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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

CENTRO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES


UNIDADE ACADÊMICA DE ENFERMAGEM
CURSO BACHARELADO EM ENFERMAGEM

HIV AIDS

Professora Mônica Paulino


HIV x AIDS
Pessoas que vivem com HIV
Síndrome da Imunodeficiência Adquirida

 Infecção pelo HIV - características de uma condição


crônica - aumento da sobrevida e da qualidade de vida.
 AIDS - grave disfunção do sistema imunológico
(destruição dos linfócitos T CD4+).
 Brasil - acesso universal à prevenção, diagnóstico e
tratamento pelo SUS.
 Brasil - 2013 - tratamento para todas as PVHIV,
independentemente da carga viral.
BREVE HISTÓRICO
 Primeiros casos - 1980

 Grupos afetados: 4H - “grupos de risco” - retardou o controle - estratégia


era a abstinência

 Ausência de tratamento e intenso estigma social

 Isolamento laboratorial do vírus - 1983

 AZT - primeira droga - 1986

 Entre 1982 e 1989, a média da sobrevida dos casos adultos de AIDS foi
estimada em 5,1 meses. Em 1995, a sobrevida aumentou para 18 meses e
em 1996, para 58 meses.
BREVE HISTÓRICO
 Mobilizações sociais - “rotulados gays” - preservativo - 1986 -
“comportamentos de risco”

 Heterossexualização, pauperização, feminização, juvenização, interiorização.


transmissão vertical e alta mortalidade em crianças

 Adoção do termo “vulnerabilidade”- epidemia concentrada x generalizada

 Brasil - primeiro país a adotar o ARV como política pública - melhor qualidade
de vida

 2019/2020 - Dados epidemiológicos apontam redução nas taxas de detecção e


de mortalidade em alguns estados, aumento de casos e da mortalidade em
determinados grupos populacionais, razão de sexos em = 2,3
• Agente etiológico - RETROVÍRUS (genoma RNA): Vírus da
Imunodeficiência Humana. HIV-1 e HIV-2 – família
Lentiviridae. Parasita os linfócitos T.
• Reservatório - Homem
• Período de incubação - Varia de dias há 3 meses (média de
1 a 3 semanas após a infecção)
• Período de Transmissibilidade - Transmissão pode ocorrer
durante todas as fases da infecção, os processos
infecciosos e inflamatórios (DST, vaginites e cervicites)
favorecem o contágio.
FORMAS DE TRANSMISSÃO
 Sexual (esperma e secreção vaginal)
 Sanguínea (parenteral, gestação/parto* - para a criança)
 Aleitamento materno*
 Ocupacional

SUSCETIBILIDADE
“universal” x “populações chave”

epidemia generalizada epidemia concentrada

Brasil: casos novos se concentram em gays e outros HSH, pessoas trans e


travestis, trabalhadores do sexo, adolescentes e jovens.
Fatores de risco associados a transmissão

• Tipo de prática sexual (principal)


• Utilização de sangue ou seus derivados não testados;
• Recepção de órgãos ou sêmen de doadores não testados;
• Reutilização de seringas e agulhas;
• Acidente ocupacional com instrumentos contaminados com
sangue ou secreções do paciente;
• Gestação em mulheres HIV positivo (risco para o concepto);
• História de sífilis e outras IST;
• Uso de tabaco, álcool e outras drogas.
ASPECTOS CLÍNICOS - FASES
ASPECTOS CLÍNICOS - FASES

1. Infecção aguda - Pode ser assintomática ou apresentar


sintomas de uma infecção viral (febre, cefaléia, astenia,
mialgia, adenopatia, faringite, exantema). CV elevada e
níveis decrescentes de LT CD4+. Quadro clínico autolimitado
(média 14 dias). Sorologia reagente ou não reagente.
Indivíduo altamente infectante.

2. Latência clínica e fase sintomática (duração: meses ou


anos) - depende da resposta imunológica do indivíduo e da
carga viral. Exame clínico normal, alguns pacientes podem
apresentar persistência da linfoadenopatia generalizada.
Sorologia reagente. Contagem de LT CD4+ estável ou em
declínio.
2. Cont. Latência clínica e fase sintomática - À medida que a
infecção progride pode surgir: febre baixa, perda ponderal,
sudorese noturna, fadiga, diarreia crônica, cefaleia, alterações
neurológicas, infecções bacterianas (pneumonia, sinusite,
bronquite), lesões orais, herpes-zoster. Candidíase oral,
leucoplasia oral pilosa, diarreia crônica e febre de origem
indeterminada são preditores de evolução para AIDS.

3. Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA/AIDS) -


Grave imunodepressão. O aparecimento de infecções
oportunísticas (IO) e neoplasias é definidor dessa fase.
Contagem de LT CD4+ abaixo de 200 cels/mm3
AIDS
• IO - algumas das infecções oportunísticas comuns:
Vírus: citomegalovirose, herpes simples
Bactérias: tuberculose pulmonar ou disseminada,
pneumonia, salmonelose
Fungos: pneumocistose, candidíase
Protozoários: neurotoxoplasmose
• Tumores: sarcoma de Kaposi, linfomas não-Hodgkin,
neoplasias anais e cervicais.
• Alterações neurológicas: neuropatias periféricas, atrofia
cerebral, demência
Sarcoma de Kaposi
DIAGNÓSTICO
Testes laboratoriais: Sorologia anti-HIV (mais usado: Elisa). Pesquisam a
presença de anticorpos anti-HIV no sangue.

O tempo necessário para que a sorologia anti-HIV torne-se positiva é em


média 4 a 8 semanas após a transmissão do vírus (janela imunológica),
sendo que 90% das infecções podem ser detectadas por volta de 30 dias.

Testes rápidos: realizado com gota de sangue da ponta do dedo ou por


meio do fluído oral (material coletado entre a bochecha e a gengiva do
indivíduo). Resultado em até 30 minutos.
Oferecer teste rápido é muito importante: Quanto mais cedo uma pessoa for
diagnosticada e tratada, melhor estará a condição de seu sistema imunológico e
melhor a qualidade de vida.
TESTES RÁPIDOS

Para oferecer o teste rápido o profissional precisa estar preparado


para conversar sobre os possíveis resultados e esclarecer eventuais
dúvidas.
Para o fim da epidemia é importante trabalhar com algumas
populações que apresentam maior prevalência de casos de
HIV/aids. São as denominadas “populações chave”: pessoas que
usam drogas, profissionais do sexo, gays e homens que fazem
sexo com outros homens (HSH), travestis e transexuais.

Acolher todas as pessoas sem preconceito ou julgamento


de valor.

Desde o dia 2 de junho de 2014, a discriminação contra a


pessoa que vive com HIV/aids é considerada crime. Aquele
que cometê-lo poderá ser punido com multa e prisão de 1 a
4 anos.
ACOLHIMENTO

“É receber a pessoa desde a sua chegada, ser responsável por


ela, ouvir sua queixa, permitir que mostre as preocupações
em relação à doença e deixá-la à vontade para procurar o
serviço de saúde e a equipe multiprofissional sempre que
necessário, facilitando o acesso ao serviço e ao tratamento”
(BRASÍLIA, 2017).
AVALIAÇÃO DO PACIENTE
TERAPIA ANTIRRETROVIRAL (TARV)

Quando iniciar?
Início precoce para todas as PVHIV, independentemente do
estágio clínico e/ou imunológico

 Reduz a morbimortalidade;
 Diminui a transmissão do vírus;
 Reduz a incidência da Tuberculose - principal causa
infecciosa de óbitos em PVHIV no Brasil e no mundo.
TERAPIA ANTIRRETROVIRAL (TARV)

“A TARV deve ser iniciada quando a PVHIV estiver


informada sobre seus benefícios e riscos, além de
fortemente motivada e preparada para o tratamento,
respeitando-se a autonomia do indivíduo. Deve-se
enfatizar que a TARV, uma vez iniciada, não deverá ser
interrompida. Em nenhuma situação deverá haver
qualquer tipo de coerção para início da TARV”.
TERAPIA ANTIRRETROVIRAL (TARV)
TERAPIA ANTIRRETROVIRAL (TARV)

 Associação de antirretrovirais (ARV).


 Retarda a progressão da imunodeficiência, aumentando o
tempo e a qualidade de vida da pessoa infectada.
 Conhecida popularmente de “coquetel”.
 Associação combinada.
 Efeitos adversos.
• Inibidores Nucleosídeos da Transcriptase Reversa
• Abacavir (ABC)
• Didanosina (ddI)
• Lamivudina (3TC)
• Tenofovir (TDF)
• Zidovudina (AZT)

• Inibidores Não Nucleosídeos da Transcriptase Reversa


• Efavirenz (EFV)
• Nevirapina (NVP)
• Etravirina (ETR)
• Inibidores de Protease
• Atazanavir (ATV)
• Darunavir (DRV)
• Fosamprenavir (FPV)
• Lopinavir (LPV)
• Nelfinavir (NFV)
• Ritonavir (RTV)
• Saquinavir (SQV)
• Tipranavir (TPV)
• Inibidores de fusão
• Enfuvirtida (T20)

• Inibidores da Integrase
• Dolutegravir (DTG)
• Raltegravir (RAL)

• Inibidores de Entrada
• Maraviroc (MRV)
TERAPIA INICIAL PREFERENCIAL

• Tenofovir + Lamivudina + Dolutegravir (TDF + 3TC +


DTG) combinados
300 mg + 300 mg (2 x 1) + 50 mg
• Exceto para os casos de coinfecção TB-HIV, MVHIV
com possibilidade de engravidar e gestantes
TARV COMO PREVENÇÃO
Seguindo a TARV corretamente e com CV-HIV suprimida, a pessoa
infectada tem mínimas chances de transmitir o HIV pela via sexual. O uso
do preservativo continua sendo recomendado como forma de cuidado
adicional para evitar reinfecção pelo HIV e para prevenção de outras IST
e hepatites.

Planejamento reprodutivo x anticoncepção


Concepção por casais sorodiferentes:
 Excelente adesão à TARV e monitorização da CV-HIV;
 CV-HIV indetectável há pelo menos seis meses;
 Ausência de outras IST.
PRINCÍPIOS IMPORTANTES PARA O TRATAMENTO
 ACONSELHAMENTO E MEDIDAS DE ENFRENTAMENTO
 ADESÃO (VÍNCULO)
 MONITORIZAÇÃO DOS EFEITOS ADVERSOS
 AVALIAÇÃO DE INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
 NUTRIÇÃO E ATIVIDADES FÍSICAS
 AVALIAÇÃO CLÍNICA E LABORATORIAL - MONITORIZAÇÃO DA
 CARGA VIRAL, CONTAGEM DE LINFÓCITOS T E OUTROS
EXAMES
 PREVENÇÃO E RASTREAMENTO DE INFECÇÕES E NEOPLASIAS
 PREVENÇÃO E RASTREAMENTO DA FALHA VIROLÓGICA
FALHA VIROLÓGICA
Falha ao tratamento antirretroviral
• CV-HIV detectável após seis meses do início do tratamento
• CV-HIV detectável após seis meses da modificação do tratamento
• CV-HIV em indivíduos que haviam adquirido supressão viral

Principais causas:
• Má adesão ao tratamento
• Resistência viral adquirida
• Esquemas terapêuticos inadequados
• Interações medicamentosas
• Comorbidades
SEGUIMENTO DO PACIENTE
Continuação
HIV/AIDS na APS
O cuidado compartilhado da atenção às PVHIV entre
os Serviços Especializados e a Atenção Básica visa:
• Ampliar o acesso à saúde para as PVHIV;
• Estabelecer maior vínculo;
• Melhorar as possibilidades de atendimento de qualidade;
• Melhorar o prognóstico das PVHIV.
PREVENÇÃO COMBINADA

Uso combinado de
métodos preventivos,
de acordo com as
possibilidades e
escolhas de cada
indivíduo

Nenhum método isolado é


capaz de controlar a
epidemia
PROFILAXIA PÓS EXPOSIÇÃO (PEP)

Segura e eficaz - ensaios clínicos


Uso de ARV após a exposição de risco

SITUAÇÕES:
Oportunidade para
Prevenção da transmissão vertical aconselhamento
Após acidentes ocupacionais ou UDI das práticas seguras
e testagem rápida
Sexual - violência sexual para HIV, Sífilis e
hepatites virais
Sexual - relações sexuais consentidas

Desde que o indivíduo seja soronegativo


Onde fazer?
Programa Conjunto das Nações Unidas
sobre o HIV/Aids (Unaids)
Metas 90-90-90 para 2020.

Consenso global para a eliminação da epidemia


de Aids em 2030.
Cascata do Cuidado Contínuo
• Estratégia de monitoramento clínico que retrata a
trajetória das pessoas vivendo com HIV/aids (PVHIV) nos
serviços de saúde, desde o diagnóstico até a supressão
viral.
• Inclui cinco etapas: diagnóstico, vinculação ao serviço de
saúde, retenção no cuidado, adesão à TARV e supressão
viral
• Utilizada para nortear as tomadas de decisão em saúde e o
desenho de políticas sanitárias baseadas em informações
qualificadas.
NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA
• Ficha de notificação/investigação de AIDS em pacientes com 13
anos ou mais;
• Ficha de notificação/investigação de AIDS em pacientes menores
de 13 anos;
• Ficha de investigação de gestante HIV+, utilizada para notificar
casos de gestante, parturiente e puérpera;
• Ficha de notificação individual (utilizada a ficha de
notificação/conclusão do Sinan para notificar criança exposta ao
HIV).
Prevenção, melhor escolha!

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