Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
© Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos à Editora Sanar Ltda. pela Lei nº 9.610,
de 19 de Fevereiro de 1998. É proibida a duplicação ou reprodução deste volume ou qualquer parte deste
livro, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, gravação, fotocópia ou
outros), essas proibições aplicam-se também à editoração da obra, bem como às suas características gráficas,
sem permissão expressa da Editora.
Nunes, Caio
N972c Como escolher a sua residência médica: o guia
para a escolha / Caio Nunes, Marco Antonio Santana.
– 2. ed. – Salvador: SANAR, 2016.
490 p. : il. ; 16x23 cm.
ISBN: 978-85-67806-08-2
Médica pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP). Fez residência
em ginecologia e obstetrícia na Casa de Saúde Santa Marcelina e especialização em
patologia do trato genital inferior na Universidade Federal de São Paulo (USP).
Médico pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP). Fez residên-
cia em cirurgia geral no Hospital Universitário Professor Edgard Santos (Hupes), da
Universidade Federal da Bahia (Ufba) e cirurgia do aparelho digestivo no Hospital
das Clinicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-Fmusp).
Realizou ainda especialização em transplante de fígado e órgãos do aparelho diges-
tivo no mesmo hospital. Atualmente, realiza fellowship em transplante de fígado
no Cliniques Universitaires Saint-Luc, associado à Université Catholique de Louvain
(UCL), na Bélgica.
Médico pela Universidade de São Paulo (USP), fez residência em genética médica
no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de São
Paulo (HC-Fmusp) e tem título de especialista pela Sociedade Brasileira de Genética
Médica (SBGM).
Formado pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMS-
CSP), com residência em clínica médica e endocrinologia pelo Hospital das Clínicas
da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (HC-Fmusp), onde
ainda atua, além de trabalhar no Hospital Nove de Julho e Hospital Israelita Albert
Einstein.
Médico pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), cirurgião geral pelo Hospital
das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-Fmusp).
Atualmente é médico residente de cirurgia plástica na mesma instituição.
Médico formado pela Universidade Gama Filho (UGF), fez residência de cirurgia
geral avançada na Universidade São Paulo (USP) (2009-2012), é membro do Colégio
Brasileiro de Cirurgiões (CBC) e possuí título de especialista em cirurgia geral.
Médico pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP). Atua como
cirurgião geral pelo Hospital Ana Nery (HAN) - UFBA e médico residente do 4°
ano de cirurgia vascular do Hospital Geral Roberto Santos (HGRS).
Lua Sá Dultra
Médico pela Faculdade de Medicina de Campos (FMC), fez sua residência mé-
dica em cirurgia geral pelo Hospital Orêncio de Freitas (Inanps)/RJ com habilitação
em cirurgia oncológica pelo Colégio Brasileiro de Cirurgiões (CBC) e mestrado em
Medicina e Saúde pela Universidade Federal da Bahia (Ufba). É doutor em biologia
de agentes infecciosos e parasitários da Universidade Federal do Pará (Ufpa). Atu-
almente é professor adjunto da disciplina de cirurgia geral da Universidade Federal
do Acre (Ufac) e cirurgião geral da Fundação Hospital Estadual do Acre (Fundhacre).
Membro titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões (CBC) e da Sociedade Brasileira
de Videocirurgia (Sobracil). Membro fundador da Academia Acreana de Medicina.
Pediatra pelo Hospital São Rafael (HSR) em Salvador-BA. Fez residência de pneu-
mologia pediátrica no Hospital Universitário Prof. Edgard Santos, da Universidade
Federal da Bahia e faz atualização em broncoscopia diagnóstica e terapêutica sob
supervisão do Dr. Guilherme Montal no Hospital São Rafael (HRS), Salvador/BA.
Dr. Pedro Dantas Oliveira
Médica formada pela Universidade de São Paulo (USP) fez residência em admi-
nistração em saúde no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universi-
dade de São Paulo (HC-Fmusp) e no Programa de Estudos Avançados em Adminis-
tração Hospitalar e Sistemas de Saúde (Proahsa) e é especialista em Administração
em Saúde pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Atualmente é médica preceptora do
Proahsa.
Médico formado pela Universidade de São Paulo (USP) fez residência em admi-
nistração em saúde no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universi-
dade de São Paulo (HC-Fmusp) e no Programa de Estudos Avançados em Adminis-
tração Hospitalar e Sistemas de Saúde (Proahsa) e é especialista em Administração
em Saúde pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Dr. Tiago Freitas
Aos meus pais Artur e Cristina e à mi- Aos meus pais, irmãs e todos os fa-
nha irmã Milla: vocês são a base de tudo. miliares, por seu apoio sempre encora-
Aos meus tios Jane Motta e Luis Va- jador, presença constante e amor incon-
lença, primos João Victor e Patrícia, mi- dicional.
nha “família emprestada” em São Paulo, Aos colegas co autores, por apoia-
pelo apoio durante a residência. rem esta nossa iniciativa e dedicarem-se
A todos os co autores pela dedicação a sua realização; vocês foram essenciais.
e crença no projeto, cada um com seu Aos colegas de residência e médicos
estilo deixando parte da sua experiência assistentes do Instituto do Câncer de São
para as próximas gerações de médicos. Paulo Octavio Frias de Oliveira (Icesp)/In-
Aos colegas de residência e médicos rad-HC-Fmsp pelo aprendizado.
assistentes do Instituto de Radiologia À Pauline, Ciro, Diogo e Henrique,
(Inrad) do Hospital das Clínicas da Uni- amigos que foram essenciais nessa jor-
versidade de São Paulo, pelo aprendiza- nada e me trouxeram alegria nos mo-
do dentro e fora da medicina. mentos de ansiedade.
Aos colaboradores da Editora Sanar E agradecimento especial aos co-
em especial, aos editores Leandro Lima legas de empreitada, Caio, Leandro e
e Maurício Lima, por acreditarem e tra- Maurício, por acreditarem no potencial
balharem junto conosco nesta obra. desta obra e trabalharem incansavel-
Ao colega e amigo Marco Antonio, mente até a sua conclusão.
pelas ideias sempre geniais.
Ao colega e amigo Mario Teles, pela
convivência nesses anos.
À Mariana Coelho, pela paciência e
apoio às minhas ideias.
PREFÁCIOS
CAPÍTULO 2. O ESPECIALISTA 43
PARTE II – AS ESPECIALIDADES 87
NOTA:
Classificamos dessa forma, pois acreditamos ser a maneira mais prática, já que
no caso das especialidades de acesso direto, a opção já se faz no processo seletivo
(concurso de residência geral), enquanto nas especialidades aqui caracterizadas
como clínicas (pré-requisito de residência em clínica médica) e cirúrgicas (pré-re-
quisito em cirurgia-geral), o médico terá maior tempo para decidir, afinal, passará
por dois anos no programa de residência básico, antes de entrar na especialidade
propriamente dita.
30
tre outras. Realizar esta escolha sem ter “Tem que fazer especialidade com pro-
o conhecimento das possibilidades dis- cedimento”
poníveis e sem refletir sobre as variáveis
em jogo, bem como o peso que se quer “Pediatra vai morrer de fome”
atribuir a cada uma delas, é dar chance
ao acaso escolher por você (com sérios “Cirugia para mim não dá porque não
riscos envolvidos nisso). Nossa preten- tenho habilidade manual”
são é dar mais elementos para a toma-
da dessa decisão, esclarecer um pouco “Radiologia nem pensar, pois adoro
mais sobre o dia a dia real de cada uma contato com paciente”
das especialidades e também ajudar na
reflexão sobre quais variáveis se deve “Meu pai é oftalmo, não tem como es-
analisar nesse processo de seleção, tor- capar”
nando menos passional e mais objetivo
o processo de escolha com sua verda- “Adoro e.c.g, adoro cardio!”
deira profissão daqui para frente.
“Professor Fulano é igual ao Dr. House,
O LIVRO quero ser igual a ele, por isso então vou fa-
zer reumato”
A ideia para formulação desta obra
surgiu após intensas discussões duran- “Fazer residência no exterior é muito
te a faculdade, festas, bares, cursinhos melhor”
e plantões, onde amigos, em sua maio-
ria, médicos, discutiam com frequência Não é incomum, entre os médicos
qual seria a melhor especialidade mé- jovens, escutar durante estas conver-
dica a exercer. Critérios como qualida- sas, casos anedóticos daquele primo
de de vida, reconhecimento profissio- que fez tal especialidade e hoje está
nal, salário, satisfação pessoal, número bem de vida, ou daquele amigo que
de horas trabalhadas, sempre surgiam fez outra especialidade, e hoje, não tem
durante essas conversas. Estudante de tempo pra nada, só vive em plantão e
medicina, quando em grupo, tem uma quase não tem vida pessoal. O tempo
conversa que nunca muda: fala de medi- vai passando e vamos percebendo que
cina, caso clínico, situações do ambula- alguns desses bordões são verdadeiros
tório, plantões o tempo todo. A escolha e outros não têm a menor relevância.
da residência médica é tema frequentes Percebemos também quanta gente do
nesses encontros. As frases são sempre nosso convívio escolheu a residência
parecidas:
31
baseada em ideias concebidas de forma ções sobre a experiência e o caminho
totalmente aleatória ou se apegou em para se realizar residência no exterior
uma ideia fixa que não tinha, no final, o (principalmente nos EUA e Europa).
menor fundamento. Observamos, neste A parte II exibe um pequeno pano-
processo, colegas que passaram na tão rama de cada especialidade, com um
sonhada (e difícil) prova de residência, e texto escrito por colaboradores de di-
largar no meio do R2, pois percebeu que ferentes regiões do país, trazendo um
aquele caminho não tinha “nada a ver” pouco da prática diária, perfil, tipo de
com aquela especialidade. Perdemos as atuação e informações de como é a re-
contas dos inúmeros colegas sobrecar- sidência na sua área, fechando assim,
regados e frustrados profissionalmente, nestas duas etapas, um panorama geral
modelos que adornam o nosso painel para que você, leitor, fundamente me-
de convívio diário. lhor a sua escolha.
Desta forma, percebemos que não Tentar passar um pouco das nossas
havia nenhum material na literatura bra- experiências, bem como das experi-
sileira especializada que trouxesse infor- ências dos nossos colaboradores, para
mações sobre as especialidades, seus fomentar as ideias e tentar tornar “a es-
campos de atuação e seu dia a dia numa colha” a mais próxima de uma decisão
perspectiva mais real. Algumas espe- embasada e amadurecida são os princí-
cialidades são praticamente desconhe- pios que nos motivaram a reunir um gru-
cidas na graduação. Desenvolvemos a po para escrever este livro.
proposta de escrever um guia que fosse Trouxemos profissionais bem alo-
como uma conversa com o profissional cados no mercado e provenientes dos
inserido no mercado, método que você maiores programas de residência do
nem sempre teve oportunidade de ter. país, para dar uma ideia ampla e mais
Não tivemos, em nenhum momento, próxima das diversas realidades existen-
a pretensão de ser um texto científico, tes no Brasil.
embora, nos utilizamos de muita coisa Sinceramente, esperamos ajudar no
disponível na literatura específica. Con- debate e no amadurecimento das suas
cebemos o livro em duas partes. A parte concepções.
I, na qual falaremos um pouco da carrei- Contamos ainda com a colaboração
ra médica, da diversidade de possibili- de vocês, leitores, para aprimoramento
dades de trabalho e de como o processo deste livro, nos enviando suas opiniões,
de especialização da medicina se deu, dúvidas, críticas, sugestões, para que
trazendo também algumas metodolo- possamos auxiliá-los ainda mais nesse
gias para ajudar na sua formação de opi- processo decisório, e, quem sabe, torná-
nião para a escolha de como seguir com -lo menos angustiante.
a sua carreira. Trouxemos ainda informa-
32
PARTE I
É possível exercê-las de forma conco- soas e ser exemplo dos médicos em for-
mitante ou de forma separada. Sabemos mação é uma oportunidade de desen-
ainda que a ampla maioria dos médicos volvimento e realização pessoal incrível.
não quer simplesmente deixar a parte O mercado de ensino médico está
assistencial. Desta forma, acreditamos em franca expansão, basta observar os
que com planejamento e estratégia, é dados da proliferação de novas escolas
possível fazer com que as suas múlti- médicas no país. Hoje são em torno de
plas carreiras sejam sinérgicas. Por ex.: 2181. A lei Nº 12.871, de 22 de outubro
ser professor para agregar valor ao seu de 2013, que institui o programa “Mais
nome, desenvolver pesquisas para man- Médicos”2 prevê ampliar ainda mais a
ter-se sempre atualizado, realizar um rede de formação de novos médicos no
Master of Business Administration (MBA) país. Neste cenário, haverá uma grande
em gestão se pretende assumir posições demanda por professores das ciências
de chefia, etc. Comentaremos em segui- biomédicas, preceptores de internato,
da algumas destas possibilidades. coordenadores de curso, consultores de
estrutura curricular. A tabela abaixo for-
O PROFESSOR nece uma ideia dos salários iniciais para
professores de uma universidade federal.
Ensinar é algo realmente desafiador,
especialmente na medicina. Formar pes-
Fonte: EDITAL No 01/2013DO CONCURSO PÚBLICO PARA DOCENTE DO MAGISTÉRIO SUPERIOR – Universida-
de Federal da Bahia.
36
A Carreira Médica CAPITULO 1
Some-se a isso o contingente de no- área deve estar atento aos centros de
vas residências médicas que deverão ser pesquisa no país, que sempre oferecem
criadas e as pós-graduações que tam- vagas de estágios, bolsas e participação
bém demandarão especialistas volta- em projetos. É bom ter vivenciado estas
dos para o ensino. Somos críticos com a experiências durante a graduação para
proliferação de cursos e pós-graduações se ter a ideia do universo de trabalho
médicas que não são programas de re- com pesquisa.
sidência oficiais (e definitivamente não Grande parte dos médicos que pro-
são o ideal para a complexa formação duzem conhecimento novo no nosso
dos especialistas), mas não podemos fe- país consegue aliar a prática clínica ao
char os olhos, pois, de fato, esta é uma desenvolvimento de pesquisas, orienta-
forte tendência. ções e trabalhos científicos, dentro do
Se existe um mercado que está longe próprio serviço que está inserido (geral-
de ser saturado é o do ensino médico, mente no ambiente universitário). O fato
principalmente frente à realidade que de “fazer ciência” agrega valor perante a
se projeta para os próximos anos. Desta comunidade médica, bem como a sua
forma, a qualificação e as pós-gradua- prática técnica. Muitos desses profissio-
ções strictu senso (mestrado e doutora- nais acabam por se tornar referências
do) podem ser muito úteis. nas áreas do conhecimento a que se
Há ainda um movimento crescente dedicam e conseguem fechar uma tría-
de conhecimento médico na rede mun- de de médico-professor-cientista, que é
dial de computadores e nos aplicativos bastante sinérgica.
de celular. Proliferam-se, cada vez mais, Viver só de ciência no nosso país aca-
sites de conteúdo, casos clínicos, intera- ba sendo um grande desafio, tendo em
ção entre colegas, congressos virtuais, vista a pouca estrutura e disponibilidade
assessoria de conteúdo médico para re- de recursos. Conheço pessoas muito rea-
vistas e jornais leigos, e até redes sociais lizadas e de destaque no cenário científi-
de conhecimento ligados à medicina3. co mundial que trabalham em laborató-
Tudo isso traduzindo novas fronteiras rios no Brasil e dedicam-se tão somente
profissionais e de mercado de trabalho. a projetos científicos e produção de co-
nhecimento. No entanto, acho que esse
O CIENTISTA caminho é muito específico para algu-
mas pessoas e requer mais que interesse
O médico é um profissional comple- pela ciência, requer paixão.
to para o trabalho na área das ciências As possibilidades de trabalho com
da saúde. Entende das ciências básicas pesquisa não se limitam aos institutos,
e da parte clínica, podendo desta forma laboratórios, mas também a indústria
trabalhar em pesquisa básica e aplicada farmacêutica e empresas de biotecnolo-
(clínica). Quem quiser desbravar por esta
37
CAPITULO 1 Como Escolher a sua Residência Médica
38
A Carreira Médica CAPITULO 1
39
CAPITULO 1 Como Escolher a sua Residência Médica
40
A Carreira Médica CAPITULO 1
REFERÊNCIAS
41
CAPITULO 1 Como Escolher a sua Residência Médica
42
O ESPECIALISTA
Dr. Caio Nunes
H
MEDICINA - A VENDA DE UM SONHO
ver uma carreira de forma digna e com tologia etc.). Faltará um bom internato
perspectivas de inserção mercadológica (parte do curso mais prática e mais re-
para o jovem profissional, não deixa de levante para o real aprendizado)? Cer-
ser claro que os governos dos interiores tamente! Faltará hospital universitário
ainda estão despreparados para receber com o mínimo de recursos para o apren-
certo contingente de alunos de medici- dizado decente? Certamente!
na. O que há que se entender é que o É só aguardar mais alguns anos e ve-
médico irá se fixar onde tiver chances de remos greves estudantis, médicos com
desenvolver uma medicina de qualida- formação cada vez pior, aumento do
de, com educação continuada e chances número de processos por erro e degra-
de crescimento profissional. Logo, a es- dação profissional.
tratégia de criar faculdades de medicina Por que ao invés de abrirem novas
no interior do país para resolver o pro- faculdades não fortalecer e estruturar
blema de interiorização de médicos é no as já então existentes? Por que flexibili-
mínimo equivocada, no meu entender. zar a qualidade em função do interesse
A publicação do relatório de Fle- mercadológico puro? Por que vender de
xner3, em 1910, nos EUA, começava a forma tão leviana um sonho tão nobre
lançar as bases para o ensino médico aos nossos jovens? Por que não tentar
sistematizado e baseado em conheci- resolver o problema da interiorização de
mento científico, tirando um pouco da forma digna com uma carreira estrutu-
“arte” na medicina e aproximando-a rada para o profissional médico?
mais de uma técnica científica. Tal rela- Você, que quer ser médico, não dei-
tório ajudou a padronização das escolas xe o temor e a dureza do desafio do
médicas, principalmente no sentido de vestibular flexibilizar sua meta. Queira
criar uma qualidade mínima para o fun- o melhor para você e para seus futuros
cionamento destas. A consequência dis- pacientes, estude a instituição que pre-
to foi o fechamento das menores insti- tende cursar e não se deixe seduzir pelo
tuições que não preenchiam os critérios caminho fácil das universidades faju-
mínimos (parece que em pleno século tas. Não deposite seu sonho e sua cara
XXI, no Brasil, estamos indo na direção mensalidade em qualquer cofre. Saúde
contrária, não é?). não é brincadeira e a licença do Conselh
Faltarão alunos? Não! Faltarão labo- Regional de Medicina (CRM) não pode
ratórios equipados de anatomia ? Talvez. nem deve ser licença para matar.
Faltarão professores? Não para os dois
primeiros anos, onde se é permitido aos AS BASES DA ESPECIALIZAÇÃO DA
profissionais da saúde (enfermeiros, fi- MEDICINA
sioterapeutas, dentistas etc.) ensinarem
aos futuros médicos as matérias básicas Houve uma revolução no conheci-
(anatomia, fisiologia, bioquímica, his- mento incorporado às ciências médicas.
44
O Especialista CAPITULO 2
45
CAPITULO 2 Como Escolher a sua Residência Médica
46
O Especialista CAPITULO 2
47
CAPITULO 2 Como Escolher a sua Residência Médica
48
O Especialista CAPITULO 2
49
CAPITULO 2 Como Escolher a sua Residência Médica
residência. Lembre-se que você terá cos especialistas suficientes (em geral),
o resto da vida para se aprimorar na embora mal distribuídos pelo território
sua especialidade, enquanto algu- nacional (assim como ocorre também
mas oportunidades de aprendizado para os médicos generalistas), com con-
da graduação não irão mais voltar. O centração nos grandes centros urbanos
mais importante mesmo é tentar ver e nas regiões sul e sudeste. As razões
o máximo das especialidades e ten- para isso acontecer são bem conheci-
tar aprimorar seu autoconhecimento das: falta de estrutura e condições de
para perceber aquela que se adequa trabalho nas cidades menores, ausência
mais ao seu perfil. de plano de carreira e salário atrativo,
ausência de educação continuada, falta
PANORAMA DOS ESPECIALISTAS de acesso a equipamentos e medica-
ções, falta de um mercado de trabalho
Os dados do censo médico mais re- estabelecido.
cente apontam que o Brasil tem médi-
50
O Especialista CAPITULO 2
51
CAPITULO 2 Como Escolher a sua Residência Médica
te
rte
es
l
Su
es
es
-O
rd
ro
Su
No
nt
Ce
Fonte: http://www.cremesp.org.br/pdfs/DemografiaMedica-
necessidades sociais por atendimento
BrasilVol2.pdf em algumas especialidades.
52
O Especialista CAPITULO 2
53
CAPITULO 2 Como Escolher a sua Residência Médica
que superam em qualidade muitas das quer custo”, “de qualquer jeito”. Dizemos
residências médicas (a depender da ao governo que não nos preocupamos
especialidade e instituição). Estágios com a qualidade da residência médica
em boas instituições, com carga horá- e que iremos buscar nossa formação de
ria equivalente a da residência médica forma independente e que nos sujei-
e preceptoria comprometida são tão taremos a trabalho escravo ou a pagar
bons ou melhores. Analisando do ponto para trabalhar.
de vista legal, o código de ética médica Ainda hoje há residentes submetidos
não restringe a prática de procedimen- a regimes de trabalho que ultrapassam
tos pelos médicos. Apenas anunciar-se 100 horas semanais (quando a lei fixa
como especialista sem sê-lo é conside- uma jornada máxima de 60 horas), plan-
rado infração12. Então não há impedi- tões de mais de 36 horas ininterruptas,
mento para que o colega realize proce- muitas vezes sem supervisão adequada.
dimentos (desde que não incorra em Mais grave ainda é isso ser encarado por
imperícia, imprudência ou negligência). muitos com naturalidade, ou, pior como
Além disso, há uma flexibilização por algo "necessário para o aprendizado".13
parte das sociedades médicas no reco- Lutar por uma residência médica re-
nhecimento de alguns destes estágios munerada dignamente e de qualidade
como pré-requisito para prova de título. deve ser a tônica dos estudantes de me-
Uma vez prestada prova da sociedade dicina e médicos do país.
ou cumprido os requisitos, a titulação de
especialista pode ser obtida por uma via MUDANÇAS DA FORMAÇÃO COM A
alternativa à da residência médica. LEI DO “MAIS MÉDICOS”
A formação médica é única e extre-
mamente complexa. Difere sobremanei- Uma das maiores insanidades da lei
ra da maioria das outras profissões da- é abertura desenfreada de escolas médi-
das todas essas peculiaridades. Ao optar cas, sobretudo no interior onde não há a
por um estágio, busque a qualidade, o menor condição de se oferecer um ensi-
credenciamento junto às sociedades no qualificado. (Leia mais em “Medicina
médicas e comprometimento da insti- - A venda do sonho” pag. 43) A desculpa
tuição com a formação acadêmica. é que, ao formar médicos no interior, o
É fato é que as alternativas à residên- problema da interiorização da medicina
cia médica não são de todo ruins quan- seria sanado. É mais que óbvio que nin-
do se avalia da perspectiva pessoal, guém se fixa em uma cidade por ter se
porém, ao optar por esses atalhos, nós formado lá. As pessoas estão sempre em
coletivamente abrimos o precedente busca de qualidade de vida, progresso
para o fim da residência médica como pessoal e profissional e acesso a bens e
conhecemos hoje. Sinalizamos que que-
remos nos tornar especialistas “a qual-
54
O Especialista CAPITULO 2
55
CAPITULO 2 Como Escolher a sua Residência Médica
56
O Especialista CAPITULO 2
Seção Única
Do Contrato Organizativo da Ação Pública Ensino-Saúde
57
CAPITULO 2 Como Escolher a sua Residência Médica
REFERÊNCIAS
58
O Especialista CAPITULO 2
59
COMO ESCOLHER UMA
ESPECIALIDADE?
“
Dr. Caio Nunes
Dr. Marco Santana Se você conhece o inimigo e conhece a si
Dra. Tatiana Pina mesmo, você não precisa temer o resultado de
“
cem batalhas. Se você conhece a si mesmo, mas
não ao inimigo, para cada vitória que ganhar,
sofrerá também uma derrota. Se você não
conhece nem o inimigo nem a si mesmo, você
vai sucumbir em todas as batalhas.
de, mas, pense bem, você ficará grande Somente quando sabemos o que
parte da sua vida trabalhando. É impor- gostamos de fazer, alinhado com o tipo
tante realizar algo que goste e que te- de marca que queremos deixar no mun-
nha motivação para tal, caso contrário, do, e, concomitantemente, respeitando
será um sacrifício levantar todos os dias os nossos valores individuais, é possível
rumo ao trabalho. ter uma base sólida para decidir.
Para ajudar na resposta desta pergun- Não existe apenas uma especialida-
ta, reflita sobre as seguintes questões: de perfeita para cada pessoa e é possível
• O que te move verdadeiramente? se satisfazer com mais de uma especia-
• Onde você se imagina atuando? lidade, desde que estas compartilhem
• Quais são seus sonhos? algumas características. Basicamente, as
• Qual a marca que você quer deixar no especialidades podem ser divididas em
mundo? três grandes grupos:
• Como você gostaria de ser lembrado? 1. Especialidades clínicas, com contato
pessoal intenso e relacionamentos
Desta forma, a sua escolha será mais duradouros com os pacientes, com
segura e alinhada ao que você verda- resultados de longo prazo (medicina
deiramente gosta e quer como resulta- da família, clinica médica, cardiologia,
do do seu trabalho. Pense também nos endocrinologia, pneumologia etc.);
seus valores, determine exatamente 2. Especialidades cirúrgicas, com proce-
quais são as suas prioridades. dimentos manuais ou robóticos, com
Lembre-se que os valores influen- resultados de curto prazo (todas as
ciam e modelam suas decisões pessoais cirurgias, gastroenterologia, cardio-
e profissionais. São importantes moti- logia intervencionista, ginecologia e
vadores na hora da elaboração de seu obstetrícia);
plano de carreira, da escolha de uma 3. Especialidades auxiliares com uso de
especialização e de seu plano de vida. tecnologia (radioterapia e medicina
Portanto, ao tomar sua decisão, procure nuclear) ou com pouco ou nenhum
mesclar suas opções com os valores que contato com pacientes (patologia, ra-
são mais importantes para você, e as- diologia diagnóstica, epidemiologia).
sim, atuará certamente em uma carreira
compatível com o que acredita, afastan- Sugerimos que o leitor monte uma
do a desmotivação por desalinhamento tabela com as variáveis principais que
com suas crenças. abaixo listamos e, caso queira, acrescen-
Olhar para dentro e fazer um exer- te ou retire as que você julgue necessá-
cício de autoconhecimento, bem como rias.
parar para refletir, surgem como atitu-
des fundamentais no momento da es-
colha.
62
Como Escolher uma Especialidade? CAPITULO 3
63
CAPITULO 3 Como Escolher a sua Residência Médica
64
Como Escolher uma Especialidade? CAPITULO 3
65
CAPITULO 3 Como Escolher a sua Residência Médica
Existem diversos testes vocacionais disponíveis online, para ajudar a guiar a es-
colha, mas os resultados de todos eles devem ser utilizados de forma apenas auxi-
liar, levando em conta os fatores já citados, destacando-se:
66
RESIDÊNCIA MÉDICA
NOS ESTADOS UNIDOS “
“
Dr. João Freitas Melro Braghiroli
Não pergunte o que seu país pode fazer por você.
Pergunte o que você pode fazer por seu país.
John F. Kennedy
68
Residência Médica nos Estados Unidos CAPITULO 4
69
CAPITULO 4 Como Escolher a sua Residência Médica
70
Residência Médica nos Estados Unidos CAPITULO 4
71
CAPITULO 4 Como Escolher a sua Residência Médica
72
Residência Médica nos Estados Unidos CAPITULO 4
73
CAPITULO 4 Como Escolher a sua Residência Médica
74
Residência Médica nos Estados Unidos CAPITULO 4
Treatment and Active Labor Act (EMTA- cessivos na compensação por serviços
LA) exigindo que os hospitais forneçam médicos e procedimentos, os médicos
tratamento de saúde de emergência a de família (primary care physicians) vem
qualquer pessoa que dela necessite, in- recebendo recorrentes incentivos. Exis-
dependentemente da cidadania, estado te um grande estímulo do governo e
jurídico, ou capacidade de pagamento. dos próprios programas de residência
Desta forma, os hospitais são obriga- médica para formar internistas interes-
dos a receber pacientes que precisem sados em seguirem a carreira de pri-
de cuidados por enfermidades agudas, mary care physician. A grande limitação
independente destes terem ou não se- são os altos custos para se manter uma
guro de saúde; também nos preservam clínica privada em função de funcioná-
eticamente, como médicos, o poder de rios e burocracias. Muitas clínicas tem
tratar um paciente que necessite cuida- sido compradas por grande empresas,
dos imediatos. de forma que os médicos passam a ser
A medicina americana continua mui- empregados destas clínicas, e não mais
to defensiva e, muitas vezes, extrapola a autônomos.
extensão de uma investigação para ten- Outra carreira muito procurada para
tar minimizar o erro médico, levando ao o internista é a de hospitalista. A carga
aumento do custo do sistema de saúde. horária em regime de plantão, geral-
Muitos estados americanos limitaram o mente trabalhando por 12 horas por
teto para a compensação por erros mé- sete dias seguidos e folgando sete dias,
dicos, e muitos médicos utilizam de ar- atrai muitos médicos. Como existe um
tifícios jurídicos para proteger seus bens sistema de cobertura, uma vez fora do
e declaram para seus pacientes que não hospital, outro médico assume o cui-
pagam seguro contra processo. Mesmo dado total do paciente, permitindo ao
assim, ainda é comum a propaganda, hospitalista descansar, sem ficar preo-
em outdoors e televisão, de advogados cupado em estar disponível a qualquer
recrutando clientes em potencial para momento para uma intercorrência. A
processar médicos, em função de um remuneração em função das horas tra-
procedimento ou prescrição de uma balhadas é boa, ainda mais consideran-
medicação. do a possibilidade de trabalhar também
nos sete dias de folga. Segundo uma
MERCADO DE TRABALHO pesquisa com mais de 80 mil médicos
americanos, o salário anual inicial é pou-
O mercado de trabalho para o inter- co mais de cento e sessenta mil dólares,
nista está em plena ascensão nos EUA. enquanto para o que está em prática há
Enquanto os seguros de saúde liderados mais de seis anos é de duzentos e dez
pelo Medicare promovem cortes su- mil dólares.2
75
CAPITULO 4 Como Escolher a sua Residência Médica
76
Residência Médica nos Estados Unidos CAPITULO 4
SOBRE O AUTOR
Médico formado pela Universidade Federal da Bahia (Ufba). Fez residência de medi-
cina interna na University of Miami Miller School of Medicine (UMMSM) no período
de 2010-2013. Atua como chief resident na mesma instituição. Recebeu os prêmios:
“Intern of the Year” e “Resident of the Year” na University of Miami Miller School of
Medicine, e o prêmio “Outstanding Physician” na American College of Physicians.
É membro do Board of Associates do American College of Physicians (ACP) e certi-
ficado pelo American Board of Internal Medicine (Abim). Fellow de cardiologia no
Jackson Memorial Hospital na UMMSM.
REFERÊNCIAS
77
RESIDÊNCIA MÉDICA
NA EUROPA “
“
Dr. Lucas Regis Plácido
Leva um longo tempo para se tornar jovem.
Pablo Picasso
80
Residência Médica na Europa CAPITULO 5
81
CAPITULO 5 Como Escolher a sua Residência Médica
82
Residência Médica na Europa CAPITULO 5
83
CAPITULO 5 Como Escolher a sua Residência Médica
84
Residência Médica na Europa CAPITULO 5
SOBRE O AUTOR
REFERÊNCIAS
85
PARTE II
AS ESPECIALIDADES
ESPECIALIDADES
DE ACESSO DIRETO
ADMINISTRAÇÃO EM
SAÚDE
“
“
Dra. Tereza Barczinski
Dr. Thomas Augusto Taka A sublimidade da administração consiste em
conhecer o grau adequado de poder que deve
ser exercido em diferentes ocasiões.
Montesquieu
92
Administração em Saúde CAPITULO 6
93
CAPITULO 6 Como Escolher a sua Residência Médica
94
Administração em Saúde CAPITULO 6
to de prazos e metas. Em alguns cargos por todas as outras salas, pela UTI, pelos
específicos, de organizações com fun- leitos de enfermaria, pelo pronto socorro
cionamento 24 horas por dia, o gestor etc.
pode ser requisitado para o trabalho fora Essa dinâmica determina uma rotina
do horário comercial em determinadas com múltiplos focos simultâneos e uma
situações. ampla compreensão de toda a situação.
Além das diferenças na carga horária, O gestor realiza um trabalho essencial-
as obrigações do trabalho do gestor são mente estratégico e que pode ser re-
os principais diferenciadores da rotina. sumido pela combinação de análise de
Para um médico com carreira assisten- dados, manutenção da rotina e planeja-
cial, o principal foco de atenção do tra- mento para o futuro.
balho é o paciente. Dentre as suas obri- Independente do nível hierárquico
gações, o cuidado abrange não apenas do cargo do gestor, ele deverá com-
a doença, mas também o paciente como preender a situação da área em que
um todo, seus familiares e amigos, po- trabalha. Conhecer todos os processos,
rém a rotina é focada em pontos espe- agentes e produtos de sua área é uma
cíficos. É possível exemplificar com um obrigação tão básica quanto analisar os
cirurgião, no qual o êxito da cirurgia é a seus resultados e indicadores. A manu-
única preocupação durante toda a ope- tenção da rotina é o cumprimento de to-
ração. Em outras palavras, o universo do das as pequenas tarefas do dia a dia e de
médico assistencial se resume ao pa- lidar com adversidades que surgem dia-
ciente que ele está atendendo naquele riamente e exigem resoluções rápidas. A
determinado momento. resolução de conflitos faz parte da rotina
Em contrapartida, na administração, de qualquer gestor. Também, indepen-
o gestor de saúde é responsável por dente do cargo, o gestor em saúde está
uma determinada área e equipe, que sempre realizando planejamentos para
podem ser o centro cirúrgico de um hos- curto e longo prazo de ações, como a
pital ou até a secretaria de saúde de um fusão com outra instituição, abertura de
município. Esta equipe subordinada será capital, planejamento orçamentário, en-
composta por diversos profissionais re- tre outros.
alizando tarefas múltiplas, simultâneas
e dependentes de outras áreas, sendo MERCADO DE TRABALHO
o gestor responsável por coordenar inú-
meras tarefas. O diretor de um hospital O mercado de trabalho é bastante
é responsável por oferecer condições amplo para o gestor em saúde. A resi-
para que o cirurgião e toda a sua equipe dência em administração permite que
obtenham êxito no seu procedimento o médico trabalhe em qualquer organi-
cirúrgico, mas também será responsável zação de saúde, como hospitais públi-
95
CAPITULO 6 Como Escolher a sua Residência Médica
96
Administração em Saúde CAPITULO 6
97
CAPITULO 6 Como Escolher a sua Residência Médica
98
Administração em Saúde CAPITULO 6
99
CAPITULO 6 Como Escolher a sua Residência Médica
SOBRE OS AUTORES
Médica formada pela Universidade de São Paulo (USP) fez residência em admi-
nistração em saúde no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universi-
dade de São Paulo (HC-Fmusp) e no Programa de Estudos Avançados em Adminis-
tração Hospitalar e Sistemas de Saúde (Proahsa) e é especialista em Administração
em Saúde pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Atualmente é médica preceptora do
Proahsa.
Médico formado pela Universidade de São Paulo (USP) fez residência em adminis-
tração em saúde no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universida-
de de São Paulo (HC-Fmusp) e no Programa de Estudos Avançados em Administra-
ção Hospitalar e Sistemas de Saúde (Proahsa) e é especialista em Administração em
Saúde pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
REFERÊNCIAS
1. Conselho Federal de Medicina. Resolução CFM Nº 1.973/2011. Dispõe sobre a nova redação
do Anexo II da Resolução CFM nº 1.845/08, que celebra o convênio de reconhecimento de
especialidades médicas firmado entre o Conselho Federal de Medicina, a Associação Médica
Brasileira e a Comissão Nacional de Residência Médica. Diário Oficial da União, 1º de agosto
de 2011, Seção I, p. 144-147.
2. Goodall AH. Physician-Leaders and Hospital Performance: Is There an Association? Social
Science & Medicine v.73, n.4, p.535-9, 2011.
3. Kisil M. Educação em Administração de saúde na América Latina: A busca de um paradigma.
São Paulo: Faculdade de Saúde Pública/USP, 1994. 70 p.
4. Knight R. Estudantes querem unir medicina com administração. Valor Econômico, 16 de maio
de 2012.
5. Vecina Neto G, Malik AM. Gestão em Saúde. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. 383 p.
100
ANESTESIOLOGIA “
“
Dr. Manoel Medeiros
A dor é a origem do conhecimento.
Simone Weil
102
Anestesiologia CAPITULO 7
ROTINA DO ANESTESIOLOGISTA
Cada localidade apresenta uma com- gia, um dia como membro de um servi-
binação das características acima, o que ço multiprofissional/multidisciplinar de
torna a rotina possível de um anestesio- assistência em terapia analgésica (dor
logista muito variada. Um exemplo típi- aguda e crônica).
co de como pode ser múltipla a semana Ao final de sua residência, a depen-
de um profissional seria no esquema der da cidade (ou cidades) que esco-
seguinte: dois dias por semana, como lheu para trabalhar, o profissional vai
membro de um grupo de profissionais escolher como montar sua semana de
que prestam serviço (inclusive plantão) trabalho a partir das opções disponíveis.
em um hospital geral (múltiplas espe- Os grandes centros e capitais oferecem
cialidades), um dia como funcionário mais versatilidade de composição en-
em um hospital universitário trabalhan- quanto que as pequenas cidades têm
do inclusive como preceptor de especia- um perfil mais restritivo.
listas em formação, um dia como anes- O trabalho em grupo em hospitais
tesiologista de especialidade único (fora gerais é o que tem o maior potencial
de grupos) em ma clínica de oftalmolo- de permitir uma rotina diversificada de
103
CAPITULO 7 Como Escolher a sua Residência Médica
104
Anestesiologia CAPITULO 7
105
CAPITULO 7 Como Escolher a sua Residência Médica
106
Anestesiologia CAPITULO 7
107
CAPITULO 7 Como Escolher a sua Residência Médica
108
Anestesiologia CAPITULO 7
109
CAPITULO 7 Como Escolher a sua Residência Médica
SOBRE O AUTOR
REFERÊNCIAS
110
DERMATOLOGIA
“
“
Dr. Pedro Dantas Oliveira
A A dermatologia é a especialidade
responsável pelo cuidado da pele, maior
órgão do corpo humano, com cerca de
nove quilogramas e dois metros qua-
drados de área em um adulto mediano.
do mundo, apenas superada pela Acade-
mia Americana de Dermatologia(AAD).3
Segundo informações do censo der-
matológico 2011, realizado pela SBD, o
Brasil tem a densidade de um derma-
Cabem ao especialista o diagnóstico e o tologista para cada 32.000 habitantes.
tratamento clínico/cirúrgico das doen- Entretanto, sua distribuição é bastante
ças que acometem não somente a pele, irregular no país e entre os estados, as-
mas também a mucosa e os fâneros (ca- sumindo características metropolitanas.
belos e unhas).1 Além disso, a SBD vem crescendo en-
Há menção às moléstias cutâneas e tre 400 e 500 sócios por ano (6% a 8%),
aos cuidados cosméticos ainda na An- taxa mais acelerada do que a da popu-
tiguidade, em papiros egípcios, com lação brasileira (1% a 1,5%), na última
descrições em Roma, Grécia e na Arábia. década.4
Mas foi na Europa, no fim do século XVI, Para ter o registro da especialidade
que clínicos começaram a definir e ca- perante o Conselho Federal de Medicina
tegorizar os problemas cutâneos.2 Hoje, (CFM), são necessários:
pelo menos 2.000 condições dermatoló- • Três anos de residência médica com
gicas já foram descritas, e esse número acesso direto em instituição creden-
continua em crescente aumento.1 ciada pela Comissão Nacional de Re-
No Brasil, foi fundada, em 1912, a sidência Médica (CNRM/MEC)5;
Sociedade Brasileira de Dermatologia • Título de especialista, emitido pela
(SBD), sendo hoje composta mais de SBD, após aprovação em exame teóri-
7.500 associados, representando a se- co-prático elaborado pela instituição.
gunda maior sociedade dermatológica Para se submeter a essa prova, por
CAPITULO 8 Como Escolher a sua Residência Médica
112
Dermatologia CAPITULO 8
113
CAPITULO 8 Como Escolher a sua Residência Médica
114
Dermatologia CAPITULO 8
115
CAPITULO 8 Como Escolher a sua Residência Médica
116
Dermatologia CAPITULO 8
117
CAPITULO 8 Como Escolher a sua Residência Médica
SOBRE O AUTOR
REFERÊNCIAS
1. Burns DA, Cox, NH. Introduction and Historical Bibliography. In: Burns T, Breathnach S, Cox N,
Griffiths C. Rook's Textbook of Dermatology. Oxford: Blackwell Science; 2010.
2. McCaw IH. A Synopsis of the History of Dermatology. Ulster Med J. 1944 Nov;13(2):109-22
3. Sociedade Brasileira de Dermatologia. Apresentação. Disponível em: <www.sbd.org.br/a-sbd/
institucional>. Acesso em: 8 set. 2015.
4. Miot HA, Miot LDB. Tempo para agendamento de consultas dermatológicas no Brasil. An Bras
Dermatol. 2013;88(4):572-8.
5. Conselho Federal de Medicina (Brasil). Resolução no 1.634, de 29 de abril de 2002. Convênio
de reconhecimento de especialidades médicas firmado entre o Conselho Federal de Medicina
CFM, a Associação Médica Brasileira – AMB e a Comissão Nacional de Residência Médica -
CNRM. D of União, seção I, p. 81
6. Sociedade Brasileira de Dermatologia. Edital da Prova de Título de Especialista do ano de 2015.
Disponível em: <www.sbd.org.br/titulo-de-especialista/exame-2015>. Acesso em: 8 set. 2015.
7. Sociedade Brasileira de Dermatologia. Serviços Credenciados. Disponível em: <www.sbd.org.
br/a-sbd/servicos-e-hospitais-credenciados>. Acesso em: 8 set. 2015.
8. Conselho Federal de Medicina (Brasil). Resolução no 1.973, de 14 de julho de 2011. Nova re-
dação do Anexo II da Resolução CFM nº 1.845/08, que celebra o convênio de reconhecimento
de especialidades médicas firmado entre o Conselho Federal de Medicina (CFM), a Associação
Médica Brasileira (AMB) e a Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM). D Of União, 1º
de agosto de 2011, Seção I, p. 144-147.
118
Dermatologia CAPITULO 8
119
GENÉTICA MÉDICA
“
Dr. Caio Robledo Quaio
Profa. Dra. Chong Ae Kim A ciência não é, como muitos possam imaginar,
“
algo alheio e exclusivamente dedicado a
telescópios ou tubos de ensaio. É, sim, um
caminho de busca através da observação,
experimentação e classificação. [...] O seu
segredo é a acurácia e seu objetivo é a verdade.
122
Genética Médica CAPITULO 9
123
CAPITULO 9 Como Escolher a sua Residência Médica
124
Genética Médica CAPITULO 9
SOBRE OS AUTORES
Médico pela Universidade de São Paulo (USP), fez residência em genética médica
no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de São
Paulo (HC-Fmusp) e tem título de especialista pela Sociedade Brasileira de Genética
Médica (SBGM).
REFERÊNCIAS
125
GINECOLOGIA E
OBSTETRÍCIA “
“
Dr. Andrea Rebello Moreira
Há nada mais importante que a mulher,
o resto é bobagem.
Oscar Niemeyer
74,8 anos, sendo 71,3 anos para os ho- sobre o qual pode-se interferir, “melho-
mens e 78,5 anos para as mulheres. rando” seu funcionamento.
Certa vez, em uma aula, ouvi de um Houve, assim, um avanço dos ho-
preceptor, por quem, curiosamente, mens nesse campo profissional, pos-
não tinha nenhuma admiração especial, to que a ciência à época ainda não era
uma frase que me marcou: “Aquele parto território eminentemente masculino.
é só mais um para você, naquele plantão Contudo, o medo em torno de gravidez
em que você já atendeu 50 gestantes e e parto manteve-se e pode ter servido
fez mais de 10 partos, mas para aquela como base para a construção da noção
mulher, aquela família, é o momento de gravidez e parto como patologias,
mais especial de suas vidas. Respeite um conceito que foi fundamental para
esse momento”. que os homens obtivessem o controle
sobre o parto nos séculos seguintes.
HISTÓRIA Nos Estados Unidos, em fins do sécu-
lo XIX, as camadas pobres da população
Desde tempos imemoriais, as mulhe- eram atendidas por parteiras, e alguns
res foram atendidas no parto por outras dados de pesquisas mostravam que es-
mulheres. Para o atendimento ao parto, tes partos eram mais seguros do que os
havia várias mulheres e uma parteira, ocorridos nas camadas da população
sendo que a prática desta baseava-se que tinham acesso às intervenções mé-
na concepção do nascimento como um dicas. A saída retórica para este proble-
processo normal e natural. O nascimento ma consistiu em a profissão admitir que
fazia parte da ordem moral do universo o parto era um evento “essencialmente
e o parto era para ser assistido sem gran- normal e natural”, mas que havia sempre
des interferências, visto como uma crise a possibilidade de algo sair errado.
pela qual as mulheres tinham que passar. No Brasil, a atuação de médicos na
A atitude das mulheres no parto revelava obstetrícia ocorreu somente após a fun-
seu caráter moral. Quando ocorria algo dação da primeira escola médica, na
anômalo era necessário chamar o cirur- Bahia, em 1808, por Dom João VI.
gião, homens que usavam instrumentos Em 1930, a profissão deixou de ser
– geralmente, despedaçando o feto. um ramo da cirurgia e adquiriu status de
No século XVI, na França, inaugura-se especialidade.
uma cooperação entre médicos e par- A história da ginecologia remota ao
teiras. Dentro da conceituação do corpo século XIX. Até então, confundia-se com
como máquina, a tarefa do médico no a obstetrícia. Ao longo desse século, es-
parto seria “manter a máquina funcio- ses dois ramos da medicina vieram a
nando bem” e o parto é compreendido constituir disciplinas separadas. Um dos
como um processo mecânico contínuo principais motivos que levaram a evolu-
128
Ginecologia e Obstetrícia CAPITULO 10
129
CAPITULO 10 Como Escolher a sua Residência Médica
130
Ginecologia e Obstetrícia CAPITULO 10
131
CAPITULO 10 Como Escolher a sua Residência Médica
guntaram: “O que você quer ser quando saiba tomar conduta mesmo na indispo-
crescer?” E respondemos: “Médico!” nibilidade de um superior, que domine
Os jovens geralmente têm muita a técnica cirúrgica de procedimentos
pressa de terminar tudo logo, de “che- rotineiros (ex: cesárea e histerectomia)
gar lá”, entretanto, é importante ter em e que, ao mesmo tempo, esteja se pre-
mente que o conhecimento e as opor- parando para uma subespecialização
tunidades de aprendizado com o qual ou nova residência, principalmente nos
nos deparamos durante a residência são grandes centros como São Paulo, em
incomparáveis com qualquer outro pe- que há uma demanda cada vez maior
ríodo de nossas vidas. A chance de per- por “superespecialistas”.
guntar, de confessar não saber, de ter a
quem pedir auxílio em um momento de A ESCOLHA DO HOSPITAL
dúvida são o grande diferencial dessa
fase. A escolha do serviço onde você irá
Então, fica um conselho / apelo para realizar a residência é tão importante
que você aproveite ao máximo tudo o quanto a especialidade em si. No Brasil,
que a residência oferece, mesmo que a temos os hospitais e maternidades que
realidade não seja compatível com as pertencem ou são conveniados ao SUS;
expectativas criadas no momento da os hospitais das grandes universidades
escolha. (como os Hospitais das Clínicas e as San-
O residente que vai ingressar no ser- tas Casas); e outras instituições, como a
viço deve ter em mente que, a princípio, rede privada, instituições de atendimen-
irá realizar trabalho braçal e repetitivo to aos funcionários públicos etc. Cada
e não terá quase nenhuma autonomia tipo de serviço tem suas características,
para tomar decisões sozinho. Em geral, seu público, seu perfil de profissional e
o R1 de GO cuida do pré-parto (acompa- de atividades exercidas pelos residen-
nhando as parturientes e realizando os tes. É importante atentar-se a essas pe-
partos normais), atende no pronto-so- culiaridades, pois há diversos casos de
corro e passa visita na enfermaria da ma- desistência de residentes que não se
ternidade. A partir do segundo ano de adaptam ao ambiente de trabalho.
residência, aumenta a responsabilidade, Para o médico receber o título de es-
pois o R2 tem que ensinar e supervisio- pecialista em Ginecologia e Obstetrícia,
nar o R1, e também começam os está- é necessário concluir residência médica
gios nas subespecialidades, como mas- (equivalente a pós-graduação) com du-
tologia. No terceiro ano, na maioria dos ração de três anos, em instituição reco-
serviços há uma redução da carga horá- nhecida pelo Ministério da Saúde (MEC).
ria de plantões. Em contrapartida, ocor- Alternativamente, pode-se prestar con-
re uma cobrança ainda maior por parte curso promovido pela Febrasgo.
da preceptoria, pois do R3 espera-se que
132
Ginecologia e Obstetrícia CAPITULO 10
133
CAPITULO 10 Como Escolher a sua Residência Médica
SOBRE A AUTORA
Médica pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP). Fez residência
em ginecologia e obstetrícia na Casa de Saúde Santa Marcelina e especialização em
patologia do trato genital inferior na Universidade Federal de São Paulo (USP).
REFERÊNCIAS
134
INFECTOLOGIA “
“
Dr. Diego Oliveira Teixeira
O pensamento é uma infecção. No caso de uns
certos pensamentos, torna-se uma epidemia.
Wallace Stevens
136
Infectologia CAPITULO 11
se possa imaginar, com suas deman- sexo masculino quanto do sexo fe-
das psicológicas e, por vezes, psiqui- minino. Também carregam doenças
átricas decorrentes do diagnóstico com alta carga de preconceito social
estigmatizante ou mesmo anteriores e não raro, também tem uma deman-
a este. Além disso, são clinicamente da psicológica importante. É sempre
desafiadores, por apresentarem um essencial, assim como no HIV, convo-
espectro muito amplo de manifesta- car parceiros sexuais para testagem e
ções clínicas causadas pela imunos- aconselhamento.
supressão e/ou pelas consequências • Medicina tropical: em consultórios
a longo prazo da terapia antirretrovi- de infectologia de regiões onde há
ral e da infecção pelo HIV. Proporcio- alta concentração de doenças en-
nam uma experiência bastante rica dêmicas, como nas regiões Norte e
do ponto de vista clínico, epidemio- Nordeste do Brasil, faz-se o acompa-
lógico e de relação médico-paciente. nhamento ambulatorial dos casos de
• Hepatites virais: esses são também várias doenças regionalmente rele-
pacientes frequentes no consultó- vantes e que, muitas vezes, são a de-
rio do infectologista. Os pacientes manda mais numerosa de pacientes
portadores das hepatites B e C, prin- nas regiões onde os casos de malária,
cipalmente, costumam procurar o leishmaniose cutânea e/ou visceral,
infectologista com frequência para esquistossomose, doenças fúngicas
tratamento e controle de suas doen- etc.
ças. São pacientes que não possuem • Medicina do viajante: em um mun-
a mesma demanda psicossocial do do cada vez mais integrado, as pesso-
paciente com HIV, mas que, por outro as tendem a viajar mais, assim como
lado, são um desafio do ponto de vis- diversificar os locais que visitam, é
ta clínico, uma vez que o tratamento natural imaginar que cada local pos-
das hepatites virais, principalmente sui suas endemicidades e aspectos
da hepatite C, tende a apresentar particulares de saúde ambiental.
muitos efeitos colaterais e durar mui- Dessa forma, é preciso sempre bus-
to tempo. O surgimento de novas car orientação médica antes de via-
drogas com um perfil de cura muito jar a cidades e países com situações
mais favorável tem aumentado muito epidemiológicas específicas, como
a quantidade de pacientes portado- a Europa com seus casos graves de
res de hepatite nos consultórios. sarampo, a Ásia com a gripe aviária,
• Doenças sexualmente transmissí- a África com seus casos de malária,
veis: pacientes portadores de DSTs ebola. São fornecidas informações a
também são pacientes assíduos no respeito de imunizações necessárias
consultório. Portadores de uretrites, antes da viagem e cuidados ao viajar,
sífilis, condiloma e outras, tanto do bem como de condutas para qua-
137
CAPITULO 11 Como Escolher a sua Residência Médica
138
Infectologia CAPITULO 11
139
CAPITULO 11 Como Escolher a sua Residência Médica
140
Infectologia CAPITULO 11
mias, como nas campanhas contra den- tente concentrar as atividades em subá-
gue e Aids; ações normativas, criando reas específicas, menos ligadas à aten-
diretrizes de tratamento para doenças ção direta ao paciente, lidar com pessoas
que apresentam um impacto popula- continua sendo uma prerrogativa muito
cional considerável, auxiliando a criação forte, uma vez que neses casos a gestão
da legislação em saúde, normatizando de pessoas e atividades educativas são
como devem se estruturar serviços de extremamente frequentes e requerem
saúde e regulamentando vários produ- habilidades de liderança.
tos químicos, alimentos e medicamentos Para adentrar esse mundo, a residên-
comercializados no mercado brasileiro. cia médica em infectologia é o cami-
Depois de tudo isso, acho que enten- nho mais eficaz. Vamos conversar sobre
de-se porque ser versátil é importante como ela se estrutura.
nesse contexto. Ainda que, durante a
carreira do infectologista, haja a opção MERCADO DE TRABALHO
de se concentrar em uma área específica
de atuação, o conhecimento a respeito O infectologista tem ganhado bas-
de cada nuance dessa complexa espe- tante espaço no dia a dia dos atendi-
cialidade será de suma importância du- mentos médicos. Vários fatores impul-
rante a residência médica e na vida práti- sionam esse crescimento de mercado.
ca, mesmo pela natureza abrangente da Vamos enumerar alguns deles.
infectologia. Os pacientes com HIV, que há alguns
A ideia da tolerância, mencionada anos morriam sem esperança de contro-
anteriormente, vem do fato de que, para le da sua doença, hoje têm a oportuni-
ser um bom infectologista, há que se dade de receber tratamento de forma
despir de preconceitos, ter boa consci- universal e, desta forma, vivem mais e
ência coletiva e saber, acima de qualquer melhor. A demanda, portanto, de pa-
coisa, lidar com pessoas. A infectologia cientes com HIV cresce a cada dia e
lida, historicamente, com uma grande existe uma demanda grande não preen-
quantidade de doenças estigmatizantes, chida por infectologistas que atendam
que carregam um grande preconceito esses pacientes.
social e doenças ligadas a muitas maze- Outro fator é que no campo das he-
las humanas, como a pobreza extrema e patites virais, os novos tratamentos para
a drogadição. Não será difícil se deparar a hepatite C vêm exibindo perfis de cura
com pacientes usuários de drogas, em bastante animadores e isso tem atraído
situação de rua, com problemas liga- muitos pacientes aos consultórios para
dos à sexualidade e com toda sorte de que possam tratar-se, assim como en-
manifestações psicológicas e/ou psiqui- corajando a testagem para os vírus das
átricas durante a residência médica e hepatites virais. A perspectiva é também
mesmo na vida prática. E ainda que se
141
CAPITULO 11 Como Escolher a sua Residência Médica
a de que muitos pacientes sejam agre- que houvesse uma carência de profis-
gados nesse nicho. sionais no mercado, porém, a partir do
Além disso tudo, do ponto de vista momento em que o preconceito dimi-
hospitalar, a resistência bacteriana tem nui, as doenças são controladas, novas
atingido níveis alarmantes e a produção áreas de atuação surgem e há a neces-
de novos antibióticos não tem consegui- sidade crescente de quem entenda os
do acompanhar o poder de adaptação processos infecciosos de forma profun-
das bactérias. Isto faz com que as drogas da no sentido de solucionar problemas,
existentes tenham de ser muito melhor a demanda cresce, há carência de pro-
aproveitadas e utilizadas de forma cada fissionais no mercado, os salários pas-
vez mais criteriosa e a resistência bacte- sam a corresponder à importância que
riana tenha de ser cada vez mais com- o profissional adquire e a especialidade
preendida. O infectologista tem papel se torna bastante promissora.
determinante nesse processo executor/
orientador/educativo. Isso tem feito A RESIDÊNCIA
com que o infectologista seja cada vez
mais requisitado em âmbito hospitalar Os programas de residência médica
e adquira importância central na qua- em Infectologia credenciados na Comis-
lidade do atendimento e segurança do são Nacional de Residência Médica são
paciente. de acesso direto, não sendo exigidos
Também com o advento recente de pré-requisitos, e têm tempo de duração
novas drogas imunossupressoras, mais de três anos. Deverão ser desenvolvidos
eficazes no tratamento de cânceres he- preferencialmente em instituições que
matológicos e na manutenção de trans- possuam, pelo menos, um programa na
plantes de órgão sólidos, houve um área clínica e/ou na área cirúrgica.
importante crescimento nas infecções A estrutura dos programas de resi-
oportunistas em pacientes imunossu- dência médica deve distribuir entre 80
primidos não HIV nos últimos anos, es- a 90% de sua carga horária alocada nas
tabelecendo uma importante área de atividades de treinamento em serviço,
atuação para o infectologista. destinando-se 10 a 20% para ações te-
Durante muito tempo, houve o re- órico-complementares. As atividades
ceio da escolha da infectologia como teórico-complementares, além de con-
especialidade, principalmente devido à templarem os temas clínicos e epide-
alta carga de desgaste psicossocial dos miológicos pertinentes à especialidade,
pacientes e, consequentemente, do mé- devem constar também de temas rela-
dico. Além disso, só nos últimos anos a cionados com bioética, ética médica,
importância do uso racional de antimi- metodologia científica e bioestatística.
crobianos tem sido notada como uma Por se tratar de uma especialidade
prioridade maior. Isso contribuiu para que contempla subdivisão em áreas
142
Infectologia CAPITULO 11
143
CAPITULO 11 Como Escolher a sua Residência Médica
144
Infectologia CAPITULO 11
SOBRE A AUTOR
Médico pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Fez residência médica em in-
fectologia pelo Hospital Heliópolis e residência médica em infectologia hospitalar
pela Universidade Federal de São Paulo (USP). Atua como médico preceptor da re-
sidência médica do Hospital Heliópolis e infectologista do Centro de Referência e
Treinamento em DST/Aids (CRT).
REFERÊNCIAS
145
MEDICINA DE
FAMÍLIA E COMUNIDADE
“
Lua Sá Dultra
“
Um sistema de saúde com forte referencial na
atenção primária à saúde é mais efetivo, mais
satisfatório para a população, tem menores
custos e é mais equitativo - mesmo em contextos
de grande iniquidade social.
Barbara Starfield
148
Medicina de Familia e Comunidade CAPITULO 12
149
CAPITULO 12 Como Escolher a sua Residência Médica
150
Medicina de Familia e Comunidade CAPITULO 12
trabalho etc), à medida que o tempo de tórax, de ossos, mamografia, ECG etc.
passa e a experiência soma, certamente e de realizar pequenos procedimentos,
passam a vivenciá-los de maneira mais como exérese de lipomas e cistos, acan-
técnica. Porém, na relação médico-pes- toplastia, drenagem de abscessos etc.
soa que se cria, não só o médico afetará Sua atuação deve ser influenciada pela
o paciente, como necessariamente sairá comunidade e seu território, enfatizan-
afetado. É importante que essa afetação do a promoção da saúde e a prevenção
seja ativadora de processos (discussão de agravos, com boas técnicas de atua-
com equipe, adequação do processo de ção em grupos educativos e terapêuti-
trabalho, proposição de novos grupos cos. Deve ter habilidades para trabalhar
ou articulação comunitária, supervisão em equipe e entender que a relação
clínica por equipe externa à equipe de médico-pessoa é fundamental para o
saúde da família); dessa forma, não ape- desempenho de uma boa assistência.8
nas se evitará a frustração dos profissio-
nais, como a experiência do vivenciado MERCADO DE TRABALHO
ajudará tecnicamente nas experiências
futuras. Os médicos de família e comunidade
Além do contato intenso com o pa- são absorvidos na estratégia de saúde
ciente e sua família, existe também o da família, principalmente, e também
contato com a comunidade, que ali- em serviços de atenção domiciliar não
menta e é alimentada pelo contato com vinculados à ESF, em serviços de saú-
o paciente e sua família. O território no de mental e na gestão. Sendo assim, a
qual a equipe de saúde da família está maior parte dos empregadores são os
inserido não é apenas um emaranhado municípios. Apesar de ser garantida por
de casas, com um número especificado lei, a obrigatoriedade de provimento de
de construções de tijolo, madeira ou direitos trabalhistas, o que inclui carteira
barro, postes de energia elétrica, esco- assinada, recolhimento de Fundo de Ga-
las, bares, esgotamento a céu aberto rantia do Tempo de Serviço (FGTS), férias
etc. O território é um espaço vivo, onde remuneradas, 13º salário, 1/3 adicional
também se pratica a clínica, e de onde de férias, apenas uma parcela minoritá-
as ações da equipe devem sempre se ria dos municípios contratam médicos
basear.6,7 de família e comunidade dessa forma. In-
Em resumo, o médico de família e felizmente, é comum a precarização do
comunidade deve ser um clínico qualifi- vínculo de trabalho desses profissionais.
cado, com boas técnicas de anamnese e Alguns municípios realizam concurso
exame físico, considerando que a prope- público, principalmente os do eixo Sul-
dêutica desarmada ainda é sua principal -Sudeste. Alguns deles exigem que os
forma de investigação. Deve saber ler os profissionais tenham titulação na área
exames mais comuns, como radiografia (residência ou especialização em medici-
151
CAPITULO 12 Como Escolher a sua Residência Médica
152
Medicina de Familia e Comunidade CAPITULO 12
153
CAPITULO 12 Como Escolher a sua Residência Médica
154
Medicina de Familia e Comunidade CAPITULO 12
SOBRE A AUTORA
Lua Sá Dultra é:
REFERÊNCIAS
155
CAPITULO 12 Como Escolher a sua Residência Médica
156
MEDICINA DO TRÁFEGO
Dra. Vera Simone Costa Campos de Moura
“
“
O carro tornou-se um artigo de vestuário
sem o qual nos sentimos incertos, despidos, e
incompletos no complexo urbano.
Marshall Mcluhan
HISTÓRICO
vida das pessoas e os deslocamentos
populacionais. À medida que o homem No Brasil, a medicina do tráfego é
encontra meios para facilitar a sua loco- uma especialidade relativamente jovem
moção, com a utilização de aeronaves, se comparada às demais existentes. Em
trens de última geração, automóveis 1980 fundou-se no Brasil, Associação
possantes, motocicletas, surgem os pro- Brasileira de Medicina do Tráfego (Abra-
blemas trazidos pela superpopulação, met), que tem como missão maior, a
pelo trânsito caótico e o crescimento preservação da vida e a mitigação do
urbano desordenado. sofrimento, realizando ações e estudos
Preocupados com o crescente nú- capazes de contribuir para a promoção
mero de acidentes de trânsito em todo da saúde e a prevenção de acidentes de
o mundo, um grupo de médicos legistas trânsito.
idealizaram, durante um Congresso de A Abramet congrega os especialistas
Medicina Legal em Nova York, no ano de em medicina de tráfego, divulgando o
1960, a criação de uma organização in- conhecimento sobre as questões rela-
ternacional para estudar as causas e mi- cionadas à medicina e segurança de trá-
nimizar os danos dos acidentes de trân- fego, através de campanhas educativas,
sito. Em San Remo, na Itália, foi fundada ações de prevenção, zelando pelo nível
CAPITULO 13 Como Escolher a sua Residência Médica
158
Medicina de Tráfego CAPITULO 13
159
CAPITULO 13 Como Escolher a sua Residência Médica
160
Medicina de Tráfego CAPITULO 13
Após cerca de vinte e cinco anos exer- a cumprir, podendo exercê-lo muito
cendo a Medicina, descobri que sempre bem. Atua na prevenção de acidentes,
e cada vez mais, temos muito a aprender. em prol da redução dos coeficientes
O conhecimento não é estanque, ele é de mortalidade e também elaborando
mutável, crescente, renovando-se a cada propostas concretas para a melhoria da
dia, assim como a vida. As especialidades qualidade de vida das populações que
tendem cada vez mais a se complemen- se deslocam.
tar e as linhas de divisão entre as mes- Vale à pena investir alguns anos a
mas estão cada vez mais tênues. mais no estudo e na especialização em
Não há como separar os conhecimen- medicina do tráfego. O Brasil está caren-
tos médicos e colocá-los em comparti- te de vários especialistas nas diversas
mentos isolados. Eles se comunicam e áreas e essa especialidade, apesar de ain-
se entrelaçam. Precisamos cada vez mais da nova, já demonstra a sua importância
de estudos interdisciplinares para o su- e o seu valor. Cabe-nos, contribuir para
cesso das diversas especialidades. garantir um futuro melhor para o Brasil,
O perfil do médico do tráfego é o reduzindo os seus males. E a redução dos
de alguém que quer conhecer de tudo, acidentes de trânsito é, sem dúvida ne-
possuindo uma visão geral da clínica, nhuma, o nosso maior desafio!
que gosta de cirurgia, estudioso das E tenho certeza que podemos sonhar
novidades científicas, pesquisador, que com um futuro melhor, onde a educa-
tem uma visão humanista, participando ção, o treinamento e a prevenção sejam
das decisões políticas e influenciando a nossa bandeira. E colheremos seus fru-
no mundo que o cerca. É, portanto, co- tos... Até breve! Sejam todos muito bem-
nhecedor de que tem um papel social -vindos!
161
CAPITULO 13 Como Escolher a sua Residência Médica
SOBRE A AUTORA
REFERÊNCIAS
1. ADURA, Flávio Emir. Medicina do tráfego: o exame de aptidão física e mental para condutores
e candidatos a condutores de veículos automotores. São Paulo:CLR, Balieiro, 2011.
2. ADURA, Flávio Emir e DINIZ,Dirceu. O exame de aptidão física e mental para pessoas com
deficiência -São Paulo: ABRAMET, 2013.
3. ALVES Júnior, Dirceu Rodrigues. Manual de Saúde do motorista profissional.1, Ed. São Paulo:
Ed. Do Autor, 2009.
4. MOREIRA, Fernando. Medicina do Transporte. Arquimedes Martins Celestino Edições e Servi-
ços gráficos Ltda. Rio de Janeiro, 2010.
162
MEDICINA DO TRABALHO “
“
Dr. Rodrigo Furtado
O lucro acompanhado pela destruição da saúde,
é um lucro sórdido.
Bernardino Ramazzini
164
Medicina do Trabalho CAPITULO 14
165
CAPITULO 14 Como Escolher a sua Residência Médica
SOBRE A AUTOR
REFERÊNCIAS
1. MENDES, R. & DIAS, E.C. Da medicina do trabalho à saúde do trabalhador. Rev Saúde públ.,
S.Paulo, 25: 341-9, 1991.
2. ANAMT. História no mundo. Disponível em: <http://www.anamt.org.br/site/pagina_geral.
aspx?pagid=8>. Acesso em: 20 jan. 2014.
3. ANAMT. Medicina do Trabalho. Disponível em: <http://www.anamt.org.br/site/pagina_geral.
aspx?psmid=5&sumid=6>. Acesso em: 20 jan. 2014.
4. ANAMT. Áreas de atuação. Disponível em: <http://www.anamt.org.br/site/pagina_geral.as-
px?pagid=13>. Acesso em: 20 jan. 2014.
166
MEDICINA DO EXERCÍCIO
E DO ESPORTE
“
“
Dr. Cláudio Baisch de Andrade Cintra
Muhammad Ali
168
Medicina do Exercício e do Esporte CAPITULO 15
169
CAPITULO 15 Como Escolher a sua Residência Médica
170
Medicina do Exercício e do Esporte CAPITULO 15
Vivemos em uma sociedade cada vez esportiva. Tratar e prevenir lesões, maxi-
mais adepta dos esportes e atividade mizar o rendimento dos atletas e propi-
física, onde a longevidade e qualidade ciar um suporte médico adequado não
de vida são bens cobiçados por todos. só no dia a dia do clube, mas também
Busca-se não só viver mais e superar as em jogos e eventos são outras atribui-
doenças, mas principalmente chegar à ções importantes dos especialistas nes-
velhice com ótima funcionalidade, po- ta área.
dendo desfrutar da vida mesmo nas ida- Seja trabalhando com a população
des avançadas. Neste contexto surgiu em geral, seja trabalhando com atletas
a residência do exercício e do esporte, profissionais, a satisfação profissional e a
uma especialidade que propõe viabilizar qualidade de vida do médico do esporte
a prática de exercícios a todos, mesmo são marcantes e fazem desta especiali-
àqueles com as mais diversas doenças. dade uma das mais interessantes dentro
O esporte de alto rendimento é ou- da medicina.
tra área relevante dentro da medicina
SOBRE O AUTOR
REFERÊNCIAS
1. GHORAYEB, N., COSTA, R. V. C., CASTRO, I., DAHER, D. J., OLIVEIRA FILHO, J. A., OLIVEIRA, M. A. B.,
ET AL. Diretriz em Cardiologia do Esporte e do Exercício da Sociedade Brasileira de Cardiologia
e da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte. Arq Bras Cardiol. 2013;100(1Supl.2):1-41.
2. Instituto Biodelta. Disponível em: <www.biodelta.com.br>. Acesso em: 09 jan. 2014.
3. BRUKNER, P. KHAN, K. Clinical Sports Medicine, Ed. 4. Sports Medicine Series, 2012. 1032 p.
4. SOUZA, R. B., POWERS, C. M. Differences in Hip Kinematics, Muscle Strength, and Muscle Ac-
tivation Between Subjects With and Without Patellofemoral Pain. JOSPT, v. 39, n. 1, p. 12-19,
2009.
5. Prefeitura municipal de são paulo, secretaria de esportes. Disponível em: <http://www.pre-
feitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/esportes/noticias/?p=28211>. Acesso em: 04 nov. 2014.
171
CAPITULO 15 Como Escolher a sua Residência Médica
6. HOLZER, K. The Tired Athlete. In: Brukner, P. Khan, K. Clinical Sports Medicine, Ed. 3. p. 875-887.
7. BAHR, R., Principles of Injury Prevention. In: Brukner, P. Khan, K. Clinical Sports Medicine, Ed.
3. p. 78-107.
8. COOK, J., HARCOURT, P., MILNE, C. Traveling with a team. In: Brukner, P. Khan, K. Clinical Sports
Medicine, Ed. 3. p. 959-968.
9. HERRING, A. S., KIBLER, W. B., PUTUKIAN, M. Team Physician Consensus Statement. American
College of Sports Medicine, 2013.
10. Sports medicine: the team approach. In: Brukner, P. Khan, K. Clinical Sports Medicine, Ed. 3. p.
3-7.
11. DREZNER, J. A., et al. Electrocardiographic interpretation in athletes: the Seattle Criteria. Br J
Sports Med 2013;47:122–124.
12. NÓBREGA, A. C. L., FREITAS, E. V., OLIVEIRA, M. A. B., et al. Posicionamento Oficial da Sociedade
Brasileira de Medicina do Esporte e da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia: Ativi-
dade Física e Saúde no Idoso. Rev Bras Med Esporte, Brasil, v. 5, n.6, nov/dez, 1999.
13. GARBER, C. E., BLISSMER, B., DESCHENES, M. R., et al. Quantity and Quality of Exercise for Deve-
loping and Maintaining Cardiorespiratory, Musculoskeletal, and Neuromotor Fitness in Appa-
rently Healthy Adults: Guidance for Prescribing Exercise. American College of Sports Medicine,
2011.
14. SA PINTO, A. L., GUALANO, B., LIMA, F. R., ROSCHEL, H. Exercício Físico nas doenças reumáticas.
São Paulo: Sarvier, 2011. 220 p.
15. SCHROEDER, E. L., LAVALLEE, M. E. Ehlers-Danlos Syndrome in Athletes. Current Sports Medi-
cine Reports, 2006.
16. RUUD KNOLS, R., ARONSON, N. K., UEBELHART, D., et al. Physical Exercise in Cancer Patients
During and After Medical Treatment: A Systematic Review of Randomized and Controlled Cli-
nical Trials. American Society of Clinical Oncology, 2005.
17. DEANS, S. A., MCFADYEN, A. K., ROWE, P. J. Physical activity and quality of life: A study of a
lower-limb amputee population. Prosthetics and Orthotics International, 2008.
18. TRAVELL, J. G., SIMONS, D. G., Dor e disfunção miofascial.Trad. Sob a direção de Magda França
Lopes. Porto Alegre, Artmed, 2006.
19. OLIVEIRA, L. G., Terapia por ondas de choque: revisão de literatura. RBM Especial Ortopedia,
2011.
20. The International Society for the Advancement of Kinanthropometry. Disponível em: <www.
isakonline.com>. Acesso em: 10 jan. 2014.
21. Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte. Disponível em: <http://www.me-
dicinadoesporte.org.br/residenciaepos.htm>. Acesso em: 10 jan. 2014.
22. Ministério da Educação / Comissão Nacional de Residência Médica (Brasil). Resolução CNRM
n. 9, de 13 de julho de 2005.
172
MEDICINA FÍSICA E
REABILITAÇÃO / FISIATRIA
“
Dr. Sabrina Saemy Tome Uchiyama
Dr. Fernanda Martins
“
A verdadeira deficiência é aquela que prende o
ser humano por dentro e não por fora, pois até
os incapacitados de andar podem
ser livres para voar.
Thais Moraes
174
Medicina Física e Reabilitação Fisiatria CAPITULO 16
175
CAPITULO 16 Como Escolher a sua Residência Médica
O salário varia conforme a atuação III. 30% da carga horária anual em Uni-
como em outras especialidades médi- dade Ambulatorial;
cas. Em centros de reabilitação públicos IV. 5% da carga horária anual em Labo-
em geral o vínculo é CLT com salário ratório de Eletrofisiologia;
em torno de R$6.000,00/20h semanais. V. 5% da carga horária anual em Oficina
Os vínculos por concurso atualmente Ortopédica.
remuneram inferior a isso. Como inter-
consultor em hospital geral, os salários Atualmente, os residentes cumprem
variam se o profissional é contratado seu primeiro ano em atividades ambula-
do hospital ou médico independente toriais e de enfermaria no departamento
– o que coloca a remuneração desde de clínica médica, porém, cada serviço
R$120,00/hora trabalhada a ganhos va- detém autonomia para determinar onde
riados, de acordo com o número de con- seus residentes irão estagiar, portanto é
sultas e procedimentosrealizados. importante verificar em cada instituição
Em consultório os ganhos são imen- como é formatado esse período.
samente variáveis, mas, na grande São O conteúdo abordado durante o pro-
Paulo, a consulta médica particular grama:
em um fisiatra tem custo variando de
R$300,00 a 700,00. Medicamentos frequentes em
1
reabilitação
Os fisiatras também são requeridos
para avaliações médicas específicas de Modalidades terapêuticas -
2
Agentes físicos
funcionalidade, como especialistas em
avaliação funcional. Exercícios: princípios, metodologia e
3
prescrição, exercício e repouso
176
Medicina Física e Reabilitação Fisiatria CAPITULO 16
177
CAPITULO 16 Como Escolher a sua Residência Médica
178
Medicina Física e Reabilitação Fisiatria CAPITULO 16
SOBRE AS AUTORAS
179
CAPITULO 16 Como Escolher a sua Residência Médica
REFERÊNCIAS
1. Ministério da Saúde. Institui a Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência no âmbito do Siste-
ma Único de Saúde. PORTARIA Nº 793, DE 24 DE ABRIL DE 2012.
2. Organização Mundial de Saúde – Programa Incapacidades e Reabilitação. Disponível em:
<http://www.who.int/disabilities/en/>.
3. Associação Brasileira de Medicina Física e Reabilitação. Disponível em: <http://www.abmfr.
com.br>.
4. Sociedade Paulista de Medicina Física e Reabilitação. Disponível em: <http://www.spmfr.org.
br>.
5. Conselho Federal de Medicina. Disponível em: <http://www.cfm.org.br>.
6. Legislação. Decreto nº 80.281, de 5 de setembro de 1977. Decreto que criou a Comissão Na-
cional de Residência Médica (CNRM).
7. Linamara Rizzo Battistella – Competência em medicina física e reabilitação. Acta Fisiátrica. Vol
1. Nov 1994.
8. Joel DeLisa, MD, et al: Chapter 1 Rehabilitation Medicine: Past, Present and Future in eds. De-
Lisa J, Gans B: Rehabilitation Medicine-Principle sand Practice. J.B. Lippincott Company, Phi-
ladelphia 1988;3.
9. Fraga Filho, C. et al: Ensino de Clínica Médica. Rev. Ass. Med. Brasil 39(4) 198-200,1993.
10. Kottke F.J.: Future Focus of Rehabilitation Medicine: ArchPhyMedRehab 61:1-6,1980.
11. Marcelo Saad - O fisiatra trata do quê?. Acta Fisiátrica. Vol8. N2. Ago. 2001.
12. Associação de Fisiatras Acadêmicos. Disponível em: <http://www.physiatry.org/?page=his-
tory>.
13. Academia Americana de Medicina Física e Reabilitação. Disponível em: <http://www.aapmr.
org/about/who-we-are/Pages/History-of-the-Specialty-of-PMR >.
14. Rede de Reabilitação Lucy Montoro. Disponível em: <http://www.redelucymontoro.org.br/>.
15. Centro de Reabilitação do Hospital Sírio Libanês – Medicina Avançada – Especialidades. Dis-
ppnível em: <http://www.hospitalsiriolibanes.org.br/hospital/especialidades/reabilitacao/Pa-
ginas/default.aspx>.
180
MEDICINA HIPERBÁRICA
Dr. Marco Antonio Costa Campos de Santana
“
“ Saudade é como o oxigênio: só nos damos
conta dele quando faz falta.
Daltri Barros
182
Medicina Hiperbárica CAPITULO 17
183
CAPITULO 17 Como Escolher a sua Residência Médica
184
Medicina Hiperbárica CAPITULO 17
185
CAPITULO 17 Como Escolher a sua Residência Médica
186
Medicina Hiperbárica CAPITULO 17
SOBRE O AUTOR
REFERÊNCIAS
187
CAPITULO 17 Como Escolher a sua Residência Médica
188
MEDICINA LEGAL E
PERÍCIAS MÉDICAS
“
Dra. Renata Schwed Razaboni
“
Sobre os esqueletos em meu laboratório; eles
tem histórias para contar, embora
estejam mortos.
William R. Maples
190
Medicina Legal e Perícias Médicas CAPITULO 18
191
CAPITULO 18 Como Escolher a sua Residência Médica
192
Medicina Legal e Perícias Médicas CAPITULO 18
193
CAPITULO 18 Como Escolher a sua Residência Médica
194
Medicina Legal e Perícias Médicas CAPITULO 18
195
CAPITULO 18 Como Escolher a sua Residência Médica
196
Medicina Legal e Perícias Médicas CAPITULO 18
Apesar de obscura para a maioria ele deve ter caráter, postura ética, tanto
dos médicos, a residência de medici- na vida pessoal como na carreira e deve
na legal e perícias médicas é uma área ainda ser fiel à técnica que o exercício
promissora, com grande variedade de dessa arte exige para que a justiça seja
atuação, remuneração e qualidade de feita. E, acima de tudo, como afirma Aris-
vida desejáveis. Porém, para que o pro- tóteles: “O prazer no trabalho aperfeiçoa
fissional possa exercê-la com excelência, a obra.”.
197
CAPITULO 18 Como Escolher a sua Residência Médica
SOBRE A AUTORA
REFERÊNCIAS
198
Medicina Legal e Perícias Médicas CAPITULO 18
14. Cremesp. Legislação: Código de Ética Médica, 2009. cap 11. art 121. Disponível em: <http://
www.cremesp.org.br>. Acesso em: 26 dez 2013.
15. Brasil. Lei 11.690, 9 de junho de 2008. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Poder
Executivo, Brasília, DF, Código de Processo Penal livro 1. titulo 1.cap. 2. art.159. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm>. Acesso em: 26 dez 2013.
16. Secretaria de Segurança Pública. Perguntas frequentes: Instituto Médico Legal, Disponível
em: <http://www.ssp.sp.gov.br/fale/institucional/answers.aspx?t=2>. Acesso em: 26 dez
2013.
17. Secretaria de Segurança Pública. Perguntas frequentes: Instituto Criminalística, Disponível
em: <http://www.ssp.sp.gov.br/fale/institucional/answers.aspx?t=2>. Acessado em 26 de
dezembro de 2013.
18. Instituto Nacional do Seguro Social. Manual de perícias médicas. Disponível em:<http://
www.joanadarc.org/arquivos/files/manualdepericiasmedicasdoinss. pdf>. Acessado em 26
dezembro de 2013.
19. Diário Oficial Poder Executivo. Concursos: Justiça e Defesa da Cidadania. Instituto de Medi-
cina Social e Criminologia de São Paulo. Disponível em: <http://www.imprensaoficial.com.
br/PortalIO/DO/BuscaDO2001Documento_11_4.aspx?link=/2013/executivo%20secao%20i/
dezembro/04/pag_0167_490NHPRR64HKNe0L59863CO8VK7.pdf&pagina=167&da-
ta=04/12/2013&caderno=Executivo%20I&paginaordenacao=100167>. Acesso em: 20 dez
2013.
20. Diário Oficial Poder Executivo. Concursos: Segurança Pública. Policia Civil do Estado. Disponí-
vel em: <http://www.imprensaoficial.com.br/PortalIO/DO/BuscaDO2001Documento_11_4.
aspx?link=/2013/executivo%20secao%20i/dezembro/04/pag_0167_490NHPRR64HKNe0L-
59863CO8VK7.pdf&pagina=167&data=04/12/2013&caderno=Executivo%20I&paginaorde-
nacao=100167>. Acesso em: 20 dez 2013.
21. Fundação Carlos Chagas. Concursos. Instituto Nacional do Seguro Social – INSS: Perito Médi-
co Previdenciário e Técnico do Seguro Social. Edital 01/2011: Abertura de Inscrições. Dispo-
nível em: <http://www.concursosfcc.com.br/concursos/inssd111/edital_16_12_dou.pdf>.
Acesso em: 20 dez 2013.
199
MEDICINA NUCLEAR “
“
Dr. George Barberio Coura Filho
Há uma força motriz mais poderosa que o vapor,
a eletricidade e a energia atômica: a vontade.
Albert Einstein
202
Medicina Nuclear CAPITULO 19
203
CAPITULO 19 Como Escolher a sua Residência Médica
204
Medicina Nuclear CAPITULO 19
205
CAPITULO 19 Como Escolher a sua Residência Médica
206
Medicina Nuclear CAPITULO 19
207
CAPITULO 19 Como Escolher a sua Residência Médica
de suas próprias clínicas, mas deve ser associando-se o diagnóstico com a tera-
estendido para prestadores de serviço e pia dirigida mais específica7.
autônomos. Contudo, este desafio pode A medicina nuclear é uma especiali-
ser transposto com a vivência e com a dade ampla, com atuação em diversas
vontade de adquirir novas habilidades. áreas do conhecimento médico, e pos-
sibilidades diagnósticas e terapêuticas.
PERSPECTIVAS FUTURAS A complexidade do raciocínio fisio-
lógico associado à imagem torna uma
A difusão da associação de métodos especialidade única e interessante. Tam-
funcionais com métodos anatômicos bém é possível atuar em terapias através
como o PET-CT e o SPECT-CT, e também da medicina nuclear, favorecendo ainda
o constante desenvolvimento de novos mais o processo para que esta seja uma
radiofármacos, cada um com proprieda- especialidade médica completa.
des fisiológicas específicas e permitindo A possibilidade de evolução futura é
a ampliação das aplicações da medicina enorme, e com o constante desenvolvi-
nuclear. Um exemplo são os análogos mento dos aparelhos e de radiofárma-
de somatostatina que, nos últimos anos, cos, as possibilidades de estudos dos
vem demonstrando papel nas doen- sistemas biológicos é limitada somente
ças onde há expressão de receptores pela nossa imaginação. Assim, para os
de somatostatina, tanto no diagnóstico sonhadores e desenvolvedores, na me-
por cintilografia, e mais recentemente dicina nuclear não costumam haver li-
por PET, como também por terapias. É mites.
o conceito “Theranosis ou Theranostics”
SOBRE O AUTOR
208
Medicina Nuclear CAPITULO 19
REFERÊNCIAS
1. Diagnostic Nuclear Medicine. Sandler MP, Coleman RE, Wackers FJ; Editora Williams & Wilkins,
2002.
2. Livro 50 anos da SBMN Autores: Drs. Anneliese R. G. Fischer Thom, Marília Silveira Martins
Marone, Constância Pagano Gonçalves da Silva e José Carlos Barbério – Edição limitada distri-
buída gratuitamente pela SBMN.
3. ANVISA – Resolução no 38, 2008.
4. CNEN-NN-3.05 Requisitos de Radioproteção e Segurança para Serviços de Medicina Nuclear,
1996.
5. Disponível em: <http://www.cnen.gov.br/seguranca/cons-ent-prof/lst-prof-credenciados.as-
p?OP=AN>. Acesso em: 12 jun. 2013.
6. Medicina Nuclear Princípios e Aplicações. Fausto H. Hironaka, Marcelo T. Sapienza, Carla R.
Ono, Marcos S. Lima, Carlos A Buchpiguel; Editora Atheneu, 2012.
7. DeNardo, G.L., DeNardo, S.J. Concepts, Consequences and Implications of Theranosis. Semin
Nucl Med 42: 147-150; 2012.
8. Ministério da Educação / Comissão Nacional de Residência Médica (Brasil).Resolução CNRM
no 02, de 17 de maio de 2006. Requisitos mínimos dosProgramas de Residência Médica e dá
outras providências.D Of União.nº 95, de 19/05/06, seção 1, p. 23-36.
9. Disponível em: <http://www.edudata.net.br/fm14/fm14_portal.asp?p=cbol>. Acesso em: 12
jun. 2013.
10. Disponível em: <http://www.fcm.unicamp.br/fcm/sites/default/files/ relacao_candidato_
vaga_2014_0.pdf>. Acesso em: 12 jun. 2013.
209
NEUROCIRURGIA
“
Dr. Júlio Leonardo Barbosa Pereira
“
Nós somos os nossos cérebros. Meu cérebro
fala com o seu cérebro, e nossos corpos estão
pendurados de carona.
Jeff Hawkins
lho que o demonstrado por esses perso- avaliação com o neurocirurgião. No ser-
nagens. viço público, há ambulatório de neuro-
A residência médica em neurocirur- cirurgia geral, no qual todos os pacien-
gia dura cinco anos. Levando, no míni- tes são vistos e onde é definido sobre a
no, onze anos de formação (já somados necessidade de abordagem neurocirúr-
os seis anos da faculdade), os cursos gica. Em alguns centros de referência,
costumam ser muito concorridos e nem há serviços de subespecialidade em
sempre se é aprovado na primeira ten- neurocirurgia como: neuro-oncológica,
tativa. Entretanto, essas dificuldades são neurocirurgia funcional, neurovascular,
apenas ingredientes a mais na fascinan- radiocirurgia, cirurgia de coluna, clínica
te jornada para se tornar um neurocirur- da dor e outros.
gião. Nos serviços privados, as atividades
se dividem em atividades hospitalares
O ESPECIALISTA E A SUA ROTINA e nos consultórios. Já que poucos ser-
viços privados têm volume suficiente
O neurocirurgião geralmente divide que necessite um neurocirurgião de
seu tempo em atividades de consultó- plantão presencial, a maioria opta por
rio e atividades cirúrgicas. Esta rotina neurocirurgiões de sobreaviso, ou seja,
depende muito de que tipo de serviço caso tenha um paciente neurocirúrgico,
você atuará. Os serviços públicos são o neurocirurgião é chamado. Nas ativi-
divididos em atividades de emergência, dades de consultório são avaliados os
ambulatoriais e cirurgias eletivas. pacientes que foram encaminhados ou
Nas unidades de emergência, você que acreditem precisar de consulta com
terá que realizar procedimentos cirúr- neurocirurgião.
gicos e avaliar pacientes que estão em As principais doenças tratadas pelo
observação. Os procedimentos realiza- neurocirurgião são:
dos mais comuns são os relacionados
ao traumatismo craniano, como drena- Doença carotídea oclusiva
gem de hematomas, derivação ventri- Síndrome do túnel do carpo
cular externa, implante de cateter para Doenças da coluna cervical
monitorização da pressão intracraniana, Dor crônica
tratamento cirúrgico de afundamento
Craniosinostose
craniano, dentre outros. O grande “es-
Epilepsia
tresse” nessas unidades são os pacientes
a serem regulados para avaliação neuro- Trauma de crânio
cirúrgica e nem sempre as unidades são Hérnia de disco
suficientes para a demanda. Hidrocefalia
Nos serviços ambulatoriais, são ava- Aneurisma intracraniano
liados os pacientes encaminhados para
212
Neurocirurgia CAPITULO 20
213
CAPITULO 20 Como Escolher a sua Residência Médica
214
Neurocirurgia CAPITULO 20
• Neuroradiologia
• Clínica neurocirúrgica I
2º Ano • Técnica neurocirúrgica I
• Anatomia microcirúrgica I
• Bioética e responsabilidade médica
• Neuropatologia
• Neuroradiologia
• Bases da metodologia científica
3º Ano • Clínica neurocirúrgica II
• Técnica neurocirúrgica II
• Anatomia microcirúrgica II
• Bioética e responsabilidade médica
• Neuropatologia
• Neuroradiologia
• Clínica neurocirúrgica III
4º Ano • Técnica neurocirúrgica III
• Anatomia microcirúrgica III
• Bioética e responsabilidade médica
• Consolidação de experiência cirúrgica
• Atuação em áreas de atuação: cirurgia de coluna, nervos periféricos, neuroci-
5º Ano rurgia pediátrica, neurocirugia funcional, vascular, base de crânio, Neuronco-
logia e neuroradiologia.
• Bioética e responsabilidade médica
Quadro 1. Diário Oficial da União – Seção 1 de 23 de Dezembro de 2004, página 45. Resolução nº 17 de 20 de
Dezembro de 2004.
215
CAPITULO 20 Como Escolher a sua Residência Médica
Caso você já esteja na faculdade e para adquirir, mas, outros, com esforço,
diante desta realidade, já decidiu que um pouco maior, podem se igualar.
quer ser neurocirurgião, sugiro não se A neurocirurgia é uma área que exi-
subespecialize antes do tempo. Durante ge muito, desde preparo psicológico ao
a faculdade de medicina, acredito que preparo físico. Para você não ser surpre-
deve se tentar aproveitar ao máximo endido após passar na residência, sugiro
todas as atividade (a sugestão é que es- acompanhar a rotina na neurocirurgia. E
tudante acompanhe a rotina de um neu- por favor, não ache que sua rotina será
rocirurgião). a do neurocirurgião do seriado “Grey’s
Durante a faculdade, não preocupe Anatomy”, afinal, a série é apenas uma
com as “habilidades cirúrgicas"; a técnica representação no âmbito do entreteni-
cirúrgica é algo para ser adquirido. Algu- mento, diferente do que você encontra-
mas pessoas possuem uma facilidade rá na realidade.
SOBRE O AUTOR
Médico formado pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), fez residência de neu-
rocirurgia na Santa Casa de Belo Horizonte, é membro da Sociedade Brasileira de
Neurocirurgia (SBN) e faz fellow em radiocirurgia e neurocirurgia funcional na Uni-
versidade da Califórnia (Ucla). É ainda editor do Neurosurgery Blog: www.neuroci-
rurgiabr.com.
216
Neurocirurgia CAPITULO 20
REFERÊNCIAS
1. Papyrus Ebers: The papyrus Ebers. The greatest Egyptian medical document. Translated by B.
EbbellCopenhagen, Levin & Munksgard, 1937.
2. GUSMÃO SS, SOUZA JG: História da Neurocirurgia no Brasil. Joinville, Letra d’agua, 2000, pp
120-128.
3. SOUZA JGA, GUSMÃO SS: A primeira intervenção neurocirúrgica relatada no Brasil. Arq Bras
Neuroc 12 : 11-14, 1994.
4. GREENBLATT SH: A history of neurosurgery. The American Association of Neurological Surge-
ons, 1997, pp 3-9.
5. Pereira, J ( 2013, jan 31). Neurocirurgia: Como escolher a sua residência médica? [ web pos].
Disponível em: <http://www.neurocirurgiabr.com>. Acesso em: 8 out. 2013.
6. Pereira, J ( 2013, feb 13). Como é a residência de neurocirurgia? [ web pos]. Disponível em:
<http://www.neurocirurgiabr.com>. Acesso em: 8 out. 2013.
7. Ohaegbulam, SC ( 2000).CNS Book [ web pos]. ‘Disponível em: <http://book.neurosurgeon.
org/>. Acesso em: 8 out. 2013.
8. Sindicato dos Médicos de São Paulo (2010, dec 12).Alegrias e esperança cercam ot tratamento
das crianças com câncer. [ web pos]. Disponível em: <http://www.simesp.com.br/imprensa.
php?Ler-editoria;120>. Acesso em: 8 out. 2013.
9. Livro do Residente. Sociedade Brasileira de Neurocirurgia. 4 ed. 2010 4a Revisão. Disponível
em: <http://www.sbn-neurocirurgia.com.br/site/download/Livro_do_Residente.pdf>.
10. Manual da Residencia Médica. CEREM-MG 2007. Disponível em: <http://www.cerem.org.br/
attachments/article/76/Manual%20de%20Resid%C3%AAncia%20M%C3%A9dica%202007.
pdf>.
217
NEUROLOGIA “
“
Dr. Guilherme Mello Ramos de Almeida
Aristóteles
220
Neurologia CAPITULO 21
de doenças cardiovasculares, isto repre- nese que, por natureza, é tão aprofun-
senta 3 em cada 10 mortes em todo o dada é extremamente difícil, principal-
mundo. Destes, 6,2 milhões de Aciden- mente considerando o nível de acesso à
tes Vasculares Cerebrais (AVC). AVC é educação formal que a maioria dos pa-
uma das maiores causas de mortalidade cientes que atendemos tiveram. O input
geral do mundo, menos comum apenas do acompanhante também é de grande
que Doença Isquêmica Cardíaca (7,04 valia, uma vez que é muito frequente
milhões).8 que o próprio paciente não perceba o
A OMS estima que na América Latina problema ou pelo menos algumas de
em 2015, a maior causa de mortalidade suas limitações.
geral continuará a ser Doença Coronaria- O exame inicia-se desde o primeiro
na Isquêmica (472.239 mortes - 12,4%), olhar lançado ao paciente. As pistas para
seguida de AVC (312.353 mortes - 8,3%) o diagnóstico são muitas vezes notadas
e que, no ano de 2030, esta relação se no modo com o qual o paciente se levan-
manterá 12,5% e 8,3%, respectivamen- ta da cadeira da sala de espera, o padrão
te).9,10 Estas previsões são semelhantes da sua marcha, o modo de se compor-
para outras o resto do mundo, exceto tar no consultório e na sala de espera. A
por uma maior proximidade dos valores técnica do exame deve ser sempre ob-
de mortalidade entre as duas causas re- jeto de refinamento pelo neurologista.
feridas (13,2% e 11,6% em 2015 e 13,2% Durante a residência, inúmeros são os
e 12,2% em 2030).11 exemplos que ilustram como um exame
físico equivocado pode desviar o raciocí-
O ESPECIALISTA E A SUA ROTINA nio médico e a investigação diagnóstica.
Por outro lado, é com grande admiração
Qualquer que seja a situação ou lo- e orgulho que o neurologista pode dizer
cal onde o atendimento é feito (exce- que seu exame clínico é o que apresenta
to por alguns casos em emergência), a maior precisão topográfica na medicina.
anamnese e o exame neurológico são Há ocasiões em que apesar de contar-
necessariamente longos e detalhados. mos com incríveis métodos diagnósti-
A semiologia neurológica é, sem dúvida, cos modernos (laboratoriais e imagino-
alguma aquela que mais exige conheci- logia), existe discordância entre achados
mento e treinamento do médico. do exame clinico e o complementar.
A entrevista consome bastante tem- Como o diz a máxima médica, Deus est,
po do atendimento e exige muita aten- in clinic (“A Clínica é Soberana”) – é obri-
ção, curiosidade e perspicácia do neu- gação do médico refinar seu exame e se
rologista com relação a detalhes que os achados se confirmarem, usar méto-
muitas vezes passam desapercebidos dos complementares melhores ou me-
aos familiares e outros médicos. Saber lhor guiados para encontrar o foco dos
extrair dados pertinentes de uma anam- sintomas. O exame clínico não mente.
221
CAPITULO 21 Como Escolher a sua Residência Médica
222
Neurologia CAPITULO 21
223
CAPITULO 21 Como Escolher a sua Residência Médica
e de sua família, para muitos, já é gratifi- de acesso direto para médicos genera-
cação o bastante. listas mediante concurso de admissão.
É evidente, diante do que foi expla- É composta por três anos de estudos,
nado acima, que a qualidade de vida do atividades práticas profissionalizantes e
neurologista depende muito das ativi- frequentes avaliações.
dades que escolhe realizar e como dis- Em geral, o primeiro ano é exclusi-
tribuí-las. vamente dedicado a clínica médica e os
dois subsequentes são focados em neu-
A RESIDÊNCIA rologia. As instituições que oferecem
vagas de residência, obedecem as linhas
Antigamente, a residência de neuro- gerais dispostas pela Comissão Nacional
logia era pleiteada após o término da re- de Residência Médica (CNRM (Resolu-
sidência de clínica médica. Atualmente ção no 02/2006):14
224
Neurologia CAPITULO 21
225
CAPITULO 21 Como Escolher a sua Residência Médica
226
Neurologia CAPITULO 21
227
CAPITULO 21 Como Escolher a sua Residência Médica
228
Neurologia CAPITULO 21
estes recursos são limitados principal- e nós devemos estar preparados para
mente no serviço público, e o uso pru- conversar sobre isso, explicando eficá-
dente destes na avaliação diagnóstica cia, riscos e viabilidade dos métodos.
nunca foi tão importante.15 Tenhamos Uma obrigação do neurologista, muitas
em mente sempre a seguinte reflexão: vezes negligenciada (por ele por outros
médicos), é trabalhar pela reinserção do
“Quem não sabe o que busca, não paciente na sociedade. Para isso, o neu-
identifica o que acha.” - Immanuel Kant. rologista não está sozinho e deve contar
com outros profissionais: outras espe-
A relação médico-paciente e médico- cialidades médicas (fisiatria), equipe de
-familar tem que satisfazer as questões Enfermagem, Fisioterapeutas, fonoau-
dos mesmos quanto a doença, tratamen- diologistas, terapeutas ocupacionais,
to, reabilitação e, eventualmente, neces- odontologistas, equipe de serviços so-
sidade de paliação. Esses são momentos ciais e demais. Além da importância, ób-
delicados em que o médico deve usar via, para o próprio paciente, sua recupe-
de sua empatia para fazê-los entender o ração tem grande importância para seu
que é melhor para o prognóstico e con- círculo social direto e para a sociedade
forto do paciente. Este deve ser um con- como um todo que terão que arcar inde-
tato flexível e sempre aberto para ideias finidamente com o fardo do cuidado do
e opiniões dos paciente e familiares. Afi- mesmo. Quanto menos dependente dos
nal de contas, o médico deve zelar pela outros o paciente for, certamente, me-
autonomia do doente ao tomar o rumo lhor será a qualidade de vida de todos.
sobre decisões que envolvam sua pes- A neurologia é uma especialidade
soa e o bem estar.16 em franca expansão e, sem sombra de
Outro desafio, tanto para médico, dúvida, é a área da medicina que tem
como para os doentes, é a gama de tra- mais a ser descoberto. A história das
tamentos por si só. São muitas vezes descobertas feitas por Charcot e tantos
caros, difíceis de obter e pouco tolerá- outros nos fascina até hoje. Se conse-
veis (efeitos colaterais). Por outro lado, guiram tanto com tão poucos recursos,
alguns ainda estão em fase de teste ou o que nossa geração poderá alcançar? E
não existem fora de hipóteses em tra- a seguinte? Já conhecemos tanto, mas
balhos científicos. A maior difusão do a pergunta não cala: o que haverá pela
conhecimento pela crescente escolari- frente? Acredito que devemos ser, por-
dade da população e pelo acesso à in- tanto, humildes e buscar dentro e além
ternet, possibilitam que muitos questio- do que já nos foi ensinado.
nem médicos sobre esses tratamentos
229
CAPITULO 21 Como Escolher a sua Residência Médica
SOBRE O AUTOR
REFERÊNCIAS
1. Gross, Charles G. (1999) [1998]. Brain, Vision, Memory: Tales in the History of Neuroscience.
MIT Press.
2. Kumar et al. Jean-Martin Charcot: The Father of Neurology. Clinical Medicine & Research 2011;
17:46-49.
3. Academia Brasileira de Neurologia – Estatuto da Academia Brasileira de Neurologia. Disponí-
vel em: <http://cadastro.abneuro.org/site/arquivos_cont/156.pdf.>.
4. IBGE | Sala de imprensa | notícias | IBGE releases the population estimates of the municipalities
in 2012. Disponível em: <saladeimprensa.ibge.gov.br.>. Acesso em: 4 jun. 2013.
5. Bergen DC. The World Federation of Neurology Task Force on Neurological: training and distri-
bution of neurologists worldwide. J Neuro Sci 2002;198:3–7.
6. Adornato et al. The practice of neurology, 2000-2010: report of the AAN Member Research
Subcommittee. Neurology. 2011 Nov 22;77(21):1921-8. Disponível em: <http://www.neurolo-
gy.org/content/early/2011/10/26/WNL.0b013e318238ee13.full.pdf>.
7. Universidade Federal de Minas Gerais – Faculdade e Medicina – Núcleo de Educação em
Saúde Coletiva. Avaliação nacional da demanda de médicos especialistas percebida pelos
gestores de saúde. Disponível em: <https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/ima-
gem/2466.pdf>.
8. World Health Organization - The top 10 causes of death - Fact sheet N°310 - Updated July
2013. Disponível em: <http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs310/en/index.html>.
9. World Health Organization - Projection of death rates for 2015 and 2030: MDG regions Latin
America and the Caribbean. Disponível em: <http://apps.who.int/gho/data/view.main.PRO-
JRATEMDGLACV?lang=en>.
10. World Health Organization - Projection of number of deaths for 2015 and 2030: MDG re-
gions Latin America and the Caribbean. Disponível em: <http://apps.who.int/gho/data/view.
mainPROJNUMMDGLACV?lang=en>.
11. World Health Organization - Projection of death rates for 2015 and 2030: WORLD By cause.
Disponível em: <http://apps.who.int/gho/data/node.main.PROJRATEWORLD?lang=en>.
230
Neurologia CAPITULO 21
231
OFTALMOLOGIA “
“
Dra. Nedy Neves
O que altera a visão, altera tudo.
234
Oftalmologia CAPITULO 22
235
CAPITULO 22 Como Escolher a sua Residência Médica
236
Oftalmologia CAPITULO 22
237
CAPITULO 22 Como Escolher a sua Residência Médica
238
Oftalmologia CAPITULO 22
239
CAPITULO 22 Como Escolher a sua Residência Médica
SOBRE A AUTORA
REFERÊNCIAS
240
ORTOPEDIA E
TRAUMATOLOGIA
“
Dr. Luiz Roberto Delboni Marchese
“
Um osso quebrado pode curar, mas a ferida
aberta pela palavra pode apodrecer
para sempre.
Jessamyn West
242
Ortopedia e Traumatologia CAPITULO 23
al, marcha, práticas esportivas, posicio- em constante migração entre estes se-
namento e amplitudes de movimento tores, dando preferência aos locais nos
para diagnosticar o patológico, separan- quais mais sentem prazer em trabalhar.
do-o do fisiológico.
O ortopedista já foi visto como um MERCADO DE TRABALHO
médico bruto, frio e até agressivo. Ob-
viamente que estas não são caracterís- Tida como uma especialidade que
ticas que vão obter simpatia por onde confere grande qualidade de vida, a
passa ou trabalha. Talvez até, cabe ob- ortopedia esbarra nos mesmos empe-
servar, que um médico diferenciado cilhos das outras áreas. Depende muito
nesses quesitos, pode ser valorizado, dos objetivos financeiros de cada qual.
sendo mais referenciado e mais querido Porém, mesmo optando por melhores
por seus pares e pacientes. horários de trabalho, o ortopedista con-
O ortopedista é um médico clínico- segue bons empregos, com boa remu-
-cirúrgico que deve estar preparado a neração.
estar acessível ao seu paciente. Um cirur- Em uma pesquisa feita com médi-
gião tem que estar disponível em noites, cos nos EUA no ano passado, provou-se
finais de semana e feriados. que os ortopedistas são a especialidade
mais satisfeita com sua escolha de área.
ROTINA DO ORTOPEDISTA Uma pesquisa de um site de empre-
gos brasileiro coloca o ortopedista com
Diversos são os caminhos para um o melhor salário dentre as especialida-
ortopedista. Ser proviniente uma espe- des médicas. A renda média do médico
cialidade clínica-cirúrgica lhe confere ortopedista no Brasil é R$ 11.513,717.
uma gama vasta de alternativas na hora
de escolher onde trabalhar e que carga A RESIDÊNCIA
atribuir a cada setor. Dentre as subes-
pecialidades, e dentro da atuação em A residência de ortopedia e trauma-
cada uma, o ortopedista pode dividir tologia não deve assustar. Muito prova-
seus horários, de acordo com sua pre- velmente, por ter sido dominada pelos
ferência, entre pronto-socorros, ambu- homens por décadas, ela desenvolveu
latórios, consultórios, centros-cirúrgicos uma característica peculiar de ser extre-
e, é claro, manter-se em uma instituição mamente militar.
acadêmica para pesquisa e ensino. No entanto, com o passar dos anos,
A maioria acaba fazendo por valer a entrada de mais e mais mulheres se
a versatilidade da especialidade, tendo interessando pela especialidade, o con-
como rotina ambulatórios ou prontos- trole de carga horária cada vez maior e a
-socorros, mas sempre realizando proce- prova de título de especialista que exige
dimentos cirúrgicos. Vivem um dia a dia uma matéria enorme a ser estudada, fi-
243
CAPITULO 23 Como Escolher a sua Residência Médica
244
Ortopedia e Traumatologia CAPITULO 23
245
CAPITULO 23 Como Escolher a sua Residência Médica
dor e a limitação é o nosso dia a dia e e desafios, bem como tratamentos cada
a evolução da técnica, da ciência e dos vez mais precisos e de resultados mais
materiais têm proporcionado a especia- satisfatórios.
lidade um novo horizonte de conquistas
SOBRE O AUTOR
REFERÊNCIAS
246
OTORRINOLARINGOLOGIA “
“
Dr. Tovar Vicente da Luz
Dar a cada homem o teu ouvido,
mas a poucos tua voz.
William Shakespeare
A A otorrinolaringologia é a especia-
lidade médica responsável pelo trata-
mento de patologias que acometem o
ouvido, nariz, boca e garganta.
Podemos ter uma noção da impor-
HISTÓRIA
OTOLOGIA
248
Otorrinolaringologia CAPITULO 24
249
CAPITULO 24 Como Escolher a sua Residência Médica
250
Otorrinolaringologia CAPITULO 24
SOBRE O AUTOR
REFERÊNCIAS
1. Hawkins JE. Sketches of Otohistory: part 1 - Otoprehistory: How It All Began. Audiol Neurotol
2004;9:66-71.
2. Lasmar A, Seligman J. História (e histórias) da Otologia no Brasil. Revinter; 2004.
3. Weir N. History of Medicine: Otorhinolaryngology. Postgrad Med J 2000;76:65-9.
4. Hawkins JE, Schacht J. Sketches of Otohistory: part 7 - The Nineteenth-Century Rise of Laryn-
gology. Audiol Neurotol 2005;10:130-3.
5. Feldmann H. Diagnosis and therapy of diseases of the larynx in the history of medicine. Part III.
After the invention of laryngoscopy. Laryngorhinootologie 2002;81(8):596-604.
251
CAPITULO 24 Como Escolher a sua Residência Médica
6. Lascaratos JG, Segas JV, Trompoukis CC, Assimakopoulos DA. From the roots of rhinology: the
reconstruction of nasal injuries by Hippocrates. Ann Otol Rhinol Laryngol 2003; 112(2):159-62.
7. Feldmann H. The maxillary sinus and its illness in the history of rhinology. Images from the
history of otorhinolaryngology, highlighted by instruments from the collection of the German
Medical History Museum in Ingolstadt. Laryngorhinootologie 1998;77(10):587-95.
8. Stammberger H. History of rhinology: anatomy of the paranasal sinuses. Rhinology 1989;
27(3):197-210.
9. Censo Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia 2012.
10. Site da Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia;. Disponível em: <www.aborlccf.org.br>.
Acesso em: Dezembro/2013.
252
PATOLOGIA
“
Dra. Crhistiana de Freitas Vinha
“
Objeção, a evasão, a desconfiança alegre, e
o amor de ironia são sinais de saúde: tudo
absoluto pertence à patologia.
A
Friedrich Nietzsche
254
Patologia CAPITULO 25
255
CAPITULO 25 Como Escolher a sua Residência Médica
256
Patologia CAPITULO 25
257
CAPITULO 25 Como Escolher a sua Residência Médica
258
Patologia CAPITULO 25
SOBRE A AUTORA
REFERÊNCIAS
259
CAPITULO 25 Como Escolher a sua Residência Médica
8. ALCÂNTARA, H. R. Perícia médica judicial. Atualizadores Genival Veloso de França et al. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. P. 251- 312.
9. Resolução CNE/CES nº 2, de 17 de maio de 2006. Disponível em: <http://www.abruc.org.br/
sites/500/516/00000364.doc>. Acesso em: 12 mar. 2014.
10. De Morgagni e Virchow: os percursos da anatomia patológica de Lisboa. Jorge Soares, Lisboa
2008.
11. Bernardi, Fabíola Del Carlo. Os bastidores da medicina, nem sempre chegam tarde. Rev. Med.
(São Paulo). 2012;91(ed. esp.):66-7.
260
PEDIATRIA “
“
Dra. Juliana Barbosa de Pádua Pinheiro
Autor desconhecido
262
Pediatria CAPITULO 26
263
CAPITULO 26 Como Escolher a sua Residência Médica
264
Pediatria CAPITULO 26
265
CAPITULO 26 Como Escolher a sua Residência Médica
SOBRE A AUTORA
Médica pela Universidade Federal do Maranhão (Ufma), pediatra pelo Hospital Mu-
nicipal Infantil Menino Jesus e está atualmente realizando especialização em neu-
rologia infantil pela Universidade de São Paulo (USP).
REFERÊNCIAS
1. Alves, JGB, Figueira, F. Doenças do Adulto com Raízes na Infância. Editora Científica - ME-
DBOOK, 2010.
2. Barker DJ, Osmond C, Law CM: The intrauterine and early postnatal origins of cardiovascular
disease and chronic. Lancet 1986 may 10; 1 (8489) 1077-1081.
3. Barker DJ, Osmond C, Infant mortality, nutrition, and ischaemic heart disease in England and
Wales. Lancet 1986 may 10; 1 (8489).
4. Zanolli ML, Merhy EE, A Pediatria Social e as suas apostas reformistas. Cad. Saúde Pública
vol.17 n.4 Rio de janeiro July/aug. 2001.
5. Marques, MB. Análise das Limitações e Possibilidades de Atuação em um Serviço de Puericul-
tura. Tese de Doutorado, Campinas: Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de
Campinas.
6. Marques, NA, 1986. Conceitos e Objetivos da Pediatria Social. In Pediatria Social: Teoria e Prá-
tica (A.N.Marques.org), pp1-9, Rio de janeiro: Cultura Médica LTDA.
7. Freire, MML, 1991. Vidas Desperdiçadas: A Puericultura no Discurso da OMS. Dissertação de
Mestrado. Rio de Janeiro: Instituto Fernandes Figueira, Fundação Osvaldo Cruz.
8. Bellizzi, D, 1989. Pediatria Social. Clínica Pediátrica, 13:3-6.
9. Gusson, ACT; Lopes, JC. Pediatria no século 21: uma especialidade em perigo. Rev Paul Pediatr,
2010; 28 (1): 115-20.
10. Demografia Médica no Brasil, v. 2 / Coordenação de Mário Scheffer; Equipe de pesquisa: Alex
Cassenote, Aureliano Biancarelli. – São Paulo: Conselho Regional de Medicina do Estado de
São Paulo: Conselho Federal de Medicina, 2013.
266
PSIQUIATRIA “
“
Dr. Caio Magno Matos de Almeida
A mente doente pode devorar a carne do corpo
mais do que a febre ou a inanição.
Guy de Maupassant
268
Psiquiatria CAPITULO 27
269
CAPITULO 27 Como Escolher a sua Residência Médica
270
Psiquiatria CAPITULO 27
271
CAPITULO 27 Como Escolher a sua Residência Médica
SOBRE O AUTOR
REFERÊNCIAS
272
RADIOLOGIA E
DIAGNÓSTICO POR IMAGEM “
“
Dr. Caio Nunes
Os olhos podem enganar, o sorriso pode mentir,
mas as tomografias sempre dizem a verdade.
274
Radiologia e Diagnóstico por Imagem CAPITULO 28
275
CAPITULO 28 Como Escolher a sua Residência Médica
A radiologia por ser uma especialida- vezes, questionar parte das informações
de de apoio diagnóstico, tendo na sua dadas.
prática pouca relação médico-paciente.
Esta, quando existe, não passa de um con- MERCADO DE TRABALHO
tato mais breve geralmente relacionado
ao exame em questão (principalmente O mercado de trabalho do radiolo-
ultrassonografia). Não espere muito gla- gista é muito amplo e em expansão. O
mour ou reconhecimento na especiali- barateamento da tecnologia tem leva-
dade, já que se trabalha nos bastidores. do aparelhos modernos para todos os
Não é infrequente que te perguntem se cantos do país. Por uma série de razões
você é “o cara do raio-x”. Boa parte dos a era do exame complementar veio para
pacientes e dos seus conhecidos leigos ficar. Se, por um lado, há mais qualidade
não vão fazer muita ideia do que você faz no atendimento dos paciente e maior
e ainda vão perguntar: como assim? Pre- precisão diagnóstica; por outro lado,
cisa ser médico para fazer isso? Mas não há uma pressão inclusive por parte dos
se importe com nada disso. Ao optar por paciente para solicitação de exames de
radiologia, sua satisfação profissional imagem (muitas vezes desnecessários).
virá dos casos que você apontar novos Os próprios colegas médicos solicitam
diferenciais não pensados, que você co- exames por medo dos processos, e há
nhecer um sinal clássico ou patognomô- também aqueles exames solicitados
nico de uma doença, da sua percepção como pré-requisito para o convênio de
de que você contribui de forma decisiva saúde liberar internações, cirurgias, pró-
no processo diagnóstico. teses.
Enquanto o reconhecimento por par- A grande maioria dos serviços de ra-
te dos pacientes é pequeno, a maioria diologia hoje, no Brasil é dominada por
dos colegas médicos terão grande apre- grandes companhias e se tornou ne-
ço pela sua opinião. Os colegas têm re- gócio lucrativo de gente grande. Nesse
conhecido cada vez mais a importância cenário, o médico radiologista perdeu
do bom radiologista. É com eles que o parte da sua autonomia e ficou meio
radiologista irá construir sua relação de acuado entre os laboratórios de ima-
confiança, para que, com base nos seus gem e os planos de saúde. A grande
laudos, se opte por decidir as condutas. parte das ofertas de trabalho funciona
Sendo assim, esqueça a ideia do radiolo- em cima da produtividade gerando uma
gista como um “ser isolado” e antissocial pressão para que se faça e se analise os
em uma sala escura vendo exames. Há exames em tempo cada vez menor. Bem
que se desenvolver uma boa habilidade como, na grande parte da carreira médi-
de comunicação e relacionamento inter- ca, são raros os empregos com direitos
pessoal, já que os colegas virão até você trabalhistas. Por sua vez, a maior parte
para perguntar sobre os exames e, por dos radiologistas ainda consegue traba-
276
Radiologia e Diagnóstico por Imagem CAPITULO 28
lho fácil, principalmente nas áreas mais ou no qual esse profissional não domi-
carentes de profissionais e com alta de- na determinado método. Hoje se tem
manda, como a ultrassonografia. empresas sediadas em grandes centros
No geral, leva-se uma boa qualidade urbanos que trabalham com clínicas e
de vida na radiologia. Profissionais já hospitais de todo o país. Essa nova rea-
estabelecidos no mercado conseguem lidade permite ao radiologista trabalhar
trabalhar no período comercial e redu- em casa, por exemplo, embora tenha
zir ou eliminar plantões noturnos e so- “roubado” parte do mercado do interior
breavisos, embora você deva esquecer e equalizado (para menos) os valores de
o clichê de que o radiologista é “o cara remuneração.
que trabalha pouco e ganha muito”, de Apesar de todas essas variáveis, o ra-
fato, não é bem assim. A sua entrada no diologista consegue trabalhar cem por
mercado será geralmente por agendas cento do seu tempo dentro da especiali-
de ultrassonografia e plantões. dade. A remuneração no início da carrei-
Na prática hospitalar, na grande ra do radiologista é, em geral, mais alta
maioria, você estará sozinho dando su- que as demais especialidades, embora
porte a uma equipe de clínicos, pedia- não varie significativamente com o pas-
tras, ortopedistas e ginecologistas. São sar dos anos.
raros os hospitais que têm mais de um
radiologista de plantão, então seu plan- A RESIDÊNCIA
tão de 12 horas passarão provavelmente
sem um cochilo. No entanto, não se tem A residência em radiologia e diag-
tanto estresse relativo à relação médico nóstico por imagem consiste oficial-
– paciente – familiares. mente de três anos nos quais se apren-
É desejável que o radiologista en- de a executar e interpretar os diversos
tenda da gestão, custos dos aparelhos métodos da área: radiografias simples e
e insumos e do funcionamento dos sis- contrastadas, mamografia, ultrassono-
temas modernos de processamento das grafia “modo B” e “Doppler”, tomografia
imagens. Isso pode fazer diferença no e ressonância magnética. Boa parte das
mercado, principalmente se optar em residências dividem suas grades por mé-
abrir o próprio negócio ou entrar com todos, com complexidade crescente. No
alguma sociedade em clínica ou mesmo primeiro ano foca-se em radiografia sim-
para ajudar no gerenciamento do servi- ples e contrastada, mamografia e ultras-
ço do qual faça parte. sonografia. O segundo ano geralmente
O advento da telerradiologia6 trouxe vê-se algo de tomografia, ultrassono-
mudanças ao mercado de trabalho do grafia Doppler. O último ano é, então,
radiologista. Os grupos dessa modali- dedicado principalmente à tomografia
dade fornecem os laudos à distância e à ressonância magnética. Alguns ser-
de locais onde não há o radiologista viços, no entanto, dividem por método
277
CAPITULO 28 Como Escolher a sua Residência Médica
278
Radiologia e Diagnóstico por Imagem CAPITULO 28
279
CAPITULO 28 Como Escolher a sua Residência Médica
Não se tinha ideia de que aquele es- imagem e ir direto ao foco do problema
boço de radiografia feita por Roentgen é a tarefa diária dessa fascinante especia-
iria ser o motivador da criação de uma lidade, que cresce e se modifica todos os
das áreas mais fascinantes do conheci- dias de forma bastante dinâmica. Tratar
mento médico, permitindo não só ver tumores guiados por ultrassom, rastrear
o corpo humano, mas sua composição células cancerígenas específicas e usar
e seu funcionamento em tempo real, ressonância magnética para estimular
revolucionando a forma de se chegar partes do cérebro são coisas que pare-
aos diagnósticos. Seguir os detalhes das cem futuristas, mas já são alvo de pes-
informações fornecidas nos exames de quisas dentro do universo da radiologia.
SOBRE O AUTOR
Médico pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), radiologista pelo Instituto de Ra-
diologia da Universidade de São Paulo (Inrad - USP), fellow em radiologia músculo-
-esquelética pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina
da USP (IOT/Fmusp).
REFERÊNCIAS
1. Jauncey gem. The birth and early infancy of x-rays. Am j physics 1945;1 3:362-379.
2. Dewing, Stephen B. Modern Radiology in Historical. Perspective. Spring- field,Il.,C.C Thomas,
1962.189.
3. Edler and C. H. Hertz, “The use of ultrasonic reflecto- scope for the continuous recording of
the movements of heart walls,” Kungl. Fysiogr. Sallsk., i Lund Forhandl., vol. 24, no. 5, pp. 1–19,
1954.
4. X-Ray Computed Tomography in Biomedical Engineering, 7 DOI: 10.1007/978-0-85729-027-
4_2, Ó Springer-Verlag London Limited 2011.
280
Radiologia e Diagnóstico por Imagem CAPITULO 28
281
RADIOTERAPIA
RADIO-ONCOLOGIA
“
“
Dr. Marco Antonio Costa Campos de Santana
John Cameron
nóstica foi realizada a apenas dois meses sibilizador das células à radiação, vinte
da descoberta de Röentgen. anos antes da primeira publicação sobre
É interessante notar que o poten- o tema. Em 1934, foi fundado o Instituto
cial terapêutico da radiação também Nacional do Câncer (Inca), que contava
foi descoberto precocemente, em 1896, com aparelhos roentgenterapia e ra-
quando um estudante de medicina de dium, com a incorporação de uma bom-
Chicago, chamado Emil Grubbe, após ba de telecobalto no final da década de
notar descamações na pele de sua mão 1950. No Brasil, o primeiro acelerador
após exposição aos raio-X, convenceu linear foi instalado em 1972, no Hospital
um dos seus professores a permiti-lo ir- Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo.
radiar uma paciente chamada Rose Lee, Apesar da evolução da radioterapia
que sofria de uma forma avançada de durante o primeiro século após a desco-
câncer de mama. Ao fazer isso, Grubbe berta dos raio-X, o maior salto evolutivo
se tornou oficialmente o primeiro radio- se deu após uma descoberta dentro do
-oncologista da história. campo da radiologia quando, em 1972,
No Brasil, a história da radio-onco- Hounsfield desenvolveu um novo mé-
logia se entrelaça à história da oncolo- todo de imagem que revolucionaria
gia no país. Já em 1901, seis anos após tanto a radiologia como a radioterapia:
a descoberta dos raios-X, o Dr. Becker a tomografia computadorizada. A in-
Pinto foi pioneiros no nosso país, reali- corporação das imagens de tomografia
zando tratamento de tumores de pele computadorizada ao planejamento do
com um aparelho de raios-X, no Rio tratamento de radioterapia permitiu
Grande do Sul. Em 1914, o prof. Eduar- que os tratamentos fossem realizados
do Rabello fundou, no Rio de Janeiro, o de forma tridimensional, em contra-
instituto de Radium e Eletrologia da Fa- partida aos tratamento bidimensionais,
culdade de Medicina, após trazer tubos baseados em imagens de radiografias,
de radium de Paris. Em 1921, foi criado o desta forma, atingindo com precisão os
Instituto Arnaldo Vieira de Carvalho, na limites dos tumores e permitindo a iden-
Santa Casa de Misericórdia de São Pau- tificação e proteção dos órgãos não aco-
lo, onde funcionava um centro dedica- metidos pela doença. Desenvolvimen-
do ao tratamento com radium, e onde tos posteriores permitiram upgrades dos
foram formados importantes radiotera- aceleradores lineares com tomógrafos
peutas. Em 1929, começou a funcionar o e equipamentos de radiografia digital,
serviço de roentgenterapia do Hospital de forma que os paciente poderiam ser
Gaffré-Guinle, onde o prof. Miguel Osó- avaliados radiologicamente durante o
rio de Almeida seria um dos primeiros a próprio tratamento.
detectar o papel do oxigênio como sen-
284
Radioterapia Radio-Oncologia CAPITULO 29
“Eu acredito que esta é uma nova era de colo uterino, de endométrio, pele e
para a radioterapia, pois agora não só po- de próstata, podendo ser utilizada para
demos ver os tumores que tratamos como diversos outros tipos de tumor, tanto de
também podemos vê-los em tempo real.” forma curativa como paliativa.
Dr. Albert Koong, Universidade de Stanford
TELETERAPIA
MODALIDADES DE RADIOTERAPIA
• Radioterapia convencional (2D):
A radioterapia teve início com tera- o tratamento é planejado com ra-
pias de contato com exposição direta a diografia convencional, baseado
materiais radioativos (radium, césio etc.) em topografias anatômicas ósseas.
e avançou com o surgimento das bom- Ainda é a modalidade de teletera-
bas de telecobalto e, posteriormente, pia mais utilizada no Brasil, devido à
das aceleradores lineares, com a aplica- defasagem tecnológica que ainda é
ção de radiação à distância. Isto basica- predominante no nosso país, porém
mente nos levou a duas modalidades de mundialmente é usada apenas em
tratamento: a primeira deu origem ao tratamentos paliativos ou em cen-
que hoje chamamos de braquiterapia e tros que não possuem tecnologia.
a segunda à teleterapia. Essa técnica, por ser baseada em exa-
mes radiológicos simples, tem baixa
BRAQUITERAPIA precisão, podendo tanto sobretratar
como subtratar tumores, além de
É a aplicação do material radioativo baixa capacidade de poupar tecidos
em contato próximo ao tumor. É reali- sadios, levando ao aumento de efei-
zada através de implantes de cateteres tos tóxicos secundários;
ou inserções de aplicadores que servem • Radioterapia conformacional (3D):
de condutor para a fonte de radiação é a modalidade de radioterapia onde
ou mesmo do implante direto de fios são feitas imagens digitais captadas
ou sementes com material radioativo. A por tomografia computadorizada
distância de atuação da radiação nesta associadas ou não a imagens de PE-
modalidade é reduzida, logo é a moda- T-CT ou ressonância magnética, e
lidade de tratamento que menos atinge posteriormente estas imagens são
os tecidos saudáveis adjacentes, sendo processadas em softwares de plane-
adequada para o tratamento de lesões jamento. Neles, é possível visualizar e
focais ou em complementos de dose. delinear as estruturas a serem trata-
O lado negativo é que sua realização é das e os órgãos que devem ser pro-
mais difícil por ser um procedimento tegidos, além de definir diferentes in-
invasivo. A braquiterapia é parte im- cidências de feixes de radiação para
portante no tratamento dos cânceres poupar os órgãos sadios e maximizar
285
CAPITULO 29 Como Escolher a sua Residência Médica
286
Radioterapia Radio-Oncologia CAPITULO 29
287
CAPITULO 29 Como Escolher a sua Residência Médica
288
Radioterapia Radio-Oncologia CAPITULO 29
289
CAPITULO 29 Como Escolher a sua Residência Médica
290
Radioterapia Radio-Oncologia CAPITULO 29
291
CAPITULO 29 Como Escolher a sua Residência Médica
SOBRE O AUTOR
REFERÊNCIAS
1. Coursaget, J., Camilleri, J.P. Pionniers de la radiothérapie 1ª Edição. Editora EDP Sciences, 2005.
2. Salvajoli, J.V., Souhami L., Faria, S.L. Radioterapia em Oncologia 2ª Edição. Editora Atheneu,
2013.
3. Almeida, S. S. A História da Radioterapia no Brasil. Rev Imagem 2000;22(3). Disponível em:
<http://www.imaginologia.com.br/dow/upload/historia/A-Historia-da-Radioterapia-no-Bra-
sil.pdf.>.
4. Comissão Nuclear de Energia Nuclear (Cnen). Disponível em: <http://www.cnen.gov.br/segu-
ranca/cons-ent-prof/lst-prof-credenciados.asp?OP=CB>. Acesso em: 18 abr. 2014.
5. American Society for Radiation Oncology (Astro). Disponível em: <https://www.astro.org>.
Acesso em: 12 mar. 2014.
6. Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT). Disponível em: <http://www.sbradioterapia.
com.br/ >. Acesso em: 12 mar. 2014.
7. Relatório de Auditoria Operacional – Política Nacional de Atenção Oncológica – Tribunal de
Contas da União - 2012.
292
ESPECIALIDADES
CLÍNICAS
CLÍNICA MÉDICA
“
Dr. João Freitas Melro Braghiroli
“
A medicina não é só uma ciência, é também
uma arte. Não consiste de composições, pílulas
e emplastros; lida com os próprios processos de
vida, que devem ser entendidos antes para que
possam ser guiados.
Paracelsus
HISTÓRIA AMBULATORIAL
296
Clínica Médica CAPITULO 30
mais preventivo do que curativo. Nesse xos e crônicos, como diabetes mellitus,
âmbito, o internista tem papel essencial doença pulmonar obstrutiva crônica,
no cuidado do paciente, sendo um gran- dislipidemia e hipertensão.
de gestor na promoção da saúde, ofere- Considerando que muitos pacien-
cendo uma visão integrada do paciente, tes têm doenças multissistêmicas e ne-
restaurando e aprimorando a função cessitam de cuidados especializados, é
dos antigos médicos da família. importante a atuação organizada e har-
O atendimento ambulatorial pode mônica da equipe de médicos e outros
ser prestado no âmbito público ou pri- prestadores de cuidados de saúde. Nem
vado; no primeiro, existe grande oferta sempre esta organização é alcançada;
de oportunidades como o programa de são constantes as situações de equipes
saúde da família, especialmente nas áre- fragmentadas e desorganizadas, ge-
as mais distantes dos grandes centros rando condições confusas e frustran-
urbanos. tes para os pacientes. O internista bem
A rotina ambulatorial do internista formado, com habilidades de liderança,
não demanda a utilização rotineira de pode evitar ou pelo menos minimizar as
equipamentos de alto custo; o investi- dificuldades nestas situações confusas.
mento para se iniciar um serviço priva- Ao rastrear medicamentos prescritos
do é relativamente baixo, em compara- por outros médicos, monitorando as
ção com outras especialidades médicas. possíveis interações medicamentosas,
Entretanto, uma grande dificuldade acompanhando exames e/ou procedi-
encontrada por médicos que almejam mentos realizados por subespecialistas
iniciar as suas empresas (e isto não se e respondendo às suas recomendações,
limita ao internista) é a obtenção de o internista orquestra o atendimento
cadastramento para atender convênios multidisciplinar e conduz o paciente
de saúde, particularmente em regiões com tranquilidade pelo complexo siste-
com uma grande oferta de profissionais ma de cuidados.
já atuantes no setor. Em função desta
dificuldade, é uma prática comum os EMERGÊNCIA
médicos terem seus serviços terceiriza-
dos por clínicas privadas que detêm os A implementação da residência em
privilégios de convênios. emergências médicas ainda não foi am-
Uma série de doenças de alta inci- plamente estruturada no Brasil e a gran-
dência e/ou prevalência, constituem o de maioria dos serviços de emergência
núcleo da maioria das práticas ambula- de clínica médica funciona com clínicos
toriais da medicina interna: desde en- gerais, internistas e subespecialistas no
fermidades simples como a gripe, a gas- atendimento dos pacientes não cirúrgi-
troenterite viral e as infecções do trato cos com enfermidades agudas.
urinário, até os problemas mais comple-
297
CAPITULO 30 Como Escolher a sua Residência Médica
298
Clínica Médica CAPITULO 30
299
CAPITULO 30 Como Escolher a sua Residência Médica
300
Clínica Médica CAPITULO 30
301
CAPITULO 30 Como Escolher a sua Residência Médica
regime de plantão, geralmente está as- ambiente atual, a clínica privada solo
sociado com cuidados dispensados a está se tornando muito menos comum.
pacientes mais graves e com risco emi- Ao invés dessa, a maioria dos internistas
nente de morte. É uma opção para o in- parte para a prática de grupo, como gru-
ternista que prefere lidar com pacientes pos de várias especialidades de saúde
mais críticos e, consequentemente, uma ou terceirizando os seus atendimento
rotina com maior estresse. Como ocorre por clínicas privadas. Muitos convênios
na grande maioria dos plantões médi- hoje limitam o cadastro de novos mé-
cos, a remuneração geralmente é fixa e dicos, contribuindo para que médicos
por hora de trabalho. partam para a prática de grupo. O aten-
Há diferenças entre a prática clínica dimento particular também oferece
em serviços privados, serviços públicos opções que seguem desde a consulta
e instituições acadêmicas. popular a altos valores estipulados por
Embora o retorno financeiro em ins- clínicos renomados.
tituições acadêmicas seja normalmente Assim como em outras profissões, os
menor, há mais liberdade para o profis- internistas bem qualificados e compe-
sional estender a investigação diagnosti- tentes eventualmente terão destaque e
ca e oferecer o tratamento mais adequa- conquistarão seu espaço no mercado de
do ao seu paciente, contando inclusive trabalho. Entretanto, não faz parte cul-
com o apoio da multidisciplinaridade. tura dos pacientes brasileiros pesquisa-
Em serviços públicos como o progra- rem sobre o background acadêmico dos
ma de saúde da família, muitas vezes o seus médicos, dando margem à posição
internista tem dificuldades em se apro- social e publicidade de alguns profis-
fundar na investigação diagnostica e en- sionais assumirem um destaque maior
contra restrições terapêuticas por limita- do que a própria formação e educação
ções do Sistema Único de Saúde (SUS). médica.
Internistas que escolhem a prática
privada também têm várias opções. No
302
Clínica Médica CAPITULO 30
SOBRE O AUTOR
Médico formado pela Universidade Federal da Bahia (Ufba). Fez residência de medi-
cina interna na University of Miami Miller School of Medicine (UMMSM) no período
de 2010-2013. Atua como chief resident na mesma instituição. Recebeu os prêmios:
“Intern of the Year” e “Resident of the Year” na University of Miami Miller School of
Medicine, e o prêmio “Outstanding Physician” na American College of Physicians.
É membro do Board of Associates do American College of Physicians (ACP) e certi-
ficado pelo American Board of Internal Medicine (Abim). Fellow de cardiologia no
Jackson Memorial Hospital na UMMSM.
REFERÊNCIAS
303
CARDIOLOGIA “
“
Dr. Lucas Hollanda Oliveira
Se você não tem caridade em seu coração,
tem o maior problema cardíaco possível.
Bob Hope
A A cardiologia é a especialidade da
clínica médica que estuda o coração,
os grandes vasos e as doenças que aco-
metem estas estruturas. Sua área de
atuação é vasta e envolve a prevenção,
O vultuoso volume de conhecimen-
to que vem sendo produzido, associado
a uma pressão do mercado, têm moti-
vado uma crescente segmentação da
especialidade. Isto tem se refletido no
a investigação diagnóstica, os cuidados tempo de formação do cardiologista e
clínicos, além de procedimentos inter- deve ser levado em conta no momento
vencionistas e reabilitação. da escolha da especialidade para que
O advento da antibioticoterapia, as- um planejamento seja realizado.
sociado às mudanças nos hábitos de
vida, às melhorias na infraestrutura e HISTÓRIA
saneamento básico, proporcionaram
aumento da longevidade, modifican- Um dos primeiros relatos do sistema
do a epidemiologia das causas de ado- cardiocirculatório pode ser encontra-
ecimento e óbito. Dados de 2011 da do nos papiros de Smith, escrito pelos
Organização Mundial de Saúde (OMS) egípcios (de provável autoria do sacer-
estimaram que aproximadamente 13 dote Imhotep) há cerca de 3.000 anos(2).
milhões de mortes/ano são causadas Essa obra, conhecida como o tratado de
por doenças cardiovasculares, figurando cirurgia do trauma mais antiga que se
a principal causa de óbito no mundo1. tem notícia, já descrevia a conexão do
Esta mudança no perfil de morbidade coração com os vasos sanguíneos, bem
e mortalidade tem criado um aumento como a correlação da pulsação com o
pela demanda de profissionais com atu- sistema circulatório3. Há cerca de 2.300
ação na profilaxia, diagnóstico e trata- anos, os chineses descobriram que exis-
mento de doenças cardiovasculares. tia movimento de sangue no interior
CAPITULO 31 Como Escolher a sua Residência Médica
destes vasos3. Na Grécia clássica, Platão como fazem retornar esse fluido de vol-
já difundia o conceito de que o coração ta para o átrio direito através das veias
desempenha papel central no constan- (...). Deve ser concluído, portanto, que
te movimento do sangue no interior dos nos animais, o sangue circula pelo corpo
vasos3. Hipócrates ensinava aos seus de forma contínua, proporcionada pela
discípulos que o coração é dividido em função de bomba hidráulica do coração.
câmaras, que algumas delas eram sepa- Assim se explica o propósito dos bati-
radas por válvulas, e que a coloração do mento cardíacos.”
sangue diferia entre as cavidades direita Nesta época, Leonardo da Vinci con-
e esquerda3. Nesta mesma época, Pra- tribuiu de forma extraordinária, através
xágoras apregoava que a análise minu- de seus desenhos, com a elucidação da
ciosa do pulso poderia auxiliar no diag- anatomia do aparato valvular3. Também
nóstico de doenças, Herófilo iniciava o foi um dos primeiros a descrever a do-
estudo das arritmias cardíacas e Erasita- ença ateroesclerótica em idosos3. Ain-
to difundia o conceito de que as artérias da no século XVII, Malpighi esclareceu
se comunicam com as veias3. Na era ro- que os capilares são o elo de ligação
mana, o incremento do conhecimento entre artérias e veias e Giovanni Battista
da anatomia cardiovascular, em muito Morgani publicou o De Sedibus et Causis
ocorreu por conta das observações fei- Morborum, em que catalogava achados
tas por Galeno durante suas dissecções de necropsia relacionados às doenças
em animais3. cardiovasculares3. No século XIX, o mé-
Assim como em outros campos da dico francês René Teophyle Hyacinthe
ciência, muito pouco se evoluiu duran- Laennec, que também era flautista, ao
te a Idade Média, quando o racional observar crianças brincando com tu-
do fervor científico foi trocado por prá- bos longos para transmitir sons entre si,
ticas empíricas e supersticiosas. Com acabou por inventar o estetoscópio3. No
o florescimento cultural e científico século XX, os avanços foram ainda mais
da Renascença, o avanço do conheci- marcantes e iniciou-se com a criação do
mento voltou a ganhar fôlego através eletrocardiograma por William Eintho-
de descobertas realizadas por grandes ven. Na sequência, vivenciamos grandes
anatomistas4. Em 1628, sir William Har- evoluções nos campos da hemodinâmi-
vey, através da sua publicação De Motu ca e da cirurgia com o desenvolvimento
Cordis5, cunhou as noções de fisiologia do cateterismo e das cirurgias de revas-
cardíaca e de circulação sanguínea nos cularização miocárdica e transplante.
moldes como conhecemos nos dias de
hoje: “Tem se mostrado, pela razão e ÁREAS DE ATUAÇÃO
por experimentos, que os batimentos
ventriculares fazem circular sangue para A cardiologia oferece um vasto cam-
os pulmões e para todo o corpo, bem po de atuação (tabela 1), fator positivo
306
Cardiologia CAPITULO 31
307
CAPITULO 31 Como Escolher a sua Residência Médica
308
Cardiologia CAPITULO 31
309
CAPITULO 31 Como Escolher a sua Residência Médica
310
Cardiologia CAPITULO 31
311
CAPITULO 31 Como Escolher a sua Residência Médica
SOBRE O AUTOR
312
Cardiologia CAPITULO 31
REFERÊNCIAS
313
ENDOCRINOLOGIA “
“
Dr. Carlos A. Minanni
A comida, como o seu dinheiro, deveria estar
trabalhando para você!
316
Endocrinologia CAPITULO 32
317
CAPITULO 32 Como Escolher a sua Residência Médica
318
Endocrinologia CAPITULO 32
cura incessante para a maioria das pes- com os pacientes e 74% satisfeitos com a
soas. Existe uma grande preocupação interação com as demais especialidades.
com a qualidade dos serviços prestados
à população e o grau de satisfação do A RESIDÊNCIA
paciente.
No entanto, pouca atenção é dada à Após a conclusão da residência em
satisfação dos trabalhadores e à sua qua- clínica médica, que é um requisito bá-
lidade de vida, apesar de ser hoje conhe- sico para ingressar na especialidade, o
cido que o bem-estar laboral influi na médico residente passa por um perío-
efetividade do trabalho. Assim, buscar do de dois anos, divididos na maioria
uma especialização levando em conta a dos serviços por blocos relacionados às
qualidade de vida é, sim, um passo fun- subáreas do conhecimento, como de-
damental. senvolvimento (incluindo temas como
A qualidade de vida do endocrino- crescimento, andropausa; distúrbios da
logista é boa, e terminada a residência menstruação e puberdade; reposição
e estabelecida a rotina ambulatorial, é hormonal); lípides; obesidade e trans-
possível trabalhar no período comercial, tornos alimentares; diabetes, adrenal;
já que não há plantões relacionados à ossos; neuroendócrino (hipófise) e ti-
área. Logicamente, sempre poderá haver reoide. As atividades diárias se dividem
intercorrências com os pacientes do con- entre o atendimento ambulatorial, que
sultório, e um bom profissional manterá é a principal atividade do dia a dia, en-
contato com eles, mesmo que interna- fermaria e reuniões didáticas, incluindo
dos sob os cuidados de outras equipes. aulas, apresentações de casos clínicos e
Em 2010, no Canadá, uma pesquisa artigos científicos.
aplicada em 69 dos 447 endocrinologis- Por ser uma área bastante relacio-
tas cadastrados no país revelou que a nada à ciência básica, intrinsecamente
maioria dos entrevistados gastavam cer- ligada à pesquisa, muitos programas de
ca de 52 horas semanais em atividades residência contemplam em suas grades
relacionadas diretamente ao trabalho, atividades relacionadas à biologia mo-
a maior parte deste período em consul- lecular e a rotina laboratorial de hormô-
tas. Cerca de sete horas adicionais eram nios, o que pode ser interessante por
gastas em pesquisas e mais sete em cui- agregar áreas de atuação diferenciais no
dados indiretos aos pacientes, como reu- mercado de trabalho.
niões familiares ou contato com outros No cotidiano ambulatorial, os casos
especialistas. Com relação a satisfação são atendidos pelo residente do primei-
pessoal, 78% estavam muito ou mode- ro ou do segundo ano, e na sequência
radamente satisfeitos com a profissão, discutidos com os preceptores ou as-
89% satisfeitos com o relacionamento sistentes. Existe grande interação com
319
CAPITULO 32 Como Escolher a sua Residência Médica
320
Endocrinologia CAPITULO 32
dades nos diversos setores do mercado, tica, nutrição e pesquisa acadêmica. Boa
como relacionados à indústria farmacêu- escolha!
SOBRE O AUTOR
Formado pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMS-
CSP), com residência em clínica médica e endocrinologia pelo Hospital das Clínicas
da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (HC-Fmusp), onde
ainda atua, além de trabalhar no Hospital Nove de Julho e Hospital Israelita Albert
Einstein.
REFERÊNCIAS
1. One hundred years of hormones. Society of Endocrinology (2005). Acesso em: 5 jan. 2013.
2. Disponível em: <http://www.endocrino.org.br/areas-da-endocrinologia>. Acesso em: 10 set.
2013.
3. Disponível em: <http://www.diabetes.org.br/sala-de-noticias/noticias/noticias-nacionais/
1397-diabetes-deve-crescer-65-em-20-anos-na-america-latina>. Acesso em: 10 set. 2013.
4. Disponível em: <http://www.endocrino.org.br/perfi l-e-historia>. Acesso em: 10 set. 2013.
5. Disponível em: <http://www.endocrinology.org/100yearsofhormones/100years.htm>. Aces-
so em: 10 set. 2013.
6. Disponível em: <http://www.merritthawkins.com/Default.aspx>. Acesso em: 10 set. 2013.
7. Disponível em: <http://www.amga.org>. Acesso em: 10 set. 2013.
8. Disponível em: <http://www.endocrinology.org/careers/profi les.html>.
9. Disponível em: <http://www.endo-metab.ca>. Acesso em: 10 set. 2013.
10. Disponível em: <http://www.endocrinology.org/careers/profi les.html>. Acesso em: 10 set.
2013.
11. Disponível em: <http://www.med-ed.virginia.edu/specialties/QuestionList.cfm>. Acesso em:
10 set. 2013.
12. Fragoso MCB, Hohl CA. Endocrinologia - Edição Especialidades Médicas. Rev Med (São Paulo).
2012;91(ed. esp.):30-2.
13. Disponível em: <http://www.endocrino.org.br/servicos-credenciados>. Acesso em: 10 set.
2013.
321
GASTROENTEROLOGIA “
“
Dr. Guilherme Marques Andrade
Tal como acontece com o estômago, devemos
ter pena da mente que não come.
Victor Hugo
A A gastroenterologia é a especiali-
dade médica que lida com as doenças
envolvendo o aparelho digestivo. Tra-
dicionalmente divide-se em cirurgia do
aparelho digestivo e gastroenterologia
digestão e dos alimentos na saúde hu-
mana datam de períodos pré-históricos.
Os gregos, entretanto, foram os primei-
ros a tentar dividir o processo digestó-
rio em fases. Hipócrates (460-377 a.C.),
clínica, seguindo-se as diversas subes- dentro da sua teoria dos quatro fluídos
pecialidades e áreas de atuação. Talvez sistêmicos básicos advindos do quimo,
o nome possa soar impróprio porquan- já elencava fluidos digestivos como bile
to a atuação do especialista transcende e “bile-negra”. Ele nomeou a digestão de
o estudo do estômago e intestino. De “pepsis”, termo ainda hoje amplamente
fato, engloba diagnóstico e tratamento empregado. As maiores contribuições ao
de doenças de todo o tubo digestivo princípio da gastroenterologia moder-
(vísceras ocas como boca, esôfago, estô- na vieram, entretanto, das escolas com
mago, intestino delgado, cólon e ânus), força em estudos fisiológicos, como a
vísceras anexas intimamente envolvi- italiana, inglesa e alemã. Focavam-se ini-
das no processo (fígado, vias biliares e cialmente na avaliação de funções gás-
pâncreas) e sua relação com os demais tricas, daí talvez o advento do nome da
sistemas. Neste capítulo, tratarei essen- especialidade. O médico alemão Rudolf
cialmente da gastroenterologia clínica Schindler é considerado o pai da gas-
(mais carinhosamente conhecida como troscopia flexível (realizada pela primeira
gastroclínica), sendo coerente com a mi- vez em 1932), o que foi uma revolução
nha formação. na área, pela mobilidade e segurança
Seria extremamente impreciso tentar ao paciente. Desde então, o desenvolvi-
definir o exato momento em que a espe- mento tecnológico da endoscopia tem
cialidade surgiu. Referências ao papel da sido exponencial.
CAPITULO 33 Como Escolher a sua Residência Médica
324
Gastroenterologia CAPITULO 33
325
CAPITULO 33 Como Escolher a sua Residência Médica
326
Gastroenterologia CAPITULO 33
327
CAPITULO 33 Como Escolher a sua Residência Médica
328
Gastroenterologia CAPITULO 33
329
CAPITULO 33 Como Escolher a sua Residência Médica
330
Gastroenterologia CAPITULO 33
331
CAPITULO 33 Como Escolher a sua Residência Médica
SOBRE O AUTOR
REFERÊNCIAS
332
GERIATRIA
“
“
Dra. Amanda Lagreca Venys de Azevedo
Dr. Omar Jaluul
A velhice é como todo o resto. Para garantir o
êxito, você tem que começar cedo.
Theodore Roosevelt
por jovens. O desafio é o de atender uma foi considerado o “pai da geriatria”, pois
sociedade progressivamente mais enve- criou a nova especialidade médica des-
lhecida através da oferta de serviços e tinada a tratar das doenças dos idosos e
profissionais com o objetivo de mudar da própria velhice.
o curso de um envelhecimento com de- Apesar do termo geriatria ter sido
bilidade, fragilidade e dependência para cunhado nos Estados Unidos, foi a médi-
um envelhecimento ativo, funcional e ca britânica, Marjorie Warren, que criou
com qualidade de vida. os princípios básicos da nova especiali-
Nesse contexto, a geriatria, apesar dade. Na década de 30, ela desenvolveu
de ser uma das especialidades médicas princípios até hoje tidos como centrais
mais novas, tem sido considerada uma na prática da geriatria, sendo considera-
especialidade em franca expansão no da a “mãe da geriatria”.
mercado de trabalho. Daí a importância No Brasil, estimulados por um Pro-
do profissional médico especialista no jeto de Lei do Senado Federal de 1954,
cuidado com a saúde do idoso e de seu referente aos idosos, um grupo de pro-
bem-estar. fissionais organizou-se para criação de
uma instituição brasileira dedicada ao
HISTÓRIA DA GERIATRIA estudo da geriatria e da gerontologia.
Diante da importância do envelheci-
A geriatria como especialidade mé- mento populacional, novas entidades
dica pode ser considerada relativamen- relacionadas ao tema têm se desenvol-
te jovem, pois apenas iniciou nos Esta- vido ao longo dos anos.
dos Unidos e na Europa na década de
40, sendo introduzida no Brasil muitos DEFINIÇÕES
anos depois.
Durante os séculos XVIII e XIX, médi- Geriatria é a especialidade médica
cos escreveram sobre doenças do enve- que cuida da saúde e das doenças da
lhecimento, porém foi no século XX que velhice e que lida com os aspectos fí-
se mostrou definitivamente a importân- sicos, funcionais, mentais e sociais nos
cia do estudo da velhice. cuidados agudos, crônicos, de reabilita-
Em 1903, Elie Metchnikoff defendeu ção, preventivos e paliativos dos idosos.
a ideia da criação de uma nova especia- É a área que ultrapassa a “medicina cen-
lidade, a gerontologia, a partir das ex- trada em órgãos e sistemas” oferecendo
pressões gero (velhice) e logia (estudo). tratamento completo, através de equi-
Assim, ela propôs a criação de um mo- pes interdisciplinares e com o objetivo
delo dedicado ao estudo exclusivo do principal de preservar a capacidade fun-
envelhecimento. cional e autonomia dos idosos.
Em 1909, Ignatz Leo Nascher, médico O geriatra é o profissional especia-
europeu radicado nos Estados Unidos, lizado no cuidado do idoso. Os idosos
334
Geriatria CAPITULO 34
diferem dos jovens por apresentarem metade da vida e, além disso, deve ter
maior prevalência de doenças crônicas boa formação em ciências sociais para
e risco de apresentação atípica das mes- poder entender e atuar em todas as
mas; maior probabilidade de polifarmá- variáveis que interferem no envelheci-
cia e, consequentemente, maior risco de mento populacional. O geriatra precisa
reações adversas e interações medica- compreender profundamente o ser hu-
mentosas; altas taxas de incapacidades mano para poder atuar com segurança
e dependência; maior vulnerabilidade em cada momento de sua evolução.
e fragilidade; maior necessidade de su-
porte social e, por tudo isso, requerem MITOS E PRECONCEITOS
um médico com conhecimentos e habi-
lidades especiais. Ainda existem mitos e preconceitos
Por definição, gerontologia é o cam- relacionados ao papel do geriatra. A
po multiprofissional e multidisciplinar atenção à saúde do idoso é primordial
que estuda o envelhecimento normal e para preservar a sua autonomia pelo
patológico. maior tempo possível. O envelhecimen-
to, por si só, já diminui a capacidade
O ESPECIALISTA E A SUA ROTINA funcional do indivíduo. As doenças crô-
nicas tendem a acelerar este processo,
O conjunto de todas as particulari- principalmente, se não houver acompa-
dades descritas anteriormente, tão im- nhamento especializado. Muitos veem
portantes para o tratamento adequado o geriatra como um profissional que
de quem envelhece, define o perfil do “apenas cuida bem do idoso”. Claro que
profissional especializado em cuidar da é um preceito da medicina cuidar bem
saúde do idoso. Aliada à formação téc- de seus pacientes e o geriatra também
nica, há que se desenvolver uma visão o faz. Embora esta colocação, por vezes,
multidimensional gerontológica que venha com um ar pejorativo, sempre
permitirá cuidar do paciente ao invés de que houver a possibilidade de melhorar
simplesmente tratar suas doenças. a qualidade de vida de um idoso, esta
O titular do serviço de geriatria do será realizada através de ações estrutu-
Hospital das Clínicas da Faculdade de radas e cientificamente comprovadas.
Medicina da Universidade de São Paulo Com o referido processo de enve-
(HC-Fmusp), Prof. Dr. Wilson Jacob Filho, lhecimento populacional, vários mitos
define o médico geriatra como aquele relacionados à procura do segredo da
que deverá ter uma boa formação em clí- longevidade surgiram. Sabemos que o
nica médica, com interesse amplo sobre envelhecimento é uma fase inerente à
diagnóstico e terapêutica das principais vida de todos os seres humanos e a úni-
doenças crônicas que, frequentemente, ca forma de não vivenciá-lo seria mor-
acometem o ser humano na segunda rendo antes. O geriatra precisa saber e
335
CAPITULO 34 Como Escolher a sua Residência Médica
336
Geriatria CAPITULO 34
No que tange à idade cronológica, os Brasil 0,59 geriatras para cada 100.000
indivíduos passam a ser considerados habitantes. Vemos, então, que o núme-
idosos quando atingem a idade de 60 ro de profissionais especializados em
anos em países em desenvolvimento, geriatria ainda é pequeno e o mercado
como é o caso do Brasil, e de 65 anos em de oferta de trabalho irá demorar a ficar
países desenvolvidos. Esta classificação saturado.
foi estipulada pelo Viena International Em relação à remuneração do geria-
Plan of Action on Ageing. tra, o salário é variável, dependendo do
Contudo, os indivíduos envelhecem tipo e local de atuação e do tempo dis-
ao longo do seu desenvolvimento, e não ponibilizado para o trabalho. Diversos
a partir dos 60 ou 65 anos. O envelheci- concursos públicos, estaduais e federais
mento é um processo contínuo, comple- são disponíveis na área.
xo, multifatorial e individual, envolven-
do diversas modificações que ocorrem QUALIDADE DE VIDA
em cascata.
A atuação do geriatra fica mais evi- Apesar dos inúmeros desafios da es-
dente quando se tratam de pacientes pecialidade, e talvez por causa destes,
muito idosos (acima de 80 anos), frágeis, o geriatra é um dos especialistas mais
que apresentam alguma síndrome ge- satisfeitos com sua profissão, segundo
riátrica (iatrogenia, incontinência uriná- estudo norte-americano publicado em
ria, instabilidade e quedas, imobilidade 2009 (Tabela 1). Dentre os fatores que
e insuficiência cognitiva que engloba as contribuíram para tal desfecho, os geria-
entidades depressão, delirium e demên- tras enfatizaram o horário regular da jor-
cia), com polifarmácia e naqueles com nada de trabalho com poucos plantões,
perda da funcionalidade. a convivência inspiradora com idosos e
as relações duradouras entre médico e
MERCADO DE TRABALHO paciente.
Verificar que medidas, às vezes,
De acordo com o Conselho Federal consideradas simples, podem melho-
de Medicina (CFM), em 2013, o Brasil rar muito o quadro clínico do paciente,
contava com 1149 titulados em geria- além de preservar sua autonomia e in-
tria, correspondendo a 0,43% dos titula- dependência, resultando em qualidade
dos de todas as especialidades no Brasil. aos anos vividos e não simplesmente o
Sendo que, destes especialistas, 61,27% prolongamento destes; isto que é grati-
estão na região Sudeste e 33,94% aloca- ficante.
dos no estado de São Paulo. Existem no
337
CAPITULO 34 Como Escolher a sua Residência Médica
338
Geriatria CAPITULO 34
cendo quatro vagas, no total. Em 2009, médica, uma vez que grande parte das
21 programas ofereciam 60 vagas. Em faculdades de Medicina não contempla
2013, 35 instituições oferecem 90 vagas ou contempla de forma insuficiente a
para especialização em Geriatria. educação médica em geriatria dentro
Apesar do crescente número de va- de seus currículos. Outros fatores que
gas para a residência em geriatria e da podem contribuir para a baixa procura
nítida demanda de especialistas na área, pela especialidade são: o desconheci-
ainda existe uma procura proporcional- mento sobre o real impacto da transição
mente pequena pela especialidade por demográfica no mercado de trabalho;
parte dos recém-formados. Tal fato pode o destaque da era da medicina high-te-
ser decorrente do desconhecimento ch (tecnológica) e de procedimentos e
desta área de atuação por parte do estu- exames elaborados; e o fato de que para
dante de medicina durante a graduação lidar com pacientes complexos é neces-
e durante a residência médica em clínica sário disponibilidade e interesse.
O geriatra, diferente dos outros es- “O que era antes o privilégio de pou-
pecialistas, vê o indivíduo idoso como cos, chegar à velhice, hoje passa a ser
um todo e não apenas suas doenças, norma mesmo nos países mais pobres.
especialmente para aquele indivíduo Essa conquista maior no século XX se
complexo portador de múltiplas comor- transforma, em um grande desafio para
bidades e nos muito idosos. o século XXI”.
SOBRE OS AUTORES
339
CAPITULO 34 Como Escolher a sua Residência Médica
REFERÊNCIAS
1. Chróinín NA, et AL. Whould you be a geriatrician? Student career preferences and attitudes to
a career in geriatric medicine. Age and Ageing, 2013.
2. Síntese de Indicadores Sociais (SIS) – Uma análise das condições de vida da população brasi-
leira. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 2010.
3. Scheffer M. Demografia médica no Brasil – São Paulo: Conselho Regional de Medicina do es-
tado de São Paulo. 2013.
4. Banco de Dados do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Site acessado em 2013.
5. Madden KM, Wong RY. The health of geriatrics in Canada – More than meets the eye. Canadian
Geriatrics Journal, 2013.
6. Kikuchi EL. Especialidades Médicas – Geriatria. Rev Med (São Paulo), 2012.
7. Patterson C, Hogan DB, Bergman H. The choices facing geriatrics. Canadian Geriatrics Journal,
2012.
8. Bardach SH, Rowles GD. Geriatric education in the health professions: are we making pro-
gress? The Gerontologist, 2012.
9. Residência Médica em Geriatria – Diretrizes da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontolo-
gia (SBGG). Geriatria & Gerontologia, 2011.
10. Hogan DB. The practice of geriatrics: specialized geriatric programs and home visits. Canadian
Geriatrics Journal, 2011.
11. Gorzoni ML. Vagas de Residência Médica em Geriatria. Brazilian Geriatrics and Gerontology,
2011.
12. Frank C. Challenges and achievements in caring for the elderly. Canadian Family Physician,
2010.
13. Pereira AMVB, Schneider RH, Schwanke CHA. Geriatria, uma especialidade centenária. Scientia
Medica (Porto Alegre), 2009.
14. Leigh JP, Tancredi DJ, Kravitz RL. Physician career satisfaction within specialties. BMC Health
Services Research, 2009.
15. Matos M. Seu futuro em Medicina. Ed. Fundamento, 2009.
16. IBGE: a dinâmica demográfica brasileira e os impactos nas políticas públicas. Indicadores So-
ciodemográficos e de Sáude no Brasil, 2009.
17. Aitken M. Geriatricians – a role reappraisal? J R Soc Med, 2008.
18. Phelan EA, et al. How “Geriatric” is care provided by fellowship-trained geriatricians compared
to that of generalists? JAGS, 2008.
19. Geriatric Medicine section of the European Union of medical specialists (UEMS). Geriatric Me-
dicine Definition, 2008.
20. Hughes NJ, et al. Medical student attitudes toward older people and willingness to consider a
career in geriatric medicine. JAGS, 2008.
340
HEMATOLOGIA E
HEMOTERAPIA “
“
Dr. Tiago Freitas
Hematologia se faz com fisiopatologia
e coragem.
342
Hematologia e Hemoterapia CAPITULO 35
343
CAPITULO 35 Como Escolher a sua Residência Médica
344
Hematologia e Hemoterapia CAPITULO 35
são, sem sombra de dúvida, a doença do sendo revolucionada pelos novos anti-
enxerto contra o hospedeiro (DECH – ou coagulantes orais. Não muito diverso do
sua denominação em inglês, GVHD, que restante da hematologia, um bom labo-
é a mais utilizada) e as infecções opor- ratório com profissionais treinados na
tunistas, que são responsáveis por gran- área se faz necessário, visto que a maio-
de parte da mortalidade relacionada ao ria dos diagnósticos e o monitoramento
transplante. É uma área bastante com- terapêutico desse perfil de paciente é
plexa, árdua, delicada, porém oferece exclusivamente laboratorial.
ao profissional a chance de resgatar os
casos que, de outra maneira, não teriam CITOFLUORIMETRIA
nenhuma chance. Os programas oficiais
de fellowship em TMO se encontram nos Para os que se encantam pela he-
Hospitais Albert Einstein e Sírio Libanês matologia, mas não são verdadeiros
(SP), na Fundação Amaral Carvalho (Jaú- amantes do contato diário e direto com
-SP) - onde se faz um grande número de pacientes, especializar-se em citofluori-
procedimentos por ano - e no Instituto metria é uma boa opção. A citometria
Nacional do Câncer (RJ). Outros centros de fluxo, já utilizada em outras áreas,
que também oferecem a formação são: revolucionou a hematologia. É uma téc-
o Hospital das Clínicas da USP, Unicamp nica diagnóstica que consiste no uso
e o Hospital de Clínicas de Curitiba de anticorpos monoclonais coligados
(UFPR), Hospital das Clínicas da USP Ri- a substâncias fluorescentes, chamados
beirão Preto. Atualmente, o especialista fluorocromos, que servem para marcar
em TMO é um profissional altamente as células e assim revelar seu fenótipo.
procurado, em vista do crescimento dos Através dessa imunofenotipagem, so-
serviços e do surgimento de novos cen- mos capazes de identificar e quantificar
tros que executam o procedimento. as diferentes populações de células pre-
sentes em uma amostra qualquer (seja
HEMOSTASIA ela sangue periférico, medula óssea,
líquido pleural, líquor etc.) e dizer com
A hemostasia é uma área de atuação segurança se trata-se de um granulóci-
relativamente nova, onde o especialista to, um monócito, um linfócito B, T ou NK,
se ocupa dos distúrbios de coagulação, se suas características são de uma célula
sejam eles congênitos (hemofilias A e B, normal ou anômala, ou se, em termos
doença de Von Willebrand, trombofilias percentuais, a distribuição é a espera-
hereditárias etc.) ou adquiridos (púrpu- da na maioria das pessoas saudáveis.
ras, CIVD, tromboses etc.) além do ma- O citofluorimetrista é capaz de identifi-
nejo da terapia anticoagulante oral ou car células malignas (os blastos de uma
parenteral, que nos últimos anos vem leucemia aguda, por exemplo) mesmo
345
CAPITULO 35 Como Escolher a sua Residência Médica
SOBRE O AUTOR
REFERÊNCIAS
346
IMUNOLOGIA E ALERGOLOGIA
“
“
Dra. Fabiana Mascarenhas Souza Lima
Marcey Shapiro
348
Imunologia e Alergologia CAPITULO 36
349
CAPITULO 36 Como Escolher a sua Residência Médica
350
Imunologia e Alergologia CAPITULO 36
351
CAPITULO 36 Como Escolher a sua Residência Médica
352
Imunologia e Alergologia CAPITULO 36
353
CAPITULO 36 Como Escolher a sua Residência Médica
354
Imunologia e Alergologia CAPITULO 36
Organização Site
World Allergy Organization www.worldallergy.org
Clinical Immunology Society www.clinimmsoc.org
International Union of Immunological
www.iuisonline.org
Societies
Sociedad Latinoamericana de
www.lasid.org
Inmunodeficiencias
Associação Brasileira de Alergia e Imunologia www.sbai.org.br
Sociedade Brasileira de Imunologia www.sbi.org.br
Grupo Brasileiro de Imunodeficiências www.imunopediatria.org.br
European Society for Immunodeficiencies www.aaaai.org
European Academy of Allergy and Clinical
www.eaaci.org
Immunology
The American Academy of Allergy Asthma
www.aaaai.org
and Immunology
The American Association of Immunologists www.aai.org
355
CAPITULO 36 Como Escolher a sua Residência Médica
SOBRE A AUTORA
Médica graduada pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP). Re-
alizou residência em clínica médica pelo Instituto de Assistência Médica ao Servi-
dor Público do Estado de São Paulo (Iamspe) e também fez residência em alergia
e imunologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universida-
de de São Paulo (HC-Fmusp). É membro da Clinical Immunology Society (CIS), da
European Society for Immunodeficiencies (Esid), da Sociedad Latinoamericana de
Inmunodeficiencias (Lasid) e também da Associação Brasileira de Alergia e Imuno-
logia (Asbai).
REFERÊNCIAS
356
Imunologia e Alergologia CAPITULO 36
11. Akdis CA, Akdis M.Advances in allergen immunotherapy: Aiming for complete tolerance to
allergens.SciTransl Med. 2015 Mar 25;7(280):280ps6.
12. Cuppari C, Leonardi S, Manti S, Filippelli M, Alterio T, Spicuzza L, Rigoli L, Arrigo T, Lougaris
V, Salpietro C. Allergen immunotherapy, routes of administration and cytokine networks: an
update.Immunotherapy. 2014;6(6):775-86.
13. Kulis M, Wright BL, Jones SM, Burks AW.Diagnosis, management, and investigational therapies
for food allergies.Gastroenterology. 2015 May;148(6):1132-42.
14. Galvão VR, Castells MC. Hypersensitivity to biological agents-updated diagnosis, manage-
ment, and treatment. J Allergy ClinImmunolPract. 2015 Mar-Apr;3(2):175-85; quiz 186.
15. Cox L.Allergy immunotherapy in reducing healthcare cost. Curr Opin Otolaryngol Head Neck
Surg. 2015 Apr 17.
16. Bousfiha AA1, Jeddane L, Ailal F, Benhsaien I, Mahlaoui N, Casanova JL, Abel L.
17. Primary immunodeficiency diseases worldwide: more common than generally thought. J Cli-
nImmunol. 2013 Jan;33(1):1-7.
18. Boyle JM1, Buckley RH. Population prevalence of diagnosed primary immunodeficiency dise-
ases in the United States. J ClinImmunol. 2007 Sep;27(5):497-502. Epub 2007 Jun 19.
19. Robert R. Rich, Thomas A Fleisher, William T. Shearer, Harry Schroeder, Anthony J. Frew, Corne-
lia M. Weyand.Clinical Immunology, 4th Edition. PRINCIPLES AND PRACTICE.
20. Waleed Al-Herz,et. Al. Primary Immunodeficiency Diseases: An Update on the Classification
from the International Union of Immunological Societies Expert Committee for Primary
Immunodeficiency. Front Immunol. 2011; 2: 54. Published online Nov 8, 2011.
21. Gathmann, B. Clinical picture and treatment of 2212 patients with common variable immuno-
deficiency.J ALLERGY CLIN IMMUNOL 2014, VOLUME 134, NUMBER 1.
22. http://www.uptodate.com/contents/clinical-manifestations-epidemiology-and-diagnosis-of-
-common-variable-immunodeficiency-in-adults#H1191865.
23. Seymour B, Miles J, Haeney M: Primary antibody deficiency and diagnostic delay. J Clin Pathol
2005, 58:546-547.
24. Yesillik S, et al. The diagnosis of common variable immunodeficiency in adults should not be
missed: A delayed diagnosis can be devastating. Allergol Immunopathol (Madr). 2013.
25. Sai R. Nimmagadda. Delayed Diagnosis of Common Variable Immunodeficiency.AAP Grand
Rounds 2009; 22(4): 45.
26. Urschel S1, Kayikci L, Wintergerst U, Notheis G, Jansson A, Belohradsky BH. Common variable
immunodeficiency disorders in children: delayed diagnosis despite typical clinical presenta-
tion. J Pediatr. 2009 Jun;154(6):888-94.
27. Chan A; Scalchunes C; Boyle M; Puck JM.Early vs. delayed diagnosis of severe combined immu-
nodeficiency: a family perspective survey.ClinImmunol; 138(1): 3-8, 2011 Jan.
28. Shapiro RS, Borte M.7th International Immunoglobulin Conference: Immunoglobulin in clini-
cal practice. Clin Exp Immunol. 2014 Dec;178Suppl 1:65-6.
357
CAPITULO 36 Como Escolher a sua Residência Médica
29. Jolles S, Orange JS, Gardulf A, Stein MR, Shapiro R, Borte M, Berger M.Current treatment op-
tions with immunoglobulin G for the individualization of care in patients with primary immu-
nodeficiency disease.Clin Exp Immunol. 2015 Feb;179(2):146-60.
30. Compagno N, Malipiero G, Cinetto F, Agostini C. Immunoglobulin Replacement Therapy in
Secondary Hypogammaglobulinemia. Front Immunol. 2014; 5: 626.
31. de Jesus AA, Canna SW, Liu Y, Goldbach-Mansky R.Molecular mechanisms in genetically de-
fined autoinflammatory diseases: disorders of amplified danger signaling. Annu Rev Immunol.
2015 Mar 21;33:823-74. doi: 10.1146/annurev-immunol-032414-112227. Epub 2015 Feb 20.
32. Ozdemir C.Monoclonal Antibodies in Allergy; Updated Applications and Promising Trials.Re-
cent Pat Inflamm Allergy Drug Discov.2015 Feb 22.
33. Silverman GJ. Anti-CD20 therapy and autoimmune disease: therapeutic opportunities and
evolving insights.Front Biosci. 2007 Jan 1;12:2194-206.
34. Finn OJ. Host response in tumor diagnosis and prognosis: importance of immunologists and
pathologists alliance.ExpMolPathol; 93(3): 315-8, 2012 Dec.
35. Karlitepe A1, Ozalp O, Avci CB.New approaches for cancer immunotherapy.Tumour Biol. 2015
May 2.
36. Ravelli A, Reuben JM, Lanza F, Anfossi S, Cappelletti MR, Zanotti L, Gobbi A, Milani M, Spada D,
Pedrazzoli P, Martino M, Bottini A, Generali D. Immune-related strategies driving immunothe-
rapy in breast câncer treatment: a real clinical opportunity. Expert Rev Anticancer Ther. 2015
Apr 30:1-14.
37. Zavadova E; Vocka M; Spacek J; Konopasek B; Fucikova T; Petruzelka L. Cellular and humoral
immunodeficiency in breast câncer patients resistant to hormone therapy. Neoplasma; 61(1):
90-8, 2014.
38. Tambur AR, Claas FH.HLA Epitopes as Viewed by Antibodies: What Is it All About?Am J Trans-
plant. 2015 May;15(5):1148-54.
39. Bolton EM, Bradley JA.Avoiding immunological rejection in regenerative medicine. Regen
Med. 2015 May;10(3):287-304.
40. Li M, Zhao Y, Hao H, Han W, Fu X. Mesenchymal stem cell based therapy for non-healing wou-
nds: Today and tomorrow. Wound Repair Regen. 2015 Apr 15.
41. Ministério da Educação. Residências em Saúde. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/in-
dex.php?option=com_content&view=article&id=15776&Itemid=506>.
42. Conselho Regional de Medicina de São Paulo. Disponível em: <http://www.cremesp.org.br/
pdfs/demografi a_medica_brasil_29112011.pdf>.
43. Conselho Federal de Medicina (Brasil). Resolução no 1.634, de 29 de abril de 2002. Convênio
de reconhecimento de especialidades médicas firmado entre o Conselho Federal de Medicina
CFM, a Associação Médica Brasileira – AMB e a Comissão Nacional de Residência Médica -
CNRM. D Of União, seção I, p. 81.
358
Imunologia e Alergologia CAPITULO 36
44. Ministério da Educação / Comissão Nacional de Residência Médica (Brasil). Resolução CNRM
no 02, de 17 de maio de 2006. Requisitos mínimos dos Programas de Residência Médica e dá
outras providências. D Of União. no 95, de 19/05/06, seção 1, p. 23-36.
45. Conselho Federal de Medicina (Brasil). Resolução no 2.116, de 04 de fevereiro de 2015. Nova
redação do Anexo II da Resolução CFM nº 2.068/2013, que celebra o convênio de reconhe-
cimento de especialidades médicas firmado entre o Conselho Federal de Medicina (CFM), a
Associação Médica Brasileira (AMB) e a Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM).D Of
União, seção I, p. 55.
46. Associação Brasileira de Alergia e Imunologia. Notícias. Edital da Prova de título de espe-
cialista. Disponível em: <http://www.asbai.org.br/imageBank/Edital%20Prova%20T.E%20
2013%20Final%20Home-Page.pdf.>.
47. O especialista em Alergia e Imunologia Clínica e os Serviços Brasileiros de Capacitação na
Especialidade. Disponível em: <http://www.sbai.org.br/secao.asp?id=454&s=51.>.
48. Associação Brasileira de Alergia e Imunologia. Área restrita. Ensino e credenciamento de ser-
viços. Disponível em: <http://www.sbai.org.br/centrosformadores>.
49. Li M, Zhao Y, Hao H, Han W, Fu X.Mesenchymal stem cell based therapy for non-healing wou-
nds: Today and tomorrow.Wound Repair Regen. 2015 Apr 15.
50. Fischer A, Hacein-Bey Abina S, Touzot F, Cavazzana M. Gene therapy for primary immunodefi-
ciencies. Clin Genet. 2015 Feb 24.
51. Klinker MW1, Wei CH. Mesenchymal stem cells in the treatment of inflammatory and autoimu-
ne diseases in experimental animal models. World J Stem Cells. 2015 Apr 26;7(3):556-67.
359
MEDICINA INTENSIVA
“
Dr. Mario Diego Teles Correia
“
A vida é breve, a arte é longa, a oportunidade
passageira, a experiência enganosa, o
julgamento difícil.
Hipócrates
quia hospitalar. Por isso, por definição, a intensivista é aquele indivíduo “empol-
UTI é um local onde se encontram pa- gado com a medicina” e que gosta de
cientes graves e agudamente doentes desafios. Interessado nos mais diversos
ou de risco. aspectos da ciência médica, é um indi-
Características dessas unidades: víduo agregador, tanto de conhecimen-
tos, como de pessoas, com o objetivo de
Alta densidade profissionais de saúde
(enfermagem)
cuidar do doente crítico.
Competências e habilidades impor-
Disponibilidade de monitorização invasiva
tantes ao intensivista são:
Tecnologia de suporte orgânico (ventilação
mecânica, hemodiálise contínua, balão Habilidades clínicas no reconhecimento,
intra-aórtico, membrana de oxigenação por diagnóstico e cuidado do doente crítico;
circulação extracorpórea-ECMO...) Habilidades de liderança e gestão;
Destreza manual e habilidade com procedi-
Em 1980, foi criada a Associação de mentos práticos;
Medicina Intensiva Brasileira (AMIB),
Capacidade de trabalhar sob pressão;
tendo sido a Medicina Intensiva reco-
Habilidade para trabalhar como parte de
nhecida como especialidade pela Asso-
uma equipe multidisciplinar;
ciação Médica Brasileira (AMB), em 1981
Empatia; reconhecer que diferenças cultu-
e pelo Conselho Federal de Medicina
rais, sociais e religiosas têm impacto na for-
(CFM), em 20024. A partir desta época, ma como pacientes e familiares enxergam
iniciou-se um grande desenvolvimento as doenças graves e a perspectiva da morte.
da medicina intensiva no Brasil, sendo
hoje mais de 2.000 unidades de terapia Importante ressaltar que esse know-
intensiva – UTIs – com necessidade cres- -how não é natural e pode ser aprendi-
cente de médicos especializados para do durante o treinamento em medicina
atender à demanda. intensiva e aperfeiçoado ao longo da
Entre 2005 e 2013, o número de lei- carreira.
tos de unidade terapia intensiva (UTI) no
Brasil cresceu 36%, passando de 13.245 ROTINA
para 18.085. Só no ano de 2012, foram
credenciados 1.005 novos leitos de UTI A natureza do trabalho na medici-
em todo o país5. na intensiva é cuidar de pacientes gra-
vemente enfermos e com alto grau de
O ESPECIALISTA E A SUA ROTINA dependência de cuidados. O especialis-
ta se envolve em todos os aspectos do
QUEM É? cuidado do doente crítico, liderando a
equipe multidisciplinar, ao mesmo tem-
Considerando-se interesses e habili- po em que age como interlocutor entre
dades pessoais, poder-se-ia dizer que o
362
Medicina Intensiva CAPITULO 37
363
CAPITULO 37 Como Escolher a sua Residência Médica
ne e orienta, na maior parte das vezes, a Pacientes que necessitem manter a fisiolo-
estratégia terapêutica a ser tomada pelo gia sob controle rigoroso para evitar danos
secundários: unidades neurológicas/neuro-
intensivista. Nosso país tem ambos os cirúrgicas;
tipos de UTI, sendo que geralmente as
Para indivíduos com reserva fisiológica míni-
do serviço público são fechadas e as pri- ma, que sofreram agressões agudas, poten-
vadas são abertas. Nossa densidade de cialmente reversíveis, necessitando de su-
profissionais de enfermagem por leito é porte até que as anormalidades se revertam
bem menor em relação a países desen- e as reservas sejam restauradas: paciente
volvidos, o que definitivamente piora clássico de UTI (ex: portador de DPOC com
pneumonia em ventilação mecânica); UTI
bastante a qualidade da assistência7.
clínica;
Cuidados de fim de vida e manuten-
Pacientes submetidos a uma alteração fi-
ção do potencial doador cadáver tam-
siológica massiva, devido a uma resposta
bém fazem parte da rotina do intensi- esmagadora ao estresse ou uma compensa-
vista. ção inadequada desta resposta – ex: trauma
grave, pancreatite: geralmente alocados em
ATUAÇÃO UTIs cirúrgicas.
364
Medicina Intensiva CAPITULO 37
mente em suas mãos. Logo, a qualidade médicos para dar conta da demanda, in-
de vida deste tipo de profissional seria clusive com necessidade de rotineiros/
pior basicamente devido ao estresse diaristas e coordenadores. Devido a isso,
gerado ao se cuidar de paciente graves o preço pago por hora trabalhada vem
e à “vida de plantões”. Na verdade, o aumentando nos últimos anos.
estresse está mais relacionado às gran- No geral, em relação às outras espe-
des jornadas de trabalho, numerosos cialidades, o que se observa é uma boa
plantões noturnos, falta de condições remuneração já no início da carreira, po-
de trabalho, demandas excessivas que rém sem grandes perspectivas de maio-
diminuem a qualidade do atendimento, res incrementos. Estes incrementos de-
necessidade de lidar com sofrimento e penderiam de algumas variáveis como:
morte, exposição constante ao risco, carga de trabalho, onde se trabalha e
atritos com a equipe e poucas horas posição eventualmente ocupada (plan-
vagas para descanso e lazer8,9. Porém tonista, rotineiro/diarista, coordenador).
a maioria desses fatores são até certo Dado o tamanho do nosso país e,
ponto “controláveis”, pois a carência de consequentemente, as heterogeneida-
especialistas em medicina intensiva o des regionais, uma estimativa grosseira
deixa em uma posição confortável, pelo será dada nos próximos parágrafos. É in-
menos em algumas regiões do país, per- teressante que quem esteja interessado
mitindo-lhe escolher lugar, hora, quanti- na especialidade e saiba onde pretende
dade e condições de trabalho. se fixar, converse com intensivistas des-
As oportunidades são inúmeras em sa região para maior compreensão do
um país onde a expansão de leitos de cenário local.
UTI aumenta a cada ano e o déficit de O preço líquido por hora trabalhada
recursos humanos altamente especiali- varia bastante (entre R$ 80 e 150). Se o
zado mais ainda. indivíduo faz ou coordena atividades
A portaria governamental 3432/98 diárias (chamado de rotineiro, horizon-
e recentemente a resolução da direto- tal ou diarista), o salário também varia
ria colegiada da Anvisa – RDC nº 7 de bastante (entre R$6.000 e 15.000). Esse
24 fevereiro de 2010 reconheceu a im- salário geralmente é de um trabalho fei-
portância de médicos especializados no to durante um turno (manhã ou tarde),
cuidado dos doentes críticos, passando de segunda a sexta, com escala de fim
a exigir a presença do especialista titula- de semana entre a equipe de diaristas.
do em medicina intensiva na coordena- Considerando que o indivíduo seja roti-
ção técnica e nas atividades diárias das neiro em duas UTIs/turnos, esses valores
UTIs brasileiras. podem dobrar.
Em todas as regiões do país, tanto Geralmente, o rotineiro, diarista ou
em hospitais públicos quanto privados, horizontal (sinônimos) “passa visita”
há déficit importante de profissionais multidisciplinar, elaborando o plano de
365
CAPITULO 37 Como Escolher a sua Residência Médica
366
Medicina Intensiva CAPITULO 37
367
CAPITULO 37 Como Escolher a sua Residência Médica
368
Medicina Intensiva CAPITULO 37
SOBRE O AUTOR
REFERÊNCIAS
1. Kenneth E. Behring Center (2011). “The iron lung and other equipment”. Whatever happened
to polio?. Washington, DC: National Museum of American History. Retrieved 2011-07-02.
2. Munro, Cindy L. The ‘’Lady With the Lamp’’ Illuminates Critical Care Today. Am J Crit Care
2010;19:315-317
3. Caroline Richmond. Bjørn Ibsen. BMJ 2007;335:674
4. Disponível em: <www.amib.org.com.br>.
5. Disponível em: <http://cnes.datasus.gov.br/>.
6. Disponível em: <anvisa.gov.br>.
369
CAPITULO 37 Como Escolher a sua Residência Médica
7. Darvas JA, Hawkins LG. What makes a good intensive care unit: a nursing perspective. Aust
Crit Care 2002;15(2):77-82
8. Angus DC, Kelley MA, Schmitz RJ, White A, Popovich J Jr; Committee on Manpower for Pulmo-
nary and Critical Care Societies (COMPACCS). Caring for the critically ill patient. Current and
projected workforce requirements for care of the critically ill and patients with pulmonary
disease: can we meet the requirements of an aging population? JAMA. 2000;284(21):2762-70.
Comment in: JAMA. 2001;285(8):1016-7; author reply 1018. JAMA. 2001;285(8):1017-8.
9. Pronovost PJ, Angus DC, Dorman T, Robinson KA, Dremsizov TT, Young TL. Physician sta-
ffing patterns and clinical outcomes in critically ill patients: a systematic review. JAMA.
2002;288(17):2151-62. Comment in: JAMA. 2003;289(8):985-6; author reply 986-7. JAMA.
2003;289(8):986; author reply 986-7.
10. Ewart GW, Marcus L, Gaba MM, Bradner RH, Medina JL, Chandler EB. The critical care medicine
crisis: a call for federal action: a white paper from the critical care professional societies. Chest.
2004;125(4):1518-21. Comment in: Chest. 2005;127(6):2293. Chest. 2005;127(5):1863-4.
11. Carneiro MB, Gouveia VV, coordenadores. O Médico e seu trabalho: aspectos metodológicos e
resultados do Brasil. Brasília: Conselho Federal de Medicina; 2004.
12. Os dilemas das novas gerações de intensivistas. Atualidades AMIB. 2007;45:7.
13. Wong N. Medical education in critical care. J Crit Care. 2005;20(3):270-
14. Moraes APP, Araújo GF, Castro CA. Terapia intensiva na graduação médica: os porquês. Rev
Bras Ter Intensiva. 2004;16(1):45-8.
15. Almeida AM, Albuquerque LC, Bitencourt AGV, Rolim CEC, Godinho TM, Liberato MV, et al.
Medicina Intensiva na graduação médica: perspectiva do estudante. Rev Bras Ter Intensiva.
2007;19(4):456-62.
370
NEFROLOGIA “
“
Dr. Marcelo Barreto Lopes
Eu já sei tudo sobre o amor. Eu sei muito
pouco sobre os rins.
Aldous Huxley
372
Nefrologia CAPITULO 38
373
CAPITULO 38 Como Escolher a sua Residência Médica
de plantão. Diariamente, são realizados pal. Ocupa uma carga horária menor, na
três turnos, onde os pacientes fazem o agenda.
tratamento que tem duração de quatro No transplante renal, o nefrologista
horas. Há um intervalo para troca de pa- participa do preparo do paciente para a
ciente. Em geral, um plantão completo cirurgia. Em caso de doador vivo, recep-
de diálise tem 14 horas no dia. Existe tor e doador são avaliados clinicamente
um hábito do médico fazer uma visita para afastar comorbidades que com-
aos pacientes, enquanto estiverem na prometam a saúde, após o transplante.
máquina de hemodiálise a cada sessão, Também é necessário uma avaliação
para uma breve conversa sobre o estado de compatibilidade imunológica, pois
de saúde. Mensalmente, de acordo com é imperativo para que não hajam com-
a RDC 154/2004, o médico deve infor- plicações que podem ser catastróficas,
mar os exames periódicos ao paciente e como uma rejeição hiperaguda, que não
realizar uma consulta mais prolongada apenas compromete o enxerto como o
com realização de um exame físico mais receptor. A avaliação imunológica tam-
detalhado.11 bém guia a terapêutica imunossupres-
Além da clínica, uma parte conside- sora.
rável de atividades é a rotina de visita O campo da hemodiálise domiciliar é
em hospitais, seja em enfermarias (para novo, e se assemelha a do homecare. O
visitar pacientes internados para a espe- paciente realiza sessões de hemodialise,
cialidade ou interconsulta) ou na emer- em seu domicílio, com a fiscalização de
gência. Em UTIs, sempre é solicitado uma equipe composta por enfermeiros
para avaliar pacientes graves e prescre- e auxiliares. O médico costumar acom-
ver tratamentos, como hemodiálise ou panhar a sessão. Uma equipe de en-
diálise peritoneal. As técnicas de diálise fermagem fica no local e o médico, de
de UTI variam de acordo com a gravida- sobreaviso, caso surja alguma intercor-
de do caso. Na UTI, também, há chama- rência.
das para ajuste de medicamentos nefro-
tóxicos, de acordo com a função renal, MERCADO DE TRABALHO
avaliação de balanço hidroeletrolítico,
entre outros. A vida do nefrologista pode tornar-
Em consultório, as patologias mais -se rotineira, caso permaneça muito
frequentes são as infecções urinárias tempo em uma determinada área. Na
e a doença calculosa renal. Seguida de diálise, por ser um tratamento crônico,
doença renal crônica e hipertensão. Ge- vai encontrar pacientes com o mesmo
ralmente são pacientes encaminhados perfil (às vezes com queixas semelhan-
de centros de atenção primária ou de tes, como solicitar para diminuir o tem-
outras especialidades, que o nefrologis- po da sessão de hemodiálise). Portanto,
ta dá um suporte ao tratamento princi- o nefrologista que conseguir atuar em
374
Nefrologia CAPITULO 38
375
CAPITULO 38 Como Escolher a sua Residência Médica
Com isso, o médico estará apto a re- A concorrência para entrar na resi-
alizar prova teórico-prática da SBN, para dência em nefrologia costuma oscilar.
homologação do título de especialista.3 Nos últimos anos, muitos residentes de
A Associação Médica Brasileira (AMB) clínica médica têm se interessado pela
recomenda o seguinte conteúdo pro- especialidade. Mas houve épocas em
gramático para uma residência em ne- que mais vagas do que concorrentes era
frologia: a regra em alguns serviços.
Estágios Obrigatórios
ÁREAS DE ATUAÇÃO
Unidade de internação: 25% da carga horária;
Ambulatório de nefrologia geral e especiali- INJÚRIA RENAL AGUDA
dades: 20% da carga horária;
Serviço de terapia renal substitutiva (hemo- Patologia que é caracterizada por
diálise e diálise peritoneal): 20% da carga
horária;
perda súbita de função renal, podendo
ser de origem pré-renal (desidratação,
Interconsulta nefrológica: 15% da carga ho-
rária;
hipotensão), renal (como nas glomeru-
lonefrites, nefrites túbulo intersticiais,
Estágios opcionais: 10% da carga horária;
nefrotoxicidade etc.) ou pós-renal (obs-
Atividades didáticas: 10% da carga horária. trutiva, ex.: calculose renal, hiperplasia
Estágios Opcionais de próstata).4 Nessa área de atuação, o
Imagem em nefrologia; nefrologista acompanha pacientes, ge-
Laboratório clínico; ralmente internados em enfermarias e
Nefrologia intervencionista; UTIs ou são chamados para avaliação de
emergência. O treinamento faz parte da
Nefro-pediatria;
dinâmica da residência médica em ne-
Nutrição;
frologia, geralmente em um estágio de
376
Nefrologia CAPITULO 38
377
CAPITULO 38 Como Escolher a sua Residência Médica
378
Nefrologia CAPITULO 38
SOBRE O AUTOR
Médico graduado pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), nefrologista pelo Hos-
pital de Base de São José do Rio Preto, possuí pós-graduação em nefrologia pela
Universidade Federal de São Paulo (USP).
REFERÊNCIAS
1. Oh MS. Evaluation of renal function, water, electrolytes and acid-base balance. In: McPherson
RA, Pincus MR, eds. Henry's Clinical Diagnosis and Management by Laboratory Methods. 22nd
ed. Philadelphia, Pa: Saunders Elsevier; 2011:chap 14.
2. Sesso R, Lopes AA, Thomé FS, Lugon J, Santos DR. Relatório do censo brasileiro de diálise de
2011. J. Bras. Nefrol. vol.34 no.3 São Paulo July/Sept. 2012. pp. 272-277.
3. RESOLUÇÃO CFM No 2.005/201 Publicada no D.O.U. 21 dez. 2012. Seção I, p.937 a 940
4. Incidence, Outcomes, and Comparisons across Definitions of AKI in Hospitalized Individu-
als.Zeng X, McMahon GM, Brunelli SM, Bates DW, Waikar SS. Clin J Am Soc Nephrol. 2014
Jan;9(1):12-20
5. K/DOQI clinical practice guidelines for chronic kidney disease: evaluation, classification, and
stratification. Am J Kidney Dis 2002 Feb;39(2 Suppl 1):S1-266.
6. Fleming, GM. Renal replacement therapy review Past, present and future. Organogenesis.
2011 Jan-Mar; 7(1): 2–12.
7. Registro brasileiro de transplantes 2012. ABTO.
8. Nascimento MM, Chula D, Campos R, Nascimento D, Riella MC. Interventional nephrology in
Brazil: current and future status. Semin Dial. 2006 Mar-Apr;19(2):172-5.
9. Curtis BM, Barrett BJ, Djurdjev O, Singer J, Levin A.Evaluation and treatment of CKD patients be-
fore and at their first nephrologist encounter in Canada. Am J Kidney Dis. 2007 Nov;50(5):733-
42.
379
CAPITULO 38 Como Escolher a sua Residência Médica
10. Mendelssohn DC, Toffelmire EB, Levin A. Attitudes of Canadian nephrologists toward multidis-
ciplinary team-based CKD clinic care. Am J Kidney Dis. 2006 Feb;47(2):277-84.
11. Brasil. Ministerio da Saude. RDC 154 de 15 de Junho de 2004. Estabelece o Regulamento Téc-
nico para o funcionamento dos Serviços de Diálise. Republicada no DOU de 22 de dezembro
de 2000, em reunião realizada 22 de maio de 2006.
12. RESOLUÇÃO CFM Nº 1785/2006. Dispõe sobre a nova redação do Anexo II da Resolução CFM
nº 1.763/05, que celebra o convênio de reconhecimento de especialidades médicas firmado
entre o Conselho Federal de Medicina (CFM), a Associação Médica Brasileira (AMB) e a Comis-
são Nacional de Residência Médica (CNRM). Publicada no D.O.U. 26 maio 2006, Seção I, pg.
135ss.Retificação publicada no D.O.U. de 22 jun 2006, Seção I, pg. 127.
13. Disponível em: <http://renalfellow.blogspot.com.br/2010/07/why-do-medicine-residents-s-
pecialize-in.html>. Acesso em: 3 set. 2013.
380
NUTROLOGIA
“
“
Dra. Nayara Almeida Alves de Oliveira
Hipócrates
382
Nutrologia CAPITULO 39
383
CAPITULO 39 Como Escolher a sua Residência Médica
384
Nutrologia CAPITULO 39
so. Baseia-se na análise das trocas gaso- constante desafio de preventivo e tera-
sas (consumo de oxigênio e produção de pêutico.
dióxido de carbono), permitindo analisar
qual substrato está sendo mais utilizado. A RESIDÊNCIA
Também são procedimentos relacio-
nados à atividade do nutrólogo: medida A residência médica em nutrologia
da força muscular, demais exames para possui duração de 2 (dois) anos e tem
diagnóstico de composição corporal, como pré-requisito dois anos de resi-
punção venosa profunda (nutrição pa- dência médica em clínica médica ou
renteral), entre outros. dois anos de residência médica em ci-
rurgia geral.
MERCADO DE TRABALHO Dentre as programações da residên-
cia em nutrologia tem-se atuação em
Pela grande intersetorialidade, a nu- enfermaria; interconsultas em conjunto
trologia pode ser considerada uma es- com demais clínicas; experiência com
pecialidade em ascensão. O aumento grandes obesos nas unidades metabó-
de incidência de doenças crônico-de- licas; acompanhamento em conjunto
generativas relacionadas à nutrição clí- com cirurgiões bariátricos em pacientes
nica (obesidade, dislipidemia, diabetes submetidos a tais técnicas cirúrgicas;
mellitus, dentre outras) e possibilitam prescrições de nutrição enteral; parente-
ao nutrólogo atuar nas áreas preventiva, ral e orientações dietéticas em geral; atu-
diagnóstica e terapêutica, com desta- ação em tratamento e seguimento de
que para nutrologia pediátrica/hebiá- transtornos alimentares; alergias alimen-
trica; geriátrica; gestacional; do adulto, tares; erros inatos do metabolismo; cui-
oncológica; cirúrgica e esportiva, dentre dados com pacientes críticos e demais
outras. temas relacionados à especialidade.
Ainda há poucos profissionais com O médico residente em nutrologia
especialização e titulação em nutrolo- divide suas atividades em ambulatórios
gia, havendo um mercado quase que e enfermaria da própria especialidade e
em defasagem, longe de grandes cen- nas demais clínicas, visto a abrangência
tros e alguns hospitais que carecem do da especialidade. Pode ser necessário,
profissional e sua atuação para a melho- em alguns programas de residência, ro-
ria de condições nutricionais hospitala- tinas de plantões em conjunto com os
res ou mesmo em ambulatórios. da clínica médica geral e em unidades
Há um grande desafio em saúde no de terapia intensiva.
combate das condições clinicas que Pode-se dizer que a residência médi-
competem ao nutrólogo que tem um ca do Hospital das Clínicas da Faculdade
385
CAPITULO 39 Como Escolher a sua Residência Médica
386
Nutrologia CAPITULO 39
SOBRE A AUTORA
REFERÊNCIAS
1. Machado, J.D.C.; Faccio, J.R.R.M.; Moure, L.A. Introdução à Nutrologia. In: Machado, J.D.C.;Sil-
vestre,S.C.M.; Marchini,J.S. Manual de Procedimentos em Nutrologia. 1ª edição.Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan,2009.p 3-5.
2. Machado, J.D.C; Vieira, D.A.; Marchini, J.S.. Funções da Nutrologia e do Nutrólogo: Normas e
Resoluções. In: Machado, J.D.C.;Silvestre,S.C.M.; Marchini,J.S. Manual de Procedimentos em
Nutrologia. 1ª edição.Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,2009.p 6-8.
3. Machado, J.D.C.; Machado, J.A.F.; Silvestre, S.C.M.. O Acolhimento, o Desejo e o Perfil dos Pa-
cientes Nutrológicos. In: Machado, J.D.C.;Silvestre,S.C.M.; Marchini,J.S. Manual de Procedimen-
tos em Nutrologia. 1ª edição.Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,2009.p 11-19.
387
ONCOLOGIA CLÍNICA
“
Dr. Bruno Mendonça Protásio
“
A visão das pessoas sobre o câncer muda
quando estas passam a ter seu próprio
relacionamento com a doença. E todos terão, em
algum ponto da vida.
Laura Linney
390
Oncologia Clínica CAPITULO 40
391
CAPITULO 40 Como Escolher a sua Residência Médica
392
Oncologia Clínica CAPITULO 40
SOBRE O AUTOR
REFERÊNCIAS
1. Mukherjee, Siddhartha. O Imperador de Todos Os Males - Uma Biografia do Câncer. Ed. Com-
panhia das Letras. 2012.
2. Vincent T. DeVita Jr. MD et al. Devita, Hellman, and Rosenberg's Cancer: Principles and Practice
of Oncology (Cancer: Principles & Practice). Ed. Lippincott Williams & Wilkins. 2011.
3. Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC). Disponível em: <http://www.sboc.org.br/>.
393
PNEUMOLOGIA “
“
Dra. Paula Tannus
Lembre-se de respirar. Este é, afinal,
o segredo da vida.
Gregory Maguire
396
Pneumologia CAPITULO 41
397
CAPITULO 41 Como Escolher a sua Residência Médica
Também não é incomum a falta de para passar o resto na vida em uma car-
informação e uso inadequado dos diver- reira na qual não se é feliz. As doenças
sos dispositivos inalatórios disponíveis pulmonares são intrigantes e, quando
no mercado. A consulta do especialista há uma boa relação médico-paciente,
em pulmão requer uma educação con- com boa adesão e responsabilidade de
tinuada e atenção para os fatores am- ambas as partes, a depender da doença,
bientais e emocionais do paciente. a evolução dos quadros é notável e de-
A escolha por ser médico por si só já volvemos qualidade de vida a pessoas
pressupõe paixão e sacrifício; são horas que antes tinham limitações sérias.
intermináveis de estudo e trabalho. A es- Eu sou realizada na minha escolha
colha da especialização não deve apenas e na minha formação, espero que este
levar em consideração o fator financeiro, guia ajude-o a encontrar seu caminho.
pois nossa dedicação é muito grande
SOBRE O AUTORA
Pediatra pelo Hospital São Rafael (HSR) em Salvador-BA. Fez residência de pneu-
mologia pediátrica no Hospital Universitário Prof. Edgard Santos, da Universidade
Federal da Bahia e faz atualização em broncoscopia diagnóstica e terapêutica sob
supervisão do Dr. Guilherme Montal no Hospital São Rafael (HRS), Salvador/BA.
REFERÊNCIAS
398
Pneumologia CAPITULO 41
399
REUMATOLOGIA “
“
Dra. Ana Paula Lupino Assad
Não acreditamos no amor verdadeiro nem no
reumatismo até que vem o primeiro ataque.
402
Reumatologia CAPITULO 42
403
CAPITULO 42 Como Escolher a sua Residência Médica
qualidade de vida, pois raramente estes Há poucos centros no país que tem
pacientes são internados, e grande par- residência de reumatologia e alguns
te dos reumatologistas é capaz de viver centros disponibilizam cursos de es-
apenas com o atendimento de consultó- pecialização com duração e conteúdo
rio. Em São Paulo, o valor cobrado pela semelhante ao da residência e são reco-
consulta varia entre R$ R$300 a R$1000. nhecidos pela SBR.
Há déficit de reumatologistas no siste- Na escolha dos locais onde realizará
ma público (ambulatórios de especiali- a prova, é importante avaliar o corpo do-
dades), sendo uma opção de trabalho, cente e avaliar a estrutura em si. Para uma
com remuneração de aproximadamen- boa residência é necessário um ambula-
te R$ 3.000,00, por uma carga horária de tório bem estruturado, possibilidade de
20h/semanais. avaliações de pacientes internados, ou
As principais desvantagens são que leitos de enfermaria disponíveis para es-
as consultas geralmente têm longa du- pecialidade, um laboratório que realize
ração, possibilitando atendimento de testes de autoimunidade e, além disso,
poucos pacientes/hora, dificultando a um serviço que proporcione aprendiza-
negociação com convênios, e também do nas áreas de ortopedia; controle de
atendimento no Sistema Único de Saúde dor; fisiatria e reabilitação; laboratório;
(SUS), que apesar de bem remunerado, medicina do esporte; radiologia; ultras-
às vezes, determina um número grande som e procedimentos invasivos.
de pacientes/hora. Há poucos proce- A residência tem duração de dois
dimentos, sem gerar valor agregrado a anos, e conforme a regularização do
consulta. Os pacientes exigem atenção e Ministério da Educação (MEC), deve ter
há de se dispor fácil acesso a eles. 60 horas semanais, divididas 50% em
Atualmente, com o crescimento dos atividade ambulatorial e o restante em
incentivos às práticas esportivas, há unidades de internação e interconsulta,
um aumento do número de pessoas medicina física e reabilitação, estágios
que procuram um reumatologista para complementares em ortopedia, reuma-
orientações pré-participação, ou tam- tologia pediátrica e laboratório.
bém para reabilitação após uma lesão Não há subespecialização, porém é
musculoesquelética. comum, na área acadêmica, o aprofun-
damento em algumas doenças, através
A RESIDÊNCIA da realização de mestrado e doutorado,
assim como em cursos de aprimora-
Para ingressar na residência de reu- mento durante os congressos.
matologia, é necessário, como pré-re-
quisito, os dois anos de clínica médica.
404
Reumatologia CAPITULO 42
405
CAPITULO 42 Como Escolher a sua Residência Médica
SOBRE A AUTORA
REFERÊNCIAS
406
ESPECIALIDADES
CIRÚRGICAS
CIRURGIA GERAL “
“
Dr. Nilton Ghiotti de Siqueira
...um cirurgião é um médico que sabe operar e
também quando não fazê-lo.
Theodor Kocher
No final do século XIX, mais precisa- more, EUA, Willian Halsted (1852-1922),
N
mente em 16 de outubro de 1846, no do Hospital John Hopkins, concebeu e
Anfiteatro Cirúrgico do Hospital Geral encomendou à Goodyear Rubber Com-
de Massachusetts, John Collins Warren pany, luvas de fina borracha, as quais
(1778-1856), terminava a extração de complementariam todo arsenal que até
um tumor submandibular sem o pa- então proporcionara à cirurgia grandes
ciente manifestar dor e exclamava: “... avanços.2
cavalheiros, isto não é uma farsa!”. O éter Porém, o tratamento médico era
administrado por William Thomas Gre- pouco sistematizado, o que impedia
en Morton (1819-1868), um dentista de o desenvolvimento da arte. Em 1889,
Connecticut, proporcionou o que nunca Halsted iniciou o que hoje é conhecida
antes havia acontecido, cirurgia sem dor! como residência médica, naquele mes-
Nascia a anestesia!1 mo hospital, tendo então os médicos
Na época, a dor já havia sido domi- iniciado um sistema de “aprendizado
nada, e no final de 1864, os princípios da em trabalho”, supervisionado por pro-
assepsia desenvolvidos por Lister (1827- fissionais mais experientes. Junto com
1912) começavam lentamente a serem William Welch (1850 - 1934), fundaram
praticados pelos cirurgiões da época. o Hunterian Laboaratory, também no
Foram grandes avanços. Em 1877, Koch Hospital John Hopkins, para pesquisa
(1843-1910), na Alemanha, desvenda- experimental em cirurgia e patologia,
va as bactérias, e Schimmelbush (1860 estabelecendo integração entre a pes-
-1895) inventava a esterilização com o quisa, a assistência e o ensino.3
vapor d’água. Estes acontecimentos fo- Após cinquenta e seis anos, em 1945,
ram marcantes para a medicina de uma iniciava-se na Universidade Estadual de
maneira geral e, especificamente, para São Paulo (Unesp) e, em 1947, no Hospi-
a cirurgia. No Novo Mundo, em Balti- tal dos Servidores do Estado do Rio de
CAPITULO 43 Como Escolher a sua Residência Médica
410
Cirurgia Geral CAPITULO 43
411
CAPITULO 43 Como Escolher a sua Residência Médica
412
Cirurgia Geral CAPITULO 43
413
CAPITULO 43 Como Escolher a sua Residência Médica
SOBRE O AUTOR
Médico pela Faculdade de Medicina de Campos (FMC), fez sua residência médica em
cirurgia geral pelo Hospital Orêncio de Freitas (Inanps)/RJ com habilitação em cirur-
gia oncológica pelo Colégio Brasileiro de Cirurgiões (CBC) e mestrado em Medicina
e Saúde pela Universidade Federal da Bahia (Ufba). É doutor em biologia de agentes
infecciosos e parasitários da Universidade Federal do Pará (Ufpa). Atualmente é pro-
fessor adjunto da disciplina de cirurgia geral da Universidade Federal do Acre (Ufac)
e cirurgião geral da Fundação Hospital Estadual do Acre (Fundhacre). Membro titular
do Colégio Brasileiro de Cirurgiões (CBC) e da Sociedade Brasileira de Videocirurgia
(Sobracil). Membro fundador da Academia Acreana de Medicina.
REFERÊNCIAS
1. Rutkow, Ira M. História da Cirurgia. In: Sabiston Tratado de Cirurgia: As Bases Biológicas da
Prática Cirúrgica Moderna. 16ª ed. Ed. Guanabara-Koogan. Rio de Janeiro. 2002.
2. Thorwald, Jürgen. O século dos cirurgiões. Ed. Hemus S/A. 2002.
3. Marques, Ruy Garcia. Cirurgia – Arte e Ciência. In: Técnica Operatória e Cirurgia Experimental.
Ed., Guanabara-Koogan. Rio de Janeiro. 2005.
4. SILVA, Alcino Lázaro da. Refl exões sobre perspectivas da pós-graduação.Acta Cir. Bras. [online].
Nov./Dec. 2005, vol.20, nº 6 [cited 06 December 2005], p.411-413. Disponível: <http://www.
scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-86502005000600002&lng=en&nrm=iso>.
ISSN 0102-8650.
5. Colégio Brasileiro de Cirurgiões – A história. Disponível em: <http://cbc.org.br/o-cbc/a-histo-
ria/>. Acesso em: 11 ago. 2012.
6. Comissão Nacional de Residência Médica. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/dmdocu-
ments/resolucao02_200 6.pdf>. Acesso em: 28 set. 2013.
7. Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos. Disponível em: <http://www.abto.org.br/
abtov03/Upload/file/RBT/2013/ParcialRBT-3TRI(1).pdf>. Acesso em: 28 set. 2012.
8. Comissão Nacional de Residência. Disponível em: <http://mecsrv04.mec.gov.br/sesu/SIST_
CNRM/APPS/inst_especialidades.asp>. Acesso em: 28 set. 2013.
414
CIRURGIA
CARDIOVASCULAR “
“
Dr. Pompilio Sampaio Britto
É infinitamente melhor transplantar um coração
do que enterrá-lo para ser devorado por vermes.
Christiaan Barnard
416
Cirurgia Cardiovascular CAPITULO 44
417
CAPITULO 44 Como Escolher a sua Residência Médica
tarde ele sairá do hospital. A rotina de pressão arterial invasiva, acesso venoso
cirurgias começa por volta das 6:40 da periférico, central e cateter para hemodi-
manhã e termina com a estabilização do álise (se necessário), sondagem vesical,
ultimo paciente, já na UTI, muitas vezes cuidados com assepsia e antissepsia e
tarde da noite. Durante a semana, os re- síntese de feridas operatórias. Ao longo
sidentes do primeiro e segundo ano re- do ano, ele aprende a realizar safenecto-
alizam um plantao noturno, onde ficam mias e recebe alguns “incentivos”, como
responsáveis pelos pacientes operados realizar uma esternotomia mediana (ser-
no dia e por intercorrências cirúrgicas rar o osso esterno) e esternorrafia (pas-
nos demais pacientes. Os residentes do sar fios de aço no esterno). No pós-ope-
terceiro e quarto ano ficam de sobrea- ratório, ele deve acompanhar o paciente
viso uma noite para complicações de à UTI cardiológica ou unidade coronaria-
maior complexidade, que não podem na juntamente com o anestesiologista,
ser resolvidas pelos MR1 e/ou MR2. Nos reportar o caso, intercorrências e reco-
fins de semana e feriados, uma equipe, mendações da equipe cirúrgica ao plan-
composta por um residente de cada tonista e equipe local. O residente nova-
ano e um cirurgião assistente, responde to também tem vivência no manejo do
pelo sobreaviso cirúrgico de todos os pós-operatório imediato cardiovascular:
pacientes. checar e manejo dos dados vitais; hemo-
A hierarquia entre os residentes é dinâmica do paciente; balanço hídrico;
bem presente no ambiente da especia- drogas vasoativas; ventilação mecânica;
lidade. A punição em caso de desacato equilíbrio acido-base; distúrbios hidro-
de um residente (desobediência, atra- eletrolíticos; sangramento e arritmias.
sos, ineficiência etc.) é bem simples: não O MR1 acompanha interconsultas clini-
realiza o procedimento destinado a ele. co-cirurgicas com residentes mais ex-
perientes: avaliação e manejo de feridas
O PRIMEIRO ANO operatórias, complicações respiratórias
cirúrgicas tais como pneumotórax, der-
Envolve muito mais o aprendizado rame pleural; deiscência esternal, novos
nos cuidados peri-operatórios da cirur- acessos, dentre outros).
gia cardiovascular do que no ato cirúr-
gico em si. O residente do primeiro ano O SEGUNDO ANO
deve checar os exames pré-operatórios,
conhecer a patologia e proposta cirúr- Para muitos, considerado o mais difí-
gica antes do paciente entrar na sala de cil pois, além de aprender etapas novas,
cirurgia. Deve montar o material ade- tem que ensinar e supervisionar os resi-
quado para monitorização e acessos dentes novatos.
vasculares. Ele então desenvolve expe- O residente do segundo ano reforça
riência em punção da artéria radial para o que aprendeu no primeiro ano, adqui-
418
Cirurgia Cardiovascular CAPITULO 44
419
CAPITULO 44 Como Escolher a sua Residência Médica
420
Cirurgia Cardiovascular CAPITULO 44
SOBRE O AUTOR
421
CAPITULO 44 Como Escolher a sua Residência Médica
REFERÊNCIAS
1. Braile e col. Historia da cirurgia cardiaca. Arq bras cardiol. Volume 66, nº 1, 1996.
2. Filme: Quase Deuses. Original: Something the Lord made. Eua. 2006.
3. Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular.
4. Ministerio da Educaçao e Cultura.
422
CIRURGIA DE CABEÇA
E PESCOÇO
“
Dr. Marcelo Belli
Dr. Gustavo Nunes Bento “
A extirpação da glândula tireóide no tratamento
do bócio tipifica, talvez, melhor do que
qualquer outra operação, o triunfo
supremo da arte do cirurgião.
T
William Stewart Hausted
Trata das doenças e tumores que aco- culo XIX e XX. Dentre os principais estão
metem a região da face; fossas nasais; os seguintes:
seios paranasais; boca; faringe; laringe; • Christian Albert Theodor Billroth
tireóide; paratireóides; glândulas saliva- (1829-1894): cirurgião alemão, am-
res; dos tecidos moles do pescoço e do plamente conhecido pelas cirurgias
couro cabeludo. Atua de forma comple- abdominais, realizou a primeira la-
mentar a otorrinolaringologia, cirurgia ringectomia total com sucesso, em
bucomaxilofacial, e a oftalmologiaten- 1873. Teve grande influência nas
do, no entanto, vocação oncológica. operações da glândula tireóide, re-
Não abrange os tumores ou doenças do duzindo a taxa de mortalidade de 40
cérebro e outras áreas do sistema nervo- para 8,3% no final do século XIX;
so central nem as da coluna cervical. • Emil Theodor Kocher (1841-1917):
discípulo de Billroth, recebeu o pri-
HISTÓRICO meiro Prêmio Nobel da Medicina
concedido a um cirurgião, em 1909.
A história da cirurgia, em si, se con- Foi responsável pela padronização
funde, com a da especialidade, a partir da cirurgia da tireóide e por estudos
do desenvolvimento das técnicas e do paralelos nas áreas de patologia e
conhecimento anatômico obtido com a fisiologia da glândula. Seus estudos
experiência de grandes cirurgiões do sé- e sua técnica meticulosa possibilita-
CAPITULO 45 Como Escolher a sua Residência Médica
424
Cirurgia de Cabeça e Pescoço CAPITULO 45
425
CAPITULO 45 Como Escolher a sua Residência Médica
426
Cirurgia de Cabeça e Pescoço CAPITULO 45
427
CAPITULO 45 Como Escolher a sua Residência Médica
mento com clínicos, endocrinologistas, e carga horária semanal de 60h. Tem como
oncologistas é essencial. pré-requisito residência em cirurgia ge-
Há a possibilidade de complemen- ral por dois anos. O MEC não admite re-
tar os ganhos com exames diagnósticos sidência em otorrinolaringologia (ORL)
ambulatoriais, como a videolaringos- como pré-requisito, embora alguns ser-
copia e as Paafs (punção aspirativa por viços ofereçam a opção de estágio em
agulha fina) guiadas por ultrassonogra- serviço credenciado, a partir da ORL.
fia (USG), desde que realizado o correto Existem no Brasil 32 centros forma-
treinamento prévio. dores habilitados pelo MEC e pela SBC-
CP, havendo concentração nas grandes
INTERAÇÃO COM OUTRAS cidades, em especial São Paulo/SP. Os
ESPECIALIDADES hospitais com maior tradição formadora
na especialidade oferecem até cinco va-
São frequentes os encaminhamen- gas anuais (HC-Fmusp/Icesp) e, com ex-
tos de pacientes investigados, que pro- ceção dos programas mais concorridos,
curam o cirurgião já com indicação de são comuns vagas não preenchidas por
tireoidectomia. Como não existe pronto candidatos, mesmo em instituições de
atendimento na especialidade, a indi- renome.
cação deverá partir de outro colega ou
eventualmente da própria operadora de ROTINA DO MÉDICO RESIDENTE
saúde suplementar.
O maior parceiro clínico do cirurgião, Ao final da residência na especiali-
no que concernem as patologias da ti- dade, o cirurgião deve estar habilitado
reóide, são os endocrinologistas. O rela- a realizar desde procedimentos mais
cionamento próximo com a especialida- comuns, como tireoidectomias e esva-
de é de vital importância nas tomadas ziamentos cervicais, até procedimentos
de decisão para os pacientes com neo- oncológicos complexos (muitos deles
plasia tireoidiana. com reconstrução) e cirurgias da base do
Na abordagem do paciente com cân- crânio.
cer de cabeça e pescoço, é importante As atividades durante os dois anos de
a interação com outras disciplinas médi- residência variam conforme o serviço/
cas (oncologia, radioterapia, patologia e hospital. Em linhas gerais, o residente
radiologia) e não médicas (fonoaudiolo- do primeiro ano (R3) é responsável pe-
gia, fisioterapia, e enfermagem). las rotinas de enfermaria (pré e pós-ope-
ratório), sobreaviso das operações de
A RESIDÊNCIA urgência (traqueostomias e abscessos
cervicais, por ex.), operações com anes-
A residência em cirurgia de cabeça e tesia local (tumores de pele e biópsias),
pescoço tem duração de dois anos, com e operações de pequeno e médio porte,
428
Cirurgia de Cabeça e Pescoço CAPITULO 45
429
CAPITULO 45 Como Escolher a sua Residência Médica
430
Cirurgia de Cabeça e Pescoço CAPITULO 45
A especialidade oferece boa oportu- de crânio, por ex.), desde que possua a
nidade de realização profissional, asso- estrutura hospitalar necessária.
ciando boa remuneração com possibili- Com exceção das cidades maiores,
dade de trabalho integral na sua área. O onde o mercado é saturado, predomi-
cirurgião que não goste das operações nam os especialistas que não trabalham
maiores (oncológicas) pode se dedicar em regime de plantão. Sobreaviso para
às operações da tireóide e outras de pe- urgências, em suporte ao pronto-socor-
queno e médio porte, sem prejuízo nos ro, é frequente. A quantidade de vezes
ganhos. Por outro lado, há a possibilida- com que o especialista é solicitado varia,
de do cirurgião com vocação oncológi- porém são relativamente menos acio-
ca de se dedicar às cirurgias de grande nados que outras especialidades como
porte e de se especializar em alguma urologia e cirurgia torácica.
subárea de interesse (cirurgia de base
431
CAPITULO 45 Como Escolher a sua Residência Médica
SOBRE OS AUTORES
Médico pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), fez residência em cirur-
gia geral pelo Hospital Governador Celso Ramos em Florianópolis/SC e em cirurgia
de cabeça e pescoço no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Univer-
sidade de São Paulo (HC-Fmusp). É especialista pela Sociedade Brasileira de Cirurgia
de Cabeça e Pescoço (SBCCP). Realizou estágio em cirurgia de cabeça e pescoço no
MD Anderson Cancer Center. Atualmente, é aluno de doutorado na Fmusp.
Médico pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), fez residência em cirur-
gia geral pelo Hospital Governador Celso Ramos em Florianópolis/SC e em cirurgia
de cabeça e pescoço no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Univer-
sidade de São Paulo (HC-Fmusp). É especialista pela Sociedade Brasileira de Cirurgia
de Cabeça e Pescoço (SBCCP). Fez estágio em cirurgia de cabeça e pescoço no Me-
morial Sloan Kettering Cancer Center (MSKCC). Chefia o serviço de cirurgia de ca-
beça e pescoço do Hospital Maternidade Marieta Konder Bornhausen em Itajaí/SC.
REFERÊNCIAS
432
CIRURGIA DO
APARELHO DIGESTIVO “
“
Dr. Bernardo Fernandes Canedo
Seja um doador de órgãos e sangue.
Tudo o que custa é um pouco de amor.
Autor Desconhecido
434
Cirurgia do Aparelho Digestivo CAPITULO 46
435
CAPITULO 46 Como Escolher a sua Residência Médica
urbanos é uma excelente escolha. No in- dos por meses. E muito menos signifi-
terior, além do custo de vida menor, po- ca que não terá que sair à noite de sua
de-se ter uma agenda mais folgada de cama para operar ou reoperar.
exames endoscópicos. Para quem quer Para quem quiser seguir carreira aca-
continuar operando, há também espaço dêmica, a vida não é menos simples.
para cirurgias de baixa/média complexi- Se, por um lado, é verdade que a vida
dade. A vantagem da cirurgia laparoscó- é mais tranquila e que há os residentes
pica é a rápida recuperação do paciente para fazer todo o trabalho burocrático e
e curta hospitalização. Também, prova- manual, o retorno financeiro não é bom.
velmente você terá um número menor Ser professor no Brasil não é fácil em ne-
de especialistas para concorrer, exceto nhuma área de atuação, porém, é muito
nos grandes interiores do estado de São gratificante fazer parte da formação do
Paulo. Lá, a concorrência é ainda mais futuro e transpor os limites da medicina
dramática, já que há excelentes profis- cirúrgica. E existem inúmeras faculdades
sionais para um menor número de ha- e hospitais-escolas que oferecem condi-
bitantes. ções para tal.
Para quem quer ficar em grandes A rotina do transplantador já é pecu-
centros urbanos e busca retorno finan- liar. No Brasil, o transplante de órgãos é
ceiro, há duas opções para o cirurgião realizado exclusivamente pelo Sistema
do aparelho digestivo: fazer muito plan- Único de Saúde (SUS). Por se tratar de
tão e sobreaviso, ou então, subespecia- uma cirurgia de altíssima complexida-
lizar-se. No plantão/sobreaviso, a carga de, a remuneração pelo SUS é razoável.
horária é grande e cirurgias no período Habitualmente, são médicos de maior
noturno não são infrequentes. A van- prestígio, que se reflete em um maior
tagem é que você faz parte de um ser- volume no consultório particular tam-
viço e divide a responsabilidade com bém. Porém, é uma área de exige grande
colegas. Quem quer se subespecializar, dedicação física e intelectual, que está
busca “fugir” dos plantões. Atenção, não em constante evolução. Além de exigir
quer dizer que terá uma “vida tranquila”! grande disponibilidade de tempo, visto
Na rotina de um cirurgião subespeciali- que o transplante do aparelho digestivo
zado, é ele que habitualmente assume é eletivo em uma pequena minoria.
100% da responsabilidade. As cirurgias As oportunidades do cirurgião do
são mais longas e a incidência de com- aparelho digestivo não se limita ao des-
plicação maior e o seguimento pós-ope- crito acima. Não é raro encontrar aquele
ratório prolongado, senão “eterno”. Se o que divide seu tempo entre o consultó-
trabalho físico é eventualmente menor, rio particular e o serviço de ensino e/ou
a cansaço mental, muitas vezes, é maior. plantões/sobreavisos.
Não é incomum ter pacientes interna-
436
Cirurgia do Aparelho Digestivo CAPITULO 46
437
CAPITULO 46 Como Escolher a sua Residência Médica
SOBRE O AUTOR
Médico pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP). Fez residência
em cirurgia geral no Hospital Universitário Professor Edgard Santos (Hupes), da Uni-
versidade Federal da Bahia (Ufba) e cirurgia do aparelho digestivo no Hospital das
Clinicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-Fmusp). Rea-
lizou ainda especialização em transplante de fígado e órgãos do aparelho digestivo
no mesmo hospital. Atualmente, realiza fellowship em transplante de fígado no Cli-
niques Universitaires Saint-Luc, associado à Université Catholique de Louvain (UCL),
na Bélgica.
REFERÊNCIAS
438
CIRURGIA PEDIÁTRICA “
“
Dra. Roberta Monteiro
A história nos julgará pela diferença que
fizermos na vida das crianças.
Nelson Mandela
440
Cirurgia Pediátrica CAPITULO 47
441
CAPITULO 47 Como Escolher a sua Residência Médica
442
Cirurgia Pediátrica CAPITULO 47
SOBRE A AUTORA
REFERÊNCIAS
1. Arnold G. Coran, Anthony Caldamone, N. Scott Adzick, Thomas M. Krummel, Jean-Martin La-
berge, Robert Shamberger. Pediatric Surgery. Elsevier Health Sciences.
2. Sociedade Brasileira de Cirurgia Pediátrica. Disponível em: <http://www.cipe.org.br/>. Acesso
em: 10 nov. 2013.
443
CIRURGIA PLÁSTICA “
“
Dr. Diogo Radomille
O corpo humano é a melhor obra de arte.
Jess C. Scott
período da Idade Média, a cirurgia plás- thy (Estados Unidos); Victor Spina e Pau-
tica passou pela sua fase mais obscura. lo Correia (São Paulo); Ivo Pitanguy (Rio
A arte de curar estava monopolizada de Janeiro) e Perseu Lemos (Recife).
com o clero, que por motivos religiosos
estagnou a medicina por um longo pe- A ESPECIALIDADE
ríodo. Só no século XVI, o Papa Sixto V
autorizou as dissecções anatômicas, as- Como foi visto, a história da cirurgia
sim impulsionando novamente o cresci- plástica até ser reconhecida como espe-
mento científico médico. cialidade médica e cirúrgica teve início
As duas grandes guerras mundiais nas civilizações mais antigas da huma-
do século XX impulsionaram o cresci- nidade, pois o homem, sempre preo-
mento e interesse médico sobre a ci- cupado com a forma e função do corpo
rurgia reparadora. Até então, a cirurgia humano, busca a perfeição. Portanto,
plástica não apresentava organização e mesmo sendo uma especialidade que
denominação específica como conhe- foi reconhecida a cerca de um século, os
cemos hoje. Através dos conhecimentos conhecimentos e tratamentos na área já
adquiridos nos tratamentos dos feridos são utilizados há alguns milênios.
durante a Primeira Guerra Mundial e o A cirurgia plástica atualmente tra-
surgimento de hospitais especializados ta-se de especialidade cirúrgica bem
no manejo das sequelas destes traumas, estabelecida, baseada em séculos de
cirurgiões gerais da Alemanha, França e conhecimento científico acumulados
Inglaterra passaram a se dedicar exclu- e aprimorados. É a mais eclética espe-
sivamente à cirurgia reparadora. Nesse cialidade da área cirúrgica, atua em
momento, surgia a cirurgia plástica mo- praticamente todo o corpo humano:
derna (como especialidade cirúrgica) na crânio, face, pescoço, tronco, membros,
Europa com diversas escolas e seguido- genitália, mão etc. Para a boa prática, é
res como Gillies e McIndoe (Reino Uni- necessário o conhecimento profundo
do), Joseph (Alemanha), Sanvenero-Ros- da anatomia e fisiologia dos diversos
seli (Itália) e Tessier (França); que mais seguimentos corpóreos, assim como
tardiamente se difundiu para o restante das técnicas cirúrgicas refinadas para o
do mundo. O advento da anestesia e do bom manuseio dos diferentes tipos de
antibiótico permitiram cirurgias mais tecidos.
longas e seguras, dessa forma, impul- Fazem algumas décadas que a cirur-
sionando mais ainda o crescimento da gia plástica vem sendo dicotomizada
cirurgia plástica. Nas Américas, nomes entre cirurgia reparadora e cirurgia es-
importantes contribuiram para o de- tética. Esta diferenciação na prática mui-
senvolvimento e aperfeiçoamento das tas vezes é difícil de ser feita, pois mes-
técnicas cirúrgicas como: Blair, Brown, mo um procedimento de colocação de
Converse, Mathes, Nahai, Brent, McCar- implantes mamários em uma paciente
446
Cirurgia Plástica CAPITULO 48
jovem e sem comorbidades que dese- rurgia plástica, além de passar na prova
ja aumentar o volume e a projeção das de especialista aplicada pela Sociedade
mamas, apresenta impacto significante Brasileira de Cirurgia Plástica.
na melhoria da autoimagem corporal e A este cirurgião é exigido profundo
da qualidade de vida. É equivocado ten- conhecimento de anatomia, fisiologia,
tar subdividir esta especialidade, pois técnica cirúrgica e consciência da arte.
o cirurgião plástico objetiva sempre o Por atuar em diversas partes do corpo
melhor resultado anatômico e funcio- humano e trabalhar em conjunto com
nal. Portanto, a cirurgia reparadora e a outras especialidades, como a oftalmo-
cirurgia estética estão interligadas des- logia, a urologia, a cirurgia bucomaxilo-
de o nascimento das primeiras técnicas facial e dentre outras, o cirurgião plásti-
em cirurgia plástica nas civilizações mais co precisa de alta capacitação técnica e
antigas. formação prolongada. A técnica cirúrgi-
Muitas vezes a cirurgia plástica sofre ca deve ser o menos traumática possí-
também com o preconceito da socie- vel, com incisões e dissecções precisas,
dade e mesmo de médicos de outras manipulação cuidadosa dos tecidos e
especialidades, tendo a validade dos síntese por planos. O cirurgião plástico
seus objetivos colocada em dúvida. No também produz cicatrizes, o mérito está
entanto, baseado em preceitos científi- em fazer destas as mais delicadas e es-
cos e éticos, os cirurgiões plásticos ob- condidas possíveis, utilizando pregas
jetivam a melhoria da qualidade de vida e reentrâncias naturais ou o cabelo e
dos pacientes. Seja pela correção de as vestes para torná-las menos aparen-
uma fissura labiopalatina em uma crian- te. Além disso, o instrumental deve ser
ça ou pela colocação de implantes ma- delicado, de precisão e apropriado para
mários em portadoras de hipomastia. cada tipo de procedimento.
O lado artístico do cirurgião plástico
O ESPECIALISTA E A SUA ROTINA é sem dúvida o grande diferencial des-
te especialista. A capacidade de inovar,
O cirurgião plástico é um médico sem regras fixas, de adaptar e prover
com formação em cirurgia geral e espe- soluções diversas para o mesmo proble-
cialização em cirurgia plástica, que atua ma, de ter discernimento estético e da
na reparação de órgãos e tecidos, para harmonia corporal para cada paciente
garantir o melhor resultado estético e são qualidades únicas deste médico.
funcional. Atualmente, já está bem es- Outra habilidade diferenciada que deve
tabelecido no Brasil, que para ser intitu- ser desenvolvida durante a residência
lado cirurgião plástico, o médico deverá médica é a arte da fotografia. Cursos e
frequentar um programa de residência treinamentos específicos em fotogra-
médica em cirurgia geral e outro em ci- far são muito importantes para que se
447
CAPITULO 48 Como Escolher a sua Residência Médica
448
Cirurgia Plástica CAPITULO 48
449
CAPITULO 48 Como Escolher a sua Residência Médica
450
Cirurgia Plástica CAPITULO 48
451
CAPITULO 48 Como Escolher a sua Residência Médica
452
Cirurgia Plástica CAPITULO 48
453
CAPITULO 48 Como Escolher a sua Residência Médica
Cerca de cinco milênios depois dos de vida, das relações sociais e da auto-
primeiros tratamentos em cirurgia plás- -estima dos pacientes, através de pro-
tica realizados no Egito Antigo, esta es- cedimentos cirúrgicos e não cirúrgicos
pecialidade cirúrgica cresce a passos alcançar o melhor resultado estético e
largos e com desenvolvimento de novas funcional. Finalmente, os cirurgiões in-
técnicas, permitindo atuar em quase to- teressados em especializar nesta área
dos os seguimentos corporais, tratar de perceberão o quanto é fascinante traba-
formas diferentes o mesmo problema e lhar com o reparo da forma e da função
participar em equipes multidisciplina- do corpo humano.
res. Objetiva a melhoria da qualidade
SOBRE O AUTOR
Médico pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), cirurgião geral pelo Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-Fmusp). Atu-
almente é médico residente de cirurgia plástica na mesma instituição.
REFERÊNCIAS
1. Mélega. Cirurgia Plástica - Fundamentos e Arte. Volume 01: Princípios Gerais. Editora Guana-
bara Koogan.
2. Mathes, Stephen and Hentz, Vincent R. Plastic Surgery. Volume 1: General principles. Saunders
Elsevier, 2nd ed.
3. Alonso, N. Mercado de trabalho em cirurgia plástica. Academia versus consultório particular.
Rev Med (São Paulo) 2012; 91: 21-4.
4. Resolução nº 1634/2002 do Conselho Federal de Medicina.
5. SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. 3ª Turma. RESP. n° 10536. Relator: Dias Trindade. Data de
julgamento: 21/06/1991. DJ de 19.08.1991, p. 10993.
454
CIRURGIA TORÁCICA
“
Dr. Ricardo Sales dos Santos
o pneumotórax?
“
(...) — Então, doutor, não é possível tentar
Manuel Bandeira
1. “Então o Senhor Deus fez cair um sono pesado sobre Adão, e este adormeceu; e tomou uma das suas costelas, e cerrou a car-
ne em seu lugar; E da costela que o Senhor Deus tomou do homem, formou uma mulher, e trouxe-a a Adão”. Gênesis 2:21-22.
2. Mas quando chegaram a Jesus, vendo que já estava morto, não lhe quebraram as pernas. Mas um dos soldados perfurou
um dos lados com uma lança, e logo saiu sangue e água”. Jó 19.33,34.
CAPITULO 49 Como Escolher a sua Residência Médica
456
Cirurgia Torácica CAPITULO 49
457
CAPITULO 49 Como Escolher a sua Residência Médica
abordar a doença para evitar maiores dos residentes está concentrada entre
agravos é fundamental para obtenção o Sul e Sudeste, colocando os centros
de melhores resultados e serve de adju- universitários como os principais polos
vante do sucesso perante o paciente e, formadores de especialistas. Existem
consequentemente, frente aos colegas. insitutições privadas que oferecem es-
tágios reconhecidos de excelente qua-
COMO IDENTIFICAR UM BOM lidade. A formação inclui dois anos de
PROFISSIONAL cirurgia geral e dois na especialidade do
tórax, não é incomum a permanência
Um bom profissional na área do tórax do jovem cirurgião nos centros acadê-
deve estar preparado para discutir de micos por mais um ou dois anos, onde
igual para igual sobre as doenças cardio- a formação é complementada em área
pulmonares com o seu pneumologista e específica: na posição de R5, o cirurgião
cardiologista; deve ser capaz de auxiliar consolida conhecimentos básicos da es-
o seu anestesista nos procedimentos de pecialidade e avança em procedimentos
intubação seletiva ou complicações clí- realizados por vídeo, oncologia torácica
nicas intraoperatórias; deve ainda estar ou treinamento em transplantes.
ciente dos critérios de estadiamento e A oferta de fellowships em países
abordagem oncológica para determinar europeus e nos Estados Unidos tem
a melhor linha de diagnóstico e trata- se tornado uma opção para formação
mento das neoplasias do tórax, enfim, a avançada de cirurgiões brasileiros. A
lista de profissionais com os quais o ci- abertura de oportunidades em centros
rurgião do tórax deve interagir, de forma no exterior, ou o retorno ao Brasil em
ativa e constante, é imensa. O cirurgião posição mais “diferenciada”, são atrati-
de tórax deve perseguir o conhecimen- vos significativos para cirurgiões do tó-
to, deve ser um curioso; necessita saber rax recentemente egressos dos centros
pesquisar e elaborar as questões certas de treinamento. Nos Estados Unidos;
para cada tipo de problema identifica- por exemplo, é praticamente mandató-
do. Em todas as áreas do conhecimen- ria a realização de um ano de pesquisa
to e em especial no tórax, o profissional (research fellowship) para o ingresso no
deve seguir o princípio básico de “saber treinamento clínico-cirúrgico nos gran-
o que está procurando para reconhecer des centros acadêmicos. Esse tipo de
adequadamente o que encontra”. “exigência” beneficia o centro de pes-
quisa, mas é gratificante para o jovem
MERCADO DE TRABALHO pesquisador cirurgião, que pode ter a
oportunidade de conviver, trabalhar e
No Brasil, atualmente existem pou- publicar artigos com muitos colegas de
co mais do que 500 cirurgiões de tórax renome internacional.
espalhados em todo o país. A formação
458
Cirurgia Torácica CAPITULO 49
459
CAPITULO 49 Como Escolher a sua Residência Médica
460
Cirurgia Torácica CAPITULO 49
os mais ricos, mas, sim, aqueles que mais Os mestres de ontem, de hoje e sem-
souberam traduzir, em ações, a perspec- pre, nos oferecem retalhos do que que-
tiva do amor ao próximo, da dedicação remos ser. Saber tecer os bons retalhos é
ao trabalho e da competência técnica o que nos define na vida pessoal e pro-
adquirida com muito suor, sangue e, às fissional.
vezes, lágrimas. Boa sorte a todos.
SOBRE O AUTOR
Médico pela Universidade Federal da Bahia (Ufba). Fez residência em cirurgia geral
e torácica pela Universidade de Campinas (Unicamp) e aperfeiçoamento em cirur-
gia minimamente invasiva, transplante pulmonar e robótica pelas Universidades de
Pittsburgh e Boston, nos Estados Unidos. Hoje é coordenador do centro de cirurgia
torácica minimamente invasiva, robótica e broncoscopia do Hospital Israelita Albert
Einstein.
REFERÊNCIAS
461
CAPITULO 49 Como Escolher a sua Residência Médica
462
CIRURGIA VASCULAR “
“
Dr. Guilherme Rebello Soares
Um homem é tão velho quanto suas artérias.
Thomas Sydenham
464
Cirurgia Vascular CAPITULO 50
465
CAPITULO 50 Como Escolher a sua Residência Médica
466
Cirurgia Vascular CAPITULO 50
467
CAPITULO 50 Como Escolher a sua Residência Médica
A realização na cirurgia vascular es- também aqueles com gosto por desa-
tará intimamente relacionada ao ramo fios que não dispensarão as cirurgias ar-
da especialidade que se quer dedicar. teriais. E finalmente, os que se encantam
Por ser ampla e diversa, haverão profis- com o caráter desbravador, investigati-
sionais que se satisfazem com atendi- vo e minucioso de tratar o paciente de
mento em consultório e procedimento forma minimante invasiva.
cirúrgicos menores e/ou estéticos. Há
468
Cirurgia Vascular CAPITULO 50
SOBRE O AUTOR
Médico pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP). Atua como ci-
rurgião geral pelo Hospital Ana Nery (HAN) - UFBA e médico residente do 4° ano de
cirurgia vascular do Hospital Geral Roberto Santos (HGRS).
REFERÊNCIAS
469
COLOPROCTOLOGIA
“
Dr. Divaldo Ribeiro Lopes Filho
Dra. Meyline Andrade Lima
“
É dever do cirurgião tranquilizar o
temperamento, gerar alegria, e dar a
confiança da recuperação.
A A coloproctologia é a especialidade
médica que trata das doenças do cólon,
do reto e do ânus, tanto clínicas quanto
cirúrgicas. Compreende também uma
série de procedimentos de diagnóstico,
relacionado à doença hemorroidária.
Portanto, a importância do especialista
em investigar e diagnosticar uma deter-
minada queixa do paciente se impõe,
já que diversas doenças podem cur-
como a colonoscopia, a manometria sar com sintomas semelhantes. Como
anorretal e a ultrassonografia endorretal. exemplo, o sangramento anorretal, que
Dentre as principais doenças que muitas vezes é banalmente atribuído às
acometem esses segmentos anatômi- "hemorróidas"3, pode, em alguns casos,
cos, encontramos, por exemplo, desde ser a manifestação inicial de um câncer
entidades orgânicas como os tumores de reto.
e as doenças hemorroidárias, até con-
dições funcionais como a constipação HISTÓRICO
(prisão de ventre) e a síndrome do in-
testino irritável. Para se ter uma ideia da Embora pareça ser uma especialida-
prevalência de algumas dessas doenças de médica recente, tem uma história de
em nosso meio, cito o câncer colo-retal pelo menos 5000 anos, sendo documen-
que hoje, no Brasil, ocupa o terceiro lu- tados diversos tratamentos ou procedi-
gar entre as mulheres e o quarto entre mentos proctológicos em praticamente
os homens em se tratando de neoplasia todas as civilizações. Na civilização egíp-
maligna de uma maneira geral2. cia, por exemplo, a descoberta de hie-
Por outro lado, após os cinquenta róglifos e sua decifração, revelou que,
anos, pelo menos 50% dos seres hu- dentre os médicos do faraó, existia um
manos já manifestou algum sintoma
CAPITULO 51 Como Escolher a sua Residência Médica
que cuidava das suas patologias procto- com um número crescente de pacientes
lógicas1. cirúrgicos e de grande complexidade.
No Brasil, em 12 de setembro de Outro aspecto importante do dia a
1934, na cidade do Rio de Janeiro, então dia é a realização de exames comple-
capital federal, um grupo de 20 médicos mentares, dentre eles os mais comuns
reuniu-se para fundar uma sociedade e a colonoscopia, retossigmoidoscopia e
congregar os especialistas em Proctolo- manometria anoretal. Muitos especialis-
gia, dando início, então, à atual Socieda- tas inclusive concentram suas atividades
de Brasileira de Coloproctologia (SBCP)4. nessa área, deixando um pouco de lado
Marco também importante na traje- a área cirúrgica.
tória da sociedade foi a aquisição de sua Trata-se de especialidade muito di-
sede própria, em 1988, inaugurada em nâmica, onde você pode optar tanto por
15 de outubro de 1989, por ocasião do um estilo de vida mais calmo e progra-
38º Congresso. Nessa época, foi propos- mado, focado em ambulatórios e exa-
ta a fixação da sede da Associação Lati- mes, ou se concentrar na área cirúrgica,
noamericana de Coloproctologia (ALA- com um estilo de vida mais agitado, afi-
CP) no Brasil, junto à nossa sociedade, nal só não tem complicações quem não
confirmada na assembleia da ALACP em opera e estas não tem horário progra-
Las Leñas – Argentina, em 1991. mado.
Atualmente, a sociedade conta com
1.691 membros, sendo 14 honorários; MERCADO DE TRABALHO
50 remidos, 633 titulares, 408 associa-
dos, 555 filiados, 20 aspirantes e 11 Ainda existe bastante espaço para
correspondentes, sendo a segunda so- profissionais na área da coloproctologia.
ciedade mundial da especialidade em Alguns grandes centros já se encontram
número de sócios. saturados, porém em um país como
o Brasil, de proporções continentais,
O ESPECIALISTA E A SUA ROTINA muitas áreas de regiões metropolitanas
apresentam déficits de profissionais.
O atendimento ambulatorial ocupa Muitos paciente ainda recorrem à capi-
50% da rotina do coloproctologista, sen- tal para realizar procedimentos simples
do a constipação intestinal6 e as doenças como uma hemorroidectomia, devido
orificiais as queixas mais frequentes nos à falta de especialistas em suas cidades.
atendimentos. Apenas uma pequena O retorno financeiro existe, porém
parcela desses atendimentos resulta em como em outras áreas, depende de de-
pacientes com patologias realmente ci- dicação e bastante trabalho, manter os
rúrgicas. consultórios cheios, que demandam de-
Em grandes centros de referência em dicação, tempo e paciência. A necessi-
câncer colo-retal, isso pode ser o inverso dade da constante renovação de conhe-
472
Coloproctologia CAPITULO 51
473
CAPITULO 51 Como Escolher a sua Residência Médica
474
Coloproctologia CAPITULO 51
Você pode exercer sua atividade tan- fixar em grandes centros podendo dis-
to no interior com poucos recursos, tra- por de toda uma infraestrutura e equi-
tando das doenças mais simples, porém pamentos de última geração para tratar
bastante prevalentes, como também se os casos mais complexos.
SOBRE OS AUTORES
Médico formado pela Universidade Gama Filho (UGF), fez residência de cirurgia
geral avançada na Universidade São Paulo (USP) (2009-2012), é membro do Colégio
Brasileiro de Cirurgiões (CBC) e possuí título de especialista em cirurgia geral.
Médica formada pela Universidade Federal de Sergipe (UFS) tem residência em co-
loproctologia no Hospital Heliópolis. Fez fellow clinical no Instituto Angelita e Joa-
quim Gama. É membro da Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP) e possuí
título de especialista em coloproctologia pela mesma instituição.
REFERÊNCIAS
1. Quilici FA, Neto JAR. Atlas de Proctologia – do Diagnóstico ao Tratamento. São Paulo-BR. Le-
mos Editorial, 2000.
2. Instituto Nacional do Câncer. Disponível em: <www.inca.gov.br>.
3. Corman ML. Colon and Rectal Surgery, 5th ed. Philadelphia-USA, Lippincott William & Wilkins,
2005.
4. Site da Sociedade Brasileira de Coloproctologia. Disponível em: <www.sbcp.org.br>.
5. Site do MEC. Disponível em: <www.portalmec.gov.br>
6. Wolff BG, Fleshman JW, Beck DE e col. The ASCRS Textbook of colon and rectal surgery. New
York, NY. Springer, 2007.
475
MASTOLOGIA “
“
Dr. Rafael Amin Menezes Hassan
O impossível verosímil é preferível ao
possível não acreditável.
John Diamond
478
Mastologia CAPITULO 52
479
CAPITULO 52 Como Escolher a sua Residência Médica
SOBRE O AUTOR
Médico pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP). Realizou residên-
cia médica em cirurgia geral no Hospital Santo Antônio (HSA), na Bahia, e também
em mastologia na Universidade de São Paulo (USP), fellowship em oncoplástica no
Hospital Nossa Senhora das Graças (HNSG), no Paraná.
REFERÊNCIAS
480
UROLOGIA
“
Dr. Guilheme Philomeno Padovani
Promover a saúde sexual e reprodutiva dos
“
homens é uma pedra angular para melhorar
a sua saúde em geral, para reduzir alguns
dos principais riscos a saúde que enfrentam,
e estabelecer hábitos que irão protegê-los ao
longo de suas vidas.
Freya L. Sonenstein
482
Urologia CAPITULO 53
483
CAPITULO 53 Como Escolher a sua Residência Médica
484
Urologia CAPITULO 53
plexos que requerem a captação de es- renal por obstrução ureteral seja por cál-
permazóides diretamente do epidídimio culo, tumores ginecológicos ou mesmo
ou testículo para o uso em reprodução urológicos.
assistida. Hematúria espoliante, mais comu-
Uretra: consiste no tratamento de mente causada por lesões vesicais.
pacientes com estenoses de uretra se- Fratura de pênis e torção e testilares
cundário a infecções, trauma e mesmo afecções estas que apresentam melho-
outros procedimentos cirúrgicos. res resultados quando abordadas com
Próstata: Entidade muito prevalen- até seis horas de evolução.
te nos homens é a hiperplasia benigna Urologia não é uma especialidade
prostática, patologia que apresenta uma que está excluída de plantões como vis-
série de formas de tratamento de acor- to e o médico deve estar disponível para
do com a evolução; desde tratamento algumas urgências, seja em plantão pre-
medicamentoso, cirurgia endoscópica sencial ou à distancia.
(ressecção transuretral de próstata) e ci- Cirurgia minimamente invasiva: o
rurgias abertas ou mesmo laparoscopia. uso da laparoscopia ou mesmo do robô,
Urologia geral: compreende este não é uma sub-especialidade da urolo-
grupo uma variedade de patologias que gia, mas mais uma técnica cirúrgica que
podem estar contidas em outras subes- pode ser empregada nas diferentes su-
pecialidades. bespecialidades.
As doenças sexualmente transmissí- O maior emprego da cirurgia robó-
veis que também têm intersecção com tica é na oncologia, principalmente em
infectologistas e dermatologistas, mui- prostatectomias radicais, e também ne-
tas vezes, requerem procedimentos ci- frectomias parciais e cistectomias. No
rúrgicos. Brasil de 2009, apresenta um avanço no
Patologias das glândulas adrenais, emprego da técnica e na disponibilida-
muitas vezes descobertas por alterações de do uso, mas ainda com limitação de
endócrinas e hipertensivas, requerem o custo.
conhecimento das diferentes doenças, A laparoscopia pode ser emprega-
assim como a capacidade para realizar a da de acordo com a capacidade do ci-
adrenalectomia. rurgião em qualquer cirurgia que seja
Urgências urológicas devem ser so- realizada por laparotomia. Quase todas
lucionadas de prontidão por qualquer subespecialidades usam da técnica, in-
urologista. cluindo a uro-pediatria, litíase, urologia
As principias urgências urológicas feminina, urologia geral e a uro-oncolo-
são retenção urinária que pode ser so- gia, como já citada.
lucionada muitas vezes com sondagem Como vimos, é uma especialidade ci-
vesical, mas pode requer manuseio en- rúrgica tem atuação muito diversificada
doscópico ou cistotomia; e insuficiência devido às diferentes técnicas interven-
485
CAPITULO 53 Como Escolher a sua Residência Médica
486
Urologia CAPITULO 53
SOBRE O AUTOR
REFERÊNCIAS
487
CONSIDERAÇÕES FINAIS “
“
Dr. Caio Nunes
Dr. Marco Antônio Santana O real não está na saída nem na chegada: ele se
dispõe para a gente é no meio da travessia.
490
2ª Reimpressão