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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 4

2 O QUE É INFECÇÃO.................................................................................. 5

3 AS INFECÇÕES HOSPITALARES ............................................................. 7

4 EPIDEMIOLOGIA DAS INFECÇÕES HOSPITALARES ........................... 10

4.1 Vigilância epidemiológica ................................................................... 10

4.2 Abrangência da vigilância................................................................... 11

4.3 Métodos de coleta de dados e validade das taxas ............................. 11

4.4 Cálculo das taxas de infecção hospitalar e interpretação................... 12

4.5 Qual é a principal dificuldade nesta modalidade de vigilância? .......... 13

4.6 Diferenças .......................................................................................... 14

5 MEDIDAS DE BIOSSEGURANÇA ........................................................... 14

5.1 Classificação das Áreas Hospitalares ................................................ 16

5.2 Desinfecção hospitalar ....................................................................... 17

5.3 Princípios ativos utilizados nos desinfetantes hospitalares: ............... 17

5.4 Classificação dos artigos hospitalares ............................................... 18

5.5 Comissão de Biossegurança em Saúde............................................. 19

5.6 Vertentes da biossegurança ............................................................... 20

5.7 Princípios de biossegurança .............................................................. 20

5.8 Níveis de biossegurança .................................................................... 21

5.9 Descarte de material e instrumental contaminado ............................. 23

5.10 Principais fatores que predispõem os profissionais da área de saúde


aos riscos biológicos .............................................................................................. 24

5.11 Classificação de Risco .................................................................... 28

6 ISOLAMENTOS HOSPITALARES ............................................................ 30

6.1 Transmissão da infecção no hospital ................................................. 30

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6.2 Isolamentos ........................................................................................ 31

7 ISOLAMENTOS HOSPITALARES: ORGANIZAÇÃO E ROTINAS


TÉCNICAS E OPERACIONAIS................................................................................. 36

7.1 Controle dos funcionários: .................................................................. 36

7.2 Afastamento das atividades ............................................................... 37

7.3 Medidas de prevenção e controle ...................................................... 37

7.4 Orientações específicas ..................................................................... 37

8 CONCEITOS DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA ...................................... 38

8.1 Risco de vida e continuum da urgência .............................................. 39

8.2 Rede móvel de atendimento hospitalar .............................................. 41

9 PREVENÇÃO E CONTROLE DAS PRINCIPAIS INFECÇÕES


HOSPITALARES ....................................................................................................... 42

9.1 Conceitos e peculiaridades ................................................................ 44

9.2 Técnicas de assepsia ......................................................................... 46

10 ORIENTAÇÕES AO PACIENTE............................................................ 47

11 RECOMENDAÇÕES PARA PROFISSIONAIS DE SAÚDE EXPOSTOS A


AGENTES BIOLÓGICOS .......................................................................................... 48

12 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................... 49

13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 51

14 BIBLIOGRAFIAS SUGERIDAS ............................................................. 55

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1 INTRODUÇÃO

Prezado aluno!
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em
tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora
que lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!

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2 O QUE É INFECÇÃO

Fonte:criesaude.com

É a invasão aos tecidos corporais de um organismo hospedeiro por parte de


organismos capazes de provocar doenças, decorrentes da multiplicação e da reação
dos tecidos do hospedeiro a estes organismos e às toxinas por eles produzidas. Os
microrganismos, interferem na fisiologia normal do hospedeiro e pode levar a diversas
consequências.
A doença infecciosa corresponde a qualquer doença clinicamente evidente que
seja resultado de uma infeção, presença e multiplicação de agentes biológicos
patogênicos no organismo hospedeiro.
Infecção relacionada à assistência em serviços de saúde: Infecção
hospitalar, ou como é chamada atualmente infecção relacionada à assistência à saúde
(IRAS), é toda infecção, pneumonia, infecção urinária, infecção cirúrgica, dentre
outras, adquirida dentro de um ambiente hospitalar ou serviço de saúde durante a
assistência ao paciente/cliente.
Os principais modos de adquirir Infecção Hospitalar (IH ou IRAS), são de
origem endógena, isto é, causadas por microrganismos do próprio paciente. Isto pode
ocorrer por fatores inerentes ao próprio paciente (ex: diabetes, tabagismo, obesidade,
baixa imunidade, alcoolismo etc.) ou pelo fato de, durante a hospitalização, o paciente
ser submetido a procedimentos invasivos diagnósticos ou terapêuticos (cirurgias,
cateteres vasculares, sondas vesicais, ventilação mecânica, etc.).

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As infecções hospitalares de origem exógena geralmente são transmitidas
pelas mãos dos profissionais de saúde, materiais ou outras pessoas que entrem em
contato com o paciente e até o próprio paciente pode se contaminar. Este tipo de
infecção chamamos de infecção cruzada dentro dos serviços de saúde.
Microrganismos Multirresistentes
São microrganismos resistentes a diferentes classes de antimicrobianos
(antibióticos, antivirais, antifúngicos) testados em exames microbiológicos nos
laboratórios. Os fatores que levam o microrganismo a se tornar multirresistente, é a
grande capacidade de adaptação dos microrganismos às adversidades do meio
ambiente, a capacidade de transferir essas informações de como se adaptar a outros
microrganismos e a seleção natural (causado pelo uso de antimicrobianos,
racionalmente ou não) que eliminam os microrganismos sensíveis, deixando os
primariamente resistentes presentes na população.

Infecções por bactérias multirresistentes são comumente causadas por


Estafilococos resistentes à metilicina, Enterobactérias e Pseudomonas. A
identidade do organismo causador pode fornecer alguma indicação em
relação à sua fonte, todavia, certos patógenos têm significado especial
porque podem causar grandes surtos em todo hospital. O uso dos
antimicrobianos de uma maneira maciça e indiscriminada exige medidas
urgentes para combater o surgimento de novas cepas bacterianas
multirresistentes, inclusive aos medicamentos antimicrobianos recentemente
comercializados, levando a consequências importantes, com efeitos diretos
na problemática das infecções hospitalares. (MERMEL 2001, apud ANVISA,
2007, p. 5).

Formas de evitar IH:


A principal medida para prevenção é lavagem das mãos com água e sabão e
deve ser realizado por todas as pessoas antes e após o contato com os pacientes no
ambiente hospitalar, serviços de saúde como home care, consultórios, ambulatórios,
dentre outros. A utilização do álcool (espuma, líquido ou em gel a 70%) também tem
o mesmo objetivo e eficácia, portanto é obrigação de todos profissionais da saúde,
familiares, e visitantes a higienização das mãos.
A participação de todos é muito importante. Todos podem e devem colaborar
nas medidas de precauções específicas, que algumas vezes são necessárias e
devem ser sinalizadas. Informamos como o profissional e o acompanhante/visitante
devem agir para as precauções. Segue algumas orientações:
 Retirar anéis, pulseiras e relógio.
 Lavar as mãos com água e sabão.
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 Utilizar o álcool gel ou espuma disponível em todos os quartos.
 Não sentar no leito de outro paciente.
 Não tocar nos pertences e nem em outros pacientes.
 A visita deve ser limitada ao seu paciente, não entrar em outros quartos.
 O visitante de pacientes em precauções deverá higienizar às mãos, com água
e sabão ou álcool gel/espuma antes e depois da visita.
 Não tocar em soros, sondas, cateteres ou medicamentos dos pacientes. Se
necessário solicitar ajuda da equipe de enfermagem;
 Respeitar a indicação de isolamento do paciente se for o caso (seguindo as
orientações afixadas na porta do quarto).
 Evitar visitar se estiver com alguma doença infectocontagiosa como gripe,
conjuntivite, catapora, tuberculose, lesões abertas entre outras.
 Não colocar os pés diretamente no piso sem proteção. Trazer chinelo de
borracha para ir ao chuveiro-previne infecção e quedas.

3 AS INFECÇÕES HOSPITALARES

Fonte: ipog.edu.br

Infecção Hospitalar é definida como “aquela adquirida após admissão do


paciente e que se manifesta após a internação ou a alta, quando puder ser relacionada
com a internação ou procedimentos hospitalares. A vigilância epidemiológica ativa é
um dos pilares do controle das Infecções Hospitalares (IH), pois permite a

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determinação do perfil endêmico das instituições, a identificação de eventos
inesperados (surtos) e o direcionamento das ações de prevenção e controle. A
monitorização das IH é um fator de segurança para o paciente.
Os procedimentos cada vez mais invasivos, o uso indiscriminado e a resistência
aos antimicrobianos são fatores que apontam as infecções hospitalares como um
grave problema de saúde pública. No Brasil, sua prevalência exata de um modo geral
ainda é desconhecida, mas demonstra a necessidade de medidas mais eficazes para
a redução dessas no país.
A infecção hospitalar há muito tempo tem sido motivo de preocupação entre os
órgãos governamentais e, embora a sua regulamentação tenha ocorrido na década
de 80, a problemática no país continua ainda sendo negligenciada. Neste contexto,
com base nas práticas vivenciadas como profissional de saúde em diferentes
instituições hospitalares, observa-se aspectos do cotidiano dos profissionais de saúde
e dos usuários que se relacionam com a problemática das infecções hospitalares.
Estas constituem grande risco à saúde dos pacientes internados em clínicas e
hospitais, por isso, sua prevenção e controle envolvem não só medidas de
qualificação da assistência hospitalar, mas também de vigilância sanitária, tomadas
no âmbito do Estado, do Município e de cada hospital, pois o Sistema Único de Saúde
que tem por escopo a assistência às pessoas por meio de atividades de promoção,
proteção e recuperação da saúde, com a ação integrada de ações assistenciais e
preventivas.
Os órgãos estaduais de saúde no exercício da atividade fiscalizatória devem
observar a adoção, pela instituição prestadora de serviços, de formas de proteção
capazes de evitar efeitos nocivos à saúde dos agentes, clientes e pacientes. As
dificuldades para uma definição de infecção hospitalar adequada aos tempos
modernos e as polêmicas sobre os indicadores que devem ser considerados e o
modelo de intervenção para o seu controle, tornam obrigatório a implementação da
Comissão de Controle de Infecção Hospitalar e de manutenção de um Programa de
Controle de Infecções Hospitalares em todas unidades hospitalares.
O programa de controle de infecções hospitalares, é definido como o conjunto
de ações desenvolvidas deliberada e sistematicamente com vistas à redução máxima
possível da incidência e da gravidade das infecções hospitalares, que não são apenas
aquelas que ocorrem durante as internações, mas qualquer infecção adquirida após

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a internação de um paciente em hospital e que se manifeste durante a internação ou
mesmo após a alta, quando puder ser relacionada com a hospitalização.

Somente através de uma equipe de saúde intensivamente educada, treinada


e cobrada quanto às recomendações de precauções universais é que será
possível a prevenção das infecções hospitalares, sendo necessário que,
todos os profissionais aceitem, respeitem e cumpram todas as normas
estabelecidas pela CCIH. (DESTRA, 2002 apud CONSTANTINO 2007, p.3).

As reuniões da CCIH devem ser periódicas e, quando necessário, suas


resoluções devem ser repassadas ao corpo clínico e à direção do hospital. Tais
medidas somente podem ser tomadas se existente uma estrutura adequada, que deve
incluir profissionais qualificados, a participação nas reuniões deliberativas do hospital,
sala própria e computador. Por fim, é preciso deixar consignado que, além dos
indicadores estabelecidos pela portaria, deve-se seguir as diretrizes e normas para a
prevenção e o controle das infecções hospitalares, reunidas da seguinte forma:
a) Qualquer pessoa física ou jurídica que desenvolva atividades hospitalares de
assistência à saúde, seja de direito público ou privado, tem a obrigação de instalar a
comissão e desenvolver o PCIH,
b) A CCIH deve ser composta por profissionais da área de saúde de nível superior
formalmente designados, tratando-se de órgão de consultoria e execução das
medidas para a autoridade máxima da instituição,
c) Os hospitais podem se consorciar para executar o programa de controle de
infecções hospitalares, mas devem ter CCIH própria pelo menos com membros
consultores.
d) O PCIH – Programa de Controle de Infecções Hospitalares deve ser adaptado à
realidade de cada hospital, mas suas ações devem ser desenvolvidas deliberada e
sistematicamente, conforme determinados conceitos e critérios diagnósticos,
contendo medidas de vigilância epidemiológica para apurar determinados indicadores
de infecção hospitalar objetivando realizar as necessárias intervenções de correção
dos problemas, inclusive para uma adequada rotina de lavagem de mãos e uma
correta utilização dos antissépticos, desinfetantes e esterilizantes,
e) Este programa deve conter, pela importância do assunto e pelo alto risco de
infecção hospitalar, um protocolo de utilização dos antibióticos estabelecido pela
comissão, que deve ser rigorosamente seguido por todos os médicos,

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f) A responsabilidade para a constituição, a implementação e o fornecimento de
adequada estrutura da CCIH é da autoridade máxima da instituição, que deve
inclusive aprovar e fazer respeitar o regimento interno da comissão, garantir a
participação do seu Presidente nos órgãos colegiados deliberativos e formuladores de
política da instituição, propiciar o efetivo cumprimento de suas determinações,
fomentar a educação e o treinamento de todo o pessoal hospitalar, bem como informar
as autoridades estadual e municipal a respeito,
g) As Coordenações Nacional, Estaduais, Municipais e do Distrito Federal de Controle
de Infecção Hospitalar planejam e executam as políticas públicas desta área, que
devem ser respeitadas pelos responsáveis.
Ao receber o relatório do Conselho Regional de Medicina com a descrição de
irregularidades na prevenção e no controle das infecções de determinado hospital, em
desrespeito ao regime jurídico estabelecido pela legislação, o Ministério Público
deverá instaurar inquérito civil para a devida apuração, objetivando a expedição de
recomendação aos responsáveis ou a formalização de Termo de Ajustamento de
Conduta para a correção dos problemas; não cumprida a recomendação ou
impossível o ajuste, o órgão ministerial proporá ação civil pública, sem prejuízo do
reconhecimento das infrações sanitárias previstas e da aplicação de sanções de
natureza penal ou mesmo civil.
Não são consideradas infecções hospitalares: Infecção associada à
complicação ou extensão de infecção já presente na internação, a não ser que exista
um novo patógeno ou sintomas que sugiram fortemente a aquisição de nova infecção.
Define-se Internação Hospitalar: Pacientes que são admitidos para ocupar um
leito hospitalar por um período igual ou maior que 24 horas.

4 EPIDEMIOLOGIA DAS INFECÇÕES HOSPITALARES

4.1 Vigilância epidemiológica

Num primeiro olhar, aqueles não envolvidos no trabalho rotineiro de controle


de infecção hospitalar têm a impressão de que a vigilância deve ser realizada em todo
o hospital, com o cálculo de taxa sintética e de fácil assimilação, do percentual de
infecções hospitalares em pacientes admitidos na instituição.

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Vigilância por setores: É realizada em serviços ou especialidades na qual a
infecção hospitalar tem grande importância, seja na frequência com que ocorre, seja
na gravidade particular das suas consequências. As áreas mais importantes neste
aspecto são: berçários; unidades de terapia intensiva (UTI) tanto de adultos como
pediátricas; unidades de cuidados de pacientes imunodeprimidos e unidades de
diálise.
Vigilância por objetivos: Visa abordar situações de risco específicas,
independentemente do serviço ou especialidade nos quais ocorrem. Dois exemplos
podem ser citados: a vigilância da infecção de sítio cirúrgico e a vigilância das
infecções relacionadas a acesso vascular central e outros procedimentos invasivos.

4.2 Abrangência da vigilância

A abrangência da vigilância varia de acordo com as características da


instituição podendo ser mais ou menos abrangente, baseada nas características da
população atendida e dos procedimentos realizados. Os principais pilares que a CCIH
deverá estabelecer em seu programa são: vigilância epidemiológica em todas as
unidades de terapia intensiva e berçários, vigilância epidemiológica das infecções de
sítio cirúrgico, vigilância epidemiológica em unidades que realizam diálise.
A periodicidade da vigilância também deve ser discutida. De forma ideal, a
vigilância deverá ocorrer de modo contínuo e ininterrupto, com avaliação mensal,
ocasionalmente trimestral, das taxas.

4.3 Métodos de coleta de dados e validade das taxas

Antes de analisar especificamente os métodos, é necessário que se discuta o


diagnóstico de infecção hospitalar. Muitas vezes, os médicos assistentes não
valorizam a necessidade de um diagnóstico rigoroso e homogêneo, tão importante
para o trabalho da CCIH, pois o médico valoriza as características clínicas individuais,
enquanto o profissional da CCIH precisa seguir critérios bem estabelecido, para
permitir a comparação de dados em momentos distintos ou entre hospitais. Isso ocorre
por dois motivos:
1: Muitos desconhecem os critérios utilizados, o que leva à subnotificação de dados.

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2: Em situações de maior gravidade dos doentes, como nas UTIs, o médico pode
diagnosticar uma infecção, para adotar um procedimento terapêutico, em pacientes
com dados insuficientes pelos critérios mais rígidos da CCIH. Cabe lembrar,
entretanto, que o risco justifica o diagnóstico impreciso, pois o estabelecimento
precoce de antibioticoterapia pode ajudar no tratamento imediato do paciente, em
algumas situações.
A definição de uma doença ou agravo, do ponto de vista da vigilância, pode se
modificar ao longo de um período, em função das alterações na epidemiologia da
doença, ou da intenção de ampliar ou reduzir os parâmetros de ingresso de casos no
sistema, aumentando ou diminuindo a sua sensibilidade e especificidade, de acordo
com etapas e metas de um programa de intervenção.

4.4 Cálculo das taxas de infecção hospitalar e interpretação

O PCIH deverá organizar um método de busca ativa de casos, obtenção de


denominadores e arquivo para guarda de fichas e relatórios. As taxas deverão ser
acompanhadas e comparadas com referenciais. O principal método empregado é o
estabelecimento de limites de confiança fixos. Estes limites de confiança podem ser
facilmente calculados após seis meses de vigilância, em situações de normalidade.
Nas situações em que as taxas encontradas se situarem acima do limite de confiança,
o PCIH deverá investigar e tomar as medidas cabíveis.
A seguir os métodos de vigilância e cálculo de taxas nos dois componentes
mais importantes do programa: As unidades de terapia intensiva e a infecção de
sítio cirúrgico.
Para tornar mais clara a discussão, é necessária a introdução dos termos:
Comparação inter-hospitalar: Designa a capacidade de avaliação de hospitais
diferentes, baseada nas taxas de infecção hospitalar. Por esta razão, idealmente as
taxas devem ser ajustadas pelo tempo de permanência hospitalar, índice de
procedimentos invasivos, gravidade e outros, de forma a permitir a comparação de
indicadores independentemente das características locais. Se por um lado, as taxas
não ajustadas são imprecisas para a comparação inter-hospitalar, por outro lado,
ainda não existe um ajuste ideal. Por esta razão, toda comparação de indicadores de
frequência de infecção hospitalar deve ser realizada com critério e cautela.

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Unidades de terapia intensiva
As UTIs são unidades onde as infecções hospitalares são frequentes e
oferecem alto risco para os pacientes, com presença constante de microrganismos
resistentes. Por isso, a presença do PCIH nas UTIs deve ser ativa e contínua.
Estas infecções estão diretamente relacionadas à gravidade da doença de
base, à realização de procedimentos invasivos, ao tempo de permanência de
dispositivos tais como: cauterização vascular, tempo de sondagem urinária e tempo
de ventilação mecânica.
Infecções de sítio cirúrgico
É necessário estar consciente de que as taxas de infecção de sítio cirúrgico
(ISC) são as mais complexas, de obtenção mais trabalhosa e de interpretação mais
difícil. Não foi possível desenvolver, até o presente momento, alguma taxa para
comparação inter-hospitalar de ISC que seja satisfatória. Todos os referenciais
obtidos devem ser observados com muito critério. Cada procedimento cirúrgico
específico apresenta diferentes riscos intrínsecos para o desenvolvimento de
infecção, sejam fatores inerentes às doenças subjacentes ou à complexidade do
procedimento realizado.

A prevenção dessas infecções é complexa e requer a integração de uma série


de medidas preventivas antes, durante e após a cirurgia. No entanto, a
implementação dessas medidas não é padronizada no mundo inteiro.
Atualmente, não existem diretrizes internacionais, e frequentemente são
identificadas inconsistências na interpretação das evidências e das
recomendações nas diretrizes nacionais. (OMS, 2016 apud PORTELA, 2017,
p. 12).

4.5 Qual é a principal dificuldade nesta modalidade de vigilância?

A maioria das ISCs começa a se manifestar após a alta hospitalar do paciente.


A vigilância restrita ao hospital apresenta elevadas taxas de subnotificação, com a
exceção de alguns procedimentos muito complexos - para os quais o período de
internação pós-operatório é longo. Recomenda-se a realização de vigilância após a
alta, em especial para a avaliação de procedimentos cujo período de internação pós-
operatório é curto. Por exemplo, as cesárias. A vigilância pós-alta, na maioria das
situações, baseia-se na notificação da infecção pelos pacientes ou cirurgiões, ao
contrário das demais modalidades de vigilância, podendo acarretar uma menor

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precisão das taxas. Vale lembrar que a obtenção sistemática de taxas de infecção
hospitalar pós-alta é trabalhosa e de resultados insatisfatórios.

4.6 Diferenças

De acordo com as características do hospital (público ou privado, corpo clínico


aberto ou fechado etc.) a vigilância pós alta terá diferenças, não só quanto ao método
de busca de casos empregado, quanto com relação à sua exequibilidade. Devido às
dificuldades impostas, a vigilância pós-alta não deve ser vista como obrigatória. As
taxas de ISC variam de acordo com o tipo de procedimento e a gravidade da doença
subjacente. Taxas brutas, levando-se em conta agrupados com diversos tipos de
operações, não se prestam para uma comparação inter-hospitalar satisfatória.
A taxa de ISC em cirurgias limpas tem sido utilizada desde 1964, por expressar
a ocorrência de infecções em situações na qual a contaminação significativa da ferida
não é frequente ou é inesperada.

5 MEDIDAS DE BIOSSEGURANÇA

Fonte: euroamerica.net

Biossegurança caracteriza-se como estratégia essencial para a pesquisa e o


desenvolvimento sustentável sendo de fundamental importância para avaliar e
prevenir os possíveis efeitos adversos de novas tecnologias à saúde.

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Todo profissional que trabalha com substâncias químicas de risco, com material
biológico que esteja sujeito a radiações, ou que manipule material perfuro-cortante ou,
ainda, equipamentos com bases de funcionamento físico, deve estar atento as normas
de biossegurança. Não fazer uso de drogas que afetem o raciocínio, autocontrole e
comportamento, ler a recomendação da biossegurança de saúde e procedimentos
operacionais padrão do setor, agir com tranquilidade e sem pressa, prevenir-se de
eventuais acidentes utilizando, de acordo a sua necessidade, os equipamentos de
proteção individual e coletivo (jaleco, avental, óculos, protetor facial, cabelos presos,
luvas, botas, máscara, avental de chumbo, câmara de exaustão, cabina de segurança
biológica e química), são imprescindíveis para uma adequada segurança.
Nos setores de maior trânsito e fluxo de pessoas, as sinalizações gerais das
áreas restritas e permitidas devem ser frequentes e devem estar visíveis. As referidas
sinalizações devem ser expressas, também, em "braile" para os deficientes visuais,
ou com indicação simbólica ou monitor para os analfabetos.
Os hospitais clássicos e convencionais, cuja função característica essencial e
básica de estabelecimento de saúde está relacionada diretamente ou intimamente
com o diagnóstico, tratamento e cura, devem ter uma estrutura física desenhada com
base nas Normas do Ministério da Saúde. Os projetos dos hospitais modernos devem
incluir o tipo e o modelo de hospital desejado, população a ser atendida, atividades a
serem exercidas, capacidade e finalidade. As áreas devem estar bem definidas e o
fluxo de pacientes (internos ou externos), visitantes e acompanhantes deve ser
controlado totalmente pelo sistema de vigilância e recepção. Este sistema constará
de uma administração e uma secretaria eficientes, informatizadas e atualizadas, com
treinamento em contenção emocional. As atividades e o controle devem ser
monitorados e discutidos continuamente, para melhora da recepção ao paciente que
chega desorientado e necessitado de informação, condução, contenção e boa
acolhida.
As diversas áreas devem ser separadas e vigiadas por profissionais treinados
em primeiros-socorros. A assepsia das instalações gerais abertas ao público, e as
específicas e restritas, deve ser rigorosa segundo determinação da Vigilância
Sanitária. As habitações e todos os setores clínicos devem ser separados e o controle
de resíduo de descarte deve ser rigoroso.

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Todo o material deve ser esterilizado antes de ser liberado como lixo ou
incinerado em cada turno, evitando a saída de germes do local, e diminuindo o risco
de contaminação e complicação com infecção hospitalar. A preparação de
componentes que fazem parte de manipulação de nutrientes utilizados para
administração parenteral deve seguir as normas de assepsia e controle de qualidade
da água e das drogas. Deve obedecer também a normas de esterilidade com
utilização de métodos e equipamentos adequados, manipulados de forma correta.

Tais componentes podem trazer riscos para o meio ambiente e para aqueles
que entram em contato com esses resíduos, principalmente quando o
descarte destes não é realizado de forma adequada. A falta de informação e
treinamento dos profissionais nas unidades geradoras de resíduos
hospitalares, quanto da segregação incorreta de tais resíduos, é um grande
problema, pois implica na potencialização de riscos direto à saúde de
diversos profissionais e pacientes daquela unidade, e quando deslocados
para o ambiente externo, podem causar problemas ambientais e torna-se
também fator exponencial de risco à saúde da população residente próxima
à área de destinação final dos resíduos. (FIORILLO, 2003 apud POZZETTI,
2017, p.198).

Na entrada e na saída do hospital deve haver pias largas, para assepsia, com
sinalização, visível e acessível. O profissional deve ter consciência da necessidade
de mudança de roupa na saída do trabalho e da assepsia pelo menos das mãos. Os
cabelos devem estar amarrados e, ao ingressar em casa, o profissional deve deixar a
vestimenta e acessórios em local separado para limpeza antes de serem guardados
com os outros utensílios.

5.1 Classificação das Áreas Hospitalares

Área Crítica: Oferece risco potencial para aquisição de infecção seja pelos
procedimentos invasivos realizados, ou pela presença de pacientes susceptíveis às
infecções. Ex.: Centro Cirúrgico e Obstétrico, Berçário, UTI, Hemodiálise, Laboratório,
CME, Banco de Sangue, área suja de lavanderia.
Área Semicrítica: Possui menor risco de infecção, são ocupadas por pacientes
que não exigem cuidados intensivos ou de isolamento. Ex.: Enfermarias,
Apartamentos e Ambulatórios.
Área não crítica: Todas as áreas não ocupadas por pacientes e aquelas
destinadas a exames de pacientes. Ex.: Escritórios, Almoxarifado, Setor de Radiologia
e Consultórios.
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5.2 Desinfecção hospitalar

Desinfetantes: Formulações que têm na sua composição substâncias


microbicidas com efeito letal para microrganismos não esporulados.
Classificação dos desinfetantes:
Alto nível: Promove a eliminação de todos os microrganismos e alguns esporos
bacterianos;
Nível intermediário: Promove a eliminação do bacilo da tuberculose, bactérias
vegetativas, muitos vírus e fungos, mas não elimina esporos;
Baixo nível: Promove a eliminação de bactérias, alguns fungos e vírus. Não
elimina o bacilo da tuberculose.

5.3 Princípios ativos utilizados nos desinfetantes hospitalares:

Álcool (etílico e Isopropílico): Induz à desnaturação de proteínas e à inibição


da produção do metabolismo essencial para a rápida divisão celular. São bactericidas,
tuberculocidas, fungicidas e virulicidas; mas não são esporicidas. Indicados para
desinfecção de nível intermediário de artigos e superfícies com tempo de exposição
de 10 minutos na concentração indicada. Ex.: ampolas de vidros, termômetros retal e
oral, estetoscópios, superfícies externas de equipamentos metálicos, camas, macas,
colchões, bancadas.
Fenólicos: Atua na inativação do sistema enzimático e perda de metabólitos
essenciais pela parede celular. É bactericida, fungicida, virulicida (HIV) e tuberculicida.
São encontradas em concentrações de 1 a 7%; sendo a de 5% a mais utilizada. Usado
para desinfecção de superfícies e artigos metálicos e de vidro em nível médio, ou
intermediário e baixo, com tempo de exposição de 10 minutos para superfícies e de
30 minutos para artigos, na concentração indicada pelo fabricante. Não são
recomendados para artigos que entram em contato com o trato respiratório, alimentos,
berçário, nem com objetos de látex, acrílico e borrachas.
Quaternários de Amônia: São indicados para desinfecção de superfícies em
berçários e unidades de manuseio de alimentos, atua na inativação de enzimas
produtoras de energia, desnaturação de proteínas celulares e ruptura de membrana
celular. Tem ação fungicida, bactericida, virulicidas. Indicado para desinfecção de

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baixo nível: tempo de exposição de 30 minutos, na concentração indicada pelo
fabricante.
Compostos inorgânicos liberadores de cloro ativo (Hipoclorito de
sódio/cálcio/lítio): Promove desinfecção de nível médio, inibição de reação
enzimática básica da célula, desnaturação de proteína e inativação de ácidos
nucléico. Tem ação virulicida, bactericida, micro bactericida e esporicida para um
grande número de esporos. Concentração de uso: 0,02 a 1%, dependendo da
indicação de uso; indicado para desinfecção de lactários, cozinhas, depósitos de
água, material de inaloterapia e oxigenoterapia na concentração de 0,02% e tempo
de contato de 60 min.
Solução de Iodo: Ação bactericida, tuberculicida, fungicida, virulicida, não-
esporicida; indicado na desinfecção de nível intermediário em ampolas de vidro,
estetoscópio, otoscópio, superfícies externas de equipamentos, partes metálicas de
incubadora.
Glutaraldeído: Promove desinfecção de alto nível, altera o DNA, RNA e
síntese protéica. Ação bactericida, fungicida, micro bactericida e esporicida. Indicado
para limpeza de endoscópios de fibra ótica de alto risco, artigos não-descartáveis,
metálicos ou corrosivos por hipoclorito; instrumental termo sensível; equipamentos de
aspiração. Recomendações: materiais demasiadamente porosos como os de látex
podem reter o glutaraldeído, caso não haja bom enxágue. Apresenta atividade
germicida em presença de matéria orgânica, entretanto, materiais colocados no
glutaraldeído sem limpeza prévia apresentam impregnação de sangue e secreções
pela formação de precipitados, dificultando a limpeza de maneira especial. O produto
deve ser manipulado em local arejado e com uso de EPI.

5.4 Classificação dos artigos hospitalares

Artigos críticos: São aqueles que entram em contato com tecidos estéreis ou
com o sistema vascular e devem ser esterilizados para uso, pois possuem alto risco
de causar infecção.
Artigos semicríticos: São aqueles destinados ao contato com a pele não
intacta ou com mucosas íntegras. Ex.: equipamentos respiratórios e de anestesia,
endoscopia, etc. Requerem desinfecção de alto nível ou esterilização.

18
Artigos não críticos: São artigos destinados ao contato com a pele íntegra do
paciente. Ex.: comadres, cubas, aparelhos de pressão, entre outros. Requerem
limpeza ou desinfecção de baixo ou médio nível. Deve-se atentar para o risco de
transmissão secundária por parte dos profissionais que lidam com o artigo e entrem
em contato com o paciente.

5.5 Comissão de Biossegurança em Saúde

A Biossegurança é tratada pela Comissão de Biossegurança em Saúde (CBS).


Esta foi instituída pela Portaria GM/MS nº 1.683, de 28 de agosto de 2003. Desde sua
criação, o objetivo da CBS é definir estratégias de atuação, avaliação e
acompanhamento das ações ligadas à Biossegurança de forma a ter o melhor
entendimento entre o Ministério da Saúde com órgãos e entidades relacionadas ao
tema.
O princípio básico da biossegurança é o controle de riscos, um elemento
considerável do esforço gradual da busca de proteção contra as ameaças à vida
humana. A responsabilidade legal pelo controle de riscos e pela segurança em
ambientes de trabalho cabe aos administradores, no entanto os funcionários devem
incorporar em sua rotina de trabalho as Boas Técnicas Microbiológicas e as Normas
de Biossegurança.
Isso é feito de forma constante, com treinamentos e alertas, sempre se
preocupando com a manutenção das condições de saúde e observando os riscos
potenciais associados ao trabalho. O termo risco, em se tratando de saúde, é qualquer
situação que aumente a probabilidade de ocorrência de uma doença ou agravo à
saúde, a exemplo dos múltiplos fatores causais das doenças cardiovasculares. Os
riscos são possíveis danos pessoais, infecções ou outras consequências negativas
ao ser humano e ao meio ambiente. O fator de risco de um dano são todas as
características ou circunstâncias que acompanham um aumento de probabilidade de
ocorrência do fato indesejado sem que o dito fator tenha intervindo necessariamente
em sua causalidade.
Agente de risco: Qualquer componente de natureza física, química ou radioativa que
possa a vir a comprometer a saúde do homem, dos animais, do meio ambiente ou a
qualidade dos trabalhos desenvolvidos.

19
Mapa de risco: É a expressão gráfica de distribuição dos riscos envolvidos em um
processo de trabalho realizado em um ponto específico. Tais riscos/fatores têm origem
nos diversos elementos do processo de trabalho (materiais, equipamentos,
instalações, suprimentos e espaços de trabalho) e a forma de organização do trabalho
(arranjo físico, ritmo de trabalho, método de trabalho, postura de trabalho, jornada de
trabalho, turnos de trabalho, treinamento, etc.)
Análise de risco: É a condição de segurança alcançada por um conjunto de ações
destinadas à prevenir, controlar, reduzir ou eliminar riscos inerentes às atividades que
possam comprometer a saúde humana, animal e vegetal e ao ambiente.

5.6 Vertentes da biossegurança

Os profissionais da saúde sempre estarão expostos a algum tipo de risco e


estes são classificados em cinco grupos:
Risco de acidente: É quando há um evento negativo e indesejável, causando lesão
pessoal ou dano material. Alguns exemplos são: queimaduras, cortes e perfurações.
Risco ergonômico: Quando há qualquer fator interferente na característica
psicomorfológica do trabalhador, afetando sua saúde. Por exemplo: transporte manual
de peso, movimento repetitivo, postura inadequada que pode gerar a LER ou DORT.
Risco físico: Está relacionado a diversas formas de energia que o trabalhador está
submetido, como: pressões anormais, temperatura extrema, ruído, vibrações,
radiações ionizantes, ultrassom, etc.
Risco químico: É a exposição a agentes ou substâncias químicas presentes no
ambiente ou processo de trabalho que possam penetrar no organismo por via
respiratória, ser absorvido pela pele ou mesmo por ingestão.
Risco biológico: Está associado ao manuseio ou contato com materiais biológicos
e/ou animais infectados com agentes biológicos que possam produzir efeitos nocivos
sobre os seres humanos, animais e meio ambiente.

5.7 Princípios de biossegurança

O objetivo principal da biossegurança é criar um ambiente de trabalho onde se


promova a contenção do risco de exposição a agentes potencialmente nocivos ao

20
trabalhador, pacientes e meio ambiente, de modo que este risco seja minimizado ou
eliminado. O termo “contenção” é usado para descrever os métodos de segurança
utilizados na manipulação de materiais infecciosos ou causadores de riscos em meio
laboratorial, onde estão sendo manejados ou mantidos.
O objetivo da contenção é reduzir ou eliminar a exposição da equipe de um
laboratório, de outras pessoas e do meio ambiente em geral aos agentes
potencialmente perigosos. As contenções de riscos representam-se como a base da
biossegurança e são ditas primárias ou secundárias.

As ações de biossegurança em saúde são primordiais para a promoção e


manutenção do bem-estar e proteção à vida. A evolução cada vez mais
rápida do conhecimento científico e tecnológico propicia condições favoráveis
que possibilitam ações que colocam o Brasil em patamares preconizados
pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em relação à biossegurança em
saúde. No Brasil, a biossegurança começou a ser institucionalizada a partir
da década de 80 quando o Brasil tomou parte do Programa de Treinamento
Internacional em Biossegurança ministrado pela OMS que teve como objetivo
estabelecer pontos focais na América Latina para o desenvolvimento do
tema. (CBS, 2010 apud MINISTÉRIO DA SAUDE, 2010, p. 36).

5.8 Níveis de biossegurança

O nível de Biossegurança de um procedimento será determinado segundo o


agente biológico de maior classe de risco envolvido. Quando não se conhece a
patogenicidade do agente biológico deve-se realizar uma avaliação do risco para
estimar o nível de contenção. A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança
(CTNBio) é responsável pelas atribuições relativas ao estabelecimento de normas,
análise de risco, definição dos Níveis de Biossegurança e classificação de
Organismos Geneticamente Modificados (OGM).
As características físicas, estruturais e de contenção de um laboratório
determinam o tipo de micro-organismo que pode ser manipulado em suas
dependências.
Nível de Biossegurança 1: É o nível básico de contenção, que se baseia nas
práticas padrões de microbiologia. Não é requerida nenhuma característica de
desenho, além de bom planejamento espacial e funcional e a adoção de boas práticas
laboratoriais.
Nível de Biossegurança 2: Diz respeito aos microrganismos pertencentes a
classe de risco 2. É necessário, além da adoção das boas práticas, o uso de barreiras

21
físicas primarias (cabines de segurança biológica e EPI) e secundárias (desenho e
organização do laboratório).
Nível de Biossegurança 3: Destinado aos trabalhos com microrganismos de
classe de risco 3 ou para manipulação de grandes volumes e altas concentrações de
microrganismos da classe de risco 2. São requeridos, além dos itens do nível de
biossegurança 2, o desenho e a construção laboratorial especial. Deve ser rígida a
operação, inspeção e manutenção das instalações e equipamentos. Além disso o
pessoal técnico deve receber treinamento específico.
Nível de Biossegurança 4: É o laboratório de contenção máxima, destinado a
manipulação de microrganismos de classe de risco 4, onde há o mais alto nível de
contenção, representando uma unidade geográfica e funcionalmente independente de
outras áreas. Esses laboratórios além de requerer requisitos físicos e operacionais
dos níveis de contenção 1, 2 e 3, também pedem barreiras de contenção (instalações,
desenho dos equipamentos de proteção) e procedimentos especiais de
biossegurança.
Sabendo analisar o risco biológico ao qual se está exposto, pode-se decidir em
qual nível de biossegurança o agente infeccioso se encaixa, quais os equipamentos
de segurança utilizar (EPI e EPC) e dessa forma, pode-se proteger o profissional, a
comunidade e o meio ambiente ao risco exposto. Há ainda os manuais de
Biossegurança, que são de responsabilidade de comissões formadas, que preparam
normas dentro da legislação vigente, com revisões quando necessárias.
São alguns setores envolvidos com o desenvolvimento de manuais de
biossegurança: CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes), comissão
criada por funcionários de todos os níveis. SESMT (Serviços Especializados em
Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho) e PCMSO (Programa de Controle
Médico de Saúde Ocupacional) sob responsabilidade de um médico do trabalho. O
SESMT protege a integridade do trabalhador e promove sua saúde. PPRA (Programa
de Prevenção de Riscos Ambientais) está sob responsabilidade direta da Comissão
de Biossegurança, avaliando os riscos biológicos e o local de trabalho.

A preservação da saúde e da segurança no ambiente de trabalho constituem


uma das principais bases para o desenvolvimento adequado da força de
trabalho, sendo indispensável quando se espera ter um ambiente produtivo e
de qualidade. O sucesso na obtenção dos resultados está intimamente
relacionado com a valorização do recurso humano dentro da empresa, como
um dos fatores primordiais. (CHIAVENATTO 1989, apud MONTEIRO 2005,
p. 3).
22
5.9 Descarte de material e instrumental contaminado

A análise das medidas de biossegurança pressupõe uma apreciação quanto


aos princípios fundamentais para o manuseio de materiais e equipamentos dentro do
ambiente hospitalar, incluindo diversos aspectos que podem minimizar o risco dos
profissionais de saúde acidentarem-se ao exercerem suas atividades laborais. Para
isso, é primordial que tenham máxima atenção durante o desempenho de seu
exercício profissional como, por exemplo, não usando os próprios dedos como
anteparo, bem como não realizando o reencapamento ou retirada de seringas com as
próprias mãos.
Mesmo com o uso de material estéril, este precisa ser descartado em
recipientes próprios com resistência elevada à perfuração e com fechamento
adequado, pois esta é uma das principais formas de prevenir a infecção dos
profissionais, além da propagação da doença dentro do ambiente hospitalar. O
descarte é uma etapa fundamental enquanto medida preventiva. Outra medida
elementar é que esses recipientes somente podem ter 2/3 de sua capacidade total
utilizada, a fim de evitar possíveis vazamentos e a consequente contaminação do ar
ou das pessoas que manipularem esses invólucros. Mas, quando o acidente não
puder ser evitado, o profissional de saúde deve adotar medidas que objetivem a
redução do risco de infecção, procedimentos simples, como a lavagem exaustiva da
área externa com água e sabão, bem como o uso de soluções antissépticas
degermantes, a realização de exames que detectem possíveis problemas ou doenças
que possam ser desenvolvidas, a ingestão da medicação adequada a cada caso, a
vacinação se for esta a recomendação ou tomar a atitude necessária a cada caso.
Em caso de exposição de mucosas, é preciso que o local seja lavado com água
ou com solução fisiológica. No entanto, precisa ser evitada a exposição da área
afetada a outros possíveis danos, pois assim o risco do ataque de outras possíveis
infecções hospitalares é reduzido, praticamente eliminado. Nesse sentido, há
necessidade do profissional de saúde comunicar a ocorrência do acidente de trabalho,
registrando o ocorrido no setor responsável, estabelecendo medidas precoces para o
tratamento da lesão, além de buscar retirar suas dúvidas quanto aos procedimentos
a serem adotados.
Entretanto, ainda são poucas as estruturas de atendimento e notificação para
os casos de acidentes com profissionais de saúde nos hospitais e hospitais brasileiros,
23
dificultando a análise sobre a verdadeira incidência de acidentes de trabalho
envolvendo esses profissionais no ambiente hospitalar, reduzindo o monitoramento
de suas tendências atuais e evolutivas.
Outro problema que também merece destaque refere-se ao fato de que o
sistema de vigilância e acompanhamento não registra casos de acidentes de trabalho
ocorridos no setor informal, mesmo representando uma parcela significativa desses
acontecimentos. O trabalhador deve receber informações antecipadas da natureza do
trabalho que irá desempenhar, tais como: riscos, responsabilidades, normas básicas
de higiene rigorosa e rotinas estabelecidas pela instituição.
A exposição ocupacional inclui o contato das membranas mucosas (olho, boca,
entre outros), pele não íntegra, bem como por acidentes percutâneos, ao sangue,
fluidos orgânicos (secreção e excreção), potencialmente transmissores do HIV,
Hepatite B (HBV) e C (HCV), que eventualmente possa ocorrer no ambiente de
trabalho. Estes fatores são os mais relevantes em caso de infecções, pois são aqueles
que podem causar danos mais severos à saúde desses profissionais.
A infecção ocupacional pode ser compreendida como aquela adquirida pelo
trabalhador de saúde no ambiente a partir de uma exposição ocupacional. Todavia,
independente disso, toda e qualquer infecção hospitalar deve ser evitada, seja junto
aos pacientes ou aos funcionários.

5.10 Principais fatores que predispõem os profissionais da área de saúde aos


riscos biológicos

Ao interagirem com o ambiente de trabalho, os profissionais da área de saúde


correm o risco de se submeterem a agentes patógenos dos mais variados que causam
doenças. A presença de riscos de infecções relacionados a diferentes variáveis
epidemiológicas são classificadas, principalmente, em três categorias: agentes,
hospedeiro e atividade ocupacional.
Os agentes referem-se à análise do grau de virulência, toxicidade, dose
infecciosa. Já o hospedeiro refere-se à idade, gênero, raça, gravidez, imunidade, entre
outros. No caso das atividades ocupacionais, referem-se aos métodos, técnicas,
qualidade dos equipamentos e materiais de trabalho.
Pela natureza de suas atividades, os profissionais da área de saúde precisam
ter a consciência de diminuírem os riscos aos materiais infecciosos como uma das
24
principais formas de reduzir a contaminação. Esses profissionais são vulneráveis,
principalmente quando existe a falta de informações sobre as medidas preventivas e
de como preservar a saúde do trabalhador, deixando-os conscientes de sua
vulnerabilidade e que não devem ignorar os riscos aos quais estão submetidos,
aceitando e cumprindo as medidas de segurança e higiene no trabalho.
Da mesma forma, faltam profissionais qualificados, capazes de assumirem
suas atividades plenamente, principalmente aquelas mais complexas, sendo um dos
principais fatores que tornam essas pessoas vulneráveis, levando-os a um alto nível
de desgaste físico, mental e emocional, ocasionando uma sobrecarga. Os
profissionais de saúde são aqueles que mais estão submetidos aos riscos
ocupacionais, seja por meio de ferimentos, erupções e outras dermatoses. Também
é o segmento da área de saúde em que mais inexistem programas de imunização e
estudos sobre as possibilidades de exposição a riscos potenciais.
Estão submetidos a numerosos riscos continuadamente, principalmente no que
se refere aos agentes biológicos, essencialmente quando não ocorre o cumprimento
da utilização de medidas protetivas individuais e/ou coletivas. Além disso, deparam-
se com barreiras institucionais, pressões econômicas e técnicas para que as medidas
de biossegurança mínimas sejam efetivamente implantadas.
No caso dos países em desenvolvimento, os problemas citados são ainda mais
agravados, pois, normalmente, não existem verbas reservadas para a aquisição de
materiais e equipamentos de proteção, assim como para serem investidos em
treinamentos e medidas preventivas. De outra forma, ainda há problemas
relacionados à mudança dos hábitos individuais e coletivos, que tendem a atrapalhar
na conquista dessa desejada prevenção.
Os fatores organizacionais são fundamentais para o sucesso das medidas
preventivas, devendo-se evitar jornadas de trabalho longas demais, excesso de horas
extras, trabalho noturno, monotonia nas atividades, falta de preparo dos funcionários,
além de deficiência nos rodízios de profissionais em escala de trabalho.

Os acidentes estão geralmente associados à fatalidade humana, danos


materiais, paradas na produção, danos à imagem da empresa, efeitos
psicológicos na equipe e perda de produtividade. O estudo destas
ocorrências permite uma avaliação das relações entre o homem e o ambiente
onde ele exerce suas atividades, seu equilíbrio e sua deterioração,
aprimorando o conhecimento técnico-científico e permitindo o planejamento
e a avaliação das ações voltadas para os trabalhadores. Deve-se incluir nesta
análise até mesmo acidentes ou incidentes que não tenham culminado em

25
lesões ou doenças, mas que apresentavam potencial para isso, bem como a
ocorrência de eventos inesperados e indesejáveis, com o objetivo de que
estas situações não ocorram novamente. (ASFAHL 2005, apud BAKKEA,
2009, p. 2).

A falta de conscientização de profissionais na busca por melhores condições


físicas e ambientais de trabalho atrapalha na diminuição desses riscos, bem como não
devem associar esses acidentes à falta de sorte, de atenção, por culpa pessoal ou
aspectos afins, sem considerar fatores relacionados ao próprio ambiente da empresa.
Eliminar ou reduzir a exposição, é fundamental para que haja o progresso de
prevenção que causem infecção aos profissionais de saúde diminuindo a
contaminação por acidente por agulhas, além do uso de dispositivos para descarte e
de equipamento de proteção individual (máscaras, luvas, aventais etc.), e a avaliação
e segmento pós exposição, incluindo profilaxia quando necessário.
A unidade de saúde deve manter um banco de dados contendo informações
sobre todas as atividades desenvolvidas na prevenção e controle de doenças
ocupacionais transmitidas através do sangue, fluidos orgânicos e outras doenças
infectocontagiosas, como tuberculose, rubéola e tétano. Desse modo, uma das
principais medidas de prevenção contra as infecções é a realização do
acompanhamento sorológico. Deve ser solicitada a sorologia para HIV e hepatite B e
C, imediatamente após o acidente, o que funciona como prévia.
Profissionais de saúde devem ser vacinados previamente contra hepatite B
devem solicitar o anti-HBS, se o resultado der positivo, não é necessário o
acompanhamento sorológico. Trabalhador vacinado com anti-HBS negativo, e para
os não vacinados, solicitar HBsAg e anti-HBC. Repetir, neste caso, as sorologias após
6 meses da exposição ao cliente Fonte HBsAg positivo ou cliente-Fonte
desconhecido.
Quando o trabalhador tiver utilizado gamablobulinahiperimune imediatamente
após o acidente, a realização da sorologia anti-HBsAg só deve ser realizado 12
semanas após o acidente. Os principais critérios para a prevenção ou realização de
exames ou vacinação em casos de contato com pessoas contaminadas com HIV, HBV
e HCV, deve-se considerar o risco de aquisição ocupacional quando houver contato
comprovado com material infectante, sorologia negativa do trabalhador, realizada até
15 dias após o acidente, bem como a ocorrência de soro conversão durante o

26
acompanhamento e a ausência de outros determinantes de risco para o contágio com
o agente.
Com relação aos riscos pós-exposição de material biológico com HIV, é
imprescindível que o profissional tenha consciência do tamanho da profundidade da
lesão, se existe sangue visível no dispositivo do acidente e se este dispositivo foi
previamente colocado em leito intravascular (agulhas). Assim, ciente Fonte com alto
título de HIV, é preciso verificar se existiu a exposição do material em mucosa, se a
pele também teve algum tipo de contato com o material, pois assim o risco será
aumentado também se houver um contato prolongado, áreas extensas, perdas de
integridade da pele e alto título viral inoculante.
Sobre o risco de pós-exposição ao material biológico pelo contato com HVB,
caso entre 6 a 40% dos casos, apresenta-se como agente efetivo de transmissão de
doenças, originadas após o contato com material biológico. Com relação ao risco de
pós-exposição ao material biológico HVC, existe risco de 3 a 10% dos casos por
possuir cerca de 10 vezes mais possibilidades de complicação que o HBV. Cerca de
30 a 70% dos infectados por esse vírus podem evoluir para a cronicidade. Os
principais cuidados locais, em casos de exposição ao HIV, HVB e HCV:
• O cuidado com os locais expostos deve ser imediato;
• Lavar a área exaustivamente com água e sabão, em caso de exposição percutânea,
e colocar solução antisséptica (álcool a 70%, PVP-1 ou clorohexidina);
• Lavar exaustivamente com água ou solução fisiológica, após exposição em
mucosas;
• No caso de ingestão, provocar o vômito;
• Realizar curativo se necessário;
• Comunicar à chefia imediata.
Nesse caso, é imprescindível a necessidade de evitar acidentes com materiais
perfuro cortantes com o manuseio adequado dos equipamentos, máquinas e demais
elementos utilizados, acondicionamento adequado em recipientes próprios e,
conforme já citado antes, não deixar ultrapassar 2/3 de sua capacidade de utilização,
bem como determinar normas e procedimentos a serem seguidos, não esquecendo
as Normas Reguladoras (NRs) existentes para cada caso.
Para chamar a atenção das pessoas que frequentam ou que trabalhem nos
estabelecimentos de saúde, é importante que haja uma sistemática de identificação

27
dos riscos existentes em cada setor ou unidade do estabelecimento. Por isso, de
acordo com as necessidades e a gravidade dos riscos existentes, é necessária a
presença de material informativo e de divulgação, como cartazes, folhetos, adesivos,
entre outros, que transmitam e que sejam tomados cuidados preventivos ante o risco
presente.
Assim, símbolos identificados de substâncias, cores diferenciadas, etiquetas
adequadas, textos alusivos, que indiquem os riscos e as atitudes adequadas a tomar,
devem fazer parte do ambiente do estabelecimento de saúde.

5.11 Classificação de Risco

A classificação de riscos nos ambientes de trabalho é definida a partir da


Portaria 3.214/7820 do Ministério do Trabalho e Emprego, em suas Normas
Regulamentadoras, as – NRs - de Medicina e Segurança do Trabalho.
Um profissional devidamente capacitado e informado sobre as questões
básicas de prevenção não terá dificuldades para identificar, intervir e administrar
eventos que porventura possam vir a comprometer além da integridade física
daqueles que ali se inserem mas também as instalações prediais. Todos os hospitais
manuseiam materiais potencialmente perigosos e geram detritos perigosos.
Aplicando-se os critérios de biossegurança de nível 2, em que o pessoal do hospital
necessita de treinamento específico no manuseio de agentes patogênicos, fica o
hospital limitado durante o período de trabalho e os procedimentos que geram
aerossóis conduzidos a cabines de segurança biológica.
Todo o sangue humano de reagente deverá ser manuseado como se eles
contivessem patógenos. De uma forma geral, as principais etapas do gerenciamento
de riscos referem-se à análise, avaliação, definição das medidas preventivas e
eliminação ou minimização do risco.
Portanto, para o gerenciamento de riscos, é necessário adotar uma
metodologia estruturada e sistemática de identificação e avaliação desses riscos.
Essa prática é fundamentada no Programa de Prevenção de Riscos Ambientais -
PPRA, que subsidia o Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional - PCMSO.
Métodos para redução e prevenção de acidentes: Desenvolver no ambiente
de trabalho a cultura da biossegurança; avaliar a biossegurança, no contexto global

28
da instituição como ocorre com os processos da qualidade; aplicar de forma planejada
as ferramentas da qualidade para a avaliação e correção do sistema de
biossegurança.
Fatores de importância na percepção das avaliações de riscos são expostos
para evitar infecções nos profissionais do hospital. Portanto, existe a necessidade de
avaliação de cada um dos riscos, com intuito de eliminá-los, ou minimizar seus efeitos.
Acidentes são eventos definidos ou sequência de eventos fortuitos e não
planejados que dão origem a uma consequência específica e indesejada, em termos
de danos humanos, materiais ou ambientais. Existem ações preventivas nos hospitais
para a prevenção de acidentes, tais como: mapeamento de pontos que representem
riscos, assinalando os mais críticos; ter estabelecido criação de Procedimentos
Operacionais Padrão (Pops).
É através da legislação existente que se pode verificar as possibilidades de
defesa e promoção da saúde do trabalhador. A legislação pode ser classificada de
acordo com a área pertinente para a sua aplicação. As formas atuais e as vias de
regulamentação de saúde do trabalhador, em especial, destacam-se o PCMSO, que
atua em caráter de prevenção, rastreamento e diagnóstico precoce dos agravos à
saúde, inclusive de natureza subclínica, doenças profissionais ou danos irreversíveis
à saúde dos trabalhadores. Nesse caso, relembra-se a NR – 5 que trata da Comissão
Interna de Prevenção de Acidente - CIPA.

Apesar dos esforços das empresas, entidades e profissionais da área de


Saúde e Segurança do Trabalho em adotar medidas preventivas, elas ainda
não são suficientes para proteger a vida e a segurança do trabalhador. Os
números são cada dia mais alarmantes e é preciso que as empresas adotem
cada dia mais medidas protetivas e preventivas para que o trabalhador não
se acidente no ambiente laboral. A CIPA pode ser considerada portanto, uma
grande aliada para redução do número de acidentes de trabalho no Brasil.
(COSTA 2012, apud MENDES 2016, p.5).

A função da CIPA é prevenir acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de


modo a tornar compatível permanentemente o trabalho com a prevenção da vida e a
promoção da saúde do trabalhador. A norma propõe o reconhecimento, avaliação e
controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no
ambiente de trabalho de forma antecipada.

29
6 ISOLAMENTOS HOSPITALARES

Fonte: ccih.med.br

O aparecimento de novas síndromes infecciosas, o surgimento de germes


multirresistentes e o conhecimento da transmissibilidade das doenças comunitárias a
nível hospitalar fizeram surgir à necessidade de reavaliação dos métodos utilizados
para isolamentos nos hospitais.

6.1 Transmissão da infecção no hospital

Para ocorrer a transmissão das infecções no ambiente hospitalar são


necessários 3 elementos:
a) Fonte de infecção: Podem funcionar como fonte de microrganismos os
pacientes, funcionários e, ocasionalmente, os visitantes; também podem ser
fontes de microrganismos os objetos inanimados do ambiente hospitalar que
se tornam contaminados, incluindo equipamentos e medicamentos.
b) Hospedeiro susceptível: Pacientes no ambiente hospitalar possuem fatores
que os tornam mais susceptíveis aos microrganismos, tais como: doença de
base, uso de quimioterápicos e imunossupressores, uso de antimicrobianos;
quebra de barreiras naturais de defesa como incisões cirúrgicas ou uso de
cateteres e sondas.

30
c) Meios de transmissão: Os microrganismos são transmitidos no hospital por
vários meios, como contato, gotículas, pelo ar, por meio de um veículo comum
ou por vetores.
O Contato é o mais frequente e importante meio de transmissão de infecções
hospitalares, ocorre através das mãos dos profissionais que não são lavadas ou
desinfetadas entre um paciente e outro, através das luvas que não são trocadas entre
um paciente e outro. Pode ocorrer pelo contato de um paciente com outro e também
através de instrumentos contaminados.
As gotículas embora seja uma forma de contato, pela sua peculiaridade é
tratada separadamente. A geração de gotículas pela pessoa que é a fonte ocorre
durante a tosse, espirro, aspiração de secreções, realização de procedimentos (como
broncoscopia) e mesmo pela conversação habitual. Quando estas partículas são
depositadas na conjuntiva, mucosa nasal ou na boca do hospedeiro susceptível,
ocorre a transmissão do agente. As partículas podem atingir uma distância de 1 metro.
Essa forma de transmissão não é aérea porque as gotículas não permanecem
suspensas no ar.
A forma aérea se dá na transmissão aérea, que ocorre quando os
microrganismos estão em pequenas partículas suspensas no ar (=5 µm) ou gotículas
evaporadas que permanecem suspensas no ar por longo tempo ou em partículas de
“fumaça”; os microrganismos carregados desta forma são disseminados por correntes
de ar e podem ser inalados por hospedeiros susceptíveis, mesmo a longas distâncias.
Para a prevenção da transmissão aérea é recomendado, além do uso de
máscaras, que os quartos sejam equipados com um sistema de ventilação especial,
pressão negativa e filtro, evitando a saída de correntes de ar quando a porta é aberta.
Veículo comum: Ocorre quando os microrganismos são transmitidos por
veículo comum como alimentos, água, medicamentos ou mesmo equipamentos.
Vetores: Ocorre quando vetores como moscas, mosquitos, transmitem
microrganismos. Para a prevenção de infecções adquiridas no hospital, este meio de
transmissão não é considerado importante.

6.2 Isolamentos

É possível agrupar os isolamentos hospitalares da seguinte forma:

31
I – Fundamentos para isolamentos hospitalares:
Lavagem das mãos: É a medida mais importante de evitar a transmissão de
microrganismos de um paciente para outro, as mãos devem ser lavadas antes e após
contato com pacientes e após contato com sangue, secreções e excreções e
equipamentos ou artigos contaminados, devem ser lavadas imediatamente após a
retirada das luvas (as mãos podem ser contaminadas por furos nas luvas ou durante
a remoção destas).
A lavagem das mãos deve ser feita com sabão comum ou desinfetada com
álcool glicerinado (álcool 70% + glicerina 1 a 2%), antes de procedimentos invasivos
deve ser feita com sabão contendo antisséptico.
Uso de luvas: As luvas são utilizadas por 3 razões:
a) Proteção individual: É obrigatório ao contato com sangue e líquidos corporais e ao
contato com mucosas e pele não íntegra de todos os pacientes e também na
venopunção e demais procedimentos de acesso vascular.
b) Reduzir a possibilidade de que microrganismos das mãos contaminem campo
operatório, mucosas ou pele não intacta (deve ser calçada imediatamente antes do
contato),
c) Reduzir a possibilidade de transmissão de microrganismo de um paciente ou fômite
para outro, as luvas devem ser trocadas entre um paciente e outro.
O uso das luvas não substitui a lavagem das mãos e a falta de troca das luvas
entre um paciente e outro pode disseminar microrganismos no hospital.
Acomodações dos pacientes: O quarto privativo é importante para prevenir a
transmissão por contato quando o paciente tem hábitos higiênicos precários ou não
consegue compreender as medidas de controle, como crianças e indivíduos com
problemas mentais. Se possível, é recomendado quarto privativo para pacientes com
microrganismos altamente transmissíveis ou epidemiologicamente importantes.
Quando não for possível, deve-se escolher o companheiro de quarto,
preferencialmente infectado pelo mesmo microrganismo (coorte).
Quando não for possível estabelecer-se coorte, é ainda possível escolher
cuidadosamente outro companheiro, com menor risco, mas sempre sob supervisão
da CCIH. Quartos com ventilação especial e pressão negativa são recomendados
para pacientes que tem possibilidade de transmitir microrganismos por via aérea.

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Transporte: O paciente portador de microrganismos altamente transmissíveis
ou epidemiologicamente importantes deve deixar o quarto apenas em situações
essenciais ao seu tratamento. Deve ser usada barreira apropriada para cada paciente,
de acordo com a possibilidade de transmissão: colocar máscara no paciente com
possibilidade de geração de partículas infectantes e proteger com curativos
impermeáveis as secreções que possam contaminar o ambiente.
Tanto o paciente como os funcionários do local que o recebe devem ser
adequadamente informados sobre o tipo e necessidade das precauções. Pacientes
imunossuprimidos devem ter prioridade no atendimento, mas não é indicado o uso de
máscara.
Máscara, proteção ocular ou proteção facial: Devem ser utilizados na
realização de procedimentos de risco de contaminação de mucosas do nariz, boca e
olhos com sangue ou líquidos corporais. O uso de máscaras para isolamentos por
pacientes com tuberculose abaixo especificado.
Aventais, perneiras, sapatos e propés: São utilizados para proteção
individual, nas situações onde há risco de contaminação com sangue e líquidos
corporais. Caso sejam usados aventais em quartos com precauções de transmissão
por contato, devem ficar dentro do quarto.
Equipamentos e artigos: Materiais perfuro-cortantes depois de utilizados
devem ser transportados ou descartados com cuidado para prevenir acidentes e
transferência de microrganismos para o ambiente ou outros pacientes, equipamentos
utilizados em precauções de contato devem ser desinfetados após o uso (ex:
estetoscópios, termômetros, esfigmomanômetros).
Roupas/lavanderia: O risco de transmissão de microrganismos é desprezível
se as roupas forem manipuladas, transportadas e lavadas de maneira a evitar a
transferência de microrganismos para pacientes/funcionários ou ambiente.
Pratos, talheres e copos: A combinação de calor e detergente é suficiente
para descontaminação dos utensílios, não sendo necessária a separação para
pacientes isolados.
Limpeza de rotina e terminal: A limpeza dos equipamentos do ambiente do
paciente em precauções especiais deve ser determinada de acordo com a
possibilidade de contaminação.

33
II - Precauções universais ou precauções padrão: As precauções universais
ou precauções padrão com sangue e líquidos corporais são normatizadas para serem
utilizadas em todos os pacientes, independentemente dos fatores de risco ou da
doença de base. Compreende a lavagem correta das mãos, uso de luvas, aventais,
máscaras ou proteção facial para evitar o contato do profissional com materiais do
paciente, como sangue, líquidos corporais, secreções e excretas (exceto suor), pele
não intacta e mucosas.
III – Precauções para transmissão aérea: Devem ser usadas, juntamente com
precauções padrão, para pacientes portadores de doenças transmitidas pelo ar. É
recomendado quarto privativo e, se possível, com ventilação especial; as portas e
janelas devem permanecer fechadas; é necessário uso de máscara N95 ao entrar no
quarto; pacientes com a mesma doença podem dividir o mesmo quarto.
São incluídas:
Tuberculose pulmonar e laríngea: Uso de máscaras com filtro especial (N95). Nos
casos suspeitos deve-se aguardar resultado da baciloscopia; se negativa, suspender
precauções. Manter precauções até 3 baciloscopias negativas colhidas em dias
diferentes.
Todo paciente que estiver em uso de esquema terapêutico diferente do habitual
(Pirazinamida/Izoniazida/Rifampicina) não poderá dividir o quarto com nenhum outro
paciente e deverá manter precauções durante todo o período de internação,
independentemente da baciloscopia.

O conhecimento das vias de eliminação do agente é importante para a


adoção de medidas de contingenciamento. A eliminação por excreções ou
secreções de agentes biológicos pelos organismos infectados, em especial,
aqueles transmitidos por via respiratória, podem exigir medidas adicionais de
contenção. As pessoas que lidam com animais experimentalmente infectados
com agentes biológicos patogênicos apresentam um risco maior de
exposição devido à possibilidade de mordidas, arranhões e inalação de
aerossóis. (BRASIL 2006, apud MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017, p. 20).

Varicela, herpes zoster disseminado ou herpes zoster localizado em


imunossuprimidos: As pessoas sabidamente não imunes devem evitar entrar no
quarto. Caso isso não seja possível, devem usar as máscaras N95. As pessoas
sabidamente imunes estão dispensadas do uso de máscaras. Uso de luvas ao contato
com lesões do paciente e uso de avental ao contato direto com lesões do paciente.
Manter precauções até que todas as lesões estejam na forma de crostas.
34
Após exposição ao vírus varicela zoster, colocar indivíduos susceptíveis em
precauções aéreas a partir do 10º dia pós-exposição até o 21º dia após a última
exposição. Para os expostos que receberam imunoglobulina, manter as precauções
até o 28º dia. Os acompanhantes podem permanecer dentro do quarto, estando
dispensados do uso de máscaras desde que sejam imunes; ao entrar apenas para
observar e não entrar em contato com o paciente ou dispositivos a ele conectados,
não são necessárias luvas, sendo suficiente o uso de máscaras, com as ressalvas
acima.
Sarampo: O uso de máscaras é semelhante ao descrito para varicela, para pessoas
não imunes.
IV – Precauções para transmissão por gotículas: São utilizadas para pacientes
com doenças, conhecidas ou suspeitas, transmitidas por partícula grandes (> 5 µm);
deve-se usar máscara comum ao entrar no quarto; é recomendado quarto privativo
durante o período das precauções; demais procedimentos seguem as precauções
universais ou precauções padrão.
Incluem-se as seguintes patologias:
Doença invasiva por H.influenzae tipo b (epligotite, meningite, pneumonia) - Manter
precauções até 24 h do início da antibioticoterapia.
Doença invasiva por meningocócica (sepsis, meningite, pneumonia) -Manter
precauções até 24 h do início da antibioticoterapia.
Difteria laríngea-Manter precauções até duas culturas negativas.
Coqueluche-Manter precauções até 5 dias após o início da antibioticoterapia. ·
Caxumba- Manter precauções até 9 dias do início da exteriorização ou tumefação das
parótidas.
Rubéola -Manter precauções até 7 dias após o início do exantema
Escarlatina- Manter precauções até 24 h após o início da antibioticoterapia
Vírus influenza -Manter em precaução por 7 dias, no caso de influenza aviária ou
cepa pandêmica manter em isolamento aerossol.

35
7 ISOLAMENTOS HOSPITALARES: ORGANIZAÇÃO E ROTINAS TÉCNICAS E
OPERACIONAIS

Em 1996, o Centers for Disease Control and Prevention publicou o sistema de


precauções e isolamentos, o qual contempla três tipos de precauções: Precauções
padrão e Precauções específicas.
Esta orientação, para estabelecer precauções, é considerada uma nova etapa
na evolução das práticas de isolamento nos hospitais norte-americanos e também,
tem orientado diversas instituições brasileiras. Elas podem ser combinadas caso a
doença apresente mais de uma via de transmissão. As Precauções Específicas
devem ser sempre usadas associadas às Precauções Padrão.
Precauções empíricas/precauções padrão: Devem ser aplicadas no
atendimento a todos os pacientes, na presença de risco de contato com sangue;
fluidos corpóreos, secreções e excreções (exceção: suor); pele com solução de
continuidade; e mucosas.
Precauções específicas: Elaboradas de acordo com o mecanismo de
transmissão das patologias e designadas para pacientes suspeitos ou sabidamente
infectados ou colonizados, por patógenos transmissíveis e de importância
epidemiológica, baseada em três vias principais de transmissão: transmissão por
contato, transmissão aérea por gotículas, transmissão aérea por aerossóis.

7.1 Controle dos funcionários:

Está recomendada a triagem para tuberculose, infecção e doença, por meio


dos exames pré-admissionais e periódicos, incluindo o teste tuberculínico (PPD). O
funcionário com teste tuberculínico não reator deve ser incluído no programa de
testagem periódica com PPD ou vacinação pelo BCG. Indica-se a realização de, pelo
menos, um teste anual para os funcionários com potencial para exposição à
tuberculose. O acompanhamento clínico/radiológico está recomendado para todo
funcionário que apresentar conversão tuberculínica recente documentada.
Caso não seja confirmada doença, está recomendado o início de
quimioprofilaxia com Izoniazida. Além disto, para aqueles que apresentarem sinais
e/ou sintomas sugestivos de tuberculose, também está indicado o acompanhamento

36
no serviço de medicina do trabalho, para avaliação específica com teste de
baciloscopia e exames complementares.

7.2 Afastamento das atividades

O indivíduo que apresenta tuberculose pulmonar ou laríngea ativa pode ser


altamente infectante. No caso de suspeita ou diagnóstico confirmado, está
recomendado o afastamento das atividades - até que o diagnóstico seja descartado
ou até que esteja sob terapia eficaz antituberculosa e não seja mais considerado
infectante.

7.3 Medidas de prevenção e controle

 Identificação precoce dos casos suspeitos para início imediato do


tratamento e das precauções de contato e respiratórias para aerossóis
para pacientes provenientes de áreas de risco durante a epidemia;
 Manter os pacientes suspeitos/confirmados sob precauções de contato
e respiratórias para aerossóis durante o período indicado.

7.4 Orientações específicas

Berçário
Os recém-nascidos com infecção raramente necessitam de um quarto especial
para isolamento, pois apresentam baixa capacidade de dispersão de microrganismos,
sendo a transmissão controlada através da lavagem das mãos e pela implantação das
precauções-padrão (luvas e avental, quando necessário).
Para as doenças transmitidas por via aérea, quando são envolvidas apenas as
gotículas respiratórias, a incubadora fornece barreira adequada, se mantidas as
precauções-padrão associadas. Um ambiente isolado é necessário apenas para
patologias transmitidas por aerossóis.

As infecções hospitalares são mais frequentes e, geralmente, mais graves


em recém-nascidos do que em crianças maiores e em adultos. Além das
várias peculiaridades desta fase da vida, que levam à maior susceptibilidade
à infecção, a sobrevivência de um número crescente de recém-nascidos
prematuros às custas do elevado tempo de permanência em unidades de
37
terapia intensiva neonatal, onde são submetidos a procedimentos invasivos
e ao uso de antimicrobianos de largo espectro, são responsáveis por esta
condição. A prevenção e o controle das infecções bacterianas neonatais
representam um desafio para todos aqueles envolvidos nos cuidados
hospitalares aos recém-nascidos. Surtos de infecção em berçários, causando
óbitos, têm sido amplamente divulgados pela imprensa leiga no Brasil.
(STOLL 1997, apud PINHATA 2007, p. 82).

8 CONCEITOS DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA

Fonte: tecnica.geracaoweb.com.br

Urgência é definida como qualidade de urgente, emergência é definida como


ação de emergir. Uma emergência é o surgimento de um acontecimento. A definição
introduz critérios que caracterizam essa ocorrência: o caráter repentino e imprevisto
de sua manifestação, assim como o seu caráter crítico e perigoso.
No nível dos discursos, os profissionais de saúde que atuam no domínio da
urgência referem-se, com frequência, à distinção entre urgência e emergência e
insistem também na importância de saber a diferença entre as duas para agir de
maneira adequada. Essas categorias existem a ponto de justificar a existência de
serviços especializados, nos hospitais destinados, na ótica biomédica, ao atendimento
das urgências e emergências. Elas existem a ponto de justificar uma ordem de
prioridade no atendimento.
Uma emergência corresponde a um processo com risco iminente de vida,
diagnosticado e tratado nas primeiras horas após sua constatação. Exige que o
tratamento seja imediato diante da necessidade de manter funções vitais e evitar

38
incapacidade ou complicações graves. Representa situações como choque, parada
cardíaca e respiratória, hemorragia, traumatismo crânio-encefálico.
Já a urgência significa um processo agudo clínico ou cirúrgico, sem risco de
vida iminente. Nesse caso há risco de evolução para complicações mais graves ou
mesmo fatais, porém, não existe um risco iminente de vida. Representa situações
como fraturas, feridas lacero-contusas sem grandes hemorragias, asma brônquica,
transtornos psiquiátricos.
Em tese são situações, ou problemas de saúde, que designa como sendo de
rotina por não apresentarem riscos de vida. Como muitos desses problemas,
considerados de rotina, implicam sofrimentos ou preocupações nos pacientes, criam-
se situações específicas que não deveriam aguardar uma consulta agendada. É o
caso de uma criança com vômito ou febre superior a 38,5 °C a requerer algum
cuidado, ainda que não seja de urgência/emergência. Nestas e em outras situações
similares justificaria o serviço denominado de pronto-atendimento. Neste serviço,
podem ser atendidas situações que não deveriam aguardar consulta marcada e, até
mesmo, atendimento de urgência mais simples como suturas, nebulizações, fazendo
o acolhimento e triagem exigida para cada caso.

Segundo o Ministério de Saúde define acolhimento como uma ação técnica e


assistencial que estimula uma relação mais humana entre profissional,
usuários e sua rede social, por meio de aspectos técnicos, éticos e
solidariedade, trazendo o usuário para uma postura de sujeito ativo no
processo de produção da saúde. Assim, o protocolo de Manchester vem com
o objetivo de promover a classificação de risco, não para realizar o
diagnóstico, mas sim caracterizar a prioridade clínica para o atendimento
médico. (BRASIL, 2004, apud FREITAS, 2013, p. 19).

8.1 Risco de vida e continuum da urgência

O critério fundamental de distinção apontado entre emergência e urgência, e o


que não é nem emergente nem urgente, é o risco de vida, avaliado na base do perigo
que ameaça a manutenção das funções ditas vitais: no caso de uma emergência, o
risco de vida é iminente; no caso de uma urgência, o risco existe, mas não é iminente,
no caso dos problemas de rotina, é inexistente.
Com efeito, no momento do diagnóstico, a avaliação médica necessita da
apreensão de um quadro de saúde bem mais complexo, que vai combinando vários
sintomas/patologias que não podem ser isolados e considerados um independente do

39
outro. Portanto, dependendo do quadro geral de saúde e do contexto nos quais se
inscreve, uma fratura como também uma asma brônquica podem vir a ser
consideradas, sob a perspectiva das definições, não como urgências mas como
emergências.
A urgência e a emergência não são definidas como estados, mas como
processos que se originam em pontos diferentes de um mesmo continuum, cujas
extremidades opostas são, de um lado, a total ausência de risco de vida, que
corresponde aos casos ditos de rotina e, do outro, a existência de um risco de vida
máximo, que corresponde aos casos ditos de emergência.
Entre os dois, em um lugar indefinido, intermediário, fica a urgência e os casos
assim considerados. A urgência aparece, desse modo, como uma questão de graus
ou de níveis. Acompanhando essa gradação da urgência, três subfatores são levados
em consideração: Tempo, necessidade de agir e gravidade; sendo os três
intimamente ligados.
Em outros termos, quanto maior é a gravidade, ou seja, maior é a iminência e
a importância do risco de vida, maior é a necessidade de uma ação terapêutica e
menor é o tempo para realizá-la. Mais curto é o tempo, maior é a urgência. Assim,
encontram-se combinados no continuum, os critérios que o dicionário indica nas duas
definições. A caracterização considera duas grandes dimensões do tempo. A primeira
diz respeito à velocidade, à rapidez (o fator tempo). A segunda sugere o momento
oportuno para agir, e pressupõe uma escolha (fator necessidade de agir): na
emergência o tratamento tem de ser imediato, já na urgência não há necessidade de
agir tão rápido.
Uma diz respeito à dimensão quantitativa do tempo. A outra remete à dimensão
qualitativa, pois a maior ou menor rapidez da ação é o resultado de uma escolha
(ligada à apreciação do grau de urgência) que se inscreve em uma ordem de
prioridade.
Como existe necessariamente um prazo antes da execução, é preciso decidir
o que é tolerável. Seguindo a lógica do continuum, pode-se considerar que a morte
representa por excelência o grau nulo da urgência: de fato, quando ocorre não há
mais risco de vida e, por consequência, nada mais para fazer. Agora, exceto nesse
caso bem claro e talvez também naqueles que se encontram nas extremidades do
continuum, o critério risco de vida é, em si, bastante nebuloso.

40
Apesar de salientar que os estados/situações de saúde que devem ser
considerados como urgência ou emergência são os que representam uma ameaça
para a vida, se nada for feito mais ou menos rapidamente, ele não deixa de ficar
indefinido no que diz respeito à sua avaliação e, sobretudo, à avaliação do grau de
ameaça que representa para a vida.
Entre as duas extremidades do continuum, encontra-se um grande número de
casos, mais ou menos de emergência, mais ou menos urgentes, mais ou menos de
rotina. Incorporando a dimensão do tempo, o continuum é dinâmico. E sua dimensão
diacrônica acaba tornando a caracterização ainda mais imprecisa, apesar de não
apresentar risco de vida iminente, um caso é considerado como sendo urgente
justamente por um risco de complicações mais graves ou mesmo fatais. Então, a
distinção se torna muito sutil e a urgência pode vir a se tornar uma emergência a
qualquer momento.

8.2 Rede móvel de atendimento hospitalar

Deve ser entendido como uma atribuição da área da saúde, sendo vinculado a
uma Central de Regulação, com equipe e frota de veículos compatíveis com as
necessidades de saúde da população de um município ou uma região, podendo,
portanto, extrapolar os limites municipais. Esta região de cobertura deve ser
previamente definida, considerando-se aspectos demográficos, populacionais,
territoriais, indicadores de saúde, oferta de serviços e fluxos habitualmente utilizados
pela clientela. O serviço deve contar com a retaguarda da rede de serviços de saúde,
devidamente regulada, disponibilizada conforme critérios de hierarquização e
regionalização formalmente pactuados entre os gestores do sistema loco-regional.
Para um adequado atendimento pré-hospitalar móvel o mesmo deve estar
vinculado a uma Central de Regulação de Urgências e Emergências. A central deve
ser de fácil acesso ao público, por via telefônica, em sistema gratuito (192 como
número nacional de urgências médicas ou outro número exclusivo da saúde, se o 192
não for tecnicamente possível), onde o médico regulador, após julgar cada caso,
define a resposta mais adequada, seja um conselho médico, o envio de uma equipe
de atendimento ao local da ocorrência ou ainda o acionamento de múltiplos meios.

41
O número de acesso da saúde para socorros de urgência deve ser amplamente
divulgado junto à comunidade. Todos os pedidos de socorro médico que derem
entrada por meio de outras centrais, como a da polícia militar (190), do corpo de
bombeiros (193) e quaisquer outras existentes, devem ser, imediatamente
retransmitidos à Central de Regulação por intermédio do sistema de comunicação,
para que possam ser adequadamente regulados e atendidos.
O atendimento no local é monitorado via rádio pelo médico regulador que
orienta a equipe de intervenção quanto aos procedimentos necessários à condução
do caso. Deve existir uma rede de comunicação entre a Central, as ambulâncias e
todos os serviços que recebem os pacientes.
Os serviços de segurança e salvamento, sempre que houver demanda de
atendimento de eventos com vítimas ou doentes, devem orientar-se pela decisão do
médico regulador de urgências. Podem ser estabelecidos protocolos de despacho
imediato de seus recursos de atenção às urgências em situações excepcionais, mas,
em nenhum caso, estes despachos podem ser feitos sem comunicação simultânea
com o regulador e transferência do chamado de socorro para exercício da regulação
médica.
Equipe Profissional
Os serviços de atendimento pré-hospitalar móvel devem contar com equipe de
profissionais oriundos da área da saúde e não oriundos da área da saúde.
Considerando-se que as urgências não se constituem em especialidade médica ou de
enfermagem e que nos cursos de graduação a atenção dada à área ainda é bastante
insuficiente, entende-se que os profissionais que venham a atuar nos Serviços de
Atendimento Pré-hospitalar Móvel (oriundos e não oriundos da área de saúde) devam
ser habilitados pelos Núcleos de Educação em Urgências, cuja criação é indicada pelo
presente Regulamento e cumpram o conteúdo curricular mínimo nele proposto.

9 PREVENÇÃO E CONTROLE DAS PRINCIPAIS INFECÇÕES HOSPITALARES

Os acidentes ocupacionais que ocorrem em hospitais estão relacionados a


diversos fatores e, portanto, seu controle depende de ações em várias áreas,
priorizando-se o desenvolvimento de divulgação de informações, além da adoção de
procedimentos correspondentes às boas práticas de segurança para profissionais,
pacientes e meio ambiente. As barreiras utilizadas na prevenção de riscos são
42
Equipamentos de Proteção Individual (EPI), Equipamentos de Proteção Coletiva
(EPC), adoção de medidas preventivas e imunização.
O risco de transmissão de infecção para o trabalhador de área de saúde (TAS)
depende da hierarquização e complexidade da atividade que desenvolve (hospital
terciário ou unidade primária de saúde), do tipo de atendimento prestado às pessoas
(imunodeprimidos) e função que desempenha (hospital, endoscopia, patologia,
odontologia, terapia intensiva, lavanderia, patologia clínica, enfermagem, limpeza,
entre outros). Enquanto existirem condições no ambiente de trabalho capazes de
provocar danos à saúde ou à integridade física do trabalhador, considera-se, então,
que há riscos ocupacionais. Os riscos são variáveis e dependem também de
problemas administrativos, financeiros, treinamento, educação continuada, normas e
rotinas, existência de EPI, EPC e outros.
Segundo a resolução n°1 de 1988 do Conselho Nacional de Saúde, Cap. X,
artigo 64, os micro-organismos podem ser classificados em quatro classes de risco de
1 a 4 por ordem:
Classe 1, possui baixo risco individual coletivo.
Classe 2, possui risco individual moderado e risco coletivo limitado.
Classe 3, tem risco individual elevado e risco coletivo baixo, podendo causar
enfermidade grave aos profissionais de hospital.
Classe 4, agrupa os agentes que causam doenças para o homem e representam um
sério risco para os profissionais de hospital e para a coletividade.
Os procedimentos operacionais padronizados para uso pelos profissionais de
saúde em hospitais é um reconhecimento de que os critérios de biossegurança, em
geral, são aplicados. O potencial infeccioso desconhecido das amostras do paciente
é o risco mais significativo encontrado. Isto significa que mesmo um procedimento
mais simples como a retirada de rolhas de recipientes a vácuo, não deverá ser
efetuado em uma área aberta por pessoas destreinadas, que carecem de
compreensão de aerossóis infecciosos e de desinfecção apropriada após o
extravasamento.
A biossegurança para evitar e prevenir a infecção dos trabalhadores da área
de saúde implica em seu treinamento efetivo, utilização dos equipamentos de
proteção, cuidados preventivos individuais, seguir as normas e procedimentos

43
vigentes, com a finalidade de estabelecer uma organização para garantir a segurança
em todas as áreas do mesmo.

9.1 Conceitos e peculiaridades

Em condições sadias, o corpo do homem responde de forma positiva a


possíveis problemas relacionados à infecção. No entanto, existem diversos fatores
que acabam afetando essa defesa humana.
Estima-se que entre 5 a 10% dos pacientes internados possam ser
diagnosticados com algum tipo de infecção durante o período de internação, pois
existem diversos tipos de infecções, sendo as mais frequentes:
Infecções respiratórias: É certo que a percentagem de doentes com esta
patologia é bem superior, mas já são internados com ela. As suas causas são a flora
nosocomial e a flora patogénica do doente. A principal incidência é nos doentes com
faixa etária compreendida entre os 53 e os 64 anos de idade. São agravadas pelo
estado físico, mobilidade do doente, idade avançada. Muitos destes casos resultam
em morte. Infecções por cateter (flebite) representam 13% dos casos e ocorrem ao
manuseio necessário dos acessos venosos.
Consideram atos invasivos todos os procedimentos que rompem a barreira
natural de proteção (pele), no entanto podem ser minimizados com um correto
procedimento. Podem aparecer devido à flebite, infecção relacionada e obstrução do
cateter.
Infecção urinária: Também devido à flora nosocomial e à flora do doente, mais
particularmente à flora intestinal. A propagação de microrganismos deve-se em
grande parte a uma técnica de assepsia incorreta, utilização indiscriminado e abusivo
do cateterismo, trauma durante e após o processo entre outros. A utilização de gel
urológico permite um melhor cateterismo auxilia na prevenção destes traumas
diminuindo o risco de infecções.
Infecção da sutura: Mais uma vez devem-se à flora patogénica do doente e à
flora nosocomial. No entanto, podem ocorrer devido a utilização de produtos químicos
para assepsia da pele e má técnica de sutura e realização do curativo. Podem ser
agravadas por pela existência anterior de cirurgias e por outros fatores.

44
Por esse motivo, todos os profissionais de saúde devem promover um ambiente
seguro para todos.
Entre a sociedade em geral e os profissionais de saúde é natural ter um ponto
de vista limitado a respeito do significado do termo saúde, sendo definido como sendo
o oposto da doença. A maioria da população crê que a saúde, doenças e infecções
são fenômenos “dicotômicos” e andam na maioria das vezes juntas. É bem verdade
que os homens em geral não vivem uma vida saudável ou totalmente doente, sendo
possível identificar níveis distintos de saúde, que dependendo do momento em que
se encontram, predominará a saúde ou a doença.
As variações que um sujeito pode sofrer dependem, inclusive, da combinação
dos fatores em determinado período, momento ou mesmo ocasião, que podem
influenciar no estado de saúde ou doença do sujeito em níveis distintos, não podendo
dizer com exatidão em que momento este estará doente ou saudável.
A VIII Conferência Nacional de Saúde (1988) ampliou significativamente o
conceito, incluindo nele não só as condições de vida mas também direitos ligados ao
acesso universal e igualitário a ações e serviços de promoção, proteção e
recuperação da saúde e exigências ligadas a uma política nacional de saúde.
Frente a esse contexto, pode-se dizer que a saúde é vista como um resultado
da inter-relação que há entre as variáveis que são consideradas como determinantes
para indicar o estado de saúde. O entendimento sobre a complexidade do tema é
propiciado pela multideterminação e multifatorialidade que podem existir nos eventos
ligados à saúde de cada homem.
As doenças, as infecções e a saúde não surgem como elementos estáticos,
isolados ou dicotômicos, mas, na verdade, são classificados como resultado da
combinação de diversos fatores que podem indicar como o organismo se encontra e
qual o nível de saúde ou doença naquele momento. Nesse sentido, as infecções
podem ser causadas pela microbiota do próprio paciente ou por micro-organismos
encontrados no ambiente em que ele vivia.

A equipe de enfermagem é o grupo mais numeroso e que maior tempo fica


em contato com o doente internado em hospitais. A natureza do seu trabalho,
que inclui a prestação de cuidados físicos e a execução de procedimentos
diagnósticos e terapêuticos, a torna um elemento fundamental nas ações de
prevenção, detecção e controle da infecção hospitalar. Embora a formação
dos enfermeiros inclua conteúdos que circundam essa problemática, o
mesmo não se dá com os demais profissionais de enfermagem - o técnico e
o auxiliar de enfermagem que, sob a supervisão do enfermeiro, exercem suas

45
atividades, ficando a cargo deste, a vigilância sobre as infecções hospitalares,
estando também expostos ao risco de adoecimento. (MARTINS, 1989 apud
TURRINI, 2000, p. 175).

Outro agravante é que estas elevam os custos diretos e indiretos hospitalares


e do próprio paciente. Diante do exposto, torna-se imperativo a criação de setores na
instituição hospitalar que disponham de programas que controlem esses aspectos
com o objetivo de diminuir o risco de infecção e custos hospitalares, bem como elevem
a qualidade da assistência prestada.
O uso racional de medicamentos, em especial o uso de antimicrobianos, é uma
das principais preocupações mundiais na época presente, principalmente devido ao
avanço da resistência bacteriana verificado nos últimos anos. O bom emprego de
recursos no processo de monitorizarão e auditoria desse evento é fator relevante
dentro do processo de controle de infecção hospitalar.
No âmbito da assistência à saúde, a auditoria pode ser desempenhada em
diversos setores e por diferentes profissionais, evidenciando-se entre elas a auditoria
médica, assinalada por uma sequência de ações administrativas, técnicas e
observacionais, com o objetivo de análise da qualidade dos serviços prestados a fim
de assegurar seu melhor desempenho e resolubilidade. Para tanto, é necessário
analisar a documentação da assistência registrada nos prontuários, certificação do
atendimento prestado ao paciente durante o período de internação, bem como por
visitas in loco, buscando resguardar o pagamento de todos os procedimentos com
exatidão.

9.2 Técnicas de assepsia

A mais importante aliada no controle das infecções hospitalares é a


Higienização das mãos. A higienização das mãos tem como finalidades: Remoção de
sujidade, suor, oleosidade, pelos, células descamativas e microbiota da pele,
interrompendo a transmissão de infecções veiculadas pelo contato; prevenção e
redução das infecções causadas pelas transmissões cruzadas. Engloba a
higienização simples, a higienização antisséptica, a fricção antisséptica e a
antissepsia cirúrgica das mãos.

As mãos são consideradas as principais ferramentas de execução de tarefas


pelo profissional de saúde, por serem essenciais em quase todos os
46
procedimentos e atividades realizados. Apesar disso, as mãos recebem
pouca atenção, funcionando, de forma indevida, como disseminadora de
micro-organismos patogênicos causadores de enfermidades no ser humano.
Cabe ressaltar que o termo “lavagem das mãos” foi substituído, nas
pesquisas que abordam a temática, por “higienização das mãos” (HM), o que
implica e inclui todo conhecimento que possa fazer com que o ato em questão
seja efetivado da maneira mais apropriada, acessível e menos dispendiosa
possível. (BRASIL, 2011 apud SILVA, 2012, p. 82).

10 ORIENTAÇÕES AO PACIENTE

A enfermagem, cujo instrumento de trabalho é o cuidado, tem papel importante


no tratamento e nas orientações educativas aos pacientes e familiares, promovendo
sua recuperação e bem-estar durante sua internação e capacitando-o para o
autocuidado após a alta hospitalar.
O autocuidado constitui a prática de atividades que os indivíduos
desempenham de forma deliberada em seu próprio benefício com o propósito de
manter a vida, a saúde e o bem-estar. O comportamento de autocuidado é
fundamental ao paciente, pois lhe oferece subsídios que o ajudarão a melhorar sua
atividade social e sua função familiar, influenciando de forma positiva na adesão ao
tratamento.
O acompanhamento deve ser adotado como atividade de rotina, visando
melhorar a qualidade dos cuidados com os pacientes e a compreensão
epidemiológica, por meio do conhecimento do risco de desenvolver uma infecção e
de seus fatores determinantes ou associados, viabilizando-se, assim, a
implementação de medidas direcionadas à sua prevenção e ao seu controle.
O retorno para casa após a alta hospitalar é um momento de ansiedade para o
paciente, uma vez que se sentem desprotegidos da vigilância constante da equipe de
saúde fora do hospital. Assim, a alta hospitalar pode ser vista como uma ameaça para
a vida dessas pessoas. O enfermeiro, por ser um profissional com maior grau de
proximidade do paciente e do familiar, está mais capacitado para avaliar o processo
educativo, levantando as necessidades educacionais desses indivíduos.

47
11 RECOMENDAÇÕES PARA PROFISSIONAIS DE SAÚDE EXPOSTOS A
AGENTES BIOLÓGICOS

Fonte: souzamattos.com.br

A exposição dos trabalhadores de saúde ao risco ocupacional biológico é uma


realidade muito discutida nos últimos decênios. Se por um lado essa exposição é
vivenciada no dia-a-dia de trabalho, por outro, ela não tem visibilidade, porque existe
grande subnotificação desses acidentes entre os trabalhadores de saúde. Mesmo
quando os acidentes são notificados e os trabalhadores orientados para a realização
do protocolo de monitoramento biológico, ainda existe significativa não-adesão por
parte desses trabalhadores.
Essa problemática impacta diretamente o setor saúde da economia brasileira,
uma vez que os trabalhadores são recursos e constituem a base para a viabilização e
implementação dos projetos, das ações e serviços de saúde disponíveis para a
população. Reconhecendo essa problemática e a importância desses recursos como
base para um sistema de saúde melhor e mais equânime, a Organização Mundial de
Saúde (OMS) declarou o período de 2005 a 2015 como a Década para a Promoção
dos Recursos Humanos em Saúde.
A saúde do trabalhador é entendida como um conjunto de atividades que se
destina, através das ações de vigilância epidemiológica e sanitária, à promoção e
proteção da saúde dos trabalhadores, assim como visa à recuperação e reabilitação
da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das condições

48
de trabalho, abrangendo a assistência ao trabalhador vítima de acidentes de trabalho
ou portador de doença profissional e do trabalho.

Cabe ressaltar a importância da composição multiprofissional e da


abordagem interdisciplinar nas análises de risco. As análises de risco
envolvem não apenas sistemas tecnológicos e agentes biológicos perigosos
manipulados e/ou produzidos, mas também seres humanos, animais,
complexos e ricos em suas naturezas e relações, não apenas biológicas, mas
também sociais, que também se constituem em riscos, e devem ser
considerados durante o processo de avaliação. (BRASIL, 1997, apud
TAPAJÓS, 2006, p. 12).

Porém, para a implementação do SUS de forma geral e, em especial, as ações


relativas à saúde do trabalhador, dificuldades têm sido apontadas como fundamentais:
a descentralização, o financiamento, o controle social e a gestão do trabalho. Dentre
elas, a mais complexa é a gestão, dado o processo de desregulamentação do
trabalho.
As formas mais comuns ainda apontadas drasticamente são: A contratação de
serviços profissionais de nível universitário por profissionais autônomos, a contratação
por meio de cooperativas, muitas vezes não regulamentadas, com isenção fiscal e a
contratação de estagiários como substituição de mão-de-obra profissional, pela
possibilidade de inferior remuneração do trabalho.

12 CONSIDERAÇÕES FINAIS

É imprescindível caracterizar as infecções no ambiente hospitalar em seus


conceitos, características e classificações, bem como analisar as principais medidas
de biossegurança que devem ser adotadas em hospitais para prevenir ou controlar as
infecções e caracterizar os principais fatores que predispõem os profissionais da área
de saúde aos riscos ambientais.
Quanto à identificação dos principais procedimentos de prevenção e controle
de infecções a serem adotados no ambiente hospitalar, a fim de que os profissionais
da área de saúde não sejam acometidos, verifica-se que para as operações e
trabalhos em hospital, é preciso ter pessoal capacitado, pré-estabelecido para a
coordenação nesses eventos de emergências, conhecer as rotinas de trabalho do
hospital, manter avisos e dispositivos de proteção nas áreas consideradas de riscos,
manter uma rotina de inspeções de segurança em equipamentos e instalações

49
elétricas, equipamentos de proteção individual, equipamentos de proteção coletiva,
vias de escapes e periferia das instalações externas, sistemas de iluminação de
emergências, centrais de fornecimento de energia, centrais de fornecimento de gases,
escadas e acessos, locais de guarda de inflamáveis, sistema de proteção a descargas
atmosféricas, sistemas hidráulicos, locais de guarda de resíduos, possíveis áreas para
descontaminação, caixa de primeiros socorros, ter listado em locais visíveis telefones
de emergência, ter sempre EPI adequado a seus usuários, possuir inventários de todo
material perigoso do hospitalar, ter a segurança do hospital orientada para
emergências que ocorram fora do expediente e principalmente orientação e educação
do profissional, paciente e acompanhante.

50
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