Você está na página 1de 14

Principais temas

para provas

Cardiologia vol. 1

SIC CLÍNICA
MÉDICA
Autoria e colaboração

José Paulo Ladeira Thiago Prudente Bártholo


Graduado pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Graduado em Medicina pela Universidade do Estado do
Casa de São Paulo (FCMSCSP). Especialista em Clínica Rio de Janeiro (UERJ). Especialista em Clínica Médica e
Médica, em Medicina Intensiva e em Medicina de Urgên- em Pneumologia pela UERJ. Pós-graduado em Medici-
cia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina na Intensiva pela Faculdade Redentor e em Tabagismo
da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP). Médico plan- pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
tonista das Unidades de Terapia Intensiva do Hospital Sí- (PUC-RJ). Médico pneumologista da Federação das In-
rio-Libanês e do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. dústrias do Rio de Janeiro (FIRJAN) e da UERJ. Chefe
do Gabinete Médico do Colégio Pedro II (Rio de Janeiro).
Fabrício Nogueira Furtado Mestre em Pneumologia e doutorando em Pneumolo-
Graduado em Medicina e especialista em Clínica Médica gia pela UERJ, onde é coordenador dos ambulatórios de
pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Especia- Asma e de Tabagismo.
lista em Cardiologia pela Universidade Federal de São
Paulo (UNIFESP).

Rodrigo Antônio Brandão Neto Atualização 2018


Graduado pela Faculdade de Medicina da Pontifícia Uni- José Paulo Ladeira
versidade Católica de Campinas (PUC-Campinas). Espe-
cialista em Clínica Médica, em Emergências Clínicas e em
Endocrinologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade Assessoria didática
de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP), Camila Giro
onde é médico assistente da disciplina de Emergências
Clínicas.

Rafael Munerato de Almeida


Revisão de conteúdo
Viviane Aparecida Queiroz
Graduado pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa
Casa de São Paulo (FCMSCSP). Especialista em Clínica
Médica pela Santa Casa de São Paulo. Especialista em
Revisão técnica
Cardiologia e em Arritmia Clínica pelo Instituto do Co-
ração (InCOR), do Hospital das Clínicas da Faculdade de Cinthia Ribeiro Franco
Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP). Dan Yuta Nagaya
Daniela Andrea Medina Macaya
Mário Barbosa Guedes Nunes
Edivando de Moura Barros
Graduado em Medicina pela Universidade Federal do
João Guilherme Palma Urushima
Pará (UFPA). Especialista em Clínica Médica pelo Hos-
pital de Clínicas Gaspar Vianna (Pará). Especialista pelo Luan Forti
Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia. Lucas Kenzo Miyahara
Mariana da Silva Vilas Boas
Roberto Moraes Júnior
Matheus Fischer Severo Cruz Homem
Especialista em Clínica Médica e em Medicina de Urgên-
cia pela Sociedade Brasileira de Clínica Médica (SBCM). Nadia Mie Uwagoya Taira
Especialista em Cardiologia Clínica pela Real e Benemé- Priscila Schuindt de Albuquerque Schil
rita Sociedade de Beneficência Portuguesa de São Paulo. Ryo Chiba
Instrutor oficial dos Cursos de Atendimento em Emer- Wilian Martins Guarnieri
gências Cardiovasculares da American Heart Association William Vaz de Sousa
e editor dos livros-texto dos cursos Suporte Avançado
Yuri Yamada
de Vida em Cardiologia (ACLS) para o Brasil e Portugal
(Diretrizes 2010 - ILCOR). Diretor científico do Instituto
Paulista de Treinamento e Ensino (IPATRE). Secretário
nacional da Associação Brasileira de Medicina de Urgên-
cia e Emergência (ABRAMURGEM).
Apresentação

O ensino médico é desafiador por natureza, e o estudante que se decide


pelos fascinantes caminhos da Medicina sabe disso. Fascínio advindo, em
grande parte, justamente das inúmeras possibilidades e, até mesmo, obri-
gatoriedades que se abrem para esse aluno logo que ele ingressa no ensino
superior, a ponto de ser quase impossível determiná-las ou mensurá-las.
Dessa rotina faz parte, por exemplo, um inevitável período de aulas práti-
cas e horas em plantões de vários blocos, não só o responsável por grande
parte da experiência que determinará a trajetória profissional desse aluno,
como também o antecedente imediato do seu ingresso em um programa
de Residência Médica que seja referência, no mínimo, em todo o país – o
que exigirá dele um preparo minucioso e objetivo.
Esse é o contexto em que toda a equipe de conteúdo da Medcel, forma-
da por profissionais das áreas pedagógica e editorial e médicos das mais
diferentes especialidades, preparou a Coleção SIC Principais Temas para
Provas. O material didático destaca-se pela organização e pelo formato de
seus capítulos, inteiramente voltado à interação, com recursos gráficos e
dicas sobre quadros clínicos, diagnósticos, tratamentos, temas frequentes
em provas, leituras recomendadas e outros destaques, sem os quais o alu-
no não deve prestar nenhum exame. Tudo isso somado às questões ao fi-
nal, todas comentadas a partir de uma estrutura que lhe permite identificar
o gabarito de imediato.
Com tudo isso, nossa equipe reforça o ideal de oferecer ao candidato uma
preparação completa e lhe assegura um excelente estudo.
Índice

Capítulo 1 - Anatomia e fisiologia cardíaca Capítulo 4 - Emergências hipertensivas ..... 65


básica ................................................................... 15
1. Definição ..................................................................... 66
1. Introdução ...................................................................16 2. Dissecção aguda de aorta ......................................67
2. Coração ........................................................................16 3. Encefalopatia hipertensiva .................................. 68
3. Revestimento e parede cardíaca ......................... 17 4. Hipertensão maligna .............................................. 69
4. Sistema elétrico ...................................................... 22 5. Edema agudo de pulmão ....................................... 70

5. Grandes vasos........................................................... 22 6. Síndrome coronariana aguda .............................. 70

6. Ciclo cardíaco ............................................................ 23 7. Acidente vascular encefálico ................................ 71

Resumo ............................................................................ 25 Resumo .............................................................................74

Capítulo 2 - Hipertensão arterial Capítulo 5 - Dislipidemia e fatores de risco


sistêmica – conceitos fundamentais.............27 para doença cardiovascular ...........................75

1. Introdução .................................................................. 28 1. Introdução ...................................................................76


2. Lipídios e lipoproteínas ...........................................77
2. Fisiopatologia ........................................................... 29
3. Metabolismo de lipoproteínas e colesterol ....80
3. Fatores de risco ........................................................ 29
4. Características e causas das dislipidemias .......81
4. Diagnóstico ............................................................... 30
5. Classificação das dislipidemias primárias ........ 83
5. Classificação ...............................................................33
6. Rastreamento .......................................................... 83
6. Avaliações clínica e laboratorial .......................... 36
7. Risco cardiovascular e alvos do
7. Retinopatia .................................................................40 tratamento ................................................................84
Resumo ............................................................................44 8. Tratamento não medicamentoso
(mudança de estilo de vida) ...................................91
Capítulo 3 - Hipertensão arterial 9. Tratamento medicamentoso .................................93
sistêmica – tratamento ................................. 45
10. Situações especiais .............................................100
1. Tratamento................................................................. 46 11. Outros fatores de risco para aterosclerose
e doença cardiovascular ...................................... 102
2. Hipertensão arterial resistente ............................57
Resumo ..........................................................................104
Resumo ............................................................................ 58

Capítulo 6 - Eletrofisiologia ......................... 105


APÊNDICE
Novas orientações para prevenção, 1. Atividade elétrica cardíaca .................................. 106
detecção, avaliação e tratamento da 2. Eletrofisiologia ........................................................ 106
hipertensão arterial em adultos....................59 3. Mecanismos de formação do impulso elétrico ....109
1. Introdução .................................................................. 59 4. Condução do impulso cardíaco...........................110
2. Destaques das principais mudanças ................. 59 Resumo ............................................................................111
Capítulo 7 - Arritmias cardíacas................... 113 Capítulo 9 - Avaliação e abordagem
perioperatória.................................................. 151
1. Introdução..................................................................114
1. Introdução..................................................................152
2. Arritmias.................................................................... 116
2. Risco cardiovascular inerente ao
3. Identificando arritmias.......................................... 116
procedimento............................................................... 152
4. Abordagem das taquiarritmias...........................135
3. Risco cardiovascular inerente ao paciente .....153
Resumo........................................................................... 138
4. Intervenções para diminuição do risco
cardiovascular.......................................................... 160
Capítulo 8 - Síncope........................................139
5. Exames laboratoriais no pré-operatório.......... 161
1. Introdução e definições.........................................140
6. Avaliação do risco de sangramento...................162
2. Epidemiologia..........................................................140
7. Hipertensão arterial sistêmica no
3. Etiologia.....................................................................140 pré-operatório..........................................................163

4. Achados clínicos....................................................... 141 8. Controle glicêmico no perioperatório ............. 164

5. Exames complementares..................................... 142 9. Cuidados perioperatórios ao paciente


nefropata...................................................................165
6. Diagnóstico diferencial..........................................145
10. Complicações cirúrgicas ao paciente
7. Avaliação.................................................................... 148 hepatopata............................................................. 166
8. Tratamento............................................................... 148 11. Paciente com pneumopatia................................ 166
Resumo........................................................................... 150 12. Paciente em uso de anticoagulantes.............. 168
13. Abordagem para diminuir o risco de
trombose venosa profunda ...............................169
14. Paciente com tireoidopatia.................................172
15. Reposição de corticosteroides ..........................173
Resumo............................................................................174
José Paulo Ladeira
Rodrigo Antônio Brandão Neto
Fabrício Nogueira Furtado

3
Este capítulo aborda o tratamento da hipertensão arte-
rial sistêmica. Os valores pressóricos, a presença de
lesão em órgãos-alvo e os fatores de risco associados a
doenças cardiovasculares são fundamentais na decisão
da melhor terapêutica. Medidas não medicamentosas
devem ser inicialmente estimuladas nesses pacientes;
entre elas, restrição de sal, controle do peso, restrição de
álcool, restrição ao tabagismo e atividade física. É preciso
atentar-se sempre aos estágios da hipertensão arterial

Hipertensão
sistêmica. Para o estágio 1 com risco cardiovascular baixo
ou moderado, inicia-se monoterapia, sendo boas opções
os diuréticos tiazídicos, os inibidores da enzima conver-

arterial sistêmica
sora da angiotensina e os bloqueadores dos canais de
cálcio. Para o estágio 1 com risco cardiovascular alto e
estágios 2 e 3, tem-se preconizado a associação de 2 dro-

– tratamento
gas de classes diferentes e em baixas doses. A associação
de anti-hipertensivos deve seguir a lógica de não com-
binar medicamentos com mecanismos de ação similares,
exceto a associação de diuréticos tiazídicos ou de alça a
diuréticos poupadores de potássio. Aqueles que aderem
ao tratamento com esquema de 3 drogas otimizadas sem
controle constituem hipertensão resistente. A 4ª droga
acrescentada para esses casos deve ser espironolactona
seguida de simpatolíticos centrais e betabloqueadores.
46 sic cardiologia

1. Tratamento
Na prática clínica, a estratificação do risco cardiovascular (CV) no pa-
ciente hipertenso pode basear-se em 2 estratégias diferentes. Na pri-
meira, o objetivo da avaliação é determinar o risco global diretamente
relacionado à hipertensão. Nesse caso, a classificação do risco depende
dos níveis da Pressão Arterial (PA), dos fatores de risco associados, das
lesões em órgãos-alvo e da presença de doença cardiovascular (DCV)
ou doença renal. Na 2ª estratégia, o objetivo é determinar o risco de
um indivíduo desenvolver DCV em geral nos próximos 10 anos. Embora
essa forma de avaliação não seja específica para o paciente hipertenso,
pois pode ser realizada em qualquer indivíduo entre 30 e 74 anos, vale
ressaltar que a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é o principal fa-
tor de risco CV. A partir da avaliação do risco CV, adotam-se estraté-
gias terapêuticas e metas pressóricas diferentes para cada paciente,
de acordo com seu risco individualizado, como descrito na Tabela 1 e na
Figura 1. Ainda não existe uma forma validada no Brasil de avaliação
do risco CV. Além disso, algumas mulheres jovens tendem a uma esti-
mativa de risco mais baixa do que a real, e homens mais idosos são ge-
ralmente identificados como de alto risco, mesmo sem fatores de risco
relevantes. Assim, a utilização de mais de 1 forma de classificação per-
mite uma melhor compreensão do risco CV no paciente hipertenso.
Inicia-se sempre o tratamento com medidas não farmacológicas, como
orientação dietética (dieta DASH – Dietary Approaches to Stop Hyper-
tension) e estímulo à atividade física. Essas modificações nos hábitos
de vida são mais eficientes em se tratando de casos leves e moderados.
O objetivo do tratamento farmacológico da HAS é, prioritariamente,
reduzir a morbidade e a mortalidade por DCVs, quando as medidas não
farmacológicas não surtem efeito ou quando o uso de medicação se faz
necessário desde o início do diagnóstico.

Tabela 1 - Estratificação de risco individual no paciente hipertenso de acordo com


fatores de risco adicionais, presença de lesão em órgão-alvo e de doença cardiovas-
cular ou renal

HAS HAS
HAS
PAS = 130 estágio 1 estágio 2
estágio 3
a 139 ou PAS = 140 PAS = 160
PAS ≥180
PAD = 85 a 159 ou a 179 ou
ou PAD
a 89 PAD = 90 PAD = 100
≥110
a 99 a 109
Sem fator Sem risco Risco mode-
Risco baixo Risco alto
de risco adicional rado

1 a 2 fatores Risco mode-


Risco baixo Risco alto Risco alto
de risco rado

≥3 fatores Risco mode-


Risco alto Risco alto Risco alto
de risco rado

Presença de
LOA, DCV, Risco alto Risco alto Risco alto Risco alto
DRC ou DM

PAS: Pressão Arterial Sistólica; PAD: Pressão Arterial Diastólica; DRC:


Doença Renal Crônica; DM: Diabetes Mellitus; LOA: Lesões em Órgãos-Alvo;
DCV: doença cardiovascular.
hipertensão arterial sistêmica – tratamento 47

Tabela 2 - Recomendações para início de terapia anti-hipertensiva: intervenções no estilo de vida e terapia farmacológica

Abrangências Níveis de
Situações Recomendações Classes
(medida casual) evidência

Todos os estágios de hiper-


tensão e PA = 135 a 139x85 a Ao diagnóstico I A
89mmHg

Hipertensos estágio 2 e 3 Ao diagnóstico I A


Início de inter-
Hipertensos estágio 1 e alto
venções no Ao diagnóstico I B
risco CV
estilo de vida
Hipertensos idosos com
PAS ≥140mmHg IIa B
idade até 79 anos

Hipertensos idosos com


PAS ≥160mmHg IIa B
idade ≥80 anos

Aguardar 3 a 6 meses,
Hipertensos estágio 1 e risco
pelo efeito de interven- IIa B
CV moderado ou baixo
ções no estilo de vida

Indivíduos com PA = 130 a


Início de terapia 139x85 a 89mmHg e DCV Ao diagnóstico IIb B
farmacológica preexistente ou alto risco CV

Indivíduos com PA = 130 a


139x85 a 89mmHg e DCV
Não recomendado III --
preexistente e risco CV baixo
ou moderado

Tabela 3 - Identificação de fatores de risco associados a lesões em órgãos-alvo

- Hipertrofia do ventrículo esquerdo;

- Angina do peito ou infarto agudo do miocárdio prévio;

- Revascularização miocárdica prévia;

- Insuficiência cardíaca;

- Acidente vascular encefálico;

- Isquemia cerebral transitória;

- Alterações cognitivas ou demência vascular;

- Nefropatia;

- Doença vascular arterial de extremidades;

- Retinopatia hipertensiva;

- A pacientes com 3 ou mais fatores de risco CV, considerar marcadores


mais precoces da lesão em órgãos-alvo, como:
· Microalbuminúria (índice albumina/creatinina em amostra isolada de
urina);
· Parâmetros ecocardiográficos: remodelação ventricular, funções sistólica
e diastólica;
· Espessura do complexo íntimo-média da carótida (ultrassonografia
vascular);
· Rigidez arterial;
· Função endotelial.
José Paulo Ladeira
Rodrigo Antônio Brandão Neto
Fabrício Nogueira Furtado

4
Este capítulo trata das emergências hipertensivas. É pri-
mordial, aqui, ter bem clara a diferença entre urgência
e emergência hipertensiva. As urgências hipertensivas
caracterizam-se por níveis pressóricos elevados (PAS
>200mmHg e/ou PAD >120mmHg), sem sinais de lesão de
órgãos-alvo ou piora de lesão prévia. Drogas orais podem
ser realizadas, como os benzodiazepínicos e analgésicos
para controle de fatores desencadeantes da elevação da
pressão arterial, como ansiedade ou dor, ou anti-hiper-
tensivos, como os inibidores da enzima conversora da

Emergências
angiotensina caso a pressão arterial se mantenha ele-
vada. Já nas emergências, é obrigatória a presença de
sofrimento tecidual de órgãos-alvo, com risco iminente

hipertensivas
de vida, não obrigatoriamente associado a altos níveis
pressóricos. O tratamento indicado é a infusão de drogas
intravenosas, como o nitroprussiato de sódio. Torna-se
fundamental, aqui, que o médico consiga diferenciar as
principais causas de emergência hipertensiva, ficando
atento aos seguintes achados, rotineiros em provas de
concursos médicos: alterações da consciência, déficits
neurológicos e papiledema indicativos de encefalopa-
tia hipertensiva; presença de papiledema e hemorragias
isoladas indicativas de hipertensão acelerada maligna;
dor isquêmica com alterações no eletrocardiograma que
sugiram síndrome coronariana aguda; dor torácica dor-
sal, assimetria de pulsos e alargamentos do mediastino
indicativos de dissecção aórtica; ou congestão pulmonar,
B3 e hipóxia sugestivos de edema agudo de pulmão. Uma
vez diagnosticada a causa, a conduta dirigida deverá
ser feita, porém isso será visto com mais detalhes nos
capítulos em que cada uma dessas doenças aparece
separadamente.
66 sic cardiologia

1. Definição
As emergências caracterizam-se pela presença de sofrimento tecidual
de órgãos-alvo, com risco iminente de vida em geral, mas não neces-
sariamente associado a altos níveis pressóricos. Frequentemente, os
valores pressóricos encontrados são significativamente elevados, mas
não são eles que definem a condição de emergência, e sim a lesão em
órgão-alvo e o risco iminente de vida. É o caso da encefalopatia hiper-
tensiva, da cardiopatia isquêmica, do edema agudo de pulmão, da dis-
secção de aorta e do Acidente Vascular Encefálico (AVE), situações de
gravidade clínica acentuada. O tratamento deve ocorrer no ambiente
da sala de emergência ou da terapia intensiva, com a infusão de drogas
intravenosas, como o nitroprussiato de sódio.

Tabela 1 - Principais causas de emergências e urgências hipertensivas

Emergências hipertensivas
Neurológicas
- Encefalopatia hipertensiva;

- Hemorragia intraparenquimatosa;

- Hemorragia subaracnóidea.

Cardiovasculares
- Dissecção aguda de aorta;

- Edema agudo de pulmão;

- Síndromes coronarianas agudas.

Crises adrenérgicas graves


- Crise de feocromocitoma;

- Ingestão de cocaína e catecolaminérgicos.

Associadas a gestação
- Eclâmpsia;

- Hipertensão maligna e acelerada (considerar emergência).

Urgências hipertensivas
Hipertensão associada a
- Insuficiência coronariana crônica;

- Insuficiência cardíaca;

- Aneurisma de aorta;

- AVE isquêmico (prévio);

- Glomerulonefrites agudas;

- Pré-eclâmpsia.

As urgências hipertensivas caracterizam-se por níveis pressóricos


elevados, geralmente com níveis de Pressão Arterial Sistólica (PAS)
>200mmHg e/ou Pressão Arterial Diastólica (PAD) >120mmHg, sem si-
nais evidentes de lesão em órgãos-alvo ou piora de lesão prévia. São
considerados em urgência hipertensiva os pacientes relativamente as-
emergências hipertensivas 67

sintomáticos com hipertensão grave (PAS ≥180 e/ou PAD ≥120), muitas
vezes com cefaleia, mas sem lesão de órgão-alvo aguda. As drogas po- Pergunta
dem ser administradas pela via oral, e utilizam-se benzodiazepínicos
para ansiedade e analgésicos para dor. Caso não haja controle da PA
2015 - UERJ
com essas medidas, podem-se utilizar bloqueadores dos canais de cál-
1. João, de 72 anos, hipertenso de
cio, betabloqueadores, diuréticos de alça e inibidores da enzima con-
longa data, em uso irregular de
versora de angiotensina.
medicação, traz seu amigo Car-
A seguir, um breve relato a respeito de algumas patologias que carac- los à unidade de Saúde da Família
terizam as emergências hipertensivas. onde é cadastrado. Carlos, de 70
anos, apresenta náuseas, tonturas,
2. Dissecção aguda de aorta cefaleia intensa, dificuldade de
fala, fraqueza no dimídio direito
A dissecção de aorta é classificada (Stanford) em tipo A, se envolve a e PA = 170x160mmHg. Enquanto
aorta ascendente, e tipo B, se não a envolve. Existe outra classificação Carlos é consultado, a enfermeira
(DeBakey), que considera o acometimento da aorta ascendente e des- avalia João. Ela relata ao médico
cendente (tipo I), ascendente (tipo II) e exclusivamente da descendente que ele está assintomático, ape-
(tipo III). Em geral, as dissecções proximais (tipo A) acontecem em in- sar da PA = 180x110mmHg. Sobre
divíduos com anormalidades do colágeno (por exemplo, síndrome de as impressões diagnósticas e a
Marfan), e as dissecções distais (tipo B), naqueles com Hipertensão Ar- conduta relacionada a esses pa-
terial Sistêmica (HAS) de longa data. As dissecções tipo A respondem cientes, é correto afirmar que:
melhor ao tratamento cirúrgico, enquanto as do tipo B, ao tratamento
clínico, embora ambas devam ser estabilizadas com tratamento clínico a) João apresenta elevação da PA, e
emergencial. Carlos uma emergência hiperten-
siva: João deverá ser submetido a
redução rápida da PA
b) Carlos e João apresentam emer-
gência hipertensiva e devem ser
acompanhados na própria uni-
dade com anti-hipertensivos orais
c) João apresenta elevação da PA, e
Carlos, emergência hipertensiva,
devendo ser transferido rapida-
mente para Unidade de Pronto
Atendimento
d) Carlos e João apresentam emer-
gência hipertensiva e devem ser
transferidos para Unidade de
Pronto Atendimento, além de me-
Figura 1 - Classificação de Stanford: (A) ascendente e (B) descendente; classificação
dicados com drogas parenterais
de DeBakey: tipos I, II e III Resposta no final do capítulo

O quadro clínico manifesta-se por dor torácica severa, de início agudo,


quase sempre anterior (retroesternal), irradiando-se frequentemente
para o dorso (interescapular, inicialmente) e algumas vezes para o ab-
dome, acompanhada de sintomas adrenérgicos. Essa apresentação
ocorre em 90% dos casos e se deve à dissecção propriamente dita.
Complicações da dissecção podem produzir outros sintomas, como sín-
cope, sintomas neurológicos focais, sinais de isquemia em outros ór-
gãos, insuficiência cardíaca, tamponamento cardíaco e paraplegia.
Ao exame físico, o paciente parece estar em choque, mas a PA quase
sempre está elevada. Os pulsos podem apresentar-se assimétricos, e
a PA medida em ambos os braços pode apresentar diferença significa-
tiva. É possível ouvir sopro de regurgitação aórtica pela insuficiência
aguda da válvula, podendo-se encontrar sinais de tamponamento car-
díaco e derrame pleural.
SIC R3
Cardiologia vol. 1
para provas
Principais temas

QUESTÕES E COMENTÁRIOS
Questões

Cardiologia - R3 Questões
Cardiologia

2015 - UFF - CLÍNICA MÉDICA


4. A 3ª bulha é um importante achado no exame clínico
Anatomia e fisiologia cardíaca básica
para o diagnóstico de insuficiência cardíaca. Sua ocor-
rência no ciclo cardíaco se faz durante:
2017 - UFU - CLÍNICA MÉDICA a) a fase de enchimento ventricular rápida
1. Um homem de 28 anos, apresentando hipertensão b) a fase de enchimento ventricular lenta
arterial sistêmica diagnosticada há 6 meses, de difícil c) a sístole atrial
controle, vem evoluindo com episódios de tetraparesia d) o relaxamento isovolumétrico
flácida após atividades que requerem esforço físico in- e) a contração isovolumétrica
tenso, durante algumas horas, com resolução espontâ-
Tenho domínio do assunto Refazer essa questão
nea. Sobre o exame complementar mais adequado para Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder
o diagnóstico, assinale a alternativa correta:
a) creatinofosfoquinase sérica 2013 - AMP - CLÍNICA MÉDICA
b) atividade de renina plasmática e concentração de al- 5. O coração lança uma sombra homogênea sobre a ra-
dosterona sérica diografia do tórax. As alterações no tamanho e/ou no
c) ultrassonografia de artérias renais com Doppler formato das câmaras cardíacas e dos grandes vasos
d) metanefrinas urinárias geralmente alteram o formato da silhueta do coração.
e) lactato arterial Quanto à radiografia de tórax, analise as alternativas a
Tenho domínio do assunto Refazer essa questão
seguir e assinale a correta:
Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder a) quando a dilatação do ventrículo esquerdo é decor-
rente de doença arterial coronariana ou doença mio-
2016 - UNESP - CLÍNICA MÉDICA
cárdica primária, ele se alonga, e seu ápice é desloca-
2. Assinale a equação que adequadamente define a pós-
do para baixo, para a esquerda e posteriormente
-carga do ventrículo esquerdo:
b) os sinais radiológicos de aumento do átrio esquerdo
a) (pressão x espessura da parede)/raio da cavidade
são o duplo contorno dentro da borda cardíaca es-
b) pressão/(raio da cavidade + espessura da parede)
querda e o duplo contorno do brônquio-fonte à direi-
c) (pressão x raio da cavidade)/espessura da parede
d) (raio da cavidade x espessura da parede)/pressão ta
c) conforme o ventrículo direito aumenta, sua área de
Tenho domínio do assunto Refazer essa questão contato com o esterno também aumenta e tende a
Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder
obliterar o espaço retroesternal livre na incidência
2016 - SANTA CASA-BH - CLÍNICA MÉDICA lateral
3. Acerca da semiologia cardiológica, assinale a alterna- d) a dilatação do átrio direito causa acentuação e abau-
tiva incorreta: lamento para fora da curvatura da metade inferior do
a) a diástole compreende 4 etapas, a saber: relaxamento contorno cardíaco direito na incidência lateral
ventricular isovolumétrico, enchimento ventricular rá- e) os vasos para os lobos inferiores têm calibre menor
pido, enchimento ventricular lento e contração atrial do que os vasos para os lobos superiores
b) a magnitude do pulso arterial correlaciona-se direta-
Tenho domínio do assunto Refazer essa questão
mente com a pressão intravascular
Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder
c) os ruídos cardíacos normais e anormais, incluindo os
sopros, estão relacionados à presença de um gradien- 2011 - SES-RJ - CLÍNICA MÉDICA
te de pressão entre 2 pontos 6. O exame do precórdio de um psicólogo de 34 anos,
d) a 3ª bulha é gerada pela súbita limitação do movimen- embora ele de nada se queixasse, era anormal, tendo a
to de expansão longitudinal da parede ventricular, suspeita de persistência do canal arterial sem hiperten-
sendo um marcador de disfunção sistólica do ventrí- são pulmonar sido confirmada por ecocardiograma com
culo esquerdo Doppler e tomografia computadorizada. A ausculta, tí-
Tenho domínio do assunto Refazer essa questão pica dessa cardiopatia congênita, se expressa por um
Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder sopro do tipo:
Comentários

Cardiologia - R3 Comentários
Cardiologia

Questão 3. O ciclo diastólico compreende 4 etapas em


que o relaxamento ventricular isovolumétrico ocorre com
Anatomia e fisiologia cardíaca básica
consumo de oxigênio, em que a repolarização miocárdica
permite o início do relaxamento ventricular. O enchimen-
Questão 1. Analisando as alternativas: to ventricular rápido está associado ao maior volume que
a) Incorreta. Aumento de creatinofosfoquinase sérica adentra o ventrículo. Na fase de enchimento ventricular
indica lesão muscular. Não há, na história, relato de lento, o fluxo sanguíneo desacelera em virtude do aumento
perda de força que indique miopatia. Além disto, não da pressão sanguínea intraventricular. A contração atrial
há como correlacionar o aumento da CK com a hiper- complementa o enchimento ventricular diastólico, respon-
tensão arterial. dendo por até 20% do volume diastólico final. A amplitu-
b) Correta. Questão difícil. Perceba que estamos dian- de do pulso arterial correlaciona-se diretamente com a
te de paciente que apresenta tetraparesia flácida ao pressão sistólica gerada pelo volume sistólico em oposição
exercício que melhora ao repouso. O que poderia ex- à resistência vascular sistêmica. Todos os sons cardíacos,
plicar este achado? Hipocalemia. Trata-se de paralisia exceto o atrito pericárdico, são gerados pela presença de
periódica hipocalêmica, que leva a surtos de paralisia gradiente de pressão entre 2 pontos. A 3ª bulha é gerada
que ocorrem subitamente, preservando a consciência e pela súbita limitação do movimento de expansão longitu-
a musculatura respiratória. Durante o ataque observa- dinal da parede ventricular, gerando vibração do sangue
-se fraqueza com comprometimento principalmente de proveniente da fase de enchimento rápido numa parede
musculatura proximal, afetando mais pernas do que ventricular dilatada por hipertrofia excêntrica, sendo um
braços. Então vimos que temos que associar hipocale- marcador de disfunção sistólica do ventrículo esquerdo.
mia com hipertensão arterial. A causa de hipertensão Gabarito = B
secundária que cursa com estes 2 achados é o hipe-
raldosteronismo primário. Para avaliar a possibilidade Questão 4. A 3ª bulha é encontrada na mesodiástole, du-
deste diagnóstico devemos dosar aldosterona sérica e rante a fase de enchimento rápido do ventrículo esquerdo,
atividade de renina plasmática. além de ser um marcador de disfunção sistólica. A 4ª bulha,
c) Incorreta. A hipertensão renovascular diagnosticada um marcador de disfunção diastólica, é encontrada na tele-
ou pelo menos suspeitada pela ultrassonografia com Do- diástole (ou pré-sístole), quando da contração atrial.
ppler de artérias renais não cursa com hipocalemia. Gabarito = A
d) Incorreta. A dosagem de metanefrinas urinárias nos
remete ao diagnóstico de feocromocitoma. Não há ne- Questão 5. Trata-se de uma questão oportuna para uma
nhum sinal clínico no caso, como taquicardia, sudorese, breve revisão da radiografia do tórax, um tanto esque-
palpitação e cefaleia, que nos faça pensar que a hiper- cida nos ambulatórios e nas enfermarias de Cardiologia,
tensão arterial seja secundária a feocromocitoma. em detrimento das informações prestadas pelo ecocar-
e) Incorreta. Não há sinais de hipoperfusão e lactatemia diograma. Analisando as alternativas:
no caso descrito. a) Incorreta. Na dilatação ventricular esquerda, o au-
Gabarito = B mento da câmara é direcionado inferior e posteriormen-
te, “mergulhando” no diafragma e não se deslocando
Questão 2. A pós-carga do Ventrículo Esquerdo (VE) é para a esquerda.
definida pela equação (PA x raio da cavidade)/espessura b) Incorreta. O aumento do átrio esquerdo pode ser ob-
da parede. A pós-carga é diretamente proporcional ao servado ao raio x de tórax através de vários sinais mais
valor da PA, e a distensão causada por ela sobre o VE clássicos. Um deles é a convexidade focal em que normal-
(raio da cavidade) é inversamente proporcional à espes- mente há concavidade entre o tronco arterial pulmonar
sura da parede. esquerdo e a borda esquerda do ventrículo ipsilateral,
Gabarito = C em função da dilatação da respectiva auriculeta. Além

Você também pode gostar