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E nferm gem
Celso Luiz Cardoso
Lourdes Botelho Garcia
Maria Cristina Bronharo Tognim
2022
Maringá- Paraná
ÍNDICE
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1 APRESENTAÇÃO DO LABORATÓRIO
DE MICROBIOLOGIA
O setor de microbiologia é um ambiente singular em relação aos aspectos de segurança, pois
as amostras de microrganismos manipulados significam um risco ao pessoal do setor. Em todas as
divisões do laboratório os funcionários devem ser treinados para que possam trabalhar com segurança.
Também o acadêmico necessitará de treinamentos para que então possa manipular microrganismos
com segurança.
01. Antes de iniciar os trabalhos práticos lavar as mãos com água e sabão ou detergente
durante 15-20 segundos (lavagem higiênica), e enxugar em papel toalha. Fazer desinfecção da
bancada de trabalho com álcool 70% ;
02. Cuidado ao acender o bico de Bunsen (gás). Verificar se não existe material inflamável por
perto. Prender o cabelo para evitar acidentes;
03. Manter nas proximidades do local de trabalho um desinfetante, como por exemplo,
hipoclorito 1,5%, fenol 5%, álcool 70%;
04. Flambar alças e agulhas de níquel-cromo antes e após o uso;
05. Fazer as manipulações assépticas atrás da chama do bico de Bunsen. A chama do gás
deve estar colocada obrigatoriamente entre o operador e o material que está sendo manipulado;
06. Nunca colocar pipetas contaminadas na bancada de trabalho;
07. Nunca desprezar o material contaminado no cesto de lixo;
08. Nunca desprezar líquidos contaminados na pia do laboratório;
09. Desprezar todas as culturas e a vidraria utilizada (material contaminado) em recipiente
apropriado (cemitério - em hospitais = área de expurgo), para posterior descontaminação (esterilização)
e lavagem;
10. Cada aluno é responsável pelo material que receber;
11. Seguir as normas de uso dos equipamentos, particularmente quando da utilização do
microscópio;
12. Em caso de acidentes comunicar imediatamente o professor responsável para que sejam
tomadas as medidas adequadas;
13. Ao final dos trabalhos práticos fazer a desinfecção da bancada com álcool 70%. Fazer a
higienização simples das mãos. A antissepsia das mãos com álcool etílico a 70% (ex.: fricção
antisséptica das mãos) pode substituir a higienização simples das mãos com água e sabão quando as
mãos não estiverem visivelmente sujas;
14. Ao sair do laboratório: fechar o registro de gás da mesa de manipulação, desligar os
aparelhos de ar condicionado e apagar as luzes.
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O Laboratório de Microbiologia
A rotina do Laboratório de Microbiologia envolve riscos relacionados à exposição, tanto com material
clínico e reagentes químicos, como com potenciais agentes patogênicos concentrados em meio de
cultura. A adoção e prática de normas de segurança e uso de equipamentos afins são considerados
imprescindíveis.
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• Advertência: as vidrarias contaminadas devem ser colocadas em desinfetante químico
(hipoclorito a 1%), imediatamente após o uso, antes de serem lavadas e reutilizadas.
• Rotulação e datação de todos os vidros que contenham reagentes.
• Emprego de autoclave para material clínico, placas e tubos de cultura, antes de serem
descartados no lixo hospitalar ou mesmo quando encaminhados para incineração.
• Desinfecção, com hipoclorito a 1% ou álcool a 70%, das bancadas e de outras superfícies de
trabalho no início e ao final do expediente.
• Utilização de material descartável(seringas, agulhas, luvas, toalhas, etc.).
O laboratorista está diariamente em contato com produtos químicos potencialmente perigosos, cujos
efeitos geralmente se apresentam logo após eventuais acidentes, que podem ocorrer por:
• contato direto: com a pele (quebra de recipiente, derramamento de líquidos, etc.); com a boca
(durante a pipetagem); com o esôfago e o estômago (ingestão acidental);
• inalação de vapores e pós finos, com conseqüentes danos pulmonares; absorção (efeitos
tóxicos no nível da medula óssea, dos rins e do fígado).
Deve haver no laboratório, à imediata disposição do acidentado, um chuveiro, com grande fluxo de
água, e um lavador de olhos. O uso de tais equipamentos pode vir a evitar graves deformações e
cegueiras.
Não se deve pipetar diretamente com a boca produto químico irritante ou tóxico, deve-se fazer uso de
buretas ou pró-pipetas de borracha.
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Existem várias portas de entrada de microrganismos, mas, no laboratório, a via respiratória tem
maior importância. Três fatores principais contribuem para isto: a facilidade com que partículas
pequenas são produzidas por técnicas comuns de laboratório, o fato de muitas destas partículas serem
suficientemente pequenas, não capturadas no trato respiratório superior, e a habilidade que a maioria
dos patógenos tem de invadir o pulmão.
a) Produção de Aerossóis
É contra-indicada a pipetagem, com a boca, de material clínico (sangue, líquor, urina, etc.) ou de
suspensões bacterianas. Devem-se utilizar, sempre que possível, pipetas automáticas ou bulbos de
borracha.
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Fazendo-se, ou não, uso de luvas, lavar as mãos sempre que houver mudança de atividade, na
saída do laboratório e antes de comer, beber e mesmo fumar. A lavagem deve envolver mãos e
antebraços, usando-se água e sabão líquido. Friccionar com álcool a 70% contendo 1% a 2% de
glicerina. Outra opção é o uso de solução degermante à base de iodeto de polivinilpirrolidona (PVP-I) a
10%. Usar de preferência toalhas descartáveis.
b) Uso de Luvas
O uso de luvas é obrigatório, quando houver possibilidade de contato com sangue e com
fluidos corpóreos, especificando-se:
• Luva plástica – descartável, deve ser desprezada após cada uso. Indicações: para proteção
exclusiva do usuário em situações como colheita de sangue, recebimento ou entrega de
material biológico, etc.
• Luva doméstica – que pode ser antiderrapante; não descartável. Seu uso é indicado para
lavagem e desinfecção de materiais e superfícies. Após o uso, lavar as mãos enluvadas com
água e sabão e descontaminar as luvas em solução de hipoclorito a 0,5%, por 30 a 60 minutos.
• Luva cirúrgica (látex) – Indicada para uso em técnicas assépticas (para proteção do paciente
e do usuário), tais como cateterização vesical, exames endoscópicos, punção para obtenção
de líquor, líquido articular, líquido pleural, etc.
• Máscaras cirúrgicas e protetores oculares (óculos com proteção lateral) – são utilizados
para evitar a exposição das mucosas da boca e dos olhos e impedir o risco de inalação nos
procedimentos que possam produzir aerossóis ou causar borrifamento de sangue; também
devem ser usadas no manuseio de material biológico.
• Aventais – devem ser usados durante os procedimentos acima descritos, no manuseio de
culturas microbiológicas e no contato com material orgânico. Os aventais devem ser de
mangas longas e, se possível, de tecido sanfonado (tipo avental cirúrgico).
Após a exposição em mucosa, está recomendada a lavagem exaustiva com água ou solução
fisiológica. A indicação do uso de antirretrovirais deve ser baseada em uma avaliação criteriosa do
risco de transmissão do HIV em função do tipo de acidente ocorrido e da toxicidade dessas
medicações.
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O resíduo deve ser armazenado no local onde é gerado, em ambiente específico e arejado,
acondicionado em saco plástico branco, dentro de suas próprias embalagens primárias. Para o caso da
inexistência de suas embalagens, devem-se utilizar frascos de até dois litros, resistentes, com tampa
rosqueada, vedante e identificado com o nome e fórmula do produto químico, símbolo e expressão de
resíduo químico tóxico.
FONTE: Manual de Procedimentos Básicos em Microbiologia Clínica para o Controle de Infecção Hospitalar.
Ministério da Saúde, Unidade de Controle de Infecção em Serviços de Saúde - Agência Nacional de Vigilância
Sanitária. 2000.
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LIVROS TEXTOS UTILIZADOS EM MICROBIOLOGIA
1. TRABULSI, L.R.; ALTERTHUM, F.; GOMPERTZ, O.F.; CANDEIAS, J.A.N. Microbiologia. 4ª edição,
revisada , São Paulo, Editora Atheneu, 718p. ; 2005
2. Murray, P.R.; Rosenthal, K.S.; Pfaller, M.A. Microbiologia Médica. 5ª edição, Rio de Janeiro, Elsevier
Editora Ltda., 978 p. tradução, 2006
4. Mims, C.; Dockrell, H.M.; Goering, R.V.; Roit, I.; Wakelin, D.; Zuckerman, M. Microbiologia Médica. 3ª
ed., Rio de Janeiro, Elsevier Editora Ltda., 710 p., tradução , 2005.
LIVROS COMPLEMENTARES
PELCZAR JR, M.; CHAN, E.C.S.; KRIEG, N.R. Microbiologia. Conceitos e Aplicações. Volumes I e
II, 2ª edição, São Paulo, Makron Books do Brasil Editora Ltda, 1997.
FORBES, B.A.; SAHM, D.F.; WEISSFELD, A.S. Bailey & Scott’s Diagnostic Microbiology. 10ª
edição, St Louis, Mosby Inc., 1998.
HOLT, J.G.; KRIEG, N.R.; SNEATH, P.H.A.; STALEY, J.T.; WILLIAMS, S.T. Bergey’s Manual of
Determinative Bacteriology. 9ª edição, Baltimore, Williams & Wilkins, 1994.
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2/3 UBIQUIDADE DE MICRORGANISMOS/
HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS
1. INTRODUÇÃO
Não há parte da biosfera onde não se encontram microrganismos. Na grande maioria dos casos fazem
parte do ecossistema, onde exercem profunda influência no equilíbrio biológico e conseqüentemente,
na preservação da natureza – neste caso são chamados de autóctones ou nativos. No solo (em
qualquer parte do globo terrestre), nas águas, na superfície externa e interna do organismo animal
(pele, boca, estômago, intestino), na superfície externa dos vegetais e em certos casos, no interior de
seus tecidos estão os microrganismos presentes, permanentemente ou transitoriamente.
2. MICROBIOLOGIA DO AR
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3. CONTROLE DA MICROBIOTA DAS MÃOS
A pele e as membranas abrigam uma variedade de microrganismos que podem ser distribuídos em
dois grupos:
4. OBJETIVOS DA AULA:
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5. ATIVIDADES PRÁTICAS
Trabalho em grupo
1. Colocar duas séries de 3 placas de Petri 100x15 mm contendo ágar sangue (série 1: – Placas
números 1,2, e 3 e série 2: - placas número 4,5,6) em diferentes locais. Retirar as tampas
das placas e deixa-las expostas ao ar durante os seguintes períodos de tempo : A) cinco
minutos placas 1 e 4; B) Dez minutos placas 2 e 5 ; c) quinze minutos placas 3 e 6.
Incubar durante 2 a 5 dias a série de placas 1,2 e 3 na estufa a 27oC e a outra série de placas
4,5 e 6 em temperatura ambiente. Proceder a leitura e registrar os resultados no quadro 15.
Interpretar os resultados encontrados
Trabalho individual
Método
Dividir o fundo da placa de Petri contendo ágar-simples em duas partes com caneta de
retroprojetor. Identificar a placa; sendo um dos lados objeto ou AMBIENTE INANIMADO e do outro lado
SUPERFÍCIE DO CORPO HUMANO
Friccionar um swab umedecido em salina 0,85% em uma superfície do corpo humano (pele ou
mucosa). Ex: mãos, ponta dos dedos, garganta, ouvido, região embaixo da unha, dente etc.;.
Em seguida, espalhá-lo na superfície da placas de Petri contendo ágar simples
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TÉCNICA DE HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS
2. Avaliação da microbiota das mãos:
Método
1. Dividir o fundo da placa de Petri contendo ágar-simples em três partes com caneta de
retroprojetor. Identificar a placa com o nome do operador e a data do experimento;
2. Deslizar o dedo no ágar. Identificando n.º 1 = “mãos sem lavar”;
3. Lavar as mãos com detergente (sabão), vigorosamente, em todas as superfícies, durante 2
minutos e enxugá-las com toalha esterilizada. A seguir, deslizar o dedo no ágar. Identificar n.º
2 = “mãos lavadas com sabão”;
4. Lavar as mãos (2 minutos com sabão) e em seguida fazer a antissepsia com álcool 70%
(durante 1 minuto). Em seguida, deslizar o dedo no ágar. Identificar n.º 3 = “mãos após
lavagem e antissepsia”.
5. Para que o experimento dê resultados satisfatórios, padronize muito bem a maneira de
deslizamento de modo que em todos os setores da placa seja realmente exposta a mesma
parte da pele, pois a flora é muito variável em cada setor de nossa pele
.
Mãos sem
lavar (1)
Mãos lavadas
2’ com sabão (2)
Mãos lavadas +
Álcool 70% (3)
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LEITURA E INTERPRETAÇÃO
01 Sem lavar
02 Água, sabão
Responda:
1. Qual a importância da lavagem das mãos para os profissionais da saúde?
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
2. Qual o procedimento que deverá ser realizado ao iniciar e ao finalizar as aulas práticas?
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
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LAVAGEM, PREPARO
(ACONDICIONAMENTO) DA VIDRARIA
COMUMENTE UTILIZADA NA ROTINA
BACTERIÓLOGICA
1. INTRODUÇÃO
2. DESCONTAMINAÇÃO DO MATERIAL
Antes da lavagem, todo material contaminado (que foi anteriormente depositado nos
cemitérios) é esterilizado na autoclave a 121ºC durante 15-20 minutos, procedendo-se da seguinte
forma para os diversos materiais: (1) colocar os tubos de ensaio na posição vertical, com as tampas
voltadas para cima (no caso de tampas de rosca, afrouxá-las") em caixas vazadas; (2) separar as
tampas e os fundos das placas de Petri com meio de cultura e imergir em solução de detergente a
0,5% contida em recipiente de alumínio ou aço inoxidável; (3) depositar as pipetas horizontalmente em
recipientes de aço inoxidável, contendo solução de detergente a 0,5%.
3. LAVAGEM DE VIDRARIA
• Tubos de ensaio: (a) após a descontaminação dos tubos, descartar seus conteúdos; (b) colocar
os tubo s em recipiente de aço inoxidável contendo solução de detergente a 0,5% e autoclavar
a 121ºC durante 15 minutos para eliminar os resíduos do meio de cultura; (c) caso persistam os
resíduos após a fervura, escovar a parte interna de cada tubo de ensaio com o auxílio de um
gaspilhão (escovinha); (d) enxaguar 10 vezes em água corrente enchendo e esvaziando totalmente
os tubos; (e) enxaguar uma vez em água destilada ou deionizada.
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• Placas de Petri: (a) após a descontaminação, lavar individualmente cada uma das partes da placa
(tampa e fundo), com o auxílio de uma esponja, para retirar marcas de lápis dermatográfico e
resíduos do meio de cultura; (b) enxaguar 10 vezes em água corrente, esfregando sempre com a
mão, as superfícies internas e externas de cada uma das partes da placa. Tomar todas as
precauções para que este enxágüe seja perfeito, para que todos os resíduos sejam eliminados; (c)
enxaguar uma vez cada uma das partes da placa (tampa e fundo) em água destilada ou
deionizada.
• Pipetas: (a) após a descontaminação, tomando cuidado para não quebrar o bocal, retirar o tampão
de algodão (bucha) de cada pipeta através de vácuo ou estilete de ponta fina (palitos, agulhas); (b)
colocar as pipetas em recipientes contendo solução de detergente a 0,5%, e autoclavar a 121ºC
durante 15 minutos para eliminar os resíduos das paredes; (c) enxaguar 10 vezes em água
corrente enchendo e esvaziando totalmente as pipetas; (d) enxaguar uma vez em água destilada
ou deionizada.
• Lavagem com "solução" sulfo-crômica: a lavagem de vidraria em geral com "solução" sulfo-
crômica se faz necessário quando esta apresentar resíduos que resistiram a lavagem com
detergente. Para isso, proceder da seguinte maneira: (a) após a descontaminação, esvaziar os
conteúdos de cada frasco (tubos, pipetas, placas, etc.); (b) adicionar 50 mL da "solução" sulfo-
crômica no frasco a ser lavado; (c) agitar com os devidos cuidados cinco a seis vezes; (d) com
o auxílio de um funil transferir a "solução" sulfo-crômica usada para o próximo frasco a ser
lavado; (e) agitar cuidadosamente cinco a seis vezes; (f) proceder conforme descrito em d;
usando a mesma "solução" para lavar no máximo 10 frascos; (g) enxaguar 10 vezes em água
corrente (torneira), enchendo e esvaziando totalmente os frascos; (h) enxaguar uma vez em
água destilada ou deionizada, realizando medidas de pH da água destilada ou deionizada
antes e depois do enxágüe (de preferência deixar o frasco em teste com água destilada
durante a noite e logo após realizar a medida do pH em potenciômetro (pHmêtro).
Preparo da mistura ou "solução" sulfo-crômica:
Fórmula: Ácido sulfúrico concentrado.............469mL
Dicromato de potássio (K2Cr2O7)....60g
Água destilada..................................200mL
Preparo: Pesar o dicromato de potássio e dissolver na água destilada a quente. Deixar resfriar.
Adicionar o ácido sulfúrico cuidadosamente pouco a pouco agitando sempre e resfriando a
mistura em água fria ou banho de gelo.
Nota: Sempre adicionar o ácido sobre a água.
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4. SECAGEM
Deixar escorrer toda a água e colocar a vidraria em geral na posição emborcada na estufa de
secagem a 100ºC durante o período de uma hora.
5. ACONDICIONAMENTO
Todo o material utilizado no trabalho microbiológico deve ser não só perfeitamente limpo, mas
também estéril, isto é, isento de germes. A vidraria após cuidadosa lavagem e secagem, é
acondicionada com papel (Kraft, Tigre, Jornal, Lista Telefônica, etc.) e esterilizada em autoclave a
121ºC por 15-20 minutos ou no forno de Pasteur a 170-180ºC por duas horas. A boca de toda a vidraria
como tubos, garrafas e balões é fechada com tampões de algodão, que não devem ser folgados ou
demasiadamente apertados; e se bem feitos, não se desfazem ao serem retirados. As garrafas,
Erlenmeyers, balões de fundo chato, etc., além da bucha de algodão, levam também um invólucro de
papel, o qual é amarrado com barbante. Os tubos de ensaio depois de fechados com algodão
(embuchados), são em número variável, empacotados em papel de embrulho. As placas de Petri são
totalmente envoltas em papel em número de 1, 2, 5, 10 etc., fixando-se o pacote com barbante ou fita
crepe. As seringas e cotonetes (zaragatoas, swabs), empregados para a colheita do material em
microbiologia clínica (secreções diversas, abcessos), são montados em tubos de ensaio e envolvidos
parcialmente em papel. Para o acondicionamento individual de pipetas, são observados os seguintes
critérios: a extremidade destinada a aspiração é provida de uma pequena bucha de algodão colocada
com o auxílio de uma agulha ou estilete, sendo então totalmente envolta em papel embrulho. Podem
ser também acondicionadas em pacotes de papel (conjunto de 5, 10, 20), ou em cilindros de aço
inoxidável, especialmente fabricados para este propósito. Esta pequena bucha de algodão colocada no
bocal das pipetas apresenta as seguintes finalidades: (1) não permitir a penetração de germes de
contaminação; (2) proteger o operador contra a ingestão de líquidos contaminados.
1. Separar o material necessário: - Folha de papel Kraft dupla; - Fita teste para autoclave a vapor;
- Material a ser empacotado.
2. Colocar o material no centro do campo, que deve estar na posição diagonal;
3. Pegar a ponta voltada para o funcionário e cobrir o material, fazendo uma dobra externa na ponta;
4. Pegar uma das laterais do campo e trazer sobre o objeto a ser empacotado, fazendo uma dobra
externa na ponta;
5. Repetir o procedimento com a outra lateral;
6. Completar o pacote trazendo a ponta restante sobre o objeto, finalizando o envelope;
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7. Fechar o pacote com fita teste para autoclave a vapor ou fita crepe normal
Técnica de acondicionamento pelo método do envelope
A/B
C/D
E/F
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7. ATIVIDADES PRÁTICAS
TRABALHO INDIVIDUAL
- Acondicionamento de Erlenmeyers.
- Acondicionamento de marmita.
ANOTAÇÕES
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
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ESTERILIZAÇÃO E DESINFECÇÃO.
TÉCNICAS DE ESTERILIZAÇÃO PELO
CALOR SECO, ÚMIDO E POR FILTRAÇÃO
1. INTRODUÇÃO
A esterilização pode ser definida como o processo que mata ou remove todos os tipos de
microrganismos, inclusive os esporos bacterianos. Os artigos que estão livres de organismos vivos são
denominados estéreis. Como a presença mesmo de um único micróbio torna o artigo não-estéril, os
termos como “parcialmente estéril” ou “quase estéril” não devem ser usados.
O calor úmido sob a forma de vapor de água saturado sob pressão, é o mais prático e eficiente
agente de esterilização. Na prática microbiológica, este procedimento é realizado em equipamentos
especiais denominados autoclaves. O funcionamento da autoclave é baseado no princípio da marmita
de Papin, isto é, a água aquecida em recipiente fechado onde o vapor fica retido sob pressão, pode
atingir temperaturas superiores a 100ºC sem ferver.
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TÉCNICA DE ESTERILIZAÇÃO NA AUTOCLAVE:
10. Abrir o registro (C) do orifício de escapamento para equalizar a pressão da autoclave com a
do ambiente;
12. Proteger o rosto contra a projeção de vapor. Retirar o cesto com o material esterilizado.
NOTA: Para regular a válvula de segurança, deslocar o contra-peso (B) para frente ou para trás, de
maneira a estabilizar a pressão desejada, observando-se o limite de até 1,5 atmosferas. O registro (E)
é usado para a drenagem da água da caldeira por ocasião da limpeza da autoclave.
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Os materiais são efetivamente esterilizados quando tratados por uma das várias combinações
de temperatura-tempo, de eficácia comprovada6:
1 Ligar o forno e ajustar a temperatura para 160ºC com auxílio do botão do termostato e do
termômetro graduado até 200ºC;
2. Após o forno atingir a temperatura de 160ºC, utilizando luvas de amianto, de cano longo,
abrir a porta do forno e colocar o material limpo, seco e devidamente acondicionado no interior do
forno, de forma adequada para permitir a circulação do ar quente na câmara. Alguns tipos de forno são
dotados de ventilador interno para uniformizar a circulação do ar;
4. A partir deste momento, marcar o tempo de esterilização de 2 horas. Nunca abrir a porta do
forno durante o ciclo de esterilização;
6. Com auxílio de luvas de amianto, abrir a porta do forno para a retirada do material quando o
termômetro acusar temperatura de 60-80ºC.
A esterilização de líquidos e gases pode ser efetuada por meio da filtração através de materiais
capazes de reter microrganismos. Atualmente, dois tipos de filtros são amplamente empregados no
laboratório de microbiologia: disco filtrante (Seitz) e membrana filtrante (Millipore). Os discos Seitz são
discos de amianto, extremamente adsorventes, que retêm os microrganismos principalmente por
diferenças de cargas elétricas. As membranas filtrantes são constituídas de ésteres de celulose e
contém milhões de poros microscópicos com diâmetros uniformes variando de 0,01 a 14 micrômetros.
21
Essas membranas retêm, em sua superfície, todas as partículas que excedem o tamanho dos
seus poros. Na prática bacteriológica, geralmente são utilizadas membranas com poros de 0,45 a 0,22
micrômetros. Os discos e membranas filtrantes são muito utilizados no laboratório de microbiologia
para a esterilização de soluções termolábeis, como por exemplo: soro, plasma, açúcares, antibióticos,
vitaminas, adicionadas assepticamente em meios de cultivo.
5.1. Indicador químico Fita Indicadora4 - Fixar, sob a superfície dos objetos a serem
esterilizados, um pedaço de aproximadamente 30-50 mm da fita indicadora. Observar que a fita
apresenta uma coloração creme uniforme. Após a autoclavação, verificar s a fita apresenta faixas
pretas paralelas, indicando que a temperatura do processo de esterilização atingiu a 121ºC;
5.3. Indicador biológico (Sterikon) - Este bioindicador consiste em uma ampola que contém
caldo nutriente, açúcar, um indicador de pH e esporos de uma bactéria não patogênica, Geobacillus
stearothermophilus (ATCC 7953). A resistência térmica destes esporos é tal que o microrganismo é
completamente morto pela autoclavação a 121ºC durante 15 minutos (D121 = 3 + 1 minutos). Em
temperaturas ou tempos de exposição menores, os esporos sobrevivem.
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TÉCNICA DE REALIZAÇÃO DO CONTROLE BIOLÓGICO
Ampola 1 Ampola 2
Processo de Esterilização
Teste Controle positivo
+1 + Inadequado
-2 + Adequado
- - ?3
ATIVIDADE PRÁTICA
TRABALHO INDIVIDUAL
2. Lavar as mãos com água e sabão durante 15-20 segundos (lavagem higiênica);
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TRABALHO EM GRUPO
NOTA: Ao término dos trabalhos, cada aluno deve fazer a desinfecção da bancada com álcool 70% e a
seguir a antissepsia e higienização das mãos.
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2.2. Área contaminada. Essa denominação é dada ao local onde se manipulam produtos ou materiais
que contenham ou possam conter microrganismos patogênicos. Como o risco principal nesta área é a
inalação de aerossóis, cuidados especiais devem ser tomados nas seguintes etapas: (1) ao abrir os
recipientes com amostras, sobretudo quando em meio líquido; (2) ao preparar esfregaços; (3) ao
pipetar suspensões microbianas, o que deve ser feito com bulbo de borracha, e nunca com a boca; (4)
ao agitar os tubos com a mão ou com agitador mecânico; (5) ao desprezar líquidos sobrenadantes; (6)
ao abrir frascos ou tubos depois de centrifugar ou agitar; (7) ao flambar a alça ou agulha de semeadura
bacteriológica. O trabalho nesta área deve realizar-se levando em consideração ainda as seguintes
recomendações: evitar a entrada e o trânsito de pessoas estranhas, trabalhar sempre com avental de
proteção, evitar quem trabalha nesta área sair e entrar continuamente e manter sempre à mão um
frasco com desinfetante (fenol 5 –10%).
2.3. Equipamentos de segurança. São instrumentos que tem por finalidade evitar ou amenizar um
acidente. Os equipamentos de segurança que se pode dispor na maioria dos laboratórios são limitados
devido ao seu alto custo. Poucos contam com câmara ou cabines assépticas, dotadas de sistema de
exaustão e de luz ultra-violeta. Em laboratórios que possuem câmara asséptica, alguns cuidados
básicos devem ser observados: usar lâmpadas de UV com emissão de raios de comprimento de onda
em torno de 250-260nm; não operar com a luz UV ligada, pois seus raios causam sérios danos a
visão e a pele; ligar a luz UV pelo período de 1-2h antes de iniciar o trabalho, assim como ao término
do mesmo; limpar os bulbos das lâmpadas cada 2 semanas com álcool etílico para remover o pó.
Existem no entanto equipamentos de segurança simples e econômicos com os quais é indispensável
contar: um recipiente metálico, de preferência de aço inoxidável, destinado a receber líquidos
contaminados; um frasco contendo areia e álcool para limpar a alça de semeadura bacteriológica antes
de flambá-la; estantes de madeira ou arame, suficientemente estáveis; recipientes metálicos com
tampa para o material a ser autoclavado (cemitério); pera de borracha para aspirar e vazar líquidos
com a pipeta; pipetas contendo bucha de algodão na parte destinada a aspiração; recipiente para
depositar pipetas contaminadas e outros equipamentos de segurança individual como por exemplo:
óculos, luvas, máscaras, botas, aventais, gorros, etc..
2.4. Higiene pessoal. É indispensável em um laboratório de microbiologia, uma rigorosa limpeza. Cada
técnico deve ser responsável pela sua bancada de trabalho e pelos seus instrumentos. Sendo assim,
devem ser observadas as seguintes regras de higiene durante o trabalho: (a) antes de iniciar o trabalho
o técnico deve colocar o seu avental, este nunca deverá ser intercambiado com colegas depois de
usados; (b) depois de cada contato com o material infeccioso, efetuar cuidadosamente a antissepsia
das mãos e, somente depois lavá-las com água corrente e sabão; (c) antes de abandonar o local de
trabalho contaminado deve-se dispor do avental e colocá-lo em local apropriado, a seguir efetuar a
antissepsia das mãos e lavá-las com água corrente e sabão; (d) para qualquer trabalho com maior risco
de contaminação, utilizar instrumentos, pinças, luvas e pera de borracha para pipetas. Durante o
trabalho com germes transmissíveis pelo ar, utilizar uma máscara; (e) não fumar, beber ou comer no
laboratório; (f) não roer unhas, esfregar os olhos; (g) usar somente panos estéreis para a limpeza; (h)
não introduzir livros ou revistas no setor contaminado.
2.5. No caso de acidentes. Um dos acidentes mais perigosos devido a grande produção de aerossóis,
é a quebra de tubos durante a centrifugação. No entanto, a que ocorre mais frequentemente é a queda
e quebra de tubos, frascos, pipetas ou recipientes contendo microrganismos patogênicos. Nestes
casos deve-se proceder da seguinte forma: despejar sobre o tubo quebrado e seus arredores, solução
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de fenol 5-10%. Cobrir a área com papel toalha ou jornal e recobrí-la novamente com fenol. Se o tubo
cair no piso, o pessoal deve abandonar o laboratório por 30 minutos. Quando o tubo quebra-se dentro
da centrífuga, esta não deve ser aberta até que se completem 30 minutos, tempo necessário para que
os aerossóis sedimentem. Recolher os cacos de vidro com uma pinça e desinfetar a centrífuga. No
caso de ocorrer a contaminação da bancada de trabalho quando das manipulações assépticas,
proceder a imediata desinfecção. Na ocorrência da ingestão e/ou contaminação da cavidade oral com
líquidos contendo micróbios patogênicos, lavar a boca abundantemente com água e sabão, fazer um
gargarejo com uma solução anti-séptica, conforme a gravidade procurar a orientação e o tratamento
médico.
As causas dos acidentes de trabalho em geral podem ocorrer devido aos atos inseguros e/ou
condições inseguras. O ato inseguro é a maneira pela qual as pessoas se expõem a riscos de
acidentes. Quanto às causas freqüentes de atos inseguros podemos citar: (a) desconhecimento dos
riscos de acidentes; (b) treinamento inadequado dos trabalhadores; (c) falta de interesse ou aptidão
para o trabalho; (d) excesso de confiança em si mesmo. Atitudes impróprias, tais como: (a) violência,
revolta, etc.; (b) incapacidade física para o trabalho, são aquelas que põem em riscos a integridade
física e/ou a saúde dos trabalhadores ou a própria segurança das instalações.
4. SEGURANÇA NO TRABALHO
27
ATIVIDADE PRÁTICA
2. Manipulação de placas de Petri: treinar repetidas vezes a técnica de abrir e fechar uma placa de
Petri 100 x 15mm, utilizando-se de apenas uma das mãos, conforme demonstração do instrutor.
3. Manipulação de pipetas (tipo Mohr): a partir de um Becker contendo água destilada, transferir com o
auxílio de uma pipeta de 5 mL, um volume de 5mL para um tubo de ensaio 13 x 100mm (tubo n.º 01). A
partir do tubo n.º 1, passar com o auxílio de uma pipeta de 2mL, volumes de 1mL sucessivamente para
os tubos n.º 02, 03, 04 e 05. Retornar manualmente ao volume inicial do tubo n.º 01 e deste ao Becker
28
4. Manipulações assépticas:
4.2 Se necessário novamente a partir do Erlenmeyer, transferir com o auxílio de uma pipeta de 10mL,
um volume de 10 mL para um tubo de ensaio 18 x 180mm (tubo n.º01). A partir do tubo n.º 01, com
auxílio de uma pipeta de 2mL passar volumes de 2,0mL sucessivamente para os tubos n.º 02, 03, 04 e
05. Retornar manualmente ao volume do tubo n.º 01 e deste ao Erlenmeyer.
5. Desinfecção da bancada de trabalho com álcool a 70%. Antissepsia e lavagem das mãos.
29
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS BÁSICAS DA SAÚDE
DISCIPLINA DE MICROBIOLOGIA
RELATÓRIO DA ____. AULA PRÁTICA
N.º 01
N.º 02
N.º 03
N.º 04
N.º 05
TUBO A
30
7 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE MEIOS DE
CULTURA.
TÉCNICA DE PREPARO E DISTRIBUIÇÃO
ASSÉPTICA DE ÁGAR SIMPLES, ÁGAR SANGUE E
ÁGAR CHOCOLATE
1. INTRODUÇÃO
Uma população microbiana em crescimento ativo em um meio nutritivo, constitui uma cultura.
Nos meios naturais os microrganismos raramente estão isolados, as espécies estão em geral
misturadas e se desenvolvem conjuntamente se as condições são favoráveis. A cultura de uma única
espécie é chamada “cultura pura”. Todos os trabalhos de laboratório são baseados em culturas puras,
que são as únicas que permitem estudos precisos da morfologia e fisiologia microbiana. Os meios de
cultura comumente utilizados em bacteriologia têm por base o infuso de carne, o qual contém proteínas
solúveis, carboidratos, sais e quando enriquecidos pela adição de peptonas e cloreto de sódio, constitui
o que se denomina “Caldo Simples” (líquido) que pela adição de ágar-ágar (gelose) é chamado de
“Ágar Simples” (sólido). O desenvolvimento de microrganismos em um meio de cultura está relacionado
a fatores muito importantes como: (1) disponibilidade de nutrientes apropriados, (2) necessidade ou
não de oxigenação (aeração); (3) necessidade de um certo grau de umidade; (4) manutenção de pH
apropriado; (5) incubação a temperatura adequada; (6) o meio de cultivo deve estar estéril para o uso;
(7) utilização de técnicas assépticas para evitar a contaminação do meio quando da semeadura, leitura,
etc...
2. MEIOS DE CULTURA
31
•Solidificados. São meios de cultura que apesar de sólidos podem ser liquefeitos. Usualmente
contém 1,5 a 2% de ágar-ágar. Ex. Ágar-simples, ágar-sangue, etc.
•Sólidos. Aqueles que embora não contenham ágar, apresentam-se naturalmente no estado sólido.
Ex. Fatias de batatas, usadas ocasionalmente para o cultivo especial de bactérias.
32
•Seletivo – diferenciais. Aqueles que combinam seletividade e diferenciação. Ex. Ágar Eosina Azul
de Metileno (Teague) seletivo para bacilos Gram negativos (enterobactérias) e diferencia os germes
lactose positivos (colônias escuras) dos germes lactose negativos (colônias claras); Ágar Manitol
Salgado, seletivo para estafilococos devido o alto teor de sal, diferenciando o S. aureus (colônia
amarela) do S. epidermidis (colônias brancas), através da fermentação do manitol.
•Dosagem: Meios de composição definida (sintéticos) empregados para a dosagem de vitaminas,
aminoácidos e antibióticos. Existem também meios especiais para avaliação de desinfetantes. Ex.
Antibiótico ágar n.º 1, 2, 3, 5 e 11. (Grove & Randall medium n.º 1, 2, 3, 5 e 11).
•Contagem. Tipos específicos de meios de cultura destinados a contagem microbiana cuja
composição deve obedecer a recomendações padronizadas. Ex. Plate Count Agar (ágar triptona,
glicose, extrato de levedura) usado para se estimar a densidade bacteriana em amostras de água.
•Identificação. Existe uma grande variedade de meios rotineiramente utilizados em microbiologia para
a identificação bioquímica de microrganismos. Ex. A prova da: ureia (Christensen), citrato (Simmons).
indol, fermentação da glicose, etc.
•Estoque. São meios especiais destinados a manutenção adequada da viabilidade e das
características fisiológicas de um determinado microrganismo, mantido no laboratório por certos
períodos de tempo. Ex. caldo nutriente, ágar nutriente semi-sólido, ágar nutriente, etc.
33
matéria prima tais como: carboidratos, compostos orgânicos de nitrogênio, vitaminas hidrossolúveis e
sais.
3.3. Peptonas. Sob a denominação de peptonas estão compreendidas as substâncias de origem
protéica que a partir do estado coloidal das proteínas nativas, foram transformadas em fragmentos
hidrossolúveis e não coaguláveis. Em microbiologia chamamos geralmente “peptonas” quanto são
obtidas por via enzimática e “hidrolisado”, quando por via inorgânica. As peptonas constituem uma
mistura de peptídeos que, segundo a proteína de origem e a enzima utilizada, apresentam determinada
composição. Os hidrolisados consistem uma mistura mais ou menos irregular de diversos peptídios e
aminoácidos livres. As peptonas e os hidrolisados apresentam as substâncias basais mais importantes
para a preparação dos meios de cultura para os microrganismos. Como exemplos de peptonas
podemos citar: peptonas de carne obtida por digestão péptica, peptona de caseína obtida por digestão
tríptica (alto conteúdo de triptofano), peptona de farinha de soja obtida por digestão papaínica, etc.
Como exemplos de hidrolisados: caseína hidrolisada, hidrolisado de caseína isentos de vitaminas e etc.
As peptonas mistas são misturas de peptonas e que apresentam uma elevada qualidade nutritiva, com
alta proporção de peptídeos de baixo peso molecular, aminoácidos livres e fatores de crescimento. São
adequados para multiplicação de microrganismos exigentes como por exemplo: proteose-peptona,
triptose, etc. Podemos resumir o valor nutritivo das peptonas em geral, como sendo a principal fonte de
nitrogênio orgânico, podendo conter algumas vitaminas e as vezes carboidratos, dependendo do tipo
de material protéico digerido.
34
uma parte do volume total de água destilada. Homogeneizar evitando a formação de bolhas e espuma.
Adicionar então o restante da água destilada, lavando as paredes do frasco. No caso do meio conter
ágar-ágar é indispensável deixar em repouso a temperatura ambiente por 10-15 minutos com a
finalidade de “encharcar” o ágar. Dissolver o meio por aquecimento em Banho-Maria, agitar
frequentemente evitando porém a ebulição do meio de cultura. Evitar ao máximo um superaquecimento
inútil. O meio se apresenta completamente dissolvido, quando as partículas de ágar não mais aderirem
às paredes do recipiente, observando-se neste caso, a formação de água de condensação no pescoço
no balão de fundo chato, o que em microbiologia é conhecido como “fazer o ágar chorar”. Testar o pH,
se necessário, ajustá-lo ao valor recomendado pelo fabricante. Os meios assim preparados não
necessitam de filtração. A seguir, acondicionar o frasco (bucha de algodão + invólucro de papel) e
autoclavar segundo as recomendações do fabricante. Certos meios podem ser utilizados sem que seja
necessário sua esterilização na autoclave, mesmo porque, alguns não suportam a autoclavagem. Após
a esterilização, resfriar a 45-50ºC e dispensar assepticamente em placas de Petri ou tubos de ensaio,
de maneira a evitar a formação de água de condensação. Os meios gelosados dispensados em placas
de Petri devem ser preferencialmente utilizados no mesmo dia de sua preparação. Pode-se conservá-
los todavia, durante alguns dias no refrigerador, sendo necessário, a sua prévia ambientação à
temperatura do laboratório, antes do seu uso. A esterilidade deve ser cuidadosamente controlada antes
da utilização dos meios de cultura desidratados.
NOTA: para a realização da rotina bacteriológica no laboratório de análises clínicas, é necessário
dispor de alguns componentes básicos para a preparação dos meios de cultura, como: ágar, extratos,
peptonas, sais; assim como alguns meios desidratados indicados para o isolamento, cultivo,
identificação e manutenção das principais bactérias de interesse em patologia humana.
35
ATIVIDADE PRÁTICA
36
2.3. Ágar simples em placas (Equipe n.º 03)
Fórmula: descrita no item 2.2.
Preparo: adequar a fórmula do meio de cultura a fim de obter um volume suficiente para 09 placas de
Petri 100x15mm. Proceder a pesagem e a dissolução do meio conforme descrito no item 2.2. Distribuir
volumes de aproximadamente 15mL para 09 tubos de ensaio 18x180mm. Utilizar para esta operação o
auxílio de um funil (operação rápida devido a solidificação do meio de cultura). Acondicionar e
esterilizar na autoclave por 15 minutos a 121ºC.
3. Técnica de preparo e distribuição asséptica do ágar simples, ágar sangue e do ágar chocolate
em placas de Petri (Equipes nº. 1, 2 e 3).
3.1. Conservação dos meios liquefeitos. Retirar da autoclave os 09 tubos de ágar simples (item 2.3).
Colocar 06 destes tubos em banho-maria a 56ºC e os 03 restantes em um outro banho-maria a 80ºC
3.2. Preparação da bancada de trabalho. Desinfetar o local de trabalho com álcool 70% e acender o
bico de Bunsen. Cuidadosamente, retirar os invólucros de papel das placas de Petri que serão
utilizadas e dispô-las empilhadas nas proximidades da chama do bico de gás (03 placas por equipes).
3.3. Plaqueamento do ágar simples. Retirar um tubo do banho-maria a 56ºC. Enxugá-lo
externamente. Deixar resfriar a temperatura de aproximadamente 45ºC. Vazá-lo assepticamente para a
placa de Petri (15mL = volume para 01 placa 100x15mm)
3.4. Preparo e plaqueamento do ágar sangue. Retirar um tubo do banho-maria a 56ºC. Enxugá-lo
externamente. Deixar resfriar a temperatura de 45-50ºC. Adicionar assepticamente 0,75 a 1,5mL de
sangue*. Homogeneizar evitando a formação de bolhas e/ou espuma e vazá-lo assepticamente para a
placa de Petri.
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3.4. Plaqueamento do ágar sangue. Retirar um tubo do banho-maria a 56ºC. Enxugá-lo
externamente. Deixar resfriar a temperatura de aproximadamente 45-50ºC. Adicionar assepticamente
0,75 a 1,5mL de sangue*. Homogeneizar evitando a formação de bolhas e/ou espuma e vazá-lo
assepticamente para a placa de Petri.
3.5. Preparo e distribuição do ágar chocolate. Retirar um tubo do banho-maria a 80ºC. Enxugá-lo
externamente e adicionar 0,75 a 1,5mL de sangue. Homogeneizar evitando a formação de bolhas e/ou
espuma. Levar ao banho-maria a 80ºC e aquecê-lo durante 2 minutos, agitando cuidadosamente.
Retirar do banho-maria. Enxugá-lo externamente. Deixar resfriar até aproximadamente a temperatura
de 45ºC. Vazá-lo assepticamente para a placa de Petri.
Nota 1: Uma outra forma para a distribuição dos meios de cultura em placas, consiste em: preparar
volumes de 100-500mL em balões de fundo chato. Acondicionar e esterilizar na autoclave por 15
minutos a 121ºC. Retirar da autoclave e resfriar em banho Maria (45-50ºC) e vazar assepticamente
para as placas de Petri, previamente esterilizadas. Deixar solidificar a temperatura ambiente nas
proximidades da chama de um bico de Bunsen (30-60 minutos). Levar a estufa a 35ºC durante 24-48
horas a fim de realizar o controle de esterilidade (placas invertidas). Conservar em refrigerador a 4ºC.
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No caso da utilização dos meios de cultura guardados no refrigerador, repetir a prova de controle de
esterilidade com incubação no mínimo de 24 horas na estufa a 35ºC. Durante esta incubação ocorre
também a eliminação da água de condensação usualmente formada sobre a superfície dos meios de
cultura quando mantidos em temperaturas frias.
Nota 2: No caso de ocorrer a formação de bolhas após o vazamento dos meios para as placas, colocá-
las em contato direto (placa – entreaberta) com a chama de gás que elas desaparecerão. Esta
operação só pode ser realizada quando o meio ainda se encontrar liquefeito.
Anotações
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
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8 TÉCNICAS DE SEMEADURA DE BACTÉRIAS
EM MEIOS DE CULTIVO LÍQUIDOS E
SÓLIDOS.
ISOLAMENTO DE BACTÉRIAS EM CULTURA PURA
1. CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE CULTURA PURA:
DILUIÇÃO
(ESGOTAMENTO)
- Descontínuo - Placas
Quando uma célula bacteriana isolada se reproduz dentro de um meio sólido ou à sua
superfície, sua progênie vai se acumulando na forma de uma massa de células conhecida como
colônia, visível macroscopicamente. Inicialmente o crescimento de uma colônia é exponencial em
relação ao tempo. Após algumas divisões, entretanto, a ordem de crescimento se torna muito complexa
40
devido à grande proximidade das células acumuladas. Esta proximidade cria uma situação que pode
ser chamada “Aglomeração Fisiológica”, na qual as células individuais competem entre si pelos
nutrientes disponíveis e afetam-se mutuamente pelo acúmulo localizado de produtos residuais.
Após a obtenção das culturas puras, faz-se necessário em alguns casos, o seu estoque em
laboratório, para estudos posteriores. É essencial que o método de conservação e manutenção
preserve todas as características da espécie, tais como a forma evidenciada no momento do seu
isolamento. No Laboratório, dispõe-se das seguintes técnicas para a estocagem de culturas puras:
2.4. Estocagem em temperaturas muito baixas. Ex.: nitrogênio líquido a -196 ºC.
Existem organizações cuja principal função é a de manter em estoque culturas puras autênticas de
amostras tipos (padrões internacionais) de bactérias, fungos, algas e protozoários, assim como
também, de células animais. Como exemplos destas instituições podemos citar:
1. American Type Culture Collection (ATCC) em RockVille - Maryland;
Estas culturas puras de amostras padrões são solicitadas à estas instituições, sendo utilizadas em
trabalhos de pesquisa, de controle de qualidade da rotina microbiológica, etc.. Usualmente estas
amostras são remetidas em ampolas (liofilizadas), mediante a compra e/ou doação.
41
ATIVIDADE PRÁTICA
2.2. Semeadura em meio sólido (ágar inclinado): Identificar o tubo contendo ágar simples inclinado
com o número 4. A partir de um cultivo microbiano em meio sólido (amostra em placa) “pescar” uma
colônia com o auxílio de uma agulha de semeadura bacteriológica e semear por estrias a superfície do
ágar simples inclinado (tubo n.º4).
2.3. Isolamento por esgotamento (placas): Identificar as três placas de ágar simples com os números
5, 6 e 7. A partir de um cultivo microbiano em meio líquido (amostra em tubo), com o auxílio de uma
alça de semeadura bacteriológica, “esgotar por estrias contínuas” as placas de n.º 5 e 6 e; por “estrias
descontínuas”, a placa n.º 7.
42
3. Leitura e interpretação: Incubar as culturas na estufa a 35-37ºC por 24-48 horas. Realizar a leitura
e a interpretação dos resultados de acordo com os critérios descritos abaixo:
43
RELATÓRIO DA AULA PRÁTICA
TÉCNICAS DE SEMEADURA
Aluno(a):_______________________________________Turma:_____Curso:_______
1. TUBOS:
TUBOS CRESCIMENTO
1 (caldo simples)
2 (caldo simples)
3 (caldo simples)
PLACA CRESCIMENTO
4. Observações:
__________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
44
9
REVISÃO EM TÉCNICA DE MICROSCOPIA
ÓTICA COMUM DE CAMPO CLARO
PREPARAÇÕES MICROSCÓPICAS A FRESCO
Há muitos instrumentos que o microbiologista deve ser capaz de usar com facilidade, para a
manipulação apropriada das amostras e identificação das amostras cultivadas. O domínio
destes instrumentos requer muita prática, necessitando de uma boa técnica que garanta a
obtenção dos resultados satisfatórios.
Fonte:http://biocelunb.blogspot.com/2011/05/visualizacao-de-celulas-ao-microscopio.htmL
45
1. CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE O MICROSCÓPIO
Um microscópio simples nada mais é do que uma lente biconvexa, porém o microscópio
composto, emprega dois sistemas de lentes separadas, conseguindo desta forma, maiores aumentos.
Pelo fato do microscópio composto se constituir num instrumento fundamental ao estudo da
microbiologia, os conhecimentos dos princípios básicos da microscopia assim como a perícia no seu
emprego e manipulação, são requisitos imprescindíveis para qualquer estudo desta ciência. Existem
muitos tipos de microscópio composto de acordo com a sua construção e o seu manejo, porém todos
se baseiam nos mesmos princípios fundamentais. O microscópio, basicamente conta de um sistema
ótico (para aumentar) e um sistema de iluminação (para visualizar adequadamente o objeto). Para
compreender o funcionamento dos sistemas óticos e de iluminação, é necessário entender o
significado da ampliação, do poder de resolução e da iluminação, assim como, entender as relações
que existem entre eles.
1.1. Ampliação.
A ampliação em um microscópio composto se obtém mediante dois sistemas de lentes. O situado mais
próximo do objeto a ser examinado, é chamado de objetiva, que amplia e produz uma imagem real. A
ocular amplia esta imagem real, fornecendo uma imagem virtual que é vista pelo olho do operador. A
ampliação total é igual ao produto das ampliações produzidas pela ocular e pela objetiva. O sistema de
lentes da objetiva é uma combinação de lentes convexas e côncavas, de tipos distintos de vidros, que
corrigem as aberrações esféricas e cromáticas, inerentes as lentes convexas simples. Os microscópios,
para a maioria dos laboratórios de bacteriologia possuem 03 objetivas: objetiva a seco de poucos
aumentos (16mm), a objetiva a seco de muitos aumentos (4mm) e a objetiva de imersão (1,8mm). A
objetiva que se deseja utilizar, é colocada na sua posição, girando-se o revolver (porta objetivas). Os
números 16-4-1,8mm indicam a distância focal de cada objetiva. Quanto mais curta é a distância focal
das objetivas, é mais curta também a distância de trabalho. A lente da objetiva enfoca os raios de luz
procedentes da amostra, formando uma imagem real dentro do tubo do microscópio. A imagem real é
ampliada posteriormente pelo sistema de lentes da ocular, o qual está situado na extremidade do tubo
e é formado por duas lentes. A mais baixa, lente de campo, coloca a imagem real, no plano da lente
mais alta ou lente ocular, a qual atua como uma simples lente de ampliação, permitindo ao olho do
observador a imagem virtual do objeto a ser visualizado. Em termos de ampliação, considerando-se as
lentes acima descrito teremos um aumento de 100 diâmetros para uma objetiva de 16 milímetros com
uma ocular de x10, 440 diâmetros para uma objetiva de 4mm com uma ocular de x10, e finalmente um
aumento de 950 diâmetros quando do emprego da objetiva de 1,8 mm combinado a uma ocular de x10.
1.2. Poder de resolução.
Considerando-se que a ampliação total de um microscópio composto é produto da ampliação de dois
sistemas de lentes, poder-se-ia aumentar indefinidamente esta ampliação, empregando-se sistemas de
lentes adicionais. Isto porém não é possível devido a uma propriedade das lentes conhecida como
poder de resolução. O poder de resolução de uma lente é a sua capacidade de distinguir dois pontos
muito próximos. Esta propriedade é função do comprimento de onda da luz empregada e a uma
característica do sistema de lentes, conhecida como abertura numérica. Então, quanto mais curto for o
comprimento da onda da luz utilizada, melhor o poder de resolução. Em termos práticos porém, o
aumento do poder de resolução pela diminuição do comprimento de onda de luz utilizada tem valor
46
limitado. O maior aumento no poder de resolução é conseguido pelo aumento da abertura numérica. A
abertura numérica, é função do diâmetro real da objetiva em relação a sua distância focal e o poder de
desviar o raio luminoso, o índice de refração do meio que existe entre a amostra a ser examinada e a
objetiva. Os fatores óticos limitam as modificações que se podem praticar numa objetiva, visando
aumentar a sua abertura numérica. Pelo fato de que o índice de refração do ar é menor que o do vidro,
os raios luminosos se refratam ou desviam quando passam do porta objeto (lâmina) ao ar. Assim, a
maioria dos raios luminosos que atravessam o objeto se refratam num ângulo tão grande, que não são
captados pela objetiva. Interpondo entre o porta objetos e as lentes da objetiva o óleo de imersão que
tem aproximadamente o mesmo índice de refração do vidro, consegue-se diminuir muito o desvio, e
uma porcentagem maior de raios luminosos provenientes do objeto em exame passam diretamente a
objetiva, conseguindo-se desta forma uma maior resolução e uma imagem mais clara. A relação entre
o comprimento de onda da luz utilizada e a abertura numérica para determinar a resolução é válida
somente para raios paralelos. Quando a amostra é iluminada com raios paralelos e oblíquos, esta
relação passa a ser P.R. = comprimento de onda/2 x abertura numérica. O condensador situado abaixo
da platina proporciona tanto iluminação direta como oblíqua e assim melhora a resolução de um
microscópio de campo claro.
1.3. Iluminação.
Da mesma forma que a obscuridade ou o resplendor da luz solar direta pode impedir a visão, a
iluminação escassa pode obscurecer o campo de observação de um microscópio. Uma iluminação
adequada é essencial para aproveitar convenientemente os aumentos e a resolução do microscópio. A
fonte luminosa mais acessível é a luz solar comum, porém devido a sua variação, é utilizada mais
frequentemente as lâmpadas artificiais, geralmente de tungstênio. As fontes de iluminação mais
precisas, controlam a intensidade, a cor e o tamanho dos raios de luz. O tamanho do cone de luz que
atravessa o condensador e penetra no microscópio, difere segundo a finalidade desejada. Quando
aumenta a ampliação das lentes objetivas diminui a distância de trabalho e aumenta o ângulo de
abertura da objetiva. Por conseguinte, deve chegar na objetiva um cone de luz maior, quando sua
ampliação é grande. O tamanho do cone luminoso é controlado pelo uso do diafragma íris, situado
imediatamente abaixo do dispositivo do condensador. Quando se usam as objetivas a seco de poucos
ou muitos aumentos, que ampliam respectivamente 10 e 44 vezes, o diafragma íris é colocado
parcialmente aberto, em conseqüência de que a definição e os detalhes nestes aumentos são mais
claros quando a iluminação não é demasiadamente intensa. Quando, se emprega a objetiva de
imersão, que amplia 95 vezes, a distância de trabalho é menor, e se abre mais o diafragma de abertura
do condensador.
Nota: na microscopia de imersão, o condensador deve estar sempre na parte mais elevada do seu
suporte.
47
2. MICROSCOPIA A SECO: 10, 20 E 40 X OCULAR
2.1. Posição do microscópio e do operador: o instrumento deve estar sobre a mesa de trabalho em
posição normal, enquanto que o operador deve estar sentado em uma cadeira de altura conveniente a
manter o corpo ereto, de tal modo que para olhar pela ocular basta fazer um pequeno movimento de
corpo a frente e inclinar a cabeça.
2.2. Ligar o microscópio: ligar o sistema de iluminação, e escolher a objetiva de menor aumento que
pode ser identificada pela numeração existente no corpo da objetiva, indicando o seu aumento ou pelo
diâmetro maior da lente frontal voltada para o objeto.
2.3. Deslocar a platina (subir ) de tal modo que ela fique distante cerca de10mm da objetiva. Esta
operação visa prevenir acidente ao ser colocada a lâmina com o objeto na platina.
2.4. Colocar a lâmina com o objeto na platina: para isso, trazer a lâmina pela extremidade anterior da
platina, abrir os dispositivos de fixação da lâmina, deslizar esta sobre a platina proceder até os
encostos e depois prender a lâmina.
Obs.: para retirar a lâmina da platina proceder de modo inverso saindo a mesma pela frente da platina.
2.5. Transportar o objeto da lâmina até o centro da lente frontal do condensador ou eixo do
microscópio: movimentando os parafusos do "Chariot", dispor uma parte do objeto facilmente
perceptível pela sua opacidade, coloração ou forma, o que permitirá focalizar com maior comodidade.
2.6. Olhando lateralmente, com os olhos dispostos na altura do tubo canhão subir a platina com o
auxílio do botão de movimento macrométrico até que a objetiva fique o mais próximo possível do
objeto. Nestas circunstâncias temos certeza de que o foco anterior da objetiva estará necessariamente
abaixo do plano do objeto.
2.7. Olhando pela ocular verificar o sistema de iluminação: verificar se campo do microscópio está
uniformemente iluminado. Corrigir se necessário a intensidade luminosa, fechando quase
completamente o diafragma de abertura do condensador. Com esta operação se obtém uma maior
profundidade do campo de observação, e com isso torna-se mais fácil a focalização do objeto.
2.8. Observando pela ocular, deslocar a lâmina com o objeto e verificar se existe efetivamente parte do
objeto no eixo ótico do microscópio: ao ser movimentada a lâmina com o objeto, nota-se no campo da
ocular uma mancha desfocada ou coloração idêntica aquela do objeto. Manter a sombra, ou mancha
ou coloração no campo de observação, o que permite se saber com toda certeza de que existe
efetivamente no eixo ótico do microscópio uma parte do objeto que deverá necessariamente aparecer
ao ser feito a focalização.
2.9. Focalizar o objeto: olhando pela ocular, fazer descer a platina com o auxílio do botão de
movimento macrométrico até o aparecimento da imagem do objeto no campo de observação da ocular.
2.10. Examinar o objeto: deslocar a lâmina com o objeto com o auxílio do "Chariot". Retificar a
focalização do objeto com o auxílio do botão de movimento micrométrico. Os dois movimentos devem
ser efetuados simultaneamente, utilizando-se as duas mãos.
* Existem microscópios em que o tubo canhão é móvel.
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3. MICROSCOPIA DE IMERSÃO: 100 X OCULAR
49
Para evitar danificações ao instrumento, obedecer aos seguintes critérios:
(a) não forçá-lo nunca. Todas as conexões devem funcionar suave e facilmente. Se algo não
funcionar bem, chamar imediatamente o instrutor ou professor responsável;
(b) as lentes objetivas não devem nunca tocar a lâmina porta objeto;
(c) nunca subir a platina do microscópio com o auxílio do botão de movimento macrométrico
enquanto se está observando pela lente ocular;
(d) nunca intercambiar as objetivas ou as oculares de microscópios distintos e sob nenhuma
circunstância se deve separar as lentes frontais das objetivas (desmontar); (e) quando não se utiliza o
microscópio guardá-lo em sua caixa. Deixar com a objetiva de poucos aumentos no eixo ótico e
assegurar-se que a parte mecânica da platina, não sobressai ao bordo da mesa.
A microscopia pode ser realizada com o objetivo de observar os microrganismos vivos pelo
exame a fresco, ou mortos em preparação microscópicas coradas. O exame microscópico de
preparações a fresco permite a observação e o estudo dos principais caracteres morfológicos dos
microrganismos tais como dimensões celulares, formas e arranjos, motilidade etc.. As preparações a
fresco preservam a forma natural dos organismos e reduzem as distorções que ocorrem quando as
preparações são secas e fixadas. Por outro lado, em vista da semitransparência das células, estas
preparações não permitem discernir claramente as estruturas internas das mesmas. As preparações a
fresco exigem o manuseio completo do microscópio de campo luminoso, sendo necessário que se
façam ajustes na intensidade de luz que ilumina os objetos a serem observados, bem como a
regulagem adequada do condensador. Duas técnicas de preparações microscópicas a fresco são
comumente empregadas em laboratórios de microbiologia: (a) exame de material entre lâmina e
lamínula; (b) exame de material em lâmina escavada (gota pendente).
5.1. Exame microscópico do material entre lâmina e lamínula
O exame do material entre lâmina e lamínula é feito colocando-se uma gota da suspensão de
microrganismos sobre uma lâmina limpa e desengordurada e em seguida recobrindo-se com uma
lamínula. Examinar ao microscópio ótico usando a objetiva de fraco aumento.
5.2. Exame microscópio do material em gota pendente
Para realizar uma preparação em gota pendente, usar uma lâmina especial escavada (lâmina
de Koch). Tomar uma gotícula da suspensão do microrganismos e depor no centro de uma lamínula.
Untar os bordos da escavação da lâmina de Koch com vaselina, e adaptar esta sobre a lamínula. Fazer
ligeira pressão para que ela fique aderente à vaselina de tal maneira que virando-se bruscamente a
lâmina, a gota da suspensão bacteriana fique pendente no centro da escavação, sem encostar no
fundo dela. Ao microscópio, focalizar primeiramente em fraco aumento, colocar o bordo da gota no
centro do campo microscópico e focalizar. A seguir passar aos aumentos mais fortes até a objetiva de
imersão. Desta maneira, os materiais clínicos podem ser examinados "in natura" ou diluídos em água
destilada esterilizada, quando espessos, ex. urina. Para as culturas em meios líquidos ou sólidos,
proceder de maneira semelhante.
50
ATIVIDADE PRÁTICA
AMOSTRA___ AMOSTRA___
51
3. Exame do material em gota pendente: montar a lâmina em gota pendente conforme a técnica
descrita no item 5.2 da apostila, utilizando-se uma cultura de microrganismos em meio líquido.
Examinar ao microscópio com auxílio das objetivas a seco (10, 20 e 40) e finalmente com a objetiva de
imersão. Observar a dimensão, forma e movimento dos microrganismos presentes no material.
4. Resultados.
AMOSTRA___ AMOSTRA___
AMOSTRA___ AMOSTRA___
ANOTAÇÕES:______________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
52
10 PREPARAÇÕES MICROSCÓPICAS
CORADAS
1. Introdução
2. Corantes
53
Fórmula:
3.1. Confecção do esfregaço. Com o auxílio da alça ou agulha de semeadura, flambada ao rubro e
resfriada, retirar um pouco do material a ser examinado e depositar no centro de uma lâmina de vidro
limpa e desengordurada. Com a mesma alça, "espalhar" o material até obter um esfregaço de forma
oval, bem delgado e uniforme. Deixar secar espontaneamente ao ar. Na confecção dos esfregaços, ter
o máximo cuidado para evitar a formação de aerossóis, utilizando equipamentos de segurança,
obrigatoriamente, como por exemplo, frascos de álcool-areia.
Observações: (a) Quando o material a ser examinado for muito espesso, diluir com solução salina ou
simplesmente água destilada esterilizada. (b) Quando o material for líquido e pobre em germes,
centrifuga-se a 2500-3000 rpm durante 5 a 15 minutos e o esfregaço é confeccionado a partir do
sedimento.
54
(c) A frio: recomenda-se o uso deste processo quando o material sofrer alteração pelo calor, por
exemplo coloração de sangue, líquor, protozoários, riquétsias. Utilizar como agente fixador
álcool-éter (1:1), álcool metílico, bicloreto de mercúrio e outros.
3.3. Coloração. As técnicas de coloração podem ser divididas em dois grandes grupos: simples e
composta. Quando se deseja apenas uma noção sobre a morfologia dos microrganismos, recorre-se a
colorações simples, nas quais utilizamos apenas um corante, que cora igualmente os germes e outros
elementos presentes na lâmina. Quando precisamos saber mais detalhes com relação aos caracteres
dos germes, usamos as denominadas colorações compostas ou combinadas. Estas colorações, além
da morfologia, colocam em evidência certas propriedades tintoriais dos microrganismos, facilitando
assim a sua identificação (Ex. coloração de Gram), ou permitem o estudo de estruturas internas das
suas células (Ex. coloração de esporos bacterianos). Nestas colorações utilizam-se dois ou mais
corantes, o corante principal, que confere a cor à estrutura em análise e o corante de fundo ou de
contraste que cora os outros elementos, combinados aos mordentes e agentes diferenciadores.
ATIVIDADE PRÁTICA
55
2. Registrar as características morfológicas e tintoriais dos microrganismos ou das estruturas
observadas:
Anotações:
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
56
11 COLORAÇÃO DE GRAM
1. INTRODUÇÃO
A coloração de Gram foi originalmente descrita por Christian Gram em 1884. O método de
Gram se baseia no fato de que quando certas bactérias são coradas pelo cristal violeta (corante azul) e
depois tratadas pela solução de iodo-iodetada (lugol), forma-se um composto de coloração escura
entre o iodo e o corante - complexo iodo-para-rosa-anilina, que é fortemente retido por um grupo de
bactérias e não pode ser removido pelo descoramento subsequente com o álcool, como ocorre com as
bactérias Gram positivas ou que tomam o Gram. Outras bactérias, denominadas de Gram negativas,
não tomam o Gram, deixam-se descorar facilmente pelo álcool. Se após a adição do álcool se efetuar
uma coloração de fundo utilizando-se fucsina básica (corante vermelho), as bactérias Gram negativas
aparecerão coradas em vermelho, ao passo que as Gram positivas se apresentarão roxas, isto é,
conservarão a cor violeta do primeiro corante empregado.
O mecanismo da coloração de Gram não está ainda bem definido, porém, sem dúvida, está
relacionado a diferença de permeabilidade da parede celular. Nas bactérias Gram positivas a parede
celular é constituída essencialmente pelo componente mucopeptídico e o tratamento com o álcool
resulta em uma desidratação e consequente diminuição da permeabilidade que impede ou dificulta a
eluição do complexo iodo-corante. O mesmo não acontece nas bactérias Gram negativas, nas quais o
solvente orgânico atua em sentido contrário, determinando o aumento da permeabilidade celular.
2. OBJETIVOS
57
botulismo), C. perfringens (bacilo da gangrena gasosa) e Mycobacterium - M. tuberculosis
(bacilo da tuberculose) e M. leprae (bacilo da hanseníase).
TÉCNICA DE PREPARO:
1. Triturar, com auxílio de pistilo, o cristal violeta em um gral e adicionar o álcool. Homogeneizar e
juntar o fenol fundido;
2. Acrescentar em torno de 50 mL da água destilada e transferir o material para um béquer;
3. Lavar o gral duas a três vezes com o restante da água destilada e transferir para o béquer. Deixar
em repouso durante 24 horas;
4. Filtrar, com auxílio de funil e algodão ou papel de filtro, para frasco estoque âmbar de rolha
esmerilhada;
5. Manter a temperatura ambiente e indicar no frasco o prazo de validade de 12 meses.
NOTA: 1) Utilizar cristal violeta com grau de pureza de 90-95%; 2) Quando da transferência do corante
do frasco estoque para o frasco conta-gotas, filtrar novamente com auxílio de funil e algodão.
3.2. MORDENTE:
Solução de Lugol,
Iodo............................................... 1g
Iodeto de Potássio......................... 2g
Água destilada..............................300mL
58
TÉCNICA DE PREPARO:
Álcool-cetona:
Álcool Etílico 95%.................................. 100mL
Acetona.................................................. 100mL
TÉCNICA DE PREPARO:
1. Com auxílio de proveta medir 100mL do álcool e transferir para frasco âmbar de rolha
esmerilhada;
2. Juntar 100mL da acetona. Estocar a temperatura ambiente e indicar no frasco o prazo de
validade de 12 meses.
59
Solução B................................................... 55mL
Água Destilada q.s.p................................... 1000mL
* Após o preparo da Fucsina de Ziehl, deixar a solução em repouso por 24 horas. Filtrar, com auxílio de
funil e algodão ou papel para frasco estoque âmbar de rolha esmerilhada.
TÉCNICA DE PREPARO DA FUCSINA DE GRAM:
1. Diluir a Fucsina de Ziehl 1:10 com água destilada.
2. Filtrar com auxílio de funil e algodão ou papel de filtro para frasco estoque âmbar de rolha
esmerilhada.
3. Manter a temperatura ambiente e indicar no frasco o prazo de validade de 12 meses.
60
ATIVIDADE PRÁTICA
TRABALHO INDIVIDUAL
2. Lavar as mãos com água e sabão durante 15-20 segundos (lavagem higiênica);
3.1. LÂMINA 1: Preparar um esfregaço a partir de uma mistura 1:1 de Yakult e iogurte (amostra 1)
utilizando a seguinte técnica, conforme demonstração do instrutor: com auxílio de alça de níquel cromo
(Fio BS 24, 45-50 mm de comprimento e 3 mm de diâmetro interno), flambada ao rubro e resfriada,
transferir assepticamente uma alçada da amostra para o centro da lâmina. Com a mesma alça espalhar
o material na região central da lâmina aplicando movimentos circulares, até se obter um esfregaço de
forma oval, bem delgado e uniforme. Deixar secar espontaneamente ao ar. Fixar pelo calor passando a
lâmina, com o lado do esfregaço voltado para cima, duas a três vezes na chama do bico de Bunsen.
3.2. LÂMINA 2: Preparar dois esfregaços a partir de um cultivo bacteriano de 18-24 horas em ágar
simples inclinado (Amostras 2 e 3), utilizando a seguinte técnica, conforme demonstração do instrutor:
com auxílio de alça de níquel-cromo, flambada ao rubro e resfriada, transferir uma a duas alçadas de
água destilada para duas regiões da lâmina (figura 2). Seguir as técnicas assépticas conforme descrito
acima, observando o seguinte cuidado: tocar com a agulha na massa bacteriana e friccioná-la na água
destilada, previamente depositada na lâmina, até observar o desprendimento de pequenas partículas
do material. Neste ponto, interromper o processo e remover o excesso do material da agulha no frasco
areia-álcool. Flambar a agulha, deixar resfriar e preparar uma suspensão do material na lâmina,
aplicando movimentos circulares até se obter uma suspensão homogênea e a seguir distribuir o
material, do centro para a periferia, até se obter um esfregaço de forma oval, delgado e uniforme.
Deixar secar espontaneamente ao ar. Fixar pelo calor.
4. Coloração de Gram Corar as duas lâminas pela técnica de Gram, conforme demonstração do
instrutor.
61
FIGURA 1
Lâmina 01
Amostra 01
FIGURA 2
Amostra 03 Amostra 02
62
5. Exame microscópico: observar ao microscópio utilizando objetiva de imersão. Registrar as
propriedades morfotintoriais das bactérias presentes nas amostras 1, 2, e 3. Fazer a leitura quantitativa
de 10-20 campos microscópicos, utilizando os critérios numérico ou descritivo.
AMOSTRA 1
AMOSTRA 2
AMOSTRA 3
NOTA: Ao término dos trabalhos, cada aluno deve fazer a desinfecção da bancada com álcool 70% e a
seguir a antissepsia e lavagem higiênica das mãos.
BACTERIOSCOPIA QUANTITATIVA
+++ 2-10 por campo micros. Moderados 5-10 por campo micros.
++++ >10 por campo microsc. Muitos >10 por campo microsc.
63
12 CONTROLE DE MICRORGANISMOS POR
1. INTRODUÇÃO
Sempre que nos deparamos com o seguinte questionamento: Para este tipo de material, qual
deverá ser o tipo de tratamento adotado? Esterilização? Desinfecção de alto, médio ou baixo nível?
Devemos então nos fazer o questionamento subseqüente: De acordo com o Centro para Controle e
Prevenção de Doenças (CDC, USA), em que categoria este tipo de material é enquadrado? Artigos
críticos, semicríticos ou não críticos?
2. ARTIGOS CRÍTICOS
Artigos críticos são assim chamados devido ao alto risco de infecção por estes materiais,
quando contaminados por qualquer microrganismo, incluindo esporos de bactérias. Estes objetos
entram em contato com tecidos estéreis ou sistema vascular e por isso, devem ser esterilizados. Esta
categoria inclui instrumentos cirúrgicos, para implantes, agulhas, cateteres cardíacos e urinários.
Muitos dos itens desta categoria já são comprados esterilizados, ou devem ser esterilizados por
autoclavação, se possível. Se não suportar o aquecimento, o objeto deve ser tratado com óxido de
etileno ou com uma nova tecnologia de esterilização a baixas temperaturas.
Os artigos críticos não deverão ser tratados com esterilizante químico se outros métodos
puderem ser utilizados. Alguns germicidas ditos esterilizantes químicos como as formulações de
glutaraldeído básico a 2%, peróxido de hidrogênio estabilizado a 6%, e ácido peracético, só esterilizam
64
se o equipamento estiver limpo totalmente, e se o guia de características orgânicas (tempo de contato,
temperatura e pH), forem seguidos cuidadosamente.
3. ARTIGOS SEMICRÍTICOS
Os objetos semicríticos entram em contato com as membranas mucosas ou com a pele não
intacta. Estes artigos devem estar livres de qualquer microrganismo ou esporos de bactéria.
Membranas mucosas intactas geralmente são resistentes à infecção por esporos de bactérias comuns,
mas são susceptíveis a outros organismos como o bacilo da tuberculose e vírus. Endoscópios,
termômetros e equipamentos para terapia respiratória e de anestesias estão incluídos nesta categoria.
A maioria dos artigos semicríticos necessita pelo menos a pasteurização a vapor ou um alto
nível de desinfecção usando desinfetantes químicos como o glutaraldeído, peróxido de hidrogênio
estabilizado, ácido peracético, cloro, ou compostos clorados. No entanto, alguns artigos semicríticos,
como os termômetros usados em pacientes cuja pele não esteja intacta, devem ser desinfetados
efetivamente com desinfetantes potentes (P.ex., cloro) ou desinfetantes de nível médio (P.ex.,
fenólicos, iodóforos, álcoois).
Em geral, o manipulador deveria enxaguar os artigos semicríticos com água destilada (estéril)
para prevenir organismos que podem estar em água de torneira (ex.: micobactérias e espécies de
Legionella), contaminando os instrumentos. Se o instrumento não puder ser enxaguado com água
destilada (estéril), deveria ser utilizado primeiro a água de torneira e então o álcool sendo em seguida
secos com ar comprimido e guardados assepticamente.
4. ARTIGOS NÃO-CRÍTICOS
Estes artigos entram em contato com a pele íntegra e não com as membranas mucosas. A pele
intacta é uma barreira efetiva à maioria dos microrganismos. Por isso, artigos que estão em contato
com a pele não necessitam ser estéreis e são considerados “não-críticos”. Exemplos de artigos não-
críticos incluem aparelhos de pressão sangüínea, muletas, carrinhos de cama, roupas de cama ou do
doente, utensílios de comida, criados, mobília, e chão. Em contraste aos artigos críticos e alguns
semicríticos, a maioria dos artigos não-críticos reutilizáveis podem ser limpos onde eles estão sendo
usados, e não precisam ser transportados até a área de processamento central. Existe um pequeno
risco de transmissão de agentes infecciosos a pacientes, através de artigos não críticos. No entanto,
estes artigos poderiam contribuir à contaminação secundária através de contaminação das mãos dos
profissionais de saúde, ou do equipamento médico que subsequentemente será usado para outros
pacientes. Desinfetantes de baixo nível podem ser usados no processo de desinfecção dos artigos
não-críticos.
65
5. EFEITOS DE AGENTES FÍSICOS SOBRE O CRESCIMENTO DE MICRORGANISMOS
O mais antigo e conhecido agente de destruição de microrganismos é o calor, que pode ser
úmido ou seco como já vimos em assuntos anteriores. O efeito do calor úmido, produzindo “morte
térmica” dos microrganismos é dado pela desnaturação das proteínas celulares, principalmente as
enzimas. A morte bacteriana causada pelo calor seco parece dever-se à oxidação dos componentes
celulares. Experimentos demonstraram que quanto mais seca a preparação, maior a resistência ao
calor.
1. Ação em membrana: produzem dano inicial na membrana citoplasmática das bactérias, resultando
em perda de constituintes celulares vitais (ácidos nucléicos e potássio). Atuam desta maneira:
clorexidina, compostos quaternários de amônia, fenóis e álcoois.
2. Ação de fixação da membrana: atuam selando ou fixando a membrana citoplasmática, bloqueando
a saída de componentes celulares, matando os microrganismos. O glutaraldeído e o formaldeído
agem desta maneira.
3. Oxidação dos constituintes celulares: atuam através de oxidação. Agem desta maneira os
compostos à base de cloro (hipocloritos) e iodo (iodóforos).
ATIVIDADE PRÁTICA
1. Objetivos:
66
2. Microrganismos (uma amostra por equipe):
Observação: cada equipe será responsável pela preparação da suspensão padrão de um tipo de
microrganismo
5.1. Dividir o fundo da placa de Petri contendo ágar-nutriente em 4 partes. Identificar (nome e
número da equipe) e marcar (0, 5, 10 e 20 minutos);
5.2. Com alça de níquel-cromo, semear o microrganismo do tubo T=0 no quadrante
correspondente da placa;
5.3. Colocar os 3 tubos (T=5, T=10 e T=20) no banho-maria fervente. Após 5 minutos de fervura
retirar o tubo T=5 e semear, com alça, no quadrante correspondente;
5.4. Após 10 minutos de fervura, retirar do banho maria o tubo T=10 e semear no quadrante
correspondente da placa;
5.5 Repetir a operação com o tubo T=20 após 20 minutos de fervura;
5.6. Incubar a placa a 37ºC durante 48 horas;
5.7. Realizar a leitura e interpretar os resultados, considerando os resultados obtidos pelas 4
equipes.
6.1. Pipetar 0,5 mL do microrganismo a ser utilizado (cada equipe deverá realizar o experimento
com um microrganismo) e transferir para um tubo contendo solução salina e para os três
outros tubos contendo os diferentes desinfetantes;
67
6.2. Aguardar 15 minutos;
6.3. Dividir o fundo da placa contendo ágar nutriente com lápis para vidro, e marcar os
desinfetantes correspondentes;
6.4. Semear com alça a partir dos tubos com desinfetante + microrganismos, para os quadrantes
correspondentes da placa;
6.5. Incubar a 37ºC durante 48 horas.
6.6. Realizar a leitura, observando o crescimento nas partes correspondentes à ação de cada
desinfetante, nas placas semeadas durante a aula. Contar o número de colônias (quando
possível) e interpretar os resultados
68
LEITURA DO EXPERIMENTO
Staphylococcus aureus
Escherichia coli
Candida sp.
Bacillus subtilis
*Controle do crescimento microbiano
Qual dos microrganismos testados demonstrou maior resistência ao calor? Por que?
_________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________
Quadro 2. Leitura da ação de agentes químicos sobre o cultivo microbiano.
Staphylococcus aureus
Escherichia coli
Candida sp.
Bacillus subtilis
*Controle do crescimento microbiano
Qual dos microrganismos testados foi mais resistente aos desinfetantes? Por que?
_________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________
69
13 CONJUGAÇÃO BACTERIANA
1. INTRODUÇÃO
A conjugação bacteriana foi descrita pela primeira vez por Lederberg e Tatum (1946), em
mutantes nutricionais de Escherichia coli K12. A conjugação é um processo “sexual” de transferência
de genes de uma bactéria doadora para uma bactéria receptora. Para que uma linhagem bacteriana
seja doadora ela deve conter um plasmídeo conjugativo.
Plasmídeos são elementos extracromossômicos não essenciais às funções vitais das células.
Eles apresentam capacidade de replicação autônoma e alguns podem se integrar ao cromossoma
bacteriano (epissoma).
2. CONJUGAÇÃO BACTERIANA
70
2.1.2. Ágar Mac Conkey
2.3. Microrganismos
•Escherichia coli BH100 (F+, doadora): Lactose positiva com resistência plasmidial para penicilina,
canamicina, tetraciclina, cloranfenicol e mercúrio.
•Escherichia coli K12 (F-, receptora): Lactose negativa, com resistência cromossômica para
estreptomicina.
71
ATIVIDADE PRÁTICA
2. Inocular as linhagens BH100 e K12 separadamente em tubos de ensaio contendo 5,0 mL de caldo
nutriente e incubar a 37ºC durante 18 a 24 horas.
3. Semear separadamente, com o auxílio de uma alça de vidro 0,1 mL das linhagens BH100 e K12 em
placas de Petri contendo:
MacConkey + Estreptomicina
4. Retirar, com o auxílio de uma pipeta estéril 0,2 mL da linhagem BH100 e 0,8 mL da linhagem K12
(item 2) e adicionar em um tubo de ensaio contendo 4,0 mL de caldo nutriente, agitando bem (cultura
mista).
5. Após 3 a 6 horas de incubação da cultura mista, semear com o auxílio de uma alça de vidro 0,1 mL
em placas de Petri contendo:
8. Resultados
MCK + estreptomicina
72
8.2. Transconjugantes
OBSERVAÇÕES:
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
73
14 MEDIDA QUANTITATIVA DO
CRESCIMENTO MICROBIANO.
DETERMINAÇÃO DO NÚMERO DE
CÉLULAS BACTERIANAS VIÁVEIS PELA
CONTAGEM DE COLÔNIAS EM PLACAS.
1. Introdução
A técnica de contagem em placa é baseada no princípio de que cada organismo viável, quando
cultivado em meio de cultura solidificado, cresce e se multiplica formando uma massa visível, que é a
colônia. Assim sendo, a contagem de colônias desenvolvidas em um meio de cultura em placa, após
um determinado período de incubação, revela a população microbiana viável de uma cultura.
Para as várias técnicas de contagem de viáveis, o material contendo bactérias ou outros
microrganismos é diluído seriadamente, e alíquotas de cada diluição são semeadas em placas
contendo um meio de cultura e em seguida incubadas em temperatura adequada. Para efetuar a
contagem das colônias presume-se que a suspensão bacteriana seja homogênea e que não existam
agregados de células. Caso a cultura tenha tendência para formar agregados de células, como os
cocos, as contagens resultantes serão mais baixas do que o número de células individuais, pois cada
um dos agregados formará apenas uma colônia. Por este motivo as contagens são expressas como
“unidades formadoras de colônias” (UFC/mL ou UFC/g) e não apenas como número de bactérias por
mililitro ou grama.
O método de contagem de viáveis em placa é o mais utilizado nos trabalhos bacteriológicos de
rotina e apresenta resultados satisfatórios na aferição das populações bacterianas do leite, água,
74
alimentos e de muitos outros materiais. É de fácil realização e apresenta grande sensibilidade
permitindo, desta forma, a avaliação quantitativa de culturas com número reduzido de microrganismos.
A contagem de colônias de bactérias ainda pode ser realizada através do emprego de
membranas filtrantes. Após a filtração de uma determinada quantidade da amostra, a membrana com
as bactérias retidas, é colocada em uma placa contendo um meio de cultura adequado e, após um
período de incubação, as colônias aparecem sobre a superfície da membrana. Esta técnica é
especialmente valiosa na determinação do número de bactérias existentes em grandes volumes de ar,
água ou de outros espécimes que tenham um número reduzido de células viáveis.
ATIVIDADE PRÁTICA
75
3.6. Esperar solidificar o meio de cultura. Inverter as placas. Incubar em estufa a 35ºC por 24-48 hora
4. Contagem de bactérias viáveis em placa pela técnica de semeadura em superfície (Equipe n.º
2)
4.1. Identificar 8 placas de Petri contendo ágar nutriente com os valores das diluições 10-7, 10-6, 10-5 e
10-4. Utilizar 2 placas para cada diluição.
4.2. Transferir assepticamente volumes de 0,1 mL da diluição 10-7 para a superfície do ágar das placas
respectivas.
4.3. Com um bastão de vidro em forma de L, espalhar o inóculo sobre a superfície de cada placa.
4.4. Repetir o mesmo procedimento com as diluições 10-6,10-5e 10-4.
4.5. Inverter as placas e incubar a 35ºC por 24-48 horas.
Observações: Para que um único bastão de vidro seja utilizado nesta operação, iniciar o espalhamento
pela diluição maior (10-7), a seguir 10-6, 10-5 e finalmente 10-4.
5. Leitura
5.1. Retirar as placas da estufa após 24-48 horas de incubação.
76
5.2. Proceder a contagem das colônias. Utilizar um contador de colônias para facilitar a contagem.
Observação: As contagens serão realizadas preferencialmente nas placas que apresentarem entre 30
e 300 colônias.
5.3. Registrar as contagens no quadro do item 6.
5.4. A média do número de colônias multiplicado pelo título da diluição dará o número de bactérias
viáveis ou “Unidades formadoras de colônias” (UFC) por mililitro da suspensão bacteriana empregada.
1x10-4
1x10-5
1x10-6
1x10-7
Superfície: __________________________________________UFC/mL
ANOTAÇÕES
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
77
15 URINOCULTURA
1. INTRODUÇÃO:
A infecção do trato urinário é uma das doenças bacterianas mais comuns, e a conduta clínica
adequada a ser utilizada exige o conhecimento do número e tipo de bactérias envolvidas. Assim,
quando métodos quantitativos e semi-quantitativos são usados, o exame bacteriológico da urina pode
ser uma ajuda valiosa no diagnóstico e no controle terapêutico. A maioria das infecções urinárias
resultam de infecção ascendente por microrganismos introduzidos através da uretra. As infecções
agudas são mais freqüentes nas mulheres do que nos homens devido a uretra ser mais curta e haver
maior probabilidade de contaminação. Existem fatores que predispõem à infecção tais como: gravidez,
tumor, litíase, distúrbios neurológicos, diabetes mellitus, fatores mecânicos, etc.. As infecções do trato
urinário são causadas predominantemente por bacilos Gram negativos da família Enterobacteriaceae
sendo a E. coli o agente mais frequentemente isolado. Outros microrganismos como o enterococo,
Pseudomona sp., S. aureus, S. epidermidis e Candida albicans, podem ser encontrados.
2.COLETA DO MATERIAL:
• A escolha do recipiente: Utilizar sempre frasco de boca larga, rigorosamente limpo e estéril e
corretamente identificado com a hora exata da coleta.
• Transporte e estocagem da urina: A urina é um excelente meio de cultura, e bactérias
contaminantes provenientes do períneo podem multiplicar-se nos espécimes mantidos a temperatura
ambiente e invalidar os resultados dos exames. Portanto é necessário transportar a urina o mais
rapidamente possível no laboratório após sua micção, e quando impossibilitado utilizar meio de
transporte (Stuart) ou refrigeração à 4º C, por no máximo 24 horas.
78
• Espécimes de urina podem ser coletados por diversas técnicas, dependendo do estágio em que se
encontra o paciente, podendo citar entre elas: Coletor de plástico, Jato médio de micção espontânea,
cateterização, aspiração suprapúbica.
• Coleta de material feminino: A paciente deve tirar toas as peças íntimas. As mãos devem ser
muito bem lavadas com água e sabão, enxaguadas e secas em toalhas descartáveis. Com uma mão a
paciente deve separar os lábios vulvares e mantê-los continuadamente separados até que a urina seja
eliminada no recipiente. Tomando uma peça de gaze umedecida na solução de sabão, ela deve lavar
cuidadosamente a vulva passando da frente para trás. Ainda com a vulva aberta, ela deve repetir a
lavagem com água morna estéril, para eliminar possibilidade de contaminação da espécime com
sabão. A paciente urina e após a eliminação do primeiro jato o espécime é coletado diretamente em
frasco estéril.
79
• Coleta de material masculino: As mãos devem ser muito bem lavadas com água e sabão,
enxaguadas e sacas em toalhas descartáveis. O prepúcio deve ser completamente recolhido e a
glande limpa com gaze embebida em sabão. A seguir, o sabão é removido com água morna estéril. O
paciente despreza o primeiro e o último jato de urina e colhe o jato médio no frasco estéril.
3. CULTIVO:
Existem muitas técnicas que podem ser utilizadas para se fazer uma cultura de urina. As mais
utilizadas na rotina microbiológica são a técnica da alça calibrada, a técnica de Pour Plate, e a técnica
por diluição.
80
• Técnica da Alça Calibrada: Essa técnica é bastante utilizada por conseguir resultados satisfatórios,
além de ser prática e econômica. Usa-se uma alça calibrada da 0,001 mL e semeadura no meio de
Cled, de modo a permitir contagem de colônias isoladas. O meio de Cled é escolhido por favorecer o
crescimento de bacilos Gram negativos como de cocos Gram positivos, além de inibir o crescimento
em véu - “swarming” do Proteus mirabilis. Uma alça padronizada, calibrada para dispensar 0,001 mL é
usada para inocular as placas empregadas na cultura (Cled, Ágar sangue, Meios seletivos diferenciais).
A alça flambada e resfriada é mantida verticalmente e imersa logo abaixo da superfície da urina
homogeneizada; a alça é movimentada para cima e para baixo. Uma alçada de urina é então
depositada na superfície do meio e o material é, a seguir, espalhado por toda a placa. Esse
procedimento proporciona, invariavelmente uma separação que permite a contagem de colônias na
faixa de importância clínica e a seleção de colônias isoladas para estudos taxonômicos subsequentes.
O volume dispensado pela alça calibrada pode mudar com o uso repetido, devido à deformação,
corrosão, ou acúmulo de material incinerado. Ela deve ser regularmente inspecionada para se
confirmar que é ainda circular e que o anel esta íntegro. A alça não deve ser usada para semeadura de
rotina ou para outros espécimes a não ser que seja necessário quantificação.
NOTA: O volume carreado pela alça deve ser confirmado pelo menos mensalmente, pela
comparação com a contagem obtida pela técnica de “Pour Plate”, ou pelo método colorimétrico usando
corante diluído.
• Técnica de “Pour Plate”: Esta é considerada a técnica clássica para cultura de urinas. Quando
bem realizada fornece resultados confiáveis. Para realizar esta técnica deve-se preparar diluições de
urina 1:100 e 1:1000, em água destilada estéril. Acrescentar 1,0 mL de cada uma dessas diluições em
tubos com 20 mL de ágar simples fundido e resfriado a cerca de 50º C. Misturar as diluições de urina
nos tubos e imediatamente transferir os conteúdos dos tubos para duas placas de Petri estéreis. Deixar
solidificar o ágar das placas e incubar na estufa à 35-37º C por 18-24 horas. Se houver crescimento,
multiplicar o número de colônias da primeira placa por 100 e da segunda placa por 1000, para obter o
número de colônias por mL da urina.
• Técnica por diluições: É uma técnica também bastante utilizada e quando bem realizada fornece
bons resultados. Diluir 1,0 mL da urina recentemente colhida em 9,0 mL de água destilada estéril
(diluição 1:10). Tomar 1,0 mL dessa urina diluída e diluir em outros 9,0 mL de água destilada estéril
(diluição 1:100). Com o auxílio de uma pipeta de 1,0 mL previamente esterilizada, pipetar 0,1 mL da
81
solução 1:100 para o meio de Teague (EMB) ou MacConkey a 0,1 mL para o meio de ágar sangue.
Espalhar os inóculos com uma alça de Drigalski e incubar as placas em estufa à 35-37ºC por 18-24
horas. Se houver crescimento, contamos as colônias da placa de ágar sangue e o número de colônias
é multiplicado por 1000, pois o resultado é o número de colônias por 1,0 mL de urina.
ATIVIDADE PRÁTICA
Atividade individual
2. Urinocultura:
SEMEADURA EM PLACA:
2.1. A partir de um frasco contendo amostra de urina, com auxílio de uma alça calibrada (1 µL), semear
em toda a placa contendo meio de Cled, conforme figura abaixo (três planos).
2.2. A partir de um frasco contendo amostra de urina, com auxílio de uma alça de semeadura, semear
em meio de MacConkey, pelo método de estrias descontínuas, conforme esquema abaixo.
82
ÁGAR CLED
ALÇA
CALIBRADA
1µl
ÁGAR MacConkey
Urina
ALÇA
COMUM
Flambar entre a
1ª. e 2ª. estrias
Leitura
1. PLACAS
MACCONKEY
CLED UFC/mL
3. Observações:
83
16 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE
PROVAS BIOQUÍMICAS
1. INTRODUÇÃO
Em microbiologia, as provas bioquímicas consistem na verificação das transformações
químicas que ocorrem num substrato pela ação de um determinado germe. Elas são utilizadas como
valioso recurso auxiliar para a identificação das espécies microbianas. Todo germe produz alterações
químicas nos meios em que se desenvolvem, decorrente das atividades metabólicas. Na grande
maioria estas transformações são devidas a ação das enzimas que os microrganismos elaboram, ou
apenas fisiológicas isto é, sem a participação enzimática. Cada germe possui um sistema enzimático
específico (Perfil Bioquímico), resultando daí, propriedades bioquímicas diversas, utilizáveis na prática
na sua caracterização.
2.1. Utilização de carboidratos como fonte principal de energia. (a) polissacarídios - amido,
glicogênio, inulina, etc.; (b) trissacarídios - rafinose, melicitose, etc.; (c) dissacarídios - maltose,
sacarose, lactose, celobiose, melibiose, etc.; (d) álcoois e polihidrícos - manitol, glicerol, sorbitol, etc.;
(e) glicosídios - salicina, amigdalina, esculina.
2.3. Utilização de outros substratos. Ex: citrato, malonato, cianeto de potássio, etc.
Para a realização das provas bioquímicas, existe necessidade de se utilizar meios de cultivo especiais
contendo o substrato a ser ensaiado e fornecer aos microrganismos as condições ambientais
necessárias ao seu desenvolvimento. Na rotina bacteriológica usa-se conjuntos de provas bioquímicas
específicas para determinados grupos microbianos, como é o caso por exemplo de provas bioquímicas
aplicadas para a identificação de enterobactérias, estafilococos, estreptococos e etc.
84
S. typhi Salmonella Shigella E. coli Klebsiella Enterobacter Proteus
Glicose + + + + + + +
Nitrato + + + + + + +
Oxidase - - - - - - -
Indol - - V + - - V
V. Metila + + + + - - +
V. - -
- - + + -
Proskauer
Citrato - - - - + + V
Ureia - - - - + - +
Mobilidade + + - V - + +
Lisina + + - V V V -
Malonato - - - - + V -
Lactose - - - + + + -
*Tabela parcial simplificada. + = 90% ou mais de positividade; - = 10% ou menos de positividade;
v = variável.
3.1. UREIA
Princípio: determinar a habilidade de um determinado microrganismo em degradar, enzimaticamente
(Urease) a ureia com a formação de duas moléculas de amônia.
Bioquímica envolvida: o substrato ureia é uma diamina do ácido carbônico, sendo frequentemente
referida como carbamina. A hidrólise da ureia é catalisada por uma enzima específica "urease",
rendendo duas moléculas de amônia (NH3). Em solução, a hidrolise da ureia fornece como produto final
o carbonato de amônia.
85
Fórmula:
Peptona............................................................................................................1,0g
Glicose..............................................................................................................1,0g
Cloreto de sódio................................................................................................5,0g
Fosfato dipotássico...........................................................................................2,0g
Vermelho de fenol..........................................................................................0,012g
Ágar-ágar............................................................................................... .......12,0g
Água destilada.............................................................................................1000mL
Técnica de preparo e distribuição asséptica: Ureia Ágar base, segundo Christensen – (Merck).
Suspender 21g em 950 mL de água destilada ou desmineralizada. Deixar em contato por 15 minutos.
Dissolver em Banho-Maria fervente e autoclavar a 121ºC durante 15 minutos. Adicionar ao meio ainda
liquefeito (aproximadamente 55ºC) 50mL de uma solução a 40% de ureia previamente esterilizada por
filtração (Seitz ou Millipore). Homogeneizar. Distribuir assepticamente volumes de 3,0 a 4,0 mL para
tubos de ensaio 13 x 100mm, previamente esterilizados. Deixar o meio resfriar na posição inclinada
(superfície longa e base curta).
86
3.2. INDOL
Princípio: determinar a habilidade de um determinado microrganismo em produzir o INDOL a partir da
molécula de triptofano.
Bioquímica envolvida: o triptofano é um aminoácido que quando degradado por certas bactérias
levam a formação principalmente dos seguintes produtos metabólicos intermediários: indol, escatol
(metil indol) e ácido indol-acético (AIA). As várias enzimas intracelulares envolvidas neste processo
fisiológico são coletivamente denominadas de "TRIPTOFANASES". Os produtos intermediários
formados em maior quantidade na degradação do triptofano é representado pelo ácido indol pirúvico,
que produz indol por desaminação-deaminação e pelo escatol formado pela descarboxilação do ácido
indol-acético. A presença do indol no meio é revelada pela adição do reativo de Kovacs, ocorrendo
então a seguinte reação química: o p-dimetil-amino-benzaldeído se liga a molécula do indol produzindo
um composto quinoidal de coloração vermelha, evidenciado pela formação de um anel na camada
alcoólica superficial do meio. A reação de cor, é na realidade, devido a reação dos grupos CH2 do anel
pirrólico da molécula do indol com o aldeído, que num meio ácido forma uma quinona.
Meio de cultura
Fórmula:
Triptona.........................................................................................................10,0g
Cloreto de sódio................................................................................................5,0g
Água destilada..............................................................................................1000mL
Meios de cultura desidratados: "Trypticase Peptone Broth" (BBL) ou "Tryptone Broth" (Difco).
Técnica de preparo e distribuição: pesar os ingredientes da água triptonada. Dissolver em BM
fervente e distribuir volumes de 4,0mL para tubos de ensaio 13 x 100mm. Esterilizar em autoclave a
121ºC por 15 minutos. Controlar a esterilidade do meio. Fazer o controle de qualidade do meio.
Técnica de semeadura: semeadura por dispersão, com auxílio de alça ou agulha de semeadura
bacteriológica. Utilizar um inóculo pequeno.
Reativo de Kovacs
Fórmula:
Ácido clorídrico concentrado.........................................................................................50mL
Álcool amílico, isoamílico ou butílico.............................................................................150mL
P-dimetil-amino-benzaldeído..........................................................................................10,0g
Preparo: dissolver o aldeído no álcool. Cuidadosamente adicionar o ácido a mistura aldeído-alcoólica.
Conservar em refrigerador a 4.ºC (controle semanal).
Leitura e interpretação: para testar um cultivo com 24h de incubação, separar assepticamente 2,0mL
do meio e adicionar 5 gotas do reativo de Kovacs e agitar cuidadosamente. Se negativo repetir o teste
com o cultivo de 48h nos 2,0mL restantes.
87
Positivo: desenvolvimento de anel vermelho na superfície do meio de cultivo.
88
Esta fraca acidez é evidenciada quando da adição do indicador de pH, pelo desenvolvimento de uma
coloração amarela. Exemplificando este tipo de metabolismo de degradação da glicose, citamos o
grupo Klebsiella-Enterobacter.
Meio de cultura e reagente empregado:
Fórmula:
Peptona tamponada....................................................................................................7,0g
Fosfato dipotássico.......................................................................................................5,0g
Glicose.........................................................................................................................5,0g
Água destilada...........................................................................................................1000mL
Meios desidratados: DIFCO, BBL, MERCK.
Técnica de preparo e distribuição: pesar os ingredientes segundo a fórmula. Dissolver em água
destilada e levar ao BM fervente para a completa dissolução. Distribuir o volume de 5,0mL para tubos
de ensaio 15x150mm. Autoclavar a 121ºC por 15 minutos. Controlar a esterilidade do meio. Fazer o
controle de qualidade.
Técnica de semeadura: semear por dispersão um pequeno inóculo com o auxílio de uma alça ou
agulha de semeadura bacteriológica.
Indicador: "Vermelho de Metila", dissolver 0,1g do vermelho de metila em 330mL de álcool etílico
absoluto. Adicionar 200mL de água destilada.
pH ácido - cor vermelha, pH 4,4 (fortemente ácido)
Leitura e interpretação: após um período mínimo de incubação de 48h (recomendado 3-5 dias a
35ºC); adicionar 5 gotas de solução hidro-alcoólica de vermelho de metila a uma alíquota* de 2,5mL do
meio VM/VP com o crescimento do germe a ser ensaiado.
89
PROVA DE VERMELHO DE METILA
Numa segunda etapa, a Diacetila liga-se ao núcleo "Guanidínico" da arginina e com o alfanaftol com a
produção de uma coloração vermelha, indicativa de um teste positivo (presença de acetoína).
90
2. Solução de hidróxido de potássio a 40%.
Preparo: pesar 40g de hidróxido de 'potássio e dissolver em água destilada (aproximadamente 80mL),
aquecer se necessário. Levar a um balão volumétrico com a capacidade de 100mL e completar o
volume com água destilada. Guardar os reagentes em refrigerador a 4ºC.
Leitura e interpretação: a uma alíquota de 2,5mL do meio VM/VP (retirado assepticamente) e com
48h de incubação, adicionar 0,6mL da solução alcoólica de alfanaftol; 0,2mL da solução de hidróxido
de potássio a 40%. Homogeneizar cuidadosamente (retirar a bucha de algodão). Deixar a temperatura
ambiente por 10 a 15 minutos (tempo de leitura).
Positivo: desenvolvimento de uma coloração vermelha na superfície do meio.
Negativo: desenvolvimento de uma coloração amarela na superfície do meio (cor dos reativos). A
mistura dos reativos pode ocasionar o aparecimento de uma cor acobreada.
PROVA DE VP
91
oxalacetato sendo este último transformado em piruvato e CO2. O meio de cultivo utilizado para a
fermentação do citrato também contém um sal inorgânico de amônia. O microrganismo que usa o
citrato como única fonte de carbono também utiliza o sal de amônia como única fonte de nitrogênio. A
degradação destes sais produz amônia (NH3) com a consequente alcalinização.
Fosfato dipotássico....................................................................................................1,0g
Citrato de sódio..........................................................................................................2,0g
Cloreto de sódio.........................................................................................................5,0g
Ágar-ágar..................................................................................................................15,0g
Água destilada.......................................................................................................1000mL
Indicador de pH: Azul de Bromotimol.
Ácido - coloração amarela, pH 6,0
Leitura e interpretação:
Positivo: crescimento bacteriano com o desenvolvimento na superfície do meio de uma coloração azul
intensa.
Negativo: ausência do crescimento microbiano. Não ocorre alteração na cor do meio de cultivo.
92
PROVA DE CITRATO
Finalidade: Ágar seletivo para a demonstração de estafilococos patogênicos em material clínico, leite,
carne, pescado ou outro material objeto de investigação.
Modo de atuação: A elevada concentração de sal (7,5%) suprime o crescimento da maioria das outras
bactérias, os estafilococos crescem mais ou menos livremente. A degradação da manita (manitol) a
ácido, característica que pode aparecer paralelamente a patogenicidade, é comprovada pela viragem
do indicador de pH (vermelho de fenol).
Fórmula:
Peptona especial....................................................................................................10,0`g
Extrato de carne ....................................................................................................... 1,0 g
Cloreto de sódio ..................................................................................................... 75,0 g
D(-) Manita ............................................................................................................. 10,0 g
Vermelho de fenol .................................................................................................... 0,025 g
Ágar-ágar ............................................................................................................... 12,0 g
Água destilada ................................................................................................... 1000,0 mL
93
Preparo: Suspender 108,0 g do meio desidratado (MERCK) em 1000,0 mL de água destilada ou
desmineralizada (recente). Deixar em contato por 15 minutos (encharcar o ágar). Dissolver em BM
fervente até a completa dissolução, agitando constantemente. Autoclavar por 15 minutos a 121ºC.
Resfriar o meio a 45-50ºC. Vazar volumes de aproximadamente 15 mL para placas de Petri 100x15
mm. Deixar solidificar a temperatura ambiente. Controlar a esterilidade e a qualidade do meio
preparado.
NOTA: devido ao intenso efeito inibidor, semear as placas com um “pesado” inóculo do material a ser
investigado. Incubar a 35ºC durante 24-48 h.
Leitura e Interpretação: Os estafilococos manitol positivos apresentam colônias com um halo amarelo
luminoso. As colônias dos estafilococos manitol negativos não apresentam qualquer alteração na cor
original do meio de cultura, podendo às vezes, no entanto, produzir uma ligeira modificação na cor do
meio.
Finalidade: Ágar seletivo para o isolamento de germes Gram negativos (enterobactérias) a partir de
fezes, água e outros materiais, objeto de investigação.
Modo de atuação: os corantes do meio de Teague (azul de metileno e “eosina Y”) formam o sal
eosinato-azul de metileno responsável pela cor achocolatada do meio de cultura. Quando ocorre o
desenvolvimento de germes lactose positivos a fermentação de lactose provoca a acidificação do meio
de cultura, resultando na dissociação do complexo eosinato-azul de metileno e a eosina retoma a sua
cor original amarela com um “brilho metálico” (fluorescência através da luz refletida) e também o azul
de metileno, que promove uma coloração escura (azul escuro ou preto) sobre as colônias dos germes
lactose positivos. O conteúdo da lactose e sacarose possibilita a diferenciação de salmonelas e
shigelas, lactose negativas e sacarose negativas da flora contaminante lactose negativa, porém
sacarose positiva (P. vulgaris, Citrobacter). Os germes acompanhantes indesejáveis, sobretudo a flora
Gram positiva é amplamente inibida pelos corantes existentes, presentes no meio (azul de metileno e
eosina amarela).
Fórmula:
Peptona de caseína ............................................................................................... 10,0 g
Lactose ..................................................................................................................... 5,0 g
Sacarose .................................................................................................................. 5,0 g
94
Fosfato dipotássico .................................................................................................. 2,0 g
Eosina “Y” (amarela) ................................................................................................ 0,4 g
Azul de metileno....................................................................................................0,065 g
Ágar-ágar ............................................................................................................ ...13,5 g
Água destilada ................................................................................................... 1000,0 mL
Preparo: Suspender 36 g de meio desidratado e deixar em contato com 1000,0 mL de água destilada
ou desmineralizada. Dissolver em BM fervente até a completa dissolução. Autoclavar por 15 minutos a
121ºC. Resfriar em água corrente até aproximadamente 50ºC e vazar volumes de aproximadamente
15,o mL para placas de Petri 100x15 mm. O pH do meio assim preparado deve ficar em torno de 7,1.
ATIVIDADE PRÁTICA
1. A partir de dois cultivos bacterianos em ágar inclinado (amostras n.º 1 e n.º 2) com 18-24 h de
incubação na estufa a 35ºC, semear respectivamente para os meios de cultura abaixo relacionados.
1.1. ÁGAR-UREIA: semear por estria superficial, utilizando-se o auxílio de uma alça de semeadura
bacteriológica e incubar na estufa a 35ºC por 24 h (até 6 dias). Proceder a leitura e a interpretação.
1.2. CALDO VM/VP: semear com o auxílio de uma agulha de semeadura bacteriológica, um pequeno
inóculo por dispersão e incubar na estufa a 35ºC durante 2 a 5 dias. Proceder a leitura e a
interpretação.
1.3. CALDO INDOL: semear por dispersão, utilizando-se o auxílio de uma agulha de semeadura
bacteriológica, incubar na estufa a 35ºC por 24-48 h. Proceder a leitura e interpretação.
1.4. ÁGAR CITRATO: semear com o auxílio de uma agulha de semeadura bacteriológica, uma
pequena estria (risco de 1-2 cm), incubar na estufa a 35ºC durante 24-48 h. Proceder a leitura e
interpretação.
95
INDOL
Tubo 13x100mm
Inóculo leve
Semeadura por dispersão
VM
Tubo 12x120mm
Inóculo leve
Semeadura por dispersão
VP
Tubo 12x120mm
Inóculo leve
Semeadura por dispersão
Amostra
CITRATO
Tubo 13x100mm / Inóculo leve
Semeadura por estria superficial
Ureia
(Tubo 13x100 mm)
Semeadura por estrias superficiais
Inóculo pesado
96
2. LEITURA E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS:
Ureia Christensen
Indol
Vermelho de metila
Voges Proskauer
Citrato de Simmons
*Identificação da amostra
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
97
17
TESTE DE SUSCEPTIBILIDADE AOS
AGENTES ANTIMICROBIANOS:
ANTIBIOGRAMA
1. INTRODUÇÃO
A sensibilidade dos microrganismos a drogas pode ser investigada em rotina pelos métodos de
diluição (técnicas de microdiluição e macrodiluição em caldo, técnica de diluição em ágar), de Etest®,
de difusão em ágar (técnica de difusão em ágar) e de eluição do disco em caldo (bactérias anaeróbias).
Nos métodos de diluição, concentrações previamente determinadas da droga são incorporadas ao
meio de cultura, o microrganismo é semeado e o sistema incubado em temperatura e atmosfera
adequadas. Depois de um período de tempo definido, verifica-se a menor concentração da droga que
foi capaz de impedir o crescimento do microrganismo. O meio pode ser líquido ou sólido. Nos métodos
de difusão, deixa-se a droga difundir no meio de cultura sólido a partir de um reservatório, que pode ser
um orifício no meio de cultura, uma tira ou um disco de papel de filtro ou mesmo uma pastilha.
a. Definições
98
Sendo assim, o valor de CIM = 4 µg/ml e CBM = 8 µg/ml.
Figura 1. Para a leitura dos resultados deve-se observar e medir o halo de inibição,
comparando com a tabela abaixo para determinar a susceptibilidade aos antibióticos: S (Sensível), R
(Resistente) e I (Intermediário).
99
1.2.2 Métodos Quantitativos
1.2.2.3 Etest®: é uma fita plástica disponível comercialmente, impregnada por concentrações
crescentes de antimicrobiano na face ventral e marcada, na face dorsal, com a escala das
concentrações testadas.
1.3 Interpretação
100
1.3.1 Sensível (S)
A categoria “sensível” significa que uma infecção por uma determinada cepa pode ser tratada
adequadamente com a dose de agente antimicrobiano recomendada para esse tipo de infecção e
espécie infectante, exceto quando contra-indicado.
As cepas “resistentes” não são inibidas pelas concentrações sistêmicas dos agentes
antimicrobianos geralmente atingíveis nos regimes terapêuticos normais e/ou se inserem na faixa de
maior probabilidade de ocorrência de mecanismos específicos de resistência microbiana (por exemplo,
ß-lactamases), além da eficácia clínica não ter sido confiável nos estudos terapêuticos.
Bactéria resistente é aquela que possui a CIM≥ concentração sérica do antimicrobiano testado;
Bactéria sensível é aquela que possui a CIM≤1/3 da concentração sérica do antimicrobiano testado;
101
• Devido a tradição de uso encontra-se disponível na literatura, para estudos comparativos, uma
grande quantidade de resultados do antibiograma obtidos com este meio de cultura. O meio de
Mueller-Hinton deve ser adicionado de sangue de carneiro ou coelho quando as necessidades
do germe o exigirem. Para as espécies do gênero Haemophilus o meio deve ser preparado sob a
forma de ágar chocolate.
• Para preservar a potência, congelar os discos contendo drogas da família dos ß-lactâmicos.
Estes discos, quando refrigerados (2-8ºC), apresentam validade de uma semana;
• Retirar os frascos de discos do refrigerador ou freezer uma a duas horas antes do uso. Antes de
abri-los, mantê-los fechados até ocorrer o equilíbrio com a temperatura ambiente. Este
procedimento reduz ao mínimo a formação de água de condensação devido ao choque térmico;
• No caso do uso de dispositivo mecânico para aplicação dos discos, ele deve estar acondicionado
em recipiente fechado e rígido, contendo um agente dessecante. Antes de abri-lo, observar os
cuidados descritos anteriormente para evitar o choque térmico;
• Evitar excesso de umidade nos recipientes que contém os discos, substituir o agente dessecante
quando o indicador mudar de cor;
• Quando fora de uso, manter o dispositivo para aplicação de discos em refrigerador (2-8ºC);
• Utilizar os discos contendo agentes antimicrobianos dentro do prazo de validade indicado pelo
fabricante no rótulo do produto. Descartar de uso os discos após expirado o prazo de validade.
102
2.3. Suspensão padrão de sulfato de bário
Técnica de preparo:
• Adicionar 0,5mL de uma solução 0,048M de Cloreto de Bário (11,7g de BaCl2.H2O para 1000mL
de água destilada) à 99,5mL de uma solução de 0,36N (1% v/v) de ácido Sulfúrico (1mL de
H2SO4 para 99mL de água destilada);
• Distribuir volumes de 4-6mL para tubos de ensaio com tampa de rosca de tamanho idêntico
aqueles usados para o preparo do inóculo;
• Apertar bem as tampas de rosca dos tubos. Selar com parafina ou Parafilm®. Estocar os tubos a
temperatura ambiente, ao abrigo da luz;
Método padrão:
103
• Ajustar a turbidez do contendo as colônias bacterianas a uma turbidez visualmente
comparável com aquela da suspensão padrão de sulfato de bário. Para executar esta etapa
da técnica de forma apropriada, usar iluminação adequada e para auxiliar a comparação
visual da turbidez, observar os tubos (teste e padrão) contra um fundo branco com linhas
pretas contrastantes, ou sobre um texto de jornal.
• Assepticamente, com auxílio de alça bacteriológica, tocar a parte superior do centro de cada
colônia e transferi-las para um tubo de ensaio contendo 4-5mL de caldo Mueller Hinton
• Ajustar a turbidez da cultura em crescimento ativo em caldo com solução salina esterilizada
(NaCl 0,85%) ou caldo nutriente até obter uma turbidez visualmente comparável com aquela da
suspensão padrão de sulfato de bário.
104
discos devem ser pressionados levemente contra a superfície do meio, para assegurar o contato
adequado e a difusão uniforme da droga. Os discos devem ser colocados pelo menos 20mm da borda
da placa e devem distar um do outro de pelo menos 30mm. Considerando-se que algumas drogas se
difundem quase que instantaneamente, o disco não pode ser movido de posição após o contato com a
superfície do ágar de Mueller-Hinton. Colocar no centro da placa os discos dos antibióticos que se
difundem com menos intensidade, como por exemplo, polimixina, bacitracina e vancomincina. Uma
sugestão a respeito dos agentes antimicrobianos a serem testados na prática bacteriológica é
mostrado na tabela 01.
Após 16 a 18 horas de incubação, examinar cada placa e medir, com auxílio de uma régua, o
diâmetro da zona de completa inibição incluindo o diâmetro do disco. O halo de inibição do ágar
Mueller-Hinton é medido macroscopicamente, em mm, pelo lado externo do fundo da placa, utilizando-
se luz refletida sobre um fundo escuro. Se o organismo testado for uma amostra de Staphylococcus
spp., a placa deve ser incubada por 24 horas e usar luz transmitida para facilitar a visualização de
amostras resistentes a meticilina (oxacilina). No caso do Mueller-Hinton ser adicionado de sangue,
medir as zonas de inibição do crescimento na superfície do meio de cultura, com a tampa da placa
removida, utilizando luz refletida.
3. Controle de qualidade:
Com a finalidade de avaliar a precisão e a exatidão dos testes, utilizam-se amostras padrões
onde sua sensibilidade para os diferentes antimicrobianos e diferentes metodologias é conhecida. Por
exemplo, Staphylococcus aureus (ATCC - American Type Culture Collection 12301 Parklawn Drive,
Rockville, MD, 29852, USA - 25923), Escherichia coli (ATCC 25922) e Pseudomonas aeruginosa
(ATCC 27853), que devem ser testadas quando do preparo ou aquisição de cada lote de discos ou dos
painéis contendo os agentes antimicrobianos.
NOTA: O método de difusão em ágar pelo sistema de discos tem sido padronizado para testar
patógenos de crescimento rápido que incluem enterobactérias, Staphylococcus spp., Pseudomonas
105
spp., Acinetobacter spp. e alguns estreptococos e foi modificado para testar algumas espécies
fastidiosas, tais como Haemophilus spp., Neisseria spp., e Streptococcus pneumoniae. Este método
não é ainda aplicado para outras bactérias.
ATIVIDADE PRÁTICA
TRABALHO INDIVIDUAL:
1. Ao início da aula prática, o aluno deve fazer a desinfecção da bancada de trabalho com álcool 70%,
e lavar as mãos com água e sabão durante 15-20 segundos;
2. PREPARO DO INÓCULO
2.a. Assepticamente, com auxílio de alça bacteriológica, transferir várias colônias de um cultivo
bacteriano (cultura pura) de 18-24 horas em placa de ágar nutriente para um tubo de ensaio
13x100mm contendo 4mL de caldo Mueller Hinton, previamente identificado com o número da amostra
a ser testada, nome do operador e data, até obter uma turvação visualmente comparável a turbidez da
Suspensão Padrão de Sulfato de Bário, equivalente ao tubo ½ de McFarland (aproximadamente
1,5x108 UFC/ml), conforme demonstração do instrutor
3. SEMEADURA DA PLACA
3.a. Identificar uma placa de Petri 100x15mm contendo ágar Mueller-Hinton com o número da
amostra a ser testada, nome do operador e data;
106
4. APLICAÇÃO DOS DISCOS
Com auxílio de um estilete ou de uma pinça, assepticamente, aplicar três discos dos diferentes
agentes antimicrobianos a serem testados na superfície de uma placa 100x15mm contendo ágar de
Mueller-Hinton, previamente identificada com o número da amostra, nome do operador e a data.
Colocar os discos, pelo menos a 20mm da borda da placa e observar a distância de 30mm entre eles
para facilitar a leitura. Após a aplicação, pressionar levemente o disco na superfície do ágar, para
assegurar a difusão uniforme da droga no meio, conforme demonstração do instrutor;
2,0ml
gotas
=
Amostra Salina 0,5ml Salina 4,0ml Tubo ½ de
McFarland
Plano horizontal Plano perpendicular Plano Diagonal Borda
Diâmetro 20mm 3 a 5 minutos
Raio
24 horas
30mm
37ºC
107
5. INCUBAÇÃO DAS PLACAS
Ao término do trabalho, fazer a desinfecção da bancada com álcool 70% e a seguir a anti-sepsia
e a lavagem higiênica das mãos
A leitura deverá ser realizada segundo as tabelas de sensibilidade que são atualizadas
anualmente. Utilizar as tabelas em anexo.
2. QUESTÕES:
108
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: