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Atenção Primária

e a Estratégia
Saúde da Família
Alciris Marinho Corrêa Rodrigues

Unidade 4

Livro didático
digital
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Diretora Editorial
ANDRÉA CÉSAR PEDROSA
Projeto Gráfico
MANUELA CÉSAR ARRUDA
Autor
ALCIRIS MARINHO CORRÊA RODRIGUES
Desenvolvedor
CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS
Autor
ALCIRIS MARINHO CORRÊA RODRIGUES

Olá. Meu nome é ALCIRIS MARINHO CORRÊA


RODRIGUES. Sou formada em Enfermagem e Bacharel
Administração em Empresas, com uma experiência
técnico-profissional na área de enfermagem com
mais de 28 anos. Desde o meu primeiro emprego
trabalho no serviço público de saúde, já trabalhei
em Estratégia saúde da Família por 12 anos, como
professora universitária em cursos de Gestão em
Saúde, há mais de 20 anos como professora de curso
de enfermagem, fui enfermeira do Programa Melhor
em Casa, hoje atuo como enfermeira do setor de
Regulação nos serviços de saúde. Amo o que faço, e
sempre procuro aperfeiçoar-me estudando em outras
áreas. Amo estudar, esta é a minha grande paixão, o
conhecimento tem a capacidade de transformar vidas,
e contribui para construção de um mundo melhor...
enfim, o conhecimento nos faz a cada dia sermos mais
humanos, é a luz de tudo. Por isso fui convidada pela
Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores
independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você
nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo!
Iconográficos
Olá. Meu nome é Manuela César de Arruda. Sou a responsável pelo pro-
jeto gráfico de seu material. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de
aprendizagem toda vez que:

INTRODUÇÃO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimen- de se apresentar
to de uma nova um novo conceito;
competência;
NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram
vações ou comple- que ser prioriza-
mentações para o das para você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado sobre o tema em
ou detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e sidade de chamar a
links para aprofun- atenção sobre algo
damento do seu a ser refletido ou
conhecimento; discutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das
assistir vídeos, ler últimas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma ativi- quando o desen-
dade de autoapren- volvimento de uma
dizagem for aplicada; competência for
concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
Introdução.............................................................................10
Competências......................................................................11
Núcleo ampliado de saúde da família e atemção
básica (nasf-ab) ampliação da abrangência.............12
O papel de abrangência do NASF no fortalecimento
da ESF............................................................................................................12
Cenário de ampliação do Núcleo Ampliado de Saúde
da Família....................................................................................................15
O NASF- AB no escopo das ações da Atenção
Primária...................................................................................19
O NASF AB, no fortalecimento das ações em
equipe..........................................................................................................20
O NASF AB, e a reformulação do trabalho na
PNAB/2017................................................................................................23
O NASF AB, e a ampliação na atuação da equipe
atenção básica........................................................................................26
Núcleo de apoio à saúde da familia-NASF, e sua
capacidade de resolutividade.......................................28
O NASF AB, e a avaliação da efetividade do NASF AB
junto a APS.................................................................................................31
Processo de territorialização na estratégia saúde da
família.....................................................................................34
A territorialização na estratégia saúde da família...........34
A territorialização e adstrição na estratégia saúde da
família............................................................................................................38
A territorialização na organização estratégia saúde da
família...........................................................................................................39
As divisões dos territórios SUS..................................................40
Territórios vivos e instrumentos metodológicos no
processo de trabalho na ESF.......................................................45
Região de saúde em seus aspecto organizativos........48
Fases da territorialização................................................................50
Fase preparatória ou de planejamento.................50
Fase de coleta dos dados/informações..............50
Fase de análise dos dados...............................................51
Bibliografia...........................................................................56
Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família 9

04
UNIDADE
10 Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família

INTRODUÇÃO
Você sabia que o NASF AB, como vimos na
unidade 3, o NASF AB veio com a proposta de oferecer
a assistência às demandas populacionais não obtidas
pelas equipes que compõem a Estratégia de Saúde
da Família (ESF), como apoiadora dessas equipes
na concretização da rede de serviços ofertados aos
usuários e na ampliação de sua abrangência, com a
finalidade de qualificar a assistência dos usuários do
serviço de saúde, no plano da Atenção Básica, que
necessitava de ações mais fortalecidas e eficazes.
Contrapondo o modelo convencional de assistência
curativa, fragmentada, a proposta de processo de
trabalho do NASF AB, veio para inovar a assistência em
direção à corresponsabilização e à gestão integrada do
cuidado, fazendo atenção do cuidado compartilhado
com a equipe, que envolvam o projeto terapêutico que
seja singular voltado ao usuário. A Unidade 4, vai levar
você a uma verdadeira trajetória do NASF, desde a sua
concepção até os dias contemporâneos, ressaltando
o crescimento desde núcleo, a ampliação da oferta de
serviços de saúde na ESF. Entretanto, esse fato ainda
está em vistas de efetiva concretização. Então vamos
lá! Navegar na galáxia do conhecimento! Então! Vamos
para a nave!
Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família 11

COMPETÊNCIAS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 4. Nosso
objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das
seguintes competências profissionais até o término
desta etapa de estudos:
1. Compreender como funciona a ampliação e a
abrangência do NASF;
2. Identificar o escopo das ações da Atenção
Primária;
3. Entender problemas das equipes, comunidade,
pessoas e do território de abrangência apresentando
resolutividade nas questões;
4. Avaliar a importância da territorialização no
processo de reconhecimento da ESF.

Então? Preparado para o fim da viagem no trem


do conhecimento, onde a cada estação tivemos o
reconhecimento de um saber? Vamos lá! a última
estação do conhecimento, a Unidade 4!
12 Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família

Núcleo Ampliado de Saúde da Família e


Atenção Básica (NASF-AB) - ampliação
da abrangência
Ao término deste capítulo você estará capacitado
para entender qual a importância do NASF-AB como
estratégia de fortalecimento da atenção básica, como
estas equipes funcionam, reconhecendo o verdadeiro
potencial alcance no progresso da qualidade
da assistência, é relevante, considerando que a
organização do processo de trabalho, a identificação
das fragilidades e potencialidades dentro do espaço
onde estas famílias estão adscritas, realizando o
fortalecimento da ESF, e pautando quão é importante
o crescimento da implantação do Núcleo Ampliado
de Saúde da Família e Atenção Básica como influência
direta na melhoria da qualidade da assistência das
equipes de atenção primária. E então vamos lá?
Motivado para desenvolver a 4º e última competência?
Então vamos lá! Navegue nos rios de conhecimento,
e veja o quanto é prazerosa a onda da aprendizagem!!

O papel de abrangência do NASF no


fortalecimento da ESF
O crescimento da implantação do Núcleo
Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica
no Brasil, teve efeito direto sobre a questão de
melhoria da qualidade da assistência das equipes
de atenção primária tornando-se imprescindível para
reorganização do processo de trabalho das ESF, em
relação a estes núcleos.
A PNAB de 2011, o Ministério da Saúde, veio com
a finalidade de que o NASF tinha como proposta a
Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família 13

ampliação do escopo, pautando-se na abrangência


e a resolutividade das ações promovidas pela ESF
em conexão com a equipe NASF. A atuação dos
profissionais do NASF objetivava a melhoria do processo
de trabalho com temáticas e populações específicas,
transversalmente vindo do apoio matricial, no seu
próprio território de abrangência. As ações as quais
o NASF trouxe como proposta era o embasamento
ideológico marcado na integralidade do cuidado aos
usuários assistidos, com visão ampliada da clínica, a
saúde irá depender de fatores biológicos, assim como
da atuação dos profissionais de saúde, onde irão
analisar e intervir (BRASIL, 2011).

IMPORTANTE:
Os Núcleos Ampliados de Saúde da Família
e Atenção Básica (NASF-AB), como já vimos
na Unidade 3, foram criados em 2008, seu
primordial objetivo maior foi o fortalecimento
e a busca da consolidação da Atenção Básica
no País, ampliando as demandas de ofertas
de saúde na rede de serviços, apontadas na
resolutividade, a abrangência e a qualificação
das ações.

À medida que os elencos de serviço de saúde


foram ampliados, pela admissão das nove áreas de
atuação do NAS AB estratégicas, que são práticas
integrativas e complementares, reabilitação,
alimentação e nutrição, saúde mental, serviço social,
saúde da criança, do adolescente e do jovem, saúde
da mulher e assistência farmacêutica. Foram avaliadas
a ampliação do acesso e a entrada do profissional
nas residências das famílias, permitindo um contato
14 Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família

próximo com a comunidade da área abrangida e a


escuta de novas demandas que antes não eram de
conhecimento do profissional e ao serviço (SUNDFELD,
2010).

NOTA:
As Portarias GM/MS nº 154/2008 e 2.843/2010
foram revogadas pela Portaria GM/MS nº
2.488, de 2 de outubro de 2011. Nesse interim,
aconteceram alterações no NASF, que
passaram a ser somente duas modalidades:
NASF 1 e NASF 2 (BRASIL, 2011a). Adverte-se
que os dispositivos das portarias anteriores
que não havia conflito a portaria permanecem
em vigor. O NASF 3 foi suprimido a partir
da publicação da Portaria GM/MS nº
2.488/2011 e se tornou automaticamente
NASF 2. Os municípios com projetos de
NASF 3 anteriormente deveriam ser enviadas
ao MS e para a Comissão Intergestores
Bipartite informando as alterações realizadas.
Permanecendo garantido o financiamento
dos NASF intermunicipais já habilitados em
data anterior, no entanto ficaram extintas as
probabilidades de implantação de novos
NASF intermunicipais (BRASIL, 2011a). Porém
com a publicação da Portaria 3.124, de 28 de
dezembro de 2012, o Ministério da Saúde criou
uma terceira modalidade de conformação
de equipe: o NASF 3, abrindo a possibilidade
de qualquer município do Brasil aderir à
implantação de equipes NASF, desde que
tenha ao menos uma (01) equipe de Saúde da
Família.( http://aps.saude.gov.br/ape/nasf)
Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família 15

Em 2018, o Ministério comemorou dez anos da


criação do NASF-AB. Nesta perspectiva, a ESF destaca-
se como: estratégia pública e principal articuladora dos
cuidados primários de saúde do indivíduo, da família
e da comunidade, devendo percorrer e transformar
caminhos que avaliassem os determinantes sociais da
saúde de dada comunidade. De forma consecutiva, o
NASF teria aporte legal e instrumental suscetíveis de
proximidade dessa realidade, configurando-se no apoio
matricial efetivo para as Equipes da ESF (BRASIL, 2011).

ACESSE:
E então quer saber mais sobre os núcleos de
apoio, e quantas ESF, devem ser para cada
tipo de NASF AB? Então acesse a https://aps.
saude.gov.br/ape/nasf/implantar/, e saiba
sobre as Legislações do NASF AB.

Cenário de ampliação do Núcleo Ampliado


de Saúde da Família
Para que a ampliação e o fortalecimento da
Atenção Básica se aconteçam de forma integral,
além das noves áreas temáticas que são: as práticas
integrativas e complementares, a reabilitação,
alimentação e nutrição, saúde mental, serviço social,
saúde da criança, do adolescente e do jovem, saúde
da mulher e assistência farmacêutica. Neste cenário,
a nova PNAB-Política Nacional de Atenção básica,
traz novas perspectivas associadas ao processo
de trabalho tendo ainda que as equipes do Nasf-
AB trabalhem atuando de maneira integrada, e
proporcionando suporte clínico, pedagógico e
16 Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família

sanitário aos profissionais das eSF e eAB. (PNAB,2017).


O Programa Saúde na Escola, também faz parte dos
programas de AB.
Outro fator de suma importância, podemos
visualizar, é que o NASF, tem em sua composição
profissionais de distintas áreas de conhecimento,
devendo os seus protagonistas atuarem de forma
integrada, apoiando as eSF (Equipes de Saúde da
Família) e das e AB(Equipes de Atenção Básica) que
pode atuar em populações específicas. Denota-
se claramente um esforço de processo de trabalho
que possa ser compartilhado com a vinculação das
equipes de AB, tais como os Consultórios de Rua,
Equipes de Saúde da Família ribeirinhas e unidades
móveis fluviais, desenhadas e configuradas em sua
especificidade dentro do contexto e da realidade
que os cerca, temos ainda o Programa Academia da
Saúde, instituído pela Portaria GM/MS nº 719/2011,
(BRASIL, 2011b). Desta forma, o NASF torna-se a mola
mestra propulsora na integralização da proposta de
fortalecimento AB.

Figura 1 - Crescimento do NASF AB- Série Histórica de 2008-2019

Fonte: SAGE- Gestão Estratégica (http://sage.saude.gov.br/#)


(Acesso em 04/08/2019)
Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família 17

A análise do gráfico da SAGE-Sala de Apoio a


Gestão Estratégica, mostra a série histórica de 2008
a abril de 2019, podemos ver que Brasil teve um
crescimento enorme com a implantação de novos
NASF. Se em 2008, detinha NASF 1(369), e NASF
2(26). Esse crescimento com as novas implantações
e implementações foram na tipologia NASF 1(3.191);
NASF 2(1.000); NASF3(1.000), mostrando a diferença
do ano de 2008, a abril de 2019 foram criados (2.822)
NASF1; e sendo a proporção de crescimento de
NASF2(974).
O Ministério da Saúde norteia que o NASF foi
designado com o objetivo de ampliar o escopo,
abrangência e resolutividade das ações da APS, com
ação conectada a dos profissionais da ESF, não se
instituindo como centro ou unidade de referência. O
desempenho dos profissionais do NASF, não deve se
pontuar como um serviço especializado, uma vez que
seu crescimento e implantação envolve o processo de
trabalho e por isso deve ser o apoiador das equipes da
ESF em temas e populações características por meio
do apoio matricial, em seu território de abrangência
(BRASIL,2011).
18 Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família

RESUMINDO:
Você já prestou atenção que desde a
instituição da Lei 8.080/90, muito progresso
aconteceu no SUS? Foram várias novas
políticas, portarias, programas, resoluções,
notas técnicas, e muito mais, tudo muito
pensado e repensado para que possamos ter
o Sistema Único de Saúde, a fim de fortalecer
a essência doutrinária, ainda temos muito a
caminhar, muitas pedras surgirão com certeza,
mas para que esse sistema de saúde torne-
se um ícone no mundo, será necessário a
participação de todos, e quando digo todos ....
ninguém mesmo de fora, somos todos partes
da construção deste processo....Pensemos
então...voltando ao NASF...Bem os Consultórios
de Rua, tem as suas equipes que realizam
atividades de forma itinerante, ampliando suas
ações da atenção básica nas ruas da cidade, é
a atenção básica chegando ao grupo morador
de rua...como poderíamos integralizar ações
deixando-os de fora? , essas ações a esses
moradores se ampliam também em outros
níveis de assistência e no emaranhado e
cruzamentos de nossa redes de saúde e em
seus pontos de inserção, desenvolvendo
ações em parceria com as demais Equipes
de Atenção Básica do território – as UBS e os
NASF –, contracenando com outras redes de
assistência quando necessárias tais como as
de Atenção Psicossocial, a Rede de Urgência e
com os serviços e instituições que compõem
o Sistema Único de Assistência Social, e
outras estabelecimentos públicos e também
da sociedade civil. Temos também as Equipes
de Saúde da Família especialmente criadas
para a População Ribeirinha que corrobam a
Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família 19

maioria de suas funções como as das


unidades básicas de saúde localizadas nas
comunidades pertencentes à área adscrita.
As Equipes de Saúde da Família Fluviais,
cumprem suas funções em Unidades Básicas
de Saúde Fluviais, prestando assistência
àquela população. Então se pensarmos
na abrangência do papel do NASF na
solidificação destas ações de todas estas
equipes, podemos visualizar a ampliação
de suas intervenções contando com o apoio
dos NASF, em funcionamento no município.
Podemos também por meio da utilização das
Academias de Saúde, ampliar a capacidade
do NASF, no quesito intervenção coletiva, em
conexão com todas as equipes de Atenção
Básica no território. Não é lindo? A integração
de equipes, as redes as ações, os programas…
tudo o que puder fortalecer a atenção ao
nosso usuário. Por um SUS mais efetivo. Esse
é o SUS que queremos!

O NASF- AB no escopo das ações da


Atenção Primária
O objetivo desta temática se insere O NASF AB E A
ESF, na proposta de fortalecimento da ESF, voltada para
o desenvolvimento e aprimoramento do novo modelo
de atenção à saúde, norteado ao trabalho de equipe
multiprofissional. Ainda idealizar como na prática
poderemos realizar ações coletivas e atenção direta
ao usuário determinada na equidade, integralidade,
qualidade da assistência, e da participação social
direcionadas ao usuário, família, comunidade, que
20 Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família

serão capazes de produzir saúde em seu contexto


integral. Então vamos lá!

O NASF AB, no fortalecimento das ações


em equipe
A implantação do NASF AB, é uma estratégia
inovadora, e implica na necessidade de equipe
construir espaços físicos rotineiros com dimensões de
suporte para concretizar reuniões, planejamentos e
discussão de casos, objetivando determinar projetos
terapêuticos para serem compartilhados por toda a
equipe de formato valido e reconhecida por gestores,
na configuração de PTS e de PST (NASCIMENTO;
OLIVEIRA, 2010).
O fortalecimento das ações em equipe vão se dá
no organizar da equipe, para tanto, é necessário que a
função planejar seja muito bem traçada, a equipe deve
marcar e planejar reuniões, na construção de agendas
o compartilhar é extremamente necessário em todos os
sentidos, lembrem-se que o compartilhar de saberes
neste processo de integralidade é o ponto de partida
de qualquer agenda de equipe, outro ponto seria
equilibrar de forma dinâmica o conjunto de atividades
que serão realizadas a partir do rol de demandas do
território. É essencial, para que isso aconteça, que cada
profissional do NASF AB, tenha a agenda de trabalho,
e que todos conheçam e pactuem com os demais
membros do NASF AB, os gestores e dos profissionais
das UBS também devem ter conhecimento. Para tanto,
deve-se evitar que isso não acabe sendo um processo
burocrático ou restritivo. (BRASIL,2014).
Ante os encargos que lhes são atribuídos, as
equipes do NASF AB admitem o compromisso com
a população e com a ESF, apoiando a identificação
Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família 21

das obrigações de saúde comunitária do mesmo


modo em que fortalecem as equipes de referência. O
desempenho do NASF AB deverá ser analisado não
só por indicadores de resultado para a população,
os indicadores do resultado, também devem ser
avaliados na ação em equipe (BRASIL, 2011c).
O processo de trabalho dessas equipes deve
estar sustentado na busca pela longitudinalidade e
pela integralidade da atenção, pela coordenação da
assistência e pela participação comunitária. (VERDI
et al,2016). Parte-se do seguinte pressuposto a
coordenação do processo de trabalho é a mola motriz
do trabalho do NASF AB.
Os casos atendidos na ESF passam a serem
avaliados em cada área profissional que formam a
composição do NASF. Outro referencial da abrangência
na implantação e implementação da abrangência
destes núcleos de apoio, temos quando acontece o
compartilhamento e o acompanhamento longitudinal
do usuário na Rede de Atenção à Saúde municipal,
pois a equipe do NASF AB, articula ações da ESF, e
na necessidade do usuário ou da comunidade, a
articulação também com outros serviços tais como:
CEREST, CAPS, redes sociais e comunitárias, no
tocante a atividades e ações educativas, dentre outras.
As carências na formação dos profissionais para
as práticas na ESF extrapolam os saberes técnicos
das profissões, uma das principais justificativas para
o apoio matricial do NASF. Capacitar os profissionais
que hoje estão trabalhando na ponta é fundamental
para que eles possam atuar de forma coerente com os
princípios que norteiam a ESF, reestruturando a lógica
do atendimento (CUTOLO, 2010).
O acordo de que o trabalho em equipe institui a
base dessa proposta de modificação que deve conduzir
22 Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família

a um processo de construção de novas práticas no


âmbito da Estratégia Saúde da Família. Considera-
se indispensável que os trabalhadores, entrelaçados
nessa estratégia, profiram uma dimensão nova na
ampliação do trabalho em equipe, congregando não
apenas de conhecimentos novos, mas transformação
na cultura e no compromisso de coparticipação na
gestão da assistência, que afiancem uma prática
ajustada na promoção da saúde. (ARAÚJO,2007).
De acordo com o Ministério da Saúde, a disposição
do processo de organização do trabalho dos NASF,
nos territórios de sua responsabilidade, deve ser
estruturada priorizando a intercessão interdisciplinar
com troca de saberes, e o trabalho intersetorial
(BRASIL,2010).

EXPLICANDO MELHOR:
A fim de garantir a integralidade da atenção, e
a proposta de matriciamento, fundamentados
no direcionamento do Sistema Único de
Saúde, podemos pautar a contribuição de
diversas especialidades e profissionais na
construção do trabalho NASF AB com sua
inserção de abrangência implementada na
ESF, obedecendo os critérios de atendimento
do usuário, compartilhamento de saberes,
integração de equipes AB, rede compartilhada
pautada na referência e o apoio. Finalizando,
esse processo visa garantir às equipes das UBS
um máximo apoio quanto à responsabilização
de todas as equipes dentro da assistência.
Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família 23

O NASF AB, e a reformulação do trabalho


na PNAB/2017
Essa estratégia vem trazer probabilidades
maximização da oferta de práticas integrativas e
complementares, mais à frente da oferta da melhor
tecnologia disponível para parte das doenças crônicas;
não obstante, possibilita uma reflexão acerca de
tratamentos baseados apenas na medicalização de
pacientes (MENDONÇA, 2009).
A Portaria nº 2.436/2017 designa o Núcleo
Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica
(NASF-AB), mudando a antiga denominação da sigla,
transformando o escopo do remoto NASF, afastando a
função somente de apoio, ampliando a função clínica.
O NASF-AB se compõe de uma equipe
multiprofissional e interdisciplinar categorizadas por
profissionais da saúde, complementária às equipes
de AB. Os profissionais que formam essa equipe,
trabalham de forma integrada a fim de atender a
demanda de suporte. A equipe realiza seu trabalho
de maneira horizontal e interdisciplinar consonância
com os outros profissionais, da equipe garantindo
a prestação de cuidados assistenciais diretos à
população e a longitudinalidade do cuidado.
De acordo com a PNAB,2017, a reformulação
do trabalho das A Atenção Básica como contato
preferencial dos usuários na rede de atenção à saúde
orienta-se pelos princípios e diretrizes do SUS, a
partir dos quais assume funções e características
específicas.
Analisa as pessoas em sua singularidade e inserção
sociocultural, buscando produzir a atenção integral,
por meio da promoção da saúde, da prevenção de
doenças e agravos, do diagnóstico, do tratamento, da
24 Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família

reabilitação e da redução de danos ou de sofrimentos


que possam comprometer sua autonomia.
Dessa forma, relembrando o que já foi apontado
em outros capítulos, processo de trabalho na
Atenção Básica de uma forma rápida, está pontuado
segundo a PNAB,2017, esta forma de trabalho vai ser
incorporada a ESF e ao NASF.(http://bvsms.saude.gov.
br/bvs/saudelegis/gm/2017/MatrizesConsolidacao/
comum/250693.html). Compete de forma geral
específica à Equipe do Núcleo Ampliado de Saúde da
Família e Atenção Básica:
Planejar em conjunto com as equipes de
Atenção Básica à que estão vinculadas;
Gerenciar as filas de espera, impedindo a
prática do encaminhamento desnecessário, com
base nos processos de regulação locais (referência e
contrarreferência); ampliando-a para um procedimento
de compartilhamento de casos e acompanhamento
longitudinal de responsabilidade das equipes de
Atenção Básica;
Colaborar para a integralidade do cuidado aos
usuários do SUS especialmente por intermédio da
ampliação da clínica, amparando no acrescentamento
da capacidade de análise e de intervenção sobre
problemas e necessidades de saúde, tanto em termos
clínicos quanto sanitários; e
Fazer discussão de casos, atendimento
individual, compartilhado, interconsulta, construção
conjunta de projetos terapêuticos, educação
permanente, intervenções no território e na saúde
de grupos populacionais e da coletividade, ações
intersetoriais, ações de prevenção e promoção da
saúde, discussão do processo de trabalho das equipes
dentre outros, no território.
Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família 25

O NASF AB, com o objetivo de acordo com a


nova PNAB, vem com a proposta de transformar o
escopo do antigo NASF, separando a função somente
de apoio, ampliando a função clínica em todas as
equipes.

RESUMINDO:
Sendo assim, em consonância com as
atribuições correspondentes de todas as
equipes de atenção básica sejam gerais ou
direcionadas a configuração da equipe, o
NASF AB, tem um importante papel, junto
com a eSF e eAB, esse papel se dispõe pelo
território e usuários, produz responsabilidade
solidária pelo cuidado, e amplia o escopo
de ações de AB e cooperando para o
acrescentamento da resolubilidade da AB,
maximizando a capacidade de análise e de
intervenção sobre problemas e necessidades
de saúde, em termos clínicos quanto sanitários,
agregando os diversos núcleos profissionais
que fazem parte da AB. Temos algumas ações
realizadas pela equipe multiprofissional, tais
como: os grupos operativos , os atendimentos
compartilhados, os atendimentos individuais,
as discussões de casos, a preparação de
planos de cuidado e as ações de educação
popular e promoção da saúde.
26 Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família

O NASF AB, e a ampliação na atuação da


equipe atenção básica
O NASF-AB atenta para o trabalho interdisciplinar
com as equipes, além disto funciona como apoio a
organização da clínica e do cuidado em saúde, a partir
da cooperação solidária e integração mútua com as
equipes de APS.
As ações realizadas pelos profissionais do NASF
AB, ocorrem nas unidades de atenção primária à
saúde, podendo o trabalho acontecer em espaços das
academias de saúde, em domicílios e na comunidade,
nas escolas, nos clubes de mães, em centros
comunitários, dentre outros. Quanto a responsabilidade
sanitária do NASF-AB ela é complementar à das
equipes de APS.
As equipes multiprofissionais do NASF AB,
somam-se aos profissionais já existentes nas equipes
das Unidades Básicas de Saúde (UBS). A integração
entre os profissionais do NASF AB e outras equipes
de Atenção Básica, vão estender o raciocínio clínico,
epidemiológico e sociopolítico sobre a verdadeira
realidade do território, identificando os meios eficazes
a fim de prevenção de agravos e promoção a saúde
da população.
As equipes do NASF AB, deve ater-se ao trabalho
colaborativo e interdependente, porém norteado ao
planejamento das equipes da APS, acrescentam uma
análise valorativa e intervencionista sobre as demandas
e necessidades apresentadas como concretas das
pessoas e grupos sociais, no território contextualizado.
Somente desta maneira o trabalho produzirá ações
virtualmente mais compreensivas do que as apontadas
em trabalhos segmentados ou realizados por apenas
um profissional aquele usuário, comunidade e família.
Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família 27

A dinâmica é perceber que a atenção


multiprofissional interdisciplinar não é um mero grupo
de distintas pessoas com múltiplos saberes vindos de
suas várias profissões, este dinamismo pauta-se nesta
atuação conjunta de equipes dentro da APS.
O trabalho multiprofissional interdisciplinar
acomoda um valor agregado de olhos e escutas da
equipe multiprofissional, de insights de díspares
associações de conhecimentos e de um espectro
ampliado de muitas habilidades e, por isso, tem
sido analisado por critério de qualidade da atenção
primária à saúde. Para que o trabalho interdisciplinar
se harmonize e para que a coesão se constitua
são imperativas as consequentes características: a
definição de objetivos gerais e objetivos específicos
mensuráveis; a implantação de sistemas clínicos e
administrativos; a clara divisão do trabalho; a educação
permanente de todos os profissionais; e o processo
de comunicação efetivo. É de principal seriedade que
se constitua uma clara divisão de trabalho na equipe
(MENDES, 2016).
Com o trabalho organizado com na lógica do
Apoio Matricial, não há transferência, o usuário não é
mais referenciado ou encaminhado para um serviço
especializado, mas sim compartilhado, sendo a
responsabilidade pela condução do caso da equipe
de referência (CAMPOS, 1999).
28 Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família

Figura 1 - Síntese das ideias vinculadas ao Apoio Matricial Apoio das temáticas
do NASF e respectivos focos de atuação junto à ESF

Fonte: BRASIL, 2010.]]

Núcleo de Apoio à Saúde da Família-


NASF, e sua capacidade de Resolutividade
Nesta temática você apenderá como o núcleo de
apoio à saúde da família na Atenção Primária à Saúde
pauta-se no conjunto de conhecimento e ações,
que demanda uma intervenção ampla em múltiplos
aspectos visando a qualidade de vida da população.
O Ministério da Saúde criou os Núcleos de Apoio à
Saúde da Família (NASF), que tem como finalidade de
inserção da clínica ampliada a equipe de Saúde da
Família na rede de serviços e estender a abrangência
e a resolutividade das ações da Atenção Primária em
Saúde no país. O NASF faz parte desta contribuição
para resolutividade da Atenção Primária à Saúde.
Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família 29

As Ações e Resolubilidade do NASF. De acordo


com o (http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/
nucleo_apoio_saude_familia_cab39.pdf ):
Desenvolver projetos e ações intersetoriais,
para a inclusão e a melhoria da qualidade de vida das
pessoas com deficiência;
Orientar e informar a pessoas com deficiência,
cuidadores e ACS sobre manuseio, posicionamento,
atividades de vida diária, recursos e tecnologias
de atenção para a atuação funcional frente às
características específicas de cada indivíduo;
Ampliar ações de Reabilitação Fundamentada
na Comunidade RBC que pressuponham valorização
do potencial da comunidade, idealizando todas as
pessoas como agentes do processo de reabilitação e
inclusão;
Acolher, apoiar e orientar as famílias,
especialmente no momento do diagnóstico, para o
manejo das ocorrências originárias da deficiência dos
seus componentes;
Acompanhar o uso de equipamentos auxiliares
e encaminhamentos quando necessário;
Realizar encaminhamento e acompanhamento
dos indicativos e concessões de órteses, próteses e
atendimentos específicos concretizados por outro
nível de atenção à saúde;
E realizar ações que facilitem a inclusão escolar,
no trabalho ou social de pessoas com deficiência.
Desenvolver o Planejamento Estratégico,
atuar, de forma integrada e planejada, nas atividades
desenvolvidas pelas ESF e de Internação Domiciliar;
Ações que se integrem a outras políticas sociais
como: educação, esporte, cultura, trabalho, lazer,
entre outras;
30 Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família

Elaborar estratégias de comunicação para


divulgação e sensibilização das atividades dos NASF,
além de divulgar material educativo e informativo nas
áreas de atenção dos NASF;
Elaborar projetos terapêuticos individuais PTS:
discussão periódicas, realizando ações multiprofissionais
e transdisciplinares.
Ações de Atividade Física/Práticas Corporais;
Ações das Práticas Integrativas e
Complementares (Acupuntura e Homeopatia);
Ações de Reabilitação;
Ações de Alimentação e Nutrição;
Ações de Saúde Mental;
Ações de Serviço Social;
Ações de Saúde da Criança;
Ações de Saúde da Mulher;
Ações de Atenção à Saúde Auditiva;
Ações de Assistência Farmacêutica;
Realizar diagnóstico, com levantamento
dos problemas de saúde que requeiram ações de
prevenção de deficiências e das necessidades em
termos de reabilitação, na área adscrita às ESF;
Desenvolver ações de promoção e proteção
à saúde em conjunto com as ESF abraçando os
aspectos físicos e da comunicação, como consciência
e cuidados com o corpo, postura, saúde auditiva e
vocal, hábitos orais, amamentação, controle do ruído,
com vistas ao autocuidado;
Ampliar ações para subsidiar o trabalho das ESF
no que diz respeito ao desenvolvimento infantil;
Ampliar ações conjuntas com as ESF apontando
ao acompanhamento das crianças que risco para
alterações no desenvolvimento;
Realizar ações para a prevenção de deficiências
em todas as fases do ciclo de vida dos indivíduos;
Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família 31

Acolher os usuários que requeiram cuidados


de reabilitação, realizando orientações, atendimento,
acompanhamento, de acordo com a necessidade dos
usuários e a capacidade instalada das ESF;
Desenvolver ações de reabilitação, priorizando
atendimentos coletivos e desenvolver ações
integradas aos equipamentos sociais existentes, como
escolas, creches, pastorais, entre outros;
Realizar visitas domiciliares para orientações,
adaptações e acompanhamentos;
Capacitar, orientar e dar suporte às ações
integrativas e conjuntas dos ACS;
Realizar, em conjunto com as ESF, discussões e
condutas terapêuticas conjuntas e complementares.

O NASF AB, e Avaliação da efetividade do


NASF AB junto a APS

Avaliação da efetividade do NASF AB junto a APS.


De acordo com o (http://bvsms.saude.gov.br/bvs/
publicacoes/nucleo_apoio_saude_familia_cab39.pdf:
Objetivos definitivos de uma ação ou programa
implantado. Para que ocorra, as equipes e os gestores
devem avaliar com clareza o resultado das ações,
sendo o entrosamento da equipe imprescindível, outro
fator primordial seria a definição e a pactuação prévia
de mecanismos de registro das ações e atividades
prioritárias. Destaca-se que é preciso monitorar e
avaliar o conjunto das atividades do NASF para que
seja garantida a efetividade das ações que foram
implementadas pelas equipes. Quando pensamos nas
atividades planejadas para resolução dos problemas,
fica presumível alistar efeitos ressalvados a partir
da execução das atividades. Sendo que alguns
32 Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família

até podemos ter retorno imediato, pois estes são


formatados de forma imediata após a realização das
ações e são admiráveis para monitorar o cumprimento
de metas de execução das atividades. Outros efeitos
das ações podem ser observados após máximo
tempo de execução destas ações, ao longo do
tempo favorecerá a abrangência do impacto ligado a
finalidade principal das ações.
Ainda, as equipes NASF AB podem se organizar
para acompanhar suas ações e avaliar a efetividade,
mostrando se os objetivos definidos foram alcançados
e, ainda, qual a influência de fatores de contexto,
tais como a ampliação de prática de atividade física
pelos idosos do território, melhoria de condições de
mobilidade urbana, entre outras ações preventivas que
advêm para além do setor Saúde (CRUZ; ABREU, 2011).
Por fim, a comparação ao longo do tempo de
implicações evidenciadas por processos avaliativos
continuados, pode-se julgar se os objetivos definidos
para o NASF AB estão sendo atendidos em suas
metas. Advertir-se que o registro adequado e o
acompanhamento das ações desenvolvidas são
fundamentais para a viabilidade da avaliação da
efetividade. (BRASIL,2014).

REFLITA:
A Autoavaliação para a Melhoria do Acesso
e da Qualidade da Atenção Básica (AMAQ):
Visa a induzir a implementação de processos
autoavaliativos para as equipes de Atenção
Básica. Essa ferramenta constitui padrões de
qualidade em conformidade com normativas
e documentos técnicos e científicos atuais e
expressa as decorrências almejados.
Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família 33

Dentre os processos autoavaliativos compostos


não apenas pela identificação de problemas, mas
ainda pela concretização de intervenções no sentido
de superá-los (BRASIL, 2012). Essa ferramenta indica o
uso de uma metodologia para a construção de matriz
de intervenção na qual será arquitetado um plano de
ação, baseado em:
1. Identificação de estratégias a fim de conseguir
alcançar os objetivos/metas.
2. Atividades que serão desenvolvidas.
3. Recursos.
4. Resultados esperados.
5. Responsáveis e prazos de execução.
6. Mecanismos e indicadores para avaliar o
alcance dos resultados.

ACESSE:
Assista os vídeos da Comunidade de Práticas
no NASF AB. Acesse: https://www.youtube.
com/user/comunidadedepraticas.

SAIBA MAIS:
A Comunidade de Práticas é uma plataforma
virtual que permite a composição de
comunidades para a troca de experiências
entre trabalhadores e gestores das três
esferas do Governo do serviço de Atenção
Básica à Saúde. A produção e a construção
de conhecimento compartilhado são uma
das principais atribuições da Comunidade de
Práticas. Acesse o site da Comunidade: https://
novo.atencaobasica.org.br/.
34 Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família

Processo de territorialização na
Estratégia Saúde da Família
Neste módulo você vai conhecer melhor a
territorialização, recomendada pelo Sistema Único
de Saúde, esta é uma das pressuposições básicas
da coordenação do processo de trabalho da ESF-
Estratégia Saúde da Família. O reconhecimento do
território da área adscrita a Unidade Básica de Saúde
é efetiva para a diferenciação da comunidade e de
seus problemas de em seu espaço geográfico na
saúde. Esse conhecer, vai além de uma descrição
da população adscrita e de seus serviços de saúde
demarcados por famílias, é uma eficaz ferramenta
de gestão ao falarmos do processo de cuidar e da
construção de saúde coletiva. Então vamos aprender
o que compreende a territorialização!

A territorialização na Estratégia saúde da


Família
O processo de Territorialização implica no
reconhecimento dos fundamentais atributos
demográficos, epidemiológicos e culturais,
socioeconômicos, intrínsecos à população adscrita.
Esse processo se exibe como um instrumento que
promove o processo de trabalho dos profissionais de
saúde na comunidade.
Um dos fundamentos da ESF é a Atenção
Básica territorializada, construída sobre uma base
territorial espacialmente delimitada e seguindo o
modelo instrumentalizado na adstrição da clientela
(SUCUPIRA,2003). Na medida em que o planejamento
da Educação em Saúde se afasta do modelo biomédico
e se adequa à reorientação dos sistemas de Saúde,
Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família 35

o conhecimento sobre o processo de territorialização


torna-se ferramenta necessária para que a transição
entre tais modelos de aprendizado ocorra de modo
fluido e funcional, especialmente no contexto da
Atenção Básica.
O mapa do território adscrito pela equipe de
saúde da família e equipe de saúde bucal é uma
ferramenta do planejamento em saúde que tem por
objetivo auxiliar no processo de diagnóstico local e
identificação dos problemas e necessidades de saúde
da população (LACERDA,2012).
Com o mapa definido, a equipe deverá realizar,
de preferência com os agentes comunitários de saúde
e lideranças da comunidade, uma visita às diversas
áreas do bairro, buscando conhecer com mais
detalhes a área de abrangência da unidade de saúde
e a área sob sua responsabilidade. Durante esta visita,
serão identificadas e anotadas no mapa as principais
características urbanísticas e sociais (LACERDA;
BOTELHO; COLUSSI,2012).:
O fluxo da população nas ruas, os transportes,
as barreiras geográficas que dificultam o acesso da
população à unidade e à circulação no bairro;
As características das moradias e do seu
entorno;
As condições de saneamento básico;
A infraestrutura urbanística – características da
ocupação do espaço urbano, como ruas, calçadas,
praças, espaços de lazer e paisagismo;
As condições do meio ambiente, como
desmatamento ou poluição;
Os principais equipamentos sociais, como
escolas, creches, centros comunitários, clubes,
igrejas e outros serviços que a população utiliza para
desenvolver a sua vida no território;
36 Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família

As áreas em situação de risco que pode ser de


várias ordens.

A definição do território sob a responsabilidade


da sua equipe de saúde deve levar em conta
diversos fatores. O mais importante é o tamanho da
população residente, para cada equipe na atenção
básica. O parâmetro recomendado, de acordo com
as especificidades do território, assegurando-se a
qualidade do cuidado, com a Portaria nº 2.436, de 21
de setembro de 2017:
4 (quatro) equipes por UBS (Atenção Básica
ou Saúde da Família), para que possam atingir seu
potencial resolutivo.
Fica estipulado para cálculo do teto máximo
de equipes de Atenção Básica (eAB) e de Saúde da
Família (eSF), com ou sem os profissionais de saúde
bucal, pelas quais o Município e o Distrito Federal
poderão fazer jus ao recebimento de recursos
financeiros específicos, conforme a seguinte fórmula:
População/2.000.
Em municípios ou territórios com menos de
2.000 habitantes, que uma equipe de Saúde da Família
(eSF) ou de Atenção Básica (eAB) seja responsável por
toda população;

“Reitera-se a probabilidade de definir outro


parâmetro populacional de responsabilidade da
equipe de acordo com especificidades territoriais,
vulnerabilidades, riscos e dinâmica comunitária
respeitando critérios de equidade, ou, ainda, pela
decisão de possuir um número inferior de pessoas por
equipe de Atenção Básica (eAB) e equipe de Saúde da
Família (eSF) para avançar no acesso e na qualidade
da Atenção Básica”.(PNAB/2017).
Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família 37

As equipes do NASF oferecem apoio ao número


de Unidades de Saúde definido pelo Ministério da
Saúde conforme a conformação da equipe do NASF.
A definição da área de responsabilidade da unidade
e das respectivas equipes é, geralmente, realizada
conforme a área de planejamento e de administração
da Secretaria Municipal de Saúde, em conjunto com as
próprias unidades. Ela deve ser revista periodicamente
para corrigir problemas decorrentes das alterações
demográficas e estruturais no território. Caso essa
definição não exista, ela deverá ser feita pelas equipes
e unidades de forma negociada com o nível central da
Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
38 Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família

A territorialização e adstrição na
Estratégia saúde da Família

DEFINIÇÃO:
Territorialização e Adstrição, é diretriz que
permite o planejamento, a programação
descentralizada e o desenvolvimento de
ações setoriais e intersetoriais com foco em um
território específico, com impacto na situação,
nos condicionantes e determinantes da saúde
das pessoas e coletividades que constituem
aquele espaço e estão, portanto, adstritos
a ele. Para efeitos desta portaria, considera-
se Território a unidade geográfica única,
de construção descentralizada do SUS na
execução das ações estratégicas destinadas
à vigilância, promoção, prevenção, proteção
e recuperação da saúde. (PNAB,2017). Para
a Política Nacional de Atenção Básica, os
Territórios são propostos com a finalidade
de dinamizar a ação em saúde pública, o
estudo social, econômico, epidemiológico,
assistencial, cultural e identitário, permitindo o
amplo espectro de cada unidade geográfica
e subsidiando a ação dos atores envolvidos
no processo de territorialização na Atenção
Básica, e estes, devem atender à necessidade
da população adscrita e ou as populações
específicas.
Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família 39

RESUMINDO:
A territorialização se compõe pela
demarcação de áreas para o que ocorra o
desenvolvimento das ações da ESF, assim
como o reconhecimento das necessidades da
população e os fatores que instituam bloqueios
de acessibilidade ao serviço. Esse processo
vai permitir a criação de vínculos entre os
usuários e profissionais para que vislumbrem
com a visão holística do espaço geográfico
onde concretizam as ações e trabalham
para a promoção da saúde. A territorialização
é o eixo norteador da ESF, e por causa disto
deve ser operacionalizada em toda sua
resolubilidade, e não de maneira superficial,
para que seja efetiva a sua concretização de
território. Ao falarmos em territorialização,
estamos aludindo ao processo de se viver e
vivenciar um território, pela obtenção e análise
de elementos que vão subsidiar as condições
de vida e saúde de populações.

A territorialização na organização
Estratégia saúde da Família
A territorialização vem sendo usada como um
dos mais importantes pressupostos na organização das
metodologias de trabalho e das práticas de saúde no Brasil
ao longo das últimas décadas. Essa proposta de práticas de
saúde fundamentada no território deve ter relevância dos
sistemas de objetos naturais e arquitetados pela sociedade,
identificar os múltiplos tipos de ações no território, como
são entendidos pela população, envolvendo nesta
territorialização os hábitos, comportamentos e problemas
de saúde, cujos atributos são passíveis de identificação.
40 Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família

Uma proposta de práticas de saúde aprimorada no


território contempla os sistemas de elementos naturais
e estabelecidos pela sociedade, identificar os múltiplos
tipos de ações no território, como são abrangidos pela
comunidade, e a maneira que se utiliza os recursos
do território e da população promovem determinados
hábitos, comportamentos e problemas de saúde. Essa
territorialização não está limitada à dimensão técnico-
científica do diagnóstico e da terapêutica, ou somente ao
trabalho em saúde, mas se amplia à reorientação de saberes
e práticas na da área da saúde, que envolve desterritorializar
os contemporâneos de saberes hegemônicos e práticas
em vigor (CECCIM, 2005a).

As divisões dos Territórios SUS


O Sistema Único de Saúde (SUS) utiliza uma
variedade de nomenclatura e divisões territoriais, onde
ocorre a operacionalização das ações da equipe as
quais se denominam: o município, o distrito sanitário,
a microárea, a área de abrangência de unidades de
saúde, entre outras, estas áreas de atuação podem
ser de caráter administrativo, econômico ou político,
gerencial, que se arquitetam no espaço e instituem
territórios próprios, dotados de poder.
Para Brasil (2012), o processo de territorialização
possibilita:

(...) o planejamento das ações prioritárias para


o enfrentamento dos problemas de saúde mais
frequentes e/ou de máxima importância e em
concordância com o princípio da equidade. O
planejamento e a avaliação das ações implantadas
possibilitam a reorientação permanente do processo
de trabalho. A comunidade e instituições intersetoriais
Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família 41

são envolvidas nesse processo, ampliando a


compreensão da equipe em relação à realidade
vivida pela população e também o protagonismo
desses atores. (BRASIL, 2012, p.59).

A territorialização pode ser abrangida como um


processo de apropriação do território pelos serviços
da atenção primária. Em termos práticos, pode ser
compreendido como o processo de criação de
território de atuação das unidades da atenção primária
(FARIA, 2013).
As dimensões do território podem ser Jurídico-
política, Ambiental, Social, Cultural, Econômica. Os
objetivos da territorialização: (http://189.28.128.100/
d a b /d o c s /p o r t a l d a b /d o c u m e n t o s / x x _ e e f a b /
territorio_e_territorializacao_na_atencao_basica.pdf).
Delimitar um território de abrangência;
Definir a população e apropriar-se do perfil da
área e da comunidade;
Reconhecer dentro da área de abrangência
barreiras e acessibilidade;
Conhecer a infraestrutura e recursos sociais;
Levantar problemas e necessidades;
Identificar o perfil demográfico, epidemiológico,
socioeconômico e ambiental;
Identificar e dialogar/parcerias com lideranças
formais e informais;
Potencializar os resultados e os recursos
presentes nesse território.

A territorialização comporta:
Relação de poder: poder compartilhado,
portanto, é uma construção democrática.
Estratégia: múltipla e orientada para as
condições sociais de vida e saúde.
42 Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família

Apropriação: expressa a responsabilização e o


compartilhamento.

EXPLICANDO MELHOR:
A proposta de territorialização aqui
esquematizada é um esforço da equipe em
vistas do reconhecimento do território que
se delimita muito além do chamado clássico
processo de territorialização que muitas
vezes durante o campo de trabalho vemos
implementado na Atenção Básica à Saúde e
na ESF. Aqui, chamamos a sua atenção para
a proposta, em construção, esta vai delimitar
muito tempo por parte da equipe, pois para
tanto precisamos do envolvimento verdadeiro
ativo e dialógico compartilhado por toda a
gama de profissionais. Aponta-se aqui os
conteúdos, habilidades e atitudes que de
certa forma nem sempre são ofertadas nos
tradicionais processos de formação na área da
saúde para a construção de conhecimento dos
profissionais. A dinâmica das territorialidades,
é permanente e processual. A compreensão
ampliada do processo saúde-doença na
complexidade dos socioespacial atual, instiga
o papel do Estado na segurança jurídica do
direito à saúde. Além disso, o fortalecimento
e organização do trabalho na Atenção Básica
à Saúde, com a reestruturação desta atenção
básica, exemplificando este caso temos os
Núcleos de Ampliação à Saúde da Família
e Atenção Básica (NASF AB), ampliando a
gama de profissionais propostos à relação de
trabalho com o território.
Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família 43

Figura 2 - Processo de Territorialização.

Fonte: http://globalvidaesaude.com.br.(Acesso em 13.08.2019)


44 Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família

EXPLICANDO MELHOR:
A territorialização concebe importante
ferramenta de organização dos processos
de trabalho e das práticas de saúde, visto
que as ações de saúde são implementadas
sobre uma base territorial possuidora de
uma demarcação espacial antecipadamente
determinada (Monken e Barcellos, 2005). O
implemento das práticas de saúde com base
em substrato territorial vem sendo usada
por iniciativas no âmbito do SUS, como a
Estratégia Saúde da Família, a Vigilância em
Saúde Ambiental, a proposta dos municípios/
cidades saudáveis e a própria descentralização
prevista na Constituição Federal (Monken e
Barcellos, 2005).

SAIBA MAIS:
Faça uma Leitura complementar:

FARIA, Rivaldo Mauro de. A territorialização da


Atenção Primária à Saúde no Sistema Único de
Saúde e a construção de uma perspectiva de
adequação dos serviços aos perfis do território.
Hygeia, Revista Brasileira de Geografia Médica
e da Saúde, Uberlândia, v. 9, n. 16, p. 131-147,
jun. 2013.

Disponível em: http://www.seer.ufu.br/index.


php/hygeia/article/download/19501/12458.
Acesso em: 12 ago. 2019.
Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família 45

Figura 3 – Território na saúde.

Fonte: https://www.ufsm.br/midias/arco/ (acesso em 13.08.2019).

Territórios vivos e instrumentos


metodológicos no processo de trabalho na
ESF
Os territórios vivos, são aqueles espaços
geográficos onde os processos sociais do cotidiano se
acontecem.
Os instrumentos metodológicos trabalhar o
território vivo envolve:
I. Análise de elementos e relações existentes em
uma comunidade;
II. Planejamento estratégico-situacional;
III. Organização dos serviços e das práticas de
vigilância à saúde;
IV. A avaliação sistemática das ações e da situação
de saúde da população de uma área de abrangência.
46 Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família

Passos para a territorialização:


1º Passo: O reconhecimento do território por meio
de visita. Identificando de barreiras geográficas, áreas
de risco, equipamentos sociais públicos ou privados,
empresas, espaços de lazer, traçados no MAPA DO
TERRITÓRIO;
2º Passo: relacionar o número de equipes ou
profissionais de saúde, definir, conforme perfil
de práticas e oferta de serviço, a capacidade de
atendimento da unidade;

REFLITA:
Vamos refletir? O processo de territorialização
remete as equipes da atenção básica a
construção da integralidade, humanização e
qualidade na atenção, e também da gestão em
saúde; a ampliação de um sistema e serviços
adequados no acolhimento ao usuário, a
responsabilidade para com os impactos das
práticas adotadas, a efetividade dos projetos
terapêuticos singulares, da autodeterminação
dos sujeitos, que compreende os usuários,
população e profissionais de saúde, a afirmativa
da vida pelo desenvolvimento , a fim de ter a
vida saudável.
Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família 47

EXPLICANDO MELHOR:
Afinal, o que é Territorialização? Vamos pensar!
Podemos descrever que é o processo de
apropriação do território pela equipe da ESF,
neste territóriovivo, a eSF conhece as condições
em que as pessoas residem, vivem, trabalham,
adoecem, crescem, amam, e fazem parte do
segmento social no espaço geográfico que
moram. O reconhecimento implica adquirir a
corresponsabilidade pelos indivíduos e pelos
espaços onde esses indivíduos se relacionam.
A adscrição da clientela à unidade de saúde
não é uma mera regionalização formatada no
atendimento, mas um processo imprescindível
para determinar as relações de compromisso
com a comunidade, e o vínculo com o usuário
deste território.

RESUMINDO:
Neste módulo, você conheceu as
características do da territorialização que estão
intimamente ligadas ao planejamento em
saúde, com enforcamento do Planejamento
Estratégico, além desta, identificação da
metodologia histórica de territorialidade que
está arraigada no processo de construção
da atenção básica, onde se insere e sua
aplicabilidade como instrumento de gestão
dos processos de trabalho da equipe da
Atenção Básica.

Para Mendes (1993), temos duas concepções de


território aplicadas aos sistemas de serviços de saúde:
I. Território solo: deliberado por critérios
geográficos; este é estático, portanto, não acompanha
as mudanças contínuas do território;
48 Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família

II. Território processo: decidido por critérios


geográficos, políticos, econômicos, sociais e culturais;
é dinâmico, pois segue as transformações constantes
do território.
III.Território distrito: Obedece à lógica político
administrativa, sendo adequado para municípios de
grande porte, para possibilitará aproximação entre a
administração pública e a população.
IV. Território área: é um território processo, de
responsabilidade de uma Unidade de APS, enfocando
na vigilância à saúde e corresponde à área de atuação
de uma, no máximo, três equipes de saúde.
V. Território microárea: é uma seção do território
área de encargo da equipe de saúde. Reporta-se à
área de atuação do ACS.

Região de saúde em seus aspectos


organizativos

DEFINIÇÃO:
Afinal o que seria a região de saúde? Vamos
aprender os diversos formatos correlacionados
com os territórios. A região de saúde nada
mais é que o recorte territorial, administrativo-
sanitário que comporta a integralização, a
descentralização de maneira suposta teria
fracionado, gerando para a população um
espaço sanitário de serviços, instituído pelas
redes de atenção à saúde, pautadas na
inteligência sanitária que permita ao usuário, o
acesso ao roteiro terapêutico correspondente
à sua necessidade.
Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família 49

O Decreto nº 7.508, de 2011, instituiu a articulação


federativa, a região de saúde, o planejamento regional,
o contrato organizativo de ação pública da saúde, as
portas de entrada do sistema, e outros elementos
correlacionados. Deixando aos entes federados na
região de saúde definirem, as responsabilidades
sanitárias, e estas estão ligadas ao contrato organizativo
de ação pública da saúde reforçando a sua necessária
garantia jurídica.
A região, em acordo ao disposto no Decreto
nº 7.508, de 2011, é definida em seu Art. 2º: inciso
II: – Região de Saúde: espaço geográfico contínuo
constituído por agrupamentos de Municípios
limítrofes, delimitado a partir de identidades culturais,
econômicas e sociais e de redes de comunicação e
infraestrutura de transportes compartilhados, com a
finalidade de integrar a organização e o planejamento
de ações e serviços de saúde. Ficando com o Estado
a instituição da região de saúde, acordada com
os municípios e consideradas as pactuações nas
comissões Intergestores, será imperativa a essência
de um mínimo de ações e serviços de:
I – Atenção primária;
II – urgência e emergência;
III – atenção psicossocial;
IV – Atenção ambulatorial especializada e
hospitalar; e
V – Vigilância em saúde.
50 Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família

IMPORTANTE:
O processo de trabalho das equipes de
atenção básica tem seu sustentáculo na busca
pela longitudinalidade e pela integralidade da
atenção à saúde, na coordenação da assistência
e pela participação comunitária. Desta forma,
o conjunto de ações redesenhados nas
atribuições da equipe, no cotidianamente
se reconstrói diante das necessidades
identificadas nos territórios pelos quais essas
mesmas equipes são corresponsáveis.

Fases da territorialização
O processo de territorialização ocorre em
fases conectadas com as atividades das equipes,
incorporados na sua rotina. Vejamos as fases
(Unasus,2016):

Fase preparatória ou de planejamento


Esta Fase perpassa pela compreensão ampla do
processo de territorialização podendo ser realizada
durante a reunião da ESF, através de discussões
acerca da temática com toda a equipe AB. Nesse dado
momento, as captações dos dados já estão inclusas
sobre o território podem ser alçados, sistematizados,
promovendo a identificação das necessidades de mais
dados a serem coletados.

Fase de coleta dos dados/informações


Esta fase é bastante trabalhosa. Geralmente, a
aquisição dos dados é permitida por quatro díspares e
complementares formas:
observações in loco;
acesso aos Sistemas de Informação à Saúde (SIS);
Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família 51

leitura dos prontuários dos usuários da unidade


de saúde;
entrevistas realizadas com as pessoas que
habitam o território.

Fase de análise dos dados


Podemos entender que os dados são
determinados como emblemas quantificáveis
que simulam numericamente acontecimento ou
circunstância. É o número bruto. Mas ao falarmos da
informação esta é entendida como o conhecimento
alcançado a partir dos dados, ou seja, é a reunião ou
o conjunto de dados e informações organizadas, que
irão constituir as referências sobre um determinado
acontecimento, fato ou fenômeno. (https://www.
significados.com.br).
Os dados são classificados como primários ou
secundários. Os dados primários são aqueles que
não foram coletados e sistematizados, ao passo que
os dados secundários já foram colhidos pessoas ou
instituições, organizados em bancos ou arquivos.
Pauta-se aqui que na territorialização você seguirá as
fundamentais fontes de dados primários e secundários.
52 Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família

Figura 3 – Fases da Territorialização

FASES
TERRITORIALIZAÇÃO

Fonte: Autoria Própria.

Temos ainda no processo de territorialização a


análise situacional em saúde se formata da seguinte
maneira:
I. Permanente: O movimento do território deve
ser considerado em sua dinamicidade, o território
apresenta-se como um conjunto de perfis tais
como: demográfico, epidemiológico, administrativo,
tecnológico, político, social e cultural, ou seja, em
permanente transformação.
Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família 53

II. Interdisciplinar: a qualidade da análise


situacional terá a visão de diferentes saberes ao ser
analisada de acordo com cada profissional. Somente
desta forma teremos a interdisciplinaridade da
realidade do seu território em vistas a população
adscrita.
III. Referenciado: Pauta-se no referencial crítico
de interpretação dos fenômenos a serem analisados
é de suma importância, pois assim, evita-se que estes
sejam entendidos apenas na superficialidade.
IV. Contextualizado: A adoção exclusiva de limites
territoriais a fim de analisar e atuar sobre condições
ambientais e de saúde é apontada na superficialidade,
isso se mostra tanto no ambiente como os processos
sociais, que não tem limitação ao nível de um território.

ACESSE:
Acesse o link do tutorial de territorialização, no
Google Earth, que demonstra como demarcar
as áreas e microáreas de atuação da sua equipe
de saúde, como também sinalizar o território
com marcadores. Confira o vídeo. https://
www.youtube.com/watch?v=a8HWNR2ydMA
54 Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família

RESUMINDO:
Com a Unidade 4, fechamos o módulo, então
vamos repensar o que foi aprendido e resumir:
de forma didática, dividimos o território em
suas três fases: a fase preparatória ou de
planejamento, a fase de coleta e a fase de
análise dos dados coletados. Aprendemos
que usamos dois tipos de dados neste
processo de territorialização: os dados
coletados de natureza primária e secundária,
realizados a partir de observações in loco,
acesso aos Sistemas de Informação em
Saúde, entrevistas, prontuários e registros da
unidade de saúde, entre outros. Pautamos a
análise situacional em saúde em permanente,
interdisciplinar, referenciada e contextualizada.
É importante que possamos estruturar um
grupo de estudo do território, abrangendo
profissionais de saúde, moradores locais, e
lideranças. Convidar os sujeitos que fazem
parte deste território, é intencionar trabalhar
com pessoas que conhecem esse território até
mais que a sua equipe, e planejar e elaborar
as ações de saúde, dentro de uma expectativa
dinâmica, a participação destes protagonistas
do território vivo é certamente abonar a
acuidade, adequação e força às futuras
ações dentro do contexto real e imaginário
do espaço geográfico. O fortalecimento no
trabalho com as singularidades do contexto
sócio histórico específico, aos fluxos mais
ampliados comtemplando o território em
toda a sua espacialidade e especificidade.
Então terminamos o quarto módulo,
lembrando que o conhecimento assim como
o território é dinâmico e passa também por
processo de desconstrução e transformação.
Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família 55

Nos despedimos aqui, apenas do último


módulo, porém na Estação do Conhecimento,
sempre estaremos a pegar um trem rumo a
infinita construção do saber! Obrigada! E até a
próxima parada!
56 Atenção Primária e a Estratégia Saúde da Família

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