


. 361

I Pós-operatório: antibióticos, antagonistas de H2; BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA


; iniciar VO somente após melhora clínica (em geral JAWAD. A. J,; AL-RABIE, A.; HADLA. et al. Spontaneous neonatal
3,
seis a sete dias) e depois de comprovar integri— gastric perforation. Pediatr. Surg. Ini.. v. 18, p. 396-399, 2002.
dad}: gástrica com radiografias contrastadas. LAPILLONNE, A.; CLARIS, 0.; LACHAUX. A. et al. Les nécroses
gastriques néonatales. Arch. Fr. Pediatr., v. 49, p. 891-893,
s'rrcros nicnusuorrcus
resençª de áreas com necrose transmural circunda-
1992.
OHSHIRO, K.: YAMATAKA. A,; KOBAYASSHI, H. et al. Idiopathic
gastric perforation in neonates and abnormal distribution of intes—
por hemorragia. uombose venosa e ruptura mus- tinal pacemaker cells. J. Pediatr: Surg., v. 35, n. 5. p. 673-676.
um— (na área com perfuração). Pode haver pneumatose 2000
ubmucosa e o epitélio e glândulas costumam estar PELlZZO, G.; DUBOIS, R.; LAPILLONNE, A. et al. Gastric necrosis
reservados nas áreas sem necrose. Há ausência de in newborns: a report of 1 1 cases. Pvdimr. Surg. Int., v. 13, n. 5—6,
actérias na submucosa e de células inflamatórias. p. 346349. 1998.

— m.
362 I Trato Gastrointestinal

E Dos sangramentos conhecidos, 15% estão aci.


.GlIIªÍTlllll 68 : ma do Treitz, 35% no jejuno-fleo e 50% no in-
testino grosso.

Sangramento
I! A maioria dos recém—nascidos (RN) sªngra nas
primeiras 48h de vida. O sangramento costuma
parar em 24h.
u Aproximadamente 50% desses RN ficam sem

Gastrointestinal diagnóstico.

011511110 clilllflll
João Carlos Ketzer de Souza Ao avaliarmos uma criança com sangramento diges-
tivo, devemos pesquisar: idade, quantidade do Sªn-
gramento e sua
repercussão no estado geral, carats,
do sangramento, relação com as fezes. condiçõeS
Perda de sangue proveniente do trato gastrointestinal associadas e se existe hematêmese.
(GI) e seus anexos. A informação mais importante, em relação à quim.
Pode manifestar—se clinicamente pelo vómito de sangue tidade de sangramento, advém do estado hemodinã. . .
(hematêmese) ou pela eliminação de sangue pelo ânus mico da criança. Crianças It'oleram
bem a perda menor
que 10% da volernia, podendo ou não apresentar so-
(melena ou hematoquezia). O sangue eliminado pelo
ânus pode apresentar-se sob a forma de melena (fezes mente mínima elevação da frequência cardiaca. Maior
pretas, pegajosas e fétidas), ou de hematoquezia (san— aumento maior da frequência cardíaca e hipotensão
gue misturado ou não com as fezes ede coloração variando ortostática sugerem perda entre 10 e 20%. Os acha—
dos de hipotensão e deficiente reenchimento capilar
entre marrom, vermelho-escuro e verntelhovivo). Melena são associados a perdas acima de 30% da volemia.
geralmente é proveniente de sangramento acima do ângulo
de Treitz. As vezes, pelo efeito irritante do sangue no
lúmen do tubo digestivo e aumento do trânsito intes- IIIS'I'IIIIII
tinal, até sangramentos oriundos do trato GI alto po- Ia Se houver hematêmese, pesquisar tosse. epistaxc.
dem não se manifestar sob a forma de melena. refluxo gastroesofagico, úlcera péptica ou, se RN.
As causas mais comuns e as características do deglutição de sangue materno e deficiência da
sangramento digestivo estão listadas nas Tabelas 68,1, vitamina K.
68.2 e 68.3. Ea Idade da criança.
|!
História materna (hemorragia excessiva no par-
to, ingestão de drogas, descolamento prematuro
EPIDEMIMBGIII I: da placenta, púrpura e outras).
História do RN (prematuridade, estresse perinatal,
Apenas 10 a 15% dos sangramentos estão situa- início do aleitamento e qual o leite, exsangiiino-
dos acima do ângulo de Treitz.
n Noventa por cento dos sangramentos cessam . transfusão, sondagens, enemas, toque retal, ter-
mômetroiretal', vitamina _K, onfalite neonatal,
« q f a x ,- . . ê ªt,
»
3r. .;r

espontaneamente. cateterização da veia umbilical e outros).


I Em 90% será encontrada uma causa e 10% fica- E História anterior de refluxo gastroesofâgico, trans-
rão sem diagnóstico. fusões sangiiíneas, aftas (sugerem doença de

TABELA 68.1 — Causas mais comuns e características do sangramento digestivo em recém-nascidos


5
G
DOENÇA CARÁTER QUANTIDADE conorçõrs ASSOCIADAS DIAGNÓS11C0

Doença hemorrágica Variável, desde melena Variável Sangramento difuso,“ . Provas de _ u

53
até sangue vermelho- coagulaçao :
vive à
Sangue deglutido Melena a marrom Variável - História dº part0. É -
teste APT '

Trauma anorretal Vermelho-vivo Pequena por anal Inspeçãº. anoscoplª


Diarreia infecciosa Vermelho, podendo Pequena a Dor abdominal, febre Çoproculturª
conter muro moderada
Ulcera péptica ou Melena Abundante Assintomátieas. exceto Endoscopiª
gastrite secundária choque hipovolêmico digestiva altª
Enterocolite necrosante Marrom a vermelhov Pequena a Distensão abdominal, Radiografia de
vivo moderada diarréia, vômitos abdome
Sangramento Gastrointestinal a 363

CARÁTER QUANTIDADE CONDlÇõES ASSOCIADAS DIAGNÓSTICO


Variável de marrom Moderada a Desnutrição, cólicas, EPF, tubagem
até vermelho-escuro abundante tenesmo e outras duodenal,
retosigmoidoscopia
« ciosa Vermelho. podendº Pequena a Dor abdominal, vômitos, Cultura das fezes,
zéra mfec conter mutº moderada febre presença de
leucócitos fecais
Vermelho—vivo por fora Pequena, podendo Pode haver dor Inspeção anal

_
das fezes, durante ou ser em estrias
após a evacuação
enação intestinal
. Vermelho-escuro,
aspecto de geléia de Petluena a
moderada Dor abdominal,
massa vômitos,
abdominal Enema opaco ou
ecografia
groselha abdominal
[fªlo de Meckel Marrom, vermelho- Geralmente Geralmente indolor cintilografia com
Q “' escuro ou abundante tecnécio elou
vermelho-vivo
ecografia
abdominal
parasitológico de fezes.

“ (Crohn), torcicolo (síndrome de Sandifer), equi— dor anorretal (fissura anal), sintomas de obstru—
jgrnoses (púrpura de Henoch-Schõnlem). ção intestinal (volvo, invaginação intestinal).
ISe houve febre, diarréia, trauma. tu Quantidade da perda sanguínea.
. ,i'l-iistória familiar de sangramentos anormais ou
* equimoses. .
-
Mínima (geralmente só anemia) a moderada:
sugerindo refluxo gastroesofágico, tumor in-
I&Uso de medicamentos que podem causar drátese testinal, doença inflamatória intestinal, fissura
'hemorrágica
(aspirina, aminofilina, antiinflama- anal, polipos.
tórios não esteróides, corticosteróides).
ii 'Uso de alimentos (beterraba, gelatina vermelha, —
Maciça: sugerindo varizes esofágicas, úlcera
péptica, divertículo de Meckel e duplicações
famoras. chocolate), corantes ou medicamentos
.(ferro, bismuto) que, quando excretados com as
intestinais.

.
Natureza (caráter) do sangramento. Depende de
fezes, podem sugerir sangramento digestivo. localização, volume e ritmo da perda sanguinea:
eroença familiar
Enfermidade
do tipo polipose, úlcera péptica.
aguda ou crônica associada (hepa- —— Melena: sugere sangramento acima do Treitz.
Sangue marrom, misturado com as fezes: su—
topatia). gierindo sangramento alto e hipomotilidade intes-
!:)Sintomas abdominais: dor pós—prandial (úlcera), tinal e intestino delgado.
. » Spisódios de dor há dois ou três dias (mucosa gástrica
ectópica), dor em cólicas (imaginação intestinal), — Sangue vermelho—escuro: sugere lesões até o
colon direito, inclusive:

CARÁTER QUANTIDADE CONDIÇÓES ASSOCIADAS DIAGNÓSTICO


Variável de marrom Moderada a Desnutrição, cólicas. EPF, tubagem
até vermelho-escuro abundante tenesmo e outras duodenal,
. retossigmoidcscopia
Vermelho, podendo Pequena a Dor abdominal, vômitos, Cultura das fezes,
conter muco moderada febre presença .de
leucócitos fecais
Geralmente vermelho- Leve a moderada Assíntomáticas Anoscopia.
vivo, dependendo da retossigmoidoscopía,
localização enema com duplo
contraste
Melena Abundante Dor epígástrica. Radiografia de estômago
hematêmese. Geralmente e duodeno, endoscopia )
associada a situações de digestiva alta
estresse
Melena Abundante Hematémese, doença Radiografia de esôfago,
hepática crónica, endoscopia digestiva
hepatoesplenomegalia alta
364 I
Trato Gastrointestinal

— esquerdo.
Sangue vermelho-vivo: sugere lesões no cólon I Exame anorrelal.
Auscultaªbdºminªis”
Lesões acima do ângulo esplênico I Massas
geralmente apresentam sangue misturado com I
abdommal1 Aspirado sanguinolen. 3 '_
as fezes e lesões de retossigmóidee canal anal, I Sondªgem
“BSPgástrlºª' oinlestinal alta do San. É 1;
com sangue Por fora das fezes. to confirma origem
gastfmdodos sangramentos Elif; .,
gástrico claro pºde
— Sangue com muco (tipo geléia de groselha): gramento. Entretantº:
331109?!
Pºr . - âuodenªl
invaginação intestinal on doença inflamatória. ser encºntrªdglcírra quando regurgita. é
causadºs tá ausen te. :.
. duodeno—pdénca es .

mui rismo
ºªº coMENDADA SILVA.
E — ,

BI“Rªfª
BLIOGRAFEI15mm
ANfimdz. Á«31;'Sflf:'6“º;ª.0%'ª
: I Estado geral. M.’ PAIVA, L.;
I Associação com hemangiomas cutâneos.
'supl'Nz'ã-lwÁRNEIIl B.“)
Pediatria, v.
“ IPigmentação mucocutânea. RAC
AÉIO ],M.;AGHAA.IÉ-M-ªºggãªímgàuãs
forgaslminlesti:
I Hepatoesplenomegalia. Imagin and radiological
lªrgªs“
Sung-v v. 8. p. 181-1911999-

Kj lPalpação abdominal. nal bleeding in'children. Sª


Atresia de Duodeno I
365

BIASSIFIEAGEG
Estenose e atresia de duodeno estão limitadas, quase
totalmente, as primeira e segunda porções duodenais.
Pancreas anular pode estar associado e quase sempre
não é causa da obstrução (Fig. 69.1).
I Tipo I (86%): são constituídas por um diafragma
ou membrana formada por mucosa e submucosa.
São divididas em:

Membrana completa.
— Membrana com pequeno orifício centra].

Membrana do tipo “biruta” (windsock). Esse
tipo de membrana alongada surge por influência
direta da peristalse. 0 local de origem dessa
são completa do lúmen duodenal quase sempre membrana pode estar muitos centímetros pro-
'

da ampola de Vater. Estenose: obstruçao parc1al ximais ac nivel de obstrução.


I Tipo II (2%): fundos cegos são conectados por
”fife no nivel da ampola de Vater, com pequeno curto cordão fibroso e têm mesentério intacto.
gaomunicando os dois segmentos comprometidos.
“ã m Tipo [II (12%): não há cordão fibroso conectando
os cotos, que são separados por alguma distân—
cia. Mesentén'o está ausente em defeito com forma
larevalência: 15,000 a 10.000 nascidos vivos. de V.
“”ire
predisposição ao sexo feminino,
plioximadamente 50% pesam menos
iãOOg (prematuros e/ou pequenos para a 1dade
que do Ílllllllllll BlÍIIIGÍI

gi: ' cional PIG) e, destes, 20% pesam menos I Vômitos biliosos nas primeiras 24h em atresias
e entre 24 e 48h, em estenoses.
«? ue 2.000g. I Resíduo gástrico: > 30mL.
.Ein'80% dos casos, a atresia é distal à ampola
de Vater e, em 20%, proximal. I Distensão do epigástrio e restante do abdome
. roximadamente 50% possuem anomalias con- escavado.
I Presença de icterícia: 50%. Normalmente, os recém—
1 "nitas associadas. .
j" ‘Pancreas anular é encontrado associado à atresra '
nascidos, principalmente prematuros ou peque—
' duodenal com colos separados em 20 a 30% dos nos para a idade gestacional, apresentam icterf—
frases, embora não seja considerado causa pri- cia por hiperbilirrubinemia indireta. Isso se deve
maria dc obstrução. a0 aumento da produção de bilirrubina, meia-
Nªª vida‘mais curta dos eritrócitos, maior formação
de bilirrubinas de origem não—hemoglobínica do
saunanmn PRÉ-"Till
de atresia duodenal
pre-natal é uma indicação
heme, diminuição da concentração da albumina

álise cromossômica pré—natal pela alta associa—


0in“a síndrome de Down. Cerca de
15 a 20%
,inanças com atresia de duodeno podem ter o
" agnóstico sugerido por ultra—sonografia pré-natal.
nais ultra-sonogrãficos:
E ».

oliidramnio (a quantidade de fluido amniótico


.m‘
“_,dçglutido excede a capacidade absortiva do es—
«itômago e duodeno proximal).
»
,

Anal
da dupla bolha (estômago e duodeno pre-
egehidos com líquido).

_
.Trissomia 21: 25 a' 30%.
Gastrointestinais: 30% (atresia de esôfago 7%?
á rotação intestinal 20%; anomalia anorreta]
%%; atresinjejunoileal e divertíeulo de Mªcken-
ardiovasculares: 20%.
Figura 69.1 - Representação esquemática dos tipos anatômicos
mais frequentes de atresras e estenoses duodenais. (A) Atresia
membranosa. (E) Membrana perfurada. (C) Membrana tipo
”biruta". (D) Atresia corn cotas conectados por cordão fibroso.
Geniturinarias: 8%. (E) Atresia com cotos separados.
v
366 a TratoGartroíntertinal

sérica resultando em menor capacidade de liga- tinina, eletrólitos, cálcio, gasometria arterial
ção e maior ciclo enteroepático. O mecânio do e ecocardiografia.
recém-nascido contém bilirrubina e B-glicuro- 5 Acesso: laparotomia transversa supra-umbilicªl
nidase, uma enzima que hidrolisa a bilirrubina direita.
conjugada à forma não-conjugada. Pode ser a Liberação do ângulo hepático do cólon e mano—
. 4- uer
reabsorvida e voltar ao fígado pelo ciclo entero- bra de Kocher.

.w »?
epático, que costuma estar aumentado nos re- :: Tratar bandas de Ladd ou outra forma de má
cém-nascidos. Em obstruções intestinais congê- rotação, se houver.
nitas, principalmente do duodeno, a alimentação H Observar aspecto da vesícula biliar (associaçãº
retardada e a motilidade intestinal diminuída com atresia de vias biliares é de l a 2%).
favorecem maior atividade da [S-glicuronidase. Certificar—se de que não existe veia porta pré.
n Poliidrâmnio: 50 a 60%, em atresias e 10 a 15%, duodenal (4% dos casos).
em estenoses. a A observação de continuidade preservada na pª.
a Constipação ou eliminação de mecônio anormal. rede do duodeno faz o diagnóstico de membrana_
I:! Prematuridade ou FIG: 45 a 50%. colocar sonda de Foley por gastrotomia ou solicitar
ao anestesista que introduza a sonda nasogéstrica
INVESTIGAÇÃB lllllillÚSlllill até o duodeno, guiada pelo cirurgião. Essa ma.
nobra pode diagnosticar membrana do tipo “bi.
a História e exame físico. ruta” ao distendê-la e provocar indentação pro.
a Radiografia de abdome. ximal, definindo o ponto de sua inserção.
— mago e bulbo duodenal) (Fig. 692).
Atresias: visualização de dupla bolha (estô— A permeabilidade do restante do duodeno e do
jejunoíleo e comprovada pela injeção intraluminai
— Estenoses: dilatação do estômago, duodeno
proximal e pouco gas visível abaixo da obs-
de ar ou soro fisiológico. A coexistência de uma
..”,—r“ trução.
segunda membrana duodenal é de l a 3%.
Tratamento da membrana.
Trânsito intestinal e/ou enema opaco: para afas—
a

tar ma rotação intestinal, que deve ser conside- — Duodenotomia longitudinal sobre a inserção
da membrana.
rada emergência.
— Identificar a localização da ampola de Vater
,N

em relação à membrana. Comprimir & vesícula


34>”

.: ? — ThilTllMElllll biliar para observar a saída de bile pela am—


pola. Usar magnit'tcação óptica. Havendo ori—
m Reequillbiio hidroeletrolftico e sonda nasogástrica

.i v ”
nº 8-10. ficio na membrana, a ampola quase sempre estará
m Solicitar hemograma com plaquetas, provas de localizada na sua margem póstero—medial.
coagulação, glicose, bilirrubinas, uréia, crea- - Ressecar porções anterior e lateral da membrana
em forma de V (membranectomia parcial em
"1.

— ,; W M «
forma de V). Deixar porção medial intacta.
“e

— Realizar sutura fina contínua bem próximo das


,

margens ressecadas para controlar sangramento,



, :.J . 'ª
*- <

se necessário. Nunca usar _cautério para isso.


w ª h — : ( n a R " — pi r
. —
(. — Fechamento duodenal noªsentido transversal.
tvi-?!

No caso de diafragma ou membrana duodenal,


r 'a m : também pode ser feita duodenoplastia do tipo
«'

';

Heinecke-Mikulicz, sem ressecção da membrana.


Também é possível a ressecção da membrana pºr
via endoscópica, por operadores experientes
(riscos: perfuração duodenal, lesão da papllfl
de Vater).
sem continuidade ou pá!!“
L'ÇQ

II Tratamento da atresia
creas anular associado.?empre fazer sutura em
plano único.
nus—
-— Duodenojejunostomia latero-lateral: pºucº
utilizada atualmente.
— Duodenoduodenostomia látero-lateral.
— de diamante (diamond-shape), conformeemdesen-
Duodenoduodenostomia látem-lateral form-ª
ção de Kimura: incisão uansversa no coto pm)“
do duodeno e longitudinal no coto distal I}
Figura 69.! - Radiografia simples em posição supina mos-
trando distensão gástrica e duodenal proximal, sem ar distal.
anastomose inicia-se aproximando as exitem"
dades da incisão proximal a porção médiª dª
” ._ ,
Atresia de Duodeno I
367

I: Pós-operatório:
—- Adiasmaioria pode ser alimentada em sete a dez
usando-se a técnica de Kimura. Porém,
têm sido observadas até três semanas de obs-
trução funcional.
— A realimentação, em geral, pode ser iniciada
quando a drenagem da SNG tornar«se clara e
< 30 a 35mL/dia.
REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA
]. I(IMURA, K.; MUKOHARA.N.; NISHIIIMA, E. et al. Diamond-
shaped anastomosis for duodenal atresia: an experience with 44
patients over 15 years. J. Pediu/l: Surg., v. 25, p. 977—979. 1990.
573 — Anastomose de Kimura em forma de diaman-
Éemidade proximal da incisão longitudinal (distal) BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
'ãproximada ao ponto médio da borda inferior da
Nq'ansversa (proximal). Os pontos médios da inc_isa_o BAILEY. P. V.; TRACY JR., T. F.; CONNORS, R. H. et al. Congenital
duodenal obstruction: & 32-ycar review, J. Pediatr: Surg., v. 28,
.inal devem ser aproximados às extremidades da Inci-
, al transversa‘. p. 92—95, l993.
ESCOBAR. M. A.; LADD, A. P.; GROSFELD, J. L. et al. Duodenal
atresia and stenosis: long-term follow-u p over 3;) years. I. Pediatr.
Surg., v. 39, p. 867-87l, 2004.
iiciséo(Fig.
distal. É a técnica mais utilizada atual- GROSFELD. I. L.: RESCORLA, F. J. Duodenal atresia and stenosis:
mente 69.3).
denoplastia redutora pode ser indicada pri-
of und based on
diagnosis, pathologic variance, and long-term follow-up. World
'

ariamente durante o primeiro ato operatório, !, Surg., v. 17, p. 301-309. 1993.


MARCHESE, L. T. Obstrução duodenal. In: MAKSOUD, J , G. (ed.).
ino pós-operatório tardio complicado por vô-
lfos recorrentes, com radiografia demonstran-
Cirurgia Pzdidm‘ca. 2. ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2003. p.
759-767.
duodeno extremamente dilatado (megaduodeno) NAKAYAMA, D. K. Duodenal atresia and stenosis. ln: NAKAYAMA,
D. K,; BOSE, C. L.; CHESCHEIR, N. C.; VALLEY, R. D. (eds.).
Critical Care afrhe Newborn. New York: Futura, 1997. p. 321-333.
368 I Trato Gastrointestinal

mesentérica superior (plano sagital). O volvo é uma


complicação comum.
Bandas peritoneais, estendendo-se do cólon direitoà

Má Rotação Intestinal
goteira peritoneal superior direita (abaixo do fígadº) e
passando sobre o duodeno, formam as bandas de Ladd,

João Carlos Ketzer de Souza


na rotação Tmn ll tnt notação Mista e Reversa
São menos comuns e um grupo muito variado de
anomalias de rotação. A mais corrente é a não rota.
noturna ção da alça duodenojejunal seguida pela rotação normal
e fixação da alca cecocólica. A junção duodenojejunªl e
É a rotação incompleta ou anormal do trato gastroin- alça cecólica ficam separadas satisfatoriamente e o
testinal e seu mesentério em torno da artéria mesentérica
risco de volvoié baixo.
superior. E uma das poucas doenças neonatais que A rotação reversa é rara e pode causar volvo. Implica
pode se apresentar sob a forma de emergência cirúr-
em algum grau de rotação na direção horaria em tomo
gica (no caso de volvo). da artéria mesentérica superior. Rotação reversa da
alça duodenojejunal resulta-; em duodeno anteriorà
iPIIlEIIIBIBIiII artéria mesentérica superior.
!! Prevalência: l:500 nascidos vivos tem anomalia A alça cecocólica pode sofrer rotação inversa ou
de rotação e fixação. rotar normalmente.
Prevalência nos casos sintomáticos: l:6.000 nas-
cidos vivos.
ta Levemente mais frequente no sexo masculino.
IªIlIlMIIS IlE RPIIESEII'I'RÇI-Ill ÍllÍlIIlln
—Freqiientemente associada a anomalias con-
gênitas da parede abdominal e diafragma (on-
Obstrução intestinal (duodeno) aguda por ban-
das de Ladd.
falocele, gastrosquise, síndrome prune-belly tl Obstrução intestinal (duodeno) crônica por bandas
e hérnia diafragmática). de Ladd.
- Outras anomalias associadas em 30 a 60%, I Volvo de intestino médio.
I Volvo intermitente de intestino médio.
principalmente atresias e estenoses intestinais
(duodeno ejejuno alto), doença de Hirschsprung,
invaginação intestinal, refluxo gastroesofágico, lllIIIIlIII) lllIIIIBIl
volvo gástrico, divertículo de Meckel, veia porta
pré-duodenal e anomalias dos canais biliares
extra-hepáticos.
. tlnlvn Mundo no Intestino meni-
— Presença de ma rotação associada em 30% das “ Atinge todo o segmento intestinal suplementado pela
atresias e estenoses duodenais. . artéria mesentérica superior (do ligamento de Trcttz
a porção média do cólon transverso).
”HMS nus caluns Ill lll MIAMI] « II Trinta por cento dos volvospcorrem na primeira
IIITESTIIIII semana de vida. Setenta e cinco por cento no pn-

s ua-
meiro mês e, 90%, no primeiro ano.
Tina Não lotação tl Inicio abrupto de vômitos biliosos.
Eliminação de mecônio (todos os pacientes):
Nesse caso, a alça proximal gira somente 90º de um
total de 270º de rotação normal, ficando a junção Dor abdominal (em criança maior) e choro persis-
tente no lactente. Sensibilidade abdominal variª
duodenojejunal à direita da coluna vertebral, enquanto
de acordo com o grau de comprometimento vasculªf-
tr

a alça distal (alça cecocólica) também deixa de rotar


Sangramento retal, anemia.
L-so—

90° da rotação normal, ficando o cólon ascendente à


I Distensão abdominal, principalmente quando surge
esquerda com ceco próximo à linha média. Essa con-
figuração é encontrada nos defeitos da parede abdo- gangrena intestinal.
ll Massa abdominal palpável.
,.

minal e hérnia diafragmatica. ,.


rl Mau estado geral, desequilíbrio
hidroeletrolltlººu
'x'(

na natação Tin I nu natação Inenmnleta toxemia, hipovolemia, choque.


”“x—"a

A parada de rotação acontece próximo à rotação de


180º, sem atingir a de 270º. A alça duodenojejunal llolvo Brõnlun lle Intestino nemo
“r

fica na linha média abaixo da artéria mesentérica


superior (plano sagitai) e a alça cecocólica fica si—
0 volvo pode ser intermitente ou parcial e
resulta
obstrução linfática evenosa e em aumento dos Irnfonº
É:;
tuada também na linha média, na frente da artéria mesentéricos.
«aw—r7
Má Rotação Intestinal I
369
Eggfidominal intermitente.. _ _
.táá biliosos ou não-biliosos rntermrtentes.
'"«ãíde crescimento.
fipagfio ou diarréia crônicas. '

. . -

ê'ªfçurgir má nutrição protéica. A absorçao e


{H'sporte podem ser impedidos pelas estases
iffika e venosa.
1‘3

'âípgr compressão da terceira porção do duodeno


is
-. peritoneais. A obstrução intestinal costu-

rÉ'ténsão do andar superior do abdºme.


de ter frequente.
eliminado mecônio normalmente,
. goticia
aê-

Figura 70.1 — Trânsito intestin 31 em paciente má rota-


com

-."íé'adiogratia
ção sem volvo, demonstrando o ângulo de Treitz à direita da
de abdome. Pode demonstrar nenhuma coluna vertebral e todo o intestino delgado no lado direito
gfio‘rmandade (20%), obstrução duodenal com- do abdome.
fa
(muito rara), obstrução duodenal parcial
,m'iiito mais comum), obstrução intestinal baixa
:rfvo
com gangrena). .
gas
_ ou terceira porção. principalmente (volvo es—
. áginal da dupla bolha com pouco intestinal trangulante).
ªgdis'tal (escassas pequenas bolhas distais), Deve
,ser feito diagnóstico diferencial urgente entre
— Aparência de espiral ou saca—rolha, com a' co-
luna de bário estendendo-se para dentro dojejuno
"fe‘stenose duodenal intrinseca e má rotação
* ntestinal. Indicada radiografia contrastada do
(volvo não totalmente estrangulante). A pro-
jeção Oblíqua pode mostrar essa imagem pto-
.lubo digestivo superior. jetando-se para frente, afastando-se da parede
'Sinal da dupla bolha sem gás intestinal distal: abdominal posterior.
geralmente é causado por atresia duodenal. A
obstrução completa não e' sugestiva de má
—Em atresia duodenal, a obstrução é mais pro-
ximal e o contorno é liso, sem o aspecto espira—
_otação, mas se deve ter precaução. lâdo ou de bico.


Quadro radiológico simulando obstrução in- Enema opaco. Caracteristicas:
estinal baixa (principalmente se acompanha- Localização anormal do ceco. Ceco subepático
: pbor distensão abdominal): pensar na possi- (alto) é encontrado em'aproximadamente 6 a
lrbilidade de volvo de intestino médio já. com 7% da população em'geral, podendo ser mó—
.gangrena intestinal. Na obstrução em alça vel em cerca de 35% dos lactentes. Ceco nor—
chada (volvo da má rotação), 0 ar costuma malmente situado pode ser encontrado em 5 a
'
ser reabsorvido quando a drenagem linfática 20% dos casos de má rotação. *

ª,; ainda esta intacta. Essa reabsorção de ar ces—


í“ ”8 quando o Volvo é bastante apertado, obs- --
Obstrução do transverso causada por volvo
produzindo imagens de obstrução completa ou
truindo também o fluxo linfático. incompleta.
Ãàdiografia contrastada do tubo digestivo supe-
Eíor(estômago, duodeno e jejuno proximal). Mais — Deslocamento medial e superior do ceco (Fig.
70.2). Simples posicionamento
medial do ceco
ªctiva do que o enema opaco. Se existirem dúvidas
diªgnósticas, deve-se aguardar a passagem do
não é indicativo de volvo. Deve estar desloca—
do para cima. O grau de deslocamento do ceco
,gntraste e seguir o exame até o bário chegar ao vai depender do número de torções. Quanto
ɺº' Características:
Pºsição anormal do ligamento de Treitz situan- maior o número de voltas, mais alto e mais
deslocado o ceco.
. à”) o—se na linha média ou à direita da coluna a Uitra-sonografia: busca a visualização e locali-
;. vertebral (Fig. 70.1).
zação da veia mesentérica superior, que normal-
Cªlcium proximal localizado no abdome direito

WM
à? (Fig. 70.1). mente se situa à direita da artéria e é encontrada
a esquerda ou anterior, em casos de ma rotação.
”:: Aparência do duodeno adquirindo a forma de Em torno de 30% dos pacientes com má rotação
?;:ª b'ºº de pássaro ou cone noinfvel da segunda podem apresentar posição vascular normal. O eco-
7

«—
370 I
Trato Gastrointestinal

— Lise completa das aderências entre os intesti.


nos, permitindo a separação do mesentério,
alargando a sua base. Lise das bandas de Lªdd,
inclusive liberando todo o duodeno. com a ma-
nobra de Kocher estendida. '
,
-Tratamento da obstrução duodenal intrínseca, $,
quando houver. Sempre testar a permeabili-
dade do duodeno passando sonda intraluminal &
; ,
corn balão (sonda de Foley) até o jejuno e re. &
tirada com o balão inflado. .
— Apendicectomia. No período neonatal, alguns :. .

ir 9-
autores preferem a técnica de desvascularizagao
e inversão do apêndice. Após esse período, está
indicada a apendicectomia clássica com ligª.
dura simples e bolsa invaginante. Algumas com.
plicações oriundas da técnica de inversão em
.
crianças maiores são hemorragia intestinal,
cabeça para invaginação e lesões cecais causando
Figura 70.2—Radiografia contrastada do trato digestivo mos- confusão diagnóstica. i"
trando ceco e apêndice vermíforme na região epigástrica.
-Estabilização do intestino colocando o ceco no

:.ar, m.
quadrante superior esquerdo e o duodeno e o
restante do intestino delgado à direita.
Doppler pode mostrar artéria mesentérica superior Dúvida sobre viabilidade.
hiperdinâmica, dilatação distal da veia mesentérica
— Área segmentar: ressecção + anastomose.
«
superior e o sinaldo redemoinho, baseado no aspecto
espiralado da veia mesentética superior em tor- — Múltiplas áreas de viabilidade questionável ou
quando todo intestino em volvo tem viabilidade
no do eixo da artéria mesentérica superior (esse questionável; redução do volvo +lise das bridas
,?
sinal sugere volvo). +fechamento da laparotomia com reexploração
cirúrgica em 24h + tratamento clínico intensi-
TIIIITMIIEIITI] PBÉ—OI'EIlIITúIIII) vo; manter antibióticos, descompressão adequada ,
do trato gastrointestinal, hiper—hidratação com
Correção do desequilíbrio hidroeletrolítico' e 150 a lóOmL/kg, reposição de sangue e plasma '- , _
ressuscitação urgente, se houver suspeita de volvo. fresco, ventilação assistida; Dextran 40, 10mlJ
Se existirem sinais de choque, estão indicados
transfusão sanguínea e vasopressores. Dopamina
kg/de_6 em 6h até a reexploração cirúrgica e
dopamina. O Dextran tem efeito antitrombõtice.
nu.
.
é a primeira escolha, por aumentar o fluxo san- diminuindo a adesividade das plaquetas. Agentes h

”?a“ giiineo esplãncnico. Iniciar no pré-operatório com citoprotetores, como as prostaglandinas (PGE).
.3u
.,

dopamina 3ttg/kg/min, continuando no pós—ope- podem ser usados pelos seus efeitos antitrom-
} ratório. « bóticos e de vasodilatação esplâncnica. .
& . mz
Nada por via oral + sonda nasogástrica.
. ' II Antibióticos.
u Má rotação como 'achado incidental:
se o procedimento de Ladd. dependendo da cirur-
recomenda
.5 Adequado acesso venoso. gia e das condições da criança. 3

e: Cirurgia sem perda de tempo havendo suspeita BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
de volvo intestinal.
CLARK, L. A.; OLDHAM, K. T. Maltotation. ln: ASI-ICRAI'T. K- W.
Pediatric Surgery: 3. ed. .Philadelphia: W.B. Saunders, 2000.
p. 425-434.
turutututa olnúnttlcn FORD. E. G.; SENAC, M. O.; SRIKANTH. M. S.; WEI'I'LMAN. J- L
. ELaparotomia transversa supra—umbilical direita.
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, ’1
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melhora da cor dos intestinos.
Can: vflhe Surgical Newborn. New York: Futuna, 1997. p.
367-331:
.o
Realizar procedimento de Ladd com os seguintes
RESCORLA, F. .1.; SHEDD, F. I.; GROSFELD. .l. L.; VANE, B.
WEST, K.W. Anomalies of intestinal rotation in childhººd: ªnª'Yª'sW..
passos: of 447 cases. Surgery, v. 108. p. 710-716, 1990. ,
Atresiaslejunoileais B
371

EMSSITIGAÇÃD
Nosso serviço apresenta a seguinte classificação e
porcentagem (Fig. 71.1):
E Tipo l (18%): diafragma mucoso obstrutiva com
parede intestinal intacta. Mesentério e parede
intestinal estão em continuidade. Comprimento
intestinal normal.
na Tipo II (25%): fundos cegos do intestino conec-
tados por cordão fibroso. O mesentério correspon-
dente e o comprimento intestinal são, geralmente,
normais.
Tipo Ill A (31%): fundos cegos do intestino
separados por defeito mesentérico em forma de
fio* 'ejunoileal.
congênita completa do lúmen de algum V. Os cores são completamente separados (Fig.
71.2). Comprimento intestinal é sempre reduzi-
do em extensão variável. .
B: Tipo III B (20%): colos estão-“sempre separados
H . e defeito mesentérico é grosseiro. Intestino dis-
o congênita intrínseca incompleta de algum
?[EBjcjunoileal.
tal e seu mesentério adquirem forma espiralada
em torno da artéria ileocecal. Denominado apple
pee! ou christmas tree (casca de maçã ou árvore
de natal). Deve ter havido alguma catástrofe vas-
cular intra-uterina causando oclusão proximal da

É“!predisposição sexual.
"ãqiiência: de atresia, 95%; de estenose, 5%,
'Éração nas arnesms E rsrrnusrs
Fair-nº proximal: 31%.
., guito distal: 20%.
[‘ééproximal: 13%.
lrio'distal: 36%.

ªtacama
a d?
rat-um
segmentos de intestino delgado dilatados
4,
aiãjao sítio da atresia, geralmente com poliidrâm-
,alizados após a 24g semana de vida. Sem—
sar no diagnóstico diferencial entre volvo e
'conial.
&

.
trims nssneinnns
iiomalias extra—intestinais são raras.
“gas anomalias congênitas associadas de in- Figura 71.1 — Classificação das atresias'j‘éjunoileais. Tipo i:
«éino ou parede abdominal quemá.
podem ser causas atresia membranosa com parede intestinal e mesentério
de'atresia ou estenose (27%): rotação intes— intactos. Tipo II :cotos conectados por cordão fibroso e
ªl. volvo, duplicação intestinal, íleo meconial mesentério intacto. Tipo IIIA = cotos atrésicos totalmente
7_astrosquise. separados, sem cordão fibroso entre eles e defeito mesentérico
em forma de V. Tipo lllB = atresia de jejuno proximal perto
Omalias do tubo digestivo associadas em 5%: do ligamento de Treitz, ausência da artéria mesentérica su-
gema de colon, atresia de esôfago e anomalia
. orretalq perior além da origem da artéria cólica média, ausência do
mesentério dorsal, perda significante de comprimento intes-

ªçºffltílicações
Oma .
da atresia em 6%: peritonite me- tinal. O intestino delgado distal adquire uma configuração
helicoidal em torno de uma artéria simples crescendo das
arcadas da artéria ileocólica ou cólica direita. Tipo IV = múl-
{ii-rose cística associada em 12% dos casos. tiplos segmentos atrésicos. Adaptado de Grosfeld'.
372 u Trato Gastrointestinal

L-s'AQrvztçªwô
Figura 71.2 — Achado transoperatório mostrando cotos in- l-'
testinais atrésicos completamente separados, acompanhados Figura 71.3 — Radiografia de abdo‘me em posição supina.
por defeito mesentérico em forma de V. Alças de delgado dilatadas.

artéria mesentérica superior, com o fleo distal 12% podem ser observadas calcificações de al-
permanecendo viável. A suplementação vascular guma peritonite meconial associada ou massa
passa a ser realizada pela artéria ileocólica por abdominal de pseudocisto meconial associado.
fluxo sanguíneo retrógrado. Longo segmento do Enema opaco: demonstra microcólon, principal-
intestino proximal está ausente (jejuno proximal mente em atresias mais distais e ajuda a localizar
atrésico). Geralmente, associam-se a baixo peso a posição do ceco e a afastar má rotação intes-
ao nascimento, malformações aumentadas e pre— tinal, que pode estar presente em 10% das atresias
disposição familiar. Há sempre redução no com- jejunoileais (Fig. 71.5).
primento intestinal. a Trânsito intestinal: indicado a obstruções par-
a3;2.,

-.
5 Tipo IV (6%);múltiplas atresias. Intestino sempre ciais (estenose) do intestino delgado. Demonstra
está reduzido em comprimento. o local da obstrução e a sua natureza.

«nuªm “'E
1.

978- 5< 4l 6
llllllllllll [lllllllll
Prematuridade ou pequenos para a idade gesta-
cional (PIG) são freq'Lientes. Frequência de 33%
em atresia dejejuno, 25% em íleo, 50% em atresias
múltiplas e > 50% no tipo árvore de natal.
a Vômitos biliosos após as primeiras 24h de vida,
em atresia e após as primeiras 48h, em estenose.
Artéria umbilical única: suspeita.
Poliidrâmnio em 40% em atresia dejejuno e 15%
em atresia de i'leo.
IIcterlcia, principalmente em atresia dejejuno (30%)
e na de íleo (20%).
a Distensão abdominal alta, média ou generalizada,
de acordo com o local da atresia. Maior distensão
em atresias mais baixas.
In Constipação elou eliminação de mecônio anormal.

murmured: 11111110511011
5 Radiografia de abdome: alças de delgado dila-
tadas (Fig. 71.3) e múltiplos níveis hidroaéreos
(Fig. 71.4). Quanto mais distal a obstrução, maior Figura 71.4— Radiografia de abdome em posição ortostática-
será o número de níveis e de alças dilatadas. Em Múltiplos níveis aéreos.
Atresiaslejunoileaíx n 373

fisiológico no coto distal, observando sua pro-


gressão até o ceco (Fig. 71.6).
Para distender o intestino distal, antes da anas-
tomose, aplicar clampe do tipo bulldog cerca de
Som distais à área da anastomose e injetar soro
fisiológico sob pressão.
u 0 intestino proximal muito dilatado não tem peris-
talse efetiva e costuma causar obstrução funcio—
nal pós-operatória muito prolongada: ressecar área
atrésica e intestino proximal dilatado em uma
extensão de 10 a 15cm (em ângulo reto) e 4 a 5cm
do distal (em ângulo oblíquo de 45" e incisão con-
tinuada sobre e bordo antimesentérico), isso tudo se
não houver intestino curto (Fig. 71.7). Esses seg-
mentos junto à área atresica são isquêmicos, muito
dilatados e possuem dismotilidade intrínseca.
a Realizar anastomose término-obliqua (dorsal) em
plano total único com fio 5-0
cação óptica (Fig. 71.7).
ou*
6-0 e magnifi-

Gastrostomia tipo Stamm com sonda de Pezzer


nº 14 a 16 pode estar indicada a prematuros elou
atresias jejunais altas com jejunoplastia reduto—
liÓSTIGO [lll-'EIIEIIGIM ra. Não a costumamos usar.
Il Caso haja membranas associadas, elas devem ser
Dóºçnça de Hirschsprung de segmento longo.
ressecadas e complementadas com enteroplastias
19‘0"
meconial.
pela técnica de Heinccke—Mikulicz, mantendo um
l
diâmetro aproximado de l,5<:m.
'

. llllMEllTll . Caso houver extensão intestinal residual limita-


da, pode ser realizada enteroplastia antimesentérica
* Recquiltbrio hidroeletrolttico, sonda nasogástrica
redutora, ao invés de ressecar seguimento intes—
nif'loe antibióticos (ampicilina + gentamicina).
tinal dilatado.
Solicitar hemograma com plaquetas, provas de
n Técnica de enteroplastia redutora do bordo
“fo gulação, glicose, bilirrubinas, uréia, creatinina,
“eletrólitos, calcio e gasometria arterial. antimesentérico descrita para atresias jejunais
4" gesso: laparotomia transversa supra-umbilical próximas ao ligamento de Treitz:
Feita e supra—umbilical esquerda
goes de jejuno alto).
(em obstru- — Ressecção redutora descrita por Thomas +anas—
lomose término-oblíqua ou plicatura redutora
. glxâliartodoo intestino: outras atresias ou estenoses, simples sem ressecção descrita por De Lorimier
.pdefeitos mesentéricos, presença de má rotação + anastomose término-oblíqua. Grosfeld pre—
'
. jnte‘stinal. coniza a ressecção redutora com grampeadores
tA. permeabilidade do jejunofleo restante é com- mecânicos colocando sonda moldadora de Pezzer
".tprevada pela injeção intraluminal de ar ou soro nº 22 a 24F no lado mesentéricoª (Fig. 71.8).

Figura 71.7 - O segmento intestinal proximal dilatado é


ressecado num ângulo de 90°. O intestino distal, de pequeno
calibre, é ressecado obliquamente em ângulo de 45°. Uma
incisão ao longo do bordo antimesentérico deve ser efetuada
para uma anastomose término-dorso-obllqua. 0 mesentério

r testada com injeção de soro fisiológico. “


71.6 - A permeabilidadedg intestino distal à atresia .do intestino proximal deve ser incisado Iongltudinalmente,
para evitar acotovelamento junto à anastomose. Adaptado
de Nixon'.
374 = TraloGastrointertinal

t! Em atresias do tipo 111 B. realizar jejunoplmia


redutora com ressecção antimesenterica cºm
grampeador mecânico até o ligamento de Treitz,
conforme preconizado por Grosfeld. A linha
grampeada é reforçada com sutura continua e ue
anastomose término-terminal completa o Proce— a?ª
dimento. Outros autores preconizam jejunostomiª “.ªx.»
1.
proximal em chaminé tipo Bishop—Koop, que
anastomose e coto proximal a d: 1,5 a 2.06m de «»à
“.ª».
uma enterostomia distal.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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pathologic findings. J. Pediatr: Surg., v. 14, p. 368-375. 1979,

Figura 71.8 —Atresia de jejuno proximal. Redução do cali- BIBLIOGRAFIA RECOMENDAbA


bre do jejuno proximal per duodenoiejunoplastia redutora. KUMARAN, N.: SHANKAR, K. R.; LOSTY. P. D. Trends in lhe
Uma sonda é colocada no lado mesentérico do lúmen, com management and outcome of jejuno—ileal atresia. Eur. J. Pediatr.
ressecção antimesentérica com grampeador e anastomose Surg., v. 12, p. 163-167, 2002.
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C. L.; CHESCHEIR, N. C.; VALLEY. R. D. (eds.). Critical Car:


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e liberação da porção retrocólica do duodeno. 1978.

'º”?
Íleo Meconíal s 375

e menor quantidade de água. A falta de enzimas pan-


creãticas e a motilidade intestinal anormal (peristalse
diminuída com aumento da reabsorção de água) con—
tribuem para a anormalidade do mecônio.

EPIIIEMIIIlIIGIII
a‘rlos Ketzer .]
:"
a Prevalência de fibrose cística nos Estados Uni-
de Souza dos: 112.000 a 3.000 nascidos vivos.
Prevalência de íleo meconial: 1:15.000 a 20.000
nascidos vivos ou 10 a 15% dos casos de fibrose
cística.
n Aproximadamente 10 a 15% dos bebês com íleo
meconial não têm fibrose cística.
H Cinco por cento dos bebês com íleo meconial
têm muito baixo peso ao nascer (MBPN) e não
possuem fibrose cística.
la Predisposição sexual: 2M:1F. -
Condição herdada autºssômica recessiva. His—
tória familiar de fibrose cística tem sido notada
em 10 a 40% dos pacientes com íleo meconial.
Anomalias associadas são raras.
do'das glândulas exócrinas. O mecônio formado
' ’s‘er extraordinariamente viscose. aderindo-
lªr e Fonte a mucosa do intestine delgado. O íleo
IilIISSIFIGRGÃB
'ea distendido por massa de mecônio visco- flee meconial não-complicado (50 a 60%): sim-
aíoso, aderente e de coloração verde—escura. ples obturação intraluminal no nível do (leo.
la Ileo meconial complicado (40 a 50%): relacio-
it‘so inal (10 a 30cm da válvula ileocecal) é
nado a complicações mecânicas do acúmulo de
, nele acumulam-se pérolas de mecônio
mecônio alterado — volvo, atresia, perfuração,
adode coloração acinzentada, como se fossem
pseudocisto meconial, peritonite. O segmento
sª'dIé'um rosário.
opibosição desse mecônio e anormal. O muco intestinal repleto de mecônio alterado, proximal
ao segmento estreitado e preenchido com con-
add pelas glândulas mucosas intestinais anor- creções intraluminares pode torcer, causando volvo.
teqclilatadas tem conteúdo protéico muito alto
fmente albumina), mucoproteínas anormais 0,yolvo resulta em necrose isquêmica e atresia
intestinal ou perfuração com extravasamento de
mecônio para a cavidade abdominal, podendo,
algumas vezes formar pseudocisto meconial.

'uunnno clínico '

. —:
Incomum prematuros.
em
tu Poliidrâmnio: 15 a 20%.
& Distensão abdominal nas primeiras horas de vida .
é comum em i'leo meconial não—complicado. Esses
bebês já costumam nascer com distensão abdo-
.«rw
minal.
n Vômitos biliosos precoces são freqtientes. Mais
de 3/4 dos casos apresentam vômitos biliosos nas
primeiras 48h de Vida.
E A ausência de eliminação de mecônio nas pri-
meiras 24h de vida atinge aproximadamente 100%.
ml Pode-se detectar alça visível elou palpável (me-
cônio espessado de consistência pastosa), prin—
cipalmente no hemiabdome direito em.1/3 dos
casos.
é-ã .— Espécime cirúrgico caracteristico de íleo meconial.
,Io encontra—se dilatado por mecônio espesso e
na Pode ser observada eliminação de mecônio pela
vagina. Em casos complicados com perfuração e
estreitando com pérolas de mecônio peritonite meconial, o mecônio pode passar através
de trompas e útero e ser eliminado pela vagina.
376 l
TratoGastrointestinal

II Mecônio na bolsa escrotal.


n Palpação de pseudocisto meconial.

.
IProlapse retal.
I Ãnus e reto estreitos ao toque retal.
Eliminação de mecônio seco ou viscoso acinzen-
tado pelo ânus.
II Aproximadamente 15 a 25% dos bebês com rolha
meconial podem apresentar fibrose cística.
Têm sido descritos, na literatura, alguns casos
de obstrução meconial em bebês de baixo peso.
Observou-se maior concentração de albumina no
mecônio, responsável pela sua maior viscosida-
de. Esse aumento pode ser explicado pela maior
e anormal concentração de albumina no líquido
amniótico associada a uma atividade intestinal
proteolítica reduzida em prematuros. Não são as—
.?

”. ? sociados a fibrose cística. Pode ser considerada Figura 72.2 - Radiografia de abdome com imagens de vidro
]

uma relha meconial ou microcólon da prematu- _ .


moido ou de bolhas de sabão causadas por mecônio e ar
_
via. ªi."

ridnde? 0 tratamento clínico e o mesmo do íleo deglutido. 1*


meconial não-complicado. 'As indicações cirúr-
gicas baseiam-se em distensão abdominal pro-
(*?

gressiva, piora clínica e perfuração. lar ou de vidro moído (Fig. 72.2) no hemiabdome
direito (sinal de Neuhauser).
INVESTIGHGÃI) IIIIIGIIÓSTIGII -- Tipo complicado.
Calciticação peritoneal (sugere perfuração e I
.

r' Ultra-sonografia pré-natal. extravasamento de mecônio intraperitoneal). ,


rid; , — Massa hiperecóica intra-abdominal (mecônio ' Massa abdominal (pseudocisto). ,

"_"-"l
(“"Nª
l espessado e impactado), intestino dilatado e
impossibilidade de visualizar a vesícula biliar.
' Alças intestinais proximais dilatadas (relacio .
nadas à atresia intestinal).
O mecônio fetal normal, quando visualizado ' Efeito de massa (pode ser causado por volvo).
no segundo e no terceiro trimestre, geralmen- ' Ascite (perfuração em cavidade livre).
te é hipo ou isoecóico. Ascite ou calcificações ' Esses sinais radiológicos sugerem complicações.
abdominais sugerem íleo meconial complicado. ' Enema opaco: significativo microcólon, po— ,
- Presença freqiiente de poliidrâmnio.
I Teste do pezinho ampliado. Observa—se elevaª'.
dendo revelar pérolas de mecônio espessado , -
no íleo terminal (Figs. 72.3 e 72.4).
ção da tripsina imunorreativa (IRT). Normal:
llOttg/mL. _
ate
I Concentração elevada de cloro no suor (> 60mEq). TRATAMENTO
Obtém—se quantidade adequada de suor para
realização do exame aproximadamente com três
a Não ttlrúrulcg '
._—_
semanas de vida. O suor deve ser obtido de um Indicado a casos não complicados.
único'local, não de múltiplos sítios. .Realizar enema terapêutico com gastrografrnª
II Identificação de marcadores genéticos cromos- (diatrizoato de meglumina) diluída em água (3:1
sômicos de fibrose cística por análise genética ou 4:1) ou diatrizoato de sódio (Hypaqueº) 25 a
do DNA, pesquisando-se mutação tipo AF508 40% ou, atualmente, com agentes isosmolares
(mutação no braço longo do cromossomo 7) pela (compostos hidrossolúveis) que provocam mª- .
reação em cadeia da polimerase (PCR). Essa mu« nor lesão de mucosa e menos hipovolemia. Téc-
w

.
-
tação é responsável por aproximadamente 70% nica descrita por Nobblet.
“eu:

dos genes anormais da fibrose cística. A análise Objetivo do enemªá' terapêutico: amolecer e di—
da mutação é feita em células bucais ou sanguíneas. luir o mecônio; o fluido do enema deve passar '

a g rª m
II História e exame físico. para dentro do íleo, misturando-Se com as pérolas '

I Radiografia de abdome. de mecônio, liquefazendo—as e também sepªrªndº


-.

7Tipo não-complicado. o mecônio viscoso da parede intestinal e prºvº"


Alças intestinais dilatndas com pouco ou nenhum cando sua eliminação pelo aumento da pertstfllSe

_
nível hidroaéreo. Esse achado se deve à presença intestinal. (100
de mecônio espessado aderente e à diminuição
de conteúdo líquido intestinal (sinal de White).
— Hidratar a criança antes e durante o enemª
a 150mL/kg/dia). .linn : 1

Ar deglutido misturado com mecônio pegajoso


costuma dar aspecto de bolha de sabão, granu< — Iniciar
gentamicina.
antibioticoterapia com amplºl
Íleo Meconial I
377

a 24h. Se necessário, outro enema pode ser


feito 12 a 24h após o primeiro, para comple-
tar a eliminação de todo o mecônio e aliviar a
distensão abdominal, Depois do alívio da obs-
trução, administrar N—acetilcisteína a 4 a«5 %
por sonda nasogástrica.
ndice de sucesso: 50%.

cirúrgico
O tipo de reconstrução intestinal vai depender da via-
bilidade do intestino a ser anastomosado, de existên-
cia e grau de peritonite, êxito da evacuação do mecônio
alterado, comprimento 'do intestino residual, estado
geral do paciente e preferência cirúrgica individual.
Indicações cirúrgicas: tratamento malsucedido com
enema terapêutico e íleo meconial complicado.
. ,
:

TÍ'; — Enema opaco mostrando significativo mícrocólon Tratamento Malsucedido com Enema
”3’s de enchimento no ileo terminal por pérolas de Terapêutico
Enterotomía com Remoção do Mecânio (Fig. 72.5)
ªgenda nasogástrica funcionando. Objetivos da cirurgia: evacuação do mecônio perolado
'Pcplocar cateter retal nº 12 a 14F. sem balão. espessado do íleo distal e, do mecônio pegajoso, do

ªfã—Gl ú t e os são aproximados com esparadrapo.


õerca 30 a 50ml.
de da solução são injetados
íleo proximal. E a técnica mais utilizada atualmente.
I Via de acesso: laparotomia transverso supra-
"omalcançar
delicadeza, sob controle fiuoroscópico,
o íleo terminal. Se o material refluir umbilical direita.
dentro do íleo dilatado, o procedimento Enterotornia junto ao bordo antimesentérico do
ref,Éonsiderado bem-sucedido. Retira—se 0 ea— íleo dilatado, próximo a transição com 0 seg—
mento de íleo estreitado.
(9»

Íêter, deixando o contraste em contato com o


‘diecdnie e obtêm-se radiografia simples de ab— Cateter calibre 12F colocado em direção ao íleo
'ine. Após algum tempo, o bebê deve começar proximal dilatado, onde é fixado por bolsa
iminar as pérolas obstrutivas, acompanhadas invaginante; irrigações repetidas com soro fisio—
.sí'de mecônio semilíquido, diminuindo a distensão lógico ou N-acetilcisteína a 4 a 5%. Depois, o
cateter é recolocado distalmente e são repetidas
bdominal. Nova radiografia de abdome em 12
as irrigações no íleo “estreitado.
I Apos algum tempo (15 a 30min paraamolecer),
o mecônio proximal e as‘pérelas distais são orde—
nhados pela enterotomia. As pérolas mais distais
podem ser ordenbadas em direção ao cólon. Se as
pérolas estiverem muito impactadas, pode pas-

Figura 72.5 Enterotomia sobre o ileo distendido, irrigação



— Enema opaco
grill-4o dessecado
&
mostrando microcólon, pérolas
distensão de alças de delgado.
proximal e distal. Depois, retiram-se o mecônio pegajoso e o
mecônio perolado.
<
I Trato Gartrointestinal

tipos Mikulicz, Bishop—Koop e Santulli. A tipo Chas

4
mine de Bishop-Koop é realizada por meio de ileostomiª
da boca distal e anastomose em Y de Roux da boca
proximal a parede lateral da alça distal (anastomºse

. :» W t— w u
término-lateral). A tipo chaminé de Santulli é feita
por ileostomia da boca proximal e anastomose em Y
de Roux da boca distal à parede lateral da alça Prºxima]

.
(anastomose látero-terminal). m.
Antes da ileestemia, retirar todo o mecônio alte.

»
rado possível. Manter irrigações pós—operatórias de

I
N-acetilcisteína.

y-
Figura 72.6 - Ressecção do íleo distendido e remoção do mecô-

SB'ELõ* z-c ru
nio perolado. Observar as linhas demarcatórias da ressecção.
ileo Meccnial Bomnlioaun

l:
“n
Com atresia intestinal: ressecção intestinal +

fªva,“
sar, no 1‘leo distal até a válvula ileocecal, cateter anastomose primária.
Fogarty nº 5, inflar seu balão e retirá-lo inflado II Com perfuração intestinal, volvo, peritonite difusa:
trazendo junto as pérolas mais espessadas. Esse ressecção do intestino não-_viãvel + enterostomin
procedimento costuma ser menos traumático do (a preferência, nos casesr’complicados. é pela
que a ordenha do mecônio perolado muito enterostomia do tipo Milrulicz).
impactado.
I Enterotomia é fechada no sentido transversal em PÓS-BPEM'I'ÚBID
um ou dois planos. INada por via oral.

Ressecção Intestinal, Remoção do Mecânio


I Sonda nasogástrica. Podem ser injetados 5mL de
N—acetilcisteína a 5% de 6 em 6h por cinco dias.
e Anastomose Intestinal (Fig. 72.6) I Terapia respiratória: umidade máxima, mudan-
ças de decúbito de hora em hora e fisioterapia
Também se pode optar pela ressecção do segmento
pulmonar.
intestinal muito distendido, remoção do mecônio alterado I Iniciar via oral com dieta à base de hidrolisados
e anastomose intestinal término-dorsal. É importan- de proteínas, pois não requerem enzimas pan-
te, antes da anastomose. evacuar completamente o creáticas para digestão e absorção + suplementação
1 2. mecônio de ambos os segmentos. '

de enzimas pancreáticas, quando fórmula comum


ou leite forem iniciados +vitaminas lipossolúveis
Ressecção Intestinal, Remoção do Mecônio (A, D. E e K). Após boa aceitação da dieta semi-
e Enterostomia (Fig. 72.7) - elementar, trocá-la por fórmula normal quando
e bebê estiver ganhando peso (aproximadamen-

“ . m ai
Caso houver dúvidas quanto à viabilidade intestinal, te com seis semanas de Vida), sempre monitorando
está indicada a ressecção do íleo dilatado e de viabi- e aparecimento de intolerância alimentar (distensão
“ «'m—

lidade questionável (se não houver intestino curto) e , abdominal, fezes líquidas ou .semilfquidas, san—
enterostomia. Podem ser usadas as enterostomias dos gue nas fezes, vômitos). '
1

4r
&ch(EW .
saw.« —ªi

Figura 72.7 -T1pos de enterestomias. (A) Mikulicz. (B) Santulli.


(C) Bishop-Keep. '
ileo Meconial ª 379

as panereáticas devem ser iniciadas na


ii"?de'-1000 a 4.000 unidades de lipase para
Enema opaco deve ser realizado sempre antes do
fechamento da enterostomia (para excluir obs-
se“: me Isso corresponde a cerca de 250
de fórmula antes das mamadeiras trução persistente).
ªfãções.antes das refeições. As cápsulas con-
b'oUÍkg BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
KRASNA, l. H.; ROSENFELD, D.: SALERNO, P. ls it necrotizing
.1”.hlicroesferas revestidas.com
lar—Pºde ser misturado O conteudo da cáp-
suco (maça) .º "' ' ' of , '
or delayed '

plug? A dilemma in the tiny premature infant. J. Pediatn Surg..


ministrado por v1a oral. Nao esmagar as mr- v.31, n. 6, p. 855-858. 1996.
'Jkápsulas, pois essamanobra irá expor as
imaS ao ácido clorídrico, levando à sua
O'NEILL. J. A.; GROSFELD, J. L.; BOLES, E. T.; CLATWORTHY,
1-1.W. Surgical treatment of meconium ilcus, Am. I. Surg., v. I 19,
fruiçãº- . . . . p. 99-104, 1970.
éfiéyvef ileostemia: 1mgarboca distal com N—ace— RESCORLA, F. J.; GROSFELD. J. L. Contemporary management of
Éiãteína.
«»,»
meconium ileus. World]. Surg., v. 17, p. 318-325. 1993.

”(»-rw

CIRURGIA PEDIÁTRICA
MOACIR Astaire TisÚRCIQ
M 4559 _ CPF mnnmsamm
380 I Trato Gastrointestinal

brio de água e eletrólitos é prevenida pelo equilíbrio


com a circulação materna.
A peritonite meconial costuma ser classificadª Em

Peritonite Meconial
três tipos: fibroadesiva (60%), cística (25%) e gene.
ralizada (15%).
O tipo depende do tempo de perfuração pré-natal
(em relação ao nascimento) e se ela fechou esponta-
neamente ou não.
João Carlos Ketzer de Souza Se a perfuração ocorreu precocemente e já Cicatri.
zou, a maioria dos líquidos é reabsorvida, aparece ín-
BOIIGEITB tensa reação fibroblásrica em resposta àperitonite quimica
causada pelas enzimas digestivas do mecônio e den-
Condição cirúrgica que resulta de perfuração intesti» sas aderências poderão se formar na cavidade abdo.
nal ocorrida antes do nascimento (antenatal). É uma minal (fibroadesiva). Geralmente, a intensa reaçãº
peritonite química asséptica causada pelo extravasa— fibroblastica ocasiona cicatrização da perfuração,
mento de mecônio na cavidade abdominal, resultante Se a perfuração ocorreu e não cicatrizou precoce,
de perfuração gastrointestinal ocorrida entre o quar- mente na gestação, forma-se uma densa membrana
to mês de vida fetal e o desenvolvimento da flora bac- fibrosa em torno da area de perfuração e da maior
teriana do trato gastrointestinal (até horas após o concentração de mecônio (pseudocisto meconial). A

; » , yª w a r m : nascimento). É o resultado da perfuração intra-uterina parede do pseudocisto, além das membranas fibro.
«x_i sas e fibrinosas, também é formada por alças intes.
,

do intestino delgado ou, mais raramente, de outros


'a
,

sítios do trato gastrointestinal, associada a lesões obs- tinais adjacentes fixas e até o segmento gangrenoso
m'ª»

trutivas e malformações. Em menos de 50% dos casos, perfurado pode se projetar, como uma roseta, no lúmen
uma lesão obstrutiva bem definida pode ser demons- do pseudocisto. Em geral, a formação de pseudocisto
trada. A perfuração intestinal pode fechar antes do previne a comunicação da perfuração com o restante
nascimento ou persistir depois. da cavidade abdominal. Porém, em alguns casos, o
mecônio extravasa para a cavidade peritoneal. podendo
estender-se, através de um processo vaginal permeá—
EI'IIIEIIIBIIEIII . vel, para a bolsa escrotal, para o tórax (por um defeito
IA principal causa de peritonite meconial é o íleo diafragmático) e pela vagina. Ocasionalmente, a parede
do pseudocisto conterá cálcio ou calcificações finas
meconial (15 a 40%).
IPrevalência: 1:20.000 a 25.000 nascidos vivos.
_ serão encontradas dispersas na cavidade abdominal.
I: Sem predisposição sexual. Se a perfuração ocorreu poucos dias antes do nas-
cimento, enorme ascite meconial costuma se formar
., (generalizada). Líquido meconial pode ser encontrado
E'I'Illlllllill (dentro da bolsa escrotal. A perfuração pode já ter
cicatrizado ao nascimento.
As causas são muito variadas.
As calcificaçõps que aparecem em radiografias de
IObstrução intestinal distal: atresia e estenose abdome são ocasionadas por perfurações ocorridas
intestinal, má rotação intestinal com volvo, íleo «pelo menos dez dias antes do nascimento.
meconial, hérnia interna, invaginação intestinal.
Corresponde a 95% dos casos.
II Sem obstrução intestinal distal: ausência de parede
lllIIlIlllll GlÍIIIBII
muscular, oclusão vascular, hipóxia fetal gene- n Poliidrâmnio é raro. _
ralizada, perfuração espontânea, perfuração por II Pequeno para a idade gestacional é comum.
divertículo de Meckel ou apêndice cecal. dependendo da etiologia.
I História obstétrica de distocia.
Em 2/‘3 dos casos, a perfuração ocorre no intestino ll Anomalias congênitas associadas são freqilentes.
delgado proximal e médio. I A grande maioria apresenta sinais e sintomas de
obstrução intestinal (80 a 90%).
FISIlIPI'I'lBEIII I Vômitos biliosos em 70% dos casos, geralmeíIte
no primeiro ou segundo dia de vida.
O mecônio é formado durante o terceiro mês de vida ll Distensão abdominal significativa e
progressiva
intra-uterina e é composto de líquido amniótico, cé— ou massa são encontradas em quase
100%
dos
vaz-creu. L-swr

lulas escarnosas, sais biliares, pigmentos e enzimas casos, geralmente já presentes ao nascrmenfº ã"
_
pancreáticas e intestinais. 0 extravasamento de mecônio surgindo logo após. As causas são distengaº '
3 1 w » sª
a“: » .esteril na cavidade peritoneal causa intensa reação
química e de corpo estranho, com calcificações ca—
alças obstrutdas, pneumoperitônio, ascite 0u
pseudocisto.
&
»

.1 racten'strcas. Muitas vezes, a perfuração fecha antes INão eliminação de mecônio no primeirº dia dº
'.

do nascimento. Qualquer tendência a um desequilí— vida em 75% dos casos.


.W
e.

.
faiª—«
Peritanite Meconial I
381

I Disfunção respiratória e freqiiente (pela grande


distensão abdominal).
I Abdome com hiperemia e edema.
I
Ascite com os flancos abaulados e macicez mó—
vel à palpação.
IHidroccle meconial com edema escrotal.
I Pneumoescroto.
I Saída persistente de mecônio pela vagina (na au-
sência de anomalia anorretal). Mecônio disperso
na cavidade abdominal pode drenar para a porção
fimbriada da trompa de Falópio, o útero e a vagina. Figura 73.1 - Radio»
I Hipovolemia e pré—cheque secundários a perdas grafia de abdome em
do terceiro espaço podem estar presentes. projeção lateral mos-
trando calcificações,
distensão aérea do in-
testino e ausência de
I Hemograma. plaquetas, prom de coagulação (tempo ar no reto.
de protrombina, tempo parcial de tromboplastina
ativada por caolim [K'ITP]), examecomum de urina,
creatinina, uréia, eletrólitos, gasometria arterial.
I Teste do suor deverá ser realizado em todas as
crianças com peritonite meconial no pós«opera-
tório elou análise genética do DNA com pesqui-
sa de mutação tipo AF508. Cirurgia com peritonite fibroadesiva: lise das bridas
II
e aderências, não sendo, na maioria das vezes,
:3. necessária a ressecção intestinal.
&,
lnvrsrlsnçilo l'un mam I Cirurgia do pseudocisto meconial: evacuação do
_;; I Radiografia de tórax. mecônio, decorticação do pseudocisto com de-
I Radiografia de abdome: diferentes níveis aére- bridamento das membranas inflamatórias, res—
_‘ os demonstrando padrão obstrutivo, calcificações secção da perfuração e dos intestinos não viáveis
intraperitoneais (65% dos casos) (Fig. 73.1), ascite, e enterostomia.
pneumoperitônio, calcificações na bolsa. escrotal, I Crianças com calcificações intraperitoneais assin-
aspecto difuso de vidro moído pela cavidade abdo- temáticas não necessitam de cirurgia.
minal (pseudocisto), grande nível hidroaéreo per- I Crianças com ascite, assintomáticas e com pa-
sistente (pseudocisto). drão de distribuição aérea normal no intestino
I Enema opaco pode auxiliar o diagnóstico.
,! Ultra—sonografia abdominal: demonstra pseudo— .
até,o reto também não necessitam de cirurgia.

cisto, calcificações e ascite. PIIDGNÓSTIGII


0 prognóstico vai depender: ._
I Da época em que ocorreu a perfuração.
I De ter havido fechamento espontâneo pré—natal.
I Nada por via oral. I Da localização da perfuração.
lSonda nasogãstrica. “! De doença primária.
I Correção do desequilíbrio hidroeletrolítico e da E De diagnóstico tardio da perfuração no período
anemia, se houver. pós—natal.
l
Antibioticoterapia.
I Ventilação mecânica, quando necessário. BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
BIRTCH, A. G.; CORAN, A. G.; GROSS, R. E,_Neonatal peritonitis.
Surgery, v. 61, p. 305-313, [967.
CARFSKEY, J. M.; GROSFELD. J. L; WEBER, T. R.; MALANGONI,
IIndicações cirúrgicas:% V

M. A. Giant cystic meconium peritonitis: improved management


-- Obstrução intestinal.
Perfuração intestinal que não fechou no pe-
based on clinical and laboratory observations. J. Pediatr. Surg.,
V. 17, p. 482-489, 1982.

ríodo pré-natal. LORIMIER IR., W. S.; ELLIS, D. G. Meuonium peritonitis. Surgery,


v. 60, p. 470—475, 1966. '
"
Pseudocisto meconial.
- abdominal.
Celulite localizada ou generalizada da parede
MILLER, J. P.; SMITH. S. D.: NEWMAN, B. er al. Neonatal abdomi-
nal calcification: is it always meconium peritonitis? J. Pediatr:
Surg., v. 23, p. SSS-556, l988.
“ Sepse com piora clínica, apesar de tratamento REYNOLDS, E.; DOUGLASS. B.; BLEACHER. I. Meconium
clínico adequado. peritonitis. J. Perinawi.. v. 20, p. 193-195. 2000.
382 I Trato Gastrointestinal

iAtresia de Cólon
João Carlos Ketzer de Souza
W;
GOHBEI‘I'II
Atresia é a obstrução congênita completa do có-
lon. Estenose é a obstrução congênita incompleta
.” n do cólon.

EFIIIIHIMBGII
I Prevalência: 1:40.000 a 60.000 nascidos vivos.
I Leve predominância no sexo masculino.
I Atresia de cólon corresponde a 5 a 10% de to-

. “ me g
das as atresias intestinais.
.. -., g—

Figura 74.1 —Transoperatório mostrando o ceco distendido,


E'l'lBlBlilll apêndice cecal e segmento de cólon atrésico.
I Evento vascular primário intra-uterino.
I Evento mecânico (exemplos: volvo, hérnia in—
tema, intussuscepção) com comprometimento vas-
E Associação com anomalias oculares e cardiovas-
culares, atresias de intestino delgado, principal-
. <=

cular secundário intra—uterino.


.L« mentejejunais, gastrosquise e extroiia de cloacn,
,.,.“(,

má rotação intestinal. doença de Hirschsprung.


emssmnncia
“sy—.,

Descrita por Bland Sutton.


I Tipo l: continuidade exterior com diafragma
uunnnu Blllllcll
za Achados clássicos de obstrução intestinal neonatal
intraluminal, que pode ser imperfurado (atresia) :'- baixa: vômitos biliosos, constipação intestinal e
grande distensão abdominal difusa progressiva.
ou perfurado (estenose) (Fig. 74.1). Pode existir
um tipo de membrana imperfurada com forma de 51 Se associados à obstruçãojejunal: quadro clinico
“biruta” (windrock)junto ao ceco e à válvula ileocecal. aproxima—se de obstrução intestinal neonatal alta.
I Tipo ll: lumens proximal e distal fisicamente
separados, conectados por cordão fibroso e com
mesentério intacto.
I Tipo III: hiato entre segmentos colônicos com
lllllESIlliAGlifl IlllllilIOSTlflll
História exame e físico.
i

defeito mesentérico. E! Radiografia de abdome: múltiplas alças dilatados


com níveis hidt'oae'reos, grande alça intestinal
distendida representando o intestino proximal no
reanimação segmento atre'sico (a elevada pressão intraluminal
I Proximal ao ângulo esplênico: é mais comum o surgida entre a válvula ileocecal competente e 0
tipo III. coto atrésico pode cansar obstrução do tipo alçª
I Distal ao ângulo esplênico: são mais comuns os fechada). pneumoperitônió por perfuração colômca.
Enema opaco: microcólon com enchimentº

n e ri S - L R I
tipos I e II. s-.
colônico incompleto e terminando em fundo cegº
I Locais mais freqíientes de atresia:
oqª;aSCen-
't? a
's—

dente, seguido pelo transverso. (Fig. 74.2). O microcólon, em visão lateral, Pod}?
L‘SJ'

apresentar configuração do tipo apple peel. 31-


,
752V ,. ,
=

nal radiológico de “biruta” pode ser visto quan-


do o contraste sob pressão empurra proximalmenle
I=Anomalias associadas: 8 a 20%.
I Atresia colônica isolada
..
frequentemente é asso—
a membrana no tipo I (Fig. 74.3). O enema opilCo
deve ser com contraste solúvel não-iônico (COW
ciada a anomalias esqueléticas: sindactilia, poli- tra—indicado o uso de bário), pelo risco dº: ºººf'
dactilia, ausência de rádio e pés tortos. rer perfuração durante o exame radiológicº.

. , W—
;_—. .
Atresia de colon n 383

tipo Mikulicz e anastomose tardia (dois a seis


meses depois). Atualmente, alguns autores pre—
conizam a anastomose primária em casos de atresia
distal à flexura esplênica sem dilatação grossei-
ra e em bebês em boas condições clínicas.
E! Se o intestino for curto, evitar ressecção de qualquer
segmento dilatado do cólon proximal e distal.
Nesses casos, o cólon dilatado pode ser reduzi-
do no seu bordo antimesentérico corn grampeadores
mecânicos (remodelamento).
D Colostomia em ceco é propicia a dificuldades
no esvaziamento fecal e a prolapso (geralmente
da válvula ilcocecal) de dificil manipulação. Nesses
casos, é mais adequada a ileostomia.
Atresia de cólon distal, próxima à ampola retal:
realizar Cºlostomia do tipo Hartmann. O coto distal
deve ser progressivamente dilatado com irriga-
ção de soro fisiológico por várias semanas ou
,
',
no nivel

igura 74.2 Enema opaco (vista lateral) mostrando atresia
do cólon transverso. O segmento distal à atresia
meses antes da anastomose definitiva.
II Atresias jejunoileal e de cólon associadas são
, Ǫparece com aspecto de microcólon e o proximal, distendido
tratadas com anastomose jejunoileal primária e
' ar.
com Cºlostomia do tipo Mikulicz.
n Atresia de cólon com gastrosquise associada: reparo
da parede abdominal + colostomia.
u Atresia do tipo I sem grande distensão colônica
5.. I ileo meconial. Sinal radiológico pode sugerir ileo pode ser tratada com membranectomia com—
meconial por sua semelhança: imagem do tipo plementada por enteroplastia do tipo Heinecke-
ª»?
vidro mofdo no quadrante inferior direito. Porém, Mikulicz ou enteroanastomose em forma de
níveis hidroaéreos em radiografia lateral com raios diamante (diamond—shape).
horizontais sugerem atresia e não íleo meconial. Alguns autores preconizam biópsia retal de con-
I Microcólon com não-refluxo do contraste para gelação antes da anastomose primária. devido à
o íleo terminal pode sugerir atresia de íleo ou de co-ocorrência de doença de Hirschsprung. Nos
válvula ileocecal. casos em que e realizada derivação, a biópsia
I Síndrome da rolha meconial. Síndrome do pe- deveria ser a convencional (fixação em hemato-
queno colon esquerdo. xitina—eosina
colostomia.
e inclusão em parafina), durante a

' ., ..
.» >

«
E“ IReposição hidroeletrolítica.
INada por via oral e sonda nasogástrica. Contraste solúvel
não-iônico
I Antibióticos: gentamicina + metronidazol.
I Cirurgia de urgência para evitar perfuração (obs-
trução do tipo alça fechada).
IA escolha do tipo de tratamento cirúrgico vai de-
pender do local da atresia, de extensão e calibre
do intestino, estado geral, presença de peritonite
e de outras anomalias.
x
'
I
Atresia proximal à flexura esplênica, extensão
intestinal adequada e sem dilatação grosseira (< 3
vezes a diferença entre o calibre das alças): res-
Secqfio de segmento proximal dilatado, ressec-
ção limitada do distal (i 3cm) e anastomose A B
primária término—dorsal.
I Atresia distal à flexura esplênica, qualquer lo— Figura 74.3 — Atresia de cólon (ceco e cólon ascendente)
Cal com dilatação grosseira, mau estado geral,

"
com membrana do tipo "biruta'. (A) Membrana é empurra-
k

Presença de peritonite. presença de perfuração: da distalmente pelo mecônio distendendo muito o ceco, que
poderá sofrer ruptura. (B) O enema opaco com contraste so—
4

ressecção de segmento proximal dilatado e res-


secção limitada com colostomia dupla—boca do lúvel não-iônico faz o diagnóstico ao empurrar a membrana
proximalmente. Adaptado de Cohen e Hutson.
384 I Trato Gastrointestinal

DAVBÍPOKI', M.; BIANCHI, A.; DOIG. C. M.: GOUGH, C. S. Colon;c


IA sobrevida está mais relacionada às anomalias
associadas e ao tempo gasto para o diagnóstico. 2548
atresia: current results of treatment.]. R. Call. Surg., v. 35, p.
Retardo diagnóstico leva a distensão do cólon pro- 1990. ’
ximal, seguido por necrose, perfuração e peritonite. El'ENSEL. B.; TEMIR, G.; KARKINER. A. et al. Atresia of the Cºlon
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Enteracolite Necrosante & 385

a aumentar. Para se entender a barreira mucosa in-


testinal devem—se conhecer os fatores mecânicos que
contribuem para sua integridade, processos e funções.
Não esquecer que essas defesas de barreira são ina-
dequadas no recém-nascido prematuro.

“TUBES MEEÃIIIBUS E IMUIllIlIIIlE lllllTll Ill


BIBBEIBA mucosa lll'l'ES'l'llllll.
Secreçães Ácidas ltástricas
e Pancreamhitiares
As secreções ácidas e pancreatobiliares diminuem o
número de microorganismos viáveis e de antígenos.

,: b radiológico patognomônico e alterações histológi— Peristaltismo Intestinal


'características (necrose de coagulação, inflamação, Motilidade imatttra causa maior estase e subsequente
ri'êiimatose intestinal, áreas reparativas/fibróticas
'

hipercrescimento bacteriano. A peristalse ativa limi-


“(gi-nadas com áreas com necrose de coagulação elou
ta o tempo de exposição dos antígenos a mucosa in-
testinal, inibe a adesão de bactérias e promove a expulsão
dos complexos antígenos—anticorpos.

Enitétin Intestinal
As células epiteliais mantêm—se interligadas por fir-
- mes junções impermeáveis à difusão de macromoléculas.
,," his, que podem não ser completamente representa- Constituem uma camada simples, mas dinâmica, ser-
. í ilos da doença. vindo como barreira física ao transporte microbiano
'
A patogênese da ECN continua ineerta, com cau- e de antígenos.
ou
. a causas ainda desconhecidas. Estudos epidemio-

.
gicos apontam para a prematuridade como o único Mun. Intestinal
a;
a comprovado. Outros estudos acrescentam a ali-
'Émação por fórmula como outro fator epidemioló- As células caliciformes são aquelas que secretam
t importante. As evidências sustentam o conceito muco/mu'cina, que é um protetor não-específico do
ue ECN é o resultado da interação de um ou de intestino. O muco é um gel complexo que cobre a
'“ ombinação de muitos fatores de diferentes graus superfície vilosa do epitélio. É secretado no lúmen
m hospedeiro vulnerável (prematuro — barreira intestinal pelos vacúolos de armazenamento das células
caliciformes que se encontram dispersas entre os
~tinal imatura). enterócitos ao longo do eixo vilosidades/criptas. O
(;etiologia considerada multifatorial
(& e depen-
ente de: muco é composto de água, eletrólitos, mucina, gli—
coproteínas, glicolipídeos, imunoglobulinas, albumina
;;. intermitentes
€—

»,
.Eventos hipóxico—isquêmicos sustentados ou
e episódios de reperfusão-oxigenação.
e peptídeos trefoil. A função do muco é limitar a
adesão de antígenos patogênicos e micróbios com o
I Colonização e invasão bacteriana e suas toxinas. epitélio intestinal.
:; Alimentação por fórmula.
a
A contribuição relativa de cada um, como eles Renato. destituição e Regeneração Enltelial
“fagem e por que não se desenvolve ECN em pa-
ªlles
.

com os três fatores sugerem que a etiologia é Normalmente, os defeitos da mucosa intestinal são
X {emamente complexa. reparados por um processo de restituição intestinal,
, Além desses fatores tradicionais, tem-se estudado que envolve a migração de enterócitos de áreas sau-
daveis adjacentes para as margens de áreas lesadas,
finº
ª.fimçãa de barreira da mucosa intestinal, como
la pode ser rompida, 'o papel das endotoxínas e do com o intuito de cobrir as areas desnudadas e resta-
belecer a continuidade epitelial. O reparo ocorre em
“&fiº nítrico, a ativaçãavde cascata pré-inflamald- duas fases:
efªtºres genético: relacionados.
que o entendimento da função da bar-
e;âºl'edita—seintestinal El Restituição epitelial que se caracteriza pela

.
iãtén'
tt
m
nos cºsª
dessa doença
é essencral para
letal, cuja
desvendar
freqiiêncra
os
continua
migração de enterócitos viáveis de uma área sem
doença para o sítio da lesão.
386 I TIatoGartraintestinal &

Regeneração formada pela proliferação e diferen-


ciação epitelial, em que novos enterócitos cres—
contra bactérias patogênicas. Desses, o principal 50 ;
TLR4, o primeiro membro descrito da famflia dag mo. .
.
cem de células-tronco situadas nas criptas intestinais. léculas TLR transmembranas. Tem papel central na ., ‘
ativação transcricional dos mecanismos de defesª do ..
fatores Humorais hospedeiro. O padrão microbiano mais estudado é
do lipopolissacarídeo (LPS), um constituinte essen.
º:
Ha numerosos fatores humorais que são secretados cial da membrana celular de todas as bactérias Gram.
pelas glândulas exócrinas na superfície da mucosa negativas. Os 'I'LR funcionam como sensores da infecçãº
intestinal. Correspondem àquelas proteinas capazes microbiana e são críticos para o inicio das defesas
de realizar funções protetoras na ausência de anticorpos inflamatória e imunológica.
específicos. Protegem a mucosa contra agentes pato-
O TLR4 localiza-se no citoplasma perinuclear iden.
gênicos e outros ataques antes do sistema imunológico tifrcado como aparelho de Golgi. Essa localização adiciºnª
ter tempo de organizar respostas especificas. Os mais uma barreira reguladora extra'com o intuito de preve.
comuns são: 1actoferrina,lisozima, peróxidos, peptídeos nir estimulação não controlada. E claramente demonstrado
trefoil, angiogeninas, defensinas, criptinas, IgA po—
ser necessário contato fisico entre o LPS e o TLR4
limérica. A familia trefoil (TFFl. TFF2 e TFF3) com— para mediar a ativação celular. A internalização e co—
preende três peptídeos secretados pelas células cali- localização do LPS com o TLR4 indicam que a cap. ª
ciformes que, juntamente com as glicoproteínas, vão tação do LPS representa um passo obrigatório no prºcessa '
fazer parte do muco que recobre toda a superfície

_
de reconhecimento da efidotoxina.
mucosa intestinal. Há uma hiper-regulação de sua Os TLR iniciam uma cascata intracelular de sina.
expressão nos estágios iniciais de reparo da mucosa
lização, levando à degradação de inibidor IKB, trans-
em uma variedade de doenças inflamatórias do trato locação nuclear de fator nuclear—KB (FN—KB) e ativação
gastrointestinal, inclusive na ECN. Alguns trabalhos transcricioual de genes de resposta pró-inflamatória.
mostram a expressão TFF3 deficiente no recém-nascido
prematuro que desenvolve ECN. As moléculas TFF
medeiam um mecanismo que permite a célula des- fator Nuclear-Kl! tio noguioção o
prender-se de outra e migrar sem apoptose. Admi- modulação da Inilamação Intestinal
te-se que essa ação ocorra por meio de uma série de
mecanismos. O FN-KB é um fator de transcrição que tem papel- ,
chave na regulamentação de muitos genes pro-infla- '
matórios nos enterócitos. A ativação do FN-KB é regulada
pelo seu inibidor IKB. que se liga ao FN-KB e o te—
O ecossistema intestinal é composto da interação de tém no citoplasma. prevenindo a transcrição nuclear
três componentes: células do hospedeiro, nutrientes do FN-KB. A degradação de lKB causa liberação e ' '
e microflora. A redução do número de bactérias comensais ativação de FN-KB, que entra no núcleo e ativa a trans-
no contexto da infecção ou após tratamento com anti-“_”. crição genética dos genes responsáveis pela expres-
bióticos pode interferir na resposta imunológica gas- são de mediadores inflamatórios. E importante saber
trointestinal e selecionar flora. A microflora do bebê que, no recém-nascido prematuro. encontra-se redu- i
alimentado com fórmula é rica em enterobactérias e orga- zida a expressão do fator inibidor IKB. uma proteína
nismos Gram-negativos devido ao meio mais alcalino: que, quando ligada ao FN-KB, inibe a translocação
e à ausência dos fatores prebióticos e probióticos do FN-icB para o núcleo da célula. Como resultado des- ‘
leite matemo. No recém-nascido, as bactérias indígenas sa situação, células epiteliais imaturas podem mos—
colonizam as superfícies mucosas intestinais em um trar inflamação excessiva quando a rota TLR é ativada — '
padrão tipico denominado sucessão, que é dividido tanto por bactérias patogênicas como por comensais.
em fases. Na primeira, que dura do nascimento até
duas semanas, predominam as bactérias Gram-positivas
e anaeróbios não formadores de esporos (biiidobactérias inibição da Migração do Enioroeiio
e lactobacilos). A segunda fase ocorre desde o fim da
primeira até o consumo de alimentos sólidos. Nessa
A adesão e a migração celular são processos
dinâmi-
cos que requerem compºnentes integrados e preCisa-
fase, os bacteróides aumentam progressivamente até mente regulados. '
que a flora fique semelhante à do adulto. Devido à Para uma célula migrar, ela deve, inicialmente,
escassez de anaeróbios na primeira fase da sucessão, desprender-se de suas ligações com a matriz extra-
bactérias patogênicas podem colonizar o intestino celular subjacente. As ligações da célula com ª ma-
neonatal e contribuir para a patogênese da ECN . triz fazem-se por meio da formação de fibras de estresfe
de actina e são mediadas por adesões focais, que saº
Sinalização e Reconhecimento tios estruturas de adesão célula—substrato que ancora") ªs
linonalissaca'lttens nelas Receptores Toll-lilo terminações dos microfilamentos de actina e medeiam
as fortes ligações com o substrato.
O receptor tall-like (TLR) é expresso nas células epi- A migração celular é regulada pela ras hamalai
teliais e tem um papel importante na defesa da mucosa gene family. member A (Rho-A-GTPase). uma Pm‘
,» Enterocolíte Necrosante n 387

r reinª de baixo peso molecular. RhoA e' necessária para tromboxano, outro bioproduto da cicloxigenase, é um
, fºrmação de libras de estresse nos enterócitos.
,!
potente vasoconstritor e medeia muitas respostas
' A migração celular requer uma baixa regulação da prejudiciais associadas à inflamação.
ªªhºaj que facilita a ruptura das fibras de estresse e O fator nuclear pró-inflamatório FN—KB é que vai
.' & erda das adesões focais. ativar a indução da transcrição do gene da COX-2.
a'— A endotoxina LPS, assim como outras citocinas Observou-se acentuada indução da expressão da pro-
“ [()-inflamatórias, parece ter a capacidade de impedir teína COX—2 em segmentos intestinais doentes com
a migração do enterócito pelo aumento da atividade enterocolite necrosante, sugerindo um importante papel
‘da
A
Rho.A»GTPase. endotoxina também aumenta a
Éxpressão das iutegrinas nos enterócitos, que servem
na sua patogênese. Entretanto, outra possibilidade tem
sido apontada, lembrando que a indução de COX-2
;para
aumentar diretamente a integração do enterócito
bºm a matriz subjacente, ocasionando uma inibição
pode ser um mecanismo protetor do intestino infla-
mado, prevenindo a lesão do epitélio intestinal e es-
'Ela migração do enterócito e da restituição epitelial. timulando a reparação celular.

Modulação do Trocador Sonic/Hidrogênio Plll’fl Ill] úlllllll NÍTRIBO llll PRTDGÉNESE


llla'lil'i no Entcrúciio Propriedades Bionuimicas do
óxido
Nítrico
A função normal de um enterócito necessita do con-
trole quase absoluto do pHi (pH intracelular), pois O óxido nítrico (ON) 6 um radical livre de vida curta
sua alteração causa distúrbios na atividade celular. que reage a uma grande variedade de substâncias
biologicamente ativas. A síntese de ON é regulada
:,lim prematuros, a hipoperfusão sistêmica causa acidose pela sintetase do ON (SON) que catalisa a oxidação
metabólica e difusão passiva de prótons para o inte— do aminoácido L-arginina, liberando citrulina e ON.
Jrior do enterócito, causando acidificação citoplasmática.
jura contrabalançar essa situação, mecanismos regu— A reação biológica mais relevante do ON é com o
ladores do pH celular começam a agir, transportando superóxido, produzindo o potente oxidante peroxinitrito,
"os prótons para fora da célula. O mecanismo regula- que é gerado nos locais inflamatórios e pode causar
or mais conhecido está relacionado ao trocador Na‘ " lesão tecidual por peroxidação lipídica.
'(NHE), que e' expresso no epitélio. A endotoxina costuma Durante um período isquêmica, o ATP celular é
,impedir esses mecanismos reguladores. O NHE mantém catabolizado para produzir hipoxantina. O estresse
“”o pH citoplasmático pela troca eletroneutra de próton hipóxico também estimula a conversão de xantina de-
Éintracelular por sódio extracelular. O efeito da endotoxina sidrogenase (XD) em xantina oxidase (XO). produ—
:pode ser diferente nas diversas isoformas de NHE, tora de radicais de oxigênio. Durante a isquemia,
"dependendo de sua posição celular. No ápice celular,
.i.
gradientes de íons transmembrana são dissipados, per-
. o NHE3 costuma ser a isoforma predominante, en- mitindo elevação das concentrações de cálcio intra-
quanto na face basolateral predomina o NHEI. Corn celular. Esse aumento de cálcio vai ativar a protease
Fp acidificação citoplasmática, ocorre inibição da ati- cálcio-dependente, que vai converter XD em XO. Du—
. dade de NHEl, mas não do NHE3. Parece que o rante a reperfusão, oxigênio molecular é reintroduzido
{‘NHES, localizado no ápice celular, está sendo conti- no tecido, onde reage com-hipoxantina e XO, produ—

iii'iamente exposto ao LPS e por isso não sofre alte- zindo radicais livres de oxigênio (ânion superóxido
ºr'ação. 0 NHEI, localizado na superfície basolateral, :
O;) e peróxido de hidrogênio (H102):0 O' é um
.o é exposto ao LPS após translocação patológica de radical de baixa energia, mas é responsável pela pro—
PS que, ao impedir sua função, causa acidificação dução de um radical altamente i'eativo e prejudicial,
ª—cttoplasmática. _o radical hidroxila (OH') (Fig. 75.1).
, w

hcracão da cicloitlncnaso 2 Isoicratas tio caido iiitrico


”A cicloxigenase 2 (COX—2) e a enzima que catalisa Existem três isoformas: neuronal (nNOS) e endotelial
ometabolismo do ácido araquidônico em prostaglan- (eNOS), que são expressas constitutivamente e a forma
dinas, leucotrienos e tromboxano. A forma induzível induzível (iNOS). A duas primeiras isoformas geram
'COX-Z normalmente é indetectável na maioria dos baixa concentração de ON e são reguladas pelo flu—
ttecidos; entretanto, maior expressão dessa isoforma xo de cálcio intracelular.
'ª'-iii sido encontrada em condições inflamatórias do A isoforma iNOS é induzida por uma variedade
'
rato gastrointestinal, como a enterocolite necrosante. de citocinas, fatores de crescimento e inflamação, le-
«A ?ãpressão de COX-2 é aumentada (IL-1). pelas citocinas vando à liberação de altos níveis de ON. É cálcio-
. . lnflamatórias como interleucina 1 interleu— independente. Todas as três isoformas são expressas
e
ftna 6 (IL—6) fator de necrose tumoral alfa (FNT-ot).
Prostaglandina E1 é um vasodilatador potente do
no trato gastrointestinal. A expressão e a atividade
do iNOS normalmente são baixas, mas podem au-
»leito esplãncnico e estimula a proliferação das célu- mentar até 15 vezes quando estimuladas pelo LPS. A
ªla S das criptas dos enterócitos. Em contraste, 0 indução da expressão iNOS por mediadores inflama—
388 I Trato Gastrointestinal

uma proteina importante para a ativação de muitos


*ªª'lªªªªª'ªªtªªª . mediadores inflamatórios e citocinas. As Prºteínas

hl" . . - FN-icB, p50 e p65 encontram-se scqiiestradas no


t

- », citoplasma, ligadas à proteína inibidora I-KB. A ªsti—


l d" Primate mulação da célula por citocinas, oxidantes, ou pro-

ª% l
“ªº?“ , dutos bacterianos causa aumento dos metabólitos rea.
,,“ "
.,, ,
v: z *
“ tivos de oxigênio, que vão ativar a I—KB quinase_ Em
*
« marina t «
quinase vai fosforilar e degradar o complexo inibité.
Xantlnt axldase' rio I-KB. A degradação de I—icB libera FN-KB, per.
Mlpounfini
*_7__.O;. "nº;
!OH”
mitindo sua translocação para o núcleo da célula, ºnde
°i vai ativar e regular a transcrição de muitos genes,
%,
_azrrnrusio
FllTflllES GENÉIIGOS

Figura 75.1 Mecanismo de geração de espécies reativas
de oxigênio em lesão de isquemia-reperlusao.
Tem sido postulado que a criança com ECN tern um
genótipo pró-inflamatório que pode elicitar um fe.

[.*S'AGICLªs-ÍE
nótipo pró-inflamatório quando exposto aos estresses
ambientais (hipóxia, alimentação por fórmula). Ocorrem
tórios sugere que o ON participe da patogênese da uma hiperprodução de mediadores inflamatórios, ou
enterocolite necrosante. diminuição da expressão de citocinas antiinflamatória
Enquanto níveis mínimos de ON formados pelas
isoformas de SON têm papel homeostãtico no trato
gastrointestinal, a liberação continuada de ON, como
Ollflllllll fllllllllll
resultado da hiper-regulação de iNOS, pode causar I Em 90% dos casos, o início da doença ocorre

“ r a s g ,;
dano celular e falha na barreira mucosa. nos dez primeiros dias, embora possa _se mani-
festa em crianças com menos de 24h e com mais
rªw leg ,;

a— Panel tio úiiuu Nítrico na Pamuêneso de três meses de idade. A idade de início da ECN
é inversamente proporcional ao peso de nasci-
O ON pode lesar a barreira mucosa diretamente, pela mento e à idade gestacional.
,na

“?e apoptose de enterócitos e pela inibição de reparo da I O início pode ser súbito ou insidioso.
camada epitelial. I Primeiro, os sinais e sintomas são sutis e inespe-
Am: No evento isquemia-reperfusão, a reação mais'rá— cificos até aparecerem sinais e sintomas gastroin-
pida e biologicamente relevante é do ON com o superóxi- testinais mais específicos (diarréia, vômitos, hema-
do, pmduzindo o potente oxidante peroxiniuito (ONOO'). toquezia, distensão abdominal, celulite de parede
Pensa-se que a hiperexpressão sustentada de ON, ª-_ abdominal). As manifestações clínicas iniciais
e talvez mais especificamente do ONOO', medeiam *
podem ser indistingulveis daquelas da sepse neo-
a morte celular diretamente pela interrupção da fun- natal. A ECN apresenta um quadro clinico mui-
«a ção da mitocôndria e inibição da respiração celular.
r

to amplo, podendo variar de leve intensidade com


so: .i ,

0 peroxinitrito (ONOO') pode induzir apoptose recuperação completa e sem seqiielas até uma
.

acelerada nas extremidades das vilosidades intestinais forma mais grave de doençaicaracterizada po:
por ativação da maquinaria pró-apºptótica das célu— necrose e perfuração intestinal.
las. O ON também pode impedir a capacidade de ci- I Distensão abdominal e o achado clínico mais co
catrização da mucosa. A migração e a proliferação do mum, ocorrendo em 70 a 90% dos casos.
enterócito são inibidas, causando profunda redução na I Outros achados: retenção gástrica ou vômitos
restituição celular. O ONOO' tem a capacidade de (70%), sangue nas fezes (50%), diarréia (21%).
interromper a cascata de sinalização dos mecanismos hiperemia da parede abdominal (25%) (Fig. 75.2)v
de reparo tecidual (proliferação e diferenciação celular). sensibilidade abdominal (70%).
Essainterrupção na cascata de sinalização da prolife- Os achados clinicos inespeci'ficos representam
ração celular associada à apoptose ONOU—independente um estado de instabilidade fisiológica e incluem:
pode contribuir para formação e persistência de áreas
desnudadas de epitélio nas extremidades apicais das
letargia, instabilidade térmica., apnéia
recorren-
te, episódios de bradicardia, perfusão periféricª
vilosidades, onde bactérias podem se ligar facilmente a deficiente e choque.
membranabasal desnudada e atravessar a baneira mucosa. I A maioria dos casos de ECN ocorre em bebês
hospitalizados na unidade de cuidados interme-
Panel [10 llxitlanta na Ativação diários, que não estão recebendo ventilação inº“
Ila Fator IIIInIear-iclt cãnica e não possuem cateter venoso umbilical
ou central. Estão se recuperando de sua doentiº
O fator FN-itB de transcrição é normalmente encon- que necessitou de tratamento na UTI, ou não estª?
trado no citoplasma da célula sob a forma inativa. É suficientemente doentes para precisarem de ºu"
Enterorolite Necrosante I 389

Figura 75.3 - Radiografia de abdome em decúbito lateral


esquerdo mostrando grande pneumoperítônio. \fisualiza—se
também ar dentro do saco herniário, bilateralmente.
L hºnra 75.2 - Celulite de parede abdominal por enterocolite
necrosante neonatal.
çada e pior prognóstico (Figs. 75.6 e 75.7). É
um sinal radiológico tardio que pode aparecer e
dados intensivos. Geralmente, esses bebês con- desaparecer rapidamente. '

valescentes já estão se alimentando por via oral.


Ultra-sonografia abdominal pode ser usada para
A ECN também pode manifestar—se em bebês detectar pneumatose intestinal, gás no sistema porta
agudamente doentes na UTI. Sinais e sintomas
e quando aparece quadro radiológico de ascite. A
podem ser obscurecidos pela condição que de—
ascite pode representar uma perfuração intesti-
terminou sua internação na UTI. nal. É importante avaliar o caráter da ascite, pois
a presença de partículas pode indicar perfuração.
,uvrsriiiiiçiio ninaiiúsrieii

A sensibilidade da ultra-sonografia em detectar
IHistória e exame físico.,
gás no sistema porta é maior do que a radiogra—
.I fia de abdome e pode fornecer uma evidência
Radiografia de abdome. Alguns achados radio-
precoce e específica de ECN antes do apareci-
lógicos de ECN são não-específicos, porém muito
mento dos sinais radiológicos. A presença de gás
sugestivos quando associados. Os achados são:
distensão de alças intestinais, edema de parede e demonstrada dentro da veia porta e do parênquima
hepático por partículas altamente ecogênicas
das alças, ascite, alça intestinal fixa aperistáltica (microbolhas de gás), sem a consequente pro—
em radiografias seriadas, massa, geralmente loca— díição de sombra acústica.
lizada no quadrante inferior direito do abdome, Ultra-sonografia pode detectar bolhas de gás
pneumoperítônio, perda do padrão de gás intes-
hiperecogênicas na parede das alças. Talvez seja
tinal simétrico para um padrão assimétrico, irre- um sinal mais precoce que seu equivalente ra-
gular, desorganizado. O sinal radiológico mais pre-
diológico, porém necçssita de um;examinador
coce e comum é a distensão de alçasvintestinais. treinado.
Pneumopen'tônio não é um sinal radiológico caracte-
rístico da ECN. Porém, esta é a causa mais comum
de pneumoperitônio no recém-nascido (Fig. 75.3).
Perfurações ocultas podem ser encontradas em 30
a 50% dos casos operados. Aproximadamente 70%
das perfurações intestinais ocorrem dentro das pri-
meiras 30h do início do quadro de ECN.
Pneumatose intestinal e presença de gás na veia
pºrta são sinais indicativos de ECN. Pneumatose
intestinal pode estar presente na submucosa (múlti-
plos cistos) e/ou na subserosa (aspecto linear), deli-
neando o contorno da alça (Figs. 75.4 e 75.5). Está
presente em 40 a_90% dos casos. A frequência de
pneumatose é muito variada na literatura e isso se
dªve à dificuldade de distingui-la do ar misturado
com mecônio ou material fecal dentro do lúmen
intestinal e à sua característica de ser efêmera.
Gás no espaço porta é encontrado em 10 a 20%
Figura 75.4— Radiografia de abdome mostrando pneumatose
dºs casos de ECN e costuma indicar doença avan- do tipo granular e linear.
390 II TratoGastrointestinal

ms--BçLz'Sr

uma -
t.
Figura 75.6 — Radiografia de abdome demonstrando ar no
espaço porta (imagens radiadas sobre a opacidade hepática).

w ». 4, 1

vn.
Figura 75.5 — Radiografia de abdome mostrando pneumatose
difusa (nos quatro quadrantes).

.—
Para selecionar o tratamento adequado, clínico ou
cirúrgico, medir sua efetividade e determinar a in-
fluência da terapêutica na sobrevida. e' utilizada a
HISTlllllGll classificação de Bell et al., fundamentada em acha-
Achados histológicos mais comuns por ordem decres- dos de história, manifestações sistêmicas e gastroin-
cente de frequência: necrose de coagulação ou isquêmica, testinais e achados radiológicos' (Tabela 75.1).
inflamação, ulceração, hemorragia, alterações regene-
rativas (regeneração epitelial, tecido de granulação, lntlicaçoes Gimmicas
fibrose), presença de bactérias no lúmen e na parede
intestinal, pneumatose intestinal (submucosa e/ou se- Ainda não ha consenso—“nas indicações cirúrgicas. O
rosa), edema submucoso, abscesso de criptas, pseudo- pneumoperitônio é considerado indicação absoluta de
membranas, hipercrescimento fúngica. intervenção“ cirúrgica. Porém, sua ausência não ex-
a
Necrose de coagulação é o achado histológico do-
minante e o mais intenso. Corresponde à necrose te—
cidual com perda do detalhe celular e preservação
“fantasma" da estrutura celular e tecidual. As vilosi-
dades mantêm o arcabouço, apesar de quase total-
mente acelulares.
Alterações regenerativas teciduais (regeneração epite-
lial, formação de tecido de granulação e fibrose) suge-
rem dano tecidual de vários dias. É uma fase de transição
que ocorre após a destruição da superfície epitelial, mas
antes do aparecimento de enterócitos maturos.

'I'Illl'l'llllilll'l
A ECN pode ser tratada conservadoramente com tra—
tamento clínico ou por cirurgia, nas formas mais graves
em que o tratamento clínico for insuficiente.
0 tratamento cirúrgico está indicado a casos em
que há necrose intestinal, ou perfuração. O momento
ideal da intervenção cirúrgica é antes de ocorrer per-
furação e após a instalação da gangrena intestinal. A
percentagem de pacientes que necessitam de inter-
venção cirúrgica varia entre os diversos serviços e
instituições :oscila entre 20 e 63%.
Figura 75.7 - Radiografia de abdome mostrando ar nº
paço porta e pneuma'tose intestinal.
ªº"
Enterocolite Necrosante I
391

EÍABELA 15.1 - Classificação dos estágios de enterocolite necrosante neonatal conforme Bell et al.'

_
,...——
,. FATORES DE _
EsTÁGIOS ESTRESSE PERINATAL MANIFESTAÇOES CLÍNICAS RADIOGRAFIA DE ABDOME
1(suspeit0) Um ou mais fatores Instabilidade térmica, letargia, apnéia, Distensão com íleo paralitico leve
predisponentes bradicardia
Recusa alimentar, resíduo gástrico
aumentado, vômitos, distensão
- abdominal leve, sangue oculto nas

&' fezes
'

|| (definitivo) Um ou mais fatores Idem estágio I + sangue nas fezes ou


predisponentes Distensão intestinal significativa,
oculto persistente, distensão separação de alças do intestino
abdominal marcada delgado (edema de parede de alças
ou fluido intraperitoneal), alça fixa
persistente, pneumatose intestinal,
gás na veia porta
lll (avançado) Um ou mais fatores Idem estágio I + piorª dos sinais vitais, Idem estágio II + pneumoperitônio
predisponentes choque séptico, hemorragia
gastrointestinal significativa

clui perfuração, já que perfuração oculta ocorre em é retirada a quantidade de 0,5 mL de líquido peritoneal
até 50% dos pacientes operados. de cor marrom (gangrena intestinal) (Fig. 75.8), geral-
Para caracterizar gangrena intestinal ou perfura— mente de odor fétido. ou de líquido peritoneal com
‘ ção oculta, são utilizados variados indicadores e cri— aspecto de mecônio ou de fezes (perfuração não
'- térios. Consideramos indicações cirúrgicas relativas identificada pela radiografia) e/ou presença de ger-
'
os seguintes achados: massa abdominal fixa; celulite mes na coloração pelo método de Gram. Bactérias ,
de parede abdominal; piora clínica com dois ou mais são vistas pelo Gram somente quando atingem altas
" desses achados: hipotensão, oligúria, letargia, episó— concentrações ( lxlOª/mL).
dios de apnéia/bradicardia, acidose metabólica per— Nosso serviço adota o algoritmo de indicações
sistente com pH < 7,2, apesar de adequada ressuscita- cirúrgicas mostrado na Figura 75.9.
ção volumétrica; alça fixa persistente em radiografias O resultado de uma paracentese negativa ou seca
'
r7 seriadas, pneumatose difusa (quatro quadrantes), porto- deve ser cautelosamente interpretado em relação ao
'
E grama aéreo. Paracentese abdominal também serve
“ para detectar gangrena intestinal, perfuração bloqueada
curso clínico, laboratorial e radiológico do paciente,
pois não garante completamente a viabilidade in-
_ ;( .? ou perfuração não evidenciada radiograficamente. A testina : Se necessário. a paracentese poderá ser re-
f“ derada
paracentese abdominal não está indicada ou é consi— petida a cada 6 a 8h.
;E desnecessária nas seguintes situações: RN com
ti;» suspeita de ECN (estágio I de Bell), RN com ECN
.
definitiva (estágio II de Bell) que estão melhorando
I: sob terapêutica clínica e RN que já apresentam
Tratamento clinic!)
I! NPO (nil per os, nada via oral), sondas naso ou
I: pneumoperitônio em radiografias de abdome. um orogástrica. Nos casos de tratamento clínico, NPO
_ ª;; método seguro e eficaz que costuma predizer de fo - deve ser mantido por 7 a l4 dias, dependendo
,; ma acurada o aparecimento de gangrena intestinal.
da rotina do serviço.
'
Técnica da paracentese: um dispositivo com agu- u Adequados suportes ventilatório e circulatório.
lha de calibre 20 a 22 (Abbocathº) é introduzido em
Suporte cardiocirculatório com dopamina (até 5].th
" É camente)
um dos flancos (o mais doente clínica e radiologi-
jr e mantido em aspiração intermitente até a
retirada de 0,5mL ou mais de líquido peritoneal. Caso
'

: hªja dificuldade na retirada do líquido, e bebê é então


p; delicadamente
rotado para o lado da punção com o
'
,

"'
ºbjetivo de se obter líquido peritoneal mais facil-
,

mente. Caso não haja líquido nesse flanco, o pro-


; 06580 é repetido no flanco oposto. Quando nenhum
5 "(lllido é obtido, a paracentese é denominada seca.

Pfll'ªCentese
abdominal é considerada negativa quando

W
Sªº retirados 0,5mL ou mais de líquido peritoneal
ºf" ªmarelo—citrino ou sero-hemático e com ausên—
“a de germes na coloração pelo método de Gram.
Figura 75.8— Paracentese abdominal com retirada de líquido
I’aracentese abdominal e considerada positiva quando de cor marrom.

« an
392 :: TratoGastraintestínaI

Enterotulite nermqçm neonatal (nasofaringe, cordão umbilical, líquido cefª_


Iorraquidiano, urina, sangue, fezes e região
perianal), cultura do líquido peritoneal, flora
bacteriana predominante vigente na UTI e
pmumoperlwnlu :Indicações :lrargkas shalom: (Irúrgkas
relativas '

- evolução clínica: vancomicina + cef'otaxima


ou vancomicina + amicacina + metronidamr
— Manter antibióticos por 14 dias ou até curar a

.
'uômtomu hmmm abdomlrul lap-151mm:
infecção.
Nutrição parenteral total (NPT).
IIsolamento de contato em casos epidêmicos.

õ u —as- v
Positiva . , Negativa IRelirada de cateter de artéria umbilical.

'
II Controle radiológico intensivo (vista supina em
antero—posterior e em decúbito lateral esquerdo)

L-sm
laparotomia obter—m"
Repetir pararenteie
sem melhora :Ilnlca
a cada 6 ou 8h nos primeiros três dias. Após o
terceiro dia, essa rotina pode ser reduzida parª
ou nevar
Indlcaçdes :lmrgrm
cada 12h e 24h.
IA via oral deve ser reiniciada em 7 a 14 dias

Figura 75.9 - Indicações cirúrgicas para enterocolite ne-


(dependendo da rotina doçserviço) comdieta semi-
elementar até o intestino recuperar—se da agi-es.
(rasante.
são sofrida pela doença.

kg/min) elou dobutamina (2 a lOtLg/kg/min). Repor


Tratamento cirúrgico
adequadamente sangue e derivados. Manter he- Ainda não há consenso na literatura sobre qual o
matócrito em 35 a 40%. procedimento cirúrgico mais indicado. O tratamento
I Repor perdas para o terceiro espaço (volume cirúrgico clássico, adotado na maioria dos serviços,
aproximado de 150 a ZOOmng/dia). Manter débito tem sido ressecção do intestino não viável e exterio-
urinário em l a 2mL/kg/h. Corrigir acidose rização, como estomas, de segmentos relativamente
metabólica e trombocitopenia quando houver. bem vascularizados do intestino remanescente.
IAntibióticos: em geral é necessária a cobertura Anastomose primária só está indicada a situações
para Gram-negativos, positivos e anaeróbios. específicas, como doença limitada, perfuração blo-
Antes do nascimento, o intestino é estéril. Logo queada sem peritonite e necessidade de enterostomia
após, ele se toma colonizado com a flora mater— muito proximal.
na e do meio ambiente local. O prematuro cos- Em geral, a técnica cirúrgica preconizada é:
tuma ser exposto à microflora da Unidade de' Í' IExplorar o abdome por laparotomia transversn
Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), com colo- supra—umbilical com eletrocautério e coagrlação
nização f'reqiienternente afetada pelo uso de bipolar para reduzir a perda de sangue e o tem-
antibióticos de largo espectro. O bebê em UTIN po cirúrgico. . .

_
costuma ter uma colonização tardia, com núme— IRevisar
sistematicamente todo o trato gastroin-
ro mais limitado de espécies bacterianas que tendem
.

testinal em busca de áreas perfuradas e gangre—


a ser mais vimlentas. nadas que devem ser ressecadas.
Uma relação entre ECN e algumas bactérias pato-
gênicas especificas foi demonstrada e muitas es: 'ResSecar somente a área perfurada e o tectdº
necrótico inquestionável.
pécies, incluindo membros da família das entero-
bactérias (principalmente Escherichia coli,
ITentar preservar a válvula ileocecal.
I A necessidade de uma reexploração cirúrgica em
_
Klebsiella pneumoniae, Serratia), clostrídios, 24 a 36h deve ser definida no momento da lªpª-
enterococos e estafilococos coagulase—negativos, rotomia primária. É utilizada nos casos de par]-
têm sido observadas associadas à doença. A flo-
ra gastrointestinal de bebês corn ECN parece ser
comprometimento intestinal com áreas de
lidade’ duvidosa, que são mantidas para avalraqao
v'ralzl—
diferente dos bebês sem ela, com variações de— cirúrgica posterior. ,
terminadas pela microflora predominante na UTIN
e pelo uso de antibióticos.
ICriar múltiplos estomas quando
existirem ntª"
tiplas areas de necrose separadas por intestino
Nas epidemias, os seguintes germes costumam viável de comprimento adequado (no mínimo 120!11
ser mais prevalentes: Sraphylocacus epídermidis,
Escherichia coli e espécies de Clostridium (clos-
tridios) c de Salmonella.
entre as áreas de necrose) (Fig.r75.lO).
OutrªIS
técnicas podem ser adotadas no lugar dos rl'lú '
tiplos estomas: .
— lº esquema: ampicilina, gentamicina e metro- —A técnica utiliza múltiplas
anastomosesm'ª-ª'
nidazol. Outros esquemas alternativos depen- tinais protegidas por um estoma proxrmal (Fig'
dendo de cultura pré-operatória do bebê 75.11).
Enterocolite Necrosante
ª 393
'
- A técnica de Clipagem de48múltiplas alças e
M
anastomose retardada em a 72h, sem ente-
necro-
_
{3 rostornla proxrmal. Multiplos segmentos
:, ticos são ressecados, deixando segmentos Viáveis
intraperitoneais chpuados para serem reanas—
*

tomosados posteriormente (Fig. 75.12).


A técnica que usa um stent intraluminal com-
plementada por múltiplas anastomoses espon-
tâneas com ou sem estoma de proteção.
Medir, nos casos de ressecções extensas, o compri—
'
r memo do intestino delgado remanescente ao longo
“' do seu bordo antimesentérico com fio número 3.
ICriar enterostomias com bocas viáveis. Figura 75.10 Representação diagra-

'x Extcr'iorizar
,
mática da técnica de criação de múl—
os estomas juntos pela mesma con- tiplos estomas.
tra-incisão, situada, preferencialmente, abaixo da
laparotomia.
* Exterion'zar os estomas separados, quando as bocas
não puderem ser fixadas juntas na parede abdo-
: minal por causa da tração exagerada do mesentério.
IOptar, no caso de estoma distal muito curto (em
[, reto) ou com mesentério contraído que não per—
,_ mita alcançar a parede abdominal, pela técnica
de Hartmann (enterostomia terminal proximal com
(, sepultamento da boca distal). Se possível, fixar
’. o coto distal no peritônio parietal junto à boca
“ proximal exteriorizada.
'f- Fechar a parede abdominal com pontos subtotais.
Usar pontos de ancoragem (totais) em RN de muito
'_ º baixo peso ao nascer (MBPN), choque séptico,
peritonite difusa e reoperação.
IIndicar reexploração cirúrgica em: estomas corn
Figura 75.11 Representação dia-

, gramática da técnica de múltiplas
necrose, piora clínica e sinais de peritonite, evisce- anastomoses protegidas por estoma
ração e reexploração cirúrgica planejada. proximal.

..
L!& Repouso intestinal no mínimo por dez dias.
Condições para reiniciar a via oral: estoma fun-
_cionante, resíduo gástrico claro e menor que 30mL,
gausência de distensão abdominal.
! Adição de sódio à dieta. Os bebês com enterostomia
'de delgado sofrem, frequentemente. de hiponatre—
min e acidose metabólica. A hiponatremia é causada.
pela perda de sódio pelo estoma. A acidose meta-
bólica é causada pelas perdas da ileostomia (depen-
dendo do seu débito) e inabilidade do rim de secretar
ácido (íons hidrogênio) em troca do sódio (que
está depletado). Com depleção grave de sódio, a
aldosterona estimula a absorção maciça do sódio
filtrado no túbulo proximal. Isso ocasiona um
' sódio bastante limitado para as trocas entre ele Figura 75.12 — Representação diagra-
e íons hidrogênio que ocorrem no túbulo distal. mática da técnica de Clipagem de múl-
tiplas alças intestinais e anastomose
A enterostomia que requer suplementação é aquela tardia.
Cujo débito é2 30'mL/kg/dia. Em toda enterostomia
de delgado deve ser solicitada a medida do seu
débito eldosagens séricas de sódio e cloro e de bicar-
nato e sódio urinário. A reposição de sódio, em
geral, é realizada por meio da ingestão ou por
vra parenteral, de 6 a lZmEq/kg/dia ou pela fórmula:
394 I
irate Gastrointestinal
1,2mEq/kgldia + (0,13 >< débito da enterostomia). I Não consegue avaliar extensão e localização da
Recomenda-se a reposição de sódio e bicarbo— doença; viola princípios cirúrgicos Já longameme
nato quando o sódio urinário 6 < IOmEq/L, o estabelecidos e comprovados.
bicarbonato sérico < ZOmEq/L e o cloro sérico
> lOBmEq/L.
Não somos entusiastas da técnica e a indicamos
somente a situações bem específicas, sempre obs“. e
.r“

I Quando a enterostomia começa a funcionar, a «.


vando um rígido protocolo. º.“
pele ao redor deve ser protegida com a coloca- ºc

ção de placa adesiva protetora e bolsa. O procedimento realizado na UTIN, sob aneste. ª.“
é
sia local e sedação. Faz—se pequena incisão (lcm) no u&.».
quadrante inferior mais doente (em geral no quadrante à
lrenagem Peritoneal inferior direito) com remoção de gás, fluidos e eres_ E"«:
Lava«se a cavidade com 10 a 20mL de soro fisioló. «a
Técnica proposta para ser empregada sem anestesia gico morno e coloca-se um dreno de Penrose em direçãº
geral e na UTIN, em bebês criticamente doentes, pe- à área doente e que é fixo à pele (Fig. 75.13). E im-
sando menos de 1.000g e com marcada instabilidade portante obter-se drenagem adequada no momento do
cardiovascular e homeostática. Se não houvesse melhora procedimento.
em 24h, deveriam submeter—se à laparotomia explo-
Decidir precocemente a necessidade de laparo.
radora. A técnica foi descrita como medida de res—
tomia. Após o quarto ou quinto dia, a cavidade
suscitação pré—operatória dos bebês pequenos de alto
costuma obliterar-se pela formação de aderências,
risco, com peritonite, insuficiência respiratória e reação frbroplástica, vascularidade exuberante e
choque. Essa técnica e' controversa e não aceita indis—
angiogênese, que vão dificultar a laparotomia.
tintamente, por violar princípios cirúrgicos estabe-
lecidos no manuseio de isquemia intestinal, perfuração
a Nos primeiros dias, se a drenagem cessa ou dimi-
nui, o dreno pode ser movimentado ou reposicionadn.

Mw
e sepse intra—abdominal. Seus adeptos inicialmente I Observar piora clínica e radiológica seguindo os
não a consideravam definitiva, porém se observa que seguintes parâmetros: necessidade de inotrópicos,
em aproximadamente 1/3 dos casos não há necessi- aumento dos parâmetros ventilatórios, acidose,
dade de cirurgia definitiva. coagulopatia difusa, plaquetopenia, letargia,
"o3re Estudo americano recente, randomizado e multicên- instabilidade térmica, distensão abdominal pro—
trico, comparando drenagem peritoneal primária com gressiva, aparecimento de massa abdominal, celulite
laparotomia e ressecção intestinal nos recém—nasci- persistente, perfusão deficiente, oligúria.
dos prematuros < 1.500g com ECN perfurada, con- I Radiografia de abdome a cada dois dias pós-dre-
cluiu que otipo de cirurgia não afeta significativamente nagem e quando houver piora clínica ou labora—

-r a g
a sobrevida, a dependência de nutrição parenteral total ~torial. Observar, principalmente, reaparecimento

.,
_

ou o tempo de hospitalização. de pneumoperitônio.


;' , »;

Nossos critérios de inclusão são:


wu

»qr Ultra-sonografia a cada dois ou três dias pós-

._- Jy—
IBebês < 1.000g e criticamente doentes (instá- ‘ drenagem e quando houver piora clínica ou la-
boratorial. Observar, principalmente, reacúmulo
veis hemodinamicamente). de coleção liquida intraperitoneal.
IECN perfurada (pneumoperitônio ou paracentese
I Checar funcionamento dos drenos diariamente,
com saída de líquido fecal ou meconial).
' correlacionando o seu funcionamento aos qua-
Nossos critérios de exclusão: dros clínico, laboratorial, radiológico e ultra-
sonogrãfrco (Fig. 75.14).
I Bebês > 1.000g e estáveis.
I Perfuração intestinal sem evidências clínicas e
radiológicas de ECN, principalmente se não pu-
der ser descartada perfuração gástrica.
.«W‘
I ECN sem evidências de perfuração.

O princípio da técnica baseia—se na drenagem de


gases intestinais, fluido peritoneal infectado e fezes
extravasadas, descomprimindo a cavidade abdominal
(evitando a síndrome compartimental) e permitindo
melhor ventilação pulmonar, sem necessidade de
anestesia geral_ou transporte ao Centro Cirúrgico com
seus riscos inerentes: hipotermia, interrupção da moni-
a“, toração, extubação acidental, dificuldades ventilatórias
durante o trajeto.
Figura 75.13 -— Recém-nascido prematuro < Leong e
f im
tr ª!
Desvantagens da técnica:
I Não confirma a doença.
hem:
dinamicamente instável. Drenagem peritoneal bilateral (º

« ªc a — 2 . “
drenos de Penrose.

Enterocolite Necrosante II
395

Drenagem peritoneal indicada


Se houver diarréia. retardo de crescimento, dis—
função do estoma, se for uma jejunostomíª ºu
uma ileostomia de alto débito, é aceitável o fe-
chamento em seis semanas. Essas crianças cos—'
,, ªm peritoneal no leito + ressuscitação tumam necessitar de internação parª correção dº
Drªmª clinica .- reavaliação em 24h seus déficits hidroeletroli'ticos.
0 fechamento nunca deve ser feito antes de com—
pletar quatro semanas, tempo necessário para a re-
cuperação de sua doença e para o estabelecimento de
áreas de estenose em locais de cicatrização que ve-
a’tllnica Piora clinic;

. .
Pneumoperltdnlo ou
celulite abdominal
ou quadro
inalterado
nham a aparecer.

- recorrente
Fiora dlnica ou
laboratorial
Abscesso ou coleção _— Lªparotomía
complicações Tanlias
Retardo do desenvolvimento neurológico: 25 a
peritoneal detectada por ',
30%.
erograiia
Sinais de obstrução laEstenose intestinal: 15%. '
intestinal mecânica I Síndrome do intestino curto: 8 a 10%.

Reavaliação em 14 dias ENTEBIIGIIII'I'E NEEBBSAHIE


EM min-memos ll TERM!)
Sem drenagem Com drenagem
pelo Penrose purulenta ou
Distensão fecal persistente
E Cinco a 25% dos casos de ECN podem ocorrer
abdominal em RN a termo.
SNG (om
drenagem biliosa ª Sessenta por cento não apresentam fatores de risco
identificáveis.
E Os principais fatores de risco conhecidos são:
doença cardíaca congênita acompanhada por um
Trânsito intestinal estado de hipofluxo e/ou insuficiência cardíaca,
elou ecografia asfixia perinatal, hipoglicemia, policitemia, exsan-
..gíiinotransfusão, bebês pequenos para a idade
“gestacional (PIG), disfunção respiratória, pré—
- intestinal
Obstrução eclâmpsia materna, diarréia grave, uso materno
de cocaína (propriedades vasoconstritoras da co-
- deExtravasamento
o
éontr‘aite
Coleçãoºª
———> laparotomia caína), cateter na artéria umbilical
trombose ou embolização. Os bebês a
com risco de
termo cos-
peritoneal
tumam ter um sistema intestinal e imunológico
_, ,,
'

mais maturo e é mais provável que necessitem


.rpairª/5.14
.)

- Condutas diagnóstica e cirúrgica e seguimento


drenagem peritoneal. SNG = sonda nasogástrica; VO :
de um evento predisponente mais intenso para
provocar ECN.
'a'oral
à

lluallru cl iso
clíamentu Ila Enterosmmia n O quadro clínico costuma iniciar logo após o
4gke’l'al, seguimos as recomendações seguintes re- nascimento. Geralmente após começo da VO.
er Noventa por cento desenvolvem ECN nos pri-
'Ioriadas à idade de fechamento da enterostomia. meiros quatro dias de vida.
I
lleostomia de baixo débito e Cºlostomia: em geral l: A apresentação clínica, em geral, é semelhante
”4150
ha pressa para seu fechamento. O bebê pode
receber alta
à de todos os casos de ECN.
'.
para casa (se não houver necessidade
ªde reposição parenteral) e submeter-se ao fecha«
,. mento após três meses. Sempre, nas enterostomias Características da Doença
fªde delgado, devem ser repostas as perdas de sódio Predominância em intestino grosso; costuma ser mais
cºm grânulos de sal ou solução de cloreto de localizada; a perfuração ocorre mais cedo e aproxi-
:de a 20%, diluídos nas mamadeiras. madamente 50% das ocorrências requerem cirurgia.
396 n Trato Gastrointestinal

EllTEllllcnlITE nrcnosnurr !Milieu


t
«ennníncn (lllllGÉllll'A
i, Glassliicaçãu
As doenças cardíacas que podem causar ECN são
divididas em:
Grupo cianótico: todas as anomalias que causam
II
obstrução do fluxo pulmonar (principalmente este—
nose grave ou atresia pulmonar com defeito de
septo ventricular) e transposição dos grandes vasos.
I Gmpo acianótico: todas as anomalias que pro-
duzem shunt da esquerda para a direita (defeito
;45 .

rat-5'91?“ L-s‘url
do septo ventricular, defeito do septo atrial, ducto
arterial patente e outras), ou que causam obstru-
Figura 75.15 Aspecto cirúrgico da estenose intestinal ad-
-
ção do fluxo ventricular esquerdo (estenose aórtica, quirida pós-enterocolite necrosante.
coarctagio da aorta, síndrome do coração esquerdo
hipoplásico).

Fisinnamlouia
“Z Y : n ew };
[&

' ,"
Graus mínimos de isquemia intestinal regeneram com

ªum £3:-
IA incidência de ECN em RN com doença car»


boa cicatrização da mucosa. Uma lesão mais grave da
díaca congênita sintomática é de 3,5 a 7%, em mucosa pode causar redução em número e altura das
comparação com 0,1 a 0,3% dos bebês nascidos vilosidades intestinais, resultando em má absorção.
na —%

t.» a
vivos sem doença cardíaca. O fenômeno reparativo mais precoce é o apareci.
I Aproximadamente 75% são a termo. A doença
mento de tecido de granulação.
costuma ser difusa em 30%. A camada submucosa encontra—se espessada e fi-

,e
brótica em todas as estenoses.
rlslonalnlnuia Em estenose moderada, a mucosa e a muscular per—
, A doença cardíaca congênita e/ou a insuficiência cardíaca
manecem intactas e, a submucosa, com granulação e
fibrose.
».“

, podem levar à hipóxia e hipoperfusão esplâncnica (estado Estenose grave caracteriza-se pela substituição de
ªew,

de baixo fluxo na artéria mesentérica superior), pro- submucosa e muscular por tecido de granulação, fibrose
vocando isquemia intestinal. Bactérias e substrato ali-
e,.obliteração do lúmen.
«.,reu-—"; mentar completam o ciclo que poderá ocasionar o
aparecimento de uma ECN.
s
a,

Quanta (Him. a Inveslluaçãn nialnústira


ESTEIIIISE IHTESTINAI. Allfllllllllm
PÚS—EHTEHDGUIITE HEGIIIISMITE
Quadro clínico
costumaser
cimento gradual ou abrupto.
variável. Pode ter apare-

I Sinais clinicos precoces: história prévia de ECN,

€, conceito intolerância alimentar ou VO irregular, vômitos


biliosos ocasionais ou aumento do aspirado gástrico,
?,. _ São sequelas de lesões necróticas parciais do intes-
tino pós—enterocolite necrosante atingindo, principal—
distensão abdominal, hematoquezia episódica,
diarréia, falha de crescimento, constipação.
fl!" mente, as camadas submucosa e muscular e causando a Média de aparecimento clínico da estenose: sete
55] obliteração do lúmen intestinal (Fig. 75.15).
E,
El
semanas após início da ECN (quatro a dez se-
manas depois). Porém, pode variar de 10 dias a
É,
Euldeminlouia 20 meses. O processo deªõic'atrização da doençª
dura três a quatro semanas, mas a contraç㺠º.º
*
;“É?
I Frequência dos casos tratados apenas clinicamente:
15 a 25%; dos cirúrgicos, 30%. aparecimento de estenose cicatricial levam mals

i‘1.5.. I Localização: 80% ocorrem no c610n, 60% no cólon tempo. .


esquerdo, 20 a 25% no colon direito e 15 a 20%
I Radiografia de abdome:
distensão generalizada
com múltiplos níveis hidroaéreos,
:l'_ no _íleo terminal. u Enema opaco: em casos com suspeita faz o diagnósr
i, I
Sítio mais comum: ângulo esplênico (21%).
,

is '
=
;,. I
Forma
mais comum: estenose simples. Estenoses
múltiplas são mais observadas pós—tratamento ci«
rúrgico associadas a enterostomias.
tico de estenose colônica (Figs. 75.16 e 75.17)-
Diagnósticos diferenciais principais.
— Doença de Hirschsprung.
%
% — ECN recorrente.
Enterocolite Netrorante II 397

Figura 75.17 Enema


opaco mostrando es-

tenose intestinal pós—
tratamento clínico de
enterocolite necrosante.
Observar estenose do
ângulo hepático esquer-
do e descendente.

Porém, a crianças agudamente doentes ou com obs—


r'ª' ãmento
75.16 — Enema opaco em estenose pés<enterocolite
clínico. Observar estenose de parte do cólon
trução completa indica-se enterostomia com anastomose
tardia.
REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA
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Ds—argumentos são: possibilidade de resolução es-
year experience with peritoneal drainage under local anesthesia
Mnea, a estenose pode passar sem ser notada no for necrotizing enterocolitis perforation. J. Pediatr. Surg., v. 25,
ndo limitado ao cólon (falso—negativo pela exis- p. IOM-1037, 1990:
HÓLLWARTH, M. E.; SCHOBER, P.: PFLEGER. A.: SAUER, H.
Lage estenose de
delgado tardia),
ou estenose baixa
llê_ncia de estenose sintomática, uso de radiação Necrotizing enterocolitis. Results of surgery. Pediatr: Surg. Int.,
v.7, p. 421-427. l992.
k' ianças assintomáticas. HORWI'I'Z, ]. R.; IALLY. K. P.; VAZQUIZ, W, D. et al. Complications
_ wªpacientes submetidos à enterostomia, mesmo
'

, assintomáticos, necessitam de enema opaco an-


—after surgical intervention for necrotizing enterocolitis' a multicenter
review.:J. Pediarn Surg.. v. 30. pr994-999, 1995.
g'çfechamento da estomia. KETZER DE SOUZA, J. C.; MO'I'I'A, U. I. C.; KETZER, C. R.
Prognostic factors of mortality in newborn with necrotizing
cnterocolitis submitted to exploratory laparotomy. ]. Pediatr: Surg.,
.
=”onduta vai depender do estado geral da criança e
«%Cpisódio ter sido recente.
Estenoses ressecadas antes de oito semanas podem
v. 36, p. 482-486, 2001.
KOSLOSKE, A. M.; GOLUl'HORN, J. F. Pnrªcenlesis as an aid to the
diagnosis of intestinal gangrene/itch. Surg., v. 117, p. 571-575, l982.
KOSLOSKE, A. M. Indications for operation in necrotiu'ng enterocolitis
revisited. J. Podium Surg., v. 29, p. 663-666, 1994.
.m ‘
ºlª" ter doença inflamatória residual. Todo tecido
{made deve ser ressecado. Doença residual pode
MOSS, R. L.: DIMMI'I'I', R. A.: BARNHART. D. C. et al. Laparotomy
versus peritoneal drainage for necrctizing.enterocolitis and
eSICnose na anastomose ou deiscência. Na maioria perforation. N. Engl. J. Med.. v. 354, p, 2225-2234, 2006.
VAUGHAN, W. G.: GROSFELD, J. L.; WEST, K. et al. Avoidance of
Kªºs. é possível preparar o intestino antes da
stomas and delayed anastomosis for bowel necrosis: “clip and drop-
590350 da estenose e
realizar primária.
anastomose
back" technique. J. Pediatr. Surg., v. 31, p. 542-545, 1996.

_ fq — M
.
398 I Trato Gastrointestinal

ÍIIIAIIIIOS fllllllcl) E lllBDIIMlllilIll


. lllll'llllll] 76 Í Geralmente em prematuros de muito baixo 176er
(< 1.000g).

Perfuração intestinal Freqiiente em bebês que necessitarem de Venti.


lação mecânica.
In Inicio dos sintomas: começo da segunda Sema.

Espontânea Idiopática
na de vida.
m Apresentam—se em melhores condições clínica;
do que os bebês com enterocolite necrosante (ECN).
:: Distensão abdominal é o sinal mais comum e
precoce.
João Carlos Ketzer de Souza a Abdome costuma apresentar coloração azuladª
em 70% dos casos, podendo iniciar pela botsª
fllllllllfl'fl escrotal ou região inguinal (mecônio dentro de
Doença de etiologia desconhecida com necrose e
perfuração focal de um pequeno segmento de intes—
persistência do conduto peritoneovaginal). Par.
tículas dc mecônio e pigmentos biliares tornam. u. ‘ « ,
tino delgado (mais comum), geralmente distal, em se visíveis através da parede abdominal.
intestino de aspecto normal, sem características macro
m Ausência de celulite na parede abdominal.
e: Vômitos biliosos ou drenagem biliosa pela Son-
e microscópicas de enterocolite necrosante.
“ n im — .

a
da nasogastrica.
E! Sem relação com o início da via oral.
[PIBEHIBIBGII I: Leucocitose com desvio à esquerda e ausência
de trombocitopenia.
!: Causa mais comum de perfuração intestinal
neonatal: enterocolite necrosante.
El Segunda causa mais comum de perfuração in— [RIMES POB IHRGEH
testinal neonatal: perfuração intestinal espontâ— Radiografia de abdome: pneumoperitônio, mais
nea idiopática. bem observado em decúbito lateral esquerdo. Au-
I Local mais frequente de doença: íleo terminal; sência de pneumatose intestinal e de gás na veia
secundariamente, o cólon transverso e () cólon porta. Como a perfuração pode sofrer bloqueio
descendente. (processo de penetração gradual e disseminação
I Dificuldades diagnósticas clínica, laboratorial e limitada), pode aparecer ascite e/ou abdome com
radiológica. ‘
poucos niveis aéreos intestinais (gasless abdomen).
E Ultra-sonografia: indicada nos casos com ascite,
pois determina o aspecto do conteúdo (geralmente
ETIBPIIBEEIESE coleção com partículas) e o local de paracenlese.
I Desconhecida. .».
I Tem sido associada a: 'I'IIII'I'IIIIIEIITII
-Indometacina para apressar o fechamento do
ducto arterial, causando inibição da síntese das El Laparotomia transversa supra—umbilical direita.
prostaglandinas, potente vasodilator esplãnc- e El Enterostomia em alça expondo a perfuração
extemamente'ou ressecçãoilimítada e anastomose

nico.
Dueto arterial patente ocasionando menor fluxo primária. Dependerá do estado geral do bebe.
sanguíneo na aorta abdominal e maior resis- do grau de prematuridade e da presença de pen-
tência vascular relativa nas artérias celíaca e tonite difusa.
mesentérica superior.
-Ventilação mecânica por máscara.
-—
Doença da membrana hialina.
—nLw-BÇc-Lzr
I

Cateter de artéria umbilical, com formação de

e m L 4. > ª '
trombos e sua liberação sob a forma de pe-
quenos émbolos.
'A '

,. -
5a.
““ya

Defeitos congênitos da musculatura intestinal


A

e outras causas.
.

-
(ªq-JR. -. :“.1

Episódios de hipóxia e isquemia, causando


,

hipoperfusão mesentérica regional, isquemia


intestinal transitória, ulceração de mucosa e
submucosa, necrose transmural e perfuração.
Por sua vascularização característica, o íleo
terminal e mais suscetível à isquemia local. Figura 76.1 — Perfuração espontânea idiopática do
I Pode representar uma manifestação diferente e ileo (gr;
minal. Perfuração única estando o restante do Intestinoc
mais benignª de enterocolite necrosante. aspecto normal.
1
I
l
Perfuração Intestinal Espontânea ldiopátíca I
399

Achados cirúrgicos: doença limitada (no maxi— BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA


3cm de
extensão), com perfuração solitária HARMS, K,; LÚDTKE. F. F.; LEPSIEN, G.; SPEER, C. P. Idiopathic
íleo médio ou distal medindo aproximada- intestinal perforations1n premature infants without evidence of
E“tºmª 5 a lOmm de diâmetro, com o resto do necrotizing enterocolitis. Eur.]. P:dia!1:Surg._ v.5 p. 30-33, 1995.
PUMBERGER, W.; MAYR, M.; KOHLHAUSER, C., WENINGER,
intestino normal (Fig. 76.1).
' Não indicamos drenagem peritoneal a esses ca- M. Spontaneous localized Intestinal pcrforation'In very-Iow--bírth-

:.sos
weight infants: a distinct clinical entity different from necrotizing
Alguns autores preconizam seu uso. enterocolitis !. Am. Call. Surg., v. 195, n 6, p. 796-803, 2002.
ortalidade aproximada: 15%. RAGHUVEER, G.; SPEIDEL, B.; MARLOW, N, PORTER, H. Focal
intestinal perforation in preterm infants is a emerging disease. Acta
siomotottut Paedíalr, v. 85, p. 237—239, 1996.
RESI-l, B.; MAYR, J.: KUTTNIG-HAIM, M. eta]. Spontaneous gas—
iose hemorrágica confinada ao sítio da perfuração

trointestinal perforation'In very- low——birth-weight infants a rare
"réstiuointramural e necrose de coagulação.
adjacente normal. Ausência de pneumatose complicationIn a neonatal intensive care unit. Pediatr. Surg. Im.,
stinal v. 13. p 165-167, 1998.

,.
400 I
TratoGastmintestina/

ICalcular a porcentagem do segmentojejunºil


BIFÍIlIlº 11 residual, dividindo a extensão desse seg.-r.e
ea!
nto
pelo comprimento normal:

Síndrome do Intestino Extensão II residual + extensão 11 normal,

GIIIISAS DE INTESTINO GIIIITB

Curto IPerda anatômica de segmentos intestinais. As mais


comuns são: enterocolite necrosante (ECN), ªtresias
jejunoileais (múltiplas atresias ou deformidades

do tipo “árvore de natal“), ma rotação intestinal


João Carlos Ketzer de Souza com volvo de intestino médio, gastrosquise Cºm-
1111111111111
plicada com atresia jejunoileal ou volvo, fleo me.
conialcomplicado, ressecção de duplicaçãojeju.
- .

noileal longa, intestino curto congênito, imaginação 7[r


Desordem nutricional resultante da inadequada ex- com gangrena jejunoileal.
tensão funcionalmente ativa de intestino delgado para l: Defeitos de absorção da mucosa: pós—ECN, má
manter o processo normal de peristalse, digestão e rotação intestinal com volvo crônico, linfangiectasia '
absorção dos nutrientes enterais necessários para intestinal. lª'
crescimento e desenvolvimento normais. Geralmen- I Intestino curto funcional: aganglionose colônica Í
te corresponde àqueles pacientes que necessitam de total com extensão jejunoileal, pseudo-obstru-
nutrição parenteral total (NPT) por mais de seis se— ção intestinal crônica idiopática, enterostomia
manas após ressecção extensa do intestino delgado.
E definida por Cooper et al. pela presença de menos
proximal.

de 50% daextensãodo segmentojejunoileai (II)esperado FII'I'IIIIES PIIIIGIIÚSTIGIIS II! BESSEBGÃII


na conclusão da cirurgia inicial, ou alterado funcio-
nalmente por doença intestinal'. III'I'ESTIIIIII MABIGII
c
Para Galea et al. é definida pela presença de me- IExtensão do intestino ressecado ou do intestino l'«:
nos de 25% da extensão do segmento jejunoileal es- remanescente. a
u
perado para a idade gestacional“. ILocal do intestino delgado ressecado (jejuno e/ u »:

.
a
A Associação Canadense de Cirurgiões Pediátricos ou íleo). a
define como síndrome do intestino curto o intestino ll Capacidade funcional do intestino delgado re- ,
“.ª
delgado residual menor que 25% do previsto pela idade manescente. :, .
gestacional, ou a necessidade de nutrição parenteral IPotencial de crescimento do intestino delgado
pós—operatória por mais de 42 dias.
Como regra geral, criançwom mais de 25cm de'
.. remanescente.
IIntegridade da motilidade intestinal. ;
:

:
intestino delgado com válvula ileocecal e mais de 400m IPreservação da válvula ileocecal.
sem essa válvula têm chances de sobrevida razoáveis. l1 Extensão do cólon residual.

EXTENSII na SEEIIEIITO IHIIIIIIIIEHI ' VIIII'I'IEEIIS Ill


PRESERVE“ IlIl “WWI
lll! nrcEI-nnsemn llEOflEflAl
Touloukian comprovou, em necropsias. que a extensão
do intestino remanescente em recém-nascidos varia Funcoes da válvula:
a Prevenção do refluxo de bactérias do cólon pain
(

diretamente com a idade gestacional. O prognósti-


o íleo.
co não pode ser baseado na extensão absoluta do I Redução da motilidade do intestino delgªdº Pºr ª
intestino remanescente, mas sim na porçentagem desse um fator de 3.
intestino relacionada à idade gestacional.
A perda da válvula ileocecal não tem efeito pªrª ª
IillTlIIl Pm I) BllGIllll IIE III'I'ES'IIIID sobrevida, mas sim para a adaptação intestinal e º º
desmame da NPT por um fator 2 a 3.
RESIDIR!
IDeterminar a idade gestacional, se RN.
lVer tabela para definir a extensão de segmento I'llTEIIGIIIl DE GBESGIMEIITO III) III'IES'I'IlIll
jejunoileal normal para a idade gestacional de- IIEMIIIIESIIEII'I'E
terminada, se RN, ou altura corporal nas outras I Prematuros podem tolerar maior extensão dª ,
crianças (Tabelas 77.1 e 77.2).
111 Medir o segmento jejunoileal residual não esti—
ressecção intestinal do que RN a termo,
graçª;
à capacidade de o intestino crescer com o tem?
cado ao longo do bordo antimesentérico. e sofrer adaptação mais precoce.
Sindrome do Intestino Curto : 401

TABELA 77.1
gestacionaís
- Extensão iejunoileal normal em recém-nascidos de diferentes idades
»

{1ª EXTENSÃO lEJUNO—ILEAL (cm)
115121
EXTENSÃO DE COLON
69112,6
SEMANAS DE IDADE GESTACIONAL
19.27
172129 ' 103117 27—35
248 à: 40 148 t 24 > 35

-
EIA 771 - Extensão iejunoileal normal relacionada hiperacidez resultante impede a formação de micelas,
diminui a digestão intraluminal de amido e proteí-
bafãQrorporal
' 'ENSÃO JEJUNOILEAL ALTURA ((m) nas, inativa a lipase pancreática e pode causar ulce-
rações no duodeno, jejunor’leo e diarréia osmótica.
'A _ 5 vezes a altura -
40 70 O jejuno é o local onde a maioria dos nutrientes é
-
33 4 vezes a altura
420cm
70 — 140
100 - 140
absorvida e é especialmente importante para a absor-
ção de cálcio, magnésio, folatos e ferro, juntamente
com o duodeno. O jejuno secreta colecistocinina e
secretina. A perda de jejuno pode resultar em defi-
lllITÃNBlII lll] SEGMENTI] INTESTINIII ciências minerais e nutricionais, esteatorréia e colestase.
: SENAI“! O íleo tem uma função muito especializada, que
não pode ser assumida pelo jejuno. É o local primá-
O íleo pode assumir as funções do jejuno, mas
rio da absorção de ácidos biliares, sais biliares con-
o reverso não é verdadeiro. jugados, vitamina B12, vitaminas lipossolúveis (A,
Só o íleo e o cólon podem absorver sódio contra
D, E, K) e zinco. A perda de íleo resulta em deficiên-
. um gradiente de concentração.
A ressecção do íleo tem maior efeito sobre 0 volume
cias vitamfnicas, colorréia ou esteatorréia. 0 exces-
a tonicidade dos conteúdos intestinais que al- so de ácidos biliares, ao alcançar o cólon, não somente
impede a absorção de água e íons, mas age como
secretagogo, produzindo diarréia aquosa. Se a perda
de sais biliares conjugados toma—se excessiva, o ci—
clo enteroepático diminui, ocasionando problemas com
:
?A remoção do cólon afeta a absorção de água e a digestão intraluminal de gorduras, causando estea—
'Eletrólitos, incluindo a absorção de sais divalentes torréia. A depleção de sais biliares pode tornar a bile
omo magnésio e cálcio e parece ter algum efeito litogênica e proporcionar o aparecimento de colelitíase.
na absorção de nutrientes ao causar redução da Em pacientes com—esteatorréia, os ácidos graxos não
bsorção de ácidos graxos de cadeia curta.
,Na síndrome do intestino curto, a presença do
absorvidos costumam se ligar ao cálcio, em vez de
se ligarem ao oxalato da dieta. O excesso de oxalato
Égêólon é valiosa porque aumenta a área de absor- livre e absorvido pelo cólon e excretado na urina,
;;ção de água e sódio, diminuindo a diarréia. podendo causar nefrolitíase. _
'

, ,.
t
“DAN‘S“ IIITESTIIIAI .
,

111111111111: EIINIIIIINIII lll] INTESTINO


i MQHESOEHTE A perda intestinal maciça estimula um processo adap-
. gumas doenças, além da perda anatômica de um tativo no intestino remanescente. Por mecanismos ainda
Igimme intestinal, podem causar diminuição da ca- pobremente entendidos, o intestino sofre mudanças
.!'
“idade funcional e/ou adaptativa do intestino resi- morfológicas e funcionais que, muitas vezes, permi-
.n—'wr
“at“ se adversamente afetado pela doença primária. tem uma autonomia enteral.
A adaptação intestinal se dá por uma série de respos-

. IIIIIIIIME
JP
Ill] INTESTINII flllli'l’fl HEFflMflBlfl tas fisiológicas que surgem como resultado da res-
secção intestinal maciça. A superfície dê "área do intestino
Pªndo progressivo da tolerância
em seis ou mais meses de evolução não houver remanescente aumenta gradualmente por hiperplasia
emo aos alimentos enterais. mucosa (aumento da taxa de produção de células da
ei Pºnde acurto.
10 a 25% de todos os casos de síndrome cripta e aumento celular por cripta), alongamento das
'
'
ntestino Nesses casos, deve-se avaliar a vilosidades, aprofundamento das criptas intestinais,
.mºssidade de alguma forma de cirurgia. aumento em extensão e diâmetro do intestinorema-
nescente e mudanças hormonais; O processo de re-
iurnrntneln

% 4 — Wº "
'
novação celular é relacionado às taxas de proliferação
das células das criptas, migração celular ao longo do
1i ªSQºsta
,
do estômago à perda intestinal maciça é
hlpªrseereção secundária a hipergastrinemia. A
eixo cripta-vilosidade e morte via apoptose, Os me-
canismos responsáveis pela adaptação intestinal não
402 I Trato Gastrointestinal

es '
Por outro lado, apresentam maior osmolaridade
e menor estímulo para adaptação intestinal.
são totalmente conhectdos, mas os campº“e
'
re纺s Dependendo da tolerância do paciente. º volu-
senciais parecem ser: nutrição luminal. 5
;): endógenas gastrointestinais (secreções
p39:intes'
me deve ser aumentado semanalmente?
até que 3/4 do volume de manuten窺 Sªlªm
a li.)?!»
(biliares), fatores de crescimento e hormôm alcançados. Nesse momento, mantém-se 6.559
tinais circulantes, principalmente o enterºã
O periodo requerido para adaptação é mm
volume e maior concentração. _
Dietas mais complexas são mais tróficas e len-
vel, podendo levar de seis meses a dois ªnºs' dem a induzir mais adaptação intestinal dº que
as dietas elementares. Os triglicerídeos dº C?‘
TRATAMENTO GlÍlIlllll deia curta (pectina) e longa estimulam a hIPºfPIªS'ª
Os cinco objetivos principais são: í . as mucosa e devem ser introduzidos gradualmen-
te, assim como proteinas intactas. Atualmªnle.
' In .. . .
Correçao das anormalidades hidrºelêª'tfº l Ilº '
muitos autores preconizam seu uso precoce. Acre-
ll Providenciar suporte nutricional.
ditamos que essa é a tendência nutricional atual
I Controle da diarréia.
para os pacientes com intestino curto.
a Promoção da adaptação intestinal. Em geral, a alimentação continua por sonda ou
ll Tratamento das complicações. gastrostomia costuma ser mais bem tolerada do
que in balus, intermitente, Por outro _lªdº' ª
mentação in balus em pequenas quantidades, ª];
(frª
_ "'
a a quatro vezes por dia, assim comº algum a l-
Essa fase costuma durar de um a dois meses “Olittgs,
tamento baseia-se na estabilização de fluidºs e ele tão
mento sólido, permite“ que a criançª ªprendª &
mastigar e a deglutir.
reposição parenteral de calorias, iniciem º
cedo Quanto possível e tratamento da híPºrse anta-
ereç㺠As fórmulas semi-elementares mªls tilizadns , e (Tu-

gástrica (pode causar diarréia secretáriª) _ºº eses)-


no nosso meio são: Alfaréº e Pregºmln
bela 77.3).
gonistas dos receptores H2 (por um a do” IV: de A tolerância alimentar é definidª Fe}a não-exis-
Dose de cimetidina: 10 a 40mg/kg/dia, Vº
6 em 6h.
º“ 'o está
tência de distensão abdominal, aus?"cia
mitos, frequência das evacuações alterada
de vô-
e
Se um agente mais potente for
necessánriátons
indicado o uso de inibidores da bombª e g/dºsº' ausência de substâncias redutoras 11 "'
as fezes.
em

L — s o -ry u v ça n
VO ou IV. Dose de omeprazol: 0,7 a 2mg”
Pacientes com intolerância aos alimenfºs
ªum,
uma a duas vezes por dia.
ter o volume de sua alimentação dimml“
o nível previamente tolerado, permªnecendº ºcªs:
"tadº
estágio por duas semanas e, então, aumefl
Fase Tªl'uiª na base de 5% por semana.
II Alimentação enteral deve ser logo inst!midª Pªrª
funç㺠Monitorar rigorosamente 0 volume e a consis-
tência das fezes e a presença de Substâncíªf “ª"
dutoras nelas. Essas substâncias nas fº indicalfl
zes
estimular o crescimento da mucosa. AP
gastrointestinal melhorar e a diarréiª abilizzn‘.
S

Cªtªlmente absorção incompleta com fermentaç㺠Secufldfilja


os alimentos enterais devem ser grª ug clªrº!
de carboidratos. Se o aumemo dª ªl
imentªçªº
introduzidos. Embora o mecanismo n50 Sejªs
o uso de alimentação enteral, pelº “ɺnº ªpre-
20 a enteral causar e'liminaçãqde fezes > ébitf da
30% da necessidade calórica diária,
819‘”
venir significativamente as doenças hep nº — habitual, ou >'10 evacuaçõe's/dia, 0“ º
euterostomia ultrapassar 40 a 50m g ,na”
houver presença significativa dº 3
d/dia
ou‘

de endentes. — . ao redutoras nas fezes (> 1%), ou fezes


Inªiarcom dietas semi-elementares
meio ou ao terço (para diminuir a dllumiiiide
ºsmºlªgnwn-
e carga de nutrientes). Iniciar com fórm .
5, a alimentação deve ser diminuídª _ª
diarréia. Lentamente a quantidilde Vªl
u-
senidades
do hidrolisados de proteínas. com trig afídeos
cªmente
mentada de novo, até alcançar as nªºªss
calóricas adequadas.
de cadeia média (hidrolisados mªis facl rtªdºs |:
Continuar NPT periferia e, posteriº"name, Cºlºcªr
digeridos pela lipase pancreática ecan”? não cateter central de longa duração (geralrnônte u sam'
,

pela veia porta até o fígado para ºXidagaºl-os


pelos vasos linfáticos intestinais) e Pº “no elas
e
se cateteres semi—implantáveis). . . orª -
glicose (baixa osmolalidade e
hidrolisªdºS pr
O número de horas da NPT deve
diªnª“ '” 'dº-
enzimas pancreáticas). Esses hidrolisadºS
teínas são pouco alergênicos e, Pºrtª“. ,aindª
mente, assim que a dieta enteral for
'n'fº-nuindº
Passa a ser usada de forma intermitenlºv 1m
tolerados. As fórmulas com aminoácidos Sªº 2h a cada 48h, até atingir a duraç㺠d." i miª
cíclica). Controlar o aparecimento dº hipºª éticªs
. menos alergenicas. .
:33.
'
Os triglicerídeos de cadeia média (TCM) Essa forma de NPT reduz as doençªs
sentam excelente solubilização em águª: 101.155. NPT-dependentes.
tindo maior absorção e maior captação dª ca
Sindrome do Intestino Curto II 403

ALFARÉ' A 15% PREGoMme

Forªis rico (Kcall100mL)


nÉi ade calórica (Kcal/mL)
72
0.73
75

iiriaí não-protéicas (glnitrogênio) 153:1 20521


220
2,5 2180
Hidrolisado de proteinas do soro do Proteína de colágeno (40%) e soja (40%)
leite (peptídeos 80% e AA livres 20%) extensamente hidrolisada +
aminoácidos livres

_ tª,:«f
K,
,e6?
. (9/100le 3.6
Óleo milho 20%, gordura láctea 30%,
3,6
Óleos vegetais (100%)
l‘";ideos TCMde50%

"ãiaratos (gIIOOmL) 7.8 8,6


Maltodextrina 88%, amido 12% Maltodextrina 84%, amido de milho
pré-gelatinizado 16%
Proteínas: 14% Proteínas: 11%
Lipldeos: 42,5% Lipídeos: 43%
Carboidratos: 43,5% Carboidratos: 46%

Alguns serviços utilizam antibióticos enterais em


nésio, ferro, vitamina B 12, vitaminas lipossolú- sistema de rodízio, alternando ampicilina (20mg/
glvpis e zinco. kg/dia), gentamicina (Smg/kg/dia) e metronidazol
m diarréia persistente podem ser usados: lopera- (lOmg/kg/dia), em duas a três doses diárias e, al—
ª*inida (l a 2mgldose, três vezes/dia), colestiramina ternativamente, a cada sete dias.
análogos da somatostatina. A Iaperamida, ao el Fatores peptídeos de crescimento aceleram a
minuir o trânsito intestinal, pode aumentar a proliferação celular e diminuem a apoptose ce-
sorção de nutrientes, proporcionando maior lular. Muitos investigadores acreditam que, no
*“ '?ontatodo nutriente com a mucosa residual. Porém,
ode facilitar o hipercrescimento bacteriano em
futuro, esses fatores terão papel primordial na
adaptação intestinal pós—ressecção maciça.
pacientes com intestino dilatado e dismotilidade, = Tratamento das complicações: sepse, colestase
iíulque perderam a válvula ileocecal. relacionada à (NPT e problemas mecânicos e
Cómo segunda droga, que pode ser adicionada à infecciosos causados pelos cateteres centrais.
operamida, usa-se codeína (0,5 a 1,0mg/kg/dose
cada 6h). Retarda a motilidade do intestino delgado. PBINBIPMS ESTBRTÉGIIS GIRÚBEIBIS
çíolestímmina pode ser útil a alguns pacientes PREVENTIVAS '

ng diarréia líquida, ao reduzir a entrada no cólon Usar mais liberalmente a reexploração cirúrgi—
'ácidosabiliares em forma ativa. A colestiramina
ca em 24 a 48h (second look) no caso de viabi-
'ltçtlinui perda fecal pela troca de íons cloreto
(ªri ácidos biliares, fon-nando complexos não- lidade intestinal questionável em doenças como
ªsorvíveis que são excretados nas fezes. enterocolite necrosante e volvo intestinal.
Não realizar ressecções heróicas.
Pose: 100 a 200mg/kg/dia ou 0,25 a 0,75g/kg/dia,
quatro vezes/dia. Usar somente quando houver cólon. Usar ressecções segmentares múltiplas, evitan—
, ºplutostalina e actreotida reduzem a secreção
do a perda de intestino viável entre as ressecções.
ºldª do estômago, o esvaziamento gástrico, a Urna enterostomia, logo acima do limite proxi—
&

mal do intestino macroscopicamente comprome.


s?º.ntração da vesícula, a função pancreática exó- tido, pode manter descomprimido e em repouso
Enª.. a motilidªde intestinal e as secreções do
o intestino doente, diminuindo as demandas
[liªnne delgado. Porém, parece diminuir a proli—
metabólicas e a contaminação bacteriana. Apli-
. rªçao celular e inibir a adaptação estrutural do
cando medidas de ressuscitação e suporte, po-
.!

.1 “Filhºem ratos. Devem ser evitadas em in—


§llno curto,
demos melhorar a circulação esplâncnica, talvez
diminuindo a necessidade de ressecções amplas.

%ªfmnª
_
. (0,6gfkg7dia), hormônios cresci-de Nos casos em que há necessidade de múltiplas
tiº
_ Rig} min)
fibras
e hidrossolúveis
adaptação
estimulam a
e não-lcelulóswas
intestinal e devem
ressecções, intercaladas com áreas de viabilidade
duvidosa, a construção de diversos segmentos in-
rescentadas na dieta. testinais de alça fechada, com ou sem enteros-
tºmª hipcrcrescimento bacteriano podem ser tomia proximal, pode evitar múltiplas enterosto-
' ºs gentamicina ou metrom'dazol , ambos VO.
mias e a perda de preciosos centímetros.
'o Gastrointestinal

Sindrome do lntestlnu (urto "haml-

Sem dllntaçlo
nuanças espontânea

Alongamento de 31mm ou Construçle


.— de válvula
enteroglastla transvevsª seriada

Continuadenecessitando
rm —————— com dllataçãn

stm
Sem Com , dilatado
dilatado dilatação

Procedimento Redo de
de Klmura (1) ou válvull
Continue necessitando enteroplesth
de NPT
trnmvmn
serlada

Sem"
hepãtlra
Cem
hepática
*
Sem '

hepátlta
comhepàtkl . « = ,- f .;

] NPT
.longo prazo
I I Transplante
l |nn (longo prazo ! Transplante
l
-—
Figura 17.1 Algoritmo para tratamento da sindrome do intestino curto refratária. NPT:nutrição parenteral total.

IEvitar o fechamento fascial sob pressão em gastros— I Corrigir a obstmção mecânica associada a dila-
quise, pois se pode criar uma síndrome compar- tação proximal com lise de bridas, ressecção in-
timental intra-abdominal e gangrena de grandes testinal ou plastia da estenose.

:“ 2 5 4 8 - urc
extensões de intestino. IErradicar os segmentos intestinais dilatados não—
IEm atresias intestinais com extensão remanes— funcionais e que causam trânsito intestinal re-
cente inadequada de intestino, realizar enteroplastia
— tardado com enteroplastia redutora do tipo tapering

L-S9~I
redutora (tapering) do segmento proximal, em (útil para segmentos intestinais dilatados e cur-
vez de ressecar a porção dilatada (10 a 15cm). tos, mas não para segmentos com pobre motilidade)
IÁs duplicações longas de intestino delgado, in- (Fig. 77.2), plicatura da alça, ressecção de seg-
dicar ressecção de mucosa e submucosa duplicada mento dilata'do de pequena extensão (no caso de
por incisões longitudinais ou transversas, em intestino curto, wm'asnilo
tão excessivamente curto).
sequência, sem necessidade de grandes ressecções.
ITentar, quando possível, salvar a válvula ileocecal
por meio do fechamento do íleo distal, tal qual um
procedimento de Hartmann, em vez de usar 2 a
3cm do fleo distal como fistula mucosa.

mnmm clnúnaleo
Instruções
Síndrome do intestino curto refratária, obstrução par—
eial (por bridas, estenose isquêmica), segmentos in—
testinais localizados com grandes dilatações (Fig. 77.1).

qualms Prllelsais
Diminuir trânsito intestinal, reduzir o hipercrescimento
bacteriano, aumentar a superficie de area de mucosa, Flgura 77.2 ~ Enteroplastia redutora em segmento intesti-
con'igir complicações cirúrgicas. nal dilatado. Adaptado de Vernon’.
Síndrome da Intestino Curto I
405

e enteroplastias redutoras de alças


[as ara diminuir a estase (aumentando a
dªãdpde intestinal) e evitar o hipercrescimen-
Ebªno hipercrescimento
Segmentos dilatados podem cau-
c}?“?ilidadei bacteriano,
dllfégnzranslocaqao
- .
1
bacteriana e má—absorção

_ IÃWUZS
”anal-otrânsito intestinal com válvulas e
intestinais, interposição de segmen-
'(
‘iicmsnnaisantiperistélticos, interposição de
f.", ”fªfe l as recirculantes. Válvulas e segmen-
ibn?
:0: o peristaltismo e
têm como finalidade dificultar o trân-
'

sfããâúnuindo
(ªflição de segmentos de
provocando
proximais, compati-
zãndº a possibilidade utilizar outros pro—
.
«.
fifiéhfi Os como
Jimentos, segmentos reverses
o ªlongamentopodem
intestinal de
causar
.gtruç㺠intestinal progressrva quando alongam,
” anhundo o cresc1mento
"
da crlança.

&nªlgum
a população
absorç㺠por
de células
mucosas area
e
meio de alongamento intestinal —
Figura 77.4 Técnica de Chaline (modificação da técnica de
Bianchi) em que o stapler é colocado obliquamente no mo-
(. “ªplicação isopenstálnca de Bianchi) (Fig.’77.3) mento da divisão intestinal. Essa manobra vai permitir o
edificações de Chalme (Fig. 77.4),
esn-mulo
.‘g'vérescimento de neomucosa (duplicaçao de
alongamento intestinal com apenas uma anastomose. Adap-
tado de Vernon’.

rªx'l7.3—Alongamento intstinal pela técnica de Bianchi. Figura 77.5 - Enteroplastia transversa seriada (STEP) de Kim.
mento dilatado é separado em dois segmentos, cada Com o grampeador linear em direções alternadas e opostas,
[n sua vascularização própria. Depois, faz—se rea-
,
z Whose isoperistáltica dos segmentos intestinais duplica- cria-se um tubo intestinal alongado em forma de zigueza—
gue de aproximadamente 2 a 2,5cm de diâmetro. Reprodu-
' Aªptado de Bianchi‘.
zido de Kim‘.
406 I TratoGastrointestinal

segmentos intestinais isolados de Kimura) e trans- GALEA, M. H.; HOLLIDAY, H.; CARACHI, R. et a1. Short bºwl
syndrome; acollective review.]. Pediatr Surg.,v. 27,1). 592-596, 1992'

l"
plante intestinal. 0 procedimento de Kimura é
realizado em dois tempos’. No primeiro retira- . VERNON, A. H.; GEORGESON, K. E. Surgical options for stm"
bowel syndrome. Sem. Podium Surg., v. 10, p. 91—98. 2001_

u
se fita seromuscular antimesentérica do intestino
(ficando área cruenta), que éfixada em área também . BlANCI-II, A. Intestinal loop lengthening a technique for incmsjn

small intestinal length. l. Pediatr. Surg., v. 15, p. l45—lSl, 1930'

.c-
ementa do peritônio parietal. O objetivo desse tempo
é a criação de circulação colateral. No segundo . KIMURA, K.; SOPER, R. T. A new bowel elongation technique
for the shun-bowel syndrome using isolated bowel segment Iowa

ur
tempo, três a quatro meses depois, o intestino é models. ]. Pediatr: Surg., v. 28, p. 792-794, l993.
dividido em dois segmentos paralelos, um irri— . KIM, H. B.; FAUZA, D.; GARZA, ]. et al. Serial transverse
gado pela circulação colateral da parede abdo— enteroplasty (STEP): a novel bowel lengthening procedure]. Pedirur,

a
minal e outro pelos vasos do mesentério. Surg., v. 38, n. 3. p. 425—429, 2003.
A enteroplastia transversa seriada de Kim e uma KIM, H. B.; LEE, P. W.; GARZA, J. et al. Serial transversg

.º"
técnica que otimiza melhor peristalse e maior enteroplasty for short bowel syndrome: a case report. J. Pediatr,
Surg., v. 38, p.‘ 881-885, 2003.
exposição do conteúdo intestinal à mucosa que,
verdadeiramente, continua a mesma após o pro-

bug-Mnmsza
BIBLIOGRAFIA
cedimentoª” (Fig. 77.5). CANADIAN COLLABORATIVE STUDY GROUP PROTOCOL
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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AnomaliasAnorretaís u 407

anomalia anorretal, mais freqiiente a anomalia


geniturinária associada. Anomalias mais freqiien-
tes: refluxo vesicoureteral (i 20% nas altas), re-
fluxo vesicoureteral (5 a 12% nas baixas), agenesia
renal (18% nas altas)", outras anomalias ureterais,
criptorquldía (27% nas altas), vagina e útero
septados (28% nas altas) (Tabela 78.1).
Anomalias do sacro aparecem em 30% dos ca-

z
sos (forma de borboleta, hemivértebras, displasia
e ausência de vértebras) com ou sem disrafismo
associado. Suspeitar de lesões espinhais quan—
do houver massa subcutânea na região dorsal,
in o de anomalias congênitas derivadas de erros do
_ {envolvimento do intestino primitivo posterior pro- seio. hemangioma, nevo ou área de hipertricose.
.áíndo defeito estrutural do reto e/ou canal anal, Disrafrsmo espinhal é formado por um espectro
de malformações ocorridas pelo incompleto fe—
'dendo ou não se comunicar por uma fístula com o
chamento do tubo neural primitivo (meningoce—
rineo ou o trato gcniturinário.
K lc oculta, medula presa, diastemntomielia, cisto

iirmomom neuroentérico, lipomielomeningocele). Pode levar


ao déficit neurológico progressivo e/ou a incon-
áPrevalência: l:4.000 & 5.000 nascidos vivos.
[Mesma predisposição sexual ou leve predomi—
tinência fecal.
In Bebês com cloaca têm hidrocolpo associado em
'
nância no sexo masculino: 1,25M21F. i: 50% dos casos.
_Anomalias altas são mais comuns em meninos Associação com atresia de esôfago: 5 a 8%.
. ,»! (zleF) e baixas em meninas (2,3leM). I: Síndromes.
ªí Anomalias altas ou intermediárias: 45%.
“= Anomalias baixas: 55%. — Síndrome de Down: e mais' comum nas ano-
malias baixas e intermediárias sem fístula pe-
Anomalias congênitas associadas estão presen- rineal ou geniturinária (ngen'esia anal e anorretal
tes em mais de 60%. sem fístula, estenose onorretal, ânus coberto e
:.- Em aproximadamente 15% dos meninos e 8% das membrana anal imperfurada). Mais de 2% das
meninas o reto termina em fundo cego, sem fístula. anomalias anorretais ocorrem em crianças por-
Outras séries mostram frequência de 5% (sem fístula) tadoras de síndrome de Down.
e, destes, metade sofre de síndrome de Down.
No sexo masculino, os defeitos mais comuns são
Tríade de Currarino: condição autossômica
dominante com penetrância variável. Consiste
ª as fístulas retouretral e perineal. As fístulas reto- em anomalia anorretal, anomalias sacras e massa
, vesicais representam apenas 10% das anomalias
hm meninos. pré-sacra (meningocele anterior, teratoma, ou


lipoma).
-I«No sexo feminino. o defeito mais comum é a fís- .
Síndrome do olho de gato (cat-eye syndrome):
ula retovestibular e, secundariamente, a fístula
consiste em coloboma da íris e coróide, microf-
_“perineal. O terceiro defeito mais frequente é a per— tálmia, hipertelorismo e ânus imperfurado.
v; sistência de cIoaca.
— Síndrome de Kaufman-McKusick: formada por
hidrometrocolpo, polidactilia e doença cardíaca
congênita. Pode haver associação com atresia
“ mecanismo exato é controverso e hipotético.
. fªsTradrcronalmente, a diferenciação normal da cloaca
ou estenose anal.

-g fp segmento anorretal dorsal e trato urogenital ven-


'
al era atribuída ao processo de septação determina-
TABELA 78.1 - Anomalias Urológicas conforme Pefia
º pelo septo urorretal. Estudos atuais sugerem que ANOMALIA FREQUENCIA (%)
'
membrana cloacal dorsal e a cloaca dorsal são es—
gªºlªis para o desenvolvimento embriológico nor—
_ Fístula perineal Rara
do orifício anal e do reto inferior. Qualquer alteração
',
Anus impor-furado sem fistula Rara
: Essas estruturas pode causar imperfuraçãa anal. Es- Fístula uretral bulbar 25 30
'

1ªºs
adicionais são necessários para a determinação Fistula prostática 65
'&ªºrretada embriologia dessa região. -
'

Fístula vestibular 30

" ._ - : ? “
{lemmascontinuas associadas Fistula
cloacas
vaginal 70
65 90-
Flstula vesical e colo vesical 90
1' Anomalias geniturinárias estão presentes em 20%
e; das baixas e 50% das altas. Quanto mais alta a Média 20 54-
X .
408 I
TratoGastroíntestinal


QUADRO 78.1 Classificação de Wingspread QUADRO 78.3 —- Classificação de Krickenbeck
Meninas Meninos Grandes grupos cl/nicos Variantes regionais/rara;
Alta Alta I
Fistula perineal (cutânea) I
Bolsa de cólon (Pºl/rh)
--Agenesia anorretal
Com fístula retovaginal
I
Agenesia anorretal
- Com fístula
I
Fistula retouretral
- Prostátíca
I

-
Atresia retal/estenose
Fistula retovaginal
—Sem fístula retoprostática — Bulbar I
Fistula em H
I
Atresia retal — Sem fístula I
Fistula retovesical I
Outras
Intermediária I
Atresia retal I
Fistula vestibular
I

I
Fístula retovestíbular
Fistula retovagínal
Intermediária
I
Fistula retobuibar
.
I
cloaca
Sem fistula
I
Agenesia anal sem fístula I
Agenesia anal sem I
Estenose anal
Baixa fistula
I
Fistula anovestibular Baixa

yarn-926 57.4
I
Fístula anocutãnea I
Fístula anocutânea
Malformações cloacais I
Estenose anal em relação aos músculos da continência. princi.
Malformações raras Malformações raras palmente o músculo puborretal. As lesões foram
divididas em altas, baixas, intermediárias e mistas,
I De Wingspread (1984) (Quadro 78.1): com base
na relação do acto retalícom o elevador do ânus,
oquno' 78.2 1
Classificação de Feria, * . dividindo as lesões em altas, baixas, intermediárias,
Meninos cloacais e raras.
I De Pefia (Quadro 78.2): classifica as lesões de
I
Fístula perineal Sem Cºlostomia
I
Fístula retouretral Colostomia acordo com o sexo, procurando identificar quais
— Bulbar Colostomia as que poderiam se beneficiar de uma colostomia'.
I De Krickenbeck (2005) (Quadro 78.3): essa nova
- Prostática Colostomia
I
Fistula retovesical Colostomia classificação é mais simples que a de Wingspread
Anus ímperfurado sem fístula
.
I
Colostomia e foi organizada por 26 autoridades internacio-
Atresía retal Colostomia nais em malformações anorretais.
Meninas
Fístula períneal Sem colostomia
GBNSIDEBAGÉES lllíA'IíIMIBlIS RELATIVAS
I

Fístula vestibular Com ou sem colostomia


I
Cloaca persistente Colostomia A MUSOlllilTllllA ESFIHGTEBIAHA
-< 3cm de canal comum Colostomia Os músculos que participam da continência fecal e
-— >, 3cm de canal comum Colostomia da defecação são esfíncter interno, esfíncter externo
I
Ãnus imperfurado sem fístula Colostomia
I
Atresía retal Colostomia *estriado o elevador do ânus.
I
Defeitos complexos Colostomia O esfíncter intemo, formado pelo espessamento distal
da musculatura circular lisa distal do reto, tem a fun-
ção de manter o fechamento contínuo do canal anal.
Os músculos estriados apresentam um padrão contí-

- Regressão
nuo em forma de funil em tomo cloreto e do canal anal,
e sirenomelia: caracteriza-
cauda]
cujas porções podem ser identificadas, mas não sepa-
da pela fusão das extremidades inferiores em radas. O elevador do ânus, a porção superior desse funil,
grau variado, acompanhada de malformação é formado pelos músculos pubococcígeo, iliococcígeo,
anorretal, parada ou
ausência do desenvolvi—
mento da genitália. rins císticos ou ausentes,
isquiococcígeo e puborretal. A porção intermediária do
funil recebe a denominação complexo muscular estriado
alterações vertebrais, cardiopatias. (fibras de orientação vertical), criada para designar a
combinação da porção mais inferior do músculo pu-
»'

BHSSIHBIGÃI! ' borretal com a porção mais profunda do esfíncwr externo.


Numerosas classificações têm sido apresentadas no A porção mais inferior desse fun'il édenominada esfíncter
externo superficial e é constituída pelas fibras Pªlªs“
'“ tu-

decorrer dos anos. As malformações anorretais ocor—


rem dentro de um amplo espectro de defeitos e, por sagitais do pubococcígeo e do puborretal, que se es-
isso, existe essa grande dificuldade em encontrar uma tendem para frente em direção ao músculo transverso
classificação que possa ser adotada universalmente. do períneo e para trás, em direção ao cóccix.
As principais classificações são:
: I
De Stephens (1963): baseia——se em observações illllllllli) flllfllflfl
clínicas. conceitos e associações embriológicas. É essencial o diagnóstico acurado e o delineamentº
I De Melbourne (1970): fundamentada na confi-
completo da anatomia pré-operatória.
guração anatômica das deformidades viscerais Devem-se identificar:
AnomalíasAnorretaís . 409


Figura 78.2 Representação diagramática das anomalias
anorretais baixas e intermediárias em meninas. (A) Fístula
vestibular. Orífício é estreitado e situado dentro do vestíbulo.

. Totalmente circundado por mucosa úmida. (B) Ãnus perineaí


anterior. Anus de calibre normal situado anteriormente ao
Forma do períneo: se arredondado com sulcos sítio anal normal e totalmente circundado por pele. (C) Fístula
interglúteos ou plano sem pregas interglúteas. perineal. ºrifício estenosado circundado por pele e localiza-
do entre o sitio anal normal e o bordo posterior do vesti-
|
Limites do esfíncter: presença de zona mais bulo. Em fistula perineai muito anterior, a margem anterior
escurecida, impressão anal. do orifício pode ser circundada por mucosa úmida.
I Ausência de ânus ou fístula.
ITrajetos fistulosos: rafe mediana do períneo, rafe
mediana do escroto (Fig. 78.1), períneo, vestíbu- ginal, na frente do hímen, totalmente circun-
lo vaginal (vestíbulo localiza—se entre o hímen e dada por epitélio úmido (Fig. 78.7).
a pele perineal), vagina (fístula atrás do hímen) I Calibre da fístula: normal (ânus anterior), este—
(Fig. 78.2).
—-Terminologia
Fístula perinml (FP): abemua do teto em ori-
nose.
jeto
Colocar estilete ou sonda de Foley no tra-
para definir largura e comprimento.
n Calibre do ânus: estenose, coberto por pelo (ânus
fício com estenose, localizado entre o sítio anal coberto), tipo alça de_ba1de, membrana anal.
normal e o prepúcio em meninos (Fig. 78.3) e I Aspecto da genitália: hipospãdia e/ou escroto bífida
o epitélio epidérmieo da vulva na menina (Fig. (geralmente anomalia anorretal intermediária ou
78.4). A fistula é totalmente—circundada por
alta), fusão labial e/ou hipoplasia da genitália
pelo. As fístulas localizadas muito próximas
feminina, ausência de hímen (cloaca).
ao vestíbulo podem ter sua porção anterior I Saída de mecônio pela uretra, em meninos.
limitada por epitélio úmido (Fig. 78.5).
' Anus perineal anterior (APA): ânus de calibre
normal localizado anterion'nente ao sítio anal nor-
mal (raro). O centro do ânus (localização normal
do ânus) e determinado com a criança em po-
sição de litotomia. Deve corresponder a 40%
da distância entre o vestíbulo posterior e cóc-
cix, em meninas e a 50% da distância entre a
margem posterior do escroto e o cóccix, em
meninos. Praticamente, o ânus deve situar—se a
menos de 2/3 de distância entre o cóccix e a
fúrcula vaginal: Deve estar totalmente circun-
dado por epitélio seco (Fig. 78.6), ter linha
pectínea em toda a sua circunferência e estar
completamente circundado pelo esfíncter. Figura 78.3 — Anus coberto com trajeto fistuloso superficial
' Fístula vestibular (FV): abertura do reto em coberto por pele fina transparente estendendo-se anterior—
orifício estreitado, localizado no vestíbulo va- mente e com lúmen preenchido por tampões epiteliais.
410 I Trato Gastrointestinal

Figura 78.7 Fístula vestibular localizada dentro do vestí-


-
bulo e posterior ao hímen.

il



um orifício: cloaca.
L-norzs‘aHm
Figura 78.8— Fenda perineaí superficial revestida porepitélio
úmido estendendoise do ânus ao vestíbulo vaginal.

Número de orifícios perineais. em meninas:

dois orifícios: fístula vaginal (rara).


——
três orifícios: fístulas perineal e
ii Existe uma forma não rara de malformação
vestibular.
perineal congênita (cleft, ou groove, ou
perineal) em que se observa um sulco revesti-
fenda
do por epitélio úmido e avermelhado estendendº-
se entre o ânus e o ves'iíbulo vaginal (Fig. 7.83)-
Essa malformação geralmente não necessita de
tratamento cirúrgico. Somente os casos com
sintomas (dor, prurido, sangramento)
cos muito largos vão precisar de correç㺠Cl‘
ou SU!’
rúrgica. _ _

Figura 78.6 Ãnus perineal anterior (7). Observa-se calibre
~anal normal (passou vela de Hegar número 12 com facilidade)
I! Testes clinicos de controle urinário (expressibl-
lidade da bexiga, reflexos anais e cremasjéí'lºº.s
e presença de linha pectínea em toda a circunferência anal.
Como apresentava epitélio úmido em sua face anterior, pode- e sensação perineal) podem dar evidênciª 111d"
ria corresponder a uma lesão híbrida entre ânus perineal anterior reta da integridade dos nervos e desenvolvrmenlº
e ânus vulvar da classificação de Melbourne de 1970. dos músculos da continência.
In
.

Anomalias Anorretais :: 411

ESTIMÇÍO DIIGIIÍISTIGII :Linha isquiática (I): paralela à linha PC, passando


pelo ponto mais inferior do osso ísquio. que forma
uma vírgula (Fig. 78.9).

Técnica
'ªdiografia Lateral em Posição Prona e
_ , os Quadris Elevados (Prone Cross- Realizar o exame somente após as primeiras 24h

‘ble Lateral View) de Narashimba de vida.
E O bebê é colocado em posição prona com eleva—
ção dos quadris (coxim debaixo do abdome infe—
rior eleva os quadris) ou de cabeça para baixo com
minar a distância entre o coto retal cego e o períneo, membros inferiores para cima e membros supe-
acionando SUa altura com diafragma pélvico e com- riores estendidos acima da cabeça, durante um pe-
o muscular estriado e marcas ósseas da pelve ou ríodo mínimo de 3min, permitindo que o ar intestinal
.í marca
,fi radiopaca colocada no períneo. preencha o reto distal, deslocando o mecônio.
No momento do invertograma, os quadris podem
cações ser levemente estendidos em ângulo de aproxi—
madamente 45° (expõe melhoro osso pubis), ou
ncia de fístula e nenhum mecônio visível no períneo, as coxas flexionadas em ângulo de :t 90° (expõe
gina ou uretra (ar escapa pela fístula prejudicando melhor o ísquio) (Fig. 78. 10). A radiografia lateral
rachados radiológicos). em posição prona elevada expõe melhor o púbis.
E Radiografialateral centrada nos grandes trocanteres.
se Significado dos achados radiológicos:
”I Linha pubococcígea (PC): traçada do centro do — Sombra gasosa acima da linha PC: anomalia alta.
- Sombra gasosa entre a linha PC e a linha I:
*
osso pubis a articulação sacroeoccígea (logo abaixo anomalia intermediária.
ª da quinta vértebra sacra). Não havendo vértebra
sacra, uma linha reta deve ser traçada do centro - Sombra gasosa abaixo da linha I —) anomalia
baixa (Fig. 78.11).
do osso púbis, passando no nível da junção do Segundo Pena, sombra gasosa < lcm do períneo
1/4 superior do osso ísquio com os 3/4 inferio- (marca radiopaca colocada no provavel sítio anal
res (Fig. 78.9). normal): anomalia baixa; sombra gasosa > lcm
do períneo: anomalia não-baixa.
- Ar na bexiga: fístula retourinária.
Erros diagnósticos: presença de mecônio impactado
impedindo 0 ar de alcançar a porção mais distal
do “reto, presença de fístula que pode descom-
primir o coto, contração do diafragma pélvico
durante o exame, como por exemplo, pelo choro.
r

ínvertografia de Wangesteen-Rice

Extensão dos
quadris

Flexão dos
quadds
' Linho PC

Linho
isquiótico

Figura 78.10 — Posições para a invertografia. A posição com

"M W
.ª'ª 73:9 — Marcas e linhas ósseas importantes para os quadris estendidos em ângulo de 45° e a posição prona mos—
”nªgrafíalinhasparalelas PC(pubococcígea)eI(isquiática) tram melhor o osso pubis. A posição com as coxas flexíonadas
N T ,-
, ,

Ohio [. Adaptado de Kelly‘.


em ângulo de 90° mostra melhor o osso ísquio.
,
412 I Trato Gastrointestinal

Uretrocistografia Miccional
Indica a posição e o calibre da fistula retour-ir,,fn-ia
refluxo vesicoureteral outras anormalidades do tra-
to urinário e diâmetro da uretra.

Colostograma sob Pressão na Boca Distal


da Colostomia
É o melhor exame atual para localizar fistula
Figura 78.11 Invertografia
- retourinãria. A boca da colostomia é obstruída pelº

LI
com as coxas flexionadas. Bolsa balão da sonda de Foley e o contraste injetado dis.

na-á' 19“ eu
retal repleta de ar estende-se
abaixo do ponto i. talmente sob pressão. Não usar bário e sim contraste
hidrossolúvel.
Devem ser observadas imagens nas projeções ãntem.
posterior e lateral. incluindo sacro e cóccix e im,
pressão anal demarcada com objeto radiopaco. É ideal
a observação da entrada de contraste nas vias urinárias
(até o enchimento da bexiga) e início da micção.
Evitar pressão exagerada, pois há risco de perfuração,
I Vantagens da posição lateral prona elevada: fa-
cilidade de posicionamento, evita riscos de as- Ultra-sonografia do Coto Retal
piração brõnquica e evita dificuldade respiratória Indicada a casos sem fístula. Mede—se a distância en-
pela posição invertida. tre o coto retal (distendido por mecônio ecogênico) e

Radiografia de Abdome
Identifica distensão abdominal, imagens caracterís-
ticas de outras anomalias gastrointestinais, gás na bexiga,
complicações como hidrometrocoipo, anomalia ver-
tebral associada.

Radiografia de Coluna Lombossacra


,.
Identifica ausência de vértebras, vértebras displásicas,
em forma de borboleta e hemivértebras. Deve ser
sempre solicitada. Requer-se um mínimo de três vér-
"
tebras normais para continência normal. Havendo
disrafismo espinhal, deve-se solicitar ultra—sonografia
da coluna (ideal até os seis meses de idade) ou res—
sonância nuclear magnética (RNM) (maior sensibi—
lidade).
Peiia calcula a relação sacral, que na criança normal
é de 0,76 e 0.77 na projeção lateral. Crianças com ano-
malias anormais sofrem diferentes graus de hipode—
senvolvimento sacro e‘éssa relação pode variar de 0 a
1. Obtem-se duas projeções: antero-posterior e lateral
(mais confiável). São traçadas três linhas.
l lªlinha: porção mais superior da cristas iliacas.
I Zªlinha: ponto mais inferior das articulações
sacroilíacas (espinha ilíaca posterior) à outra.
l3ª linha: paralela às outras duas e atingindo o

ponto, radiologicamente visível, mais inferior do


sacro. B RelaÉão normal: BCIAB :0.77
A relação é obtida dividindo-se a distância entre
as duas linhas inferiores pela distância entre as duas Figura 78.12- Relação sacral descrita por Faria em proiE
linhas superiores (BC/AB) (Fig. 78.12). ções antero—posterior e lateral. Adaptado de Pena
AnomaliasAnorretais II 413

Sagital suprapúbico O uso de óleo de milho pela colostomia, como


contraste positivo, facilita a delimitação do reto distal.

cintilografia Renal com Ácido


Dimercaptossuccinico (DMSA)
Para casos com anormalidades urinárias associadas.

Ecocardiografia


Para bebês com suspeita de anomalias cardíacas.
utfãla transperineal
76.13 Ultra-sonografia do coto retal nas Prºjeções
e sagital suprapfibica‘
Genitografia (Cloacograma)
Para casos de cloaca. Contraste também pode ser in-
ineo. O exame é realizado com o bebê em posi-
ina, obtenção de imagens transversais e sagitais,
jetado pela vaginostomia ou vesicostomia.

são pelo períneo (através do escroto ou da vulva) e Endoscopia do Seio Urogenital e Urinária
”minal (infra e suprapúbico) (Fig. 78.13). Um dos
Para casos de cloaca. Serve para medir o canal comum
's
do examinador, coberto por luva cirúrgica e gel .
'Liltra-sonografia, ao endentar a marca anal, aju- e definir com mais detalhes a anatomia da região.
entificar o nível da pele. Evitar endentação mais
gque
,
possa diminuir a distância entre a pele e o TBITIIMEIITÍI
I Pré-operatório das anomalias sem fístula, com
fístula retourinán'a, cloaca e com fístulas perineais
ou vulvares estreitas ou bloqueadas com mecônio:
nada por via oral, sonda nasogástrica, hidratação
parenteral, antibioticoterapia.
II Anomalias baixas: técnicas indicadas são anorre-
toplastia sagital posterior mínima (mais ana-
tômica e funcional) e anoplastia tipo cut-back
stãncia R—P > 15mm: anomalia alta.
(em bebês de alto-risco e hemodinamicamente
t instáveis).
ll fra-sonografia Abdominal I Fistula vestibular: anorretoplastia sagital poste-

visualizar rins e bexiga. É obrigatória pré—ope- rioriimitada ou transposição anal clássica. Quinze
por cento têm vagina dupla. Pena só admite a
riamente em todos os casos, exceto na presença correção desse tipo de anomalia sem colostomia

_
stulas cutâneas, sacros bem formados e períneos
em recém-nascidos, com NPO de dez dias e nu-
w
ondados. Nesses casos é realizada eletivamente trição parenteral total (NPT).
u
cªída alta hospitalar.
Temos corrigido as fistulas vestibularese perineais
próximas ao vestíbulo no período neonatal e sem
ganância
"o Nuclear Magnética colostomia, baseandomos em um bom preparo
pré-operatório, antibióticos profrláticos e NPO
wºporciona imagem multiplanar (tridimensional) corn de três a cinco dias. A colostomia é imprescin—
Xcelentealtura
contraste e resolução. Pode ser indicada para
dível em bebês de baixo peso, com dermatite
'
all?”
cÓion
do coto retal (mecônio impactado dentro
perineal e naqueles de baixo nível social, pelas
age como existência e localiza—
contraste),
dificuldades que terão nos cuidados pós—opera—
e fístulas. Mas é usada com mais frequência no
tórios.
. «peratório para avaliar adequação e simetria da
«n*
I Anomalias alias.
"1“
Sºuiatura
pélvica e se o reto foi bem colocado dentro
usculos estriados da continência (posição cen- — 1ª tempo: Cºlostomia em alça dividida e separada
.
no sigmóide proximal ou no descendente.
u excêntrica).
— Zª tempo: anorretoplastia sagital posterior ou
“tªmbém avalia outras lesões insuspeitas, como
l‘fl'ildades sacras. anormalidades urinárias _e alte-
anorretovaginouretroplastia sagital posterior
na cloaca. .
. Intra—espinhais, como síndrome da medula presa Quando na cloaca o canal comum tem menos
gºmª do jilum tenninale.
de 3cm de comprimento, a sua correção pode
.Jªnos utilizados: coronal, sagital e transverso. ser realizada por mobilização urogenital total.
~11
Plano transverso permite a identificação da li- E Vantagens da colostomia dividida separada:
ªÇPC e ponto I. desfuncionaliza somente a porção distal do có-
o; ,..
414 I
TratoGastrointestinai

ion (com fístula retourinãria ampla pode haver sonda nasogãstrica se houver distensão abdorni.
passagem de urina para dentro do cólon com sua nal; solicitação de hemograma, K'I'I‘P, tempo de
absorção e risco de acidose metabólica). Um estoma protrombina e exame comum de urina; ultra.
distal facilita a sua saída, simplifica o preparo sonografia renal e vesical; radiografia de abdome <-"

".
(.

vr:«.»
mecânico do intestino, permite um colostograma (para estudar distribuição gasosa intestinal e pre»
distal (para localizar fístula), dificulta o apare- sença de ar na bexiga); manter gaze sobre o pênis
cimento de prolapso (raríssimo) e protege e abai- no menino (para detectar saída de mecônio por fistula
xamento de contaminação e infecção. A colosto- retourinária); observação de mecônio no períneo;
mia em alça permite a passagem de fezes do es- hidratação parenteral (manutenção); antibióticos

ó u - s Ç A z rl yt ç L
toma proximal para o distal, produzindo infecção profiláticos; detectar malformações associadas,
urinária (se houver fístula retourinária) e dilata- IDesde 1985 temos realizado e preconizado a
ção da belsa retal distal (que poderá ser irreversível) coiostomia em alça dividida com túnel subcutâ.
levando à hipomotilidade colônica e à constipa- neo. Essa técnica associa as vantagens de uma
ção grave. Cºlostomia em alça (mais rapida e de mais fácil
II A colostomia pede ser no nivel do cólon transver— confecção) com as vantagens de uma colostomia
so esquerdo (indicada a casos de cloaca com vagi- em boca dividida e separada (já descritas).
na alta) ou sigmóide proximal junto ao descendente I Anorretoplastia sagital posterior: e' a técnica con.
(atualmente considerada a localização ideal). siderada padrão atualmente.
tl Desvantagens da colostomia em transverso: con-
teúdo mais líquido com maior incidência de
se
Seus princípios baseiam- na preservação da maior
porção possível de reto distal, dissecção retal Ii-
dermatite na pele circunjacente, maior tendên— mirada ao plano medial evitando lesão dos ner—
cia ao prolapso, preparo pré—operatório do in— vos da região, colocação do novo canal anorretal
testino mais difícil, o reto pode distender muito anterior ao músculo elevador do anus através do
e formar meganeto. centro do complexo muscular estriado, fixação
il As Figuras 78.14 e 78.15 mostram os algoritmos do intestino a musculatura esfincteriana para
clínico-terapêuticos dos recém-nascidos. prevenir prolapso e construção de um novo ca-
I No período de observação nas primeiras 24h de nal anal parcialmente revestido por pele perineal.
Vida, a conduta a ser adotada deve ser a seguinte I Crianças com estenose anal podem ser tratadas
(exceto nos casos com fístula perineal permeável com dilatações anais progressivas ate' o ânus adqui-
que não necessitam de tratamento prévio): NPO; rir um calibre satisfatório. Em estenoses persis-

ln"spew ”1111121 e mm qualitatlvo“ de 111111.


(uma pur uh). tambem podem ser
de coluna e um, radicgrif]: da“ coluna
sattclu’aos:
ulxmono'gnna renal,
'lornbussarr’a
_.
*º n- 1

Evrdenlh díniu ' 1-

“dªeàqwútfel ‘ '~ .
, (so-z.) . - ,
' “x
, ».:
,( ' Mi)
'
-
ff“ “ ª

r- . 1111111111
ram: — lnmglmeu
“Perimpuma, sem 'pregfis‘g'
ii :<
Invenegrªm
-.fatura an 1112111111:
suhepllellal
,\

Maconha m' urina


&

-- Medula
,
- Aka de mu: ou gases
Intestinal: pelo plnlr
-- Farina 111
Enem mal
Dªtª,; Dªlilª,,
Malformações asmdadas .
(uma
- Sum e coluna anormais
arredondada
-_ Medula pm. pé,? "|?
- Merdnlnnopertnen
.— Aureum deammillas
arredldas gum ,
“prive: (""ªlmª "“ª"“
i
ªª'Pº'ºm'ª —
Figura 78.14— Aigoritmo clínico-terapêu
tico do recémnascido do sexo masculino
ARPSP— anorretoplastía sagital posterior-
-
minim
AMPº..
Implant: dn upo M~hadr
i 4
l
mm:-ritallormaçlo
meses:.
ª ,

,
mdada ª
no pulado mmm ”« Acompanhar uetdmento *

&“ periodºminim:
ARPSP no
»
Lpntlur «mil.
urinária
reto- naun-ul
Anomalias Anorretais = 415

Inspeção perlneal e exame qualitative de urina. obsewagsu de 24h. Também podem ser
solicitador: ultra-snnogralla renal, de coluna e sauo :radiografia a. coluna lombossarra

Presença de fístula
(* 91% 95%)
- (2 5%Ílstula
Sem - 11%)

' 1 01111119 Na vulva: No períneo: Invertogrªma


(Joan 3 orificios: Vestibular 3 orificios: cutânea
2 1111111111: vaginal uu perineal
L."
ã5

_
+:

=-%._.,“..
º:
_ '
i ura 78.15 — Algorltmo cllnlce-tera-
Colormmia ? ARPSP minímo

.eqtlzo do recém nascido do sexo fe- 111011111111 111.11 mesm


anorretoplastla sagltal hmmm,, no pellodo neonatal
.
'..sterior;ARVUPSP: anorretovaginoure—
tr'p stia sagit l posterior. [Tentar a “ª'"ãfºm'ª
+
ªli:;
>
11111
Dlstantla
(1:11.
Distância

a de mObIllZªÇªO urogenital total derivação 1111111111, emula


.,,
No 1. 111111 pele-intestino pele-Intestino

_ _
retosaoémoblllzadas
111a
. . da vagina;
separado . uretra e va-
conjuntamente) nas
so "«umª! vigª-;
111111
.
vida, com fístula
vestibular:
um? sem
doacas cl S 3cm de extensao]. «111112111111: coioxtomia
Colostomia ARPSP 11111111111 no
Er;ail/313:: periodo neonatal

Entre
2 —ARPSP
E meses:

1 tentes pode-se associar um procedimento cirúr- '


1;: gico do tipo cut—back. - na
Hidrocelpo urinário (urinocolpo): coleta-se urina
vagina e/ou útero por fluxo retrógrado du—
l' ‘l Menines com fístulas perineais curtas (1 a 1,5cm
rante a micção.
anterior à abertura normal do ânus) podem ser
tratados com procedimento do tipo cut-back. O:hidrocolpo pode comprimir a bexiga causando
tl Meninos com fístulas subcutâneas longas são obstrução da junção ureterovesical.
' 1 melhores manejados com abertura do trajeto fistuloso
l
Se houver dilatação vaginal (hidrocolpo) por re-
“ eARPSP mínima. fluxo de urina ou obstrução de sua drenagem e au-
Cloaca: quando reto, vagina e uretra terminam em sência de obstruçãoçuretral intrínseca$ estão indicadas
um canal cloaca] comum. A genitália é hipoplãsica, vaginostornia entubada. se e hidrocolpo não for grande
com pequena estrutura rudimentar fálica e orifí- e marsupialização sem cateter, se o hidrocolpo for
cio perineal único (Figs. 78.16 e 78.17). grande.
-
Prevalência: 1:40.000 a 50.000 nascides vivos.
-
Associação freqíiente com duplicação ou age-
nesia de estruturas genitais e anomalias de
posição e número dos rins.
-
Trinta por cento são acompanhados por hidrome-
trocolpo (Fig. 78.18).
"
Cinqiienta por cento têm duplicação do siste-
ma miilleriano.
A presença de massa abdominal inferior pode re-
Presentar bexiga e/ou vagina dilatada. Se o trato
ªrmário não for descomprimido precocemente, pode—
Se desenvolver acidose metabólica.
Existem dois tipos de hidrocolpo associados à cloaca:
“ Hidrocolpo secretário: coleção de material
-.
mucóide produzido pelas glândulas uterinas
quando há seio urogenital estreito. Figura 78.16 —- Cloaca. Genitália hipoplásica.
I Trata Gastrointestinal

9-
L-s‘:
. »: - w
.,

'zL-s‘n
li

Figura 78.17 cloaca. Genitália hipoplásica e ausência da



.

prega intergit'ltea.
Figura 78.18 Laparotomia mostrando vagina muito dila.
-
tada que comprimia a bexiga.
Se houver evidências de esvaziamento vesical in-
complete, atresia ou estenose uretral elou vaginostomia
—.:“ ‘7
4 A — . e vª não funcionante, proceder à vesicostomia.
A colostomia sempre deve ser precoce.
má fixação do reto no complexo muscular estriado.
Muitas técnicas têm sido sugeridas para sua
,
“Mª-';"

Se a cloaca for curta, não é necessária a separação correção. Uma forma simples de resolver o prolªpso
entre uretra e vagina (anorretovaginoplastia). é o uso de múltiplas ligaduras com anéis 1:111le
. .“

A sonda de Foley deve permanecer por duas semanas. cos (usades em hemerroidectomia) na mucosa
Sempre realizar cistoscopia e vaginoscopia antes prolapsada. Os prolapsos maiores ou recorren-
de fechar a celestomia. tes podem ser tratados pela técnica do retalho
em forma de diamante (Fig. 78.19). Essa técni-
ca também pode ser usada em estenoses pós-ope-
ªv . “ ; cumanos PºS-BPEBMOBIBS IMElllil'l'llS
' ‘

ratórias persistentes.
Pá,".

I Em meninos com fístula retour-inária, a sonda I Colostomia pode ser fechada em três a seis meses.
In)

de Foley deve permanecer por sete dias. ' I Nos casos de incontinência fecal e ânus mal

?”“ — .
I Em meninas com eloaca,»a sonda de Foley deve posicionado, bom sacro, bons esfíncteres, as
permanecer por 10 a 14 dias. crianças podem se beneficiar de outra anorre-
I Antibióticos profiláticos são usados por 48 a 72h. toplastia sagital posterior.
I Nos casos de incontinência fecal com ânus bem
posicionado, pobres esfincteres e sacre e tipo de
flllllliilills PÓS-UPEBMÚBIBS 'I'MIIIIIIS anomalia de mau prognóstico em relação à con-
I Observação do crescimento e desenvolvimento tinência, as crianças podem se beneficiar de um
da criança. esquema de tratamento médico de sua incon-í —
«

I Investigação de anomalias congênitas associadas, nêncía com enemas diaries ou, mesmo,aapendi-
I Antibióticos profiláticos em refluxo vesicoureteral, costomia continente com lavagens intestinais
lesões renais ou fístula retourinária. anterógradas (técnica de Malone). Nunca usar
I Cintilografia renal e exames cemuns de urina laxantes em incontinência fecal.
seriados quando existir doença do trato urinário I Nos casos de incontinência fecal e constipaçãº
associada. com reto bem posicionado, bons esfíncteres e
I Dilatações anais pós-operatórias devem ser rea- sacro e presença de megarreto, as criançªs Pº“
lizadas duas vezes/dia (inicia— se com a vela
apropriada ao tamanho do neo-ânus), duas a três
dem se beneficiar da
sua ressecção.

semanas após a cirurgia.Ocalibre das velas deve


ser aumentado, semanalmente, até atingir um TABELA 78.2- Diâmetro das velas/dilatadores de
calibre anal apropriado (Tabela 78.2). acordo com a idade __..—
A frequência das dilatações após atingir calibre
anal desejado será uma vez/dia por 15 dias; a IDADE CALiBRE DA VELA DE HEGAR
cada três dias por um mês; duas vezes/semana i — 4 meses li
por um mês e uma vez/mês por um mês. 4 - 8 meses 13
IProlapse mucoso pede ser encontrado em pós- 8 - 12 meses 14
operatório. Sua causa é discutida, porém, pare- —
3 12 anos
>12 anos
16
17
ce estar relacionado à musculatura deficiente ou
Anomalia: Anorretaís I
_417
são aqueles que possuem adequada pressão anal
de repouso em manometria anorretal (esfíncteres
não acentuadamente hipoplásicos e que circun—
dem o canal anal).
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
l. PENA. A. Alla: of Surgical Management of Anorectol Malfor-
mations. New York: Springer—Verlag. I990.
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neonatal pelvis. J. Pediatr. Surg., v. 4, p. 432444, 1969.
3. PENA, A. Anomalias anorretais. In: MAKSOUD. J. G. (ed.). Ci-
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ectrcpion by simple flap procedures. Dis. Colon Rectum, v. 29,
p. 92-94, 1986.
e. Inicia-se pela ressecção do prolapso e confecção de BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
o de pele, cuja vascularização será mantida por vasos
HOLSCHNEDER, A;HU1'SON,J.;PENA.A. et al. Preliminary report
utâneos. O retalho deve ser incisado em todas as suas
eªrsatravés do subcutâneo e mobilizado em direção intra-
[tonde deverá recobrir a área cruenta originada pela
on the International Conference for the development of standards
for the treatment of anoreetal malformations. J. Pediatr. Surg..
!'ªção do prolapso. Adaptado de Caplin‘. v. 40, p. 1521-1526, 2005.
JARAMILLO, D.; LEBOWITZ. R. L.; HENDREN. W. H. The cloaca]
malfonnatious: radiologia findings and imaging recommendations.
{As crianças com mais de 6 anos beneficiam-se Radiology, v. 177. p. 441-448, 1990.
de técnicas de biafeedback e fisioterapia dos mús- PENA, A. Anomalias anorretais. In: MAKSOUD, J. G. (ed) Cirurgia
;culos pélvicas. Objetivo: melhorar a função Pediátrica. 2. ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2003. p. 841-867.
!esfincteriana voluntária, aumentando o poder PENA. A. Surgical management of anorectal malformations: a unified
contráti! do complexo muscular. Também me- concept. Pediatr. Surg. Int., v. 3, p. 82-93, 1988.
ªIÍl'hora o condicionamento da sensação retal. Os PENA, A.; HONG. A. Advances in the management of anorectal
fiªpacientes que podem se beneficiar do biofeedback malformations. Am. !. Surg.. v. 180.p. 370-376. 2000.
418 I TratoGastroíntestinaI

_ 'lillPIIlIllllg
'

Colostomia na
Anomalia Anorretal
1;
a
João Carlos Ketzer de Souza
=.

ie r - A realização de colostomia em crianças, principal—


mente recém-nascidas, é um ato cirúrgico complexo,


que requer técnica apurada, indicação precisa, expe-

1'aJ 4—“ riência do cirurgião e. ainda assim, apresenta uma


p

taxa significativa de complicações. Colostomias em


, vo.

crianças são propícias a complicações, pois apresen-


.'

tam certas particularidades: pouca cooperação por parte


«_,—g.

da criança, pressão abdominal elevada pelo choro, Figura 79.2


parede abdominal delgada por onde vão se exteriorizar
- Hérnia paraostomal.
cólons dilatados pelas doenças de base, despropor-
ção entre o defeito fascial e o diâmetro do intestino dificações em todas as crianças portadoras de ano-
após descompressão adequada ao longo do tempo, malias anorretais altas e intermediárias.
presença de outras doenças e freqtiente associação Essa técnica associa as vantagens de uma colostomia
com prematuridade, bebê pequeno para a idade ges- em alça às de uma colostomia em boca dividida. É
tacional (PIG) e desnutrição (Figs. 79.1 e 79.2). Portanto, um tipo de colostomia temporária, derivativa total e
são necessárias uma técnica meticulosa, indicação pre- que foi denominada colostomia em alça dividida com
cisa e escolha adequada do tipo de colostomia. túnel subcutâneo.
Pefia, em 1982, ao descrever sua técnica cirúrgica
para correção de anomalias anorretais, enfatizou a 'I'ÉIIIIIÍIII
necessidade de colostomia prévia com derivação
completa do fluxo retal. Fara realizar—se colostomia em sigmóide ou descen-
Ein', em 1984, publicou sua técnica de colostomia dente, utiliza-se uma incisão transversa no quadrante
tunelizada em alça dividida.. inferior esquerdo, imediatamente medial ao bordo
Com base na experiência e nos conceitos preconi- externo do músculo reto abdominal. As fibras mais
zados por esses dois autores, começamos, em 1985, laterais desse músculorsão divididas (1/4 a 1/3 ex-
a adotar essa técnica de colostomia com algumas mo— terno) e os músculos oblíquo externo, oblíquo inte:-
no e transverso são separados na direção de suas fibras,
sem seccioná-las. O segmento distal do descendente
deve ser liberado de sua inserção peritoneal. Tam-
bém é adequada a exteriorização do cólon por via trans-
retal com divulsão de suas fibras musculares.
L_-S9Isz'2o

Figura 79.1 Prolapso de colostomia.


- Figura 79.3 — Ponto em U mediano.
Colostomia na Anomalia Anorretal I
419


Figura 79.6 Representação da tunelízação do segmento
distal e sua fixação à pele.

.?ahsvarsostomia esquerda, utiliza-se incisão


ªsª no quadrante superior esquerdo, no meio
1
cia entre o umbigo e o apêndice xifóide, sobre
cirlº reto abdominal e“ suas fibras devem ser
diªs no sentido longitudinal. A transversostomia
eF‘realizada somente nos casos em que a alça
i'ªÉide
"dia
está extremamente dilatada e em que
e liberªç㺠do descendente com uma inci—
B
ªtivªmente pequena iriam tomar o procedimento
em risco de a colostomia ser colocada er—
m nte em um sigmóide muito distal. Nas trans-
Limas. a inserção colônica do epíplon gastrocólíco
m-.—widadosamcnte liberada.
313950 da colostomia inicia-se com um ponto
ӻdvertido (sutura quadrangular) que deve ser

%%%ªº
de cada lado (junto ao mesocólon), com a
lie de aproximar a parede seromuscular da alça
da alça proximal ao peritônio e à margem
;fperitônio —-
& fáscia — alça — alça peritõnio e fás-
)odistância entre a entrada e a saída do ponto
k., side aproximadamente 0,7cm (Fig. 79.3). 0

ªi riorizado é submetido a urna meticulosa su-


kação circunferencial de sua parede seromus-
a'o'peritônio e à fáscia muscular com pontos
pífveis interrompidos (poliéster 4—0 ou 5-0),
[ªnualmente se efetua uma colostomia em alça ser
Figura 79.8 -— As alças deve-ng aproximadas junto ao
-.mesocólon. evitando a evisceração entre ambas.
4; 3:4). A seguir, faz—se'secção completa (divisão)
1931 exteriorizada no nível do 1/3 proximal e 2/3
a 79.5). A boca distal da colostomia é fechada
(Fig.
,sutura continua total, evitando o vazamento de
»
cial fecal na sua passagem pelo túnel subcutâ-
az—se uma pequena incisão transversa, na mes—
altura da original, a direita (no caso de descen-
s "mia ou sigmoidostomia) e à esquerda (no caso
rqhsversostomia), através dos planos da pele e.
. ,,

Figura 79.9 - Resultado final pós-maturação das bordas do


estoma à pele.

um .
«=*. .
420 l
Trato Gastrointestinal
һs!
éster (4-0 ou 5-0) (Figs. 79.6 e 79.7). Logo após, na
incisão original, devem ser colocados cerca de três
pontos seromusculares entre as alças no nivel do
mesocólon (Fig. 79.8). A borda da boca proximªl
(funcionante) é então maturada a borda da pele da
incisão original, fazendo com que ocupe toda a ex—
tensão da incisão (Figs. 79.9 e 79.10). Ás me“,
necessária uma secção de relaxamento de uma das
Figura 79.10 — Representação diagramâtica do resultado final extremidades da alça para facilitar a completa ocu.
da colostomia dividida com túnel subcutâneo. pação da incisão.
REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA
1. EIN, S. H. Divided loop colostomy that does not prolapse. Am J,
subcutâneo e distando aproximadamente] a' 1,5cm Surg., v. 147, p. 250452, 1984.
(no máximo) da original. Com uma pinça hemostáti—

6 4 3 - st r a p - 9 . I § L
V - '" . u

1
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
ca e feito, por dissecção romba. um túnel subcutâneo AL-SALEM, A. H.; GRANT, C.; KHAWAIA. S. Colostomy compli.
entre as duas incisões. Aboca distal da colostomia é.
.

cations in infants and children. Im. Surg., v. 77. p. 164-166, 1992.


então, tracionada através do túnel subcutâneo e sutu-
NOUR, S.; BECK, .1.; STRINGER, M. D.,Colostomy complications in
rada às margens da pele da incisão contralateral com infants and children. Ann. R. Coll. .Sfúrg. Engl., v. 78, p. 526-530,
pontos interrompidos de poligalactina 910 ou poli- 1996.
ªre'

..uM .
m ~.-
Malformações do Sistema Neuroentéríco I
421
º .;
_ carirum ao Para ocorrer inervação normal do intestino, as cé—
lulas da crista neural devem ser capazes de migrar, di- ml “
ferenciar e sobreviver. Todos esses processos dependem

alformações doSistema
da competência das células e do microambiente onde
se encontram. Durante o processo de desenvolvimento,

.
o plexo neuroenterico pode sofrer agressões, como:

uroentérico
& ? ! tº 'ã ªs m u
Parada prematura da migração craniocaudal dos
neuroblastos entéricos (teoria tradicional da doença
de Hirschsprung).
IDestruição dos neuroblastos por um microambiente
o Carlos Ketzer de Souza local hostil. '

m Presença de laminina-l (uma das moléculas da


,sge um número grande de malformações neuroen- matriz extracelular que ajuda na aderência das
cas que podem mimetizar a doença de Hirschsprung células derivadas da crista neural) que, atuando
precocemente e/ou em excesso no mesênquima
”k), entidade relativamente comum, quando se es-
causas de obstrução mtestmal neonatal ou de colônico, pode provocar diferenciação neuronal
tdi?!"
'stipação grave em criança maior. prematura, bloqueando a migração neuronal (neu-
rém, internacionalmente, a única entidade re- rônio diferenciado perda a capacidade de migrar)
ecida e aceita sob os pontos de vista clínico e antes da colonização intestinal estar completa.
1§_ patológico por todos os investigadores é a doença Quanto mais cedo ocorrer a parada da migração,
rschsprung, havendo falta de unanimidade quanto maior será o segmento agangliônico. O tempo de
aparecimento e a intensidade da expressão da la-
stência das outras entidades, permanecendo sempre minina podem causar o início mais precoce da
,o "'çguinte pergunta: são malformações verdadeiras
diferenciação dos neuroblastos prematuros do plexo
úlfenõmenos adquiridos?
miocntérico. Isso explica a variabilidade de ex—

.
Em contraste com a variedade de formas morfológicas tensão do segmento agangliônico.
inervação intestinal anormal, os sintomas clínicos
ímuito semelhantes, geralmente consistindo em obs- a
Recentemente, demonstrou-se que apoptose re-
presenta um importante mecanismo na morte de
ão intestinal neonatal, constipação grave e distensão
células ganglionares. Muitos genes podem afe-
aàãominal.
'

ªo sistema nervoso entérico é derivado do vago e tar a apoptose das células ganglionares. Muta-
» plexo sacra]. O nervo vago coloniza todo o intestino, ções sofridas pelo protooncogene RET causariam
o desenvolvimento da doença. Os genes RET
lipasso que o plexo sacro coloniza somente o intes- induziriam à apoptose das células ganglionares
u q pós-umbilical.
'
. ,, “,ºs neuroblastos
migram ao longo de
.' 'as,!romtestmal em direçao cranrocaudal.AdIc1onal—
todo o
trato durante a migração da crista neural.

note, os neuroblastos vão migrar das camadas mais tilsrotnaln


xgernas da parede intestinal para as mais internas. O
.
O plexo mioentérico (plexo de Auerbach) ocupa o
,vexo mioentérico desenvolve—se primeiro. A forma
,
espaço inter-muscular entre as duas camadas musculares.
Iieifos grave afeta a mucosa e a mais grave atinge o A malha constituidapelos gânglios e seus fascículos.

E
lexo mioentérico. inlerganglionares forma um plexo primário e outro '
«ªª.—'
secundãrio. No plexo mioentérico do cólon também

,
”VIEWER!“ E ETIOI'IITIIGEIIIII
iQurante o desenvolvimento do sistema nervoso ente—
existem células intersticiais de Caja]. e células gan-
glionares do_plexo não-adrenérgico não-colinérgico '

í
rIço. as células ganglionares parassimpáticas (neuro- (NANC).
O plexo submucoso é menor e menos regularmente
Estes imaturos) migram da crista neural para o plexo distribuído. Contém duas camadas de gânglios e fas-
M'lbentérico do trato digestivo (a partir da quinta a cículos nervosos interconeetados. o plexo de Meissner
'ª? lª.! semana), seguindo as fibras vagais, no sentido (logo abaixo da muscular da mucosa) e o plexo de
lªnrocaudal, do esôfago ao ânus.Alcançam a porção
gliªl dº tubo digestivo na 12!semana de gestação, quando Henle (junto à camada muscular circular).
. a a fase de maturação, que pode durar até os
di0§0
m-5 ªnos de idade. O desenvolvimento do plexo submu- IIISIIII'IITIIIIIGIII MS MAIFBIIMAGUES
é um pouco mais tardio (um mês após o mioen-
ºº). fºrmando-se a partir da migração de neuroblastos
' Plºxº mioentérico até a submucosa, através da camada
.“ªº'êlªr circular. Adicionalmente, aparece inervação
_ no SISTEMA IIEIIBIIEIITÉI'IIGO
Biópsia [|B Mucosa B Suhmucnsa
Técnica
Émural de fibras nervosas oriun—das do plexo sacral
flº crescem dos segmentos espinhais 52-34, que es— As biópsias devem ser obtidas por cápsula de sucção
Cºmpleta no final da sétima semana. pressionada-contra a parede dorsal e/ou as paredes
422 I Trato Gastrointestinal

laterais do reto, pressão de 25 a 30mmHg, pinça de Reações Histoquimicas


biópsia endoscópica, pinça saca-bocado ou tesoura
(neste caso é necessária a aproximação dos bordos
IReação AChE: cora todas as estruturas paras.
simpáticas. Assim não é possível diferenCIar células
com um ponto). Devem ser retiradas três a quatro
amostras medindo 3 a 5mmJ de diâmetro e 1 a 2mmJ nervosas e células gliais de sustentação (neuróglia)
É ideal para definir a densidade das estrutu",s
de espessura, incluindo submucosa.
O material deve ser submetido a exame histológico neurais da mucosa e submucosa (indicada a inves.
convencional (fixação com solução de formalina, in- Ligação da doença de HirSChsprung). Reação AChE
clusão em parafina e coloração pela hematoxilina— marcadamente elevada na muscular da mucosa
ª!

eosina (H-E), no minimo 50 cortes seriados), técnicas e lâmina própria faz o diagnóstico da doença, mesmo
histoquímicas [estudo da atividade enzimática da se nenhum tecido submucoso for incluído. É [50
acetilcolinesterase pelo método de Karnovsky e Roots, diagnóstico quanto a biópsia de parede total. Tempo
desidrogenase lactica (DHL) e desidrogenase succínica de reação: 80 a 120min a 37°C.
I Reação DHL (desidrogenase láctica): cora sele-
(DHS)] e técnicas imunoistoquímicas.
tivamente células nervosas na submucosa e na'
.a «

muscular, diferenciando-as das células de Schwzmn


.

Localização
do
— . ,ª r o b m e
(gliais). Permite definir tamanho gânglio,
.e“
Biópsias realizadas a menos de 10cm da linha pectinea número de células nervosas por gânglio e tama.
nho das células nervosas‘. Tempo de reação: 10
podem, eventualmente, causar perfuração em cavi-
«("ª”—'

. —a b u S
dade livre. '
a 13min a 37°C.
I Reação DHS (desidrogenase succínica): diferencia

E L H - Ç' Z V I Q
Biópsias sucção para aganglionose: 2 a 3cm, 5
de
a 6cm, 8 a 9cm. células nervosas maturas (células DHS—positi-
Biópsias de sucção para displasia neuronal intes- vas) de imaturas e hipogenéticas (células DHS. 1:
tinal (DNI): 6cm, 8 a 9cm, 10 a 12cm. Costuma ser negativas). Tempo de reação: 90mm a 37°C.
encontrada a mais de 6 a 8cm da linha pectinea. I Reação NADPH—diaforase (diaforase fosfato do

Causas de dificuldade diagnóstica: espécime sem dinucleotideo adenina—nicotinamida): reação al-


submucosa, edema da mucosa por enemaou enterocolite, ternativa a DHL. Método que mostra a expres-
nível de sucção muito baixo. são dessa enzima nas células neuronais da camada

.»1 5 4
. »

muscular própria. Pode ser usada em displasia


, et
fªn,“ .» .,
1

neuronal intestinal.
1-

Transporte do Material a Curta Distância


Relacionado a Técnicas Histoquimicas Reações lmunoeitoquímicas
a ,
Tempo de intervalo: até 6h.
Cada biópsia deve ser colocada em um tubo de Secções desparafinizadas (medindo 5tim) de biópSIas
. ,' “
'N
Ana,».

poliacril ou em placa de Petri úmida. Não a colocar 'fixadas em formalina a 4% são incubadas corn anti-
:; .

em soro fisiológico ou formalina. Dispor os tubos soro enolase neurônio-específica, proteína S-100 e
outras.
-

separadamente, entre cubos de gelo, em uma caixa


São mais difíceis, consomem mais tempo e sao menos
de poliestireno pré-gelada em refrigerador.
específicas do que o e'xame histoquimico, Estuda-se
a imunoistoquímica'das proteínas específicas do 5.5-
Manipulação dos Espécimes Cirúrgicos tema nervoso enterico. Dois grupos de proteínas pareCem
Relacionada a Técnicas Histoquímicas específicos para 0 tecido neuroentérico:
marcadores
para células gliais (glial-específicos) e para celulas ner-
Nitrogênio líquido para congelamento dos espéci-
vosas (neurônio-específicos).
mes cirúrgicos é desaconselhado, porque destrói a
integridade dos tecidos, assim como o congelamento I Enolase neurônio-específica (ENE): para visua—
em freezer comum (—25°C), pois os cristais de gelo lização de células neuronais. _.
também destroem os tecidos. Os tecidos devem ser n Proteína S- 100: para visualização de células ghnls.
congelados a -80°C em gelo seco. O tecido congelado I NCAM (molécula de adesão da célula neuronal):
deve ser colocado em um saco de poliacriI parafreezer marcador da junção neuromuscular. Usadª em
e armazenado em gelo seco. Cada biópsia é prepa— displasia neuronal intestinal e sugerida na
rada com cortes histológicos múltiplos seriados com hipoganglionose.
aproximadamente 12 a ISum (espessura final: 4 a I GFAP,(glialfibrillary acidic protein): marcador
Sum), 120 a 160 cortes por biópsia e distribuídas das proteinas gliais. . .
em lâminas de vidro. Número 'de secções ideais para II PGP 9% (protein gene product): marcador
neuronªl-
histoquimica: acetilcolinesterase (AChE) (40), DHL ll NFP 200 (neurofilament protein): marcador
neu-
(40), DHS (30). Cada lâmina recebe um total de 20 ronal.
a 30 cortes. Lâminas aitemadas costumam ser coradas I Azul cuprolinico (cuprolinic blue): marcªdºr
alternadamente. neuronal e de maturação do neurônio,
Malformações do Sistema Neuroentérico I
423

% ânsia de Parede Iota!


.?hªnª
finial épecííjlªª»
retirado da parede posterior do reto a i 2cm
'

?“Bºlinhª
fixado em formalina, incluído em
. _ e corado pela H—E. Os cortes devem medir

rãximadamente 4 a Sum de espessura. As células


. filosas
são reconhecidas
pelo seu núcleo grande com

ole-mount Preparation (Preparados de


lulas e Plexos Nervosos)
" '. '.nªsíderados por alguns investigadores o modo mais
.equado de avaliação histopatológica. Mostram o Figura 80.1 — Doença de Hirschsprung de segmento longo.
s'iêma nervoso ente'rico de forma tridimensional nas
'

Achado cirúrgico. Observa-se intestino agangliõníco espástíco.


', '. r'êrentes camadas da parede intestinal. As camadas zona de transição e distensão do intestino proximal,
" _.gosa, submucosa,
musculareircular
e muscular lon-
1 dinal são separadas por microdissecção. Revelam

rigorfologia
do plexo como um todo; a rede neuronal,
u Fatores genéticos têm sido implicados no apa-

.
tificações e fibras nervosas interconectadas. São recimento da doença de Hirschsprung. Sabe-se
- ajeitos a estudos histoquímicos e imunoistoqufmicos.
que a doença pode ocorrer em famílias. O defei—
to genético mais comum é a deleção no braço
ânsia iransoneralúria Saromusnular longo do cromossomo 10 (10q).
:: História familiar global: 5 a 6%. Algumas fami—
Ementas
etirados
seromusculares da parede do cólon são
durante laparotomia ou laparoscopia e cé— lias apresentam alta penetrância e associação maior
lila's neuronais e nervos anormais são analisados por com anomalias congênitas.

.
cênicas de congelação. la História familiar de aganglionose colônica total
,» com ou sem envolvimento do intestino delgado:
int,-n
nr ulnseusrnuuo 15 a 20%.
Risco de ocorrer doença de Hirschsprung em crian—
upeitn ças de famílias com aganglionose classica: 1:20
crianças do sexo masculino e 1:100 crianças do
ª'! bph'ução intestinal funcional congênita causada por sexo feminino. «

ento distal agangliônico não-propulsivo e espástico. m Nos segmentos longos o risco é de 1:10, índe—
"vidade peristáltica cessa na zona de transição (zona pendentemente do sexo.
ganglifinica). O intestino proximal à zona agangliõnica
git—so distendido e suas paredes se hipertrofiam pelo Anomalias congênitas Associadas .
ófço para vencer um obstáculo (Fig. 80.1).
'

:: Frequência de anomalias assºciadas: 5 a" 30%.


E Sindrome de Down: 5%. E a anormalidade cro-
(x mossômica mais comum.
,»;l Prevalência: l:5.000 nascidos vivos. =|
Surdez neurossensorial congênita.
:lFrequência de aganglionose total com compro-
.,j metimento ileal: 1:50.000 nascidos vivos.
Diabetes.
Anomalias geniturinárias: < 5%.
3.2! Distribuição
de): 4M:1F.
sexual na forma clássica (retossigmói— Anormalidades visuais: 10%. Mais comuns: mi-
croftalmia, anoftalmia.
&

. {I Distribuição sexual nas formas com segmentos Anormalidades do trato gastrointestinal. Princi-
gulongos: 1,5M:lF. pais: atresia intestinal, má rotação intestinal,
'todos
Doença de Hirschsprung corresponde a 1/3 de

,.
'
divertículo de Meckel, anomalia anorretal.
'
se os casos de obstrução intestinal neonatal. 1a Disganglionoses do tipo displasia neuronal in-
Prªdominãncia no recém—nascido a termo. Fre— testinal: 6 a 10%.
a qfiéncia em prematuros: 3 a 6%. 1: Associação
com neurocristopatias: < 5%. Como
' Rara em negros. '
Segmentos ultracurtos correspondem 3 a 5% dos
é uma malformação derivada da crista neural, a
doença de Hirschsprung pode ser considerada como
eases. neurocristopatia.
-
,

Agªlnglionose colônica total (síndrome de Zuelzer— Sindrome de Smith-Lemli-Opitz (microcefalia,


Wilson) corresponde a aproximadamente 8% dos hidrocefalia, hipoplasia cerebelar, anomalias
Casos. cardíacas, anomalias genitais, polidactilia,
424 I Trato Gastrointestinal

anomalias faciais como fenda palatina, heman- Simpático Simpático


gioma, micrognatia). Pªlªssímpàtigº
- Síndrome de Waardenburg (surdez neurossen-
sorial congênita, implantação larga do nariz,
Músculo longitudinal
disfunção intestinal, anormalidades de pigmen-
tação: topete esbranquiçado, hipopigmentação Plexo mioentéricp
das sobrancelhas e heterocromia da íris, man-
chas hipocrômicas na pele). Músculo circular

— hausen).
Neurofibromatose (Síndrome de von Reckling—
Normal Doença de Hirschsprung
--— Carcinoma
Neuroblastoma.
medular da tireóide. É o principal
componente da síndrome das neoplasias múl- Figura 80.2 Representação esquemática da inervação do

tiplas do tipo 2A (NEM 2A). intestino terminal normal e do agangliônico. 0 intestino norma|

— Feocromocitoma.
I Anomalias cardíacas: 2,5%. Principais: defeitos
tem fibras adrenérgicos pós—ganglionares que terminam no
músculo liso e nas células ganglionares do sistema parassim.
pático. Essas fibras adrenérgicas têm ação inibidora. As fibras
septais e ducto arterial patente. parassimpáticas pré—ganglionares sinapsam com as células gan.
glionares do mesmo sistema e, possivelmente, com células
ganglionares do sistema não—adienérgicc não-colinérgim
ISMGIIIS Genetlcos (NANC). Fibras pós-ganglionares do sistema parassimpátiro
Muitos avanços foram obtidos na determinação do dirigem-se à musculatura lisa e, possivelmente. às células

v ersa-
defeito genético associado à doença de Hirschsprung. ganglionares NANC. Essas fibras parassimpáticas exibem ati-
vidade excitatória. As fibras NANC dirigem-se à musculatura
Sabe-se que essa doença costuma afetar mais de um
1. 9"
lisa e têm ação inibidora. 0 óxido nítrico (ON) é o mediador

|
membro da mesma família em 4 a 8% dos casos. Um NANC que tem ação inibidora. O intestino agangliõnico tem
defeito genético específico foi encontrado no braço fibras adrenérgicos pós-ganglionares e fibras parassimpáticas
longo do cromossomo 10, mais especificamente uma pré-ganglionares hipertróficas e perda do sistema inibidor
mutação entre 10q11.2 e q21.2. Posteriormente, na NANC e seu mediador ON. As fibras parassímpáticas pós-
ganglionares, não encontrando células ganglionares para fazer
procura de um gene da doença de Hirschsprung, as suas sinapses, sofrem hipertrofia e adquirem uma atividade
encontrou—se o possível gene na região 250 Kb. A motora liberada excitatória. Adaptado de Teitelbaum et al.‘
localização dessa deleção sobrepõe-se à região do
protooncogene RET. O RET & um receptor transmem-
brana com atividade tirosina—quinase. 0 protooncogene
RETtem grande papel no desenvolvimento do siste- própria e camada muscular circular (visualizadas
ma nervoso entérico e sua deleção também costuma pela reação AChE). A maioria dessas fibras e co—
ser encontrada em pacientes com neoplasia endócri- -. linérgica (excitatória), conforme demonstrado por
na múltipla (NEM ZA). 'Isso pode explicar por que * exames histoquímicos. A ação das fibras hiper—
alguns poucos pacientes com doença de Hirschsprung plãsicas parassimpãticas e fibras adrenérgicas pós-
também podem ter NEM 2A. O defeito genético nos ganglionares não está completamente esclarecida.
pacientes com história familiar parece se relacionar Talvez as fibras parassimpãticas hiperplásicas
a mesma mutação, entretanto a expressão fenotípica possam causar excitação permanente da muscu-
(extensão da aganglionose) parece ser muito variada. latura circular.
I Ausência ou diminuição do sistema nervoso au-
iislonaiulagia (Fig. 80.2) tônomo intrínseco inibidor não-adrenérgico não-
colinérgico (NANC). O óxido nítrico (ON) 6 º
Ainda não está totalmente conhecida a exata inervação
neurotransmissor liberado no intestino pela esti-
intestinal na doença de Hirschsprung. As principais mulação dos nervos entéricos NANC. Estão situa-
características são:
dos no plexo mioentérico e mantêm contato com
« I Ausência de células ganglionares nos plexos mio- os neurônios do sistema colinérgico. O ON medeíª
entérico e submucoso (visualizadas pela reação o relaxamento da musculatifra'lisa do trato gastrºin-
DHL). 0 estreitamento do segmento agangliônico testinal. Anormalidades ou diminuição de fibras
pode ser explicado pela falta de células ganglio— nervosas produtoras de óxido nítrico causam fa-
nares. Normalmente, a excitação intramural coli- Ihas no relaxamento da musculatura lisa do trªtº
nérgica do plexo de Auerbach produz contração gastrointestinal. Não ocorre a onda de relaxamen-
da musculatma proximal circular e relaxamento da to que normalmente precede cada contração prºpªl'
musculatura longitudinal. A onda de relaxamen- siva, ficando a musculatura contraída. Isso também
, to, que precede a onda propulsiva, torna possível resulta em contração continuada do esfíncter in-
o transporte de conteúdo intestinal. terno e falta do reflexo de relaxamento em respºS'
I Hipertrofia dos troncos nervosos extrínsecos não- ta a distensão retal. O esfíncter interno não se tomª
mielinizados na muscular da mucosa, lâmina hipercontinente, mas sim contraído.
Malformações do Sistema Neuroentérico I
425

distúrbio
. ”função fisiopatologicobasico é causado por
dª. motilidade intestinal, falta de propaga-
bed,” ºndas peristálticas no segmento agangliônico,
esenǪ deªsegmento contraído e reflexo de abertura
'esfínctcr anal interno anormal ou ausente. A falha
[relaxamento do intestipo 'agangliônico deve—se,
_. áominantemente, a ausencra de neuronios produ—
- fe‘s de óxido nítrico. , ,

obstrução intestinal funcional é causada por


ªmento de cólon agangliônico espástico e com ati-
'

.ade propulsora insatisfatória. Há coordenação


ficiente da peristalse com falha de transmissão das
das peristálticas do intestino gangliônico para o
C . D
ângliõnico com consequente falta de propulsão do
1" aterial fecal e gasoso e falha no relaxamento do seg-
iito agangliônico e esfíncter anal interno. A con- Figura 80.3 - Classificação da aganglionose relacionada à
.

ão do segmento agangliõnico é produzida pela sua extensão. (A) Segmento ultracurto. (B) Segmento clássi-
rvação colinérgica, marcadamente aumentada no co (retossigmóide). (C) Segmento longo (entre o ângulo
I 'do agangliônico e pela diminuição da inervação hepático e o descendente), (D) Segmento ultralongo com ou
'nseca (inibitõria), causando diminuição da enzima sem comprometimento do íleo.
uerida para a produção de óxido nítrico. Ó intes—
ogproximal tica dilatado e espessado devido à hí- aganglionose de segmento ultracurto (:l: 3%), aganglio—
rofia muscular e aparece uma de transição gradual
nose de-segmento longo (i 14%) correspondendo a
,niâbrupta para um intestino de calibre aparentemente qualquer segmento entre o ângulo esplênico e des-
mal ou estreitado (mais comum). A zona de tran—
'

tem forma de funil ou cone. Pode haver ímpactações cendente e aganglionose de segmento ultralongo ou
is no segmento dilatado. aganglionose colônica total (TCA) até 30cm de íleo
distal à válvula ileocecal (“J: 8%) (Fig. 80.3).
:ylenor densidade de nervos parassimpáticospode na
“seular da mucosa e lâmina própria do reto
'
{car aganglionose total. Na aganglionose total de lluauro clínico
on existe hipoplasia da inervaçãaparassi'mpática
amura! oriunda do plexo sacro. Cólon descendente, A doença de Hirschsprung pode ter várias apresenta—
. 'óide e reto normalmente possuem inervação ções clínicas. A gravidade do caso independe da extensão
_ afassimpãtica extramural adicional oriunda de fibras do segmento agangliônico. Paradoxalmente, as ma-
Íosas do plexo sacro, que cresce dos segmentos nifestações clínicas observadas em recém-nascidos e
&ii'hais (52-54). A densidade da rede da inervação
ssimpática extrínseca diminui exponencialmente
lactentes corn aganglionose colônica total podem ser
menos dramáticas ou mais intermitentes do que nos
“sfi'ncter anal à flexura colônica esquerda. casos classicos. Isso leva a um‘diagnostico mais tar—
_ ervação parassimpática do cólon agangliônico dio e aumento das complicações (e'nterocolitee per—
tª doapresentar
ângulo esplênico é de origem vagal e não furação intestinal). A sintomatologia independe da
uma aumento nas fibras parassimpáticas extensão do cólon afetado.
rinsecas. Do ângulo esplênico até o esfíncter anal
- urp aumento acessório na densidade das fibras
Wosas oriundas do plexo sacro. Fezes e gases, nos Recém-nascidos
_l'_ mentos longos, podem migrar continuamente por Em 25% dos casos, o diagnóstico é feito nos primei—
l
firefilon menos contraído (hipoplasia do plexo sa-
. . podendo manter preservado o reflexo inibidor.
ros 30 dias de vida.
Retardo da eliminação de mecônio nas primeiras
&bém ªpresentam uma transição menos nítida e
'

24h de vida (90%), em 48h (45%) enas primei-


º bl㪠d0 segmento agangliônico para o normogan-
ras 24h em 60% dos segmentos longos.
5433180. Como o reto tern alto potencial contrátil e
º doença agangliônica do cólon,
f principal responsável por todos
os achados clíni- I Geralmente em recém-nascidos a termo. Rara em

”Sªda isso pode ex— prematuros: 6%.


I: Quadro de obstrução intestinal com distensão
‘Pff ª similaridade dos sinais e sintomas causados
abdominal generalizada gradual ou súbita e vômi-
,. frªgmentos de diferentes extensões de aganglionose.

tos biliosos. O quadro obstrutivo pode desaparecer


il1'gasliioação
1“
espontaneamente ou após enema ou introdução
de supositório.
,,ººnçª de Hirschsprung pode ser classificada, con- I Diarréia com fezes líquidas e feridas pode ser o
' e Suª extensão, em: aganglionose clássica (i 75%), primeiro sintoma e significar enterocolite (20%).
vez“.—"W L
1126 I
TratoGastrointestinal

Figura 80.4— Lactente com doença de HirschSprung e gran-


de distensão difusa abdominal.

IConstipação intestinal.
ia Perfuração cecal corn pneumoperitônio: 3 a 6%.
Cinquenta por cento ocorrem em casos de seg—
mento longo.

at e r G - u
Apendicite aguda neonatal. Figura 80.5 Radiograiia simples de abdome mostrando
— q

9‘
m Síndrome da rolha meconial está associada a doen-
ça de Hirschsprung em 1l3 dos casos.
distensão difusa de alças intestinais e ausência de ar no reto.
-

LS
Lactentes Exames por Imagem
Em 2/3 dos casos o diagnóstico é obtido nos primei- Radiografia de Abdome
ros três meses de vida.
Distensão gasosa generalizada de alças intestinais ou
!Repetidos episódios de obstrução intestinal ali—
quadro obstrutivo baixo com níveis hidroaéreos (Figs.
viados espontaneamente ou por enemas. São 80.5 e 80.6). Ocasionalmente, pode ser observada
crianças cronicamente doentes, necessitando de pequena quantidade de ar em um reto sem distensão.
múltiplas internações por vômitos, desidratação Posição lateral prona com os glúteos elevados, por lOmin,
e impactação fecal.
lInício abrupto de enterocolite com diarréia, fe-
bre, distensão abdominal, vômitos e prostração.
Pode estar presente em 30% dos casos nos pri-
meiros dois a três meses de vida. Após o tercei-
ro mês, diminuem os episódios de enterocolite.
5 Quadro de constipação e distensão abdominal
gasosa (Fig. 80.4).
Diarréia crônica pode ser o único sinal clínico.
Retardo de crescimento.

Crianças Maiores
II Crises obstrutivas são bem menos frequentes.
lConstipação intestinal crônica e volumosa distensão
abdominal gasosa com ondas peristálticas visí-
veis e fecalomas palpáveis. '

ll Má-nutrição.

Investigação niaunústiea «o

História e Exame Físico


II História e exame físico completo.
= Toque retal: normal ou estreitado. Muitas vezes
há a eliminação explosiva de fezes e gases após
Figura 80.6 -— Radiografia simples de abdome
grande dilatação do cólon por aganglionose de segmª“ mostramig
a retirada do dedo do examinador. curto de reto.
Malformações do Sistema Neuroentérico u 427

ilitªf o aparecimento de um cone de transi—


ª' S’oªose colõnícª total podem aparecer sinais
entre a zona dllatada e a contraída. Em
iEoS de ºbstrução ileal com níveis hidroaéreos
,» 155 distensão de alças de delgado.. Nos casos
amarocºlitºv
.u
pode ser observada dilatação in-
‘com Súbitª parada do ar no nivel da pelve
nw

"&;ng classica: passagem de contraste de seg—


entº distal
contraído segmento de cólon
para

50 (Fig. 80.8). O enema opaco deve ser reali—


aide sem preparo de cólon e sem toque retal antes
Écxame, pois podem distorcer o aspecto da zona
. l:f'irzlnsiga‘lo e provocar falso—negativo. Geralmente,
_ eexame tem boa acurácia, dependendo, po-
m, da idade da criança e da extensão do seg— Figura 80.7 — Enema opaco em projeção antero-posterior,
mostrando reto agangliônico contraído, zona de transição e
uí-iiênto agangliônico. Consideramos mais útil ao segmento proximal dilatado.
$í'ff'tªái-iej amento cirúrgico que para confirmar diag-
iziii' órstico. Em crianças com menos de um mês, o
m estino proximal pode ainda não se ter dilata-
"
suficientemente, sendo difícil observar a zona
& é,transição. É causa de erro em 20% dos re-
— Aspecto jejunolização, que
de
haustrações colônieas em
das
é a conversão
endentações
circunferenciais simulando as plicas circula-
Jilim-nascidos.
*

res do intestino delgado.


'ara um adequado enema opaco sugerimos:
A'Contraste hidrossolúvel.
:-,. {(:l:Introdução não demasiada da
l,5cm).
sonda no reto Radiografia Simples de Abdome
Obtida 24h após o enema opaco costumam demonstrar
.J,Não utilização de pressão exagerada.
«, .
3,45 técnica deve ser efetuada sem pressa, ob— retençãovde bário. Nos segmentos longos. o retardo de
esvazianiento de bário, além de dois a três dias, é a regra.
ãêervando atentamente a entrada de contraste
Ae'm todos os segmentos do cólon.
mãoasoesquecer da projeção lateral. Manometria Anorretái
oHirschsprung,
de enterocolite provocada pela doença '
Falta de peristalse progressiva, falha no relaxamento
.? o segmento distal vai apresen— do esfíncter interno anal em resposta a distensão retal
É? espasmo, edema de mucosa e ulceração, com
imagem de mucosa irregular, serrilhada.
'

{Em aganglionose colônica total, o enema opaco


pode mostrar:
3 Cólon normal em calibre e extensão (25 a 75%).
«(

ààAspecto de microcólon, não tão intenso como


tem íleo meconial e atresia de íleo.
falsa zona de transição sugerindo a forma
J:;clássica.
&
. (Sªens, o segmento longo pode ser confundido
Jim segmento mais curto, pelo aparecimento de
ªrizona de transição no cólon transverso ou cólon
S'çlistal. Os
aspectos radiológicos mais
típicos,
m_nem sempre encontrados, são (Fig. 80.9):
,Encurtamento do cólon.
Arredondamento das flexuras colônicas.
”Forma de vírgula do pequeno cólon desusa-
Figura 80.8- Enema opaco em projeção lateral, mostrando
do, sem a sua usual redundância. aganglionose do reto e uma zona de transição bem delineada.
428 I Trato Gastrointestinal

gos), maior frequência de espécimes inadequados Com


insuficiente quantidade de submucosa e necessidade
de um patologista experiente para interpretar os achadºs.
;,Niv-x
;

, g,“.
Técnicas Histoquímicas ». n
Estudam as reações histoquímicas na visualização por
acetilcolinesterase (AChE), desidrogenase láctica (DHL)
e desidrogenase suceínica (DHS). Biópsia retal de
sucção, com estudo da atividade colinesterasica é º
procedimento de escolha para diagnóstico de agan.
glionose. A biópsia ideal é aquela que inclui suficiente
camada submucosa para demonstrar o plexo submucoso.
No estudo da atividade colinesterãsica, a doença de
Hirschsprun g clássica demonstra maior atividade das
fibras colinérgicas da muscular da mucosa, lâmina
própria da mucosa e ausência de células ganglionª.
res. Essa técnica é realizadanem 2h.
Com a reação AChE, todas tis estruturas colinérgicas
(gânglios, células neuronais, células gliais e princi.
palmente fibras nervosas) são coradas. Dessa forma,
Figura 80.9 - Enema opaco de aganglionose colônica total. nenhuma diferenciação e possível entre células ner-

m s - n; < . z r I 9 L S
O cólon aparece encurtado, em forma de vírgula, as flexuras
colônicas arredondadas e sem haustrações. vosas e gliais. Em aganglionose colônica total, a ati-
vidade daAChE apresenta padrão um pouco diferente
das formas clássicas, pois as fibras coline'rgicas en-
contradas na lâmina própria e muscular da mucosa
(ausência do reflexo inibidor retoanal). Em aganglionose apresentam menor densidade. Biópsias de cólon trans-
colônica total, o reflexo inibidor anal pode parecer
.« normal em 50 a 85% dos casos.
verso e cólon ascendente não mostram estruturas
AChE—positivas. O aumento da atividade AChE só
eu

costuma ser observado em aganglionose, comprome-


Biópsia de Mucosa e Submucosa por Sucção tendo retossigmóide e descendente.
O número de células nervosas diminui no reto dieta] e Com uma etapa suplementar de oxidação, a técni-
m* ca pode ser modificada, produzindo coloração das fibras
a densidade de fibras nervosas colinérgicas aumenta“.

; m u,
nervosas colinérgicas em apenas 10min. Denominada
_a.-

,; O nível de hipoganglionose fisiológica geralmente é


. " , : . a l ?;

n
,.avaliação'rápida da acetilcolinesterase, essa técnica
mais extenso no plexo submucoso, quando compara-
5r

é excelente para avaliação intra-operatória da exteri-


'

do com o plexo mioentérico. As biópsias de sucção


são do segmento agangliônico e das disganglionoses.
devem ser realizadas a partir de 2cm da linha pectinea.
ae. , Falso-negativos são mais freqilentes em RN e agan-
“º:? .-, .?—"3,4

.
glionose colônica total.

14.:3‘
Exame Histológico Convencional (Mucosa e ' A introdução da reação histoquímica da AChE tomou
Submucosa) o diagnóstico da doença de Hirschsprung mais fácil
I

e confiável. .
Nos cones corados por H—E procuram—se identificar 0 L150 paralelo da reação da desidrogenase láctica
troncos nervosos submucosos hipertróficos ou proe— (DHL) permite melhor identificação das células
minentes e ausência de células ganglionares. A gran- neuronais.

w-.okraae .
de dificuldade desse método é reconhecer se uma
'E"

determinada célula representa, verdadeiramente. uma Técnicas lmunocitoquímicas


célula ganglionar ou não. É melhor procurar nervos
hipertróficos. Nervos mais estreitos do que 10pm são
difíceis de identificar e avaliar pela H—E. Nervos >
As mais usadas são as que Lgcalizam a enclase
ncu-
rônio—específica e a proteína S—lOO. A reaç㺠Pªrª
20i1m já podem ser vistos em microscopia óptica. Nervos detectar enolase neurônio-específica é apropriada Pm?
> 40um em diâmetro são considerados proeminentes demonstrar corpos neuronais, ao passo que a
locall-
,mu- sªw “.,;5 ._ , &3

zação da proteína S-100 permite a visualiza窺 das


e“

ou hipertróficos. Esses nervos hipertroficos, em seg-


mentos agangliônicos, representam fibras colinérgicas células de Schwann.
não—mielinizadas de origem extrínseca, que terminam
" ra-A~ .ãr'ª ~\

cegamente no intestino. Esse exame é de dificil in- Biópsia de Parede Total do Reto (Mutºsªr
terpretação. Só confiar quando realizado por patolo-
gista experiente. Submucosa e Muscular) sob Anestesta Gªiª
Suas desvantagens são: dificil interpretação (prin-
cipalmente em recém—nascidos e em segmentos lon-
0 espécime é fixado em formalina, incluídº em
rafina, corado com hematoxilina—eosina (lí-E) e P I:
Malformações do Sistema Neuroentérico 429

com cortes de espessura entre 4 e Sinn. A biópsia Dieta sem ou com poucos resíduos (dieta ele-
';»kalizada 1,5 a 2cm da linha pectrnea e am- mentar ou semi-elementar).
5- oito diagnóstico mais utilizado em nosso E Lavagens intestinais com soro lisiológico e glicerina

% baseiam-se na necessrdade 5:l, ZOmL/kg/dia, três vezes/dia, pelas duas bocas


desvantagens
”gs i'êsia geral, no fato de criarem dificuldades da colostomia e pelo ânus.
"ªs na cirurgia definitiva e nos riscos de hemor- 2º dia (dia anterior ao procedimento):
ápªêi'furação. Os achados característicos sao au—
e células ganglionares e hipertrofia grosseira Dieta com liquidos claros. Iniciar NPO (nil per os,
nada por via oral) 12h antes da cirurgia.
€£$ mioentérico e submucoso. n I:avagem intestinal pela manhã com ZOmL/kg/dia.
A tarde, iniciar lavagens intestinais repetidas, até
êamento Histológico saída de líquido limpo, A boca distal deve ser lavada
valiar a extensão do segmento agangliônico e outras com dois a três enemas prévios (20mL/kg).
II Iniciar reposição parenteral adequada, quando
“Élionoses sugere-se o mapeamento histológico
fiªção e coloração pela H-E ou por técnicas histo- começarem as lavagens repetidas.
casiii/"' doretiradas
segmento colônico doente com biópsras
por videolapamscapía. As biópsias Esquema com Polietilenoglicol
"ãr extra ou intraperitoneaís. Essa técnica tam- I Iniciar com dieta sem resíduos dois dias antes.
'ser usada nos casos de constipação crônica e
Até 4h antes da cirurgia está liberada a ingesta
olhe recorrente pós-abaixamento de cólon.
“ªs de líquidos claros.
I Vinte e quatro e 18h antes da cirurgia devem ser
memo da Doença de uirsensiirung
«'1» i

feitas duas lavagens intestinais com soro fisio-


&
síria lógico e glicerina 5:I, 20mL/kg cada uma.
Doze horas antes do procedimento cirúrgico deve
mento Estagiado ser iniciado o preparo com polietilenoglicol (PEG)
com eletrólitos por via oral ou sonda gástrica. Diluir
mia e posterior abaixamento de cólon. Des- oito sachês de Muvinlaxº (macrogol 3350) em IL
ns da técnica estagiada: complicações rela— de água. Cada sachê contém 13g de macrogol 3350.
:3"qu ao estoma (prolapso, estenose, retração) e Administrar [5 a ZOmL/kg/h por 4h. Repetir o
gsidade de um procedimento posterior. procedimento se o líquido fecal não estiver claro
K
e limpo ou ainda contiver partículas sólidas.
I Iniciar antibioticoterapia profilática 30min antes
da cirurgia com gentamicina Smg/kg/dia em dose
‘gelagfio transoperatória examinada por pato- únicane metroni'dazol 30mg/kg/dia de 8 em 8h
. 'xperiente. As biópsias são retiradas da zona (protocolo utilizado em nosso serviço). Este
tida, do cone de transição, da colostomia e do esquema deve ser mantido por 48h.
n
me dilatado, acima da zona de transição. A
. costuma ser aberta em 24h, exceto em casos Tratamento Primário
mbolite ou distensão volumosa de alças, quando Abaixamento de cólon realizado primariamênte sem
3‘ o momento de sua realização. Colostomia necessidade de colostomia. Técnicas utilizadas: téc-
rtmann também pode ser usada. Costuma-
-la quando existe grande distensão de cólon. nicas clássicas modificadas (Duhamel, Soave, Swenson)
(Figs. 86.10 e 80.11), abaixamento transanal endor—

.- Agangiionim
.=. Gangllbnlm
parelho de auto-sutura gastrointestinal (7,5mm
gr); abaixamento endorretai de Soave—Boley e,
raramente, o procedimento de Swenson. Costu—
Zr feitos entre 6 e 12 meses de idade.

Emaon com Lavagens Mecânicas Exclusivas


*
Duhamul Swenson

Figura 80.10 Representação esquemática das técnicas ci-


-
rúrgicas clássicas para correção da doença de Hirschsprung.
Adaptado de Teitelbaum et al.1

l
430 I
TratoGastrointestinal

Figura 80.11 — Técnica de Duhamel modificada com uso de grampeador. (A) Q grampeador é introduzidopor via anal,
colocando-se uma lâmina no com retal e a outra no cólon abaixado. 0 disparo do grampeador deve obter a dIVIsão completa
do septo entre o reto e o cólon e uma anastomose retocolõnica látero-lateral. (B) A extremidade superior do coto retal pºde
ser anastomosada com a parede lateral do cólon abaixado com sutura contínua, formando uma anastomose retocolônica
término-lateral. Adaptado de Talbert et al.z
X'

retal videoassistido por laparoscopia (Soave-Georgeson), Contra—indicações a tecnica transanal exclusiva: seg.

6 L R- ' 5 t? 1 9 S
abaixamento via transanal exclusivo (De La Torre), mento intestinal proximal muito dilatado, presença de
abaixamento via u'ansanal com minilaparotomia e abai- enterocolite grave e má—nutrição, perfuração intestinal,
xamento retrorretal de Duhamel modificado com zona de transição mal—definida, segmentos agangliônicox
grampeador Endo—GIAº desenvolvido para videolapa— longos, biópsia de congelação duvidosa ou não-disponível,
roscopia. descompressão intestinal difícil por lavagens e/ou inca—
Na técnica de abaixamento transanal exclusiva, é pacidade de os pais realizarem as lavagens intestinais.
nossa rotina aguardar o bebê alcançar o peso de 4kg; O abaixamento transanal endorretal com minila-
não temos aconselhado seu uso em crianças acima de parotomia ou videolaparoscopia tem sido utilizado
cinco anos de idade. para segmentos agangliônicos situados acima do sig-

Enema opaco + Biopsia retal

Doença de Hirsthsprung *

iv» W. m

Bebessemcontrnndkações ‘1'" .:
”“ 'Sern zo' Fflde‘tr‘anslgaae
' o
Bebês cpmí N »

.! ao ibaixainçntoprimàrio “ª, ,! Montra-indicações


K
. :* ao abaixamento
prim'ãrío, co'ne‘de,
transição alto
Cone de transição Cone de transição ou
baixo mais alto (na transição descompressão
com o descendente) não efetiva

Irrigações
i
lrrigações colbnlcas
Colostomia

Abaixamentu estagiario
_ Descompressão Dessompressão Intestinal

Abaixamentn mnsanal Biópsia :liberação Biópsia por vldeol


Figura 80.12 -— Algoritmodoença
tamento cirúrgico da
para trª-

endorretal uduslvo por video! miniiaparotomla
Colostomia em zona Hirschsprung.
minilaparotomla
+ abaixamento definida pela
transanal congelação
assistido Cirurgia dellnltiva:
,aguardar
hístopatolçglco para
decidir
Malformações do Sistema Neuroentérico n 431

_
óide a firm de permitir biópsia de congelação sob
º”
"retª(Fig.
ems“
ficª,-o
e liberação do cólon descendente e flexura
80.12).
_ do
pré—operatório abaixamento transanal
ausivo:
.
iLavagens intestinais diárias com ZOmL/kg/dia de
.

“sorede Hegar
fisiológico e/ou dilatação anal diária com

àvela nº 10 ou 12, que deverão ser efetuadas


elos pais até dois dias antes do abaixamento


rimário.
ÇiNo dia anterior ao procedimento.
,::. Dieta sem resíduos.
ª~ .. glicerina
NPO
'. Lavagens
e hidratação parenteral 8h antes da cirurgia.
intestinais com
S:], 20mL/kg, 3
soro fisiológico e
vezes ao dia.
—-
Figura 80.13 Achado cirúrgico de aganglionose colónica total
com comprometimento do íleo terminal. Podem-se observar
ª , Iniciar antibioticoterapia profilática 30min antes o cólon e o lleo terminal contraldo e espástico, a zona de tran-
de começar a cirurgia, conforme protocolo de sição e o íleo proximal dilatado.
“% cada serviço; mantê-la por 48h.

tamento da Agannlionose cnlânlea


1‘
a mung 80.13)
— Bolsa de cólon esquerdo agangliônico (técnica
de MartimDuhamel em que o íleo é anastomo—
sado Iátero-luteral com variados comprimentos
de reto, sigmóide e descendente agangliônicos).
sencial o diagnóstico precoce. Utilizamos a técnica de Duhamel com coto retal
u—ição parenteral total (NPT) combinada com dieta
mi-elementar e de baixa osmolaridade são impor- longo, descrita por Ein e Shandling, em que
todo o reto. até suajunção com o sigmóide, é
mês em segmentos longos comprometendo alguma
.1.)
gust-to ileal. mantido. A técnica baseia—se na impossibili-
dade de formação de fecaloma, mesmo com
illl'eostomia
f
deve ser realizada como tratamento
_primário. Como a ileostomia será de longa per— com retal longo, pois não há cólon presente
para absorver água e dessecar as fezesª.
. '“manência, deverá ser com técnica adequada,
De qualquer maneira, após um ano de pós-opera
3f.evitando complicações (principalmente prolapso). tório, todos conseguem o mesmo tipo de continência
JWA partir dos dois anos de idade está recomendado
32».o abaixamento ileoanal. O ideal é quando a criança e o mesmo número de evacuações com ou sem o uso
de bolsa; Não temos utilizado bolsa.
adquirir controle esfincteriano urinário. Diversas
pªtécnicas têm sido utilizadas. As mais usadas pelo
.;ervrço são: Cuidados Pós-operatórias Gerais
_ -
Abaixamento ileoanal retrorretal de Duhamel
.ª 2' modificado com sutura mecânica sem patch
n NPO e sonda nasogãstrica são mantidas até o
restabelecimento das funções intestinais; que
_ (bolsa).
&“
costuma levar três a cinco dias, em abaixamento
_— Abaixamento ileoanal endorretal de Soave—Boley
,,“ sem bolsa. tradicional estagiado ou primário e um a dois dias,
em abaixamento primário por via transanal.
"'Os abaixamentos podem ser realizados sem ou
com bolsa (segmento de cólon agangliônico mantido m Sonda de Foley é retirada em 24 a 48h.
=ra Mantém-se antibioticoterapia por 48h.
como bolsa para aumentar a absorção de água). Com duas semanas de pós-operatório, na técnica
_" As técnicas mais empregadas com bolsa são:
- Bolsa medindo 15 a 20cm de cólon direito agan-
gliônico (técnica de Kimura, em que o íleo é
endorretal, realiza—se exame anal. Caso o ânus per-
mita a introdução de vela de Hegar número 12,
wi anastomosado não haverá necessidade de dilatagões pós—opera-
nª reito agangliônico látero—lateral com o cólon di— tórias. Esse exame retal deve ser repetido a cada
“ como 2E estágio; como 15 dias até o fim do terceiro mês pós-operatório.
3º estágio é abaixado pela técnica de Swenson). Nessas ocasiões não será necessária anestesia geral.
0 lº estágio corresponde a uma ileostomia. Se o ânus não permitir a entrada de uma vela
Seis a sete semanas após a ileostomia, con- número 12, serão iniciadas dilatações anais com
fecciona—se uma ileocolostomia com anastomose velas de Hegar uma vez a cada dois dias, pelos
látero—lateral entre a ileostomia prévia e o colon pais, durante dois meses. Em abaixamento pela
ascendente agangliônico (que fica parasitado técnica de Duhamel, o exame anal objetiva cer-
pela circulação do intestino delgado). Cinco tificar-se da separação das linhas de corte do
ª_quinze meses posteriores ao último proce— grampeador mecânico. Não há necessidade de
dimento, realiza-se abaixamento de Swenson. dilatações pós-operatórias.
432 I Trato Gastrointestinal

IO aparecimento freqiiente de dermatite perianal mudanças qualitativas na composição da mucina elo“


pós—abaixamento de cólon costuma ser tratado quantitativas, obstrução intestinal mecânica parcial e
com gel de sucralfato de sódio 33%, com exce- estase colônica com proliferação bacteriana, infecção
lentes resultados. O desaparecimento da dermatite pelo Clostridium dijj'icile ou retrovirus, reação do tipo
pode levar até seis meses. Schwartzman, deficiência de imunoglobulinas (IgA
A drenagem de secreção gastrointestinal ao re— secretora) na mucosa do trato digestivo e outros.
dor de gastrostomia, enterostornia ou região perineal
pós-abaixamento de cólon pode causar irritação Patogenia
química e desnudação cutânea.
0 sucralfato tern sido usado no tratamento das Fatores ambientais como dilatação intestinal, estase
úlceras pépticas do trato gastrointestinal. É um fecal e proliferação bacteriana podem causar inibi.
sal contendo hidróxido de alumínio e sacarose ção da renovação celular, resultando em anormalida.
sulfatada. A carga negativa do grupo sulfato liga- des da composição das frações de mucina (qualidade)
se à carga positiva das proteínas para formar e quantidade (talvez o fator mais importante) e sua
complexos estáveis na base desnudada da úlcera. retenção, tanto no segmento agangliônico como no
Esse complexo fornece uma barreira física para gangliônico. O muco é formado por muitas glicoprº.
proteger a base da úlcera do ácido e outros tóxi— teínas e pela imunoglobulina secretora A (S-IgA).
cos irritantes, produzindo cicatrização e reepi— A mucosa torna-se mais vulnerável à infecção por baº.
telização. Adicionalmente, o sucralfato absorve térias intestinais aderentes (Clostridium difi'icile, E. coli
diretamente pepsina e sais biliares, neutralizan- e outras) devido às mucinas alteradas e diminuição
do os efeitos irritativos. Além dessas propriedades das IgA secretadas pela mucosa. As toxinas liberadas

m a et s — u y r
citoprotetoras, ele possui atividade bacteriana e por essas bactérias podem induzir a uma reação in.
tem efeito direto na proliferação epitelial (esti— flamatória localizada no cólon e resposta sistêmica
mula a produção do fator de crescimento epitelial). (Fig. 80.14). Parece também que a porção agangliônica

L-E9
Esses efeitos podem agir similarmente nas áreas da doença de Hirschsprung tem uma diminuição pro-
escoriadas periestomais e perineais. gressiva da produção de óxido nítrico, resultando em
Uso: deve ser aplicado a cada 4 a 6h e toda vez uma barreira imunológica deficiente, contribuindo para
que a camada esteja fina. o aparecimento de enterocolite. O óxido nítrico apresenta
O pó do sucralfato é obtido pela pulverização muitas ações não-especificas de defesa contra agen-
dos comprimidos e deve ser aplicado nas áreas tes bacterianos, micobactérias e vírus.
desnudadas e secretantes. Quando começa a ci- A enterocolite é um estado progressivo que, se não
catrização, o sucralfato deve ser aplicado sob a for tratado, evolui para quadros mais graves. A per-
forma de emoliente (sucralfato 4g% numa base sistência histológica de enterocolite, na ausência de
de agia e glicerina). doença clínica, indica que o dano intestinal é crôni-
Não tem efeito contra a dermatite causada por '_'co e se resolve incompletamente com & colostomia.
fungos. Recentemente, foi demonstrado que o MUC2 (ex-
pressão do gene da mucina no intestino humano) se
Enlmcllite lssoniarla à Mensa encontra significâtivamente mais baixo em pacientes
,com doença de Hirschsprung. Esse defeito parece ser
do lllrscllsmng consequente & um problema intrínseco, alteração que
Enterocolite continua a ser a maior causa de morbidade tornaria mais fáceis a aderência bacteriana e a trans-
e mortalidade em pacientes com doença de Hirschspmng. locação. Com base no MUC2, sugere-se o uso profilático
Freqiiência: 15 a20% dos casos. Evidências histológicas de probióticos para aumentar a expressão epitelial de .
comprovam que enterocolite ocorre em ambos os seg- MUC2 e diminuir a translocação bacteriana.
mentos (agangliônico e gangliônico). Episódios recor-
rentes de enterocolite podem ser explicados pela Cºmplicações da Enterocoiite
persistência de alterações histopatológicas da mucosa
por longos períodos, mesmo após colostomia descom- Pneumatose intestinal, absççsso pericálico, perfura-
pressiva ou abaixamento de cólon. Pacientes que ção intestinal e septicemia.
desenvolvem euterocolite são suscetíveis a episódios
recorrentes. Existem dois períodos propícios ao desen- Fatores Predisponentes
volvimento da enterocolite: antes do diagnóstico de
doença de Hirschsprung e após o abaixamento defi- lRetardo diagnóstico.
nitivo de cólon. I Segmentos longos (25%). Atualmente. têm Sf"
gido trabalhos que não confirmam essa rela窺'
I Síndrome de Down. Predisposição causada por
Etiologia
deficiência imunológica intestinal intrínseca.
A etiologia ainda não está totalmente esclarecida Diversos IFatores genéticos. História familiar parece Prª“
fatores podem ser desencadeadores de enterocolite: dispor a enterocolite.
Malformações do Sistema Neuroentérico I
433
Aganglionose
TABELA 80.1 - Graduação clinica da enterocolite
« GRAU SINTOMAS
_Estase Intestinal levando a: [ Diarréia explosiva leve, distensão
_-Hipercrescimento bacteriano
- Retenção de mucina, alterações na abdominal leve ou moderada,
sua composição e quantidade ausência de manifestações sistêmicas
—- Dilatação das criptas
Diminuição do tecido linfóide
Diarréia explosiva moderada,
distensão abdominal moderada a
intestinal grave, sintomas sistêmicos leves
Diarréia explosiva grave, acentuada
distensão abdominal, pré-choque ou
Bactérias enteroaderentes ligam—se ao epitélio “&
choque
intestinal não protegido

espontâneas ocorre em pacientes com DH de


Invasão de bactérias para dentro do epitélio segmento longo.
+ liberação de toxinas n Enema opacn: devido ao risco de perfuração,
não deve ser realizado se houver enterocolite
clínica. Os achados de uma enterocolite subclínica
Desenvolvimento de enterocolite cllnica são mucosa intestinal com edema, espasmo, ul-
corações e imagens de irregularidades e espi—
Aparecímento de sintomas locais (abscesso de
culações, dilatação colônica e estenose anorretal
criptas, ulceração. perfuração) + sintomas ou reta]. O achado radiológico característico de
sistêmicos com sepse e coagulopatia DH, a zona de transição, não costuma estar pre—
sente devido ao impedimento da função mus-
.. ' ura 80.14 — Base fisiopatológica para o desenvolvimento cular pela inflamação.

Histopatologia
A enterocolite e' manifestada pelo aparecimento de neutró—
filos dentro das criptas do intestino e retenção de muco.
!Diarréia em DH é sempre considerada um sin— O sistema de graduação histopatológica é mostrado
toma de enterocolite. A diarréia em enterocolite na Tabela 80.2. '

tem sido relatada em 90% dos casos, distensão


abdominal em 80%, vômitos em 50%, febre em
35%, sangramento retal em 5 a 10% e perfura-
Tratamento—
ção intestinal em 2,5 a 3%. Forma grave
Perfuração intestinal e mais comum no segmen—
to agangliônico da-aganglionose longa e no seg-
m Nada por via oral. .
n Nutrição parenteral total em casos de enterocolite
mento gangliônico da aganglionose clássica. grave.
»

34,0 quadro clínico pode mostrar diferentes graus de H Sonda nasogástrica.


__,ptensidade. Os mais intensos podem apresentar febre, W Ressuscitação hidroeletrolr'tica.
mstração, distensão abdominal maciça, vômitos bi- Lª Plasma fresco.
. mos, diarréia explosiva fétida com eliminação de gases 5 Dilatação anal antes da irrigação colônica.
fªzes pútridas que podem ser sanguinolentas, gran— :! Sonda retal nº 14 ou 16 para irrigação colônica
'

Pcrda de líquidos e eletrólitos e choque hipovolêmicc. cuidadosa. Preferencialmente, a sonda deve ser
Elhalaby et al. desenvolveram um sistema de gra— posicionada acima da zona de transição. Vinte a
“fªç㺠clínica, com base em critérios clínicos4 (Ta- cinqiienta mililitros de soro fisiológicd'são insti-
.l).

TABELA 80.2 — Graduação histopatológica da enterocolite


xames radiológicos GRAU ACHADOS PATOLÓGlCOS
'Radiografla de abdomef espessamento da pare-
de intestinal, distensão do cólon proximal e al- 0 Mucosa normal
Ǫs de delgado,,níveis hidroaéreos múltiplos, sinal
| Dilatação das criptas; retenção de mucina
ll Criptite ou s Z abscesses de criptas por campo
f! Cut-off na região retossigmóide com ausên- Ill Múltiplos abscesso: das criptas por campo
ar distal, pneumatose intestinal (rara),
cia de |V Debris fibrinopurulentos e ulceração de mucosa
Pneumoperitônio (3%). Metade das perfurações V Necrose transmural ou perfuração
434 11 TratoGastrointestinal

iados no reto, repetitivamente, até que comecem tria anorretal é controverso, pois toda criança ºpª
a retornar gases e fezes líquidas e a diminuir a rada ou não na doença de Hirschsprung não tem
distensão abdominal (em geral são necessários reflexo inibidor anorretal. Também é controversª
100 a ISOmL). Esse procedimento pode ser re- na manometria, o valor absoluto da pressão do
petido duas a três vezes/dia. esfíncter anal em repouso.
I Se o intestino não puder ser descomprimido efe—
tivamente elou não houver melhora clínica, está Tratamento Farmacológico
indicada a colostomia.
IMetronidazol 30mg/kg/dia de 8 em 8h, V0 ou I Pasta de nitroglicerina ou de mononitralo ou
IV. dependendo da gravidade. Nas formas graves dinitrato de isossorbida. Esses nitratos orgâni.
pode-se acrescentar de gentamicina ou cefota- cos costumam ser degradados pelo metabolis.
xima. 0 metronidazol deve ser mantido profila- mo celular, liberando óxido nítrico. Este é o
ticamente por até seis meses. Alguns autores mensageiro químico da inervação intrínseca não
sugerem o uso de vancomicina por sonda naso- adrenérgica não-colinérgica do esfíncter amil
gástrica ou pelo estoma, se existente. interno, mediando o seu relaxamento. A pasta 6
I Em doença de Hirschsprung de segmento lon-
preparada baseando-se no cálculo da dose ap“).
go, a descompressão colônica com irrigações retais priada (Img/kg/dia de isossorbida, duas doses
costuma ser ineficiente, sendo necessária a eo- separadas). Um comprimido e esmagado até se
lostomia de urgência. tornar pó fino. Depois é misturado com 6mL de
parafina líquida, que e incorporada com lanolina
Enterocolite Pós-abaixamento intestinal aquosa. Protege-1a da luz. Talvez possa ser usa-

m s - n u vi w ç L
da como teste terapêutico ao determinar se 21
Costuma estar relacionada à obstrução distal crônica hipertonicidade do esfíncter interno é a causa dos
(Fig. 30.15).
sintomas obstrutivos.
I Toxina botulínica tipo A (Botoxº), 2 a SU/kg
Caso sem problemas mecânicos: irrigações retais.
ll Tono esfiucteriano aumentado a manometria ou 15 a 60U injetadas no esfíncter interno (iden-
anorretal ou em exame anal. O uso da manome— tificado por palpação) no nível da linha pectinea,

Sintomas osmium paçauaigàmem


“=“
~,,
.Exame ruallenema'opiçoir- i
,

i '
vai.
A

Normal
Megúillàn ,
Colon uni㺠'Estertme
.rv,

, r— nio'psi:teªring“º_,”,k ,, ; Toxªâ'botullnlçãwy:lim ªº
º» É“ fimº?“ -
:1 .
1!
J,; .fiw' * '

_
Agangl'ionoú. hlpoqengllouose ou aispiui. neuron}!

Sei-ril melhora
'Rêxposu Sem mpom
<link:
Sim Não REDO

i i
-~ Mlectomli
Cumprimento do Sam mirim
ogulgllbnko
umou aspiram Mlectomla REDO
iiipenauia do esfínaer_ Figi'lra 80.15 -Algorítmo diagnós-
mal interna (7) ' tico do aparecimento de sintomªs
Sem melhor:
obstrutivoí pós-abaixamento de

_
c'urto longo
cólon. REDO : reoperaçao.
. l de m i S'N'ºmªº'ºª'ª nltrodllcedna (1)
Festa do
pmistmle V,
Bôto'x' (71'
Pan. vier-zu o ,-Mle€tonila m w

managing momenta Mam abªixamentº (?)

mega-nu
Defiuldu por:
- Enema opaco emu
- _hlmlóglco
Mapeamento
lslnldn'
por vldeollparnsropli
Malformações do Sistema Neuroentérico I 435

30.3 , Esquema de diluição do frasco-ampola Em geral, a técnica endorretal em pacientes sub-


avrjotulinica metidos previamente à técnica de Duhamel ou
U/FRASCO de Swenson costuma ser difícil no nível das li-
nhas de sutura ou dos grampos. Se for indicada
50 100
a técnica de Duhamel em abaixamento endorretal
VOLUME DO DlLUENTE (ml) prévio, sugere-se o uso de grampos maiores, pois
0,5 1 muitas camadas intestinais deverão ser grampea-
1 2 das juntas (novo segmento gangliônico, camada
1,25 2,5 muscular agangliônica original e segmento ori-
2 4 ginal abaixado previamente) ou a técnica tradi-
4 8 cional com pinças de Kocher longas colocadas
em fomia de V. O comprimento médio dos grampos
utilizados costuma ser de 3,85mm e o compri-
mento sugerido dos grampos extralongos e' de
"$i" quatro quadrantes. Tem duração temporá—
'

4,5mm.
- ‘11 (pode necessitar de nova aplicação a cada
“três a seis meses). Também pode ser usado como
Íêgte terapêutico. Existem frascos-ampolas de Sintomas obstrutivos Relacionados à

ÉÓU JOOU. Se diluirmos um frasco—ampola
e cirurgia tie Ahaixamenm ue cólon/íleo
.é IOOU em 2mL de diluente (soro fisiológico), Sintomas obstrutivos pós-abaixamento de cólon/íleo
oheremos SU em cada O,]mL ou SOU em lmL.
'
sugerimos pequenas quantidades de diluente para ocorrem em aproximadamente 10% das crianças e estão
, virar grande difusão da toxina botulínica. Ver
(Tabela 80.3. .
relacionados à euterocolite (já comentada anterior-
mente), aganglionose recorrente ou adquirida, obstrução
mecânica (estenose, torção do segmento abaixado,
# Agitar o frasco suavemente após a adição da
g‘soluqfio salina estéril normal para completar esporão do abaixamento de Duhamel), displasia neuro—
nal associada, acalasia do esfíncter interno. Ver Fi-
' v a dissolução. A solução reconstituída deve ser gura 80.15.
:"usada imediatamente ou armazenada em re-
,. e
‘frigerador entre 2° e 8°C usada em 4 a 6h. A aganglionose adquirida (comprovada pela exis-
tência de células ganglionares na margem proximal
» Alguns autores afirmam que essa solução não
perde sua eficácia se usada em até sete dias. do espécime ressecado) tem explicação controversa.
_A toxina botulínica age pelo bloqueio da li- Têm sido postuladas como causas a isquemia do seg—
ª; beração da acetilcolina na junção neuromus- mento abaixado, o abaixamento da zona de transição
'"_“"'_çular, causando paralisia flácida por três a seis ou uma margem proximal com distribuição circunfe-
&“ meses, A injeção da toxina no esfíncter anal rencial desigual de células ganglionares, confundin-
.»i
'

.intlemo é segura e uma altemativa menos invasiva do o resultado das biópsias realizadas.
ue a miectomia. A ação costuma ser melhor
os segmentos mais curtos da doença, talvez
,porque os sintomas obstrutivos nos segmen— Malásia Ell] Estimator Anal Interno
-" tos longos possam ser causados pela associa-
.52 »ção com displasia neuronal ou outras doenças
Incapacidade do esfíncter em relaxar. Doençarestrita
ao esfíncter interno.
'
1!de motilidade. Esse parece ser o único fator
preditivo da resposta a toxina. Metade dos
A apresentação clínica mais comum é a de cons-
tipação intestinal crônica. A mauometria anorretal
pacientes vai necessitar de múltiplas injeções. costuma ser anormal, existindo falta de relaxamento
Tem sido relatado o desenvolvimento de anti- do esfíncter interno. Esse relaxamento é conduzido
._ corpos contra a toxina, que pode diminuir ou
ª prevenir a resposta terapêutica. E, em adição
pelos nervos NANC, que liberam óxido nítrico como
neurotransmissor. Os neurônios NANC estão ausen-
at.” à sua ação terapêutica, a injeção de toxina botu— tes nos 2/3 inferiores (agenesia ou hipotrofia dessas
>
línica vai mostrar os pacientes que irãose be- células). '“
'

, ',neftciar de uma miectomia.


lit mento Cirúrgico Diagnóstico
,”
iectomia anorretal posterior.
'
B Quadro clínico: constipação intestinal crônica.
. Cªsos intratáveis de aganglionose adquirida ou Fezes palpáveis no reto são comuns. Quadro clínico
_ .,,e_Persistente. estenose intensa, displasia
neuronal semelhante ao da aganglionose de segmento
“ causas:
outras reabaixamento. Qual a melhor ultracurto.
. l_écnica? A resposta é muito controversa, pois iz Manometria anorretal: ausência do reflexo reto-
',dªpende da experiência do cirurgião nas dife— estiucteriano à inflação de balão retal e esfíncter
Temes técnicas. interno hipertônico.
436 I
Trato Gastrointestinal

ll Biópsia na junção mucocutânea: maior atividade Acalásia do esfíncter interno e aganglionºse de


da AChE nas fibras nervosas parassirnpáticas do segmento ultracurto são a mesma doença? ºu
músculo esfíncter interno. Também pode ser notada são entidades nosológicas diversas?
ausência ou diminuição da atividade histoquímica
da NADPH-diaforase (diaforase fosfato do di- Até o momento, ainda não possuímos respmas
nucleotídeo adenina-nicotinamida) e da atividade
definitivas para esses questionamentos.
imunoistoquímica da NCAM (molécula de ade-
são de células neuronais). Síndrome 11a Bolha Mecanial
Conceito
Tratamento
Dismotilidade intestinal transitória do recém-nascido,
1:1 Anorretomiectomia posterior (miectomia do cs—
que apresenta quadro de obstrução intestinal baixa
fíncter interno). causada por tampão de mecônio espessado situado
II Não havendo melhora ou existindo sintomas re— no cólon distal e no reto. A literatura tende a usar
correntes: abaixamento clássico. diversos termos como sinônimos (inércia colônica,
rolha meconial, imaturidade funcional do cólon e outros).
Aganglinnnso tie Sarmiento llltrauum A síndrome do pequeno cólon esquerdo parece ser
uma subclassificação, caracterizando—se por cólon es.
Aquela que atinge no máximo 4cm de extensão a partir querdo de pequeno calibre e aparente zona de tran—
da linha pectínea. Deve-se estar atento, pois esse sição no ângulo hepático. O diagnóstico costuma ser
segmento pode crescer com a criança, podendo al— de exclusão.
cançar 5 a ocm aos 18 meses de idade e se transfor-

6 4 8 - ni s a r
mar em aganglionose de segmento curto. Sempre se
acompanha de acalásia do esfíncter interno distal. Etiopatogênese

L'SQI
as Ainda não está bem entendida. Algumas causas
são conhecidas.
Diagnóstico
—-
Hipermagnesemia causando diminuição da
liberação da acetilcolina e depressão mioneural.
II Mais frequente no sexo masculino: 4 a 6M:lF.
l1 O primeiro sintoma costuma aparecer aos seis A hipomotilidade permitiria aumentar a ab-
meses de idade e corresponde a uma constipa- sorção de água e formação de um tampão.
ção crônica persistente e resistente ao tratamento
clínico. Quadro clínico semelhante ao da acalásia
- Hipoglicemia em crianças de mães diabéticas.
Haveria aumento da secreção de glucagon com
diminuição da motilidade do cólon esquerdo,

— ———
do esfíncter interno.
Manometria anon-eta]: alterada Ausência do reflexo Estresse perinatal com aumento da liberação
inibidor retoesfincteriano. do glucagon.
ll Enema opaco deve ser sempre realizado, para Imaturidade dos plexos mioentéricos ou seus
excluir doença de Hirschsprung clássica. receptores hormonais, principalmente em bª'.
ll Biópsia retal por sucção e reação AChE: obser- bês prematuros.
va-se maior atividade na muscular da mucosa e
na submucosa adjacente, mas não na lâmina própria Quadro Clinicd
da mucosa’. Também pode mostrar aumento da
reação AChE nas fibras musculares do corrugador
I Costumam apresentar sinais e sintomas de obs-
trução intestinal baixa, surgindo entre o primeiro-
da pele anal. Esse músculo corresponde à ter-
minação distal da musculatura longitudinal do e o terceiro dia de vida.
esfíncter interno. Algumas formas de ultracurto História de diabetes materna, uso materno desulfato
de magnésio para tratamento de toxemia ou sepu-
podem estar limitadas exclusivamente ao anel
anal, mostrando somente características de agan- cemia. .
glionose do músculo corrugador.
II Biópsias devem ser realizadas na linha denteada
E Vômitos biliosos tardios, distensão
abdominal
generalizada enão-eli "nação de mecônio: O tºque
e a l, 2, 4 e õcm proximais. retal demonstra canal anal e reto de calibre nºr—
mal, podendo ocorrer a eliminação de fez-BS
meconiais ou da rolha logo após o toque (FIE-
Tratamento 80.16). Se o canal anal e o reto forem de Pª"
Il Miectomia parcial do músculo esfíncter interno. queno calibre e não houver eliminação-de fezg:
ª Controvérsias
após o toque retal, pensar na
possibilidade“.
aganglionose de cólon associada. Aproxtmª m
Existe acalásia do esfíncter interno?
meme 10 a30% dos casos de rolha mecomal pºde
estar associados ou ser confundidos com agan-
u Existe aganglionose de segmento ultracurto? glionose colônica.
Malformações do Sistema Neuroentérico n 437

do sistema nervoso autônomo. Doença ainda pouco


entendida, na qual há deficiência na maturação e dife-
renciação das células e fibras nervosas. Pode ser de-
sencadeada por mecanismo auto—imune, produção
deficiente de fatores tróficos ou expressão anormal
da larninina—l. O tipo B é uma doença do plexo sub-
mucoso e não do plexo mioentérico. Descrita por Meier-
Ruge em 1971.
Amplo espectro de achados histológicos e é por
essa razão que existem grandes diferenças relatadas
quanto à incidência e à apresentação clínica.

Enldeminlngia
al Distribuição sexual: 1M:lF.
Geralmente afeta segmentos de cólon mais lon-
os do que a doença de Hirschsprung.
m observada em 6% dos pacientes com doença
de Hirschsprung. É mais rara a combinação com
300.16 — Rolha meconial eliminada após toque retal. segmento ultracurto ou com aganglionose colô-
nica total.
. as a Displasia neuronal tipo B é identificada em apro-
$115 por Imagem ximadamente 3% das crianças acima de um ano
S de idade que sofreram biópsia durante a inves-
adiogratia de abdome (supino e decúbito late- tigação de constipação crônica.
r'al esquerdo): presença de múltiplas alças dila-
tadas e ausência de ar no reto.
É'nema opaco: no caso da síndrome do pequeno Formas do Buresemação clinica
'fçlon esquerdo, pode ser encontrada zona de tran- Sintomas, sinais e formas de apresentação são muito
'ção na flexura esplênica Ou no cólon esquerdo semelhantes aos da doença de Hirschsprung. A gra-
ppximal. O reto quase sempre tem calibre normal. vidade dos sintomas também não está relacionada à
9561011 transverso é duas a três vezes maior em “extensão do intestino displásico.
diâmetro do que o sigmóide. O colon distal estreita— E! Displasia neuronal de inervação simpática ou tipo
p_tem contornos lisos, sem contrações terciárias. A (5%). Devido à aplasia ou hipoplasia congê—
p quadro radiológico da rolha mostra contraste nita da inervação simpática, o plexo mioentérico
delimitando o defeito de enchimento causado falha em despolarizar, resultando em aumento
pela rolha radiolucente. Após o enema, mui— da liberação da acetilcolina. Por causa dessa
gas vezes há passagem de grande quantidade atividade colinérgica. não-modulada, aumenta o
de fezes meconiais com gradual ou pronto alívio tônus parassimpático na musculatura circular e
1,5105 sintomas. longitudinal, o cólon permanece contraído e há
secreção de muco diminuída ou ausente. O qua—
dro clínico característico e de diarréia grave com
fezes sanguinolentas (enterocolite), no período
.0 tratamento é quase sempre não operatório. neonatal. Maior incidência de perfuração de cólon,
uando houver dúvida diagnóstica ou a criança além de distensão acentuada e constipação in-
“;Íllantiver o quadro obstrutivo, deve-se repetir o
testinal grave. Forma mais grave e mais comum
eêema opaco (com contraste hidrossolúvel), sob
tº ntrole fluoroscópico e, se necessário, conti-
em pacientes de pouca idade. Há uma falha na
inibição simpática da camada muscular circu-
ligar com lavagens com soro fisiológico.
'

lar, aumentando a contração espástica.


.r
s
casos com persistência da constipação in-
»içstrnal. indie —se biópsia retal. '
a Displasia neuronal do plexo submucoso ou tipo
B (95%). É uma malformação do plexo paras—
(ªlelostornia é indicada a complicações, como per- simpático submucoso. A mucosa‘colénica perde
mção colônica (geralmente localizada no ceco). os receptores de pressão e a atividade propulso-
ra é reduzida ou incoordenada. Em 3/4 dos ea-
sos () relaxamento reflexo do esfíncter interno

_W
está ausente ou patológico (1/4 normal, l/4 re-
flexo ausente e 2/4 reflexo patológico). O qua- vr
dro clínico característico é de constipação crônica
1
“à "nação congênita da inervação gastrointestinal que pode estar associada a megacólon, fecalomas
ª dª por desenvolvimento embrionário displásico e abdome muito distendido. O cólon doente apre—
7—.“
438 I Trato Gastrointestinal

senta—se com hipomotilidade em contraste com Também há aumento moderado das fibras ner.
se
o cólon agangliônico, que mantém em espas-
mo. Forma bem mais moderada do que a anterior.
vosas parassimpãticas na lâmina própria, mus.
cular da mucosa e músculo circular, hiperplªsiª
do plexo mioentérico.
Investigação Diagnóstica ' Tipo B
Reação AChE isolada não é suficiente para o
Não existe critério diagnóstico preciso e por isso apre- diagnóstico de displasia neuronal intestinal,
senta incidência variável. O diagnóstico costuma ser confirmado pela
l Enema opaco: os achados costumam ser equívo— reação DHL, ao mostrar > 7 células ganglia.
cos ou mostram distensão leve, moderada ou grave nares/gânglio.
do retossigmóide ou todo o cólon e falta do seg- Essa displasia não necessita de biópsia de
mento típico de estreitamento da aganglionose. parede total. Somente os casos terapia-resis.
ll Manometria anorretal: reflexo retoesfincteriano tentes estão sujeitos a esse tipo de biópsiª
ausente ou alterado em 75% dos casos: Pensar em associação com hipoganglionose,
IBiópsia retal: as biópsias devem ser obtidas 6 a hipoplasia do plexo mioentérico ou desmose
103m acima da linha pectínea, em crianças com da camada muscular.
mais de quatro anos de idade. Em razão dos vários consensos das técnicas
—Características histológicas atuais da displasia
neuronal intestinal: desde sua descrição ori-
clássicas de coloração (H-E, AChE, DHS, DHL),
têm-se investigado'novos marcadores da es—
ginal, os critérios diagnósticos têm mudado. trutura neuronal. :
O diagnóstico pode ser obtido com: oNCAM (molécula de adesão de célula
' Biópsia de sucção pela coloração convencio- neuronal): marcador imunocitoquímico da

Iv a-9 4 1 2 6
nal com hematoxilina-eosina (aumento do junção neuromuscular. Glicoprotefna de su—
número de células ganglionares pode ser iden- perficie envolvida na adesão célula-célula

L-ÇAO—
tificado pela coloração H—E convencional em durante o desenvolvimento. Pacientes com
secções de parafina; exame limitado pela di- displasia neuronal intestinal têm inervação
fícil interpretação). Teoricamente, é possível reduzida na junção neuromuscular do intes-
o diagnóstico, porém é muito difícil o reco- tino afetado. Com isso, o número de fibras
nhecimento das células imaturas e há falta de nervosas na lâmina própria e muscular da
controles válidos para essa coloração. mucosa encontra-se acentuadamente dimi—
' Biópsia de mucosa-submucosa e reação DHL nuído. Na biópsia de parede total também

.
mostrando gânglios com número elevado de há menor expressão na musculatura circular
células DHL—positivas. e longitudinal.
A análise histológica deve se basear em secções NADPH-diaforase (diaforase fosfato do di-
com criostato de tecido congelado medindo 15mm nucleotr'dco adenina—nicotinamida): método
de espessura (= 4,7mm após descongelare secar), ' histoquimico que mostra menor expressão
que devem ser coradas histoquimicamente com na musculatura circular e longitudinal.
o intuito de visualizar os neurônios entéricos.
Atualmente, o diagnóstico da displasia neuronal correlação entre Achados Histolúglnos
e
tipo B baseia-se no aumento relativo da den- ' Sintomas clinicos ~;
sidade de gânglios submucosos gigantes.
Critérios diagnósticos correntes: Do ponto de vista clínico, existem muitas
quanto
dúvidas
à existência de displasia neuronal intestinal
# Um mínimo de 25 gânglios submucosos deve
como uma entidade clínica distinta. Ela parece ser uma
ser analisado. entidade histopatológica distinta que mostra uma grande
o Mais de 20% dos gânglios submucosos ana-
variabilidade. Sabe—se hoje que não existe nenhuma
lisados devem ser gânglios gigantes. correlação entre os achados histológicos e os sintomas
& Gânglio gigante é aquele que contém mais

que oito células nervosas ao corte transver-


clínicos. Alguns achados histológicos podem ser secun-
dários à obstrução funcional ou mecânica, ou até refletir
sal de um único gânglio submucoso. O fenômenos de crescimentoª'r'io'rmal de maturação dº
número de células nervosas presentes em um sistema nervoso enterica. No primeiro ano devrda, 0
gânglio submucoso normal é de 4 i 2 célu- diagnóstico desse tipo de displasia deve ser vrsto re-
las nervosas por gânglio. servadamente. Em crianças menores de um anº,, 05
— Características histoqufrnicas.
' Tipo A
gânglios costumam conter um número
alto celu-
de
las por gânglio. Essa característica é atribuida à unª"
o A atividade da acetilcolinesterase está mo-
deradamente elevada e a inervação simpá—
turidade ou à falta deldiferenciação entre as
célulªs
neuronais e as células gliais. Os gânglios gl_g?1"'es
tica dos plexos submucoso e mioentérico
costuma ser aplãsica ou hipoplasica. Sinais
de inflamação são encontrados na mucosa.
podem desaparecer por apoptose ou maturaçãº
plexos submucosos. Por isso, é conveniente do:
fazer
diagnóstico somente com três anos de idade.
Malformações do Sistema Neuroentéríco I
439

trução intestinal funcional. Causada por miopatia visceral


(exemplo mais típico e o da síndrome da megabexiga,
hipoperistalse e microcólon) ou neuropatia visceral
(displasia neuronal intestinal generalizada).
50‘subtotal
‘dim
do colon afetado com abaixamento
técnicas clássicas.
SÍNDRBME llll MEEABEKlflfl-Hlflflflflfllflfl-
'

azia Neuronal Intestinal Tipo B IIII'OPEBISTMSE llll'ESI'lllill


Berdon, em 1976, descreveu essa síndrome. obser-
.iiiirentocirúrgica:
conservador com irrigações colônicas.
'
vando pacientes com megabexiga, hipoperistalse ou
dicaç㺠falha no
tratamentoCllnlCO
i'iardar aproximadamente até tres a quatro anos
aperistalse e microcólon, com células ganglionares
normais. Pode ser acompanhada por má rotação in-
dade, tempo que o plexo nervoso intestinal testinal.
o‘de‘levar para sua maturação fisiológica). A1-
'
-
rifas situações clinicas poderão necessrtar de Características
giima outra forma de tratamento mars precoce:
Ãbolição do reflexo inibidor retoanal, alta pres-
Síndrome caracterizada por bexiga distendida não-
'a'—Aacólon
' de repousograve
anorretal à manometria anorretal
com trânsito acentuadamente
obstrutiva, microcólon, rotação intestinal incompleta,
peristalse intestinal ausente ou diminuída e falha na
dio. Casos com sintomatologia precoce são eliminação de mecônio. Outras características:
aii'difíceis de resolver espontaneamente.
“dica cirúrgica: esfincterectomia posterior. Sua Motilidade intestinal pobre.
m Motilidade esofágica pobre.
intomas graves que não melhoram esponta- re Esvaziamento gástrico tardio.
ente ou com esfincterectomia, poderão se
ficiar com colostomia e/ou ressecção do cólon Etiooarooenia
(girado
1 as.
e abaixamento por uma das técnicas clãs—
Etiologia desconhecida. Provável doença degenera«
tiva das células musculares lisas, provocada por in-
áanças
ºii)
pequenas com grave dismotilidade po-
necessitar de enterostomia transitória como flamação intramural fetal ou decorrente de um
desequilíbrio entre as muitas espécies de peptídeos
6“ ‘a de tratamento do íleo adinãrnico. Na maioria
intestinais. É uma forma de miopatia visceral. A
Í
”elas o fechamento da enterostomia será possí-
.
elppós maturação do sistema nervoso entérico. combinação entre filamentos musculares lisos redu-
zidos e degeneração vacuolar das células musculares
. asla Neuronal Intestinal Sintomática
lisas contribui para a obstrução hipoperistáltica do in-
testino.?O achado de menor expressão da actina do
rada à Doença de Hirschsprung músculo liso sustenta a hipótese da inabilidade de sin-
tetizar quantidades adequadas de fibras contráteis
_çã'g') do segmento agangliônico e do segmento apropriadamente estruturadas e arranjadas na mus-
1
tiriPdisplasico que mostra o maior distúrbio de culatura,iisa. -
idade (geralmente até o ângulo esplênico). Tem-

i
gegdo, atualmente, que a displasia neuronal
'

líilãl', quando associada à aganglionose já opa- Quadro clinico


r1;,g‘o’nstipaqiio pós—operatória, pode ser um pro— Predileção pelo sexo feminino: 4F:1M.
manansitorio, com tendência à resolução espontânea &!Hereditariedade: sugerido padrão autossômica
recessivo.

_
Episódios recorrentes de oclusão intestinal: dor
abdominal, vômitos biliosos, perda de peso e
tumulto usa nnrsrnm oo sínnnonr múltiplas hospitalizações. .
tono-0351 tio nmsrnnn 01101111111 a Distensão abdominal maciça (85% dos casos)
causada por megabexiga não obstruída e alças
do intestino delgado distendidas. Algumas vezes
a síndrome pode se associar a megacólon, em vez
_ _ -obstruçãointestinal crônica (CIPO, chronic de microcólon.
!"ª'Pseudo—obstruction) é uma síndrome clini- Vômitos biliosos ocasionais e impossibilidade de
lglógica caracterizada por propulsão intestinal ingerir alimentos.
tiva e Sinais e sintomas recorrentes de obstrução
,Emal, Sem oclusão mecânica. É uma doença pri-
fl Disfagia.
sr Má nutrição.
º cóIºn, que pode
2} astrointestinal. atingir qualquer porção do
É a forma mais grave de obs- a Constipação intestinal crônica.
Diminuição ou ausência dos ruídos hidroaéreos.
440 I Trato Gastrointestinal

I Presença de musculatura abdominal laxa. associada à habilidade de tolerar alguma form


n Alças intestinais podem ser visíveis ou palpáveis. de nutrição enteral em mais de 80% dºs casos,
IEm 40% estão associados à má rotação intestinal. a despeito de ondas com propªgªç㺠incoordenadª,
Megabexiga: 35 a 85%. de baixa amplitude, ou ausentes.
Histopatologia: alguns estudos não referem alte.
Invesllgaçãn niagt'lúslica rações histológicas nas camadas musculares
intestino e bexrga. Outros, a maioria, mostram
de

:: Diagnóstico pré-natal: o achado ultra-souográflco anormalidades significativas nas células musculmS


mais precoce é bexiga dilatada (16 semanas de lisas à microscopia óptica e, principalmente, à
gestação); outros achados: hidronefrose, poliidrâm- microscopia eletrônica.
nio, distensão de alças intestinais. B As colorações por l-l-E e AchE não costumam
u Radiografia de abdome: bexiga extremamente mostrar anormalidades no plexo submucoso ºu
dilatada e alças de delgado distendidas ou ade- no mioentérico.
me com pouco ar (Fig. 80.17). u Microscopia eletrônica: adelgaçamento da camada
u Ultra—sonografia abdominal: bexiga aumentada. muscular longitudinal e alterações vacuolures
IEnema opaco: microcólon com ou sem má rota- degenerativas nas células dª musculatura lisa de
ção intestinal ºu. algumas VCZCS, dilªtªç㺠Cºlôniºª intestino e bexiga, com abundante tecido conetivq
maciça sem obstrução mecânica, lrânsito intesti- entre elas. Há desorganização e redução das fibras â
nal tardio. musculares lisas contráteis, principalmente das longi— é:
ª eRadiografia de ºSôfªgº. estômago eduodeno (REED)
trânsito intestinal: podem ser encontrados di-
tudinais, mas também observadas nas fibras circu— fl
lares. Há acentuada proliferação das fibras colágenas ?
latação esofágica, dilatação gástrica. esvaziamentº em tomo das células musculares lisas. Inervação &
gástrico tardio, intestino delgado dilatado com neuronal de intestino e bexiga é normal. :.
trânsito intestinal tardio. Imunoistoquímica com anticorpo anti-alfa-actina
u Ecocistografiaeurografia excretória: bexiga extre- do músculo liso. 0 maior componente dos lila-
mamente dilatada sem obstrução distal,megaureter mentos musculares lisos e' a actina. A actina do
e hidronefrose uni ou bilateral. músculo liso costuma estar fortemente expressa
ICintilografia gástrica: retardode esvaziamento quando nas camadas musculares do intestino (longitudi-
há comprometimento do trato digestivo suPerior. nal, circular e muscular da mucosa). Nos casos
H Manometria anorretal: normal, com síndrome da megabexiga-microcólon-hipo-
a Manometria esofágica e antro-duodenal ofere- peristalse intestinal (MMIHS, megacystir-micm-

_
ce informação prognóstica e pode sugerir 1'11le- colon-intestinal hypoperistalsir syndrome), a
venção farmacológica. A presença de complexo imunorreatividade da actina do músculo liso cos-
migratório motor (MMC) durante o repouso é tuma estar bastante diminuída nas camadas mus
_: ". cular circular e muscular da mucosa e ausente na
1..“ ; * camada muscular longitudinal.

;31.”?
"l.
i Tratamento
“Ifj ' I Sem tratamento-específico. "—
fl 0 tratamento operatório é controverso, geralmente
w; desaconselhado. Só parece indicado a situações
específicas como acesso vascular centralT biópsm
intestinal, enterostomia desconlpressiva, enterec-
.

tomia em doenças mais localizadas. .

»1 -*
H Nutrição parenteral total e, talvez, gastrostomm
que deve ser aberta em episódios obstrutivos. AI-
guns pacientes se beneficiam da combinaç㺠dª
was-. .

nutrição parenteral total? dieta enteral por gª?“


3;ng trostomia com fórmulas elementares ou sem!—
l} L'
%*
:?
. elementares por infusão contínua ou in bolus-
Evitar alimentos produtores de gases.
IAntibióticos de amplo espectro quando há lª'ºr
_
ª
.d7" 'ª do quadro (sempre associar metronidazollz
I! Drogas pró-cinéticas: cisaprida ou eritromlcma,

ª“! domperidona (Motiliumª).


!! Outras possibilidades terapêuticas
raramenéª;
,
Figura 110.11 Radiografia simples de abdome mostrando
_
ªlçªs intestinais extremamente distendidas e megabexiga.
utilizadªs: vesicostomia (risco de “ªmpªra.
dilatação e ausêncra de tomctdade) e ileoS
i“:
Malformações do Sistema Neuraentérira I
441

ªrmação futura dos genes responsáveis pe- a Os parâmetros entre número e tamanho dos
rios
tipos de miopatia e neuropatia viscerais. gânglios, a distância entre eles, número e tama-
nho das células nervosas e a atividade da acetil-
colinesterase não foram ainda totalmente definidos.
Manometria anorretal: sem valor diagnóstico. Pode
ser observada, mais comumente, ausência do

ª
reflexo de relaxamento.
,? clínica variante das
desordenscolônicas
fiadns ao binômio gângliowelula nervosa, que
Biópsia de mucosa e submucosa por sucção e

E
técnica histoquímica: nenhuma ou muito baixa
ia‘hsp
sinais e sintomas similares aos da doença atividade de acetilcolinesterase na lâmina pró-
rung e se caracteriza por plexos nervosos
pria e muscular da mucosa costuma ser a regra.
[
eric os hipogªnghônicos (poucas células DHL— Os nen/os entéricos extrínsecos são hipoplásticos
civis) e escassos, nível baixo de ªtlYld'ªde
ªsda muscular da mucosa, na lamina propria
da
AChEe e, portanto, a atividade daAChE é baixa ou ausente.
Não há proliferação nervosa parassimpática. A
“Sean, própriª. Um segmento hlpogªngllônlco morfologia do plexo submucoso não tem sido
,; sempre presente, acompanhando o segmento descrita em detalhes.
llênico

da doença de Hirschsprung e é deno—
;: transr ao.
Biópsia de parede total: geralmente por laparotomia
ou por videolaparoscopia. ,'
_Slãngâílçg aindaçpoluremente
ndiadistãnºiª
é definida com re-
celulas nervosas, seu
tama—
A biópsia de parede total é essencial a'o diagnóstico,
.a ao número de os
gânglios.
entre O-diagnpsltrco
é já que a doença e' detectada com confiabilidade
somente no sistema parassimpático do plexo
porque os seus criterios nao estao com—
o'ªversodefinidos;
(

mioente'rico. Reeomendam-se pelo menos três


filente ele costuma ser mais bem de- biópsias de parede total ou seromuscular.
ªº “or investigação morfológica.

Achados da biópsia com coloração pela H-E:


«-

diminuição de número e tamanho das células ner-


vosas e gânglios mioentén'cos e submucosos, maior
Í-Lªºãe tern especulªdo—sobre sua etiologia. _Provavel- distância entre os gânglios. ausência de prolife—
ração nervosa. Algumas vezes é difícil a discri—
teªse deve à hipoplasra do plexo mioenterico paras-
I

minação entre as células ganglionares e as células


tjco ou expressão anormal dos fatores tróficos gliais (difícil a estimativa acurada do volume dos
ede muscular própria.
componentes neurais e estroma glial, principal—
. ”: mente em espécimes pequenos de biópsia).
sàiiieação - Achados da biópsia corada por técnicas histaquí—
micas (AChE e DHL): redução no número de
isolada
“do cólon).
(5% dos defeitos congênitos de inervação
células nervosas DHL—positivas no plexo mioen—
térico e rede pouco desenvolvida de fibras ner-
"'Segmentar. vosas parassimpáticas na musculatura circular


sociada a um segmento típico de doença de e longitudinal, com baixa atividade da AChE.
frschSprung ou de displasia neuronal. As zo- Achados de biópsia com medida bidimensional
”Éis' hipogangliônicas costumam ser proximais do 'plexo nervoso mioentérico. Essa'tecnica usa
imunoistoquímica fluorescente para proteína

i
às zonas agangliônicas. '

S-lOO em secções congeladas aplanadas por


compressão e depois seccionadas paralelamente
vªstigaçãl niaunusuea à superfície serosa. 0 espécime é fixado em
»

ÉSigmund“) clínico. formalina, preparado e incubado com anti-soro


rt .— doença
Clinicamente os sintomas são similares aos da
de Hirschsprung, corn retardo de eli-
S-l OO. Mostra imunorreatividade à proteína S-lOO
nos plexos mioentéricos e feixes nervosos inter—
'

minação de mecônio e constipação intestinal conectados. Esses feixes nervosos conectam-


grave, muitas vezes respondendo somente ao se a outros gânglios vizinhos e—ªestcndem-se à
uso de enemas. Com o passar do tempo, camada muscular. Normalmente. as células gan-
'

fecalomas podem ser palpados pela parede glionares aparecem como pequenos discos arre-
abdominal em cólon extremamente dilatado. dondados com fraca coloração, estroma nervoso
Retenção de gases causa cólicas intestinais in-
termitentes e distensão progressiva do cólon.
rico em proteína S-lOO e nervos divergentes
espessos. Em pacientes com hipoganglionose,
Pode haver perda de fezes por hiperfluxo e os gânglios são menores, pobremente distri—
ªparece constipação intestinal crônica refra- buídos e dispersos e os nervos mais delgados.
jªª tãria a qualquer tipo de tratamento clínico. Somente as células ganglionares são defini-
" Radiografia
“ opaco: pode
Uema
~ -
de abdome: dilatação colônica.
haver segmento estreitado
.
das como áreas de fluorescência negativa. Áreas
de fluorescência positiva são relacionadas so-
"' Sem zona
"9
de transrçao ou só colon dilatado. mente a presença de estroma glial e células
a
447. I Trata Gastrointestinal

gliais, que são o principal componente do plexo DESMDSE HlPIll'lÍlSTlBli


mioentérico.
Corresponde à falta de tecido conectivo no plexo mio—
— Exame morfométrico: casos de difícil inter- entérico. .
pretação necessitam da análise morfométrica
do plexo mioentérico. Geralmente diminuem: O movimento peristãltico do intestino e função de'
contrações e relaxamentos alternados dos músculºs
' Q número de células nervosas no plexo mioen- circular e longitudinal da parede intestinal. Ambºs
térico por unidade de comprimento longitudinal
os movimentos caracterizam a peristalse do intesti—

-
(cm de comprimento).
A superfície de área do plexo por unidade de no. O movimento é induzido por uma rede de fibras
de tecido conectivo, similar a um tendão, localizadª
area. . entre as camadas musculares circular e longitudinal.
' O tamanho das células nervosas e do gânglio. Essa camada de tecido conectivo, em torno do plexg
' O desenvolvimento de fibras nervosas. mioentérico, tem a função de fixa—lo. 0 tecido co—
Aumenta:

wa fl ª A distância interganglionar.
nectivo tem função ativa na peristalse. A falta de tecido
conectivo na camada do plexo mioentérico e a pre-
Em resumo, existe um número reduzido de peque- sença de rede de tecido parcialmente desenvolvida
n a. ; »

;,
nos gânglios com grandes distâncias interganglionares. que vai gradualmente diminuindo na direção da ca.

.,
mada do plexo, são características da desmosc hiper
plastica. Trata—se de uma síndrome aperistáltica, com
Tratamento falta completa ou parcial da rede de tecido conectivo

“p o w -«
&
Idem ao da aganglionose. Pelo maior espessamento na musculatura circular e longitudinal e na camada
da camada seromusmlar, a técnica de Soave é a ideal. em torno do plexo mioentérico.

e r o s /. é
Corresponde à síndrome de hipoperistalse primal.
2ª“ “ ªmã-.

ria crônica. As crianças com essa síndrome vão apre-


IMM'IIBIIIIII! Wflllflflhfl
”:

sentar constipação crônica, refratária a qualquer

L'ÇQ—l
Observada em biópsias de prematuros com obstru- tratamento clínico. A inervação enterica parece nor-
ção funcional. malmente desenvolvida. Radiografias de abdome podem
mostrar achados que sugerem síndrome microcólon-
3 5. 4 ( A biópsia de sucção demonstra pequenos gânglios
megabexiga, podendo atingir todo o trato digestivo e
e'

e células ganglionares, Entretanto, a maioria das te'c«


nicas histoquímicas tem dificuldade em distinguir células mesmo o trato urinário.
nervosas ganglionares de células nervosas de susten- O diagnóstico é realizado por coloração especial
tação (células gliais). ' para tecido conectivo (coloração com ácido pícrico/
Obstrução intestinal funcional em razão da imatu- vermelho sírio). A biópsia da muscular própria mos-

, * f — dli W
e ridade do sistema nervoso entérico é um achado re- tra um sistema nervoso entérico normal e nenhuma
estrutura de tecido conectivo na camada muscular.
ªge

lativamente comum em prematuros. A maturação


costuma ocorrer em algumas semanas.
i

,a p g
a
i

illl'llliÉIIESE no I’ll)!!! SIIMWEIISB


:. "dfl - ,;

A imaturidade do sistema nervoso entérico em bebês


maturos tem um curso completamente diferente, muitas
O número de células por gânglio é elevado, mas as

w as;
vezes simulando aganglionose. Plexo submucoso ima-
turo em bebês a termo costuma sofrer um processo células ganglionares são dismóriicas e pequenas. Pela
de maturação mais prolongado que, muitas vezes, chega histoquírnica os gânglios são AChE-positivos, mas
até o segundo ou o quarto ano de vida. mostram reatividade negativa ou reduzida para DHL
M,tªx

A imaturidade do plexo submucoso (também pode e DHS. Podem estar associados à aganglionose. O
#m "1 m

ser observada no plexo mioentérico) pode ser identi- tratamento pode ser conservador, porém, algumas
ficada pelas reações DHL e DHS. Os gânglios são vezes é necessária a ressecção completa do segmentº
fracamente corados pela reação DHL. As células doente.
:,

nervosas dos gânglios em desenvolvimento possuem


citoplasma ainda sem desidrogenase e são fracamente IIETEIIDTBPIII IIS GÉllllllS I_IEIllillSHs
coradas, portanto nenhuma diferenciação entre células
de Schwann e nervosas pode ser reconhecida.
IMS BMIAMS Mllb'flllfllliis lflflfill'lllllllll
A maturação das células nervosas pode ser obser— E BIBBIIIMI

? “ ". W
vada com a reação DHS, que costuma ser muito baixa Nesses casos, o plexo mioentérico não está locall-
nos primeiros meses de vida. zado em suavposição normal e, muitas vezes, essils
,

A doença parece ser induzida por insuficiência ou células ganglionares heterotópicas são a única 95'
falta de fatores neurotróficos. É acompanhada por fraco
relaxamento do músculo esfíncter anal.
trutura neuronal presente no segmento intestinal
ªfª'
Métodos histoquín'iicos de coloração por NCAM
tado. É muito rara. É a expressão de um
defeito

migração grave. Pode estar associada à aganglionose-
e NADPH—diaforase também podem demonstrar O tratamento baseia-se na completa excisão dº Sªg"
pequenas células ganglionares em relação às gliais. mento não-funcional.
1
.
l
Malformações do Sistema Neuroentérico I
443

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“t

«1.,
444 I Trato Gastrointestinal

Constipação Intestinal Figura 81.1 - Representação dia-


gramática de fecaloma retal e en-
coprese.
João Carlos Ketzer de Souza

GUNGEITD
É o hábito intestinal, presente por duas ou mais se-
manas, com retardo na eliminação de fezes (menos I: Constipação funcional: 95% dos casos.
de três evacuações por semana) e dificuldade ou des- I: Constipação de causa orgânica ou medicamen.
conforto persistentes relacionados à encoprese (me- tosa: 5%.
nos de duas vezes por semana), dor, sangramento, Doença de Hirschsprung (DH) e variantes eau.
eliminação de fezes duras e/ou volumosas. sam menos de 1% dos çasos cujo primeiro sin-
A criança adquire a habilidade de reter fezes esponta- toma foi constipação. “
neamente entre 6 e 18 meses.
Constipação intestinal idiopática ou funcional é aquela ETIOlMiIl
não associada a doença orgânica ou ingestão de medi-
camentos. Multifatorial: ciclo vicioso de defecações dolorosas,
Constipação não é um sinal nem uma doença, mas fatores dietéticos, psicológicos, sociais e constitucionais
sim um sintoma. Como sintoma, é influenciada por herdados.
Problemas dietéticos podem iniciar uma consti-

s ua-er v
condições funcionais, comportamentais e orgânicas.
Interfere'com o desenvolvimento físico e tem efeito pação crônica: mudança do peito a mamadeira, in-
destrutivo sobre a auto-estima. trodução de alimentos sólidos, má nutrição (por subali—
mentação ou excesso de alimentação com leite de
vaca ou fórmula mista com insuficiente quantidade

L-çzn—l
de fluidos).
Perda repetida de fezes formadas, amolecidas ou semi- Causas orgânicas de constipação intestinal:
líquidas nas roupas de baixo, associada à impactação Lesão dolorosa anal: fissura, fistula.
ii
fecal, não associada a defeitos orgânicos em crian- a Dificuldade mecânica à defecação: estenose anal,
ças com ou acima de quatro anos de idade (Fig. 81.1). ânus anterior, tumores.
Presente em 60 a 70% das constipações crônicas.Alguns !Anormalidades colônicas neurogênicas e miogê—
autores acham necessário fazer a diferenciação entre nicas: DH, acalãsia do esfíncter interno, displasia
sailing (escape fecal) e encoprese, argumentando que
escape fecal é a perda involuntária de parcela do conteúdo
fecal nas roupas de baixo e, encoprese, a passagem
neuronal, pseudo-obstrução crônica idiopática,
hipoganglionose, desmose hipoplástica. _
u Neurológicas: doenças da medula espinhal, pa-
de evacuaçõec completas nas roupas debaixo em crianças ralisia cerebral. .
acirna de quatro anos de idade. I! Doenças endócrinas e metabólicas: hipotireoi-
dismo, hipercalcemia, diabetes insípido, acidose
Impactação Fecal renal. «
. _
E Medicamentosa: fenitoína, imipramina, fenotiazma,
Definida pela palpação de massa endurecida no ab— antiácidos, xaropes com codeína.
dome inferior elou reto dilatado por grande quanti-
dade de fezes, durante o toque retal e/ou radiografia
de abdome demonstrando grande quantidade de fe-
zes no cólon.
aunnno IllÍIIIBIl
m Obter
infomações sobre: início da constipªiªº
e/ou encoprese, primeira eliminação de mecõnlºv
história familiar de constipação (aproximªfiªmºff''e
EPIDEMIBIIIGIA 40 a 50% das mães apresentam consllpªçªº)'
I Constipação crônica atinge 3% das consultas
pediátricas e 10 a 25% das consultas de gastro-
história familiar de outras doenças (DH,
_flbfºãº
enterologia pediátrica.
cística, hipotireoidismo e outras),
descriçãºdeª
freqiiência e padrão das evacuações (quªntldª
:Distribuição sexual: 6M:lF.
II História familiar pode ser encontrada em até 50%.
diâmetro, consistência das fezes e
ção), história da educação esfinctenanª, “ªfir;
dor à h'ª
Constipação Intestinal I
445

ria dietética e sua relação com a constipação,


edicamentos utilizados previamente, tratamen-
ms realizados.
"' ªnfecções
queixas urinárias (enurese [20%],
recorrentes do trato urinário em meninas
[10%], incontinência urinária), problemas psico-
lógicos (10 a 20%), anorexia, náuseas, vômitos,
perda de peso, febre, diarréia intercalada, san-
gramento retal, dor abdominal crônica (60%).
f:]. Exame físico: estado geral, determinar retardo
2;? mental ou exame neurológico alterado (obser-
. var anormalidades nos membros inferiores, anor—
malidades pigmentares, massas ou tufos de cabelo
53,5; na região sacroeoccígea), sensação perianal,
“"?— " distensão abdominal, palpação abdominal (massa
?'5’ 'palpável [fecalomas presentes em 30 a 50%],
'e geralmente localizada em linha média, podendo

_
—estender-Se por todo o cólon); exame anorretal
(inspeção: presença de fissuras ou plicomas,
'w hemorróidas externas, posição [ânus anterior] e
“a, calibre do ânus; toque retal: tônus anal, tama-
nho da ampola retal, presença de fezes no reto,
; quantidade e consistência das fezes retidas, com-

' pressão extrínseca). —
Figura 81.3 Enema opaco mostrando megarreto com
fecaloma e restante do cólon de calibre normal.

1
ªssumiam nlalamsrlca
História e exame físico.
TBMMHEHTII
E)“; Radiografia de abdome: observar fecalomas (Fig. 33885 Gerais
r“ 81.2), dilatação de alças intestinais, distensão
:1 Educação.
'?
gasosa e defeitos da coluna vertebral.
g-Investigação mais detalhada somente se houver Desimpactação fecal.
E Manutenção (prevenção do reacúmulo de fezes).
suspeita de causa orgânica, com base na inves-
, ‘1’ ligação inicial ou falta de melhora após trata-
El Recondicionamento dos hábitos intestinais.
- sf; memo adequado (Figs. 31.3 e 81.4).
Educação e Desmistificação do Problema
Obietii/os
m Melhorar a adesão ao tratamento, remoção da
culpa, vergonha e
sentimento de punição. Encoprese
ocqrre involuntariamente; ninguém »é culpado.
Ia Explicar com desenhos & anatomia noi-mal, o pro—
cesso de evacuação, o que acontece com a reten-
ção de fezes e dilatação do reto e por que ocorre
encoprese.
Ill Explicar o plano e o objetivo do tratamento, a
rotina do treinamento esli ncteriano, o tempo pro—
longado que será necessário para se obter um
resultado duradouro e a possibilidade de recor-
rência dos sintomas, sem que isso signifique
insucesso definitivo do tratamêiito.
Desimpactaçâo Fecal
w Enemas de fosfato hipertônico, 6111ng de peso
até l35mL. Repetir, se necessário. Evitar uso em
crianças menores de 2 anos de idade.

« " '— ” M
Enemas salinos freqiienteme'nte não são efetivos
nessa fase. É importante um intestino limpo para
, .ªdª31-2 — Radiografia
fecaloma.
simples de abdome mostrando íma-
assegurar o sucesso e evitar incontinência por
hiperfluxo, resultante da medicação indicada para
manutenção.

$41.
446 I Trato Gastrointestinal

identifier causas argllnlas


Exame dlnico + Radiografia de abdome

Suspeita de causa organica: Constipação funcional


initio precoce ao nascimento. radiografias
sugestivas, iezes de tamanho pequeno, reto
vazio ou pequeno, dilatação coloniza, etc.

l
Tratamento dinka

— tireóidea
Exames lahoratoriais‘kalcia, função
e outros)
— Radiografiª de colun'a Iombossacra elou .
Casos resistentes ao
ressonância nucleaç magnética da coluna“ ("ª—__ tratamento clínico
— Enema opaco ' , Figura 81 .4 - Investigação diagnóstica em com.
— radiopacos'
Trânsito colonko com marcadores i tipação crônica.
,
— Ultra-sonografia endoanal
— Manometria anorretal. &
— Biópsia de mucosas.submucosa
Biópsia de parede total
— i, {l

Desimpactação Refratária banana, gelatina, cenoura e arroz. Encorajar a


alimentação com vegetais, frutas, sucos (princi.
Impactação fecal que não responde ao tratamento com palmente de ameixa e pêra) ricos em carboidra-
enemas hipertônicos de fosfato. tos e água. Dieta com fibras aumenta a quantidade

s u-a re v
I Enemas hiperosmolares de leite e melado (1:1), de água nas fezes, produzindo bolo fecal mais
interrompendo a infusão se a criança acusar amolecido e volumoso. É difícil sua utilização
desconforto. Pode ser repetido. em crianças com menos de 4 anos de idade.

[
I Solução de polietilenoglicol 25mL/kglh (até
rl Medicamentoso: ajustar dose do laXativo para :.

:L9-
LOOOmL/h) VO ou por sonda nasogástrica em 6 induzir duas evacuações/dia de fezes amolecidas.
a l8h (até sair líquido claro pelo ânus). Usar — Tipos.
' Lactentes: extrato de malte, xarope de Karoº,
metoclopramida 15min antes da administração.
I Confirmar desimpactação: palpação abdominal lactulose e docusato sódico (laxante surfactan-
te). Substituir fórmulas de leite de vaca por
e/ou retal e radiografia de abdome.
fórmulas com proteínas de soja.
," * Extrato de malte ou Karo”: 5 a 10mL em
Desbloqueio Cirúrgico cada mamadeira intercalada.
* Lactulose a 70% (laxativo osmótico): I a
I impactação grave refratária.
às

3mL/kg'ldia. Fermenta no cólon, produzin-

" le g ia ? o - _ ,
I Medo e resistência ao tratamento. « do ácido láctico e pequenas quantidades de

ª

I Criança especial.
:')-_ - »;

ácidos acético e fórmicõ. Essa acidificação ,


do meio, queda do pH e aumento da pres-
Hospitalização são osmótica causam afluxo de líquidos parª
I lmpactação grave.
0 interior do cólon, resultando em
aumentº—
amolecimento e aceleração do trânsito in-

.
I Baixa complacência ao tratamento em casa.
I Pais preferem hospitalização.
testinal.
Sorbitol a 70% (laxativo osmótico): l a 3le

.
I Quando à administração dos enemas pelos pais kg/dia.
é psicologicamente contra-indicada. Docusato sódico: 10 a 40mg/dia + 2 doses.
Não misturar com'óleo mineral, pois Pºde
Manutenção causar absorção do óleo. A ação amolece/dorª
. M.- , ,. _

decorre da diminuição da tensão superficwl.


,

Objetivos facilitando a penetração de água e gordurª

- » T ” = 'ª5 r * e " “ . —
Manter frequência adequada de evacuações, evitar a
na massa fecal. . ,
Ú.

passagem contínua de fezes grandes e eliminar a retenção ' Crianças maiores: leite de magnesia (hldIÓX'dº
de fezes. de magnésio), óleo mineral, dioctil sulfossuâ'
citrato de sódio, bisacodil, solução de pºhª"
'
Tratamento de manutenção:
lenoglicol. . .
I Orientação dietética: dieta rica em fibras (cereais * Tratamento com óleo mineral (emoliente);
e pães integrais). Evitar leite e derivados, maçã, 3mL/kg/dia + l a 2 doses + polivrtamlªª
Constipaçãolntestinal I
447

a?"defall.
,

,
duas vezes/dia entre as doses de óleo mine-
A saída de óleo corado sugere recidiva
fezes impactadas e, de óleo claro, que a
esfíncter externo e dos músculos do assoalho
pélvico durante a evacuação (contração parado—
xal). Esses casos são detectados pela mauometria
73056está muito alta. Não deve ser usado em anorretal, que mostra a incapacidade de expul—

..'ª
“dentes e em crianças com problemas sar balão intra-retal. Podem ser ajudados pelo
’neurolégicos. treinamento esfincteriano (biofeedback). Estu-
Tratamento com leite de magnésia (laxa— dos recentes evidenciaram resultados medíocres
tivº salino): 2 a 3mL/kg/dia na refeição da com sua utilização.
lª O uso de toxina botulínica tem sido preconiza-
noite. São lenta e incompletamente absor-
“*:— vidos, retêm água no lúmen intestinal por do para reduzir o espasmo do músculo esfíncter
'
!" forças osmóticas. A peristalse aumenta in— anal interno. Sua função assemelha—se à da
' diretamente. miectomia esfmcteriana, mas com duração tem-
:. Tratamento com bisacodil (estimulante): 5 porãria. A toxina reduz a contração da muscula-
a 10mg. VO. Apresentações: comprimidos tura lisa e estriada.
ll Os casos de megarreto massivo (há perda das
' de Smg
e supositórios de 10mg. Causa có-
" licas intestinais, aumenta o muco, torna a funções sensorial e motora do reto) intrataveis
'
ªff evacuação mais líquida. Alguns autores pre- clinicamente podem se beneficiar de algum desses
,
É conizam o uso diário de bisacodil supositó- procedimentos: abaixamento de cólon tipo Duhamel
estagiado ou não com ressecção do megarreto,
"‘ ',rio,"'em vez de laxantes ou enemas. São
.!“ a, descritos resultados alentadores. retoplastia redutora vertical com anastomose,
ressecção do megan-reto com anastomose colorretal
”& Tratamento com solução de polietilenoglicol: baixa, que poderá ser realizada com a ajuda de
5 a IOmL/kg/dia.
at >. grampeadores, apendicocecostomia continente
criança, na fase de manutenção, não evacuar para irrigações anterógradas (técnica de Malone),
g'dias consecutivos, estão indicados enemas botão de cecostomia, procedimento de CHAIT
*t'oe hipertônico. (cecostomia percutânea radiológica videolapa-
roscópica). Solicitar sempre, antes do procedi-
mento cirúrgico, se ainda não houver realizado:
tíais Normais pelo Uso Regular
'
enema opaco. manometria anorretal (sensação
.'.
ço'Sanltarro
* retal diminuída a distensão com balão, necessi—
a“; tando de grandes volumes e reflexo inibidor anor-
‘iingas pequenas: não insistir no treinamento retal diminuído, mas presente), ressonância nu-
clear magnética da coluna lombossacra e biópsia
ªcºrianças menores de 2,5 anos que resistem a
no vaso. retal.
as maiores: encoraja-las a sentar no vaso Megarreto é classificado em graus por palpação
‘a 5min, duas a três vezes/dia, após as re- abdominal repetida e radiografia de abdome.
Grau 1, abaixo do nível do umbigo; grau 2, no
.
pitorar a adesão. Se necessário, ajustar o pro-
. . e consulta ps1co-
tf, usar reforço posrtivo
5‘
.
nível do umbigo; grau 3. acima do nível do umbigo.
Sempre após a ressecção do megarreto, o paciente
. deve' continuar usando laxantes orais".

reªção do tratamento: seis meses a três anos. BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA


1 a três ou mais evacuações por semana sem
co'prese e fora do tratamento com laxativos. BAKER. S. S.; LIPI'AK, G. S.: COLLEITI, R. B. ct al. Constipation
in infants and children; evaluation and treatment. J. Pediatr.
roximadamente 50% necessitam de tratamento Gastroenterol. Nr:/r.. v. 29, p. 612-626, 1999.
õelongo tempo. GODBOLE. P. P.; PlNFlELD. A.: STRINGER, M. D. Idiopathic
àlquer recorrência: checar adesão ao tratamento. megarectum in children. Eur J. Pediatr: Surg., v. ll. p. 4851.
aduatar a recorrência de forma punitiva. 2001.

.
ªnais de recorrência: fezes grandes, dor abdo—
mha], diminuição na frequência das evacuações,
LOEN1NG<BAUCKE. V. Biofeedback training in children with functional
constipation: acritical revrew. Dig. Dir. Sci.. mil-, p. 65-71, 1996.
o rese e perda de óleo mineral corado. LOENING—BAUCKE. V. Functional constipation. Sem. Pediatr: Surg.,
,,ª 25% dos casos há anormalidades na di- V.4, n. I, p. 26-34. 1995.
MORAIS, M. B.; MAFFEI. H. V. L. Constipação intestinal. J. Pediatr.,
rca da evacuação com contração anormal do v. 76. Suppl. 2. SI47-Sl56. 2000.
W
MB I Trato Gastrointestinal

Etionatngfinese
.- Gill'Íllllll 82
'

Sua causa ainda não é totalmente conhecida, pedandº


ser alérgica ou inflamatória. resultar de trauma pela

Doença Polipóide do passagem de fezes sólidas, representar uma malfor'.


mação hamartomatosa. Dados recentes sugerem que
a teoria inflamatória é a mais provável. Surglriam ulce.

Trato Gastrointestinal
ração e inflamação da mucosa com bloqueio das gta".
dulas secretoras de muco.A glândula bloqueada sofrcria
dilatação com formação de lagos de
muco.
A tração
peristaltica e o fluxo de fezes alonganam sua base,
João Carlos Ketzer de Souza formando um pedículo. Nesse processo podenam ocorrer
auto—amputação,“ com eliminação do pólipo, ou re.
gressão espontânea.
llllllllill'ª
Doença polipóide do trato gastrointestinal (TGI) é Aspectos maoruscúnlcos
constituída pelos pólipos verdadeiros (juvenil e ade-
nomatoso), uma variedade de síndromes polipóides Lesão de forma arredondada; ou ovalada, cor aver»
e doenças do trato digestivo que podem se apresentar melhada, superfície lisa e brilhante, geralmente pe-
como massas polipóides no lúmen intestinal. dunculada, raramente séssil, consistência variando de
O termo pólipo refere-se a toda e qualquer eleva- mole a firme, medindo Smm a 5cm e diâmetro médio
ção circunscn'ta da mucosa fazendo protrusão no lúmen de l a 2cm.
do TGI. E um termo clínico, sem significado histo-
patológico. Pólipos estão presentes em 1% das crianças.
Oitentaecinco por cento são constituídos pelos pólipos nsneetos Microscimicos
juvenis, 10% pelos pólipos linfóides, 2% pela poli- Apresenta aspecto de queijo suíço. A porção princi-
pose adenomatosa familiar e 3% por outros tipos ou pal do pólipo é constituída por abundante estroma
pólipos mistos. frouxo edematoso, lâmina própria proeminente, infiltrado
com células inflamatórias e espaços císticos revesti-
Púlll'll IlIIEllll, BE RETENÇÃO, llIFlRMMÚBIll, dos de células colunares aplanadas produtoras de muco.
BÍSTIIIII '
Muitos dos espaços císticos estão vazios. Outros contêm
muco, células inflamatórias e restos celulares. Os
conceito elementos do estroma e dos espaços císticos estão
É constituído pela aglomeração de lagos de muco misturados em proporções variadas. Tecido de granu—
lação recobre a superfície do pólipo. Raramente, em
circundados por células glandulares muco—secretoras.
E um pólipo não—neoplásico e sem potencial de ma—
alguns locais dessa superfície. pode-se encontrar uma
lignização. Caracteriza—se pela presença de menos de
camada simples de epitélio colônico aplanado e
cerado. O pediculo é recoberto com mucosa colônico
ul-
cinco pólipos confinados no colon e sem história familiar
de polipose juvenil. normal, que é contínua com a mucosa colônica ªdjª- _
cente. Não há atipias celulares e mitoses são extre-
mamente raras.

Corresponde a aproximadamente 85% dos pólipos.


Sem predisposição familiar. fluanrn clinico
n Estima-se que 1 32% das crianças assintomáticos r.! Sangramento retal. É a queixa mais comum. pre-
tenham pólipos juvenis. sente em 90% dos casos. Características do san-
u Levemente mais frequente no sexo masculino. gramento: intemtitente, vermelho—vivo, raramente
Encontrado na primeira década. A maior frequência intenso, recobrindo as feies por fora ou_
ªPªfº'
ocorre entre 2 e 8 anos de idade, com pico entre cendo logo após sua eliminação. Em pólipos |º-
4 e 5 anos e declínio espontâneo entre 10 e 15
anos. Raro antes dos 12 meses.
calizados no colon proximal, o sangue pode estar
misturado com as fezes ou ser mais escuro.
_ ó L Sª R Ç' E V
L-çot

Desaparecem com o tempo por auto-amputação u Anemia ferropriva em até 1/3 dos casos.
ou simples regressão.
I São solitários em 70% dos casos e em 30% podem
u Prolapso do pólipo pelo ânus, junto com as
cuações, pode acontecer em 5 a 10% dos C":
Cߤ00~
ser múltiplos.
II Em 85% situam—se na área retossígmóide, sendo
Pode ser necessária a redução manual dº
!! Dor leve à moderada, em cólica, pode ser re 116111;fº,:
70% no reto e 15% no sigmóide. O restante dos rida em 114 dos casos. Pode ser causada pelª
“if;
pólipos situa—se no cólon mais proximal. do pediculo do pólipo pela atividade perlstfl
'
Doença Poiipóide do Trato Gastrointestinal II 449

..
ou por episódios incipientes de invaginação in—
testinal
.por
e nesse caso, pode estar acompanhada
diarréia.
ªuto-amputação com consequente eliminação pelo
ânus em 10% dos casos.
Diarréia ou constipação em 10% dos casos.

.
51 .. . .
'.inuestigaçao nragnostma
,

" O diagnóstico é óbvio para o pólipo que prolapsa


pelo ânus ou que é palpado em toque retal.
1“ I O toque retal e a retossigmoidoscopia costumam
s. revelar o põlipo em 75% das ocorrências. A po-
sição de exame retal mais adequada para crian—
ça pequena 6 a de litotomia, pois a maioria dos

.
póiipos situa-se na parede posterior do reto. Em Figura 82.2 Póiipo retal sendo tracionado para ser subme-
«

tido à polipectomia.
criança maior. prefere—se a posição genupeitoral.
Enema opaco com duplo contraste era o teste
diagnóstico padrão ouro para o diagnóstico de ta Persistindo os sintomas após exérese de póiipo
_.
. pólipos acima do alcance do dedo e da retossig- retal. está indicada colonoscopia com polipectomia
moidoscopia antes da rotinização da colonoscopia. de prováveis pólipos localizados acima dessa área.
Era indicado em suspeita de múltiplos pólipos e
nr Indica—se também colonoscopia diagnóstica e te-
sangramento recorrente após polipectomia. Achado rapêutica a casos com toque retal normal e forte
radiológico: defeito polipõide de enchimento
suspeita de pólipo(s) localizado(s) mais proxima—
característico (Fig. 82.1). mente (sangramento retal persistente/intermiten-
I Colonoscopia flexível de fibra óptica é o padrão
te), sem os seguintes sintomas e sinais: diarréia.
ouro atual. Faz diagnóstico e tratamento de pólipos
distantes. Tem sido a primeira escolha em suspeita contispação, dor abdominal signiEcativa, vômitos,
de múltiplos pólipos, sangramento recorrente e sangramento intenso, perda de peso. febre, outros
pólipos altos. sintomas sistêmicos, massa abdominal e fissura anal.
Colonocospia é um método seguro e eficaz, com
tratamento taxa aproximada de complicações inferior a 2%.

':
»
fundamentado em número, localização e sintomas.
I'IlllPflSE lllllEllll
'
icial do
tratamento
cirúrgico é a remoção
Condição caracterizada por múltiplos pólipos juve-
nis gastrointestinais. Síndrome associada a maior risco
IPólipo acessível ao alcance do dedo: tracioná-lo de malignização do trato gastrointestinal.
O critério clínico pará diagnosticar polipose juve-
,

para fora do ânus e, sob visão direta, realizar trans—


fixação, ligadura do pedículo e sua remoção. nil (PI) inclui:
I Cinco ou mais pólipos juvenis em cólon e reto.
m Pólipos juvenis no trato gastrointestinal.
tat Qualquer número de pólipos juvenis em asso-
ciação com história familiar positiva de polipo-
se familiar juvenil.
5 Qualquer combinação dessas condições.
Pode ser subdividida em três tipos:
rs Polipose juvenil difusa do lactente: apresenta-
se nos primeiros meses de vida, geralmente sem
história familiar.
- Quadro clínico: diarréia, sangramento retal,

í.
invaginação intestinal recorrente, enteropatia
perdedora de proteína com anasarca. má nu-
trição, prolapso retal, retardo de crescimento,
macrocefalia, baqueteamento digital e hipotonia.
M

Quadro clínico é diretamente relacionado ao


'El-Ira 82.1— Póiipo retal demonstrado por enema de du- número de pólipos. Presente em todo o TGI.
p
º Contraste. Geralmente sem história familiar.
450 I Trato Gastrointestinal

— Tratamento: nutrição parenteral total, repouso dos pólipos e inversamente com a idade da criançª
intestinal (para diminuir perda de proteínas e san- A evolução é muito variável.
gue e episódios de invaginação). Quando estiver I Sangramento retal vivo.
em melhor estado geral: iniciar programa de poli- I Anemia.
pectomias seriadas. A maioria dos pacientes vai I Prolapse retal.
necessitar de cirurgia devido a sintomas intrataveis I Diarréia.
(sangramento, enteropatia perdedora de proteí-
nas e déficit de crescimento), imaginações recor-

.
rentes, displasia de alto grau em pólipos e impos- Investigação niaonostioa
sibilidade de clearance adequado do cólon. llEndoscopia baixa com diagnóstico histológico
Poliposejuvenil difusa do trato gastrointestinal: de pólipojuvenil e constatação de inúmeros pólipos,
entre os 6 meses e 5 anos de idade. I Endoscopia alta para avaliar pólipos gástricas,
Quadro clínico: sangramento retal leve, prolapso,
'-

pode haver enteropatia perdedora de proteí-


na, invaginação e má nutrição. Tratamento
-
Diagnóstico diferencial principal: polipose ade-
nomatosa. Padrão de herança parece ser autos-
IColectomia total profilática com mucosectomiu
sômico recessivo.
retal e abaixamento endorretal.
ªo.

com ileoproctostomia (colectomia



lColectomia
Locais principais: estômago, cólon distal e reto.
subtotal com anastomose ileorretal) e controle
-
Tratamento: polipectomias endoscópicas e
ressecção intestinal segmentar. Bom prognóstico. retossigmoidoscópico periódico com polipectomin
endoscópica de limpeza.
lPolipose juvenil colônica: inumeráveis (em tor—
I Idade para o tratamento cirúrgico: controversa.
no de 50 a 200) pólipos juvenis (macro e mi-
croscopicamente) difusos no cólon. Geralmente Historicamente tem sido indicado aos 20 anos.
ll Controle das crianças antes do tratamento cirúr-
são mais numerosos, maiores e mais frequentes
no cólon distal e no reto. gico definitivo: revisão endoscópica periódica

Critério clínico: cinco ou mais pólipos em cólon
e reto ou um pólipo + história familiar de poli-
anual, removendo-se por biópsia os pólipos maiores
e irregulares e endoscopia alta a cada três anos.
pose juvenil. Indicar cirurgia mais cedo se o número de pólipos
for muito elevado, se os pólipos forem grandes
(> 1cm). sangramentos de repetição ou transfor-

..
mações adenomatosas.
!Sugere-se o screening desses pacientes com en—
IA idade de apresentação é entre 5 e 15 anos.
.»x 3 .
Cerca de 50% têm história familiar (padrão au- doscopia digestiva alta e colonosmpia com re-
.“ »

tossômico dominante de hereditariedade). moção de pólipos a cada três anos, em casos dc


—, m n
. me-

Anomalias congênitas associadas: fenda palatina, " colectomia com anastomose ileoneta], começando
má rotação intestinal, polidactilia e anormalidades na adolescência. A colonoscopia pode ser anual.
dependendo do protocolo utilizado (geralmente
.a“
de coração e crânio. Aproximadamente 20% dos
em casos com ileoproctostomia). _
ǻw-Sa,

pacientes com PI têm anomalias congênitas.


v,
.3

re‘ I Alto risco de malignização: 50% dos pacientes ' I Parentes de primeiro grau devem ser submeti-

v w Q' J — o r ê F “ :
vão desenvolver câncer antes dos 40 anos de idade. dos a screening com colonoscopia e, se forem
encontrados pólipos, polipectomia e endoscopia
,.

digestiva alta. Se não forem encontrados, 0


lllstolooia screening deve ser repetido a cada cinco anos
Pólipos de aspecto juvenil. Em 20% apresentam-se até os 40 anos de idade.
como massa multilobular assemelhando-se a um ea-
cho de pólipos ligados por um pedfculo. Alguns poucos
pólipos juvenis podem ser histologicamente classifi- stunnonr Il! PillTl-IEGIIERS
cados com modificacoes adenomatosas. Outros já são conceito "'
'
"?

verdadeiros adenomas. Algumas células dos pólipos

— ”. $
a ni r S -t v
;. ( podem apresentar atipia e invasão característica de A síndrome de Peutz-Jeghers (SPI) é caracterizadª Pºr
1

um adenocarcinoma de cólon. Uma progressão gra- inúmeros pólipos hamartomatosos em qualquer lºcªl
L'S9"

dual de pólipp juvenil para adenoma e finalmente para do TGI, principalmente em intestino delgado e pigmªª'
"a” malignidade tem sido postulada. tação melânica mucocutânea, variando de
marrotn

«

preto, em locais específicos (principalmente lábiºsv


ao redor da boca ou mucosa oral) (Fig. 82.3)- Tam—

. A intensidade dos sintomas e sinais varia dire—


tamente com o número, localização e tamanho
bém nas mãos, pés, mucosa nasal, oonjuntivas e relº-
Em geral, as manchas cutâneas desaparecem na puber-
dade, ao passo que as de mucosa persistem.

;:m,»bera
at . - . w
t
u a.
w 15‘" .._—.

». V
.
Doença Polipáíde do Trato Gastrointestinal :: 451

Quattro clínico
Em 1/3 dos pacientes a primeira manifestação
clínica ocorre na primeira década de vida.
ª tico
A pigmentação melãnica é o estigma caracterís-
desse tipo de polipose.
a A manifestação clínica mais comum é a invaginação
intestinal transitória recorrente. Em 70% dos casos
aparecem crises repetidas de dor abdominal em
cólica, secundárias a urna invaginação intesti-
nal incipiente. A obstrução completa é rara e a
maioria reduz-se espontaneamente. Se a invagi-
nação progride, aparecem vômitos biliosos, massa
“ºriginª 82.3 —- Manchas melânicas marrom-pretas no lábio _ abdominal palpável e sangramento retal. As inva-
'nieríor de uma criança com síndrome de Peutz—Jeghers. ginações podem ser múltiplas.
Anemia crônica por perda de sangue.
1:11 Hematoquezia.

.
*,Eniuemiologia
'ª-, |Doença autossômica dominante.
Gene de alta penetrãncia e variável expressivi-
dade e genes mutantes esporádicos. Isso explica
Prolapso'retal ou de um pólipç').
sl Eliminação anal de p61ipos.

Investigação uiagnóstioa
porque. ocasionalmente, alguns membros da fa- História + exame físico.
mília podem apresentar somente pigmentação :: Radiografia simples de abdome (identificam si-
mucocutânea ou somente pólipos. nais radiológicos de obstrução intestinal).
5; I Sem predileção por sexo ou raça.
,“ I Em 90% dos casos os pólipos estão situados em
I Trânsito intestinal demonstrando defeitos de
enchimento característicos de pólipos ou ima—
jejunor'leo; em 20 a 25% também em estômago e gens sugestivas de invaginação intestinal.
duodeno e, em 20 a 25%, também em cólon e reto. rn Enema opaco com duplo contraste.
I Nessas localizações (gastroduodenal e color-retal), rr Endoscopia corn biópsia (retossigmoidoscopia,
o risco de malignidade aumenta. gastroduodenoscopia, colonoscopia).
- 5' I Apresentam um risco maior de outras neopla- u Monitorar tumores extra-intestinais.
“ sias malignas extra—intestinais durante suas vi-
das, como tumores de ovário (tumores das células
granulosas e cistoadenoma), testículo (tumores Tratamento
ar?, das células de Sertoli), mama, tireóide e pâncreas. Nenhum tratamento está indicado ao paciente
:$?)- 0 risco de câncer pode resultar de predisposi- assintomático.
ção genética para neoplasias ou degeneração Ao paciente sintomático (invaginação intestinal
maligna dos pólipos. O risco relativo de câncer recorrente, vômitos recorrentes, perda de peso e
foi estimado em 18 vezes maior do que o da po— sangramento intense ou recorrente), está indicada
pulação geral. a enterotomia com excisão dos pólipos por trans-
fixação e ligadura mais coagulação dos pólipos
sésseis pequenos. Alguns pólipos podem neces-
sitar de ressecção/fulguração endoscópica intra-
1 “398 pólipos são hamartomas, pois são compostos de
glândulas de aspecto normal e células epiteliais iguais
operatória via enterotomía.
s vezes são necessárias múltiplas enterotomias
às da porção do TGI onde se originam. Bandas de com polipectomias.
‘ fllfiSCules lisos. representando a muscular da mucosa, :: Quando existem áreas intestinais com grande
a ravessam o pólipo. São hamartomas da camada concentração de pólipos, pólipos sésseis grandes
, uscular da mucosa. ou de base larga, invaginação intestinal irredutível
, A transformação maligna é uma possibilidade. no transoperatório ou comprometimento vascular
7a Iifíicroscopicamente, o pigmento melãnico está de—
“Pºsrtado na camada'basal da epiderme. Não são
da alça intestinal, indica-se a ressecção do seg—
mento de alça comprometida, a mais limitada
elanoblastos. possível. A prática de ressecção intestinal radical
é constituída de múltiplos pólipos
É A Pºlipose de SP!de deve ser evitada devido à natureza recorrente dos
finªdindo grosseiras),
0,5 a 2cm diâmetro. São lobulados (lo-
»

pólipos e ao risco de síndrome de intestino curto.


1.
dulacaes pediculados, podendo aparecer
aº esºfªgo ao reto, firmes, lisos.
E Nos casos de invaginações recorrentes, pensar
na possibilidade de utilizar alguma técnica ci-
452 I Trata Gastmintestinai

rúrgica de fixação do intestino delgado e mesen- PlllII'ÍISEBOlÍiNIGl ABENBMMUSA FAMIIIAR


tério, como aquelas preconizadas por Noble.
Phillips-Childs e outros. conceito
I Com pólipos situados em estômago, duodeno,
cólon e reto é necessário um rigoroso controle Presença, no mínimo, de 100 pólipos adenomatºsª
radiológico e endoscópico com biópsia para de- visíveis no cólon ou menos de 100 pólipos e pareme
tectar qualquer mudança ou transformação ma- com polipose colônica adenomatosa familiar (PAF),
ligna. A endoscopia deve ser repetida & cada três PAF atenuada caracteriza-se por muitos pólipos ade.
anos, a partir da segunda década de vida. nomatosos colônicos (média de 30) ou história familiar
de câncer de cólon em indivíduos <60 anos com
múltiplos pólipos adenomatosos. Existe risco significaan
PÚlIPºS MIHIDMMIISIIS de câncer de cólon, com média de aparecimento entre
50 e 55 anos de idade, 10 a 15 anos mais tarde que
flflflfiflml aquela da PAF clássica.
São neoplasias verdadeiras e lesões pré-malignas.

1111 Doença autossômica domipante herdada. Há váriºs


graus de penetrância e c Sos esporádicos podem
Representam 1 a 2% dos pólipos em crianças.
aparecer devido a muta ões espontâneas (25 a
30% dos casos). Cada criança de um pai ou mãe
IIIstonatoIosia doente tem chance de herdar a doença em 50%
dos casos.
O pólipo adenomatoso é causado pela proliferação I Somente aqueles que adquirem a doença são
neoplásica de elementos glandulares com ramifica-
ções e muito pouco estroma e tecido conectivo. Há capazes de transmiti-la à próxima geração.
I A gravidade da doença e a probabilidade de
pouca inflamação e não existem espaços císticos. É
constituído de lobulações irregulares, com a superfí— aparecimento de adenocarcinoma de cólon va—
cie c‘obena por epitélio colunar. O pedículo é cons- riam consideravelmente nas diferentes famílias.

« as
I Nas famílias em que a polipose se desenvolve
tituido de tecido conectivo recoberto por mucosa, que
parece ser uma extensão da mucosa adjacente nor- precocemente, o aparecimento de câncer ocorre
"',

mal. As glândulas são neoplásicas, muitas células são em 12 a 15 anos.


I A probabilidade de um pólipo tomar—se malig—
atípicas e há muitas mitoses e núcleos hipercromátic'os.
Macroscopicamente, podem ser sésseis ou, geral- no é bastante baixa, porém passa a ser excessi-

r a ,— ( L M A
mente, pedunculadosgvariando em tamanho de lmm vamente alta em virtude do grande número de
-. pólipos presentes.
'.

a muitos centímetros de diâmetro. Cerca de 2/3 são ,.


maiores do que 1cm. ª'! Alguns pacientes podem desenvolver pólipos
adenomatosos em jejuno, duodeno e estômago.
HI Prevalência estimada da doença: 1:8.000 a 15.000
unam cIínIeo
I Hematoquezia. em quase 100%
nascidos Vivos.
“' II Não há. predisposição sexual;
dos casos.
!Prolapso do pólipo. ll Risco cumulativo de câncer aos 25 anos é igual
I Dor abdominal em cólica. a 15%.

.
Investigação Iliaonosttea
História + exame físico.
I Retossigmoidoscopia.
I Enema opaco com duplo contraste.
Genetica
A anormalidade genética se dá por defeito no gene
APC (gene supressor tumoral da adenomatous palypº-ÉIS
coli), que mapeia o cromossomo 5q21 , causando deleçuº
lColonoscopia. de seu braço longo. O gene ?l'PC codifica uma prº“
teina que age como supressor tumoral.
VP,». .r-

.t

sªilf-.ar Tratamento
n.

IIIstonatoIouIa
(to.

Constatada a presença de pólipo adenomatoso solitá-


vaum—n. L-Sot
w

rio, são necessários a extensa investigação de todo o Inicialmente, os pólipos são pequenos (1 a 2mm) º
y l“ cólon e o estudo dos membros da família, pois ele pode poucos, mas com o tempo aumentam em tamanhº (ªté
:

indicar o desenvolvimento de uma polipose adenomatosa 2 a 3cm) e número (Fig. 82.4). São regulamentº
familiar. O tratamento consiste na remoção do pólipo
adenomatoso por simples transfixação, em pólipos baixos
uniformes e têm aparência lobulada como uma
boesa, bastante diferente das lobulações grossetrªsiram“
ou por colonoscopia, em pólipos mais proximais. dos pólipos da SP].
1
l

Doença Polipóide do Trato Gastrointestinal n 453

nr Retossigmoidoscopia com biópsia.


Vs Colonoscopia com biópsia.
“ A partir dos dez anos de idade está indicada a
investigação diagnóstica anual (colonoscopia) em
todos os membros assintomáticos da familia (pa-
rentes de primeiro grau) ate' os 35 anos e depois
a cada três anos até a idade de 50.
E! Atualmente, pode-se realizar teste genético com
identificação de mutação no gene APC. Muitos
testes baseados no DNA estão disponíveis para
identificar as mutações do gene APC. Identificada
a mutação APC, são necessários aconselhamento
e teste genéticos em todos parentes de primeiro
grau. Colonoscopia anual deve ser realizada em
. &
todos os parentes com um alelo mutante (teste
Figurª 82.4 — Espécime cirúrgico de uma colectomia mos-
positivo). Indivíduos com testes negativos têm
il'ando o colon aberto e grande densidade de pólipos. risco de câncer equivalente ao da população em
geral. No entanto, alguns especialistas recomen-
istologicamente apresentam superfície papilar com dam, para esses pacientes, sigmoidoscopia fle-
xível a cada década, iniciando na adolescência,
Éborização e fendas irregulares e pouco estroma e pois a detecção da doença pelos testes de genética
_ Tªilamação. Não há espaços císticos e as glândulas
gªg neoplásicas. molecular não é 100% segura.
I Confirmada a polipose adenomatosa familiar, está
i‘ a
indicada endoscopia digestiva alta (para estudar

0:as030"!
' ,F tem
fllinioo
um largo espectro de manifestações clini—
que, em adição à forma clássica, inclui outros três
estômago, duodeno e região periampular) a cada
três anos.
Crianças menores de 7 anos, filhos de pais com
a doença, devem se submeter à dosagem de alfa—
êjrótipos: PAF atenuada, síndrome de Gardner, sin-
ârpme de Turcot.
‘I A polipose adenomatosa familiar geralmente tor-
fetoproter'na e à ultra-sonografia de fígado, pelo
risco de desenvolverem hepatoblastoma (1,6%).
'* na-se sintomática na puberdade. embora possa Nos casos de PAF atenuada inicia-se com endos-
copia de rotina e testede genética molecular aos
tambem surgir em criança pequena. 18 anos de idade. As endoscopias são repetidas
',”- Diarréia costuma ser o primeiro sintoma e vai au-
mentando gradualmente em frequência, passando a cada três anos.
“.
&, a se acompanhar da eliminação de muco e sangue.
;- Hematoquezia. Stnuromes
fl Dor abdominal. Existem algumas síndromes relacionadas à polipose
Dor retal. ,
adenomatosa familiar caracterizadas por manifesta—
Prolapso retal. ' -‘ ções extracolônicas, É evidente que essas síndromes
Manifestações tardias: enteropatia perdedora de não constituem entidades separadas, porém expres-
sões fenotípicas características do mesmo distúrbio
proteínas, má nutrição e episódios de invaginação
intestinal. genotípico.
l Manifestações extracolônicas: osteomas, anor-
malidades dentárias, lesões cutâneas benignas, Síndrome de Turcot
tumores desmóides (10% dos casos).
_. i
I Presença de pólipos gástricos com baixo risco É constituída por polipose adenomatosa familiar e
tumores do sistema nervoso central, principalmente
.
É? dº malignização.
- L. Presença de pólipos do intestino delgado: pólipos meduloblastoma, glioblastoma e tumªor "da tireóide

:».
ªdenomatosos de duodeno são observados em 50
"1 É a 90% dos pacientes.
(papilifero).

# Síndrome de Gardner
nvestiuaçal Iliaunústiea
É constituída por pólipos colônicos adenomatosos pré-
“'lHistoria, principalmente familiar e exame físico. malignos e tumores de tecidos moles e duros. geral—
'Tºque retal. mente benignos. Na primeira década, os tumores de
'
'Enema
cem
opaco com duplo contraste em que apare—
muitos defeitos de enchimento com envolvi-
tecidos moles constituem a manifestação mais comum
(lesões cutâneas e subcutâneas como os cistos de inclu-
são epidérmica, lipomas, fibromas, tumor desmóide
‘454 I Trato Gastrointestinal

e outros). Os pólipos aparecem e se desenvolvem nessa continência anal pode ser conseguida se a mucDsa
década. Tumores ósseos e cartilaginosos aparecem anal for removida acima da linha pectínea e se
durante a segunda decada (osteomas benignos, osteoeon— os esfíncteres anorretais não forem lesadºs, O
dromas e adamantinomas). Os pólipos colônicos au- abaixamento ileoendorretal, sem a confecção de
mentam em número durante a segunda década, com um reservatório, costuma apresentar alguns pro—
poucos adenocarcinomas relatados. Durante a terceira, blemas imediatos devido à pequena capacidade
todas as três expressões da doença aparecem. Aumenta de armazenagem de conteúdo fecal, resultando,
a incidência de adenocarcinomas. Na quarta década, frequentemente, em fezes liquidas, urgência e fre,
os adenocarcinomas passam a ser freqiientes. quência fecal e escoriações cutâneas perianais.
Gradualmente, essas complicações tendem a di-
Prognóstico minuir de intensidade, pela tendência do íleo em
dilatar-se secundariamente, e das fezes ficarem
lA malignidade não é vista, usualmente, até o final mais bem formadas. O uso de loperamida e Me—
da adolescência. tamucil‘JD pode ajudar no tratamento dessas Com-
lEm geral, os pacientes com polipose adenomatosa
plicações. Esse abaixamento sem reservatório não
familiar morrerão de adenocarcinoma de cólon é satisfatório em apenas 5 a 10% dos pacientes.
ou terão doença maligna avançada aos 50 anos Se após um ano de evolução persistirem frequênciª
de idade. excessiva das evacuaçães e/ou incontinência fecal
ll 0 potencial para desenvolvimento de câncer
e episódica, está indicada a confecção de um re-
muito alto. servatório ileal. O abaixamento ileoendorretal,
Não necessariamente o adenocarcinoma cresce com reservatório ileal, requer detalhes técnicos
da degeneração de pólipos. A criança com essa complexos na confecção da bolsa, pleno conhe-
doença tem um potencial pré—maligno na mucosa cimento de suas complicações e adequada téc-
de cólon e reto e o pólipo pode ser apenas uma nica de liberação de íleo e mesentério. Existem
forma de crescimento aberrante. A neoplasia diversos tipos de reservatórios como os em for-
maligna pode crescer da mucosa não-polipóide ma de J, S, W, látero-lateral isoperistáltico e outros.
e o tratamento cirúrgico vai se basear na remoção A escolha da bolsa parece-nos secundária, po-
de cólon e reto
ou de cólon e mucosa do reto. rém detalhes técnicos gerais são fundamentais.
A confecção do reservatório deve ser realizada
anteriormente à anastomose ileoanal; a bolsa deve
Tratamento ficar situada dentro da pelve (abaixo da refle-
Cirurgia deve ser planejada a partir dos 14 anos de xão peritoneal); a neobolsa deve ser protegida
idade. por uma ileostomia temporária; o cirurgião deve
Diversas técnicas têm sido utilizadas. As três mais sericapaz de manipular adequadamente o mesen—
comuns são: tério do íleo a ser abaixado a fim de providen-
ll Proctocolectornia total com ileostomia abdomi- ciar maior mohilidade do íleo terminal; a extensão
nal permanente. A proctocolwtomia com ileostomia do músculo retal (cuffretal) não deve ser maior
permanente e' a melhor cirurgia, em teoria. Po- que 5cm; o reservatório deve ser curto (< 5cm).
rém, deixa o paciente com ileostomia definitiva e As principais complicações observadas com os
seqijelas indesejáveis ocasionadas pela extensa reservatórios são: esvaziamento inadequado
dissecção pélvica (bexiga neurogênica e impotência necessitando de cateterização da bolsa por son-
sexual masculina), além dos problemas psicoló- da retal, longa linha de sutura que aumentª º
gicos e fisiológicos que uma ileostomia acarreta. tempo cirúrgico e risco de deiscência e incrden“
Colectomia abdominal com ileoproctostomia, cia elevada de inflamação da bolsa, Qualquer tipo
preservação do reto, revisão sistemática pela de reservatório ileal deve ser protegido por ileos-
retossigmoidoscopia e remoção dos pólipos re- tomia temporária com derivação completa e dura-
cidivantes. Essa técnica ainda mantém um po— ção de seis meses.
tencial para desenvolvimento de adenocarcinoma I Pacientes submetidoªs' acolectomia
subtotal
rª-

- u n mra w”
na bolsa retal retida de até 25%, 15 anos após a
cirurgia.
querem retossigmoidoscopia a cada seistmeSºS»
O uso de um inibidor da cicloxigenase-2 (sintetase
L—ç

I Colectomia total com abaixamento ileoendor- da prostaglandina) tem-se mostrado efetivo pªrª
retal com mucosectomia retal e anastomose ileoanal prevenir ou induzir regressão de pólipos n0 fºiº'
com ou sem confecção de um reservatório ileal. Pacientes com colectomia total e abalxan‘lenm
Atualmente é a cirurgia mais utilizada, pois re- ileoanal devem ser submetidos à endoscoplfl dª
move toda a mucosa potencialmente maligna, rotina a cada três anos.
preservando a continência anal. Com essa téc-
nica. os mecanismos neurogênicos sensoriais c
Nos casos de PAF atenuada, colectomia com
mose ileorretal está indicada quando pÓllPºS e
anª—ªlº“
discriminatórios permanecem intactos e boa sintomas se tornam difíceis de ser controlad°5~
Doença Polipólde do Trato Gastrointestinal |:
455

E O sintoma mais frequente é a hematoquezia, que


varia desde sangramento leve, crônico a mais
intenso (raro).
m Anemia por sangramento oculto ou leve crônico.

. .gerisadas
le ç'ões
localizadas nas
mucosas colonia-f, e m Prolapso retal.
hipererescrmento do
por tecido linfóide Invaginação intestinal ou quadro de suboclusão
intestinal, principalmente quando a válvula ileo-
"!
ifcoso. agregar
Quando aspecto polipóide,
ªumentadas
e ter e a ulce-
Pºf hiperplasra ten-
cecal é atingida.
aspecto de um vulcao).
I

II Diarréia pode ser primária ou secundária. Algu-


mas crianças apresentam síndrome diarréica
semelhante à causada pela doença celíaca ou
secundária a infestação por giardíase.
eo de freq iiência entre o primeiro e o terceiro
cªde idade, diminuindo a partir dos cinco anos. Investigação niaunústiea

.
Évavel mente esse início precoce aconteça devido
“tande reatividade do tecido linfóide da crian- IHistória + exame físico.
equcna.
lizamse principalmente no íleo terminal e Enema opaco com duplo contraste demonstra
múltiplos pequenos e uniformes defeitos de enchi-
mento, com umbilicação central. A umbilicação
representa uma pequena ulceração tipicamente
no ápice do nódulo linfóide intramural hiper—
plástico. Pequeno depósito de bário preenche o
nicho ulceroso.
lRetossigmoidoscopia ou colonoscopia com bióp—
sia demonstrando elevações pequenas e unifor-
m geral as imunoglobulinas séricas estão bai-
'

mes da mucosa intestinal de aspecto normal, muitas


,que pode ser uma explicação para a baixa das quais apresentam ulceração apical caracte—
rística. A biópsia confirma que a mucosa é nor-
mal e que a elevação é causada por agregados
linfóides submucosos.

uscopicamente são caracterizados por nódulos


iic'osos múltiplos, firmes, arredondados, superfí— tratamento
É uma doença autolimitada, regredindo espontanea-
mente. Sangramento incontrolável, diagnóstico incerto
e invaginação intestinal podem necessitar de trata-
mento cirúrgico.
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA _
CORREDOR, J.; WAMBACH, J.; BARNARD, ]. Gastrointestinal polyps
in children: advances in molecular genetics, diagnosis, and
management. J. Pediatr., v. I38, p. 621-628, 2001.
ERDMAN. S. H.: BARNARD. .l. A. Gastrointestinal polyps and polyposis
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FRANTZ, F. W. Intestinal polyps. In: MATTEL P. (ed.). Pediam‘c Surgery.
Philadelphia: Lippincort Williams & Wilkins, 2003. p. 351-357.
HYER, W. Polyposis syndromes: pediatric implications. Gastrvilitesl.
Endasc. Clin. N. Am.. p. 659-682, 2001.
M
W"
456 I Trato Gastrointestinal

sem referir dor, mas geralmente demonstrªm


- GlIPÍI'IlIIIBB i sensibilidade à palpação.

-——
Sinais de irritação peritoneal localizada ou difusa;

Enteropatia
Náuseas e vômitos (65%).
Febre (90%).
Diarréia (55%).
--
.Neutropênica
Distensão abdominal (50%).
Sangramento intestinal (10%).

João Carlos Ketzer de Souza


IIIIIESTIGIIGIIII IllIIliIIÚSTIIIIi
!Hemograma: neutropenia induzida por quimio_
terapia. Neutropenia definida pela contagem abso.
GIIIIGEII'ÍI luta de neutrófilos < 1.000 células/mmª. É in-
fluenciada pela doença de base e não tem valet
Doença inflamatória comprometendo a região ileocecal B Radiografia de abdome: padrão dominante é com.
e cólon ascendente em pacientes com neoplasia ma- patfvel com o de íleo paralítico. Outros achados:
ligna em vigência de quimioterapia citotóxica e com edema de parede de alças, líquido livre na cavi—
agranulocítose. dade, alças dilatadas com níveis. Raros: pneumatose
É mais comum em malignidades hematológicas intestinal e pneumoperitônio. Pneumatose intestinal
(> 70%). . combinada com sinais peritoneais localizados pro
Agentes quimioterápicos mais comuns: citosina- gressivos é altamente preditiva de necrose in—
arabinosídeo e VP-16. Menos comuns: metotrexato, testinal.
prednisona, vincristina, ciclofosfamida, doxorrubicina, II Ultra-sonografra abdominal: espessamento das
ifosfamida. paredes do íleo e do ceco e líquido livre inlrape—
ritoneal. É o exame mais importante, pois costuma
FISIIIM'I'GlºGIA diagnosticar apendicite aguda, doença biliar, pan-
creatite e invaginação intestinal.
Decorre da neutropenia desencadeada pela quimio- :Tomografia computadorizada: espessamento cecal
terapia, estase intestinal e isquemia com invasão generalizado, inflamação pericolônica e pneu-
bacteriana secundária da parede intestinal. Edema de matose.
mucosa e ulceração estão uniformemente presentes
e podem progredir para infarto hemorrágico. Só mais
raramente pode haver sangramento intestinal, necrose
da parede e perfuração.
,.rnnrmritro
1'Sempre conservador, quando possível. A mortalidade
e alta quando necessita de tratamento cirúrgico.
EPIDEMIBIOEII I Repouso intestinal: nada por via oral, sonda nasu-

É semelhante a frequência relativa de apendicite aguda * gástrica. . .'


!Nutrição parenteral total.
e tiflite em pacientes imunossuprimidos.
: Antibióticos de largo espectro (oxacilina + gen-
tamicina + metronidazoL).
W113" GIIIIIBB E Exames abdominais e por imagem
seriados..
E Geralmente a recuperação da função gastrom-
Os efeitos da quimioterapia e esteróides podem con-
fundir a avaliação clínica de uma criança com câncer testinal somente ocorre após resolução da neutro-
e dor abdominal. Sintomas podem ser vagos e um penia (média: sete a dez dias).
:: Indicações cirúrgicas do serviço.
M

processo localizado pode facilmente tornar—se difuso.


lHistória: a sintomatologia inicia muitos dias depois —
Perfuração intestinal?”
'


Hemorragia intestinal incontrolável (rara).
:

.,»
w

de estabelecida a neutropenia. Existe predileção


pela fase de indução quimioterápica (50 a 80% Critérios cirúrgicos de Shamberger, complementadºS
.e

dos casos). por Bensard:


I Quadr'o de abdome agudo complexo apresentando:

-—
Dor abdominal difusa (90%) e, quando loca-
It Sangramento gastrointestinal persistente
resolução da neutropenia, trombocitopenia &
ª-Pós
L-§9|VZah
'

lizada, é mais comum no quadrante inferior correção das anormalidades de coagulªçªº-


.

direito. Neutropenia mascara a sintomatolo— n Perfuração intestinal livre. .


gia e os sinais físicos ficam mais difusos. Pa- Ii Piora clinica requerendo ressuscitação
hidroeIE-
cientes usando esteróides podem ter peritonite
J. trolítica e uso de vasopressores.
_
4_-«
l
Enterapatia Neutropénica I
457
inlºmªs de processo cirúrgico que necessita— BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
a dc cirurgia na ausêncla de neutropenia.
BAERG.1.;MURPHY.JJ.;ANDERSON,R.;MAGEE.J.F.Neutmpenic
Jªú
clínica em dois dias, apesar de tratamento enteropathy: a lO-yearneview. J. Pediatr: Surg., v. 34. p. 1068-1071,
ªli:-Lºº ªdequado. . . . 1999.
êchadºs peritoneais perSistentes e [:adlograãa HUDDAKI', S. N.: BALL, C.: GOUGI-I. D. C. S. Neutropcnic enleropnlhy.
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management oftyphlitls in pediatric oncology patients.]. Pediu”:
ser o procedimento mais apropriado. Surg.. V. 37, [3. 1151-1 155. 2002,

“W
".
458 l
Trato Gastrointestinal

, Desconhecida. Teorias mais discutidas: insuficiênciª I ".


vascular durante episódios de invaginação, mªlfor- â';
'
~ mação da parede muscular (mesma origem dos ciá.
,,
Dllataçao' Segmentar
los congênitos, divertículos e duplicações), obstruçãcJ &
crônica de alças intestinais aferentes e eferentes no Fl: :
anel umbilical precoce na Vida intra-uterina, disfun. ª? "

d0 InteStan ção neuronal primitiva, miopatia localizada dos músculos «É 4 “


lisos da parede intestinal. ;u i
u :

Jºãº Cªrlºs Ketzer de SOUZa mnuunmnçõis Assaulnnns 253.


&.

‘ f
Presentes em mais de 50% dos casos. J
3
BBHEEITO Meningomiel'ocele com hidrocefalia, fenda palatina, í
;; Doen . . má rotação intestinal, onfalocele, diverticulo de Meckel, .* *
*”-
-

wª“; çª rara que causa


dilatagao segmentar grosseira dem
malformações vertebrais, doença cardíaca congêui-

3ª“ . qdeficxente.
. ç intestinal, extrofia vesical. i“
-

,_
+
.5. mervaçao .
2.3 i >

curtains nmnunsrlcus mens ums surnames


7'
f.
a

,
É? . _ .
segmentar de diametro, np
. u Intestino delgado (fleo é o local mais comum) e «'“

intestinªl
.,
“:=
»—
I1
Dilataga?
nnmmo res a ua 0 vezes maior
que o norma .
cólon.
.
-
.
_%” ª ll
normal. abrlilpta
Transição entre o intestino dilatado e o
..

_
:: Frequente a presença de tecrdos heterotopicns,
,

É"? IAusência
distal à diIatação.
de obstrução intrínseca ou extrínseca 0111111110
d
nlíllllmdE INVESIIGRGAII P03110110!“
l' . variar
.1
g:
“nª :Quadro clínico de oclusão ou suboclusão intes- Qua to C ""Gº pº e '

'?" tinal. Distensão abdominal e vômitos são mais comuns


ª;
]“ 'l
IPlexo neuronal normal.
IRecuperação completa pós—ressecção do segmento
quando a dilatação é de intestino delgado.
II Constipação crônica e distensão
abdominal
sãº
dilatado. mais comuns quando o cólon está envolv1do.

Figura 84.1 - Radiografia de abdome na projeção ãntero- . do


posterior de uma dilatação segmentar de cólon transverso.
Massa de forma arredondada de conteúdo misto na porção
Figura 84.2 -Trânsito intestinal mostrando
enchlmºfltºw-.
cólon direito com obstruç㺠no nível do transverso dlrel
central do abdome. produzindo uma imagem em forma de cálice.
"ª“?
Dilatação Segmentar do Intestino I
459

D Ultra—sonografia abdominal demonstra o segmento


dilatado com as porções distal e proximal sem di-
latação e extrema hipomotilidade do segmento
comprometido.
n Trânsito intestinal ou enema opaco confirma o
diagnóstico (Fig. 84.2).
n Tomografia computadorizada também pode ser
solicitada se houver massa com conteúdo sólido
(Fig. 84.3).
“314.3 — Dilatação segmentar de cólon transverso. Alça
“El dilatada repleta de fezes dispostas concentricamente.
rãhsversal de uma tomografla computadonzada mos- MTAMEIITII
' sa
arredondada de conteúdos aéreo e sólido em
Ressecção do segmento dilatado e anastomose tér—
mino-terminal.
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
BRM-(IM, M. B.; BELGHITH, M.; MEKKI, M. el n1. Segmental
dilatation of the intestine. J. Pediatn Surg., v. 41, p. 11301133,

'ia' no sexo masculino. SWENSON. O.; RATHAUSER. F. Segmental dilatation of the colon:
'a'diografiade abdome: geralmente volumosa a new entity. Am. J. Surg.. v. 97, p. 734-738, 1959.
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’vcis líquidos ou, mais raramente, massa com intestine. In: PURI, P. (ed). Newborn Surgery. Oxford: Butterwonh-
ãe fezes misturadas (Fig. 84.1). Heinemann. 1996. p. 399-403.
conectados a alguma estrutura, de forma conga.
nita ou adquirida: banda onfalodwertrcular, banda
mesodiverticular, aderências inflamatórias em “_
tras estruturas e cordão fibroso fusronado em outras
Patologias do Conduto estruturas,

El'lllilllllllllilll
Onfalomesentérico II Divertículo de Meckel (DM) é a anomalia ao".
gênita mais comum do trato gªSÍI'OIIIICSIInaL
n A frequência na população geral é de 1,5 a 2%.
João Carlos Ketzer de Souza I: Leve predisposição para o sexo masculino, nos
casos assintomáticos (Z:l).
Nos sintomáticos (aqueles que apresentam com-
GIIIIIIEITII plicações) ha franca predisposrçao para o Saxo
As patologias derivadas do conduto onfalomesentérico masculino (75% são meninos).
ITecidos heterotópicas são encontrados em ordem
formam um amplo espectro de malformações: diver-
tículo de Meckel, pólipo umbilical, sinus umbilical, decrescente de frequência: gástrico (75%), pan-
creático (5%), gástrico e'tecido pancreático (5%).
cisto vitelino, persistência completa do ducto onfalo-
mesentérico e bandas fibrosas. Derivam da obliteração duodenal (2%), jejunal (2%), colônico (1,5 a 2%)_
incompleta do ducto onfalomesentérico em diferentes outros (10%).
níveis. Divertículo de Meckel corresponde a 90% de
In Mucosa gástrica heterotópica é
encontrada em 20
a 35% dos divertículos assintomáticos e em 75
todas essas anomalias e é derivado do remanescente
a 80% dos sintomáticos.
embriológico proximal do ducto vitelino. 0 ducto II Assumindo uma frequência de 2% na popula-
onfalomesente'rico conecta o intestino primitivo ao
ção em geral, o risco cumulativo de complica-
saco vitelino no inicio da vida fetal. Costuma obliterar— ções é de 4,2% em crianças, menor do que 3%
se pela sétima a oitava semana de gestação, quando
a placenta assume a nutrição do feto.
em adultos, chegando próximo a 0% emidosos.
II Em 50 a 60% das vezes, as complicaçoes ocor-
rem antes de as crianças completarem dons anos
GABAGTEIIISTIGIIS IIIIATÍIMIIIIIS
'
e, em 1/3 dos casos, antes de um ano de idade.
I Localiza—se no bordo antimesentérico do íleo !Associação com outras anomalias:
atresra
de eso-
%

terminal. fago, ânus imperfurado, doença neurológica, mal-


.

formações cardiovasculares. Pacientes com onfn-


.

lApresenta distâncias extremas proximais à vál-


._ W.

vula ileocecal que variam de 5 a 180cm (a maioria


'-
locele apresentam alguma forma de remanescente
, “ ê - .: . » M onfalomesentérico em 25%.
entre 50 e 600m). “.
ISeu comprimento pode variar de 1 a 9cm (mé-_
.

dia entre 3 e Sem). FIIIIMIIS IIE APRESENTAÇÃO BIIIIIIIA


causar
I O diâmetro pode variar de 0,5 a 3cm.
ITrata-sede um divertfculo verdadeiro, pois é ' O DM costuma problemas pelas comphcaçoes

anis:
princrpalrnentebà
que apresenta. Elas são devidas
composto das quatro camadas intestinais habituais.
IAlgumas vezes, o divertículo de Meckel apre- sença de tecidos heterotópicos no seu
interior,
(A
senta um cordão fibroso que emerge do seu ápice
diverticulares, inflamação e aderêncras
secundárias.
te
e pode estar conectado ao umbigo (banda onfalo—
obstrução intestinal é a complicação mais
por freªlL'ª",ª
na maioria das estatísticas, secundada hemorrag;

à H- os uer
diverticular), flutuar livremente na cavidade
abdominal ou ainda se fusionar secundariamente
em outras estruturas, como mesentério, alças in—
digestiva. Outras complicações: diverticuhte,
desenvolvimento de neoplasias benignas ou malignª ,
perfulªªíªsv
hérnia de Littré, retenção de corpo estranho e outras.
r - o L;:
testinais ou parede abdominal. Esse cordão fibroso q.
pode ter origem dependente da persistência do nhstrução Intestinal *,
ducto ou dos vasos vitelinos obliterados.
IA suplementação sanguínea do divertfculo deri- Ill 0 diagnóstico de obstrução intestinal e
feitoºgªã
va de um par de artérias vitelinas, a esquerda quadro clínico e radiografia de abdfm‘le. [t)rutivª
obsr
. — ri M “
involuindo e a direita persistindo como artéria o diagnóstico de certeza de complicação lapª-

.: » mesentérica superior que suplementa o divertículo. causada por DM só costuma ser obtldc
p:
obs-
empre
n

Remanescentes distais das primitivas artérias rotomia. No diagnóstico pré-operatório


o - a. " trução intestinal sem causa evidente deve se “ºu,
emº,-.»

vitelinas podem persistir como bandas, estendendo-


se até a ponta do divertículo. ser evocada a-possibilidade de uma com)
a Aproximadamente 75% são livres (isto é, não ção causada por DM.
fixos em nenhuma estrutura) e 25% são fixes ou ll Média de apresentação: sete meses.
Patologias do Conduto Onfalomesentérico u 461

wt
35,1
'Íças
- Banda onfalodiverticular pela qual podem
intestinais. causando hérnia interna.
if


Figura 85.3 Representação gráfica das complicações cau-
sadas por banda onfalodiverticular. (A) Volvo de uma alça
em torno do diverticulo. (B) Volvo do divertlculo e do intes-
anda mesodiverticular é o remanescente embrio— tino adjacente. (0 Volvo do divertículo.
lzgico da circulação vitelina que dá suplemen»
tªção sanguínea ao ducto onfalomesentérico.
s'tende-se do mesentério ao ápice do diverti- ra Aderências inflamatórias que podem se formar
por diverticulite associada. Os divertículos pro—
c'ulo. Comopodeestá separada do mesentério (não fu—
pensos a processos inflamatórios são aqueles que
sªnada), criar uma abertura (com se fosse
rn laço) pela qual podem herniar alças intesti- possuem base estreita, têm obstrução do colo por
n'ziis e se onfalodiverticular
formar hérnia interna (Figs. 85.] e 85.2). edema ou contêm resíduo intestinal ou corpo
estranho em seu interior. As aderências costumam
”Amandavitelinos ou ducto vitelino
pode ter duas origens:
vªsos obliterados e
g’ug não reabsorver'am. Essa banda onfalodiver—
formar-se entre o divcrtíenlo e outra alça ou parede
abdominal. Causam angulação da alça e/ou
rtcxular constitui um ponto fixo (do divertículo
,mbigo) em torno do qual o divertículo, ou o
constrição da parede intestinal e hérnia interna
(Fig"g 85.4).
ertículo e o íleo adjacente, podem sofrer tor-
:ou uma alça intestinal sofrer um volvo (Fig. . Divertículos Livres (Fig. 85.5)
'
- “(adao fibroso congênito solto e fusionado se— la A invaginação intestinal éf1 complicação obstrutiva
,undariamente em outras estruturas (mesentério,
'
““mais frequente do DM. Divem'culo curto ou espes-
bira alça intestinal ou parede abdominal), pre-
qspondo à formação de hernia interna ou volvo.

Figural 85.4 Representação gráfica das complicações cau-


-
sadas por diverticulite e suas aderências inflamatórias. (A) Cons-
trição em alça intestinal próxima. (B) Aderências com o
mesentério, podendo ocasionar uma hérnia interna ao per-
presentação gráfica de banda mesodiverticular mitira entrada de uma alça entre a aderência do dívertículo
lo de Meckel íixo.
e o mesentério.
1162 I
Trato Gastrointestinal

ulceração, na maioria das vezes, está na


base
do
divertículo, na junção entre mucosa gástrica ec-
tópica e mucosa ileal normal. A ulceração
pode ser encontrada dentro da mucosa ªºlºpica
também
ou no lado mesentérico do íleo, oposto ao diver.
ticulo. Mucesa gástrica ectópica e ulceraçâo sãº
encontradas em 95% das peças cirúrgicas resse.
cadas por sangramento (Fig. 85.6).
lInvestigação diagnóstica.
- Cintilografia com tecnécio-99m: esse Exame
baseia-se na observação de que 95% dos diver.
tículos sangrantes contêm mucosa gástrica, A
alta afinidade do isótopo pelas células parietais
da mucosa gástrica permite a visualização da
mucosa gástrica ectópica e da nativa (Fig. 85.7).
0 restante e concentrado dentro da bexiga, Na
verdade, o tipo exato de célula captante (parietal
ou mucóide) e o meçanismo de captação do
tecnécio ainda são incertos. Cintilografia po-
Figura 85.5 - Complicações do divertlculo de Meckel livre. sitiva mostra captação anormal do isótopo forª
(A) Diverticulo livre com torção. (B) Hérnia de Littré. (C) ln-
do estômago e bexiga. Embora o divertículo
vaginação intestinal. (D) Divertículo de Meckel gigante seja usualmente encontrado no quadrante in-
neonatal. ferior direito, sua localização pode variar nas
tomadas seriadas. O uso de pentagastrina, blo-
queadores da histamina (cimetidina, ranitidina)
sado por inflamação, tecidos heterotópicos ou e glucagon pode aumentar a acurácia do exa-
tumor diverticular predispõem ao aparecimento me. Pentagastrina estimula a captação da mucosa
de invaginaçãointestinal. 0 divertículo invertido gástrica; cimetidina inibe e retarda a excreção
funcionaria como a cabeça da invaginação.
A hérnia de Littré ocorre pela presença de DM
do isótopo e glucagon inibe a peristalse,
aumen-
tando a retenção de isótopo no divertículo. Jejum,
em qualquer saco hemiãrio existente (inguinal sucção nasogástrica e cateterização da-beXiga
em 50% dos casos, umbilical, crural, etc.). também podem aumentar a acurácia diagnós-
incomum em crianças. Pode sofrer encarceramento tica. Se a cintilografia for negativa, mas a suspeita
ou estrangulamento.
lDM gigante é uma apresentação rara e que ocorre
permanecer alta, repetir o
exame.
Falso-positivos podem ser Vistos nos casos de
em recém-nascidos mostrando um quadro de massa
abdominal acompanhada de obstrução intestinal.
duplicações intestinais, anormalidades do
urinário superior, úlcera peptica, doença'in-
trato
Nesses casos, o divertículo podera medir até 8cm testinal inflamatória, alças intestinais obstruidus
de diâmetro. e invaginação intestinal.".

Itlverticulus cam Sangramento niuestlvo


Em algumas estatísticas, e a forma mais comum de

6 . 1 8 - a h ni r b
apresentação clínica.
IMédia da idade: 5 2 anos.
lTipo de sangramento: agudo, indolor, cor variando
de vermelho-vivo (35%) a vermelho-escuro ou
marrom (40%), tipo melena (7%) e, mais rara-
mente, tipo de invaginação (geléia de groselhas).
O sangramento costuma ser significante, porém
é comum a cessação espontânea e episódios
recorrentes. DM 6 a causa mais comum de san-
gramento gastrointestinal grave em crianças. Em
40% dos casos há história de sangramento pre'vio.
ICausa: ulceração péptica por secreção de ácido
clorídrico das células parietais da mucosa gás-
trica ectópica presentes no diverti'culo. O íleo peptícª
Figura 85.6 - Peça operatória mostrando ulceraçãº
não consegue tamponar o pH baixo. O local da junto ao divertículo de Meckel.
_—
Patologias do Canduto Onfa/omesentérico I
463

niverticulite de Meckel
A inflamação do divertículo de Meckel costuma ser
mais grave e mais rápida do que a causada por apen—
dicite aguda. porque se situa anatomjcamente no bordo
antimesentérico do íleo e são mais prováveis perfu—
ração em cavidade livre e peritonite generalizada.
A irritação peritoneal e a rigidez de parede causa-
das pelo DM não costumam ser distinguidas de uma
apendicite aguda. Aproximadamente 1/3 desses diver-
tículos inflamados perfura.
A diverticulite é bem menos comum porque a maioria
tem base larga e contém pouco tecido linfóide.

85.7 — Cintilografia mostrando captação anômala do


TRATAMENTO
fir; m Cirúrgico, nas complicações.
isótopo região periumbílical.
na Observa—se também a
‘ntracéo do radiotraçador no estômago e na bexiga. m Se necessário: ressuscitaçãoiiídrica e transfu-
são sanguínea.
u Via de acesso preferencial: laparotomia trans—
versa infra-umbilical direita. Pensar atualmente
Falso-negativos podem ser vistos em mucosa em ressecção videoassistida do divertículo.
Importantes as inspeções visual e palpatória para
gástrica ausente ou insuficiente para sensi-
& bilizar o exame (pelo menos 1,8cm2 de mucosa identificar e localizar mucosa gástrica ectópica
e ulceração.
" gástrica é necessário para se ter cintilografia
a positiva), isótopo diluído pelo sangramento
n Técnica: diverticulectomia cuneiforme sem res—
secção ileal.
- ::, e/ou pela hipomotilidade intestinal, inflamação a Indicações de ressecção ileal.
:, ou necrose da mucosa gástrica ectópica.
=,— Angiografia seletiva da artéria mesenterica —-Divertículo com base larga. edematosa ou
inflamada.
(14. superior é invasiva e necessita de um divertí-
º—f culo com sangramento ativo maior que lmUmin. — gico.
Íleo adjacente alterado pelo processo patoló—
"ã,— Angiegrafia superseletiva da artéria vitelina:
5i pode demonstrar o divertículo, mesmo sem
,“ sangramento.
—ParaDivertículo com gangrena.
achado incidental deDM de aspecto nor—
— .—

mal e assintomático durante n laparotomia não


'
- Ultra-sonografia. Geralmente os divertículos hásindicação de ressecção.
y? inflamados
elou hemorrágicos costumam apre- ls Só indicar ressecção de divertículo incidental nos


sentar alguma dessas características: parede seguintes casos:
,; irregular, espessa, aperistáltica, não-compres- Massa palpável dentro do divertículo, que sugira
1) sível nos casos de inflamação, volvo ou obs— tecido ectópico ou tumor. “
'—
_
trução parcial, muitas vezes com gut signature
(sua ausência em DM pode derivar de maior
— História anterior de dor abdominal inexplicável
ou sangramento intestinal baixo.
intensidade de edema, hemorragia, ulceração
ou isquemia da parede do divertículo), estru-
- disponha
Divertr'culo longo ou de base estreita que pre—
à diverticulite e obstrução.
tura em forma de lágrima, estrutura tubular a O achado de bandas fibrosas ligando o diverticulo
alongada em fundo cego (diagnóstico diferen— a outras estruturas e de banda mesodiverticular
cial entre apendicite aguda), estrutura em forma não indica necessariamente a ressecção do di-
de massa arredondada (diagnóstico diferencial vertículo, a não ser que apresente as condições
com invaginação intestinal), estrutura cística com citadas anteriormente. As bandas devem ser
líquido (diagnóstico diferencial com dupli- obrigatoriamente excisadas.
cªção intestinal), identificação de dois "sinais
de alvo" de diferentes tamanhos (dupla invagi- Púlll'll 1111131118111.
. nação intestinal do DM no íleo e do íleo no có-
É o remanescente da mucosa do ducto onfalomesenté-
[º"). A expressão gut signature (semelhante a
uma alça intestinal), deriva de uma parede exter- rico situado no umbigo. '

na hipoecogênica (camada muscular) circundan-


0.uma camada interna hiperecóica (submucosa) “SHEEN

"W = * — 3 ?
e linha ecogênica (correspondendo à interface
do conteúdo do lúmen e mucosa). Nódulo vermelho—vivo, liso, brilhante, úmido, na de-
pressão umbilical. Não possui orifício central. Secreta
.,-r»

. :—
464 I Trato Gastrointestinal

muco e é encontrada mucosa intestinal no exame


histológico. Pode formar secreção purulenta quando
saunas FIBBOSIIS UNFRIIIMESEIITÉBIBAS
São os remanescentes obliterados do ducto onfalmug
infectado. Raramente a mucosa pode ser heterotópica
,

sentérico on de vasos vitelinos ligando a Superficie


(gástrica). 0 pólipo pode, às vezes, ser pedunculado.
Pode também estar associado a qualquer outra ano- antimesentérica do íleo a superfície interna do Umbigo'_
malia derivada do ducto onfalomesentérico, princi- Há sempre o risco de obstrução mecânica por volvo
de uma alça intestinal em torno da banda ou do íleo
palmente banda fibrosa onfalomesentérica e banda
onfalodiverticular. em que a banda está conectada.

SE10 flMBlllllfll PEBSISTENGIA BUMFlETl Ill! IlIlB'I'l


llllillllHESEllTÉlllGll
É o remanescente embriológico por falha de obliteração
do segmento distal do ducto onfalomesentérico. Conceito
Comunicação (fístula) congênita persistente entre o
Aspecto íleo e o umbigo.
Pequeno nódulo externo avermelhado com pequeno
canal que termina cegamente na cavidade abdominal ruiuemiuinuia
por distância variável (geralmente pouco profunda).
Há saída de secreção mucosa ou o umbigo fica per- It Prevalência: 1:15.000 itascidos vivos,
manentemente úmido, com dermatite de pouca inten- iu Predisposição sexual: 8M11F.
sidade na pele circunvizinha. Drenagem de conteúdo n Corresponde a 6% de todas as patologias deri—
intestinal nunca ocorre. Pode infectar-se secundaria- vadas da persistência do conduto onfalomesen-
mente e produzir secreção purulenta. Frequentemente, terico.
o seio umbilical termina em banda fibrosa conectada II Complicação mais frequente: prolapso do conduto
ao íleo. Raramente possui mucosa heterotópica. ou íleo (20%). A maioria ocorre no primeiro mês,
raramente ultrapassando o sexto mês de vida.
GIST!) llI'I'EllIlll
Surge de uma falha na obliteração da porção inter- Formas lle nutesentaçãn clínica
mediária do ducto onfalomesentérico. O cisto pode I Antes da queda do cordão umbilical (Fig. 858).
estar situado junto à parede do íleo, na cavidade
abdominal e ligado ao íleo ou junto ao umbigo.
-
Na base do cordão umbilical.
— Na membrana de uma onfalocele (Figs. 85.9
) . r v —ª “ e 85.10).
.,

E Após a queda do cordão umbilical.


Na cicatriz umbilical.

em % “
*
A parede do cisto é revestida por mucosa intestinal.
O conteúdo é formado por fluido mucóide claro de—
r
.

rivado da mucosa. As secreções acumulam-se e o cisto


“'

” v ., aumenta de volume. A mucosa tica distendida e aplanada


e pode ficar irreconhecível à histologia. Os sintomas
dependem do tamanho do cisto e da localização. Peque-

ó u - Ç L.
nos cistos não costumam causar sintomas. Os locali-
zados junto à parede abdominal podem ser detectados
à inspeção e palpados.

i —oLS

.
.tu . ,,,i
fa . .2,

fàlÉÉw—liéheân
,
rai v,
“«

Figura 85.8 Representação diagramática das formas de


-
apresentação do ducto onfalomesentérico ao nascimento, antes
.
Figura 85.9 - Ducto onfalomesentértco patente no sacod
e
da queda do cordão umbilical. uma onfalocele.
.

Patolagias do Conduto Onfalomesentérico = 465

i
».

555.10 — Ducto onfalomesentérico prolapsande do saco


{onfalocele. Figura 85.12 — Prolapso grau |I.

;. atração Diagnóstica
'

Graus de P10131181) [|B conduto 0|! "Bl!


'
istória e exame físico: observar a presença de
nffcio atapetado por mucosa ou nódulo de as-
E Grau I: protrusão simples da mucosa do conduto
(Fig. 85.11).
ecto intestinal com orifício. O conteúdo que n Grau ll: prolapso moderado do conduto (Fígs.
as

b'stuma sair pelo orifício pode ser: fezes, muco 85.11 e 85.12).
_ al]!ªlmente
l

”lições.
gases intestinais. A pele circunvizinha ge-
adquire hiperemia e desenvolve ulce-
Grau III: prolapso completo do conduto (Fig.
85.11).
la Grau IV: prolapso completo do conduto e de um
'ntensídade da drenagem vai depender das se- segmento do íleo adjacente (alça aferente ou efe—
es características: rente). Forma de S (Figs. 85.13 e 85.14).
Diâmetro do ducto. :: Grau V: prolapso complete do conduto e dos dois
”ngulo de junção do dueto com () i'leo. segmentos do íleo adjacente (alças aferente e
essão intra-abdominal. eferente). Forma de T ou Y (Fig. 85.13).
EA cateterização do dueto com estilete segue
'
Jum trajeto perpendicular à parede abdominal.
' '
i’ Fistulografia demonstrando a entrada do con— Fatores Pregisnonentes de Prolanso
.tiaste em alça do intestino delgado. Diâmetro aumentado do ducto.
It
.lngestão de azul de metileno observando-se a Pressão intra-abdominal aumentada“
sua saída pelo orifício do ducto no umbigo. E Prematuridade. .
Ducto de pequeno comprimento.
fl Ducto curto e com maior diâmetro.

%%%& s)? һ:? .

Grau 111
Grau V
-v

_ª 85.11 — Gra us |, 11 e 111 de prolapso do ducto Figura 85.13 — Representação diagramática dos graus de
ºmesentérico. prolapso IV e V.
466 u Trato Gastrointestinal

tratamento
II Indicada ciinrgia quando feito o diagnóstico, evi-
tando-se o aparecimento de prolapso. Usar anti.
bióticos profiláticos (ampicilina +gentamicina)
30min antes da laparotomia, mantendo-ºs por 24h.
& Laparotomia transversa infra-umbilical.
IDesconexão do ducto do umbigo.
II Excisão do ducto por ressecção cuneiforme ou
ressecção ileal.
IAnastornose intestinal.

L-uQI
VZL‘FH'J-AG
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
MOORE. T. C. Omphalomesenteric duct malformations. Sem Pediatr
Surg., v. 5, p.1 1 16-123, 1996.
RUTHERFORD, R. B.; AKERS, D. R. Meckel’s diverticulum: a review
of 148 pediatric patients, with special reference to the pattern of
bleeding and to mesodiverticular vascular bands. Surg, v. 59'
p. GIS-626. 1966. .
TURGEON, D. K.; BARNETT, J. '12.. Meckel's diverticuluni. Am. J,
Figura 85.14 - Alças aferente e eferente prolapsadas. Garlmenteml., v. 85, p. 777-781, 1990.
Duplicações do Trato Digestivo : 467

ar Duplicações múltiplas ocorrem em 15 a 20% dos

as.
casos.

r 9
?
E‘ Duplicações efsticas são duas vezes mais freqiientes
do que as tubulares.
r.? Não há predisposição familiar.

E
El Maior frequência de anomalias congênitas as-

a
sociadas, principalmente vertebrais (20%), mielo-
meningocele. anomalia anorretal, onfalocele, má
rotação intestinal, anomalias geniturinárias, sin-
drome poliesplênica e atresia duodenal.

lllllSSIFlBIlGÍlll IIIIM'DMIM
Torácicas.
E! Toracoabdominais.
rturas congênitas esféricas (císticas) ou tubula- a Abdominais.
Ja forma, revestidas por mucosa gastrointestinal
ilar a alguma porção do trato alimentar, com ameia Ins luruençõrs can o'
?culatura lisa em suas paredes, em íntimo contato
”porções do trato digestivo, podendo existir des- nrsmrtnm. sumirem vnscumn
boca até o ânus. r rune-r llllESl'llIlll

GTEBÍS'ÍIBIIS DIS nurucncfiis cistieas


ta Intramural (submucosa, muscular, ou subserosa).
b contato entre a alça normal e a duplicada é I3 Separada (rara).
mantido por comunicação com o lúmen ou, ge-
,almente, por parede muscular comum. Muito

'mais raramente podem estar separadas do intes— Tubulares (Fig. 86.1)


';
tino adjacente ou apresentar parede comum através
.de submucosa ou subserosa.- Seromuscular comum com mesmo mesentério e
Costumam ter parede muscular bem desenvolvida. vasos. Freqiiente.
Apresentam suplência vascular comum. A dupli- m Seromuscular separada com mesmo mesentério
ação localiza—se entre as folhas do mesentério e e vasos.
"as artérias nutridoras circundam a duplicação até m Separada com mesente'rio e vasos distintos. Rara.
[alcançar o intestino adjacente. Excepcionalmente,
,gzgiste um tipo de duplicação tubular com suplên-
'.Clª vascular própria, tipo vascularização parale-
uunnnu otimas
Os sinais e sintomas relacionam—se a tamanho,
la“, em que as artérias nutridoras do intestino nomal localização, comunicação com o trato digestivo
. ",da duplicação estão separadas.
São revestidas por mucosa típica oriunda de al— e presença de mucosa ectçipíca.
;âuma porção do trato digestivo. É mais comum a Sessenta por cento das duplicações são diagnos—
*Éa
4..
presença de mucosa semelhante à porção in—
testinal que duplica.
ticadas até os seis meses e 85% antes clos dois
anos de idade.
Mucosas ectópicas costumam ser encontradas. A na Oitenta e cinco por cento das duplicações são
mais comum é a gástrica (20 a 40% dos casos), sintomáticas.
sendo mais encontrada nas duplicações tubulares. Is As principais formas de apresentação das dupli-
.W*'
,. presença de mucosa gástrica pode levar à ulce-
A cações abdominais são: massa abdominal, obs—
rªç㺠péptica com dor, hemorragia ou perfuração. trução intestinal e sangramento gastrointestinal.
.A grande maioria situa—se no bordo mesentérico
“do intestino normal.
— Y!..AS duplicações podem ser comunicantes ou não-
;;fºfmunicantes. Geralmente, as não-comunicantes
_Sao ctsttcas e, as comunicantes, tubulares. A co-
municação pode serproximal, distal ou ambas. A 8

Figura 86.1 -— Duplicações tubulares. (A) Seromuscular co-


mum corn mesmo mesentério e vasos. (B) Seromuscular se-
.
' 5255? mais frequentes junto ao intestino delgado
,1,'>(Pl'ln61palmente íleo).
parada com mesmo mesentério e vasos. (C) Separadas com
mesentério e vasos distintos.

r v i- —
468 ll TratoGastrointestinal

TEIIIIIIIS EMBRIOLOGIBIIS Mais de 60% são diagnosticados no primeiro arm


de Vida.
Diversas teorias tentam explicar a origem das dupli- :! Sintomas precoces só costumam aparecer quando
cações. há obstrução da saída gástrica (vômitos claros),
!! Gemelaridade parcial (duplicações tubulares do Mesmo pequenas duplicações perto do piloro podem
cólon com anomalias geniturinárias). É a teoria causar sintomas. Nesses casos, o diagnóstico di-
mais aceita quando existem duplicações asso- ferencial deve ser feito com estenose hipertróiica
ciadas do trato gastrointestinal e geniturinarias. de piloro.
II Síndrome do notocórdio fendido ou remanescente sl Grandes duplicações, situadas na grande curva,
do canal neuroentérico em que ocorre adesão tura, podem causar aumento do diâmetro abdo.
anormal persistente entre ectoderrna e endoderma minal e/ou massa abdominal cística, móvel elisa
com herniação do saco vitelino (divertículo do no abdome superior. Massa palpável no abdome
endoderma) entre as duas metades da vértebra superior pode ser observada em até 50% dos casos.
(duplicações torácicas, toracoabdorninais e de reto). L1 Podem, mais raramente, causar sintomas agudºs
Uma falha no desenvolvimento do notocórdio com perfuração e hemorragia intraperitonen],
permite que a conexão entre o ectoderma e o
endoderma torne-se permanente. Consiste num
espectro de anormalidades de desenvolvimento
Investigação Illaunústica
envolvendo o sistema nervoso central, coluna m Duplicações perto do piloto: radiografia de esôfago,
vertebral e trato alimentar. estômago e duodeno (REED) elou ultra-sonogram
fl Diverticulo embrionário (duplicações císticas). abdominal.
n Defeitos de recanalização do lúmen intestinal E Duplicações apresentando-se como massas nb-
(vacuolização incompleta) após o estágio sólido dominais: REED (mostra que a massa é extrín—
de desenvolvimento do intestino primitivo (du— seca) (Fig. 86.3), ultra—sonografia [mostra estrutura
plicações tubulares em esôfago, delgado ou cólon). cística repleta de líquido, extragástn'ca, com borda
externa hipoecogênica (músculo liso) e borda in-
DBPlIBIGÉES EISTBIGAS terna ecogênica ou hiperecogênica (mucosa/
submucosa) e atividade peristáltica], tomogra-
I:Correspondem a aproximadamente 5 a7% de todas fia computadorizada e cintilografia com tecnécio
&“
as duplicações. ' (pode mostrar área de captação do radioisótopo
l Mais frequentes em meninas (2F:1M).
junto ao estômago).
a Podem-se associar a malformações congênitas,
especialmente do trato digestivo.

. ,— « q

!
Tratamento
,

a
ll Costumam localizar-se junto grande curvatura
'

L-ÇQ
(65%) ou parede posterior (17%).
.puplicaç'ões Cisticas
suªm—fl,?

II Em regra não se comunicam com o lúmen do

versa-91.5
estômago (Fig. 86.2). mas isso pode acontecer
raramente e nesses casos podem estar presentes = Remoção completa, geralmente acompanhada de

.—
remoção de pequena porção da parede gástrica
melena e hematêmese. (Fig. 86.4).
(J.;

IPodem apresentar extensão através do


hiato dia- : a Pequena duplicação pilórícaçística deve ser svb—
fragmático para a porção inferior do mediastino metida à excisão submucosa do cisto.
posterior.
" o 'l

Figura 86.2 .- Duplicação gástrica


tubular (A) e cística (B).

Figura 86.3 — Radiografia contrastadas de estômago mºª;


trando defeito de enchimento por compressão causada Pº
uma duplicação cística.
Duplicaçãº; do Trato Digestivo a 469

ipal da duplicação é excisada, a mucosa


‘é retirada(mucosectomia) no ponto
com o estômago normal. O restante da
emmuscular pode ser suturado sobre a área
3‘"menção
(sem mucosa), após o
fechamento de
qual-
(se houver) com o orgão adjacente

tgrande maioria, situamíse póstero—medialmente, Figura 86.4 — Na duplicação tubular (A-C), a mucosa deve
i

tb à segunda ou terceira porção do duodeno, ser removida e a parede seromuscular remanescente sutura-
'onadas numa parede comum e parcialmente da sobre a área desnudada. Na duplicação cística (D). deve
haver ressecção. geralmente acompanhada de pequena por-
ixvadas no pâncreas. . da parede gástrica. Adaptado de Spitz et al.'
ção
iriucosa e' semelhante à da porção mais distal do.
t'êstino delgado.
aroria apresenta quadro de obstrução duodenal
I! O ideal é realizar ressecção da duplicação (cistec-
- rônica corn vômitos biliosos recorrentes ou dor
I

ininal vaga recorrente. tomia total) ou ressecção parcial com remoção


runze por cento têm mucosa gástrica e podem da mucosa do cisto (mucosectomia).
E Se 21 duplicação não puder ser excisada por seu
_ ii'sar ulceração péptica com dor, sangramento
- ' oii perfuração. íntimo envolvimento com estruturas que não podem
.:
dgiõreatite recorrente e icterícia têm sido rela- ser lesadas, está indicada a drenagem interna com
_ da? em duplicações duodenais.
'
o trato intestinal adjacente (cistoduodenostomia
] lgumas são assintomáticas.
ou cistojejunostomia em Y de Roux) ou drenagem
liãgnósticos diferenciais principais: cisto de colé- endoscópica para dentro do duodeno. A cisto-
ducdenostomia e a cistojejunostomia transfor-
mam a duplicação em um grande divertículo e a
taxa de_ recorrência é alta.
tíígaçãn niagnóstica
:ED: mostra deslocamento e compressão do nurucneõhis museums
líâêsonografra: mostra lesão cística com gut
|:
São as mais comuns (quase 59% do total são de
erm— . .
ografra computadorizada ou ressonâncra
íleo e císticas). , .L
E Pequenos cistos podem ser assintomáticos ou causar
lgar magnética, se necessário. obstrução intestinal por invaginação ou volvo.
,ªngiopancreatorressonância magnética (CPRM) Ei Grandes cistos costumam causar compressão externa
ggecc ser o melhor método diagnóstico atual. (por acúmulo de secreções) e costumam ser palpáveis
gtifica a relação anatômica do cisto com os em aproximadamente metade dos pacientes.
,E,“ pancreático e biliar. a As duplicações tubulares variam de milímetros
litros métodos. a toda a extensão do intestino delgado. Aquelas
Çolangiopancreatograâa endoscópica retrógrada com comunicação distal são mais comuns e cos-
(ÇPRE) demonstra as relações anatômicas da tumam não apresentar sintomas. Seºlêm apenas
. ªplicaçao com os ductos biliares e pancreatieo. comunicação proximal, o lúmen fica muito dis-
Qiangiografia transparieto-hepatica. tendido com conteúdo intestinal, ocasionando
Camelogmfia transoperatória para detectar a relação massa abdominal ou obstrução intestinal por com—
ªªdupIiCação com colédoco e ductos pancreáticos. pressão externa ou grande distensão com perfura-
Ultra-sonografra transoperatória.
ção. Duplicações tubulares com mucosa gástrica
(1/3 desses casos) podem causar hemorragia e/ou
perfuração.
. -
'ª fªlº
ílmpurtante definir as relações anatômicas do
cºm os ductos pancreático e biliar, para sele-
se Portanto, as formas de apresentação clínica são:
w
Dor abdominal por tensão na parede da dupli-
!gnªr 0 tratamento cirúrgico apropriado. cação cística, por obstrução intestinal parcial

M wm— q
l

470 I Trato Gastrointestinal

com risco de aparecimento de ulceração Péptica


provocada por mucosa gástrica ectópica. A téc.
nica adequada foi descrita por Wrenn e se ha.
seia em múltiplas incisões longitudinais na
seromuscular da duplicação e excisão da mucosª
(strip ofi‘), deixando parte da camada seromuscular
in situ, que é fechada sobre a área desnudªdª
(Fig. 86.5)’. A musculatura e a suplência Vas-
cular são mantidas intactas.
I: Nos casos de duplicações em paralelo, nos quais
as porções proximais e distais do intestino normal
e a duplicação não estão intimamente ligadas, pode.
se fazer uma separação das folhas do mesentériu
à maneira de Bianchi, deixando metade dos vasos
nutrindo 'o intestino normal e a outra metade nu-
trindo a duplicação, que vai ser removida.

Figura 86.5 - Diagrama da técnica de Wrenn para correção


IIIFllGIGÍÍES lll cotuurusº/u
Os tipos mais comuns são duplicação cística intramural
de duplicação intestinal longa. São realizadas múltiplas inci- do ceco, do reto e a duplicação tubular de cólon (du-
sões longitudinais na camada seromuscular da duplicação e plicação do intestino primitivo posterior: hindgm).
excisada a mucosa em todo o seu trajeto. Adaptado de Wrenn”.

nunlicaçfms Bistinas lll Gáliª" Proximal


do intestino adjacente e por ulceração péptica Geralmente são os cistos intramurais do ceco.

— naquelas com mucosa secretora de ácido.


Massa abdominal palpável de forma oval, re-
donda ou tubular, principalmente no quadrante
inferior direito, indolor, lisa, móvel.
m Sâo pequenas, podendo causar compressão do
cólon adjacente, funcionar como cabeça de uma É
invaginação ou de volvo, apresentar-se como massa &
abdominal palpável na fossa ilíaca direita ou ser ,ª;
-- Sangramento gastrointestinal. assintomáticas.
u Tratamento: ressecção da duplicação e ceco ad-
Investigação Diagnóstica jacente.
— ws- L

:- I
:! Radiografia de abdome: deslocamento não espe-
cífico do intestino ou sinais radiológicos de obs-“j. Ituulllíações tubulares Ilo Galan
trução intestinal ou perfuração. As mais comuns são do tipo paralelo, lado a lado.
IITrânsito intestinal: deslocamento do intestino ou
obstrução intrínseca. a Costumamconter somente mucosa colônica, as-
!Ultra-sonografia abdominal: costuma fazer o (
sociam-se a malformações geniturinárias em 50%
diagnóstico ao demonstrar o achado ultra-sono- dos casos e algumas vezes“ associam-se a drier-
gráfico característico — gut signature -— que mostra tos da coluna lombossacra.
uma camada interna hiperecóica corresponden- a Têm várias extensões; tradicionalmente são longas.
te a mucosa/submucosa, circundada por uma ca- sendo denominada completa aquela que
ciajunto a área de um divertículo de Meckel "0
ªº '""
mada externa hipoecólca correspondente à mus-
«

culatura lisa. Também é diagnóstica a percepção intestino delgado (íleo distal, ceco, apêndice e
de peristalse na parede da duplicação. cólon são duplos).
II Tomografia computadorizada: cisto arredonda- al Há sempre conexão com o intestino normal. ª
do, liso, repleto de fluido ou estrutura tubular maioria proximal. _
_ -.
de paredes finas, intimamente associada ou ad- E! É frequente a presençãde estruturas
Eºmlurmánº
.
:,

jacente a parede intestinal normal. duplicadas.


*.

m cintilografia com tecnécio: mostra mucosa gás- Essas duplicações tem diversas formas de
distalmente. Na pelve, os cólons costumam Sº terminar

. ne var
trica ectópica.
parar—se e formar:
n 'a - i . “ “ , . - e Iratanientn --
Dois ânus perineais separados lateralmen te (um
.n
W VW .

de cada lado da linha média).


El Tubular curta ou cística: ressecção segmentar da Um ânus perineal e um ânus imperfurado.
duplicação e do intestino adjacente.
ia Tubular longa: e desaconselhada a ressecção extensa ———
Dois ânus imperfurados.
- Um ânus perineal e um ânus imperfurado
do intestino adjacente ou a drenagem interna, fístula geniturinária (para a vagªlª ur
º“ 050:;
..
x

Duplicações da Trato Digestiva = 471

: osterior ou bexiga) ou como fístula perineª] tente será fechada. Não há necessidade de excisar
ªlg
:
'nando incompletamente.
s ânus imperfurados com fístulas perineais lª
a mucosa da duplicação.
Se nenhum cólon alcançar o períneo, anastomosá—
?a gem turmártas. los e realizar abaixamento pela técnica de Pefia.
rs Os ânus laterais quase sempre adquirem uma ra—
r55 clínico zoável continência anal futura. Caso a continên-
cia não seja obtida, fazer avaliação criteriosa da
s duplicações que terminam por dois ânus sensibilidade e da musculatura (ressonância nu-
clear magnética) para discutir possível transposi-
ermeáveis geralmente são assintomáticas.
?Ãs que são imperfuradas ou têm fistula gemturinária ção anal para dentro da musculatura responsável
o'stumam causar dilatação com compressão do
;;”.ólon normal, podendo ocastonar até perfuração.
pela continência.
Kl No caso de duplicação 'sagital, muitas vezes
âiaservar, ao exame, se existem duplicação dos somente é necessária a ressecção do tabique de
separação da duplicação e cólon normal por meio
'rifícios anais. material fecal na urina ou vagina, de colotomia e grampeador mecânico gastroin-
ª"assa abdominal palpável, abdome distendido, testinal. Fazer colostomia clescompressiva prévia.
assa. retal pelo toque e estenose desses orifícios.
a Se a comunicação interna da duplicação com o
ligação Diagnóstica cólon nomial for adcquada, não é necessária cor-
reção cirúrgica.
. adiografia de abdome.
Enema opaco.
ietrocistografia miccional e urografia excretória.
DUPlIBRÇãES I]! BETH
n São classificadas em duplicações císticas pequenas,
ltra-sonografia abdominal.
'
l
«Tomografia computadorizada, se necessário, extensas e com ou sem fístula perineal.
Éndoscopia urinária, genital e colônica, ou seja, Vinte a quarenta e cinco por cento estão asso-
ciadas a fistulas para canal anal ou períneo.
ªvaliação endoscópica de todos os orifícios. m Correspondem a 5% de todas as duplicações.
iii'ste uma forma mais rara de duplicação tubular ta Estão localizadas no espaço retrorretal.
=x ”on, no sentido sagital, sendo a cranial mais anormal E1 Podem ter mucosa gástrica ectópica, mas não é
; "elhante às duplicações jejunoileais que crescem a regra.
'
l'do mesentérico. a Podem sofrer degeneração maligna.
-.:Podem, com maior
. frequéncra,
.. . ter mucosa gás- !Costumam estar associadas a anomalias espinhais
‘l *. .
'Ínca ectópica. (provável origem no notocórdio fendido).
N Diagnósticos diferenciais: teratoma sacrococcígeo,
om ânus não duplicado, o ânus termina topica-
" cordoma, neurofibroma, meningocele sacra an-
terior; cisto dermóide. Diagnósticos diferenciais
quando há fístula: abscesso perirretal e fístula anal.

Quattro clínica .
II Massa no espaço retrorretal causando constipa-
ção, tenesmo e prolapso intem1itente (massa pos-
terior abaúln na parede retal e causa prolapso).
tamento Geral. Objetivos Gerais
Sempre realizar preparo prévio de cólon, con—
Sangramento retal vivo.
Obstrução retal por compressão.
forme rotina do serviço. Retenção urinária, disúria.
Se indicada colostomia, fazê—la sempre em am— Constipação intestinal.
bos os cólons. Indicações de colostomia: gran— m Fístula perineal crônica.
nl Drenagem de secreção purulentaªou'muco pelo
es dilatações colônicas com coleções fecais no
_ do cego da duplicação, fístulas para vagina, ânus ou fístula.
u tra e bexiga, duplicação sagital com ressec— E Dor de localização abdominal baixa ou suprapúbica.
la Massa pré-sacra assintomática.
Çfln de tabique comum e casos especiais.
“Providencia: para que os dois cólons drenem em
m só orifício anal. Inuestiuaçãu ntaªuástioa
Se um dos retos já estiver no períneo, o outro
_ ólon será dividido, excisando-se parte da pare-
E: Enema ºpaco.
:: Ultra-sonografias abdominal e pélvica.
gde Comum por curta distância, com o objetivo de t: Tomografia computadorizada ou ressonância
5
ªumenta: as comunicaçõesjá existentes, será anas- nuclear magnética, para melhor visualização das
lmomosado ao primitivo e qualquer fístula exis— vértebras.

« ,q u
472 I Trato Gastrointestinal

Tratamemn Quadro Clínico


IDuplicações císticas pequenas: acesso transanal IOs pequenos cistos podem ser assintomáticos,
»,. com incisão da parede retal posterior, abertura
da duplicação e retirada da mucosa ou, mais ra-
llOs cistos maiores podem causar obstrução res
piratória aguda, episódios repetidos de sibilância;
m

ramente, por via sagital posterior. pneumonias de repetição.


nl Grandes ou complicadas: acesso por via sagital Os cistos com mucosa gástrica ectópica podem
posterior, retirada da mucosa. Pode ser combi- sofrer ulceração péptica com dor torácica, per-
nada com acesso abdominal quando há exten- furação para o esôfago ou pulmão provocando
são para o abdome. tosse, hemoptise, hematêmese.
a Queixas esofágicas são raras: dor epigástrica,
“m'rtos, d'lªfªg''a.
'/

Illll'llfllmills "Inhumªs vº

E ToMill!IBllllflIIllIS . . Diagnóstica
. .
!

<;
i". Os cistos mediastinais congênitos derivados do intestino
Investlgaçao;
_ . ,.
ff; anteriorprimitivo (foregut) são broncogênico, esofágico Hlsãónª e “ªgiº nªmº-_ t .
at;
._
intramural e cisto neuroenténco. Somente os dois IRadiografias e tórax (antero-pos error <? laic-
35: últimos são considerados como du licações do tra- fªl): massa arredondada, Ilsa. Situªdª no mediastmo
I:
- .p
to digestivoecorrespondemaaproxrmadamente 15% postenor (F'rg. 86«6)- l
&
'

ª“?

de todos os casos. A apresentação clínica pode ser do
tipo respiratório, mais frequente (estridor, episódios
Espfagograma: compressao e deslocamemo
esºfªãº (Flg- 867)- f t d ' d
do

a“.? apnéicos, dispnéia, cianose) e do tipo gastromtestmal ªUltra-sonogram, tomogra lª compu ºflllª ª ªº
43., (disfagia, dor epigástrica e retroesternal, vômitos. ÍÉSSºãlªmjª "“dª-ªf Igêgnfnºª- “ªsfªltº diagnós-
as:. hematêmese, mais comuns nos cistos de 1/3 médio l?“. e ºmº em me lªs. mo Pºª no -
e inferior do mediastino). Até 25% dessas duplica— m Cintilografia com tecnécro: Pºde detectar mucºsa

.”?"
É ções podem ter outra duplicação cística abaixo do gastrica.
diafragma. ?.

ª
' ,. ' ' '
Tratamento Z*.—
GIS“! Esotaglco Intramural n Via de acesso: mediastino superior e médio - É
L

Também
denominado
enter geno.
duplicação esofágica e cisto iiii'ªígf“lªgªrtª-gi?ªfã-2352333333;Sªi—lili,
.
—. _ na
. - . :.:
;.
I: Explicação embriológica:
defeitono processo de
vacuolização após fase de proliferação epitelial Téºãlºªí %“ºlsâlº nªs“lªllâafliªcgªlpllfâfx
laila—3:12SiãogªoâmiiªgduplicadapDeixnr
(fase sólida) do intestino. * . _ redundante . .
a musculatura da duplicaçao . objetiva
|:
Localização: mediastino posterior; 60% no 1/3
fechar o defeito no esôfago normal que, às vezes,
superior, 20% no 1/3 médio e 20% no 1/3 inferior. é pobre em.musculatura.
Aproximadamente 5% de todas as duplicações.
B Predisposição sexual: 2M:1F.
II Não existe anomalia vertebral associada,
n Parede muscular comum com () esôfago normal
(às vezes, essa camada é muito fina). Possui também
plexo mioentérico.
tu Já que o esôfago é derivado de tecidos multipo-
tenciais do intestino anterior primitivo, pode ser
encontrado um epitélio bastante variado. A du-
plicação pode ser revestida por epitélio colunar
ciliado (respiratório), escamoso ou gástrico.
B Cartilagem pode ser encontrada raramente.
II Geralmente tem a forma esférica, mas pode ser
tubular.
u Em 90% dos casos não se comunica com o lúmen
do esôfago normal.
E: Em l2% é acompanhado por outras malforma—

goes. principalmente duplicações entéricas adi-


cronais.
As duplicações situadas no IIS superior do esôfago
a em me-
são mais sintomáticas. Figura 86.6 — Radiografia de tórax mostrando
. mass
- ' ica.
In É mais frequente a direita. diastino superior direito relacionada dupllCªÇªº esotag
à
&“

Duplicações do Trata Digestivo n 473

— Cisto entérico intra-espinhal.


- Fístula dorsal enterica com canal neuroentérico
totalmente patente (Fig. 86.9, A).
— Seio dorsal de linha média com mucosa gas-
trointestinal (Fig. 86.9, B).
~- Cisto associado a duplicação intra-abdominal
ou com extensão intra-abdominal (duplicação
toracoabdominal).
E1 Localização: mediastino posterior.
n Pode ser esférico (mais freqiiente) ou tubular.
1:1 Possui parede muscular e plexo mioentérico.
1n Epitélio variado, geralmente do tipo intestinal.
As vezes. pode conter tecido broncopulmonar e
epitélio gástrico.
:1 Adel-ido ou adjacente ao esôfago, porém sem parede
comum.
:: Sem comunicação espontânea
fágíco. com o lúmen eso-
Frequentemente aderido ao corpo da vértebra por
ul
tecido fibroso.
,?âe1- Esofagograma mostrando massa em medias- n Quase sempre (80%) associado a anomalias ver—
"É or e posterior. Correspondia a uma duplicação tebrais, principalmente cervicais e torácicas su-
lca que se comunicava com o lúmen do esôfago normal. periores. A porção do cisto em relação ao defeito
vertebral e sempre mais caudal, pois se alongam
em ritmo diferente.
Em 20% apresenta anomalias neurológicas'intra-
espinhais: meningoceles, mielomeningoceles,

ªassa cística em mediastino posterior, que pode


conexão com o sistema
Lgastrointestinal. nervoso
central e trato
diplomielia e cistos intra—espinhais.
l As anomalias vertebrais mais frequentes são:
espinha bífida anterior, posterior e combinada,
ªExplicação embriológica: adesões anormais ou vértebra tipo butteifly, hemivertebra, escoliose
alha da separação completa entre o endoderma e díastematomielia.
o ectoderrna, ocasionando uma série de rema- m Além das malformações da coluna vertebral e
nescentes neuroendodérmicos anormais. das neurológicas, são freqilentes as duplicações do
Ósremanescentes entéricos dorsais compres“. intestino delgado.
,, um espectro de doenças.
isto sem aderência com a coluna vertebral
l Pode ter um componente intra—abdominal, como
se fosse um longo divertículo atravessando o
—.à isto com aderência ou cordão fibroso até a diafragma e terminando cegamente ou comuni-
*coluna vertebral, porém sem extensão intra-
'

fªbinho (Fig. 86.8). cando-se com o duodeno ou o jejuno.


Is Conéomitanternente com o cisto neuroentérico,
Cisto com extensão intra-espinhal acompanhado

_
pode haver um cisto intra-espinhal.
“por espinha bífida e diastematomielia.
,,, sto com extensão tubular comunicante com
».r'
a coluna vertebral.

.Figura 86.8 — Cisto neuroen-


térico com cordão fibroso até a
coluna vertebral.
Figura 86.9 - (A) Fistula dorsal entérica com canal neuroen-
térico totalmente patente, espinha bifida e diastematomielia.
(B) Seio dorsal de |inha média.

< " 1 ‘ :t ’ 7 - ." w a


_
474 I Trato Gastrointestinal

n Associação entre a síndrome do notocórdio fen-


4
dido e má rotação intestinal pode ser devida a
fixação anormal do intestino na coluna vertebral.

Manifestações Clínicas
O epitélio secretor faz o cisto encher-se de fluido,
aumentando de tamanho e causando sintomatologia
por compressão.
Os cistos do mediastino superior apresentam
sintomas mais precoces e mais graves.
! Os cistos de 1/3 médio e inferior, em 35% são
assintomáticos e em 65% vão apresentar sinto-
mas respiratórios ou gastroesofágicos. Os prin-
cipais sintomas respiratórios são: disfunção
respiratória aguda, crises repetidas de sibilância,
estridor, tosse persistente e pneumonias de re—
petição.
Se tiverem epitélio gástrico, podem apresentar Figura 86.10 -Radiografia de tórax mostrando grande cisto
neuroentérico em mediastino.
ulceração péptica com dor subesternal e erosão
em esôfago ou pulmão, causando hematêmese
ou hemoptise.
I: Os principais sintomas neurológicos são: dor nas neurológica. Como regra geral, laminectomia ou
costas, deficits motores elou sensoriais e distúr- laminotomia e excisão da porção intra-espinhal
bios na marcha. do cisto devem ser priorizadas. Isso poderá evi-
tar laminectomia de urgência em casos de pres-
são intra-espinhal aumentada com sinais neuro-
Investigação Diagnóstica lógicos focais pelo edema e/ou sangramento
pós-operatório.

6 L n- xs z l 9
E Radiografias de tórax (antero-posterior e late-
ral): podem demonstrar massa arredondada ern
El Cisto com extensão intra—abdominal: em geral
mediastino posterior (Fig. 86.10), defeitos verte- usa—se cirurgia estagiada. Ressecar primariamente d
aquela que está causando maior sintomatologia ª
brais e efeitos secundários causados pela massa
(enfisema lobar, pneumonia, atelectasia). (abdominal ou torácica). Se estiver sem sinto-
Esofagograma: compressão e deslocamento do mas iinportantes, ressecar primeiro o componente
esôfago (Figs. 86.11 e 86.12).
IUltra-sonografia torácica.
Ii Ressonância nuclear magnética ou mielotomografia
computadorizada: deve ser indicada a todo cisto
neumentérico mediastinal com anomalias vertebrais.
I! Pela associação com duplicações abaixo do dia-
fragma, sempre solicitar ultra-sonografia abdo-
minal ou tomografia computadorizada com contraste
do abdome.
ª deCintilografia com tecnecio: quando há suspeita
mucosa gástrica.

Tratamento
!! Cisto neuroentérico mediastinal: toracotomia
póstero—lateral e exérese do cisto.
lCisto neuroentérico com extensão intra-espinhal:
exérese do cisto, excisão transtorácica dos com—
ponentes intra-espinhais, quando possível.
Se não for possível a excisão intra-espinhal no
= mesmo ato operatório: toracotomia para excisão
do cisto e laminectomia pelo neurocirurgião. A
escolha do primeiro acesso vai depender da in-
Figura 86.11 Esofagograma mostrando
-
esôfago para a esquerda causado por cistodeslocamentgri'
neuroenl i:
tensidade da sintomatologia, se intratorácica ou localizado no mediastino, à direita.
Duplicações do Trato Digestivo n 475

de um a dois dias ou, preferencialmente, deve


ser no mesmo ato operatório, pois o fechamento
(ligadura) da extensão abdominal pode impedir
a drenagem de secreção e causar rápido aumento
do cisto mediastinal.
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476 : Trato Gastrointestinal

lnvaginação Intestinal
João Carlos Ketzer de Souza

m 8 5-arI
Figura 81.2 — Invaginação reduzida cirurgicamente. observª,
GIIIIIIEI'I'II diverticulo de Meckel ainda invaginado. ' O L Ç-
É a telescopagem de um segmento intestinal no lúmen
do segmento adjacente, no sentido peristaltico (Fig.
minal (placas de Peyer). Infecção respiratória alta
87.1). l-lá compressão e angulação dos vasos mesen—
ou enterite comumente precedem à invaginação.
téricos do intestino invaginado, levando a uma obs-. .Em 5 a 10% existe lesão anatômica definida:
trução estrangulante. A necrose se inicia na camada
divertículo de Meckel (Figs. 87.2 e 87.3), pólipos
externa do ápice do intestino invaginado e se estende intestinais (principalmeptc do tipo Peutz—Jeghers),
proximalmente. Ha translocação bacteriana e libera- linfoma não-Hodgkin ,(acima dos três anos de
ção de endotoxinas após quebra da barreira mucosa. idade) (Fig. 87.4), duplicação intestinal, pt’irpu.
ra de Henoch—Schõnlein e outras. Costuma apa.
EPIDEMIIIIBEM recer após os dois anos ou em casos de invaginação
I Prevalência: 1,5 a 4 crianças com invaginação recorrente.
para cada 1.000 nascidas vivas.
lPico de frequência: 3 a 12 meses. GUISSIHBIIGÃO (Fig. 87.5)
I Sessenta e cinco por cento em crianças com menos III Ileocecocólica (60%): a mais comum. Tem co-
de 1 ano de idade, 80% entre três meses e dois larinho frouxo e móvel, permitindo grande grau
anos, 20% após os dois anos de idade e, destes, de progressão. A cabeça é fixa. O colarinho se
menos de 10% acima dos cinco anos. renova sem cessar com a progressão da imaginação.
II Rara durante o primeiro mês de Vida. I Ileocólica (25%): o colarinho é fixo e age como
IPredisposição para o sexo masculino: 3M51F.
um anel de estrangulamento que limita o progresso
I Metade das invaginações recorrentes costuma ter da invaginação, comprometendo mais rapidamente
causa anatômica associada. a vitalidade intestinal. A cabeça e móvel e se
IUm terço das invaginações após os dois anos de
renova conforme a progressão da invaginaçâo.
idade costuma ter causa anatômica associada. I lleeileal (10%).
I Oitenta por cento comprometem aregião ileocecal. I Colocólica (< 2%).
II Outras: 3%:

E'I'lºlºlilll
IEm 90 a 95% a causa é idiopática (lesão anatômica uunnnu eIIIIIen'
I Lactente bem nutrido.
não definida) e, provavelmente, causada pela hi-
pertrofia de linfonodos submucosos no íleo ter- respiratória ou gus-
Ia História prévia de infecção
troenterite é comum (duas semanas). '

E Instalação súbita.

Figura 87.1 — Invaginação intestinal cecocólica. Observar a Figura 87.3 Após redução'da invaginação. obserVª_r dªí
-
telescopagem de uma alça de Ileo em outra mais distal (no verticulo de Meckel que funcionou como cabeça dessa mva-
caso, o colon). ginação.
Invagínaçãolntestinal I
477

Em
ãi'a'
(aproximadamente 10 a 15%).
a de eliminação de fezes. WWW:—«gªr.

%ãbdominal
em cólicas, com periodos de acalmia
“Figndo entre 5 e 30mm. Invaginação não-do-
osa não é tão incomum (me 15%).
"mitos precoces, imoralmente reflexos e depois
‘i’osos. Estão presentes em 75 a 85% dos casos.
“minaç㺠de fezes com sangue e muco (aspecto
:geléia de groselhas) em 55 a 65% dos casos.
‘bde haver diarréia em 10 a 20%.
pstensfio abdominal em fase mais tardia (apro-
firadamente 13%). .
21.0 freqiientes a apat1a e a prostração (em 50%
- dº's casos e secundárias à liberação de opióides
ndógenos neuroativos pós-isquemia e quebra da
"freira mucosa intestinal), palidez, sudorese e
es‘idratagiio-
Figura 87.4
—Peça cirúrgica de ressecção intestinal por
invaginação intestinal. Observarpequeno linfoma não—Hodgkin
'ais tarde podem aparecer pré-choque e cheque. íntraluminal. '
1

“assaabdominal palpável em 65 a 70% dos casos,


' ongada. cilíndrica (em forma de salsichão),

onsistência endurecida, dolorosa, móvel, podendo


dificar a forma e a localização em exames
gens radiológicas características e peculiares (am—
putaçâo, cálice, trança ou cauda de lagosta, espiral
.
I'ªessivos.A distensão abdominal pode masca-
la. Palpável durante as fases de acalrnia, prin—
almente no quadrante superior direito, epigãstrio
ou casca de cebola).
Sinais radiológicos prcsuntivos de invaginação
ileoileal: ceco de aparência regular e cheio, imagem
hemiabdome esquerdo, próximo a coluna (Fig. em crescente (garra de lagosta), imagem em tridente,
17.6). ceco encurvado na pane de dentro ececo em Iinver-
tido (forma de anzol).
infiltra retal com sangue (80%) e/ou percepção
Ultra-sonografia abdominal: atualmente é a téc-
"zi cabeça da invaginação (5%). nica diagnóstica preferencial por não ser invasiva,
da cabeça da invaginação pelo ânus
,(1.rolapso
,
a 3%).
detectar invaginações ileoileais e causas anatômicas
desencadeantes.
ªcusação
de fossa ilíaca direita vazia (sinal de
ance, que significa ausência do ceco na fossa
'
_
faca direita).
% invaginações de delgado (correspondem a
“330% do total), a eliminação de sangue e' me-
;, Or: mais tardia e sem muco, a massa abdominal
,“ Éris difícil de palpar, pois é de calibre menor
alças de delgado) e há maior distensão
Gd minal.

adiografia de abdome: sinais radiológicos de «.—


trução intestinal mecânica baixa aparecem tar-
. Lamente. Pesquisar pneumoperitônio. Massa de
{3.011105 moles pode ser visível como uma opaci-
jelªde. Radiografia de abdome parece normal em
% dos casos; em‘25% apresenta padrão radio-
' '

. lºgicº de obstrução de delgado e, em 50%, imagem


om efeito: de massa com padrão gasoso anor-
al, Principalmente cólon vazio (sem gás).
Figura 87.5 — Tipos principais de invaginação intestinal.
"Cipa opaco: parada de progressão do contraste (A)|leocólica. (B) Ileocecocólica. (C) Ileoileal ou colocólica.
*_o nivel da cabeça da invaginação, formando ima- (D) lleoileocólica.
478 n Trato Gastrointestinal

alças envolvidas (alça invaginada, alça invaginame


que entra e alça invaginante que retorna).
Portanto, a ultra-sonografia obtida no ápice mºstra
anel externo hipoecóico com um centro hipméim
Em direção à base, o aspecto muda gradualmente, .,
dependendo da quantidade de mesentério incur. %!
porada e incluída na imagem. Na base, a quan. %:
tidade de mesentério confinada é máxima e o E
resultado é um anel externo hipoecóico com um ;
centro hiperecóico em crescente. “'
Ao carte longitudinal aparece massa oval. Também
é a disposição do mesentério, que pode ser
demonstrada emumou ambos os lados do invaginante,
que causa as variações de aspecto. Observamse
três bandas hipoecóicas paralelas separadas por
duas bandas paralelas hiperecóicas próximas. As
bandas hipoecóicas externas representam a alça
evertida edematosa do 'nvaginante e a fina ca
mada da invaginada. A banda hipoecóica central
Figura 87.6 - Representação diagramática do trajeto'da '
'
corresponde a alça central'que entra de invaginante.
invaginação intestinal. A massa abdominal tem forma As bandas hiperecóicas são causadas pelo mesen-
alongada, cilíndrica, que pode se modificar e alterar sua lo« tério, que é arrastado com a alça intestinal.
calização em exames sucessivos. O trajeto do binômio Líquido peritoneal aprisionado na invaginação
invaginado-invaginante é dependente da restrição propor- correlaciona-se, significativamente, com isquemia
cionada pelo mesentério invaginado.
e irredutibilidade. O líquido reflete compromis—
so vascular da alça evertida, acumulando-se en—
tre as camadas de ambas as alças do intussuscepto
Quando surgiu a ultra-sonografia, a resolução (invaginante). O mesentério impede sua saída para
das várias camadas do intestino não era possí- a cavidade peritoneal.
vel e, por isso, apareceram os vários sinais ultra—
linfonodos são muito encontrados em invaginação
sonográficos conhecidos como sinal do alvo ou e detectados por ultra-sonografia.
do doughnut, sinal do sanduíche, sinal do garfo la Eco—Doppler: quando o fluxo sanguineo não é
de feno, sinal do pseudo—rim. Com os transdutores visto no eco—Doppler, a taxa de redução e mais
de alta resolução linear tornou—se possível a baixa.— Fluxo sanguíneo no eco-Doppler sugere
visualização das camadas intestinais individual-
mente. ,- que a invaginação pode ser reduzida.
Invaginação é uma estrutura complexa. O invagi— Os indicadores ultra—sonográfrcos de isquemia e
nado (intussuscipiente) contém o invaginante irredutibilidade são () aprisionamento de líquido e a
(intussuscepto) dobrado, com seus dois componen— ausência de fluxo sanguíneo no eco-Doppler.
tes: a alça que entra e a alça que retorna. O mesen- " O estudo ultra-sonográfico apresenta sensibilidat'c
tério é arrastado entre essas alças. de 98 a 100% e especificidade de 88 a 100%.

"._ª'l
Ao corte transversal é descrita uma massa arre—
, .*
.» .

dondada com múltiplos anéis concêntricos de in— TBATIMEN'I'II


testino edematoso hipoecóico (alça que retorna
evertida e alça invaginada) ao redor de uma área Por ser uma obstrução intestinal do tipo estrangula-
central de maior ecogenicidade (alça que entra. da, com compressão dos vasos da parede intestinal c
que tem espessura normal ou está colapsada.
circundada pelo mesente'rio hiperecóico).
mesentério, a única terapêutica aceitável é o
alívio

obstrução pela sua redução. Esta poderá ser por meta-
.

A invaginação pode apresentar diversos aspec-


tos, principalmente devido à quantidade de
dos não—operatórios (reduçãªõ'hidrostática por
opaco, soro fisiológico ou insuflação de ar) e meiº-
encimª
mesentério arrastado com a alça invaginante. O do operatório (Fígs. 87.7 e 87.8).
mesentério costuma estar ausente no ápice da
invaginação e, progressivamente, aumenta em cuidados Pré-unuralúrius
direção a' base. Contrariamente, a alça evertida
é mais espessa no ápice do que na base. Se esta m Solicitar hemograma com plaquetas, provas de
imagem for obtida junto ao ápice da invaginação, coagulação, tipagem sanguínea. eletrólitos, gaso-
observa—se o centro hipoecóico, que representa metria arterial, uréia e creatinina.
a alça central que entra do invagiri'ante sem :NPO (nil per os, nada via oral).
mesentério. Notam—se múltiplas camadas das três a Acesso venoso adequado.
invaginação Intestinal a 479

Suspeita clinica e
imagenologica de


ínvaginação Intestinal

R% _
í, l “1

i
.

1m
.- ª". v.
lleoileª
ªçªº : l Posltlva Ne9ativa
95,295 intestinal

.3?“
.
'
Bªgnatomica
"eftçªdªªnte Redução

“' ., hidrostática
Insucesso
Figura 87.8 - Invaginação intestinal. Aspecto cirúrgico.
Observar
Com sucesso
ambulatorialmente
parotomia
Técnica de Redução Não-operatória
48h de Hidrostática com Monitoração por
observação Fluoroscopia '

;
é 87-7 — Algoritmo de investigação e tratamento da a Bloco cirúrgico deve estar programado para ci—
rurgia imediata.
ag'inação intestinal. Er Criança vai para exame radiológico com linha in-
travenosa adequada em membros superiores, hi-
dratada, corn sonda nasogástrica aberta e após
Ressuscitação hidroeletrolr'tica adequada. ter iniciado a antibioticoterapia.
keposição sanguínea, se necessário. A seqiiestração 91 Colocar sonda retal de bom calibre (sonda Foley
de sangue no segmento invaginado pode causar Z 16F). O balão deve ser insuflado e as nádegas
anemia considerável. aproximadas com esparadrapo, para evitar o va—
"Antibioticoterapia corn aminoglicosfdeos e zamento do contraste.
:ªnetronidazol ou clindamicina. A invaginação
,

“ a Não comprimir, não manipular o abdome. Não


pode ser considerada uma úlcera banhada por elevar a coluna de bário acima de lm de altura.
Tezes. Antibióticos são mantidos por 48h quando Com essa altura e' gerada pressão de lZOmmHg
ªtratados com redução hidrostática/pneumáti-
,”

(lmmHg = l.,âõçmHzO). Soluções de contraste


.:5 ca e, nos outros casos, até a cura do processo hidrossolúvel só conseguem atingir pressão intra-
tªíinfeccioso. luminal. de 120mran com a altura de lSOcm.
A pressão usada em redução hidrostática costu-
l' ão Hiurustátiea ma ser mais constante do que em redução com
ar. A pressão intracolônioa alcança um platô, ao
de sucesso com redução hidrostática é
'taxa passo que a pressão com arsofre oscilações com
muito variável
' (20 a 80%). picos qLíe podem ultrapassar a pressão *lirnite.
'Após a redução hidrostática, a criança deve
'

A sedação do paciente é questionável. As práti-


permanecer hospitalizada no mínimo por 48h. eas variam de acordo com as rotinas dos servi-
Contra—indicações absolutas da tentativa de re- ços. Sabe-se atualmente que a sedação diminui
dução hidrostática ou pneumática: choque sem as taxas de redução, pois previne as manobras
_,
_-' melhora com ressuscitação clínica, evidências de Valsalva durante o esforço evacuatório, di-
,,;de perfuração intestinal, septicemia, idade do minuindo o gradiente de pressão colônica trans-
»;pªciente acima de 5 anos sugerindo fortemente mural gerado. As manobras de Valsalva fornecem
a presença de fator desencadeante, invaginação pressão intracolônica adicional (aproximadamente

_ ;ílcoileal e invaginações recorrentes (mais de três 60rnran), sem efeitos deletérios. G'efeito pro-
«
pªpisódios). tetor das manobras de Valsalva baseia-se na
[!:Fatores que predizem improbabilidade de redu—
ª São (contra-indicações relativas): período neonatal,
aplicação de pressão externa a parede do cólon,
enrijecendo sua parede e aumentando a capaci-
,):lnvflginação tipo crônica e subaguda, idade su- dade de resistência ou de oposição. Maior capa-
?" perror a 2 anos, duração prolongada dos sinto- cidade de resistência da parede do cólon neutraliza
," mas (> 48h), imagem radiológica de dissecção o efeito da pressão adicional agregada durante
-
;; ou de cauda de lagosta, em que o bário se insinua
— _:_ entre invaginado e invaginante a uma distância
os episódios de Valsalva, protegendo o intestino
da perfuração. A lei de Laplace estabelece que
& 3.2Pulsão
4cm (a coluna de bário perde a força de pro- a força aplicada na parede de um cilindro (T) é
* retrógrada).
'

diretamente proporcional ao raio do cilindro (R)


480 l Trato Gastrointestinal

e à pressão intraluminal (P). Durante a Valsalva. Técnica de Redução Pneumática


a contração da parede abdominal aumema a
pressão intra-abdominal ao mesmo tempo em
IA redução pneumática (pressão máxima de insu. ,
fiação de ar não deve ultrapassar IOOmml-xg Cm
que aumenta a pressão intraluminal, diminuin-
lactentes e 120mml-lg em crianças maiores) lcm‘
do o gradiente de pressão transmural. O'intes-
índice superior ao da hidrostática (80 a 90% x 70
tino fica com menor raio e com maior pressão
intraluminal efetiva. A pressão externa é trans— a 80%), provavelmente porque com o gás' haja
diminuição das forças friccionars entre mvaglnado
mitida para dentro do lúmen ao mesmo tempo
e invaginante. Redução com sucesso é determi-
em que enrijece a parede intestinal. As forças

»un-ir<9rL—
nada pela passagem de fluxo de ar para dentro
que tendem a explodir a parede do cólon au- do íleo. A pressão pode ser controlada por mano-
menlam quando o diâmetro do intestino aumenta,
se a pressão intraluminal não sofrer mudanças.
metro ou por válvula de escape. Temrnais chances
de causar perfuração pelas oscilaçoes que pode
A lei de Laplace nos mostra que o diâmetro da sofrer durante o procedimento.
parede colônica é o fator—chave na ocorrência lVantagens da técnica'. taxa mais alta de reduçãº.
de perfuração intestinal.
A coluna de bário pode ficar estacionária até por
menor exposição à radiação quando Cumpamdu
com o enema de bário, técnica limpa, fácrl e rápida
10min, se a criança estiver bem. O bário é então (dura i 15 & 20min). Caso aconteça perfuração,
evacuado e se repete a tentativa de redução. Acei- a falta de flutuabilidadetlzfe de suspensao das fe.
tam-se até três tentativas antes de considerar a zes no ar causa mínimo derramamento de fezes
invaginação irredutível. na cavidade peritoneal. A compressibilidade do
n Diagnóstico de redução: fluxo livre de bário em gás fornece uma margem de segurança ao pro-
alças de delgado sem defeito de enchimento resi- cedimento. causando perfurações de pequeno
dual, expulsão de fezes e flatos com bário, de-
saparecimento da massa abdominal e melhora
calibre. Quando a pressão intraluminal do gás
ultrapassa a força tênsil da parede intestinal, o
clínica. gás é comprimido ao passar por uma pequena

w
: º “ . a vi V « Sempre após a redução, palpar o abdome e ob-
ter chapa radiológica pós—evacuação com con-
abertura nessa parede. A elasticrdade da parede
intestinal, que forma as margens
da perfuraçao,
trole fluoroscópico, observando com atenção o permite à parede do intestino resrsttr às forças
fo
£ — wae - = íleo terminal e aLválvula ileocecal. do gás comprimido. Essa compressao tempora-
ano

Havendo dúvida quanto ao defeito de enchimento ria converte uma parte da energia Cinética em
34“—

persistente noceco ser causado pelo íleo tenni- energia em potencial. Isso causa menor absor-
— v ,/ º a m nal não-reduzido ou pela válvula ileocecai ção da energia cinética pelo local da perfuraçao
.m-

“ m et o
edematosa, fazer ultra-sonografia de controle ou e dano limitado à parede intestinal. _
retornar a criança à enfermaria, submetendo-a a
observação clínica e radiológica após lh (radio-
>. l

ª.
Desvantagens da técnica: de
taxa perfuração
(até 3%) com risco de pneumopentômo sob tensao,
alta
."

grafias devem mostrar refluxo de bário para o visualização somente do conteúdo-intraluminal,


:«'=.,«5_t .s-£

íleo). Até 20% das invaginações não-reduzidas menor controle das invaginações ileºileais, ne
'

.
por métodos não—cirúrgicos encontram-se redu— cessidade de "radiografia de abdome para com-
zidos durante a laparotomia. Imagens sugesti- pletar o diagnóstico de desinvaginação.
vas de invaginação persistente são de cúpula ou Recorrência pós—redução pneumática: 8%.
de entalhe no bordo interno do ceco.
Redução com sucesso não exclui lesão anatômica Técnica de Redução Não-operatória
desencadeante, apesar de improvável.
.,“í'ªi

|!
Vantagens da técnica com bário: melhor expe-
Hidrostática com Monitoraçao por
riência com essa técnica, bons resultados obti— UItra-sonografia
dos, boa avaliação de invaginação ileoileal residual, u Essa técnica de redução hidrostática utiliza enema

critérios diª:
baixa taxa de perfuração (0,4 a 0,7%).
I Desvantagens da redução com bário: caso ocorra
salino guiado por ultra-sonografia. A
dução aproxima—se dã'80%. Os
taxa
u io“
perfuração, haverá peritonite química com for-
mação de granulomas e aderências com o bário.
sonográficos para considerar reduçao
efetivaâçdó
desaparecimento da invaginação, passagem de. l e
que permanecerá para sempre na cavidade perito—
neal, maior exposição à radiação, visualização
e bolhas aéreas do ceco para o íleo
demonstração de um íleo distendido por terminadº
inflict;
somente do conteúdo intraluminal.
I! Contraste hidrossolúvel: sua principal vantagem
Alguns autores preferem usar soro
combinado com contraste hidrossoluve 6,5101083”
dpin-
é evitar a peritonite química, em caso de perfu- determinar com certeza se houve reduçaº Íon-
ração. vaginação (soro fisiológico 9 parteszl
parte«
em
II Taxa de redução com esse método: 75 a 80%.
n Recorrência pós—redução hidrostática: 12%.
traste hidrossolúvel), observando_sua
para o íleo e confirmando a reduçao por rn
pªssei
e
Invagínaçãolntestinal n 481

uma chapa radiológica única ou fluoroscopia com


tempo curto.
3' w E‘xistindo dúvida, realizar eco-Doppler e/ou con-

[idle clínico e radiológico em lh.
vantagens: sem exposição à radiação, bons re-
. Sultados, visualização de todos os componentes
— da invaginação, fácil reconhecimento de causas
'

1;:
desencadeantes e de invaginação residual, bai-
.í, xª taxa de perfuração (0,25%).
“i
Desvantagem da técnica: necessidade de ultra-sono—
'

. ;; grafista em esquema de plantão de 24h.

.
1fgtamttnm cirúrgico
_ '. Indicado aos casos com contra-indicação da re-
dução hidrostática/pneumática e àqueles que não

Figura 87.10 lnvaginação intestinal quase totalmente re-
duzida, não aparentando gangrena do segmento invaginado.
obtiveram êxito com tais procedimentos.
ã
Laparotomia transversa infra ou supra-umbili-

.
3‘ cal direita próxima ao umbigo e divulsão da mus-
-' culatura {micro-lateral do abdome.
Redução manual sem ressecção: 70% (Fígs. 87.9
. . e 87.10); necessidade de ressecção intestinal:
“=; 30%.
' '- Recorrência pós—redução cirúrgica: 3%.
I Redução manual delicada com ordenha da ca-
beça da invaginação no sentido cranial, sem tração
na alça invaginada (como se espremesse um tubo
de pasta de dentes) (Fig. 87.11).
(;- Não se obtendo êxito naredução manual ou se
tv- houver áreas com necrose intestinal (Fígs. 87.12
e 87.l3) ou áreas persistentemente isquêmicas:
ressecção intestinal com enteroanastomose ou —
. Figura 87.1 1 Representação gráfica da técnica de redução
manual. A cabeça da invaginação deve ser ordenhada no
enterostomia (contaminação peritoneal fecal sentido distal, como se fosse um tubo de pasta de dentes. A
grosseira, má condição clínica, peritonite por alça invaginada nãodeve sertracionada, somente orientada.
bário). &.

Gamnlisaçõas -
Taxa de mortalidade: l%. - _
n: Taxa de obstrução intestinal pós-operatória por
bridas: 3 a 6%.

IllllllGlNllGÍ'lll llTlPlBll lll) BBBNIGA


!SIIBABIIHA
conceito
A alça invaginada é frouxamente circundada pela in—
vaginante sem comprometer a vascularização e sem
produzir obstrução completa.
A invaginação intestinal com duração entre 4 e 14
dias denomina-se subaguda e, acima dell4 dias, crônica.
a Frequência: 7 a 8% das invaginações. .
.
. ªlumina. — pastada invaginação
'9‘"? Acabeça
87.9 Técnica de redução manual de invaginação
deve ser comprimida como
a Ha retardo diagnóstico e morbidade elevada.
:: A criança não apresenta dor em cólica, não cos-
tuma chorar e não demonstra desconforto.
,“? fºsfe uma de dentes. O segmento proximal
= "Viglnado) não deve ser tracionado, somente orientado ln Pouco ou nenhum episódio de vômitos.
a;"gltudinalmente. :: A maioria não apresenta sangramento retal.
482 n Trato Gastrointestinal

e ur T

L!
1‘49— vu
' Figura 87.12 — Redução manual de invaginação. Observar Figura 87.13 —- Durante tentativaInfrutlfera de reduçãº

.
área com gangrena do segmento invaglnante (aquele que
sofre alterações mais tardiamente). Nesse caso, é mais ínte-
manual, observaase o aparecrmento de
areas
de gangrena
intestinal e ruptura de serosa, que deverao ser ressecadas.
ressante a ressecção do binômio ínvaginado-invaginante sem
tentativa de redução, pois poderá ocasionar ruptura e con-
taminação grosseira da cavidade abdominal. plicação intestinal cística (principalmenteileocecal)
e pólipos intestinais.
_]t Têm perda ponderal, pela cronicidade. segmento jejunoíleo.25% estão localizadas no
m Aproximadamente
, :! Massa abdominal pode ser intermitentemente
Ml palpada. , _
“ª ll Diarréia é frequente.
Illa!" climao
' 5 Principais sintomas, como dor abdominal. choro .1 .
,
: caracteristicas Ilª lmlagmaçaa
Suhagutta
e inquietação, estão ausentes no período
:= Sinais e sintomas mais comuns: vomitos b1110-
neonatal.
:
u sos, palpávelabdominal
distensão encontrada. retal.
raramenteeésangramento
, .. " Sintomas S㺠menos agudos.
n Maior duração dos sintomas (4 a 14 dias).
Massa
.

* 5 Exame físico e radiografia mimetizam obstru- '

».ã niaunósticn niiereneial Principal


«*.—?a

ção intestinal mecânica parcial.


f“ i lAusência de compromisso vascular do intestino. Enterocolite necrosante.
.
ºf.—Jf: |
Q; ». ll Lesões anatômicas desencadeantes são mais ,
comuns.
3ª ],
? ',
. _ _ tratamento _
.. . ,
«, 5 Biagnústlcn Illurenclal Pnnclual Deve-se sempre tentar redugao
hidrosmnca/pneuign- .,
ví-
“il

'
~
Gastroenterite.
Mein Imunúsuca
*
- Panama!
- —
tica, porém não de forma insistente e agressivª. 8-
vido à alta ocorrência de lesão anatômica adjuvante
associada e fre qíiente localização jejunoileal.
&

““ª-ªºªºgfªªª ªbdºminªl Miramar,-lio vús-nvmnrúma ,

..
«
É
. .
mmmncflu urnnnm concen- . .
ª'“: - conceito Invagmaça'o l'ntestinal no período p ós-op
'
eratório une-
i diato (30 dias).
Invaginação intestinal que ocorre no primeiro mês de
.—
.
.
“'dª. . Enluemluluula
,, . - S.
K; IICorresponde a 1 a 2% de todas as invaglnilgoe
Epidemiologia IIAproximadamente 75% ocorrem na prlmElm º
a Freqfiéncia: 03%-
Il Em metade dos casos há lesão anatômica desen-
90% nas duas primeiras
n O intestino delgado é acometidosemanas.em
85
90%
ª
,

cadeante, em especial divem'culo de Meckel, du- (principalmente jejuno e íleo proxrmaU-


lnvagínação Intestinal n 483

five} por 10% das obstruções intesti- investigação niagmistica


s i.as. is Ultra—sonografia abdominal demonstrando a in—
ºcorre após explorações abdominais vaginação.
[e ém
pode surgir em pacientes com ope- Lt Trânsito intestinal.
bdominais. Procedimento de Ladd é
de alto risco para invaginação pós-
Tratamento
RºdUç㺠ºperatória, sendo que em 80% se reduz

_ É:; _ _ _
facilmente. sem necessidade de'ressecção intestinal.
Inspecionar o intestino distal, pois são descritas
ismo neurogênico
elou agentes produzindo dismo-
anestésicos. Quimioterapia ínvaginações múltiplas.
S
.
“ÉS ente Vmcnsnna) e radioterapia . stdo
. tem .
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484 I Trato Gastrointestinal

GIIPÍIIIIIJ BB]

Obstrução Intestinal por


Bolo de Ascaris
João Carlos Ketzer de Souza

GIIIIIEIIil
Obstrução no nível do intestino delgado causada pela
infestação maciça de Arcaris lumbricaides e sua ten—
dência em formar novelos.
Ascari: lumbricoides é um nematelminto que pa-
,,
Figura 88.1 - Causas de obstrução por novelo de ásraris.
rasita o ser humano (o mais prevalente helminto (A) Obturação pelo novelo. (B) Contração espasmódica da alça
humano), localiza-se no jejuno (principalmente jejuno com novelo. (C) Volvo. (D) lnvaginação intestinal desenca.
proximal), podendo também ser encontrado no íleo e deada pelo novelo.
raramente no duodeno. É um parasita intestinal, co-
mum nas regiões tropicais, subtropicais e temperadas.
A infestação ocorre pela ingestão de alimentos
contaminados com ovos embrionados.
unusns I)! BBSTIIIIGÃII III'I'ESTIIIIII (Fig. 88.1)
IObturação do lúmen intestinal por bolo de áscaris
O bolo de âscaris aparece quando existe uma
superpopulação deles no lúmen intestinal. (mecanismo usual).
n Contração intestinal espasmódica pela presença
de bolo (mecanismo discutível).
EI'IIIEMIlllDGIII Il Volvo.

. 9 1’ Invaginação intestinal.
ll
"

lAscaridíase afeta aproximadamente 1/5 (25%)


\

da população mundial.
:“

lPredomina em climas quentes, úmidos e em 'GIASSIFIBRGÃII Ill IIBSTBIIGÃII INTESTIIIIII


ªº“?

populações em que o saneamento e a higiene


pessoal são pobres. A sua prevalência é propor-
PM new IIE ÃSBIIIIIS IGIÃSSIGHI
cional a densidade da população humana, ao nível II Subaguda (85%): bom estado geral, leve hiper-
de saneamento, ao desenvolvimento da agriCul- termia ou afebril, hidratação satisfatória, leve ou
r
tura, às condições geoclimáticas e aos hábitos moderada distensão abdominal, mínima srn-
dietéticos. sibilidade abdominal sem localização e radio-
IPico de frequência: um a seis anos de idade. grafia de abdome demonstrando obstrução intestinal
ISem predisposição sexual. - parcial.
IO hábitat natural do verme é o intestino delgado
(90% no jejuno). ª Aguda ou complicada (15%): febre alta, abdo-
me distendido. dor abdominal consideravel lo-
lA
maioria dos vermes fica imóvel, alimentan- calizada ou sinais de peritonite generalizada e
do-se do suco entérico, não sendo deslocada pelo radiografia de abdome demonstrando distensão o:
peristaltismo. O áscaris defende-se do peristaltismo
intestinal com esforços musculares. Em fezes já
de inúmeras alças de
intestino
delgado.
Nota: A distinção clínica entre obstrução subaguda €
formadas (no cólon), misturam-se com as fezes

—nç--zosLÇ
sólidas e, não conseguindo deglutir o conteúdo só- complicada pode ser dificil e confusa. Nesses casºs.

.— s recomenda-se rigorosa observação clínica.


|

lido. morrem e seus corpos se desintegram ou


Lo

são facilmente expulsos pela defecação.


.:

!Complicações da infestação por áscaris: intesti-


nais (60%), biliares (40%), pancreatite (4%). Essas IIIIIIIIIII! BlIIIIG'
ih . complicações devem—se à tendência de explorar
orifícios, ductos, cavidades e formar novelos.
II História prévia de eliminação oral ou anal de vermes
(55%), presença de vermes nas fezes.
m Quinzeporoento das obstruções por bolo de áscan's Il Dor abdominal em cólica, em quase 100% dos
podem necessitar de cirurgia de urgência. casos.
». )
.:
Obstrução Intestinal por Bolo de Áscarís : 485

Vômitos (90%), inicialmente reflexos (podendo


**. conter ascaris), tornando-se, com a evolução do —- que
Enema intestinal uma vez/dia (para retirar riscar-is


se encontram no cólon).
“J: quadro, biliosos ou fecalóides. Controle clínico rigoroso em unidade de médio
ºf. (sensação palpatória de massa de vidraceiro). A
Massa abdominal palpável em 70% dos casos risco, observando-se rigorosamente o apareci-
mento de piora do estado gem! (criança mais tóxica
massa tende a mudar de posição e tamanho em ecom hipertermia); sinais de irritação peritoneal
exames clínicos repetidos e é mais frequente na (piora da sensibilidade e defesa de parede abdo-
região média do abdome. Pode ser múltipla. minal); piora dos sinais vitais e progressão dos
.' mªil Febre.
Distensfio abdominal. smars radiológicos de obstrução intestinal.dias.
Em
ª?! média há melhora dos sintomas em quatro
" I Constipação.
sª- Sinais de irritação peritoneal nos casos com

i"I Radiografia de abdome: sinais radiológicos de obs—


" &

' , trução intestinal, imagens de novelo com aspecto


: de miolo de pão ou redemoinho (Figs. 88.2 a 88.4).
I Ultra-sonografia de abdome: intestino dilatado,
paredes espessadas e massa constituída por ãscaris.
Os áscaris apresentam—se como estruturas ecogê-
nicas encurvadas sem sombra acústica, com mobi-
lidade ativa e tubo central anecóico (tubo digestivo
do verme).

(ª,
“É
I Obstrução intestinal não-complicada.
Nada — Sondavianasogãstrica.
oral. '

——— Reposição hidroeletrolítica.


Antiespasmódicos (hioscina 0,3 a 0,6mg/kg d
'

peso/dia. Não ultrapassar a dose maxima diá—


ria de l,5mg/kg de peso). —
Figura 88.3 Radiografia de abdome mostrando imagens de
redemoinho sugestivas de infestação maciça por áscaris.

_
r"laura 88.2 Radiografia de abdome mostrando imagens
fie miolo de pa o localizadas principalmente no hemiabdome Figura 88.4 — Radiografia de abdome mostrando infestação
$reito. e impactação maciça de áscans em alças de intestino delgado.
486 I Trato Gastrointestinal

É importante a descompressão intestinal e nada


por via oral com o objetivo de privar os ver—
mes de alimentos.
— O uso de óleo mineral (Nujolº) é controverso.
Atualmente não o temos utilizado. Parece estar
indicado somente a casos de dificil resolução.
Tem a vantagem de facilitar a dissolução do
novelo de ascaris, mas oferece risco de vômi-
tos com aspiração, levando a um quadro gra—
ve de pneumonia lipídica. Dose: 30mL. de 4
em 4h por sonda nasogástrica, fechando-a por
1h após cada dose, com o paciente em decúbito
lateral direito elevado. Usar até que desapare-
çam os sinais de suboclusão intestinal e a massa
abdominal.
—- Venm’fugos.
Não dar vermifugo até que a obstrução se desfaça
(até a massa desaparecer) e os sintomas di-
minuam.
Vermífugos utilizados:
' Piperazina: tem ação tópica sobre os vermes.
Não é absorvida. Ação: nos músculos lisos dos Figura 88.6 - Achado cirúrgico de necrose intestinal por bolo
de áscaris.
áscaris, causando despolarização e paralisia
flácida. Dose: 100mg/kg em dose única ou
75mg/kg/dia por dois dias. Não ultrapassar
3g/dia. Usar somente após estar desfeita a - mente
Levamisol: totalmente absorvido. Extensa-
metabolizado no fígado. Ação: inibe a
obstrução. Repetir o tratamento três sema- enzima fumaram redutase da musculatura lisa
nas depois.
- vez
do áscaris. Dose simples de 50 a 150mg eli-
Mebendaz'pl: também tem ação tópica. Tal- mina 90 a 100% dos parasitas.
algo (10% encontrados na urina em 48h) I:! Albendazol: mecanismo de ação igual ao do meben-
seja absorvido. Ação: causa depleção do dazol. Mínima absorção com eficácia superiora

_ _
glicogênio ao bloquear a captação de glicose 90%. Dose única de 400mg.
pelos vetmes. Dose: 100mg, duas'vezes/dia
por três dias. _. "_ ,
'Pamoalo de pirantel: pobremente absorvido. n' llllllliªçlms Grrnrataas
Ação: na despolarização neuromuscular cau- Falha no tratamento conservador (obstrução in-
sando paralisia espastica do verme. Dose: testinal simples não se desfaz) (Fig. 88.5).
llmg/kg, dose única, não ultrapassando 1g. Obstrução intestinal complicada por peritonite
elou perfuração (Figs. 88.6 a 88.8).
In Dúvida diagnóstica.

1 8 9 -. u v [
1.94 L-çs

Figura 88.5 —A(hado cirúrgico mostrando novelo de áscaris _ d éscafiS


dentro de ªlçª de delgado. Figura 88.7—Necrose e peritonrte causadas por bolº e
Obstrução Intestinal por Bolo de Áscaris E
487

.
aiamentn

GII'ÍII'BÍGD tomia a crianças com mau estado geral, instabi-
lidade hemodinâmica e peritonite grave. Deslo-
Via de acesso: laparotomia transversa supra-
car todos os âscaris para o cólon ou retira—los
umbilical direita.
», ªl Com intestino viável: bolo é fragmentado e áscaris
para o exterior pelas áreas ressecadas.

_
deslocados, por manobras de ordenha, para dentro
, BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
_" ceco, onde perdem sua potencialidade.
do COLE, G. J. Surgical manifestations of ascaris lumbn'coides in the
"

,
ll Com intestino não-viável: ressecção intestinal,
deixando margens intestinais viáveis seguras para 1.5m”
inªªªlílle- Bf— V— .511)-
444-447, 1955-_ _ _
LOUW,J. H. Abdonunal complications of ascans lumbncordes infestation
. . . . . in children. Br. I. Surg.. v. 53, p. SiO-521, 1966.
a“§5‘°m?se Primáriª “é"“,ªº'tºfmmºfl (“ªººjiº RODE. H.; CULLlS. s.; MILLAR, A. et al. Abdominal complications
deiscénCia Pºlºouptocesso
da impactaçao) inflamaléno
enterostomia.
no smº
Indica—se enteros-
of ascaris lumbricoidcs in children. Pediatr. Surg. Im.. v. 5,
p. 397401. 1990.

l
488 I Tra to Gastrointestinal

,
— quanto
Sinal da onda ascítica (sinal do piparote); en—
o ajudante coloca firmemente o bºrdo
cubital da mão no centro do abdome, para

Ascite Neonatal
eliminar o impulso transmitido pela Pªrede
" abdominal, o examinador percute com um
piparote num dos flancos e com a outra mão,
colocada no outro flanco do abdome, lenta
João Carlos Ketzer de Souza perceber a ondulação provocada (Fig. 89.0.
O frêmito líquido (ou onda vibratória) está pre.
sente em qualquer cavidade cheia de líquido,
,?
'a
GONGEITD
Excesso de líquido livre na cavidade peritoneal, in-
Por isso, muitas vezes é difícil ou impossível
distinguir líquido livre de encistado pelo si-
.e nal da onda ascftica. Para permitir a transmis.
N'. dependentemente da origem ou composição (urina,
.j são de uma onda vibratória longitudinal, o lí-
sangue, pus, bile, mecônio ou quilo).
; quido deve ser bem fluido. de pouca densidade
: e, se encistado, o cisto deve ser uniloculado
IlllllillÚSl'lBll IIIFEIIEHGIII ou pauciloculado. Portanto, os líquidos vis.
5. casos (como sangue. pus, pseudocisto meconial)
lilªl I Causas cirúrgicas: grandes cistos de ovário,
pseudocisto meconial, cisto de omento.
e cistos com múltiplos lóculos (como cisto de
omento multiloculado) não apresentam ondu-
r“ I Causas clinicas principais: hepáticas, talassemia,
lação.
deficiência de aI-antitripsina e incompatibilidade
Cistos grandes de ovário, cistos uniloculares
:? do fator Rh.
ou pauciloculares de omento e ascite de causa
urinária, biliar, quilosa podem apresentar onda
?, IIWES'I'IEIIÇÍII lllllillúSTlGll ascítica.
Cistos de omentos multiloculares costumam
.! I Sinais de irritação peritoneal sugerem infecção

L-ngzs‘w
do líquido ascítico. ser flacidos, moles, flutuantes, pois possuem
& Disfunção respiratória é causada pela elevação
Ill
cápsula tênue e o tecido circunjacente é frou-
xo (epíplon).
. da cúpula diafragmática em ascites volumosas.
““| I Exame abdominal geral: distensão com flancos
proeminentes, dilatação dos vasos da parede
— Percussão da ascite: pesquisa—se com percus-
são de toda a cavidade abdominal.
Habitualmente, o limite superior da macicez
», abdominal e, frequentemente. hérnia umbilical.
I Exame físico da ascite.
com o timpanismo abdominal segue uma Ii-
l nha curva de concavidade para cima.
,

Inspeção do recém-nascido em decúbito dorsal:
ventre de batráquio (alargado nos flancos e
Em ascites volumosas e grandes cistos ocu-
pando quase toda a cavidade abdominal, a per—
”, ,
' achatado centralmente). cussão é maciça difusamente (Fig. 89.2)-
Pesquisa da macicez móvel: indicada quando a
quantidade delíquido for relativamente pequenª
Se o paciente mudar de posição (decúbito late-
ral), a macicez também mudara para as zon-15
de maior declive (Fig. 89.3). Coloca-seio bebê
sobre seu lado esquerdo. Espera-se lmin Pªlª
permitir que o líquido se acumule mais enibill-
xo pela gravidade (zona de maior declive)- Inicm-
se a percussão desde o lado direito até o esquerdo.
anotando e marcando sobre a parede abdm‘?"
nal onde a área ressonãnte fica maciça.
repete—se o procedimento em decúbitº lªlªlª DªPº'ªi
direito e após um intervalo (se existir macl'CºZ
móvel) a área maciça ficará ressonante e
”"E“"
i.
versa, Macicez móvel corresponde umª ª
maciça que se move ou muda de formª. quª" area
Figura 89.1 Sinal do piparote. (A) Ascite. (B) Cisto único. do o aciente muda de posição. .
I
-
(C) Pseudocisto meconial. (D) Cisto de omento multíloculado.
A ascite e 0 cisto único costumam apresentar ondaçascltita.
Em
clistos grandes de ovário 6 PSÉudººlsg
meconial existe uma zona de
sonondadegcs
O pseudocisto meconial e o cisto de omentomultilocular não porções em declive ou posteriores, fªg'ua
costumam apresentar onda ascítica. lombares e hipocôndrios. Essa mactcez m
"ªº
Ascite'Neonatal I
489

a 39.2 :Percusséo da ascite. (A) Mostra uma |inha curva


'

ficavidade para cima. (B) Em grandes cistos multiloculares,


'çavidade é maciça difusamente.

sensivelmente pelas diversas posições do pa—


.ciente, pois costuma ser fixas.
_ , Em cisto de omento ela acompanha o movi- Figura 89.3 — Pesquisa da macícez móvel com a mudança de
fi mento do paciente, recobrindo as alças. posição do paciente.
”' araeentese com análise do fluido ascítieo.
« Analise macroscópica: determinar o aspecto
' líquido [mecônio, quilo, sangue, bile, pus,
do renal dilatada ou transudação pelo sistema coletor

—-
amarelo-citrino (urina, quilo, ou causa clínica)]. superior (fórnix dos cálices renais).
Análise microscópica (bioquímica e bacterio-
, lógica): amilase, bilirrubinas, triglicerídeos,
colesterol, lipídeos totais, proteínas, albumina, Biologia
uréia, creatinina, contagem de eritrócitos e As principais causas se devem à obstrução do trato
leucócitos, pH, Gram. cultura de bactérias, urinário inferior (70%).
fungos, vírus, bacilo álcool—ácido resistente
í_ (BAAR) e citológico. m Causas de obstrução do trato urinário inferior:
&ªadiologia de abdome: aumento da opacidade válvula de uretra posterior (mais freqíjente), ure-
abdominal, abaulamento dos flancos, separação terdcele, estenose ou atresia uretral, ruptura de
das alças intestinais, obliteração da linha do psoas, bexiga (divertr'culo de bexiga), bexiga neurogênica,
obstrução do colo vesical (Fig. 89.4).
osicionamento central dos intestinos (aumenta
'

ICausa mais rara: obstrução do trato urinário superior


aº(distância da parede abdominal até as alças),
afileslocamento medial do fígado. Na tomada la- (iurição ureteropélvicay. '“

teral com raios horizontais, o ar das alças intes- arEm l/4 dos casos pode não ser encontrada a
Étmais aparece ventralmente. perfuração (ocorre por transudação).
g Ultra—sonografia abdominal: e o método atual mais
& adequado no diagnóstico diferencial entre ascite,
' ;massa cística e fluido loculado, assim como para
;identificar a doença primária. Demonstra líquido
“We na cavidade abdominal. Pequenas quanti-
_.dades de líquidos podem ser detectadas na fossa
hepatorrenal ou esplenorrenal e pelve. Mudan-
ǪS de posição do paciente podem ajudar no
diagnóstico diferencial entre coleções livres e
loculadas.

ºne causada, na maioria dos casos, por obstrução Figura 89.4 — Causas principais de ascite urinária: uretero—
cele, válvula de uretra posterior, estenose e atresia de uretra
Irato urinário inferior levando a perfuração da pelve e obstrução da junção ureteropélvica.
490 : Trato Gastrointestinal

I Causa mais comum de ascite neonatal. O sistema linfático é uma rota acessória pela qual fluidos
IPredisposição sexual: 6 a 7M:lF.
IPresente ao nascimento: 1/4 dos casos.
e proteínas podem retornar dos espaços intersticiais
para o sistema vascular. São essenciais para remoçãn'
IFrequente em prematuros. de debris e bacterias do interstício. A linfa da porçãº
IIDistoc'la. inferior do corpo drena no ducto torácico, que nasce
llVômitos, diarréia. da cisterna do quilo. Troncos linfáticos verticais lom-
n Distensão abdominal progressiva. bares ascendentes, formados pela coalescência dos Vases
il Frequentemente apresenta rins palpáveis. linfáticos ilíacos comuns, da genitália e de órgãos pélvicas
E Piora do estado geral.
e vasos linfáticos oriundos do intestino e fígado, foo
Pode haver disfunção respiratória progressiva e acidose mam a cisterna do quilo (cisterna de Pecquet). A cis-
(por absorção de urina da cavidade abdominal). terna do quilo localiza—se entre a aorta (postem-medial)
II Aumento escrotal pela persistência do conduto e a veia cava inferior, atrás do pilar diafragmático esquerdo,
peritoneovaginal. anteriormente aoscorpos da primeira e segunda vér—
tebra lombar, no nível das artérias renais. A. cisterna
Investinação maunúsnca do quilo verdadeira pode estar ausente em alguns Ca.
sos, sendo substituída pelo plexo linfádco retroperitoneal.
IiHistória e exame físico. n'
llLaboratorial: creatinina e uréia costumam estar
elevadas, hiponatremia, hipercalemia. Etinlnnia
E Paracentese abdominal: fluido amarelo-palha e E Malformações congênitas dos canais linfáticos
citrino. As dosagens da uréia e creatinina po- (45 a 60%). Causas: atresia ou estenose de ca-
dem estar mais elevadas na ascite do que no sangue nais linfáticos junto ao mesentério ou da cister-

|
e menos elevadas em relação a urina. As taxas na do quilo, cisto mesentérico ou linfangiomatose

pus-245 L-ng
de proteínas podem estar mais elevadas na ascite generalizada. Podem fazer parte de síndromes
do que na urina. Porém, as trocas entre o fluido em que há displasia linfática generalizada pri—
ascítico e o plasma ocorrem tão rapidamente que mária, como as síndromes Klippel-Trenaunay e
a composição do fluido, à análise bioquímica, das unhas amarelas. A síndrome das unhas ama-
não é de grande valor diagnóstico. O peritônio relas se manifesta por linfedema da extremidade
age como uma membrana dialisadora, mantendo inferior, ascite quilosa e/ou quilotórax e colo-
o equilíbrio entre as dosagens séricas e peritoneais. ração amarelada associada à distrofia das unhas.
IInvestigação do trato urinário para determinar
A síndrome Klippel—Trenaunay é caracterizada
se existem refluxo vesicoureteral, obstrução ao
por malformações hipoplãsicas venosas e linfá-
fluxo urinário e o local do vazamento. Os exa-
mes mais solicitados são: uretrocistograiia miccional
,, ticas Que se manifestam por linfedema da extre-
* midade inferior e, muitas vezes, por ascite quilosa.
(demonstra refluxo, válvula), urografia excretória
Compressão externa dos linfáticos (25 a 30%).
(valor limitado no RN pela função glomerular ima-
tura), cintilografia renal (para localizar a perfura-
Causas: invaginação intestinal, má rotação, hérnia “<

encarcerada, tuberculose e lesões inflamatórias.


ção e analisar funcionalmente o RN; também de '
Trauma (15 a 20%). -;
valor limitado pelos rins imaturos), ultra-sonograiia
abdominal (excelente para mostrar a doença pri-
maria), cistoscopia para diagnóstico e tratamento Anomalias congênitas Associadas
(ablação da válvula). Principais: quilotórax, linfedema, linfangiectasia pul-
monar, cisto de omento e mesentério, linfangiectaslª
Tratamentº intestinal, má rotação, peritonite meconial, síndrome
Correção dos déficits hidroeletrolíticos e metabólicos de Down.
+ antibióticos + descompressão do trato urinário +
correção da causa primária. Cada doença terá seu Quadro clínica ».. »

tratamento específico. Não e' necessário reparo da Predisposição sexual: 2M:lF.


perfuração, pois cicatriza rapidamente após descom—
pressão adequada do trato urinário.
ElRaramente presente ao nascimento.
5 Distensão abdominal progressiva.

usem uuiusn Edema escrotal e periférico (linfedema dªs CX“


tremidades pode aparecer em 10% dos casos)-
conceito Disfunção respiratória.
Ascite causada por vazamento de fluido linfático oriundo
de gânglios linfáticos mesentéiicos, lombares, cisterna investigação niagnústina
do quilo ou ducto linfático abdominal inferior. El História e exame físico.
l
i

Ascite Neonatal n 491

|Paracentese abdominal: líquido de aspecto lei- comuns de vazamento linfático estão na base
toso (se já iniciou alimentação enteral contendo dos vasos mesentéricos superiores (mais fre—
lipídeo) ou amarelo—claro. Características do qfiente), em retroperitônio ejunto ao mesentério.
líquido: densidade entre 1.010 e 1.021, proteí- Muitas vezes é necessária a mobilização de
nas = metade das séricas, lipídeos > 1.000mg/ cólon, duodeno e cabeça do pâncreas para se
100mL, contagem celular com predominância de ter acesso à origem dos vasos mesentericos.

..
linfócitos (70 a 90%), triglicerídeos elevados O sítio do vazamento deve ser diretamente
(geralmente > 110mg/dL), pH alcalino.
suturado ou, se a fístula não for identificada,
Radiografia contrastada do trato digestivo superior todo tecido retroaórtico suturado de forma não-
para afastar má rotação. seletiva. Pode-se utilizar cola de fibrina para
Cintilografia linfóide (linfocintilografta) com reforçar a sutura.
albumina humana sérica marcada com tecnécio
(HSA-ººmTc): mostra vazamento do radioisótopo -- Muitas vezes pode ser difícil identificar 0 local
do vazamento durante o procedimento cirúr-
na cavidade. Difícil demonstrar o ponto exato gico. Têm-se proposto a administração de
do vazamento. corante lipofi'lico VO e subcutânea (Sudan lll)
e/ou alimentação rica em gordura pré-opera—
tratamento toriamente (2 a 4h), identificação do vaza—
'

.
-
mento por laparoscopia (permite imagem
Tratamento clínico em 2/3 dos casos é suficiente. magnificada da cavidade) e ligadura do ducto
IRiscos da doença: desnutrição, perda de peso e linfático.
|:
hipoproteinemia.
Dieta pobre em gorduras e com triglicerídeos de -— Shunt peritoneovenoso (Le Veen-Denver): quan-
do não se encontrar o sítio do vazamento, se
cadeia média, rica em proteínas, com ou sem houver recon-ência do vazamento ou se exis—
paracenteses repetidas, reposição de plasma. tir linfangiomatose difusa.
A restrição de triglicerídeos de cadeia longa evita
sua conversão em monoglicerídeos e ácidos graxos
livres, que são transportados como quilomícrons ASG"! I'llBlllEIITll
até os ductos linfáticos intestinais. Os triglice-
rídeos de cadeia me'dia (T'CM) são absorvidos
conceito
diretamente nas células intestinais e transporta- Ascite causada por uma infinidade de processos in-
dos como ácidos graxos livres e glicerol, atra- fecciosos, quase sempre relacionados à perfuração
vés da veia porta, diretamente ao fígado. 0 uso intestinal.
de dieta pobre em gorduras e com TCM reduz
produção e fluxo de quilo.
INPO (nil per as, nada via oral) + NPT (nutrição
Biologia
Causas mais frequentes: enterocolite necrosante, trauma
parenteral total): se há perda calórica com dimi-
com perfuração, perfuração proximal à obstrução distal
nuição de peso ou tratamento dietético sem melhora (principais: atresia e doença de Hirschsprung), peritonite
em duas semanas (mantém o trato gastrointesti- meconial infectada, perfuração idiopática.
nal em repouso, evitando deficiências nutritivas). « , .
IUsar somatostatina ou análogos (ver Cap. 42, sobre
quilotórax).“Seus efeitos descritos são diminui- fluauro clínica
ção da absorção intestinal das gorduras, da concen- tn Poliidrãmnio.
tração de triglicerídeos no ducto torácico, do fluxo
m Prematuridade freqiiente.
linfático, das secreções gástrica, pancreática e ln Vômitos biliosos.
intestinal, inibição da atividade motora intesti- E! Distensão abdominal.
nal, diminuição do processo de absorção intes- n Constipação.
tinal e do fluxo sanguíneo esplãncnico. E Febre
ITratamento cirúrgico.

— Causas cirúrgicas: má rotação, cisto mesente'tico,


invaginação intestinal ou hérnia encarcerada.
m Mal—estar geral.
Ei Disfunção respiratória.
:: Celulite de parede abdominal.


Tratar a causa específica. in Aumento de volume, edema e hiperemia da bolsa
Indicação de laparotomia com ligadura múl— escrotal.
tipla do vazamento: persistência de ascite quatro
a seis semanas depois de tratamento clínico
ou reactimulo após iniciar dieta regular. investigação diagnóstica
O paciente deve receber dieta rica em gordura n História e exame físico.
até 4h antes do procedimento cirúrgico para u: Radiografia de abdome.
facilitar a identificação da lesão. Os locais mais ta Ultra-sonografia abdominal.

«w .
492 I
Tram Gastrointestinal

IAbdome elou umbigo (sinal de Cullen) cºm ªspecto


Tratamento azulado.
Laparotomia com lavagem exaustiva da cavidade
abdominal e enterostomia.
Investigação Diagnóstica
IISGI'I'E HEGGIIIM História e exame físico.
II
I Radiografia de abdome.
Ascite originada por peritonite quimica não-bacteriana IParacentese abdominal com saída de sangue não.
causada por lesões obstrutivas ou malformações do coagulãvel.
trato digestivo, ocasionando perfuração intestinal intra-
uterina. Ver Capítulo 73, sobre peritonite meconial.
Tratamento
I Corrigir defeitos de coagulação.
RSGITE Blllllll I Correção dos
déficits de sangue e plasma.
Ver Capítulo 100, sobre perfuração espontânea de via ILaparotomia com tratamento da lesão especilim
biliar extra-hepática.
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
CÁRDENAS, A.; CHOPRA, S. Chylous ascites.Am. ]. GaslroemmrL,
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Cisto de Mesentério e dé Omento In 493

Figura 90.1 - Cisto de mesentério. (A) Cisto unilocular. (B)


Cisto multilocular. (C) Forma em halteres. (D) Forma multilocular
difusa.
'
tos benignos congênitos de desenvolvimento do
ema linfático, uni ou multiloculares, localizados
.

.
u to ao bordo mesentérico, revestidos por endotélio,
— tendo fluido seroso ou quiloso em seu interior, vidade abdominal. Corresponde aos linfangiomas
difusos de mesentério, retroperitônio, mesocólon
transverso e a maioria dos cistos de omento.

[WITHIN] llflS GISTÍIS


:!Anomalia congênita de desenvolvimento dos sacos
53 linfáticos retroperitoneais embrionários resultando m Quiloso: mais encontrado em jejum e íleo pro-
va em tecido linfático ectõpico, sem comunicação ximal, onde a drenagem linfática das gorduras e
): com o sistema linfático central normal, ou maior (50%) (Fig. 90.2).
'- obstrução
Anomalia congênita de desenvolvimento com :: Seroso: cistos de íleo distal, mesocólon e omento
de canais linfáticos retroperitoneais e 50%).
dilatação proximal. lmprovável pela rica rede I! s vezes, em um mesmo linfangioma, podem ser
colateral existente. encontradas areas quilosas, serosas ou hemor-
rãgicas.
'jnrututontn
.:l
I
Prevalência: 1:20.000 hospitalizações pediátricas.
Levemente mais frequentes em meninas.
nunnnneumen
I Dorx abdominal aguda ou crônica. A dor abdo-
[dade média de apresentação: 5 anos. minal (aguda ou crônica) pode ser causada pe-
Frequência: 5 cistos mesentéricosd cisto de los seguintes mecanis'mos:

' «
omento.
Localizações mais frequentes em ordem decres—

Tração e estiramento no nível domesentério
pelo peso do cisto. ' '

'
cente: mesentério (principalmente do íleo), meso- - Compressão extrínseca parcial ou completa de
cólon transverso, mesocólon do sigmóide e ceco, alça intestinal (obstrução intestinal).
epíplon gastrocólico. —Torção do pedículo (volvo).
-Infecção do cisto.
—-
Ruptura do cisto.
—Hemorragia intracística com aumento de pressão
interna.
variam desde cavidades de grandes dimensões até
lcrocavidades que, associadas, formam o aspecto A localização da dor depende*_da localização
gesponja (Fig. 90.1). do cisto. Na maioria é periumbilical, mas pode
ser difusa contínua ou em cólicas.
&. Forma unilocular ou simples. ul Distensão abdominal progressiva. Geralmente

'Fºrma em halteres (dumbell) com projeção para


_ Forma multilocular. causada pelos cistos multiloculares difusos. São
massas não tensas, de crescimento lento, indolores,
ambos os lados do" mesente'rio. paredes finas, difusas, que tendem a ocuparquase
Essas três primeiras formas são consideradas cistos toda a cavidade abdominal, causando um abdo—
de mesentério propriamente ditos. Representam me protuberante e sugerindo ascite (Fig. 90.3).
ª fºrma localizada de linfangioma intra-abdominal. Tendem & ocupar regiões mais dependentes da
Fºrma multilocular difusa. É uma forma tipo cavidade abdominal e se interpor entre as estru—
pseudo—ascítica ocupando grande extensão da ca-
turas abdominais.
494 & Trato Gastrointestinal

Figura SOA—Achado transoperatório de cisto de mesentério


de superfície lisa, arredondada, localizado na fossa ilíaca direita
e que tinha mobilidade transversa à palpação abdominal.
r.’
m Retardo de crescimento. Principalmente causa.
do por obstrução intestinal parcial, originando
anorexia, vômitos intermitentes e perda de pro-
teínas.
m Anemia.
Figura 90.2 - Cisto de mesentério de conteúdo quiloso.
n Febre.
Não existe sintomatologia típica e a apresentação
m Náuseas, vômitos, constipação, anorexia. Os clínica pode ser aguda ou crônica.

st'nç-L-nzrL
vômitos podem ser reflexos por tração e estira-

I
mento. ou biliosos por obstrução intestinal me- FORMAS GlÍlllGllS
<z

cãnica.
u Massa abdominal. A palpação característica As formas de apresentação vão depender de tipo, lu-
:1- V. V.

demonstra massa cística de superfície lisa, forma manho, localização do cisto e complicações: hemor-
arredondada, compressive]. indolor, localizada ragia, torção, infecção, ruptura e compressão de
geralmente em fossa ilíaca direita (junto ao íleo), estruturas. adjacentes.
com mobilidade transversa, mas não no sentido n' I Forma tumoral.
longitudinal (sentido craniocaudal, ou seja,junto
" , . _-: » à linha de inserção do mesentério) (Fig. 90.4).
n Abdome agudo cirúrgico (inflamatório ou obs-
.

.:-
rn Á trutivo).
ºu.

Os cistos localizados de omento são móveis em IJ Dor abdominal crônica.

v"!
todas as direções.
' E Forma pseudorascítica (distensão abdominal

“? é"
progressiva).
.

” ?' - . a g v
-.

Figura Bª.? -Ad1ado transoperatório de cisto de omento mul- Figura 90.5 - UItra—sonografía demonstrando massa císticª
tilocular dlfuso de paredes finas e de forma pseudo-ascítica. multiloculada com septações internas finas.
Cisto de Merentério & de amento u 495
. -, .k

!:
ignição mnunosnen
.
História e exame físico.. _
'édiogfimfia de abdome: crstos flutuantes e (Hordes
““dem't'ser interpretados
comoeascrte (Cistos de
amento, difusos de
',fincipalmentese mesenteno
eles
retropentômo),
_se interpõem entre a pa—
;féd'é abdominal e intestino grosso, fígado e baço.
'êistos localizados podem oferecer imagens ho—
i'p‘géneas com efeito de líquida, deslo—
massa
falido as alças intestinais lateral ou anteriormente.
Rã'ras vezes podem ser observadas calciticações
_ .* iiâãs na parede do cisto.
mira-sonografia abdominal: demonstra massa
irltilccnlada cística ou, mais raramente, unilocular,
ãm septações internas finas e independentes de
fígado, baço e rins. Algumas vezes podem—se ob-
'sia‘rvar. ecos internos oriundos de debris, hemor-
fingia ou infecção (Fig. 90.5).
, .
TIMER")
àreparo mecânico do cólon e antibióticos profi- completamente.

Figura 90.7 Espécime cirúrgico de cisto de omento excisado
cos de acordo com esquema do serviço.
istos unilocular e multilocular sem comprome-
' emo da vascularização do intestino corres—
pfõpdente: excisão completa do cisto sem ressecção'
DlCistos difusos de mesentério e mesocólon: ge—
lestinal. ralmente, excisão parcial dos cistos com aspira—
ção dos cistos residuais irressecáveis. destelharnento
Cistos tipo halteresdoe os com comprometimento e marsupialização interna para a cavidade perito-
,Íia'vaseularízação intestino correspondente:
'

e cisão completa do cisto com ressecção intes— neal. O revestimento interno pode ser esclerosado
ipal e anastomose intestinal primária (Fig. 90.6). com solução de glicose a 10%, eletrocautério ou
tintura de iodo. Aproximadamente 10% dos pa-
cientes necessitam dessa forma de tratamento ci-
rúrgico.
Fl Cistos»de
omento: excisão completa dos cistos
(Fig. 90.7).
I A taxa de recorrência varia de O a 13% nas diver-
sas séries publicadas. A maioria das recorrências
ocorre com cistos retroperitoneais e naqueles com
excisão' parcial. » ' -

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[:
496 I TratoGartmintestinal

queio (processo fica contido pelo omento e pelas ªlças


. intestinais adjacentes), aparece massa periapendiculnr
localizada (plastrão).

“Apêndicite Aguda
O curso natural da apendicite aguda e' a progra.
são para perfuração. Com menos de 24h de ºVºlução
apresenta taxa de perfuração aproximada de 7%; en.
tre 24 e 48h a taxa é de 38% e, acima de 48h, a per.
furação atinge mais de 65% dos casos.
João Carlos Ketzer de Souza
saliento ' EPIIIEIIIDIOGIII
I Leve predominância no sexo masculino (3Mz2F).
I Pico máximo de frequência: ao redor dos 12 anos.
Processo inflamatório do apêndice cecal caracterizado
I É rara nos primeiros dois anos de vida,
incomum,
por obstrução do lúmen, aumento da produção de muco,
proliferação de germes, isquemia, necrose e perfuração antes dos cinco e raríssima em recém-nascido
da parede. (doença de Hirschsprung, enterocolite, necrosantc).
I Prevalência:
0,2% das crianças.
Taxa de AA complicada; 30 a 50%.
HSIflPlll'lIlllfilll IPerfuração em
apendiciti'e neonatal: 95%.

6 5 9. - z e v
Frequência de apendicite bloqueada: 2 a 7%,
A obstrução do lúmen apendicular é o fator desenca-
- ozs L

r
I Taxa de morbidade: 10%.
deante da apendicite aguda (AA). Em 2/3 dos casos I Taxa de mortalidade global: O,l a 1% (a taxa mais
é causada por hiperplasia dos linfonodos submucosos alta corresponde à AA avançada).
do apêndice, Outras causas, em ordem decrescente
de importância: copnólito (10%), corpo estranho, vermes
C outros.
A obstrução do lúmen apendicular retém muco no
lllfllllllllcllfl
lúmen distal à obstrução. O acúmulo progressivo de
ll Retrocecal (intra ou retroperitoneal):
55 a 60%.
I Descendente ou subcecal: 2%.
muco leva a distensão e ao aumento da pressão II Pélvica: 35 a 40%.
intraluminar. As bactérias presentes convertem o muco II Mesocecal pós-ileal ou posterior: 1%.
em pus, pois em uma cavidade fechada elas aumentam I Pré-ileal ou anterior: 1%.
sua virulência e multiplicação e rapidamente pene- ILátero-cecal: 2%.
tram na parede apendicularjá em sofrimento vascular. II Outros: quadrante inferior esquerdo, dentro de
Surge edema da parede do apêndice (obstrução lin- saco herniário, quadrante superior direito: 1%.
fática e venosa). A pressão intraluminar ultrapassa a
pressão capilar e surge hipóxia tecidual. As bactérias
começam a penetrar na parede edematosa, inflamada 0M8§|H0fl6§0
e hipóxica, atravessando—a (diapedese de organismos).
Aparece inflamação dos tecidos adjacentes. O omento
e as alças de delgado mais próximas dirigem—se para
I
I

ll
do apêndice.
AA
_
AA flegmonosa ou edematosa: hiperemia e edema
supurativaz' apêndice eªmesoapêndice suo
1

a área inflamada. Com a progressão do processo, aparece edematosos e corn exsudato fibrino-purulento.
necrose da parede apendicular, seguida por perfuração Fluido peritoneal pode ser claro ou turvo.
e peritonite generalizada (Fig. 91.1). Se houver blo«
ªs AA gangrenosa: existem supuração maior e áreas
de gangrena na parede. Podehaver microperfuraçõeS.
m AA perfurada: ha perfuração macroscópica dº
apêndice.
AA bloqueada: perfuração apendicular sofre blo-
queio das vísceras adjaçentes.
As AA flegmonosas e supurativas são denomín?
das não-complicadas ou iniciais (este termo parece mms
adequado) e as gangrenosas, perfuradas e bloquºª'
das são chamadas de complicadas ou avançadªs (Gªlº
termo parece mais adequado).

llllllllllll fllflllflfl
Figura 91_.1
-—Curso
evolutivo de uma apendicite aguda, desde
a obstrução do lumen até necrose e perfuração do apêndice.
O diagnóstico precoce é crítico, mas algumªs
Vª"?
pode ser muito difícil. Isso se deve às diversas farinª
ApendiciteAguda I
497

regentaç㺠dª doença, 51 falta de um exame in- n Queixas urinárias. Um apêndice inflamado situado
gajivo definitivo ª à incapacidade dª criança em junto a bexiga pode causar urgência urinária, po-
àpr efetivamente Sªªs Queixas. laciúria e hematúria microscópica.

.. “Dor abdominal (95 ª 100%)- É 0prmcrpal e pn» Exame físrco completo e cuidadoso é essencral para
,meirº sintoma a se manifestar. A dor visceral é o diagnóstico precoce e exato.
conduzida pelos nervos aferentes do sistema ner— As vezes, são necessários observação ativa contínua
voso autônomo e tende a ser vaga, difícil de ser e reexames clínicos em 4 a 6h.
:‘acscrita
e de localização central no abdome. A
É dor do peritônio parietal é conduzida pelos nervos n Observar atentamente o deambular da criança,
como sobe os degraus da mesa de exame, escoliose,
._aferentes somáticas (sistema nervoso central) e
ausculta do tórax, exame da orofaringe e dos
ostnma ser precisamente descrita, localizando- ouvidos e ferimentos existentes nos membros
se conforme o órgão de origem da dor. inferiores, principalmente o direito.
,A dor inicial da apendicite aguda é visceral e
'

Observar o tipo de respiração. Havendo peritonite,


deve-se a distensão do apêndice obstruído, sen-
o tipo respiratório costal é o predominante.
51 do de localização mais imprecisa e vaga, nas re— BI Observar o estado de hidratação e se ha fascies
;Égíões epigãstrica e periumbilical.
de dor.
;. “Quando começa a haver periviscerite (irritação A posição passiva do membro inferior direito fle—
. ,‘causada por exsudato inflamatório sobre o peritônio
xionado pode significar irritação do músculo psoas.
& tparietal), a dor passa a ser conduzida pelos ner-
Observar distensão abdominal em casos de apen—
vos aferentes do sistema nervoso central (SNC) dicite com peritonite difusa.
“e localiza-se na fossa ilíaca direita (FID) (Fig.
= Auscultar o abdome antes da palpação abdomi-
**'91.2). Essa dor passa a ser mais localizada, pro« nal. Ruídos hidroaéreos costumam ser normais
ressiva, contínua e intensa e a dor periumbilical ou levemente diminuídos em apendicite aguda
-é suprimida. Essa migração é encontrada em 50 inicial e diminuídos ou ausentes em peritonite.
a 60% dos casos. m Febre. Temperatura > 38ºC em somente 4% das
A dor da apendicite aguda pode ser aliviada ime- crianças com duração dos sintomas < 24h; tem-
'diatamente após a perfuração (alívio da pressão peratura 2 38°C em 64% das crianças com du-
1.3 intraluminar), permanecendo menos intensa, até
'. a peritonite generalizada se estabeleça e a
'
que
ração dos sintomas entre 24 e 48h; temperatura
> 39°C em 63% das crianças com duração dos
ª “dor volte mais intensa e difusa.
Dores atípicas podem ser causadas por localiza-
ões anômalas dos apêndices (retrocecal, dor lom-
_
sintomas > 48h.

.“
'
:bar;
& pélvico, dor suprapúbica; quadrante superior
.direito, dor no hipocôndrio direito),
dor em apendicite retrocecal pode permane-
. .
.
er periumbilical ou vaga e imprecisa, não mi— ' ‘'

,grando para a FID, pois não ocorre irritação do


gperitônio parietal (no caso de apêndice retrocecal
‘ extraperitoneal).
Vômitos (i 80%). O início, virtualmente, ocor-
”re sempre após começar a dor.
": Primeiro são de origem reflexa, com conteúdo
",a gástrico. Nos casos com peritonite, tornam-se bi—
“ liosos pela estase intestinal do íleo paralítico ou
' :;por obstrução intestinal causada por aderências
,‘oriundas do apêndice inflamado.
”_
Anorexia (45 a 75%) e náuseas (35 a 90%). Sempre
‘4 ªparecem após a dor abdominal. '

Hábitos intesu'nais. Podem-se apresentar com fezes


-
'

à
*
nºrmais, constipação intestinal (5 a 25%) ou fe-
Zesddiarréicas
(5 a 15%). \fl
ª. - - iarréia surge .quando o apêndice inflamado ' 91 2 - Características da dor em a endicite a uda
I

Lmta distenªão
_ — «W
“ Omoºem
cólon (principalmente
apendlcrte 06,10“ .SIEWólde)'
pélVlCª. penmmte difusa e Egg—2e região periumbilicai por
namigrando
obstruída, do
apégtdice
para a fossa ilíaca direita quando co-

.“
,

abscesso pericélico. meça a periviscerite por inflamação do peritônio parietal.


"
T,“
498 l Trato Gastrointestinal

r: Defesa voluntaria, na fase inicial da apendicue


aguda e involuntária. com inflamação progressiva

Palnaçãu Protuntta
A palpação profunda deve iniciar em um ponto diago.
nalmente oposto ao local da dor espontânea e incª.
lizar o ponto de dor mais intensa (clássico ponto de
dor de McBurney).
Figura 91.3 —- Sinal do psoas. Dor à extensão passiva da coxa r: Sinal de Blumberg: dor à descompressão brusca
direita. O examinador deve estender a coxa direita do pa- da fossa ilíaca direita. Está presente em 35 a 65%
ciente enquanto aplica uma contra-resistência no quadril dos casos.
(marca). I Sinal de Rovsing: a pressão contínua sobre o cólon
descendente e transverso faz com que os gases
intestinais distendam o cólon direito e o ceco, cau-
sando dor referida na fossa ilíaca direita. É ob
I Palpação abdominal: os sinais clássicos encon- servado em < 5% dos casos.
trados procedem da parede anterior do abdome I Sina] do psoas (em apendi 'ite retrocecal): nesse
ou da palpação do apêndice inflamado. local, os nervos somáticos são ausentes ou escassos

L 'C 9 -
.
e a dor permanece vaga e dificil de localizar. Os
sinais são obscuros, podendo apresentar contratura

flLE
Paluação Supertieial da musculatura posterior ou lateral. A dor costuma *

lrt'fk
Pesquisa as modificações de tensão da parede abdo- manifestar-se junto a espinha ilíaca ântero—su-
minal, que é a resistência que a parede anterior ofe- perior. O psoas pode entrar em espasmo. produ-
rece à palpação superficial. zindo dor e flexão da coxa para manter o músculo

.
I Defesa
não—contraído (posição antálgica). Esses aconte-
muscular voluntária aparece quando o
paciente contrai espontaneamente a musculatu— cimentos são mais intensos quando o apêndice,
além de retrocecal, for extraperitoneal (posterior
ra abdominal, em resposta à palpação. Ao reali-
zar a flexão do joelho direito é impossível manter
ao peritônio sem nenhuma serosa peritoneal reco-

s:;
brindo-o).
a musculatura contraída. Esta manobra costuma
Técnica de exame: com o paciente em decúbito.
.-

P,?z7.ª':6
«"ser recomendada no exame do paciente com
lateral esquerdo, pede-se para ele realizar uma.
contração voluntária.

aº,”
I Defesa muscular involuntária ou reflexa apare-
hiperextensão da coxa direita, que será doloro-
ce quando existe espasmo ou hipertonia da ~ sa, ou o examinador estende a coxa direita
. paciente enquanto aplica uma contra-resistência
do
musculatura abdominal sem relação com a von-
tade do paciente em contrair sua musculatura.
no quadril direito (Fig. 91.3). :
I Sinal do obturador (apendicite pélvica): dº! ,
, abdominal vaga junto ao hipogástrio por inervaç㺠.3
somática escassa..
Pode localizar-se junto $11):-
xiga ou ao sigmóide, causando sintomas
urrnarros
(polaciúria, disúria) ou sintomas cólicosl(dlªf'
réia). Costumam provocar espasmo do
obturador e dor à flexão e rotação interna dª
musculº
articulação coxofemoral. Pesquisa-se pela rota-
ção interna da coxa direita flexionada com
paciente em decúbito dorsal (Fig. 91.4)- , d
º
a Palpação de plastrão apendicular: palpªíªº e
massa inflamatória dolorosa, fixa, com penaPºf'”
dicite plástica, localizada na fossa ilíaca
e constituída por alças intestinais
diª"?
conglomefª;
das, apêndice inflamado, epíplon, fibrtnª & P“ '
Exame retal: dor ao toque retal em apenas bém
das crianças com apendicite aguda, mas tam
Figura 91.4 Sinal do obturador. Com o paciente em de«
— em 50% das crianças sem ela.
cúbito dorsal e a coxa direita fletida, o examinador move a _
O seu valor diagnóstico tem sido questionªdº—o
perna direita lateralmente enquanto aplica resistência na face
lateral do joelho, resultando em rotação interna do fêmur.
É um achado inespecifico. Tem importâncra
se palpa massa inflamatória dolorosª ou ap
quª?“-
ApendicíteAguda I
'499
clássicas oferece poucadoloroso.
5 pélvico edemaciado e Em apendi-
.'
"ilibª fmácia, deve ser adotada a posrçao
ajuda.
Para melhorar
" “ur de
Sims
Sl.gihacessivel
i— it
."É—ímãs genupeitoral.
ral)utilizada)
ou mantém
ao toque
Aoposição
retal.
de
apêndice
.
litotomra
muito alto

Sinal
i '
de Lenander: diferença
axrlorretal
fura tem algum valor diagnóstico
de tempe—
acrma de 1°C.

, fiismrlnnrnnms
. 'w
ãgmograma: costuma ser influenciadopor mui-
constitui umpreciso.
tiis' fatores e nãodiagnóstico
sashes?" a umserjulgado
guia fidedigno para
Porém, é um
tide a mais a e aprecradono diagnóstico
Éiferencial. Costuma mostrarleucocrtose (Z 11.000
igucócitos/mmª), desvio à esquerda (2 10% de
bªstonados) eeosinopen .Aproximadamente 10%
das crianças com apendicite aguda apresentam
eéeucograma normal. Leucocrtose é observada em
80% dos casos.
»Éxame comum de urina: ajuda no dragnóstrco
_.
Figura 91.5 —Radiografía de abdome demonstrando coprólito
diferencialhemácias
“rarem-se
entre pielonefrite. Não é raro
encon-
ou leucócitos em apendrcr-
em fossa ilíaca direita.

com apêndice inflamado próximo ao


':.g,,íilater
e's agudas
ou bexiga. Hematt’lria assocrada à protei— I Radiografia de abdome: demonstra diversos acha-
iiiiiiria sugere glomerulonefrite, púrpura
de
Henoch- dos sugestivos, porém o unico sinal patognornônico
it(Scihéiniein,
ªs»
sindrome hemolítico—urêmrca. é a presença de coprólito (10%) (Fig. 91.5).

dirt rnrnmvo nr ntvnnnnu — FID,


Sinais sugestivos: padrão gasoso anormal em
distensão de alças, irritação de alças de
s ªore de Alvarado modificado para crianças para delgado, escoliose para a direita, líquido livre,
“ .glfiostico de apendicite aguda baseia—se em sinto- massa no quadrante inferior direito (QID), bor-
, sinais eexames de laboratório'; a pontuação entre
'
ramento das linhas de gordura (psoas e parede
da? compatível com AA; entre 7 e 8 relaciona-se abdominal), “padrão obstrutivo intestinal.
I Ultra-'sonografia abdominal com compressão
ªroyávcl AA e entre 9.6 10 é considerada um
L

ac‘o‘r muito provável de AA (Tabela 91.1). gradual conforme descrito por Puylaen e/ou técnica
e5.ªw não-compressiva descrita por Baldisserotto em
F
'Ãadiografia
55 POR IMAGEM
tórax:
de exclui pneumonia (de base
que se investiga o apêndice em relação às suas
possíveis localizações (retrocecal, através do flanco;
pelve, através da região suprapúbica e quadrante
"' , e
'pulmonar) e derrame pleural. inferior direito)? A técnica com compressão gradual
procura deslocar o conteúdo da fossa ilíaca di—
reitai (gás e fluido intestinal) e reduzir a distân-
. 91.1 — Escore diagnóstico de Alvarado
içado para crianças
cia entre o transdutor e () apêndice.
O apêndice normal pode ser visível pela técnica
de compressão gradual em 10 a 50% das crian-
'VElS ESCORE
ças. Ele costuma medir 6rnm ou menos no seu
maior diâmetro, é compressr'vel e não mostra fluxo
colorido no eco-Doppler.
— Achados ultra-sonográfrcos de AA: estrutura
tubular de fundo cego situada no quadrante
inferior direito, não—compressível, aperistaltica
_o
' quadrante inferior djreito 2
no plano longitudinal, > 6rnm de diâmetro. com
_ gª descompressão súbita ou dor Z
&grrussãoltosselsaltitar lúmen anecóico circundado por mucosa eco-
"Efe (> 37,5ªC) _ gênica e zona de ecos diminuídos adjacentes
ao ceco, ou identificação de fluido sugestivo
.tlg'otltose (> 10.500 leucócitos/mmª) l de perfuração apendicular e/ou plastrão (Figs.
.,SYIO para a esquerda (> 10%) 91.6 a 91.8). Coprólitos são vistos em até 30%
dentro do apêndice ou nos tecidos moles
500 :: Trato Gastrointestinal

Figura 91.6 Corte transversal de uma ultra-sonografia



mostrando apêndice cecal edematosa e com maior diâmetro Figura 91 .9 - Corte transversal de eco-Doppler. Observar fluxo
(1,67cm). vascular circunferencial na parede do apêndice inflamado e
aumentado em diâmetro (1,36cm).

6 4 8 - 5' L Z V

/.-s'L9 r
, Figura 91.7 — Ultra-sonografia. Corte longitudinal mostran-
do estrutura tubular com fundo cego aumentada de diâme-
tro. Observar sombra acústica produzida por coprólito em Figura 91.10 Eco-Doppler. Apêndice cecal inflamado com

seu interior. diâmetro aproximado de 1,72cm. Vascularização da parede
apendícular e coprólito com sombra acústica.

Figura 91.11 - Corte longitudinal de eco-Doppler. Estrutura


. Figura 91.8 — Apêndice cecal com diâmetro maior e coleção
liquida periapendicular.
tubular edematosa & com fundo cego. Observar vasculariza-
ção na parede apendicular e no meso.
e.

perientéricos adjacentes. Doppler colorido mostra furação, o diagnóstico fica mais difícil pºr”
maior fluxo periférico circunferencial na pa- que o lúmen colapsa. Com gangrena da Pªrªdª
rede do apêndice, refletindo hiperperfusão infla— apendicular, o eco-Doppler mostra pouca. 0U
matória (Figs. 91.9 a 91.11). nenhuma perfusão. Quando há perfuraçãº. hipe-

_"
Em apêndice perfurado, há aumento da ecogeni- remia será demonstrada nos tecidos moles per
cidade da gordura ao redor, ausência de mucosa apendiculares e/ou dentro de um abscesso bem
. ecogênica e presença de coleção fluida loculada. definido. .,
A gordura inflamada aparece como massa ecogê— - Em geral, a ultra-sonografra mostra Sensiblll‘
nica, separando o intestino inflamado do intes- dade de 85 a 90%, especificidade de i 95% e
tino e outros órgãos adjacentes. Após a per— acurácia de i 87%.
ApendíciteAguda I
_501

— Causas de falso—negativos: obesidade, distensão


_ gasosa acentuada, impossibilidade de compres—
Radiogratia liª abdome

_são eficaz (dor provocada), posição retrocecal


'ou atípica, inexperiência do examinador (o exame
Padrão gasoso anormal (85%), líquido peritoneal li-
vre (85%). edema de parede abdominal (30%), abs-
cesso (20%).
é operador-dependente), apendicite aguda de
ponta e perfuração recente.
llltra-sonntlraiia intraluminal
- Causas de falso—positivos: íleo terminal ou outra
alça pode, erroneamente, ser interpretado como É altamente sugestiva de AA a evidência de fluido
apêndice inflamado, inflamação periapendicular peritoneal livre na fossa ilíaca direita.
provocada pela doença de Crohn, diverticulite
de Meckel.
I Tomografia computadorizada (TC) focada: muito
lll'EllllIBl'ÍE lllillllll ITlPlflll
utilizada nos Estados Unidos. Apresenta maior conceito
sensibilidade (i 96%) e especificidade (i 94%)
quando usada corn contraste intravenoso e/ou retal. Aqueles casos de difícil diagnóstico, muitas vezes sem
Desvantagens: custo alto, exposição à radiação febre, sem leucocitose, sem náuseas ou vômitos, com dor
ionizante, risco em potencial de reação anafilactóide abdominal de localização, caráter e duração atípicos.
com contraste intravenoso e seu caráter invasivo.
Consideramos seu uso rotineiro um exagero. Em
casos duvidosos, as opções diagnósticas são repetir Frequência: 15 a 20% de todas as apendicites.
aultra-sonografia. fazer tomografia limitada (focada Principais causas de laparotomias brancas: adenite
no abdome inferior e na pelve) com contraste re- mesentérica, doenças pélvicas inflamatórias, enterite
tal ou videolaparoscopia diagnóstica e terapêutica. não-especifica, peritonite primária, púrpura de
Henoch-Schõnlein, sindrome hemolítico-urêmica.
lll'ElllllGI'l'E Milllll Ill) PERÍODO NEONATAL
" E EM llllTEllTES
flflflill‘l'flllllls
'
tnillemiulnula Temos, atualmente, tentado evitar as laparotomias
brancas (na literatura é considerada aceitável a taxa de
I Mais frequente em meninos. laparotomia branca entre 10 e 15%), sem esquecer
I Mais comum em prematuros. que o retardo diagnóstico pode ser causa de morbidade
I Doenças associadas: doença de Hirschsprung, sin-
proibitiva. Por outro lado, sabemos que essas laparo-
drome da rolha meconial, enterecolite necrosante
(ECN), gastroenterite. Essas condições agem cau-
tomiasnbrancas não são inteiramente benignas. São
associadas a complicações precoces e tardias em apro—
sando obstrução ou elevação da pressão intralu— ximadamente 10 a 20%. Além disso, o diagnóstico da
minar. doença pode permanecer obscuro em 2/3 dos casos
!Mais de 95% apresentam perfuração.
após a cirurgia.
I Frequência: 0,2% das apendicites agudas em geral. Atualmente, a tendênciaé a utilização de exames
lMorbidade: 50%; mortalidade: 5 a 9%.
mais acurados, como ultra-sonografia com operado-
res treinados, tomografia computadorizada (vantagens

W.
— Quadro elínleo da ultm-sonografia sobre a TC: ausência de exposi-
I! Dor
ção a radiação, menor custo e natureza não-invasiva)
abdominal difusa em lactentes (50 a 70%).
e, atualmente, a videolaparoscopia diagnóstica e te-
Dor na FID em menos de 40% dos casos. rapêutica para aumentar a acurácia, evitando lapa—
I lrritabilidade (25%).
I Vômitos (60%).
rotomias desnecessárias e diminuindo a morbi-mor—
talidade. Ver rotina na Figura 91.12.
IDistensão abdominal (60 a 90%) em recém—nas- , .
cidos e 40% em lactentes,
IAnorexia. TBATAMENTI)
IFebre.
“1100010119 Itauna Não-cumnlieaua
. W
I Diarréia.
l

Massa palpável.(30%). tlnlclall


I Celulite de parede abdominal (15%).
l Rash eritematoso da parede abdominal e edema
I Iniciar antibioticoterapia.
I Cirurgia de urgência. Laparotomia transversa no
do escroto. quadrante inferior direito (tipo Davis). Músculos
Como se vê, são sinais e sintomas inespecíficos e e aponeuroses são separados na direção de suas
muito compatíveis com sepse. fibras.

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502 I Trato Gastrointestinal -
DDR ABDOMINAL
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Apendlclte aguda o)
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de abdome (pm detem: :opnllllo) .
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Radiograflz de tórax +
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iamaçio, mxemli, dor abdominal difusa, -
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Maisa em
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palpável. evolução > JBhJQbu
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-
- Nida via oral
— Auªlgesln
Sends nasogamlca. se vômitos
-
.Antlbldtleor(6
o M
i
Figure 91.12 — Algoritmo de dor abdominal em
suspeita deapendicite aguda (AA). 6 = gentamicina;
*
, .1... IV = intravenoso; M:metronidazol; QlD = quadrante
A
r; ';ª inferior direito. ..


,e -

- Mente: Intlbldtleos
r uh «: o M) . _ por
Manter lntlblótltos
48h (a + M)
w *

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Att: hospitalar Afebrll per uh
A
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'n ‘ IntemIada
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i
i
Í
Apendícite Aguda ! 503

lEm relação ao coto apendicular, temos por roti— posição anômala, muitas vezes retrocecal, dificul-
I”, na‘a retirada da mucosa (por escarificação com tando ou impedindo seu acesso; ceco inflamado
bisturi ou eletrocoagulação) da porção distal à fixo, dificultando sua mobilização; dor gera-
ligadura simples. O coto apendicular pode ser da pelo pneumoperitônio (dor no ombro); maior

-
tratado das seguintes maneiras:
Ligadnra simples ou dupla.
.. Ligadura e sepultamento (inversão do coto).
índice de abscesso intra-abdominal; custos mais
elevados que a técnica clássica.
_ Ligadura sobre área de esmagamento e sepul-
tamento. A área esmagada por tripsia vigoro— euluailas Pés—wewamrins
sa é amarrada com ligadura simples (evita
. nasogãstrica: raramente necessária.
ISonda
sangramento de artéria intramural). Em apro- Sedação da dor e controle da hipertermia.
ximadamente 24h, o fio se solta e a cavidade II Uso de antieméticos: metoclopramida ou cloridrato
fechada séptica (entre a ligadura simples e a de ondansetrona (Zofranº).
bolsa invaginante) abre—se para dentro do ceco. II Antibioticoterapia (iniciar antes da laparotomia)
Essa técnica evita a formação de uma cavidade com gentamicina e metronidazol por 24h, em apen-
séptica fechada e a hemorragia proveniente de dicite flegmonosa e por 48h, em apendicite su-
um ramo arterial apendicular mural (15% dos
casos apresentam esse tipo de vascularização)
proximal à artéria apendicular.
lA pele é aproximada
com sutura intradérmica,
. purativa.
Hidratação parenteral.
lDeambulação precoce.
pós-lavagem exaustiva das aponeuroses, músculos nnenuíeim nanda eamulieaua [Avançada]
e subcutâneo com soro fisiológico e gazes úmi- (Fig. 9 l . 13)
das e secas (cinco gazes para os planos profun-
dos e cinco gazes para o subcutâneo). a Ressuscitação hidroeletrolítica.
lA apendicectomia laparoscópica está ganhando !Controle da dor e hipertermia.
popularidade como método alternativo à apen- l: Antibióticos com gentamicina e metronidazol no
dicectomia convencional. Estudos de metanáli- mínimo por cinco dias, via parenteral, ou até
se ainda não definiram qual dos métodos e melhor melhora do processo infeccioso. Atualmente, há
em apendicite aguda, se o aberto clássico ou a uma tendência para a não adoção de tempo pré-
laparoscopia. Tem sido indicada preferencialmente determinado rígido no uso de antibióticos pós-
a crianças obesas com AA inicial e a casos de operatórios. Os critérios para a sua descontinuação
diagnóstico duvidoso. Técnicas: seriam: ausência de febre por 24h, resolução do
~ Apendicectomia extra-abdominal: também de- íleo pós-operatório e leucograma normal (con-
nominada apendicectomia assistida por vídeo. tagçm e diferencial). A ampicilina tem sido acres-
Uso de apenas um trocarte (monotrocarte). O centada para crianças imunodeprimidos.
apêndice e o seu meso são trazidos para fora ICirurgia pós-ressuscitação clínica,

-
onde são ligados e removidos.
Apendicectomia intra—abdominal: os principais — Irrigação e aspiração exaustiva da cavidade ab-
dominal com soro fisiológico até retornar líquido
procedimentos são realizados dentro da cavi- claro. Não temos utilizado dreno _peritoneal.
dade abdominal (liberação, hemostasia, liga- Poderia ser empregado somente em abscesso
dura do com apendicular). São necessárias três retrocecal que não pudesse ser debridado ade—
portas. quadamente.
— Apendicectomia mista: a hemostasia do meso
é realizada de forma intra-abdominal, ao pas—
so que a ligadura do com e a remoção do apêndice
são feitas fora da cavidade abdominal. São ne—
cessárias três portas.
— Vantagens da apendicectomia laparoscópica
sobre a técnica aberta: menor trauma cirúrgico;
melhor visualização de toda a cavidade abdo-
minal; incisão operatória mais estética; me-
nor taxa de infecção da ferida operatória (nos
casos não-complicados), redução das aderên—
cias pós—operatórias; menor dor pós-operató-
ria; menor período de hospitalização.
- Dificuldades e desvantagens da apendicectomia
laparoscópica: o apêndice cecal é uma viscera Figura 91.13 -Achado cirúrgico de apendicite avançada do
de localização profunda, frequentemente de tipo gangrenosa.

- :'_ 'w3..
504 I Trato Gastrointestinal

— Em caso de apêndice perfurado ou quando se empoçar debris e bactérias. Facilita a fºrmaçãº


1
observar coprólito prénoperatório por exames de abscesso pélvico.
de imagem, o cirurgião deve remove-lo da cavi-
'= dade abdominal. A sua presença pós-operató-
ria está relacionada a uma taxa maior de abscesso AFEHDIEITE lllillllll Blºllllillllll
intiaperitoneal. O coprólito agiria comoum ninho
infeccioso sem resposta aos antibióticos. 901108110
Lavar exaustivamente com soro fisiológico e Presença de massa inflamatória localizada, constituída
gazes aponeuroses, músculos e subcutâneo (uti— de apêndice perfurado, omento, alças intestinais ade.
lizar, no minimo, 10 gazes úmidas com soro rentes, fibrina e pus e inicio de sintomatologia de pelo
fisiológico). A pele deve ser fechada primaria- menos três dias.
mente com pontos simples separados.
— A apendicectomia videolaparoscópica em AA
complicada é controversa. Capacita a visuali- lluailriis [:llnlco. laboratorial
zação de toda a cavidade, permitindo uma boa e Ultra-sunnuláílcu
lavagem da cavidade abdominal, facilitando a IPalpação de'massa em quadrante inferior direito,

.
identificação de um apêndice localizado atípica— dolorida, fixa. Restante da cavidade abdominal
mente. Porém, apresenta uma taxa mais alta apresenta-se livre, sem sinais de irritação peritoneal.
de complicações infecciosas (abscesso intrape- Febre (80%). '.
ritoneal, sepse). Não a temos recomendado a IAproximadamente 15% dos casos bloqueados
casos de AA abscedada (presença de massa necessitam de laparotomia exploradora por insu-
apendicular). cesso terapêutico.

L'S‘Q
INão adotamos a posição de Fowler no pós—ope- ILeucocitose importante (geralmente > 20.000
ratório, pois diminui a absorção de bactérias ao leucócitos/mmª) em 75%.

IPZL‘SR
I Ultra-sonografia: massa.
IDiagnóstico de massa inflamatória apendicular
incorreta é de 5% (diagnóstico diferencial entre
AA diverticulite de Meckel, cisto de ovário torcido e
- bloqueada
outros).

lllldar tratamento com: Tratamento


- Antibiótlcor
- Analgesia Temos adotado conduta conservadora nesses casos
_ NPD ate mornar runçues 61
(fig. 91.14).
l ' IAs complicações das cirurgias realizadas em
V‘
. Availaçlo dlârla
Tamanho e sensibllldade dl massa
apendicite aguda bloqueada são de i 15%. As
-— complicações são: infecção de parede, fístula cecal,
-—
, Sinais de lnltaçlo peritoneal

. '
-
Temperªtura axilar
Leucegrama .;
UItrHenegrafil. se nernsárlo
v abscesso intraperitoneal, obstrução intestinal, hérnia
incisional e septicemia. A cirilrgia é tecnicamente
difícil, com alto índice de infecção e a videolapa-
roscopia é desaconselhada. Há risco de dissemi-
Bol eveluçlo Puuçlovpercutlnel
Ali- mundo: guiada por eco nação da infecção durante a manipulação e os friáveis
.Mam 1 volume em ammo e edemaciados íleo e ceco podem ser lesados. Com-
- - Leucograml prdxlmo
Mebrll > 60mL
- a normal
plicações da apendicectomia intervalada: 3%.
li Hidratação parenteral.
Manter lntlblótkos vo
- por 5 din
IAntibioticoterapia (aproximadamente 5 dias).
l Analgesia, antipiréticos.
Consulta lmbulatorlal ‘A— I Sonda nasogástrica, quando necessário.
dn |5/15 dill
I Repouso no leito.
': Mm: T volum
Deraparedmento abrupio da mam
: Slnalr IAvaliação geral do paciente.
iipendiceeienrie -
— Piora
de peritonite generalizada
dlnlu (1 da sensllillldade IAvaliação diária de tamanho e sensibilidade dª
inmwaiao. abdominal. febre persistente, vomiror,
s laminar lpóx
piora da lEIKOgrlml)
massa, dore sinais de iiritàção peritoneal no restante
dose oniu de Dúvida dla n
-- Padrao rad eloglco ohslrullvo
antibióticos (o + M) da cavidade abdominal, sinais vitais e leucogmmt1
de 2 em 2 dias, inicialmente.
Alimentação liberada dependendo da recupera-
Figura 91.14—Algoritmo de apendicite aguda (AA) bloqueada ção-das funções do trato gastrointestinal.
(conduta do Serviço). G:gentamicina; Gl:gastrointestinal; I Indicações cirúrgicas, retratando falha de resposta
M = metronidazol; NPO:nada via oral; VO = via oral. ao tratamento conservador:
Apendicíte Aguda I
505

- Massa aumentando de tamanho. n Suspender antibioticoterapia parenteral: massa


-_— Desaparecimento abrupto da massa com apa— diminuindo de tamanho, criança sentindo-se e
,recimento de dor abdominal difusa e sinais de alimentando-se bem, afebril por 48h e leucograma

-—
' irritação peritoneal. normal (S 10.500 leucócitos/mL).
Sinais de peritonite generalizada. IApós a alta hospitalar, completar esquema anti—
Sinais de obstrução intestinal. biótico por via oral por, no minimo, cinco dias.
—- minal, hipertermia persistente, vômitos, pio-
Piora clínica (aumento da sensibilidade abdo— Os antibióticos utilizados costumam ser cefalexina
e metronidazol ou amoxicilina/ácido clavulâliico
ra do leucograma). e metromidazol.
- Dúvida diagnóstica.
— preenchida
Quando a ultra—sonografia mostra cavidade
por fluido espesso (pus) em quan-
controle Ambulatorial
tidade superior a 60mL. Esses casos podem- IMonitoração diária da temperatura.
se beneficiar da punçãwpercutânea guiada por IExames físicos regulares (a cada 15 dias).
ultra—sonograãa com retirada do pus da cavi-
dade, mantendo-se conduta conservadora ha— nnennineeumia lmervalalla
vendo melhora clinica. ITempo: oito
semanas. Indicamos ultra-sonografia
antes da laparotomia ou laparoscopia. Se ainda
; acritérios ile Illa Aguardando
llnenlliceclomia lmorvalalla
for observado o apêndice bloqueado, aguardamos
mais quatro semanas, até que o processo de blo-
queio se desfaça.
IMassa diminuindo de tamanho. I Usar esquema com gentamicina (: metronidazol,
IAfebril por 48h. dose única.
ILeucograma próximo do normal.

Indicação: cirurgia considerada potencialmente
contaminada ou contaminada, se a completa
critério Ilo Ilsa Ile Antibióticos erradicação das bactérias dos tecidos periapen-
diculares ainda não foi conseguida.
ICurso mínimo de cinco dias de antibióticos por I A taxa de recorrência da apendicite aguda no prazo
via parenteral. da espera de oito semanas é de 3 a 5%.

—-- Ilea
Febre
persistente
teumtlme
s- dia pós-operatório

Examinar culdadoinmenle
a ierlda operatória

i
Fer“: sem Sinal:
Infhmatórios
infeqlo (7)
( *_— rerlda intimada

Solicitar ulti'd-mnogrifia Explorar ierida Drendr Inclsão


abdominal no 7- dia pói- operazoria aperatória
ºperatóriº

Ferida sem pur Drenagem pertmnea


Múltiplas pequenas orientada por ultra-
cal b tanngraiia. se tiver
lntraperitaneals continuar 'janeia- nl punção ou
i
'
i eu Zcoleçdu grande; antibióticos drenagem :irúrglra _
n

' Intlhlatlmterlapla.
' ldt 1
,
caleçso Coleção
rm" "mb cºs () Coprólíto sem (opióllto menor male!

Drenagem cirúrgica
(DC)

.
Cum 'janela’ Sem 'lanela' pl punçãº
p/punçaa =
Drenagem
rrorar aniibloiicox (7)
Repdtlrultnrxouognfla
perrunnea (DF) em 4 zit
"'

» « '1
_r—
506 II Trato Gastrointestinal

llsnecln do llnêiiiliee em nnenuleoctumla 2. BALDISSERUITO, M.: MARCHIORI, E. Accuracy of “Ducom.


pressive sonography of children with appendicitis according (º
lullnialalla the potential positions of the appendix.AJR. v. 175, n, 5, p_ 1387.
"I Apêndice normal: US. 1392. 2000.
IApêndice pequeno e fibrótico: 1/3.
IApêndice edematoso, inflamado, aderido e au-
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
ANDERSON, K. D.; PARRY. R. L. Appendicitis. In: O'NEILL JR. ]
mentado de volume: 1/3. A.; ROWE. M. l.: FONKASLRUD, E. W.; CORAN. A. G. (cds)
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surgeon’s clinical implessionArch. Surg., v. 128,p. 1039-104], I993
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infecção de ferida operatória, abscesso intraperitoneal ofappendiciiis in children: outcomes oia strategy based on Pediatric
(Fig. 91.15) e obstrução por bridas. A prevalência dessas surgical evaluation; Pediatria, v. 113. p. 29-34, 2004_
complicações vai depender do tipo de apendicite e PENA, B. M. G.; MANDL, K. D.; mus. S. I.; FISHER. A. c,
da técnica operatória escolhida. A ultra—sonografia LUND, D. P.; TAYLOR, G. A. Uluasunography and limiicd lasi
realizada nos primeiros sete dias pós-apendicectomia computed tomography in the diagnosis and management ol' a
frequentemente mostra coleções líquidas de relevân- appendicitis in children. JAMA. v.282. n. l ], p. 1041-1046, 1999. o'a
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.l
ri
i.

—,uy-a«,
Tun—..-
Torção do Grande Omento I
507

'Tofção do Grande
Omento
João Carlos Ketzer de Souza
r'GUIIGElTll Figura 92.2 — Infarto primário de omento junto ao cólon.

Torção ou infarto do grande omento, proporcionando


quadro de abdome agudo cirúrgico. ll Variações anatômicas (malformações do pedi-
Dos considerados apêndices abdominais, além do culo do omento, omento bífldº, omento acessó-
grande omento, também podem sofrer torção: apên— rio, veias omentais redundantes e outras).
dices epiplóicos e ligamento falciforme. Obesidade.
:: Trauma.
EPIIIEHIIIIIIGII I Exercício com mudança de posição corporal súbita

IDoença rara. Menos de 0,1% das crianças suba ou exercicio exagerado.


metidas à laparotomia exploradora. Tosse. .
lu Hiperperistalse por enterite ou uso de laxatives.
IMais comum em crianças obesas.
IPredisposição para o sexo masculino: 2M:1F. Antigamente, infarto de omeuto era atribuído à torção
de um segmento dele. Hoje, sabe-se que pode haver
infarto de omento sem sua torção e sem causa conhe-
flSlIlI’ATIlllllilll cida, recebendo a denominação infarto primário seg-
e A etiologia e obscura, sendo genérico o termo torção mentar idiopático de omento. Parece que sua origem
d. de grande amento, constituindo um espectro de que está associada a uma variante embriológica anômala
fazem parte torção primária do omento (Fig. 92.1), e frágil da suplementação sanguínea da porção infe-
3, infarto primário do omento (Fig. 92.2) e torção se— rior direita do omento, que se toma suscetível ao infarto.
“'
. cundária do omento. Torção primária de omento (Fig. das
'

Torção veias do omento causada por posição cor-


923) e infarto primário de omento são estudados poral, congestão vascular após lautas refeições, ou
o
conjuntamente, uma vez que diagnóstico diferen- aumento abrupto da pressão intra— abdominal podem
ser elementos desencadeadores.
_, Os fatores predisponentes da torção primária cos- Torção secundária de omento pode estar relacio—
ãftumam ser: nada a um defeito primário, como fixação anormal
ao ceco, cólon ascendente ou ambos, fixação do omento
a lesões adquiridas, como hérnias, cistos, tumores e
bridas secundárias à cirurgia prévia.

Flgura 92. ‘l—Espécime cirúrgico mostrando torção de gran- Figura 92.3 —Torção primária de um segmento do grande
de omento.
omento.
508 I Trato Gastrointestinal

DIAGNÓSTICO BIFEIIEIIGIIIl PIIIIIIIII'III baseiam-se na observação de massa bem circuns.


crita de forma ovóide. padrão de atenuação mis.
Apendicite
t
aguda. ta pela presença de elementos moles não-gem“mªs
e gordurosos. localizada na região paraumbilical
iiunnno cllllico
O quadro clínico não é patognomônico, apresentan—
direita, entre a parede abdominal anterior e o 06km
transverso.
do—se com sintomas pouco específicos.
'I'IIITIIIIEII'I'ÍI
IDor abdominal de início súbito e que, invaria—
velmente, se localiza no hemiabdome direito O tratamento baseia-se em laparotomia exploradora
(80%), onde o omento é mais longo e mais móvel. e ressecção do omento torcido ou infartado. Os acha.
Porém, a localização depende da porção e ex- dos em laparotomia são: apêndice cecal normal, grande
tensão do omento torcido ou ínfartado. Pode apre— omento torcido, congesto e hemorrágico e líquido sero—
sentar defesa voluntária no hemiabdome direito. sangiiinolento naâcavidade abdominal. Laparotomíu
Dor não costuma ter irradiação, não se inicia exploradora por incisão transversa sobre o local da
na região periumbilical e pode-se tornar pior massa é a técnica preconizada para diagnóstico e tra.
com movimentos. A dor tem duração de três ou tamento. Atualmente, tem sido preconizada a videolupn.
mais dias. roscopia se houver suspeita diagnóstica de torção, A
I Quadro de longa duração (i três dias) e de in- apendicectomia é preconizadal'para estudo histológi-
tensidade moderada. co e diagnóstico diferencial. O tratamento não—opa.
I Pobreza de sintomas gastrointestinais. Os prin- ratório pode ser possível àqueles casos selecionados
cipais são anorexia, náuseas e, mais raros, vô- em que a ultra-sonografra abdominal é fortemente
mitos. sugestiva e o quadro clínico tem intensidade leve a
I Febre não costuma ultrapassar 37,8ºC. moderada. Então, o tratamento basear—se—ia em hidra-

|
IMassa abdominal raramente é palpada. tação, analgesia e antiinflamatórios não esteróides.

L-Ç9
ITorção de grande omento incompleta ou tempo- Essa é uma conduta ainda controversa e não aceita

sz-Çró
rária pode ser causa de dor recorrente. por todos.
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
IIIIIESTIGIGÃII IIIIIIiIIÚSTIGII CERVELLIONE. R. M.; CAMOGLIO, F. S.; BlANCHl, S. et al.
I História e exame físico. Secondary omental torsion in children: report of lwo cases and
I Exames laboratoriais: hemograma com leve desvio review of Lhe literature. Pediatr Slug. Im.. v. 18, 11. 2~3, p. [MIM.
à esquerda e leucocitose discreta. 2002.
IRadiografia de abdome: normal. CHEW. D. K.; HOLGERSON, L. 0.; FRIEDMAN. D. Primary Omental
IUltra—sonografia abdominal: costuma torsion in children. J. Pediatr Surg.. v. 30. p. 816-817, 1995.
fazer o
diagnóstico diferencial entre apendicite aguda. MCCLURE, M. I.; KHALIL, K.: SARRAZIN, J. at al. Radiological
Features of epiploic appendagitis and segmental omental infarction.
Achados: massa ovóide, hiperecóica, não com- Clin. Radiol., v. 56, p. 819—827, 2001.
l pressível, fixa no cólon direito, localizada no local PHILLIPS, B. I.; MAZAHERI, M. K.; MATTHEWS, M. R. et al.
. .... de maior sensibilidade, geralmente no hemiabdome , Imitation appendicitis; primary omental torsion. Pediatr Emerg.
direito e apêndice cecal normal ou não identifi- Care. v. IS, n. 4, p. 271‘273, 1999. ' -

. ~ _ *m
cado. Solicitar, havendo suspeita diagnóstica ou PUYLAERT, .1. B. Right-sided segmental infarction of the omentum:
em casos de abdome agudo inflamatório de evo- clinical, US, and Cl‘ findings. Radiology, v. ISS, p. 169-172. 1992.
lução atípica. _ SCHLESINGER. A. E.; DORFMAN, S. R.; BRAVERMAN, R. M-
ª

I O diagnóstico também pode ser obtido por to- Sonographic appearance of omental infarction in children. Prdl'nln
mografia computadorizada (TC). Os achados Radial.. v. 29, p. 598-601. 1999.
Peritoníte Primária I:
509

Em síndrome nefrótica. a peritonite primária afeta


até 17% dessas crianças. As causas são imunidade
celular e quimiotaxia deficientes, opsonização ausente

Peritonite Primária
e níveis baixos de imunoglobulinas.
0 fígado é rico em tecido reticuloendotelial e
normalmente remove bactérias da circulação portal.
Em cirrose, o clearance de bactérias está diminuído.
João Carlos Ketzer de Souza
IIIIAIIBÍI GIIIIIÍIII E EIIIIMES IIIIIGIIÚSTIGIIS
IIUIIBEITB INenhum sinal, sintoma, exame laboratorial ou
por imagem é especitico.
Processo infeccioso bacteriano difuso da cavidade IDor difusa, sem localização, intensa, de início
abdominal sem causa intra-abdominal evidente. abrupto.
I Náuseas, vômitos, diarréia.
ISinais de irritação peritoneal generalizada.
EPIDEMIlllIIEIl IFebre precoce e alta.
I Aproximadamente 1 a 2% de todas as urgências ll Leucocitose > 20.000.
abdominais pediátricas e 10% dos casos de
peritonite difusa.
la Predisposição para o sexo feminino na primeira
TIIIITIIIIIEIITI!
I Suspeitando-se do diagnóstico antes da cirurgia
infância (2F:1M) e para crianças maiores (3 a (raro). aspiração do líquido abdominal pode de-
4F:1M).
monstrar aspecto e germe presente por análise
Gram e cultura.
FISIOPITIIIIIGIII I Laparotornja exploradora. Diagnóstico mais pro-
vável: apendicite aguda.
Vias de contaminação: linfática, hematogênica, trans- I Características do liquido presente: diluído, turvo,
diafragmãtica (pneumonia de base), geniturinãria podendo ser espesso e até purulento.
ascendente (pelo trato urinário, pelo trato genital fe- I Lavagem da cavidade. pesquisa cuidadosa de
minino), translocação transmural intestinal (atraves provável causa (apêndice, doença de Meckel,
da parede do trato gastrointestinal). Com exceção do trompas, úlcera, etc.). Coletar secreção para Gram
ínfundibulo das trompas, a cavidade abdominal e um e cultura. Apendicectomia. Manter antibióticos
espaço fechado. até a cura do processo (ampicilina, gentamici-
'
Fatores predisponentes: síndrome nefrótica, cirro-
se com ascite, fibrose cística, lúpus eritematoso difuso,
pós—esplenectomia. . '
.
na, metronidazol).
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
Organismos mais frequentes em síndrome nefróti— KIMBER, C. P.; HUTSON, .I. M._ Primary peritonitis in children. Aus/.
N. Z Surg., v. 66,1). 169-170, 1996.
ca: S. pneumoniae, estreptococos do grupo A, Gram-
negativos; em cirrose, Gram—negativos (Escherichia OFORl-KUMA. F. K,: HESSE,A.; TANDOH. J. F. Primary peritonitis

coli, Klebsiella pneumoniae), S. pneumoniae.


in previously healthy children — clinical
and bacteriological features.
WcrlAf. J. Med.. v. 15. p. 1-5, 1996.
Nos casos sem causa definida, os germes mais comuns WEST, K. W. Primary peritonitis. In: O‘NEILL IR., J. A.: ROWE, M.
são pneumococo e Gram-negativos. l.; GROSFELD. J. L,: FONKALSRUD, E. W.; CORAN. A. G.
(eds.). Pediatric Surgery. 5. ed. Si. Louis: Mosby, 1998.p. 1345-1348.

W—
_ szr - —
«»; "
510 l
Trato Gastrointestinal

reter fezes que, com o passar do tempo, tornam-Se


.
ªli
011F11|1111911 7 mais volumosas e duras. Essas fezes endurecidas vão
traumatizar mais ainda a fissura e causar mais dor
nas próximas evacuações, fechando um ciclo viciosO,

Fissura Anal lllIIIIIIIU [111111011


Pesquisar fatores predisponentes: constipação,
J oão Carlos Ketzer de Souza diarréia, dermatite perineal, vulvovaginite, es-
tenose anal congênita.
GIIIIGEITÍI I Dor durante a evacuação não é um sintoma obri.
gatõrio em crianças pequenas.
Ulceração elíptica do epitélio escamoso do canal anal I O sangramento anal costuma ser discreto, Ver-
‘ com seu maior eixo no sentido longitudinal, situada
entre a junção anocutãnea e alinha pectínea. A fissura
melho-vivo, aparecendo após as evacuações, ou
estriando as fezes durante as evacuações.
anal aguda inicialmente e superficial (Fig. 94.1). Se O espasmo ,esfincteriano é mais raro em crianças,
não for adequadamente tratada, poderá se tornar crô- w Constipação intestinal pode surgir quando a fissura
nica e profunda. Fissura crônica é toda aquela que anal for acompanhada por dor a evacuação.
, persiste além de 12 semanas, apesar de tratamento Plicoma sentinela pode ser encontrado em fissura
clínico adequado, apresenta plicoma sentinela elou crônica ou após a cicatrização.
'_ papila anal hipertrofiada, bordas endurecidas e, ex-
postas na sua profundidade, fibras musculares do IIIIIIiIIÚSTIBI!
esfíncter analinterno horizontalizadas. A fissura crônica
é associada a hipertonia do canal anal, redução do I História.
fluxo sanguíneo da mucosa originário de distúrbios I Exame fisico:
na microcirculação e pobre tendência à cura. — Separação das nádegas com retração delicada
da pele perianal e inspeção direta do orifício
anal e da fissura (Fig. 94.2).
EI'IIIEIIIIIIIIIEII
I Pico de incidência: 6 a 24 meses.
— Podem ser encontrados plicoma sentinela ou
papila hipertrófica em fissuras crônicas (Fig.
I Mais frequentes em
meninos. 94.3).

,
I A localização mais frequente nos meninos e'
posterior e, nas meninas, anterior. É rara a loca— — Toque retal não deve ser realizado na fase aguda
da doença, exceto sob anestesia geral.
lização lateral.

FISIBI'IITIIEEIIII ,,IlIªilllúSIIBII 11118101101111


a
I Erosões anais que costumam ser superficiais e
A etiologia ainda não está totalmente entendida. radiadas e que não se estendem para dentro do
Constipação crônica, isquemia da anoderme e hiperto- canal anal.
' nicidade do esfíncter anal interno (EAI) têm sido I Fissuras causadas pela doença de Crohn, que são
implicadas. Hipertonia (espasmo) do EAI parece ser múltiplas ou de localizações laterais ou que se .
a causa da isquemia do esfíncter. estendem acima da linha denteada.
Constipação pode provocar trauma direto da anoderrne I Hemorróidas trombosadas.

j-íaª—
pelas fezes endurecidas. Formada a fissura, aparece
dor durante o ato defecatório e a criança começa a
\

G L B- s Z v ' Q L S‘
I
«WV. _

.:, «,_._—
(v
3;, ,
Figurª 94.2 — Inspeção de uma fissura anal com afastamentº
dos músculos glúteos.

. —, F L
;.
-—r
Fissura Anal » 511

Papila
hipertrófica
/

. :Figul’a 94.3 - Fissura anal crônica. Presença


ide papila hipertrófica e plicoma sentinela. 0
afundo de uma fissura aguda passa de reticulado
“tecido de granulação) (A) a estriado (B) e, pos-
teriormente, a estriado transversal (fibras trans-
iiersais do esfíncter interno) (Q.
\ /
,. ft 'A
B
VLimite inferior do
esfíncter interno
C
V
ª.

I Ação: relaxa o EAI e aumenta a microcircula-


ção no local da fissura, promovendo sua cicatri-
zaçao.
I Dose: 20 a 30U.
&'A maioria das fissuras agudas cicatriza em duas a I Método: 10 a 15U de toxina devem ser injetadas
't'rês
semanas após o início do tratamento clínico
em ambos os lados da fissura com agulha (10mm)
e seringa de insulina (lmL). A quantidade de
. '
. l Dieta rica em fibras. Líquidos em grande quan—
tidade.
diluente (soro fisiológico) deve ser pequena,
evitando maior difusão do líquido para o esfíncter
anal externo, o que pode ocasionar incontinên-
ILaxantes: à base de leite de magnésia, lactulose cia anal transitória.
ou dioctil sulfossuccinato. As preparações con- H Duração do efeito: três a quatro meses.
tendo óleo mineral não são adequadas pela difi- IPrincipal efeito adverso: incontinência fecal tran-
culdade que causam na limpeza perianal após sitória que ocorre em 7% dos casos.
. as evacuações. I Cura: i 70% dos casos. Vinte e cinco por cento
., l Banhos de assento morno três vezes/dia e após
vão
«

requerer nova injeção de toxina botulínica.


cada evacuação.
IPomada com anestésico tópico, corticóide e óxido
de zinco (Xyloproctº).
IDilatação anal forçada sob anestesia geral, nos
Trinitrato de Glicerina (Nitroglicerina
TNG) e Dinitrato de isossorbida
-
casos em que houver dor considerável e espas—
mo estincteriano ou retardo de cicatrização de .O óxido nítrico é o neurotransmissor que medeia o
relaxamento do EAI e é liberado pela degradação de
uma fissura aguda. A dilatação é feita de forma
delicada, evitando a escoriação da mucosa anal nitratos orgânicos.
e por período não inferior a quatro minutos. Tem !! Ação: relaxa o EAI, diminui a pressão de repouso
como objetivo aliviar o espasmo do esfíncter anal e aumenta o fluxo sanguíneo da anoderme.
interno, além de permitir a drenagem de mate- la Dose: pomada para uso tópico com concentra-
rial infectado da base da fissura. Em 30 a 40% ção de 0,1 e 0,2% de TNG ou patch de nitrogli—
dos casos pode haver recorrência ou persistên- cerina de 10mg. *
cia dos sintomas e por isso está abandonada. n Método: aplicar e massagear circunferencialmente
com a ponta do dedo indicadorenluvado na jun-
tatamento rarmacolúuten ua Fissura ção da pele perianal e canal anal, com lcm de

53@riiniua pomada de 8 em 8h, por oito semanas.


sn Principal efeito adverso: cefaléia, que chega a
Atualmente é o tratamento de escolha. atingir 30% dos adultos. Cura: i 55 a 60%.
. ?“

'onina Botulinica Tipo A Bloqueador do Canal de Cálcio


(Nifedipina e Diltiazem)
?ºlente
stªs
neurotoxina que se liga às terminações ner—
colinérgicas pré—sinápticas, inibindo a libera— Age por inibição e bloqueio do fluxo de cálcio para
Sªº de acetilcolina na junção neuromuscular. dentro do sarcoplasma da musculatura lisa e, conse-
512 I Trato Gastrointestinal

qiientcmente, economiza oxigênio e diminui a con- nência definitiva em aproximadamente 5% dos


tração mecânica das fibras musculares esfincterianas. pacientes adultos. Cura: i 90 a 95%.
;,- Ação: relaxa o EAI, modula a microcirculação —- A esflncterotomia posterior com ou sem res.
secção da fissura (fissurectomia) não é rem.
_e tem, também, ação antiinflamatória. mendável pelo risco de causar uma deformidade
IMétodo: mesma técnica de aplicação do TNG.
Concentração da pomada é de 0.5% de nifedipina em forma de “buraco de fechadura“, produ.
zindo prurido e perda de muco, gases intesti-
e 2% de diltiazem.
IPrincipal efeito adverso: cefaléia, porém bem menos nais ou fezes. A taxa de incontinência é proibitiva.
intensa do que com o TNG. BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
I Cura: 55 a 60%. ARROYO, A.; PEREZ-VICENTE. E; SERRANO, P. et al. Tratamientº
dela lisura anal crónica. Cir. Esp., v. 78, p. 63-74. 2005.
105T, W. H. One hundred cases of anal fissure treated with bolulin
Tratamento cirúrgico toxin. Dis. Colan Rectum, v.40. p. 1029-1032, 1997.
IIndicações. LINDSEY, l.; JONES, O. M.; CUNNIGHAM, C.; MORTENSEN, ],
- Fissura
anal crônica persistente após tratamento
químico adequado.
C. Chronic anal fissure. Brit. J. Surg., v. 91. p. 270-279. 2004.
MADALINSKI, M.; CHODOROWSKI, Z. Relation between botulinum

Fissura anal crônica recorrente. toxin and nitric oxide donors in the treatment of chronic anal fissure.

6 L 8 7 9' Z V
Med. Sci. Mann,, v. 11, p. HYl-HYUS, 2005.

- ' QLS
I Cirurgia.

!
MlSl-lRA, R.; THOMAS, S.; MAAN. M.: HADKE, N. S. Topical
Esfincterotomia interna lateral com fechamento
primário da incisão, podendo acrescentar-se nitroglycerin versus lateral internal sphincterotomy for chronic
anal fissure: prospective randomized trial. ANZ J. Surg., v. 75,
à técnica a ressecção da papila hipertrófica e p. 1032-1035, 2005.
a cauterização da base da fissura. A secção do SÓNNM,K.; DEMIROGULLARI, B.; ElGNGEN, G. et al. Randomized,
EAI deve se estender até a linha pectínea. Secção placebo-controlled treatment of anal fissure by lidocaine, EMLA,
maior apresenta maior taxa de incontinência and GTN in children. J. Pediatr Surg., v. 37. p. 13134316. 2002.
anal e, secção menor, maior taxa de recorrên- TRANQUI, P.; TRO’ITIER, D. C.; VICTOR, J. C.; FREEMAN, l. B,
cia. Está relacionada a algum grau de incon- Nonsurgical treau-nent of chronic anal fissure: nitroglycerin and
tinência anal transitória (principalmente flatos) dilatation versus nifedipine and botulinum toxin. J. Can. Chin.
em até 30% dos pacientes adultos e inconti- v. 49, p. 41—45, 2006.
Abscesso e Fístula Perianais 513

Figura 95.1— Fístula perianal pós-drenagem de abscesso pe-


rianal. O estilete mostra-nos a comunicação do abscesso com
uma cripta anal.

identificação do trajeto fistuloso anal associa-


do, que deverá ser aberto e curetado.
IAntibióticos estão indicados a lactentes e crian-
'
dermatite amoníacal), ou por infecção das glândulas
anais. Outros fatores predisponentes: anomalias con- ças com má higiene perineal, outras doenças as-
gênitas das criptas anais, cirurgia predispondo a for- sociadas e abscessos recorrentes: cefalexina VO,
5% mação de abscesso e/ou fistula, cirurgia retal recente amoxicilina/ácido clavulânico VO ou clindamicina
(miotomia esfincteriana ou dilatação anal) em doença para estafilococos resistentes a penicilina e ger-
de Hirschsprung ou anomalia anorretal, imunodepri- mes anaeróbios.
midos (quimioterapia), diabetes melito, doença de Crohn,
uso de esteróides. FÍSTIllll Pilllllllll
*

conceito
IOcorre, geralmente, em
Trajeto fistuloso perianal com orifício externo de
crianças abaixo dos dois localização lateral e orifício interno situado geralmente
anos de vida (60% < 1 ano e 75% < 2 anos). na cripta anal correspondente. Costuma ser superfi—
IAproximadamente 30 a 35% dos casos desen-
cial eªdireto. Origem congênita ou infecciosa. Teo—
volvem fístula perianal (Fig. 95.1). rias sugerem que a fístula pode resultar do aprisiona-
I Há franca predisposição para o sexo masculino.
mento de células migratórias do seio urogenital ou
do intestino posterior primitivo durante o desenvol-
vimenfo do períneo. * '
l
:.

m
,; l Dor, calor, rubor e tumor perianais são caracte—
rísticos do abscesso perianal (Fig. 95.2). Muitas
vezes existem dor à evacuação, febre e diarréia.
lGennes mais frequentes: Escherichia coli. Staphy-
lococcus aureus (30%) e germes anaeróbios.

Iralamenm
l Incisão e drenagem do abscesso. Manter higie-
ne anal com banhos de assento mornos três ve-
zes/dia, por mm e sempre que necessário. Durante
“n
a drenagem cirúrgica, deve-se procurar uma fístula
associada, com estilete colocado delicadamente
e semforçar o trajeto. Se encontrada, esse tra-
jeto deve ser aberto .(fistulotomia).
'. Havendo recidiva do abscesso (20 a 30% dos casos),
deve-se proceder à redrenagem cirúrgica com —-
Figura 95.2 Abscesso perianal.
“__
514 I Trato Gastrointestinal

tlOrificio perianal que drena secreção purulema


em quantidade variável e corn períodos de remissãº
I Sob a forma de abscesso perianal recidivante
(Fig.

I lndicada correção cirúrgica. A técnica mais uti-


lizada é a fistulotomia com curetagem do traje.
to fistuloso e criptotomia correspondente. Em
casos de recorrência ou persistência, sugerimos
I Atualmente, ;alguns autores têm preconizado o
tratamento expectante, aguardando o fechamento
espontâneo (pode levar até um ano). Segundo
Figura 95.3 -Abscesso perianal precedendo ao aparecimento esses autores, aproximadamente 90% se curam
de uma fístula. sem fistulotomia ou fistulectomia.

Enltlemlolotlla
BIBLIOGRAFIA
RECOMENDADA
MURTHI, G. V. S.: OKOYE, B. 0.; SPICER, R. D. et al. Periaml
abscess in childhood. Pediatr Surg. Im.

6 L R - S' Z Vl 9 E
IÉ mais POENARU, D.;YAZBECK, S.Anal Estula in infants: etiology. featum,
comum no primeiro ano de vida (aproxi- management. J. Pediatr. Surg.. v. 28. p. 1194-1195. 1993.
madamente 70%). SEROUR, F.; GORENSTEIN, A. Characteristics of perianal abscess
I Quase sempre no sexo masculino (influência and fistula-in-ano in healthy children. World J. Surg.. v. 30,
hormonal).
IEm 10 a 20% as fístulas podem ser bilaterais ou WATANABE. Y.; TODANI, T.; YAMAMOTO. S. Conservative
múltiplas, porém com trajetos diretos e superfi- management of fistula in ano on infants. Pediatr. Surg. Int.. V. I3,
orais.

. ,— =
Hemorróidas Externas :: 515

ar Exame físico: a inspeção faz o diagnóstico. Na


variedade varicosa, muitas vezes é necessário que
o paciente faça esforço para se notar as ectasias
venosas.

IBATIIMEII'I'I]
I Variedade varicosa: tratar a constipação, se houver.
I Variedade trombótica: tratamento conservador
baseado em:
—— Repouso.
Banhos de assento mornos.
I Variedade
crianças.
varicosa: forma mais freqiiente em — Uso de pomadas heparinóides (é um hemato—
ma perianal).
I Variedade trombótica: com trombo hemorroidário.
-— Se não houver melhora clínica ou persistir dor
intensa, indicar tratamento cirúrgico: incisão
!IIIIIIIÍI GlÍIIIGI] sobre o trombo com remoção do coágulo ou
I Variedade varicosa: tumefações azuladas no nf- excisão do trombo e vaso hemorroidario cor—
vel da margem anal e que aparecem mais nitida— respondente por incisão triangular ou elíptica
mente ao esforço, em geral causadas por cons— de base externa, com a retirada de ambos.
tipação intestinal crônica. São dilatações venosas
do plexo hemorroidário inferior. BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
lVariedade trombótica: apresenta-se sob a forma DUHAMEL, ]. Les hémorroides. In: Proctolºgia Aux Diverse: Ãger.
de tumor anal. único, azulado, superfície lisa e 6. ed. Paris: Flammarion, 1972. p. 147.
brilhante, doloroso. HEATON, N. D,; DAVENPORT. M.; HOWARD, E. R. Symptomatic
hemorrhoids and anorectul varices in children with portal
hypertension. .l. Pediªtr Surg., p. 833-835, 1992.
GIIIIINTI IIIAGIIÉSTIBA MAZIER, W. P. Hemorrhoids, fissures, and pruritus ani. Surg. Clin.
I História. North Am.. v. 74, p. 1277-1291, 1994.

" ?º
.
516 u Trato Gastrointestinal

Costuma surgir inicialmente sob a forma de prºlªpso


de mucosa. As causas costumam ser comuns, Com
diarréia, constipação intestinal, verminose e defei;ºs “
lªrolapso Retal
de postura durante a evacuação. Se há recorrência fre-
qiiente do prolapso, aparece distensão e a seguir
fraquecimento dos elementos de suporte e fixação do en.-
reto. Os músculos do assoalho pélvico, ao se distenderem
e enfraquecerem, causam diminuição da ªngulaçãº
João Carlos Ketzer de Souza própria do reto durante a defecação. Com isso, o prolapso
alonga-se com o tempo, diminuindo a tendência de
redução espontânea e transformando-se em um Prºlapso
GIIIIBEI'I'II completo.
Corresponde à protrusão da parede retal ou da mucosa Em defeitos congênitos neuromusculares e desnu-
anorretal através do orifício anal. trição grave, pela deficiência nervosa e da muscula.
0 prolapso parcial, mucoso, ou incompleto cor- tura pélvica, o prolapso já costuma aparecer como
responde a protrusão de i 2 a 3cm da mucosa anorretal completo (Fig. 97.2).
pelo ânus, com as pregas de mucosa formando um
aspecto radiado. FATORES PIIEIIISI'IIIIEIITESÇ?
O prolapso completo ou procidência corresponde B Características
à protrusão da parede retal pelo ânus, medindo mais anatômicas próprias.
de 3cm de comprimento e com aspecto de pregas cir- - Adesão frouxa da mucosa à submucosa, oca-
sionando mucosa redundante de grande |no-
cunferenciais.
bilidade.
A apresentação clinica do aspecto das pregas é
característica e universalmente conhecida para defi-
nir prolapsos em adultos. Em erianças, porém, não
— Ausência da concavidade sacroeoccígea nor-
mal em crianças pequenas, obrigando o reto a
adquirir uma trajetória mais retilínea, sem o
existe essa diferença tão acentuada. Na maioria das devido repouso sobre o sacro (Fig. 97.3).
vezes há mucosa ou parede retal edematosa, lisa e

6. 1 3 5 - a r e
— Escassa gordura pélvica e fascial ao redor do
brilhante com aspecto muito semelhante (Fig. 97.1).

reto, diminuindo sua sustentação.
-9LF

|
Grande mobilidade do cólon sigmóidc.
EPIDEMIBlflGII Defeitos neuromusculares, tais como extrofta de
bexiga, mielomeningocele e outros. Em extrofm
il Pico de prevalência: três primeiros anos de Vida. de bexiga, cuja frequência de prolapso é de 15
|!
Sem predileção sexual ou leve predominância no
sexo masculino.
II Quase a mesma frequência de prolapsos com-
pletos e incompletos.

JISIIII'IITIILIIGIA
A patogênese do prolapso continua controversa.

Figura 97.1 - Prolapso retal associado a hemorróidas exter- Figura 91.2 - Prolapso retal completo em criança com mrelcr
nas. Mucosa exteriorizada edematosa, lisa e brilhante. meningocele.
Pra/apso Retal I
517

faz protrusão pelo ânus durante a defecação e


que se reduz espontaneamente. As vezes, requer
redução manual e só muito raramente o prolapso
é irredutível. Pode haver referências a episódios
com pequenos sangramentos e muco.
ll Exame físico cuidadoso. Observar aspecto rela-
tivo às pregas de mucosa, extensão do prolapso,
sua redução, ulceração e estrangulamento. To—
que retal pesquisando pólipos retais, hipotonia
esfrncteriana, condições do sacro, ajudando a fazer
o diagnóstico diferencial entre invaginação in—
testinal.

TRATAMENTO
Há forte tendência à cura espontânea. Menos de 10%
Figura 97.3 Prolapso retal. (A) Ausência da concavídade
— dos casos vão necessitar de tratamento mais invasivo.
sacroeoccígea em criança pequena, obrigando o reto a adquirir
'

, 5 uma trajetória mais retilínea. sem a devida sustentação do


sacro. (B) Trajetória habitual do reto, apoiando-se no sacro. clínica
I Remover a causa de esforço excessivo à evacu—
ação (straining), se houver. O objetivo é preve-
a 20%, existe uma fita divergente e mal conectada
dos músculos elevadores do ânus e diastase da sín- nir o prolapso recorrente e assim evitar que os
fise pfibica. Isso cria um grande defeito do assoalho
esfíncteres e estruturas de suporte do reto per—
cam seu tônus muscular.
pélvico. Em mielomeningocele costuma haver I Redução do prolapso. O prolapso pequeno cos—
paralisia do períneo, tomando flácido o assoa»
tuma se reduzir espontaneamente no final da
lho pélvico. defecação ou raramente necessita de redução ma-
I Esforço excessivo para evacuar (straining).
I Má nutrição com hipotonia muscular e lassidão
nual pela mãe.
No prolapso recorrente está indicada. após re-
dos tecidos de sustentação do períneo. dução, a contenção mecânica com esparadrapo,
I Posição demorada no vaso sanitário.
I Mucoviscidose. Além da má nutrição associa-
com a finalidade de aproximar as nádegas. Manter
as tiras laterais do esparadrapo e só trocar as tiras
da, há formação de fezes volumosas e tosse crô— transversais (no ato evacuatório), evitando o apa-
nica. Até 20% dos casos têm prolapso retal (Fig. recimento de dermatite de contato pelo espara-
97.4).
drapo (Fig. 97.5). Manter a redução por uma a
duas semanas, propiciando o retorno do tônus
_trnnno million
'

muscular. ,

I História
Em prolapso irredutível deve ser realizada a sedação
adequada. Geralmente é a mãe que re- da criança, elevação dasvnádegas e pressão ma-
lata tumoração avermelhada não dolorosa, que nual gentil e uniforme sobre o prolapso por i 10
a 15min.
I Treinamento e posicionamento adequado no vaso
sanitário com apoio para os pés e para o assoalho
.A'W

//./ \\\
N—
w
Figura 97.5 —- Método adequado de manter o prolapso re-
duzido. As fitas transversais do esparadrapo são as únicas
que devem ser substituídas após a evacuação.
T"
518 I Trato Gastrointestinal

:m
,r M
«»
y. «

Figura 97.7 —Técnica de inje-


ção esclerosante.
Figura 97.6 - Posição adequada durante a defecação. Os
pés devem se apoiar no chão e o assoalho pélvico repousar
em um suporte colocado sobre o vaso.

pélvico, por meio de uma tábua com pequeno


orificio central para a defecação (Fig. 97.6).
I Em casos de diarréia intensa, manter o prolapso
protegido com vaselina líquida, observar rigo-
rosamente o seu aspecto até melhorar a diarréia
e só então proceder à redução.

lnvasluu ou cirúrgica
Menos de 10% dos casos necessitarão de tratamento Figura 91.8-Técnica de cerclagem anal descrita por Thiersch.
mais invasivo. Medidas cirúrgicas devem ser reser- Fio grosso é colocado em torno do canal anal e apertado
vadas àqueles casos com defeitos da musculatura pélvica sobre uma vela de Hegar número 11 ou 12. '

ou a crianças normais que não respondem às medi—

Ó L B' S Ç Z V I Q
das conservadoras.
cuações incompletas e, se ocorrer prolapso re-
I Injeção esclerosante da submucosa em três ou
corrente, o reto pode ficar estrangulado.
quatro quadrantes. É efetiva em 90% dos casos ll Cauterização linear da mucosa retal em quatro
indicados. Em menos de 10%, o prolapso se refaz quadrantes. Técnica de Van Buren. A cauterização
epode ser tentada nova injeção esclerosante quatro linear da mucosa e da submucosa é feita com
semanas depois. Tem indicação precisa para
prolapsos mucosos e todos os casos sem relaXa— :3 bisturi elétrico, após tração com pinças de Babcock
(Fig. 97.9). Evitar a linha média anterior.
mento do mecanismo esflncteriano. I Casos com fraqueza primária do músculo eleva-
— Objetivo: criação de aderências fibrosas da dor, como mielomeningocele e extrofra de bexi-
~— mucosa a parede muscular. , ga, e quando as técnicas anteriores não forem
- Substâncias csclerosantes mais utilizadas: leite
esterilizado, fenol a 5% em glicerina ou óleo de
efetivas, as seguintes técnicas podem ser usadas:
amêndoas, solução de quinino—uréia a 5%, glicose
hipertônica a 25%, cloreto de sódio a 30%.
— Retopexia transooccígea com plicatura da mus-
culatura do músculo elevador (cirurgia de Ash-
craft). Faz-se o reparo dos elevadores com
—- Técnica: o dedo indicador deve ser colocado
no lúmen do canal anal e inserida uma agulha
suspensão posterior do reto'.

longa, número 23, até 5cm da margem anal,


mantendo—a no plano submucoso. No total são
injetados :l: 3mL de solução esclerosante (Fig.
97.7). _
""i Cerclagem anal
moglªcada
de Thiersch com
categute cromado ou i rylº 0, colocado circun-
ferencialmente em torno do canal anal na pro- ,,
fundidade do esfíncter externo subcutâneo. 0 ânus mm
aº;
a. a).
e apertado em torno do dedo mínimo do auxi—
liar, ou vela de Hegar número 11 ou 12 coloca-
da no lúmen do canal anal (Fig.—97.8). Cirurgia
simples, mas com complicações frequentes, como
queda da sutura, estenose anal com o uso de fios Figura 97.9 - Eletrofulguração linear de mucosa e submucosª
inabsorviveis, abscesso perianal, tenesmo, eva- em quatro quadrantes.

tall
._

.
Prolapso Retal E
519

gra 97.10 —Técnica de Delorme. (A) In—


a circular da mucosa a 1cm da linha
mea. (B) Inicia—se a liberação de um
rfi'uito de mucosa esubmucosa. Esse man-
erta tensão seja encontrada. (C) A
da muscular é plicada longitudinal-
Lr-n e, usando-se múltiplas fileiras de su-
a com poligalaetina 0-0. (D) A mucosa

'
- rior
Correção do prolapso pela via sagital poste—
de Pena.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[. ASHÇRAFT. K. W.: GARRED,!.L.; HOLDER, T. M. et a1. Rectal
-1 Retirada de tiras de mucosa nos quatro quadrantes
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prolapse: 17—year experience’ with the posterior repair and
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exteriorização do intestino prolapsado, dissecção
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NIVATVONGS, S. (eds). Principles and Practice of Surgery for
e liberação da mucosa da musculatura adja- the Colon, Rectum andAnur. 2. ed. St.Louis: Quality. 1999. p. 503-
540.
'
cente até se sentir tensão no tubo mucosa-
,A“
Smeucosa dissecado, excisão da mucosa-sub- BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
mucosa redundante, plicatura longitudinal da CHAN, W. K.: KAY, S. M.1LABERGE,J. M. etal. Injection sclerotherapy
musculatura desnudada e reanastomose mucosa in the treatment of renal prolapse in infants and children. J. Pediatr.
Cºm mucosa. Inicia-se com uma incisão cir- Surg., v. 33. p. 255-258. 1998. ..
cular 1cm acima da linha pectínea. Um tubo CHWALS, W. J.; BRENNAN. L. P.; WEI'IZMAN, J. l.; WOOLLEY, V
de mucosa e submucosa é desnudado da ca- M. M. Transanal mucosa] sleeve resection for the treatment of
rectal prolapse in children. J. Pediatr. Surg., v. 25, p. 715-718,
mada muscular adjacente até se encontrar tensão.
A Camada muscular é plicada Iongitudinalmente, 1990
SCHEPENS, M. A.: VERHELST. A. A. Reappraisal of Ekehorn's
Usªndo-se múltiplas suturas com poligalaetina recropexy in the management of rectal prolapse in children.]. Pediatr.
0-0. A mucosa desnudada é excisada e as margens Surg., v. 28. p. 1494-1497, 1993.
das mucosas proximal e distal são aproxima— SIAFAKAS, C.; VO'l'l'LER, T. P.;ANDERSEN. J. M. Rectal prolapse t
das com poligalactina 3-0 (Fig. 97.10). in pediatrics. Clin. Pediatr: (Philadelphia), v. 38, p. 63-72, 1999.
Fígado, Vias Biliares,
Baço e Pâncreas

Cisto de Colédoco ...........................................


.............
530

...................................
Perfuração Espontânea de Via Biliar Extra—hepática 535
Doenças da Veslcula Biliar 538
Abscesso Hepátíco Piogênico ..........
Esplenectomia
Esplenoptose
...............................................
Ascaridíase Hepatobiliar. e Pancreática ...........

................................................
.
546
548
Pancreatíte Aguda, Pseudocisto Pancreático.................... 549
Hipertensão Portal eVarízes Esofágicas ................ ,. ...... É53
Atresia de Vias Bilíarer I
523

naruto %
&

'

O segundo tipo (20%) seria associado a outras mal-


formações congênitas e denominado embrionário ou
fetal. Tem sido proposta como causa a morfogênese

ailtresia de Vias
defeituosa originada por mutações nos genes que regulam
a formação e diferenciação ductal biliar normal. Se-
cundariamente, uma resposta inflamatória do sistema
ductal poderia ser induzida.

DDEIIGIIS RSSIIGIRIIIIS
Aproximadamente 10 a 20% das atresias de vias biliares
(forma sindrômica) apresentam um ou mais compo-
nentes da síndrome da poliesplenia, que podem in—
” fulcrum cluir: poliesplenia (90%), má rotação intestinal (30%),
veia porta pré—duodenal (50%), ausência da veia cava
'
' u-esia de vias biliares (AVB) é doença colestatica neo- inferior (45%), fígado bilobado simétrico, pulmão direito
;. causada pela obstrução completa ou ausência dos
pata] bilobado, artéria hepática aberrante, sirus ínverrus ab-
>

. ductos biliares intra e extra-hepáticos, em extensão e dominal (50%) e defeitos cardíacos (35%, principal-
raus variáveis, decorrentes de doença inflamatória mente dextrocardia, retomo venoso pulmonar anômala
- volutiva com características obliterativa e esclerosante e defeitos do septo atrial).
.* a etiologia desconhecida.
,º Duas formas diferentes de atresia de via biliar têm IIIIIGIIÓSTIGI] BIFEIIEIIGIIII Ill! GOIESTIISE
,_ ido descritas: sindrômica (também conhecida como
'eºinbrionária e frequência entre 10 e 20%) e a não- NEDIIIITAl
“ indrômica (perinatal).
Diagnóstico diferencial de eolestase neonatal (bilir-
rubina direta correspondendo a > Img/dL quando a
IIIEIIIlllÍIEIR bilirrubina total 6 < Smg/dL ou > 20% da taxa de bilir-
rubina total, quando essa taxa é > Smg/dL.
*I
Prevalência: 1:10.000 a 15.000 nascidos vivos.
Icterfcia colestãtica afeta, aproximadamente, II Infecciosas: citomegalovírus, rubéola, herpes, toxo-
1:2500 lactentes. plasmose, sífilis, hepatite B, outras doenças virais,
lPredisposição sexual: 1,4 le M. septicemia.
.|
Sem diferenças raciais ou fatores genéticos re- II Genético-metabólicas (principais): deficiência de
[acionados. al-antitripsina, sindrome de Dubin-Johnson, sín—
a indicação mais comum de transplante hepático drome de Rotor, fibrose cística, galactosemia,
em crianças (50% dos transplantes em crianças), intolerância hereditária à frutose, tirosinemia, hi-
potireoidismo.
llIlGIR lDoenças hematológicas.
lTóxicas: drogas e nutrição parenteral total.
Étiologia é ainda desconhecida. A teoria mais aceita IHepátite neonatal idiopática. Quando não são
, ciona a presença de processo inflamatório oblite- encontradas causas específicas,
, vo de início pré-natal ou perinatal (provavelmen-
&Viral) !Obstrução do ducto biliar: doença de Caroli, atresia
*e com destruição do epitélio dos ductos biliares biliar, cisto de colédoco, síndrome da bile espessa,

.
extra-hepáticos e intra—hepáticos. Talvez a hepatite perfuração espontânea dos ductos biliares extra-
eonatal seja um estágio precoce da atresia. hepáticos, hipoplasia biliar sindrômica (síndrome
' ºutras teorias discutidas na literatura são: falha
de Alagille) e não-sindrômica. A síndrome de
el_nliriológica de recanalização dos ductos biliares ex- Alagille é uma doença autossômica dominante
(«'ª-hepáticos; refluxo de secreções pancreáticas na caracterizada pelo número reduzido de ductos bi-
árvore biliar em razão de malformação da junção pan- liares interlobulares. A prevalênciãª'é de 1:100.000
.
tobiliar; catástrofe vascular; malformação da placa
_.ºtªl; excreção de um components: tóxico na bile e
nascimentos.
Dois tipos de hipoplasia biliar são reconhecidos.
melabolismo anormal dos ácidos biliares. —- arterioepática) apresentando anormalidades
Sindrômico (síndrome de Alagille ou displasia
Atualmente, alguns autores têm estudado a influência
reglllªção anormal naapoptose dos ductos biliares. extra-hepáticas características (testa larga e pro—
, e haver hiperexpressão de algumas moléculas
'

P'Ó-ªpoptóticas. eminente, olhos profundos e separados, nariz


_
maioria dos casos é do tipo perinatal ou adqui-
reto, estreito e longo, mento pequeno e pontiagu-
do, orelhas baixas ou malformadas, estenose da
sªº (80%). O sistema biliar seria permeável ao nas-
"Henio, sofrendo uma inflamação progressiva e
artéria pulmonar, anomalias vertebrais, anor—
malidades oculares),
brººbliteração iniciada por um insulto perinatal. -— Não—Sindrômico.
524 l
Fígado, Vias Biliares, Baço ePâncrear

“'ISTfllflElfl
i . .. . . _
Exames solicitados na investigação de
colestática:
icteríc'lª .
'

As pnncrpars características da atresm sao: E>


“IPresença de pigmentos biliares nos hepatócitos IHemograma com
Ii Coagulograma. contagem de plaquetas. %, ,;

, e ductos biliares por estase de bile intracanalicular. ll Grupo sanguíneo e fator Rh.
IProliferação ductular na área periportal. Geral— II Coombs direto.

.
mente um ou dois dúctulos costumam ser vistos ll Contagem de reticulócitos.
normalmente em cada espaço porta. A deficiên- I Contagem de esferócitos.
cia de ot -antitripsina, NPT, fibrose cística e sín- IBilirrubinas.
drome de Alagille na sua fase inicial também IAlanina aminotransferase (ALT).
costumam mostrar proliferação ductular e estase II Aspartato aminotransferase (AST).
. ra

, A>.
biliar. IFosfatase alcalina.
IFibrose portal e periportal. I Gama-glutamiltransferase (GGT). ap
, w —n A

_. aº.
INecrose focal de células hepáticas. IProteínas
totais e albumina.
ITransformação de células gigantes. A atresia biliar IExame qualitativo de urina (EQU).
também pode apresentar essa característica, típica IUréia e creatinina.
da hepatite neonatal. ITriglicerídeos e
colesterol.
I Culturas (sangue, urina, líquido cefalorraquidiano
As principais características da hepatite neonatal são:
e outras).
IDesarranjo lobular com necrose celular. IAnálise sorológica TORCI—IS.
IPresença de células gigantes multinucleadas.
— Toxoplasmose: imunofluorescência indireta e

”. e w “
IInfiltração de células mononucleares no parên- ELISA IgM.
quima hepático. -— Outros vírus: [I-IIV: ELISA IgM, Western Blat,

. A.;», »,
A grande dificuldade na análise da microscopia é a reação em cadeia da polimerase (PCR)].
possibilidade de ocorrer sobreposição dos achados —- Rubéola: imunofluorescência indireta e ELISA
IgM.

histológicos. Os aspectos histológicos do parênquima
Citomegalovírus: imunofluorescência indire-

íuBnÇzIs-9LS
hepático podem ser muito semelhantes em atresia de

——
vias biliares e em hepatite neonatal. Fibrose portal e ta e ELISA IgM.
Herpes simples: ELISA IgM.

nºlxz
proliferação ductular costumam ser muito sugestivas
de atresia. Sífilis: [VDRL (Venereal Disease Research
Laboratories), FTA-ABS (fluorescent trepa-
nema antibody absorption”.
Ílllnllllll criam IEletrqforese de proteínas.
IFezes hipocólicas ou acólicas. Geralmente eli- ".INível de otl—antitripsina.
minam mecônio normal ao nascimento. Hiper- * I Função tireoidiana: hormônio tireoestimulante
bilirrubinemia direta pode preceder o aparecimento (TSI-I), triiodo tironina (T3), tiroxina (T4).
de fezes acólicas em uma a duas semanas. IMarcadores sorológicos para os vírus das hepa-
ILogo após o nascimento, 70% eliminam fezes tites A, B e C: anti—HVA IgM, HBsAg, anti-HBc
amareladas por um período curto de tempo. IgM, anti—HCV.— ~;
IUrina escura (cohiria). ITeste do suor (dosagens de sódio e cloro).
IEm 30% dos casos, icterícia
esta presente desde I Screening para aminoacidúrias, aminoácidos sé-
o nascimento. Nos outros 70%, surge entre a 2ª ricos e avaliação de sustancias redutoras na urina.
e a 6ª semana de vida. A GGT é concentrada no epitélio ductular biliar.
IBebês são ativos e crescem normalmente durante
alguns meses após o nascimento.
IHepatomegalia costuma ser discreta no início.
Nível elevado de GGT é um marcador sensível
obstrução biliar ou inflamação. O achado de um nl-
de
Após, surge hepatomegalia mais pronunciada e vel normal de GGT torna a atresia de via biliar bas—
a consistência passa a ser dura. tante improvável. .,
.
IOutros
achadbjs: anerriia, má nutrição, deficiên-
cia das vitaminas lipossolúveis, esplenomega— EXAMES Pflll "ME!”
lia, ascite e cirrose.
ISolicitar exame oftalmológico. Coriorretinite é
ICintilografia com radiofármacos
hepatocelulares
(substâncias marcadas com tecnécio-99)-
comum em
infecções por citomegalovírus, to—
xoplasmose e rubéola.
São utilizados radionucléicos compostos de
IPA
(IDA = ácido iminodiacético e DISIDA = ác'dº
diisopropil iminodiacético). Na icterícia por doençª
INVESTIGIGÃB lllBllIlllTlIBlfll.
Considera-se icterícia colestática quando a fração con—
hepatocelular, a captação é retardada e a exam?”
no intestino pode ou não ser demonstradª. Na
jugada corresponde a_mais de 20% do total de bilirrubina. _ atresia biliar, a captação pelos hepatócitos cos-
Atresía'de Vias Bilíares n 525
[uma ser rápida, mas a excreção no intestino é i: Ultra-sonografra abdominal.
ªusente. O uso de fenobarbital Smg/kg por cinco O critério atualmente considerado patognomônico
diasem duas doses diárias, previamente à realização é o sinal do cordão triangular (consiste na vi—
dnªtintilografia, melhora a exatidão do estudo, sualização de uma área de densidade ecogênica
reduzindo o nú mero de falsopositivos, pois aumen— formada pela presença de massa de tecido fibrótico
ta a excreção da bilirrubina conjugada. A presença
de radioisótopo no intestino afasta o diagnósti- de forma triangular ou cônica, cranial à bifurca-
ção da veia porta). Porém, sua ausência não descarta
co de atresia biliar. O inverso não é verdadeiro.
Alguns serviços não utilizam cintilografia como o diagnóstico de atresia biliar. Outros critérios
, meio diagnóstico de atresia de via biliar pela sua considerados sugestivos são:

——
'
r baixa especificidade. Parece, também, que a pre- Ausência de vesícula biliar após jejum de 6h.
. a sença de fezes esbranquiçadas é um indicativo e Presença de vesícula pequena (< l,5cm), va-
achado comum nas crianças em que a cintilografia zia e sem contração pós—prandial (30min pós—


não demonstra excreção do radioisótopo. alimentação com mamadeira habitual).
0 Comitê de Icterícia Colestática em Crianças da So- Presença de cisto no hilo hepático.
ciedade Norte—americana de Gastroenterologia, He- — Hipoplasia do ducto biliar comum.
patologia eNutrição concluiu que a cintilografia hepa-
robiliar pouco adiciona a avaliação de rotina de uma
— Sinais indiretos, como: aumento da ecogenici-
dade do fígado, demonstração .de anomalia as—
criança colestática, mas pode ser de valor se ou- sociada como poliesplenia, má rotação intestinal,
tros meios diagnósticos não estiverem disponíveis. veia porta pré-duodenal. ausência da veia cava
Ainda temos indicado cintilografia & bebês com inferior e sims inversus abdominal e dilatação
suspeita de AVB. A excreção de radioisótopo para biliar intra e extra-hepática.
0 interior do intestino afasta, com certeza, essa
Podem ser realizados exames ecográfrcos seriados.
hipótese diagnóstica. A incapacidade de encontrar vesícula biliar à ultra-

Hiperhilirrublnemla direta persistente (> Z semanas, com BD > 20% da BT)

Não diagnóstlco <— Exames laboratoriais —> Diagnóstico —> Tratar causa

\
Ultragonograiia negativa Ultra-sonografia
;. positiva

Mapeamento cintilografia) com IDA-”"'Tc


(após administração de fenobarbltal) (7)

Excreção para Nenhuma excreção para


dentro do intestino dentro do intestino

. — « W ªr "
Sindrome colestátlca Biópsia hepática
Terapia clínica percutânea
Biopsia hepática optional

Biópsia inconclusíva e Proliferação ductular


lactente < 6 semanas Estase biliar

ura 98.1 — Algoritmo diagnóstico para ava-


'ª"fªiª:o deBT icterícia
'
'
neonatal. BD : bilirrubina Continuar com fenobarbital. Repetir Cirurgia:
ultra—sonografia :mapeamento em 2 laparotomia
: bilirrubina total. semanas (antes de completar 8 semanas) exploradora +
colangiografia
operatória

Excreção para dentro Nenhuma excreção para


do intestino e ultra- dentro do intestlno elou
sonografia negativa ultra-sonografia positlva
1 l
Terapia cllnica Clrurgla

3 :.
526 I
Figado, Was Biliares, Baço e Pâncreas
àquele encontrado na ultra-sonografia, Mas SSS:
“ sinal não é considerado patognomônico na CRM
. .- w—z:
"' Atresls dodiictb
\

I
Colangiopancreatograiia retrógrada endoscépi.
.»,
/ % /
billerhcomum
»
A
ii
ca (CPRE) que compreende a entubação do ducto
biliar via ampola de Vater com um pequeno cateter
e injeção de contraste para facilitar a visualiza.
ção do sistema ductal. Técnica de aplicação li-
":“ Atrcsla do ducto
.hepático mitada, pois depende da experiência do operador,
/ «m =,- a existência de duodenoscópio adequado e ªpre-
senta uma taxa de insucesso na canulação elou
n.,
i
visualização de > 10%.
Atresia do porta
hepatis GMSSIHGIGÃD »

Sociedade lanunesa do cirurgiões


Pediatrlcns . ' m “. ., _ - u e

.
z

Figura 98.2 Classificação de atresia biliar de acordo com
a Sociedade Japonesa de Cirurgiões Pediátricos. Tipos princi- ITipos principais (Fig. 98.2). Baseia—se no m’vel


pais. Referem-se ao sítio de obstrução completa do trato biliar. da obstrução.
— Tipo " comum (5 a 10%
1: atresia do ducto biliar

— proximais
dos casos) e ductos patentes.
sonografia não significa, de forma alguma, presença Tipo II: atresia dos ductos hepáticos (2% dos
de atresia biliar, uma vez que é possível que a vesícula casos) com estruturas císticas encontradas no
poria hepatis.
-
seja hipoplasica na colestase intra—hepática intensa.
Tipo III: atresia no nível do porta hepatís (88
a 93% dos casos). As duas primeiras são refe-
“TISS MEIOS DIAGNÓSTIBGS ridas como corrigíveis e a última como não

G L B - R Ç z s I' Q L E
I Biópsia hepática percutânea. eorrigível. Atualmente, essa distinção raramente
É fundamental que'contenha razoável fragmento é utilizada.
da área portal (espaço interlobular). Além do A classificação é complementada pelos subtipos
| diagnóstico de hepatite neonatal e atresia biliar. relacionados aos padrões dos ductos distais (Fig. 98.3)
pode mostrar características como: pobreza de e pelos subgrupos, com base nas ramificações dos
ductos biliares, partículas citoplasmáticas cofri- ductos hepáticos no porta hepatis (Fig. 98.4).
patíveis com a deiiciência de ot -antitripsina, inclu- ».
sões hepatocelulares (citomegalovírus), granulomas
(tuberculose) e outras.
I Entubação e aspiração de fluido duodenal. Atresia
instaurar»
O paciente com suspeita diagnóstica de atresia biliar
biliar é afastada se típico fluido amarelo for deve ser preparado para ser submetido à colangicgraiia
detectado no aspirado duodenal de 24h ou em
entubações seriadas. Também pode ser analisa-
da a concentração de bilirrubina no aspirado. O

—M
teste positivo mostra uma concentração de bilir- Ducto biliar comum
impermeável
rubina não maior que a concentração sérica.
Colangiografia sob controle laparoscópico. Essa
técnica tem se tornado mais acessível à medida
que os cirurgiões pediátricos começam a domi- Ducto biliar
nar, com mais habilidade, as técnicas da video- comuni ilbroso
endoscopia. Pode ser utilizada nos casos em que

$
a ultra-sono grafia demonstrou vesícula biliar com
lúmen.
Aplasla do ducto
Colangiorressonãncia magnética (CRM) é uma bliiar "comum
técnica nova, não-invasiva, que alguns autores
têm preconizado na investigação da atresia biliar.
E um diagnóstico de exclusão. Atresia biliar pode Miscelânea
, «
ser excluída se ductos biliares extra-hepáticos
l (vesícula. ducto cístico, colédoco, ducto hepáti-
ª co comum e ductos-hepático direito e esquerdo)
forem visualizados. Também foi observado, em
Figura 98.3 - Subtipos de acordo com os padrões dos
dlfem.l?“?-”
distais. Refletem as condições do ducto biliar comum
alguns casos, espessamento periportal semelhante nescente. É importante na definição da portoenterostº *
At

Atresia de Vias Biliares ." 527

I ;. ,'3"
be"
A

-—_:

Durtos hepáticos dilatados

?>
Dueto hep'àtico fibroso
7—
Massa fibrosa Aplasia dos ducto: biliares

ra 98.4 Subtipos de acordo com as ramificações dos ductos he páticos no porta hepatis. Reflete o padrão macroscópico,
-
o microscópico, dos ductos hepáticos no porta hepatis.

'soperatóriafbiópsia hepática aberta e provável


não for eliminado para o intestino, e atresia biliar,
itoenterostomia, antes de completar a Sª semana Se não houver bile na vesícula e o contraste for
'” ida.
eliminado no intestino sem demonstrar ductos
intra-hepáticos, repetir o exame com clampe
,i.;gnaw Pré-oneratúrlo
Vitamina K 1mg/kg/dia iniciando cinco dias antes
vascular colocado no ducto comum para forçar
a entrada do contraste nos ductos intra-hepáticos.
ª da cirurgia. Biópsia hepática costuma ser realizada antes da
'
E Antibióticos profiláticos parenterais iniciando 1h colangiografla.
«
antes da incisão cirúrgica (cefalosporina e gen- Se confirmada a necessidade de cirurgia corre—
tamicina). tiva, a incisão deve ser prolongada à direita até
a linha axilar anterior e estendida para a esquer-
,

,,IPreparo de cólon 24h antes. da no sentido subcostal. «

&“ Sangue reservado e cruzado para o transoperatório.


Providenciar acesso venoso adequado para o Dividir os ligamentos hepáticos para mobilizar
ªtransoperatório. o fígado para fora da cavidade abdominal,
IUsar magnificação óptica (2,5x) durante a dis-
Nada via oral (NPO, nil per as) 12h antes do ato
operatório. secção cirúrgica e & anastomose.
IA operação de Kasai ou portoenterostomia con—
siste na remoção dos ductos extra-hepáticos
obliterados com dissecção portal ampliada e
"Posição supina da criança com coxim colocado anastomose de um conduto intestinal aos ductos
seccionados junto ao hilo hepático (cone de te-
. “debaixo do hipocôndrio direito para propiciar me— cido fibroso). Essa massa fibrosa é mobilizada
iªªlhor exposição. até a bifurcação da veia porta, com dissecção
' ;Minilaparotomia subcostal direita para inspeção
do fígado e da via biliar, biópsia hepática e co— ampla e extensa doporta‘hepatis. A dissecção am-


pliada do porta hepatis compreende:
}langiografia. Deve-se evitar a incisão transver—
sa supra—umbilical. pois, se houver necessidade A dissecção da veia porta esquerda até a ori-
de u'ansplante hepático (por incisão subcostal), gem da veia umbilical na fossa de Rex (que
poderá surgir área isquêmica entre as duas inci- pode ser ligada e seccionada).

'
Isões. A decisão intra—operatória dependerá do
.‘gaspecto macroscópico de vesícula e fígado e da
—-
A dissecção da veia porta direita até a visua—
lização do ramo anterior da artéria hepática
colangiografia. Em 75% dos casos, a árvore biliar direita. '

nteira está ausente ou íibrótica. A colangiografia -—


A ligadura e a secção de pequenos vasos da
veia porta até o cone fibroso, cxpondo o lobo
é realizada com Hypaqueº 50% diluído em um
caudado posteriormente.
,
áterçode sua concentração original e instilado no
As artérias hepáticas e veia porta devem ser
“ Vºlume de 3 a 4mL na vesícula biliar, sem pres- reparadas e tracionadas para melhorar a visua-
sãº. por cateter 4Fr ou 6Fr. Se houver bile na lização do porta heparis. O nível de transecção
. .v. Vesicula e o contraste for eliminado no intesti-
2L- "9, não é atresia biliar. Poderá se tratar de hipoplasia
‘ situa-sejunto à superfície posterior da veia porta
(Fig. 98.5). Essa placa fibrosa deve ser envia—
. iliar, caracterizada pela presença de pequenos,
da para exame anatomopatológico, para estu—
mas macroscopicamente visíveis e radiologica- dar a presença e o diâmetro dos ductos biliares
meme permeáveis, ductos biliares extra—hepáti- do porta heparís. Não se deve usar qualquer
cos. Se não houver bile na vesícula e o contraste estrutura cística no hilo para anastomose com
528 I Fígado, Vias Bíliares, Raça e Pâncreas

(cefalosporina ou trimetoprim-sulfametoxazol Xing]


kg/dia, de 12/12h).
IEstimulantes do fluxo biliar devem ser Usadºs
no pós-operatório (fenobarbital l a zmg/kg/dia
dividido em três tomadas ao dia elou fleidr;
ursodesoxicólico ZOmg/kg/dia, divididos em três
a quatro tomadas ao dia). O ácido ursodesoxicólicO
tem efeito estabilizador sobre a membrana do
hepatócito (efeito citoprotetor) e efeito colerético
Estudos recentes sugerem o uso de ácido ursode:
soxicólico por um ano.
IVitaminas lipossolúveis (A: 10.000Ulldia, D-
5.000UI/dia, K: 2.5 a 5mg 2X/semana e 15.225111}
kg/dia) são repostas por um ano pós—cirurgia e a
longo prazo, com icterícia prolongada. Cuidar
toxicidade da vitaminaA. Também é necessária“
a suplementação com ferro, cálcio, fósforo, magma.
sio e zinco (1mg/kg/dia)5
Figura 98.5 Portojejunostomia. Corte sagital do porta ll Existe controvérsia comitelação ao uso rotinei-
-
hepatis. O cone fibroso deve ser seccionado no nivel da su- ro de corticosteróides no pós—operatório, assim
perfície posterior de veia porta. Adaptado de Ohi e ibrahim‘. como quanto a dose recomendada e ao tempo de
uso, que costumam ser muito variáveis. A dose
preconizada de prednisona é de lOmg 2xldia IV º
intestino. A anastomose pode ser lateral ou ou IM por quatro dias. depois do 7º dia pés-ope
terminal, e é realizada com alça dejejuno me- ratório. Continuar o tratamento com prednisolona
dindo 45cm de comprimento a lScm do ângu— oral Z a 2,5mg/kg/dia em dias intercalados por
dois a três meses,

L R' Ç Z V
lo de Treitz emY de Roux, em posição pré ou
transmesocólica, com fio de polidioxanona (PDS) Trabalhos recentes têm mostrado que o uso de gn l- o L
5—0, pontos interrompidos, plano único e total. altas doses de esteróides melhora o fluxo biliar "'
ll A porção distal do conduto intestinal pode ser após a cirurgia de Kasai, principalmente quando
exteriorizada temporariamente ou não. Atualmente o fluxo biliar parece estar diminuído (controla-
não se tem realizado exteriorização como roti- do pela cor das fezes) ou com o aparecimento
de colangite. As doses recomendadas são: metil-
na. A exteriorização apresenta desvantagens, como
prednisolona IV (10, 8, 6, 5, 4, 3, 2mglkgldia,
aumento das dificuldades técnicas para transplante por sete dias) seguido por prednisonalprednisolona
hepático futuro, se necessário, não prevenção da oral 2mg/kg/dia por 8 a 12 semanas. Os esterói-
colangite e pode causar episódios recorrentes de des teriam efeitos colerético, antiinflamatório e
desidratação e hiponatrcmia.
II Quando há permeabilidade da vesícula, ducto
imunossupressivo, diminuindo o edema e a de—
posição do colágeno, inibindo a formação de ci-
cístico e ducto comum distal, pode ser realizada catriz e impedindo a migração de monócitos e
. anastomose da vesícula ao porta hepatis (porto-
colecistostomia). Nesse caso (5 a 10%), usar sonda
linfócitos,
I No tratamento da colangite pós-operatória, devem-
de descompressão temporária na vesícula para se usar antibióticos IV (cefalosporina de 3E gera-
dilatação gradual do canal cistico no pós—opera- ção ou imipenem) e coleréticos (fenobarbital e
tório. Quando há permeabilidade do ducto he— prednisolona por uma semana). A colangite e a
pático, deve ser realizado hepaticojejunostomia. principal complicação pós-operatória e tem como
I Colocar dreno de Penrose no forame de Winslow.
causa um trato biliar parcialmente obstruído e/ou
refluxo ascendente (pouco provável). Ocorre nuª
, ? lªús-onurarúrln primeiras semanas ou meses após a cirurgia, atm-
gindo uma taxa de 30 a 50% dos casos. .
lNada por via oral e sonda nasogástrica até re« II Para o prurido, podem ser usados colestiramma.
cuperação das funções gastrointestinais. Reiniciar ácido ursodesoxicólicoou rifampicinª (lOmg/
alimentação por via oral com fórmulas conten- kg/dia).
do triglicerídeos de cadeia média. Caso não susten—
tem adequado crescimento, aumentar a densidade
'calórica da fórmula.
FATORES PBDGHÚSTIGOS FAVBIIÃVEIS
l! Manter cefalosporina 80mg/kg/dia e gentamici— I Operar antes da 10I semana. .
« na Smg/kg/dia (IV) por7 a 10 dias. Depois, con— Baixa incidência de colangite pós-operatóriª-
i
tinuar com profilaxia antibiótica por 6 a 12 meses u Experiência do cirurgião.

_:
Atrexia de Vias Biliares : 529
'
I Histologia hepática favorável na cirurgia com grau
REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA
'de fibrose leve a moderado. l. OHI, R.; IBRAHIM, M. Biliary atresia. Sem. Pediatr Surg., v. I,
.:Tamanho dos dúctulos no parta heparís 2 150p. p, llS—124, 1992.
;(discutível) e presença de bile ou ductos visí-
veis na dissecção do porta hepatis. BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
DAVENPORT. M.; BETALLI, P.; D'ANTIGA, L. et al. The spectrum
of surgical jaundice in infancy. J. Pediatr Surg., v. 38, p. I47I—
flfllllllllflll! E MUBBIMBE 1479, 2003.
“A taxa de mortalidade em 10 anos pós—cirurgia de DAVENPOKI', M. Biliary atresia.Sem. Pediatr: Surg., v. 14,12. 42—48, 2005.
asai é de aproximadamente 50 a 70%. Metade dos HABER, B. A.; RUSSO. P. Biliary atresia. Gastroenterol. Clin. N. Am.,
v. 32, p. 891-911. 2003.
sôbreviventes permanece icterica ou requererá trata- HAN, S. J.; KIM, M. l.; HAN, A, et a1. Magnetic resonance
, 'Eàção
I'nentodadecirurgia
complicações da hipertensão portal. A indi-
de Kasai, mesmo nos casos desfavo- cholangiography for the diagnosis of biliary ntresia. J. Pediatr.
Surg, v. 37. p. 599-604. 2002.
rªâveis, baseia-se na minimização do grau de dano MEYERS, R. L.; BOOK. L. S.; O'GORMAN. M. A. High—dose steroids.
figp‘ético e na obtenção de melhor estado clínico, para ursodeoxycholic acid. and chronic intravenous antibiotics improve
qúe se possa esperar um tempo prolongado até haver bile flow after Kasai procedure in infants with biliary atresia.
J. Pediatr. Surg.. v. 38, p. 4004! l, 2003.
ªºydições para um transplante hepático. Portanto, trans— MOYER, V.; FREESE, D. K.; WHiTlNGTON, P. F. et al. Guideline
plante hepático é indicado a casos de falha da opera— for the evaluation ot‘cholestaticjnundice in infants: recommendations
"o de Kasai e, primariamente, somente aos casos of the North American Society for Pediatric Gastroenterolng).
um diagnóstico tardio (> 120 dias) com biópsia de- Hepatology and Nutrition, J. Pediatr. Ganraen/emi, Num, v. 39,
‘onstrando cirrose avançada, eco-Doppler mostran— p. IIS-128, 2004.
'

fluxo portal diminuído ejá com sinais clínicos de OHI, R.; N10, M. Biliary mia. Sent Pediatr Surg., v. 9, p. 177-186.
2000.
cirrose avançada: ascite maciça e coagulopatias de
l I'cil correção. PETERSEN, C.; URE. B. M. What‘s new in biliary atresia‘.7 Eur. J.
Pediatr. Surg., p. 146, 2003.

—1
530 l
Flgado, Vias Biliares, Baço ePâncreas

:
. _ proximal ao esfíncter muscular. Ocorre regnum
Ílili'l'l'lllll 99' porque o suco pancreática é excretado corn maior
.' pressão do que
de colédoco, o suco
existe biliar.
canal Em 75% dos
pancreatobiliar Cisms
Cºmum

“Cisto de Cole’doco msm.—,,


João Carlos Ketzer de Souza De Alonso-lei Modificada (Fig. 99. I)
' IITipo I: tipo mais comum (90 a 95% dos casos).
Dilatação fusiforrne ou sacular difusa do cole’d

[i' alumina inf/)3:


O canal hepático proximal ao cisto e a
, Malformação congênita caracterizada por dilatação
e obstrução parcial distal do ducto biliar comum,
biliar intra-hepática costumam ser normais. A
porção proximal e distal d0 cisto usualmente
[

,"
acompanhada, na maioria dos casos, por ducto hepá- iniciam e terminam agudamente e o dugm biliar
tico comum proximal e árvore biliar intra—hepática comum distal é, quase sempre, estreitado. Con-
i normais. dições que podem estar presentes: junção ªnômala
do canal pancreático e colédoco, estenose dos ca- É

EPIIlEMIfllIlEIfl
~ nais biliares distais, atri'esía de Vias biliares.
II Tipo II: divertículo de colédoco.
ªº
lPrevalência: 1:100.000 a 200.000 nascidos vivos. lTipo III: coledococele intraduodenal: divertículo
nª %
IPredominância no sexo feminino: 4 F:l M. do ducto biliar comum distal. â
t
I
IIncomum
IEm
no recém-nascido.
mais de 60% dos casos, o diagnóstico :? rea-
lTipo IV: cisto de colédoco fusiforme ou sacular
associado a dilatação intra—hepática; é o segun—
ª'
' lizado antes dos 10 anos de idade. do tipo mais comum.
lSegunda causa mais comum de anomalia da árvore ITipo V: doença de Caroli, que pode ser subdivi-
biliar extra-hepática. dida em:
t lRecém—nascido com cisto de colédoco pode ter
atresia de vias biliªres associada,
-
Múltiplos cistos intra-hepáticos sem doença as-
sociada (doença de Caroli pura ou doença de
Lt IFígado pode variar desde normal a cirrótico. Caroli tipo 1). Menos frequente.
lPresença de malformações biliares associadas:
35 a 40%,
-
Múltiplos cistos intra-hepáticos associados à
fibrose hepática congênita (doença de Caroli

momma .
Diversas teorias têm sido propostas. Todas baseiam-
se na obstrução distal e na fraqueza congênita ou
adquirida da parede do ducto ou na combinação das
duas. Algumas delas são: ,
lFraqueza congênita da parede do ducto biliar
comum associado a obstrução distal ao fluxo de
bile.
Proliferação epitelial desigual do colédoco du-
I rante o estágio sólido do desenvolvimento embrio—
|
lógico (6-8 semanas de gestação). Pode estar asso-
ciada a estenose congênita ou atresia do ducto
biliar comum distal.
" IOrigem inflamatória viral por contaminação
transplacentária ou infecção perinatal produzindo
reação inflamatória e obliteração completa do
sistema ductal (atresia) ou enfraquecimento e

_
dilatação do sistema ductal (cisto de eolédoco).
lTeoria do canal comum de Babbitt:junção anômala

_
Silgalgªãzggc-ulcalfsãlllªbíiªgrãemltgfl'eipcgI ªcív'emculo
i. do canal biliopancreático com refluxo de suco
;pªncreático para o sistema biliar, enfraquecen-
, , _ éd
ll'
o W Tipo I:
de
, ; a
do parede.
do colédoco pela ação enzimática colédoçco.(QTIpolllzcoIedºªºCªlª:(DlTIPOIVI colédºªº
cisto de

,
. (anulªse e mpsma) e pelª inflamação. Nesse cas0.
o ducto pancreático une-se ao ducto comum,
sacuIar ou fusiforme associado à diIatação intra-hepªt'ºª'l
Tipo V: doença de Caroli.
Cisto de Colédoco n 531

tipo II ou Síndrome de Caroli). Sistema biliar


é normal.
í As complicações da doença de Caroli são: co-

.
3, lestase, colangite, litíase intra-hepática, insu—
ficiência hepática e colangiocarcinoma.
Tipo VI: dilatação difusa: forma frustra de cis-
to de colédoco; dilatação leve do sistema biliar
intra e extra—hepático. Não aparece na Figura 99.1.
Tipos I e IV são associados a canal pancreatobiliar
longo em quase a totalidade dos casos.

WII“ GlÍlllell

..
&
IDor abdominal (50%).
IIcterícía(50%).
Dor abdominal e icterícia.
IDor abdominal e febre.
Dor abdominal, icterícia intermitente e massa ab-
dominal (tríade clássica). Presente em < 20% dos Figura 99.2 — Radiografia de abdome em projeção ântero—
casos. posterior mostrando grande massa arredondada ocupando
lDor abdominal, icterícia e febre. quase todo o abdome.
IMassa abdominal, icterícia e febre.
IMassa abdominal, dor abdominal, icterícia e febre.
I Outros achados: vômitos, hepatomegalia, fezes I! Ultra—sonografia abdominal: identifica cisto, ve—
hipocólicas ou acólicas, colúria, perda de peso, sícula, ductos biliares intra e extra-hepáticos,
obstrução pilórica, obstrução intestinal, ruptura densidade hepática e relação com estrumras vas-
espontânea com peritonite. culares do hilo. Na maioria dos casos pode ser
.» o único exame diagnóstico necessário.
II Cintilografia hepatobiliar com DISIDA-””Te: ava-
'
IIBHIS DE APRESENTAÇÃO ctlmcn
lia o grau de obstrução ductal, que, quando com-
IRecém-nascidos e lactentes < 6 meses (40% dos pleta, não permite a passagem do fármaco para
casos).
O componente obstrutivo predomina, dor e fe-
dentro do trato gastrointestinal. Pode ser visualizado
acúmulo de radioisótopo dentro do cisto (Fig.
bre são desprezíveis. Clínica mais comum: icte- 99.3).
rícia persistente, hepatomegalia e fezes hipo ou I Tomografia computadorizada: demonstra a re—
acólicas. Quadro clínico semelhante à atresia de
vias biliares. Ocasionalmente pode aparecer massa
lação do cisto com as estruturas portais, detalha
palpável. Esse grupo é o mais sensível à fibrose
hepática pelo caráter obstrutivo.
lCrianças > 6 meses (60% dos casos).

Ww
IÉ comum apresentarem a tríade clássica de dor
abdominal intermitente no quadrante superior cli-
reito ou epigãstrio, icterícia leve e intermitente
e massa palpável. Febre também é freqtiente.

,INVESTIGIGÃO DIAGNÓSTIGR
IHistória e exame físico.
IEstudos laboratoriais: hemograma com plaquetas,
provas de coagulação, transaminases, fosfatase
alcalina, bilirrubinas, arnilase sérica. As bilirmbinas
e a fosfatase alcalina costumam estar modera—
damente elevadas.
' Radiografia de abdome: nos grandes cistos, pode
mostrar massa arredondada no abdome superior
Figura 99.3 —Cintilografia hepatobiliar com DISIDA-”MTC. Notar
acúmulo do radiofármaco dentro do cisto e passagem deste
cºmprimindo estruturas circunvizinhas (Fig. 99.2). para dentro do intestino em controle de 24h.
,
.,
532 I Flgada, Vias Biliares, Baço ePâncreas

a doença hepática (cistos intra-hepáticos) e é indi-


cada aos casos suspeitos de malignidade (Fig. 99.4).
u Colangiopancreatografia retrógrada endoscópi-
ca (CPRE): define o sistema ductal pancreatobiliar
distal (define presença de junção anômala) e
extensão da dilatação cística. É um estudo inva-
sivo, necessitando de anestesia geral; risco de
causar colangite e pancreatite. Só deve ser usa—
da nos casos indefinidos em crianças maiores e
na coledocele.
ul Estudo radiológico do trato digestivo superior:
indentação da parede lateral do duodeno e arco

e:%
v
I.)

duodenal alargado. Pouco usado atualmente.


ªs, II Colangiopancreatorressonãncia magnética (CPRM):
permite definir o tipo de cisto de colédoco, pre-
“, sença de cistos intra e extra-hepáticos, cálculos —
Figura 99.5 Achado operatório de um cisto de colédoco,
. e estenoses, afasta presença de atresia biliar e
i define o comprimento do canal pancreático. Melhor
riorar. Nos outros casost'tem-se indicado a correção
;
,
e mais completo exame atual.
cirúrgica entre os 6 e 12 meses de idade (Fig. 99.5).
Pré-operatório: iniciar antibióticos 30min antes
f BOMFLIGAGÍÍES no GIST!) IIE lllllElllllill da cirurgia (cefalosporina e gentamicina) e mantê-

fit R ‘ Q S' L Z V [
|::
Malignização: 20 vezes mais comum do que a los por 48h, Manter antibióticos por via ora] por
,e expectativa geral, ou seja, 11% dos casos po- seis semanas.

L'Ç9
Í dem malignizar. Nos casos a longo prazo, sem El Via de acesso: laparotomia subcostal direita on
í, ressecção do cisto, chega a alcançar 50%. transversa direita. Mobilizar o figado para fora
!: Colangite. da cavidade por dissecção de seus ligamentos.
F
Cirrose biliar. E Sempre realizar colangiografia transoperatória
:i' , Ruptura espontânea com peritonite. (pela vesícula biliar ou pelo cisto) para definir
:( Hipertensão portal. a anatomia dos canais biliares distais, canal pan-
;1
';
Colelitiase.
ll Abscesso hepático.
creático, ducto hepático comum e ductos intra-
hepáticos.
A,; II Pancreatite. ra Biópsia hepática para determinar cirrose e sua
nº extensão.
3;: TBATAMEH'I‘I]

.ii;
II Sempre existe indicação de correção cirúrgica
,e— (risco de malignização). É indicada cirurgiaprecoce
i t, a bebês com complicações de caráter obstrutiva
';“; (desenvolvimento de icterícia obstrutiva), cistos
, com dilatação progressiva (risco de perfuração

;“
, do cisto) e cistos, mesmo assintomáticos, quando
as provas funcionais hepáticas começam a dete-

É,
"
yft a

‘J

',e
:**

"f
Figura 99.6 —- Tratamento cirúrgico do cisto de colédºªº'
_ * Figura BSA—Tomografia de cisto de coiédoco demonstran—
do otamanho e a posição do cisto em relação ao fígado e às
estruturas adjacentes.
(3) Hepaticojeiunostomia. (4) Portojejunostomia em (3
atresia de via biliar associada.
leis?“-
(i) Ciªº dª Cºlédºcº, (2) Locais de secção do (istoe alçª
Cisto de Colédoco u 533

(anastomose termino-lateral ou término-terminal


com poligalaetina 910), em posição trttnsmeso-
cólica, preferencialmente (Fig. 99.6).
Proximalmente, a secção do canal hepático co-
mum deve ser feito no local em que o ducto hepático
fica normal, com mucosa de revestimento pre—
sente.

a”;
Quando houver ductos biliares intra—hepáticos
dilatados e estenose do ducto hepático comum,

mútuo
a hepaticojcjunostomia deve ser realizada no hilo
hepático, com o estoma alargado por incisão ao
longo da parede lateral dos ductos hepáticos.
0 cisto é mobilizado distalmente até sua transi-
ção com o colédoco, quando visível. Nos casos
em que a excisão completa da porção distal é
difícil, é recomendada a mucosectomia dessa porção
99.7 - Mucosectomia da porção distal do cisto de para evitar dano ao ducto pancreática, artéria
Figure
olédoco. Adaptado de Miyano'. hepática e veia porta, e também evitar o apare-
cimento tardio de câncer no epitélio remanes-
cente da porção distal do cisto (Fig. 99.7).
ITécnica atual mais utilizada: ressecção completa A crianças maiores, indica—se a excisão endo-
do cisto com hepaticojejunostomia emY de Roux. cística com ressecção intramural posterior (téc-
Em recém—nascidos e lactentes, é possível a excisão nica intraluminal de Lilly, que conserva a parede
completa do cisto. A alça de jejum e identifica— posterior do cisto). As paredes do cisto ficam
da a lScm do ângulo de Treitz, seccionada e a muita fibróticas e inflamadas (por inflamação
boca distal da alça, medindo 30 a 40cm de com- pericística) e sua parede posterior aderida às
primento, levada até o local da anastomose estruturas do hilo hepático (artéria hepática e veia
porta) (Figs. 99.8 e 99.9).
ISe houver associação com atresia de vias biliares:
portojejunostomia em Y de Roux.
Na doença de Caroli, o tratamento é sintomáti-
co. Indica-se lobectomia ou segmentectomia
hepática somente se a doença cística estiver
predominando em um lobo ou segmento (doen-
,- ça localizada). O risco de malignidade é consi-
derado baixo. Na doença difusa, sintomática, pensar
em transplante hepático. A terapia com ácido

. ursodesoxicóliêo (lOmg/kg/dia) é indicada quando


existem cálculos intra—hepátiços.
I Coledococele: via de acesso transduodenal com
destelhamento da coledococele e esfincteroplastia

Plano dª

Camada
externa da
Figura 99.8 - Técnica de Lilly para ressecção intramural de
(Isto de colédoco. (A) lncisão transversa em toda a parede
parede do
cisto

{anterior e lateral do cisto. (B) A parede posterior do cisto é


'denrada intacta. Inicia-se um plano de dissecção na porção
; Pºsterior da parede do Cisto, separando-a em duas camadas
(uma externa mais fina e uma interna mais espessa). Após
cºmple'tar a separação, a parede interna é dividida comple-
tamente por uma incisão transversa circunferencial. (O 0 cisto
émobilizado dissecção romba. A mobilização continua
por
_ªm direção proximal e distal. O cisto é então ressecado, exceto
tªnto à fina camada posterior externa que está aderida à -
Figura 99.9 Detalhes do plano de dissecção que separa a
parede posterior do cisto de colédoco em duas camadas.

evª'ª Pºrta e à artéria hepática. Adaptado de O'Neillª. A = artéria hepática; V =veia porta. Adaptado de Todani et all
534 I Fígado, Was Biliares, Baço ePãnrreas

do ducto biliar comum e pancreática ou esfincte- 3. TODANI, T.; WATANABE. Y.; MIZUGUCHI, T. et ªl. He 1‘
coduodenostorny at the hilum after excision of choledochal pa I.
rotomia endoscópica, nas coledococeles meno— Am. J. Surg.. V. 142, p. 584-587, 1981.
Cysl.
res. Só indicar tratamento cirúrgico casos aos
l: com complicações: colangite recorrente e pan- BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
creatite recorrente. Casos assintomáticos não ne- DE VRIES, .1. S.; DE VRIES. S.:ARONSON, D. C. etal.Coledocha1
cessitam de tratamento. cysts: age of presentation, symptoms, and late complications re.
INo cisto de colédoco tipo II. realizar diverticulec- lates toTodani's classification. J. Pediatr. Surg., v. 37, p. 1563.1573
tomia com ductoplastia ou excisão do sistema 2002. ‘
v:
MIYANO, T.; YAMATAKA, A.; Ll, L. Congenital biliary dilatation É“
«|
ductal e hepaticojejunostomia em Y de Roux.
I Ampicilina ou trímetoprim—sulfametoxazol em Sem. Pediatr. Surg., v. 9. p. 187-195, 2000. ::
Y‘
«:
baixas doses costumam ser indicados por até seis OHTSUKA, Y.; YOSHIDA, H.; MATSUNAGA, T. et al. Slrategy of u &
semanas, para evitar colangite. management for congenital biliary dilatation in early infancy, et

l.
J. Pedíaln Surg., v. 37, p. 1173-1176, 2002. «.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS “.ª
YAMATAKA. KÇBAYASHI. SHIMUI'AKAHARA.
A.; H.; A. et al. «:

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PURL P. (ed.). Newborn Surgery. Oxford: Butterwarth-Heinemann, en-Y hepatico-jejunostomy performed during excision of
choledochal cyst in children. J. Pediatr. Surg.. v. 38, p, 1830-1832,
1996. p. 433-439.
2. O’NEILL, ].A. Choledocal cyst. Cum PmbL Surg., v. 19,1).398, 1992. 2003.
l1
Perfuração Espontânea de Via Biliar Extra-hepática I
535

- Refluxo de suco pancreatob'iliar, causando


fraqueza da parede do ducto (pela presença
de canal comum pancreatobiliar).
Possivelmente, muitos desses fatores, ou ainda outros,
podem estar associados na patogênese da PEVBE.
Parece existir uma íntima associação entre cisto de
colédoco e PEVBE. Anomalias dajunção do sistema
ductal pancreatobiliar, fraqueza intrínseca dos ductos
biliares e estenose ductal biliar distal têm sido implicadas
na patogênese de ambas as entidades. Parecem ser
diferentes manifestações de um espectro de erros de
desenvolvimento da embriogênese ductal.
r

Ketzer de Souza
l

João Carlos [Mill. Ill PERFUME“


O sítio da perfuração esta quase sempre localizado
na parede anterior do ducto biliar comum, em intima
proximidade com a junção do ducto cístico.
(ÍJEVBE) é aquela que ocorre no ducto biliar comum
na sua junção com o ducto cístico, tem etiologia Illllllllill GlÍlllGll
sconhecida e causa peritonite biliar.
Pode apresentar-se sob duas formas clínicas: insidiosa
(mais comum, 70% dos casos) e aguda (30%).

;I Levemente mais freqiiente em meninas: 1,2 F:1 M.


icterícia colcstática de origem cirúrgica cos—
IA Forma "131811833
tuma, em ordem decrescente de frequência, ser Causa ascite biliar ou distensão abdominal progres—
causada pelas seguintes condições clínicas: atresia
de vias biliares, cisto de colédoco, PEVBE, sín-
siva, iniciando após algumas semanas de vida.
drome da rolha biliar e uma diversidade de ou- I Quarenta por cento iniciam-se nas primeiras se-
tras causas extremamente raras. manas de vida e 60% durante o lª mês.
!Não é possível definir acuradamente a prevalência I Início insidioso em 70 a 75% dos casos. Inicial—
da PEVBE. Em virtude da raridade dessa condi— m'ente, a bile costuma causar pequena reação pe-
ção, a experiência é muito limitada, a doença pode rifoneal. Mais tarde, poderá causar peri toni te bac—
não ser diagnosticada e o seu conhecimento deriva teriana.
essencialmente de revisão da literatura. ll
70%.
lNáusea
_
Icterícia moderada intermitente (geralmente) em

e vômitos repetidos não biliosos.


I Ocasionalmente, massa palpável em quadrante

'Adopatogênese
, .w
não é conhecida, impossibilitan— superior direito (pseudocisto coledociano).
a sua prevenção. Várias teorias têm sido pro- El Fezes normais ou acólicas com aspecto de argi—
postas. la, urina escura.
- Isquemia
anterior,
focal do ducto biliar em sua parede
acompanhando algum episódio de
Ia Presença freqtiente de hernia inguinal, hidrocele
e/ou hérnia umbilical.
isquemia esplâncnica do recém-nascido. Existe Distensão abdominal progressiva, principalmente
uma rica rede vascular arterial ductal junto à em razão da ascite. O orifício da perfuração costuma
parede póstero—Iateral e deficiente vasculariza— ser pequeno e a bile vaza lentamente. Também,
ção anterior que a torna mais suscetível à por causa desse vazamento lento, pode ocorrer
isquemia, criando um ponto fraco propenso à per— a formação de um pseudocisto junto ao colédoco.
furação. Pelo lento extravasamento e pela pouca reação
“Pressão elevada dentro do ducto biliar por peritoneal à bile, a coleção pode se tornar encap-
obstrução parcial ou completa distal à perfu- sulada por tecidos inflamatórios, formando um
ração (barro biliar, estenose ductal, cálculos). pseudocisto coledociano.
*
Fraqueza congênita da parede do ducto biliar m Irritabilidade.
(se localizada, pode levar à perfuração; se difusa, a Febre é rara.
pode ser causa de cisto de colédoco). a Retardo de crescimento.
536 ! Fígado, Was Biliares, Baço ePãncreas

Essa forma insidiosa pode apresentar-se como: vasamento para dentro do pseudocisto (Fi 8. 100 l)
:Ascite biliar (40 a 65%).
ou extravasamento para dentro do Pªº-“dºcism
e, posteriormente, para dentro da cavidade peri.
g, ll Pseudocisto coledociano (35 a 60%). toneal. Atualmente, a cintilografia hªlªªlobiliª;
é o exame mais específico no diagnóstico de
forma Mada PEVBE.
Colangiografia transoperatória: mostra o IOCaI
Quadro agudo de peritonite só costuma ocorrer em de perfuração, pode revelar obstrução ductal distªl
25 a 30% dos casos. Os sinais e sintomas são: dor anomalias da junção pancreatobiliar e perfura:
abdominal, febre, vômitos biliosos, distensão abdo- ções incomuns em vesícula biliar ou canal cística.
minal maciça, icterícia leve a moderada e aumentan-
do, sinais de peritonite, choque séptico e leucocitose.
DIAGNÓSTIGG DIFERENGIM
INVESTIGAÇÃO IllllliIIÓSTlllA Quando forma um pseudocisto, a PEVBE pode
www—axo:- “Sgt diagnosticada erroneamente como cisto de
I Exames laboratoriais: bilirrubinas germenté“ colédoco, roto ou não. Peritonite biliar, secun.
< 8mg/100mg, com 40 a 90% de elevação da bi- dária a perfuração de cisto de colédoco, tem sido
lirrubina direta; alanina aminotransferase (ALT),
aspartato aminotransferase (AST) e fosfatase al—
relatada na literatura comuma prevalência apro-
ximada de 2% dos cistos de colédoco. A histologia
calina geralmente normais. da parede do cisto de cole'doco costuma mostrar
Paracentese abdominal: bile ou líquido esverdeada parede espessada, cronicamente inflamada. ex—
com níveis de bilirrubinas maiores do que no tensa fibrose, elementos musculares lisos e, em
sangue. Mas, dependendo de sua cronicidade, po- áreas escassas, epitélio biliar. A histologia do
dem ser muito variáveis. Em geral, ultrapassam pseudocisto na PEVBE costuma mostrar parede
400mg1100mL. É um excelente meio diagnóstico. com uma variedade muito grande de espessura,
n Ultra-sonografia abdominal: mostra líquido li— de tênue à espessada e membranas compostas
vre intraperitoneal ou coleção loculada sub-he- somente de tecido inflamatório, sem elementos
pática junto à vesícula biliar e/ou no parta hepatis. musculares e sem nenhum epitélio biliar.
É também útil na .pesquisa de cálculos, dilata—
ção da via biliar e ecogenicidade hepática. Não
costuma ser diagnóstica. TRATAMENTO
a Cintilogralia hepatobiliar, geralmente com DISIDA O tratamento é sempre cirúrgicoz'e deve ser rea-
marcada com tecnéci0499m: pode mostrar ex- lizado precocemente.As seqiielas de um tratamento
travasamento do contraste intraperitoneal, extra— retardado podem incluir fibrose hepática e cirrose.
';- il N a maioria dos casos, em razão das más condi-
ções clínicas da criança pela desnutrição e pelo
desequilíbrio hidroeletrolítiCO (principalmente
hiponatremia'), a ressuscitação pré—operatória é
, obrigatória.
H O tratamento deve consistiina identificação da
perfuração (por colangiografIa transoperatória),
drenagem externa simples da área periductal junto
à perfuração com drenos de Penrose, sem pro-
curar suturar a área de vazamento, podendo
não ser complementada a cirurgia com a reall-
ou
zação de colecistostomia entubada temporária com
dreno de Kehr.
A colangiogratia transo eratória serve para cºn-
firmar o vazamento do ucto biliar, excluir Jun-
ção anômala pancreatobiliar, presença de obs-

sr - R z
trução distal ou perfuração em sítios mais incomuns
(principalmente vesícula biliar e cístico). EV_I-
dências colangiográficas de estreitamento da pºf窺
L'S9I

distal do colédoco têm sido notadas freq'tiente-


mente. Isso parece não representar uma obstru—
Figura 100.1 — cintilografia hepatobiliar com DISIDA mos- ção funcional ao fluxo biliar, e sim a presençª dº
tra extravasamento de contraste para dentro de um pseu- um dueto desfuncionalizado pela perfuraçª9'
docisto. Observar também excreção do contraste para o maioria dos autores acredita que a obstruç㺠diªm
estômago e a bexiga. causada por barro biliar ou cálculos pode resol-

L“
í.—
r
.
l

Perfuração Espontânea de Via Biliar Extra-hepática I


537

ver espontaneamente, com adequada drenagem. hilar com ductoplastia lateral), se essa obstru-
Parece que um ducto temporariamente desfun- ção permanecer inalterada após oito semanas pós—
cion'alízado e com bile estagnada em seu inte— operatórias ou houver anomalias na junção pan-
riorestá propenso a formação de barro e cálcu- creatobiliar.
lo. Estes seriam mais uma consequência da INo pós-operatório, indicam-se antibióticos (para
perfuração do que a sua causa, prevenir colangite) e m'! per os com nutrição
A colecistostomia costuma ser útil, pois provo- parenteral total ou alimentação com fórmulas sem
ca melhor descompressão da árvore biliar e pos— gorduras para reduzir o fluxo biliare permitir ci-
sibilita a avaliação posterior dos ductos, relacionada catrização do ducto, que geralmente ocorre em
ªo vazamento e à obstrução distal, quando pre-
um mês).
sentes. ll Drenos da cavidade abdominal só deveriam ser
Reparo cirúrgico da perfuração e considerado des-
retirados quando houvesse evidência colangiogrática
necessário e perigoso. A área junto a perfuração de resolução da obstrução biliar e do vazamento
fica envolvida em um processo inflamatório intenso.
biliar. Os drenos devem permanecer na cavidade
Qualquer exploração cirúrgica com tentativa de abdominal até a evidência de completa resolução
fecha-la é tecnicamente difícil e com riscos. da obstrução biliar e do vazamento.
' ISe encontrado pseudocisto coledociano, é
inte-
ressante a sua abertura e retirada de sua parede BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
nos sítios mais distantes da zona da perfuração. CHARDO'T, C.; ISKANDARANI, F.; DE DREUZY, O.: DUQUESNE,
IColecistectomia somente deve ser realizada quando B.; PARIENTE. D. et al. Spontaneous perforation of the biliary
há perfuração de ducto cístico e perfuração ou tract in infancy. A series of 11 cases. Eur. J, Pediatr: Surg., v. 6,
gangrena da vesícula biliar. p. 341-346. 1996.
IA melhor conduta atual parece ser, em suspeita HALLERJ. O.: CONDON, V. R.; BERDON, W. E. et al. Spontaneous
perforation of the common bile duet in children. Radialagy, v. 172,
de obstrução distal, a drenagem simples e cole— p. 621-624, I989.
cistostomia para avaliar a evolução dessa obstrução.
SPIGLAND, N.; GRECO, R.; ROSENFELD, D. Spontaneous biliary
Se necessário, pode—se realizar, posteriormente, perforation: does external drainage constitute adequate therapy?
anastomose biliodigestiva (hepaticojejunostomia J. Pediatr Surg., v. 31. n. 6. p. 782-784, 1996.

- r v m,.
,.
,'—;-._
L,
538 I Figado, Vias Biliares, Baço e Pâncreas

IIBIIMIIIS BlÍIIIGÍIS
I Episódios recorrentes e agudos de dor abdomi_
nal moderada a intensa no quadrante Supºrior

Doenças da Vesícula Biliar


direito e/ou epigástrio, raramente irradiada para
a região escapular ou ombro. Pode estar associada

1;
à alimentação rica em gordura.
IDeve—se suspeitar de pancreatite quando ªpare.

Elinês Oliva Maciel cer icterícia acompanhada de dor na região dorsal


ou desconforto generalizado, em um quadro clí-

G L H' S Z
l' 9 L 5 w g - nº m . r W
nico diagnosticado de colecistite.
Com a melhora da sensibilidade da ultra-sonografia !Náuseas e vômitos podem estar associadºs aº
(US), o diagnóstico das doenças da vesícula biliar quadro de dor.

';“—
(VB) vem aumentando, somando-se às alterações do
hábito alimentar e ao uso de nutrição parenteral total
couros nr macªu
L. — =

«al.,—_ *.“ -,» ,. ,»(.


(NPT) prolongada.
».,

w (. “ — J «
IPaciente com doença hemolítica.

1A.
I Sexo feminino.
BONSIIIEIIIIGIIES GERAIS Adolescentes com gestação prévia.
Il
Os cálculos da VB podem—se desenvolver em qualquer obesos.
ll
idade; podem ser de colesterol (90% dos cálculos na ICriança com doença ileal. como doença de Crohn
adolescência) ou pigmentares (primeira década de vida). ou ressecção ileal prévia extensa.
Na maioria dos pacientes, a disfunção da VB está INPT prolongada.
associada à formação de barro biliar e, conseqiiente- IFibrose cística.
mente, de cálculos; esse processo 6 reversível em alguns IDoença de Wilson.
pacientes. IDrogas: furosemida e ceftriaxona.
A colelitíase hemolítica, responsável pela forma- IMenos frequentes: diabetes melito, história fa-
ção de cálculos pigmentares. está mais frequentemente miliar e uso de anticoncepcional oral.
associada a esferocitose, talassemia e anemia falciforme.
Pode aparecer icterícia flutuante pela hemólise. O SIIIMS E SIII'I'MMS
diagnóstico e feito por ultra—sonografia, que deve ser
realizada em todo o paciente candidato à esplenecto- IDor elou defesa em quadrante superior direito
mia, para avaliar colelitíase associada e definir trata- ou epigástrio, com sinal de Murphy positivo, com
mento cirúrgico simultâneo. Nesses pacientes, a colan— ou sem irradiação escapular, sem sinais de irritação
giografia transoperatória é obrigatória. peritoneal.
A hidropsía da VB consiste na distensão aguda da ti Se doença hemolítica: icterícia, esplenomegalia,
vesícula com edema de parede e está associada a sepse, anemia, taquicardia, sopro cardiaco.
doença de Kawasaki, desidratação aguda, hepatite viral, IFebre: acompanha os casos complicados de cole-
febre, escarlatina e enterocolite necrosante. Seu tra— cistite.
tamento, na maioria das vezes, e conservador, pois
resolve espontaneamente. Se progredir para gangre- EXAMES LIIBDIIIITOITIMS
na e perfuração, pode necessitar de colecistectomia.
A colecirtite acalculosa, rara na infância, repre- Em geral, são normais, exceto se associados a obs-
senta a progressão da hidropsia e o desenvolvimento
de infecção secundária. Essa entidade apresenta-se
trução de via biliar extra-hepática, quando ocorre
an-
mento das bilirrubinas e fosfatase alcalina. A pancreatite
após melhora do quadro séptico. O quadro clínico con- biliar cursa com o aumento da amilase e lipase.
siste na deterioração do estado clínico e sinais de sepse
em paciente previamente estável. O diagnóstico por EXAMES PMI IMAGEM
ultra-sonografia baseia-se na distensão da VB e pre-
sença de debn's ecogênicos intrabiliares. A cintilografia
I Ultra-sonografia: é o mellfo'r exame, mosua cálculo,
variação anatômica e barro biliar. Os cálculos e/
mostra VB não funcionante. O tratamento é comer-.
vador com antibióticos; mas, se ocorrer piora clíni— ou barro biliar são observados em 95% das ocor-
ca, indica—se colecistectomia. rências.
A colelítíase de colesterol apresentaªa mesma fi-
IRadiografia de abdome: só aparecem calculos
siopatologia dos adultos, se sobrepondo à doença se houver conteúdo de cálcio (raro).
hemolítica.
lCintilografia: sem visualização da VB em
casos
A Hefannidade anatômica da VB tem relevância
crônicos. .
(CPRE): em casos selecionados, seendoscÓP' ºlª
I Colangiopancreatografla retrógrada
clªrice-,se; açpmp'anhadaideffçi rdqpo seu esvazia-
mento. AS "alterações mais "com its-' são: vesícula em houver c
'

culos em colédoco (no pré-operatório).


porcelana'e “vesícula septadããú M.»; f
_.-.. _
' " , ;..." ' -.. Mir: Ie
'
Doenças da Veslcula Bí/íar I
539
'

Ílurúsncn nlrrnmcuu
.
Os pacientes prematuros podem ser acompanha—
dos por ultra-sonografia, pois a maioria desses cálculos
I Hepatite,
e assintomática, podendo regredir em três a doze meses.
ªieumoniahepático.
IAbscesso
basal. O ácido ursodesoxicólico e a litotripsia estão sen—
do introduzidos para uso em crianças, principalmente
IPielonefrite. em cálculos de colesterol. O tratamento é longo (2
Apendicite aguda. anos) e os cálculos podem recidivar.
|
Hérnia de hiato.
"5ª-
.Refluxo gastroesofãgico. PIIIIGIIÓS'I'IIIII
'

Doença péptica.
» ºl Pneumomediastino (dor epigástrica). Excelente em casos não complicados.
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
purucncãrs DAVID, L. Sigalet. Pediatric Surgery. Aschcraft. 3, ed. 2000. cap. 44,
", . _ _ . .
ªg maiores compllcaçoes estao relacronadas a impac-
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essária; apenas se houver cálculo na via biliar ex- SUCKY, F. J. Disorders of the gallhladcr. ln: Nelson Textbook of
Pediatrics, 14 ed. Philadelphia: W B. Saunders, 1992. p. 1026-
1027.

— v s - a,
.,

CIRURGIA PEDIAm
«MBACIR ASTON-’0 rieúkm
dam 4559 —-
cPF otossvsaam
540 I Figado, Vias Biliarer, Beça e Pâncreas

ETIllllIliIA
O fígado recebe sangue das circulações sistêmicª e
portal. Suscetibilidade aumentada pode ser “Pªrada

Abscesso Hepático pela exposição aumentada às bactérias. Entretam0 ,


as células de Kupffer que revestem os SÍHUSóich
hepáticos removem tão eficientemente as bactériaS

Piogênico que a infecção torna-se incomum. A predileção pelo


lobo direito pode ser atribuída a considerações ana.
tômicas. O lobo direito recebe sangue da artéria
mesentérica superior e das veias portais; o lobo es—
João Carlos Ketzer de Souza querdo, das artérias mesente'rica inferior e esplênica.
Além disso, por ter maior massa hepática, tem uma
rede maior de canalículos biliares.
BBNGEITII I Bactérias podem atingir o fígado por cinco ro—
Coleção purulenta intra-hepática secundária a infec— tas: veias porta e umbilical, artéria hepática, trato '

ção bacteriana. biliar, extensão direta por meio de órgãos adjen


O prognóstico dos abscessos hepáticos sofreu uma centes e trauma hepático.
grande melhora em decorrência dos seguintes fato- IAtualmente acredita—se que uma resistência he.
res: diagnósticos por imagem mais acurados, eficácia pática focal ou resistência geral do organismo
l dos antibióticos e tratamento pela drenagem percutânea. diminuídas teriam papel importante na forma.
t
ção de um abscesso hepático.
l E Em 30 a 40% dos casos, a origem infecciosa per-
EI'IIIEMIIIIIIIIIA
manece obscura.
I Maior prevalência em crianças < 5 anos (2/3 dos
casos).
IFrequência global: 3 a 25 para cada 100.000 GEIIMES MAIS EIIEIIIIEIII'ES
admissões em hospitais pediátricos. IA maioria das infecções é polimicrobiana.
I Predominância pelo sexo masculino a 3 M:1F.
I Bactérias mais comuns: S. aureus (35 a 50%),
II Predominância no lobo direito (75%). Podem ser
S. pyogenex, enterobactérias (25%; em algumas
únicos ou múltiplos. Os abscessos múltiplos ge- estatísticas, Escherichia coli e o germe mais fre-
ralmente são causados por septicemia e doenças
quente), anaeróbios (20%). Em aproximadamente
do trato biliar.
lPredisposição em três populações: 70% dos recém-nascidos, os abscessos são cau-
sados por germes Gram—negativos aeróbios, em
— Recém—nascidos, em que a porta de entrada
ocorre mais seguidamente pela cateterização . geral são do tipo miliar, via veia porta-veia um—
bilical.
da veia umbilical.
— Crianças imunodeprimidas (estados imunode-
_,

-
ficicntes e pacientes em quimioterapia).
Crianças com infestações maciças por áscaris, uunnno GIÍNIGIÍ
em que um granuloma hepático ascaridiano pode Não e específico e, por isso, o diagnóstico costuma
infectar—se secundariamente com bactérias. O ser tardio.
granuloma hepático ascaridiano representa uma Mal-estar, anemia, fraqueza, perda de peso,
&

_
reação do parênquima hepático à presença de Anorexia, náusea, diarréia.
ovos e vermes adultos. Pode contaminar-se se- ll Picos febris (90%), calafrios, sudorese.
cundariamente por bactérias. Essa invasão
hepática costuma ocorrernas infestações maciças
I Hepatomegalia dolorosa à palpação
(60%}.
I Massa dolorosa palpável em hipocôndrio d|reit0
em que os vermes migram por colédoco, ductos
hepáticos e extra-hepáticos, ductos biliares intra«
ou epigástrio. . .
I Desconforto ou dor no *hipocôndrio direito (me
hepáticos, até chegarem aos pequenos ductos 90%).

G L R- B S Z V
periféricos. Após um certo período, os vermes
esta presente em < 1/3 dos {23505-
-OLS
I Icterícia
depositam seustpvos-efmorrem, desintegran—
I

I Diminuição dos movimentos respiratórios n0 l ado


do—se. Os ovos viáverfsªegmortos e os vermes
em desintegração provocam reação de corpo comprometido. .
I Estertores ronçantes pulmonares, tosselrritativa,
estranho com formãçao de foco granulomatoso
no parênquima hepático. Um verme pode per- dor no ombro direito. '
,

manecer vivo por até um mês no parênquima ll Em crianças pequenas e recém—nascidos,


ºf Sm“
tomas são menos óbvios: febre inesPÉÉlflºª”
hepático.
I Crianças normais também formam abscesso
hepático.
anorexia, distensão abdominal,
taquipnéia e, ocasionalmente, icterícra.irritabilidade
Abscesso Hepatic!) Piogênica I
541
I Pesquisar história prévia de: sepse intra—abdo-
minal, trauma abdominal, infestação por áscaris,
TBITAMEIITO
quadro de suboclusão por novelo de áscaris, cirurgia Nenhuma forma de terapia é aplicável a todos
do trato biliar, cateterização da veia umbilical, os pacientes. O plano terapêutico deve ser indi-
deficiências imunológicas, anemia falciforme, on- vidualizado e, frequentemente, reavaliado.
falite no período neonatal. Iniciar tratamento clínico com ressuscitação clínica:
hidroeletrolítica + correção da anemia, correção
da hipoalbuminemia e da coagulopatia + anti-
INVESTIGRGÃO DIAGNOSE!“ bióticos parenterais. Manter antibióticos parenterais
.-Achados

laboratoriais costumam ser inespecíficos.
Testes e provas funcionais hepáticas costumam
por 14 dias (pode ser necessário por até quatro
semanas) e, por via oral, por mais duas a quatro se—
ser normais. Algumas vezes, pode-se encontrar manas. Antibióticos são usados de acordo com
& hemocultura e, se possível, com a cultura da se-
aumento das bilirrubinas, aminotransferases, creção da cavidade do abscesso. Em geral, ini-
fosfatase alcalina e diminuição da albumina.
—-Hemograma: anemia, leucocitose, aumento dos
neutrófilos polimorfonucleares. Eosinofilia cos—
ciamos com oxacilina, aminoglicosídeos ou cefalos—
porinas de 3‘z geração e metronidazol. Se hou-
ver áscaris em vias biliares, tratar com vermífugos
tuma estar ausente mesmo em abscessos as- quando as funções gastrointestinais estiverem
caridianos. restabelecidas. Controlar evolução com ultra-
--Tempo de sedimentação aumentado.
.. Hemocultura de repetição durante picos febris.
sonografia. Abscessos do tipo miliar (múltiplos
e muito pequenos) são sempre tratados clinica-
I Radiografia de abdome com tluoroscopia: hemidia— mente.
fragma elevado e imóvel com alterações no seu E! Indicar drenagem cirúrgica.
contorno. Observar também níveis hidroaéreos - Peritonite.
no fígado (raros) e imagens radiológicas com- - Grande abscesso com risco de ruptura.
patíveis com áscaris no intestino delgado.
I Radiografia de tórax (inspiração e expiração):
- Sem melhora com o tratamento clínico insti-
tuído há 72h.
infiltrados pulmonares de base, atelectasias, der— Formas de drenagem cirúrgica.
rame pleural e hemidiafragma elevado com limi-
tação em sua excursão respiratória. Ocasionalmente
— Drenagem percutânea da cavidade do abscesso
com cateter (pigtail) guiado por ultra-sonografia
podem ser observados níveis hidroaéreos sobre ou TC. Atualmente é a técnica preferencial.
o fígado. Se necessário, o trajeto do pigtail, após maturado,
ITrânsito intestinal: em suspeita de abscesso hepá— pode ser dilatado e colocado um cateter mais
tico esquerdo para demonstrar deslocamento do calibroso sob controle ultra—sonográãco. Contra-
Cardia, pequena curvatura e bulbo duodenal (pouco indicações: falta de experiência do operador,
usado atualmente). suspeita de infecção ou doença coadjuvante
I Ultra—sonografia abdominal: melhor exame atual intraperitoneal, existência de coagulopatia,
não—invasivo, pois localiza perfeitamente cavi- múltiplos abscessos, abscessos causados por
dades cheias de líquido e debris, presença de áscaris doença granulomatosa crônica, ascite, ausên-
nas vias biliares extra e intra—hepáticas e granulomas cia de via anatomicamente segura (lobo hepá-
hepáticos. Achados ultra—sonográficos sugesti- tico esquerdo costuma 'ser difícil de acessar
vos: lesões hipoecóicas arredondadas ou ovais percutaneamente).
com margens irregulares, mal delimitadas, ecos - Drenagem cirúrgica aberta transperitoneal.
Indicações da drenagem cirúrgica transperitonea]
internos e anel hipoecogênico de edema hepáti— (geralmente subcostal direita): localização que
co circundando a lesão.
contra-indica a punção percutânea, procura de
! Tomografia computadorizada: também excelente
para demonstrar abscessos hepáticos. Mostra área
prováveis abscessos sincrônicos intraperitoneais,
abscessos múltiplos, abscessos complicados por
não homogênea, hipodensa, com debris no inte-
ruptura, drenagem percutânea incompleta ou
rior (correspondendo a áreas com necrose celu- com insucesso, a maioria dos abscessos asca—
lar e septos) ou área cística circundada por halo ridianos (necessitam de remoção dos ãscaris
diferenciado decorrente de edema do parênquima e granulomas). Nesse último caso, as áreas en-
em torno do abscesso. duradas são incisadas, com retirada dos vermes
ll Cintilografia hepática com tecnécio—99m demonstra
e drenagem da secreção purulenta. Em vista
defeitos de enchimento, pois o isótopo costuma da inacessibilidade de alguns sítios, o trata-
ser captado pelas células do sistema reticuloen— mento é complementado com drogas anti-
dotelial. Acintilografia com gálio-67 demons— helmínticas. Se houver infestação maciça de
tra a presença de abscesso como uma área de ãscaris no colédoco, indicam-se coledocotomia,
captação aumentada, pois o gálio é sequestrado retirada dos vermes e drenagem com dreno em
no tecido inflamatório. T de Kehr.
542 I Figada, Was Bíliares, Raça e Pâncreas

MACKSOUD, J. G. Abscesso hepático In: Cirurgia Pediátrica_ 2 ed


BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA Rio de Janeiro: Revinter, 2003. p. 934-937.
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]' 9

_,,“ »
Ascaridíase Hepatobiliar & Pancreática I
.543

A&MMM&
giepatobiliar e

n
,;

('
z
\
. lumbricoides, migrante das porções altas do intesti-
,
'
Figura 103.1 — Complicações dos áscaris em via biliar extra-
' *
no delgado. Pode, nos casos de infestação maciça, hepática. (A) Infestação maciça. (8) Formação de cálculos. (C)
alcançar e colonizar o parênquima hepático, estimu- Estenose de via biliar extra-hepática. (D) Perfuração e
lando o desenvolvimento de lesões granulomatosas. peritonite. (E) Colecistite e formação de cálculos.
_ : A migração de um ou dois vermes para a árvore
biliar é complicação bem conhecida. Infestação ma-
-
iça dos ductos biliares e do fígado é incomum, com
I Formação de cálculos, colecistite aguda, este-

iagnóstico difícil e complicações freqiientes.
nose de via biliar extra-hepática, perfuração e
peritonite (Fig. 103.1).
'HSIBPATIILIIGIII I Migração para os ductos intra—hepáticos (ascari-
díase hepática). Quando entram em ductos intra-
ma superpopulação de áscaris no lúmen intestinal hepãticos periféricos. costumam ficar aprisionados,
””pode resultar na formação de um novelo de áscaris. morrendo p01: inanição. Raramente alguns conse-
«Geralmente um episódio febril ou ingestão de vermífugo
guem retornar ao colédoco. Ascaridíase hepática
.ppde desencadear a quebra da homeostase entre os ás- caracteriza—se por um processo granulomatoso
caris e seu hospedeiro. Com a formação do novelo
originado por ovos viáveis ou não (depositados pelos
»Iascaridiano, aparece estase do suco entérico, altera— vermes antes de morrerem) ou vermes mortos
-
gio
de seus constituintes e hipercrescimento bacteriano.
, s áscaris agitam-se, causando dor em cólica. En-
desintegrados. Aparece reação de corpo estranho
nadespeci’fica com formação de focos gránulomatosos
%cntando uma superpopulação dentro do intestino,
guns deles retornam ao duodeno. Pela natureza mais
ceitável da secreção biliar em comparação com o
no parênquima hepático. Esses granulomas podem
conter segmentos de áscaris desintegrados ou mesmo
mortos, mas ainda íntegros (Fig. 103.2). Eventual-
suco entérico alterado ou suco gástrico, acabam in- mente, algumas dessas lesões cicatrizam com
vadindo a arvore biliar.
.-,—«“'
p; Penetram na ampola de Vater com a cabeça. Por
Zeausa do comprimento deles em relação ao tamanho
do ducto biliar costumam ficar com um terço ou metade
de seu comprimento no lúmen duodenal. Facilmente
ªíPºthm retornar ao duodeno.
. Em alguns casos, podem sobreviver por até um mês
'na bile pura, sendo por isso considerados visitantes
"lºmporários.
Os áscaris, nos ductos biliares, podem causar:
I Irritação do ducto por substâncias metabóliCas
tóxicas liberadas pelos vermes.
lObstrução do fluxo biliar normal, estase e pela
entrada conjunta de bactérias do trato intestinal,
colangite ascaridiana e bacteriana. Figura 103.2 — Granulomas hepáticos ascaridianos.

.1 “><.
544 I Fígado, Vias Bilíares, Raça e Pâncreas

hialinização e Fibrose. Outras sofrem infecção ll Trânsito duodenal (pouco utilizado); bolo de áSCari '
,I secundária com formação de abscesso. visível em duodeno ou jejuno proxima], sinªl
ds
I Vermes não-viáveis e desintegrados intraductos cut-ofi" (produzido pela protrusão do ãSCaris d?
'ª biliares podem causar destruição da mucosa ductal,
exsudação e reação frbromatosa com formação
ampola de Vater no lúmen duodenal),
I Ultra-sonografia abdominal: demonstra distensãº
ª ,

de estenose fibrótica, necrose ductal, perfuração da vesícula, presença de áscaris em vias biliar;
por reação inflamatória grave, calcificações ou (estrutura ecogênica simples ou múltipla, linear
cálculos. ou curva, paralelas quando múltiplas, sem Som—
bra acústica, podendo conter tubo lºngitudinal
BUISSIÍIGIÇÃII central anecóico, representando o trato digam.
vo do verme, podendo apresentar movimentos)
I Infestação biliar simples: considerada a presença
de até cinco vermes na árvore biliar.
número e motilidade dos áscaris e
complicações, como granuloma hepático. abs.
Pºssiveis
.I Infestação biliar maciça complicada ou não. cesso hepético‘lou invasão do ducto pancreático.
Em 90 a 95% das ocorrências há oclusão incompleta I Colangiografia intravenosa (pouco usada flpés
da árvore biliar, que se dilata e acomoda os ver- o advento da ultra-sonografra): demonstra a infes.
mes. Quando a população de áscaris do intesti- tação de áscaris, falha na opacificação do siste.
no delgado proximal diminui, eles abandonam ma biliar (defeito intraductal com forma de lápis
os ductos biliares, retornando ao seu habítatnatural, em 75% dos casos), dilatação de ductos biliares,
que é o intestino. ar intraductal (a passagem do verme pelo esfíncter
de Oddi pode permitir a entrada de ar no siste-
llllhlllll GlÍlllcll ma ductal).
_
Iniestaçao Mªºlçª (5 a 10%)
_ I Endoscopia duodenal com visualização do ver-
me parcialmente localizado no ducto biliar. (

I Dor abdominal em cólicas situada no quadrante


"Colangiopancreatografia retrogradaendoscépi. “

,
'
superior direito. Comaevolução do quadro, toma—
,se contínua (100%)_
ca (CPRE): presença de vermes.
b111ares. Ut'll'
zada mais como forma terapêutica.
'
i
I Sensibilidade no
Quadrante superior direito (90 a

.com os
95%). . TRATAMENTO
I Febre 2 38° (80%).

6naso: L8‘25'ZV
I Náuseasevômitos, podendo ser biliosos em 90%
dos casos. Noventa e cmco por cento dos casos nao—com-
plicadosrespondem ao tratamento conservador, L.l‘9L$ ,
É
:
l. I Vesíeula biliar pªlpável (10%)_ ascarts retornando
esporàtaneamenteemao É
tj
I Hepatomegalia dolorosa ou massa no quadrante
superior direito (55 a 60%).
tratamento
intestino, O conserva or
cons1ste
'; nadalvra oral, hidrataçao parenteral..sonda ,
3
3'
í

-,
'
I Icterícia.
IHistória préviª anterior (60%).
gástrica, analgesrcos
fugos nao absorviveise (poupando os ascaris'das
antiespasmódicos e vem» Í.
É
‘-
[Histéfiapositivadeinfestagiopor áscms (45 a 55%)_ vras biliares). A-ntrblóticos podem ser incluidos 1: g
I Vermes nas fezes ou nos vômitos (45 a 50%).
flº tratamentoabscesso
quando
ex1stetebre persrstente ou
(
:
>

I Sinais que sugerem ascaridíase biliar Complica— intermitente, hepático unico. multiplos _ ., n', y
da: febre alta com ou sem calafrios, icterícia clínica, Pequenos abscessos º“ compl1cagao d? “Pº ªº"
hepatornegalia, dcfesa no quadrante superior direito langitej Quando o intestino está muito infestado, .'
e sinais de peritonite difusa. o verm1fugo deve ser administrado cautelosamente .“
-
"
ou não ser administrado, pelo risco de
desencadãar
suboclusão intestinal, impedindo o retorno os :“

Infestação
Gerªlmente
Simples (90 a 95%)'
duração curta,
tem
ascaris das vias biliares ao seu habitat natural.
I Indicar CPRE quando houver icterícia persistente, ;“
,
»

t Um até cinco áscaris podem causar irritação com piora dos sintomas clínicos, falha no tratamentº
, dor em cólica e espasmo do esfíncter de Oddi e obs- para erradicar os áscaris É'seus produtos do slS- *“ %!
f“ r
.
mªç㺠biliar Pªºiªlg, tema biliar (após quatro a seis semanas de trair -
I Dor abdominal em cólicª (95%),
I ‘ '‘
- direlto (9%“
%É'Ãliltºgslªiªâiquªdrª'lm
“Fªnºr - -
., Hyun Éarríento conservador),
I Indicações
avaliar lesão de ducto biliar
es enose .cirúrgicas: falha extração dos
de .
.a'scans
”&

: _
ll Febre. pela CPRE, infestação macrça de _v1as biliares, *
.
estenose ou calculose ductal sintomática,
pzritonslte 3
' : " e formação de múlti los abscessos hep tica .
IIWES'ÍIEIÇIIÍI Illllillúsnett I Fundamentos
cirúrgicªs: completo clenrrrnfr £195
_
(

. 't5 .
.
1
i; I Radiografia de abdome: ãscaris visíveis no lúmen áscaris das vias biliares, fígado e intestino (ascarlS
&

i t intestinal, sinais indiretos de abscesso hepático. do intestino delgado são ordenhados atrªumª' l
.w
i ”,

r
Ascaridrase Hepatobiliar e Pancreátíca I
545

ricamente até o intestino grosso), colangiografia — Desenvolvimento de pseudocisto pelo avanço


“apsoperatória pela vesícula biliar, coledocotomia do verme até a porção mais distal do pâncreas.
longitudinal com remoção dos ascaris e seus pro-
dutos, irrigação com soro fisiológico, drenagem
— Formação de abscessos granulomarosos por
vermes desintegrados ou depósito de ovos.
biliar (colédoco) por dreno em T de Kehr. I Tratamento da ascaridíase pancreática: há sempre
I Pós-operatório: colangiografia pelo dreno de Kehr grande dificuldade ou impossibilidade da reti-
antes de sua retirada para excluir reinfestação rada do verme por meio de cestas ou balões.
da árvore biliar por vermes residuais. Anti-helmin~ Melhores resultados têm sido obtidos pela téc-
ticos não devem ser administrados pelo dreno, nica de lavagem do ducto sob jato com contras-
pois causarão morte intraductal dos vermes. te diluíclo. Usa—se contraste com o objetivo de
I Infestação recorrente da via biliar: lavar dreno
checar o preenchimento de ramos ductais pan—
em T com soro fisiológico momo, remover áscaris creáticos secundários ou terciários na fluoroscopia,
residuais por endoscopia. evitando o excesso de pressão intraductal.
I Pancreatite por ãscaris pode ser causada:
- Agudamente, pela presença do verme em dueto BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
biliar bloqueando o esfíncter de Oddi e provocan- DAVIES, M. R. Q.; RODE. H. Biliary ascariasis in children. ng.
do obstrução secundária do ducto pancreático. Pediatr Surg.. v, 15. p. 55-74, 1982.
Geralmente é temporária, pois o verme tende LLOYD, D.A. Hepatic ascan'nsis. Soul/mf: J. Surg., v. 20. p. 297-304,
1982.


a retornar ao intestino ou ascender pelo coledoco. LLOYD, D. A. Massive heparobiliary ascariasis in chidhood. Bu J.
Pela entrada do verme no diminuto ducto pan- Surg., v. 68. p. 468—473, 1981.
creático (levando à pancreatite grave). SANDOUK, F.; ANAND, B. S.: GRAHAM, D. Y. The Whirlpool jet
— Cronicamente (pancreatite recorrente), por seqiie—
las da presença de verme desintegrado no ducto.
technique {or removal of pancreatic duct ascaris. Gartrot'nt.
Endoscopy. v. 46, p. 180-182. 1997.

w
.
“Fl!
EI

546 I Fígado, Vias Biliares, Baço e Pâncreas

llnemla Imune-hemolítica
'
BIIPII'IIIII IM
'

É uma doença imunológica que leva à hemólise, Indica,


se esplenectomia aos casos graves que não mswndem ao

“Ésplenectomia tratamento clínico com corticosteróide e imunoglobulinas

llllBl‘llla Falcitorme
Elinês Oliva Maciel
'

A esplenectomia é indicada a crises duradouras que


não revertem com medidas clínicas, com sequestração
esplênica e a casos de grande esplenomegalia. As he-
Após 1952, quando os primeiros casos de septicemia mácias são ricas em hemoglobina S. que podem sofrer
foram descritos após esplenectomia, o baço passou a falcização sob influência de vários estímulos, como
ser essencial à vida. acidose, infecções, desidratação, hipóxia e, espuma.
O baço é um órgão linfóide; suas funções básicas ricamente, causando fenômenos vasooclusivos múlti—
são hematogênica e imunológica. Tem uma circula- plos. O quadro clínico cursa com dor abdominal, infartos
ção aberta pela qual o sangue arterial atravessa os pulmonares, trombose vascular cerebral, anemia agu-
cordões esplênicos, entrando no sinusóide para alcançar da, reticulócito aumentado, cálculos de vesícula biliar,
os capilares venosos. As células anormais, corpús- dor óssea ou articular, esplenorrregalia ou baço peque-
culos de inclusão ou aquelas com defeitos metabóli- no com o passar do tempo, em razão de infartos e fibrose,
cos não resistem a esse trânsito e são destruídas elou
fagocitadas nesse trajeto.
Os microorganismos mais comuns em infecção pós- anemia IIU flatllterraneo lll! Talassemla Mater
esplenectomia são os encapsulados, notadamente pneu- E uma doença autossômica dominante, com variedade
mococo (50% dos casos), meningococo e Haemophilus homozigótica (maior), intermediária e heterozi gótica
influenzae. (menor). Ocorre produção predominante de hemoglo-
bina F, em vez de hemoglobinaA (adulto). O metabo-
IIIIIIEMGÚES DBBIGIITÚIIIIIS E RELATIVAS lismo do ferro também fica alterado, surgindo depósito
em vários órgãos, principalmente baço e figado._0 quadro
I
Anemiasvhemolíticas. clínico cursa com hepatoesplenomegalia e alargamento
I Esferocitose. «

dos ossos da face.


I Anemia imune—hemolítica. A esplenectomia é indicada a grandes esplenome-
I Talassemia
maior (anemia do Mediterrâneo). galias como papel terapêutico sintomático para dimi-
I Anemia falciforme.
nuir o sequestro e, consequentemente, a necessidade
I Púrpura trombôcitopênica idiopática.
de transfusão sanguínea.
I Ruptura esplênica por trauma.
I Abscesso esplênico extenso.
I Cistos.
I Tumores malignos.
PíIi' n ura Trumnueitnnêntea Imuna
A púrpura trombocitopênica imune (PTI) é uma doen-
I Fusão esplenogonadal. ça auto-imune com aumento de anticorpos antiplaquetários
I Anomalias de fixação. circulantes. Ocorre plaquetopenia acentuada abaixo de
I Doença de Gaucher. 40.000/mm, mas a produção é normal "pela medula óssea
.-,

com aumento de megacaríócitos. A vida média das


Esterocltosu plaquetas diminui para minutos (normal entre 7 e l0
dias). 0 baço exerce papel adicional na destruição 0
E uma doença genética autossômica dominante, carac- na produção de anticorpos antiplaquetários. O quadrº
terizada pela presença de esferócitos no sangue e hemólise. clínico cursa com púrpura, petéquias e hemorragias.
Decorre de uma anomalia da membrana da hemácia com
6 . 1 8 - dª s
A esplenectomia é indicada como tratamento de ur-
modificação de sua forma discóide original. Há tam- gência em sangramento intracraniano, à falta de res-
L'Ç9I t'L

bém uma fragilidade da membrana e fragmentação das posta ao corticosteróide e imunog obulina ou com doença
hemácias, em razão da alteração na produção de glicose crônica recidivante (mais de seis'meses de tratamento)-
e adenosina trifosfato. Sua forma esférica faz trânsito Atenção:
lento pelo baço, aumentando sua seqliestração e des— I Transfusão de plaquetas no transoperatóriº.
truição. O quadro clínico cursa com esplenomegalia, I Trombocitose após cirurgia. com plaquetas supô-
anemia, icterícia com aumento de bilirrubina indireta,
em virtude da hemólise e do aumento de reticulócitos. riores a 1.000.000/mm, necessitando de ácido a0}?-
tilsalicflico para diminuir a agregaç㺠Plªquº'mª'
O diagnóstico é feito pelo teste de fragilidade osmótica.
Durante a esplenectomia, devem—se retirar,,gsjaços
acessórios e 30% dos pacientes têm litíase Vesicular
associada. necessitando de colecistectomia. É uma malformação rara, que consiste em
esplênico aderido à gônada esquerda. É um acha tectgºº
E“"A
Esplenectomia I 547

, cirúrgico geralmente durante hemiorrafia ou orquiopexia RISCOS llII ESPIEIIEGTOMIII


,
,?
i .
A Conduta baseia—se na retirada do tecido ectópico.
O risco de infecção pós-esplenectomia por ruptura
traumática é em torno de 1.5% e de 25% nas doenças
omo-hematológicas. A idade e a doença de base são
é É mªis frequente em meninos e a torção do pedículo os dois fatores mais importantes em infecção. A sep-
"é a complicação mais comum da fixação esplênica ticemia pós—esplenectomia pode ocorrer em qualquer
,ncompleta. O diagnóstico geralmente é feito durante idade, mas o risco é maior antes dos cinco anos. Quanto
lªparotomia por abdome agudo. Setiver ocorrido infarto mais jovem, maior o risco, ocorrendo 50% das vezes
_ hemorrágico, indica—se esplenectomia; caso contrá- durante o primeiro ano; mas a gravidade parece ser
rio, realiza—se fixação do baço. maior em indivíduos de mais idade.

IIIIGIIIII IIIITIPIIEIIMIIGÓGIGII
São geralmente assintomáticos. Podem ser uniloculares Todos os pacientes esplenectomizados devem ser vaci—
tou multiloculares e de origem variada. Os mais co- nados, de preferência antes da esplenectomia. Crian-
muns são congênitos (uniloculares com líquido claro ças menores de dois anos não respondem a vacinação,
.contendo cristais de colesterol), parasitários (hidatidose) pois não produzem de maneira eficaz anticorpos contra
e pós-traumáticos (liquefação de hematoma, líquido o antígeno das bactérias encapsulad'as.
marrom turvo). Esses cistos são assintomáticos, mas Reimunização antipneumocócica pode ser feita em
podem se apresentar como massas no quadrante su— 5 anos. Atualmente, dispõe-se de vacinas contra
perior esquerdo, algumas vezes com dor. Indica—se Haemophilus influenzae e meningococos.
esplenectomia total ou parcial a cistos sintomáticos.
[ISI] PIIIIFIIÃTIGII IIE IIII'I'IBIÚTIGIIS
Parece diminuir a incidência de infecção por pneu—
Os tumores são raros. Os hemangiomas são os tumo- mococo.
res benignos mais comuns e, frequentemente, neces— I lª escolha: penicilina benzatina IM ou penicili-
sitam de esplenectomia. Metástases esplênicas são raras.
na por via oral ou amoxicilina.
Se houver alergia: sulfametoxazol + trimetoprim
|!
, ltltscessos Esnlênicus ou eritromicina.
São relativamente raros em crianças. Podem ocorrer I Duração.

*
secundariamente à infecção de hematomas ou de pseu—
docisto ou durante bacteremia, quando formam múltiplos

Até os cinco anos de idade ou por dois anos
após a esplenectomia para crianças com mais
abscessos. O quadro clínico cursa com bacteremia, febre, de cinco anos. O uso de antibióticos profiláticos
dor pleurítica em quadrante superior esquerdo. O diag- acima de cinco anos de idade e depois de
¢n6stico é confirmado com tomografia computadorizada. esplenectomia é controverso. Alguns autores
'Abscessos únicos e uniloculados podem responder à dre— sugerem o uso, por toda a vida, em pacientes
agem percutânea e antibióticos. Abscessos múltiplos considerados de alto “risco (talassemia, neoplasias
{on loculados são tratados somente com antibióticos. Em e _imunodeficiências). .
abscessos múltiplos associados à imunodepressão e a I Doentes de alto risco, como portadores'de doenças
hemoculturas negativas, deve—se pensar em infecção fún- hematológicas e oncológicas, devem sempre fazer

—wm
' '
‘gica. Infecção por Salmonella e' mais comum em paciente profilaxia.
com hemoglobinopatias e infarto esplênico. Em infec—
ção pós-trauma, estafilococos e estreptococos são mais BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
comuns. Em geral, a falha de respostas aos antibióticos ADAMS, D. M.; WARE, R. E.; SCHULTZ, W. H. et al. Successful surgical
sem drenagem percutânea necessita de esplenectomia. outcome in children with sickle hemoglobinopathies: The Duke
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tes em meninos e o tratamento conservador epreferencial to splenectomy in pediatric patients with idiopathic throm-
ªm vítimas de trauma esplênico fechado hemodinami- bocytopenic purpura who fail high-dose intravenous immune
camente estáveis. O quadro clínico cursa com dor ab- globulin J. Pediatr: Surg., v. 35. p. 967-972, 2000.
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dºl'ninal em quadrante superior ou flanco esquerdos, dor morbidity and mortality of pediatric splenectomy: does prophylaxis
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distensão abdominal, sinal de irritação peritoneal e, TERROSU, G.; DONINI, A.; SILVESTRI. F. et al. Laparoscopic

,.
rªramente, massa palpável. O diagnóstico é feito por splenectomy in the management of hematological diseases: surgical
tºmograiia computadorizada em criança estável e por technique and outcome of 17 patients. Surg. Eudora, v. 10,
, lªparotomia em criança hemodinamicamente instável. p.441-444, 1996.
."

W a tª— '
548 I Flgado, Vias Biliares, Baço & Pâncreas

I Movimento doloroso e limitado da massa quan.


do movida em qualquer direção, exceto em di.
reção ao quadrante superior esquerdo, que costum;l
ser indolor.

Ésplenoptose II Vômitos intermitentes.


I Anorexia.

João Carlos Ketzer de Souza IllAliIIlISTIBlI IIIEEITEIIIIIAl


Apendicite aguda, torção de cisto de ovário, obstru—
ção intestinal.
BDNÍIEITII
Caracteriza-se pela fixação e mobilidade anormal do INVESTIGAÇÃO BIAENÚSTIÍIA
baço e risco aumentado de torção e infarto. O baço História e exame físico.
ll
não permanece fixo por seus ligamentos anatômicos lRadiografia de,abdome, enema opaco, trânsito intes-
normais, ficando suspenso apenas pelos vasos hilares tinal e urografia excretora não são específicos,

nª:
e porções do ligamento gastroesplênico (longo pedí—
culo). Pode mover—se livremente pelo abdome e essa
IUltra—sonografia
abdominal usualmente identi.

JM/“r
fica a massa como baço e tópico e mostra baço
mobilidade leva ao risco de torção e infarto. ausente de sua posição original.

a;» ºf,.
I Cintilografia com tecne'cio demonstra posição

momma anormal do baço.


fl Tomografia computadorizada e ressonância nu-
Fusão incompleta do mesogãstrio posterior por erro clear magnética também diagnosticam a posição
de desenvolvimento embriológico e hipodesenvolvi- anormal do baço.
mento ou fixação imprópria do ligamento esplenor-
renal.
TRATAMENTO
EPIDEMIÍIlÍIEIA I Esplenopexia por videolaparoscopia.
IIdade de apresentação mais frequente: < 1 ano, - Destorção do baço, envolvimento com tela de

fi L R' S Z t
marlex, reposição no quadrante superior es-
em algumas séries.
' QLÇ A

I
,iuv..rx3
IPredisposição
querdo e sutura para fixação da tela e baço no
sexual: 3M:1F. diafragma, ou

se. . -*s=u
lllIAIlllll BlÍIIIGlI —.
- ritoneal.
Simples reposição do baço em bolsa retrope-

Muito variável. ªl ESplenectomia, em casos de torção aguda com

,!
infarto esplênico.

LÃ .
Critérios que sugerem o diagnóstico:
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

43.5:
I Dor abdominal crônica intermitente no lado
AlLLEN, K. B.; ANDREWS, G. Pediatric wandering spleen -— the case
esquerdo. Geralmente ocasionada por torção e
for splenopexy: review, of 35 reported Eases in the literature.

.,m w — « W
destorção espontânea do pedículo esplênico.

w e— » . W — y
I Dor abdominal aguda progressiva por oclusão
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BROWN, C. V. R.; VlRGILlO, G. R.; VAZQUEZ, W. D. Wandering
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I Massa abdominal de forma ovóide na linha média


do abdome e pelve com margens cortantes. STRINGEL, G.; SOUCY, P.; MERCER, S. Torsion of the wandering
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Pancreatite Aguda, Pseudocisto Pancrea'tico “ 549

CAPITIIIO 106 produtos de sua decomposição. Outra causa


'
; adquirida de obstrução dos ductos biliopancreá-
ticos é a coledocolitíase, geralmente secundária

7líPancreatite Aguda,
a doenças hemolíticas, como anemia falciforme.
esferocitose, talassemias e defeitos enzimáticos.
I Drogas: corticosteróides, diuréticos (tiazídicos,

%Pseudocisto Pancreático
J
) *
furosemida), antibióticos (rifampicina, tetraciclinª.
metronidazol), drogas antiinflamatórias (aceta—
minofeno, azatioprina, sulfassalazina), L-aspara—
ginase.
IInfecciosas (virais): rubéola, caxumba, coxsackie—B,
citomegalovírus, vírus Epstein-Barr, varicela, in-
fluenza e outras.
Metabólicas ou sistêmicas: vasculites, lúpus eri-
tematoso sistêmico, síndrome de Reye, hipertri-
gliceridemia, hipercalciuria, doença de Crohn,
cetoacidose diabética, fibrose cística.
I Idiopática.

QIIAIIBII GlÍNIÍIII
IA lesão pancreática é pouco frequente na infân-
cia, ocorrendo entre 3 e 12% dos traumas abdo- A pancreatite aguda manifesta—se com dor abdomi-
nal súbita ou gradual de intensidade variável, geral-
minais.
IAproximadamente 20% das pancreatites complicam mente de localização epigástrica, associada a vômitos
com formação de pseudocisto. e febre. O abdome é dolorido à palpação, muitas vezes
simulando peritonite difusa. Nas pancreatites necro—
hemorrágicas, podem aparecer equimoses em flancos
ISIIIPATIIMIGIA (sinal de Grey Turner) ou em região periumbilical
(sinal de Cullen). Pode-se encontrar derrame pleural
ITraumãtica:
os traumas mais comuns são devi— à esquerda.
dos a acidentes ciclísticos, espancamento, atrope-
lamento c acidentes domésticos. A lesão pancrea-
tica ocorre quando o pâncreas, que é um órgão INVESTIGAÇAII DIAGNÓSTIÍIA
relativamente fixo ao retroperitônio, é compri- IElevação dos níveis de amilase sérica e urinária.
mido contra a coluna vertebral, sofrendo contu- Outras anormalidades, como perfuração, obstrução
são e laceração, extravasamento de secreção e intestinal, apendicite, parotidite e sialoadenite,
v enzimas pancreáticas e conseqtiente inflamação podem levar ao aumento da amilasemia.
», do órgão. Os níveis séricos aumentam em 2 a 12h; nos casos
ª.
lObstrução dos ductos biliopancreáticos: é a se-
' gunda causa de pancreatite aguda nas crianças. não complicados, permanecem elevados por até
cinco dias. A elevação da amilase sérica é de mais
As causas podem ser congênitas ou adquiridas. de três vezes o nível normal. Seus níveis não cor-
As congênitas mais freqíientes são: malformações respondem à gravidade da lesão.
pancreática-biliares (pâncreas divisum, cisto
A diminuição dos níveis de amilase não significa
de colédoco, duplicação cística intrapancreá— resolução da pancreatite.
tica). 0 pâncreas divísum resulta da falha de Níveis persistentemente elevados sugerem evo-
fusão dos brotos pancreáticos embrionários dor— lução para pseudocisto ou abscesso pancreática.
sal e ventral. Como resultado, o ducto acessó— !: Nos casos em que há quadro clínico típico de
rio de Santorini, derivado do broto dorsal, drena pancreatite, mas os níveis de ámilase não estão
a maior parte do pâncreas. Como o dueto de San— elevados, a relação do clearance amilase-creatinina
torini é menor em calibre do que o ducto de pode ajudar. Essa relação é calculada da seguinte
Wirsung, ocorre drenagem pancreática inade- forma:
quada, resultando em dor crônica e pancrea—
tite recorrente:
A infestação por áscaris é a principal causa de Amilnse urinária
— ><
Creatinina urinária
x
100
pªncreatite adquirida. Os vermes, ao migrarem Amilase sérica Creatinina sérica
até as vias biliopancreáticas, causam obstrução
r.

da papila ou edema desta por reação inflamató- Valores acima de 6% são considerados sugesti-
ria produzida pelas toxinas dos vermes vivos ou vos de pancreatite.
550 I Flgado, Vias Biliares, Raça & Pâncreas

.
INíveis elevados de lipase sérica também auxi-
I Tem—se recomendado outras drogas, Cºmo a
liam diagnóstico. São, mesmo, um pouco mais
() somatostatina e análogos, glucagon, anticoli-
específicos do que os níveis de amilase. Perma- nérgicos, bloqueadores da histamina e inibidores
necem mais tempo elevados. O nível deve estar da bomba de prótons.
elevado três vezes em relação ao normal.
IRadiografia de abdome: algumas imagens radio-
lógicas são sugestivas de pancreatite, como "alça
Psrunnelsro mnenmleu
sentinela" (corresponde à presença de alça in-
testinal fixa na topografia pancreática) ou pre—
conceito
sença de espasmo de cólon transverso mostrando Coleção localizada de secreção pancreática circundada
dilatação do cólon direito (denominado sinal do por membrana fibrosa e tecido de granulação destituído
cut—017). de epitélio. Pode ou não comunicar—se com o sistema
IRadiografia de tórax: são comuns derrame pleural ductal pancreático. Geralmente é uniloculado. 0 cisto
esquerdo e edema pulmonar. contém enzimas pancreáticas em altas concentrações,
IUltra-sonografia abdominal: pode demonstrar 0 suco pancreático do cisto é oriundo das células acinares
diminuição da ecogenicidade do pâncreas pelo (trauma ou necrose) ou de ruptura ductal.
edema pancreática e coleções peripancreáticas.
É útil para demonstrar cálculos de vias biliares,
pancreatites complicadas por abscesso, ascite,
Enlueminlnuia F
IÉ a principal complicação da pancreatite aguda,
ducto principal dilatado ou pseudocisto e para
acompanhar evolução da pancreatite. A ecoden- independentemente de sua etiologia.
I Sessenta por cento dos pseudocistos são causa-
sidade normal do pâncreas costuma ser igual àquela
do lobo hepático esquerdo. dos por trauma.
ITomografia computadorizada de abdome: apre- I Predisposição sexual em pseudocisto causado por

senta melhor resolução do que a ultra‘sonografia pancreatite: 1,5F:1M.


I Predisposição sexual em pseudocisto causado por
para determinar tamanho do pâncreas, grau de
edema, necrose pancreática e coleções peripan- trauma: 2M:1F.
creáticas. _
I Colangiopancreatografia retrógrada endoscópi—
lluauro clima»

G L ' S Ç Z VI
ca (CPRE): não é útil em pancreatite aguda.
indicada a casos de pancreatite traumática de A evolução de pancreatite para pseudocisto é sugerida
evolução atípica ou prolongada, de obstrução por pela persistência da dor abdominal, níveis elevados
áscaris, de cálculos na papila duodenal ou ductos de amilase, icterícia, sinais de obstrução gástrica,
biliopancreáticos e de pseudocisto pancreático. .,vômitos, perda de peso, febre e aparecimento de massa
I Colangiopancreatorressonância magnética (CPRM): lesférica em epigástrio ou andar superior do abdome.
técnica ainda em estudo com excelentes pers-
pectivas futuras. Parece não substituir a CPRE Inuastluaçãn niaunústica
na avaliação dos ductos pancreáticos.
' I A tomografia ,abdominal e a ultra-sonografia
confirmam o diagnóstico.
TRATAMENTO I A CPRE é utilizada para definir a anatomia ductal
I Correção dos distúrbios metabólicos e hidroele-- pancreática e estabelecer as relações entre o
trolíticos. pseudocisto e o ducto pancreático. Em crianças. -
I Analgesia: antiinflamatórios e narcóticos (pre- são definidas da seguinte forma: Tipo I — duºlº
ferência pela meperidina, que causa menos es— normal sem comunicação identificável ou de-
pasmo da ampola de Vater). —
monstrãvel com o cisto; Tipo II ducto normal
I Repouso pancreático: nada via oral (NPO, nil
per os) + início precoce de nutrição parenteral

com comunicação ducto-cisto; Tipo III ducto com
estenose e sem comunicação ducto-cisto iden-
total (NPT) para evitar o catabolismo protéico. tificável ou demonstrável; Tipo IV — ducto com
A dieta oral é reiniciada de acordo com a me- estenose e comunicação ducto-cisto; Tipº V '
lhora dos sintomas e a diminuição dos níveis das dueto com completa amputação (cut-ofl).
enzimas pancreáticas. Inicia-se com dieta semi-
elementar ou pobre em gorduras.
I O uso de sonda nasogastrica só está indicado em Tratamento
- casos de distensão abdominal e/ou vômitos. Resolução Espontânea
I Antibióticos não devem ser usados, a não ser
quando há evolução para pancreatite nécro—he- Quarenta a sessenta por cento dos pseudocistos regride!n
mor-rágica ou formação de abscesso pancreático. em torno de quatro a seis semanas, apenas com me
.
Pancreatite Aguda, Pseudocísto Pancrea'tico I
551
..as conservadoras; o uso de somatostatina ou acetato
.,“

é deixado in situ por quatro a seis semanas e


aoctreotida (l ª Sp./kg) tem-se mostrado útil no removido quando o pseudocisto tiver se resolvi—
tamento dos pseudocistos. do. Deve-se manter controle tomográfico ou ultra-
ducto pancreático costuma ser normal e sem ,

unicaç㺠com o cisto. sonográfico semanal e remover o stent após a


resolução completa da coleção.
I Outra técnica utilizada é a drenagem transgástrica
ºgenagem Percutânea endoscópica guiada por ultra-sonografia (ultra-
sonografla endoscópica) naqueles casos em que
”renagem percutânea não é indicada a pacientes com
1pmra completa do ducto pancreático principal, com iso—

não há proeminência endoscópica evidente. De-
. 4 ento da porção distal do pâncreas à esquerda da termina o sítio ideal para a formação da fístula
trução. Os pacientes que vão se beneficiar da drena— endoscópica.
m percutânea são aqueles com anatomia ductal nor-

Esses cistos provavelmente possuem diminutas
municações com () ducto pancreático e o fluxo ductal
Tratamento Cirúrgico
'. ªz-se preferencialmente pelo canal comum até o Indicações: pseudocistos maiores de Sem, complica-
- uodeno. As indicações podem ser: paciente instá- dos por sangramento ou infecção e aqueles com evo-
â, cisto imaturo e pseudocisto infectado. A drena- lução prolongada ou recorrentes. '
Éin externa atualmente tem sido utilizada com sucesso
*
A drenagem interna é indicada a casos em que a
pseudocápsula apresenta boa espessura e àqueles
*sem as complicações do passado (por aspiração!
'

nagem percutânea guiada por ultra—sonografia ou


»
intimamente aderidos a outras estruturas abdominais.
omografla. A drenagem percutânea é realizada pela Nos pseudocistos localizados na parede posterior do
estômago, indica—se cistogastrostomia. Cistoduo-
'
locação de cateter pigtail 8 a l2Fr para drenagem
.
ntínua. Habitualmente, a drenagem cessa em tor- denostomia é indicada nos pseudocistos aderentes ao
e três a quatro semanas. Drogas, como somatostatina duodeno. Aos pseudocistos localizados anteriormente,
*etato de octreotida, podem ser usadas como terapia no corpo ou na cauda do pâncreas, realiza—se cistoje-
uvante precoce nos casos de fístulas de alto débi— junostomia emY de Roux, ressecção do cisto ou pancrea-
nu, posteriormente, em casos em que não há dimi— tectomia distal.
uição da drenagem. Antes de remover o cateter, deve-se
çãmpeá—lo e iniciar com dieta enteral, observar por IBSBESSO HIIBREÃTIBII
? és dias e realizar estudo ultra—sonográfico. Se, após
'
e período, não houver alteração dos níveis séricos I Resulta da infecção dos tecidos pancreáticos ou
&;amilase, não retornarem os sintomas e não houver infecção de coleções líquidas peripancreáticas.
cúmulo de líquido, o cateter pode ser removido. I Qdiagnéstico deve ser considerado quando houver
' » dos contrastados podem ser feitos para investi— persistência de febre e leucocitose por mais de

. aeter. ..
ao e controle da evolução das lesões ductais pelo 10 dias após o tratamento da pancreatite e cole—
ções peripancreáticas nos estudos de imagem.
' ) I A confirmação diagnóstica é
dada pelo Gram e

atamento Endoscópico
{guns trabalhos demonstram a
possibilidade de dre-
pela cultura das secreções coletadas por punção
ou debridamento dos tecidos peripancreáticos.
I0 tratamento consiste em antibióticos (imipenem
ãgcm endoscópica pelas técnicas: ou ceftriaxona), drenagem ou debridamento ci-
rúrgico dos tecidos necróticos e infectados e
l
Transmural (cistogastrostomia ou duodenostomia colocação de drenos de sump para irrigação.
endoscópica). A cistogastrostomia ou cistoduo-
denostomia endoscópica transmural baseia-se na
colocação de um cateter duplo pigtail (5 a 7Fr) RSGITE PMGREÉTIEA
naqueles pseudocistos que fazem proeminência ,, .
na parede gástrica ou no duodeno. Cria—se uma
I Resulta da ruptura de um ducto pancreático ou
da drenagem de um pseudocisto para a cavidade
fístula entre estômago ou duodeno e o pseudo«
Cisto. O trato de comunicação é mantido com abdominal.
. flº-guia, enquanto a fístula é alargada com um
I Caracteriza-se por aumento gradual do volume
abdominal durante a evolução de uma pancrea-
cateter com balão. A permeabilidade da fístula

M ia u — w “

€ mantida com duplo stent pigtail. tite e elevação persistente dos níveis de amilase
sérica.
' Transpapilar (por meio de colangiopancreatografia
retrógrada endoscópica). Indicada a pacientes com
Uma grande comunicação entre o pseudocisto (nos
n O diagnóstico é confirmado por amilase eleva-
da (geralmente acima de 10.000UI/L), proteínas
acima de ZSg/dL e citologia não específica no
Cistos pequenos) e 0 ducto pancreático. O stent líquido ascítico.
"
552 I
Flgado, Vias Biliares, Baço e Pâncreas

‘I O tratamento consiste em medidas gerais e NPT, FERNANDEZ CORDOBA, M. S.; LOPEZ SAIZ, A.; BENLLOCH r m:
~' resultando na resolução de 70 a 80% dos casos. SANCHEZ. C- ªl ª- Pªnºrªmª ªnd Pªncmªúc pseudoçym in '
.í,
Somatostatina e acetato de octreotida têm-se
“ª mostrado efetivos também no tratamento de ascite
Child“: ª 12'Yªªf ”View Ciª Pediªtr-. V- 9, p. 113-l|7.|996
JACKSON W— D- Pªnºrªmª“: etiºlºgy. diªgnosis, and mªnªgement. ":5
9-3; :

pancreática. Quando não há resolução, indica— CW- ºPí'ª Pºdiª"! “ l3,p.447-451,2001. '
3 »
se estudo da anatomia ductal com colangiopan- NEA1:0N-W-IH'; WALSÉR, & Mªi?!Pancreatic ductal anatomy mn É: i '
creatografia retrógrada endoscópica para definir
comma cirúrgica.
dm“ ºhºlºª ºf mºdªmy fºr "ºª“"g panoreatic PSCUÚUCysxs. Ann.
Surg., v. 235, p. 751-75s,‘2002. É : ª
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BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
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3
_" k
.?
t
* É

\
Hipertensão Portal e Varizes Esofa'gícas I 553

BBSTBIIÇÉES EITIII E
lNTRII-IIEI'ÃTIBIIS
EDIdBmIOIDGIª
l Mais de 50% das obstruções ao fluxo venoso portal
são de causa extra-hepática.
m Sangramento digestivo alto por ruptura de vari-

b Varizes Esofágicas zes esofágicas é a complicação mais grave da


hipertensão portal.

Etiolngla
IA principal causa de obstrução extra-hepática é

- :GII GETTII a trombose ou transformação cavernomatosa da


veia porta, que pode ser causada por desidrata-
~
ção, onfalite neonatal, cateterismo, sepse, infecções
Varizes de esôfago desenvolvem-se como consequência
'

" da hipertensão portal. O processo inicial, na grande intra-abdominais. Alguns autores citam uma
etiologia congênita, resultando em veia porta
maioria dos casos, é causado por maior resistência ao tortuosa e pouco desenvolvida. Anormalidades
tnfluxo de sangue entre o leito esplâncnico e o átrio anatômicas congênitas também incluem as mem-
“direito. Em resposta à pressão elevada na circulação branas ou diafragmas dentro da veia porta, le-
portal, desenvolve—se circulação colateral, conectando vando à obstrução. O papel das malformações
_a vasculatura portal de alta pressão ao sistema ve— congênitas da veia porta em hipertensão extra-
_noso sistêmico de baixa pressão. O desenvolvimento hepática é sustentado pela presença associada de
,,progressivo de vasos colaterais conectando as circu-
C. ilações portal e sistêmica tem o benefício de diminuir outras anomalias congênitas em 40% dessas
', na pressão portal. crianças, comparadas com frequência de apenas
' Esse aumento de resistência costuma ser causado 12% de causas definidas, como cateterização da
veia umbilical.
,

5- por obstrução pré ou extra—hepática (pré-sinusoidal), I Enologia desconhecida em aproximadamente 50%.


intra ou supra-hepática. 0 bloqueio intra-hepático pode
I Qualquer doença hepática crônica que resulte em
ser pré ou pós—sinusoidal. Em princípio, toda obstru— cirrose ou fibrose (fibrose hepática congênita)
a ção pré—sinusoidal não compromete a função hepáti-
'
,
pode provocar hipertensão portal, sendo as cau—
“rl ca. Hipertensão portal é definida como elevação da sas principais de obstrução intra-hepática.
»? pressão acima de lmeHg. Em crianças saudáveis, I As principais causas de cirrose são: atresia de
, «. pressão portal raramente excede 7mmHg.
=», Clinicamente, é útil a distinção entre obstrução pré— vias biliares (causa principal), hepatite crônica
'Çsinusoidal (não-parenquimatosa) e pós-sinusoidal ativa (viral ou auto-imune), doença fibrocística
e deficiência da (xl—antitripsina.
,

3, (parenquimatosa, quando o parênquima hepático está


,,":le pressão). .
, ,, ºbstruções pré-rinusoidais incluem trombose de Manifestações clinicas-
i- eia porta e fibrose hepática congênita. Nessas doenças,
Nas obstruções extra—hepáticas, a função hepatocelular
existe hipertensão portal com função hepática pre-
'

geralmente está preservada, ascite não-transitória e


“_, iservada.Coagulopatia costuma estar ausente; o san—
"

coagulopatias são mais raras e tardias e episódios de


:4 amento das varizes costuma parar espontaneamente.
rara a encefalopatia hepática. sangramento são mais bem tolerados.
obstruções pós-sinusoidais incluem cirrose e Nas obstruções intra-hepáticas, há diminuição do
síndrome de Budd—Chiari. fluxo sanguíneo efetivo aos hepatócitos e tendência
a ascite, coagulopatias, sangramentos mais intensos

pactuação
.. s veias do esôfago distal têm paredes mais finas e
e insuficiência hepática.
: A forma de apresentação mais precoce e comum
é a hemorragia varícosa, que se apresenta clini—
ªtão localizadas mais superficialmente na lâmina própria camente sob a forma de hematêmese e/ou mele-
,em vez da submucosa); portanto, possuem menos tecido na. Durante a evolução da doença, mais de 90%
de Suporte, proporcionando maior facilidade para dos casos vão apresentar alguma forma de san-
latação e ruptura. O risco de sangramento não está gramento digestivo. Nas obstruções extra—hepá-
ente relacionado à pressão portal, mas ao tamanho ticas, geralmente o sangramento é precipitado
das varizes, a espessura e à integridade de sua parede. por infecção respiratória superior (tosse e eSpir—
As veias colaterais portossistêmicas mais impor— ros causando aumento da pressão intra-abdomi-
fªmes são: coronárias, gástricas curtas, esofágicas, nal), vômitos, ingestão de aspirina (antagonista
Intercostais, ázigos, hemiâzigos e cava superior. Outras plaquetário e dano da mucosa gastrointestinal),
»ººlªterais podem ser: da parede abdominal (caput me-
"
febre (pela taquicardia, há aumento do rendimento
ªe). pararretais e retroperitoneais, renais e gonadais. cardíaco, levando ao aumento da pressão portal)
554 I Fígado, Vias Biiiares, Baço & Pâncreas

ou refluxo de ácido gástrico. O fígado é normal ou tografia (demonstra aspectos anatômicos, permea “ '
quase normal e hemorragia maciça é rara. Não
,, bilidade, fístulas, colaterais e lesões intramepé:
ticas). A esplenoportografia, mostrando a veia
_
, se sabe o risco global da criança com sangramento ,
por varizes esofágicas. O sangramento costuma porta, a veia esplênica, a localização do bloqueio 1-
ser variável, sem regra; súbito com hematêmese e a extensão das varizes, pode ser realizada- '
maciça, mas as vezes pode sangrar mais insidi-
osameute com fezes do tipo melena. O sangra-
- Observando-se a fase venosa da arteriognifla
mesentérica superior (a forma mais usada atua].
,“
'
a
mento extra-hepático, em contraste com o de pa- mente).
cientes com cirrose, ocorre em crianças pequenas
(raramente antes dos três anos de idade), saudáveis, — Por acesso direto portal. com punção percutânea
transepática ou da polpa esplênica. , ‘'
.
. com boa função hepática, que o toleram sem — Por cateterismo da veia umbilical, “i ,
desenvolver insuficiência hepática, coagulopatias — Por ileografia. 5

.
l
,
e encefalopatias, em geral sendo autolimitado.
lEsplenomegalia com hiperesplenisma é a segunda
manifestação inicial (20%) dos casos de obstru—
çâo extra-hepática. O aumento da pressão por—
Sempre medir, nos acessos diretos, a pressão da
veia porta. ,
Portografra por punção esplênica é pouco usada
atualmente, pois apresenta risco de sangramento
:.
*?
.
à tal é por congestão passiva e também por aumento de 5%. Também é contra-indicada quando hou- '
5,3
'
g
do fluxo esplãncnico, levando à hiperplasia reti—
culoendotelial e a citopenias (leucopenia e pla-
ou
ver diátese hemorrágica ascite. A portografm
por acesso transepatico ou pela veia umbilical
&
“ ,“
, quetopenia). também é pouco usada. gg
[" I A ascite transitória das obstruções extra-hepáti- Atualmente, o melhor e menos invasivo exame é 1,3
, cas costuma aparecer no início da doença (1ª
infância) em que alta pressão portal está presente,
a ultra-sonografia bimodalecorn Doppler.A ultra- ,
sonografxa permite a visualização do tamanho e g
sem ainda mínima circulação colateral. Costu— da consistência do fígado e do baço, mede o diâ— «
ma desaparecer em um a dois anos. Pode também metro da veia porta, suas tributárias e sun extcn- J;;
aparecer transitoriamente após episódio de he— são intra-hepática, dilatação das vias biliares intra :ª
, morragia varicosa. e extra-hepáticas, obstrução extra—hepática, ascite, g Í
_, A ascite é mais comum nas formas intra—hepã— espessura do pequeno omeuto eanomalias renais E 'ª
.ª-


. ticas. Quando a pressão portal está elevada, a
formação de linfa excede sua absorção, saindo
do espaço intravascular para o peritônio. A
(associação com doença policística renal).Aultra- É
sonografia com Doppler estuda a permeabilidade É
e a direção do fluxo da veia porta para outras veias à»,

':

hipoalbuminernia da cirrose causa diminuição da do sistema venoso portal e veias hepáticas, ob- ‘3‘,
_ '
pressão oncótica do plasma, aumentando & ascite.
I Nas obstruções intra—hepáticas por cirrose, há
serva presença de trombose de veia esplênica ou
de todo o sistema portal. Também determina o
ª

‘l história de doença hepática conhecida e por isso diagnóstico de hipertensão portal, demonstrando
ll
*
podem surgir achados clínicos de doença hepá-
tica crônica (icterícia, ascite, hepatoesplenome- : fluxo hepatófugo por meiodecolaterais (veia gástrica
esquerda, paraumbilicais e paraduodenais) e cal-
,

.
,
galia, déflºit dº crescimento, fraqueza muscular) cula a relação de espessura do pequeno omento/ ',
5 e estigmas cutâneos de cirrose (cabeça de me- diametro da a'orta (normal: 1,7 a 1,9). " *

‘g dusa. xantelasma, eritema'pªlmar) , n A endoscopia digestiva substituiu, juntamente


' Nas obstruções extra-hepáticas, o fígado costuma com a ultra-sonografia, a asplcnoponografie.

. ser pequeno, Pªlª derivação dº fluxo portal cau-


sando privação hepática de insulina, glucagon e
outros fatores hepatotréficos.
Determina varizes, grau, intensidade e risco de
sangramento (varizes de paredes finas e man-
chas vinhosas). Permite o diagnóstico diferen-
l. cial entre outras causas de sangramento digestiv/o . '
,
[:
Investigação nlaunústica nas llarlzes
Esutágieas
alto (úlcera
gica,
gastroduodenal. gastrite hºmº'fª'
smdrome de Mallory-Weiss).
i

, I História e exame físico. _ .


“' !Exames laboratoriais: exame comum de urina, assume“, SUPRA Humane“
creatinina, uréia, eletrólitos, sódio urinário, Quandoháobstruçãodofluxo venoso hepatico(sil'ldfi’me
,, transaminases, bilirrubinas, fosfatase alcalina, de Budd-Chiari). Raríssima em crianças.
hemograma, plaquetas, provas dºªcagulação,
reticulócitos, proteínas totais e fracionadas. Etluluuia
I Para avaliar as varizes: esofagograma e endoscopia . . ‘-
digestiva. I Causas principals: obstrução deveras
hºpáuºª: '
I,Para avaliar a função hepática: cintilografia ou cava inferior supra-hepática por
trºmbº?)r ;

autuª-PWºsa
t hepatoesplênica e biópsia hepática. (estados de hipercoagulabilidade causadº.s "I
~. I Para avaliar a veia porta: ultra-sonografia abdo- policitemiª. lúpus eritematoso difuso: '

minal com Doppler, angiorressonância magnética, cepcionais ou malignidade), oblitera窺 fibro '
angiografia por-subtração digital ou esplenopor- membranas ou tumor.
Hipertensão Portal e Varizes Esofa'gicas n 555

IBATIIMEIITO GERAL tern como objetivo potencializar a redução da


pressão portal pela vasodilatação de colaterais
& gmjirragianlgestlua portossistêmicos e de diminuir os efeitos colaterais
da vasopressina (isquemia miocárdica, hemor-
5~ história natural do grupo extra—hepático parece seguir
'

ragia cerebral, isquemia de membros e necrose


.rn curso benigno em razão do desenvolvimento de
intestinal). Não tem sido usada rotineiramente
em crianças.
. “éticas, a taxa de mortalidade decorrente de episó—
A somarostatina reduz o fluxo sanguíneo portal
dios de sangramento é de aproximadamente 5%. Na
forma intra-hepática, cerca de 35% morrem durante por meio de efeito seletivo direto na musculatu—
o primeiro grande episódio de sangramento. Deve ser ra lisa dos vasos mesentéricos, pela ação de
peptídeos vasoativos (substância P ou glucagon).
,çonsiderada como emergência médica (Fig. 107.1). Sua maior vantagem sobre a vasopressina é que
:”: I Hospitalização em UTI com ressuscitação hi— não causa vasoconstrição sistêmica; seu maior
droeletrolitica e sanguínea apropriada. Manter problema é a curta meia-vida, necessitando de
. I hematócrito > 30%. infusão contínua. Dose: ZSug/h IV. Age seleti-
Monitoração contínua dos sinais vitais. vamente causando vasoconstrição esplâncnica.
I Repouso no leito e nada via oral.
Atualmente, tem-se utilizado um análogo da soma—
I Sonda nasogástrica para remoção de sangue e
secreções gástricas e lavagens com soro gelado.
tostatina. a octreotida, com meia-vida maior (2h)
e tem sido considerada droga de escolha contra
I Sonda vesical.
sangramento de varizes esofágicas. Dose: 25 a
I Acesso venoso central. Medir pressão venosa
SOug/mzlhora ou lug/kg/h. Reduz a pressão portal
central. pela redução do fluxo venoso portal. Também
I Sedação.
I Correção da coagulopatia pela administração de
age seletivamente na circulação esplâncnica. Parece
ser tão eficaz quanto a escleroterapia no controle
vitamina K, 1 a Smg IV ou IM e/ou plasma fres- do sangramento das varizes sangrantes. A infu-
co congelado e da plaquetopenia com transfu-
são de plaquetas.
são de octreotida deve ser mantida até o contro-
I Administração IV de bloqueadores do íon hidro— le do sangramento, em média por 48h, sendo
gênio (cimetidina 20 a 40mg/kg/dia ou ranitidina) iniciada a redução da dose 24h após a cessação
do sangramento. O desmame deve ser progressivo.
ou inibidores da bomba de prótons.
I Antiácidos orais (seu emprego é discutível). Controlar a glicemia durante a infusão. Por via
, I Esse tratamento é mantido por 48h.
subcutânea, apresenta meia-vida mais longa, apro—
ITratamento farmacológico. ximadamente 8h. —
I Pensar nesse momento em escleroterapia (endoes-
Deve ser acrescentado se houver persistência da
hemorragia, necessitando—se de múltiplas trans— clerose) para controlar o sangramento da situação
fusões sanguíneas. aguda. Em tbrno de 15% dos pacientes que ne-
Farmacoterapia específica para sangramento per- cessitaram de tratamento farmacológico vão
sistente: vasopressina. B-bloqueadores, somatos- precisar de escleroterapia. Resolve o sangramento
tatina ou octreotida. agudo em 90%. A experiência mostra que vari-
Os B-bloqueadores não são úteis em hemorra- zes do esôfago em crianças com hipertensão portal,
gia aguda. Têm sido propostos como tratamento independentemente se,decorrentes de obstrução
farmacológico para prevenir ressangramento e/ou extra-hepática ou doença intra-hepática, podem
primeiro sangramento. Propranolol reduz o fluxo ser obliteradas transitoriamente por escleroses
venoso portal pela diminuição do rendimento car- repetidas. As varizes localizadas no estômago
diaco e bloqueio dos B-receptores na vasculatura tendem a desaparecer em razão do fluxo retró-
esplâncnica. Ainda em estudo. A dose deve ser grado do esclerosante aplicado no esôfago.
ajustada de modo que reduza 25% da frequên— A escleroterapia pode ser realizada de forma
cia cardíaca original. Iniciar com Img/kg/dia VO, intravaricosa. paravaricosa (submucosa) e com-
3x/dia. Contra-indicada a asmáticos e crianças binada. Objetivos da forma paravaricosa: criar
com blºqueio cardíaco. fibrose na mucosa esofágica em torno das vari-
A vasopressina diminui a pressão portal e causa zes, produzindo tecido cicatricial, que as irá cobrir.
vasoconstrição esplãncnica. O sangramento per- Objetivos da forma intravaricosa: esclerosar di-
sistente requer vasopressina IV (reduz fluxo retamente as varizes com total obliteração do lúmen.
esplãncnieo e pressão portal em 20 a 30%). Parece Forma de esclerose: endoscópico rígido ou fle-
não ser de ajuda a infusão direta de vasopressina xível (mais utilizado atualmente).
(pitressina) na artéria mesentérica superior. Escleroterapia pode ser realizada como urgên-
Dose de infusão: vasopressina 0,3U/kg ou lU/ cia e a longo prazo (repetida).
min/1,73mz in bolus em 20min seguido de infu- Sessões repetidas com intervalos de duas a três
são contínua de 0,3U/kg/h. Tem vida-média de semanas da forma intravaricosa ou combinada após
30min. A adição de vasodilatadores (nitroglicerina o episódio agudo de sangramento (três sessões),
dose sublingual ou IV) como complementação sendo esse intervalo mantido mensalmente até
556 I! Flgado, Vias Biliares, Baço e Pâncreas ._3a_l
. .. As sessoes
plicaçoes. .. sao . em três mªs“
.. repetidas
l‘
II
l
“"'“ ªº “Mm ”"W“"; Técnica difícil de ser aplicada em criançªs me“ 3 ’.
as nores de dois anos. pelo tamanho do aparelho $
,.
.
Ressuscitação lnlclal
I
a licador. .
rara a neceSSidade . . de “l'gencia
de Cirurgia
(mortalidade e morbidade altas) ou tamponamento
-
:l."

Tratamento farmacológlco
com balão de SengstakemBlakemore. Sºmente a.
indicado aos 5 a 10% restantes. '
I O tamponamento com balão atualmente só é
Endoscopia com zscleroterapla utilizado em pacientes cujo sangramento não seja
controlado pela farmaco ou escleroterapia, on
quando a escleroterapia não for tecnicamente pus,
Sangramento persistente ou recorrente sível. Frequentemente não é efetivo para cessar
a hemorragia. Apresenta elevada recidiva e risco
de aspiração pulmonar. Entubação endotraqueal
Varizes é sempre
recomendada para proteger a via aérea &
Sªngrªníªi
3:33:35 enquanto alta inci-
o balão estiver em uso. Têm remoção,
dência de ressangramento após sua Ãã'? ig
Insuflar parcialmente o balão gástrico, realizar .ª; '
Tubo s-B o)
Exhwmªplª
ªª'º'ºnª'
radiografia de abdome superior para confirmar
a posição do balão gástrico. Se estiver bem pn.
;
É ?1
sicionado, insuflã-lo totalmente, tracionar e ti- *a 3
Mm Sªngrªmentº
de
xar a sonda, modo que ele se
ajuste àjunção
viª ª
S..,
m persistente ou gastroesofágica. Em seguida, msuflar o balão &

l— esofágico até pressão de 30 a 40mnng. A pres-


'°‘°"e“‘“ :

são balão deve ficar abailto


do da pressão arte- 3
nal média para eVitar isquemia mucosa. Também ; 5

l _ . pelo riscopermanecer
não deve
de isquemia da mucosa esofágica. ºf,'5'
insuflado por mais do 24h, E'
,
l Píocedir-nenms- ".ª ,
,'
(_
' shun:

(“ifll‘dfil’s'lh
transplante
“1130323122“
sem
lníií'fhil'âiãTãm
possibilldade
Shunt

transplante futuro
Ascite
. .
ª
É nª
;a I
3:32;:ng “““"” Dieta hipossódica com restrição de água.. x '
l hªpª'kº) II

"I de albumina para aumentar a


repetidasintravascular. ÃJ ,ª.
" s Infusões
pressão oncótica
Figura 101.1 Conduta terapêutica em varizes esofágicas !Diuréticos, principalmente furosemida e espiro- 1‘ “'
sangrantes. P—S:

potossístêmica; S-B: Sengstaken-Blakemore. nolactona.
ll Paracenteses repetidas podem ser indicadas.
Í
, ,.”
.I Shunt peritoneovenoso pode ser usado para pro-
vocar a recirculãção do fluido ascítico no vo-
).

obliteração completadasvarizes. Objetivo: erradicar lume sanguíneo circulante. ‘.


as varizes. Após atingido o objetivo, deve haver
acompanhamento endoscópico semestral ou anual. Hiperesplenismo
«.,

As que recidivam podem ser erradicadas nova-


Embolização esplênica: com a artéria esplêniCª
mente com outra sessão de escleroterapia. cateterizada, realiza—se embolização com partículªs
Agentes esclerosantes: oleato de etanolamina a de Gelfoam0 nos ramos terminais da artéria (60 a 80%
5% ou morruato de sódio a 5%.
Complicações principais: estenose esofágica,
de infarto), sem
necessidade
de esplenectomia.
ulceração esofágica, perfuração, distúrbios de
motilidade, varizes recorrentes. Cirúrgico-radiológico
Após a escleroterapia, o paciente deve ser mantido
por uma semana com ranitidina ou omeprazol VO.
!Bandagem das varizes esofágicas (ligadura elástica)
m O shunf portossistêmico transjugular
intrª-hª"
pático (TIPS, transjugular intra/reparte“ PW!“
systemic shunting) é uma técnica radlolég‘ca i
com sua obliteração pela colocação endoscópi-
.ca de anéis elásticos apertados que estrangulam intervencionista realizada sob controle fluo-
as varizes. Ação: obliteração dos canais veno- roscópico que fornece deseompressão do
ma portal ao criar um canal comunicando
slste;
a van
sos submucosos deixando a camada muscular hepática. Utiliza
intacta. Tem custo mais elevado e disponibili- porta intra-hepática com a veia a comuniCill“ IIS
dade mais restrita, porém menor índice de com- um stem de parede metálica par
1 Hipertensão Portal e Varizes Esofágicas I 557

duas veias dentro do parênquima hepático. A técnica a perfusão anterógrada do fígado dentro da porção
56 é útil em hipertensão portal intra-hepática grave, mesentérica da circulação portal, descompri-
como medida temporária, quando se prevê trans—
plante hepático futuro, pois mantém as veias extra—
mindo o plexo venoso esofágico por meio das
veias gástricas curtas e esplênica.
hepáticas intactas (Fig. 107.2). Forma um shunt ' Causa intra-hepática— as melhores opções são:
porto—cava central não-seletivo. Não há experiência * Derivação esplenorrenal distal seletiva de
comprovada em crianças. Principais complica- Warren com modificações preconizadas por
ções: encefalopatia hepática e oclusão da deri-
vação por estenose ou trombose.
. Maksoud“.
Derivação mesentérico-cava ténnino-lateral
de Clatworthy. ,

A derivação esplenorrenal distal parece ser


a melhor técnica em crianças maiores de 10
,Há três formas de tratamento cirúrgico: derivação anos e mesmo em crianças menores com
portossistêmica, procedimentos não—derivativos e trans- veias calibrosas, pois o fluxo portal para o
Eplante hepático. fígado é mantido. Parece que essa vantagem
é perdida no futuro, pois gradualmente o com-
ativações Portossistêmicas partimento hepático, com maior pressão, pas-
sa a drenar no compartimento esplênico de
,“ Apresentam algumas dificuldades e desvantagens em menor pressão, transformando-se em um
.criancas, que têm sido minimizados pela melhora da shunt não-seletivo.
Monica e do material cirúrgico. ' Causa extra-hepática — as melhores opções são:
I O pequeno diâmetro das veias aumenta as difi— * Derivação esplenorrenal distal seletiva de
Warren com modificações preconizadas por
culdades técnicas, resultando em maior taxa de Maksoud“.
trombose e ressangramento.
I Maior incidência de encefalopatia hepática ao ' Derivação mesentérico-cava indicada, prin-
cipalmente quando há esplenectomia pré-
derivar sangue portal para a circulação sistêmica.
I O procedimento ou as complicações podem in— via, falha da derivação esplenorrenal ou
portoenterostomia de Kasai.
terferir na necessidade de futuro transplante
hepático. '
' Derivação esplenorrenal látero—lateral, tam-
bém bastante usada, pois evita esplenectomia,
causa descompressão portal completa, tem
baixa incidência de trombose em decorrên-
I Indicações: atualmente são indicados nos casos cia da menor chance de torcer ou dobrar os
sem resposta às medidas conservadoras; nos ca- vasos e não apresenta encefalopatia.
6“ Mais recentemente, tem sidoutilizada a inter-
sos com hiperesplenismo significante e nas crianças
com hemorragias graves de varizes situadas abaixo ‘posição de enxerto venoso (geralmente veia
do nível do esôfago (gástricas e do intestino del- jugular interna) entre a mesentérica e a cava,
gado). Relembrar que, em obstruções extra-he- também conhecida como anastomose me-
páticas, existe o desenvolvimento natural e espon- rsentérico-cava em H.
tâneo de shunts portossistêmicos, via retroperitônio,
resultando em descompressão portal, reduzindo
o risco de sangramento e evitando, frequente-
mente, a necessidade de shunts cirúrgicos.
lTipos (Fig. 107.3).

-Shunt não—seletivo visa à comunicação completa


ou quase completa do sistema venoso portal com
a circulação venosa sistêmica, desviando o san-
gue da perfusão anterógrada normal do fíga-
do. Exemplo: shunt de Clatworthy, derivação

—mesenterico—cava término-lateral.
Shunt seletivo visa ao desvio da porção gastroes-
plênica do fluxo venoso portal em uma veia
sistêmica, quase“ sempre a veia renal. A co-
municação entre a circulação portal mesentérica
central, que perfunde o fígado, e a circulação —
Figura 107.2 Derivação portossistêmíca transjugular. Pela
veia jugular, passa—se um cateter até a veia hepática e. com
gastroesplênica portal é desligada pela divi-
uma agulha, estabelece-se uma comunicação entre a veia
são das veias gastroepiplóicas, veia coronária hepática e a veia porta. A comunicação é dilatada até que
e colaterais pancreátieas retroperitoneais. O seja possível colocar um stent metálico expansível, forman-
shunt mais utilizado é o de Warren, que preserva do uma conexão portossistêmica. Adaptado de Karrer et al.‘
558 I Fígado, Via: Biiiares, Raça e Pancreas

ressonância magnética. ultra—sonogrªflª Com


Doppler do abdome e angiografia mesentén'ca
I Aspectos técnicos das derivações: usar magnifi:
cação óptica; evitar anastomose com tensãº, dobra
torção ou telescopagem de vasos; usar sutura
rompida pelo pequeno diâmetro da anastomose.
inter:
usar anticoagulação. '

Procedimentos Não-derivativos
Apresentam incidência proibitiva de sangramento re.
corrente (50%) e taxa substancial de mortalidade. Sãº
técnicas quase totalmente abandonadas, exceto quando
shunts ou transplante não podem ser usados em ra-
zão de trombose venosa extensa.
I Desvascularização gastroesofágica com transecção
do esôfago imediatamente acima da junção gas-
troesofãgica, reanastomose e esplenectomia (pro—
Figura 107.3 —- Derivações portossistêmicas mais comuns.
cedimento de Sugiura). Precedimento mais conhe-
(A) Shunt mesentérieo-cava atual com interposição de um en- cido. Cirurgia muito extensa.
I Esofagogastrectomia parcial.
xerto de veia jugular interna entre a veia mesentérica supe-
rior e a veia cava inferior. (B) Shunt esplenorrenal distal I Translocação esplênica torácica (esplenopneu.
objetivando a descompressão das varizes pelas veias gástri- mopexia). Tem por objetivo aformação de circulação
cas curtas em direção à circulação sistêmica, via anastomose colateral entre o sistema porta e as veias pulmona.
das veias esplênica e renal. (C) Shunt esplenorrenal Iétero- res. A comunicação é criada por amputação do pólo
lateral. (D) Shunt mesentérico-porta esquerda intra-hepáti- superior do baço, transposição do baço para den-
co com interposição de um enxerto de veia jugular entre a
veia mesentérica superior e a veia porta esquerda intra-he- tro do tórax pela abertura no hemidiafragma es-
'
pática. Adaptado de Karrer et al.‘. querdo e exposição da superfície cruenta esplênica
ao lobo pulmonar inferior esquerdo. Pode ser acres-
centada ainda a ligadura da artéria esplênica.

6 2 8 - ni s a r
I Translocação esplênica subcutânea e outros.
Ultimamente foi descrito o shunt mesentérico-
<9L -
I

I
porta esquerda (Rex shunt), que é um método Transplante Hepático
.de reconstrução direta da circulação portal em
pacientes com obstrução extra-hepática. Ele Indicado na obstrução pós—sinusoidal como aquela
restabelece o fluxo portal normal pela anastomose causada por cirrose decorrente de atresia de vias biliares.
direta entre a veia porta intra-hepática (ramo
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

_
esquerdo da veia porta) e a veia mesentérica,
1 . KARRER. F. M.; NARKEWICZ, M.R. Esophageal varices: current
usando enxerto de veia jugular interna ou veia management in children. Sem. Pediatr. Surg., v. 8, n. 4, p. 193-201.
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ton
os segmentos 3 e 4, é dividido e o ligamento re- 2. MAKSOUD, I. G. Hipertensão portalfln: Cirurgia Pediátrico.
dondo é seguido até o recesso de Rex para expor São Paulo: Revinter, 1998. p. 908—919.
a veia porta esquerda, onde todos seus ramos 3. MAKSOUD. J. G.; GONÇALVES, M. E. Treatment of portal
terminais são isolados. Se a veia porta for muito hypertension in children. World J. Surg., v. 18. p. 251-258. I994.
pequena ou a malformação vas—cular estender-
se até o recesso de Rex é indicado, o shunt esple- BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
uorrenal distal. Alguns autores acreditam que BAMBIÍNI, D. A.; SUPERmA, R.; ALMOND, P. S. et al. Experience
a melhor forma de avaliar o tamanho e a permea- with the Rex shunt (mesenteric-left portal bypass) in children with ex-
trahcpatic portal hypertension. J. Pediatr. Surg., v. 35. p. 1349.1030‘
bilidade da veia porta esquerda é pela visualização
direta. CARVALHO, E.; NITA. M. H.; PAD/A. L. M. A.; SILVA, A. A. R-
I-lemon'agia digestiva. J. Pediatr., v. 76, supl. 2, 5135-5146. 1000-
Dois critérios devem ser adotados antes de indi- GAUTl-llER, F. Recent concepts regarding extra—hepatic portal
car c Rex shunt:
— Presença das veias mesentérica superior e ambas
as jugulares internas permeáveis.
hypertension. Sem. Pediatr Surg.. v. 14, p, 2l6-225. 2005.
KARRER. F. M. Portal hypertension.vSem. Pediatr Surg., v. I. n. ª.
p. 134-144, 1992.
—-Presença de veia porta intra-hepática larga e sem
trombose. Esses dados são obtidos por angiot—
SHARARA. A. I.; ROCKEY, D. C. Gastroesophageal variceal hemºr-
rhage. N. Engl. .l. Med., v. 345, p. 669-681; 2001.
Trato Geniturinário

circuncisão. .. ............................. 561


Parafimose ...... . 565
Hipospádia .............................................. . 567
Priapismo em Anemia Falciforme ............................. 572
Estenose do Meato Uretral ................................... 575
Criptorquídia ................................................ 576
Escroto Agudo .........-..................................... 583
...................................
Lesões Císticas de Testículo 590
Sinéquia de Pequenos Lábios.. ....................... 593
Massas Interlabiais ......... . 595
Hidrocolpos e Hidrometrocolpos 598
Cisto de Ovário Eetal & na Lactente ........................... 601
Cisto de Ovário na Pré—menarca .............................. 605
Intersexo
Extrofia de
............................................ ...... 607
=.
Bexiga ........................................... 613
Extrofia de Cloaca . ....................................... 617
Hematúria ..........................................
Fertilidade Relacionada à População Pediátrica.
621
626
Enurese Noturna ............................................. 635
Válvula de Uretra Posterior .................................. 639
Disrafismo Neuroespinhal e Bexiga Neurogénica ................
643
Urodinâmica Pediátrica .......................................
649
Duplicação Ureteral, Ureter Ectópico e Ureterocele .............
655

ll”M
Refluxo Vesicoureteral. ... ........................ 661
Rim Multicistico Displésico ... . 666
Urolitlase Pediátrica .......................................... 669
Hidronefrose ................................................ 673
Circuncirão I 561

são reduz a incidência de infecção do trato urinário,


ao prevenir a colonização bacteriana do prepúcio.

Incidência Heflfllifla (IG câncer Peniano


O desenvolvimento do câncer peniano ocorre, quase
exclusivamente, em homens não circuncidados. O prin-
cipal fator de risco parece ser a fimose. Os benefícios
relatados da circuncisão, em reduzir a incidência de
câncer peniano, parecem ser mais pronunciados quando
a circuncisão é realizada no período neonatal. Deve-
se lembrar também que a presença de prepúcio não
;iiirnnnuciu é o único fator importante. Outros fatores significantes
têm sido implicados no desenvolvimento de câncer
&Circuncisão é um dos procedimentos mais realiza-
,,«Elos em meninos. Entretanto, os benefícios da circuncisão peniano. Mais especificamente, incluem verrugas
genitais, mais do que trinta parceiras sexuais e o hábito
% os riscos cirúrgicos ainda têm que ser definidos. do fumo.
3. Emcircuncisão,
1999, a Academia Americana de Pediatria, ao discutir
,a concluiu que existem benefícios mé—
'.ícos. mas os dados não são suficientes para reco- Incidência iieiiuziiia rte Doenças
- .;ªmendar
'
Em
circuncisão neonatal de rotina.
m que não há beneficio médico óbvio, os pais deve-
'
situações
Sexualmente Transmissíveis
:[iam determinar qual é o maior interesse da criança, O estado de não circuncidado tem sido associado a
_ após ter sido realizada revisão mais acurada das in— incidência aumentada de inúmeras doenças sexual-
iformações disponíveis e oportunidade para discus- mente transmitidas, incluindo o vírus de imunode-
:Éão. Fatores emocionais, culturais e religiosos continuam, ficiência humana (HIV). Provavelmente, a educação
'. significativamente, a colorir o assunto. Isso é, em parte, do paciente e os problemas de comportamento têm
. z‘efletido na variação significativa da taxa de circun— mais impacto na aquisição de doenças sexualmente
Eãsão realizada, dependendo da localização geográ- transmitidas do que o estado de circuncidado.
Íifica, crença religiosa e, de vez em quando, do estado
-
ficcioeconômico.
ul Incidência Reduzida de cancer cervical
%ÉESEIWIIWIMENTII no rllrrflclo
,
'

A incidência de câncer cervicale menor em grupos


culturais em que a circuncisão é praticada. Porém,
p desenvolvimento prepucial começa durante o 3º como nocaso de câncer peniano, outros fatores con—
ªres
de gestação, completando-se, geralmente, no fim
do Sº mês. O epitélio interno do prepúcio e o epitélio
tribuintes são a regra.

glanular fundem-se após o prepúcio ter se formado.
'-._ Alseparagao entre o prepúcio e a glande começa intra- PRIIBlEIMS IIE HIGIENE
tero, mas é caracteristicamente incompleta ao nas- Nenhumªcuidado especial do prepúcio ”é requerido
mento. Somente 4% dos recém—nascidos do sexo
antes da separação fisiológica deste da glande. A retração
{masculine apresentam prepúcio totalmente retrátil; forçada do prepúcio não deveria ser praticada, pois
ºs seis meses de idade, retratilidade completa é
pode causar fibrose e fimose permanente. Separação
»observada em apenas 20%. Pelo Sº ano de vida, o
traumática das adesões balanoprepuciais pode resul-
, “prepúcio apresenta-se retrátil em até 90% dos meni- tar em dor, sangramento e formação de densas adesões
l *
_08. Quando se aproxima da maioridade, somente uma
minoria tem prepúcio não—retrátil. entre o prepúcio e a glande. Após a separação natu-
ral ter ocorrido, o prepúcio devia ser retraído e lavado
regularmente.
ªrritmias utilities EM rnrrllclln
_ .IA ellleullclsflo INDIBAGÍÍES
incidência Reduzida de Intenção de Italo Fimose
Urinário Corresponde à estenose anatômica fixa do orifício
A maioria das infecções do trato urinário em meni- prepucial, impossibilitando a retração do prepúcio sobre
'nos ocorre nq lº ano de vida, com incidência relata- a glande. Isso é distinto de fimose fisiológica obser-
_ªde 1 a 2%. Meninos não-circuncidados apresentam vada nos recém-nascidos. Balanite xerótica obliterante,
. a dez vezes maior de infecção do trato urinário do doença infiltrativa de pele de etiologia desconheci-
ue meninos circuncidados. Pensa-se que a circunci— da, é causa bem conhecida de fimose. Caracteristica-
562 I Trate Geníturinário

mostrando que a circuncisão é mais efetiva do que


antibioticoproiilaxia. a

BOIITIIA-IIIIIIIIIIGfiES
llnemalias Penianas
O prepúcio e' a fonte de pele preferida para a corre.
ção de inúmeras anomalias penianas e uretrais, como
epispádia, hipospádia e, de vez em quando, recurvamenio
peniano (chordee). Circuncisão deve ser adiada ate‘
ser realizada avaliação urológica apropriada.

Penis Embutido
circuncisão deve ser evitada em pênis embutido, porque
a remoção de excessiva quantidade de pele peniana
Figura 108.1 — Balanite xerótica obliterante.
tªlª—- «...—.. poderia causar aprisionamento do pênis na gordum
suprapúbica (Fig. 108.2). É rrlelhor adia—la até mais
tarde, quando há diminuição progressiva da gordura
mente, ela pode ser reconhecida pela presença de suprapúbica. Em casos selecionados em que a circun-
prepúcio distal esclerótico, esbranquiçado (Fig. 108.1). cisão deva ser realizada, pode—se empregar técnica
Deve-se lembrar que essas alterações podem também especial.
envolver a glande e causar estenose meatal, mesmo
após a circuncisão.
lliátese llemeiráelea
É uma contra-indicação relativa. Todas as coagulopatias
devem ser apropriadamente avaliadas e corrigidas
Quando o prepúcio permanece completamente retraído,
após um período de tempo prolongado, pode ocorrer
constrição dolorosa da glande peniana. Obstrução
linfática pode levar a um significante edema e, às vezes,
durante o período perioperatório.

Problemas Médiees Imeertnii s


ãLH'RÇZfI'9LÇ
comprometer o fluxo sanguíneo da glande. Redução Problemas médicos associados representam contra-
manual é muitas vezes possível; quando isso é inefetivo, indicação relativa. Os riscos e os benefícios da cir-
redução cirúrgica e necessária, usando incisão dorsal cuncisão e das doenças associadas devem ser cuidll-
ou circuncisão. dosamente avaliados.

_ltaianenestite lle nenetieãe


Inflamação superficial-ou infecção da glande do pê-
nis ou prepúcio, que tem muitas etiologias. Infecções
bacterianas são comuns em meninos e geralmente
respondem a antibióticos tópicos. Superinfecção de
esmegma costuma responder a dilatação e a libera-
ção das adesões balanoprepuciais. Infecções recor-
rentes podem requerer circuncisão como tratamento
definitivo.

Trauma
Lesões traumáticas do prepúcio raramente requerem
circuncisão.

Anomalias ile Trate urinário sunerier


A circuncisão pode ser considerada em meninos com
anomalias do trato urinário superior por causa do risco
aumentado de infecção do trato urinário. Deve ser Figura 108.2 - Resultado de circuncisão em menino com penis
lembrado que não existem evidências satisfatórias embutido,
circuncisão : 563

Prematuriilaile
circuncisão deve ser adiada até que a criança esteja
m EMLA‘” Creme tópico: EMLAª> Creme é uma
mistura de lidocal’na 2,5% e prilocaína 2,5%. 0
saudável e medicamente preparada. total de l a 2g de creme é aplicado no corpo peniano
'? distal e coberto por curativo oclusivo por 60 a
TÉGNIGRS 90min antes do procedimento. EMLAªº Creme não
é aprovado para o uso em crianças menores de
Circuncisão no período neonatal pode, em geral, ser um mês de idade. Além disso, um metabólito da
realizada sob anestesia local. Normalmente são de prilocaína pode causar metemoglobinemia. O creme
indicação religiosa ou social. Meninos com estase urinária não deve ser usado em crianças que recebem
e grande resíduo pós-miccional (refluxo vesicoureteral, medicamentos conhecidos em induzir metemo—
válvulas de uretra posterior, etc.) podem beneficiar—se globinemia.
da circuncisão, pois se sabe que esta diminui o risco
de infecção urinária no primeiro ano de vida. Aneste-
sia geral é requerida após o periodo neonatal.
GOMPIIBHGÍÍES
Aquelas
Incisãe llersaltle Mellie Hmosetl’ostanlaslia] la Sangramento: é a complicação mais comum. Na
É usada como medida para temporizar casos agudos maioria dos casos o sangramento pára com com-
,, de parafimose e fimose. O anel constritivo é identi- pressão. Em certas ocasiões, pode ser somente
,_ ficado e aberto usando uma incisão dorsal. Essa abertura controlado por reoperação e ligadura do vaso
& deve» incluir a fáscia de Buck para evitar recidiva do sangrante.
Í anel fimótico. Algumas vezes, o resultado cosmético Remoção excessiva da pele: quando isso ocorre,
g é pouco satisfatório, e a circuncisão formal é requerida raramente é necessária a enxertia.
posteriormente. Em muitos países, essa técnica é a m Amputação peniana: felizmente é uma compli-
E forma predileta de correção de fimose, pois mantém
o aspecto natural do pênis.
cação rara. Devia—se tentar reimplante glandar
microcirúrgico imediato. Amputações da glande
distal podem ocasionalmente ser tratadas sem
reimplante.
ai Necrose peniana: pode resultar na perda da glande
Incluem o dispositivo denominado Plastibellº e os clampes ou de todo o pênis. Em geral, é o resultado de
Gomcoº e Mogenº. Há pontos essenciais a serem lem— lesão causada por cautério, aparecendo quando
brados no uso de cada um desses aparelhos. O prepúcio a corrente do eletrocautério é aterrada por meio
. deve ser bem liberado para permitir a inspeção cui- dos vasos sanguíneos do pênis, causando sua
tv dadosa da glande. Todas as adesões balanoprepuciais
,
5i devem ser completamente liberadas. Quando o Gomcoº uso
trombose. O de eletrocautério bipolar pode
prevenir essa complicação.
', ou o Mogenº for utilizado, o aparelho deve ser deixado
I Lesão uretral: quando reconhecida, deve ser re—
, por tempo suficiente para assegurar hemostasia ade- parada primariamente por cirurgião experiente.
:; quada (promovem hemostasia por esmagamento). ll Infecções: a maioria das infecções
e
pequena,
resolvendo—se com a aplicação de curativos locais
Pesteetemia e banhos de assento. Gangrena, fascite e sepse
são raras, mas podem ocorrer.
0 prepúcio redundante é demarcado e removido, e
n Retenção urinária: pode resultar de curativo muito
as margens da pele são reaproximadas com material
de sutura absorvível. constritivo ou aparelho Plastibell inadequado.
e Deiscência de sutura: a ferida deve cicatrizar por
segunda intenção, Deve-se aplicar creme de
TÉGIIIBIS lllllllliÉSllllS barreira.
E claro que a circuncisão é associada a dor e estresse,
— mesmo no período neonatal. Técnicas analgésicas Tarlias
aprºpriadas devem ser sempre usadas.
la Complicações referentes à pele: incluem remoção
I Bloqueio dorsal peniano: os feixes neurovasculares
incompleta do prepúcio, que pode levar a con-
são infiltrados com 4mL de lidocaína 1% sem tratura da pele e fimose verdadeira, cistos de
epinefrina. Os feixes podem ser facilmente aces- inclusão, recurvamento peniano e pontes de pele.
sados, usando-se agulha calibre 27 na base peniana, a Fistula uretrocutânea: uma fístula pode resultar
nas posições 10h e 2h, em direção póstero—lateral. de lesão uretral não diagnosticada. Pode ter sido
M

I Injeção subcutânea com agulha calibre 27 de


causada pela lesão inadvertida da uretra por pinça,
lidocaína 1% sem epiuefriua, circunferencialmente incorporação da uretra em sutura hemostática ou
ao redor da porção média do pênis ou sua base. compressão externa e isquemia. O ultimo parece

7 1 ‘,
564 I Trato Geniturinérlo

_
ocorrer com a utilização de Plastibell“D muito 'I'IIH'I'MIEHTO III "MUSE 00M ESTEflmnis ª

~ pequena rflrleos ª;
' I Estenose meatal: parece ocorrer como resultado _ ,
'ª da exposição meatal e irritação, após remoção Resoluçao bem—sucedida 5111056
tem sido relatadª
dº "” ,
do prepúcio protetor. Nos casos de balanite xerótica
obliterante, estenose de meato é uma ocorrência
ª
com ªphºªçªº de
º
cremes
esteróides. O trammemo é
prolongado ªf creme aplicado por “I? período mínimo
Í.

comum. Dilatações meatais preventivas pós- de quatro a


°“° ªº
semanas, 2 vezes dlª- Uma variedade
de cremes pode ser aplicada, incluindo betametasona .
o eratórias são re ueridas se () meato estiver
p q
. . .
0,05%, hidrocortisona 1 a 2% ou tnancinolona 0,| a w,,
envolvido com balanite. Irritação local, produ-
) . zida por compostos de amônia _nas fraldas, ocupa BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
.;
;
Indica-se
_
papel etiológico importante. meatoplast-ia KISS, A.; KIRALY, L.; KUTACY, B.; MERKSZ, M. High incide
quª_ndº exrste Slgmficame desv‘o 0“ ºbsml窺 of balanitis xerotica obliterans in boys with phimosis:
prospcciiicl:
'

& do jato urinário.


I Pênis embutido: circuncisão deve ser evitada em
lll-year study. Pediatr Dermatol., v. 22, p. 305-308, 2005.
MOSES. S.; BAILEY“
R. C.; RONALD, A. R. Male circumcision:
ii
':
pacientes com pênis embutido. A remoção excessiva ªssessment ºf heªlth benefits ªnd risks. Sex. Transm. mjm. v, 74, ‘1.
de prepúcio pode causar cicatriz circular sob o P 368‘373' 1998'
SHORT, R. V. Male circumcision: a scientific perspective. J. Med. Elllic,
corpo peniano embutido. Como consequencm, V. 30.p. 2414412004.
. na gordura
. . .
se
u:
I
o pênis _crrcuncrdado, ao retrair slNGH—GREWAL. D.; MACDESSI. 1.;CRAIG, l. CirCumcisihn fol. €.!
& . m lr
? ".
l
Pfé'PUb'ºªv pode ficar apnsronado Pela fOFma‘ the prevention of urinary tractinfcction in hoys:asyslemzltic review 0

.-
窺 de um ªnel de fibrºsª na zona dº suturaJunto of randomized trials and observational studies. Arch. Dis. Child, É ;
f à superfície da pele. v. 90, p. 853-858, 2005.
.?= .,
º
_. ,.

,
math“; an”. mir i
ª ri m
> .;
4
Paraflmore I 565

$1.3 o estrangulamento do prepúcio distal ao anel de


fimose, quando se faz a retração forçada do mesmo
vgobre a glande de uma criança portadora de fimose,
[ião conseguindo retornar a sua posição original (Fig.
109.1). Figura 109.2 - Parafimose mostrando o anel de constrição
do prepúcio.

Quando o prepúcio torna—se aprisionado atras da glande I'IIfl'I'IIIIEII'I'II


or um tempo prolongado, forma-se um anel de O tratamento baseia-se na redução do edema ena redução
iconstriçâo impedindo o seu retorno à posição origi— do prepúcio à sua posição original.
[is] (Fig. 109.2). Esse anel circunferencial impede o Como anestésico tópico, temos utilizado o EMLAº
'».fluxo sang'iíneo e linfático da glande e do prepúcio Creme (Tabela 109.1), uma mistura contendo 2,5%
'prisionados. Como resultado dessa isquemia, a glande de lidocaína e 2,5% de prilocaína, aplicado no pênis
éo prepúcio tornam-se edematosos. Se essa constrição 45 a 60min antes da manipulação redutora.
for tratada, haverá gangrena peniana e auto-ampu-
ação em dias ou semanas. u Antes da redução, aplica—se um certo grau de com-
pressão manual circunferencial, por meio de uma
gaze embebida em solução salina sobre o edema
do pênis distal, durante 5 a 10min. Após essa
I Dor peniana no início do quadro.
l Glande e prepúcio com edema.
I Presença de anel que impede o retorno do prepúcio
à posição original.
TABELA—109.1
Creme ,"
— Do'se máxima recomendada de EMLA'
- I Algumas crianças podem apresentar sintomas
miccionais obstrutivos. IDADE
DOSE
MÁXIMA.(g)
ÁREA MÁXIMA
DE PELE (cm')
O —
3 meses
3 - 12 meEes 2
1
'
10
"20
1 — 5 anos 10 100
6 — 11 anos 20 200

I)

JE"?e.
TI
109.1 - Parafimose com edema do prepúcio e da
Figura 109.3 Técnica de redução da parafimose. Tração
-
para frente do prepúcio com os indicadores e dedos médios,
enquanto a glande é empurrada para trás com os dedos po-
legares.

566 I Trata Geniturínário

Figura 109.4 - Técnica de posto


plastia: incisão longitudinal 50be .

transvergaiªdº
anel constritivo. dissecç㺠da fáSCiª
Buck e sutura no sentido

manobra, tenta-se a redução, aplicando pressão n Outra técnica bastante utilizada é aquelª que se
6 1 8' 9 5 - 2

C'ZL
com os polegares sobre a glande, empurrando- baseia em múltiplas punções do prepúcio ede-
a para trás, enquanto os indicadores e dedos médios maciado e expressão do líquido de edema. Os
tracionam o prepúcio edemaciado para frente (Fig. sítios de punção permitem a saida do líquido de
109.3). '
edema aprisionado, facilitando a redução.
I Alguns autores sugerem a injeção de hialuronidase rn Quando não for efetiva a redução manual, indi-
no prepúcio edemaciado como método efetivo ca.—se o tratamento cirúrgico por meio de uma
na resolução do edema, facilitando a sua redu- incisão dorsal do anelfe redução ou postoplastiri
ção. A degradação do ácido hialurônico pela hia- (Fig. 109.4). Se tiver'v sido optado pela incisão
luronidase aumenta a difusão do líquido ede- dorsal, deve-se programar uma postectomia eletiva
maciado entre os planos teciduais, diminuindo posterior.
o edema.
I Outros autores citam o açúcar granulado no tra- BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
tamento da parafimose, baseando-se no princípio BARONE, ].G.; FLEISCHER, M. H. Treatment of paraphimosis using
de transferência de líquidos por meio de um gra— the “puncture” technique. Pediatr. Emeig. Car:, v. 9. p. 298-299.
1993.
diente osmótico. O açúcar granulado deve ser ge— CAHILL, D.; RANE, A. Reduction of paraphimosis with granulated
nerosamente espalhado na superfície do prepúcio sugar [Lettcr; Comment]. BJU Int., v. 83, p. 362, 1999.
e da glande edemaciados. O liquido hipotônico CHOE, l. M. Paraphimosis: current treatment options. Am. Fam.
do prepúcio e da glande edemaciados difunde- Physician, v. 62, p. 2623-2626, 2000.
se para o açúcar, reduzindo o edema e permitin- DE VRlES. C. R.; NHLLER, A. K.; PACKER, M. G. Reduction of
do a redução manual. paraphimosis with hyaluronidase. Urology. v..413, p. 464465, I996.
Hipospa'día I
567

completamente formados por volta da 12g semana de


gestação.

ipospád PREIIIIlÉIIGIII
Há uma variabilidade geográfica na prevalência de
hipospádia, com um aumento mundial na sua frequência

“leão Luiz Pippi Salle por razões desconhecidas. l-lipospãdia ocorre em 1


para cada 300 bebês masculinos nascidos vivos. Essa
frequência é mesmo mais alta se houver história fa-
miliar (14% de frequência em irmãos masculinos e
8% em descendentes).

*É o defeito congênito do pênis em que o hipodesen- IIIIIJMIIIIIIS IISSIIIIIIIIIIIS


'

fivolvimento da uretra anterior resulta em meato uretral


'êctópico localizado ventralrnente. Variado grau de
Testiculos não—descidos e hérnia inguinal são as
anomalias associadas mais comuns (aproxima-
rvatura ventral do pênis com a ereção, denomina- damente lO% dos casos). A associação de hipos-
iio encurvamento (chordee), é um problema habitual— pádia grave com testículo não-descido não é
mente associado. O prepúcio é anormal na maioria
,Zios cases, sendo redundante dorsalmente e hipoplãsico
incomum, requerendo investigação genética e en-
docrinológica para diagnosticar possível distúr—
'
’m seu aspecto ventral. Funcionalmente, quando a bio de diferenciação sexual.
. hipospádia ou o chordee é grave, podem surgir pro- 13 Um grande utrículo (pseudovagina) pode ser
'
} .1emas com a direção do jato urinário e a penetração encontrado em uma significante porcentagem de
ou a eliminação de sêmen durante a relação sexual. pacientes com hipospádia grave.
Aproximadamente 5% dos pacientes com hipospadia EB Outras anomalias urinárias são infreqiientes, e
“podem ter prepúcio normal. Nesses casos, e meato é envolvem o rim, o ureter e a bexiga.
É'geralmente grande (megameato), sendo tipicamente
u Deve—se enfatizar que hipospádia associada com
- ' localizado na posição subcoronal ou glandar. Não é gônadas bilateralmente impalpáveis deve ser
«_ incomum o diagnóstico ser feito durante a circuncisão. considerado um caso em potencial de pseudo—
" ““lpopláslcª
'Çhordee também pode estar presente sem hipospádia.
Nessa situação, não é incomum encontrar uretra
distal e corpo esponjoso rudimentar.
hermafroditismo feminino (síndrome adrenoge-
nital), até se provar o contrário. Investigação urgente
é sempre necessária para que essa condição seja
,Hipospádia e criptorquidia são anomalias comuns e afastada. '

odem ocorrer juntas em 4 a 20% dos casos. Essa Duplicação uretral é uma anomalia associada
sociação, especialmente quando o grau de hipospádia incomum. O meato situado normalmente é ge-
“avançado, deve alertar—nos sobre a possibilidade de ralmente associado com uretra hipoplásica. O meato
estarmos diante de um caso de intersexo. hipospadico é conectado a uretra proximal nor-
mal, contendo o verumontanum e es ductos eja—
culatórios. Portanto, é auretra ventral que deve
genitália encontra—se em estágio indiferenciado du-
ser preservada durante a reconstrução.

?ante as primeiras cinco semanas de desenvolvimento


fetal. Durante a 6a e a 7ª semana de desenvolvimen- GIASSIFIGIIGÍIII
to, ao seguir a diferenciação testicular, a genitália ex- Hipospádia é classificada de acordo com a localiza-
terna sofre masculinização em resposta à produção ção do meato uretral após a correção da curvatura
._W'
testicular de testosterona. A uretra e o prepúcio estão peniana (Fig. 110.1).

igura 110.1
hlDospádias.
.- Classificação das
(A) Glandar; (B) subco-
tonal; (C) peniana distal; (D) peniana
proxxmal e (E) períneal. A
'
568 I Trato Genitun'nário

hipospádia podem, excepcionalmente, requerer “retro


cistografia miccional para identificar possível
Além disso, um paciente com hipospádia grave c"; “Bleule—
associação com criptorquidia, mesmo que unilateral
deve submeter-se, imediatamente, a uma avaliação part-I
possível distúrbio de intersexo (cariótipo & perfil endo-
crinológico).

RIIIllIIIGÍIB I'llÉ-DI'EIIIITÓIIIII

618'95LS
Além da posição do meato. os seguintes fatores de-

|
vem ser cuidadosamente avaliados antes da cirurgia

fil
pois podem influenciar na técnica a ser escolhida, be“;
como nos resultados cirúrgicos obtidos.
Sulco uretral: um sulco uretral profundo facilita
a tubularização da uretra distal e melhora os
Figura 110.2 - Hipospádia subcoronal. resultados cosméticos. :
Tamanho da glande e configuração: em geral,
uma glande pequena e aberta torna tecnicamente
Hipospãdia anterior é o tipo mais comum, poden-
do ser subclassificada em:
ª
diffºil aquisição dª um meato nºrmalmente
situado.

.“ presencça lventral transparente


Glandar. HA de pele geral—
& Subcoronal (Fig. 110.2). mente m lca uretra ipoplásrça. .
Peniana distal. ll Grau de
encurvamento e
torçao peniana.
W<w

Peniana média. n quantidade


A de prepucro dorsal redundante
| disponivel para o reparo.
HÍPºSPádͪ PºStºfiºr, subclassificada em: u Escroto bífido ou transposição penoscrotal.
1 fl Penoscrotal (Fig. '1 10-3)~ Muitas técnicas cirúrgicas têm sido descritas. A téc-
I
Escrotal.
Permeal.
nica escolhida deve ser individualizada de acordo com
as características descritas anteriormente.

.V-4a..:-,«.ª INVESTIGAÇÃO fllflfiflflSTlflfl


momma nn name clnl’lnaleu

”.,

N㺠é necessário
com hipospádia. Pacientes ª
investigarcommaioria dos pacientes
graus avançados de idealmente,anos
primeiros
hipospádias devem ser reparadas nos dois
de vida, desde que o tamanho do pênis
seja adequado e, fisiologicamente, a criança esteja
em boas condições para submeter-se a anestesia ge-
ral. Em geral, o reparo e realizado dos seis aos dezoiios
“4º.3:eã meses de vida. Isso minimiza os distúrbios psicoló-
ª

gicos em potencial associados ao reparo tardio, cor-


fs
J.:

rigindo o problema antes de iniciar o treinamento


esfmcteriano. Testosterona deve ser administrada quando
o pênis é muito pequeno, permitindo melhor mani-
pulação e dissecção dos tecidos.

'I'ÉGIIIGIIS GIBIIIIGIGIIS .,,


'

Numerosas técnicas têm sido descritas no reparo


hipospádias. Limitaremos nossa discussão àquelas mais
das
frequentemente usadas. Embora exista uma grande
variedade de técnicas, todas costumam compartilhar
um mesmo número de objetivos cirúrgicos:
==Criação de um meato uretral normalmente Pºª”
cionado.
m Pênis retificado.
a Aspecto estético normal.
,

Hipospádia I
569

. o reparo pode ser efetuado como procedimento


simples ou estagiado. A escolha da técnica de-
pende das características anatômicas, previamente
IIEPIIIIII MS IIIPIISMIIIAS POSTEBIOBES
Em nossa opinião, a hipospádia posterior pode ser
descritas, e da familiaridade do cirurgião com reparada usando-se retalhos de prepúcio dorsal para
elas. Para se conseguir um resultado ótimo, os a construção da neo-uretra. Na grande maioria dos
seguintes pontos são críticos: casos, as uretroplastias podem ser realizadas utilizando—
- Dissecção no plano tecidual correto evita des-
vascularização dos tecidos.
se retalhos ilhados suturados à placa uretral (onlay)
(Fig. 110.5). A presença de encurvamento peniano
- Deve—se evitar suturas sobrepostas. Sempre cobrir
as linhas de sutura com retalhos de dartos bein
intenso pode necessitar de divisão da placa uretral;
nesses casos, a uretroplastia é realizada com o uso
vascularizados ou pele peniana desepitelizada. de retalho prepucial tubularizado (Fig. 110.6). Ge-
ralmente, os retalhos tubularizados são mais propen-
— Ambos os lados (asas) da glande devem ser
amplamente mobilizados para permitir apro- sos a complicações do que os retalhos ilhados. Tais
ximação livre de tensão. complicações incluem estenoses uretrais, divertículos,
— Evitar tubularizaçâo excessiva da placa uretral
distal para prevenir estenose meatal.
fístulas e cateterização difícil. Retalhos ilhados tipo
onlay são claramente superiores, sendo a escolha ideal
para o reparo de hipospadias proximais quando a placa
- Adequado fechamento da pele necessita da re- uretral pode ser deixada intacta. É importante aderir
moção de todos os tecidos ísquêmicos redun—
dantes e o uso de segmentos de pele viável. aos princípios cirúrgicos mencionados anteriormente.
- Adequada fixação do stent uretral (quando apli—
cável), sendo o cateter transfixado e suturado
Quando possível, todas as linhas de sutura devem ser
cobertas com retalhos de dartos. Quando há deficiência
da camada dartos, a uretroplastia pode ser recoberta
em cada lado da glande.
com retalhos da túnica vaginal, por pele desepitelizada
do pênis ou'por retalhos de pele escrotal. É prefiri'vel
EPM!!! [IIS IIII'USI'IÍIIIIIS INTERIORES a reconstrução estagiada em pacientes com transpo-
sição penoscrotal associadae criptorquidia. Nossa
"técnica mais frequentemente usada para o reparo
'

preferência é de, inicialmente, realizar a uretroplasn'a


êssas hipospadias é a incisão e a tubularização da usando retalho tubularizado ou onlay. A criptorquidia
. uretral (procedimento de Snodgrass). É uma técnica e a transposição penoscrotal são reparadas em um
'uito versátil, que pode ser aplicada na maioria dos segundo estágio, pois, caso ocorra uma fístula uretro-
lentes com hipospádia anterior. Ela inclui uma incisão cutânea, esta pode ser reparada ao tempo da orqui-
rsal na linha média da placa uretral e subsequente
ularização (Fig. 110.4). dopexia/escrotoplastia. Recentemente, tem ficado mais
evidente que as caracteristicas do meato uretral são
570 I Tra to Geníturinário

mente nos casos de encurvamento grave, que ºXigcm


secção da placa uretral.
Em um primeiro estágio, o pênis deve ser desencur.
vado. O defeito da pele ventral pode ser coberto Cºm
enxerto de prepúcio ou de mucosa bucal. Caso Sºl'l
utilizada mucosa bucal, devem ser administrado;
antibióticos profiláticos que cubram a flora bacteria—.
na da cavidade oral. Durante a colocação do enxertº
é fundamental ter em mente que essa área será a
neo-uretra. Por essa razão, deve confeccionar-se um
futura
Figura 110.6 -Reparo com re-
enxerto amplo, fendendo a glande profundamente Para
possibilitar a construção de um meato de configura- BLR'SI‘QLS'

VEL
talho ilhado tubularizado. ção longitudinal no próximo estágio. Também é muito
importante a realização de um curativo que imobilize
o enxerto sobre a superfície do pênis. Os fios utiliza-
dos na sutura lateral do enxerto devem ser deixados
longos e amarrados uns aos outros, imobilizando, dessa
forma, a gaze vaselinada
enrolada sobre um cateter
de Foley, deixado sobre o enxerto. O curativo não e
trocado por cinco a sete dias, quando deve ser cuida.
muito importantes para os adultos que se submete- dosamente retirado e o enxerto, inspecionado. NeSsa
ram a correção de hipospádia. Infelizmente, meatos ocasião, o cateter de Foley é retirado.

-.
an. mx at:«
uretrais anormais resultam de técnicas que utilizam O segundo estágio consiste na tubularização do
retalhos pediculados. Por essa razão, um número cres- epitélio previamente enxertado na face ventral do pênis,
cente de cirurgiões começa a optar pelo tratamento E preferível realizar a sutura em dois planos, cobrin-
cirúrgico estagiado, descrito a seguir. do a área de sutura com uma generosa camada de tecido
bem vascularizado (retalho de dartos ou de túnica
vaginal). Aconselha-se também desepitelizar um pouco
GIIIIIIEGÃII IIE EIIGIIBIIAMEIITII PEIIIIIIIII dos bordos da pele ventral, suturando-a como em jn-
[WIMHIEEI '

queta. 0 cateter deve ser mantido por 7 a 10 dias.


Deve-se sempre realizar ereção artificial com soro O tratamento estagiado tem a vantagem de ser
fisiológico, com o intuito de avaliar, adequadamente, tecnicamente mais simples do que os retalhos pedi-
o grau de curvatura peniana. Isso é realizado pela punção culados, com resultados estéticos superiores.
de um dos corpos cavernosos, usando agulhas calibres Presença de balanite xerótica obliterante (BXO).
21 ou 23. É preferível puncionar a glande, com o objetivo Se‘fBXO estiver presente, é importante remover toda
de evitar a formação de hematoma no corpo peniano. a uretra comprometida. Uretroplastia deve ser reali-
Soro fisiológico é injetado com ou sem o uso de tor- zada em dois estágios usando uma fonte extragenital
niquete aplicado na base do pênis. Após liberar toda a de epitélio como mucosa bucal. Enxertos de mucosa
fibrose ventral do pênis, que deve ser removida, o teste buçal são preferentemente usados para a reconstru-
de ereção deve ser repetido. Geralmente, encurvamento ção da uretra. O uso de mucosa bucal de maneira
leve (< 45%) ou moderado (< 70%) é corrigido usan— tubularizada deve ser evitado, pois é associado a alta
do-se técnicas de plicatura dorsal do corpo peniano. A incidência de complicações pós-operatórias, princi-
plicatura pode ser realizada dorsolateralmente ou na palmente estenose uretral e fístula uretrocutânea. Por
linha média dorsal. Em ambos os casos, é importante essa razão, a tubularização deve ser evitada. É prefe-
elevar completamente a fáscia de Buck da túnica rível um procedimento estagiado. No lº estágio, a uretra
albugínea, objetivando minimizar o sangramento e
evitando o dano do pedículo neurovascular. Encurvamento
nativa doente é ressecada e a mucosa bucal e enxertadª
cobrindo o defeito cavernoso ventral. É seguido, seis
grave (> 70%)não deve ser corrigido pelo uso de téc- meses mais tarde, pela tubularização do enxer?-
Novamente é chamada & atend'ão'para a impºrtªnºlª
nicas de plicatura dorsal, pois pode causar encurta-
mento significante do pênis. Nesses casos, advogamos
de cobrir todas as linhas de sutura com retalhos
bein
vascularizados de dartos, pele desepitelizada ou tu-
a colocação de enxerto de derme ventral na área de
maior curvatura ventral ou retalho de túnica vaginal. nica vaginal, com o objetivo de minimizar a forma-
É importante realizar a incisão da albugínea das 3 às ção de fístula.
9h para obter-se a correção completa do encurvamento.
snnanmrnrn mmn-urrnmm’
maritime rsrnsiiinu Há controvérsia na maneira de melhor minimizar º
O tratamento em dois tempos tem sido muito utiliza-
sangramento intra-operatório. E largamente
a instilação de adrenalina 1:100.000 ou 1:200-0 “5303
.62
do na correção de hipospádias proximais, especial-
:u
Hípospádia " 571
n0 tecido subcutâneo, especialmente nos casos de
do a taxa de complicações para aproximadamente 10
hipospadia proximal. Outros preferem usar torniquete a 15%. As complicações mais comuns são:

_
aplicado à base do pênis (obviamente não-aplicável
_ _
pªrª as casos de hipospádias penoscrotal e perineal).
Ambªs as formas Sªº efluentes em reduZir º san—
m Fístula uretrocutânea.
El

Estenose de meato.
Persistência de encurvamento residual. %“:w. n >—.-
,
'
gramºntº- Hematomas. É Ti:». '
l1 Infecção. ifiiiisãd
rrnrrnnção taDeslocamento do stent uretral.
-, 0 cirurgião tem uma difi'cil tarefa reconstrutiva a em— O tratamento das complicações e individualizado.
. preender naqueles pacientes com tentativas prévias
de correção cirúrgica. Cada caso deve ser individua-
Em geral, os procedimentos redo devem ter intervalo
mínimo de seis meses entre eles. Isso permite boa

.
lizado. Os seguintes aspectos são muito relevantes na cicatrização dos tecidos e resolução da resposta in«
eseolha da técnica operatória: flamatória gerada pelo reparo inicial (ver seção sobre
reoperação de hipospádia).
Presença de encurvamento residual.
:? lAvaliabilidade do prepúcio residual.
' I0 diâmetro e a localização de qualquer fístula
uretrocutânea.
m Hipospádias são malformações prevalentes que
demandam conhecimento e cuidados especiais.
:BEBIIIIIÇÃB URINÁRIA n Hipospádias devem ser reparadas precocemente
Indica-se cistostomia somente quando um cateter vesical nos lactentes por cirurgião especializado e ex—
não puder ser colocado. A grande maioria dos pa- periente, bem familiarizado com a variedade de
cientes é derivada, usando um stent de silicone colo— técnicas cirúrgicas.
E Atenção cuidadosa a detalhes técnicos 6 essen-
cado na bexiga, que é deixado drenando livremente
, nas fraldas. O sistema é muito eficaz na prevenção cial para minimizar complicações.
de infecção urinária. Drenagem urinária é mantida Complicações ocorrem, mas, atualmente, todos
'
€” por pressão capilar derivada das propriedades absortivas os pacientes são candidatos à correção.
da fralda. Alguns cirurgiões preferem não usar stents BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
ao reparo de hipospádia distal. Tal estratégia parece SNODGRASS, W. Tubularized incised plate urethroplasty for distal
ter sucesso em lactentes e meninos que ainda não têm hypospadias. J. Urol, v. ISI, p. 464—465, 1994.
«' continência urinária. Crianças maiores podem sofrer SNODGRASS, W.; KOYLE, M. et al. Tubulurized incised plate
significante desconforto como resultado de uma micção hypospadias repair: results of a multicentric experience. ]. UmL,
dolorosa e desenvolver retenção urinária. v. 1561 p. 839-84lf1996.
BASKIN, ES.;DUCKE'IT, J. W.: UEOKA, K. et al. Changing concepts
of hypospadias curvature lead to more onlay island flap procedures.
J. UmL, v. lSl,p. lili-1915.1994.
o passado, o reparo de hipospadia era associado a HOLLOWEL, J. G.; KEATING: M. A.; SNYDER, H. M. et al.
Presengation of the urethral plate iii hypospadias repair: extended
uma alta taxa de complicações. Entretanto, os recentes applications and further experience with the onlay island flap
avanços técnicos, previamente descritos, têm reduzi— urethroplasty. ]. UraL. v. 143, p. 98-100, 1990.

— w.

,n v — « f M
.,
572 I Trato Genitun'nán'o

As células falcizadas ganham íons Na*e perdem


íons K+. A permeabilidade da membrana do glóbulo
vermelho ao Ca” aumenta. A concentração de Ca.—.

Priapismo em Anemia
intracelular passa a ser quatro vezes maior que o nivel
normal, e a membrana torna-se rígida.
O óxido nítrico é o principal neurotransmissor que
controla a ereção. O endotélio, que reveste o corpo
Falciforme cavernoso, secreta óxido nítrico. A hipóxia diminui
a produção de óxido nítrico, facilitando a adesão das
células falciformes ao endotélio vascular.

óLS'EÁZPI.'9LS
As células falciformes costumam aderir aos macró-
João Carlos Ketzer de Souza fagos. Essa propriedade contribui para a eritrofugocitose
e o processo hemolítico.
GONGEI'I'D Também possuem nível elevado de imunoglobulina
G em sua superfície. Crises vasooclusivas muitas vezes
Ereção peniana persistente e dolorosa involuntária são ativadas por infecção.
anormal, não relacionada à atividade sexual em me- As células falciformes têm vida-média curta, ªprº—
ninp com anemia de células falciformes. ximadamente 10 a 20 dias (normal: 120 dias).
E um processo venoociusivo, caracterizando—se por No priapismo, existe preservação do fluxo sangíií.
fluxo venoso cavernoso ausente ou muito diminuído. neo para a glande e o corpo esponjoso. O fluxo ve—
Os corpos cavernosos tomam—se rígidos e dolorosos. noso de retorno dos corpos cavernosos fica ocluído
Esse tipo de priapismo, característico da anemia por uma massa viscosa de células vermelhas desoxi-
falciforme, é de baixo fluxo e associado a fibrose pro— genadas, resultando em alçaponamento de sangue dentro
gressiva dos tecidos cavernosos e disfunção erétil. dos corpos cavernosos.
Esse estado isquêmica pode causar fibrose da
musculatura lisa e trombose das artérias cavernosas.
EPIIIEMIOIIIGIA
IPrevalência: 2 a' 10% dos meninos com anemia
INVESTIGAÇÃO DIIIGIIÍISI'IGA Ill! PlllllPlSlllll
falciforme. '

lDoença
genética recessiva autossômica. "ISIÚI'IS
l
Pacientes com anemia de células falcifomes
homozigóticas (Hb SS) ou com Hb S/beta- IHistória prévia de priapismo e tratamento anterior.
talassemia têm 89% de probabilidade de ter IHistória de anemia de células falciformes.
priapismo até os 20 anos de idade. IDuração dos sintomas.

eussmeneãn nrucluunnn :: História recente de transfusão.


IHistória de trauma ou infecção.

IIIIPIIESEIITIIÇIII ctlmn II Sintomas associados: dor, febre, evidência de


desidratação, retenção urinária.
I Grave, prolongado com > 24h de duração. ,l Intensidade da dor.
lUso de analgésicos.
IIntermitente com episódios curtos, múltiplos. Bom
IMedicações em uso.
prognóstico.

IISIIII'ITlIllIGII Exame Físico


A hemoglobina S apresenta propriedades físicas al- II Sinais vitais.
teradas. Quando exposta a acidose. hipoxemia, desi- de hidratação.
II Estado
dratação. estase, infecção ou baixas tensões de oxigênio, Presença de bexiga palpável. .
essa hemoglobina anormal tende a polimerizar, de-
IEstado de ereção ou
semiãereção do pênis e tul’gor
formando o eritrócito. Essa cristalização transforma dos corpos cavernosos.
IFlacidez do corpo esponjoso e da glande.
o glóbulo vermelho de seu formato discóide bicôncavo
usual para um formato alongado, rígido. Essas célu—
las anormais estão mais sujeitas a ser aprisionadas
nos capilares, causando a oclusão destes.
Exames laboratoriais “M Imagem
As células falcizadas podem retornar à forma nor— IEletroforeSe da hemoglobina
I-lb
mostra S homº-
mal pelo aumento da tensão de oxigênio ou pela correção
da acidose. Se as células permanecerem alteradas por
zigótica ou Hb Slbeta-talassemia. Pactentes Cºm
Hb-AS (l alelo normal e l alelo falciforme) Sªº Pºr“
um período de horas, podem-se tornar irreversívelmente tadores heterozigóticos e assintomáticºs.
ll Hemograma, contagem de reticuiócitos, Plaquetas-
falcizadas, não retornando à forma normal, mesmo
quando reoxigenadas. II Exame comum de urina.
.
Priapisma em Anemia Falciforme ª 573
._ r. ,

Eco-Doppler colorido dos vasos penianos. Mostra Deve ser diluído lmL de fenilefrina (1.000ug)
artérias cavernosas com fluxo sanguíneo ausente em lOOmL de soro fisiológico, ficando a con-
ou muito diminuído. centração em lOug/mL. Em adultos, indica-se a
«.
infusão de 10 a 20mL dessa solução, cada vez.
mmmru
'

Não exceder a concentração de 1.500ug. A dose


pediátrica não está estabelecida. A irrigação pode
Trata-se de emergência clínica. O objetivo do trata- ser repetida em 15min se não fizer efeito. A
,
:mcnto é de obter-se a detumescência peniana, pre— fenilefrina é um agonista adrenérgico alfa-sele—
'

Ísgrvando a função erétil. tivo.


A epinefrina também pode ser usada. Deve ser
mamas literals diluído 1mL de epinefrina (1: 1.000) em IL de
soro fisiológico. Isso deixará a concentração para
IRepouso no leito.
ser usada em 1:1.000.000.
IHidratação intravenosa. Inicia—se com S a 10mL/kg Após obtida a detumescêucia, o pênis deve ser
em 1h e após calcula-se 1 l/2 vez a manuten- recoberto com curativo plástico transparente bem
ção. Líquidos excessivos não são necessários, ajustado, com a finalidade de manter os corpos
exceto se o paciente estiver desidratado. cavernosos vazios. *

IAnalgesia e sedação. Utiliza-se morfina 0,15mg/kg E Após 24h de tratamento clínico sem sucesso, indi-
a cada 3 a 4h. ca—se tratamento cirúrgico. Esse tratamento baseia—
IBanhos de assento mornos.
se na confecção de derivações cavernosas. Podem
ISonda vesical, se necessaria.
ser realizados unilateralmente. Os mais usados são:
IAlcalinização.
I Oxigenoterapia.
-— -
Shunt cavemoso—esponjoso transglandar (Winter)
em que uma agulha grossa de biópsia é usada
para criar duas fistulas percutâneas entre a glande
e o corpo cavernoso. É o shunt mais simples e
Tratamento Clínico/cirúrgico mais utilizado.
» ITransfusão de sangue. Solicitar sangue negativo
para células falciformes e sem leucócitos. A hi-
—Shunt cavernoso-esponjoso balãnico distal de
Al-Ghorab em que é realizada uma fístula entre
perviscosidade pode contribuir para piorar a a temu'nação dos corpos cavernosos e a glande.
condição clínica. Não transfundir se a Hb esti- É realizada uma incisão profunda junto ao sulco
ver maior que 12g/dL. 0 hematócrito deve ser balanoprepucial e retirada de uma porção da
elevado para 30 a 33%, nunca acima de 35%. A membrana que recobre a terminação dos cor—
porcentagem de Hb—S deve ficar abaixo de 30%. pqs cavernosos. Só a pele deve ser fechada.
IPode—se tentar nifedipina 10mg via oral em do-
- Shim:cavemoso-esponjoso proximal (Quackel),
ses repetidas. Pouco utilizada pela sua pouca que conecta, cirurgicamente, o corpo cavernoso


, efetividade. com o corpo esponjoso.
."; lExsangíiinotransfusão. Objetivo: reduzir a con- O shunt de safena não é indicado.
centração de células falciformes sem aumentar
, hematócrito ou a viscosidade do sangue.
o
PIIBEIIÓSTIGII
L lApós 12h de tratamento, se não melhorar, indi-
car a injeção de agonista alfa-adrenérgico na face Necessita de tratamento de urgência para evitar isquemia
lateral do corpo cavernoso. Os medicamentos peniana irreversível. fibrose e impotência.
usados são: epinefrina, efedrina e fenilefrina. Usa- Muitas vezes, é difícil saber pelo edema peniano
se um butterfly nº 19-21G. A injeção de somente persistente e pelas equimose e ereções parciais se o
um corpo cavernoso é adequada por causa da priapismo está resolvido. Nesse caso, solicitar eco-
existência de canais vasculares comunicantes entre Doppler colorido. , ,

os dois corpos cavernosos. Apesar de todo o tratamento institiiído, a impo-


A resposta às injeções de simpaticomimético no tência permanece uma complicação frequente.
priapismo de longa duração (> 24h) 6 menos efe-
tiva, porque a isquemia, a acidose e a presença
de células falciformes, irreversívelmente lesadas, FII'I'IIIIII
impedem a resposta 'do músculo liso intracavemoso A cura da anemia falciforme provavelmente esta re-
ao simpaticomimético e a drenagem venosa. lacionada ao transplante de medula óssea e à terapia

A injeção de alfa—adrenérgicos pode ser acom-
panhada pela aspiração e irrigação dos corpos
genética que objetiva a inativação da falcização, o
aumento da expressão do gene responsável pela he-
Cªvemosos com solução diluída em soro fisiológico. moglobina fetal ou pela introdução de genes cujos.”
Nesse caso, deve usar-se agulha grossa (ló-186). produtos poderão inibir a polimerização da Hb S.
574 -I Trato Geniturínário

TRATAMENTO Ill) PRIAPISNIII INTERMITENTE normal e podem interferir no tempo de fe€ha~


mento das placas epifisárias.
Prevenção de episódios futuros. w:
u
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA ª?“
ºi Pseudo-efedrina oral para tratamento e preven— w .
ção. Dose oral de 60 a 120mg em casos de priapismo BURRINGTON, J. D.; SMITH, M. D. Elective and cmergencY Sufgcry ª."
in children with sickle cell disease. Surg. Clín. North Am., v. 56, R$ &.
de curta duração (2 a 4h). A dose pediátrica não p. 55-71. 1976.

-
está estabelecida. Alguns autores preconizarn 30mg. HAMRE, M. R.; HARMON, E. P.; KIRKPATRICK, D. V. et al. Pt'lnpísm x. &
lDisco de nitroglicerina à noite para prevenir ataques as acomplication of sicklecell disease. J. (11:71.. v. 145. p, 1.5. [gin ª.“
noturnos.
IBloqueadores do canal de cálcio.
HORST. C.; STUEBINGER, H.; SEIF. C. et al. Priapism etiology-
pathophysiology and management. International Braz !. Umi. —
v. 29. p. 391-400. 2003. "
ITransfusão sanguínea crônica. MILLER, S.T.; ROA, S. P.; DUNN, E. K,: GLASSBERG, K. l. Priapism
l IAgentes hormonais não devem ser usados em in children with sickle cell disease. J. Uml.. v. 154. p. 844-847 ‘
l 1995.
crianças, pois interferem na maturação sexual
l

. » e —. “ u

-. a W
M"

.
g. .a

- w:
r.:
Estenose do Meato Uretral I 575

n Disúria intermitente, queimação no nível do meato,


episódios de polaciuria (urina residual na uretra
pós-micção).

.Esitenose do Meato Uretral


Meato com aspecto puntiforme.

TRATAMENTII
_ João Carlos Ketzer de Souza n Dilatação uretral com ponteira de pomada oftálmica
(serve para dilatar e lubrificar) uma a duas ve-
zes/dia até resolver a estenose, Tem alto grau de
recorrência.
:: Meatotomia uretral: esmagamento e secção ventral
»

: Estenose do meato uretral adquirida pós-episódios de da área de estenose adquirida sob anestesia geral
', inflamação recorrente do meato uretral (meatite) não ou após uso de creme anestésico tópico (EMLAº)
protegido pelo prepúcio, decorrente da exposição pro- mantido com curativo oclusivo por 60min sobre
mulgada a urina (das fraldas) ou maceração do meato a glande. Evita-se a reestenose com dilatações
- pelas roupas internas. É uma complicação típica da posteriores com ponteira de pomada duas vezes/dia
criançª circuncidada. As bordas do meato aderem—se por l4 dias e uma vez/dia por‘quatro semanas.
a: Meatoplastia: nos casos congênitos, estenose re-
corrente ou estenose pós—reparo de hipospádia.
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
Complicação da circuncisão (a grande maioria) e outras .
PERSAD, R.; SHARMA, S.; MCTAVISH. J ct al. Clinical presentation
and pathophysiology of meatal steuosis following circumcision.
causas: reparo de hipospãdia, cateterização uretral Br J. Urol., v. 75, p. 91-93. 1995.
prolongada, trauma, balanite xerótica obliterante, RADOJICIC. Z. l.; PEROVIC. S. V.; STOIANOSKI, K, D. Calibration
and dilatation with topical corticosteroid in the treatment of stenosis

tunnno numca of neourethral meatus after hypospadias repair. Br J. Urol,, v. 97,


'

p. IGG-168, 2006.
u Jato urinário costuma ser fino; a micção mais dis— VAN HOWE, R. S. Incidence of meatal stenosis following neonatal
circumcision in a primary care settingIC'Tín. Pediatr (Phila). v. 45,
tante e prolongada. p. 49-54, 2006.

n—
576 I Trato Geniturinário

cuja função é estimular a produção hipofisaria do


hormônio luteinizante (LH, luteinizing hormone) e
do hormônio folículo-estimulante (FSH, fOIIicle.
stimulating hormone). O LH estimula as célulªs de

Criptorquidia Leydig a produzir testosterona, e o FSH parece que


aumenta o número de receptores de LH na membra.
na das células de Leydig.
As células fetais de Sertoli, estimuladas pelo FSH
Peter T. K. Chan da hipófise, secretam uma substância localmente ati—
João Carlos Ketzer de Souza va (fator inibidor millleriano), responsável pela re-
gressão dos ductos paramesonéfricos (ductos de Mi‘tller).
Essa substância inibidora (MIS, múllerían-inhibiting
GOIIBEITIJ substance). além de causar regressão desses canais,
pode participar das fases iniciais da descida testicular
O termo genérico criptorquidismo compreende'todas ao aumentar o número de receptores de androgen“
as anormalidades que causam escroto vazio. na membrana das células de Leydig. Com 10 a ll se-
Criptorquidia é a parada da migração embriológica
do testículo em seu trajeto normal de descida, fora da
manas de gestação, as células de Leydig, estimuladas
pela gonadotrofina coriônica da placenta e pelo LH,
bolsa escrotal.
Ectapia testicular é a presença de testículo fora secretam testosterona localmente ativa, essencial para
a diferenciação do ducto mesonéfrico em ductos de
do trajeto normal de descida, orientado anormalmente Wolff e dos ductos de Wolff em epidídimo, canal defe-
pelo gubemaculum testis (GT).
rente e vesículas seminais. A secreção testicular de
Testículo retrátil é aquele testículo já descido, que, testosterona e sua conversão periférica em diidrotestos.
pela hipercontratilidade do músculo cremaster, retrai terona (DHT, dihydrotestosterane) pela enzima Soc
intermitentemente, podendo ser encontrado tanto na
redutase são responsáveis pela masculinização da
região inguinal como na bolsa escrotal. Na puberda-

.,
genitália externa, que ocorre entre a 10! e a 15! sema-
de, o testículo torna—se maior, mais pesado; o cremaster
na de gestação. A DHT fixa-se nos receptores de
torna-se menos ativo‘e o testículo desce definitiva- andrógenos da genitália externa, transformando-a em
mente para dentro da bolsa escrotal. A produção feto masculino.
hormonal e a fertilidade 'são normais. A descida do testículo ocorre em dois estágios: trans-
Testt'culo ascendente parece ser uma forma de abdominal (testículo movimenta-se da crista genitu-

6 L 9' 8 Z V
criptorquidia adquirida. rinária até o anel inguinal interno do lº ao 7ª mês) e
' QLÉ

]
um evento infreqiiente. Diagnóstico diferencial inguinoescrotal (do 7º ao 9ª mês). A migração
principal: testículo retrátil e testiculo ectópico inguinal transabdominal é o resultado do crescimento somático
laxo. E essencial exames clínicos repetidos em todo
o testículo retrátil. diferencial do feto em desenvolvimento. O testículo
Causas prováveis de testículo ascendente:
permanece ancorado no anel inguinal interno pelo GT.
A descida inguinoescrotal tem vários fatores contri-
.-
Falha do canal inguinal em alongar-se propor-
cionalmente ao crescimento corporal da criança.
buintes, iniciando-se na 28' semana. Ocorre em pa-
ralelo com a migração do GT e requer estimulação
I Remanescente fibroso inelãstico do processo androgênica. A migração escrotal do GT e do testículo
vaginal ou de hidrocele comunicante obliterado finalizam na 35ª semana.
ligado com a túnica vaginal que previne o alon-
gamento normal do cordão espermático. Com 0
A descida do testículo depende da interação
diversos fatores hormonais e mecânicos, sendo am-
de
crescimento da criança, esse remanescente cau— da incompletamente entendida:
sara tração no testículo e sua ascensão até a região Eixo hipotãlamo—hipófrse-testiculo, produção de
inguinal. andrógeno testicular (defeito inerente do testículo pode
Monarquia é a ausência de um testículo, seja por determinar produção insuficiente de andrógenos).
não—formação embriológica (falha de organogênese) adequada utilização de andrógeno pelo órgãº-“Vº
(testosterona deve ser convertidâ'pela enzima 5a—redumse
ou secundária à torção intra-uterina ou perinatal
(vanishing testis syndrome). Testiculo evanescente é em diidrotestosterona, que se liga a um receptor es-
pecífico), fator inibidor mulleriano, GT (testículo prodUZ
o termo dado ao testículo, que, embora ausente, es-
testosterona, que causa aumento do GT pelo aumen-
teve presente em algum período durante a vida fetal,
to da substãncia intercelular. e com isso distende Pªª'
mas não'pós-natal.
Anarquia é a ausência de ambos os testículos. sivamente o canal inguinal e o escroto), presençª º
conexão adequada entre o GT e a
extrcmiííílídªªegiº
.
(,

epidídimo (qualquer anormalidade estrutura r


MECANISMOS lll BESGIIIII TES'l'IlllllAIl _
dídimo pode resultar em conexão
. . ausente ou me a
O hipotálamo produz o hormônio liberador de gona-
dotrofina (Gn-RH, ganadntmphin releasing hormone),
caz), pressao intra-abdominal aumentada
protrusão do processo vaginal pela região m
(CIIItSnI
gl
Criptorquidia I
577

em formação, escavando—a e transmitindo essa pres- Pelos três a quatro anos de idade, as espermatogônias
s㺠aumentada ao epidídimo), comprimento dos va— tipo adulto vão transformar-se em espermatócitos. O
sos espennaticos, bloqueio do canal inguinal, má função testículo vai então permanecer quiescente até a pu-
do nervo genitofemoral. berdade. .
o gubemaculum testis é uma estrutura formada
t,
de mesênquima frouxo (cordão gelatinoso rico em
wt ácido hialurônico), com seu ápice conectado aos tes- EPIDEMIOIIIGIII
tículo e epidídimo e sua base ao escroto, com fibras I Ocorre em aproximadamente 3% dos recém-
Cremastericas em sua periferia e processo vaginal nascidos (RN) do sexo masculino nascidos a termo
desenvolvendo—se dentro de sua substância. O GT e em até 33% dos prematuros. A ocorrência atinge
move—se da região inguinal até o escroto, e sua matriz 60 a 70% dos bebês com peso < 1.500g.
\r de ácido hialurônico se absorve. O processo vagi- ' l! Prevalência com um ano de idade: 1%. Após essa

,.
, nal alonga—se no centro do GT. Na fase de cresci- idade, é improvável sua descida até o escroto.
mento, o GT dilata o canal inguinal, criando um caminho I Mais freqiiente no lado direito (2 D:l E).
e guiando a descida testicular. É invadido pelo pro- IFrequência de testículo impalpável: 20%. Destes,
cesso vaginal, e a subsequente dissolução de sua 20% estarão ausentes na exploração cirúrgica.
substância cria um espaço de baixa pressão em que II A frequência de monorquia e anorquia em crianças
o testículo pode mover-se. Acredita—se que 0 GT res- com criptorquidia é de 4 e 0,6%,respectivamente.
ponde aos andrógenos, apesar de não terem sido encon- II Prevalência de monorquia na população em ge—
trados receptores em seu interior. Parece que esses ral: 1%.
receptores localizam—se no sistema nervoso central I Prevalência de anorquia na população em geral:
.. (SNC) e que o nervo genitofemoral (GF) atua como 1:20.000 homens.
,mediador da testosterona no GT. 0 nervo GF inervaria l Bilateralidade: 10 a 25%.
_ o GT e produziria um neurotransmissor que causa— I História familiar: 12 a 15%.

_
. ria contrações rítmicas do GT, orientando o testícu-
lo pelo canal inguinal até o escroto. O núcleo medular
desse nervo situa-se em L1 e L2.
I Anomalias associadas a criptorquidia: persistência
do conduto peritõnio—vaginal, anomalias do epi-
dídimo (até 50%), hipospãdia, válvula de uretra
0 GT possui múltiplas “caudas" embriológicas:
'

posterior (10% têm criptorquidia), anomalias do


escrotal, inguinal superficial, perineal, pubopeniana, trato urinário superior (15% têm criptorquidia),
. femoral. Normalmente a porção escrotal é a mais defeitos da parede abdominal (gastrosquise em
desenvolvida e predomina sobre as outras. 15%, onfalocele em 35%), defeitos do tubo neural
A ectopia testicular pode ser explicada pela orien— (25% têm criptorquidia), extrofia de bexiga,
tação anormal de uma das caudas do GT, bloqueio artrogtipose múltipla congênita, síndrome prune-
do canal inguinal, posição anormal do nervo genito— belly, distúrbios com deficiência da gonadotro-
femoral ou função anormal do nervo.
" Criptorquidia pode ocorrer isoladamente ou asso— fin} (sindromes de Kallmann, Prader—Willi,
Laurence-Moon—Biedl), retardo mental (40% têm
íciada a outros distúrbios congênitos, endócrinas, criptorquidia).
_Écromossômicos ou intersexo.
Diminuição ou ausência da enzima Soc—redutase pode
3
goriginar microgenitália ou genitália ambígua. GMSSIÉIGIIGÃII ' ' “

I Criptorquidia: intra—abdominal (para dentro do


DESEIIWlIIIHEIITII MS cttuus anel inguinal interno), canalicular (dentro do canal
inguinal, entre os anéis interno e externo), emer—
»
EEBMIIIIITIHAS gente (para fora do anel inguinal externo) e su-

ª
0 desenvolvimento das células germinativas é um
processo multiestagiado, iniciando no feto e comple-
v
tando—se somente na puberdade.
As células germinativas promordiais crescem das
pra-escrotal.
Ectopia: bolsa inguinal superficial (descrita por
Browne e localizada superficial à aponeurose do
músculo oblíquo externo), préª-púbico, crural,
Células endodérmicas do saco vitelino, migram até o perineal, ectopia transversa.
blastema gonadal, diferenciando-se em gonócitos Existe controvérsia se o testículo localizado na bolsa
(espermatogônias fetais). inguinal superficial e ectópico (mais provável) ou
. Aos três meses de idade pos—nam, as espermatogônias criptorquídico verdadeiro.
fetais transformam—seem espermatogônias adultas,
Fºmpletando-se a transformação pelos 12 meses de
Idade. Isso coincide com o aumento dos níveis dos GDMPlIGIIGõES IlII BBIPTORQIIIIIIII
*
hºrmônios testosterona, LH, FSH, MIS e a prolifera-
(250 das células de Leydig. Esse período é denomina— Infertilidade. O testículo escrotal é mantido a uma
dº minipuberdade. temperatura de 33ºC, comparado a 34 a 35°C da
região inguinal e 37°C intra—abdominal. Com
578 I Trato Geniturina'rio

temperatura elevada, o testiculo sofre alterações


progressivas com defeito na maturação das cé«
lulas germinativas, diminuição do diâmetro dos
túbulos seminíferos, atrofia das células de Leydig
e fibrose e hialinização peritubular do tecido
intersticial. Por isso, a cirurgia deve ser indicada
a partir dos 6 meses de idade e antes de comple-
tar 12 meses de idade.
Também apresenta alterações congênitas intrín—
secas relacionadas à condição de criptorquidico.
Parece que º uso do analogo do hormomo liberador
do hormônio luteinizante (buserelin) após a orqui—
ª
_ Figura 113.1 — Torção de testículo criptorquídico,
dopexia facilita a transformação dos gonócitos
em espermatogônias adultas, melhorando o in- testículo não-descido. O objetivo do exame clínico
dice de fertilidade descrito por Hadziselimovic e identificar a presença ou a ausência de gonad-4
(número de espermatogônias por seção transversa palpável e determinar a posição mais baixa que
do túbulo). ela pode alcançar sem tensão.
IAssociação com hérnia inguinal. Falha de migração
do testículo é associada a maior ocorrência de —-Inspeção da bolsa escrot'ãl em posição Supína.
' Inspeção da bolsa escrotal, observando-sé, a
hérnia inguinal. A associação com persistência distância entre as pregas e as corrugações da
de conduto peritônio—vaginal é alta (i 90%), porém pele escrotal. comparando-a com o lado
a prevalência de hérnia inguinal clinicamente contralateral: se a distância entre as pregas e
presente no pré-operatório é mais baixa (i 12%). as corrugações, no lado examinado, for me-
ITorção do testículo. A mobilidade do testículo
nor do que no lado contralateral, esse lado,
na região inguinal pode predispor à torção (Fig. provavelmente, nunca foi habitado pelo testí-
113.1). culo (bolsa escrotal estã hipotrófica). Se as
ITrauma. Testiculo inguinal tern risco levemente distâncias entre pregas e corrugações forem
aumentado de trauma direto. simétricas, mesmo sendo um lado menor do
IFatores psicológicos.
que o outro, o testículo deve ser retrátil.
e
IMalignidade. O risco relativo calculado 3 a 10 'Inspeção da região inguinal, crural ou perineal,

Ó L S' Ç Z " ' Q L S


vezes maior. É maior na criptorquidia bilateral em busca de aumento visível de volume.

!
e no testículo intra-abdominal. A degeneração
progressiva das células germinativas e displasia --Palpação da bolsa escrotal.
Manobra de distensão da bolsa escrotal pelo
ou anormalidades intrínsecas no testículo pare- septo interescrotal, comparando-se o tamanho
cem ser a causa de malignização desses testícu- de um lado e do outro, desde o septo até 0 fun
los. Orquiopexia não diminui esse risco, mas facilita da implantação da pele do escroto (mais es-
sua detecção. A malignização dos testículos não- cura) no perineo.
descidos é mais frequentemente relacionada ao
aparecimento de seminomas. Em testículos sub- -Palpação da região crural ? perineal.
' Palpação da região inguinal na tentativa de iden~
metidos à orquiopeitia, e mais frequentemente tificar a presença de testículo e manobras para
relacionada a tumores de células germinativas trazê—lo a bolsa escrotal.
do tipo não-seminomatoso.
- Manobra da ordenha.
'Em posição supina, o testículo deve ser iden-
Íllllllllll cllllllifl tificado na palpação do abdome inferior, des-
de a espinha ilíaca ântero-superior até a crista
I História.
do púbis. Em seguida, é deslocado, pela mãº
— bolsa
Desde quando os pais ou pediatra notaram a
escrotal vazia.
esquerda no sentiddhda hemibolsa escrotªl
correspondente, sempre mantendo uma pres-
-— bolsa.
Se notaram a presença prévia de testículo na são constante, enquanto a mão direita tenta
aprisiona-lo e levá—lo até o fundo da bolsa
— presença
Se, além da bolsa escrotal vazia, foi notada a
de alguma tumoração na região
escrotal.
'Os testículos palpados no abdome inferior cos-
inguinal, crural ou perineal.
tumam ser retráteis, criptorquídicos suprª“
[Exame fisico: o diagnóstico deve ser realizado

-W
'por meio de exame adequado em um ambiente escrotal ou canalicular, ectópicos tipos bolsª
ew aquecido. O reflexo cremastérico é ausente ou
fraco nos primeiros três meses de Vida; portanto,
inguinal superficial e pré—púbico. O testículº
do tipo canalicular, que não é deslocado pelª
é a melhor época para o diagnóstico correto de ordenha pelo orificio inguinal externo. gº”
A

Criptorquidía m 579

,. pequenos
*
ralmente não costuma ser palpado, pois são
e encontram-se recobertos pela forte
a Laparoscopia tem sido indicada para demons-
trar testiculo intra-abdominal ou sua ausência.
aponeurose do músculo oblíquo externo. O tes- A laparoscopia oferece benefícios adicionais, como
tículo retrátil será levado até o fundo ou me- ligadura dos vasos espermáticos (lº e 2ª tem-
,.

tade da bolsa escrotal sem dificuldade, per- pos da cirurgia de Fowler-Stephens) ou orquio—
manecendo no escroto após a manipulação sem pexia retroperitoneal videolaparoscópica.
retração imediata. Se, com essa manobra, o Se houver dúvida diagnóstica entre testículo retrátil
testículo não se mover suficientemente até o e criptorquidico baixo, pode-se indicar o uso de
escroto, diz—se que é um testículo não-descido. gonadotrotina coriônica humana (HCG, human
Alguns testículos alcançam o 1/3 superior da choríonic gonadotrophin) injetável 2.000UI Via
bolsa escrotal, mas, quando soltos da tração intramuscular (IM), semanalmente em três doses.
exercida pela mão, sobem até a região ingui— Repetir o exame clínico na 4a semana.
nal. Esses casos podem tratar-se de testículos No caso de testículos impalpáveis bilaterais (Fig.
ectópicos ou criptorquídicos tipo supra—es— 113.2), anorquia deve ser diferenciada de testí-
crotal. culos não-descidas bilaterais. Solicitar dosagens
—- Manobra da posição agachada.
A criança senta-se na mesa de exames com
de testosterona, FSH (hormônio folículo—estimu-
lante) e LH (hormônio luteinizante). Se FSH e
as costas apoiadas na parede e flexiona as LH são altos (3 desvios acima da média), anorquia
coxas sobre o abdome ou na posição de pé é provável, não necessitando avaliação comple—
passa para a posição de cócoras (agachado mentar. Nos outros casos, deve proceder-se à
sobre os calcanhares). Com essa manobra, o estimulação hormonal com 1.500 a 2.000UI IM
músculo cremaster relaxa-se e os músculos diária por três doses em dias consecutivos ou
abdominais comprimidos exercem pressão alternados. No Sª (consecutivo) ou 8ª (alterna-
sobre o testículo, que é deslocado no senti— do) dia, deve—se dosar o nivel de testosterona.
do da bolsa escrotal, onde deve ser aprisio- Se a testosterona se elevar (5 desvios acima da
nado e tracionado para seu interior pela mão média), provavelmente há tecido testicular, o qual
do examinador. deve ser explorado cirurgicamente.
Essamanobra foi originalmente descrita por
Orr, em 1951 eresgatada porBunce,em 1961‘.
'l'llll'llllllEllTll
O tratamento do testículo não-descido reduz o risco
*
lllllES'IlGllGÃIl llllllillÚS'l'lBll de torção, facilita o exame do testículo, melhora sua
História e exame físico.
IPara o testículo impalpável (posição ectópica, in-
tra—abdominal, ausente, intracanalicular, paciente
obeso), vários exames por imagem têm sido su—
geridos para identificar sua posição, com resul-
tados desalentaclores: ultra-sonograíia abdominal,
tomografia computadorizada (TC), ressonância
nuclear magnética (RNM), venografia e arterio—
grafia seletiva gonádica. A ultra-sonogiªaíia inguinal,
principalmente com Doppler, tem-se mostrado
fidedigna na demonstração da presença de tes—
tículo inguinal. Dos testículos impalpáveis, 50
a 60% são intracanaliculares, 20 a 30% abdomi-
nais e 10 a 20% ausentes.
No menino com testículo impalpável e ultra—
sonografia abdominal demonstrando ausência de
um rim, esse achado sugere provável ausência
do testículo daquele lado.
Nos lactentes _com criptorquidia uni ou bilateral
e hipospádia, deve—se pensar na possibilidade de
serum caso de intersexo tipo disgenesia gonadal
mista ou pseudo-hermafroditismo masculino.
ª Se, durante o ato cirúrgico, for constatada au-
sência de ducto deferente, indica-se a realiza-
ção posterior de ultra—sonografia abdominal para
detectar provável agenesia renal. Figura 113.2 — Menino com criptorquidía bilateral.
, 7 — v fj M ":
.,
580 II Trata Geniturina'rio

função endócrina, diminui o estresse psicológico e


cria um escroto de aparência normal. Parece não afetar
- Fixação do testículo no escroto pela técnica
da bolsa subdartos.
o risco de malignidade ou infertilidade, se unilateral. INos testículos localizados altos, dentro do ca-
& nal inguinal ejunto ao anel inguinal interno, gsm
manobras, algumas vezes, são insuficientes para
Hormonal levar o testículo até a bolsa escrotal. Nos casos
li O tratamento hormonal baseia-se na premissa de de cordão espermático curto, os vasos e o ducto
que testículo criptorquídico é causado por defi- deferente não devem ser esqueletizados preco.
ciência do eixo hipotálamo-hipófise—gônada. Os cemente. Outras manobras alternativas devem ser
hormônios utilizados são a gonadotrolina coriônica tentadas:
humana e o hormônio liberador do hormônio
luteinizante (pouco usado no Brasil). 0 mérito do
— Obter acesso à região retroperitoneal pelo acesso
pré-peritoneal (Cheatle-Henry modificado) ou
tratamento hormonal e controverso. Temos usado pela manobra de LaRoque. Essas manobras
hormonoterapia com HCG nas seguintes situações: facilitam a divisão da fáscia espermática late—
- Criptorquidia bilateral.
- Diagnóstico diferencial entre testículo criptor—
ral que envolve os vasos espermáticos, per.
mitindo sua dissecção até o pólo renal inferior,
quídico e retrátil. - Divisão da fáscia transversalis desde o anel
- Testículo retrátil de menor tamanho do que o
testículo normalmente descido.
inguinal interno até o pubis, com ligadura dos
vasos epigástricos inferiores e confecção de
-— Para determinar a presença de gônada em tes-
tículos impalpáveis bilaterais.
novo anel inguinal junto ao pubis (manobra
de Prentiss). Essa manobra abole o triângulo
- No tratamento de testículo ascendente adqui-
rido (testículo criptorquídico secundário à
que se estende do pedículo renal ao anel inguinal
interno e externo, criando uma linha reta do
ascensão inguinal deste). pedículo renal, ao novo e agora único orifício
inguinal e bolsa escrotal.
Dose: SOUI/kg/dose IM duas vezes/semana, por
- Nos casos em que não se consegue adequado

”. m "
três a quatro semanas. Outros esquemas:
alongamento dos vasos espermáticos, pode-se

.
1.500UI in2 em dias alternados, oito a nove doses indicar orquiopexia estagiada descrita por
ou 250UI nos dois primeiros anos de vida, 500Ul
até seis anos e 1.000UI acima dos seis anos, duas Corkery, que se baseia na colocação de tela
de silicone delgada em torno do testículo e
doses semanais por cinco semanas. elementos do cordão desde o anel inguinal interno
Atenção: estudos recentes sugerem que o uso
(evita aderências), ancoragem no púbis ou bolsa

Ó L S' R Z V Í Q
de gonadotrofina coriônica entre a idade de um
escrotal e exploração seis meses a um ano após.
e três anos pode desencadear apoptose das célu-

-—
las germinativas por fragmentação do DNA. ., Outra alternativa é o procedimento de Fowler-
Stephens (70 a 75% de sucesso), em que os
vasos espermáticos são ligados dentro da ca-
clrúrulcu vidade abdominal, mantendo a irrigação do
ICirurgia (orquiopexia) é indicada antes de um testículo pela circulação colateral da artéria
ano de idade. deferencial e alguns vasos cremastéricos. Pode
ICriptorquidia associada à hérnia inguinal: cirurgia, ser usada no testículo alto em que o ductº

—m
quando feito o diagnóstico. deferente estende—se pelo canal inguinal, for-
lOrquiopexia nos testículos inguinais (técnica de mando uma alça. Os vasos esperniáticos são
Shoemaker): curtos, mas o deferente e seus vasos são lon—
- Anestesia locorregional dos nervos ilioinguinal gos. Esse procedimento não pode ser realiza-

e ílio-hipogástrico. do depois de dissecção ampla da região inguinal
Incisão inguinal transversa sobre o anel inguinal
extemo.
pelo dano dos vasos colaterais. Essa técnica
pode ser realizada em um ou dois estágios;
--Abertura da aponeurose do músculo oblíquo
externo.
'No estágio único, os vasos espermáticos saº
ligados e o testículo mobilizado até a bolsª
— Liberação
cordão. '"do'âéo
hemiário dos elementos do escrotal, sem lesar os vasos colaterais juntº
ao conduto deferente. Este é mobilizado, em
——Ligadura alta do saco herniãrio.
Esqueletização dos vasos espermáticos e de-
grande, parte de sua extensão, envolvido
um retalho de peritônio medindo aproxtmª-
Pºr
ferente. damente 3cm de cada lado, em forma dª, V
— Secção das fibras cremastéricas esperrnáticas invertido. Esse retalho deve conter, tambem,
externas (fáscia espermática lateral).
- Dissecção retroperitoneal dos vasos esper—
os vasos deferenciais e seus colaterais pªtª a
artéria espermática. Um novo anel mguinªl
máticos. deve ser confeccionado abaixo e caudal aºs
w

.,“
Criptorquidia n 581

vasos epigástricos inferiores, junto ao tubér-


culo púbico.
'Na técnica de dois estágios, a ligadura dos va-
sos esperrnáticos deve ser feita no 1ª estágio e,
6 a 12 meses depois, o segundo tempo deve
ser realizado com mobilização do deferente e
seus vasos, conforme descrito anteriormente.
Contra-indicações da técnica: atresia segmen—
Figura 113.3-Vista por laparoscopia e exploração inguinal,
tar do deferente ou epidídimo desconectado dos testículo e vasos espermáticos em criptorquídia. Adap-
do testículo (suplência vascular colateral cos— tado de Peters’.
tuma ser inadequada).
— Outra alternativa é o uso de laparoscopia no
tratamento de testículos impalpáveis, localizados finalizar procedimento com biópsia desse te-
altos no canal inguinal e abdome. Nesses ca— cido terminal_(provâvel testículo evanescente).
sos, pode—se efetuar o procedimento de Fowler- A ausência de hérnia inguinal ou persistência
Stephens em dois estágios. No primeiro, o do conduto peritônio-vaginal é uma constante.
testículo é localizado e decide-se pela orquio-
pexia ou orquiectomia (nos testículos muito — Presença de testículo intra-abdominal (36%;
i 3%): decidir pelo procedimento de Fowler-
pequenos ou disgenéticos). Decidida a orquio- Stephens em um ou dois estágios ou orquiopexia
pexia, é realizada a ligadura dos vasos espermá- videoassistida.
ticos proximalmente. O segundo estágio deve Se o testículo estiver no nível do anel inguinal
ser realizado seis meses a um ano depois, e o interno ou logo acima (1 a 1,5cm-pericana-
testículo mobilizado até a bolsa escrotal, por licular), geralmente é possível realizar orquio—
videolaparoscopia. pexia tradicional.
-Também é possível realizar a orquiopexia
videaassistida primária com mobilização dos
vasos espermáticos, sem ligadura. SITIIIGÚES ESPECIAIS
— Autotransplante microcirúrgico com anastomose
dos vasos testiculares com os vasos epigástricos
Se nenhum testículo ou vaso espermática termi-
nando em fundo cego for encontrado pela ex—
inferiores. O emprego dessa técnica tem al- ploração inguinal, pode decidir—se pela laparoscopia
cançado taxas de sucesso entre 87 a 93%. Deve diagnóstica e terapêutica em outra ocasião ou
ser realizada por cirurgião com treinamento continuar a exploração estendendo a incisão supero-
em microcirurgia. lateralmente pelos músculos que constituem o ten-
, IAchados encontrados e conduta nas laparoscopias _.
realizadas em testiculos impalpáveis (20% dos
casos) (Fig. 113.3). .
— Vasos testiculares entrando no orifício inguinal
interno (48%; i 3%): exploração inguinal pa— :
Tenlculn Impalpâvel

ra localizar o testículo ou remanescente testi— Laparaxap'la


cular. Testlculo viável: orquiopexia. Vasos
terminando cegamente no canal inguinal (pro-
vável testículo evanescente): a ponta deve ser resumia vªm espermttkns Vm,
intva- entram nu olltlcío “Femina
enviada para exame histopatológico para pes- abdominal Ingulnal interno tenninlm em
fundo rego
quisar restos de tecido testicular e/ou hemossi-
derina (provas da reªbsorção testicular). Aproxi-
ximadamente 5 a 10% desses remanescentes Posição Posição Tamanha Nlpeplásimt Resseqlo do
poderiam abrigar células germinativas viáveis. alta baixa norm-I remanescente
º , - (,se presente)
Porém, diante da presença de vasos hipotróficos
e anel inguinal interno fechado (ausência de nglduta
mena Processo Prºcesso
hérnia ou persistência de conduto peritônio- Fowler- thuiapexla vaginal v: lnal
vaginal associados), muitos autores acham Stephens I nham: tec ado
desnecessária a exploração inguinal, visto que
o testículo estará ausente ou seus restos ex- Exploruçln Exploração

tremamente hipotróâcos; nenhuma referência “ª"ªººº'iªº


iawlet-
inguinal lnguinal?

existe ainda, na literatura, de tumor crescen- Stephen; H

do desses restos.
- Vasos testiculares terminam em fundo cego sem
penetraram no canal inguinal (16%; i 3%):

Figura 113.4 Tratamento do testículo impalpável sob o
ponto de vista laparosróplco.
582 & Trato Geniturina'río

resileulu lmpalpável inguinoescrotal, terminando em fundo cego


não significa ausência do testículo, pois
bos têm origem embriológica diferentes. A Cons.
Rim:
Explorªção Ingulnal
tatação de vasos espermáticos terminando em
fundo cego caracteriza, de maneira definitiva
ausência de testículo. A presença de saco
niário ou processo vaginal com testículo au.
her:
Testículu presente Testkulo lusente

l sente indica exploração intra-abdominal adicio.


nal por extensão da incisão ou por laparoscopia
Oral-low“
ou
pm...“ a: Auséncla de (Fig. 113.5).
hérniª Ingulnªl hémli Ingulnal

l 1
Orquiectomld I Indicações de orquiectomia: paralisia cerebral com
testículo intra-abdominal, anormalidades gene’-
uparostoplnl Nenhuma ticas (sindrome de Klinefelter), criptorquidia
laparotomia exploração
idldonal (7) unilateral intra-abdominal pós-puberdade (dis-
cutivel), testículo atróflco ou disgenético.

A exploração emapetitonell deve


Incluir sempre a abenuu dz
uvldade peritoneal (a dismal:
GBMPIIGIGÉES IIII GBQUIQPEXII
reuoperltonenl nao costuma
localizar o testkuio) Lesão dos vasos espermáticos com atrofia testi-
ll
cular.
I Torção dos elementos do cordão ao ser fixado

Figura 113.5 — Tratamento do testículo impalpável sob o na bolsa escrotal.


I Infecção da ferida operatória.
ponto de vista inguinal. ILesão do ducto deferente (< 1%).
I Retração do testículo na região inguinal (5%).

dão conjunto, com transecção dos vasos epigás- REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS


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6 L E - 8: " 't
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L-S9I

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guinal, a via inguinal é mais difícil na locali— TOMIYAMA, H.; SASAKI, Y.: HUYNH, J. et al. Testicular descent
zação do testículo intra—abdominal e a laparos— cryptorchidisrn and inguinal hernia: the Melbourne perspººllvª'
copia apresenta menor morbidade (Fig. 113.4). J. Pediatr Surg., v. l. p. 11-25, 2005.
—.
Iniciar com exploração inguinal. A presença
de ducto deferente e/ou epidídimo na região
WITHERINGTON, R. Cryptotchism and approaches to its 5“rgical
management. Slug. Clin. N. Am., v. 64, p. 3674333, 1984-
Escroto Agudo !
583

,; .
Escroto Agudo
oão Carlos Ketzer de Souza
;Dor escrotal aguda em crianças pode ser causada por Figura 114.1 - Torção de testículo. Relação da túnica vagi-
torção de testículo (i 29%), torção de apêndices tes—
nal com o testículo e sua extensão. (A) Testl'culo normal. (B) Tor-
ficulares (i 58%) ou orquiepididimite (i 13%).
'

ção intravagínaí. Túnica recobre todo o testículo. (C) Torção


'
A criança com dor escrotal apresenta um dilema extravaginal. M= mesórquio; TE: torção extravagínal; TI:tor-
diagnóstico urgente. Os achados patognomônicos são ção íntravaginal. TV: túnica vaginal. Adaptado de Jones‘.
, ,; infreqílentes. Dano espermatogênico costuma ocor—

rer em 6 a 24h do início dos sintomas.
lll Torção in travaginal.
IIIIIGÃII DE TESTÍBIIIO Mais de 90% das torções são intravaginais e quase
100% ocorrem após os dois primeiros anos de vida.
Énneeito
Nesses casos, a túnica vaginal circunda completa-
mente o testículo e o epidídimo, inserindo—se no cor—
Corresponde à torção das estruturas do cordão es-
'

.permático em torno de sua base (testículo), que apre- dão espermático em um nível mais proximal. O testiculo
*

senta fixação incompleta ou anômala. A torção resulta e o epidídimo ficam completamente móveis, sem es-
em oclusão da suplementação sanguínea, que, se não tarem ancorados na bolsa escrotal (Fig. 114.2). Essa
, gfaliviada, causa necrose testicular. O grau de torção deformidade, denominada “badalo de sino", predis—
{pode variar entre 180 e 720º. põe a torção em torno do eixo do cordão. O pico de
' O prognóstico depende da duração dos sintomas, incidência encontra-se próximo à puberdade, quando
do número de voltas e da intensidade da compressão. o testiculo aumenta seu tamanho e peso, aumentan—
do a chance de sofrer torção.
f IDtempo de necrose não é bem conhecido. Sabe-se
'

Algumas vezes, () epidídimo e o testículo estão


'
-que apenas 20% dos testículos operados após12h são
'viáveis e < 10% após 24h. separados por um mesórquio muito longo e a torção
pode ocorrer entre ambos.

"classificação Epidemiologia
";P: túnica vaginal recobre a face anterior e lateral do
. ;pstículo e do epidídimo, que são ancorados posterior-
mente a parede escrotal.
.Prevalência: 1: 4.000 crianças e adultos < 25 anos
de idade.
I A torção é mais comum, no testículo-esquerdo,
'I! A torção de testículo divide--se em dois tipos (Fig. porque o cordão espermático esquerdo é mais
. ): longo: (2 E: I D).
'- Torção extravaginal.
É a torção característica dos recém—nascidos (RN)
e testículos criptorquídicos. A torção no RN ocorre M
antes da túnica tomar-se aderente à parede escrotal,
fato esse que proporciona maior mobilidade do
testículo dentro da bolsa escrotal. Essa extrema
mobilidade pode predispor a ocorrência de tor-
ção por contração cremastérica forte intra-uterina
ou durante o' parto. Esses eventos costumam ocorrer
no período pré-natal, sempre ocasionando a perda
do testículo afetado. A torção pode ocorrer no A
período pós-natal imediato, mas é mais rara. O
diagnóstico diferencial no RN deve ser feito com Figura 114.2 Corte transversal do testículo e epidídimo no

hérnia encarcerada, hidrocele tensa e tumor tes- aspecto normal e na torção íntravaginal. (A) Testículo normal
ancorado na bolsa escrotal na sua face posterior. (B) Testlculo
ticular. O RN com torção pode ser subdividido com torção intravagínal. Observar que a túnica vaginal cir—
em dois grupos: torção pré-natal ou intra-útero cunda completamente o testículo. E =epidídimo; M:mesórquio;
(82%) e torção pós-natal (18%). T: testículo; TV = túnica vaginal. Adaptado de Jones“.
584 I! Trato Geníturinário

I Pico inicial de frequência: 13 a 15 anos. It 0 reflexo cremastérico geralmente está ausente


IAproximadamente 6,5% dos casos ocorrem em É um reflexo superficial da pele provocadº pela
' testículos criptorquídicos. passagem de um objeto de ponta romba na face
interna da coxa ipsilateral. Observa—se Cºntra.
" I No RN, aproximadamente 20% dos casos podem
ser bilaterais. ção cremastérica da bolsa e elevação do testículo
I Na torção intravaginal, casos bilaterais ocorrem quando não há torção. '
em somente 2%. rl Nenhum sinal clínico 6 patognomônico.

Investluação 1113911051108
IHistória prévia de trauma, exercícios com gran- I História e exame físico.
de esforço ou esforço súbito (20 a 30%). Mas pode Leucocitose > 10.0001eucócitos/mmJ em 1/3 dos
ocorrer em repouso ou sono. cªsºs.
I Em 1/3 dos casos, pode ser encontrada história I Cintilografia: demonstra ausência de fluxo san-
anterior de episódios dolorosos semelhantes que gúíneo. O testiculo aparece como uma “área" fria,
resolveram espontaneamente (torção transitória A sensibilidade é de > 90%. FalsoApositivo pode
e recorrente). ser encontrado na presença de abscesso, hema.
IDor geralmente é abrupta, mas pode desenvol- toma, hérnia e hidrocele also—negativo pode ser
ver—se gradualmente em 25% dos casos. encontrado nas torções in. rmitentes ou parciais.
I A dor pode ser referida na bolsa escrotal (80%),
As dificuldades desse exame baseiam—se na sua
na coxa, na região inguinal, no flanco ou no abdome. disponibilidade e retardo na sua execução,
INáuseas e/ou vômitos (25%).
ll Ultra-sonografia e ultra—sonografia com Doppler
I Febre baixa (10 a 20%).
I Bolsa escrotal edematosa e com hiperemia (Fig. colorido: apresentam sensibilidade de 90%. Deve-
1 14.3).
se observar o testículo e o trajeto do cordão esper-
ITestículo doloroso e aumentado de volume. O
mãtico desde o canal inguinal até a bolsa escrotal.
Estuda-se, comparativamente com o testiculo
testículo pode modificar seu eixo, tornando-se contralateral, o tamanho testicular (aumentado),
horizontalizado. 0 epidídimo pode adquirir uma
ecogenicidade (hipoecogenicidade homogênea),
posição anormal (anterior em vez de posterior).
No RN com torção intra—útero, o testiculo fica posição do epidídimo (anormal) e do fluxo arterial
aumentado, indolor, de consistência firme. A pele intratesticular (ausente ou diminuído) (Fig. 114.4).
escrotal adquire uma coloração azul equimótica 0 cordão espermático pode apresentar trajeto
elou edematosa, fixando—se, frequentemente ã tortuoso (sinal denominado Spiral twist), carac-
. me gônada necrótica; Provavelmente, a torção ocorreu
intra—útero e o testículo já se encontra com ne-
terizado pela mudança abrupta do trajeto, do
tamanho e da sua forma.
.‘ Falso-negativo pode ser causado por erros téc-
crose e sem sensibilidade.
._ > , I Hidrocelereacional (50 a 55%).
IDependendo do número e graus de voltas do cordão,
nicos, experiência limitada do ecografista, tor-
ção incompleta, torção muito inicial (após a torção,
o fluxo sangiiíneo testicular pode ser mantido
m'..,-“ -:, e o testículo eleva—se na bolsa, fica em posição
e

até que a pressão da artéria espermática exceda


. aj ,
f
transversal e o epidídimo fica posicionado mais
anterior. Isso acontece por causa da contração a pressão arterial sistêmica) du transitória (após
reflexa do cremaster e encurtamento do cordão redução espontânea da torção, antes do testícu-
torcido. lo torcer novamente, pode ocorrer hiperemia

S L I E' Z Y I' Q L Ç

Figura 114.3 — Torção de testículo. Bolsa escrotal corn vo— Figura 114.4 - Eco-Doppler de torção testicular mostrªndº
lume aumentado, com hiperemia e edema. ausência de fluxo arterial intratesticular.
i
l

Escroto Agudo n 585

Escroto agudo

(.
Exame fisico Dume fisico Exame fisico
compativei com (ompativei com duvidoso ou
torção de a endice torção do testículo Inespecifko

l l
testltu a: (1'1

UItu-sartografla Explorªção UItra-sonograiíª


obrigatória escrotal obrigatóriª
(ultrasonogratte
opr anal)

Achados Achndos
"Mªmmª” “"",,“ng Ultra-sonogram ummnognm Ultra-sonograiia
. sugestlvn sugestiva de caracteristica
“22m?" diilggiilriéfs" de rr orquiepididimíte de AT

l 1 l l
ou duvidosa

comma Explmçsº Repetir exame lírico e ulm- Conduta

'
Figura 1 14.5 -Tratamento de escroto
agudo. Objetivo: afastar, pela clinica
“"ªºªªªº'ª “ªº'ª' ªmº”“ ª'"
"',_ “"”"ªªº'ª
fte ultra-sonografia, torção de apêndi-
:” ce testicular e orquiepídidimite. Duvldosd r

Exame Ilriro compativel com AT: nódulo doloroso, geralmente palpável, em pólo superior do testlculo;
nódulo azul visível na bolsa (blue dot sign); nódulo preta .! trsllsiluminaçãu [blark dot s/gn): reflexº
cremnnéricn presente: testículo sem aumento de volume l palpação.
Exame físico campal/vel rom TT: testículo doloroso. aumentado de volume: testículo elevado Ill bolsa
Achados uítra-mnográíicar rugertlvas de AT: nódulo > smm gerrlmente junto dotio
escrotal; testículo em posição transversal; reflexo aemastérico ausente; ausencia sinais de YA.
polo superlor do
testículo; nódulo :vascular; fluxo arterial Intratesticular mantido ou aumentado; testículo de volume
riso-aumentado (comparaçao am o testículo contrslaterai).
Arhadax uitrd-sonogrmros sugestivos de rr: testículo aumentada de volume: testiculo apresentar»
homogeneamente nlpoetogcnlco; ausencle ou diminuição do I'luxo arterial intratesticular: sinsl spiral
twist (redução abrupta do cordão no local da torção).
Achado; ultra-sonográllcos e cllnltor de orqulepldldimlle: epidídimo e/ou testículo aumentada de
volume e dolorosa, reflexo (remastbrlco presente, posição normal de epidídimo e testiculo, lluxo
sangolnen aumentado do testículo e epidídimo, amend. de cordão espermática em espiral.

reacional deste. Ficar atento, pois o teste de perfusão deve submeter—se, eletivamente, à remoção do
espelha o estado da circulação no momento do testículo torcido e, obrigatoriamentegà fixação
exame). do testículo contralateral, pois há vários casos
A detecção de fluxo sanguíneo no testículo pré-
puberal (testículo s lemª) pode ser difícil pela co'itfirmados de torção neonatal bilateral.
Após 24h, é admissível a investigação diagnós—
presença de artérias intratesticulares muito pe- tica por imagem.
quenas e/ou fluxo sanguíneo lento. n Técnica cirúrgica.
A ultra—sonografia na torção intra—uterina mostra Incisão na rafe mediana da bolsa escrotal,
um testículo de textura heterogênea, com túnica — permitindo acesso a ambos os hemiescrotos
albugínea e parede escrotal espessadas e hidrocele (Fig. 114.6).
reacional. O eco—Doppler não revela fluxo sanguíneo.
— Destorção manual do testículo. Reduzir a tor-
ção girando o testículo e o cordão espermático
Tratamento para fora.
—- testículo.
Observar se há recuperação da coloração do
IIndicação cirúrgica de urgência: todos os casos .
de escroto agudo, que, nas primeiras 24h, não
apresentarem sinais patognomônicos de torção
-- Dúvida na viabilidade: incisar albugínea e
observar sangramento ativo..”
de apêndice testicular (nódulo palpável, nódulo
azulado, ponto preto à transiluminação) ou au— — sintomáticoinviável:
Testículo orquiectomia para alívio
e para evitar o risco, em poten-
mento de volume do epidídimo (epididimite) (Fig.
114.5).
No RN com torção intra-útero, a cirurgia costu-
cia], de auto—imunização contra suas próprias
espermatogônias e infertilidade decorrente. Esse
risco de auto-imunização relacionada à isquemia
“v7
ma ser realizada eletivamente para remover a do testículo é baixo ou mesmo inexistente nas
gônada necrótica e fixar o testiculo contralateral. crianças < 10 anos de idade (Fig. 114.7).
Toma-se urgência se houver referência prévia de — Testículo viável: fixar testículo destorcido e
ªlgum exame clínico da bolsa escrotal documen— contralateral, excisando segmento da túnica
ta'ndo testículo de aspecto normal (tamanho, cou— vaginal e suturando, com fio inabsorvível, os
Sistência). O RN com torção testicular intra-útero bordos desta a albugínea por meio de quatro
585 #1 Trato Geniturina'rio

Figura 114.6 Torção de testículo. Incisão na rafe escrotal,


-
permitindo acesso aos dois hemiescrotos. Observar testículo
e epidídimo completamente necrótícos.

pontos separados. Essa janela criada na túni-


ca vaginal (medindo aproximadamente 1,5 a Figura 1 14.8 -Tipos de apêndices que podem sofrer torção.
Zorn) proporciona uma área de densa adesão AE :apêndice do epidídimo; CE :cordão espermática; HM
entre a albugínea e a parede escrotal. :hidátides de Morgagni; OH: órgãos de Haller; OG =órgão
I Fixação do testículo contralateral: em todos os de Giraldés. Adaptado de Jones“.
casos para prevenir torção.

10110110 DE ”ÍNDICES Ill! 1151101110


[III) EPIDÍBIMD
situar—se bastante alto como no canal inguinal distal
(Fig. 114.8). O apêndice testicular é um remanescente
do ducto miiIIeriano ou paranéfrico e situa—se no pólo
conceito superior do testículo ou em uma fenda entre o testí-
Torção de restos embrionários de regressão deriva- culo e o epidídimo. O apêndice do epidídimo é um
dos dos ductos de Miiller e Wolff. vestígio do dueto de Wolff ou ducto mesone'frico e
Apêndices podem ser encontrados no testículo, no situa—se na cabeça do epidídimo. Somente os apêndi»
epidídimo e no cordão espermático. Existem cinco ces pedunculados e oriundos do testiculo e do epidídimo
tipos diferentes: apêndice testicular (hidátide de são propensos a torção. O mecanismo exato de lor-
Morgagni), apêndice do epidídimo, apêndices do ductos ção não é conhecido. O apêndice do testiculo está
deferente inferior e superior (órgãos de Heller) e apêndice presente em 92% dos meninos; o apêndice do epidídimo.
do paradídimo (órgão de Giraldés), que se localiza em 23%. A torção dos apêndices causa isquemia:
infarto. Aparecem dor e inflamação da túnica vag1-
ao longo do cordão espermático proximal, podendo
nal e epidídimo, que podem ser acompanhadas por
edema e hiperemia da parede dabolsa escrotal, hidrocele
e aumento da cabeça do epidídimo.

õ L R' B S Z r 'QL Ç —
l

ªII Pico de incidência: lo”; _11 anos.


Mesma distribuição de lados: (1 Dzl E).
II Predominância da torção de apêndice
do'testl-
culo em relação à torção de apêndice do epldldlmºt
.)“

10 AT:1 AE.

Quadro clínica
= Dor súbita ou gradual, de intensidade
iº":
0%“
moderada. Menos intensa do que n21tor<Eac
Figura 114.1 - Testículo e epidídimo com necrose. Realiza- ticular.
_da orquiectomia.
I! História prévia de dor escrotal em 15 a 2 '
“º.—7

EscrotoAgudo n 587
I Nauseas, vômitos e febre estão geralmente au—
sentes.
I Presença de edema e eritema da bolsa escrotal.
I Absência do reflexo cremastérico pode ser en-
contrada em < 10% dos casos.
I Nódulo esférico endurecido, doloroso, móvel,
medindo entre 5 a 10mm, palpado no pólo supe—

.
rior do testiculo ou entre o testículo e o epidídimo
(30 a 35%).
Apêndice torcido e infartado pode ser visualizado
como nódulo paratesticular azulado por meio da

.
pele escrotal (blue dor sign), localizado no 1/3
superior em 20 a 25% dos casos.
Na transiluminação, pode ser visualizada a pre-

.
sença de nódulo escuro na bolsa escrotal (black
dot sign) (Fig. 114.9).
Hidrocele reacional presente em 2/3 dos casos
(dificulta ou impede a palpação do nódulo).

..História e exame.
Ultra—sonografia: mostra nódulo hipo, iso ou hi-
pereCÓico extratesticular. adjacente ao pólo su-
perior do testículo e cabeça do epidídimo, com
vários graus de aumento do epidídimo elou tes-
ticulo e aumento da vascularização das estrutu-
ras adjacentes pelo processo inflamatório que evoca Figura 114.10 - Corte transversal de ultra-sonografia de-
(Fig. 114.10). Se o apêndice testicular e a cabe- monstrando nódulo extratesticular corn aproximadamente
ça do epidídimo estão muito próximos, a ima- 1cm de diâmetro, reação inflamatória do epididimo e pe-
gem obtida na vista transversa pode se assemelhar quena hidrocele reacional.
à cabeça do “Mickey Mouse". Freqiientemente,
encontra-se hidrocelereacional (75%). A distinção
entre torção de apêndice testicular e orquiepidi—
dimite pode ser muito difícil.
I Ultra—sonografia com Doppler colorido: apare-
ce massa avascular separada do testículo e epi-
dídimo (Fig. 114.11). O testículo aparece com
vascularização normal. Cautela: os testículos de
crianças pré-puberais têrn fluxo sanguíneo de baixa
velocidade, e a ultra-sonografla é menos acurada
, nesses casos.
_ II Cintilografia: o sinal positivo na torção de apêndice I

testicular é o sinal do nódulo quente (hot dat sign),


que é uma area de captação aumentada do
radiotraçador. Figura 114.11 - Eco-Doppler colorido mostrando massa avas-
.m‘
cular distinta do testiculo e epididimo, edema da parede
escrotal & hidrocele reacional. Testículo com vascularização
normal. '“ '

I Conservador. Indicados: restrição da atividade


física, analgésicos, antiinflamatórios. A dor costuma
desaparecer em uma semana. Não deve haver esférico—ovalado endurecido, doloroso, móvel,
dúvida diagnóstica. Os achados clínicos referi— medindo entre 5 a 10mm, junto ao pólo superior

“ .: — W
dos a seguir são patognomônicos de torção de do testículo ou entre o testiculo e o epidídimo,
remanescente apendicular: nódulo azulado na e pela palpação de um testículo sem aumento de
porção superior da bolsa escrotal à inspeção e volume (ver Fig. 114.5).
nódulo escuro a transiluminação. Esses achados en Indicações cirúrgicas.

——-
costumam ser complementados pela palpação e Dor forte, incapacitante (Figs. 114.12 e 114.13).
pela identificação da presença de um nódulo
Dor recorrente ou prolongada.

W ,- r p g . "
5,"
588 I Trato Genitun'na'rio

deferente ectópico, utrículo prostático, duplica—


ção uretral, válvula de uretra posterior, dissinergia
do músculo detrusor, refluxo vesicoureteral, ano.
malia anorretal com fístula retourinária).
", 1. I É mais comum nas crianças > 10 anos, porém
Ap'

: 6 3 5 1"
incide em qualquer idade.
I Vias de contaminação.
a , .: ri
»,


:
e

Hematogênica (viral e bacteriana).


ª É;

—' Fluxo retrógrado de urina infectada ou não da


uretra prostática ao epidídimo, via ductos
deferentes ou ductos ejaculatórios.

Cistoscopia, sondagem/cateter vesical, catete.
rismo intermitente.
Figura 114.12- Achado cirúrgico de uma torção de hidátide
de Morgagni. Apêndice totalmente necrótico. Criança apre— Quadro clínico
sentou dor forte e incapacitante. e então se optou pela cirurgia. I Dor escrotal de aparecimento gradual.
I Náuseas e vômitos < 15%. .'
ItQueixas urinárias (disúria, 'piúria, frequência,
— Dúvida diagnóstica. As dificuldades encontradas
são causadas pelo edema e eritema escrotal,
urgência) presentes em 40 a 50%.
I Febre (30%).

u:
hidrocele reacional, induração e edema do I Edema e hiperemia da bolsa escrotal.
testículo elou epidídimo. I Aumento doloroso inicialmente do epidídimo e

a
posteriormente de ambos. Com a inflamação

an.
EPIBIDIMITEIIIBIIIIITE progredindo, tornam-se indistinguíveis.
ll Se elevados na bolsa, a dor diminui (sinal de Prehn).
conceito I I-Iidrocele reacional.
I Ausência do reflexo cremastérico em 10%.
Processo inflamatório/infeccioso do testiculo elou do
epidídimo causado por vírus (sarampo, varicela, pa-
rotidite epidêmica, coxsackie, herpes-zoster, Epstein- Investigação nlagnústiea
Barr) & bactérias (Brucella, Escherichia coli, hemófilos, I História e exame físico.
Neis-seria ganarrhoeae, clamídia e outras). Em geral,
o processo inicia pelo epidídimo e só mais tardia- I Exame comum de urina e urocultura podem
demonstrar infecção urinária.
mente atinge o testículo. Também pode estar asso-
ciado a doenças sistêmicas, como sareoidose, doença I'ZHemograma: 1/3 apresenta 1eucocitose> 10.500/mm’.
I Ultra—sonografia bidimensional e eco-Doppler
de‘Kawasaki, púrpura de Henoch—Schõnlein e a droga
antiarrítmica amiodarona. colorido: aumento do epidídimo e/ou testículo
com hipoecogenicidade. O exame com Doppler

m
zmostra aumento da vascularização.
I Quando a epididiinite está acompanhada de

—m
I 10 a 50% dos casos são associados a anomalias bacteriúria, a investigação deve prosseguir com
geniturinãrias (ureter ectópico desembocando no a finalidade de detectar alguma anormalidade
deferente ou vesícula seminal ou epidídimo, ducto estrutural geniturinária. Os exames mais frequen-
temente solicitados são a ultra-sonografia abdo-

9' 8 L Z 1l
minal e a uretrocistografia miccional.
S' L
L6

Tratamento
I Repouso.
I Antiinflamatórios.
ll Antibióticos (7). Se indicados, os
recomendados
são amoxicilina ou trimetoprim-sulfamctoxazol.
III Suporte escrotal (púberes ou dor muito intensa)-

EllElMl ESGBDTM lllllll'Ã'l'lllll llillllll


Etlnlugia
Figura 114.13 —Torção de hidátidevolumosa e epididimite
associada. ' Causa desconhecida. Provável causa alérgicª.

—. ~ t r
_
EscrotoAgudo I
589
quadro Clínico . de imagem. Casos indiscutíveis de torção de testícu-
lo devem ser operados imediatamente. Aproximada-
as fl
53iv“ :.;w
I Idade de aparecimento: entre 2 e 11 anos. Pico
de incidência: 6 anos. mente 70% dos casos de escroto agudo devem-se a ilhª?
I Á'ssíntomatico ou prurido escrotal. afecções que não requerem tratamento cirúrgico. Operar
I Britema e edema escrotal podendo estender—se esses 70% dos casos nos parece extremamente exa-
para pênis, períneo, abdome inferior e coxa. Em gerado. Nosso serviço adotou um algoritmo que nos
2/3 dos casos éunilateral. O edema costuma atingir parece bastante apropriado e que temos preconizado.
as túnicas que recobrem o testiculo, o qual pode Logicamente, devemos ressalvar as diferenças e as
não ser palpado. Se palpado, apresenta tamanho necessidades próprias e peculiares de cada serviço.
normal e é indolor. Nosso hospital conta com uma equipe de ultra—sono-
I O eritema e o edema são intensos, desproporcio— grafistas experientes em regime de plantão de 24h e
nais ao mínimo desconforto que causam. aparelhos de última geração. Nosso objetivo clínico
e ultra—sonográfico e diagnosticar, sem nenhuma dúvida,
torção de hidãtide e orquiepididimite. Os casos du-
Investigação nlaunústlca vidosos e os indiscutíveis de torção testicular são ope-
I História e exame físico. rados imediatamente.
I Hemograma normal. REFERÉNCIA BIBLIOGRÁFICA
I UItra-sonografla escrotal: espessamento da pa-
1. JONES, P. Torsion of the testis and its appendages during childhood.
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'.
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scrotal ain in children: results of 543 surgical explorations. Pediatr:
avaliados com muito critério, apoiados em exames Surg. nr., v. 15, p. 353-357. 1999.

'A-nr '
onde é protegido com campos cirúrgicos antes da
abertura da túnica albugínea, e a lesão removida par-t
exame de congelação. “

Lesões Císticas Cistos Dermóides


São extremamente raros, contendo somente ªnexos
~-

, cutâneos derivados do ectoderrna.

.
de.. Testlcu10 dosMacroscopicamente não
cistos epidermóides. podem
São ser diferenciado,
revestidos por epitélio

G L R ' Ç Z T '9L Ç

|
escamoso com estroma fibroso contendo fº
11'
108.0 Carlos Ketzer de Souza pilosos, glândulas sebáceas e glândulas
apócrinas. éciiãiiiºã
O tratamento segue a mesma orientação
,

.
do cisto epiderm'õide.
, 115018 015110115 2
a

1_
comum Teratomas Císticos Testiculares '

.'.«lig_ª.
Correspondem a cistos intratesticulares benignos, raros. Em geral, ºS teratomas dº testiculo representam 20%
ª de diferentes etiologias. de todos os tumores de testículo da criança. E o se-
gundo tumor testicular mais comum na criança, os
teratomas sólidos e mistos podem conter dentes, cabelos ,
causas e ossos. Os cistos são repletos de líquido gelatinosa
O teratoma maturo contém componentes derivados
“i
Cisto epiderlnóide, cisto dermóide, teratoma testicu- das três camadas germinativas embrionárias, sem evi-
lar, displasia cística da rele testis, tumor de célula dência de elementos imaturos ou indiferenciados. &
granulosa juvenil do estroma gonadal, Iinfangioma O teratoma cístico e o misto podem ser denomina-
cístico, cisto simples e torção testicular. dos totalmente císticos ou parcialmente císticos. .

Cistos Epidermóides
As calcificações representam ossos ou corpos psa- .
momatosos. A dosagem da alfa-fetoproteína é normal.
A ultra-sonografia mostra múltiplos cistos intrates—
São incomuns, benignos e intratesticulares. Corres-
ticulares, presença de ecos e calcificações ocasionais,
pondem a 1 a 3% dos tumores testiculares da crian—
ça. São indistinguíveis clinicamente das neoplasias O tratamento consiste na enucleação do tumor. após
testiculares. Cinquenta por cento são assintomáticos exame de congelação em todas as crianças pré-puberais.
e o restante pode apresentapse sob a forma de au— Apresenta, em relação à orquiectomia. vantagens
mento indolor do testículo ou dor testicular leve (tal- funcionais (melhor fertilidade e função endócrina),
vez sensação de peso). psicológicas e cosméticas.
O cisto é revestido por epitélio estratificado escamoso,
contendo em seu interior debris queratinizados ou Tumores de Células Juvenis Granulosas do
material amorfo sob a forma de material cremoso Estrorria do Cordão SexuaLdo Testículo
esbranquiçado, sem outros elementos teratomatosos
Correspondem a 15% dos tumores do estroma gonadal
ou estruturas derrnais anexas (folículos pilosos, glândulas
sebáceas, etc.). Embora a histogênese do cisto epi- e 6,6% de todos os tumores gonadais. Esse tipo de
tumor não deve ser confundido com o tumor de células
dermóide não seja totalmente conhecida, alguns au-
tores o consideram como uma forma de teratoma granulosas do ovário, que pode estar associado a
monodérmico. ginecomastia e malignidade. Apesar de raro, perma-
Clinicamente, aparece como massa intratesticular nece como a forma mais comum de neoplasia do estromª
gonadal do testículo na criança. Cinquenta por cento
de consistência firme, circunscrita, lisa, indolor, uni-
» lateral. manifestam—se no período neonatal e > 90% antes dos
1 O exame ultra-sonográfico revela lesão parenqui- seis meses de vida. A etiola'gi'a é provavelmente ªs“
1 matosa central hipoecóica hem circunscrita e mar— sociada a fatores hormonais durante a gestªçãº, que
w
gens hipoecogênicas ou hiperecogênicas.Adeposição aCabam influenciando o blastema gonadal. Nãº,
. continuada de material queratinizado dentro do cisto relato de metástases. Aparece como massa multhlSllCa
l
i, .'1
cria uma arquitetura interna de espirais hipoecogênicas
e hiperecogênicas alternadas, aparentando casca de
contendo em seu interior líquido mucinoso ou hemor—
Os tumores
rágico.císticos. pequenos são mais firmes; 05 mªiºrªs' .
muctnilid:'ls
mais à microscopia, nota-se presençª
a
cebola ou alvo. folículos de variados tamanhos repletos de
vi O tratamento evoluiu da orquiectomia para a enu—
cleação simples do cisto. Por incisão inguinal, o cordão revestidos por camadas de células semelhantes as célu =
y.

espermática deve ser mobilizado e clampeado atrau- apresentam


da granulosa do folículo ovariano. Nãociar-se, fªfª"
maticamente, o testículo trazido até a região inguinal, manifestações endócrinas. Podem asso
Lesõef Cística: de Testículo II 591
'
' mente, a anormalidades da genitália externa (ambi-
Linfangiomas
,

guidade sexual) e hipospadia penoscrotal. Os casos


: de genitália ambígua podem estar associados a cariótipos
_ ;anºrmªis envolvendo mosaicismo X/XY e anormaIi-
Correspondem a hamartomas que ocorrem mais
comumente no epidídimo. Portanto, corresponde a uma
dades estruturais do Y. A ultra—sonografia mostra um malformação nos túbulos seminíferos caracterizada
ªspecto de queijo suíço. Tratamento: orquiectomia pela pelo crescimento exagerado dos vasos linfáticos. A
Possibilidade de recorrência.
y

microscopia, apresenta-se com um ou múltiplos cis—


tos contendo líquido claro, revestidos por camada de
Displasia Cística do Testículo ou da Rete 1 a 2 células e variada quantidade de estroma fibro—
so, separando os cistos. Apresentam limites mal de-
finidos. A ultra—sonografla do linfangioma de testículo
mostra lesão simples ou multicística com variadas
espessuras de parede. O tratamento baseia—se na excisão
gf Anomaliatesticular,
congênita que cresce durante o desenvol—
do linfangioma, progredindo para orquiectomia. de-

vimento causando alterações císticas nos
'
túbulos seminíferos. A etiologia é incerta, mas pare— pendendo da invasão das estruturas adjacentes.
ce ser melhor explicada pela:
I Ma união entre a rete testis (origináriado blastema Cistos Simples
gonadal) e os ductos eferentes do epidídimo Bastante raros, apresentam parede lisa revestida por
(originários dos ductos mesonéfricos). Outros epitélio cuboidal ou piano corn parede de tecido fi-
acham que a displasia resulta de anormalidades broso e são distintamente intratesticulares. Preenchidos
no desenvolvimento da rele testis e não dos túbulos com líquido claro sem componentes celulares. Não
seminíferos. apresentam elementos teratomatosos, não comprometem
I Pela alta atividade secretora da rete testis em casos a túnica albugínea, não contêm inflamação crônica
de hiperestimulação que, ao produzir excesso de nem fibrose em áreas fora da parede do cisto.
líquido, causaria dilatação dos ductos eferentes. Embora sua etiologia ainda seja especulativa, tem
Á microscopia, mostra tecido testicular comprimi- sido postulado que pode ser o resultado da capacida—
do e atróflco com múltiplos espaços císticos circun- de secretória aumentada das células epiteliais ou são
dados por tecido fibroso denso. São revestidos por células remanescentes epiteliais ectópicos oriundos do dueto
simples, cuboidais ou colunares como as da rele testis. de Wolff.
Entre 41 a 55% dos casos podem associar—se com As características ultra-sonográficas baseiam-se na
agenesia renal ipsilateral. Outras anomalias que po- presença de parede anterior distinta, ausência de ecos
dem estar presentes são: duplicação do sistema coletor, internos e parede posterior com som intensificado.
1 displasia renal, refluxo vesicoureteral, megaureter e A necessidade de tratamento cirúrgico e questio-
m‘criptorquidia (35%). nada quando todos os critérios ultra-sonográticos para
Clinicamente apresentam—se com aumento testicular, cisto simples são encontrados. Indica-se enucleação
quando se torna sintomático ou ultra—sonografia re-
v'são indolores e geralmente transilumináveis. vela alterações. como ecogenicidade aumentada em
, A uItra-sonografla mostra massa testicular com-
posta de cistos de variados tamanhos, circundados área previamente ecolucente.
or tecido testicular comprimido e epidídimo normal.
Frequentemente é observada a presença de focos Torção Testicular Perinatal
hiperecogênicos originados da interface entre a pa—
_
.m ‘
A torção perinatal pode ser subdividida em pré—natal
rede cística distal e a parênquima circundante. Pode
em 75% dos casos (intra—útero) e pós-natal em 25%
- ser difícil, nesses casos, o diagnóstico diferencial com dos casos (neonatal propriamente dita, nos primeiros
microlitíase.
'

30 dias após o nascimento). Mais de 90% dos casos


0 tratamento recomendado é a enucleação da são do tipo intravaginal e aproximadamente 90% dos
displasia, evitando a compressão persistente do tes— testículos não podem ser recuperados ao nascimento.
IÍCulo. Exame de congelação deve ser realizado.
Na torção testicular ocorrida tardia na gestação (logo
. ºrquiectomia é requerida quando o comprometimento
'

antes do nascimento), a bolsa escrotal encontra-se


. leSticular é muito extenso. Atualmente, tem sido proposta
inflamada com edema e hiperemia e o testiculo au-
Uma conduta não—operatória para os casos em que o
'

_ diagnóstico é de certeza e quando há quantidade mentado de volume. A ultra-sonografia mostra ecos


internos mistos e mínima calcificação.
ªdequada de tecido testicular normal remanescente. Quando a torção ocorre mais precoce na gestação,
ºbservação rigorosª é recomendada com exame físi- ha mais necrose e liquefação parenquimatosa e a ultra-
.‘ Cº
e ultra-sonografia aos três e seis meses e subse— sonografia mostra padrão mais homogêneo com de—
ql'iªntemente com intervalos de um ano. É preconizada pósitos de cálcio. A calcificação predomina na túnica
ª ºnucleação das lesões que se mantém em cresci- albugínea, formando um anel hiperecóico caracterís-
tico encirclando o testiculo. O parênquima apresenta-se
592 I Trato Geniturinário

difusamente hipoecogênico. Clinicamente não há reação llltra—snnouraiia


escrotal, somente aumento testicular. Imagem característica com padrão pontilhado de
Na degeneração cística pós—torção, o testículo múltiplos pequenos e brilhantes focos ªººgênicos
apresenta-se edematoso a atrófico, com espaços císticos de calcificações distribuídos difusamente em todo o
preenchidos com debris necróticos, separados por septos testículo, medindo cada foco 2mm ou menos de dia.
de tecido conetivo.
metro. Imagem denominada “tempestade de neve"
A ultra—sonografia costuma demonstrar espaços
císticos por necrose e margem ecogênica dentro da
Não apresentam sombra acústica posterior,
mente em razão das pequenas dimensões das calci-
provam:
túnica albugínea.
ficações.
Na torção pré-natal, a conduta terapêutica e con- A microlitíase geralmente é bilateral, mas pode ser
troversa. AIguns acreditam que o testículo pode ser
observado, pois sofrerá atrofia e diminuição do seu
assimétrica. Constitui—se de pequenas lesões que re.
volume não causando efeito adverso (produção de presentam camadas laminadas calcificadas de mate.
n'ai colágeno formado nos túbulos seminíferos.
anticorpos, podendo afetar a espermatogênese do tes-
Qualquer m'assa associada no testículo pode ser
tículo remanescente) no lado contralateral. A maoiria
acredita que a exploração cirúrgica pode afastar a pos- facilmente detectada.
sibilidade de erro diagnóstico e permitir a fixação do
testículo contralateral. nuanças associadas ),-
Pode estar associada a outras condições anormais,
Investigação nialnústica incluindo criptorquídia, varicocele, infertilidade/sub—
fertilidade, anormalidades cromossômicas (síndrome
Todos os cistos apresentam—se como massa escrotal de Klinefelter, síndrome de Down) e tumores testi-
indolor, exceto no caso de torção do testículo após o
período neonatal. A massa tem consistência firme quando culares (teratomas, tumor carcinóide primário dc
testiculo, seminoma, carcinoma de células embrio-
teratoma (i 80 a 85%), cisto epidermóide (75%) e
outros. Somente o linfangioma de testículo apresen— nárias e outros).
ta-se como massa mole, compressível. Algumas ve-
zes, a displasia cística da rete testis e o teratoma podem Tratamento
transiluminar, proporcionando a idéia de tratar-se de
uma hidrocele. Há muita controvérsia na literatura sobre a real rela«
ção entre as microcalciftcações e as neoplasias de tes-

fi L B' Q ‘ S - Z r 1 ' 9 L
As lesões que costumam aparecer precoce são:
linfangioma cístico (< 3 anos de idade), cisto sim- tículo.
ples, displasia cística (idade média: 6 anos), tumor Recomendamos follow-up regular, com ultra—
juvenil de células granulosas (< 1 ano de idade) e sonografia escrotal periódica, para se detectar preco-
teratoma maturo (idade média: 14 meses). No período ..cemente tumores testiculares, principalmente quando
neonatal, as lesões císticas incluem o tumor juvenil ª'associados a criptorquídia, infertilidade, atrofia tes«
de células granulosas e torção perinatal. ticular e tumor testicular contralateral.
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
HIBIIIIITIISE no TESTlltltln :GARRE’I'I‘, I. E.; CARTWRIGHT, P. C.; SNOW, B. W. et al. Cystic
testicular lesions in the pediatric population. Am. J. Ural, v. lol.
Conceito p. 928-936. 1999.
IANSEN, D. L.; MATHIESON, ]. R.; MARSH, J. I. et al, Testicular
Doença rara, caracterizada pela presença de microcal- microlithiasis: sonographic and clinical features. AIR, v. 158.
cifrcações no interior dos túbulos seminíferos. Sua p. 1057-1060. 1992. '

patogênese é controversa e sua relevância clínica é LEV, R.; MOR. Y.; LEIBOVITCI-I, I. et al. Epidermoid cyst of the
testis in an adolescent: case report and review of the evolution of
incerta. Histologicamente, nota—se degeneração das the surgical management. J. Pediatr. Surg, v. 37, n. 1. p. [ZI-123,
células epiteliais intratubulares, lesão da membrana 2002.
basal e precipitação de matriz glicoprotéica, nas quais
depositam—se as microcalcificações. Prevalência: 0,05
MILLER, R. L.; WISSMAN, Ig., WHITE, S. et al.
TeslfCllIi"
microlithiasis: a benign condition with a malignant assotmllolli
a 0,6%. J. Clin. Ultrasound, v. 24, n. 4. p. I97—202, 1996. .
MOGI-IE, P. K.; BRADY, A. P. Ultrasound of testicular epidemmld
cysts. Brit. J. Radiol., v. 72, p. 942-945, 1999.
Quadro clinico NOH, P. H.; COOPER, C. S.; SNYDER, H. M. Conservative mmgemenl
Lesão assintomática, não progressiva, sem causar
of cystic dysplasia of the testis. J. UmL, v. 162, p. 2145.
199.9
aumento testicular, geralmente identificada inciden-
RUSHTON, H. G.; BELMAN, B. Testis-sparing surgery for
bªlª"
lesions oi'lhe prepubertal testis. Ural. Clin. N. Am., v. 20. p. 27" 1

talmente durante exame ultra-sonográfico do testículo 1993. [sin


em pacientes com sintomas inespecíficos. Alguns autores VALLA, I. S. Testisspan'ng surgery for benign testicular tumo
acreditam na associação com orquialgia. children. J. Uml., v. 165, p. 2280-2283, 2001.
Sínéquia de Pequenos Lábios a 593

" lllllllilii
uenos lábios pré—púberes são cobertos por epitélio
Époestrogenizado. Após infecção, trauma local ou —
Figura 116.2 Sínéqoia completa dos pequenos lábios. Der—
matite amoníacal.
'
itação por dermatite amoníacal, podem formar-se
derências superficiais, juntando-os como se fossem
u a rafe mediana (Fig. 116.3). I'IIIII'IIMEN'I'D
I! Observação, pois a maioria desaparece esponta-
EPIDEMIOLOGIA neamente com a produção de estrógenos na pu—
'
.ico de prevalência: entre o período neonatal e os herdade.
ois anos e entre seis e sete anos.

tunnnu clima
A maioria é assintomática.
”,! Sintomas raros: infecção urinária, disúria, pola-
ciúria, dificuldade de micção.

Figura 116.3 - Sínéquia com aderência quase completa dos


pequenos lábios.

W m -v — p
-<~ "
594 I Trato Geniturina‘rio

Nos casos sintomáticos, sinéquia completa e preo-


ll evitam readerências ao promover a epiteIialimçãº
cupação excessiva dos pais, pode indicar—se o tra- e o tratamento da dermatite.
tamento a seguir: I O uso de creme de estrógeno, se prolongªdº, pode


Creme de estrógenos conjugados (creme va-
ginal de PremarinD 1%) na vulva duas vezes
causar pigmentação vulvar, hiperestesia das ma
e crescimento mamário.

. ao dia por duas a quatro semanas.


No caso de aderências extensas e densas que
permanecem após aplicação de creme de estrógeno,
indica«se lise cirúrgica ambulatorial com estilete
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
BROWN, M. R.; CARTWRIGHT, P. C.; SNOW, B. W. Commºn um"
problems in pediatric urology and gynecology. Pediam Clín. Nun/|
(antes dos 18 meses de vida) com anestésico tópico Am., v. 44, p. 1091-1115, 1997.

'
L
(EMLAº) ou anestesia geral.

519”
MARCHING, G. L.; MIMMO. B.; BERSANL R.; TRIVELLI. M, R
I A aplicação pós—operatória de creme de estrógeno.
Irealmmi
Adhesion: 6flhe labia minor in children. Response to local

rZL'ER
banhos de assento e creme com vitaminas A e D with estrogens. Minerva Pediatr.. v. 38, p. 441-445, 1985

I.
Marta: Interlabiais n 595

AS principais causas de massas localizadas junto ao


intróiro vaginal são: uretra prolapsada, ureterocele
_ prolapsadª, cisto parauretral, hímen imperfurado e
, . vrabdomiossarcoma de vagina.
:9
“da
cuidadoso exame físico (aspecto macroscópico
massa. localização exata, posição do meato uretral
e do intróito vaginal, jato urinário, sintomas asso- Figura 117.1 — Uretra prolapsada. Adaptado de Nussbaum
ciados), considerações da raça e idade e, mais rara- et al., '

ente, alguns exames de imagem costumam fazer o

n O intrõito vaginal também pode ser difícil de

.
identificar, pois a ureterocele costuma cobri-lo
Apresenta-se clinicamente com um orifício central completamente.
(meato uretral) circundado por anel de mucosa Encontrada quase exclusivamente na raça branca.
inflamada, lisa, edematosa e avermelhada. A n necessária a investigação diagnóstica do trato
mucosa prolapsada é friável, resultando em queixas urinário com urorressonância magnética, ultra—so-
freqiientes de sangue nas roupas de baixo, san- nografia abdominal, cistoscopia, uretrodstografia

.gramento vaginal ou hematúria, disúria, frequência. miccional (para estudar refluxo vesicoureteral)
O intróito vaginal e identificado caudal (poste- e cintilografia com ácido dimercaptossuccínico
(DMSA, dimercaprosuccínic acid) (para estudar
rior) %. massa. O prolapso ocorre tipicamente na a função das unidades renais duplicadas).
parede uretral posterior. É a única lesão interlabial E Tratamento: redução manual do prolapso para
que circunda o meato uretral (Fig. 117.1).
aliviar a obstrução urinária e isquemia da urete-
|
Bem mais frequentes na raça preta e entre os cinco rocele. Muitas vezes é necessário aspirar líquido
e seis anos de idade.
(urina) da massa para conseguir a redução. Após,
IA etiologia é
incerta. Parece estar relacionada a
fixação muscular uretral anormal, tecidos hipoes-
indica-se cirurgia definitiva (ver Cap. 130).
trogenizados ou trauma.
!Tratamento: local, com banhos de assento mor—
nos e creme de estrógeno tópico. Freqíientemente
necessita excisão da mucosa prolapsada com apro-
ximação dos seus bordos.
i:
, "BETEBBGEIE
EGÍÚPIGII PBBlnPSIIIlII
& !Prolapso de um ureter ectópico pela uretra (Fig.
1 17.2). Geralmente associado a orifício estenosado,
quase sempre correspondendo a porção superior
do sistema coletor duplicado (90%).
'Massa lisa, brilhante, recoberta por mucosa que
pode ter coloração variando do vermelho ao vio—
Ieta escuro, dependendo do grau de isquemia e
da duração do prolapso presente.
'0 meato uretral é dificil de identificar,

' micção, observa-se que o fluxo urinário ocor-


re ao redor da massa.

'intermitente ou
0 prolapso pode ser intermitente ou tornar—se
fixo, causando sintomas de retenção urinária súbita,
crônica.
Figura 117.2 — Ureterocele ectópica prolapsada. Adaptado
de Nussbaum et al.'

v-
596 I Trato Geniturinãrio

Figura 117.4 Cisto parauretral. Observar o intróíto vaga.


«

nal (hímen) localizado normalmente. posterior ao cisto. Meato


uretral deslocado da linha média. Aspiração do cisto mos-
trou conteúdo de aspecto leitoso.

Figura 117.3- Cisto parauretra |.Adaptado de Nussbaum et al.'


I
''.
BIS'I'D PIIIIIIIIIETMI
I Cisto recoberto por epitélio, que parece crescer
da obstrução ou da degeneração cística de rema—
nescentes do seio geniturinário (ductos de Skene,
glândulas parauretrais), ductos miillerianos ou
ductos mesonéfricos (ductos de Gardner).
I Causa menos
comum de massa interlabial.
IDesloca o meato uretral lateralmente, colocando-

G L S' Q Z V ‘ 9 L 5'
o em uma posição excêntrica.

l
I O intróito vaginal está localizado normalmente,
caudalmente (posterior) a massa (Fig. 117.3).
I A aspiração produz pouca quantidade de um liquido
de aspecto leitoso (Fig. 117.4).
.,
._ F = ,
ITratamento: geralmente rompe espontaneamente.
Os que persistem devem ser marsupializados ou
Figura 117.5- Hlmen imperfurado. Adaptado de Nussbaum

excisados.
et aI.‘

Hill!“ IMPEIIFIIIIIIIIII
IAssociado ahidrocolpos/hidrometrocolpos, abau-
lando o intróito vaginal.
IDistensão da vagina e/ou do útero pelo acúmulo
de muco e/ou sangue (na época da monarca)
produzido pelas glândulas uterinas e cervicais
estimuladas pelos estrógenos maternos, atrás de
um hímen imperfurado ou de um septo trans—
verso vaginal baixo.
!Meato uretral esfã localizado
em posição normal,
logo acima da membrana abaulada (Fig. 117.5).

?. i T — e
lMassa abdominal
baixa.,fu pélvica pode ser
palpável. A massa podecom rimir bexiga, ureteres,
intestino ou veias pélvicas, resultando em retenção
urinária, constipação ou edema das extremida—
des inferiores.
lA aspiração produz grande quantidade de líquido
mucóide de aspecto leitoso.
.—,-

lInvestigação diagnóstica pode necessitar de ultra- Figura 111.6 - Sarcoma botrióide de vagina. Adamado de
sonografia abdominal. Nussbaum et al.‘
Massas Interlabíaís I
597

'

." _
»“ || Tratamento: membrana deve ser incisada e marsu-
V;',»»- pializada ou excisada. '
D Investigação
pítulo 14.
diagnóstica e tratamento: ver Ca-

'_.naamulntt
ªirnnnMIIissnnenun nr mum rsnncomn REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA
1. NUSSBAUM, A. R.; LEBOWI'I'Z, R. L. lnterlabial muses in little
girl: review and imaging recommendations/im, v. 141, p. 65-71,

..
1983.
. ª. Écriançªs
o tumor geniturinário baixo mais comum em
._ pequenas (< 5 anos de idade). BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
,.) '
Tumor presente no intróito com aspecto semelhante BEN-MEIR, D.; YIN, M.; CHOW, C. W.; HUTSON, I. M. Urethral
i a cachos de uva (aspecto polipóide) (Fig. 117.6). polyps in prepubertal girls. J. Urol., v. 174, 4 Pt 1, p. 1443-1444,
Outros achados clínicos frequentes: sangramento 2005.

.
vªginal e massa abdominal inferior ou pélvica BOURDELAT. D. Strangulated ureterccele and prolapsed urethral
palpável. mucosa in a little girl. Diagnostic difficulties. Amt. Ural. (Paris),
v. 20, p. 47-50, 1986.
um normal livre. No sarcoma bouióide de bexiga, LESLIE, J. A.; CAIN, M. P. Pediatric urologic emergencies and urgencies.
essas massas podem sofrer protrusão pela uretra. Pediatr. Clin. Nonh Am., v. 53, p. 513-527, 2006.
598 I Trato Geniturinário

Hidrocolpos e
el»? '1‘

«nr., w
«. »
Hidrometrocolpos
João Carlos Ketzer de Souza
OOIIOEITO
Hidrocolpos corresponde a distensão maciça da va-
gina ocasionada por excesso de secreções vaginais e
do cérvix uterino combinadas com obstrução congê-
nita distal da vagina. Hidrometrocolpos é a distensão
». m e
G L S' F Z P
I' D L Ç
maciça da vagina e do útero.
Hematocolpos (só a vagina) e hematometrocolpos
(vagina e útero) correspondem à distensão maciça
da vagina e do útero por secreções da menstruação.

.-
Figura 118.1 — Classificação do hidrometrocolpos: (A) Tipo
Existe obstrução vaginal congênita, mas, como o I= imperfuração himenal, (B) tipo Il :septo transverso de va-
estímulo estrogênico materno deve ter sido baixo no gina, (C) tipo 111:atresia vaginal, (D) tipo IV = persistência
período neonatal e o líquido acumulado escasso, os do seio geniturinário, (E) tipo V :persistência do seio geni-
sintomas só irão aparecer quando iniciar a menstrua- turinário e anomalia anorretal. Adaptado de Nguyen et al.‘
* ( — e, «

.,
ção, com acúmulo de sangue menstrual.
Existem dois tipos funcionais de hidrometrocolpos:
Algumas vezes, uma massa menor pode ser pal pada
Tipo secretário (mais freqiiente), em que o ma-
ll
logo acima da massa inferior maior (útero dila-
terial acumulado é mucóide e viscoso, secretado
pela porção cervical das glândulas uterinas e va-
ginais em resposta aos hormônios maternos cir-
tado). Pode acompanhar—se de diiiculdade res-
piratória por compressão diafragmática e pulmonar,
uropatia.obstrutiva com megaureter e hidrone-
.w
culantes no período pré-natal e pós-natal imediato. "-frose, sintomas e sinais gastrointestinais, como L V ,“ .
ITipo urinário (menos frequente), em que a urina
.

.
vômitos e constipação intestinal, edema dos mem-
coleta-se retrogramente na vagina durante a micção.
bros inferiores por compressão da veia cava, sep-
_ " —,.
Pode aparecer em casos de seio geniturinário per-
sistente, anomalias cloacais e hipospadia femini- ticemia, malformações congênitas associadas
na. Nesse caso, pode não haver obstrução vaginal. , (principalmente geniturinárias). _

W”
u Crianças maiores (adolescência): massa
abdomi-
nopélvica de linha média, dores menstruais tipicas
OLASSIFIOAOAO BO RIOROHE'I'ROOOLPOS e cíclicas, amenorréia e aparecimento de pêlos e

—M
SEGRETOBII (Fig. 118.1). mamas.
&Tipo I: imperfuração himenal.
ITipo II: membrana ou septo vaginal transverso. INVESTIGAÇÃO OIIIGIIOS'I'IOII
"

Tipo III: atresia vaginal.


Tipo IV: atresia vaginal com persistência do seio
In História e exame físico com especial atenção pªrª
geniturinário. as características físicas da massa (linha media
ITipo V: atresia vaginal com anomalias cloacais. podendo estender-se até oªrebordo costal, forum
cilíndrica, consistência elástica, superflcle lisª

EPIDEMIOLOGIA
e móvel no sentido lateral).
na Toque retal: massa anterior comprimindo o reto
anteriormente. . al
“71
Prevalência: 1 para cada 30.000 nascidos vivos do
sexo feminino.
la Inspeção do períneo: identificar
membranª
abaulada, aspecto externo da genitália e onf Cl Mªlªi".-
os ermeais.
nrnrsrurnçlln 01111ch -— lglmen (Fig- agiª!)-
imperfurado: membrana azulada e
lada protruindo do intróito vaginal
“- '
Período neonatal: massa abdominopél'i'ii'õa déªlinha
dois orificios.
média, podendo estender-se até o rebordo costa]. Meato uretral norma]. Vulva com
HidrocolposeHidrametrocolpos I
599
Radiografia de abdome: massa abdominal de li-
nha média, arredondada, crescendo da pelve e
deslocando intestinos, bexiga e reto e ocasionando
elevação do diafragma.
El Radiografia de coluna lombossacra: para estu-
dar anomalias vertebrais. Não é necessário no
hímen imperfurado.
E Ultra-sonografia abdominal: massa cística con-
tendo líquido espesso e sedimentos. Pode demons-
trar hidronefrose, hidroureter, compressão da bexiga
e anomalias geniturinárias associadas.
I Ultra-sonografra transperineal: mede a distân-
cia do coto vaginal até o períneo, ajudando a pla-
Figura 118.2 - lmperfuração himenal. Notar o abaulamento nejar a cirurgia reconstrutiva,
da membrana himenal. I Ressonância nuclear magnética: pode ser soli—
citada quando se deseja um melhor detalhamen-
to anatômico do defeito, principalmente relacionado
— Vagina septada: aspecto normal da genitália
externa. Ás vezes é necessário o uso de espéculo
às características do útero e dol'colo uterino.
Uretrocistografia miccionai: mostra bexiga deslo-
nasal e luz adequada para visualizar & mem- cada anteriormente e/ou refluxo vesicoureteral.
brana. Meato uretral normal. Vulva com dois Nem sempre é necessária.
orifícios. A punção e a aspiração da membra- IVaginografia ou sinograma retrógrado: injeção
na, no caso de hímen imperfurado ou vagina de contraste no orifício vulvar ou perineal úni-
septada, poderá demonstrar fluido mucóide co. Excelente para estabelecer a anatomia inter-
esbranquiçado no recém—nascido e fluido san- na. Não é necessário no hímen imperfurado e na
guinolento ou sangue coagulado na púbere. vagina septada baixa com membrana abaulada.
Atresia vaginal: o exame é menos óbvio. Os I Vaginoscopia: realizada com cistoscópio adequado
pequenos lábios costumam ser pouco desen- é excelente para confirmar os achados em vagino-
volvidos. A vulva apresenta orificio único. Hímen
grafia. Não é necessária em hímen imperfurado
e meato uretral não são visíveis. Na cateterização
do orifício único, há entrada do cateter na bexiga e vagina septada baixa.
I Ecocardiografia: nos casos com suspeita de ano-
com saída de urina. malias cardíacas associadas.
Anomalias cloacais: presença de orifício perineal
único. Hipodesenvolvimento dos pequenos
lábios. Ausência de hímen (Fig. 118.3).
I Exames laboratoriais: hemograma com plaquetas, murmura
provas de coagulação (KTTP, tempo de protrom- cuidadas Pré-nneratários
bina), exame comum de urina e urocultura com I Se estiver com vômit'os, indica-se nada por via
teste.
I Estudos cromossômicos: para identificar sexo e oral, (NPO, nil per os), sonda nasogástrica e
aberrações cromossômicas na presença de genitália hidratação parenteral. '

ambígua e ausência de vagina.


lu Se estiver com retenção urinária, colocar sonda de
Foley.
n Iniciar preparo de cólon, conforme rotina, nos
tipos II alto, III, IV e V.
Iniciar antibióticos 30min antes de iniciar a cirurgia.
Colocar sonda vesical, se não estiver com son-
da, antes de iniciar cirurgia.
la O reto é tamponado com gaze
vaselinada ou com
pomada de neomicina.
Posição de semilitotomia.
Todo o abdome, períneo, genitália, coxas e glúteos
são preparados por anti-sepsia, conforme rotina.

Tratamento Cirúrgico
Nos casos mais complexos (tipos III, IV e V) com
vagina e útero extremamente dilatados e/ou com sep-
,
Figura 118.3 — Cloaca. Genitália hipodesenvolvida, orificio ticemia (decorrente de coleção líquida com infecção
Pºnneal único e imperfuração anal. secundária), pode ser necessária laparotomia de ur-
600 I Trata Geníturinário

"gência com vaginostomia, com ou sem utilização de


cateter (Pezzer ou Malecot). Também pode-se tentar
— Segundo tempo cirúrgico: anorreto—vagino.me_
troplastia sagital posterior.
fa punção-drenagem da vagina distendida sob orien-
“tação ultra-sonografica.
— Terceiro tempo cirúrgico: fechamento da co-
lostomia.
I Tipo I: himenotomia em forma de cruz ou circu- Nº recém-nascido séptxco, prematuro ou coma
múltiplas anomalias associadas. é importante
lar com marsupialização.
I Tipo II com vagina septada baixa: incisão com descompressão do cólon e da bexiga (colostomia
dividida, vaginostomia [nos casos com dilata.
marsupialização. Se a membrana for espessa, deve-
.» se efetuar sua excisão e drenagem.
ção vaginal maciça] cntubada e sondagem Vesical
I Tipo II com vagina septada mais alta elou septo ou vesicostomia).
mais espesso do que lcm: via de acesso abdo-
minoperineal combinada com laparotomia trans- Tratamento l'ús-oneratúrin
versa, histerotomia transversa, incisão do septo
_"-..«‘m sob visão direta, dilatação do neo-orifício e son—
I Sonda de Foley é retirada em 48h.

— ”. < , _ “
I Cateter vaginal é mantido por seis semanas.
.

dagem com cateter de Silastic nº 16. Pela histe-


,”

rotomia, é introduzida uma pinça de Kelly, que


I Vagina deve ser irrigada três vezes ao dia com
n

soro fisiológico.
r.

é dirigida a porção mais dependente da vagina


I Antibióticos são manti os por sete dias.
dilatada. Nesse momento, coloca—se um espéculo
I Dilatações vaginais são mantidas por seis meses.
nasal no orifício vaginal e, ao se visualizar o abau-
lamento do septo produzido pela pinça de Kelly,
- mw

incisa-se o septo sob visão direita.


«Mya-.

I Tipo III: nesse caso, não existe orifício vaginal. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
l. NGUYEN, L.; YOUSSEF, S.; GU'I'I'MAN, F. M. et al. Hydro
É indicado abaixamento abdominoperineal da meirocolpos in neonate due to distal vaginal atresia. J. Pediatr.
vagina: laparotomia transversa, histerotomia trans- Surg., v. 19, p. 510-514, 1984.
versa, colocação do dedo indicador do cirurgião
pela histerotomia empurrando a parede poste- . PENA. A.; FILMER, B.; BONILLA, E. et al. Transanorectal
N

approach for the treatment of urogenital sinus: preliminary report.


rior da vagina e fazendo-a protruir no períneo. J. Pediatr. Surg., v. 27. p. 681-685, 1992.
Ao mesmo tempo, é realizada incisão em forma
. DÓMINI, R.; ROSSI, F.; CECCAVELLI, R. L. et al. Anterior sagittal
de U-invertido no períneo e descolado retalho de
..
u

‘ " ªto the '


'sinus in ª ' '
pele, que sera suturado a vagina abaixada. syndrome. J. Pediatr Surg., v. 32, p. 714-716, 1997.
lTipo IV: a característica desse tipo é a persistência
do seio geniturinário. Várias técnicas podem ser
adotadas. Evisto mais frequentemente na hiper- BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
plasia adrenal congênita. ,LUTHRA, M.; STEPHENS, F. D. Embryogenesis of the hymen and
— Abaixamento abdominoperineal da vagina (já
descrita anteriormente), quando o seio geni—
C caudal end of the vagina deduced from uterovaginal anomalies.
Pediatr. Surg. Int., v. 3, p. 422-425, 1988.
turinárío mede .<_ 2cm. RAMENOFSKY. M. L.: RAFFENSPERGER, ]. G. An abdomina-
Quando o seio geniturinário mede > 2cm, ou- perineal vaginal pull-through for definitive treatment of hydro—
tras técnicas podem ser acrescentadas: ! metrocolpos. l. Pediatr. Surg.,
v. 6, p.,381<387, 1971.
— Abaixamento vaginal pela via transanorretal
sagital posterior de Penal.
REYNOLDS, M. Neonatal disorders of the ex'temal genitalia and vagina
Sam. Pediatr. Surg., v. 7, p. 2-7. 1998.
— Abaixamento vaginal pela via transanorretal
sagital anterior de Domíniº, em que somente a
ROHATGI, M.; LUTHRA. M.; GUPTA, D. K.; BHARGAVA, S. An
unusual presentation of neonatal hydromelrocolpos with review
parede anterior do reto é incisada. of pathogenesis and management. Pediatr. Surg. Ini.. v. 2, p. 372-

G L R' S Ç Z V I -' 9 L S *
ITipo V: anomalias cloacais com atresia vaginal. 376, 1987.
Ver descrição no Capítulo 78. ROHATGI, M.; PURI, P. Hydrometrocolpos. In: PURL P. Newborn
— Primeiro tempo cirúrgico: colostomia com bocas Surgery. Oxford: Butterworth-Heinernann, 1996. p. 637-644.
STALLlON, A. Vaginal obstruction. Sem. Pediatr: Surg, v. 9. p— 128-
separadas e vaginostomia nos casos com hidro- 134, 2000.
ª"
'
colpos e hidromctrocolpos maciços.
Cirto de Ovário Fetal ena Lactente I 601

tura, até recentemente, não eram reconhecidos


no período neonatal; o aumento no uso de ultra—
sonogratia obstétrica possibilitou o diagnóstico
mais precoce e mais frequente dos cistos de ovário.
E! A complicação mais comum do cisto de ovário
e
a torção, observada em 40% dos casos fetais e em
i 50% dos casos neonatais.
ª Anomalias do ovário e genitais correspondem a
20% de todas as massas abdominais do recém-nae
cido (RN), somente ultrapassadas em número por
aquelas originadas no trato urinário (55%)
E Mesma freqiiência em ambos os lados.
Cistos bilaterais são raros (5%).
Malignização é extremamente rara no período
neonatal.
São cistos de origem principalmente folicular que
m Poliidrâmnio está presente em 5 a 10% dos casos.
crescem em um meio hormonalmente rico presente
*

A grande maioria dos cistos éldo tipo folicular.


no 3º trimestre de gestação ou no período neonatal

“imediato.
0111111110 01111100
, :rromam IA grande maioria é assintomática.
Casos sintomáticos.
O ovário é um órgão dinâmico com foliculogênese
-

ª«ocorrendo precocemente na vida fetal.
Os cistos resultam de estimulação excessiva do ovário

Massa abdominal de extrema mobilidade. O
cisto costuma ter tanta mobilidade que pode
ser palpado em um lado e ser oriundo do ou—
por hormônios placental-105, matemos e fetais. O ambiente tro. A maioria é palpada durante o exame fí—
fetal e' rico em gonadotrofmas hipotisárias (hormô-
sico de rotina em um RN assintomático.
. nio folículo—estimulante e hormônio Iuteinizante), gona-
.
dotroflna coriônica humana (HCG, human charionic -—Distensão abdominal.
=- Vômitos, náuseas, anorexia
intermitentes.
_ gonadotrophin) e estrógenos fetoplacentãrios. Todos
',. esses hormônios podem estimular os folículos fetais,
'
promovendo a formação de um cisto ovariano. A suposta
— Dor abdominal, geralmente intermitente.
Causas de cisto complicado (Fig. 119.1):
"diminuição na concentração desses hormônios, após
'

Torção do pedículo com necrose do ovário. A


. o nascimento, providencia uma base fisiológica para torção é mais prevalente do que as outras compli-
] ( a resolução espontânea. cações. Parece que o comprimento do pedículo
'
Há uma prevalência maior de cistos de ovário em
:bebês:
lDe mães
diabéticas.
'

Hemorragia Ruptura
ICom toxemia gravídica e com isoimunização Rh,
provavelmente pela liberação excessiva de gona-
dotrofmas coriônicas por uma placenta aumen-
tada.
' Hipotireoidismo.
!Prematuridade (maior sensibilidade hormonal dos
folículos fetais e mecanismo imaturo defeedback
do eixo hipotálamo—bipolªrse-ovário). Torçao Peritonite
Hemoperitônio
Ascite" '

I'lllEMIlllIIGIII Bridas

.
'abdominal
Cisto de ovário a causa mais comum de massa
é
cística em um feto feminino.
A presença de pequenos cistos foliculares é um
achado comum e normal nos ovários neonatais.
Cistos < 2cm de diâmetro não são considerados
patológicos e sua involução espontânea é espe-
rada.

'tosExcetopela presença de grandes cistos ou cis-


complicados por torção, hemorragia ou rup— Figura 119.1 — (A — C) Principais causas de cisto de ovário
complicado.
. ,,
602 n Tra to Geniturinário

do cisto é mais preditivo de torção do que o tamanho


do cisto. A trompa e o ovário da. criança têm os
mesentérios relativamente longos e estreitos.
Algumas raras vezes, o ovário torcido e com ne-
crose pode sofrer auto-amputação e reabsorver
ou tornar-se um nódulo frbrótioo e calciftcado
na cavidade abdominal.
I Ruptura do cisto corn hemoperitônio (podendo
levar a choque hemorrágico), ascite, peritonite
ou formação de bridas,

. “H
I Hemorragia dentro do cisto. Os fatores de risco
são: uso de medicações anticoagulantes, distúr-
.

bios de coagulação e trauma abdominal e/ou


pélvico.
,.
_

I Presença de poliidrâmnio ao nascimento. A pressão


do cisto sobre o intestino delgado, junto com a
interferência com os mecanismos de deglutição
«m
_mr

do feto, pode reduzir a ingestão e a absorção do


líquido amniótico.
I Obstrução intestinal. —
Figura 119.2 Representação de ultra-sonografia mostrando
cisto de ovário. (A) (isto de ovário não—complicado com mas.
IObstrução urinária. sa anecóica esférica ou elíptica, unilocular e homogênea. (B)
Alguns bebês podem apresentar hipoplasia pul- Cisto de ovário complicado com floculação intracistica for—
monar por compressão e _redução do espaço mando nivel Iíquido/debris inclinado. (C) Cisto de ovário
intratorácico na vida intra-útero. complicado com coágulo em retração. (D) Cisto de ovário
complicado com floculação e septos com ecos internos. (E)
Cisto de ovário complicado com aspecto sólido em razão do
IIIlIESTIIiIGÍI! 01I0110S‘I’IOI total preenchimento da cavidade cística pela sedimentação.
I História e exame físico.

— »,. ? ;«?' I Radiografia de abdome. Posição supina: opacidade


' Presença de septos com ou sem ecos intemos.
- Massa
.

central (cisto) que desloca o intestino lateralmente. hipoecóica de aspecto sólido causada
Posição lateral: cisto desloca o intestino poste— pelo preenchimento de toda a cavidade cística
riormente. Esses aspectos fazem o diagnóstico pela sedimentação.
diferencial com ascite. ' O achado de ruptura corresponde ao apareci-
I Ultra—sonografla abdominal ou pélvica. Até seu
-. mento de ascite fetal ou neonatal.
advento, o cisto de ovário do RN só era conhe— ,.
cido por suas complicações ou pela detecção de Quando os aspectos ultrajsonográficos são de massa
sólida (sedimentação preenchendo toda a cavidade cis-
uma massa no exame físico.
tica) ou cística com coágulo em retração, o diagnóstico
Critérios ultra-sonogrãfrcos de cisto ovariano: diferencial com neoplasia torna-se extremamente difícil.
massa cística localizada no abdome inferior,
No diagnóstico diferencial de cisto complicado, poder

! ? nª r — f
anecóica ou heterogênea, rins e bexiga identifi-

'«—“?ª1l.5 —'" cados e ausência de peristalse. se indicar a realização de ecografia com Doppler para
,'

estudar o fluxo arterial do ovário.


— Ultra-sonografia em cisto de ovário não-com-
plicado: massa cística esférica ou elíptica
unilocular, homogênea, não-ecogênica (ane— DIIGIIÚSTIGI) BIFEBEIIBIIII

b L Bª S' Z É I O
cóica), com fina“ parede, muitas vezes imper-
e d: " ceptível à ultra-sonografra, localizada na pelve
I Duplicação intestinal cística.
I Cisto mesentérico e de omento.
ou no abdome inferior. Algumas podem atin- ICisto de colédoco. .., «

gir grandes dimensões (8 à 12cm) e estender— I l-lidronefrose e rim multicístico.


se até o abdome superior. I Cisto de úraco.
—-Ultra-sonografia em cisto de ovário complicado: I Hidrometrocolpos.
“I . g. é

os achados ultça—spnográfrcos costumam ser I Pseudocisto meconial.


. “: 1 3 ‘ os descritosªaísggiªiir (Fig. 119.2).
'Floculação intracistica, cujo sedimento vai de-
positar—se no fundo em um plano inclinado,
I Mening'ocele anterior.
Todas essas doenças podem apresentar- dona ultra-
se,
sonografia, como lesões anecóicas conten
septos
_
13v:
' dando um nível líquido/debris característico. feren-
' Coãgulo em retração em massa cística, oca- ou ecos internos, dificultando o diagnésticodl de
sionando imagem ecogênica ou hipoecogênica cial, principalmente com cisto de mesentério 0U
na presença de sangue não»coagulado. omento e duplicação intestinal cística.
(isto de ºvário Fetal ena Lactente I
603

mmntuiu solicitar dosagens de estradiol, estriol, pregnenolona


se:

“Ã < >»!
e progesterona do líquido aspirado. A falta de
Acredita-
se que a grande maioria dos cistos tem ten—
Ȼ a

.
elevação desses hormônios aumenta a suspeita


dência a regressão espontânea a partir do nascimento,

,?
de que a estrutura cística aspirada não era o ovário.
quandoos níveis hormonais diminuem e o estímulo

.
Discutir riscos e benefícios.
para crescimento do cisto desaparece.
(listas 111! P0110110 11001131111 e em lactentes .sà

'
cistos no Período fetal

.z “:
&"?
rs Parto'vaginal é o indicado, exceto se desenvol- Ha duas correntes de conduta com relação ao cisto
ver distocia ou apresentar outras indicações obs- de ovário no primeiro ano de vida
tétricas. O I— grupo acredita que o tratamento dependerá
do diâmetro, das caracteristicas ultra-sonográfrcas e do
I Podem beneíiciar—se da punção-aspiração guia-
da por ultra-sonografia: cistos intra—útero sim— risco potencial para complicações.
ples, que mostram evidências de compressão to- Ill Tratamento conservador nos cistos neonatais
rãcica (hipoplasia pulmonar), gastrointestinal ou < 5cm, pois eles têm tendência à involução. A
urinária; cistos com mais de Scm, que possam presença de malignidade no ovário neonatal é
causar poliidrâmnio ou distocia ao nascimento; muito rara; assim, podemos aguardar a involução
cistos com aumento rápido (> lcm/semana) e aqueles do cisto por até seis meses (Fig. 119.4).
I Tratamento invasivo dos cistos (Fig. 119.4).
com grande mobilidade (posições diferentes em
ultra-sonografras seriadas) (Fig. 1 19.3). Essas in- — > 5cm ou > 25mL de volume (o risco de tor-
ção versus a possibilidade de resolução ainda
dicações ainda não estão totalmente definidas e
aceitas.As vantagens seriam a prevenção da torção não está bem estabelecido).
(torção de ovário é mais frequente no período — Recorrentcs.
— Não-involução ou aumentando de tamanho.
-
pré—natal) e de outras complicações menos fre-
quentes, prevenção dos efeitos compressivos do Complicados no período pré—natal, com achados
'?
m ultra—sonográficos de torção ou hemorragia
r— cisto, evitação de cirurgia e seus riscos e preser-


“? vação total do tecido ovariano. As desvantagens intracística.
v
N
seriam a recorrência do cisto, morbidade mater— Mudanças ultra-sonográficas pós-natal, suge-
'T
'e rindo o aparecimento de complicações, mes-
ºrªeu na e fetal (parece ser muito-baixa; ainda sem es-
r— tudos prospectivos e randomizados), não inspe- mo que ainda assintomáticos.
at
ção do ovário contralateral e acurácia diagnóstica. — Cistos excessivamente móveis. O comprimento
do pedículo (apesar de dificil avaliação) é melhor
Alguns autores acreditam que a punção—aspira-
ção do cisto intra—útero pode não funcionar em fator preditivo de torção do que o diâmetro do
razão do estímulo hormonal continuado existente, cisto.
levando ao recrescimento deste. Deve-se, roti- - hemorragia
Sintomáticos, secundários a torção do pedículo,
intracística ou peritoneal, ruptura,
neiramente, após punção-aspiração do cisto,

Clsto de ov£r|o no I' aria do vida


Ono de ovário fetal
r_ª—l
(Isto simples Cisto complexo, ou
Sem evidencias de Cisto: grandes () 5m) ou sintomática, ou retorrente.
compressão torkkl. com evidências de ou com diagnóstico
urinária eu gastroinmunnl compressão wracica diferencial dificil
(risco de hipo lasia
.—«W-
pulm < 5cm > Scl'n ou

Ulua-sonegrlfias
repetidas
m,onar
obstrução minaila ou
gastrointestinal.
crescimento rápido ou
eu
< 25ml de
volume
> um. de volume
ou multa móvel i
Laparoscopía
nu
extremamenu móveis i laparotomia

Resolução Bebe val nascer


1
Discutir benefícios da
observar.
UItra—sonoglallar
aspiram do (ism intri- repetida
Decldll. mªpa uterino venux a risco de
,, ,;“
'
obstetra. sera & ruptura Intripelitoneal
partavzgrnal‘iii.se
513%) *

v“i."
com agulha

“pªrte (claim: Falha em resolver - Aspiração


guiada por
peninha
uma-sonogram
'

Resolução temrrencla
uso.drmlnurçso de tamanho
em & meses —— laparotomia
laparoscopia

Flgura 119.3— Conduta terapêutica e de seguimento em Figura 119.4 - Conduta terapêutica e de seguimento em
cisto de ovário fetal. cisto de ovário no primeiro ano de vida.
604 l
Trato Geniturinário

sintomas gastrointestinais (obstrução intesti- Cisto de ovãllo bilateral


nal por compressão ou bridas), sintomas res-
piratórios e pseudopuberdade precoce.
--
. Conduta comentador:
'“ Diagnóstico diferencial difícil com outras massas
císticas.
Resoluçao Aumentº de (isto complicado
O Zª grupo tem outra visão com relação aos cistos tamªnha
simples, mesmo grandes (> 5cm) e nos complexos.
Esse grupo preconiza a observação (até 10 meses Amman cistectomia bilateral
de evolução) e ultra—sonografras seriadas em cistos do
cisto
simples (independente do tamanho) e complexos,
dependendo de critérios bem estabelecidos, como:
Resolução Remyrencia
I0 cisto deve ser de origem ovariana.
INão deve haver componentes sólidos à ultra- !

sonografia. Septos e debris são aceitáveis. Reaípllição


de (isto (7}
I A AFP e o
B-HCG devem ser normais.
IPacientes devem ser assintomáticos.
Clxlenomla
bllste'ral
I

Tratamento cirúrgica
—=

“. - IEscolha do procedimento invasivo: aspiração Figura 119.5 — Conduta terapêutica e de seguimento em


cisto de ovário bilateral.
—.

percutânea guiada por ultra-sonografra, lapa-


roscopia ou laparotomia e minilaparotomia.
A aspiração é indicada atualmente nos cistos sim-
ples, pois é menos invasiva, apresenta menor ICondula no cisto bilateral:
manter conduta con-
morbidade (laparotomia pode levar à formação servadora aguardando regressão espontânea ou
de bridas junto aos anexos) e permite preserva— punção-aspiração percutânea por ultra-sonogra-
ção do tecido ovariano. fia. Cistectomia bilateral só é indicada raramente
Atualmente, a laparoscopia tem sido preferida à (Fig. 119.5).
laparotomia por ser um procedimento seguro, I Questão atualmente em debate: o que fazer com

menos invasivo e com menor morbidade, possi- os cistos torcidos intra-útero ao nascimento em


bilitando uma excelente observação de ambos bebês assintomáticos?
os ovários e permitindo qualquer procedimento Exploração—cirúrgica (laparotomia ou lapa-
cirúrgico (aspiração, ressecção da membrana roscopia) e exérese do cisto e provavelmente
externa do cisto, fenestração, cistectomia ou ". do ovário?
ooforectomia).
Minilaparotomia ou laparotomia minimamente
— espontânea?
Observar sua evolução e provável reabsorção

invasiva foi descrita como outra opção para os


BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
- -—cistos que necessitam tratamento invasivo. Uma BÃGOLAN, P., GIORLANDINO, C.; NAHOM, A. et al. The
minilaparotomia, medindo aproximadamente management of fetal ovarian cysts. J. Pediatr. Surg., v. 37, n. l.
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púbis, o cisto é puncionado e o seu conteúdo BRANDT, M. L.; HELMRATH, M. A. Ovarian cysts in infants and
aspirado. 0 cisto descomprimido é tracionado, _ children. Sem. Pediatr. Surg., v. 14, p. 78-85. 2005.
exteriorizado pela incisão e excisado, preservando— COLE Y, C.; BRINDLE. M.; MOSS, R.L. Minimally invasive laparotomy

G L S ‘ B ' Z V I' 9 L 5
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ºvarian
Via de acesso por laparotomia: incisão de Pfan- —
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nenstiel. . C:: 400. 1992.
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diagnosed fetal ovarian, Obstet. Gynecol, Survey, v. 46, n. 7. P~ 407'
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ooforopcxia contralateral. TEMPLEMAN, C. L,; REYNOLDS, A. M.; HERTWECK, S. P.,
Nos cistos > Scm e sem complicações, é desejá- NAGARAJ. H. S. Laparoscopic management of neonatal ovamfl
vel a punção-aspiração percutânea destes. cysts. J. Am. Assºc. Gynecol. laymen. V. 7, n. 3, 13401—404, 199l-
‘1‘“.
Cisto de ºvário na Pré-menarca I
605

João Carlos Ketzer de Souza


GBIIBEITD
Cistos que se formam além do período neonatal e antes
da puberdade e têm maior risco de malignidade.
Entre o primeiro ano de vida e o inicio da menarca,
a frequência de cistos de ovário é baixa. Durante esse
período, a hipófise secreta menos gonadotrofina do
que em qualquer outra época do ciclo de vida. O apa—
recimento e o crescimento de cistos nessa faixa etá—
ria parecem ser dependentes da liberação pulsátil de Figura 120.1 — Cisto de ovário com torção do pedículo.
gonadotrofinas pela hipófise em desenvolvimento.

GHSSIFIGIGÃD INIIESTIGIIÇÃII ”11111110811811


ICisto simples unilocular.. II História e exame físico.
ICisto hemorrágico ou complexo (com áreas císticas
e sólidas). Em cistos complexos e sólidos:
Radiografia de abdome e tórax.
IUltra-sonografia abdominal.
0111111110 fllllllflll "

la Tomografia computadorizada de abdome e pelve


Os cistos podem apresentar-se com:
IMassa abdominal.
nos-casos ou suspeita de malignidade.
I Dosagens séricas de B—gonadotrofina coriônica

I Quadro de abdome agudo com dor abdominal,


humana (ii—HCG, humgn chon'anic ganadatmphín),
associada a coriocarcinoma, carcinoma embrio—
náuseas e vômitos (85%), febre, palpação de massa nário e teratoma; alfa-fetoproteína, associada a
dolorosa abdominal ou pélvica (40%) e leucocitose, tumor do seio endodérmico, carcinoma embrio-
principalmente nas complicações como torção, nário e teratoma; e antígeno carcinoembrionário
hemorragia e ruptura (Fig. 120.1). Quarenta por (CEA, carcinoembryonic antigen), associado a
cento dos cistos e dos tumores de ovário apre—
tumores epiteliais. -
sentam—se sob a forma aguda por complicação, El Dosagens de estrógeno em pacientes com pu-
A dor costuma ser súbita, contínua, localizada berdade precoce.
no baixo ventre, com irradiação para a região
inguinal e coxa, inicialmente. As crianças me—
nores têm dor periumbilical mais difusa e im- TIIIITIIMEII'II! .,
precisa. ra Cisto simples unilocular: deve ser monitorado
No exame físico, sempre esvaziar a bexiga pre— com ultra-sonografias abdominais seriadas, a menos
viamente à palpação. Massa dolorida, lisa, mó- que apareça complicações ou cistos > 7cm. Mesmo
vel, dura, localizada no baixo ventre. Muitas vezes cistos > Som podem resolver espontaneamente.
ªssociada a contratura do baixo ventre e sinais Na pré-menarca, há maior risco de malignida—
de irritação peritoneal. de, e a espera não deve ultrapassar três a quatro
l
Compressão de estruturas adjacentes. semanas (Fig. 120.2).
lOcasionalmente, cistos podem persistir, aumentar Cisto complexo e qualquer cisto sintomático: têm
e secretar estrógeno, levando a um desenvolvi- sempre indicação cirúrgica, independentemente
mento isossexual precoce. do tamanho.
606 I Trato Geniturina'ria

cm de nvarlu na pre-mmm: que as lesões malignas causam mais inflamação efibroçe


com formação de aderências às estruturas vizin has
.- 1——‘—1
(Ino simples Cisto complexo, ou
slntamátlco, ou recorrente,
tendo poucas chances de sofrerem torção.
A realização de ooforopexia é controversa na lite-
'

ou com diagnostko ratura atual.


diferencial difkll Ooforopexia deve ser sempre considerada diame
(
7<ln > 7cm de ligamentos ovarianos longos. A preservação da pro-
ximidade do ovário com as fímbrias da trompa parece

1 ser relevante. Portanto, optar pela ooforopexia medial.


Vldeolapammpla
ou
observar. Iaparotomla

1 ' 9 L 5
ulna-sonoguãas
lepetldas BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

l
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m
u.»;
.“1
;:
lntersexo = 607

0 desenvolvimento da genitália feminina parece


ser um pl'OCeSSO autônomo que ocorre mesmo na
ausência dos ovários. A presença de andrógenos pode
interferir nesse processo e, conseqiientemente, cau—
sar variados graus de virilização e desenvolvimento
sexual ambíguo. A falta de estimulação androgênica
apropriada em homens pode, similarmente, pertur—
bar 0 desepvolvimento sexual causando uma subvi-
rilização. E importante enfatizar que todos os órgãos
do feto em desenvolvimento, incluindo o cérebro, são
afetados pelos andrógenos circulantes. Esse e 1.1m fator
importante que temos de ter em consideração quando
investigamos e tratamos crianças com doenças inter-
sexuais.
*É, o distúrbio da diferenciação sexual que resulta em
, igenitália ambígua. Tais anormalidades podem origi-
; .*: nar-se de distúrbios cromossômicos, mal desenvol- MUSAS IE III'IEBSEIIIIIIIIIIIIIIE
«
- atividade de certos hormônios.
fl Anormalidades cromossômicas: são anormalidades
no número ou na estrutura dos cromossomas sexuais
que podem causar diferenciação gonadal anor-
mal, resultando em produção hormonal deficiente.
Para entender os distúrbios que causam genitália am- :: lnsensibilidade parcial ou total androgênica que
bígua, é imperativo entender o desenvolvimento se- pode resultar em virilização anormal do feto mas-
xual normal. Até a 6ª semana de vida, não se pode culino.
distinguir entre genitália interna e externa masculina H Distúrbios endócrinos primários que podem al-
e feminina. Durante esse período, a genitália externa terar os níveis de andrógenos e causar hipovi-
4 de ambos os sexos
e formada pelo tubérculo genital, rilização de um homem ou hipervirilização de
' pelas pregas uretrais e pela protuberância labioescrotal. um feto feminino.
'
Ambos os sistemas, digestivo e geniturinário, são
,» convergentes e formam a cloaca. A'septação da cloaca 011E111 IIEIIE Sill INVESTIGAR?
.. vai formar a porção terminal do intestino primitivo e
o seio geniturinário. Os precursores embrionários dos ll Pacientes com genitália ambígua ao nascimen—
ductos genitais internos são representados pelos ductos to. Embora não tipicamente classificada como
'
de Wolff e ductos mesonéfricos (sistema genital1n- ambígua, inclui—meninos com pênis muito pe-
terno masculino) ou ductos de Muller e ductos para-
mesonéfricos (sistema genital interno feminine). A
queno,:ou meninas com clitóris aumentado.
IHipospádia grave, especialmente quando asso—
» diferenciação genital masculina é um processo ativo, ciada a testículos não-descidos.
que é dependente da presença do cromossomaY. A região I‘l “Meninos” com gônada's impalpáveis.
. .tdeterminante do sexo ou SRY (sex-determining region a1 Adolescente feminina com amenorréia, desen-
.“,ng

“ ofthe chromosome Y) baseia-se na presença de um gene volvimento deficiente das mamas, virilização ou
.- no cromossoma Y, que ativa a rota de diferenciação início de hematúria “cíclica”.
:" testicular. Ao redor da 8E semana de desenvolvimento,
o testículo começa a secretar dois hormônios. IIIIIESTIGMÃD llllS PRBIEIIIES 1101! 111111101“

E
lTestosterona: produzida pelas células de Leydig.
lSubstância inibidora—múlleriana
11111111111111
(MIS, míillen'an—
inhibiting substance): produzida pelas células de 11181011! Enama 11511111
Sertoli.
Identificar outros membros familiares cgmcondições
A testosterona estimula a diferenciação do siste- intersexuais (herança herdada) ou morte pós-natal
. ma ductal wolffrano, formando o epidídimo, os ductos
ejaculatórios e as vesículas seminais. A MIS induz à
precoce. Medicações maternas durante a gravidez devem
ser checadas. O exame físico deve incluir a retração
regressão dos ductos miillerianos (precursores das trom- dos lábios com o intuito de visualizar adequadamente,
pas de Falópio, útero e terço superior da vagina). Tes- na menina, os orifícios uretral e vaginal. Avaliação cui—
tosterona é também convertida à diidrotestosterona dadosa deve ser realizada para detectar assimetria escrotal

l
(DHT, díhydrotestosterone) pela Sor-redutase. A DHT, e presença de gônadas palpáveis. Hiperpigmentação
11m andrógeno mais potente, difunde-se localmente secundária a secreção de hormônio adrenocorticotrópico
induzindo a masculinização da genitália externa e do pode estar presente na região genital ou aréola. Sinais
seio geniturinário. Esse processo está completo ao de desidratação e hipertensão são sugestivos de hiper-
redor da 12E semana de gestação. plasia adrenal congênita.
l‘l
ll 608 ' Trato Geniturinário

llltra-sonnuaiia
IPseudo-hermafroditismo
——
masculino somente
tecido testicular histologicamente normal em um
Importante para diagnosticar a presença de útero, indivíduo XY.
g'ônadas intra—abdominais (ocasionalmente), hidro—
colpos, hidronefrose.
Pseudo-flermatmllllsmo Feminine
Gariútlno Virilização do feto feminino ocorre como resultado
de exposição endogenamente produzida ou por an-
Para confirmar presença de cromossomas sexuais XX drógenos exogenamente administrados.
ou XY. Mosaicismo e anormalidades estruturais também
Etiologia:

6 L 2' 8 S Z >
podem ser identificados.
- Q L S'

|
n Hiperplasia adrenal congênita: deficiências da 21.
Estudos Metahúlioos hidroxilase e llB-hidroxilase são as mais comuns
(95%).

ª. — g e
Dosagens de eletrólitos séricos, l7-hidroxiprogesterona, IIngestão materna de compostos com atividade
l7—cetosteróides, pregnanetriol, testosterona (mater- androgênica (por exemplo, progesterona) durante
na e na criança). Em casos específicos, pode ser neces— a gravidez.
sário o teste de estimulação pela B—gonadotrofina
coriônica humana (B-HCG, human chorionic gona-
lTumores maternos
secretoras de andrógenos,
dotrophin) ou avaliação da resposta do paciente a
administração de testosterona exógena. Hiperplasia Adrenal Congênita
A hiperplasia adrenal congênita (HAC) é a causa mais
11011110913118 frequente de pseudo-hermafroditismo feminino. As
deficiências da Zl-hidroxilase e llB-hidroxilase re—
instilação retrógrada de contraste no seio genituriná« presentam os defeitos mais comuns. A perda de atividade
rio pode delinear as relações entre a uretra e a vagi— enzimática resulta no acúmulo de 17—hidroxiprogeste—
na. Em meninos, pode ser determinada a presença de rona. O acúmulo de 17-hidroxiprogesterona leva à
utrículo aumentado. superprodução de andrógenos, incluindo desidroepian-
drosterona (DI-IEA, dehydroepiandrosterone), andros—
Estudos Histulúutcus Gunauais tenodiona e testosterona. Virilização do feto femini-
Na maioria dos casos de intersexualidade, à exceção no pode ocorrer em vários graus, dependendo da
da síndrome adrenogenital e alguns casos de insen- penetrância do defeito genético (Fig. 121.1). A gra-
sibilidade androgênica, a histologia gonadal é essen- vidade da Virilização exibe um amplo espectro. Pode
cial para estabelecer o diagnóstico. A biópsia deve haver somente leve hipertrofia do clitóris, fusão labio-
comprometer a porção profunda da gônada, desde que _escrotal e pigmentação genital. Nos casos mais graves,
o ovotéstis tenha tecido testicular e ovariano sobre- auretra e a vagina podem formar um seio genituriná-
postos 1.1m sobre o outro. Gônadas internas podem rio comum ou pode haver uma uretra fálica. Por ra-
zões técnicas, é importante determinar a extensão do
ser submetidas a biópsia usando laparotomia tradici-
onal ou, mais atualmente, tecnicas laparoscópicas. seio geniturináriofUma confluência alta entre a uretra
e a vagina pode apresentar desafios técnicos signifi-
cativos no momento de trazê-làs até o períneo. Os
BlIISSIFIBIIGIIll IlllS BlSTIlIIIIIIlS 1111 111111151") órgãos reprodutivos internos, incluindo útero e trompa
A classificação se baseia na histologia gonadal e é de Falópio, são normais. Os ovários podem estar as-
dividida em quatro grupos principais: sociados a hérnia inguinal. Clinicamente, isso signi-
IPseudo-hermafroditismo feminino: somente te- fica que, na grande maioria dos casos. não há nenhu-
cido ovariano histologicamente normal em um ma gônada palpável no exame físico.
indivíduo XX.
IHermafroditismo verdadeiro: ambos os tecidos Deficiência da 21-hidroxilase
ovariano e testicular estão presentes — cariótipo Aproximadamente 90% do? casos de l-lAC são se-
variável. cundários a deficiência de 21-hidroxi]ase. A doençª
IDisgenesia gonadal. é recessivamente herdada e pode afetar ambos os sexos.
- Disgenesia gonadal mista: testículo em um lado
e gônada disgenéticalno outro. Cariótipo 45XO/
Virilização pode ocorrer em vários graus. Na forma
clássica dadoença, a genitália é ambígua.
46XY (mosaico) em”70% dos casos. Investigação:
— Disgenesia gonadal pura: traços gonadais bi—
laterais em um individuo XO. I Eletrólitos séricos: a deficiência de ZI-hidroxilasº
- Síndrome de Turner: traços gonadais bilate- causa falha na produção de cortisol e aldosterona.


rais em um indivíduo XO. Depleção de sal ocorre em aproximadamente 75
Disgenesia gonadal XY (síndrome de Swyer): dos casos. Desde que cortisol e desoxicortisol 111:1-
traços gonadais bilaterais em um indivíduo XY. temos estejam presentes ao nascimento, a mªiº“
lntersexo I 609

ACI'H

- Colesterol

ll!
1

17 C“
3 3
z 4

5
17
º" 5
Os números referem-se 1; se uintes enzimas:
Desoxiturtlcostemna (DOC) DESCXlCDfllSnl
Tªí'ªªª'º“
,
1 = 20,22<desmolase

l
g
s s z = 17n-hidroxllase
:= SB-hldraxiesterõide
O-dermo
desldrogenase
Corticostemna ase
1

Comm.
7 B—hídmxllase
-hidrnxíestevólde desldrogenare
a = tm—hldmyíerteróide desldrogenase
Aldostemna 9 = 531-redutase

*
Figura 121.1 — Biossíntese dos esteróides adrenals. ACl‘H = hormônio adrenocprtiçotrópíco.
S
Sou
vi

ao
n ria dos bebês não manifesta sintomas clínicos durante Níveis elevados de 17-hidroxipregnenolona e DHEA
Q
as primeiras duas semanas de vida. Subseqiien— podem estabelecer o diagnóstico. O DHEA é um an—
temente, o bebê sem diagnóstico pode apresentar-se drógeno fraco que causa leve Virilização em algumas
com choque adrenal (desidratação, vômitos, hipo— meninas. A perda importante de sal com acidose hi-
natremia, hipocalemia), não respondente a sim- percalêmica muitas vezes resulta em alta taxa de mor-
ples hidratação. A urgente administração de este— talidade, mas pacientes com defeitos menos graves
róides é imperativa. Hipocalemia e hiponatremia podem sobreviver. É típica a persistência do seio
são os achados laboratoriais característicos do cho- geniturinário e Virilização leve.
que adrenal e são a chave para estabelecer () diagnós—
tico. Os baixos níveis séricos de aldosterona levam
à elevação da atividade da renina plasmática. Hermaimúitismn Verdadeiro
INíveis de l7—hidroxiprogesterona podem estar Hermafroditas verdadeiros variam amplamente na
50 a 100 vezes elevados. »
aparência da genitália externa. A maioria tende a ser
IUltra-sonografia: presença de útero. masculinizada e apresenta-se com hipospãdia grave,
lGenitografia: para avaliar a extensão do seio ge-
niturinário.
encurvanifento peniano e assimetria das pregas labioes-
crotais. O cariótipo é variável, mas a maioria dos casos
relatados e 46XX (70%) e de origem afro-america-
na. Mosaicismo ou cariótipo 46XY têm sido relata—
dos nos casos remanescentes. ,.
A falta de 1 IB-hidroxilase causa o acúmulo de l7—hi- Como nas outras classes das doenças deintersexo,
droxiprogesterona e desoxicorticosterona (DOC, a aparência da genitália externa não é diagnóstica do
deonvcarticosterane), um esteróide com atividade tipo de intersexualidade. Biópsias gonadais são es—
mineralocorticóide que leva à retenção de sal. Conse- senciais para o diagnóstico. Por definição, tecidos
quentemente, 66% dos bebês com esse defeito desen— ovarianos e testiculares devem estar presentes. Estes
volvem hipertensão além da Virilização da genitália podem ser encontrados em variadas combinações, mas
externa. Aproximadamente 10% dos casos de HAC são o ovotéstis é a gônada encontrada mais comum. O
Causados pela deficiência de llB-hidroxilase. Os tecido ovariano ou testicular pode ter uma distribui-
Eletrólitos séricos podem revelar alcalose hipocalêmica. ção polar dentro da gônada ou tecido de um tipo pode
_São características as elevações da l7—hidroxíproges- estar situado profundo dentro da região hilar da gônada.
iterona, desoxicorticosterona e ll—desoxicortisol. Os Por essa razão, uma biópsia adequada deve atingir
iVtais de renina plasmática são tipicamente baixos como ambos os pólos gonadais e região hilar. A função
sresultado do aumento da atividade míneralocorticóide. hormonal corresponde aos achados histológicos, embo-
ra haja uma tendência de administrar testosterona su—
Deficiência da BB-hidroxíesteróide plementar nos hermafroditas verdadeiros criados-como
Desidrogenase meninos.
A genitografia pode demonstrar vagina e a ultra-
E uma doença rara em que existe um bloqueio pre- sonogratia pode revelar útero e trompas associadas.
Coce na rota da síntese dos esteróides, que leva à redução Pacientes com falo de dimensões razoáveis são, em
dª smtese dc cortisol, aldosterona e hormônios sexuais. geral, criados como meninos. Nos casos em que o
610 I Trato Geníturinárío

tecido ovariano predomina, () falo permanece rudi— Síndrome de Turner


mentar e o paciente deve ser criado como menina. Pacientes com síndrome de Turner têm cariótipo 45X0
Nesses casos, é necessária a realização de vaginoplastia ou 45X0/46XX e restos gonadais bilaterais. ACha—
e clitoroplastia. Tratamento adequado necessita da dos típicos associados incluem baixa estatura, pes.
remoção do tecido gonadal discordante. A adminis- coço alado, tórax em escudo, genitália externa normal
tração de testosterona suplementar é, muitas vezes, e mamilos amplamente separados. Podem apresentar
necessária ao paciente criado como menino. outras anomalias, como defeitos de válvula aórtica
coarctação da aorta e rim em ferradura. ,

Esse tipo de intersexualidade é caracterizado pela falha


ou interrupção do desenvolvimento gonadal.

Disgenesia Gonadal Mista


Disgenesia Gonadal XY (Sindrome de Swyer)
Esses pacientes têm cariótipo 46XY, fenótipo femi»
nino normal e restos, gonadais bilaterais. Essas gônadas
apresentam chance de malignização de ate' 60%. Pºr
isso, gonadectomia bilateral deve ser realizada no
6L2'85IZ'J‘VLS
Essa doença é relativamente comum e é caracterizada
pela presença de testículo histologicamente normal momento do diagnóstico.
ou disgenético em um lado e traços de gônada no outro.
Na grande maioria dos casos, o cariótipo é 46XX! Pseuna-nermaimninsmn 11111511111110
45XO. Alguns têm sido diagnosticados intra—útero pela
descoberta de um cariótipo 46XX/45X0 na amnio- Apresentam—se com testículos histologicamente nor—
centese. Avaliação urológica, para aconselhamento mais. Hipovirilização é o resultado da insensibilidade
antenatal, tem se tornado muito mais frequente em dos tecidos—alvo à testosterona ou da deficiência na pro-
anos recentes. Com relação ao aconselhamento, é im— dução dos andrógenos testosterona ou DHT. A testos—
portante levar em consideração os seguintes pontos: terona é convertida em um andrógeno mais potente,
a DHT, pela Soc-redutase. A Virilização da genitália
!A maioria dos fetos diagnosticados intra-útero externa masculina é dependente da ação da Dl-lT.
com cariótipo 46XX/45XO terão genitália externa
masculina normal. .
IA maioria vai necessitar de suplementação Hiperplasia Adrenal Congênita e Defeitos
hormonal na puberdade, mesmo na presença de da Síntese de Andrógenos Testiculares
um testículo totalmente descido e histologica-
Um certo mimem de deficiências enzimáticas pode
.ad.M,
mente normal. ,
interferir na síntese de andrógenos e causar Virilização

r
!Muitos pacientes irão desenvolver importante de-

NM
inadequada.—BAC femininizante pode resultar de
ticiência no aprendizado.
lO risco de malignidade no testículo normal ou deficiências na BB-lúdroxilase, l7B-hidroxilase/ 17,20-
disgenético pode ser tão alto como 30%, se estiver liase e 20,22-desmolase. A produção testicular de
localizado intra-abdominal. testosterona costuma ser afetada por deãciências na
'I As estruturas internas geralmente correspondem enzima l7B—hidroxiésteróíde desidrogenase.
, aos achados gonadais. Uma trompa de Falópio
bem desenvolvida e um hemiútero rudimentar Agenesia de Células de Leydig
são, em geral, encontrados no lado da presença
Doença rara caracterizada pela ausência de células
de traços gonadais (nenhuma produçãode MIS).
de Lcydi g. Ambigijidade genital pode estar presente.
O epidídimo é tipicamente associado a testículo As estruturas ductais internas correspondem a deri-
normal ou disgene'tico. A decisão de criar como

_
menino ou menina é dependente do grau de vativos wolffianos.
Virilização e tamanho do falo. Nas crianças criadas
como meninos, as estruturas mfillerianas e os restos Deficiência de Sri-redutase
gonadais devem ser removidos e o pênis recons- A deficiência de Soc—redutase tipo 2 resulta em ambi<
truído utilizando técnicas de reparo de hipospádia
(ver Cap. 110). Meninas necessitarão de vagino— guidade genital caracterizada por pênis pequenº,
plastia e clitoroplastia. hipospádia perineal e utrículo aumentado (pseudova-
gina). Os testículos são não-descidos e podem
Seriªl"
pados nas regiões inguinal ou labial. Variantes famillªfªª
Disgenesia G'onadal Pura da doença têm sido descritas. , ,.

Esses pacientes possuem cariótipo 46);}, genitália Infelizmente, em razão das características fenotípi-
externa feminina normal, estruturas miillerianas e restos
gonadais bilaterais. O diagnóstico geralmente é rea—
cas femininas, muitos desses pacientes são,
mente, criados como meninas e submetem-se a mª-
erradª-
lizado durante a avaliação de retardo da puberdade dequada clitoroplastia. Mais tarde, quando púbereS'
ou amenorréia primária. com os altos níveis de testosterona, o tipo l do gene
Intersexa l
611
5a.redutase ou gene mutante pode produzir bastante tratamento deve se basear em decisão multidiscipli—
DHT e induzir Virilização. Os pacientes podem en— nar. O tamanho do falo é muito importante no processo
[50 iniciar o desenvolvimento de caracteres sexuais
decisório. Qualquer cirurgia extirpativa deve ser evi— 1 5 ': S a '- t

ªai":
mªsculinos, tais como voz grossa, distribuição cor—
É?

.
“a”
tada em criança pequena. Se o gênero feminino for o
poral de pêlos do tipo masculina e algum grau de descida escolhido, a realização de clitoroplastia deve ser retar-
testicular. Além disso. a grande maioria de pacientes dada até que a criança possa consentir na opção ci-
demonstra uma identidade pelo gênero masculino. Por rúrgica. Genitoplastia masculina incorpora os princípios
essas razões, é importante realizar o diagnóstico pre—

1W
cocº, e é recomendado serem criados como meninos.
do reparo da hipospádia. Genitoplastia feminina consiste
O diagnóstico é estabelecido pela demonstração
em clitoroplastia e vaginoplastia (ver a seguir).
de uma relação aumentada entre testosterona e DHT
no sangue. Níveis de testosterona podem ser baixos Síndrome dos Ductos Mtillerianos
em lactentes e crianças; por isso, a medida da rela- Persistentes (Hérnia Inguinal Uterina)
ção testosterona/DHT deve ser realizada após esti—
É uma doença recessiva autossômica rara caracteriza—
. mulação com gonadotrotina. O diagnóstico também da pela falta de regressão dos ductos miillerianos em
.
pode ser feito usando-se cultura de fibroblastos genitais
meninos. A causa é um defeito na produção da subs-
e medida da habilidade de transformarção, in vitro, tância inibidora mtillen'ana. Tipicamente, esses pacientes
-'- da testosterona em diidrotestosterona. apresentam testículºs não-descidas associados a hér-
,7 A recomendação é de criar crianças com deficiên- nia inguinal. O achado de útero ou trompa de Falópio
j as tamento
cia tipo 2 Soc—redutase como meninos. Apesar de tra—
com suplementação androgênica, a média de
dentro do saco herniário torna a doença também co-
: comprimento peniano conseguida tern sido relatada
nhecida como hérnia inguinal uterina. Remoção da trompa
de Falópio deve ser evitada, pois divide sua suplementação
‘1'- como pequena. Em pacientes criados como meninas, sanguínea com o deferente e o testículo.
gonadectomia e clitoroplastia devem ser realizadas.

ii . 111111101’11181111 FEMININA
ESensibilldade Androgênica Total
Genitoplastia feminina e' indicada na maioria dos casos
(Feminização Testicular) de pseudo-hermafroditismo feminino e outras condi-
*.É uma condição hereditária, não caracterizada por ções selecionadas de intersexo. Consiste em clito-
': “ genitália ambígua. O diagnóstico é usualmente feito roplastia, vulvoplastia e vaginoplastia.
;durante a realização de uma hemiorrafia em criança
{com fenótipo feminino. O cirurgião defronta-se com
, ,, a presença de uma gônada no saco hemián'o com aspecto
clitoronlastia
Me testículo normal. ºrquiectomia bilateral deve ser Muitas técnicas têm sido descritas. Os princípios ci—
rúrgicosfundamentais são:
fi'realizada pelo alto risco de desenvolver malignidade
ãtesticular. O tempo da remoção testicular permanece
_ .controverso. Alguns advogam orquiectomia precoce
I Preservação do feixe neurovascular que suplementa
a glande do clitóris. Isso é conseguido pela dis-
_,e indução da puberdade pela administração exógena secção no plano correto entre a albugínea e a fãs-
,de estrógeno. Outros preferem manter os testículos cia cle Buck. A manutenção nesse plano de dis-
. "até que a puberdade inicie espontaneamente. Esses secção resulta em uma glande com excelente
Alpacientes produzem altos níveis de testosterona na coloração e boa vascularização no final do pro—
ª 'puberdade. Aromatase pode converter testosterona em cedimento.
'

estrógeno e promover o desenvolvimento de Caracteres :: Redução da glande em casos de clitóris grande.


exuais secundarios femininos satisfatórios. Orquiec- m Preservação da mucosa do clitóris para recobrir
, tomia bilateral pode ser realizada após completo o aspecto ventral.
desenvolvimento da puberdade. Preferimos essa conduta, Recentemente, desenvolvemos uma técnica conser—
ã que acreditamos que a puberdade espontânea e' mais vadora e possivelmente reversível de genitoplastia
w
desejável do ponto de vista psicológico e a incidên- feminina. Com essa técnica não ressecamos nenhuma
ieiª de tumor testicular pré-puberal, extremamente rara.
'
_ porção do clitóris, somente o desmembramos, recolo-
cando cada parte em diferentes locais. As duas câmaras
insensibilidade Androgênica Parcial eréteis dos corpos cavernosos são cuidadosamente
dissecadas e separadas completamente uma da outra.
Ses pacientes são os
mais difíceis de tratar entre as Dessa dissecção temos como resultado a individua-
ídºenças do intersexo. Quando criados como meninos, lização da glande e de seu feixe vasculonervoso, assim
'ª difícil prever o grau de Virilização que irão atingir, e
Virilização na puberdade muitas vezes é inadequada.
como os dois hemicorpos cavernosos. A glande é então
suturada ao púbis e cada hemicorpo colocado dentro
Na determinação do sexo, alguns autores confiam muito dos grandes lábios confeccionados durante a vulvoplastia
na ªdequação da resposta de crescimento peniano, (Fig. 121.2). Dessa maneira. conseguimos um ótimo
a1’68 ªdministração de testosterona suplementar. O resultado estético e, potencialmente, mantemos to—

“ ’ 7 '. "
"J“:',.
1"
"
612 i Trato Genitun'nário

l- Ç

Figura 121.2 (A - D) Técnica de



clitoroplastia conservadora.

" ‘7._'2’

_.
-ª«..iªs»=:
das as estruturas clitorianas com seu suprimento vasculo-
nervoso. Isso deverá resultar em melhor sensibilida—
de erógena do clitóris, agora distribuída pela vulva.
riãria total, evitando, assim, o difícil processo de
separação da vagina da uretra. A mobilização total
do seio geniturinario pode ser realizada em casos
.?

Além do mais, essa é uma técnica potencialmente em que o comprimento do seio não seja maior que

.s
. » «mw — , reversível, possibilitando a reconstrução do clitóris 3cm do nivel do períneo. É importante criar uma
abertura grande na parede vaginal posterior, tentan»
,. u

original, caso este seja o desejo da paciente no futuro. do minimizar o aparecimento de estenose vaginal.
,

Sem falar nos aspectos psicológicos que, certamen—


te, são positivos, uma vez que a paciente fica saben- Em situações em que a vagina está muito proximal,
do que nenhuma de suas estruturas genitais foi amputada. perto do colo vesical, ou é de pequenas dimensões,
preferimos efetuar a vaginoplastia durante a puber-
dade. Essa faixa etária e mais apropriada, pois a pacrente
está psicologicamente mais preparada para uma 1n—
Reconstrução vulvar tenta restaurar a aparência ana- tervenção delicada, que exige dilatações pós-ope-
tômica normal da vulva. Os lábios menores são cons- ratórias de rotina. «..
truídos com o prepúcio do clitóris; é importante inseri-los

GLQ-aiÇ-ºLzçs
em uma posição lateral ao intróito vaginal. Muitas BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
técnicas descritas falham na obtenção dessa configu- DIAMOND, D. A. Sexual differentiation: normal and abnormªl. |":
ração anatômica e os resultados cirúrgicos não são WALSH, P. c.; RETIK, E. D.; VAUGHAN, 1. R.; WEIN.A-1«
representativºs da anatomia feminina normal. (eds.). Campbell‘: Urology. 8. ed. Philadelphia: WB. Saunders,
2002. p. 2395-2427. , .
llaulnonlastla GILLENWATER. ]. Y.; GRAYHACK, ]. T,; HOWARDS. 5~ S"
MITCHELL, M, E. (eds.). Adult and Pediatric Urology. J '
Philadelphia: Lippincott Williams &. Wilkins, 2002. p. 253 '

Muitas técnicas cirúrgicas têm sido descritas. Mais


recentemente, Pena descreveu a mobilização genituri- 2564.
Extrafia de Bexiga I 613

1111111111122 IEpispádia isolada ocorre em 1 para cada 100.000


*

recém-nascidos do sexo masculino e em 1 para


cada 400.000 do sexo feminino.

.Extrofia de Bexiga
“g '.

IIIIOIMIIIS 11850011111115
{1010 Luiz Pippi Salle Extrofia de bexiga:
'

I Diastase do púbis.

-€Roman Iednak
IHérnia inguinal.
I Criptorquidia.
I O trato urinário superior geralmente 6 normal,
exceto o refluxo vesicoureteral, quase universal-
mente presente nos casos de extrotia'de bexiga.
. *A extroi'ia de bexiga faz parte de um espectro de ano— Epispadia:
Fmalias congênitas que afeta os sistemas urinário e
musculoesquelético. A bexiga urinária está comple- I As mesmas da extrofia de bexiga.
, amente aberta, estando sua mucosa exposta na parede Extrofia de cloaca:
, ªbdominal inferior. O colo vesical, assim como toda a
" ilrettª, está aberto e exposto. Nas meninas, o clitóris é I Oitenta e cinco por cento apresentam malformações
Bífido e separado na linha média. Em epispádia fe- associadas.
'

" .“ rrininina isolada, muitas vezes o colo vesical da bexiga


. ‘esté amplamente aberto. Também há falta de desen-
I Aproximadamente 50% têm anormalidades es-
pinhais, incluindo mielomeningocele.
'
lolvimento da parede abdominal inferior, associada I Vinte e cinco por cento apresentam graves de—
. 'jgraus variados de diastase do púbis. formidades dos membros inferiores.
São comuns as duplicações das estruturas míille«
rianas e gastrointestinais.
I Pode ser muito dificil o diagnóstico pré-natal do
aceito que a extrofia de bexiga e suas variantes são sexo do bebê.
resultado da falha de migração do mesoderma en-
,
rªre
as duas camadas da membrana cloaca]. Isso oca—
«ªlona uma fraqueza da estrutura e ruptura durante o 111l1111031100 PIIÉ-lll'l'lll
desenvolvimento embrionário, resultando em varia-
»

O diagnóstico pré-natal de extrofia se baseia na falta

.
, dos graus de gravidade do defeito. O tempo em que de visualização da bexiga e seu esvaziamento, protrusão
corre a ruptura vai determinar a variante do com-
'

infra-umbilical e diastase do osso púbis. Anomalias


%lexo epispádia—extrotia. Ruptura precoce, antes da mi-
gração completa do septo urorretal, resulta em extroiia
'

e cloaca. Extroíia de bexiga clássica é estimada em


espinhais associadas sugerem o diagnóstico de extrotia
de cloaca.

jtroximadamente 60% dos pacientes nascidos com


,s'se complexo. 'I'IIIITIlMEIITÍI
,. Não parece necessário parto cesáreo. O bebê deve nascer
em centro especializado com equipe médica treinada
nos cuidados de casos neonatais de extrofia de bexiga
prevalência de extrofia de bexiga clássica é
IA
ou extrofia de cloaca. Também é necessária uma unidade
estimada para ocorrer em 1 para cada 30.000 a de cuidados intensivos neonatais.
40.000 nascimentos. O reparo de epispádia isolada deve ser retardado
lMeninos são mais afetados do que meninas em
até próximo dos doze meses de idade.
uma proporção de 4:1. As extrofias são reparadas, preferencialmente, entre
IParece haver uma predisposição familiar, tendo
48 e 72h de vida.
sido descrita em muitos grupos de irmãos ou crian-
ças de uma mesma família.
lA incidência parece ser variável em várias re— INVESTIGRGÃB PBÉ—BPEBMÚBIR
giões do mundo.
a Todos os pacientes devem submeter—se à ultra—
- lA frequência de extrofia de bexiga tem sido dra-
sonografia abdominal como parâmetro de com-
maticamente reduzida em áreas onde a ultra—sono— paração com o período pós—operatório.
grafia pré-natal e realizada de rotina, especialmente 1a Radiografias de abdome e pelve são necessárias
em países que permitem o termino dessas gravi- para documentar o grau de diastase púbica.
dezes. n Exames laboratoriais a serem solicitados: os de
'A prevalência de extrolia de cloaca é de 1 para cada
200.000 a 400.000 nascimentos.
rotina, bem como tipagem sanguínea e prova
cruzada.
614 I Trato Geníturina'n'o

posteriormente. Esse é um importante tempo, Pºrque


a falha em incisar esses ligamentos resulta em um
colo vesical anteriorizado, que contribui para ªumentar
a pressão sobre a parede abdominal, facilitando a,
deiscência. Nas meninas, a vagina e a neo-uretra devem
ser deslocadas posteriormente. similarmente aos meninºs
em que a uretra posterior e colocada profundamente
na pelve. Se for realizado reparo combinado da
epispádia, a placa uretral deve ser cuidadosamente se.
parada dos corpos cavernosos e tubularizada, iniciando
na face ventral do pênis, onde é mais fácil encontrar
o plano correto. Quando o procedimento é realizado
no periodo neonatal, o fechamento adequado do colo
vesical tem tomado quase metade das crianças con-,
tinentes com um simples reparo. Isso vai permitir o
enchimento e o esvaziamento precoce da bexiga, com
Figura 122.1 — Extrofia de bexiga. Observar pênis epispádico. possível aumento em sua capacidade. Encurvamentº
dorsal está quase sempre presente e deve ser corri.
gido por rotação dos corpos cavernosos. A dissecção
dos dois hemicorpos é realizada até que ampla mo-
n Antibióticos devem ser iniciados no momento bilização é conseguida, permitindo a cobertura com»
da cirurgia, a não ser que existam outras indica— pleta da neo-uretra, que deve ser colocada posterior.
ções. O uso prolongado de antibióticos pré-ope— mente. Essa manobra é essencial para evitar a formação
ratórios (> 48h) induz a resistência bacteriana. de fístula proximal. Osteotomia pélvica é então rea-
lUm ortopedista pediátrico experiente deve ser
lizada para pemiitir fácil aproximação dos ossos púbicos.
contatado e estar ciente da possível necessidade Em recém—nascidos, muitas vezes o púbis pode ser
de osteotomia pélvica, especialmente se o fe- aproximado sem muita tensão. Entretanto, quando um
chamento combinado de extrofia de bexiga e reparo combinado de bexiga e epispádia érrealizado,
epispádia for antecipado. preferimos a osteotomia, pois a separação do púbis
colocará em risco o reparo, resultando em deiscência
murmura Bllllllllilllll da bexiga e também do pênis. A cobertura da pele pe-
niana pode ser muito difícil e o uso da própria pele
Exlrolla ue' Bexlua clássica (Figs. 122.1 e 122.2) peniana, em vez de pele de prepúcio, causa melhor
resultado estético. A realização de cistostomia su-
Toda a porção do corpo inferior deve ser preparada pfrapúbica é essencial e é geralmente mantida aberta
(abdome inferior anterior e posterior e membros in-
feriores). Ambos os orifícios uretrais devem se cate- por duas a três semanas, quando clampeamento in-
termitente é iniciado. Após dois dias de fechamento
terizados. Inicialmente é efetuada a completa sepa— permanente, ela pode ser removida, se não for obser-
ração da placa vesical. Os ligamentos intersínfrses vada a presença de hidronefrose na ultra-sonogram
são incisados para permitir ampla mobilização da bexiga abdominal. O paciente deve ser'mantido em tração
por duas a três semanas, tempo necessário para n
cicatrização e a aproximação dos ossos púbicos.
Se o cirurgião não está familiarizado com o manu-
seio da epispádia ou tem realizado o reparo somente
ocasionalmente, não é admissível que realize rº-
paro combinado da extrofia de bexiga e epispádra no
o
período neonatal. Esse procedimento é muito traba-
lhoso e tecnicamente difícil?; resultados desastrºsºs
podem surgir se a equipe cir'úrgica não estiver ade-
quadamente preparada para essa tarefa. É também
sencial contar com cuidados pós-operatórios neonatais
es-
adequados, pois alguns casos neces'sitarão de mflnl'

__
|VZL‘SBfl6 L'S‘J

toração intensa da equipe de cuidados intenswos


neonatais. fe-
O reparo pode ser também estagiado, sendºq do
chamento da placa vesical extrófica
realizadano perro r-
neonatal, seguida pelo reparo da epispádlª Pºªªrfº
.
mente, ao redor de um ano de idade. Devemos enfª r
nzar '

que o uso de retalhos de pele paraextróflca deve se


r a

cr«l-n—ªfa' ae.? .»
. .»

.W};inn.D,.
e

a «da:

Figura 122.4 Epispádia feminina.

Figura 122.3 — Epíspádía masculina.


peniano rudimentar para a reconstrução. Também não
é incomum observar tecido peniano ao acaso distri-
evitado porque pode levar a grandes dificuldades técnicas buído ao redor da superfície da placa extrôfica, pro—
em futuro reparo da epispádia na criança maior. vocando grandes problemas para realizar adequada
reconstrução.
Reparo Ila Enlsnátlla (Fígs. 122.3 e 122,4) O uso de osteotomia pélvica é essencial para realizar
aproximação adequada dos ossos púbicos que sempre
*
Em casos de epispádia isolada, o reparo é preferen— são amplamente separados nos casos de extrofia de cloaca.
f
cialmente realizado ao redor de um ano de idade. As
'
etapas cirúrgicas são similares àquelas descritas pre-
viamente para o reparo combinado com extrofia de Bimryla nara Tratar incontinência
bexiga. Em geral, um stent uretral de silicone e' su— A maioria dos casos de extrofia de bexiga permane-
ficiente para a drenagem vesical, mas alguns cirurgiões cerá incontinente após o fechamento da bexiga, es-
preferem usar cateter suprapúbico. pecialmente se procedimento estagiado foi adotado
inicialmente. As epispádias penopúbicas em meninos
? 0Extrulia dadeextrofla
cloaca (Fig. 122.5) e meninas geralmente são acompanhadas por uma defr-
ciência do mecanismo esfíncteriano e necessitarão de
reparo cloaca é um dos problemas
de
algum tipo de cirurgia para obter adequada resistên—
'mais desafiadores na cirurgia pediátrica. No passado, cia uretral para conseguir ficar seco. A técnica mais
"a maioria dos meninos com extrofia cloacal tinha o freqíientemente usada para aumentar a resistência do
gênero trocado para o sexo feminino, em razão do
colo vesical é o procedimento de Young—Dees-Leadbêtter
;tamanho inadequado do pênis. Recentemente, temos (YDL) ou alguma de suas modificações. Esse proce-
conhecimento que a impressão hormonal cerebral dimento é geralmente retardado até a criança ficar
ocorrida no útero muitas vezes leva a uma conduta mais crescida, quando esta demonstra interesse em
masculinizada dessas crianças no futuro. Por essa razão, ficar seca e livr —se das fraldas. Cateter-ização também
éadmissível manter, quando possível, o gênero cromos— pode ser necessária em um número significante de
sômico, porque implicações significantes de conduta
Pºdem aparecer quando o sexo de educação é mudado
nessas desafortunadas crianças. 0 reparo da extrofia
de Cloaca. segue os mesmos princípios da extrofia de be-
Xígª clássica, exceto para o fato de que o intestino
Primitivo posterior no meio da placa extrófica é separado
ªmbularizado em continuação com o cólon hipoplásico.
importante utilizar o cólon e realizar colostomia
tºrminal. Isso permite melhor-superfície absortiva e
[Evita a síndrome de intestino curto (ver Cap. 123).
| 0 reparo dos casos complexos de extrofia de cloaca

ªlª—mªnda grande criatividade cirúrgica, especialmente


ªum casos de graves anomalias genital e gastrointes-

*—
"Hal. 0 reparo de um pênis masculino epispãdico pode
"II:41—
'.,,

ser muito desafiador, porque, em alguns casos, há tecido Figura 122.5 - Extrofia de cloaca.

«<—
616 I Traro Geniturinário

pacientes. Adesão a esse programa é essencial. Ci- gênicas, têm a tendência de aumentar sua capacida.
rurgia para incontinência deve ser realizada somente de com o tempo. Entretanto, essa tendência pode levar
quando há envolvimento dos pais ou, preferencial- muitos anos para ocorrer. Quando aumento vesical &
mente, do próprio paciente à cateterização intermi- necessário, segmentos ileal ou colônico podem ser
tente (CIC, clean r'ntermittent catheterization). Como a utilizados. Recentemente, estamos realizando a desmu.
uretra tem sensação normal, CIC pode ser dolorosa, colização intestinal, como descrito por Buson. lssO
e muitos pacientes recusam«se a fazê—1a. Por essa razão, parece evitar a reabsorção de eletrólitos como tam.
sempre advogamos a realização de apendicovesicostomia bém diminuir a produção de muco, fatores importan.
(técnica de Mitrofanoff) simultânea à reconstrução tes que contribuem para aumentar a morbidade, quando
do colo vesical, O procedimento deYDL consiste em o aumento é utilizado. A realização de uma apendico.
tubularização do trígono com alongamento da uretra. vesicostomia (Mitrofanoff) é aconselhável após a plástica
Esse processo causa aumento da resistência, com base de colo vesical, com ou sem ampliação vesical, pois
no aumento da pressão hidraulica intraluminal. Para cateterismo intermitente é frequentemente necessá.
obter—se sucesso na técnica, deve-se moldar um tubo rio para obter adequado esvaziamento vesical.
de pequeno diâmen'o (8 a lOFr) e de adequado com—
primento (no mínimo 3 a 4cm). A tubularização deve BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
iniciar no início da uretra proximal. Para facilitar a GEARHART, .1. P. Complete repair of bladder exstrophy in the newborn;
construção da porção inicial da uretra alongada, é complications and management. J. UmL, v. 165, 6 Pt 2, p. 243].
2433, 2001.
importante abrir completamente as bandas intersíntises. GEARHART, I. P.; BAIRD, A. D. The failed complete repairof bladder
Ao fazer isso, pode—se ter acesso muito mais fácil ao exstrophy: insights and outcomes. J. UmL, v. 174, 4 Pt 2, p.
colo vesical, facilitando a colocação de pontos pro— 1669-1673, 2005.
fundos. Em virtude do uso de parte dessas pequenas NELSON, C. P.; DUNN, R. L.; WEI. J. T. Contemporary epidemiology
bexigas para alongar a uretra, as hemibexigas rema— of bladder exstrophy in the United States. ]. Urºl,, v. 173, p.
nescentes ficam com pequena capacidade e o aumento 1728-1731, 2005.

E L B' S Z Y I Q
é muitas vezes necessário para conseguir uma capa- NELSON, C. P.; BLOOM. D. A.; DUNN, R. L.; WEI. J. T. Bladder

n.
exstrophy in the newborn: a snapshot of contemporary practice
cidade razoável. Entretanto, o aumento vesical oca-
siona uma significante morbidade a longo prazo; patterns, Urology, v. 66, p. 4ll-4lS, 2005.
VAN LEEUWEN, M. A.;D1K, P.; I(LIIN. A. I. et al. Primary repair
devemos evita—lo, quando possível. Em casos limítrofes, of bladder exstrophy followed by clean intennittent catheterimtion:
estã justificado evitar o aumento vesical, urna vez que
bexigas extróficas, ao contrário das bexigas neuro-
outcome of 15 years’ experience. Urology, v. 67, p. 394-399,
2006. ., w

«
.
Extrofia de Cloaca I
617

as duas metades da parede abdominal, levando à diastase


do pu'bis e à falha de fusão do par de tubérculos genitais,
causando Clitóris duplo ou pênis duplo.
Esse hiperdesenvolvimento anormal da membra-
na cloacal previne a migração de tecido mesenqui-
matoso entre as camadas do com e do endoderma.
Ruptura prematura da membrana cloaca], a qual—
quer tempo entre o aparecimento da membrana e a
subdivisão da cloaca, causa a extrofia. O que vai deter—
minar a variedade da anomalia é o período em que a
membrana rompe, A ruptura muito precoce da mem—
brana e de sua extensão infra-umbilical antes da for-
mação do septo urorretal (estágio de Smm) e antes da
fusão dos tubérculos genitais, permite sua aversão, re-
sultando no aspecto clássico de extrofia de cloaca.
Duas teorias são as mais aceitas:
Anomalia congênita complexa envolvendo os siste- I Patten e Barry: o par dos primórdios dos tubércu—
mas geniturinario e intestinal. É a forma mais grave los genitais são deslocados caudalmente. Isso per—
dos defeitos ventrais de parede abdominal. mite a persistência da porção mais cefálica da
A extrofia clássica caracteriza-se pela presença de membrana cloaca]. Se ocorre divisão incomple—
ta do septo urorretal e desintegração da mem-
1jªplaca de mucosa intestinal central formada em sua
'

brana cloacal, aparecem bexiga e intestinos ex-


- ”porção superior pelo íleo temiinal prolapsado, um orifício tróficos.
inferior correspondendo ao cólon encurtado termi- Marshall e Muecke: membrana cloaca] desenvol-
Ínando em fundo cego, um ou dois orifícios apendiculares ve-se excessivamente. Esse hiperdesenvolvimento
[laterais e genitália ambígua (Fig. 123.1). impede a migração da camada mesenquimatosa
entre o ecto e o endoderma. Se a membrana rompe
antes da fusão dos tubérculos genitais e antes
do movimento caudal do septo urorretal, ocorre
,Complexa e só parcialmente entendida.
A cloaca é separada do exterior pela membrana cloa-
extrofia de cloaca.
"—

cal, que é composta de endoderma e ectoderrna jus-


: , tapostos, sem () mesoderma. Normalmente, a membrana EPIDEMIDlGGIA
n Forma“ mais rara e mais grave do complexo extroãa/
das extrofias parece ser a existência de uma mem« epispádia.
'brana cloacal anormalmente estendida em direção“a I Prevalência: 12200.000 a 400.000 nascidos vivos.
I Predisposição sexual: l' a 2 M:] F.
I Extrofia de cloaca corresponde a 10% _de todas
as extrofias.
Várias formas de extrofia de cloaca estão rela-
cionadas a diferentes níveis de descida do septo
urorretal.

Onfalocele
IIIIÍIMIIlIIIS ASSMIADAS
‘& Íleo termlnal
prolapsada Presentes em 85% dos casos em geral. Nos casos clás-
Hemlbexiga sicos, estão presentes em 95% dos casos; nas varian-
Drillcío :pendlcular tes, em 75%.
Área ileocecai
muslin
Anomalias do trato urinário superior: 60% (rim
pélvico, agenesia renal unilateral, hidronefrose,

M
ºrificio ureteral
rim multicístico, anomalias de fusão).
‘\ Tailgur
r: Anomalias vertebrais: 65% [mielomeningocele,
lipomeningocele (Fig. 123.2), medula presa, hemi-
vértebras, escoliose].
sl Anomalias gastrointestinais: 40% (duplicação in-
testinal, atresias intestinais, divertículo de Meckel,
má rotação intestinal).
618 I Trata Geniturina'río

I Anomalias das extremidades inferiores: 30 a 50% :! Escroto pode estar ausente, amplamente Separa.
(luxação congênita do quadril, pé torto eqiiinovaro do em dois hemiescrotos ou, menos comumente,
[Fig. 123.2], agenesia do membro inferior). bífido,
I Anomalias cardiovasculares: são raras. I Em meninas. o clitóris está geralmente dividido
I Onfalocele. ' em dois hemiclitóris amplamente separados_ mas
!.Pênis inadequado ou ausente. também pode ser unido ouausente.
I Duplicação vaginal (2/3 dos casos), clitóris bipar— I Duplicação uterina está presente em 95% das
tido, agenesia vaginal (1/_3 dos casos). meninas, duplicação vaginal em 65% e, em 25%
I Hérnia inguinal, criptorquídia. dos casos, a vagina está ausente.

III'IIESEIITIIGÍW IIIIA'I'ÍIIIIIIM cmsStrtcneflli E SISTEMA IIE


GIIIIIFIGIIGÃII 11E ltlfllllllllll
I! Onfalocele está presente em 90% dos casos.
li Aspecto principal: intestino extrófico central Dividido em duas categorias que se baseiam nos padrões
rodeado por duas hemibexigas extróficas. do intestino e da bexiga:
I O intestino central corresponde à região ileocecai I Tipo I: extrofia clássica. Podem ter variações na
e possui três a quatro orifícios. superfície do intestino e da bexiga, que são de-
II Orificio proximal: íleo temiinal que quase sempre finidas nos subgruposzt'
-—
Mr“.

está prolapsado. IA: hemibexigas confluentes cranialmente em


relação à área intestinal.

——
I Orifício distal: cólon curto, em fundo cego.
ll Orifi'cios médios: um ou dois orifícios apendicula- IB: hemibexigas laterais à área intestinal.
res que podem estar prolapsados. IC: hemibexigas confluentes caudalmente em
I Anus com imperfuração. relação à área intestinal.
II Tipo II: variantes. Subdividida em subgrupos.


I Em 30% dos meninos o pênis está ausente; ou-

ó L R' B S Z I
tras vezes, é representado por duas estruturas IIA: somente a bexiga varia em relação ao pa-

I
drão clássico.
rudimentares completamente separadas. Vinte por
-— drão clássico.
IIB: somente o intestino varia em relação ao pa-

L'9
cento têm epispádia ou pênis muito pequeno.
I Testículos localizam-se na cavidade abdominal
ou nas regiões inguinais. — IIC: ambos diferem da forma clássica.

Sistema de codificação
Método que registra o padrão e cada variação do
conjunto.— Um grid é formado por três linhas hori-
Z'zontais(umbilical, abdominal e perineal) e três linhas
verticais (direita, média e esquerda), definindo nove
compartimentos separados (Tabelas 123.1 e 123.2).
IUmbigo: o_nfalocele é apresentada pela letra 0
' lno compartimento umbilical mediano.
Bexiga: pode ser completa (BL, bladder) ou duas
hemibexigas (HBL, hemi-bladder). Na condição
de extrófica, é adicionado o sufixo E. Se a bem-
ga está fechada e coberta, e acrescentada a letrª ,

C. Uma letra F adicional significa a presença de


fístula para um sistema fechado.
Intestino: é representado pela letra B (bowel) Sª'
guida pelos números 1, 2 ou 3, dependendo-dº
segmento envolvido (B 1%:ileocecal, B2 = 0015111?“
133 = retossigmóide). Um sufixo adicional indica
º"
se o intestino é eXtrófico (E), coberto (C) tem
comunicação fistulosa (F), que pode ser
superfície abdominal ou com uma bexrga abertª
com a
ou fechada. Duplicação intestinal é
represent;-º
da pela letra D e por uma letra índice definln
se é extrófrca, coberta ou associada à fístula. A mm

Figura 123.2 Enrofia de cloaca. Há onfalocele superior,
duas hemibexigas, prolapso de intestino delgado, pés tor-
presença de ânus é registrada com a letra A
zona perineal.

tos, lipomeningocele. Não se visualiza adequadamente a I Vagina: é indicada pela letra V e pode aparecer to
genitália externa. lateralmente se duplicada ou no compªrªmen
Extrofia de Cloaca : 619


TKBELA 123.1 — Gridde extrofia de cleaca TABELA 123.2— Slmbelos de codificação de extrofia
de cloaca
' DIREITA MÉDIA
UNHA ESQUERDA
'

CÓDIGO EXTRÓFICO
'iuiviaiuc'
,ABDOMINALAL HBL£
o
iaiE HaiE
(E)
COBERTO
(C)
»—
kôgRINEAL HP HP Onfalocele
;. â1_segmentoileotecal; E= extroflco: HBL: hemibexiga; HP: hemipênis; Presente
:
o: onfalocele. Ausente —-
Bexiga
Completa BL BLE BL:
perineal mediano. A rara vagina extrófica é sim-
Hemibexiga
Intestino
HBL HBL£ HBLc'º
bolizada pelo suflxe basal E. A) Primário
I Clitóris: se completo, é anotado como CL; herni-
clitóris como l-ICL.
ileocecai Bt BtE Bifii
I Pênis:
Colônico BZ 32E BZFii
no menino, o pênis completo é represen— Retessigmóide BB BS£ 33E 9
tado por P e o padrão uretral registrado como B) Duplicação
epispadico (PE), normal (PN) ou hipospádico (PH). lleocecal D1 DtÍ Dicª
Hemipênis é registrado como HP. Colônico DZ D2E '
DZC *
ªetossigmóide D3 D3E D3c‘
iiiiirsririiieiin eiiiiieii C) Anus
Presente A
I História e exame físico. Ausente —
I Uretrecistografia: nos casos de bexigas cober-
Genitália feminina
A) Vagina
tas, para avaliar presença e grau de refluxo vesi-
coureteral.
Presente V VE
I Ultra-sonografia abdominal, renal e coluna: para
Ausente
B) Clitóris
-
pesquisar uropatia obstrutiva, agenesia renal ou Completo CL
outras malformações. Hemiclitóris HCL
I Radiografia de abdome: pesquisa da distribui— Genitália masculina
ção gasosa intraluminal. A) Pénis
I Radiografia de vértebras: para identificar defei- Completo P (P£,P,,,P,,)
tos vertebrais. Hemipênis HP
I Ressônancia nuclear magnética: para melhor
definição e diagnóstico dos disrafismos.
‘1 I Cariótipo.
B) Testículos
Descidas
Não-descidas
_ Tl
TT
'«= + fístula
11111111111110 'Se houver fístula associada, adicionar (F). par exemplo. BLv1
P = pênis epíspádico; P = penis hipospádico: P :pênis normal.

Deve ser multidisciplinar. Iniciar antibioticoterapia,


. Ideal: reconstrução completa no período neonatal
:: A osteotomia bilateral pode ser ilíaca anterior (mais

eralmente dividido em duas fases: (l) Fechamento utilizada) ou posterior. Osteotomia ilíaca anterior
do defeito, que pode ser em um estágio (recém—nas- é preferível nos disrafismos lombossacros graves.
. ido em boas condições, anatomia favorável, anoma- E A construção da uretra pode ser realizada de três
*
__]—lias associadas pequenas) ou dois estágios (prematuros,
formas:
“Éciadasimportantes, anatomia desfavorável). (2) Sub— - Da pele perineal e paraextrofia.
« De
uma tira de pele perineal déixada em con-
ªªª-quente procedimento de reconstrução para obter tinuidade com a bexiga.
ontinência, preservar função renal e criar genitália
,.funcional.
,“ culino'
Em geral, a criança com cariótipo mas- — Excisando pequenos triângulos de parede vesical
e tubularização da tira central de bexiga.
. e convertida em menina por causa da deficiência
:: Reparo em um estágio: fechamento da onfalo-
: ,1; e tecido fálico. Atualmente, essa decisão tem sido
. uito discutida e, muitas vezes, criticada.
cele, separação da placa intestinal das metades
vesicais, aproximação e fechamento das meta-
I Em 80% dos casos, o tratamento da onfalocele des vesicais sem fechar o colo vesical (fecha—
é conseguido pelo fechamento fascial primario. mento da extrofia de bexiga), osteotomia bilateral
Nos outros casos, deve ser realizado o fechamento anterior, gonadectomia em meninos com pênis

“w — r. ,
estagiado com silo de silicone. duplicado, muito pequeno ou ausente, colostomia
, 3 I Deve— se sempre preservar um ou dois apêndices e terminal por tubularização da placa intestinal,
A;; ºs segmentos duplicados para posterior utilização. revisão genital, se necessário.
.

«e
520 I Trate Geniturinário
Genótlpo
Intestlno

Annnomme do um com o 46XX 46XY


rallgut (pim ileocecai
usada para fechamento de
tallgur em
tºmªr-"Idªde bexlgl Inadequadl)
Fenóllpo
Fenbtlpo Fenótipn feminino Fenótlpo
feminino m'Illos borderline maxuline
aurentei) ou inadequado (late simple:
a.

í
hoa qualidªde)

Colostomia
.nim,.
Anonetoplastl:
mi .,; rangº
s..“ saglul posterior

1
oer-:11 neurológico Reconstrução win Orqulemmll neonatal
(llteroplastsla
vaglnoplt a
(período pas—
puberal)
+.”
Mais tarde
' (dunlnte
a
apaiotom :, se lntra-
.
abdominal)
(litoreplastla.
o. «

32:25,“
Figura 113.3 — Estratégias cirúrgicas relativas ao intestino. : Conduta atualmente
em revisão

.
Alongamentº
peniano reparª
I Reparo em dois estágios. qe apispldia an
- onfalocele,
lº estágio (período neonatal): fechamento da
separação da placa intestinal das
tl'
hlpospédlu (rami

metades vesicais, aproximação das metades Figura 123.5 — Estratégias cirúrgicas relativas à genitália,
vesicais, gonadectomia em meninos com pê-
nis duplo ou ausente, colostomia terminal por
tubularização da placa intestinal. vesical, reimplante ureteral, com ou sem a neces.
— 29 estágio (quatro a seis meses de idade): fe— sidade de aumento vesical, usando segmentos do
chamento das metades vesicais sem fechar o intestino delgado ou estômago (nesses casos, deve-
colo vesical, osteotomia bilateral anterior, re- se utilizar a técnica de Mitrofanoff para cateterimção
visão genital. uretral intermitente), reconstrução genital.
IReconstrução continente (quatro anos de idade) I Nos casos em que a placa vesical for inadequa-
após avaliação por ultra-sonografia renal, uretro- da ou a reconstrução funcional tenha falhado,
cistografia e urodinâmica —> reconstrução do colo derivação urinária é indicada.
De qualquer forma, para melhor entendimento, a
reconstrução em razão dessa complexa afecção pode
Bexiga
_—
i- estÁglo ser subdividida em sistemas: digestivo, urinário (be-
;
Reaproximlçlo das
hemibexlgis m
* Estáglo unico
Fechamento
vesical primário
xiga) e genital (Figs. 123.3 a 123.5).
linha média
,
neonatal
REFERENCIA BlBLlOGRÁFlCA
1. MANZONI, G. M.; HURWI’IZ. R. S. Cloacal exstrophy. 111:
z- esúgiu ,, ,
' =

FREEMAN , N. V.: BURGE, D. M.; GRIFFITHS, M.; MALONE.


Saami: ouvir. em
Uesdmenlo e rum
Hemihexlgas
adequadas:
'iiemibuigu
quepu;
" P. S. ]. (eds.). Surgery af the Newborn. Edinburg: Churchill-
Livingstone, 1994. p. 767-780. '
placa veskal adequada: fechamento usar plan ileocecai
..
fechªmento da bexiga vesical + extrofia pm
muolamla bilateral nstearomla
Ilha bilateral aumenm Jllau r
tam-nho
anªtomia BlBLIOGRAFIA RECOMENDADA
a mo: de Idade “"ª”“ HURWI'I'Z, R. S.; MANZONI, G. A.; RANSLEY, F. G.: STEPHENS,
F. D. Cloacal exstrophy: a report of 34 cases. J. Uml., v. 03.
p. 1060-1064, l987.

G L S -i ' ç ht Q
Reconstrução veskal;
com ou sem
necessidade de
LUND, D. P.: HENDREN,W. H. Cloacal exstrophy: a 25<year experience
enteroeistopllnla on with 50 cases. J. Pediatr. Surg.. v. 36, p. 68-75. 2001.
gamedsteplania SOFFER, S. Z.; ROSEN.N. G.: HONG, A. R. et al. Cloacalexstmphyi
a unified management plan. J. I;,edintr. Surg., v, 35, p. 932-937.
2000. '
Figura 123.4 Opções cirúrgicas relativas a bexiga.

Hematún'a I
621
l

“%“ ‘cllrirul mª . de complementos resulta em níveis diminuídos de com-


plemento sérico (C3). Função renal pode estar dimi—
nuída e pode haver proteinúria, resultando em hipo-
albuminemia. A maioria das crianças recupera-se
= Hematulla
» .“ I ' completamente e a função renal, se comprometida, re-
torna ao normal em duas a três semanas. Entretanto,
hematúria microscópica pode persistir por meses ou
Philippe
'
E. Spiess anos após a recuperação. O tratamento é sintomático
e se baseia no balanço hídrico e controle da pressão
oman Jednak sanguínea.

Nefropatia lgA (Doença de Berger)


Embora a apresentação clínica seja variada, a maioria
dos pacientes mostra hematúria macroscópica recor-
rente e indolor ou hematúria microscópica assintomática
sulla no cirurgião urologista pediátrico e
pode ser causa
de muita preocupação para o paciente e sua família. com ou sem proteinúria. Os pacientes com hematúria
macroscópica frequentemente descrevem quadro re—
Hematúria pode ser micro ou macroscópica. Hematúria
- microscópica é definida pela presença de mais de cinco
glóbulos vermelhos por campo e é, geralmente, des—
cente de infecção do trato respiratório. Um subgrupo
menor de crianças pode apresentar—se com hiperten-
coberta em um exame comum de urina em criança são ou proteinúria do tipo nefrótica. A patogênese é
assintomática. A frequência de hematúria microscó- incerta, mas a evidência indica que se trata de uma
pica pode ser de 4 a 6% quando somente uma amos-
tra de urina é analisada, permanecendo como achado
consistente em apenas l a 2% das crianças em ana- QUADRO 124.1 - Causas de hematúria em triança
lise repetida. 0 achado, portanto, deve ser confirma—
do pela análise de duas a três amostras seqíienciais.
Hematúria macroscópica caracteriza—se pela pre—
.—
Drogas
Anticoagulantes
sença de urina de cor vermelho-viva ou marrom. Este -— Cielofesfamida
- Mandelamina
capítulo revisa a etiologia e a investigação de hematúria
nas crianças. ' Hematológicas
- Hemofilia
-— Púrpura trombocitopênica idiopática
causas — Doença ou traços de células falciformes
-— Doença »de von Willebrand
As causas de hematúria em crianças são numerosas ' Infecções *.
' e bastante distintas daquelas encontradas em adultos — Bacteriana
(Quadro 124.1). Contudo, é essencial para o médico -— Viral
assistente pediátrico estar ciente das variadas etiologias,
pois elas ditarão os meios diagnósticos e o tratamento.
-
'
obstruções/Anomalias
Renais
- Doença de Alport
— Púrpura de Henoch-Schõnlein
causas Renais — Hematúria familiar benigna
Nefropatia igA (doença de Berger)
A causa mais comum de hematúria em criança é de Sindrome de Goodpasture
l

origem renal, por glomerulonefrite.


Síndrome hemolltico-urêmica
Glomerulonefríte (subaguda ou cronica)
Glomerulonefrite Aguda Periarterite nodosa
Pós—estreptocócica - Giomerulonefrite pós— estreptocócica aguda
- Endecardite subaguda bacteriana ‘1‘ '

É a forma mais comum de glomerulonefrite em crianças, - Lúpus eritematoso sistêmico


apresentando—se, geralmente, 7 a 21 dias após faringite Cálculos
ªguda ou impetigo. A urina adquire cor de chá e contém -— Hipercalciúria
Traumas
cilindros hemáticos. A tríade clínica típica consiste
Tumores
em edema, hematúria e hipertensão. Outros sinais e
- Hemangicma

W,
Sintomas podem incluir: mal—estar, dor abdominal e oli-
guria. A infecção estreptocócica deve ser confirma- - Carcinoma de células renais
Rabdomiossarcoma
- Carcinoma
da por títulos elevados de antiestreptolisina 0. Deve de células transicionais
ser lembrado que títulos normais podem estar pre- - Tumor de Wilms

sentes em até 20% das crianças. A ativação do sistema
W1-
622 I Trato Genitun'nárío

doença imunológica complexa. A microscopia reve-


familiar completa e audiograma podem fazer o diagnós-
tico. A herança está relacionada a uma forma demi.
la deposição glomerular de IgA e C3. Níveis circulantes
de complexos imunes IgA têm sido identificados, mas
nante ligada ao cromossoma X ou autossômica recessiva.
Embora nas crianças apareça tipicamente hematúria
são pouco significativos, pois só podem ser demons- microscópica, em alguns casos pode surgir hcma.
trados em aproximadamente 15% das crianças. Tipi- túria macroscópica recorrente. Proteinúria aparece com
camente, não há disfunção renal e os níveis de comple- disfunção renal progressiva. Meninos tendem a ser
mento são normais. Episódios recorrentes de hematúria mais gravemente afetados. Aproximadamente 90% dos
podem persistir, mas a função renal, na maioria das meninos e somente 12% das meninas chegam ao Lil.
crianças, permanece inalterada. Um curso rapidamente timo estagio de insuficiéncia renal na idade de 40 anos.
progressivo até a insuficiência renal ocorre em alguns A surdez atinge, primeiramente, os sons de alta ire.
casos e estes costumam estar associados a hiperten— qiiência, gradualmente progridem, atingindo a freqiiência
são e/ou proteinúria tipo nefrótica. O tratamento é da fala.
controverso, e uma variedade de estratégias terapêu-
ticas tem sido proposta: antibióticos, corticosteróides,
medicamentos imunossupressivos e troca plasmática.
Lúpus Eritematoso Sistêmico
É estimado que 65 a 70% das crianças com lúpus erite.
Púrpura de Henoch-Schõnlein matoso sistêmico (LES) desenvolverão glºmerulone-
frite, apresentando-se corn hematiiria e cilindros, Essa
A púrpura de Henoch-Schõnlein é a causa mais co- pode ser 0 primeiro sinal da doença. O diagnóstico e’
mum de vasculite em crianças. Muitas vezes aparece estabelecido, em parte, pela demonstração de títulos
após infecção do trato respiratório superior e é pre- elevados de anticorpo antinuclear c anti-dsDNA.
cedida por dor abdominal, artralgia e mal—estar. Ap'a-
rece erupção purpúrica da pele principalmente nas Hematúria Familiar Benigna
áreas dependentes do corpo (glúteos, costas, braços
e pernas). Aproximadamente 50% dos pacientes irão Essa condição hereditária é benigna e não-progressi—
apresentar hematúria, a qual pode ser macro ou mi— va. Requer investigação adicional, a presença de his-
croscópica com proteinúria. Embora essa condição t6ria familiar de perda auditiva, achados de disfunção
seja muitas vezes autolimitada, uma porcentagem renal e proteinúria.
pequena de pacientes pode desenvolver disfunção renal
aguda ou tardia em meses ou anos. A terapêutica e Doença das Células Falciformes
sintomática. Corticosteróides podem ser usados, mas
não têm demonstrado, definitivamente, melhorar o Hematúria ocorre mais frequentemente em pacientes
prognóstico renal. com células de traço falciforme do que doença fal-
ciforme. Hematúria microscópica (16%) é observa-
da mais frequentemente do que hematúria macroscópica
Sindrome Hemolí'rica Urêmica (1%). Episódios de hematriria macroscópica tendem
A síndrome hemolítica urêmica (SHU) é causa im- a ser ocasionais e indolores; necrose papilar pode ser
portante de insuiiciência renal em crianças. Apresenta- vista nos estudos de imagem. Hidratação geralmente
se agudamente como uma tríade de anemia hemolítica, resolve os episódios de sangramento macroscópico,
trombocitopenia e insuficiência renal, muitas vezes enquanto a hematúria microscópica pode permanecer
após uma gastroenterite ou, menos comumente, uma como um achado persistente.

fi L S‘ Q :
doença do trato respiratório superior. Uma amostra
do sangue periférico mostra eritrócitos fragmentados, Infecção do Trato Urinário
que é diagnóstico. Hematúria macroscópica pode ocorrer,
’ 9 L S'
É a causa urológica mais frequente de hematr'rria em tl
mas é mais comum o aparecimento de hematúria
microscópica leve com proteinúria e cilindros. Na crianças. A maioria dessas infecções e de origem bac-
maioria dos pacientes com disfunção renal aguda, e
necessária a diálise. Corticosteróides e inibidores
teriana, mas alguns vírus, como o adenovírus,
podem causar cistite hemorrágica. O diagnóstico de
também
plaquetários parecem não ser benéficos. A maioria infecção bacteriana é feito pela cultura de urina, enguªnlº
dos pacientes recupera a função renal normal. Ou- a infecção viral e, geralmente, um diagnóstico dª
tros progridem para a insuficiência renal crônica, que exclusão.
pode ter início tardio.
Obstrução/Anomalias do Trato Urinário
Doença de Alpert A obstrução pode apresentar—se com hematúria macro
Corresponde a urna nefrite hereditária associada a ou microscópica. A hematúria pode resultar Wu'
11a
insuficiência renal progressiva, surdez neurossensorial
e, em alguns casos, anormalidades oculares. História
ma mínimo ou infecção. É importante considerar ª
possibilidade da existência de uma anomalia do tratº
l
Hematúria I 623
L

urinário associada, em qualquer situação em que a frequência urinária, dor abdominal ou suprapúbica e
incontinência durante 0 dia. Cilindros e proteinúria
'
hematúria parece desproporcional à gravidade da lesão, estão ausentes. Em ocasiões, esses pacientes podem
desenvolver cálculos urinários. Amostra única de urina
- Distúrbios de Sangramento indicando a relação do cálcio urinário e da creatinina
urinária maior do que 0,2 a 0,3, obtida pela manhã e
.‘ 'âPacientes com distúrbios de sangramentopodem
apresentar hematúria. Pacientes com hemofilia ge- em jejum, sugere o diagnóstico, mas deve ser confir-
mada com a coleta de urina de 24h para documentar,
lǻlmente
são conhecidos por sua diáiese hemorrágica
tºªquando se apresentam com hematúria. Por outro lado, formalmente, a excreção de cálcio. Hipercnlciúria deve
Shematúria pode ser o primeiro sintoma em uma criança
'
ser considerada quando a excreção do cálcio excede
'ª' Scam doença de von Willebrand. Doença das células 4mg/kg/dia. O tratamento consiste em ingesta liberal
de líquidos e cálcio e restrição de sal. Casos mais
.
.
' ifalciformes é causa de hematúria em crianças pretas.
Hematúria ocorre mais frequente em crianças com resistentes podem requerer a adição de diuréticos
mitraçºs
de células falciformes do que na doença de tiazidas.
E'Eélulas falciformes. Não se sabe a razão.
Uretrorragia/Meatite
Uretrorragia é uma condição benigna e autolimitada,
ocorrendo em meninos pré-puberais. A'etiologia não
A"Arlticoagulantes, come warfarina, embora infreqiíen-
é clara. Tipicamente, os pacientes descrevem a pre-
átemente
usados em crianças, podem causar hematúria
após dose excessiva. Mandelamina tem sido citada
sença de manchas desangue nas roupaslde baixo entre
.como causa de cistite hemorrágica. Similarmente, a as micçõcs. Podem estar presentes sintomas urinários
na forma de disúria, frequência urinária ou inconti-
:‘ciclofosfamida, agente quimioterápico, pode produ- nência durante 0 dia. Hematúria microscópica pode
zir cistite hemorragica, que pode diflcultar o manu-
ser demonstrada em metade dos pacientes. Avaliação
-. [ seio. Certas medicações, incluindo a rifampicina e o extensa e desnecessária na ausência de outros acha-
,; ácido acetilsalicílico, podem causar urina com alte-
] ';rações da coloração, mimetizando hematúria. Final- dos ou evidências de infecção do trato urinário. Cis—
toscopia demonstra mucosa de aspecto avermelhada
?:mente, ncfrite intersticial tem sido associada a um e friável na área do esfíncter uretral. Porém, em nada
êgrande
l .
número de medicações, como penicilina c cefa- contribui no seu tratamento. Adicionalmente, o de-
' àílosporina. senvolvimento de estenose uretral tem sido relatado
pós-cistoscopia e, por isso, não tem sido recomenda-
da. Desde que ainda permanece incerto se a estenose
uretral é iatrogênica ou secundária a doença de base,
. =É'l'ambém podem
'
causar hematúria os tumores urológicos urofluxometria podeser útil durante o seguimento do
2 rrabdomiossarcoma,
", ícomo: rumor de Wilms, carcinoma de células renais, paciente. 2“
" ‘carcinoma de célulashemangiomas, angiolipoma e
transicionais da bexiga (geral-
Meatite parece ser causada por dermatite localiza-
da; tipicamente ccorre em meninos circuncidados que
ainda usam fraldas. Classicamente, os pais descre-
vem a presença de manchas nas fraldas.

_
INVESTIGIGÃD DIAGNÓSTIM
11151111113
Uma história completa é o passo inicial na in—
abdominal ou de flanco. O diagnóstico pode ser esta- vestigação de hematúria. O paciente deve des-
=belecido usando diversos estudos radiológicos de ima— crever se o início da hematúria foi associado a
, gem: radiografia de abdome, ultra—senegrafia, pielografia dor, sintomas urinários (urgência, frequência,
'.;intravenosa ou tomografia computadorizada. Estudos estrangúria, jato fraco, gotejamento), trauma,
sintomas gastrointestinais (náuseas, vômitos, diar-
'
ºf; passa espontaneamente. Esses pacientes devem ter sua
'

réia) ou recente doença do trato respiratório.


'
'; urina filtrada até que o diagnóstico seja confirmado. Avaliação completa deve ser feita relativa à his—
“Avaliação metabólica é indicada a todas as crianças tória familiar de hematúria, surdez ou condições
nas quais se formam cálculos urinários. urológicaslrenais.
. Hipercalciúria idiopática é uma causa bern conhe«
_
A intensidade da hematúria deve ser caracteri—
cida de hematúria. Pode ser macro ou microscópica e
o

zada, uma vez que hematúria macroscópica é mais


é. geralmente, assintomática. Um número crescente frequentemente associada a causas urológicas,

W
,. - r
de crianças tem se apresentado com uma varie- enquanto a hematúria microscópica tem, mais
dade de sintomas do trato urinário inferior: disúria, provavelmente, origem renal.
.

Aí' V — L
*
.
624 I Trato Geniturinárío

I A cor da urina deve ser determinada; causas


I A amostra de urina deve então ser centrifugada
urológicas tendem a produzir urina vermelha a e o sedimento analisado microscopieamente para
marrom escura, enquanto as causas renais ten- glóbulos vermelhos, glóbulos brancos, bactérias
“ dem a produzir urina cor de chá.
I A determinação do tempo da hematúria como
cilindros e cristais urinários. A presença
cópica de glóbulos vermelhos confirma que o
microsí
inicial, total ou terminal pode oferecer impor— paciente tem, verdadeiramente, hematúria. É útil
tante pista da origem do sangramento. Em geral, observar a morfologia do glóbulo vermelho, desde
hematúria inicial origina-se de lesões localiza- que células dismórficas estejam associadas a
das na uretra prostática ou distal. Lesões acima etiologia renal. A presença de muitos glóbulos
do colo vesical geralmente causam hematúria total; brancos sugere processo inflamatório. Pode ser
lesões no colo vesical ou uretra proximal usual- secundária a infecção do trato urinário ou cálculo
mente produzem hematúria terminal. urinário. A presença de bactérias em uma 111-r105.
tra recém-coletada é consistente com inf-869510.

-
l
Exame rismo
I O exame físico deve incluir a medida da pressão
A presença de cilindros de glóbulos vermelhos
à microscopia indica doença glomerular. A in-
vestigação deve incluir creatinina sérica, uréia
arterial; se elevada, costuma ser sugestiva de no sangue, eletrólitos, níveis de C3, títulos de
possivel etiologia renal. Similarmente, devem ser anticorpos antinucleares, títulos de anticorpos anti-
procurados achados clínicos, como edema peri- DNA, níveis de proteínas totais e títulos de anti—
" ferico, petéquias ou púrpuras palpáveis. Quan- estreptolisinas. Pode ser necessária, em alguns
"
do presentes, são consistentes com doença renal. casos, a pesquisa de células falciformes.
I A cavidade oral deve ser examinada em busca
Uma relação cálcio/creatinina urinária deve ser
, de faringite, que é sugestiva de glomerulonefrite calculada em busca de hipercalciúria. Hipercalciún'a
pós-estreptocócica aguda. deve sempre ser confirmada em amostras de urina
I O exame da pele pode revelar hemangiomas
de 24h.
cutâneos, que podem ser um sinal físico de le-
sões similares dentro da bexiga.
I Exame abdominal completo é essencial. A pre- Exames naululúgiaos
! sença de massa abdominal e sugestiva de obs- Estudos de imagem do trato urinário superior devem
trução ou tumor.
l O exame da genitália deve observar secreção uretral
ser obtidos, mesmo se doença renal for suspeita.
I Ultra-sonografia abdominal é o estudo inicial
1 ou inflamação meatal.
I Exame retal pode ser necessário. preferido por ser não—invasivo, evitar exposição
à radia ão, confirmar a presença de dois rins e
>: afastar ilatação do trato urinário. Ultra—sonograiia
Exames lallnratnriais ‘l também é 6tima para pesquisar a presença de
I Exame comum de urina e essencial na investi- cálculos renais, tumores renais e anomalias es
gação de hematr'rria. Hematlíria microscópica deve truturais. .

4 —e h «
l Se houver suspeita de cálculos urinários, podem-
tx
ser confirmada em duas a três amostras sequen—
ciais. Em alguns casos, também devem ser tes— se usar radiografia de abdome e urografra intravenosa
. t,.

tados alguns membros da família. Idealmente, I Tomografia computadorizada :? útil para avrlllar
deve ser obtida uma amostra de urina logo após cálculos ou tumor suspeito.
I Cistouretregrafia miccional pode ser necessária
_
a micção, desde que a lise dos glóbulos verme-
lhos e o rápido crescimento bacteriano possam quando há infecção do trato urinário, sintomas
ocorrer em amostras deixadas a temperatura miccionais obstrutivos ou dilatação do trato unnáno
ambiente por um período de tempo significante. à ultra—sonografia.
- Q L Ç'
l

A cor da urina deve ser anotada, isto e, amarela, I Quando clinicamente indicados, podem ser ob-
vermelha, cor de chá, marrom, turva. tidas imagens com ressonância nuclear magné-
I Um dipstick (teste de tira reagente para análise tica ou medicina nuclear-., «
rZL'SRõ

de urina) de urina deve ser obtido para determi-


nar a gravidade específica (se diluída, pode sugerir
doençarenal), avaliar a presença de proteína (sugere nistoseurlta
doença renal) e excluir a presença de bilirrubina,
que pode dar a urina uma coloração escura e mi-
O uso de cistoscopia na avaliação de hematliria é
seletivo do que no adulto e deve ser adaptado a hls— mars
” metizar hematdiia. Deve ser observado que a análise tória e à apresentação clínica. Muitas vezes, a causª
dipstick pode ser positiva para hemoglobina, se da hematúria macroscópica é conhecida antes, dª
houver hematúria, hemoglobinúria ou mioglo-
binária. O dipstick pode falhar em detectar pe- somente para patologia vesical. Cistoscopia pconfumªlºnº
cistoscopia; portanto, esse teste pode ser ode
revelªr
quenas quantidades de glóbulos vermelhos na urina. a origem da hematúria somente se houver san gramen10
dª-.—_,
F.
Hematúria I
625
',_ ativo no momento de sua realização. Em crianças, a Pacientes com função renal afetada ou proteinúria
.
"
,vcistoscopia necessita de anestesia geral. O papel da cis— grosseira geralmente requerem biópsia renal. Biópsia
é.:tosCºPͪ na avaliação da hematúria microscópica
'

renal também é indicada quando achados patológi-


(ªssintomáticª é pobre e, geralmente, sem indicação.
cos influírem na conduta terapêutica. Em recém»nascides
cistoscopia é raramente útil na presença de hematúria e lactentes, biópsia renal aberta é a vi a de acesso pre—
microscópica sintomática e exames radiológicos ferida, enquanto em crianças maiores a biópsia per—
cutânea é a preferida.
., No diagnóstico, a utilidade da cistoscopia pode ser
'benéfica quando a causa de hematúria macroscópica BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA _ ,“

"“i
é incerta após investigações radiológicas ou quando CANNING, D. A. Evaluation of the pediatric urologic patient. Ill:
Éios estudos de imagem revelam patologia vesical, que WALSH, P. C.; RETIK, E. D.; VAUGHAN, J. R.; WEIN, A. I.
(eds.), Campbell ': Urology. 8. ed, Philadelphia: W.B. Saunders,
necessita adicional caracterização.
”'s 2002. p. 1826-1827.
FELD, L. G.; WAZ, W. R.; PEREZ, L, M.; JOSEPH, D. B. Hematuria:
an integrated medical and surgical approach. Pediatr. Clin. North
Am., v. 48, p. 151945312001.
KAPLAN, G. W. Henraturia in children. AUA Update Series, v.4, p. 1-7,
1985.
626 I Trato Geniturínário

11111111111125. TABELA 125.1 — Frequência de Vªricocele em


idades
diferem
es
INCIDENCIA PORCENTAGEM
Fertilidade Relacionada Aos 10 anos
Aos 13 anos
6
15
Na população adulta em geral
15

à População Pediátrica Em homens inférteis


___—x
19 ," _

E L B' R S Z v l ' 9 L 5
Peter T. K. Chan Quattro clinico
I Varicoceles podem causar dano duradouro no
João Luiz Pippi Salle volume e nas funções hormonal e espennatogênica
dos testículos.
IVaricocele unilateral é mais comum (> 90%) e
III'I'IIIIIIIIGÍI]
ocorre quase exclusivamente no lado esquema,
Problemas de fertilidade em homens muitas vezes estão Varicocele bilateral ocorre em 5 a 10% dos cases.

e u “ ,— n
relacionados a condições patológicas preexistentes e I Varicocele pré—puberal é rara; quando presente,
que podem ser reconhecidas durante a infância. Infe- deve ser sempre afastada a presença de neoplasia

'n—w
lizmente, o impacto negativo que essas patologias causando obstrução venosa gonadal retroperitoneal,
pediátricas causam sobre a futura fertilidade são, muitas principalmente quando presente no lado direito.
vezes, negligenciadas ou inadequadamente valoriza- I Diferentemente das varicoceles presentes em
das. Não incomumente, pediatras ou especialistas adultos, que são comumente associadas a infer-
pediátricos podem não considerar apropriado ou não tilidade, as varicoeeles em adolescentes são muitas
se sentirem confortáveis em discutir assuntos rela- vezes assintomáticas. Porém, podem estar asso—
cienados à futura fertilidade com os jovens pacientes ciadas com dor e atrofia testicular observada por
ou os pais destes. 0 objetivo deste capítulo e revisar assimetria do volume testicular ou tamanho abaixo
alguns desses assuntos relacionados a condições do normal a medição orquidométrica.
pediátricas comuns. '
ll Varicocele grau III não érara, provavelmente porque
as varicoceles de graduação baixa não costumam
ser observadas no exame de rotina com o pa-
IIRBIGIIBElE ciente em decúbito dorsal.
conceito
Varicocele é causada pela tortuosidade e pela dilata-
Fisiopatologia
ção anormal da veia testicular dentro do cordão Os mecanismos propostos, pelos quais a varicocele
espermática. pode causar disfunção testicular, são:

Euiuomloloula
_- Temperatura testicular elevada.
'I Hipóxia secundária a estase venosa.
I Refluxo de metabólitos renais e adrenars.
_
Em adultos, a frequência de varicocele em homens
com infertilidade é de 19 a 41%. Em geral, manifes-
ta-se clinicamente na puberdade e sua incidência vai niaunústioo Diferencial
aumentando, acompanhando os estágios progressivos tlMassa escrotal: hérnia, hidrocele, epididimocele.
do desenvolvimento puberal, com incidência aproxi— esperrnatocele e outras lesões intra-escrotars que
—m *.-ª
mada de 6% aos 10 anos, 15% aos 13 anos, que é podem mimetizar a presença de varicocele. .
similar à população geral adulta (Tabela 125.1). n Orquialgia: condições inflamatórias como orqui-
epididimite.
classitioaoão
Graduação com o paciente em pé: lnuostluação nlanlllostlea
Grau I: dilatação das veias do plexo pampiniforme I História e exame físico: varicoceles podem 5."
v“

do cordão espermática As veias tornam-se au- confirmadas por cuidadoso exame fisrco (Fig.
mentadas somente com manobras de Valsalva. 125.1). Em casos selecionados, outros exames
I Gran ll: dilatações das veias são palpáveis sem odem ser solicitados. .
manobra de Valsalva. ll
pAvaliaçãolaboratorial: em meninos pós-Pumª":
.a

I Gran Ill: veias dilatadas são visíveis através da


pele da bolsa escrotal:
podem ser solicitadas dosagens de
testosterotlle:
”hormônio foliculoestimulante (FSH. folllc
Fertilidade Relacionada à População Pediátrica II 627

neo dos vasos linfáticos, facilitando a forma-


ção de hidrocele pós-operatória.
—Varicocelectomia inguinal: isolamento e ligadura
das veias espermáticas internas no cordão es-
permática. Requer-se múltiplas ligaduras nesse
nível. Normalmente é possível poupar os vasos
linfáticos, diminuindo o aparecimento de hidrocele.
—Varicocelectomia microcirúrgica: acompanha-
se de alta taxa de preservação de estruturas ar-
teriais e linfáticas, resultando em menores taxas
de complicações e recorrência. Tem sido gra-
dualmente aceita como tratamento cirúrgico
padrão pa maioria dos centros da América do
Norte. E preferencialmente realizada por via in-
guinal em adolescentes jovens e por via sub-
inguinal em adolescentes mais velhos e adultos.
—Varicocelectomia laparoscópica: tende a ser

igura 125.1 Varicocele grau Ill. mais cara e com tempo operatóriokmais longo.
Sua eficácia ainda deve ser bem avaliada.
—Complicações do tratamento cirúrgico: hidrocele
stimulating hormone) e hormônio luteinizante (LH, pós-operatória por ligadura da drenagem lin-
luteinizing hormone), principalmente se for ob- fánºª (pode ocorrer tardiamente, razao pelª
servada atrofia testicular. qual ºfªllªW—"P deve 551“ prolongado); atrofia
IExames por imagem testicular. rara. por ligadura arterial; hemato-
——
Ultra-sonografia escrotal: coníirmaodiagnóstico
se a Varicocele for pequena ou quando exame
mas e mfecgoes de ferida operatoria.
Opções de tratamento não-cirúrgico.
físico adequado não tiver sido realizado em ra-
zão de ansiedade do paciente, escroto peque-
—Oclusão venosa percutânea anterógrada: com
agentes esclerosantes, faz-se a embolização das
no ou pele escrotal espessada. A ultra—sonografia veias gonadais internas por acesso venoso
femoral. Esse método é muitas vezes utiliza—
é também importante para se obter a medida
do tamanho dos testículos. do nas varicoceles persistentes ou recorrentes
pós-reparo cirúrgico. O uso de técnicas de ima—
-—
Não há definição ultra—sonogrãfica universal—
mente aceita de Varicocele. Geralmente está
gem para identificar a causa da Varicocele re- .
confirmada se existir refluxo do fluxo sanguíneo corrente permite oclusão venosa acurada,
venoso à manobra de Valsalva e se o diâmetro
evitando a difícil dissecção das adesões fibrosas
das veias for maior do que 3mm.
causadas por cirurgia prévia. Entretanto, é ne-
cessário exposição à radiação.
I Radiografia de abdome: indicada para avaliar vari-

cocele em situações específicas. como a de grau


III unilateral no lado direito.
—Oclusão venosa percutânea retrógrada: faz-se
embolização das veias gonadais internas por
injeção de agentes esclerosantes em veia iso-
31 *
lada do plexo pampiniforme no escroto, após
"magnum“ confirmação fluoroscópica de sua drenagem.
. "
Indicações de tratamento: como no adulto, vari-
ll — Complicações da oclusão venosa radiográfica:
reªção ao contraste; dor no flancº; migrªçãº
coceles subclínicas. definidas como aquelas pe- de material embolizante; infecção; tromboflebite;
quenas não-palpáveis ao exame físico, não neces- punção arterial e hidroceles.
sitam tratamento. As indicações absolutas para
varicocelectomia são: dôr escrotal, hipotrofia fllpufinflnmsmfl
testicular, grandes varicoceles causando problemas
cosméticos, hipogonadismo e infertilidade.
l Opções de tratamento cirúrgico_ HIPIBEIIIHMISMD "illel'gllflallfll'fllflu
lllluuuuuaiiismn Pl'lmªflll]
*
Varicocelectomia retroperitoneal: isolamento e O achado essencial é insuficiência testicular.
ligadura das veias espermáticas internas proxi- Causas congênitas: síndrome Klinefelter, criptor-
malrnente ao ponto de drenagem na veia renal
esquerda. Nesse nível, somente uma ou duas
quidia, anorquia, varicocele, síndrome das cé-
lulas de Sertoli únicas, síndrome de Noonan,
.
grandes veias estão presentes. Nesse nível, a disgenesia gonadal e outros distúrbios cromos-
artéria testicular ainda não se ramificou e, muitas sômicos (XYY, homens XX).
vezes, pode ser poupada, evitando complicações. n Causas adquiridas: quimioterapia, radiação, tu-
Nas ligaduras que incluem artéria e veias (tec- mor testicular (tumor de células de Leydig), infla-
nica de Palomo), ocorre fechamento simultâ— mação ou lesão testicular.
628 I Trato Geniturínário

bólica devem ser solicitadas para identificar as


Ilioooonauismo llinogonauotrúiioo causas de hipogonadismo. Em adolescentes mais
lllinouonatlismo Secundário] velhos, análise padrão do sêmen realizada em
O achado essencial é a máfunção pimitária/hipotalâmica. duas ocasiões. com um mínimo de duas sema.
a
I Causas congênitas: idiopática, síndrome de Kallmann nas de diferença, pode providenciar informações
importantes no planejamento da fertilidade,
(doença ligada ao cromossoma X com defeitos
de linha média como anosmia/hiposmia ou fen-
da palatina/lábio leporino), síndrome Prader- noções de Tratamento
Labhart—Willi, síndrome Laurence-Moon-Biedl. »
m Substituição da testosterona.
I Causas adquiridas: insuficiência da pituitária por
- Substituição
adenoma (prolactinoma), lesão e cirurgia da glân-
dula pituitária, hemocromatose e outras doen-
ças metabólicas. —
por. testosterona exógena e' com
vemente e de baixo custo no hipogonadismo
Inicia e mantém o desenvolvimento das came.
terísticas sexuais secundárias e reverte mui-
G F Ç Z V I' S A L
tos sintomas no hipogortadismo, incluindo função
Quattro clínico sexual diminuída.
IAchado clínico geral: a apresentação do hipogona—
dismo é heterogênea. Nem todos os casos são
- Por outro lado, testosterona exógena suprime
a espermatogênese e o crescimento testicular

(wu-v
nesses pacientes.
sintomáticos durante a infância. Mesmo com alto
índice de suspeita", alguns casos, mesmo decor- — Portanto, testosterona exógena deve ser descort-
tinuada se o paciente tem interesse na fertili-
rentes de causas congênitas, são somente iden- dade. Uma vez que a paternidade foi obtida, a
tificados durante a vida adulta. substituição por testosterona pode ser uma opção
I Início pré-puberal: serão evidentes na puberda-
terapêutica a longo prazo.
de corpo de forma eunucóide, falha na mudança
da voz, distribuição feminina de pêlos secundá-
—- tosterona
Várias formas seguras de substituição da tes-
são exeqijíveis, variando de forma
rios, anemia, hipodesenvolvimento dos múscu- oral, injetável. implantável, emplastro dérmico w i.
los, genitália, função sexual e espermatogênese. e tópica.
Início pós-puberal: embora seja normal a Virilização
durante a puberdade, com o tempo serão evidentes — O objetivo da terapia e substituir os níveis de
testosterona próximos as concentrações mais
diminuição na densidade mineral óssea (osteopenia fisiológicas possíveis. Follow-ups frequentes
e osteoporose), anemia, hipotrofia ou atrofia mus— são necessários durante a fase inicial de trata-
cular, regressão das funções sexuais e esperma- mento. >

togênese, debilidade dos aspectos cognitivos e I Hipogonadismo hipogonadotrófico.


comportamentais. ': - Substituição com Gn-RH subcutâneo por bomba
de infusão portátil pode ser usada para distúr-
Investluação Iiiagnústloa bios hipotalãmicos (sem insuficiência da pitui-
tária).As doses variam de 100 a 400ng/kg/120min.
ITestes laboratoriais: baixa dosagem da testosterona
, A terapia costuma durar meses, até que esper-
«matinal confirma o diagnóstico de hipogonadismo. matozóides sejam evidentes ~na ejaculação.
Interpretação deve ser feita conjuntamente com — Substituição gonadotrófica também pode ser
os níveis de LH e FSH para permitir a distinção usada em doenças hipotalâmicas em casos de
entre as formas hipo e hipergonadotrófica. - insuficiência da pituitária (é o tratamento de es-
Ia Teste de estimulação corn hormônio liberador de colha). Efeitos FSH-dependentes podem ser
gonadotrofina (Gn-RH, gonadatrophin releasing invocados exogenamente, usando diversªs
hormone). Na presença de capacidade de reser- preparações disponíveis, como a gonadotrofi-
va gonadotrófica adequada da glândula pituitária, na menopáu'sica purificada humana (hl/IG»
0,1mg Gn-RH por via intravenosa (IV) deve in- human menopausal gonadotrophín)» FSH hu-
duzir a aumento das gonadotrofinas séricas e mano puro e FSH recõ'inbinante.
testosterona em aproximadamente 30min. - Gonadotrofina menopáusica purificada humanª

“v
IEstudu por imagem. Tomografia computadori- contém efeitos LH e FSH. Uma dose que m'
zada (TC) ou ressonância nuclear magnética (RNM) duz efeito FSH adequado muitas vezes ªPff'
podem delinear a anatomia da glândula pituitária senta baixo efeito de LH para manter a fun-çãº
e indicar a presença de lesões expansivas como das células de Leydig. Assim,
umª'ººmbmª'
()
adenoma.
ll Estudos adicionais. Hemoglobina e densidade
ção de hMG e gonadotrofina coriômca
na (HCG, human charianic ganadotrqpm'Q . hllmªê
mineral óssea são indicadas em casos selecio- necessária para obter feru'lidade. Fase de induçªft
nados para seguimento, respectivamente, da anemia Devem-se prescrever 1.000 a 2.500UI Pºr v1
e da osteoporose. Avaliações genética e meta— intramuscular (IM) ou subcutânea (SC) dº HC
»
Fertilidade Relacionada à População Pediátrica l
629

duas vez por semana por 8 a 12 semanas para Impactos Específicos do Tratamento
conseguir níveis normais de testosterona. Sub- do Câncer sobre a Fertilidade
segiientemente, 75 a 150UI IM ou SC são usadas

_ Cirurgia
três vezes por semana.
FSH purificado urinário (p-FSH) tem a ativi- Cirurgias que envolvem a área retroperitoneal podem
dade FSH específica mais alta (10.000UI/mg
de proteína versus 150UI/mg de proteína para
causar disfunção da ejaculação pela insuficiente emissão
da ejaculação e/ou ejaculação retrógrada por dano nervoso.
hMG) e a vantagem adicional de permitir a via
subcutânea, mais conveniente e menos dolo-
Lesão cirúrgica iatrogênica do sistema ejaculador
(epidídimos, ductos deferentcs, vesículas seminais e
rosa. Dose: p-FSH 150UI SC três vezes por se- ductos ejaculatórios) pode levar à obstrução, resultan-
mana e HCG 2.000UI duas vezes por semana. do em reduzida quantidade de espermatozóides no sêmen.
-FSH recombinante (r-FSH) é produzido por
genes isolados de células do fígado fetal hu-
Radiação
mano e inseridas em células ovarianas de hamster
chinês. Apresenta vantagens adicionais sobre Radiação pélvica tem o efeito de dano direto sobre
as preparações urinárias relativas a pureza, as espermatogônias em diferenciação e células de Leydig
atividade específica, composição consistente ('I'abela 125.2).Além disso, inflamação ejibrose oriundas
e suprimento constante. Dose: r—FSH 150UI da radiação podem causar obstrução do sistema ductal
SC três vezes por semana e HCG 2.000UI duas ou dano aos nervos envolvidos na ejaculação.
ou três vezes por semana.
I Hipogonadismo hipergonadotrófico: uma vez que
Quimioterapia
insuficiência testicular é o problema primário e
as gonadotrofinas já estão elevadas, suplemen- Nem todos os agentes quimioterápicos produzem a
tação ou estimulação adicional da produção médica mesma extensão de toxicidade sobre a espermatogênese
de gonadotrofinas não tem sido efetiva na me- (Quadro 125.1). Até 90% dos pacientes têm azoospermia

.——
lhora dos resultados da fertilidade. por poucas semanas após iniciar a quimioterapia e
Reprodução assistida. somente 20 a 50% recuperam a espermatogênesc dois
Mesmo nas formas graves de hipogonadismo a três anos após completar o tratamento. Duração,
hipergonadotróftco, como síndrome das célu- dosagem cumulativa, combinação de drogas terapêuticas
las de Sertoli únicas e síndrome de Klinefelter usadas e idade de início do tratamento são, também,
(ver a seguir), espermatozóides podem ser en- fatores importantes na avaliação da toxicidade esper-
matogênica em potencial do tratamento.
contrados cirurgicamente no testículo para per-
mitir fertilização in vitro com injeção de esper-
matozóides intracitoplasmáticos. Túuiooade Griouresowação
— Para pacientes com hipogonadismo hipogo-
nadotrófico, que não são capazes de conseguir
paternidade natural apesar de tratamento mé-
dico, reprodução assistida, usando esperma-
Esnerma'tooenioa Pre-tratamento
Ira Procedimentos.

_
Idealmente, a criopreservação de sêmen ou banco
de.-esperma deve ser realizada em todos os
tozóides testicular ou ejaculado, se alguns
pacientes que irão se submeter a tratamento
presentes, e também uma opção de tratamento
que possa impedir seu estado de fertilidade.
para inseminação intra-uterina ou fertilização Realiza—se coleta de três a seis ejaculadas, após
in vitro com injeção de espermatozóides 24 a 96h de abstinência sexual.
intracitoplasmáticos. »
Cada espécie é avaliada em relação à qualida-
de e a quantidade e guardada em frascos indi-
FERTIlIIlRIlE aros TRATAMENTO DNBULÚGIGD vidualizados para criopreservação em nitrogênio
líquido.
jmnaoto no Tratamento ºncológico sobre
_a Fertilidade
TABELA 125.2 — Efeitos da radiação sobre a
espermatogênese'
'Muitos pacientes pediátricos com câncer, particular—
mente aqueles com tumor testicular ou doença de RADS RECUPERAÇÃO
j . Hºdgkin,já apresentam contagens reduzidas de esper- < 50 12 meses
u matozóides e motilidade antes do tratamento. Estresse 50—100 9-18 meses
gçneralizado, saúde global e estado nutricional defi- 100 - 300

30 meses
c1entes, além de anormalidades testiculares associa- 300 400 5 anos
«, das, podem contribuir para a fertilidade reduzida. > 400 Muitas vezes irreversível
630 I Traro Geníturina'rio

QUADRO 125.1
— Agentes quimioterápicos e risco de
toxicidade espermatogênira1
I Uso

--
futuro da reprodução assistida.
Enquanto o custo do banco de esperma nãos
proibitivamente caro (geralmente uma média
': Definitiva — Citosina arabinosida de US$ 500 a 1.000 por 5 a 10 anos de armª.
- Clorambucil — Cisplatina zenamento), o custo do uso de espemiatozóides
- Ciclofosfamida ' Menos provável criopreservados para reprodução assistida pode
- Busulfan
Mostarda nitrogenada — Metotrexato
ser significante, sendo necessária uma discussão
— S-fluorouracil

global com o paciente e a família.
— Procarbazina — 67Mercaptopurina

-
I Risco do uso de esperma criopreservado em 50-
— Nitrosuréia Vincristina
-Desconhecida

'Provável breviventes de câncer.
-— Doxorrubicína — Bleomicina Não há aumento significante de malformações
congênitas entre crianças concebidas com es-
' 9 L Ç"

!
— Vlmblastina
permatozóides criopreservados.
—De fato, alguns podem sentir-se mais confer.
táveis em usar espermatozóides coletados antes

VZL'SBÓ
I Alternativas. do tratamento do câncer, que não foram ex.

Em certos casos, adiar o tratamento do câncer
por duas semanas para criopreservação pode

postos à terapia mutagênica do câncer.
Entretanto, mesmo quando a concepção ocor.
não ser desejável. Em casos urgentes, que re— re após o tratamento do câncer, não há evi.
querem pronto tratamento para câncer, mes— dências que indiquem maior risco genético.
mo uma a duas ejaculadas devem ser obtidas malformações congênitas ou risco aumentado
para criopreservação. para câncer (outros além daqueles atribuíveis

Além disso, como os espermatozóides maturos a natureza do câncer nos pais) em descenden—
são mais resistentes aos danos mutagênicos do tes de sobreviventes de câncer.
tratamento de câncer, o sêmen pode ser cole- I Fatores que afetam a qualidade dos espermato-


tado mesmo durante os primeiros dias do tra- zóides.
tamento, se o paciente for capaz de providenciar Cada congelamento e descongelamento do sêmen
alguma amostra de sêmen. reduz sua qualidade, em razão da não-sobre—
I Método de coleta de esperma. vivência do espermatozóide ou da habilidade

Espermatozóides maturos podem, geralmente,
ser obtidos em pacientes que entraram na pu- —
prejudicada para fertilizar um oócito.
A qualidade do sêmen criopreservado é indicada
á
: berdade. Sêmen obtido por masturbação é o pela contagem de espermatozóides intactos e
método clássico de obtenção de esperma para sua motilidade pós—descongelamento.
criopreservação. Dependendo da cultura e da —Técnica reprodutiva assistida avançada (inje-
ção de espermatozóides intracitoplasmáticos)
maturidade do indivíduo, uma proporção sig—
nificante de adolescentes jovens é capaz de A“ requer apenas um espermatozóide por oócito.
-—

-v wm
providenciar amostras de sêmen. Se a quantidade e a qualidade de sêmen fo-
rem adequadas, a opção de inseminação intra-

Em outros casos, eletroejaculação, com o uso
de estimulação vibratória retal, como aquela
usada em pacientes com disfunção ejaculatória, . uterina, menos invasiva e mais barata, pode
produzir gravidez acima de 15% das tentati-
vas, particularmente se a ovulação é honno~
pode ser usada sob anestesia para obter uma
nalmente hiperestimulada na parceira.
,—

amostra. Retirada cirúrgica de espermatozóides


—- ,.

por aspiração do epidídimo e biópsia testicu-


lar são raramente necessárias.
-
Poucas opções, entretanto, são disponíveis em o
nações de manuseio ria fertilidade
- m,
.;—
meninos pré—puberais em que espermatozóides
Assunto geral: antes de iniciar o tratamento do
câncer, os seguintes assuntos devem ser discuti-
maturos não estão geralmente presentes, mesmo
em túbulos seminíferos de biópsia testicular.
dos com o paciente e a sua família noitemPº
I Acesso ao paciente e à família.
apropriado: opções de tratamento da fertilidade
futura, risco dos descerftientes desenvolverem
-
. _
Quando discutida a criopreservação de esper— câncer similar e diagnóstico dessas condições em
ma com pacientesjovens, as chaves são paciên- nível pré-natal ou pré-implantação.

— sensibilidade.
cia e I Potenciais para recuperação da espermatogettesº'
A presença 'de pelo menos um familiar pode
ser útil, mas discussão também pode ser rea-
-Em humanos, a produção de espermatozoldes
das células-troncos para espermatozóides ma-


lizada somente com o paciente. turos leva cerca de 10 a 12 semanas.
_, Os pais podem estar mais interessados do que Após o tratamento de câncer, o efeito
menos
o paciente, que pode ter dificuldades em pro—
jetar-se como futuro pai e assegurar a possi-
bilidade de fertilidade.
deletério sobre a função espermawgémCa
edª
destruição dos espermatozóides maturos, Sª“ 0
as células—troncos poupadas.
Fertilidade Relacionada à População Pediátrica I!
531
_ Se todas as células-troncos forem destruídas,
azoospermia é irreversível.
filiªç㺠e “51] lle Esnerma III "Gªlli"
.- Q-potencial de recuperação espermatogênica m Mesmo com os avanços na reprodução assisti-
é-idiossincrásico, dependendo do estado ge- da, uma significante proporção de sobreviven-
ral do paciente, do tipo, da dosagem e da duração tes de câncer pode não ser capaz de ter uma criança
da terapia recebida. biológica.
E: 0 uso de esperma doado ou adoção são opções
_. Se os pacientes permanecerem azoospérmicos
por mais de cinco anos após o término do tra- bem-aceitas por uma proporção significante desses
tamento, o retomo em potencial do espermato- pacientes.
zóide à ejaculação costuma ser pobre. m Como no caso de estabelecimento de paternida-
— Mesmo nesses pacientes, quando não há esperma
criopreservado, a retirada cirúrgiCa de esperma-
de natural, os pacientes devem ser realistas com
seu estado de saúde geral, prognóstico, risco de
complicações de saúde a longo prazo determi-
tozóides pode ser possível para reprodução
nado pelo tratamento prévio e expectativa de vida,
assistida avançada e paternidade biológica. quando decidir pela adoção.
'

-- opções de nanrouuçao.. nssrstirla


T .
Com infertilidade masculina grave, gravidez natural
numas connmfirs GÍIM
|I Fli'l'llllii FEB'I'IIIIIAIJE
IMPAGIO SBBBE
é geralmente impossível. Técnicas reprodutivas as-
,?

sistidas, usando sêmen fresco, esperma fresco retira—


;

Sindrtam dB Klineielter
o cirurgicamente ou esperma criopreservado, podem
u Epidemiologia: essa síndrome é encontrada em
ser de muita ajuda para esses homens candidatos à 1 de cada 500 nascidos vivos masculinos, sendo
a paternidade biológica. A taxa de sucesso das várias
responsável por 7 a 14% da azoospermia do adulto.
" técnicas de reprodução assistida depende de muitos
fatores: m Apresentação clínica: 21 Made clínica clássica consiste
em testículos hipotrófrcos firmes, ginecomastia e
I Idade e saúde reprodutiva da parceira.
azoospermia. Outras manifestações da doença in-
I Qualidade dos espermatozóides. cluem: altura aumentada, obesidade, veias varicosas
I Experiência dos profissionais de saúde nas di—
nas extremidades inferiores e diabetes melito.
versas técnicas. n Diagnóstico: nem todos os pacientes com síndrome
t de Klinefelter são diagnosticados durante a in-
i E Inseminação Intra-uterina fância. Não é incomum observar infertilidade como
primeiro sintoma durante o período adulto.
“1 Após a preparação de sêmen, fresco ou criopreservado, rn Avaliação laboratorial: pacientes com síndrome
.2" com número mínimo total de espermatozóides mó— de Klinefelter muitas vezes têm hipogonadismo
_ ""fveis de 5 >< 10°, a inseminação intra-uterina pode ser hipergonadotrófrco (elevado FSH e LH com tes—
- ' colocada diretamente no útero para induzir à gravi- tosterona baixa). Análise do cariótipo confirma o

"dez. A taxa de gravidez varia de 15 a 26%. O sucesso diagnóstico. '
dainseminação intra-uterinaé aumentado com a hiperes-
'

I Genetica: a forma clássica da síndrome de Kline-


"mulação ovariana hormonal na parceira. felter (que representa 90% dos casos) tem cons-
? tituição cromossômica de 47XXY, enquanto a
:Fertilização In Vitro forma mosaica é 46XY/47XXY.
Fertilidade na síndrome de Klinefelter: o prog—
Com uma quantidade mais baixa de espermatozóides nóstico de fern'lidade é melhor na forma mosaica,
móveis, o óvulo pode ser coletado e incubado com esper- na qual podem ocorrer 50% de masculinização
matozóides in vitro, na média de 100.000 espermato- normal, estatura corporal normal e mesmo tes-
.Zóides por óvulo para induzir fertilização. Após confirmar tículos de tamanho normal com adequada fun-
fertilização, embriões de boa qualidade são transfe- ção espermatogênica para paternidade por meio
. rªridos para o útero para o período restante de gestação. de intercurso natural. Por outro lado, 99% dos
:,A taxa de global de gravidez varia de 15 a 20%. adultos 47XXY são azoospérmicos e biópsia
testicular muitas vezes mostra padrão típico de
;, ,. Injeção Intracitoplasmática de hialinizaçâo marcada dos túbulos seminíferos com
. ,Espermatozóides ausência da espermatogênese e hiperplasia das
células de Leydig.
". Um espermatozóide por óvulo coletado é injetado por
'
, ll Manuseio da fertilidade:
micromanipulação. Após confirmar fertilização,
embriões de boa qualidade são transferidos para o
- Com técnica reprodutiva avançada como in—
jeção de espermatozóides intracitoplasmáticos,
Útero para o período restante de gestação. A taxa global mesmo homens com síndrome de Klinefelter
de gravidez varia de 20 a 45%.
clássica podem ser pais biológicos. Com a técnica
|
632 I
trato Geniturinán'o
de retirada de espermatozóide do testículo, acima jovem. A maioria dos outros tumores testicula_
v-U n
de 60% desses homens podem ter esperma obtido res nessa faixa etária e benigna, e orquiectomia
é curativa em quase todos casos. Isso é o ºposto
por injeção de espermatozóides intracitoplas-
mãticos com taxa global de nascimento de quando comparado aos tumores testiculares em
aproximadamente 50%. crianças
maiores.ou adultos, em que os tipºs
malignos e estádios mais avançados frequente,
mente requerem tratamento agressivo e são mais
Grlmoruuirlla comumente vistos. Aproximadamente 6.000 casos
I Epidemiologia: criptorquídia ocorre em aproxi— de câncer testicular são diagnosticados anuaL
madamente 30% dos bebês prematuros, 3 a 4% mente nos Estados Unidos. Correntemente, Cºm

ól ã' S Ç A Z P ' D L S A
dos recém—nascidos a termo e 0,8 a 2% nos meninos o avanço da terapia, mais de 90% serão sobrevi—

|
com um ano de idade. A incidência de infertilidade ventes a longo prazo.
em homens com história de criptorquídia é 30 a I Razões de infertilidade deficiente.
70%, que é significativamente mais alta do que
a média de 10 a 20% da população em geral.
— Tratamento de câncer, se cirúrgico, quimiote—
rápico ou radioterápico, tem um potencial de
Razões da infertilidade deficiente. dano irreversível a longo prazo da fertilidade
desses pacientes.
— Progressivo dano das células germinativas ocorre
nos testículos criptorquídicos secundários à tem-
peratura elevada em localização extra-escrotal.
— Mesmo nas doenças de estádios mais preco-
ces, que requerem somente orquiectomia como
- Risco aumentado de hipogonadismo, torção
testicular e aparecimento de tumores.
tratamento, em alguns pacientes a fertilidade
deficiente pode ser causada por hipogonadismo
-Mesmo nos homens com criptorquídia unila-
teral, a incidência de infertilidade é de apro-
coexistente ou níveis elevados de anticorpo
antiespermatogênese, que podem ocasionar
ximadamente 30%. Isso sugere que há disfunção dificuldades na gravidez natural.
associada também do testículo normalmente
descido, que pode ter função espermatogênica — Como no caso da criptorquia, muitas vezes há
disfunção na produção hormonal e na esperma.
deficiente. togênese associadas, não somente no testículo
- Anormalidades do epidídimo têm sido obser—
vadas em até 40% dos pacientes com criptor-
envolvido, mas também no contralateral.
I Tratamento da infertilidade.
quidia, podendo contribuir para a deficiente
espermatogênese. - Como em outros pacientes que sofrem de câncer,
o banco de esperma deve ser oferecido a qualquer
— Níveis elevados de anticorpos antiespermato-
zóides podem ser um fator que contribui para
paciente que vai submeter-se a um tratamento
que pode afetar irreversivelmente a fertilidade. ., v

.
a deficiente espermatogênese. u— O componente histológico do câncer não pn-

"-
l O reparo cirúrgico por orquiopexia é crítico para
rece correlacionar-se significantemente com
preservar fertilidade em pacientes com criptorquídia a qualidade do sêmen.
uni ou bilateral. Enquanto a qualidade do sêmen nesses pacientes
I A correção da criptorquídia deve ser feita antes
é geralmente mais baixa do daquela do doador
do início do dano histológico, que ocorre entre saudável, a capacidade do sêmen de resistir
as idades de um e dois anos.
I Mesmo em homens com azoospermia decorrente
aos processos de congelamento e descongela- . - q u”

mento parece ser similar.
de criptorquia bilateral, há relatos que demons» Se o banco de esperma pre—tratamento não estiver
tram que orquiopexia dos testículos atrófrcos pode disponível ou apropriado e os pacientes Pºr"
levar à recuperação da espermatogênese.
I Em casos em que a gravidez natural não pode
manecem azoospérmicos a longo prazº. ?Pªªªf
de terapia hormonal adjuvante para hipºgº'
ser conseguida, pode ser necessária a reprodu- nadismo, pode ser uma opção a retiradªqdº
ção assistida usando espermatozóides ejaculados
ou espermatozóides retirados do epidídimo ou espermatozóides do testículo por via Cll'lll'glcª
do testículo. para reprodução assistida.'
I Se técnicas reprodutivas assistidas forem reque-
ridas, como a retirada de espermatozóide testi- lexiua Neuroaâniea/Bistunçãn Elaculamriª
cular, e mais fácil obter espermatozóides dos
testículos ou epidídimos que foram trazidos ci— El Etiologiazdisfunção ejaculatõria pode ser decor-
rurgicamente ao escroto. rente de vários distúrbios neurológicos orgâni-
cos ou complicações de cirurgia, incluiu. nhadiabetes
do:
bífida,
melito, lesão de medula espinhal, espr eal,d1‘03i‘5
Tumor Testicular esclerose múltipla, cirurgia retroperiton s e várias
neurotóxicas, distúrbios psicogênrco
.“

I Epidemiologia: tumor do seio endodérmico é o


tipo de tumor testicular mais comum na criança anomalias do trato geniturinário.
Fertilidade Relacionada à População Pediátrica I
633

ru Os impactos dessas afecções na disfunção eja- Síndroma Pluna-nelly


culatória são muitas vezes ignorados, até que
atinjam a idade adulta.
[Barrlga ile limeira]
=1 Neurofisiologia da ejaculação: os espermatozói- I Epidemiologia: observada em 1:30.000 a 40.000 i1‘
des são normalmente armazenados no epidídimo nascidos vivos, essa síndrome atinge homens em t
distal e no ducto deferente proximal antes da eja- mais de 95% dos casos.
culação. Emissão seminal está sob controle sim- I Achados clínicos: apresenta a tríade clássica de
pático ao nível de TlO—LZ. Uma vez enviado para anomalias de deficiência ou ausência da muscu-
a uretra posterior, o sêmen é ejaculado sob con- latura da parede abdominal, criptorquídia bila-
trole somático (SZ-54) e estimulado pelo nervo teral e malformações do trato geniturinário.
pudendo. A contração dos músculos estriados do m Razões de fertilidade deficiente: enquanto o de-
assoalho pélvico e da uretra adjacente (músculos senvolvimento das características sexuais secun-
bulbocavernoso e isquiocavernoso) também con- dárias ocorre na puberdade, esses pacientes são
geralmente inférteis com hipogonadismo hiper-
tribui para a ejaculação.
:5 Ejaculação retrógrada: incompetência do colo gonadotrófico. Outras razões para infertilidade
vesical, que pode levar à incontinência, muitas nesses pacientes incluem: função testicular cli-
vezes causa ejaculação retrógrada pois o colo
minuída por criptorquídia bilateral e disfunção
ejaculatón'a de anormalidades geninirinárias, como
vesical falha em fechar durante a ejaculação. Como
hipoplasia prostático, alargamento da uretra pros-
resultado, uma grande porção de sêmen dos ductos
tática e colo vesical incompetente.
ejaculatórios segue o caminho de resistência menor
e termina dentro da bexiga.
a Diagnóstico: disfunção ejaculatória deve ser uiuosnáuta
suspeitada em qualquer paciente com baixo I Razões de fertilidade deficiente.
volume ejaculado (< 1,5mL). Deve ser afasta-
da a possibilidade de hipogonadismo, que tam— — Dependendo da localização do meato uretral,
pacientes com hipospadia não-corrigida podem
bém pode manifestar-se com baixo volume ter dificuldade em depositar o ejaculado junto
ejaculatório. ao cérvix, com o objetivo de engravidar suas par—
Tratamento. - ceiras.
—- mente
Pacientes com distúrbio de ejaculação geral-
apresentam função testicular normal
— das,
Complicações causadas por cirurgias repeti-
como estenose uretral, estenose meatal,
com relação à espermatogênese, a menos que divertículo uretral, fístula e encurvamento persis-
coexista patologia testicular concomitante como tente, podem contribuir para a dificuldade da
criptorquídia. relação sexual e a deposição do sêmen na cérvix.
- O tratamento deve iniciar quando os pacientes
estiverem interessados em ser pais.
Altã- incidência de criptorquídia é associada
— com hipospãdia.
— Eletroejaculação: para pacientes com aneja—
culação, um guia elétrico inserido no reto pode
ll Tratamento.

_
Além da correção cirúrgica da hipospádia,
ser usado para induzir ejaculação. Espermato- reprodução assistida, com uso de inseminação
zóides podem ser obtidos por ejaculação ante- intra—uterina do esperma ejaculado, pode aju-
rógrada ou urina pós-ejaculação contendo dar a engravidar.
sêmen de ejaculação retrógrada. Se a quali- -— Em casos graves de hipospadia, particularmente
aquelas associadas com criptorquídia, a cole-
dade e a quantidade de espermatozóides no
sêmen forem adequadas, pode—se usá—los para ta de espermatozóides de boa qualidade do
inseminação intra-uterina. ejaculado pode ser difícil. Pode ser necessá—

— Retirada cirúrgica de espermatozóides: aspi—


ração do túbulo epididimário e extração de
ria a retirada de espermatozóides via aspira-
ção do epidídimo ou do testículo para reprodução
espermatozóides testiculares podem providen- assistida. ., —
ciar espermatozóides adequados para fertili-

— lxtmtia dª Baxlga
zação in vitro e gravidez.
No caso de ejaculação retrógrada por incom- :: Epidemiologia: ocorre em aproximadamente

yum:
petência do colo vesical, o uso de simpatico— l:35.000 nascidos vivos e é três a quatro vezes
miméticos orais,como a pseudo—efedrina, pode
aumentar a competência do colo vesical em
mais comum em meninos do que em meninas.


n Razões de fertilidade deficiente:
casos leves. Se o tratamento médico falhar, Extrofia de bexiga envolve um defeito ventral
podem ser necessários coleta e processamento “_
. '*

completo do seio geniturinãrio. É comum a


do sêmen pós-ejaculação na urina para inse— ejaculação deficiente por bexiga incompetente
minação artificial. ou estenose uretral pós-cirurgia reconstrutiva.

“ _ — « 'É " v
'"
634 I
Trato Geniturinán'o

- Relação sexual pode ser difícil de realizar nos — Análise típica do sêmen revela volume < 1,5mL
(normal 2mL), pH < 7 (normal > 7,2) e ªzºos—
casos com epispádia coexistente, com alargada permia.
separação das conexões penianas crurais, encur—
vamento dorsal proeminente e fenda uretral en< — Entretanto, a função espermatogênica dos tes-
tículos nesses pacientes é geralmente norma]
curtada provocando encurtamento peniano.
I Tratamento: felizmente, espermatogênese é muitas — Pacientes portadores de mutação CHR (sem
manifestações clínicas de fibrose cística) po-
vezes normal, e gravidez natural por intercurso dem ter ausência congênita bilateral do duelo
é bem—sucedida em cerca de 20% dos pacientes. deferente (CBAVD, congenital bilateral absence
Pode-se indicar reprodução assistida em casos of the vas deferens) como único achado físico
selecionados. significante. Em homens com CBAVD, 50 a 83%
têm, ao menos, uma mutação CFTR e aproxi.
madamente 10% têm duas mutações.
Finrnse cística I Tratamento.
I Epidemiologia: fibrose cística tem prevalência
de l:l.600 a2.000 nascimentos. Uma em 25 pessoas
—Como quase todos esses homens têm esperma.
togênese normal, a paternidade pode ser cen.
de ascendência caucasiana no norte da Europa seguida com reprodução assistida usando
pode ser portadora do gene da fibrose cística.
espermatozóides retirados cirurgicamente do
I Genética.
epidídimo ou dos testículos.

Fibrose cística é a doença recessiva autossô- -—Ao se considerar a paternidade nesses pacientes,
todos vão necessitar da definição de seu pró.
mica fatal mais comum. prio gene da fibrose cística definido e de sua

A sequência genética para o regulador de con- parceira para que se consiga adequado acon.
dutância aansmembrana da fibrose cística (CFI'R, selhamento e projeção familiar.
cystic fibrosis transmembrane conductance


regulator) está localizada no cromossoma 7. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
A continuação da presença e a identificação l. DAMEWOOD, M. D.; GROCHOW, L. B. Prospects for fertility
alter chemotherapy tar-radiation for neoplastic diseases. FertíL Strn'L,
do tipo de mutação CFTR requerem análise ge-
nética. v. 45. p. 443459, 1986.


Mais de 200 mutações separadas foram iden-
tificadas no gene CFTR.
2. GOLDMAN, S.", JOHNSON, F. L. Effects of chemotherapy and
irradiation of the gonads. Adolescent Endocrinology, v. 22, p. 617-

6 L 8' S Z V I
629, 1993.

A expressão fenotípica na fibrose cística é
variável, com a manifestação mais devastadora
localizada nos sistemas pulmonar e gastroin-
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
CHAN, P.T. K.; GOLDSTEIN, M. Varicocele: options for management.
ª 9 L' S
testinal. AUA News, v. 6, n. 1. p. 1-6, 2001.
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21101.
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Acima de 95% dos pacientes com fibrose cística
clínica são azoospérmicos em razão de aplasia
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bilateral dos ductos deferentes e, ocasionalmente, cytoplasmic sperm injection as a treatment for men with persistent
dos epidídimos e das vesículas seminais. azoospermia post-chemotherapy. Cancer; 2000. In Press.
Enurere Noturna I 635

dendo ser uma tarefa difícil identificar uma etiologia


específica no paciente. Na maioria dos casos, a es-
tratégia de tratamento não é determinada pela etiolo-
gia suspeita.

IIIIII'II‘EII tie BBSBIIIIBIIIIIIIEIIIII


Roman Iednak Essa é a hipótese mais popular, e e apoiada pelo fato
de que a maioria das crianças livra—se do problema
João Luiz Pippi Salle com o tempo. 0 retardo na maturação demonstrado
em alguns estudos corresponde a um retardo mais global
do desenvolvimento. Ainda estão associados retardo da
IIII'IIIIIIIIGÃI]
habilidade motora fina, disfunção da percepção e re-
Enurese noturna e um dos problemas mais comuns tardo da fala. A sensação é a de que também esteja
da urologia pediátrica, podendo ser fonte considerá- afetada a reestruturação dos sistemas neural e anatômi—
vel de ansiedade dos pais e da família. Muitas teo— co, que caracteriza a transição do controle vesical tipo
rias existem relacionadas a etiologia e ao tratamento. infantil para o adulto. Evidências urodinâmicas de
História completa, exame físico e exame de urina são apoio a essa teoria são confusas, existindo evidên-
geralmente suficientes antes de estabelecer um pla— cias conflitantes como aquelas que atribuem a enurese
. no de tratamento. Investigação extensa não-focada deve noturna monossintomática a capacidade vesical di—
ser desencorajada, uma vez que é incomum existir minuída ou instabilidade.
doença orgânica associada.
Fatores Heredirárlns
GIIIIGEI'I'G Enurese noturna parece ter componente genético. A
I Ennrese: persistência de micção involuntária que frequência de enurese notuma em crianças de famí—
ocorre além do tempo esperado para conseguir lia em que um ou ambos os pais sofreram de enurese
controle urinário. e de 44 a 77%, respectivamente, enquanto crianças de

978- f 24i 6' 5 "


Ia Ennrese notnma: incontinência que ocorre a noite. pais não afetados têm chance de serem enuréticas em
I Enurese dinma: incontinência que ocorre durante 15% dos casos. Além disso. a frequência de enurese
o dia. em gêmeos monozigóticos é quase o dobro (68 versus

I Enurese notnma monossintomática: incontinência 36%) do que em gêmeos dizígóticos. Estudos de DNA
noturna é o único sintoma presente. têm identificado um gene ligado à enurese, conheci-
II Enurese noturna primária: quando a criança nunca do como ENUR ».
I.
conseguiu controle urinário.
I Enurese notnma secundária: inicia, no mínimo,
Níveis de Hormônios nntlttiuréticns
'
seis meses após ter obtido o controle urinário
normal.
Hummus anotadas
Crianças afetadas podem sofrer de politiria noturna
como resultado da deficiência noturna de secreção de
EPIDEMIOlIIGIl hormônio antidiurético. Normalmente, durante a noite,
A idade em que o controle urinário é esperado não há um ritmo circadiano de secreção de hormônio an-
está totalmente definida. O tempo esperado para obter tidiurético com níveis aumentados. O débito urinário
controle esfincteriano notnmo varia com a idade, a diminui e a concentração urinária aumenta. As crian-
origem étnica, a história familiar e a condição socioeco— ças com enurese noturna podem não demonstrar pro-
nômica. dução noturna aumentada de hormônio antidiurético.
llPela idade de 5 anos, aproximadamente 15% das
crianças ainda poderão ficar úmidas à noite; nessas
e produção de urina menos concentrada. ..
Isso é associado com maiores volumes urinários noturnos
. é
crianças, é esperada uma taxa de 15% ao ano de
resolução espontânea. Fature IIBIIBIIIIIIIIIOS an Sºllª à
l Aos 15 anos de idade, 2 a 3% dessas crianças
ainda urinarão na cama. A prevalência de enurese
Antigas investigações sugeriam que enurese ocorria
nos estágios profundos do sono. Isso não tem sido
1
em adultos tem sido estimada em 1%. apoiado nas mais recentes investigações que têm
mostrado que a enurese pode ocorrer em todos os estágios
ETIIlIlIiIII do sono. Em um pequeno subgrupo de pacientes, enurese
pode estar associada com apnéia obstrutiva do sono.
Muitas teorias existem a respeito da etiologia da enurese. Em alguns casos, remoção de amígdalas e adenóides
Nossos conhecimentos permanecem incompletos, po- obstrutivas pode melhorar a enurese.
636 I Trato Genirurinário

fatores Psicológicos Exame Fisico


I Abdominal.
Evidência ligando psicopatologia significante como I Genital.
causa de enurese noturna primária e pouco convin-
cente. O consenso atual é de que a grande maioria
dessas crianças com enurese é psicologicamente normal.
—— Meato
Sinais
uretral (exemplo: epispádia).
de abuso sexual.
Sabe—se que fatores psicológicos ocupam pa el mais - Considerar inserção ectópica do ureter.
I Neurológico.
importante na etiologia da enurese secundária. sempre
importante não negligenciar a possibilidade de abuso
sexual, ao se considerar as etiologias psicológicas,
— riores.
Força, tono e reflexos das extremidades infe.

não importando se o problema é primário ou secun- — Tono anal e sensação perianal.


dário. Enurese tem ocorrido mais frequentemente em — plos:
Sinaiscutâneos de disraíisrno espinhal (exem.
Iipoma, hemangioma, mancha com pê.
pacientes com um número de condições específicas.
los, fenda sacral proeminente).
Isso inclui retardo mental, autismo, doença de déficit
de atenção e disfunções do controle motor ou per-
cepção.
— Modo de deambular.
I Jato urinário.

Por outro lado, há grande evidência de que enurese


noturna causa disfunção psicológica. O sentimento
-— Fluxo
Observação.
urinário e resíduo pós—miccional.
;
de vergonha e culpa por causa da enurese pode, sig-
nificativamente, influenciar a interação com a famí— EIIIIIIIBS laboratoriais ;
lia e os amigos. I Exame comum de urina.

Fatores Anatômicos o Intenção Ilo Tram


— Gravidade específica baixa pode indicar de-
feito de concentração.
Ilrinário --— Presença de glicose pode sugerir diabetes.
Infecção do trato urinário deve ser afastada se
Enurese noturna monossintomática é raramente as- positivo para glóbulos brancos ou nitritos.
sociada com anormalidades anatômicas ou infecção I Urocnltura.
do trato urinário. Na ausência de sintomas diurnos - Somente indicada seinfecção
sintomas ou exame comum
ou história de infecção _do trato urinário, avaliação de urina sugerirem do trato
urinário.
radiológica não é recomendada.
"loção niária

Ó L S' Ç Z V I Q
IIIIIllIIIGÃII I Registrar a ingestão diária de líquidos.
Na maioria dos casos, cuidadosa história, exame fí—
I
Documentar a hora e o número de micções.
sico &: exame de urina serão suficientes para estabe- u_- Documentar episódios de incontinência diurnos
lecer o diagnóstico e identificar ocasionais crianças e noturnos.
ª
IPode ser útil 0 registro da hora e do número de
com problema orgânico.

IIISIII'Ia
evacuações.
-
“Caracterização dos sintomas miccionais.
iriamos nor ImanIm ‘-

Deve-se notar que não são necessários para a grande


-—
Primário versus secundário.
Frequência (noturna/semanal) e volume esti- maioria dos pacientes.
mado dos episódios de enurese. ll Ultra-sonografia é indicada quando há suspeita


Outros sintomas miccionais (enurese diurna,
urgência, frequência, jato fraco, jato intermi-
de problema anatômico, história de infecção
urinária, exame neurológico anormal, sintomas
tente). miccionais diurnos graves, jato urinário pobre e
I
-História
Tratamentos prévios e seus resultados.
psicossocial.
incontinência fecal. &'
4

I Uretrocistografla miccion'al pode ser necessária


.

— enurese.
com
específicos
Presença de distúrbios associados quando há história de infecção urinária ou para
avaliação de anormalidades anatômicas (pot
— Interações com
Reações familiares. exemplo, hidronefrose, patologia uretral suspeita)
—— Eventos estressantes relacionados
colegas.
à vida e à
I Radiografia de coluna lombossacral têm indica-
ções similares àquelas da ultra-sonografla.
família potencialmente precipitantes.
I História geral.
Estudos llrorlinàmioos

História médica,
—-

História de enurese familiar. Não são indicados na avaliação da enurese notumª
Distúrbios no desenvolvimento (falar, caminhar). monossintomática. Os raros pacientes encontrados com
Enurese Noturna = 637
' :

roblemas peurogênicos ou anatômicos podem requerer demonstrada diferença consistente entre a capacida-
avaliação urodinâmica. de vesical de crianças enuréticas e normais.


cistosooola Despertar Noturno
Nunca é indicada na investigação de enurese noturna O despertar das crianças à noite para evitar enurese
monossintomática. Pode ser necessária na investiga- é uma técnica muito utilizada pelos país, apesar de
ção de raros pacientes com anormalidades anatômicas. pouca comprovação de sua efetividade a longo prazo.

OPGIES Ill 'I'IIIITIIMEIITII Restrição Líquida


' ' Podem ser categorizadas como comportamentais, psi- Não há evidência convincente de que restrição líqui-
cológica e farmacológica. Os métodos podem ser usados da, antes da hora de dormir, diminua realmente a fre—
combinados. Em alguns casos, os pais necessitam qiiência de enurese noturna.
somente da certeza de que não existe problema orgâ-
nico associado. Eles podem preferir aguardar sem mania tarmacnmnica
tratamento, ao conhecer a taxa de resolução espontâ—
nea anual de 15%. Terapia farmacológica não cura enurese,,mas simples-
mente controla o problema.

Métodos comnortamentals Antidepressores Triciclicos


Treinamento da Têm sido usados por anos, mas o mecanismo exato
Motivação/Responsabilidade de ação deles permanece obscuro. O mais prescrito é
a imipramina. Uma grave limitação de seu uso e o

.5 7 1
O paciente é encorajado a assumir responsabilidade potencial para efeitos secundários graves, que incluem
'

Ãno tratamento. A responsabilidade é dirigida à ação ansiedade, alterações de personalidade, distúrbios do


'? de lavar e trocar os lençóis da cama. É desencorajado
??
vn sono, nervosismo e arritmias cardíacas. Inicia—se com
,e o uso de fraldas à noite, pois interfere nos objetivos
ao
a dose de Img/kg/dia, administrada l a 2h antes de
o- do
tratamento. Um sistema de reforço positivo é pla- dormir. A dose pode ser elevada duas a três vezes, se
nejado, como a colocação de etiquetas em um calen— necessário. Taxas de sucesso inicial são de aproxi-
dário para seguir a melhora clínica e encorajar a criança. madamente 50%. A taxa de cura, a longo prazo, uma
Taxas de cura atingem aproximadamente 25% dos vez suspensa a medicação, está na média de 25%.
pacientes, com taxa de recidiva de 5%. Melhora pode
ser vista em até 70% deles. Acetato ele Desmopressina
Terapia Condicionante É um análogo sintético do hormônio antidiurético,
que age pela redução noturna do débito urinário a
Envolve o uso de alarme ativado pela presença de urina, um volume menor do que a capacidade funcional vesical.
que acorda o paciente após micção. O paciente é então A medicação está disponível como spray nasal ou em
' encorajado a urinar no banheiro e trocar os lençóis forma de comprimidos e é administrada na dose re-
úmidos e as roupas. A motivação do paciente e da comendada de 10 a 40p.g (spray) ou 0,1 a 0,6mg (forma
família é extremamente importante para assegurar as de comprimido) ao deitar. Efeitos secundários são
melhores chances de um resultado bem—sucedido, já desprezíveis, com raros casos relatados de hiponatremia.
que a duração do tratamento pode levar dois a três Resposta completa pode ser esperada em 25% dos
meses. Também é importante lembrar que a criança pacientes e ao menos algum grau de melhora será
observado em 10 a 91%. A taxa de recidiva pode ser
com falta de sono pode não responder tão bem ao tão alta quanto 80%. Ajustes na medicação antes de
tratamento. Taxas de sucesso inicial estão na média decidir sua suspensão podem reduzir a taxa de recidiva.
— de 70%, com 30 a 50% de taxa de recidiva. Reintrodução
do tratamento, mesmo após tentativa sem sucesso, pode,
muitas vezes, ser bem-sucedida, com taxa de cura a Anticolinérgicos
longo prazo de 50%. Não têm se demonstrado benéficos para a enurese
noturna monossintomática. Podem ser efetivos em pa-
Treinamento Vesical cientes com urgência e frequência diurna associadas.
Treinamento vesical (ou distensão vesical) tenta au— Miscelânea de Agentes
mentar a capacidade funcional da bexiga por meio
de exercícios diários de retenção. Não há evidência Sedativos, estimulantes e simpaticomiméticos não têm
convincente de que isso seja benéfico. Não tem sido demonstrado benefício.
"v 638. Trato Geniturina'río
I

Psicoleranlª BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA


Os métodos tradicionais de psicoterapia não têm se “OFF. A- S—EmlfªSiSr 1“: WALSH: P- C-i RETIK» A- B.: VAUGHAN
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”SWIM“ MOFFA'IT, M . E. K . Nocturnal
ª
& revrew of the eilicncy of ';:

Hipnoterapia e tratamento dietético podem ter algu-


enurests.
'
- '

treatments and practical advice for clinicians. Dev. Bahnn Pediatr ;,


ma aplicabilidade em pacientes específicos. v. 18, p. 49-56, 1998. " x.
;
lit-

- : ªí M
.a
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e . -iª c “ "
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-_
w y x — ê' m n “ a
& <
Válvula de Uretra Posterior I 639

estes podem ser normais ou reduzidos em variados


graus. Em casos raros, corn oligoidrâmnio, interven—
ção antenatal é indicada, após investigação adequa—

Válvula de Uretra
da, que inclui coleta seriada da urina fetal para exame
dos eletrólitos urinários.

Apresentação Pos-natal
“Posterior
>
Sinais e sintomas diferem, dependendo da idade no
momento da apresentação. Recém-nascidos podem
ter bexiga palpável, ascite ou disfunção respiratória
Roman Jednak secundária a hipoplasia pulmonar. O jato urinário pode
João Luiz Pippi Salle ser fraco ou a criança pode não urinar nas primeiras
24h de vida. Aquelas crianças sem diagnóstico ime—
diato podem apresentar—se com sepse ou insuficiência
IHTBOBUGÃO renal. Crianças maiores, com graus menos graves de

'“"_ _
obstrução, podem apresentar—se com variados graus
Válvula de uretra posterior é a causa mais comum de de disfunção vesical, como infecções recorrentes do

.
obstrução do trato urinário inferior em meninos, com
trato urinário ou incontinência urinária.
:. r
'
- tos.
prevalência relatada entre 1:8.000 a 25.000 nascimen-
A obstrução surge da presença de válvulas congê- 1111111111111) 1111111111.
, nitas ou pregas mucosas situadas na uretra posterior.
As conseqíiências fisiopatológicas precoces estão re-
,

'. x;, [acionadas às sequelas de uropatia obstrutiva aguda. nrenanem liesioal


1._' , Morbidade a longo prazo pode originar defeitos no trato Drenagem vesical adequada deve ser imediatamente
":, urinário superior e inferior, com os pacientes experi- estabelecida por meio de cateter calibre SFr. Deve-se
.: mentando variados graus de disfunção vesical e renal. evitar o uso de cateter de Foley, pela possibilidade
do balão provocar espasmos vesicais, ocluindo os
orifícios ureterais. Em alguns casos, a cateterização
pode ser difícil pela presença de colo vesical hipertrófico.
rior podem ser classificadas em:

Em casos excepcionais, e necessária a inserção de
cistostomia suprapúbica.
I Tipo I: os folhetos da válvula originam-se em
um dos lados da porção distal do verumontanum Estahllização clínica
e estendem-se anteriormente para fundir—se na
uretra membranosa. Avaliação clínica é essencial previamente a qualquer
I Tipo II: os folhetos da válvula estendem-se do intervenção cirúrgica. Disfunção respiratória secun—
verumontanum ao colo vesical e são considera- daria a hipoplasia pulmonar deve ser estabilizada.
dos não-obstrutivos. Acidose e anormalidades eletrolíticas resultantes da
ITipo III: a membrana obstrutiva tem a forma de
disfunção renal necessitam ser identificadas e trata-
um anel com orifício central. das. Os pacientes podem apresentar-se em estado de
Mais recentemente, as válvulas tipo I e III têm sido desidratação, e o alívio da obstrução pode promover
rcavaliadas e estão sendo consideradas como a mesma diurese. Portanto, o balanço hídrico deve ser cuida—
lesão. A configuração da válvula tipo I costuma ser dosamente monitorado. '

criada após instrumentação da válvula tipo III, que


'. », Separa a membrana anteriormente.
Intenção
_ lPIIESEIITIIGIIII lilÍIIIBII Cultura de urina necessita ser obtida e antibióticos
de largo espectro iniciados para tratar, infecção ou

,
É
ºgrau de obstrução uretral é variável e resulta, por
"E isso, na grande variedade de manifestações clínicas.
prevenir infecção secundária após a cateterização.
Pacientes sépticos devem ser estabilizados.
UItra-sonografia antenatal pode identificar pacientes
a afetados intra—utero.
IIIIIESIIGIIGIIB IllIlEIIÚSTIGII
Diagnostics Antenatal Enames 1101' Imagem

W 1- yr w
;- Os achados típicos incluem hidroureteronefrose bi— Uretrocistografia Miccional
‘ lateral e presença de bexiga distendida de paredes es—
Pªssadas. Uma vez que a produção de urina fetal é o É essencial para o diagnóstico. Caracteristicamente,
” maior determinante dos níveis de fluido amniótico, revela abaulamento da uretra posterior no nível da
640 I! Trato Geniturinário

obstrução e hipertrofia do colo vesical (Figs. 127.1 e


127.2). Em certas situações, podem ser observados
os folhetos da válvula. Pode haver esvaziamento in-
completo da bexiga com evidência de trabeculação
ou divertículos. Até 50% dos pacientes podem apre«
sentar refluxo vesicoureteral.

Ultra-sonografia
Costuma avaliar o grau de hidroureteronefrose e
qualidade do parênquima renal. A preservação da junção
cônico-medular é um bom sinal prognóstico. Também
ãlS-QǪLrI'9L5
podem ser avaliados o tamanho da bexiga e a espes-
sura de sua parede.

Renografia Nuclear
Cintilografia com ácido dimercaptossuccínico (DMSA— Figura 127.2 Uretrocistografia miccional mostrando bexiga

de paredes espessas e com divertícul'os. ºbstrução da uretra
”'“Tc, dimemzptosuccinic acid) e renograma diurético prostatica, que está alongada e dilatada.
com ácido dietilenotriaminopentacético (DTPA-ººmTc,
diethylene triamine pentacetic acid) e mercaptoa-
cetiltrigliclina (MAGS—”“Tc, mercaptoacetyltriglycine)
são realizados para avaliar função renal e drenagem do vula de uretra posterior, refluxo vesicoureteral
unilateral, displasia renal (valves. unilateral reflux,
trato superior, quando indicada.
renal dysplasia)].
Divertículo vesical.
Mecanismos Protetores do Rim (Pop-off)
Investigações radiológicas podem identificar pacientes 'I'IIII'I‘IIMEN‘I'I'I 01111111111110 IIII BBSTIIIIGÃO
que desenvolvem válvulas. protetoras tipo pap-ojº. Es—
tas podem permitir o desenvolvimento normal ou quase nnlação cirúroioa Ila iláluoio
normal de um on ambos os rins pela dissipação das altas
pressões do trato urinário. Tais mecanismos incluem: Estabiliza a condição médica do paciente, diminuindo
o nivel de çfªªªgrúªª sérica (o nível considerado satis-

_
'I Ascite urinária resultante de ruptura do fómix fatório é de 1mg7dL ou 80um011L). Ablação primá-
renal ou bexiga. riada válvula é 0 procedimento de escolha. Um cistos-
I Refluxo unilateral grave em rim não—funcionante,
cópio pediátrico é introduzido e as válvulas retiradas
comumente referido como síndrome VURD [vál— cirurgicamente, usando eletrodo Bugbee ou com n.
mina a frio. O fator limitante é o calibre uretral, mas
um cistoscópio 8Fr pode, em geral, ser usado na maioria

._ à — w Q W
dos recém-nascidos a termo.

ilosioostomia cutânea
_. -

É uma das alternativas à ablação valvular quando o


calibre uretral não é grande suficiente para acomodar,
seguramente, um cistoscópio pediátrico para manipu-
lação endoscópica. O procedimento baseia-se na cria-
ção de comunicação entre a bexiga e a pele da parede
abdominal inferior, permitindg'a livre saída de
A ablação da válvula e o fechamento da vesicostomla
urina.
são realizados após o paciente ter crescido suficiente-
mente e a instrumentação uretral possa ser realizada
sem risco exagerado (geralmente após um ano de idade)-

norluação urinária nlta


A função renal com a drenagem vesical inicial nao
Figura 122.1- Uretrocistografia miccional mostrando bexiga melhorará em um subgrupo de pacientes. Nesse cc-
espessada e de pequena capacidade. Uretra posterior apre-
senta dilatação característica.
nário, alguns autores advogam derivação urinária
sob a forma de ureterostomias cutâneas para otimizar
alta
. Válvula de Uretra Posterior I
641

a drenagem e preservar a função renal remanescente. cuidadosamente avaliadas antes de submeterem-se ao


Outros acham que esses pacientes sofrem de insufi- transplante, desde que a disfunção possa comprome-
ciência renallestabelecida e irreversível oriunda de ter a função do enxerto ou da sobrevida. As opções
displasia renal. A função renal final é independente para tratamento da disfunção vesical são dependen-
da modalidade do tratamento inicial ou do tipo de tes do padrão urodinâmico.
derivação. Entretanto, existem evidências na litera-
tura que mostram que as derivações urinárias altas
podem retardar o início da insuficiência renal termi—
Insuficiência Miogênica
nal, evitando assim a necessidade de diálise precoce. Esvaziamento inadequado pode ser aumentado com
Consequentemente, esses pacientes também podem micções em períodos controlados e em dois tempos.
ser submetidos ao transplante um pouco mais tarde, Cateterização'intermitente pode ser necessária nos casos
quando estiverem maiores, melhorando o prognós— em que a micção em dois tempos não é suficiente
tico dessa intervenção. O principal objetivo, nesses para esvaziar adequadamente a bexiga.
casos, é a preservação da função vesical. Derivação
urinária e conseqíiente eliminação do ciclo miccional Bexiga Hiper-refléxica
têm sido ligadas ao eventual desenvolvimento de com-
placência vesical pobre e disfunção vesical, mas nem Anticolinérgicos devem ser introduzidos para aumentar
todos os autores concordam com essa opinião. Na ex- a capacidade e o controle de contrações não—inibidas.
periência de um dos autores (JLPS), a vesicostomia
é um excelente método de drenagem da bexiga nos Bexiga Hipertônica
casos em que a instrumentação uretral é impossivel Micção e tempo programado podem ser introduzidos
ou quando não existe material endoscópioo adequa- para prevenir enchimento exagerado e estabelecer
do para a manipulação de recém—nascidos e lactentes. esvaziamento regular. Anticolinérgicos podem melhorar
De qualquer forma, pesquisas recentes não dão suporte pressões de armazenamento. Em casos selecionados,
a essa teoria. Por isso, ablação valvular primária deve aumento vesical pode ser necessário.
ser o tratamento de escolha, reservando a derivação
alta para casos selecionados de possível obstrução tran—
sitória da junção ureterovesical. neíluru Vesienureteral
Espera-se que a resolução do refluxo ocorra em até
1110111111115 nn tnmnturo ll
Função llesical
ronan 1111110 30% dos pacientes após a ablação da válvula. Tra-
tamento médico, incluindo antibioticoprofilaxia, deve
ser iniciado naqueles corn refluxo persistente, já que
a resolução pode ocorrer até três anos após a ablação
Disfunção vesical é importante causa de incontinên- da válvula. As indicações de reimplante cirúrgico
cia urinária e pode, significativamente, contribuir para são as mesmas'clo refluxo primário. O reimplante
a deterioração da função renal ou a persistência do em bexiga hipei'trófica de paredes espessadas não é
refluxo vesicoureteral. Problemas na obtenção da
uma tarefa fácil. Taxas de complicações podem ser
continência urinária podem ser vistos em mais de 60% tão altas quanto 30%
dos pacientes. Estudos urodinãmicos têm revelado três

nena!
grandes padrões de disfunção vesical:
Ilisiunçãn
I Insuficiência miogênica.
1:1 Hiper—reflexia. Um número significante de crianças com válvulas de
e: Hipertonia. uretra posterior desenvolverá deterioração progres—
siva na função renal. levando à insuficiência renal crônica
Os padrões de disfunção vesical não são, necessa- e ao estágio renal terminal. Em alguns estudos, pro—
riamente, estáveis e podem mudar durante o desen— gressão à doença renal terminal tem sido observada
em‘
volvimento da criança e adolescência. Uma observação em até 40% dos pacientes. Fatores prognósticos fa—
importante e não incomum nessas bexigas que exi— voráveis, com respeito à função renal a longo prazo,
bem inicialmente pobre complacência é que, com o
têm sido identificados:
passar do tempo, podem sofrer significante melhora
de sua complacência. A incompetência esfincteriana taCreatinina sérica < 60umol/L ou 0,8mg/dL com
raramente causa incontinência urinária. A bexiga um ano de idade.
hipertônica é o padrão mais preocupante de disfun- Mecanismo protetor do rim pop-off.
ção; se não manuseada de maneira apropriada, pode
Prognóstico desfavorável para função renal e as-~
causar deterioração do trato urinário superior. Estu- sociado com:

" 'n a — m ª,
dos urodinâmicos são úteis para caracterizar o pa—
drão de disfunção, e certamente qualquer criança com 1: ldade < l ano ao diagnóstico. «
A

incontinência, infecções recorrentes ou hidronefrose Ausência de diferenciação cortiço-medular na


no

persistente deve ser avaliada. Crianças progredindo avaliação ultra-sonogrãfica.


la Incontinência diurna aos cinco anos de idade.
para insuficiência renal terminal também devem ser
642 I Trato Geniturinário

superior e inferior. Reimplantc ureteral pode 5e,


Em pacientes com válvula de uretra posterior, a
disfunção renal pode ser secundaria a displasia renal necessario para corrigir refluxo ou obstrução persis-
tente da junção ureterovesical. Essa indicação deve
ou ãdeterioração progressiva da função renal. Ambas ser considerada com cuidado, já que pacientes com
as disfunções, glomerular e tubular, podem acarretar
significativas anormalidades metabólicas. válvula de uretra posterior apresentam complicações
em até 30%.
Aumento vesical pode ser requerido para conse.
Perda da Habilidade de Concentração guir continência urinária ou preservar função renal,
A perda da habilidade de concentração pode levar a mas sua indicação deve ser restrita, pois, como rela.
produção de grandes volumes de urina diária—. Isso tado anteriormente, existe a tendência do detrusor
pode contribuir para a incontinência urinária, quan- adquirir insuficiência miogênica. Aqueles pacientes
do acompanhada por disfunção vesical. Também pode com bexiga muito pequena e de baixa complacência,
predispor a desidratação rápida e à azotemia, quando especialmente se acompanhada de insuficiência renal,
seassocia com alguma doença que predispõe à perda indica—se a ampliação vesical. A técnica mais utilizada
excessiva de fluido, como a gastroenterite ou a diarréia. é a enterocistoplastia. Ureterocistoplastia pode ser
considerada naqueles pacientes com grandes ureteres,
Proteinúria drenando um rim não-funcionante.
Todos os pacientes considerados para transplante
Altos níveis de proteinúria podem ser observados em

G L S' Z P I
renal devem ter avaliação completa da bexiga, Os
pacientes com válvulas de uretra posterior. E mais
comumente associada com refluxo vesicoureteral e com
deterioração renal progressiva.
resultados do transplante em pacientes com válvulas
de uretra têm variado na literatura, mas, certamente,
' Q L E‘
a presença de ótima função vesical é essencial para
Nefropatia Perdedora de Sal minimizar efeitos adversos em potencial na sobrevida
do enxerto ou da função.
A conservação tubular de sódio pode ser significati-
vamente prejudicada, causando eliminação excessiva BlBLlOGRAFlA RECOMENDADA
de sal. Suplementação de sódio pode ser necessária. ECKOLDT, F.; HELlNG, K. S.;WODERICH, R.; WOLKE. S. Poste-
rior urethral valves: prenatal diagnostic signs and outcome. Ural.
Falha de Crescimento
Função tubular pobre pode levar à eliminação de bi-
Int., v. 73, p. 296-301, 2004.
GHANEM. M. A.; WOLFFENBUTTEL, K. P.; DE VYLDER, A.;
carbonato e acidose metabólica. Isso pode provocar NIJMAN, R. J. Long-term bladder dysfunction and renal function
inúmeros desarranjos na homeostase hormonal, inclu- in boys with posterior urethral valves based on urodynamic findings.
indo síntese anormal de hormônio de crescimento, níveis J. UraL, v. 171, 6 Pt 1, p. 2409-2412, 2004.
diminuídos de testosterona sérica e degradação redu- GLÃSSBERG, K. I. The valve bladder syndrome: 20 years later. J. UmL,
zida do glucagon e da insulina. Todos esses fatores v. 166, p. 1406-1414, 2001.
contribuem para o retardo global do crescimento somático, IAUREGUIZAR, E.; LOPEZ-PERElRA, P.; MARTINEZ-URRUTIA,
que é proporcional à gravidade da disfunção renal. M. J. The valve bladdei':
N. 3, p. 115-120, 2002.
etiology and outcome. Curr Umi. Rep..

PODESTA, M:, RUAKI'E. A. C.; GARGIUU'). Cfet nl. Bladder function


Osteodistrofia Renal associated with posterior urethral valves after primary valve ablation
A função renal está intimamente relacionada ao meta— or proximal urinary diversion in children and adolescents. I. UML.
bolismo do cálcio. Hiperparatireoidismo secundário, v. 168, 4 Pt 2, p. 1830-1835. 2002.
resultante de insuficiência renal crônica, pode levar ROTH, K. S.;CARTER, W. H.; CHAN, .|.C. M. Obstructive nephropalhy
a desmineralização e à osteodistrofta renal. in children: long-term progression after relief of posterior urethral
valve. Pediatrics, v. 107, p. 10044010, 2001.
Gonslueraçíles elmrnluasniransnlantn minal VASTYAN, A. M.; PINTER. A. B.; FARKAS, A. et al. Cutaneous
A despeito do ótimo tratamento médico recebido, certos — LS.
vesicostomy revisited the second years. Eur. J. Palin“: Surg..
v. 15, p. 170-174. 2005.
pacientes podem vir a requerer cirurgia do trato urinário
Disrafirmo Neuroespinhal & Bexiga Neurogêníca n 643

urinãria a longo prazo. Felizmente, o tratamento da


Gill'lilllll 128. criança com displasia tem feito significantes avan-
ços e, como resultado, tem diminuído significantemente

Disrafismo Neuroespinhal
;
a incidência de deterioração do trato urinário supe—
rior e melhorado marcadadamente a aquisição de
continência urinária. Naturalmente, isso se tem tra-
duzido na diminuição da morbidade e excelente melhora

se Bexiga Neurogênica na qualidade de vida das crianças afetadas. Contudo,


o dano renal permanece como risco real, e pacientes
requerem avaliação e seguimento cuidadosos. Pres—
sões vesicais elevadas, refluxo vesicoureteral, obs-
; Roman Jednak trução e infecções do trato urinário podem causar efeitos
João Luiz Pippi Salle devastadores na função renal, se não cuidadosamente
monitorados.

% IHTBGIIIIGÃG avnuneflu mumu lm aterra-anseia


u 0 manuseio e o tratamento dos pacientes com dis-
, função neurogênica do trato urinário inferior é parte Exame Física ‘

». integral de qualquer prática urológica pediátrica. A O exame físico inicial da criança com mielomeningocele
maioria dos pacientes com disrafismo neuroespinhal deve, idealmente, ser realizado antes da intervenção
apresenta doenças derivadas de lesões congênitas. neurocirúrgica para fechamento do defeito. Exame
follow-up também deve ser realizado após a cirurgia,
BBNGEITU com o objetivo de documentar qualquer alteração
observada. Um ponto crítico a ser lembrado é que o
Mieladisplasia, a causa mais comum de disfunção vesical nível do defeito vertebral não pode ser usado segura-
neurogênica em crianças, refere-se a um grupo de mente para predizer o grau de deficiência neurológica.
condições caracterizadas por anormalidades do fe— A variação entre o nível do defeito ósseo e a lesão da
chamento do tubo neural. Essas anormalidades de medula espinhal pode variar tanto quanto três corpos
fechamento podem apresentar-se sob diversos graus. vertebrais. Além disso, lesões adicionais podem ocorrer
Meningocele envolve a protrusão de somente saco mais cranialmente ao defeito ósseo.
meningeo; mielomeningocele é associada com a do Todas as crianças devem ter um exame neuroló-
saco meningeo e elementos neurais e lipomielomenin- gico geral, com ênfase no lona e na função da pare-
gocele tem associada tecido gorduroso protruindo com de abdominal, extremidades inferiores e esfíncter anal.
o saco mentngeo e elementos neurais. Deve ser pesquisada a preservação ou a ausência do
O defeito ocorre, mais comumente, no nível da região reflexo bulbocavernoso. O exame abdominal deve ser
lombar, com as regiões sacra, torácica e cervical afe- realizado a procura de distensão vesical e avaliação
tadas em ordem decrescente de freqíiência. Tipica- do tamanho renal. Caracterização do padrão miccional
mente a anormalidade ocorre posteriormente, mas

7 4 5 6- 1 2 8 9
pode providenciar informações se o esvaziamento vesical
defeitos anteriores, embora raros, também ocorrem. estiver ocorrendo de maneira eficiente. Mais especi-
Embora a etiologia da mielodisplasia pareça ser
«I

ficamente. pode ser útil observar se existem perio—


GN"“ ª' '

multifatorial, há evidências convincentes de que a dos de micção espontânea e intervalos secos, se a criança
suplementação de folatos pode diminuir a incidência tem jato urinário forte ou se a urina goteja continua-
em até 50% dos casos. Isso em parte pode ser obser- mente. O uso da manobra de Credé para estimular o
vado pela diminuição na incidência de mielodisplasia, esvaziamento vesical pode ser avaliado nesse momento.
que no passado foi relatada como 1 para cada 1.000 Deve ser notado que, na maioria dos recém-nascidos
nascimentos. Existe risco familiar; famílias com uma em que a manobra é aplicada, há geração espontânea
Criança afetada têm 2 a 5% de chance de ter um se- de contrações vesicais e esvaziamento efetivo da bexiga.
gunda criança similarmente afetada. Outros tipos de Além disso, a manobra de Credé pode, refiéxamente,
disrafismo neuroespinhal associados com disfunção precipitar aumento na resistência uretral, causando
vesical neurogênica são menos comumente vistos. elevação da p'reSSão infravesical durante a micção.
lnervação vesical é anormal na grande maioria dos Se não ocorrer esvaziamento vesical espontâneo, deve—se
piª—Cientes com mielodisplasia; consequentemente, pode introduzir a cateterização intermitente limpa.
ser significante causa de morbidade a drenagem di-
fícil do trato urinário inferior e superior, se não tra—
Investigação laboratorial n
tada adequadamente. Os objetivos do tratamento
Incluem: estabelecer esvaziamento vesical satisfatório, Investigação laboratorial deve incluir: eletrólitos séricos,
manter pressões seguras de armazenamento vesical, uréia e creatinina séricas, exame comum de urina e
eVilélr infecções do trato urinário e obter continência urocultura com teste. Uma vez que a creatinina sérica
WW1
644 I
Trato Geniturinário

logo após o nascimento costuma refletir a da mãe,


com o passar do tempo. Testes urodinãmicos regulª.
res devem ser feitos para identificar piora dos parâ-
essa dosagem deve ser realizada muitos dias após o metros, antes que ocorra deterioração do trato urinário
bebê_ naSCer. superior.

Investigação ItatIinIúgIca 'ÍllllThMEll'l'll


No momento da investigação inicial, até 15% dessas
crianças podem apresentar achados anormais no trato Relative à Bexlga
urinário superior. Costumam resultar do choque es-
pinhal secundário ao fechamento do defeito ou rela- Medicações Anticolinérgicas e
cionados a anormalidades da função do trato urinário Cateterização Intermitente Limpa
inferior.
Ultra-sonograjia abdominal inicial é indicada para O manejo clínico e definido de acordo com os resul.
tados da avaliação urodinâmica. Os objetivos são: manter
avaliar o diâmetro renal, excluir presença de anoma-
lias renais associadas, avaliar a presença de hidrone- um reservatório complacente de baixa pressão que
frose e determinar a espessura da parede vesical. pode ser esvaziado regularmente para proteger o tra.
Uretracistografia miccional também é componente to urinário superior da deterioração e. a longo prazo,
essencial na avaliação radiológica. Pesquisa refluxo conseguir continência urinária. Nem todas as crianças
requerem intervenção na forma de cateterização inter.

6L8'S'9LSZV|
vesicoureteral, divertículo vesical, espessura e for—
ma anormal da parede e do colo vesicais. mitente limpa e/ou uso de medicação anticolinérgica.
Imagens cintilográficas (DMSA-ººªTc) são geral— Crianças com esvaziamento vesical satisfatório as-
mente realizadas para definir o parâmetro inicial do sociado com função esfincteriana sinérgica ou fraca
parênquima renal. podem ser observadas com atenção. Cateterização
intermitente limpa deve ser instituída naqueles pa-
cientes com bexiga flácida, que não esvaziam. Cate—
IlreIinâmica teres de latex devem ser evitados com o objetivo de
A avaliação urológica inicial do recém-nascido não diminuir o risco de posteriores alergias a eles. Catete-
está completa até que estudos urodinâmicos sejam rizações devem ser realizadas com intervalos de 3 21
realizados. Os objetivos da avaliação urodinâmica são: 4h. 0 uso de cateterização intermitente limpa em com-
estabelecer os riscos de deterioração do trato urinário binação com medicação anticolinérgica é indicado no
superior, formular plano racional de tratamento, caso de bexigas pobremente hiper-rcfléxicas/compla-
monitorar função vesical e avaliar a resposta ao tra- centes ou de dissinergia esfíncter-detrusor. A liberação
tamento. de acetilcolina é o mecanismo primário que dá inicio
A avaliação urodinãmica deve ser realizada pre- uma
a contração vesical. Agentes anticolinérgicos au-
cocemente, tão logo a criança esteja recuperada da mentam a capacidade vesical obtida antes do início
cirurgia e possa tolerar a posição supina. de uma contração não-inibida, diminuem a magnitude
O fechamento da mielomeningocele parece não afetar da contração não-inibida e produzem aumento na
a coordenação do complexo esfíncter-detrusor. capacidade vesical total. Oxibutinina é o anticolinérgico
Avaliação urodinãmica deve pesquisar capacidade mais'freqiientemente usado e costuma ser usado duas
vesical, pressões de armazenamento e complacência a três vezes ao dia, na dose de 0,1 a 0,2mg/kg/dose.
e estabilidade do detrusor. Se ocorrer perda de urina A medicação pode ser seguramente usada mesmo no
ou micção, as pressões vesicais devem ser medidas. periodo neonatal. Os efeitos colaterais mais comuns
A função do esfíncter uretral deve ser caracteri- dos anticolinérgicos nas crianças são: boca seca,
zada. As funções do esfíncter uretral externo podem constipa ão, rubor da pele, visão borrada e hiperati-
ser classificadas como sinérgicas, dissinérgicas ou de— vidade. Éimportante ressaltar que, embora doses con-
nervadas, dependendo" se há relaxamento, atividade vencionais de oxibutinina sejam usualmente efetivas.
aumentada ou ausência de potenciais bioelétricos com
contração vesical. Cuidá'tlõ'sa avaliação da função do
existem pacientes que necessitam de doses
mais'al-
tas. Podem-se utilizar doses crescentes de oxibutinma,
esfíncter tem importante valpr'prognóstico, como, por até o aparecimento de sintomas colaterais, tais como
exemplo, crianças com dissinergia estão em signifi- secura na boca. Se o paciente não apresentar securª
na boca, é provável que também não hajª eferto
cante risco de deterioração do trato urinário superior
nos primeiros três anos de vida, se não cuidadas apro— terapêutico sobre a bexiga e a dose pode ser aumªn'
priadamente. Similarmente, o risco elevado de deterio- tada. Atualmente, está disponível no comércio
nova formulação de liberação estendida e que. 5ª
uma
ração do trato urinário superior tem sido demonstrado
em crianças com pressões de armazenamento do deu-usor administrada uma vez ao dia, costuma causar menos
de 35 a 40cml—l20 ou mais. efeitos adversos. Alternativamente, pode ser indicadª
É importante lembrar que, com mielodisplasia, a a instilação intravesical, que também pºde apresen-
lesão neurológica e a dinâmica vesical podem mudar tar efeitos contralaterais.
& Disrafismo Neuroespinhal e Bexiga Neurogênica I
645

Vesicostomia Cutânea Gastrocistoplastia


Há ocasiões em que, apesar de todos os esforços, O uso do estômago ganhou popularidade como alter-
cateterização intemritente limpa e drogas anticolinérgicas nativa ao cólon ou íleo em crianças com insuficiên-
não são eficientes para controlar bexigas de alto risco, não cia renal crônica e azotemia, desde que se observou
controlando refluxo, infecções e deterioração do trato que sua habilidade natural de secretar ácido não pio-
urinário superior. Além disso, cateterização intermitente rava & acidose. A técnica é também útil quando exis—
limpa pode não ser possível por fatores sociais ou te contra-indicação a ressecção intestinal, como na
anatômicos. Nessas situações, vesicostomia cutânea síndrome de intestino curto. A produção de muco
(& uma forma útil de diversão urinária temporária no apresenta poucos problemas, e urina acidificada pode,
período neonatal. O procedimento baseia-se na con— inclusive. reduzir a incidência de colonização bacte-
fecção de uma comunicação entre a bexiga e a pele riana e infecções do trato urinário. Complicações
da parede abdominal inferior, permitindo a livre e não— específicas incluem hematúria intermitente, alcalose
obstruída drenagem de urina. metabólica e síndrome disúria-hematúria, que é ca-
racterizada por dor vesical e uretral e hematúria, na
ausência de infecção. Uma vez que a síndrome disúria-
Ampliação Vesical hematúria nem sempre responde aos antagonistas da
Ampliação vesical é indicada somente aos casos em histamina, isso pode ser um problema significativo
que houver insucesso com o tratamento clinico. É im— em crianças com bexiga normal e sensação uretral.
portante ressaltar que a ampliação vesical é somente Por essas razões, aumento gástrico é raramente indi-
cado nas crianças.
'indicada a pacientes que apresentam complicações
decorrentes de falta de complacência vesical, como
incontinência urinária, deterioração do trato urinário Técnicas que Preservam o Urote'lio
superior (hidronefrose) ou aparecimento de refluxo
secundário. Ureterocistoplastia
O objetivo primário da ampliação vesical é criar O ureter dilatado de um rim não-funcionante pode,
um reservatório de armazenamento de baixa pres- ocasionalmente, ser usado para aumento vesical. O
. são de adequada capacidade para preservar a fun- êxito com a ureterocistoplastia tem sido excelente com
ção do trato urinário superior e manter'ou estabelecer a preservação do nrotélio, distúrbios ácido-básicos e
continência urinária, quando terapêutica médica má- produção de muco não ocorrem. O procedimento pode
xima falhar. Avanços na técnica cirúrgica têm capa- ser realizado totalmente por via extraperitoneal.
.citado a realização desses objetivos com alto grau Entretanto, o procedimento requer ureter muito dila-
3 de confiabilidade e a experiência com aumento vesical tado e rim não—fugcionante; portanto, sua utilidade é
lºtem sido estendida a uma grande variedade de ma- limitada a cenários clínicos específicos.
t
teriais e técnicas. Segmentos intestinais são usual—
mente usados para o aumento vesical. Técnicas mais Auto-ampliação Vesical
rebentes têm objetivado a preservação de revestimento
urotelial. Apesar dessas técnicas, esvaziamento vesical Excisão ou incisão do detrusor anormal com preser-
costuma estar de certo modo prejudicado, e a maioria vação da mucosa cria um divertículo de urotéli'o‘que
, das crianças poderá. necessitar de cateterização in- funciona como aumento vesical. Os benefícios da
'termitente limpa pós-operatória. Todos os pacien- preservação do urotélio são mantidos, mas os resultados
tes deverão estar cientes da possibilidade de perfuração urodinâmicos relatados têm variado; auto—ampliação
vesical, complicação grave ameaçadora de vida. é raramente indicada a crianças.

Iécnicas que Não Preservam o Urotélio Enterocistoplastia Seromuscular


Colocistoplastia e lleocistoplastia As complicações associadas com essa téçniça são
atribuídas à presença de mucosa intestinal dentro do
Aumento vesical usando íleo ou cólon tem sido um trato urinário. Usam—se segmentos desmucolizadar de
cºnfiável meio de aumentar a capacidade vesical e íleo, cólon ou estômago para aumentar a bexiga, evitando
reduzir pressões vesicaisrA incorporação desses seg- as desvantagens em potencial do contato da urina com
mentos intestinais no trato urinán'o pode estar asso- a mucosa intestinal. Isso pode ser realizado com ou
Ciada com complicações a longo prazo. As mais sem preservação do urotélio. Resultados a curto pra-
Cºmumente observadas incluem: produção de muco, zo até o momento têm sido encorajadores com parâ-
cºlonização bacteriana, desequilíbrios eletrolíticos, metros urodinâmicos pós-operatórios e taxas de con-
ªcidose metabólica, retardo de crescimento somático tinência semelhantes às técnicas padrões. Produção
e deficiência da vitamina B12. Outras são: risco de de muco e anormalidades eletrolíticas parecem não
formação de cálculos e desenvolvimento de tumores. causar problemas.
;t a

646 I Trato Geníturinário

difíceis de interpretar, estão na média de 5 a 55%, se


Follow-up do Paciente Pós-aumento Vesical
definido como intervalo seco o período de 4h. O sucesso
é muitas vezes dependente de mais de uma injeção“ e
Anormalidades eletrolíticas são um problema em po- o custo pode ser importante óbice ao seu uso. É im-
tencial quando segmentos gastrointestinais são introdu-
zidos no trato urinário. Acidose metabólica hiperclo— portante conhecer que a injeção de colágeno não intert'ere
rêmica pode desenvolver com íleo ou cólon e alcalose na cirurgia do colo vesical posterior, se for necessá.
metabólica hipercalêmiea e hipoclorêmica podem ria subseqíientemente.
ocorrer com estômago. Creatinina sérica e eletrólitos
séricos (bicarbonato, cloro, potássio, fósforo, cálcio Procedimentos para Alongamento Uretral
e magnésio) devem ser checados, ao mínimo, anual-
Os procedimentos de Kropp e Pippi Salle aumentam
mente. Excesso de muco pode ser problema com íleo a resistência uretral ao usar porção da bexiga ante.
e cólon e levar à formação de cálculos vesicais. Para
prevenir essa complicação, os pacientes podem ser rior para alongamento e, simultaneamente, criar um
beneficiados com um programa de irrigação vesical mecanismo valvular no nivel do colo vesical, que previna
a perda de urina. No procedimento de Krupp, 0 seg-
diária. Bacteriúria é comum e não deve ser tratada, mento de parede vesical é tubularizado e tunelizado
exceto se houver sinais sugestivos de infecção ativa debaixo da mucosa da parede vesical posterior. 1550
(febre, incontinência, dor abdominal, hematúria e urina
causa muitas complicações durante a cateterização,
com mau cheiro). O risco de malignidade pós-ente- Para evitar tais problemas, Salle desenvolveu uma técnica

G L S' H ‘ Z V K
rocistoplastia é bem conhecido. Vigilância com cistos- suturando um retalho de parede anterior da bexiga à
copia anual após 10 anos do aumento vesical tem sido
preconizada por alguns.
parede vesical posterior, em forma de anlay, evitan.
do assim a construção de um tubo que dificulta (: '9LS
cateterismo. Além disso, o cateterismo torna-se mais
Condutos Cateterizáveis Continentes fácil porque não provoca interrupção da continuida-
de da mucosa da parede vesical posterior, local fre-
Idealmente, a cateterização intermitente deve ser feita
quente de obstrução à passagem do cateter, Ambas
pela uretra nativa. Em ocasiões, fatores anatômicos as técnicas dependem de cateterização intermitente,
ou restrições físicas podem dificultar a cateterização razão pela qual é fundamental saber se o paciente está
uretral. Nessas circunstâncias, indica-se a confecção bem informado e apto à realiza-1a após a cirurgia.
de conduto alternativo em local mais acessível. Mais Corn 0 aumento da resistência uretral, pode ocorrer
comumente, o apêndice ou um íleo ou cólon recon— descompensação da bexiga à semelhança de outros
figurados podem ser usados para construir um tubo. procedimentos, tornando-se necessário ampliar a bexiga
A extremidade proximal do tubo é implantada na bexiga em mais de dois terços dos casos. Outra razão para
e a distal é trazida até a parede abdominal como estoma isso é que parte
daopgr e _vesical é sacrificada pa-
cutâneo. O umbigo costuma oferecer uma localiza-
ção ideal, uma vez que naturalmente esconde o estoma
e permite fácil acesso.
rta—construção da
sua
ne $ª“ wififinuindo um pouco a
capacidade. Taxas de continência global estão na
média de 77 a 81% na técnica de Krupp e 70 a 80%
na técnica de Pippi,Salle.
Relativo a Resistência uretral
Suspensão do Colo Vesical com Cinturões

.t W ªv — w s
Meditações que Aumentam a Resistência
Fasciais
Uretral
m.

O uso de técnicas de suspensão do colo vesical para


As fibras musculares da bexiga são inervadas por fibras o tratamento da bexiga neurogênica pediátrica
ganhado popularidade e o sucesso relatado tem siao
tern
adrenérgicas. Agonistas alfa (efedrina, pseudo-efedrina)
produzem aumento na resistência da drenagem vesical bom, quando associado com aumento vesical. Os
e, em ocasiões, podem melhorar o armazenamento cinturões fasciais aumentam a resistência uretral
compressão e elevação da uretra. Aumento vesrcal é
por
de urina. Os resultados com esses agentes são, na maioria
das vezes, insatisfatórios. Efeitos secundários podem muitas vezes necessário para atu'nemar as taxas de con-
ser problemáticos, como hipertensão, ansiedade, cefaléia tinência, e cateterismo intermitente é requerido fre-
e insônia. quentemente. Taxas de continência têm variado de
40 a 100%, sendo a maioria dos pacientes do sexo fe-
Injeção Perioreíral minino. Alguns êxitos em meninos têm sido relatados.

Agentes como o colágeno e Teflon" podem ser inje- Esfincter Urinário Artificial
tadossubmucosamente no colo vesical para facilitar Esfíncter urinário artificial foi introduzido em 1973 e
a coaptação mucosa e conseguir continência. Há in—
formações controversas com relação à migração a dis-
tem, desde então, sofrido uma série de melhoramen-
tos em seu projeto. A continência é conseguidª Pºr
tãncia das partículas de Teflon”, que é preocupante e
contra—indica seu uso.-Taxas de continência, embora compressão do colovesical por balão inflável. Pactenles
Disrafismo Neuroespinhal e Bexiga Neurogênica II 647

que esvaziam bem a bexiga com manobra de Valsalva, a continência fecal e urinária é conseguida. Regime
— sem necessidade de cateterismo, são potencialmente intestinal deve ser instituído precocemente para de-
, bons candidatos para a colocação de esfíncteres. Nos senvolver uma rotina de evacuação regular e com-
casos em que há necessidade de aumento vesical, isso pleta, evitando a perda de fezes. Medidas dietéticas
ode ser realizado concomitantemente. A semelhança ocupam importante regra na prevenção da formação
das técnicas de reconstrução do colo vesical, alguns de fezes endurecidas. Evacuações podem ser obtidas
pacientes desenvolvem deterioração na complacência pela estimulação manual, supositórios ou enemas. Muitas
vesical. Portanto, é essencial a avaliação com estudos vezes, o processo obedece as regras de tentativas e
urodinâmicos e radiológicos pós-operatórias e a lon- erros. Cada criança obedece diferentemente às várias
go prazo. As complicações mais comuns incluem ero- medidas terapêuticas. Crianças refratárias ao tratamento
são e infecção. Revisão do aparelho pode ser necessária médico podem beneficiar—se de enemas anterógrados
em aproximadamente 50% dos pacientes a longo pra- de continência, por meio de condutos cateterizáveis
zo. As taxas de continência estão acima de 60 a 80%, na parede abdominal. A técnica consiste na utilização
mas apresentam alto índice de reintervenção. do apêndice ou outro segmento intestinal tubularizada,
que é conectado ao cólon com um mecanismo valvular que
'Refluxo Iesicuureteral impede o refluxo. Enemas anterógrados são adminis-
trados com o objetivo de promover evacuações colônicas
Ocorre em 3 a 5% dos recém—nascidos com mielo— e prevenir perda fecal. Nem todos os pacientes, entre-
displasia', com tratamento expectante, pode desenvol- tanto, são candidatos a essa técnica. Indicada somente
ver-se em até 40% das crianças. Crianças com com— àqueles que continuam com incontinência fecal depois
placência vesical pobre e dissinergia estão em risco de enemas retrógrados.
para o desenvolvimento e a progressão de refluxo.
'
Nesses casos, antibióticos profiláticos, anticolinérgicos Sexualidade
e cateterização intermitente são introduzidos preco-
cemente para melhorar a complacência vesical e fa- Assuntos referentes à função sexual e a fertilidade tor—
cilitar o esvaziamento vesical completo. Crianças com nam-se importantes preocupações para os pacientes com
refluxo de baixo grau, que esvaziam completamente espinha bífida, quando a adolescência se aproxima.
e têm pouca resistência uretral, podem ser tratadas Meninas podem entrar na puberdade até dois anos mais
cedo do que o normal e meninos tendem a começar a
J.? somente com antibióticos profiláticos. Taxas de re-
, solução com adequado tratamento médico podem
. :9 puberdade no tempo normal. Experiências sexuais são
.’v alcançar até 50%. Vesicostomia cutânea é uma opção mais positivas para as meninas do que para os meni—
..«NI" para aquelas crianças que respondem pobremente ao nos. Mais da metade das meninas terá vida sexual ativa.
tratamento médico. As indicações para procedimento Aproximadamente 70% das meninas terão filhos, embora
anti-refluxo não são diferentes dos casos de refluxo dificilmente com parto vaginal. A satisfação sexual dos
primário. Reimplante ureteral deve ser realizado no meninos e significantemente menor, uma vez que pro—
momento da correção da resistência de saída defi- blemas coin ereção, disfunção ejaculatória e pobre
9735:-

ciente. A necessidade de reimplante ureteral, particu— qualidade do sêmen são uma realidade. Com os novos
larmente aquele refluxo de baixo grau que se desen- avanços no tratamento da disfunção erétil e infertilidade,
volve secundário à disfunção vesical no momento do é esperada melhora significativa da situação desses pa«
aumento vesical, continua sendo controversa. cientes. Deve ser lembrado que os problemas na ob-
tenção de continência fecal e urinária podem ter grande
importância na inibição do desenvolvimento da satis—
Intenção do Train urlnárlu fação sexual.
Um significante número de crianças que estão reali-
zando cateterismo intermitente terá bacteriúria inter- alergia ao later
mitente ou crônica. Profilaxia com antibióticos, na
ªusência de refluxo vesicoureteral, não tem mostra— O primeiro caso de alergia ao látex foi relatado há
dº benefícios. A profilaxia reduz a incidência de bac- mais de 20 anos. Desde aquela época tornou-se apa-
tºrii'iria, mas aumenta a ocorrência de infecções clínicas rente que as crianças com espinha bífida constituem
no trato urinário. Dois fatores modificáveis promo- um grupo de risco no desenvolvimentoªdesse tipo de
vem bacteriúria: alto número de cateterizações e baixa alergia. Anticorpos látex—específicos podem, de fato,
frequência de cateterização. Regime apropriado deve estar presentes em até 40% dos pacientes. As reações
ser implementado e bacteriúria tratada quando do são IgE—mediadas e podem manifestar-se com urti—
desenvolvimento de sintomas clínicos (febre, dor ab- cária, conjuntivite, rinite, angioedema, broncoespasmo
dominal, novo episódio de incontinência). ou anafilaxia com colapso cardiovascular. Reações
anafiláticas são eventos quase exclusivamente intra—
Bnntlnênoia Fecal operatórios. Acredita—se que a sensibilização se de-
senvolva secundariamente à exposição repetida ao látex,
I-‘?Sf0r<;os para manter a criança com mielodisplasia ocorrendo durante cateterização intermitente e pro-
livre das fraldas podem ser realizados somente quando cedimentos operatórios ou radiológicos múltiplos. Em
"_—Tum
648 I Trato Geníturinárío

crianças com espinha bífida, a exposição ao latex deve Ressonância nuclear magnética e o método Principal
ser minimizada com o uso de produtos que não o con— após essa idade, já que ossificação da coluna ªspi—
tenham. O reconhecimento da alergia ao látex torna- nhal previne adequada visualização ultra—sonogmflca
seessencial, antes de submeter—se a algum procedimento da medula espinhal.
anestésico geral.
Tratamento
lisrafismn Esnlnhal oculto
Os benefícios da intervenção neurocirúrgica para corri-
Conceito gir aprisionamento da medula permanecem incertos,
A predição de piora neurológica, quando o aprisio.
Refere—se a um grupo de anormalidades espinhais
associadas com defeitos ósseos e com derme e epiderme namento é identificado radiologicamente, é pobre, e
resultados publicados pós—correção cirúrgica são va.
suprajacente intactas. Exemplos incluem: diastema-
riáveis. Aproximadamente 10% das crianças com bexigas
tomielia, lipomas, cistos neuroentéricos e outros. Muitas
dessas anormalidades estão associadas com aprisio- normais podem piorar se o aprisionamento da medula
não for tratado.
namento da medula espinhal.
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
Sintomas e Sinais GUYS, l.M.; CAMERLO,A.; HERY, G. Neprogenic hladderin Children:
basic principles in diagnosis and treatment. Arm. Urol. (Paris).
Sinais cutâneos são comuns, como pequenos orifícios v. 40, p. 15-27, 2006.
ou apêndices, áreas hiper—pigmentadas, hemangiomas,

L'ÇQIVZSRG
LEMELLE, I. L.; GUILLEMIN. F.; AUBERT, D. et al. A multiccnm
tufos de pêlos ou seios. Sintomas miccionais asso-
evaluation of urinary incontinence management and outcome in
ciados podem variar. Os pacientes podem apresen- spina bifida. J. Urol, v. 175. p. 208-212, 2006.
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instabilidade vesical, hábitos miccionais alterados ou Augmentation cystoplasty rates at Children's Hospitals in the United
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Vesicostomy revisited: the best treatment for the hostile bladder
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ção da medula espinhal até os seis meses de idade. to prevent complications. Urology, v. 46, p. 294-304, 1995.

w.—

so?
it:
Urodinâmica Pediátrica
' 649
.- ,
ser lembrado que disfunção vesical neurogênica muitas
vezes não é um processo estático e, conseqtientemente,
estudos urodinâmicos seriados de observação fazem
parte de um plano terapêutico a longo prazo.
Os pacientes que devem se submeter aos métodos
invasivos de urodinâmica são aqueles portadores de:
aa Mielomeningocele.
Roman Jednak Disrafismo espinhal oculto.
João Luiz Pippi Salle = [agenesia sacra].
Anus imperfurado, associação VACTERL (ver-
tebral, anal, cardíaco, traqueal, esofagiano, re-
INTBOIIIIGÃD nal e limb [membro]).
Extrofia cloacal.
A avaliação da disfunção vesical neuropática e não- !! Bexiga neurogênica não-neurogênica (síndrome
neuropática é fundamental a qualquer prática urológica de Hinman, síndrome de Ochoa).
pediátrica. A avaliação funcional acurada do trato lParalisia cerebral.
urinário inferior durante o armazenamento de urina ll Retardo de desenvolvimento.
e micção é central ao manuseio dessas crianças. Os
métodos de investigação urodinâmica na criança são Embora não sofram especificamente de disfunção
vesical de causa neurogênica, os pacientes com vál-
mais complexos do que a simples aplicação de técni- vula de uretra posterior, síndrome prum—belly e extrofia
cas utilizadas em adultos. O desenvolvimento vesical vesical/epispadia podem beneficiar—se de uma inves-
é progressivo e a dinâmica da função do trato urinário
tigação urodinâmica adequada durante o curso de seus
inferior está mudando de modo contínuo na criança
em crescimento. A própria interpretação dos achados tratamentos. Devem ser investigadas pré-operatoria-
mente as crianças que irão se submeter a procedi-
urodinârnicos, no momento da investigação, deve levar
mentos neurocirúrgicos na medula espinhal (liberação
em conta não somente a situação clínica de base, mas da medula, ressecção tumoral, rizotomia dorsal sele—
também o estágio de desenvolvimento vesical. É muito tiva). Pós-operatoriamente, nossa preferência e' de
útil a informação adicional das características das reestudá-los, no mínimo em 6 meses.
micções ou cateterização diária. Todas as informa- Investigação urodinâmica não-invasiva está indicada
ções obtidas devem ser cuidadosamente posicionadas
no manuseio de pacientes com disfunção vesical não-
no contexto de nosso conhecimento corrente da di— neurogênica. Inclui os pacientes com disfunção de
nâmica e complexidade do desenvolvimento vesical armazenamento e esvaziamento. Tambem costuma ser
na criança. Devido à necessidade de consistência na útil no acompanhamento daqueles com formas gra—
metodologia urodinâmica e relato dos resultados, a ves de disfunção, já mencionadas antes, como: vál-
, Sociedade Internacional de Continência em Crianças vula de uretra posterior, síndrome prune-belly. bexiga
padronizou definições do significado das disfunções neurogênica não-neurogênica e alguns pacientes com
do trato urinário inferior, adotadas neste artigo. anormalidades na medula" espinhal que ainda man-
têm a habilidade de urinar espontaneamente. Crian-
'
IIIIIIBIIGÍES Ill INVESTIGIIGÃO UBDBINMIGI ças com refluxo vesicoureteral e infecções recorrentes
do trato urinário também devem submeter—se a in-
Testes urodinãmicos podem ser divididos em duas vestigações urodinâmicas não-invasivas, pois existe
categorias gerais: não-invasivos e invasivos. uma associação bem estabelecida entre esses proble—
Testes não-invasivos incluem estudos do fluxo uri— mas e a presença de disfunção vesical.
.
nário com ou sem eletromiografia (EMG) do assoalho
perineal e os métodos invasivos incluem cistometria
flew“
e videourodinãmica. PREPARAÇÃO Ill) PHBIEII'I'E
Testes invasivos urodinâmicos não devem ser rea- Para obter-se uma investigação urodinãmica útil, é
lizados sem a cuidadosa seleção dos pacientes. O exame essencial a preparação emocional e psicológica do
urodinâmico em pacientes com sensações normais pode paciente. A cooperação dele é crítica para se alcan-
ser doloroso e, se inadequadamente realizado em um çar resultados ótimos. Pacientes e pais necessitam ser
paciente apreensivo, fornece informações pouco úteis. completamente informados sobre a natureza da in-
reservado a crianças com causa neurogênica suspeita vestigação. Todo esforço deve ser feito para aliviar
ºu confirmada de disfunção vesical. Crianças com preocupações e diminuir a apreensão. Vídeos educa-
disfunção vesical de etiologia não-neurogênica de- cionais podem servir para introduzir o paciente no
Vem ser investigadas por métodos não—invasivos. Testes processo e, se necessário, pode ser útil a visita à sala
mais invasivos podem ser realizados em pacientes com de urodinâmica. O layout da sala não deve ser amea—
diagnóstico incerto ou naqueles que respondem de çador. Paciência e compreensão são essenciais na con-

..
mºdo pobre as opções terapêuticas clássicas. Deve dução da investigação. Geralmente, não é requerida
650 n Trato Genlturinário

sedação, mas quando necessária preferimos o midazolam


oral na dose de 0,6mg/kg, com dose máxima de 10mg.
Podem ser administradas doses usuais de medicamen- Flow
ml/s
tbs, incluindo aqueles que possam afetar a bexiga. A
dosagem e o tempo de administração devem ser do— O
600
cumentados de maneira cuidadosa.
Volume
mL
IIIIllFlllIIÍIMETBIII
A urofluxometria registra o volume de urina elimi-
nado por unidade de tempo e é expressa em mL/s. Figura 129.2— Curva de fluxo fracionado. Menina de 11 anus
Embora conceitualmente simples, um exame acurado urinou 290mL em 3min. Resíduo pós-miccional de 300mL,
e confiável depende de inúmeros e importantes fatores.
O paciente deve estar relaxado e posicionado de modo
confortável. Para as crianças que urinam em posição

ELB'SÇZ'QÍLÇ
sentada, suas pernas devem permanecer apoiadas em ou instabilidade do detrusor, a curva normal pode apare.

l
um banquinho com a finalidade de relaxar a muscula- cer comprimida como resultado de um esvaziamento
tura perineal. Meninos que urinam de pé não devem vesical. O volume eliminado e, muitas vezes, menor
permanecer apoiados pelos dedos. Todas as crianças do que esperado e o esvaziamento é completo. Uma
devem ser encorajadas a retardar a micção até que a curva plana pode representar uma obstrução distal fixa
bexiga esteja cheia, tendo em mente que a hiperdistensão da saída vesical (por exemplo, estenose), mas, também,
da bexiga pode influenciar de maneira negativa a di— pode ser observada em 1% das meninas normais e 5%
nâmica do esvaziamento. dos meninos normais. O tempo de micção é prolonga-
Medidas do fluxo variam com o grau de enchimento do e há urina residual pós—micção. Uma curva de flu-
vesical, contratilidade do detrusor e resistência de saída. xo interrompida é produzida, tipicamente, por contrações
Na interpretação devem ser levados em conta a idade intermitentes do assoalho pélvico durante as micções.
e o sexo do paciente. Não é surpreendente encontrar— Há irregularidade do fluxo urinário com prolongamento
se variabilidade significativa nos resultados dos es— do tempo de micção, mas o tempo nunca é interrom—
tudos de fluxo em pacientes normais. Essa variabilidade pido por completo (Fig. 129.2). Frequentemente, per-
pode também ser observada em estudos sequenciais manece urina residual pós—rniccional. Micção fracionada
no mesmo paciente. Como padrão geral, o volume
pode ser resultado de um detrusor hipoativo. Esvazia-
eliminado e o fluxo miccional máximo aumentam com mento vesical ocorre em pequenas frações e a pressão
de eliminação é gerada por contrações não—susten-
a idade. Em meninas, o fluxo miccional máximo ten-
_ ªr“—Rm

tadas do detrusor, muitas vezes aumentada pela pressão


de a ser mais alto do que em meninos. Para serem
abdominal (Fig. 129.3). O grau de fluxo é irregular
,. .}1: considerados estudos consistentes, faz-se necessária e‘ o esvaziamento vesical incompleto.
a eliminação de volumes de no mínimo 50% da ca- Urina residual deve ser medida imediatamente após
pacidade vesical esperada. Idealmente, são preferí- a micção. Embora o esvaziamento vesical em lactentes
veis volumes eliminados de no mínimo lOOmL. possa ser incompleto, crianças maiores devem ser
. Em adição à fluxometria e aos volumes eliminados, capazes de esvaziar de modo total suas bexigas. Múltiplos
são muito importantes as informações obtidas com as

_, -
fatores podem influenciar o esvaziamento vesical em
características do padrão do fluxo urinário. O padrão estudos de fluxo urinário. Para ser considerado sig—
de fluxo normal aparece como uma curva em forma de
sino (Fig. 129.1). Em pacientes com urgência urinária
-,;g

40

Flow
mus
Flow
mu: 0
600
0
600
Volume
mL
Volume
mL

Figura 129.3 Estudo de fluxo em menina de 15


— anPSFOT
síndrome de instabilidade do detrusor. Paciente ehmlnº
Figura 129.1 — Curva de fluxo normal. 145mL em 85, com taxa de fluxo máximo de 35mle-

yl
Urodinâmica Pediátrica I
651

nificativo. a urina residual pós-miccional não deve abdominal da pressão intravesical. Um reto cheio pode
ser maior do que 10% da capacidade vesical espera- alterar significativamente a complacência da bexiga
da em avaliações repetidas. Ultra—sonografra é um me- e, portanto, lavagem intestinal é recomendada em
todo confiável e não-invasivo para medir urina residual crianças com impactação fecal.
pós-miccional. Muitas fórmulas com base na idade e no peso do
paciente têm sido propostas para estimar a capacida-
de vesical. A fórmula mais frequentemente usada e:
GISTOMETRIA idade (anos) + 2 x 30mL = capacidade. Em lactentes,
A cistometria avalia a relação pressão-volume da be- nos quais o crescimento ocorre de modo rápido, uma
xiga durante o enchimento e o esvaziamento. Capa- fórmula alternativa calcula a capacidade vesical de
cidade vesical cistométrica, complacência, atividade acordo com o peso: capacidade (mL):7 x peso (kg).
do detrusor, sensação e pressão de vazamento do detrusor 0 maior determinante da deterioração do trato urinário
podem ser avaliadas durante o enchimento e a micção. superior é a pressão de armªzenamento vesical, que
Esse estudo urodinâmico deve ser realizado em uma de fato reflete a complacência vesical. Pressões de
criança cooperativa e totalmente relaxada e diversas armazenamento vesical que excedam 40cmH 0 têm
tentativas devem ser feitas para se evitar o uso de mostrado afetar adversamente a função do trato urinário
sedação. O ambiente não deve conter látex. Cateter 6 superior. Complacência vesical é relacionada a va—
a 8F duplo—lúmen é colocado na bexiga para enchi— riaveis intrínsecas do detrusor, masjdcve ser lembra—
mento e medida simultânea da pressão vesical. A be- do que graus rápidos de enchimento vesical podem
xiga não deve ser drenada antes do exame. Cateter diminuir, de maneira significativa, a complacência
retal com balão monitoriza a pressão abdominal. A vesical. O grau de enchimento vesical deve ser fixa—
pressão do detrusor é obtida pela subtração da pressão do em 10% da capacidade vesical esperada por minuto.

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978-52416
652 I
Tr'ato‘Geniturinério
Hiper—reflexia do detrusor refere»se à sua hiper-ª.
Estudos urodinâmicos em crianças normais têm tividade na existência de doença neurológica associada.
mostrado que 99,9% da capacidade vesical esperada Hipoatividade do detrusor não é aparente durante
devem ser armazenados a uma pressão < 30cmH20. o enchimento vesical e é caracterizada por sua falta de
A capacidade esperada para uma pressão intravesical contração após o enchimento. O enchimento vesical rá.
de 30cml-l20 pode ser calculada pela fórmula: 18 >< pido pode gerar contrações não inibidas. Portanto, du.
idade (anos) + 45mL. rante a cistometria, deve-se encher a bexiga de ma-
A atividade do detrusor é classificada como nor« neira lenta, usando criterios anteriormente descritos. "i. b
mal, hiperativa e hipoativa. Um detmsor estável aco- Naquelas crianças com instabilidade grave on hiper- '1 5 rl
moda o enchimento vesical com pouca mudança de reflexia, o enchimento deve ser ainda mais lento. no ;

pressões e sem contrações espontâneas ou provocadas si


A avaliação da sensação vesical requer uma crizm. º.“.
.
*
(Fig. 129.4). A sua hiperatividade é refletida por ogn- _ça cooperativa e com treinamento esfincteriano. A on, s.x.:- .
trações espontâneas ou provocadas durante o enchi- sensação do detrusor pode ser categorizada como nor— A m
|.)

mento vesical (Fig. 129.5). Contrações espontâneas mal, aumentada, reduzida ou ausente. in
sl
do detrusor são consideradas significativas se asso- O ponto de pressão de vazamento do detrusor & a Ln»“ , .w 1

ciadas a elevações de pressão de pelo menos lScml-lio pressão na qual a urina começa a vazar inicialmente
acima da linha de base. O termo instabilidade do detrusor durante o enchimento. Como mencionado antes, pressões
refere-se a uma criança sem doença neurológica as- de armazenamento vesical excedendo 40cml-l 0 são '?
sociada. Sua presença nesse cenário não indica pro- associadas a risco aumentado de deterioração do trato
blema neurológico associado e pode ser freqiientemente urinário superior. Por definição, uma pressão de ponto
observada durante o enchimento vesical em lactentes. de vazamento segura deve estar abaixo de 40cmH O.
Em algumas crianças, contrações espontâneas do Pacientes com insuficiência esfincteriana têm baixo
detrusor são observadas somente antes da micção e ponto de pressão de vazamento.
são pouco significativas.

om a u s ot 0 5: on os 0 2: 3 0 5: 1 0 3: 2 1 013 ot
9

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Figura 129.5 - Contrações espontâneas do detrusor durante o enchimento vesical em criança com paralisia cerebral.
x
Urodinámíca Pediátrica &
653

A função do detrusor na fase de micção é des— ou eletrodo de metal, que podem ser colocados dire-
crita como acontrátil, arrefléxica, hipoativa e normal. tamente no músculo a ser estudado.
O detrusor acontrátil não mostra qualquer habili- O traçado típico da EMG mostra níveis aumenta-
dade inerente para gerar contrações espontâneas de dos de atividade durante o enchimento vesical. A ati-
magnitude suficiente para iniciar a micção. Quando vidade EMG para logo antes de ser iniciada a mic-
issº é observado na criança com condição neuro- ção, significando relaxamento do assoalho pélvico e
1ógica associada, deve ser usado o termo arreflexia do esfíncter externo (Fig. 129.6). Qualquer atividade
do detrusor. O termo detrusor hipoativo pode ser EMG presente durante a fase de micção é considera-
aplicado quando a micção pode ser iniciada, mas da anormal. Essa contração simultânea dos músculos
as contrações do detrusor são fracas ou não—sus- uretral/periuretral e detrusor é referida como dissinergia
tentadas e o tempo de micção prolongado e, muitas detrusor-esfincteriana. Quando observada em crian—
vezes, incompleto. Atividade normal do detrusor ças neurologicamente normais, é mais apropriado usar
produz uma contração iniciada voluntariamente com o termo micção disfuncional ou incoordenação detrusor-
força e duração adequadas para esvaziar por completo esfincteriana (Fig. 129.7).
a bexiga.

ElETIlGMIBGHIFII vrnruunonrnnnren
Essa técnica combina a urodinâmica coma avaliação
A membrana muscular despolarizante gera um pc— radiográfica da bexiga. Um cistometrograma clás—
tencial elétrico que pode ser medido pela eletromio- sico é realizado com meio de contraste permitindo
grafia. Eletrodos cutâneos são preferíveis em crianças uma avaliação urodinâmica e radiográfica simul-
com sensação perineal. São aplicados sobre o mús— tânea da bexiga durante o enchimento e o esvazia-
culo a ser estudado, que na criança está em cada lado mento. São obtidas informações anatômicas valiosas
do esfíncter anal. Estudos mais precisos da inervação da bexiga, presença de refluxo, obstrução funcional
do esfíncter uretral requerem a colocação de uma agulha ou anatômica do trato urinário inferior, que podem

7 —5 6 142 - 8 3 9
50
mp
Peakflw
Uroflw star

40
Uroflw
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EMG

06
GO—60


Figura 129.6 Estudo eletromiográfico normal corn eletrodos de pele. Não há nenhuma atividade eletromiográfica durante
a micção.

_L
654 I Trato Geniturina'rio

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Volume

Figura 129.7— Eletromiografia anormal. Atividade eletromiográfíca aumenta durante a micção de menina com micção disfuncional.
Observar o fluxo em staccato e tempo de eliminação prolongado.

l-lOULE, A. M.;-GILMOUR, R. F.: CHURCHILL, B. M. et al. What


ser correlacionadas aos parâmetros de urodinâmica. ".volume can a child normally store in the bladder at a safe pressure?
Em geral, investigação urodinâmica clássica e ra- ª ], Urol., v. 149, p. 561-564, 1993.
diológica na maioria das vezes providencia infor- LANDAU, E. H.; CHURCHILL, B. M,; JAYANTl-ll, V. R. eta1.'1'he
mação necessária para orientar o trataruento. Quando sensitivity of pressure-specific bladder volume versus total bladder
o diagnóstico permanece incerto, pode ser muito útil capacity as a measure of bladder storage dysfunction. J. Uml..
a investigação videourodinâmica. 0 estudo é parti- , v. 152, p. 1578-1581, 1994.
NIJMAN, R. .l. M. Urodynarnics studies of the-lower urinary tract. ln.
cularmente útil para avaliar o colo vesical e a uretra GEARHART, J. P.; RINK. R. C.; MOURIQUAND, P. D. E. (eds.).
proximal. Pediatric Urology. Philadelphia: W. B. Saunders, 2001. p. 470495.
NORGAARD, l. P.; VAN GOOL, l. D.; HJALMAS. K. et _al.
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA Standardization and definitions in lower urinary tract dysfunction
EWALT, D. H.; BAUER, S. E. Pediatric neurology. Ural. Clin. N. Amar., in children. International Children's Continence Society. B:J. Uml.v
v. 23, p. 501-509, 1996. v. 81. suppl 3, p. 1-16,1998.
Duplicação Ureteral, Ureter chópíco e Ureterocele I 655

As explicações para as variedades de anomalias


que afetam os rins e ureteres têm suas bases no de-
senvolvimento embriológico dessas estruturas, embora

Duplicação Ureteral,
a causa da alteração inicial permaneça desconhecida.

IlllPlIGIIGÍIll IIIIETEIifll
Ureter Ectópico e É a anomalia congênita do trato urinário mais comum,
com incidência de 0,7% em autópsias. Ocorre quando
um único broto ureteral se ramifica prematuramente

Ureterocele durante a ascensão. ou quando dois brotos ureterais


distintos surgem do ducto de Wolff. O significado clínico
dessas anomalias depende da localização do broto e
da sua inter—relação com o desenvolvimento do rim.
Francisco Nicanor Araruna Macedo Acomete duas vezes mais o sexo feminino e é visto
em 4% das urografias excretoras. Os irmãos de crianças
afetadas têm oito vezes mais chances de apresenta-
rem a enfermidade.
INTRODUÇÃO
Duplicação ureteral é uma das mais comuns anoma—
Iluminação ilreteral Incumnleta .
lias congênitas do trato urinário. A maioria dos casos Se um único broto ureteral se ramificar antes da sua
é representada por achados radiológicos de completa penetração no biastema metanefrogênico, dará ori-
ou incompleta duplicação, com óstios normalmente gem a duplicação ureteral incompleta, também co-
posicionados e sem repercussão clinica. nhecida como bifidez ureteral. O aspecto varia de
Os outros casos evidenciam—se clinicamente como uma pequena pelve renal bífida (ramificação tardia)
consequência de hidroureteroneírose, refluxo vesicoure- até uma duplicação completa de ambas as pelves e
teral, incontinência urinária, infecção do trato urinário ureteres proximais com uma implantação vesical comum
e está associada a meteres ectópicos e/ou ureteroceles. (ramificação precoce). A bifurcação pode ocorrer em
A ultra-sonografia antenatal rotineira nos últimos anos qualquer nível entre a bexiga e a pelve renal, mas é
tem permitido um diagnóstico e uma terapêutica mais mais freqiientemente encontrada no terço inferior do
precoces, evitando-se, portanto, as lesões renais de- ureter. Como a maioria dos brotos ureterais está nor-
correntes de infecções repetidas do trato urinário. Por malmente posicionada ao longo do ducto mesonéfrico
outro lado, tem surgido uma série de controvérsias nas duplicações incompletas, quase não apresenta
'“ ,
"
na abordagem e conduta de uma entidade polimorfa na
sua forma de apresentação e detectada apenas tardia-
significado clínico e na maioria das vezes encontra-se
apenas na progratia excretora.
mente em um passado não muito remoto.
. .
t Iluminação Ilreteral comnleta
', ' EllBRIlllllGll Quando dois brotos ureterais independentes surgirem
'
Entre a quarta e a oitava semanas de gestação ocorre do ducto mêsonéfrico. cada um com interação sepa-
o desenvolvimento dos rins e ureteres. O dueto de rada com o blastema metanefrogênico, ocorrerá a
Wolff (mesonéfrico), próximo a suajunção com a cloaca duplicação ureteral completa. O broto mais superior]
primitiva, dá origem ao broto ureteral (ducto metane- cefálico induz a porção mais superior do blastema
frogênico) e este se alonga no sentido cefálico para (pólo superior) e o broto mais inferior/caudal, a por-
penetrar no blastema metanefrogênico adjacente, que ção mais inferior do blastema (pólo inferior). A po-
origina o tecido renal. O segmento do ducto de Wolff sição final dos orifícios ureterais obedece à migração
entre a cloaca primitiva e a origem do broto ureteral tecidual e incorporação dentro da bexiga descrita para
(futuro orifício ureteral) é chamado de ducto excretor os sistemas únicos. Quando ambos os brotos estive-
comum, o qual é absorvido para dentro da bexiga, rem próximos e se projetarem de uma posição nor-
migra para a linha média e fundefse com o homólogo mal ao longo do ducto mesonéfn'oo, os orificios ureterais
contralateral para formar o trígono vesical. 0 orificio estarão normalmente posicionados.
ureteral migra cranial e lateralmente e o orifício do Quando ambos os brotos estiverem separados, um

M.
dueto de Wolff termina em uma posição caudal e medial ou ambos poderão estar localizados em posição ectópica.
no utrículo prostático. 0 ducto de Wolff finalmente Se o bruto do pólo superior projetar-se de uma posi-
dá origem à próstata, às vesículas seminais, aos vasos çâo anormalmente alta ao longo do ducto mesonéfrico,
deferentes e aos epidídimos no sexo masculino. No ectopia caudal será o resultado final. De modo inverso,
sexo feminino, 'o dueto de Wolff guia os ductos de se o broto do pólo inferior originar—se de uma po-
v . -?
k

Miiller para a linha média onde se fundem para formar sição mais caudal ao longo do ducto, o resultado será
0 útero, a vagina proximal e as trompas. uma ectopia lateral.
656 I Trata Geniturinário

Importantes considerações devem ser feitas ao Mais de 80% das meninas com ureteres ººlópicos
diagnosticar-se uma duplicação ureteral completa. têm sistemas duplicados.
Primeiro quanto à presença de ectopia ureteral e
ureterocele, segundo com relação à bilateralidade, já Apresentação Clinica
que em 40% dos casos a alteração e bilateral. Por
último, como se trata de uma doença hereditária com Sexo Feminino
transmissão autossômica dominante, é importante o Após o advento da ultra—sonografia obstétrica em larga
aconselhamento dos familiares diretos sobre a inci- escala, muitas crianças são diagnosticadas no periodo
dência maior dessa alteração anatômica na família, neonatal imediato durante a avaliação de hidronefro-
na maioria das vezes sem significado clínico. se antenatal. As demais se apresentam com uma va-
riedade de achados clínicos, tais como: incontinência
BBÉIEII EB'I'ÚPIGI! (SISTEMAS ÍIIIIGO urinária, massa abdominal palpável, corrimento va-
Illl’lltlllllil ginal, vaginites ou infecções repetidas do trato urinário,
Ectopia lateral do orifício ureteral ocorre quando o
broto ureteral se origina em uma posição mais cau— Sexo Masculino
dal do que o usual no ducto mesonéfrico e usualmente Semelhante ao sexo feminino, muitas crianças são
vem associada a refluxo vesicoureteral primário. diagnosticadas durante a avaliação pós-natal de hi»
Ectopia caudal, ao contrário, resulta de uma origem dronefrose. Os pré—púberes apresentam-se com infecções
mais alta do broto ureteral ao longo do ducto mesoné- recorrentes do trato urinário, dores abdominais in-
frico. A ectopia caudal, quando presente no sexo termitentes, hematúria, massa palpável no abdome ou
masculino, está localizada sempre acima do esfíncter com sinais clínicos de obstrução uretral. Epididimites
da uretra e, em consequência, usualmente não se as- de repetição podem estar relacionadas a ectopia ureteral.
socia a ineontinência urinária. No sexo feminino, a Após a puberdade, aos achados clínicos anteriores
localização pode ocorrer acima ou abaixo do colo vesical. podem ser acrescidos sinais de prostatite crônica, disúria
Se estiver inferior ao colo vesical (principal compo- persistente, dor a ejaculação, infertilidade, entre outros.
nente do mecanismo de continência em meninas) pode Em geral, os meninos não apresentam incontinên-
resultar em incontinência urinária paradoxal (micções cia porque os ureteres ectópicos sempre desembocam
normais, porém a paciente perde urina de modo cons— acima do esfíncter externo da uretra. Excepcional-
tante). As cotopias são duas a três vezes mais comuns . meme, a incontinência pode ser causada pelo acúmulo
nas meninas e, em estudos de autópsias de crianças, de urina na uretra posterior concomitante com o re—
incide cerca de uma vez em 2.000 casos. Em 20% laxamento do esfíncter externo.
dos casos apresenta envolvimento bilateral.'No sexo
masculino, o orifício ectópico desemboca de maneira
mais frequente na uretra posterior (57%), na vesícula
Exame Fisico
seminal (33%) e mais raramente no nível do ducto Um‘exame físico cuidadoso pode revelar a presença
ejaculatório. Nas meninas, os locais de eleição do óstio de orificio ureteral ectópico na parede antero-lateral do
são a uretra e o vestíbulo vaginal (69%) e no nível da intróito vaginal ou na área parameatal.
vagina em 20% das vezes.
Avaliação por Imagem
Sistema único Ultra-sonografia Pré-natal
A ectopia lateral em sistema único, que resulta em Anormalidades do trato urinário são detectadas em
refluxo vesicoureteral primário, não será abordada neste cerca de l em 500 estudos. Notadamente, ureteres

I S' - L e l
capítulo. A ectopia caudal, quando acomete um tini— ectópicos, duplicações e ureteroceles podem ser de-
'-

co sistema, é mais comum no sexo masculino. Apro- tectados ou mesmo suspeitados no período gestacro—
LªÇº'

ximadamente 75% dos meninos com ureteres ectópicos


têm sistema único.
nal. A avaliação pós-natal deve ser sempre
realizada.
mesmo naqueles casos em que g alteração for obser-
Ureteres ectópicos de sistema único encontram-se vada precocemente e presume-sé que se tenha resol-
presentes com frequência na associação VACTERL vido de modo espontâneo.
(anomalias vertebrais, anorretais, defeitos cardíacos,
atresias e fístulas traqueoesofágicas, defeitos renais Diagnóstico Ultra—sonográfico
e anormalidades dos membros).
Hidronefrose do pólo superior com dilatação e tor-
tuosidade do ureter correspondente e o achado catªc-
terístico da duplicação ureteral com ureter eçtÓPlºT»
De forma geral, 80% dos ureteres ectópicos são pro— O pólo inferior pode apresentar-se hidronefrótico pe a
venientes do pólo superior de um sistema completa—
mente duplicado.
presença de refluxo vesicoureteral. Menos comumente,
o pólo superior pode ser muito hipoplásrco oferece"
Duplicação Ureteral, Ureter Ectópico e Ureterocele : 657

“_,
&

do maior dificuldade para o diagnóstico. A bexiga bém para os casos de rins corn sistema coletor de apa-
deve ser avaliada na procura de ureterocele, que se- rência bizarra e nas duplicações com ambas as pelves
ria o fator.causal da dilatação do segmento superior. e ureteres dilatados.

Uretrocistografia Miccional cistoscopia, Vaginoscopia e Estudos Retrógrados


A uretrocistografia miccional (UCM) deve ser sempre A uretra e o colo vesical devem ser cuidadosamente
realizada quando há suspeita de um ureter ectópico, inspecionados e qualquer suspeita de orifício deve
nª procura de refluxo vesicoureteral para o pólo inferior, ser cateterizado com tubo uretral 3 ou 4F. Se um óstio
presente em cerca de 50% dos casos, e também para é encontrado, injeção de contraste iodado deverá ser
afastar a presença de refluxo para dentro do ureter ectópico. dada para a confirmação do ureter ectópico.
Caracteristicamente, o refluxo para o ureter ectópico é Se a cistoscopia for negativa, poderá ser realizada
de baixo grau mesmo associado a ureter dilatado. uma vaginoscopia, mas a localização de ureter ectópico
na vagina proximal normalmente é sem sucesso.
Medicina Nuclear Vaginograma e Pesquisa de Corantes na Vagina
É importante realizar o exame para quantificar o pa- Tinturas como índigo camxim e azul de metileno podem
rênquima renal funcionante. Em razão da frequente grande ser utilizadas na pesquisa de ureteres ectópicos. A
dilatação do sistema coletor duplicado e também pela substância deve ser administrada dentro da bexiga e
diminuição da função do pólo correspondente, fica o períneo inspecionado quanto à sua eliminação.
comprometido o benefício de uma avaliação cintilogrãfica Vaginograma corn contraste e fluoroscopia ou
dinâmica com ácido dietilenotriarnina pentacético (DTPA, vaginograma com solução salina aerossolizada e ultra-
diethylenetriamine pentaaceric acid) ou mercaptoa— sonografia são úteis para a pesquisa de orifício vagi-
cetiltriglicina (MAG-3). Por essa razão, preferimos fazer na]. Nesse último, bolhas de ar no trato urinário indicam
a avaliação da função do parênquima funcionante por a presença de ureter ectópico.
meio de cintilografia estática, utilizando a medida da Outra modalidade de investigação de ureter vagi-
captação do ácido dimercaptosuccínico (DMSA, nal é por meio da pesquisa de corante amarelo na vagina
dimercaptosuccinic acid) pelas células tubulares pro- com cotonetes após a administração oral de fempiridina
ximais normais. A cintilografia com DMSA fornece ou fenazopiridina (Pyridiumº). 0 Pyridiumº é excretado
uma adequada avaliação da função e não é afetada pela mesmo por segmentos renais com função muito pobre.
obstrução ou displasia, apresentando-se como a me- Embora interessante, a realização de tais testes e
lhor opção para detectar anomalias duplas ocultas e raramente realizada. pois não altera de modo signi-
pequenos rins associados a anomalias ureterais. ficativo o manejo clínico desses pacientes.

Urografia Excretória
A urografia excretória (UE) também é um exame que
Tratamento
O tratamento de pacientes com ureter ectópico deve
avalia a função renal com a vantagem de oferecer detalhes ser fundamentado na resposta aos seguintes tópicos:
anatômicos, que não são vistos pela medicina nuclear.
A despeito do declínio do seu uso rotineiro na ava- a 0 sistema é único ou duplicado?
liação de crianças com problemas no trato urinário, »: Qual: é a idade do paciente?
a UE representa um excelente exame para o esclare- um O pólo superior é funcionante?
cimento de casos em que a cintilografia e a ultra— m Existe refluxo vesicoureteral?
sonografia não foram suficientes. Os achados clássicos Naqueles pacientes diagnosticados por ultra—sono-
da UE na duplicação ureteral completa são: grafia antenatal é aconselhável o tratamento opera-
!! Desvio lateral e para baixo do pólo inferior fun- tório após os três meses de idade, depois da recuperação
da anemia fisiológica do lactente, diminuindo, por-
cionante ocasionado pela dilatação do segmento tanto, a necessidade de transfusão sanguínea. Logo
superior (sinal do “lírio caido"). após o nascimento, é iniciada a profilaxia de infec—
I2 0 pólo inferior apresenta uma menor quantidade
ção urinária com cefalexina na dose devi 2,5mg/kg/dia.
de cálices do que um rim normal.
Se eventualmente apresentar infecção do pólo supe-
rior obstruído, poderão ser realizadas nefrostomia
Outras Modalidades Diagnósticas percutânea, ureterostomia cutânea, ou mesmo cirur-

M
Tomografia Computadorizada e gia reconstrutiva do trato inferior.
Ressonância Nuclear Magnética Sistema Único
Tomografia computadorizada (TC) e ressonância nu—

"h m -3 .
A avaliação anatomopatológica de rins com sistema
clear magnética (RNM) podem ser úteis na avalia- único ectópico revela que a grande maioria apresenta
.

ção de ectopia renal na qual a ultravsonografia e a áreas difusas de displasia. A maioria (90%) é de unidades
medicina nuclear não confirmaram o diagnóstico. Tam— sem função.
Ln:—
658 I Trato Geniturinán'o

I Sistema único com rim não funcionante e ureter senta menor dor pós-operatória do que
ectópico não refluxivo: nefrectomia é o tratamento cisão de flanco.
uma in—
. de escolha. Sistema duplicado com pólo superior funcioname
_! Sistema único com ureter ectópico nos remanes-
centes do ducto de Wolff (vasos deferentes, vesícula
e com refluxo vesicoureteral: poderá ser feito
reimplante de ambas as unidades ureterais com
º
seminal e ducto ejaculatório), ou ectopia gine- possível afilamento do ureter do pólo superior
cológica (útero, cérvix e vagina): esses casos estão Nossa preferência, entretanto, é para a realiza:
mais freqiientemente associados a unidades re— ção de uma ureteroureterostomia inferior (p510
nais não funcionantes. Nefrectomia apenas é o mais dilatado anastomosado ao menos dilatado
tratamento de escolha, sendo incomum a neces-
sidade de ureterectomia distal secundária.
que por sua vez é reimplantado na bexiga
ou extravesical). Uma alternativa pode ser a
intni
Nos casos de epididimites de repetição, pode ser ureteropielostomia (pólo superior para o pó|0
necessária a excisão do cote e a ligadura do ducto inferior), excisão total do ureter do pólo supe.
ejaculatório. rior e reimplante do ureter do pólo inferior. Essa
n Sistema único com ureter ectópico no colo vesical técnica, entretanto, necessita de duas incisões.
ou na uretra: é comum a sua associação a rins Se a dissecção distal dos dois ureteres for difí_
ainda funcionantes. Nesses casos, o tratamento cil, & parede do ureter do pólo superior poderá
de escolha é a secção do segmento inferior do ureter
ectópico próximo ao colo vesical, sem interferir
ser deixada juntamente corn
0 do polo
evitando desvascularização desse último.
inferior.
no mecanismo esfrneteriano, com reimplante do
ureter remanescente. Em casos de baixa função
renal, uma nefrectomia isolada pode ser o trata— Cirurgia Laparoscópica
mento de escolha. Excepcionalmente sera neces- Com o advento da cirurgia laparoscópica, novas alter-
sário realizar a excisão do cote ureteral, quando nativas começam a ser utilizadas. Atualmente, a maioria
houver infecções urinárias de repetição, sem outra das cirurgias extirpativas, tais como nefrectomias totais
explicação plausível. ou parciais, é a opção de escolha em pacientes com
mais de quatro anos. De modo simultâneo ao desenvol—
Sistema Duplicado vimento de materiais e de tecnologia mais avançada,
II Sistema duplicado com pólo superior não funcio- torna-se possível a realização de cirurgias reconstrutivas,
nante ou com função mínima sem refluxo vesi- tais como ureteropielostomias, e temos certeza que a
coureteral: heminefrectomia do pólo superior por indicação dessas técnicas minimamente invasivas au-
meio de uma incisão no flanco, desprezando—se mentará com o decorrer do tempo.
o ureter distal. O ureter é deixado aberto para
prevenir coleção e abscesso. IIBETEIIOBEIE
II Sistema duplicado com pólo superior não funcio—
nante ou com função mínima e com refluxo ve—
Urgferocele & definida como uma dilatação sacular
do segmento intravesical do ureter. São anomalias
sicoureteral: nesse caso, o cirurgião deve optar complexas, multifacetadas, que se apresentam clini-
entre ligar o com distal ou realizar a ressecção camente de várias maneiras, podendo ser pequenas
do ureter termina] por um segundoacesso extra-
ou volumosas, uni ou bilaterais, em sistemas únicos ou
peritoneal com incisão de Gibson ou Pfannens- duplicados, intra ou extravesicais. Estudos de autóp-
tiel. Os adeptos da ressecção ureteral se baseiam
sias revelam que a ureterocele ocorre em 1 de cada
na hipótese de que um coto refluxivo funciona
comO'um divertículo que poderá causar infec—
500 pessoas (0,2%). É mais comum em pacientes de
ções urinárias recorrentes. Ao ser realizada a cor branca, sendo quatro a sete vezes mais freqtientes
ressecção do ureter distal, deve-se prevenir le- no sexo feminino. Apresentam acometimento unilateral
|

sões das estruturas adjacentes, como o ureter do em 90% dos casos, são representadas por ureter do
pólo inferior, a vagina, a uretra e o seu meca- p610 superior em sistema duplicado em 80% das vezes
L'Sº

nismo esfincteriano. Como afirmado anterior- e em 60% delas o orifício ureteral está localizado
VZL'SB‘C

ectopicamente na uretra. m
mente,/para os sistemas únicos esta indicação
só sÉÉ'qg ifrca em casos de infecção urinária
de repeti "o sem outra causa plausível para classificação
justifica—la.
I Sistema duplicado com pólo superior funcionante As ureteroceles podem ser classificadas de várias mn-
sem refluxo Vesicoureteral: A realização de urete— neiras. Todavia,‘ apresentaremos a classificação prº-
ropielostomia, ou de ureteroureteroanastomose posta pela Seção Urológica da Academia-Americªnª
do pólo superior no pólo inferior, cerca de Som de Pediatria que se baseia em aspectos anatômicos
acima da bexiga, são boas opções cirúrgicas, sendo que apresentam significado clínico:
a última de nossa preferência pois pode ser rea- Ureterocele de sistema único: acomete rim com
lizada por uma incisão de Pfannenstiel que apre- apenas um ureter.
.n

A;
l
”a

t
Duplicação Ureteral, Ureter Ectópica e Ureterocele II
659
lUreterocele de sistema duplicado: é aquela do ureterocele poderá não ser visualizada por estar com-
pólo superior de uma duplicação ureteral completa. primida contra a parede vesical ou evertida por meio
ll Ureterocele intravesical: está localizada comple-
da falha muscular adjacente, simulando um divertículo
tamente dentro da bexiga. paraureteral (divertículo de Hutch). Nos sistemas
in Ureterocele ectópica: alguma porção da ureterocele
duplicados, é encontrado refluxo vesicoureteral para
está localizada no colo vesical ou na uretra. o pólo inferior em até 50% das vezes e em 25% dos
n Cccoureterocele: é uma variante da ureterocele casos para a unidade renal contralateral.
ectópica. Nesse caso, o orifício ureteral está dentro
da bexiga com uma longa projeção submucosa da
ureterocele estendendo—se até a uretra.
Urogra fia Excretora
A urografia excretora (UE) mostrará uma imagem
Apresentação clínica negativa dentro da bexiga que corresponde à ureterocele.
Os sinais de duplicação renal completa, como desvio
Nos dias atuais. com alarga utilização da ultm—sonografia lateral e inferior da unidade inferior funcionante (sinal
obstétrica, 75% das ureteroceles são diagnosticadas do “lírio caído") e pólo inferior com menor quanti-
durante a avaliação pós—natal de hidronefrose intra- dade de cálices do que um rim normal. serão frequen-
útero. A média de idade do diagnóstico definitivo temente visualizados.
reduziu-se para três dias de vida. Menos de 25% dos
casos são diagnosticados após episódios de infecção Medicina Nuclear Magnética
do trato urinário.
Antes do advento da ultra—sonografia antenatal, as O estudo da função renal é importante na avaliação
crianças eram diagnosticadas principalmente durante do grau de parênquima renal funcionante que está
a investigação de infecção urinária e a média de idade associado ao segmento obstruido. Nas ureteroceles
de apresentação era de 4,5 anos de vida. intravesicaís, o segmento superior duplicado normal-
Outras formas clínicas de apresentação são: neonato mente apresenta uma melhor função. Por outro lado,
com massa palpável que corresponde a bexiga cheia apenas 10 a 25% dos casos associados a ureteroceles
de urina secundária a obstrução de ureterocele prolapsada ectópicas apresentam função adequada. A medicina
para a uretra. No sexo feminino, uma massa polipóide nuclear é o exame de escolha para avaliar a função
proveniente da uretra deve ser considerada como renal. Tanto os agentes que medem o fluxo e a filtra-
ureterocele prolapsada até que se prove o contrário. ção, como o DTPA e o MAG-3, quanto os agentes
As crianças que apresentam cecoureterocele podem estáticos, como o DMSA, irão permitir a quantifica-
ter incontinência urinária em razão do comprometi— ção e a diferenciação funcional entre os segmentos
mento do colo vesical e do esfíncter externo. envolvidos, bem como a comparação com a unidade
contralateral. Entretanto, preferimos a utilização do
DMSA por apresentar menos problemas técnicos para
Investigação Diagnóstica a sua realizãção, permitindo uma interpretação mais
confiável.
'Avaliação por Imagem
Ultra-sonografia
tratamento »
.
A ultra—sonografia abdominal é o primeiro exame a Como as ureteroceles são de variadas modalidades,
ser realizado. O achado clássico é de uma imagem existem várias formas de abordagem dessas anoma—
cística bem definida na parede posterior da bexiga. lias. Deverão ser levados em conta os seguintes dados:
Na maioria das vezes será detectado um sistema o sistema é único ou duplicado; a ureterocele é intra
a(”

7- 5 6 1 4 2 — 8 9
duplicado ipsilateral, com o segmento superior dila- ou extravesical; qual a função do segmento renal
tado. Nos casos em que a ureterocele está prolapsada relacionado à ureterocele; qual o efeito da ureterocele
para a uretra dificultando o esvaziamento vesical, poderá na função vesical (obstrução, refluxo).
ser encontrada uma hidroureteronefrose bilateral. Deve
também ser avaliado o espessamento do parênquima
renal, a diferenciação corticomedular, a presença de
cistos no parênquima e a sua ecogenicidade.
Sistema Único Associado a Rim
Função ou com Função Mínima
sem
Nefrectomia e aspiração da ureterocele são os trata-
Uretrocistografia Miccional mentos de escolha. Extirpação da ureterocele normal—
mente não será necessária, a menos que exista refluxo
A uretrocistografia miccional (UCM) é um dos mais associado.
importantes métodos para diagnóstico e orientação Infecção urinária de repetição poderá advir de um
terapêutica nas ureteroceles. Aureteroeele é vista como coto ureteral não refluxivo, sobretudo nas grandes
uma imagem negativa na parede posterior da bexiga. ureteroceles e, portanto, poderá ser necessário um novo
Quando a bexiga está muito cheia de contraste, a procedimento para a sua ressecção.
660 I Trato Geniturina'rio

do ureter do pólo superior. Para alguns autores, Como


Refluxo vesicoureteral poderá ser encontrado na o pólo superior contribui com apenas 16% da função
unidade contralateral, sobretudo se a ureterocele for
renal total e não se conhece a longo prazo as impli.
obstrutiva. Usualmente, melhora de forma espontâ- cações da manutenção desse segmento, seria prudente
nea se a obstrução for resolvida. a retirada da maioria deles, inclusive minimizando—
se o risco que a reconstrução pode causar para o pólo
Sistema Único Associado a Rim Funcionante inferior.
O tratamento endoscópico por meio de punção na parede Uma alternativa para os casos que apresentam re.
lateral da ureterocele, imediatamente acima do colo fluxo seria a abordagem no nível vesical por meio da
vesical, tem mostrado bons resultados, especialmente ressecção da ureterocele, ureteroureterostomia e o
em ureteroceles intravesicais. Refluxo para o ureter reimplante do ureter do pólo inferior ou de ambos,
associado & ureterocele ou para o ureter do pólo in- se e do pólo superior não for muito dilatado. Em
ferior pode ocorrer após & descompressão. Nesses casos, acesso deve ser indicado nas crianças maiores que
se toma imperativo fazer a excisão da ureterocele com apresentam uma bexiga de tamanho adequado para
reimplante dos ureteres. Durante esse procedimento permitir uma reconstrução complexa. Como nos dias
é fundamental realizar reforço do detrusor na parede atuais a maioria das ureteroceles é diagnosticada no
posterior da bexiga, incluindo parte do colo vesical, período neonatal precoce, essas crianças devem ser
se a ureterocele for ectópica. Tal procedimento pre- mantidas corn profilaxia antibiótica até que a bexiga
vine o aparecimento de incontinência pós-operatória, tenha um tamanho adequado para intervenção com
fator agravante difícil para o paciente e seus familia— maiores chances de sucesso.
res. Outro aspecto importante de salientar está rela— O tratamento endoscópico deve ser empregado em
cionado a ressecção completa da ureterocele. Isso se crianças pequenas, particularmente naquelas que
torna essencial em casos de cecoureteroceles em que apresentam infecção de um sistema obstruído. Em grande
ocorre acometimento da uretra. Nesses casos, se deve parte das vezes, essa
modalidade representa um pri—
ressecar os folhetos distais da ureterocele, que pro— meiro tempo de uma abordagem estagiada. Aumenta
vocam & obstrução à semelhança de uma válvula uretral. a taxa de sucesso do tratamento medicamentoso
Nessa situação, preferimos realizar uma uretroscopia profilático, permitindo melhor esvaziamento vesical
no final do procedimento reconstrutivo e fulgurar ou e, portanto, um bom crescimento e desenvolvimento
cortar a frio tais folhetos, evitando seu componente da criança para uma intervenção definitiva no futuro.
obstrutiva. Nas ureteroceles intravesicais, a taxa de sucesso como
procedimento único pode alcançar até 87%, em con-
traste com as extravesicais, que apresentam taxas de
Sistema Duplicado com Mínima ou insucesso de 86%.
Nenhuma Função do Pólo Superior
A heminefrectornia do segmento superior é o trata- BIBHPGRAFIA RECOMENDADA
DISANDRO.
M. Hydronephrosis of the kidney and ureter. In: BASKING.
mento preconizado. Os defensores dessa modalidade L. S.; KOGAN, B. A.; DUCKE'l'l', ]. W. Handbook of Pediatric
terapêutica apontam taxas de sucesso de até 80% dos Urology. Philadelphia: Lippincott-Raven, 1997. p. 149-166.
casos, sem necessidade de tratamento adicional. Tal GONZALES JR., E. T. Ureteroccles. In: KING, 1. R. Urologic Surgery
procedimento pode ser realizado por cirurgia video— ill Infants and Children. Philadelphia: W. 15. Saunders, l998.
laparoscópica em crianças maiores. A necessidade de p. 78-94.
tratamento complementar está associada à presença HUSMANN, D. A. Ureteral ectopy, ureteroceles, and other anomalies
de refluxo vesicoureteral para o pólo inferior ou para of the distal ureter. In: GONZALES. E. T.: BAUER, S. B. Pediatric
a unidade contralateral. Urology Practice. Philadelphia: Lippincett Williams & Wilkins.
1999. p. 295-312.
Sistema Duplicado com Pólo Superior KEATING, M. A. Ureteral duplication anomalies: ectopic ureters and
L S' B Z V [
f

ureterooeles. In: BELMAN. A. 13.; KING. L. R.; KRAMER. S.A.


Funcionante
L-Sº'

Clinical Pediatric Urology. London: Martin Dunitz, 2002.


Dentre as opções para a manutenção de um pólo superior p. 6774734.
funCionante, na ausência de refluxo vesicoureteral para LEE. C. K.; FRANCO, l.; LEVl'lT, S. Ectãpic ureter and incontinence.
o pólo inferior, estão a ureteropielostomia ou a urete- ln: KING, L. R. Umlogic Surgery in Infants and Children.
Philadelphia: WB. Saunders. 1998. p. 95-104.
roureterostomia associadas à ureterecto mia subtotal
Refluxo Vesicoureteral I
661

essencial reconhecer esse tipo de refluxo, pois o tra—


tamento deve ser direcionado mais para tratar as dis-
funções da bexiga do que a junção ureterovesical.

Refluio Vesicoureteral
Causas de RVU secundário:
Bexiga neurogênica
= Obstrução:
siofio Luiz Pippi Salle - 'Mecânica:
an s-ªl

Uretral (válvula de uretra posterior, estenose,


Roman Jednak etc.).
' Colo vesical (ureterocele ectópica).
-
mtªs-7.41

Funcional: disfunção da micção (dissínergia


flflilflill’ll esfincteriana do detrusor, instabilidade vesical).
Corresponde ao fluxo retrógrado de urina da bexiga RVU ocorre, muitas vezes, associado a_ ureteres ec—
aos ureteres ou trato urinário superior em razão de tópicos nas extrotias/epispádias complexas e malfor-
mações anorretais.
uma junção ureterovesical incompetente. Como con-
sequência, durante a micção, parte da urina e retida
no trato urinário superior, resultando em quantida-
des variáveis de urina residual pós-miccional, pre-
Helronatia de Helium
. dispondo a infecções recorrentes do trato urinário. A Definida quando associada à presença de um dos
ascensão de bactérias ao trato urinário superior cau- seguintes achados:
sa pielonefrite aguda e possivelmente cicatriz renal. Cicatriz renal.
Hipertensão arterial.
EPIIlEMIlllIIF-Ill n RVU.
Supõe-se que refluxo vesicoureteral (RVU) ocorra Cicatriz renal pode ocorrer após episódios de pie—
, em aproximadamente 1 a 2% das crianças, mas lonefrite. Pode, também, ser decorrente de lesão con-
esse cálculo ainda não foi confirmado. gênita (displasia), que acontece no período pré-natal
II RVU é associado a infecções sintómáticas do trato durante embriogênese anormal, como evidenciada em
urinário (ITU) em 30 a 50% das crianças. casos de hidronefrose detectados no período pré-natal,
II A prevalência de RVU varia com a idade e o sexo. antes da ocorrência de infecção do trato urinário (ITU).
Em lactentes, RVU é mais comum em meninos Constipação intestinal muitas vezes aparece asso-
e, habitualmente, de alto grau. Na criança maior, ciada a função vesical anormal, resultando na eleva-
ção das pressões vesicais. Como consequência, pode
RVU ocorre mais em meninas e, muitas vezes,
e secundário à disfunção miccional. ocorrer RVU secundário. Quando associada a ITU,
lIrmãos de crianças afetadas com RVU têm uma pode desenvolver cicatriz renal, mesmo mais tardia—
'
chance 30% maior de terem RVU. Por essa ra— mente na criança. Portanto. é mandatário o tratamento
zão, é indicada a investigação rotineira dos ir- da constipação com a finalidade de tratar o RVU com
mãos, especialmente se lactentes jovens. sucesso.
Il RVU é mais comum em crianças de cor branca.

emanação DE REFlllllll VESIGOUBETEIIM


FISIªPlTlllillilll Ilº IIEFllllll VESIGOIIIIE'I'EIIM Refluxo tem sido classificado de acordo com o siste-
Refluxo ocorre em razão de uma junção ureterovesical ma internacional (Fig. 131.1). Classificar o grau de
anormal que, ao perder o mecanismo valvular com- refluxo é importante para orientar o tratamento e, fi-
petente, permite o fluxo retrógrado de urina durante nalmente, para avaliar os resultados do tratamento.
a micção. RVU pode ser primário ou secundário. Em geral, casos bilaterais graves de refluxo
índice de resolução espontânea. «. têm
menor

BBÍIIIXB lleslcoureteral Primário Grau I: refluxo que ocorre somente para o ureter.
:! Grau II: refluxo para o ureter e pelve, sem dila-
Associado à junção ureterovesical anormal (JUV) e, tação ou achatamento dos cálices.
muitas vezes, à posição anormal (lateral) do orifício Grau III: refluxo para o ureter e pelve com di-
ureteral. latação leve e achatamento dos cálices, sem
tortuosidade ureteral.
I! Grau IV: refluxo associadoadilatação gravee acha-
tamento dos cálices, sem tortuosidade ureteral.
Associado a condições que aumentam a pressão E Grau V: refluxo associado a dilatação grave dos
intravesical, levando à descompensação da JVU. É cálices e tortuosidade dos ureteres.
662 .I Trato Geniturinário

o DMSA é usado durante a doença aguda para ªjudar


na localização da pielonefrite.

Avaliação urodinâmica
Como mencionado previamente, muitas crianças têm
refluxo secundário à disfunção miccional, em geral
associado a sintomas de urgência, incontinência, postura
característica com agachamento das pernas e consti.

G L S‘ ' Z V
pação. Inicialmente, os pacientes devem submeter-se
à urofluxometria, medindo o resíduo pós-miccional
e eletromiografia perineal. Em casos selecionados, é l' O L ç
Figura 131.1
cqureteral.
-— Classificação internacional de refluxo vesi- necessária avaliação urodinâmica completa.

cistourama Nuclear
lllllESTIlillcllll DIAGNÓSTIBI O eistograma nuclear é mais sensível do que a uretro-
cistografia miccional para detectar RVU. Entretanto,
Os métodos de investigação variam com a idade da nos fornece menos informações anatômicas, tais como:
criança. Qualquer criança com infecção do trato urinário se há doença uretral e outras anormalidades vesicais,
(ITU) documentada deve ser investigada. Por essa ra- como divertículo e ureterocele. É reservado princi-
zão, é mandatório o diagnóstico acurado da infecção palmente para as investigações de seguimento, quan—
aguda do trato urinário e, para isso, necessita-se de do detalhes anatômicos são conhecidos de antemão.
uma quantidade adequada de urina. Em crianças fe— Um exemplo típico e o exame de seguimento de um
bris, a urina deve ser coletada por aspiração supra- paciente que se sabe que tem RVU e que necessita de
púbíca. Também é muito utilizada a cateterização, investigação para verificar se o refluxo ainda está pre—
mas ela acarreta um risco aumentado de contamina- sente. Em crianças maiores, a triagem para refluxo
ção em casos sem ITU. pode utilizar o cistograma nuclear como substituto
da uretrocistografra miccional.
llllra-sonuuratia
Deve ser realizada durante a fase aguda da ITU para TRATAMENTO
afastar lesão obstrutiva, cálculos e abscesso renal. Não
é sensível o suficiente para detectar RVU.
conservada:
A Resolução espontânea do refluxo ocorre na maioria
llreuoclstayratla Micclnnal dos graus leve e moderado de refluxo. Aproximada-
mente 20% da população afetada cura seu refluxo por
Deve ser realizada após o término do tratamento da
ITU e com cultura de urina negativa. Deve ser usada
ano e isso pode ocorrer em qualquer idade, durante a
infância. Entretanto, uma taxa de resolução alta, de
uma pequena sonda e não um cateter de Foley para até 50%, ocorre durante o primeiro ano de vida e isso
encher a bexiga. O balão do Foley pode ocluir o colo é atribuído a melhora espontânea da disfunção miccional
vesical, criando uma alta pressão intravesical não- nessa idade (altas pressões miccionais e dissinergia).
fisiológica, que pode induzir um falso-positivo para Acredita-se que refluxo estéril não causa dano aos
RVU e até ocasionar o desenvolvimento de refluxo
rins na ausência de infecção ou obstrução associada.
intra-renal. Uma uretrocistografia miccional adequada Portanto, o objetivo do tratamento conservador é a
deve fornecer informações sobre os graus de reflu- manutenção da urina estéril durante o período em que
xo, contorno vesical, uretra e habilidade da bexiga
em esvaziar. Resíduo pós-miccional aumentado su-
o paciente está sob observação e aguardando
ção espontânea. Sabe-se que refluxo causa micçao
resell-1-
gere processo obstrutivo concomitante.
incompleta e permite crescimento bacteriano na unna
residual. Por essa razão, os pacientes são mantidos sob
cintilografia Renal doses profiláticas de antibióticos. O período mais lon-
go de estase ocorre a noite e por essa razão os antl-
A cintilografia renal é realizada com ácido dimercap-
tosuccfnico (DMSA, dimercaptosuccínic acid), um bióticos profiláticos são dados nesse horário. Os apubró—
marcador cortical; é muito útil para detectar cicatri- ticos mais comuns usados como profiláticos sao:
zes renais, em geral associadas a graus altos de re-
fluxo. Idealmente, devemos esperar alguns meses após oral (V0).
-—
a: Trimetoprim/sulfametoxazol 2mg/kg pºr vra

a ITU aguda, pois lesões de pielonefrite aguda po- ra Nitrofurantofna — nglkg VO.
dem melhorar com o tempo. Em algumas instituições, Amoxicilina — 20mgfkg VO.
r:
\ Refluxo Vesicouretelal I
663

In Cefalexina — 20mg/kg VO. Indicações controversas incluem:


Todas as medicações são dadas após o jantar ou
antes de' ir para a cama. Efeitos colaterais são Grau alto, bilateral e persistente após a idade de
dois anos.
raros, mas devem ser monitorados. If: Persistência do refluxo na puberdade.
— Sulfametoxazol — evitar o uso no primeiro mês
de Vida por causa do kernicterus (icterícia
Desejo familiar.
E Aparecimento de cicatriz nova durante o trata—
nuclear) e anemia megaloblástica.
— mento conservador.

! 7 1 3 5 8- 9
Nitrofurantoína — fibrose pulmonar, anemia he-
molítica e na deficiência da glicose-G-fosfato. Deve ser enfatizado que a correção cirúrgica do
'
F67 5-‘i

- Nitrofurantoína e trimetoprim/sulfametoxazol RVU não oferece proteção adicional ao desenvolvi—


são os agentes preferidos. mento de novas cicatrizes. Entretanto, tem sido de—
monstrado que as crianças que se submetem à correção
Resistência bacteriana desenvolve—se frequentemente cirúrgica desenvolvem menos episódios de pielonefrite.
durante a utilização prolongada da amoxicilina e
Crianças com cicatrizes renais são predispostas a
cefalexina. desenvolver hipertensão. Monitoração anual da pressão
Pacientes em tratamento conservador devem ser arterial é extremamente aconselhada.
cuidadosamente monitorizados para infecção do tra-
to urinário. Em caso de ITU febril, é necessário o
tratamento imediato com antibióticos adequados. Os Técnicas Cirúrgicas
pais são instruídos para consultar seu pediatra e ter Muitas técnicas cirúrgicas foram descritas. Todas têm
, a urina de seus filhos checada em caso de febre, 1e- o objetivo comum de alongar o túnel uretral submucosa,
targia, hematúria, disúria e anorexia. Tem sido de- construindo uma válvula de direção única que previne
monstrado que tratamento precoce de ITU febril em o fluxo retrógrado de urina da bexiga, quando cheia.
crianças com refluxo resulta em menor dano renal. As técnicas mais utilizadas são:
Na maioria desses casos, antibióticos intravenosos são
selecionados para 0 tratamento.
Como a maioria dos casos de refluxo está associa- Reimplante Extravesicai
da a algum grau de disfunção miccional, é necessá- Baseia—se na criação de uma nova válvula, ao incisar
rio o tratamento da condição vesical, assim como da o detrusor do lado de fora da bexiga'e sutura-lo so-
constipação. Não é correto considerar infecção reci— bre o ureter dissecado (Fig. 131.2). E o método pre-
divante e indicar cirurgia corretiva para aqueles casos ferido por muitos especialistas, principalmente nos
de crianças que estão tomando antibiótico profilático casos de refluxo unilateral, pois ocasiona bexiga menos
e em que o manejo da disfunção miccional associada
irritativa pós—operatória e muito pouca hematúria.
foi negligenciado. Os pacientes requerem menos analgesia e menor ne-
Em casos de instabilidade vesical associada, anti- cessidade de anticolinérgicos e, geralmente, recebem
colinérgicos são muitas vezes utilizados, mas somente
alta hospitalai no segundo ou terceiro dia pós-ope—
após tratamento com sucesso da constipação. O agente
ratório. Em crianças pequenas com refluxo bilate«
mais comum é a oxibutinina 0,2 a 0,4mg/kg dividida ral de grau alto, a mobilização extravesical em ambos
em duas a três doses diárias. Entretanto, devemos ter em os lados da bexiga pode causar grande micção resi-
mente, que a constipação pode piorar com o uso de an—
dual pós—operatória, necessitando de cateteriZação
ticolinérgicos e observação cuidadosa para esse as-
pecto deve ser feita. intermitente para esvaziamento adequado da bexi—
ga. Na maioria dos casos, a retenção e temporária e
Em regra, o tratamento conservador do RVU con—
siste em:
E! Profilaxia antibiótica diária.
Controle da disfunção vesical.
n Controle da constipação.
' — W M”
cirúrgica
Indica-se quando houver falha do tratamento conser—
vador. Entretanto, deve ser enfatizado que devemos
considerar falha no tratamento somente se o trata-
mento clínico adequado foi'efetuado.
As indicações mais aceitas para correção cirúrgica
de RVU são: Figura 131.2 — Reimplante ureteral extravesical. (A) Incisão
do detrusor látero-superior à inserção ureteral com dissec-
ª Falha do tratamento conservador (infecção re- ção limi’tada da mucosa vesical. (B) Sutura do detrusor sobre
corrente). o ureter dissecado, proporcionando a formação de uma vál-
13 Não adesão ao tratamento médico. vula anti—refluxo.
v.—HW
664 I
Trato Geniturínário
micção normal é reiniciada dentro de poucas sema— Correção Endoscópica do Refluxo
nas após a cirurgia, quando a cateterização intermi— Injeção endoscópica de agentes especiais debaixo do
tente pode ser descontinuada. Por essa razão, não ureter, na junção ureterovesical, corrige o refluxo em
indie—amos a técnica extravesical em crianças com refluxo 70 a 80% dos casos (Fig. 131.4). Na Europa e em
bilateral de alto grau e em pacientes com uma bexi- outros países, essa técnica tem se tomado muito populgm
ga aumentada de pobre esvaziamento.
De início, era utilizado Teflon nas injeções, mas al.
guns relatos da migração à distância de partículas de
Reimplante intravesicai TeflonQ tornaram—se preocupantes, uma das razões pelas

õ L S' Z V I ' 9 L S
quais essa técnica não foi aprovada nos Estados Unidos
A dissecção do ureter é realizada dentro da bexiga, “
e Canadá. Recentemente, substâncias alternativas Cºmo
criando um túnel submucoso que previne o refluxo.
O comprimento adequado do túnel submucoso deve Macroplastiqueº (partículas de polidimetilsiloxano)
e Defluxª (microesferas de Dextran) têm sido comer—
ser quatro a cinco vezes mais longo do que o diâme- cializadas com resultados similares e sem o aparente
tro'ureteral. Portanto, quando houver dilatação con- risco de migração.
siderável do ureter, será necessário um túnel bastante É. importante enfatizar que as indicações para cor-
longo para prevenir o refluxo. Em tais casos, o ureter reção endoscópica de refluxo são as mesmas dos reparos
deve ser reparado com o objetivo de diminuir seu calibre abertos e não devemos ser tentados a relaxar esses
e permitir o reimplante com um túnel submucoso mais parâmetros porque o método é mais fácil. Devemºs
curto. Entretanto, a indicação de remodelamento do reconhecer, no entanto, que a simplicidade do trata-
ureter deve ser equilibrada, porque a técnica pode causar mento endoscópico tem conquistado a simpatia de
mais complicações, como obstrução dajunção vesicoure— um grande número de especialistas. Por essa razão,
teral ou recorrência do refluxo. Esse tipo de reimplante a indicação do tratamento endoscópico tem aumentado
ureteral é bem tolerado, mas os pacientes costumam muito na América do Norte. Não se deve deixar de lem-
ter, pós—operatoriamente, mais sintomas de bexiga brar também que existem grandes pressões comerciais
irritativa e hematúria. A técnica intravesical mais comum para indicação do tratamento endoscópico. Uma dessas
é o reimplante trigonal cruzado (técnica de Cohen) é a propagação da preocupação com o uso de antibió-
(Fig. 131.3). ticos profiláticos por longo tempo. Cabe ao médico
Em ambos os reimplantes, extravesical e intravesical, manter-se ciente de todas essas pressões e indicar ao
a evolução costuma ser excelente e a taxa de sucesso paciente o tratamento mais apropriado.
esperada é de 97 a 98% dos casos. Complicações pós- Como mencionado antes, é relevante corrigir a causa
operatórias são raras e incluem a recorrência de re« do refluxo secundário, tratando a disfunção da bexi-
fluxo (em geral em ureteres dilatados) ou, raramente, . ga e não sendo negligente com o tratamento da cons—
obstrução no nível da junção ureterovesical (em ge- tipação.
ral em ureteres remodelados). Um cistograma pós- Em resumofo RVU está frequentemente associa-
operatório deve ser feito quatro a seis meses após o do àºocorrência de infecções do trato urinário nas
reimplante para continuar a correção do refluxo. Na crianças. O entendimento dos mecanismos fisiopa-
ausência de refluxo, profilaxia antibiótica é descon- tológicos tem ajudado a melhorar o tratamento mé-
tinuada. dico. É mandatório considerar que a maioria dos RVU
é sec'undária a anormalidades urodinâmicas, muitas

Figura 131.4 — (A — C) Injeção de Defluxº. 0 material deve


.ser injetado no bordo inferior do orificio ureteral. Essa 1n-
Figura 131.3 — Reimplante vesicoureteral intravesical (téc- jeção deve provocar elevação e fechamento do_mearo
nicade Cohen), Ambos o ureteres são dissecados e passados ureteral, dando um aspecto final de cratera de vulcao à su-
sob um túnel submucoso transtrigonal. xt perficie vesical.
i
Refluxo Vesicoureteral I
665

vezes ativadas pela constipação. O tratamento asso— GREENBAUM, L. A.; MESROBIAN, H. G. Vesicoureteral reflux.
ciado da disfunção miccional melhora o resultado Pediatr: Clin. North Am., v. 53, p. 413-427, 2006.
global do tratamento conservador e a correção ci- LORENZO, A. J .; PIPPI SALLE, J. L.; BARROSO, U. et al. What are
the most powerful determinants of endoscopic vesiceureteral reflux
rúrgica deve ser reservada a uma minoria dos casos, correction? Multivariate analysis of a single institution experience
cujo tratamento médico falhou. Observação rigoro— during 6 years. J. [lmL. v. 176, 4 Pt 2, p. 1851-1855, 2006.
sa e reavaliações periódicas são necessárias para todos VENHOLA, M.; HU'ITUNEN, N. P.; UHARI. M. Meta-analysis of
os pacientes. vesicoureteral reflux and urinary tract infection in children. Scand
J. Uml. Neplrrol., v. 40, p. 98-102, 2006.
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA WHEELER, D. M.; VIMALACHANDRA, D.; HODSON. E. M. e! al.
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978—5-2416

v
.
666 I Trato Geniturinálio

Rim Multicístico
Displásico

m -r
Hady El-Shaeb

Wit-25.741
João Luiz Pippi Salle
BBIGEITD
Rim multicístico displásico (RMD) é a anomalia de
desenvolvimento em que o parênquima renal é quase Figura 132.2 Rim multiclstíco com cistos de tamanhos

completamente substituído por cistos não-funcionantes variados e com pelve e ureter hipoplásicos.
displásicos. Grosseiramente, o rim perde sua forma
reniforme e assemelha-se a um cacho de uvas formado
por cistos irregulares e de variados tamanhos (Figs. Ha, claramente, freqíiente associação entre obs-
132.1 e 132.2). A detecção de RMD tem aumentado trução do trato urinário e displasia renal, apesar
significativamente, desde que a ultra-sonograãa antenatal da falta de clareza a respeito das suas relações
tomou—se rotina. Previamente, RMD era suspeito quando (se obstrução é a causa da displasia renal ou se
o recém-nascido se apresentava com massa abdominal. ambos têm uma causa comum).
RMD permanece como a causa mais comum de mas— In Falha de união apropriada entre () broto ureteral
sa abdominal em um recém-nascido. Ultra—sonografia e o blastema metane'frico parece causar displasia
antenatal e pós-natal de rotina'tem facilitado o desen-
em razão da frequente associação de atresia ureteral
volvimento de critérios para o diagnóstico e o segui- e da pelve com RMD.
mento adequado.
EPIDEMIÍllIIGIII
E'I'Ifllfllilli
n Aprevalêncià deRMD varia entre 1:3.100e 1:4.300
Embora muitas teorias tenham sido propostas para naScidos vivos.
explicar a patogênese do RMD, a verdadeira etiologia
,

É mais frequente no lado esquerdo.


permanece desconhecida. As hipóteses principais são: In É levemente mais frequente em meninos.
RMD bilateral constitui 2 a 8% de todos os casos.
Pode estar associado com insuficiência renal.
Nesses casos, o bebê nasce, tipicamente, com
uma dismortia facial clássica e oligoidrâmnio,
caracterizando a síndrome de Potter.
fllllilllll] ºlÍIIIlIll
A maioria dos pacientes com RMD é diagnosticada
m*
pela ultra-sonografia pré—natal. Se o RMD
não
tiver
sido diagnosticado no período antenatal, ele e mui-
tas vezes diagnosticado incidentalmente pelo apªrª"
cimento de massa abdominal palpável, infecnçãoldº
trato urinário ou hematúria. A natureza multicistica
do rim é total, exceto nos rins em ferradura ou nos
sistemas coletores duplicados em que segmentºs ou
L ªS 9 'l
metades, respectivamente, podem ser multicisticos.
VZL'5896

-
Figura 132.1 Rim multícistico com parênquima renal com- GOIIIIIGIIES IISSIIGIMBIIS
““233:-
pletamente substituldo por cistos displásicos irregulares e de u Anormalidades contralaterais do trato
diversos tamanhos. inferior ou superior estão presentes em 20 a
\ Rim Multíclstico Displásico n 667

u Refluxo vesicoureteral contralateral esta presente separados por tecido fibroso e ductos primitivos. Os
em 15 a 30% dos pacientes. ductos primitivos são circundados por colágeno e al-
:: Obstrução da junção pieloureteral contralateral gumas células musculares lisas. Elementos de nefro-
está presente em 3 a 12% e obstrução da junção gênese normal também estão presentes, incluindo
vesicoureteral em 4 a 6% dos pacientes com RMD. blastema metanéfrico propriamente induzido, mcsên—
:! Associação de RMD com ureteres ectópicos,
quima e glomérulos e ductos maturos.
agenesia renal contralateral, anormalidades da
parede vesical, ureterocele obstrutiva ipsilateral
e hemivagina obstruída ipsilateral associada com TRATAMENTO
útero duplo também têm sido descritos, embora
menos freqíientemente.
conservador
t: Em razão da origem embriológica comum do ducto Tratamento conservador e encorajado pela alta taxa
ma-s—vui‘q

de Wolff (testículo, canal deferente e ureter), muitos de regressão espontânea e baixa incidência de com-
casos raros de anomalias ipsilaterais têm sido plicações associadas.
documentados: ausência/ectopia do ducto defe- Regressão completa pode ocorrer a qualquer tempo.
rente ipsilateral e displasia cística do testículo. Se a regressão ocorrer no período pré-natal, o paciente
vai apresentar-se com agenesia renal unilateral pós—
TESTES IIIIIGIIÚSTIÍHIS E IVMIIIGÃII natal. A maioria dos RMD vai diminuir de tamanho
em razão da regressão aos três anos de idade, enquanto
llltra-sonouraiia outros desaparecerão completamente e poucos cres-
cerão, proporcionalmente, acompanhando o cresci-
O teste mais importante é a ultra-sonografia pré-natal. mento corporal da criança. A involução ocorre por
Se não diagnosticada no período antenatal, uma massa causa da descompressão progressiva do líquido cístico,
assintomática, móvel e irregular e a causa mais co- deixando somente parênquima disfuncional. O risco
mum para indicar investigação pós-natal. O objetivo de complicações persiste apesar da alta taxa de re-
da ultra-sonografia pós-natal é diferenciar o RMD da gressão do RMD. necessário o seguimento consis—
hidronefrose congênita, que é o diagnóstico alterna— tente. O controle de seguimento deve incluir:
tivo em um recém—nascido com massa abdominal. Quatro
características distinguem o RMD: Exame físico (incluindo medida da pressão ar—
terial).
Localização não-medial dos cistos maiores. n Exame ultra—sonográfico regular (a cada seis meses
E Presença de interfaces definidas entre os cistos. até cinco anos de idade; então anualmente até
II Ausência de um seio renal identificável. oito anos de idade).
m Ausência de parênquima renal. ts Exame comum de urina.
Hipertrofia contralateral significante é observada Se qualquer um desses testes revelar achados anor-
na maioria dos pacientes na idade de dois anos. mais, éindicado tratamento mais agressivo. E também
importante a avaliação adequada do rim contralateral.
cintilografia Renal O prognóstico com tratamento conservador e excelente.
Embora o exame ultra-sonografico seja característico, cirurgico Ilustrações] '“
cintilografia renal com ácido dimercaptossuccínico
(DMSA, dimercaptosuccinic acid) deve ser realiza- Dor
da para confirmação diagnóstica. A cintilografia re-
nal deve revelar uma quase completa ou ausência Dor no flanco em pacientes com RMD que não re-
completa de função de todo o rim em exame, exceto grediu permanece o risco e a queixa mais comuns de
em casos de RMD segmentar em sistema duplicado um RMD deixado in situ, a despeito de sua baixa
.m'
ou rim em ferradura. ocorrência. A dor é resolvida com a nefrectomia.

llretroclsmgralia Miccional Compromisso/Dificuldade Respiratória


A avaliação completa do paciente com RMD deve A descompressão cística percutânea orientada por ultra-
Incluir a uretrocistografia miccional por causa da alta sonografia costuma reduzir o tamanho do rim mul-
incidência de refluxo vesicoureteral contralateral. ticístico.

Histologia Infecção do Trato Urinário


0 exame microscópico revela componentes renais Embora não haja associação distinta entre infecção
primitivos, que parecem ser remanescentes do broto do trato urinário e RMD, a incidência de refluxo
ureteral e sua progênia impropriamente induzida. Os vesicoureteral contralateral associado requer atenção
cistos são revestidos por epitélio escamoso tipo colunar, extra para possível ocorrência de infecção urinária.
668 I Trato Geniturinán'o
Indicações previamente detalhadas.
Hipertensão II Falta de aquiescênciada família.
Emb'ora rara, a hipertensão permanece uma das indi- IDesejo familiar.
cações de nefrectomia, especialmente porque pode
lesar o rim único contralateral funcionante. Após
Assim como muitas outras condições, o dilema da
forma de tratamento permanece discutível, embora o
diagnosticar a presença de hipertensão, indica-se a
status quo após o diagnóstico inicial permaneça Como
medida da renina sérica e imediata nefrectomia. tratamento conservador.
Malignidade BESIIIIII
Embora a ocorrência de malignidade seja extrema- RMD permanece como a causa mais comum de massa
mente baixa, suas consequências ameaçadoras criam abdominal em recém—nascido. Seu diagnóstico tem se
a necessidade de seguimento consistente para elimi-
tomado mais fácil pelo uso da ultra-sonografia antenatal
nar qualquer tumor em crescimento por excisão ci- de rotina. Após suspeição inicial, é importante que in.
rúrgica. Blastema nodular renal, precursor do tumor
de Wilms, pode ser encontrado em aproximadamente
vestigações apropriadas e seguimento consistente se-
jam realizados. Seguimento rígido e necessário para

G L S' Z V I Q
2% dos RMD. Tumor de Wilms é o tumor maligno
mais comumente associado, embora possa ocorrer tratar precocemente qualquer complicação em poten-
cial. Os tratamentos conservador e cirúrgico são factíveis,
também carcinoma de células renais e mesotelioma
maligno. mas o conservador permanece prevalente.
Alguns autores consideram que nefrectomia ambu- BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
latorial precoce, além de apresentar baixa morbidade,
FELDENEERG,L; SIEGEL, N. Clinical course and outcome forchildmn
e mais simples e efetiva em termos de custo do que with multicystic dysplastic kidneys. Pediatr. szlirol., v. 14,
o seguimento a longo prazo, que requer rígida obe— p. 1098-1101, 2000.
diência. Cabe ressaltar que não se encontra ainda,
GLASSBERG, K. Renal dysplasia and cystic disease of the kidney. In:
na literatura médica, nenhuma análise definitiva sobre
qual das técnicas apresenta menor risco para o paciente. WALSH, P. C.; RETIK, A. B.; VAUGHAN, E. D.; WEIN, A. l. (eds.).
Campbell 's Urology. 7. ed. Philadelphia: W.B. Saunders, 1998.
Tratamento cirúrgico é indicado somente nos se-
p. 1465-1469.
guintes casos:

- M.
Urolitíase Pediátrica 11
669

QUADRO 133.1 — Principais componentes dos cálculos


pediátricos
Oxalate de cálcio - 50%
' Fosfato
Urolítíase Pediátrica -
-
Fosfato

de cálcio — 22%
'» cistina de8%magnésio e amônia — 15%
Ácido úrico - 2%
Jordan Steinberg ' Outros — 3%
João Luiz Pippi Salle
diátricos. A composição do cálculo varia de acordo
mrnonucflo com o sexo e a idade. Os cálculos de fosfato de amônia
Urolitíase pediátricaé eum problema relativamente e magnésio (esuuvita) c carbapatita são mais prevalentes
incomum nos países ocidentais. Estima— se que a uro- em grupos mais jovens (< 5 anos de idade) e são
litíase seja responsável por aproximadamente 1 em associados com infecção do trato urinário. Cálculos
cada 1.000 admissões pediátricas nos Estados Uni-' de cistina correspondem a aproximadamente 8% dos
dos, com taxas de admissões inferiores às relatadas cálculos urinários pediátricos.
nos países europeus. Cálculos infantis são frequen- Antes do século 20, cálculos endêmicos de bexiga
temente associados com infecção urinária. Além dis- correspondiam a maioria dos casos de cálculos urinários
so, anormalidades anatômicas e metabólicas são pediátricos. Esses cálculos eram encontrados em meninos
frequentemente encontradas. Por isso, avaliação < 10 anos de idade. Consistiam em cálculos de urato
completa é requerida em toda a criança com uralitíase. de amônia, oxalato de cálcio ou na misturas deles,
Historicamente, o tratamento da uroliu'ase pediátrica como resultado do consumo local de vegetais, cereais
baseia-se naquele da doença calculosa do adulto. e leite humano (Quadro 133.1).
Entretanto, muitos fatores, como anatomia diferen-
ciada com base em estruturas menores, limitação do IIIIIGNÚSTllIII
tamanho do equipamento, medo de exposição radio- l5 Crianças raramente apresentam-se com cólica re—
ativa e riscos anestésicos aumentados, levam a um nal típica como costuma ser observado no adul-
tratamento subótimo. Felizmente, o tratamento da to. A dor é muitas vezes difusa, pobremente loca-
urolitíase pediátrica tem melhorado sensivelmente e lizada efacilmente confundida com ºutras doenças
as taxas livres de cálculo são similares àquelas en- pediátrica; mais comuns.
contradas em adultos. ILactentes e crianças pequenas freqiientemente
apresentam—se com infecção do trato urinário
FlSIflPfl'I’lllllElI assàcíada com htmatu'ria (macro e microscópi-
ca), enquanto crianças maiores apresentam-se com
A formação de cálculos ocorre quando solutos urina- dor e hemarúria. Hematúria em criança de qual-
rios precipitam e formam cristais. Esse processo é o quer idade deve alertar o médico para a possibi-
primeiro passo necessário à formação de cálculos e de- lidadede urolitíase e orientar investigação adicional.
pende da supersaruração de muitos fatores, como solu- E Aproximadamente 10 a 20% dos cálculos são
bilidade dos solutos e pH urinário. Cristalização diagnosticados incidentalmente durante a reali-
subsequente resulta do desequilíbrio entre promoto— zação de radiografia de abdome.
res e inibidores do crescimento de cálculos. Promotores o A história deve ser focada em sintomas urinários,
de cálculos incluem cálcio, oxalato, fosfato e urato. como disúria, frequência, urgência, hematúria e
Inibidores de cálculos incluem citrato, pirofosfato, dor. Revisão completa dos sistemas, incluindo
.m'
magnésio, aminoglicosídeos e glicoproteínas. sintomas constitucionais, e necessária em crianças,
A infecção promove a formação de cálculos por especialmente lactentes, que muitas vezes apre-
muitos mecanismos. Organismos que dividem a urease, sentam—se com sintomas inespecíficos, como
como Proteus, hidrolisam a uréia, produzindo amô— náuseas, vômitos e anorexia. Dieta, medicação
nia e dióxido de carbono. Isso aumenta o pH urinário e história familiar são particularmente importan-
e promove a formação de cálculos de estruvita, fosfato tes e podem ajudar a identificar fatores de risco
de cálcio e uratos de amôniª. A infecção também resulta associados.
em dano ao uroepitélio e facilita a fixação e o cres—
Cimento de cálculos.
GOMFGSIÇÍD III! GÃlBlIlII
INVESTIGAÇÃO
Exames nor Imagem
IllllliNÚSTIGII
Em geral, o oxalato de cálcio é o principal compo- Bi Radiografia simples de abdome deve ser realizada
nente em mais do que 50% dos casos de cálculos pe- em todas as crianças que se apresentam com sin-
670 II Trato Geniturinário

tomas e sinais sugestivos de urolitíase. A maio-


Estudo das causas metabólicas. Além dos testes
ria dos cálculos e radiopaca. Podem ser obtidas
anteriormente mencionados, é recomendada a
investigação metabólica completa de toda a criança
informações relativas ao tamanho do cálculo e
da localização. Essas características ajudam di- com urolitíase, uma vez que causas metabólicas
são encontradas em até 50% dos casºs. A inves-
retamente as decisões terapêuticas. Cálculos de tigação metabólica é realizada após resolver o
fosfato de cálcio e oxalato de cálcio são radiopacos, episódio agudo. Alguns autores pensam que, na
enquanto cálculos de ácido úrico são radiolucentes.
Cálculos de cistina tendem a ser fracamente presença de infecção ou anormalidade do trato
urinário, nenhuma investigação adicional é ne-
radiopacos.

6 L 8' 5 - Z r I 9 S
cessária. Entretanto, a presença de anormalida.
Ultra-sonografia é rotineiramente realizada na de metabólica coexistente deve ser afastada. Urna
avaliação de crianças com cálculos e tem sensi- investigação metabólica completa inclui:
bilidade aproximada de 90%. Além disso, o parên-
quima renal, o sistema coletor e os órgãos cir- — Coleta de urina de 24h para definir volume, ºs.
molaridade, taxas de cálcio, fósforo, magnésio,
cunvizinhos podem ser acuradamentc avaliados. oxalato, ácido úrico, citrato, creatinina, sódio.
Muitos centros consideram a ultra-sonograiia como potássio, proteína e cistina.
a modalidade de escolha por não ser invasiva,
livre de radiação e relativamente de baixo custo. -- Se a coleta de 24h for impossível, devem ser
obtidas coletas seriadas e medidas as relações
I Pielografia intravenosa suplementa informação
do cálcio/creatinina (valor normal < 0,2mg/mg)
funcional e morfológica; é rotineiramente usada e relações do oxalato e creatinina (valor nor.
para diagnosticar cálculos não-visíveis por radio— mal < 0,1rnmol/mmol).
grafia simples ou ultra-sonografia. A exposição As variações normais das relações cálcio/crea-
à radiação associada e os riscos do contraste tinina e oxalato/creatinina diminuem do lactente
intravenoso têm limitado seu uso na urologia ao adulto, variando entre os laboratórios.
pediátrica; entretanto, é um estudo extremamente
útil em casos apropriadamente selecionados. — Amostras de urina fresca para análise e medida
do pH.
Tomografia computadorizada (TC) tern se tor-
nado a modalidade de escolha na avaliação de — Teste do nitroprussiato para afastar cistinúria.

cálculos nos adultos e está ganhando populari-


dade e aceitação sob o ponto de vista pediátrico. EMISIS METIIBÓIIBIIS
Quase todos os cálculos são bem visualizados As causas metabólicas mais frequentes são hipercal-
pelo TC sem contraste. A adição de contraste ciúria idiopática, acidose tubular renal (distal), cisti-
intravenoso ajuda a informação relativa à fun- núria e hiperoxalúria. E apresentada a seguir uma clas—
ção renal e/ou a obstrução. Embora o TC per- sificação simplificada das doenças metabólicas mais
maneça como o teste mais sensível no diagnóstico comuns associadas com urolitíase.
de cálculos, a exposição à radiação limita seu
I Hipercalciúria.
uso aos casos mais difíceis.
- Hipercalciúria idiopática.

Exames lauoratnrlals

Acidose tubular re'nal distal (acidose de Albright).
—.- Hiperparatireoidismo primário.
I Exame comum de urina revela hematúria na maioria — Excesso
Imobilização. "


dos pacientes com urolitíase. Muitas vezes coe-
xiste piúria', o médico deve estar alerta a possibi-
-— Excesso de esteróides.
de vitamina D.
Hiperoxalúria.
lidade de infecção urinária. 0 pH urinário é baixo
'(< 6) em pacientes com ácido úrico e cálculos e - Hiperoxalúria primária.
alto (pl-l > 7) em pacientes com cálculos de estruvita. — Hiperoxalúria secundária.
I Cistinúria.
IBacteriológico da urina. O exame cultural da urina
I Hiperuricosúria.
deve ser obtido de todas as crianças com cálcu-
los, para afastar a presença de infecção urinária —- Doenças mieloproliferativps,
associada e direcionar a um tratamento antimi—
crobiano apropriado.
-- Doenças genéticas.
Idiopática.

ITestes séricos. Eletrólitos basais e testes de fun-


ção renal, assim como dosagens de cálcio, fosfato
! Outras.
-- Xantinúria.
Droga-induzida
_ .
(triantereno, sulfadiazina, mdt-
e ácido úrico, devem ser obtidos de todas as crianças
com cálculos. navir).
I
Análise do cálculo. Deve ser realizada quando
possível. Tecnicas como difração, estereomicros— TIIIITMIEIITII
copia tridimensional e espectroscopia infravermelha
são usadas para determinar, acuradamente, a com- No cenário agudo, são administrados analgesia. hidfª“
posição química e as_ propriedades do cálculo. tação e antibióticos (se houver infecção). IndlCªÇºªS
Urolítiase Pediátrica I
671

de intervenção cirúrgica imediata incluem: cálculo então extraído intacto ou fragmentado usando dife-
obstrutivo com infecção, rim solitário obstrutivo, dor rentes fontes de energia, como eletroidráulica, balís—
intratável, insuficiência renal. Nesses casos, é requerida tica, ultra-sonográfica ou laser. Avanços tecnológicos
a drenagem via stent ureteral interno ou nefrostomia nos equipamentos endoscópicos têm feito essa mo-
percutânea entubada. dalidade muito popular, mesmo na criança pequena.
A eliminação espontânea depende de alguns fato—
res, como o tamanho do cálculo e sua localização.
Em geral, cálculos > 5 a 6mm em tamanho são me— Nefrolitotomia Percutânea
nos prováveis de serem eliminados. A urina deve ser A nefrolitotomia percutânea (PCNL, percutaneous
filtrada em qualquer paciente observado. Qualquer nephrolithotomy) corresponde à inserção percutânea
cálculo ou fragmento eliminado deve ser enviado para de um endoscópio (no nível do flanco) pelo parên-
análise apropriada. Cálculos sintomáticos que não são quima renal até o sistema coletor. Como na ureteroscopia,
eliminados, cálculos grandes, cálculos obstrutivos diferentes fontes de energia são usadas para fragmentar
comprometendo a função renal e cálculos infectados e extrair os cálculos. Essa modalidade costuma ser
devem ser tratados medicamente ou cirurgicamente. usada para cálculos grandes localizados na pelve renal
No cenário obstrutivo, o tratamento médico é ge- elou cálices, como o cálculo coraliforme.
ralmente limitado. Tratamento cirúrgico consiste nas
opções a seguir.
Litotomia Aberta
Tratamento cirúrgica Essa técnica é reservada para casos em que as técnicas
mencionadas anteriormente falharam ou são contra-
Litotripsia por Onda de Choque indicadas.
Extracorpórea
Com o uso de orientação radiográfica, uma onda de tratamento clínico
choque acústica é dirigida ao cálculo, resultando em O principal objetivo da avaliação médica e do trata-
fragmentação e passa em, subseqiiente, do material mento é a prevenção da formação de novos cálculos.
formador do cálculo. considerada por muitos espe- Terapias específicas são orientadas para as anorma-
cialistas como a modalidade de tratamento de escolha lidades metabólicas associadas. Toda a criança com
na população pediátrica, em razão de seu mínimo ca- doença calculosa deve ser encorajada a aumentar o
ráter invasivo e alta taxa de sucesso relatada, atin- aporte de líquidos, com o objetivo de diluir a urina e
gindo 80 a 90%. Litotripsia por onda de choque prevenir a cristalização. A terapia com citrato oral
extracorpórea (ESWL, extracorporeal shock wave também é recomendada para pacientes selecionados,
lirhotripsy) é limitada pelo tamanho do cálculo e da para inibir.,o crescimento e a formação de cálculos.
localização. Cálculos > 15 a 20mm em tamanho podem Crianças "com hipercalciúria idiopática podem be-
necessitar de múltiplas sessões de ESWL para que o neficiar-se de dietas pobres em sal, mas não devem
. paciente fique livre do cálculo. Cálculos localizados restringir o aporte diário de cálcio abaixo do nível re-
nos cãlices inferiores criam um desafio, pois os frag- comendado. Hidroclorotiazida diminui a excreção
mentos podem ter dificuldades para serem elimina- urinária de cálcio, sendo ocasionalmente usada quando
dos. As complicações mais comuns associadas com
ESWL são dor, equimose no sítio de entrada das ondas medidas dietéticas são inefetivas.
Hipercalciúria secundária (enterica) é tratada com
de choque e hematúria macroscópica. Em geral, to-
das se resolvem dentro de alguns dias. Complicações mudanças dietéticas e medicações objetivando a di-
minuição do oxalato urinário e o aumento da ligação
mais sérias, porém raras, incluem o hematoma peri-
nefrético ou subcapsular, sepse e dano de órgãos adja— do oxalato no intestino, diminuindo sua absorção.
centes. O acúmulo de fragmentos de cálculos no ureter Cistinúria é tratada com alcalinização urinária e me—
após o ESWL está relacionado ao steinstrasse (nome dicações que objetivam o aumento da solubilidade
germânico para caminho de pedras). Nesse cenário, da cistina na urina (D—penicilamina e tiopronina).

7- 5 6 1 4 2 8 9
obstrução e/ou infecção e mais bem tratada com dre— Terapia para os cálculos de ácido ufieo consiste
nagem por nefrostomia percutânea entubada (com ou na alcalinização urinária e no uso de alopurinol nos
sem antibióticos). Contra-indicações absolutas à ESWL casos selecionados (síndrome de Lesch—Nyhan).
incluem gravidez, coagulopatia incontrolável, hiper—
tensão incontrolável, obstrução do trato urinário distal PUNTOS-BHIIVEIIIESIIMD
ao cálculo e infecção febril do trato urinário.
:: Urolitíase pediátrica é freqiientemente associa-
da com infecção do trato urinário, assim como
Ureteroscopia

“Vw— M
anormalidades anatômicas e metabólicas.
Um endoscópio & levado retrogradamente até o nível
do cálculo no ureter. Sob visão direta, o cálculo é
A apresentação clínica em crianças difere da
observada em populações de adultos.
.

"m
672 I
Trato. Genitun'nário
I Avaliação metabólica é requerida em toda a Criançª
IRadiografia simples do abdome deve ser obtida
de.todas as crianças com cálculos. com urolitíase, para ajudar a prevenir futuros epi-
I Ultra—sonografia é técnica sensível, minimamente sódios de cálculos.
invasiva e relativamente barata. É considerada BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
por muitos como o estudo de escolha na popu-
lação pediátrica. HARMON, E. P.; NEAL, D. E.; THOMAS, R. Pediatric utolithiasis:
ILitotripsia por onda de choque extracorpórea é a review of research and current management. Ped. Nephml., v. 8,
altamente bem-sucedida no tratamento da urolitíase p. 508-512, 1994.
rota—ls“. M. s.; KAISER, B. A.: BALUAKIE. H. I. Urolithiasis in
pediátrica, com taxa média de sucesso entre 80 children. Pediatric Clin. N. America. V. 34. p. 683-710, 1987,

“ 8' 5 -l ’ I
a 90%.
‘9L '

\‘.“
Wm Hidronefrose I 673
M

n -.
em

nirulo 1'31“ BIAEHÚS'IIBI]


FEE-MT!“
Um a dois por cento das gravidezes mostram dilatação
do sistema coletor fetal e apenas 10% destas progridem

Hídrionefrose para hidronefrose mais significativa. A maioria dos casos


de hidronefrose é diagnosticada no segundo ou terceiro
trimestre. embora hidronefrose por obstrução uretral possa
ser observada na 12E semana de gestação.
João Luiz Pippi Salle
Roman Jednak SIGNIFICADO fllllllflo
A maioria das dilatações antenalais resolve esponta-
neamente no período antenatal ou pós-natal, durante
GDHGEITO
.

os primeiros dois ou três anos de vida.


Dilatações importantes:
am."

Dilatação do sistema coletor urinário com ou sem obs—


trução associada. I > 7mm de diâmetro pélvico A-P no 2‘Z trimestre.
Hidronefrose: dilatação da pelve i cálices. I > 10mm de diâmetro pélvico A-P no 3º trimestre.
Hidroureteronefrose: dilatação da pelve i cálices
+ ureter. A maioria das dilatações antenatais ocorre
em fetos
masculinos, havendo significativo aumento da inci-
dência de anormalidades cromossômicas masculinas.
FISIIJPMIIGEIIESE
Não-uhsuutiua EIIIIPITOGENIII BA IllllITlIGllO IIIITEIIA'I'III

7- 5 6 1 4 2 8 9
A maioria das dilatações não—obstrutivas da pelve e I Fator embriológico: o ureter apresenta—se como
do ureter está relacionada a: um cordão sólido na 6a semana de gestação e'a
I Refluxo vesicoureteral (RVU). canalização inicia no ureter médio, progredindo
I Poliúria: diabetes e estágio final da doença renal. em direção à pelve e a bexiga. A junção do pólo
I Sistema coletor flácido: síndrome prune-belly e superior (IUP) e a junção ureterovesical (JUV)
dilatação não-obstrutiva antenatal. são as últimas a canalizarem.
I O feto apresenta alto débito urinário (5 a 10 vezes

obstrutiva maior do que no período pós-natal).


I O sistema coletor fetal é mais complacente em

Hidronefrose razão dos hormônios maternos (progesterona!


elastina).
I Obstrução da junção ureteropélvica (JUP, jun- it As pr'egas ureterais normais podemimpor resis-
ção do pólo superior). tênciaaumentada em feto com alto débito urinário.
y:

I Cálculo.
I Compressões extrínsecas (tumor, etc.) Tem sido demonstrado que obstrução precoce in-
duz displasia renal. Portanto, diagnóstico antenatal e

w . .“ 4 Hidroureteronefrose: obstrutiva e
não-obstrutiva
desobstrução poderiam, potencialmente, prevenir dis-
plasia renal. Entretanto, a ocorrência de displasia é
.

um evento muito precoce e o diagnóstico ultra-sono-


Obstrutiva grafice geralmente bastante tardio. Dessa maneira,
I Megaureter obstrutivo. mesmo que a obstrução fosse corrigida intra-útero,
I Ureter retrocaval. não haveria como evitar a displasia já adquirida. Por
I Doença calculosa. essa razão, é importante avaliar a função renal fetal
antes de considerar qualquer intervenção antenatal.
I Compressão ureteral extrínseca. Rins fetais normais produzem urina isotônica; rins
Não-obstrutiva displasicos, urina hipotônica. -.
I Hidronefrose.
Antes de considerarintervenção
antenatal, com seus
riscos materno e fetal em potencial, é imperativo avaliar
— Residual a função renal. Isso é geralmente feito pelas aspira-
E Hidroureteronefrose. ções consecutivas da bexiga fetal para análise eletrolítica.
- Refluxo vesicoureteral.
—— Poliúria.
Megaureter não-obstrutiva. Marcadores urinários Ila Função Itenal
I Residual. = (três amostras com 48 a 72h de intervalo)
—- terior,
Obstrução vesical/uretral (válvula de uretra pos—
etc,).
Bom prognóstico:
:Sódio < lOOmEq/L.
—- Bexiga não—complacente.
674 I Trato Geniturinán'o

ICloro < 90mEq/L. achados antenatais (Fig. 134.1). Paciente com hidrene.
I Cálcio < 8mg/dL. frose bilateral de alto grau e espessamento anormal
I [32-microglobulina
< 4mglL. da parede vesical deve submeter-se a ultra-sonogram
I Osmolalidade < ZOOmOsm/L. logo após o nascimento. Se esses achados forem con-
firmados em um recém—nascido do sexo masculino e
Obviamente, somente pacientes com rins bilateral-
houver a possibilidade de a uretra posterior estar dilatada,
mente obstruídos ou rins solitários devem ser consi— uretrocistografia miccional deve ser realizada muito
derados para intervenção antenatal. cedo, no 12 dia de vida. Outras anormalidades vesicais
Não há nenhuma indicação para intervenção ante-
natal na abstrução unilateral.
necessitam de uretrocistografia miccional precoce, como
Também não há nenhuma indicação para intervenção, presença de ureterocele, dilatação ou, possivelmen.
te, ureter duplicado. Nesses casos, profilaxia antibiótica
se existir anormalidade cromossômica associada. deve ser instituída até que o diagnóstico seja escla—
Potenciais indicadores de intervenção antenatal:
recido.
I Hidrenefrose bilateral.
I Nenhuma anomalia cromossômica.
I Rins não—displásicos. llltra-sonouratia
I Oligoidrãmnio precoce (2º trimestre). Obstrução Aspectos importantes que devem ser observados na
importante pode causar oligoidrãmnio grave, que ultra-sonografia antenatal em caso de hidronefrose:
pode levar à hipoplasia pulmonar.
I Graus de hidronefrose em sistema simples ou du-
Tipos de intervenção antenatal: plicado (graus I a IV, da Sociedade de Urologia
I interrupção da gravidez (ou indução se feto é viável). Fetal) (Fig. 134.2).
I Derivação vesicoamniótica. — Grau I: leve separação do seio renal.
I Diversão urinária fetal aberta.
IFetoscopia + inserção percutânea de endoscópio
— Grau II: dilatação da pelve renal. sem dilata-
ção dos cálices (um ou dois cálices isolada-
flexível vesical para fulguração antenatal de vál- mente ainda são incluídos como grau II).
-vula de uretra posterior. — Grau l_ll: dilatação da pelve e de todos os cálices
renais, sem adelgaçamento parenquimatoso.
Antes de considerar a pessibilidade de interven-
ção antenatal, e essencial a avaliação cuidadosa do — Grau IV: dilatação acentuada da pelve calicinal
feto e da mãe, porque o procedimento apresenta ris— com adelgaçamento do parênquima renal.
I Dilatação ureteral em sistema simples ou dupli-
cos inerentes à técnica. Séries combinadas relatam
complicações em até 45% dos cases. cado.
ll Anatomia vesical.
Principais complicações:
I Inadequada drenagem pela derivação/migração — Espessura do detrusor.
.,— Uretra posterior dilatada.
da derivação. »
I Parto prematuro.
I Ascite urinária fetal.
I Corioamnionite. Hidronefmxe antenatal
r Alto gnujui :IV)
Por essas razões, a intervenção antenatal é rara— ou -
mente indicada e só deveria ser realizada em centros Balm
3;;1‘;ª ")
ureteres normalr
ditmgau ureteral
º"

—w
hexlgi anormal ou
que atendem pacientes de alto risco, com intervencio- hlsrórll de ream
veskcureteral 11: land";
nistas especializados.
O uso generalizado da ultra-sonografia antenatal
tem feito o diagnóstico de muitos fetos com dilata—

G L S' Z V 1 ‘ 9 L S '
ção do sistema coletor. A história natural desses sis- Repetir ultra-sonogram Uretrorlstogrnma
mlctlonal
em a mes
temas ainda não está bem conhecida. Há preocupação
no diagnóstico exagerado de obstrução em sistemas
simplesmente dilatados, mas não—obstruídos. Ao tentar
Nldronelrose
de baixo gnu
r-‘l'j
,, . nenuxu
responder essa questão, alguns trabalhos interessan-
tes revelaram que o número de pieloplastias após o
“' ") Sem reliuxo
veslcoureteral vesicoureteral
nepuu ultra-sonogram
advento da ultra—sonografia não tem aumentado, mas mem
Alto grau
o procedimento tem sido realizado muito mais pre- (lll : |V)
coce. Recentemente, a maioria das pieloplastias tern
sido realizada antes do lº ano de vida.
MAG-á cum
Laslx'
"WISHES“ BllfilflSTlflfl
A investigação de pacientes com ultra-som antenatal
é variável e o tempo para realiza-lo é dependente dos
Figura 134.1
antenatal.
— Investigação diagnóstica da hidronefrose
Hid/enefrose 11 675

de hidronefrose graus III e IV, mesmo sem dilatação


ureteral. Hidronefrose de baixo grau (I e II) sem di-
latação ureteral não necessita de uretrocistografia
miccional, pois são mínimas as chances de morbidade
relacionadas a presença de RVU não diagnosticado.

Medicine Nuclear
Investigação com medicina nuclear é geralmente rea—
Grou | lizada entre quatro e oito semanas de idade e divide—se
Grou ll
em dois tipos:

Estática
Administração de ácido dimercaptosuccínico (DMSA,
dimercaptosucciníc acid) e avaliação da quantidade
de radioisótopos extraída para as células tubulares
proximais, 4 a 6h após a injeção.

Dinâmica
Grau III Grou IV Administração do agente nuclear que é eliminado pelo
rim por Eltração (ácido dietilenotriamina pentacético
Figura 134.2 Graus de hidronefrose antenatal com base
— — DTPA, diethylenetríamine pentacetíc acid) ou por
na ultra-sonografia segundo a Sociedade de Urologia Fetal. secreção (mercaptoacetiltriglicina [MAG—3D, similar à
urografia excretón'a. Uma vez que o radioisótopo é elimi-
nado pelos rins, os seguintes parâmetros podem ser
—— Esvaziamento
Ureteroceles.
pós-miccional. medidos:
E Tempo de trânsito cortical (normal < 5min); tam-
— Sugestivo de ectopia ureteral. bém determina a função renal diferencial.
978-5«24l—6

Alguns achados ultra—sonográficos podem ser pre— a: Tempo para drenagem de metade da atividade,
ditivos de má evolução (Quadro 134.1). após obter—se um platô na pelve.
I: Drenagem retardada aos 20, 60 e 90min.

"retroeistografla Miceional Os testes de medicina nuclear são importantes para


avaliar as funções renais diferenciadas na hidrone—
Como mencionado previamente, é indicada em to— frose unilateral e para medir o tempo de drenagem
dos os casos em que há dilatação ureteral e anorma- do radioisótopo eliminado do sistema coletor dila-

lidades vesicais, especialmente quando há suspeita tado. Os sistemas muito dilatados são propícios a ter
de válvulas de uretra posterior.
O procedimento deve ser realizado usando cateter
eliminação retardada de contraste mesmo sem
trução, proporcionando um resultado falsopositivo
obs—
uretral de pequeno diâmetro (5F para recém-nasci- em relação à obstrução O mesmo fenômeno ocorre em
dos do sexo masculino) e enchimento vesical por gra- rins dilatados pouco funcionantes, que podem ter uma
vidade. Cateteres com balão não são indicados em produção diminuída de urina e, portanto, lenta dre-
meninos e meninas, pois a oclusão do colo vesical cria nagem do contraste radionuclear, levando a um diag—
um aumento não—fisiológico de pressão vesical e fal- nóstico falso-positivo de obstrução. Pelo mesmo
so-positivo para RVU (incluindo refluxo intra—renal). princípio, pacientes relativamente desidratados po-
Uretrocistografia miccional também é indicada dem ter baixo débito urinário e lenta drenagem. A
quando há história familiar de RVU mesmo com bexiga presença de uma bexiga cheia também pode impedir
normal e hidronefrose isolada sem dilatação ureteral. a eliminação de urina em razão de pressões vesicais
Uretrocistografia miccional deve ser realizada nos casos elevadas. Com o objetivo de evitar essas armadilhas
para os renogramas com MAG—3 e DTPA, a Sociedade
de Urologia Fetal sugere a realização de um renograma
QUADRO 134.1— Achados ultra-sonográficos seguindo orientação específica, que consiste em:
preocupantes
..Hidronefrose de alto grau (Ill e IV)
Diâmetro A-P da pelve renal > 20mm
a Paciente bem hidratado (hidratar com soro glico-
sado ao meio com soro fisiológico, lOmL/kg/h).
Inserção de cateter vesical.
' Relação pelve/rim > 0,5
.' Ureter, ureterocele ou uretra visualizados
Ecogenicidade renal anormal, cistos corticais
I Administração de Lasixº durante o platô de eli-
minação.
I Mudanças de posição durante o teste.
676 I Trato Geniturinárío

do, injetando furosemida 15min antes do radiOlSÓtOpo


Sugerimos fortemente a medida da atividade resi- (renograma MAG-3 Lasixo F — 15). Isso tomará a pel.
dual na pelve aos 20, 60 e 90min após a administra- ve renal bastante cheia antes da administração de MAq_3
ção de Lasixº. Isso permitirá uma melhor avaliação,
principalmente dos sistemas muito dilatados. ou DTPA. Em casos de obstrução intermitente, n㺠é
Em recém—nascidos, lactentes e em rins pouco fun- incomum obter-se renograma MAG—3 normal segui-
cionantes, é preferível usar MAG-3, que é eliminado do por um renograma claramente obstruída semanas
por secreção e proporciona melhores imagens do sistema depois.
coletor. Em crianças maiores, tanto o MAG-3 como
o DTPA são igualmente eficientes para avaliação de litografia Exeretora Intrauennsa
rins hidronefróticos. Tradicionalmente, os valores são:
Embora muitos centros ainda advoguem o uso de
n < 15min: normal. urografra excretora para investigação de pacientes com
I 15 a 20min: indeterminado.
diagnóstico antenatal de hidronefrose. rotineiramente,
I > 20min: anormal.
não a reçomendamos. Recém-nascidos e lactentes geral.
Entretanto, como relatado previamente, esses va- mente apresentam fraca eliminação de contraste,
lores são facilmente mal interpretados em rins muito proporcionando imagens de baixa qualidade. Além
dilatados com baixa função, razão pela qual não se- disso, há uma grande quantidade de ar no intestino
guimos tais critérios. delgado, que obscurece as imagens renais. Pacientes
Infelizmente, não existe nenhum critério absoluto com sugestivos sistemas caliciriais duplos são, prova—
para diagnosticar obstrução. É aceito que obstrução sig- velmente, os melhores candidatos para ouso de urogratiª
nificante ocasiona algum grau de déficit na função excretora, principalmente se um dos sistemas não está
renal do rim obstruído. Entretanto, é bem conhecido dilatado.
que um rim verdadeiramente obstruído pode manter
uma função renal diferencial normal ou mesmo uma
função supranormal, fenômeno pobremente entendi- IIIIIIGIIGÍIES II! PlElllPlllS'l'lll
do. Por outro lado, é bem aceito que um rim signifi- EM IllllllllNEfflllSE llll'lillfl'l'lll
cativamente dilatado, associado a < 40% da função A indicação de correção cirúrgica em hidronefrose
renal diferencial (DRF, dzferential renalfunction), en— antenatal é assunto de grande controvérsia entre os espe—
contra—se provavelmente'vobstruído, necessitando de cialistas. Entretanto, é bem aceito que um paciente
correção cirúrgica. Infelizmente, na clínica diária, a com hidronefrose unilateral de alto grau com diminuição
maioria dos casos consiste em rins dilatados com DRF significante da função renal diferencial (< 40%) deve
> 40%. Nesses casos, indica-se observação com ava— submeter-se à pieloplastia. Recomendamos repetir a
liação seqiiencial a cada três a seis meses e cirurgia investigação renográfica e confirmar a diminuição da
em casos de deterioração da DRF > 10%. Deve-se função renal antes de indicar pieloplastia, especial—
mencionar que é aceitável um erro de investigação rn‘ente nos casos em que o primeiro renograma foi
de i 5% como variabilidade de metodologia. realizado durante as primeiras quatro semanas de vida.
Outro fenômeno interessante ocorre em razão de
Em casos controversos, cintilografia com DMSA pode
episódios intermitentes de obstrução da junção
ureteropélvíca. Em geral, essas situações surgem em ser útil para avaliar a DRF e adicionar dados extras
para confirmar ou não o diagnóstico de obstrução
casos de inserção ureteral alta, em que ocorre obs- Consideramos a deterioração progressiva da função
trução progressiva durante o enchimento da pelve,
renal (> 5% entre os testes) e o aumento significati-
comprimindo o ureter proximal. Situações similares
podem ocorrer quando são encontrados vasos cruzando vo da hidronefrese como indicações para pieloplastia.
o pólo inferior renal, comprimindo o ureter proxi-
É controverso se o desenvolvimento de infecção
mal, torcendo—o e levando à obstrução progressiva, do trato urinário (ITU) durante o período de obser—

6L3'L:ZVI‘9S
quando a pelve distende. Casos de obstrução inter- vação deve ser considerado indicação cirúrgica. es-
mitente geralmente apresentam-se em crianças maiores pecialmente em pacientes que não sofreram circuncisão.
com dor abdominal, muitas vezes associada com Dados obtidos em nossa instituição sugerem que os
aumento da ingesta líquida ou após as alimentações, pacientes portadores de hidronefrose de alto grau são
suscetíveis ao desenvolvimento de ITU; por isso. 5“"

x f a — T. ‘ Z: _
levando ao aumento de produção de urina, distensão
gerimos mantê-los em antibioticoterapia profilática
st

pélvica e compressão ureteral. Não é raro avaliamos


pacientes com dor abdominal que apresentam ultra- durante o período de observação. Observou—se que a
sonografia demonstrando hidronefrose e que, poste- maioria dos pacientes que desenvolveu ITU durante
riormente, apresentarão ultra-sonografias e/ou renogra- a observação não tinha se submetido a circuncisão.
porém essa observação não tem significado estatisti-
mas subseqtientes normais. Provavelmente, a obstrução
intermitente ocorreu em uma situação em que o pa- co. Por essa razão, não podemos recomendar circun—
ciente encontrava-se bem hidratado. Por essas razões, cisão em todos os pacientes com hidronefrose de alto
quando existe a possibilidade de obstrução intermi— grau sob observação, mas nossos dados sugerem que
tente, recomenda-se renograma diurético modifica- pode ser mais benéfico evitar ITU.
Hidronefrose I 677

Paciente com rim dilatado e palpável tern, prova-


velmente, significante obstrução. Em nossa opinião,
deve ser operado após avaliação da função renal.
Pieloplastia deve ser realizada precoce, quando o rim
ainda tem função resgatável (> 15% ou DRF). Nefrec-
tomia é indicada em pacientes com rins obstruídos,
pobremente funcionantes.

INIIIGRÇÍÍES DE Pllllll'lllS'l'lll
ra Hidronefrose de alto grau com < 40% DRF.
a Hidronefrose progressiva.
B Piora da DRF (> 5% enue exames).
a Massa palpável.
Indicações relativas:
II Infecção recorrente do trato urinário.
IPiera do tempo de drenagem no renograma
diurético.

Pielonlastla

7 — 5 6- 1 4 2 8 9
A estrategia cirúrgica e a escolha da incisão e idade—
dependente. Em nossa opinião, lactentes e crianças
Figura 134.4 - (A e B) Pieleplastia desmembrada tipo
pequenas devem submeter—se à pieloplastia aberta pela Anderson-Hynes. Quando a pelve renal é muito dilatada, ela
rápida recuperação secundária a pequenas incisões deve ser reduzida.
na região lombar ou no flance. Crianças maiores podem
beneficiar-se da pieloplastia retroperitoneal laparos-
cópica. Em crianças pequenas e em não obesas, pre— dobra e extravasamento precoce de urina. O stent é
ferimos a lombotomia dorsal posterior, com o paciente exteriorizado pela parede e clampeado no 2º dia de
em posição prona. Sempre realizamos a pieloplastia pós-operatório (Fig. 134.5). Se não for observado
desmembrada, excisando o segmento estenótico e extravasamento de urina, o dreno de Penrose é remo-
reduzindo uma pelve grande, quando necessário (Fígs. vido e o paciente é liberado do hospital. O cateter
134.3 e 134.4). Em todos os casos, utilizamos cate— duplo J 6 removido, ambulatorialmente e sem anes-
ter duplo J (Salle intraoperalive pyeloplasty stent tesia, entre‘o 7ª e o 10º dia pós—operatório.
. produzide pela Cook Urological Inc.) com extensão
cutânea, que permite drenagem precoce, assim como
alinhamento da anastomose, prevenindo obstrução por


Figura 134.3 (A — C) Pieloplastia desmembrada tipo
Anderson-Hynes. Ajunção pieloureteral é ressecada e o ureter
proximal espatulado até encontrar área de calibre e elastici- Figura 134.5 — Cateter utilizado durante a pieloplastia.
dade normal. Realiza—se sutura término—terminal com fio Usualmente, deixa-se a extremidade do cateter no ureter mé-
absorvivel fino (6-0 ou 7—0). dio, abaixo da anastomose e não dentro da bexiga.
678 I Trato Genitun'nán'o
I Dilatação ureteral causada por obstrução infraVe_
Em crianças maiores ou obesas, utilizamos inci-
sical (exemplo: válvula de uretra posterior, mielo.
são no flanco, e a pieloplastia é realizada de uma forma
meningocele).
similar à descrita anteriormente.
Investigações após a pieloplastia incluem:
I Ultra-sonografia com seis semanas de pós-ope nlaunoslien Antenatal
ratõrio. Com o advento da ultra-sonografia antenatal, a maioria
lRenograma diurético aos quatro meses pós-ope— dos casos de megaureter é diagnosticada antes do
ratório. nascimento. A maioria dos casos representa dilata—
ções transitórias, mais provavelmente relacionadas à
poliúria fetal e a paredes ureterªis flácidas causadas
Plelnnlastia lanamscnulca pela progesterona e pela elastina antenatal. Entretanto,
Indicada a crianças maiores. é imperativo estabelecer a etiologia da dilatação, uma
A via de acesso retroperitoneal é a preferivel. Todos vez que lesões obstrutivas, como válvulas de uretra
os pacientes devem permanecer com cateter duplo I posterior, podem ser a causa do megaureter. Muitos
no p65»operat6rio. Em alguns centros, essa estraté- cases também estão associados com refluxo vesico-
gia tem sido indicada na maioria dos pacientes. Como ureteral, uma entidade que requer tratamento precoce
os pacientes maiores têm maior incidência de vasos adequado com o intuito de evitar a ,icional dano renal.
cruzados, esses fatores devem ser levados em consi- Dilatação ureteral pode ser diagnosticada preco.
deração durante a cirurgia laparoscópica. cemente na gravidez, principalmente quando associada
com obstrução. A maioria dos casos associados com
obstrução é diagnosticada em torno da 17! semana
gestacional, período em que se indica a lª ultra-sono-
Embora essa técnica tenha sido amplamente utilizada grafia antenatal de rotina. Entretanto, temos obser-
em adultos com obstrução da JUP, seu uso em crianças vado diagnósticos mais precoces, mesmo na 12' e na
tem encontrado indicações limitadas. Em crianças, a 135 semana de gestação. O tratamento antenatal do
principal indicação de endopielotomia permanece sendo ureter dilatado segue os mesmos princípios enuncia—
uma pieloplastia sem êxito. dos previamente para obstrução da JUP. Entretanto,
em casos graves bilaterais, há grande preocupação
MEGRIIIIETEII causada pela obstrução infravesical. Também é mui-
to importante caracterizar a qualidade do parênquima
I Definição: dilatação do ureter medindo > 0,7cm
renal, porque válvula de uretra posterior e RVU pe-
de diâmetro.
I Etiopatogenia: similar dilatação da' pelve re-
dem estar asseciados com rins displasicos, muitas vezes
a observados com‘ecogenicidade aumentada ou com cistos
nal; a maioria dos casos é diagnosticada ime-
diatamente e não é causada por obstrução.
paren'quimatosos. Novamente, similar à hidronefrose
antenatal já previamente discutida, intervenção antenatal
Causas importantes de megaureter: é requerida somentelern um pequeno número de ca-
lObstrução da junção ureterovesical (JUV). sos selecionados com obstrução precoce significati—
I Refluxo vesicoureteral. va levando a oligoidrãmnios, mas com função renal
I Poliúria. preservada (avaliada pela análise dos eletrólitos uriná—
!Idiopãticas (parede ureteral flácida: síndrome rios fetais).

— vi .
prune-belly).
nuallaéao
Classificação

6 L 9' 3 Z V 1 Q “
Ultra-sonografia
Megaureter pode ser classificado de acordo com seu
Pacientes com hidroureteronefrose bilateral devem ser
diâmetro ou etiologia.
Graus de ureter. investigados com ultra—sonografªa logo após o nasci-
mento. Em casos unilaterais e coin bexiga de aspecto
I Grau 1: < 0,7cm de diâmetro. normal, a ultra-sonografia pós-natal pode ser reall—
I Grau 1: 0,7 a lcm de diâmetro. zada entre o 3‘2 e o 7º dia pós—nascimento. Investigar
I Grau 3: > lcm de diâmetro. ção ultra-sonográiica precoce é solicitada para afastar
Etiopatogenia da dilatação ureteral. obstrução bilateral; mas, em casos unilaterais, deve
ser adiada no mínimo por 48h ou mais, por causa dª
I Megaureter obstrutive primário. oligúria neonatal fisiológica que costuma ser obser-
lNão-obstrução primária, megaureter sem reflu—
vada durante os dois primeiros dias de vida. Esse débito
xo (exemplo: poliúria do prune-belly). urinário diminuído pode causar falso-negativo em ureter
,! Megauret'er com refluxo: '4 ' '

I Megaureter não—obstrutiyo
,

transitório (maioria
*‘ides casos de diagnóstico antenatal).
obstruído. Por essa razão, uma ultra-sonografta
nal normal realizada nos dois primeiros dias de Vida re-
._,
Hidronefruse l
679

deve ser repetida após uma semana para confirmar o


resultado negativo.

Uretrocistografia Miccional
Todos os pacientes com ureteres dilatados à ultra—
sonografia devem submeter—se à cistouretrografia para
avaliar a uretra e afastar refluxo vesicoureteral. Como
mencionado anteriormente, para prevenir ITU, é
imperativo administrar doses plenas de antibióticos
o dia anterior, o dia e o dia posterior à uretrocistograiia.
Obviamente, se ITU estiver presente, profilaxia an-
tibiótica deve continuar como forma de tratamento.
Figura 134.6— (A -D) Técnica de remodelamento e reimplante
Se RVU e obstrução infravesical não estiverem pre- de ureter dilatado.
sentes, ultra—sonografia deve ser repetida em dois a
três meses. Se dilatação é persistente ou aumentada,
indica-se renograma diurético com MAG-3 ou DTPA.
a formação de um bom mecanismo valvular, o ureter
Durante o renograma diurético, é imperativo medir a deve ser reduzido por remodelamento (tapering) ou
drenagem no ureter distal, área de maior dilatação.
plicatura. A técnica consiste em excisão do segmento
Inicialmente, todos os casos são tratados conserva—
doramente. Somente pacientes com perda significa- ureteral distal anormal, remodelamento de sua porção
inferior e reimplante extra ou intravesical (Fig. 134.6).
tiva da DRF (< 40%) são candidatos ao reparo cirúrgico
da obstrução da JUV. Entretanto, na grande maioria BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
dos casos, a dilatação ureteral é transitória e resolve CHURCl-IILL. B. M.; FENG.W. C. Ureteropelvicjunction anomalies:
em tomo do 2ª e 3º ano de vida. Profilaxia com an— congenital UPI problems in children. In: GEARHART, J. P.; RINK,
tibióticos é utilizada durante o período em que há dúvidas R. C.; MOURIQUAND, P. D. E. (eds.). Pediatric Urology.
acerca de possível obstrução, mas deve ser descontinua— Philadelphia: Saunders, 2001. p. 318-346.
da tão cedo haja claras evidências ultra-sonográficas LEE. R. S.; CENDRON, M.; KINNAMON, D. D.; NGUYEN, H. T.
Antenatal hydronephrosis as a predictor of postnatal outcome: &
de melhora da dilatação. Circuncisão deve ser indicada, meta—analysis. Pediatric-s. v. Ils, p, 586-593, 2006.
pois parece ajudar a prevenir ITU. METZELDER, M. .; SCHIER. F.; PETERSEN, C. et al. Laparoscopic
978-52416

transabdominal pyeloplasty in children is feasible irrespective of


age. J. UmL, v. 175. p. 688-691, 2006.
nenaru cirlirlieo un Mesaureter SIDI-IU, G.; BEYENE, J.; ROSENBLUM, N. D. Outcome of isolated
" ‘ ,' ' a '
review and ' 'ysis,
Técnicas cirúrgicas para correção de megaureter cau-
Pediatr. Nzgth v. 21, p. 218-224, 2006.
sadas por refluxo ou obstrução da JUV seguem os mesmos
TAN, H. L. Laparmscopic Anderson—Hynes dismembercd pyeloplasty
princípios descritos para o reimplante ureteral. O ureter in children. !. UM., v. 162. 3 P12, p. 1045-1048, 1999.
deve ser desconectado distalmente da bexiga e reim- TSAI, J.D.; HUANG, F. Y.; LIN. C. C. et al. Intermitent hydmnepluosis
plantado com uma das técnicas descritas (ver Cap. 131). secondary to ureteropelvicjunction obstruction: clinical and imaging
Se houver dilatação ureteral significativa que previne features. Pedialrics,
:
v. 117, p. 139-146, 2006.

CRURGIA PEDIATRICA
BRM 1559 _
MOACIR ASTOL-FO TISÚRCIO
CPF map-152mm
Tecidos Moles
e Vasos Sangúíneos

...............................................
.............................................
135 Hemangiomas 683

..................................................
136 Higroma Cístíco 693
1 7 Polidactilia 698
..................................................
W

138 Sindactilía '


701
139 Síndrome da Constrição Anelar Congênita ..................... 704
.........
............................................... 710.
140 Principais Cistos e Tumores Benignos dos Tecidos Moles 706
141 Seio Pilonidal
Hemangíomar !: 683

as taxas de mitose endotelial e apoptose, resul-


tando em estabilização clinica.
I: Fase involutiva: de um a sete a nove anos deidade.

Heniangiomas Caracteristicamente, na fase involutiva, costu-


ma aparecer uma mancha esbranquiçada no centro
da lesão, denominada mancha de herald (man-
cha de anunciação). Após involução, em 20 a 40%
João Carlos Ketzer de Souza dos casos pode—se notar pele hipocorada, telan-
giectasia, pele redundante, ou excesso de tecido
fibroadiposo.
GONGEITII A origem das células que constituem o hemangioma
Hemangioma é um termo não—específico que tradi- é controversa. Alguns investigadores têm sugerido uma
cionalmente tem sido usado para descrever uma va— origem placentárial envolvendo células endoteliais
riedade de lesões vasculares de diferentes etiologias. embólicas ou pela diferenciação de células progenitoras
Biologicamente, essas lesões podem ser divididas endoteliais em direção a um fenótipo placentário. Parece
em dois grupos: provável que as células endoteliais, que constituem
o hemangioma, possam representar uma população
Hemangiomas (tumores vasculares que aumen-
II
distinta de células endoteliais que expressam um fenótipo
tam por proliferação celular rápida). embrionário. Não está claro se essas células endoteliais
:Malformações vasculares (erros da morfogê- hemangioma—específicas representam uma população
nese vascular que se expandem somente quando de células clonais que falharam em direção ao de-
há trauma, infecção, sepse, ou alterações hor- senvolvimento normal, ou se elas representam um
monais). subtipo de células endoteliais, inicialmente mais maturas,
Um terceiro grupo está sendo descrito atualmente:

978- 5 241 6
que regrediram a um estado mais embrionário por causa
hemangioendotelioma kaposiforme. de algum insulto ambiental ou genético.

FISIOPIITIIllIGIII Hemanoinenuotelioma Kauusitorme e 0


Hemannlumas rla Intãncia Mimi angioma lttngiahlastnma ou angioma
Atualmente, o hemangioma tem sido considerado como em Tums)
uma neoplasia verdadeira, composta de células endo- Têm sido estudados dentro da classificação de heman-
teliais vasculares hiperplásticas com capacidade de pro- giomas. Recentemente, foram reconhecidos como
liferação, regressão e involução. entidades separadas dos hemangiomas. São tumores
O hemangioma exibe proliferação celular. É um vascularesfmais agressivos e invasivos que os heman—
exemplo de angiogênese local pura não controlada, giomas infantis.
Parece resultar da diminuição localizada de inibidores Os hemangioendoteliomas kaposiformes (HEK)
angiogênicos normais (interferon) ou aumento da ocorrem quase exclusivamente no tronco, extremidades,
produção de estimuladores da angiogênese: fator de ou retroperitônio, podendo estender4se ao mediastino
crescimento fibroblástico (FGF,fíbmblastic gmwthfactor) ou ao retroperitônio. Podem estar presentes ao nas—
e fator de crescimento endotelial vascular (VEGF, vas— cimento ou se desenvolverem nos primeiros meses
cular endºthelial growth factor). Regridem esponta- de vida. Sem predileção sexual. São unifocais. Po—
neamente por um processo de morte celular programada dem ser observadas alterações em ossos adjacentes e
(apoptose). associam-se frequentemente a linfangiomatose. Es-
Esses fatores angiogênicos parecem ter importante sas lesões alçaponam plaquetas frequentemente, criando
função no crescimento e involução dos hemangiomas. trombocitopenia grave (fenômeno de Kasabach-Merritt),
Agem em’ duas direções: diretamente no endotélio muitas vezes não responsivas às transfusões de pla—
vascular estimulando a mitose e indiretamente pelo quetas. Hoje, sabe-se que esse fenômeªpoesta quase
número aumentado de macrófagos e mastócitos (libera exclusivamente relacionado a esse tipo de hemangio-
heparina que promove angiogênese). São programa— endotelioma e ao angioma em tufos. Embora essas
dos para crescer rapidamente e regredir lentamente. lesões sigam um curso similar ao hemangioma em re—
O crescimento dos hemangiomas costuma obede- lação à proliferação, estabilização e involução, são
cer ãs seguintes fases: associadas a maior mortalidade (20 a 25%) pelo risco
de complicações hemorrágicas difusas. O aspecto his—
Ii Fase proliferativa: primeiros seis a nove meses. topatológico do hemangioendotelioma kaposiforme
Os hemangioma—ls profundos podem proliferar até é caracterizado pela presença de lóbulos de capila-
os dois anos de idade. res, separados por tecido celular intercapilar e células
Fase estacionária: dos 6 a 9 meses aos 12 me- fusiformes. O angioma em tufos (AT) tem esse nome
ses. Nessa fase observa—se uma igualdade entre por apresentar tufos vasculares discretos na derme e
684 I Tecjdos Males e Vasos Sanguíneo:

lil Malformações capilares: mancha vinho do Por-


hipoderme. A ressonância nuclear magnética (RNM), to (Port wine stain). Compostas por capilares
no REI-(, mostra alguns aspectos diferentes dos he- dérmicos ectásicos (camadas papilar e reticular
mangiomas em geral, como: margens mal definidas, da derme). Ocorrem em 0,3% dos recém-nascidos.
envolvimento dos tecidos circunvizinhos contíguos Malformações venosas ou varicosidades Cºngê-
e vasos nutridores e de drenagem pequenos em rela. nitas. Frequentemente confundidas com heman.
ção ao tamanho do tumor. Se o hemangioendotelioma giomas cavernosos. Podem ser superficiais (intra.
kaposiforme e o tufted angioma são partes de um mesmo dérmica ou subcutânea), profundas (intramuscular,
espectro, não sabemos ainda. intra—óssea), regional (atingindo toda a extremi.
.;
dade), ou visceral, Esses erros de desenvolvimento
Mallormações Vasculares podem causar aplasia, hipoplasia, ou hiperplasiª
de veias superficiais e profundas. Podem dilatar
Decorrem de erros de desenvolvimento da morfogê- gradualmente, dando aspecto de lesão em cresci-
nese vascular (representam restos de tecidos vasofor- mento, conter flebolitos, produzir verrucosidades.
matiVos), originando vasos malformados revestidos São constituídas de vasos venosos anômalos de
por endotélio quiescente. São hamartomas constituídos fluxo lento, paredes cobertas por endotélio maturo.
de células endoteliais maturas. São dotadas de velo- Podem combinar—se com malformações capila-
cidade de renovação endotelial normal e contagem res e linfático-venosas. '

normal de mastócitos e macrófagos. Dependendo do IMalformações linfáticas: presença de vesículas


vaso afetado, dividem-se em capilares, venosas, ar- anormais ou canais ectásicos repletos de fluido
teriais e linfáticas. Provavelmente, as malformações linfático.
vasculares resultam de mutações genéticas que cau— IMalformações linfático-venosas (combinadas):
sam disfunção na regulação da proliferação endotelial presença de ectasias linfáticas e venosas.
e apoptose, diferenciação celular, maturação e ade- I Malformações arteriais: aneurismas.
são célula-célula. Síndromes vasculares principais: de Klippel-
Estão presentes ao nascimento, crescem em pro- Trenaunay (Fig. 135.2), de SturgeWeber, de Parkes-

6 L B' 9 Z W S
porção com a criança, nunca sofrem regressão, ao passo Davis, de Proteus. '

que algumas raras podem se expandir. ll Malformações arteriovenosas.

L
BIASSIFIÍÉIBÃÍI
Em 1996 foi aprovado um sistema de classifica-
ção definido pela Sociedade Internacional de Estu«
Tradicionalmente, os hemangiomas são classificados dos das Anomalias Vasculares, exposto aqui de forma
como superficiais ou capilares (50 a 60%); profun-
dos, também denominados de hemangiomas caver-
nosos (15%); mistos ou combinados, que são uma
associação de hemangiomas capilares e cavernosos
(25 a 35%) (Fig. 135.1).
Essa'classificação é ainda uma das mais ampla-
mente aceitas e utilizadas. '

As malformações vasculares podem ser classifi—


cadas da seguinte forma, dependendo da morfologia
dos canais vasculares:

Figura 135.2 - Síndrome de Klippel-Trenaunay da extremi-


dade inferior direita. Notar manchas vinhosas, var|c05|dades
Figura 135.1 — Hemangioma misto de hemlface esquerda
com comprometimento da glândula parótida. congênitas, verrugas e hipercrescimento do membrº-
Hemangiomas I 685

_ — deMalformações
QUADRO 135.1 Classificação das anomalias vasculares
Tumores vasculares Malformações vasculares Malformações vasculares
vasculares
.
baixo fluxo de alto fluxo combinadas

.- Hemangioendotelioma
Hemangioma infantil ' Malformação capilar ' Fístula arteriovenosa Síndrome de KlippeI-Trenaunay
' Malformação venosa ' Malformação arteriovenosa 0
Síndrome de Farkes-Weber
kaposlforme ' Malformação linfática
-
,

Angíoma em tufos

adaptada e que deve ser adotado por todos com a fi— de vida. Não costumam associar-se a gi gantismo
nalidade de facilitar a comunicação. nem a síndromes.
Nesse sistema de classificação (Quadro 135.1), na Malformações vasculares: presentes ao nascimen—
coluna de tumores vasculares, também podem estar
relacionados 0 hemangioma congênito rapidamente to. Podem não ser clinicamente evidentes.
tn Predisposição sexual:
involutivo. o hemangioma congênito não—involutivo
e o granuloma piogênico. Os hemangiomas congênitos - Hemangiomas: 2,5 a 3F:1M.
podem ser uma variante dos hemangiomas ou uma - Malformações vasculares: lF:lM.
Bl Maior prevalência dos hemangiomas em prema-
outra entidade histopatológica. Essas lesões raras estão
turos, aproximadamente 20% dos bebês meno-
totalmente desenvolvidas no nascimento e não apre-
res de 1.000g e em caucasianos.
sentam crescimento pós-natal adicional. Dividem-se In Hemangiomas: 10% dos casos podem ameaçar
em hemangiomas congênitos rapidamente involutivos
(RICH, rapidly involutíve congenital hemangiomas) a função vital ou funcional (principalmente obs-
trução de via aérea, insuficiência cardíaca, seques—
e hemangiomas congênitos não—involutivos (NICH,
tração de plaquetas e/ou fatores de coagulação,

978- 5 241 6
non-involutive congenital hemangiomas). Os RICH
regi-idem rapidamente nos primeiros meses de vida obstrução do eixo visual), ou causar dano teci-
(6 a 14 meses). Os NICH crescem proporcionalmente dual considerável.
I Localização dos hemangiomas: 80% são solitá-
com a criança, sem qualquer tendência à regressão.
Ocorrem como lesões solitárias e, são considerados rios, 20% múltiplos. Hemangiomas visíveis: cabeça
de alto fluxo, podendo ser confundidos com as e pescoço, 60%; tronco, 25% e extremidades, 15%.
I Involução completa é estimada em 70 a 90%.
malformações arteriovenosas.

lllSTBlBlill llllllllllll lllÍlllBÍl


I Hemangio'ma capilar: formado por vasos seme- As diversasªanomalias vasculares muitas vezes apre—
sentam aspecto macroscópico muito similar.
lhantes a capilares, revestidos por camada sim—
ples de células endoteliais. Hemangiomas capilares: mais elevados do que
IHemangioma cavernoso: formado por canais a superfície da pele. parcialmente redutíveis,
vasculares dilatados separados por estroma de aumentam de volume durante esforços.
tecido conectivo. I! O hemangioma capilar com forma de morango
IHemangioma misto: formado por elementos ca— também é conhecido como hemangioendotelioma.
pilares e cavernosos. II Hemangiomas cavernosos: móveis, tintura azul
I Hemangioendotelioma: formado por canais vas- clara na pele (sombra por transparência), moles
culares totalmente preenchidos por massas de (aspecto de saco de vermes), mal delimitados,
células endoteliais em proliferação, impactadas aumentam durante esforços.
dentro do lúmen. A mancha vinho do Porto corresponde a uma lesão
IMancha vinho do Porto: dilatação de capilares plana, cor de rosa, avermelhada ou púrpura, não
ou vênulas situadas na derme. branqueando à pressão e não desaparecendo
espontaneamente. Com o tempo, adquire cor púr-
EPlllilllnllllilll pura mais escura com espessamento da derme,
ectasia e elevações nodulares.
IFrequência geral: presente ao nascimento em 1 Malformações venosas aparecem como massas
a 2,5% de todos recém-nascidos e em 10% das azuladas, moles, não—pulsáteis e compressfveis.
crianças com um and de idade. Distendem-se pela manobra de Valsalva ou pela
IHemangiomas: usualmente ausentes no nascimen—
posição em declive. '

" _ , — :.
to. Podem ser vistos ao nascimento sob a forma H Síndrome de Klippel—Trenaunay: associação de
de pequenas manchas vasculares ou telangiectasias manchas vinhosas (presentes em 75% dos ca-
em 30% dos casos. A maioria se manifesta durante sos), malformações linfático-venosas, malforma-
o período neonatal, nas primeiras duas semanas ções venosas ou varicosidades e hipercrescimento '
“"—*.
686 I
Tecidos Moles & Vasos Sanguíneo:

da extremidade afetada (partes moles e ossos), 20.000/mm’). petéquias e sangramento associa.


dos a “hemangiomas” gigantes. O verdadeiro fe.
sem a presença de fistulas arteriovenosas. As estru- nômeno K-M parece estar relacionado Sºmente
turas dérmicos,
profundas podem comunicar-se com linfá-
ao hemangioendotelioma kaposiforme e ao an-
ticos causando vesículas cutâneas (lin—
fangioma circunscrito). Outras alterações descritas gioma em tufos. O tempo de protrombina e o
na pele são eczema, verrugas e hiperidrose. Pode KTTP costumam estar normais ou pouco eleva.
haver hipoplasia de veias profundas ou persistência dos e o fibrinogênio pode estar baixo pelo con—
de veias, que normalmente involuiriam durante sumo de fatores de coagulação associados.
o desenvolvimento fetal e que podem se tornar Quando se consegue impedir o consumo de pla-
varicosas. Tromboflebite de veias anômalas pode quetas, a massa tumoral rapidamente diminui
ocorrer em 20 a 30%. Há grande variação na forma e regride e o paciente entra em remissão clínica e
de apresentação. Quase sempre o comprometi- biológica.
mento é unilateral, mas pode ter comprometimen- Parece que a ativação de plaquetas dentro dessa
to bilateral ou simultâneo (extremidade inferior massa sustentaria o crescimento de um compo}.
e superior). Locais mais frequentes: glúteos, perí- nente celular tumoral (HEK ou AT).
neo, retroperitônio, membros inferiores. Inves— Mortalidade: 10 a 12%.
tigar com ultra—sonografla e ressonância nuclear Nos hemangiomas em geral, existe coagulopa.
magnética (RNM). tia intravascular localizada coin coagulopatia de
H Síndrome de Sturge-Weber: malformação vascular consumo, estando as plaquetas entre 50.000 e
capilar facial tipo mancha vinhosa, localizada 150.000lmmª, o TP e KTTP com tempos pro-
junto à distribuição oftálmica do nervo trigêmeo, longados e o frbrinogênio baixo. Tem sido de-
associada a anomalias vasculares das leptomeninges nominada de pseudofenômeno K—M.
e do plexo coróide, anomalias oculares e com- IHemangiomatose neonatal benigna (HNB) e he-
plicações como: convulsões, hemiparesia, hemi- mangiomatose neonatal difusa (HND). A HNB
plegia, calcificações intracraniais. atrofia cerebral, se restringe a pele e a HND apresenta acome-
retardo motor e cognitivo. O olho ipsilateral pode timento visceral. A HNB apresenta involução rápida
ter malformação vascular associada a aumento

â L B' E S Z Vi Q Ç
das lesões, habitualmente nos primeiros dois anos
da pressão ocular (glaucoma), ou envolvimento de Vida. A HND apresenta prognóstico reservado,
dos músculos extra—oculares causando estrabismo. com mortalidade alta. Três critérios são neces—
I Síndrome de Parkes-Weber: similar à de Klippel— sários para o diagnóstico da HND: início no período
Trenaunay. mas com fístula arteriovenosa. neonatal, ausência de malignidade nos hemangio-
I Síndrome de Proteus: homi-hipertrofia, lipemas,
mas e envolvimento de três ou mais órgãos. Atual—
lipomatose, gigantismo de mãos e/ou pés e múl— mente, a tendência é de considerar a HNB e a
tiplas malformações vasculares. {IND comb extremos da mesma doença.
I Síndrome de Maffucci: malformações venosas exo-
Geralmente, possuem mais de cinco lesões cutâ-
fíticas dos tecidos moles e ossos, exostoses ósseas, neas, mas o envolvimento visceral pode ocorrer
endocondromas. Endocondromas podem se trans- com número reduu'do de hemangiomas cutâneos.
formar em condrossarcoma em 20 a 30% dos casos. Os órgãos extracutâneos mais comprometidos são:
IAssociação de hemangioma cervicofacial gran-
fígado, sistema nervoso central, trato gastroiná
de e anomalias da face presentes no acrônimo testinal, pulmões, olhos, boca e língua.
PHACE [defeitos de fossa posterior, hemangiomas,
anomalias arteriais, defeitos cardíacos, coarctação
da aorta e anomalias do olho (eye anomalies)]. mais POR IMAGEM
Ha predominância do sexo feminino em 90% dos El Grandes hemangiomas de cabeça e pescoço devem
casos, sugerindo um defeito ligado ao cromos—
ser estudados por ressonância nuclear magnéti-
somo X.
Hemangiomas localizados na face e distribuídos
ca (RNM) por causa do risco de comprometi-
mento intracraniano e de via aérea (distribuição
pelo local da barba (pré—auricular, mento, lábio em forma de cavanhaque ouºbarba) e anomalias
inferior, região cervical anterior) podem asso—
cerebral e cerebrovascular.
ciar-se a hemangiomas subglóticos e de laringe a! Hemangiomas cutâneos localizados sobre a co—
em aproximadamente 65% dos cases. luna vertebral devem ser estudados corn ultra-
I Malformações arteriovenosas: sinais de shunt e
de fluxo sanguíneo rápido. Pele suprajaccnte mais sonografia, RNM com gadollnio. Podem estar
quente, com frêmito à palpação e sopro à aus— associados com extensão intra—espinhal e lesões
culta. Indicada ultra—sonografla com Doppler e disráftcas (cisto dermóide espinhal, medula presa,
arteriografia. lipomielosquise).
I! Fenômeno Kasabach—Merritt (K—M): caracteri- a Múltiplos hemangiomas cutâneos (> 5) devem
za-se pela presença de trombocitopenia grave e ser investigados com ultra-sonografia de fígadº
persistente (média das plaquetas: 10.000 a e cérebro.
Hemangiomas I
687
:! Hemangiomas associados a trombocitopenia grave
devem ser avaliados com RNM com gadolínio
ou ultra sonografia com Doppler para checar a
presença de um hemangioendotelioma kapo—
siforme.

TRATAMENTO EEEM IIIJS HEMAHEIBMAS


Em geral, os hemangiomas não necessitam de trata—
mento porque a grande maioria sofre involução es-
pontânea.
Como os hemangiomas são tumores de pura angio—
gênese, terapia farmacológica envolve a inibição da
angiogênesc
Lesões que necessitam de alguma forma de trata- Figura 135.4— Hemangioma de lábio inferior.
mento:
I Insuficiência cardíaca congestiva: principalmente
causada por hemangiomas gigantes e hemangiomas qlientemente em certos locais anatômicos (cabeça
hepáticos com shunt arteriovenoso. e pescoço, como lábio e perioral, e região perineal),
ll Fenômeno Kasabach-Mertitt por seqiiestração de na fase de crescimento da lesão (durante o pico
plaquetas. de proliferação aos três a quatro meses de ida-
I! Coagulação intravascular disseminada (CIVD) de) e como paraefeito de alguma forma de trata-
por seqliestração e consumo de fatores de coa- mento (laser, corticóides, interferon). A patogênese
gulação (principalmente fatores II, V e VIII) (Fig. da ulceração é desconhecida, mas alguns fato-

7- 5 6 1 4 2 8 9
l 35 .3). res parecem ser importantes: regiões de trauma,
a Hemangiemas com localizações especiais: sub- fatores locais, como a presença de bactérias e
glótico (obstrução de via aérea), orbital ou pe- hipóxia tecidual, e quando cresce mais rápido
riorbital (obstrução do eixo visual), parótida (risco que sua suplementação sanguínea.
de lesão de nervo facial na sua remoção), periori- m Hemangiomas grandes e hipotireoidismo. A en-
ficiais (Figs. 135.4 e 135.5). zima triiodotironina desiodase, normalmente pre-
Crescimento acelerado. sente no cérebro e placenta, também pode ser en—
n Hemangiomas gigantes. contrada nos tecidos formadores do hemangioma.
I Lesões destrutivas: ulceração profunda, nariz, Essa enzima catalisa a conversão de tiroxina em
orelha. triiodotironina e a conversão da tn'iodotironina em
I Corn complicações menores: necrose, ulceração 3,3’—di}odotironina, ambas biologicamente inati-
(ocorre em 5% dos hemangiomas cutâneos) (Fig. vas. Acredita-se que um hemangioma gigante, devido
135.6), sangramento, infecção. a sua grande vascularidade e tamanho, possa inativar,
A ulceração é a complicação mais comum dos excessivamente, o hormônio tireóideo.
hemangiomas, com uma ocorrência aproximada ET Hemangiomatose neonatal difusa.
de 5 a 13% de todas as lesões. Ocorre mais fre-
Formas IIB Tratamento
11 Hemangiomas sangrantes: compressão, observação.
ú Hemangiomas ulcerados: curativos com poma-
das de antibióticos. Talvez possa ser indicado o
uso de laser de luz pulsada ou ressecção. Anti-
bióticos podem ser utilizados nos casos de in-
fecções mais extensas ou resistentes. Curativos
bioclusivos têm sido empregados com sucesso.
Os hemangiomas com complicações pequenas,
E

periorificiais, pequenos e de crescimento acele-


rado podem ser tratados com ressecção cirúrgi-
ca, se não causar dano funcional ou estético. A
excisão tradicional em elipse costuma apresen-
tar algumas desvantagens na cicatrização. Uma

_ -.
técnica alternativa é fundamentada na excisão
M.

circular com fechamento subcuticular contínuo


Figura 135.3- Hemangioma facial associado à coagulação em bolsa. Alguns autores consideram essa téc-
«W
.!
intravascular disseminada. nica como de primeira escolha.
"
688 I Tecidos Moles e Vasos Sangúíneos

gram-negativos e fungos), complicações neu—


rológicas.
A criança em tratamento com corticosterói.
“ ,; m des deve ser monitorada pela observação do
Í

humor, sono, pressão arterial, peso, altura, cir.


cunferência da cabeça, glicemia, eletrólitos.
A?

Vacinas de vírus vivos atenuados são contra.


indicadas. Se expostos à varicela, deve ser con.
siderado o uso de imunoglobulina específica
para varicela-zoster (VZIG, varicella—zgsge,
Figura 13,5.5 Hemangioma de regiões perianal e glútea.
- immune globulin) e aciclovir.
I Interferon-alfa—Za: parece não demonstrar siner-
gismo quando aplicado simultaneamente com
I Corticoterapia. corticosteróides, além dessa associação ser contra-
- Indicações: hemangiomas gigantes ou em cres- indicada por alguns autores.
cimento rápido, cuja ressecção levaria a mu—
tilações (cosméticas e/ou funcionais), heman-
-— Indicações: falha de resposta ao corticosteróide,
contra-indicações para o uso prolongado de
gioma com trombocitopenia, presença de corticóide (infecção, vômitos, sangramento
insuficiência cardíaca, localização subglótica gastrointestinal), recusau'familiar.
e orbitâria. Ação: inibidor da angiogênese, diminuindo a
proliferação endotelial e causando apoptose
— Ação: diminui a angiogênese, aumenta a sen-
sibilidade vascular aos vasoconstritores circu-
das células endoteliais. Como não é um inibidor
lantes e/ou ação nos esfíncteres pré-capilares, potente, requer terapia prolongada.
Paraefeitos: febre baixa, elevação das transamiT
causando vasoconstrição.
nases, neutropenia, anemia, trombocitopenia,
Uso: prednisolona ou prednisona 2 a 3mg/kg/ hipotireoidismo, diplegia espastica (5 a 10%),
dia por quatro a oito semanas. Em 21 dias revisar
geralmente reversível. É sugerido o consenti-
resposta clínica. Suspender o uso se não hou-

ó L S' B Z Vl Q ª
mento dos pais antes de iniciar o tratamento,
ver resposta (30% dos casos). Em caso de boa explicando os paracfeitos e efetividade do tra—
resposta, manter uso
pleno por seis a oito
semanas, seguindo em dias alternados por mais
tamento. Recomendamos o acompanhamento
do tratamento por neurologista.
duas semanas. Preloneº (prednisolona solução Uso: 1.000.000 a 3.000.000U/m2/dia, subcuta-
oral contendo 3mg em lmL) ou Predsinº. Para neamente por 6 a 12 meses. Inicia-se com dose
retirar completamente o corticosteróide, é ne- de 1.000.000UImª/dia, cinco dias da primeira
'
cessãria a redução seqtiencial de 25% da dose ". semana, com aumento gradual para 3.000.000U/
por semana. mª/dia.
Repetir curso, se houver rebote, após suspen- —Cuidados de seguimento: exame neurológico
são do corticosteróide. no início da terapia e mensal, perfil laborato-
Os paraefeitos dos corticosteróides são muitos: rial hematológico e hepático a cada dois me-
irritabilidade, insônia, mudanças do hunfor, hi— ses, testes de função tireóidea (maior risco de
pertensão, irritação gástrica, hiperglicemia,_re— formação de auto-anticorpos, causando hipo-
tardo de crescimento, supressão adrenal, catarata, tireoidismo). “
glaucoma, osteoporose, necrose óssea avascular, Vincristina: é uma das opções para crianças que
risco aumentado de infecções (principalmente não puderem tolerar outras medicações e no tra-
tamento do fenômeno de Kasabach-Merritt. 1n-
terfere com a mitose e'induz a apoptose das células
tumorais. As desvantagens incluem neuropatia
periférica, constipação, dor mandibular, toxicidade
hematológica, síndrome da secreção inapropriadª
de hormônio antidiurético e a necessidade de umª
veia central ou PICC (peripherally inserted centrªl
catheters) para sua administração.
— Uso: 1 a l,5mg/mz ou 0,05 a 0,065mg/kg com
intervalos semanais. Média do tempo de res-


posta é de quatro a seis semanas.
ITerapia intralesional com esteróides. ._
Indicações: hemangiomas perioriticiais e orific1al5

Figura 135.6 Hemangioma de lábio inferior pós-ulceração.


(principalmenteperiorbital, ponta do nariz.vulvª.
bolsa escrotal e perineal) e/ou com ulcera纺sn
-
t
Hemangioma; I
689

— Uso e doses de equivalência dos corticosteróides


mais indicados: triancinolona (4mg), dexame-
ta'sona (0,75mg), betametasona (0,75mg). Em
Nos hemangiomas subglóticos tem sido apli-
cado 0 laser de dióxido de carbono,

gêral são injetados 2 a 3mL de solução. Em 50%


Ia Imiquimode:
recentemente utilizado no tratamento
de hemangiomas. E um imunomodulador tópi-
a resposta é boa. A dose pode ser repetida em co, cujo uso foi aprovado pela Food and Drug
cinco e dez semanas. Preconiza—se o emprego Administration (FDA) para tratamento de ver-
de triancinolona (ação lenta) associada ou não rugas genitais e carcinoma de células basais. Es-
a betametasona ou dexametasona (ação rápi- timula a imunidade inata e adquirida por meio
da). Dose sugerida de triancinolona: 10mg por de uma variedade de mecanismos, como: a ati—
procedimento para hemangiomas medindo vação do receptor toll-like 7, produção de varia-
lOOcmz ou 3mg/kg por procedimento. Dose das citocinas (incluindo o interferon-alfa e IL-12)
máxima: 30mg. Dose de betametasona: 0,5 a e aumente da apoptese.
1mg/kg/dose. As infiltrações devem ser reali- nt Compressão externa.
zadas separadamente (seringas diferentes para
cada droga) com a finalidade de evitar a for— —— Indicações: hemangiomas de extremidades e
parede abdominal.
mação de precipitados sólidos.
— Risco: necrose de pele e, nos periorbitãrios, ce—
—- Ação: promove esvaziamento dos vasos, estase
sanguinea, lesão endotelial e trombose.
gueira por oclusão da artéria retiniana central.
IEmbolizaçâo seletiva e ligadura da artéria hepá- — Uso: pressão circunferencial 24h/dia por meio
de compressão pneumática contínua ou inter-
tica. mitente. A compressão continua com banda-
— de Kasabach-Merritt.
Indicações: insuficiência cardíaca, fenômeno gens não é tão efetiva, necessitando um período
aproximado de 6 a 12 meses.
ITratamento com laser. n Síndrome de Klippel-Trenaunay não tem trata-
- Indicações: mancha vinho do Porto, heman- mento especr'lico, nem cirurgia corretiva. Só ajustes

4 2 7- 5 3 8 9
giomas capilares, perineais ulcerados e os 10- sintomáticos e estéticos, compressão com faixas
calizados no nariz, orelhas, lábios, pálpebras, elásticas, escleroterapia percutânea com agen-
subglótico e no resíduo fibroadiposo pós- tes esclerosantes, ressecção de algumas veias
1<675~

involução. , varicosas. O tratamento deve ser individualizado.


O laser age com base na absorção de sua luz Malformações arteriovenosas: expectante, em—
pelo tecido. A luz do laser penetra na pele bolização arterial superseletiva, excisão cirúrgica,
até que ela seja absorvida por um cromóforo ou ambas as formas combinadas.
adequado ou dissipada por reflexão ou refra-

HEMANGIQMIS
ção. Atualmente, usa-se oflashlamp pulsed- ORBITÃBIO E PERIOBBITÁBIB
dye láser (FPDL), ou laser de luz pulsada,
sendo seu feixe luminoso absorvido, seleti— Hemangiomas podem ocasionar complicações ocu-
vamente, pelo pigmento da oxiemoglobina. lares de diversas formas. A mais comum é pela indução
Não penetra mais do que l,2mm na derme. de ambliopia, definida como visão diminuída em um
O comprimento de onda emitido por esse tipo os
ou ambos olhos resultante de uma informação visual
anormal ao cérebro durante o período crítico cle‘desenvol-
de laser coincide com a banda de absorção
da hemoglobina intravascular, poupando outros vimento visual (do nascimento até aproximadamente
componentes teciduaís. Emite energia que é nove anos de idade).
preferencialmente absorvida por tecido de Estudos demonstram que se o cérebro recebe uma
diferente cor em relação aos tecidos circun- imagem anormal como consequência de um erro refrativo
vizinhos, como hemoglobina e melanina, sendo maior em um olho que em outro (anisometropia), ou
esta o principal competidor desse tipo de luz. da supressão da imagem secundária a um estrabis-
Porém, & melanina é menos efetiva nesse mo, ou da oclusão do eixo visual, essa imagem che-
comprimento de onda mais longo do FPDL. ga ao cérebro borrada/embaçada. A área afetada,do
Todos os lasers usados no tratamento de lesões cérebro não vai desenvolver uma visão normal. E o
vasculares proporcionam absorção da luz pelos chamado alho preguiçosa.
tecidos vasculares, a conversão da luz em calor Anisometropia é a visão não simétrica entre os dois
(conversão fototérmica) e destruição vascular. olhos, isto é, os dois olhos têm poder refrativo desi-
O laser gera luz extremamente intensa, pro- gual. No hemangioma, a anisometropia geralmente
duzindo suficiente calor no local de absorção resulta de astigmatismo ou miopia induzidos pela sua
para vaporizar água, romper vasos sanguíneos, pressão direta sobre o olho, causando uma curvatura

r i u .— W
coagula'r sangue e desnaturar proteína irre— irregular da córnea.
versívelmente (termólise seletiva). Apresenta
uma taxa maior de atrofia da pele e hipo—
pigmentação.
A causa mais comum de ambliopia no hemangioma
é pela anisometropia induzida (erro refrativo desi-
gual entre os dois olhos). O olho com a imagem mais
m
., L
690 I
Tecidos Moles e Vasos Sanga/neo:

com intuito de borrar a imagem, transferindo a


fixação do cérebro para o olho com ambliopia,
Dose: ] gota/dia de sulfato de atropina 1%.
Se a ambliopia está relacionada à anisometropia_
o uso de óculos pode ajudar a focar apropriada.
mente a imagem. Podem ser usados somente
quando o hemangioma estabiliza o seu cresci.
mento, pois os erros de refração mudam frequen.
temente e também porque é muito difícil ajustar
os óculos sobre o hemangioma. A terapia anti.
ambliopia é mais efetiva nos primeiros meses e
anos.
Remover abarreira que promove uma visão anormal
no cérebro.
O tratamento de escolha tem sido o corticosteróide
sistêmico. Se não for efetivo para aliviar a obs.
trução visual, pode ser necessária ressecção parcial
Figura 135.7 —- Hemangioma deface ocluindo totalmente a ou total, se possível, ou lasertçrapia.
visão do olho esquerdo.
HEMAHEIIIMI 5111111101100
111 Correspondea 1,5 a 3,0% dos problemas respi-
borrada (erro refrativo maior) cai em desuso, porque ratórios laringeos congênitos.
o cérebro vai dar preferência ao olho com imagem IPredisposição sexual: 2M:1F.
mais clara. Essa anisometropia resulta de astigma- II Aproximadamente 85 a 90% desenvolvem sin-

.
tismo ou miopia induzidos por compressão direta pelo
tomas dentro dos primeiros três meses de vida.
hemangioma.

6 L 8' 5 - Z W 9 S
Presença de hemangiomas cutâneos associados
A ambliopia também pode ser induzida por priva— em 50% dos casos.
ção visual secundária à oclusão do eixo visual. Se a II Localização: usualmente na parede posterior e
imagem é impedida de ser visualizada devido à ptose
mais raramente na parede lateral.
ou presença de grande massa, ela não alcança a reti-
na, o nervo óptico e o cérebro (Fig. 135.7). O olho
IAlgumas características clínicas: sintomas não
estão presentes no nascimento, mas desenvolvem-
afetado é ignorado e toma—se ambliópico.
A ambliopia também pode ser induzida por estra- se insidiosamente entre um e três meses; o estridor
é inspiratório e com o crescimento pode tornar—se
bismo. Isso ocorre por efeito de massa (hemangioma
“empurra" o olho que se desalinha) ou por compro— bifásico; e esforço (como choro) e posição prona
metimento direto dos músculos extra-oculares. Se o aumentam a obstrução respiratória pela elevação
da pressão venosa,e consequente aumento de
olho torna-se desalinhado, o cérebro usará o olho ali- volume; choro rouco, voz normal; na fase proli—
nhado para fixar objetos e suprimirá a imagem do olho
fei'ativa pode ser potencialmente fatal.
desviado com o intuito de prevenir uma visão dupla. Quando em contato com a superfície inferior das
cordas vocais pode ocasionar dificuldades na ali-
Tratamento mentação e choro rouco.
nª! Investigação diagnóstica.
Objetivos.
ll Aumentar a estimulação visual do olho com
- Radiografia lateral do pescoço: massa de tecidos
moles na região subglótica produzindo este-
ambliopia. nose glótica.
A ambliopia é tratada pela oclusão do olho bom
para forçar o cérebro a melhorar a visão no olho
—-Broncoscopia: massa subglótica abaixo das
cordas vocais, vermelha ou azul-violacea, mole,
afetado. Previne-se a ambliopia pela oclusão do compressível, recoberta por mucosa.
olho bom com um opérculo ou óculos de vidro
opaco. As opiniões divergem sobre o número de
horas de oclusão por dia (variando de poucas horas tratamento
a todo período em que esta acordado). A oclu- Conservador, pois 'a maioria regride espontaneamente.
são de alta porcentagem (correspondente a 70 a Corticosteróide sistêmico pode acelerar a involuçãº
100% do período de vigília) deve ser bem con- e tem sido indicado nos hemangiomas extensos. Manter
trolada, pois aumenta o risco de ambliopia no o tratamento por longo período. O tratamento com
olho dominante (olho born). laser de CO ou corticosteróide intralesional pºde
Na criança maior é possível o uso de gotas of- ser necessário nos casos com sintomas progressr
tãlmicas de atropina.(çicloplegia) no olho bom vos. 0 laser de dióxido de carbono está indicado
Hemangioma: I 691

TABELA 135.2 Protocolo e recomendações sugeridasI


-
HEMANGIeMA SUBGLÓTICO OPÇÃO DE TRATAMENTO CONSIDERAÇÓES
Causando menos de 30% de Conservador Requer seguimento de perto e avaliação da
estreitamento subglótico sem necessidade de alguma forma de tratamento,
nenhuma dificuldade respiratória se houver mudanças de sintomas
ou alimentar
Causando menos de 50% de Corticosteróides —
2 3mglkg/dia de prednisolona. Se não melhorar em
estreitamento subglótico —
2 3 semanas, considerar outra forma de tratamento
Pode ser considerada a injeção intralesional para
prevenir complicações dos corticosteróides sistêmicos
São menos efetivos em lesão circunferencial
Causando menos de 70% de Laser Mais efetivo em lesão unilateral ou bilateral seletiva
estreitamento subglótico Uso por médico treinado e técnica adequada para
prevenir estenose subglótica
Obstrução de via aérea por lesão Traqueostomia São necessários cuidados de enfermagem e
grande de glote ou supraglote treinamento dos familiares para evitar_complicações
Múltiplas lesões de subglote ou Atenção à comunicação e ao desenvolvin'iento da fala
traquéia
Contra—indicação para qualquer
outro tratamento
Causando mais de 70% de Excisão aberta e Considerar seu uso em lesão bilateral e circunferencial
estreitamento subglótico reconstrução
Complicações, contra-indicações ou laringotraqueal (RLT) Considerar enxerto de cartilagem para evitar estenose
não-respostª ao uso de subglótica '

corticosteróides
Hemangioma com risco funcional ou Terapêutica Não é recomendável o uso simultâneo de
de vida ' farmacológica corticosteróide e interferon
Complicações, contra-indicações ou não- (interfe ron, Seguimento com neurologista
resposta ao uso de corticosteróides vincristina)
Falha de outros tratamentos
convencionais
978-52416

nas lesões pequenas e bem circunscritas e pode ser Hemanginendutelinma hepático r


acompanhado por estenose subglótica em 6 a 25%
dos casos. O tratamento com corticosteróide intrale-
sional necessita de múltiplas injeções e prolongados regra unilateral Lesão bllarêral
períodos de entubação. Interferon e vincristina tam-
bém podem ser usados nesses casos. Traqueostomia
tem sido indicada nos hemangiomas múltiplos e nos Assintemátlta Única. Volumen,
“ Assintomátira Sintomátlca
resistentes aos tratamentos. sintomáticª, sintomática.
ressecável de díficil
Atualmente, alguns protocolos têm proposto a excisão Iessetabllldade
aberta e reconstrução laringotraqueal nos hemangio-
mas subglóticos grandes, causando estreitamento _
Esteróides
ou
Tratamento
clinico
.W‘I
interferon-alts +
subglótico > 70%, nos situados bilateralmente ou cir— Observação Tratamento Tratamento
, ,
tóid
“" ºª
eou
cunferenciais e nos persistentes ou em crescimento , clullw interferon-all:
resserção esteréldes
'ª'
*
com o intuito de evitar a traqueostomia (Tabela 135.2). ou +
hepatectomla embolização
Técnica: parcial e Embollzaçãe
ligadura ou
I Incisão horizontal da pele no nível da cartilagem ligadura
cricóide.
I Os músculos esternotireóideos e estemo-hióideos
Hepatenomia partial pela Transplant:
são separados na linha média para expor as car- técnica EVHHNH. hepático
ou com clrculação '
tilagens tireóide e cricóide e a traquéia. extracorpórea
I Deve ser realizada uma traqueostomia temporá—
ria para ventilar o paciente. Figura 135.8 - Opções de tratamento de hemangioendo—
I A cartilagem cricóide é aberta verticalmente na telioma hepático. EVHHNH:hemodilulção normovolêmica
linha média, expondo o hemangioma subglótico. com hipotensão anestésica deliberada e hipotermia.
692 I
Tecidos Moles e Vasos Sangúíneos

I Anestésico local com epinefrina é infiltrado ao ENIOLRAS, 0.; MULLIKEN, ]. B. VaSCUIar cutaneous anomalies in
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6 L 8' S Ç Z r I - 9
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Higrama Cística n 693

sa e simples. De acordo com o tamanho dos espaços


císticos dentro da lesão, podemos dividi-los em:
I Linfangioma cutâneo superficial: pode ser sub—

Higroma Cístico dividido em simples e circunscrito.


—Linfangiema simples ou capilar e aquele for—
mado por pequenos canais linfáticos do tama—
nho de capilares, com camada simples de
João Carlos Ketzer de Souza endotélio.
—-
Linfangioma circunscrito é aquele composto
por vesículas translúcidas persistentes, agru-
GMBH"! padas ou separadas, dispostas em pele aparen-
Malformações congênitas de desenvolvimento do
temente de aspecto normal e que, às vezes,
apresentam lIiperceratose verrucosa. Contém
sistema linfático que podem expandir-se ou infiltrar fluido linfático claro e, algumas vezes, apre-
tecidos circunvizinhos. Se linfangiomas são neopla- senta fluido de coloração púrpura por hemor—

7- 5 6 1 4 2 8 9
sias ou hamartemas, ainda é controverso. Uma neoplasia ragia intravesicular. Geralmente se comunicam
forma-se pelo crescimento anormal e aberrante de novas com anomalias linfáticas mais profundas lo-
células ou tecidos. Um hamartoma é uma anomalia calizadas no subcutâneo. Infecção secundária
de desenvolvimento caracterizada pela proliferação é frequente. Exemplos: língua, períneo. Tra-
focal excessiva de células maturas normalmente pre- ta—se de um defeito de desenvolvimento linfá—
sentes naquele tecido, mas com proporção e distri- tico circunscrito à pele ou Obstrução linfática.
buição imprópria. O mais provável é que linfangiomas I LinfangiOma cavernoso: é aquele composto por
sejam hamartomas vasculares e que seu aumento se canais linfáticos dilatados. Podem estendepse até
deva à abertura de novos canais, que estavam ador— os músculos.
mecidos, e acúmulo de fluido. A linha de demarca— &: Linfangioma cístico (higroma cístico): é aquele
ção entre hamartoma e neoplasia benigna costuma composto por espaços císticos de variados ta-
ser muito débil. manhos.
Linfangioma misto: pode ser subdividido em misto
propriamente dito, quando existe combinação de
El'llllllGIA vários tipos de linfangiomas e linfoemangiomas,
O sistema linfático origina—se de cinco sacos linfáti- quando existem capilares sangiiíncos dilatados
cos primitivos (dois jugulares, um retroperitoneal, dois e espaços cavernosos contendo sangue e linfa.
ilíacos, posteriores às veias ciáticas). Causas prováveis:
I Seqíiestração de um saco ou pane de um saco EPIDEMIIIIIIEIA
linfático embrionário primitivo, ou parada de de- Em aproximadamente 80 a 90% dos casos são
senvolvimento corn falha em estabelecer comu- detectados até o fim do. segundo ano de vida.
nicação com o sistema venoso. fl Ate' 65% estão presentes no nascimento.
I Brotamento anormal aberrante proveniente de um Sem predisposição sexual.
saco linfático primitivo.
I Obstrução de vasos linfáticos regionais ou de-
IE Prevalência do higroma cístico:
dos vivos 1:12.000
nasci—

feito de desenvolvimento linfático regional. Nos higromas cervicais, a relação dos lados é a
seguinte: lado esquerdo 2:1 lado direito.
[GEMIIIÇÃII
Podem ser encontrados em qualquer região anatômi-
ca, mas são mais comuns em áreas ricas em linfáti-
cos e junto aos sacos linfáticos primitivos: pescoço
(Fig. 136.1), axilas (Fig. 136.2), mediastino, regiões
inguinais, retroperitônio e associados (Fig. 136.3).

GHSSIFIGIIGÃII
0 tipo de Iinfangioma, geralmente, depende da natu-
reza do tecido em que se desenvolve. Junto ao tecido
7. i

areolar frouxo e ao longo de planos fasci‘ais, costu-


ma formar lesão cística. Junto a tecidos mais sólidos
e com pouca distensibilidade, como lábios, língua, Figura 136.1 — Higroma cístico clássico localizado no triân—
músculos e pele, costuma forma;-_ lesão tipo caverno« gulo posterior do pescoço.
A—WÍf'

L .,
W É — a. _
694 I Tecidos Moles e Vasos Sangãíneos

Figura 136.2 - Higroma gigante cístico localizado na região

G L S- ' Z W Q Ç
axilar direita. Figura 136.4 — Higroma cistico localizado no triângulo pos.
terior do pescoço. I

[00111111111110
1am o crescimento mais rápido. Regressão espontâ—
Pescoço 75%; axila 20%; tronco, mediastino, nea é muito rara.
retroperitoneal, regiões inguinais 5%. E mais Formas de crescimento:
comum no triângulo posterior do pescoço (Fig.
136.4), mas também pode se situar no anterior, 151 Os linfangiomas crescem por processo de proli-
ou ocupar ambos os triângulos. Quando atinge feração endotelial desordenada nas margens da
o triângulo anterior, costuma estender-se a re— lesão e tendência de penetração nos tecidos cir-
gião mandibular e face ou mediastino ou axila. cunjacentes.
I Até 5% dos cervicais podem estender—se ao Ou podem desenvolver—se pela presença 'de ca-
mediastino e menos de',1% localizam-se prima- nais linfáticos anormais colapsados inicialmen-
riamente no mediastino. te. mas que podem dilatar-se c enche de fluido
I Linfangioma cavernoso pode ocorrer em qual- após infecção, trauma, ou cirurgia.
quer local do corpo e higroma cístico nas áreas
de sacos linfáticos embrionários (pescoço, axi- CARACTERÍSTICAS GlIllIGlIS Illl lllÍilIllIIlIl GISTIGll
las,- inguinais, retroperitônio).
E
Massa composta por múltiplos cistos que variam
de 1 a Smm ou mais de diâmetro. Os cistos de
CRESCIMENTO maior tamanho costumam estar mais próximos
Tendência em infiltrar e circundar tecidos adjacentes à superfície, ao passo que os menores estão si-
e estruturas importantes. tuados mais profundamente, tendendo a se
Geralmente cresce lentamente, acompanhando o infiltrarem nos tecidos adjacentes (Fig. 136.5).
crescimento da criança. Algumas situações estimu- Aspecto multilobulado, multiloculado, com 16-
culos que podem ou não ser comunicantes. Os
lóculos têm volume e quantidade de líquido de-
siguais.
Consistência mole, flácida. Mesmo durante os es-
forços a consistência não se modifica. Os linfangio—
mas cavernosos possuem consistência mais firme
por terem estroma de tecido conectivo mais denso
e mais tecido linfóide.
I Limites imprecisos, transiluminável.
El Fixo aos tecidos profundos. Geralmente a pelª
não se adere ao linfangioma, podendo ser sepa-
rada e pinçada de sua superfície. Os linfangiomas
circunscritos formam vesículas cutâneas.
I Nos higromas pouco volumosos, apele sobrejacentª
tem aspecto normal. Nos higromas volumosos.
a pele sobrejacente distende—se, adelgaça-se, ad-
Figura 136.3 ~ Higroma clstico associado de axila e triângu- quirindo coloração pálida ou azulada devido à
lo posterior do pescoço. transparência dos lóculos subjacentes.
Hígrama Clstico I
695

endotélio. Sempre manter dreno de Penroseino


pós—operatório (por aproximadamente duas a três
semanas) e curativo compressivo para evitar
reacúmulo de linfa. Algumas vezes, o linfangiema
residual pós—ressecção pode diminuir de volu-
me espontaneamente. lsso pode ser explicado pela
reconexão espontânea induzida pelo trauma ci-
rúrgico dos vasos linfáticos do linfangioma com
os vasos linfáticos sistêmicos.

Figura 136.5 Cistos maiores costumam se localizar mais Cirurgia tem sido evitada em recém-nascidos e

E
próximo à superfície e os menores, mais profundamente. crianças muito pequenas, com o intuito de se im—
pedir dano a tecidos vitais. Linfangioma tipo ca-
vernoso não costuma expandir siguifrcativamente
I Os higromas costumam apresentar flutuação (é com a idade e tem—se indicado sua ressecção a
patognomônica a percepção do deslocamento de partir dos seis meses de idade.

978— 5- 241 6
urna onda líquida). Deprimindo—se um ponto qual- Episódios de celulite têm sido tratados com anti—
quer da tumefação, produz—se em outro ponto dis- bióticos. Episódios freqiientes de infecção po—
tante uma elevação. Essa depressão e elevação dem necessitar de profilaxia antibiótica diária.
altemadas indicam a presença de líquido deslocável Nos higromas do triângulo posterior do pescoço,
E

(Fig. 136.6). a ressecção costuma ser completa.


I Os higromas são rigorosamente irredutíveis. Ao Os higromas cervicofaciais com extensão para
El

deprimir—se um de seus lobos por compressão, o a região submandibular, assoalho da boca, lín-
gua, face e estruturas supraglóticas (epiglote, pregas
lobo adjacente se eleva, fenômeno esse diferente
ariepiglóticas e aritenóides) são muito difíceis
de redutibilidade. de tratar. Ressecção completa é virtualmente
I Apresentam à palpação a sensação de marulhar
impossível de ser realizada. Pode ser necessário
(agitar—se formando ondas). Como a tensão dentro tratamento cirúrgico com ressecções conserva-
dos lóculos é baixa, sua palpação pode causar doras estagiadas combinadas com traqucostomia
esse tipo de sensação, como no contato com uma temporária. Recorrência e extensão em áreas
massa gelatinosa. adjacentes necessitam de múltiplas cirurgias.
O linfangiema grande de língua deve ser tratado
13

INVESTIGAÇÃO DIAGNÓS'I'IBA com repetidas glossectomias parciais com inter-


valos de seis meses a um ano. Excisão cirúrgica
I Exames complementares com radiografias de tórax parcial tem o objetivo de reduzir o tamanho da
e de pescoço (lateral), ultra—sonografra (massa língija e moldar o seu contorno, Geralmente e'
cística multilocular hipoecogênica ou anecóica),
tomografia computadorizada (TC), ressonância
nuclear magnética (RNM) e endoscopia podem
ser necessárias em higromas, quando existirem
dificuldades diagnósticas e no planejamento da
tática cirúrgica, principalmente quando houver
extensão mediastinal e/ou axilar e retroperito-
neal. TC e RNM mostram massa heterogênea
complexa sem evidências de calcificações no me—
diastino.
I Nos higromas cervicofaciais, sempre realizar
Iaringoscopia para detectar alguma extensão na
base da língua, epiglote, faringe e laringe.

'l'llll'l'llMEll'l'll
IA excisão completa, com preservação de estru-
turas vitais, continua sendo o tratamento de es-
colha. As vezes, são necessárias ressecções
estagiadas. Como não são malignos, uma ressecção
que sacrifique estruturas Vitais é desaconselha-
da. Usar sempre magnifrcação óptica, estimulador
de nervos; abrir cistos remanescentes e passar Figura 136.6 - Compressão de um ponto do higroma pro-
swab com solução diluída de iodo no interior do duz elevação em outro ponto.
696 I Tecidos Moles e Vasos Sangãineos

ressecada a ponta da língua e margens bilaterais A bleamicina induz inflamação, esclerose e cºn.
em forma deV invertido. Vesiculas residuais podem tração cicatricial. Age melhor quando usada em
ser destruídas por eletrocoagulação ou laser. forma de emulsão com microesferas em óleo.
Linfedema da língua pode surgir ou piorar após Técnica de uso: aspirar o cisto e injetar a emulsão,
a ressecção de linfangioma cervical, ao romper preferentemente oleosa, de bleomicina. Princi.
drenagem linfática funcionante. Infecções são pal complicação: fibrose pulmonar quando a dose
tratadas com ampicilina. O tamanho exagerado total ultrapassa 400U ou dose simples > 30mg/mª_
da língua dificulta a fala, causa prognatismo e Também se difunde através da parede do cisto
má-oclusão dentária. A língua aumentada de nos tecidos circunjacentes, causando fibrose e
volume protrui entre os lábios, cerca de 2 a 3cm, aderências teciduaís. E mais efetiva quando e in-
dificultando o fechamento da boca e expondo a jetada sob orientação ultra-sonográfica. As do.
língua ao ressecamento, edema e proporciona— ses são muito variadas na literatura (de 0,5mglkg
a 3mg/kg) e, aparentemente. mostram resulta-
Ado condições ótimas para a infecção, trauma e dos similares. Indicamos maiores concentrações
sangramentos.
Para diminuir o tamanho do higroma antes do (3mg/kg) para os higromas mais volumosos. A

ó L S' Z r
orientação da ultra—sonografia é sempre aconse-
procedimento cirúrgico, podem estar indicados
'9LS

1
lhãvel.
o uso de injeção de agentes esclerosantes, ele- 0 0K—432 (Picibanilº) é uma—“preparação incu-
trocoagulação e laserterapia.
É a causa mais comum de macroglossia na criança. bada e liofilizada de Streptococcus pyogenes, grupo
Raramente são lesões solitárias. Em geral esten- A de baixa virulência, tratado com penicilina
dem-se para o assoalho da boca e região sub-
G-potássica e que perdeu sua habilidade de pro-
duzir estreptolisina S. Ao causar dano no epitélio
mandibular bilateral. A superfície da língua costuma
do cisto, causa aderência de suas paredes. preve-
apresentar múltiplas pequenas vesículas (1 a 2mm nindo o reacumulo de linfa. Apesar de causar
de diâmetro) que drenam linfa e sangue, perma-
esclerose intracística, não ultrapassa a membra-
nentemente, facilitando o aparecimento de in-
na basal do endotélio, mantendo as estruturas
fecção e criando um aspecto verrucoso na língua. adjacentes praticamente intactas, sem fibrose local.
Episódios repetidos de inflamação causam in- Outra ação, em pesquisa mais recente, sugere o
filtração linfocítica extensa e aumento do teci-
aparecimento de permeabilidade tecidual aumen-
do fibroso. O 1/3 posterior da lingua raramente tada pela ação intract'stica de citocinas, agindo
e comprometido pela doença. Sangramento na como facilitadoras do fluxo linfático e conse-
cavidade oral é frequente. qiiente redução do volume da lesão. Fatores que
I Linfangioma de laringe é tratado por l'aserterapia.
contribuem para sua falha são: presença de sig-
5 vezes, é necessária traqueostomia temporária.
I Higroma mediastinal e cervicomediastinal loca- nificante componente microcístico, comprome-
timento craniofacial maciço e ressecção cirúrgica
lizam-se no mediastino anterior, podendo esten- prévia. Antes do início do tratamento deve ser
der-se a outros compartimentos do mediastino. excluída a alergia penicilina.
Os cervicais, com pequena extensão mediastinal, a
A técnica indicada e a seguinte: diluir O,]mg até
podem ser operados por incisão cervical única.
Os grandes necessitam via de acesso cervicoes-
0,8mg de OK-432 em 10mL de sore fisiologico.
Aspirar o conteúdo da lesão e se o volume for
ternal. Há sempre risco de quilotórax pós-ope- < 20mL, ele sera recolocado com igual quanti-
ratório. Para evitar essa complicação, os vasos dade de OK-432. Quantidade máxima é de ZOmL.
linfáticos devem ser ligados meticulosamente e Com aspiração difícil, o OK-432 é injetado, em
deve-se oferecer dieta sem lipídeos no pós—ope- poucos locais da lesão, até ela se tornar tensa
ratório, mantendo dreno torácico por mais tempo. (não exceder 20mL). As injeções podem ser re-
I Nos higremas irressecáveis ou residuais (aque- petidas a cada seis semanas. Mínima incidência
les com cirurgia incompleta) pode-se tentara terapia de complicações: sinais flogi'sticos locais tempo—
intralesional com substânCias esclerosantes rários e febre ,.tratável com antitérmicos.
(bleomicina e 0K—432). Lesões císticas são mais Nos Estados .Unidos, etanol 90 a 95% tem sido
prováveis de regredirem do que as cavernosas o agente mais frequentemente utilizado devido
(presença de cistos pequenos e grande quanti— a sua eficácia e disponibilidade. Os cistos linfá-
dade de tecido fibroso e conetivo). Essas dife— ticos devem ser aspirados sob'orientação ultra-
renças devem—se ao tamanho e intercomunicações sonográfica e etanol injetado nclcs, com dose
dos cistos da lesão. Os cistos intercomunicantes aproximada de 1 a 2mL/kg. .
e com poucos lóculos são mais prováveis de I As vesículas do linfangioma circunscrito, quªndº
resolução do que aqueles não-comunicantes ou se rompem, drenam linfa e podem ocasionar
multiloculados. Ação dessas substâncias: oblite—
ração das cavidades, prevenindo acúmulo adi-
episódios de celulite. O tratamento é
realizado
com laser de C02, mas é quase sempre paliativº.
cional de fluido. pois existem, frequentemente, componentes Prº“

&.
Higroma Cistite I
697

fundos que não são alcançados pelo laser. Pore'm, I Higroma cístico posterior de nuca pré—natal é
inibe o crescimento de novas vesículas cutâneas comumente associado a anomalias cromossômicas,
pela fibrose, resultando em melhor higiene pes- principalmente síndrome de Turner e trissomias
soal. A cura exige a excisão da pele e subcutâ— (13,18,21). 0 pescoço alado da síndrome de Turner
neo até junto à fáscia. pode representar a regressão fetal de um higroma
c1’stico posterior de nuca.
(
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periósteo. Radiografia óssea: aumento da trans— Surg., v. 31, p. 477-480. 1996.
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res exames: TC e RNM. of skin. Br. J. Dent., V. 83. p. 519-527. 1970.

W
_M.y.

« " É — .?
L
r."
Ter'ido's Moles e Vasos SangÚ/neos

Polidactilia em geral é pouco associada a outras


anomalias congênitas, exceto em síndromes como
a trissomia 13 e síndrome de Down (duplicação
radial). '

Polidactilia GIIISSIIIBIIGÃII
O tipo e o desenvolvimento do dígito extraniimerário
João Carlos Ketzer de Souza dependerão de como o tecido mesodérmico dígito-
formativo se encontrava no broto da extremidade, no
momento crítico do desenvolvimento.
BOMBEITB
Número maior de dedos das mãos e/ou dos pés do I'nlitlactilla rte-axial lllunllcaçãe
que o normal. Excesso de dedos. Podem ser dedos do Polegar, Posição nadia"
rudimentares ou bem formados com tendões, nervos
e artérias próprias. IPrevalência: 0,08 para cada 1.000 nascimentos.
IPolidactilia pré-axial pode estar associada a
anomalias vertebrais, ausência da tfbia, fenda
EPIIIEIIIGIIIGIII palatina, anomalia anorretal.
IPrevalência geral: 1:700 a 1.000 nascidos vivos. IDedos suplementares geralmente têm orientação
IPrevalência de polidaetilia ulnar completa: 0,014% correta. Aparecem de diversas formas, desde uma
de todos os nascidos vivos. simples falange distal bífida a duplicação de todas
IPrevalência: em negros, 1:300 e em brancos, as falanges ou dedo inteiro.
I Classificação de Wassel (Fig. 137.1)
1:3.000 nascidos vivos.
IMais frequente no sexo masculino.
IPolegar acessório é o tipo mais comum dos não-
-—
Tipo I: falange distal bífida (2%).
Tipo II: falange distal duplicada (15%) (Fig. 137.2).
aberrantes e Sº dedo o dos aberrantes.
IEm negros, a duplicação do 5º dedo é dez vezes
-Tipo III: falange proximal bífida e distal
duplicada (6%).
mais comum do que a do-lg dedo. --
Tipo IV: falange proximal e distal duplicadas
(43%) (Figs. 137.3 e 137.4).

IUm dedo supranumerãrio 'é denominado hexa«
Tipo V: metacarpo bífido e falanges proximal
dactilia.herdada do e distal duplicadas (10%).
IE mais que a sindactilia.
I Qualquer dedo pode estar duplicado.
IDuplicação pré—axial: ao lado do lº dedo; du-
-—Tipo VI: metacarpo e falanges duplicadas (4%).
Tipo VII: polegar trifalângico (20%).
I Geralmente unilateral.
plicação pós-axial: ao lado do Sº dedo.
IPolidactilia com orientação correta em ordem I
Geralmente esporádica. Quando associada à sin-
decrescente de frequência: lº, 3ª, 4ª, 2ª, Sº, dactilia pode ter traço dominante autossômico.
IEm negros, a duplicação do Sº dedo ocorre como Polegar trifalângico pode ser familiar.
anomalia isolada e freqiientemente é bilateral. r
Em brancos, a duplicação do Sº dedo costuma Tratamento '

ocorrer associada a outras anomalias (principal—


mente sindactilia e braquidactilia) e síndromes. É uma anomalia congênita complexa. O tratamento
& Polidactilia do tipo rara e frequentemente acom- vai necessitar de detalhado conhecimento de anatomia
panhada por síndromes (1/3 dos casos). e fisiopatologia dos componentes envolvidos. 0 ob»

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Figura 137.1 — Duplicação do po-


legar. Classificação de Wassel.

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ÉWMO Q
6
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Polida ctí/ia : 699

conseguir um resultado cosmético e funcional sa—


tisfatório.
m Idade da primeira cirurgia: entre 2 e 3 anos.
m Técnicas utilizadas: excisão simples, procedimen—
tos de reconstrução e procedimento de Bilhaut-
Cloquet (ressecção central em cunha, pouco uti-
lizada atualmente).
nª O polegar com menor função (geralmente o do
lado mais radial), deve ser ressecado e os com—
ponentes remanescentes reconstruídos. Isso in-
clui: incisão da pele tipo raquete, secção do tendão
do extensor longo do polegar no nível do 1/3
proximal da falange proximal do polegar aces-
sório, secção do tendão flexor longo do polegar
acessório próximo à sua inserção, secção dos
músculos tênares em suas inserções, abertura da
cápsula da articulação metacarpofalângica por
incisão transversa, ligadura de Vasos e nervos
do polegar acessório. ressecção com osteótomo

9 7 3 -8 5 — 2 4 1 6
da cabeça alargada do metacarpo para realinha-
mento, transferência dos tendões do extensor longo
e flexor para o polegar remanescente, reinserção
Figura 137.2 Duplicação de polegar. Radiografia mostra. dos músculos tênares na base da falange proxi-
-
duplicação da falange distal correspondente ao tipo ll da clas- mal do polegar remanescente, fechamento dos
sificação de Wassel. ligamentos colaterais e cápsula, colocação de fio
de Kirschner transfixando a articulação metacar-
pofalângica. Gesso e fio devem ser removidos
em quatro semanas.
jetivo da cirurgia é a restauração das relações ana-
tômicas, o mais próximo da normalidade. O polegar
reconstruído não consegue adquirir normalidade total Palidaetilia central
por causa da hipoplasia associada e defeitos anatômicos .
graves. As sequelas são estéticas, como distrofia ungueal,
É rara.
polpa digital hipoplásica e clinodactilia, e funcionais,
como rigidez e instabilidade da articulação. Com Pnttttamilia Pós-axial [Posição lunar]
planejamento cuidadoso e atenção ao detalhe, pode—se m Tipo mais comum. São dedos suplementares aber-
rantes. _
sl Variam desde apêndices digitiformes (esboços
supranumerários abortivos) sem implantação
esquelética, passando por dedos rudimentares (sem
tendões. músculos e nervos próprios), aberrantes
na direção e lateralmente implantados (sem co-
nexão esquelética ou leve inserção no periósteo)

Figura 137.3 — Duplicação de polegar tipo IV da classifica—


ção de Wassel.
—-
Figura 137.4 Duplicação de polegar tipo IV da classifica-
ção de Wassel. As unhas encontram-se fusionadas.
700 I
Tecidos Males e Vasos Sanga/neo:
— Tipo III: todo dedo está duplicado com seu
próprio metacarpo e todos os componentes e
partes moles (raro):

Tratamento
Aspectos Técnicos
IA grande maioria pode ser tratada apenas por
exe.
rese simples do dedo rudimentar duplicado (70%).

Ó L S' Z v I D
II Nos casos articulados, a incisão da pele deve ser
em forma de raquete. A cirurgia costuma ser in-
dicada entre dois e três anos de idade, exceto se
está distorcendo tecidos normais ou restringindo
Figura 137.5 Hexadactilia bilateral do 5" dedo articulada o crescimento de estruturas ósseas adjacentes.

na falange distal do dedo remanescente. Em regra geral, deve ser indicada a ablação do
dedo menos útil, menos desenvolvido, ou menos
funcional.
no nível do metacarpo por meio de fino e curto
I Os músculos hipotênares devem
do dedo extra.
ser
desinseridos
pedículo, até dedo mínimo extra completamen- IIdentificar os tendões do flexor longo e extensor,
te desenvolvido, com falanges e metacarpo. que devem ser desinseridos e rebatidos proxi—
I! Classificação de Stelling e Turek.
malmente.
— Tipo I: apêndice digital rudimentar de partes
moles sem conexão óssea com o esqueleto da
I Os ligamentos colaterais devem ser dissecados,
deixando intactas suas inserções no metacarpo.
mão, sem ossos, articulações. ou tendões e ligado In A secção da cápsula deve ser no nível da arti-
à mão por pedículo estreito. culação metacarpofalângica.
— Tipo II: parte ou todo o dedo duplicado com
componentes ósseos cartilaginosos e tendinosos
II Quando o metacarpo estiver alargado, deve ser
ressecada porção da cabeça e diáfise com osteo-
normais, articulando-se com urna falange ou tomo no sentido vertical.
metacarpo alargado ou bífido (Figs. 137.5 e INo caso de dedo angulado, fora do eixo, reali-
137.6).
zar osteotornia da diáfise do metacarpo para obter-
se alinhamento apropriado.
I Os tendões do flexor longo e extensor devem ser
transferidos para o dedo remanescente. Os liga-
me'iitos colaterais e músculos hipotênares devem
ser reinseridos na base da falange proximal, na
face ulnar.
IReparo da cápsula. '
I Colocar fio de Kirschner ou agulha longa para
fixação interna, por quatro semanas, desde a ponta
do dedo até a base do metacarpo.
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
GANLEY,T. 1.; LUBAHN. .1. D. Radial polydacrily: an outcome study.
Arm. Plast. Surg., v. 35. n. 1, p. 86—89. 1995.
Figura 137.6 - Radiografia do pé, mostrando Sº dedoºdupli- RAYAN. O. M.; FREY, B. Ulnar polydztctily. Plast. Recaurtr. Surg.,
cado implantado em metatarso bifido. v. 107, n. 6. p. l449-I4S7, 2001.
_“.
sindactilia I 701

EMBBIÍILDGIR

O brotamento dos membros superiores surge como


pequenas elevações na porção ventre-lateral do corpo

Sindactilia perto da quarta semana de vida intra-uterina. Cada


brotamento consiste de uma massa de mesênquima
derivada do mesoderma somático e coberta por ca—
mada de ectoderrna.
João Carlos Ketzer de Souza Os dedos são originários de massas cartilaginosas,
que sofrem divisões progressivas destinadas a formar
dedos individuais. Amão torna—se distinguível na quarta
Gºllllill'o semana de vida embrionária. A diferenciação da massa
Caracteriza-se pela presença de dedos das mãos e/ou mesenquimal em crescimento, em falanges individuais,
pés adjacentes fusionados por falha de separação na ocorre entre a quinta e sexta semanas de vida embrio-
vida intra-uterina (Fig. 138.1). nária em um ritmo mais rápido do que o resto da mão.
Na sétima semana, os dígitos já estão formados se-
paradamente, apresentando fendas bem demarcadas
EPIIIEIIIIIIIHIGIII entre eles. No final do período embrionário (primei-
I Prevalência: 1:1.000 a 3.000 nascidos vivos. ras sete semanas de vida) todos os elementos da mão
estarão formados. Somente maturação e crescimento
I Corresponde a 1/3 de todas as malformações das

4 5 7 6- 1 2 8 3
resultarão subseqíientemente.
mãos.
I Predisposição sexual: 2M:1F.
97

I Mais frequente nas mãos e entre os 3ª e 4ª dedos. BIASSIFIGAÇÃII


Nos pés é mais freqíjente entre os 29 e 3ª dedos.
I Frequência em ordem decrescente (mãos): Sinnactilia Primária nu Emhrinnária
——3ª e 4ª dedos (57%).
4ª e 5E dedos (26%).
lllão-tlivisãol
u Cutânea, simples, ou membranosa: dígitos nor-
— 2ª e 3ª dedos (14%).
:- lª e 2ª dedos (3%). mais e fusionados somente por tecidos moles (Fig.
I E duas vezes mais freqiiente na mão esquerda
138.2). Pode ser de apenas dois, ou múltiplos
dígitos sem deformidade postural. Pode ser com-
do que na mão direita. pleta (membrana estende-se até a ponta dos dedos),
I Bilateralidadez'35%. ou incompleta. Anomalias associadas: fenda
I Sindactilia é frequentemente associada a dedos
palatina, paralisia facial. Frequência: 50%.
anormais (braquissindactilia). m Complexa ou Complicada: dígitos anormais com
I Alta frequência de anomalias congênitas asso- conexões que podem estender—se a outros teci-
ciadas. Anomalias mais frequentes, excetuando dos (neurovasculares ou musculoesqueléticos).
as de extremidades superiores: sindactilia nos Freqijência: 35%.
pés (25%) e polidactilia.
I História familiar: 18 a 20%. —-Tecidos moles e unhas.
'Sinoníquia: fusão das unhas. _
I Quando familiar, é transmitida de forma autos—
' Múltiplos digitos com deformidades posturais.
sômica dominante com penetrância variável. São casos de sindactilias simples com defor-
IFrequentemente associada a síndromes: Poland,
midades congênitas associadas nos dedos
Apert (acrocefalossindactilia) e outras. síndáctilos, ou em outras partes da mão. As
deformidades mais comuns são: clinodactilia

". — W
,

Figura 138.1 - sindactilia cutânea incompleta. Figura 138.2 — Sindactilia simples cutânea quase completa.
«va
702 I
Tecidos Moles e Vasos Sanguíneo:

(curvatura lateral de um dígito), braquidactilia I Cutânea.


(encurtamento anormal de um dígito), ectro-
dactilia (ausência parcial ou completa de um
-— Fusão terminal.
Associada a amputação digital.
dígito), sinfalangismo (fusão das articulações I Esquelética.
.
interfalângicas sindãctilas), encurtamento volar —- Acrossindactilia: sinostose parcial da(s) falan—
ge(s) na(s) extremidade(s) do(s) dedo(s). Ex—
congênito dos tecidos moles (hipodesenvol-
vimento da pele volar da palma da mão e tremidades dos dedos sindáctilos estão fusio—
dedos). nadas, permanecendo clefts ou túneis epiteliais
—- unem«se proximais a fusão dos dedos sindáctilos. Os

6 L 8' 5 Z 7 I 9 S
Cutâneo—óssea ou esquelética (falanges distais
pela porção óssea). dígitos podem ser atróficos distalmente aos anéis
— Fusão
Na síndrome
associada a síndromes.
de Apert (acrocefalossindactilia) encon-
de constrição, pode ocorrer ausência da falange
distal, muitas vezes com ausência das unhas.
Bandas de constrição circunferencial estão,
tra-se sindactilia complicada e desorganizada dos quatro frequentemente, associadas. Anomalias asso-
membros com anormalidades craniofaciais e retardo
ciadas: fenda palatina, lábio leporino, esterno
mental. Presença de sinostose das suturas cranianas.
Prevalência: l:200.000 nascidos vivos. Distúrbio em forma de funil.
genético com herança dominante forte. A cabeça adquire — Mão em forma de luva: sindactilia de todos os
dedos associados a ausência ou deformidade
forma de bico, alongada verticalmente no diâmetro da porção distal dos dedos
ântero—posterior, olhos protuberantes com divergên-
cia do eixo transverso, estrabismo, deficiência visual —- Outras.
progressiva, alguns são retardados mentais, a mão
adquire forma de colher com sindactilia complexa. FISIIII'MIJLOGIII
Existência de íntima fusão óssea ou cartilaginosa dos
elementos esqueléticos dos dedos sindáctilos (os três Sinuaclilia Primária
dedos centrais estão fundidos com união óssea inter-
Para uma anomalia estabelecer—se, a força dominan-
digital e unha comum). Pode haver hipodesenvolvimento te deve agir antes de a diferenciação ocorrer (no caso,
de um dos dedos sindáctilos (ectrodactilia parcial) e
antes da sétima semana). Essa interferência poderá
anormalidades de tendões, articulações e de suple-
ser de natureza genética (controlada por um gene de
mentação nervosa. A deformidade costuma ser bila- um ou ambos os pais, ou como mutação que aparece
teral (Fig. 138.3). Os pés frequentemente apresentam pela primeira vez, mas que subseqiienternente será
sindactilia completa de todos os dedos. transmitida como um trato herdado), ou por agente
Braquissindactilia na síndrome de Poland. Essa teratogênico estranho (infecção materna, drogas tera-
síndrome é formada pela ausência de mama e/ou mamilo, togênicas, agentes físicos como raios X, falta de
hipoplasia da porção costoestemal do músculo pei- oxigênio).
toral maior e das cartilagens costais e/ou costelas (2ª, Poitanto, se ocorrer alguma interferência ocasio-
3' e 4ª), comprometimento da mão ipsilateral (braquis- nada por um gene alterado ou agente teratogênico, o
sindactilia). Alguns desses componentes podem não
processo de divisão será retardado ou até suspenso,
estar presentes. resultando em sindactilia simples ou complexa, de—
pendendo do tempo ou intensidade da ação teratogênica
Slnuaclilla Secundárla ÍBGÍIISãÍB] ou penetrância do fator genético.
O mesmo fator genético ou teratogênico poderá
Frequência: 15%. também afetar outras áreas de desenvolvimento do
embrião, resultando em outras anomalias simultâneas
com aparecimento de síndromes.
“3W;
Slnllactllia Secundárla
A diferenciação do mesênquimaiªm' falanges indivi—
duais ocorre em torno da quinta e sexta semanas.
Portanto, o tempo crítico para a formação de sindactilia
óssea e em torno da quinta semana. Complicações
vasculares ou causadas por outros mecanismos p0-
dem alterar ou destruir partes em desenvolvimento e
produzir necrose. Os restos de necrose podem se auto-
amputar ou fundir—se durante o processo de cicatriza-
ção, formando sindactilias secundárias. O acolamento
Figura 138.3 - sindactilia bilateral complexa da síndrome dos dedos em geral é distal (acrossindactilia). Essªs
de Apert. Há intima fusão dos dedos sindáctilos. sindactilias secundárias são, frequentemente, causa-
sindactilia !
703

das por bridas amnióticas congênitas de constrição, dos e articulações correspondentes em diferentes níveis.
ou pela herniação de dígitos através do saco amniótico. Nesses casos, pode—se realizar a separação até o ní—
vel da articulação interfalângica distal, recobrindo o
defeito com enxerto, deixando a separação completa
TRATAMENTO dos dedos para cirurgia posterior, ou corrigi-la com—
Irlalle Ideal pletamente por volta dos 12 meses de idade.

Tem sido indicado o tratamento aos três anos de ida-


de pelos seguintes motivos: nhiatiuns do Tratamento
Nessa idade a mão já perdeu suas características :Produzir uma comissura elástica entre os dedos
infantis, tem mais tecido adiposo e está mais funcio— envolvidos, cosmeticamente similar aos dedos nor-
nalmente matura. mais.
Contra—indicado o reparo antes dos 18 meses de Bl Incisão da pele em ziguezague para diminuir a
idade. Se for operado precocemente, poderá ocorrer contratura.
a migração dos clefts distalmente acompanhando o Cobrir as porções adjacentes dos dedos envol—
crescimento da criança. podendo necessitar de uma vidos com pele flexível que não limite seus movi-
ou mais revisões. mentos.
:: Utilizar enxertos livres para cobrir áreas desnudas.
!: Usar técnica cirúrgica minuciosa."
Exceção =1 Criar unhas de aspecto normal.
Quando a sindactilia compromete o crescimento de Corrigir deformidades ósseas.
um dos dedos (levando à sua flexão). Isso ocorre quando
há fusão óssea ou união fibrosa das falanges distais, Técnica Preferencial
~675-

proporcionando comprimento desigual entre os de-


Combinação de pele local e enxertos de pele total. Re—
978~5-241

talhos dorsal e volar (forma triangular ou retangular)


são usados para confeccionar a comissura. A largura
do retalho dorsal é definida pela distância entre a ca-
beça dos metacarpianos. O retalho dorsal deve ser
sempre maior do que o retalho volar. Tem sido con—
siderado ideal a reconstrução da comissura com um
simples retalho retangular dorsal. Os dedos são sepa-
rados por incisões dorsais e ventrais em ziguezague,
formando pequenos retalhos triangulares que minimi-
zam a tendência de contratura cicatricial por flexão.
Esses retalhos são aproximados e as áreas desnuda-
das remanescentes são cobertas com pequenos enxer—
tos de pele (Fig. 138.4). - *

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA -_
BLACKFIELD, H. M.; HAUSE, D. P. Syndactylism. Recansl. Plast.
Surg., v. 16, p. 37-46, 1955.
EATON. C. l.: LISTER, G. D. Syndactyly. Hand Clín.. v. 6. p. 555-575,
1990.
ENTIN, M. A. Syndactyly of upper limb. Clin. Plast. Surg, v. 3.
p. [29-140, 1976.

Figura 138.4 (A — D) Técnica de correção de sindactilia. Os
dedos SãO'separados por incisões dorsais e ventrais em zi- EVANS, D. M. Syndactyly. ln: SPITZ, L.; NIXON, l-l. l-l. (eds.). Rob
& Smith Operative Surgzry. 4. ed. London: Butterworths, l988.
guezague, formando retalhos que devem ser aproximados e ':
as áreas desnudadas cobertas com enxertos de pele total. p. 669-677.
ªn

704 I Teçidor Moles e Vasos Sangúlneos

IDefeitos associados: ausência de dedos, pés tor-


tos, presença de anéis constritores em outras partes
do corpo, amputações.

Síndrome da Constrição
IA ocorrência de anormalidades faciais (10% dos
casos) pode ser coincidência ou pode estar rela—
cionada à menor quantidade de líquido amniótico

Anelar Congênita
ou deglutição das membranas.

BlllSSlHGllÇÃll Il! Pll'l'TEllSllll'


I Constrição anelar simples.
João Carlos Ketzer de Souza I Constrição anelar com deformidade distal e/ou
linfedema.
DDMGEITI] IConstrição anelar com fusão de tecidos moles
distais (desde sindactilia até acrossindactilia).
Deformidades constritivas mecânicas em forma de anel IAmputação intra-uterina.
nos membros superiores e inferiores que ocorrem du-
rante o desenvolvimento fetal. São compostas por um
amplo espectro de deformidades congênitas, varian- lllllllllllls (:lÍlllellS
do desde constrições anelares simples até defeitos mais I As bandas amnióticas
costumam constringir, tran-
complexos, como amputações de membros e defei— çar, enlaçar e amputar dedos que protraem pela
tos da cabeça e face. ruptura do âmnio. Nas mãos, as amputações di-
gitais comprometem, mais frequentemente, os 2ª,
FISIÍII'A'I'IllllGlIl 3ª e 4ª dedos (dígitos centrais mais longos das
mãos), enquanto que nos pés são mais observa-
Teoria principal: presença de bandas amnióticas ao das as amputações do lº dedo. As bandas fibro—
redor de uma extremidade causando isquemia local e sas que envolvem os dedos ou membros podem
necrose. Haveria ruptura prematura do âmnio, redu- causar desde endentações superficiais da pele e sub-
ção do volume do líquido amniótico, contração da cutâneo até a formação de sulcos circunferenciais
musculatura uterina e formação subsequente de ban- profundos estendendo—se até a fáscia profunda e
das fibróticas das membranas residuais que poderiam ossos. Se a constrição for considerável, veias, artérias,
enredar—se no feto, principalmente extremidades, e linfáticos e nervos poderão estar comprometidos.
até mesmo serem deglutidas por ele. O desenvolvi- As estruturas neurovasculares estão, geralmente,
mento do embrião ocorre dentro de duas cavidades: comprimidas distalmente à zona constritiva. Pode
amniótica e coriônica. Corn o desenvolvimento, o ãmnio hai/er progressão para edema distal, sintomas
pressiona o espaço extracelômico. A incompleta neurológicos e insuficiência vascular periférica.
obliteração do espaço extracelômico torna o âmnio IAs manifestações clínicas mais comuns incluem
mais frágil, sujeito a ruptura espontânea ou traumá-
tica. Com a ruptura, ocorre um oligoidrãmnio transi— as constrições congênitas anelares distais, am-
putações intra-uterinas e acrossindactilias. A '

tório por causa do extravasamento do líquido amniótico.


A diminuição do espaço permite que as bandas flu- acrossindactilia ou sindactilia fenestrada está fre-
tuantes possam, mais facilmente, enlaçar alguma pane qiientemente associada a amputações distais. Há
em desenvolvimento do corpo. Essas bandas vão causar uma fusão de dígitos adjacentes com a forma-
fissuras, acrossindactilia e amputações. Se as bandas ção de um sinus interdigital proximal (Fig. 139.1).
I Anormalidades adicionais incluem dedos mem-
forem deglutidas, poderão causar fissuras faciais e
deficiências no palato. branosos, linfedema progressivo, pés tortos, dis—
Teoria alternativa: defeito local intrínseco resul- crepância de crescimento dos membros, paralisia
tante de falha de desenvolvimento de massas meso- de nervos periféricos, unhas distróficas, lábio le-
dérmicas embrionárias, ou hemorragia local ocasionando porino, fenda palatina e muitag'outras. A discre-
necrose dos tecidos superficiais. Área com necrose pância de crescimento dos membros inferiores
curaria com formação de cicatriz circunferencial. tem sido observada em membros envolvidos por
bandas amnióticas com aparecimento de déficits
funcionais.
EPlllEllllfllfllill
rtL'SBô L‘S9'1

IPrevalência: l:5:000 a 15.000 nascidos vivos.


IHerança esporádica. TBA‘I’IMEHW
ISem predisposição sexual.
Varia de acordo com gravidade, número de dedos
IBaixa frequência de anomalias associadas. A ana- fusionados, número de dedos funcionais, presença ou
tomia proximal ao defeito costuma ser normal. ausência do polegar.
. .".
sindrome da Constrição Anelar Congênita I
705

exresso
Extlsar de
rerldo adiposo
m1,”
mmo de
tecido
adiposo

Figura 139.2 - (A — C) Excisão da constrição anelar com


Figura 139.1 — Diagrama da principais consequências das remoção do tecido adiposo em excesso, deixando um reta-
bandas anelares, como linfedema distal, sindactilia e selo in- lho de gordura que é mobilizado para ocupar o defeito cria-
terdigital proximal. do pela excisão da constrição.

I Objetivos do tratamento cirúrgico: prevenir ou


aliviar linfedema distal, separar fusão distal asso—
ciada, remover zona de constrição (para melho-
— Constriçõcs profundas com edema associado
distal à banda e circulação diminuída devem ser
corrigidas imediatamente para evitar a gangrenai
rar a aparência).
ITécnica cirúrgica.
—-Nessas constrições mais profundas realiza-se
zetaplastia circunferencial na altura da linha
látero«medial do dígito.
—Excisão da constrição anelar. A profundidade
do sulco deve ser completamente excisada. Nos I A dissecção deve ser cuidadosa para evitar lesão

casos de constrição rasa, costuma ser suficiente de nervos, artérias, veias e tendões.
a liberação de apenas 50% da circunferência REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA
do dedo. Outras vezes não é necessário o tra- l. PATTERSON, T. .l. S. Congenital ting constrictions. British J. Plast.
tamento cirúrgico. Surg., v. 14, p. 1-31, 1961.

Excisão do excesso de tecido adiposo dos bordos
dissecados da pele, que deve avançar no de-
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
BONET, H. B.; ATAR, M. F,; ECHAZÚ, M. E. Síndrome de bridas
feito para corrigir deficiências no contorno. amnióticas. Arch. Argent. Pediatr., v. 100, p. 240-244, 2002.
Tecido adiposo ventral e dorsal é removido, KNOWLES, S.The amniotic band síndrome. J. Paediarr. Child Health.
retendo uma “língua" de gordura que é mobi- v. 27. p? 72—73, 1991.
lizada para cobrir o defeito criado pela remo— LIGHT, T. R.; OGDEN, .1. A. Congenital constriction band syndmrne.
ção da zona de constrição (Fig. 139.2). Pathophysiology and treatment. J. Biol. Med., v. 66, p. 143-155, 1993.

7- 5 6 1 4 2 8 9
.m—w

[ :1 7
"WM
'ª.

706 I Tecidos Moles e Vasos Sangúíneos ? - .,


GIIPIIlllD 40 , '

comnosiçãn
Constituídos de células epiteliais compactadas. Po-
dem sofrer desintegração em debris amorfos em for.

Principais Cistos e ma de queijo com gordura de colesterol. São constituídos


de material gorduroso, pegajoso, esbranquiçado, com
forma de cera, porém sem o cheiro rançoso do cisto

Tumores Benignos dos sebáceo. Podem também tornar-se duros, queratinizados


e até calcificados.
u Locais de predileção: face, pescoço e tronco.
Tecidos Moles Ie Características clínicas.


Ausência de comunicação com a pele, cºmo
tem o cisto sebáceo.
João Carlos Ketzer de Souza — Aderentes à superfície e não aos planos pro-
fundos.
-—
Indolores.
Razões para se realizar a cirurgia:
u Cosméticas.

Medem 0,5 a 5cm de diâmetro

a Prevenir infecção ou inflamação tardia. Tratamento


ll Diagnóstico diferencial com lesões malignas.
Excisão do cisto. Por meio de mini-incisões ou micro-
BISÍOS EFIIIHIMÍIIDES incisões os cistossão esvaziados de todo seu conteúdo
por expressão, a cápsula do cisto é liberada e removida
São cistos de inclusão da epiderme sem anexos da através da pequena incisão de pele. Caso a cápsula
pele ou elementos mesodérmicos. Constituídos intei— não possa ser adequada e totalmente retirada, deve
ramente por epitélio escamoso estratificado. Situam-se se realizar excisão formal, aumentando a incisão da
na derme, raramente no subcutâneo. Têm parede fina pele e dissecando o cisto dos tecidos circunvizinhos.
e ruptura é comum e, nesse‘caso, sempre acompanha—
da por massa inflamatória dolorosa. A grande maio-
ria é de etiologia congênita.
GISTOS BEBMÍIIDES
Resultam da proliferação de células epiteliais dentro São cistos revestidos por epitélio e com variados anexos

L “5 9 Ç I?Z 8 ' 6
de um espaço circunscrito da derme. cutâneos, localizados no subcutâneo, resultantes da
Lesão da pele pode produzir cistos epidermóides seqiiestração de pele ao longo das linhas embriológicas
adquiridos por implantação de epitélio na derme. de fechamento do-corpo humano. É todo o tegumento
extemoZepiderme, derme e anexos) que está encravado
no subcutâneo. Essa invaginação ectodérmica pode
passar desapercebida ou estacionária durante muitos
anos. O cisto pode crescer pelo desenvolvimento de:
pêlos, acúmulo de produtos de escamação e secreção,
sebácea.
Sem predileção Sexual.
Locais de predileção: cabeça (principalmente no

w - a. “
ângulo externo do supercílio e região nasal) e pesco-
ço (linha média junto ao hióide) correspondendo a
85% do total. Mais frequentejunto ao superci'lio esquerdo
(Fig. 140.1). Teoricamente, podem existir em qual-
quer ponto de fusão da linha média do corpo.

7- 5 6 1 4 2 — 8 9
nomnoslçãu
Conteúdo constituído por massa amarelo—clara, gor-
durosa e pultácea, fraco odor rançoso, formada por
mistura opaca de sebo, suor, células epiteliais desca—
madas e pêlos. '

ll Características clínicas:
Figura 140.1 Cisto dermóide de ângulo externo no supercílío
— ——
Livres, não aderentes à pele.
Indolores. _
esquerdo.
--
Pele inalterada, desliza em sua superfine-
Principais Cistos e Tumores Benignos dos Tecidos Males ! 707

—- Há sempre certa fixação profunda. lares, dando um aspecto multifacetado a le-


— sistência variando de elástica à mole, irredu—
Superfície lisa, forma esférica ou ovóide, con- são, da mesma forma que se observa a estru—
tura básica de uma barraca coberta de lona ou
tíveis, não compressíveis.
couro animal.
—Quando aderentes aos ossos: podem ser mo-


vidos minimamente sob a superfície do osso.
Cistos intradiplóicos: não podem se mover sob Tratamento
a superfície do osso e adquirem forma hemis- Excisão da lesão com curetagem de fragmentos resi—
férica.
duais da massa.
rl Conexões com as superfícies ósseas.
—Aderentes à superfície óssea por simples trato
fibroso. lIPllMIIS
-Fixos à superfície óssea com pequena depres-
sao conrca. Tumores benignos localizados no subcutâneo, formados
por crescimento local excessivo de gordura. Nota-se
—Intradiplóicos, com prolongamento subjacente
ao osso, ou mesmo inteiramente incluídos de-
um aglomerado de células adiposas corn hiperplasia,
distendidas por gordura (Fig. 140.2).
baixo da superfície óssea.

Bnmunsiçãn
Tratamento
Excisão do cisto por mini—incisão ou dissecção formal. Compostos por lóbulos formados por agrupamentos
de células adiposas separadas por septos de tecido
conjuntivo frouxo. As células formam vesículas vo-
EPITElllllIl ENGINE"!!! BE llllllllElIBE. lumosas cheias com uma grande gota de gordura. Os
Pllfllfl'l'lllflnflfl. Pllllflll‘l’lllllllillll lóbulos mais volumosos e mais moles, que são mais
[lll TBIGOMMIIIGBMII facilmente perceptíveis, dão a sensação de pseudo—
flutuação.
São tumores benignos da matriz, córtex e bainhas das
I Características clínicas.
raízes internas dos cabelos. Localizam-se na derme e
no subcutâneo. — Moles, sem flutuação, ou com sensação de
pseudoflutuação, depressiveis, multilobulados,
móveis aos planos profundos e superficiais,
indolores, limites imprecisos (confunde-se com
Derivados das células da matriz do cabelo ou células o tecido gorduroso vizinho), com pele supra-
epiteliais primitivas semelhantes às da matriz do cabelo, janente normal, forma hemisférica ou discóide
que podem mumificar—se ou até calcificar. (achatada) porque geralmente estão presos entre
ILocais de predileção: cabeça (principalmente face),
dois tecidos mais resistentes, como pele e fáscia
muscular, a superfície parece livre, porém com
pescoço, extremidades superiores e tronco. compressão delicada, revela que:? lobulada,
I Epidemiologia.
irredutíveis e com sinal de deslizamento (ao
— Raramente
Sem predileção sexual.
— são múltiplos (5%).
—— Pico
' W.
de freqiiência: 7 anos 13 anos).
(7 a
Cinqiienta por cento em crianças.
- manos
Aproximadamente 75% dos pilornatricomas hu»
apresentam mutações no gene CTNNBI .
II Características clínicas.


Tumores de consistência dura a pétrea (por
calcificação ou ossifrcação), indolores (alguns

7- 5 6 1 4 2 8 9
raramente podem demonstrar dor a compres-
são), superfície irregular, aderidos à pele e não
aderidos ao subcutâneo. Têm forma ovóide ou
arredondada, a pele suprajacente pode ser normal
ou ligeiramente corada com um matiz azul-
avermelhado. A'lesão mede aproximadamente
1 a 3cm de diâmetro.._

Calciflcação ocorre em 90% dos casos e ossi-
ficação em 10%.
— Sinal clínico patognomônico: a distensão da
pele local sobre o tumor: forma ângulos irregu- Figura 140.2 — Aspecto cirúrgico de lipoma.
":

708 I Tecidos Moles e Vasos Sangúíneos

triologia
pressionar-se a extremidade da tumefação, ela
desliza debaixo do dedo). ºbliteração do canal excretor de uma glândula sebá—
—'É freqiiente a ocorrência de outros lipomas em cea ou do orifício de um folículo piloso devido a atritºs
outras áreas. repetidos, irritações continuadas ou falta de higiene_

Não é muito frequente em crianças. Apenas 6%
dos tumores de tecidos moles nas primeiras duas
A glândula, não podendo eliminar os produtos secre-
tados, começa a distender.
décadas de vida são derivados de tecido adiposo.
I Locais de predileção: pescoço e tronco.
I Tumores gordurosos: lipomas, 70%; lipoblastoma, conteúdo
30%. Células epiteliais degeneradas e resíduos granulogm.
Lipoblastoma um tumor
é benigno mesenquima- durosos com aspecto de manteiga.
toso raro de células adiposas que pode apresentar-se I Características clínicas.
sob duas formas: lesão localizada bem circunscrita - Cisto de superfície lisa. bordos bem definidos,
(lipoblastoma), ou lesão multicêntrica originando-se fixos a pele, móveis profundamente, forma arre-
em tecidos moles profundos e com padrão infiltrativo dondada, com pequeno orifício geralmente vi-
(lipoblastomatose). Esse tumor de células adiposas sível na superfície da pele (canal obstruido),
imaturas, que continua a proliferar no período pós- consistência mole a elástica, ddor rançoso, me-
natal, geralmente ocorre antes dos três anos deidade dindo aproximadameme 0,5 a'Scm de diâmetro.
(90%), tem predileção pelo sexo masculino (3:1), é I Locais de predileção: face (principalmente couro
mais frequente nas extremidades inferiores (70%), não cabeludo em 90% e lóbulo da orelha) e pescoço.
dá metástases, porém pode causar recorrência (25 %),
principalmente quando excisado incompletamente. Os
meios de investigação do lipoblastoma difuso baseiam-se BIS'I'OS SllllWllllS
na ultra—sonografra (densidade consistente com gor- São espaços císticos contendo liquido sinovial, revestidos
dura), ressonância nuclear magnetica (lesões lobuladas por membranas oriundas de articulações, bainhas de
e sinal compatível com tecido adiposo) e biópsia nos tendões, ou bolsas Sinoviais.
casos duvidosos. Microscopicamente são formados
de lóbulos constituídos de células gordurosas imatu-
ras e maturas, células mesenquimais primitivas e classlllcaçãn

E L B' Ç Z V I Q S
lipoblastos típicos. Os lóbulos são separados por tra- . IBolsas sinoviais.
béculas fibrosas contendo numerosos pequenos va- I Cistos tenossinoviais (gânglio sinovial).
sos sangiiineos, fibroblastos e colágeno. O diagnóstico I Cistos artross'inoviais (cisto de Baker), quase inexis—
diferencial microscópico com lipossarcoma mixóide terites em crianças.
(raro em crianças) pode ser difícil. A análise do ca-
riótipo pode ajudar no diagnóstico diferencial, pois
o rearranjo do cromossomo 8 (Sql 1-13) e caracterís— Biologia '

tico do lipoblastoma. Lipoblastoma pode, eventual- Geralmente causados por trauma maiorlou pequenos
mente, diferenciar-se em lipoma maturo. O tratamento traumas repetidos, exercicios excessivos (mais fre-

-m
é realizado por ressecção sem comprometimento fun— quentes em meninos, pois costumam ter maior ativi-
cional «da área de origem, reexcisão cirúrgica pós— dade física com contrações musculares mais vigorosas
avaliação da extensão da doença por ressonância nucleaf do que as meninas, causando inflamação das bolsas si<
magnética ou lipoaspiração. noviais).
Outro tipo raro corresponde ao angialipoma infil-
trante, que é um tumor benigno do tecido adiposo
intensamente vascularizado e que tende a intiltrar tecido Bolsas Sinoviais
ósseo, neural, muscular e fibrocolãgeno. É não-encap— São cavidades cheias de líquido claro, viscoso seme-
sulado, ou parcialmente encapsulado, constituído de lhante ao sinovial, revestidas por endotélio achatado
lipócitos maturos e rica rede de vasos invadindo os te- ou plano semelhante a bainha sinovial e que se de-
cidos circunvizinhos. Nos elementos adiposos ou vas- senvolvem entre tendões, ossos e pele para permitir
culares não são vistos achados malignos como figuras melhor movimentação dessas estruturas. Quando hou-
mitóticas, pleomorfismo, ou atipia. ver trauma e inflamação dessas estruturas, aparecerá
distensão sinovial dessa bolsa. Na criança, a bolsa
BIS'I'OSSKIES!“ profunda que costuma causar problemas é a do ten-
dão do músculo semimembranoso, situado entre os
São cistos formados pela distensão da glândula sebá-
cea, causada pelo acúmulo de produtos de sua secre« tendões do músculo semimembranoso e do gêmeo
ção. Localizam—se no subcutâneo. Frequentemente são interno (gastrocnêmio) e a face póstero—medial do côn-
múltiplos. ' dilo femoral.
Principais Cistos e Tumores Benignos dos Tecidos Moles I 709

I Localização.

-— frequentemente
Situação anatômica medial à fossa poplítea,
colocado acima do nivel da linha
articular (Fig. 140.3). Bolsa do semlmembranoso
I Características clínicas.
-Consistência firme, fixo profundamente, não
aderido à pele. i _ _< .Llnha articular
—Frequentemente transiluminãvel.
((
Clnodeaaker

—Pode causar interferência com os movimen—


tos, particularmente flexão do joelho.
—A compressão e flexão da articulação do joe-
lho parece desaparecer a bolsa, pois costuma
deslocar—se para recessos mais profundos en- Figura 140.3 - Bolsa sinovial do semimembranoso acima da
tre os tendões. linha articular.
—Geralmente assintomáticos.
—Algumas vezes apresentam dor, parestesias
distais, ou dificuldade de flexão do joelho pelo — Geralmente indolores. Podem raramente cau-
tamanho do cisto, quando grande. sar dor ou desconforto local, àsvezes com ir-
——-
Não apresentam doença articular associada.
Desaparecimento espontâneo frequente (i 70% —
radiação para o braço.
Esféricos, superfície lisa, bordos nítidos. Al-
regridem em 20 meses). guns são multilobulados e parecem uma cole-
I Prevalência. ção de cistos.
— Predominância no sexo masculino: 2M:1F.
- Pico de frequência é na primeira década: entre
- Alguns desaparecem entre as estruturas mais
profundas à compressão, dando a falsa impres-
cinco e sete anos. são de que seu conteúdo sofreu redução para
I Tratamento cirúrgico. o interior da articulação. Geralmente ficam pro-
— Dúvida diagnóstica. eminentes ao flexionar o punho e desapare—

-—
Cisto persistente aumentando de volume. cem parcial ou totalmente ao estende/lo.
Cisto que não resolve com o tempo. —Fixos profundamente e móveis em relação à
—Cisto persistente com sintomas de dor e pressão.
I Recorrência pós-cirurgia: i 20%.
pele suprajacente. Logicamente a mobilidade
dependerá muito da extensão e natureza de sua
fixação profunda (cápsula articular, tendão ou
Gânglios Sinoviais septo intramuscular).
I Prevalência.

Degeneração cística mixomatosa do tecido fibroso —Mais comuns em meninas: 1,7leM.


encontradojunto as articulações e bainhas tendinosas, —Após os dez anos de idade.
I Tratamento.


principalmente dos tendões extensores. A cápsula
consiste de tecido fibroso denso contínuo ao tecido Indicada cirurgia somente no evento de sinto-
conetivo circunvizinho, contendo em seu interior mate— mas importantes e cisto persistindo”por mais
rial mucóide, viscoso-claro, gelatinoso, rico em ácido de um ano.
I Recorrência pós«cirurgia: i 1l3 dos casos.
hialurônico.
I Localização: a maioria é encontrada onde existe
grande quantidade de tecido fibroso (em geral Cistos Artrossinoviais ou Cistos de Baker
em torno das articulações). Porém, podem cres- Raríssimos em crianças e freqtientes em adultos. Di-
cer em qualquer local. Em 90% crescem junto à vertículos de pulsão da membrana sinovial da arti-
superfície dorsal (entre os tendões extensores) e culação dojoelho através de um hiato da cápsula articular
palmar—radial (em relação ao tendão flexor radial causados por patologia crônica da articulação. Loca-
do carpo e artéria radial) das articulações do punho lizam-se abaixo da linha articular do “joelho.
e nas mãos (junto às articulações metacarpo-
falângicas e interfalângicas). BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
I Caracteristicas clínicas.
BINGUL, O.; GRAHAM. J. H.; HELWIG, E. B. Pilomatrixoma
--
Tamanho médio: l a 2cm, no máximo. Esses
gânglios Sinoviais pequenos tendem a ser ten—
(calcifying epithelioma) in children. Pediatrics, lp. 233—240, 1962.
HOWARD, R. Congenital midline lesions: pits and protuberances. Pediatr
sos, parecendo sólidos. Ann.. V. 27, p. ISO—160, 1998.
- Consistência varia de firmes (pequenos) a moles NELSON, C. L.; SAWMILLER, 8.; FHALEN, G. S. Ganglions of the
978-5241r6

(maiores e mais raros). wrist and hand. JBJS, v. 54, p. 1459-1464, 1972.
710 I Tecidos Moles e Vasos Sangãíneos

ETIOPIII'IIGEIIIII
A etiologia é controversa.

Seio Pilonidal
I A teoria de origem congênita baseia—se em um
defeito de fusão do embrião no nível da rafe
mediana da região sacroeoccígea (falha no meso-
blasto), resultando em retenção de folículos pilosos.
Essa teoria é improvável, pois raramente pode
João Carlos Ketzer de Souza ser encontrado algum reliquar embrionário, não
há comunicação com a dura-máter e o revesti-
GIIIIIIEITII mento do seio é composto somente de tecido de
granulação.
Processo infeccioso que forma uma cavidade pseudo— I A teoria de origem adquirida (a mais aceita atual-
císticano tecido celular subcutâneo, situado na linha mente) baseia—se na penetração de pêlo na área
média da região sacroeoccígea do adulto jovem e pú- subdérmica e subcutâneo com consequente rea-
bere. Podem surgir um ou mais trajetos flstulosos se- ção granulomatosa. Provavelmente causado por
cundários, que vão se abrir na pele, na linha mediana traumas repetidos na região saqrococcígea. A
ou paramediana. São revestidos por epitélio escamoso cavidade do cisto é constituídai'por tecido de
estratificado, podendo estar recobertos por tecido de granulação, sem nenhum elemerito cutâneo ela-
granulação. borado e nenhum folículo piloso. O pêlo encon-
tra-se com sua porção distal orientada para 0 interior
EPIIIEMIlllllGIn da cavidade do cisto. Os passos da formação do
I Predominância no sexo masculino (3 a 4M:1F). seio seriam: penetração cutânea da extremidade
I Idade mais prevalente: dos 15 aos 25 anos. Parece do pêlo, formação de uma cavidade no tecido sub-
cutâneo, aumento da cavidade que passa a con-
que os hormônios sexuais exercem um papel fun-
damental sobre as glândulas pilossebâceas. ter fragmentos decompostos do pêlo (nesse mo-
I Mais frequentes na presença de hipertricose, indi- mento já solto) e formação de fístulas secundárias
(Fig. 141.1). Traumas e movimentos repetidos
víduos com pobre higiene, obesos, caucasianos,
dos músculos glúteos exercemum efeito de sucção,
raro em negros, praticamente inexistentes em asiá— rolamento e pressão sobre outros pêlos livres que
ticos. podem penetrar na cavidade cística formada. Por
I Relação com algumas profissões ou exercícios
físicos que causam traumatismo da área sacro-
essa teoria, não seriam necessárias grandes excisões
cirúrgicas.
coccígea.
I Geralmente curam-se de forma espontânea após
os 40 anos de idade.
I Distância aproximada do ânus: 3,5 a 6cm.
uunnnoicumeo
I Taxa de recidiva global: 10%.
Os casos sem infecção são praticamente assintomá—
ticos, podendo encontrar-sê leve abaulamento na re-
gião sacroeoccígea, ou saída crônica de secreção pelo
trajeto fistuloso. '

Os casos com infecção apresentam dor perianal,


dificuldade de deambulação e de sentar, desconforto,
febre, drenagem mucóide a purulenta. Podem formar
abscessos, com sinais e sintomas clássicos.

TBMIIIIIEIITO BIBIIRGIGB
Os principais objetivos do tratamentogçirúrgico são o
de encurtar o período de cicatrização e convalesceuça
e evitar a recorrência da doença.
Os casos com celulite ou formação de abscesso podem
necessitar de tratamento com antibióticos ou incisão
e drenagem da área. A incisão deve ser longitudinal,
L 'S Q T V Z ª Ó
o pus drenado e os pêlos encontrados retirados. Se
associado a curetagem, diminui a recidiva.
Figura 141.1 —(A) Penetração de pelo no subcutâneo, reação
granulomatosa (B) e formação de uma cavidade (C). Decom- I Medidas gerais no tratamento definitivo: posição
posição dos pêlos, formação de trajetos secundários (D). ºu- prona, região sacrococcígea elevada, nádegas se—
tros pêlos podem penetrar na cavidade, pelo processo de paradas por faixas de esparadrapo. O uso de an-
rolamento. Adaptado de Berger et al.' tibióticos é controverso. Temos utilizadsdeforma
Seio Pilonídal I 711
profilática. No pós-operatório, os pêlos devem ser E: Método fechado.
raspados semanalmente por seis meses e manti-
dos intensivos cuidados de higiene com banhos — Fechamento simples: com aproximação da
aponeurose profunda e pele com pontos de
duas vezes/dia, principalmente quando utilizado
o método aberto. As taxas de infecção e recidiva Donatti, ou fechamento em que a ferida e
aproximada em dois planos, o primeiro englo-
são extremamente variáveis, dependendo dos autores
e das técnicas que preconizam. A tendência é para
bando o subcutâneo e a fáscia pré—sacra (eli-
a realização de cirurgias mais econômicas e fe-
mina o espaço morto) e o segundo englobando
a pele com sutura tipo Donatti. A maioria dos
chamento primário. autores preconiza o uso de dreno de Penrose.
I Métodos abertos: não é feita sutura cirúrgica, aguar-
Não o temos utilizado. Nunca retirar pontos
dando cicatrização por segunda intenção. A in-
cisão deve ser afunilada ou biselada para dificultar
antes de dez dias. Tempo de cicatrização: 14
dias. Evitar trauma sobre a cicatrização por
o fechamento precoce da pele sobre a área excisada. três meses.
— Cirurgia de Lord—Millar: consiste em excisão
limitada da cavidade e das fístulas com extra- —
Quando a ferida é grande, podem—se usar pro—
cedimentos de plástica como zetaplastia, ro—
ção dos pêlos e debris. São importantes os tação de retalho triangular, ou rotação de retalho
cuidados intensivos de higiene e depilações retangular para fechar o defeito.


frequentes.
Excisão ampla: em monobloco com remoção REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA
da cavidade e trajetos até a fáscia pré-sacra. l. BERGER, A.; FRILEUX, P. Sinus pilonidal. Ann. Chin. v. 49,
Curativos diários. A granulação ocorre de dentro n. 10, p. 889-901, 1995.
para fora. Tempo de cicatrização: i 60 dias.
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA -

978- 5 241 6
II Método semifechado ou semi-aberto ou técnica
de marsupialização: após excisão limitada. o fundo SILVA, J. H. Pilonidal cyst. Cause and treatment. Dir. Colon Rectum,
do cisto ou a fáscia pré-sacra são curetados, a v. 43, n. 8. p. 1146-1156. 2000.
SONDENAA, K.; ANDERSEN, E.; SOREIDE, 1. A. Morbidity and
borda da pele é suturada com pontos separados
short term results in a randomized trial of open compared with
ao fundo do cisto ou fáscia pré—sacra. O subcu- closed treatment of chronic pilonidal sinus. Eur. J. Surg., v. 158,
tâneo é recoberto, reduzindo a área a cicatrizar. p. 351—355, 1992.
Tempo de cicatrização: i 30 dias. Necessita de SURRELL, I. A. Pilonidal disease. Surg. Clin. N. Am., v. 74, n. 6,
curativos diários. p. 1309-1315. 1994.
, Seção
Orientações de Enfermagem

142 Criança Estomizada .......................................... 715


143 Enfermagem Urológica ....................................... 718

;, e r
w
Criança Estomízada I 715

dos a gastrostomia ou jejunostomia para alimen-


tação.
I Indicações: grave estenose cáustica de esôfago,

Criánça Estomizada atresia de esôfago sem fístula.


Complicações: infecção, estenose, necrose e re-
tração do estoma.
lll Cuidados de enfermagem.

Anaeh’ Brandelli Peruzzo —-


Proteger a região periestomal com placas de
hidrocolóide finas, juntamente com proteto-
Cristina Cecconi res de pele em pasta, ou uso de creme barreira
ou película protetora.
As causas mais freqiientes da necessidade de aber- —Oferecer alimentação por via oral para esti-
mular sucção e deglutição, evitando que as crian-

7- 5 6 — 1 4 2 8 9
turas artificiais através da pele em crianças são: ente—
rocolite necrosante, anomalia anorretal e doença de ças deixem de ter prazer ao se alimentarem,
além de favorecer o contato pessoal.
Hirschsprung. Felizmente, em crianças, os estomas
são na maioria das vezes temporários, pois são utili—
zados no tratamento de doenças benignas. Gastrnstomia
A ênfase da assistência e a preparação da criança na Pode ser realizada por laparotomia, por video-
pm'a o procedimento e a orientação a ela e a seus fami- laparoscopia e por via endoscópica percutânea
liares sobre os cuidados dos estomas. Na orientação, (PEG).
ressalta-se a importância do uso de linguagem sim— Ie Localização: hipocôndrio esquerdo.
ples e direta, assim como ilustrações. H Finalidade: descompressão gástrica e alimentação.
=|
Indicações: estenose esofágica, atresias e fístulas
[SWIM Ill IIIIIS AÉREAS traqueoesofãgicas, dificuldade de deglutição por
distúrbios neurológicos.
13 Complicações: vazamento do conteúdo gástrico
Trauneostnmia ao redor da sonda, irritação da pele, formação
I Localização: linha média do pescoço, embaixo de granuloma de corpo estranho, obstrução pilórica
da cartilagem cricóide. '
pelo balão da sonda e outras.
Finalidade: melhorar as condições respiratórias, E Dispositivos: sondas de silicone tipo button (botão)
permitir a aspiração de secreções e evitar trau— são mais adequadas que as sondas de Pezzer,
ma pela entubação prolongada. Malecot ou Foley, por serem mais resistentes às
I Indicações: obstrução das vias aéreas, laringotra— incrustaçõcs, possuírem válvula anti—refluxo, serem
queomalácia grave, fendas laringotraqueoeso— maisestéticas por ficarem no nível da pele, tor-
fágicas, intubação oral/nasotraqueal prolongada, nando—as imperceptíveis sob a roupa e com isso
trauma facial grave. evitando o deslocamento acidental. O dispositivo
I Cuidados de enfermagem. tipo botão deve ser colocado após a maturação

——
Manter a permeabilidade da cãnula traqueal. do estoma com uma das sondas mencionadas an—
Realizar aspirações frequentes. terioi'mente, oito semanas depois da gastrostornia.

Umidificar o ar ambiente para evitar a forma— Sua durabilidade e de seis a oito meses, adequan-
ção de tampões. do-se o tamanho conforme a consistência da dieta

Higienizar a região periestomal.
— Evitar o deslocamento ou saída inoportuna da
e a espessura da parede abdominal.
As sondas tipo botão consistem em uma âncora
cânula. interna, uma âncora externa e uma válvula unidi-
— Proteger a pele ao redor da cânula de traqueos-
tomia com curativos absorventes que existem
recional anti-refluxo. São divididas em duas cate-
gorias:
-
.
no mercado, com a finalidade de reterem as Com tubo obturador (Bardªº button): ponta interna
secreções e promoverem conforto a criança. tem a forma de um guarda—chriVa ou cogume—
lo ou tipo Malecot. Esse tipo deve ser coloca-
do somente por pessoal especializado, pois
ESTIIIMIS DIEESIIIIIIS necessita de um introdutor.
Esotagostnmla -Com tubo não—obturador (Mic-Key”): a ponta
interna consiste em um balão inflavel, Pode
I Localização: região cervical lateral esquerda, ser reintroduzído por pessoal não especializado.
principalmente, junto ao músculo estemocleido- Cuidados de enfermagem.
mastóideo.
I’Finalidade: derivar as secreções salivares. Es-
—Manter a sonda aberta em frasco no pós-ope—
ratório (nas primeiras 24h, ou até que os movi-
ses estomas são temporários e sempre associa- mentos peristálticos sejam audíveis).

. m'
.
.,
716 I Orientações de Enfermagem

ICaracterísticas: inicialmente, o efluente é de


— Manter curativo oclusivo por 48h com a son—
da tracionada. Essa manobra faz com que a consistência líquida e, após cerca de dois me-
parede anterior do estômago fique aderida ses, adquire consistência pastosa. A cor é esver-
deada, o odor e ácido ou inodoro, porém o pH é
'à parede anterior do abdome, evitando vaza-
mento da sonda. Para evitar a movimentação alcalino. Crianças com ileostomia sofrem com
da sonda, podem—se usar estabilizadores de sonda frequência de desequilíbrios hidroeletrolíticos,
principalmente hiponatremia. O débito normal
(bico de mamadeira, dispositivos metálicos,
do efluente deve ser em torno de lmL/kg/h.


âncora externa). I Indicações: enterocolite necrosante, doença de
Avaliar diariamente a integridade da pele ao Hirschsprung de segmento longo, íleo meconial,
redor da gastrostomia, limpando e evitando polipose adenomatosa familiar.
umidade. Usar barreiras protetoras profila— I Dispositivos: existem no mercado e em postos
ticamente. Em caso de infecção por Candida de saúde autorizados para distribuição bolsas de
albicans, usar nistatina em pó periestomal. Em tamanho neonatal, pediátrico (borda externa com
caso de eritema de pele, usar antiácido local 40mm), adulto (borda externa com 60mm). O
ou barreira protetora e, se a lesão for exsudativa, diâmetro interno das três é de 10mm recortável,
usar pó protetor e aplicar placa de hidrocolóide. marcas Coloplastº, Convatecm e Shelter“, peça
-
Fazer curativo compressivo em caso de des-
locamento acidental da sonda de gastrostomia,
única ou duas peças, transparentes. São auto-ade-
rentes, constituídas de resina sintética, com pro-
orientando o cuidador a procurar o serviço priedade hidrocolóide que permite manter a
responsável para recolocação. umidade e a temperatura natural da pele. São
I Cuidados com a gastrostomia tipo botão: drenáveis para esvaziamentos freqiientes e con-

Limpar a área gentilmente com sabão e água.
Mame-la seca. Uma vez por dia, girar a âncora
externa do botão para limpar e evitar lesão por
feccionadas com plástico antiodor, atóxico e
flexível. Possuem tela protetora de material hipo-
alergênico e absorvente na parte interna para evitar
pressão. o contato do plástico diretamente com a pele da
criança.

Se o botão está frouxo, movendo—se para cima
e para baixo, é porque ele não está bem adap- I Complicações.
tado. Pode—se colocar uma gaze dobrada com
uma fenda entre o botão e a pele até que a
— Metabólicas: diarréia, déficit de sódio (o mais
comum), potássio, magnésio, vitamina B12,

õ L S' Z W Q
sonda fique bem ajustada. litíase urinária devido à maior concentração
de urina provocada pela perda crônica de lí-
-
Se houver irritação da pele por alguma espé-
quidos pela ileostomia.
cie de vazamento, deve-se prevenir o vazamento
(ajustando o botão ou o balão) e aplicar anti-
ácidos na pele. Colocar o conteúdo de um
— Mecânicas: edema do estoma, prolapso, obs-
Irução, dermatite periestomal, retração e hér-
antiácido em suspensão em um recipiente por .iiia paraestomal.
I Cuidados de enfermagem.
1h. Retirar o líquido de cima e aplicar o anti-
ácido espesso em pasta do fundo do recipiente - Logo após a cirurgia é conveniente colocar uma
bolsa para proteger a pele das enzimas proteo- _
sobre a pele. Se a irritação piorar, pode-se usar líricas das fezes líquidas e secreções intesti-
protetor de barreira, que deve ser trocado a nais e evitar a contaminação da incisão cirúr-
cada três a quatro dias. gica, se próxima.
-
Se surgir granuloma em torno do orifício da
gastrostomia, ele deve ser tratado. A forma- - Observar atentamente as características do
estoma e avisar o médico assistente caso 0 es—
ção de tecido de granulação é uma ocorrência toma esteja escurecido, edematoso, sangrante,
comum. É o resultado da presença de um corpo retraído e quando começar a funcionar; no pós—
estranho (sonda), que estimula a produção de operatório imediato, o dispositivo de escolha
tecido epitelial de inflamação. O tratamento con- deve ser de plástico transparente para facili-
siste na sua cauterização com aplicação tópica tar a observação do estoma. Usar sempre pasta
de um bastão de nitrato de prata. barreira de pele e, se necessário, película pro-
tetora de pele.
Ilenstnmla -- Devem-se observar sinais e Sintomas relacio-
nados à hidratação do paciente (fontanela depri-
I Conceito: e a exteriorização de um segmento do mida, letargia, olhos encovados, choro fraco,
íleo através da parede abdominal. diminuição do débito urinário).
I localização: quadrante inferior direito
d9 abdome.
O local não deve estar próximo a proeminências
- Reconhecer sinais e sintomas de obstrução in-
testinal (distensão abdominal, vômitos, náusea)
ósseas, rebordo costal, depressão umbilical, ci- e estimular a ingestão de líquidos quando rei-
catriz e pregas cutâneas. niciar a via oral.
«
z Criança Estomizada I 717

colostomia seu deslocamento e propiciando a entrada de fezes,


I Conceito: o que poderá causar dermatite.
e a exteriorização do cólon através da Em caso de lesão de pele, deve-se higienizar a área
pa’rede abdominal com o objetivo de criar uma
sa1da artificial para o conteúdo fecal. com soro fisiológico, seca—la e só depois fixar a bolsa.
I Indicações: doença de Hirschsprung, anomalia As placas barreira de pele ajudam a recuperação da
anorretal, trauma, enterocolite necrosante, volvo pele.
intestinal, extrofia de cloaca. Podem ser em alça, O uso de benjoim para auxiliar na aderência da
duas bocas, ou terminal. placa de hidrocolóide da bolsa não é recomendado
I Localização. pela irritabilidade do álcool, pela sua propriedade
— A colostomia transversa é exteriorizada no qua—
drante superior direito ou esquerdo e o efluente
citotóxica e por alterar a resina da placa.
Em lactentes com colostomia, pode ser recomen-
dado o uso de pomada de óxido de zinco na pele
apresenta—se de pastoso & semiforrnado.

978- 5 241 6
periostomal em vez da bolsa, se as fezes não forem
- A colostomia de descendente ou sigmóide é
exteriorizada no quadrante inferior esquerdo líquidas. ,

Entre estomas de duas bocas próximas, em depres-


e o efluente apresenta—se de pastoso a formado. sões adjacentes e ao redor de estomas planos e retrafdos
I Cuidados de enfermagem: nas crianças lactentes
não é necessário o uso de bolsas, pois elas são e pele íntegra devem-se utilizar pó e pastas proteto-
res a base de polímeros hidrofi‘licos e álcool para proteção
normalmente incontinentes; somente proteger as
colostomias com fraldas. Quando o efluente 6 li-
da pele.
As pastas moldáveis, sem álcool, podem ser utili-
.
quido ou em grande quantidade e a criança maior, zadas também na pele lesada, assim como o creme
recomenda-se o uso de bolsas de colostomia. Não barreira, que é um creme hidrófago que estabiliza o
é necessário o uso de selantes ou protetores de pH da pele.
barreira. A bolsa recomendada é a de peça única
ºutros dispositivos também podem ser úteis, como
para o esvaziamento, sendo mais difícil o seu as placas protetoras de resina sintética ou anéis avul-
deslocamento na fase em que a criança começa sos, elásticos e flexíveis utilizados com a finalidade
a explorar seu corpo. A partir dos três anos de de acompanhar os movimentos, as pregas cutâneas,
idade está indicado o uso de duas peças, 0 que ou saliências do abdome. -
facilita a limpeza. As crianças devem participar O filtro de carvão para a eliminação do odor e saída
de todas as atividades de sua faixa etária, exceto de gases é útil para não inflar a bolsa coletora, dimi-
quando existirem contra-indicações clínicas. nuindo sua aderência a pele.
- Bolsa de uma peça: incorpora um protetor de
pele.
Polímeros acrílicos, que transformam o efluente
líquido em gel quando colocados no interior da bol-
— Bolsa de duas peças: possui um protetor de
barreira que permanece fixo na pele entre as
sa, evitam o excesso de umidade na barreira protetora.
Tambêm são úteis os cintos pediátricos para su—
trocas das bolsas e deve ser trocado a cada três porte do; peso das bolsas, confeccionados em algo-
a'quatro dias. dão ou náilon resistente, não deformáveis, com
comprimento mínimo de 43cm e máximo de 66cm e
Fixação [Ia Bolsa Protetora lle Pele largura máxima de 1,5cm.

Deve ser colocada em pele limpa e seca e cortada de


acordo com o diâmetro do estoma, formando uma orientação Familiar e culdades nomlclllares
barreira hipoalergênica para manter a integridade da O preparo da família relacionado ao cuidado de um
pele ao redor dele. Tecido de granulação pode cres— estoma se inicia na ocasião em que o procedimento
cer em volta do estoma, podendo irritar a pele cir- é instalado. É instruída quanto à colocação do dispo-
cunvizinha, caso haja excessiva umidade. sitivo, cuidados com a pele e procedimentos em caso
A proteção periestomal constitui importante aspecto do aparecimento de problemas cutâneos. A evidên-
do cuidado e, por isso, as bolsas devem ser bem adap- cia precoce de lesões de pele ou do aparecimento de
tadas para que seja evitado o extravasamento do con- complicações do estoma (fezes finas, diarréia exces-
teúdo. O diâmetro de abertura dos dispositivos deve siva, prolapso, sangramento, não eliminação de fe—
ter no máximo 0,3mm de folga, prevenindo a expo— zes ou gases) deve ser avaliada pela equipe cirúrgica.
sição da pele ao efluente, o que poderá causar intensas
dermatites, muitas vezes complicadas com a presença BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
de fungos. Por outro lado, se o diâmetro for muito es- SOUZA, D. M. Bolsas pediátricas para estomas. Rev. Estima, v. 2.
p. 41-43, 2004.
treito, poderá causar estrangulamento do estoma, is-
quemia e necrose. WANDINEY. A. F. C. A criança ostomizadn. In: SANTOS, V. L. C.;
CESARE'ITI, I. U. R. Assistência em ªromaterapia. São Paulo:
Não há necessidade de lavar a bolsa com soro fi— Atheneu, 2000. p. 133-166.

. ,- :
siológico após seu esvaziamento. Há sempre o risco WONG, D. L. Enfermagem Pediátrica. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
de entrada do soro por debaixo da bolsa, provocando Koogan, 1999. p. 661-662. ».
*
mr.-
718 I Orientações de Enfermagem

Enfermagem Urológica
Bexiga

Lily Chin-Peuquert
Esflncter

mumu SEI! num com Illsnlnm ntectnm


Introdução Figura 143.1 - Mecanismo de enchimento da bexiga e con-
trole esfincteriano miccional.
Distúrbios vesicais (perda de urina de dia e/ou noite,
infecções de urina de repetição) podem causar em-
baraços e frustrações para você e seu filho. Seguir Os seguintes conselhos são oferecidos para ajudar
uma rotina de cuidados vesicais pode ajudar os hábi- a encorajar e dar suporte aos esforços de seu fllho
tos miccionais de seu filho a serem mais regulares. para desenvolver hábitos miccionais saudáveis:
As instruções seguintes foram esboçadas com o intui-
ll Beba líquidos em abundância, copos de 200 a
to de guiar seu filho a um treinamento vesical, evitando
a perda de urina e infecções. 250mL de quatro a seis vezes por dia. Os líqui-
dos ajudam a limpar, naturalmente, rins e be-
xiga e encorajam seu filho a ter micções mais

ó L R' S Z V Í Q : [
Gomu o Sistema tlrlnário Iunelnna freqiientes.
A bexiga armazena urina e os músculos esfincterianos,
abaixo da bexiga, trabalham para segurar a urina na
— Líquidos são melhores quando oferecidos em
forma de leite ou sucos de frutas diluídos. A
bexiga (Fig. 143. 1).A criança com treinamento esfincte maioria dos sucos de frutas é ácida e pode cau-
riano é capaz de reconhecer sinais que indicam que a sar sensação de queimação e ardência durante
bexiga está cheia e segurar a urina até que um banheiro a micção.
seja alcançado. Durante amicção, os músculos esfincte- — Beber mais líquidos antes das 18h (para evi-
tar perda de urina durante a noite).
rianos abrem a bexiga e contraem-se para liberar a urina
retida (Fig. 143.2). -- Combinar com o professor a permissão para
que possamanter uma garrafa de água na sua
Put une Sen filho Necessita llaeducar 'escrivaninha. Seu filho pode, também, neces-

“sitar de privilégios especiais no banheiro.
a Barilla? Certos alimentos também contêm água abun—
No momento, seu filho pode não estar urinando com dantemente, como sopas, iogurte, sorvete, ge-
um padrão normal (Fig. 143.3). Algumas crianças: latina e pudim.
I Faça um planejamento para seu filho urinar a
'I Retêm urina ou urinam infreqtierttemente. cada 2 a 3h durante 0 dia (algumas crianças podem
I Urinam em pequenas quantidades, mas muito
freqiientemente. _
a Não reconhecem ou aprendem a ignorar sinais
de sua bexiga. Essas crianças agacham—se apoian—
do-se em seus tornozelos, cruzam suas pernas e
os meninos apertam o pênis com a mão, para se Bexiga
manterem secos.
Todos esses hábitos podem levar a distúrbios da
bexiga, especialmente quando a bexiga não é esva—
ziada com muita frequência, ou é esvaziada de forma
incompleta. Qualquer quantidade de urina que per-
maneça na bexiga por um longo período de tempo
pode vazar e/ou tornar—se facilmente infectada. Trei— . Esflncter
namento vesical ensina seu filho a ir ao banheiro em
intervalos regulares e a esvaziar a bexiga completa- Urina
mente. Esse treinamento leva tempo, entendimento e
paciência. São úteis um ambiente relaxado e objeti- Figura 143.2 — Mecanismo esfincteriano de esvaziamento
vos claros. vesical.
Enfermagem Urológica I 719

. Quantas vezes pot dia você urina? vezes


. Quando tem urgência para urinar. você pode segurar a urina?
3) Sim, por longo tempo b) Sim, por pouco tempo C) Nãº

N. . Quando tem urgência para urinar, voce se urina?


w a) Sim, pequenas gotas b) Sim, bastante :) Não

. Quantas vezes você troca as roupas de baixo estão úmidas? vezes por dia


. Você tem algum truque que usa para impedir o vazamento? Pode nos mostrar?
. Você molha a cama a noite?
a) Sim, noites por semana b) Não
m

. Alguém mais na família urina na cama? a) Sim b) Não *

ue . Vocé acorda durante a noite para


a) Sim, vezes por noite
urinar?
b) Não

Como você tem enfrentado esses problemas até agora?


1
í

.

10. Você urina pouco ou bastante? a) Pouco b) Bastante


1‘1. Vocé teve problemas quando começou a urinari . “
a) Sim Não c) Algumas vezes
"
12. Você acha que tem um jato forte quando urina? a) Sim . '
b) Não ,
13. Voce goteja após a micção?
a) Sim, poucas gotas

7- 5 6 1 4 2 8 9
b) Sim, bastante :) Não
14. Você sente sua bexiga vazia após a micção?
a) Sim b) Não 'c) A maioria das vezes ',

15. Ela queima ou dói quando urina? a) Sim b) Não

'
"
16. Você teve recentemente alguma infecção urinária7 a) Sim b) Não

. Sua urina (heira mai? 3) Sim b) Não


xr

18. Você viu, alguma vez. sangue na urina? a) Sim b) Não .


19. Você toma alguma medicaçãol a) Não b) Sim, nome
Voce e alérgico a alguma coisa?

Figura 143.3 Questioná-
9
N

ª
rio relacionado à micção. 2 . Foi submetido a alguma cirurgiai a) Não b) Sim, tipo e nome
22. Você tern problemas de constipação? ,

a Sim Não :“ :) Algumas vezes


i
23. O que a preocupa mais em relação ao problema de seu filho?
A

. '
24. Existem outras origens de estresse na vida de seu filho agora? '

necessitar ir ao banheiro mais vezes). 0 plane- por não eliminar a urina. 0 sucesso advém de
jamento irá ajudar seu filho a treinar & esvaziar uma atmosfera relaxada. Elogios e alfinetes
a bexiga antes de ela tornar-se cheia e começar a ajudam a reforçar positivamente seu filho a
vazar. O freqiiente esvaziamento da bexiga a ajuda manter—se seco.
a manter—se livre das bactérias que podem cres-
cer na urina e causar infecção. O planejamento
—-Para as crianças em idade escolar o planeja-
mento miccional deverá ser compativel com a
coloca a bexiga sob controle da criança e não a rotina diária de ir à escola: quando acorda, recreio
criança sob controle da bexiga. O eventual ob- matinal, hora do almoço, recreio :da tarde, antes
jetivo do planejamento miccional é treinar a criança da janta e antes de ir para a cama.
a urinar sem interromper o jato.
— Para a criança pequena faça um calendário e
— Crianças mais jovens (4 a 8 anos) necessita-
rão de monitoração por adultos..
planeje as miCções regularmente (por exem- - Crianças maiores e adolescentes costumam ir
plo, a cada 2 a 3h) durante o dia. A criança bem por si próprias no sistema de lembranças
vai ao banheiro sem depender da vontade de (por exemplo, usando um relógio que soa um
urinar. Um X ou alfinete é colocado no calen— alarme a cada 2h, calendários e listas).
dário cada vez que a criança usa o banheiro, É muito importante para seu filho ficar relaxado
não interessando a adequação ou não da mic- durante a micção. 0 relaxamento permite a aber-
ção. Dê muitos elogios e não puna seu filho tura dos músculos esfincterianos abaixo da bexiga
720 I Orientações de Enfermagem

para a urina fluir mais facilmente. O esvazia— Treinamento vesical leva tempo e paciência para a

_
mento completo da bexiga previne a perda de criança, pais e pessoal de cuidados de saúde.
urina e ajuda a livrar-se das bactérias que podem
crescer elevar a infecção. Para ajudar seu filho INFECÇÃO Ill] TBMÍI IIBIIIÉRID,
a relaxar quando está urinando é importante: I'BIIBlEIMS IlE Bilillili E GGNSTII'AGM
-—
Providenciar privacidade enquanto seu filho
está no banheiro. Não () apresse ou use pressão. Introdução
— Tenha certeza de que ele está sentado confor-
tavelmente na privada. Para crianças peque—
Infecções do trato urinário e problemas de bexiga são
nas uma revista é muitas vezes necessária. causados or uma serie de condições, inclusive cons-
tipação. Épesse o motivo pelo qual, muitas vezes, de.
— Para as meninas: calças apertadas e meias—calças
devem ser removidas por completo de uma perna. vemos tratar a infecção urinária ao mesmo tempo que
Coloque apoio para as costas e para as pernas a constipação.
na privada, abra as pernas amplamente, recur-
vando-se um pouco para frente. o uue É lhmstinalninéI
- Para os meninos: as calças devem ser abaixa-
das completamente.
Constipação é o acúmulo excessivo de fezes no reto
(parte inferior do trato intestinal). Crianças consti-
— Devem efetuar de três a quatro respirações
profundas, relaxando os músculos da cabeça,
padas podem apresentar:
I Evacuações
"
braços, corpo e pernas como uma boneca feita de fezes volumosas que são elimi-
de pano. nadas três vezes por semana.

G L Z' S V I ‘ Q
I Fezes endurecidas ou difíceis de serem eliminadas.
— Imagine a urina escorrendo (pode ser neces- I Evacuações frequentes em forma de bolinhas.
sário abrir uma torneira de água).
— Permita todo tempo possível para urinar. O
processo de relaxamento para esvaziar a be-
I Presença de fezes/manchas de fezes nas roupas
de baixo.
xiga leva tempo. Planeje gastar 3 a Smin no I Der abdominal considerável ou frequente.
banheiro.
— Para trás
para
meninas: lembre de limpar—se da frente
(em direção ao'ânus).
como a nunstluaeão Porte causar
Problemas iiesieais?
— Lembre—se de elogiar seu filho por seu esfor-
ço e por gastar bastante tempo para esvaziar Os nervos que se relacionam com o intestino também
tada urina de sua bexiga. o fazem com a bexiga. Por esse motivo distúrbios
I Para
tercerteza que sua bexiga está vazia, você intestinais e vesicais podem ocorrer juntos na mesma
deve urinar duas vezes a cada vez (dupla mic- criança. -._
ção), isto é, urine uma vez, lave suas mãos e retorne Também, quando o reto está constantemente cheio
de fezes (no caso de constipação), o intestino distende
a privada para urinar novamente. e comprime a bexiga. Pressão sobre a bexiga pode
I Dieta rica em fibras é importante para ajudar
seu filho a ter movimentos intestinais regulares. interferir com a micção normal e esvaziamento vesical
Quando seu filho é Cºnstipado, a bexiga retém das seguintes maneiras: ''

menos urina e é mais difícil para ela esvaziar— IDiminuindo a quantidade urina que a bexiga pode
se completamente. Fezes que permanecem por realmente conter.
A

longo tempo no corpo podem, também, ser fonte I Diminuindo a urgência para urinar.
de infecção da urina. Alimentos ricos em fibras I Tornande mais difícil a passagem da urina.
incluem vegetais e frutas, farelo de cereais, cereais I Causando contrações vesicais incontroláveis
integrais. grãos, lentilha, etc. O aumento da quan- (espasmos) que forçam a urina a ser eliminada
tidade de líquidos ajudará a manter as fezes mais da bexiga, resultando em perda urinária.
amolecidas. «, -
I Evite líquidos e alimentos contendo cafeína (colas,
café, chá, chocolate). Cafeína pode irritar a bexiga
liame a constiuaeão causa intenções
e ser causa de maior necessidade de ir ao banheiro. tiu Trato urinário?
I Beba um copo (250mL) de suco de amoras todo
Evacuações intestinais contêm, normalmente, milhões
dia para prevenir- infecção urinária. de bactérias. Quando uma criança está constipada, o
Ficar seco pode ser uma tarefa difícil para algu- intestino e a bexiga, muitas vezes. não são esvaziados
mas crianças. De modo geral, elas ficam secas mais de forma adequada ou o são de maneira incompleta. A
rapidamente durante 0 dia do que à noite. Seu filho urina deixada na bexiga pode estagnar e tornar-se fa—
necessita de suporte e encorajamento para conseguir cilmente infectada por fezes que estão presentes de
esse importante objetivo. modo contínuo perto da abertura por onde a urina passª.
Enfermagem Urológica I 721

É muito difícil curar infecções urinárias e proble- independência, você pode experimentar o que se
mas de bexrga quando uma criança continua perma- segue.
nentemente constipada. Sempre discuta essa conduta com ele antes de
inicia—la, já que é necessária sua participação:
como SI Trata constituição? -— Ligar um alarme (rádio ou relógio) para lem-
bra-lo de que é hora de ir ao banheiro.
Recomendamos um programa com três ações.
I Limpeza intestinal.
— Manter um diário no banheiro para que possa
registrar as evacuações e suas características,
Para esvaziar completamente o intestino com o como quantidade (pequena, média, ou gran-
use, a curto prazo, de laxativos elou enemas (de- de) e consistência (mole ou dura).
pendendo dos graus de constipação). Supervisão pelos pais é sempre necessária, envol-
Óleo mineral 6 um produto natural que amolece vendo a criança ou o adolescente, sem lembrar ou
as fezes, facilitando sua passagem e tornando— perguntar acerca dos seus hábitos intestinais. Você
as mais regulares. Recomenda-se seu uso uma a deve revisar o diario todos os dias e discutir perio—
duas vezes/dia. E preferível dar o óleo mineral dicamente como as coisas vão indo. Esse método pode
tarde da noite. Pode ser misturado com leite, sucos, não funcionar com todos os adolescentes.
ou outros alimentos.
I Dieta rica em fibras.
Para promover uma consistência fecal normal eimpor—
tante que seu filho adquira hábitos alimentares I Para meninas, lembre-as de que a limpeza deve
adequados, a fim de manter evacuações regulares. ser da frente para trás, em direção ao ânus.
Uma dieta rica em fibras contendo ng ou mais de

7- 5 6 1 4 2 8 9
I É recomendada após uma evacuação a limpeza
libras ajuda a aliviar elou prevenir a constipação. do ânus com lenços para bebês ou toalhinhas
Também deve ser aumentada a ingesta de líquidos higiênicas.
para seis a oito copos de aproximadamente 200 a
220m1Jdia. Metamucil“, uma bebida rica em fibras,
com gosto de laranja, também pode ser oferecida. ISBGEIBS Emocinnais
I Treinamento esfincteriano.
Distúrbios vesicais e constipação podem ser situações
O período mais natural para uma evacuação e embaraçantes e frustrantes para você e seu filho. O
após a alimentação. Encoraje seu filho a sentar— desenvolvimento de um bom hábito alimentar e in-
se na privada por 5 a 10min, duas vezes/dia após testinal leva tempo e paciência.
a refeição. Escolha um período de tempo que seja
bom para ele, não interferindo com suas ativi-
dades. Para uma criança pequena, providencie REFLUXO VESIGIIIIBETEIIM
uma caixa para apoiar seus pés, o que ajudará
no momento do esforço evacuatório. Não pres-
sione seu filho a ter uma evacuação, nem o puna
ntuisãií
Ilosnital
lle llroloula rlo Montreal children's

se ela não ocorrer. Seu filho deveria ser encora- O que É Refluxo?
jado a urinar a cada 2 a 3h.
A urina e produzida pelos rins e viaja inferiormente
cómo Possa Envolver neu Filho e conseguir
cooleração Programa Intestinal?
por tubos denominados ureteres até a bexiga. Nor-
com a malmente, esse fluxo tem direção única. Refluxo é a
condição em que a urina retorna da bexiga até os rins.
ICriança pequena (abaixo de 8 anos): pode ser Refluxo de urina é causado por defeito da válvula
usado um calendário para promover a participa- onde a bexiga e os ureteres se encontram. Cerca de
ção de seu filho eo interesse em mudar seus hábitos uma em cada três crianças com infecção do trato urinário
intestinais. É também uma forma de seguir o tem refluxo. Geralmente, as crianças nascem com
progresso dele. Exemplo: cada vez que seu fi- refluxo. Há certa predisposição familiar. Refluxo,
lho evacuar, coloque uma etiqueta no calenda- entretanto, pode desenvolver—se em crianças cuja bexiga
rio. Se a evacuação não acontecer, elogie seu filho não se esvazia de forma adequada ou que têm bexi—
pela tentativa e lembre-o de que ele poderá ten- ga anormal de alta pressão.
tar novamente mais tarde.
Você pode decidir dar a seu filho uma recom- Refluxo É Prejudicial?
pensa especial toda vez que certo número de
etiquetas adesivas for obtido. Pode ser um pe— Só o refluxo não é prejudicial aos rins. Entretanto, se
queno brinquedo, piquenique especial, ou privi- a urina estiver infectada, as bactérias presentes na be—
légio. Não puna seu filho por não ter evacuado. xiga poderão subir e infecta-los. A infecção dos rins
I Criança maior ou adolescente (9 anos ou mais): pode causar cicatriz e dano renal, especialmente em
para uma criança maior que esta aspirando à crianças abaixo de cinco anos de idade.
722 I Orientações de Enfermagem

Como Sei que Meu Filho Tem Refluxo? = pediátrico


Consultas com o urologista pediátrico/cirurgião
para exame clínico e checagem do
O diagnóstico de refluxo é feito por radiografia de resultado dos exames.
bexiga, denominado cistograma. Durante o exame, Outros exames podem ser necessários.
um pequeno cateter plástico e colocado na bexiga,
um contraste ou isótopo é instilado e é realizada uma
série de chapas radiográficas. Após a bexiga estar cheia, Como Saberei se Meu Filho Necessita
a criança urina com o cateter no local e novas chapas de uma ºperação?
radiográficas são feitas. Uma cirurgia pode ser sugerida:
Seu filho permanecerá acordado durante o proce-
dimento, podendo sentir algum desconforto, mas não Il Se a criança contrai infecção urinária, mesmo

será necessária medicação para dor. Se seu filho tem tomando antibióticos.
I Se a criança não pode tomar antibióticos.
refluxo:
I Se a criança for maior, aproximando-se da pu-
I Será realizada ultra-sonografia para checar o herdade.
tamanho e a forma dos rins. I Se o refluxo fica pior.
I Poderá ser necessária cintilografia com ácido
dimercaptosuccínico (DMSA, dimercaptosuccinic A operação envolve a criação de uma nova válvula
acid) para checar se os rins estão funcionando onde os ureteres entram na bexiga. A operação é segu-
bem e observar se ha cicatriz. ra e efetiva.
Adicionalmente, algumas crianças podem neces-
sitar de testes de função e de pressão vesical (urodi— 0 que Devo Fazer se Meu Filho Desenvolver

6 L 8' 5 ‘ Z V I 9 S
nâmica). uma Infecção do Trato Urinário?
Contate seu médico pediatra ou cirurgião e ebtenha
Como o Refluxo É Tratado? cultura de urina imediatamente se seu filho com rc-
fluxo desenvolver sinais e sintomas de infecção do
O tratamento de refluxo varia conforme a idade da trato urinário, tais como:
criança, o número de infecções urinárias prévias e os
achados radiológicos. Refluxo égraduado em escala I Febre (acima de 38,5ºC retal ou oral).
de IaV: grau I é o mais leve eV o mais grave. Em crian- I Irritabilidade.
ças com refluxo de grau leve a moderado (graus I a I Urina com mau-cheiro.
III), há boa chance (80%) do refluxo desaparecer com I Dor abdominal ou lombar.
o crescimento da criança e da bexiga sofrer maturação. I Perda de urina ou micção dolorosa.
Crianças com refluxo de alto grau (graus IV e V) têm
menor chance do refluxo desaparecer espontaneamente
Estudos têm mostrado que diagnóstico e tratamento
precoces da infecção do trato urinário em crianças
e podem requerer cirurgia para corrigi—lo. com refluxo podem prevenir cicatrizes nos rins.
Todas as crianças com refluxo devem receber dose
baixa diária de antibióticos. Isso significa tomar uma
quantidade muito pequena de antibiótico uma vez por Outros Assuntos Importantes para Conhecer
dia (na hora de dormir), enquanto presente o refluxo Uma criança maior com refluxo deve desenvolver hábi-
ou nas crianças em risco de dano renal. Esse medica- tos regulares, como:
mento não cura o refluxo, mas previne infecção e protege I Beber líquidos abundantemente para ajudar o
o rim de qualquer dano. fluxo de urina nos rins e bexiga.
Quando seu filho for cateterizado para algum exa- I Urinar cinco a seis vezes/dia (a cada 2 a 3h) para
me, a dose de antibiótico deve ser duplicada e dada
duas vezes por dia (manhã e noite) no dia que ante- manter as pressões da bexiga baixas e eliminar
as suas bactérias.
cede o exame, no dia do exame e no dia seguinte ao I Relaxar e levar o tempo que for necessário para
exame. Isso vai prevenir possível infecção urinária
causada pela inserção do cateter. esvaziar a bexiga completamente. —
I Tentar esvaziar completamente a bexiga urinan-
do uma vez e, então, tentando urinar novamente
Como Saberei se o Refluxo Está (micção dupla). A primeira micção elimina a urina
Melhorando ou Piorando? da bexiga e a segunda elimina a urina que pode
ter ref'luldo até os rins.
O progresso de seu
por:
filho
será monitorado regularmente
Evitar constipação: adotar dieta rica em 'fibras
com muitas frutas, vegetais e produtos integrais.
I Ultra-sonografia uma a duas vezes/ano para ver
como os rins estão crescendo. Fezes que permanecem no corpo por longos perío-
I Radiografia da bexiga (cistograrna) a cada 12 a 18
meses para ver se o refluxo está desaparecendo.
dos de tempo interferem com o funcionamento
normal
da bexiga e podem ser fonte de infecção urinária.
Enfermagem Urológica II 723

nnnmurr unmm
Introdução
Reimplante ureteral é uma operação usada para corri-
gir muitas condições urológicas diferentes (rins e be-
xiga). A condição mais comum é o refluxo vesicoureteral.

o uue É Refluxo Ioslcuureleral?


A urina é produzida nos rins e viaja até a bexiga em
canais denominados ureteres. Normalmente, o ureter
entra na bexiga através de um “túnel” debaixo da camada
mais interna da parede vesical. Quando a bexiga se
enche, a urina faz pressão contra essa camada inter-
na da bexiga e o túnel se fecha. Esse túnel age como
uma válvula de uma só direção, prevenindo o retomo
da urina para cima em direção aos rins. O refluxo
vesicoureteral (RVU) pode ocorrer quando o túnel for Figura 143.4 -— Refluxo vesicoureteral no' ureter esquerdo.
muito curto ou ausente e/ou a abertura do ureter na
bexiga for anormal (Figs. 143.4 a 143.6).

7 - 5 6 vl 4 2 8 9
Quªl ll ºhlelilll Ila cirurgia Anti-refluxo?
O objetivo da cirurgia anti-refluxo é construir uma
nova válvula pelo alongamento do túnel, onde o ureter
se encontra com a bexiga. O tipo de cirurgia anti—
refluxo depende do grau de refluxo e se ele ocorre
em um ou ambos os lados. Para algumas crianças com
refluxo moderado, o túnel e alongado pela injeção
de material especial na parede vesical atrás do ureter. Túnel normal
Para outras, o cirurgião deve criar um novo túnel mais
longo, reinserindo o ureter na bexiga. Essa cirurgia é
denominada reimplante ureteral.

|] llllB Acontece Ill] Ilosnnal?


Figura 143.5 — Anatomia da junção ureterovesical. Ureter
O tempo aproximado de permanência no hospital após intravesical corn túnel submutoso de extensão apropriada.
o reimplante é de três a cinco dias. Você receberá as
informações e orientações na consulta pré-operató-
ria uma semana antes.
Você poderá ficar com seu filho na sala de recupe-
ração após a cirurgia. Ele poderá ter algumas sondas
colocadas temporariamente.
II Cateter intravenoso (IV): pequeno cateter plás-
tico na veia utilizada para dar líquidos e medi—
cações, até que a criança esteja apta a beber.
:: Sonda vesical: pequeno cateter na bexiga com a n.«
finalidade de drenar urina. Pode ser um cateter
uretral que entra na bexiga através da uretra Túnel curto
(abertura por onde a criança normalmente uri—
na), ou um cateter suprapúbico que entra na bexiga
por meio de uma minúscula abertura no abdo-
me. Logo após a cirurgia. seu filho poderá ter a
urina vermelho-escura. Isso é normal e ela de-
verá clarear com o passar dos dias.
IDreno: pequeno tubo no abdome para drenar
Figura 143.6 — Anatomia da junção ureterovesical. Ureter
líquidos extras que podem ter sido coletados durante intravesical com túnel submucoso curto, propenso ao refluxo
a operação. vesicoureteral.
rm.-
724 I Orientações de Enfermagem

IStem: somente em casos selecionados. Pequeno de Micropore‘D e/ou curativo plástico transparente sobre
cateter que ajuda a drenar urina do rim. a incisão. Algumas crianças terão que ir para casa
com um cateter ou stent. Se isso ocorrer, será ensina—
do a você como cuidar do cateter ou stent antes que
Iluminação e tíuuluns nur Via Ilral a criança deixe o hospital.
Não será permitido que seu filho coma ou beba por
muitas horas após a cirurgia. Uma enfermeira orien-
tará o início lento de líquidos que, gradualmente, pro—
gredirá até que possa aceitar uma dieta regular. O (meter Seu filho poderá tomar banho de banheira assim que
intravenoso será removido assim que seu filho esteja todas as sondas forem removidas e o curativo estiver
aceitando dieta líquida e medicações oferecidas via seco (sete a dez dias apos a cirurgia).
oral.
Retorno à lltlillllalleí Normal
nor Pós-nneratúrla Seu filho provavelmente retornará à escola em uma
semana após deixar o hospital. Atividade física vigo—
Após a operação, seu filho podera experimentar di-
ferentes espécies de dor ou desconforto — dor da in- rosa deve ser evitada pelo mínimo por quatro sema—
cisão, espasmos vesicais e constipação. Medicação nas após a cirurgia. t—

para a dor está disponível para várias vias, incluindo


IV, oral, supositório, ou peridural. Seu médico ou mação finds a cirurgia
enfermeira lhe recomendarã o método que acham o
Após a operação, a urina poderá ficar cor—de-rosa.
mais confortável para seu filho.

G L S' Z V I Q
Seu filho poderá experimentar algum desconforto
IEspasmos vesicais: dor em cólica em decorrên— enquanto urina e/ou pequena quantidade de vazamento
cia da cirurgia ou presença de sondas na bexiga. de urina. Muitas vezes, isso ocorre por causa da ci-
Os espasmos não fazem mal, mas causam des- rurgia e dos efeitos das sondas colocadas na bexiga.
conforto a seu filho. Durante esses espasmos, Esses problemas vesicais são temporários, mas po-
seu filho pode tornar-se subitamente irritado, dobrar dem durar duas a três semanas. Para ajudar a aliviar
as pernas, ou queixar-se de coceira ou pressão o desconforto, seu filho poderá:
na região perianal. Seu filho poderá perder pe—
quena quantidade de urina durante os espasmos.
IBeber muito líquido para diluir a urina.
IConstipação: pode ser desconfortável e agravar IUrinar sentado em banheira de água moma.
os espasmos vesicais. Por favor, comunique a ISoprar gentilmente ar por um canudo para aju-
enfermeira se seu filho está tendo dificuldades dar os músculos abaixo da bexiga a relaxarem
para evacuar.
ICateter peridural: durante a cirurgia, 0 anestesista .
durante a micção.
pode colocar um pequeno cateter nas costas culdades nmis a fllmquia
(peridural) de seu filho para infusão contínua de
medicação para a dor. O cateter peridural age Após a cirurgia, seu filho continuará a receber pe-
como um bloqueador de nervos e é removido após quena do'se diária de antibióticos. Uma ultra—sonografia
alguns dias. Enfermeiras irão monitorizar aten- dos rins e bexiga será realizada um mês após a cirur-
tamente seu filho para efeitos secundários e gia e irá nos dizer se há algum bloqueio no local da
determinar seo cateter peridural está funcionando. cirurgia. Uretrocistografia miccional costuma ser rea-
lizada quatro a seis meses após a operação. Se esse
teste mostrar que o refluxo foi corrigido, suspendem-se
neamllulaçãn os antibióticos. Outras ultra-sonografias serão reali-
Seu filho será encorajado a sair do leito no dia se- zadas em intervalos regulares para avaliar o cresci-
guinte à operação com ajuda de medicamentos para
dor ou assim que o cateter peridural for removido (se
mento e o desenvolvimento dos rins.
presente). A enfermeira também encorajaté seu filho
a fazer respirações profundas e a tossir. Todas essas nuanun Procurar 0 Hosnltal?
I Se houver suspeita de infecção: hiperemia, edema,
atividades são importantes passos para a melhora.
drenagem pela incisão, febre (> 38,5ºC), piora
da dor na incisão ou urina mal-cheirosa.
Pontes B Íllllªllulã ISe os problemas vesicais estiverem se tornando
Seu filho terá um curativo cobrindo a incisão por alguns piores (criança incapaz de urinar por mais de 8h).
dias. O curativo sera trocado em intervalos regula- IDor abdominal persistente, apesar de adequada
res. Os pontos se dissolverão espontaneamente após medicação analgésica prescrita. Dor persistente
duas a três semanas. Seu filho irá para casa com tiras pode ser sinal de infecção ou obstrução do neotúnel.
Enfermagem Urológica I
725

Illen Filho Não Terá Mais Intenção llrinária Objetivos da Cirurgia


nnós a cirurgia?
m Trazer o meato até a ponta do pênis. Circunci-
Por razões desconhecidas, algumas crianças são in- são é feita como parte da operação.
clinadas a ter infecção urinária. Essas crianças con- I: Restaurar aparência cosmeticamente aceitável do
tinuam a ter infecção urinária mesmo após uma operação pênis.
com sucesso. A diferença, entretanto, é que a infec- Desencurvar o pênis, se necessário.
ção serã limitada a bexiga. A urina infectada não mais et Restaurar micção e ereção normais.
subirá até os rins e os infectará. Isso prevenirá dano
renal adicional.
Antes Ilª Cirurgia
ll (ill! SE ”EVE SABER IRESPEITO Quando o diagnóstico de hipospãdia for confirmado,
o seu médico podera sugerir outros exames.
IIE IIIPIISI’flIllfl Quando a cirurgia for programada, informações e
o nue E llinosnáuia? instruções com respeito a data, local, jejum e outras
questões relativas à cirurgia serão respondidas pelos
Aproximadamente um de cada 300 meninos nasce com membros do Sen/loo.
hipospádia. E uma condição em que o meato (aber—
tura pela qual a urina e eliminada) não está situado nnús a cirurgia
na ponta do pênis. Em vez disso, ele pode ser encon-
trado em qualquer local ao longo do pênis, incluindo Curativo plástico será colocado em torno do pênis

7- 5 6 1 4 2 8 9
a base do escroto. O pênis pode, também, encurvar— para minimizar o edema e proteger a ferida cirúrgi-
se para baixo (denominado chordee). ca. Os pontos dissolvem—se após algumas semanas.
Não é recomendada a circuncisão em recém—nas— Um curativo externo poderá cobrir o curativo plásti—
cidos com hipospádia, porque () prepúcio pode ser co. Você será instruído a quando retira—lo.
aproveitado em seu reparo.
cateter elou Stem
Algumas crianças vão para casa com uma sonda (cateter
Surge hipospádia pelo desenvolvimento incompleto ou stent) no pênis. A urina drenara pela sonda en-
da uretra (o canal que conduz a urina através do pênis) quanto a nova uretra estiver em cicatrização. Man—
antes do nascimento. A causa exata não é conhecida. tém—se a sonda por um ponto, que será removido
Muitas vezes é herdada. posteriormente, em cinco a dez dias. Após a remo-
ção do cateter ou .stem, seu filho poderá apresentar
Por luo E Imnortante a Seu nenem?
Hipospádia afeta a aparência cosmética do pênis, mas
.
dor e o'jato espraiado de urina tenderá a melhorar.

não é uma condição que ameace a vida. Pode causar cuidados com o Cateter ou Stem
desvio dojato urinário, levando o menino, muitas vezes, ta Cuidados devem ser tomados para evitar a tra-
a urinar sentado. Também, quando adulto, a função çãor acidental da sonda, principalmente durante
sexual pode ser prejudicada pela localização do meato, troca de fraldas e banho.
ou encurvamento peniano. a Muitas vezes, a urina vaza em torno da sonda.

V W.
m Excessivo vazamento em torno da sonda, sem a
Grial e e Tratamento para uinesnádia? drenagem dela, pode ser um sinal de estar obstruída.
Se você foi instruído a como im'gá-la, injete 10mL
O tratamento é cirúrgico. A cirurgia, sob anestesia
geral, deve ser realizada entre os 12 e 24 meses de de soro fisiológico na sonda. Se não obtiver sucesso
vida. Um bom resultado cosmético e funcional deve com a manobra, telefone para seu médico.
ser esperado para todos os graus de hípospádia. a.—
Fraldas
E Necessário Permanecer no Bosnian? 5Se seu filho ficon com sonda após a cirurgia,
A maioria dos tipos de hipospádia pode ser corrigida ele necessitará de fraldas duplas. A fralda in-
de forma ambulatorial_(recebem alta no mesmo dia da terna irá coletar fezes e a externa, a urina da
cirurgia). Alguns tipos podem necessitar de reparos ci- sonda. Troque as fraldas como de costume, Limpe
rúrgicos mais extensos e podem ter que permanecer qualquer detrito fecal da sonda ou do curativo,
no hospital naquela noite ou até mais tempo. Formas prestando atenção para deixar a sonda e o cu-
mais graves de hipospádia podem necessitar de mais rativo no lugar.
de uma operação. Em tais casos, as operações serão IAntes da alta hospitalar, você receberá treina-
realizadas com um ano de intervalo. mento sobre o método da dupla fralda (traga duas
726 I Orientações de Enfermagem

fraldas, uma de tamanho maior que o daquela getais e produtos integrais. Esforço evacuatório
que seu filho normalmente usa para pemtitir espaço pode forçar o local cirúrgico e agravar os espas.
para o curativo e a sonda). mos vesicais.

Muitos métodos são usados para manter seu filho IDê banho com esponjas nos primeiros dois dias
bastante confortável: após a cirurgia. Aplique pomada de antibióticos
INa sala de cirurgia, ele receberá medicação para sobre o pênis após o banho e a cada troca de
a dor (anestesia local ou supositório). Essa fraldas.
INo terceiro dia, inicie banhos de imersão, mes-
medicação aliviará a dor quando a criança acor—
dar e durará 4 a 6h. mo com a presença de cateter/stent, por 10 a 15min
IEm casa, usará paracetamol a cada 3 a 4h e codeína, sem usar sabonete. Banhos de imersão ajudam a
manter o pênis limpo, reduzem o edema e pro«
como prescritos. A dor costuma melhorar em 48h,
mas poderá durar cinco a sete dias, Você pode movem cicatrização. Continue com os banhos
continuar com o uso de paracetamol por até sete de imersão e a pomada de neomicina por cinco
dias. Se a dor persistir, consulte seu médico. dias. O pênis pode parecer edemaciado e ma—
I Se seu filho tem uma sonda, ele pode sofrer de chucado. Terá melhor aspecto após duas a três
espasmos vesicais que acabarão quando o cate— semanas.
& Lave a região anal com sabonete e água após
ter for retirado. Durante esses espasmos, seu filho
poderá ficar subitamente irritado, dobrar as per— cada evacuação.
IVista seu filho com roupas frouxas para preve-
nas e a urina poderá extravasar ao redor do ca-
teter. Oxibutinina (medicação antiespasrno) deverá nir pressão sobre o pênis.
ser prescrita se espasmos forem esperados. Pos-
síveis efeitos secundários da oxibutinina são ru— Millillalil
bor facial, boca seca e constipação.
Quando seu filho acordar de uma cirurgia, ele se sentirá
tonto e poderá sentir fraqueza nas pernas. A ativi-
Fªll"! dade normal sem esforço poderá ser reassumida no

L‘S9'I7Z586
Febre (até 38,5ºC) pode ser esperada após a cirurgia. dia seguinte.
Para reduzir a temperatura de seu filho, podem ser Seu filho vai necessitar de supervisão extra por duas
dados paracetamol, banhos com esponja e aumento semanas para evitar dano acidental no local operado.
da ingesta de líquidos. Se a febre persistir por mais Devem ser evitados brinquedos que facilitem o trau—
de dois dias; consulte seu médico. Febre pode ser um ma na região.
sinal de infecção. Continue com os antibióticos, se t

prescritos. lluanún Telefonar ou consultar


Seu Médico? '
Sangramento I Sangramento: vermelho-vivo que não para após
No primeiro dia de cirurgia verifique a ocorrência de a aplicação de pressão delicada sobre o pênis
sangramento (gotas de sangue vermelho—vivas) a cada por 5min.
2h e uma Vez durante a noite. Se ocorrer sangramento, : Odor fétido na drenagem ou urina.
aplique pressão delicada sobre o pênis durante Smin. a Se o cateter está obstruído e a irrigação não obtém
Se não for efetiva, avise seu médico. sucesso.
Pode ser esperada a presença de algumas gotas de I Febre de 38,5ºC durando mais do que 48h, com
sangue (cor-de—rosa ou castanhas) nas fraldas. vermelhidão e edema do abdome inferior.
II Dor que persiste após medicação dada como
prescrita. *“ ‘
INas primeiras 2h após a cirurgia, oferecer ape-
nas água ou suco de maçã. Se tolerado, oferecer DHIEHTflGfiES SOBRE HIDRDNEFROSE
leite e outros alimentos. No dia seguinte pode O objetivo dessas recomendações e responder a a]-
ser oferecida dietà normal. gumas perguntas em relação à hidronefrose e ao seu
'

IEncoraje sen filho a beber muito líquido para tratamento. Não substituem as informações ou ins-

W
produzir débito urinário adequado e, assim, prevenir truções dadas por seu médico ou enfermeira. Em razão
a obstrução da sonda. da variabilidade do problema, é melhor consultar seu
IA constipação deve ser prevenida pela oferta de
médico para discutir detalhes específicos em relação
alimentos ricos em fibras, tais como frutas, ve- a seu filho.
a.
.
Enfermagem Urológica I
727

IIÍÍII'ÍIIIBÍI'IISG ª Cintilografta com mercaptoacetiltriglicina (MAG—


Hidronefrose relaciona-se a retenção de urina no rim. 3) ou ácido dietilenotriamina pentacético (DTPA,
Como_ resultado, o rim torna—se dilatado, Muitas ve— dierhylenelriamine pentaacetic acid) com Lasixº:
zes, essa alteração é detectada pela ultra-sonografia esse teste procura por bloqueio e avalia a quan-
pré-natal. Aproximadamente 1 em cada 100 bebês nasce tidade de função de cada rim. Para tanto, será injetada
com hidronefrose. Em cerca da metade dos bebês uma pequena quantidade de contraste na vela para
nascidos com hidronefrose o problema desaparece até estudar o tempo que o contraste leva para entrar
os dois anos de vida. Na maioria dos casos, o trata- no rim e deixá—lo. Um pequeno cateter poderá ser
mento da hidronefrose baseia-se na monitoração do colocado na bexiga para ajudar & drenar a urina.
rim do bebê e, se necessário, o uso de uma dose pre- Outros testes poderão ser necessários e serão ex—
ventiva de antibiótico. plicados posteriormente aos pais, se for o caso. A maioria
dos testes pode ser realizada ambulatorialmente com
Slstema Urinário Normal a criança acordada.

0sistema urinário é composto de dois rins, dois ureteres,


bexiga e uretra. Os rins filtram os produtos catabólicos Tratamento
do sangue, formando urina. A urina drena através de Refluxo
dois canais finos denominados ureteres e é armaze-
nada na bexiga. A urina deixa a bexiga por meio de Se seu filho tem refluxo, será necessário receber uma
outro canal denominado uretra. pequena quantidade diária de antibiótico para preve—
nir a infecção urinária até que o refluxo desapareça.

causas lle liinrunetrose Bloqueio


Na maioria das crianças, a causa exata da dilatação Bloqueio do rim é raro. Se seu filho tem um bloqueio,
renal não e conhecida. Entretanto, em uma pequena o tratamento dependerá de quatro fatores:
porcentagem de crianças, hidronefrose é causada por
in Gran de bloqueio.
refluxo (fluxo retrógrado da bexiga para o rim) ou .

obstrução (bloqueio) no sistema urinário. Crianças ra Localização do bloqueio no sistema urinário.


978-52416

com hidronefrose em decorrência de refluxo ou obs— :: Qualquer perda da função renal.


I: Possível infecção urinária.
trução necessitam de monitoração regular e tratamento
médico apropriado. A área mais comum de bloqueio no rim do lactente
ou criança maior é onde a urina drena do rim para o
niagnústlee Ile Refluxo on obstrução ureter 'unção ureteropélvica). Menos comumente,
o bloqueio situa-se onde a urina drena do ureter para
No bebê que ainda não nasceu, uma série de ultra- a bexiga (junção ureterovesical) ou na uretra.
sonografias costuma ser realizada durante a gravidez Em alguns casos, um rim com bloqueio pode estar
para monitorar ahidronefrose. Uma vez nascido, uma sujeito à infecção urinária, que pode, adicionalmen-
ultra-sonografra é feita para detectar se a hidrone— te, lesar os rins, assim como causar dor e sangramento.
frose desapareceu. Hidronefrose moderada pode Consequentemente, seu bebê pode necessitar de uma
desaparecer após o nascimento; entretanto, esse de— pequena dose diária de antibiótico para prevenir a
saparecimento torna-se raro com hidronefrose mais infecção da urina.
grave. Uma criança com bloqueio leve em um rim que
A hidronefrose é classificada em graus em uma funciona bem vai necessitar de uma observação re-
escala de l a IV: o grau I a mais leve e o IV a mais gu]ar de seus rins por meio da uitra—sonografia e outros
grave. Dependendo do grau da hidronefrose e dos testes por muitos anos.
achados da ultra—sonografia, o bebê poderá necessi- Uma criança com um bloqueio grave em um rim
tar de uma pequena dose preventiva de antibiótico que funciona bem ou bloqueio na uretra vai necessi-
diariamente. Também poderá ser necessária a reali- tar de cirurgia. Cirurgia para desbloquear o rim e bastante
zação de testes adicionais. O propósito de tais testes segura e tem alta taxa de sucesso. O objetivo dela é
e determinar se a hidronefrose é causada por refluxo preservar o tecido e a função renal.
ou bloqueio. Esses testes diagnósticos são:
I Uretrocistografia'miccional: este teste radioló- GMETEIIIIAGÃG TIPI] MlTnllmInFF
gico procura por refluxo (fluxo retrógrado da urina
da bexiga ao rim) e por bloqueio na uretra. Para Puntos a considerar
esse teste, será colocado um pequeno cateter na ll Lubriflcar generosamente o cateter para assegurar
uretra do sen filho e a bexiga preenchida com passagem fácil e prevenir trauma tecidual. Não
contraste especial. forçar o cateter na abertura do estoma. Parar o

,( " .
.
yv-rw.1—_
728 I Orientações de Enfermagem

IMeça e registre o tempo e o volume obtido pela


TABELA 143.1 Possíveis problemas que podem
- cateterização.
requerer atenção imediata '

OBSERVAÇÃO RAZÃO/AÇÃO
cumulus Ill! [:IBIIIIEII DO IIIMEII'I'II “ESIflAl
Odor, urina turva Urina nova não deve ter odor.
Infecções do trato urinário E GDNTIIIEHEII
podem tomar a urina de odor
forte Introdução
Vazamento A bexiga deve estar bastante
cheia A bexiga é um saco muscular que armazena urina a
baixas pressões. Músculos esfincterianos, abaixo da
Nenhuma urina Pode ser decorrente de inserção
presente na errada do cateter. Verifique bexiga (colo vesical), criam resistência para manter
cateterização sua posição a urina dentro dela, prevenindo seu vazamento. Nor—
Sangramento do estoma o estoma é facilmente irritável. malmente, quando urinamos, a bexiga contrai-se e
Isso pode acontecer quando os músculos csflncterianos relaxam—se, permitindo a
ele é muito friccionado saída da urina armazenada.
durante a limpeza ou
beliscado com a ponta da Algumas crianças nascem ou desenvolvem bexi-
unha. Em geral, o sangramento gas que não funcionam adequadamente. A continên-
pára rapidamente. Se isso não cia ou habilidade de manterem-se secas depende de
acontecer. aplique pressão uma bexiga de tamanho adequado para armazenar
delicada e avise a enfermeira
quantidades apropriadas de urina e de músculos
esfincterianos suficientemente fortes para criarem
resistência a saída de urina. Vazamento de urina poderá
procedimento se uma resistência não usual for ocorrer quando a bexiga for extremamente pequena

6 L 8' S Z Vl 9
encontrada e informar a enfermeira. ou os músculos esfincterianos fracos ou ausentes. Uma
IAssegurar técnica limpa. essencial uma boa cirurgia para reparar o vazamento de urina e/ou di—
lavagem das mãos com sabão. Mantenha limpa minuir a pressão vesical sera sugerida somente quando
a ponta do cateter. Não toque na ponta do cate— outros métodos falharem (medicamentoso e progra-
ter com as mãos ou permita que a ponta entre ma de cateterização em casa).
em contato com alguma superfície suja antes da
sua inserção na boca do estoma.
I Relate qualquer alteração (urina turva, com sangue,
|)
nue E Aumento Vesical?
odor fétido, muco, vazamento não usual entre É uma cirurgia para aumentar a bexiga pela adição
as cateterizações) (Tabela 143.1). de um segmento intestinal a ela. Uma bexiga maior
guardará mais urina e a armazenará com pressões vesi-
Procedimento de cateterlzaeão cais mais ,baixas.
«.
Tino Mitretanntt
Equipamentos. uuem Neeesslta lle Aumente Vesical?
Algumas crianças nascem'com bexiga pequena e
I Cateter urinário descartável estéril 10F (ou outro
fibrótica, ou desenvolvem uma bexiga de alta pres-
calibre recomendável). são. Uma bexiga normal é elastica, tern paredes finas
ILubrificante hidrossolúvel. e lisas que se estiram facilmente com o intuito de
I Lenços higiênicos.
manter a urina. Urna bexiga de alta pressão é endu-

‘ M.
I Recipiente para medir a urina. recida, tem parede espessa e forma irregular que não
Procedimentos. se alonga facilmente. Uma bexiga de alta pressão pode
causar pressão retrógrada em direção aos rins, dila-
IReúna os equipamentos. tando-os e causando dano renal permanente.
I Lave as mãos.
ILave a pele em tomo do estoma.
I Lubrifique a ponta do cateter, aproximadamente 0 nuo E nenaro do cole Vesieam. —
lOcm. É uma operação para fortificar o colo vesical e criar
I Insira gentilmente o cateter no estoma, dirigin- mais resistência à saída de urina. Existem muitas técni—
do-o até a bexiga, aproximadamente lOcm, até cas cirúrgicas para o reparo do colo vesical e seu mêdico
que a urina comecea fluir no recipiente.
IAvance, adicionalmente, o cateter por 2cm e
deverá escolher a melhor para as necessidades de seu
filho.
mantenha-o no lugar até que toda urina seja drenada.
I Role lentamente o cateter para assegurar-se de
que todas as porções da bexiga foram drenadas. fluem Necessita Ilª Bºllªl'o do (:qu Vesical?
I Retire o cateter gentilmente, interrompendo bre- Quando os músculos esfmcterianos são fracos ou
vemente se a urina começar a drenar. ausentes, o colo vesical
fica, muitas vezes, aberto e
Enfermagem Urológica l
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há pouca resistência à saída de urina. Consequente- após três a quatro dias. quando seu bebê for capaz
mente, urina pode vazar da bexiga. Para algumas de beber e comer bem.
crianças, esse vazamento e quase contínuo. Para outros, Sonda nasogástrica (SNG): pequeno tubo colo-
o vazamento ocorre somente durante movimentos cado pela narína até o estômago para drenar sucos
(caminhar, correr, rir, esforçar-se), quando a pressão digestivos, evitando os vômitos. Esse tubo de-
dentro da bexiga e maior do que a resistência produ- verá ser retirado em dois a três dias, após os in—
zida pelos músculos esfincterianos. testinos começarem a mover-se.
Crianças nascidas com bexiga pequena e músculos m Cateter vesical: pequeno tubo na bexiga para drenar
esfincterianos fracos podem necessitar de aumento urina. O cateter pode ser colocado na bexiga por
vesical e reconstrução do colo vesical. Ambas as cirurgias uma pequena abertura no abdome (suprapúbico),
podem ser realizadas ao mesmo tempo. ou pela uretra (local por onde seu filho normal-
mente urina). Irrigações vesicais serão realiza—
das por meio do cateter para retirar o excesso de
Quais San os nnietivos lio Aumento ilesical muco e manter a bexiga drenando adequadamente.
(: do narram rio cola Vesical? Logo após a cirurgia, a urina ficará avermelhada.
Isso é normal e tornar-se—ã mais clara com o passar
IAumentar a quantidade de urina que a bexiga
pode manter seguramente. dos dias.
I Diminuir a pressão vesical. u Dreno: pequeno tubo colocado no abdome para
I Prevenir dano renal. drenar líquidos extras (tais como sangue e urina),
I Obter continência. que podem ficar coletados durante a cirurgia.
I Melhorar a qualidadc de vida. n Molde uretral (stent): tubo colocado na uretra
para ajudar a cicatrização do novo colo vesical.

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Esse tubo é removido, aproximadamente, em duas
flue Testes SinNecessities tintastia Cirurgia? a três semanas.
ia Molde ureteral (stent): pequeno tubo colocado
Com o objetivo de decidir qual cirurgia é melhor para
seu filho, seu médico necessitará de ultra-sonograíia renal no ureter (tubo que leva urina do rim a bexiga)
recente, radiografia de bexiga (uretrocistografla miccio— para drenar urina do rim quando o ureter for
nal), exame urodinâmico completo (teste de pressão reimplantado na bexiga. Esse stent drenarã me-
vesical) e testes sanguíneos. Uma cintilografia renal nos urina a cada dia e será removido antes que
também pode ser necessária. seu filho receba alta hospitalar.

Alimentação e Líquidos por Via ºral


ilosnltallzação
Não será permitido que seu filho coma ou beba por
Antes da Cirurgia muitosiçlias após a cirurgia. Uma vez removida a SNG,
seu filho poderá começar lentamente com líquidos e
A permanência no hospital é de 10 a 14 dias. Uma en- gradualmenteprogredir para uma dieta regular. O cate-
fermeira deverá entrar em contato com você uma a ter intravenoso será removido após boa aceitação oral
duas semanas antes da operação para agendar uma de líquidos e desde que medicamentos possam ser
consulta e orientações sobre o preparo de intestino. aceitos pela boca. Você deve encorajar seufilho a beber
Seu bebê deverá ser hospitalizado um dia antes da líquidos, mantendo adequado débito urinário e pre—
data da cirurgia para preparo de cólon. Um residente venindo constipação.
examinará seu bebê e testes sanguíneos serão reali-
zados, se necessários. A enfermeira explicará os cui—
dados e procedimentos a serem dispensados em seu
Dor
filho durante a hospitalização. No dia da cirurgia, a Após a cirurgia, seu filho pode experimentar dife—
enfermeira realizará a preparação final e a acompa- rentes tipos de dor ou desconforto —- dor da incisão,
nhará ate' a sala de cirurgia. espasmos vesicais e constipação. Medicação para a
dor é receitada e pode ser dada por. via intravenosa,
oral, supositórios e peridural. Seu médico ou enfer-
Após a Cirurgia
meira lhe recomendarão o método que considerarem
() mais confortável.
A operação leva, aproximadamente, 3 a 6h. Você verá
seu filho na sala de recuperação após a cirurgia. Seu I Espasmos vesicais (cólicas): decorrentes da cirurgia
filho poderá ter algum ou todos os seguintes moldes. ou de sondas na bexiga. Não causam dano, mas
sondas e cateteres colocados. os quais deverão ser podem provocar algum desconforto. Durante esses
temporários. espasmos, seu filho pode subitamente tornar-se
I Cateter intravenoso (IV): pequeno tubo plástico irritado, encolher as pernas, ou queixar-se de
na veia de seu filho que permitirá a infusão de coceira/pressão na região glútea. Seu filho po—
líquidos e medicações. Esse tubo deverá ser retirado derá, também, perder uma pequena quantidade
730 I Orientações de Enfermagem

de urina tinta de sangue ou muco durante os cuidados a longa Prazo


espasmos. Cuidados de Follow-up
I Constipação: pode ser desconfortável e agravar
os êspasmos vesicais. Informe a enfermeira se Após cicatrização da cirurgia da bexiga e/ou do colo,
seu filho tiver dificuldades com as evacuações. vesical (cerca de três semanas depois da cirurgia), o
I Cateter peridural: durante a cirurgia, 0 anestesista médico irá remover o stem urinário e passar um ea.
pode colocar um pequeno cateter (peridural) nas teter. Após estar estabelecido o programa de catete-
costas do seu filho para infusão contínua de rização, o cateter vesical será retirado.
medicamento Contra a dor. O cateter peridural
age como um bloqueio de nervo e é removido Cateterização
após alguns dias. Enfermeiras irão monitorar
A bexiga, que foi aumentada ou que teve seu colo ve-
seu filho em relação aos efeitos secundários e sical alterado, não esvazia bem após a cirurgia. Con-
saber como está funcionando o cateter. Uma seqiientemente, um programa de cateterização inter—
equipe de médicos e enfermeiras visitará seu
filho diversas vezes durante o dia para ajustar
mitente limpa é necessário para esvaziar completamente
a bexiga, no mínimo quatro vezes por dia. Isso en-
as medicações. volve a inserção de um cateter fino na bexiga, permi-
tindo a drenagem de urina através dele. Normalmen-
Deambulação te, o cateter é inserido na uretra (abertura por onde
Em geral, seu filho será encorajado a sair da cama no seu filho urina) até a bexiga, ultrapassando o esfíncter
terceiro dia pós-operatório com a ajuda de medica- muscular.
ções para evitar dor ou logo após a remoção do cate-

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ter peridural. A enfermeira irá encorajar seu filho a Mitrofanoff
realizar res'pirações longas e a tossir. Todas essas ati- Para certas crianças, o especialista pode criar um novo
vidades são passos importantes para sentir-se melhor. canal para a cateterização da bexiga. O Mitrofanoff
é realizado pela ligação de um dos cotos do apêndice
Pontos e Curativos cecal à bexiga, trazendo a outra ponta até uma pe-
quena abertura

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