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PEDIATRIA Prof.

Helena Schetinger | Doenças Exantemáticas 2

INTRODUÇÃO:

PROF. HELENA
SCHETINGER
Olá, futuro Residente!
Como você está?
Como estão os estudos?

Eu já estive em seu lugar e sei que o caminho é longo e


tortuoso. Há dias que são um pouco mais difíceis que outros, mas
estamos juntos nessa e garanto que vai valer a pena!
Pronto para mais um capítulo? O tópico que vamos
abordar nesta aula é muito prevalente em provas de Residência:
as doenças exantemáticas! Top 5 no ranking dos assuntos de
Pediatria nas provas, confira:

TOP 10 PEDIATRIA

1º Imunizações
2º Pneumonias
3º IVAS
4º Aleitamento materno
5º Doenças exantemáticas
6º Asma
7º Infecções congênitas
8º DNPM
9º Icterícia
10º Crescimento

Estratégia
MED
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DISTRIBUIÇÃO DOS TEMAS

Aqui, no Estratégia MED, montamos os capítulos baseados 5%


6%
em engenharia reversa. Isto é, respondemos às questões de
provas e transferimos para você o conhecimento necessário para 8%
31%
resolvê-las, salientando os pontos mais importantes e essenciais
para alcançar o sucesso no seu objetivo. 
Você vai observar que, geralmente, são questões simples,
9%
em que os examinadores trazem um caso clínico e perguntam
sobre o diagnóstico e o agente etiológico.
Sendo assim, neste capítulo você verá tudo que precisa 19%
22%
saber sobre sarampo, exantema súbito, eritema infeccioso,
rubéola, doença mão-pé-boca, varicela e escarlatina, sendo
sarampo o tema campeão de questões em provas! Observe a
distribuição no gráfico ao lado: Sarampo Escarlana

Exantema súbito Mão - Pé - Boca

Eritema infeccioso Varicela

Rubéola

Mas atenção, algumas doenças infecciosas que cursam com exantemas, como as
arboviroses (dengue, zika e chikungunya) e a meningococcemia, que fazem parte do
diagnóstico diferencial das doenças exantemáticas e serão abordadas pela infectologia
em capítulos próprios. A mononucleose será vista pela otorrinolaringologia.
Então, venha comigo.
Vamos começar!

@drahelenaschetinger

/estrategiamed Estratégia MED

@estrategiamed t.me/estrategiamed
Estratégia
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SUMÁRIO

1.0 SARAMPO 7
1 .1 CARACTERÍSTICAS 7

1 .2 QUADRO CLÍNICO 8

1.2.1 SARAMPOS NÃO TÍPICOS 10

1 .3 DIAGNÓSTICO 14
1 .4 COMPLICAÇÕES 17
1 .5 TRATAMENTO 19

1 .6 MEDIDAS DE PREVENÇÃO E CONTROLE 19

1.6.1 VACINA 19

1.6.2 PROFILAXIA PÓS-EXPOSIÇÃO 21

2.0 EXANTEMA SÚBITO 25


2 .1 CARACTERÍSTICAS 25

2 .2 QUADRO CLÍNICO 26

2 .3 DIAGNÓSTICO 29

2 .4 COMPLICAÇÕES 29

2 .5 TRATAMENTO 29

3.0 ERITEMA INFECCIOSO 33


3 .1 CARACTERÍSTICAS 33

3 .2 QUADRO CLÍNICO 34

3 .3 DIAGNÓSTICO 37

3 .4 TRATAMENTO 37

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4.0 RUBÉOLA 41
4 .1 CARACTERÍSTICAS 41

4 .2 QUADRO CLÍNICO 41

4 .3 COMPLICAÇÕES 43

4.3.1 SÍNDROME DA RUBÉOLA CONGÊNITA 45

4 .4 PREVENÇÃO 46

4 .5 DIAGNÓSTICO 46

4 .6 TRATAMENTO 46

5.0 VARICELA 50
5 .1 CARACTERÍSTICAS 50

5 .2 QUADRO CLÍNICO 50

5 .3 COMPLICAÇÕES 53

5 .4 PREVENÇÃO 54

5 .5 PROFILAXIA PÓS–EXPOSIÇÃO 54

5 .6 DIAGNÓSTICO 55

5 .7 TRATAMENTO 55

6.0 DOENÇA MÃO-PÉ-BOCA 60


6 .1 CARACTERÍSTICAS 60

6 .2 QUADRO CLÍNICO 60

6 .3 COMPLICAÇÕES 61

6 .4 PREVENÇÃO 61

6 .5 DIAGNÓSTICO 61

6 .6 TRATAMENTO 61

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7.0 ESCARLATINA 65
7 .1 CARACTERÍSTICAS 65

7 .2 QUADRO CLÍNICO 65

7.3 COMPLICAÇÕES 68

7 .4 DIAGNÓSTICO 68

7 .5 TRATAMENTO 68

8.0 LISTA DE QUESTÕES 73


9.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 74
10.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS 75

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CAPÍTULO

1.0 SARAMPO
O sarampo é uma doença viral altamente contagiosa, potencialmente grave e imunoprevenível que causa vasculite generalizada.
Ele pode acometer pessoas de qualquer idade, tem ampla ocorrência mundial, sendo que quanto menor as condições socioeconômicas
da população, maior sua incidência. O sarampo é amplamente conhecido e estudado como uma enfermidade que há muitos anos vem
causando óbitos em crianças do mundo inteiro. Muitas questões de prova trazem adolescentes no caso clínico e isso é um diferencial do
sarampo!

LAMENTÁVEL
O Brasil, após um grande esforço para vacinar a população, chegou a receber o certificado de
eliminação da doença em 2016. Infelizmente, sabendo disso, grande parte da população passou a recusar
a vacinação, o que baixou a cobertura nacional e permitiu o retorno dos casos no país. Afinal, a eliminação
não era mundial, e doenças não respeitam fronteiras. Em 2019, perdemos o certificado e o sarampo voltou
a ser considerado um problema de saúde pública no Brasil.

1 .1 CARACTERÍSTICAS

As características da doença estão constantemente presentes nas provas de Residência e, dentro delas, o agente etiológico é o ponto
mais cobrado!

Agente etiológico RNA vírus pertencente ao gênero Morbillivirus, família Paramyxoviridae.

Modo de Através de secreções nasofaríngeas, aerossóis. Por isso, são necessárias


transmissão precauções contra aerossóis em pacientes internados.

Acontece entre 7 e 21 dias, segundo o Ministério da Saúde, ou entre 8 e


Período de
12 dias, de acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, desde a data da
incubação
exposição até o aparecimento do exantema.

Período de
Inicia 6 dias antes do exantema e dura até 4 dias após seu aparecimento.
transmissibilidade

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1.2 QUADRO CLÍNICO

Saber o quadro clínico é muito importante para as provas. Atenção aqui, pois você precisa estar com esse assunto “na ponta da língua”!
O sarampo começa com pródromos que duram de 3 a 4 dias, acompanhado de algumas manifestações. Confira as mais comuns:
• Febre alta que atinge o auge no aparecimento do exantema e melhora gradativamente;
• Coriza hialina;
• Conjuntivite não purulenta, com lacrimejamento e fotofobia;
• Prostração intensa;
• Tosse seca e constante;
• Adenomegalia cervical posterior;
• Manchas de Koplik: Patognomônico do sarampo. Pequenos pontos na mucosa oral (com cerca de 1 mm), amarelados/
esbranquiçados, na altura do terceiro molar, que surgem um a dois dias antes do exantema. Mas atenção, apesar de serem
características, essas manchas podem estar ausentes!

Manchas de Koplik
Extraído de: Manual de diagnóstico diferencial das doenças exantemáticas febris.
DIVE (Diretoria de Vigilância Epidemiológica) de SC. Disponível em: http://www.dive.sc.gov.br/conteudos/publicacoes/Exantemas-Miolo-Visualizacao.pdf.
Acesso em 16/04/20.

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Após o pródromo, há o surgimento do exantema, com isso, o paciente tem aspecto toxemiado, com importante queda do estado geral
e piora dos sintomas iniciais. Veja as características do exantema do sarampo:

• EXANTEMA MACULOPAPULAR GENERALIZADO


• INICIA RETROAURICULAR
• PROGRESSÃO CEFALOCAUDAL
• PODE CONFLUIR

O exantema começa a desaparecer no terceiro ou quarto dia após seu surgimento e pode deixar manchas acastanhadas.

ATENÇÃO!
Exantema também pode ser chamado de rash.
Enantema é o exantema em mucosa, principalmente na boca e na faringe.

Exantema do sarampo. Note que a criança está prostrada. Fonte das imagens: Shutterstock.

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Agora, observe a figura a seguir, ela já foi cobrada em provas e representa a evolução da doença.

Fonte: Guia de vigilância em saúde. Ministério da Saúde, 3ª edição, 2019. Retirado de Krugman & Ward (1958).

O que a figura nos mostra?

Podemos identificar que a febre aumenta gradativamente e tem seu pico entre o 5º e o 6º dia. Já o exantema surge, geralmente, no 3º
dia e começa a desaparecer 3 a 4 dias após. Vemos também que as manchas de Koplik, a conjuntivite, a coriza e a tosse aparecem antes do
exantema. Por fim, observamos que a tosse é a última manifestação a desaparecer.

1.2.1 SARAMPOS NÃO TÍPICOS


Apesar de raramente serem cobrados em provas, mais dois tipos de sarampo precisam ser considerados.
• Sarampo modificado: geralmente ocorre em lactentes que adquiriram os anticorpos via transplacentário ou que utilizaram
imunoglobulina. O quadro é mais leve que o do sarampo típico.
• Sarampo atípico: ocorre em indivíduos que foram imunizados com uma vacina antiga, composta de vírus morto. O quadro
clínico é mais grave, podendo ocorrer pneumonite, derrame pleural e exantema petequial.

Vamos ver como tudo isso cai em prova?

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CAI NA PROVA

(SURCE 2020) Lactente, 10 meses, sexo masculino, é levado à emergência por sua mãe com quadro de tosse seca, febre alta e coriza há 5 dias.
Relata que há 48 horas apareceram ""manchas vermelhas em todo o corpo"" e conjuntivite bilateral. Cartão vacinal atualizado até 6 meses
de idade. Irmã de 7 anos apresentou quadro clínico semelhante há 2 semanas. Ao exame físico: estado geral regular, irritado, febril, eupneico,
hidratado. Ausência de sinais meníngeos. Ausculta pulmonar e cardiovascular normais. Abdome sem alterações. Rash maculopapular
generalizado, confluente em face e tronco, com enantema difuso de mucosa oral. Diante do quadro clínico apresentado, qual o diagnóstico
mais provável?
A) Rubéola.
B) Sarampo.
C) Exantema súbito.
D) Doença de Kawasaki.

COMENTÁRIO:

Observe que a criança possui várias características do sarampo: conjuntivite, tosse seca, febre alta e manchas
Alternativa B correta. de Koplik. Além disso, esse lactente de 10 meses ainda não foi vacinado para essa doença, pois a vacina é
aplicada aos 12 e 15 meses. O único diagnóstico possível é o sarampo.

Alternativa A incorreta. A rubéola apresenta pródromos leves, sem tosse, conjuntivite ou enantema. O exantema é maculopapular róseo.
Alternativa C incorreta. O exantema súbito é caracterizado por rash maculopapular róseo, que surge após alguns dias de febre alta.
Alternativa D incorreta. O primeiro sintoma para considerarmos doença de Kawasaki é a febre por mais de 5 dias, combinada com pelo
menos 4 dos seguintes critérios: conjuntivite bilateral não purulenta, alterações de mucosa oral, alterações de extremidades, rash cutâneo,
linfadenopatia cervical.

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(UFPI 2020) Pedro Henrique, 2 anos e 5 meses de idade iniciou quadro de febre elevada, tosse seca, intensa acompanhada de coriza abundante,
hialina no início e depois purulenta, cefaleia, mal estar, prostração importante. Apresentou, ainda, hiperemia em orofaringe e manchas
branco-azuladas, pequenas na região oposta aos dentes molares e ainda, hiperemia conjuntival, fotofobia. Evoluiu com exatema, inicialmente
atrás das orelhas disseminando-se rapidamente para pescoço, face, tronco e finalmente extremidades dos membros. O diagnóstico mais
provável é:
A) Estafilococcia.
B) Sarampo.
C) Doença de Kawasaki.
D) Mononucleose infecciosa.
E) Rubéola.

COMENTÁRIO:
Observe mais uma vez que a criança possui várias características do sarampo: conjuntivite, tosse seca, prostração
Alternativa B correta. e manchas de Koplik. Além disso, o exantema teve início retroauricular, com progressão para o resto do corpo.
O único diagnóstico possível é o sarampo.

Alternativa A incorreta. A estafilococcia poderia causar um rash cutâneo difuso, com ou sem choque associado, porém não causa lesões orais,
conjuntivite ou tosse.
Alternativa C incorreta. O primeiro sintoma para considerarmos doença de Kawasaki é a febre por mais de 5 dias, combinada com pelo
menos 4 dos seguintes critérios: conjuntivite bilateral não purulenta, alterações de mucosa oral, alterações de extremidades, rash cutâneo,
linfadenopatia cervical.
Alternativa D incorreta. A mononucleose apresenta faringite, febre, adenopatias, hepatoesplenomegalia e rash cutâneo maculopapular,
principalmente em tronco.
Alternativa E incorreta. A rubéola apresenta pródromos leves, sem tosse, conjuntivite ou enantema. O exantema é maculopapular róseo.

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(UFPR 2020) Um jovem de 18 anos, sexo masculino, refere início de febre, coriza, tosse e conjuntivite três dias após retornar de uma viagem
à cidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos. Relata ter permanecido no bairro do Brooklyn daquela cidade durante 45 dias para realizar um
curso de aperfeiçoamento em inglês. Ao exame físico, é observada a presença de pequenas máculas de coloração branca azulada na mucosa
bucal. O paciente relata que seus pais são contrários ao uso de vacinas e que, por esse motivo, ele não fez as vacinas recomendadas. Qual a
principal hipótese diagnóstica?
A) Sarampo.
B) Mononucleose infecciosa.
C) Influenza
D) Escarlatina
E) Citomegalovírus

COMENTÁRIO:

Febre, tosse, coriza, conjuntivite, manhas de Koplik e o enunciado informa, ainda, que os pais são contrários ao
Alternativa A correta.
uso de vacinas... a resposta só pode ser sarampo!

Alternativa B incorreta. A mononucleose apresenta faringite, febre, adenopatias, hepatoesplenomegalia e rash cutâneo maculopapular,
principalmente em tronco.
Alternativa C incorreta. A influenza pode causar coriza, febre e mal-estar, porém sem rash ou lesões orais.
Alternativa D incorreta. A escarlatina apresenta faringite, febre e língua em framboesa associadas a exantema papular de aspecto em “lixa”.
Alternativa E incorreta. O citomegalovírus causa doença assintomática na maioria dos pacientes, mas pode provocar febre, exantema
maculopapular e mal-estar. Não apresenta lesões orais, tosse ou conjuntivite.

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1.3 DIAGNÓSTICO

ATENÇÃO

Atenção aqui!
Todas as doenças deste capítulo podem ser diagnosticadas com a história clínica e
o exame físico!

Portanto, os exames laboratoriais são considerados secundários. Entre eles, temos, a detecção de anticorpos IgM e IgG através da
sorologia (ELISA), que devemos coletar no surgimento do exantema e após 2 a 3 semanas, para verificar o aumento dos títulos; e a detecção
viral em secreções como urina e orofaringe.

DEFINIÇÃO DE CASO SEGUNDO O MINISTÉRIO DA SAÚDE


Esse é um tópico pouco cobrado em provas, mas é bom conferir como o Ministério da Saúde relaciona os tipos de casos de
sarampo. Essa definição de caso é considerada ultrapassada, pois considerava a eliminação da doença em nosso território.

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1. CASO SUSPEITO
• Todo paciente que apresentar febre e exantema maculopapular morbiliforme de direção cefalocaudal, acompanhados de um ou
mais dos seguintes sinais e sintomas: tosse e/ou coriza e/ou conjuntivite, independentemente da idade e da situação vacinal;
OU
• Todo indivíduo suspeito com história de viagem para locais com circulação do vírus do sarampo nos últimos 30 dias, ou de contato
no mesmo período com alguém que viajou para local com circulação viral.

2. CASO CONFIRMADO
Todo caso suspeito comprovado como sarampo a partir de, pelo menos, um dos critérios a seguir:
• Critério laboratorial:
a) Detecção de anticorpos IgM específicos do sarampo, exceto se o caso tiver recebido a vacina tríplice viral ou tetraviral;
b) Soroconversão ou aumento na titulação de anticorpos IgG;
c) Biologia molecular para identificação viral positiva.

• Critério de vínculo epidemiológico:


Caso suspeito, contato de um ou mais casos de sarampo confirmados por exame laboratorial, que apresentaram os
primeiros sinais e sintomas da doença entre 7 a 21 dias da exposição ao contato.

3. CASO DESCARTADO
Todo paciente considerado caso suspeito e não comprovado de sarampo, de acordo com os critérios laboratoriais, clínicos ou
epidemiológicos.

NÃO SE ESQUEÇA:
O SARAMPO É UMA DOENÇA DE NOTIFICAÇÃO OBRIGATÓRIA,
MESMO PARA CASOS DE SUSPEITA!

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CAI NA PROVA

(UEL 2019) Menino, 3 anos de idade, é trazido pelos pais para consulta na Unidade Básica de Saúde, com história de febre há 5 dias (duração de 3
dias), sendo que, há 2 dias, a criança iniciou tosse, coriza amarelada, hiperemia e secreção conjuntival bilateral e, há 1 dia, houve aparecimento
de rash cutâneo maculopapular avermelhado em região retroauricular que progrediu para tronco e membros. Pais relataram que estiveram
em viagem recente para Boa Vista-Roraima, tendo retornado há 10 dias. Nesse local, houve contato com primo com diagnóstico laboratorial
de sarampo. Eles trazem cartão de vacinas, com calendário vacinal atualizado. A respeito desse caso, assinale a alternativa CORRETA.
A) Trata-se de caso confirmado de sarampo, conforme critério laboratorial.
B) Trata-se de caso confirmado de sarampo, conforme critério clínico-epidemiológico. 
C) Trata-se de caso suspeito de sarampo, conforme critério clínico-epidemiológico. 
D) Trata-se de caso descartado de sarampo, conforme critério clínico-epidemiológico. 
E) Trata-se de caso descartado de sarampo, conforme critério vacinal.

COMENTÁRIO:

Temos aqui um paciente com sinais clássicos de sarampo. Se fosse apenas pelos sinais, consideraríamos um caso
suspeito. Mas perceba que o examinador informa que ele teve contato com um caso confirmado laboratorial
Alternativa B correta.
da doença, 10 dias antes do quadro. Por esse critério clinico-epidemiológico, confirmamos também a doença
nesse paciente.

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1 .4 COMPLICAÇÕES
As complicações do sarampo também são queridinhas das bancas, venha comigo!

Febre por mais de 3 dias, após o aparecimento do exantema, é um sinal de alerta!

A principal complicação e maior causa de óbito é a pneumonia, que pode ser causada pelo próprio vírus, o que é mais comum, ou por
infecção bacteriana oportunista.
A principal complicação bacteriana é a otite média aguda.

PRINCIPAL COMPLICAÇÃO = PNEUMONIA PELO PRÓPRIO VÍRUS DO SARAMPO


PRINCIPAL CAUSA DE ÓBITO = PNEUMONIA
PRINCIPAL COMPLICAÇÃO BACTERIANA = OMA

Outras complicações: ceratoconjuntivite, cegueira, A panencefalite esclerosante subaguda (PEES) é uma


miocardite, adenite mesentérica, diarreia, sinusite, púrpura complicação rara, porém de alta gravidade, que surge anos após
trombocitopênica, encefalomielite, reativação de tuberculose pela a doença primária. Os primeiros sintomas podem ser: retardo no
imunodepressão. desenvolvimento neuropsicomotor, queda no desempenho escolar,
mudança de comportamento e alucinações, seguidos por espasmos
musculares, crises convulsivas, tetania e cegueira, levando ao óbito
em um a três anos.

Vamos treinar.

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CAI NA PROVA
(AMRIGS 2020) A mais frequente complicação de sarampo em paciente pediátrico com imunossupressão por tratamento de neoplasia é:
A) Encefalite.
B) Diarreia.
C) Panencefalite esclerosante.
D) Pneumonia.

COMENTÁRIO:
Tanto em pacientes imunocompetentes como em imunossuprimidos, a principal complicação do sarampo e a maior causa de óbito é a
pneumonia. A otite média aguda é a principal complicação bacteriana e a PEES é uma complicação rara.

(UERJ 2019 DISCURSIVA) Família composta por mãe e seu filho de 10 meses mudou-se do Amazonas para o Rio de Janeiro há 12 dias. Eles foram
morar na casa da tia da criança, que tem um bebê de 4 meses. O bebê de 10 meses está frequentando a creche do bairro, que tem turmas de
crianças de 6 meses a 3 anos. A criança de 10 meses, previamente hígida, é levada ao pronto atendimento devido a quadro de febre (38,5°C)
acompanhada de tosse e coriza que vem ocorrendo há três dias. A mãe disse que no dia anterior, notou manchas avermelhadas na cabeça e
no pescoço, sem prurido. Ao exame físico, a criança apresenta/está: regular estado geral, reativa, corada, hidratada, anictérica e acianótica,
hiperemia conjuntival bilateral; afebril, FC = 120bpm; FR = 42ipm; PA = 90 x 60mmHg; ausculta respiratória e cardíaca sem alterações; abdômen
flácido, sem massas ou visceromegalias; orofaringe sem alterações nas amígdalas; dentição sem alterações para a idade; pequenos pontos
irregulares avermelhados com centro branco-azulados em mucosa bucal, próximo aos pré-molares; exantema maculopapular confluente,
presente principalmente em região frontal, retroauricular, na parte superior do pescoço, em tronco e extremidades. O exame neurológico
apresentou resultado normal. De acordo com o caso apresentado: Aponte a complicação mais frequente, que é a principal causa de óbito
nesses casos.

COMENTÁRIO:
Questão simples e direta, a principal complicação do sarampo e a maior causa de óbito é a pneumonia, que
Alternativa D Correta.
pode ser causada pelo próprio vírus ou por infecção bacteriana secundária.

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1 .5 TRATAMENTO

Não há tratamento específico. Recomenda-se utilizar a vitamina A, por via oral, em duas doses, para redução da duração, complicações
e da morbimortalidade, principalmente a cegueira.

DOSAGEM DA VITAMINA A

Menores de 6 meses 50.000UI/dose

6 a 11 meses e 29 dias 100.000UI/dose

Maiores de 12 meses 200.000UI/dose

O tratamento profilático com antibiótico é contraindicado. O antibiótico deve ser prescrito se houver infecção secundária, dirigido
especificamente para o tratamento dela.

1 .6 MEDIDAS DE PREVENÇÃO E CONTROLE

• Isolamento domiciliar até 4 dias após o início do exantema.


• Pacientes internados devem submeter-se a isolamento respiratório de aerossol, até 4 dias após o início do exantema.
Os tópicos abaixo, “vacinas” e “profilaxia pós-exposição”, serão vistos com detalhes no nosso livro de imunizações. Aqui, vamos pincelar
o que você precisa saber para resolver as questões do capítulo.

1.6.1 VACINA

A primeira dose é feita aos 12 meses dentro da tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola). A segunda dose, aos 15 meses na tetraviral
(sarampo, caxumba, rubéola e varicela). O esquema completo é de duas doses para pacientes dos 12 meses até os 29 anos e de dose única
dos 30 aos 59 anos.
Tanto a tríplice quanto a tetraviral são vacinas vivas atenuadas, ou seja, possuem o patógeno vivo enfraquecido.

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Por que a vacina tríplice viral está indicada a partir dos 12 meses?

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1.6.2 PROFILAXIA PÓS-EXPOSIÇÃO


É necessário fazer a profilaxia pós-exposição com vacina ou imunoglobulina em todos os pacientes suscetíveis à doença, ou seja, não
imunizados que entraram em contato com um caso suspeito ou confirmado. Observe o quadro a seguir:

CONTACTANTES DE SARAMPO

Maiores de 6 meses
VACINA Até 72 horas após exposição
imunocompetentes

Menores de 6 meses
IMUNOGLOBULINA Imunodeprimidos Até 6 dias após exposição
Gestantes

Vamos treinar?

CAI NA PROVA
(HFA 2020) Acerca das patologias na infância, julgue o item a seguir.
A criança com sarampo deve ser tratada com vitamina A no mesmo dia do diagnóstico, com a finalidade de reduzir a ocorrência de casos
graves e fatais, pois, diferentemente da gripe (influenza), não existe tratamento antiviral e a administração profilática com antibiótico é
contraindicada.
A) Certo.
B) Errado.

COMENTÁRIO:
Certo. Não há tratamento específico.
O sarampo não tem tratamento específico e a antibioticoterapia profilática está contraindicada. Recomenda-se utilizar a vitamina A por
via oral em duas doses para a redução das complicações e da morbimortalidade.

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Facilitando para você!


PONTOS PRINCIPAIS PARA A PROVA:

RNA vírus pertencente ao gênero Morbillivirus, família Paramyxoviridae.

Febre alta, toxemia, prostração, tosse, conjuntivite não purulenta, manchas


de Koplik.

Exantema maculopapular generalizado, de início retroauricular, com pro-


gressão cefalocaudal e que pode confluir.

Principais complicações: pneumonia e OMA, pode causar panencefalite


esclerosante aguda.
Sarampo

Diagnóstico: clínico, sorologias, detecção viral.

Tratamento: sintomáticos e vitamina A.

Vacinação: esquema completo - duas doses até os 29 anos e uma dose dos
30 aos 59 anos. Aplicação de rotina aos 12 e 15 meses.

Profilaxia pós-exposição deve ser realizada com vacina ou imunoglobulina.

Doença de notificação obrigatória.

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(UNICAMP 2020) Lactente, 10 meses, com febre, tosse e coriza há 4 dias e aparecimento de exantema maculopapular morbiliforme com
início nas orelhas descendo para o tronco hoje. Vacinas: todas as indicadas até os 6 meses de idade. Exame físico: T= 39ºC; Orofaringe: lesões
de 2 a 3 mm de diâmetro, discretamente elevadas, de cor branca com base eritematosa, localizadas na região interna da mucosa oral. AO
INTERNAR, DEVERÁ SER ESTABELECIDA A SEGUINTE PRECAUÇÃO: 
A) Padrão.
B) Aerossóis.
C) Gotículas.
D) Contato.

COMENTÁRIO:
O caso traz uma criança com diagnóstico de sarampo: repare a tosse, a febre e o exantema que iniciou retroauricular.
Alternativa B correta.
A transmissão da doença é por aerossóis, logo, essa é a precaução que devemos ter com os pacientes internados.

(UNIRIO 2020) Adolescente, 12 anos, trazido à consulta de reavaliação com história de ter apresentado febre, tosse produtiva e secreção
nasal clara que duraram cerca de quatro dias, seguido de conjuntivite, fotofobia e prostração. Logo após surgiu exantema maculopapular
avermelhado, iniciado atrás das orelhas progredindo no sentido crânio- caudal, ocorrendo depois descamação furfurácea. Assinale a opção
correta sobre a principal hipótese diagnóstica.
A) O diagnóstico é clínico, não havendo disponibilidade de exame sorológico.
B) Sua transmissão pela via fecal-oral, sendo o homem a único reservatório.
C) Pode causar complicações como encefalite, pneumonia e otite.
D) Sua etiologia é bacteriana, sendo a vasculite responsável pelas manifestações.
E) Ainda não se tem vacina efetiva contra essa doença, apesar das pesquisas.

COMENTÁRIO:

As manifestações são características do sarampo.


Alternativa A incorreta. O diagnóstico é principalmente clínico, mas pode ser confirmado através de sorologias e detecção viral.
Alternativa B incorreta. O homem é o único reservatório, mas a transmissão é por aerossóis.
Alternativa C correta: A principal complicação é a pneumonia, seguida da otite. A encefalite é rara.

Alternativa D incorreta. Sua etiologia é viral pelo Morbillivirus.


Alternativa E incorreta. A vacina existe e deve ser aplicada aos 12 e 15 meses.

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(SES PE 2020) Tendo em vista a recente epidemia de sarampo detectada em vários estados brasileiros, é necessário que a comunidade médica
de todo o país esteja alerta para esse diagnóstico. Com relação ao sarampo, assinale a alternativa INCORRETA.
A) Em um paciente com quadro febril indefinido, o exame da cavidade oral pode identificar as manchas de Koplik e, assim, elucidar o
diagnóstico alguns dias antes do surgimento do exantema.
B) É essencial que os neurologistas fiquem atentos ao surgimento de casos de panencefalite esclerosante subaguda cerca de seis meses
após o surto epidêmico.
C) Gestantes e pessoas com deficiência da imunidade celular, a exemplo dos portadores de SIDA e linfoma, são grupos especialmente
susceptíveis ao desenvolvimento de formas clínicas graves da doença.
D) Devido ao comprometimento imune secundário à infecção pelo sarampo, pneumonia bacteriana secundária costuma ser a principal
causa de óbito nesses pacientes.
E) A administração de vitamina A em pacientes com formas graves parece estar associada à redução da duração da doença e da mortalidade.

COMENTÁRIO:
O examinador pede a incorreta, então vamos lá!
Alternativa A correta: A febre e as manchas de Koplik fazem parte do pródromo da doença, que surge antes do exantema. O enantema é
patognomônico do sarampo.
A panencefalite esclerosante subaguda (PEES) é um distúrbio cerebral raro, progressivo e potencialmente fatal
Alternativa B incorreta. que surgirá anos após a infecção pelo sarampo, causando deterioração mental, movimentos involuntários e
convulsões.
Alternativa C correta: Os imunodeprimidos, assim como as gestantes, têm maior suscetibilidade para formas graves de doenças em geral,
não só para o sarampo.
Alternativa D correta: A pneumonia é a principal complicação e causa de óbito nas crianças com sarampo.
Alternativa E correta: Recomenda-se utilizar a vitamina A em casos de sarampo para a redução da duração, das complicações e da
morbimortalidade.

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CAPÍTULO

2.0 EXANTEMA SÚBITO


Também conhecido como roséola infantil ou sexta doença, o exantema súbito é uma doença infecciosa viral, característica em crianças
entre 6 meses e 6 anos, que predomina em menores de 2 anos.

Aos 2 anos, quase 100% das crianças serão soropositivas para o vírus, o que confere a elas imunidade permanente.

2 .1 CARACTERÍSTICAS

Agente etiológico Herpesvírus humano 6 e 7

Modo de transmissão Através de perdigotos

Período de incubação Entre 5 e 15 dias

Período de transmissibilidade Principalmente durante o período febril

Perdigotos, ou gotículas de Flügge, são gotículas de


saliva expelidas através de espirros, fala ou tosse.

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2 .2 QUADRO CLÍNICO

Como diz o nome, o início do quadro é SÚBITO. A criança apresenta febre alta e contínua, que dura entre 3 a 4 dias, porém sem
toxemia, como no sarampo. Antes do exantema, podemos ter:
• Bom estado geral;
• Convulsão febril - pode ocorrer pela febre alta, mesmo na ausência de neuropatias prévias. O exantema súbito é uma das principais
causas de convulsão febril nas crianças;
• Linfonodomegalia cervical suboccipital;
• Também podem ocorrer hiperemia de orofaringe, palpebral e membrana timpânica.

O exantema surge logo após o cessar da febre e isso define a doença!

Repare como essas crianças estão em bom estado geral:

Fonte das imagens: Shutterstock.

Ninguém diria …mas repare


que estão doentes… nos exantemas!

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Características do exantema:

• EXANTEMA MACULOPAPULAR RÓSEO


• INICIA NO TRONCO E DISSEMINA PARA OS MEMBROS
• DE CURTA DURAÇÃO → HORAS A DIAS
• SOME SEM DEIXAR MARCAS

Repare como é fácil!

CAI NA PROVA
(FAMEMA 2020) Lactente, sexo masculino, 11 meses de idade, apresenta exantema maculopapular, róseo, aparentemente não pruriginoso,
que se iniciou no tronco e se estendeu para face, pescoço e partes proximais de membros. Não há linfadenopatia. Há 3 dias, vinha apresentando
febre de 39° a 40 °C, que cessou há 12 horas. Não há outras queixas. Há discreta hiperemia em orofaringe, sem outras alterações no exame
físico.
O diagnóstico mais provável é:
A) coxsackiose.
B) escarlatina.
C) eritema infeccioso.
D) exantema súbito.

COMENTÁRIO:
Observe no enunciado: o exantema surgindo após o cessar da febre... não tem como ser outra coisa, isso é clássico do exantema súbito.

Alternativa D correta.
Alternativa A incorreta. O vírus coxsackie causa a doença mão-pé-boca, na qual temos úlceras orais e papulovesículas em mãos e pés.
Alternativa B incorreta. A escarlatina apresenta faringite, febre e língua em framboesa, associadas a exantema papular de aspecto em “lixa”.
Alternativa C incorreta. O eritema infeccioso geralmente não tem pródromos e o exantema é a manifestação inicial. Apresenta exantema
malar, com aspecto de “face esbofeteada” e exantema rendilhado no corpo.

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(UFSE 2020) Lactente, 10 meses, com história de febre alta nos últimos três dias (03 episódios ao dia), com irritabilidade e discreta diminuição
do apetite. Logo após o desaparecimento do último pico febril, passou a apresentar rash maculopapular, que começou no tronco e evoluiu
para cabeça e membros. A principal hipótese diagnóstica é: 
A) Exantema súbito por Parvovírus B-19.
B) Roseola infantum por Varicela Zoster. 
C) Escarlatina por Streptococcus beta hemolítico do grupo A. 
D) Sexta doença por Herpes vírus tipo 6 e 7.

COMENTÁRIO:
Nesse enunciado, mais uma vez vemos a descrição do exantema que aparece com o cessar da febre. O exantema súbito também é
chamado de sexta doença e o agente etiológico é o herpesvírus 6 ou 7.
Alternativa D correta.
Alternativa A incorreta. O parvovírus causa o eritema infeccioso.
Alternativa B incorreta. O vírus varicela zóster causa varicela.
Alternativa C incorreta. A escarlatina apresenta exantema papular de aspecto em lixa.

(AMRIGS 2020) Criança de 18 meses de idade subitamente apresenta febre alta e contínua. Não se observa toxemia apesar da magnitude da
febre. Após 3 dias, a febre cessou bruscamente, surgindo lesões maculopapulares rosadas que se iniciaram no tronco e se disseminaram para
a cabeça e as extremidades. Após 2 dias, a erupção desapareceu sem deixar descamação ou hiperpigmentação. 
O quadro acima descrito é compatível com qual doença?
A) Sarampo.
B) Eritema infeccioso.
C) Exantema súbito.
D) Exantema por coxsackie.

COMENTÁRIO:
Não tem como errar, a descrição do quadro é sempre a mesma! Febre alta que surgiu subitamente e que, quando cessa, ocorre um
exantema: é exantema súbito!

Alternativa C correta.
Alternativa A incorreta. O sarampo apresenta febre, enantema, tosse, conjuntivite, prostração e exantema morbiliforme que inicia
retroauricular.
Alternativa B incorreta. O eritema infeccioso geralmente não tem pródromos. O exantema facial é do tipo “face esbofeteada” e o corporal,
de aspecto rendilhado.
Alternativa D incorreta. O vírus coxsackie causa a doença mão-pé-boca, em que temos úlceras orais e papulovesículas em mãos e pés.

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2.3 DIAGNÓSTICO

O diagnóstico do exantema súbito é essencialmente clínico, sendo que nenhum exame é necessário.
O que ocorre, muitas vezes, é uma ansiedade dos pais para descobrir a causa da febre ou da convulsão febril, sendo assim, quando são
solicitados exames para investigação, habitualmente apresentam resultados normais.
Podem ser coletados, mas não há recomendação: sorologia e PCR para detecção do DNA viral.

2.4 COMPLICAÇÕES

As complicações são raras e pouco presentes em provas, mas podem acontecer: encefalite, desmielinização aguda disseminada,
cerebelite, hepatite e miocardite.

2.5 TRATAMENTO

O tratamento do exantema súbito é apenas sintomático, acompanhado de orientação aos responsáveis.


Não há vacina disponível, nem profilaxia pós-exposição.

NÃO É UMA DOENÇA DE NOTIFICAÇÃO OBRIGATÓRIA!

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PONTOS PRINCIPAIS PARA A PROVA:

Herpesvírus humano 6 e 7.

Início súbito do quadro, com febre alta.

Bom estado geral.


EXANTEMA SÚBITO

Pode ocorrer convulsão febril.

Exantema que surge após o início da febre, maculopapular róseo, inicia no


tronco e distribui-se para os membros, de curta duração e desaparece sem
deixar marcas.

Diagnóstico: clínico, sorologias, detecção viral.

Tratamento: sintomáticos.

Não há vacina ou profilaxia pós-exposição.

Não é uma doença de notificação obrigatória.

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CAI NA PROVA
(SMS SP 2020) Em relação ao Exantema Súbito ou Roséola infantil, é correto afirmar que
A) tem como agente etiológico o parvovírus humano B19.
B) acomete principalmente a faixa etária escolar.
C) é considerada uma das causas mais comuns de convulsão febril.
D) nos países desenvolvidos é uma das principais causas de cardiopatia adquirida.
E) o início da doença é súbito, com febre alta e contínua, irritabilidade e toxemia.

COMENTÁRIO:

Alternativa C correta: A doença pode causar convulsão febril.

Alternativa A incorreta. É causado pelo herpesvírus 6 ou 7. O parvovírus B19 causa eritema infeccioso.
Alternativa B incorreta. É uma doença característica de crianças entre 6 meses e 6 anos, que predomina em menores de 2 anos.
Alternativa D incorreta. Não causa cardiopatia, pode causar miocardite, mas é raro.
Alternativa E incorreta. Não há toxemia, a criança permanece em bom estado geral.

(SMS GO 2020) Laís refere que a filha de 2 anos apresentou febre que chegava a 39,5ºC por 3 dias consecutivos há seis dias que era
acompanhada de rinorréia e eritema conjuntival. Procurou unidade de saúde há 3 dias sendo prescrita Amoxicilina na dose de 50 mg/kg/dia.
Há 2 dias não apresenta mais febre, porém hoje iniciou com máculas rosadas pequenas, que começaram no tronco e disseminaram-se pelo
pescoço, face extremidades proximais, sem prurido ou descamação. Sobre o caso é correto afirmar:
A) A criança apresenta uma provável alergia a Amoxicilina, devendo essa ser descontinuada.
B) O exantema faz parte do curso natural da doença e, portanto, o antibiótico deve ser mantido.
C) A criança apresenta um quadro de exantema súbito, devendo ser descontinuado o antibiótico e mantida medidas sintomáticas.
D) O antibiótico em uso deve ser suspenso e substituído por penicilina Benzatina na dose de 600000 UI.

COMENTÁRIO:
Observe o quadro clínico: a criança está com febre alta e pródromos inespecíficos. Quando cessou a febre, ela apresentou exantema.
Isso é clássico de exantema súbito!
Perceba que, desde o início, essa criança não tinha indicação de antibioticoterapia, afinal, ela apresentava apenas rinorreia e hiperemia
conjuntival. Além disso, se fossemos pensar em alergia ao antibiótico, o quadro seria de exantema pruriginoso, angioedema, broncoespasmo
ou anafilaxia.

Alternativa C correta.

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(UFPA 2019) Mãe comparece à consulta de lactente com 18 meses de idade devido a quadro de febre há 2 dias (TAx: 39°C), evoluindo hoje
pela manhã com manchas vermelhas no corpo. O último episódio de febre ocorreu ontem à tarde. Informa, ainda, que, desde o início do
quadro, o lactente está com apetite reduzido, porém aceita leite materno, mantém funções de eliminação dentro da normalidade e não
apresenta sintomas respiratórios. Ao exame BEG, ativo, eupneico, corado, hidratado. TAx = 36,7° C. Presença de gânglio 0,5 em cadeia cervical
anterior, sem sinais flogose. Orofaringe: leve hiperemia, sem exsudato. Pele: exantema papular em região anterior do tórax e braços. Ausculta
cardiopulmonar e palpação abdominal dentro da normalidade. Vacinação adequada para a idade. Com base no quadro acima, é CORRETO
afirmar que:
A) Deve ser realizada a prescrição de sintomáticos, quarentena domiciliar até 4 dias após desaparecimento do exantema, orientação quanto
a sinais de piora e coleta de sangue para sorologia de sarampo. A ficha de notificação compulsória deve ser preenchida para medidas de
investigação epidemiológica de caso suspeito de sarampo.
B) O fato de ter recebido vacinação contra sarampo há poucos meses (incluindo dose de reforço) afasta a possibilidade de se considerar o
caso acima como suspeito de sarampo.
C) Possivelmente, trata-se de caso de alergia desencadeada por medicamento e/ou corantes, uma vez que o último episódio de febre
ocorreu há mais de 12 horas.
D) Considerando a situação vacinal da criança, a faixa etária, o exame físico aliado ao bom estado geral, a principal hipótese diagnóstica é
de exantema súbito.
E) Deve ser realizada a coleta de sangue com vistas à sorologia (IgM e IgG) para investigação de dengue, zika vírus, chikungunya, rubéola e
sarampo, para esclarecimento do diagnóstico do caso e notificação de acordo com os resultados obtidos.

COMENTÁRIO:

Apesar de o examinador trazer um quadro clínico gigante, foque no que é importante! A criança apresentava
Alternativa D correta.
febre alta e, quando cessou, apareceu o exantema aliado a um bom estado geral. Isso é exantema súbito!
Alternativas A e B incorretas. O sarampo cursa com toxemia, prostração, exantema morbiliforme que inicia retroauricular, manchas de Koplik
e é prevenido com vacinação aos 12 e 15 meses.
Alternativa C incorreta. A alergia traria exantema pruriginoso, angioedema, broncoespasmo, anafilaxia.
Alternativa E incorreta. Aqui o examinador está atirando para todos os lados! Não faça isso! Pondere história clínica, exame físico e
epidemiologia para chegar ao diagnóstico.

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CAPÍTULO

3.0 ERITEMA INFECCIOSO


O eritema infeccioso é uma doença exantemática viral, altamente contagiosa, também chamada de parvovirose ou quinta doença. O
principal alvo do parvovírus B19 é a linha eritroide. A infecção lisa a célula, causando depleção dos precursores eritroides e uma diminuição
transitória da eritropoiese.

Figura: parvovírus

3.1 CARACTERÍSTICAS

Agente etiológico Parvovírus B19

Modo de transmissão Perdigotos

Período de incubação Entre 4 a 14 dias

Desconhecido, pois cessa após o aparecimento do


Período de transmissibilidade
exantema

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3.2 QUADRO CLÍNICO

No quadro clínico geralmente não há pródromos, sendo a primeira manifestação o exantema, que é considerado um fenômeno
imunológico pós-infeccioso.
O exantema inicia na face e, 1 a 4 dias após seu surgimento, evolui para os membros, inicialmente em face extensora, depois flexora
e tronco.

• EXANTEMA MACULOPAPULAR AVERMELHADO


• ATINGE A REGIÃO DAS BOCHECHAS – “FACE ESBOFETEADA/ASA DE BORBOLETA”
• TRONCO E MEMBROS – ASPECTO RENDILHADO

Mas não é só isso: mesmo depois da cura, o exantema pode reaparecer após

estresse, atividade física, exposição ao sol ou ao frio.

Face “esbofeteada”. Fonte: Shutterstock.

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Aspecto rendilhado em membros. Fonte: Shutterstock.

Além do exantema, o eritema infeccioso pode ter como manifestações:

• Geralmente afebril; • Crise aplástica transitória. Ocorre em pacientes com


• Artralgias, artrites; anemia hemolítica crônica. A diminuição da eritropoiese
• Miocardite; e da reticulocitopenia diminuem a hemoglobina sérica.
• Pode cursar com a rara síndrome das luvas e meias. Isso causa febre, mal-estar, letargia, sinais de anemia
É caracterizada por lesões purpúricas, simétricas, profunda, como palidez, taquicardia e taquipneia.
eritematosas e indolores nas mãos e nos pés, • Em imunocomprometidos, pode cursar com anemia
principalmente. É autolimitada, podendo durar de 1 a 2 crônica, neutropenia, trombocitopenia ou supressão de
semanas; medula óssea.
• Em grávidas, pode causar aborto, óbito fetal, anemia
fetal ou hidropisia.

Vamos treinar mais um pouco?

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CAI NA PROVA
(SUS SP 2020) Uma criança de 6 anos de idade apresenta um exantema facial, intensamente vermelho como se tivesse levado um tapa no
rosto, e palidez perioral. No tronco há um exantema macular, rendilhado, simétrico, pruriginoso, distribuindo-se para as pernas. Não houve
período prodrômico. Esse exantema, após sua resolução, pode recidivar dependendo de alterações ambientais, como exposição à luz solar. O
período de incubação dessa doença é de 4 a 14 dias. Dentre as alternativas abaixo, o diagnóstico mais provável é:
A) Rubéola.
B) Exantema súbito.
C) Eritema infeccioso.
D) Sarampo.
E) Escarlatina.

COMENTÁRIO:
Perceba que o examinador traz o quadro clínico característico do eritema infeccioso: “face esbofeteada”,
Alternativa C correta.
exantema rendilhado e que pode recidivar.
Alternativa A incorreta. A rubéola traz um exantema maculopapular róseo de progressão cefalocaudal.
Alternativa B incorreta. O exantema súbito traz febre alta, quando ela cessa, aparece o exantema.
Alternativa D incorreta. No sarampo, a criança está toxemiada, com tosse, febre, hiperemia conjuntival e exantema morbiliforme que inicia
retroauricular.
Alternativa E incorreta. A escarlatina traz febre, faringite, língua em framboesa e exantema com aspecto de “lixa”.

(UFSE 2019) Uma menina de 04 anos de idade é trazida à Unidade Básica de Saúde, pois apresentou há dez dias manchas eritematopapulares
coalescentes em face e palidez perioral, associadas a episódio de febre de 37,9°C. O quadro evoluiu nos cinco dias seguintes com manchas
eritematopapulares em braços, tronco e nádegas, que esvaneceram com aparência reticulada. Oito dias depois, após exposição solar, as
manchas retornaram na face e no tronco. O estado geral é bom, sem outras alterações no exame físico. A hipótese diagnóstica é de:
A) Sarampo.
B) Escarlatina.
C) Exantema súbito.
D) Eritema infeccioso.

COMENTÁRIO:
Temos aqui, mais uma vez, um exantema malar associado a um exantema rendilhado corporal que recidivou
Alternativa D correta.
após exposição solar. Quadro clássico de eritema infeccioso.
Alternativa A incorreta. No sarampo, a criança está toxemiada, com tosse, febre, hiperemia conjuntival e exantema morbiliforme que inicia
retroauricular.
Alternativa B incorreta. Na escarlatina há febre, faringite, língua em framboesa e exantema com aspecto de “lixa”.
Alternativa C incorreta. No exantema súbito há febre alta, quando ela cessa, aparece o exantema.

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(CERMAM 2020) Menina, 4a, previamente hígida, chega ao seu consultório com história de três dias com mal-estar e febre, sendo que há um
dia iniciou com lesão avermelhada na pele. Exame: FC= 90bpm, FR= 20irpm, lesões eritematosas nas regiões zigomáticas, preservando região
central da face e exantema reticulado em tronco e extremidades. Qual agente etiológico corresponde ao quadro clínico descrito?
A) Herpes vírus 6 e 7
B) Coxsackievirus A16 e A10
C) Vírus do sarampo
D) Parvovírus B19

COMENTÁRIO:

O agente etiológico do eritema infeccioso é o parvovírus B19.

Alternativa D correta.
O herpesvírus 6 e 7 causa exantema súbito e o coxsackie, doença mão-pé-boca.

3 .3 DIAGNÓSTICO
O diagnóstico, mais uma vez, é essencialmente clínico e nenhum exame é necessário. Podem ser coletados sorologia e PCR para a
detecção do DNA viral.

3 .4 TRATAMENTO

O tratamento do exantema súbito é apenas sintomático e orientação aos responsáveis.


Não há vacina disponível, nem profilaxia pós-exposição.
No caso de pacientes com anemia hemolítica crônica, pode ser necessária uma transfusão sanguínea.

NÃO É UMA DOENÇA DE NOTIFICAÇÃO OBRIGATÓRIA!

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PONTOS PRINCIPAIS PARA A PROVA:

Parvovírus B19.

A transmissão cessa após o início do exantema.

Exantema como manifestação inicial.

Exantema maculopapular avermelhado. Em face = “face esbofeteada”e no


corpo = aspecto rendilhado.
ERITEMA INFECCIOSO

Febre geralmente ausente.

Pode causar a rara síndrome das luvas e meias.

Crise aplástica transitória ocorre em pacientes com anemia hemolítica prévia.

Em gestantes, pode causar aborto, óbito fetal, anemia fetal e hidropisia.

Diagnóstico: clínico, sorologias, detecção viral.

Tratamento: sintomáticos. Pode ser necessário transfusão em pacientes com


anemia hemolítica prévia.

Não há vacina ou profilaxia pós-exposição.

Diagnóstico: clínico, sorologias, detecção viral.

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CAI NA PROVA

(HASP 2020) As doenças infectocontagiosas exantemáticas, em geral, requerem que crianças acometidas se afastem da escola por determinado
período. Qual doença exantemática que não exige o afastamento escolar?
A) Sarampo.
B) Eritema infeccioso.
C) Rubéola.
D) Varicela.

COMENTÁRIO:

Muito boa questão! O período de contágio do eritema infeccioso termina quando surge o exantema e, na
Alternativa B correta. maioria das vezes, a primeira manifestação é o próprio exantema. Portanto, quando fazemos o diagnóstico,
a criança não é mais contagiosa e não precisa se afastar da escola.

Alternativa A incorreta. O período de contágio do sarampo é durante a febre.


Alternativa C incorreta. O contágio da rubéola é de dias antes a 5 a 7 dias após.
Alternativa D incorreta. O período de contágio da varicela é de 10 dias após o contato com o caso fonte, até todas as lesões estarem em
crosta.

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(UFRJ 2019) A manifestação clínica inicial, nos casos típicos de eritema infeccioso em crianças, é:
A) Exantema confluente na face.
B) Febre alta ou moderada persistente.
C) Enantema puntiforme no palato.
D) Hiperemia conjuntival discreta.

COMENTÁRIO:

Alternativa A correta. No eritema infeccioso geralmente não há pródromos e o exantema é a primeira manifestação.
Alternativa B incorreta. A febre alta ou persistente como pródromo é característica do exantema súbito.
Alternativas C e D incorretas. O enantema no palato (manchas de Koplik) e a hiperemia conjuntival são pródromos do sarampo.

(SES RJ 2018) A conduta, para crianças com diagnóstico eritema infeccioso, é:


A) Manter a atividade física normal, com restrição de contato para gestantes, por cinco dias, após o aparecimento do exantema.
B) Restrição de atividade física, com restrição de contato para gestantes, por cinco dias, após o aparecimento do exantema.
C) Manter a atividade física normal, sem restrição de contato, após o aparecimento do exantema.
D) Restrição de atividade física, sem restrição de contato, após o aparecimento do exantema.

COMENTÁRIO:
A criança acometida pelo eritema infeccioso não possui restrição de atividade física. Também não há necessidade de restrição de
contato, pois, após o surgimento do exantema, não há mais contágio.

Alternativa C correta.

Prof. Helena Schetinger | Curso Extensivo | Abril 2022 40


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CAPÍTULO

4.0 RUBÉOLA
Após uma intensa campanha de vacinação, o último caso de rubéola no país ocorreu em 2008 e o de síndrome de rubéola congênita,
em 2009. Em abril de 2015, a região das Américas foi declarada pelo Comitê Internacional como a primeira do mundo livre da transmissão
endêmica.

4.1 CARACTERÍSTICAS

Agente etiológico Togavírus

Modo de transmissão Perdigotos

Período de incubação Entre 14 a 21 dias

Período de transmissibilidade Alguns dias antes a 5 a 7 dias depois do exantema

4.2 QUADRO CLÍNICO

Em torno de 30% dos casos de rubéola são assintomáticos. Nos sintomáticos, os pródromos tendem a ser leves, inclusive em alguns
casos podem estar ausentes.
O exantema pode ser a principal manifestação, veja suas características.

• EXANTEMA MACULOPAPULAR RÓSEO


• INICIA EM FACE, COM PROGRESSÃO CEFALOCAUDAL
• DURA 3 A 4 DIAS

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Fotos: exantema na rubéola. Fonte: Shutterstock.

Importante! Fique atento a esses dois sinais relacionados à rubéola, que são raros, mas já foram cobrados
em provas:
• Sinal de Forchheimer: o paciente apresenta lesões petequiais no palato mole. Não é
patognomônico.
• Sinal de Theodor: O paciente apresenta linfonodomegalia cervical, principalmente retroauricular.
Também não é patognomônico.

Sinal de Theodor.
Sinal de Forchheimer.

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4 .3 COMPLICAÇÕES
Apesar de ser pouco frequente, a principal complicação da rubéola é a artralgia. Muitas questões podem ser resolvidas com essa
informação, então fique atento!
Outras complicações podem ser a púrpura trombocitopênica e a encefalite.

Pronto para mais questões?

CAI NA PROVA
(HPP 2020) Menina de 10 anos, dor de garganta e febre baixa há quatro dias, é levada à consulta em razão de ter surgido, há 48 horas, uma
erupção discreta, eritematosa, maculopapular e não coalescente na face e, no mesmo dia, ter se espalhado pelos membros inferiores. O
exantema diminui de intensidade, mas a menina passou a queixar-se de dor nos joelhos. A mãe não sabe informar corretamente sobre
o esquema vacinal. Ao exame físico constatam-se, além do exantema, lesões eritematosas e puntiformes no palato mole, aumento dos
linfonodos retroauriculares, cervicais posteriores e occipitais, discretamente dolorosos. Qual o diagnóstico mais provável:
A) Sarampo
B) Escarlatina
C) Rubéola
D) Eritema Infeccioso
E) Doença de Kawasaki

COMENTÁRIO:

A criança da questão apresenta exantema maculopapular de evolução cefalocaudal, associado à linfonodomegalia


Alternativa C correta.
e à artralgia, o que é característico da rubéola.
Alternativa A incorreta. O sarampo traz uma criança toxemiada, com tosse, febre, hiperemia conjuntival e exantema morbiliforme que inicia
retroauricular.
Alternativa B incorreta. A escarlatina traz febre, faringite, língua em framboesa e exantema do aspecto de “lixa”.
Alternativa D incorreta. O eritema infeccioso traz exantema rendilhado no corpo e “face esbofeteada”.
Alternativa E incorreta. O primeiro critério para considerarmos doença de Kawasaki é a febre por mais de 5 dias, combinada com pelo
menos 4 dos seguintes critérios: conjuntivite bilateral não purulenta, alterações de mucosa oral, alterações de extremidades, rash cutâneo,
linfadenopatia cervical.

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(CSNSC 2020) Pré-escolar, três anos, inicia há três dias quadro de febre baixa (38ºC), dor de garganta, mal-estar, diminuição do apetite e
adenomegalias em região suboccipital e pós auriculares bilaterais, seguido de rash macular róseo claro, irregular, disseminado, iniciado em
face e pescoço, distribuindo-se pelo corpo. Não há descamação após desaparecimento do mesmo. No início do quadro, o exame da orofaringe
revelava lesões pequenas, de coloração rósea e petéquias em palato mole. Qual o agente mais provável:
A) Rotavírus
B) Epstein-Barr
C) Vírus da rubéola
D) Vírus do sarampo

COMENTÁRIO:

Aqui temos uma criança com linfonodomegalias, enantema (sinal de Forchheimer) e um exantema róseo de
Alternativa C correta.
progressão cefalocaudal. O diagnóstico é rubéola.
Alternativa A incorreta. O rotavírus não causa exantema.
Alternativa B incorreta. A mononucleose apresenta faringite, febre, adenopatias, hepatoesplenomegalia e rash cutâneo maculopapular
principalmente em tronco.
Alternativa D incorreta. O sarampo traz um exantema morbiliforme que inicia retroauricular, associado à febre, à prostração, à tosse e à
hiperemia conjuntival.

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4.3.1 SÍNDROME DA RUBÉOLA CONGÊNITA


Mais frequente nas provas que a rubéola na criança, é a síndrome da rubéola congênita. Ela ocorre quando a gestante é infectada pelo
vírus e acaba transmitindo-o, via transplacentária, para o bebê.
As sequelas podem ser surdez, catarata e cardiopatia, associadas a outras manifestações inespecíficas, como baixo peso ao nascer,
hepatoesplenomegalia, icterícia e alterações neurológicas. Será vista com detalhes no capítulo de infecções congênitas.

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4.4 PREVENÇÃO

Como já falei, a vacinação é o meio mais eficaz de prevenção da rubéola. O esquema completo é feito com a primeira dose aos 12
meses, na tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), e a segunda dose aos 15 meses, na tetraviral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela).
Por ser uma vacina viva atenuada, é contraindicada para imunodeprimidos e gestantes.
Não há imunoglobulina disponível para a rubéola e a profilaxia pós-exposição deve ser feita com vacinação, exceto naqueles casos
contraindicados.

4.5 DIAGNÓSTICO

O diagnóstico da rubéola é essencialmente clínico e nenhum exame é necessário, na maioria dos casos.
Pode ser realizado o isolamento do vírus do material de nasofaringe ou da urina ou uma pesquisa de anticorpos da classe IgM e de IgG
contra rubéola no soro.

4.6 TRATAMENTO

Por fim, o tratamento é apenas sintomático e orientação aos responsáveis.

É UMA DOENÇA DE NOTIFICAÇÃO OBRIGATÓRIA, INCLUINDO


A SÍNDROME DA RUBÉOLA CONGÊNITA.

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PONTOS PRINCIPAIS PARA A PROVA:

Togavírus.

Pródromos leves ou ausentes.

Exantema como manifestação inicial.

Exantema maculopapular róseo que inicia em face, tem progressão cefalocau-


dal e dura 3-4 dias.

Principal complicação é a artralgia.


RUBÉOLA

Síndrome da rubéola congênita: surdez, catarata e cardiopatia.

Diagnóstico: clínico, sorologias, isolamento viral em secreções.

Tratamento: sintomáticos.

Vacinação aos 12 e 15 meses.

Não há imunoglobulina específica.

É uma doença de notificação obrigatória, incluindo a síndrome da rubéola


congênita.

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(HPP 2019) Uma criança de 20 dias de vida é levada ao hospital porque se observou que ela cansa após as mamadas. Nasceu de parto a
termo e normal, domiciliar, tendo a mãe feito apenas uma consulta no pré-natal. O exame físico mostra um recém-nascido com peso de 1950
gramas, estatura de 45 cm, perímetro cefálico de 29 cm, icterícia ++/++++, hipoatividade, fontanelas abertas e normotensas, craniotabes
negativo, presença de nistagmo, ausculta pulmonar com murmúrio vesicular presente bilateralmente sem ruídos adventícios, à ausculta
cardíaca sopro contínuo no 2º espaço intercostal esquerdo, palpação abdominal com fígado a 3,5 cm do rebordo costal direito e baço a 3 cm
do rebordo costal esquerdo. Dos reflexos primitivos, o de Moro é ausente. Este quadro sugere que, durante a gestação, a infecção materna
mais provável foi:
A) Sífilis.
B) Aids.
C) Rubéola.
D) Herpes.
E) Toxoplasmose.

COMENTÁRIO:
Temos aqui um neonato com quadro de alteração na ausculta cardíaca, o que significa uma cardiopatia congênita.
Alternativa C correta.
Isso é característico da síndrome da rubéola congênita.
Alternativa A incorreta. A sífilis pode trazer hepatoesplenomegalia, mas não traz cardiopatia.
Alternativa B incorreta. O HIV não traz sintomas ao nascimento, pois não há imunodepressão. Os sintomas tendem a ser tardios, com
infecções oportunistas e de repetição.
Alternativa D incorreta. A herpes simples congênita é rara e pode trazer vesículas cutâneas, conjuntivite, acometimento neurológico, entre
outros. Não há cardiopatia.
Alternativa E incorreta. A toxoplasmose congênita pode ser assintomática ou manifestar-se com a tétrade de Sabin: coriorretinite, calcificações
cerebrais, hidro ou microcefalia e retardo mental.

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(SEMAD RJ 2017) Dentre as doenças infecciosas abaixo, aquela que geralmente não apresenta Pródromos, ou em que estes são tão leves que
passam despercebidos é:
A) Sarampo
B) Rubéola
C) Coqueluche
D) Escarlatina
E) Exantema Súbito

COMENTÁRIO:
Alternativa B correta. A rubéola apresenta, antes do exantema, pródromos leves ou até mesmo ausentes.
Alternativa A incorreta. O sarampo apresenta como pródromos prostração, febre, tosse, hiperemia conjuntival.
Alternativa C incorreta. A coqueluche apresenta sinais de infecção respiratória alta como pródromo.
Alternativa D incorreta. A escarlatina traz febre, faringite e língua em framboesa como pródromo.
Alternativa E incorreta. O pródromo do exantema súbito caracteriza-se por febre alta.

Tem alguém cansado aí? Tudo bem! Pausa para o café!

Descanse, tome seu café e volte,


ainda temos muitas coisas interessantes para ver!

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CAPÍTULO

5.0 VARICELA
A varicela é uma doença infecciosa viral que pode complicar com infecção bacteriana secundária. Popularmente, é conhecida como
catapora.
Segundo o site do Ministério da Saúde, não há dados consistentes sobre a incidência de varicela no Brasil, pois somente casos graves
internados e óbitos são de notificação compulsória. A estimativa é de cerca de 3 milhões de casos ao ano, tanto em adultos quanto em
crianças.

5 .1 CARACTERÍSTICAS

Agente etiológico Vírus varicela-zóster

Modo de transmissão Aerossol

Período de incubação entre 10 a 21 dias

Período de transmissibilidade Do 10º dia após o contato até a formação de crostas

5 .2 QUADRO CLÍNICO

Os pródromos tendem a ser leves, inespecíficos, com febre baixa e mal-estar. Entretanto, em adolescentes e adultos, normalmente
são bem mais severos.
A erupção inicia com máculas, que se tornam pápulas, vesículas, pústulas e, por fim, crostas. Começam na cabeça, atingem mucosas
e descem para o corpo. Como as lesões surgem em momentos diferentes, há várias erupções em estágios diferentes, caracterizando um
exantema polimórfico.

MÁCULA PÁPULA VESÍCULA PÚSTULA CROSTA

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• EXANTEMA POLIMÓRFICO PRURIGINOSO


• INICIA EM FACE, COM PROGRESSÃO CEFALOCAUDAL
• ENVOLVIMENTO DE COURO CABELUDO E MUCOSAS

Foto: Exantema da varicela. Repare nas lesões em fases diferentes. Fonte: Shutterstock.

A síndrome da varicela congênita é pouco frequente. Ela pode causar lesões cicatriciais cutâneas, malformações de membros,
malformações cerebrais, coriorretinite, catarata e microftalmia.

Vamos treinar, siga firme!

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CAI NA PROVA
(HMAR 2019) Qual é o principal diagnóstico para uma criança de 8 anos que apresenta quadro de febre, com presença de sinal de Foshereimer
e lesões polimórficas nucleadas, com inclusões eosinofílicas, que iniciaram-se de forma centrípeta?
A) Parvovirose.
B) Varicela.
C) Doença de Kawasaki.
D) Rubéola.

COMENTÁRIO:
Essa é uma questão que parece difícil, mas atente-se que o examinador afirma que as lesões são polimórficas!
Alternativa B correta.
Pode esquecer todo o resto! Lesões polimórficas são vistas na varicela!
Alternativa A incorreta. O exantema da parvovirose (eritema infeccioso) é do tipo “face esbofeteada” associado ao aspecto rendilhado
corporal.
Alternativa C incorreta. Como vimos anteriormente, o primeiro critério para considerarmos doença de Kawasaki é a febre por mais de 5
dias, combinada com pelo menos 4 dos seguintes critérios: conjuntivite bilateral não purulenta, alterações de mucosa oral, alterações de
extremidades, rash cutâneo, linfadenopatia cervical. O exantema pode ser polimórfico, mas faltam os outros critérios.
Alternativa D incorreta. O exantema da rubéola é maculopapular róseo.

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5.3 COMPLICAÇÕES

A principal complicação é a infecção cutânea bacteriana secundária, principalmente após escoriações pela coçadura, por germes
cutâneos, como o S. aureus.

Mas não é só isso, há outras complicações que podem


ocorrer. São elas:
Síndrome de Reye. Essa síndrome tem causa desconhecida,
mas está associada a infecções por influenza e varicela em crianças
que utilizam ácido acetilsalicílico (AAS) de modo contínuo.  Os
sintomas são bifásicos, iniciam como uma infecção viral, iguais ao
da doença de base, seguido por encefalopatia aguda, que pode
levar ao coma e a óbito. O tratamento é de suporte.
Infecção disseminada. Pode causar pneumonia, hepatite,
trombocitopenia, encefalite, ataxia cerebelar e mielite aguda.
Ocorre principalmente em imunodeprimidos.
A herpes-zóster é uma reativação do vírus da varicela, que
fica latente após a infecção inicial, nos gânglios. É mais comum
em maiores de 50 anos, mas pode ocorrer em qualquer idade,
desencadeada por imunossupressão, estresse, privação de sono,
neoplasias, diabetes e doenças crônicas.

Foto: varicela infectada. Fonte: arquivo pessoal.

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5.4 PREVENÇÃO

Com a introdução da vacina tetraviral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela) para crianças de 15 meses de idade, no calendário
nacional de vacinação em 2013, houve uma redução considerável do número de internações no SUS.
O esquema completo é feito com a primeira dose aos 15 meses na tetraviral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela) e a segunda
dose aos 4 anos, na vacina da varicela isolada. As vacinas são vivas atenuadas, portanto, contraindicadas em caso de gestação ou
imunossupressão.

Indivíduos vacinados contra varicela podem vir a apresentar a doença, mas geralmente são casos muito leves e sem complicações
graves.

Mas, atenção! Pela Sociedade Brasileira de Imunizações e a Brasileira de Pediatria, o uso da tetraviral deve ser feito em duas doses, aos
12 e aos 15 a 18 meses.
Para crianças maiores, adolescentes e adultos não imunizados, as sociedades também indicam o esquema de duas doses, mas não há
disponibilidade pelo sistema público, apenas no privado.

5.5 PROFILAXIA PÓS–EXPOSIÇÃO

Na pós-exposição, a profilaxia pode ser feita utilizando-se vacina ou imunoglobulina.


Devemos dar sempre preferência à vacina, porém ela é viva atenuada e não pode ser feita para estes pacientes: imunodeprimidos,
grávidas, menores de um ano internados em hospitais, RNs de mães que desenvolveram a doença 5 dias antes ou 2 dias após o parto,
prematuros maiores de 28 semanas cuja mãe nunca tenha tido varicela, e menores de 28 semanas, independentemente de ter havido
infecção materna prévia. Neles, a imunoglobulina deve ser utilizada em até 96 horas após a exposição. Grave bem esses dados, pois os
examinadores gostam muito desse tema!

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Confira este resumo sobre a conduta em contactantes:

CONTACTANTES DE VARICELA

Até 3 a 5 dias após


VACINA Maiores de 9 meses imunocompetentes
a exposição

Imunodeprimidos
Gestantes
Menores de um ano em contato hospitalar com o vírus
RNs de mães que desenvolveram a doença 5 dias antes ou 2 dias Até 96 horas após
IMUNOGLOBULINA
após o parto exposição
Prematuros > 28 semanas, cuja mãe nunca teve varicela
Prematuros < 28 semanas, independentemente da história
materna de varicela

5 .6 DIAGNÓSTICO

O diagnóstico também é essencialmente clínico e nenhum exame é necessário. Na fase de vesícula, pode ser realizado um exame do
líquido por microscopia eletrônica ou anticorpos podem ser detectados pelo teste de imunofluorescência indireta.

5 .7 TRATAMENTO

Na maioria dos casos, o tratamento é sintomático apenas, mas para alguns pacientes, há a indicação de aciclovir.

ACICLOVIR
• Todos os maiores de 12 anos;
• Os maiores de 12 meses com:
Doença cutânea crônica;
Doença pulmonar crônica;
Neuropatas crônicos;
Usuários crônicos de corticosteroides, mesmo aerossol;
Usuários de salicilatos.

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O tratamento deve ser iniciado o mais brevemente possível, de preferência nas primeiras 24 horas do surgimento do exantema. A dose
é de 20 mg/kg/dose, 4x ou 5x ao dia, por 5 dias.
A terapia endovenosa está indicada em imunocomprometidos e nos casos em que a infecção está disseminada. Utilizamos o aciclovir
endovenoso, na dose de 10 m/mg/kg/dose a cada 8 horas, por 7 a 14 dias.

O uso de antissépticos locais, por exemplo o banho de permanganato de potássio, não é mais indicado,
porque, quando mal diluídos, eles podem causar queimaduras na pele, além disso, não se comprovou que
previnem a infecção bacteriana secundária.
O uso de antibióticos não está indicado a menos que haja uma infecção secundária bacteriana e, nesse
caso, deve ser direcionado a ela.

NÃO É UMA DOENÇA DE NOTIFICAÇÃO OBRIGATÓRIA NACIONAL*,


EXCETO CASOS GRAVES INTERNADOS OU ÓBITOS!
*Alguns estados exigem a notificação da doença, mesmo sem gravidade.

Apesar de nenhuma questão até então ter cobrado essa informação, é importante que você conheça a obrigatoriedade do estado no
qual você irá prestar prova!

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PONTOS PRINCIPAIS PARA A PROVA:

Vírus varicela-zóster.

Pródromos leves, principalmente em adolescentes e adultos.

Exantema polimórfico de progressão cefalocaudal.

Não poupa mucosas e couro cabeludo.

Complicação principal: infecção cutânea. Outras: síndrome de Reye, doença


disseminada, herpes-zóster.
VARICELA

Varicela congênita: lesões cicatriciais, malformações de membros.

Diagnóstico: clínico, análise do líquido das lesões.

Tratamento: sintomáticos. Alguns casos são tratados com aciclovir VO ou EV.

Vacinação aos 15 meses e 4 anos.

Imunoglobulina para imunodeprimidos; gestantes; menores de um ano


internados; RNs filhos de mães que desenvolveram a doença 5 dias antes ou
2 dias depois do parto; prematuros maiores de 28 semanas, cuja mãe nunca
tenha tido varicela ou menores de 28 semanas, independentemente da
infecção prévia.

É uma doença de notificação obrigatória para casos graves internados e


óbitos. Alguns estados exigem sua notificação mesmo em casos simples.

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CAI NA PROVA
(IAMSPE 2020) Adolescente do sexo feminino, 14 anos de idade, previamente hígida, apresenta quadro de febre de até 38,5°C há 3 dias e, há
1 dia, com surgimento de exantema pruriginoso pelo corpo. Sem outras queixas. Ao exame, adolescente em bom estado geral, com presença
de máculas, pápulas, vesículas e pústulas espalhadas pelo corpo, com acometimento inclusive do couro cabeludo e mucosa oral. Sem outras
alterações ao exame clínico. Está indicado para o tratamento do quadro atual:
A) apenas sintomáticos.
B) imunoglobulina.
C) vitamina A.
D) aciclovir.
E) Ceftriaxone.

COMENTÁRIO:
Temos aqui um adolescente de 14 anos com quadro de varicela. Para maiores de 12 anos, utilizamos o aciclovir por via oral. O tratamento
deve ser iniciado o mais cedo possível, de preferência nas primeiras 24 horas do surgimento do exantema. A dose é de 20 mg/kg/dose, 4x ou
5x ao dia, por 5 dias.

(SUS SP 2020) Durante a orientação para alta, um paciente internado na enfermaria apresenta lesões de pele compatíveis com varicela. No
mesmo quarto, estão internados mais 2 pacientes imunocompetentes, susceptíveis e não vacinados: (A) com 5 meses de idade e (B) com
10 meses de idade. Considerando que o caso índice receberá alta hospitalar, além do isolamento com precaução para contato, gotículas e
aerossóis, a melhor conduta, dentre as abaixo, em relação aos pacientes comunicantes A e B é
A) Paciente A vacina contra varicela; Paciente B vacina contra varicela
B) Paciente A imunoglobulina humana antivaricela-zoster; Paciente B vacina contra varicela
C) Paciente A vacina contra varicela; Paciente B imunoglobulina humana antivaricela-zoster
D) Paciente A imunoglobulina humana antivaricela-zoster; Paciente B imunoglobulina humana antivaricela-zoster
E) Paciente A imunoglobulina humana antivaricela-zoster, se apresentar sintomas; Paciente B imunoglobulina humana antivaricela-zoster,
se apresentar sintomas

COMENTÁRIO:
Temos aqui um paciente internado que apresentou varicela. Devemos realizar profilaxia para as outras crianças
Alternativa D correta.
internadas na mesma enfermaria. A profilaxia é feita com vacina ou imunoglobulina.
A vacina é feita de vírus vivo atenuado, portanto, não pode ser feita em imunodeprimidos, pelo risco de causar doença. Ela é indicada
aos 15 meses e 4 anos no calendário vacinal, porém está liberada para ser aplicada a partir dos 9 meses para contactantes da doença.
Já a imunoglobulina apresenta apenas anticorpos prontos, sem patógeno, portanto liberada para ser aplicada em imunodeprimidos,
gestantes, neonatos nascidos de mães que manifestaram a doença 5 dias antes ou 2 dias depois do parto, menores de um ano em contato
hospital com o vírus, prematuros maiores de 28 semanas devem ser imunizados apenas se a mãe nunca tiver tido a doença e menores de 28
semanas, independentemente do histórico materno.
Portanto, as crianças de 5 e 10 meses deverão receber imunoglobulina.

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(SANTA CASA DE GOIÂNIA 2020) Criança de 10 anos de idade, com lesões vesicobolhosas percorrendo um dimídio corporal em região
toracodorsal, com prurido, ardor e dor, foi levada ao pronto-socorro. Após examiná-la e conversar com os pais, o pediatra concluiu que a
referida criança está com herpes-zóster. Para ter esta doença, é necessário que a criança tenha apresentado anteriormente:
A) herpes simples.
B) citomegalovirose.
C) sífilis.
D) varicela.

COMENTÁRIO:

Alternativa D correta. A herpes-zóster é uma reativação do vírus da varicela, que fica latente após a infecção inicial, nos gânglios.

(HMAR 2020) O uso de aciclovir oral para o tratamento de pessoas da varicela sem condições de risco de agravamento não está indicado até
o momento, exceto para aquelas com idade inferior a 12 anos, não podemos concordar que:
A) Portadoras de doença dermatológica crônica.
B) Pessoas com neuropatias crônicas.
C) Pessoas que recebem medicamentos à base de corticoides por aerossol ou via oral, mas não por via endovenosa.
D) Aquelas que estejam recebendo tratamento com ácido acetilsalicílico por longo tempo

COMENTÁRIO:
Temos aqui uma questão que parece confusa, mas o que o examinador quer é a alternativa incorreta em relação ao aciclovir oral.
O tratamento com aciclovir oral deve ser realizado para maiores de 12 anos ou maiores de 12 meses com doença cutânea crônica,
doença pulmonar crônica, neuropatas crônicos, usuários de corticosteroides e de salicilatos.
Observe que não especificamos a via do corticosteroides, pois todos eles devem utilizar aciclovir por via oral.
A via endovenosa é indicada para imunocomprometidos e infecção disseminada apenas.

Alternativa C correta.

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CAPÍTULO

6.0 DOENÇA MÃO-PÉ-BOCA


A doença mão-pé-boca é uma enterovirose. Apesar de ser pouco cobrada em provas de Residência Médica, é bem comum no dia a dia
dos pediatras, especialmente em crianças que frequentam creches.

6.1 CARACTERÍSTICAS

Agente etiológico Coxsackie A16 ou Enterovirus 71

Modo de transmissão Fecal-oral ou por secreções respiratórias

Período de incubação Entre 3 e 6 dias

Antes do aparecimento dos sintomas até semanas após


Período de transmissibilidade
a infecção

6.2 QUADRO CLÍNICO


O pródromo é inespecífico, composto por febre baixa, irritabilidade e anorexia. O exantema é caracterizado, como o próprio nome já
diz, em lesões na boca, mãos e pés.

• ÚLCERAS DOLOROSAS EM OROFARINGE


• PAPULOVESÍCULAS EM MÃOS E PÉS

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As úlceras podem ocorrer em lábios, língua, palato e gengivas. As papulovesículas ocorrem principalmente em mãos e pés, mas em
lactentes, podem ocorrer lesões perineais.
As formas extensas podem cursar com lesões vesicobolhosas disseminadas.
Desaparecem sem deixar manchas, mas pode haver descamação cutânea ou ungueal.

Fonte: Shutterstock.

6 .3 COMPLICAÇÕES

Raramente ocorre disseminação grave da doença, como mioclonias, tremores, ataxia e paralisia de nervos cranianos, que evolui para
falência cardiorrespiratória.

6 .4 PREVENÇÃO

Como a principal transmissão é a fecal-oral, a melhor prevenção é a higiene. Crianças afetadas devem ser afastadas da creche e do
convívio de outras crianças.
Não há vacina ou imunoglobulina disponível.

6 .5 DIAGNÓSTICO

O diagnóstico é essencialmente clínico.


Podemos utilizar a cultura celular, a detecção do RNA viral por PCR ou a sorologia, mas geralmente não há necessidade.

6 .6 TRATAMENTO

Apenas sintomáticos devem ser utilizados e os pais devem ser orientados.

NÃO É UMA DOENÇA DE NOTIFICAÇÃO OBRIGATÓRIA!

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PONTOS PRINCIPAIS PARA A PROVA:

Coxsackie A16.

Transmissão principal: fecal-oral.


DOENÇA MÃO-PÉ-BOCA

Pródromo: febre baixa, irritabilidade, anorexia.

Úlceras em orofaringe e papulovesículas em mãos e pés.

As complicações são raras.

Não há vacina ou imunoglobulina.

Diagnóstico: clínico, cultura viral, busca do RNA por PCR, sorologias.

Não é uma doença de notificação obrigatória.

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CAI NA PROVA

(PUCRS 2020) Criança de 2 anos é levada à consulta por história de febre, irritabilidade e anorexia há 3 dias. Ao exame físico, nota-se na boca a
presença de lesões vesiculares e ulceradas. Papulovesículas de 3 a 7 mm também são observadas em dedos, dorso e palma das mãos e planta
dos pés. A etiologia mais provável é__________, devendo-se tratar com______________e orientar para_____________.
A) Enteroviral – sintomáticos – isolamento e restrição de contato com outras crianças
B) Enteroviral – sintomáticos – imunoglobulina e vacinação específica contra a doença
C) bacteriana – antibioticoterapia – vacinação específica contra a doença
D) bacteriana – antibioticoterapia e imunoglobulina – isolamento e restrição de contato com outras crianças

COMENTÁRIO:
Observe o quadro, ele traz úlceras em orofaringe, associadas a papulovesículas de mãos e pés. Isso é característico da doença mão-pé-
boca, uma enterovirose que deve ser tratada com sintomáticos. Não há vacina nem imunoglobulina, apenas deve ser restringido o contato
com outras crianças.
Alternativa A correta.

(UDI MA 2020) As doenças exantemáticas na pediatria ganharam destaque este ano com o retorno de doenças que estão associadas à não
realização da vacinação, a doenças vetoriais e a doenças sazonais. Sobre a Síndrome Mão-Pé-Boca, que é uma doença exantemática da
infância, selecione a opção correta para o agente etiológico responsável.
A) Evento Adverso Vacinal
B) Sarampo
C) Adenovírus
D) Zika vírus
E) Coxsackie vírus

COMENTÁRIO:
A doença mão-pé-boca é causada pelo coxsackie vírus A16 ou enterovírus 71.

Alternativa E correta.

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MED

(HNMD RJ 2019) Lactente chega à emergência de uma UPA apresentando febre há 2 dias, com recusa alimentar e prostração. O exame clínico
mostra rash maculopapular, com presença de vesículas localizadas na região da boca, mãos e pés, cuja forma tem aspecto alongado, em
formato de grão de arroz, rodeadas por halo eritematoso. O diagnóstico e o agente etiológico são, respectivamente:
A) Doença mão-pé-boca / Coxsackievirus.
B) Nasofaringite comum / Rinovírus.
C) Varicela / Herpes-Zóster.
D) Impetigo / Staphylococcus epidermidis.
E) Molusco contagioso / DNA-vírus do grupo poxvírus.

COMENTÁRIO:

Alternativa A correta. Um rash com vesículas em boca, mãos e pés já nos dá o diagnóstico da doença mão-pé-boca. O agente etiológico
é o coxsackievirus.

Alternativa B incorreta. A nasofaringite comum causada pelo rinovírus ocasiona principalmente sintomas respiratórios de tosse e coriza e
não há exantema ou lesões orais.
Alternativa C incorreta. A varicela causaria um exantema polimórfico difuso.
Alternativa D incorreta. Causado geralmente pelo S. aureus, o impetigo é uma infecção superficial da pele, mais frequentemente na face ou
extremidades nas crianças, cujas lesões formam agrupamentos de vesículas ou pústulas que se rompem e evoluem com crostas melicéricas
(cor de mel), o que não há nesse caso.
Alternativa E incorreta. O molusco contagioso, causado pelo poxvírus, caracteriza-se por pequenas pápulas da cor da pele, umbilicadas na
região central, e não há lesões orais nem febre.

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CAPÍTULO

7.0 ESCARLATINA
A escarlatina é uma doença exantemática bacteriana. Veja bem, até agora as doenças eram virais, então preste atenção, pois essa é a
exceção nessa aula!

7 .1 CARACTERÍSTICAS

Toxinas eritrogênicas do estreptococo beta hemolítico


Agente etiológico
do grupo A – Streptococcus pyogenes

Modo de transmissão Secreções respiratórias

Período de incubação Entre 4 e 7 dias

Desde os pródromos até a resolução do quadro ou até


Período de transmissibilidade
24 horas após o início do tratamento

7 .2 QUADRO CLÍNICO

Os pródromos têm duração aproximada de 48 horas e são acompanhados por febre, amigdalite e língua em framboesa.

Foto: língua em framboesa. Fonte: Shutterstock.

Após os pródromos, surge o exantema. Aqui, ele é bem característico e consiste em dois sinais e um exantema do tipo “lixa”, pois a
sensação que temos ao tocá-lo é de estar tocando em uma lixa.

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Você se lembra do outro diagnóstico que causa a “língua em framboesa”?


Isso mesmo, doença de Kawasaki!

• EXANTEMA PAPULAR, PRURIGINOSO, TIPO “LIXA”


• SINAL DE PASTIA
• SINAL DE FILATOV

Os sinais de Pastia e Filatov são característicos da doença e muito frequentes em provas!


O sinal de Pastia é uma exacerbação do exantema em áreas de dobras. O sinal de Filatov é uma palidez perioral.

Sinal de Filatov.

Por fim, após 14 dias, pode ocorrer descamação laminar,


principalmente em mãos e pés.

Sinal de Pastia.

Vamos com tudo, estamos no final!

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CAI NA PROVA
(PUC SOROCABA 2020) Mãe relata que seu filho de sete anos apresentou febre alta, calafrios, cefaleia, adinamia e dor de garganta. Dois
dias depois, surgiu exantema formado por pápulas eritematosas puntiformes próximas umas das outras, mais intenso em dobras/ pregas
cutâneas. Percebe-se também um discreto rubor facial, exceto por uma nítida palidez peribucal. Considerando esse quadro, o diagnóstico
mais provável é:
A) Eritema infeccioso.
B) Mononucleose.
C) Escarlatina.
D) Rubéola.
E) Nenhuma das anteriores.

COMENTÁRIO:
A criança apresenta faringite associada ao exantema, o qual é mais proeminente em dobras (sinal de Pastia) e palidez perioral (sinal de
Filatov), característico de escarlatina.
Alternativa A incorreta. O eritema infeccioso é caracterizado pela “face esbofeteada”, associada a um exantema rendilhado corporal.
Alternativa B incorreta. A mononucleose apresenta faringite, febre, adenopatias, hepatoesplenomegalia e rash cutâneo maculopapular,
principalmente em tronco.
Alternativa D incorreta. A rubéola traz pródromos leves, associado a um exantema maculopapular róseo.

Alternativa C correta.

(SMS GOIÂNIA 2020) Felipe, 6 anos, apresenta ao exame físico faringoamidalite, adenomegalia cervical e exantema micropapular em ""lixa"".
Qual o provável diagnóstico?
A) Escarlatina.
B) Sarampo.
C) Eritema infeccioso.
D) Doença de Kawasaki.

COMENTÁRIO:

Alternativa A correta. Faringite+ exantema em lixa: pode marcar escarlatina sem medo de errar!
Alternativa B incorreta. O sarampo traz um exantema morbiliforme que inicia retroauricular, associado à febre, à prostração, à tosse e à
hiperemia conjuntival.
Alternativa C incorreta. O eritema infeccioso é caracterizado pela “face esbofeteada”, associada a um exantema rendilhado corporal.
Alternativa D incorreta. O primeiro critério para considerarmos doença de Kawasaki é a febre por mais de 5 dias, combinada com pelo
menos 4 dos seguintes critérios: conjuntivite bilateral não purulenta, alterações de mucosa oral, alterações de extremidades, rash cutâneo,
linfadenopatia cervical.

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7.3 COMPLICAÇÕES

As principais complicações das estreptococcias, muito cobradas em provas, são duas. Elas serão vistas em capítulos próprios, mas não
esqueça delas!
• Febre reumática;
• Glomerulonefrite difusa aguda.

7 .4 DIAGNÓSTICO

Aqui, temos mais uma diferença! Além da anamnese e do exame físico, o diagnóstico da escarlatina
é feito através da pesquisa de estreptococo beta-hemolítico em orofaringe.

7 .5 TRATAMENTO

Como é habitual em uma infecção bacteriana, o tratamento incluem-se as duas opções citadas anteriormente, junto da
é feito através de antibióticos. penicilina benzatina intramuscular dose única.
O antibiótico de escolha é a penicilina, mas a amoxicilina é Não há vacina ou imunoglobulina para prevenção.
o antibiótico oral mais comumente utilizado. A dose da amoxicilina O tempo necessário de isolamento da criança após o início
é de 40 a 60 mg/kg/dia, dividida em três tomadas, por 7 a 10 dias. do tratamento com antibiótico é de 24 horas.
Em pacientes com histórico de febre reumática aguda,

NÃO É UMA DOENÇA DE NOTIFICAÇÃO OBRIGATÓRIA!

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PONTOS PRINCIPAIS PARA A PROVA:

Estreptococo beta-hemolítico do grupo A.

Pródromo: febre, amigdalite, língua em framboesa.

Exantema papular, pruriginoso, aspecto de “lixa”.


ESCARLATINA

Sinal de Pastia e de Filatov.

Diagnóstico: clínico, pesquisa de estreptococo em orofaringe.

Complicações: febre reumática e GNDA.

Tratamento: penicilina ou amoxicilina.

Não há vacina ou imunoglobulina.

Não é uma doença de notificação obrigatória.

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CAI NA PROVA
(UNAERP 2020) Escolar, 7 anos, iniciou com quadro de cefaleia, vômitos e febre alta há 30 horas. Ao exame físico: presença de exantema
micro papular difuso, mais intenso em dobras e presença de palidez perioral. Na oroscopia, você nota a presença de enantema da mucosa
oral. Qual é o agente etiológico?
A) Herpes vírus do tipo 6.
B) Streptococcus pyogenes do grupo A.
C) Parvovírus B19.
D) Coxsackie vírus.
E) Togavírus.

COMENTÁRIO:
A criança da questão apresenta os sinais de Pastia e Filatov, característicos da escarlatina, causada por
Alternativa B correta.
estreptococo beta-hemolítico (S. pyogenes) do grupo A.
Alternativa A incorreta. Esse é o agente etiológico do exantema súbito.
Alternativa C incorreta. Esse é o agente etiológico do eritema infeccioso.
Alternativa D incorreta. Esse é o agente etiológico da doença mão-pé-boca.
Alternativa E incorreta. Esse é o agente etiológico da rubéola.

(PUC SOROCABA 2020) O tempo necessário para suspender o comparecimento à escola, à creche ou a festas após o início do tratamento com
antibiótico para a prevenção do contágio da tonsilite aguda ou escarlatina é de
A) 48 horas.
B) 24 horas.
C) 72 horas.
D) 7 dias.

COMENTÁRIO:
O tempo necessário para suspender o comparecimento à escola, à creche ou a festas após o início do tratamento com antibiótico, para
a prevenção do contágio da tonsilite aguda ou da escarlatina aos demais, é de 24 horas.

Alternativa B correta.

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(HNMD 2018) Uma menina com 8 anos de idade recebe diagnóstico de escarlatina. A causa das manifestações cutâneas observadas na
doença e seu tratamento, respectivamente, são:
A) Endotoxina pirogênica do estreptococo do grupo B e amoxicilina durante 10 dias.
B) Toxina eritrogênica do estreptococo do grupo A e eritromicina durante 7 dias.
C) Endotoxina pirogênica do estreptococo do grupo B e amoxicilina durante 7 dias.
D) Toxina eritrogênica do estreptococo do grupo A e amoxicilina durante 10 dias.
E) Endotoxina pirogênica do estreptococo do grupo B e eritromicina durante 7 dias.

COMENTÁRIO:
A escarlatina é causada pela toxina eritrogênica do estreptococo beta-hemolítico do grupo A (S. pyogenes). O
Alternativa D correta.
tratamento de escolha é com penicilina via oral ou amoxicilina por 7 a 10 dias.
Alternativas A, C e E incorretas. O Streptococcus do grupo B (S. agalactiae) é um agente causador de sepse neonatal precoce.

Muito bem!
Agora, para finalizar, preparei um resumão…
Para suuua alegria!

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EXANTEMA ERITEMA MÃO - PÉ -


SARAMPO RUBÉOLA VARICELA ESCARLATINA
SÚBITO INFECCIOSO BOCA

Estreptococo
Agente Herpesvírus Parvovírus Vírus beta-hemolí�co
Morbillivirus Togavírus Coxsackie
infeccioso 6e7 B19 varicela-zóster do grupo A

Fecal-oral ou
Secreções nasofaríngeas, Secreções
Transmissão Perdigotos Perdigotos Perdigotos Aerossol secreções
aerossóis respiratórias
respiratórias

Incubação 7-21d 5-15d 4-14d 14-21d 10-21d 3-6d 4-7d

Antes dos sintomas


Antes dos
10d após contato até resolução do
6 dias antes do exantema Cessa após Dias antes sintomas até
Contágio Durante a febre até formação quadro ou 24 horas
e 4 dias após o exantema até 5-7d após semanas após
de crostas após o início do
tratamento

Febre alta, prostração, Febre,


Febre baixa,
tosse seca, hiperemia Febre alta e bom Geralmente, Leve, pode amigdalite,
Pródromos Leves irritabilidade,
conjun�val, manchas estado geral ausente estar ausente língua em
anorexia
de Koplik framboesa

• Exantema papular,
Exantema maculopapular • Polimórfico
Exantema “Face esbofeteada” • Úlceras orais pruriginoso,
generalizado, de início Maculopapular pruriginoso
maculopapular e rendilhado em • Papulovesículas �po “lixa”
Exantema retroauricular, com róseo cefalocaudal • Acomete mucosas
róseo que surge tronco e membros em mãos e pés • Sinal de Pas�a
progressão cefalocaudal e couro cabeludo
e que pode confluir
no cessar da febre
• Sinal de Filatov

• Síndrome da
• Infecção cutânea
luvas e meias
Artralgia • Síndrome de Reye
• Crise aplás�ca
transitória Síndrome da • Doença
Pneumonia, Convulsão disseminada Febre reumá�ca
Complicações rubéola Raras
OMA, PEES febril • Doença GNDA
congênita • Herpes-zóster
disseminada
• Doença
congênita

Sintomá�co Sintomá�cos
Sintomá�cos, (Pode ser (Aciclovir
Tratamento Sintomá�cos Sintomá�cos Sintomá�cos An�bio�coterapia
vitamina A necessário em alguns
transfusão) casos)

Vacina e Vacina e
Profilaxia Não tem Não tem Vacina Não tem Não tem
imunoglobulina imunoglobulina

No�ficação Alguns
Sim Não Não Sim Não Não
obrigatória estados

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Preparei uma lista exclusiva de questões com os temas dessa aula!


Acesse nosso banco de questões e resolva uma lista elaborada por mim, pensada para a sua aprovação.
Lembrando que você pode estudar online ou imprimir as listas sempre que quiser.

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CAPÍTULO

9.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


1. SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA (SBP). Tratado de Pediatria: Sociedade Brasileira de Pediatria, 4ª edição, Barueri, SP: Manole, 2017.
2. KLIEGMAN, Robert M., MD; ST. GEME, Joseph, MD. Nelson Textbook of Pediatrics. 21. ed. Elsevier Import, 2019.
3. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde, Coordenação-Geral de Desenvolvimento da Epidemiologia em Serviços.
Guia de vigilância em saúde. 3. ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2019. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_
vigilancia_saude_3ed.pdf.
4. SANTA CATARINA. Diretoria de Vigilância Epidemiológica (DIVE). Manual de diagnóstico diferencial das doenças exantemáticas febris.
Disponível em: http://www.dive.sc.gov.br/conteudos/publicacoes/Exantemas-Miolo-Visualizacao.pdf.
5. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica. Doenças infecciosas e
parasitárias: guia de bolso. 8. ed. rev. Brasília: Ministério da Saúde, 2010.
6. SILVA, Josenilson Antônio da; FERREIRA, Raquel; HAMIDAH, Amani Moura; JUNIOR, Vitor Laerte Pinto. Abordagem Diagnóstica das Doenças
Exantemáticas na Infância. Universidade Católica de Brasília. 2012.

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CAPÍTULO

10.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS


E aí, Estrategista? Expert em doenças exantemáticas?
Espero que você tenha aprendido bastante nesse capítulo e que ele seja mais um aliado na sua caminhada em direção à aprovação.
Ficou com dúvidas ou tem alguma consideração a fazer? É só me procurar nas redes sociais ou no fórum de dúvidas. Estou sempre à
disposição!
Grande abraço!
Helena

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